Economia Sovietica

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Análise da economia soviética

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  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    1/107

    OS

    MTODOS

    DE PLANEJAMENTO NA

    URSS

    ANNIBAL

    VILLELA

    INTRODUO

    O presente trabalho aqui apresentado com objetivos

    meramente

    didticos, sem pretenses de originalidade. O

    autor est plenamente

    cnscio de que apenas um curioso da economia sovitica apesar de

    v r

    se dedicando a seu estudo,

    ainda

    que

    de

    maneira intermitente,

    desde 1959.

    1

    Se lhe perguntarem por

    que

    se interessou por sse assunto

    quando a economia brasileira to pouco conhecida, a resposta, paro

    diando a Mallory quando lhe perguntaram

    por que

    quis escalar o

    Everest, : porque

    est

    l",

    i.e. porque

    uma realidade

    que

    no

    pode

    nem

    deve ser

    ignorada.

    Em fevereiro de

    962

    quando estive nos Estados Unidos

    tive

    a

    oportunidade de visitar dois dos dezessete centros universitrios

    l

    existentes que se dedicam ao estudo da U. R S. S. - o Russian

    Research

    Center de

    Harvard e o Russian

    and

    East European Insti

    tute

    de Indiana.

    Em

    longas e proveitosas conversas com os profes

    sres Abram Bergson, Nicolas Spulber, Robert Campbel1 e Leon

    1) J

    existem

    em

    lngua inglsa

    algumas

    obras

    bsicas que do uma viso geral

    do desenvolvimento

    e

    dos problemas da

    economia

    sovitica.

    O

    autor

    fz largo

    uso do excelente

    material

    nelas contido conforme se v nas

    notas

    de rodap

    e nas tabelas. No que

    diz

    respeito a certos

    pontos

    especficos, entretanto, le

    utilizou algumas publicaes soviticas bsicas,

    quer

    no tocante aos dados esta-

    tsticos,

    quer

    no que se refere descrio das tcnicas e

    modelos

    adotadOl.

    Finalmente, a

    notvel

    coleo de

    artigos publicados

    nas

    revistas americanas

    .,

    europias

    permitiu manter um

    grau de atualidade que no

    teria

    sido

    possvel

    de

    outra

    maneira de

    vez

    que a literatura sovitica sua disposio era ape WI

    uma pequena frao d

    enorme produo

    no

    campo

    econmico.

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    REVISTA BRASILEIRA DE ECONOM IA

    Herrnan recebi incentivo

    para

    continuar os estudos assim como con

    vite para

    estagiar

    durante algum

    tempo naqueles dois centros

    de

    pesquisa. Acho

    til lembrar que

    os dois centros

    por mim

    visitados

    so generosamente mantidos pelas fundaes Carnegie e

    Ford

    e se

    dedicam a estudos profundos

    da

    Unio Sovitica nos campos eco

    nmico, poltico e social. Viagens e estgios

    em

    rgos governa

    mentais russos so freqentes e o conhecimento pleno

    da

    lngua

    russa

    um

    pr-requisito.

    Desejo mencionar que nos

    institutos

    universitrios que conheci

    havia genuno intersse em conhecer a Rssia. Existem acrdos para

    a

    troca

    de estudiosos de ambos

    s

    pases e na ocasio em que estive

    em Harvard

    dois economistas soviticos

    l

    estavam

    estudando econo

    metria e aspectos econmicos

    da

    automatizao.

    No campo

    da

    poltica econmica nota-se,

    freqentemente

    que o

    fenmeno sovitico

    exerce

    grande atrao sbre os economistas bra-

    sileiros, mesmo sbre aqules que no

    tm

    simpatias ideolgicas. A

    sses colegas peo licena

    para lembrar

    que sem

    um

    conhecimento

    do idioma sovitico no

    nvel de leitura

    para poder pelo menos acom

    panhar o

    que

    dizem as principais publicaes soviticas e

    um

    conhe

    cimento das pesquisas realizadas

    nas

    dezenas de

    institutos

    que se

    ocupam

    da

    URSS na Europa e nos Estados Unidos pouco compen

    sador pensar

    em transplantar

    certas tcnicas

    ou

    experincias sovi

    ticas

    de planejamento que se

    soube

    por alto terem

    sido

    empregadas.

    Hoje em

    dia,

    quando

    j se goza

    na

    Rssia

    de um notvel

    (pelo menos

    em

    relao

    poca

    de

    Stalin)

    grau de

    liberdade para

    discutir pro-

    blemas tcnicos, compensador que se saiba dos erros cometidos para

    que os mesmos no se repitam em nosso pas.

    Procurei sistematizar a grande massa

    de

    informaes e literatura

    que fui acumulando nos ltimos cinco anos a fim de poder

    expor

    aos

    alunos

    do

    Centro de

    Aperfeioamento

    de

    Economistas do InsL

    tuto Brasileiro

    de

    Economia

    da

    Fundao Getlio Vargas o meca

    nismo do planejamento econmico sovitico e sua evoluo

    da

    forma

    mais

    objetiva possvel. A fim

    de

    no

    sobrecarregar

    o

    texto

    coloquei

    em

    apndice alguns aspectos

    que

    podem

    interessar

    ao

    leitor

    sem

    conhecimento especfico do problema russo, tais como os antecedentes

    histricos, ideolgicos e econmicos do

    atual

    sistema sovitico e o

    funcionamento das unidades

    produtivas

    (emprsas industriais, fazen

    das estatais, fazendas coletivas, etc.) .

    Devido premncia

    do tempo s

    pude dar

    ateno aos mtodos

    . atuais de planejamento

    e s perspectivas dos mesmos no abordando

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    PLANEJAMENTO N URSS

    9

    -----------------

    as tcnicas empregadas na segunda metade da dcada dos

    vinte quan

    do foi debatido o problema

    da

    industrializao. Entretanto, fao refe

    rncia literatura pertinente a fim

    de

    que os interessados possam

    acompanhar

    por

    si mesmo a evoluo

    ocorrida.

    Em

    artigos posteriores

    pretendo

    expor com mais detalhes e infor

    maes factuais alguns campos que foram muito

    sucintamente

    trata

    dos neste trabalho: sistema tributrio, sistema bancrio, sistema de

    preos,

    mercado

    de trabalho e o clculo econmico

    de u'a

    maneira

    geral. Ainda aqui, fao referncia

    literatura apropriada.

    Finalmente,

    penso ser til dar as caractersticas de uma economia

    do

    tipo sovitico, a

    fim

    de que

    o

    leitor

    possa

    desde

    o incio

    ter uma

    idia precisa da mesma: 2

    1. As autoridades polticas, que normalmente coincidem com

    os mais altos funcionrios de

    um partido

    nico,

    tm

    o direito e o

    poder para

    tomar

    as decises finais referentes alocao

    de

    recursos.

    2. As decises bsicas

    de

    alocao so

    tomadas

    quer

    diretamente

    por rgos

    centrais

    ou so coordenadas centralmente (na

    medida

    em

    que

    os podres operacionais

    tenham

    sido delegados a

    autoridades ad

    ministrativamente ou

    regionalmente

    dispersas) .

    3. As decises referentes ao futuro imediato so inseridas em

    planos econmicos nacionais com a durao de um ano; as perspecti

    vas no futuro mais

    distante

    so apresentadas em planos de longo

    prazo com durao de cinco anos ou mais.

    4. Os planos so divididos em tarefas concretas dirigidas a orga

    nizaes especficas. Essas

    diretrizes

    tm

    fra

    legal

    para

    tdas as

    entidades

    sujeitas

    a

    deveres

    de

    planejar

    -

    e.g.

    ministrios econ

    micos na Europa Oriental, Conselhos Econmicos Regionais sovnar

    kozes) na Unio Sovitica,

    emprsas

    socializadas, etc. rgos do par

    tido

    que

    correspondem funcionalmente ou regionalmente a essas enti

    dades administrativas auxiliam a executar o plano e controlam o seu

    cumprimento.

    5. O

    plano

    e as decises operacionais

    tomadas

    durante o

    ano

    para

    executar

    suas provises,

    determinam

    como os recursos-chave

    da

    economia sero racionados s organizaes econmicas a fim de aten-

    2)

    Montias,

    J. M.

    -

    Central Planning in Soviet

    -

    Type Economies: An

    Intro

    duction

    to

    Basic Problem s , publicado

    em

    The aviet Econorrry in Theory

    and Practice edited

    by

    Wayne A. Leeman,

    School

    of Business and Public Admi

    nistration,

    University

    of Missouri,

    1964.

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    1

    REVISTA BRASILEIRA DE ECONOMIA

    der

    s metas de produo e consumo estabelecidas.

    ~ s t

    raciona-

    mento ou princpio de alocao

    direta

    se aplica a todos os fatres

    de produo, exceto o trabalho que, normalmente, goza de liberdade

    de movimentos, e

    cuja

    alocao deve

    ser

    guiada

    indiretamente

    por

    jncentivos salariais e outros estmulos.

    Na

    esfera do consumo individual, o sistema de preos, operando

    atravs da rde de varejistas, usado, em preferncia ao raciona-

    mento, para distribuir os suprimentos disponveis de bens de consumo

    s unidades familiares.

    6. A emprsa socializada (firma nacionalizada ou cooperativa de

    produtores)

    representa

    a unidade econmica bsica do sistema. Ela

    opera

    na

    base da contabilidade econmica (kozrachiot): tem

    s u

    prprio capital fixo e de giro, mantm uma conta bancria, extrai

    periodicamente contas de lucros e

    perdas

    e balanos e legalmente

    responsvel como

    uma

    pessoa

    moral

    pelos contratos que

    realizar

    com outras entidades. Ao contrrio das organizaes conta do

    oramento , cujas receitas e despesas so lanadas no oramento go-

    vernamental,

    as emprsas socializadas

    ajustam

    contas com o ora-

    mento

    apenas no que diz respeito s suas obrigaes

    tributrias

    legais

    e a seus saldos ou deficits.

    7. Os preos tanto dos bens de produo como de consumo so

    ou fixados administrativamente ou

    aprovados e controlados pelos

    rgos administrativos

    na

    base das estimativas de custo das emprsas.

    O mercado do agricultor no

    qual uma pequena parte

    da produo

    agrcola comercializada a preos mais ou menos livres,

    representa

    a

    nica

    exceo fixao

    administrativa

    de

    preos.

    1. CONTEXTO INSTITUCIONAL DO SISTEMA E

    PLANEJAMENTO ECONMICO NA U. R S. S.

    As chamadas economias

    de livre

    emprsa, que

    na

    realidade so

    economias mistas, de vez que o Estado no s passou a exercer diver-

    sas atividades econmicas, como

    tambm

    contrles mais

    ou

    menos

    intensos,

    quer

    atravs de medidas administrativas, quer

    atravs

    da

    poltIca tributria e monetria, operam com base nos mecanismos de

    mercado. J as economias do tipo sovitico, em que o Estado detm

    a propriedade dos bens de produo, funcionam

    atravs

    de

    uma

    com-

    binao de comandos administrativos e de mecanismos de mercado.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

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    PLANEJAMENTO

    NA

    URSS

    11

    A economia sovitica se caracteriza pela fuso

    da

    liderana pol

    tica e econmica, nacionalizao dos bens de produo e planeja

    mento, coordenao e contrle das atividades econmicas com base

    em um

    plano nico

    para

    a economia como

    um

    todo.

    Em virtude da ideologia comunista e da organizao poltica, a

    atividade econmica se subordina s decises polticas do

    Partido.

    Para a liderana sovitica a poltica a forma mais concentrada de

    economia, sua generalizao e concluso. Os lderes soviticos no

    encaram

    o Estado como

    um

    instrumento de arbitragem

    entre

    os

    grupos sociais, mas como

    uma arma

    dos operrios aliados aos cam

    poneses. Os artigos 1 e 3

    da

    Constituio Sovitica 3 dizem respecti

    vamente: Art. 1 -

    A

    Unio Sovitica

    um

    estado socialista de

    operrios e camponeses . Art. 3 - Todo o poder

    na

    U. R. S. S.

    pertence aos trabalhadores

    da

    cidade e do campo, representados pelos

    Soviets dos deputados dos

    trabalhadores .

    Os objetivos do partido so a construo do socialismo e eventual-

    mente do comunismo, o qual, dentro do arcabouo

    marxista,

    repre

    senta o estgio ltimo do desenvolvimento econmico do

    ser

    humano,

    no

    qual

    o nvel

    de

    produo alcanado seria

    tal

    que

    a sociedade como

    um

    todo no mais sofreria a escassez, passando

    para uma

    situao

    de abundncia.

    Por

    definio, o socialismo, primeira fase do comu

    nismo, implica

    em um

    nvel tecnolgico mais elevado do que o

    atin-

    gido pelo capitalismo.

    As hierarquias do

    Partido

    e do Estado so

    distintas.

    O motor do

    Estado o

    Partido

    e suas clulas

    que

    funcionam

    dentro

    de cada uni

    dade produtiva, cada administrao, etc., organizadas

    em

    nveis cada

    vez mais altos. Os comits ou comisses,

    na

    cpula, controlam todos

    os departamentos

    governamentais.

    Em 1961

    o

    Partido

    Comunista

    tinha

    crca

    de 9 2

    milhes de

    -

    ros

    e aspirantes,

    i. e.

    aproximadamente 4% da populao.

    Seu

    rgo mximo,

    em

    princpio, o

    seu

    congresso, o

    qual

    se

    rene

    espordicamente e no

    regularmente

    como

    mandam

    os estatu-

    tos.

    Durante

    o perodo

    que

    decorre

    entre um

    e outro congresso o

    poder investido no comit central, o qual

    tem

    de

    125

    a 200 mem

    bros, os quais elegem

    um

    presidium (antigo polit-bureau) de

    10

    a

    15

    membros plenos e substitutos

    para

    estabelecer a poltica e

    um

    secretariado administrativo com crca de

    10

    membros, vrios dos quais

    3)

    Constitution

    o the U.S.S.R

    - American

    Institute,

    April 1950.

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    12

    REVISTA BRASILEIRA DE ECONOMIA

    tambm pertencem ao presidium. nesse secretariado que reside o

    poder real, que exercido pelo 1.0 secretrio, o qual formula a poltica

    geral

    e as

    tarefas

    econmicas do Partido e do pas como um

    todo.

    Suas

    teses,

    que incorporam

    a

    linha

    do

    Partido ,

    so

    debatidas

    no

    presidium e

    peridicamente

    levadas s reunies plenas do comit

    central e eventualmente ao congresso do

    Partido.

    As

    diretrizes econmicas adotadas pelo Partido so postas em

    ao pelo Estado sob a forma de leis. Como o Partido a sede do

    poder, tdas as questes de Estado so resolvidas

    em perfeita

    con

    sonncia com as decises do Partido.

    o

    rgo

    supremo

    do Estado o Soviet

    Supremo,

    que

    se compe

    de

    duas

    cmaras

    eleitas: o Soviet

    da

    Unio e o Soviet das Nacionali

    dades. Aqule eleito em uma base distrital e ste na base das uni-

    dades administrativas repblicas, regies autnomas, etc.) . O

    Soviet

    Supremo

    exerce

    o poder legislativo, elegendo um presidium, que

    entre

    outras

    funes interpreta as leis da Unio. Alm disso, nomeia

    o Conselho

    de

    Ministros

    da

    U. R S. S., que o rgo executivo e

    administrativo

    de

    cpula.

    O Conselho de Ministros se compe

    de

    um presidente, vice-presi

    dente, ministros, presidentes de alguns comits do Estado e x

    officio

    o presidente do Conselho de Ministros

    de

    cada repblica. Alguns mi-

    nistros soviticos so semelhantes aos dos pases capitalistas, como

    fazenda, defesa,

    etc

    . Outros so tpicos da U. R S. S., criados pelo

    papel econmico do Estado, que penetra em tudo, p. ex. ministrio

    do comrcio exterior. das centrais eltricas, das

    mquinas ferramen-

    tas, dos

    equipamentos

    de

    transporte,

    etc.

    O organograma anexo d uma idia do Conselho de Ministros da

    U. R S. S.

    em junho de

    1963.

    Os ministros soviticos so ou ministros

    da

    Unio ou ministros

    das repblicas. Os primeiros dirigem o ramo da administrao a les

    confiados

    em todo o territrio da Unio e os outros atravs dos minis

    trios correspondentes das repblicas.

    O Conselho

    de

    Ministros de

    uma

    repblica

    nomeado pelo Soviet

    Supremo daquela

    repblica e se estrutura

    semelhantemente

    ao Con

    selho de Ministros da Unio.

    Alguns

    ministros denominados ministros

    da

    Unio e da

    repblica

    so subordinados tanto ao Conselho de Ministros da Unio como ao

    Conselho de Ministros da Repblica.

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    7/107

    REPU&lIC

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    8/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    3

    2. ESTRATGIA ECONMICA

    A estratgia econmica geral industrializar o pas

    para

    que le

    alcance e

    ultrapasse

    os pases

    mais

    desenvolvidos o

    mais

    rpidamente

    possvel.

    Desde o incio da era dos planos em 1928 a nfase foi na inds

    tria, com detrimento

    da

    agricultura; indstria pesada versus indstria

    leve e no

    setor

    da indstria pesada a construo de mquinas ferra

    mentas, que considerada como o ltimo determinante do ritmo

    de desenvolvimento de todos os outros ramos para a obteno de

    um

    progresso tcnico

    contnuo.

    Os planejadores soviticos tm utilizado de

    um

    lado comandos

    centralizados e um

    sistema

    centralizado

    de

    distribuio

    de bens de

    capital e

    de matrias-primas

    estratgicas, e do outro mecanismos

    de mercado, i e. preos dos bens

    intermedirios

    e dos produtos finais

    a fim de

    orientar

    a mo-de-obra segundo os objetivos planejados,

    para encorajar ou desencorajar a utilizao de certos nputs e

    para

    distribuir os bens produzidos.

    Os economistas soviticos

    afirmam que

    a

    estratgia

    econmica e

    o processo

    de

    planejamento

    so determinados conjuntamente

    por

    duas

    leis objetivas sob as quais se acredita que a economia sovitica opera:

    a lei bsica do aumento contnuo das necessidades materiais e cu

    1-

    t,urais da sociedade ,

    que

    se ope lei de maximizao dos lucros no

    capitalismo e a lei do desenvolvimento proporcional

    planejado .

    de se assinalar que essas leis no parecem esclarecer as diferenas

    existentes entre

    uma economia

    de mercado

    e uma economia com pla

    nejamento

    central,

    nem

    tampouco as molas

    mestras

    da

    economia so

    vitica.

    A economia sovitica guiada por seus planejadores com o obje

    tivo de

    tornar mximas

    as

    taxas

    de crescimento do

    setor

    industrial

    e desenvolver alguns ramos mais do

    que

    outros.

    ilustrativo

    que se faa uma anlise retrospectiva da estrutura

    dos investimentos,

    de

    suas taxas de crescimento por setores da eco

    nomia

    e

    por

    ramos da

    indstria

    desde o incio do

    regime

    sovitico

    4

    com o objetivo

    de mostrar

    a estratgia sovitica

    de

    desenvolvimento

    econmico.

    4)

    A anlise

    aqui feita

    calcada nos dados apresentados

    na

    E'Xcelente publicao

    da

    Administrao

    Central

    de

    Estatstica

    -

    Kapitalnoe

    Stroitielstvo

    SSSR,

    Statistichieskii Sbornik , Moskva 1961 (Formao de Capital na URSS, Coleo

    Estatstica)

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    9/107

    14

    REVISTA BRASILEIRA DE ECONOMIA

    35.1

    INS DI C PIT L

    w n

    iNDSTRIA

    c::::J AGRlCULTUIA

    TRANSI ORTl E

    COMUNICAES

    _

    OUTROS

    H lHJ

    CONSTRUO eM

    GRFICO 1

    Despesas de Capital

    por Setores

    da

    Economia

    da

    URSS

    - 1918 1960

    (em percentagens

    do

    montante

    total das

    despesas de

    investimento)

    o

    grfico 1 mostra que no perodo

    1918 1960

    o total das despesas

    de investimentos realizadas na

    URSS

    teve a seguinte composio:

    Indstria .

    grupo A 35,1

    grupo B 4,9

    Agricultura

    40,0

    14,4

    Transporte e

    Comunicaes

    10,2

    Construo Civil

    21,2

    Outros . 14,2

    T

    o

    t

    a

    I 100,0

    Nota Grupo A indstria

    de

    bens

    de produo

    Grupo B indstria de bens de consumo

    Os dados da

    tabela

    1 apresentam a evoluo da estrutura dos

    investimentos na

    URSS

    no perodo 1918-1928 excluindo o ltimo

    trimestre), isto

    ,

    o perodo da Revoluo e da NEP Nova Poltica

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    10/107

    TABELA

    1

    DESPESAS DE

    CAPITAL DAS

    E M P R ~ S A S COOPERATIVAS E

    ORGANIZAES

    GOVERNAMENTAIS,

    DOS

    COLCOSES E

    DOS

    INDIvDuos POR SETORES DA ECONOMIA DA U.R.S.S.

    A PREOS CONSTANTES

    milhes de rublos)

    1918-1928 ex_

    l.0

    Plano

    2.0

    Plano

    3 0 Plano

    LO.

    de jul.

    4.0 Plano

    5.0 Plano

    ceto 4.

    0

    trlm.

    (1928-32)

    (11133-37)

    (1938-1940 )

    1941 a LO. (1946-50) (1951-55)

    1956 1957 1958 1959 1960

    Total

    1928

    jan.

    1948

    1918-1960

    rotal

    nacional

    de

    despe-

    _ s de

    capital . . . .

    4087

    7423

    16811

    17593 17754 41940 79165

    22906

    25830

    30012

    33 986 36

    705 334

    2lZ

    I Indstria

    644

    2903

    6389

    6238

    7912

    17189 34440 9445

    9938

    11 231 12978

    14 323 133 630

    1.1

    grupo

    A

    450

    2441

    5276

    5264

    7380

    15084

    31055 8313

    8730 9755

    11

    222

    12311 117281

    1.2

    grupo

    B

    194

    462 1113

    974 532

    2105 3385

    1 132 1208

    1476 1756

    2012 16349

    Z Avicultura

    inclusive

    Colcoses) . .

    125

    1196

    2120

    2008 1724

    5385 12270

    4024

    4203

    4741

    5071 5192

    48059

    S

    Transportes e comuni

    caes

    398 1248 3245

    3077

    2613

    4945

    6820 1811

    1933

    2238

    2722

    3116 34166

    3.1

    Ferrovias

    319 738 1735 1827

    1957 3155

    3868

    877

    887

    1017 1 142

    1206

    18728

    I.

    Construo

    Civil

    inclusive

    dos

    indiv-

    duos)

    o

    2759

    1190

    2199 3082 2845 8324

    15699 4469

    6215

    7536

    8319

    8275

    70912

    5 Outros

    *)

    161

    886

    2858 3188 2660

    6097 9936

    3157 3541 4266

    4896 5799

    47445

    ERCENTAGENS DO TOTAL

    otal nacional

    100

    100

    100

    100

    100

    100 100 100

    100

    100

    100 100

    100

    l

    Indstria

    15,8

    39,1

    38,0

    35,5

    44,6 41,0 43,5

    41,2 38,5

    37,4

    38,2

    39,0

    40,0

    1.1 grupo A

    11,0 32,9 31,4

    29,9

    41,6 36,0

    39,2 36,3 33,8

    32,5

    33,0 33,5 35,1

    1.2 grupo B

    4,8 6,2

    6,6

    5,6

    3,0 5,0 4,3 4,9 4,7

    4,9

    5,2 5,5

    4,9

    Z

    Allricultura

    (inclusive Colcoses) . .

    3,1 16,1

    12,6

    11,4

    9,7 12,8

    15,5 17,6

    16,3 15,8

    14,9 14,2 14,4

    S

    Transportes

    e comuni-

    caes

    9,7

    16,8

    19,3

    17,5

    14,7 11,8 8,6 7,9

    7,5 7,5 8,0

    8,5

    10,2

    3.1 Ferrovias

    7,8 9,9 10,3 10,4

    11,0 7,5

    4,9 3,8

    3,4

    3,4 3,4

    3,3

    5,6

    Construo Civil

    inclusive

    dos

    indiv-

    duos)

    67,5

    16,1

    13,1 17,5

    16,0 19,9

    19,8

    19,5 24,0

    25,1 24,5

    22,5 21,2

    ,. Outros *)

    3,9

    11,9

    17,0 18,1

    15.0

    14,5

    12,6 13,8 13,7

    14,2

    14,4

    15,8 14,2

    *)

    Emprsas comerciais e comunais,

    instituies

    cientficas,

    culturais,

    de

    instruo

    Grupo

    A de Indstrias = Bens

    de

    produo

    , sade

    pblica.

    Grupo B de Indstrias = Bens de consumo

    FONTE:

    Kapitalnoe Stroitielstvo v SSSR, Statistichieskii Sbornik, MOlha 1961

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    11/107

    6

    REVIST A BRASILEIRA DE ECONOMIA

    Econmica),

    durante

    cada plano e no qinqnio 1956-1960. Refle

    tindo a filosofia econmica de Stalin o primeiro Plano Qinqenal

    mostra uma

    estrutura

    de investimentos marcadamente diversa da

    que

    havia

    prevalecido

    durante

    o govrno

    de Lenine.

    Assim, as despesas

    de investimento em construo civil que constituam 67,5 do total

    dos investimentos em 1918-1928 caram para 16,1 no primeiro plano

    (1928-1932), enquanto os investimentos industriais tiveram sua par-

    ticipao aumentada de 15,8 para 39 170 sendo que os investimentos

    nas indstrias produtoras de bens de capital passaram de 11,0

    para

    32,9 do

    total.

    O setor agrcola

    que

    no govrno de Lenine recebera

    3,1 dos investimentos passou a receber 16,1 e os

    transportes

    e

    comunicaes

    passaram

    de 9,7

    para

    16,8 .

    J

    no segundo

    plano

    (1933-1937) houve uma ligeira reduo

    na

    participao dos investi

    mentos industriais, uma reduo de crca de 22 na dos investimen

    tos agrcolas e

    um

    aumento de 15 na dos investimentos em trans-

    portes e comunicaes.

    no perodo da segunda

    guerra

    que se obser

    va, como

    era

    de se esperar, a participao

    mxima

    dos investimentos

    industriais que chegaram a 44,6 do total, dos quais 41,6

    para

    a

    indstria produtora

    de bens de produo, e a participao mnima nos

    investimentos agrcolas que caram

    para

    9,7 . Nos

    quarto

    e quinto

    planos observa-se uma boa recuperao na quota dos investimentos

    agrcolas, enquanto os investimentos industriais mantinham mais ou

    menos a

    mesma

    participao. Nos anos

    1956

    a

    1960

    nota-se

    uma

    rela-

    tiva

    estabilidade na participao dos diversos setores no

    total

    dos

    investimentos, devendo se assinalar que a participao dos investi

    mentos em construo civil foi ligeiramente aumentada.

    Ficou evidenciada, pois, a

    estratgia

    global sovitica

    de

    dar

    prio

    ridade ao setor indstria em detrimento da agricultura. Veremos,

    agora, o ritmo de crescimento dos investimentos nos diversos setores

    da

    economia no perodo 1940-1960.

    A

    tabela

    2 mostra a evoluo dos investimentos,

    por

    setores, nos

    perodos 1940-1960, 1950-1960 e 1955-1960. No perodo 1940-1960 os

    investimentos agrcolas (excludas as colcoses) cresceram

    bem

    mais

    do

    que

    o

    total

    dos

    investimentos

    e do

    que

    os investimentos dos de

    mais setores. J no perodo 1950-1960 os investimentos industriais

    crescem mais rpidamente que os agrcolas,

    embora

    bem menos

    rpi-

    do que os investimentos em construo civil. Finalmente no perodo

    j955-1960 torna-se patente a desacelerao nos investimentos agrcolas

    em

    relao aos demais setores.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    12/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    17

    T BEL

    2

    TAXAS DE

    CRESCIMENTO

    DAS

    DESPESAS

    DE

    CAPITAL DAS EMPRitSAS

    COOPERATIVAS

    E

    ORGANIZAES

    GOVERNAMENTAIS,

    DAS COLCOSES

    E DOS

    INDIVDUOS

    POR SETORES

    DA ECONOMIA

    DA

    URSS

    QI

    , GI

    IlU

    QI . .

    QI

    o

    '

    C ~ .2 " i

    :; '"

    . . 0

    .

    *

    I

    U

    lU

    r.r

    i

    ~ w

    0 E

    ~ _

    . ~

    ~ ; . g

    ~ ; ; l e E

    . .

    U

    ::I:;::

    ANOS

    o ._

    o

    .. >

    ::I

    0. : :

    ....

    -

    o

    f o

    t l

    -g.c 8 -o.D , c

    .,

    ::I

    lo

    ~ u

    ::

    ::

    e

    QI

    '5

    'Q lo , . . s G l u l ~ G l U

    r..

    o

    \' o

    U

    o

    t l t l I

    f-oU

    i

    1940

    .

    100 100 100

    100

    100

    100

    100 100

    100

    1950

    .........

    204 235 246 172 412 126 127 225 159

    1955

    .........

    348 426 449 301 840

    146 127

    416 245

    1956

    .........

    404 487

    507

    377 893

    171

    132

    503 308

    1957

    .........

    456

    513 533 402 988 183 134 711 352

    1958

    .........

    518 579

    595 491 961

    212

    154

    833

    427

    1959

    ......... 580 667 685 571 852 258

    173 899

    491

    1960

    .........

    651 739

    751

    669

    1042 295

    182

    944 589

    Em percentagens

    de 1950

    1950

    .........

    100

    100

    100

    100

    100 100

    100

    100

    100

    1955

    .........

    171 181 182 174

    204 116

    99,8

    185

    154

    1956

    ......... 199

    207 206 219

    217 136

    104

    223 194

    1957

    .........

    224 218 216

    233 240 145

    106

    316 221

    1958

    .........

    255 247

    242 285

    233

    168 121

    370 269

    1959

    .

    285 284

    278

    331

    207 204

    136

    399 308

    1960

    .........

    320

    314

    305 388

    253 234

    144

    419 370

    Em percentagens

    de

    1955

    1955

    .........

    100 100

    100 100

    100 100

    100

    100 100

    1956

    ......... 116

    114 113

    125 106 117 105

    121

    126

    1957

    .........

    131 120

    119

    134 118

    125

    106

    171 143

    1958

    .........

    149

    136

    133

    164 114

    145

    121

    200 174

    1959

    .........

    167 157 153 190 101 177 136 216 200

    1960

    o

    187 173

    168 223 124

    202 144 227 240

    (*)

    Emprsas comerciai;

    comunais, instituies cientficas, culturais, de

    instruo

    t

    sade pblica.

    FONTE:

    Kapitalnoe

    Stroitielstvo v

    SSSR

    - Statistichieskii

    Sbornik, Moskva, 1961;

    pK 64.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    13/107

    TABELA

    3

    DESPESAS

    DE CAPITAL DAS

    EMPRttSAS, COOPERATIVAS E

    ORGANIZAES

    GOVERNAMENTAIS

    POR

    SETORES DA

    INDSTRIA

    A PREOS CONSTANTES

    (milhes de rublos)

    1918-1928

    ex_

    1.0 de Jul.

    ceto 4.0 trlm.

    1.0

    PIl\no

    2 Plano 3. Plano

    1941 a 1.0 4.

    o

    PIl\no

    5.0 Plano

    Total

    1928

    (1928-32) (1933-37

    )

    (1938-1940)

    Jan.

    1946

    1946-50) (1951-55)

    1956

    1957 1958

    1959

    1960

    1918-1960

    TOTAL

    ...............

    643

    2897 6377 6228

    7908

    17164 34385

    9428

    9919

    11208

    12909 14 289 133

    355

    GRUPO

    A .............

    450

    2441

    5276

    5264 7380 15084 31055

    8313

    8730

    9755

    11222 12311 117281

    1. metalurgia pesada . .

    66

    440

    829

    444

    946

    1876

    2583

    586

    641 871

    1089 1219 11590

    2.

    qumica 36

    230 335 293 282 633

    1093

    300 296 413 632 852

    5395

    3. petrleo e gs

    24

    207

    477

    461

    624 1

    Y7

    4739

    95;

    1

    104

    1 357

    1553

    1728 15205

    4. carvo

    61

    217

    305

    388 779

    2659

    3562 954

    1 156

    1109

    1045

    999

    13234

    S. equipamento Itrico

    pesado

    .............

    99

    251 443

    484

    502

    1302 4500

    1314

    1290

    1404

    1430

    1486

    14505

    6.mquinas ferramentas

    65

    524 1879

    2083

    2721 2811

    4422

    1

    242

    1225 1251

    1484

    1756

    21463

    7. material

    de construo

    28

    135 191

    287 436

    1615

    3374

    1 144

    1254

    1446

    1 739

    2004

    13653

    8.

    floresta, papel e elabo-

    rao

    de

    madeiras

    33

    174

    299 220

    194 824 1389

    444 485

    508

    580 597 5747

    RUPO B .............

    193

    456

    1101

    964

    528

    2080

    3330

    1 115 1 189

    1453

    1687 1978

    16074

    1.

    Indstria

    leve

    .......

    60

    222 487

    490

    189

    716

    1455

    446

    490 625

    631

    731

    6542

    2.

    Indstria de alimentos

    133

    234 614

    474

    339

    1364

    1 875 669

    699 828

    1056

    1247 9532

    m percentagens do total

    OTAL

    100

    100 100

    100 100

    100

    100

    100

    100

    100

    100 100 100

    RUPO A .............

    70.0

    84,3

    82,7

    84,5 93,3

    87,9

    90,3 88,2 88,0

    87,0

    86,9 86,2 87,9

    1.

    metalurgia

    pesada

    10,2

    15,2 13,0

    7,1 12,0

    10,9

    7,5

    6,2

    6,5 7,8

    8,4 8,5

    8,7

    2. qumica

    5.6

    7,9

    5,2

    4,7 3,6

    3,7

    3,2

    3,2 3,0

    3,7

    4,9 6,0 4,0

    3. petrleo e gs ......

    3,7

    7,1 7,5

    7,4 7,9 11,5 13,8

    10,2 11,1 12,1

    12,0 12,1 11,4

    4.

    carvo

    9,5 7,5

    4,8

    6,2

    9,8

    15,5 10,4 10,1 11,7 9,9

    8,1 7,0 9,9

    5.

    equipamento

    eltrico

    pesado

    .............

    15,4

    8,7

    6,9 7,8 6,3 7,6

    13,1

    13,9 13,0

    12,5

    11,1

    10,4

    10,9

    6.mquinas

    ferramentas

    10,1

    18,1 29,S

    33,5

    34,4

    16,4

    12,9

    13,2 12,4 11,2

    11,5 12,3 16,1

    7. material de construo

    4,3

    4,7 3,0 4,6 5,5

    9,4

    9,8

    12,1

    12,6

    12,9

    13,5 14,0 10,2

    8. floresta,

    papel

    e elabo-

    rao de madeiras '

    5,2

    6,0

    4,7 3,5 2,5

    4,8

    4,0

    4,7

    4,9

    4,5

    4,5 4,2

    4,3

    RUPO B .............

    30,0

    15,7

    17,3 15,5 6,7

    12,1

    9,7

    11,8 12,0 13,0

    13,1

    13,8 12,1

    1 Indstria

    leve

    ......

    9,3

    7,6

    7,7 7,9 2,4

    4,2

    4,2

    4,7

    4,9

    5,6 4,9 5,1

    4,9

    2.

    Indstria de

    alimentos

    20,7

    8,1

    9,6

    7,6

    4,3

    7,9

    5,5

    7,1 7,1 7,4

    8,2

    8,7 7,2

    ~ O N T E Kapitalnoe Strcitieltvo

    v

    SSSR, Statistichieskii Sbornik, Moskva

    1961. -

    Grupo

    A _

    Indstria de bens de produo

    -

    Grupo

    B _ In -

    ~ . _ _ _

    .JI_

    L I _ _ ..... -. -..

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    14/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    9

    Examinando-se os investimentos industriais (tabela 3), no perodo

    1918-1960

    observa-se que a composio dos mesmos em

    trmos de

    indstrias de

    bens

    de

    produo e

    indstrias de bens de

    consumo so

    freu, conforme

    j

    foi observado anteriormente, enorme modificao

    entre 1918-1928 e o primeiro plano. Nos trs primeiros planos, as

    jndstrias de bens de produo recebiam em trno de 85 dos inves

    timentos industriais. Durante a guerra a participao das mesmas

    alcanou 93 , caindo depois

    para

    u a mdia de 87 .

    Dentre as indstrias de bens de produo de se assinalar as

    seguintes modificaes:

    a)

    metalurgia

    pesada - os investimentos nesse ramo

    industrial

    tiveram

    sua

    participao

    no total

    dos investimentos

    industriais pau-

    latinamente

    reduzidos a

    partir

    do terceiro plano, exceto no perodo

    da guerra quando subiu novamente para chegar

    em

    1960 a crca da

    metade do que havia sido no primeiro plano.

    b) indstria qumica -

    sua

    participao tambm caiu continua

    mente, mesmo durante a guerra e em 1960 ainda

    era

    inferior (6 )

    a do primeiro

    plano.

    c) indstria petrolfera e do gs - sua participao que havia

    permanecido constante

    at

    mesmo durante a guerra cresceu durante

    o quarto e o quinto planos.

    d) indstria do carvo - s a

    partir

    da

    guerra sua

    participa

    o

    aumentou

    em

    relao a 1918-1928

    embora ligeiramente.

    e)

    indstria

    de

    mquinas ferramentas

    - sua participao au-

    mentou rpidamente

    at

    durante

    a

    segunda guerra,

    caindo em seguida

    e se estabilizando em trno de 12 .

    f) indstria de material de construo - s a

    partir

    do

    quarto

    plano que

    sua

    participao

    aumentou

    substancialmente.

    g)

    indstria de equipamento

    eltrico pesado - somente a

    partir

    do quinto plano

    que sua

    participao sofreu

    aumento substancial.

    Em trmos

    de

    ritmo

    de crescimento dos investimentos, conforme

    mostram os dados

    da

    tabela

    4,

    no perodo 1950-1960 as indstrias

    que mais se destacaram foram: qumica, material de construo, equi-

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    15/107

    20

    REVIST A BRASILEIRA DE ECONOMIA

    T BEL 4

    TAXAS

    DE CRESCIMENTO

    DAS

    DESPESAS

    DE

    CAPITAL DAS

    E M P R ~ S A S

    COOPERATIVAS

    E ORGANIZAES

    GOVERNAMENTAIS

    POR SETORES

    DA

    INDSTRIA

    ANOS

    1950

    1955

    1956

    1957

    1958

    1959

    1960

    1955

    1956

    1957

    1958

    1959

    1960

    I

    ' I

    3 0

    i:: '

    I

    '

    ;

    C

    o

    '

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    16/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    21

    pamento eltrico pesado, mquinas

    ferramentas

    e metalurgia pesada,

    J

    no perodo

    1955-1960

    sobressaram as indstrias qumicas, material

    de construo e metalurgia pesada,

    grfico 2 mostra o ritmo de crescimento dos investimentos in

    dustriais segundo os dois grupos de indstria: bens de produo e

    bens de consumo,

    _ I N D S T I A

    INDSTILl Df BENS Df CAI'ITAl

    liiIIlII NlSTIIA Dl IEHS DE CONSUMO

    ..

    PIAHO 2. PlANO 3."

    I \AHO

    lfD.32 IUW7

    GRFICO 2

    4.

    PLANO

    19445

    Crescimento

    das espesas de

    Capital

    na

    n d ~ t r i a da

    URSS

    (Milhes

    de

    rublos a

    preos

    constantes)

    Finalmente, examinaremos o comportamento dos investimentos

    na agricultura. Os dados da tabela 5 mostram a evoluo dos investi

    mentos agrcolas assim como a

    sua

    distribuio

    entre

    as fazendas esta

    tais e as colcoses,

    1 :

    interessante observar como os investimentos das

    colcoses tiveram sua participao gradualmente aumentada no total

    dos investimentos agrcolas,

    tendo

    alcanado o mximo durante o

    perodo da guerra - 83% A partir de ento nota-se que les passa

    ram a corresponder a crca de metade dos investimentos do setor.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    17/107

    22

    REVISTA

    BRASILEIRA DE ECONOMIA

    T BEL

    5

    DESPESAS

    DE

    CAPITAL DO GOVtRNO E DAS COLCOSES NA

    AGRICULTURA

    GASTOS

    PRODUTIVOS)

    A

    PREOS CONSTANTES

    MILHES DE RUBLOS

    PERCENTAGENS

    I

    Total

    Govrno I

    Colcoses

    I Govrno 1

    Colcoses.

    I

    1918-1928

    exceto

    4. trim.

    125

    102

    23

    82

    18

    1928)

    }.O Plano

    ( 1928-32)

    1196

    905

    291

    76

    24

    2. Plano

    0933-37)

    2120

    1200

    920

    57

    43

    3.

    Plano 0938-40)

    2008

    789

    1219

    39

    61

    }.o

    jul.

    1941-1.

    jan.

    194

    1724

    297

    1427

    17 83

    4. Plano

    1946-50)

    5385

    2509

    2876

    47 53

    5.

    Plano

    1951-55)

    12270

    6405

    5865

    52 48

    1951

    1861

    1025

    836

    55

    45

    1952

    1933

    971

    962

    50 50

    1953 1910

    881

    1029

    46

    54

    1954

    2762

    1536

    1226

    56

    44

    1955

    3804

    1992

    1812

    52

    48

    1956

    4024

    2118

    1906

    S3

    47

    1957

    4203

    2343

    1860

    56

    44

    1958

    4741 2279

    2462

    48

    52

    1959

    5071

    2021

    3050

    40

    60

    1960

    5192

    2471 2721

    48

    52

    Total

    1918-1960

    48059

    23439

    24629

    49

    51

    FONTE:

    Kapitalnoe

    Stroitielstvo v SSSR,

    op.

    cito

    pg.

    155.

    Os dados abaixo mostram o ritmo de crescimento dos

    investimen

    tos agrcolas como um todo e dos

    investimentos

    das fazendas e coope

    rativas estatais e das colcoses. V-se que os

    investimentos

    governa-

    RITMO DE CRESCIMENTO DOS INVESTIMENTOS DO O V ~ R N O

    E DAS COLCOSES

    NA

    AGRICULTURA, 1953-1960

    Total

    os

    no Investimentos Govrno

    olcoses

    1953.

    1

    1

    1

    1954.

    149 182

    122

    1955.

    2 3

    23

    18

    1956. 216 245

    192

    1957

    . 227

    274

    187

    1958.

    255

    272 241

    1959. 276 253 296

    1960.

    o

    287

    311 268

    FONTE: Kapitalo08 Stroitielstvo v

    SSSR,

    Statistichieslri SbOl nick, Moskva 1961,

    pg. 154.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    18/107

    PLANEJAMENTO

    NA

    URSS

    23

    mentais entre 1953

    e

    196

    cresceram mais

    rpidamente que

    os das

    colcoses.

    O

    gerente

    da

    emprsa

    sovitica visa

    maximizar

    o valor bruto da

    produo

    dentro

    das

    linhas

    do plano, mesmo que,

    para cumprir

    seu

    objetivo, le tenha que divergir da meta de produo em trmos fsi

    cos estabelecida pelos planejadores. Em uma economia de mercado

    no existe nenhum objetivo dominante, ou seja, cada

    produtor

    ou

    consumidor

    tenta tornar

    mxima sua satisfao.

    Observam-se grandes discrepncias,

    na

    prtica,

    em

    relao

    s

    leis

    que se alegam prevalecer numa economia socialista.

    Tem

    havido

    um

    adiamento em se incrementar significativamente os baixos nveis de

    consumo vigentes at que os setores bsicos tenham tido suas metas

    realizadas. No se pode deixar de assinalar que o planejamento eco

    nmico sovitico tem tido como escopo no um desenvolvimento har

    mnico

    entre

    todos os setores da economia, mas, propositalmente,

    um

    desenvolvimento distorcido que tem causado atritos e desgastes fre

    C entes.

    De acrdo com as declaraes oficiais essa discrepncia, bvia

    entre

    a operao

    da segunda

    lei e a prtica,

    explicada

    pela

    distino

    t ntre os planos e a

    lei.

    Assim, conforme so elaborados pelas

    autori

    dades os planos

    refletem

    a lei mais ou menos

    fielmente. Se

    o plano

    viola a lei drsticamente,

    surgiro

    srios desequilbrios. Essa distin

    o

    entre

    a

    prtica

    do

    planejamento

    e a

    segunda

    lei,

    reduz

    a

    mesma

    a uma espcie de aviso generalizado

    contra

    polticas inconsistentes e

    contra a convico que tm os planejadores de que

    tudo

    possvel,

    pois

    tm

    contrle sbre o estado.

    3. ADMINISTRAO DO PLANEJAMENTO

    O

    planejamento

    organizao e contrle

    da

    economia sovitica

    liderado pelos altos escales do Partido-Estado. A alta administrao

    da economia sovitica composta do Comit Central do

    Partido

    o

    Conselho de Ministros da Unio e os executivos dos comits econ

    micos especializados

    em

    planejamento, mo-de-obra,

    etc.

    A administrao operacional, ou seja, aquela ligada diretamente

    venda de produtos exercida quer pelos gerentes dos

    ramos

    nos

    ministrios da Unio ou nas indstrias no nvel das repblicas pelos

    conselhos econmicos regionais (sovnarkozes - soviet narodnogo Ko

    ziaistvo) e pelos gerentes das fbricas. No caso das

    pequenas

    inds-

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    19/107

    24

    REVISTA BRASILEIRA DE ECONOMIA

    trias

    e

    artezanatos

    agrupados

    em

    cooperativas) as funes

    de

    admi

    nistrao so exercidas

    por

    rgos dos soviets locais.

    O sistema sovitico de planejamento

    requer

    uma enorme quan-

    tidade

    de informaes e dados,

    que

    so produzidos e consumidos

    p

    dois rgos centrais: a Administrao Central de Estatstica T U -

    tcentralnoe statisticheskoe, upravlenie) e o Comit Central de Pla-

    nejamento, o Gosplan gosudarstvennaia planovaia Komissia). Am

    bos tm

    estruturas

    semelhantes e se ramificam no nvel das repbli-

    cas, provncias, cidades, etc.

    A

    T U

    recebe as informaes das emprsas, instituies, etc., pas

    sando-as ao Gosplan,

    que

    de

    acrdo com as

    diretrizes

    do govrno pro

    cessa as informaes e

    elabora

    os esboos

    de plano para

    a economia

    como

    um

    todo

    para

    cada

    um de

    seus setores. Aps a discusso dsses

    esboos nos diversos nveis operacionais

    da

    economia o Gosplan con

    solida as informaes devolvidas pelas

    unidades

    produtivas e as ins

    trues recebidas dos rgos executivos do Partido-Estado em um

    plano econmico

    final.

    O Gosplan

    determina

    em detalhe os novos

    investimentos

    e as

    trocas

    entre

    as repblicas;

    controla

    a alocao

    de

    suprimentos

    escas

    sos de bens de produo e de consumo e fixa, alm disso, a maioria

    dos preos.

    Cada emprsa deve esboar seu programa de produo

    para

    um

    prazo curto e apresent-lo ao degrau

    imediatamente

    superior

    da

    hie

    rarquia,

    um

    sovnarkoz ou

    um

    combinado. Para cada perodo de ope

    rao do plano so feitas conferncias de gerentes e tcnicos nas

    quais

    so discutidas as possibilidades

    de

    produo. Essas conferncias

    so feitas nos nveis dos sovnarkozes ou nveis mais elevados.

    O plano

    feito atravs de

    um

    processo de d e

    tira que

    opera

    na

    economia do pas. A

    medida que

    os

    projetos

    e

    programas

    so

    levados

    para

    as instncias superiores les

    devem ser

    sistematizados e

    consolidados.

    Por

    outro lado, quando as instrues e esquemas de ati-

    vidade so emanados de

    cima para

    baixo, les

    tm que ser interpre-

    tados, especificados e ajustados a

    cada fbrica.

    O planejamento

    central

    e a

    administrao

    unificada no poder

    prescindir de ajustamentos no prprio processo de formalizao das

    tarefas

    determinadas pela autoridade

    central.

    No entanto,

    uma

    vez

    que

    se toma uma

    deciso

    ela se torna um

    padro fixo, em relao

    ao qual a

    performance ser

    controlada e julgada.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    20/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    25

    A Administrao Central de Estatstica TSU) , o Gosplan da

    Unio e os gosplans das repblicas, os ministrios econmicos e os

    conselhos econmicos regionais compem-se de

    departamentos

    como

    qualquer grande

    sociedade

    annima, de

    acrdo com os

    ramos ou

    sub

    divises territoriais. O campo operacional ou territorial e de produ-

    o trata da correlao de tdas as informaes e instrues sbre

    investimentos,

    suprimentos

    e preos por setores, ramos e regies.

    Nos ministrios econmicos os departamentos funcionais se

    ocupam

    principalmente

    com planejamentos, tecnologia, investimentos,

    flhas de pagamentos e finanas; os departamentos operacionais ou

    administraes principais glavks - glavnoe upravlenie) dirigem os

    ramos industriais ou comerciais.

    Nos conselhos econmicos regionais sovnarkozes) os departa-

    mentos funcionais so os mesmos do Gosplan e dos ministrios, ao

    passo que os departamentos operacionais correspondem aos princi

    pais ramos da

    indstria,

    isto , pesada, leve, construo de mqui-

    nas, etc.

    O atual sistema de administrao do planejamento, como j

    men-

    cionamos,

    surgiu

    em

    1957

    aps uma reforma

    que

    acabou com o sis

    tema de ministrios industriais no

    nvel

    da Unio e criou os sovnar-

    kozes. Os nicos ministrios industriais

    que

    subsistiram foram o da

    energia

    eltrica que

    administra

    a

    rde

    de

    energia

    interligada, fican

    do as centrais eltricas subordinadas aos respectivos sovnarkozes) e o

    das

    mquinas ferramentas

    mdias,

    que

    se acredita

    estar

    ocupada com

    assuntos relativos

    energia

    nuclear.

    Os

    diagramas

    a

    seguir

    vizualizam a modificao ocorrida com a

    reforma

    de 1957, no que diz respeito ao sistema de subordinao:

    No primeiro

    diagrama

    no esto includas as grandes regies em

    que se dividem as grandes repblicas.

    Os

    argumentos

    econmicos alegados

    podem ser sumariados

    como

    segue, embora, em parte,

    tenha

    havido objetivos polticos para que

    >e

    fizesse a reforma:

    1.

    Havia

    uma

    tendncia

    da parte

    dos ministrios

    industriais

    para

    se tornarem imprios econmicos autrquicos. Em parte isso se

    devia crnica incerteza na obteno de suprimentos, o que causava

    uma

    relutncia

    em

    depender

    de outros ministrios, e ocasionava a

    criao de bases de

    suprimentos

    no prprio ministrio,

    ou

    fbricas

    ministeriais

    para produzir

    os componentes necessrios. Outra expli-

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    21/107

    NTES

    MINISTRIOS

    INDUSTRI IS

    D UNIO

    E M P R ~ S S

    D UNIO

    GOVRNO

    D URSS

    MINISTRIOS

    INDUSTRI IS

    D l N O E

    D S

    REPBLIC S

    NiVEl D UNIO

    MINISTRIOS

    INDUSTRI IS

    D UNIO E D S

    REPBliC S NVEL

    EMl atsAs

    DA uN o E D S REPBLIC S

    MINISTRIOS

    D S REPBLIC S

    EMPRs S

    D UNIO

    LOC IS

    DEP RT MENTOS

    INDUSTRI IS LOC IS

    EMPRS S

    LOCAIS

    t-,

    ::o

    tT

    t l

    ::o

    U l

    ~

    i

    ~

    ~

    :;:

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    22/107

    8DEf )1S

    O V ~ R N O

    DA

    URSS

    \

    \..

    EMPRtsA$ DA UNIo E DAS W()81ICAS

    '

    OUTRAS AGNCIAS ECONMICAS

    CENTRAIS

    DEPARTAMENTO

    DE

    PLANEJAMENTO DAS

    AUTORIDADES LOCAIS

    EMPRts s LOCAIS

    Z

    -

    ..

    O

    Z

    C

    C/l

    C/l

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    23/107

    28

    REVISTA BRASILEIRA DE ECONOMIA

    cao

    era

    a

    fraqueza

    das

    autoridades

    coordenadoras

    diante da

    com

    plexidade crescente da estrutura industrial.

    O

    Gosplan havia

    se tor-

    nado

    muito

    fraco

    para

    fazer os

    vrios ministrios trabalharem em

    conjunto.

    Essa

    autarquia

    ministerial

    se

    manifestava

    sob

    vrias

    for

    mas de

    desperdcio, como seja,

    pequenas fbricas produzindo

    compo

    nentes para imprios ministeriais espalhados por

    tda

    a URSS. Isso

    causava um congestionamento

    das vias

    frreas

    j

    tradicionalmente

    sobrecarregadas.

    Em

    resumo, a

    integrao vertical

    e

    horizontal

    eram

    ambas estimuladas

    ou

    limitadas por

    linhas

    de fronteira ministeriais

    em lugar de

    s-lo pelas fras econmicas.

    2. No

    havia nenhuma

    autoridade

    efetiva responsvel

    pelo pla

    nejamento

    regional. No

    obstante

    algumas tentativas

    feitas aps a

    morte de Stalin para fortalecer

    a posio

    das repblicas tdas as

    linhas de comando cortinuavam estendidas at

    Moscou e

    ningum

    em uma rea tinha

    autoridade

    para

    examinar ou

    agir no que

    se

    referia

    s potencialidades da

    mesma de

    um

    ngulo que ultrapassasse

    as

    fronteiras interindustriais. Tal estado de

    coisas

    freou

    o desenvol

    vimento de

    novas reas. como

    por exemplo na Sibria. Fbricas pr-

    ximas umas

    das

    outras no podiam

    transacionar porque estavam

    su

    bordinadas

    a

    ministrios

    diferentes

    e

    no

    havia

    nenhum

    rgo local

    encarregado

    disso.

    3.

    Havia grande

    desperdcio fcil de

    evitar pela

    utilizao de

    subprodutos. Assim, os

    produtos petroqumicos poderiam ser

    baseados

    em

    subprodutos da

    indstria

    do

    petrleo

    mas

    no

    havia nenhuma

    ligao

    direta

    entre

    o Ministrio dos

    Produtos

    Qumicos e o Minist

    rio

    da

    Indstria

    do

    Petrleo.

    4. A

    concentrao

    de

    autoridade

    em

    Moscou

    sbre emprsas

    espalhadas por

    todo o

    pas provocava atrasos burocrticos

    para solu

    cionar

    os

    problemas

    dirios das

    mesmas.

    As

    fraquezas

    citadas acima

    existiam j h muito tempo

    e

    eram

    provenientes

    em

    parte. de

    se

    basear

    o

    planejamento

    e o

    contrle

    sbre

    os setores

    industriais. Portanto

    a

    sua existncia no

    era

    razo

    suficiente para explicar

    a

    reforma.

    O

    que ocorreu

    foi

    que

    os

    encar-

    gos

    de planejamento

    e

    administrao

    a

    partir

    do

    centro cresceram

    com

    o

    crescimento

    da prpria

    economia, o

    que

    fz

    com que

    se desse

    uma

    espcie

    de

    evoluo

    elementar

    da autoridade

    dos

    sistemas

    de

    ministrios industriais

    devido

    dificuldade inevitvel da

    coorde

    nao.

    O nvo

    sistema

    baseado no princpio

    territorial.

    No fim

    de

    196

    a URSS se dividia em 1 3 conselhos econmicos regionais Sov-

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    24/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    9

    narkozy).5 f:sses conselhos, freqentemente

    (embora

    nem

    sempre)

    so coextensivos com as

    fronteiras

    dos oblasts existentes, e no com

    nenhuma regio econmica ou geogrfica. Assim, a bacia do Donetz

    foi dividida

    em

    trs

    sovnarkozes.

    J

    emprsas de importncia mera

    mente

    local so administradas pelos soviets locais.

    Entretanto,

    a gran

    de maioria das emprsas industriais e de construo civil subor

    dinada aos sovnarkozes. Todavia, o sovnarkoz no responsvel pela

    agricultura, transporte ou comrcio

    varejista,

    a no ser quando essas

    atividades esto associadas indstria ex., fazendas auxiliares, meios

    de transporte de uma fbrica, cantinas de uma fbrica, etc.) .

    O sovnarkoz

    depende diretamente

    do govrno

    da

    repblica. As

    repblicas menores Georgia, Latvia, Bielorussia, etc.) constituem

    elas mesmas

    um

    sovnarkoz.

    Em

    contraste, a Repblica

    Federal da

    Rssia

    (a partir de

    31-12-62) conta com

    vinte

    e quatro sovnarkozes,5

    a Ucrania com nove e o Kazakstan com sete.

    A cadeia

    de

    comando

    parte de

    Moscou e atravs dos governos

    das repblicas chega aos sovnarkozes e, ento, s

    vrias emprsas

    que

    a le pertencem. Ao sovnarkoz cabe nomear e demitir os gerentes

    as

    emprsas,

    tarefa

    que

    cabia

    anteriormente

    aos

    glavk ministeriais.

    O sovnarkoz tem uma organizao que varia muito de uma regio

    para outra de acrdo com a atividade

    industrial

    da mesma. Todos

    possuem

    um

    conselho tcnico-econmico que funciona como um rgo

    consultor. Tm vrias divises funcionais que

    tratam

    do

    suprimento,

    planejamento, mo-de-obra, etc. e um

    nmero

    varivel de departa

    mentos industriais setoriais - mquinas ferramentas pesadas, equi

    pamento

    eltrico,

    produtos

    qumicos, etc. etc.

    A tarefa precpua do sovnarkoz supervisionar o cumprimento

    do plano, embora tenha autoridade para decidir sbre a composio

    da produo quando a mesma no fr prescrita pelo plano.

    Deve o sovnarkoz encorajar novas tcnicas e a especializao

    ra

    cional

    na

    regio,

    na medida em

    que isso possibilite o

    cumprimento

    5)

    No artigo de

    Cook

    P -

    Party,

    State

    and Economic RecTganization

    in

    the

    USSR,

    E m

    The

    ASTE

    Bulletin vol. V, n.o 1, p.

    2/11,

    feita

    uma anlise

    das

    modi

    ficaes

    ocorridas

    na

    estrutura econmico-administrativa da

    URSS E m

    fins de

    1962. Entre as

    vrias

    modificaes

    citam-se (a)

    reduo do nmero de

    sovnarkozes de 100 para 47 ou 48. Foi criada um sovnarkoz para a

    URSS

    e

    mantidos

    os

    supersovnarkozes

    no

    nvel de repblica, da RSFSR, Ucr

    nia e Kasakstan. Assim, o nmerc total de sovnarkozes

    primrias

    e supervisores

    da

    ordem

    de 51-52;

    (b) maior importncia dada ao

    Gosekonomsoviet (Supremo

    Conselho

    Econmico) que passou

    a

    supervisionar

    o Gosplan, o sovnarkoz de

    URSS

    e o recm-criado Gostroi (Comit

    Estatal

    para a

    Construo).

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    25/107

    3

    REVISTA BRASILEIRA DE ECONOMIA

    do plano com

    custos

    mais

    baixos.

    Apesar

    de ter

    que se

    guiar

    por

    ordens

    recebidas da

    hierarquia superior,

    les

    tm uma

    amplitude

    de

    escolha,

    no que

    se

    refere

    ao modo

    de

    execuo. No

    entanto,

    essa

    amplitude

    bem

    definida

    por

    lei; les

    tm

    contrle

    sbre

    uma

    reser

    va de investimento que corresponde

    a 5

    do investimento total pla

    nejado para

    a regio.

    Porm, embora

    les

    tenham liberdade

    para

    dirigir

    sse

    montante

    de

    investimentos, no podem afetar adversa

    mente setores

    chave. i

    4. TCNICA DE

    PLANEJAMENTO

    4.1

    laborao do Plano

    o plano

    um

    programa de

    ao

    que coordena

    informaes,

    pre

    vises e

    diretrizes referentes

    produo em um

    perodo dado. No

    planejamento

    sovitico as produes-chave, as

    metas de emprgo

    e

    as principais metas de

    consumo so

    expressas em trmos

    fsicos.

    Existem

    dois tipos

    de

    planos:

    planos perspectivos

    (a mdio

    pra

    zo,5

    a 7 anos) e

    planos

    anuais,

    que

    se referem

    produo,

    consumo,

    etc. Os dois tipos

    de

    planos devem

    ser

    coordenados e subdivididos

    em perodos operacionais

    (trimestres ou

    meses) e

    por

    nveis

    opera

    cionais, setoriais e geogrficos (regies, distri tos,

    localidades).

    Foram

    utilizados

    at

    o

    momento

    planos

    de

    5 a 7

    anos

    porque

    correspondem

    ao

    perodo

    nece.:.srio

    para projetar, planejar, construir

    e operar novas

    indstrias.

    Como na prtica os

    investimentos ocorrem

    t;m

    qualquer

    ano

    do plano, os

    planejadores

    soviticos

    esto agora

    procurando pr em

    pr&tica

    uma

    sugesto

    feita

    nos anos

    2

    e

    que

    diz

    respeito

    a

    um

    planejamento

    flexvel.

    Segundo

    essa sugesto,

    cada

    ano

    seria

    compilado

    um

    nvo

    plano de

    5 a 7 anos, e os

    pontos

    iniciais

    e finais

    da projeo seriam

    movidos

    para

    a

    frente

    anualmente.

    Dessa

    maneira, seria

    possvel aos

    planejadores

    modificar

    a

    trajetria

    que

    leva concluso do plano, e

    vislumbrar-se-ia continuamente

    um

    perodo

    mvel

    de 5 a 7

    anos.

    afirmao corrente

    dos economistas soviticos que,

    desde

    o

    incio do

    sistema de

    planejamento,

    a

    elaborao

    dos

    planos

    se faz

    mediante

    um mecanismo

    duplo

    de

    descida e

    subida

    dos

    projetos,

    cabendo

    aos Gosplans

    das

    repblicas

    e ao

    Gosplan da

    Unio

    assegurar

    6) Para uma descrio p l a

    dos novos

    rgos

    criados

    pela reforma

    de 1957,

    tanto no

    nvel

    da Unio cerno no da

    repblicas, consulte-se Nove, A -

    The

    Soviet Economy

    pg.

    73/79.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    26/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    3

    a coerncia dos mesmos e

    impor

    os objetivos nacionais prioritrios.

    Na verdade

    esta

    regra s passou a ser mais bem

    respeitada

    aps a

    reforma

    de

    1957; todavia ela no significa que os projetos vindos

    dos escales

    inferiores possam

    afetar

    a

    prioridade decidida

    pelo Gos-

    plano Por outro lado, segundo a reforma

    de

    1957, os sovnarkozes e as

    emprsas

    tm o

    poder de fixar

    os detalhes dos objetivos

    de

    produo

    porm sempre

    dentro da faixa de diretrizes formuladas

    pelo Gosplan.

    A elaborao do

    plano pode

    ser

    dividida

    em trs fases:

    a Escolha

    de

    opes polticas com base nas informaes eco-

    r.micas.

    o

    incio

    da

    elaborao do

    plano

    comea com um levantamento

    e anlise dos dados econmicos

    relevantes

    feito pela

    Administrao

    Central de Estatstica

    e pelo

    Gosplan.

    Com base nessas informaes e

    levando em conta

    consideraes

    de ordem

    poltica

    no campo

    social,

    internacional

    e militar o Conselho

    ele

    Ministros promulga as

    diretrizes gerais para

    o

    prximo plano.

    Essas

    diretrizes

    do os objetivos gerais

    da

    poltica econmica,

    decidindo

    de imediato

    as opes principais.

    Ne ;sa

    fase,

    entretanto

    elas

    so puramente qualitativas.

    Tdas as

    unidades

    econmicas

    da

    Unio, do Gosplan s emprsas

    recebem

    as

    diretrizes

    e devem elaborar imediatamente os

    projetos

    de plano de

    sua

    esfera.

    Dsse modo, se inicia um duplo

    movimento

    de

    descida e

    subida de

    projetos.

    b A descida dos projetos e dos algarismos de contrle do

    Gosplan.

    o Gosplan

    da

    Unio

    elabora

    um

    primeiro

    esbo de

    plano

    com

    base nas

    diretrizes

    gerais do

    govrno.

    O material estatstico que chega constantemente ao Gosplan per-

    mite que

    le

    proceda

    ao

    que chamaramos uma projeo

    do

    produto

    nacional e

    de

    seus

    componentes. Para

    isso

    utilizada

    uma metodo-

    logia

    bem

    diferente da que

    se

    emprega

    no ocidente, o

    chamado

    m.

    todo dos balanos, tanto

    materiais

    como monetrios que ser visto

    mais adianta.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    27/107

    32

    REVISTA BRASILEIRA DE ECONOMIA

    Os objetivos mais importantes

    dentre

    os algarismos de con

    trle , so:

    1 a taxa global de acumulao (relao

    entre

    os investimentos

    lquidos e a renda nacional lquida);

    2) a diviso do volume total

    de

    investimentos segundo os ramos

    a economia nacional;

    3)

    repartio

    dos investimentos pelas Repblicas

    da

    Unio, com

    fixao dos montantes referentes aos setores prioritrios.

    Essas indicaes sero detalhadas pelos Gosplans das Repblicas

    e pelos sovnarkozes.

    O planejamento da produo,

    em

    1957, abrangia 1.500 produtos

    ou classes de produtos, no nvel do Gosplan da URSS; crca de 2.500

    no escalo dos Gosplans das Repblicas e de 50 a 60.000 no dos sov

    narkozes. Parece que essas diferenas de

    nmero

    de produtos (clas

    ses) planejadas no calcada

    em

    nomenclaturas encaixadas

    entre

    si. Os itens das nomenclaturas superiores, so ora constitudos

    por

    agregados das nomenclaturas inferiores, ora repetem itens detalhados

    dessas, quando se trata de produtos-chave.

    H

    uma

    tendncia globalizao do planejamento dos produtos

    no nvel do Gosplan

    da

    Unio. Assim, em 1954, o Gosplan da URSS

    planejava 5.000 produtos industriais,

    em

    1957, 1.500,

    em

    1958, 1.100

    e apenas 300 em futuro prximo. Tem sido dada

    uma

    liberdade cada

    vez maior aos rgos de planejamento republicanos e regionais. To

    davia, essa liberdade parece mais

    restrita

    no que diz respeito aos

    investimentos

    lquidos,

    uma

    vez

    que

    as decises

    ~

    tomadas pelos

    Gosplans das Repblicas, aos quais os sovnarkozes e as emprsas

    E'ncaminham seus pedidos.

    c) Subida das propostas das emprsas; sua insero no plano

    Parece

    que o movimento de baixo para cima (emprsas ao Gos

    plan da Unio) se faz em trs etapas sucessivas. A primeira existe

    sempre, pois faz

    parte

    do sistema contnuo de informaes, que,

    atra-

    vs das see6 de planejamento, liga as emprsas ao Gosplan da

    Unio. A segunda se inicia quando as emprsas recebem as diretri-

    zes gerais e iniciam embries

    de

    projetos. A terceira, finalmente,

    a volta dos algarismos de contrle , enriquecidos com os detalhes

    fornecidos pelos rgos inferiores.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    28/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    33

    Uma vez de posse das

    diretrizes

    gerais , as

    emprsas

    estudam

    [lS possibilidades de racionalizao

    que

    permitam u'a melhor utiliza

    o

    da

    capacidade produtiva existente e as necessidades de expanso

    da

    mesma. Essas sugestes so

    enviadas

    aos sovnarkozes,

    que

    as fil

    tram,

    harmonizam

    e a elas

    acrescentam

    seus prprios projetos, antes

    de transmiti-los aos Gosplans das Repblicas.

    Parece

    que

    aos Gosplans das Repblicas que compete ajustar

    os

    detalhes

    dos

    investimentos

    lquidos propostos

    pelas emprsas

    aos

    algarismos de contrle

    fixados pelo

    Gosplan da Unio para

    os di

    versos

    ramos.

    Atualmente,

    a discrepncia entre o

    total

    dos

    investimentos

    pro

    postos pelas

    emprsas

    e o

    total autorizado

    pelo

    Gosplan da

    Unio

    da ordem

    de 20 a 25'; .

    Apesar

    de ser

    bem grande,

    de

    se assinalar

    Cjue

    antes

    da

    reforma

    de 1957 essa discrepncia chegava a ser de

    40

    a 5 0 ~ .

    Somente aps os projetos das emprsas terem passado pelos sov

    narkozes e pelos Gosplans

    das

    Repblicas, e

    terem

    sido inseridos no

    projeto de

    plano,

    que

    o

    mesmo

    enviado

    pelo

    Gosplan

    da

    Unio

    ao Conselho

    de

    Ministros e ao

    Soviet Supremo,

    que o transforma

    em

    lei (O grfico 3

    em

    anexo, visualiza o

    cronograma

    do plano

    corrente).

    o

    atual

    plano

    setenal

    sovitico (1959-1965) distingue-se dos pla

    nos

    anteriores pela

    articulao do

    pl nej mento

    perspectiv com o

    pl nej mento corrente (anual). At 1957, o planejamento perspec

    tivo se ocupava

    apenas

    em

    fixar

    os objetivos e

    testar

    a

    sua coerncia

    apenas

    para

    o

    ano final.

    Nenhuma

    seqncia

    era

    explicitada no

    mo

    mento

    da elaborao do plano perspectivo. Cada ano, os planejadores

    ~ contentavam

    apenas em

    elaborar um plano anual e os balanos

    correspondentes,

    retomando

    as

    etapas

    do plano qinqenal. Os planos

    anuais eram mais detalhados que os planos perspectivos qinqenais,

    de vez

    que

    ao

    contrrio

    dstes,

    que

    fixavam

    apenas

    objetivos para

    os

    ramos industriais,

    les desciam

    at

    s emprsas.

    Atualmente,

    no existe mais

    tal

    dualidade de documentos. De

    um

    lado

    o

    plano setenal fixou

    os

    objetivos

    do

    stimo

    ano, como

    tam

    bm

    os

    de

    todos os anos intermedirios. De outro, le congrega os

    objetivos, tanto os finais, como os dos anos intermedirios; tanto os

    dos ramos, como os das emprsas.

    Outra inovao o

    estudo

    pelo Gosplan de planos a longo

    prazo.

    O objetivo do plano a longo

    prazo

    fixar as

    tarefas

    de desenvolvi-

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    29/107

    34

    REVIST A BRASILEIRA DE ECONOMIA

    NVEL

    DE

    PlANEJAMEl> TO

    1

    A 400

    BALANOS

    MA.HRIAIS

    METAS fRELIMINAPES

    DE PROt>uO

    GOSPLAN DA

    URSS

    GOSPLAN

    DAS

    REPBLICAS

    SOVNARKOSES

    eMPRSAS

    COOIWENAC;O

    ALOCO DE M A W ~ I A S P R : M A S

    :

    PilO DUTOS SE I.ACAB.\DOS

    PLAN05

    DE ENTRES.\.

    ENCO.y,ENDAS

    E

    PRO;:Jl . O

    PARA CRCA Df 2 : POS

    E GR P'.:)5

    DE ~ S

    MAIO

    JUt-.HO

    JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVE v.6RO DEZEMBRO

    GRFICO

    3

    Cronograma do

    Plano Corrente

    mento nos

    setores

    bsicos,

    em

    funo das necessidades e

    do

    progresso

    tcnico previsto e sua difuso. No momento se

    prepara

    um

    plano

    de

    15

    anos.

    4.2

    O

    Mtodo

    d'Js

    alanos

    Os economistas so iticos so

    unnimes

    em afirmar

    que

    o plane-

    jamento por les levado a cabo baseado no mtodo dos balanos,

    o que assegura

    coerncia

    setorial e permite evitar

    pontos

    de estran-

    gulamento. Como sabido, e como veremos

    mais

    adiante, tem sido

    uma constante do

    desenvolvimento

    econmico sovitico o

    apareci-

    mento de desequilbr:os, devido principalmente rigidez com que se

    implementam

    as

    prioridades, em

    detrimento

    do

    setor

    produtor

    de

    bens de consumo.

    Os planos so fo:::malizados em trmos fsicos e monetrios, po-

    rm os diversos

    balanos

    envolvidos

    no

    so interligados consisten-

    temente.

    De

    um lado, os

    balanos

    materiais

    no

    so

    unidos

    em

    um

    nico sistema que resolva todos os

    problemas

    referentes s relaes

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    30/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    35

    intersetoriais.

    Do

    outro,

    os balanos

    monetrios

    -

    contas

    nacionais

    - estabelecem

    largas

    relaes entre o consumo e o investimentos,

    mas

    no so concretamente coordenados com as relaes

    interseto

    riais de produo

    e

    distribuio.

    As falhas no

    plano

    e a

    separao entre seus

    dois aspectos tm

    ocorrido principalmente

    porque

    os

    planejadores tm tido

    necessidade

    e podido se concentrar apenas em

    alguns

    ramos-chave

    da

    produo

    material,

    uma vez

    que

    surgem

    enormes

    dificuldades

    prticas

    ao

    se

    tentar

    ir alm

    dos nputs de

    primeira

    ordem para a

    determinao

    dos coeficientes tcnicos das funes de

    produo mesmo

    para

    pro

    dutos chave

    e

    tambm

    porque

    o

    sistema de preos

    muito distorcido.

    O ncleo de um plano sovitico consiste de

    metas

    fsicas esco

    lhidas

    de

    produo, emprgo e consumo, por setores, regies, etc.

    O plano construdo em trno de

    metas

    de produo e

    de expan

    so

    da

    capacidade produtiva necessria das indstrias lderes (elos

    -chave do

    plano),

    seus

    ramos

    primrios e

    finalmente

    os

    outros

    seto

    :res

    de

    importncia

    secundria

    incluindo as indstrias

    de

    bens

    de

    consumo.

    Milhares

    de

    balanos

    materiais

    e crca de

    setecenws

    grupos prin

    cipais de

    produtos

    so usados nos planos anuais. Um balano material

    mostra as relaes correntes ou desejadas entre os suprimentos e sua

    alocao para

    bens

    especficos ou grupos de bens. Seja i o

    supri

    mento fsico total de um

    bem

    dado, Xii as

    partes

    dsse suprimento

    usadas

    quer

    no mesmo setor produtivo

    ou

    em

    outro

    setor

    (digamos

    j , e Xi a

    sobra

    disponvel

    para

    as u lidades familiares,

    exportao

    e

    estoque. Os

    planejadores devem

    ajustar

    os

    itens

    dos dois lados do

    balano a fim

    de obter

    a

    igualdade entre

    o

    total ofertado i

    e o total

    alocado X i i

    X i ) ,

    isto , i = X i i X i .

    Em

    sua essncia, um balano material um balano tipo

    contbil

    da oferta e procura de um

    bem

    conforme o modlo abaixo. No lado

    das

    fontes o item produo o mais

    importante

    pois,

    na maioria dos

    casos, le chega a

    corresponder

    a 9 ~ do suprimento.

    Normalmente,

    as importaes

    so

    insignificantes.

    O

    item outras

    fontes

    tem

    im

    portncia

    varivel

    - assim, para os

    metais

    ferrosos a sucata im

    portante.

    Os estoques abrangem

    apenas

    os dos supridores,

    que

    so

    os nicos passveis de distribuio. Se os estoques em poder das

    em

    prsas estiverem acima do nvel considerado normal les so levados

    em conta

    e

    subtrados das

    necessidades

    quando

    se

    elaboram

    as zaiavki

    (requisies)

    da

    emprsa.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    31/107

    36

    REVISTA BRASILEIRA

    DE

    ECONOMIA

    As

    principais

    categorias no

    lado

    a

    distribnio so as

    necessi-

    dades de

    produo

    e operao e construes . O fundo de mercado

    significa

    aquela parte da produo que distribuda

    com

    muito pouco

    processamento

    ulterior para

    satisfazer

    s

    necessidades

    da

    populao.

    A reserva

    do Estado

    tem

    como

    finalidade

    atender

    a desastres

    nacio-

    nais

    -

    naturais

    ou causados pelo homem. A reserva do Conselho de

    Ministros

    operacional, para

    ser

    distribuda

    durante o ano s firmas

    que esto ultrapassando suas metas de produo e tm necessidade

    adicional daqueles inputs e

    s

    que

    no

    receberam os suprimentos que

    lhe foram alocados,

    em

    virtude da

    deficincia

    de suprimento.

    Monf t o D E BALAr-;O MATERIAL

    Produto

    X

    Fontes

    1. Produo

    (a)

    Pelas

    Repblicas

    2.

    Importaes

    3.

    Outras

    fontes

    4. Estoques de fornecedo'es no in::io

    do PG-rodo

    Distribuio

    1. Necessidades

    de

    produo e operao

    (a)

    Pelas

    Repblicas

    2.

    Construes

    3. Fundo do

    mercado

    4.

    Exportaes

    5.

    Aumento

    das reservas do

    Estado

    6. Aumento das reservas

    do

    Conselho de

    Ministros

    7.

    Estoques

    de fornecedorEs no fim

    do

    perodo.

    ste

    um modlo

    agregativo

    de b lano

    material usado

    pelo Go,plan da URSS.

    Eulanos

    materiais

    em

    formas modificadas

    tambm

    so usados pelos rgos

    subal-

    ternos

    de

    planejamento

    Cf.

    Levine, op.

    eit. .

    O problema cruchl no

    emprgo da

    tcnica dos balanos

    materiais

    como

    so

    equilibradas as fontes e a distribuio planejadas, quando

    inicialmente j existe uma situao de desequilbrio.

    Um

    p r o b l e m ~

    correlato o efeito q'cw tem sbre a oferta

    de

    um produto a

    modifi-

    cao que se d na

    meta de

    produo de um outro.

    7)

    Segundo

    HerbsTt

    Levine

    in

    The

    C e n t ~ 2 l i z e d Planning of Supp:y

    in

    Soviet

    Industry

    publicado em Compansons

    Df the

    United States

    and

    Soviet

    conol l l cs

    (Joint

    Economic Corrnlttee, Congress

    of the

    UI;iled States,

    86th

    Congress,

    1st

    Session,

    1959)

    em entrevista p2S'O:1l com economistas soviticos

    ficcu aparente

    que

    a metas de produo dos supridcres ~ o estabelecidas em

    um

    nvel mais

    alto do que

    as entregas

    planejadas

    qUB

    les devem fazer. Ecsa diferel,ca COllS-

    titui as reservas do

    Conselho

    de I,1i,stro5.

    Dursnte

    o ano as firmas

    ;ecebem

    ordens especficas aor:dc

    devem

    Enar a produo adicional.

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    32/107

    PLANEJAMENTO NA URSS

    37

    Normalmente,

    a

    causa de um desequilbrio

    o fato

    de

    a

    procura

    de um

    produto

    ser

    maior

    do

    que

    os

    suprimentos

    originalmente pla

    nejados. Parece

    que

    o

    mecanismo

    dsse

    desequilbrio

    que

    os

    depar

    tamentos industriais

    do

    Gosplan que esto organizados segundo

    Unhas

    de

    produtos)

    trabalham com

    as

    fontes

    de

    cada

    produto, en

    quanto

    os departamentos de sntese trabalham com a distribuio. Os

    dois tipos de departamentos

    trab3lham

    em

    conjunto, tentando

    alcan

    ar

    o

    balanceamento, trocando

    informaes

    sbre

    os ajustamentos

    feitos.

    Quais

    so as

    medidas tomadas quando

    se descobre que a

    pro

    ( ~ r a

    de

    um

    produto

    maior

    do

    que

    a

    oferta planejada?

    Alega-se

    que

    o princpio bsico

    que

    um

    plano

    no tem

    sua

    meta reduzida

    em virtude de um

    ponto

    de

    estrangulamento no supri

    mento

    de

    um bem

    deficitrio. O que sucede

    que,

    de um

    lado, o

    departamento industrial correspondente procura aumentar

    o

    supri

    mento

    do

    produto deficitrio verificando

    se os

    estoques

    com

    os

    for

    necedores

    podem

    ser reduzidos

    ainda mais ou

    se

    as importaes pla

    nejadas

    podem ser aumentadas.

    Todavia, o

    principal

    esfro

    aumen

    t.r a

    produo corrente,

    o que

    deve ser

    feito

    dentro da capacidade

    planejada

    por

    um

    uso melhor ou mais

    intensivo

    do equipamento.

    As \ zes o acrscimo

    de capacidade

    planejada pode ser

    acelerado de

    maneira que uma

    maior

    parte

    do

    ano

    operada com

    uma

    capacidade

    maior. Simultneamente

    o

    departamento

    de sntese

    se esfora

    para

    reduzir a procura pelo

    bem deficitrio.

    O princpio bsico

    conseguir

    tal

    coisa

    sem reduzir

    as

    metas de produo

    dos

    consumidores

    do bem

    deficitrio. O

    mtodo

    empregado

    aurr:e:ltar a eficincia

    no

    uso dsse

    bem,

    economizando, racionalizando, etc.

    Em

    outras

    palavras,

    faz-se

    presso

    para

    reduzir

    ainda mais

    as

    normas

    de

    inputs Outro mtodo

    substituir

    os

    materiais em

    deficit

    por

    outros

    mais abundantes. Du

    rrmte todo o processo

    de

    balanceamento

    o

    princpio

    da

    prioridade

    mantido.

    Sempre

    que possvel os

    setores de importncia

    secundria

    que

    tm suas alocaes

    reduzidas ou

    so

    instados

    a

    usarem

    subs

    titutos.

    Habitualmente

    os balanos

    materiais

    s so

    operados em suas

    relaes de primeira ordem, ou

    seja,

    no

    tentado nenhum

    processo

    iterativo. Apenas

    em

    alguns

    casos especiais so

    verificadas relaes

    de segunda

    ou

    terceira ordem.

    Herbert

    Levine

    8

    acha

    que, no processo de

    balanceamento

    usado

    pelo Gosplan, mais importante do que

    qualquer tentativa

    de

    iterao

    8) Levine,

    o:>

    ito

  • 5/17/2018 Economia Sovietica

    33/107

    38

    REVISTA BRASILEIRA DE ECONOMIA

    o

    uso de tcnicas que evitam

    os

    efeitos de segunda

    ordem.

    Tal

    coisa

    certamente

    verdadeira

    quando se

    fazem

    modificaes na distribui

    o do

    bem

    deficitrio. Faz-se presso nos consumidores dsse bem

    para

    economizar em seu

    uso

    atravs de uma produo mais

    eficiente.

    O

    suprimento

    do

    material

    deficitrio reduzido sem

    nenhuma

    modi

    ficao na meta de produo do

    produto que

    o usa. Dsse modo a

    modificao

    original de rebalanceamento no

    repercute

    no conjunto

    de

    balanos

    materiais. no tendo portanto efeitos de segunda ordem.

    J

    menos claro

    em

    que medida

    se

    podem

    evitar

    os efeitos

    de

    se

    gunda ordem

    ao se fazerem modificaes no lado das fontes. Quando

    os estoques so reduzldos no existem ou

    tm

    pouca importncia os

    efeitos

    de

    segunda ordem. Porm quando

    a

    meta de produo

    au

    mentada em um

    esfro

    para fechar um

    balano isso

    sempre trans

    mitido aos demais setores em encomendas

    aumentadas

    de inputs As

    respostas a sse tipo de pergunta so contraditrias. Acha Levine

    que

    o

    que parece mais certo

    que

    normalmente

    so

    encomendados

    suprimentos

    adicionais porm s vzes as

    metas aumentadas

    do

    produto

    em

    deficit devem

    ser

    cumpridas

    atravs

    de mtodos de pro

    duo

    mais eficientes sem

    suprimentos

    adicionais evitando os efeitos

    secundrios.

    A alocao dos

    suprimentos depende

    das n