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EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS PERÍODO 1970 - 2015 Coordenação Técnica ICLEI - governos locais pela sustentabilidade Equipe Técnica Igor Reis de Albuquerque – ICLEI Iris Moura Esteves Coluna – ICLEI Revisão Renato Dallora 2017 Documento de Análise

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1EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

EMISSÕES DO

SETOR DE RESÍDUOSPERÍODO 1970 - 2015

Coordenação TécnicaICLEI - governos locais pela sustentabilidade

Equipe TécnicaIgor Reis de Albuquerque – ICLEIIris Moura Esteves Coluna – ICLEI

RevisãoRenato Dallora

2017Documento de Análise

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2EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

SUMÁRIO

1. Introdução 6

2. Emissões de GEE no setor de Resíduos entre 1970 e 2015 10

2.1 Análises das emissões por subsetor 13

2.2 Análises das emissões por Estado 28

2.3 Análise e limitações dos dados 36

3. Trajetória, metas e compromissos 39

3.1 Política Nacional de Mudança do Clima 39

3.2 Política Nacional de Resíduos Sólidos 41

3.3 Política Nacional de Saneamento Básico 45

3.4 Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) 49

4. Recomendações 51

4.1 Aperfeiçoamento e transparência das informações disponíveis 51

4.2 Tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos 51

4.2 Incineração de resíduos especiais 53

4.3. Tratamento e afastamento de efluentes líquidos domésticos 54

4.4 Tratamento e afastamento de efluentes líquidos industriais 54

4.5 Recomendações gerais para as políticas nacionais e a estratégia nacional para a implementação da NDC 55

5. Contextualização nas Cidades 56

6. Referências 62

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3EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

LISTA DE FIGURASFigura 1Emissões de GEE pelo setor de resíduos (1970-2015) 10

Figura 2Contribuição por subsetor nas emissões de GEE. a) Ano de referência de 2015; b) Média no período entre 1970-2015 11

Figura 3Emissões de GEE desagregadas por subsetor (1970-2015) 12

Figura 4Emissões de GEE provenientes da disposição final de RSU (1970-2015) 14

Figura 5Percentual macrorregional dos tipos de gerenciamento adotados em locais de disposição final de RSU (2015) 15

Figura 6Correlação entre o crescimento populacional urbano e quantidade total de RSU coletados 16

Figura 7Potencial de geração de metano por macrorregião brasileira para diferentes tipos de disposição final: a) Aterros sanitários; b) Aterros controlados; c) Vazadouros à céu aberto – lixões 17

Figura 8Emissões de GEE provenientes de disposição final de RSU desagregadas por macrorregião (1970-2015) 18

Figura 9Contribuição macrorregional no total de emissões de GEE: a) No total de emissões de 2015; b) No total de emissões no período de 1970-2015 19

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

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4EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Figura 10 Emissões de GEE desagregadas pela incineração de RSS e RSI (1970-2015) 20

Figura 11Contribuição por tipos de resíduos nas emissões totais: a) 1990; b) 2015 20

Figura 12Emissões de GEE provenientes do tratamento e afastamento de efluentes líquidos (1970-2015) 23

Figura 13Relação entre as emissões de metano e o número de habitantes com escoadouro (1970-2015) 24

Figura 14Emissões de GEE desagregadas por setores industriais (1970-2015) 26

Figura 15Contribuição percentual dos setores industriais no total de emissões para anos de interesse. a) 1990; b) 2015 27

Figura 16Emissões totais de GEE desagregados por subsetor e Estados (2015) 30

Figura 17Emissões totais de GEE provenientes da disposição final de RSU e desagregadas por Estado, em anos de interesse. 31

Figura 18Emissões totais de GEE provenientes da incineração de RSS e RSI e desagregadas por Estado, em anos de interesse. 32

Figura 19Emissões totais de GEE provenientes do tratamento e afastamento de efluentes líquidos domésticos desagregados por Estado, em anos de interesse. 33

Figura 20Emissões totais de GEE provenientes do tratamento e afastamento de efluentes líquidos industriais desagregados por Estado, em anos de interesse. 34

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

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5EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Figura 21Contribuição percentual de cada atividade industrial nas emissões pelo tratamento de efluentes líquidos industriais em 2015 35

Figura 22Hierarquia de prioridades da gestão de resíduos sólidos 52

Figura 23Distribuição de municípios no Brasil por faixa populacional 57

Figura 24Distribuição da população no Brasil pelo tamanho dos municípios (faixas populacionais) 58

LISTA DE QUADROSQuadro 1Emissões de GEE por resíduos desagregadas por Estado e macrorregião (2015) 28

Quadro 2Metas apresentadas na Plano Nacional de Resíduos Sólidos 42

Quadro 3Metas descritas no Plano Nacional de Saneamento 47

Quadro 4Diagnóstico municipal da elaboração de PGIRSs e disposição final de RSU por faixas populacionais 59

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

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6EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

A geração de resíduos, seus tratamentos intermediários e sua destinação final são ine-rentes à sociedade e produzem emissões de gases de efeito estufa, que agravam as mudanças climáticas. A Plataforma SEEG, iniciativa desenvolvida pelo Observatório do Clima (OC), contempla a estimativa de emissões de gases de efeito estufa (GEE) asso-ciadas ao setor de resíduos entre o período de 1970 a 2015.

O setor inclui a estimativa de emissões de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) provenientes de tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos, incineração de resíduos industriais e de serviço de saúde e tratamento e afastamento de efluentes líquidos domésticos e industriais. Os tópicos a seguir se destinam a explicar brevemente cada subsetor que compõe o atual cenário de gestão de resíduos.

Disposição final de resíduos sólidos urbanos (RSU)

Resíduos sólidos urbanos caracterizam-se como resíduos domésticos gerados em áreas urbanas, incluindo materiais decorrentes de atividades de varrição, limpeza de logradouros, vias públicas e outros serviços de limpeza (Brasil, 2010a). É considera-da a questão mais problemática do setor de resíduos: estima-se que, globalmente, é gerado 1,5 bilhão de toneladas (Gt) de RSU anualmente, com previsão de aumento para aproximadamente 2,2 Gt para o ano de 2025 (IPCC, 2014). De acordo com o Quinto Relatório de Avaliação (AR5)1 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáti-cas (IPCC, na sigla em inglês), do total atual de resíduos gerados no ambiente urbano em todo planeta, cerca de 300 milhões de toneladas (Mt) são reciclados, 200 Mt são tratados com recuperação energética, 200 Mt dispostos em aterros sanitários e 800 Mt são destinados a aterros controlados ou vazadouros à céu aberto.

1 As avaliações do IPCC fornecem uma base científica para que os governos em todos os níveis desenvolvam políticas associadas ao enfrentamento às mudanças climáticas. Os relatórios são escritos por centenas de cientistas líderes que oferecem seu tempo e experiência como coordenadores e autores dos estudos.Disponível em <https://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/wg3/ipcc_wg3_ar5_chapter10.pdf > Acesso em 12 de junho de 2017

1. INTRODUÇÃO

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7EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

A gestão de resíduos sólidos urbanos no Brasil é caracterizada pela baixa valorização biológica, física e energética: o material coletado é encaminhado para disposição final em aterros ou lixões, observando-se baixos índices de contribuição de alternativas de valorização como, por exemplo, compostagem e reciclagem.

A matéria orgânica contida nos resíduos sólidos, quando depositadas em lixões ou ater-ros e em condições de ausência de oxigênio livre (anaeróbica), sofrem a ação de bacté-rias geradoras de metano, em um processo denominado metanização, com a produção de biogás. O biogás é composto majoritariamente por metano (50% a 70%)2 e qualificado como um GEE. O processo de liberação de CH4 de uma quantidade específica de resíduos disposto em aterros diminui gradativamente nas décadas subsequentes (IPCC, 2006).

Incineração de resíduos de serviços de saúde (RSS) e resíduos sólidos industrias (RSI)

A incineração é um processo termoquímico de tratamento de resíduos. Ela consiste na combustão de resíduos sólidos e líquidos em plantas controladas, com consequente redução do volume e das características de periculosidade dos resíduos.

O material incinerado produz gases de combustão, podendo ser fonte de energia gra-ças à geração de vapor superaquecido em caldeiras de recuperação de calor. Essa energia recuperada pode ser utilizada para produzir eletricidade (ABRELPE, 2015).

Resíduos sólidos urbanos, resíduos sólidos industriais (RSI) e resíduos de serviços de saúde (RSS) podem ser incinerados. No entanto, a prática de incineração de RSU é mais comum em países com sistemas de gestão e gerenciamento pautados em tecnologias mais avançadas3.

O Brasil é caracterizado pela baixa aplicabilidade de rotas de tratamento térmicas, sen-do utilizadas predominantemente para o tratamento de RSS e RSI. A incineração é fon-

2 O biogás também é composto por dióxido de carbono (30 a 45%), no entanto por ter origem biogênica, o CO2 não é quantificado como GEE.

3 O Japão encaminhou 79% dos seus resíduos para a incineração em 2008. Enquanto a União Europeia tratou 22% dos seus resíduos sólidos com a tecnologia de incineração (FADE, 2014).

1. INTRODUÇÃO

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8EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

te de emissões de GEE, mais significativamente de CO2 e com menores contribuições de emissão de N2O e CH4

4 (IPCC, 2006). Alguns importantes poluentes relacionados à combustão (como compostos orgânicos não voláteis, monóxido de carbono e óxidos sulfúricos), apesar de não serem estimados, também são emitidos e devem ser inven-tariados em sistemas específicos.

Tratamento e afastamento de efluentes líquidos

O esgotamento sanitário se constitui pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequada de efluen-tes domésticos, desde as ligações prediais até seu lançamento final no meio ambiente (MADEIRA, 2010).

Efluentes líquidos são gerados a partir de uma variedade de atividades, que podem ser domésticas, comerciais ou industriais. O tipo de atividade da qual o efluente é gerado impacta diretamente a composição das águas servidas e, portanto, seu potencial de emissão de GEE.

O material originado, por sua vez, pode ser tratado in situ (não coletado), coletado e tratado em estações de tratamento ou descartado diretamente em corpos hídricos (IPCC, 2006). No geral, países desenvolvidos apresentam sistemas centrais com trata-mentos aeróbicos/anaeróbicos, enquanto países em desenvolvimento caracteristica-mente possuem baixas taxas de coleta e tratamento de efluentes líquidos.

Quando a matéria orgânica presente nos efluentes líquidos é degradada em condições anaeróbias, o tratamento e afastamento de efluentes pode ser fonte de emissão de metano. Já a degradação de componentes de nitrogênio (como, por exemplo, ureia, nitratos e proteínas), é responsável pela emissão de óxido nitroso. O AR5 afirma que as emissões de CH4 e N2O cresceram exponencialmente nas últimas décadas, atingindo valores de 667 e 108 Mt de CO2e, respectivamente, em 2010.

4 A estimativa elaborada no âmbito da iniciativa SEEG apenas quantificou as emissões de CO2 e N2O relacionadas relacionadas ao tratamento por incineração, por seguir a metodologia utilizada no 3º Inventário brasileiro de emissões e remoções de GEE.

1. INTRODUÇÃO

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9EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

O objetivo do presente documento é proporcionar uma leitura crítica das estimativas de emissões do setor de resíduos, bem como apresentar o atual arranjo institucional brasileiro quanto aos sistemas de gestão e gerenciamento de resíduos. Por fim, são propostas recomendações no que se refere às ações setoriais que podem refletir no enfrentamento às mudanças do clima.

O setor de saneamento no Brasil é marcado pelo déficit histórico, impactando direta-mente na qualidade de vida de seus habitantes. O setor também se qualifica com um alto potencial de abatimento de emissões de GEE, onde a busca pela universalização do acesso ao serviços de saneamento deve ser acompanhada por boas práticas de ge-renciamento que priorizem a redução de emissões.

Quem são os autores desta análise

O ICLEI é a principal associação mundial de governos locais dedicados ao desenvolvimento sustentável, cuja rede global conecta mais de 1.500 governos de estados e cidades de diversos portes, em mais de 100 países. Movido pela causa de mobilizar os governos locais para construir cidades mais sustentáveis, o ICLEI oferece apoio para que desenvolvam suas políticas e ações pela sustentabilidade. Orienta-se pela premissa básica de que iniciativas elaboradas e dirigidas localmente podem fornecer uma maneira eficaz e economicamente eficiente para alcançar objetivos locais, nacionais e globais.

Ao longo de sua trajetória pioneira de mais de 25 anos, tem promovido a articulação de cidades, estados e regiões pela agenda do desenvolvimento sustentável e está presente em todas as regiões do mundo, por meio de 17 escritórios e secretariados regionais.

O Secretariado para América do Sul conecta seus mais de 50 membros em oito países a este movimento global. Ao longo destes anos, destacou-se no desenvolvimento e execução de projetos nas temáticas de: Clima e Desenvolvimento de Baixo Carbono, Resiliência, Resíduos Sólidos, Compras Públicas Sustentáveis, Biodiversidade Urbana, dentre outros.

1. INTRODUÇÃO

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10EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

No ano de 2015, as emissões do setor de resíduos totalizaram 64,35 milhões de tone-ladas (Mt) de CO2 equivalente5, representando em torno de 3,34% das emissões nacio-nais. No período de 1970 a 2015, as emissões acumuladas do setor de resíduos assu-miram o valor de 1.582 milhões de toneladas de CO2e, que por sua vez representam 2,38% no valor total de emissões acumuladas do Brasil.

Apesar da baixa contribuição do setor de resíduos nas de emissões de GEE, com mé-dia histórica de 3,03% no total nacional, o setor é marcado pelo crescimento acentua-do. Analisando os dados do período 1970-1990, observa-se o aumento de 221% nas emissões de GEE. Já em relação ao período 1990-2015, o crescimento observado foi de 247%. A figura 1 apresenta as emissões totais do setor.

Figura 1 – Emissões de GEE pelo setor de resíduos (1970-2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

5 Este documento utiliza como padrão os fatores de conversão para carbono equivalente no formato GWP presente do Segundo relatório do IPCC (SAR ou AR2 – Second Assessment Report).

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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11EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Conforme pode ser observado na figura acima, em 2015, registra-se a maior contribuição, em termos absolutos, do setor de resíduos nas emissões nacionais. Outro aspecto signifi-cativo é a característica de crescimento exponencial das emissões até o ano de 2010, com posterior estabilização e crescimento menos acentuado para os anos subsequentes.

A figura 2 apresenta a contribuição de cada subsetor no total de emissões de GEE. No ano de referência de 2015, 53,3% das emissões foram provenientes da disposição final de RSU, 23,8% decorrentes do tratamento de efluentes líquidos domésticos, 22,4% do tratamento e afastamento de efluentes líquidos e 0,4% da incineração de RSS e RSI.

Historicamente, as emissões do setor são principalmente associadas à disposição final de resíduos sólidos em aterros sanitários, aterros controlados ou lixões, com contribui-ção média no período 1970-2015 de 57,9%. O segundo subsetor que mais contribui é o tratamento e afastamento de efluentes líquidos domésticos, com média de 25,6% para o mesmo período destacado. A terceira maior fonte de emissões é proveniente do tra-tamento de efluentes líquidos industriais, com índice médio de 16.3% na contribuição no total de emissões. Por fim, observa-se a contribuição média de 0,2% da incineração de resíduos de serviços de saúde e resíduos industriais.

Figura 2 – Contribuição por subsetor nas emissões totais de GEE

a) Ano de referência 2015 b) Média da contribuição no período 1970-2015

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

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Figura 2 ‐ Contribuição subsetorial média histórica

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2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

Tratamento de Efluentes Domésticos

Tratamento de Efluentes Líquidos Industriais

Disposição de Resíduos Sólidos

Incineração de Resíduos

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12EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Apesar de o setor ser predominantemente atrelado às emissões de provenientes da disposição final de RSU, o pico de contribuição – em percentual- do subsetor foi obser-vado nos anos 90 e no inicio dos anos 2000. A partir de 2002, observa-se uma diminui-ção da contribuição percentual das emissões associadas à disposição final de RSU.

Em relação aos efluentes líquidos, observa-se uma diminuição gradativa da contribui-ção de emissões associadas ao tratamento e afastamento de águas residuais domés-ticas, à medida que se nota o comportamento oposto para águas residuais industriais, com paulatino crescimento inicial e aumento significativo a partir do início dos anos 2000. Em 2008, é possível observar que as emissões dos dois subsetores praticamente se igualaram, com maior contribuição do setor industrial para os anos subsequentes.

As emissões decorrentes do processo de incineração de RSS e RSI passaram a ser quan-tificadas a partir da década de 90 e, apesar de apresentarem um crescimento acentua-do, representam uma contribuição pouco significativa no total de emissões de setor. A figura 3 apresenta a evolução de emissões totais de CO2e, desagregadas por subsetor, entre 1970 e 2015.

Figura 3 – Emissões de GEE desagregadas por subsetor (1970-2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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Tratamento de Efluentes Domésticos Tratamento de Efluentes Líquidos Industriais

Disposição de Resíduos Sólidos Incineração de Resíduos

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13EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

2.1. ANÁLISES DAS EMISSÕES POR SUBSETOR

Disposição adequada ou inadequada de RSU

A disposição final de RSU produz quantidades significativas de metano, por meio da decomposição da fração orgânica degradável do RSU em condições anaeróbias. O po-tencial de geração de CH4 dos resíduos sólidos é estimado a partir da análise da compo-sição gravimétrica, do tipo de gestão adotada nos locais de disposição final – vazadouro a céu aberto, aterros controlados ou aterros sanitários – e da quantidade de material encaminhada para cada tipo de destino.

A política ambiental brasileira se desenvolveu, principalmente, nos últimos 40 anos. Ape-nas em 1973, sob influência de movimentos exógenos6, criou-se a Secretaria Especial de Meio Ambiente – SEMA (FADE 2014). A partir da década de 1980, com o inchaço urbano e a complexidade do estilo de vida nas cidades, observa-se uma saturação das áreas de dispo-sição final de RSU7 e o início da discussão sobre os tipos de tratamento aplicados, incorpo-rando o questionamento da viabilidade de diferentes rotas de tratamento, a necessidade de valorização e reciclagem (LOPES, 2006).

A década de 1990 foi marcada pela busca de regulamentação de legislações sobre a temática dos resíduos sólidos, com o aumento da conscientização sobre a questão de limpeza pública e maior aporte de recursos do governo federal para o setor (LOPES, 2006). Ao fim do século XX, inicia-se o debate para a construção da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Até a implantação da PNRS, em 2010, o setor foi marcado pela falta de diretrizes nacionais, objetivos e instrumentos para gestão e gerenciamento nos diferentes níveis federativos.

A disposição final de RSU é a maior contribuinte nas emissões de GEE do setor de re-síduos, responsável pela emissão de 34,28 milhões de toneladas de CO2e em 2015 As emissões totais associadas à disposição final, assim como seu comportamento históri-co, estão apresentadas na figura 4.

6 Pouco depois da Conferência de Estocolmo (FADE,2013).7 Modelo de gestão aplicado priorizava a busca pela melhoria na coleta de resíduos , promovendo

a disposição final afastada dos grandes centros urbanos.

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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14EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

A fração orgânica do material que efetivamente é degradada em condições anaeróbi-cas é influenciada, entre outros fatores que serão posteriormente explicados, pela ges-tão aplicada no local de disposição final. Em linhas gerais, locais não gerenciados apre-sentam potencial de geração de CH4 menor que em locais gerenciados (MCTI, 2015)8 A partir de 1990, observa-se o crescimento acentuado de emissões de GEE, devido ao início mais significativo da implementação de políticas de encaminhamento de RSU para aterros sanitários. Em 1991, cerca de 4% dos resíduos eram dispostos adequa-damente (FADE, 2014), enquanto em 2015, em torno de 58,7% dos RSU foram enca-minhados para aterros sanitários (ABRELPE, 2016). O maior potencial de geração de metano associado à disposição de resíduos em aterros sanitários, aliado ao aumento de índices de coleta de RSU , o qual passou de um valor diário médio de 0,56 kg de RSU por habitante em 1970 para 0,90 kg de RSU por habitante em 20159, foram os principais responsáveis pelo forte crescimento observado.

Figura 4 – Emissões de GEE provenientes da disposição final de RSU (1970-2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul.

8 Essa característica é interpretada pelo fator de correção de metano (MCF). Para aterros sanitários aplica-se o fator 1, para aterros controlados a taxa aplicada é de 0,8 e para lixões aplica-se o MCF 0,4. (IPCC,2006).

9 A taxa de coleta de 1970 foi obtida a partir da média de índices regionais descritos no relatório de refêrencia setorial do Terceiro Inventário Nacional de Emissões e Remoçoes. Já a taxa de coelta de 2015 foi obtida no Panorama dos resíduos no Brasil 2015, elaborado pela ABRELPE.

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15EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

As características de gerenciamento de resíduos diferem fortemente por macrorregião, onde as regiões Sul e Sudeste são caracterizadas por encaminhar mais de 70% dos seus RSU para aterros sanitários. Já as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste enca-minham em torno de 30% dos resíduos coletados para disposições finais consideradas ambientalmente adequadas (ABRELPE, 2016).

Figura 5 – Percentual macrorregional dos tipos de gerenciamento adotados em locais de disposição final de resíduos sólidos (2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul. Elaborado a

partir de dados disponíveis no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015.

Outro aspecto significativo é o aumento dos índices de geração e coleta de RSU. A figura 6 apresenta a correlação entre o crescimento populacional urbano e a quantidade de resíduos coletados. Nota-se que no período entre 1970 e 1995 as curvas apresentam um comportamento de crescimento bastante similar. Após 1995, com o aquecimento da economia decorrente do início do Plano Real e maior investimento em infraestruturas de

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16EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

saneamento, observa-se que a quantidade de material coletado passa a aumentar mais acentuadamente que o número de habitantes urbanos. Isso indica que a taxa de coleta per capita aumentou mais significativamente que o crescimento populacional, impactan-do diretamente na quantidade de RSU encaminhada para locais de disposição final.

Figura 6 – Correlação entre o crescimento da populacional urbano e a quantidade total de RSU coletado

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul.

Conforme mencionado anteriormente, a composição gravimétrica é uma das variáveis mais relevantes na determinação das emissões associadas aos tratamentos de resí-duos sólidos. Diferentes aspectos culturais, fatores econômicos e sociais influenciam na composição dos RSU, de modo que obtém-se diferentes quantidades de fração or-gânica, materiais recicláveis e outros para os distintos contextos nacionais (IPCC, 2006). A análise da composição gravimétrica também considerou as características macror-regionais encontradas no território brasileiro, onde historicamente se observa um de-créscimo da fração orgânica degradável10.

10 A fração orgânica degradável é o carbono orgânico presente no resíduos que é acessível para o microrganismos realizarem a decomposição bioquímica (IPCC, 2006)

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17EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

A fração orgânica degradável, juntamente com a análise do tipo de disposição final, permitiu a obtenção do potencial de geração de metano de cada região brasileira, o qual diminuiu significativamente para todas as macrorregiões. Nesse sentido, a dimi-nuição observada corrobora com a tendência descrita na proposta do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), onde se indica que, apesar dos RSU brasileiros serem predominantemente formados por matéria orgânica, observou-se um aumento por-centual significativo na geração de recicláveis (Brasil, 2012).

Figura 7 – Potencial de geração de metano por macrorregião brasileira para diferentes tipos de disposição final

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul. Elaborado a partir de dados disponíveis no Relatório de Referência do setor de tratamento de resíduos do

Terceiro Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas.

a) Aterros Sanitários

c) Vazadouros a céu aberto

b) Aterros Controlados

A maior diminuição no potencial de geração ocorreu na macrorregião Sul. Em 2015, as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste apresentaram os maiores índices, respectivamente. Enquanto a região Norte, em todo período analisado , apresenta os menores valores potenciais.

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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Figura 7 ‐ Lixões

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18EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

As emissões de GEE relacionadas à disposição adequada ou inadequada de resíduos sólidos urbanos refletem principalmente o comportamento da geração/coleta de re-síduos, composição gravimétrica e gerenciamento do local de destinação final. Para uma análise que refletisse a complexidade brasileira na gestão de resíduos, buscou--se incorporar as divergências macrorregionais observadas.

Em todo período analisado, nota-se o predomínio da região Sudeste no total de emis-sões de CO2e, evidenciando sua concentração populacional e seus instrumentos de gestão mais avançados em relação às outras regiões brasileiras. As figuras 8 e 9 apre-sentam as emissões de GEE desagregadas por macrorregião e suas contribuições per-centuais, tanto historicamente quanto para 2015.

Figura 8 – Emissões de GEE provenientes da disposição final de resíduos sólidos urbanos desagregadas por macrorregião (1970-2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado

para América do Sul.

A macrorregião Nordeste, devido ao número de Estados, composição gravimétrica e índices populacionais, é a segunda maior região fonte de emissão no Brasil. A região Centro-Oeste, apesar de apresentar sistemas de gestão menos avançados do que a re-

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Figura 1

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19EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

gião Sul, se caracteriza como a terceira maior fonte de emissão de GEE pela disposição de RSU, devido ao maior potencial de geração de metano observado nos estados cen-trais. Por fim, têm-se a contribuição da região Sul e Norte, que apresentam os menores potenciais de geração de metano.

Figura 9 – Contribuição macrorregional no total de emissões de GEE

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul.

Apesar de serem descritas na PNRS como mecanismos de destinação final adequada, alternativas de tratamento intermediário como compostagem e reciclagem são irrisórias no Brasil. Portanto, suas contribuições não foram consideradas para os cálculos das estimativas relacionadas a resíduos sólidos urbanos.

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Figura 9 ‐ Contribuição média histórica 

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a) No total de emissões em 2015 b) No total de emissões no período de 1970-2015

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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20EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Incineração de RSS e RSI

A incineração é uma rota tecnológica para tratamento de resíduos sólidos pouco ado-tada no Brasil, utilizada majoritariamente para o tratamento de resíduos de serviços de saúde e sólidos industriais. É o subsetor com menor contribuição no total de emis-sões, responsável pela emissão de 286,7 mil toneladas de CO2e. Em 1990, o subse-tor foi responsável pela emissão de 22,4 mil toneladas de CO2e, isso representa um crescimento maior que 1200% no período analisado. As figuras 10 e 11 apresentam a evolução de emissões de setor entre 1990 a 2015 desagregadas por subsetores.

Figura 10 – Emissões de GEE desagregadas pela incineração de RSI e RSS (1990-2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

Figura 11 - Contribuição por tipo de resíduos nas emissões totais

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

a) No total de emissões em 1990 b) No total de emissões em 2015

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21EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

O aumento das emissões pela incineração de RSI pode estar associado às taxas de crescimento da economia no Brasil, que avançaram consideravelmente no período 1990-2015, acompanhadas pelo aumento do consumo e da atividade industrial. Se-gundo o IBGE, no período de 2001 a 2007, foi observado o aumento de 25% no número de indústrias de transformação no Brasil11. Consequentemente, registrou-se também o aumento da geração de resíduos, tratamento intermediário e disposição final.

Até a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, os marcos regulatórios do setor de resíduos industriais se direcionavam, principalmente, para a elaboração de um inventário nacional, onde as indústrias deveriam apresentar aos respectivos órgãos estaduais informações sobre geração, características, armazenamento e des-tinação de seus resíduos (IPEA, 2012a). A PNRS prevê obrigações para o setor produ-tivo, responsabilizando o gerador pelo tratamento e destinação final dos resíduos, podendo executar essa função internamente ou contratar serviços de empresas es-pecializadas (BRASIL, 2010).

Já em relação à intensificação das emissões provenientes do tratamento de RSS, po-de-se justificá-las pelo aumento da geração de RSS per capita e maiores restrições quanto ao tratamento e à disposição final.

De acordo com o Diagnóstico dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde do IPEA12, elaborado em 2012, foi possível observar o aumento significativo número de médicos, enfermeiros e odontólogos por habitante, em todas as macrorregiões do país. Assim como a evolução positiva da oferta de leitos existentes desde 1990 até 2005, aliados ao crescimento populacional e ao aumento da renda per capita, que por sua vez geram o aumento de demanda de serviços de saúde.

Em relação aos aspectos legais e normativos relacionados a RSS, nota-se a partir da década de 90 o robustecimento dos marcos regulatórios, que incluem tanto ques-tões ambientais e de saúde pública. Em 1993, foi aprovada a Resolução CONAMA

11 Disponvel em< http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=15621>. Acessado em 06 de junho de 2017

12 Disponível em http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/120806_relatorio_residuos_solidos.pdf>. Acessado em 06 de junho de 2017

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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22EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

nº 05, que dispõe sobre a necessidade de realização de algum tipo de tratamento de resíduos gerados pelos prestadores de serviços de saúde. A mesma resolução também estabelece a responsabilidade do manejo seguro pelos prestadores de serviço, assim como dispõe sobre a obrigatoriedade da elaboração e implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), quanto ao acondiciona-mento, á coleta, ao armazenamento, ao transporte, ao tratamento e à disposição final (IPEA,2012b).

Posteriormente, diferentes resoluções do CONAMA e da ANVISA e leis federais re-forçaram a obrigatoriedade da implantação de PGRSS específicas para serviços de saúde e a importância de sistemas de tratamento e destinação final de RSS. Esse robustecimento de marcos regulatórios culminou na elaboração do Manual de Ges-tão de Gerenciamento de RSS de 2006 e na regulamentação da Política Nacional de Saneamento Básico (Lei Federal nº11.445) e Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº12.305) (IPEA,2012b).

Tratamento e afastamento de efluentes líquidos domésticos

A emissão de CH4 ocorre quando os componentes orgânicos dos efluentes líquidos do-mésticos são degradados anaerobicamente em reatores, lagoas, fossas sépticas, valas para o esgoto sem rede coletora e no lançamento em corpos d’água. A extensão da produção de metano depende da quantidade de matéria orgânica, índices de tempera-tura e tipos de tratamento aplicados (IPCC, 2006).

De acordo com as diretrizes do IPCC, a principal determinante para a geração de me-tano associada ao tratamento de efluentes líquidos é quantidade de componentes or-gânicos degradáveis presente nas águas residuais, parâmetro esse quantificado pela concentração da Demanda Bioquímica por Oxigênio (DBO)13.

A emissão de N2O pode ocorrer direta ou indiretamente, proveniente da degradação de componentes de nitrogênio (e.g. ureia, proteínas e nitratos) na excreção humana.

13 DBO quantifica a matéria orgânica oxidável por ação de microrganismos, na prática é um índice de concentração de matéria orgânica por uma unidade de volume de água residuária.

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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23EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

As emissões diretas estão relacionadas a processos de nitrificação e desnitrificação em sistemas de tratamento avançados. As emissões indiretas, mais significativas, são de-correntes do lançamento de efluentes domésticos em ambientes aquáticos.

O subsetor relacionado ao tratamento e afastamento de efluentes domésticos foi res-ponsável pela emissão de 14,4 milhões de toneladas de CO2e em 2015. Na totalidade do período analisado, de 1970 a 2015, estima-se que foram emitidas 378 milhões to-neladas de CO2e. A figura a seguir apresenta o comportamento histórico das emissões, onde é possível observar seu crescimento exponencial.

Figura 12 – Emissões de GEE decorrentes do tratamento e afastamento de efluentes líquidos domésticos (1970-2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

O Relatório de Referência do setor de Resíduos, elaborado pelo MCTI, estabelece a quantidade de carga orgânica gerada por habitante, isso significa que a quantidade de emissões possui forte correlação com o número de habitantes atendidos por rede cole-tora de efluentes líquidos domésticos. A figura 13 descreve a relação entre as emissões de metano e fração da população com escoadouro.

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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24EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Figura 13 – Relação entre as emissões de CH4 e o número de habitantes com escoadouro (1970-2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

Apesar da forte correlação entre a população, geração de carga orgânica e emissões de metano, é possível observar que as curvas de crescimento não apresentam comporta-mentos semelhantes. Isso se deve à atuação de uma terceira condicionante: a aplica-ção de diferentes tipos de tratamento14, acompanhada da ampliação da cobertura de sistemas de coleta e tratamento de efluentes líquidos domésticos.

Até o início da década de 80 observam-se as mesmas características de crescimento do número de habitantes com escoadouro e as emissões GEE do subsetor, onde am-bos apresentam um aumento significativo. O período coincide com o início da imple-mentação do Plano Nacional de Saneamento (Planasa), com vigência de 1971 a 1990 A partir do plano, organizou-se um forte esquema de financiamento, impulsionando o aumento de investimento de 0,15% do PIB em 1970, para 0,55% em 1980 (ARAÚJO

14 Fração do resíduo que de fato é degradada anaeróbicamente por tipo de tratamento. Valores default são estabelecidos no IPCC, disponível em: <http://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/2006gl/pdf/5_Volume5/V5_6_Ch6_Wastewater.pdf>

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25EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

FILHO, 2008). O Planasa, considerado de caráter centralizador, priorizou principal-mente as regiões metropolitanas, a fim de atingir ganhos em escala quanto a índices de cobertura de sistemas de abastecimento de água e coleta e tratamento de águas residuais (LIMA E MARQUES, 2012).

Em meados da década de 80 até 1995 observa-se um maior distanciamento do cresci-mento da população com escoadouro e das emissões de GEE, decorrente principalmen-te da desestruturação do modelo financeiro do Planasa, que provocou o crescimento no déficit absoluto nos serviços de saneamento básico (ARAÚJO FILHO, 2008). Durante a primeira metade dos anos de 1990, foram criados diferentes programas para moder-nização e reestruturação institucional do setor, que impactaram positivamente na di-minuição gradativa do déficit absoluto de esgotamento sanitário (ARAÚJO FILHO, 2008). Consequentemente, foi observado um crescimento acentuado nas emissões de CO2e.

Atualmente, os marcos regulatórios do setor são a Lei 11.445 de 5 de janeiro de 2007 e o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). De acordo com a referida lei, o pla-nejamento integrado, a regulação, a cooperação federativa e o controle social impul-sionarão o setor de saneamento, focando estrategicamente no futuro. O Brasil ainda convive com as consequências de um atraso histórico nas infraestruturas de sanea-mento básico, principalmente quanto ao abastecimento de água e índices de cobertura e tratamento de águas residuais.

Um dos instrumentos promovidos pela lei de 2007, visando à diminuição gradativa das desigualdades de acesso e universalização de serviços de saneamento, foi im-plantação do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC15. Iniciado em 2007 (1ª fase até 2010 e segunda fase de 2011 a 2015), concentrou investimentos importantes do governo federal e trouxe relevantes contribuições para o setor de saneamento16. No entanto, o programa se mostrou bastante aquém do desejado e, apesar dos in-vestimentos realizados, o Brasil continua muito distante da universalização dos servi-ços de saneamento (TRATA BRASIL, 2016).

15 Instituto Trata Brasil - Relatório de Olho no PAC, disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/ de-olho-no-pac/2016/relatorio.pdf?pdf=Relatorio-Completo_De-Olho-No-PAC-16>

16 Foram exacutadas 340 obras, sendo que 183 são relacionadas a sistemas de esgotamento sanitário e 157 a sistemas de abastecimento de água. Ao todo, 45% das obras paradas. (Trata Brasil, 2016)

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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26EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Tratamento de efluentes líquidos industriais

Efluentes líquidos industriais são despejos líquidos provenientes exclusivamente de ativi-dades de indústrias, compreendendo águas servidas de processos industriais e de refrige-ração. As emissões associadas ao tratamento de efluentes industriais, assim como o apre-sentado para efluentes domésticos, relacionam-se principalmente à quantidade de carga orgânica presente no sistema de esgotamento, quantificada pela concentração de DBO.

Para analisar as estimativas do setor, foram classificadas as indústrias estratégicas que geram grande volume de DBO no Brasil. De acordo com o relatório de referência do setor de tratamento de resíduos, os nove setores produtivos indicados abaixo são res-ponsáveis por mais de 97% da carga orgânica industrial no país:

i) Produção de açúcar; (ii) Produção de álcool; Iii) Produção de cerveja; iv) Produção de carne bovina; v) Produção de carne suína; vi) Produção de carne avícola; vii) Produção de leite cru; viii) Produção de leite pasteurizado e ix) Produção de celulose e papel.

Em 2015, estima-se que o tratamento de efluentes industriais foi responsável pela emissão de cerca de 15,3 milhões de toneladas de CO2e. A figura 14 demonstra o cres-cimento do subsetor no período analisado, também evidenciando uma forte caracte-rística exponencial.

Figura 14 – Emissões de GEE desagregadas por setores industriais (1970-2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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27EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Nos períodos de 1994-1998 e 2002-2010, verificaram-se saltos no total de emissões. O primeiro período de expansão coincide com o início do Plano Real, onde se observou um forte crescimento econômico e consequente maior acesso a bens de consumo e aumento da produção industrial. Já o segundo período destacado, entre 2002 e 2010, também é marcado por um crescimento acentuado no número de indústrias, decor-rente do aquecimento da economia. Assim como os investimentos em infraestrutura, programas de inclusão social, a Política Nacional de Saneamento Básico e ao maior financiamento em obras de infraestrutura de saneamento propiciadas pelo PAC.

Figura 15 – Contribuição percentual dos setores industriais no total de emissões, para anos de interesse.

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul.

Observa-se o aumento significativo da contribuição, no período de 1990 a 2015, de emissões associadas à produção de papel e celulose. Em menor escala, se observa o aumento da contribuição da produção de açúcar e mais timidamente da produção de carne suína e avícola. O período também foi marcado, principalmente, pelo decréscimo da contribuição de emissões associadas à produção de álcool e, menos significativa-mente, à produção de leite cru, leite pasteurizado e carne bovina.

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28EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

O subsetor de tratamento de efluentes industriais apresenta um comportamento de emissões distinto do observado para efluentes domésticos, pois as emissões estão di-retamente correlacionadas com a produção industrial, a qual está suscetível a oscila-ções provocadas por aspectos econômicos. Ressalta-se que, para todo período anali-sado, de 1970 a 2015, foi possível observar a predominância de emissões associadas à produção de papel e celulose, açúcar e álcool.

2.2. ANÁLISES DAS EMISSÕES POR ESTADO

A versão 4.0 da plataforma SEEG apresenta as emissões de GEE desagregadas por uni-dades da federação. O processo de alocação por estado do setor de resíduos é marcado pela influência de condicionantes diretas ou indiretas, como o número de habitantes e produção industrial. O quadro 1 apresenta a contribuição dos subsetores evidenciados no tópico 2.1, bem como o total de emissões de toneladas de CO2e produzidas por cada unidade da federação no ano de 2015.

Quadro 1 – Emissões de GEE por resíduos desagregadas por Estado e macrorregião (2015)

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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29EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

Observa-se que em 2015, entre os quatros maiores estados emissores de GEE do se-tor de resíduos, três Estados se localizam na macrorregião Sudeste e um na Sul. Esse comportamento reforça a forte influência populacional atribuída ao setor. Em contra-partida à predominância do Sudeste, observa-se que os seis Estados que menos contri-buem localizam-se na macrorregião Norte, que tem os menores índices populacionais

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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30EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

e baixas taxas de acesso a serviços de saneamento. A figura 16 apresenta os resultados consolidados do setor de resíduos, em ordem decrescente de contribuição por Unida-de da Federação no total de emissões de GEE no território brasileiro em 2015.

Figura 16 – Emissões totais de GEE desagregadas por subsetor e Estado (2015)

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

Do total de emissões estimadas no setor de resíduos, cerca de 99,9% foram alocadas em Unidades da Federação. A mínima fração não alocada, registrada na figura 16 como a sigla NA, corresponde a dados de atividade de produção de carne bovina, suína e avícola.

Os itens a seguir se destinam a analisar o comportamento histórico das emissões por sub-setor e como o processo de alocação estadual ocorreu para cada unidade da federação.

Análise das emissões associadas aos sistemas de gestão de RSU nos Estados brasileiros

A abordagem aplicada pelo SEEG buscou incorporar as características macrorregionais nas estimativas de emissões de metano de cada Estado brasileiro. Novamente, para o subsetor de disposição final de RSU, se observa a forte predominância da região Sudes-

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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Disposição final de RSU Incineração Efluentes líquidos domésticos Efluentes líquidos industriais

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31EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

te, com o Estado de São Paulo responsável por cerca de 26% das emissões em 2015. Os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro contribuem com cerca de 16% e 14%, respec-tivamente, no total de GEE gerados.

A evolução histórica das emissões do subsetor pode ser observada na figura 17, onde se observa um fenômeno interessante de decréscimo ou estabilização das emissões no intervalo de 2002 a 2015 nos Estados do Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Cata-rina e São Paulo, devido ao aumento de índices de recuperação de metano em aterros sanitários, seja pela queima ou pelo aproveitamento energético, sendo a primeira op-ção mais comum nos sistemas de gestão observados no Brasil.

Figura 17 – Emissões totais de GEE provenientes da disposição final de RSU do Estados brasileiros em anos de interesse

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

Ressalta-se a baixa contribuição de Estados da região Norte, onde o total de emissões macrorregional representa apenas cerca de 2% do total nacional. Outro aspecto inte-ressante sobre as características estaduais de emissões é a contribuição mais signi-ficativa de Estados da macrorregião Centro-Oeste, que apesar de não apresentarem taxas populacionais tão acentuadas, possuem índices de emissões relativamente altos. Goiás, por exemplo, é o nono Estado mais populoso do Brasil; no entanto, é o quinto

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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32EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

maior emissor, à frente de Estados como Paraná e Rio Grande do Sul. Característica justificada quando se analisa a composição gravimétrica e, consequentemente, o po-tencial de geração de metano de cada região.

Análise das emissões provenientes da incineração nos Estados brasileiros

Conforme mencionado anteriormente, a incineração é uma rota tecnológica pouco ex-plorada como tratamento de resíduos sólidos no Brasil. A desagregação das emissões por Unidades da Federação foi realizada por meio de dois processos distintos para resíduos de serviços de saúde e resíduos industriais. Diferentemente do registrado no subsetor de disposição final de RSU, a população não foi utilizada como uma variável direta na obtenção do total de emissões.

Para RSS, foram utilizados dados de atividades obtidos nos panoramas anuais da ABRELPE, especialmente para anos recentes, enquanto para períodos sem informa-ções, foram utilizadas correlações matemáticas. Já para RSI, a alocação estadual foi baseada em informações compiladas a partir de inventários estaduais.

Figura 18 – Emissões totais de GEE provenientes da incineração de RSS e RSI dos Estados brasileiros em anos de interesse

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

00.010.020.030.040.050.060.070.080.09

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

Milh

ões de

 ton

elad

as de CO

2e

Figura 18

1970

1990

2002

2015

Milh

ões

de to

nela

das

de C

O2e

1970 1990 2002 2015

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33EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Como nem todas as Unidades da Federação possuíam inventários regionais sobre re-síduos industriais, pode-se ter superestimado as emissões para os estados que apre-sentaram informações sobre suas respectivas atividades industriais. Nesse contexto regional, os Estados que mais contribuíram no subsetor foram São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná.

Análise das emissões provenientes do tratamento e afastamento de efluentes líquidos domésticos nos Estados brasileiros

A análise das emissões associadas ao tratamento de efluentes líquidos domésticos, caracterizada por sua baixa qualidade de dados, que será discutida na seção 2.3, ba-seia-se principalmente nas taxas de urbanização de cada Unidade da Federação do Brasil. A Figura 19 apresenta o comportamento histórico das emissões associadas ao tratamento e afastamento de águas residuais, marcado pelo acentuado crescimento para todos os Estados brasileiros.

Figura 19 – Emissões totais de GEE provenientes do tratamento e afastamento de efluentes dos Estados brasileiros em anos de interesse

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO NA

Milh

ões de

 ton

elad

as de CO

2e

Figura 19

1970

1990

2002

2015

Milh

ões

de to

nela

das

de C

O2e

1970 1990 2002 2015

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34EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Como a principal condicionante do setor, na análise realizada no âmbito da plataforma SEEG, foram as taxas populacionais, os seis Estados que mais emitem (São Paulo, Mi-nas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná), responsáveis por cerca de 58,4% do total de emissões do setor, são também os que apresentam o maior nú-mero de habitantes com escoadouro.

Análise das emissões provenientes do tratamento e afastamento de efluentes líquidos industriais nos Estados brasileiros

As emissões provenientes do tratamento de efluentes líquidos industriais foram esti-madas a partir da produção industrial de cada Unidade da Federação. A figura 20 apre-senta o comportamento histórico das emissões do subsetor.

Figura 20 – Emissões totais de GEE provenientes do tratamento de efluentes líquidos industriais em anos de interesse

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

0

1

2

3

4

5

6

7

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO NA

Milh

ões de

 ton

elad

as de CO

2e

Figura 20

INDUSTRIAL  1970

INDUSTRIAL  1990

INDUSTRIAL  2002

INDUSTRIAL  2015

Milh

ões

de to

nela

das

de C

O2e

1970 1990 2002 2015

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35EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

O Estado de São Paulo novamente se posiciona como a principal unidade da federação fonte de emissões de GEE pelo tratamento de efluentes industriais, responsável por 41% das emissões do subsetor, seguido por Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás. Destaca-se que o posicionamento em relação à quantidade de emissões de GEE das UFs não necessariamente coincidem com seu posicionamento na contribuição ao PIB nacional17, pois a análise seleciona as atividades industriais por sua capacidade de geração de DBO.

A figura 21 apresenta a contribuição percentual de cada atividade industrial no total de emissões das dez UFs que mais emitiram em 2015. Nesse sentido, destaca-se a contribuição da produção de açúcar no estado de São Paulo e Alagoas; a produção de papel e celulose no Paraná, Santa Catarina e Bahia; a produção de álcool em Goiás e Mato Grosso de Sul; a produção de carne bovina no Mato Grosso; a produção de leite cru no Rio Grande do Sul; e, por fim, a característica bastante diversificada do estado de Minas Gerais.

Figura 21 – Contribuição percentual de cada atividade industrial nas emissões de GEE pelo tratamento de efluentes líquidos industriais em 2015

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul.

17 Ranking dos Estados elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), disponel em: <http://perfilestados.portaldaindustria.com.br/ranking?cat=9&id=1354>

0%

20%

40%

60%

80%

100%

SP PR MG SC GO MS RS MT BA AL

Figura 21

Papel e Celulose

CervejaLeite PasteurizadoLeite Cru

BovinosAves

SuínosAçucar

Álcool

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

Papel e Celulose

Cerveja

Leite Pasteurizado

Leite Cru

Bovinos

Aves

Suínos

Açúcar

Álcool

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36EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

2.3. ANÁLISE E LIMITAÇÕES DOS DADOS

Disposição de resíduos sólidos

A qualidade da estimativa de emissões de metano está diretamente relacionada à qualida-de e disponibilidade dos dados de atividade no setor de resíduos, que incluem o total de resíduos sólidos urbanos gerados, índices de coleta, composição gravimétrica, fração de RSU encaminhada para disposição final e tipo de gestão aplicado nos locais de disposição.

Apesar dos Panoramas Anuais da ABRELPE, lançados a partir de 2004, apresentarem os indicativos macrorregionais de coleta de RSU e tipos de disposição final, o setor de resíduos é caracteristicamente marcado pela ausência de informações, principalmente pela disponibilidade de dados históricos. Já as informações sobre a composição gravi-métrica e, consequentemente, a fração de carbono degradável presente no material coletado, foram obtidas a partir do relatório de referência do setor de resíduos elabo-rado e extrapolados para os anos subsequentes a 2010.

Incineração de resíduos sólidos

As variáveis chaves para o cálculo das emissões de CO2 e de N2O são a quantidade e o tipo de resíduos (industrial e de saúde) incinerados anualmente. Frente à impossibi-lidade de um levantamento mais assertivo da quantidade de resíduos incinerados de 1970 a 2015, as estimativas de emissões desse período foram calculadas pelo SEEG baseando-se nos dados disponíveis após 1990.

Os dados encontrados no período 1990 a 2015 também são parciais, sendo necessária a aplicação de correlações matemáticas, não correspondendo à totalidade de incinera-dores existentes e à quantidade de resíduos realmente incinerados.

Especificamente para resíduos industriais, observa-se a ausência de informações con-sistentes, de modo que se utilizaram dados obtidos a partir do relatório de referência do setor. A desagregação estadual foi realizada a partir de inventários regionais. Porém

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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37EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

como nem todas as Unidades da Federação elaboraram seus inventários, a alocação pode ter subestimado ou superestimado a contribuição de diferentes UFs.

Efluentes líquidos domésticos

De acordo com a metodologia de cálculo, as emissões desse subsetor variam, dentre outros fatores, em função da população e do tipo de tratamento ao qual os efluentes gerados são submetidos. Frente à inexistência de uma base de dados anual que per-mita conhecer com exatidão as frações dos efluentes domésticos e cada tipo de trata-mento, os autores do 3o Inventário Nacional realizaram um conjunto de inferências e de integrações de dados de fontes e formatos diferentes. No entanto, as informações não estão integralmente descritas no relatório de referência, impossibilitando a repli-cação da metodologia de cálculo.

A estimativa realizada pela plataforma SEEG reproduziu os resultados obtidos no relatório de referência, com a adição da desagregação estadual, baseada na fração de habitantes com escoadouro de cada UF. A metodologia aplicada para a quanti-ficação das emissões de GEE pelo tratamento de efluentes líquidos é marcada pela necessidade de aprimoramento.

Efluentes líquidos industriais

O cálculo abrange as atividades industriais que mais geram carga orgânica e que, portanto, possuem o maior potencial de geração de GEE. Nesse sentido, os setores contemplados são: cerveja, leite cru, leite pasteurizado, açúcar, álcool, papel, suíno e aves e bovinos.

De acordo com o método de cálculo, as emissões desse subsetor variam, dentre outros fatores, em função do volume/quantidade produzida e do tipo de tratamento aos quais os efluentes dessa produção são submetidos, dado que cada sistema de tratamento possui um fator de emissão específico.

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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38EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Para o cálculo foram utilizados os dados de produção, porém não foram obtidos dados específicos sobre o tipo de tratamento dos efluentes, para os quais foram reprodu-zidas informações descritas no relatório de referência do setor de resíduos e valores defaults estabelecidos pelo IPCC. Destaca-se também a falta de dados atualizados e oficiais sobre a recuperação energética do metano nos vários sistemas de tratamento de efluentes, impossibilitando uma estimativa precisa das emissões.

Dessa forma as estimativas variaram em função do aumento da produção dos dife-rentes setores avaliados, porém não captaram totalmente as mudanças no padrão de tratamento dos efluentes industriais. Tais mudanças possivelmente ocorreram, levan-do-se em consideração a intensificação das exigências ambientais para a aprovação e para o funcionamento das indústrias.

2. EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS ENTRE 1970 E 2015

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39EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

A temática de resíduos é transversal a várias políticas nacionais, relaciona-se com áreas de meio ambiente, indústria, saúde, saneamento básico e mudanças climáticas. Como não há planos de mitigação e adaptação ao enfrentamento da mudança do clima espe-cíficos para o setor, foram analisadas as políticas e planos setoriais, a fim de verificar o status atual de integração entre as medidas propostas e as ambições de mitigação brasileiras, no contexto de Contribuição Nacional Determinada (NDC).

3.1. POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA

A Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), instituída pela Lei nº 12.187 de 29 de dezembro de 2009, oficializa o compromisso voluntário de redução do nível de emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 38,9% projetadas até 2020. A lei estabelece ain-da, o desenvolvimento de planos setoriais de mitigação e adaptação nos âmbitos locais, regional e nacional, onde os principais instrumentos para sua execução são: o Plano Na-cional Sobre Mudanças Climáticas, o Fundo Nacional e a Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (BRASIL, 2008)

O Plano Nacional de Mudança do Clima visa identificar, planejar e coordenar ações e medidas de mitigação que possam ser aplicadas para reduzir as emissões de GEE, bem como àquelas necessárias para aumentar a capacidade de adaptação da sociedade no contexto de mudanças climáticas. Explicitando exclusivamente os objetivos específicos do Plano Nacional sobre Mudança do Clima que se relacionam com o setor de resíduos, pode-se destacar (BRASIL, 2008):

• Fomentar aumentos de eficiência do desempenho dos setores da economia na busca constante do alcance das melhores práticas;

• Fortalecer ações intersetoriais voltadas para a redução das vulnerabilidades das populações;

3. TRAJETÓRIA, METAS E COMPROMISSOS

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40EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

• Identificar os impactos ambientais decorrentes da mudança do clima e fomentar o desenvolvimento de pesquisas científicas para que se possa traçar uma estra-tégia que minimize os custos socioeconômicos de adaptação do País.

O Plano ainda estabelece que as maiores oportunidades de mitigação do setor de re-síduos consistem no planejamento e gestão integrada de resíduos sólidos, equaciona-mento do problema relacionado à disposição final inadequada, recuperação de metano em aterros sanitários – com devida queima ou captura do biogás para fins de aprovei-tamento energético –, incineração com recuperação energética e compostagem. Além de indicar o direcionamento de esforços para se atingir o patamar de 20% de recicla-gem de resíduos sólidos (BRASIL, 2008).

O Decreto nº 7.390 de 9 de dezembro de 2010, que regulamenta a Política Nacional sobre Mudança do Clima, por sua vez, publicado quase um ano após a entrada em vigor da PNMC, define como as metas devem ser alcançadas, prevendo a elaboração de Planos Setoriais com a inclusão de ações, indicadores e metas específicas de redu-ção de emissões, mecanismos de verificação, além de estabelecer as revisões do Plano Nacional sobre Mudança do Clima. Não há, porém, obrigatoriedade na elaboração de um plano exclusivo para o setor de resíduos, além de não se quantificar as projeções exatas de emissões do setor, pois o decreto as apresenta juntamente com as emissões do setor de indústrias de transformação.

O Plano Setorial de Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima para a consolidação de uma economia de baixo carbono na Indústria de Transformação apresenta uma meta de redução de 308,16 Mt de CO2eq até 2020. Destaca-se o aumento da reciclagem e o aproveitamento de coprodutos, reforçando a necessidade de integração entre as Polí-ticas Nacionais de Mudança do Clima e a de Resíduos Sólidos.

Para tanto, é prevista a realização de um estudo/avaliação de barreiras regulatórias sobre o processamento de resíduos sólidos industriais e urbanos, com propostas de alteração do marco regulatório se necessário, tratamento tributário diferenciado para produtos reciclados, bem como bolsas de resíduos, ou seja, instrumentos regu-latórios e econômicos fundamentais para o cumprimento do objetivo de aumento de reciclagem e aproveitamento de coprodutos. Contudo, tais atividades ainda não foram concretizadas (BRASIL, 2008).

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

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41EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

3.2. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/10, com-preende o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas em âmbito federal. É um marco regulatório que possui como base a diretriz sequencial de não geração, redução, reciclagem, tratamento de resíduos sólidos e dis-posição final ambientalmente adequada de rejeitos (Brasil, 2010a).

A PNRS define os conceitos de “responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto’ e a “logística reversa”, assim como também estabelece que os resíduos devem ser tratados e recuperados por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis (ABRELPE, 2015). Destaca-se que, para a destinação final ser considerada am-bientalmente adequada, os resíduos devem ser valorizados mecanicamente, biologica-mente e/ou energeticamente.

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares)18 é um dos principais instrumentos da PNRS. Consiste em uma ferramenta que, quando publicada e em vigor, contribuirá para a execução da Política Nacional. No Plano são apresentados ‘objetivos intermediá-rios’ que devem ser alcançados nos anos de 2015, 2019, 2023 e 2027 – tais metas estão descritas no quadro 2. Por fim, a universalização da gestão ambientalmente adequada deve ser alcançada em 2031.

18 Planares ainda não foi aprovado pelos cinco Conselhos Nacionais relacionados à temática de resíduos sólidos

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

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42EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

Quadro 2 – Metas apresentadas no Plano Nacional de Resíduos Sólidos

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul.

19 Metas elaboradas a partir dos cenários desenvolvidos no Plansab, que serão posteriormentes discutidos ainda nessa seção

20 A data inicialmente prevista para o encerramento de lixões no Brasi era 2 de agosto de 2014, no entanto o prazo foi prorrogado e as novas datas estabelecidas estão no período compreendido entre julho de 2018 e julho de 2021, de acordo com as dimensões e a população do município.

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43EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

As diretrizes e metas previstas no PNRS podem repercutir nas emissões de GEE. A se-guir apresenta-se um levantamento das principais metas e suas influências no contex-to de enfrentamento às mudanças do clima.

Eliminação de lixões e aterros controlados

Das metas quantitativas apresentadas, apenas a meta de eliminação dos lixões e aterros controlados é uma imposição legal. Se essa condição se refletir apenas no encaminha-mento de RSU para aterros sanitários, desacompanhada de medidas de valorização como aumento de taxas de coleta seletiva, compostagem, reciclagem, redução do consumo e o aproveitamento energético, a tendência é que haja uma elevação das emissões de GEE, devido ao potencial de geração de metano de locais de disposição final gerenciados.

Redução dos resíduos recicláveis secos e dispostos em aterro, com base na caracterização nacional de 2012

A reciclagem é o processo de transformação de resíduos sólidos que envolvem a altera-ção de propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com o intuito de reaproveitar materiais em insumos ou novos produtos (BRASIL, 2010a). O potencial de mitigação associado ao processo se dá, inicialmente, pela diminuição de materiais encaminhados para disposição final.

Deve-se considerar que a reciclagem permite a substituição de insumos, podendo re-sultar em uma forte redução de emissões associadas ao consumo de energia do setor industrial, ao aliviar pressões de demanda de matérias-primas e de energia (EPE,2014).

Redução do percentual de resíduos úmidos disposto em aterros, com base na caracterização nacional.

A fração orgânica, também denominada fração úmida, pode ser submetida a proces-sos de tratamento por compostagem e induzida a processos de estabilização em biodi-gestores anaeróbicos, a fim de promover a valorização biológica do material orgânico.

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44EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Os processos, além de diminuir a quantidade de RSU encaminhados para aterros, apre-sentam menores potenciais de geração de GEE21.

A gestão eficiente da fração orgânica dos resíduos é considerada um dos instrumen-tos eficazes para uma célere redução das emissões de GEE.

Recuperação de gases de aterros sanitário - Potencial de 300 MWh (MWh)

Uma das possibilidades para reduzir as emissões de metano de aterros sanitários é a utilização de um sistema de captura e queima de CH4 ou aproveitamento de energéti-co do biogás. De acordo com as estimativas realizadas por Alves e Gouvello em 2010, as emissões de CH4 assumirão patamares maiores que 74 Mt de CO2e até 2030. Esse cenário, contudo, considera as mesmas práticas de manejo de resíduos em 2010 e em 2030, onde cidades com mais de 200 mil habitantes realizam a disposição dos resíduos em aterro sanitário e cidades com menos de 200 mil habitantes realizam a disposições dos resíduos sólidos em lixões. No cenário abordado pelos autores, considerando a eficiência de 75% na coleta de biogás, estima-se uma redução de emissões de aproxi-madamente de 74 Mt de CO2e para pouco mais de 18 MtCO2e.

Outras iniciativas previstas no plano, como acordos setoriais para logística reversa, in-centivos à redução de geração de resíduos na fonte e o reuso de materiais também devem contribuir positivamente para a redução das emissões.

Segundo as estatísticas setoriais dos últimos anos, aumentaram os níveis de cobertura no serviço de limpeza, bem como os percentuais de coleta de resíduos e disposição para aterros sanitários. Entretanto, ainda há um longo caminho a percorrer, visto que no Brasil medidas que incentivam a produção e aproveitamento energéticos de biogás, a bioestabilização da fração orgânica por meio da compostagem e digestão anaeróbia, assim como a reciclagem de resíduos secos estão bastante distantes do potencial exis-tente e das metas explicitadas no Planares.

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

21 A compostagem é um processo majoritariamente aeróbico, enquanto o uso de biodigestores, são associados a processos de aproveitamento energético do metano gerado.

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45EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Muitos municípios brasileiros, isoladamente, não apresentam condições técnicas que permitam a elaboração de planos de gestão de resíduos completos, aplicáveis e sus-tentáveis. Visando sanar esse déficit municipal, a PNRS estimula o planejamento inter-municipal ou microrregional para a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos, o que é de extrema importância para sua efetividade (ABRELPE, 2015).

Mesmo que não existam planos específicos no Brasil para reduzir as emissões pro-venientes do setor, observa-se uma forte oportunidade de redução a partir da im-plementação da PNRS. A principal meta do Planares, de universalização do acesso ao saneamento, deve estar acompanhada de medidas que induzam a não geração, a redução, a utilização de tratamento biológico, aumento do índice de reciclagem e aproveitamento do biogás.

Infelizmente, a ineficiência na gestão, decorrente da falta de capacidade técnica, ge-rencial e financeira dos municípios brasileiros demonstra que o atual cenário brasileiro está bastante distante de cumprir as metas estabelecidas pela PNRS. A execução de alternativas de redução de emissões, sem instrumentos legais específicos e sem incen-tivos econômicos, tende a ser mínima.

3.3. POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO

A Lei Federal de Saneamento Básico, Lei nº 11.445, promulgada em 5 de janeiro de 2007, estabelece diretrizes nacionais e definiu um marco regulatório para o setor. O conceito de saneamento básico consiste no conjunto de serviços, infraestruturas e ins-talações operacionais de (BRASIL, 2013):

1) Abastecimento de água potável, desde a captação até as ligações prediais e instrumentos de medição;

2) Esgotamento sanitário, constituído pelas atividades de coleta, transporte, trata-mento e disposição final adequada de efluentes, desde as ligações prediais até o seu lançamento no meio ambiente;

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

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46EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

3) Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;

4) Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

A Lei de Saneamento é um importante marco no sentido de estabilidade institucional, abrindo um leque de opções para a formação de diversas estruturas de regulação. Com o principal foco na universalização do acesso na saúde financeira de empresas (ARAÚJO FILHO, 2008).

O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) é o principal instrumento da política nacional de saneamento básica instituído pela Lei 11.445. Aprovado em dezembro de 2013, o plano contém diretrizes gerais para a atuação do governo federal nos próximos 20 anos, orientando que órgãos federais desenvolvam programas e ações na área de saneamento básico. É de importância estratégica para o Brasil, ao disciplinar o proces-so de tomada de decisões na política pública setorial e ao se colocar como referência para os planos locais, a serem elaborados por determinação legal.

Destacam-se a seguir alguns dos princípios fundamentais que norteiam o Plansab (BRASIL.2015):

• Universalização: acesso igualitário aos serviços de saneamento básico por toda a população;

• Equidade: superação de diferenças evitáveis, desnecessárias e injustas por meio da prestação de serviços, destacando um grupo ou categoria essencial alvo especial das intervenções;

• Integralidade: conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços, propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados;

• Intersetorialidade: articulação e integração institucional visando compatibilizar a execução de diversas ações, planos e projetos, e o compartilhamento entre tecnologias e práticas setoriais;

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

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47EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

• Sustentabilidade: assumida em pelo menos quatro dimensões: a ambiental, a social, a de governança e a econômica;

• Participação e controle social: construção de relações entre cidadania e go-vernabilidade, vislumbrando avançar na instituição de práticas democráticas substantivas;

• Matriz tecnológica: prospecção dos rumos tecnológicos que o setor deve tri-lhar e o padrão tecnológico que deve ser apoiado e incentivado.

O quadro 3 descreve as metas de curto, médio e longo prazo – 2018, 2023 e 2033 -, es-tabelecidas no Plansab, definidas a partir da evolução histórica e da situacional dos indi-cadores, com base no cenário políticos e econômicos que o Brasil apresentava em 2012.

Quadro 3 - Metas estipuladas no Plano Nacional de Saneamento Básico

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

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48EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul.

As metas foram baseadas em um cenário futuro possível e, até certo ponto, considera-das desejáveis e otimistas. O atual momento político e econômico do Brasil, de instabi-lidade política e recessão, aponta para um desvio do cenário base, onde taxas de cres-cimento do acesso ao saneamento devem se mostrar mais tímidas nos próximos anos.

A ampliação progressiva do acesso de domicílios ao saneamento básico apresenta, de-pendendo das medidas e políticas implementadas, o potencial de aumentar ou reduzir as emissões de GEE. A prática da coleta e tratamento de efluentes pode apresentar maior potencial de geração de metano do que se o efluente fosse lançado diretamente num corpo hídrico, porém caso seja observada a queima ou o aproveitamento do bio-

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

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49EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

gás as emissões seriam inferiores do que se não tratado. Alternativas, como a aplicação de tratamentos primários e secundários em condições aeróbicas, também apresentam potencial de anular ou minimizar as emissões de metano.

O Plansab não faz menção às políticas de mudanças climáticas, apenas cita que devem ser fomentadas técnicas que reduzam as emissões de GEE como uma estratégia rela-tiva ao desenvolvimento tecnológico. No entanto, não indica diretrizes de como isso deve ser alcançado.

Não foi identificado nenhum plano especifico para tratamento de efluentes industriais, os quais devem estar de acordo com a legislação específica seguindo os padrões de lançamento de efluentes, conforme a Resolução CONAMA 357/2005, que não possui nenhum padrão referente às emissões de GEE.

A maiorias dos sistemas de informação/bancos de dados sobre saneamento básico dis-poníveis no Brasil é marcada por uma forte inconsistência, além de serem concebidas a partir de diferentes metodologias, inviabilizando sua comparabilidade (BRASIL,2014).

O déficit do saneamento básico, caracterizado pela ausência ou precariedade de so-lução para disposição dos efluentes gerados, é fruto de muitos fatores históricos, po-líticos, econômicos e sociais que precisam ser enfrentados. A qualidade de vida da população brasileira é diretamente influenciada pela qualidade e universalidade dos serviços do setor. O saneamento apresenta impactos diretos sobre a saúde pública, o meio ambiente e desenvolvimento econômico do país.

3.4. CONTRIBUIÇÃO NACIONALMENTE DETERMINADA (NDC)

O Acordo de Paris, negociado no fim da 21ª Conferência das Partes da Convenção-Qua-dro das Nações Unidas para as Mudanças do Clima, a COP 21, em dezembro de 2015, marcou o compromisso histórico em que 197 países e blocos supranacionais se orga-nizaram para limitar o aumento da temperatura média global.

Os principais pontos do Acordo de Paris para o clima são:

• Manter o aumento da temperatura da Terra bem abaixo de 2°C até 2100 em re-lação à época anterior à Revolução Industrial, com esforços para limitá-lo a 1,5°C:

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

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50EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

• Diminuir a emissão de gases de efeito estufa das atividades antrópicas ao mes-mo nível que árvores, solo e oceanos são capazes de absorvê-los naturalmen-te, entre 2050 e 2100;

• Incidir sobre todos os países signatários e ter sido firmado com base nas con-tribuições nacionalmente determinadas (NDC, acrônimo em inglês), apresen-tadas individualmente pelas nações;

• Reconhecer que governos locais e subnacionais são participantes essenciais para acelerar ações transformadoras no ambiente urbano;

• Levantar ao menos US$ 100 bilhões anuais de países desenvolvidos até 2020 para financiar a mitigação e a adaptação às mudanças.

Em relação à mitigação da mudança do clima, a contribuição do Brasil será reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir essas emissões em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030.

De acordo com o projeto “Opções de Mitigação de Emissões de GEE em Setores-Chave do Brasil”, os setores energéticos e de gestão de resíduos apresentam o maior poten-cial de redução em 2025. Apesar de o setor de resíduos ser identificado como uma área prioritária e ser considerado um dos setores com menores custos de abatimento de emissões, o documento-base da elaboração da NDC brasileira não apresenta medidas e recomendações setoriais específicas.

3. TRAJETÓRIAS, METAS E COMPROMISSOS

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51EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

4.1. APERFEIÇOAMENTO E TRANSPARÊNCIA DAS INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS

O setor de saneamento básico no Brasil é marcado pela baixa disponibilidade de da-dos, apesar de se observar uma melhoria nas últimas décadas, ainda se observa um conjunto de inconsistências e divergências metodológicas, a atualização é necessária para que o cálculo das emissões do setor de Resíduos seja realizado com maior preci-são. Nesse sentido, recomenda-se o aprimoramento da obtenção dos dados de ativida-de e a geração de informações integradas.

Além disso, recomenda-se que os próximos relatórios de referência dos inventários do setor de resíduos tenham maior grau de detalhamento das metodologias adotadas, e transparência quanto as bases de dados utilizadas em sua totalidade.

Destaca-se o potencial da plataforma de disponibilização de dados SNIS (Sistema Na-cional de Informações sobre Saneamento), hospedado no Ministério das Cidades, que agrega informações fornecidas pelos municípios. No entanto, nem todos os municípios brasileiros coletam e inserem suas informações regionais. A obrigatoriedade do repor-te de dados sobre saneamento melhoraria a abrangência e qualidade das informações.

4.2. TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

A figura 22 apresenta a hierarquia da gestão de resíduos, com a não geração/redução e reuso de resíduos no topo da pirâmide, seguidos por reciclagem, sistemas de recupe-ração energética (incluindo digestão anaeróbica), sistemas de tratamento sem aprovei-tamento energético (incluindo compostagem e incineração).

4. RECOMENDAÇÕES

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52EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Por fim, com menor prioridade no gerenciamento de RSU, tem-se a disposição final de resíduos em aterros sanitários (priorizando o aproveitamento energético ou queima de metano), seguida pela disposição em aterros controlados e em lixões.

Figura 22 – Hierarquia na gestão de resíduos.

Fonte: Quinto Relatório de Avaliação (IPCC, 2014)

A descrição de disposição final adequada da Política Nacional de Resíduos Sólidos cor-robora com o descrito na pirâmide hierárquica de sistemas de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, apesar da obrigatoriedade quanto as metas do Planares ser ape-nas uma imposição legal para a erradicação de lixões.

A seguir são descritas as recomendações quanto à gestão e gerenciamento de RSU, por or-dem de prioridade, medidas essas com alto potencial de abatimento de emissões de GEEs:

4. RECOMENDAÇÕES

Prevenção Redução e não-produção de resíduos

Lixão

Reuso

Reciclagem

Recuperação energética

Aterro sanitário com recuperação e uso de metano

Aterro controlado /queima a céu aberto

Aterro sanitário com escape de metano

Aterro sanitário com queima de metano

Tratamento sem recuperação energética

Preparação para o reuso

Reciclagem

Outros tipos de recuperação

Disposição

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53EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

a) Produção e disseminação de informações para os gestores municipais quanto às alternativas tecnológicas para tratamento e destinação de RSU, bem como incen-tivar a elaboração de planos municipais de gerenciamento de resíduos sólidos;

b) Promoção de medidas de incentivo a não geração e reuso de resíduos sólidos;

c) Criação de instrumentos econômicos de incentivo à reciclagem e à redução do uso de materiais na cadeia produtiva;

d) Remoção de barreiras fiscais à cadeia da reciclagem;

e) Implantação plena dos acordos setoriais de logística reversa;

f) Mecanismos de incentivos técnicos e financeiros para a implantação pelos mu-nicípios de processos de tratamento da fração orgânica, como a compostagem e digestão anaeróbica;

g) Fomento à utilização plena do potencial energético dos resíduos;

h) Criação de mecanismos sólidos de incentivos para implantação de sistemas de aproveitamento de biogás, tanto em pesquisas tecnológicas, quanto em incentivos financeiros e tarifários para que os projetos não sejam tão vulneráveis ao mercado de carbono.

i) Transversalmente a todas as ações, destacam-se práticas de educação e conscien-tização ambiental.

4.2. INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS ESPECIAIS

Recomenda-se fortalecer a gestão de resíduos de serviços de saúde e industrial, priori-zando a não geração e redução, quando aplicável. Além do fomento à utilização do po-tencial energético dos resíduos a partir do processo de incineração e a elaboração de novas tecnologias que minimizem os impactos ambientais das práticas de tratamento térmico e apresentem índices de abatimento de emissões de GEE.

4. RECOMENDAÇÕES

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54EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

4.3. TRATAMENTO E AFASTAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS DOMÉSTICOS

A busca pela universalização do acesso à serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento e afastamento de efluentes domésticos deve estar acompanhada a te-mática de racionalização do consumo, juntamente com a priorização de medidas que reduzam a emissão de GEE, como:

• Aplicação de sistemas de tratamento primário e secundário em condi-ções aeróbias;

• Sistemas de captação e aproveitamento de metano associados à aplica-ção de tratamento anaeróbio;

• Incentivo a elaboração de Planos municipais, procurando incorporar à sinergia com o saneamento e o enfrentamento às mudanças climáticas.

4.4. TRATAMENTO E AFASTAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS INDUSTRIAIS

Garantir que os efluentes líquidos industriais sejam dispostos adequadamente no meio ambiente, com o incentivo a implementação de sistemas de tratamento aeróbios e aumento gradativo da captação e aproveitamento energético de metano, bem como promover o consumo consciente de insumos, priorizando a não geração de efluentes.

4. RECOMENDAÇÕES

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55EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

4. RECOMENDAÇÕES

4.5. RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA AS POLÍTICAS NACIONAIS E A ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA NDC

Maior consideração quanto às questões climáticas e integração das políticas e planos nacionais como os Planos Nacionais de Mudanças do Clima (PNMC), de Resíduos Sóli-dos (PNRS), de Recursos Hídricos (PNRH), de Saneamento Básico (Plansab), de Produ-ção e Consumo Sustentável (PPCS) e Política Nacional de Saúde (PNS). Buscando com-preender a sinergia intersetorial e incentivar boas práticas no setor de saneamento, contextualizadas com as questões de enfrentamento às mudanças climáticas.

Recomenda-se a criação de um Plano Setorial de Saneamento Ambiental para mitiga-ção e adaptação à mudança do clima. Assim como a revisão do documento-base da NDC, promovendo a incorporação do setor de resíduos como uma área prioritária, de-vido ao seu impacto na qualidade de vida da população brasileira, saúde pública e alta potencial de abatimento de emissões de GEE.

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56EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

As cidades são as grandes emissoras de gases causadores do efeito estufa relacionados ao tratamento e disposição final de resíduos sólidos e efluentes líquidos. Bem como são os locais onde os danos provocados pelas mudanças climáticas, como alagamen-tos, deslizamentos, ondas de calor, se fazem sentir mais diretamente pela população, especialmente a fração mais vulnerável e suscetível à riscos (ICLEI, 2016).

As emissões do setor de resíduos estão principalmente condicionadas à complexidade do estilo de vida nas cidades. Analisando-se as emissões em âmbito nacional, o setor é marcado pela baixa contribuição, no entanto, ao se analisar no contexto urbano, nota--se um padrão comportamental bastante diversificado, onde o tratamento e disposição final de resíduos, sólidos e líquidos, podem atingir contribuições percentuais médias de 10% a 20% no total de emissões de GEE em diferentes municípios no Brasil.

O inventário de emissões e remoções antrópicas de GEE do município de São Paulo, de 2003 a 2009, registrou que o setor de resíduos foi responsável por 15,6% das emissões na cidade19. Já o inventário de emissões da cidade do Rio de Janeiro de 2012, coordena-do pela equipe Centro Clima/COPPE/UFRJ, relata que o setor de resíduos corresponde por cerca de 10% das emissões totais no município22. O Distrito Federal também quan-tificou suas fontes de emissão e identificou o setor como responsável pela emissão de 20,09% e 20,48% em 2008 e 2009, respectivamente23. Por fim, também se pode citar o inventário realizado pelas sete cidades do Grande ABC, na região metropolitana de São Paulo, articuladas pelo consórcio intermunicipal da região, no qual registra-se que o setor foi responsável pela contribuição de 13% do total de emissões de GEE24.

22 Disponível em: <http://www.respirasaopaulo.com.br/INVENTARIO%20EMISSOES%20ANTP%20-%202011.pdf>. Acesso em 13 de junho de 2017

23 Disponível em: < http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/1712030/DLFE-222982.pdf/NelsonSINVENTARIOFINALMAC_Resumo_Geral_Inv_e_Cenario_v05abr_E.pdf>. Acesso em 10 de junho de 2017.

24 Disponível em <https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2016/06/inventario-de-emissoes-por-fontes-e-remocoes-por-sumidouros-de-gases-de-efeito-estufa-do-df.pdf>. Acesso em 13 de junho de 2017.

5. CONTEXTUALIZAÇÂO DAS CIDADES

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57EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Nos últimos 50 anos o Brasil se transformou de um país rural para urbano, concen-trando cerca de 89% da população em cidades (IBGE,2010). O fenômeno observado no Brasil é típico de países que experimentaram um rápido processo de urbanização sem a devida contrapartida de políticas voltadas para a provisão de infraestruturas e servi-ços urbanos, incluindo serviços de saneamento ambiental.

A distribuição de acordo com o tamanho da população é um importante fator para as soluções tecnológicas aplicadas para a gestão de resíduos. A figura 23 apresenta o percentual de municípios e suas respectivas faixas populacionais. Observa-se que aproximadamente 25% dos municípios brasileiros têm populações menores de 5.000 habitantes, cerca de 70% dos municípios têm populações com menos de 20.000 habi-tantes e apenas 4,8% municípios com populações acima de 100 mil habitantes.

A Figura 23 apresenta a população total pela faixa populacional dos municípios brasi-leiros onde é possível observar que apenas aproximadamente 20% da população vive em cidades com menos de 20.000 habitantes, 45% da população está estabelecida em cidades com menos de 100.000 habitantes e, por fim, em torno de 55% da população vive em municípios com mais de 100.000 habitantes.

Figura 23 – Distribuição de municípios no Brasil por faixa populacional

Fonte: (SPERLING, 2016), elaborado a partir de dados divulgados

pelo IBGE no Censo Demográfico de 2010.

5. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CIDADES

5. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CIDADES

< 2 000

2 001 - 5 000

5 001 - 10 000

10 001 - 20 000

20 001 - 50 000

50 001 - 100 000

100 001 - 500 000

>500 000

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58EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

A distribuição espacial da população, descrita na Figura 24, indica que grande parte dos municípios brasileiros são compostos por pequenas faixas populacionais, suscitando aspectos bastante interessantes quanto à gestão e gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos, em um contexto de diferentes níveis de capacidade técnica e ar-ranjo institucional dos governos locais.

Figura 24 – Distribuição da população no Brasil pelo tamanho dos municípios (faixas populacionais)

Fonte: (SPERLING, 2016), elaborado a partir de dados divulgados pelo IBGE no

Censo Demográfico de 2010.

Planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (PGIRS)

A elaboração dos planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (PGIRS) é condição necessária para o Distrito Federal e os municípios terem acesso aos recursos da União, destinados ao manejo de resíduos e à limpeza urbana (ICLEI, 2012).

5. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CIDADES

< 2 000

2 001 - 5 000

5 001 - 10 000

10 001 - 20 000

20 001 - 50 000

50 001 - 100 000

100 001 - 500 000

>500 000

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59EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Uma pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA)26, no âmbito do Sis-tema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), identificou que dos 5.570 municípios brasileiro apenas 2.325 (42%) apresentam PGIRS nos termos estabelecidos na PNRS. Em relação a disposição final, 2.702 ainda destinam a maior parte dos RSU coletados para lixões. O quadro a seguir apresenta o s resultados conso-lidados do levantamento realizado pelo MMA para o ano de referência de 2015, desa-gregados por faixas populacionais.

Quadro 4 – Diagnóstico municipal da elaboração de PGIRS’s e disposição final de RSU por faixas populacionais

Fonte: ICLEI – Governos locais pela sustentabilidade, Secretariado para América do Sul. Elaborado a

partir de dados disponíveis na plataforma SINIR.

Municípios de até 20.000 habitantes e de 20.000 a 100.000 apresentaram os maiores nú-mero absolutos e percentuais de municípios que ainda não elaboraram planos municipais de gestão de resíduos sólidos. Ressalta-se que apesar dos municípios com faixa populacio-nal acima de 500.000 habitantes caracteristicamente possuírem maior capacidade técnica e articulação institucional, apenas 52% dos governos locais elaboraram PGIRS’s.

5. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CIDADES

26 Disponível em <http://sinir.gov.br/web/guest/2.6-planos-de-gerenciamento-de-residuos-solidos>. Acesso em 13 de junho de 2017.

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60EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

O cenário atual da gestão de resíduos sólidos nas cidades brasileiras, ainda se encontra em uma etapa inicial de desenvolvimento. Apesar de ser obrigatoriedade na Política Nacional de Resíduos Sólidos, grande parte dos municípios ainda não elaboraram seus PGIRS, bem como dispõem seus RSU de forma ambientalmente inadequada.

Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB)

Os planos de saneamento básico abrangem, minimamente (ICLEI,2012):

I. Diagnóstico da situação, utilizando um sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos, construídos a partir dos contextos locais e apontando as causas das deficiências apontadas.

II. Objetivos e metas de curto, médio e longo prazo para a universalização, elencando soluções progressivas.

III. Programas, ações e projeto para atingir os objetivos estipulados.

IV. Ações para emergência e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programas.

É de responsabilidade dos titulares do serviço a elaboração de planos de saneamento básico. O acesso, para uso no saneamento básico, a recursos orçamentários da União ou a financiamentos geridos ou administrados por entidade federal é condicionado à existência de plano de saneamento. Faculta-se a elaboração de planos específicos por serviço, de modo que o PGIRS pode integrar o Plano de Saneamento (ICLEI,2012).

A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), elaborada em 2013 pelo IBGE, aponta que os titulares dos serviços, de forma geral, ainda não se adaptaram ao marco normativo, uma vez que uma parcela significativa (68%) dos municípios ainda não ela-borou seus PMSB`s e deve chegar ao prazo estabelecido no Decreto sem atender a sua exigência para acesso aos recursos federais de saneamento.

A cobertura dos serviços de saneamento básico no Brasil varia de maneira significati-va em relação ao serviço prestado. De acordo com dados de 2015 da do SNIS, 93,1% da população urbana recebe atendimento referente ao abastecimento de água, 42,7% dos efluentes líquidos gerados são coletados e, considerando a água residual coletada,

5. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CIDADES

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61EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

aproximadamente 74% é tratada. Na análise amostral realizada pelo SNIS, 1.382 muni-cípios apresentaram índice de cobertura por rede de esgoto superior a 70%; 382 com índices na faixa de 40 a 70%; 241 municípios com valores entre 20 a 40%; 143 se enqua-draram no na faixa entre 10 a 20%; e, por fim, 166 municípios apresentaram índices abaixo de 10%27 (BRASIL, 2017).

Da comparação dos dois índices de abrangência apresentados, pode se concluir que o serviço de abastecimento de água, apesar de presente em quase todos os municípios, ainda precisa se expandir dentro das áreas urbanas. Em relação ao esgotamento sa-nitário, parcela relevante dos municípios brasileiros ainda não se adequou a Política Nacional de Saneamento Básico, que prevê a conexão de toda edificação permanente urbana às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.

Atuação dos governos locais

O déficit nos serviços de saneamento, no que tange a coleta, tratamento intermediário e disposição final ambientalmente adequada de resíduos sólidos urbanos e efluentes líquidos, deve ser uma prioridade dos governos locais devido ao impacto direto na qua-lidade de vida da população.

Grande parte dos municípios brasileiros ainda não se adequaram aos marcos regula-tórios do setor e, mesmo em relação aos que estão em conformidade, não se observa uma intersetorialidade com temática de mudanças climáticas. Diante do alto potencial de mitigação observado nas cidades, é necessário capacitar técnicos e gestores públi-cos, em particular de municípios de pequeno porte, de modo que a busca pela univer-salização seja acompanhada por políticas que também contribuam para o abatimento de emissões de gases do efeito estufa.

27 A análise apresenta o resultado para 2.314 municípios

5. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CIDADES

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62EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

6. REFERÊNCIAS

ABRELPE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015. ABRELPE: [S.1], 2016.

ABRELPE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. ESTIMATIVAS DOS CUSTOS PARA VIABILIZAR A UNIVERSALIZAÇÃO DA DESTINAÇÃO ADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL. São Paulo, 2015.

ARAÚJO FILHO, Valdemar.F.O QUADRO INSTITUCIONAL DO SETOR DE SANEAMENTO BÁSICO E A ESTRATÉGIA OPERACIONAL DO PAC: POSSÍVEIS IMPACTOS SOBRE O PERFIL DOS INVESTIMENTOS E A REDUÇÃO DO DÉFICIT. Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos do IPEA, 2008. Disponível em <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/5521/1/BRU_n1_quadro_institucional.pdf>

BRASIL. DECRETO Nº6.262, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2007. PLANO NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA –PNMC. BRASÍLIA, DF. Dezembro de 2008.Disponível em <http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/PlanSaB/relatorio_anual_avaliacao_plansab_2014_15122015.pdf>.

BRASIL(a). Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

BRASIL. DECRETO Nº 7.390, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2010. REGULAMENTA OS ARTS. 6º, 11 E 12 DA LEI Nº 12.187, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2009, QUE INSTITUI A POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA - PNMC, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. DIÁRIO OFICIAL [DA] REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

BRASIL. Plano Nacional de Resíduos Sólidos: Versão pós Audiências e Consulta Pública para Conselhos Nacionais. Ministério do Meio Ambiente: Brasília, ago. 2012.

BRASIL. Ministério das Cidades. Plano Nacional de Saneamento Básico – Plansab. Brasília,DF. Maio de 2013.

BRASIL. Ministérios das Cidades. Plansab - Relatório de Avaliação Anual, Ano de 2014. Brasília, DF, dez,2015.

BRASIL. Análise situacional do déficit em saneamento básico. Luiz Roberto Santos Moraes (coord.), Alessandra Gomes Lopes Sampaio Silva, Antônio Alves Dias Neto, Patrícia Campos Borja, Andréa

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63EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

Andrade Prudente, Luciana Santiago Rocha. Brasília: Ministério das Cidades/ Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, 2014. 340 p. (Panorama do Saneamento Básico no Brasil, v.2).

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6. REFERÊNCIAS

Page 64: EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS - seeg.eco.brseeg.eco.br/wp-content/uploads/2017/08/Relatorios-Seeg-2017... · 4.4 Tratamento e afastamento de efluentes líquidos industriais 54

64EMISSÕES DO SETOR DE RESÍDUOS

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6. REFERÊNCIAS