8
ANO I - EDIÇÃO ZERO - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA SÃO DESIDÉRIO - BAHIA, FEVEREIRO DE 2010 São Desidério comemora 48 anos No dia 22 de fevereiro de 1962, por meio do decreto Estadual nº 1.621, assinado pelo governador Antonio Lomanto Júnior, São Desidério foi oficiali- zado município, com uma área total de 14.876 km² e o título de segundo maior município em extensão territorial do Estado da Bahia. Pág. 4. Orla da Barragem Aos 31 anos Lení Barros exibe orgulhosa a bol- sa que aprendeu a fazer com o capim dourado e a palha do buriti. A história dela é parecida com a de outras 40 pessoas da Associação dos Trança- dores da Palha do Buriti de Ilha do Vitor a 30 qui- lômetros da sede de São Desidério. Pág. 7. Sustento que vem da natureza A Sykué Bioenergya Eletricidade, instalada em São Desidério é a primeira usina termelétrica do Brasil a produzir eletricidade a partir da queima do capim elefante. A capacidade inicial é de 30mw por hora, suficiente para atender a uma cidade de 30 mil habitantes. Pág. 3. Primeira termelétrica do Brasil movida à biomassa Viaje no tempo com as histórias da crição do município de São Desidério, conheça alguns personagens responsáveis por passagens que marcaram épocas. Uma homenagem especial pelos 48 anos de São Desidério. Pág. 4 e 5. O fazendeiro que deu nome à cidade

EDIÇÃO ZERO - saodesiderio.ba.gov.br · O fazendeiro que deu nome à cidade. Em São Desidério, terra que leva o nome de ... em construir um futuro de sucesso e prosperidade. Como

Embed Size (px)

Citation preview

ANO I - EDIÇÃO ZERO - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA SÃO DESIDÉRIO - BAHIA, FEVEREIRO DE 2010

São Desidério comemora 48 anos

No dia 22 de fevereiro de 1962, por meio do decreto Estadual nº 1.621, assinado pelo governador Antonio Lomanto Júnior, São Desidério foi oficiali-

zado município, com uma área total de 14.876 km² e o título de segundo maior município em extensão territorial do Estado da Bahia. Pág. 4.

Orla da Barragem

Aos 31 anos Lení Barros exibe orgulhosa a bol-

sa que aprendeu a fazer com o capim dourado

e a palha do buriti. A história dela é parecida com

a de outras 40 pessoas da Associação dos Trança-

dores da Palha do Buriti de Ilha do Vitor a 30 qui-

lômetros da sede de São Desidério. Pág. 7.

Sustento quevem da natureza

A Sykué Bioenergya Eletricidade, instalada em São Desidério é a primeira usina termelétrica

do Brasil a produzir eletricidade a partir da queima do capim elefante. A capacidade inicial é

de 30mw por hora, suficiente para atender a uma cidade de 30 mil habitantes. Pág. 3.

Primeira termelétrica do

Brasil movida à biomassa

Viaje no tempo com as histórias da crição

do município de São Desidério, conheça alguns

personagens responsáveis por passagens que

marcaram épocas. Uma homenagem especial

pelos 48 anos de São Desidério. Pág. 4 e 5.

O fazendeiro que deunome à cidade

Em São Desidério,terra que leva o nome deum de seus desbravado-res, as comemoraçõespelos 48 anos de emanci-pação política começamcedo. Uma alvorada acor-da os moradores e faz oconvite para que acompa-nhem o cortejo.

E não poderia ser di-ferente. Um dia tão espe-cial merece honras espe-ciais e muita homenagem.Não foi por acaso que adata de 22 de fevereiro de2010 foi a escolhida parao lançamento do maisnovo veiculo de comuni-cação do município. O Jor-nal de São Desidério.

Com a proposta depromover a integração ea participação popular, ojornal será publicado todosos meses. Terá espaçospara reportagens, opini-ões, fotografias e muita in-formação. Nesta primeiraedição, traz páginas dedi-cadas ao município quecompleta 48 anos e queestá entre os lugares maisfantásticos do Brasil parase conhecer, segundo oprograma Fantástico, daGlobo.

A matéria principal,nas páginas 4 e 5, faz uma

Editorial

Histórias de cada diaviagem pela história de SãoDesidério. Uma história mar-cada pela alegria e garra da-queles que iniciaram a cons-trução deste pedaço daBahia. Uma história da qualhá poucos registros publica-dos. Porém, que não caiu noesquecimento graças às re-cordações ainda inabaladasde pessoas como dona Lali,hoje com 95 anos.

Mas se naqueles tem-pos quando o saudoso pa-dre Armindo caminhava qui-lômetros para realizar mis-sas e casamentos pelo oes-te da Bahia não há muitosregistros. Hoje tudo estábem diferente.

São Desidério cresceu.Atingiu a maioridade. Eman-cipado há quase meio sécu-lo, detém títulos nobres quedemonstram seu desenvol-vimento. É o maior produtorde algodão do Brasil. E omaior na produção de grãosdo Norte/Nordeste brasilei-ro. Suas terras são disputa-das por pessoas que sonhamem construir um futuro desucesso e prosperidade.

Como é o caso da pri-meira termelétrica movidaa capim elefante do Brasil.A Sykué, que começa aoperar agora em fevereiro,pág 3.

Na saúde, na educa-ção e no turismo São De-sidério também registragrandes avanços. Umbom exemplo é a Casa deApoio à Gestante, pag. 6que acolhe com carinhofuturas mamães da zonarural. Uma demonstraçãode cidadania que mereceser destacada, ser propa-gada.

Registrar esses avan-ços e tantas histórias domunicípio é a proposta doJornal de São Desidério. Acada mês, as edições che-garão às portas dos cida-dãos que aqui vivem etambém daqueles que dealguma forma possuemvínculo com esta terra. Tra-ta-se de um veículo mo-derno e dinâmico, feitocom a participação de to-dos. Um espaço especialestá reservado para suges-tões, idéias e opiniõespág.2. Porque a gente en-tende que o bom da vidaé partilhar experiências,boas ou, nem tanto. Maspartilhá-las faz parte da es-sência do ser humano. Tra-ga sua história até nós, cer-tamente ela ajudará aconstruir a história de SãoDesidério. Uma boa leitu-ra e até o próximo mês.

Cartas do mês

Caro leitor esta é a primeira edição do Jornal de São Desi-

dério, a partir de agora você pode participar enviando opiniões

e sugestões. Este espaço é destinado às cartas assinadas por

leitores ou e-mails enviados para a assessoria de comunicação

no endereço [email protected]

Participe. Ajude a fazer um jornal democrático e cidadão.

Praça Emerson Barbosa, 01, Centro – São Desidério-Ba – CEP:

47820-000 – Contato: (77)3623-2145 (Assessoria de Comunicação)

Publicação mensal do município de São Desidério / Bahia

EXPEDIENTE

Assessoria de Comunicação da Prefeitura de São Desidério

(Ascom)

Agência de Publicidade: AIM Comunicação e Propaganda

Jornalista Responsável: Nádia Borges DRT 2923/PR

Reportagens: Ana Lúcia Souza / Jackeline Bispo

Fotógrafos: Ana Lúcia Souza / Jackeline Bispo / Rodney Martins

Colaboração: Cristina Sudre

Diagramação: Leilson Castro

Colunista desta edição: Florentino Augusto de Souza

Tiragem: Três mil exemplares

Impressão: Polygraf - Gráfica e Editora

Site: www.saodesiderio.ba.gov.br

Email: [email protected]

End: Praça Emerson Barbosa, 01, Centro – São Desidério-BA

CEP: 47820-000 Telefone: 77 3623-2145

Custódia era fi-

lha de Aurélio Alves

Guimarães, de des-

cendência portugue-

sa e de Maria Bela

Rosa, natural de Bon-

sucesso, na região da

Chapada Diamantina.

Nasceu na Fazenda

Grota do Boi, neste

município, no dia 18

de outubro de 1927,

dia do médico.

Iniciou suas ativi-

dades comerciais por

volta do ano de 1948,

ano em que se casou

com Florentino Augus-

to de Souza, funcioná-

rio de uma loja de te-

cidos, medicamentos

e armarinhos em ge-

ral, pertencente ao

senhor Abelardo

Alencar, que, perce-

bendo o seu grande

interesse em ler as

bulas dos medica-

mentos para saber in-

dicá-los às pessoas,

também lhe ensinou

a fazer aplicação de

injeção intramuscular

e endovenosa.

No início dos

anos 60 os dois com-

praram essa mesma

loja, que permaneceu

em funcionamento

até meados dos anos

80, período em que foi

preciso fechá-la por

motivo de doença do

seu esposo e também

pela grande estagna-

ção do comércio local

e da inadimplência de

grande parte dos cli-

entes. Foi uma época

de muitas dificulda-

des, mas com garra e

determinação conse-

guiu superar todos os

obstáculos.

Ainda nos anos

80 trabalhou em uma

farmácia pertencente

a dois médicos de Bar-

reiras, que funcionava

na Praça Juarez de

Souza, no período de

1º de agosto de 1980

a 30 de agosto de

1981. A partir de 1° de

abril de 1982 trabalhou

por mais de seis anos

na farmácia Senhor do

Bonfim, pertencente

Nossa grande médica,grande farmacêutica*Florentino Augusto de Souza

ao seu genro Demos-

thenes da Silva Nunes,

sediada na Rua Dr. Va-

lério de Brito, que en-

cerrou suas atividades

em 1988. Com isso foi

convidada a trabalhar

numa filial da Farmácia

Popular, na Praça Abe-

lardo Alencar (Praça do

Mercado). Em todas

elas trabalhou meio pe-

ríodo, já que também

prestava serviço à Pre-

feitura Municipal de

São Desidério, no cargo

de Chefe do Setor de

Enfermagem, durante

cinco anos, ou seja, de

1985 a 1990, período em

que também auxiliava e

acompanhava os médi-

cos que atendiam na

zona rural.

No dia 03 de mar-

ço de 1993, o seu filho

Florentino Augusto de

Souza Filho (Souza),

contando com o seu in-

centivo, instalou a Far-

mácia Nossa Senhora

de Fátima e trabalharam

juntos. A farmácia per-

maneceu com esse

nome até o ano de

1998, quando mudou

para Drogaria Nossa Se-

nhora de Fátima e fun-

ciona até hoje, com o

Slogan: “Tradição e Con-

fiança”, em referência

aos mais de 45 anos

de experiência de

Custódia e à grande

confiança que todas

as pessoas da cidade

e de todo o município

sentiam quando ela

ministrava o remédio

para a cura dos seus

males. Para quem não

a conheceu e quiser

saber do amor, cari-

nho e reverência que

todos sentiam por ela,

basta perguntarem

àqueles a quem por

dezenas de vezes ela

receitou remédios e

curou suas feridas.

Com certeza respon-

derão:

- Foi a nossa

grande médica, a

nossa grande farma-

cêutica.

Ela não precisou

de nenhum título aca-

dêmico para exercer

a sua missão, porque

foi Deus quem a di-

plomou com eles.

Não foi por aca-

so que ela nasceu

no dia 18 de outu-

bro, dia do médico e

faleceu no dia 20 de

janeiro de 2008, dia

do farmacêutico.

* Filho de dona Custódia, atu-

al proprietário da famácia.

Dona Custódia em frente à farmácia na década de 90

02 São Desidério - BA - fevereiro de 2010

A Sykué BioenergyaEletricidade, situada a 120km da sede de São Desidé-rio, é a primeira usina ter-melétrica do Brasil a produ-zir eletricidade a partir daqueima do capim elefante.Com capacidade para gerar30mw por hora - quantida-de suficiente para atendera uma cidade de 30 milhabitantes - a primeira usi-na entra em operação nes-te mês de fevereiro. O pro-jeto contempla ainda aconstrução de outras trêsusinas. Assim que as quatroestiverem emfuncionamento, em 2014, acapacidade geradorea seráde 120mw/hora.

Segundo o diretorgeral Norbertino Morais, aregião de São Desidério foiescolhida observando ca-racterísticas importantes. “O

São Desidério é sede da primeira termelétrica do Brasil movida à biomassa

O capim plantado é cortado e secado naturalmen-te. Em seguida, é transportado até a usina. Por meiode esteiras é conduzido às caldeiras onde é quei-mado. Aquecido em água tratada, passa do esta-do líquido para o gasoso e faz girar a turbina quemovimenta o gerador. Esse movimento converte ovapor em eletricidade.

Todos os gases são tratados para sairem lim-pos da usina, o mesmo procedimento é realiza-do com a água utilizada, por isso o empreendi-mento tem saldo positivo de crédito de carbono.

Conhecido também como Redução Certifica-da de Emissões (RCE) consiste em um certificadoemitido a empresas que reduzem a emissão degases do efeito estufa (GEE). Uma tonelada dedióxido de carbono, por exemplo, corresponde aum crédito de carbono. A Sykué tem crédito posi-tivo equivalente ao montante de 1 milhão de to-neladas/ano.

Produção

O capim elefante é uma cultura de origem africa-na e até pouco tempo servia apenas para a alimentaçãodo gado. Estudos realizados com a espécie mostramque seu potencial de produção de energia é três vezessuperior ao da cana-de-açúcar.

Por ter grande porte, produz muita massa, destaforma, é a variedade mais energética de capim. É renová-vel com rápido crescimento, baixo custo e alta produtivi-dade. A queima do capim elefante gera cerca de 5% degás carbono, mas as plantas em crescimento absorvem todaessa porcentagem por meio da fotossíntese, tornando aespécie a mais adequada na geração limpa de energia.

Além do Brasil a Inglaterra também produz energiacom a queima do capim elefante. Esta matéria prima temciclos de cinco meses, ou seja, não é colhido na época dachuva. Todo o capim produzido na seca é armazenado,sua durabilidade de estoque é de mais de um ano.

Capim elefante

Crédito de Carbono

grupo empreendedor deci-diu implantar a empresa naregião nordeste. São Desidé-rio tem área próxima de rede,é plana e produz bem a ma-téria prima que é o capim”.

O sistema de integra-ção e compensação da redede distribuição permite quea usina abasteça várias regi-ões do Brasil. A energia pro-duzida será entregue a Com-panhia de Eletricidade doEstado da Bahia (Coelba) eem seguida será comerci-alizada. Parte da produçãoestá garantida para o GrupoPão de Açúcar.

Para o gerente indus-trial Cláudio José Dias, o pro-jeto é inovador e importan-te para visualização do po-tencial de São Desidério. “Opioneirismo será a marca parao município que terá seu po-tencial energético melhora-

do, será gerador de empre-go, pois estamos criandouma razão para a implanta-ção de cursos técnicos e es-pecializados na região”.

Até fevereiro quatro milhectares serão plantados como capim elefante, o suficientepara abastecer uma usina. Aunidade possui 107 funcioná-rios fixos e cerca de 200 sazo-nais, contratados no período deplantio e de colheita.

Por Jackeline Bispo

Nos últimos 20 anos o de-senvolvimento agropecuário dooeste baiano entrou em evidênciano cenário nacional. É neste con-texto de crescimento socioeconô-mico que São Desidério se destacacomo o município com o maior Pro-duto Interno Bruto agropecuárioestadual de 2007, com R$ 659 mi-lhões, correspondente a 7,7% novalor agregado do setor, segundodados do Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística (IBGE).

O sul do estado era a principalregião produtora com o cultivo das la-vouras de cacau. A expansão da agri-cultura e pecuária no oeste trouxe umanova realidade.

O maior PIB agropecuário da Bahia está aquiPor Jackeline Bispo Segundo dados da Secretaria

Municipal de Agricultura, a história daagropecuária em São Desidério tem iní-cio no fim da década de 70. Antes des-te período, o plantio era voltado para asubsistência, poucos lavradores seaventuravam a produzir excedentesque eram comercializados para o es-tado do Tocantins ou para o baixo e omédio São Francisco por meio dos va-pores que atracavam em Barreiras.

Desta forma era fácil adquirirgrandes propriedades com preços aces-síveis. Produtores do Paraná, Rio Gran-de do Sul e São Paulo viram em São De-sidério uma ótima oportunidade para in-vestir na produção de grãos como a soja,o milho e posteriormente o algodão, hojeas principais culturas introduzidas.

De acordo com o secretário de

agricultura, Genivaldo de Assis, o mu-nicípio dispõe de condições que garan-tem a alta produtividade e a qualida-de da produção. “Alguns fatores indi-cam o quanto as terras de São Desidé-rio são atrativas, entre eles, o índicepluviométrico, a topografia dos terre-nos e a localização estratégica, quefacilita o escoamento dos produtos”.

Os números de 2008 e 2009 ain-da estão em fase de apuração pelo IBGE,mas as estimativas da Secretaria deAgricultura são de que em 2008 a pro-dução teve seu auge, atingindo R$ 960milhões. Fatores determinantes como oclima, o investimento em tecnologias eos preços das commodities impulsiona-ram esse crescimento.

Já em 2009 o prolongamento daschuvas no período da colheita compro-

meteu a produtividade. Os dados indi-cam que cerca de 20% da produção fo-ram perdidos, gerando capital estima-do em R$ 730 milhões. O engenheiroagrônomo José Marques Batista de Cas-tro, explica que além da chuva prolon-gada, a produção da soja, por exemplo,apresentou outro agravante. “Focos dedoenças como a ferrugem asiática e omofo branco atacaram a plantação”.

Marques ressalta que a implan-tação do laboratório de diagnose da Fer-rugem Asiática da Soja no distrito deRoda Velha, pela Secretaria de Agricul-tura, tem ajudado a diagnosticar rapi-damente a doença para que o produtortenha tempo de tomar as medidas ne-cessárias de combate e controle.Todos ganham – O desenvolvimen-to de todos os setores da sociedade

também é resultado da expansãoagropecuária, pois a arrecadação doImposto Sobre Circulação de Merca-dorias e Prestação de Serviços (ICMS)possibilita o investimento em educa-ção, saúde e infraestrutura. Na gera-ção de emprego e renda, e,consequentemente, oferece visibilidadeao município em setores como o tu-rismo, o comércio e a indústria.Diversidade que deu certo – SãoDesidério é quase do tamanho do Es-tado de Sergipe, com 14.876 km .Mantém o título de maior produtor dealgodão do Brasil e é também o maiorprodutor de grãos do Norte/ Nordes-te. Produz ainda, mamona, feijão,café, mamão e limão. Boa parte daprodução é exportada para os Esta-dos Unidos e para a Europa.

Primeira usina termelétrica à biomassa

A Sykué já tem 2.500 hectares plantados com capim elefante

A subestação localizada próxima à usina estabiliza avoltagem que sai do gerador

Maior produtor de grãosdo Norte/Nordeste

03São Desidério - BA - fevereiro de 2010

Os galos cantam no ter-reiro. O dia amanhece e comele a certeza de que padre Ar-mindo chegará na localidade.É hora de matar o boi, o porco,as galinhas e iniciar os prepa-rativos da festa. Todos estãoanimados para assistir às mis-sas de Nossa Senhora Apareci-da e do Divino Espírito Santo,dias 19 e 20 de setembro, res-pectivamente. Por conta dasdesobrigas de padre Armindo– tempo que se leva para fazerperegrinação de lugar em lu-gar atendendo a toda região -essas missas são realizadas

O fazendeiro que marcou uma cidade

Por Ana Lúcia Souza e Jackeline Bispo

Na entrada da Vila, primeira ponte construída sobre o Rio São Desidério, denominada Ponte do Val.

04 São Desidério - Ba - fevereiro de 2010

Até que São Desi-dério fosse emancipa-do foi necessário mui-tos homens lutarem porsua independência po-lítica a exemplo de Ju-arez de Souza, José Al-ves Ribeiro Sobrinho(Cazuza), Heliodoro Ri-beiro, Olavo Pereirados Santos , Otacílio Je-suíno de Oliveira, Ben-to Alves das Neves, Cel-so Barbosa dos Santos,Abelardo Alencar.

Em 15 de outubrode 1827, D. Pedro I as-sinou um decreto quetransformou a regiãocorrespondente àBahia, em Campo Lar-go. No final do séculoXIX Campo Largo foidesmembrado com acr iação de Angica l ,em 1890, e Barreiras,em 1891. Devido a lo-calização, São Desidé-rio, Catolândia e Baia-nópolis ficaram per-tencendo a Barreiras.

Em 10 de abril de1895, o então governa-

Enfim, a emancipação

dor da Bahia, JoaquimManoel Rodrigues assi-nou um decreto quegarantiu a São Desidé-rio ser elevado a distri-to de Barreiras.

Mesmo ass im apopulação estava insa-tisfeita e em meadosdo século XX, os rumo-res pela emancipação

começaram a se de-sencadear. Nessa épo-ca também surgiu aideia de mudar o nomede São Desidério paraVila dos Palmares, masa sugestão não vingou.Após muitas tentativas,no dia 22 de fevereirode 1962, por meio dodecreto Estadual nº

1.621, assinado pelogovernador AntonioLomanto Júnior, SãoDesidério foi oficiali-zado município, comuma área tota l de14.876 km², e o títulode segundo maior mu-nicípio em extensãoterritorial do Estado daBahia.

Discurso de emancipação política, feito pelo primeiro prefeito, Abelardo Alencar na década de 60

apenas uma vez por ano. Aocasião é única para celebrarcasamentos e batizados.

No cair da tarde, ao lon-ge avista-se um homem ves-tindo uma batina preta, acom-panhado pelo sacristão, trazuma mula carregada com per-tences pessoais e todo o ma-terial utilizado nas celebra-ções. Ao chegar no lugarejoum moleque logo se encarre-ga de levar o animal para be-ber água enquanto outrosmeninos rodeiam o vigáriopara pedir a benção. A recep-ção também é calorosa porparte dos adultos que espe-ram por tanto tempo para re-

ver o padre e amigo.A região faz parte do

município de Barreiras e nelahá várias propriedades. Masuma em especial, chama aatenção. Ela pertence ao co-ronel Desidério José de Sou-za, proprietário de muitas ter-ras e conhecido pelos mora-dores como uma pessoa bon-dosa, pois costuma doar par-te de seus terrenos para aque-les que não têm onde morare cultivar suas lavouras. Pelafazenda de Desidério passamuita gente a exemplo de tro-peiros viajantes que pernoi-tam antes de continuar via-gem a caminho de Goiás.

- Esse homem é mesmoum santo! Dizem algumaspessoas.

A fazenda fica próxima auma capela e ao seu lado passaum ribeirão com muitos reman-sos e peixes, que incrementama alimentação das famílias.

A noite chega e tudo seaquieta. Os preparativos estãoprontos. A capela enfeitada, ascarnes temperadas, as batidasde tamarindo, maracujá e li-mão engarrafadas. Agora, é sóesperar o dia amanhecer.

São cinco horas da ma-drugada e muita gente esta depé. É hora de tomar banho,vestir roupa nova e, do desje-

jum. O sino toca para avisarque a missa está para começar.Um ritual que costuma demo-rar pois, padre Armindo rezaem latim e mantém a tradiçãode ficar de costas para os fiéis.

Depois da missa é a vezdos batizados e casamentos.Um, dois, três, quatro, cinco...e tantos quanto houver, inú-meras pessoas recebem os sa-cramentos. Enfim o farto almo-ço é servido. O sanfoneiro jáesta por ali, com a zabumba eo triângulo, o forró começa aanimar os convidados até anoite chegar. A festa só nãodemora mais porque o dia se-guinte será de novos festejos

e celebrações.Os dias de festa passam e

com o tempo o lugarejo cresce,vira vila. A admiração e respeitopelo fazendeiro Desidério fazcom que os moradores o home-nageiem e passem a chamar olocal por Vila de São Desidério.

Esta é a história donome do município de São De-sidério. Apesar de não haverregistros oficiais, está imorta-lizada na memória dos mora-dores mais antigos, é passadade geração para geração. De-sidério não era santo e nemse tornou padroeiro da cida-de, mas foi eternizado pelacultura popular.

Desde a ma-drugada de 22 de fe-vereiro de 1997 queem São Desidério osfoguetes e girândo-las acordam a cidadepara os festejos emcomemoração aoaniversário de eman-cipação política. Umgrupo acompanha osom da banda queinvade as principaisruas ainda ilumina-das. Aos poucos obarulho toma contada cidade. Nos em-balos de marchinhasfestivas como a da‘jardineira‘, da ‘ca-beleira do Zezé’ ede ‘cidade maravi-lhosa’ vem mui tagente. Gente que foipersonagem da his-tória de São Desidé-

São Desidérioacorda em festa

rio. Gente que aindaesta construindo pá-ginas dessa história.Gente alegre que seempolga a cantar,dançar e a chamarpelo nome de mora-dores que ainda nãodespertaram. Outrosjá esperam em fren-te suas casas, saú-dam a banda a passare logo em seguida,se unem ao cortejo.

Com o dia claro,as luzes das praçasse apagam e os pássa-ros fazem sinfonia en-quanto o povo conti-nua a tocar e dançar.Quando termina a ca-minhada ninguém vaiembora é hora de re-novar as energias coma tradicional farofa re-gada a café e chá.

05São Desidério - BA - fevereiro de 2010

Aos 95 anos de idade,os cabelos estão grisalhos emodestamente arrumadosem coque, o porte franzinochega a quase um metro emeio de altura, e os olhosazuis ainda trazem uma be-leza sutil à pele alva marca-da pelos sinais do tempo.Maria Rodrigues das Neves,ou simplesmente dona Lalicomo é conhecida, uma daspersonagens mais antigasde São Desidério, relembraa época em que chegou aomunicípio.

Filha de pai alagoanoe mãe paraibana, Lali é na-tural de Princesa Isabel, naParaíba onde nasceu em 18de novembro de 1915. Che-gou ao município em outu-bro de 1933 com os pais eoito irmãos, mas as lembran-ças do aspecto da cidade ain-da estão frescas na memó-ria. “Quando cheguei aquisó tinha a rua da beira dorio que passava pela igrejapróxima à Casa Neves, quevendia tecido e a rua ondetinha um cemitério, próximaa saída para o Sítio, que erachamada rua do sabugo,que hoje é a Valério de Bri-to (colégio da cidade). Cha-

Lembranças de São Desidériomava assim porque havia ummatadouro e os donos de roçadebulhavam o milho e joga-vam os sabugos na rua”.

Lali explica que por con-ta do nome da rua, quem mo-rava beira do rio não queriavir para festas do sabugo e queas senhoritas que moravamnessa rua eram chamadas de“as moças da rua do sabugo”.“Pelas ruas de chão batido fi-cavam soltos cachorros, ca-bras, cavalos, porcos, espalha-dos por todos os cantos da ci-dade e muitas árvores. O res-to era tudo manga de pasto.Não tinha energia elétrica. Emnoites de lua cheia só se viamas rodas de moças em frenteàs casas a brincar de cantigasde roda”.

Na pequena cidade lápelo final da década de 30as escolas funcionavam nascasas das próprias professo-ras como dona Uta e donaInês. Os alunos não eram di-vididos por série, mas porlivro. Dona Lali só estudouaté o segundo livro, o sufi-ciente para aprender lições

decoradas e a declamar po-emas e cantigas.

As lições decoradas se-gundo dona Lali eram cobra-das geralmente às quartas-fei-ras em frente à escola ondeos alunos faziam filas e quemnão soubesse levava bolo depalmatória. “Eu falava que tavacom dor de barriga no dia detomar a lição de tabuada paranão ir à escola, mas certa vezmamãe desconfiou”, declarouentre risos. Uma data históri-ca de que ela não se esque-ce é o Sete de Setembro nacidade. “Enfeitavam os carrosde bois que traziam a famíliareal. Os alunos ficavam quie-tinhos nos pelotões para odesfile. Era muito bonito”.

Como uma boa moçaprendada da época, aprendeuainda por volta dos 13 anos acosturar e fazer vários tipos debordados. “Aprendi o ponto decruz, ponto de rainha, bainha

aberta, ponto de pasto”.Casou-se com João Al-

ves das Neves, irmão do es-crivão Bento Alves das Neves.Não teve filhos, mas criou umadas filhas de sua irmã MariaRodrigues de Oliveira, donaZinha, que se casou com An-tonio Pereira da Rocha, o quar-to prefeito do município. A so-brinha que considera filha lhedeu oito netos. Os bisnetoscomo ela mesma afirma, jáperdeu até a conta de quan-tos são. A casa nunca esta va-zia, toda hora chega uma visi-ta. Dos pequenos aos grandestodos entram tomam a ben-ção e chamam de tia Lali.

O jeito extrovertido eapressado de conversar cha-mam a atenção. Lali lembraos tempos difíceis e brincaafirmando que hoje o povoesta muito dorminhoco. Elaexplica que antes era precisoacordar cedo. “Cinco horas da

manhã já ouvia aquele baru-lho de gente passando comuma trouxa de roupa e de lou-ça na cabeça para lavar no rioporque não tinha água emcasa. Pão, a gente ouvia dizerque tinha em Barreiras. Masaqui tinha que pisar o milhopara fazer o cuscuz, fazer obeiju, cortar a lenha e botarágua na chaleira para fazer ocafé no fogão caipira.” Todafamília tinha uma horta no fun-do de casa onde também cri-ava galinhas, plantava milhoe arroz para consumo próprio.Produtos como sal, querose-ne, vinham em cargas no lom-bo de animais de Barreiras atéSão Desidério.

Além das boas lembran-ças também aconteceram fa-tos trágicos que ficaram guar-dados na memória de Lali. Umdeles esta relacionado ao rioSão Desidério. “Na época nãoexistia a barragem e em al-

guns pontos era cheio deremansos. Certo dia duas ir-mãs banhavam próximas aum deles quando uma co-meçou a se afogar. A outrafoi salvar e também acaboumorrendo”.

A saúde era muitoprecária na cidade com a au-sência de médicos. Era co-mum mulheres morrerempor complicações ao dar àluz. O parto era realizadopelas mãos de mãe Xuxu-ca, a única parteira da cida-de. “Quando chegava a horae a criança não estava en-caixada, não tinha jeito, mor-ria os dois. Se uma pessoaadoecia, era levada de redepor um grupo de homensque ia revezando o enfer-mo nas costas até chegarem Barreiras”.

Outra página da his-tória do município eram asfestas tradicionais do dia dasmães e reveillon que geral-mente aconteciam no clu-be social Santo Onofre per-tencente ao maestro Helio-dorio Alves Ribeiro.. “Era umambiente freqüentado ape-nas por famílias e por pes-soas bem trajadas. Quandoum homem não tinha umpaletó para entrar no clube,Heliodorio arrumava em-prestado de alguém”.

O terno de reis eraoutra festa popular. “No to-tal eram seis ternos aqui”.Os festejos religiosos eramas novenas do Sagrado Co-ração de Maria em maio,Santo Antonio, em junho eas missas de setembro.

Hoje os finais de tar-de de dona Lali são quasesempre parecidos. Na ruaBento Alves das Neves, ondemora, costuma sentar emfrente à casa salmão comporta e janelas brancas, olharpara a orla da barragem, fa-zer caminhadas, bordar e con-versar com amigos e paren-tes. O assunto predileto? Re-lembrar os tempos em queSão Desidério começava a es-crever sua história.

“Pão, a

gente ouvia

dizer que tinha

em Barreiras.

Mas aqui tinha

que pisar o

milho para fazer

o cuscuz, fazer

o beiju, cortar a

lenha e botar

água na

chaleira para

fazer o café no

fogão caipira.”

“Eu falava quetava com dor debarriga no dia detomar a lição detabuada para nãoir à escola, mascerta vez mamãedesconfiou”

Ainda é madruga-da de segunda-feira, 02de fevereiro na localida-de de Pindaíba, a cercade 100 km de São Desi-dério. Divani Rodriguesdos Santos, 24 anos, apóstomar o café, pega a sa-cola com as roupas dobebê - que estava arru-mada há uma semana - esai de casa em companhiado marido para a beira dapista à espera detransporte. São 3h20mine o microônibus de linharegular passa no povoa-do sempre às 3h30minem direção à sede. De-pois de uma viagem lon-ga e cansativa para umagrávida de nove meses,às 7h da manhã estana Casa de Apoio à Ges-tante onde permaneceráaté a chegada dobebê.”Eu fui bem rece-

Para incrementar commais qualidade a educaçãoda rede municipal e as ati-vidades do ano letivo de2010, quatro novas escolaspassam a integrar o patrimô-nio público, beneficiandomais de 500 alunos nas co-munidades de Almas, Cur-rais, Ponte de Mateus e nasede de São Desidério.

Com recursos própri-os do município os novosprédios escolares foramconstruídos dentro de mo-dernos padrões técnicos ede segurança. São salas de

Preparar o futuro com mais saúde bida aqui. Tenho uma cu-nhada que mora no Alto doCristo, mas não consigo subirlá. Estou muito ansiosa, ape-sar de já ter duas filhas esse émeu primeiro menino, agoraé só esperar”, declara Divani.Na Casa de Apoio à Gestante,estrategicamente localizadanas imediações do Hospital eMaternidade Nossa SenhoraAparecida, Divani e outras fu-turas mamães que moram nazona rural e que não têm pa-rentes na cidade, sãoacolhidas com carinhoe conforto. Elas permanecemno local desde as vésperas dedar à luz até o pós-parto. Acasa foi inaugurada em 2009e faz parte do Programa Mãeé Vida, uma proposta da se-cretaria de saúde que visa re-duzir o índice de mortalidadeinfantil em São Desidério.Apóso parto mães e filhos vol-tam para a Casa de Apoio

onde recebem acompa-nhamento médico atéque o bebê faça as pri-meiras vacinas e o tes-te do pezinho.”O muni-cípio possui uma exten-s ã o t e r r i t o r i a l m u i t ogrande e a secretar ian ã o t i n h a c o m o d a rapoio às gestantes quev ê m d a s l o c a l i d a d e smais distantes na horade ganhar seu bebê ,sendo muitas vezes de-tectadas nesse momen-to, complicações no par-to e à c r iança. Entãoa t r a v é s d o P r o g r a m aMãe é Vida e a Casa deApoio à Gestante, as grá-vidas são recebidas commuito conforto em umahora mui to sens íve l” ,aval ia a secretar ia desaúde de São Desidério,Marizete Bastos.Segurança - Com 79 m²

de área construída, oespaço é dotado de sala,cozinha, banheiro, trêsquartos, varanda, áreade serviço e totalmente

mobiliado, tem capaci-dade para receber atésete gestantes. Até o fe-chamento desta edição 79mães já haviam sido

assistidas pela casa. Umadelas, Divani dos Santosque deu a luz a CarlosEduardo. Mãe e filho pas-sam bem.

Mulheres são acolhidas com carinho e conforto na Casa de Apoio

06 São Desidério - BA - fevereiro de 2010

Ano novo, novas escolas

aula arejadas, cantina, di-retoria, sanitários e espa-ço para recreação. Todasfuncionarão pela manhã ea tarde com ensino funda-mental.

As escolas Geraldo Ro-drigues de Almeida, no po-voado de Currais e OvídioFrancelino de Souza, emPonte de Mateus oferece-rão para os alunos, labora-tórios de informática. Asescolas Henrique Vieira deBarros, em Almas e CasteloBranco, na sede, além do la-boratório de informática se-

rão equipadas com salas derecursos multifuncionaispara atender alunos com ne-cessidades educacionais es-peciais.Melhorias - Era comum emmuitas localidades do mu-nicípio a presença de esco-las pequenas construídaspróximas umas das outras.A infraestrutura era limitadaatendendo apenas a um nú-mero reduzido de alunos. Apresença de professores lei-gos era uma marca tradicio-nal entre elas. Uma soluçãoencontrada pela administra-

ção municipal foi construirprédios escolares em áreasestratégicas e centralizadas,como forma de atender atodas as localidades. A par-tir de 2003, com o aumen-to do número de alunos, asescolas passaram a ser nu-cleadas e o corpo docentecapacitado com formaçãoespecífica para cada série.

No povoado de Almasa nova estrutura vai substi-tuir um prédio pequenoque atendia às necessidadesda época em que foi cons-truído. A diretora Silvânia

Maria dos Santos Oliveiranão esconde as expectati-vas. “Antes era um colégioprecário, era um sonho dacomunidade de Almas. Essanova escola assinala novostempos para uma educaçãocom mais qualidade”

Situação parecida é ada Escola Castelo Branco.Fundada em 1966 e locali-zada no centro da cidade,atendia apenas duas turmaspor turno. As matrículas sem-pre foram muito disputadas.O espaço foi totalmente re-construído, o número de sa-

las, ampliado, e, conseqüen-temente, aumentando onúmero de turmas.Escola Modelo – Para esteano o governo municipaldará início à construção deuma escola que pelas di-mensões será consideradamodelo na sede do municí-pio com uma estrutura quenão deve se equiparar a ne-nhuma outra construída nooeste baiano. O projeto pre-vê biblioteca, laboratóriosde informática, quadra poli-esportiva e piscina olímpi-ca para aulas de natação.

Educação inclusiva é realidade nas escolasDesde março de

2009, 26 alunos com ne-cessidades educacionaisespeciais de visão, audiçãoe intelectual na sede ezona rural de São Desidé-rio recebem atendimen-to especializado.A iniciativa é da SecretariaMunicipal de Educaçãoque implantouo Atendimento Educacio-nal Especializado - AEE.

A proposta se antecipou àchegada das salas de recur-sos multifuncionais destina-das ao municípiopelo Ministério da Educação.

Localizado à rua Anto-nio Lopes de Menezes,13, nocentro da cidade, o AEE fun-ciona com um trabalho vol-tado para orientação e mo-bilidade, ensino do Braille eda língua brasileira de sinais- Libras. A professora Cristia-

ne Dias utiliza métodos erecursos como aulaspráticas para identificaçãodos sons, cheiros e saborese os alunos também apren-dem a superar os obstáculose participam de jogos.

“O AEE é de extremaimportância para o melhordesempenho dos nossosalunos com necessidadeseducacionais específicasem sala de aula, uma vez

que proporciona tudo aqui-lo de que eles necessitampara superar as limitaçõesimpostas pelas deficiências”,avalia Cristiane.

Mas o trabalho não serestringe entre as quatroparedes. Nas escolas da zonarural de Pontezinha, Mutam-ba, Sítio Novo e Derocal, alu-nos com deficiência auditi-va matriculados no ensinoregular participam, junta-

mente com a comunidadeescolar, de momentos de so-cialização dos conhecimen-tos aprendidos no AEE.

“Criamos a Coordena-ção de Educação Especial ea partir dessa sala de recur-sos estamos nos preocupan-do em fomentar essa ideia,de forma que o municípiojá dispõe de acompanha-mento às crianças com ne-cessidades educacionais es-

peciais nas escolas e aten-dimento em horário opos-to”, afirmou a secretária deeducação Cátia Alencar.

Neste ano de 2010outras seis escolas dasede e zonarural receberão salasmultifuncionais providasde equipamentos, mobi-liários, materiais didático-pedagógicos e recursosde acessibilidade.

Maquete da Escola Modelo que será construiída em São Desidério

Aos 31 anos LeníBarros exibe orgulhosaa bolsa que aprendeu afazer com o capim dou-rado e a palha do buri-ti. A história dela é pa-recida com a de outras40 pessoas que com-põem a Associação dosTrançadores da Palha doBuriti fundada em 2004no povoado de Ilha doVitor a 30 quilômetrosda sede de São Desidé-rio.

“Cresci observan-do os mais velhos traba-lharem com a palha,hoje o sustento vem doartesanato que desen-volvemos”, revela Leníque faz questão de en-sinar o ofício para a fi-lha. Até 2005 a únicamatéria-prima utilizadapela associação era apalha do buriti, todo omaterial produzido ti-nha características rús-ticas. A partir da parcei-ra entre a prefeitura eo Serviço Brasileiro deApoio às Micro e Pe-quenas Empresas (Se-brae) os moradores co-nheceram o capim dou-rado e receberam téc-nicas de como produzirmais e melhor.

Sustento que vem da natureza

Representantes doSebrae ensinaramcomo aperfeiçoar ediversificar a produçãopor meio de oficinastecnológicas de design,criatividade, padroniza-ção, embalagens e pre-ço, além de um treina-mento empresarial.Hoje a matéria primatoma forma de chapéus,bolsas, bijuterias, ces-tos, sofás, esteiras, por-ta-retratos, quadros etudo mais que a imagi-nação permitir.

Graças à força devontade de cada pes-

soa e ao apoio da Se-cretaria Municipal deMeio Ambiente e Turis-mo (Sematur), em cin-co anos várias mudan-ças foram realizadas nopovoado e na vida dosmoradores. As antigascasinhas de palha eadobe foram substituí-das por casas de con-creto, fator que possi-bilita mais conforto esegurança à população.Móveis, utensílios do-mésticos e meios detransportes foram ad-quiridos com a rendaque vem do artesanato.

E muita novidadeesta por vir, é o queafirma um dos fundado-res da associação, JoãoFrancisco Dias, “paraeste ano estamos pre-parando um novo pro-duto, o doce do buriti”.

A iguaria tem uma or-namentação toda espe-cial feita com partes daprópria planta.

João explica que acolheita da matéria-pri-ma é orientada por téc-nicos da Sematur, “sãoespécies nativas queprecisam de cuidadospor isso na época decolheita existe o acom-panhamento da secre-taria”.

Segundo o secre-tário de meio ambientee turismo, Demósthe-

nes Junior, o monitora-mento da colheita éuma preocupação como futuro da atividadeextrativista. “Essas pes-soas dependem desserecurso natural, assimorientamos sobre o ci-

O Projeto de Pre-servação e Recuperaçãodo Riacho do Lagamaresta mexendo com a ro-tina dos moradores deFurquilha e Sítio Novo a25 quilômetros da sedede São Desidério. Idea-lizado pela SecretariaMunicipal de Meio Am-biente e Turismo (Sema-tur) conta com a parce-ria da Universidade Es-tadual da Bahia (UNEB)e da Base Cerrado – ins-tituição que ofereceapoio à pesquisas no bi-oma e integra o Institu-

Projeto muda rotina de moradoresto do Meio Ambiente(IMA).

Desde o lançamen-to em novembro, váriasações foram iniciadas,entre elas o levanta-mento de espécies quecompõem a flora da re-gião do riacho, elabora-ção do Plano de Recu-peração de Áreas De-gradadas (PRAD), ativi-dades de educação am-biental com alunos daescola local e morado-res dos povoados,a construção de unida-des sanitárias nas casas

próximas ao riacho.A fiscal ambiental,

Biratânia Carvalho, ex-plica que o uso inade-quado da mata ciliar doriacho para necessida-des fisiológicas acarre-tava contaminação dire-ta do solo e das águasdo Lagamar. “A água dachuva leva os dejetospara o riacho, por issoa construção dos ba-nheiros é de suma im-portância”.

A construção de32 unidades já foi inici-ada em Furquilha. Unidade sanitária construida em Furquilha

Uma bolsa grande leva em média cinco dias de produção

A caixa ornamentada esconde a iguaria

Por Jackeline Bispo

07São Desidério - BA - fevereiro de 2010

clo de vida das plantas,a importância do plane-jamento na colheita erepassamos técnicas demanejo sustentável”.

Todo esse empe-nho faz o artesanato deSão Desidério ser reco-nhecido em diversasregiões do Brasil. Como apoio da secretaria aassociação já participoude feiras em Brasília,Belo Horizonte, Fortale-za e Salvador. A fibra dapalha de buriti é levadapara o Rio de Janeiro eutilizada pelo grupo es-pecial de escola desamba do Canta Galo,cordas trançadas vãopara Taubaté, em SãoPaulo e esteiras parauma fábrica de bolsasde Salvador.

Mas não para poraí. Lembra da Lení doinício desta matéria?Então, além de imple-mentar o sustento dafamília, ela agora tam-bém é instrutora e aju-da outras famílias aconstruir o futuro comas próprias mãos. Pes-soas das localidades deRoda Velha e Ponte deMateus vão até Ilha doVitor para aprender coma associação a utilizar anatureza sem destruí-la.

A partir deste mêsde fevereiro será reali-zado um mutirão para aconstrução de uma cer-ca em toda a cabeceirado Lagamar.

O cercado limita-rá a área de produçãoagrícola, uma das prin-cipais atividades degra-dadoras do riacho. Parao morador de Furqui-lha, Raulino Soares oprojeto trouxe espe-rança. “O Lagamar énossa fonte de vida,para recuperá-lo todoesforço vale a pena”.

08 São Desidério - BA - fevereiro de 2010