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INFORME SERIPA I Periódico de Prevenção
EDIÇÃO Nº 18 OUTUBRO 2013
FATORES CONTRIBUINTES DOS ACIDENTES NA ÁREA DO SERIPA I (AMAPÁ/PARÁ/MARANHÃO)
Ao ser noticiado um acidente aeronáutico, é comum ouvirmos “especialistas em aviação” especulando sobre a causa do acidente. Porém, uma ocorrência aeronáutica difi-cilmente é causada por uma única condição, e sim pelo alinhamento de diversos fatores que contribuem para que o acidente ocorra. A investigação de acidentes aeronáuticos evoluiu muito nas últimas décadas, acompanhando e auxiliando o desenvolvimento tecnológico da própria aviação. Dentro do SIPAER (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) a investigação tem o propósito de identificar os fatores contribuintes de um acidente para evitar que eles se repitam em outras situações com outras aeronaves tornan-do, dessa forma, o voo mais seguro.
Esta matéria tratará sobre os fatores contribuintes mais comuns presentes nos acidentes aeronáuticos ocorridos nos Estados do Pará, Maranhão e Amapá, área sob jurisdição do Primeiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, considerando os dados dos últi-mos dez anos (2003 a 2012).
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SUPERVISÃO GERENCIAL
O fator supervisão aparece presente em 72,4% dos acidentes ocorridos na área do SERIPA I (Pará/Amapá/Maranhão) nos últimos dez anos. No mesmo período, consi-derando os acidentes de todo o país este fator foi percebido em 50,6% dos acidentes.
Este fator se refere à supervisão inadequada, pela gerência da organização ou proprietário da aeronave, das atividades de planejamento e/ou de execução nos âmbitos administrativo, técnico e/ou operacional.
FATORES CONTRIBUINTES NOS ACIDENTES ÁREA DO SERIPA I
Fator Contribuinte: Condição (ato, fato, ou combinação deles) que, aliada a
outras, em sequência ou como consequência, conduz à ocorrência de um acidente
aeronáutico, de um incidente aeronáutico ou de uma ocorrência de solo, ou que
contribui para o agravamento de suas consequências. Normalmente um acidente
possui diversos fatores contribuintes, pois não se pode precisar, caso uma dessas
condições inexistisse, se o acidente seria evitado.
Fonte: CENIPA
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JULGAMENTO DA PILOTAGEM
Presente em 53,4% dos acidentes da região, o fator contribuinte Julga-
mento da Pilotagem representa uma inadequada avaliação, por parte do piloto, de de-
terminados aspectos relacionados à operação da aeronave, estando ele qualificado pa-
ra operá-la.
Este fator normalmente está relacionado à instrução ou adaptação à aero-
nave, levando os pilotos a cometerem erros por não estarem acostumados ao desem-
penho da aeronave sob determinadas condições.
PLANEJAMENTO DE VOO
Inadequação nos trabalhos de preparação realizados pelo piloto para o voo
ou parte dele. Incluem-se neste aspecto: o desconhecimento das condições operacio-
nais da rota, das características físicas dos aeródromos, da infraestrutura de navegação
aérea e/ou modificações, temporárias ou não, divulgadas por NOTAM, que afetem a se-
gurança operacional do tráfego aéreo relativa ao voo realizado.
FATORES CONTRIBUINTES NOS ACIDENTES ÁREA DO SERIPA I
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MANUTENÇÃO
Participação do pessoal de manutenção, por inadequação: dos serviços
realizados na aeronave, preventivos ou corretivos; e/ou do trato ou da interpretação de
relatórios, boletins, ordens técnicas, e similares.
INDISCIPLINA DE VOO
Violação (intencional) por parte do piloto, de normas operacionais, regula-
mentos, ou regras de tráfego aéreo, aqui incluídas as autorizações emitidas pelo órgão
ATC, sem que haja justificado motivo para tal.
ASPECTO PSICOLÓGICO
Reúnem-se no fator psicológico, assuntos de ordem individual, psicossocial e orga-
nizacional que tiveram influência na ocorrência. Presente em 24,1% dos acidentes na área
do SERIPA 1, é relativo à tudo aquilo que se refere á personalidade, à motivação, às rela-
ções interpessoais, clima e cultura da organização, por exemplo.
FATORES CONTRIBUINTES NOS ACIDENTES ÁREA DO SERIPA I
PÁGINA 5 INFORME SERIPA I
Sobrecarga autoprovocada é toda ação estressante, provocada pelo tripulante
em si mesmo, sobrecarregando seu organismo e diminuindo sua resistência para a ativi-
dade aérea!
Ela é FATAL!
A atividade aérea é, por si só, bastante desgastante. O aeronavegante fica subme-
tido a efeitos como a hipóxia, variações de temperatura, diminuição da umidade do ar,
luminosidade, radiações, etc. E, além disso, em alguns casos, o próprio tripulante se
expõe a condições que sobrecarregam o seu organismo. Como exemplos de agentes
provocadores de sobrecarga, temos: automedicação, álcool e café, fumo, drogas ilícitas, dieta, estado de saúde, fadiga de voo.
Automedicação
A automedicação, muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato
de alguns sintomas, pode trazer consequências mais graves do que se imagina. Um erro
muito comum e grave para a população em geral, a automedicação adquire 'status' de
grande risco para aeronautas. Para quem vive e trabalha em terra, os efeitos colaterais
podem passar despercebidos. No entanto, esses mesmos efeitos sentidos por um piloto
durante o voo podem ser dramáticos, uma vez que podem ser
acentuados pela altitude. E, considerando a complexidade do
trabalho que deve ser realizado na cabine de um avião, isso
pode ter efeitos catastróficos.
Fumo
Os fumantes também não estão livres de efeitos colaterais
provocados pelo cigarro. Além da nicotina responsável pelo
vício, o cigarro apresenta cerca de 4.000 outras substâncias
prejudiciais à saúde e que contribuem para doenças coronaria-
nas, hipertensão arterial, câncer de boca entre outros, doenças
das vias aéreas e pulmões. Ainda, os efeitos da rarefação do ar e diminuição do oxigê-
nio a que se expõem os aeronavegante são maiores nos fumantes do que nos não fu-
mantes.
SOBRECARGA AUTOPROVOCADA
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Álcool
O álcool é um depressor do S.N.C. (Sistema Nervoso Central), responsável por cer-
ca de 16% das causas de acidentes fatais na aviação dos Estados Unidos. O organis-
mo metaboliza cerca de l0 g de álcool por hora, e o nível máximo de álcool no sangue ó
alcançado uma hora após a última ingestão. Naquele país, entre a última dose e o início
da pilotagem, exige-se, no mínimo, oito horas de intervalo, o que não resolve totalmente
o problema, pois os efeitos só desaparecem totalmente após 24 horas de ingestão e
são: anestesia, depressão do S.N C., gastrites e úlceras pépticas, cirrose hepática. Crô-
nicos: insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, estados confusionais, epilepsia. Agu-
dos: descoordenação motora, apatia e em-
botamento de consciência, inconsciência,
morte.
Estado de Saúde
A saúde do piloto é um bem do mais
alto valor. Isso não só por permitir que o pro-
fissional continue exercendo a sua atividade,
mas também por ser um elemento importan-
te para a segurança do voo! A preocupação
com a saúde deve ser parte integrante do
estilo de vida do piloto, principalmente em
função do ambiente de trabalho adverso
(físico e psicológico) ao qual está submetido. Bem-estar imediato afeta a segurança do
voo a curto prazo. Se esse bem-estar não for atingido, o piloto deve ter a capacidade e
maturidade para reconhecer o comprometimento de sua saúde e até mesmo recusar-se
a assumir o voo. Café
Acredite, o 'inocente cafezinho' pode ter efeitos colaterais parecidos com os de
alguns medicamentos, principalmente quando tomado em excesso. A cafeína nos deixa
acordados, causa tremores, hiperacidez gástrica e indigestão. Arritmia cardíaca, batidas
do coração aceleradas, promove a desidratação do corpo pelo aumento da produção de
urina. Pode causar ainda dor-de-cabeça, tonturas e náuseas.
SOBRECARGA AUTOPROVOCADA
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Drogas Ilícitas
Atualmente, estão se constituindo em motivo de preocupação, pois seu uso vem
sendo difundido entre tripulações e suas implicações sobre a saúde dos aeronautas,
muitas vezes, está relaciona-
da à incidência de acidentes
e incidentes aéreos. Os exa-
mes toxicológicos, diferentes
tipos de tratamento e monito-
ramento, visando à boa saú-
de da tripulação e a seguran-
ça de todos são ações que
devem ser implantadas junto
às tripulações. Mesmo ocasi-
onal, a ingestão destas subs-
tâncias pode interferir no bom desempenho mental do piloto e, por esse motivo, a re-
percussão sobre a Segurança de Voo é óbvia!
Dieta
A atividade aérea necessita que aquele que a desenvolve tenha dieta adequada no
tocante à composição e ao valor calórico. O horário das refeições é importante e a re-
gularidade deve ser mantida. Porém, normalmente, a alimentação é feita em horários
irregulares e sob condições inadequadas. Não raro, não há tempo para comer, o que
produz grandes intervalos sem se alimentar, favorecendo a instalação de gastrites. É
importante evitar deixar de fazer uma refeição, pois o jejum prolongado diminui a resis-
tência a hipóxia.
Fadiga de Voo
É o estado biopsicofísico que leva a uma queda geral de desempenho, podendo
gerar perigos de realização de determinadas atividades profissionais. O adoecimento é
um processo gradativo e conseqüência de um somatório de cargas de trabalho. O sofri-
mento mental e a fadiga só se manifestam através da doença. É importante que os aero-
nautas façam exames médicos e exercidos físicos regularmente. Não é estar com o
CMA em dia, mas em dia com a sua saúde, significa manter um desempenho físico con-
dizente com a idade e com as exigências da atividade profissional!
SOBRECARGA AUTOPROVOCADA
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Participe do próximo evento de prevenção do SERIPA I.
VIII Seminário de Segurança de Voo - Semana da Asa – Belém/PA