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Jornal quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo www.pucsp.br PUC-SP perde Nadir Kfouri Professora estava à frente da PUC-SP na invasão de 1977 Memória Faleceu na noite de 13/9 a profes- sora Nadir Gouvêa Kfouri, reitora da PUC-SP entre os anos de 1976 e 1984. A Universidade decretou luto oficial de três dias. Nadir foi a primeira reitora do Brasil a ser eleita pelo voto direto de professores, funcionários e alunos (1980). Já chefiara a gestão anterior da Reitoria, convidada pelo carde- al Dom Paulo Evaristo Arns. Nadir defendeu pessoalmente a PUC- SP em 22/9/1977, quando a Polícia Militar invadiu o campus Perdizes. Ao lado do vice-reitor comunitário, João Edênio dos Reis Valle, e do diretor da Fac. de Direito, Hermínio Alberto Marques Porto, a então reitora en- frentou o secretário de Segurança Pública, coronel Erasmo Dias, chefe da truculenta operação. |pág. 8 Ano 3 Número 38 setembro - 2011 Apple sem Steve Jobs? Breves Acompanhe a repercussão da saí- da de Steve Jobs da Apple, anun- ciada no final de agosto. A reporta- gem do PUC em Notícias pediu ao professor Alexandre Campos Silva, da área de tecnologia, que comen- tasse a saída de Jobs, em breves depoimentos. |pág. 4 O Depto. de Enfermagem inte- grará a pesquisa Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, promovida pelo Minis- tério da Saúde e coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O objetivo é realizar um levanta- mento da situação da assistência à A PUC-SP acaba de participar da primeira edição do Congresso Mun- dial de Universidades Católicas, re- alizado em agosto, em Ávila (Espa- nha). A Instituição foi representada pelo reitor Dirceu de Mello e pelo Enfermagem integra projeto nacional Reitor participa de congresso mundial Sorocaba Thiago Pacheco gestante, ao parto e nascimento em todo o País. Serão entrevistadas 24 mil puérperas (mulheres que deram à luz recentemente) em estabeleci- mentos de saúde públicos e priva- dos. O projeto terá participação de estudantes e professores de Enfer- magem da PUC-SP. |pág. 4 professor Claudio José Langroiva Pe- reira, chefe de gabinete da Reitoria. O evento aconteceu na Universi- dade Católica Santa Teresa de Jesus de Ávila e reuniu mais de 540 par - ticipantes (gestores, estudantes, pro- Bruna Pretel Acervo DCI Acervo DCI Grupo de brasileiros, na Espanha fessores, pesquisadores e religiosos), de 200 universidades e instituições educativas e religiosas de 41 países. O tema que norteou as atividades foi Identidade e missão da universi- dade católica. O Congresso, idea- lizado como um fórum acadêmico, teve o objetivo de divulgar a con- tribuição das universidades católi- cas para a sociedade humana e a evangelização, além de promover intercâmbios de idéias entre as insti- tuições participantes. Além das conferências magnas, das mesas de debates e da apre- sentação de estudos, o Congres- so também realizou uma Feira de Universidades. A PUC-SP esteve presente nesta atividade com os materiais institucionais bilíngües (catálogo, folder e pasta) produzi- dos pelas Divisões de Comunicação Institucional e de Tecnologia da In- formação. |pág. 3 Universidades Católicas Medicina Estudantes do ensino médio visitam campus da Universidade Jovens interagiram com alunos de Sorocaba Bruna Pretel Estudantes do Ensino Médio e de cursinhos pré-vestibulares de diver- sas escolas de Sorocaba e cidades vizinhas tiveram a oportunidade de conhecer o curso de Medicina da PUC-SP e interagir com os univer - sitários. A visita ao campus ocorreu nos dias 17 e 18/9, como parte in- tegrante da vigésima edição do Sim ou Não? – Encontro Teórico-Prático de Esclarecimento ao Jovem sobre o Curso e a Profissão Médica. O evento foi organizado pelo Centro Acadêmico Vital Brazil, formado por alunos de Medicina da PUC-SP. Durante os dois dias de evento, os participantes assistiram a palestras e aulas práticas, focando, principal- mente, o método de aprendizado adotado pelo curso e aspectos da profissão. Segundo o presidente do Centro Acadêmico, Lucas Gobbi, o objetivo principal foi desmistifi- car a formação médica e oferecer elementos objetivos que possam ajudar o pré-vestibulando em sua decisão. |pág. 7 Encontro esclarece sobre o curso e a profissão médica Bruna Pretel Graduação Jornalismo cria agência online Criada este ano, a Agência de Jornalismo Online Mauricio Trag- tenberg (AGEMT) tem se firmado como um espaço para produção de notícias, distribuição e venda de reportagens para veículos da mídia. O trabalho permite que os alu- nos do curso de Jornalismo pos- sam vivenciar na prática o proces- so de produção jornalística diária. Ainda em fase experimental, uma das primeiras atividades desenvol- vidas pela AGEMT foi a cobertura ao vivo da Semana de Jornalismo 2011. O evento foi realizado entre 30/5 e 3/6, no campus Perdizes. O nome da agência é uma ho- menagem ao professor e sociólo- go Mauricio Tragtenberg (1929- 1998), professor da PUC-SP entre 1975 e1992. |pág. 7

Edição 38

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Jornal quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

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Jornal quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

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PUC-SP perde Nadir Kfouri Professora estava à frente da PUC-SP na invasão de 1977

Memória

Faleceu na noite de 13/9 a profes-sora Nadir Gouvêa Kfouri, reitora da PUC-SP entre os anos de 1976 e 1984. A Universidade decretou luto oficial de três dias.

Nadir foi a primeira reitora do Brasil a ser eleita pelo voto direto de professores, funcionários e alunos (1980). Já chefiara a gestão anterior da Reitoria, convidada pelo carde-al Dom Paulo Evaristo Arns. Nadir defendeu pessoalmente a PUC- SP em 22/9/1977, quando a Polícia Militar invadiu o campus Perdizes. Ao lado do vice-reitor comunitário, João Edênio dos Reis Valle, e do diretor da Fac. de Direito, Hermínio Alberto Marques Porto, a então reitora en-frentou o secretário de Segurança Pública, coronel Erasmo Dias, chefe da truculenta operação. |pág. 8

Ano 3 • Número 38setembro - 2011

Apple sem Steve Jobs?

Breves

Acompanhe a repercussão da saí- da de Steve Jobs da Apple, anun-ciada no final de agosto. A reporta-gem do PUC em Notícias pediu ao professor Alexandre Campos Silva, da área de tecnologia, que comen-tasse a saída de Jobs, em breves depoimentos. |pág. 4

O Depto. de Enfermagem inte-grará a pesquisa Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, promovida pelo Minis-tério da Saúde e coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O objetivo é realizar um levanta-mento da situação da assistência à

A PUC-SP acaba de participar da primeira edição do Congresso Mun-dial de Universidades Católicas, re-alizado em agosto, em Ávila (Espa-nha). A Instituição foi representada pelo reitor Dirceu de Mello e pelo

Enfermagem integra projeto nacional

Reitor participa de congresso mundial

Sorocaba

Thiago Pacheco

gestante, ao parto e nascimento em todo o País. Serão entrevistadas 24 mil puérperas (mulheres que deram à luz recentemente) em estabeleci-mentos de saúde públicos e priva-dos. O projeto terá participação de estudantes e professores de Enfer-magem da PUC-SP. |pág. 4

professor Claudio José Langroiva Pe-reira, chefe de gabinete da Reitoria.

O evento aconteceu na Universi-dade Católica Santa Teresa de Jesus de Ávila e reuniu mais de 540 par-ticipantes (gestores, estudantes, pro-

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Grupo de brasileiros, na Espanha

fessores, pesquisadores e religiosos), de 200 universidades e instituições educativas e religiosas de 41 países.

O tema que norteou as atividades foi Identidade e missão da universi-dade católica. O Congresso, idea-lizado como um fórum acadêmico, teve o objetivo de divulgar a con-tribuição das universidades católi-cas para a sociedade humana e a evangelização, além de promover intercâmbios de idéias entre as insti-tuições participantes.

Além das conferências magnas, das mesas de debates e da apre-sentação de estudos, o Congres-so também realizou uma Feira de Universidades. A PUC-SP esteve presente nesta atividade com os materiais institucionais bilíngües (catálogo, folder e pasta) produzi-dos pelas Divisões de Comunicação Institucional e de Tecnologia da In-formação. |pág. 3

Universidades Católicas

MedicinaEstudantes do ensino médio visitam campus da UniversidadeJovens interagiram com alunos de Sorocaba

Bruna Pretel

Estudantes do Ensino Médio e de cursinhos pré-vestibulares de diver-sas escolas de Sorocaba e cidades vizinhas tiveram a oportunidade de conhecer o curso de Medicina da PUC-SP e interagir com os univer-sitários. A visita ao campus ocorreu nos dias 17 e 18/9, como parte in-tegrante da vigésima edição do Sim ou Não? – Encontro Teórico-Prático de Esclarecimento ao Jovem sobre o Curso e a Profissão Médica. O

evento foi organizado pelo Centro Acadêmico Vital Brazil, formado por alunos de Medicina da PUC-SP.

Durante os dois dias de evento, os participantes assistiram a palestras e aulas práticas, focando, principal-mente, o método de aprendizado adotado pelo curso e aspectos da profissão. Segundo o presidente do Centro Acadêmico, Lucas Gobbi, o objetivo principal foi desmistifi-car a formação médica e oferecer elementos objetivos que possam ajudar o pré-vestibulando em sua decisão. |pág. 7

Encontro esclarece sobre o curso e a profissão médica

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GraduaçãoJornalismo cria agência online

Criada este ano, a Agência de Jornalismo Online Mauricio Trag-tenberg (AGEMT) tem se firmado como um espaço para produção de notícias, distribuição e venda de reportagens para veículos da mídia.

O trabalho permite que os alu-nos do curso de Jornalismo pos-sam vivenciar na prática o proces-so de produção jornalística diária.

Ainda em fase experimental, uma das primeiras atividades desenvol-vidas pela AGEMT foi a cobertura ao vivo da Semana de Jornalismo 2011. O evento foi realizado entre 30/5 e 3/6, no campus Perdizes.

O nome da agência é uma ho-menagem ao professor e sociólo-go Mauricio Tragtenberg (1929-1998), professor da PUC-SP entre 1975 e1992. |pág. 7

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Grão-Chanceler: Dom Odilo Pedro SchererReitor: Dirceu de Mello Vice-reitor: Antonio Vico Mañas Pró-Reitores: André Ramos Tavares (Pós-Graduação) Haydee Roveratti (Educação Continuada)Hélio Roberto Deliberador (Cultura e Relações Comunitárias) José Heleno Mariano (Planejamento, Desenvolvimento e Gestão) Marina Graziela Feldmann (Graduação)Chefe de Gabinete: Claudio José Langroiva Pereira Diretora da Divisão de Comunicação Institucional: Eveline Denardi (MTb 27.655)Editora: Thaís Polato (MTb 30.176)Reportagem: Bete AndradeEveline Denardi Priscila Lacerda Thaís Polato Thiago Pacheco Assistente-administrativa: Vera LucasProjeto Gráfico e Editoração: Núcleo de Mídias Digitais Impressão: Artgraph Tiragem: 2 mil exemplares Redação: Rua Monte Alegre, 984, sala T-34 Perdizes, São Paulo, SPCEP 05014-901Tel.: (11) 3670-8196E-mail: [email protected]

setembro - 2011

Em setembro e outubro, o professor Antonio Manzatto ministra curso no Programa de Pós-Graduação em Teologia e Ciências Religiosas da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Louvain (Bélgica).

Louvain

Anec

PUC-SP participa do Congresso Estadual de Educação Católica

Entre os dias 1º e 3/9, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec) realizou o Congresso Estadual de Educação Cató-lica, em São Paulo, na sede do Colégio Salesiano Santa Terezinha, em Santana (Zona Norte). O evento reuniu man-tenedores, gestores, professo-res e outros profissionais em torno dos eixos Tradição, Ino-vação e Empreendedorismo. O objetivo dos organizadores foi refletir sobre a missão do educador que atua em ins-tituições católicas para uma educação humana, libertado-ra, ética e cristã de excelência.

Mais de 600 pessoas par-ticiparam do evento, que foi aberto com uma missa pre-sidida pelo arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da PUC-SP, cardeal Dom Odilo Pedro Scherer. A Universidade também participou da orga-nização do congresso, por meio da atuação da irmã Val-dete Contin e da profa. Dieli Vesaro Palma. “Esse congres-so foi construído em equipe, cada participante foi trazendo a sua experiência, tendo sem-pre a preocupação de cons-

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Tradição, inovação e empreendedorismo foram o eixo norteador das palestras

Thaís Polato

truí-lo a partir da educação católica, com o intuito de dar maior visibilidade à sua iden-tidade”, afirma Roberto Duar-te Rosalino, coordenador da Anec em São Paulo.

Entre os palestrantes, esteve o professor João Edênio dos Reis Valle (Pós em Ciências da Religião da PUC-SP), que falou sobre o tema Escola Ca-tólica: excelência acadêmica e evangelizadora. “Excelência é um termo impróprio se não for tratado como uma meta.

Uma instituição deve buscar ser relevante para o país, ter a qualidade como elemen-to constitutivo e oferecer um bom produto para conseguir sobreviver”, defende Valle.

O congresso contou ainda com as palestras Cenário So-cioeconômico e Político Bra-sileiro (Rudá Guedes Moisés Salerno Ricci), Cenário da Educação Brasileira (Guiomar Namo de Mello), Cenários da Igreja Católica no Brasil (José Oscar Beozzo), Educação Ca-

tólica: interface, tradição, ino-vação e empreendedorismo, Teologia de Educação (Maria Clara Luccheti Bingemer), Função Social da Educação: desafios e possibilidades (Sel-ma Garrido Pimenta) e Ser educador cristão em tempos de inovações (Nivaldo Luiz Pessinatti). Apresentações culturais, de projetos sociais e de grupos temáticos, além de celebrações, também in-tegraram a programação do evento.

Nota

A PUC-SP teve 24 cursos estrelados na premiação Me-lhores Universidades 2011, do Guia do Estudante (Ed. Abril). São eles: Adminis-tração, Ciência da Compu-tação, Ciências Atuariais, Ciências Contábeis, Ciên-cias Econômicas, Ciências Sociais, Comunicação das

Guia do Estudante 2011Artes do Corpo, Direito, En-genharia Elétrica, Filosofia, Fonoaudiologia, Geografia, História, Jornalismo, Comu-nicação e Multimeios, Peda-gogia, Psicologia, Publicida-de e Propaganda, Relações Internacionais, Serviço Social, Turismo, Ciências Biológicas, Enfermagem e Medicina.

Prof. Edênio, do Pós em Ciências da Religião, durante o evento da Anec

Irmã Valdete e profa. Dieli : auxílio na organização

Material do evento trazia brasões da PUC-SP e da Fundasp

Professores e alunos de graduação e pós em Enfermagem participam de um projeto de abrangência nacional que irá le-vantar a atual situação das gestantes no país, desde a gravidez até o nascimento do bebê.

O estudo comandado pelo Ministério da Saúde e coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) leva o nome de Nascer no Brasil e abarcará instituições de saúde selecionadas aleato-riamente em 190 municípios, incluindo as 27 capitais. Docentes e estudantes da PUC-SP integrarão o time que entrevistará mais de 20 mil mulheres que deram à luz recentemente, em estabe-lecimentos públicos e privados.

Os resultados do trabalho mostrarão questões como a inci-dência de partos cesarianos, em instituições públicas e privadas do Sistema de Saúde Nacional, segundo a localização geográ-fica, além de descrever as complicações maternas e infantis por tipo de parto, com ênfase na prematuridade.

A PUC-SP pesquisará a região de Sorocaba. Saiba mais nesta edição sobre o estudo que ajudará a nortear as políticas públi-cas na área para os próximos 20 anos.

Boa leitura!

Editorial

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Os alunos Murilo Israel, Rafael Figueiredo, Claudio Rodrigues, Julia Drezza, Rodrigo Furlani e Cassius Octani venceram a categoria Campanha publicitária da 18ª edição da Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom 2011).

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03Sociedade

PUC-SP participa do Congresso Mundial de Universidades Católicas

A PUC-SP foi representada pelo reitor Dirceu de Mello e pelo professor Claudio José Langroiva Pereira, chefe de gabinete da Reito-ria, no Congresso Mundial de Universidades Católicas. Foi a primeira edição do evento, que aconteceu na Universidade Católica San-ta Teresa de Jesus de Ávila (Espanha), entre os dias 12 e 14/8, e reuniu mais de 540 participantes (gestores, estudantes, professores, pesquisadores e religiosos), de 200 universidades e ins-tituições educativas e reli-giosas de 41 países.

O tema que norteou as atividades foi Identidade e missão da universida-de católica. O Congresso, idealizado como um fórum acadêmico, teve o objetivo de divulgar a contribuição das universidades católicas para a sociedade humana e a evangelização, além de promover intercâmbios de idéias entre as instituições participantes.

“Foi um evento de caráter oficial da Igreja Católica, uma atividade de gran-de importância e à qual a PUC-SP não podia deixar de participar”, declarou o reitor Dirceu. De acordo com ele, o Congresso abriu oportunidades para que as universidades católicas discutissem a respeito do ensino ministrado nelas e sobre o relacionamento da direção e do corpo docente das instituições com os jo-vens. “Além disso, a partir do contato com outras ins-tituições, também pudemos conhecer méritos especiais da nossa PUC-SP. Pude no-tar que no tocante à demo-cracia plena, por exemplo, somos a única do mundo. A interação permitiu ain-da observar algumas de nossas deficiências, para que possamos superá-las”, ponderou.

DEBATES – A mesa de abertura do Congresso, dia 12/8, contou com con-ferência do cardeal Zenon Grocholewski (prefeito da Congregação para a Edu-

Reitor e chefe de gabinete estiveram entre os mais de 540 participantes do evento

Thiago Pacheco

cação Católica). Ao longo do evento, foram realiza-das quatro conferências magnas: no dia 13/8, o monsenhor Rino Fisichella falou sobre A Universidade e a Nova Evangelização e o professor Alejandro Lla-no Cifuentes (Universidade de Navarra, espanha) fez a apresentação Repensar a Universidade; no dia 14/8, o professor Stefano Zamagni (Universidade de Bolonha, Itália) discorreu Sobre a relação studium e imperium na pós-moderni-dade: o papel específico da Universidade Católica e o professor Buonomo Vincen-zo (Pontifícia Universidade Lateranense, Itália) tratou do tema A contribuição da educação católica universi-tária aos Direitos Humanos.

A programação do evento teve quatro mesas-redon-das, com a participação de professores e pesquisado-ras das mais diversas áreas do saber. Foram debatidos os seguintes assuntos: Coa-ching: El acompañamiento personal en la Universidad Católica; La contribución de la Universidad Católica al desarrollo de una antro-pología; La respuesta de la Universidad Católica a los grandes retos de la hu-manidad; e La Universidad Católica y su proyección evangelizadora. Esses qua-

tro temas foram os eixos temáticos das sessões de comunicação, que contou com 79 pesquisas. Uma delas, da PUC-SP: Perfil da religiosidade de estudan-tes universitários, realizada pelo professor Jorge Cláu-dio Ribeiro (Depto. Ciências da Religião).

A mesa de encerramento do Congresso foi realizada pelo cardeal Antonio María Rouco Varela (arcebispo de Madrid e presidente da Conferência Episcopal Es-panhola).

FEIRA – Além das confe-rências magnas, das mesas de debates e da apresenta-

ção de estudos, o Congres-so também realizou uma Feira de Universidades, com o objetivo de reunir os participantes do evento e aprofundar as relações en-tre as diversas instituições. As universidades contaram com um estande para apre-sentar sua estrutura, cursos e possibilidades de convê-nios internacionais.

A PUC-SP esteve presen-te nesta atividade com os materiais institucionais bi-língües (catálogo, folder e pasta) produzidos pelas Divisões de Comunicação Institucional e de Tecnolo-gia da Informação. O reitor também participou deste

Palestra realizada na Universidade Católica Santa Teresa de Jesus de Ávila (Espanha)

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evento, e disse estar satis-feito com o resultado: além dos contatos que pôde es-tabelecer com diversas uni-versidades, ele conta que todo o material de divulga-ção da PUC-SP foi levado pelos congressistas.

O Congresso Mundial de Universidades Católicas foi realizado antes da edição 2011 da Jornada Mundial da Juventude, que aconte-ceu em Madri. Este evento voltará a ser realizado no Rio de Janeiro, em 2013; no mesmo ano, a PUC-MG organizará e abrigará o próximo Congresso Mun-dial de Universidades Ca-tólicas.

Feira de Universidades também integrou a programação do evento internacional

A equipe Os filhos da PUC do bem (composta por alu-nos, funcionários, professores e familiares do campus Barue-ri) marcou presença na Blitz do Bem, mais uma das etapas da edição 2011 da Gincana do Bem. Os filhos da PUC do bem já participaram de diversas provas: Quermesse do Bem, Baile brega, MC dia Feliz e Prova da Saúde. Ainda nessa edição participam das provas: Doação de Sangue; Plantio de Arvores pela Cida-de; Pedalada do Bem; Arre-cadações de Alimentos entre outras.

A Videoteca promove a ex-posição Seguimentos, com esculturas de Cássio Lázaro. A mostra apresenta obras de todas as fases do escultor, uma retrospectiva que conduz a seu universo criativo e revela seu processo de criação em diferentes momentos – sem perder sua característica ex-pressiva, registrada em quase quatro décadas de atividade artística. Seguimentos poderá ser vista no campus Perdizes (saguão da Biblioteca), de 5/10 a 1º/11, e no campus Barueri (prédio principal), de 9/10 a 3/12. A mostra faz parte do projeto Interarte Cul-tura PUC-SP, que promoverá exposições itinerantes para unir culturalmente os campi da Universidade.

Até 30/9, está em cartaz no campus Barueri a exposição A Arte: de Verdade, Benevo-lência e Tolerância. A mostra apresenta reproduções de pinturas realizadas por artis-tas chineses torturados pelo governo chinês por pratica-rem um tipo de meditação chamado Falum Dafa, e que hoje residem em Nova York. A exposição, que já foi vista em 40 países do mundo, é com-posta de 22 pinturas de 18 artistas, é gratuita e aberta ao público (das 8 às 20h, de se-gunda a sexta-feira; das 8 às 17h, aos sábados). Dia 15/9, foi realizado um debate sobre o assunto. Mais informações 4199-4299.

Notas Solidariedade

Esculturas

Exposição

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www.pucsp.br

04

O Tuca acaba de estrear seu novo site. Confira as novidades em www.teatrotuca.com.br. Na página também é possível acompanhar o teatro nas redes sociais.

Tuca estréia site

A Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS), por meio do Depto. de Enfer-magem, integrará a pesquisa Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nas-cimento, promovida pelo Mi-nistério da Saúde e coordena-da pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O objetivo é realizar um levantamento da situação da assistência à ges-tante, ao parto e nascimento em todo o País.

O estudo tem abrangência nacional e entrevistará 24 mil puérperas (mulheres que de-ram à luz recentemente) em estabelecimentos de saúde públicos e privados, selecio-nados aleatoriamente em 190 municípios, incluindo as 27 capitais.

O projeto Nascer no Brasil é um estudo que busca esti-mar a incidência de partos cesarianos ocorridos em insti-tuições públicas e privadas do Sistema de Saúde Nacional, segundo a localização geo-gráfica, além de descrever as complicações maternas e in-fantis por tipo de parto, com ênfase na prematuridade.

Na região de Sorocaba, foram sorteadas três mater-nidades em diferentes muni-cípios para compor a amos-tragem do estudo. A coleta de dados ocorreu mediante a aplicação de um ques-tionário a 90 puérperas de cada instituição. A atividade

Steven Paul Jobs nasceu em 1955, na Califórnia. Foi adotado por um casal de classe média quando tinha apenas uma semana de vida. Abandonou os estudos universitários em 1976 para fundar a Apple, aos 20 anos. Jobs foi uma das personali-dades que mais contribuiu para a evolução do mercado de computadores, disposi-

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Alunas de Enfermagem desenvolvem pesquisa

Autoridades, durante a inauguração

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Sorocaba

Enfermagem participa da pesquisa Nascer no BrasilProjeto entrevistará 24 mil mulheres

foi desenvolvida por alunas da pós-graduação em En-fermagem Obstétrica e da graduação em Enfermagem. As estudantes foram selecio-nadas pela professora Janie Maria de Almeida, supervi-sora do projeto na região. “Cada estudante realiza, em média, 35 entrevistas. Essa é uma oportunidade de estudar a assistência materna infantil e vivenciar a realidade dessas mães”, conta.

Segundo a professora, 20% dos nascimentos no Brasil ocorrem no Estado de São Paulo. “É muito importante que a área de Enfermagem Obstétrica da PUC-SP este-ja envolvida nessa pesquisa. Esses levantamentos nortea-rão políticas públicas para os próximos 20 anos, na pers-pectiva de transformação do

modelo de assistência no pré- natal, o parto e nascimento, por meio de ações efetivas, com o objetivo de reduzir a morbi-mortalidade materna e infantil e qualificar a aten-ção à saúde da mulher e da criança”, explica.

De acordo com as alunas Camila Brienze Martineto, Monikely Barbosa, Anna Jés-sica de Camargo, Beatriz Pic-chi e Marília Guizzelini, essa é uma oportunidade única de conseguir captar as expectati-vas da mãe durante a assis-tência recebida na gestação. “Os resultados são positivos. Além disso, já conseguimos reverter algumas situações e fazer mudanças imediatas”, conta Camila. “É um trabalho grandioso no qual podemos colaborar com a cidade e re-gião”, considera Beatriz.

Cerimônia

Hospital Santa Lucinda inaugura novos setores e amplia serviços oferecidosHSL abre setores de Hemodinâmica e Litotripsia

Bruna Pretel

O Hospital Santa Lucinda de Sorocaba (HSL) inaugurou oficialmente, no dia 2/9, as novas ampliações de setores de Hemodinâmica e Litotrip-sia. O evento teve a presen-ça do prefeito Vitor Lippi, do secretário da Saúde, Ademir Watanabe, dos vereadores Rozendo Oliveira, Francisco Moko Yabiku e Neusa Mal-donado, do diretor do Con-junto Hospitalar de Sorocaba (CHS), Luis Cláudio de Azeve-do Silva, da diretora de cam-pus profa. Marcela Pelegrini, além da equipe de funcioná-rios do hospital.

O diretor superintendente do HSL, José Augusto Ra-bello Júnior, destacou que as melhorias são frutos a serem colhidos por toda a comuni-dade sorocabana. “Hoje o Santa Lucinda se tornou um hospital de orgulho e respei-to, com uma equipe extrema-mente profissional. Isso nos permite indicadores fantásti-cos na maternidade, cardio-logia e ortopedia.” O diretor ressaltou a importância de o HSL ser um hospital de ensi-no. “Não se faz um bom ensi-no sem uma boa assistência. São grandes desafios que levam nosso hospital além, o colocam em sintonia com o ensino e a comunidade”, disse Rabello.

“Sonhávamos com um atendimento SUS que garan-tisse acesso. Como podemos ver, hoje já temos isso e, ago-ra, trabalhamos pela quali-

dade”, destacou o prefeito. “Estou muito feliz em ver a ótima qualidade dos serviços e das instalações deste hos-pital. Aqui existe um diferen-cial em cada detalhe que vai gerar os melhores resultados no atendimento dos nossos pacientes. Parabéns pelo tra-balho fantástico”, declarou.

HEMODINÂMICA – Cor-respondendo a cerca de 60% dos procedimentos voltados a pacientes do SUS, o servi-ço de Hemodinâmica con-ta com equipamentos para cateterismos cardíacos e de vasos periféricos, assim como de angioplastias (desobstru-ções das artérias por catete-res e balões). O Serviço será chefiado pelo médico José Roberto Maiello e está insta-lado no térreo do hospital. Segundo o responsável, o novo equipamento apresenta um grande diferencial: menor

nível de radiação.

LITOTRIPSIA – O HSL também investiu em novos equipamentos que permitirão realizar, aproximadamente, mil procedimentos de litotrip-sia por mês. Além de atender particulares e convênios mé-dicos, o Serviço atenderá pa-cientes cobertos com recursos do SUS.

A litotripsia é um procedi-mento não invasivo utilizado na eliminação dos cálculos renais (popularmente deno-minados “pedras nos rins”) por meio da emissão de on-das de choque direcionadas para o local exato onde se encontram os cristais, que são fragmentados e elimina-dos junto à urina. O Serviço de Litotripsia do HSL será chefiado pelos médicos Sér-gio Nassar e Fernando Biazzi e ficará instalado no prédio anexo do HSL.

Breves

Steve Jobs deixa a Apple, mas entra para a históriaProfessor da PUC-SP fala sobre o fim de uma era na indústria da tecnologia

tivos eletrônicos e gadgets pessoais. Algumas de suas criações se tornaram refe-rências tecnológicas. O fun-dador da Apple transformou os hábitos de consumo de várias gerações.

A renúncia recentemente anunciada por Jobs do car-go de CEO da Apple marca o fim de uma era na indústria da tecnologia. Para repercu-tir esse fato, em breves de-poimentos (veja quadro ao

lado), convidamos o coor-denador do Master Business Information Systems (MBIS), oferecido pela Coordenado-ria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da PUC-SP, Alexandre Cam-pos Silva (foto). O docente também é professor do Pós em Tecnologias da Inteligên-cia e Design Digital (Tidd) e das graduações em Ciências da Computação e em Tecno-logia e Mídias Digitais.

Steve Jobs – ”Um grande líder e visionário.” Apple – ”Produtos inovadores, que criaram novos

mercados e se tornaram desejo de consumo por todo o mundo. O iTunes transformou-se na biblioteca de músi-cas digitais integrada aos iPods pela internet. Jobs criou um novo oceano azul para Apple com o iPhone e o iPad. A interface e usabilidade destes produtos conquis-taram uma legião de fãs.”

Ausência de Jobs – ”Os novos lançamentos de pro-dutos planejados para os próximos anos devem conti-nuar aumentando a receita da empresa.”

Tim Cook – ”Vinha sendo preparado há alguns anos para assumir o cargo e se sairá bem. Jobs criou uma cultura muito forte na Apple.”

Legado – ”Jobs mostrou como é possível criar pro-dutos inovadores e mercados que criam e atendem a novos desejos dos consumidores.”

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A Câmara Federal tem dis-cutido, nos últimos dias, a regulamentação da emenda constitucional nº 29, que fixa os percentuais mínimos a se-rem investidos anualmente em saúde pela União, esta-dos e municípios. A discussão em torno da chamada Emen-da 29 acabou se desdobran-do no debate sobre as formas de financiamento das ações e serviços públicos de saúde. O problema, apontado pela presidente Dilma Rousseff, é: de onde sairão os recursos para esse investimento na área de Saúde?

Para a professora Maria Cristina Amorim (Departa-mento de Economia), que pesquisa a área de Economia e Saúde, a fonte de financia-mento é importante, mas não é o único fator que emperra a qualidade e o uso dos servi-ços de saúde pela população de baixa renda. “Para o senso comum, do qual muitos polí-ticos abusam, o grande vilão da dificuldade de acesso aos serviços de saúde costuma ser a falta de dinheiro. Não é tão simples assim. O sistema de saúde público e privado tem grandes problemas operacio-nais, ligados à gestão desses recursos, que precisam ser superados para aumentar o acesso”, argumenta em entrevista ao jornal PUC em Notícias. Além disso, diz ela, o governo brasileiro já pos-sui opções de arrecadação de recursos para a área da Saúde – o Estado pode, por exemplo, cobrar das ope-radoras de saúde quando um cliente utiliza recurso do SUS. “Essa é uma conta de milhões, que por motivos que ninguém desconfia, o Estado não cobrou”, declara.

Leia abaixo a entrevista da professora, que pode tam-bém ser ouvida no podcast da Universidade, pelo ende-reço www.pucsp.br/podcast.

PUC em Notícias – Como se dá hoje o financiamen-to da saúde no Brasil? Essa área realmente ne-cessita de uma linha de financiamento própria?

Maria Cristina Amorim – O financiamento do sis-

O ex-aluno Jonas Ribeiro, formado em Letras (Português), lança dia 17/9 o seu centésimo livro, O esconderijo das vontades (Ed. Callis). O evento será realizado na Livraria Cortez (r. Bartira, 317), às 11h.

Lançamento

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Entrevista da professora pode ser ouvida também no site www.pucsp.br/podcast

Professora Maria Cristina Amorim fala sobre financiamento para saúde pública no Brasil

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Thiago Pacheco tema de saúde brasileiro, a exemplo do que acontece na maioria dos países, e particu-larmente nos países desenvol-vidos, é um mix entre dinhei-ro público, dinheiro vindo do contribuinte, e dinheiro das fontes pagadoras privadas. No Brasil, o dinheiro público representa menos de 50% do total de recursos que circulam no sistema. A principal carac-terística do nosso sistema é ter, ou dar, acesso universal, não só a qualquer cidadão brasileiro, mas a qualquer indivíduo que esteja no solo brasileiro. As nossas institui-ções de saúde são obrigadas, por lei, a atender a quem quer que bata na porta. Não precisa de documento, não precisa de passaporte. Isso é um grande triunfo da legisla-ção brasileira, é muito bom que assim seja. Porém, na prática, as parcelas de baixa renda têm muita dificuldade de acesso ao sistema. Os clientes dos planos privados mais baratos também têm muitas dificuldades para obter os serviços. De todo modo temos, na lei, um sis-tema universal, e na prática, um sistema que ainda exclui as parcelas de baixa renda. O desenho do nosso mode-lo de financiamento resulta de nossa história, da história política, das reivindicações sociais, da história de nossa economia.

PN – Por que a popula-ção de baixa renda tem pouco acesso ao sistema?

MCA – Como nosso siste-ma é universal, qualquer um pode recorrer a ele, é o que chamamos de uma demanda ilimitada. Quanto mais e me-lhores forem os serviços públi-cos, maior será a demanda. Dessa perspectiva, sempre haverá insuficiência de oferta. A demanda sempre crescerá mais rapidamente do que a oferta. O Estado brasileiro fez uma opção por ampliar os serviços chamados básicos, os serviços de atenção básica à Saúde. Esses serviços, prin-cipalmente nas regiões Sul e Sudeste, estão bem estrutura-dos. Os serviços de média e alta complexidade continuam representando um grande problema. Para o senso co-mum, do qual muitos políti-

cos abusam, o grande vilão da dificuldade de acesso aos serviços de saúde costuma ser a falta de dinheiro. Não é tão simples assim. O sistema de saúde público e privado tem grandes problemas operacio-nais, ligados à gestão desses recursos, que precisam ser superados para aumentar o acesso.

PN – Na sua avaliação, qual o modelo ideal para financiar a saúde públi-ca?

MCA – A saúde pública precisa de recursos estáveis. A votação da “Emenda 29” é bem importante, precisa-mente por garantir essa esta-bilidade. Garantir o que a lei diz que deve ser estabelecido. Outro ponto é que o Estado efetivamente arrecade aquilo que a lei já lhe permite arre-cadar. Por exemplo, o Estado brasileiro deveria cobrar das operadoras de saúde, ou das seguradoras, das medicinas de grupo, cada vez que um cliente dessa operadora uti-liza um recurso do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa é uma conta de milhões, que por motivos que ninguém desconfia, o Estado não co-brou. E há outros exemplos dessa natureza. O modelo

ideal seria uma fonte estável de financiamento, indiscuti-velmente, e que o Estado faça valer o seu direito sobre a ar-recadação de vários valores que estão por aí.

PN – A CPMF foi eficaz na sua tarefa de reunir recursos para a saúde?

MCA – Para falar da CPMF hoje, temos que fazer um ligeiro histórico. A CPMF vi-gorou entre 1997 e 2006. Nesse período, apenas 45% foram efetivamente usados na Saúde. O restante foi para no Fundo de Emergência da União, que é um dinhei-ro reservado pelo governo para pagar dívida pública, entenda-se, para pagar ju-ros. Outro montante foi para a Previdência, que é um caso à parte, um problema à parte na estrutura social brasileira. Enfim, a CPMF, que foi cria-da para financiar serviços de saúde, cumpriu mal e porcamente essa finalidade. Outro ponto é lembrar que toda contribuição é um tipo de tributo que o governo não tem a obrigação de repassar para os estados e municípios. As contribuições são instru-mentos fiscais, criados pelo governo brasileiro a partir do Plano Real (1994), para aca-

bar com a descentralização tributária e dar mais poder à União. Então, quando se diz: “ah, dessa vez a CPMF será usada para a Saúde”, é bobagem, porque como se trata de uma contribuição, não existe regra estável que obrigue o governo a repassar esses recursos para a Saúde. Mesmo que o recurso este-ja no Orçamento da União, não há garantia de que ele seja utilizado de fato. Um vo-lume orçamentário pode ser contingenciado, o governo pode, a qualquer momento, dizer que esse dinheiro não será gasto. Por exemplo, o governo atual já contingen-ciou quase 60% dos recursos que ele prometeu não gas-tar. É uma coisa muito séria, porque há uma tentativa de legitimar a volta da CPMF, que afinal de contas financia-ria um serviço fundamental, previsto pela Constituição, porém não há qualquer ga-rantia de que esse recurso, de fato, financie a Saúde. Outro ponto importante, quando fa-lamos da CPMF, não se pode perder de vista que se trata de um tributo sobre serviço. Todo imposto sobre produ-to ou serviço acaba sendo repassado ao consumidor final na forma de aumento de preços. Então quem pa-gará essa conta, ao final do processo, é todo consumidor, independentemente de sua renda. Mesmo a parcela que não utiliza serviços bancários pagará CPMF cada vez que comprar um produto ou ser-viço. É um tipo de tributo de

natureza socialmente injusta, porque recai com a mesma proporção sobre qualquer contribuinte, independente-mente de sua renda.

PN – O que levou ao fim da CPMF?

MCA – Há fenômenos de natureza política, embates entre governo e oposição. E, fundamentalmente, a eco-nomia brasileira já vivia, em 2007, um estado de exaustão de impostos, a sociedade tem um limite para tolerar arre-cadação. Outro fato curioso é que quando a CPMF foi criada, tentava-se justificá-la também pela transparência fiscal que possibilitava ao go-verno. O indivíduo pode não pagar imposto, mas, à medi-da que tem um tributo sobre movimentação financeira, a Receita Federal cruza essas duas informações e reduz a sonegação. Esse argumento não faz mais sentido. A Re-ceita Federal brasileira é um dos sistemas mais modernos do mundo, e tem imensa ca-pacidade de controle sobre o contribuinte. Não precisa mais cruzar esse tipo de infor-mação, já sabe isso sobre os nossos contribuintes. Então, de um lado, ela foi extinta porque perdeu legitimidade. Não dava mais para continu-ar tributando o cidadão, não dava mais para dizer que o dinheiro ia para a Saúde, que era para controle da Receita. O fato é: perdeu legitimidade política a ponto da oposição tê-la derrubado.

Livro Portugal

O ex-aluno Dirceu Cebincá (doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC-SP) acaba de lançar o livro Energia & Ci-dadania: a luta dos atingidos por barragens (editora Cor-tez). A obra analisa o modelo energético brasileiro e seus impactos socioambientais e simbólicos, especialmen-te sobre os atingidos diretos pela construção de hidrelétri-cas no Brasil.

HidrelétricasEstão abertas as inscrições

para a conferência Os desa-fios da gestão e da qualidade do ensino superior nos países e regiões de Língua Portu-guesa, a ser realizada em Portugal, entre 14 e 16 de novembro. Três professores da PUC-SP participarão: An-tonio Vico Mañas (vice-reitor), Sonia Fonseca e Marcos Ma-setto. Mais informações em www.forumgestaoensinosu-perior2011.ul.pt.

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A professora Maria do Carmo Schwandner Ferreira, diretora do campus Barueri, foi nomeada para o Conse-lho Municipal Anti-Drogas do município (Comad-Barueri), como representante da PUC-SP.

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Professores e estudantes de Jornalismo criam agência de notícias online

Alunos da PUC-SP interagiram com jovens visitantes

Bruna Pretel

Estudantes do Ensino Mé-dio e de cursinhos pré-ves-tibulares de diversas escolas de Sorocaba e cidades vizi-nhas tiveram a oportunida-de de conhecer o curso de Medicina da PUC-SP e inte-ragir com os universitários.

A visita ao campus ocorreu nos dias 17 e 18/9, como parte integrante da vigési-ma edição do Sim ou Não? – Encontro Teórico-Prático de Esclarecimento ao Jovem sobre o Curso e a Profissão Médica.

O evento foi organizado pelo Centro Acadêmico Vital Brazil, formado por alunos de Medicina da PUC-SP.

APRENDIZADO – Duran-te os dois dias de evento, os participantes assistiram a palestras e aulas práticas, focando, principalmente, o método de aprendizado

Vestibular

Estudantes do ensino médio conhecem Faculdade de Medicina

adotado pelo curso e as-pectos da profissão. Segun-do o presidente do Centro Acadêmico, Lucas Gobbi, o objetivo principal foi des-mistificar a formação médi-ca e oferecer elementos ob-jetivos que possam ajudar o pré-vestibulando em sua decisão.

Esse foi o caso das amigas Thadia Moraes e Thaís Cas-tilho. Ambas têm 16 anos de idade e cursam o segun-do ano do Ensino Médio. “Cheguei com um pouco de dúvidas se realmente que-ria fazer Medicina”, conta Thadia. “Mas, agora (no fi-nal da participação), tenho certeza. É isso que eu quero fazer”, afirma.

Já sua amiga diz que as dúvidas se dissiparam, mas não completamente. “Saio daqui com menos dúvidas e mais certezas, mas não estou 100% segura de que vou fazer Medicina”, revela Thaís.

Projeto é coordenado pelo prof. Silvio Mielli e pode ter a participação de alunos de diversos cursos

Ser um espaço para produ-ção de notícias, distribuição e venda de reportagens para veículos da mídia, no qual os alunos do curso de Jornalismo possam vivenciar na prática o processo de produção jorna-lística diária. Essa é a propos-ta da Agência de Jornalismo Online Mauricio Tragtenberg (AGEMT), criada em maio.

Ainda em fase experimental, uma das primeiras atividades desenvolvidas pela AGEMT foi a cobertura ao vivo da Sema-na de Jornalismo 2011, entre 30/5 e 3/6, no campus Perdi-zes. “A cobertura ao vivo do evento foi uma conquista para os alunos, para a agência e para o curso. Acho importan-te poder ter dentro da Univer-

Bete Andrade sidade experiências ligadas à área na qual pretendo atuar como jornalista”, afirma a aluna do primeiro ano, Rute Pina.

Coordenada pelo professor Silvio Mieli, a agência é volta-da para a formação e a capa-citação de alunos, e tem como proposta ser um laboratório do curso de Jornalismo. Atu-almente, funciona em caráter provisório no Corredor da Cardoso (em outubro, deve se mudar para outra sala, em fase de reforma, na rua Minis-tro de Godói).

Segundo Mieli, a agência é fruto de um antigo projeto de reforma curricular do curso de Jornalismo. “Foi complicada a implantação da agência, pois era necessário deixar claro que a proposta não era realizar o trabalho já feito in-

ternamente pela DCI (Divisão de Comunicação Institucional da PUC-SP). Nossa idéia é re-alizar um projeto de pesquisa que proponha um novo agen-ciamento de informação, em relação ao que faz a grande mídia. Ou seja, de se tentar uma forma diferente de cap-tação, construção e reprodu-ção da notícia”, explica Mieli.

A agência pretende traba-lhar na cobertura de temas ligados a movimentos sociais, educação, direitos humanos e tecnologia. Os estudantes, organizados em equipes ro-tativas e voluntárias, desen-volvem reportagens, artigos, agendas e material de servi-ço. “No curso de Jornalismo, a agência é uma atividade

complementar. Parte do con-teúdo produzido durante as disciplinas práticas também será utilizado no projeto. Contamos ainda com a cola-boração de alunos de outros cursos, que podem colaborar enviando textos”, diz Mieli.

HOMENAGEM – O nome da agência é uma homena-gem ao sociólogo Mauricio Tragtenberg (1929-1998), anarco-marxista e defen-sor da Pedagogia Libertária. Tragtenberg foi professor da PUC-SP entre 1975 e1992 e faleceu em 17 de novembro de 1998, aos 69 anos.

Site: http://agemt.org/Twitter: @age_mt

Fique por dentro

Rute Pina, aluna do primeiro ano de Jornalismo

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Graduação

Em setembro, acontece na biblioteca do campus Perdizes a exposição Os jogos infantis: de Peter Bruegel até os dias atuais. A mostra apresenta brinquedos e brincadeiras que persistem até hoje. A co-ordenação do Núcleo de Cul-tura e Pesquisas do Brincar, que organiza a exposição, também foi convidada a dis-cutir políticas públicas para a ludicidade, na Secretaria da Cidadania Cultural (Ministé-rio da Cultura).

Notas Brinquedos

IpirangaA PUC-SP firmou convênio

com a Sattva Yoga Studio (av. Nazaré, 588, Ipiranga): funcionários e professores da PUC-SP têm 20% de descon-to, e alunos 10%, no valor das mensalidades.

Visitantes receberam material de divulgação

Estudante de Medicina da PUC-SP

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Festival

Na tarde de 16/9, cerca de 50 manifestantes par-ticiparam de ato contra a decisão do reitor Dirceu de Mello de suspender as ati-vidades acadêmico-admi-

nistrativas do campus Per-dizes, naquele mesmo dia.

O objetivo era impedir a realização do 1º Festival de Cultura Canábica, que seria realizado na PUC-SP.

CedicNo último dia 5/9, o Cen-

tro de Documentação e Informação Científica da PUC-SP (Cedic) completou 31 anos. Criado em 1980, constitui-se num espaço de preservação de diferentes tendências e expressões da memória social brasileira. Desde 1986 seu acervo vem reunindo conjuntos docu-mentais de movimentos so-ciais ligados à Igreja e movi-mentos de educação. Saiba mais: www.pucsp.br/cedic.

Paulo FreireUm ato solene homena-

geou os 90 anos de Paulo Freire, em 1/9, na Assem-bléia Legislativa do Estado de São Paulo. O evento foi promovido pelo Centro de Documentação da PUC- SP (Cedic), Cátedra Paulo Freire (PUC-SP), Armazém Memória e pelo Deputado Est. Adriano Diogo (PT).

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Nos depoimentos abai-xo, você lerá, entre outros, os seguintes termos: “for-te”, “justa”, “respeito pelo ser humano”, “dignidade e indignação”, “lucidez”, “compromisso social”, “progressista”, “referên-cia”. Todos eles se referem à professora Nadir Gou-vêa Kfouri, que faleceu na noite de 13/9, aos 97 anos. Mas todos podem ser utilizados para se falar também da própria PUC--SP, e por um motivo sim-ples: Nadir sintetiza a his-tória da Universidade que dirigiu durante oito agi-tados anos (1977-1984). Ela personifica a passa-gem da PUC-SP para sua maioridade, época em que a construção da exce-lência no ensino, na pes-quisa e na prestação de serviços projetava a Uni-versidade para a posição de destaque que ocupa, ainda hoje, na sociedade e no ensino superior bra-sileiro. A professora e a instituição se confundem, enfim, porque a trajetória de cada uma é inconcebí-vel sem a outra.

Convidada pelo cardeal D. Paulo Evaristo Arns, foi a primeira mulher a che-fiar uma universidade ca-tólica (1976); foi também a primeira reitora do Brasil eleita pelo voto direto de professores, funcionários e alunos (1980). No cargo, defendeu pessoalmente a PUC-SP e sua comunida-de na noite de 22/9/1977 (foto no alto da página), quando tropas da Polícia Militar invadiram o cam-pus Perdizes. Ao lado do vice-reitor Comunitário, Edênio Valle, e do diretor da Fac. de Direito, Hermí-nio Alberto Marques Porto, ela enfrentou o secretário de Segurança Pública, co-ronel Erasmo Dias, chefe da truculenta operação que depredou a Univer-sidade. Também iniciou campanha para recons-trução do Tuca, após os incêndios de 1984.

A síntese da PUC-SPNadir Gouvêa Kfouri (1913-2011)

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Solteira, sem filhos, Nadir nasceu em 19/12/1913, em Avaré (SP). Morou também em Botucatu e chegou a São Paulo aos 14 anos. Iniciou seus estudos na Escola Nor-mal da Praça da República (depois chamado de Institu-to de Educação Caetano de Campos). Começou a estu-dar sociologia, psicologia, problemas brasileiros, educa-ção. Militou em movimentos da Ação Católica (Juventude Estudantil Católica e Juven-tude Universitária Católica). Em 1934, entrou na Escola de Serviço Social, a primeira da área no país. Formou-se 1938 e tornou-se monitora. Iniciou pós-graduação no National Catholic School of Social Service de Washington (EUA), em 1943.

Entre 1953 e 1957, dirigiu a Escola de Serviço Social (in-corporada à PUC-SP no final dos anos 60); foi também di-retora do Centro de Ciências Humanas. Era professora ti-tular da graduação e do Pós em Serviço Social. Ao longo da carreira acadêmica, per-correu o Brasil de Porto Ale-gre a Manaus, ministrando cerca de 41 cursos intensivos. Por conta desses cursos, foi convidada a ser perita das Nações Unidas e lecionou junto a escolas de Serviço So-cial da Espanha (1958-59).

Nadir foi também assessora técnica junto à antiga Secre-taria do Bem-Estar Social de São Paulo, antes de assumir a Reitoria. Visitou a Univer-sidade pela última vez em 2002, quando conheceu as novas instalações da Biblio-teca Central (campus Perdi-zes), que leva seu nome. Veja abaixo depoimentos de pes-soas que estudaram, traba-lharam e viveram com Nadir.

“Fui aluna dela na gradua-ção, sua última orientanda de mestrado e chefe de gabinete em sua gestão na Reitoria. A professora Nadir era uma mulher forte, com um imenso senso de justiça e um respei-to enorme pelo ser humano. Pudemos ver isso na presen-ça forte dela à frente da di-reção da Universidade, em um período muito difícil, final dos anos 70, início dos anos 80. Enfrentou momentos de-licados e sempre defendeu com muita força a PUC-SP. Era uma docente consciente do papel do educador e da universidade em seu compro-misso social e para a forma-ção das próximas gerações. A PUC-SP deve a ela uma parte importante de sua his-tória.”

Profa. Mariângela Bel-fiore Wanderley (Pós em Serviço Social)

“A Dia, como os sobrinhos a chamavam, era a tia mais querida, maior orgulho da família, e protagonizou cena histórica ao deixar o secre-tário da segurança de São Paulo, coronel Erasmo Dias, de mão suspensa no ar ao se recusar a cumprimentá-lo na noite em que a polícia que ele comandava invadiu vio-lentamente o Tuca, o teatro da PUC, onde se realizava um encontro para retomada da UNE, em 1977. “Não dou a mão a assassinos”, disse do alto de sua digna indignação.

Era ao mesmo tempo fir-me e risonha, corinthiana de acompanhar os passos do time e intelectual progressis-ta, referência na área do ser-viço social. Mais velha de seis irmãos, foi a última a sair de cena, deixando uma história exemplar e um nome que é a melhor hernança que qual-quer familiar pode deixar aos que ficam – saudosos, mas orgulhosos.”

Juca Kfouri, jornalista e sobrinho de Nadir, em trecho do texto A reitora querida, publicado em sua coluna na Folha de S. Paulo de 15/9/2011

“Estava começando na PUC-SP, ela era reitora. Exa-tamente porque me convidou para dirigir o Centro de Ci-

ências Jurídicas, Econômicas e Administrativas (CCJEA) eu comecei a participar do Con-selho Universitário e tive um contato mais próximo com ela. Só posso tecer elogios à suas qualidades de dedi-cação ao trabalho, de preo-cupação com os destinos da Universidade. E, sobretudo, à sua capacidade de enfrentar e resolver as situações difíceis. Como na ocasião da invasão da PUC-SP: seu desempenho corajoso e lúcido é algo que marcará para sempre a vida de nossa instituição. É uma honra para mim ter trabalha-do com ela, e é uma honra muito grande constatar que, hoje, ocupo a cadeira que foi – e sempre será – dela.”

Prof. Dirceu de Mello, reitor (2008-2012) e ex--diretor do CCJEA (1977 e 1978 e de 2005 a 2008)

“Nadir foi quem, por seu modo de ser, pensar e agir mais me marcou em meus mais de 40 anos na PUC--SP. Acompanhei-a de perto na difícil tarefa de gerir a nossa Universidade em si-tuações difíceis. Nesse dia a dia de sobressaltos e ten-sões, aprendi a admirar sua maneira objetiva de tomar decisões e lidar com as pes-soas. Em todas as situações ela se mantinha sensível,

lúcida, justa e corajosa. Mesmo nos momentos mais difíceis ela conser-vava a dignidade serena que a caracterizava. Nun-ca a vi perder o senso das coisas e dos valores. Ela apenas acendia a piteira e começava a fumar, procu-rando ouvir, para só então firmar seu ponto de vista e encaminhar uma solução.

O país vivia momento dramático, cujos efeitos se faziam sentir fortemente na Universidade. Tratava--se sobretudo de dizer não, de vários modos, à ditadura enfiada goela abaixo do povo e das ins-tituições através de medi-das arbitrárias e de leis de exceção.

Ao ser indicada como reitora, em 1976, Nadir já trazia uma visão bem pen-sada da função que cabia a Universidade Católica do peso da nossa, em tal contexto. Alguns anos an-tes ela havia participado – junto com D. Cândido Padim – do famoso En-contro de Buga/Colômbia sobre as Universidades Católicas na América Lati-na. O modelo ali proposto batia com seus princípios e convicções pessoais no tocante à construção de um Brasil democrático e li-vre. Nesse sentido, ela era a pessoa mais indicada para conduzir a PUC-SP naquele concreto momen-to histórico. A comunidade universitária o reconhe-ceu: mesmo nos momen-tos mais conflituosos, seu modo digno e lúcido de conduzir a Universida-de teve o apoio crítico da absoluta maioria dos seg-mentos da Universidade.

A PUC-SP não pode es-quecer o nome da mulher fisicamente frágil que a re-presentou e conduziu nos anos em que foi preciso mobilizar a comunidade na defesa de um Brasil livre, mais democrático, mais justo, mais livre e mais fraterno.”

Prof. João Edênio Val-le, vice-reitor Comunitá-rio na gestão de Nadir (1976-1984)