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Avaliação da Classe 5 da coleção da biblioteca da Escola Secundária du Bocage A professora bibliotecária, Dulce Gomes

Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

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Avaliação da classe 5

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Avaliação da Classe 5 da coleção da biblioteca da Escola

Secundária du Bocage

A professora bibliotecária,

Dulce Gomes

Page 2: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

2

Índice

Índice de tabelas ..........................................................................................................................3

Introdução ....................................................................................................................................4

Metodologia .................................................................................................................................5

A biblioteca ..................................................................................................................................5

A coleção ......................................................................................................................................7

A classe 5 ....................................................................................................................................11

Processos de análise ..................................................................................................................12

Análise crítica aos resultados .....................................................................................................21

Bibliografia .................................................................................................................................24

Page 3: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

3

Índice de tabelas

Tabela 1 - Tipologia dos documentos ............................................................... 9

Tabela 2 - Distribuição das monografias segundo a CDU ................................. 9

Tabela 3 - Distribuição da coleção digital segundo a CDU .............................. 10

Tabela 4 - Taxas de rotação (empréstimos presenciais, domiciliários e para

sala de aula) ................................................................................................... 10

Tabela 5 - Taxa de renovação da coleção ...................................................... 10

Tabela 6 - Classe 5 e subclasses - Distribuição dos documentos por tipologia 13

Tabela 7 - Mapeamento da classe 5 ............................................................... 14

Tabela 8 - Distribuição de títulos e aplicações consultadas com a respetiva

articulação curricular ....................................................................................... 15

Tabela 9 - Comparação entre as requisições da coleção e da classe 5 .......... 16

Tabela 10 - Taxas de rotação, de renovação e de eliminação ........................ 16

Tabela 11 - Identificação dos pontos fortes e fracos da classe 5 .................... 22

Page 4: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

4

Introdução

Com este trabalho pretendemos dar cumprimento ao estipulado na

Política de Desenvolvimento da Coleção da Escola Secundária du Bocage

(Setúbal) e que consiste na realização da avaliação da coleção. A nossa

inexperiência nesta matéria ditou-nos que seria prudente começar por uma

parte que nos possibilitasse o conhecimento e o domínio das técnicas e

métodos a estender e aplicar, mais tarde, a toda a coleção. Este trabalho

centra--se, por isso, na avaliação da classe 5 da coleção da biblioteca escolar

coordenada pela professora bibliotecária em funções.

Avaliar a coleção não é uma prática instituída pela Rede de Bibliotecas

Escolares (RBE), apesar de ser referida como um processo a realizar e estar

prevista na Política de Desenvolvimento da Coleção. Contudo, esta prática não

encontra eco nas bibliotecas do município a que esta biblioteca pertence, pelo

que a realização deste trabalho contou essencialmente com o estudo teórico

dos recursos disponibilizados pela Rede de Bibliotecas Escolares, bem como

de outras leituras complementares que lhe serviram de suporte, que permitiram

conhecer os métodos e processos preconizados para esta tarefa pelos

investigadores especializados na matéria em estudo.

Neste âmbito, numa primeira fase, procedemos à caracterização da

escola e da biblioteca onde está sediada a coleção e à definição do perfil dos

seus utilizadores. Seguidamente, encetámos um processo de inventariação dos

documentos que constituem as classes e subclasses da coleção, para termos

uma perspetiva das relações que estas estabelecem entre si. Posteriormente,

fizemos contagens parciais das subclasses, comparámos as existências com

listas temáticas, verificámos a articulação curricular, definimos taxas de

rotação, de renovação e de eliminação, auscultámos utilizadores e, finalmente,

tomámos decisões quanto à conservação e restauro, ao abate e às aquisições.

Nas considerações finais, apresentamos algumas propostas quanto ao

investimento, à melhoria da taxa de rotação, à divulgação e à otimização dos

recursos existentes.

Page 5: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

5

Metodologia

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho é de ordem

quantitativa e qualitativa. Para a realização de estatísticas foram utilizadas

folhas de Excel e formulários do Google Docs que devolveram os resultados

em percentagens ou em gráficos. Este processo de recolha e armazenamento

de informação é extremamente válido e permite-nos confirmar muita

informação que conhecíamos de forma intuitiva. Paralelamente, recorremos à

apreciação qualitativa quando nos detivemos na observação atenta dos

documentos para verificar a sua atualidade científica, as prováveis articulações

curriculares, a seleção e escolha para restauro e os exemplares que serão

eliminados.

A biblioteca

A Escola Secundária du Bocage e a sua biblioteca estão focadas no

cumprimento da sua missão, que consiste em elevar o sucesso pessoal e

académico dos alunos. Dando igualmente cumprimento às coordenadas da

American Library Association (ALA), a biblioteca assume-se como um serviço

formativo e pedagógico, que disponibiliza conteúdos informacionais que vão ao

encontro das necessidades dos seus utilizadores. A sua principal vocação

centra-se na dinamização de atividades de promoção da leitura e na

construção e desenvolvimento de projetos de articulação curricular com os

diferentes grupos disciplinares, de forma a dar apoio ao trabalho desenvolvido

em sala de aula e aos alunos que se deslocam, em grupo ou individualmente, à

biblioteca.

Tendo definido, em 2012, uma Política de Desenvolvimento da Coleção,

a biblioteca desenvolve um trabalho de planificação da política de aquisições e

de avaliação da coleção, que agora executa faseadamente. O principal objetivo

é conhecer detalhadamente a coleção, que cresce e envelhece, e fazer opções

documentadas, com informação precisa sobre o que se tem, o que se precisa e

o que se pode ter para assegurar a sua dinamização e renovação.

Page 6: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

6

A biblioteca da Escola Secundária du Bocage está integrada no espaço

escolar da Escola Secundária com 3º ciclo, com o mesmo nome, e serve,

atualmente, uma população com cerca de 1400 alunos (47 turmas), 110

professores e 24 funcionários. Trata-se de uma escola não agrupada, com

contrato de autonomia e com protocolos firmados entre as escolas do ensino

articulado da música da cidade e o estabelecimento prisional de Setúbal. A

escola foi fundada em 1949, com uma construção típica dos antigos liceus,

sediada na freguesia de S. Julião, numa zona urbana central da cidade de

Setúbal, cuja população residente pertence a um nível socioeconómico médio-

alto, manifestando um forte sentimento de pertença à escola e com elevadas

expectativas em relação à formação dos educandos. A oferta formativa do

ensino secundário incide maioritariamente sobre os cursos científico-

humanísticos.

O espaço inicial destinado à biblioteca está localizado no 1º andar do

edifício e foi ampliado em 1993, com a integração de um corredor, onde

atualmente está localizada a coleção de livre acesso e a zona de atendimento.

Dispõe de serviços em linha: email, moodle, blogue e perfil de Facebook.

Faculta o acesso ao catálogo em linha, não totalmente atualizado, em 15

postos de acesso informático com ligação à Internet, equipamento vídeo e

áudio, além de estar organizada em áreas funcionais. A biblioteca funciona em

horário contínuo, desde as 8:30 às 18:30, cobrindo todo o horário letivo, e

desenvolve, esporadicamente, atividades após este horário, em função das

necessidades dos utentes, ou atividades que envolvam outros membros da

comunidade educativa. Durante as interrupções letivas, a biblioteca funciona

com o mesmo horário, encerrando apenas em agosto.

A biblioteca conta, desde há quatro anos, com bibliotecários com

formação especializada na área da biblioteconomia e possui os documentos

essenciais à gestão e organização, tais como: o regulamento interno, a política

de desenvolvimento da coleção, o conteúdo funcional da equipa, o plano anual

de atividades e o plano de melhoria. Faz parte da RBE desde o ano 2000. A

atual equipa da biblioteca é constituída pela professora bibliotecária, que

leciona uma turma e dá apoio à biblioteca do estabelecimento prisional; três

docentes, um de cada departamento disciplinar, com um total de 35 tempos

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7

letivos; e duas funcionárias, ambas a tempo inteiro. Todos os elementos da

equipa têm formação específica na área das bibliotecas, ainda que não seja a

suficiente. Hoje, este espaço é reconhecido como um espaço dinâmico, de

acesso ao conhecimento, de articulação curricular, de lazer e de convívio. O

documento “Política de Desenvolvimento da Coleção”, que estará em vigor até

ao ano letivo 2015/2016, apresenta, no preâmbulo, a missão e os objetivos da

biblioteca, bem como a sua articulação com os objetivos do projeto educativo e

o projeto curricular de escola. A Direção da escola colabora frequentemente

nas atividades promovidas pelo serviço e apoia pedagógica e financeiramente

todas as iniciativas, difundindo e dando visibilidade ao trabalho que aí se

desenvolve, junto dos seus parceiros, da comunidade educativa e na página

web da escola. A afetação de um professor informático ao serviço ajudou

significativamente a manter e a melhorar o serviço de atendimento aos

utilizadores.

A coleção

Segundo a ALA, a avaliação da coleção corresponde a um conjunto de

estudos e operações que a biblioteca desenvolve para comprovar até que

ponto a mesma responde às necessidades dos seus utilizadores. Kay Bishop

(2007:141) defende que este procedimento deve constar da Política de

Desenvolvimento da Coleção e basear-se na forma como a coleção responde

às necessidades dos utilizadores. Massísimo e Boado (2002) reforçam

igualmente esse aspeto e colocam a ênfase nos elementos que configuram a

informação, destacando os pontos fracos e fortes que permitirão tomar

decisões mais adequadas, com o propósito de rentabilizar os recursos durante

o seu ciclo de vida.

Considerámos, igualmente, a informação constante da norma ISO 11620,

de 2004, que marca um passo decisivo na avaliação das bibliotecas. A sua

principal função reside na construção e implementação do processo regular de

avaliação, no âmbito dos serviços de informação prestados aos utilizadores. A

uniformização de procedimentos é feita pela adoção de uma terminologia

Page 8: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

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normalizada, no plano da descrição dos serviços ou atividades medidas, e de

indicadores de desempenho, enfatizando as questões da eficácia e da

eficiência. Carbone (1998) defende a integração desses indicadores na prática

regular da planificação e da avaliação, contando com a participação de todos

os envolvidos no processo e tendo por base a política de desenvolvimento da

biblioteca.

Conhecer e avaliar uma subclasse de determinada coleção permitir-nos-

-á obter informação quantitativa e qualitativa para a consciente tomada de

decisões relativamente à aquisição, ao desbaste e a outros aspetos que se

revistam de interesse e visem a otimização da mesma. Em suma, porque

consideramos que é essencial atender às necessidades dos nossos

utilizadores e queremos otimizar ao máximo os recursos materiais e

financeiros, decidimos encetar este processo e, deste modo, aprender a

realizar uma avaliação parcial da coleção.

De acordo com a definição proposta pela RBE, a coleção corresponde

ao “conjunto de recursos documentais da biblioteca escolar, em diferentes

suportes (livro, não livro e documentação em linha), geridos por esta e de

acesso local ou remoto.” (2008:2). Cientes da abrangência desta definição e da

sugerida por Kay Bishop (2007:1) “a media center collection is defined as a

group of information sources (print, nonprint, and electronic) selected and

managed by the media specialist for a defined user community (students,

faculty, and sometimes parents in a school).”, propusemo-nos estudar apenas a

dimensão tangível da coleção, uma vez que ainda não dispomos de meios

técnicos nem de formação específica para organizar e disponibilizar a

componente digital e online da nossa coleção. Nos termos do documento

“Gestão e organização da coleção digital” da RBE, listámos para a classe em

análise os recursos digitais que compreendem software para Ipad e os ebooks.

Começámos por recolher os dados gerais da coleção para depois nos

centrarmos nos aspetos que serão alvo de um estudo mais particularizado e

atento. A biblioteca da Escola Secundária du Bocage possui um fundo

documental em livre acesso totalmente registado, classificado e etiquetado. Em

reserva, está o fundo antigo que foi tratado tecnicamente por uma funcionária

especializada da Biblioteca Municipal de Setúbal. De acordo com o mais

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9

recente inventário, realizado em maio de 2014, existem 12 498 documentos,

que estão distribuídos da seguinte forma, na tabela 1:

Tipologia do documento Quantidade Percentagem

Cassetes VHS 0 0%

CD-Áudio 228 2%

CD-ROM 153 1%

Documentos/aplicações em formato digital

(ebooks, aplicações para Ipad)

174 1%

DVD 373 3%

Publicações periódicas 3 0%

Monografias 4581 37%

Monografias em reserva e livro antigo 7000 56%

Total 12498 100%

Tabela 1 - Tipologia dos documentos

Pela informação constante na tabela 1, verifica-se que 93% da coleção

corresponde a material livro, denotando um fraco reforço ao nível do material

não livro e digital.

As monografias, constantes da tabela 2, distribuem-se da seguinte

forma, de acordo com a classificação CDU:

Classes da CDU Quantidade Percentagem

0.Generalidades 243 5%

1.Filosofia 372 8%

2.Religião 32 0%

3.Ciências Sociais 329 7%

5.Ciências Puras/Matemática/Ciências

Naturais

359 8%

6.Ciências Aplicadas /Medicina/Tecnologias 121 3%

7.Arte/Desporto 462 10%

8.Língua/Linguística/Literatura 2170 47%

9.Biografia/Geografia/História/Fundo local 493 11%

Tabela 2 - Distribuição das monografias segundo a CDU

A coleção digital, apresentada na tabela 3, constituída por DVD’s,

aplicações para Ipad e ebooks, distribui-se da seguinte forma, de acordo com a

classificação CDU:

Classes da CDU Quantidade Percentagem

0.Generalidades 17 0%

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10

1.Filosofia 0 0%

2.Religião 0 0%

3.Ciências Sociais 0 0%

5.Ciências Puras/Matemática/Ciências

Naturais

120 32%

6.Ciências Aplicadas/Medicina/Tecnologias 8 5%

7.Arte/Desporto 0 0%

8.Língua/Linguística/Literatura 392 57%

9.Biografia/Geografia/História/Fundo local 10 6%

Total 547 100%

Tabela 3 - Distribuição da coleção digital segundo a CDU

A coleção digital é bastante recente, tendo em conta a idade geral da

coleção, e a proveniência do material é diversa. Os DVD’s têm sido adquiridos

ou doados desde há cerca de dez anos. As aplicações para os Ipads, bem

como os suportes de leitura, foram adquiridos no âmbito de um projeto

financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 2012, intitulado “V@mos

Ler Ciênci@”. Por sua vez, os ebooks foram quase todos obtidos online, de

forma gratuita, uma vez que são textos que se encontram no domínio público.

Os idiomas que prevalecem são o Português e o Inglês.

Relativamente à utilização da coleção, no ano letivo 2013/2014,

apurámos os dados referentes às requisições, que figuram na tabela 4,

considerando que temos 6 000 documentos disponíveis para requisição:

Nº de requisições domiciliárias

Taxa de rotação

Nº de requisições presenciais

Taxa de rotação

Nº de requisições p/sala de aula

Taxa de rotação

1014 16,9% 1065 8,31% 1091 8,51%

Tabela 4 - Taxas de rotação (empréstimos presenciais, domiciliários e para sala de aula)

O total de livros que deram entrada na coleção (adquiridos, doados,

financiados por projetos) constam da tabela 5 e correspondem a uma taxa de

renovação de 5,2%.

Nº de entradas Taxa de renovação

342 5,2%

Tabela 5 - Taxa de renovação da coleção

Page 11: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

11

A classe 5

Quando nos propusemos realizar esta tarefa, refletimos bastante sobre

qual seria a classe ou subclasse que iria merecer a nossa análise e

procedemos ao levantamento dos argumentos que melhor poderiam justificar a

sua escolha e que passamos a elencar:

1. Número muito significativo de utilizadores:

- 24 turmas do ensino básico: 100% dos alunos do ensino básico, nas

disciplinas de Matemática, Ciências Naturais, Físico-Química e a oferta

complementar de Literacia Científica, no 9º ano; e

- 12 turmas do ensino secundário, do Curso Científico-Humanístico: 50%

dos alunos – 10º, 11º e 12º anos, nas disciplinas de Matemática, Físico-

-Química A, Biologia e Física.

2. Perfil dos utilizadores:

- Grupo disciplinar proactivo, que faz recorrentemente articulação

curricular com a biblioteca, envolvendo-se em projetos internos e

externos, em parceria com o Plano Nacional de Leitura e a RBE (“Ler

Ciênci@”, “Newton gostava de ler” e “Dormir + para ler melhor”) e com

organizações parceiras, tais como a Fundação Calouste Gulbenkian, a

Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Nova de Lisboa, e

o Instituto Politécnico de Setúbal.

3. Articulação curricular:

- desenvolvimento de iniciativas no domínio científico, que envolvem a

maioria das turmas, com a realização da “Semana das Ciências” e

frequentes exposições sobre temas e leituras de caráter científico;

- elevado número de atividades articuladas entre o grupo de Ciências

Naturais e Biologia/Geologia e a biblioteca;

- manifesta preocupação com a atualização científica dos conteúdos e

dos formatos a disponibilizar; e

Page 12: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

12

- interesse em possuir os documentos constantes na lista de sugestões

de leitura de temas de caráter científico.

4. Pressupostos técnico-logísticos:

- atualização do rácio proposto pela International Federation

of Library Associations (IFLA): 60% do fundo documental deve

corresponder a recursos de não ficção relacionados com o currículo;

- atualização dos dados relativos ao número de documentos por aluno,

considerando que na última avaliação, em 2012, existiam apenas 4

documentos por aluno. Este rácio considera apenas os documentos que

se encontram em livre acesso, uma vez que o fundo em reserva é

demasiado antigo e carece, na grande maioria, de tratamento técnico.

Os argumentos aduzidos para a nossa escolha vão ao encontro

das questões orientadoras apresentadas por Kay Bishop (2007:141-142)

sobre as razões que justificam e devem orientar a realização de uma

avaliação da coleção: “ Before beginning an evaluation project, one must

identify what information to collect, how to record it, how to analyse it,

how to use it, and with whom to share it and why.”

Processos de análise

Por sugestão da investigadora Kay Bishop (2007:144-155),

relativamente às técnicas para medir a coleção, a escolha ajustada à avaliação

da nossa coleção incidiu sobre:

- o uso de estatísticas sobre: os documentos existentes, o idioma, a idade da

coleção, os documentos adquiridos, as requisições domiciliárias/sala de aula e

a articulação curricular;

- o exame direto ao estado físico da coleção para avaliar a idade, a atualidade

do conteúdo, a qualidade e o estado de conservação;

- a comparação de listas de livros recomendados pelo PNL para leitura

autónoma de temas científicos;

- a auscultação dos utilizadores relativamente aos recursos disponíveis; e

- a definição de taxas de rotação, de renovação e de eliminação.

Page 13: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

13

Começámos por efetuar a contagem dos documentos existentes em

cada subclasse e por tipologia. Na tabela 6, indicamos o total de documentos

por tipologia da classe 5.

Subclasses da classe 5 Livros

Classe 5 DVD’s

Classe 5 Aplicações

50 61

51 52

52 19

53 54

54 19

55 18

56 1

57 83

58 30

59 22

359 64 56

75%

13%

12%

Total=479

100%

Tabela 6 - Classe 5 e subclasses - Distribuição dos documentos por tipologia

Pela análise da tabela 6, constatamos que prevalece a existência de

documentos-livros (75%), existindo um fraco investimento noutros formatos.

Seguidamente, procedemos ao mapeamento da classe 5, tabela 7:

Média de idade das subclasses da classe 5

Documento livro

Idade

50 2000 14

51 1990 24

52 1995 19

53 1986 18

54 1993 21

55 1990 24

56 1998 16

Page 14: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

14

57 1992 22

58 1986 18

59 1992 22

Total de livros= 359 Nº de livros por estudante= 4 Média de idade= 1992

Tabela 7 - Mapeamento da classe 5

A observação atenta da tabela 7 permite-nos concluir que a subclasse

50 possui um acervo mais atualizado, facto que decorre do maior investimento

financeiro com as verbas afetadas pelos projetos e pela dinâmica que

carateriza o grupo disciplinar que mais articula com a biblioteca. Conforme

refere Bishop (2007:156), este tipo de mapeamento permite obter uma leitura

rápida e de fácil interpretação das suas fraquezas e potencialidades, bem como

indicar áreas prioritárias de intervenção.

Ao comparar a lista de livros (25 títulos) recomendados pelo PNL (julho

2012) para leitura autónoma sobre temas de caráter científico, verifica-se que a

classe 5 detém apenas 13 títulos (52%) do referido material.

Durante o ano transato, a verba atribuída pela Direção serviu

essencialmente para cobrir as necessidades relativas à generalidade da

coleção e, na classe 5, a maioria dos livros adquiridos foi feita com a verba

atribuída pelo PLN no âmbito do projeto “Dormir + para ler melhor”, tendo dado

entrada 25 livros e 4 revistas especializadas para a classe 5. O restante

material entrou para as classes 6 e 8. No presente ano letivo, não foi feito

nenhum investimento em material digital na classe 5.

Pelo exame direto à classe 5, constata-se que a maioria dos livros é

graficamente pouco apelativa, alguns conteúdos científicos estão

desatualizados e vários livros apresentam um aspeto envelhecido e antiquado,

sobretudo no que se refere às ilustrações e às fotografias. Podemos afirmar

que o estado físico da classe 5 é de qualidade média, uma vez que há uma

grande preocupação em conservar os livros.

Na sequência desta análise direta, foram reservados 25 livros para

restauro e 13 para abate. Nesta seleção, há livros que estão desatualizados do

ponto de vista científico e outros estão muito degradados, pelo que serão

Page 15: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

15

eliminados. Alguns dos que serão eliminados já os substituímos por edições

mais recentes.

Um outro aspeto que merece particular destaque é o estudo da

articulação curricular entre as subclasses, os níveis de ensino e os documentos

consultados. Até ao momento, não foi possível realizar o estudo de todas as

prováveis articulações com a Matemática, a Físico-Química e Física e Química

A e a Física. A oferta complementar de escola intitulada Literacia Científica

desenvolve muitos trabalhos de pesquisa na biblioteca, daí ser possível

proceder ao registo das obras requisitadas. Os Ipads só são requisitados

localmente e foram especialmente utilizados durante a realização da “Semana

das Ciências”.

Articulação curricular Número de títulos consultados

Número de aplicações Ipad consultadas

Ciências Naturais 7º 19 Transversal

8º 16 Transversal

9º 3 Transversal Biologia e Geologia 10 61 14

11º 40 Transversal

Biologia 12º 4 Transversal

Matemática 7º Sem dados Transversal 8º Sem dados Transversal

9º Sem dados Transversal

10º Sem dados Transversal

11º Sem dados Transversal 12º Sem dados Transversal

Físico-Química 7º Sem dados Transversal

8º Sem dados Transversal

9º Sem dados Transversal Física e Química A 10º Sem dados 17

11º Sem dados Transversal

Física 12º Sem dados 3

Geral/Literacia Científica

--- 102 Sem dados

Tabela 8 - Distribuição de títulos e aplicações consultadas com a respetiva articulação curricular

O idioma predominante nos documentos livro é o Português e nas

aplicações para o Ipad é o Inglês.

Page 16: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

16

A intervenção seguinte residiu na recolha de dados sobre a comparação

do número de requisições domiciliárias de livros da coleção em geral e das

requisições domiciliárias de livros relativas à classe 5 (tabela 9). Verifica-se que

a taxa de requisições da classe 5 é um pouco inferior à da coleção em geral,

sabendo-se que é uma das mais altas, comparando com outras classes que

têm taxas muito inferiores, como por exemplo as classes 1 e 2.

Requisições domiciliárias da coleção e da classe 5

Ano Letivo

Requisições domiciliárias de livros (totalidade da coleção)

Requisições domiciliárias de livros da classe 5

Nº de requisições

Nº de utilizadores

Livros p/utilizador

Nº de requisições

Nº de utilizadores

Livros p/utilizador

2013/2014 2105 550 3,82% 234 102 2,29%

Tabela 9 - Comparação entre as requisições da coleção e da classe 5

O apuramento de dados sobre o número de requisições, de entradas de

livros e de propostas para desbaste (tabela 10) permite-nos definir taxas

relativas à rotação, renovação e eliminação, devolvendo informação objetiva

sobre estes aspetos tão importantes da coleção.

Classe 5

Ano Letivo Nº de

requisições Taxa de rotação

Nº de entradas

Taxa de renovação

Nº livros p/ desbaste

Taxa de eliminação

2013/2014 184 39% 25 5,2% 38 8%

Tabela 10 - Taxas de rotação, de renovação e de eliminação

A taxa de rotação da classe 5 é muito superior à taxa média de rotação

da generalidade das classes, à exceção da classe 8, que tem a taxa mais alta

de rotação: 52%.

Da auscultação efetuada a 41 alunos, no final do presente ano letivo, a

partir do questionário proposto pelo modelo de autoavaliação da biblioteca

escolar, em formulário do Google Docs, sobre os recursos da biblioteca, em

especial sobre a coleção, obtivemos os seguintes resultados:

Page 17: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

17

Recursos da biblioteca

Os livros e os recursos são adequados aos teus interesses e necessidades de

leitura e de aprendizagem

sim 37 90%

não 4 10%

Os recursos existentes na biblioteca ou que esta faz circular na tua escola

muito bom 7 17%

bom 15 37%

médio 17 41%

fraco 2 5%

Page 18: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

18

Obras de referência, de consulta e de apoio ao estudo (enciclopédias,

dicionários, obras didáticas, cadernos de atividades, provas de avaliação,…)

muito bom 8 20%

bom 20 49%

médio 11 27%

fraco 2 5%

Livros

muito bom 7 17%

bom 27 66%

médio 6 15%

fraco 1 2%

Page 19: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

19

Jornais e revistas

muito bom 8 20%

bom 14 34%

médio 15 37%

fraco 4 10%

Vídeos

muito bom 4 10%

bom 18 44%

médio 15 37%

fraco 4 10%

Page 20: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

20

Recursos digitais (Escola Virtual, Aula Digital, Software educativo, ebooks,

aplicações Ipad, vídeojogos,...)

muito bom 4 10%

bom 18 44%

médio 11 27%

fraco 8 20%

Informação organizada pela biblioteca, acessível através da Internet

muito bom 6 15%

bom 17 41%

médio 16 39%

fraco 2 5%

Page 21: Avaliação da classe 5 da coleção da BE da ESB

21

Os resultados obtidos nos questionários permitem-nos afirmar que o

grau de satisfação, por parte dos alunos, em relação aos recursos da biblioteca

é muito razoável. Colhem menos agrado os recursos digitais, que não estão

disponíveis para domicílio nem para a sala de aula. Estes recursos só podem

ser usados na biblioteca com a supervisão de um professor.

Da auscultação efetuada ao Departamento de Ciências e aos grupos

disciplinares representados nas subclasses da classe 5, recolhemos

informação sobre os recursos a adquirir e solicitações de formação na área da

literacia da informação.

Análise crítica aos resultados

Nesta rubrica, fazemos a identificação, com a clareza e objetividade

desejáveis, dos pontos fortes e fracos da classe 5 e registamos as principais

decisões que serão tomadas no início do próximo ano letivo.

Por ser a primeira vez que estamos a realizar este trabalho e não

dispormos de dados dos anos anteriores, não podemos fazer inferências sobre

metas e objetivos. Por outro lado, não temos um termo de comparação com

outras bibliotecas de perfil similar, facto que invalida uma apreciação que nos

permita posicionar-nos num nível desejável ou apontar estratégias de melhoria.

A nível internacional, há standards definidos para todo o tipo de bibliotecas que

nos podem guiar e assegurar um nível de desempenho que corresponda às

necessidades dos utilizadores, que contenha variedade de formatos e que

responda às listas de apoio bibliográfico das disciplinas e dos seus conteúdos

programáticos. Desconhecemos a definição desses parâmetros que nos

permitam balizar o nosso desempenho e esperamos contar com os resultados

dos próximos anos para fazermos comparações connosco próprios e

esperando que a avaliação da coleção se torne uma prática generalizada na

maioria das bibliotecas escolares. Não obstante a intuição que se tem quando

se trabalha quotidianamente numa biblioteca, a estatística mostra-nos que esta

classe tem uma elevada taxa de rotação, comparativamente com outras

classes, e que a idade e taxa de rotação também estão acima da média da

taxa de rotação global da coleção. A taxa de rotação poderia ser mais elevada,

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mas é condicionada pelo facto de os utilizadores pertencerem a um nível

socioeconómico elevado, que lhes permite adquirir muitos dos livros sugeridos,

ao invés de os requisitarem na biblioteca. A venda de livros na Feira do Livro

de Natal mostrou claramente essa opção.

Nesta perspetiva, considerámos que a classe 5 em análise tem uma

idade avançada (22 anos), embora a subclasse 51 esteja muito abaixo da

média de idade (14 anos). Este facto deve-se ao investimento realizado,

mediante a concretização de projetos, nos últimos dois anos, que contribuiu

decisivamente para a renovação/atualização de algumas subclasses. O estado

de conservação dos livros é médio e há uma preocupação com o seu restauro

e preservação. A realização sistemática de articulação curricular com o grupo

disciplinar de Ciências Naturais e Biologia e Geologia promove claramente o

aumento da taxa de rotação.

Ainda há alguma resistência ao desbaste, dado que não há muitas

verbas para rejuvenescer a classe, cujos livros são maioritariamente técnicos e

com preços elevados. Aposta-se na conservação e na atenção redobrada da

atualização do conteúdo científico, que é complementada com o acesso a

fontes eletrónicas em linha.

Sistematizamos na tabela 11 os pontos fortes e fracos da classe 5:

Classe 5

Pontos fortes Pontos fracos

Articulação curricular dos grupos de

Ciências/Biologia/Geologia

Idade

Desenvolvimento de projetos/participação em

concursos

Utilização dos recursos digitais

Financiamento suplementar através de

projetos

Articulação curricular dos grupos de

Matemática/Física/Química

Difusão do acervo documental (Catálogo,

Moodle, Facebook, Blogue)

Lista de obras recomendadas pelo PNL

Realização de iniciativas leitoras + sessões

experimentais

Desbaste limitado

Estado de conservação Subclasse 56 - Paleontologia

Rácio de livros por aluno (ALA/RBE)

Tabela 11 - Identificação dos pontos fortes e fracos da classe 5

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Elencamos, de seguida, as medidas que, em nosso entender, devem ser

implementadas ao nível da classe 5 no próximo ano letivo, tendo em vista a

sua conservação, renovação e otimização geral:

- proporcionar formação e divulgação dos recursos digitais, sobretudo

das aplicações dos Ipads;

- fomentar a articulação/colaboração dos grupos disciplinares de

Matemática/Física/Química;

- adquirir mais livros da lista sugerida pelo PNL, na área dos temas

científicos;

- continuar a apoiar o desenvolvimento de projetos;

- promover a divulgação dos recursos disponíveis;

- adquirir mais alguns títulos para a subclasse 56, que está muito

desequilibrada em relação às restantes; e

- realizar uma Feira do Livro Manuseado com os livros abatidos, cuja

verba reverterá para a aquisição de novidades de caráter científico e que

constam das sugestões apresentadas pelos professores e alunos.

Além disso, consideramos que devem ser implementadas medidas

complementares extensíveis a toda a coleção e que visam a sua

otimização, a saber:

- construir instrumentos/aplicações de recolha de informação sobre a

utilização da coleção em suporte digital;

- dedicar mais tempo à catalogação e proceder à catalogação dos

recursos digitais;

- iniciar o funcionamento do módulo de empréstimo Usewin; e

- criar códigos de barras para leitura ótica, de forma a obter registos

fidedignos e que agilizem a recolha de informação da utilização da

coleção.

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Gostaríamos de terminar este trabalho com um especial reconhecimento

pela oportunidade de realizar esta tarefa, que constituiu uma ocasião única

para conhecer detalhadamente esta classe da coleção e para reunir as

ferramentas, aplicar a metodologia e dominar os processos inerentes à

realização da avaliação de uma coleção.

Bibliografia

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