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Cláudia Viana Rodrigues
ESTRATÉGIAS DE RESPOSTA AO HIV/SIDA
NO LOCAL DE TRABALHO:
A perspectiva de Empregadores e Trabalhadores de
Empresas sediadas em Maputo
Universidade Politécnica
A POLITÉCNICA
MAPUTO
2008
Cláudia Viana Rodrigues
ESTRATÉGIAS DE RESPOSTA AO HIV/SIDA
NO LOCAL DE TRABALHO:
A perspectiva de Empregadores e Trabalhadores de
Empresas sediadas em Maputo
Monografia apresentada à Escola Superior de
Gestão, Ciências e Tecnologias da Universidade
Politécnica, como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de Licenciada em Psicologia das
Organizações e do Trabalho.
Tutora: Dra. Andrea Folgado Serra
MAPUTO
2008
Parecer do tutor:
Eu, Andrea Folgado Serra, Tutora da Monografia de Licenciatura da estudante Claúdia
Viana Rodrigues, intitulada “Estratégias de Resposta ao HIV/SIDA no Local de
Trabalho: A perspectiva de Empregadores e Trabalhadores de Empresas sediadas em
Maputo”, outorgo à mesma a minha apreciação favorável.
Por estes motivos, considero o presente trabalho de Licenciatura da candidata, apto para
ser submetido à avaliação e defesa pública perante o Júri nomeado para o efeito.
Maputo, 11 de Agosto de 2008
_________________________
Andrea Folgado Serra
A meu adorado pai, Amílcar Viana Rodrigues,
por seu desejo estar se tornando realidade.
Que Deus lhe dê um eterno descanso.
Ao meu filho Tiago, por ter estado sempre comigo,
durante esta longa caminhada.
UM AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL
À Dra. Andrea Folgado Serra, que incansavelmente me
orientou, acolheu, encorajou, pela paciência demonstrada
apesar dos inúmeros afazeres profissionais. Sem a sua
poderosa contribuição, não seria possível a realização
deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A meu marido e companheiro sempre presente, Júlio Mazembe, pelo estímulo, carinho e
presença incondicional em todos os momentos.
À minha mãe, Sara, e às minhas irmãs, Maria da Conceição, Andrea e Melba, por se
mostrarem sempre disponíveis e prontas para ajudar.
Ao meu primo Isac Ilal, por me ter dado uma ajuda de grande valor ao fornecer-me as
ferramentas chave para a realização deste trabalho, e, acima de tudo, ter supervisionado o
presente trabalho.
À Felizarda Cutane, amiga sempre presente, pela coragem e pela força, para que eu
pudesse seguir em frente.
Endereço os meus calorosos agradecimentos à ECoSIDA (Associação dos empresários
contra a SIDA), por me ter acolhido, e facilitado imenso a realização do estágio, embrião
deste trabalho.
Ao meu orientador no local de estágio, Dr. Rafael Shikani, por me ter acompanhando em
todos os momentos da realização do estágio, bem como facilitado o contacto com as
instituições membros da ECoSIDA.
Ao meu grupo de estudo, “as poderosas” – Assma, Eulália, Patrícia e Suneina, minhas
companheiras de batalha, pelo apoio, e pela amizade, durante o curso.
A todos os docentes, colegas e amigos que directa ou indirectamente contribuíram de
alguma forma para que um dia o meu sonho se pudesse concretizar.
RESUMO
O presente trabalho de investigação cientifica teve como objectivo analisar as estratégias
de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho usadas pelas empresas em Moçambique,
em um grupo de 8 empresas membros da Associação dos Empresários Contra a
SIDA(ECoSIDA), escolhidas de uma população de 37 empresas membros da ECoSIDA.
Os resultados deste estudo, mostram que a nível geral, os trabalhadores estão satisfeitos
com as políticas e programas de HIV/SIDA vigentes nos seus locais de trabalho, e
sugerem que se continue a realizá-los. Por outro lado, notou-se algum desconhecimento
por parte de trabalhadores, o que culminou em algumas discrepâncias nas opiniões dos
gestores e trabalhadores relativamente a políticas e programas nacionais de HIV/SIDA.
Palavras-chave: HIV/SIDA, Local de trabalho, Impacto, Estratégias de combate.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Taxas de prevalência de HIV/SIDA por Regiões ..................................... 14 Tabela 2: Dimensão das Empresas Pesquisadas ....................................................... 36 Tabela 3: Distribuição dos trabalhadores inquiridos por Empresa ............................ 39 Tabela 4: Conhecimento da filiação das empresas à alguma organização de combate
ao HIV/SIDA por empresa e grupo de inquiridos .............................................. 42 Tabela 5: Conhecimento sobre a organização de combate ao HIV/SIDA por empresa
e grupo de inquiridos ........................................................................................ 43 Tabela 6: Existência de Políticas de combate ao HIV/SIDA na opinião da empresa e
do grupo de inquiridos ...................................................................................... 44 Tabela 7: Concordância entre as políticas de combate ao HIV/SIDA e a legislação
sobre o HIV/SIDA ............................................................................................ 45 Tabela 8: Reacção dos trabalhadores a politica de HIV/SIDA.................................. 46 Tabela 9: Opinião dos trabalhadores em relação a política de HIV/SIDA................. 47 Tabela 10: Ajuda prestada pela empresa ao trabalhador ........................................... 48 Tabela 11: Existência de programa de HIV/SIDA.................................................... 48 Tabela 12: Existência de fundos para combate à pandemia ...................................... 49 Tabela 13: Tempo de existência do programa na opinião de trabalhadores e gestores
de HIV.............................................................................................................. 50 Tabela 14: Áreas de cobertura do programa na opinião de gestores e de trabalhadores
......................................................................................................................... 51 Tabela 15: Extensão do programa de HIV/SIDA...................................................... 52 Tabela 16: Obstáculos enfrentados na opinião de gestores e trabalhadores ............... 53 Tabela 17: Sugestões dos trabalhadores para as empresas ........................................ 54
ABREVIATURAS
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
SIDA Sindroma de Imunodeficiência Adquirida
OMS Organização Mundial da Saúde
ECOSIDA Associação dos Empresários contra a SIDA
SPSS Statistical Package for Social Science
CNCS Conselho Nacional de Combate aa SIDA
MISAU Ministério da Saúde
ONUSIDA Programa das Nações Unidas para a SIDA
PEN Plano Estratégico Nacional
UNAIDS United Nations Joint programme on HIV/AIDS
USAID United States Agency for International Development
BIT Bureau Internacional do Trabalho
OIT Organização Internacional do trabalho
WHO World Health Organization
PIB Produto interno bruto
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
BAT Brittish American Tobacco
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1
1.1 PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO....................................................................................1 1.2 JUSTIFICATIVA...........................................................................................................3 1.3 OBJECTIVOS ..............................................................................................................5 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO........................................................................................6
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................7
2.1 HIV/SIDA NO MUNDO ..............................................................................................7 2.2 HIV/SIDA EM MOÇAMBIQUE ..................................................................................13 2.3 IMPACTO DO HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO ...................................................17
2.3.1 Impacto do HIV no Sector Económico e Produtivo..........................................19 2.3.2 Impacto do HIV no Sector da Educação ..........................................................21 2.3.3 Impacto do HIV no Sector de Saúde ................................................................23
2.4 LEGISLAÇÃO SOBRE O HIV/SIDA NAS ORGANIZAÇÕES .............................................24 2.4.1 Directrizes práticas sobre o HIV e o mundo do trabalho .................................24 2.4.2 O Código sobre HIV/SIDA e o emprego na SADC...........................................25 2.4.3 Legislação Nacional – Lei n 5/2002 de 5 de Fevereiro ...................................26
2.5 ESTRATÉGIAS DE COMBATE AO HIV/SIDA NAS ORGANIZAÇÕES ...............................28
MÉTODO .....................................................................................................................35
3.1 TIPO DE INVESTIGAÇÃO ...........................................................................................35 3.2 PARTICIPANTES .......................................................................................................36 3.3 INSTRUMENTOS .......................................................................................................40 3.4 PROCEDIMENTOS .....................................................................................................41
RESULTADOS.............................................................................................................42
4.1 FILIAÇÃO DAS EMPRESAS A ORGANIZAÇÕES DE COMBATE AO HIV/SIDA.................42 4.2 POLÍTICAS E PROGRAMAS DE HIV/SIDA..................................................................44
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................................................55
CONCLUSÕES E SUGESTÕES.................................................................................59
REFERÊNCIAS...................................................................................................................62 ANEXO 1..............................................................................................................................65
ANEXO II.............................................................................................................................68
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
1
INTRODUÇÃO
1.1 Problema de Investigação
Nos cerca de 25 anos desde que a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA)
surgiu como a maior emergência de saúde, a epidemia tem tido um sério efeito devastador no
desenvolvimento humano. Em muitos países, a epidemia tem minado o progresso nos
objectivos do desenvolvimento do milénio, particularmente, em áreas como redução da
pobreza, promoção de igualdade de género, redução da mortalidade infantil, e aumento da
qualidade de vida das mães (Iavi,2005;unfpa,2003) citados pelo Programa das Nações Unidas
sobre o HIV/SIDA .(UNAIDS, 2006)
O impacto global da SIDA na população mundial, ainda não atingiu o seu pico, e seus
efeitos demográficos, serão melhor sentidos na segunda metade do século XXI. De acordo com
projecções, sugere-se que em 2015, dos 60 países mais afectados pela pandemia, a sua
população será 15 milhões menos do que seria sem a SIDA. (UNAIDS, 2006)
De acordo com o relatório da UNAIDS (1999), o vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV), continua a disseminar-se por todo o mundo, atingindo comunidades que eram pouco
vulneráveis a epidemia, e a sua virulência está a aumentar em áreas nas quais a SIDA já é a
principal causa de morte em adultos (15-49 anos).
O vírus continua a expandir-se, causando aproximadamente 16,000 novos casos por
dia. De facto, o HIV/SIDA, já figura entre as dez principais causas de morte em todo o mundo,
e de acordo com os níveis actuais de infecção, em pouco tempo poderá figurar entre as cinco
primeiras causas de morte. (UNAIDS, 2006)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Não existem explicações simples para o facto de alguns países serem mais afectados
pelo vírus HIV. Supõe-se que a pobreza, o analfabetismo, o comportamento de risco são alguns
dos factores importantes para a epidemia. (UNAIDS, 1999)
De acordo com a reunião tripartida de peritos sobre o HIV/SIDA e o mundo do trabalho
do Bureau Internacional do Trabalho (OIT, 2001), a SIDA encontra-se mais expandida nas
zonas onde os direitos económicos, sociais e culturais são violados, e também nas zonas onde
as regras civis e politicas são ignoradas. As atitudes e os comportamentos podem ser
reconhecidos como outros factores que aumentam o risco. As pressões culturais e o
desconhecimento dos factos escondem a extensão da infecção ao nível local e nacional, sendo
assim explicada a dificuldade de planificar uma acção eficaz.
Conforme o Plano Estratégico Nacional para 2005-2009 (PEN, 2004) Moçambique
situa-se entre os 10 países com a maior prevalência de HIV no mundo. Em 2004, existiam, em
Moçambique, 1.500.000 pessoas vivendo com HIV/SIDA, indicando uma seroprevalencia de
16,2%; sendo 60 % mulheres e os restantes 40 % homens.
Em Moçambique, o HIV-SIDA provocou um decréscimo na esperança média de vida
(2004), reduzindo-a de 46.4 anos sem a SIDA, para 38.1 anos com a SIDA. Adicionalmente
foram reportados nesse ano, 97 mil óbitos por SIDA; Prevê-se que até 2010, haja uma perda de
9,200 professores, bem como uma perda de 15% de trabalhadores de Saúde. (MISAU, 2006)
O HIV, repercute-se directamente nas empresas, ao atingir a sua força de trabalho. Os
elevados custos da SIDA no mundo do trabalho - perda de produtividade, contratação e
formação de novos empregados, prémios de seguros e assistência médica mais caros reforçam
a argumentação a favor do investimento em programas de prevenção do HIV para homens e
mulheres no seu local de trabalho. (ONUSIDA, 2000)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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O HIV-SIDA está concentrado entre adultos em idade produtiva: estima-se que dos 40
milhões de pessoas que actualmente vivem com o HIV-SIDA, 80% são adultos, e pelo menos
26 milhões são trabalhadores com idade entre 15 e 49 anos (OIT, 2003).
O estabelecimento de um programa e de uma politica relativa ao HIV/SIDA no local de
trabalho é uma solução eficiente e reduzirá o alastramento e o impacto futuro da doença
(ONUSIDA, 1998).
É precisamente neste contexto que emerge a principal questão de investigação que
norteará o presente trabalho: “Que estratégias as empresas Moçambicanas estão a desenvolver
para lidar com o HIV-SIDA, e qual é a percepção e envolvimento dos trabalhadores e gestores
em relação aos programas implementados?”
1.2 Justificativa
O tema em questão, HIV/SIDA, sempre foi algo de grande interesse do autor,
despertando, curiosidade e vontade de melhor perceber os factores ligados à pandemia, desde
crenças, atitudes, aspectos sócio-culturais e psicológicos, enfim, factores que estivessem por
detrás da adopção de comportamentos de risco pelos indivíduos.
Mesmo antes do seu ingresso para a Universidade Politécnica, o autor trabalhou em
organizações ligadas ao HIV/SIDA, tendo posteriormente, após o seu ingresso na Politécnica,
elaborado trabalhos académicos das cadeiras do curso de Psicologia na área do HIV/SIDA.
O interesse foi ainda maior quando o autor, participou como formando, num curso de
extensão da Universidade Politécnica em parceria com o Conselho Nacional de Combate a
Sida (CNCS) e a Escola Superior Aberta (ESA), denominado “Formação e Aconselhamento
em HIV/SIDA”, em que se abordaram questões relativas ao HIV/SIDA no local de trabalho.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Para reforçar, o autor, já no seu último ano do curso, estagiou na Associação dos
Empresários contra a SIDA (ECoSIDA), tendo estado em contacto com empresas membros da
ECoSIDA, surgindo a oportunidade de conhecer as estratégias de combate à pandemia por
estas usadas. Porém, o autor, percebera a importância da percepção dos trabalhadores em
termos de conhecimentos, crenças, atitudes e práticas, muitas vezes erradas, que funcionam
como entrave para uma intervenção eficaz nos locais de trabalho.
O HIV/SIDA constitui uma ameaça de grande magnitude para as empresas dos sectores
público e privado. Algumas empresas sabem que mais de metade dos seus trabalhadores vivem
com HIV-SIDA (OIT, 2002).
O mundo do trabalho está cada vez mais afectado, pois sofre não apenas com o custo
humano da força de trabalho, mas também com a redução dos lucros e da produtividade. Isso
resulta em novos desafios tanto para os empregadores quanto para os trabalhadores. Respostas
construtivas e pró-activas ao HIV no local de trabalho, podem contribuir para uma melhoria
das relações trabalhistas e para garantir a continuidade da produção (OIT, 2002).
De acordo com a reunião tripartida de peritos sobre o HIV/SIDA e o mundo do trabalho
do Bureau Internacional do Trabalho (OIT, 2001), de forma a garantir a coerência dos
programas nacionais de luta contra a SIDA, de avaliar os custos da epidemia nos locais de
trabalho, de planificar medidas que visam atenuar o impacto socioeconómico da SIDA, as
autoridades competentes devem encorajar, apoiar, realizar pesquisas e difundir os resultados.
Os programas de informação e de educação no local de trabalho, são essenciais para
lutar contra a propagação da epidemia e para promover a tolerância face aos trabalhadores
infectados pelo HIV ou doentes de SIDA. Uma instrução eficaz pode aumentar a capacidade de
protecção dos trabalhadores contra a infecção do HIV; pode diminuir sensivelmente a angústia
associada ao HIV, reduzir ao mínimo as perturbações no local de trabalho e desencadear uma
alteração de atitude e de comportamento. (OIT, 2001)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Os programas devem ser objectivos e adaptados à idade, sexo, orientação sexual, ao
sector de actividade, aos factores associados ao comportamento de risco, e ao meio cultural dos
trabalhadores. (OIT, 2001)
Ao se usar os resultados desta pesquisa como base para intervenções direccionadas, que
possam vir a ser implementadas futuramente, espera-se que o impacto do HIV-SIDA no local
de trabalho seja minimizado.
1.3 Objectivos
Objectivo geral
Analisar as estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho usadas pelas
empresas em Moçambique.
Objectivos Específicos
Identificar e descrever as estratégias de combate ao HIV no local de trabalho adoptadas
pelas empresas em Moçambique;
Identificar e descrever a percepção dos trabalhadores relativamente à implementação
dos programas e estratégias de resposta ao HIV pelas empresas;
Comparar as perspectivas dos empregadores e dos trabalhadores relativamente às
estratégias de combate ao HIV no local de trabalho;
Identificar os obstáculos que as empresas têm actualmente enfrentado no âmbito da
implementação de programas de HIV no local de trabalho, na perspectiva de
trabalhadores e empregadores.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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1.4 Estrutura do Trabalho
Este trabalho está subdividido em seis capítulos, sendo o primeiro deles a presente
introdução, que está subdividida na delimitação do problema de investigação, na justificativa e
na apresentação dos objectivos do estudo.
No capítulo 2, apresenta-se a fundamentação teórica, que inclui aspectos teóricos, a
situação no mundo e no país, vários conceitos, estatísticas e abordagens existentes.
No capítulo 3, apresenta-se a metodologia que foi usada, destacando o tipo de
investigação, os participantes, o instrumento usado para a colecta de dados, bem como os
procedimentos seguidos para o tratamento dos dados.
No capítulo 4, procede-se à apresentação dos resultados do estudo.
No capítulo 5, faz-se a discussão dos resultados, onde há um confrontação dos
resultados encontrados com modelos e estudos existentes relativos ao tema em questão.
No capítulo 6, tecem-se as principais conclusões da pesquisa, bem como se deixam
sugestões às empresas pesquisadas, e para futuras investigações.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 HIV/SIDA no Mundo
O vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é um agente patogénico humano
individualizado, que enfraquece as defesas imunológicas do corpo, causando deterioração do
sistema imunológico. O portador do vírus fica vulnerável a uma série de infecções oportunistas
que uma pessoa saudável normalmente consegue superar.(Pereira, 2000)
Ao conjunto de patologias, que tem por base uma marcada inoperância do sistema
imunológico dos indivíduos afectados, denomina-se de Sindroma de Imunodeficiência
Adquirida (SIDA). A SIDA é a fase terminal da infecção pelo HIV, a qual é caracterizada por
um longo período assintomático cuja duração pode variar entre alguns meses e vários anos.
(Pereira, 2000)
“A epidemia global do HIV/SIDA, devido a sua escala devastadora e ao seu impacto,
constitui uma emergência global e um desafio a vida e dignidade humanas, bem como
ao gozo efectivo dos direitos humanos, que mina o desenvolvimento Social e
Económico em todo o mundo e afecta todos os níveis da sociedade – nacional,
comunidade, familiar e individual.” ( ILO, 2003)
Desde que a SIDA foi descrita pela primeira vez em 1981, já se perderam muito mais
de 20 milhões de vidas, e actualmente, dezenas de milhões de outras pessoas - cada vez mais
mulheres e jovens estão a viver com o HIV. A maioria deles enfrenta a perspectiva de doença,
pobreza e morte prematura. No mundo em desenvolvimento, onde vivem 95 % das pessoas
com HIV, somente 7 % das mais necessitadas de tratamento puderam obtê-lo em 2003, um
contraste com o mundo desenvolvido, onde tal tratamento tornou-se prática médica corrente.
(ONUSIDA, 2004)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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De acordo com a UNAIDS (2006), cerca de 38.6 milhões de pessoas em todo mundo
vivia com o HIV em 2005, sendo que cerca de 4.1 milhões se tornavam novas infecções por
HIV e cerca de 2.8 milhões perderam as vidas devido ao HIV.
Em Dezembro de 2007, o número estimado de pessoas vivendo com o HIV foi de 33.2
milhões, o que indica uma redução de 16% comparada à estimativa de 2006 (39.5 milhões). A
maior razão para esta redução deve-se ao intenso exercício de avaliação da epidemia de HIV na
Índia, que resultou na revisão das estimativas do país. Foram feitas igualmente revisões de
estimativas também em outras zonas, em especial na África Sub-Sahariana, onde se detectou
que cerca de 70% do total das diferenças entre 2006 e 2007 foram devido a mudanças em 5
países: Angola, Quénia, Moçambique, Nigéria, e Zimbabwe. Contudo, devido ao facto das
estimativas acerca do HIV serem derivadas de modelos matemáticos aplicados à prevalência
do HIV, está patente que as diferenças entre o ano de 2006 e o de 2007 resultem na sua grande
maioria em redefinições na metodologia, do que na Pandemia como tal. (UNAIDS, 2006)
A UNAIDS prevê que em 2020, o número de infectados suba para 68 milhões, a não
ser que se expandam programas de prevenção e tratamento. (ILO, 2003)
Todos os países são atingidos: adultos e crianças com HIV/SIDA totalizam cerca de 25
milhões na África Sub-Sahariana ; Cerca de seis milhões na Ásia, quase dois milhões na
América Latina e Caraíbas, cerca de um milhão na América do Norte, 0.5 milhões no Norte de
África. Apesar de o modo dominante de transmissão variar de região para região, os níveis de
infecção estão a aumentar (ILO, 2001).
As consequências das mortes por SIDA para a população de África são claras: em
2010, nos 29 países com taxas de prevalência de mais de 2 %, a população será 50 milhões
menos do que seria na ausência da SIDA. Existem também consequências sexuais e ligadas à
idade, pois, em muitos países as mulheres geralmente são infectadas numa idade mais cedo do
que os homens. Em África, cerca de metade das novas infecções são mulheres. (ILO, 2001)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Nos países mais duramente atingidos, a SIDA está a reduzir de maneira espectacular a
esperança de vida, o potencial económico, e criando milhões de órfãos, aumenta a
vulnerabilidade de gerações futuras e diminui a capacidade dos sectores públicos e privados.
Em certas partes da África, a SIDA agravou os problemas de segurança alimentar que já eram
graves. (ONUSIDA, 2004)
De acordo com a UNAIDS (1999), a maioria dos casos de infecções pelo HIV
encontram-se em países em desenvolvimento, grande parte dos quais que não podem arcar com
as despesas de pessoas infectadas. De facto, 86 % das pessoas com infecção pelo HIV vivem
em África, mais precisamente na África Sub-Sahariana e em países de desenvolvimento da
Ásia, que juntos são responsáveis por menos de 10 % do produto interno bruto (PIB).
Nos países mais afectados pela pandemia, o aumento da morbilidade e mortalidade
verifica-se num contexto de deterioração dos serviços públicos, de perspectivas de emprego
medíocres, e de pobreza endémica, que não está directamente relacionada com a epidemia, mas
que pode ser exacerbada por ela. (ONUSIDA, 2000)
Torna-se evidente que, em muitos países industrializados, a epidemia continua
intimamente ligada à epidemia global. O movimento da população entre países, quer seja por
imigração, emprego ou diversão, e o deslocamento das populações devido a guerra e à
instabilidade politica, são factores favoráveis à transmissão do HIV. (ILO, 2001)
Em todas as regiões do mundo, com excepção da África Sub_Sahariana são mais
numerosos os homens infectados pelo HIV do que as mulheres. O comportamento dos homens
- muitas vezes influenciado por crenças culturais perniciosas sobre a masculinidade – faz deles
as principais vítimas da epidemia. (ONUSIDA, 2000)
A África Sub-Sahariana continua a ser a região mais afectada pela pandemia, em todo o
mundo. Um pouco mais de 1/10 da população mundial vive na África Sub-Sahariana, que
agrega cerca de 64% da população infectada com o vírus – 24,5 milhões. Destes, 2.5 milhões
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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são crianças com menos de 15 anos de idade. De facto, quase nove em dez crianças (menores
de 15 anos) que vivem com o HIV, estão na África Sub-Sahariana. (UNAIDS, 2006)
Cerca de 2.7 milhões de pessoas na região tornam-se novas infecções, enquanto que
dois milhões de adultos e crianças morrem de SIDA. Em 2005, havia cerca de 12 milhões de
órfãos devido à SIDA na África Sub-Sahariana. (UNAIDS, 2006)
Cerca de ¾ de todas as mulheres (com mais de 15 anos) vivendo com o HIV, estão na
África Sub-Sahariana. Na maioria das regiões, as mulheres são afectadas
desproporcionalmente pelo HIV, comparativamente aos homens – que é uma manifestação da
desigualdade social e do status socioeconómico entre homens e mulheres. (UNAIDS, 2006)
Surgem, pela primeira vez na África Sub- Sahariana sinais indicando que a incidência
do HIV- ou seja, o número actual de novas infecções poderá estar a estabilizar-se. O total de
novas infecções em 2000 reduz-se para 3.8 milhões, contra 4.0 milhões em 1999.
O ligeiro abaixamento das novas infecções em África deve-se provavelmente a dois
factores. Por um lado, em numerosos países, a epidemia dura há algum tempo que já atingiu
um grande número de pessoas sexualmente activas, não restando senão uma pequena reserva
de indivíduos susceptíveis de serem infectados. Por outro lado, o sucesso dos programas de
prevenção em alguns países africanos, teve por efeito uma redução das taxas nacionais de
infecção e contribui para o abaixamento das taxas à escala regional. (ONUSIDA, 2000)
Nos países mais afectados da África Sub- Sahariana, a SIDA continua a lentificar ou a
reverter as melhorias quanto à esperança de vida, e a distorcer as estruturas da idade sexual da
população inteira. Apesar de a maioria dos países mais afectados na região terem registrado um
declínio na esperança de vida devido à epidemia – e a outros factores como conflitos armados,
economia estagnada, e o ressurgimento da tuberculose, malária, e outras doenças – de um
modo geral, a população continua a crescer na maioria destes países devido as elevadas taxas
de fertilidade. (UNAIDS, 2006)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Wilson, Naidoo, Bekker, Cotton e Maartens (2004) afirmam que outro achado
importante, refere-se ao facto de que no contexto da África Sub-Sahariana, a maioria dos temas
relativos a sexualidade são difíceis de lidar, pois sexo e comportamento sexual são geralmente
tratados em segredo ou são tabus.
A região Sul da África Sub-Sahariana, com os níveis de prevalência mundiais mais
elevados de HIV, inclui os países economicamente mais desenvolvidos na região. Em geral,
estes países possuem os níveis mais elevados de educação, produto interno bruto, e acesso a
água e saneamento quando comparados as outras partes do continente. Contudo, eles possuem
também, grande desigualdade económica e números alarmantes de população vivendo na
pobreza, que, estão associadas à transmissão do HIV. (UNAIDS, 2006)
Na África Sub-Sahariana, as mulheres são afectadas mais cedo, e mais frequentemente
do que os homens. Mulheres de cerca de 15-24 anos, são cerca de duas a seis vezes mais
afectadas do que os homens na mesma faixa etária. Este facto verifica-se em grupos etários
mais elevados, e sublinha a vulnerabilidade das mulheres e raparigas e a desigualdade de poder
em muitas sociedades. (UNAIDS, 2006)
Na região da África Sub-Sahariana, aproximadamente 9% das crianças com menos de
15 anos de idade perderam pelo menos um de seus pais devido à SIDA, e um em seis orfanatos
toma conta de pelo menos um órfão. Até hoje, considera-se que a família dos órfãos tem
cooperado positivamente com este facto, onde, cerca de 90% dos órfãos de ambos os pais estão
sob cuidado da família. (UNAIDS, 2006)
A maior parte das infecções na África Sub- Sahariana ocorre através das relações
sexuais desprotegidas, enquanto que transfusões sanguíneas e uso de material injectável
contribuem para uma pequena fracção da contaminação. Enquanto que o comportamento
sexual é o factor mais determinante para o alastramento do HIV em África, este
comportamento varia enormemente entre culturas, grupos etários, classes sócio-económicas e
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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género sexual. O comportamento sexual é influenciado por uma série de factores, desde o
pragmático e diário (como circunstâncias económicas e sociais), ao mais complexo e abstracto
(como a cultura). (UNAIDS, 2002)
A conjugação de vários factores esconde os factores causais e como tal, evita que se
cheguem a conclusões. Um estudo realizado em cidades africanas, revelou que os
comportamentos mais comuns e factores biológicos nessas cidades com elevada prevalência
eram: primeira relação sexual nas mulheres realizada numa idade muito precoce, casamentos
prematuros, diferença de idades entre as esposas, a presença da variante II do vírus do HIV, e a
falta de circuncisão masculina. (UNAIDS, 2002)
De acordo com a ILO (2001), a epidemia tem causado vários constrangimentos em
muitos países:
No Quénia, espera-se que se gaste 60 % do orçamento da saúde no tratamento
do HIV/SIDA até 2005;
A Zâmbia teve em 1998, mortes de professores equivalentes a 2/3 do número de
professores graduados nos colégios;.
Em 2020, estima-se que a população do Zimbabwe seja 20% menos do que
seria sem a SIDA.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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2.2 HIV/SIDA em Moçambique
Moçambique, como qualquer outro país da África Austral, possui níveis de prevalência
elevados do HIV, estando situado entre os 10 países com as taxas de prevalência mais
elevadas. (MISAU/INE, 2007) citados por ILO (2003)
De acordo com Plano Estratégico Nacional 2005-2009 ( PEN 2004), o primeiro caso de
SIDA em Moçambique foi diagnosticado em 1986. Tratava-se de um cidadão estrangeiro que
já teria entrado no pais sendo portador do vírus. Desde então, começaram a ser criados
mecanismos de combate à SIDA no país. Em 1987, surgem os primeiros casos em
Moçambicanos. Após esta descoberta, outros casos foram aparecendo ao longo dos anos,
duplicando as taxas de prevalência, tendo sido registrados em 1989 cerca de 41 casos. Desses
41 casos, cinco eram crianças e os restantes, adultos com idades compreendidas entre os 20 e
49 anos de idade.
A prevalência nacional do HIV/SIDA é de 16,2% (14%-17%), entre adultos com idades
compreendidas entre os 15-49 anos, para o ano de 2007. Espera-se que a esperança de vida
para o ano de 2010 caia de 43 para 36 anos, ao invés de subir para 50, como seria de esperar na
ausência da SIDA .(ILO, 2005)
Existe uma grande variação entre as províncias, com as províncias do Sul com um
aumento dramático na taxa de prevalência desde 2005. As taxas mais crescentes foram
verificadas nas províncias de Gaza e Maputo conforme se apresenta na tabela 1, abaixo.
(MISAU/INE, 2007), citados por ILO (2003)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Tabela 1: Taxas de prevalência de HIV/SIDA por Regiões
Província Taxa de Prevalência Região Taxa de Prevalência
Maputo Cidade 20.7%
Maputo Província 20.7%
Gaza 19.9%
Inhambane 11.7%
SUL 18.1%
Sofala 26.5%
Manica 19.7%
Tete 16.6%
Zambézia 18.4%
CENTRO 20.4%
Niassa 11.1%
Nampula 9.2%
Cabo Delgado 8.6%
NORTE 9.3%
Nacional 16.2%
Fonte: MISAU/INE (2007) citados por ILO(2003)
A alta incidência na região central é atribuída principalmente a vários factores, inclusive os
cerca de dois milhões de refugiados que voltaram para Moçambique vindo de países vizinhos,
onde é alta a incidência de HIV/SIDA, como Malawi e Zâmbia, após o acordo de paz de 1992
e, até certo ponto, à mobilidade da população ao longo dos corredores de transporte que ligam
Moçambique e o porto de Beira a Zimbábue e a Malawi. (ILO, 2003)
A região Sul do Pais, é a fonte de grande parte dos trabalhadores emigrantes a África do
Sul. Alguns dos emigrantes, conseguem empregos nas plantações, e em empresas de
construção, enquanto outros podem se envolver na prostituição, e no crime organizado. (ILO,
2005)
Níveis elevados de infecção foram encontrados em Gaza (de onde a maior parte dos
mineiros trabalhadores das minas da África do Sul são originários), e Sofala, por ser
atravessada pela principal rota de exportação do Zimbabwe. (UNAIDS, 2006)
Cláudia Viana Rodrigues
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De acordo com projecções do Banco Mundial, o crescimento da população entre 2000 e
2010, será de apenas 1.4% por ano, comparado aos 2,5% que seria com a ausência da
epidemia. Em 2010, espera-se que a população seja 87% menos do que seria sem a SIDA.
(ILO, 2005)
A maioria das pessoas agora HIV-positivas foram infectadas há vários anos atrás e
grande parte das novas infecções ocorrem numa idade precoce. A taxa de prevalência em
idades compreendidas entre os 15-24 anos é mais representativa de novas infecções e é uma
indicação da taxa de incidência. A prevalência do HIV entre mulheres jovens (15-24 anos), que
iam a consultas pré-natais, era de 14,4% em 2004. Esta taxa, resultou uma subida significativa
em 2007, passando para 16,2% em 2007. (MISAU/INE, 2007) citados por ILO (2003)
Como nos outros países africanos, o modo mais comum de transmissão do HIV em
Moçambique, é por relações heterossexuais, apesar da transmissão vertical contribuir com
cerca de 25% para esta taxa. Em termos de grupos de risco, a maioria das infecções estão
concentradas o longo das vias comerciais e de rotas rodoviárias. Populações móveis (mineiros,
trabalhadores emigrantes, motoristas, negociantes, trabalhadores do sector informal) e os seus
parceiros são afectados desproporcionalmente. (ILO, 2005)
Além disso, os progressos Sociais e Económicos desde o fim da guerra, a pobreza, os
elevados níveis de analfabetismo, e os movimentos dinâmicos entre as zonas urbanas e rurais,
bem como os movimentos fronteiriços, têm agravado a rápida disseminação da pandemia.
(ILO, 2005)
O PEN (2004), refere-se ao seguintes factores sócio-culturais e económicos como
facilitadores da infecção:
O nível de conhecimentos (inconsistência e falta de solidez nos conhecimentos
em relação ao HIV/SIDA);
Idade mediana precoce de inicio da vida sexual (16 anos para mulheres e 16.8
para os homens);
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16
Uso do preservativo mais elevado no meio urbano e quanto maior o nível de
escolaridade;
Trabalhadoras de sexo possuem baixa percepção do risco, originando fraca
capacidade de negociação;
Poder de negociação da mulher reduzido (devido ao acesso desigual a recursos, ao
analfabetismo, dependência económica, desigualdades de poder e autoridade na
família, na comunidade e sociedade em geral);
Práticas etno-culturais e Ritos de Purificação (rituais de purificação após ao luto,
como ku tchinga (após a morte do cônjuge, a mulher deve manter relações
sexuais com noutro homem, de preferência parente mais próximo do defunto) -
que expõe ambos os intervenientes no acto ao risco de infecção pelo HIV/SIDA);
Prática de relações homossexuais
Pobreza e condições de vida da população
Desemprego
Entrepostos de comunicações (locais de paragem ao longo dos corredores de
comunicação ferro e rodoviários, caminhos de ferro, terminais de transportes
rodoviários de carga e passageiros, e postos fronteiriços), sendo os frequentadores
deste locais, os motoristas, passageiros em transito, carregadores, maquinistas,
trabalhadores fronteiriços, estando por isso vulneráveis ao risco de contaminação
e transmissão das infecções pelo HIV;
Estaleiros fixos ou móveis de obras de engenharia, mercados informais em zonas
urbanas e peri-urbanas, acampamentos de pesca artesanal, são outros locais
vulneráveis, pela natureza das actividades desenvolvidas nestes locais;
Taxa de analfabetismo (em 2003, a taxa de analfabetismo para maiores de 15 anos
era de 53,6%).
Cláudia Viana Rodrigues
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2.3 Impacto do HIV/SIDA no Local de Trabalho
A grande maioria dos seropositivos são pessoas de 15 a 49 anos, ou seja, trabalhadores
na faixa etária mais produtiva. A epidemia diminui a expectativa de vida, que deve cair de 60
para cerca de 30 anos até 2010, nas regiões mais atingidas da África Austral. Cerca de 36 dos
40 milhões de pessoas vivendo com o HIV exercem uma actividade produtiva sob uma forma
ou outra, e pelo menos 26 milhões de trabalhadores são seropositivos. (ILO, 2006)
De acordo com estimativas da ILO (2001), cerca de 20 milhões de trabalhadores vivem
com o HIV/SIDA. O tamanho da força de trabalho em países com grande prevalência será
cerca de 10 a 30% menor do que seria sem a SIDA. Em 1999, por exemplo, 80% das novas
infecções no Ruanda, Tanzânia, Uganda e Zâmbia, possuíam idades compreendidas entre os 20
e 49 anos.
As projecções mostram que em 2005, a força de trabalho em Moçambique, reduziu em
cerca de 418.000 mulheres e 354.000 homens. Moçambique pode vir a perder até 2020, 17%
da sua força de trabalho, devido ao HIV/SIDA. Em termos absolutos, isto representa uma perca
de cerca de 2.2 milhões de trabalhadores. (ILO, 2005)
A população adulta economicamente activa está a caminhar para a desestabilização;
Muitos provedores de serviços estão a cair doentes devido ao HIV-SIDA, e outros estão a ser
forçados a tirar férias para serem provedores de saúde ou para realizar funerais. (ECoSIDA,
2006)
Cláudia Viana Rodrigues
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A ILO (2006), refere-se a algumas consequências, nomeadamente:
Discriminação no emprego e estigmatização no local de trabalho
Aumento dos custos de mão-de-obra para as empresas (seguro de saúde,
reconversão, etc);
Desestímulo dos investidores e entrave ao desenvolvimento das empresas
Aumento da carga de trabalho das mulheres, que devem combinar trabalho
produtivo e cuidados aos doentes;
Evasão escolar dos órfãos e das crianças afectadas, obrigadas a trabalhar;
Crescente pressão das mulheres e adolescentes, obrigados a se prostituírem para
sobreviver.
A ILO (2001) refere-se a alguns exemplos do impacto do HIV/SIDA nos locais de
trabalho, nomeadamente:
A maior companhia de cimentos da Zâmbia reportou que o absentismo para
assistência a funerais aumentou em 15 vezes no período de 1992-1995.
No Quénia, 43 dos 50 trabalhadores dos Serviços de receita faleceram em
1998 devido a SIDA;
Algumas companhias mineiras da África do Sul acreditam que 40 % da sua
força de trabalho pode ter HIV/SIDA.
De acordo com o Sindicato agrícola do Zimbabwe, a SIDA reduziu a
produção do trigo em 61 %, do algodão em 47%, dos vegetais em 49%, e de
amêndoa em, 37%.
Uma das maiores companhias de transporte no Zimbabwe, com cerca de
11500 trabalhadores, reportou que 3400 destes eram seropositivos em 1996.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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2.3.1 Impacto do HIV no Sector Económico e Produtivo
O HIV/SIDA é um obstáculo para o crescimento económico em Moçambique, dado que
a maioria da população infectada são parte da força activa de trabalho, muitos dos quais
envolvidos no sector informal com pouco ou nenhum acesso a qualquer tipo de programas de
HIV/SIDA no local de trabalho. (ILO, 2005).
O HIV/SIDA atinge o segmento mais produtivo de mão-de-obra; estima-se que dos 40
milhões de pessoas que vivem actualmente com o HIV, 80 % são adultos e pelo menos 26
milhões são trabalhadores com idade entre os 15 e 49 anos. (OIT, 2003)
Em muitos países, as empresas registram um aumento do absentismo, da rotatividade
de pessoal e dos custos de contratação e treinamento. Somam-se a isso os gastos relativos aos
diversos seguros: acompanhamento médico, seguros, fundos de pensão e custos funerários.
(ILO, 2006)
De acordo com a OIT (2001), o HIV-SIDA tornou-se numa terrível ameaça para o
mundo do trabalho: atinge o segmento mais produtivo de mão-de-obra, reduz os seus lucros,
aumenta consideravelmente as despesas das empresas de todos os sectores de actividade,
porque reduz a produção, aumenta os custos de trabalho, conduz a uma perda de competências
e de experiência. Representa, por outro lado, uma ameaça para os direitos fundamentais do
trabalho, nomeadamente com a discriminação e a estigmatização de que são vitimas os
trabalhadores e as pessoas que vivem com o HIV-SIDA.
À medida que o impacto do HIV/SIDA nas empresas se torna mas visível, os dirigentes
das empresas vão tomando cada vez maior consciência sobre as vantagens de criar programas
sobre o HIV/SIDA nos seus locais de trabalho. A SIDA faz-se sentir no local de trabalho
através de uma série de formas, como ilucida a ONUSIDA (1998):
A perda de mão-de-obra (incluindo pessoal experiente e pessoal formado);
Cláudia Viana Rodrigues
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20
O aumento das taxas de absentismo entre os trabalhadores devido a doenças
relacionadas com a SIDA;
O aumento dos custos de recrutamento e formação;
A baixa produtividade dos novos trabalhadores;
O aumento dos custos com os cuidados de saúde;
Assim, de acordo com a ONUSIDA (1998), a epidemia do HIV/SIDA ameaça a capacidade
dos empregadores de :
Manter os níveis de produtividade e rendimento;
Conservar na empresa uma força de trabalho estável e qualificada, inclusive
gerentes e supervisores em posições chave;
Financiar regimes de pensão variáveis e pacotes de auxílios (doença & morte);
Manter e expandir os seus mercados;
No caso das pequenas e médias empresas (PME’s), o HIV/SIDA pode
comprometer a sobrevivência do negócio.
Em Moçambique, haverá inevitavelmente uma população activa menor por causa do
HIV/SIDA, da ordem de 10 a 20%, no total, embora a magnitude da redução das ofertas de
mão-de-obra possa ser muito maior se a transmissão do HIV continuar a crescer na próxima
década. Essa força de trabalho será mais jovem e menos bem-dotada de atributos educacionais
e outros essenciais para o desenvolvimento, e será essencial que formuladores de política e
outros agentes sociais levem esses factores em consideração quando planearem o
desenvolvimento futuro de Moçambique. (ILO, 2003)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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2.3.2 Impacto do HIV no Sector da Educação
De acordo com a UNAIDS (2006), além dos conflitos armados e das taxas de
fertilidade elevadas, o HIV é o maior obstáculo na provisão de um sistema de educação de
qualidade.
Apesar das taxas de prevalência e morte variarem enormemente, em alguns países o
impacto do HIV nos professores é crítico. Por exemplo, a Tanzania precisa de 45 000
professores adicionais para repor os que faleceram ou deixaram a educação devido à SIDA.
(IPPF, 2003)
Na África do Sul, os sistemas de educação têm enfrentado uma série de problemas.
Apesar de o número da idade escolar (6-18 anos) ter aumentado, o sistema tem falhado. Isto é
devido a uma variedade de factores, incluindo um acréscimo na proporção de crianças
vulneráveis, cujo acesso a escola é restrito. Ao mesmo tempo, o número total de professores
públicos está a decrescer: entre 1998 e 2003, houve uma redução de 5 %. (IPPF, 2003)
A prevalência do HIV entre os professores Sul-áfricanos é de 21 % entre os de idade
compreendida entre os 25- 34 anos e de 13% entre os de idade entre os 35-44 anos. (UNAIDS
(2006)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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De acordo com o PEN (2004), o impacto do HIV/SIDA sobre a qualidade da educação
foi analisada, sendo que, as seguintes consequências serão esperadas:
Em relação aos alunos, prevê-se um aumento das taxas de desistência e
repetência à medida que as crianças afectadas se ajustam às perdas de
rendimentos e de força de trabalho resultantes das mortes dos seus
progenitores.
Considerando-se também a capacidade dos professores em prestarem
serviços, teremos o aumento do número de dias de doença e, dado a
instabilidade emocional, causada pela doença, espera-se uma diminuição no
desempenho profissional na sala de aulas.
O número de professores infectados e óbitos, o absentismo, trará
consequências na aprendizagem dos alunos. Em Moçambique, supõe-se que
até 2010, haverá uma perda de cerca de 9,200 professores. (MISAU, 2006)
Numa outra perspectiva, espera-se os seguintes efeitos sobre a demanda de educação
em Moçambique (ILO, 2003):
Redução global na demanda de educação, principalmente devido ao impacto
demográfico do HIV/SIDA (com a queda da fecundidade, menos mulheres,
devido ao impacto da SIDA, e mortalidade infantil mais elevada), agravado
pela crescente pobreza, pelo aumento do desvio de crianças para trabalho
doméstico, etc.
O impacto de mudanças na demanda de educação será sentido no nível
primário, continuando a educação secundária e terciária (actualmente de
oferta restrita) a atrair alunos.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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A queda estimada na demanda que enfrenta o curso primário será de 13,3%
por volta de 2010, com efeitos visivelmente diferenciados por região (com a
região central enfrentando uma queda de 18%).
O Ministério da Educação perderá também, conforme projectado, pessoal
experiente tanto no âmbito da sede como no âmbito provincial (estimam-se
em 73 administradores, planeadores, séniores, etc. na sede e 50 no âmbito
provincial), perfazendo um total de perda de pessoal de 17% por volta de
2010. Essas baixas representam perda substancial no sector da educação.
2.3.3 Impacto do HIV no Sector de Saúde
A epidemia de HIV-SIDA tem causado cargas improcedentes nos escassos recursos
do sector de saúde existentes. Pessoas que padecem de HIV e de doenças relacionadas,
ocupam mais de metade das camas de todos os hospitais na África Sub-Sahariana. Em
países Áfricanos, estudos mostram que entre 19 a 53% de todos as mortes no sector de
saúde do governo são causadas pela SIDA. (UNAIDS, 2006)
Em Moçambique, supõe-se que haverá uma perca de cerca de 15% de trabalhadores
de Saúde ou 1500 profissionais de saúde até 2010 (MISAU, 2006), reduzindo a capacidade
de reacção perante desafios da epidemia, aumentando as limitações estruturais de rede.
A nível nacional, o sector público é o maior provedor de saúde, não estando este
sector devidamente equipado para lidar com a pandemia. Moçambique possui o menor
número de médicos per capita em África, e 46% dos sectores primários de saúde foram
destruídos pela guerra civil (ILO,2005).
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Anualmente, existe uma perda de cerca de 7% dos trabalhadores de saúde, devido a
transferência ou mortes (ILO,2005). O Botswana, por exemplo, perdeu cerca de 17% dos seus
trabalhadores de saúde devido a SIDA entre 2000 e 2005 (UNAIDS, 2006).
Respostas pró-activas e construtivas ao HIV-SIDA no local de trabalho podem
contribuir para uma melhoria das relações trabalhistas e garantir a continuidade da produção
(OIT, 2003).
2.4 Legislação sobre o HIV/SIDA nas organizações
2.4.1 Directrizes práticas sobre o HIV e o mundo do trabalho
O Bureau Internacional do Trabalho (OIT), produziu as directrizes práticas sobre o HIV
e o mundo do trabalho, com o objectivo de estas se tornarem num instrumento para travar a
expansão da epidemia, atenuar o seu impacto junto dos trabalhadores e das suas famílias,
estabelecer uma protecção social que ajude a combater a doença. As directrizes enunciam os
princípios básicos sobre os quais deve assentar a acção contra a epidemia no local de trabalho:
o reconhecimento do HIV/SIDA como questão relacionado com o local de trabalho, o diálogo
social, a não discriminação, a igualdade entre homens e mulheres, a prevenção e o rastreio da
doença, a confidencialidade, a responsabilização, e o apoio às pessoas afectadas.
Esta recolha deve ser utilizada para formular programas e medidas de prevenção e de
responsabilização adaptadas ao local de trabalho, como também estratégias para os
trabalhadores contratados ao sector informal da economia. (OIT, 2001)
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Esta recolha deve ser utilizada para atingir os seus objectivos, através:
a) De medidas concretas assumidas na empresa, mas também à escala comunitária,
regional, sectorial, nacional e internacional;
b) Da promoção do diálogo, de trocas de opiniões, de negociações e de todas as
formas de cooperação entre governos, empregadores, e trabalhadores e os seus
representantes, agentes de saúde no trabalho, especialistas em questões relacionadas
com o HIV/SIDA e todos os parceiros oportunos (organizações comunitárias e não
governamentais-ONG);
c) Da aplicação das disposições desta recolha, por consulta com os parceiros sociais:
A legislação, as politicas e os programas de acção nacionais;
Nos locais de trabalho/empresas, e
Nas politicas e planos de acção aplicados no local de trabalho.
2.4.2 O Código sobre HIV/SIDA e o emprego na SADC
O código sobre o HIV/SIDA e o emprego na Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral (SADC), tem como objectivo garantir a não discriminação entre indivíduos
infectados com HIV e os não infectados, assim como entre o HIV/SIDA e outras condições de
saúde comparáveis.
Este baseia-se nos princípios fundamentais dos direitos humanos e dos direitos dos
doentes, padrões e orientações regionais e da OMS/OIT, princípios éticos da saúde e da
Medicina Ocupacional, dados de pesquisa epidemiológica, pratica económica prudente e uma
atitude humana e de compaixão para com os indivíduos.
Cláudia Viana Rodrigues
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Esta abordagem visa alcançar um equilíbrio na protecção dos direitos de todas as
partes, nomeadamente os portadores e não portadores de HIV, empregadores, trabalhadores,
estado e outros. Os trabalhadores com HIV devem ser tratados da mesma forma que quaisquer
outros trabalhadores. Trabalhadores com doenças relacionadas com HIV incluindo SIDA
devem ser tratados da mesma forma que qualquer outro trabalhador com uma doença fatal.
O referido código abrange:
Todos os trabalhadores e futuros trabalhadores
Todos os locais de trabalho e contratos de trabalho
Todos os seguintes componentes: acesso ao emprego, testes no local de
trabalho, confidencialidade, oferta de emprego, estatuto no emprego, segurança
no trabalho, benefícios ocupacionais, formação, redução de riscos, primeiros
socorros, compensação dos trabalhadores, educação e sensibilização, programas
de prevenção, gestão de doenças, protecção contra a estigmatização, gestão de
ofensas, informação, controle e revisão.
2.4.3 Legislação Nacional – Lei n 5/2002 de 5 de Fevereiro
Pelo facto de a pandemia do HIV/SIDA, seus efeitos e impacto na sociedade
moçambicana estarem a assumir proporções consideráveis e já constituir uma ameaça objectiva
ao exercício dos direitos fundamentais do cidadão, a harmonia social e ao desenvolvimento do
país, foi criada a Lei n° 5/2002 de 5 de Fevereiro.
A Lei n°5/2002 de 5 de Fevereiro estabelece os princípios gerais visando garantir que
todos os trabalhadores e candidatos a emprego não sejam discriminados nos locais de trabalho
ou quando se candidatam a emprego por serem suspeitos ou portadores de HIV.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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A lei aplica-se a todos os trabalhadores e candidatos a emprego, na Administração
Pública e outros sectores públicos ou privados, incluindo os trabalhadores domésticos. De um
modo geral, a lei abrange os pontos abaixo mencionados:
Proibição de testes (proíbe a realização de teste de HIV aos
trabalhadores/candidatos a emprego, sem o consentimento destes);
Privacidade e confidencialidade (Trabalhadores seropositivos gozam de direito
a confidencialidade);
Consentimento do trabalhador (o trabalhador não deve ser obrigado a informar o
facto de estar infectado ou não)
Igualdade de oportunidades (o trabalhador não deve ser discriminado nos seus
direitos de trabalho, formação, promoção e progresso na carreira)
Infecção no local de trabalho (trabalhadores infectados nos locais de trabalho
têm direito a assistência médica e medicamentosa)
Reorientação profissional (treino e reorientação dos trabalhadores inaptos para
desempenhar as suas funções laborais);
Assistência medica e medicamentosa (a entidade empregadora deve manter a
assistência medica e medicamentosa devida ao trabalhador infectado);
Regime de faltas e licenças (as faltas por doença do trabalhador seropositivo são
consideradas justificadas);
Despedimento sem causa justa (ao trabalhador despedido por estar infectado, é
considerado despedimento sem justa causa);
Indemnização (eleva-se ao dobro a indemnização do trabalhador despedido por
ser seropositivo);
Serviços de informação e aconselhamento (entidade empregadora deve criar
serviços de informação, educação e aconselhamento, para prevenir o contágio
com HIV/SIDA);
Riscos de infecção (trabalhadores infectados devem abster-se de
comportamentos que coloquem em risco de contágio outras pessoas).
Cláudia Viana Rodrigues
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Constituem sanções para as empresas moçambicanas que não cumprirem a lei 5/2002, as
seguintes:
Pena de multa correspondente a 50 salários mínimos, que se agrava se se tratar de
uma segunda infracção e seguintes;
A quebra da confidencialidade é condenável a cinquenta salários mínimos
É penalizado em 100 salários mínimos todo aquele que obrigar o trabalhador a
informar ao seu empregador acerca do facto de estar infectado com HIV/SIDA,
marcar falta injustificada por doença ao trabalhador.
A multa de cento e cinquenta salários mínimos é aplicável a quem discriminar o
trabalhador infectado nos seus direitos de trabalho, formação, promoção e
progresso na carreira.
2.5 Estratégias de combate ao HIV/SIDA nas organizações Em Moçambique, algumas empresas tomaram iniciativas para promover actividades no local
de trabalho (ILO, 2003):
Em 1999/2000, a ECS (Empresários contra a Sida), vários actores sociais, e o CNCS
desenvolveram um levantamento na linha de base das percepções do HIV/SIDA entre as
empresas (donde apenas 64 responderam de um total de 1000 contactadas).
As conclusões do levantamento são dignas de atenção.
Nenhuma das empresas tinha um ponto focal de HIV/SIDA.
Nenhuma das empresas tinha realizado alguma avaliação das questões de HIV/SIDA na
firma.
Nenhum programa de HIV/SIDA no local de trabalho tinha sido desenvolvido por
alguma empresa respondente.
Cláudia Viana Rodrigues
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Nenhuma tinha jamais realizado actividades para promover a conscientização entre a
força de trabalho com relação a HIV/SIDA.
Nenhuma tinha algum programa de distribuição de preservativos entre os trabalhadores.
A International Planned Parenthood Federeation – IPPF (2003), dá exemplos de boas
práticas, exemplos bem sucedidos de processos de divulgação e conscientização do HIV/SIDA:
a) Um dos mais altos índices de HIV entre jovens adultos no mundo, é o da Botswana,
com cerca de 40 %. A Associação para o bem estar familiar da Botswana, está a
trabalhar com escolas, autoridades da área de educação, gerência escolar, alunos e
pais, para que a educação sobre o HIV/SIDA seja ampliada. O objectivo é a
integração da educação acerca de HIV/SIDA nas escolas.
b) A associação de saúde Reprodutiva da Cambodia, através de educadores de pares
transmitem conhecimentos a garotas de cerveja (beer prommotion girls), nos seus
locais de trabalho. Esta associação está a persuadir os gerentes daquelas companhias
a acrescentar assuntos educativos nas suas reuniões.
c) Um projecto envolvendo homens da Associação de Planeamento familiar (APF) no
Quénia teve êxito em persuadir cerca de 90 empregadores, permitindo que fosse
prestado atendimento a seus funcionários, nos locais de trabalho (fábricas, plantações
de Cana de Açúcar, empresas dos sectores públicos e privados), sendo estes
responsáveis pela distribuição de 80 % dos preservativos distribuídos pelo projecto.
Cláudia Viana Rodrigues
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De acordo com o Manual de programas de prevenção para o HIV/SIDA no local de
trabalho citado por ILO (2001), vários países têm tido sucessos no que se refere ao decréscimo
das taxas de infecção pelo HIV. Porém, estes países, aconselham que é necessário um
acompanhamento para que se possa assegurar progressos, e que novas áreas de infecção não
surjam. Abaixo, seguem alguns exemplos desses :
Uma empresa de engenharia, a Larsen & Tourbo, na Índia, possui uma história de resposta
ao HIV/SIDA desde 1985. De um modo geral, a companhia possui:
Programas de Educação ( formando 85 formadores, e trabalhadores Sociais em 200
programas de educação, que teve um alcance de 10.000 trabalhadores, 4.500
membros das famílias e 1.500 crianças em idade escolar)
Programas de apoio – a empresa promove a não-discriminacão, e o apoio as
pessoas portadoras de HIV, bem como aconselhamento e assistência para os
afectados.
Divulgação da mensagem - esta empresa ajudou um grupo de 13 outras empresas
no estabelecimento de políticas.
A empresa de Electricidade da Costa do Marfim, CIE possui programas anti-HIV como
a distribuição de preservativos, tratamento anti-retroviral confidencial para os trabalhadores
seropositivos. Esta empresa providencia igualmente educação às comunidades próximas dos
seus escritórios, em especial aquelas onde existem níveis elevados de prostituição.
A colecção Melhores Práticas da ONUSIDA (2005), dá exemplo de três companhias
que implementaram politicas de HIV nos seus locais de trabalho:
a) Anglo American Sarl
A Anglo American Sarl é uma das maiores empresas mineiras e de recursos naturais do
mundo, com divisões de ouro, platina, diamantes, papel e material de condicionamento, carvão,
metais e ferro e minerais industriais.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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A empresa tem 193.000 empregados em 61 países, com o maior número deles
(139.000) na África oriental e austral. A Anglo American Corporation da África do Sul é a
maior companhia da África do Sul.
Por uma série de razões, a maioria dos empregados da Anglo American na África-do-
Sul (os seus mineiros) corriam o risco de contrair a infecção por HIV, sendo uma delas o facto
dos seus salários serem muito superiores à média sul-áfricana; Estes trabalhadores têm dinheiro
e oportunidades para atrair e utilizar trabalhadores sexuais. Ao mesmo tempo, vivem num meio
cultural em que as questões sexuais são rodeadas de segredo, o que dá origem a um ambiente
ideal para propagação do HIV.
Por estes motivos, a companhia reconheceu a necessidade de estabelecer uma política e
programas destinados a evitar a propagação do HIV e assim lançou programas de educação e
sensibilização.
A política da empresa apoia respostas essenciais à epidemia, como: eliminação de
estigma e discriminação baseados em seropositividade real ou suposta; prevenção de novas
infecções; cuidados e apoio a empregados infectados e afectados pelo HIV; e gestão e
atenuação do impacto.
A política é regularmente revista para entrar em concordância com a progressão da
epidemia; os desenvolvimentos em cuidados médicos; a experiência em prevenção de novas
infecções e tratamento do HIV e da SIDA no local de trabalho; o seu impacto sobre os planos
dos benefícios sociais dos empregados; e alterações em legislação relevante.
Campanhas de educação e sensibilização são uma parte vital da estratégia do grupo de
luta contra o HIV e a SIDA. Canções e teatro são maneiras eficazes e muito utilizadas de fazer
passar em todo o grupo mensagens sensíveis. As mensagens de prevenção, incluindo materiais
de formação e publicações educacionais, entram em linha de conta com as diferentes culturas e
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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estilos de vida, e são produzidas nos idiomas locais. Quando necessário, tarefas, horários e
condições de trabalho são adaptados para que o empregado possa continuar a trabalhar.
b) BHP Billiton
A BHP Billiton é a maior companhia de recursos diversificados do mundo. É um líder
mundial em fornecimento de alumínio, energia, carvão e carvão metalúrgico, cobre, ligas de
ferro, minério de ferro e minerais de titânio, e grandes quantidades de óleo, gás natural
liquefeito, níquel, diamantes e prata.
Durante a última década ou mais, BHP Billiton tem considerado o HIV e a SIDA como
uma das questões mais importantes em economia e desenvolvimento. As suas diferentes
actividades têm realizado estudos de prevalência para avaliar os níveis de HIV, normalmente
de três em três anos. Em todos os casos, a detecção mostrou que a prevalência entre a força de
trabalho é inferior à encontrada na comunidade local.
A prevalência entre os trabalhadores tem sido em média de 14% e durante os últimos
três a quatro anos tem vindo a diminuir. Entre as razões para esta redução encontram-se:
Educação sobre o HIV/SIDA ligada a alteração de comportamento; Os membros do pessoal
têm tendência para ter níveis de instrução mais altos do que em outras companhias, sendo que a
maioria deles tem no mínimo nível secundário e o movimento geral do pessoal é pequeno.
A BHP Billiton tem lutado contra o HIV de várias formas : Desenvolveu e
implementou vastos programas de educação e sensibilização em todas as suas actividades, e
concentrou-se cada vez mais em cuidados, apoio e tratamento. Desde 1995, também procurou
resolver as questões sociais subjacentes que favorecem a epidemia, tais como a separação
longa entre homens e suas famílias, os sistemas de trabalho de migrantes e desigualdades
baseadas nas diferenças de sexo.
Cláudia Viana Rodrigues
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Nos últimos anos, a companhia concentrou-se principalmente em evitar a infecção por
HIV entre a sua força de trabalho por meio de programas de educação. Em muitas
comunidades onde a companhia opera, os programas de sensibilização foram estendidos às
escolas locais e aos profissionais do comércio do sexo. Ao mesmo tempo, a companhia
promove a não-discriminação e franqueza sobre o HIV-SIDA e informa os empregados sobre
os seus direitos e regalias.
Estudos periódicos sobre “conhecimento, atitudes e prática” sobre o HIV-SIDA são
realizados em todas as actividades na África do Sul e a todos os níveis de empregados. Estes
estudos são repetidos todos os 18 ou 24 meses para medir alterações em comportamento e
atitudes, e avaliar a eficácia do programa de intervenção.
Em todas as actividades da companhia há distribuição de publicações sobre o HIV e a
SIDA e disponibilidade de preservativos gratuitos. A formação tem a participação de
empregados de todos os níveis, e os educadores-colegas encorajam as pessoas a procurar
aconselhamento e detecção voluntários pagos pela companhia.
Todos os empregados também beneficiam do programa de bem-estar da companhia o
qual promove estilos de vida sãos – conselhos sobre dieta, exercício e relações sexuais seguras,
assim como informações sobre abuso de álcool, tabaco, drogas, etc. O programa destina-se a
ajudar os empregados que vivem com o HIV a reforçar os seus sistemas imunitários.
c) Eskom
A Eskom é uma empresa pública que produz, transmite e distribui electricidade. Esta
produz cerca de 95% da electricidade utilizada na África-do-Sul e tem cerca de 30.000
empregados espalhados em 37 instalações e divididos entre a distribuição e a produção. Em
meados dos anos 1980, era evidente que a SIDA iria representar um desafio para muitos países
áfricanos incluindo a África do Sul. A Eskom determinou uma política de HIV em 1988, que
cobria educação, formação e aconselhamento.
Cláudia Viana Rodrigues
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Esta política sublinha a importância de educação e informação, confidencialidade,
aconselhamento e detecção voluntários, e não discriminação. Em todas as suas instalações, os
programas de prevenção e sensibilização de Eskom utilizam métodos comprovados tais como
expressão teatral, prevenção e questões de direitos humanos e educadores-colegas treinados
(mais de 1200 até agora). Desde o início dos programas, a companhia tem feito verificações
permanentes para melhorar a sua eficácia.
Na maioria das instalações sanitárias da companhia existem distribuidores de
preservativos masculinos, e os seus postos de saúde prestam gratuitamente tratamento para
infecções sexualmente transmissíveis. Sessões dirigidas por empregados que vivem com o HIV
ajudam a abordar a questão do estigma. O aconselhamento e detecção voluntários são
fortemente promovidos, e o primeiro teste é pago pela Eskom.
À medida que aumentaram os conhecimentos sobre a epidemia, os programas da
companhia tiveram de evoluir. Como aumenta o número de empregados que desenvolvem
doenças relacionadas com a SIDA, Eskom está a concentrar-se mais em tratamento, cuidados e
apoio sem diminuir o seu trabalho de prevenção.
A Eskom oferece aos seus empregados que vivem com o HIV uma série de programas
de cuidados, apoio e tratamento incluindo: integração do HIV/SIDA no programa de bem-estar
oferecido a todos os empregados; terapia anti-retroviral quando indicado; tratamento para
infecções oportunistas como a tuberculose; tratamento para infecções sexualmente
transmissíveis; apoio psicológico por meio de aconselhamento – prestado no local de trabalho e
no exterior; grupos de apoio para pessoas vivendo com o HIV; ajuda global ao empregado;
adaptação razoável tal como mudança de trabalho e reformas por má saúde; e programas de
cuidados a domicílio para empregados e famílias.
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35
MÉTODO
3.1 Tipo de Investigação
Esta pesquisa é exploratória e descritiva em simultâneo, com a abordagem qualitativa e
quantitativa. De acordo com Bogdan (2004), a investigação qualitativa é um termo genérico
que agrupa diversas estratégias de investigação que partilham determinadas características. Os
dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores
descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas, e de complexo tratamento estatístico.
As questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalizacão de variáveis, sendo
formuladas com o objectivo de investigar os fenómenos em toda a sua complexidade e em
contexto natural.
Para Creswell (1994), o investigador quantitativo vê a realidade como objectiva e
singular, sendo por isso, independente do investigador, o que a torna livre de enviesamento.
Este tipo de investigação, é dedutiva, sendo que, as generalizações levam a predição,
explicação e entendimento do factor em estudo. Na abordagem quantitativa, os conceitos, as
variáveis e as hipóteses são escolhidas antes do estudo começar, e mantém-se as mesmas
durante o estudo.
A investigação qualitativa é frequentemente designada por naturalista, porque o
investigador frequenta os locais em que naturalmente se verificam os fenómenos nos quais está
interessado, incidindo os dados recolhidos nos comportamentos naturais das pessoas. (Bogdan,
2004)
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3.2 Participantes
A população desta pesquisa foi definida como todas as empresas membros da ECoSIDA,
que correspondem a um total de 37 empresas. Foram seleccionadas para participar no estudo
oito (8) empresas (amostra de conveniência) membros da Associação dos empresários contra a
SIDA (ECoSIDA): Mozal, Ceta Construcoes e Serviços SARL, Catucha trading, Kudumba,
Kempe, Coca-Cola Sabco, Standard Bank, e Brittish American Tobacco, Lda., conforme se
passa a descrever abaixo. Das 8 empresas que fizeram parte da amostra, duas são de média
dimensão e as restantes de grande dimensão (vide tabela 2).
Tabela 2: Dimensão das Empresas Pesquisadas
0 1 1,0% 100,0% 100,0%
,0% 16,7% 12,5%
0 1 1,0% 100,0% 100,0%
,0% 16,7% 12,5%
0 1 1,0% 100,0% 100,0%
,0% 16,7% 12,5%
1 0 1100,0% ,0% 100,0%
50,0% ,0% 12,5%
0 1 1,0% 100,0% 100,0%
,0% 16,7% 12,5%
0 1 1,0% 100,0% 100,0%
,0% 16,7% 12,5%
0 1 1,0% 100,0% 100,0%
,0% 16,7% 12,5%
1 0 1100,0% ,0% 100,0%
50,0% ,0% 12,5%
2 6 825,0% 75,0% 100,0%
100,0% 100,0% 100,0%
25,0% 75,0% 100,0%
Nº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresa% of Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Média Grande
Dimensão daEmpresa
Total
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Standard Bank O Grupo Standard Bank ("GSB") é a maior instituição bancária e financeira em África no
sector dos serviços financeiros, estando a casa-mãe está sedeada em Joanesburgo.
O Standard Bank, é uma instituição bancária Comercial, empresa cujo sector de actividade é o
Comércio, constituído por cerca de 451 trabalhadores. O Standard Bank Moçambique registou
um bom crescimento de todas as áreas de negócio em 2005, ajudado em parte por uma
economia Moçambicana em franco crescimento.
Kudumba
Empresa que se dedica à comercialização de material de construção, composta por cerca de 50
trabalhadores, cujo sector de actividade é o comércio.
Kempe
Empresa do sector Industrial, composta por cerca de 236 trabalhadores, cuja principal
actividade está ligada ao fornecimento de serviços à Mozal.
Coca- Cola
Composta por cerca de 800 trabalhadores, a Coca-Cola Moçambique é parte do grupo Coca-
Cola SABCO, um grupo de companhias encontradas em 12 países da África e Ásia. A Coca-
Cola Moçambique oferece bebidas a milhões de pessoas, num sistema de distribuição bem
estabelecido. Dentre os seus produtos, podemos citar Coca-Cola, Fanta, Sprite, água tónica,
soda, Bibo, Lemon Twist e água Dasani.
Mozal
Empresa do sector Industrial, sediada em Maputo, que se dedica à extracção e processamento
de alumínio. Foi inaugurada em 1998, tendo sido até o momento da sua inauguração, o maior
projecto realizado até a época em questão. Possui actualmente cerca de 2000 trabalhadores.
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Catucha Trading
Esta empresa, que tem vindo a operar desde 1998, é composta por cerca de 129 trabalhadores,
e está ligada ao sector de prestação de serviços de Marketing e Publicidade (organização de
conferências, baptizados, casamentos, encontros de negócios, entre outros).
Ceta Construções e Serviços
Sediada em Maputo a empresa é composta por 2395 trabalhadores, estando ligada ao sector
Industrial. Esta, é responsável pela prestação de serviços de construção e manutenção de infra-
estruturas.
Brittish American Tobacco
Esta empresa, dedica-se à produção e comercialização de tabacos, é composta por cerca de 140
trabalhadores e possui filiais nas províncias de Nampula e Sofala. É responsável pela produção
de marcas como Safari, Pall Mall, GT, e comercialização de marcas como Peter Stuyvesant,
Marlboro, entre outras.
No âmbito das oito empresas pesquisadas, seleccionou-se uma amostra de conveniência
de pessoas a inquirir totalizando 44 inquiridos, dos quais 81.8% eram trabalhadores e os
restantes 18.2% gestores dos programas de HIV/SIDA. Pode-se notar a partir da tabela 3,
abaixo, que o menor nível de respostas corresponde ao grupo de trabalhadores do Standard-
Bank, com um percentual de cerca de 8%.
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Tabela 3: Distribuição dos trabalhadores inquiridos por Empresa
Grupos Inquiridos Total Trabalhador Gestor de HIV
Count 3 1 4
% Empresa 75,0% 25,0% 100,0%
% Grupos Inquiridos 8,3% 12,5% 9,1%
Standard Bank
% of Total 6,8% 2,3% 9,1%
Count 5 1 6
% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%
% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%
Mozal
% of Total 11,4% 2,3% 13,6%
Count 5 1 6
% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%
% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%
BAT
% of Total 11,4% 2,3% 13,6%
Count 4 1 5
% Empresa 80,0% 20,0% 100,0%
% Grupos Inquiridos 11,1% 12,5% 11,4%
Kudumba
% of Total 9,1% 2,3% 11,4%
Count 4 1 5
% Empresa 80,0% 20,0% 100,0%
% Grupos Inquiridos 11,1% 12,5% 11,4%
KEMPE
% of Total 9,1% 2,3% 11,4%
Count 5 1 6
% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%
% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%
CETA
% of Total 11,4% 2,3% 13,6%
Count 5 1 6
% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%
% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%
Coca-Cola
% of Total 11,4% 2,3% 13,6%
Count 5 1 6
% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%
% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%
Empr
esa
Catucha
% of Total 11,4% 2,3% 13,6%
Count 36 8 44
% Empresa 81,8% 18,2% 100,0%
% Grupos Inquiridos 100,0% 100,0% 100,0%
Total
% of Total 81,8% 18,2% 100,0%
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40
De acordo com McDaniel e Gates (2003), citados por Martins (2007), a amostra
intencional, consiste num tipo de amostra não-probabilistica em que a escolha dos elementos
amostrais não obedeceu a nenhum critério estatístico, seguindo apenas a conveniência ou
julgamento. Este tipo de amostra tem como limitação não garantir a representatividade da
população e nem é capaz de calcular os erros de amostragem.
3.3 Instrumentos
O Instrumento usado para a obtenção de dados nesta pesquisa foi o questionário de auto-
preenchimento, anónimo, concebido pela autora. Este, foi elaborado em duas vertentes
semelhantes, uma destinada aos empregadores (pontos focais), e uma aos trabalhadores, ambas
com questões fechadas e abertas (vide anexos).
O questionário de auto-preenchimento é composto por questões nas quais se pretende obter
dados relativos às estratégias de resposta ao HIV/SIDA nas empresas pesquisadas. De acordo
com Goldenberg (2000), o questionário é uma técnica menos dispendiosa do que a entrevista,
exige menor habilidade para a aplicação, pode ser aplicado a um grande número de pessoas em
simultâneo, as frases padronizadas garantem maior uniformidade para a mensuração, e os
pesquisados se sentem livres para exprimir opiniões que temem ser desaprovadas, sendo por
isso a técnica adequada para esta pesquisa.
Cláudia Viana Rodrigues
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41
3.4 Procedimentos
O primeiro passo para a condução desta pesquisa, foi a solicitação da realização do
estágio na ECoSIDA, o qual foi aceite. Uma vez que a autora estava a estagiar na ECoSIDA,
foi-lhe facultada uma credencial, que era apresentada as empresas pesquisadas, isto é, as
empresas membros da ECoSIDA. Antes porém, as empresas pesquisadas mostravam a sua
disponibilidade em receber a autora.
Deste modo, a autora, dirigindo-se às empresas, e tendo o contacto com os pontos
focais (gestores dos programas de HIV-SIDA), explicava os objectivos, bem como a
importância da realização da pesquisa.
Na maior parte das empresas, a autora deixava ficar os questionários, com os pontos
focais, que distribuíam pelos outros trabalhadores, e ao recolhia alguns dias depois, porém, em
algumas empresas, os grupos focais enviavam os questionários para a ECoSIDA, que eram
depois recolhidos pela pesquisadora. Esta foi a fase mais complicada da pesquisa, pois a
pesquisadora teve algumas dificuldades no que concerne ao cumprimento dos prazos de
preenchimento dos questionários pelas empresas.
Contudo, de um modo geral, tendo sido distribuídos 46 questionários, a maior parte
foram devolvidos, ficando apenas 2 questionários por serem devolvidos. Após a recepção dos
questionários, estes foram conferidos, numerados, e posteriormente os dados foram
introduzidos numa base de dados no programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences).
Introduzidos os dados no referido programa, procedeu-se, posteriormente, à análise dos
mesmos usando para o efeito tabelas de frequências e percentagens simples e de dupla entrada.
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42
RESULTADOS
4.1 Filiação das Empresas a Organizações de Combate ao HIV/SIDA
Dos 36 trabalhadores que responderam à pergunta que procurava saber se a empresa era
ou não membro de alguma organização de combate ao HIV/SIDA, constatou-se que nem todos
os trabalhadores sabiam algo sobre o assunto. Os dados apresentados na tabela 4 a seguir,
revelam que cerca de 11% dos trabalhadores desconheciam este facto. No entanto, a maior
parte deles tinha conhecimento, perfazendo um percentual de 88.9%. Quanto aos gestores,
nenhum deles revelou desconhecimento quanto ao facto de a empresa ser membro de alguma
organização de combate ao HIV/SIDA.
Tabela 4: Conhecimento da filiação das empresas à alguma organização de combate ao HIV/SIDA por empresa e grupo de inquiridos
3 0 3100,0% ,0% 100,0%
2 3 540,0% 60,0% 100,0%
5 0 5100,0% ,0% 100,0%
3 1 475,0% 25,0% 100,0%
4 0 4100,0% ,0% 100,0%
5 0 5100,0% ,0% 100,0%
5 0 5100,0% ,0% 100,0%
5 0 5100,0% ,0% 100,0%
32 4 3688,9% 11,1% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
8 8100,0% 100,0%
Nº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within Empresa
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Grupos InquiridosTrabalhador
Gestor de HIV
Sim Não
A empresa é membrode alguma
organização decombate ao HIV/SIDA?
Total
Cláudia Viana Rodrigues
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43
Foi observada uma taxa considerável de respostas dos trabalhadores (86.1%) sobre o
conhecimento da organização de que as empresas são membros, não obstante 13.9% não terem
respondido ou não terem conhecimento (11.1% e 2.8% respectivamente), conforme a tabela 5,
abaixo representada. Estes foram unânimes em afirmar que a organização é a ECOSIDA.
Como era de se esperar, uma vez que todos os gestores tem conhecimento sobre o facto de
pertencerem a uma organização de combate ao HIV/SIDA, sabem igualmente de que
organização se trata (ECOSIDA).
Tabela 5: Conhecimento sobre a organização de combate ao HIV/SIDA por empresa e grupo de inquiridos
3 0 0 3100,0% ,0% ,0% 100,0%
2 3 0 540,0% 60,0% ,0% 100,0%
4 0 1 580,0% ,0% 20,0% 100,0%
3 1 0 475,0% 25,0% ,0% 100,0%
4 0 0 4100,0% ,0% ,0% 100,0%
5 0 0 5100,0% ,0% ,0% 100,0%
5 0 0 5100,0% ,0% ,0% 100,0%
5 0 0 5100,0% ,0% ,0% 100,0%
31 4 1 3686,1% 11,1% 2,8% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
1 1100,0% 100,0%
8 8100,0% 100,0%
Count% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within Empresa
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Grupos InquiridosTrabalhador
Gestor de HIV
ECOSIDANão
respondeu Não sei
Se sim, diga qual?
Total
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4.2 Políticas e Programas de HIV/SIDA
De um modo geral, todos os trabalhadores assim como os gestores têm conhecimento
da existência de políticas de combate ao HIV / SIDA. Todavia, não há concordância quanto à
informação prestada pelos trabalhadores e gestor da Kudumba, isto é, há uma indecisão na
opinião dos trabalhadores (50% disse sim) enquanto o gestor afirma que a empresa não possui
uma política de HIV/SIDA (vide tabela 6).
Tabela 6: Existência de Políticas de combate ao HIV/SIDA na opinião da empresa e do grupo de inquiridos
3 0 3100,0% ,0% 100,0%
5 0 5100,0% ,0% 100,0%
4 0 4100,0% ,0% 100,0%
2 2 450,0% 50,0% 100,0%
4 0 4100,0% ,0% 100,0%
5 0 5100,0% ,0% 100,0%
5 0 5100,0% ,0% 100,0%
5 0 5100,0% ,0% 100,0%
33 2 3594,3% 5,7% 100,0%
1 0 1100,0% ,0% 100,0%
1 0 1100,0% ,0% 100,0%
1 0 1100,0% ,0% 100,0%
0 1 1,0% 100,0% 100,0%
1 0 1100,0% ,0% 100,0%
1 0 1100,0% ,0% 100,0%
1 0 1100,0% ,0% 100,0%
1 0 1100,0% ,0% 100,0%
7 1 887,5% 12,5% 100,0%
Nº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% Empresa
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Grupos InquiridosTrabalhador
Gestor de HIV
Sim Não
A empresa possueuma política de
HIV/SIDA?Total
Ao se questionar aos inquiridos se a política vigente na empresa estava de acordo com a
Legislação sobre o HIV/SIDA em vigor em Moçambique, obtiveram-se percentagens de 80.6%
e 87.5 %, para trabalhadores e gestores respectivamente, sendo que apenas 2.8% dos
trabalhadores desconhece a existência desta Lei.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
45
Os gestores dos programas afirmam que a política de HIV/SIDA está em concordância
com a Legislação, exceptuando a empresa Kudumba, que, não tendo politica, não respondeu a
esta questão (vide tabela 7).
Tabela 7: Concordância entre as políticas de combate ao HIV/SIDA e a legislação sobre o HIV/SIDA
3 0 0 38,3% ,0% ,0% 8,3%
5 0 0 513,9% ,0% ,0% 13,9%
5 0 0 513,9% ,0% ,0% 13,9%
0 0 4 4,0% ,0% 11,1% 11,1%
4 0 0 411,1% ,0% ,0% 11,1%
4 0 1 511,1% ,0% 2,8% 13,9%
4 1 0 511,1% 2,8% ,0% 13,9%
4 0 1 511,1% ,0% 2,8% 13,9%
29 1 6 3680,6% 2,8% 16,7% 100,0%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
0 1 1,0% 12,5% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
7 1 887,5% 12,5% 100,0%
No de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Grupos InquiridosTrabalhador
Gestor de HIV
SimNao conheconenhuma lei
Nãorespondeu
A política vai de encontro a legislacãosobre HIV/SIDA?
Total
Cláudia Viana Rodrigues
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46
Ao se questionar aos gestores de HIV/SIDA acerca da reacção dos trabalhadores à
política, 62.5% responderam ser boa, sendo que 25% afirmou que os trabalhadores têm aderido
à política (vide tabela 8).
Tabela 8: Reacção dos trabalhadores a politica de HIV/SIDA
1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%
1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%
1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%
0 0 1 1,0% ,0% 12,5% 12,5%
1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%
0 1 0 1,0% 12,5% ,0% 12,5%
1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%
0 1 0 1,0% 12,5% ,0% 12,5%
5 2 1 862,5% 25,0% 12,5% 100,0%
No inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
BoaAderem a
políticaNão
respondeu
Qual tem sido a reaccão dostrabalhadores perante a politica?
Total
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
47
Os trabalhadores inquiridos mostram-se, em termos globais, satisfeitos com a política
de HIV/SIDA. A maior parte destes, respondeu que a politica de HIV/SIDA é boa (vide tabela
9). Várias outras opiniões foram dadas pelos trabalhadores acerca da política, no entanto, é de
realçar que 19.4% não respondeu a esta questão, como ilustra a tabela 9.
Tabela 9: Opinião dos trabalhadores em relação a política de HIV/SIDA
O que acha da política
de HIV/SIDA?
Count % Protege o trabalhador da discriminação
2 5,6%
Boa 14 38,9% Excelente 2 5,6% Abrangente e efectiva 4 11,1% Fundamental para o bem estar do trabalhador
1 2,8%
Alinhada com as leis do país 1 2,8%
Não respondeu 7 19,4% Devia ser mais detalhada para melhor compreensão 1 2,8%
Importante para prevenção do HIV/SIDA 1 2,8%
Apoia o trabalhador na prevenção 2 5,6%
Razoável 1 2,8%
Quando se questionou aos trabalhadores acerca do facto de a empresa ajudá-los em
questões de HIV/SIDA, a maior parte destes, isto é, 72.7% responderam afirmativamente,
enquanto que 16.7% afirmaram não ter conhecimento (vide tabela 10).
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
48
Tabela 10: Ajuda prestada pela empresa ao trabalhador
26 6 4 36
72,2% 16,7% 11,1% 100,0%
26 6 4 3672,2% 16,7% 11,1% 100,0%
No de inquiridos
%
No de inquiridos%
Trabalhador
GruposInquiridos
Total
sim Não seiNão
respondeu
Na questao do HIV/SIDA, a empresaajuda os trabalhadores?
Total
Como pode-se observar na tabela 11, abaixo, 86.4% do total dos inquiridos
(trabalhadores e gestores) está de acordo com o facto de a empresa possuir um programa de
HIV/SIDA. Apenas 2.3% dos trabalhadores referem que a empresa não possui tal programa.
De salientar que todos os gestores foram unânimes em afirmar que a empresa possui um
programa de HIV/SIDA.
Tabela 11: Existência de programa de HIV/SIDA
4 0 0 49,1% ,0% ,0% 9,1%
6 0 0 613,6% ,0% ,0% 13,6%
5 0 1 611,4% ,0% 2,3% 13,6%
2 1 2 54,5% 2,3% 4,5% 11,4%
5 0 0 511,4% ,0% ,0% 11,4%
6 0 0 613,6% ,0% ,0% 13,6%
6 0 0 613,6% ,0% ,0% 13,6%
4 0 2 69,1% ,0% 4,5% 13,6%
38 1 5 4486,4% 2,3% 11,4% 100,0%
% of Total
% of Total
% of Total
% of Total
% of Total
% of Total
% of Total
% of Total
% of Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Sim NãoNão
respondeu
A empresa possui um programa deHIV/SIDA?
Total
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
49
Quando inquiridos acerca da existência de fundos para o combate a pandemia, 62.5%
dos gestores respondeu que a empresa possuía fundos para o combate à doença, enquanto que
37.5% (das empresas Kudumba, Kempe e Catucha) respondeu que não (vide tabela 12).
Tabela 12: Existência de fundos para combate à pandemia
1 0 112,5% ,0% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
0 1 1,0% 12,5% 12,5%
0 1 1,0% 12,5% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
0 1 1,0% 12,5% 12,5%
5 3 862,5% 37,5% 100,0%
No de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Sim Não
A empresa possuifundos para o combate
a doenca?Total
Ao se analisar a tabela 13 abaixo pode-se depreender que, relativamente ao tempo de
existência do programa, existe uma discrepância entre as afirmações dos gestores e a dos
trabalhadores nas empresas Mozal, Coca-Cola e BAT. Nas outras empresas, a tabela mostra
que tantos os trabalhadores como os gestores referem o mesmo tempo de realização dos
programas de HIV/SIDA.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
50
Tabela 13: Tempo de existência do programa na opinião de trabalhadores e gestores de HIV
3 0 0 0 38,3% ,0% ,0% ,0% 8,3%
1 2 2 0 52,8% 5,6% 5,6% ,0% 13,9%
0 2 2 1 5,0% 5,6% 5,6% 2,8% 13,9%
1 0 0 3 42,8% ,0% ,0% 8,3% 11,1%
4 0 0 0 411,1% ,0% ,0% ,0% 11,1%
0 0 5 0 5,0% ,0% 13,9% ,0% 13,9%
2 0 3 0 55,6% ,0% 8,3% ,0% 13,9%
5 0 0 0 513,9% ,0% ,0% ,0% 13,9%
16 4 12 4 3644,4% 11,1% 33,3% 11,1% 100,0%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
0 1 1,0% 12,5% 12,5%
0 1 1,0% 12,5% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
0 1 1,0% 12,5% 12,5%
0 1 1,0% 12,5% 12,5%
1 0 112,5% ,0% 12,5%
4 4 850,0% 50,0% 100,0%
No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Grupos InquiridosTrabalhador
Gestor de HIV
0-2 anos 2-4 anos4 ou mais
anosNão
respondeu
Há quanto tempo a empresa possui o programa?
Total
Pode-se notar pela tabela 14 que relativamente às áreas que o programa cobre, há, no
geral concordância entre as opiniões dos gestores e trabalhadores, nas áreas prevenção, e
distribuição de preservativos. Porém, no que concerne a estigma e discriminação na empresa
BAT, 60% dos trabalhadores não concordam com o facto de haver programas de
estigmatização e discriminação, opinião que é contrária a do gestor dos programas.
De referir que na Catucha Trading, todos os trabalhadores não confirmam a testagem
voluntária, enquanto que o gestor dos programas, aponta esta ser uma área coberta pelo
programa.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
51
Na Kempe, 75% dos trabalhadores não confirmam que o tratamento é uma das áreas
que o programa cobre, contrariamente ao gestor dos programas nesta empresa.
Quanto ao aconselhamento, nas empresas BAT e Kudumba, não existe concordância
entre os trabalhadores e gestores de HIV, pois enquanto que os trabalhadores não confirmam
que esta seja uma área coberta pelo programa de HIV, os gestores o fazem.
Na formação de educadores de pares, existe também divergência nas empresa BAT e
Kempe.
Tabela 14: Áreas de cobertura do programa na opinião de gestores e de trabalhadores
2 100 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 2 100,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
5 100 4 80,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 4 80,0 5 100,0 3 60,0 1 20,0 1 20,0 2 40,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,04 80,0 2 40,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 2 40,01 20,0 3 60,0 5 100,0 4 80,0 3 60,01 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
1 100,0 1 25,0 1 25,0 2 50,0 2 50,0 3 75,0 3 75,0 4 100,0 2 50,0 4 100,0 2 50,0 4 100,0 4 100,0
1 100,0 1 100,0 1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,04 100 3 75,0 4 100,0 4 100,0 1 25,0 2 50,0 3 75,0
1 25,0 3 75,0 2 50,0 1 25,0 4 100,01 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,05 100 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 5 100,0
4 80,0 1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
1 100,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 5 100,0 4 80,01 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,01 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,03 60,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 4 80,0 5 100,02 40,0 5 100,0 5 100,0 4 80,0 1 20,0 1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
1 100,0
SimNãoSimNãoSimNãoSimSimNãoSimNãoSimNãoSimNãoSimNãoSimSimNãoSimNãoSimNãoSimSimNãoSimNão
Grupos InquiridosTrabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIVTrabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIVTrabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIVTrabalhador
Gestor de HIV
EmpresaStandard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Nº %
Prevencão
Nº %
Estigma ediscriminacão
Nº %
Testagemvoluntária
Nº %
Distribuicao depreservativos
Nº %
Tratamento
Nº %
Programasde
educacão
Nº %
Aconselhamento
Nº %
Formacão deeducadores de
pares
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
52
Observando a tabela 15, abaixo, quando questionados aos gestores e trabalhadores
relativamente as áreas de extensão do programa de HIV/SIDA, houve opiniões divergentes nas
empresas Mozal, onde o gestor refere que o programa estende-se a trabalhadores das empresas
parceiras, opinião que não é partilhada pelos trabalhadores desta empresa; Na BAT, os
trabalhadores estão indecisos quanto à extensão do programa, onde a maior parte destes refere
que o programa estende-se às famílias, porém, o gestor diz que o programa é exclusivo aos
trabalhadores.
Na Coca-Cola, o gestor refere que o programa beneficia a todos os interessados, porém,
os trabalhadores desta empresa afirmam que o programa apenas é extensivo às suas famílias.
Nas empresas Kudumba, Kempe e Catucha, existe concordância entre as opiniões dos
gestores e dos trabalhadores.
Tabela 15: Extensão do programa de HIV/SIDA
0 2 1 0 0 3,0% 5,6% 2,8% ,0% ,0% 8,3%
0 5 0 0 0 5,0% 13,9% ,0% ,0% ,0% 13,9%
2 3 0 0 0 55,6% 8,3% ,0% ,0% ,0% 13,9%
3 0 0 0 1 48,3% ,0% ,0% ,0% 2,8% 11,1%
1 3 0 0 0 42,8% 8,3% ,0% ,0% ,0% 11,1%
0 5 0 0 0 5,0% 13,9% ,0% ,0% ,0% 13,9%
0 4 0 1 0 5,0% 11,1% ,0% 2,8% ,0% 13,9%
1 0 0 0 4 52,8% ,0% ,0% ,0% 11,1% 13,9%
7 22 1 1 5 3619,4% 61,1% 2,8% 2,8% 13,9% 100,0%
0 0 1 0 0 1,0% ,0% 12,5% ,0% ,0% 12,5%
0 0 0 0 1 1,0% ,0% ,0% ,0% 12,5% 12,5%
1 0 0 0 0 112,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%
1 0 0 0 0 112,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%
0 1 0 0 0 1,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% 12,5%
0 1 0 0 0 1,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% 12,5%
0 0 0 1 0 1,0% ,0% ,0% 12,5% ,0% 12,5%
1 0 0 0 0 112,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%
3 2 1 1 1 837,5% 25,0% 12,5% 12,5% 12,5% 100,0%
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
No de inquiridos
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Grupos InquiridosTrabalhador
Gestor de HIV
Benificiaapenas aos
trabalhadoresEstende-seas familias
Tratamento para
trabalhadores,
aconselhamento W'se familia
Benificia atodos os
interessados
Estende-se atrabalhadores
dasempresasparceiras e
familiaNào
respondeu
O programa benificia apenas aos trabalhadores ou estende-se as suas famílias?
Total
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
53
De um modo geral, os trabalhadores apontam como principais obstáculos, a resistência
a testagem voluntária, indisponibilidade dos trabalhadores para participarem dos programas,
bem como a pouca aderência as campanhas. Para os gestores, a falta de fundos é apontado
como principal obstáculo, seguida da resistência a testagem, os hábitos e barreiras culturais, e a
confidencialidade (vide tabela 16).
Tabela 16: Obstáculos enfrentados na opinião de gestores e trabalhadores
3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 38,3% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 8,3%
0 2 0 1 0 0 0 0 1 1 0 5,0% 5,6% ,0% 2,8% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,8% 2,8% ,0% 13,9%
2 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 55,6% 2,8% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,8% 2,8% 13,9%
0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 1 4,0% 8,3% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,8% 11,1%
0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 0 4,0% 2,8% ,0% ,0% 2,8% ,0% 2,8% ,0% 2,8% ,0% ,0% 11,1%
0 0 2 0 1 1 0 0 0 1 0 5,0% ,0% 5,6% ,0% 2,8% 2,8% ,0% ,0% ,0% 2,8% ,0% 13,9%
0 2 0 0 0 0 2 1 0 0 0 5,0% ,0% ,0% 13,9%
,0% 5,6% ,0% ,0% ,0% ,0% 5,6% 2,8% ,0% ,0% ,0% 13,9%0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5
,0% 13,9% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 13,9%5 14 2 1 2 1 3 1 2 3 2 36
13,9% 38,9% 5,6% 2,8% 5,6% 2,8% 8,3% 2,8% 5,6% 8,3% 5,6% 100,0%1 0 0 0 0 0 1
12,5% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%0 0 0 0 0 1 1
,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5% 12,5%0 0 1 0 0 0 1
,0% ,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% 12,5%0 0 0 0 1 0 1
,0% ,0% ,0% ,0% 12,5% ,0% 12,5%0 0 0 1 0 0 1
,0% ,0% ,0% 12,5% ,0% ,0% 12,5%0 0 1 0 0 0 1
100,0%12,5%
,0% ,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% 12,5%0 1 0 0 0 0 1
,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%1 0 0 0 0 1
100,0%12,5%
,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%1 2 2 1 1 1 8
12,5% 25,0% 25,0% 12,5% 12,5% 12,5% 100,0%
No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos
%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos
%No de inquiridos%No de inquiridos
%No de inquiridos%
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Grupos InquiridosTrabalhador
Gestor de HIV
Resistencia atestagemvoluntária
Nãorespondeu
Falta defundos
Hábitos ebarreirasculturais Nenhum
Confidencialidade
Criacão demecanismos
paraacomodar os
doentesgraves
Indisponibilidade dos
trabalhadores para
participarem
Falta detempo dos
educadoresde pares
Falta decompreessaoda linguagempor parte dostrabalhadore
Poucaaderência Não sei
Quais os principais obstaculos que a empresa tem enfrentado?
Total
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Quando se pediu aos trabalhadores que sugerissem melhorias, pudemos notar pela
tabela 17, abaixo, que a maior parte dos trabalhadores, é de opinião que os programas devem
continuar, sendo importante também o uso do preservativo, que se aposte na compreensão da
linguagem por parte do trabalhador, bem como a criação de uma politica de HIV/SIDA no
local de trabalho (Kudumba).
Tabela 17: Sugestões dos trabalhadores para as empresas
1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 2
1 1 3 1 1 1 8 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 8 2 2 1 1
1 2 3 1 1 1 1
CountDesenvolvimento deprogramas de educacãoe de capacitacão
CountMais agressividade nosprogramas CountDê forca aostrabalhadores CountEncontros semanais comos educadores de pares CountMais compreensão erespeito com os CountContinuacão daspalestras CountNenhuma
CountMais abertura eabragencia do programa CountCampanhaspersonalizadas, CountQue o programa seestende-se as familias CountMaior divulgacão dapolitica e seus beneficios CountNão respondeu
CountCriacão de uma políticaCountAjudar na alimentacão e
moralmente CountIncentivar o uso dopreservativo CountCriar condicoes para aspalestras comunitariás CountExistencia de um médicopara assistir os doentes
Quesugestõestem a dar aempresa?
StandardBank Mozal BAT Kudumba KEMPE CETA Coca-Cola Catucha Total
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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Para o OIT (2001), a entidade patronal deve consultar os trabalhadores e seus
representantes e elaborar e aplicar, no local de trabalho, uma politica própria para a prevenção
da propagação da infecção, e para proteger o conjunto de trabalhadores de qualquer
discriminação relacionada com o HIV/SIDA. No presente trabalho, constatou-se que, a maioria
dos inquiridos afirma ter conhecimento da existência de uma política de HIV/SIDA nos seus
locais de trabalho, estando estes resultados de acordo com os pressupostos da Organização
Internacional do trabalho.
A IPPF (2003) refere que os programas direccionados ao HIV/SIDA sejam
incorporados as estruturas organizacionais, e minimizará a interrupção do trabalho e perdas
financeiras das empresas e dos seus funcionários. Na análise dos resultados deste estudo,
constatou-se que existe um programa especifico de HIV/SIDA, como citam, grande parte dos
inquiridos entre trabalhadores e gestores.
A Lei n° 5/2002 de 5 de Fevereiro estabelece os princípios gerais visando garantir que
todos os trabalhadores e candidatos a emprego não sejam discriminados nos locais de trabalho
ou quando se candidatam a emprego por serem suspeitos ou portadores de HIV. No âmbito dos
resultados do presente estudo a maioria dos trabalhadores e gestores afirma que a política de
HIV/SIDA das suas empresas está em concordância com a Legislação em vigor em
Moçambique.
A OIT (2001), cita a lei italiana nº 135, de 1990, relacionada com a prevenção e
combate ao HIV/SIDA, proíbe o teste pelos empregadores dos sectores privados e públicos,
nos candidatos a emprego e funcionários contratados, além de prever severas sanções em caso
de infracção.
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Os trabalhadores inquiridos mostram-se, em termos globais, satisfeitos com a política
de HIV/SIDA. A maior parte destes, respondeu que a política de HIV/SIDA é boa, o que
demonstra a sua satisfação para com a mesma. De acordo com os princípios fundamentais das
Directrizes praticas sobre o BIT e o mundo do trabalho, um ambiente de trabalho saudável é
propício a uma boa saúde física e mental, e permite adaptar as funções às capacidades e ao
estado de saúde física e moral dos trabalhadores (OIT, 2001).
Na leitura dos resultados dos questionários realizados neste estudo, a distribuição de
preservativos, foi apontada por todos os trabalhadores e gestores como uma área coberta pelo
programa de HIV/SIDA. A OIT (2001) cita algumas medidas práticas, essenciais para o
suporte a mudança de comportamento; Uma das mais importantes é a provisão gratuita de
preservativos.
No Brasil, o preço dos preservativos reduziu em cerca de metade nos anos 90, o que
resultou no aumento no uso do preservativo. Este factor foi identificado pelo Governo
Brasileiro como um factor chave na redução da incidência de HIV no decorrer dos anos 90. As
campanhas à favor do uso do preservativo têm resultados espectaculares. A campanha 100%
do preservativo na Tailândia, fez com que dois milhões de infecções fossem evitadas, o que
resultou numa economia de seis milhões de dólares. (IPPF, 2003)
De acordo com os resultados do presente estudo, grande parte dos trabalhadores e
gestores das empresas pesquisadas, afirmam que a testagem voluntária é uma área coberta pelo
programa de HIV/SIDA vigente na empresa da qual fazem parte, estando estes resultados em
concordância com os princípios fundamentais das Directrizes praticas sobre o BIT e o mundo
do trabalho, que refere que a entidade patronal deve encorajar o apoio e aconselhamento, em
como o rastreio voluntário e confidencial junto de serviços de saúde qualificados. (OIT,2001)
Segundo a OIT (2001), nos locais de trabalho é permitida a execução de testes de
rastreio de HIV, anónimos, desde que sejam feitos em conformidade com os princípios éticos
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57
da pesquisa cientifica, da deontologia profissional, e no respeito dos direitos individuais e da
confidencialidade.
No Uganda, a provisão de testes voluntários de HIV tem causado um impacto positivo.
Estes serviços, que incluem aconselhamento pré e pós teste, tem oferecido oportunidades
importantes para o endereçamento de mensagens de sexo seguro, e tem reduzido os
comportamentos de risco. (ILO, 2001)
Os programas de educação são parte essencial da prevenção, pois ajudam as pessoas a
aplicar situações gerais à sua própria situação, dando às pessoas as ferramentas para tomada de
decisões pessoais acerca da exposição ao risco e como devem gerir essas situações. (ILO,
2001). Segundo o presente estudo a maioria dos trabalhadores e todos os gestores inquiridos
apontam a existência de programas de educação.
No desenvolvimento de programas para prevenção da disseminação do HIV, a Direcção
e o sindicato devem incluir as famílias e a comunidade local. O código da ILO encoraja estas
práticas. Esta é também uma área analisada neste estudo, onde constatou-se que a maior parte
dos trabalhadores refere que os programas são extensivos às suas famílias e apenas uma
minoria de gestores refere que o programa é extensivo a todos os interessados e às empresas
parceiras. Na África do Sul, o grupo de empresas da Ford, realiza educação em HIV/SIDA
nas escolas circunvizinhas às suas fábricas. (ILO, 2001)
A ILO (2001) refere que se deve ter em consideração programas de Educação que
decorram nas horas de trabalho remuneradas, bem como se deve levar em consideração a
participação nos programas, como uma obrigação do trabalho.
Em relação à análise dos obstáculos enfrentados pelo programa de HIV/SIDA, a
indisponibilidade dos trabalhadores para participarem, e a pouca aderência foram áreas citadas
pelos trabalhadores. No entanto, notou-se que este ponto, não foi levantado pelos gestores dos
programas de HIV/SIDA.
Cláudia Viana Rodrigues
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De acordo com a ILO (2001), a Anglo Americana, a maior empresa mineira Sul
áfricana, com cerca de 23% dos seus 134.000 trabalhadores infectados pelo HIV/SIDA, decidiu
ter disponíveis os anti-retrovirais gratuitos aos seus trabalhadores, estimando que isto possa
custar entre 2.5 a 5 milhões de dólares. O tratamento, apesar de dispendioso é crucial para o
sucesso dos programas de HIV/SIDA, tendo sido apontado por 50 % dos trabalhadores e
62.5% dos gestores como incluso no programa.
É concenso que a formação de educadores de pares é um dos mais efectivos meios de
fazer chegar a mensagem do HIV/SIDA. A educação de pares tem como base a ideia de que as
pessoas são mais receptivas à mudança se forem persuadidas a mudar por pessoas que
conhecem e em que confiam. A formação de educadores de pares foi apontada como sendo
realizada, por grande parte dos trabalhadores e gestores incluídos neste estudo. A educação de
pares, é um meio barato, capaz de alcançar um grande número de pessoas, confidencial, que
pode trazer mudanças de comportamento sustentáveis.
No decorrer deste estudo, foi apontado como um dos obstáculos por alguns
trabalhadores a falta de compreensão da mensagem. Para a OIT (2001), a formação deve ser
objectiva e adaptada aos grupos a que se destina, quer sejam eles pessoal de Direcção,
trabalhadores e seus representantes, formadores de formadores ou educadores de pares.
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CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Esta pesquisa teve como objectivo analisar as estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local
de trabalho usadas pelas empresas que foram objecto de estudo. Após a análise dos resultados,
pôde-se chegar às seguintes conclusões:
As empresas objecto de estudo têm situações variadas no que diz respeito a
intervenções e estratégias de resposta contra o HIV/SIDA nos locais de trabalho. As
variáveis que afectam esta divergência podem estar relacionadas ao tamanho das
empresas, existência ou não de fundos para o combate à pandemia, a existência ou
não de uma politica de HIV/SIDA no local de trabalho, o tempo de existência do
programa de HIV/SIDA, e as áreas que o programa cobre.
A maioria das empresas possue uma política de HIV-SIDA no local de trabalho
conhecida por trabalhadores e gestores com programas que cobrem, essencialmente,
áreas como a prevenção, educação de pares, aconselhamento, testagem voluntária e
distribuição de preservativos
Os trabalhadores mostram-se receptivos às políticas e programas usados pelas
empresas e dão várias sugestões acerca do que devia ser melhorado e
implementado.
Os maiores obstáculos enfrentados na implementação das políticas de HIV no local
de trabalho pelas empresas pesquisadas são:
a) Para os trabalhadores - constrangimentos de tempo, que muitas vezes os
impedem de participar nos programas de HIV/SIDA nos seus locais de trabalho,
b) A falta de fundos para a gestão dos programas, segundo opinião dos gestores.
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É fundamental que recursos humanos existentes nos setores público e privado sejam
protegidos contra a infecção de HIV e apoiados com programas globais e efectivos. Faltam
esses programas na maioria das áreas dos sectores público e privado e, além disso, a
maioria dos recursos humanos do país está livre de infecção de HIV e representa recurso
muito valioso. Esse investimento social precisa de ser mantido com um programa extensivo
de políticas e programas de local de trabalho em regime de urgência.
Neste contexto, endereçam-se as seguintes sugestões:
Que se dê continuidade aos programas de informação e sensibilização, devendo
estes programas apoiar-se em informações exactas e recentes sobre a transmissão do
HIV, de forma a prevenir e desfazer os mitos que envolvem o tema.
Que se melhore e incentive o acesso e uso do preservativo por parte dos
trabalhadores, podendo trazer um aumento do seu uso.
Que as campanhas sejam mais centradas na importância de se fazer o teste de HIV
precocemente, acentuando, as vantagens de tal acção.
Que se assegure que o idioma usado nos programas seja adequado aos
trabalhadores, já que uma grande parte da força laboral pode não ser falante da
língua portuguesa.
Que se tente ao máximo possível quebrar ou pelo menos amenizar os tabus e
barreiras culturais, e as crenças erradas dos trabalhadores, que os levam, muitas
vezes, a adoptar comportamentos de risco, e a cometer atitudes de discriminação.
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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Que se faça o uso, nos programas, de intervenções audiovisuais, mais activas e
participativas (teatro, simulações, etc.), estimulando, deste modo, uma maior
aderência dos trabalhadores.
Cláudia Viana Rodrigues
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REFERÊNCIAS
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Austral (SADC): Suiça (2001)
3. Creswell, J. Research Design: London: Sage (1994)
4. Ecosida (2005) Ecosida Strategic Plan 2005-2010: Maputo
5. Ferreira, S. M. et al. Prevenção e Trabalho – Manual de implantação e
implementação de Programas e Projectos de Prevenção ao HIV e Aids no Local de
trabalho. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.
6. Goldenberg (2000). A arte de pesquisar. São Paulo: Record
7. ILO. An ILO code of practique on HIV/AIDS and the world of work. Genebra: ILO,
2001.
8. ILO. Workplace Action on HIV side. Genebra: ILO, 2003
9. ILO Programme on HIV/AIDS. HIV/SIDA +WORK Mozambique: HIV/AIDS, Work
and development. Genebra : ILO, 2005
10. ILO. The gender dimensions of HIV/AIDS and the world of work. Brussels: ILO
2001
11. ILO. Workplace programmes for HIV/AIDS prevention. Genebra: ILO, 2001
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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12. ILO. Moçambique: o impacto do HIV/SIDA em Recursos Humanos.
Moçambique, 2003.
13. ILO. Manual sobre HIV/SIDA para os inspectores do trabalho: Genebra: ILO 2006
14. International Planned Parenthood Federation (IPPF). Guia para Divulgação e
Conscientizacao do HIV/SIDA. New York : 2003
15. Martins, B. Qualidade de Vida no Trabalho na Manica Moçambique terminais Lda.
Maputo, 2007.
16. Ministério da Saúde. Sensibilização: HIV/SIDA em Moçambique. Moçambique,
MISAU: 2006
17. ONUSIDA. Programa conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA Epidemia
da SIDA: Situação em Dezembro de 2000. Genebra : ONUSIDA, 2001.
18. ONUSIDA. O HIV/SIDA no local de trabalho: buscando respostas empresariais
inovadoras. Genebra: ONUSIDA, 1998.
19. ONUSIDA. Acesso a tratamento no local de trabalho no sector privado. Genebra:
ONUSIDA, 2005.
20. ONUSIDA. Epidemia da SIDA: Situação em Dezembro de 2000. Genebra:
ONUSIDA, 2000.
21. Organização Internacional do trabalho (OIT). HIV/AIDS + Trabalho: Directrizes
para os empregadores. Genebra: OIT, 2003
Cláudia Viana Rodrigues
Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.
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22. OIT. Recolha de directivas práticas do BIT sobre o HIV/SIDA e o mundo de
trabalho, Reunião tripartida de peritos sobre HIV/SIDA e o mundo de trabalho.
Genebra: 2001
23. PEN. Plano Estrategico Nacional de combate ao HIV/SIDA 2005-2009. Maputo:
PEN, 2004
24. Pereira, J. Vírus da Imunodeficiência Humana-Introdução histórica. Lisboa : 2000
25. República de Moçambique. Lei n°5/2002. Boletim da República I Série, N°7. Maputo,
2002.
26. UNAIDS. Report on the global AIDS epidemic. Genebra: UNAIDS, 2006.
27. UNAIDS. Report on the global AIDS epidemic. Genebra: UNAIDS, 2004.
28. UNAIDS/WHO. AIDS epidemic Update: Geneva: December 2006
29. UNAIDS/Organização Mundial da Saúde (OMS) Report on global AIDS epidemic
(1999),
30. UNAIDS. AIDS epidemic Update. Genebra: UNAIDS, 1999.
31. Universal Declaration of Commitment on HIV and AIDS. Mozambique progress
report for the United Nations General Assembly Special Session on HIV /AIDS.
Mozambique (2008).
32. Wilson, et all. Handbook of HIV Medicine. Oxford 2004
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ANEXO 1
QUESTIONÁRIO (Pontos Focais1)
Este questionário tem como objectivo colectar dados sobre as estratégias de resposta ao
HIV/SIDA no local de trabalho, usadas pelas empresas em Moçambique, em termos de políticas e
programas. Trata-se de um estudo meramente académico e os dados colectados serão tratados
com esse fim. Agradecemos antecipadamente a vossa colaboração.
1. Nome da empresa: _______________________________________________
2. Sector de Actividade: _____________________________________________
3. Dimensão da empresa:
Pequena Média Grande
4. A empresa é membro de alguma organização de combate ao HIV/SIDA?
Sim Não
Se sim, diga qual____________________________
5. A empresa possui uma política de HIV/SIDA?
Sim Não
1 E Gestores de Programas de HIV/Sida no local de trabalho.
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6. Caso tenha respondido negativamente à questão 5, indique as razões:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7. Caso tenha respondido afirmativamente à questão 5, a política vai de encontro à
legislação em vigor sobre HIV/SIDA em Moçambique?
Sim Não
8. Qual tem sido a reacção dos trabalhadores à política?
9. A empresa possui algum programa de combate ao HIV/SIDA ?
Sim Não
10. A empresa possui fundos destinados ao combate à doença ?
Sim Não
11. Caso a resposta à questão 9 tenha sido afirmativa, há quanto tempo a empresa
possui este programa?
_________________________________________________________________________
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12. Caso a resposta à questão 9 tenha sido afirmativa, que área (s) especifica o
programa cobre? Marque com um X a(s) opção(es):
Prevenção Tratamento
Estigma e Discriminação Programas de educação
Testagem voluntária Aconselhamento
Distribuição de preservativos Formação de Educadores de Pares
Outras áreas ______________________________________________________
13. Caso a resposta à questão 10 tenha sido afirmativa, o programa beneficia apenas os
trabalhadores da empresa ou estende-se às suas famílias?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
14. Caso a resposta à questão 10 tenha sido afirmativa, quais os principais obstáculos
que a empresa têm enfrentado no âmBITo da implementação de programas de
HIV/SIDA no local de trabalho?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
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ANEXO II
QUESTIONÁRIO (trabalhadores)
Este questionário tem como objectivo colectar dados sobre as estratégias de resposta ao
HIV/SIDA no local de trabalho, usadas pelas empresas em Moçambique, em termos de políticas e
programas. Trata-se de um estudo meramente académico e os dados colectados serão tratados
com esse fim. Agradecemos antecipadamente a vossa colaboração.
1. Nome da empresa: _______________________________________________
2. Sector de Actividade: _____________________________________________
3. Função que desempenha:__________________________________________
4. Sabe se a empresa é membro de alguma organização de combate ao HIV/SIDA?
Sim Não
Se sim, diga qual____________________________
5. Sabe se a empresa possui uma política de HIV/SIDA?
Sim Não
6. Caso tenha respondido negativamente à questão 5, diga porquê a empresa não tem uma
politica de HIV/SIDA:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Cláudia Viana Rodrigues
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7. Caso tenha respondido afirmativamente à questão 5, acha que a política vai de encontro
à legislação em vigor sobre HIV/SIDA em Moçambique?
Sim Não Não conheço nenhuma lei
8. O que acha da política de HIV/SIDA da empresa?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_____________________________________________________________
9. Na questão do HIV/SIDA a empresa ajuda os trabalhadores?
Sim Não Não sei
10. Sabe se existe algum programa de HIV/SIDA na empresa?
Sim Não
11. Há quanto tempo?__________________________________________________
12. Quais são as áreas do programa? Marque com um X a(s) opção(es):
Prevenção Tratamento
Estigma e Discriminação Programas de educação
Testagem voluntária Aconselhamento
Distribuição de preservativos Formação de Educadores de pares
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70
Outras áreas _____________________________________________________
13. O programa beneficia apenas os trabalhadores da empresa ou estende-se às suas
famílias?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
14. Caso a resposta à questão 10 tenha sido afirmativa, quais acha que são os principais
obstáculos que a empresa têm enfrentado no âmBITo da implementação de programas
de HIV/SIDA no local de trabalho?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
15. Que sugestões tem a dar a empresa?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________