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TEORIA ANTROPOLÓGICA III – 2010.1 Profa. Miriam Pillar Grossi Módulo 01 – Teorias do Ritual e da Performance LEACH, Edmund. Once a Knight is quite enough: como nasce um cavaleiro britânico. Mana [online]. 2000. vol. 6, n. 1, pp. 31-56. Apresentação: Felipe Bruno Martins Fernandes Estagiário Docente - PPGICH

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TEORIA ANTROPOLÓGICA III – 2010.1Profa. Miriam Pillar Grossi

Módulo 01 – Teorias do Ritual e da Performance

LEACH, Edmund. Once a Knight is quite enough: como nasce um cavaleiro britânico. Mana [online]. 2000. vol. 6, n. 1, pp. 31-56.

Apresentação: Felipe Bruno Martins FernandesEstagiário Docente - PPGICH

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Sir Edmund Leach

Antropólogo Social BritânicoNascimento: 07/11/1910Morte: 06/01/1989

•Filho de fazendeiros (produção de açúcar);•Casado com Celia Joyce – artista (pintora e escritora de romances);•Conheceu Bronislaw Mallinowski através de Raymond Firth;•Professor de Antropologia Social;•Sua obra mais ilustre e reconhecida no Brasil é:

LEACH, Edmund. Sistemas Políticos da Alta Birmânia. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1996.

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Resumo

Neste artigo, Sir Edmund Leach utiliza as ferramentas da antropologia para interpretar o rito de iniciação ao qual se submeteu em 1975, quando foi nomeado Cavaleiro pela Rainha Elizabeth II. Comparando-o a um ritual de caça-de-cabeças em Bornéu, que presenciou em 1947, o autor sugere que ambos revelam a mesma estrutura de um rito de passagem, com um marcado conteúdo sacrificial. O artigo é ao mesmo tempo uma fina etnografia da cerimônia de Investidura no Palácio de Buckingham, e uma reflexão sobre o fazer antropológico.

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Alguns apontamentos metodológicos

Analisa a “Cerimônia de Investidura” em que foi nomeado Cavaleiro.Pontua alguns “princípios teórico-metodológicos” para a disciplina da Antropologia:•“Não é preciso ir às ilhas Trombiand ou para Sarawak, a fim de observar o exótico ou praticar antropologia” (p. 49).•“O antropólogo que faz pesquisa de campo deve usar seus olhos e suas experiências pessoais, em vez de apenas perguntar aos ‘informantes’ sobre ‘costumes’ que, na opinião dele, talvez fossem apenas produto da imaginação [tese de Mallinowski]” (p. 31-32).•“Os dados da Antropologia provém da vida real e não de anedotas de viajantes” (p. 32).•“A minha preocupação é antes com a estrutura desses procedimentos e até certo ponto com a sua mitologia, e não imediatamente com a sua verdadeira história” (p. 40).•“Está bastante claro que as minhas asserções não são afirmações ‘científicas’; não podem ser validadas, nem podem ser refutadas” (p. 49).

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Apontamentos sobre “Ritual” [1]1) “Em certo nível de abstração, os ritos de iniciação no mundo

todo mostram uma marcante similaridade de estrutura” (p. 32).

2) “O poder manifesta-se na interface de categorias separáveis” (p. 36).

3) “O mundo real é contínuo. Mediante o uso de categorias, separamos os espaços físico e social em áreas com diferentes potenciais de poder, criando a ilusão da descontinuidade. Nas interfaces, encontramos uma região que não pertence a nenhuma das categorias, e ao mesmo tempo pertence a ambas. É uma área perigosa, tabu, de poder manifesto” (p. 37)

4) “Qualquer altar tratado como trono de uma divindade invisível é fonte de poder em potencial” (p. 38).

5) “Toda essa área é perigosa e carregada de tabu, mas a intensidade do tabu aumenta conforme nos aproximamos do cerne, do trono da divindade, que é a fonte última do poder” (p. 38).

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Apontamentos sobre “Ritual” [2]6) [rite de passage em Turner]: “o iniciante ‘morre’ em seu ‘status’

antigo e ‘renasce’ em seu novo ‘status’” (p. 45).7) “O propósito da performance ritual é trasmitir uma parte desse

poder para o iniciante, que se torna então qualificado para assumir o seu novo título e seu novo status social” (p. 46).

8) “O iniciante, tendo sido ‘morto’ no seu antigo papel, precisa ser ‘trazido’ de volta à vida em seu novo papel” (p. 48).

9) “Não acredito que as pessoas preservem ‘os velhos costumes’ só porque eles são velhos ou proque são costumeiros. Elas fazem isso porque esse comportamento tende a satisfazer algum tipo de necessidade sociopsicológica. Como sempre dizia Mallinowski, qualquer comportamento costumeiro é funcional no presente e não apenas uma sobrevivência esdrúxula do passado” (p. 49).

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Ritual Caça-de-Cabeças [1]1) [Culmina] “com o sacrifício de um grande porco que era

identificado com o prórpio Koh, pois era ele que estava oferecendo o sacrifício. Essa identidade ficou manifesta quando Koh, que mantivera até então uma atitude passiva, colocou o pé sobre as costas do porco imediatamente antes dele ser morto” (p. 34).

2) “O doador, o animal a ser sacrificado estão em uma área que fica a meio caminho entre a congregação secular formada por aqueles que eram observadores e testemunhas do fato e o trono de Lang, que aos olhos das pessoas comuns parecia estar vazio” (p. 34).

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Ritual Caça-de-Cabeças [2]3) “Eu já presenciei vários tipos de sacrifícios de animais em

diversos contextos culturais. O esquema do cenário da ação é mais ou menos o mesmo, abrangendo os seguintes elementos:(1) um altar que, seja em termos de aparência, seja em termos do nome que lhe é dado, é concebido como um trono onde a divindade se instala temporariamente,(2) um local onde é feito o sacrifício, cujo acesso é reservado aos participantes de cunho sacerdotal, incluindo o doador e a vítima,(3) uma congregação leiga de testemunhas ou observadores.

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Ritual Caça-de-Cabeças [3]

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Ritual Caça-de-Cabeças [4]4) A área onde ocorrem os procedimentos sacrificiais é isolada do mundo

ordinário por intermédio de algum tipo de marcador de fronteiras; e há sempre a presença de algum tipo de instrumento produtor de som, que também funciona como marcador da descontinuidade com a normalidade. A fonte de som varia: orquestras, tambores, fogos, tiros, cantores. A escala dos arranjos também varia muito, mas o ‘layout’ de uma igreja paroquial inglesa segue esse padrão geral e serve para dar uma idéia do que estou querendo dizer” (p. 35).

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Ritual Caça-de-Cabeças [5]

IGREJA INGLESA

5) Espaço dividido em “áreas com diferentes graus de sacralidade” (p. 36)6) A maior parte da ação ritual ocorre no espaço intermediário, o coro”

(p. 36)7) Há a marcação da “separação entre o sagrado e o profano” (p. 36)

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Ritual Cerimônia de Investidura [1]

COMO ALGUÉM SE TORNA UM CAVALEIRO?

3) Você recebe uma carta;4) A lista aparece no jornal;5) Você recebe outra carta com encaminhamentos e pedido de

presença e assinatura (neste ponto já pode usar o título);6) Você recebe instruções sobre data e procedimentos, incluindo

indumentária.

Alguns apontamentos sobre a Cerimônia

3) A rainha estava vestida como uma mortal qualquer.4) A Espada, assim como a Coroa, é um símbolo específico de

soberania da Rainha.5) Havia militares guardando os tronos vazios.6) A Rainha em seu papel de sacerdotiza é uma pessoa sagrada.7) O papel da Rainha é tranmitir um elemento de poder da soberania

através da espada para a pessoa do Cavaleiro iniciante >> ação de sacrifício >> sacerdotiza decapita a vítima

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Ritual Cerimônia de Investidura [2]

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Ritual Cerimônia de Investidura [3]

(p. 45) – primeiro parágrafo – vítima se ajoelha e é tocada pela espada.

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Ritual Cerimônia de Investidura [4]

(p. 45) – primeiro parágrafo – passa a fita da ordem.

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Ritual Cerimônia de Investidura [5]

(p. 45) – primeiro parágrafo – diz alguma coisa apropriada.

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Ritual Cerimônia de Investidura [6]

(p. 45) – rainha toca a vítima