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INFORMAçãO E CONHECIMENTO ANO 3 . Nº 10 . ABRIL/MAIO 2012 ESTÁGIO VISITA Programação semanal Uma semana repleta de atividades, na qual você conhece o papel da Câmara dos Deputados, como funciona o Pro- cesso Legislativo e também os canais de comunicação com a sociedade. entrevista Entrevista com a Deputada Teresa Surita sobre o Projeto da Lei da Palmada. Enquete Você concorda ou não com a proibição de castigo corporal e tratamentos cruéis e degradantes como forma de educação e disciplina a crianças e adolescentes? Perfil Participantes do Estágio-Visita contam sobre sua experiência em Brasília.

ESTÁGIOVISITA · da atualidade: o da Lei da Palmada (PL nº 7.672/10). Por meio da Mensagem nº 409, de 2010, a Presidência da República encaminhou ao Congresso Nacional o projeto

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I n f o r m a ç ã o e c o n h e c I m e n t o ano 3 . nº 10 . abrIl/maIo 2012

ESTÁGIOVISITA

Programação semanalUma semana repleta de atividades, na qual você conhece o papel da Câmara dos Deputados, como funciona o Pro-cesso Legislativo e também os canais de comunicação com a sociedade.

entrevistaEntrevista com a Deputada Teresa Surita sobre o Projeto da Lei da Palmada.

enqueteVocê concorda ou não com a

proibição de castigo corporal e tratamentos cruéis e degradantes

como forma de educação e disciplina a crianças e adolescentes?

PerfilParticipantes do Estágio-Visita contam

sobre sua experiência em Brasília.

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apre sen taç ão

Prezado(a) UnIversItárIo(a),

É com imensa satisfação que o(a) felicito pela meritória oportu-nidade de participar do Programa Estágio-Visita da Câmara dos Deputados, que permite ao universitário(a) conhecer e acompa-nhar as atividades desenvolvidas pelos órgãos responsáveis pelo processo de elaboração das leis federais.

Nessa oportunidade, serão compartilhadas experiências ob-tidas durante a observação de reuniões das comissões e das sessões plenárias, nas quais são debatidos os mais diversos assuntos relacio-nados às proposições legislativas submetidas às suas deliberações.

Ademais, você assistirá a palestras sobre a elaboração das leis, a atu-ação parlamentar na decisão de políticas públicas, o funcionamento dos órgãos envolvidos no processo legislativo, além dos instrumentos de integração com os parlamentares oferecidos à sociedade.

A Câmara dos Deputados concebe esse programa para permi-tir a integração das futuras gerações, formadoras de opinião, com a pluralidade da representação popular e suas convicções, a fim de desenvolver uma concepção valorativa do trabalho desenvol-vido pelo parlamento brasileiro.

Busca-se o despertar do interesse estudantil sobre o papel do parlamento na Democracia, com o intuito de fazer germinar a compreensão sobre a necessidade do engajamento dos cidadãos no processo de elaboração de leis e na formulação de políticas pú-blicas, em prol do fortalecimento da Democracia e da Cidadania.

Aproveite ao máximo essa experiência para que nasça em você um acendedor de ideias, que permita iluminar novos interessados em conhecer e compreender o fundamental papel do Parlamento Brasileiro no desenvolvimento de nosso País.

Deputado JORGE TADEU MUDALEN

Segundo-Secretário da Câmara dos Deputados

A Casa é sua. Aproveite ao máximo essa experiência.

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sum ário

05 entrevistaEntrevista com a Deputada Teresa Surita sobre o Projeto da Lei da Palmada - PL nº 7.672/10.

10 capaPor uma cultura da paz.

14 perfil iFátima Perdigão, estudante de Direito em Belo Horizonte, participou do Estágio-Visita em novembro de 2011.

15 perfil iiThomas Eduardo Bizzotto, estudante de Direito no Paraná, participou do Estágio-Visita em abril de 2012.

16 enqueteVocê concorda ou não com a proibição de castigo corporal e tratamentos cruéis e degradantes como forma de educação e disciplina?

20 educação e democraciaEleitor Mirim - um programa de Educação Política.

24 protagonismoApresentação do Projeto Ficha Pública, conduzido pelo estudante de Direito da USP, Rafael Romão de Freitas.

28 manualNosso objetivo nesses cinco dias será mostrar a você qual o papel da Câmara dos Deputados, como funciona o processo legislativo e como é a rotina dentro do parlamento.

Mesa DiretoraPresiDente

Marco Maia - PT/RS

PriMeiro Vice-PresiDenteRose de Freitas - PMDB/ES

segunDo Vice-PresiDenteEduardo da Fonte - PP/PE

PriMeiro-secretárioEduardo Gomes - PSDB/TO

segunDo-secretárioJorge Tadeu Mudalen - DEM/SP

terceiro-secretárioInocêncio Oliveira - PR/PE

Quarto-secretárioJúlio Delgado - PSB/MG

suPlentes De secretários1º - Geraldo Resende - PMDB/MS

2º - Manato - PDT/ES

3º - Carlos Eduardo Cadoca - PSC/PE

4º - Sérgio Moraes - PTB/RS

ProcuraDor ParlaMentarNelson Marquezelli - PTB/SP

ouViDor-geralMiguel Corrêa - PT/MG

Diretor-geralRogério Ventura Teixeira

secretário-geral Da MesaSérgio Sampaio Contreiras de Almeida

Diretor De recursos HuManosLuiz César Lima Costa

Diretor Do centro De ForMação, treinaMento e aPerFeiçoaMento

Fernando Saboia Vieira

PlanejaMento e execução PeDagógica Equipe NUDEM

reVisão Natália Oliveira / Bruna de Almeida / Mª Alice Gomes

Projeto gráFico e DiagraMaçãoAna Patrícia Meschick

iMPressão DEAPA/CGRAF

O PONTO DE VISTA DE ENTREVISTADOS E PARTICIPANTES NãO ExPRESSA A OPINIãO

DA REVISTA.

enVio De [email protected]

c âm ar a dos depu tados

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en trevi sta

Por Bruna de Almeida Leite e Ana Paula de Faria Silva

Teresa Surita é Deputada Federal pelo PMDB/RR e relatora de um dos Projetos de Lei mais polêmicos da atualidade: o da Lei da Palmada (PL nº 7.672/10).

Por meio da Mensagem nº 409, de 2010, a Presidência da República encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de lei nº 7.672/10, acrescentando dispositivos ao Estatuto da Criança e do Adolescente, tendo por objeto “estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante”.

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Consta da exposição de motivos ao Presi-dente da República que “enquanto o apara-to normativo vem avançando no sentido de coibir a violência praticada contra adultos, nas mais diversas formas, ainda convivemos com um quadro em que a criança e o ado-lescente são menosprezados, humilhados, desacreditados, ameaçados, assustados ou ridicularizados. A violência contra crianças e adolescentes tem sido, portanto, admitida, a pretexto de constituir um recurso pedagó-gico e educativo”.

Nesta entrevista, a Deputada explica o conteúdo e os objetivos do Projeto e responde a dúvidas gerais. Confira a seguir!

1. A Lei da Palmada, como ficou conhecido o PL nº 7672/10, está gerando muita polê-mica em relação à sua necessidade. Quais são os objetivos dessa Lei e qual o seu parecer como Relatora?

Trata-se de um projeto de promoção de uma cultura de não violência e da quebra do silêncio em torno das frequentes viola-ções dos direitos humanos de crianças e adolescentes nos espaços pedagógicos.

As medidas previstas se referem à inte-gração entre órgãos de execução de políticas públicas para menores, à promoção de cam-panhas educativas sobre práticas pedagó-gicas não violentas, e ao encaminhamento de vítimas e agressores para acompanha-mento psicológico ou psiquiátrico, cursos ou tratamentos especializados, dependen-do de cada caso.

Não há previsão de novos crimes, de prisão ou de novos motivos para perda do

poder familiar. Em meu parecer, votei pela constitucionalidade e pela aprovação do projeto, na forma de um texto substitutivo que construí a partir das muitas contribui-ções coletadas durante o funcionamento da Comissão Especial que o analisou.

2. Quais seriam as diferenças entre o Projeto de Lei e as demais medidas de proteção aos direitos das crianças e adolescentes existen-tes na legislação brasileira?

A legislação brasileira atual é omissa quan-to ao castigo ou crueldade pedagógicos, es-pecificamente. O projeto de lei 7672/2010 aperfeiçoa o ECA e dá o direito às crianças e adolescentes de serem educados sem o uso de violência. A medida prevê uma melhor articulação de uma rede multisetorial de proteção às famílias, a realização de cam-panhas educativas que vão levar informa-ção aos adultos sobre os prejuízos à saúde física e mental de uma educação baseada na violência.

Não é uma lei punitiva, mas educativa, importante para se deixar de considerar natu-ral a violência hoje praticada contra crianças e adolescentes nos espaços domiciliar e ins-titucionais de educação e proteção.

3. Os objetivos da Lei não poderiam ser atingi-dos somente por meio de campanhas educa-tivas? Como garantir a efetividade da lei?

Não. O projeto de lei pretende mudar uma cultura de nossa sociedade que considera normais os castigos físicos com finalidades pedagógicas. Esses hábitos prejudicam o

“Não é uma lei punitiva, mas educativa, importante para se deixar de considerar natural a violência hoje praticada contra crianças e adolescentes nos espaços domiciliar e institucionais de educação e proteção.”

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desenvolvimento físico e mental de nossas crianças e adolescentes. É preciso evidenciá-los e mudá-los para uma cultura em que o diálogo seja a principal ferramenta para ensinar o certo e errado a nossos meninos e meninas.

Para que haja essa mudança cultural é preciso existir permanente debate sobre o assunto e suas consequências, por meio de campanhas educativas. Para isso, é necessá-ria a existência de uma lei que as determine.

4. O Projeto de Lei já havia sido aprova-do na Comissão Especial da Câmara dos Deputados e poderia ter seguido direto para o Senado para votação, entretanto seis recursos foram interpostos por Deputados pedindo que a matéria fosse discutida no Plenário. Quais são os argumentos contrá-rios apresentados ao Projeto de Lei?

Os principais argumentos são que o assun-to é polêmico e que o Estado estaria inter-ferindo no poder familiar. A nosso ver, esses argumentos não procedem e não devem interromper a tramitação de um assunto tão importante para nossa sociedade.

De nenhuma forma o projeto de lei nega o papel da família na educação da criança e do adolescente. Ao contrário, visa fortale-cê-lo e promover as condições para que se faça da forma mais harmônica, preser-vando a qualidade das relações intrafami-liares e reconhecendo como fundamental a convivência familiar.

O projeto pretende favorecer a divulga-ção de formas de educação sem o uso da violência. Caberá aos pais decidirem a me-

lhor forma de ensinar os filhos. Queremos dar instrumentos para que as famílias e as instituições do Estado eduquem respeitando as crianças e os adolescentes como seres humanos que têm o direito de não sofrerem violências ou tratamentos degradantes.

5. Qualquer palmada será considerada uma agressão física à criança ou ao adolescente? Como está sendo o enfoque do Projeto de Lei no tocante às alegações de invasão do Estado no poder da família?

É um engano pensar que o projeto se destina a castigar qualquer autor de violência. O pro-jeto de lei em discussão não trata de crimes ou de suas formas, se palmadas ou queima-duras com frigideiras quentes. Isso fica por conta da legislação penal já existente.

O PL 7672/2010 visa prevenir e reme-diar situações de uso de violência com fins pedagógicos. Como expliquei na pergunta anterior, não haverá interferência na forma como os pais educam os filhos, nem há pre-visão de perda do poder familiar. Existirá sim uma maior informação sobre maneiras não violentas de educar crianças e adolescentes.

6. Uma das emendas realizadas no corpo da lei foi a troca da expressão “castigo cor-poral” por “castigo físico”. Qual a diferença entre uma expressão e a outra? O que será considerado como “castigo físico”?

Fiz esta modificação em meu substitutivo atendendo a sugestão da bancada evangé-lica que argumentou que o termo ‘castigo corporal’ era por demais genérico, sendo

“De nenhuma forma o projeto de lei nega o papel da família na educação da criança e do adolescente. Ao contrário, visa fortalecê-lo e promover as condições para que se faça da forma mais harmônica”

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preferível usar o termo ‘castigo físico’. Será considerado como castigo físico a ‘ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em sofrimento ou lesão à criança ou adolescente.

7. Os profissionais de educação, assistência de saúde e social são capazes de identificar abusos. Eles serão obrigados a denunciar?

O ECA já prevê multa para servidores pú-blicos que atuam diretamente com crian-ças e adolescentes que não denunciarem suspeita ou confirmação de abusos. A esse artigo foi acrescentada a hipótese desta lei específica, uma vez que não é admissível que servidores públicos presenciem a viola-ção de direitos humanos sem tomar as devidas providências.

Em meu substitutivo, propus o desenvol-vimento de ações de formação continu-ada e de capacitação dos profissionais de saúde, educação, assistência social e dos demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente.

8. A aprovação da Lei não poderia suscitar denúncias exageradas e sem fundamento por vizinhos ou pessoas próximas que acompa-nham o dia-a-dia da criança e do adolescente?

Essa é uma falsa questão, uma vez que não há previsão de novos crimes no PL 7672/2010.

Acredito que o argumento de que os pais ficarão acuados pelos filhos, sob a ameaça de serem falsamente denunciados à polícia, demonstra um desconhecimento do texto da proposta em discussão, ou mesmo uma tentativa de desvirtuá-lo.

9. Quais são as ferramentas que os pais e as pessoas responsáveis pela educação de crian-ças e adolescentes poderão se utilizar para dar limites aos jovens no processo de educação?

A família é e deve continuar sendo o pilar da educação dos filhos. Os pais devem e podem impor limites e ensinar valores aos filhos por meio do diálogo. Após a apro-vação do projeto, a população terá acesso à informação, por meio de campanhas, sobre os problemas que uma educação baseada na força traz à criança e ao adolescente e quais são as alternativas para ensinar e estabelecer limites sem bater. Por exemplo, uma mãe poderá ser educada durante as consultas pré-natais para as formas de lidar com o bebê e seu processo de crescimento e desenvolvimento. Também, ao ser constata-da uma violência contra uma criança, se po-derá oferecer ao pai agressor o atendimento psicossocial que o apóie e que favoreça a reconstrução de uma relação familiar saudá-vel. O agressor precisa ser visto como uma pessoa que necessita ser ajudada, muito mais do que reprimida penalmente. Quere-mos com o PL 7672/2010 ter o recurso de estender a mão para as famílias e colocar a sua disposição uma rede de proteção, ao invés de contar apenas com as penas hoje previstas pelo código penal.

“Acredito que o argumento de que os pais ficarão acuados pelos filhos, sob a ameaça de serem falsamente denunciados à polícia, demonstra um desconhecimento do texto da proposta em discussão”

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www.camara.gov.br/ead

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“todos temos que expressar nossa voz. somente na sinfonia de diferentes vozes podemos construir a paz.”

Não é fácil situar-nos diante da questão da paz na atual situação do mundo e do nosso país. Corremos o risco ou de negar a realidade ou de não reconhecer o sentido profundamente antropológico e político-social do anseio de paz presente nos indivíduos e nos grupos sociais.

c apa

Professora Vera Maria Ferrão Candau*

* Artigo publicado na Revista Novamérica nº 86: Paz, junho de 2000, págs. 28-31.

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Numa contraposição clássica, paz se opõe a guerra. Depois da Segunda Guerra Mundial até praticamente o final da década de oitenta, o mundo viveu sob a tensão da chamada Guer-ra Fria. Expressão certamente curio-sa que tentava distinguir situações onde a guerra passava por operações bélicas, cada vez mais sofisticadas, daquelas em que as “armas” em “frias”, se situavam no plano ideológico, cien-tífico e cultural. Certamente neste pe-ríodo não faltaram também as guerras “quentes” que ceifaram muitas vidas... No entanto, com a queda do Muro de Berlim, com a derrota do socialismo real, a afirmação da hegemonia ab-soluta do capitalismo como sistema econômico em sua fase neoliberal, da democracia formal e da perspectiva do “fim da história”, tudo parecia resol-vido em sua dinâmica fundamental e a verdadeira paz seria alcançada. Era somente uma questão de tempo. O caminho estava traçado.

A década de 90 veio desmanchar esse sonho. As guerras “quentes” não desapareceram. Multiplicaram-se. Com uma característica especial: a maioria se desenvolve principalmen-te no interior dos países, entre grupos sociais, culturais, religiosos, étnicos etc. As formas de violência se multi-plicaram. Além disso, hoje podemos falar também das “guerras surdas” da fome, da exclusão, da pobreza, do narcotráfico, da intolerância racial, da marginalização e do preconceito.

Essas guerras não matam menos nem criam melhores condições para se construir a paz. Os tratados nego-ciados entre governos, por mais frá-geis que muitas vezes são, significam um passo importante para buscar solução, construir a paz, nas guerras convencionais. No entanto, a “guerra surda” é um fenômeno diluído na sociedade, que penetra os diferentes espaços sociais. Afeta comporta-mentos pessoais e coletivos, mentes, corpos e corações. Necessita outros processos de negociação e outras ca-tegorias para ser enfrentada. É neste contexto que a educação tem de se perguntar qual é o seu papel e como pode colaborar para a construção de uma cultura da paz.

A paz não exclui o conflito

É frequente a afirmação de que paz é ausência de conflito. Se nos coloca-mos nesta perspectiva, idealizamos a paz, pois o conflito é inerente à vida humana. Não há crescimento pesso-al sem que passemos por momentos de crise e conflito. Também no plano social, o conflito é parte da dinâmica de relações e confronto de interesses. Numa sociedade pluralista, o reconhe-cimento da diferença, em suas diversas configurações, passa por processos de confronto social, sem os quais é impossível que o reconhecimento e a conquista de direitos se deem.

“O conflito é inerente à vida humana. Não há crescimento pessoal sem que passemos por momentos de crise e conflito.”

Para Federico Mayor (1999:2), presi-dente da UNESCO, não pode haver paz sustentável, sem desenvolvimento sustentável. Não pode haver desen-volvimento sem educação ao longo da vida. Não pode haver desenvolvi-mento sem democracia, sem uma dis-tribuição mais equitativa dos recursos, sem a eliminação das disparidades que separam os países avançados daqueles menos desenvolvidos.

Nessa perspectiva a construção da paz exige uma postura ativa. Não pode ser reduzida a uma cidadania passiva, se é possível chamá-la de cidadania, que se limite aos aspectos formais dos ritos democráticos. Cons-truir a paz supõe ação, respeito pelos direitos humanos, luta não violenta contra tudo que desconhece a digni-dade humana, afirmação do estado de direito, articulação entre políticas de igualdade e de identidade, entre igualdade social e diferença cultural.

“(...) a construção da paz exige uma postura ativa. Não pode ser reduzida a uma cidadania

passiva, se é possível chamá-la de cidadania, que se limite aos aspectos formais dos

ritos democráticos.”

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sociável da justiça e da solidariedade. Paz, justiça e solidariedade consti-tuem um conjunto e não se pode se-parar qualquer destes elementos dos demais. Querer a paz exige favorecer a justiça e construir solidariedade. A paz é um produto que se constrói com estes diferentes componentes. Não é somente uma meta a ser alcan-çada. É também um processo, um ca-minho. neste sentido, é importante radicalizar a capacidade de diálogo e de negociação. Não construiremos a paz se não nos desarmarmos das nossas armas materiais, mas também se não desamarmos nossos espíritos, nossos sentimentos, tudo o que há em nós de negação do outro, de não reconhecimento, de prepotência , de exclusão dos “diferentes”. Para educar para a paz é fundamental desenvolver a capacidade de diálogo e de negociação sem limites. Sempre é possível conversar, expressar a sua palavra, resgatar o melhor de nossas experiências, ressituar as questões, construir plataformas de negociação no plano interpessoal, grupal e social. Trata-se de trabalhar muito a capaci-dade de escuta do outro, de deixar-se afetar, de repensar as próprias convicções, ideias, sentimentos, de desenvolver a capacidade de nego-ciação, básica para construir com ou-tros, conjuntamente. Em sociedades e culturas autoritárias como a nossa esta é uma dimensão fundamental.

Educar para a paz

É neste horizonte de preocupações que nos queremos situar para procu-rar identificar algumas notas caracte-rísticas de uma educação para uma cultura da paz.

Não se pode falar de educar para a paz se, em primeiro lugar, não se favorecer a análise da realidade. Abrir os olhos, ser capaz de reconhecer as contradições do mundo em que vive-mos, é fundamental. Uma educação para a paz não pode ser um processo que leva, de alguma forma, a velar a realidade, a calar as diferentes vozes, particularmente as dos excluídos, a não enfrentar a desigualdade e a exclusão crescentes na nossa socie-dade. o primeiro passo para uma educação para a paz é andar com os olhos abertos, não se negar a enfrentar a realidade por mais dura e desconcertante que seja e não querer “ proteger” as crianças e adolescen-tes da dimensão dura da vida. No entanto, não basta ser capaz de ver, analisar, conhecer, é necessário tam-bém se situar diante desta realidade, compreender os mecanismos que perpetuam a exclusão e as desigual-dades e produzem violência, assim como os esforços de tantas pessoas, grupos, organizações para criar uma realidade diferente.

A paz não pode ser construída como um elemento isolado. É indis-

“Não construiremos a paz se não nos desarmarmos das

nossas armas materiais, mas também se não desamarmos

nossos espíritos, nossos sentimentos, tudo o que há em nós de negação do outro, de não reconhecimento, de

prepotência, de exclusão dos ‘diferentes’. Para educar para a

paz é fundamental desenvolver a capacidade de diálogo e de

negociação sem limites.”

A cultura da violência está cada vez mais presente nos diferentes ambien-tes sociais, da família ao Estado. A es-cola não está imune a esta dinâmica. A solução para esta problemática é, em geral, buscada acentuando-se as políticas de segurança. As situações passam a ser exclusivamente uma questão de segurança, de responsa-bilidade da polícia. Mais polícia nas ruas e nas escolas, mais repressão e punição, mais controle. É reforçada a lógica da contraposição de forças, o que é antagônico a uma cultura de paz. Uma educação para a paz pro-cura desenvolver uma cultura dos direitos humanos, que passa pelo reconhecimento da dignidade de cada pessoa, pelo resgate da memória histórica, por nomear os mecanismos que favorecem em cada um de nós e no corpo social as reações violentas,

“Uma educação para a paz não pode ser um processo que leva, de alguma forma, a velar a realidade, a calar as diferentes vozes, particularmente as dos excluídos, a não enfrentar a desigualdade e a exclusão crescentes na nossa sociedade.”

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pela expressão de sonhos partilhados, pela construção de um horizonte comum de vida e de sociedade que assuma a diferença positivamente.

No seminário promovido em novembro de 1999 pelo Instituto In-teramericano de Direitos Humanos (IIDH) da Costa Rica, sobre a Educa-ção em Direitos Humanos na década de 90 no continente latino-americano, se afirmou que era importante re-forçar três dimensões da educação em Direitos Humanos. A primeira diz respeito à formação de sujeitos de direito. A maior parte dos cida-dãos latino-americanos, temos pou-ca consciência de que somos sujeitos de direito. Outro elemento funda-mental na educação de Direitos Hu-manos é favorecer o processo de “empoderamento” (empowerment) principalmente orientado aos atores sociais que historicamente tiveram menos poder na sociedade, ou seja, menos capacidade de influir nas deci-sões e nos processos coletivos. O “em-poderamento” começa por liberar a possibilidade, o poder, a potência que cada pessoa tem para que ela possa ser sujeito de sua vida e ator social. O “empoderamento” tem também uma dimensão coletiva, trabalha com gru-pos sociais minoritários, discrimina-dos, marginalizados, etc., favorecendo sua organização e participação ativa na sociedade civil. O terceiro ele-mento diz respeito aos processos de

mudança, de transformação, necessá-rios para a construção de sociedades verdadeiramente democráticas e hu-manas. Um dos componentes funda-mentais destes processos se relaciona a “educar para o nunca mais”, para resgatar a memória histórica, romper com a cultura do silêncio e da impu-nidade que ainda está muito presente em nossos países. Somente assim é possível construir a identidade de um povo, na pluralidade de suas etnias, e culturas. Estes componentes, formar sujeitos de direito, favorecer proces-sos de empoderamento e educar para o “nunca mais”, constituem hoje o horizonte de sentido da educação em Direitos Humanos.

Uma quarta característica da educação para a paz é o reconhe-cimento da pluralidade. Não querer uniformizar, não querer que todos pensem da mesma maneira, nem atuem do mesmo modo. Supõe manejar a pluralidade e a diferença. Romper com o etnocentrismo, não hierarquizar os “outros”, pessoas, grupos sociais ou culturas, como in-feriores ou superiores a mim, ao meu grupo ou cultura. Procura reconhecer a contribuição de cada um a partir da diferença. Uma educação para a paz supõe uma educação para o reconhe-cimento da pluralidade e da diferença, exige uma educação intercultural, que promova o diálogo entre diferentes grupos e culturas.

A paz é uma aspiração humana profunda. Todos queremos a paz. Co-nosco mesmo e com os demais. A paz social e a paz na dimensão planetária. Aspiramos a um amadurecimento hu-mano pleno que não esteja bloqueado pelo medo, a insegurança, a falta de confiança nos demais, por sentir-se excluído, pela falta de autoestima e pelas diferentes formas de violência. a educação para a paz supõe liberar o dinamismo profundo de crescimento de cada pessoa e de cada grupo hu-mano, indispensável para se assumir a vida como uma aventura positiva, para enfrentar riscos e empenhar-se em construir com outros novas possi-bilidades de futuro. A sociedade nova que sonhamos exige atores sociais comprometidos, processos coeren-tes com o que se pretende alcançar, que enfatizem métodos pacíficos e não violentos – a paz é processo e produto.

A paz é um modo de viver o hu-mano, de enfrentar os problemas e conflitos, de promover uma maneira não violenta de lutar pelos direitos humanos, capaz de reconhecer o outro e de realizar ações e processos coletivos. A paz é responsabilida-de de todos. Governo e sociedade civil. Homens e mulheres. Crianças, adultos e idosos. Afrodescendentes, indígenas, brancos, mestiços, etc. to-dos temos que expressar nossa voz. Somente na sinfonia de diferentes vozes podemos construir a paz.

“Romper com o etnocentrismo, não hierarquizar os ‘outros’, pessoas, grupos sociais ou culturas, como inferiores ou superiores a mim, ao meu grupo ou cultura. Procurar reconhecer a contribuição de cada um a partir da diferença.”

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perfil i

A mineira Fátima Perdigão, 48 anos, mora com dois filhos em Nova Lima, município localizado na Região Me-tropolitana de Belo Horizonte. Os dias da estudante são bem atarefados: pela manhã ela frequenta a faculdade de Di-reito – sua segunda graduação; à tarde estagia no tribunal de Justiça de Minas Gerais; e à noite ela leciona em uma escola pública para jovens e adultos.

Fátima é formada em Pedagogia e especializada em Psicopedagogia. Desde que ingressou na faculdade de Direito deixou de dar aulas para crianças a fim de trabalhar com Edu-cação de Jovens e Adultos (EJA). Ela está realizada com o trabalho que

tem desenvolvido nessa modalidade de ensino: “os alunos do EJA são um público de exclusão, eles têm uma ba-gagem de vida muito grande, por isso a troca de experiências é muito rica.”

Na área de educação, a professora se interessa também pela área de plane-jamento pedagógico. Entre seus planos para depois que se graduar em Direito está trabalhar prestando consultoria pedagógica para escolas públicas, ela acredita que o conhecimento jurídi-co adquirido na faculdade vai ajudá-la muito nesse novo trabalho.

Fátima ficou muito contente por ter podido participar do Estágio-Visita de Curta Duração, disse que pôde vi-

venciar aqui a prática legislativa apren-dida na graduação: “Às vezes ficamos dez semestres estudando, mas não compreendemos realmente, a visão da prática ajuda a clarear os conteúdos”.

A educadora pretende, como formadora de opinião, passar para os alunos os conhecimentos construídos aqui, como a crença na importância do Parlamento para a cidadania. Fátima disse que ela percebe que a população tem a visão que a mídia passa e que nem sempre é a melhor a fim de incen-tivar maior participação política. Por isso ela pretende além de levar esse conhecimento para a escola, levá-lo para toda sua comunidade.

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Thomas Eduardo Bizzotto, de 19 anos, está cursando o ter-ceiro semestre de Direito na PUC do Paraná. O jovem mora com o pai, a mãe e irmãos. Questionado sobre sua área de interesse, ele responde prontamente: política. Até seu maior hobbie, escrever, é voltado para política — Thomas tem um blog.

O estudante, embora bem jovem, já está certo da car-reira que pretende seguir, ele quer ser político — profissão que considera uma das mais nobres da sociedade. Suas inspirações são o Dalai Lama e a Madre Tereza de Calcutá. Ele gosta principalmente desta famosa frase da missionária religiosa: “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”. Thomas quer fazer a diferença, mesmo que essa diferença pareça uma gota no oceano.

Thomas está bem focado em seu objetivo — é pré-candidato a vereador de Curitiba pelo Partido Verde.

XXXXXperfil i i

Ele já tem ideias bem formadas sobre a profissão que deseja seguir. Na opinião dele, quem exerce um mandato representativo “não deve se deixar guiar por pensamentos particulares, por sua criação ou crença religiosa, mas sim deve representar os anseios da coletividade”.

O estudante considerou muito proveitoso ter parti-cipado do Estágio-Visita, disse que conhecer a estrutura do Processo Legislativo e do Regimento Interno foi crucial para mudar a opinião que ele tinha, baseada no senso comum, a respeito do trabalho no Parlamento Federal. A atividade de que Thomas mais gostou foi simular o trabalho das Comis-sões. Ele afirmou que na simulação os estagiários exercitam o respeito à opinião alheia e ao momento do outro falar, qualidades fundamentais para um bom político. Ele acha que essa simulação o preparou também para a dificuldade de chegar a um acordo em assuntos polêmicos, algo com o que ele terá de aprender a lidar quando for um parlamentar.

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enque t e

Aos participantes do Programa Estágio-Visita do mês de novembro de 2011 e do mês de março de 2012, a Enquete perguntou:

Em 2010, o Executivo enviou à Câmara o Projeto de Lei nº 7672/10, que modifica o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), para tornar explícita a proibição de castigos corporais ou de tratamentos cruéis ou degradantes a crianças e adolescentes, como forma de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto. Como castigo corporal, o projeto de lei conceitua o uso da força física que resulte em dor ou lesão, e como tratamento cruel ou degradante, o projeto define a conduta que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize a criança ou o adolescente.

A premissa do projeto é educar os pais e estimular o debate em torno de alternativas na educação dos filhos e no relacionamento com crianças e adolescentes, de forma que a primeira medida prevista para os agressores é educativa, com a discussão sobre o tema; depois psicológica, com o acompanhamento da família; e só então serão adotadas puni-ções mais graves, como a perda da guarda dos filhos e a retirada do agressor de casa, em casos de tortura e abuso sexual.

Você concorda com o conteúdo do PL nº 7672/10, que proíbe o uso de castigo corporal e de tratamentos cruéis e degradantes a crianças e adolescentes, por pais ou quaisquer outros responsáveis, como forma de educação e disciplina? Por quê?

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Dos 75 (setenta e cinco) estagiários(as) que responderam à pesquisa, 52 concordaram com o PL nº 7672/10 (69%), 17 discordaram da proposta apresentada (23%) e 6 ainda não possuem opinião formada (8%). Confira algumas opiniões..

Concordo

“Qualquer forma de agressão física ou psicológica a crianças e adolescentes é sinal de ausência total de diálogo, carinho, amor; sentimentos inerentes à relação de pais e filhos e fundamentais para que essa relação seja adequada, saudável e que traga a harmonia familiar necessária ao desenvolvimento psicológico e afetivo dos filhos.”Maria Estephania Rocha Lima SilveiraEstudante de Direito da Faculdade 7 de setembro | Fortaleza – CE

“Sim, concordo. Há uma discussão se o Estado estaria interfe-rindo na educação dos filhos pelos pais. No entanto, quando a criança é agredida, gera um trauma, podendo levar essa marca ou lembrança por muito tempo, passando inclusive por gera-ções. As consequências negativas podem ser diagnosticadas ou constatadas pela autoestima e muitas delas acabam mentindo para não apanhar. Fica evidente, portanto, que o investimento é a criação de uma cultura de não violência no país, pois não é batendo que se educa; a criança não sabe das coisas muitas vezes, é preciso ensinar e realizar o diálogo.” Marcelo de Barros CamposEstudante de Direito e Administração da Universidade Cândido Mendes e da UFRJ | Niterói – RJ

“O uso da violência física ou psicológica - moral -, ou seja, a coerção pautada pelo desrespeito e pela força, como forma de correção, educação ou disciplina não traz resultados, a não ser a submissão momentânea. O respeito, a disciplina, são valores morais que de-vem ser ensinados, transmitidos, e discutidos pela via do diálogo.”Asser Alouan CardosoEstudante de Relações Internacionais da Faculdade de Campinas | Campinas – SP

Marcelo de Barros Campos

Maria Estephania Rocha Lima Silveira

Asser Alouan Cardoso

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enque t e

“Infelizmente, ainda no século XXI, há pessoas que acreditam que usar a violência como maneira de educar é eficiente, porém estas pessoas não pensam no mal que este ato pode gerar no crescimento de crianças e adolescentes. Educar sem violência é criar valores humanos de respeito ao próximo, contribuindo na formação do intelecto das crianças e adolescentes, os quais terão a capacidade de criar opiniões, ideias e visões relevantes para o desenvolvimento de nosso país, sem agredir a integrida-de física e psicológica do ser humano.”Juliana da Silva CesarBacharel em Relações Internacionais e estudante de Economia da Faculdade de Campinas | Pindamonhangaba – SP

Não concordo

“Acredito que os pais, utilizando seu exercício regular do direito para disciplinar os filhos, ainda que lançando mão da força física – sendo ela proporcional e equilibrada – não ultraja a integrida-de física da criança. Ela, quando de sua formação e crescimento, ainda não tem maturidade intelectual para compreender as limitações impostas pelos pais, apenas de forma oral.”Alexandre Furtado Gonçalves JúniorEstudante de Direito do Centro Universitário de Barra Mansa | Volta Redonda – RJ

“Penso que o Estado não deve interferir na educação dos filhos, visto que o Estado não tem estrutura para substituir os pais nesse papel importante. Também, o código penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente já cuidam de questões sobre o assunto. O que deveria ser aperfeiçoado é a aplicação dos dispositivos supracitados.”Leidimara de Cássia ScarameloEstudante de Direito da Escola de Estudos Superiores de Viçosa | Coimbra – MG

Juliana da Silva Cesar

Alexandre Furtado Gonçalves Júnior

Leidimara de Cássia Scaramelo

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w w w . c a m a r a . g o v . b r / e d u l e g i s l a t i v a 1 9

enque t e

“Não concordo. Em nosso ordenamento jurídico já existe puni-ção para todo o tipo de agressão. Não há nenhuma necessidade da interferência da Lei na forma em que os pais devem educar seus filhos, a palmada em alguns momentos é inevitável e às vezes a melhor maneira de corrigir a criança/adolescente. A maioria de nós já levou algumas palmadas quando crianças e com certeza foram importantes na nossa formação e no nosso respeito com a família e a sociedade.”Mayanna Vieira Martins de MedeirosEstudante de Direito da Universidade Vale do Rio Doce | Tarumirim – MG

“O castigo corporal como punição é válido, pois é culturalmente adotado por algumas famílias, castigo esse que deve ser bem di-ferente de espancamento e tortura. Legislar na família é delicado, com essa abertura [com a aprovação da Lei] pode acontecer que daqui a um tempo a influência na família seja abusiva.”Nesvalcir Gonçalves Silva JúniorEstudante de Direito da Universidade de Itaúna | Itaúna – MG

Não tenho opinião formada ainda

“Sou mãe e sei quão grande é a responsabilidade na criação de um cidadão. É óbvio que agressões a qualquer pessoa devem ser repudiadas. Ocorre que hoje vivemos um momento peculiar da sociedade, de transformações valorativas e de fortes influên-cias, sobretudo sobre as crianças. Os pais devem ter em mente que as crianças/adolescentes estão em desenvolvimento e em algum momento devem ser exortados. O limite entre exorta-ção e agressão deve estar imerso em parâmetros inicialmente morais, culturais, psicossociais, a nível individual e coletivo. Não sei até que ponto a Lei será efetiva e alcançará seu objetivo. Quem sabe políticas públicas de educação, conscientização e acompanhamento familiar seja uma opção mais eficaz com resultados duradouros.”Gabriela Macedo de Oliveira BarcelosEstudante de Direito da Faculdade 7 de setembro | Fortaleza – CE

Nesvalcir Gonçalves Silva Júnior

Mayanna Vieira Martins de Medeiros

Gabriela Macedo de Oliveira Barcelos

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A cada dois anos, a população brasileira se vê diante da res-ponsabilidade de escolher seus representantes. E por mais que isso diga respeito apenas àqueles que têm mais de 16 anos, ninguém fica de fora do processo eleitoral. Os candi-datos estão nas ruas com cartazes, em comícios e festas. A televisão, por sua vez, interrompe diariamente sua progra-mação para transmitir o que cada um deles tem a dizer para conquistar o voto do eleitor. Sem que se perceba, o dia a dia das crianças também é invadido por coisas que, a uma pri-meira olhada, parecem distantes delas, mas que, na realida-de, precisam ser ensinadas. Afinal, a política, com o que ela tem de bom ou de ruim, afeta, desde cedo, a vida de todos.

educação e democracia

Por Adriana Magalhães | Editora do Plenarinho

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A questão que se coloca, então, é: Como fazer isso? Existe uma idade certa para começar? De que modo as crianças podem iniciar um debate sobre democracia, representatividade, voto, por exemplo?

Para ajudar a responder essas perguntas, a equipe do Plena-rinho criou, em 2010, o programa Eleitor Mirim e propôs uma parceria com escolas e professores de todo o país. A ideia era sugerir atividades práticas que permitissem uma discussão dos conceitos ligados às eleições, como voto, representatividade e democracia, discussão essa sempre atrelada à realidade dos alunos. Mas, como quem está em sala de aula é o professor, só ele poderia dizer se o programa era viável ou não. Resultado: O Eleitor Mirim 2010 foi um sucesso tão grande, que o Plenarinho resolveu propor uma nova parceria para 2012.

Um pouco da história do programa

A preocupação do Plenarinho em trabalhar questões relativas ao processo eleitoral começou ainda em 2006, por meio da pu-blicação de uma eleição virtual, que simulava a eleição real. O objetivo era propiciar aos usuários do portal uma experiência eleitoral. Candidatos personagens foram criados pela equipe do Plenarinho, assim como seus partidos e plataformas políti-cas, para dialogar com o público jovem. Em 2008, a experiência se repetiu e a grande participação das crianças indicava que havia espaço para se trabalhar esse tipo de conteúdo. Faltava, então, incluir o professor e a escola nessa proposta eleitoral. Foi assim que surgiu a ideia de uma parceria, onde cada um en-traria com aquilo que sabia fazer de melhor: o Plenarinho com o conteúdo e o professor com a sua dedicação para contribuir com o desenvolvimento do espírito cidadão de seus alunos.

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educ aç ão e democr acia

Para viabilizar o Eleitor Mirim 2010, foi organizada uma cartilha com textos e sugestões de atividades para a sala de aula. Mas não foi só isso. Com o intuito de estimular a participação das escolas, a última atividade era a criação de um programa eleitoral gratuito formado por candida-tos criados pelos próprios alunos. Como havia um limite para a quantidade de candidatos e era fundamental que os professores dessem um feedback sobre as atividades, definiu-se que somente cinco escolas poderiam participar na elaboração do perfil do candidato. Um total de qua-renta e cinco escolas se inscreveu para participar, sendo cinco as selecionadas. O critério utilizado para escolhê-las foi um concurso de redação dos professores, que enviaram um texto explicando por que gostariam de participar do programa. As escolas participantes foram: E.E. Prof. Ary Bo-cuhy, Araçatuba/SP; Escola de Educação Básica e Profissio-nal Fundação Bradesco, Salvador/BA; Centro Educacional Adalberto Valle, Manaus/AM; Escola Cenecista Ministro João Agripino Filho, Santa Rita/PB e Colégio Progresso de Araraquara - Araraquara/SP.

Ao final, somente três dessas escolas realmente se en-volveram e definiram seus personagens/candidatos. Os três candidatos juntos receberam mais de 14 mil votos contra os 5 mil das eleições anteriores. O candidato vencedor foi o Super Ary, criado pelos alunos de Araçatuba, que rece-beu mais de 5.000 votos. Para elegê-lo, os alunos da escola se mobilizaram e fizeram uma verdadeira campanha entre seus colegas, em outras escolas e também em seus bairros. De acordo com a professora que trabalhou com eles, Elaine Cristina Vacondio Fachini, a vitória no Eleitor Mirim, além de estimular os meninos a pensar politicamente, promoveu também a autoestima dos alunos. Isto porque, depois das eleições mirins, até o prefeito da cidade foi visitá-los.

O sucesso de 2010 fez com que o Plenarinho decidisse re-editar o programa Eleitor Mirim em todos os anos eleitorais. Em 2012, a cartilha com as orientações, textos e sugestões de atividades estarão disponíveis no Portal do Plenarinho. Mais

uma vez, será necessário escolher as cinco escolas para o pro-grama completo. Isso, no entanto, não impede que alunos de todo o Brasil participem da votação em outubro, e nem que o professor interessado use o material da cartilha. Ela pode ser baixada direto do portal e todas as orientações podem ser seguidas, exceto a do envio do candidato, que será restrito às cinco escolas participantes. O que não impede que alunos de outras escolas criem seus candidatos livremente em eleições na própria escola. Dessa forma, os alunos não ficarão de fora deste debate político tão importante para o fortalecimento da democracia no país.

O programa

O material da cartilha está organizado de modo que os conceitos sejam trabalhados primeiro, antes do período eleitoral. São textos e sugestões de atividades que permitem a formação de uma base mínima de conhecimento políti-co, que os levará à segunda fase do programa: a criação dos candidatos. Para isso, eles também deverão acompanhar o programa eleitoral gratuito e discutir, em sala de aula, o que os candidatos dizem, como defendem suas ideias e como tentam conseguir votos. A eleição é veiculada no portal, sempre em outubro, e a votação acontece numa urna virtual igual à real. O candidato eleito fica disponível na página do portal e trabalha como intermediador entre as crianças e a parlamento brasileiro.

A equipe do Plenarinho espera que, com a contribuição do Eleitor Mirim, as crianças estejam um pouco mais pre-paradas para continuar estudando e debatendo questões de teor político e democrático. Não existe aquele ditado: “é de pequenino que se torce o pepino”? Quem sabe, as crianças de hoje, ao adquirirem essa consciência cidadã, possam trazer um novo cenário à política do futuro.

Acesse o Plenarinho e fique por dentro! www.plenarinho.gov.br

“A equipe do Plenarinho espera que, com a contribuição do Eleitor Mirim, as crianças estejam um pouco mais preparadas para continuar estudando e debatendo questões de teor político e democrático”

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Venha abrir essa porta

ESTÁGIOVISITA

divulgue o período de inscrição da próxima edição

de 2 a 9 de maio

Informaçõeswww.camara.gov.br/edulegislativa

Acesse nossa página no facebook e venha fazer parte dessa rede.www.facebook.com/estagiovisita

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protagonismo

Participante de uma das edições do Programa Estágio-

Visita, Rafael Romão de Freitas, estudante de Direito da

USP, relata à nossa equipe a sua participação como voluntário

nos Projetos Ficha Pública, Cidade Democrática e Clínica

de Direitos Humanos Luiz Gama e como as experiências

vivenciadas no Estágio-Visita o motivaram ainda mais a dar

sua contribuição como cidadão em sua cidade! Confiram!

FICHA PÚBLICAPor Rafael Romão de Freitas

Estudante de Direito da USP e participante da edição de novembro do Estágio-Visita

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Em 2008, o Movimento Voto Consciente criou o projeto ‘Ficha Pública’, com a intenção de aumentar o conhecimento dos eleitores a respeito dos candidatos a vereador na cidade do Guarujá, no litoral do Estado de São Paulo. Sentia-se um grande distanciamento entre a população e os seus representantes, tanto no período eleitoral quanto durante o mandato. Para reverter esse quadro, a entidade entrevistou todos os candidatos ao cargo sobre seus projetos e planos para um eventual mandato. Em seguida, publicou um jornal com as informações coleta-das, de modo que o eleitor pudesse facilmente descobrir quais eram as prioridades e as principais ideias de cada candidato. Além disso, pro-moveu diversos encontros de educação política em diversas regiões da cidade. O projeto foi muito bem-sucedido, provocando um grande envolvimento das pessoas no processo eleitoral.

O portal do Ficha Pública.

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2 6 E s t á g i o - V i s i t a - I n f o r m a ç ã o e C o n h e c i m e n t o

protagoni smo

Estimulados com o sucesso da experi-ência, diversas entidades – Amarribo, Movimento Voto Consciente, Instituto PNBE, Instituto Brasil Verdade e Centro Acadêmico XI de Agosto – se reuniram em 2010 para expandir o projeto e torná-lo virtual – www.fichapublica.org.br A ideia era criar um portal online no qual o eleitor pudesse se informar sobre o perfil dos candidatos a deputado estadual e federal pelo Estado de São Paulo. As informações eram obtidas por meio de questioná-rios que os próprios candidatos preen-chiam, apresentando suas propostas. Os questionários eram compostos de perguntas abertas que permitissem ao candidato expor suas ideias e explicitar as áreas a que pretendia dar prioridade em seu mandato. Esperava-se, assim, dar maior visibilidade e qualidade à campanha eleitoral para cargos legis-lativos, normalmente ofuscada pela eleição presidencial.

O papel do Centro Acadêmico XI de Agosto, nesse projeto, era realizar o diálogo com os partidos políticos e

candidatos, divulgando a iniciativa e estimulando a adesão. Para cada um dos cargos – deputado estadual e fe-deral – havia mais de mil candidatos. Portanto, o apoio dos partidos era fundamental para que os candidatos preenchessem o formulário. Assim, a minha tarefa foi visitar as sedes dos partidos em São Paulo, apresentando o projeto e explicando o funciona-mento do site. Outro objetivo dessas visitas era distribuir as senhas indivi-duais dos candidatos, necessárias para que pudessem responder os questioná-rios pela internet.

Infelizmente, em 2010, a ‘Ficha Pública’ não alcançou todo o seu potencial. Como o portal só foi con-cluído poucas semanas antes das elei-ções, houve pouco tempo para que os candidatos participassem e para a divulgação. No entanto, a experiência foi importantíssima, pois gerou um aprendizado fundamental para as próximas edições do projeto. Apesar da pouca adesão, o projeto funcionou para mim, pois orientei o meu voto em 2010 com as informações obtidas no ‘Ficha Pública’.

Em 2011, tive conhecimento do programa Estágio-visita oferecido pela Câmara dos Deputados. Queria participar do programa, mas não conhecia nenhum deputado para me indicar. Não deixei que isso fosse um impedimento. Entrei em contato com vários deputados, perguntando se alguém poderia me indicar, até que o deputado Paulo Teixeira aceitou.

O Estágio-visita proporcionou-me outra perspectiva da Câmara dos De-putados. Esta mudança de perspec-tiva operou-se de três maneiras. Em primeiro lugar, foi possível compreen-der como o Poder Legislativo funciona na prática. Segundo, ao contrário da imagem de corrupção normalmen-te associada à Câmara, a experiência no Estágio visita mostrou-me quanto trabalho é empenhado para o funcio-namento da instituição. Não apenas foi possível conhecer melhor os traba-lhos dos deputados, como também foi possível admirar alguns deles. Por fim (e mais importante), tive a impressão de que a Câmara é aberta aos cidadãos. Além do estágio-visita, a Câmara apresenta outros programas de responsabilidade social. O próprio site da Câmara com a disponibilidade de tanta informação reflete o com-promisso com a transparência e com essa abertura para a sociedade.

O Estágio-visita ainda procura es-timular iniciativas de difusão de conhe-cimentos e práticas democráticas. O projeto Ficha Pública é um exemplo de uma iniciativa nesse sentido, na me-dida em que proporciona a troca de in-formações entre o eleitor e o candidato.

A experiência do Estágio-visita me estimulou a retomar o projeto em 2012, pois reforçou a visão de que a aproximação entre eleitores e eleitos é importantíssima. Nestas eleições, o portal terá como foco os candidatos a vereador da cidade de São Paulo. Novamente, o meu

Rafael Romão de Freitas

“O próprio site da Câmara com a disponibilidade de tanta informação reflete o compromisso com a transparência e

com essa abertura para a sociedade”

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w w w . c a m a r a . g o v . b r / e d u l e g i s l a t i v a 2 7

protagoni smo

papel será realizar o diálogo com os partidos, de modo a divulgar o site e conseguir adesão. Algumas mu-danças foram pensadas. Em vez de perguntas abertas para o candidato responder como quiser, optamos por questões de alternativas. Além disso, as perguntas serão temáticas (saúde, educação, transporte, moradia, etc.)

Além da ‘Ficha Pública’, aproximei-me de outra iniciativa relacionada às eleições municipais de 2012. Pensada pelos coordenadores do site Cidade Democrática - www.cidadedemo-cratica.org.br, o projeto tem a intenção de envolver a comunidade acadêmica da Universidade de São Paulo (USP) no processo eleitoral. A ideia é que os alunos das diversas Faculdades apre-sentem propostas para a cidade de São Paulo. Por meio de uma votação online da qual participarão os estudantes da USP, serão selecionadas as melhores propostas, as quais serão apresentadas aos candidatos a prefeito. A ideia é que o Centro Acadêmico XI de Agosto co-labore com a coordenação do projeto.

Ambos os projetos [Ficha pública e Cidade Democrática] ainda serão desenvolvidos ao longo do ano. Atual-mente, participo da matéria de cultura e extensão Clínica de Direitos Humanos Luiz Gama, associada ao Centro Aca-dêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito da USP. A ideia de uma clínica jurídica é trazer a prática para dentro do aprendizado do direito. A prática é acompanhada por um professor e está constantemente sujeita à reflexão. A

Luiz Gama tem como atividade prática a Ouvidoria Comunitária da População em Situação de Rua, criada em parceria com diversos atores que trabalham com a população de rua como, por exemplo, o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR).

Na Ouvidoria Comunitária, os alu-nos recebem denúncias de violação aos direitos da população de rua e buscam sistematizar os relatos coletivamente, para que eles possam ser utilizados como base para a discussão acerca da política para a população de rua. Em março de 2012, os alunos publicaram o segundo relatório da Ouvidoria Comu-nitária. Periodicamente, os alunos tam-bém publicam boletins informativos com os principais problemas relatados - www.luizgama.wordpress.com

Em 2012, a Clínica de Direitos Hu-manos Luiz Gama ocupou um espaço no Conselho de Monitoramento da Política de Direitos das Pessoas em Si-tuação de Rua na Cidade de São Pau-lo, instituído por decreto municipal (Decreto 43.277/2003). O Conselho é composto por associações civis de direitos humanos, representantes das pessoas em situação de rua, repre-sentantes das secretarias municipais, dentre outros. Com o auxílio dos coordenadores e de colegas, eu tenho sido responsável pela atuação da Luiz Gama no Conselho. Mas de que modo a experiência no Estágio-visita contribuiu para mim nesta atividade?

A Luiz Gama representa no Con-selho parte da sociedade civil que

trabalha com direitos humanos. Além disso, os alunos da Luiz Gama também trabalham como ouvidores comunitá-rios. Como não poderia deixar de ser, a Ouvidoria Comunitária, como parceira do MNPR, reivindica a garantia dos di-reitos da população em situação de rua (Existe uma Lei de Atenção à População de Rua em São Paulo: Lei 12. 316/1997). O Estágio-visita mostrou que uma pers-pectiva interna do poder público pode alterar a concepção que temos das pessoas que lá trabalham. No Conselho de Monitoramento, algumas pessoas que representam o governo realmente estão empenhadas por mudança e por estabelecer o diálogo. Muitas críticas podem ser dirigidas à política para a população de rua na cidade de São Paulo. Apesar disso, mesmo nas condi-ções mais adversas, há algumas pessoas representantes do governo que procu-ram desempenhar um bom trabalho e que estão abertas ao diálogo. Assim, no Conselho de monitoramento, é possí-vel estabelecer este diálogo e buscar soluções em conjunto.

O Estágio-visita atenta para o perigo da generalização e pretende valorizar as práticas democráticas, a difusão de conhecimentos e a abertura para o diálogo. São estes os valores que eu levo para contribuir com projetos como o Ficha Pública, o Cidade Democrática ou para dis-cutir com pessoas do poder público abertas ao diálogo e dedicadas à con-cretização dos direitos da população em situação de rua.

“O Estágio-visita atenta para o perigo da generalização e pretende valorizar as práticas democráticas, a difusão de conhecimentos e a abertura para o diálogo. São estes os valores que eu levo para contribuir com projetos como o Ficha Pública”

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m anual

Legal, você está inscrito no Estágio-Visita de Curta Duração da Câmara dos Deputados! Durante cinco dias você irá respirar os ares da política e da democracia no Congresso Nacional. Nosso objetivo nesses cinco dias será mostrar a você qual o papel da Câmara dos De-putados, como funciona o processo legislativo e como é a rotina dentro do Parlamento. Para quem ainda não conhece, também será uma ótima oportunidade para conhecer Brasília. Uma cidade totalmente construída com ideias modernistas, que recebeu o título de Patri-mônio Cultural da Humanidade, em 1987, pela UNESCO.

Para saber mais sobre o Programa Estágio-Visita e conhecer o regulamento acesse: www.camara.gov.br/edulegislativa.

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m anual

grUpO

Você fará parte de um grupo de 50 universitários de cursos, culturas e hábitos diversos, vindos de várias regiões do país.

Venha disposto a conviver com a diversidade, a trocar experiências e a refletir sobre seu papel como cidadão brasileiro!

prOgrAmAçãO

A programação foi concebida para que você tenha a oportunidade de observar de perto o funcionamento do Parlamento. Para isso, será ne-cessário conhecer um pouco sobre o processo legislativo e os principais órgãos envolvidos. Além disso, você saberá como participar e contribuir com as atividades parlamentares, co-nhecendo alguns dos mecanismos de participação do cidadão na Câmara dos Deputados.

Seguem algumas atividades desen-volvidas durante a semana do estágio.

Atividades

palestras• Processo Legislativo;• O papel institucional da Câmara no

Estado Brasileiro;• Eleições proporcionais;• História da concepção arquitetôni-

ca de Brasília e de seus edifícios;• E-democracia.

Oficinas• “Juventude e Democracia”;• Simulação das Comissões;• Debate: O discurso da mídia.

Visitas• Câmara do Deputados e Senado;• Plenário da Câmara dos Deputados;• Plenários das Comissões;• Gabinete do Parlamentar respon-

sável pela indicação do estudante;• Supremo Tribunal Federal;• Tour Cívico-Administrativo.

mAtEriAl

Parte do material referente às pales-tras ministradas estará disponível no site da Câmara. Acesse www.camara.gov.br/edulegislativa

trAjE

Para os homens, é exigido o uso de paletó e gravata para transitar em al-gumas dependências da Câmara; para as mulheres, apenas um traje compa-tível com a formalidade do ambiente (o uso de calça é permitido). Não é permitido o uso de shorts, camisetas e blusas sem mangas ou alças.

O uso de traje esporte é autorizado apenas durante o período de recesso ou nos dias em que não se realizem sessões na Casa.

Na sexta-feira é permitido o uso de traje esporte, lembrando que é proibi-da, em qualquer hipótese, a entrada de pessoas com bermudas, shorts, camisetas sem manga ou qualquer outro vestuário incompatível com a dignidade do Órgão.

Procure usar sapatos confortáveis e baixos, porque haverá algumas cami-nhadas extensas.

É indispensável o uso do crachá do programa para transitar nas depen-dências da Câmara dos Deputados.

Também está prevista uma visita ao Supremo Tribunal Federal, onde é exigido terno e gravata para os homens e para as mulheres calça social com-prida, saia ou vestido com blazer de manga longa (o blazer é obrigatório).

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m anual

barbearIaAnexo IV . Subsolo . . . . . . . 3216 4280

correIos e telégrafos Anexo IV . Térreo . . . . . . . . 3216 9840

telefones ÚteisdIretorIa-geral | Thaís Lucena. . . . . . . . . . . . . . 9649 1301 / 3216 2035coede/cefor — Coordenação de Educação para a Democracia . . . . . . . . . . . . . . 3216 7619 / 3216 7618

segUnda-secretarIa. . . . . . . . . . . . . . 3215 8163 / 3215 8166

enaP. . . . . . . . 2020 3212 / 2020 3213aeroPorto . . . . . . . . . . . 3364 9000rodoferrovIárIa. . . . 3363 2281

rádio táxi

Rádio Táxi Brasília . . . . . . . . 3323 3030 Rádio Táxi Maranata . . . . . 3323 3900Rádio Táxi Alvorada . . . . . . 3224 5050COOBRAS . . . . . . . . . . . . . . . 3224 1000Brasília Rádio Táxi . . . . . . . . 3223 1000

Táxi Brasília . . . . . . . . . . . . . . 3224 7474Divirta-se

Os sites abaixo informam a programa-ção cultural de Brasília:

• www.correiobraziliense.com.br/divirtase

• www.agitosbsb.com.br• www.candango.com.br• www.deboa.com

Para a hospedagem dos alunos par-ticipantes do programa, a Câmara firmou convênio com a Fundação Escola Nacional de Administração Pú-blica (ENAP). A hospedagem se inicia após às 12h do domingo e termina, impreterivelmente, às 9h do sábado.

É fundamental que o regulamen-to do alojamento, que está disponível nos quartos, seja observado. Vale res-saltar a necessidade de se manter silêncio após as 22h, não sendo per-mitido utilizar o hall ou os quartos para confraternizações.

O traslado entre o local da chegada e da partida (aeroporto/rodoviária) e o local da hospedagem é de res-ponsabilidade do estagiário. Assim, é importante verificar com cuidado o local da sua hospedagem.

Durante a semana, é oferecido transporte da ENAP até a Câmara e, ao final das atividades, da Câmara à ENAP.

O transporte sai diariamente às 7h30 e retorna por volta das 19h30.

Fique atento aos horários. Seu atra-so deixará outros colegas esperando!

Em caso de emergência médica, o estagiário pode ser atendido no Depar-tamento Médico, situado no Anexo III. Caso seja necessário, procure um dos servidores responsáveis pelo programa.

Nas dependências da Câmara dos Deputados existem alguns serviços que podem ser úteis a você.

Agências de passagens AéreasGOL . . . . . . . . . . Anexo IV | 3216 9966AVIANÇA . . . . Anexo IV | 3216 9946TAM . . . . . . . . . Anexo IV | 3216 9955WEBJET . . . . . . . Anexo IV | 3216 9960TRIPS . . . . . . . . . . Anexo II | 3216 9975

Bancosbanco do brasIl s.a. Central de Atendimento . . . 4004 0001Ed. Principal . . . . . . . . . . . . . 3321 9589Anexo IV . . . . . . . . . . . . . . . . 3216 9865

caIXa econÔmIca federal Central de Atendimento . .0800 7260104Ed. Principal . . . . . . . . . . . . . 3216-9850 Anexo IV . . . . . . . . . . . . . . . . 3216-9846

Serviços geraisrestaUrantesAnexo III . Subsolo | Anexo IV . 10º Andar | CEFOR . Complexo Avançado — Setor de Garagens Ministeriais

lanchonetesSalão Verde | Anexo I | Anexo III | Edifício Principal | Torteria — Anexo IV | CEFOR . Complexo Avançado

banca de jornaIs/lIvrarIa Anexo IV . Térreo . . . . . . . . 3216 9970Ed. Principal . Chapelaria . . . .3216 9971

bIblIoteca Anexo II . . . . . . . . . . . . . . . . . 3216 5780

farmácIaAnexo II . . . . . 3216 9817 / 3216 9821

SErViçOS DiSpONÍVEiShOSpEDAgEm

trANSpOrtE

EmErgêNCiA

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