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editorial Débora e Marquinho CR Carta Mensal Queridos irmãos equipistas, Queremos saudar a todos e dizer da alegria por estarmos de volta aos nossos trabalhos. Desejamos encontrá-los com o mesmo espírito, para prosseguirmos nessa maravilhosa aventura permitida por Deus. Neste ano, nossa Carta terá uma bandeira nova, intitulada Ecos de Fátima, escrita por Graça e Eduardo, da Província Sul III. Eles nos trarão à lem- brança um pouco do que vimos lá e seus efeitos na vida equipista, pois a proposta lançada foi “Não tenham medo, saiamos...”. Em consonância com a nossa igreja trabalharemos dois temas: o Ano Missionário e o Sínodo para a Amazônia. Para o primeiro, Pe. Aerton Sales da Província NE I, em seu primeiro artigo, diz que a Igreja tem a missão de apresentar Jesus aos homens, dando a conhecer a sua pes- soa e exigindo de nós o testemunho. Para o segundo, Paulo Martins, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), nos esclarecerá sobre o Sínodo a partir do próximo número . Na bandeira Palavra do Papa, temos novos colaboradores, Rita e Fer- nando, da Província Norte. No artigo sobre o sentido cristão da liberda- de, o Casal Provincial Marilena e Jesus nos lembra que “Tudo me é per- mitido, mas nem tudo me convém”; precisamos discernir para agir, e o artigo do SCE da Província Norte diz que a política é o exercício do bem comum, por isso essa “é a melhor forma de fazer caridade”. Vale a pena ver e sentir pelos testemunhos a força do nosso Movimen- to! Com muito esforço e, portanto, merecedor de destaque, leiam so- bre a expansão para Porto Velho, sinal visível do amor de Deus e da mis- sionariedade dos casais. Finalizando, queremos recomendar a leitura do artigo do Pe. Vanzella, onde ele diz que a conversão e a Regra de Vida devem ser vistas a par- tir da sua dimensão propositiva, e não punitiva. Aqui foram deixadas algumas dicas, entretanto cada artigo, testemu- nho e reflexão são fontes inesgotáveis de vida e conversão, basta que abramos o coração para que Deus possa entrar através do que nos- sos irmãos nos partilham. Agradecemos mui- to as contribuições, desejamos uma excelen- te leitura e um ano de muito crescimento no amor de Deus. Com carinho. 1 CM 523

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Page 1: editorial - ENS · da vivência plena dos PCEs. Saiamos para servir, a partir da vivência plena dos PCEs. Por isso, deve-se promover e traba-lhar o sentido profundo da partilha do

editorial

Débora e MarquinhoCR Carta Mensal

Queridos irmãos equipistas,

Queremos saudar a todos e dizer da alegria por estarmos de volta aos nossos trabalhos. Desejamos encontrá-los com o mesmo espírito, para prosseguirmos nessa maravilhosa aventura permitida por Deus. Neste ano, nossa Carta terá uma bandeira nova, intitulada Ecos de Fátima, escrita por Graça e Eduardo, da Província Sul III. Eles nos trarão à lem-brança um pouco do que vimos lá e seus efeitos na vida equipista, pois a proposta lançada foi “Não tenham medo, saiamos...”.

Em consonância com a nossa igreja trabalharemos dois temas: o Ano Missionário e o Sínodo para a Amazônia. Para o primeiro, Pe. Aerton Sales da Província NE I, em seu primeiro artigo, diz que a Igreja tem a missão de apresentar Jesus aos homens, dando a conhecer a sua pes-soa e exigindo de nós o testemunho. Para o segundo, Paulo Martins, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), nos esclarecerá sobre o Sínodo a partir do próximo número .

Na bandeira Palavra do Papa, temos novos colaboradores, Rita e Fer-nando, da Província Norte. No artigo sobre o sentido cristão da liberda-de, o Casal Provincial Marilena e Jesus nos lembra que “Tudo me é per-mitido, mas nem tudo me convém”; precisamos discernir para agir, e o artigo do SCE da Província Norte diz que a política é o exercício do bem comum, por isso essa “é a melhor forma de fazer caridade”.

Vale a pena ver e sentir pelos testemunhos a força do nosso Movimen-to! Com muito esforço e, portanto, merecedor de destaque, leiam so-bre a expansão para Porto Velho, sinal visível do amor de Deus e da mis-sionariedade dos casais.

Finalizando, queremos recomendar a leitura do artigo do Pe. Vanzella, onde ele diz que a conversão e a Regra de Vida devem ser vistas a par-tir da sua dimensão propositiva, e não punitiva.

Aqui foram deixadas algumas dicas, entretanto cada artigo, testemu-nho e reflexão são fontes inesgotáveis de vida e conversão, basta que abramos o coração para que Deus possa entrar através do que nos-sos irmãos nos partilham. Agradecemos mui-to as contribuições, desejamos uma excelen-te leitura e um ano de muito crescimento no amor de Deus.

Com carinho.

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super-região

Campanha da Fraternidade (CF) e Quaresma são duas importantes rea-lidades que no Brasil se entrelaçam. Por isso, é importante bem enten-dê-las e como esse “entrelaçamento” acontece.

A Quaresma é o tempo favorável e itinerário fecundo que prepara toda a Igreja para a celebração dos Mistérios Pascais, ou seja, a superação da morte através da Ressurreição. Um tempo que nos ajuda a reconhecer a vida que vence a morte, “é a possibilidade de nos deixarmos tomar pelo amor do Crucificado e pela transformação do Ressuscitado” (Tex-to Base da CF 2019, 1).

Na Quaresma somos chamados à conversão, ou seja, a eliminar os sinais de morte (pecado) para celebrarmos consciente e coerentemente a vida (graça). Agora, não podemos esquecer que vivemos num mundo real e contextualizado, não num mundinho intimista criado por nós mesmos,

onde encaixamos Deus segundo a nossa vontade. Conver-

são pessoal implica em conversão social!

Campanha da Fraternidade na Quaresma combina?

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A sociedade também precisa de conversão e a CF é um instrumento valio-so para esta conversão. Cada ano são apresentadas situações que ferem a dignidade humana, sinais de morte dentro da sociedade que precisam de conversão. Sendo assim, a CF é uma campanha de evangelização fo-cada em um aspecto da vida social que “precisa de Ressurreição”.

Ultimamente, alguns grupos têm feito severas críticas à CF, argumen-tando que esta ofusca a espiritualidade própria da Quaresma. Aqui fal-ta clareza teológica, pois a campanha, na verdade, plenifica o sentido de conversão, acrescentando na dimensão pessoal a social. Isso evita o intimismo espiritual e chama o mundo a experimentar a Ressurreição.

Por outro lado, se existem grupos que no âmbito eclesial supervalorizam a CF em detrimento do tempo quaresmal, estão cometendo um equí-voco, pois a CF não quer ocupar o lugar da espiritualidade quaresmal, mas sim ser um elemento a mais nessa espiritualidade, que são as ca-racterísticas do caminho

Na busca de conversão, de transformação, a Igreja no Brasil oferece no tempo da Quaresma de 2019 às comunidades a realidade das políticas públicas, que são ações e programas desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos previstos na Constituição Federal e em outras leis. Elas visam, especialmente, pessoas que vivem marginali-zadas na sociedade e até excluídas. Vamos descobrir a importância de-las e como participar de sua elaboração, iluminando-as com o Evangelho.

Campanha da Fraternidade e Quaresma mais do que combinam, se complementam!

Pe. Paulo Renato F. G. CamposSCE Super-Região

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Queridos amigos equipistas,

Primeiramente gostaríamos de desejar um ótimo e abençoado ano a todos.

Um novo ano se inicia e o Movi-mento mais uma vez nos oferece grandes possibilidades de cresci-mento através do Tema de Estu-do e das Orientações para 2019. Vejamos:

Iniciando uma nova etapa de for-mação, o Movimento através do Encontro de Fátima nos apresenta a orientação geral que deverá nor-tear os nossos temas nos próximos anos de 2019 a 2024.

Sendo assim, em 2019 o tema Reconciliação - Sinal de Amor está baseado na parábola do Fi-lho Pródigo à luz do Evangelho de Lucas 15, 11-32. Esta foi qua-lificada como a obra mestra de todas as parábolas de Jesus, na qual o evangelista comenta situa-ções que encerram variadas atitu-des humanas e familiares, como a liberdade, a responsabilidade, a saudade, o retorno, a alegria, a festa, a reconciliação, a graça etc., que são traços universais da vida. E com o lema:

“Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos” (Lc 15, 20).Isso quer dizer que: Não podemos ser indiferentes ao convite que a Igreja e o Movimento nos fizeram repetidamen-te nos últimos anos, para que respon-damos de forma coerente como cor-responsáveis pela construção de um mundo guiado pelos valores que sus-tentam nosso caminho de fé, na graça sacramental de nossa conjugalidade.É por isso que a orientação geral para os próximos seis anos, “NÃO TENHAM MEDO, SAIAMOS...”, procura concretizar a nossa condi-ção de discípulos missionários, não como uma saída para a conquista de quilômetros ou números, não como uma saída para fazer proseli-tismo a fim de alimentar nossas vai-dades, senão como uma saída que o fogo do Espírito nos leva a tocar e a ajudar a curar as feridas de nossas periferias que podem estar fora e, até mesmo, dentro do Movimento. Esse sair não abandona nem negli-gencia, de modo algum, a nossa es-sência; pelo contrário, é uma saída que leva consigo tudo o que somos, que continua cuidando e cultivando este nosso Ser Equipista.

Orientações2019

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A orientação específica para o primeiro ano deste novo ci-clo é um convite para servir den-tro e fora do Movimento, sem ignorar nossas próprias fragilida-des, que também necessitam ser atendidas, e sem deixar de culti-var nosso caminho espiritual. A este respeito, somos encorajados pelas palavras do Papa Francisco, em sua recente Exortação Apostó-lica Gaudete et Exsultate:

“... Somos chamados a viver a contemplação mesmo no meio da ação, e santificamo-nos no exercí-

cio responsável e generoso de nossa missão” (GE 26).

A partir da animação que cada um de nós oferece em seu serviço, propomos três linhas de ação:

1. Saiamos para servir, discer-nindo.

2. Saiamos para servir, a partir da vivência plena dos PCE.

3. Saiamos para servir, conhe-cendo e divulgando.

Saiamos para servir, discernindo em nosso entorno os desafios que po-demos responder como Movimento. Viver a Missão a partir do nosso ca-risma, abordando os desafios so-bre os quais nos propomos a atuar, partirá sempre de três premissas:

a) Realizá-la em casal; b) Compartilhá-la em Equipe; c) Contando com o impulso e o

respaldo do Movimento. Há inúmeros desafios que podemos discernir dentro e fora do Movimento.Para dentro do Movimento: O crescimento que o Movimento al-cançou nos últimos anos nos deve questionar sobre vários pontos: • A nossa Província / Região / Se-tor tem sido uma parte ativa deste crescimento? • De que forma estamos incultu-rando a proposta das ENS para rea-lizar a expansão? • As nossas Equipes e os quadros de Casais Responsáveis vivem fiel-mente a pedagogia do Movimento? • Nossos quadros de Casais Res-ponsáveis possuem uma sólida for-mação? • Nossa Equipe e as Equipes do nosso Setor, Região, Província, Su-per-Região são verdadeiras Equipes de Nossa Senhora, onde se vivem o Carisma, a Mística e a Pedagogia com fidelidade?

Esta linha de ação não é apenas para os quadros de Casais Respon-sáveis; é uma revisão crítica e cons-trutiva do nosso “ser equipista”

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em todos os níveis do Movimento.Para fora do Movimento:Incentivar e formar na arte do acompanhamento, promovendo no-vas iniciativas e fortalecendo as já existentes. • Os primeiros anos de vida conjugal;• As etapas de crises e dificuldades;• As situações complexas deriva-

das de fracassos, abandonos e incompreensões;

• A preparação para o casamento;• As segundas uniões (novas núp-

cias);• As viúvas e os viúvos;• Os idosos. No Brasil já temos várias propostas que atendem a esse apelo como:• As Experiências Comunitárias,• As EJNS que trabalham com os

jovens onde temos casais acom-panhadores;

• As Comunidades Nossa Senhora da Esperança, que trabalham com viúvos, viúvas e pessoas sós;• O “Crescer no Amor”, que tra-balha com casais que coabitam e não têm o sacramento do matri-mônio também acompanhados por casais equipistas;• A Pastoral Familiar, que atua com os jovens casais, preparação para o matrimônio e casais de segunda união, com cerca de 75% de casais equipistas atuando.E em todos esses serviços neces-sitamos de muitos operários ain-da. Devemos incentivar sempre, particularmente esse ano, a as-sumirem, na medida do possível,

sua missão junto das respec-tivas comunidades, particular-mente na Pastoral Familiar, a partir da vivência plena dos PCEs.Saiamos para servir, a partir da vivência plena dos PCEs.Por isso, deve-se promover e traba-lhar o sentido profundo da partilha do PCE na Reunião de Equipe. Na prática dos PCEs e na dinâmica da participação, aceitamos Cristo, per-mitimos que Ele nos envolva, para poder ser seu testemunho ao sair. É um propósito concreto des-te ano: fortalecer a vivência da partilha.Neste ano iremos dar maior ênfase ao PCE Regra de Vida.Saiamos para servir, conhecen-do e divulgando.A riqueza que o Movimento sem-pre colocou ao nosso alcance deve ser disseminada, aproveitada e co-locada em prática, fazendo-a che-gar a todos os equipistas de base. Como podem ver, temos muito a fazer e a crescer na fé e na espiri-tualidade.

Mãos à obra.

Afetuoso abraço.

Lu e NelsonCR Super-Região

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Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica:

I. Liberdade e responsabilidade

1731. A liberdade é o poder, radicado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de fazer isto ou aqui-lo, praticando assim, por si mesmo, ações deliberadas. Pelo livre arbítrio, cada qual dispõe de si. A liberdade é, no homem, uma força de crescimento e de matura-ção na verdade e na bondade. E atinge a sua perfeição quando está ordenada para Deus, nossa bem-aventu-rança.

1732. Enquanto se não fixa definitivamente no seu bem último, que é Deus, a liberdade implica a possibili-dade de escolher entre o bem e o mal, e, portanto, de crescer na perfeição ou de falhar e pecar. É ela que ca-racteriza os atos propriamente humanos. Torna-se fon-te de louvor ou de censura, de mérito ou de deméri-to. (terceira parte - a vida em Cristo; artigo 3, parágrafo:1731 e1732)

Liberdade atualmente é defendida como uma bandeira, cada seg-mento utiliza-a para defender seu ponto de vista, sem se importar com as consequências e negando aos outros o direito de ter uma opinião diferente. Portanto, o respeito ao próximo, sua liberdade de escolha, que é um dom de Deus para o ser humano, é negado, e os conflitos, as guerras e toda espécie de violência ganham for-ça e destaque.

O SENTIDO CRISTÃO DA LIBERDADE“É para a liberdade

que Cristo nos libertou.”

O que é liberdade?

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Quando pensamos em casamento e liberdade, isso ga-nha ar de piada, sempre associando o casamento com a per-da da liberdade. Então os casais cristão casados têm o de-safio de construir seu casamento com essa liberdade cristã. O primeiro passo é ter a consciência de que estar casado não significa estar preso, que ao receber o sacramento do matri-mônio o casal é abençoado, e tem a liberdade de levar Jesus Cristo para seu casamento, e a partir daí começar a construir esse cami-nho. Com discernimento, com oração, com a Eucaristia, buscan-do sempre entender que agora não é um, são dois que precisam ter suas opiniões, suas ideias respeitadas, partilhadas e as decisões tomadas para o bem comum daquela pequena comunidade cha-mada CASAL.

A liberdade dentro de um casamento é construída no dia a dia, e não é determinada somente por um dos cônjuges. Os dois preci-sam ser ouvidos, e com pequenos gestos de amor e solidarieda-de irão dando forma e fortalecendo seu matrimônio, lembrando essa frase de São Paulo:

“Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém” (I Cor 6, 12).

Assim, os casais vão exercitando a convivência, criando em seu lar a confiança que irá trazer a segurança para viverem a verdadeira liber-dade cristã, aquela que é baseada na busca e no conhecimento de Jesus Cristo.

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

Toda liberdade é um processo de escolha, toda escolha traz consequên-cias, temos de respeitar a individualidade de cada um! Somente assim se constrói a liberdade a dois, pautada pelo amor-responsabilidade, é no convívio com o outro que nossa liberdade e a do outro é exerci-da. Em nome da verdadeira liberdade cristã, faz-se necessário sem-pre um caráter profético para que o valor do sacramento do matri-mônio não seja uma piada de mau gosto, mas respeitado pela sua grandeza, por ser um sinal do amor de Deus pela humanidade.

Outro ponto muito importante sobre a liberdade nos casamentos é a criação dos filhos. Hoje, pelo excesso de informação disponível, é mais importante do que nunca a presença dos pais. Os filhos pre-cisam ter um direcionamento e acompanhamento. Eles precisam crescer com boa base, com valores cristãos, pois o mundo é com-petitivo e ensina que o mais importante é TER.

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Voltemos nosso olhar para a parábola do Filho Pródigo:

“Um homem tinha dois filhos; e o mais novo deles disse ao pai:

‘Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde’. E ele repartiu a herança”

(Lucas 15, 11-12).

Aqui, sempre que lemos essa passagem, nosso primeiro pensamen-to é o FILHO! Pensamos que filho ruim, ingrato, que pede a sua parte da herança com o pai ainda vivo... Mas vamos olhar o PAI. Ele respeitou a liberdade de escolha do filho, mesmo sentindo a dor e a tristeza pela atitude dele, permitiu que fosse viver a sua liberdade de escolha. Isto porque o PAI tinha plena consciência de que edu-cou e ensinou todos os valores para seus filhos. Inclusive, ensinou o valor da liberdade, e sendo um PAI misericordioso, um PAI justo dei-xou seu filho partir e viver as consequências de sua escolha.

E quando esse filho volta arrependido, qual foi a atitude do PAI? Foi de acolhida, de alegria, de perdão, de misericórdia. É uma atitude plena de liberdade. Assim que esse PAI viu seu filho se aproximan-do, foi ao seu encontro e não esperou... ele deu o primeiro passo: eu não te julgo, meu filho amado!

Esse é o verdadeiro sentido da liberdade cristã, e serve para o nosso casamento, serve para a criação de nossos filhos, para a vida de nossas equipes, para nossa vida. Que esse exemplo do PAI, possa nos inspirar a viver a liberdade como verdadeiro dom de Deus.

Para finalizar, lembremos o parágrafo de uma conferência feita no Encontro de Fátima 2018: “O sentido cristão da liberdade do Cardeal Ricardo Blázquez”:

Esta forma de liberdade para amar é a vitória sobre a lei e o pecado. O amor cristão, cuja fonte incessante é o Espírito de Jesus Cristo, entregue por nós e vivo para sempre, imprime sua originalidade no matrimônio cristão (Ef. 5, 21 ss.).

Marilena e JesusCRP - Norte

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Quaresma:

Tempo de Conversão

Todos os dias, ao longo dos anos, vivenciamos um tempo que con-sideramos importante na Litur-gia da Igreja que é a Páscoa do Senhor. Um evento continuado, experimentado, vivido ao longo dos séculos, que é a vitória de Cris-to sobre o pecado e a morte. Des-de a criação Deus desejou que a humanidade tivesse um privilégio entre as criaturas. Deus nos fez à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,27), mas por ocasião do pecado de Adão e Eva rompeu-se o fio que nos ligava a Deus que podemos chamar de eternidade. Mesmo as-sim, Deus não desistiu de nós.

Desde a Antiguidade, de vários modos e em várias ocasiões, Deus se aproxima da humanidade por meio dos profetas e, no tempo oportuno, por meio de seu Filho, Jesus Cristo. Se o tempo do Adven-to nos prepara para a chegada de Jesus, também o tempo da Quares-ma nos prepara para o maior even-to da nossa fé: a Páscoa.

Advento e Quaresma são tempos diferentes, porém identificados pela cor roxa. Um nos prepara para o Natal e o outro para a Páscoa. O roxo é uma cor fechada que faz

a pessoa voltar-se para si mesma, transmite uma sensação de tristeza e introspecção, mas por outro lado estimula o contato com o espiri-tual. Faz com que a humanidade se reconheça pecadora, imperfei-ta, fraca, mas com a esperança de se refazer. Na verdade, não é o pe-cador que se autodestrói, porque dentro de si tem uma luz de espe-rança. É um pecador curvado pelo pecado, mas que confia na miseri-córdia, que tem a certeza de que é amado, acolhido e perdoado.

Quaresma no Calendário Litúrgico é um período de quarenta dias que antecede a maior Celebração do Cristianismo: a Ressurreição de Jesus Cristo, que é comemo-rada todos os domingos do ano. A Quaresma começa na Quarta--feira de Cinzas e vai até o Do-mingo de Ramos. É um tempo forte de conversão, quando cris-tãos no mundo inteiro são con-vocados a fazer a experiência de uma vida mais voltada para Deus. Neste período, a Igreja no Brasil nos propõe a Campanha da Fra-ternidade desde 1962 com temas que exigem de nós um gesto con-creto de conversão.

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Este ano a Campanha da Frater-nidade traz como tema: “Frater-nidade e Políticas Públicas” e o lema: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27). Tem como objetivo aprofundar o que são as “Políticas Públicas” enquanto ga-rantidoras de direitos. É um tema bastante pertinente para o nosso tempo, visto que em nossa socie-dade os mais pobres continuam cada vez mais privados de direitos básicos como emprego, alimenta-ção, moradia, saúde e educação.

O Papa Francisco nos tem chama-do a atenção para uma realidade que está submersa em nosso mun-do atual que são as periferias exis-tenciais. Ele nos lembra constante-mente que a política é o exercício do bem comum, “é a melhor for-ma de fazer caridade”. Das deci-sões políticas dependem milhões de pessoas. Não se faz política para beneficiar grupos ou partidos iso-lados. A política deve considerar o que é bom para todos.

As Políticas Públicas não têm a ver diretamente com cargos públicos, embora estes devam estar a servi-ço da população em geral. Políti-cas Públicas visam garantir os di-reitos das pessoas de exercer sua cidadania, participando das deci-sões importantes de seu bairro e de sua cidade. Perguntamos a nós mesmos: Como está a situação do nosso país quanto aos direitos dos cidadãos? Aqui entra o que cha-mamos de conversão, mudança de atitudes ou transformação.

A proposta da Igreja para a vi-vência deste tempo quaresmal é sempre o jejum, a esmola e ora-ção como exercícios que nos aju-dam a experimentar a misericórdia e a graça divina da parte de Deus e a nossa fragilidade humana mer-gulhada neste amor que nos reno-va, nos ressuscita e nos faz viver de novo. A Quaresma é prepa-ração para o evento mais im-portante da nossa fé cristã, por isso precisamos viver com intensidade a escuta e a me-ditação da Palavra de Deus que nos ajudam neste proces-so de formação e conversão.

Muitas pessoas fazem alguns pro-pósitos para viver melhor o tem-po da Quaresma de modo peni-tencial, estabelecendo como regra de vida determinadas metas. Por exemplo: não tomar cerveja, não comer doces, não falar palavrão, etc. É um exercício válido, mas desde que estes os levem a uma mudança de vida. Ser sóbrios, pru-dentes, piedosos, pacientes, mo-derados, caridosos, misericordio-sos são deveres cristão para todos os tempos litúrgicos. A Quares-ma é este tempo forte para fazer-mos a nossa parte, por que Cristo fez a Dele: ”Se fez carne e habi-tou entre nós” (Jo 1,14), venceu o pecado e a morte, para que pu-déssemos também ressuscitar.

Pe. Severino Isaias de Lima, sjcSCE Região Norte I

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“Grande é o mistério da fé”. Esse mistério exige, pois, que os fiéis Nele creiam, celebrem-No e Dele vivam numa relação viva, pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Essa relação é a oração.De acordo com Santa Tereza do Menino Jesus, “a oração é um im-pulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de re-conhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria”.

“A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes” (São João Damasceno). A humildade é o funda-mento da oração, é a disposição para receber gratuitamente o dom da oração; o homem é um mendigo de Deus, como disse Santo Agostinho.De onde vem a oração humana? É o coração que reza. Se ele está longe de Deus, a expressão da oração é vã.A oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem; brota do Espírito Santo e de nós, totalmen-te dirigida para o Pai, em união com a vontade humana do Filho de Deus feito homem.Deus é o primeiro a chamar o homem. Ainda que o homem esqueça seu criador ou se esconda longe de sua face, ainda que corra atrás de seus ído-los ou acuse a divindade de tê-lo abandonado, o Deus vivo e verdadeiro chama incessantemente cada pessoa ao encontro misterioso da oração. Essa atitude de amor fiel vem sempre em primeiro lugar na oração; atitude do homem é sempre resposta a esse amor fiel. À medida que Deus se reve-la e revela o homem a si mesmo, a oração aparece como um recíproco ape-lo, um drama de aliança. Por meio das palavras e dos atos, esse drama en-volve o coração e se revela através de toda história da salvação. Concluindo, a oração vem do íntimo da pessoa humana, na sua humildade, pois é aí que Deus se revela. Ele nos procura antes de nós o procurarmos, portanto a oração é uma relação de aliança entre Deus e o homem. A ver-dadeira oração nos leva a uma relação íntima com Deus. A intercessão por meio da oração se revela por toda a história da salvação até hoje.(Retirado dos escritos no Catecismo da Igreja Católica, edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1999, p. 657-659)

Sonia e EiytiCasal Intercessor Nacional

A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ

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BEM-ESTAR DA FAMÍLIAÉ DECISIVO PARA O FUTURO DO MUNDO

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O círculo da família é uma conexão de amor e alegria e é importante para a Igre-ja e para o mundo. A ligação do Pai, do Fi-lho e do Espírito Santo é feita pelo amor. Papa Francisco fala de um amor que gera uma revolução de tendências, do círculo de amor protegendo a vida. O amor co-necta a vida, desde um embrião huma-no até o cuidado com a casa comum. O amor nos conecta com a fé e com o amor de Deus. Na família é onde aprendemos o que é amor e aprendemos a amar, apren-demos o respeito entre gerações, apren-demos a nos doar, aprendemos a rezar, somos catequisados. Na família o amor se multiplica. A família é a Igreja domés-tica e a Igreja é comunhão de fé e vida. A Igreja deve ensinar seu rebanho, assim como o pai e mãe devem ensinar seus fi-lhos. Na família também descobrimos como podemos estar conectados com a sociedade, aprendemos a viver em so-ciedade. A família é a primeira e funda-mental célula da sociedade. O futuro do mundo e da Igreja passa pela família. O evangelho da família nasce quando Deus enviou seu filho para o seio de uma famí-lia que o aceitou, que o criou e ensinou, uma família que começou pela união de um homem e de uma mulher. Alguns cris-tãos fazem pressão para que Igreja acei-te certos conceitos, como o aborto, acu-sam a Igreja de ser excludente. Temos o desafio de comunicar a esses cristãos cla-ramente a alegria da família criada por Deus, pelo seu amor. Sem amor não há conexão, a família se desfaz. Nós procla-mamos o evangelho da família porque acreditamos e vivemos em família e isso nem sempre é fácil de comunicar, mas

depende de todos nós. Ainda existem em muitos lugares casamentos arranjados, casamento sem compromissos, e mul-timaritais. Isso fere o princípio de amor no círculo da família. Temos que promo-ver debates sobre o futuro da família no mundo, o futuro das famílias, são as famí-lias que devem tomar essa missão. Os es-cândalos dos abusos na Igreja ofuscam a boa nova do evangelho da família de for-ma que o testemunho e atuação do lei-go cristão nesse momento é essencial. A família merece uma especial atenção dos governantes, pois são responsáveis pela educação e bem-estar da sociedade, te-mos que exigir isso. Acreditamos que o instituto da família suporta e ajuda a so-ciedade, e é mais que uma unidade eco-nômica, é um espaço para crescimento e ensino. Todos os exemplos que temos na família de perdão, ética, convivência, ab-negação, aprendizado, amor ajudam a criar uma sociedade humanizada e me-nos cruel. O círculo do Deus da vida e do amor se constrói na família.

Adaptado da conferência do Arcebispo Eamon Mar-tin, presidente da Conferência dos Bispos da Irlanda, no Encontro Mundial das Famílias 2018 por

Cristiane e BritoEq. N. S. Auxiliadora

São José dos Campos-SP

encontro mundial das famílias

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Não tenham medo,

Saiamos!Era uma vez... um cão caçador, que estava deitado sonolento, na sombra de um loureiro, com o lombo acomodado na escora da ár-vore. Ao abrir os olhos, viu uma lebre fuçando um canteiro. Ime-diatamente, empinou as orelhas, farejou a brisa, esticando a cau-da, e levantou num salto. A lebre, sentindo o perigo, pôs-se a correr, perseguida pelo cão, que rosnava e latia. Ambos vararam cercas, cruzaram estradas, atravessaram o povoado numa perse-guição ininterrupta. Quando passaram pela praça, os outros ca-chorros, que estavam ali sem fazer nada, viram apenas o amigo la-tindo, naquela desabalada carreira, e saíram correndo atrás, sem entender a razão da correria; mas, como não viram a lebre, que passou veloz demais, foram, aos poucos, desistindo de acompa-nhar o cão amigo. Ele, porém, continuava, cada vez mais obstina-do, com ganas de pegar a lebre, e nada o detinha, nem aramados, nem banhados, nem espinheiros, perseguia-a com determinação.

Iniciamos com esta historinha, para ilustrar a diferença que há en-tre o agir de quem sabe o que busca na vida e o de quem se agita sem ter uma meta definida a atingir. Quem não tem a percepção do fim a ser alcançado fatalmente desiste pelo caminho. Para que tenhamos o ímpeto necessário para desempenhar nossa missão, é preciso “enxergar a lebre”, ou seja, é indispensável ter a gana de atingir uma determinada finalidade. É o apetite de saciarmo-nos com aquele bem da vida que nos impulsiona com perseverança.

O XII Encontro Internacional, em 2018, foi um grande convite para agir, de acordo com nossa vocação de cristãos casados, res-

ecos de fátima

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peitando a liberdade e criatividade pessoal dos membros das ENS, chamando-nos e encorajando-nos a sair, sem medo, em missão, não através de iniciativas isoladas, mas valendo-nos da pedagogia de formação e da estrutura organizacional do Movimento. Num processo de discernimento que nos aponte os desafios e carências deste mundo, sabendo o que seguir, poderemos dar respostas po-sitivas como Movimento.

Por isso, a orientação geral do Encontro de Fátima para os pró-ximos seis anos: “NÃO TENHAM MEDO, SAIAMOS...”. E, em cada um dos próximos anos, teremos uma orientação específica, que nos animará a enfrentar os desafios dentro e fora do Movimento, dando-nos um enfoque próprio. Assim, para 2018-2019: “Saiamos para servir, assumindo nossas fragilidades”.

Nosso desafio, nesta nova aba da Carta Mensal, é fazer vibrar es-ses ecos do Encontro de Fátima, durante o ano de 2019, debru-çados, especialmente, nas magníficas meditações do Padre José Tolentino Mendonça, hoje Arcebispo português, com as quais acordava em nós, todas as manhãs, a sede de desvendar o tesou-ro espiritual de cada jornada, ao início dos trabalhos, na Basílica da Santíssima Trindade.

Como disse Saint-Exupéry, por ele citado no livro “Elogio da Sede”: “Se quiseres construir um navio, não comeces por dizer aos operários para juntar madeira ou preparar as ferramentas; não comeces por distribuir tarefas ou por organizar a atividade. Em vez disso, detém-te a acordar neles o desejo do mar distante e sem fim. Quando estiver viva esta sede, meter-se-ão ao trabalho para construir o navio”.

Graça e EduardoEq. N. S. do Bom Conselho

Porto Alegre-RS

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igreja católica

ANO MISSIONÁRIO

A IGREJA É MISSIONÁRIA DESDE O BERÇO

“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edi-ficarei a minha Igreja” (Mt 16, 18).

A resposta de Pedro, em nome da comunidade dos Apóstolos, dei-xou Jesus satisfeito e o fez tomar a decisão de escolhê-lo como che-fe da nova Comunidade/Igreja que fundou. Exatamente a partir das reações dos seus ouvintes Jesus toma a decisão de fundar a Igreja.

“No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?” (Mt 16, 13).

Assim compreendemos que a Igreja tem a missão de apresen-tar Jesus aos homens; esclare-cer, orientar, tornar conhecida sua mensagem, seus ensinamentos e mandamentos. Isto é evangelizar. Levar Jesus a toda a humanida-de. Em sua despedida, o mesmo Jesus, seguindo para o céu, deixa aos discípulos esta tarefa:

“Ide, pois, e ensinai a todas as nações” (Mt 28, 19).

Daí concluímos que essencial-mente a Igreja é missionária. Ela foi instituída para evangelizar. Os Apóstolos e primeiros discípulos fi-caram tão convencidos desta tare-fa que se espalharam pelo mundo,

enfrentaram perseguições, supe-raram dificuldades internas e ex-ternas e deram testemunho. Con-firmaram a palavra do Mestre:

“Sereis minhas testemunhas... até os confins do mundo” (At 1,8b).

Assim se deu nas comunidades primitivas, nas perseguições dos imperadores romanos, na reorga-nização da Igreja, a partir da con-versão de Constantino, nas des-cobertas dos novos continentes, quando o Evangelho atravessou os mares, na revolução industrial e no avanço tecnológico que en-frentamos nos dias atuais. Cada período com seus desafios, suas exigências e necessidades.

Os cristãos, iluminados pelo Espíri-to Santo, souberam responder aos apelos do mundo e corresponder ao envio do Senhor.

“Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força” (At 1, 8a).

Se a Igreja deixar de evangelizar, deixará de cumprir sua missão.

Pe. Aerton Sales da CunhaSCE da Eq. N. S. de Fátima

Setor E - Natal-RN

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Anunciar Cristo de forma que as pes-soas creiam com o nosso testemunho, nos chama o Papa Francisco, na Homi-lia da Missa de 30/11/2018, na Casa Santa Marta. Destacou que a fé provém da escuta e a escuta diz respeito à Pa-lavra, daí a importância do “anúncio do Evangelho”, de que “Cristo nos salvou, de que Cristo morreu e ressuscitou por nós”. Disse que não se trata de um tra-balho de publicidade, proselitismo ou marketing. É, antes de tudo, ser envia-do “à missão”, fazendo entrar “em jogo a própria vida”. E usou um ditado ar-gentino, “colocar a própria carne sobre o fogo”, isto é, colocar-se em jogo.

Esta viagem, de ir ao anúncio, arriscando a vida, tem somente passagem de ida, não de volta. Voltar é apostasia. Conclamou o Papa à “coerência entre a palavra e a própria vida: isso se chama testemunho”. Anunciar Cristo com o testemunho!

Falou ainda que o apóstolo, o anuncia-dor, “aquele que leva a Palavra de Deus, é uma testemunha”, que nós devemos fa-zer-nos testemunhas: fazer aquilo que di-zemos. E isso é o anúncio de Cristo. Com o batismo, assumimos “a missão de anun-ciar Cristo”: vivendo como Jesus “nos en-sinou a viver”, com coerência, “em har-monia com aquilo que pregamos”.

Diz o recente documento das ENS, “Vo-cação e Missão”, pág. 8: “Todo cristão, pelo fato de seu batismo e pela sua con-firmação, deve contribuir para o cres-

cimento da Igreja. Mas o casal cristão deve nela empenhar-se de uma maneira específica, insubstituível. O primeiro as-pecto desta missão apostólica é o de fa-zer conhecer Deus, de proclamar o Seu amor. [...] O Padre Caffarel via já nes-ta missão uma resposta ao desafio lan-çado aos cristãos para combater o ate-ísmo que se apodera do nosso mundo”.

Desde o começo as Equipes pensam, e agem, assim. Na Ata da Primeira Reu-nião de Equipe, cujos 80 anos comemo-ramos no último dia 25 de fevereiro, foi registrada essa preocupação com o tes-temunho, enfatizando “a necessidade de se manter a porta do lar aberta, para, assim, propiciar a oportunidade de com-partilhar com outras pessoas experiên-cias e vivências que permitam, tanto a quem dá como a quem recebe, crescer permanente e saudavelmente no amor” (Padre Caffarel, “Centelhas de sua Men-sagem”, pág. 12).

No Tema de Estudo/2018, página 32, Tó e Zé Moura Soares arrematam: “O principal aspecto da missão de um ca-sal cristão deve ser mostrar ao mundo a novidade de suas experiências [...] com o testemunho de um compromisso res-ponsável e com uma vontade renovada de abrir-se com generosidade e humil-dade a uma vida frutífera.”

Rita e FernandoEq. N. S. de Guadalupe

Belém-PA

Palavra do Papa

Anunciar Cristo com o

testemunho!

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vida no movimento

Graças ao Bom Deus, na Província Sul III, ci-dade de Caxias do Sul, Região RS I, fo-ram realizados de 9 a 11 de novembro a Reunião da Equipe da Super-Região Bra-sil e o Encontro com os Equipistas das Re-giões RS I e RS II.Para nós da Equipe da SRB, que alegria poder compartilhar este importante momento com os irmãos desta Província e em especial desta querida Região.Sempre que estamos longe de casa a serviço do Movimento, de uma forma doce e sobre-tudo acalentadora como um abraço de Mãe, recordamos nosso querido Padre Caffarel:

“Quando chegamos a uma cidade desconhecida, a um porto, a uma estação, a um aeroporto, e não há ninguém ali para nos esperar, apodera-se de nós uma sensação de desamparo.

Ao contrário, se somos acolhidos por um semblante sorridente, se mãos se es-tendem em nossa direção, nos sentimos maravilhosamente reconfortados, li-vres da cruel impressão de estarmos perdidos, extraviados.

Que importam, então, os costumes, a língua, e toda essa enorme cidade des-concertante? Suportamos perfeitamente ser estrangeiros para todos, desde que sejamos um amigo para alguém.

Quão reconfortante é, também, descobrir, na casa de quem nos hospeda, que eles estavam nos esperando. Os pais e os filhos não necessitam dizer muitas coisas para que o adivinhemos: basta sua acolhida, bastam seus cuidados co-nosco. E, então, em nosso dormitório, umas flores e aquele livro de arte, porque conhecem nossos gostos, acabam de nos convencer disto.”

Foi assim que nos sentimos durante estes dias, esperados! E como é bom ser esperado! Este foi o sentimento de tudo o que vivemos na Região RS I e de forma especial ressaltamos a noite de sábado quando, ao nos encontrarmos com os equipistas no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, celebramos a Missa e depois fomos agraciados com um belo e muito bem preparado momento de confraternização.Por todo este carinho recebido, por esta acolhida fraternal, agradecemos nos-sos queridos Marli e Orlando, Casal Responsável da Região RS I, Pe. Remi, SCE

Reunião da Equipe da SRB e Encontro com os Equipistas RS I e RS II

vida no movimento

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da Região, nossos queridos Casais Responsáveis de Setor e todos os casais que contribuíram para que tudo fosse tão bem preparado para acolher a Equipe da Super-Região Brasil.Com o mesmo carinho, agradecemos a todos os Casais e Sacerdotes, que num ges-to de generosidade aceitaram o convite para ali estarem e conosco celebrar. Nosso carinho também aos irmãos que, por algum motivo, não puderam se fazer presente.Que Deus os abençoe fazendo com que o amor de vocês ao Movimento e o servi-ço prestado à Igreja frutifiquem e contribuam para que o Seu amor possa adentrar a outros lares, outras famílias.

“Quero convidá-los a fazer o que for necessário para que a espiritualidade con-jugal e familiar que vocês buscam nas Equipes de Nossa Senhora chegue aos casais que os cercam, fortaleça sua união que talvez esteja trincando, reanime seu amor, lhes revele as riquezas do sacramento do matrimônio.” Pe. Caffarel

Gratos a Deus por nos permitir mais este presente de pertença às Equipes de Nossa Senhora, encerramos novamente recorrendo ao Pe. Caffarel:“Essa é a minha alegria: de ver que aquele pequeno número de equipes que encontrei no Brasil há quinze anos tornou-se um número tão grande e manteve a mesma con-fiança. Por isso vos digo a única coisa que aprendi em português: Muito obrigado!”

Deus os abençoe!Com Carinho, Oração e Gratidão,

Adriana e Hudson Pe. Antônio JúniorCRP Sul III SCE Sul III

Expansão para Porto Velho

ENS: SINAL DO AMOR DE DEUS

Foi com o coração cheio de gratidão e alegria, que no dia 7 de setembro de 2018 iniciaram-se três grupos de Experiência Comunitária em Porto Velho-RO, estado ainda sem a presença das ENS.Para que isso acontecesse, contamos com o desejo dos casais que tinham sido equipistas e almejavam continuar a caminhada nas ENS e a audiência com o Bis-po da Arquidiocese, Dom Roque, que nos recebeu com muito carinho e nos auto-rizou levar as ENS para Porto Velho.A partir daí, com a ajuda dos casais conseguimos reunir um número suficiente de casais para formarmos três grupos de Experiência Comunitária. Dois casais de Ma-naus deram SIM para a missão de conduzir essas experiências, e hoje já estão na

PROVÍNCIA NORTE

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quinta unidade. Os grupos estão com-pletos com sete casais e dois já têm sa-cerdote acompanhando, tudo isso sinal do amor de Deus para os casais. Estamos no início de uma caminha-da, um projeto de expansão que a Super-Região acolheu com muito carinho, e assim estamos aos poucos construindo mais um nó na rede das ENS no Brasil que foi o desejo do Padre Caffarel. Rezemos para que essa semente planta-da dê muitos frutos e a espiritualidade conjugal seja uma realidade em cada lar, do nosso imenso Brasil. Magnificat!

Marilena e Jesus CRP Norte

PROVÍNCIA NORDESTE I

“O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11).

REGIÃO CEARÁ I

ENCONTRO DE EQUIPES EM CAMINHO

Aconteceu nos dias 10 e 11 de novembro, no Santuário Mãe Rainha – Ubaja-ra-CE, o Encontro de Equipes em Caminho, com a participação de 21 casais. A formação foi conduzida pela Equipe de formadores da Formação Permanente - Província Nordeste I. Foi muito participativo, casais bastante envolvidos e ani-

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mados, com ricas partilhas de grupo, emocionantes testemunhos do crescimento pessoal, conjugal e especialmente em equipe que tiveram oportunidade de viver através da reflexão do caminho dos Discípulos de Emaús no EEC.

Liliana e EdsonCRR CE I

Encontro de Equipes Novas – EEN

Fortalecendo a Expansão Sustentada no Sertão de Pernambuco

PROVÍNCIA NORDESTE I I

O Sertão de Pernambuco encontra-se em festa! Celebra a grandeza de conhe-cer e aprofundar a vivência do Carisma e Mística do Movimento, com a formação de conclusão inicial através do EEN na

cidade de Arcoverde, considerada a por-ta do Sertão pernambucano. Para o en-contro, contamos com a participação de 37 casais e três Conselheiros, nos dias 24 e 25 de novembro de 2018.

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Falar do Sertão pernambucano é destacar a grandeza de um povo acolhedor, que na superação dos desafios da Região não mede esforços e determinação para se-rem mensageiros do Evangelho às demais cidades circunvizinhas, para proporcionar a todos a experiência com Cristo e o co-nhecimento do Pai através da metodolo-gia do Movimento. Assim, foi celebrada a conclusão desta etapa de formação ini-cial. Os casais renovaram o compromis-so de ser equipista, tendo estampado na

face o desejo de viver intensamente o ca-minho chamado pelo Senhor, “Vem e Se-gue-me”! Impulsionados e provocados pelos Conselheiros daquela Região, Pe. Adeildo em sua afirmação e confiança na metodologia do Movimento, Pe. Pedro na doçura e compreensão de estar aten-to à realidade das famílias do Sertão e Pe. Rogério com a experiência de vivência das Equipes de Nossa Senhora em outros estados do Brasil, fortalecendo e ade-quando às realidades Regionais.

Aconteceu nos dias 1 e 2 de dezembro, em Morrinhos-GO, o Encontro de Equi-pes Novas do Setor Goiatuba/Panamá, que pertence à Região Goiás Sul. Parti-ciparam 23 casais, das cidades de Morri-nhos, Goiatuba, Panamá e Bom Jesus. Foi um proveitoso momento de formação, in-formação e troca de experiências, na qual aqueles casais, jovens nas ENS, puderam reafirmar seu “SIM” ao Movimento. A di-nâmica para apresentação dos módu-los, as reflexões e estudo em grupos mis-tos foi o grande diferencial. Os casais das

equipes organizadora e de formadores numa alegria em servir, que nos enchia de esperança. Agradecemos a Deus pela acolhida carinhosa, tudo perfeitamente colocado à disposição de todos, em espe-cial a estes casais novatos, desejosos de caminhar nas Equipes de Nossa Senhora. Que Nossa Senhora abençõe a todos nós e siga abrindo caminhos para nossa ca-minhada de fé.

Eliana e ValterCRS Goiatuba/Panamá

Goiatuba-GO

PROVÍNCIA CENTRO-OESTE

EEN

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“Vinde e Vede” (Jo 1,39). O que vimos e vivemos nos marcou com sinais indelé-veis, nesse Encontro de Formação. Ao che-garmos à Escola Técnica de Eletrônica em Santa Rita do Sapucaí-MG, na tarde-noite chuvosa do dia 14 de setembro de 2018, algo inefável se passou em nossas vidas. Não somos “marinheiros de primeira viagem”. Temos uma longa caminhada na Igreja e no Movimento. Tudo foi ensi-namentos, testemunhos, encontros e es-peranças renovadas nas promessas do Reino, trazidos pelos casais dos mais di-ferentes recantos de Minas, vindos como os pastores e os Reis Magos em busca da manjedoura humilde e da luz origi-nal nela depositada. O encontro foi pre-parado com esmero: as acomodações, os palestrantes, a formatação dos gru-pos de trabalho, as orações, os temas, esmiuçados com profundidade, mas de fácil assimilação, pela habilidade amo-rosa com que eram ministrados.Os trabalhos propriamente ditos ocor-reram no sábado, dia 15, e se estende-

ram até o domingo, dia 16. O sábado foi robusto em estudo e partilha, troca de experiências, reuniões e plenário em que as dúvidas eram dirimidas pelo Ca-sal Provincial, que teve uma atuação efi-caz, desde os primeiros instantes da for-mação até seu desfecho. A didática, a pedagogia, as ferramentas para o desenvolvimento dos temas foram bem utilizadas. O aprendizado e o relacio-namento interpessoal elevavam o compro-misso e o amor ao Movimento. A partilha das experiências clarificava as situações mais inusitadas na caminhada das Equipes.Ao término do evento, todos os casais par-ticipantes se despediram com um novo alento, nova esperança e muito mais en-gajados na luta pela santidade dos cônju-ges, das famílias e de uma Igreja “ em sa-ída “, como quer o Santo Papa Francisco.

Anália e DirceuEq. N. S. de Guadalupe

Setor A - Região Minas II Belo Horizonte-MG

PROVÍNCIA LESTE

Formação Nível IIISanta Rita do Sapucaí-MG

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Província Sul IMUTIRÃO

No Centro Arquidiocesano de Pastoral (CAP) em Sorocaba, os equipistas do Setor A de Sorocaba, Região SP Sul II, Província Sul I, puderam viver essa experiência de amor: o Mutirão das Equipes de Nossa Senhora.

Estiveram presentes 20 equipes e aproximadamente 110 casais. De forma criativa apresentaram cada um dos temas solicitados, desde a inclusão de um novo casal na equipe, o retiro, a própria reunião e partes dela, até a função específica de de-terminados casais dentro do Movimento.

O Mutirão é uma das diversas oportunidades de formação que nos oferecem o Movimento. Segundo o Manual de Formação, o mutirão “se realiza em clima de festa, com alegria e descontração, sem prejuízo da eficiência do trabalho comum e comunitário que ali se faz, em proveito, não de um só, mas de cada um dos equi-pistas que dele participe”. O Mutirão tem como objetivo, ainda, envolver um bom número de casais e equipes, uns ajudando os outros na reflexão sobre a vida em equipe e sobre nossa caminhada para a santidade.

Gratidão a todos por este momento ímpar em que tivemos a oportunidade de en-contro e troca entre os equipistas do Setor.

Maria Carla e Daniel / Gerusa e ElgsonEq. 9 A - N. S. da Alegria

Sorocaba/SP

PROVÍNCIA SUL I

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Formação para Casal Coordenador de Experiência Comunitária e Piloto

Ainda irradiados pelo amor vivenciado em Fátima, percebemos que não podemos deixar de jogar as redes e dar oportunidade a outros casais de experimentar a es-piritualidade que o Movimento nos oferece.Foi assim que, nos dias 19 e 20 de janeiro de 2019, na cidade de Barretos, Setor E de São José do Rio Preto-SP, foi realizada a Formação para Experiência e Pilota-gem, com a participação de 26 casais e 2 SCE, Pe. Constante e Pe. Ângelo.E que alegria ver casais novos no Movimento interessados em assumir a missão de expandir o Movimento!Durante os dois dias, os casais tiveram a oportunidade de aprender mais sobre o Movimento e esclarecer dúvidas sobre os temas da Experiência e Pilotagem, atra-vés dos grupos realizados e plenários. E queriam mais!!!Agradecemos aos queridos equipistas de Barretos que com os corações abertos e generosos tão bem participaram dessa formação!! Deus os abençoe e que Maria os inspire sempre a dizer SIM!!

Eliana e OdelmoCRR SP Norte II

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Em 29 e 30 de setembro, tivemos o En-contro de Equipes Novas em Blumenau-SC como parte da formação inicial enquanto membros das Equipes de Nossa Senhora. Participaram deste EEN Equipes dos Se-tores Lages, Itajaí/Brusque, Blumenau A e Blumenau B. A equipe formadora da Pro-víncia Sul III, o SCE Pe. Diego – Alvorada – RS e todos os Casais Formadores envolvi-dos não mediram esforços para que, mais uma vez, nos sentíssemos bem acolhidos. E o que relatar sobre a formação? Simples-mente fantástica e, mais do que nunca, ne-cessária. Além de nos incentivar a “desa-marrar as sandálias” e “vestir a camisa do Movimento”, conseguiu ainda: reforçar o carisma e a mística do Movimento e a ra-zão de ser das ENS, enfatizar a importân-cia do nosso SIM ao serviço, à missão, em ser testemunho, rever os Pontos Concretos de Esforço bem como a partilha. Resgatar a importância da reunião de Equipe con-forme pede o Movimento (e aqui tivemos exemplos divertidíssimos inclusive do que e como NÃO fazer). Cada ponto foi também ricamente discu-tido com casais de diferentes equipes em momentos de partilha em grupo e pro-fundamente vivido por todos. Tivemos in-

clusive a oportunidade de renovar nosso compromisso com o Movimento, obser-vando as normas do Estatuto das ENS, comprometendo-nos a seguir firmes no sacramento que Cristo instituiu com mui-to mais amor, caridade e entreajuda.Para nossa Equipe 09A – Nossa Senhora da Luz de Blumenau, que completou três anos de caminhada – a formação foi tão espe-cial quanto uma formatura, pois a partir do próximo ano entraremos no livro tema da Vida de Equipe de Base. Demos mais um importante passo, sem, porém, esquecer--nos de tudo o que já vivemos até aqui com o “Vem e Segue-me”, “Reunião de Equi-pe” e “Casamento, Sacramento do dia a dia”. Certamente estamos mais preparados hoje devido a todo este maravilhoso mate-rial tão bem elaborado pelo Movimento.Saímos da formação com nossos espí-ritos renovados, na certeza de que es-tamos no caminho certo, rumo à san-tidade conjugal e convictos de que Cristo continuará nos guiando para construirmos um mundo e uma socie-dade melhores.

Gisele e Adevando Eq. 09 – Setor A

Blumenau-SC

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Encontro de Equipes Novas da Região SC II em Blumenau

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raízes do movimento

Submissão de Homem Livre1

1 - Carta Mensal de março de 1952. Editorial do Pe. Henri Caffarel

Durante as férias, numa manhã de julho úl-timo, uma chuva fina e persistente retinha--me prisioneiro no meu quarto. O carteiro bate e entrega-me a correspondência... Não me recordo mais das cartas recebidas na-quele dia; mas nunca esquecerei o transtor-no que senti ao ler uma circular anuncian-do a ruptura com a Igreja de um sacerdote e de alguns leigos que eu conhecia muito bem: impossível obedecer ao mesmo tempo os imperativos de Roma e as inspirações do Espírito Santo, escreviam eles em essência, é preciso escolher, e nós escolhemos... Foi nesse dia que resolvi endereçar-vos este bilhete. Nós, sacerdotes, vos alertamos muitas ve-zes sobre os perigos que a carne e o dinhei-ro vos fazem correr. Mas não haverá descui-do excessivo de nossa parte em deixar de vos colocar em guarda contra certo espírito de independência? Não me refiro ao dese-jo muito legítimo de melhor compreender a fim de melhor obedecer, mas a essa tendên-cia em criticar e discutir os ensinamentos e as decisões da Igreja: quer se trate de mo-ral social ou de moral, conjugal, da conde-nação da Ação Francesa ou da condenação do Comunismo, da definição do Dogma da Assunção... Espírito de independência mais sutil ainda que nos leva a escolher entre as verdades: somos atraídos pela Ressurreição, mas deixamos de lado a Paixão; dedicamo--nos à caridade, mas recusamos a lei da ab-negação; meditamos o discurso após a Ceia, mas esquecemos o Sermão da Montanha; ouvimos de boa vontade falar sobre o céu, mas acolhemos com um sorriso de ceticismo o pregador que faz alusão ao inferno.Sem dúvida, daí até a ruptura, há um passo enorme. Mas não é já isto penetrar no cami-

nho da ruptura, afrouxar os laços que unem ao Corpo Místico? O ramo meio quebrado que só adere ao tronco por algumas fibras não tardará a fenecer e os frutos a secar. Se o amor de Deus e da Igreja fosse profun-do, cedo desapareceria este espírito de in-dependência. Pois que o amor aspira à sub-missão, submissão ativa – que é oferta de si mesmo. Ser submisso a Deus e à Igreja não é assumir uma atitude de escravo, mas sim esposar os pensamentos e as Vontades de Deus e da Igreja; ser submisso é estar li-gado – no sentido da ligação entre o ramo e o tronco. Então a graça circula e os frutos são abundantes e saborosos. A fim de chegar a esta submissão profun-da, é preciso pois amar, pois que é o amor que gera a submissão. Mas nem é menos necessário exercitar-se à submissão, mortifi-car o gosto inveterado pela independência, que habita em nós todos. Não é dos serviços de menor valia, aquele que vos é prestado pelas Equipes de Nossa Senhora, qual seja o de vos auxiliar no aprendizado da submissão, ao vos pedir de adotar voluntariamente uma Regra, de fa-zer apelo ao controle fraternal entre mem-bros de uma mesma equipe, de lhes decla-rar as vossas omissões às regras do jogo. Eu acho que, por vezes, há de vossa parte falta de altivez. São por demais numerosos aqueles que se vangloriam em desobedecer. Porque não haveria então cristãos que se or-gulhariam em se exercitarem à submissão? Henri Caffarel

Colaboração Maria Regina e Carlos Eduardo

Eq. N.S. do Rosário Piracicaba-SP

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Em outubro de 1989, o Mit-suo e eu fomos convidados para participar de uma con-versa com o casal respon-sável do Setor do ABC-SP, na época Sebastiana e Osvaldo, onde fo-mos convidados a participar das Equipes de Nossa Senhora. Desse dia em diante vi-mos nossa vida sendo mudada aos poucos e sempre em crescimento. Aprendemos que caminhar com Deus é muito gratificante, os sofrimentos tornam-se experiências e as alegrias são sempre mais intensas. Mas, em maio de 2003, o Mitsuo foi levado de volta ao Pai por um enfarte fulminante.

Nesse mesmo ano senti em meu coração que, apesar de continuar nas Equipes, pre-cisava resgatar a minha identidade de pes-soa só, e conversando com minha equipe fiquei sabendo que a D. Nancy Moncau, junto com outros casais e algumas viúvas equipistas, estava estruturando um movi-mento de viúvas(os) e pessoas sós. Liguei pra ela na mesma semana e, coincidência ou não, a primeira reunião que participei com esse grupo foi em outubro de 2003. Passei a caminhar com as Comunidades Nossa Senhora da Esperança (CNSE) desde a sua formação junto com D. Nancy Mon-cau, Cleide e Valentim e muitos outros.

E foi com grande alegria que recebi a gra-ça de viajar por vários lugares do Brasil para conhecer pessoas que, como eu, tiveram de lidar com a vida sem seu companheiro de caminhada. Quantos momentos de alegria e quantos desafios vivemos desde o início do Movimento das CNSE. Como viúva equi-pista e como participante das comunidades, tenho muitas histórias e muitas experiências vividas, mas quero falar especialmente dos grupos de Campo Grande-MS, onde foi a

minha visita recente: três grupos formados e mais um em formação. O que sempre me surpreende é a acolhida e a disponibilida-de com que os anfitriões têm nos recebido: pessoas que nunca vimos e somos recebi-dos como se fôssemos da família. O amor, o cuidado, a atenção. Dessa vez fiquei na casa da Olga do Nei (viúva equipista), a mesma que hospedou a Silvia e Chico há dois anos. No dia 2/12/2018 aconteceu a confraterni-zação dos grupos de Campo Grande, con-fraternização preparada por eles. Lá esta-vam as participantes dos grupos, os casais das ENS que ajudam na coordenação, Marly e Jairo, Cleonice e André, os conselheiros Pe. Fabio Junior dos Santos e Pe. Carlos Alberto Pereira. Como sempre acolhida maravilho-sa, sentimento de pertença, mesma unida-de, sem estranhamento, somos uma grande família, como Maria, Jesus e seus discípu-los, e lá me deparei com muitas Marias que perderam seus Josés, outras que, como Ma-ria, irmã de Lázaro, não se casaram, e outras que, por consequência da vida, tiveram seu casamento desfeito.

Diferente do que muitos pensam, que é um Movimento de lidar com a solidão e sofri-mento, é sim um Movimento de muita ale-gria, de perceber que “a solidão não é que-rida por Deus”, mas sim a vida com alegria e grande sentido de irmandade, uma co-munidade de vida. “Vejam como eles se amam”. Esse sim é o verdadeiro sentido das Comunidades Nossa Senhora da Esperança.

Tereza Pitarello ShoshimaColegiado Nacional CNSE e

ENS Imaculada Conceição – ABC-SP

Pelas trilhas do Senhor

CNSE

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testemunho

Hoje, fiquei me imaginando conver-sando com o Padre Henri Caffarel. Na conversa, falei da minha equipe, das alegrias e das dificuldades, tam-bém do quanto o Movimento tem me ajudado no meu ministério sa-cerdotal, pelo qual sou muito grato. Padre Caffarel, sou Edivaldo, padre há quase 35 anos. Conselheiro há 6 anos da Equipe Nossa Senhora de Fátima. Estou amando muito o Movimento. Sabe, Padre, tenho lido seus livros, suas homilias, e nem cheguei à metade. Tenho aprendido tanto, quero aprender muito mais. Busco sempre suas orientações. Padre, a minha Equipe é ótima, são companheiros. Os casais estão cres-cendo na espiritualidade. Eles têm en-tendido que o Movimento é um cami-nho para a santidade no matrimônio.Padre, precisamos melhorar mui-to, faz parte do nosso processo de caminhada. Temos muita di-ficuldade com a disciplina e, até ser um hábito natural, sem sofri-mento, demora. Confesso que senti muito com o ritmo, com a metodologia. Padre, a minha vida não é mais a mesma. O que venho aprendendo é maravilhoso! Sabe, Padre, quando chega o dia da preparatória, pensa na felicida-de que fico! Amo estar com o ca-sal e com a família na visita pastoral. Como isto tem me ensinado no pas-toreio em minha paróquia! No dia da reunião mensal é outro momen-

to especial, por estar com a equipe. Padre, também há momentos ten-sos. Este ano tivemos dois mo-mentos assim. Um casal que não teve como seguir por problemas dos quais eu, como conselheiro e a equipe, como companheiros, não pudemos ajudar. O melhor mesmo foi o ritual do deixar ir, e foi o que aconteceu. Isto nos deixou tristes, mas era necessário. Um outro casal chocou mais ain-da a equipe, por ser equipista ha-via muito mais tempo e por ser fiel ao Movimento. O casal saiu do Movimento repentinamente. Isto deixou a Equipe muito pensativa, se questionando. Padre, este mo-mento de escolha precisa ser res-peitado com muita caridade. Como conselheiro, deixa um sinal de impotência.Seguimos fiéis ao chamado à San-tidade Sacerdotal e Matrimonial.Padre, interceda por nossa Equipe e por mim, conselheiro, para que possamos ser fiéis ao Anúncio de Jesus (Querigma) e ao Movimen-to, ajudando muitos casais a viver a santidade no matrimônio.

Padre, sua bênção!

Dia 22 de setembro de 2018.

Pe. Edivaldo Lopes de FariasEq. N. S. de Fátima

Umuarama-PR Região Paraná Norte

Conversa imaginária com o Padre Caffarel!

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Queridos irmãos das ENS,

Conforme recomenda Pe. Caffarel, “É a vida da equipe que deve ser repen-sada sem cessar, para que seja uma equipe original... Se quereis que a vos-sa equipe seja viva e dinâmica, que ela tenha uma personalidade própria”.A Equipe 20 quer compartilhar com vocês uma experiência muito rica que estamos vivendo nos últimos anos. Queremos testemunhar não só a impor-tância do estudo, mas também da valorização dos Sacerdotes que produ-zem tanto para nos formar enquanto cristãos:

A partir do Encontro de Brasília, em 2012, e o contato com o Frei Timothy Radcliffe, que fez as reflexões diárias, que muito nos tocaram, estudamos, por dois anos, os seus livros “Por que Ser Cristão?” e “Por que Ir à Igreja?”. Esses dois livros nos ajudaram a refletir e aprofundar nossa fé de maneira madura e mais moderna.Os resultados deste estudo foram tão frutíferos que decidimos passar uma tarde, em fins de 2017, estudando outro livro do Frei Radcliffe, “As Sete Últimas Palavras”. Cada casal fez uma apresentação sobre cada um dos capítulos e nosso Conselheiro Espiritual encerrou o dia com uma re-flexão muito interessante.A nossa alegria e entusiasmo nos levaram a enviar um e-mail ao Frei Radcliffe, falando da nossa experiência e agradecendo seu trabalho que tem nos apoiado em nossos esforços. Ele nos respondeu imediatamente com o seguinte e-mail, extremamente carinhoso:

Reflexões sobre o texto do Frei Timothy Radcliffe

Caros Marcia e Paulo, Cristina e Eduardo, Lucia e Francisco, Thereza e Luiz Sergio, Leila e Bujé, Reni e Sergio e Fr. José Pereira,

Muito obrigado pelo seu e-mail. Estou muito tocado. É muito encorajador receber esse tipo de mensagem e de vocês se darem ao trabalho de me rastrear e enviá-la!Estou de saída para Bagdá para passar um tempo com as irmãs dominicanas no Iraque.

É um momento difícil para elas e, por favor, mantenham-nas em seus pensamentos e orações.Todas as bênçãos do Advento para vocês! Seu irmão em Cristo

TimothyTendo em vista a importância e atualidade deste assunto, escolhemos es-tudar este ano “A Reforma de Francisco”- fundamentos teológicos, es-crito pelo padre Mario de França Miranda. Nos questionou profunda-mente, já que esta reforma deve ser a obra de todos os cristãos.Agradecemos de coração esta oportunidade.

Thereza e Luiz Sergio, Leila e Bujé, Lucia e Francisco, Marcia e Paulo, Reni e Sergio, Cristina e Eduardo e Frei José Pereira

Eq. 20 - Setor A - Rio de Janeiro-RJ

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Testemunho da

Primeira Reunião de Equipe

25 de fevereiro de 1939: primeira reunião de uma Equipe de Nossa Senhora.

Testemunho de Pierre e Rozenn de Montjamont. Encontro de Saint Ouen – 20 de novembro de 1977

[...] A nossa história intitula-se “O padre, os mendigos e o tesouro”. Passa-se em Paris, em 1939, sete meses antes da guerra. Havia um padre que acreditava no nosso sacramento do matrimônio. É claro que todos os padres acreditam! Mas aquele de forma muito particular... Ele pressentia as imensas riquezas espirituais do nosso sacramento e sabia que muitos têm dificuldade em se santificar no casamento. Pensava nisso muitas vezes, mas conhecia poucos casais jovens e isso fazia--lhe falta. Adivinhava que os casais cristãos possuíam um te-souro inexplorado...

E nós, jovens casais desse tempo, éramos pessoas ricas de um tesouro que conhecíamos mal. Julgávamo-nos pobres, um pouco como os mendigos que ficavam sentados num colchão cheio de riquezas inutilizadas. Em suma, éramos falsos pobres.

Havia assim, por um lado, aquele padre, Henri Caffarel – que a maior parte de vós conhece bem –, esse padre e a graça do seu sacerdócio, e depois estávamos nós, que tínhamos tanta necessidade dessa graça. Então, Deus disse: “E se os fizésse-mos encontrarem-se? Conhecerem-se realmente, o meu padre com quem posso contar, que será fiel à minha graça, e esses fal-sos pobres, também um pouco cegos, que procuram por toda a parte sem saber como recorrer ao seu próprio tesouro, que Eu lhes dei”.

E isso deu-se de forma muito simples. O Padre Caffarel era nos-so amigo. Em algumas conversas, percebemos que ele já tinha uma mensagem maravilhosa a transmitir-nos... Não podíamos

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guardar só para nós de maneira egoísta as luzes que lhe devía-mos, pois elas pressagiavam outras ainda maiores... Havia ali uma mina de ouro a explorar juntos, casais e padre reunidos. Pedimos-lhe que nos deixasse convidar para nossa casa uns amigos, casais jovens como nós, para um encontro com ele.

Ora, essa ideia correspondia justamente ao seu desejo de co-nhecer de perto casais à procura de Deus para trabalharem juntos. Foi assim que, a 25 de fevereiro de 1939, se reuni-ram à volta do nosso padre os nossos quatro primeiros casais, que tinham, respectivamente, 6, 5, 4 e 2 anos de casados. Eram eles Frédéric e Marie Françoise de la Chapelle, Michel e Ginette Huet, Gérard e Madeleine d’Heilly, Pierre e Rosennn de Montjamont.

Logo no primeiro serão, começamos por rezar juntos em recolhi-mento, depois a procurar juntos o olhar de Deus sobre o nosso casamento. Tínhamos tanto a descobrir que as reuniões do se-rão não eram suficientes. Passaram a ser de dias inteiros, dias prolongados pelo pensamento, pela oração e muitas vezes por longas conversas ao telefone.

Apenas alguns “dias” foram vividos assim até sobrevir a gran-de dispersão da guerra de 39-45. Eram dias muito cheios por-que procurávamos intensamente, num emaranhado de des-cobertas, e com um sentido muito vivo de urgência. O padre dizia muitas vezes: “É urgente”, e, contudo, ele ignorava tal como nós que o grande tormento da guerra estava tão pró-ximo. Em algumas reuniões, foram abertas todas as avenidas das futuras procuras, incompletamente percorridas mas certa-mente abertas...

Foram depois percorridas, primeiro num boletim mensal de al-gumas páginas intitulado Lettre aux couples (Carta aos casais), que teve um acolhimento caloroso e rapidamente se difundiu, e depois na revista L’Anneau d’Or que se lhe seguiu. Mas isso é outra história...

O nosso pequeno grupo não tinha nome, nem pensava nisso. Mas, de repente, uma circunstância obrigou-nos a adaptar um rapidamente. Procurávamos qual seria a nossa estrela... quando, espontaneamente, se assim se pode dizer, a Virgem Santíssima se apresentou. Tínhamos tanta necessidade dela. Passámos a ser o “Grupo de Nossa Senhora” e, em reconhe-

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cimento por tantas alegrias que nos eram dadas, o nome es-colhido foi “Notre-Dame-deToute-Joie (Nossa Senhora de To-das as Alegrias)” .

Mais tarde, “Grupo” tornou-se “Equipe” e a expressão “de Todas as Alegrias” desapareceu. Mas Nossa Senhora ficou. Isso é essencial e é maravilhoso. Naquele ano de 1939, que per-guntas fazíamos? Em primeiro lugar, esta: Como é que a nossa vida, cheia de felicidades humanas, de preocupações, de ape-gos a criaturas, nos permitia responder plenamente à exigên-cia de amor do nosso Deus? Aquela exigência de santidade, a que alguns pensam não poder responder senão pelo celibato consagrado, destinava-se também às pessoas casadas?

E o nosso padre afirmava: “Também vos diz respeito, isso é certo”. “Então, dizíamos nós, se ela nos diz respeito, como lhe responderíamos nós, ligados, amarrados que somos por mil la-ços do coração, do corpo e do espírito?”. E o nosso padre res-pondia com veemência: “Para lhe responder, tendes um sa-cramento próprio, mas esse sacramento, conhecemo-lo mal”.

Assim se abria diante de nós a primeira etapa. Tínhamos per-cebido que era preciso partir da descoberta atenta e apaixona-da do pensamento de Deus sobre o nosso matrimônio. Ainda não sobre a vida do casal ou a educação dos filhos, mas pri-meiro sobre a fonte de onde tudo decorre: o nosso sacramen-to do matrimônio em si. Que é isso? Que produz ele em nós? Qual é a sua graça própria? Por fim, como é que ele nos dá a Deus e nos dá Deus?

[...] O nosso padre dizia-nos: “Quando Deus olha um casal vê todo o povo saído dele, um verdadeiro rio humano cuja nas-cente é o amor de dois seres. Como é preciso cuidar desse amor, visto que ele é sempre fecundo – fecundidade visível segundo a natureza, por vezes invisível, porém certa”. O nosso matri-mônio, o nosso amor, nascente de um rio...

A partir deste pensamento, amadurecido dia após dia, surgia--nos a necessidade urgente de sem cessar purificar e renovar essa nascente. Só então ela se tornaria Fonte de Vida em res-posta ao que Deus esperava dela.

No entanto, nesta procura espiritual não podíamos cair numa pro-cura de nós mesmos nem de uma agradável diversão do es-pírito. Para isso, o nosso padre velava para que a nossa procura

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continuasse a ser a da alma à escuta de Deus. Também foi dado um lugar essencial à oração nos nossos encontros fra-ternos, para que estes fossem, em primeiro lugar, encontros com Deus. Convém dizer que, desde o início, sentimos mui-to viva a graça daquilo a que chamamos “o casamento” dos nossos dois sacramentos, a ordem e o matrimônio. Represen-tado pelo nosso padre e pelos nossos casais, colaboravam em perfeita harmonia naquela procura do pensamento de Deus. Não era a primeira vez que um padre se dedicava a casais, mas desde então percebemos e admiramos melhor o papel do padre: escolhendo o celibato consagrado não por desprezo do casamento mas para, livre deste apego pessoal, iluminar melhor, servir melhor os casais dos filhos de Deus.

Servir melhor os nossos casais foi o que o nosso pai espiritual fez iluminan-do-nos para uma descoberta essencial, pelo que lhe temos uma gratidão imensa. É que não só é possível santificarmo-nos no casamento, mas também o nosso casamento é, por si mesmo, um apelo à santidade. O amor humano – conjugal, paternal, maternal – fala-nos de Deus, é a sua própria imagem. Além disso, o matrimônio é uma revelação do casamento muito mis-terioso de Cristo com a alma cristã.

Acreditamos demasiadas vezes que essa união a Deus, dita mística (isto assusta-nos por vezes), está reservada aos reli-giosos, aos santos com auréolas... Mas não é verdade. Todos somos chamados a ela, e devíamos pensar mais nela. Tam-bém nós somos consagrados, em primeiro lugar pelo batismo, mas também pelo nosso sacramento, porque não se trata de uma concessão feita à carne nem um sacramento de segunda. “Grande é este mistério”, dizia-nos São Paulo. É a consagra-ção do nosso amor, por mais imperfeito que ele seja, e conti-nua sempre a ser, ao longo das nossas vidas, fonte de graças e caminho de santidade.

Retirado do Boletim dos Amigos do Pe. Caffarel, n° 23, janeiro 2019.

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o nosso matrimônio, o nosso amor,

nascente de um rio...

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Buscar o reino de deus

Caminhando com as Equipes, observamos as dificuldades para agendamento das reuniões, pois os compromissos sociais e familiares são muitos: aniversá-rios, formaturas, férias, prepa-ração para provas, compromissos com filhos, afilhados, amigos; enfim mil razões para desculpar e não com-parecer às atividades da Equipe e principalmente do Movimento.

Mas “entre nós não deve ser assim” (Mt. 20, 26): Casal das ENS consciente prioriza as atividades do Movimento, do Setor e de sua Equipe. Este fato foi exemplificado por Edyr e João que, entre comemorar suas bodas de ouro e fazer o retiro anual das Equipes, preferiu o retiro, compartilhando sua alegria e gratidão a Deus por seus 50 anos de amor e companheirismo em casal; e em Equipe. Este gesto nos lembra o canto de louvor: “Buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua Justiça”...

Coincidência ou não, o Pe. Felipe Machado, SCE da Região Rio III, orien-tador deste retiro no Setor F em 2018, planejou fazer um “Momen-to Milagroso” no final do primeiro dia do retiro (sábado). Neste mo-mento foi-nos apresentado resumo da vida de alguns santos de nossa amada igreja, mas foi iniciado com o casal – chamado a ser santo – Edyr e João em suas bodas, com o canto de Parabéns, com direito a bolo, docinhos e cenário devidamente providenciado por sua Equipe 10 – Nossa Senhora de Lourdes.

Assim foi concretizada a segunda estrofe do canto de Louvor: ...“e tudo o mais vos será acrescentado. Aleluia!” A bênção das alianças do casal foi partilhada com todos os casais presentes no retiro. Finalizo afirman-do que este não só foi um “Momento Milagroso”, mas também ma-ravilhoso para todos nós, pois foi uma hora de pura felicidade e frater-nidade neste retiro, que tantos outros momentos bons nos ofereceu!

Dulcinea e Santos Setor F - Rio V

Rio de Janeiro-RJ

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reflexão

Imagens de Maria

Temos muitas imagens de MARIA através do mundo mos-trando que a Mãe de Jesus é mãe para negros, índios, eu-ropeus, esquimós, árabes, escravos e libertos, porque a ve-mos vestindo as dores, as vestes e as cruzes de quem sofre.

Mãe de Jesus é representada em mais de 300 imagens através do mundo. Mas é a mesma mãe, vestida de outras vestes, que vai ao encontro do povo, em defesa de quem mais precisa.

MARIA nos ampara com sua presença e companhia. Ca-minha junto a nós, mostra-nos o caminho do amor, levan-ta-nos em nossas quedas, sustenta-nos em nossas fadigas, mas ao mesmo tempo nos enche de esperança.

Ela experimentou a misericórdia divina e acolheu em seu seio a própria fonte desta misericórdia: Jesus Cristo.

Pedimos a Ela que semeie o amor misericordioso no cora-ção das pessoas, das famílias e das nações. Que continue repetindo para nós: “Não tenhas medo, acaso não estou eu aqui que sou tua mãe”.

O Filho de Deus, que se fez carne para nossa salvação, deu--nos sua Mãe, que se faz peregrina conosco, para não nos deixar nunca sós no caminho de nossa vida, sobretudo nos momentos de incerteza e de dor.

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MARIA, mãe do perdão. Temos que perdoar para conhecer a plenitude do amor. Aos pés da cruz, MARIA viu seu Filho oferecer-se totalmente a si mesmo e assim dar testemunho do que significa amar como Deus ama.

Naquele momento, MARIA se converteu em Mãe do per-dão para todos nós. Ela mesma, seguindo o exemplo de Je-sus e com sua graça, foi capaz de perdoar aos que estavam matando seu Filho inocente.

MARIA acompanha o Filho ao pé da cruz. Para acolher e viver a misericórdia entre nós, temos de convidar MARIA para nossa própria casa.

Quando cairmos, procuremos a doçura da Mãe. A Virgem Mãe nos consola, dá-nos esperança, anima-nos a sair da morte e retornar ao Senhor da Vida.

Com a possibilidade de que nossa Mãe nos leve pela mão. Às vezes, como crianças, não sabemos necessariamen-te aonde nos levam, mas confiamos totalmente em nos-sa mãe.

MARIA é intercessora, ela intercede como nossa amiga diante da necessidade.

E assim como Deus Pai nos vê com misericórdia, nossa Mãe do céu sempre nos olha com seus olhos de misericórdia.

Maria nos leva a Jesus, nos mostra o fruto bendito de seu ventre.

Sua clemência doce nos convida a tirar do coração todo medo e de mãos dadas com MARIA poderemos conhe-cer a intimidade de Deus, que é amor até o extremo por seus amigos.

Deixemo-nos acompanhar por ela para redescobrir a bele-za do encontro com seu Filho Jesus.

MARIA de todas as imagens e de todas as horas, rogai por nós!

Sônia e AirtonEq. 31 - Setor E

São José do Rio Preto-SP

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PCE e a

missão do Casal Cristão no mundo

A reunião de balanço nos leva à reflexão sobre a missão do cristão, que nada mais é que o seu envio ao mundo.

A missão do equipista é testemunhar que, a despeito de todas as dificuldades e modismos atuais, o casamento e a família ainda valem a pena! Evidentemente, todos nós seremos ten-tados e testados a nos desviar deste propósito. No entanto, o Movimento nos prepara para ter coragem de seguir adian-te, refazendo, reformulando nossos caminhos, sempre juntos, sempre em casal. Neste sentido, corajoso não é quem se aven-tura em estabelecer vários relacionamentos ao longo da vida. Pelo contrário, audácia genuína tem o casal que consegue su-perar suas crises, contornar os desencantos para refazer jun-tos – quantas vezes forem necessárias – o seu matrimônio.

Os PCE são as ferramentas que nos animam e nos capacitam para esta missão. Senão vejamos: a Escuta da Palavra nos pre-para para conhecer o que Deus tem a nos dizer; a Meditação nos provoca a compreensão acerca de como a Palavra de Deus repercute na nossa vida; a Oração Conjugal é a oportunidade de pedir a Deus que nos ajude a viver de acordo com a Sua Palavra; o Dever de Sentar-se é o momento em que o casal, junto, avalia como tem trilhado o caminho da fé; a Regra de Vida é a oportunidade de reconhecer as dificuldades e de em-preender mudanças que nos permitam estar mais próximos da santidade e, por fim, o Retiro é a experiência de fazer um balanço da vida conjugal a fim de reordenar nossos propósi-tos, à luz da vontade de Deus.

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partilha e PCE

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Assim, a incorporação dos PCEs implica, por si só, numa espiral de atitudes que nos levam em busca da santida-de conjugal.

Ser equipista sem incorpo-rar e viver intensamente tais propósitos equivale à conduta do estudante que faz uma prova sem

estudar, que se deixa ava-liar sem estar preparado.

É, em suma, arriscar-se a fa-zer aquilo que não se domina.

E, obviamente, ninguém pode tes-temunhar aquilo que não vive!

Quem se propõe a ser equipista as-sume a responsabilidade de não des-

cuidar de sua formação. Por ocasião do discernimento para a elei-ção do novo CRE nós prometemos, como casal, que diariamente iríamos escutar a Palavra de Deus JUNTOS, meditar a Palavra JUN-TOS, fazer a oração CONJUGAL, que nos dedicaríamos mensal-mente ao dever de sentar-se e à regra de vida e que, anualmen-te, iríamos rever nossos progressos e fracassos em um retiro, feito EM CASAL. Também prometemos participar das formações, assu-mir funções no Movimento, rezar o Magnificat diariamente, ler a Carta Mensal, instruir-se com os materiais das ENS.

Todas estas exigências não são em vão. São esforços necessários para que possamos nos formar e amadurecer na fé.

Peçamos a Deus que nos anime e nos encoraje para que ao longo deste ano que se inicia na nossa caminhada de equipistas não nos desviemos da nossa missão.

Taisa e Valdemir de ProençaEq. 07 - ENS Rainha da Paz

Porto Feliz-SP

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formação

A REGRA DE VIDAPe. José Adalberto Vanzella2

2 - Doutor em Teologia pela PUC-Rio, professor de Filosofia e Teologia da Faculdade Dehoniana de Taubaté, Sacerdote Conselheiro Espiritual da Região Leste II, Província Sul I, Presbítero da diocese de Taubaté.

Os PCEs não podem ser vistos de for-ma isolada, pois são interdependentes. Toda espiritualidade conjugal que nos é proposta pelas Equipes de Nossa Senho-ra nos mostra isso, assim como a litera-tura do Movimento em geral e do Padre Caffarel em particular.

O ponto de partida é a escuta da Palavra, que faz de nós discípulos de Jesus. Em se-guida, temos a meditação, que faz com que aprofundemos a nossa contemplação dos mistérios da nossa fé e desenvolvamos uma amizade cada vez mais profunda com o próprio Deus. Esses dois primeiros PCEs são vividos de forma pessoal e são leva-dos ao âmbito de casal por meio do Dever de Sentar-se e abrem-se ao transcendente a partir da oração conjugal. O retiro anu-al, que deve ser feito a partir do tema do ano, ajuda a dar unidade a todo o proces-so, possibilitando uma caminhada segu-ra numa única direção, de modo que cada mês não é um reinício, mas sim um passo novo na caminhada.

A Regra de Vida é o momento de opção por um processo de conversão que vai ga-rantir a cada um dos cônjuges e ao casal o crescimento na santidade. Deste modo, a Regra de Vida não é uma simples esco-lha por uma ação, mas o fruto dos demais

PCEs, é proposta de conversão, de busca de felicidade e de realização conjugal.

A conversão deve ser vista a partir da sua dimensão propositiva. Não se trata de co-locar em primeiro lugar a renúncia ao pe-cado, mas sim a busca na configuração a Jesus Cristo, realizando plenamente em nós os efeitos da graça batismal. Trata-se de descobrir, na ESCUTA DA PALAVRA, no-vos elementos que a vida da graça nos dá. A partir da MEDITAÇÃO, encontrar moti-vos para corresponder à graça. No DEVER DE SENTAR-SE, aprender a construir con-jugalmente a vida da graça. Na ORAÇÃO CONJUGAL, implorar essa graça e a fideli-dade a ela. No RETIRO, dar uma dimensão maior e mais englobante à graça divina e, na REGRA DE VIDA, assumir concretamen-te e de forma propositiva uma forma de vi-vência da graça que nos foi dada.

Tudo isso significa que a Regra de Vida não pode ser vista de forma isolada ou ser de-finida apenas a partir de um ponto pro-blemático pessoal. Regra de Vida é muito mais que isso. É decidir a partir de um pro-cesso de discernimento formado pelo con-junto dos PCEs em vista de um verdadeiro processo de conversão que construa, de modo eficiente, eficaz e efetivo, o verda-deiro caminhar para a santidade.

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Experiência Comunitária

Definição

Formação inicial: “A Experiência Comunitária, possui manual específico, e é um serviço de evangelização de casais, nascido no Movimento das ENS, e tem sido adotado como a melhor forma de ingresso de casais (novas equi-pes) no Movimento” (Experiência Comunitária, 8).

É necessária para os casais que pretendem entrar para o Movimento, porém não conhecem a vida comunitária, não estejam engajados e não têm vida de oração. Os grupos, recomendável que o número de participantes seja de sete (7) casais, são conduzidos por Casais Coordenadores pertencentes às ENS.

Os objetivos da Experiência Comunitária são:

a) propiciar a oportunidade de viver uma caminhada de fé, levando os casais ao des-cobrimento das riquezas do crescimento espiritual em pequenas comunidades;

b) promover uma catequese básica para casais. “É preciso, hoje, partir de uma re-alidade diferente; há uma falta de formação cristã de base, que requer uma cate-quese de iniciação no campo conjugal e comunitário, além da formação religio-sa propriamente dita” (A Segunda Inspiração, 92).

Marilena e JesusCRP NORTE

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No final de 2014 quando terminamos a missão de CRS, fomos convidados para ser Casal Coordenador de Experiência Comunitária. Ficamos muito pensativos e em dúvida, sem saber o que responder, pois estávamos saindo de uma missão. E já entrar em outra?

Acabamos aceitando o desafio, pois acreditamos que era Deus a nos pedir. Na ver-dade, tínhamos receio de não suprir as expectativas dos casais que desejavam co-nhecer o Movimento. Eram casais jovens, casados, com sede de conhecimentos da vida conjugal e espiritual. Estavam ansiosos na busca de Deus, de conhecer Sua Pa-lavra e nos preocupamos com essas expectativas. Mas, para nós, a Experiência Co-munitária foi um presente do Movimento em nossas vidas.

Nossa! Não pensávamos que iríamos nos apaixonar tanto! Estamos na 4ª Forma-ção, e nos encantamos a cada encontro, a cada grupo que coordenamos. É tanto amor envolvido que não sabemos explicar...

Há sempre uma troca, aprendemos muito com eles. Até digo a eles que aprende-mos muito mais do que oferecemos. Hoje, conseguimos enxergar no olhar de cada um, quando terminamos a missão, um sentimento de amor e gratidão e um laço de amizade muito forte que fica. Tornamo-nos família, o amor é recíproco, os sen-timos como nossos filhos. Fica até difícil quando temos que entregá-los ao Casal Piloto... Como pais, fazemos várias recomendações... e sabemos que eles também sentem essa ruptura.

Sabemos, porém, que eles precisam dar sequência no caminho do Mo-vimento. Nosso desafio é sempre fazê-los amar as ENS. Fazê-los

conhecer o caminho oferecido pelo Movimento de Espiritualida-de Conjugal, o caminho da missão que leva a Cristo.

Quanta gratidão ao vê-los caminhando em suas Equipes. So-mos eternamente gratos, pela pertença às ENS e assumir esta

missão de Casal Coordenador da EC.

Adla e FranciscoEq. 08 - N. S. Rainha dos Apóstolos

Setor C - Região Norte I

Casal Coordenador de

Experiência Comunitária

Testemunho

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Serviço CASAL LIGAÇÃO

serviços nas ENS

Definição

O que é ligar?

Do latim: Ligare, que significa unir, aproximar, combinar, vincular o seu destino ao de outrem, prestar atenção, relacionar-se, for-mar aliança.

Ligação: A primeira estrutura de serviço criada pelo nosso Movimento, antes mesmo do Setor, que surge em 1951. À medida que o Movimen-to crescia, e se expandia, não era mais possível ao Padre Caffarel, nem aos responsáveis do Movimento, nem aos responsáveis de Setor, man-ter um estreito laço entre eles todos.

Nesse sentido, foi realizado no dia 16 de dezembro de 2018 a formação específica para esse serviço aos casais dos Setores Capanema e Casta-nhal, Região Norte II. Os novos casais estão motivados, cheios de entu-siasmo e sentimento de pertença às ENS. Vivenciaram a troca de ex-periências, de alegria e muito zelo pela missão a eles confiada. Essa formação é importante para o Setor, pois a ligação é peça fundamen-tal para que a unidade das ENS seja cada vez mais fortalecida aqui na Província Norte.

Que nossa missão seja sempre movida pelo amor e zelo aos casais e suas famílias.

Marilena e JesusCRP Norte

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notícias

21dez

2018

JUBILEU DE OURO

Eq. 8 – N. S. dE LourdES 12/10/2018

Londrina - PR

ANIVERSÁRIO DE EQUIPE

Eq. 34 – N. S. do dEStErro 28/11/2018

Juiz de Fora - MG

Eq. 20 - N. S. do Parto 10/11/2018

Rio de Janeiro - RJ

JUBILEU DE PRATA

JUBILEU DE OURO

PE. ÉvErSoN dE Faria MELLo

Eq. 3A - N. S. de LourdesGoiânia - GO

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BODAS DE PRATA

03nov

2018

18dez

2018

25dez

2018

18dez

2018

30out

2018

24dez

2018

LucíLia E Luiz PauLoN. S. da Vitória

Belém - PA

NarLENE E oSvaLdoN. S. da GuiaBelém - PA

MôNica E ivaLdoN. S. do Perpétuo Socorro

Belém - PA

SiLEzia E viLSoNN. S. de LourdesContagem - MG

vâNia E MaurícioN. S. da Divina Misericórdia

Castanhal - PA

Socorro E NELSoNN. S. da Luz

Castanhal - PA

08jan

2019

13nov

2018

KELLi E LaÉrcio GiLN. S. Auxiliadora

Jundiaí - SP

adriaNa E carLoSN. S. da GlóriaManaus - AM

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SiMoNE E FraNKN. S. Mãe de Deus

Ituiutaba - MG

18dez

2018

izabELLE E cáSSioN. S. de Guadalupe

Sobral - CE

31dez

2018

28jan

2019

roSâNGELa E arLiNdoN. S. dos Pobres

José Bonifácio - SP

29out

2018

diNair E MarcoS FErNaNdoN. S. da Mãe Peregrina

Monte Alegre de Minas - MG

27nov

2018

rEGiaNE E GENÉSioN. S. das GraçasMorrinhos - GO

BODAS DE OURO

câNdida E viNcENzoN. S. da da Confiança

Belém - PA

21dez

2018

tErEza criStiNa E PEdroN. S. da Providência

Belém - PA

23dez

2018

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VOLTA AO PAI

Maria Creunice do Gilson17/09/2018

Eq. 07 - N. S. das DoresNossa Senhora Aparecida - SE

Antônio Alves (Toninho) da Edna19/09/2018

Eq. 07 - N. S. das DoresNossa Senhora Aparecida - SE

Alberto da Melânia25/11/2018

Eq. 1A - N. S. de NazaréBelém - PA

Vanda Vieira do Eurípedes14/11/2018

Eq. N. S. do RosárioMonte Alegre - MG

Padre Edvar Rodrigues Rangel18/11/2018

SCE do Setor A e dasEq. 5A - N. S. Nazaré Medianeira

de Todas as GraçasEq. 11B - N. S. Desatadora de Nós

Varginha - MG

Padre Gerônimo Pereira Dantas30/12/2018

SCE Eq. 05 - N. S. AuxiliadoraSCE Eq. 07 - N. S. Rainha da Paz

Santa Cruz - RN

tErEza E João LuciNdoN. S. AparecidaPanamá - GO

28set

2018

Maria araNi E HuNÉricoN. S. das GraçasÁgua Boa - MT

30nov

2018

BODAS DE DIAMANTE

NazarEtH E JoSÉN. S. da Providência

Belém - PA

20dez

2018

BODAS DE VINHO

LyGia E Harry corrêaN. S. do Rosário Mãe da Unidade

Florianópolis - SC

04dez

2018

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A Regra de Vida

dicas de leitura

Na pedagogia das Equipes de Nossa Senhora, um dos Pontos Concretos de Esforço fixa-se no progredir humana e espi-ritualmente, porém com foco no esforço individual. Esse PCE é a Regra de Vida.

Na história das Equipes de Nossa Senhora, a Regra de Vida conhe-ceu muitas definições diferen-tes. É, pois, necessário clarificar o conceito da Regra de Vida para que seja mais bem compreendi-da, praticada e principalmente aproveitada.

O Pe. Caffarel inspirou-se nas or-dens religiosas para propor aos

membros das Equipes de Nossa Senhora que seguissem algumas exigências, dentre as quais a Regra de Vida. Esta respeita a li-berdade de cada um para responder à sua maneira o chama-mento de Deus. Consiste em fixar um ou vários pontos sobre os quais cada um decide concentrar os seus esforços, com o objetivo de progredir na qualidade de nossa relação com nos-so cônjuge e na receptividade às expectativas de quem nos ro-deia (filhos, familiares e amigos).

Este pequeno guia pode nos ajudar muito a entender todo esse processo e definitivamente introduzir esse Ponto Concre-to de Esforço em nossa rotina e relacionamento.

(À venda no site ENS – aba Livraria)

www.ens.org.br