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02/11/2014
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Rede de Investigação sobre Condições de Trabalho
http://ricot.com.pt
Braga, AIM, 22 de outubro de 2014
Stress? Burnout?
Hernâni Veloso Neto
INSTITUTO DE SOCIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
© Hernâni Veloso Neto 2
Schaufeli e Enzmann (1998) referem que a incidência do stress e burnout
tendem a aumentar devido à crescente terceirização, liberalização das relações
laborais e exigências da competitividade do mercado global.
Qual é a dimensão do problema?
. na Europa, 25% dos trabalhadores dizem que experimentam o stress
relacionado com o trabalho de todos ou a maioria de seu tempo de trabalho, e
uma proporção semelhante relata que o trabalho afeta sua saúde
negativamente (AESST, 2014);
. no ESENER, cerca de 8 em cada 10 dirigentes europeus manifestaram
preocupação com o stresse nos respetivos locais de trabalho;
. todavia, menos de 30% admitiram ter implementado procedimentos para lidar
com os riscos psicossociais (AESST, 2010).
© Hernâni Veloso Neto 2 © Hernâni Veloso Neto
ENQUADRAMENTO
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Quadro 1 - Preocupações das entidades empregadoras portuguesas relativamente
aos fatores que contribuem para os riscos psicossociais no trabalho (% de empresas) Fonte: AESST (2010).
PT
Pressão do tempo 64
Lidar com atendimentos difíceis 53
Fraca cooperação entre colegas 42
Má comunicação entre direção e trabalhadoras/es 42
Falta de controlo na organização do trabalho 37
Política de recursos humanos imprecisa 33
Problemas em gerir as relações entre trabalhadoras/es 31
Horário de trabalho longo ou irregular 26
Discriminação 20
ENQUADRAMENTO
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Uma sondagem de opinião de âmbito europeu conduzida pela AESST
evidenciou que mais de metade dos trabalhadores considerava o stresse
como uma situação comum no local de trabalho.
As causas mais comuns do stresse relacionado com o trabalho referidas
foram a reorganização do trabalho e a insegurança de emprego (indicadas
por cerca de 7 em cada 10 inquiridos), acréscimo das horas de trabalho,
carga de trabalho excessiva ou intimidação no local de trabalho (cerca
de 6 em cada 10 inquiridos).
A mesma sondagem demonstrou que cerca de 4 em cada 10 trabalhadores
consideram que o stresse não é tratado de forma adequada no local de
trabalho.
Fonte: AESST, s/d.
© Hernâni Veloso Neto 4 © Hernâni Veloso Neto
ENQUADRAMENTO
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Em 2002, a Comissão Europeia (2002) calculou os custos do stress
relacionado com o trabalho na UE-15 a 20 biliões de euros por ano.
Esse dado decorre de estimativas produzidas de outros investigadores
(Davies e Teasdale 1994; Levi e Lunde-Jensen, 1996) que concluíram que
10% das doenças profissionais estavam relacionadas com stress, esse
percentual foi aplicado a uma estimativa conservadora do custo total de
doenças relacionadas ao trabalho (200 € biliões) para obter o valor de € 20
biliões.
Fonte: AESST, 2014.
© Hernâni Veloso Neto 5 © Hernâni Veloso Neto
ENQUADRAMENTO
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Com base em estatísticas de 2008/09, Trabalho Seguro na Austrália (2012a)
estimou que o stress relacionado ao trabalho custa à sociedade australiana 5,3
biliões dólares anualmente. Este valor inclui os custos resultantes da
interrupção da produção e despesas médicas.
Em 2009/10, foram pagos 6480 processos relacionados com o stress no
trabalho, com o valor médio dos sinistros sendo de 12700 dólares (Safe Work
Australia, 2012b, 2013).
Chandola (2010), no Reino Unido, utilizou dados de 2001/02 indicando que
35% das queixas de saúde auto relatadas eram devido ao stress, ansiedade ou
depressão. Essa percentagem foi aplicada aos dados da HSE sobre o custo da
falta de saúde relacionado com o trabalho e os acidentes, levando o autor a
concluir um custo relacionado com esse problema entre 7 e 10 biliões de libras
para 2001/02, o equivalente a 0,7-1,2% do PIB do país.
Fonte: AESST, 2014.
© Hernâni Veloso Neto 6 © Hernâni Veloso Neto
ENQUADRAMENTO
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No Reino Unido, a Sainsbury Centre for Mental Health (2007) estimou que
a ausência de doença devido ao stress, ansiedade e depressão custa à
sociedade britânica aproximadamente 1,26 biliões de libras por ano. Este
valor foi obtido multiplicando-se a duração média, em dias, das ausências
doença profissional pelo custo ausência diária e o número total de episódios
de ausência.
O estudo indica que o custo global para as entidades patronais britânicas do
stress, ansiedade e depressão equivale a £1035 por trabalhador/a por ano
(€1220). Desse total, £ 335 (€400) (32,4%) é devido ao absentismo, £605
(€710), ou 58,4%, para presentismo (presenteísmo) e £95 (€110) para o
turnover (9,2%).
Fonte: AESST, 2014.
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ENQUADRAMENTO
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STRESS
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Alguns autores consideram o stresse uma das palavras do século XX
(Taché & Selye, 1978; Rafael & Lima, 2014).
No dicionário de Língua Portuguesa, verificamos que o stress significa o
conjunto de perturbações psíquicas e fisiológicas, provocadas por agentes
diversos, que prejudicam ou impedem a realização normal do trabalho.
Também está associado a tensão, pressão.
Nem todo o stress é negativo, importa ter presente que pode ter um
carácter positivo (Eustress - bom stress), quando é desafiante e
excitante, e aumenta o sentido de satisfação e concretização e o nível de
desempenho do indivíduo; ou pode ter um carácter negativo (Distress –
mau stress), que suscita aflição e angústia, limitando ou inibindo as
respostas do indivíduo.
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STRESS
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“O stress ocupacional é um estado emocional, provocado por uma
disparidade entre o grau de exigência do trabalho e os recursos disponíveis do
sujeito para lidar com as exigências do trabalho, sendo que nem todas as
pessoas ficam stressadas com os mesmos stressores, ou seja, o que determina
a ocorrência de stress é a interação entre as características do ambiente e as
características do sujeito” (Miranda, 2011:11)
Trucco (1998) definiu stress ocupacional como o conjunto de processos e
respostas fisiológicas, emocionais e comportamentais perante situações que
são percebidas e interpretadas pelo indivíduo como ameaça ou perigo, quer
seja para a sua integridade biológica ou psicológica. Em suma, stress surge
quando há uma discrepância entre as capacidades do indivíduo e as exigências
do seu meio ambiente (Trucco, Valenzuela & Trucco, 1999; Miranda, 2011:9).
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STRESS PROFISSIONAL
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Segundo McGrath (1976) (cit. Melo, Gomes & Cruz, 1997:57; Miranda, 2011:10-11), existem
seis fontes de stress no âmbito organizacional, tendo em conta as
relações entre stress e o comportamento nas organizações:
i) Stress baseado na tarefa (ex: sobrecarga de trabalho, e o grau de
dificuldade);
ii) Stress baseado no papel (ex: conflito de papéis, ambiguidade)
iii) Stress intrínseco ao contexto do comportamento (clima e cultura
organizacional)
iv) Stress proveniente do próprio meio ambiente físico (ex: temperatura
ambiente);
v) Stress proveniente do ambiente social (ex: conflitos interpessoais);
vi) Stress pessoal (ex: características pessoais - sintomatologia depressiva).
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FONTES DE STRESS PROFISSIONAL
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Os stressores que tipicamente nascem do contexto organizacional são (Huczynski &
Buchanan, 2007):
• Ambiente físico de trabalho desadequado: ruído, iluminação, ventilação, falta de
privacidade, demasiado calor ou frio, equipamento velho, etc.;
• Ritmo e conteúdo de trabalho desajustado: pagamento à peça/hora, pressão
constante do tempo, trabalho por turnos, trabalho em cadeia, trabalho monótono e
repetitivo, etc.
• Desenho do trabalho desadequado: falta de recursos, formação e informação
desadequada, procedimentos rígidos, falta de desafio, não participação nos processos,
etc.;
• Estilo de gestão pobre: inconsistente, agressivo, autocrático, pressões de
desempenho excessivas, etc.;
• Relações pobres: com os superiores, com os colegas, com indivíduos em particular,
falta de feedback, pouco contacto social, discriminação, etc.;
• Futuro incerto: insegurança no trabalho, poucas oportunidades de promoção, trabalho
de baixo status, etc.;
• Lealdade dividida: conflitos entre as aspirações pessoais e os requisitos
organizacionais, conflito entre trabalho e família e responsabilidades sociais.
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STRESSORES ORGANIZACIONAIS
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Alguns dos principais stressores extra-organizacionais (relativos às
características e vida pessoal e social do/a trabalhador/a) presentes na literatura são (Cooper & Davidson, 1988; Santiago, 2004):
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STRESSORES EXTRA-ORGANIZACIONAIS
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Os principais moderadores do impacto dos stressores no indivíduo são (Cooper et
al., 2001; Huczynski & Buchanan, 2007):
Condição física: lida-se melhor com o stress se se estiver de boa saúde
(relacionado com hábitos alimentares, exercício físico, tempos de repouso, padrões
de relaxamento);
Aspetos demográficos e profissionais: idade, sexo, raça, estatuto
socioeconómico, ocupações, apoio social de suporte;
Aspetos psicológicos: traços de personalidade (ex: extroversão ou introversão,
personalidade tipo A, estados de humor, autoconceito, autoestima, estabilidade
emocional);
Apreciação cognitiva das situações (ex: crenças negativas; excesso de otimismo;
locus de controle, estilos pessoais e grupais de coping);
Resistência: uma visão da vida caracterizada por uma perspetiva inovadora e de
desenvolvimento (valorização da mudança, adaptabilidade, etc.), pode ser a
combinação ideal para se aumentar a resistência a acontecimentos stressantes.
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MODERADORES DE STRESS PROFISSIONAL
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A nível da organização:
. absentismo, presentismo, elevada rotatividade do pessoal, incumprimento de
horários, problemas disciplinares, produtividade reduzida, acidentes, incidentes,
custos de compensação, subida de prémios de seguro, etc.
A nível individual:
. reações emocionais (irritabilidade, ansiedade, perturbações do sono,
depressão, hipocondria, alienação, esgotamento, problemas ao nível das
relações familiares);
. reações cognitivas (dificuldades de concentração, de memória, de
aprendizagem e de decisão);
. reações comportamentais (abuso de drogas, álcool e tabaco;
comportamento destrutivo) e
. reações fisiológicas (perturbações lombares, défice imunitário, úlceras,
problemas cardíacos, hipertensão).
Fonte: AESST, s/d
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CONSEQUÊNCIAS DO STRESS PROFISSIONAL
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Segundo Huczynski e Buchanan (2007), o stress pode ter um carácter
episódico, seja em termos de situações suscitadoras de stress, seja em
termos de repercussões das consequências (ex: falha de prazo de entrega,
multa de trânsito);
ou carácter crónico, quando a pressão psicológica é vivida de forma
constante, onde as possibilidades de escapatória são reduzidas e a
propensão para o esgotamento é considerável (BURNOUT).
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CONSEQUÊNCIAS DO STRESS PROFISSIONAL
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BURNOUT
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O termo burnout é um termo inglês cuja sua tradução é uma composição
de “burn”, que quer dizer “queimar”, e “out”, que significa “fora”, ou seja,
“perder o fogo”, “perder a energia”, indicando assim que a pessoa com
síndrome de burnout se consome, se desgasta quer fisicamente, quer
psicologicamente” (Santos, 2010; Miranda, 2011:29).
“Pines e Aronson (1988) definem burnout como sendo um estado de
exaustão física, emocional e mental provocado por um longo envolvimento
em situações que são emocionalmente exigentes. É importante salientar
que esta síndrome é originada a partir de um processo crónico de
exposição ao stress, não sendo consequência de um único episódio de
mal-estar e pressão, devendo assim, ser percebido como um processo que
se desenvolve ao longo do tempo (Teixeira, 2010; Miranda, 2011:29).
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BURNOUT
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As três dimensões nas quais se expressa o burnout são (Maslach e Leiter, 1997;
Queirós et al., 2014):
(i) exaustão emocional caracteriza-se por um esgotar progressivo da
energia emocional e física;
(ii) dimensão do cinismo ou despersonalização decorre do
desinvestimento que o/a trabalhador/a efetua nas suas tarefas e dedicação
ao trabalho, tentando proteger-se e afastar-se do trabalho que constitui
fonte de stress;
(iii) diminuição da autoeficácia e da realização pessoal ou profissional
que o trabalho permitia.
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BURNOUT
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BURNOUT
Stress Burnout
Caracterizado por um sobre-
envolvimento Caracterizado por um desligamento
As emoções são reativas demais As emoções são atenuadas/mitigadas
Produz urgência e hiperatividade Produz desamparo e desespero
A perda de energia Perda de motivação, ideais e
esperança
Leva a transtornos de ansiedade Leva a isolamento e depressão
Dano primário é físico Dano primário é emocional e cognitivo
Fonte: Smith, Segal & Segal, 2014.
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STRESS E BURNOUT: AVALIAÇÃO, INTERVENÇÃO E GESTÃO
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AVALIAÇÃO, INTERVENÇÃO E GESTÃO
Preparar a organização
para a gestão do stress
profissional
Identificar os fatores de risco de stress
Verificar quem está exposto e
como
Avaliar o nível de riscos
Desenvolver e implementar um plano de
ação
Monitorizar e rever o plano
de ação
Fonte: HSE, 2009.
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AVALIAÇÃO, INTERVENÇÃO E GESTÃO
Questionário Psicossocial de Copenhaga (COPSOQ)
» Desenvolvido e validado por Kristensen e Borg (2003) com a colaboração do
Instituto Nacional Dinamarquês para a Saúde Ocupacional em Copenhaga (Silva et
al., 2012).
Método de Avaliação de Fatores Psicossociais (FPSICO)
» Desenvolvido e validado pelo Instituto Nacional de Segurança e Higiene do
Trabalho de Espanha (INSHT) (Daza & Bilbao, 1997; Bilbao & Nogareda, 2012).
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COPSOQ
O inquérito por questionário teve por base a versão portuguesa do
Copenhagem Psychosocial Questionnaire (COPSOQ) (Kristensen, 2002,
2011; Fernandes da Silva et. al, 2012).
Foi desenvolvido por Kristensen e Borg (com a colaboração do Danish
National Institute for Occupational Health in Copenhagen) e validado para
Portugal nas três versões distintas:
(i) uma versão curta (23 dimensões e 40 perguntas), visando a
autoavaliação dos trabalhadores ou a aplicação em locais de trabalho com
menos de 30 trabalhadores;
(ii) uma versão média (28 dimensões e 87 perguntas), destinada ao uso por
profissionais na avaliação de riscos; e
(iii) uma versão longa (41 dimensões e 128 perguntas).
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COPSOQ
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Escalas Subescalas
Exigências Laborais
Exigências Quantitativas
Ritmo de Trabalho
Exigências Cognitivas
Exigências Emocionais
Organização do Trabalho e do
Conteúdo
Influencia no Trabalho
Possibilidades de Desenvolvimento
Significado do Trabalho
Compromisso Face ao Local de Trabalho
Saúde e Bem-Estar
Saúde Geral
Stresse
Burnout
Problemas em dormir
Sintomas Depressivos
Exemplo de parâmetros estimados:
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FPSICO
Foi produzido pelo INSHT com o intuito de favorecer a identificação de fatores
de risco psicossociais (Daza & Bilbao, 1997; Bilbao & Nogareda, 2012).
É composto por quatro instrumentos, uma ficha de caracterização das
condições prévias, uma ficha de possíveis indicadores de efeitos na
organização, um questionário para recolha das perceções e características
das/os trabalhadoras/es e fichas para a planificação de ações preventivas.
As duas primeiras fichas servem para contextualizar e preparar a aplicação
do questionário, na medida em que é essencial planear uma série de questões,
entre as quais se destaca a identificação prévia de potenciais riscos associados
ao exercício da tarefa ou às características organizacionais.
O questionário é composto por 44 questões, em que se avalia cada um dos
fatores de forma independente numa escala, permitindo, posteriormente, que se
apure estatisticamente nove fatores psicossociais.
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FPSICO
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Fatores Parâmetros
Tempo de trabalho
• Trabalho extraordinário
• Compatibilidade da vida de trabalho com a vida social (Item 6)
Autonomia • Autonomia temporal
• Autonomia decisória
Carga de Trabalho • Pressões de tempo
• Esforço de atenção
• Quantidade e dificuldade da tarefa
Exigências Psicológicas • Exigências cognitivos
• Exigências emocionais
Variedade e Conteúdo do
Trabalho
• Trabalho rotineiro (Item 37)
• Sentido do trabalho (Item 38)
• Contribuição do trabalho (Item 39)
• Reconhecimento do trabalho (Item 40)
Desempenho de papéis
• Ambiguidade de papéis (Item 14)
• Conflito de papéis (Item 15a até 15d)
• Sobrecarga de papéis (Item 15e)
Exemplo de parâmetros estimados:
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AVALIAÇÃO, INTERVENÇÃO E GESTÃO
Instrumentos específicos de identificação de fatores de stress e burnout
O Inventário sobre o Stresse Profissional foi desenvolvido como medida genérica
do stresse profissional, sendo constituído por 30 itens, procurando diferenciar entre
a Severidade (intensidade percebida) e a Frequência da ocorrência das condições
de trabalho que podem afetar adversamente o bem-estar psicológico de
trabalhadores que a elas são expostos (Spielberger e Reheiser, 1994; Spielberger e
Vaag, 1999; Rafael & Lima, 2014).
Para evidenciação da incidência do fenómeno do presentismo, destaca-se os
seguintes instrumentos: Questionário de Desempenho de Trabalho da OMS e a
Escala de Presenteísmo de Stanford da Universidade de Stanford (EUA), que
avaliam o impacto de problemas de saúde sobre o desempenho individual de
trabalho e da produtividade global percebida.
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AVALIAÇÃO, INTERVENÇÃO E GESTÃO
Instrumentos específicos de identificação de fatores de burnout
• MBI Maslach Burnout Inventory (Maslach & Jackson, 1981): exaustão emocional,
cinismo ou despersonalização e a realização pessoal/profissional ou autoeficácia.
• OLBI Oldenburg Burnout Inventory (Demerouti et al., 2003): exaustão na sua
dimensão física e cognitiva, e desinvestimento no trabalho (atitudes negativas e
distanciamento do trabalho).
• CBI Copenhagen Burnout Inventory (Kristensen et al., 2005): burnout pessoal
(aplicável a desempregado, estudante, reformado ou trabalhador, avalia o grau de
fadiga e exaustão sentido sem distinguir componente física de psicológica e
atribuindo a causa a problemas de trabalho, de relacionamento com cliente/utente
ou de natureza pessoal/familiar).
• SBI Spanish Burnout Inventory (Gil-Monte, 2008): ilusão pelo trabalho, desgaste
psíquico, indolência e culpa.
Fonte: Queirós et al., 2014.
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Duas estratégias principais para reduzir a incidência de stress e burnout: (Huczynski & Buchanan, 2007; )
Estratégias focadas no problema
Lidam diretamente com os stressores e incluem:
* Clarificação de tarefas
* Programas de acompanhamento psicossocial das/os trabalhadoras/es
* Reforço da comunicação organizacional e trabalho em equipa
* Redesenho do trabalho e estratégias de enriquecimento
* Estudo de tempos de trabalho e introdução de sistemas de pausas
Estratégias focadas nas emoções
Melhoram a resistência e as competências para lidar com stress do indivíduo e incluem:
* Programas de ginástica laboral
* Formação/ treino em gestão do tempo e de conflitos
* Definição de limites e gestão equilibrada de expetativas
* Estratégias de relaxamento e meditação
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AVALIAÇÃO, INTERVENÇÃO E GESTÃO
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AESST (s/d). Stresse - definição e sintomas. Disponível em
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Huczynski, A. & Buchanan, D. (2007). Organizational Behaviour, sixth edition, FT Prentice Hall.
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Civeri Publishing.
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Queirós, C. et al., (2014) Burnout: da conceptualização à gestão em contexto laboral. In H. V. Neto, J.
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Porto: FPCEUP.
Schaufeli, W.B. & Enzmann, D. (1998). The burnout companion to study and practice: a critical
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Silva, C. F. et. al, (2012). Copenhagem Psychosocial Questionnaire COPSOQ. Disponível em
http://ns131.hocnet.pt/uploads/ANEXO%202_BOOKLET%20COPSOQ.pdf
Smith, M. Segal, R. & Segal,J. (2014). Stress Symptoms, Signs, and Causes. Disponível em
http://www.helpguide.org/articles/stress/stress-symptoms-causes-and-effects.htm
© Hernâni Veloso Neto 32 © Hernâni Veloso Neto
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS