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INFORME SERIPA I Periódico de Prevenção
EDIÇÃO Nº 28 SETEMBRO 2014
O termo F.O.D. já é bem conhecido no meio aeronáutico. O único problema é que, embora conhecida a sigla, e mesmo as palavras que a formam, F.O.D. costuma ter duas concepções um pouco desvirtuadas.
A primeira associa a sigla aos objetos
que causam ou podem causar danos às
turbinas das aeronaves. Isto, na realidade,
caracteriza uma figura de linguagem
conhecida como metonímia, onde a causa
predomina sobre a consequência. Na
realidade, a sigla referente à “Foreign Object Damage” refere-se ao dano (Dano por Objeto
Estranho) e não ao objeto que o provocou.
A segunda concepção errônea generalizada em nosso meio é a associação do problema
F.O.D exclusivamente a turbinas, quando, na verdade, refere-se a danos causados a
qualquer parte da aeronave. São F.O.D., por
exemplo, os dentes criados pelo choque de
pedriscos à hélice, assim como são também
F.O.D. os estragos feitos aos pneus do trem
de pouso por detritos existentes a super-
fície da pista de pouso.
Até mesmo o travamento dos cabos de co-
mando provocado por uma ferramenta ali
esquecida, em algum serviço de ma-
nutenção, ou, numa situação extrema, a
contaminação do óleo por partículas de sujeira podem ser definidos como casos de F.O.D..
Assim, pode-se definir F.O.D. da seguinte forma:
“danos causados a um ou mais componentes de uma aeronave
devido ao contato direto com objeto(s) estranhos àquele meio(s)”
Dano por Objeto Estranho ou Foreign Object Damage F.O.D .
Elevado número de incidentes
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Dano por Objeto Estranho ou Foreign Object Damage F.O.D .
Dessa forma, se um pequeno parafuso, de baixo valor comercial, esquecido na entrada de ar do motor, for sugado pela turbina em funcionamento, poderá destruir o grupo motopropulsor , cujo valor excede centenas de mi-lhares de dólares. Essa condição desencadeia uma sequência de eventos, podendo dar origem a um acidente aeronáutico com a des-truição da aeronave e a morte de seus ocupantes.
Felizmente, são raros os acidentes associados a problemas de F.O.D. Isso porque, geralmente, o problema pode ser percebido na operação ou inspeção da aeronave an-tes que uma falha catastrófica do sistema atingido venha a ocorrer.
Mas nem por isso o assunto deve ser menosprezado. Embora com baixo índice na
estatística de acidentes, o fator F.O.D. aparece com números bem expressivos na
categoria dos incidentes. Um grande número de incidentes pode significar duas coisas:
a primeira, que é a nossa preocupação maior, é o aumento da probabilidade de virmos
a ter um acidente ao invés de um mero incidente; e a segunda, mas não menos impor-
tante, certeza de custos de manutenção elevadíssimos.
No Brasil, diversos fatores propiciam a ocorrência de F.O.D tais como operação em pistas não preparadas, voo em regiões de alta salinidade, ou grande incidência de pássaros nas áreas de tráfego, onde uma doutrina para a sua prevenção se torna mais importante a ser realizada pelos operadores, INFRAERO, entre outros. A atividade de prevenção de F.O.D. pode resultar não somente numa significante redução de custos, mas, antes de tudo, no decréscimo da possibilidade de ocorrência de acidentes aero-náuticos, PRESERVANDO VIDAS NA AVIAÇÃO – objetivo maior de nossa atividade.
O Processo de Prevenção
F.O.D. é um problema primordialmente decorrente da contribuição do Fator Humano. Seja na simplicidade do descuido daqueles que transitam em áreas operacionais e jogam ou deixam de recolher detritos do chão, seja na mais complexa displicência administrativa, que permite a alocação de depósitos de lixo nas proximidades de aeroportos.
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Assim sendo, não poderia deixar de ser também o Fator Humano o alvo maior da atividade de prevenção ao F.O.D. a ser desenvolvida pelos responsáveis pela manuten-ção da Segurança de Voo.
Com isto em mente, podemos considerar duas possíveis linhas de ação a serem adotadas pelo GSO/ASV (veja diagrama abaixo): a primeira baseia-se no desenvolvi-mento de atividades preventivas acadêmicas, com ação de amplo espectro, e que se baseiam no conhecimento absorvido em cursos ou literaturas especializadas. São medi-das mais abrangentes, geralmente voltadas para a conscientização e disciplina do pes-soal da organização, como a realização de palestras, exposição de cartazes ou cami-nhadas de coleta, as chamadas “Caminhadas do F.O.D.”.
A segunda linha de ação se faz mais específica, pois está direcionada aos
problemas peculiares a cada organização, podendo desenvolver-se a partir de informa-
ções colhidas de duas formas distintas: através da análise dos objetos encontrados nas
áreas operacionais ou pelo es-
tudo dos casos de F.O.D. ocor-
ridos com as aeronaves de sua
organização. Em ambos os ca-
sos, no entanto, atua-se como
em todo processo de pre-
venção de acidentes, inician-
do-se com a coleta dos dados
sobre F.O.D. na organização,
para, após uma análise deta-
lhada do problema, serem
desenvolvidas medidas que
visem à sua prevenção.
O SERIPA I dispõe de instruto-
res qualificados para realizar
palestras, aulas ou reuniões
operacionais para tratar desse assunto de forma mais abrangente. Assim, este Serviço
Regional está sempre à disposição das empresas, órgãos públicos e instituições envolvi-
das com atividade aérea, a fim de atender a solicitações realizadas com esse fim.
Dano por Objeto Estranho ou Foreign Object Damage F.O.D .
Seção de Investigação
(91) 3073-8185 / 9162-0824
E-mail: [email protected]
Seção de Prevenção
(91) 3073-8184
E-mail: [email protected]
Diagrama do processo de prevenção de F.O.D.