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INTRODUÇÃO A Educação Ambiental é um ramo da educação cujo objetivo é a disseminação do conhecimento sobre o ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentável dos seus recursos. No Brasil a Educação Ambiental assume uma perspectiva mais abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas incorporando fortemente a proposta de construção de sociedades sustentáveis. Mais do que um segmento da Educação, a Educação Ambiental tem como proposta uma profunda discussão das questões que a competem em toda a sua complexidade e completude. Em vista da sua utilidade tornou-se lei em 27 de Abril de 1999. A Lei N° 9.795 – Lei da Educação Ambiental. Foi sem a menor dúvida uma grande conquista, pois normatizou uma das questões mais preocupantes da atualidade. A conquista pode ser percebida, por exemplo, em seu Art. 2° onde se afirma que: “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não”. Assim entende-se que as ações educativas que dizem respeito à conservação e preservação do ambiente devem integrar todas as áreas e não apenas ser uma das atribuições específicas da educação formal. Portanto tem como principal objetivo despertar em todos a consciência de que o ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de tudo esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante. 9

Educaçao ambiental

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Page 1: Educaçao ambiental

INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental é um ramo da educação cujo objetivo é a

disseminação do conhecimento sobre o ambiente, a fim de ajudar à sua preservação

e utilização sustentável dos seus recursos.

No Brasil a Educação Ambiental assume uma perspectiva mais abrangente,

não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas

incorporando fortemente a proposta de construção de sociedades sustentáveis.

Mais do que um segmento da Educação, a Educação Ambiental tem como

proposta uma profunda discussão das questões que a competem em toda a sua

complexidade e completude.

Em vista da sua utilidade tornou-se lei em 27 de Abril de 1999. A Lei N°

9.795 – Lei da Educação Ambiental. Foi sem a menor dúvida uma grande conquista,

pois normatizou uma das questões mais preocupantes da atualidade. A conquista

pode ser percebida, por exemplo, em seu Art. 2° onde se afirma que: “A educação

ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,

devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do

processo educativo, em caráter formal e não”. Assim entende-se que as ações

educativas que dizem respeito à conservação e preservação do ambiente devem

integrar todas as áreas e não apenas ser uma das atribuições específicas da

educação formal.

Portanto tem como principal objetivo despertar em todos a consciência de

que o ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão

antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de tudo

esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante.

Sendo assim trata-se da ação educativa permanente pela qual a

comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo

de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas

derivados das relações do ser humano com o meio onde vive e suas causas

profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a

comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a

transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como

sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para a

transformação.”

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Page 2: Educaçao ambiental

A Educação Ambiental consiste em um processo de reconhecimento de

valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades

e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-

relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos, ao passo

que está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que

conduzem para a melhora da qualidade de vida. Entende-se por educação ambiental

os processos por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores

sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia

qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Este trabalho de pesquisa traz o histórico da Educação Ambiental, no

capítulo 1, pois apenas os conhecimentos de ações realizadas no passado podem

fundamentar a prática consistente na atualidade, em vista da verdadeira

compreensão da situação encontrada.

A busca de conhecimentos sistematizados, nesta pesquisa se faz de tal

forma interessante, pois as descobertas que vão se evidenciando no decorrer da

mesma, ao mesmo tempo em que trazem conhecimentos elaborados se fazem

como um incentivo a novas descobertas.

No capítulo 2 concentram-se as questões referentes a prática educativa da

Educação Ambiental, não apenas em nível escolar, mas sim em todo o contexto em

que se faz acontecer, entendendo que o conhecimento da realidade de uma forma

mais ampla se faz necessário para a verdadeira dimensão da importância d

Já o capítulo 3 trata da pesquisa em campo, que se institui em uma fonte de

ricas observações para que se estabeleçam parâmetros entre a teoria estudada e a

realidade encontrada. Esta pesquisa, realizada em três realidades distintas: nas

escolas municipais, na empresa que trabalha e Educação Ambiental e no

Departamento Municipal de Meio ambiente, promove uma interação maior entre as

ações realizadas em nível do Município de Arapoti. A escola deste campo de

pesquisa se justifica pelo fato de que todas as instituições citadas atuam no campo

educativo, no contexto escolar.

Por meio do conhecimento da realidade da Educação Ambiental no contexto

escolar, torna-se possível refletir sobre as questões de forma crítica e responsável,

sabendo-se sujeito da própria produção do conhecimento e da sua aplicabilidade.

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Page 3: Educaçao ambiental

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. 1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – HISTÓRICO BRASILEIRO, FUNDAMENTAÇÃO

LEGAL E CONCEITUAÇÃO

A análise dos problemas ligados ao ecossistema e a necessidade de uma

ampla “educação ambiental”, no plano federal se deu a partir de grandes pressões

da sociedade, assim como atuação consistente de ambientalistas.

Embora não seja uma atividade recente no Brasil, o seu conceito de

preservação ambiental era citado numa perspectiva mais ampla como Educação

Conservacionista.

A Educação Ambiental já era citada no Decreto Legislativo Federal nº 3, de

fevereiro de 1948 (FBCN/CESP, 1986), o qual aprovava a concessão para a

proteção da fauna, da flora e belezas cênicas naturais dos países da América. Mais

tarde ela volta a aparecer, no Código Federal (Lei Federal nº 4.771 de 15 de

setembro de 1956; Machado 1991). Desse modo se observa que a preocupação em

educar para a preservação do meio ambiente, mesmo que seja numa concepção

mais limitada que a atual já tem mais de 50 anos.

A Educação Ambiental foi formalmente instituída no Brasil, pela Lei

Federal nº 6.938, sancionada em 31 de agosto de 1.981, que criou a Política do

meio ambiente (PNMA), sendo este um dos marcos históricos na instituição de

defesa da qualidade ambiental brasileira. Resultado este de uma luta conjunta de

parlamentares, ambientalistas e acadêmicos.

Dessas ações nasceu o Conselho Nacional de meio ambiente

(CONAMA), que deliberava sobre as medidas legais para a instrumentalização do

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Page 4: Educaçao ambiental

Plano Nacional do Meio Ambiente, elaborando a cadastro técnico federal das

atividades e instrumentos de defesa ambiental no Brasil, certificando e organizando

os agentes ambientais. Um dos seus princípios seria de que a E. A. Deveria ser

praticada não apenas restrito ao nível formal, como também informal, como

educação comunitária.

A partir da década de 80, a E. A. Passou a ser implementada, quando

o órgão oficial ambiental: a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) concentrava seus

esforços na criação de normas e diretrizes para a fiscalização do patrimônio sócio-

ambiental brasileiro. Neste contexto a E. A., que mesmo permeando estes

documentos, não eram prioridades oficiais, embora educadores tentassem

regulamentar leis específicas sem sucesso.

Em vista disso organizações não governamentais, assim como as

universidades, empresas, movimentos sociais e ambientalistas entraram na luta para

a defesa do meio ambiente.

Dentre as ações realizadas estão eventos para debater as questões

ambientais como o “1º Encontro Nacional de educação para o meio ambiente,

realizados em setembro de 1.988, constando com a participação de vários órgãos

como: SEMA, Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPQ), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Banco Nacional do

Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), Petróleo Brasileiro (PETROBRAS)

e ainda a Sociedade dos engenheiros florestais, como patrocinadores deste evento.

A participação efetiva de representatividades tão importantes trouxe uma maior

valorização para as questões relativas à E. A .

1.1.1 A educação ambiental na Constituição Brasileira

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Page 5: Educaçao ambiental

Na Constituição Brasileira, de 1988 a Educação Ambiental foi citada (Inciso

VI do Artigo 225 do capítulo VI do meio ambiente), sendo que para Pedrini e Pedrini

(1991) tratava-se apenas de uma referência sem conotações pedagógicas, não

constando no capítulo III da Educação, sendo que para os autores isso significa uma

percepção restrita da dimensão ecológica, excluída uma visão holística desse tema.

No momento presente a Educação Ambiental está recebendo um tratamento

diferenciado, em vista das demandas existentes, sendo prioritamente realizada nos

órgãos ambientais. Essa importância advem das constantes comprovações das

necessidades de preservação em busca da continuidade da vida com qualidade.

Em 1994, o ministro do Meio ambiente e da Amazônia Legal, Henrique

Brandão Cavalcanti, numa atitude sensata e até mesmo merecedora de aplausos,

determinou ao IBAMA (1994) que elaborasse o primeiro Programa Nacional de

Educação Ambiental (PRONEA), cabendo esta missão à diretoria de incentivo à

pesquisa e divulgação do IBAMA, cuja proposta elaborada serviu como marco

referencial conceitual-metodológico à declaração da Conferência de E. A. em Tbilisi,

na Geórgia.

Este evento é considerado um dos principais, sobre Educação Ambiental do

Planeta. A referida conferência foi organizada a partir de uma parceria entre a

UNESCO e o Programa de Meio Ambiente da ONU - PNUMA e, deste encontro,

saíram as definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação

Ambiental, estabelecendo que: ”O processo educativo deveria ser orientado para a

resolução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques

interdisciplinares e, de participação ativa e responsável de cada indivíduo e da

coletividade.”

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Page 6: Educaçao ambiental

1.1.2 A capacitação de pessoal para a atuação na educação ambiental

De acordo com levantamento realizado em 1994, o IBAMA propôs ao

PRONEA capacitar 305 mil pessoas, entre docentes, técnicos dos Sistemas

Educacionais, educadores que atuavam em órgãos do meio ambiente e entidades

da sociedade civil e ainda 12 mil profissionais do SISNAMA, criado pela LEI Nº

6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981 - Art. 1º Esta lei, com fundamento nos incisos

VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do

Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o

Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e institui o Cadastro de Defesa

Ambiental. A instituição deste sistema trouxe grandes avanços para a implantação

de uma política mais eficiente de controle das ações de degradação do ambiente ao

passo que interfere diretamente na educação ambiental.

É possível constatar que neste período houve um grande empenho por parte

dos órgãos governamentais em relação à busca de um melhor trabalho de

conscientização e intervenção na realidade em prol da preservação do meio

ambiente, pois além das medidas anteriormente citadas, o IBAMA apoiou 120

projetos de pesquisa para a geração de novas metodologias para a prática de E. A.,

apoiando também 500 novos projetos que trabalham para integrar a E. A. na gestão

ambiental. Com bases nestas informações é possível afirmar que o PRONEA se

constitui, nesse período, em um órgão adequado e eficaz para trabalhar na

instalação da E. A., no Brasil, de forma articulada e organizada, sendo a melhor

política operacional do IBAMA.

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Page 7: Educaçao ambiental

Dentro deste contexto ressaltam-se os esforços dos educadores do IBAMA

em fazer a sua parte, com a formulação de programas e diretrizes para a E. A .,

sendo que, através da divisão de Educação Ambiental (DIEA) elaborou proposta

preliminar às diretrizes para E. A . (DEA), em novembro de 1995, que prevêem a

criação do Programa de Estudos e Pesquisas e Educação Ambiental (PEPEA) ,

sendo que dependendo da dotação de recursos a serem alocados nesta linha

pragmática o Brasil poderá inovar em E. A .

1.1.3 A efetivação da educação ambiental no currículo escolar

A Educação Ambiental aparece como um conteúdo de salutar importância

na educação de todo um povo, seja em qualquer etapa da mesma. Sendo assim

existe aclara necessidade de que a mesma seja instituída como política de

desenvolvimento dentro dos órgãos competentes. No que diz respeito a atuação dos

órgão educacionais, o Governo federal emitiu o parecer 226/87, de 11 de março de

1987, indicando o caráter indisciplinar da E. A . e recomenda sua realização em

todos os níveis de ensino. Tempos depois em maio de 1991, o MEC baixou uma

portaria recomendando a instituição da E. A. como conteúdo disciplinar em todos os

níveis de ensino, divulgando também, na mesma época, documento que

apresentava uma política de E. A. que a centrava na instituição de centros de E. A.

(CEAs) em todas as regiões brasileiras.

A Educação ambiental é definida, de forma clara e abrangente, por meio do

Art. 1o da Lei nº. 9.795 de abril de 1999, como:

Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma

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Page 8: Educaçao ambiental

consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. (Lei nº. 9.795)

Reflete que ao se definir como uma das políticas de grande impacto na

realidade, ao mesmo tempo traz as implicações de mudanças de paradigmas que

estabnelece. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar

não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a

crise ambiental ambiental uma questão ética e política.

A E. A. Consta no inciso I do artigo 36, da Lei das Diretrizes de Base da

Educação Nacional (LDB), sendo prevista para ter conteúdos curriculares da

educação básica e ser ministrada de forma interdisciplinar integrada em todos os

níveis de ensino. Esta forma de colocação demonstra que a E. A. é inexpressiva no

plano federal, porém não se pode deixar de ressaltar que existe o interesse dos

educadores em desenvolver ações que despertem a tomada de consciência par os

graves problemas ambientais decorrentes de nossas práticas diárias, todavia o

mesmo parece não acontecer com os gestores do MEC, pois não se tem

estabelecidos como prioridades a educação ambiental, como parte importante do rol

de disciplinas em nossas escolas. Isso gera certo descomprometimento em cumprir

na íntegra, o que prevê a Constituição Federal, ao expressar que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações. (Artigo 225 da Constituição)

Analisando o contexto em que se fundamenta a base legal da educação

ambiental, percebe-se, que mesmo com os esforços realizados ainda existe certo

atraso do Brasil, em relação a outros países, no que diz respeito à E. A., pois ao

buscar conhecer, mesmo que de forma superficial, as leis e desenvolvimento da E.

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Page 9: Educaçao ambiental

A. nos países mais desenvolvidos, constata-se que existe uma maior

conscientização da importância da E. A. por parte de toda a população, ao passo em

medidas são criadas e normas são estabelecidas e cumpridas em prol da

preservação do meio ambiente.

Torna-se então, de fundamental importância um maior empenho de todo o

sistema educativo, assim como da sociedade civil na criação de políticas específicas

que garantam a efetivação da Educação Ambiental em todos os contextos da

educação básica, assim como em situação educativas não formais.

1. 2 DIAGNÓSTICOS NACIONAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A evolução da E. A. no Brasil foi descrita primeiramente na década de 80,

por Klasilchic (1986). Este baseou-se na análise de iniciativas pontuais de

programas de E. A. No Brasil. Neste contexto levantaram-se questionamentos,

como: O cidadão brasileiro, além dos educadores, tem consciência de que a E. A. é

um instrumento de política para a qualidade ambiental? Este e outros

questionamentos levam ao conhecimento de que os indivíduos, naquele momento,

assim como encontramos ainda hoje não tinham o conhecimento da real importância

de se estabelecer medidas de educativas em relação à preservação do ambiente

como a condição básica para a própria sobrevivência.

1. 2. 1 Processos de construção da educação ambiental

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Page 10: Educaçao ambiental

A realidade vivenciada na Educação ambiental muitas vezes está

relacionada com a falta de apoio governamental. Mesmo assim seus agentes e

educadores vem tomando iniciativas plausíveis e realizado a ações que se fazem

possíveis. No entanto segundo REIGOTA (1999, p. 154), “Os praticantes da

Educação Ambiental são uma (...) minoria ativa. Com a insistência e a pertinência de

seus trabalhos, fizeram com que a Educação ambiental conquistasse o espaço e o

prestígio atuais”. Refletindo esta afirmação identifica-se o grande esforço por parte

de camadas da sociedade que buscam uma nova forma mais participativa de

interagir em prol de melhorias na qualidade de vida para esta e gerações futuras em

vista da educação ambiental.

Para LEFF (2001, p. 257) “A Educação Ambiental traz consigo uma nova

pedagogia que surge da necessidade de orientar a educação dentro do contexto

social e na realidade ecológica e cultural onde se situam os sujeitos e atores do

processo educativo”. Assim pensar em E. A. pressupõe a iniciativa de uma nova

postura em vista da realidade e dentro do contexto de vida do aluno. Não basta

trazer a informação é preciso praticá-la, em ações constantes no ambiente,

demonstrando as causas e conseqüências das pequenas ações do dia-a-dia.

O indívíduo deve ser levado a tomar iniciativas ao ser um conhecedor da

realidade que o cerca, assim como a causa e conseqüência de seus atos na

interferência direta ou indireta no meio ambiente, porém para que se possa alcançar

este grau de conscientização, que gera a postura crítica e construtiva torna-se

necessário um amplo trabalho desde a primeira infância, na educação de toda uma

geração, que possa atuar dentro dos parâmetros ecologicamente corretos em

relação aos cuidados com o ambiente.

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Page 11: Educaçao ambiental

1.2.2 Pesquisa realizada sobre as questões ambientais relacionadas à

educação

CASTRO e PEDROSA (1991, Apud Pedrini 1997, p.90), conduziram uma

ampla pesquisa entre docentes universitários de Pedagogia e Ciências Biológicas,

que ensinam E. A. no currículo formal na cidade do Rio de Janeiro, concluindo que

todos estes educadores ambientais possuíam a real dimensão ecológica. Estes

resultados possibilitam uma reflexão mais aprofundada da realidade em que

estamos inseridos.

Quando constatamos que o campo da pesquisa se limita a apenas um

estado, como no caso da citada anteriormente, observa-se que se trata da

demonstração cultural de um grupo isolado. Isso nos leva a perceber que mesmo

existindo alguns grupos onde se faz presente de forma mais efetiva a educação

ambiental, não se pode tomar como referencia nacional. Todavia este resultado de

pesquisa traz uma grande satisfação a todos que se empenham, de uma forma ou

de outra, na efetivação da educação ambiental no contexto escolar.

Ainda de acordo com PEDRINI (1997, p. 92) e ainda as contribuições de

autores como CALAZANS (1993) BRÜGGER (1994) e LAYRARGUES (1996), que

abordam as questões da subordinação do Brasil em relação ao desenvolvimento

sustentável, pregado em debates ecológicos. Sendo este nada mais que apenas o

sustento por agencias internacionais, de programas que prejudicam a verdadeira E.

A. ao passo que apenas o país cada vez mais devedor, aos bancos ditos

desenvolvimentistas, mais que na realidade estão interessados nas riquezas

naturais do país, sendo que isso pode ser confirmado no discurso incoerente, que

demonstra a racionalidade empresarial econômica, num discurso político vazio

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Page 12: Educaçao ambiental

daqueles que se intitulam “empresários verdes”, mas na verdade são apenas

empresários transnacionais em busca de uma nova civilização.

Dentro deste contexto deve-se buscar atuar de forma coerente em vista das

verdadeiras necessidades do povo, sem esquecer que as questões ambientais

repercutem em tempos e espaços muito abrangentes para ser tratada como uma

questão particular, de um lugar ou de tempo específico.

As ações praticadas por esta geração podem determinar o modo de vida das

futuras, assim como hoje vivemos as conseqüências das ações praticadas por

nossos antepassados, em vista da degradação ambiental e do uso indiscriminado

dos recursos naturais.

A E. A. se fundamentada nos princípios legais que a determinam, encontram

nos eventos mundiais bases sólidas para seu desenvolvimento. A Conferência de

Tbilisi, realizada na Geórgia (Antiga URSS), em 1977 recomenda-a os enfoques

interdisciplinar e sistêmico.

Nesta visão a E. A. encontra respaldo para se estabelecer dentro e

toda a disciplina ao mesmo tempo em que se determina a sua importância pela

sistematização dos conteúdos a serem trabalhados.

Numa sociedade onde a educação ainda adota a postura de avaliar o aluno

medindo o conhecimento adquirido, pelos processos diversos de avaliação que

culminam com a determinação da nota, percebe-se que determinado conteúdo

passa a ter maior valor no processo pedagógico ao ser estabelecido para tal valor ou

peso, quando se constitui em parte integrante do currículo. Entretanto a pluralidade

metodológica ainda é problemática em E. A. sendo que se constituem em

contradições que podem criar elementos inerciais à superação das questões sócio–

ambientais, como sementes da mudança e dos atos criativos dos homens. Dentro

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Page 13: Educaçao ambiental

destas ações se destaca os modelos de ocupação da terra e a sustentação dos

mesmos pela natureza.

Neste contexto observa-se que existe a necessidade da preservação do

solo, e outros componentes do meio ambiente em vista da preservação das

espécies. Para VERNIER (1994, p. 109), “Um dos meios de salvar as espécies e

seu habitat é criar reservas ou parques”. Porém um povo deve ser educado para a

verdadeira preservação que vai muito além de simplesmente isolara as espécies

para que se possa ter a sobrevivência da mesma. Enquanto não houver um

processo educativo capaz de integrar a sustentabilidade com o desenvolvimento e

progresso de todo o povo dificilmente se alcance um patamar superior de

preservação do meio ambiente em vista do processo educativo.

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Page 14: Educaçao ambiental

2. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO EDUCATIVO

Ao realizar a pesquisa bibliográfica em relação a realidade da E. A. dentro

do processo educativo, verifica-se que a mesma é constantemente relacionada

com o campo da Biologia, porém a intencionalidade não parece ser reduzi-la a em

seu conceito, mas apenas entender a evolução do pensamento biológico almejando

alcançar o pensamento holístico tão defendido pelos ambientalistas. Sendo que

defender um pensamento holístico e integrado não implica em transcender antigos

paradigmas científicos de visão de mundo e natureza. Dentro deste contexto, é

possível afirmar que desde a realização de conferências, que marcaram a

necessidade de se desenvolver a E. A. em vários âmbitos e níveis, não houve um

efetivo aprofundamento teórico consistente. Entretanto sabe-se que para uma clara

compreensão dos conceitos de ecologia se faz necessário alguns conhecimentos

básicos na área de Biologia, entendendo que esta apresenta a realidade como um

equilíbrio sempre instável, sendo passível e avaliação e busca de resultados cada

vez mais apurados.

2. 1 A AVALIAÇAO DA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Segundo PEDRINI (1997) a década de 90 foi a mais produtiva em avaliação

sobre a prática da E. A. no Brasil. DIAS (1991) conta os bastidores da formulação do

projeto de informações sobre E. A. , de cuja formulação participou, sendo que este

documento foi enviado para o IBAMA e MEC onde permaneceu em espera de

exame por nove meses, quando o Presidente da República exigiu a publicação

urgente do documento, depois de publicado, com uma tiragem de 100 mil

22

Page 15: Educaçao ambiental

exemplares, foi distribuído em todo o território nacional, ainda acrescentado na

revista Nova Escola.

Outras análises ainda foram realizadas, como a publicada pelo INEP, onde

se pretendeu que a análise fosse sobre os principais atores sociais envolvidos com a

E. A. brasileira. Em 1994 foi realizado um novo estudo, solicitado pelo Instituto

Brasileiro de Educação Ciência e Cultura (IBGECC), para a UNESCO, baseado no

estudo empírico de quatro ONGS brasileiras, das regiões sul e sudeste. Trabalho

este que demonstra os objetivos da E. A., restrita apenas a difusão em escolas não

parece ter como meta principal a transformação da realidade em vista da mudança

de hábitos, questionando a qualidade da E. A. realizada no pais, sugerindo a

necessidade de avaliar e repensar o processo de E. A . Em todo o país. Após estas

colocações convém ressaltar a existência, mesmo que parcial, de recursos

financeiros para a realização de uma E. A. de qualidade, tanto na instância

ambiental como na área educacional, necessitando estímulo e capacitação de

educadores ambientais.

Dentro deste contexto, mesmo que ainda não atinja a superioridade na área,

o Brasil é detentor de inúmeras leis, tanto pelo lado educacional – Projeto de Lei de

Diretrizes de Base em Educação Nacional (LDB) – Portaria do MEC n º 678, quanto

pela dimensão ambiental: a Lei 6.938/81 que criou a Política Nacional do Meio

Ambiente (PNMA). Estas ações demonstram uma abordagem clara da E. A. como

permeadora de uma educação construtora de novas posturas, hábitos e condutas,

que visa à transformação da sociedade em vista de melhores condições de vida,

baseando-se nos pressupostos pedagógicos das DI/UNESCO. Entende-se, desta

forma que a E. A. passa ater uma maior interferência na realidade educativa,

adotando os parâmetros da sustentabilidade.

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Page 16: Educaçao ambiental

2.1.1 Críticas e propostas dentro da Educação Ambiental

A realidade vivenciada na Educação ambiental muitas vezes está

relacionada com a falta de apoio governamental. Mesmo assim seus agentes e

educadores vem tomando iniciativas plausíveis e realizado a ações que se fazem

possíveis. No entanto segundo GUIMARÃES; REIGOTA (1995), a E. A. brasileira

caminha sem objetivos e métodos de ação e avaliação claramente definidos por

muitos de seus praticantes. Esta afirmação reflete o descontentamento de pessoas

que lutam pela efetivação de um processo muitas vezes lento e dificultoso de

trabalho em vista das implicações burocráticas que envolvem.

Que mesmo com a necessidade de urgência de se tratar os temas de

educação ambiental, ainda existem resistência que impedem o bom

desenvolvimento da prática da mesma. DIAS (1993) afirma que a E. A., na maioria

de vezes se traduz em meras aulas de ciências ou biologia no seu conteúdo

naturalista. Segundo a autora esta confusão conceitual pode estar relacionada ao

fato da mesma estar sendo praticada e difundida, na maioria dos casos, por

ambientalistas incapacitados.

Mesmo ocorrendo a boa vontade de atuar em determinada área se torna

essencial o conhecimento específico bem fundamentado, para que se possa ter as

ações efetivas que realmente provoquem uma mudança de postura e hábitos

levando efetivando o verdadeiro aprendizado.

2. 2 A QUESTÃO SÓCIO-AMBIENTAL

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Page 17: Educaçao ambiental

Vivemos um contexto onde o discurso e a base legal muitas vezes não

condizem com a prática e a realidade vivenciada. Apesar da proibição de113

produtos agrotóxicos em vários países, 29 deles são permitidos no Brasil, sendo o

fator responsável pela alta taxa de veneno em nossa corrente sanguínea. Que é de

572,6 ppb (parte por bilhão), comparada pelo fato da mesma ser de 43,3ppb na

Argentina, 22,7 nos E.U. A. e de 14,4 ppb 1na Inglaterra. Classificando o Brasil como

o terceiro maior consumidor de agrotóxico no mundo. Ao passar por rodovias da

área rural é como presenciar-se a aplicação de agrotóxicos, por pequenos

agricultores, sem o menor cuidado com proteção e segurança. As atitudes de um

povo revelam a sua educação ao passo que a prática demonstrada evidencia o que

se discute e aprende em relação a educação ambiental.

Quando se percebe que um povo não tem cuidado pelo seu próprio espaço

e meio, a começar pelo seu corpo, observa-se o quanto e urgente a tomada de

consciência da necessidade da E. A., em todos os níveis da educação.

Ao aceitar ingerir os produtos de uma cultura agropecuária que não esta

tendo os devidos cuidados com o ambiente, de certa forma se contribui para que

ocorra a continuação deste processo. Entretanto vivencia-se uma política ambiental,

onde os altos preços dos produtos, que apresentam uma melhor condição, de saúde

se tornam inacessíveis à maioria da população.

Enquanto se perdura estas situações conviver-se com índices cada vez mais

alarmantes de doenças e outros males causados por esta alta taxa de veneno no

sangue, que infelizmente nós brasileiros possuímos.

Segundo CUSTÓDIO (1991), situações como estas de interesse sociais,

econômicos e políticos, clamam por uma E. A. efetiva assim como políticas públicas

1 PPB: parte por bilhão na corrente sanguínea. No brasileiro essa taxa é altíssima em relação aos habitantes de países desenvolvidos que possuem uma legislação ambiental mais efetiva.

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Page 18: Educaçao ambiental

conseqüentes. Entretanto a educação ambiental ainda caminha a passos lentos,

mesmo com a gravidade da situação, pois está interrelacionada com a questão

socioeconômica, ao passo que mesmo existindo a demanda por ações

ecologicamente corretas, muitas vezes essas ações se determinam pelo poder

aquisitivo ou por interesses econômicos da classe dominante.

De acordo com GLEICK (1990) o desenvolvimentismo e o preservacionismo

reduzem a questão sócia econômica a sistemas lineares, com pontos fixos. Sendo

estes sistemas anti-econômicos e anti-sociais, pois aumentam as favelas, excluem

seus habitantes de suas atividades no seu próprio habitat. Ao passo que promove a

violação dos direitos humanos, reduzindo áreas de preservação natural a ambientes

para o lazer e contemplação das classes mais favorecidas.

Estas questões se evidenciam também no processo de ocupação da terra,

no êxodo rural e na formação dos grandes latifúndios, onde predomina a

monocultura que direciona as questões econômicas envolvendo os produtos de

alimentação básica.

As pessoas oriundas das áreas rurais se aglomeram mesmo nas cidades do

interior, em favelas e bairros afastados sem condições sanitárias de higiene,

necessárias para uma vida saudável, aumentam mais e mais os casos de problemas

ambientais, pois as condições precárias em que vivem determinam o meio de

sobrevivência ao qual recorrem.

2. 3 IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS NA REGIÃO SUL DO BRASIL

A região Sul possui as mais baixas temperaturas do país assim como os

solos mais férteis, cobertos inicialmente por floresta mista de araucárias ou campos

26

Page 19: Educaçao ambiental

nativos no Rio Grande do Sul e por vegetação de mata atlântica na serra do mar.

Nesta área desenvolveu-se, e ainda se desenvolve o desmatamento em virtude da

agricultura mecanizada, com alto uso de agrotóxicos dentro de atividades de

monoculturas, prejudiciais ao solo, degradando-o e ainda provocando o

assoreamento e a poluição dos rios. Também deve ser citada a construção de

matadouros e curtumes no Rio Grande do Sul como um fator de poluição e prejuízo

da vida aquática, entre outros fatores. Em relação à mata atlântica, mesmo tendo

uma grande área no passado, hoje se encontra reduzida a 5% de seu tamanho

original, levando ao conceito de que a ocupação do espaço, dentro do

desenvolvimento pode ser extremamente prejudicial ao meio ambiente.

Situações como estas refletem de que forma o povo é educado para a

preservação do espaço em que se está inserido. Pensa-se primeiro no

desenvolvimento econômico da região, para depois, se for viável, buscar o

desenvolvimento da prática de preservação ambiental.

Ao se pensar a região sul tem-se em mente uma das regiões mais

desenvolvidas economicamente do nosso país. Todavia mesmo buscando efetivar-

se a E. A. de forma consistente ainda temos muitos pontos falhos a serem

trabalhados com eficiência, em prol de uma melhoria de qualidade de vida para

todos.

2. 4 EVENTOS IMPORTANTES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Dentre os eventos ocorridos que atuam como determinantes das ações em E.

A., encontram-se a RIO + 10. Mesmo no processo preparatório deste evento já

27

Page 20: Educaçao ambiental

foram estabelecidas metas de atuação significativas, na referida área. As

delegações da sociedade civil que participaram da Reunião Preparatória de Redes

da Sociedade Civil da América Latina e Caribe para Rio+10, ocorrida em outubro de

2001, estabeleceram um plano que abrange quatro áreas de ação:

1. Reconfirmação de princípios e compromissos acordados em

outros acordos posteriores; 

2.  Obstáculos e lições aprendidas;

3. Considerações atuais;

4. Compromissos futuros

Nesta perspectiva observa-se que as ações a serem realizadas contemplam

todas as dimensões da prática em E. A. se constituindo em um dos pontos

marcantes da mudança de postura e atitudes, em vista de um processo de

conscientização contínuo elaborado de acordo com as possibilidades e

necessidades específicas de cada região.

Os tópicos a seguir demonstram o que se propõe e se espera da educação

ambiental, enquanto prática educativa estabelecida não apenas nos espaços

formais:

A democracia e a paz têm ajudado a incorporação da temática

ambiental nos processos de desenvolvimento;

É preciso repudiar as políticas que distorcem o acesso ao

mercado internacional, eliminando-se subsídios às exportações;

Renovar os compromissos com o Fundo Mundial para o Meio

Ambiente (GEF) e outras agências multilaterais de financiamento

28

Page 21: Educaçao ambiental

Reconhecer a necessidade de um sistema econômico

internacional estável, previsível, aberto e inclusivo e a participação da

sociedade civil

Ficar atento a possíveis condicionamentos ambientais e uma

interpretação abusiva do princípio da precaução

Destacar que os padrões de produção e consumo não

sustentáveis juntamente com mecanismos comerciais e financeiros dos

países desenvolvidos

Nesta perspectiva se prevê uma cooperação que permita melhorar as

condições de vida das gerações atuais e futuras via esforços que fortaleçam a

cooperação sub-regional e regional, atendendo às necessidades dos mais

vulneráveis e promovendo uma globalização sustentável.

Estabelecer uma prática verdadeiramente educativa abrange a estrutura

para um desenvolvimento sustentável cuja base inclua o compromisso de oferecer

capacitação em nível local, nacional e regional, fortalecendo instituições com o fim

de promover a integração de políticas ambientais, sociais e econômicas. Assim

sendo torna-se necessário:

Fortalecimento do papel da sociedade civil para o compromisso

efetivo com os processos de tomada de decisões voltados ao

desenvolvimento sustentável, divulgação de informação e aumento de

conscientização da sociedade;

Criação de sistemas de capacitação de âmbito local, nacional e

regional, aumentando desta maneira os mecanismos de consenso entre

governo e sociedade civil;

29

Page 22: Educaçao ambiental

Promoção de mecanismos flexíveis e adequados para tratar do

desenvolvimento sustentável nos fóruns multilaterais (fonte: WWW. Rio +10)

2. 4. 3 AGENDA 21?

A Agenda 21 foi uma idéia que surgiu ao logo da Rio-92, consistindo de um

programa de ações e princípios, elaborado por cerca de 180 países, que visava

estabelecer, já no início do Terceiro Milênio, em escala planetária, um novo padrão

de desenvolvimento econômico com justiça social e proteção ao meio ambiente para

as atuais e futuras gerações. Mas é possível localizar o fator desencadeante da

Agenda 21 em 1972, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou, em

Estocolmo, Suécia, a 1ª Conferência sobre o Ambiente Humano, na qual se

estabeleceu um programa de medidas e princípios que jamais foi cumprido porque

não previu como a Agenda 21, as ações efetivamente necessárias para oferecer a

toda a humanidade um mundo mais justo e ambientalmente saudável.

Vale lembrar que a Agenda 21 é de cumprimento facultativo, pois não tem o

peso de uma lei, uma vez que os países signatários não sofrem qualquer sanção

pelo fato de não programarem seu conteúdo. Daí a necessidade de se inaugurar um

processo de planejamento participativo baseado no fortalecimento da consciência

social e do exercício de cidadania para que este instrumento político promova

mudanças de caráter efetivo nos países signatários desse acordo global.

2. 4. 4 Os tratados referentes a postura dos países em relação a busca de

melhorias para o povo

30

Page 23: Educaçao ambiental

Os 40 capítulos da Agenda 21 abrangem todos os temas que afligem o

mundo contemporâneo, fazendo recomendações para a superação dos impasses.

Entre eles, a dívida externa dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento,

fome, saneamento básico, agricultura sustentável, educação, biodiversidade,

produção industrial mais limpa, lixo, água, bioética, mudanças climáticas, destruição

de florestas, questões de gênero etc.

A Agenda 21 aponta como plenamente possível a construção de um mundo

melhor, desde que cada um – Governo, setor produtivo e cidadão - assumam a sua

parcela de responsabilidade quanto ao que pode e deve fazer para pôr um ponto

final nos desequilíbrios de todas as ordens que hoje assolam as várias sociedades

humanas.

Na Rio-92 ficou ajustado que os cerca de 180 países signatários da Agenda

21 deveriam, a partir dessa diretriz global, elaborar sua própria Agenda 21 Nacional,

buscando primordialmente eliminar a pobreza, promover os direitos humanos e

elaborar de forma participativa uma política interna norteada para o desenvolvimento

sustentável.

Desenvolvimento sustentável é conceito que tem origem num princípio

fundamental da Ecologia, o de que não podemos tirar da natureza nada além do que

ela é capaz de repor, ou seja, satisfazer as gerações presentes sem comprometer o

atendimento das necessidades das futuras gerações.

Essa noção de limite é a única capaz de colocar um freio a um processo já

em curso, mas ainda reversível: o do completo exaurimento dos recursos naturais do

planeta e conseqüentemente destruição da atual humanidade. (Torres, 2007)

31

Page 24: Educaçao ambiental

2. 4. 5 O Protocolo de Quioto

Este tratado é consequência de uma série de eventos e constitui-se no

protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a

redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de

acordo com a maioria das investigações científicas, como causa do aquecimento

global.

O documento acima citado foi discutido e negociado em Quioto no Japão em

1997, foi aberto para assinaturas em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de

março de 1999. Oficialmente entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois

que a Rússia o ratificou em Novembro de 2004. Ele se propõe um calendário pelo

qual os países desenvolvidos têm a obrigação de reduzir a emissão de gases do

efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 no período entre

2008 e 2012, também chamado de primeiro período de compromisso.

A redução das emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas.

O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de

algumas ações básicas:

Reformar os setores de energia e transportes;

Promover o uso de fontes energéticas renováveis;

Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados

aos fins da Convenção;

Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e

dos sistemas energéticos;

Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.

32

Page 25: Educaçao ambiental

Se o Protocolo de Quioto for implementado com sucesso, estima-se que

deva reduzir a temperatura global entre 1,4ºC e 5,8ºC até 2100, entretanto, isto

dependerá muito das negociações pós período 2008/2012, pois há comunidades

científicas que afirmam categoricamente que a meta de redução de 5,2% em relação

aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do aquecimento global. Obtido

em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Protocolo_de_Quioto. Acesso em: 2010/2007.

2. 5 QUESTÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO

AMBIENTE

2. 5. 1 Os resíduos sólidos

Os resíduos sólidos, o lixo que produzimos aquilo que para nós não tem

serventia pode ser a fonte de sobrevivência para muitos. Isso demanda uma postura

mais crítica em relação ao tratamento que damos a esses resíduos. (TORRES,

2007, p. 327)

Como reconheceu a Agenda 21, “o equacionamento da gestão de resíduos

deve seguir a ordem de prioridades: redução de produção, reutilização e reciclagem,

assim como uma disposição final adequada”. Assim sendo percebe-se a grande

importancia de trabalhar as questões referentes a destinação dos resíduos, como a

separação seletiva, como forma de melhoria do meio ambiente e economia dos

recursos naturais, ao passo que ao se educar para o redução, o reaproveitamneto e

a separação seletiva, em vista da reciclagem, economiza-se energia e recursos

naturais.

33

Page 26: Educaçao ambiental

De acordo com norma da ABNT 19.004/1987, por rersíduo sólido se

entende:

...os resíduos no estado sólido e semi-sólido que resultam da atividade da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição, tratamento de água, gerados por equipamentos de controle da poluição, bem como os líquidos que possuem partículas que são inviáveis de serem lançados em redes de esgoto.

Esta afirmação estabelece a conceituação daquilo que se refere ao resíduo

que denomina-se vulgarmente lixo. A partir do conhecimento estabelecido demanda-

se ações em vista das possibilidades de conservação e preservação que os

cuidados adequados com os resíduos produzidos.

Na atualidade existe uma grande “campanha” de incentivo ao consumo

discriminado, assim como o destino adequado dos resíduos. Entre as ações pode-se

citar o fato de cooperativas de catadores de resíduos, grandes indústrias de

reciclagem. Todavia estas atividades são incentivadas em vista das atribuições

financeiras que demandam, ainda falta, na população a verdadeira conscientização

da necessidade da separação seletiva dos resíduos, o que favoreceria a reutilização

e reciclagem dos mesmos.

O lixo doméstico se constitui em dos grandes vilões da poluição ambiental.

De acordo com VERNIER (1994, p. 70) “já se foi o tempo em que para eliminar seu

lixo bastava jogá-lo para na rua, em que porcos e cachorros davam um jeito nele.”

Emtempos passados o lixo doméstico se resumia a materiasis orgânicos, que se não

fossem consumidos pelos animais facilmente se desintegrariam. Na atualidade o lixo

doméstico se constitui, em grande parte em embalagens de metal, plástico e vidro.

Dentro da perpectiva de dispodsição final dos resíduos, existe também a

questão do transporte do mesmo, que deve ter cuidados especiais, diferindo em

34

Page 27: Educaçao ambiental

relação ao tipo de material transportado. Entre os resíduos transportados

encontram-se aqueles de alto grau de periculosidade, como resídos químicos e até

mesmo hospitalar.

Para o transporte de tais cargas existe uma legislação específica da Agência

Nacional de Transportes Terrestre - Resolução Nº. 420, de 12 de feveiro de 2004,

aasim como outras lei complementares. Todavia segundo Rodrigo Zevzikovas

( Revista Gestão de Resíduos, nº. 09 - Ano II – Julho/agosto 2007, p. 14) a grande

dificuldade está na fiscalização do transporte destas cargas e na oferta do menor

preço, que leva os produtores de tais resídios a optar pela solução que se apresenta

economicamente mais viável, porém com sérios comprometimentos no que se refere

às questões de segurança e confiabilidade.

Percebe-se ainda que relação às questões que envolvem os resíduos

orgânicos, constata-se que existe certa imparidade entre as ações e os discursos

estabelecidos, pois enquanto milhares de pessoas passam fome ou consomem

menos que o mínimo estabelecido para que se possa ter uma vida saudável,

toneladas de alimentos são dispostas nos grandes lixões todos os dias. Vale lembrar

que ter um ambiente saudável implica na forma como o ser humano estabelece suas

relações em vista das possibilidades de saúde física, mental e até mesmo espiritual

do ser humano.

2. 5. 2 A poluição das águas, do solo e do ar

Em tempos passados o homem estabelecia sua morada perto de um

manancial de água, onde cultivava o solo para sua subsistência. Dessa forma o

35

Page 28: Educaçao ambiental

acesso à esse meio fundamental de sobrevivência era garantido. Todavia esta

postura trouxe um uso indiscriminado deste recurso natural, sendo que ao

aglomerar-se, na formação até de cidades, às margens de rios ou nascente, os

dejetos humanos e outros resíduos produzidos pelos mesmos passaram ao poluir o

solo, o ar e os mananciais, originando até mesmo a escassez desta fonte de vida,

sendo agora fonte de preocupação por parte das autoridades, que buscam

estabelecer políticas de recuperação e conservação deste recurso, enquanto ainda

há tempo. Problema este que se agrava a cada ano nas grandes cidades e até

mesmo no contexto rural em vista do uso de agrotóxicos.

As questões interrelacionadas com a preservação das águas, se encontram

alicerçadas na mudança de postura de toda a sociedade. VERNIER (1994, p. 18)

Reflete que não basta construir estações de depuração de esgoto se não existe uma

rede eficiente de coleta de dejetos, que acabam indo pararem nos rios e mananciais

próximos às cidades além de causar a poluição do solo, o desmoronamento de

encostas, o assoreamento dos riachos e córregos desprovidos de mata ciliar.

A degradação do solo é um problema ambiental que pode ser encontrado

em todo o mundo, tendo como agente principal o homem. Nos grandes centros

urbanos tem como conseqüência várias catástrofes relacionadas ao fato de que as

águas das chuvas não encontram espaço adequado de vazão, pela ocupação

indiscriminada do espaço, sem respeito ao solo. Nas áreas rurais essa degradação

pode ser resultante de atividades econômicas em vista da produção de alimentos

efetiva a degradação por meio do desmatamento, uso indiscriminado de agrotóxicos,

da monocultura, mineração e outros.

Esta situação reflete as questões econômicas vividas pela população que

não é atendida no que se refere às condições sanitárias básicas de higiene. “A

36

Page 29: Educaçao ambiental

desigualdade é o problema ambiental mais importante do planeta: é também seu

maior problema no rumo do desenvolvimento (Breck, 1999, p. 80)”.

Em relação ao desenvolvimento constata-se que grandes empresas

prosperam, muitas vezes em declínio do ambiente em que ocupam, poluindo águas,

propagando a poluição do solo e ainda emitindo gases que vem a poluir o ar.

Verifica-se que além das políticas governamentais, deve ocorrer uma

mudança de hábitos em vista da conscientização de todo o povo sobre gravidade da

poluição das águas, do solo e do ar, que demandam atitudes urgentes para que se

possa conservar, por mais tempo estes valiosos recursos.

2.5 3. O aquecimento global

O Aquecimento global é um fenômeno climático de grande proporção, que

consiste no aumento da superfície terrestre. Muito se houve falar na atualidade

sobre este fenômeno e se discute principalmente suas causas para que as mesmas

possam ser combatidas, em vista da melhoria de condições de vida humana no

mundo.

De acordo com GORE (2006, p. 42) “é evidente que estão ocorrendo

mudanças dramáticas e radicais em nosso mundo”, isso pode ser percebido através

de constantes ocorrências de desastres ambientais. O aquecimento global vem

sendo apontado como o elemento agravante das forças dos furacões, do

derretimento das calotas polares, enchentes em várias partes do planeta, etc.

Atualmente existe um debate em relação às causas deste aumento na

temperatura, o que se deve em grande parte às atividades humanas, em vista do

desenvolvimento econômico desenfreado e inconseqüente, visando apenas o

37

Page 30: Educaçao ambiental

presente. O aquecimento global vem sendo apontado como o elemento agravante

das forças dos furacões, do derretimento das calotas polares, enchentes em várias

partes do planeta, etc. entanto em vista das conseqüências já observadas toda a

sociedade mundial está alarmada para as conseqüências catastróficas que o

aquecimento global pode provocar no mundo inteiro.

Em relação às conseqüências que o aquecimento global pode trazer para o

Brasil, Heitor Matallo, membro da Convenção das Nações Unidas para o Combate

da Desertificação (brasilescola.com), afirma que um ciclo puxa outro. Se o meio

ambiente no Brasil já é degradado com desmatamento e erosão, os reservatórios de

água irão diminuir, aumentando as áreas desertas. Com isso a qualidade de vida cai

drasticamente na possibilidade do clima da região ficar totalmente desequilibrado,

permitindo inclusive a extinção de várias espécies de animais.

Outro agravante está relacionado com a fato de que

com o degelo das calotas polares, o nível do mar irá subir. Em longo prazo, o

degelo das calotas fará os oceanos subirem, segundo GORE (2006, p.196) até 5,5

metros. Isso leva a constatação de que vastas áreas litorâneas no Brasil seriam

encobertas pelas águas. Para o autor o aquecimento global aumenta a

venerabilidade humana, sendo então responsável por novas doenças, além de

provocar também a escassez de comida em todo o mundo como uma das

conseqüências.

Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui à modificação do clima 2,4%

dos casos de diarréia e 2% dos casos de malária em todo o mundo. Além disso, as

ondas de calor, que com o fenômeno irão aumentar em proporção e intensidade,

serão responsáveis por 150 mil mortes a cada ano em todo o mundo.

A incidência de furacões, que é praticamente inexistente no Brasil, poderá ser

38

Page 31: Educaçao ambiental

grande. Isso já está acontecendo aos poucos, principalmente na região Sul, como o

furacão Catarina, que tinha ventos que variavam entre 118 km/h a 152 km/h.

Em vista deste quadro assustador existe a especulação de que este é um

futuro certo, um fato consolidado, porém para GORE (2006, P. 315), “O maior

equívoco de todos é afirmar que nada podemos fazer, que já e tarde demais”.

Existem muitas possibilidades de interferir de forma positiva no meio ambiente,

sendo que a educação parece ser uma das formas mais viáveis de educar-se para

uma nova postura frente à realidade. Essa educação pode acontecer em qualquer

meio sob as mais variadas circunstâncias, desde que exista uma conscientização

sobre a gravidade da situação e se busque as alternativas de vida alicerçadas no

consumo consciente e responsável.

39

Page 32: Educaçao ambiental

3. ANÁLISE DOS DADOS

3.1 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA NAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL

DE ARAPOTI, NA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E NO DEPARTAMNETO DE

AMBIÊNCIA DA EMPRESA STORA ENSO

A realização desta pesquisa demanda procedimento didático-pedagógico em

vista de conseguir informações que possam ser traduzido em conhecimento

significativo. Esses procedimentos contemplam o questionário aberto e fechado

aplicado em diferentes realidades educacionais.

Dentro deste contexto a pesquisa realizada se classifica, Segundo (GIL,

1991), do ponto de vista de seus objetivos:

Pesquisa bibliográfica: elaborada a partir de material já publicado, de livros, artigos

de periódicos, e material sobre o tema disponível na Internet. Em vista do qual se

organizam a idéias acerca da conceituação de competências e das ferramentas para

a gestão da tecnologia.

Pesquisa exploratória: Em campo, por meio e questionários, realizados tanto nas

escolas como no Departamento de Meio Ambiente Municipal e em uma empresa

que trabalha a E. A. como um projeto de interação com a comunidade, visando

compreender de que forma se efetiva a Educação Ambiental no âmbito escolar,

esclarecendo conceitos em busca de uma melhor compreensão da realidade.

Nesta pesquisa de campo procura-se levantar informações sobre:

1. O conhecimento e a conceituação sobre Educação ambiental;

2. A visão da importância e fundamentação desta, no contexto

escolar;

3. As bases da E. A., na visão da equipe pedagógica da escola;

4. Conhecer as ações realizadas dentro da E. A., na escola;

40

Page 33: Educaçao ambiental

5. Principio educativo da E. A., relacionado às questões de

qualidade de vida do ser humano;

6. Verificar o resultado das ações em vista de mudanças ocorridas;

7. Interpretação do conceito de aplicabilidade da pesquisa-ação

dentro do contexto escolar.

3. 1. 1 Pesquisa realizada nas escolas municipais

Na pesquisa realizada em 06 grandes escolas de Séries Iniciais do Ensino

fundamental, do município de Arapoti, obteve-se os seguintes dados:

Em relação à questão 1 constata-se que todas as escolas pesquisadas

apresentam algum conhecimento em relação à conceituação e desenvolvimento da

educação ambiental. Todavia não encontramos, nas respostas obtidas uma grande

segurança por parte dos coordenadores em desenvolver o tema dentro da

perspectiva integral de formação do educando, tratando-a apenas como um tema

transversal de boa aceitação, mas que é trabalhado apenas em campanhas

educativas e não no processo contínuo educativo.

A questão 2, que trata da visão e fundamentação desta no contexto escolar

foi tida como um assunto de relevante importância, onde as respostas obtidas

direcionam para o entendimento que de que mesmo se tratando de um item de

fundamental importância a E. A. pode ser relegada ao trabalho em datas específicas

dentro das temáticas que a fundamental, como datas comemorativas.

No que se refere à questão 3, dentre as respostas obtidas, reflete o pouco

conhecimento das bases que fundamentam a E. A. por parte dos coordenadores.

Porém todos em unanimidade apresentam interesse em desenvolver e coordenação

ações que levem a prática educativa em E. A.

41

Page 34: Educaçao ambiental

Constatou-se que muitas ações são realizadas dentro do contexto escolar

das escolas municipais em prol da Educação Ambiental, mas como já citado

anteriormente se se restringem a projetos referentes a datas comemorativas e/ou

programas direcionados por ONGs ou entidades governamentais.

Existe um consenso, entre todos os entrevistados, de que a Educação

Ambiental é fundamental para orientar o processo de busca da melhoria da

qualidade de vida do ser humano. Isso reflete a boa vontade de atuação dentro de

um contexto, muitas vezes, direcionado pelo acúmulo de conteúdos e pela falta de

tempo disponível no espaço pedagógico.

Quando o questionamento se refere à mudança de postura em relação às

ações já efetivadas na escola, a equipe pedagógica da escola afirma que sempre se

constata que existem ganhos reais com o desenvolvimento de projetos de E. A.

sendo que um projeto se efetiva não apenas pela aula teórica, mas, sobretudo pela

ação.

Verifica-se aplicabilidade do conceito de pesquisa ação dentro da E. A. onde

a teoria deve se contemplar na prática e vice versa.

3. 1. 2 Pesquisa realizada no Departamento municipal de meio ambiente

Em resposta às mesmas questões já mencionadas, o Departamento

Municipal de Meio ambiente se mostra de certa forma bem estruturado, pelas

respostas oferecidas e em vista das ações que desenvolve nas escolas da rede

municipal, com atividades direcionadas para as séries específicas, atuando em

parceria com outros órgãos e empresas buscando desenvolver a ação educativa

42

Page 35: Educaçao ambiental

utilizando para tal aula passeios, campanhas de conscientização, promoção de

concursos em datas comemorativas.

A coordenadora deste departamento se mostrou muito interessada em

colaborar com a pesquisa, inclusive fornecendo matérias como folders, informativos

das ações desenvolvidas em âmbito escolar e também junto à comunidade.

3. 1. 3 Pesquisa realizada em uma empresa de produção de papel que

desenvolve um programa de E. A.

A empresa de produção de papel e celulose “STORA ENSO” se constitui em

uma empresa que possui certificados de programa de qualidade por oferecer um

trabalho efetivo de educação ambiental, dentro de sua reserva particular de mata

nativa e laboratório que constitui em um departamento de ambiência.

Ao serem questionados sobre as questões referentes a esta pesquisa,

obtivemos como resposta a exemplificação do programa desenvolvido com as 3ª

séries de todas as escolas do município. O referido programa é composto por aulas

teóricas, apresentações, trilha ecológica, observação da natureza, conhecimentos

sobre a flora e fauna da região, assim como ações práticas de postura

ecologicamente corretas.

Para o desenvolvimento deste programa a empresa conta com pessoal

especializado que recebe os alunos para passar o dia na reserva florestal,

realizando as atividades e os alunos ainda recebem material impresso com

informações e orientações numa sistematização das atividades do dia.

43

Page 36: Educaçao ambiental

Em vista da pesquisa de campo compreende-se de que forma acontece a E.

A. no município de Arapoti, ao passo que a partir de então torna-se possível orientar-

se na elaboração de contributivos para a melhoria da mesma.

44

Page 37: Educaçao ambiental

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao realizar uma pesquisa sobre educação ambiental busca-se o

entendimento da mesma e suas implicações para toda a sociedade, assim como

entender a natureza como um todo. Em se tratando de meio ambiente, toda e

qualquer situação observada deve ser analisada no contexto das reações em cadeia

que podem causar.

Nesta perspectiva uma mesma situação pode estar sendo compartilhada por

diferentes povos em diversos locais ao mesmo tempo. Por exemplo: se um lençol

freático está sendo contaminado nesta cidade, o problema pode vir a ser constatado

a quilômetros, aonde essa água vier a aflorar, e até chegar a esse ponto pode estar

deixando um rastro de contaminação no solo, que vai continuar a partir de sua

nascente.

Em vista deste conhecimento e das informações coletadas nas escolas e em

outras instituições assim como a devida fundamentação teórica, elabora-se a visão

da importância da E. A. na busca pela melhoria da qualidade de vida assim como da

sustentabilidade, numa projeção de futuro onde os recursos naturais, cada vez mais

escassos, se constituem em fonte de riquezas inigualáveis e como tal devem ser

preservados.

GUIMARÃES (1995, p.15), afirma que “a educação ambiental tem o

importante papel de formatar a percepção da necessária integração do ser humano

com o meio ambiente”. O ser humano não valoriza como deveria o meio ambiente,

por ignorar o seu real valor. Percebe-se através da pesquisa realizada que mesmo

existindo o interesse dos educadores em promover a E. A. ainda falta a

conscientização de que se trata de questões urgentes que devem permear toda a

45

Page 38: Educaçao ambiental

educação básica. Sendo assim o ideal seria um trabalho de base, iniciado já na

Educação Infantil, para ser desenvolvido para que as crianças possam internalizar

os conceitos necessários referentes aos cuidados com o ambiente, entendendo que

de suas atitudes depende a sua própria sobrevivência.

Por outro lado observa-se que além de educadores ou responsáveis por

departamentos as pessoas fazem parte da sociedade civil, com deveres e também

direitos que devem ser cobrados dos governantes. Para que a sociedade seja

contemplada com um efetivo trabalho de educação ambiental, torna-se necessário a

participação de toda a comunidade, no sentido de cobrar ações mais consistentes

que visam o bem comum, através de programas de preservação e conservação do

meio.

Sabe-se que as questões ambientais também apresentam cunho

socioeconômico e cultural. Em vista disso pode-se entender o quão urgente e

necessário se torna educar para o desenvolvimento sustentável numa sociedade

capitalista, que visa o lucro acima de tudo. Todavia se faz necessário educar para

ações conscientes, ecologicamente corretas, através de uma postura crítica e

reflexiva, enquanto educadores. Dessa forma é possível aliar desenvolvimento

econômico e social e preservação da natureza.

REIGOTA reflete que: (1999, p. 144) “somente informação, conscientização

e conhecimento científico não são suficientes para a mudança de hábitos e

costumes”, pois vivemos em uma cultura imediatista que valoriza apenas o ter

momentâneo, numa perspectiva social e política que o modelo atual de

desenvolvimento sócio-econômico tem proporcionado. O que demanda ações

educativas sérias e contínuas em vista de estabelecer uma nova visão de

sociedade.

46

Page 39: Educaçao ambiental

Por outro lado existe a possibilidade de que a realidade assusta ao a ponto

de que ocorra a visão de que “a amplitude e a gravidade dos problemas ambientais,

(...) fazem com que as pessoas se sintam impotentes” ( VIANNA, MENEZES, IÓRIO,

RIBEIRO, 1994, p.11), porém torna-se necessário um esforço coletivo no sentido de

estabelecer metas para que sejam cumpridas a médio e longo prazo, visando a

melhoria da qualidade de vida do homem.

Somente a educação pode ajudar nesta difícil tarefa de estabelecer as

metas educativas e mudar a forma de pensar em vista de ações intencionais

direcionadas.

Para VERNIER (1994, p. 123) “o estado e a coletividade podem falhar em

sua tarefa (preservação do meio ambiente). O cidadão deve então se mobilizar.”

Sabe-se que não basta esperar apenas por ações governamentais. Cada um pode e

deve fazer a sua parte.

Neste sentido percebe-se que as escolas da rede municipal de Arapoti,

assim como o departamento de meio ambiente e a Empresa STORA ENSO se

mostram empenhados em realizar um trabalho efetivo dentro da perspectiva da

educação ambiental. Todavia este trabalho pode ser melhorado ao se encontrar

maiores possibilidades de atuação num contexto que evidencia as necessidades de

uma atuação séria e competente.

A educação ambiental encontra respaldo nos PCNs, onde a educação

ambiental é incentivada e desenvolvida como importante tema transversal. Sendo

assim esta pesquisa pode ser ainda enriquecida por meio de fontes documentais e

outras informações pertinentes, buscadas nos meios de comunicação. Porém pode-

se constatar, por meio da pesquisa realizada que, na maioria das vezes, a E. A. se

resume em atividades extra classe realizadas apenas por educadores que

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Page 40: Educaçao ambiental

apresentam interesse nas mesmas, sem que exista uma cobrança para que ocorra

na sua plenitude.

HUTCHISON (2000, p. 164) nos traz uma importante contribuição sobre a

função da escola na educação ambiental: “Nossa tarefa para um futuro imediato

deve ser a de continuar a articular a visão do papel da escola na construção de um

futuro sustentável”. Sendo assim cabe a cada um de nós, educadores, atuar de

forma constante na construção de uma sociedade mais comprometida com o bem

estar de toda a população, aliado ao desenvolvimento.

Em vista das questões levantadas sugere-se a implantação, mesmo a nível

municipal, de um planejamento das ações educativas em Educação Ambiental, que

contemplem todas as disciplinas, num processo de interação informação e realidade

em prol do conhecimento que gera a tomada de atitudes.

Somente uma nova postura de toda a sociedade em prol da conservação e

preservação do meio ambiente é capaz de tornar a vida na terra, senão com mais

qualidade, pelo menos sustentável.

48

Page 41: Educaçao ambiental

REFERÊNCIAS

BECK, U. O que é Globalização. Equívocos do Globalismo e

respostas à globalização. São Paulo, Paz e Terra, 1999. 

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos Temas

Transversais: ética/ secretaria de Educação Fundamental; 2ª ed. Rio de Janeiro: DP

& A , 2000.

DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo. Gaia, 1993.

GESTÃO DE RESÍDUOS. São Paulo: efg editora, Nº. 09, ano II, Julho/ agosto- 2007. 38 p.

GLEICK, J. Caos: a criação de uma nova ciência. Trad. W. Dutra, 4ª edição. Rio de Janeiro: Campus:1990.

GORE, ALBERT. Uma verdade inconveniente – O que devemos saber (e fazer) sobre o aquecimento global ; Trad. Isa Mara Lando – Barueri, SP: Manole, 2006.

GUIMARÃES, Mauro. A Dimensão ambiental da Educação. Campinas , S P :

Papirus, 1995. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_Acesso em 18/08/07.

http://pt.wikipedia.org/wiki/ Protocolo_de_Quioto. Acesso em: 2010/2007.

http://www.brasilescola.com/geografia/os-efeitos-aquecimento-global-no-brasil.

49

Page 42: Educaçao ambiental

HUTCHISON, David. Educação Ecológica: Idéias Sobre Consciência Ambiental.

Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981

PEDRINI, Alexandre G. Educação Ambiental: reflexões e práticas

contemporâneas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

REIGOTA, Marcos. A Floresta e a Escola: por uma educação ambiental pós

moderna. São Paulo: Cortez, 1999.

SEVERINO, A . J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2000.

VERNIER, J. O meio Ambiente. Campinas, SP: Papirus, 1994.

50

Page 43: Educaçao ambiental

APRÊNDICE

QUESTIONÁRIO PARA DIRETORES DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO FUNDAMENTAL E EDUCAÇÃO INFANTIL - PESQUISA DE CAMPO

Formação:________________________________________________________Idade:__________Estado civil____________Tempo de atuação na área_____________

1. A educação ambiental consta na grade curricular desta escola?

_______________________________________________________________

2. Há professores especializados para trabalhar a educação ambiental?

_______________________________________________________________

3. Quais são os projetos de educação ambiental desenvolvidos por esta escola?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Quais os objetivos do trabalho com educação ambiental?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Na sua opinião é dever da escola educar para a preservação do meio ambiente, para as presentes e futuras gerações? Por que?

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Page 44: Educaçao ambiental

QUESTIONÁRIO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA EDUCADORES E

REPRESENTANTES DE DEPARTAMENTOS AMBIENTAIS

Para você o que significa Educação Ambiental?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Dentro de sua visão de mundo quais as bases para a Educação ambiental?

(Assinale todos os itens quer considerar importante)

( ) Garantir uma formação ambiental para todos.

( ) Considerar que a base do ensino se processa pela ação, sendo que para os

novos problemas que aparecem, precisamos de novas soluções baseadas no

conhecimento.

( ) Defender a preservação dos ecossistemas pois dos mesmo dependem a

sobrevivência da espécie humana.

( ) Levar o aluno aprender os conceitos de Educação Ambiental, mesmo que não

os utilize.

( ) Provocar com sua prática uma mudança de postura nas futuras gerações,

quanto ao meio ambiente.

3. Dentro da Educação Ambiental faz-se necessário a pesquisa-ação. Como você

interpreta este conceito?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Page 45: Educaçao ambiental

ANEXOS

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