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i ALINE CARVALHO GIROTTO EFEITO DE UMA SOLUÇÃO ANTIOXIDANTE NA RESISTÊNCIA DA UNIÃO ENTRE A DENTINA TRATADA COM HIPOCLORITO DE SÓDIO E DIFERENTES SISTEMAS ADESIVOS Piracicaba 2015

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ALINE CARVALHO GIROTTO

EFEITO DE UMA SOLUÇÃO ANTIOXIDANTE NA

RESISTÊNCIA DA UNIÃO ENTRE A DENTINA TRATADA

COM HIPOCLORITO DE SÓDIO E DIFERENTES

SISTEMAS ADESIVOS

Piracicaba

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

ALINE CARVALHO GIROTTO

EFEITO DE UMA SOLUÇÃO ANTIOXIDANTE NA RESISTÊNCIA

DA UNIÃO ENTRE A DENTINA TRATADA COM HIPOCLORITO DE

SÓDIO E DIFERENTES SISTEMAS ADESIVOS

Dissertação de mestrado apresentada à

Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da

Universidade Estadual de Campinas como parte

dos requisitos exigidos para a obtenção do título

de Mestra em Materiais Dentários.

Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Miori Pascon

Este exemplar corresponde à versão final da dissertação defendida por Aline Carvalho Girotto e orientada pela Profa. Fernanda Miori Pascon.

_________________________

Assinatura do(a) Orientador(a)

Piracicaba 2015

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RESUMO

O objetivo foi avaliar o efeito de uma solução antioxidante (tiossulfato de sódio a

5%) na resistência da união (RU) da dentina da câmara pulpar tratada com duas

concentrações de hipoclorito de sódio (NaOCl) e diferentes sistemas adesivos.

Quarenta e oito dentes bovinos foram selecionados, seccionados, para remoção

das raízes e exposição da câmara pulpar, e foram divididos aleatoriamente em 16

grupos de acordo com o tratamento da superfície dentinária: NaOCl a 1%; NaOCl

a 1% + tiossulfato de sódio a 5%; NaOCl a 5,25%; NaOCl a 5,25% + tiossulfato de

sódio a 5% e do sistema adesivo: Single Bond UniversalTM (3M/ESPE) - técnica

convencional, Single Bond UniversalTM (3M/ESPE) - técnica autocondicionante,

Adper ScotchbondTM Multi-Purpose (3M/ESPE) e ClearfilTM SE Bond (Kuraray). As

soluções irrigadoras foram utilizadas por 30 minutos e a solução antioxidante por 1

minuto, após a irrigação. Os dentes foram seccionados no sentido mésio-distal,

resultando em duas hemi-espécimes que foram restauradas com compósito Filtek-

Z350TM (3M/ESPE). Após 24 horas, os corpos-de-prova foram submetidos à

microtração e foram avaliados em microscopia eletrônica de varredura (75x),

quanto ao padrão de fratura (falhas adesivas; coesivas em dentina; coesivas em

resina; mistas). Os dados foram convertidos em Mpa e submetidos aos testes

Shapiro-Wilk, ANOVA três fatores e teste de Tukey (α=5%). Para o grupo tratado

com NaOCl a 1%, maiores valores de RU foram observados para o ClearfilTM

quando comparado aos demais adesivos (p<0,01). Quando associou-se a solução

antioxidante, o grupo ScotchbondTM apresentou maiores valores de RU

comparados aos demais grupos (p˂0,01). Após tratamento com NaOCl a 5,25%,

não houve diferença entre os sistemas adesivos (p>0,05). A aplicação do

antioxidante após o tratamento com NaOCl a 1% e 5,25% associado ao

ScotchbondTM, foi capaz de aumentar significativamente a RU. Para o sistema

adesivo Single Bond UniversalTM (técnica convencional) os maiores valores de RU

foram observados para o grupo tratado com NaOCl a 1% associado ao tiossulfato.

(p<0,05). Entretanto, para Single Bond UniversalTM (técnica autocondicionante) e

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para ClearFilTM, maiores valores de RU foram observados quando da utilização do

NaOCl a 1%, diferindo significativamente dos grupos tratados com NaOCl a 5,25%

(p<0,01). Com relação ao ScotchbondTM, maiores valores foram observados após

o tratamento com NaOCl a 1% associado ao antioxidante, seguido dos grupos:

NaOCl a 1% e NaOCl a 5,25% associado ou não ao antioxidante. NaOCl a 5,25%

utilizado sozinho apresentou os menores valores de RU. Maior porcentagem de

falha adesiva foi observada para os grupos tratados com NaOCl a 1% + Single

Bond UniversalTM, em ambas as técnicas, NaOCl a 1% + antioxidante + Single

Bond UniversalTM na convencional e NaOCl a 5,25% + todos os sistemas

adesivos. Para Single Bond UniversalTM - técnica autocondicionante, ClearfilTM e

ScothBondTM foram observadas maiores porcentagens de falhas mistas. Conclui-

se que o efeito do tiossulfato de sódio a 5% na RU da dentina da câmara pulpar,

tratada com NaOCl foi dependente do sistema adesivo utilizado, sendo que para

ambas as concentrações o tiossulfato foi capaz de aumentar a RU quando o

sistema adesivo ScotchbondTM foi utilizado.

Palavras Chave: hipoclorito de sódio, adesivos, antioxidantes

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ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the effect of an antioxidant solution (5%

sodium thiosulfate) on the microtensile bond strength (μTBS) between the pulp

chamber dentin treated with two concentrations of sodium hypochlorite (NaOCl)

and different adhesive systems. Forty eight bovine incisors were selected,

sectioned horizontally to remove the roots and expose the pulp chamber and

randomly divided into 16 groups according to dentin surface treatment: 1% NaOCl;

1% NaOCl + 5% sodium thiosulfate; 5.25% NaOCl; 5.25% NaOCl + 5% sodium

thiosulfate and to the adhesive system: Single Bond UniversalTM - etch-and-rinse

technique, Single Bond UniversalTM - self-etch technique (3M/ESPE), Adper

ScotchbondTM Multi- Purpose (3M/ESPE) and ClearfilTM SE Bond (Kuraray). The

irrigation solutions were applied for 30 minutes and the antioxidant solution for 1

minute, after irrigation. The teeth were sectioned into mesial-distal direction,

resulting in two halves that were restored with the composite resin Filtek-Z350TM

(3M/ESPE). After 24 hours, sticks were obtained and submitted to the μTBS test

and they were evaluated by scanning electron microscopy (x75), and classified

according the failure pattern (adhesive failure, cohesive in dentin, cohesive in resin

and mixed). Data were converted to Mpa and submitted to Shapiro-Wilk, three-way

ANOVA and Tukey tests (α=5%). In the group treated with 1% NaOCl, higher

μTBS values were observed for ClearfilTM when compared to other adhesive

systems (p<0.01). When 5% sodium thiosulfate was used after 1% NaOCl,

ScotchbondTM showed higher μTBS compared to other groups (p˂0.01). After

treatment with 5.25% NaOCl, there was no difference between the adhesive

systems (p>0.05). The application of the antioxidant after treatment with 1% NaOCl

and 5.25% associated to ScotchbondTM was able to significantly increase the

μTBS. For the Single Bond UniversalTM (etch-and-rinse technique) highest μTBS

were observed when using 1% NaOCl with the antioxidant (p<0.05). However, for

Single Bond UniversalTM (self-etching technique) and ClearFilTM highest μTBS

were observed when using the 1% NaOCl, differing significantly from the groups

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treated with 5.25% NaOCl (p<0.01). With respect to ScotchbondTM, higher μTBS

values were observed following treatment with 1% NaOCl associated with the

antioxidant, followed by groups: 1% NaOCl, 5.25% NaOCl associated with the

antioxidant. NaOCl 5.25% used alone had the lowest. Higher percentage of

adhesive failure was observed for the groups treated with 1% NaOCl + Single

Bond UniversalTM in both techniques, 1% NaOCl + antioxidant + Single Bond

UniversalTM etch-and-rinse technique, and 5.25% NaOCl + all adhesive systems.

To Single Bond UniversalTM - self-etching technique, ClearfilTM and ScothBondTM

were observed higher percentages of mixed failures. It could be concluded that the

effect of 5% sodium thiosulfate, in the μTBS of pulp chamber dentin treated with

NaOCl, it was adhesive system dependent and for both NaOCl concentrations, the

thiosulfate was able to increase μTBS when ScotchbondTM adhesive system was

used.

Key –words: sodium hypochlorite, adhesives, antioxidants

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SUMÁRIO

Agradecimentos......................................................................................................xiii

1INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................ 5

2.1 Utilização de dentes bovinos nas pesquisas odontológicas.............................. 5

2. 2 Sistemas Adesivos............................................................................................ 6

2. 3 Tratamento endodôntico: Irrigação..................................................................16

2. 4 Adesão à câmara pulpar..................................................................................20

2. 5 Utilização de agentes antioxidantes................................................................24

3 PROPOSIÇÃO.....................................................................................................31

4 MATERIAIS E MÉTODO.......................................................................................32

4.1 Delineamento Experimental..............................................................................32

4. 2 Seleção e preparo da amostra.........................................................................34

4. 3 Tratamento da dentina.....................................................................................36

4. 4 Procedimento adesivo.....................................................................................38

4. 5 Procedimento selador......................................................................................43

4. 6 Obtenção dos corpos-de-prova para microtração...........................................44

4. 7 Teste de microtração.......................................................................................45

4. 8 Análise do Padrão de fratura...........................................................................46

4. 9 Análise estatística............................................................................................47

5 RESULTADOS....................................................................................................48

5.1Número de corpos-de-prova obtidos por grupo.................................................48

5. 2 Resistência da união........................................................................................49

5. 3 Análise do padrão de Fratura..........................................................................51

6 DISCUSSÃO........................................................................................................53

7CONCLUSÃO.......................................................................................................61

REFERÊNCIAS......................................................................................................62

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Agradecimentos

Acima de tudo, agradeço a Deus, que sempre esteve presente em minha vida, tanto nas

dificuldades quanto nas alegrias. Por me capacitar para que meus sonhos fossem

realizados, pois tudo posso Naquele que me fortalece.

Aos meus pais Odair e Natalina, por nunca deixar que nada me faltasse, por todo

incentivo aos meus estudos desde pequena, por todo cuidado, dedicação e por acreditar em

mim mais do que eu mesma em alguns momentos. E por querer a cada dia que eu me

tornasse uma pessoa melhor me fornecendo duas coisas mais valiosas que nada pode tirar o

conhecimento e todo o apoio necessários para que eu pudesse ir atrás dos meus sonhos.

Muito obrigada!

A minha orientadora, Profa. Dr. Fernanda Miori Pascon. Faltam palavras para agradecer

tudo o que você tem feito por mim. Obrigada pela oportunidade de enriquecimento

profissional e pessoal. Obrigada pelos conhecimentos transmitidos, pela confiança e

incentivo, pela paciência, dedicação constante e pela possibilidade de amadurecimento.

Este trabalho é o reflexo da sua competência e o fruto de seus ensinamentos.

A minha irmã, por ser a companheira em todos os momentos tristes e felizes da minha

vida! Sou orgulhosa e sempre estarei torcendo por você!

Ao meu namorado Marcos por toda ajuda, companheirismo, incentivo, apoio em todos os

momentos. Obrigada por agüentar minhas crises, por se preocupar comigo, tornar a minha

vida mais leve e divertida e por comemorar comigo as minhas vitórias!

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Ao Magnífico Reitor da Universidade Estadual de Campinas, Prof. Dr. José Tadeu Jorge.

À Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, nas pessoas do Diretor, Prof.

Dr. Guilherme Elias Pessanha Henriques e Diretor Associado Prof. Dr. Francisco Haiter

Neto.

Ao órgão de fomento à pesquisa CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico), pelo apoio financeiro através da concessão da bolsa de estudo.

À Coordenadoria de Pós-Graduação e à Coordenadoria do Programa de Pós-Graduação em

Materiais Dentários, pela dedicação ao programa de Pós- Graduação em nível de

Mestrado.

Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Materiais Dentários da Faculdade

de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP:

Aos professores da minha banca de qualificação: SIMONIDES CONSANI, AMERICO

BORTOLAZZO CORRER e KAMILA ROSAMILIA KANTOVITZ pelas sugestões

que contribuíram para o enriquecimento deste trabalho.

Aos meus colegas/ amigos de mestrado: Gabriel, Marina, Renally, Fabian, Juan, Melissa,

Igor, Day e Ana Só quem está passando pelos mesmos desafios pode ter melhor

compreensão das dificuldades, frustrações e anseios. Obrigada por todas as boas

lembranças construídas durante esse dois anos vocês se tornaram muito especiais pra mim.

Ao Centro de Microscopia Eletrônica de Varredura da Faculdade de Odontologia de

Piracicaba – UNICAMP, na pessoa do funcionário Adriano L. Martins, pelo ensino e

auxílio nas imagens microscópicas.

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Ao Laboratório de Materiais Dentários da FOP-UNICAMP pela disponibilização do uso

dos equipamentos durante toda a pesquisa e aos funcionários Engenheiro Marcos Blanco

Cangiani e Sra. Selma Aparecida Barbosa Segalla, pela colaboração sempre solícita e

simpatia.

Ao técnico de laboratório da Odontopediatria, Marcelo Corrêa Maistro, por estar sempre

disposto a ajudar durante a realização desse trabalho.

Aos meus colegas da faculdade pela amizade, companheirismo e, principalmente pelas

alegrias, tristezas e muitas vitórias alcançadas.

À todas as pessoas que me auxiliaram, direta ou indiretamente, na contribuição desse

trabalho.

Muito Obrigada!

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1 INTRODUÇÃO

Após a endodontia, a restauração final é um fator determinante na meia

vida do elemento dental, uma vez que cimentos endodônticos se solubilizam

quando expostos à saliva, permitindo a recontaminação independente das

técnicas e dos materiais utilizados (Shipper & Trope, 2004). Desta forma, o

selamento da câmara pulpar oferece uma segunda linha de defesa contra a

infiltração bacteriana (Belli et al., 2001), pois, a qualidade da obturação

endodôntica e da restauração coronária aumentam as taxas de sucesso do

tratamento (Tronstad et al., 2000). Além disso, adequada restauração previne

fratura da estrutura dentária remanescente, restabelece a função mastigatória e

proporciona estética ao elemento dental (Ausiello et al., 1997).

Dentre os materiais indicados para restaurar dentes tratados

endodonticamente, resinas compostas associadas aos sistemas adesivos

possuem inúmeras vantagens como: capacidade de adesão à estrutura dental,

aumento da retenção da restauração, melhora da resistência à fratura (Ausiello et

al., 1997), além da redução da infiltração marginal (Belli et al., 2001).

Os sistemas adesivos disponíveis no mercado podem ser classificados

de acordo com a forma de interação com o substrato dental e número de passos

clínicos (Van Meerbeek et al., 2003). Os primeiros sistemas adesivos foram os de

condicionamento total, também chamados de sistemas adesivos de técnica

convencional (Buonocore et al., 1955) sendo a retenção micromecânica o principal

mecanismos de união (Van Meerbeek et al., 2003; De Muck et al., 2005) e a união

deste ao esmalte é mais estável (Pashley et al.,1998), quando comparado a

dentina, devido à dificuldade de controle do grau de umidade dentinária associado

a diferenças morfológicas, estruturais e de composição que existem entre estes

dois substratos. Estes sistemas estão disponíveis em múltiplos passos de

aplicação (3 ou 2), todos de fundamental importância, e erros podem causar falhas

ou acelerar o processo de degradação, comprometendo a estabilidade e a

durabilidade da união (Carrilho et al., 2007; Pashley et al.,2011).

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Os sistemas adesivos autocondicionantes surgiram da demanda por

simplificação e diminuição da sensibilidade da técnica. Nestes sistemas foi

eliminado o passo de condicionamento ácido, e a união é estabelecida por meio

da interação química entre um monômero funcional e o cálcio da hidroxiapatita

(Van Meerbeek et al., 2011). A união em dentina é efetiva, entretanto, pela

capacidade de desmineralização limitada, a união em esmalte é menor, quando

comparado com os sistemas adesivos de técnica convencional (Peumans et al.,

1998). Por fim, recentemente foram lançados sistemas adesivos universais, os

quais estão disponíveis em um ou dois frascos, e aplicação pode ser feita em uma

ou duas etapas. Segundo o fabricante, estes sistemas adesivos podem ser

utilizados em vários substratos e em diferentes estratégias de união (Hanabusa et

al., 2012). Evidências científicas a respeito desses novos sistemas adesivos ainda

são reduzidas (Hanabusa et al., 2012; Muñoz et al., 2013; Marchesi et al., 2014;

Perdigão et al., 2014; Wagner et al., 2014) e pesquisas se fazem necessárias .

O substrato dentinário que circunda a câmara pulpar é

fundamentalmente constituído por pré-dentina recoberta por dentina secundária ou

dentina terciária, a quais possuem menor proporção de dentina intertubular

associada a alta densidade de túbulos dentinários com maior diâmetro, estas

características estruturais dificultam a adesão independentemente do sistema

adesivo utilizado (Schellenberg et al., 1992; Bath Balogh et al., 1997; Cohn et al.,

2006). Além disso, soluções irrigadoras utilizadas durante o tratamento

endodôntico podem alterar as características físicas e químicas (Shellis et al.,

1983; Borges et al., 2008) da dentina, o que afeta a interação desse substrato com

os materiais utilizados para o selamento coronário (Nikaido et al., 1999; Ari et

al.,2003; Ozturk et al., 2004).

A solução de NaOCl, amplamente utilizada em endodontia, apresenta

duplo mecanismo de ação: habilidade de dissolução de tecido necrótico graças à

alta alcalinidade e propriedades antimicrobianas relacionadas com a formação do

ácido hipocloroso e liberação do cloro ativo (Tasman et al., 2000; Zehder et al.,

2006). A efetividade antibacteriana, a capacidade de dissolução de tecido

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necrótico e a toxicidade correlacionam-se positivamente com sua concentração

(Spångberg et al., 1973)e a máxima efetividade antibacteriana é obtida com a

concentração de 5,25%. Entretanto, severas reações periapicais tem sido

relatadas com o uso desta concentração (Hulsmann et al., 2000). Além disso, a

utilização do NaOCl pode causar diminuição nas propriedades mecânicas da

dentina como: módulo de elasticidade, resistência à flexão, tração e microdureza o

que enfraquece o tecido dental que recebeu tratamento endodôntico (Davie et al.,

1993; Sim et al., 2001; Pascon et al., 2009), Ainda, os efeitos na superfície

dentinária são também dependentes do tempo de aplicação do NaOCl (Zang et

al., 2010).

Além de afetar as propriedades mecânicas da dentina, estudos tem

demonstrado que o NaOCl afeta a penetração/polimerização dos monômeros na

superfície da dentina, influenciando a qualidade e durabilidade das restaurações

(Sim et al., 2001; Ari et al., 2003; Ozturk et al., 2004). Dessa maneira, estudos

avaliaram o efeito do NaOCl na resistência da união à dentina (Nikaido et al.,

1999; Belli et al., 2001; Erdemir et al., 2004; Santos et al., 2006; Fawai et al.,

2010). E demonstraram significante redução na resistência de união da dentina

tratada, quando comparada à que não recebeu tratamento. A maioria dos estudos

avaliaram o efeito do NaOCl em concentrações por volta de 5% e poucos

avaliaram os efeitos dessa solução em concentrações mais baixas (Arashiro et al.,

2010; Khoroushi & Kachuei, 2014).

Apesar dos efeitos prejudiciais causados pelo NaOCl, foi demonstrado

que soluções antioxidantes, como o ascorbato de sódio, poderiam minimizar os

danos causados à união (Lai et al., 2001; Morris et al., 2001; Vongphanet et al.,

2005; Weston et al., 2007; Celik et al., 2010). Apesar dos resultados promissores

com a utilização dessa solução, uma desvantagem é o tempo prolongado de

aplicação (10 minutos), o que pode tornar a técnica clinicamente impraticável.

Devido a isso, outras soluções tem sido propostas para solucionar este problema,

como accel, um ácido extraído do alecrim (Prasansuttiporn et al., 2011),

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hesperidina, betacaroteno (Khoroushi & Kacluei, 2014) e o tiossulfato de sódio

(Correa, 2013).

O tiossulfato de sódio é um agente antioxidante utilizado no tratamento

da doença de Parkinson, o qual remove os radicais livres, resultado da oxidação

da dopamina, das células neurais (Braz et al., 2011). Ishizuka e colaboradores

(1999) foram os primeiros a sugerir que o tiossulfato de sódio poderia melhorar a

resistência da união entre a dentina tratada com soluções oxidantes (NaOCl e

peróxido de hidrogênio) e os sistemas adesivos. Além disso, Correa (2013) avaliou

o efeito dos diferentes tempos e concentrações do tiossulfato de sódio no

reestabelecimento da resistência da união adesiva à dentina tratada com NaOCl

5,25%. Porém, o efeito de diferentes concentrações de NaOCl e sistemas

adesivos até o presente momento não haviam sido estudadas.

Dessa maneira, NaOCl a 5,25% utilizado durante o tratamento

endodôntico, pode reduzir as propriedades mecânicas da dentina e a qualidade da

união entre a restauração e o substrato dentinário tratado. Entretanto, até o

presente momento, o efeito de concentrações mais baixas de NaOCl não foi

avaliado quanto à qualidade da união, o que seria relevante, uma vez que

concentrações menores podem ser menos tóxicas aos tecidos periapicais e

utilizadas, por exemplo, em dentes decíduos. Além disso, observou-se que

soluções antioxidantes podem reverter os efeitos prejudiciais do NaOCl, mas os

estudos foram conduzidos utilizando-se somente o NaOCl a 5,25% e um sistema

adesivo. No entanto, no mercado atual há sistemas adesivos, que empregam

diferentes estratégias de união, fazendo-se assim, necessária a avaliação desses

materiais, quando a dentina da câmara pulpar é tratada com diferentes

concentrações de NaOCl.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Utilização de dentes bovinos nas pesquisas odontológicas

Desde o início do desenvolvimento dos sistemas adesivos, estudos tem

demonstrado as desvantagens desses sistemas, assim como auxiliam no

desenvolvimento de melhores técnicas e materiais restauradores (Reis et al.,

2010). Assim, dentes humanos são necessários para a condução dos estudos, e

os mais utilizados são terceiros e pré-molares. As razões que justificam a extração

desses dentes são: cirúrgicas, periodontais, ortodônticas e patológicas.

Com o aumento da necessidade dos dentes humanos nos centros de

pesquisa, a obtenção fica cada vez mais difícil. Isso se deve principalmente ao

progresso no tratamento odontológico conservador durante os últimos anos (Retief

et al., 1990; Watanabe 1994).

Existe uma teoria que os dentes dos mamíferos possuem praticamente

a mesma micromorfologia. Em 1975, em estudo comparativo, Forssel-Ahlberg e

colaboradores mostraram que o diâmetro e o número de túbulos dentinários de

ratos, cachorros e gatos são similares em diferentes profundidades.

As condições de adesão e a composição dos dentes bovinos são

facilmente padronizadas para estudos in vitro, além de serem similares aos dentes

humanos (Watanabe et al., 1994). Eles também estão prontamente disponíveis e a

idade desses dentes pode ser facilmente controlada (Tagami et al., 1989; Retief et

al.,1990).

Em 2004, Reis e colaboradores, conduziram um estudo que tinha como

objetivo comparar a microanatomia e a resistência à microtração da dentina e do

esmalte humano com a de dentes bovinos e suínos. Não foram observadas

diferenças significativas quanto à microtração entre os dentes humanos, bovinos e

suínos. As observações em Microscopia Eletrônica de Varredura revelaram que a

morfologia da dentina, nos três tipos de dentes é bastante similar quanto ao

número e diâmetro dos túbulos nas regiões estudadas. Já quanto à morfologia do

esmalte, o suíno é bastante diferente dos substratos bovinos e humanos. Os

autores concluíram que os dentes bovinos produziram e vão continuar produzindo

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importantes conceitos sobre adesão e que os dentes humanos são preferíveis,

mas que os bovinos são melhores substitutos comparados com os suínos para

testes de adesão.

Nikaido et al. (1999), Ishizuka et al. (2001) e Santos et al. (2006)

avaliaram a resistência da união, após o tratamento com NaOCl utilizando dentes

bovinos. Nestes casos além da dentina bovina ser similar à dentina humana,

quando da utilização de dentes bovinos tem-se as vantagens da maior facilidade

de obtenção de maior número de espécimes, uma vez que os dentes bovinos são

maiores; além da possibilidade de maior padronização em termos de

envelhecimento do tecido dentinário, uma vez que a idade dos animais no

momento da extração dos dentes é semelhante pelo fato do abate ocorrer em uma

faixa etária pré-determinada (Schmalz et al., 2001).

2.2 Sistemas Adesivos

A união adesiva ao substrato dentário teve início em 1955, a partir da

observação, por Buonocore, que o ácido fosfórico aumentava a adesão de tintas e

revestimentos resinosos à superfícies metálicas; ele foi o primeiro a avaliar e

demonstrar que o condicionamento ácido do esmalte aumentava a resistência de

união. Este autor acreditava que isto acontecia graças a um aumento da superfície

microscópica para a adesão.

Graças ao sucesso obtido na adesão ao esmalte condicionado, um ano

mais tarde Brudevold e colaboradores tentaram repetir o mesmo procedimento,

porém dessa vez em substrato dentinário (Brudevold et al., 1956). No entanto,

devido à falta de conhecimento da dentina como substrato para a adesão, à

hidrofobicidade das resinas disponíveis à época e do fato do adesivo ser aplicado

diretamente sobre a smear layer, os valores de resistência de união obtidos foram

baixos (Brudevold et al., 1956; Nakabayashi & Pashley, 1998).

Em 1967, Gwinnett & Matsui, em estudo sobre a relação física entre o

esmalte e os adesivos, utilizando microscópio eletrônico, reportou que os adesivos

resinosos poderiam penetrar nos prismas de esmalte condicionados e poderiam

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envolver os cristais de hidroxiapatita. O que estes pesquisadores observaram foi a

primeira camada híbrida verdadeira, apesar de este conceito ainda não ter sido

introduzido naquele momento. Esta nova estrutura criada a partir do

condicionamento ácido do esmalte, seguido pela penetração resinosa não era

nem esmalte nem resina, e sim um híbrido destes dois materiais.

O conceito de camada híbrida foi dado por Nakabayashi (1982). O

grupo de pesquisa deste pesquisador demonstrou que a resina poderia infiltrar na

dentina condicionada por ácido, formando uma nova estrutura composta pela

matriz resinosa reforçada pelas fibrilas colágenas, chamando este novo bio

composto de camada hibrida. Esta observação realizada por meio da microscopia

eletrônica de transmissão, qual foi posteriormente comprovada pela microscopia

eletrônica de varredura.

O mecanismo básico de adesão, para De Munck e colaboradores, é

essencialmente um processo de troca, no qual componentes inorgânicos dos

tecidos duros dentais são substituídos por monômeros resinosos (De Munck et al.,

2005). Com a polimerização, os monômeros formam cadeias poliméricas as quais

ficam retidas micromecanicamente nas porosidades criadas com a remoção do

fosfato de cálcio das superfícies dentais (Van Meerbeek et al., 2003).

Houve uma evolução dos adesivos de técnica convencional e em 1980,

Fusayama introduziu o conceito de condicionamento total da cavidade, o que

significa um condicionamento simultâneo do esmalte e da dentina. Esta técnica

enfrentou resistência por parte de dentistas americanos e europeus. Estes

pensavam que o tratamento com ácido fosfórico a 40% poderia causar reações

pulpares adversas. Um estudo realizado por Pashey et al. (1992) demonstrou que

a dentina maior que 0,5 mm de espessura, condicionada por ácido, não produzia

reações pulpares, desde que esta estivesse selada das bactérias orais. Assim, as

reações observadas eram devido à infiltração bacteriana e não ao

condicionamento ácido por si. Os dentistas japoneses não encontravam reações

pulpares, isto era devido em parte à filosofia minimamente invasiva, na qual os

japoneses não estendiam o preparo como os americanos e europeus. Assim a

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dentina afetada por cárie diferentemente de uma dentina normal é mais

impermeável a solutos e solventes o que acabava protegendo a polpa dos

irritantes (Pashley et al., 2011).

A introdução do conceito de adesão seca aconteceu no ano de 1978. O

sistema adesivo disponibilizado no mercado foi o ClearfilTM Bond System-F

(Kuraray Co). Este sistema utilizava o ácido fosfórico a 40% na forma de

condicionamento total. Nesta técnica, esmalte e dentina eram condicionados e

então toda a cavidade era seca, observando-se o aspecto como de giz para o

esmalte. Isso significava que o esmalte estava condicionado, no entanto, este

condicionamento levava ao colapso da dentina e perda dos espaços interfibrilares,

os quais servem de canais para a difusão do monômero (Fusayama, 1980). Como

consequência a união entre resina hidrófoba e o esmalte era alta, mas a união

entre a dentina e a mesma resina hidrófoba era muito baixa, não sendo suficiente

para resistir as forças da contração de polimerização, criando assim infiltração

bacteriana, sensibilidade, cárie secundária e perda das restaurações adesivas

(Pashley et al., 2011).

Em 1992, Kanca introduziu o conceito de “Adesão Úmida”. Com a

utilização desta técnica, a resistência da união entre a dentina e resina, permitindo

assim melhor selamento e diminuição da dor pós-operatória.

Os procedimentos de união ao esmalte produzem união mais previsível

e clinicamente estável, devido principalmente às características homogêneas

desse substrato (Nakabayashi & Pashey, 1998). Na dentina a união é mais

complexa, sendo ainda bastante questionada quanto à durabilidade (Reis et al.,

2003). A dentina é composta por aproximadamente 50%, em volume, da fase

mineral, 30% de colágeno e 20% de água (Nakabayashi, 1998). Durante o

processo de condicionamento ácido, os 50% de volume mineral da superfície e da

sub-superfície são solubilizados e os 30% de fibrilas colágenas que suportam a

fase mineralizada permanecem. Durante a aplicação do adesivo os monômeros

resinosos deveriam substituir 70% do substrato dentinário em volume, produzindo

assim um híbrido de bio composto resinoso reforçado pelas fibrilas colágenas. No

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entanto, a difusão dos monômeros resinosos através da dentina condicionada

nunca é ideal, criando pequenas regiões na camada híbrida que são ricas em

água e pobres em adesivo. Essas regiões podem ser identificadas por meio da

utilização de marcadores solúveis em água, e a distribuição desses marcadores

na interface adesiva tem sido chamada de nano-infiltração. Além disso, estas

regiões aumentam de tamanho com o tempo (Tay et al., 2003; Pashley et al.,

2011).

Estudos in vitro (Armstrong et al., 2004) e in vivo (Carrilho et al., 2007)

demonstraram que, com o tempo, a camada híbrida formada por adesivos

convencionais sofrem degradação de 6 meses a 3-5 anos. Metaloproteinases

(MMPs) é um grupo de 23 enzimas humanas capazes de degradar todos os

componentes da matriz extracelular. A dentina humana contém as colagenases

(MMP-8), gelatinases (MMP-2,-9) e lisina de esmalte (MMP-20), as quais são

capazes de causar degeneração das fibrilas colágenas expostas da camada

híbrida. A conversão de fibrilas colágenas insolúveis em peptídeos solúveis causa

a perda da continuidade da camada híbrida, pois 30% do que era ocupado pelas

fibrilas colágenas na camada híbrida passa a ser ocupado por água (Pashley,

2011). Esse processo resulta em redução da retenção das resinas compostas à

dentina, o que pode ser verificado pela diminuição da resistência de união

(Carrilho et al., 2007).

Entretanto, estudos mais recentes tem mostrado que a aplicação de

inibidores de MMPs, como a clorexidina, poderiam prevenir a auto degradação da

camada híbrida, aumentando a durabilidade na adesão na interface resina/dentina

(Hebling et al., 2005; Carrilho et al., 2007; Sano et al., 2006).

Van Meerbeek et al. (2011) consideraram que o maior desaf io para a

Odontologia adesiva é fornecer a mesma efetividade de adesão para dois

substratos de natureza diferente. A adesão à dentina é mais complicada, consome

mais tempo e possui técnica mais sensível, na qual pequenos erros podem

resultar em rápida perda da união ou degradação marginal prematura. Como

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consequência da demanda por simplificação e diminuição da sensibilidade técnica,

os fabricantes vem desenvolvendo novos adesivos.

Os adesivos autocondicionantes, diferentemente dos convencionais não

requerem a etapa de condicionamento separado, pois contém monômeros ácidos,

que simultaneamente condicionam e interagem com o substrato dental. Como

consequência, esta técnica é mais atrativa para o clínico (curto período de

aplicação e diminuição do número de passos) e produz menor sensibilidade pós

operatória (Peumans et al., 2010). Ainda, os resultados clínicos tem sido

satisfatórios e, aparentemente, são produto-dependente (Peumans et al., 2005;

Van Meerbeek et al., 2011).

Em 2003, Van Meerbeek e colaboradores propuseram uma

classificação simplificada, baseada na interação dos adesivos com o substrato

dental e o número de passos: técnica convencional (adesivos de dois e três

passos) e técnica autocondicionante (adesivos de dois e um passos). Esses

últimos também podem ser classificados de acordo com a capacidade de

desmineralizar a dentina, sendo que existem os sistemas autocondicionantes:

Fortes (pH 1), intermediariamente forte (pH entre 1 e 2), leve (pH 2) e ultra-leve

(pH maior do que 2,5). Essa agressividade de condicionamento está relacionada

com a interação na dentina em profundidade, que vai de poucos micrômetros nos

sistemas adesivos autocondicionantes ultra-leves, e muitos micrômetros nos

sistemas fortes (Van Meerbeek et al., 2011).

Giannini e colaboradores (2001) avaliaram a resistência de união de

dois sistemas adesivos, sendo um deles o Prime & Bond TM 2.1 - técnica

convencional de 2 passos e outro Clearfil TM Liner Bond 2V - técnica

autocondicionante de 2 passos, em diferentes profundidades de dentina e

correlacionaram os valores com as áreas de densidade dos túbulos. Os

pesquisadores concluíram que em dentina profunda a diferença entre os dois

sistemas adesivos não foi significativa.

Em 2001, Yoshida e colaboradores descreveram pela primeira vez o

conceito de adesão que é o chamado “Conceito Adesão-Descalcificação”.

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Segundo os autores a adesão não depende apenas da retenção micromecânica

ao esmalte ou à dentina desmineralizados, mas principalmente da interação entre

o monômero ácido funcional e o cálcio da hidroxiapatita.

Yoshida (2004) observou que dentre os monômeros funcionais

utilizados nos adesivos autocondicionantes o 10MDP apresentou adesão mais

eficiente com a hidroxiapatita, além de ser mais estável em água do que outros

monômeros funcionais como o 4-MET e o fenil-P. Devido a isso, materiais que

contém 10MDP tem sido desenvolvidos, e atualmente são encontrados em

sistemas adesivos e cimentos autoadesivos de diferentes fabricantes.

Para Pashley e colaboradores (2001) a desvantagem dos sistemas

adesivos autocondionantes é a baixa efetividade de adesão em esmalte. O

aumento da área de superfície é baixo, quando comparado com aquela obtida

pelo uso do ácido fosfórico, e ainda, depende do pH do sistema adesivo

autocondicionante. Entretanto, estudos posteriores mostraram que esta pode ser

melhorada pelo tratamento com acido fosfórico no esmalte, antes da aplicação do

sistema adesivo autocondicionante (Rotta et al., 2007).

A simplificação dos sistemas adesivos não melhorou a efetividade da

adesão, apesar de ter reduzido a sensibilidade da técnica. Com base nisso, Van

Landuyt e colaboradores (2006) estudaram se o aumento do número de etapas

operatórias poderia melhorar a resistência da união dos adesivos

autocondicionantes. Para isso, os autores utilizaram sistemas adesivos

autocondicionantes na técnica convencional. Nos sistemas adesivos

autocondicionantes de dois passos foi realizado o condicionamente ácido prévio à

aplicação do Bond e nos sistemas adesivos autocondicionantes de um passo foi

realizado o condicionamento ácido prévio e aplicação de um “bond” após o

adesivo autocondicionante ter sido utilizado. A efetividade da adesão de dois

adesivos autocondicionantes experimentais de um passo e três adesivos

comerciais (iBondTM, ClearfilTM SE bond e OptibondTM FL) em esmalte e dentina

foram avaliados utilizando o teste de microtração. Com base nos resultados,

concluiu-se que a utilização de um adesivo autocondicionante de passo único em

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um adesivo autocondicionante de dois passos melhorou levemente a efetividade

da adesão. A adição do passo de condicionamento pode ser benéfica para o

esmalte, mas deveria ser evitada na dentina, pois não melhorou a resistência da

união e ainda pode afetar a efetividade da adesão em longo prazo.

Peumans e colaboradores (2010) conduziram um estudo clínico que

teve por objetivo avaliar o desempenho de um sistema adesivo autocondicionante

leve de dois passos, quando utilizado em restaurações de lesões não cariosas

Classe V, com ou sem o condicionamento seletivo nas margens de esmalte. Cem

restaurações foram realizadas em 29 pacientes e o adesivo utilizado foi o

ClearfilTM SE Bond (Kuraray). Metade das restaurações foi realizada apenas na

técnica autocondicionante enquanto a na outra metade o condicionamento com

ácido fosfórico foi realizado nas margens de esmalte. As restaurações foram

avaliadas em 6 meses, 1, 2, 3, 5 e 8 anos e os critérios utilizados foram: retenção,

integridade marginal e descoloração, ocorrência de cárie, preservação da

vitalidade do dente e sensibilidade pós-operatória. Com base nos resultados, os

autores concluíram que a efetividade do ClearfilTM SE Bond foi excelente, taxa de

retenção e sucesso de 97% em ambos os grupos. O condicionamento seletivo do

esmalte teve um ligeiro efeito positivo em parâmetros clínicos secundários, como

baixa incidência de defeitos marginais ou descoloração nas margens de esmalte.

Entretanto, os defeitos observados não tiveram necessidade de intervenção em 8

anos.

Com a eliminação da etapa do condicionamento ácido para os adesivos

autocondicionantes, a técnica adesiva tornou-se menos sensível, pois os

monômeros simultaneamente condicionam e infiltram o substrato dental (Van

Meerbeek et al., 2011). Além disso, diminuiu se as discrepâncias entre as zonas

do substrato condicionadas e hibridizadas (Van Meerbeek et al., 2003). Dentro dos

chamados adesivos autocondicionantes existe os sistemas que combinam todos

os passos em uma única aplicação, são os chamados sistemas all-in-one.

Enquanto a habilidade de adesão à dentina tem sido progressivamente

melhorada, devido à melhor interação química; a adesão em esmalte continua

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sendo insatisfatória.O protocolo de condicionamento seletivo do esmalte é

recomendado (Peumans et al., 2005), porém o pré-condicionamento da dentina

pode afetar negativamente a eficácia da adesão (Van Landuyt et al., 2006). Assim,

com o objetivo de eliminar complicações e fornecer um produto para todas as

situações (dentes decíduos, pouca margem em esmalte, vários substratos) os

chamados “Adesivos Universais” foram lançados recentemente no mercado

odontológico.

Em 2012, Yoshida e colaboradores observaram que ocorre uma ligação

química entre o 10MDP e a hidroxiapatita. Esta ligação forma uma nanocamada

estável, de natureza hidrófoba, a qual poderia ser uma fase forte na interface

adesiva, o que resulta em aumento da resistência mecânica nessa interface. Além

disso, a deposição do sal estável MDP-Ca ao longo da nanocamada poderia

explicar a alta estabilidade da adesão.

Em 2012, em estudo conduzido por Hanabusa e colaboradores, o

adesivo G BondTM Plus (GC, Tokyo Japan) foi avaliado. Nesse trabalho os autores

tinham por objetivo testar se este adesivo autocondionante de 1 passo poderia ser

utilizado como “multi-mode”, ou seja, tanto no condicionamento total como no

seletivo na técnica úmida e autocondicionante. Para isso foi utilizado o teste de

microtração, avaliação do padrão de fratura e avaliação da interface por meio da

microscopia eletrônica de transmissão. Com base nos resultados, os autores

concluíram que a efetividade de adesão do adesivo autocondionante avaliado

pode ser melhorada pelo condicionamento seletivo das margens de esmalte com

ácido fosfórico. Na dentina, a aplicação autocondicioante é preferível, uma vez

que a análise da interface mostrou baixa qualidade de hibridização. Por outro lado,

a técnica convencional não reduziu a resistência de união imediatamente, no

entanto é esperado que a estabilidade da união diminua quando o

condicionamento ácido é realizado na dentina seguido pela aplicação do adesivo

autocondicionante testado.

Muñoz e colaboradores (2013) avaliaram a resistência de união, nano-

infiltração e grau de conversão de sistemas adesivos universais simplificados

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quando utilizados tanto em técnica “condiciona e lava” como em técnica

autocondicionante. Terceiros molares humanos foram divididos em oito grupos de

acordo com os sistemas adesivos e estratégia de adesão utilizada. ClearfilTM SE

Bond e AdperTM Single Bond foram utilizados como controle e os adesivos

universais avaliados foram: PeakTM Universal Adhesive System, ScothbondTM

Universal Adhesive e All Bond UniversalTM. Os resultados mostraram que para a

resistência de união apenas o PeakTM Universal tanto na técnica “condiciona e

lava” como na autocondicionante apresentou resultados similares ao grupo

controle. O All BondTM utilizado na técnica autocondicionante apresentou piores

resultados de resistência de união quando comparado aos demais grupos

estudados. Quanto a nano-infiltração, ScotchbondTM Universal e o All BondTM,

tanto na técnica “condiciona e lava” como na autocondicionante apresentaram

resultados similares ao grupo controle. Em relação ao grau de conversão, apenas

o SchtchbondTM apresentou resultados inferiores comparado aos outros materiais.

Os pesquisadores atribuíram a diminuição do grau de conversão à presença do

copolímero VitrebondTM, o qual poderia dificultar a aproximação dos monômeros

por conta do alto peso molecular. Os autores concluíram que o desempenho dos

adesivos universais se mostrou material dependente. Os resultados indicaram que

essa nova categoria de sistemas adesivos quando utilizados em dentina tanto na

técnica “condiciona e lava” como na autocondicionante apresentaram resultados

inferiores pelo menos com relação às propriedades avaliadas quando comparados

com os sistemas adesivos do grupo controle.

Perdigão et al. (2014) avaliaram clinicamente o adesivo multi-mode

Single Bond UniversalTM , com o objetivo de analisar a influência das diferentes

estratégias de aplicação no comportamento clínico desse novo sistema adesivo

quando utilizado em lesões cervicais não cariosas, durante 18 meses. Os

diferentes modos de aplicação do adesivo foram: técnica convencional, mantendo

a umidade da dentina; técnica convencional, secando a dentina; técnica

autocondicionate com condicionamento seletivo do esmalte; e técnica

autocondicionante sem o condicionamento seletivo do esmalte. Os critérios

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avaliados foram: retenção, sensibilidade pós-operatória, adaptação marginal,

manchamento marginal e outro critério que classificou as restaurações em

aceitáveis e não aceitáveis. A partir dos resultados, os autores concluíram que,

com as limitações desse estudo de 18 meses, o comportamento clínico do Single

Bond UniversalTM não foi dependente da estratégia de adesão utilizada. O novo

adesivo multi-mode foi aprovado em todos os critérios propostos pela ADA quando

a adesão foi realizada segundo as estratégias de adesão propostas pelo

fabricante.

Também em 2014, Wagner e colaboradores compararam a resistência

de união e a penetração resinosa na dentina de três adesivos universais, aplicado

nas duas estratégias diferentes (“condiciona e lava” e autocondicionante) além do

efeito da termociclagem na resistência de união. Os adesivos utilizados foram:

Futurabond UniversalTM (Voco, Cuxhaven, Germany), ScotchbondTM Universal

Adhesive (3M ESPE, Seefeld, Germany) e All BondTM Universal (Bisco,

Schaumburg, USA). Além do teste de microtração, um dente de cada grupo foi

preparado para avaliar a habilidade de infiltração na dentina, avaliada por meio da

penetração do adesivo com o corante rodamina B e análise por meio da

microscopia confocal de varredura a laser. Os resultados mostraram que o passo

de condicionamento ácido não afetou significativamente a resistência de união de

nenhum dos sistemas adesivos, quando comparado à técnica autocondicionante.

Todos os espécimes que receberam o pré-tratamento apresentaram resin tags

consideravelmente mais longos e a termociclagem não afetou significativamente

nenhum dos adesivos universais. Com base nos resultados, os autores concluíram

que o passo de condicionamento ácido melhora a penetração da resina na

dentina. Entretanto, não apresentou efeito na resistência de união à dentina em 24

horas ou quando submetidos à termociclagem de 5.000 ciclos.

Marchesi et al. (2014) investigaram a estabilidade adesiva no decorrer

do tempo de adesivos universais (ScotchbondTM Universal, 3M/ESPE e

Prime&Bond NTTM, Dentsply De Trey) utilizados em diferentes técnicas adesivas

na dentina humana. Nesse estudo avaliou-se: resistência de união, nano-

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infiltração na interface e ativação de MMPs. Os períodos de envelhecimento, em

saliva artificial foram: 24 horas, 6 meses e 1 ano. Os resultados mostraram que

após um ano de armazenamento o ScotchbondTM Universal aplicado na técnica

autocondicionante e o Prime&BondTM NT apresentaram melhores resultados

quando comparados com os outros grupos. A menor expressão de nano-infiltração

foi encontrada pelo ScotchbondTM Universal na técnica autocondicionante, tanto

imediatamente como após o armazenamento, e a ativação de MMPs foi

encontrada após a aplicação de cada adesivo estudado. Com base nos

resultados, os autores concluíram que a utilização dos adesivos universais

avaliados na técnica autocondicionante melhorou a estabilidade de união à

dentina no decorrer do tempo.

2.3 Tratamento endodôntico: irrigação

Um dos objetivos do tratamento endodôntico é evitar que os processos

infecciosos localizados nos canais radiculares se espalhem para os tecidos

periapicais. Os mecanismos de defesa do hospedeiro nem sempre conseguem

atingir os microrganismos que se estabelecem nos canais radiculares. Sendo

assim, as infecções que acometem essas regiões devem ser tratadas por

procedimentos mecânicos auxiliados por substâncias químicas irrigadoras

antimicrobianas capazes de romper o equilíbrio do ecossistema microbiano e atuar

no maior número de regiões dos canais radiculares (McComb et al., 1975).

As bactérias são as causas primárias do desenvolvimento de lesões

pulpares e periapicais. O sucesso do tratamento endodôntico é resultado da

combinação da adequada instrumentação, irrigação e obturação do canal

radicular. De todas as etapas do tratamento endodôntico, a irrigação é o principal

determinante para a cicatrização dos tecidos periapicais, uma vez que ela se torna

especialmente necessária para dentes com anatomia interna complexa e outras

irregularidades, como divertículos, istmos e canais acessórios, que não são

alcançadas pela instrumentação (Baker et al., 1975; Kandaswamy et al., 2010;

Nair et al., 2005).

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Dessa maneira, a irrigação é o melhor método para a remoção de

tecido remanescente e debris dentinários durante a instrumentação, lavando

material remanescente, necrótico ou contaminado. A utilização dos irrigantes

também fornece um debridamento grosseiro, lubrificação, destruição de

microrganismos e dissolução de tecido. NaOCl, peróxido de hidrogênio (H2O2), a

combinação entre eles, e a clorexidina são amplamente utilizados em endodontia

principalmente por suas propriedades antimicrobianas. (West et al., 1998; Erdemir

et al., 2004).

Desde 1936, quando foi sugerida pela primeira vez, a utilização do

NaOCl para o tratamento endodôntico. Esta solução vem sendo utilizada e

estudada em Odontologia. É uma solução altamente alcalina, que possui duplo

mecanismo de ação: habilidade de dissolução de tecido necrótico, atribuída à alta

alcalinidade e propriedades antimicrobianas relacionadas com a formação do

ácido hipocloroso e liberação do cloro ativo (Czonstkowsky et al., 1990; Tasman et

al., 2000; Zehder, 2006).

Spangberg et al. (1973), em estudo clássico, definiram que a

concentração 0,5% de NaOCl, tem o mais baixo grau de toxicidade, porém

reduzidas propriedades antibacterianas. Já a concentração de 5%, apesar de ser

eficiente agente antimicrobiano, apresentou a maior reação tóxica aos tecidos

periapicais. Os autores concluíram também que o efeito antimicrobiano requerido

se inicia a partir da concentração de 1%.

Trepagnier e colaboradores em 1977, conduziram um estudo que teve

por objetivo mensurar a capacidade de dissolução de tecido orgânico, quando da

utilização de NaOCl nas concentrações 5%, 0,5% e 2,5%, nos intervalos de tempo

de 1, 5, 15 e 60 minutos. Eles utilizaram a mensuração dos valores de

hidroxiprolina, que reflete a quantidade de colágeno presente no tecido dissolvido.

Os pesquisadores concluíram que nas concentrações de 5% e 2,5% o NaOCl foi

um solvente de tecido necrótico eficiente quando utilizado durante 5 minutos. Na

concentração de 0,5%, essa solução apresentou ação 65% menos efetiva.

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Bystrom & Sundqvist (1985) compararam a capacidade antimicrobiana

de duas as concentrações de NaOCl (0,5 e 5%) e também a associação dessa

solução com ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA). Os pesquisadores

concluíram que as duas concentrações apresentaram a mesma eficiência

antimicrobiana. Ainda, e o uso do NaOCl a 5% em combinação com o EDTA

apresentou resultados superiores com ao seu uso isolado.

Uma revisão de literatura conduzida por Zehnder (2006) evidenciou

que a concentração de NaOCl a ser utilizada em endodontia é controversa. A

efetividade antibacteriana, capacidade de dissolução de tecido orgânico e a

toxicidade são em função da concentração da solução (Spångberg et al., 1973). A

concentração com o máximo de efetividade é a de 5,25%, Entretanto, severas

irritações tem sido reportadas com essa concentração (Hülsmann & Hahn, 2000).

Além disso, tem sido relatado que nessa concentração há diminuição no módulo

de elasticidade e resistência à flexão e que essa diminuição não ocorre na

concentração de 0,5%. Por outro lado, a redução da microbiota em nenhuma das

outras concentrações é melhor do que na de 5%. Em estudos in vitro, NaOCl a 1%

parece suficiente para dissolver o tecido pulpar (Sirtes et al., 2005) e que

baseando-se nas evidencias até então disponíveis, não há razão para utilização

de soluções de NaOCl com concentrações maiores do que 1%.

Sabe-se que o NaOCl é um agente proteolítico não-específico, capaz

de remover material orgânico, assim como magnésio e íons carbonato (Shellis,

1983). Assim, NaOCl fragmenta longas cadeias de peptídeos e proteínas com

grupos cloro terminais (Davie et al., 1993). Como conseqüência, as soluções de

NaOCl podem afetar as propriedade mecânicas da dentina (Sim et al.,2001;

Pascon et al., 2009), além de poder afetar a habilidade de selamento e adesão de

materiais dentários como os sistemas adesivos (Nikaido et al.,1999 ; Ozturk et al.,

2009).

Pascon et al. (2009), por meio de uma revisão da literatura, avaliaram o

efeito do NaOCl, quando utilizado como substância irrigadora, nas propriedades

mecânicas da dentina radicular. Diante dos estudos incluídos na revisão,

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observou-se diminuição da resistência à flexão, tração, módulo de elasticidade,

assim como microdureza, independente do tempo e da concentração de NaOCl.

Os resultados observados nos estudos refletem os efeitos potenciais diretos que

este agente químico tem no conteúdo orgânico e mineral da dentina (Pascon et

al., 2009).

Sim et al. (2001) avaliaram o efeito da irrigação dos canais radiculares

com NaOCl nas concentrações de 0,5% e 5,25%, quanto a resistência a fratura e

propriedades mecânicas da dentina. Os autores concluíram que o NaOCl na

concentração de 5,25% foi capaz de reduzir o modulo de elasticidade e a

resistência a flexão da dentina de maneira significativa a ponto de interferir no

enfraquecimento da raiz que recebeu o tratamento.

Em 2008, Borges e colaboradores conduziram um estudo que teve por

objetivo investigar os efeitos da irrigação com NaOCl na estrutura química

molecular da dentina da câmara pulpar, e analisar se as mudanças no conteúdo

inorgânico poderiam ser anuladas pelo condicionamento com ácido fosfórico,

simulando assim a pratica clínica. Este estudo avaliou tanto molares decíduos

como permanentes. A concentração de NaOCl utilizada foi de 1% durante 30

minutos e os espécimes foram analisados por Espectroscopia Raman

transformada de Fourier (FT-Raman) e microscopia eletrônica de varredura

(MEV). Os autores concluíram que o NaOCl a 1% modificou o conteúdo orgânico e

inorgânico da dentina da câmara pulpar de dentes decíduos e permanentes e as

mudanças no conteúdo inorgânico não foram anuladas pelos condicionamento

ácido. As imagens obtidas em MEV não detectaram diferenças causadas pelo

NaOCl seguido pelo condicionamento ácido.

Além de afetar as propriedades mecânicas da dentina, estudos

mostram que o NaOCl também afeta a penetração e/ou polimerização dos

monômeros na superfície de dentina, o que poderia influenciar a qualidade das

restaurações (Sim et al., 2001). Assim, os estudos tem demonstrado diminuição

da resistência da união independente dos sistemas adesivos (Nikaido et al., 1999;

Ozturk et al., 2004) e agentes cimentantes estudados (Ari et al., 2003). Entretanto

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a maioria desses estudos utilizou NaOCl a 5 % (Belli et al., 2001; Erdemir et al.,

2004; Santos et al., 2006; Fawai et al., 2010; Prasansuttiporn et al., 2011). Poucos

são os estudos na literatura que avaliaram a influência de concentrações menores

do NaOCl na adesão (Arashiro et al., 2010; Khoroushi & Kachuei, 2014).

Arashiro et al. (2010) avaliaram a influência que as principais soluções

irrigadoras endodônticas exercem na resistência adesiva à tração, de

restaurações realizadas na dentina superficial coronária. As soluções utilizadas

nesse estudo foram: solução salina a 0,9%, clorexidina a 2%, NaOCl a 2,5% e

NaOCl a 1%. Os resultados mostraram que não houve diferença estatística entre

os valores de força de adesão obtidos após o tratamento das superfícies

dentinárias, com as soluções irrigadoras endodônticas avaliadas.

Khoroushi & Kachuei (2014) avaliaram o efeito de soluções

antioxidantes na dentina tratada por NaOCl. Nesse estudo a concentração de

NaOCl utilizada foi de 2,5% durante 1 minuto. Em seguida, os dentes foram

irrigados com soluções antioxidantes (ácido extraído do alecrim, hesperidina e

ascobato de sódio hidrogel), e então selados com cimento autoadesivo. Os

autores concluíram que a irrigação realizada durante o preparo do canal diminui a

resistência de união entre o cimento resinoso e a dentina e que dentre as soluções

testadas o ascorbato de sódio apresentou resultados superiores quanto ao

restabelecimento da resistência de união diminuída pelo hipoclorito de sódio 2,5%.

2.4 Adesão à câmara pulpar

Um dos objetivos do selamento de dentes tratados endodonticamente

entre outros, como devolução da forma, função estética e fonética, é prevenir a

contaminação do canal radicular por fluídos, material orgânico e bactérias do

ambiente oral (Ozturk et al., 2004). A infiltração de microrganismos orais devido à

falta de selamento dos materiais restauradores pode causar a falha do tratamento

endodôntico (Belli et al., 2001).

Em 1983, Swartz e colaboradores relataram que a taxa de falha é duas

vezes maior em casos de dentes sem adequada restauração quando comparado

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com dentes apropriadamente restaurados. Vários materiais tem sido utilizados na

câmara pulpar para promover seu selamento e evitar que os canais fiquem

expostos ao ambiente oral, e assim se recontamine, (Belli et al., 2001). Entretanto,

estudos tem mostrado que canais obturados expostos a saliva podem se

recontaminar, apesar das técnicas e dos materiais empregados (Magura et al.,

1991; Shipper & Trope, 2004).

Schwartz & Fransman (2005) em uma revisão de literatura sobre a

relação entre tratamento endodôntico e odontologia adesiva concluíram que a

restauração estética da cavidade de acesso endodôntico, deve ser realizada o

quanto antes, com o intuito de evitar a contaminação bacteriana do sistema de

canais radiculares. Silva et al. (2005) consideraram também que a finalização do

tratamento endodôntico se dá apenas quando a cavidade de acesso for

restaurada definitivamente, e que quanto mais rápida for realizada essa

restauração maiores as chances de sucesso do tratamento.

Além disso, dentes tratados endodonticamente geralmente perderam

estrutura dental por trauma, cárie e procedimentos endodônticos. Assim, quando a

estrutura dental perdida é adequadamente substituída por resina composta ocorre

um reestabelecimento da função dental prevenindo também a fratura do

remanescente (Ausiello et al., 1997). Os benefícios das restaurações de resina

composta são: capacidade de adesão à estrutura dental, aumento da retenção da

restauração, redução da infiltração marginal (Belli et al., 2001) e melhora da

resistência a fratura (Ausiello et al., 1997).

Variações na estrutura das paredes da câmara pulpar como conteúdo

de pré-dentina, dentina secundária fisiológica, dentina terciaria e alta densidade de

túbulos dentinários com maior diâmetro, fazem com que a adesão a esse

substrato seja um desafio (Schellenberg et al., 1992; Bath Balogh et al., 1997;

Cohn et al., 2006).

Akagawa et al. (2002) analisaram a resistência de união de dois

sistemas adesivos na dentina coronária e na dentina de câmara pulpar. Para isso,

20 molares humanos foram seccionados em 3 regiões: dentina coronária

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superficial, dentina coronária profunda e dentina de câmara pulpar. As superfícies

receberam os sistemas adesivos Single BondTM ou o ClearfilTM Liner. Os

resultados mostraram que para o Single BondTM, a resistência ao

microcisalhamento da dentina superficial foi de 23 MPa, para a dentina profunda

15 MPa e para a dentina da câmara pulpar de 13 MPa. Enquanto que para o

ClearfilTM Liner a resistência ao microcisamento foi de 30 MPa para todas as

regiões.

Além disso, a aplicação do NaOCl fornece debridamento, lubrificação,

destruição de microrganismos, dissolução de tecido, remoção da camada de

colágeno e desidratação, o que pode alterar várias características físicas da

dentina (Vivacquo-Gomes et al., 2002). Consequentemente a habilidade de criar

um selamento de alta qualidade com sistemas adesivos na câmara pulpar se torna

indiscutivelmente mais complicado do que qualquer outra região (Ozturk et al.,

2004).

O efeito do tratamento endodôntico na adesão foi avaliado pela primeira

vez por Nikaido e colaboradores em 1999. Nesse estudo dentes bovinos foram

irrigados com NaOCl a 5% e/ou peróxido de hidrogênio a 3%, durante 60

segundos. No dia seguinte eles foram tratados com um dos seguintes sistemas

adesivos: ClearfilTM Liner Bond II, Single BondTM ou Superbond C&BTM. Os

resultados indicaram que o Single Bond e o Superbond C&BTM apresentaram

menor resistência de união quando comparado com o grupo controle. Os autores

discutiram que remanescentes de soluções irrigadoras se difundem no interior da

dentina, após o condicionamento ácido e a permeabilidade da dentina aumenta

resultando em saída desses fluídos do interior dos túbulos dentinários. Ainda,

essas soluções químicas residuais podem afetar a polimerização do monômero na

dentina desmineralizada, o que causa uma diminuição da resistência de união.

Neste estudo os efeitos foram proeminentes quando os adesivos de técnica

convencional foram utilizados.

Belli et al. (2001) avaliaram a resistência de união regional de dois

sistemas adesivos na câmara pulpar de terceiros molares humanos e avaliaram

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também o efeito do tratamento com NaOCl a 5%, por 5 minutos, na resistência de

união entre a dentina e a resina. Os autores encontraram que o efeito da

localização da adesão, material, interação material/localização, e

localização/NaOCl foram significantes. Quando o C&B MetabondTM foi utilizado em

dentina tratada por NaOCl redução significante na resistência de união foi

encontrada no teto e na base da câmara pulpar, mas não nos cornos ou nas

paredes.

Ozturk e colaboradores (2004) compararam as propriedades de

selamento de cinco adesivos dentinários em câmara pulpar utilizando um método

de filtração de fluído para avaliar a infiltração. As câmaras pulpares foram tratadas

com NaOCl durante 1 minuto. As observações em MEV mostraram que a

aplicação do NaOCl causou a remoção das fibrilas. Os pesquisadores concluíram

que nenhum dos materiais apresentou habilidade para selar as paredes da

câmara pulpar e que o apesar disso, o uso de materiais adesivos para restaurar a

câmara pulpar de dentes tratados endodonticamente deve ser recomendado.

Entretanto, mais estudos sobre a efetividade dos sistemas adesivos são

necessários.

No estudo de Erdemir e colaboradores (2004) avaliou-se o efeito dos

medicamentos utilizados durante o tratamento endodôntico na adesão à dentina

do canal radicular. Para isso, paredes da dentina dos condutos radiculares foram

tratados com NaOCl a 5% ou peróxido de hidrogênio a 3% ou a combinação de

ambos, ou digluconato de clorexidina a 0,2% ou hidróxido de cálcio em solução

ou formocresol. Cada solução ficou em contato com a superfície da dentina por 60

segundos. Após a irrigação dos canais, os mesmos foram obturados com C&B

MetabondTM. Os resultados indicaram que o formocresol e o hidróxido de cálcio

não prejudicaram a resistência de união já o NaOCl, peróxido de hidrogênio ou a

combinação entre eles, levou à diminuição significante da resistência de união da

dentina do canal radicular. Os dentes tratados com clorexidina apresentaram os

maiores valores de resistência de união.

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Levando em consideração a importância que o selamento coronário tem

após a conclusão do tratamento endodôntico, Santos et al. (2006) avaliaram in

vitro os efeitos de diferentes irrigantes endodônticos, incluindo a clorexidina gel, na

resistência de união entre um adesivo autocondicionante e a dentina da câmara

pulpar. O estudo utilizou dentes bovinos, a duração do protocolo de irrigação foi de

30 minutos e o adesivo autocondicionante utilizado foi o ClearfilTM SE Bond. Os

resultados mostraram que o tratamento com NaOCl, a 5,25% ou NaOCl associado

ao EDTA, resultou em valores de resistência de união significativamente baixos

entre o sistema adesivo e a dentina da câmara pulpar. Por outro lado, grupos

irrigados com clorexidina obtiveram valores similares ao grupo controle. Os

pesquisadores discutiram que o NaOCl deixa alguns componentes oxidativos na

matriz de dentina (Morris et al., 2001), formando radicais derivados de proteínas, o

quais podem competir com a propagação de radicais vinílicos gerados durante a

fotoativação dos sistemas adesivos, resultando assim em terminação prematura

de cadeia e incompleta polimerização (Lai et al., 2001). Ainda, podem reduzir os

níveis de cálcio e fósforo e as propriedades mecânicas da dentina, como módulo

de elasticidade, resistência flexão e microdureza (Pascon et al., 2009).

Em 2010, Fawai e colaboradores, analisaram seis regimes de irrigação

na resistência ao microcisalhamento de diferentes sistemas adesivo à câmara

pulpar. Nesse estudo o NaOCl a 5,25% ficou em contato com a superfície da

dentina durante 10 minutos. Os resultados indicaram que o sistema adesivo auto-

condicionante ClearfilTM SE Bond forneceu adesão superior à dentina da câmara

pulpar após diferentes regimes de irrigação, comparados com o adesivo de

técnica úmida AdperTM Single Bond 2. Além disso, os diferentes regimes de

irrigação usados nesse estudo poderiam ser empregados sem causar prejuízos à

adesão, exceto o AdperTM Single Bond após o tratamento com NaOCl.

2.5 Utilização de agentes antioxidantes

Estudos demonstraram que a resistência de união de alguns sistemas

adesivos foi comprometida quando haviam sido utilizados os mais comuns

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irrigantes endodônticos: NaOCl e peróxido de hidrogênio (Nikaido et al.,1999; Belli

et al., 2001). Perdigão et al. (2000) propuseram que uma possível causa desse

comprometimento seria a remoção incompleta da matriz de colágeno,

parcialmente desnaturada ou desestabilizada. Porém, esta hipótese não explicava

o motivo da diminuição da resistência de união também observada quando os

irrigantes eram utilizados em dentina condicionada com ácido fosfórico (Nikaido et

al.,1999).

Em 1999, Ishizuka et al. conduziram um estudo que tinha por objetivo

investigar a confiabilidade e eficiência de um novo método de avaliação para a

adesão à dentina do canal radicular e os efeitos dos irrigantes sobre a adesão. O

novo método mensurava simultaneamente a adaptação marginal e a resistência

de união. Os achados sugeriram que o método experimental foi efetivo e que a

adesão à dentina radicular foi afetada pelo NaOCl. Os pesquisadores discutem

que a diminuição na resistência de união poderia ser melhorada se uma solução

de ácido ascórbico ou tiossulfato de sódio fosse aplicada após o tratamento com

hipoclorito, pois essas soluções neutralizariam os efeitos do NaOCl por meio de

uma reação de oxirredução.

Dessa maneira, partindo da premissa de que, se a diminuição da

resistência de união fosse resultado da oxidação da dentina pelo NaOCl e

peróxido de hidrogênio, talvez esse efeito pudesse ser revertido pela redução da

superfície oxidada, com um antioxidante neutro e biocompatível, como o ascorbato

de sódio. Lai et al. (2001) avaliaram pela primeira vez os efeitos do ascorbato de

sódio. O estudo objetivou examinar os efeitos do hipoclorito de sódio, peróxido de

hidrogênio e ascorbato de sódio em dentina condicionada, antes e após o

condicionamento ácido ter sido realizado. Os dentes recebiam o tratamento com

uma das soluções irrigantes por 10 minutos e o ascorbato de sódio também ficava

em contanto com a superfície por 10 minutos. Os resultados mostraram que

quando o ascorbato de sódio foi utilizado, a resistência da união foi

significativamente superior. Análises em MEV e de transmissão mostraram que

houve remoção parcial da matriz colágena desmineralizada pelo hipoclorito, e que

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a diminuição na resistência e união não pode ser atribuída a incompleta

desproteinização, e que talvez esteja relacionada às mudanças no potencial redox

dos substratos.

Morris e colaboradores (2001) avaliaram a união de um cimento

resinoso à dentina dos canais radiculares após a utilização do NaOCl a 5%

sozinho, RC-Prep (EDTA a 15%, uréia a 10%, peróxido de hidrogênio e veículo)

sozinho ou estes agentes seguidos da aplicação do ascorbato de sódio ou ácido

ascórbico. O período que os irrigantes ficaram em contato com a superfície da

dentina foi de 15 a 20 minutos e o tempo de aplicação do ascorbato de sódio foi

de 10 minutos. Os resultados demonstraram que o NaOCl a 5% e o RC-Prep

causaram redução significante da resistência de união entre o cimento resinoso e

a dentina, e que esta redução poderia ser completamente revertida pela aplicação

do ascorbato de sódio ou ácido ascórbico durante 10 minutos. Os autores

sugeriram que o mecanismo de ação do ascorbato de sódio é de agente redutor.

Assim, a ação oxidativa do hipoclorito de sódio deixaria radicais livres na matriz de

dentina, os quais são críticos para a polimerização, e causaria diminuição da

resistência de união. Com a utilização do ascorbato de sódio, este restabeleceria o

potencial redox da dentina e facilitaria a polimerização.

O objetivo do estudo de Vongphan (2005) foi determinar a resistência

da união do sistema adesivo de técnica convencional AdperTM Single Bond na

dentina da câmara pulpar tratada com NaOCl a 5,25%, assim como a avaliação

dos efeitos do ascorbato de sódio a 10%. Para isso, dentina da câmara pulpar de

terceiros molares humanos recebeu a irrigação do hipoclorito de sódio a 5,25%

por 10 minutos, seguida ou não da aplicação do ascorbato de sódio por 10

minutos. Os grupos tratados com hipoclorito apresentaram baixos valores de

resistência de união quando comparados ao grupo controle. Os autores discutiram

que isso deve ter ocorrido pelos danos causados pelo hipoclorito à matriz

orgânica, principalmente o colágeno (Nikaido, 1999). Além disso, NaOCl é

quebrado em cloreto de sódio e oxigênio, e o oxigênio dessa reação causa uma

forte inibição na polimerização da interface de materiais adesivos (Rueggeberg et

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al.,1990). Ainda, há radicais livres residuais que competem com a propagação de

radicais livres vinílicos, os quais são gerados durante a fotoativação por luz dos

sistemas adesivos resultando em terminação de cadeia pré matura e incompleta

polimerização (Lai et al., 2001). Já a utilização do ascorbato de sódio restabeleceu

os valores da resistência de união dos dentes tratados com hipoclorito. Utilizando

análise da superfície, os autores sugeriram que o efeito do ascorbato de sódio em

aumentar a resistência de união é por meio de reação de oxirredução entre a

solução e o substrato, assim o ascorbato permite uma livre polimerização do

adesivo, sem terminação pré-matura de cadeia, revertendo assim a adesão da

dentina condicionada.

Weston et al. (2007) avaliaram os efeitos do tempo e da concentração

do ascorbato de sódio, em reverter a resistência de união reduzida pela utilização

do NaOCl. Foram utilizados dentes uniradiculares humanos, nos quais o

tratamento endodôntico foi simulado e o tempo de contato do NaOCl com a

superfície da dentina foi de 15-20 minutos. Além dos grupos controle positivo e

negativo, os tratamentos foram divididos nos seguintes grupos experimentais:

ascorbato a 10% - 10 minutos; ascorbato a 10% - 3 minutos; ascorbato a 10% - 1

minuto e ascorbato a 20% - 1 minuto. Após a irrigação, os condutos radiculares

foram preenchidos com C&B MetabondTM (cimento resinoso de presa química). Os

resultados mostraram que dentes tratados com NaOCl a 5,25% podem ter a

adesão prejudicada, caso a cimentação seja realizada imediatamente com um

cimento resino de presa química; a não ser que seja realizada a utilização do

ascorbato de sódio a 10% por 1 minuto. Nesse estudo a utilização durante 1

minuto foi tão efetiva quando 10 minutos, sugerindo assim que a ação do

ascorbato de sódio seria instantânea. Os resultados também indicaram que o

potencial do ascorbato não foi aumentado quando uma solução mais concentrada

foi utilizada.

Celik et al. (2010) avaliaram os efeitos do ascorbato de sódio na

resistência de união de diferentes sistemas adesivos na dentina tratada com

NaOCl. Os adesivos comerciais estudados foram: um adesivo auto-condicionante

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de dois passos (ClearfilTM SE Bond, Kuraray), dois adesivos auto-condicionantes

de um passo (ClearfilTM Tri-S Bond, Kuraray e AdperTM Prompt-L-Pop, 3M/ESPE)

e um adesivo de condicionamento total (AdperTM Single Bond, 3M/ESPE). Estes

foram aplicados na dentina tratada com NaOCl durante 10 minutos seguido ou não

da aplicação do ascorbato de sódio por 10 minutos. O ensaio utilizado nesse

estudo foi o microcisalhamento. Os resultados indicaram que os efeitos da

aplicação do ascorbato de sódio foram significantes e houve diferenças

significativas entre os sistemas adesivos avaliados. Nos grupos tratados com

NaOCl não houve diferenças significativas nos valores de resistência de união dos

sistemas adesivos. Os autores discutiram que apesar da aplicação do ascorbato

de sódio a 10% durante 10 minutos ser efetiva para melhorar a resistência de

união, o longo período de aplicação faz com esta técnica seja impraticável

clinicamente. Os autores concluíram que a aplicação de uma solução antioxidante

pode reverter os efeitos negativos causados pela irrigação com NaOCl. Entretanto,

os efeitos das soluções antioxidantes não foram similares em todos os sistemas

adesivos utilizados e pode ser dependente da composição dos sistemas adesivos.

As soluções antioxidantes mais conhecidas são as vitaminas A, C

(Ácido Ascórbico), E, betacaroteno, ascorbato de sódio e a solução de tiossulfato

de sódio. O tiossulfato de sódio remove radicais livres provenientes das células

neurais, os quais são resultado da oxidação da dopamina. Esses radicais são

considerados a origem e a evolução do mal de Parkinson (Ramalho et al., 2006).

Um estudo conduzido por Braz et al. (2011) avaliaram a influência do

tempo de aplicação de agentes antioxidantes na resistência de união ao esmalte

bovino, após a realização de clareamento dental. O clareamento foi realizado com

peróxido de hidrogênio a 35%, e as soluções antioxidantes utilizadas foram:

ascorbato de sódio, ácido ascórbico, tiossulfato de sódio e betacaroteno. Todas as

soluções ficaram em contato com a superfície do esmalte por 1 ou 10 minutos.

Dentre os antioxidantes avaliados, melhores resultados foram obtidos com o

ascorbato de sódio ou ácido ascórbico, independente do tempo de aplicação. Por

outro lado, os piores valores foram obtidos nos grupos dos antioxidantes

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tiossulfato de sódio e betacaroteno, os quais foram baixos mesmo empregando

maior o tempo de aplicação.

AceelTM (Sun Medical Co. Ltd., Kyoto, Japão) é um produto que contém

p-tolueno sulfonato de sódio, e foi introduzido como um agente pré-tratamento

para cimentos endodônticos adesivos, com o objetivo de reduzir o efeito oxidativo

da irrigação com NaOCl. Estudos tem mostrado que em apenas 30 segundos ele

é capaz de melhorar a resistência de união da dentina normal, afetada por cárie e

tratada com NaOCl (Taniguchi et al., 2009).

Alguns antioxidantes extraídos de plantas são conhecidos por serem

inibidores de MMPs. Um exemplo é o extrato de alecrim ou ácido de alecrim.

Prasansuttiporn et al. (2011) avaliaram o efeito do ascorbato de sódio, soluções de

ácido de alecrim e o AceelTM com curtos períodos de aplicação, na resistência de

união entre um adesivo autocondicionante de dois passos (ClearfilTM Protect Bond,

Kuraray) e a dentina tratada com NaOCl a 6%, por 30 segundos. As soluções

estudadas foram aplicadas na superfície por 5 ou 10 segundos. Os autores

concluíram que o efeito dos agentes antioxidante/redutores, em favorecer a

resistência de união da dentina tratada com NaOCl depende do tempo de

aplicação e do potencial redox. Cinco ou dez segundos de aplicação do ascorbato

de sódio a 10% não foram suficientes para aumentar a resistência de união à

dentina tratada com NaOCl. Entretanto, nos mesmos períodos de aplicação o

AceelTM e o ácido do alecrim poderiam aumentar a resistência de união, tornando

assim a utilização desses agentes benéfica para os dentes tratados NaOCl.

Em 2014, o efeito antioxidante do ácido do alecrim a 10% voltou a ser

estudado juntamente com o ascorbato de sódio (SA, AppliChem) e a Hesperidina

(HPN), a qual é um antioxidante extraído de frutas cítricas (Khoroushi & Kachuei,

2014). Nesse estudo a resistência de união foi avaliada por meio do teste pull out.

A concentração de NaOCl utilizada foi de 2,5% durante 1 minuto e após uma

semana, as soluções antioxidantes foram aplicadas durante 2 minutos. Os

pesquisadores concluíram que dentre as soluções antioxidantes avaliadas, o

ascorbato de sódio apresentou resultados superiores na diminuição dos efeitos do

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NaOCl na resistência de união entre a dentina radicular e um cimento resinoso

autoadesivo.

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3 PROPOSIÇÃO

O objetivo neste estudo foi avaliar o efeito do tiossulfato de sódio a 5%

e de duas diferentes concentrações de NaOCl (1% e 5,25%) na RU de diferentes

sistemas adesivos à dentina da câmara pulpar.

A hipótese nula testada foi de que não há diferença na resistência de

união adesiva à dentina empregando-se ou não um agente antioxidante após

utilização de diferentes concentrações de NaOCl, previamente a diferentes

sistemas adesivos.

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4 MATERIAIS E MÉTODO

4.1 Delineamento Experimental

Os fatores em estudo foram: tratamento da superfície dentinária (NaOCl

a 1%, NaOCl a 1% + tiossulfato de sódio a 5%, NaOCl a 5,25% e NaOCl a 5,25%

+ tiossulfato de sódio a 5%) e sistemas adesivos (Single Bond UniversalTM -

técnica autocondicionante e Single Bond UniversalTM – técnica convencional

ScothbondTM Multi Purpose e ClearfilTM SE Bond). A amostra foi composta por 48

dentes bovinos, os quais foram separados aleatoriamente em 16 grupos

experimentais. A unidade experimental foi o dente, os quais foram seccionados

em hemi-espécimes (n=6) das quais eram obtidos os corpos-de-prova (palitos). A

variável de resposta foi à resistência da união adesiva (avaliada por meio do teste

de microtração) (Figura 1).

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Figura 1. Esquema do delineamento experimental de acordo com as

concentrações de hipoclorito de sódio (NaOCl), utilização ou não do tiossulfato de

sódio a 5% e os sistemas adesivos estudados.

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4.2 Seleção e preparo da amostra

Quarenta e oito incisivos bovinos extraídos foram selecionados para

este estudo. Estes foram limpos com curetas periodontais (Duflex, SS White) para

remoção do remanescente de tecido periodontal ou ósseo. Em seguida, realizou-

se profilaxia com escova de Robson, pedra pomes e água em baixa rotação e os

dentes armazenados em solução de Cloramina T a 1%, a 4°C, por até três meses

do momento da utilização (Figura 2).

Figura 2. (1) Seleção dos dentes bovinos. (2) Remoção do remanescente de

tecido periodontal ou ósseo com curetas periodontais. (3) Profilaxia com pedra

pomes e água.

Os dentes foram seccionados perpendicularmente ao longo eixo com

discos diamantados dupla-face (#7020, KG Sorensen, Barueri, São Paulo, Brasil)

montados em baixa rotação (Kavo, Joinville, Santa Catarina, Brasil) sob

refrigeração constante com água. Dois cortes foram realizados: o primeiro a 2 mm

da junção amelocementária para remoção das raízes, e o segundo a 10 mm no

longo eixo para exposição da câmara pulpar (Figura 3).

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Figura 3. (1) Dente antes do corte. (2) Separação da raiz: corte perpendicular ao

eixo longitudinal, 2mm apicalmente à junção amelocementária; (3) Exposição da

câmara pulpar: corte perpendicular ao eixo longitudinal, 10mm incisalmente à

junção amelocementária; (4) Aparência do dente após os cortes terem sido feitos.

Em seguida, tecido pulpar foi removido cuidadosamente com cureta de

dentina (Duflex, São Paulo, São Paulo, Brasil) para não causar danos na

superfície da câmara pulpar (Figura 4).

Figura 4. (1) Remoção do tecido pulpar com cureta de dentina; (2) Aparência final

do espécime obtido.

A embocadura do canal foi selada com CotosolTM (Colténe G, Altstatten,

Suíça) e os espécimes foram montados em placas de vidro, permitindo assim o

refluxo da solução irrigadora na câmara pulpar (Figura 5).

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Figura 5. (1) Espécime montado sobre placa de vidro, com a embocadura do

canal selada com CotosolTM e a solução irrigadora sendo aplicada com um seringa

descartável. (2) Solução sendo aspirada por um sugador descartável.

4.3 Tratamento da dentina

As soluções de NaOCl foram preparadas à partir da titulação de

solução de NaOCl a 10-12% (Riolab, Rio Claro, SP, Brasil; Lote #CH95436),

enquanto que a solução de tiossulfato de sódio a 5% foi manipulada (Drogal,

Piracicaba, SP Brasil). Inicialmente, os espécimes foram aleatoriamente

separados em 4 protocolos de tratamento (modificado de Santos et al., 2006), os

quais estão descritos abaixo:

(1) NaOCl a 1%: Irrigação com NaOCl a 1%, utilizando seringa

descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba, PR, Brasil), durante 30 minutos, com

renovação da solução, aspirando-a, e aplicando-a novamente a cada 3 minutos.

Em seguida, o espécime foi lavado com 10 mL de água destilada. Após, o

espécime foi preenchido com ácido etilenodiamino tetra-acético a 17% (EDTA),

por 3 minutos, sendo renovado a cada 1 minuto. O protocolo de irrigação foi

finalizado com a lavagem do espécime com 10 mL de água destilada e secagem

com papel absorvente.

(2) NaOCl a 1% + tiossulfato de sódio a 5%: Irrigação com NaOCl a 1%,

utilizando seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba, PR, Brasil), durante 30

minutos, com renovação da solução, aspirando-a, e aplicando-a novamente a

cada 3 minutos. Em seguida, o espécime foi lavado com 10 mL de água destilada.

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Após a lavagem, o espécime foi preenchido com EDTA a 17%, por 3 minutos,

sendo renovado a cada 1 minuto. Foi realizada a lavagem do espécime com 10

mL de água destilada e finalmente, a irrigação com o tiossulfato de sódio a 5%,

utilizando também seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba Brasil), por 1

minuto com posterior secagem do espécime.

(3) NaOCl a 5,25%: Irrigação com NaOCl a 5,25%, utilizando seringa

descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba Brasil), durante 30 minutos, com renovação da

solução, aspirando-a, e aplicando-a novamente a cada 3 minutos. Em seguida, o

espécime foi lavado com 10 mL de água destilada. Após a lavagem, o espécime

foi preenchido com EDTA a 17%, por 3 minutos, sendo renovado a cada 1 minuto.

O protocolo de irrigação foi finalizado com a lavagem do espécime com 10 mL de

água destilada e secagem com papel absorvente.

(4) NaOCl a 5,25% + tiossulfato de sódio a 5%: Irrigação com NaOCl a

5,25%, utilizando seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba Brasil), durante 30

minutos, com renovação da solução, aspirando-a, e aplicando-a novamente a

cada 3 minutos. Em seguida, o espécime foi lavado com 10 mL de água destilada.

Após a lavagem, o espécime foi preenchido com EDTA a 17%, por 3 minutos,

sendo renovado a cada 1 minuto. Foi realizada a lavagem do espécime com 10

mL de água destilada e por fim a irrigação com o tiossulfato de sódio a 5%,

utilizando também seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba Brasil), por 1

minuto com posterior secagem do espécime.

Finalizando-se os protocolos de irrigação, os dentes foram

cuidadosamente seccionados em seu longo eixo com disco diamantado dupla-face

(KG Sorensen, Barueri, São Paulo, Brasil). Um corte foi realizado na superfície

mesial sem que o disco tocasse a dentina da câmara pulpar. Em seguida, outro

corte foi realizado da mesma maneira na superfície distal e com o auxilio de um

Lecron (Duflex, São Paulo, São Paulo, Brasil) os espécimes foram clivados,

resultando em duas metades de câmara pulpar que foram posteriormente

preenchidas com resina composta. Estes cuidados foram tomados para não afetar

as superfícies que haviam recebido a irrigação (Figura 6). Os dois hemi-

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espécimes obtidos a partir de um dente foram restauradas utilizando-se o mesmo

sistema adesivo.

Figura 6. (1) Secções longitudinais nas superfícies mesial e distal, sem atingir a

câmara pulpar. (2) Aparência dos hemi-espécimes após a clivagem.

4.4 Procedimento adesivo

Cada grupo foi então separado em 4 subgrupos de acordo com o tipo de

adesivo e/ou a estratégia de adesão utilizada (Figuras 7, 8, 9 e 10). Foram

empregados os adesivos Single Bond UniversalTM, ScotchbondTM Multi Purpose e

ClearfilTM SE Bond. O sistema adesivo Single Bond UniversalTM foi utilizado em

duas estratégias de adesão: técnica convencional e técnica autocondicionante. Os

adesivos estudados, composições e os regimes de tratamentos empregados e os

fabricantes estão listados no Quadro 1.

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Sistema Adesivo

Composição Protocolo de Aplicação

ClearfilTM SE Bond

Kuraray Med. Inc., Japão.

Lote do Primer: 01233A

Lote do Adesivo: 01865ª

Primer: MDP, Hema, dimetacrilato hidrofílico, fotoiniciador, água. Adesivo: MDP, Hema, BisGMA, dimetacrilato hidrofílico, fotoiniciadores, silica coloidal.

Aplicação ativa do primer na superfície dental por 20 s; Secagem com um leve jato de ar por 5 s; Aplicação do adesivo na superfície dental; Fotoativação por 10 s - LED Bluephase G2.

Single Bond UniversalTM 3M ESPE, St Paul,MN,USA

Lote: 1322100154

10 MDP, Copolímero Vitrebond, HEMA, BisGMA, dimetacrilato resinosos, carga, silano, iniciadores, etanol e água.

Técnica Autocondicionante: Aplicação ativa do adesivo por 20 s; Secagem com leve jato de ar durante 5 s, para evaporação do solvente; Fotoativação por 10 s - LED Bluephase G2. Técnica Convencional: Condicionamento ácido (Condac37- Ácido fosfórico a 37%, espessante, corante e água deionizada) por 15 s; Secagem com filtros de papel absorvente; Aplicação ativa do sistema adesivo por 20 s. Secagem com leve jato de ar por 5 s, para evaporação do solvente; Fotoativação durante 10 s com o LED Bluephase G2.

Adper Scotchbond

Multi- PurposeTM 3M ESPE, St. PaulMN, USA

Lote do Primer: N478117

Lote do Adesivo: N465871

Primer: solução aquosa de 2- hidroxietilmetacrilato (HEMA) e copolimero do acido polialcenóico. Adesivo: solução de Bisfenol diglicidil dimetacrilato (Bis- GMA), 2- hidroxietilmetacrilato (HEMA) e canforoquinona.

Condicionamento acido (Condac 37- Ácido fosfórico a 37%, espessante, corante e água deionizada), por 15 s; Lavagem por 15 s; Secagem com papel absorvente; Aplicação do primer; Secagem com leve jato de ar por 5 s, para evaporação do solvente; Aplicação do adesivo; Fotopolimerição por 10 s - LED Bluephase G2.

Quadro 1. Sistemas adesivos, respectivos fabricantes, lote, composição e

protocolo de aplicação utilizado neste estudo.

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Figura 7. Sistema adesivo Single Bond UniversalTM – Técnica Convencional. (1)

Apresentação comercial do Single Bond UniversalTM. (2) Aplicação do ácido

fosfórico na dentina da câmara pulpar por 15s. (3) Lavagem com água por 15s.

(4) Secagem com filtro de papel absorvente. (5) Aplicação do adesivo com

microbrush. (6) Aplicação de um leve jato de ar para volatilização do solvente. (7)

Fotoativação por 10s.

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Figura 8. Sistema Adesivo Single Bond UniversalTM –

Técnica Autocondicionante. (1) Apresentação comercial do

Single Bond UniversalTM. (2) Secagem da dentina. (3)

Aplicação do sistema adesivo com microbrush. (4) Aplicação

de um leve jato de ar para volatilização do solvente. (5)

Fotoativação por 10s.

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Figura 9. Sistema Adesivo ScotchbondTM Multi Purpose: (1)

Apresentação comercial. (2) Aplicação do ácido fosfórico por 15s. (3)

Lavagem com água por 15s. (4) Secagem com filtro de papel

absorvente. (5) Aplicação do primer com microbrush. (6) Jato de ar

para volatilização do solvente. (7) Aplicação do adesivo com

microbrush. (8) Fotoativação por 10s.

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Figura 10. Sistema Adesivo Clearfil SE Bond. (1) Apresentação comercial. (2)

Secagem da dentina da câmara pulpar. (3) Aplicação ativa do primer. (4)

Aplicação do jato de ar para volatilização do solvente. (5) Aplicação do adesivo.

(6) Fotoativação 10s.

4.5 Procedimento selador

Imediatamente após a polimerização de cada sistema adesivo, a

dentina da câmara pulpar foi selada com compósito resinoso nanoparticulado

FiltekTM Z350 cor EA3 (3M, St. Paul, Minnesota, EUA). As restaurações foram

confeccionadas seguindo a técnica incremental utilizando espátula metálica para

resina (Duflex, São Paulo, São Paulo, Brasil), na qual cada incremento apresentou

aproximadamente 1,0 mm de espessura e foi fotoativado por 20 s, de acordo com

a recomendações do fabricante. Para a fotoativação utilizou-se LED Bluephase G2

(Ivoclar Vivadent, Barueri SP, Brasil) com irradiância em torno de 1.200 mW/cm2,

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aferida regularmente com o Radiômetro Bluephase Meter (Ivoclar Vvivadent,

Barueri, SP, Brasil). Ao final, cada bloco de resina apresentou aproximadamente 3

mm de altura, 8 mm de comprimento e 4 mm de largura. Em seguida, todos os

espécimes foram armazenados em água destilada a 37°C por 24 h (Figura 11).

Figura 11. (1) Inserção do primeiro incremento após a aplicação do sistema

adesivo. (2) Inserção dos demais incrementos. (3) Bloco de resina concluído.

4.6 Obtenção dos corpos-de-prova para microtração

Após o armazenamento todos os hemi-espécimes foram fixados em

base de acrílico com cera pegajosa em bastão (Asfer Indústria Química Ltda., São

Paulo, SP, Brasil) e seccionados longitudinalmente nos eixos X e Y sobre a área

adesiva com disco diamantado (102 x 0,3 x 12,7 mm, Buehler, Lake Buff, Illinois,

EUA) montado em cortadeira metalográfica (ISOMET 1000, Buehler, Lake Buff,

Illinois, EUA) em baixa rotação (300 rpm) sob refrigeração constante com água,

seguindo a técnica proposta por Shono et al. (1999). A obtenção dos “palitos” esta

ilustrada na Figura 12. As dimensões dos palitos foram mensuradas com

paquímetro digital, e a área de secção foi de aproximadamente 1,0 ± 0,1 mm. Em

virtude da curvatura anatômica da câmara pulpar e a necessidade de interfaces

planas para a condução do teste de microtração, somente os palitos da região

central com interface dentina/resina planas foram selecionados.

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Figura 12. (1) Cortadeira metalográfica onde o corte dos palitos foi realizado. (2)

Momento do corte.

4.7 Teste de Microtração

Após o seccionamento, os corpos-de-prova foram fixados em um

dispositivo, utilizando cola a base de cianoacrilato (Super Bonder Flex Gel, Loctite

– Henkel, Diadema, SP), sendo a presa da cola acelerada com um acelerador de

cura instântanea (Loctite Tak Pak Accelerator, Henkel Corporation, Rocky Hill,

Connecticut, EUA). O ensaio de microtração foi realizado na máquina de ensaios

Ez-Test (EZS, Shimadzu, Tóquio, Japão), utilizando célula de carga de 500 N,

com velocidade constante de 1 mm/min até ocorrer fratura. Os valores máximos

de resistência da união em quilograma-força (kgf) foram registrados (Figura 13).

Após o ensaio, as duas partes do palito fraturado foram removidas do

dispositivo e a área de secção transversal foi calculada a partir das medidas

obtidas da metade em dentina, as quais foram obtidas com paquímetro digital

(Mitutoyo Measuring Instruments, Suzhou P.R., China). Os valores de resistência

de união em Kgf foram transformados em MPa por meio da seguinte fórmula: RU

= F/A x 0,098, na qual: RU- Resistência de União (MPa); F – Valores máximos em

Kgf do ensaio de microtração; A – Área da interface adesiva dos corpos-de-prova.

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Figura 13. (1) Palitos fixados no dispositivo. (2) Dispositivo posicionado na

máquina de ensaio durante a realização do teste. (3) Palito após a fratura.

4.8 Análise do Padrão de fratura

Após a fratura, as duas metades dos palitos fraturados foram montados

lado a lado em stubs de resina acrílica para que pudessem ser avaliados em

microscopia eletrônica de varredura. Os espécimes foram cobertos por ouro em

um metalizador a vácuo (Balzers model SCD 050 sputter coater, Balzers Union

Aktiengesellschaft, Fürstentum Lichtenstein, FL-9496, Alemanha) e então levados

ao microscópio eletrônico JEOL - JSM – 5600 LV (Scanning Electron Microscope,

Tokyo, Japan). Cada palito foi observado com aumento de 75x os padrões de

fratura foram classificados em: (1) Falha adesiva; (2) Falha coesiva em dentina;

(3) Falha coesiva em resina; (4) Falha mista. Após a análise, calculou-se a

porcentagem de cada tipo de falha para cada grupo.

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4.9 Análise estatística

Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade Shapiro-

Wilk. Após a comprovação da distribuição normal dos dados, estes foram

submetidos à ANOVA 3 fatores (concentração de NaOCl, agente antioxidante e

sistemas adesivos) e o teste de Tukey foi aplicado, para a comparação entre os

grupos ao nível de significância de 5%. Os dados foram analisados por meio do

programa ASSISTAT (Versão 7.6 beta, 2011, Campina Grande, Brasil).

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5 RESULTADOS

5.1 Número de corpos-de-prova obtidos por grupo

Em média, o número de palitos obtidos foi de 10,7 palitos por dente. O

número de palitos em média obtido por hemi-espécime esta apresentado na

Tabela 1. Não foram observadas falhas prematuras ao teste de microtração, no

entanto, em determinados grupos menor número de corpos-de-prova foi obtido em

virtude de fratura no momento do corte. Para todos os sistemas adesivos

utilizados, o grupo do NaOCl 5,25% foi o que apresentou um menor número de

corpos-de-prova por hemi-espécime, enquanto que o grupo do NaOCl a 1%

associado ao tiossulfato, para todos os sistemas adesivos, foi o que apresentou o

maior número de palitos.

Tabela 1. Número de palitos em média obtido por hemi-espécime em cada grupo

experimental.

TRATAMENTOS

SISTEMAS ADESIVOS

Single Bond

UniversalTM

Técnica

Convencional

Single Bond

UniversalTM

Técnica

Autocondicionante

ScotchbondTM ClearfilTM

SE Bond

NaOCl 1% 5 5,8 6,25 6,25

NaOCl 1% +

Tiossultato 5,5 5,8 7,25 8,5

NaOCl 5,25% 4,3 4 3,5 4,75

NaOCl 5,25% +

Tiossulfato 4 6 5,6 5,6

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5.2 Resistência da União

De acordo com a análise estatística, pode-se observar que houve

interação significativa entre os fatores de estudo (concentração de NaOCl, agente

antioxidante e sistema adesivo) (p<0,01). Sendo assim, o teste de Tukey foi

aplicado para verificar as diferenças entre os grupos (Tabela 2).

Quando a superfície foi tratada apenas com NaOCl a 1%, maiores

valores de RU foram observados após o uso ClearFilTM comparado aos demais

sistemas adesivos (p<0,01). Quando associou-se ao NaOCl a 1% a solução

antioxidante, maiores valores foram encontrados com a utilização do

ScotchBondTM , comparado ao ClearFilTM e Single Bond UniversalTM (p˂0,01), sem

diferença entre as estratégias adesivas empregadas para este adesivo (p˃0,05).

Quando NaOCl a 5,25% foi utilizado sozinho ou com a solução antioxidante de

tiossulfato de sódio, valores similares foram observados para todos os sistemas

adesivos empregados (p>0,05).

O tratamento com tiossulfato de sódio após a irrigação com NaOCl a

1% e 5,25% e uso do sistema adesivo ScotchbondTM, foi capaz de aumentar

significativamente a RU (p<0,01). Ainda, pode-se observar que não houve

diferença significante entre os outros sistemas adesivos (p˃0,05).

Para Single Bond UniversalTM, na técnica convencional, maiores valores

de RU foram observados após o tratamento com NaOCl a 1% associado ao

agente antioxidante (p<0,05). Já para Single Bond UniversalTM na técnica

autocondicionante, e para ClearFilTM maiores valores de RU foram observados

quando da utilização do NaOCl a 1% diferindo significativamente dos grupos

tratados com NaOCl a 5,25% (p<0,01). Com relação ao ScotchbondTM, maiores

valores foram observados quando da utilização do NaOCl a 1% associado à

solução antioxidante, seguido dos valores do grupo do NaOCl a 1%, NaOCl a

5,25% associado ao antioxidante, e NaOCl a 5,25% utilizado sozinho apresentou

os menores valores de RU.

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Tabela 2. Médias (± desvio padrão) dos valores de resistência da união em relação aos tratamentos de superfície

dentinária e sistemas adesivos empregados.

TRATAMENTOS

SISTEMAS ADESIVOS

Single Bond UniversalTM

Técnica

Convencional

Single Bond UniversalTM

Técnica

Autocondicionante

ScotchbondTM Multi Purpose

ClearfilTM SE Bond

NaOCl a 1% 14,54±(3,19)bC 25,44±(2,84)aB 25,11±(2,92)bB 42,17±(6,92)aA

NaOCl a 1% + tiossulfato de sódio a 5%

20,79±(7,76)aC 20,14±(1,56)bC 44,84±(2,80)aA 37,14±(3,19)bB

NaOCl a 5,25% 9,84±(2,02)cA 9,68±(5,18)cA 9,74±(4,74)dA 7,77±(4,39)dA

NaOCl a 5,25% + tiossulfato

de sódio a 5% 13,87±(5,14)bcA 11,76±(3.09)cA 12,95±(3,02)cA 11,88±(1,41)cA

NaOCl = Hipoclorito de Sódio

Letras minúsculas iguais em colunas representam ausência de diferença estatística demonstrado pelo teste de Tukey (p>0,05), entre os sistemas adesivos para cada tratamento

Letras maiúsculas iguais em linhas representam ausência de diferença estatística demonstrado pelo teste de Tukey (p>0,05), entre os tratamento para cada sistema adesivo.

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5.3 Análise do padrão de Fratura

Os resultados dos padrões de fratura (em %) para cada grupo

experimental estão apresentados na Figura 16.

Para os grupos tratados apenas com NaOCl a 1%, o sistema adesivo

Single Bond UniversalTM na técnica convencional (60%) e na técnica

autocondicionante (63,89%) apresentou maior porcentagem de falhas adesivas, e

os sistemas adesivos ClearfilTM (72%) e ScotchbondTM (60%), apresentaram maior

porcentagem de falhas mistas. Quando a dentina foi tratada com NaOCl a 1%

associado à solução antioxidante, para o Single Bond UniversalTM na técnica

convencional observou-se maior porcentagem de falhas do tipo adesiva (60%), já

para os grupos Single Bond UniversalTM Técnica autocondicionante, ClearfilTM e

ScothBondTM foram observadas maiores porcentagens de falhas do tipo mista

(50%, 79,41% e 72,41%, respectivamente).

Quando a concentração utilizada de NaOCl foi de 5,25% sem

antioxidante, para todos os sistemas adesivos observou-se maior porcentagem de

falhas adesivas. Single Bond UniversalTM técnica convencional (61,54%), Single

Bond UniversalTM técnica autocondicionante (81,25%), ScotchbondTM (71,43%) e

ClearfilTM (79,41%). Não foram observadas falhas coesivas em dentina e/ou em

resina. Ainda, quando NaOCl a 5,25% foi associado à solução antioxidante,

observou-se que para o sistema adesivo Single Bond UniversalTM (técnica

convencional - 62,50% e autocondicionante - 75%) a maior porcentagem foi de

falhas adesivas e para os sistemas adesivos ClearfilTM e ScotchbondTM foi

observado que aproximadamente metade foram de falhas adesivas e metade de

mistas.

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Figura 16. Porcentagem dos padrões de fratura encontrados para cada tratamento de superfície e sistemas

adesivos.

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6 DISCUSSÃO

Após o término do tratamento endodôntico, a restauração final é uma

das responsáveis pelo prognóstico do elemento dental envolvido (Tronstad et al.,

2000; Belli et al., 2001; Shipper & Trope, 2004). Pois além de prevenir a

recontaminação bacteriana do canal ela devolve forma, função e estética

prevenindo também fraturas que podem levar à perda do dente (Shipper & Trope,

2004). Durante o tratamento endodôntico, soluções irrigadoras são utilizadas,

sendo que o NaOCl é uma solução frequentemente empregada (Zehder, 2006).

Entretanto, estudos demonstraram que a utilização dessa solução pode prejudicar

a união entre o substrato dental e os materiais restauradores (Nikaido et al., 1999;

Belli et al., 2001; Edermir et al., 2004). Dessa maneira, o uso de soluções

antioxidantes foi proposto com o objetivo de reverter os prejuízos causados à

união quando a dentina foi tratada com NaOCl (Lai et al., 2001; Morris et al., 2001;

Correa, 2013).

O presente estudo avaliou o efeito do antioxidante tiossulfato de sódio a

5% e de duas concentrações de NaOCl (1% e 5,25%) na RU de diferentes

sistemas adesivos à dentina da câmara pulpar. Para isso, a irrigação endodôntica,

ou seja, o tratamento da superfície dentinária, foi simulada durante 30 minutos na

câmara pulpar de dentes bovinos de acordo com o estudo de Santos et al. (2006).

Dentes bovinos foram escolhidos para a condução deste estudo, uma vez que

oferecem maior possibilidade de padronização do tecido dentinário em termos de

envelhecimento, pois os animais são abatidos em uma faixa etária pré-

determinada, além de possibilitar obtenção de um maior número de espécimes a

partir de um único dente, uma vez que a câmara pulpar, objeto de estudo neste

trabalho dos dentes bovinos é maior (Nikaido et al., 1999; Ishizuka et al., 2001;

Santos et al., 2006). O método para avaliação da RU foi o teste de microtração, o

qual é frequentemente utilizado para estudar sistemas adesivos (De Munck et al.,

2005).

A hipótese nula testada foi rejeitada, uma vez que quando da utilização

do agente antioxidante foram observados maiores valores significantes de RU

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após o tratamento com ambas as concentrações de NaOCl. Entretanto, isso foi

observado quando os sistemas adesivos Single Bond UniversalTM (técnica

convencional) e ScotchbondTM foram aplicados após o tratamento com NaOCl a

1% e para ScotchbondTM após o tratamento com NaOCl a 5,25%.

Apesar dos efeitos prejudiciais que o NaOCl pode causar na adesão

entre a dentina e os sistemas adesivos, estudos já mostraram que a aplicação de

agentes redutores/antioxidantes, como o ascorbato de sódio, poderia reverter os

efeitos da dentina comprometida pelo tratamento com NaOCl (Lai et al., 2001;

Vongphang et al., 2005; Celik et al., 2010). Um dos mecanismos pelo quais os

agentes antioxidantes controlam a oxidação é conhecido como diminuição da

estabilidade de radicais livres. Neste mecanismo os agentes redutores

(antioxidantes) podem reagir com os agentes oxidantes para neutralizar elétrons

não pareados e formar assim produtos estáveis os quais vão limitar a atividade

oxidativa de substâncias como o NaOCl (Aruoma et al., 1997). Assim, os agentes

antioxidantes podem restaurar o potencial redox do substrato dentinário,

permitindo assim melhor polimerização dos sistemas adesivos (Weston et al.,

2007).

Diante do interesse por um antioxidante eficaz e que demande um

período reduzido de aplicação, o tiossulfato de sódio a 5% foi estudado (Correa,

2013). Esta solução apresentou bons resultados quando utilizado por 1 minuto

utilizando-se o sistema adesivo ScotchbondTM. Sendo assim, o presente estudo

avaliou outros sistemas adesivos atuais, além do efeito em diferentes

concentrações de NaOCl. Os resultados mostraram que o tiossulfato de sódio a

5% aplicado na dentina tratada com o NaOCl a 1% e 5,25% foi capaz de aumentar

significativamente a RU quando utilizou-se os sistemas adesivos Single Bond

UniversalTM (técnica convencional) e ScotchBondTM para o NaOCl a 1% e

ScotchBondTM para o NaOCl a 5,25%.

Nesse sentido, os resultados mostraram que a solução antioxidante

utilizada foi capaz de aumentar a RU da dentina tratada com NaOCl, mas foi

dependente do sistema adesivo utilizado. O oxigênio residual proveniente da

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oxidação promovida pelo NaOCl, pode dificultar mecanicamente a infiltração dos

sistemas adesivos nos túbulos dentinários, pela formação de bolhas, prejudicando

assim a formação da camada híbrida (Ari et al., 2003). Isso explicaria o porquê

dos efeitos benéficos da solução antioxidante para o ScotchBondTM e Single Bond

UniversalTM na técnica convencional, uma vez que estes sistemas adesivos

possuem mecanismo de adesão apenas mecânico (Van Meerbek et al., 2003; De

Munck et al., 2005). Além disso, como os adesivos autocondicionantes baseiam-

se na adesão química por meio da dissolução acompanhada da incorporação

simultânea da smear layer, o efeito da solução antioxidante não foi significativo.

No estudo de Correa (2013), a RU também aumentou significantemente após a

aplicação do tiossulfato de sódio quando o ScotchBondTM foi utilizado,

corroborando os resultados do presente estudo.

Apesar das vantagens da realização das restaurações de dentes

endodonticamente tratados com resina composta, já foi comprovado que o uso do

NaOCl pode reduzir a qualidade da união obtida (Nikaido et al.,1999; Belli et al.,

2001; Erdemir et al., 2004; Santos et al., 2006; Fawai et al., 2010). Com relação ao

tratamento da câmara pulpar com NaOCl, a maioria dos estudos utilizou altas

concentrações de NaOCl, geralmente em torno de 5% (Belli et al., 2001; Erdemir

et al., 2004; Santos et al., 2006; Fawai et al., 2010; Prasansuttiporn et al., 2011).

No entanto, há outras concentrações disponíveis, fazendo-se necessárias

avaliações quanto ao efeito destas na RU. Apesar de maior efetividade

antibacteriana ser obtida em altas concentrações de NaOCl, severas reações

periapicais são reportadas (Zehnder, 2006), uma vez que capacidade

antimicrobiana, capacidade de dissolução de tecido pulpar e toxicidade são

função da concentração do NaOCl (Spangberg et al., 2006). Além disso, tem sido

relatado que independente do tempo e da concentração, o NaOCl diminuiu outras

propriedades da dentina como módulo de elasticidade, rigidez e resistência

coesiva. Isto ocorre porque o NaOCl é um agente proteolítico não específico, o

qual é quebrado em cloreto de sódio e oxigênio, assim por conta da sua

capacidade oxidativa esta solução é capaz de remover material orgânico da matriz

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de dentina o que afeta as propriedades mecânicas deste substrato (Zehnder,

2006; Borges et al., 2008; Pascon et al., 2009).

Quando da utilização do NaOCl a 5,25% ocorreu diminuição

significativa na RU para todos os sistemas adesivos avaliados no presente estudo.

Esses resultados estão de acordo com a literatura, quando sistemas adesivos de

técnica convencional foram utilizados (Nikaido et al., 1999) e outros sistemas

também (Belli et al., 2001; Edermir et al., 2004; Ozturk et al., 2004). Nestes

estudos, o tempo de contato do NaOCl com a área da estrutura dental foi bastante

reduzido (5 minutos ou menos). Entretanto, tanto no estudo de Santos et al.

(2006), quanto no presente estudo, o tempo de contato foi mais próximo da

condição clínica (30 minutos).

Sistemas adesivos autocondicionantes, como ClearfilTM SE Bond,

também apresentaram resultados de RU significativamente menores, após

tratamento com NaOCl (Santos et al., 2006), quando comparados aos grupos que

o tratamento de superfície dentinária incluiu a utilização da solução antioxidante.

Uma provável explicação é que o NaOCl provoca danos à matriz orgânica,

deixando apenas a porção mineralizada da dentina (Nikaido et al., 1999). Além

disso, o NaOCl é dissociado em cloreto de sódio e oxigênio. O oxigênio dessa

reação causa forte inibição na polimerização da interface de materiais adesivos

(Rueggeberg et al.,1990). Ainda, há radicais livres residuais que competem com a

propagação de radicais livres vinílicos, os quais são gerados durante a

fotoativação por luz dos sistemas adesivos o que resulta em terminação prematura

de cadeia e com incompleta polimerização (Lai et al., 2001).

A utilização do NaOCl 1% quando comparado ao NaOCl 5,25%

resultou em maiores valores de RU para todos os sistemas adesivos estudados.

Sugerindo que concentrações mais altas de NaOCl resultam em maiores danos à

união. Um fator que poderia comprovar esta hipótese é que no grupo do NaOCl

5,25%, para todos os sistemas adesivos estudados, exceto para o Single Bond

UniversalTM técnica convencional, foram obtidos menor número de corpos-de-

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prova, uma vez que os mesmos fraturavam no momento do corte, além disto neste

grupo foram encontradas as maiores porcentagens da falhas do tipo adesivas.

Com relação aos sistemas adesivos, quando utilizou-se NaOCl a 5,25%

não foram observadas diferenças significantes entre os sistemas adesivos

estudados. Entretanto, quando o NaOCl a 1% foi utilizado, o grupo do ClearfilTM

SE Bond e Single Bond UniversalTM (técnica autocondicionante) apresentaram

maiores valores de RU, comparado aos outros sistemas adesivos. Outros estudos

já demonstraram que os sistemas adesivos autocondionantes estão menos

sujeitos aos efeitos adversos causados pela irrigação com NaOCl (Nikaido et al.,

1999; Ozturk & Özer, 2004).

Até o momento, nenhum estudo havia avaliado os efeitos do

tratamento com NaOCl na RU entre a dentina da câmara pulpar e os sistemas

adesivos universais. Estes sistemas são caracterizados pela simplificação (único

frasco) e versatilidade, uma vez que segundo os fabricantes eles podem ser

utilizados em diferentes substratos e em diferentes estratégias de adesão.

Quando o Single Bond UniversalTM, na técnica convencional, foi

utilizado, maiores valores de RU foram encontrados quando ocorreu a associação

com a solução antioxidante após o tratamento com NaOCl 1%. Já para a técnica

autocondicionante, maiores valores de RU ocorreram no grupo do NaOCl a 1%.

Menores valores foram observados para os grupos NaOCl a 5,25% e NaOCl a

5,25% associado ao tiossulfato de sódio, sugerindo que assim como os sistemas

adesivos de técnica convencional (Nikaido et al.,1999; Belli et al., 2001; Erdemir et

al., 2004; Ozturk et al., 2004), os autocondicionantes tem a adesão dentinária

prejudicada pela irrigação com NaOCl (Santos et al., 2006). Este sistema adesivo

universal, tanto na técnica convencional quanto na autocondicionante também

apresentou desempenho similar.

Ainda quanto aos sistemas adesivos, no grupo tratado com NaOCl 1%

associado ao tiossulfato de sódio 5%, o sistema adesivo convencional

ScothbondTM apresentou os maiores valores de RU seguido do autocondicionante

ClearfilTM. Como já foi discutido anteriormente, a provável causa dos maiores

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valores de RU para o ScothbondTM está provavelmente relacionada a utilização da

solução antioxidante. Além disso, ScothbondTM e ClearfilTM são sistemas adesivos

consolidados na literatura (Pashley et al., 2011) e apresentam melhores

desempenhos (Breshi et al., 2008). Para o sistema adesivo ScothbondTM, a união

é estabelecida por meio de um processo de troca na qual os tecido duros dentais

são substituídos por monômeros resinosos e após a polimerização as cadeias

poliméricas ficam retidas micromecânicamente (Van Meerbeek et al., 2003; De

Munck et al., 2005) formando a camada híbrida (Nakabayashi et al.,1982). Já o

ClearfilTM possui o monômero funcional 10 MDP (10 methacryloyloxydecyl

dihydrogen phosphate) que interage e condiciona a estrutura dental

simultaneamente (Yoshida et al., 2001).

O sistema adesivo Single Bond UniversalTM apresentou os menores

valores de RU independente da estratégia de união empregada, corroborando

com os resultados de Muñoz et al. (2013). Diferenças na composição e no número

de passos é a principal razão para o desempenho diferente apresentado pelos

materiais. Os sistema adesivos Single Bond UniversalTM e ClearFilTM tem em sua

composição o monômero funcional 10 MDP, o qual apresenta interação química

efetiva com a hidroxiapatita formando uma nano-camada estável a qual pode

explicar a alta estabilidade na união (Toledano et al., 2007; Peumans et al., 2010;

Yoshida et al., 2012). Apesar da semelhança o Single Bond UniversalTM tem em

sua composição o copolímero de ácido polialqueníco (VitrebondTM). Este

copolímero, assim como o MDP tem a capacidade de se ligar a hidroxiapatita

(Mitra et al., 2009) e a união é estabelecida por meio da adesão química entre os

monômeros carboxílicos do copolímero que substituem os íons fosfato dos

substrato e se ligam aos íons cálcio, sendo mais de 50% desses grupos

carboxílicos capazes de estabelecer a união (Lin et al., 1992). Assim, esse

copolímero deve competir com o MDP na ligação com o cálcio da hidroxiapatita

(Yoshida et al., 2012) além de prevenir a aproximação dos monômeros durante a

polimerização, uma vez que o copolímero possui alto peso molecular (Muñoz et

al., 2013). Além disso, por ter um único passo, a concentração do MDP no Single

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Bond UniversalTM é provavelmente menor do que no ClearfilTM, pois no mesmo

frasco tem-se os componentes do primer e do adesivo (Yoshida et al., 2012).

Ainda, adesivos autocondicionantes de dois passos apresentaram melhor

desempenho comparado a de um passo (Van Meerbeek et al., 2003; Muñoz et al.,

2013). Os resultados do presente estudo demonstraram que não houve diferença

entre as estratégias de adesão (técnica convencional e autocondicionante), exceto

quando o NaOCl a 1% foi utilizado, para o sistema adesivo Single Bond

UniversalTM, corroborando com os resultados de Hanabusa et al. (2012) e Wagner

et al. (2014).

A análise das superfícies fraturadas é uma ferramenta importante na

análise de RU, uma vez que apresentam informações quanto à morfologia da área

fraturada das superfícies envolvidas (Hashimoto et al., 2001). No presente estudo,

após a utilização do NaOCl a 5,25%, para todos os sistemas adesivos, foi

observada diminuição da RU, acompanhada de falhas predominantemente

adesivas (Figura 16). Estes resultados estão de acordo com a literatura (Erdemir

et al., 2004; Vongphan et al., 2005; Weston et al., 2007). Quando associou-se um

agente antioxidante, somente para o sistema adesivo Single Bond UniversalTM,

independente da técnica empregada, as falhas foram predominantemente

adesivas. Entretanto, para os sistemas adesivos ClearfilTM e ScotchbondTM, foram

observadas falhas 50% de adesivas e 50% de mistas (Figura 16). Weston et al.

(2007) obtiveram falhas predominantemente mistas quando da utilização do

antioxidante, mas em dentina radicular e quando foi utilizado um cimento

autoadesivo. Isso pode ser explicado, pois, segundo Vongphan et al. (2005), o

NaOCl dissolve a matriz orgânica, mas quando o agente antioxidante foi utilizado,

mudanças evidentes na superfície não foram observadas, pois o mecanismo dos

agentes antioxidantes é basicamente químico. Quando o agente antioxidante foi

utilizado após o tratamento com NaOCl a 1% para os sistemas adesivos ClearfilTM

e ScothbondTM, maiores valores de RU foram acompanhados de falhas

predominantemente mistas. Esse resultado mostra que o agente antioxidante

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melhorou a interação do adesivo com o substrato, uma vez que estes grupos

apresentaram maior porcentagem de falhas mistas.

Os resultados do presente estudo apresentaram informações

importantes sobre o desempenho de diferentes sistemas adesivos na adesão à

câmara pulpar, após o tratamento com duas concentrações de NaOCl e aplicação

de uma solução antioxidante. A partir dos resultados promissores, mais estudos

devem ser conduzidos para verificar, em logo prazo, os efeitos das concentrações

de NaOCl e os respectivos efeitos de soluções antioxidantes e sistemas adesivos,

para tornar viável a aplicação de novos protocolos adesivos clinicamente.

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7 CONCLUSÃO

Diante das condições do presente estudo in vitro, pode-se concluir que:

(1) O efeito do antioxidante tiossulfato de sódio na RU da dentina da

câmara pulpar previamente tratada com NaOCl foi dependente do sistema adesivo

aplicado, ou seja, o tiossulfato foi efetivo quando os sistemas adesivos Single

Bond UniversalTM técnica convencional e ScotchbondTM foram utilizados para

NaOCl a 1% e ScotchbondTM para NaOCl a 5,25%;

(2) Quanto maior a concentração de NaOCl, menores os valores de RU;

(3) Os sistemas adesivos apresentaram desempenho diferente

dependendo do tratamento de superfície aplicado;

(4) O sistema adesivo Single Bond UniversalTM não apresentou

diferença na RU quanto a estratégia de união empregada, exceto no grupo do

NaOCl 1%.

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