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EDUARDO BANKS DERRUBA LEI ANTI-HOMOFOBIA DO RIO

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Foi o Procurador Geral de Justiça quem ajuizou a Representação de Inconstitucionalidade (ou "Ação Direta de Inconstitucionalidade') nº. 017774-24.2012.8.19.0000 perante o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro; mas QUEM provocou a ação da PGJ foi o escritor Eduardo Banks, que solicitou ao chefe do MP Estadual a propositura da ação, ao final VITORIOSA por 17 Votos X 4 (O Des. Nagib acha que o vício de iniciativa pode ser convalidado, desde que a lei tenha objetivo de apelo social)

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Page 1: EDUARDO BANKS DERRUBA LEI ANTI-HOMOFOBIA DO RIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ÓRGÃO ESPECIAL

Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 0017774-24.2012.8.19.0000 Rep.te: Exmo. Sr. Procurador Geral de Justiça

do Estado do Rio de Janeiro Rep.do1: Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro Rep.do2: Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa

do Estado do Rio de Janeiro Legisl.1: Lei Estadual n. 3.406, de 15/05/2000 Legisl.2: Decreto Regulamentar n. 29.774, de 11/11/2001 Relatora: Desembargadora NILZA BITAR

EMENTA: REPRESENTAÇÃO POR INCONSTITUCIONALIDADE. LEI QUE CRIA ATRIBUIÇÕES A ÓRGÃOS DO PODER EXECUTIVO E DISPÕE SOBRE A DISCIPLINA ESTATUTÁRIA DE SEUS SERVIDORES. VÍCIO FORMAL. INICIATIVA PRIVATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTEGRAL DO TEXTO LEGAL. PRELIMINARES. AMICUS CURIAE. O peticionário não possui legitimidade para atuar, na presente ação, em tal qualidade, que porque não demonstrou legítimo interesse, nem qualquer relevância ou representatividade, quer porque não demonstrou, quanto a matéria em análise, que esta relatora ou mesmo o colegiado necessitem de um colaborador informal, até porque estamos lidando com alegação de vício formal. Indeferimento da admissão. INÉPCIA DA INICIAL. De simples leitura da peça exordial é possível constatar que ela descreve, em minúcias, os dispositivos da legislação atacada e esclarece o porquê, à vista do Representante, eles malferiam a Carta constitucional. Rejeição da alegação.

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Órgão Especial

Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 0017774-24.2012.8.19.0000 Fls. 2

MÉRITO. Vício formal de iniciativa. Princípio da Separação dos Poderes. Competência privativa do Chefe do Executivo para deflagrar o processo legislativo quando se tratar da criação, estruturação e atribuições dos órgãos do respectivo Poder e da disciplina estatutária de seus servidores. Inteligência dos artigos 7º e 112, § 1º, inciso II, alíneas “b” e “d”, da Constituição estadual. Inconstitucionalidade da Lei Estadual n. 3.406/2000, e Decreto n. 29.774/2001, que a regulamenta. Representação que se julga procedente.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 0017774-24.2012.8.19.0000,

A C O R D A M os Desembargadores que compõem o colendo Órgão Especial do egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro em por de votos, rejeitar a preliminar, e no mérito, julgar procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade da Lei Estadual n. 3.406/2000 e do Decreto n. 29.774/2001, nos

termos do voto da Relatora.

Rio de Janeiro, de de 2012

NILZA BITAR Desembargadora Relatora

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Órgão Especial

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

ÓRGÃO ESPECIAL

Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 0017774-24.2012.8.19.0000 Rep.te: Exmo. Sr. Procurador Geral de Justiça

do Estado do Rio de Janeiro Rep.do1: Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro Rep.do2: Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa

do Estado do Rio de Janeiro Legisl.1: Lei Estadual n. 3.406, de 15/05/2000 Legisl.2: Decreto Regulamentar n. 29.774, de 11/11/2001 Relatora: Desembargadora NILZA BITAR

VOTO

Inicialmente, cabe enfrentar o pedido da Associação

Eduardo Banks para ser admitida como amicus curiae na presente

Ação Direta.

Quando se fala do instituto do amicus curiae, há que se

levar em conta pelo menos três vertentes acerca da sua natureza

jurídica: a) como intervenção de terceiros, na modalidade de

assistência qualificada; b) como intervenção atípica de terceiros; c)

como auxiliar do juízo.

Na primeira acepção, deve-se entendê-lo como uma

forma de assistência qualificada, devendo o Tribunal observar,

naquele que pretende ingressar na ação, a presença de qualificações

necessárias para funcionar como amicus curiae.

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Vale dizer: se a matéria em julgamento possui

complexidade técnica para merecer tal assistência e se o pretendente

possui atributos técnicos para funcionar no processo.

Na segunda, tem-se uma intervenção de terceiros atípica,

pois o pretendente vem a juízo defender interesse legítimo na causa

no processo objetivo de constitucionalidade.

Por fim, a terceira corrente entende que o amicus curiae é

um auxiliar do juízo, ou, nos dizeres do e. STF no Agravo Regimental

na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 748/RS, um “colaborador

informal da Corte”.

Ora, independente da posição a que esta relatora se filie,

em nenhum dos casos, na presente hipótese, é legítima a Associação

peticionária a ser admitida na qualidade de amicus curiae.

Tal afirmação se faz até de modo simples, seja porque

aquele que pediu a intervenção não evidenciou seu legítimo interesse,

nem qualquer relevância ou representatividade, seja porque não

demonstrou, quanto à matéria sub judice, que esta relatora ou mesmo

o colegiado necessitem de um colaborador informal, até porque

estamos lidando com alegação de vício formal.

Ou seja, não estamos desafiados, nos limites da inicial, a

examinar a profundidade material do direito de igualdade nas relações

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homoafetivas em público, em contraponto com a Constituição

estadual ou com princípios constitucionais ou supraconstitucionais,

mas tão-somente instados a nos manifestar acerca da forma, da

iniciativa da lei, dos limites entre os Poderes, matérias que são de

notório conhecimento dos membros que compõem o órgão máximo

da Justiça estadual.

Desse modo, indefiro o pedido de intervenção nos autos

do amicus curiae.

Também deve ser rejeitada a preliminar de inépcia da

inicial suscitada pelo 2º Representado.

De simples leitura da peça exordial é possível constatar

que ela descreve, em minúcias, os dispositivos da legislação atacada

e esclarece o porquê, à vista do Representante, eles malferiam a

Carta constitucional.

No mérito, tem-se que o pedido merece procedência.

Na presente Representação, a Procuradoria-Geral de

Justiça sustenta a inconstitucionalidade da Lei Estadual n. 3.406, de

15/05/2000, que estabelece penalidades aos estabelecimentos que

discriminem pessoas em virtude de sua orientação sexual, e, por

corolário, o Decreto n. 29.774, de 11/11/2001, que a regulamenta, em

razão de flagrante vício formal de iniciativa.

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Afirma, para tanto, que o processo legislativo da lei ora

impugnada – que cria atribuições e procedimentos a serem

observados por órgão do Executivo estadual – foi deflagrado por

iniciativa de Membro do Legislativo, e não do Chefe do Executivo,

como determinam os artigos 7º e 112, § 1º, inciso II, alíneas “b” e “d”,

da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.

Confiram-se os textos atacados em sua íntegra:

Lei n. 3.406/2000:

Art. 1º - Esta Lei estabelece penalidades aos

estabelecimentos localizados no Estado do Rio de

Janeiro que discriminem pessoas em virtude de

sua orientação sexual.

Art. 2º - Dentro de sua competência, o Poder

Executivo penalizará todo estabelecimento

comercial, industrial, entidades, representações,

associações, sociedades civis ou de prestações

de serviços que, por atos de seus proprietários ou

prepostos, discriminem pessoas em função de sua

orientação sexual, ou contra elas adotem atos de

coação ou violência.

Parágrafo único - Entende-se por discriminação

a adoção de medidas não previstas na legislação

pertinente, tais como:

I - Constrangimento;

II - Proibição de ingresso ou permanência;

III - Preterimento quando da ocupação e/ou

imposição de pagamento de mais de uma

unidade, nos casos de hotéis, motéis e similares;

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Órgão Especial

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IV - Atendimento diferenciado;

V - Cobrança extra para ingresso ou permanência.

Art. 3º - No caso do infrator ser agente do Poder

Público, o descumprimento da presente Lei será

apurado através de processo administrativo pelo

órgão competente, independente das sanções

civis e penais cabíveis, definidas em normas

específicas.

Art. 4º - Ao infrator desta Lei ou agente do Poder

Público que por ação ou omissão for responsável

por práticas discriminatórias, serão aplicadas as

seguintes sanções:

I - suspensão;

II - afastamento definitivo.

Art. 5º - Os estabelecimentos privados que não

cumprirem o disposto na presente Lei estarão

sujeitos às seguintes sanções:

I - inabilitação para acesso a créditos estaduais;

II - multa de 5.000 (cinco mil) a 10.000 (dez mil)

UFIR's, duplicada em caso de reincidência;

III - suspensão do seu funcionamento por trinta

dias;

IV - interdição do estabelecimento.

Art. 6º - Todos os cidadãos podem comunicar às

autoridades as infrações à presente Lei.

Art. 7º - O Poder Executivo deverá manter setor

especializado para receber denúncias

relacionadas às infrações à presente Lei.

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Art. 8º - O Poder Executivo regulamentará a

presente Lei em 60 (sessenta) dias a partir de sua

publicação.

Art. 9º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua

publicação, revogadas todas as disposições em

contrário.

Decreto n. 29.774/2001:

Art. 1º - Os estabelecimentos comerciais e

industriais, as entidades civis, com ou sem fins

lucrativos, representações, associações e as

sociedades civis que, por atos de seus

proprietários ou prepostos, discriminem pessoas

em função de sua orientação sexual, ou contra

elas adotem atos de coação ou violência, serão

punidos na forma prevista na Lei no. 3.406, de 15

de maio de 2000.

Art. 2º - Entendem-se por discriminatórias e

ofensivas ao objetivo da Lei no. 3.406 de 15 de

maio de 2000, além das previstas na Lei e no

artigo as seguintes condutas, sempre que

exercidas em razão da orientação sexual da

pessoa:

I - recusar ou impedir o acesso ou a permanência

ou negar atendimento nos locais previstos no art.

1o deste Decreto bem como impedir a

hospedagem em hotel, motel, pensão estalagem

ou qualquer estabelecimento similar;

II - impor tratamento diferenciado ou cobrar preço

ou tarifa extra para ingresso ou permanência em

recinto público ou particular aberto ao público;

III - impedir acesso ou recusar atendimento ou

permanência em estabelecimentos esportivos,

culturais, casas de diversões, clubes sociais e

associações;

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IV - recusar, negar, impedir ou dificultar a

inscrição ou ingresso de aluno em

estabelecimento de ensino público ou privado de

qualquer nível;

V - impedir, obstar ou dificultar o acesso de

pessoas , devidamente habilitadas a qualquer

cargo ou emprego da Administração direta ou

indireta, bem como das concessionárias e

permissionárias de serviços públicos;

VI - negar ou obstar emprego em empresa

privada;

VII - impedir o acesso ou o uso de transportes

públicos;

VIII - negar o acesso, dificultar ou retroceder o

atendimento em qualquer hospital, pronto socorro,

ambulatório ou em qualquer estabelecimento

similar de rede pública ou privada;

IX - praticar, induzir ou incitar pelos meios de

comunicação social ou de publicação de qualquer

natureza, discriminação, preconceito ou prática de

atos de violência ou coação contra qualquer

pessoa em virtude de sua orientação sexual;

X - obstar a visita íntima, ao preso, nacional ou

estrangeiro, homem ou mulher, de cônjuge ou

outro parceiro, no estabelecimento prisional onde

estiver recolhido, em ambiente reservado, cuja

privacidade e inviolabilidade sejam assegurados,

obedecendo sempre, os parâmetros legais

pertinentes à segurança do estabelecimento.

Art. 3º - Quando o autor da violação à Lei no.

3.406, de 15 de maio de 2000, for servidor público

a sua responsabilidade será apurada por meio de

procedimento administrativo disciplinar instaurado

pelo órgão competente, sem prejuízo das sanções

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civis e penais cabíveis, definidas em normas

específicas.

Art. 4º - Caberá à Secretaria de Estado de

Direitos Humanos e Sistema Penitenciário a

aplicação das penalidades previstas na Lei no.

3406, de 15 de maio de 2000, podendo, inclusive

editar os atos complementares pertinentes à

execução do disposto neste Decreto.

Art. 5º - Este Decreto entrará em vigor na data de

sua publicação.

De fato, as normas em questão encontram-se em

flagrante violação aos preceitos insculpidos nos artigos 7º e 112, § 1º,

inciso II, alíneas “b” e “d”, da Constituição estadual.

Deveras, compete privativamente ao Chefe do Executivo

deflagrar o processo legislativo quando se tratar da criação, da

estruturação e das atribuições dos órgãos do Poder Executivo

estadual e da disciplina estatutária de seus servidores.

Por conseguinte, não poderia o legislador estadual, por

iniciativa própria, dispor sobre a matéria acima aludida.

Há, portanto, contaminação do processo legislativo

quando a Assembleia Legislativa usurpa competência reservada ao

Chefe do Executivo estadual, invadindo esfera de sua atuação

discricionária, culminando com a edição da lei em tela.

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Destaque-se que, consoante entendimento assente, o fato

de ter sido o projeto de lei sancionado pelo então Governador do

Estado não possui o condão de sanar o vício de iniciativa.

No caso em tela, houve uma indevida ingerência do

Legislativo local na Administração estadual, e, por isso, quebra do

princípio da harmonia e independência dos Poderes.

E entendo que a declaração de inconstitucionalidade deve

abranger a íntegra de ambos os textos normativos.

O Exmo. Sr. Governador do Estado, secundado por sua d.

Procuradoria, afirma haver vício insanável e formal de iniciativa

apenas com relação aos arts. 3º, caput; 4º, caput e incisos; e 7º, da

Lei Estadual n. 3.406/2000, e aos arts. 3º, do Decreto n. 29.774/2001.

Em relação aos demais dispositivos, sustenta que eles

“(…) não versam sobre o regime jurídico dos servidores públicos, nem

se imiscuem na organização da Administração Pública, cuidando de

disciplinar a incidência da lei relativamente aos particulares, o que

não atrás a regra da iniciativa privativa inserta no art. 112 da

Constituição estadual”.

Acrescenta, ainda, o Chefe do Executivo estadual, que

“(…) consubstanciam o exercício pelo Estado da competência que lhe

outorgou o Poder Constituinte Originário de legislar, em caráter

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concorrente, sobre proteção ao consumidor (art. 24, VIII, da

constituição Federal, e art. 63, da Carta Estadual)”.

Não é o que se observa, no entanto.

O caput do artigo 2º da Lei estadual, supratranscrito, diz

que o Executivo “penalizará”, impondo, à evidência, atribuição a outro

Poder.

Já o art. 5º estabelece quais são as sanções cabíveis,

impondo aos servidores do Executivo um atuar ao arrepio da iniciativa

do Chefe do Executivo para disciplinar tal matéria.

Pelo exposto, julgo procedente o pedido para declarar a

inconstitucionalidade total da Lei Estadual n. 3.406/2000 e do Decreto

n. 29.774/2001.

É como voto.

Rio de Janeiro, de de 2012

NILZA BITAR Desembargadora Relatora

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ÓRGÃO ESPECIAL

Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 0017774-24.2012.8.19.0000 Rep.te: Exmo. Sr. Procurador Geral de Justiça

do Estado do Rio de Janeiro Rep.do1: Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro Rep.do2: Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa

do Estado do Rio de Janeiro Legisl.1: Lei Estadual n. 3.406, de 15/05/2000 Legisl.2: Decreto Regulamentar n. 29.774, de 11/11/2001 Relatora: Desembargadora NILZA BITAR

RELATÓRIO

Trata-se de Representação por Inconstitucionalidade

ajuizada pelo Exmo. Sr. Procurador Geral de Justiça, tendo por objeto

a Lei Estadual n. 3.406, de 15/05/2000, que estabelece penalidades

aos estabelecimentos que discriminem pessoas em virtude de sua

orientação sexual, e o Decreto n. 29.774, de 11/11/2001, que a

regulamenta.

Alega o representante, na inicial de fls. 02/10, que está

presente vício formal de iniciativa, porquanto o processo legislativo da

lei ora impugnada – que cria atribuições e procedimentos a serem

observados por órgão do Executivo estadual – foi deflagrado por

iniciativa de parlamentar.

Sustenta, para tanto, que, por força da norma extraída dos

artigos 7º e 112, § 1º, inciso II, alíneas “b” e “d”, da Constituição do

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Estado do Rio de Janeiro, a hipótese em questão reserva

privativamente ao Chefe do Executivo a iniciativa do projeto de lei.

Informações prestadas pelo Exmo. Sr. Presidente da

Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro às fls. 43/58,

aduzindo, em preliminar, a inépcia da inicial, porquanto não tenha o

representante impugnado especificadamente cada uma das normas

da lei sob ataque, embora peça a declaração de sua

inconstitucionalidade in totum, e, no mérito, a ausência de

transgressão a qualquer comando constitucional na legislação em

cotejo.

O Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro

manifestou-se às fls. 60/66, pela declaração de inconstitucionalidade

tão-somente dos arts. 3º, caput; 4º, caput e incisos; e 7º, da Lei

Estadual n. 3.406/2000, e do art. 3º, do Decreto n. 29.774/2001,

diante da violação à iniciativa privativa do Governador para a

propositura de lei que trate da organização dos órgãos do Poder

Executivo estadual e da disciplina estatutária de seus servidores.

Na petição de fls. 69/78, acompanha de documentos, a

Associação Eduardo Banks requer sua admissão como amicus

curiae, ao argumento de que tem interesse na causa porque a

presente representação teve origem de uma provocação sua ao

Ministério Público estadual.

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Às fls. 101, a d. Procuradoria-Geral do Estado ratifica

integralmente o conteúdo das informações prestadas pelo 1º

Representado.

Parecer conclusivo da Procuradoria-Geral de Justiça às

fls. 103/112, no sentido de se julgar procedente a presente

representação para se declarar a inconstitucionalidade dos atos

normativos objeto desta.

É o relatório.

Peço inclusão do feito em pauta para julgamento.

Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2012

NILZA BITAR

Desembargadora Relatora

Certificado por DES. NILZA BITARA cópia impressa deste documento poderá ser conferida com o original eletrônico no endereço www.tjrj.jus.br.Data: 03/10/2012 14:39:41 Local: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Processo: 0017774-24.2012.8.19.0000 - Tot. Pag.: 15