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ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM INOCULADOS COM ISOLADOS DE Bradyrhizobium CIRO IGOR TORRES SIZENANDO UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CAMPINA GRANDE - PB FEVEREIRO DE 2015

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ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM

INOCULADOS COM ISOLADOS DE Bradyrhizobium

CIRO IGOR TORRES SIZENANDO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CAMPINA GRANDE - PB

FEVEREIRO DE 2015

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ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM

INOCULADOS COM ISOLADOS DE Bradyrhizobium

CIRO IGOR TORRES SIZENANDO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Agrárias da

Universidade Estadual da Paraíba/

Embrapa Algodão, como parte das

exigências para obtenção do título de

Mestre em Ciências Agrárias/ Área de

Concentração: Biotecnologia e

Melhoramento Vegetal.

Orientadora: Profª. Drª. Roseane Cavalcanti dos Santos

Coorientadora: Profª. Drª. Liziane Maria de Lima

CAMPINA GRANDE – PB

FEVEREIRO, 2015

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ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM

INOCULADOS COM ISOLADOS DE Bradyrhizobium

CIRO IGOR TORRES SIZENANDO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Agrárias da

Universidade Estadual da Paraíba/

Embrapa Algodão, como parte das

exigências para obtenção do título de

Mestre em Ciências Agrárias/ Área de

Concentração: Biotecnologia e

Melhoramento Vegetal.

Aprovada em 12 de fevereiro de 2015

Banca Examinadora:

_________________________________________________________________________

Prof. Dr. Lucas Nunes da Luz (Melhoramento Vegetal), UFCA

Examinador Externo

____________________________________________________________________

Prof. Dr. Paulo Ivan Fernandes Junior (Ciência do solo), Embrapa Semiárido

Examinador

______________________________________________________________________

Profª. Dra. Liziane Maria de Lima (Biologia Molecular), Embrapa Algodão

Coorientadora

______________________________________________________________________

Profª. Dra. Roseane Cavalcanti dos Santos (Fitomelhoramento), Embrapa Algodão

Orientadora

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Aos meus pais Francisco Aires e Lígia Miranda e minha sobrinha Eulália Fernanda,

por serem a minha base e a razão da minha vida

Pela confiança e amor.

OFEREÇO

A Morganna Pollynne,

Pela confiança dedicada, pela força e coragem para seguir em frente.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por me guiar dando-me sabedoria e

discernimento para trilhar sempre o melhor caminho.

A Dra. Roseane Cavalcanti, pela oportunidade, orientação e todo conhecimento

repassado.

A Dra. Liziane Lima pela disponibilidade e receptividade no Laboratório de

Biotecnologia da Embrapa Algodão.

Ao Dr. Paulo Ivan Fernandes Júnior, da Embrapa Semiárido, pelo fornecimento

dos isolados de Bradyrhizobium e suporte na condução dos ensaios.

Ao Prof. Péricles de Albuquerque, da UFRPE, pelo apoio e receptividade no

Laboratório de Expressão Gênica.

Aos amigos Jean Pierre, Gerckson, Felipe Teles, Bel, Kaliny, Jaqueline, Yrlânea,

Iasodara, Sr. Ivaldo pelo apoio e amizade.

Aos amigos Antônio, Karen, Alice, Geise, Beto, Aline, Anselmo, Allison, Cézar,

Vandré, Milena, minha segunda família durante a estada em Campina Grande.

Aos colegas de Mestrado: Thiago, Isaias, Wellyson, Luanna, Adriana, Suzyane,

Ana Lígia, Gean, Ingredy, pelos momentos de estudo e aprendizado.

Toda minha gratidão e carinho aos professores: Carlos Henrique, Germano,

Alberto, Pedro Dantas e Josemir.

Aos funcionários da Embrapa AlgodãoA CAPES, pela concessão de bolsa de

estudos.

A Embrapa pela estrutura física e materiais para o desenvolvimento dos estudos.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 10

Objetivo geral 12

Objetivo específico 12

2. REVISÃO DE LITERATURA 13

2.1. Aspectos gerais do amendoim 13

2.2. Importância econômica e mercado 14

2.3. Manejo do amendoim na região Sudeste 15

2.4. Manejo do amendoim no Nordeste Brasileiro 16

2.5. Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) 17

2.6. Produção nas lavouras via FBN 20

2.7. Seleção de novas estirpes para uso comercial 24

3. MATERIAL E MÉTODOS 25

3.1. Obtenção dos isolados de Bradyrhizobium 26

3.2. Condução do experimento em campo 27

3.3. Preparo dos isolados 29

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3.4. Análise estatística 29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 30

5. CONCLUSÕES 36

6. REFERÊNCIAS 37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Descrição dos solos analisados para o estudo de diversidade de

bactérias isoladas de amendoim (Arachis hypogaea L.).

26

Tabela 2. Características dos isolados bacterianos de amendoim (Arachis

hypogaea L.) (CUNHA, 2014)

27

Tabela 3. Resultado da análise das amostras de solo coletadas na área

experimental.

28

Tabela 4. Síntese da análise de variância para número de nódulos, altura das

plantas, número de vagens, peso de vagens/planta e índice de colheita de

genótipos de amendoim submetidos a duas fontes de nitrogênio.

31

Tabela 5. Médias para número de nódulos, número de vagens, peso de vagens e

índice de colheita.

32

Tabela 6. Porcentagem de ganhos para as variáveis: número de nódulos, número

de vagens/ planta, peso de vagens/planta e índice de colheita.

32

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Inoculação das sementes com os isolados de bactérias do gênero

Bradyrhizobium (A), área experimental previamente fertilizada com superfosfato

simples e cloreto de potássio (B), desenvolvimento dos genótipos de amendoim

submetidos aos tratamentos: sulfato de amônio, isolados de Bradyrhizobium e

controle (C).

28

Figura 2. Produção de nódulos e vagens por planta: BR1 controle (A); BR1

inoculada com o Isolado 1: 115-7 (B); produção de vagens da linhagem L7 Bege

(C) e detalhe do número de vagens da L7 Bege (D) inoculada com 123-10A.

.

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RESUMO

SIZENANDO, CIRO IGOR TORRES. MSc.; Universidade Estadual da

Paraíba/Embrapa Algodão, fevereiro/2015. Estimativa de produção de genótipos de

amendoim inoculados com isolados de Bradyrhizobium. Roseane Cavalcanti dos Santos

(Orientadora); Liziane Maria de Lima (Coorientadora).

O amendoim (Arachis hypogaea L.) é uma das principais oleaginosas cultivadas no

Brasil e no mundo, considerada uma das mais importantes culturas entre as

leguminosas. Em função da larga adaptabilidade às condições tropicais e por ser uma

cultura de valor econômico, o amendoim tem um papel importante para a geração de

renda de pequenos agricultores na região Nordeste, especialmente de base familiar. A

adoção de práticas culturais de cunho agroecológico e de baixo custo devem ser

estimuladas como forma de incentivar o cultivo de forma mais adaptada para as

tendências da região, tais como, o uso de fertilizantes biológicos a base de

Bradyrhizobium. A resposta à inoculação, contudo, é genótipo dependente. Desta forma

torna-se necessário a identificação de genótipos de amendoim que sejam mais

responsivos a FBN e que contribuam para promover o crescimento e desenvolvimento

da cultura. Neste trabalho, dois genótipos de amendoim foram submetidos a um manejo

envolvendo três isolados de Bradyrhizobium visando estimar a produtividade em função

dos nódulos produzidos. O experimento foi instalado na área experimental da UFRPE,

Recife, PE, utilizando-se dois genótipos eretos, de ciclo curto, BR 1 e L7 bege. A

unidade experimental foi composta por cinco linhas de três metros de comprimento,

onde as três centrais foram utilizadas como área útil. O solo foi previamente fertilizado

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com cloreto de potássio e superfosfato simples. O plantio foi feito utilizando o

espaçamento de 0,70 m entre fileiras e 0,20 m entre plantas. Os tratamentos utilizados

foram: fertilização com três inoculantes distintos a base de Bradyrhizobium (isolado 1:

115-7, isolado 2: 123-10A e isolado 3: 1436 SEMIA 6144), fertilização nitrogenada

(sulfato de amônio) e controle (cultivo sem fertilização nitrogenada). O delineamento

experimental adotado foi em blocos casualizados, com quatro repetições. As variáveis

registradas foram: altura de planta, número de nódulos e de vagens/planta, peso de

vagens e índice de colheita. Verificou-se que ambos os genótipos obtiveram resposta

significativa para as duas fontes de N aplicadas, a linhagem L7 Bege obteve médias

superiores a cultivar BR1 em todas as variáveis, com exceção da altura de plantas. Para

a produção de vagens, os genótipos mostraram-se responsivos tanto a fonte química

como para inoculação com Bradyrhizobium; os isolados 1 e 2 revelaram melhor

afinidade com a cultivar BR1 proporcionando incremento de 56% e 43%,

respectivamente. Por outro lado a linhagem L7 Bege mostrou-se responsiva apenas ao

isolado 2 com incremento de 32%, mesmo resultado obtido com o tratamento químico.

O isolado 3, recomendado para a cultura do amendoim, não apresentou efeito

significativo.

Palavras-chave: Arachis hypogaea; Fixação biológica de N; Fertilização, inoculante.

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ABSTRACT

Peanut (Arachis hypogaea L.) is one of leading oilseeds grown worldwide and

considered one of the most important oleaginous crops. Due to wide adaptability to

tropical conditions and economic value, peanuts may have an important role in the

generation of income to small farmers located at Northeast region. The adoption of new

crop practices encompassing agroecological management should be encouraged among

farmers in order to minimizing costs, such as biological fertilization by using

Bradyrhizobium inoculants. The response inoculation, however, is genotype dependent

thus it is necessary to identify peanut genotypes more responsive to BNF in order to

promote better growth and development of plants. In this study, two peanut genotypes

were submitted to management involving three Bradyrhizobium isolates aiming to

estimate the pod and seed yield. The experiment was carried out in experimental field of

UFRPE, Recife, PE, using two earliness genotypes, BR 1 and L7 bege. Seeds were

planted in plots performed by five 3m-rows, using the spacing of 0.70 m x 0.20 m. The

soil was previously fertilized with superphosphate and potassium chloride. The

treatments were: fertilization with three different Bradyrhizobium isolates (1: 115-7, 2:

123-10 and 3: 1436 SEMIA 6144), fertilization with diammonium sulfate and absolut

control (no nitrogen fertilization and inoculation). The experimental design adopted was

randomized blocks with four replications. The variables evaluations were: plant height,

number of nodules and pods per plant, pod weight and harvest index. It both genotypes

had significant response to both Bradyrhizobium and diammonium sulfate fertilizations,

mainly to pod pro. Cultivar BR 1 was better benefited with 1 and 2 isolates, revealing

56% and 43% increasing in pod productions, respectively, while L7 bege was

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responsive only to 2 with increase of 32% and same result to diammonium sulfate

fertilization. Based on condition on this research, SEMIA 6144 did not show

effectiveness to both genotypes used in this work.

Keywords: Arachis hypogaea; Biological fixation of N; Fertilization, inoculant.

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1. INTRODUÇÃO

O amendoim é uma das principais oleaginosas produzidas em larga escala

mundial, sendo a quarta oleaginosa mais cultivada, perdendo apenas para soja, algodão

e canola. O cultivo é realizado em mais de 100 países, ocupando uma área de 23

milhões de hectares. Para a safra 2014/2015 a produção mundial está estimada em torno

de 40 milhões de toneladas. Esta cultura possui grande relevância no mercado de grãos,

sendo um importante produto da economia de países asiáticos e africanos, com

produção liderada pela China, Índia, Nigéria e EUA, os quais detêm aproximadamente

80% da produção mundial (USDA, 2014).

Estima-se que, para o ano de 2015, o Brasil produza cerca de 320 mil toneladas

em uma área de 104 mil ha, sendo São Paulo, Minas Gerais e Tocantins os principais

produtores nacionais (CONAB, 2015). O estado de São Paulo é responsável por quase

90% da produção, adotando manejo altamente tecnificado, especialmente em áreas de

reforma de canavial. Cerca de 80% do que é produzido no estado é destinado ao

mercado externo. Nas regiões Centro-Oeste, Sul e Nordeste, o cultivo é realizado em

áreas com menos de 50 ha, com manejo envolvendo práticas realizadas por produtores

de base familiar (MELO FILHO e SANTOS, 2010).

Dentre os principais fatores que respondem pela produtividade nas lavouras de

amendoim, a fertilização é essencial para obtenção de altas produções e de boa

qualidade. Para suprir a demanda nutricional requerida pela cultura, os grandes

produtores utilizam fontes químicas de fertilizantes, entretanto, o emprego desta prática

por pequenos produtores é mínimo, devido ao seu alto custo.

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O amendoim tem a habilidade de se beneficiar da simbiose estabelecida entre a

planta e bactérias fixadoras de nitrogênio que ocorrem naturalmente no solo, capazes de

reduzir o nitrogênio atmosférico a uma forma absorvível pelas plantas, dispensando ou

reduzindo o uso de fertilizantes químicos.

O Nitrogênio (N) participa de vários processos biológicos, sua deficiência causa

redução da área foliar, na assimilação fotossintética e do desenvolvimento vegetativo e

reprodutivo das plantas. Essa demanda pode ser suprida de forma agroecológica e com

baixo custo por meio de adoção de inoculantes a base de bactérias do gênero

Bradyrhizobium, utilizando-se isolados responsivos a produção de nódulos e também de

vagens.

Segundo Thies et al. (1991) a prática de inoculação não é muito comum na

cultura do amendoim uma vez que esta espécie é considerada capaz de nodular com

uma ampla faixa de rizóbios tropicais do grupo “miscelânea caupi”. Entretanto, a

inoculação com estirpes selecionadas, é capaz de aumentar a efetividade da simbiose e

aumentar o rendimento do amendoim (HUANG et al., 1990).

A adoção da fixação biológica de nitrogênio (FBN) promove o aproveitamento

total do nitrogênio fixado, diferentemente da utilização dos fertilizantes químicos,

resultando em economia para o produtor, além de não contaminar o solo, podendo ser

utilizado como adubo verde para a cultura subsequente.

A divulgação e incentivo na adoção de práticas culturais sustentáveis e

agroecológicas é uma tendência mundial que tem sido praticada por várias instituições

de pesquisa, assistência rural e universidades porque possibilita desenvolver uma

agricultura menos agressiva ao homem e ao meio ambiente. No Brasil, vários trabalhos

têm sido desenvolvidos em pequenas comunidades rurais, onde se tem demonstrado os

resultados de pesquisas que levam a maior economicidade e produtividade por meio de

adoção de práticas agroecológicas de defesa de plantas e fertilização biológica,

especialmente em lavouras leguminosas.

Este trabalho versa sobre resultados de pesquisa obtidos com fertilização

biológica, utilizando-se a cultura do amendoim, fertilizada com isolados de

Bradyrhizobium, onde se demonstra a vantagem de uso devido à contribuição para o

crescimento e desenvolvimento da planta. A pesquisa foi coordenada pela Embrapa

Algodão, em parceria com a UFRPE, em Pernambuco.

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1.1. Objetivo Geral

Avaliar a produtividade de amendoim irrigado, cultivado em solo arenoso

inoculado com novas estirpes de Bradyrhizobium.

1.2. Objetivos específicos

Determinar a nodulação e a produção de vagens de dois genótipos de amendoim

inoculados com dois novos isolados de Bradyrhizobium oriundos de solos do nordeste

do Brasil.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos gerais do amendoim

O amendoim é uma oleaginosa pertencente ao gênero Arachis (família Fabaceae,

subfamília Papilionidae) que engloba mais de 80 espécies já identificadas

(KRAPOVICKAS e GREGORY, 1994). Trata-se de uma planta originária da América

do Sul, distribuída naturalmente no Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai

(FÁVERO et al., 2006). Acredita-se que o centro de origem desta leguminosa seja o

Brasil, mas também é bastante cultivada na Ásia, África e América do Norte (ALLEN e

ALLEN, 1991). O Brasil é um dos grandes centros de diversidade desta oleaginosa;

dentre as várias espécies do gênero, 64 ocorrem no país e 48 são endêmicas do território

nacional (VALLS e SIMPSON, 2005).

A espécie A. hypogaea está subdividida em duas subespécies, hypogaea e

fastigiata e, entre estas, há seis variedades botânicas conforme o hábito de crescimento

(hypogaea, hirsuta, fastigiata, vulgaris, aequatoriana e peruviana) (NOGUEIRA et al.,

2013). É uma planta anual, dicotiledônea, autógama, herbácea, com caule ereto central e

ramificações que podem variar de rasteiras a eretas, com altura de 15 a 50 cm, conforme

o hábito de crescimento (VIEIRA et al., 2001).

As subespécies são diferenciadas a partir de grupos botânicos, sendo os mais

comerciais os tipos Virgínia, Valência e Spanish. O tipo Virgínia é representado por

acessos da subespécie hypogaea, que tem em comum o hábito de crescimento rasteiro,

semirrasteiro e arbustivo, ciclo longo (120 a 140 dias), sem flores na haste principal e

vagens com duas sementes, já os tipos Valência e Spanish são representados pelas

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subespécies fastigiata e hypogaea, respectivamente, ambas possuem hábito de

crescimento ereto ou semi-ereto, ciclo curto (90 a 100 dias) e haste principal com flores.

As vagens do grupo Spanish possuem duas sementes de tamanho pequeno a médio; já

as do grupo Valência contêm entre duas e quatro sementes por vagem (GODOY et al.,

2005).

O amendoim é cultivado em regiões tropicais na faixa de latitude entre 30o

N e

S, entretanto, países de clima temperado como os Estados Unidos executam o cultivo

numa faixa de latitude maior (30° a 40°). Apesar desta ampla adaptabilidade, a

produtividade é fortemente influenciada por fatores ambientais, especialmente

temperatura, disponibilidade de água e radiação (NOGUEIRA et al., 2013). As

condições climáticas variam em função da fase de desenvolvimento da cultura. As

plantas apresentam hábito de crescimento indeterminado, ocorrendo simultaneamente o

desenvolvimento vegetativo e o reprodutivo (NETO et al., 2012).

A formação dos frutos do amendoim é de natureza hipógea, necessitando de

solos de textura arenosa ou franco-arenosa, de boa drenagem e aeração de modo a

favorecer o desenvolvimento das raízes e frutos, como também o suprimento de

nitrogênio para a fixação simbiótica (NETO et al., 2012).

2.2. Importância econômica e mercado

Durante as décadas de 70 e 80, o cultivo de amendoim no Brasil, ocupou posição

de destaque, dando ao país status de grande produtor mundial, com 700.000 hectares

plantados e uma produção de 900.000 toneladas (FREITAS et al., 2005).

A partir daí, houve uma forte queda na produção do amendoim, causada pelo

baixo retorno econômico da cultura, introdução da soja, e de fatores tecnológicos. Pela

falta de normas de controle sanitário específico, houve uma redução da competitividade

do amendoim em relação a soja, que acabou se estabelecendo como matéria-prima para

produção de óleo e farelo, por outro lado, aconteceu um crescimento da demanda pelo

grão de amendoim para consumo in natura (MARTINS e VICENTE, 2010). Com a

implementação de novas cultivares, emprego de tecnologias e aumento da qualidade dos

grãos, ocorreu o resgate da cultura do amendoim a datar dos anos 2000, readquirindo a

confiança do produto brasileiro tanto no mercado nacional como internacional (MELO

FILHO e SANTOS, 2010).

Surgindo então uma nova perspectiva de mercado para os produtores de

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amendoim, a indústria confeiteira. Novas técnicas foram adotadas visando atender às

exigências específicas para este mercado, o que também permitiu uma reorganização do

segmento para o estabelecimento de novas regras de produção. A adoção de novas

tecnologias permitiu a conquista do mercado externo, com ênfase para o exigente

consumidor europeu, sendo o amendoim descascado o principal produto exportado

(MARTINS, 2010; VICENTE, 2010).

O estado de São Paulo é responsável por quase 90% da produção nacional,

fixada em torno de 300 mil toneladas. Segundo a CONAB (2015), há uma expectativa

de crescimento em torno de 5% na área cultivada com amendoim no estado,

especialmente com cultivares do tipo runner que já ocupa 80% da área cultivada.

A produção nacional visa atender principalmente os mercados de consumo in

natura e de alimento. Para o mercado in natura, as exigências são grãos de película

vermelha, com tamanho variando de médio a grande e teor de óleo entre 40% e 46%. Já

para o mercado de alimentos, dar-se preferência aos grãos de coloração bege ou creme,

de tamanho grande e extragrande e teor de óleo na faixa de 43% e 50% (SANTOS et al.,

2013).

Com o crescimento de demandas por culturas oleaginosas para alimentar o

mercado oleoquímico no segmento comestível ou combustível, na ultima década, houve

também uma reabertura para o óleo de amendoim, que tem sido abastecido por

cultivares do tipo runner que possuem maior teor de óleo (SANTOS et al., 2013)

2.3. Manejo do amendoim na região Sudeste

Atualmente, a região sudeste responde por mais de 90% do amendoim produzido

no Brasil, com destaque para o estado de São Paulo onde o cultivo é feito basicamente

em duas regiões: na Alta Mogiana, na região de Ribeirão Preto e Jaboticabal, e Alta

Paulista, região de Marília e Tupã. Nestas áreas, os produtores plantam a leguminosa

com o objetivo de renovar canaviais e pastagens, em duas safras durante o ano

(MARTINS, 2010). Segundo Ambrosano et al. (2011) a utilização do amendoim em

reforma de canaviais proporciona aumentos significativos na produção da cana-de-

açúcar, protege o solo contra erosão e reduz a incidência de plantas invasoras, além de

ter um custo relativamente baixo.

O plantio é realizado geralmente, entre outubro e novembro (primeira safra ou

safra das águas), podendo ser plantado também entre fevereiro e março (segunda safra

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ou safrinha) (GODOY et al., 2014). A depender do cultivo anterior, tipo de solo e

período do ano, as operações de preparo do solo são realizadas com o auxílio de

implementos como roçadeiras, grades de discos, no preparo primário do solo,

subsolador, no caso de solos compactados e aração com arado de discos ou aivecas

(BOLONHEZI et al., 2013).

A fertilização é feita baseada em análise de solo, entretanto, de maneira geral, a

formulação adotada pelos produtores para cultivares de alto potencial produtivo é a que

garante o fornecimento de 10 a 15 kg ha-1

de N, 90 a 100 kg ha-1

de P2O5 e 30 a 40 kg

ha-1

de K2O, além dos micronutrientes já contidos nos fertilizantes. A colheita é

efetuada utilizando implementos tipo arrancadoras/invertedoras para o arranquio e

enleiramento, posteriormente, se procede a secagem em campo ou de forma artificial

por meio de secadores tipo silo ou carretas com o fundo perfurado (GODOY et al.,

2014).

2.4. Manejo do amendoim no Nordeste Brasileiro

Na região Nordeste, o estado da Bahia destaca-se como principal produtor, com

3,1 mil toneladas, que representa 46% da produção desta região, seguido de Sergipe

com 2,1 mil toneladas (CONAB, 2015). A maior parte do amendoim cultivado no

Nordeste é realizada em regime de sequeiro, em apenas uma safra, concentrando-se nas

regiões da Zona da Mata, Agreste e Semiárido, onde o cultivo irrigado é pouco

utilizado. As lavouras de amendoim estão basicamente distribuídas no Recôncavo

Baiano, Tabuleiros costeiros de Sergipe, nas Zonas da Mata, Agreste e Sertão

Pernambucano, no Agreste e Brejo Paraibano e na região do Cariri do Ceará

(BOLONHEZI, 2013).

Nessas regiões, o cultivo é realizado por pequenos agricultores no período

chuvoso, sendo a mão de obra familiar responsável pelo manejo da cultura, exercendo o

monocultivo ou em forma de consórcio com o milho, algodão e gergelim, por exemplo

(BOLONHEZI et al., 2013).

A colheita é efetuada de forma manual ou com auxilio de tração animal, devido

ao predomínio de cultivares de porte ereto, em seguida as plantas são enleiradas para

secagem. Após a secagem as vagens são despencadas e descascadas utilizando a mão de

obra familiar (SANTOS et al., 2006).

Segundo Bolonhezi et al. (2013), a fertilização é fundamental para obtenção de

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produtividade elevada e de qualidade, mesmo considerando o amendoim como uma

cultura pouco exigente em adubação. A fertilidade dos solos nordestinos é

frequentemente baixa, desta maneira recomenda-se entre 60 e 80 kg ha-1

de P2O5, e 30

kg ha-1

de KCl, baseando-se em análise de solo. Por ser uma prática de alto custo e fora

da realidade financeira dos agricultores familiares, a utilização de fertilizantes químicos

é substituída pela adubação orgânica com a aplicação de 2 Kg/m2 de esterco de curral

curtido ou pela fertilização biológica, baseada na FBN por bactérias diazotróficas,

recomendando-se 200 g do inoculante para 10 Kg de sementes (SANTOS et al., 2006).

2.5. Fixação Biológica de Nitrogênio

O nitrogênio é um nutriente essencial para as plantas por estar presente em

vários processos biológicos tais como síntese de aminoácidos, ácidos nucleicos,

proteínas e enzimas, além do metabolismo, crescimento e desenvolvimento de tecidos

vegetais. Baseado nestes fatores, a deficiência de nitrogênio provoca redução da área

foliar, da assimilação fotossintética, do desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das

plantas (EPSTEIN e BLOOM, 2006; TAIZ e ZEIGER, 2013). É o elemento mais

abundante na atmosfera, e sua disponibilidade limita a produção vegetal em vários

ecossistemas naturais e agrícolas pelo fato de ser o nutriente exigido em maior

quantidade pelas plantas, em relação aos demais nutrientes minerais (EPSTEIN e

BLOOM, 2006).

Além de inibir o crescimento das plantas, sua deficiência ocasiona clorose nas

folhas mais velhas. Em casos mais severos de deficiência as folhas ficam

completamente amarelas ou castanhas e caem. O caule pode ficar mais lenhoso devido

ao acúmulo de carboidratos que não foram utilizados na síntese de aminoácidos e outros

compostos nitrogenados. Estas substâncias podem ser utilizadas na síntese de

antocianinas provocando um acúmulo deste pigmento e, consequentemente, dando uma

coloração arroxeada as folhas, pecíolos e caules de algumas espécies (TAIZ e ZEIGER,

2013).

Aproximadamente 78% da atmosfera é composta por N2, forma combinada que

as plantas não são capazes de absorver graças a tripla ligação covalente que une estes

dois átomos. Para a produção de nitrato (NO3-) ou amônia (NH3), formas sintetizadas

pelas plantas, esta tripla ligação deve ser quebrada por reações denominadas de fixação

do nitrogênio, isto ocorre por processos industriais ou naturais (relâmpagos, reações

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fotoquímicas e FBN) (TAIZ e ZEIGER, 2013).

O Brasil ocupa a quarta posição no consumo mundial de fertilizantes (N, P, K), o

que corresponde a 6% de 171 milhões de toneladas de nutrientes. Em relação ao

nitrogênio, o país detém 3% da participação no mercado mundial de N-fertilizante de

104 milhões de toneladas comercializadas. Deste total o Brasil importa

aproximadamente 78% do que é consumido, aumentando ainda mais os custos de

produção (ANDA, 2010). Da safra de 2010 a 2013 houve um acréscimo no consumo de

fertilizantes de quase 6%, o que evidencia a dependência do setor por estes produtos

(ANDA, 2013).

Segundo Mortvedt et al. (1999), a eficiência da aplicação dos fertilizantes

nitrogenados, especialmente em regiões tropicais, situa-se entre 50% e 70%, ou seja,

parte do fertilizante é perdido por volatilização, lixiviação ou nitrificação. O prejuízo

não se resume a danos econômicos, também ocorre contaminação do meio ambiente

pelo excesso de NO3- nas fontes de água (SPIERTZ, 2010). O acúmulo de nitrato na

água compromete sua qualidade inviabilizando o consumo em função do crescimento de

bactérias que produzem substâncias maléficas ao homem (DAVIDSON et al., 2012).

A FBN é um processo que utiliza bactérias capazes de converter o nitrogênio da

atmosfera em amônio, forma utilizável pelas plantas (EPSTEIN e BLOOM, 2006),

sendo responsável pela fixação de 44 a 66 milhões de toneladas de N fixados ao ano por

leguminosas de importância econômica, o que representa aproximadamente metade do

N utilizado nos sistemas agrícolas (GRAHAM e VANCE, 2003).

Este processo é mediado por bactérias diazotróficas ou fixadoras de N,

organismos que são caracterizados pela presença do complexo enzimático denominado

de nitrogenase, capaz de efetuar a quebra da tripla ligação do N2, podendo ocorrer de

forma livre no solo ou em associações simbióticas com determinadas espécies vegetais,

em especial as leguminosas (fabáceas) como amendoim, soja e feijão (MOREIRA e

SIQUEIRA, 2006).

A partir da simbiose estabelecida entre rizóbio e leguminosa formam-se os

nódulos radiculares ou caulinares, que são habitados por organismos específicos como

bactérias do gênero Rhizobium e Bradyrhizobium, dentre outros que fixam o nitrogênio

atmosférico. Nessa relação, o micro-organismo utiliza as fontes de carbono fornecidas

pelas plantas e libera o N fixado que posteriormente será convertido em N orgânico,

assimilado pela planta (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006).

Os nódulos são estruturas que possuem, entre outras atividades, a de proteger o

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complexo enzimático da nitrogenase contra o oxigênio, pois as duas proteínas que a

compõem (Fe proteína e Fe-Mo proteína) são desnaturadas na sua presença. Para que os

bacteroides não tenham seu metabolismo aeróbio danificado, os nódulos contém uma

heme proteína, a leghemoglobina, que tem a função de controlar a entrada do oxigênio

em níveis que não interfiram na ação da nitrogenase e assim ser utilizado no

metabolismo aeróbio das bactérias (MOREIRA E SIQUEIRA, 2006). O oxigênio fica

adsorvido a leghemoglobina, que ocasiona uma coloração avermelhada no interior do

nódulo, esta coloração é geralmente um indicativo de eficiência simbiótica (RIBEIRO

JÚNIOR e RAMOS, 2006). Essa simbiose torna-se uma importante alternativa

ecológica e econômica ao uso dos fertilizantes nitrogenados, podendo dispensar parcial

ou totalmente o uso destes insumos, além de que todo N fixado por meio da FBN é

assimilado pela planta (FRANCO e DOBEREINEIR, 1994; FRANCO e FARIA, 1997).

Segundo Peoples et al. (1995), as leguminosas são responsáveis por acrescentar cerca de

200 a 300 kg.ha-1

de N ao ano nos solos agrícolas.

Os metabolismos do micro-organismo e da planta hospedeira se complementam, cada

um é responsável por produzir substâncias específicas. Para que ocorra nodulação, o

hospedeiro precisa ser suscetível e compatível com a espécie de rizóbio que, por sua vez

deve ter a capacidade de se reproduzir e sobreviver nas raízes. Caso a liberação de

exsudados pela planta hospedeira não seja satisfatória, a FBN pode ser comprometida

(KERBAUY, 2004). Com isso, a identificação e caracterização de estirpes são pontos

de partida nos trabalhos de seleção destes micro-organismos devido à vasta diversidade

de espécies agrícolas cultivadas e que podem ser beneficiadas pelo processo da simbiose

nos solos tropicais (CUNHA et al., 2013).

Taurian et al. (2006) estimaram a diversidade genética em 39 isolados

bacterianos coletados em 14 diferentes locais na região de Córdoba, na Argentina,

utilizando o amendoim como planta isca. Os autores constataram que existem outras

espécies além de Bradyrhizobium que apresentam eficiência em nodular o amendoim,

tais como: Rhizobium giardinii e R. tropici. De posse destes resultados, Ibañez et al.

(2009), a fim de avaliar apenas os isolados de crescimento rápido, recuperados de

nódulo estudados por Taurian et al. (2006), constataram a presença de outros gêneros

entre eles: Pseudomonas spp., Enterobacter spp. e Klebsiella spp., bactérias

oportunistas, pertencentes ao Filo Proteobactéria, subclasse Gammaproteobactéria. Os

autores explicam que estes micro-organismos possuem a capacidade de colonizar os

nódulos radiculares após ou durante o seu processo de formação. A identificação de

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bactérias da sub classe Gammaproteobactéria nos nódulos do amendoim não foi

previamente relatada, ao passo que, estas informações podem ser importantes se for

confirmado que a associação de leguminosas com estas bactérias cause efeito benéfico

no crescimento das plantas (IBAÑEZ, 2009).

Atualmente, grande parte dos gêneros identificados como nodulíferos pertencem

a subclasse Alfaproteobactérias, onde cita-se: Rhizobium (FRANK, 1889),

Bradyrhizobium (JORDAN, 1984), Azorhizobium (DREYFUS, 1988), Sinorhizobium

(Ensifer) (CHEN et al., 1988), Mesorhizobium (JARVIS et al., 1997), Allorhizobium

(LAJUDIE et al., 1998), Methylobacterium (SY et al., 2001), Devosia (RIVAS et al.,

2002), Phyllobacterium (VALVERDE et al., 2005), Ochrobactrum (TRUJILLO et al.,

2005), Shinella (LIN et al., 2008), Aminobacter (MAYNAUD et al., 2012), Microvirga

(ARDLEY et al., 2012) e Achromobacter (GUIMARÃES et al., 2012). Entretanto, a

evolução nos estudos taxonômicos de bactérias fixadoras de N detectou que algumas

espécies pertencentes à subclasse Betaproteobactéria, classificadas como Burkholderia

sp. (MOULIN et al., 2001) e Cupriavidus sp. (CHEN et al., 2001), também realizam

simbiose com leguminosas. Cunha et al. (2013) estimaram a diversidade de bactérias

isoladas de nódulos de amendoim cultivado em solos do semiárido brasileiro e

concluíram que há grande diversidade entre as estirpes presentes nos nódulos, em

função do crescimento rápido da colônia, capacidade de acidificar o meio e presença de

muito muco, características inerentes a estirpes do gênero Rhizobium. Segundo os

autores, o amendoim é considerado uma planta promíscua capaz de nodular com uma

ampla diversidade de rizóbios.

.

2.6. Produção nas lavouras via FBN

A inoculação com estirpes selecionadas de rizóbios pode proporcionar muitos

benefícios para os sistemas agrícolas, entre eles aumento da fertilidade do solo e da

produção vegetal, além de gerar economia na utilização de fertilizantes nitrogenados,

substituindo total ou parcialmente o uso destes insumos em algumas leguminosas. A

soja, a exemplo disto, dispensa totalmente a utilização de adubos químicos

nitrogenados, reduzindo custos e impactos ambientais decorrentes do manejo impróprio

(MOREIRA, 2010).

Segundo estimativa do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

(MAPA, 2011), mais de 95% dos inoculantes produzidos a partir de bactérias

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diazotróficas comercializados no Brasil são destinados à cultura da soja. Estudos

desenvolvidos por Nogueira e Hungria (2013) reportaram que a inoculação pode suprir

a demanda de N requerida pela soja, com aproveitamento que pode chegar a 100%, o

que não acontece com os fertilizantes químicos, gerando uma economia de US$ 7

bilhões anuais para o Brasil.

Atualmente, o MAPA recomenda quatro estirpes para a formulação de

inoculantes destinados ao cultivo da soja: SEMIA 5079, SEMIA 5080, SEMIA 5019 e

SEMIA 587, sendo utilizadas individualmente ou de forma combinada, a depender do

fabricante. Resultados obtidos nas diversas regiões onde a soja é cultivada no Brasil

mostram que a aplicação de fertilizantes nitrogenados, em fundação ou cobertura,

independentemente do estágio de desenvolvimento da planta, não aumenta a

produtividade da cultura e tende a inibir a nodulação (HUNGRIA et al.,2005).

O MAPA recomenda o uso de estirpes de bactérias fixadoras de N para mais de

100 espécies vegetais, o que representa uma oportunidade para testar e posteriormente

recomendar estirpes potencialmente responsivas para várias culturas de importância

econômica (MAPA, 2011).

O feijão de corda ou caupi (Vigna unguiculata) é considerado uma espécie

promíscua, ou seja, capaz de nodular com diversos gêneros de rizóbios, entre eles

Bradyrhizobium, Rhizobium, Sinorhizobium, Burkholderia, Azorhizobium e

Mesorhizobium (ZILLI et al., 2006; MOREIRA, 2006b; GUIMARÃES et al., 2012), no

entanto, os inoculantes recomendados para a cultura atualmente são elaborados a partir

de Bradyrhizobium sp., a saber: INPA 3-11B, UFLA 3-84, BR 3267 e BR 3262.

A inoculação de feijão caupi, cv BRS Amapá com a estirpe BR 3262, em

ensaios no estado de Roraima, proporcionou rendimento de grãos semelhante à

fertilização com 50 kg/ha de N em fundação ou 80 kg/ha de N, dividido em duas

aplicações (ZILLI et al., 2009). Sousa e Moreira (2011) constataram um incremento de

41% no rendimento de grãos de feijão caupi, cv. Gurguéia, quando inoculado com a

estirpe INPA 3-11B, no município de Confresa, MT.

A adoção de inoculação com estirpes superiores também tem sido reportada em

gramíneas, como milho (Zea mays) e trigo (Triticum spp.). Ensaios conduzidos por

Hungria et al. (2010) resultaram nas primeiras cepas de Azospirillum sp. recomendadas

para a produção de inoculantes no Brasil, proporcionando incremento no rendimento de

grãos de cerca de 30% e 18%, respectivamente.

Em cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), Shultz et al. (2012), realizaram

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avaliações em áreas de cultivo comercial e observaram que a cultivar RB 867515 obteve

produtividade semelhante a fertilização com 120 kg.ha-1

quando utilizou-se inoculante

produzido a partir de Gluconacetobacter diazotroficus, Herbaspirilum seropedicae, H.

rubrisubalbican, Azospirilum amazonense e Bulkholderia tropica.

Mesmo para espécies como o feijão (Phaseolus vulgaris) e o amendoim (A.

hypogaea), que tem habilidade de nodular com estirpes nativas no solo, a inoculação

com estirpes selecionadas pode garantir maior produtividade devido ao melhor aporte

de N, podendo até dispensar o uso de fontes suplementares de fertilizantes nitrogenados

(HUNGRIA et al., 2013).

De acordo com Thies et al. (1991), a prática de inoculação na cultura do

amendoim não é muito comum devido a sua elevada capacidade de nodular com uma

extensa faixa de rizóbios tropicais, pertencentes ao grupo miscelânea caupi. Em estudos

conduzidos nos EUA, Lanier et al. (2005) constatou que o amendoim responde melhor a

inoculação com Bradyrhizobium em área sem histórico de cultivo com essa leguminosa,

diferentemente das áreas em que o amendoim já tenha sido cultivado, ocorrendo

nodulação natural com bactérias nativas. Entretanto a introdução de estirpes

selecionadas pode aumentar a produção em solos onde a competividade da população

simbiótica é baixa (BORGES, 2006). Neste caso, o sucesso da inoculação de estirpes

selecionadas irá depender do seu potencial de competição e estabelecimento no solo em

relação às populações de rizóbios nativos (BORGES et al., 2007).

A nodulação de diversas espécies leguminosas nos solos tropicais é mais

influenciada pela planta hospedeira do que pelos rizóbios nativos (RUMJANEK et al.,

2005). Em relação ao amendoim esta especificidade pode ser observada entre diferentes

cultivares (SANTOS et al., 2005; MARCONDES et al., 2010; MELO, 2013).

Na região Nordeste certos fatores determinam a necessidade da inoculação do

amendoim em solos tropicais, tais como, população reduzida de rizóbios nativos, baixa

umidade do solo e áreas sem histórico de cultivos com leguminosas (SANTOS et al.,

2005).

Para a cultura do amendoim, o MAPA recomenda apenas um isolado, SEMIA

6144, de Bradyrhizobium sp., isolada e avaliada pelo Instituto Agronômico de

Campinas - IAC (MAPA, 2011).

Alguns autores reportam a eficiência desta estirpe para alguns genótipos

específicos. Ao estudar a eficiência de duas fontes de N sob a produção de três

genótipos de amendoim, Melo (2013) comprovou efeito benéfico da simbiose entre

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genótipo e isolado de Bradyrhizobium. O ensaio foi conduzido em Campina Grande,

PB, utilizando solo de textura arenosa. Três genótipos precoces foram avaliados, BR1,

BRS Havana e L7 Bege, todos inoculados com a estirpe SEMIA 6144. O autor verificou

que entre os genótipos estudados, apenas a BRS Havana foi beneficiada pela

inoculação, com aumento no número de nódulos e peso de vagens.

Em ensaios conduzidos por Delfini et al. (2010), em solos de textura arenosa, em

Córdoba (Argentina), os autores testaram duas cultivares de amendoim cultivadas com

inoculante a base de SEMIA 6144 e verificaram aumento no número de nódulos, massa

seca e o teor de N nas plantas em apenas uma cultivar, demonstrando especificidade de

resposta, tal como tem sido verificado por outros autores.

Além dos isolados de Bradyrhizobium, há relatos de outras estirpes do gênero

Rhizobium, caracterizadas por serem de crescimento rápido, com eficiência simbiótica

para outras culturas como feijão-caupi (Vigna unguiculata), que também tem sido

capazes de nodular em amendoim (TAURIAN et al., 2006).

Segundo Marcondes et al. (2010), algumas cultivares de amendoim também

podem se beneficiar da simbiose com isolados de bactérias do gênero Rhizobium sp. Os

autores testaram as cultivares paulistas IAC 886 Runner e IAC Tatu ST submetidas a 15

diferentes isolados bacterianos, isoladamente ou associados à SEMIA 6144 e

verificaram que todas as estirpes foram eficientes para nodular as plantas, aumentando o

N total e a matéria seca da parte aérea. Os isolado JAB 2 e JAB 15/6144 apresentaram

melhores médias para nodulação, matéria seca e efetividade de fixação de N em ambas

as cultivares.

Santos et al. (2005) avaliaram a FBN em cinco genótipos mediante a inoculação

com 12 isolados de rizóbios nativos da região Nordeste. Os autores verificaram que os

tratamentos com os isolados proporcionaram boa nodulação e acúmulo de N-total, além

de rendimento de biomassa seca na parte aérea. A cultivar precoce da Embrapa, BR 1,

revelou maior especificidade, sendo mais responsiva ao isolado A105, enquanto que a

land race Sertão mostrou-se mais responsiva a inoculação quando em associação com

rizóbios nativos.

El-Akhal et al. (2013) testaram dois isolados de rizóbio em amendoim cultivado

em meio salino, variando entre 3,80 dS.m-1

e 9,25 dS.m-1

. Os autores verificaram que,

no geral, sob estresse salino, as plantas inoculadas comportaram-se como as fertilizadas

com N2, levando a concluir que a inoculação pode representar uma alternativa

econômica e competitiva em comparação a adubação mineral para o amendoim, quando

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cultivado em condições de salinidade moderada.

Ogega et al. (2012) em estudo realizado em dois locais diferentes, Koyonzo e

Ligala, Quênia, objetivando avaliar a nodulação de amendoim em solos salinos da

região observaram que a estirpe de Bradyrhizobium A6w promoveu aumentos na

produção de 56% e 69 %, respectivamente.

2.7. Seleção de novas estirpes para uso comercial

De maneira geral, a seleção de novas estirpes para uma determinada espécie

segue basicamente quatro etapas: a primeira destina-se à avaliação e fixação de N de um

elevado número de estirpes separadamente testadas, em condições controladas e

estéreis, em recipientes com solução nutritiva, com a ausência de N mineral. Em

seguida, as estirpes serão testadas em casa de vegetação, em vasos contendo substrato

estéril, permitindo-se comprovar se o isolado de fato tem a capacidade de nodular a

planta. Nesta fase também é possível obter uma avaliação prévia da capacidade de

fixação de N das bactérias. Os isolados que apresentaram melhores resultados serão

testados agora em vasos contendo solo para avaliar a eficiência simbiótica e o potencial

de competição com as bactérias autóctones. Por último, os isolados selecionados são

testados em campo, sob diferentes condições de solo e clima (MOREIRA e SIQUEIRA,

2006a).

Tais estudos são necessários, pois podem ocorrer, durante o desenvolvimento de

um processo de cultivo, situações em que um isolado com elevada eficiência em um

determinado manejo, responda diferentemente em outra situação em que a textura e a

fertilidade do solo sejam diferentes. Isso ocorre porque geralmente há forte interação

entre o isolado, o genótipo e o ambiente.

Em ensaios conduzidos no campo experimental da Embrapa Meio-Norte,

Teresina-PI, Almeida et al. (2010) avaliaram a inoculação de uma nova estirpe isolada

de feijão caupi, a BR 3299 (Microvirga vignae), além das estirpes já recomendadas pelo

MAPA. Os autores concluíram que a cepa testada obteve resposta satisfatória para as

variáveis analisadas, considerando-a como de alto potencial para ser recomendada como

inoculante para feijão caupi, nesta região. Resultado semelhante foi alcançado por

Marinho et al. (2014) em ensaios realizados em Petrolina-PE e Juazeiro-BA, com as

cultivares BRS Pujante, BRS Tapaihum, BRS Carijó e BRS Acauã. As plantas

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mostraram produtividade similar ao tratamento com 80 kg há-1

de N quando inoculadas

com as estirpes recomendadas e a BR 3299.

Ferreira et al. (2013) avaliou a eficiência simbiótica de estirpes isoladas de feijão

caupi cultivado em solos de várzea do Piauí (UFPI B3-4, UFPI B3-5, UFPI B3-7, UFPI

B4-3 UFPI B4-5, UFPI B4-6, UFPI B5-7A e UFPI B7-6), duas estirpe da Universidade

Federal de Lavras (UFLA 3-164 e UFLA 3-154) além das estirpes recomendadas pelo

MAPA para a cultura. Segundo os autores os isolados UFPI B3-4 e UFPI B5-7A se

destacaram dentre os demais, sendo recomendadas para novos estudos.

Para feijão guandu [Cajanus cajan (L.) Millsp.], o MAPA recomenda duas

estirpes para inoculação, BR 2003 (SEMIA 6156) e BR 2801 (SEMIA 6157). Dada a

importância da cultura, Rufini et al. (2014) testaram sete estirpes de Bradyrhizobium

pertencentes a UFLA, uma estirpe recomendada para soja (SEMIA 5019) e três estirpes

recomendadas para feijão caupi (SEMIA 6461, SEMIA 6462 e SEMIA 6463). Foi

constatado que a estirpe UFLA 03‑320 foi mais eficiente, proporcionando crescimento

do guandu, cv. 'Iapar 43' (Aratã), consequentemente, tem potencial para ser utilizada

como inoculante.

Objetivando avaliar o cultivo de soja em solo ácido da zona da mata

Pernambucana, Silva et al. (2002), testaram a inoculação de duas estirpes, NFB 175, de

crescimento rápido e SEMIA 542, de crescimento lento, ambas selecionadas para

resistência a acidez, em comparação com a inoculação comercial. As estirpes testadas

mostraram eficiência em condições de pH baixo, sendo este resultado considerado

promissor, visto que a inoculação pode gerar economia no uso de corretivos.

O emprego da inoculação com micro-organismos fixadores de N no Brasil ainda

é muito limitada, a exceção da soja, mesmo com a existência de estirpes recomendadas

para mais de 90 espécies vegetais (MAPA, 2011). Dessa forma, é crucial que o emprego

dessa biotecnologia de custo baixo e não poluente seja expandida para outras

leguminosas de importância na agricultura, sobretudo o amendoim. Além de difundir o

uso de inoculantes em culturas que já possuem recomendação específica devem-se

concentrar esforços no âmbito de selecionar novas estirpes adaptadas as diversas regiões

do país, que sejam capazes de elevar a produção das culturas.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Obtenção dos isolados de Bradyrhizobium

Os novos isolados utilizados neste estudo são do gênero Bradyrhizobium,

cedidos pela Embrapa Semiárido, isolados a partir de plantas de amendoim: cultivar

BR1 e a Top line LViPE-06, além de 10 linhagens oriundas de cruzamento desses dois

genótipos (L. 408 - 2SV, L. 108 - 3SV, PL 46 - 2SB, PL 108 - 2SV, BR - AN - 2SV, P

59 - 2SV, P 59 - 2SB, 81 - 2SB, RUNNER 20 20 - 2SB, L 20 - 3SV), cultivados em

solos coletados nos municípios de Barbalha-CE e Petrolina-PE (Tabela 1), (CUNHA et

al., 20013).

Tabela 1. Descrição dos solos analisados para o estudo de diversidade de bactérias

isoladas de amendoim (Arachis hypogaea L.).

Solo Local Uso anterior

1 Argissolo Vermelho-Amarelo Petrolina, PE Pousio após cultivo de

amendoim

2 Argissolo Vermelho Barbalha, CE Plantio de Amendoim

3 Vertissolo Barbalha, CE Plantio de Amendoim

4 Argissolo Vermelho-Amarelo Petrolina, PE Pastagem de capim- buffel

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As amostras de solo foram homogeneizadas e colocadas em vasos para o plantio

dos genótipos de amendoim, em casa de vegetação. Após o plantio houve desbaste

deixando apenas uma planta por vaso. As plantas foram coletadas após 40 dias de

emergência para a coleta dos nódulos e posterior isolamento das bactérias. Dentre os

isolados caracterizados, dois foram escolhidos para testes no presente estudo, 115-7 e

123-10 A, além da cepa de referência recomendada pelo MAPA para a cultura do

amendoim, SEMIA 6144 (Tabela 2).

Tabela 2. Características dos isolados de rizóbio isolados de amendoim (Arachis

hypogaea L.) (CUNHA, 2013).

Isolado Gênero Crescimento pH do meio Origem Instituição

115-7 Bradyrhizobium sp. Lento Alcalino Brasil Embrapa

123-10A Bradyrhizobium sp. Lento Alcalino Brasil Embrapa

SEMIA 6144 Bradyrhizobium sp. Lento Alcalino Zimbabue IAC

3.2. Condução do experimento em campo

O experimento foi conduzido na área experimental da UFRPE, em Recife, PE

(08° 01’S; 34° 56’W), com o plantio realizado no dia 31 de outubro, em seguida a

colheita, entre os dia 25 e 30 de janeiro de 2014. Dois genótipos de porte ereto foram

selecionados, a cv. BR 1, desenvolvida pela Embrapa e recomendada para o semiárido

nordestino (SANTOS et al., 2013) e a top line L7 Bege, precoce e de ciclo curto.

O solo, classificado como Vertissolo de textura franco arenosa foi destorroado,

peneirado e homogeneizado, as amostras foram submetidas à análise conforme Embrapa

(1997). Em seguida corrigido e adubado em função das necessidades de análise de solo

(Tabela 3). A área foi corrigida com 1,5 Kg/ha de calcário dolomítico aos 30 dias antes

do plantio e fertilizada com 60 kg/ha de superfosfato simples e 30 Kg/ha de cloreto de

potássio no plantio.

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Tabela 3. Resultado da análise da amostra de solo coletado da área experimental

Ca+2

- Cálcio; Mg+2

- Magnésio; K+- Potássio; Al

+3- Alumínio trocável, P – Fósforo;

M.O- Matéria Orgânica.

A unidade experimental foi composta por cinco linhas de três metros tomando-se

as três centrais como área útil. O espaçamento foi de 0,70 x 0,20 m deixando-se duas

plantas/cova. Cinco tratamentos foram estabelecidos: C- Cultivo sem fertilização

nitrogenada (controle), SA- fertilização com sulfato de amônio (20 Kg de N/ha), B1-

inoculação com o isolado de Bradyrhizobium 1 (115-7), B2- inoculação com o isolado 2

(123-10A) e B3- inoculação com SEMIA 6144 (Tabela 2).

O delineamento adotado foi em blocos ao acaso, com esquema fatorial 2 x 5, e

quatro repetições. As variáveis registradas foram: início de floração (IF), maturação

completa das vagens (MCV), altura das plantas (AP), número de nódulos (NN), número

(NV) e peso das vagens (PV) e índice de colheita (IC). As variáveis IC, NV e AP foram

tomadas, ao acaso, em 15 plantas dentro da área útil. Um detalhe da experimentação é

mostrado na Figura 1.

Figura 1. Inoculação das sementes com os isolados de bactérias do gênero

Bradyrhizobium (A), área experimental previamente fertilizada com superfosfato

simples e cloreto de potássio (B), desenvolvimento dos genótipos de amendoim

submetidos aos tratamentos: sulfato de amônio, isolados de Bradyrhizobium e controle

(C).

Complexo Sortivo e Nutrientes

pH g.kg-1

cmolc.kg-1

1:2,5 M.O Al+3

Ca+2

Mg+2

K+ P

6,6 13,8 0,0 27,4 12 1,8 52,6

A B C

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3.3. Preparo dos isolados

Os isolados de Bradyrhizobium foram cultivados em meio líquido “Yeast Extract

Malt Agar”, YMA (glicose 1%, ágar 2%, peptona 0,5%, malte 0,3% e extrato de

levedura 0,3%) à 28 °C, sob agitação, por 7 dias até o final da fase exponencial de

crescimento das bactérias (VINCENT, 1970). A seguir, o caldo bacteriano foi misturado

à turfa esterilizada na concentração 1:4 (v:v), para obtenção de um inoculante com

109ufc.g

-1, para posterior inoculação das sementes.

As sementes dos genótipos foram inoculadas no dia da semeadura, na proporção

de 200 g do inoculante para 10 kg de sementes, utilizando-se água com açúcar para uma

melhor aderência às sementes.

3.4. Análise estatística

Após tabulação dos dados, foram realizadas as análises de variância utilizando-

se o programa SISVAR versão 5.3 (FERRREIRA, 2009). As médias dos tratamentos

foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os tratamentos utilizados a base de nitrogênio surtiram diferenças nos

componentes de produção dos genótipos de amendoim. A fenologia da BR 1 e da L7

Bege não foi alterada em função dos tratamentos submetidos. O caráter de precocidade

foi mantido em ambos os genótipos durante todo ciclo; o início da floração ocorreu

entre 20 e 22 dias após a emergência (DAE) e a maturação completa da vagem foi

verificada entre 85 e 89 DAE, em todos os tratamentos, estando esses dados em

conformidade com o descrito nas cultivares do tipo Valencia, desenvolvidas pela

Embrapa (SANTOS et al., 2013).

Para as demais variáveis analisadas, houve diferença estatística significativa em

função do genótipo e tratamentos em que foram submetidos, com exceção da altura das

plantas que não foi influenciada pelos tratamentos nitrogenados (Tabela 4).

Na Tabela 5, encontram-se as médias obtidas para altura de plantas, números de

nódulos, número de vagens, peso de vagens e índice de colheita para dois genótipos de

amendoim submetida a dois tipos de fertilização nitrogenada. Verificou-se que a

inoculação do amendoim com os diferentes isolados de Bradyrhizobium promoveu

benefícios na produção de nódulos e de vagens em ambas cultivares, contudo, houve

resposta de seletividade (Figura 2). De forma generalizada, a linhagem L7 Bege se

mostrou mais produtiva em qualquer tratamento utilizado, quer seja para produção de

nódulos ou de vagens (Tabela 5).

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Tabela 4. Síntese da análise de variância para número de nódulos, altura das plantas,

número de vagens, peso de vagens/planta e índice de colheita de genótipos de

amendoim submetidos a duas fontes de nitrogênio.

QM

FV GL NN ALT NV PV IC

Genótipo 1 127683,22* 477,48 * 318,10 * 989,03 * 262,25 *

Tratamento 4 5967,99 * 70,88 ns 105,45 * 154,32 * 61,83 *

G x T 4 5867,34 ns 46,58 ns 20,13 ns 44,48 * 14,78 ns

G x T1 1 60355,5ns 290,40ns 46,08* 288ns 57,13*

G x T2 1 21649,7ns 44,65* 129,6ns 305ns 10,65*

G x T3 1 1806* 292,82ns 1,71* 9,90* 58,05ns

G x T4 1 42588,2ns 28,88* 162,9ns 404,7ns 20,67*

G x T5 1 24753,1ns 7,03* 58,32* 159,3ns 174,85ns

Blocos 3 38307,14 160,87 24,06 58,94 43,29

Resíduo 27

Total 39

Média 289,49 60,19 22,49 26,16 30,70

CV (%) 16,55 9,34 19,43 14,39 10,74

*Significativo e NS- Não Significativo a 5% de significância pelo teste F. QM- Quadrado médio, FV-

Fonte de variação, GL- Graus de liberdade, AP-Altura de plantas, NN- Número de nódulos, ALT- Altura

das plantas, NV- Número e vagens por planta, PV- Peso de vagens, IC-Índice de colheita, CV- coeficiente

de variação, G x T - Interação Genótipo x Tratamento.

Figura 2. Produção de nódulos e vagens por planta: BR1 controle (A); BR1 inoculada

com o Isolado 1: 115-7 (B); produção de vagens da linhagem L7 Bege (C) e detalhe do

número de vagens da L7 Bege (D) inoculada com 123-10A.

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Tabela 5. Médias para as características de altura de plantas, número de nódulos,

número de vagens, peso de vagens e índice de colheita para duas cultivares de

amendoim submetida a dois tipos de fertilização nitrogenada.

Médias seguidas na mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p ≤ 0.05). Letras maiúsculas

comparam entre genótipos e minúsculas entre tratamentos. NN- Número de nódulos, NV- Número de

vagens, PV- Peso de vagens/planta, IC- Índice de colheita, C- Controle (sem nitrogênio), N- fertilização

Nitrogenada, B1- Isolado 115-7, B2- Isolado 123-10A, B3- Isolado 1436 (SEMIA 6144).

Verifica-se na tabela 6, um ganho dos genótipos de amendoim submetidos à

inoculação com estirpes de Bradyrhizobium. Comparando-se com o tratamento controle

(C), verifica-se que a associação da cultivar BR1 com o inoculante B1 e L7 Bege com

B2 promoveram melhorias expressivas na produção de nódulos em ambos os genótipos,

com incremento na ordem de 83% e 18%, respectivamente. Para o peso de vagens,

observou-se incremento com o uso dos inoculantes. Em termos relativos, a BR 1 foi

mais beneficiada pelo efeito da inoculação.

Tabela 6. Porcentagem de ganhos para as variáveis: número de nódulos, número de

vagens/ planta, peso de vagens/planta e índice de colheita.

NN- Número de nódulos, NV- Número de vagens, PV- Peso de vagens/planta, IC- Índice de colheita, C-

Controle (sem nitrogênio), N- fertilização Nitrogenada, B1- Isolado 115-7, B2- Isolado 123-10A, B3-

Isolado 1436 (SEMIA 6144).

AP NN NV PV IC

BR1 L7 BR1 L7 BR1 L7 BR1 L7 BR1 L7

C 67Aa 55Ba 160Bc 323Ab 17Bb 22Ab 16Bc 28Ab 24Bc 29Ab

N 67Aa 62Ba 254Bb 358Ab 23Ba 31Aa 25Ba 37Aa 29Bb 31Ab

B1 66Aa 54Ba 293Ba 333Ab 22Ba 23Ab 25Ba 27Ab 30Bb 35Aa

B2 62Aa 58Ba 237Bb 382Aa 21Ba 30Ab 23Ba 37Aa 32Ba 36Aa

B3 57Aa 55Ba 222Bb 334Ab 16Bb 21Ac 17Bc 26Ab 25Bc 35Aa

M 64 57 233 346 20 25 21 31 28 33

BR1 (%) L7 Bege (%)

N B1 B2 B3 N B1 B2 B3

NN 58,75 83,12 48,13 38,75 10,83 3,10 18,26 3,40

NV 35,29 29,41 23,52 - 40,90 4,54 36,36 -

PV 56,25 56,25 43,75 6,25 32,14 - 32,14 -

IC 20,83 25 33,33 4,16 6,89 20,69 24,14 20,69

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Para o número de vagens verificou-se que a BR 1 associada ao isolado 1 e a L7

Bege com o isolado 2 apresentaram as mesmas médias do tratamento com nitrogênio.

As demais associações apresentaram resultados inferiores para número de vagens

(Tabela 5).

Contudo, quando se considera esses resultados, junto com o índice de colheita,

que estima a habilidade da planta em particionar a produção econômica em função da

matéria seca total, percebe-se que os isolados 1 (115-7) e 2 (123-10A) poderiam ser

indicados para a cultivar BR1. Analisando-se, porém, o comportamento produtivo da L7

bege, percebe-se uma maior tendência de resposta para o isolado 2 (123-10A), de onde

se pode inferir, baseando-se nos resultados desse trabalho, que esse isolado poderia ser

adotado para ambos genótipos. A estirpe SEMIA 6144, recomendado para a cultura do

amendoim não apresentou efeito significativo (Tabela 5).

O amendoim tem a habilidade de nodular com uma ampla faixa de rizóbios

nativos, razão pela qual a prática da inoculação é pouco utilizada pelos agricultores

(BORGES et al., 2007). Desta forma, a busca por bactérias eficientes, capazes de

estabelecer simbiose com as plantas, em condições de campo torna-se fundamental para

aumentar a procura dos produtores pelas técnicas de inoculação.

Estudos demonstram a variabilidade existente em bactérias nativas dos solos da

região Nordeste. Lyra et al. (2013) estudaram a diversidade de rizóbios em cultivares de

amendoim cultivados em solos da região da Zona da Mata Pernambucana. Foram

obtidos 22 isolados oriundos de nódulos de sete cultivares de amendoim (L7 Bege, BR

1, Caipó, Jumbo, Tatu, IAC 8112 e Nativa), estes foram avaliados e classificados

quanto ao tempo de crescimento, alteração do pH do meio de cultura e morfologia da

colônia, comparando-os com cepas de referência. Os 22 isolados apresentaram rápido

crescimento (82% de crescimento em 24 h e 18% em 48 h), com capacidade de

acidificar o meio de cultura. Foram identificados os gêneros Rhizobium sp.,

Bradyrhizobium sp., Mesorhizobium sp., Sinorhizobium sp. e Azorhizobium sp. A maior

diversidade de gêneros foi encontrada na cultivar BR1. Essa diversidade contradiz o

estudo de Thies et al. (1991) que afirma que existe uma predominância da colonização

dos nódulos de amendoim pelo gênero Bradyrhizobium sp., caracterizado pelo

crescimento lento e capacidade de alcalinizar o meio de cultura.

Além destes gêneros, Ibañez et al. (2009) observou a presença de Pseudomonas

spp., Enterobacter spp. e Klebsiella spp. em amendoim, sendo considerados micro-

organismos oportunistas capazes de colonizar os nódulos durante ou após o processo de

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formação dos nódulos.

Os nódulos de amendoim são ocupados por estirpes altamente competitivas, não

existindo predominância de um gênero específico, portanto, o grande obstáculo para a

eficiência do uso de inoculantes é a incapacidade das estirpes inoculadas competirem

com bactérias autóctones. Considera-se que a inoculação é bem sucedida quando a

estipe, além de proporcionar eficiência na fixação de N, tenha a capacidade de competir

com rizóbios nativos e colonizar o maior número de nódulos (ANGELINI, 2011).

Segundo Bogino et al. (2008), a elevada diversidade populacional de rizóbios

nativos, que competem pela infecção das raízes das plantas hospedeiras, pode causar a

redução no aproveitamento da fixação e no suprimento de N para a planta, dado que os

nódulos serão colonizados por isolados de eficiência variável.

Torres Júnior et al. (2013) analisaram a diversidade e eficiência simbiótica em

duas cultivares de amendoim, em solos da região Sudeste. As bactérias foram isoladas

de nódulos das cultivares BR1 e BRS Havana. A maior parte dos isolados obtidos

mostraram hábito de crescimento rápido e capacidade de acidificar o meio de cultura. A

partir de ensaios preliminares para avaliar a nodulação e eficiência, utilizando substrato

estéril, dois isolados (AM 01 e AM 07) foram selecionados para testes em vasos

contendo solos da região. O primeiro isolado mostrou 99,85% de similaridade com a

estirpe de Bradyrhizobium sp. SEMIA 6144, entretanto, o segundo apresentou

similaridade de 99,62% com Rhizobium tropici. Os autores concluíram que os dois

isolados selecionados aumentaram a nodulação e o teor de N na parte aérea, resultado

semelhante ao obtido com a estirpe SEMIA 6144 e superior ao tratamento com

fertilizante nitrogenado, para a cultivar BR1. Em relação à BRS Havana, nenhum dos

isolados mostrou desempenho igual à estirpe SEMIA 6144. Por outro lado a inoculação

de BRS Havana com a estirpe recomendada mostrou maior eficácia.

Vários trabalhos na literatura reportam sobre a relação de especificidade de

isolados de Bradyrizobium com cultivares de amendoim. Melo (2013) avaliou a

eficiência da estirpe recomendada SEMIA 6144 sob as cultivares BR1, BRS Havana e a

linhagem L7 Bege e constatou que dentre os genótipos avaliados, a BRS Havana foi

beneficiada no número de nódulos e produção de vagens, por outro lado, foi observada

uma nodulação superior para os genótipos BR1 e L7 Bege quando cultivados na

ausência de N-fertilizante e inoculação (controle) indicando que as estirpes nativas do

solo foram capazes de suprir a demanda de N requerida pelas plantas. Assim, estudos de

prospecção de novas estirpes devem ser realizados com vistas a inoculação da cultivar

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BR1 e a linhagem L7 Bege, já que BRS Havana, comprovadamente, estabelece uma

associação mais eficiente com a estirpe recomendada atualmente.

Zapata et al. (2014) testaram os efeitos da inoculação de três isolados de

Bradyrhizobium na produção do amendoim do tipo Valencia, cultivado em solos de

textura média. Foram utilizadas as cepas: C-145 (INTA-Castelar, Argentina), SEMIA

6144 e um inoculante comercial a base de Bradyrhizobium sp., denominado de Adhere.

Os autores observaram aumentos significativos no crescimento das plantas, acúmulo de

massa seca e no rendimento de vagens do genótipo com os três isolados, sobretudo com

o comercial que promoveu produção superior ao fertilizante químico.

O amendoim, por ser considerada uma cultura de importância socioeconômica

para a região Nordeste brasileira, requer estudos de seleção de novas estirpes de

rizóbios, capazes de fixar nitrogênio, com eficiência em competir com bactérias nativas,

em virtude da diversidade das condições edafoclimáticas, com vistas à redução dos

custos de produção e aumento da produtividade, já que atualmente apenas uma estirpe é

recomendada para esta leguminosa. Estirpes com estas características representam um

recurso genético considerável para elevar a contribuição da FBN para as lavouras

agrícolas.

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5. CONCLUSÕES

A resposta dos isolados estudados sobre a nodulação e produção de vagens no

amendoim foi genótipo dependente, contudo, considerando-se os benefícios promovidos

na produtividade de vagens, o isolado 123-10A é o mais indicado para os genótipos

avaliados nesse estudo.

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