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Eixos Organizadores do Sentido do Espaço
1º eixo: Espaço Interior X Espaço Exterior
O confronto entre ambos e a passagem de um espaço interior para o exterior,
constitui realmente a noção e manipulação dos espaços importantes para o homem,
desde os tempos pré-históricos, sem nenhuma sociedade existente. Tanto no plano
material, quanto no plano psicológico e social. A tendência é considerar o espaço
interior como o domínio da arquitetura, e o exterior, como o urbanismo. Ex: rua =
espaço exterior; casa = espaço interior. Leva-se em conta, que o interior de algo, é
considerado, a real substância, a essência do que está sendo tratado. Sendo assim, a
substância da arquitetura se dirigir apenas para o interior.
A reprodução do primeiro abrigo humano é uma sequência; enquanto refúgio,
imobilidade, tranquilidade, o canto. Assim, se tem uma das duas pontas do eixo: o
Interior. Conceito que vem através da história; interior x exterior, onde se buscava
apenas a proteção necessária. Já que seus abrigos tinham a função de proteção, como:
natureza, feras, etc. É inquestionável que aparência é essencial, ao mesmo tempo em
que o que é essencial apareça também. Esses fatos começam a se manifestar ao longo da
história. A partir do Gótico, há a preocupação com o exterior, ele tem que ser o reflexo
fiel de seu interior, diferentemente do Românico, da Arquitetura Grega e também da
Egípcia, que não há essa preocupação de representação fiel.
Mas a tendência do exterior, tem o seu auge no Gótico, tendo continuidade na
Renascença e Barroco. Com o tempo, a arquitetura passa a ser essencialmente o
exterior. Arquitetura que passa a tem em primeiro plano a fachada, e se coloca em
segundo plano as necessidades do interior, Forma X Função.
De forma erronia, o espaço exterior fica como se não fizesse parte da casa e, com
efeito, a fachada é sim um elemento interno, podendo ser apenas exterior, tudo aquilo
que está afastado da casa, como: a praça, a rua, e o espaço coletivo.
Conclui-se que não há espaço interior sem espaço exterior, e vice-versa. Ambos
são complementos um do outro, e relativos, como as duas faces de uma moeda.
3º eixo: Espaço Construído X Espaço Não-Construído
Um dos traços definidores da arquitetura é a “ocupação do espaço”. Uma razão foi
dada para o afastamento do conceito de “ocupação”: arquitetura é ordenação, disposição
do espaço, que se pode ou não implicar em uma ocupação. Em segundo plano, o
conceito de ocupação está diretamente ligado, ao conceito de privado, propriedade
particular. Essa ocupação tem que ser feita por todos e não apenas por um, “construído”,
e é assim que um conceito supera o “ocupado”, ao mesmo, tempo que é mais genérico
do que este que o abrange. Um lugar de libertação para o homem é considerado um
espaço livre; podendo ser até um espaço de festa. De certo modo, há uma ligação entre o
espaço ocupado, construído com o sentimento de espaço aprisionado. Esse assunto se
reflete inteiramente na concepção da casa, do espaço construído: proteção – prisão.
Resta o fato de que todo o espaço construído quer o indivíduo se coloque nele
contra sua vontade ou pela sua “livre escolha” é recebido como prisão, opressão. Outro
conceito: Casa X Apartamento. Um confronto entre aberto e fechado, não sentido de
casa+quintal, mas no sentido de espaço construído e espaço não-construído. O mesmo
espaço envolve o construído e o não-construído, nessas condições não há prisão.
Construído varia acentuadamente através dos momentos históricos. A arquitetura grega
era uma arquitetura concebida a partir do exterior, enquanto a romana era a partir do
interior. Hoje, a arquitetura não se interessa tanto assim em ter um equilíbrio entre
interior e exterior, particularmente no eixo construído-não-construído e ao Espaço
comum. E assim, não parece haver em nossa época, o adequado jogo entre Espaços
Comuns e Espaços Não-Construídos.
4º eixo: Espaço Artificial X Espaço Natural
Nesse eixo, deve-se afastar o pensamento de que Arquitetura é uma construção de
um espaço. Antes de ser construção de um espaço, a arquitetura é uma disposição,
organização de um espaço, que pode tanto ser um espaço por ela criado como espaço
que a ela se oferece como dado inicial e já pronto. O homem ocidental tem um conceito
errado da natureza e de espaço natural, para ele só é realmente natural algo que não foi
tocado ainda pelo o homem, como uma floresta virgem.
O oriental pensa de forma diferente, em destaque , o japonês, que tem uma visão
prática e ao mesmo tempo mais adequada à arquitetura. É fundamental o contato com a
natureza, mas ela é desordenada e causa problemas, portanto é necessário que ela se
“porte e comporte”. Assim, se tem um resultado de construções vegetais, aparadas e
condicionadas em formas geométricas de disposição.
Um aspecto relativo a esse eixo é o que diz respeito aos espaços arquiteturais não
construídos. Exemplo de Espaço Não-Construído Artificial: a Praça de São Marcos, em
Veneza; e de Espaço Não-Construído Natural: Hyde Park, Londres. O Espaço Não-
Construído Natural, na medida em que se oferece como síntese imediata e pronta do
caos urbanístico e arquitetural, que esmaga o indivíduo na maior parte do dia.
Uma solução mais adequada ainda seria aquela onde o espaço exterior não-
construído, de tal forma se integre no tecido urbano; propondo assim, as idéias das
cidades-jardim. Como exemplo, temos a China Continental, que após a revolução
comunista, plantou milhões de árvores, e assim conseguiu diminuir dois graus em sua
temperatura média no verão, e uma estabilização de temperatura no inverno.
5º eixo: Espaço Amplo X Espaço Restrito
De início, ao pensar em espaço amplo, vem a mente o espaço exterior. E ao
espaço restrito à ligação com o espaço interior. Pode-se identificar o espaço restrito,
como espaço de intimidade e proteção, e inversamente, a do espaço amplo com o espaço
comum não protetor e hostil. Em relação a área/volume de que cada indivíduo usufrui,
é possível constatar que em muitos lugares essa proporção se mantém estacionada, em
quanto em outros, ela diminui nitidamente. Até em regiões subdesenvolvidas, há um
suposto avanço nas condições de higiene habitacional, acarretando assim, uma
diminuição sensível da área/volume real de que os indivíduos dispunham.
Há toda uma mitologia do fechado, do estreito, do escuro a conduzir às categorias
do íntimo, do secreto e do mistério, e que é possivelmente bem mais extensa do que
uma mitologia do amplo, do vasto, da imensidão. E talvez essa mitologia do restrito de
qualquer modo bem mais praticada ao nível do que a da imensidão. Assim, a imensidão
é tão misteriosa quanto ao restrito.
Seja qualquer critério adotado, a proposição das áreas e volumes de um espaço,
que só pode atender os desejos do homem se for feito em redor de uma dialética
contínua entre amplo X reduzido.
Todas as disciplinas humanas mudam porque o homem muda - menos a
arquitetura: os conceitos de proposição, utilização e fruição do espaço continuam
basicamente os mesmo. O espaço vive e respira, assim exige mudanças. Sua
modificação é uma necessidade, e uma possibilidade e seguramente não um luxo.