Upload
phungdan
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
INPE-12970-TDI/1018
ESTUDO COMPARATIVO DE TÉCNICAS DE CONTROLE DE ATITUDE EM TRÊS EIXOS PARA SATÉLITES ARTIFICIAIS
Gilberto Arantes Júnior
Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia Espaciais/Mecânica Espacial e Controle, orientada pelo Dr. Ijar Milagre da Fonseca,
aprovada em 23 de fevereiro de 2005.
INPE São José dos Campos
2005
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
629.7.062.2 ARANTES JR, G. Estudo comparativo de técnicas de controle de atitude em três eixos para satélites artificiais / G. Arantes Jr. – São José dos Campos: INPE, 2005. 201p. – (INPE-12970-TDI/1018). 1.Estabilização de veículos espaciais. 2.Controle de atitude. 3.Estabilização em três eixos. 4.rodas de reação. 5.Controle magnético. I.Título.
Aprovado (a) pela Banca Examinadora em cumprimento ao requisito exigido para obtenção do Título de Mestrado em Engenharia e Tecnologia Espaciais/Mecânica espacial e Controle
Aluno (a): Gilberto Arantes Junior
São José dos Campos, 23 de fevereiro de 2005
”No meio de qualquer dificuldade encontra-se a oportunidade”
ALBERT EINSTEIN
“A maior recompensa do trabalho do Ser humano nao e o que ele(a) ganha comisso, mas sim o que ele(a) se torna com isso.”
DESCONHECIDO
A meus pais, GILBERTO MOURA ARANTES eCELIA DIAS ARANTES,
pelo apoio e paciencia.E ao tio e amigo
MIGUEL BERNARDES DE CASTRO (in memorian).
AGRADECIMENTOS
A meus pais, pelo amor, compreensao, paciencia e por incentivar e acreditar na
importancia de ir em busca dos sonhos.
A minha famılia pela certeza de sempre poder contar com seu eterno apoio e incen-
tivo, em especial aos meus Avos, Jose, Terezinha, Jeronimo e Cacilda.
A querida tia Maria Jose e ao inesquecıvel tio Miguel (in memorian) por todos os
conselhos, incentivos e valiosa torcida.
Aos tios Aluisio pela amizade, generosidade e todos os “ensinamentos filosoficos”, e
Branca pelo amor de mae que me foi dedicado, serei eternamente grato.
Ao orientador e amigo Prof. Dr. Ijar Milagre da Fonseca pela orientacao, diretrizes,
conselhos e a valiosa confianca e por acreditar que eu pudesse realizar este trabalho.
Ao apoio financeiro dos meus pais e amigos.
Ao grande amigo e colega de curso Rolf Vargas por poder dividir minhas dificuldades
e pelo seu bom humor, nos momentos difıceis.
A todos os colegas do curso, pela amizade e companheirismo demonstrados, em
especial a Leandro e Cecılia, por toda a colaboracao.
Ao Laboratorio LABSIM e todos os tecnicos, pela oportunidade de estudos e uti-
lizacao de suas instalacoes.
Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), pela oportunidade.
Aos professores do INPE em especial a Andre Fenili, Marcelo Lopes, Waldemar de
Castro, Mario Ricci e Evandro Rocco, pelo conhecimento compartilhado.
Aos professores Helio Koiti Kuga e Roberto Vieira da Fonseca Lopes pelas, sugestoes
na elaboracao desse trabalho.
A meus amigos da Republica, mestre Clerio, a simpatica mexicana Nora Trelles e
ao disciplinado Marcos Timbo por toda a paciencia e stress compartilhado.
A amiga Rose e ao amigo Fred, pelo incentivo.
A Coordenacao de Aperfeicoamento de Pessoal de Nıvel Superior (CAPES), por um
ano de bolsa concedida.
A todas aquelas pessoas que de uma maneira ou de outra contribuıram, e por omissao
nao constam nessa lista, peco desculpas e agradeco.
RESUMO
Neste trabalho propoe-se um estudo sobre tecnicas de controle de atitude parasatelites estabilizados em tres eixos e, atraves da modelagem e simulacaocomputacional, analisar, comparar e fazer um estudo de alternativas/viabilidadede sistemas de controle de atitude (ACS) em tres eixos, com base nos requisitos demissoes espaciais. Para o estudo de alternativas/viabilidade dos sistemas decontrole de atitude foi realizado um estudo comparativo de diferentes tecnicas decontrole, utilizadas para estabilizacao de satelites em tres eixos, utilizando-sediferentes atuadores, tais como: 1) rodas (de reacao e volantes de inercia); 2)bobinas magneticas. Os procedimentos de estabilizacao estudados foram: 1)controle de atitude em tres eixos utilizando rodas (de reacao e volantes de inercia)e bobinas magneticas; 2) controle de atitude em tres eixos utilizando apenasbobinas magneticas. Foram utilizados a teoria do Regulador Linear Quadratico(LQR) e Regulador Quadratico Gaussiano (LQG) e controladores nao linearesbaseados em energia (energy based control) para o desemvolvimento do projeto decontrole no modo de estabilizacao. A teoria do LQR rastreio (tracking) e ocontrolador Proporcional Derivativo (PD) foram usados no modo de aquisicao deatitude. Para a fase de reducao da velocidade angular (detumbling) foi utilizado ocontrolador de Wisniewski ou Bdot. As diferentes configuracoes dos ACS saodiscutidas, comparadas e analisadas, visando avaliar o desempenho dosprocedimentos de controle aqui desenvolvidos para os modos de detumble,estabilizacao e aquisicao da atitude. A formulacao obtida nesse trabalho foiaplicada no controle de atitude do satelite brasileiro EQUARS (EquatorialAtmosphere Research Satellite), que motivou este trabalho. Os resultados obtidosatendem as especificacoes e os requisitos do satelite.
COMPARATIVE STUDY OF THREE AXES ATTITUDE CONTROLTECHNIQUES FOR ARTIFICIAL SATELLITES
ABSTRACT
This work deals with the study of attitude control techniques for three axesstabilized satellite, and through modeling and computational simulation, analyze,compare and develop a feasibility study for attitude control system based on spacemissions requirements. The attitude control system feasibility study is carried outby using different control techniques for satellite three-axis stabilization, anddifferent actuators such as 1) reaction wheels and momentum wheels; 2) torquecoils. The procedures used for stabilization were: 1) Three axis attitude control byusing reaction wheels and momentum wheels combined with torque coils; 2) Threeaxis attitude control by using torque coils only. Each of these technique wasimplemented in computer for the attitude control simulations. The control law wasbased on the Linear Regulator Quadratic (LQR) and Linear Quadratic Gaussian(LQG) for linear systems and on energy based control for no linear systems. Thesetechniques were used for the stabilization mode. The LQR tracking and theproportional derivative (PD) techniques were used for the acquisition mode. TheWisniewski or Bdot approach has been used for detumblig phase. The differentconfiguration results for the control modes are analyzed and discussed in terms ofthe performance of the control procedures associated with the attitude controlmodes (detumble, stabilization and acquisition). The control formulation has beenapplied for the brazilian satellite EQUARS (Equatorial Atmosphere ResearchSatellite). The results comply with the satellite specification and requirements.
SUMARIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIMBOLOS
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CAPITULO 1– INTRODUCAO 31
CAPITULO 2– OBJETIVO 37
2.1 Meios e Recursos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
CAPITULO 3– REVISAO BIBLIOGRAFICA 41
3.1 Atitude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2 Controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.3 Literatura do INPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
CAPITULO 4– DEFINICOES DE NOTACOES 51
4.1 Sistemas de Referencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.1 Referencial Inercial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.2 Referencial Orbital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.3 Referencial do Satelite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.2 Representacao da Atitude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2.1 Matriz de Rotacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2.2 Parametros de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2.3 Angulos de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.2.4 Angulo Eixo Equivalente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.2.5 Rotacoes Infinitesimais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.3 Sumario de Notacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
CAPITULO 5– FORMULACAO DO PROBLEMA 63
5.1 Modelagem Matematica: Cinematica e Dinamica . . . . . . . . . . . . . . 63
5.1.1 Equacoes da Cinematica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.1.2 Equacoes da Dinamica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.1.3 Torque devido ao Gradiente de Gravidade . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.2 Campo Magnetico Terrestre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.3 Tratamento das Equacoes da Dinamica para os Casos Estudados nesseTrabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.4 Linearizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
5.4.1 Linearizacao do Modelo do Satelite Equipado com Rodas . . . . . . . . 76
5.4.2 Linearizacao do Modelo do Satelite Equipado com Bobinas . . . . . . . 78
5.5 Consideracoes Sobre os Atuadores, os Modelos Matematicos e Sistemasde Referenica Adotados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.5.1 Modelo dos Atuadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.6 Torques Ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
5.6.1 Torque Devido ao Gradiente de Gravidade . . . . . . . . . . . . . . . . 85
5.6.2 Torque Aerodinamico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.6.3 Torque de Pressao de Radiacao Solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.6.4 Torque Devido ao Dipolo Residual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.7 Perturbacoes internas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
CAPITULO 6– PROJETO DE CONTROLE 91
6.1 Modo de Detumble . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.1.1 Controlador Bdot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.2 Modo de Estabilizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.2.1 Metodo LQR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.2.2 Metodo LQG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.2.3 Controladores Baseados em Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
6.3 Modo de Aquisicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6.3.1 LQR Tracking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
6.3.2 Proporcional Derivativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
CAPITULO 7– SIMULACOES 109
7.1 Modo de Detumble . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
7.2 Modo de Estabilizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
7.2.1 Metodo LQR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
7.2.2 Controladores Baseados em Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
7.2.3 Metodo LQG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
7.3 Modo de Aquisicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
7.3.1 LQR Tracking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
7.3.2 Controle PD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
CAPITULO 8– CONCLUSAO 141
8.1 Sugestoes para Tabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 147
APENDICE A–CALCULO DO GRADIENTE DE GRAVIDADE 157
APENDICE B–PROPAGACAO DA ORBITA E TRANSFORMACOES 163
B.1 Calculo da Orbita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
B.1.1 Posicionamento de Satelites - Problema Direto . . . . . . . . . . . . . . 163
B.1.2 Equacao de Kepler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
B.1.3 Matriz de Rotacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
B.2 Matriz de Rotacao do Sistema Inercial - Sistema do Satelite . . . . . . . 169
B.2.1 Matriz RPOFECI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
B.2.2 Matriz ROFPOF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
B.2.3 Matriz RBFOF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
B.3 Calculo da Latitude, Longitude e Altura . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
APENDICE C–IMPLEMENTACAO EM SIMULINK 183
APENDICE D–PROGRAMAS EM MATLAB 193
D.1 Projeto LQR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
D.2 Projeto LQG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
APENDICE E–TOOLBOX ATITUDE 199
E.1 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
E.1.1 Equacoes do Movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
E.1.2 Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
LISTA DE FIGURAS
4.1 Sistemas de referencia, inercial (ECI), orbital (OF) e do satelite (BF) 52
4.2 Construcao dos angulos de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.1 Sequencia de rotacoes 3(ψ)− 2(θ)− 1(φ) . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.2 Ilustracao do satelite com rodas de reacao, bobinas e os referenciaisorbital OF (xo, yo, zo) e do corpo BF (x, y, z) . . . . . . . . . . . . . . 66
5.3 Configuracao das bobinas magneticas no satelite . . . . . . . . . . . . 70
5.4 Campo magnetico local Bo usando o modelo IGRF 2000 . . . . . . . 72
6.1 Configuracao do controle LQR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
6.2 Sistema planta mais controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.3 Estrutura basica do sistema de controle LQG . . . . . . . . . . . . . 99
6.4 Estrutura do filtro de Kalman-Bucy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.5 Configuracao do controle LQR tracking . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
6.6 Configuracao do controlador PD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
7.1 Velocidade angular do satelite ωbib . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
7.2 velocidade angular ωbib . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
7.3 Dipolo magnetico, torque magnetico e potencia . . . . . . . . . . . . 112
7.4 Dipolo magnetico, torque magnetico e potencia . . . . . . . . . . . . 113
7.5 Angulos de atitude roll, pitch e yaw em funcao do tempo para o caso 1116
7.6 Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento angu-
lar das rodas para o caso 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
7.7 Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e rotacoes por minuto das rodas dereacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
7.8 Angulos de atitude roll, pitch e yaw em funcao do tempo para o caso 2118
7.9 Torque τ bw, torque de acoplamento e quantidade de movimento angu-
lar das rodas para o caso 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
7.10 Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e rotacoes por minuto das rodas parao caso 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
7.11 Angulos de atitude roll, pitch e yaw e tempo para o caso 3 . . . . . . 120
7.12 Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e rotacoes por minuto das rodas parao caso 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
7.13 Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento angu-
lar das rodas para o caso 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
7.14 Ganho do controlador em funcao das orbitas Kc(1, 1) . . . . . . . . . 122
7.15 Angulos de atitude roll, pitch e yaw em funcao do numero de orbitas,utilizando bobinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
7.16 Dipolo magnetico, torque de controle (τ bm) e potencia das bobinas em
funcao do numero de orbitas, utilizando bobinas . . . . . . . . . . . . 124
7.17 Angulos de atitude em funcao do numero de orbitas . . . . . . . . . . 125
7.18 Dipolo magnetico, torque de controle e potencia das bobinas emfuncao do numero de orbitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
7.19 Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e campo magnetico terrestre local Bb 127
7.20 Angulos de atitude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
7.21 Dipolo magnetico, torque de controle e potencia das bobinas emfuncao do numero de orbitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
7.22 Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e campo magnetico local Bb emfuncao do numero de orbitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
7.23 Angulos de atitude estimados em funcao do tempo . . . . . . . . . . . 131
7.24 Angulos de atitude simulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
7.25 Angulos de atitude simulados e estimados . . . . . . . . . . . . . . . 132
7.26 Erro dos angulos de atitude e variacao da atitude . . . . . . . . . . . 132
7.27 Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento angu-
lar das rodas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
7.28 Angulos de atitude roll, pitch e yaw em funcao do tempo para aaquisicao de atitude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
7.29 Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento angu-
lar das rodas em funcao do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
7.30 Rotacoes por minuto das rodas de reacao e velocidades angulares ωbib
e ωbob . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
7.31 Angulos de Euler em funcao do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
7.32 Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento angu-
lar das rodas em funcao do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
7.33 Rotacoes por minuto das rodas e velocidades angulares ωbib e ωb
ob emfuncao do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
B.1 Referenciais (inercial, da orbita) e os elementos Keplerianos (i, ω,Ω) . 164
B.2 Referencial inercial (ECI) e pseudo orbital (POF) . . . . . . . . . . . 170
B.3 Orientacao do referencial orbital (OF) e do referencial pseudo orbital(POF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
B.4 Referencial inercial e cartesiano geocentrico . . . . . . . . . . . . . . . 179
B.5 Longitude (λ), latitude (φ) e altura (h) do satelite . . . . . . . . . . . 179
C.1 Implemetacao em SIMULINK do Modo de detumble . . . . . . . . . 183
C.2 Lei de controle Bdot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
C.3 Implementacao em SIMULINK do modo de estabilizacao: sateliteequipado com bobinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
C.4 Controle LQR e controladores baseados em energia . . . . . . . . . . 185
C.5 Modo de estabilizacao: satelite equipado com rodas, usando o metodoLQR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
C.6 Modo de estabilizacao: satelite equipado com rodas, usando o metodoLQG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
C.7 Modo de aquisicao usando o controlador PD . . . . . . . . . . . . . . 186
C.8 Lei de controle LQR tracking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
C.9 Lei de controle PD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
C.10 Modelo dinamico do satelite equipado com bobinas . . . . . . . . . . 187
C.11 Modelo dinamico do satelite equipado com rodas . . . . . . . . . . . . 188
C.12 Modelo das rodas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
C.13 Modelo das bobinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
C.14 Modelo do torque de gradiente de gravidade . . . . . . . . . . . . . . 189
C.15 Modelo do campo magnetico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
C.16 Propagacao da orbita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
C.17 Calculo da latitude, longitude e altura . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
C.18 Matriz de transformacao entre os sistemas de referencia ECI e BF . . 191
E.1 Bloco Gyrostat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
E.2 Bloco gradiente de gravidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201
LISTA DE TABELAS
5.1 Elementos orbitais do satelite EQUARS . . . . . . . . . . . . . . . . 73
7.1 Parametros de simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.2 Condicoes iniciais da simulacao para o modo de estabilizacao utili-zando a metodologia LQR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
7.3 Parametros de simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
7.4 Condicoes iniciais da simulacao para o modo de aquisicao utilizandorodas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
8.1 Alternativas para o ACS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
B.1 Programa MATLAB para o calculo da orbita circular . . . . . . . . . 169
B.2 Programa MATLAB para o calculo de c1i, (i = 1, 2, 3) da matriz RBFECI 176
B.3 Programa MATLAB para o calculo de c2i, (i = 1, 2, 3) da matriz RBFECI 177
B.4 Programa MATLAB para o calculo de c3i, (i = 1, 2, 3) da matriz RBFECI 178
B.5 Programa MATLAB para o calculo da longitude, latitude do pontosub-satelite e altura do satelite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
D.1 Programa MATLAB para o projeto LQR do modelo satelite equipadocom rodas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
D.2 Programa MATLAB para o projeto LQR do modelo satelite equipadocom rodas (cont.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
D.3 Programa MATLAB para o projeto LQR do modelo satelite equipadocom bobinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
D.4 Programa MATLAB para o projeto LQG do modelo satelite equipadocom rodas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
D.5 Programa MATLAB para o projeto LQG do modelo satelite equipadocom rodas (cont.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
LISTA DE SIMBOLOS
Bb Vetor campo geomagnetico expresso no sistema BFBo Vetor campo geomagnetico expresso no sistema OFIn Matriz identidade de ordem nJ Tensor de inercial em relacao ao sistema BF
Ji Indice de desempenhoJo Tensor de inercial em relacao ao sistema oJs Tensor de inercial do satelite sem as rodasJw Tensor de inercial das rodasKd Matriz de ganhos derivativos do controlador PDKp Matriz de ganhos proporcionais do controlador PDL Quantidade de movimento angular do satelite referido e ex-
presso no sistema inercialLb Quantidade de movimento angular do satelite referido ao sis-
tema inercial e expresso no sistema BFQc Matriz de ponderacao de estadosQf Matriz de covarianca do ruıdo nas medidasRa
b Matriz de rotacao do sistema b para o sistema aRc Matriz de ponderacao da lei de controleRf Matriz de covarianca do ruıdo da dinamicaSa Operador anti-simetricoT Torque internoA Matriz do sistemaB Matriz dos atuadoresC Matriz de sensoresG(s) Matriz funcao de transferencia de um sistemaHo Quantidade de movimento angular nominal no eixo de pitchJx, Jy, Jz Momentos principais de inerciaK(s) Funcao de transferencia do controladorKc Matriz de ganhos do regulador LQRKf Matriz de ganhos do filtro de KalmanPc Matriz solucao da equacao de Riccati no regime estacionario
para o caso do reguladorPf Matriz de covariancas dos estados estimadosTo Perıodo orbitalV Funcao de Lyapunov do sistemaX, Y, Z Coordenadas do sistema inercialx Estimativa do estado xcb
1 Cosenos diretores de xo em relacao aos eixos do corpo x, y, zcb
2 Cosenos diretores de yo em relacao aos eixos do corpo x, y, zcb
3 Cosenos diretores de zo em relacao aos eixos do corpo x, y, zfw Sinal de comandohs Quantida de movimento angular do satelite
hw Quantida de movimento angular das rodas relativo ao satelitelw Quantida de movimento angular das rodasmb Momento dipolo magneico das bobinasmc Dipolo magnetico residual para o detumbleq Quaternionr Sinal de referencia
A Area da seccao da bobina magneticaD Matriz de influenca do controle na saıdae Excentricidade da orbitae Sinal de errogn
m, hnm Coeficiente de Gauss
h Altura do sateliteh Ganho do controlador EBC com realimentacao de velocidade
angulari Inclinacao da orbitaik Corrente que passa pela bobina magnetica disposta na direcao
kk Ganho do controlador BdotN Numero de espirasu Sinal de contolev Ruıdo branco na medidaw Ruıdo branco na dinamicax, y, z Coordenadas do sistema do satelitexo, yo, zo Coordenadas do sistema orbitaly Sinal de saıda do sistemaΩ Ascensao do nodo ascendente
Φ Angulo de rotacao em torno do vetor unitario λβ Ganho do controlador EBC com realimentacao de atitudeε Vetor do quaternionωb
bw Vetor velocidade angular das rodas referido ao sistema BF, ex-presso no sistema BF
ωbib Vetor velocidade angular do satelite referido ao sistema ECI,
expresso no sistema BFωb
iw Vetor velocidade angular das rodas referido ao sistema ECI,expresso no sistema BF
ωbob Vetor velocidade angular do satelite referido ao sistema OF,
expresso no sistema BFτ b
bc Torques de controle das bobinas magneticas ou magneto tor-ques
τ bcw Torques de controle das rodas
τ bc Torques de controle expresso no sistema BF
τ bd Torques extenos que agem sobre o satelite expresso no sistema
BFτ b
g Toque de gradiente de gravidadeτ b
m Torque magnetico devido ao dipolo residualτ a Toque de arraste aerodinamicoτ ext Torque(s) exteno(s) que agem sobre o sateliteτ s Toque de pressao de radiacao solar
η Parte real do quaternionωo Velocidade orbital mediaφr, θr, ψr Atitude de referencia
φ Angulo de rotacao em torno do eixo de roll
ψ Angulo de rotacao em torno do eixo de yaw
θ Angulo de rotacao em torno do eixo de pitch
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACS Sistema de Controle de AtitudeBF Referencial do SateliteEBC Controladores Baseados em EnergiaECI Referencial InercialEQUARS Equatorial Atmosphere Research SatelliteFG Rereferencial Cartesiano TerrestreIAGA Association of Geomagnetism and AeronomyIGRF International Geomagnetic Reference FieldINPE Istituto Nacional de Pesquisas EspaciaisLQG Regulador Quadratico GaussianoLQR Regulador Linear QuadraticoMIMO Multiplas Entradas Multiplas SaıdasOF Referencial Orbital
OOF Referencial da OrbitaPD Proporcional DerivativoPMM Plataforma Multi-MissaoPOF Referencial Pseudo Orbital
SISO Unica Entrada Unica SaıdaVLHL Vertical Local e Horizontal Local
CAPITULO 1
INTRODUCAO
A orientacao de um satelite, em relacao a um sistema de referencia conhecido, e
denominada atitude e o movimento de rotacao em torno do seu centro de massa
e denominado movimento de atitude. Assim, a atitude e o movimento de atitude
especificam a orientacao espacial e o movimento rotacional em torno do centro de
massa do satelite (Wertz, 1978 e Hughes, 1986). Para determinar a atitude de um
satelite em relacao a um sistema de referencia, esse deve estar equipado com sensores
que possam fornecer a sua orientacao em relacao ao Sol, a Terra, e/ou alguma estrela
fixa bem como em relacao ao vetor campo magnetico terrestre (direcao e magnitude).
Em certos casos e necessario considerar elementos orbitais do satelite para que seja
possıvel determinar completamente a atitude e o movimento de atitude do veıculo
espacial. A analise de atitude pode ser dividida em determinacao, previsao e controle
de atitude (Wertz, 1978).
Este trabalho trata da previsao e o controle de atitude. A previsao e o processo de
prever a orientacao do satelite pelo uso de modelos que permitam extrapolar sua ati-
tude, sendo necessario conhecer as forcas perturbadoras que agem sobre o satelite,
portanto, necessario modela-las. O controle e o processo de orientar o satelite de
maneira que esse adquira ou mantenha a atitude prefixada pela missao. A imple-
mentacao do modelo cinematico e dinamico do satelite e feita neste trabalho utili-
zando o software MATLAB e SIMULINK, bem como a implementacao das leis e
estrategias de controle de atitude em tres eixos.
Satelites artificiais, em uma grande variedade de missoes espaciais, seja para fins
meteorologicos, de telecomunicacoes, de sensoriamento remoto e cientıfico, devem
estar com uma ou mais faces/equipamentos orientada(o)s para direcoes especıficas,
tais como para a Terra (BrasilSAT, Syncom, etc), para o Sol (Soho) ou para outras
estrelas (Hubble). E evidente a necessidade de se conhecer a atitude do satelite, de
modo que se possa estabilizar seu movimento de acordo com a atitude nominal es-
pecificada. Isto e feito atraves de um sistema de controle, projetado de acordo com
os requisitos da missao. O controle de atitude e, portanto, o processo de orientar o
satelite de maneira que este adquira ou mantenha a atitude nominal especificada.
Este processo pode ser visto sob dois modos: modo de aquisicao de atitude, que
31
consiste em levar o satelite para a atitude nominal a partir de uma atitude qual-
quer e modo normal de operacao, que consiste em estabilizar/manter a atitude, de
acordo com a atitude nominal, fazendo correcoes, quando necessarias. Durante a
fase de aquisicao de atitude sao, em geral, necessarias manobras de grandes angulos,
uma vez que o sistema de controle de atitude (ACS) deve ser capaz de, a partir de
uma atitude qualquer, levar o satelite para a atitude nominal. Ja a fase de estabi-
lizacao/manutencao, em geral, requer manobras de pequenos angulos objetivando
correcoes na atitude. Eventualmente os requisitos do ACS podem impor manobras
de grandes angulos para reorientar o satelite em determinada direcao. Um requisito
deste tipo requer manobra de reaquisicao da atitude.
As duas configuracoes basicas para estabilizar satelites sao aquelas em um eixo
(exemplos do SCD1 e SCD2) e em dois eixos, essa conhecida como estabilizacao
em tres eixos (exemplos do CBERS1 e CBERS2), uma vez que estabilizando-se
dois eixos garante-se a estabilizacao do terceiro eixo. O estudo da estabilizacao
em um eixo e descrito em Kuga L. D. e Guedes (1987), Kuga e Guedes (1987),
Quirelli (2002) e Zanardi et al. (2003a). Esse trabalho e dedicado ao estudo da
estabilizacao em tres eixos de satelites artificiais. A estabilizacao em tres eixos pode
ser descrita em relacao ao sistema orbital. Nesse referencial o movimento em torno
da direcao da velocidade orbital e denominado roll (rolamento). O movimento em
torno da direcao normal a orbita e denominado pitch (arfagem), e finalmente o
movimento em torno da direcao Nadir/Zenite e denominado yaw (guinada). Satelites
estabilizados em tres eixos podem ser vistos como um sistema com quantidade de
movimento angular nulo (zero momentum system) ou entao como um sistema em
que a quantidade de movimento angular e nao nula (bias momentum system). Os
sistemas com quantidade de movimento angular nao nulo contem, geralmente, um
volante de inercia com quantidade de movimento angular nominal diferente de zero
(Wertz, 1978 e Wie, 1998). Este equipamento difere das rodas de reacao pelo fato de
ter velocidade angular nominal diferente de zero em certa direcao (Larson e Wertz,
1992).
Atualmente o programa espacial brasileiro desenvolve, entre outros, projetos de dois
satelites; o Satelite Equatorial Upper Atmosphere Research Satellite de aplicacoes
cientıficas (EQUARS) e a plataforma multi-missao (PMM), visando uma pla-
taforma unica para satelites com diferentes missoes. Os requisitos dessas missoes
impoem um sistema de controle em tres eixos. Essas duas missoes espaciais consti-
32
tuem a principal motivacao para o desenvolvimento do trabalho.
Diversas tecnicas de estabilizacao podem ser utilizadas quando se deseja estabilizar
satelites em tres eixos. Dentre elas destacam-se nesse trabalho, aquelas que empre-
gam como atuadores: rodas de momentum e bobinas magneticas. Nesse trabalho sao
estudados/analisados tres modos de operacao:
• Detumble : reduzir a velocidade angular do satelite.
• Estabilizacao: adquirir e manter o referencial do satelite alinhado com o
referencial orbital (vertical local e horizontal local).
• Aquisicao: aquisicao de uma orientacao arbitraria.
Os modelos matematicos do veıculo espacial usados nos procedimentos de controle
de atitude avaliados para o modo de detumble e o modo de estabilizacao
sao: rodas de reacao combinadas com bobinas magneticas e um sistema empregando
somente bobinas magneticas. As bobinas sao utilizadas para a reducao da velocidade
angular, ou seja, no modo de detumble e desaturacao. Entretanto, nesse estudo a
estrategia de dessaturacao nao e estudada. Para o modo de aquisicao e avaliado
o emprego de rodas com objetivo de analizar a exequibilidade do procedimento a
partir das especificacoes das rodas para o satelite EQUARS.
As leis e estrategias de controle empregadas nesse trabalho sao associadas a tecnica
do Regulador Linear Quadratico (LQR), LQR tracking, Regulador Quadratico Gaus-
siano (LQG), controle proporcional derivativo (PD), controladores baseados em
energia (attitude feedback e angular velocity feedback) usando a teoria de Lyapunov
e o controlador Bdot que tambem e baseado na teoria de Lyapunov. As estrategias
de controle adotadas para os tres modos de operacao sao:
• O controlador Bdot, usando apenas medidas dos magnetometros, para o des-
capotamento/detumbling do satelite. Os atuadores empregados sao as bo-
binas magneticas.
• Os controladores LQR/LQG e os baseados em energia para o modo de esta-
bilizacao. A metodologia LQR e usada para rodas e bobinas e a metodologia
33
LQG apenas para rodas. Os controladores baseados em energia sao usados com
o emprego de bobinas magneticas.
• A metodologia LQR tracking e o controlador PD para o modo de aquisicao,
com o objetivo de avaliar a exequibilidade/factibilidade do emprego das rodas
especificadas para o satelite brasileiro EQUARS.
A dissertacao esta organizada de acordo com a sequencia descrita a seguir.
No Capıtulo 1 e feita uma breve introducao sobre o trabalho, descrevendo brevemente
os procedimentos e estrategias de controle adotadas. Nesse Capıtulo e incluıda a
motivacao do estudo, que se refere a aplicacao desse estudo ao satelite brasileiro
EQUARS.
O Capıtulo 2 apresenta os objetivos do trabalho.
O Capıtulo 3 apresenta a revisao bibliografica sobre o tema.
No Capıtulo 4 e realizada uma revisao das definicoes e fundamentos matematicos
envolvendo atitude e movimento de atitude de veıculos espaciais.
No Capıtulo 5 sao apresentados os modelos matematicos da cinematica e dinamica do
veıculo espacial. E mostrado o modelo do campo magnetico terrestre e o modelo dos
principais torques ambientais (gradiente de gravidade, pressao de radiacao, arrasto
atmosferico e dipolo residual). No Capıtulo sao discutidos brevemente os torques de
origem interna e uma aproximacao do seu modelo. E apresentado ainda a linearizacao
dos modelos dinamicos e cinematicos da atitude para os diferentes procedimentos
adotados.
No Capıtulo 6 sao apresentados as estrategias de controle, os fundamentos e me-
todologias usadas na formulacao das leis de controle empregadas nos sistemas de
controle de atitude (ACS).
No Capıtulo 7 sao apresentadas as simulacoes da dinamica e controle do veıculo para
as diferentes configuracoes do ACS, envolvendo os diferentes modos de operacao. O
estudo e aplicado ao satelite brasileiro EQUARS. E feita a analise dos resultados
34
e comparacoes das estrategias de controle empregadas.
Capıtulo 8 encerra-se com a analise e discussoes dos resultados, sendo feitas sugestoes
para trabalhos futuros.
35
36
CAPITULO 2
OBJETIVO
Este trabalho visa modelar, simular, analisar, comparar resultados e apresentar um
estudo de alternativas de sistemas de controle de atitude (ACS) para satelites esta-
bilizados em tres eixos em diferentes modos de operacao, utilizando como atuadores:
• Rodas de reacao/volantes de inercia (reaction wheel/momentum wheel);
• Bobinas magneticas.
Os procedimentos adotados para os modos de detumble e estabilizacao
usando os atuadores citados acima sao: 1) satelite equipado com rodas e bobinas
magneticas; 2) satelite equipado apenas com bobinas magneticas. O projeto de con-
trole usado para o modo de estabilicao utiliza diferentes reguladores: 1) os basea-
dos nas tecnicas modernas de controle multivariavel: Regulador Linear Quadratico
(LQR) e Regulador Quadratico Gaussiano (LQG); 2) os controladores baseados em
energia (energy based control) com realimentacao de velocidade angular (angular
velocity feedback) e realimentacao de atitude (attitude feedback), ambos utilizando
a teoria de Lyapunov. O projeto de controle usado para o modo de detumble usa
apenas medidas dos magnetometros e e baseado na teoria de Lyapunov. O projeto
de controle para o modo de aquisicao utiliza: 1) controlador Proporcional De-
rivativo (PD); 2) LQR rastreio/tracking. Esse projeto tem o objetivo de avaliar e
discutir a factibilidade do emprego das rodas especificadas para o satelite brasileiro
EQUARS, em adquirir uma atitude arbitraria, e ainda comparar os controladores
usados.
O objetivo principal desse trabalho e realizar um estudo de alternativas e um
estudo comparativo em funcao do desempenho e analise de custo & benefıcio
dos diferentes sistemas de controle de atitude. As configuracoes dos ACS(s) es-
tudados serao aplicados ao satelite brasileiro EQUARS (Equatorial Upper At-
mosphere Research Satellite). O estudo desenvolvido nesse trabalho (estudo de al-
ternativas/viabilidade) pode se extendido por exemplo, a plataforma Multi-Missao
(PMM).
37
2.1 Meios e Recursos
Os principais meios e recursos utilizados para se alcancar os objetivos propostos no
trabalho sao:
• pesquisa bibliografica utilizando os recursos da biblioteca do INPE, artigos
publicados na literatura da area, e pesquisa no portal de periodicos da CAPES;
• uso dos recursos da divisao de Mecanica Espacial e Controle, no que se refere
a meios computacionais para simulacao, laboratorio LABSIM, incluindo os
ambientes MATLAB e SIMULINK para o desenvolvimento das simulacoes.
2.2 Metodologia
O desenvolvimento do trabalho proposto esta fundamentado nas seguintes metodo-
logias:
• Modelagem matematica da dinamica de atitude para um veıculo espacial con-
tendo como atuadores: rodas (de reacao e/ou volantes de inercia) e bobinas
magneticas, incluindo os efeitos do gradiente de gravidade.
• Analise dinamica do modelo matematico, incluindo a linearizacao do modelo,
usados no desenvolvimento do projeto de controle (reguladores), para os con-
troladores lineares (PD, LQR e LQG).
• Modelagem e implementacao, no ambiente SIMULINK, da orbita e do campo
magnetico terrestre, modelo IGRF (International Geomagnetic Reference Fi-
eld).
• Estudo do problema do regulador linear quadratico (LQR) e regulador
quadratico gaussiano (LQG).
• Estudo dos controladores baseados em energia, utilizando a teoria de Lyapu-
nov.
• Estudo do controlador proposto por Wisniewski (1996) ou Bdot.
38
• Implementacao dos sistemas dinamicos no ambiente MATLAB e SIMULINK.
• Simulacao dos sistemas dinamicos (nao lineares).
• Analise e comparacao das estrategias de controle empregadas nas diferentes
configuracoes dos ACS(s), desenvolvidos para satelites estabilizados em tres ei-
xos, nos diversos modos de operacao. Aplicacao do estudo ao satelite brasileiro
EQUARS.
39
40
CAPITULO 3
REVISAO BIBLIOGRAFICA
Este Capıtulo apresenta uma revisao da literatura relacionada ao principais assuntos
envolvidos nesse trabalho: controle de atitude de satelites, tecnicas de estabilizacao
em tres eixos, modelamento matematico dos sistemas (satelite, atuadores, meio) e
estrategias de controle. As metodologias modernas de controle multivariavel LQR,
LQR/tracking e LQG sao revistas, controladores PD e reguladores nao lineares ba-
seados em energia tambem sao apresentados.
3.1 Atitude
As referencias Wertz (1978), Kaplan (1976), Wie (1998) e Hughes (1986) apresentam
um estudo do movimento de atitude de satelites artıficiais, mostrando o historico,
os fundamentos e os conceitos fısicos fundamentais utilizados na previsao, controle
e determinacao de atitude. A modelagem, analise e controle de sistemas dinamicos
sao revistos, as tecnicas de controle de atitude para satelites artificiais estabilizados
em tres eixos tambem sao discutidas. Os tipos e descricao dos sensores e atuadores
empregados no movimento de atitude sao apresentados em Wertz (1978) e em Pil-
chowski (2001). Uma descricao do uso de sensores em satelites e mostrada em Wright
e Wong (1989). As varias formas de representacao/parametrizacoes da atitude (qua-
ternions, angulo eixo equivalente, angulos de Euler, cossenos diretores, variaveis de
Andoyer, parametros de Gibbs) sao apresentadas em Wertz (1978), Rodrigues e Za-
nardi (2004), Wie (1998), Fauske (2003) e Junkins e Turner (1986). O problema de
estabilizacao em tres eixos e tambem discutido em Martins Neto (2001).
A analise de missao e uma fase na qual define-se o que deve ser feito sem necessaria-
mente definir como fazer. A analise de missao envolvendo especificacoes do sistema
de controle de atitude para estabilizacao em tres eixos e descrita e discutida em
Larson e Wertz (1992). Em Marteau e Rogers (1996) e feita uma analise de siste-
mas de controle de atitude (ACS), abordando aspectos gerais sobre as especificacoes
(atuadores, sensores, computadores de bordo) de um sistema de controle de atitude
(ACS). O Autor discute um ACS com custo “razoavel”, para pequenos satelites
(< 500kg) que requeiram apontamento de “razoavel”precisao (20 arcsec), precisao
tıpica requerida para satelites ja operacionais como IRAS (Infrared Astronomical
41
Satellite) (Beichman et al., 2004), ASCA (Advanced Satellite for Cosmology and
Astrophysics) (Tamura, 1998) e SOHO (Solar & Heliospheric Observatory) (Gur-
man, 2004).
A modelagem da dinamica de atitude utilizando-se rodas (de reacao e volantes de
inercia) para estabilizacao em tres eixos e apresentada nas referencias Wie (1998)
(onde se utilizam duas rodas de reacao e um volante de inercia), Yairi (1994) e Fichter
e Zentcraf (1996). Yairi (1994) e Fichter e Zentcraf (1996) apresentam a mesma
modelagem de Wie (1998), mas utilizam quatro rodas de reacao, sendo uma delas
disposta na diagonal (skew symmetric), redundante. A roda redundante e disposta
de tal forma que forneca uma quantidade de movimento angular nas tres direcoes
principais de inercia, o que pode, eventualmente, em caso de falhas substituir uma ou
mais rodas ao longo dessas direcoes. Essas referencias mostram o desenvolvimento
das equacoes do movimento rotacional de um corpo rıgido equipado com rodas.
O problema otimo no procedimento de estabilizacao de satelites artifıciais com a
utilizacao de rodas e apresentado em El-Gohary (2003). Este autor apresenta um
estudo de estabilidade segundo Lyapunov. Em Varatharajoo e Fasoulas (1975) e feita
a analise do problema de atitude empregando rotores para satelites de observacao
da Terra. Spindler (2000) aborda o problema de controle para estabilizacao em
tres eixos empregando N volantes de inercia, exemplificando o procedimento para o
satelite MONS-ballerina .
O problema de estabilizacao de atitude em tres eixos usando apenas atuadores ele-
tromagneticos e discutida em Kaplan (1976), Wertz (1978), Bushenkov e Smirnov
(2002), Psiaki (2001), Wang e Shtessel (1998), Wisniewski e Blanke (1999) e Musser
e Ebert (1989). Em Wertz (1978) e Carrara (1982) e encontrada a modelagem das
perturbacoes ambientais (forcas e torques) que atuam sobre o satelite no espaco,
devido ao campo magnetico, o campo gravitacional e a radiacao proveniente do
Sol e da Terra. A modelagem do campo magnetico, modelo IGRF (International
Geomagnetic Reference Field) usado nesse trabalho e encontrado em Macmillan e
Quinn (2000). Outros modelos do campo magnetico (dipolo e quadripolo) podem
ser encontrados em Zanardi et al. (2003b) e Zanardi et al. (2004).
O Desenvolvimento das equacoes da dinamica de atitude usando atuadores eletro-
magneticos/bobinas magneticas e apresentado em Psiaki (2001), Musser e Ebert
(1989), Wisniewski (1997) e Marteau e Psiaki (1988). Outras referencias tambem
42
trazem as equacoes da dinamica e cinematica de atitude, como Bushenkov e Smir-
nov (2002), Fauske (2002), Grassi e Moccia (1995) e Wang e Shtessel (1998). Es-
sas referencias discutem a utilizacao de bobinas magneticas para o controle para
pequenos satelites visando menor custo para precisao requerida de 1o a 2o, sem re-
querer alta fonte de energia. Wisniewski e Blanke (1999) analisam a tecnica para o
satelite dinamarques Orsted (Clausen, 2004) (satelite aplicado no estudo do campo
magnetico da Terra). O autor mostra que e factıvel obter estabilizacao em tres eixos
utilizando apenas torques magneticos para satelites de orbita baixa (LEO), sujeitos
ao gradiente de gravidade. O ASRI (Australian Space Research Institute) (Ardebil,
2004) confirma a viabilidade de se usar apenas atuadores magneticos para o con-
trole de atitude de pequenos satelites, atraves da missao cientıfica TechSAT. Silani
e Lovera (2003) apresentam uma revisao do problema de estabilizacao de atitude em
tres eixos para pequenos satelites, usando atuadores magneticos (bobinas), baseado
na teoria de controle linear e nao linear. Junkins e Carrington (1980) realizam um
estudo de otimizacao para manobras de atitude usando atuadores magneticos.
A referencia Kim e Choi (1999) trata da utilizacao de um sistema de controle de
atitude (ACS), utilizando tres rodas de reacao combinadas com bobinas magneticas
para o microsatelite Koreano KITSAT-3 (satelite de telecomunicacoes), visando es-
tabilizacao em tres eixos, em orbitas baixas (LEO). Nos requisitos de payload/carga
util do KITSAT-3 sao exigidas alta precisao de apontamento (0.05o) e estabilidade
(0.014orad/s) da plataforma. Os atuadores magneticos tambem podem ser utilizados
para a desaturacao das rodas. Bang e Choi (2003) analisam a desaturacao de rodas
utilizadas para manobras de grandes angulos. Outra tecnica de controle para esta-
bilizacao em tres eixos, desenvolvida primeiramente para os satelites TIROS (Tele-
vision Infrared Observation Satellite), por Harold Perkel, utiliza uma configuracao
particular de um volante de inercia (momentum wheel), ao longo do eixo de arfa-
gem (pitch), combinando com dois atuadores eletromagneticos, dispostos ao longo
do eixo de rolamento (roll) e guinada (yaw). Esta tecnica e denominada stabilite
e e encontrada na referencia Perkel (1966). Em Hamzah e Hashida (1999) e descrito
o desenvolvimento do sistema de controle de atitude para o satelite TiungSAT-1,
utilizando-se a configuracao de Perkel obtendo uma precisao de ampontamento de
±1o.
Whitford e Forrest (1998) descrevem o desenvolvimento de um sistema de controle
de atitude (ACS) para estabilizacao em tres eixos tambem baseado na combinacao
43
de rodas (de reacao e volantes de inercia) e bobinas magneticas. Os varios modos
de operacao sao avaliados para sistema de controle de atitude (ACS). O ACS e apli-
cado ao satelite CATSAT (Co-operative Astrophysical and Technology Satellite) do
programa STEDI (Student Explorer Demonstration Initiative). Um dos principais
problemas inerentes a utilizacao de rodas e o da saturacao no processo de controle,
devido a manobras de grandes angulos (Bang e Choi, 2003) e/ou torques seculares.
Em Buckingham e Smirnov (1972) e discutida a desaturacao de rodas de reacao
empregando atuadores magneticos. Em Gokcev e Meerkov (2001) e apresentada a
metodologia para sistemas com saturacao de atuadores utilizados na estabilizacao
de satelites sujeito a perturbacoes seculares.
Da vasta literatura que apresenta o desenvolvimento das equacoes da dinamica nao
linear, para satelites equipados com bobinas, destacam-se os trabalhos de Fauske
(2002), Cohen (1973), Spencer (1977), Shigehara (1972) e Alfriend (). As equacoes
do sistema tornam-se variantes no tempo devido ao campo geomagnetico. A analise
da controlabilidade de satelites equipados apenas com bobinas magneticas e en-
contrada em Bhat e Dham (2003). Wisniewski e Markley (1999) desenvolvem uma
metologia de controle otimo aplicada ao controle de atitude em tres eixos. Propri-
edades eletricas de materiais utilizados em bobinas magneticas sao apresentados e
discutidos em Legg (2003). A descricao, especificacoes e precisoes de rodas (de reacao
e volantes de inercia) da TELDIX utilizadas para estabilizacao em tres eixos sao
encontrados em Auer (1983) e Heidelberg (2004). Em Auer (1983) sao tambem apre-
sentadas repostas para os comandos de controle.
3.2 Controle
Nesta secao e feita um revisao bibliografica das metodologias LQR, LQR rastreio
(tracking) e LQG. Uma revisao de controladores baseados em energia, tambem regu-
ladores, obtidos a partir da teoria de Lyapunov e apresentada. O controlador usado
para o modo de detumble, conhecido como Bdot e revisto.
Metodologia LQR e LQG
A teoria do regulador linear quadratico (LQR) e do regulador linear gaussiano (LQG)
aplicadas em controle multivariavel e encontrada em uma vasta literatura. As prin-
44
cipais referencias estudadas pelo autor para elaboracao e implementacao dessas me-
todologias no sistema de controle de atitude foram Dorato e Cerone (1995), Macie-
jowski (1989), Kwakernaak e Sivan (1972), Moore e Anderson (1990), Brown (1997)
e Kirk (1970). Essas referencias fornecem os metodos para formular a lei de controle
para sistemas dinamicos. O projeto de controle LQR e LQG e baseado na linea-
rizacao dos sistemas dinamicos, definindo uma funcao objetivo a ser minimizada, e
na obtencao de uma matriz de ganhos (variantes no tempo ou nao) usada na reali-
mentacao (Overby, 2004), o metodo se aplica a sistemas variantes no tempo, como
o caso de satelites equipados com bobinas magneticas, tornando-se uma alternativa
atraente, devido a robustez e facil implementacao, essa metodologia e usada por
Wisniewski e Markley (1999), Wisniewski (1996) e Marteau e Psiaki (1988) para
o sistema de controle de atitude de satelites equipados com atuadores magneticos.
Yairi (1994) usa a formulacao LQR para o sistema de controle de atitude de satelites
estabilizados em tres eixos equipados com rodas.
Nesse trabalho a lei de controle, formulada a partir do sistema linear, e aplicada
ao sistema dinamico completo, nao linear, assim como feito por Musser e Ebert
(1989) e Fauske (2002). No controle de atitude para satelites estabilizados em tres
eixos e necessario manter a atitude em relacao a um sistema de referencia, inercial ou
nao inercial, como e o caso de satelites Terra apontados em que o sistema do satelite
deve estar alinhado com a vertical local e horizontal local (VLHL) ou referencial
orbital, um sistema de referencia movel (Wertz, 1978). Portanto, no problema de
estabilizacao a referencia para o controlador e zero ou constante, tratando-se de um
regulador (Distefano e Willians, 1972). Em Kirk (1970) e Dorato e Cerone (1995) e
apresentada a formulacao das lei de controle para o caso em que a referencia difere
de zero, essa formulacao e conhecida como LQR rastreio/tracking (Dorato e Cerone,
1995).
Em Overby (2004) e discutido varias estrategias de controle e reguladores usados
para a estabilizacao do satelite Noruegues Ncube. Entre essas estrategias a meto-
dologia LQR e apresentada, mostrando boas propridades de estabilidade. Overby
(2004) e Kristiansen (2000) apresentam um algoritmo para a selecao dos ganhos das
matrizes de ajuste usadas no LQR, baseado na saturacao dos atuadores e interva-
los de operacao para os estados. Em Dorato e Cerone (1995), Kwakernaak e Sivan
(1972) e Souza (1987) e discutida a escolha/selecao das matrizes dos ganhos com
base nos requisistos e compromissos/trade-off do processo. Na metologia LQR nao
45
e levada em conta as incertezas do problema, ou seja, a metodologia LQR e de-
terminıstica. Atraves da utilizacao da metodologia LQG, um controlador baseado
em observador, essas incertezas (estocasticas) podem ser atribuıdas a planta ou pro-
cesso. A solucao do problema do LQG e obtida pelo uso do princıpio da separacao
que possibilita a separacao do problema original (estocastico) em dois problemas:
1) estimacao otima do estado, de modo que sua covariancia seja minimizada.
Esse sub-problema e resolvido pelo uso de um filtro de Kalman, ignorando-se com-
pletamente o problema de controle; 2) formulacao da lei de controle usando a
metodologia LQR, fazendo uso da estimativa como se fosse a medida exata do es-
tado, ignorando-se completamente os aspectos ou natureza estocasticas do processo
(Flora, , Moore e Anderson, 1990 e Dorato e Cerone, 1995).
A solucao do problema 1 consiste na determinacao da matriz ganho ou ganho de Kal-
man, a estrutura do filtro e encontrada em Maciejowski (1989), Kwakernaak e Sivan
(1972) e Athans (1971). A solucao do problema 2 consiste na derminacao da matriz
ganho do controlador usado na realimentacao. Para a solucao do problema LQG
ser assintoticamente estavel e necessario que o sistema seja completamente ob-
servavel, para a solucao do problema 1 e completamente controlavel, para a solucao
do problema 2 (Brown, 1997 e Dorato e Cerone, 1995).
Controladores baseados em energia
Uma importante ferramenta em teoria de controle e o uso de controladores nao line-
ares baseados em energia (energy based control), desenvolvidos atraves da teoria de
Lyapunov (Fauske, 2002 e Khalil, 2000). Fauske (2002) sugere diferentes controla-
dores baseados em energia para satelites equipados apenas com bobinas magneticas;
as leis de controle avaliadas para o modo de estabilizacao sao: 1) realimentacao de
velocidade angular (angular velocity feedback); 2) realimentacao de atitude (attitude
feedback). Overby (2004) realiza um estudo comparativo dos controladores 1 e 2 com
o controlador obtido pela teoria linear ou seja usando a metodologia LQR. Essas es-
trategias de controle sao aplicadas ao satelite Noruegues NCUBE. Hegrenes (2004)
realiza um estudo comparativo entre um controlador usando o metodo LQR e um
controlador PD, para o satelite NCUBE, no seu modo de estabilizacao.
A teoria de Lyapunov e desenvolvida em detalhes nas referencias Khalil (2000) e
46
Overby (2004). Para o modo de operacao de descapotamento/detumble, a lei de
controle e sugerida por Wisniewski (1996) e e baseada na teoria de Lypunov. Essa
lei de controle tambem e conhecida como Bdot (Silani e Lovera, 2003). Wells e
Jeans (2002) utilizam essa estrategia de controle para o satelite Canadense CanX-
1. Nesse trabalho a estrategia de controle de Wisniewski (1996) e usada para o
modo de operacao de detumble. Portanto nos dois sistemas de controle de atitude
(ACS(s)), o detumble e feito com o uso de bobinas magneticas.
3.3 Literatura do INPE
No acervo do INPE pesquisado, destacam-se o trabalho de Souza (1981), que apre-
senta o estudo e desenvolvimento de um sistema de controle ativo de atitude em
tres eixos para satelites artificiais, usando atuadores pneumaticos a gas frio e rodas
de reacao. O estudo e feito atraves de simulacao digital; Souza (1987) apresenta
o estudo de um sistema de controle de atitude em tres eixos utilizando rodas de
reacao. O autor ainda apresenta o modelo dinamico do satelite equipado com rodas,
utilizando as equacoes de corpo rıgido ou equacoes de Euler, assim como desen-
volvido nesse trabalho; Carrara (1982) faz o estudo das principais forcas e torques
atuantes em satelites artificiais, como gradiente de gravidade, pressao de radiacao
(solar e terrestre) e arrasto atmosferico, desenvolvendo um programa/software para
o computo numerico dessas influencias na atitude e orbita do satelite, a partir da
sua geometria.
Souza (1987) apresenta o estudo e o projeto experimental de um atuador do tipo
roda de reacao. Sua aplicacao esta no controle fino da atitude de satelites artificiais
atraves da troca de quantidade de movimento angular entre a roda e o satelite,
realiza, ainda testes de desempenho e confrontacao com os resultados obtidos em
simulacao digital. Trivelato (1988) apresenta o desenvolvimento de controladores
digitais de torques de rodas de reacao, usadas no controle de atitude de satelites
artificiais, o autor realiza simulacoes digitais e simulacao com hardware na malha de
controle, qualificando o controlador da roda para seu uso em sistemas de controle de
atitude. O estudo detalhado de um sistema de controle por referencia para operacao
de rodas e apresentado em Trivelato (1988).
O projeto de controle de atitude de satelites estabilizados em tres eixos utilizando a
47
metodologia LQR e LQG e apresentada em Moscati (1992) mostrando ser uma opcao
viavel para o sistema de controle de atitude, atraves dos resultados obtidos. Moscati
(1992) utiliza o modelo linear em suas simulacoes. Outros trabalhos se destacam no
estudo de atitude de satelite que incluem apendices flexıveis usando metodologias
modernas e distintas de controle (LQG/LTR (Loop Transfer Recovery) e H-infinito),
Roma (1991) desenvolve um software de um manipulador simbolico para obtencao
das equacoes do movimento de atitude. Flora () realiza o projeto de um sistema de
controle de atitude em tres eixos usando os metodos LQG/LTR e H-infinito. Souza
(1987) apresenta uma extensao na teoria do regulador linear quadratico (LQR) para
o caso de uma dinamica nao linear, sugerindo uma nova lei de controle de atitude
para satelites artificiais.
A partir da revisao da literatura do INPE nota-se uma grande diversidade e quali-
dade nos trabalhos voltados para o estudo de atitude em tres eixos, e implementacoes
de metodologias de controle. Entretanto, os trabalhos revistos tratam de tecnicas
que empregam apenas rodas como atuadores, incluindo ate mesmo o projeto da
mesma. As analises e simulacoes se restringem a um unico modo de operacao, o de
estabilizacao, envolvendo apenas manobras de pequenos angulos. O presente traba-
lho que inclue o estudo de atitude empregando rodas, especificadas para o satelite
EQUARS, e usado para outros modos de operacao, estabilizacao e aquisicao. O mo-
delo do satelite equipado com atuadores magneticos tambem e desenvolvido. Esse
trabalho aborda o problema do uso de rodas usando as metodologias usadas em
Souza (1987), Flora () e Moscati (1992) para a obtencao da lei de controle.
Na simulacao digital foi adotada o modelo completo da dinamica (nao linear e aco-
plada), assim como feito por Souza (1987). Na literatura disponıvel do INPE nao e
encotrada nenhuma referencia que trata da utilizacao de bobinas magneticas como
atuadores para a concepcao do sistema de controle de atitude para satelites estabi-
lizados em tres eixos. Constitue, portanto, uma importante contribuicao e desafio
desse trabalho, o estudo da estabilizacao em tres eixos de satelites artificiais atraves
de atuadores magneticos. Cabe salientar que esse estudo foi motivado pelos proje-
tos dos satelites Brasileiros EQUARS e a Plataforma Multi-Missao (PMM)
que estao sendo desenvolvidos pelo INPE. Esses satelites empregam como atuadores
rodas e bobinas magneticas para o controle de atitude. Como contribuicao desse es-
tudo desenvolveu-se um toolbox em SIMULINK, voltados para dinamica e controle
de atitude.
48
Neste trabalho as simulacoes digitais sao feitas no ambiente MATLAB e SIMU-
LINK. Nesses recursos computacionais sao encontrados nas referencias Hanselman e
Benjamin (1994), Levine e Leonard (1995), Hanselman e Littlefield (2003) e Bishop
(1997) e na documentacao disponibilizada pela Mathworks. Levine e Leonard (1995).
Ogata (1998) e Bishop (1997) apresentam uma introducao do uso do MATLAB em
engenharia de controle e automacao. Em Hanselman e Benjamin (1994) e Wie (1998)
e apresentado a implementacao das metodologias LQR e LQG atraves das functi-
ons do control toolbox do MATLAB. Hanselman e Littlefield (2003) mostra como
usar os recursos do MATLAB e apresentam todas as caracterısticas e benefıcios da
programacao em MATLAB. Hanselman e Littlefield (2003) mostram como realizar
o desevolvimento de um toolbox, usando SIMULINK. Para a geracao do software de
atitude em SIMULINK, foram usados alem desses recursos a documentacao dispo-
nibilizada pela Mathworks (http://www.mathworks.com/support/).
49
50
CAPITULO 4
DEFINICOES DE NOTACOES
A posicao e a atitude de um satelite podem ser representadas de varias formas
(Wertz, 1978, Larson e Wertz, 1992). Essa Secao introduz definicoes e notacoes
necessarias para o desenvolvimento do trabalho proposto.
4.1 Sistemas de Referencia
Os sistemas de referencia utilizados nesse trabalho sao definidos a seguir, a Figura
(4.1) ilustra os referenciais definidos.
4.1.1 Referencial Inercial
O referencial ECI, no qual as leis de Newton do movimento sao formuladas, e conside-
rado um referencial inercial (Fauske, 2002). O referencial inercial (X, Y, Z) definido
tem origem no centro da Terra. O eixo Z aponta na direcao do polo norte geografico,
o eixo X aponta na direcao do ponto vernal γ. O eixo Y e encontrado usando a regra
da mao direita, completando o sistema dextrogiro.
Nota: De fato, o referencial acima e aproximadamente inercial, devido ao movimento
da Terra; para as escalas de tempo adotadas, entretanto, o referencial ECI constitui
uma boa aproximacao de um referencial inercial (Chobotov, 1996).
4.1.2 Referencial Orbital
O referencial orbital (OF) definido por (xo, yo, zo) e um sistema de coordenadas com
origem no centro de massa do satelite. O eixo zo aponta na direcao do centro da
Terra (direcao Nadir) e o eixo yo aponta na direcao normal a orbita. O eixo xo e
obtido pela regra da mao direita, e coincide com a direcao do vetor velocidade orbital
linear, para uma orbita circular (Wertz, 1978).
Nota: Esse referencial tambem e referido como Vertical Local e Horizontal Local
(VLHL).
51
4.1.3 Referencial do Satelite
O referencial do corpo (BF), ou do satelite definido por (x, y, z) e um sistema de
coordenadas com origem no centro de massa do satelite. Os eixos sao escolhidos como
sendo coincidentes com os eixos dos momentos principais de inercia. Para estudos
de satelite estabilizados em tres eixos, Terra-apontado, e pratico definir os eixos de
roll, pitch e yaw como sendo (Wie, 1998, Moscati, 1992)
• eixo de roll x, nominalmente alinhado com xo
• eixo de pitch y, nominalmente alinhado com yo
• eixo de yaw z, nominalmente alinhado com zo
Figura 4.1- Sistemas de referencia, inercial (ECI), orbital (OF) e do satelite (BF).
52
4.2 Representacao da Atitude
A atitude em tres eixos e convenientemente representada atraves de uma trans-
formacao de coordenadas, na qual transforma-se um conjunto de coordenadas no
espaco inercial em um conjunto de coordenadas fixadas ao satelite (Wertz, 1978).
Existem parametrizacoes/representacoes alternativas para estas transformacoes. A
principais representacoes sao:
• Matriz de rotacao ou matriz de atitude;
• Angulos de Euler;
• Quaternions ou parametros de Euler;
• Angulo eixo equivalente;
Cada um desses conjuntos de parametrizacoes apresentam vantagens e desvanta-
gens. Em Wertz (1978), Hughes (1986), Fauske (2003) e Wie (1998) sao discutidas
pormenorizadamente cada uma dessas parametrizacoes.
4.2.1 Matriz de Rotacao
A matriz de rotacao, tambem chamada de matriz de cossenos diretores, tem as
interpretacoes (Fauske, 2003):
• Descreve a orientacao mutua entre dois referenciais, onde cada vetor coluna
sao os cossenos dos angulos entre os dois referenciais;
• Transforma um vetor representado em um referencial para outro;
A matriz de rotacao R de um referencial a para um referencial b denotada por Rba
e um elemento do conjunto SO (3), definido como
SO (3) =R | R ∈ <3×3,RTR = I e detR = 1
, (4.1)
53
onde I e a matriz identidade 3× 3.
A notacao seguinte e usada para transformar um vetor r de um referencial para
outro:
rto = Rtofromrfrom (4.2)
onde o ındice superior descreve em qual referencial o vetor esta expresso.
Devido a propriedade de ortogonalidade, RTR = I, pode-se mostrar que a derivada
no tempo da matriz de rotacao e dada por
Rab = S(ωa
ab)Rba (4.3)
onde a notacao usada ωaab representa a velocidade angular do referencial b em relacao
ao referencial a, expressa no referencial a. Essa notacao e usada em todo o trabalho.
A velocidade angular tem a propriedade ωaab = −ωa
ba (Fauske, 2003), e S(ω) e o
operador anti-simetrico (skew-symmetric):
S (ω) =
0 −ωz ωy
ωz 0 −ωx
−ωy ωx 0
, ω =
ωx
ωy
ωz
(4.4)
reescrevemos (4.3), temos
Rab = S(ωa
ab)Rba = −S(ωa
ba)Rba (4.5)
Denotaremos a matriz de rotacao por
54
Rba =
[cb
1 cb2 cb
3
](4.6)
onde cbi =
[cbix cbiy cbiz
]T(i = 1, 2, 3) sao matrizes coluna, tendo como componentes
os cossenos diretores dos eixos de a em relacao aos eixos do referencial b. Daqui para
frente o ındice b sera usado para representar o referencial do corpo e o ındice o
sera usado para representar o referencial orbital. A ausencia de ındice representa o
referencial inercial.
4.2.2 Parametros de Euler
Os parametros de Euler, sao tambem chamados quaternions (Fauske, 2003), e sao
uma representacao atrativa devido a parametrizacao sem singularidades e equacoes
diferenciais da cinematica serem lineares (Fauske, 2003, Wie, 1998). A representacao
em quaternion requer menos tempo computacional que a representacao por angulos
de Euler (Arantes e Fonseca, 2004a), e portanto e usado em aplicacoes onde os
recursos computacionais sao limitados (Wertz, 1978).
Um quaternion q e definido como uma grandeza hiper-imaginaria composta por uma
parte real η e um vetor ε dada por
η = cosΦ
2, ε = λ sin
Φ
2(4.7)
que, representa uma rotacao de Φ em torno do vetor unitario λ. Um quaternion
satisfaz o vınculo qTq = 1, ou seja
η2 + ε21 + ε22 + ε23 = 1 (4.8)
As equacoes diferenciais da cinematica sao dadas por (Wertz, 1978, Wie e Arapos-
tathis, 1989, Wie, 1985):
55
q =1
2Ωq (4.9)
onde
Ω =
0 ωz −ωy ωx
−ωz 0 ωx ωy
ωy −ωx 0 ωz
−ωx −ωy −ωz 0
(4.10)
A matriz de atitude (4.1) obtida a partir dos quaternions e dada por (Wie, 1998)
Rba =
(η2 − qTq
)I + 2qqT − 2ηQ (ε) (4.11)
onde Q (ε) e o operador anti-simetrico dado por
Q (ε) =
0 −ε3 ε2
ε3 0 −ε1−ε2 ε1 0
(4.12)
Dada a matriz de atitude (4.1), podemos determinar η e ε pelas relacoes
η = (1 + c11 + c22 + c33)12 para 0 ≤ Φ
2≤ π (4.13)
ε =1
4η
c23 − c32c31 − c13c12 − c21
se η 6= 0 (4.14)
Se η = 0 escolhe-se outra sequencia de rotacoes.
56
4.2.3 Angulos de Euler
A orientacao de um corpo tambem pode ser descrita por tres angulos (tres
parametros independentes) denominados angulos de Euler. A Figura (4.2) ilustra
a sequencia de rotacoes necessarias para levar um referencial X ≡ (X, Y, Z) a outro
x ≡ (x, y, z), que sao listadas como.
• Rotacao em torno do eixo Z de um angulo φ que leva ao sistema ξ′, θ
′, ζ
′.
• Rotacao em torno do eixo ξ′de um angulo θ que leva ao sistema ξ, θ, ζ.
• Rotacao em torno do eixo ζ de um angulo ψ que leva ao sistema x, y, z.
Para essa sequencia de rotacoes 3− 1− 3 a matriz de atitude e dada por (Kaplan,
1976)
RXx =
cosψ cosφ− sinψ cos θ sinφ cosψ sinφ+ sinψ cos θ cosφ sinψ sin θ
− cosψ cosφ− cosψ cos θ sinφ − sinψ sinφ+ cosψ cos θ cosφ cosψ sin θ
sin θ sinφ − sin θ cosφ cos θ
Figura 4.2- Construcao dos angulos de Euler.
Em problemas de estabilizacao de atitude em tres eixos e comum definir:
• angulo de roll (φ) e o angulo de rotacao em torno do eixo de roll
57
• angulo de pitch (θ) e o angulo de rotacao em torno do eixo de pitch
• angulo de yaw (ψ) e o angulo de rotacao em torno do eixo de yaw
Note que os angulos sao definidos para rotacoes em torno de eixos distintos. Usados
comumente para relacionar o referencial orbital (OF) ou LVHL com o referencial
do satelite (BF), adequado para tais aplicacoes (Moscati, 1992). Existem doze (12)
conjuntos possıveis de angulos de Euler para descrever um referencial em relacao a
outro (Wertz, 1978). Esses conjuntos/sequencias sao dividas em dois tipos:
Tipo 1 (anti-simetrica): Nesse caso as rotacoes sao feitas, sucessivamente, em
cada um dos tres eixos. Esse tipo apresenta uma singularidade em θ = ±π2. As
sequencias sao 1− 2− 3, 2− 1− 3, 3− 2− 1, 2− 3− 1, 3− 1− 2, 1− 3− 2.
Tipo 2 (simetrica): Nesse caso a primeira e terceira rotacao sao feitas sobre o
mesmo eixo. Esse tipo apresenta uma singularidade em θ = π e θ = 0. As sequencias
sao 3− 1− 3, 2− 1− 2, 1− 2− 1, 2− 3− 2, 1− 3− 1, 3− 2− 3.
As matrizes de rotacao e as equacoes cinematicas para cada uma dessas sequencias
de rotacao (simetricas e anti-simetricas) sao encontradas nas referencia Wertz (1978)
e Hughes (1986). Apesar das equacoes da cinematica apresentarem singularidades do
tipo 1 e tipo 2, os angulos de Euler tem um clara interpretacao fısica e sao utilizadas
na entrada e saıda das simulacoes.
Dada a matriz de rotacao (4.11) escrita em termos de quaternions, os angulos de
roll (φ), pitch (θ) e yaw (ψ) para a sequencia de rotacao 3− 2− 1, ou seja, primeira
rotacao em yaw, segunda rotacao em pitch e terceira rotacao em roll, sao dados por
(Wie, 1998, Hughes, 1986):
φ = arctan
(c23c33
)0 ≤ φ ≤ 2π (4.15)
θ = arcsin (−c13) − π
2≤ θ ≤ π
2(4.16)
ψ = arctan
(c12c11
)0 ≤ ψ ≤ 2π (4.17)
58
Nota: A sequencia de rotacoes escolhida para ser utilizada nesse trabalho e 3−2−1.
4.2.4 Angulo Eixo Equivalente
O angulo eixo equivalente e definido a partir do teorema de Euler que diz: um
corpo rıgido pode atingir qualquer orientacao/atitude a partir de uma orientacao
arbitraria (de referencia), atraves de uma rotacao Φ sobre um eixo unitario fixo λ
em relacao ao corpo e a referencia. Esse eixo e chamado de eixo equivalente ou eixo
de Euler.
Definindo
λ =
λ1
λ2
λ3
e Λ =
0 −λ3 λ2
λ3 0 −λ1
−λ2 λ2 0
(4.18)
Pode-se mostrar que a matriz de atitude e dada por (Wie, 1998, Fauske, 2002):
Rba = cos ΦI + (1− cos Φ) λλT − sin ΦΛ (4.19)
onde I e a matriz identidade. A expressao (4.19) e tambem conhecida como formula
de Rodrigues.
Dada a matriz de atitude (4.1) Φ pode ser obtido como
cos Φ =1
2(c11 + c22 + c33) (4.20)
e pode se mostrar (Wie, 1998) que λ e dado por
59
λ =
λ1
λ2
λ3
=1
2 sin Φ
c23 − c32c31 − c13c12 − c21
para Φ 6= 0,±π,±2π, . . . (4.21)
Usando a parametrizacao (4.19) e a identidade trigonometrica (4.7), a matriz de
rotacao pode ser escrita em funcao dos quaternions como
Rba = 1 + 2ηS (ε) + 2S2 (ε) (4.22)
4.2.5 Rotacoes Infinitesimais
No modo de estabilizacao durante a manutencao da atitude nominal, em geral, sao
realizadas manobras de pequenos angulos para correcoes da atitude, justificando
aproximar a matriz de atitude por (Moscati, 1992)
Rbo =
1 ψ −θ−ψ 1 φ
θ −φ 1
(4.23)
que e a matriz de transformacao do sistema orbital (VLHL) para o sistema do
satelite. Os angulos φ, θ, ψ sao tomados no sentido anti-horario. Para rotacoes infi-
nitesimais a sequencia de rotacoes nao e importante (Wie, 1998, Moscati, 1992).
A representacao em quaternions, para pequenos angulos pode ser aproximado por
η ∼= 1 (4.24)
ε1 ∼=φ
2(4.25)
ε2 ∼=θ
2(4.26)
ε3 ∼=ψ
2(4.27)
60
sendo necessario a normalizacao dos quaternions para satisfazer a relacao
η2 + ε21 + ε22 + ε23 = 1 (4.28)
4.3 Sumario de Notacoes
As principais notacoes usadas nesse trabalho sao:
ωneb Velocidade angular do referencial b em relacao ao referencial e ex-
presso/escrito no referencial n
ra Vetor r expresso no referencial a
Rab Matriz de rotacao do referencial b para o referencial a. ra = Ra
brb
S (k) Operador anti-simetrico
r Versor ou vetor unitario
61
62
CAPITULO 5
FORMULACAO DO PROBLEMA
Neste Capıtulo o problema objeto desta dissertacao e formulado. A formulacao aqui
apresentada envolve:
• os modelos matematicos da cinematica e da dinamica de um satelite contendo
3 rodas de reacao e 3 bobinas magneticas;
• a modelagem do gradiente de gravidade e dos torques magneticos;
• a modelagem do campo geomagnetico, modelo IGRF;
• o tratamento das equacoes diferenciais, incluindo a linearizacao dos modelos
matematicos, para serem utilizadas no projeto de controle linear nos modos
de controle de estabilizacao e aquisicao;
• uma discussao do emprego de atuadores usados neste trabalho com enfoque
nas suas aplicacoes, factibilidade, vantagens e desvantagens;
• uma discussao dos torques ambientais incluindo o modelo de pior caso.
5.1 Modelagem Matematica: Cinematica e Dinamica
Esta sessao apresenta e discute os modelos matematicos da cinematica e da dinamica
de um satelite equipado com tres rodas de reacao e bobinas magneticas. As equacoes
da cinematica sao obtidas a partir da representacao da atitude em angulos de Euler e
quaternions. Essas parametrizacoes sao amplamente utilizadas na area de dinamica
de atitude uma vez que permitem representar a dinamica e a atitude dos veıculos
espaciais em diferentes sistemas de coordenadas. As equacoes da cinematica nao
envolvem as forcas ou torques associados ao movimento. Elas descrevem a velocidade
do veıculo espacial em termos de sua orientacao em relacao a um ou mais sistemas
de coordenadas. A orientacao do veıculo em relacao a um referencial conhecido
e chamada atitude. A atitude pode ser representada por diferentes conjuntos de
parametros, como e mostrado no Capıtulo (4).
63
5.1.1 Equacoes da Cinematica
A cinematica descreve a orientacao de um veıculo em relacao a um sistema de eixos
conhecido. O modelo matematico da cinematica e escrito na forma de um sistema de
equacoes diferenciais de primeira ordem que, em conjuncao com as equacoes de Euler,
permite escrever as equacoes do movimento na forma de estado e, por integracao
numerica, obter os angulos de atitude e sua derivada temporal em funcao do tempo.
Em geral as equacoes da cinematica podem ser representadas por quaternions, matriz
de rotacao, angulos de Euler, etc. Cada uma das formas de representar a atitude tem
vantagens e desvantagens. A representacao por quaternions tem a vantagem de nao
conter funcoes trigonometricas e nem conter singularidades, que sao tıpicas quando
se representa a cinematica em angulos de Euler. Wertz (1978), Kaplan (1976) e
Hughes (1986) apresentam as equacoes da cinematica em quaternions na forma
η =1
2εT ωb
ob (5.1)
ε =1
2ηωb
ob −1
2ωb
ob × ε (5.2)
Usando o operador anti-simetrico S (ω), a Equacao (5.2) pode ser reescrita como
ε =1
2[ηI + S (ε)] ωb
ob (5.3)
Os parametros de Euler ou quaternions dados nas equacoes (5.2) sao apresentados
na Secao (4.2). ωbob e o vetor velocidade angular do satelite escrito no referencial
do corpo, referido ao sistema orbital. As equacoes da cinematica podem tambem
ser escritas em funcao dos angulos de Euler. A forma do sistema de equacoes da
cinematica em termos dos angulos de Euler depende da sequencia de rotacoes esco-
lhidas para se passar de um sistema de referencia para outro. A forma mostrada a
seguir pode ser vista em Wertz (1978) e Wie e Arapostathis (1989) e e obtida para
a sequencia de rotacoes 3− 2− 1.
64
φθψ
=1
cos θ
cos θ sinφ sin θ cosφ sin θ
0 cosφ cos θ − sinφ cos θ
0 sinφ cosφ
ωbib +
ωo
cos θ
sinψ
cos θ cosψ
sin θ sinψ
(5.4)
onde ωo e a velocidade orbital, que para uma orbita circular e constante.
A Figura (5.1) mostra a sequencia de rotacoes associadas a Equacao (5.4) para
representar o sistema do corpo em relacao ao sistema orbital, atraves de rotacoes
subsequentes dos angulos ψ, θ e φ.
Figura 5.1- Sequencia de rotacoes 3(ψ)− 2(θ)− 1(φ) .
Os eixos x, y e z e os demais sistemas de eixos formados pelas rotacoes sao ortogonais.
Entretanto, as rotacoes em torno dos eixos que sao escritas as velocidades angulares
nao sao ortogonais . Por esta razao tem-se seno ou co-seno no denominador (depen-
dendo da sequencia de rotacoes escolhida) quando se representa o vetor [φ θ ψ]T
em funcao dos respectivos angulos e das componentes do vetor velocidade angu-
lar ωbob. Tal caracterıstica explica a singularidade sempre presente na representacao
da atitude via angulos de Euler, uma vez que para cos(±nπ
2
), n = 1, 3, 5, · · · e
sin (±nπ), n = 0, 1, 2, · · · tem-se denominador nulo. A Equacao (5.4) ilustra o caso
do co-seno.
65
5.1.2 Equacoes da Dinamica
O modelo real do satelite e aproximado por um modelo fısico constituıdo de um
corpo rıgido principal (main bus) contendo internamente 3 rodas de reacao, como
mostrado na Figura (5.2), tambem representadas por corpos rıgidos. O sistema,
entretanto, nao constitui de fato um corpo rıgido uma vez que contem partes moveis
internas, representadas pelas rodas de reacao. O modelo matematico da dinamica e
descrito pelas equacoes de Euler, expressas no sistema BF (x, y, z) do corpo, referida
ao sistema inercial. A origem do sistema de eixos do veıculo e definida no centro de
massa, CM , do satelite. Os eixos x, y e z sao coincidentes com os eixos principais de
inercia da espaconave. A Figura ilustra o conceito do satelite objeto da modelagem
matematica bem como os sistemas de referencias orbital OF(xo, yo, zo) e do corpo
BF (x, y, z). O referencial orbital foi apresentado e comentado na Secao (4.1.2).
As equacoes de Euler utilizadas aqui para representar a dinamica do satelite, sao
obtidas a partir da derivada temporal da quantidade de movimento angular, como
e mostrado a seguir.
Figura 5.2- Ilustracao do satelite com rodas de reacao, bobinas e os referenciaisorbital OF (xo, yo, zo) e do corpo BF (x, y, z).
Seja Lb a quantidade de movimento angular do satelite, expressa no sistema do
66
corpo. O torque externo τext e dado pela taxa de variacao no tempo da quantidade
de movimento angular. Matematicamente:
dLb
dt=
[dLb
dt
]b
+ ωbib × Lb = τ ext (5.5)
onde
Lb =
[dLb
dt
]b
= Jsωbib + Jw
(ωb
ib + ˙ωbbw
)(5.6)
onde Js e a matriz de inercia do satelite (sem considerar as rodas), Jw e a matriz de
inercia das rodas, ωbbw e a velocidade angular das rodas relativa ao satelite e ωb
ib e
a velocidade angular do satelite em relacao ao sistema inercial expresso no sistema
do satelite.
Lb pode ser escrito com a soma dos vetores quantidades de movimento angular do
corpo principal do veıculo (main bus) mais o vetor quantidade de movimento angular
das rodas de reacao. Matematicamente
Lb = hs + lw (5.7)
temos que hs = Jsωbib e a quantidade de movimento angular do satelite e lw =
Jw
(ωb
ib + ωbbw
)e a quantidade de movimento angular das rodas. Substituindo na
Equacao (5.5)
Escrevendo Lb dessa forma pode-se reescrever a Equacao (5.5) na forma:
dLb
dt= Jsω
bib + Jw
(ωb
ib + ωbbw
)+ ωb
ib ×(Jsω
bib + Jw
(ωb
ib + ωbbw
))= τ ext (5.8)
67
A matriz de inercia Js do corpo principal do satelite (main bus) e dada por
Js =
Jx −Jxy −Jxz
−Jxy Jy −Jyz
−Jxz −Jyz Jz
Jx =
∫B
(y2 + z2
)dm, Jy =
∫B
(x2 + z2
)dm, Jz =
∫B
(x2 + y2
)dm (5.9)
Jxy =
∫B
(xy) dm, Jxz =
∫B
(xz) dm, Jyz =
∫B
(yz) dm (5.10)
Como considerou-se o sistema BF (x, y, z) coincidente com os eixos principais de
inercia, essas matrizes sao diagonais e os elementos Jx, Jy e Jz sao os momentos
principais de inercia. Matematicamente:
Js =
Jx 0 0
0 Jy 0
0 0 Jz
(5.11)
Jw e matriz de inercia associada as tres rodas de reacao. Como cada rotor tem seu
eixo principal de inercia alinhado com cada um dos eixos principais de inercia do
veıculo, a matriz de inercia Jw, associada aos tres rotores, e tambem diagonal e
os elementos da diagonal sao os momentos de inercia axiais associados ao eixo de
rotacao de cada roda de reacao. Matematicamente:
Jw =
Jwx 0 0
0 Jwy 0
0 0 Jwz
(5.12)
Reescrevendo a Equacao (5.8) em termos das velocidade angulares e sua taxa de
variacao no tempo na forma:
68
dLb
dt= (Js + Jw) ωb
ib + Jwωbbw + ωb
ib ×((Js + Jw) ωb
ib + Jwωbbw
)) = τ ext (5.13)
A matriz de inercia total do veıculo e J = Js + Jw. Matematicamente
J = Js + Jw =
Jx + Jwx 0 0
0 Jy + Jwy 0
0 0 Jz + Jwz
(5.14)
Substituindo a Equacao (5.14) na Equacao (5.13) e usando o operador anti-simetrico,
reescrevemos a Equacao (5.13)
Jωbib + Jwωb
bw + S(ωb
ib
) (Jωb
ib + Jwωbbw
)= τ ext (5.15)
Pode-se identificar a expressao correspondente ao torque de controle gerado pelas
rodas de reacao:
Jwωbbw + S(ωb
ib)Jwωbbw = τ b
w (5.16)
ou seja, o torque das rodas de reacao aplicados no satelite para fins de controle e
estabilizacao. Usando esta definicao pode-se reescrever a expressao do torque (5.15)
como:
Jωbib + S
(ωb
ib
)Jωb
ib = τ ext − τ bw (5.17)
O torque externo τ ext representa o somatorio de todos os torques externos que
atuam no veıculo espacial. Neste trabalho considerou-se apenas o torque devido ao
gradiente de gravidade e o torque de controle gerado pela interacao das bobinas
magneticas com o campo magnetico da Terra. Considerou-se 3 bobinas, dispostas
69
segundo os eixos x, y e z, como mostrado na Figura (5.3). O torque externo pode,
entao, ser escrito como na forma:
Figura 5.3- Configuracao das bobinas magneticas no satelite.
τ ext = τ bd + τ b
m (5.18)
onde τ bd representa todos os torques de perturbacao externa (gradiente de gravidade,
pressao de radiacao, arrasto atmosfericos, etc) e τ bm representa o torque gerado pelas
bobinas, dado por (Fauske, 2002)
τ bm = mb ×Bb (5.19)
onde mb e o momento dipolo magnetico gerado pelas bobinas, cujas caracterısticas
depende de projeto (magnitude e direcao do torque) e pode ser representado na
forma
mb = mbx + mb
y + mbz =
NxixAx
NyiyAy
NzizAz
=
mx
my
mz
, (5.20)
Nessa Equacao x, y e z sao os eixos do sistema BF (x, y, z) e N , i e A sao o numero
de espiras, a corrente eletrica e a area da espira (parametros de projeto), respecti-
vamente, para as tres bobinas, dispostas segundo os eixos x, y e z.
Bb =[Bb
x Bby Bb
z
]T
e o vetor campo magnetico local, escrito no referencial do
70
satelite.
Portanto o modelo matematico que representa o satelite equipado com bobinas e
dado por:
Jωbib + S
(ωb
ib
)Jωb
ib = τ bd + τ b
m (5.21)
5.1.3 Torque devido ao Gradiente de Gravidade
O torque de gradiente de gravidade e causado devido a variacao da forca gravitaci-
onal ao longo do corpo do satelite. O torque depende da altitude, da geometria e da
atitude do satelite (Carrara, 1982). Esse efeito e usado para estabilizacao passiva de
satelites O gradiente de gravidade alinha o eixo de menor momento de inercia com
a vertical local (Fauske, 2002 e Arantes e Fonseca, 2004a). Esse fato requer que um
dos momentos principais de inercia do satelite seja muito menor dos que os outros.
Em geral essa configuracao e obtida atraves de mastros extensıveis colocados no
satelite. Uma vez em orbita o mastro e estendido segundo o eixo conveniente a ser
alinhado com a vertical local. Exemplos de satelites que usam a estabilizacao por
gradiente de gravidade sao DODGE, GEOS-3 e RAE-2.
Como deduzido no apendice A, o torque devido ao gradiente de gravidade, expresso
no referencial do satelite, e dado por
τ bg = 3ω2
ocb3 × Jcb
3 (5.22)
onde cb3 e o vetor coluna com os cosenos diretores da vertical local ou eixo zo nas
direcoes dos eixos x, y e z e ωo e a velocidade orbital.
5.2 Campo Magnetico Terrestre
O campo magnetico terrestre e calculado como o gradiente de uma funcao potencial
escalar, que e modelada por um serie de harmonicos esfericos, dada por (Fauske,
71
2002)
V (r, θ, φ) = a
∞∑n=1
(ar
)n+1n∑
m=0
[gmn cosmφ+ hm
n sinmφ]Pmn (θ) (5.23)
A funcao potencial V e uma funcao da posicao do satelite em coordenadas esfericas
no sistema ECI definido em 4.1.1. Os coeficientes gnm e hn
m sao chamados coeficientes
de Gauss, que sao constantes e obtidos empiricamente. A cada cinco anos a IAGA
(Association of Geomagnetism and Aeronomy) publica um novo conjunto de coefici-
entes que constituem o modelo IGRF (International Geomagnetic Reference Field).
Discussoes e detalhes desse modelo sao encontrados em Macmillan e Quinn (2000).
O modelo (codigo fonte nas linguagens C e FORTRAN) e fornecido em Mclean, .
Nesse trabalho a implementacao do modelo IGRF e feita no ambiente MATLAB e
SIMULINK. A Figura (5.4) mostra as componentes do vetor campo magnetico local
Bo =[Bo
x Boy Bo
z
]T, expresso no referencial da orbita (OF) ou VLHL, as compo-
nentes do campo magnetico sao dadas para tres revolucoes do satelite em torno da
Terra.
Figura 5.4- Campo magnetico local Bo usando o modelo IGRF 2000.
A propagacao da orbita e descrita no apendice B. Foi usada uma orbita circular ke-
pleriana. A orbita propagada para o calculo do campo magnetico e a orbita nominal
72
do satelite EQUARS. Os elementos orbitais sao mostrados na Tabela (5.1).
Tabela 5.1- Elementos orbitais do satelite EQUARS.
altura (h) 750 km
excentricidade (e) ∼= 0
ascencao do nodo ascendente (Ω) 30 graus
inclinacao (i) 20 graus
5.3 Tratamento das Equacoes da Dinamica para os Casos Estudados nesse
Trabalho
O controle de atitude de satelites artificiais tem inıcio na separacao foguete-satelite.
Ate entao, qualquer que seja o controle, sua atuacao e sobre o veıculo lancador.
Por exemplo, o lancador pode ter um sistema de controle que reduza a rotacao do
ultimo estagio, para nıveis de projeto, imediatamente antes da separacao. Conhe-
cida a atitude final do ultimo estagio do foguete, tem-se uma estimativa razoavel
da atitude do satelite imediatamente apos a separacao. Por outro lado, o ultimo
estagio do foguete pode garantir apenas a insercao do veıculo na orbita correta, nao
fornecendo dados sobre a atitude do satelite imediatamente apos a separacao. Nesse
caso, o sistema de controle do satelite deve ser capaz de controlar o movimento de
atitude do mesmo a partir de qualquer configuracao de atitude imediatamente apos
a separacao. Portanto, se o lancador nao fornecer, a priori, uma atitude final que
possa ser estendida ao satelite imediatamente apos a separacao, o sitema de controle
de atitude devera, de acordo com requisitos de missoes:
• Reduzir para valores especificados ou eliminar, de acordo tambem com espe-
cificacoes de projeto, a rotacao do satelite imediatamente apos a separacao.
Esta fase constitui um dos modos de estabilizacao, comumente conhecido como
detumble, traduzido aqui como descapotamento. E a operacao de eliminar o
movimento de rotacao arbitraria do satelite imediatamente apos a separacao.
Este aspecto e tratado nesta Secao porque o controle para este modo pode re-
querer manobras de grandes angulos e, neste caso, a linearizacao do sistema de
equacoes diferenciais e as tecnicas de controle linear nao se aplicam. Portanto
neste modo de operacao utiliza-se tecnicas de controle nao linear;
73
• Uma vez que o sistema de controle de atitude faca o detumbling e tenha con-
trole sobre a velocidade angular e atitude do veıculo, o satelite entra no modo
de estabilizacao. Uma vez reduzida a velocidade angular do satelite imedi-
atamente apos a separacao, o satelite deve ser manobrado para adquirir a
atitude nominal. Nesse caso, a rotacao residual pode sobrecarregar o sistema
de controle e, portanto, e desejavel que, no modo anterior, a velocidade angular
residual nao seja crıtica, ou seja, nao comprometa a eficiencia do sistema de
controle. A fase de estabilizacao pode requerer, tambem, manobras de grandes
angulos, uma vez que, no modo detumble, o objetivo e a reducao da velocidade
angular e nao manobras angulares para levar o veıculo para uma configuracao
nominal em atitude. Novamente, neste caso, deve se ter um certo conheci-
mento da atitude do satelite na fase final do detumbling para se decidir sobre
a aplicacao de leis de controle linear ou nao linear.
• Uma vez adquirida a condicao normal de operacao o sistema de controle deve
manter o veıculo estavel em torno da atitude nominal, de acordo com espe-
cificacoes de projeto para atender as missoes. Nesse trabalho, esse processo
tambem faz parte do modo de estabilizacao. Nesse modo o controle deve fazer
sempre manobras de pequenos angulos (correcoes) visando manter o veıculo
na atitude nominal especificada. Neste modo de operacao as equacoes do mo-
vimento podem ser linearizadas em torno da atitude nominal e as tecnicas de
controle linear se aplicam. Neste estudo as tecnicas de controle linear aplicadas
sao as do PD, LQR e LQG.
Eventualmente, dependendo da missao, pode-se requerer a mudanca de uma atitude
nominal para outra, arbitraria, por um certo intervalo de tempo. Nesse trabalho esse
modo de contigencia e chamado modo de aquisicao. Quando isto ocorre novamente
requer-se manobras de grandes angulos e posterior reaquisicao da nova atitude no-
minal.
A visao do sistema de controle em modos de operacao e mais pratica sob o ponto
de vista de que o projeto de sistemas de controle reais e implementado por modos
de operacao. Sao necessarias diferentes estrategias e tecnicas de controle para cada
modo.
74
5.4 Linearizacao
Para o projeto do controlador linear usando as metodologias LQR e LQG, que sao
baseadas em uma planta linear, e feita a linearizacao das equacoes do movimento
em torno de um ponto de operacao. As equacoes linearizadas tambem podem ser
usadas para estudos de estabilizacao/manutencao da atitude nominal, para os casos
onde sao realizadas manobras de pequenos angulos (< 15o). As equacoes usadas sao
escritas em termos dos angulos de Euler, ja que a sigularidade do tipo 1 (±π/2),
nao acontece para a faixa de manobras realizadas (pequenos angulos). Outra justi-
ficativa e a clara interpretacao fısica que os angulos de Euler fornecem. Sao feitas as
linearizacoes para as versoes:
• Satelite equipado com rodas, Equacao (5.17);
• Satelite equipado com bobinas, Equacao (5.21).
A Equacao da cinematica (5.4) pode ser escrita como (Bryson, 1994)
ωbib =
1 0 − sin θ
0 cosφ sinφ cos θ
0 − sinφ cosφ cos θ
φθψ
− ωo
cos θ sinψ
sinφ sin θ sinψ + cosφ cosψ
cosφ sin θ sinψ − sinφ cosψ
(5.24)
Para pequenos angulos a expressao (5.24) pode ser aproximada por (Bryson, 1994)
ω1 ≡ φ− ωoψ − ψθω2 ≡ θ − ωo − ψφω3 ≡ ψ + ωoφ− θφ
(5.25)
O valor medio, por orbita, dos termos nao lineares(ψθ, ψφ, θφ
)sao pequenos com-
parados com as magnitude media dos termos lineares em (5.25). Se φ e θ oscilam em
torno de zero ou se a magnitude de ψ e θ sao pequenos comparados com a velocidade
orbital ωo. Nesses casos a Equacao (5.25) pode ser aproximada por
75
φ ≡ ω1 + ωoψ
θ ≡ ω2 + ωo
ψ ≡ ω3 − ωoφ
(5.26)
Usando a notacao ωbib = [ω1 ω2 ω3]
T temos
ωbib = I
φθψ
+ ωo
−ψ−1
φ
(5.27)
onde I e a matriz identidade de ordem 3.
5.4.1 Linearizacao do Modelo do Satelite Equipado com Rodas
Definimos o vetor de variaveis de estado como
x =[φ θ ψ φ θ ψ
]T
(5.28)
Usando a notacao hw = [hw1 hw2 hw3]T onde hwi, (i = 1, 2, 3) sao as componen-
tes, ao longo das direcoes (x, y, z), da quantidade de movimento angular total das
rodas. Para a configuracao adotada para as rodas, cada componente da quantidade
de movimento angular corresponde a uma roda. Substituindo a Equacao (5.27) na
Equacao (5.17) e incluindo o torque de gradiente de gravidade dado pela Equacao
(5.22), obtemos
Jxφ = [4ω2o (Jz − Jy) + ωohw2]φ+ ωoh3 + [ωo (Jx − Jy + Jz) + hw2] ψ
+ [ωo (Jy − Jz)φ+ hw3 + (Jz − Jy)] θ − hw1
(5.29)
76
Jyθ = 3ω2o (Jz − Jx) θ − ωoφh1 − [ω2
o (Jz − Jx)φ+ ωohw3]ψ − [ωo (Jz − Jx)ψ + hw1] ψ
−[ωo (Jx − Jz)φ− hw3 + (Jx − Jz) ψ
]φ− hw2
(5.30)
Jzψ = [ω2o (Jx − Jy) + ωohw2]ψ − ωohw1 − [ωo (Jx − Jy + Iz) + hw2] φ
+[ωo (Jy − Jx)ψ + hw1 + (Jx − Jy) φ
]θ − hw3
(5.31)
onde Jx, Jy e Jz sao os momentos principais de inercia.
Transformando as equacoes (5.29), (5.30) e (5.31), de segunda ordem em equacoes
de primeira ordem e fazendo a expansao em serie de Taylor em (x = 0), ou seja, a
vertical e horizontal local (VLHL), obtemos
x∗ = 0
h∗w =[0 Ho 0
]T (5.32)
Onde o termo Ho e a quantidade de movimento angular na direcao do eixo de pitch
gerado pelo volante de inercia. Esse procedimento e utilizado para produzir rıgidez
giroscopica durante a fase de manutencao da atitude.
Escrevendo na forma de estados as equacoes linearizadas, temos
x = Ax + Bu (5.33)
com
77
A =
0 0 0 1 0 0
0 0 0 0 1 0
0 0 0 0 0 14ω2
o(Jz−Jy)−ωoHo
Jx0 0 0 0 ωo(Jx−Jy+Jz)−Ho
Jx
0 3ω2o(Jz−Jx)
Jy0 0 0 0
0 0 ω2o(Jx−Jy)−ωoHo
Jz
ωo(−Jx+Jy−Jz)+Ho
Jz0 0
(5.34)
e
B =
0 0 0
0 0 0
0 0 0
− 1Jx
0 0
0 − 1Jy
0
0 0 − 1Jz
(5.35)
O vetor de controle e dado por
u =[u1 u2 u3
]T
(5.36)
onde
u1 = hw1 − ωohw3
u2 = hw2
u1 = hw3 + ωohw1
(5.37)
5.4.2 Linearizacao do Modelo do Satelite Equipado com Bobinas
Definimos o vetor de variaveis de estado e o vetor de controle como
78
x =[φ θ ψ φ θ ψ
]T
(5.38)
e
u =[mx my mz
]T
(5.39)
Usando a notacao Bb =[Bb
x Bby Bb
z
], onde Bb
i ,(i = x, y, z) sao as componentes do
vetor campo magnetico local expresso no sistema do satelite. Substituindo a Equacao
(5.27) na Equacao (5.21) e incluindo o torque de gradiente de gravidade dado pela
Equacao (5.22), obtemos
Jxφ =[4ω2
o (Jz − Jy)− ωo (Jz − Jy) θ]φ+ ωo (Jx − Jy + Jz) ψ + (Jy − Jz) θψ
+myBbz(t)−mzB
by(t)
(5.40)
Jyθ = 3ω2o (Jx − Jz) θ −
[ω2
o (Jz − Jx)ψ + ωo (Jx − Jz) φ]φ+ ωo (Jx − Jz)ψψ
+ (Jz − Jx) φψ +mzBbx(t)−mxB
bz(t)
(5.41)
Jyψ =[ω2
o (Jx − Jy) + ωo (Jy − Jx) θ]ψ −
[ωo (Jx − Jy + Jz) + (Jy − Jx) θ
]φ
+mxBby(t)−myB
bx(t)
(5.42)
Transformando as equacoes (5.40), (5.41) e (5.42), de segunda ordem, em equacoes
de primeira ordem e fazendo a expansao em serie de Taylor em torno de (x = 0), ou
seja, a vertical e horizontal local (VLHL), obtemos
x = Ax + B (t)u (5.43)
79
com
A =
0 0 0 1 0 0
0 0 0 0 1 0
0 0 0 0 0 14ω2
o(Jz−Jy)
Jx0 0 0 0 ωo(Jx−Jy+Jz)
Jx
0 3ω2o(Jz−Jx)
Jy0 0 0 0
0 0 ω2o(Jx−Jy)
Jz
ωo(−Jx+Jy−Jz)
Jz0 0
(5.44)
e
B =
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 Bbz(t)Jx
−Bby(t)
Jx
−Bbz(t)Jy
0 Bbx(t)Jy
Bby(t)
Jz−Bb
y(t)
Jz0
(5.45)
O sistema linear dado pela Equacao (5.43) e variante no tempo (LTV), devido
ao campo magnetico terrestre nao ser constante. O campo e aproximadamente
periodico. No sistema linearizado, o vetor campo magnetico expresso no referen-
cial do satelite (Bb) coincide com o vetor campo magnetico expresso no referencial
orbital (Bo). Portanto a matriz B pode ser escrita como
B =
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 Boz (t)Jx
−Boy(t)
Jx
−Boz (t)Jy
0 Box(t)Jy
Boy(t)
Jz−Bo
y(t)
Jz0
(5.46)
80
As equacoes (5.43) e (5.33) representam o modelo matematico linearizado do satelite
equipado com rodas (de reacao e volante de inercia) e bobinas magneticas, que
constituem uma boa aproximacao do modelo para manobras de pequenos angulos
(< 15o). Os projetos do controladores multivariavel LQR e LQG foram feitos sobre o
modelo linear dado pelas equacoes (5.43) e (5.33). Entretanto, a simulacao digital e
feita sobre o modelo completo, nao linear, equacoes (5.4), (5.21) e (5.17). O sistema
de controle no modo normal de operacao (que e a fase de manutencao da atitude
nominal), constitue um problema de regulador, ou seja, a referencia e constante e
igual a zero (x = 0). O que corresponde ao satelite estar alinhado com a VLHL.
O modelo linear do satelite equipado com bobinas, a atitude e descrita em quaterni-
ons e e dado em Arantes e Fonseca (2004b) e Overby (2004). No modelo do satelite
parametrizado em quaternions o estado e dado por
x =[ε1 ε2 ε3 ε1 ε2 ε3
]T
(5.47)
Escrevendo o modelo na forma da Equacao (5.43), as matrizes A e B sao dadas por
A =
0 0 0 1 0 0
0 0 0 0 1 0
0 0 0 0 0 14ω2
o(Jz−Jy)
Jx0 0 0 0 ωo(Jx−Jy+Jz)
Jx
0 3ω2o(Jz−Jx)
Jy0 0 0 0
0 0 ω2o(Jx−Jy)
Jz
ωo(−Jx+Jy−Jz)
Jz0 0
(5.48)
e
81
B =
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 Boz (t)
2Jx−Bo
y(t)
2Jx
−Boz (t)2Jy
0 Box(t)2Jy
Boy(t)
2Jz−Bo
y(t)
2Jz0
(5.49)
Nota: As linearizacoes das equacoes da dinamica foram feitas com o auxılio do
manipulador simbolico do programa MATHEMATICA e as equacoes obtidas foram
aferidas com as encontradas na literatura.
A proxima Secao discute algumas consideracoes sobre os modelos matematicos e
sistemas de referencias associados, e os atuadores escolhidos para compor os sistemas
de controle nesse trabalho.
5.5 Consideracoes Sobre os Atuadores, os Modelos Matematicos e Sistemas
de Referenica Adotados
As consideracoes sobre os atuadores sao mostradas a seguir.
5.5.1 Modelo dos Atuadores
Existem varios tipos de atuadores que podem ser usados para o controle de atitude
de satelites artificiais. Os atuadores podem ser dividos em tres categorias: 1) propul-
sores; e 2) dispositivos de troca de quantidade de movimento angular, como rodas
e 3) atuadores magneticos. E comum o emprego de mais de um tipo de atuador
em satelites, dependendo dos requisitos da missao, e das caracterısticas do projeto
de controle, Wertz (1978) e Larson e Wertz (1992) apresentam uma descricao do
emprego de atuadores, empregados em diferentes missoes.
Roda de Reacao e Volante de Inercia
As rodas de reacao e volantes de inercia podem ser modelados como motores DC,
essa modelagem pode ser encontrada em Bryson (1994), Wilson (2000) e Trivelato
82
(1988). Uma aproximacao para a funcao de transferencia desses atuadores e dada
em Souza (1981). Define-se (Larson e Wertz, 1992)
• Rodas de reacao: rodas com quantidade de movimento angular nomi-
nal nulo
• Volante de inercia: sao rodas de reacao com quantidade de movimento
angular nominal diferente de zero
Satelites equipados com volantes de inercia sao referidos como satelites com quanti-
dade de movimento angular embarcado (momentum bias system), e satelites equipa-
dos com rodas de reacao sao referidos como satelites com quantidade de movimento
angular nulo (zero momentum system). Basicamente, o funcionamento consiste na
geracao de torques devido a aceleracao de uma roda, ligada ao rotor de um motor
eletrico, em relacao a seu estator que e fixado a estrutura do satelite (Souza, 1987).
A dinamica da roda e funcao do seu atrito, sua velocidade, e voltagem aplicada pelo
motor. Considera-se nesse trabalho que exista um sistema de controle fino para a
operacao das rodas, que seja eficiente, fornecendo o torque requisitado pelo sistema
de controle de atitude. Um estudo detalhado de um sistema de controle por referencia
para operacao de rodas pode ser encontrado em Trivelato (1988). Em Souza (1987)
e apresentado o estudo e o projeto de um modelo experimental de uma roda de
reacao.
O uso de volantes de inercia, que apresentam quantidade de movimento angular
nominal diferente de zero, fornece rıgidez giroscopica ao satelite. Para as rodas de
reacao espera-se que operem em torno de velocidade (relativa) nula ao longo de um
perıodo orbital, adequada para absorver torques externos cıclicos. A presenca de
torques seculares, pode levar a velocidade angular maxima da roda, exigindo a sua
dessaturacao. Isso pode ser feito por bobinas magneticas e/ou propulsores.
Nesse trabalho considerou-se somente rodas de reacao combinadas com atuadores
magneticos para compor o sistema de controle. Propulsores nao foram considerados.
83
Bobinas Magneticas
As bobinas magneticas podem ser modeladas como um circuito RL (resistencia e
indutancia) usando as leis de Kirchoff. As bobinas tem uma dinamica muito rapida
comparada com a dinamica do satelite. Incluindo a dinamica das bobinas na si-
mulacao, o sistema torna-se muito lento, pois envolve duas escalas de tempo distin-
tas, portanto, a dinamica das bobinas e ignorada na simulacao. O erro indroduzido
devido a isso e negligenciavel (Fauske, 2002). Logo, a dinamica total do sistema e
relativamente lenta.
Bobinas magneticas sao comumente usadas em aplicacoes espaciais desde que os
requisitos de tempo nao sejam muito exigentes. As manobras de grandes angulos via
bobinas magneticas podem levar horas, dependendo das especificacoes da bobina.
As bobinas sao tambem muito usadas para a dessaturacao de rodas de reacao. A
saturacao das rodas ocorre quando elas atingem sua quantidade maxima de quanti-
dade de movimento especificada. Quando isto ocorre nao se consegue mais acelerar
as rodas e, portanto, nao se consegue mais usa-las para finalidade de torque objeti-
vando o controle da atitude. As bobinas podem tambem ser usadas para manobras de
pequenos angulos. Uma aplicacao muito comum para manobras de grandes angulos
se refere as operacoes do controle no modo detumble.
O estudo de dessaturacao das rodas pode ser encontrado nas referencias Bryson
(1994) e Bang e Choi (2003). Para manobras de pequenos e grandes angulos, ou seja,
estabilizacao e aquisicao, respectivamente, as bobinas sao, em geral, usadas para
pequenos satelites (< 500kg) (Wisniewski e Blanke, 1999,Wisniewski e Markley,
1999), como e o caso do satelite brasileiro EQUARS (∼= 150kg). O controle de
pequenos satelites usando somente bobinas magneticas so e possıvel para orbitas
em que a variacao do campo magnetico seja suficiente para garantir o controle do
satelite (Wisniewski, 1997, Musser e Ebert, 1989).
O uso das bobinas magneticas para operacoes em orbita faz uso da interacao entre
o momento dipolo magnetico gerado pelas bobinas e do campo magnetico terres-
tre. Por isso, para efeitos de simulacoes para avaliacao do desempenho dos torques
magneticos e muito importante um bom modelo do campo magnetico terrestre.
Em termos de projeto e sempre possıvel, dentro das limitacoes de espaco, massa e
energia, alterar o momento das bobinas magneticas, via parametros de projeto tais
84
como numero de espiras, corrente disponıvel e area das bobinas. Entretanto nao se
tem controle do campo geomagnetico, que e parte do ambiente espacial. O modelo
do campo geomagnetico e sua eficiencia para os sistemas de controle com bobinas
magneticas depende dos parametros orbitais. Portanto, o estudo do controle via bo-
binas exige conhecimento do modelo do campo bem como do modelo da orbita do
satelite em questao.
Esse Capıtulo e concluıdo com a apresentacao dos modelos de pior caso para os
principais torques ambientais e um modelo de torques de perturbacao internos.
5.6 Torques Ambientais
Um satelite esta sujeito a pequenos mas a persistentes torques externos devido a
perturbacoes ambientais. Sem resistencia a essas perturbacoes o satelite pode perder
a atitude nominal. Os principais torques ambientais sao:
• torque devido ao gradiente de gravidade;
• torque aerodinamico;
• torque devido a pressao de radiacao (solar e terrestre);
• torque devido a interacao do dipolo residual com o campo magnetico.
Essa Secao discute brevemente esses torques ambientais, e apresenta o modelo de pior
caso, conveniente para dimensionalizacao dos atuadores (torque de controle), para
satelites em geral. Uma discussao pormenorizada e encontrada em Carrara (1982),
Wertz (1978), Hughes (1986) e Fauske (2002). Nesse trabalho somente o torque
devido ao gradiente de gravidade e considerado. Esse torque e considerado, nesse
estudo, como o mais importante em termos de perturbacao, desde que se considere
um bom balanceamento magnetico. Os outros torques nao sao considerados.
5.6.1 Torque Devido ao Gradiente de Gravidade
Este torque depende da altitude do veıculo, das suas propriedades de inercia e de sua
atitude em relacao a vertical local. Uma expressao que leva em conta estes aspectos e
85
que e apropriada para se calcular em primeira aproximacao a magnitude do torque
do gradiente de gravidade para o pior caso e dada em Larson e Wertz (1992) e
reproduzida aqui
τ bg =
3ω2o
2|Jx − Jz| sin 2θ (5.50)
onde θ e o angulo que descreve o deslocamento angular na direcao da vertical local
ou nadir. O gradiente de gravidade tem a propriedade de alinhar o eixo de menor
momento de inercia com a vertical local, em uma configuracao de estabilidade cha-
mada estabilizacao por gradiente de gravidade. Por esta razao satelites estabilizados
por gradiente de gravidade requerem o projeto estrutural de tal forma a permitir
que o eixo de apontamento para a Terra seja o eixo de menor momento de inercia.
Um exemplo interessante refere-se a primeira versao do satelite brasileiro de co-
leta de dados, SCD-1, que deveria ser estabilizado por gradiente de gravidade. O
veıculo deveria conter um mastro a ser destendido em orbita. O mastro teria um
comprimento de 10 m, com uma massa de 3 kg na ponta. Isto aumentaria de apro-
ximadamente dez vezes os momentos de inercia transversais do satelite enquanto
manteria o momento de inercia axial (eixo de apontamento para a Terra) aproxi-
madamente igual. Posteriormente a configuracao de estabilizacao foi reconsiderada
e o projeto modificado para a estabilizacao por spin (direcao de ω coincidente com
eixo axial do veıculo). Esta configuracao de estabilizacao requer apenas que o eixo
de rotacao do veıculo seja o de maior momento de inercia. A mudanca diminuiu
os riscos associados as operacoes de abertura e captura do satelite (SCD-1) em
torno da vertical local. Normalmente os satelites estabilizados por gradiente de gra-
vidade requerem um mastro a ser aberto em orbita para adequar as propriedades
de inercia do satelite a estabilizacao por gradiente de gravidade. Portanto a compli-
cada dinamica na fase transitoria da abertura dos mastros representam um aspecto
delicado para tal tipo de estabilizacao. Como existem restricao de espaco e volume
nos veıculos lancadores nao ha como lancar um satelite estabilizado por gradiente
de gravidade ja com a configuracao adequada em termos de propriedades de inercia.
A geometria em forma de lapis (pencil-shaped) que caracteriza os satelites estabili-
zados por gradiente de gravidade e, de fato, inadequada para os veıculos lancadores.
Daı a necessidade de mastros com massa adicional na ponta para dar ao satelite a
forma e as propriedades de inercia apropriadas para a estabilizacao por gradiente de
86
gravidade.
Neste trabalho considerou-se apenas o torque do gradiente de gravidade como per-
turbacao ambiental. A justificativa e que assumi-se um satelite de orbita baixa da
Terra, LEO (Low Earth Orbit). Assumiu-se tambem que o satelite objeto de si-
mulacoes, neste caso o EQUARS, tenha um balanco magnetico adequado de tal
forma que a perturbacao predominante seja associada ao gradiente de gravidade.
Entretanto outros torques podem perturbar o movimento do satelite em orbita da
Terra. A seguir ao feitas algumas consideracoes sobre outros torques importantes na
analise da dinamica e controle de atitude de satelites artificiais da Terra.
5.6.2 Torque Aerodinamico
Para satelites de orbitas baixas (< 900km) a densidade do ar e suficiente para
influenciar a dinamica de atitude do satelite. Alem da altitude o arrasto atmosferico
tambem depende das dimensoes do satelite, da sua geometria e velocidade relativa
(Fauske, 2002). O torque aerodinamico pode ser escrito como
τ a =1
2ρV 2CdA (uv × scp) (5.51)
onde ρ e a densidade da atmosfera em (kg/m3), A em (m2) e a area perpendicular a
uv, uv e o versor na direcao da velocidade, Cd e o coeficiente de arrasto aerodinamico,
V e a velocidade em (m/s) e scp e o vetor distancia do centro de massa ao centro
de pressao.
Uma expressao para o pior caso e dada por Fauske (2002)
τa = F (cpa − cg) (5.52)
F = 0.5(ρCdAV
2)
(5.53)
onde cg e o centro de gravidade e cpa e o centro de pressao.
87
5.6.3 Torque de Pressao de Radiacao Solar
A radiacao e partıculas do Sol afetam a dinamica do satelite. Para baixas orbitas o
efeito pode ser negligenciado se comparado com outros torques ambientais (Fauske,
2002). Uma expressao para o pior caso e dada por Larson e Wertz (1992)
τs = F (cps − cg) (5.54)
F =Fs
cAs (1 + q) cos i (5.55)
onde Fs e uma constante solar (1367W/m2), As e a area superficial irradiada em
(m2), cg e o centro de gravidade (m), i e o angulo de incidencia do Sol, c e a
velocidade da luz na vacuo em (m/s), cps e o centro de pressao solar (m) e q e o
fator de reflectancia, que varia de 0 a 1.
5.6.4 Torque Devido ao Dipolo Residual
Os sistemas eletronicos no satelite podem gerar um dipolo magnetico residual. Esse
dipolo residual ira interagir com o campo magnetico da Terra. O dipolo residual
tambem mascara as medidas de Bb, feitas pelos magnetometros. O torque resultante
pode ser expresso como (Fauske, 2002)
τm = D ·B (5.56)
onde D e o dipolo magnetico residual em (Am2) varia de 0.1 a 20Am2, dependendo
do tamanho e desbalanceamento magnetico do satelite, e B e o campo magnetico
da Terra medido em Tesla. Para uma orbita polar B pode ser aproximado por
B =2M
R2s
(5.57)
88
onde M = 7.95 · 1015T · m3 e o momento magnetico da Terra e Rs e distancia do
centro de massa da Terra ao centro de massa do satelite.
Nesta Secao faz-se tambem algumas consideracoes sobre torques internos ao sistema.
Esses torques nao alteram a quantidade de movimento angular do sistema, impli-
cando torque externo nulo. Entretanto, os efeitos dos torques internos podem causar
problemas no apontamento de antenas, paineis, telescopios (tipo Hubble). Por outro
lados efeitos internos dissipadores podem ser uteis, principalmente quando se tratam
dos amortecedores de nutacao, quase sempre requeridos quando se usa estabilizacao
por spin (SCD-1 e SCD-2).
5.7 Perturbacoes internas
Perturbacoes internas sao torques internos exercidos sobre o corpo do satelite devido
a partes moveis. O efeito de torques internos e a dissipacao de energia cinetica e a
redistribuicao das componentes da quantidade de movimento angular no sistema do
satelite (Wertz, 1978), como acontece na presenca de rodas. Entretanto, a presenca
de perturbacoes internas nao altera a quantidade de movimento angular referido ao
espaco inercial. As principais fontes de perturbacoes internas sao:
• Movimento de paineis, rodas, mastros, antenas, etc;
• slosh devido ao movimento de lıquidos (combustıvel);
• Deformacao na estrutura (snap) devido a dilatacao termica;
• Choque de gases no corpo do satelite propelidos pelo sistema de propulsao;
• etc.
Um exemplo bem conhecido onde a influencia de perturbacoes internas, provocado
pelo movimento de antenas, e o do satelite explorer 1, lancado em 1958. O efeito
de dissipacao de energia, resultou na mudanca do eixo de rotacao, eixo de menor
momento de inercia, para o eixo de maior momento de inercia (Kaplan, 1976).
Perturbacoes internas sao difıceis de serem modeladas e podem gerar jitter. Uma
aproximacao para esse efeito e fornecida por Wilson (2000)
89
T = a0 +∑
k
ak cos (kωot+ β) + bk sin (kωot+ β) (5.58)
no qual ωo e o velocidade orbital, ao, ak e bk sao coeficientes constantes e β a fase. A
influencia desse efeito e conveniente para estudos de longa duracao, particularmente
para sistema de controle com quantidade de movimento angular embarcado (Wilson,
2000).
90
CAPITULO 6
PROJETO DE CONTROLE
Este Capıtulo e dedicado a apresentar as estrategias de controle usadas para os
modos de operacao do satelite: 1) detumble, fase em que o satelite e injetado em
orbita; 2) estabilizacao, fase em que o satelite adquire a vertical local e realiza a
manutencao da atitude nominal e 3) aquisicao, fase em que o satelite faz uma reo-
rientacao da atitude. E apresentado o controlador Bdot, os controladores baseados
em energia e as metodologias do Regulador Linear Quadratico (LQR) e do Regu-
lador Quadratico Gaussiano (LQG) usados no modo de estabilizacao. O metodo
LQR e analisado primeiramente, formando a base para um melhor entendimento do
metodo LQG. Essas estrategias sao discutidas pormenorizadamente nas referencias
Dorato e Cerone (1995), Maciejowski (1989), Kwakernaak e Sivan (1972), Moore e
Anderson (1990), Brown (1997), Kirk (1970), Fauske (2002) e Overby (2004).
6.1 Modo de Detumble
O objetivo do controlador usado no modo de detumble e dissipar a energia cinetica
do satelite, reduzindo sua velocidade de rotacao.
6.1.1 Controlador Bdot
O controlador usado nesse trabalho para o detumble e proposto por Wisniewski
(1996) e e conhecido como controlador Bdot (Silani e Lovera, 2003). O controlador
Bdot ou de Wisniewski (1996) usa a taxa de variacao das medidas feitas pelos
magnetometros embarcados no satelite. Sua viabilidade e confirmada pela aplicacao
no satelite Canadense CanX-1 (Wells e Jeans, 2002).
A lei de controle e dada por
mb = −kBb −mc (6.1)
onde
91
mc = [0 0 mc] (6.2)
no qual k e uma constante escalar maior que zero e mc o momento dipolo nominal
da bobina disposta na direcao z.
A demostracao analıtica de que a lei de controle Bdot dissipa a energia cinetica de
rotacao do satelite, e dada usando a teoria de Lyapunov. Essa demostracao e encon-
trada em Fauske (2002) e Wisniewski (1996). Nos dois procedimentos ou sistemas de
controle de atitude propostos, o detumbling e feito com o uso do controlador acima,
atraves dos atuadores magneticos.
6.2 Modo de Estabilizacao
Para modo de estabilizacao definido no Capıtulo 1 as leis de controle sao baseadas:
• na metodologia LQR e LQG;
• nos controladores baseados em energia.
Essas estrategias sao apresentadas a seguir.
6.2.1 Metodo LQR
O metodo LQR e baseado na linearizacao de sistemas dinamicos, pois a metodologia
e formulada para sistemas lineares. O problema de controle otimo consiste em mini-
mizar uma funcao custo quadratica e gerar uma matriz de ganhos para realimentacao
(Dorato e Cerone, 1995 e Maciejowski, 1989). A metodologia LQR e formulada para
os dois sistemas dinamicos envolvidos: 1) satelite equipado com rodas e 2) satelite
equipado com bobinas. As equacoes linearizadas dos modelos, Equacao (5.33), inva-
riante no tempo e Equacao (5.43) variante no tempo sao utilizadas para o projeto
de controle. A formulacao do problema e feita no domınio do tempo e e descrita a
seguir.
92
Seja um sistema linear descrito por
x = A(t)x + B(t)u (6.3)
O problema de otimizacao consiste em encontrar uma lei de controle linear do tipo
u = −Kc(t)x (6.4)
que minimize o ındice de desempenho quadratico
Jp =
∫ T
0
[xTQcx + uTRcu
](6.5)
onde Qc e uma matriz positiva semi-definida (Qc ≥ 0), Rc positiva definida (Rc >
0), x e o vetor de estado de dimensao n × 1 e u e o vetor de controle de dimensao
m × 1. As matrizes Qc e Rc sao as ponderacoes no vetor de estado e no vetor de
controle, respectivamente.
Nota: para a existencia e estabilidade da solucao do problema LQR, a condicao
necessaria e suficiente e que o sistema seja completamente controlavel (Dorato e
Cerone, 1995 e Maciejowski, 1989). As analises de controlabilidade, mostradas em
Kwakernaak e Sivan (1972), feitas para os sistema envolvidos. As equacoes (5.33) e
(5.43), garantem a solucao do problema LQR.
A solucao do problema LQR, ou seja, o calculo do ganho de controle e obtido resol-
vendo a Equacao de Ricatti, dada por (Moore e Anderson, 1990)
Pc = −PcA(t)−A(t)TPc + PcB(t)R−1c BTPc −Qc (6.6)
Resolvendo a Equacao diferencial matricial de Ricatti obtemos o controlador variante
no tempo:
93
u = −R−1c B(t)Pc(t)x (6.7)
Da Equacao (6.4), temos
Kc = R−1c B(t)Pc(t) (6.8)
A Figura (6.1) mostra a configuracao do LQR para o sistema em malha fechada.
Figura 6.1- Configuracao do controle LQR.
O controlador (6.7) exige um grande esforco computacional, devido ao fato de que
a cada passo de integracao Pc(t) deve ser computado, nos casos em que o sistema
for variante no tempo, Equacao (5.43).
Metodo LQR Aplicado para o Satelite Equipado com Rodas
Devido ao fato do sistema (5.33) ser invariante no tempo e considerando o intervalo
de otimizacao infinito, ou seja, T da Equacao (6.5) tendendo ao infinito. A solucao
do problema LQR e dada para o estado estacionario. Esse problema e referido como
problema do LQR estacionario (steady-state LQR) (Dorato e Cerone, 1995). Nessas
condicoes a Equacao diferencial matricial de Ricatti torna-se uma Equacao matricial
algebrica, dada por:
0 = −PcA−ATPc + PcBR−1c BTPc −Qc (6.9)
94
e a lei de controle para o sistema dado pela Equacao (5.33) resulta em
u = −R−1c BPcx (6.10)
onde as matrizes A e B sao dadas em (5.34) e (5.35), respectivamente.
Metodo LQR Aplicado para o Satelite Equipado com Bobinas
Para a formulacao da lei de controle usada no sistema (5.43) utilizando a metodolo-
gia LQR, pode ser feita a seguinte aproximacao: consideramos o campo magnetico
apresentado na secao 5.2, periodico, e tomamos um valor medio de Bo. Dessa forma
assumimos que o modelo (5.43) seja invariante no tempo. Com essas consideracoes
e tomando (T → ∞) o problema se reduz ao problema LQR estacionario. Temos
que a Equacao de Ricatti resulta
0 = −PcA−ATPc + PcBR−1c BTPc −Qc (6.11)
e a lei de controle para o sistema dado pela Equacao (5.33) resulta em
u = −R−1c BPcx (6.12)
Overby (2004) e Silani e Lovera (2003) apresentam resultados satisfatorios usando
o procedimento acima. Entretanto, nesse trabalho, a Equacao matricial algebrica
de Ricatti e calculada para cada passo de integracao, considerando-se a matriz de
entrada B(t) variante no tempo, obtida a partir das componentes do campo geo-
magnetico, dada pela Equacao (5.49). A solucao da Equacao algebrica matricial de
Ricatti resulta em um ganho variante no tempo para o controlador, dado por
u = −R−1c B(t)Pc(t)x (6.13)
95
ou
u = −Kc(t)x (6.14)
onde Kc(t) = R−1c B(t)P(t).
As matrices de ponderacao Qc e Rc sao definidas como:
Rc = diag ([r1, r2, · · · , rna ]) (6.15)
Qc = diag ([q1, q2, · · · , qns ]) (6.16)
onde na e o numero de atuadores no sistema de controle e ns e o numero de estados
de interesse. Para o EQUARS nos dois procedimentos/modelos temos na = 3 e
ns = 6. O desempenho desejado do sistema e obtido pelo ajuste das ponderacoes.
Como sugerido por Overby (2004) e Kristiansen (2000) as ponderacoes sao escolhidas
como:
qi =1
(∆xi)2e ri =
1
(∆ui)2(6.17)
Os valores de ∆ui sao baseados no maximo esforco de controle ou valor maximo
de operacao dos atuadores, ou seja, maximo torque no caso de rodas e maximo
momento dipolo no caso de bobinas. Os valores de ∆xi sao baseados na faixa/interva-
lo de operacao dos estados. Para os sistemas dinamicos avaliados as escolhas dos
parametros usados sao baseadas nas especificacoes do satelite EQUARS, temos
∆xi = 10 graus, ∆ui = 75 mNm (i = 1, 2, 3) e ∆xi = 1 graus/s (i = 4, 5, 6)
(6.18)
96
para o modelo do satelite equipado com rodas
e
∆xi = 10 graus, ∆ui = 1 Am2 (i = 1, 2, 3) e ∆xi = 1 graus/s (i = 4, 5, 6)
(6.19)
para o modelo do satelite equipado com bobinas.
6.2.2 Metodo LQG
Nessa secao o problema do LQG e apresentado. A metodologia sera implementada
ao sistema (5.43). A solucao e obtida no estado estacionario (T →∞). As medidas
sao corrompidas por ruıdos, modelados como distribuicoes aleatorias gaussianas. E
apresentado a estrutura do filtro de Kalman-Bucy e o princıpio da separacao.
O problema LQG e apresentado como segue. Dado o sistema da Figura (6.2), onde
G e a funcao de transferencia da planta. O problema LQG pode ser colocado como
sendo o de calcular uma lei de controle que matenha o sistema estavel e minimize um
criterio de erros quadraticos (Maciejowski, 1989). O sinal de referencia r na Figura
e tomado como nulo (r = 0).
Figura 6.2- Sistema planta mais controlador.
97
Representado o sistema da Figura (6.2) na forma de variaveis de estado, temos
x = Ax + Bu + Γw (6.20)
y = Cx + v (6.21)
onde x e o vetor de estado, u e o vetor de controle e y e o vetor de saıdas corrom-
pidas por v; w e v sao modelados como ruıdos brancos, caracterizando processos
estocasticos gaussianos com media zero. Considera-se que w e v nao sao correlacio-
nadas no tempo e entre si, tendo as covariancias:
EwwT
= Rf ≥ 0 E
ννT
= Qf > 0 E
wνT
= 0 (6.22)
No problema LQG deseja-se minimizar a funcao custo:
Jp =
∫ T
0
[xTQcx + uTRcu
](6.23)
Onde as matrizes Qc e Rc sao as mesmas definidas em 6.2.1. Considera-se que o
vetor de saıda seja os estados do sistema, nesse caso a matriz de saıda e uma matriz
identidade, ou seja:
y = Cx (6.24)
onde C = I, I e a matriz indentidade de ordem 6.
O sistema 6.21 esta sujeito a perturbacoes da planta e ruıdos na observacao da saıda,
a filosofia do projeto do controlador Kc pode ser estruturada (Athans, 1971) em tres
passos:
98
• projeto/analise determinıstica do problema do controle;
• projeto/analise do problema de estimacao estocastica do estado;
• projeto de um sistema de controle estocastico.
A Figura (6.3) mostra a configuracao do sistema de controle utilizado, note que o
controle LQG e baseado em observador.
Figura 6.3- Estrutura basica do sistema de controle LQG.
A solucao do problema LQG e conseguida pelo princıpio da separacao que pos-
sibilita a separacao do problema original em dois problemas:
Problema 1: Obter uma estimativa otima x do estado x de modo que
E
(x− x)T (x− x)
seja minimizado. Esse sub-problema e resolvido pelo uso de
um filtro de Kalman-Bucy, ignorando-se completamente o problema de controle.
Problema 2: Obter o controlador para o problema linear quadratico determinıstico
(LQR considerando a referencia zero (r = 0)), fazendo uso da estimativa x como se
fosse a medida exata do estado, ignorando-se completamente os aspectos estocasticos
do problema. O problema do LQR e resolvido na secao 6.2.1.
Nota: para a existencia e estabilidade da solucao do problema de estimacao e/ou
observacao, a condicao necessaria e suficiente e que o sistema seja completamente
99
observavel (Dorato e Cerone, 1995 e Maciejowski, 1989). As analises de observabi-
lidade, mostradas em Kwakernaak e Sivan (1972), feitas para os sistema envolvido,
Equacao (5.33), garantem a solucao do problema 2.
A solucao do problema 1 consiste na determinacao da matriz ganho Kf . A estrutura
do filtro de Kalman-Bucy e mostrado na Figura (6.4).
Figura 6.4- Estrutura do filtro de Kalman-Bucy.
A matriz ganho de Kalman Kf e dada por (Athans, 1971 e Maciejowski, 1989)
Kf = PfCTR−1
f (6.25)
Onde Pf e dada pela Equacao matricial algebrica de Ricatti
0 = −PfA−ATPf + PfCTR−1
f Pf −Qf (6.26)
E possıvel mostrar que os autovalores do sistema completo, filtro mais controlador,
sao compostos pelo soma dos autovalores do filtro e do LQR (Kwakernaak e Sivan,
1972). As referencias Flora (), Dorato e Cerone (1995) e Maciejowski (1989) mos-
100
tram que os autovalores do filtro e do LQR estao no semi-plano esquerdo (SPE)
do plano complexo, ou seja os dois projetos sao assintoticamente estaveis, entao o
sistema completo e, tambem assintoticamente estavel. Na analise de robustez os dois
projetos quando considerados isoladamente apresentam boas caracterısticas de ro-
bustez. Entretanto, como mostrado por Doyle (1978), o sistema completo, formado
pelo filtro de Kalman-Bucy e pelo controlador determinıstico nao mantem as boas
caracterısticas de robustez apresentadas, isoladamente, pelo filtro e pelo controlador.
A recuperacao das propriedades de robustez e conseguida pelo metodo LQG/LTR
(loop transfer recovery), esse metodo e discutido em Maciejowski (1989) e Kwaker-
naak e Sivan (1972).
6.2.3 Controladores Baseados em Energia
Nesta secao os controladores com realimentacao de velocidade angular e atitude
sao investigados para o modo de estabilizacao. Ambos sao baseados em energia e
usam os atuadores magneticos para o controle. Diz-se que esses controladores sao
baseados em energia pois a partir do calculo da energia do sistema e escolhido uma
lei de controle que satisfaz os criterios de estabilidade, usando para isso a teoria de
Lyapunov. A funcao de Lyapunov V e escolhida como sendo a energia do sistema. As
discussoes sao baseadas nas referencias Wisniewski (1996) e Fauske (2002). A prova
da estabilidade dos controladores propostos e a obtencao dos pontos de equilıbrio
estaveis do sistema sao obtidos a partir da teoria de Lyapunov, e nao fazem parte da
proposta desse trabalho. Essas provas sao fornecidas em Wisniewski (1996), Fauske
(2002) e Overby (2004).
Realimentacao de Velocidade Angular
A lei de controle com realimentacao de velocidade angular e dada por (Fauske, 2002)
mb = hωbob ×Bb (6.27)
onde h e uma constante escalar maior que zero (h > 0), que faz com que o sistema
satelite equipado com bobinas, seja assintoticamente estavel sobre quatro pontos de
equilıbrio.
101
(ωb
ob, cb3, c
b2
): (0,±co
3,±co2)
(6.28)
onde coi i = 1, 2, 3 sao matrizes coluna tendo como componentes os cosenos diretores
dos eixos do referencial do corpo em relacao aos eixos do referencial orbital. Os
quatro pontos de equilıbrio correspondem a orientacao dos eixos x, y e z na mesma
direcao dos eixos xo, yo e zo, respectivamente.
Realimentacao de Atitude
A lei de controle com realimentacao de atitude e dada por (Fauske, 2002)
mb = hωbob ×Bb − αε×Bb (6.29)
onde ε e a componente vetorial do quaternion, Equacao (4.7), e α e uma constante
escalar, essa lei de controle faz com que o sistema, satelite equipado com bobinas,
seja assintoticamente estavel sobre a referencia ou a VLHL.
(ωb
ob, cb3, c
b2
): (0, co
3, co2)
(6.30)
6.3 Modo de Aquisicao
Para o estudo de aquisicao de uma atitude arbitraria, definido nesse trabalho como
modo de aquisicao e feita a implementacao da metodologia LQR rastreio (tracking)
e um controlador proporcional derivativo (PD). O objetivo e avaliar, atraves da for-
mulacao desenvolvida nesse trabalho, a factibilidade do uso das rodas da TELDIX
especificadas para o satelite EQUARS, para manobras de atitude e tambem com-
parar e discutir as leis de controle formuladas. Nas simulacoes os controladores sao
aplicados a dinamica completa, nao linear.
102
6.3.1 LQR Tracking
Na aquisicao de uma atitude arbitraria, onde a referencia difere de zero (x 6= 0),
o problema de formular uma lei de controle utilizando a metodologia LQR e co-
nhecido como LQR rastreio/tracking. No LQR traking a lei de controle envolve um
termo antecipativo (feedfoward) adicionado ao termo de realimentacao do estado
(state-feedback) (Dorato e Cerone, 1995 e Kirk, 1970), apresentado na secao 6.2.1. O
problema de LQR tracking consiste em minimizar um ındice de desempenho definido
como
Jp =
∫ T
0
[xTQcx + uTRcu
](6.31)
onde
x(t) = x(t)− xd(t) (6.32)
onde xd e a trajetoria de referencia ou o estado desejado, x e obtido atraves do
sistema dinamico
x = A(t)x + B(t)u (6.33)
No problema assumimos que o estado desejado (xd) e conhecido e que o todos os
estados x sao disponıveis para realimentacao. As matrizes Qc e Rc sao as mesmas
definidas na secao 6.2.1. A lei de controle otima para o problema de tracking e dada
por (Kirk, 1970)
u = −Kc(t)x + fw(t) (6.34)
onde Kc(t) e a matriz de ganhos para realimentacao dos estados, obtido pela Equacao
(6.8), obtido atraves da Equacao de Ricatti, Equacao (6.6), definida na secao 6.2.1:
103
P = −PA(t)−A(t)TP + PB(t)R−1c P−Qc (6.35)
e o termo antecipativo (fw(t)) e denominado sinal de comando e e dado por
fw(t) = −RcBT s(t) (6.36)
onde s(t) e calculado a partir da Equacao diferencial linear (Kirk, 1970)
s = −[A(t)−PB(t)R−1
c B(t)−1]s(t) + Qcxd (6.37)
Note que o sinal de comando (fw(t)) depende dos parametros do sistema e do sinal
de referencia. A Figura (6.5) mostra a configuracao do LQR tracking.
Figura 6.5- Configuracao do controle LQR tracking.
6.3.2 Proporcional Derivativo
O controlador proporcional derivativo (PD), tambem e projetado a partir da
planta linearizada, Equacao (5.33). Nesse trabalho o projeto do controlador PD
e baseado em Kaplan (1976). Uma discussao pormenorizada dos controladores in-
dustriais PD e PID e encontrada em Ogata (1998). Primeiro e obtida uma lei de
controle para o movimento em torno do eixo de pitch, como se fosse um sistema
104
SISO, pois o movimento em pitch (θ) e desacoplado dos outros movimentos, roll e
yaw. Em seguida e projetada uma lei de controle para o sistema de equacoes diferen-
ciais acopladas, que descrevem o movimento de roll e yaw, e constitue um sistema
MIMO com duas entradas e duas saıdas.
Projeto em Pitch
A partir da Equacao (5.33), obtemos a Equacao linearizada do movimento em pitch
dada por
J2θ + 3ω2o (J1 − J3) θ + u2 = 0 (6.38)
onde u2 representa o torque de controle da roda de reacao disposta na direcao
do eixo de pitch. Note que a Equacao (6.38) indica que o sistema nao apresenta
amortecimento, isso pode ser obtido atraves do sinal de controle u2. Uma forma
satisfatoria para a lei de controle, discutida em Kaplan (1976) e dada por
u2 = Kp2
(Td2 θ + θ − θr
)(6.39)
onde o termo θ introduz amortecimento ao sistema, Kp2 e o ganho proporcional
(P) e Td2 a constante de tempo. O ganho derivativo e dado por Kd2 = Kp2Td2 , θr
e o angulo de pitch de referencia, considerado constante. Com a lei de controle o
movimento em pitch torna-se o classico sistema amortecido de segunda ordem.
J2θ +Kp2Td2 θ +(Kp2 + 3ω2
o (J1 − J3))θ −Kp2θr = 0 (6.40)
Os ganhos do controlador PD (Kp2 e Kd2), sao obtidos nesse trabalho a partir da
metodologia LQR, ou seja, a partir da matriz Kc tomando-se os ganhos da linha 2,
que correspondem ao sinal de controle u2. Uma outra alternativa para escolha dos
ganhos e ajustar/sintonizar os ganhos a partir do diagrama de lugar das raızes, esse
procedimento e usado em Kaplan (1976).
105
Projeto em Roll e Yaw
A partir da Equacao (5.33), obtemos as equacoes linearizadas do movimento em roll
e yaw dadas por
J1φ+ a1φ+ a2ψ + u1 = 0 (6.41)
J3ψ + c1ψ + c2φ+ u3 = 0 (6.42)
onde os coeficientes a1, a2, c1 e c2, sao
a1 = 4ω2o (J2 − J3) + ωHo (6.43)
a2 = −ωo (J1 − J2 + J3) +Ho (6.44)
c1 = ω2o (J2 − J1) + ωHo (6.45)
c2 = ωo (J1 − J2 + J3)−Ho (6.46)
os sinais de controle u1 e u3 sao os torques de controle gerados pelas rodas de reacao
dispostas na direcao do eixo de roll e yaw, respectivamente. Devido ao acoplamento
dos movimentos as leis de controle sao escolhidas como sendo
u1 = Kp1Td1φ+Kp1 (φ− φr) +Kc1ψ (6.47)
e lei de controle para o movimento em roll. O termo φ introduz amortecimento
ao sistema, Kp1 e o ganho proporcional (P), Td1 a constante de tempo. O ganho
derivativo e dado por Kd1 = Kp1Td1 , φr e o angulo de roll de referencia, conside-
rado constante. O termo Kc1 e inserido devido ao acoplamento entre os movimentos
em roll e yaw. Com a lei de controle o movimento em roll torna-se um sistema
amortecido de segunda ordem.
106
J1φ+ a1φ+ a2ψ +Kp1Td1φ+Kp1 (φ− φr) +Kc1ψ = 0 (6.48)
Anologamente, a lei de controle para o movimento em yaw e escolhida como
u3 = Kp3Td3ψ +Kp3 (ψ − ψr) +Kc3φ (6.49)
O termo ψ introduz amortecimento ao sistema, Kp3 e o ganho proporcional (P),
Td3 a constante de tempo, o ganho derivativo e dado por Kd3 = Kp3Td3 , ψr e o
angulo de yaw de referencia, considerado constante. O termo Kc3 e inserido devido
ao acoplamento entre os movimentos. Com a lei de controle o movimento em yaw
torna-se em um sistema amortecido de segunda ordem.
J3ψ + c1ψ + c2φ+Kp3Td3ψ +Kp3 (ψ − ψr) +Kc3φ = 0 (6.50)
Reescrevendo a equacoes (6.41) e (6.42) temos
J1φ+Kp1Td1φ+ (a1 +Kp1)φ−Kp1φr + (Kc1 + a2) ψ = 0 (6.51)
J3ψ +Kp3Td3ψ + (c1 +Kp3)ψ −Kp3ψr + (Kc3 + c2) φ = 0 (6.52)
A Figura (6.6) mostra a configuracao do controlador PD.
Os ganhos sao obtidos a partir da metodogia LQR (matriz Kc), assim como feito
para o projeto de controle em pitch. A partir da matriz Kc toma-se os ganhos das
linhas 1 e 3, que correspondem ao sinal de controle para u1 e u3, respectivamente.
Os valores de referencia (φr, θr, ψr) correspondem a uma atitude nominal arbitraria.
A vantagem do uso do controlador PD e que a realimentacao e apenas dos angulos
de atitude, nao sendo necessario medir as taxas de variacao dos angulos, entretanto,
o procedimento de derivacao dos angulos gera erros.
107
Figura 6.6- Configuracao do controlador PD.
108
CAPITULO 7
SIMULACOES
Neste Capıtulo, sao feitas as simulacoes utilizando as estrategias de controle para os
modos de operacao:
• Detumble;
• Estabilizacao;
• Aquisicao.
As configuracoes propostas para o ACS utilizam como atuadores: rodas de reacao
combinadas com bobinas magneticas e apenas bobinas magneticas para o controle
autonomo do satelite, nos dois primeiros modos de operacao (detumble e estabi-
lizacao). O controlador Bdot e utilizado para o descapotamento/detumbling do
satelite. O controlador proposto para estabilizacao e manutencao da atitude nominal
e obtido usando a metodologia LQR e LQG. Outra alternativa apresentada para fase
de estabilizacao e manutencao da atitude nominal, usando bobinas magneticas, sao
os controladores baseados em energia: realimentacao da velocidade angular (angular
velocity feedback) e realimentacao da atitude (ε)(attitude feedback). Nas simulacoes
sao usados os parametros do satelite brasileiro EQUARS. Para a fase de aquisicao
e analisada a exequibilidade da utilizacao das rodas de reacao onde e proposto o
controle PD e LQR rastreio/tracking.
Os parametros usados na simulacao sao mostrados na Tabela (7.1). Os parametros
e especificacoes obtidos para o satelite EQUARS sao baseados em Carvalho (2003)
e Heidelberg (2004). As tres rodas de reacao sao iguais e as tres bobinas tambem
sao iguais.
7.1 Modo de Detumble
O controlador usado para o modo de detumble foi o controlador Bdot. As condicoes
iniciais e os parametros do controlador sao listados a seguir.
109
Tabela 7.1- Parametros de simulacao.
Parametros Valores
Tensor de inercia do satelite (J) Jx = 13.31, Jy = 14.22, Jz = 11.20 kgm2
Precisao de apontamento 1o sobre cada eixo (φ, θ, ψ)
Bobinas magneticas:
Maximo momento dipolo 2 Am2
Secao da area 0.075 m2
Numero de espiras 100
Resistencia 20 Ω
Rodas de reacao:
Momento de inercia Jw = 0.015 kgm2
Maxima rotacao por minuto 7500 rpm
Maxima quantidade de movimento angular 12 Nms
Maximo torque 75 mNm
Parametros orbitais:
Altura (h) 750 km
Excentricidade (e) ∼= 0
Ascencao do nodo ascendente (Ω) 30 graus
Inclinacao (i) 20 graus
Velocidade orbital media ωo = 0.001 rad/s
Perıodo orbital To∼= 1h40mim
Data da simulacao 31− 12− 2004
110
Condicoes iniciais ωbib = [10 10 10]T graus/s
Parametros de controlador k = 2 · 105, mc = −0.1 Am2
onde a lei de controle Bdot e dada pela Equacao (6.1)
mb = −kBb −mc (7.1)
A escolha da velocidade angular inicial foi baseada nas simulacoes feitas para o
modo de estabilizacao, Secao (6.2). Para essa condicao inicial de velocidade angular
(ωbix, ω
biy, ω
biz) (≈ 2 rpm) os atuadores especificados saturam rapidamente no modo
de estabilizacao e nao sao capazes de estabilizar ou controlar a atitude do veıculo,
definindo uma situacao ou velocidade angular crıtica. Os parametros do controlador
foram obtidos por tentativa. A Figura (7.1) mostra a reducao da velocidade angular
do satelite. Depois de quatro revolucoes em volta da Terra, o veıculo ja esta apto a
executar manobras de atitude, ou seja, entrar no modo de estabilizacao.
Figura 7.1- Velocidade angular do satelite ωbib.
A Figura (7.2) mostra o amortecimento da velocidade angular do satelitea partir
da quarta orbita. Reduzindo a velocidade de rotacao do satelite para abaixo de (2
graus/s) .
111
Figura 7.2- velocidade angular ωbib.
A Figura (7.3) mostra o dipolo magnetico das bobinas, o torque de controle gerado e
a potencia de cada bobina. Os valores do dipolo magnetico atendem as especificacoes
dos atuadores magneticos (mx,my e mz < 2 Am2).
Figura 7.3- Dipolo magnetico, torque magnetico e potencia.
112
A Figura (7.4) mostra os mesmos resultados mas tomados a partir da quarta orbita.
Figura 7.4- Dipolo magnetico, torque magnetico e potencia.
A lei de controle apresentada (Bdot) e de simples implentacao e nao requer in-
formacoes da atitude do veıculo. Apesar das simulacoes terem avaliado uma condicao
inicial crıtica de velocidade angular, essa pode ser maior, dependendo de como o fo-
guete lanca o satelite na sua orbita, ou seja, depende do veıculo lancador. Ainda
assim o controlador Bdot pode ser utilizado, entretanto, exigindo um tempo maior
para a reducao da velocidade angular.
7.2 Modo de Estabilizacao
As estrategias de controle usada no modo de estabilizacao sao baseadas nas metodo-
logias LQR e LQG, apresentadas no Capıtulo 6. A metodologia LQR e implementada
nos dois modelos: satelite equipado com bobinas e satelite equipado com rodas. A
metodologia LQG e usada no modelo do satelite equipado com rodas. Os controla-
dores baseados em energia sao usados no modelo do satelite equipado com bobinas.
113
7.2.1 Metodo LQR
Nessa Secao o metodo LQR e usado na formulacao da lei de controle do modelo do
satelite equipado com rodas. Sao investigados tres cenarios:
• condicoes iniciais crıticas (ωx, ωy, ωz > 1 rpm) ;
• condicoes iniciais quase crıticas (ωx, ωy, ωz = 1 rpm);
• velocidade angular (ωx, ωy, ωz∼= 0 rpm).
O objetivo e avaliar situacoes nas quais o projeto LQR ainda e valido no controle de
atitude em tres eixos. A Tabela (7.2) mostra as condicoes iniciais para os tres casos.
Tabela 7.2- Condicoes iniciais da simulacao para o modo de estabilizacao utili-zando a metodologia LQR.
casos velocidade angular inicial atitude inicial
1 ωbib = [0 0 0]T graus/s (φ, θ, ψ) = (30,−20, 25) graus
2 ωbib = [6 6 6]T graus/s (φ, θ, ψ) = (30,−20, 25) graus
3 ωbib = [10 10 10]T graus/s (φ, θ, ψ) = (30,−20, 25) graus
Em seguida sera usada a formulacao da lei de controle do modelo do satelite equipado
com bobinas. O objetivo e estudar/analisar os dois procedimentos para o modo de
estabilizacao
Satelite Equipado com Rodas
Caso 1: Velocidade Angular
Para o primeiro caso considera-se que a velocidade angular do satelite seja nula,
conseguida atraves do controlador Bdot. A partir dessa condicao inicial temos que
a lei de controle para o modo de estabilizacao e dada pela Equacao (6.7), reescrita
aqui
114
u = −Kcx (7.2)
onde
Kc = R−1c BPc (7.3)
onde Pc e dado pela solucao da Equacao de Ricatti, Equacao (6.6). Os valores
numericos das matrizes A e B, usadas no projeto de controle, sao obtidos a partir
das equacoes (5.34) e (5.35). As matrizes de ponderacao Rc e Qc selecionadas sao
mostradas na Secao (6.2.1). Resolvendo a Equacao de Ricatti, obtemos o ganho
usado na lei de controle
Kc =
−0.0286 0.0000 0.0004 −0.8476 0.0000 0.0000
0.0000 −0.0287 0.0000 0.000 −0.9180 0.0000
−0.0004 0.0000 −0.0286 0.000 0.0000 0.9510
(7.4)
E importante resaltar que em todas as simulacoes aplicou-se a lei de controle linear
para o modelo completo, nao linear. A Figura (7.5), mostra os angulos de atitude
em funcao do tempo, durante o modo de estabilizacao. O resultado mostra um bom
desempenho do sistema de controle. Note que a partir de 100 segundos o satelite
ja atinge a precisao requerida (< 1o) para a atitude nominal especificada, (VLHL),
realizando em seguida a manutencao da atitude nominal.
A Figura (7.6) mostra o torque gerado pelas tres rodas de reacao. O primeiro grafico
mostra o torque (τ bw) gerado pelas rodas dispostas nas tres direcoes principais de
inercia. O segundo grafico mostra o torque de acoplamento devido ao movimento de
rotacao do satelite, sendo da ordem de 100 vezes menor que o torque τ bw gerado pelas
rodas. O torque efetivo de controle e a soma dos dois torques. Para efeito de projeto
da roda o efeito de acoplamento e considerado uma perturbacao. O ultimo grafico
mostra a quantidade de movimento angular das rodas, note que a roda ao longo do
eixo de pitch (normal a orbita) tem uma quantidade de movimento angular nominal
diferente de zero, fornecendo rıgidez giroscopica ao sistema durante a manutencao
115
Figura 7.5- Angulos de atitude roll, pitch e yaw em funcao do tempo para o caso1.
da atitude nominal.
Figura 7.6- Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento angular
das rodas para o caso 1.
A Figura (7.7) mostra as rotacoes por minuto de cada uma das rodas e as velocidades
116
angulares ωbib e ωb
ob, respectivamente. Como era de se esperar a velocidade relativa
entre os referenciais do satelite (BF) e orbital (OF) e nula.
Figura 7.7- Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e rotacoes por minuto das rodas dereacao.
A simulacoes mostram que, para a condicao inicial de velocidade angular assumida,
Tabela (7.2), todos os requisitos de precisao e operacao sao atendidos, nao havendo
saturacao dos atuadores no modo de estabilizacao.
Caso 2: Velocidade Angular Quase Crıtica
Para o segundo caso considera-se que a velocidade angular residual do satelite seja
de 1 rpm, que equivale a 6 graus/s. A partir dessa condicao inicial usa-se a lei de
controle dada pela Equacao (6.7), como no caso 1. O objetivo e avaliar se mesmo
sob uma condicao de velocidade angular nao nula. Esta configuracao poderia, por
exemplo, ser causada por imprecisao de medidas ou falha no sistema de controle
para o modo de detumble. Os resultados mostram que ainda assim, o sistema de
controle ainda e capaz de estabilizar e controlar o movimento de atitude, a partir
dos atuadores (rodas) especıficadas para o satelite EQUARS. Os valores de Kc
obtidos e as matrizes de ponderacao Rc e Qc selecionadas sao as mesmas utilizadas
no caso 1.
117
A Figura (7.8), mostra os angulos de atitude durante o modo de estabilizacao. O
resultado mostra um desempenho pobre do sistema de controle. Note que, apesar do
desempenho, a partir de 200 segundos o satelite atinge a precisao requerida (< 1o)
para a atitude nominal especificada (VLHL), realizando em seguida manutencao da
atitude nominal sem maiores problemas.
Figura 7.8- Angulos de atitude roll, pitch e yaw em funcao do tempo para o caso2.
A Figura (7.9) mostra o torque gerado pelas tres rodas de reacao, o primeiro grafico
mostra o torque (τ bw) gerado pelas rodas, o grafico mostra, claramente, a saturacao
dos atuadores, todas as rodas em algum momento sofrem saturacao o segundo grafico
mostra o torque de acoplamento devido ao movimento de rotacao do satelite, sendo
bem maior a influencia que no caso 1. O ultimo grafico mostra a quantidade de mo-
vimento angular das rodas, note que apesar da saturacao em torques (> 75mNm),
nenhuma das rodas apresentam saturacao na quantidade de movimento angular
(< 12Nms).
A Figura (7.10) mostra as rotacoes por minuto de cada uma das rodas e as veloci-
dades angulares ωbib e ωb
ob.
A simulacoes mostram que para a condicao inicial de velocidade angular assumida
(Tabela (7.2)) mesmo sob saturacao das rodas, todos os requisitos de precisao sao
118
Figura 7.9- Torque τ bw, torque de acoplamento e quantidade de movimento angular
das rodas para o caso 2.
Figura 7.10- Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e rotacoes por minuto das rodas parao caso 2 .
atendidos pelo sistema de controle.
119
Caso 3: Velocidade Angular Crıtica
Para o terceiro caso analisado usamos o mesmo projeto de controle dos casos 1 e 2,
e as condicoes iniciais mostradas na Tabela (7.2). A Figura (7.11) mostra os angulos
de atitude em relacao ao tempo. Nota-se que o sistema de controle nao e capaz de
atender os requisitos no modo de estabilizacao, devido a uma velocidade angular
crıtica de aproximamente 1.5 rotacoes por minuto (rpm). Portanto, para o projeto
do sistema de controle avaliado e necessario garantir que no modo de estabilizacao
a velocidade angular inicial seja igual ou menor que 1.5 rpm. Essa reducao e obtida
no modo de detumble como mostrado nas simulacoes, Secao (7.1).
Figura 7.11- Angulos de atitude roll, pitch e yaw e tempo para o caso 3.
A Figura (7.12) mostra os graficos das velocidades angulares ωbib e ωb
ob e as rotacoes
por minuto das rodas, nota-se que as rodas dispostas ao longo dos eixos de roll e yaw
saturam (> 7500rpm). A roda em roll atinge rapidamente sua velocidade maxima
de operacao.
A Figura (7.13) mostra a saturacao em torque e quantidade de movimento angular
das rodas.
Os resultados da simulacao mostram que o sistema de controle nao e capaz de
120
Figura 7.12- Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e rotacoes por minuto das rodas parao caso 3.
Figura 7.13- Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento an-
gular das rodas para o caso 3.
estabilizar e controlar a atitude. Isso se deve, fundamentalmente, a limitacao dos
atuadores e a dinamica se tornar altamente nao linear.
121
Satelite Equipado com Bobinas
A formulacao da lei de controle utilizando a metodologia LQR para o modelo do
satelite equipado com bobinas foi discutida na Secao (6.2.1). O ganho de controle
Kc e variante no tempo, dada pela Equacao (6.13)
u = −Kc(t)x (7.5)
A matriz solucao da Equacao de Ricatti Pc, Equacao (6.6), e calculada para
cada passo de integracao, sendo aproximadamente periodica devido ao campo geo-
magnetico (Bo) ser quase periodico. Os valores numericos das matrizes A, B, usadas
no projeto de controle, sao obtidos a partir das equacoes (5.48) e (5.49). A Figura
(7.14) mostra a variacao do elemento Kc(1, 1) da matriz de ganho do controlador,
mostrando claramente que os ganhos sao aproximadamente periodicos. Isso permite
reduzir o esforco computacional introduzindo uma matriz de ganhos previamente
calculada para uma orbita nominal.
Figura 7.14- Ganho do controlador em funcao das orbitas Kc(1, 1).
As matrizes de ponderacao Rc e Qc selecionadas sao mostradas na Secao (6.2.1). As
condicoes iniciais sao listadas a seguir
122
Condicoes iniciais:
Velocidade angular ωbib = [0 0 0]T graus/s
Atitude inicial (φ, θ, ψ) = (15,−10, 10)
Novamente utilizou-se nas simulacoes o modelo completo, nao linear e no caso do
satelite equipado com bobinas o modelo tambem e variante no tempo. A Figura
(7.15) mostra os angulos de atitude durante o modo de estabilizacao, o resultado
mostra um desempenho razoavel do sistema de controle, a partir dos parametros
selecionados para o controlador. Note que e necessario duas revolucoes do satelite
em torno da Terra (≈ 3h20min) para que esse atinga a precisao requerida (< 1o)
realizando em seguida a manutencao da atitude nominal, ou seja, alinhado com a
vertical local (VLHL).
Figura 7.15- Angulos de atitude roll, pitch e yaw em funcao do numero de orbitas,utilizando bobinas.
A Figura (7.16) mostra o dipolo magnetico das bobinas, o torque de controle gerado,
e a potencia de cada bobina, os valores do dipolo magnetico atendem as especi-
ficacoes dos atuadores magneticos (mx,my e mz < 2 Am2), ficando bem abaixo do
dimensionado para o sistema de controle de atitude.
Apesar das bobinas apresentarem um tempo de resposta bem maior, a potencia
exigida pelo sistema de controle e muito menor do que aquela usada no sistema de
123
Figura 7.16- Dipolo magnetico, torque de controle (τ bm) e potencia das bobinas
em funcao do numero de orbitas, utilizando bobinas.
controle de atitude do satelite equipado com rodas; tornando-se uma opcao atrativa,
devido a seu custo e baixo consumo de energia.
7.2.2 Controladores Baseados em Energia
Uma alternativa para o sistema de controle de atitude empregando bobinas
magneticas sao os controladores nao lineares propostos na Secao (6.2.3). Sua prin-
cipal vantagem e a de que as leis de controle sao formuladas a partir do sistema
nao linear, baseado nos crıterios de estabilidade de Lyapunov. Isso garante a estabi-
lizacao, nao sendo valida somente em torno de um ponto de operacao, como no caso
de sistema lineares. Sao analisados duas leis de controle: realimentacao de velocidade
angular e realimentacao de atitude.
Realimentacao de Velocidade Angular
A lei de controle e dada pela Equacao (6.27)
124
mb = hωbob ×Bb (7.6)
As condicoes iniciais e os parametros do controlador obtidos por tentativa sao lista-
dos a seguir
Condicoes iniciais:
Velocidade angular ωbib = [0 0 0]T graus/s
Atitude inicial (φ, θ, ψ) = (60,−30, 40)graus
Parametros do controlador h = 3.25 · 106
A Figura (7.17) mostra os angulos de atitude no modo de estabilizacao usando a
realimentacao de velocidade angular. O resultado mostra um desempenho razoavel
para os angulos de roll e pitch. Para o eixo de yaw e obtido um pobre desempenho do
sistema de controle. Esse resultado ocorre devido a falta de informacao da atitude.
E necessario quatro revolucoes do satelite em torno da Terra (≈ 6h40min) para que
esse atinga a precisao requerida (< 1o) nos eixos de roll e pitch, sendo necessario
quase o dobro de revolucoes para o eixo de yaw. Em seguida realiza-se a manutencao
da atitude nominal, ou seja, alinhado com a vertical local (VLHL).
Figura 7.17- Angulos de atitude em funcao do numero de orbitas.
A Figura (7.18) mostra o dipolo magnetico das bobinas, o torque de controle gerado,
125
e a potencia de cada bobina, os valores do dipolo magnetico atendem as especi-
ficacoes dos atuadores magneticos, ficando abaixo do dimensionado para o sistema
de controle de atitude. O terceiro grafico mostra que a potencia exigida pelas bobinas
e bem baixa.
Figura 7.18- Dipolo magnetico, torque de controle e potencia das bobinas emfuncao do numero de orbitas.
A Figura (7.19) mostra as velocidades angulares e o campo geomagnetico expresso
no sistema do satelite.
E possıvel mostrar (Fauske, 2002 e Overby, 2004) que a lei de controle apresentada
nao garante, sobre outras condicoes iniciais, a estabilizacao e o controle em tres eixos
de interesse, ou seja, alinhado com a VLHL. Isso se deve, ao sistema dinamico ter
mais de um ponto de equilıbrio, sendo necessario informacoes da atitude para a es-
tabilizacao de interesse. A lei de controle apresentada e uma alternativa que deve ser
considerada, para os casos em que nenhuma informacao da atitude e disponıvel para
o sistema de controle, devido a possıveis falhas nos sensores de atitude. Entretanto,
nao se pode garantir, em alguns casos, o controle em para a orientacao de interesse
(VLHL). Novamente o uso de bobinas apresenta um baixo consumo de energia.
126
Figura 7.19- Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e campo magnetico terrestre localBb .
Realimentacao de Atitude
A lei de controle e dada pela Equacao (6.29)
mb = hωbob ×Bb − αε×Bb (7.7)
As condicoes iniciais e os parametros do controlador sao listados a seguir
Condicoes iniciais:
Velocidade angular ωbib = [0 0 0]T graus/s
Atitude inicial (φ, θ, ψ) = (60,−30, 40)graus
Parametros do controlador h = 3.25 · 106 α = −3000
A Figura (7.20) mostra os angulos de atitude no modo de estabilizacao usando a
realimentacao de velocidade angular e atitude. O resultado mostra um desempenho
razoavel para os angulos de roll, pitch e yaw. E necessario duas revolucoes do satelite
em torno da Terra (≈ 3h20min) para que esse atinja a precisao requerida (< 1o)
nos eixos de roll, pitch e yaw. O desempenho do sistema de controle e proximo
127
ao obtido com a metodologia LQR, entretanto, a atitude inicial assumida e bem
maior. O resultado mostra que a informacao da atitude e importante para um bom
desempenho do sistema de controle, na estabilizacao da atitude em tres eixos. A
partir da segunda revolucao do satelite em torno da Terra ocorre a manutencao
da atitude nominal (VLHL), ou seja, o sistema se estabiliza em torno da atitude
nominal.
Figura 7.20- Angulos de atitude.
A Figura (7.21) mostra o dipolo magnetico das bobinas, o torque de controle ge-
rado, e a potencia de cada bobina. Os valores do dipolo magnetico atendem as
especificacoes dos atuadores magneticos, Tabela (7.1), ficando abaixo do dimensio-
nado para o sistema de controle de atitude. O terceiro grafico mostra que a potencia
exigida pelas bobinas e bem baixa.
A Figura (7.22) mostra as velocidades angulares e o campo geomagnetico expresso
no sistema do satelite.
A lei de controle apresentada e uma boa alternativa para o sistema de controle de
atitude em tres eixos, pois apresenta um desempenho razoavel. A principal vantagem
em relacao a metodologia LQR e que mesmo sob as nao linearidades, a eficiencia do
sistema de controle de atitude na estabilizacao do sistema e garantida. Novamente o
128
Figura 7.21- Dipolo magnetico, torque de controle e potencia das bobinas emfuncao do numero de orbitas.
Figura 7.22- Velocidades angulares ωbib e ωb
ob e campo magnetico local Bb emfuncao do numero de orbitas.
uso de bobinas apresenta uma opcao atrativa devido a baixa potencia, o que equivale
a um baixo consumo de energia.
129
7.2.3 Metodo LQG
Como descrito na Secao (6.2.2), metodogia LQG e usada no modo de estabilizacao
para o satelite equipado com rodas. As condicoes iniciais, e os parametros do filtro
de Kalman sao listados na Tabela (7.3)
Tabela 7.3- Parametros de simulacao.
Condicoes iniciais:
Velocidade angular ωbib [0 0 0]T graus/s
Atitude inicial (φ, θ, ψ) (30,−20, 25)graus
Parametros do filtro:
Matriz Rf diag[(1, 1, 1, 0.1, 0.1, 0.1)]0.52 × (π/180o)
Matriz Qf diag[(1, 1, 1, 1, 1, 1)]152 × (π/180o)
A matriz Rf e obtida a partir do desvio padrao de sensores solares (0.5o) e de
girometros (0.05graus/s) tıpicos. A matriz Q e obtida atraves de ajustes por ten-
tativa. A partir dos parametros do filtro obtemos o matriz de ganho de Kalman
Kf =
30.0002 0.0000 0.0000 0.9091 0.0000 0.0000
0.0000 30.0002 0.0000 0.000 0.9109 0.0000
0.0000 0.0000 30.0002 0.000 0.0000 0.9509
0.0000 0.0000 0.0000 300.0000 0.0000 0.0001
0.0000 0.0091 0.0000 0.0000 300.0000 0.0000
0.0000 0.0000 0.0091 0.001 0.0000 300.0000
(7.8)
Os parametros do controlador usado sao os mesmos utilizados no metodo LQR.
A Figura (7.23) mostra os angulos de atitude ou de Euler estimados com o filtro de
Kalman. O desempenho do controlador e muito proximo ao obtido com o projeto
LQR (caso 1).
A Figura (7.24), mostra os angulos de Euler simulados, esses sao corrompidas por
ruıdos de distribuicao aleatoria e uniforme.
130
Figura 7.23- Angulos de atitude estimados em funcao do tempo.
Figura 7.24- Angulos de atitude simulados.
A Figura (7.25) confronta os angulos de atitude estimados e simulados, mostrando
claramente a suavizacao do sinal estimado, que e usado na realimentacao do sistema
de controle. A Figura (7.26) mostra os graficos do erro (valor real (simulado) −valor estimado). O primeiro grafico mostra o erro nos angulos de atitude e o segundo
131
grafico mostra o erro nas taxas de variacao dos angulos de atitude. Em ambos os
casos o erro e menor que a covariancia em ∼= 70% dos casos, representada pela linha
vermelha.
Figura 7.25- Angulos de atitude simulados e estimados.
Figura 7.26- Erro dos angulos de atitude e variacao da atitude.
A Figura (7.27) mostra o torque gerado pelas tres rodas de reacao, o torque de
132
acoplamento e a quantidade de movimento angular. O primeiro grafico mostra o
torque (τ bw) gerado por cada roda, o segundo grafico mostra o torque de acoplamento
devido ao movimento de rotacao do satelite. As magnitudes ou esforco de controle
sao proximas as obtida no projeto LQR (caso 1), como era de se esperar, pois o
controlador e o mesmo desenvolvido no caso 1. O ultimo grafico mostra a quantidade
de movimento angular das rodas. A roda ao longo do eixo de pitch (normal a orbita)
tem uma quantidade de movimento angular nominal diferente de zero, fornecendo
rıgidez giroscopica ao sistema durante a manutencao da atitude.
Figura 7.27- Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento an-
gular das rodas.
7.3 Modo de Aquisicao
Para o sistema de controle no modo de aquisicao sao avaliados duas alternativas
para o projeto de controle: 1) controlador Proporcional Derivativo (PD); 2) LQR
rastreio/tracking. Esse projeto tem o objetivo de avaliar a factibilidade do emprego
das rodas especificadas para o satelite brasileiro EQUARS (ver Heidelberg, 2004),
na execusao de manobras de grandes angulos. No modo de aquisicao, assume-
se que a condicao inicial o satelite esta alinhado com a vertical e horizontal local
(VLHL), ou seja, o satelite parte do modo de estabilizacao. As condicoes iniciais e
a atitude de referencia sao mostradas na Tabela (7.4).
133
Tabela 7.4- Condicoes iniciais da simulacao para o modo de aquisicao utilizandorodas.
Lei de controle velocidade angular inicial atitude inicial atitude de referencia
(φ, θ, ψ) (φr, θr, ψr)
LQR tracking ωbib = [0 0 0]T graus/s (0, 0, 0) graus (−60, 70, 130) graus
PD ωbib = [0 0 0]T graus/s (0, 0, 0) graus (−60, 70, 130) graus
7.3.1 LQR Tracking
A lei de controle ao metodo LQR tracking no modo de aquisicao, apresentada na
Secao (6.3.1), e dada pela Equacao (6.34),
u = −Kc(t)x + fw(t) (7.9)
onde a matriz Kc e obtida atraves da solucao da Equacao de Ricatti. As matrizes de
ponderacao Qc e Rc sao as mesma utilizadas no projeto LQR. O sinal de comando
e dado pela Equacao (6.36).
fw(t) = −RcBT s(t) (7.10)
onde o vetor s(t) e funcao da referencia, atitude (φr, θr, ψr) e velocidades angulares
(φr, θr, ψr), calculada pela Equacao (6.37). As matrizes obtidas no projeto LQR
tracking sao:
Kc =
−0.0286 0.0000 0.0004 −0.8476 0.0000 0.0000
0.0000 −0.0286 0.0000 0.0000 −0.9180 0.0000
0.0004 0.0000 −0.0286 0.0000 0.0000 −0.9510
(7.11)
e
134
s =
0.1015
−0.1285
−0.2472
1.3734
−1.8581
−3.7070
(7.12)
A Figura (7.28) mostra os angulos de atitude durante o modo de aquisicao. O resul-
tado mostra um bom desempenho do sistema do controle, usando o metodo LQR
tracking. A partir de 200 segundos o satelite atingi a precisao requerida (< 1o) para
a atitude especificada ou de referencia (φr, θr, ψr) = (−60, 70, 130). O modelo do
satelite usado nas simulacoes e o modelo completo, nao linear.
Figura 7.28- Angulos de atitude roll, pitch e yaw em funcao do tempo para aaquisicao de atitude.
A Figura (7.29) mostra o torque gerado pelas tres rodas de reacao, o primeiro grafico
mostra o torque (τ bw) gerado pelas rodas dispostas nas tres direcoes principais de
inercia o segundo grafico mostra o torque de acoplamento devido ao movimento
de rotacao do satelite. O torque efetivo de controle e a soma dos dois torques. O
resultado mostra que mesmo para manobras de grandes angulos, nao ha saturacao
da quantidade de movimento das rodas (hw < 12Nms), ficando abaixo do valor
135
de saturacao. O primeiro grafico mostra que nao ocorre saturacao do esforco ou
torque de controle (τ bw < 75mNm). Esse resultado mostra a viabilidade da utilizacao
das rodas especificadas para o satelite EQUARS para a aquisicao de uma atitude
arbitraria.
Figura 7.29- Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento an-
gular das rodas em funcao do tempo.
A Figura (7.30) mostra as rotacoes em rpm de cada uma das rodas e as velocidades
angulares ωbib e ωb
ob. Na manutencao da atitude de referencia as velocidades das
rodas sao nominalmente diferentes de zero.
Nas simulacoes, apesar do projeto do controlador LQR tracking se basear na planta
linear, o controle empregado sobre a planta nao linear apresenta boas caracterısticas
de desempenho. O resultado se deve em parte as boas propriedades de robustez do
controle LQR. O controle LQR e uma alternativa atraente devido a otimalidade. A
escolha de ponderacoes para o estado e controle, permite ao projetista um projeto
de controle com base em informacoes e especificacoes dos atuadores e respectivas
faixas de operacao. Um menor esforco para o ajuste dos ganhos Qc e Rc tambem e
conseguido, atraves do algoritmo apresentado, Equacao (6.17).
136
Figura 7.30- Rotacoes por minuto das rodas de reacao e velocidades angulares ωbib
e ωbob.
7.3.2 Controle PD
Os ganhos para o controlador PD foram obtidos usando a metodologia LQ, Secao
(6.2.1). A lei de controle PD, obtida na Secao (6.3.2), equacoes (6.47), (6.39) e (6.49)
podem ser reescritas como
u = Kp
φ− φr
θ − θr
ψ − ψr
+ Kd
φθψ
(7.13)
Onde as matrizes Kp e Kd sao as matrizes com os ganhos proporcionais e derivativos,
respectivamente. Os ganhos do controlador PD obtidos sao
Kp =
−0.0286 0.0000 0.0000
0.0000 −0.0286 0.0000
0.0000 0.0000 −0.0286
(7.14)
137
e
Kd =
−0.8476 0.0000 6.2714 · 10−5
0.0000 −0.9180 0.0000
8.1064 · 10−5 0.0000 −0.9510
(7.15)
A Figura (7.31) mostra os angulos de atitude durante o modo de aquisicao. O
resultado mostra um bom desempenho do sistema do controle, a partir dos ga-
nhos Kp e Kd usados para o controlador PD. A partir de 200 segundos o satelite
ja atinge a precisao requerida (< 1o) para a atitude especificada ou de referencia
(φr, θr, ψr) = (−60, 70, 130). Novamente foi usado o modelo completo (nao linear),
nas simulacoes.
Figura 7.31- Angulos de Euler em funcao do tempo.
A Figura (7.32) mostra o torque gerado pelas tres rodas de reacao. O primeiro grafico
mostra o torque (τ bw) gerado pelas rodas dispostas nas tres direcoes principais de
inercia. O segundo grafico mostra o torque de acoplamento devido ao movimento
de rotacao do satelite. O torque efetivo de controle e a soma dos dois torques. O
ultimo grafico mostra a quantidade de movimento angular das rodas. Note que as
tres rodas ao longo dos eixos de roll, pitch e yaw apresentam uma quantidade de
138
movimento angular nominal diferente de zero, fornecendo rıgidez giroscopica ao sis-
tema durante a manutencao da atitude de referencia. O resultado mostra que mesmo
para manobras de grandes angulos nao ha saturacao de quantidade de movimento
angular das rodas (hw < 12Nms), ficando abaixo desse valor. O primeiro grafico
mostra que nao ocorre saturacao do esforco de controle (τ bw < 75mNm), chegando a
um valor maximo no eixo de yaw de ∼= 60mNm. Esse resultado mostra que as rodas
especificadas para o satelite EQUARS podem ser usadas para realizar manobras
de grandes angulos, ou seja, ser usadas para aquisicao de uma atitude arbitraria.
Figura 7.32- Torque τ bw, torque de acoplamente e quantidade de movimento an-
gular das rodas em funcao do tempo.
A Figura (7.33) mostra as rotacoes por minuto de cada uma das rodas e as veloci-
dades angulares ωbib e ωb
ob. Na manutencao da atitude de referencia as velocidades
das rodas sao nominalmente diferentes de zero.
O resultados obtidos mostram que e factıvel o uso das rodas especificadas (Tabela
7.1), para o modo de aquisicao do satelite EQUARS. Uma das vantagens no uso
do controlador PD em relacao ao LQR e usar como realimentacao apenas a atitude.
Entretanto, tem como incoveniente a derivacao dos sinais. A metodologia LQ usada
para selecao/ajuste dos ganhos mostra-se muito pratica para o controle PD.
139
Figura 7.33- Rotacoes por minuto das rodas e velocidades angulares ωbib e ωb
ob emfuncao do tempo.
140
CAPITULO 8
CONCLUSAO
Nesse Capıtulo apresentam-se as principais conclusoes relacionadas aos resultados
obtidos, encerrando com sujestoes para trabalhos futuros.
Nesse trabalhos apresentou-se um estudo de alternativas de sistemas de controle
(ACSs) para satelites artificiais estabilizados em tres eixos. Os procedimentos ado-
tados foram: 1) satelite utilizando rodas e bobinas como atuadores e 2) satelite
utilizando apenas bobinas magneticas. Para cada um dos procedimentos analisou-se
a exequibilidade dos ACS(s) para os dois principais modos de operacao estudados:
1) detumble, 2) estabilizacao. As leis de controle empregadas para esses modos foram
LQR, LQG e controladores baseados em energia (Bdot, realimentacao de atitude e
velocidade angular). Os metodos LQR e LQG resultam em projetos lineares e os re-
guladores baseados em energia resultam em projetos nao lineares. Apesar do projeto
linear os metodos LQR e LQG foram aplicados a dinamica nao linear, apresentando
bons resultados, no que se refere ao desempenho e robustez, tambem fornecendo
boas margens de ganho e de fase.
A Tabela (8.1) resume as diferentes configuracoes dos ACS(s) estudados e as dife-
rentes estrategias de controle.
Tabela 8.1- Alternativas para o ACS.
Modo ACS Lei de controle
Detumble bobinas Bdot
Rodas e bobinas Bdot
Estabilizacao Rodas e bobinas LQR
Rodas e bobinas LQG
Bobinas LQR
Bobinas Realimentacao de velocidade angular
Bobinas Realimentacao de atitude
Aquisicao Rodas e Bobinas PD
Rodas e Bobinas LQR tracking
A lei de controle Bdot utilizada no modo de detumble, apresentou um bom resul-
141
tado em termos de tempo, reduzindo a velocidade de rotacao do satelite para um
nıvel tıpico admissıvel (< 0.01rpm), colocando o satelite em condicoes de inicializar
o modo de estabilizacao. A partir de uma velocidade crıtica ∼= 2rpm(definida nesse
trabalho como a velocidade em que o ACS no modo de estabilizacao nao e apropri-
ado, devido a saturacao dos atuadores) a estrategia de controle leva aproximada-
mente quatro orbitas para atingir uma faixa de velocidades angulares admissıveis.
A estrategia de controle e factıvel de ser empregada, tomando como base a consumo
de energia dos atuadores e valores de saturacao. A analise de factibilidade do sis-
tema de controle foi feita com base na potencia especificada para satelites tıpicos do
EQUARS. A lei de controle e facil de ser implementada e nao requer informacoes
ou conhecimento da atitude do veıculo, mas apenas dados dos magnetometros. Ape-
sar das simulacoes terem avaliado uma condicao inicial de velocidade angular crıtica
de ∼= 2rpm, ela pode ser maior dependendo do veıculo lancador. Entretanto, o con-
trolador Bdot ainda pode ser usado, se o requisito de tempo nao for muito estreito,
pois exigiria um tempo maior para a reducao da velocidade angular.
Para o modo de estabilizacao foram comparados o uso de bobinas e rodas. Na
utilizacao de rodas foram analisadas tres cenarios: 1) com velocidade residual de
rotacao nula (ωbib = [0, 0, 0]Tgraus/s), 2) com velocidade quase crıtica (ωb
ib =
[6, 6, 6]Tgraus/s) e 3) com velocidade crıtica (ωbib = [10, 10, 10]Tgraus/s). Os re-
sultados mostram que para o primeiro caso o sistema de controle consegue atender
os requisitos de operacao muito bem, nao ocorrendo saturacao na velocidade da ro-
das nem em esforco de controle ou torque. Para o segundo caso mesmo ocorrendo
saturacao no torque o sistema de controle consegue estabilizar a atitude e reali-
zar a manutencao ou o alinhamento com a VLHL. Para o terceiro caso o sistema
de controle desestabiliza a atitude devido a saturacao nos atuadores. Uma solucao
para esse problema seria ajustar os ganhos do controlador atraves das matrizes de
ponderacao do estado e controle (Qc e Rc), Diminuindo o esforco de controle e au-
mentado o tempo para estabilizacao que nos casos 1 e 2 estudados e relativamente
rapido (< 200s).
O metodo LQR desenvolvido para os dois modelos: satelite equipado com rodas e
satelite equipado com bobinas, atende as especificacoes do sistema de controle em
ambos os casos. As principais caracterısticas apresentadas pelo metodo sao: controle
otimo, robustez, facil implementacao, ponderacoes no estado e controle permitindo
ao projetista um maior sentimento fısico do problema. A principal desvantagem do
142
metodo e o esforco computacional para o caso de sistema variantes no tempo, como
e o caso do satelite equipado com bobinas. Entretanto isso pode ser contornado
estocando-se um ganho previamente calculado que, devido a quase periodicidade
do campo geomagnetico, o ganho e quase periodico, com mostrado nas simulacoes.
Outro importante resultado e que, devido a robustez do metodo ele se mostra efi-
ciente quando aplicado para o sistema nao linear. No metodo LQR e necessario
conhecer todos os estados para a realimentacao, caso nao seja possıvel medir todos
os estados podemos usar um controlador baseado em observador como e o caso do
metodo LQG. Para o metodo LQG implentado para o satelite equipado com ro-
das, considerou-se um modelo com incertezas estocasticas na saıda e na dinamica,
tornando o estudo mais realista. As medidas dos sensores foram corrompidas com
ruıdos de distribuicao gaussiana, a partir dos ajustes do filtro de Kalman obtemos
uma boa estimacao do estado, como pode se ver nos resultados das simulacoes. Ape-
sar da perda de robustez que a insercao do filtro pode causar os resultados mostram
um desempenho proximo do obtido pelo metodo LQR, o que evidencia que a selecao
das ponderacoes do controle sugeridas por Kristiansen (2000) e conveniente.
Os controladores baseados em energia usando realimentacao de atitude e velocidade
angular, para o modo de estabilizacao, mostram-se eficientes, apresentando como
vantagem a simplicidade na implementacao. A lei de controle utilizando apenas
realimentacao de velocidade angular nao garante, para outras condicoes iniciais, a
estabilizacao e o controle em tres eixos de interesse, sendo necessario informacoes da
atitude. Entretanto ainda e uma alternativa que deve ser considerada, para os casos
em que nenhuma informacao da atitude e disponıvel para o sistema de controle. Os
resultados mostram que a lei de controle apresentada e uma boa alternativa para
o sistema de controle com realimentacao de velocidade angular e atitude, obtendo
um desempenho razoavel para o controle em tres eixos. Em ambos os casos o uso
de bobinas apresenta uma opcao atrativa devido ao baixo consumo de energia. Uma
vantagem em relacao a metodologia LQR e que mesmo sob manobras de grandes
angulos, a eficiencia do sistema de controle de atitude na estabilizacao do sistema e
garantida.
Realizou-se o estudo de viabilidade do uso de rodas para manobras de grandes
angulos durante o modo de aquisicao. Para esse modo de operacao as leis de con-
trole empregadas foram: 1) LQR tracking e 2) controle PD. Para o controle PD
foi utilizado a metodologia LQ para o calculo dos ganhos do controlador. As si-
143
mulacoes mostram desempenhos muito proximos dos dois controladores devido ao
uso da metodologia LQ para o controlador PD. O metodo LQR utiliza o estado como
realimentacao e o PD apenas informacoes da atitude, entretanto tem a desvantagem
de necessitar derivar esses sinais. Os resultados mostram que e viavel e factıvel o uso
das rodas especificadas para manobras de aquisicao. E mesmo para as manobras de
grandes angulos os controladores que sao baseados na planta linear apresentam um
bom desempenho.
Finalizando esse trabalho contribuiu para a area de dinamica e controle de atitude
no sentido de que:
• apresenta um estudo de referenciais e parametros mais usados para representar
a atitude;
• apresenta o modelo matematico da dinamica de atitude para veıculos espaciais
contendo rodas de reacao e bobinas magneticas;
• discute e apresenta as tecnicas de controle otimo (LQR, LQR tracking e LQG)
bem como as leis de controle desenvolvindas pelo metodo de energia;
• desenvolve as leis de controle utilizando as tecnicas referidas no ıtem anterior
para aplicacao de dois conceitos de sistemas de controle para satelites estabi-
lizados em tres eixos. Um procedimento que utiliza uma combinacao de rodas
de reacao e bobinas magneticas como atuadores e outro que utiliza somente
bobinas magneticas com atuadores;
• simula em ambiente MATLAB/SIMULINK o controle de satelites estabiliza-
dos em tres eixos, utilizando diferentes leis de controle para as concepcoes de
sistemas de controle;
• disponibiliza um pacote de sofware desenvolvido na plataforma MA-
TLAB/SIMULINK que podera ser utilizado no futuro para o estudo de
dinamica e controle de atitude.
8.1 Sugestoes para Tabalhos Futuros
Referente ao modelo seria propoe-se alem do modelo do torque de gradiente de
gravidade os modelos dos torques de pressao de radiacao, arrasto atmosferico, dipolo
144
residual e o efeito jitter, associado a fontes de perturbacao interna. Outra sugestao
seria a implementacao do metodo LQG para o satelite equipado com bobinas e
a apresentacao rigorosa das provas de estabilidade para os controladores baseados
em energia usando a teoria de Lyapunov. Sugere-se tambem inserir um filtro para
estimacao dos dados dos magnetometros para o projeto do ACS que utiliza bobinas.
Para uma simulacao mais realista sugere-se:
• incluir o modelo da roda de reacao;
• incluir o modelo do magnetometro;
• testes de robustez atraves de Monte Carlo.
145
146
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Alfriend, T. K. Magnetic attitude control system for dual-spin satellite. AIAA
Journal, v. 13, n. 6, p. 817–822.
Arantes, J. G.; Fonseca, I. M. da. A comparasion between quaternions and euler
angles for satellite atittude dynamics. In: Coloquio Brasileiro de Dinamica
Orbital, 12, 2004. Ubatuba, SP. Anais... Ubatuba, SP: INPE, 2004.
Arantes, J. G.; Fonseca, I. M. da. Three-axis attitude dynamics by using torque
coils only. In: Coloquio Brasileiro de Dinamica Orbital, 12, 2004. Ubatuba, SP.
Anais... Ubatuba, SP: INPE, 2004.
Ardebil. ASRI program. 2004. Disponıvel em:
<http://www.asri.org.au/ASRI/index.xml>. Acesso em: out 2004.
Athans, M. The role and use of stochastic linear quadratic gaussian problem in
control system design. IEEE Transactions on Automatic Control, v. 6, p.
529–552, 1971.
Auer, W. A. A double gimballed momentum wheel for precision three-axis
attitude control. In: AGARD Symposium Guidance and Control Panel, 37,
1983. Florence, Italy. Proceedings... Florence, Italy: AGARD, 1983.
Bang, M. J. T. H.; Choi, H. D. Large angle attitude control of spacecraft with
actuator saturation. Control engineering practice, n. 11, p. 989–997, 2003.
Beichman, C.; Neugebauer, G.; Chester, T. IRAS explanatory supplement.
2004. Disponıvel em: <http://irsa.ipac.caltech.edu/IRASdocs/iras.html>.
Acesso em: 10 Aug 2004.
Bhat, S. P.; Dham, A. S. Controllability of spacecraft attitude under magnetic
actuation. In: Conference on Decision and Control IEEE, 42, 2003. Maui,
Hawai, USA. Proceedings... Maui, Hawai, USA: IEEE, 2003.
Bishop, R. Modern control system analysis & design using Matlab &
Simulink. Mento Park, California: Eddison Wesley, 1997.
Brown, C. D. Spacecraft mission design. Reston, Virginia: Education Series
AIAA, 1998. 182 p.
147
Brown, R. G. Introduction to randon signals and applied Kalman filtering.
New York: John Wiley & Sons, 1997.
Bryson, A. E. Control of spacecraft and aircraft. New jersey: Princeton
University Press, 1994. 378 p.
Buckingham, O. V. A.; Smirnov, G. V. Magnetic torques for momentum
desaturation of space station control moment gyros. Journal Spacecraft,
v. 9, n. 6, p. 324–330, 1972.
Bushenkov, M. Y. O. A. V.; Smirnov, V. G. Attitude stabilization of a satellite by
magnetic coils. Acta Astronautica, v. 50, p. 721–728, 2002.
Carrara, V. Modelagem das forcas e torques atuantes em satelites. 1982.
153 p. (INPE–2454–TDL/094). Dissertacao (Mestrado em Ciencia Espacial),
INPE, Sao Jose dos Campos. 1982.
Carvalho, H. de C. EQUARS mission analysis. Sao Jose dos Campos, INPE,
2003. 40 p. (E2000-TRP-001v00).
Chobotov, V. A. Orbital mechanics. Reston, Virginia: Education Series AIAA,
1996. 447 p.
Clausen, L. T. The Orsted satellite project. 2004. Disponıvel em:
<http://web.dmi.dk/fsweb/projects/oersted/homepage.html>. Acesso em: jan
2004.
Cohen, V. D. Attitude dynamics of an orbiting electromagnet. Journal
Spacecraft, v. 11, p. 252–256, 1973.
Distefano, A. R. S. J. J.; Willians, I. J. Sistemas de retroacao de controle. Sao
Paulo: McGRAW-HILL, 1972. 478 p.
Dorato, C. A. P.; Cerone, V. Linear quadratic control an introdution.
Englewood Cliffs: New Jersey: Prentice Hall, 1995. 205 p.
Doyle, J. C. Guaranteed margins for lqg regulators. IEEE Transactions on
Automatic Control, v. 4, n. 23, p. 756–757, 1978.
El-Gohary, A. Optimal stabilization of a rigid body motion using rotors system.
Applied Mathematics and Computation, v. 136, p. 229–239, 2003.
148
Escobal, P. R. Methods of orbit determination. New York: John Wiley &
Sons, 1965.
Fauske, K. M. NCUBE attitude control. Norwegian, Trondhein: Departament
of Enginneering Cybernetics, NTNU, dec 2002.
Fauske, K. M. Attitude stabilization of an underactuated rigid spacecraft.
2003. 55 p. SIV.ING Thesis, (Departament of Engineering Cybernetics).
Norwegian University of Technology and Science, Trondheim, Norwegian. Jan
2003.
Fichter, M. S. W.; Zentcraf, P. Control design for generalized normal mode
operation of bias momentum satellites. Control Engeneering Practice,
v. 4, p. 1355–1360, 1996.
Flora, A. L. Projeto de um sistema de controle de atitude de um satelite
com apendices flexıveis pelos metodos LQG/LTR e H-Infinito. 1995.
223 p. Dissertacao (Mestrado em Ciencia Espacial), INPE, Sao Jose dos
Campos.
Gokcev, P. T. M. C.; Meerkov, S. M. An lqr/lqg theory for system with saturation
actuators. Transactions on Automatic Control, v. 46, n. 10, p. 1529–1542,
2001.
Grassi, S. V. M.; Moccia, A. Preliminary design of the attitude control system of a
microsatellite for earth observation. Space Technological, Biarritz, France,
v. 15, p. 223–230, 1995.
Gurman, J. B. The SOHO solar cycle mission. 2004. Disponıvel em:
<http://sohowww.nascom.nasa.gov/publications>. Acesso em: sep 2004.
Hamzah, N.; Hashida, Y. Tiungsat-1 momentum wheel commissioning. In: World
Engineering Congress, 1, 1999. Kuala Lumpur. Proceedings... Kuala
Lumpur: World Eng. Cong., 1999.
Hanselman, D.; Littlefield, B. Matlab 6 curso completo. Sao Paulo: Prentice
Hall, 2003. 676 p.
Hanselman, D. C.; Benjamin, C. K. MATLAB tools for control system
analysis and design. Englewood Cliffs: New Jersey: Princeton-Hall, 1994.
149
Hegrenes, O. Attitude control by means of explicit model predictive
control, via multi-parametric quadratic programming. 2004. 120 p.
Thesis (Engineering Cybernetics), Trondheim Norwegian. 2004.
Heidelberg. Computers, displays and space products. 2004. Disponıvel em:
<http://www.teldix.de/>. Acesso em: ago 2004.
Hughes, P. C. Spacecraft attitude dyanmics. New York: John Wiley & Sons,
1986. 564 p.
Junkins, J. L.; Carrington, C. K. Time optimal magnetic attitude maneuvers. In:
IAA/AAS Astrodynamics conference, 11, 1980. USA. Proceedings... USA:
IAA/ASS, 1980.
Junkins, J. L.; Turner, J. D. Optimal spacecraft rotational maneuvers. New
York: Elsevier Science Publishers B. V., 1986. 515 p.
Kaplan, M. H. Modern spacecraft dynamic & control. New York: John Wiley
& Sons, 1976. 415 p.
Khalil, H. K. Nonlinear system. [S.l.: s.n.], 2000.
Kim, H. L. B. J.; Choi, S. D. Three axis reaction wheel attitude control
system for KITSAT-3 microsatellite. Taejon, Korea: Sattelite Technology
Reserch Center, KAIST, 1999.
Kirk, D. E. Optimal control theory: an introduction. Englewood Cliffs: New
Jersey: Princeton Hall, 1970.
Kristiansen. Norwegiann micro salellite. 2000. Thesis (Engineering
Cybernetics), Trondheim Norwegian. 2000.
Kuga, H. K.; Guedes, U. T. V. Dinamica de atitude para satelites
estabilizados por rotacao. Sao Jose dos Campos, SP, 1987.
(INPE-4403-TVTE/275).
Kuga, H. K.; Kondapalli, R. R. Introducao a mecanica orbital. Sao Jose dos
Campos, 1995. 73 p. (INPE-5615-PUD/064).
Kuga L. D., F. H. K.; Guedes, U. T. V. Simulacao de atitude de manobras
para o satelite brasileiro estabilizado por rotacao. Sao Jose dos
Campos, SP, 1987. (INPE-4271-PRE/1143).
150
Kwakernaak, H.; Sivan, R. Linear optimal control system. New York: John
Wiley & Sons, 1972. 564 p.
Larson, W. J.; Wertz, J. R. Space mission analysis and design. Torance,
California: Space Technology Series, 1992. 865 p.
Legg, V. E. Survey of magnetic material and applications in the
telephone system. 2003. Disponıvel em:
<http://www.telepsystem.com/reporter/index.xml>. Acesso em: dez 2003.
Levine, S. W.; Leonard, N. E. Using Matlab to analyse and control system.
New York: Addison Wesley Publishing, 1995.
Maciejowski, J. M. Multivariable feedback design. New York: Addison Wesley
Publishing, 1989.
Macmillan, S.; Quinn, J. M. The derivation of world magnetic model 2000.
London: British Geological Survey, 2000. 278 p. (Geomagnetism Series –
WM/00/17R).
Marteau, P. P. F.; Psiaki, M. Active magnetic control system for gravity gradient
stabilized spacecraft. In: Annual AIAA/USU conference for small satellites, 2,
1988. Logan (Utah), USA. Proceedings... Logan (Utah), USA: AIAA, 1988.
Marteau, S. B. G. F.; Rogers, E. Attitude determination and control for small
spacecraft. In: UKACC International Conference on Control, 13, 1996. U.K.
Proceedings... U.K.: IEE, 1996.
Martins Neto, A. F. Atitude e seu controle. In: Kuga, A. F. B. de A. P. . H. K.
(Ed.). Fundamentos de tecnologia espacial. Sao Jose dos Campos, INPE:
INPE, 2001. v. 1, p. 65–79.
Mclean, S. The world magnetic model and associated software.
Washington, D.C., National Oceanic & Atmospheric Administration (NOAA).
Disponıvel em: <http://www.ngdc.noaa.gov>. Acesso em: out 2004.
Moore, J. B.; Anderson, D. O. B. Optimal control linear quadratic methods.
Englewood Cliffs: New Jersey: Princeton Hall, 1990. 380 p.
Moscati, N. R. Projeto de um sistema de controle de atitude (tres eixos)
de satelites utilizando a metodologia LQG/LTR. 1992. 218 p.
151
(INPE–5473–TDI/504). Dissertacao (Mestrado em Ciencia Espacial), INPE,
Sao Jose dos Campos. 1992.
Musser, L. K.; Ebert, L. W. Autonomous spacecraft attitude control using
magnetic torquing only. In: AIAA Guidance, Navigation, and Control
Conference, 12, 1989. NASA Goddard Space Flight Center, Greenbelt.
Proceedings... NASA Goddard Space Flight Center, Greenbelt: NASA,
1989. p. 23–38.
Ogata, K. Engenharia de controle moderno. Rio de Janeiro: LTC - Livros
Tecnicos e Cientıficos Editora, 1998. 812 p.
Overby, E. J. Attitude control for the norwegian student satellite nCube.
2004. 74 p. Thesis (Engineering Cybernetics), Trondheim Norwegian. 2004.
Perkel, H. Stabilite - three axis attitude control system utilizing a single reaction
wheel. In: AIAA Comunication Satellite System Conference, 1, 1966.
Washington, D.C. Proceedings... Washington, D.C.: AIAA, 1966. p.
375–400.
Pilchowski, C. C. W. S. H. U.; Ferreira, D. D. L. Introducao a mecanica
celeste. Sao Jose dos Campos, INPE, 1981. (INPE-COM.4/RPE
C.D.U.:521.3).
Pilchowski, H. U. Sensores de atuadores. In: Kuga, A. F. B. de A. P. . H. K. (Ed.).
Fundamentos de tecnologia espacial. Sao Jose dos Campos: INPE, 2001.
v. 1, p. 50–64.
Psiaki, L. M. Magnetic torquer attitude control via asymptotic periodic linear
quadratic regulation. Journal of Guidance, Control, and Dynamics,
v. 24, p. 386–394, 2001.
Quirelli, I. M. P. Spin stabilized satellite attitude propagation. 2002. Master
Thesis, UNESP, Guaratingueta, SP. 2002.
Rodrigues, D. S. S.; Zanardi, M. C. Spacecraft attitude propagation with different
representation. In: Kuga, A. F. B. de A. P. . H. K. (Ed.). Advances in space
dynamics 4: celestial mechanics and astronautics. Sao Jose dos Campos:
INPE, 2004. v. 1, p. 143–150.
152
Roma, A. M. Analise dinamica e controle de um satelite artificial com
paıneis solares flexıveis. 1991. 177 p. (INPE–5220–TDL/436). Dissertacao
(Mestrado em Ciencia Espacial), Sao Jose dos Campos. 1991.
Shigehara, M. Geomagnetic attitude control of an axisymemtric spinning satellite.
Journal Spacecraft, v. 9, n. 6, p. 623–635, 1972.
Silani, E.; Lovera, M. Magnetic spacecraft attitude control survey and some new
results. Control Engineering Practice, v. 1, p. 1, 2003.
Souza, L. C. G. Controle de atitude de um satelite artificial atraves da
extensao da teoria do regulador linear quadratico. 1987. 60 p.
(INPE–4407–TDL/304). Dissertacao (Mestrado em Ciencia Espacial), INPE,
Sao Jose dos Campos. 1987.
Souza, M. L. O. Estudo e desenvolvimento de um sistema de controle de
atitude ativo em tres eixos para satelites artificiais usando atuadores
pneumaticos a gas frio e volantes a reacao. 1981.
(INPE–2000–TDL/042). Dissertacao (Mestrado em Ciencia Espacial), INPE,
Sao Jose dos Campos. 1981.
Souza, P. N. Analise, projeto, construcao e testes de um modelo de roda
de reacao para aplicacoes espaciais. 1987. 185 p. (INPE–4358–TDL/299).
Dissertacao (Mestrado em Ciencia Espacial), INPE, Sao Jose dos Campos.
1987.
Spencer, T. M. Automatic magnetic control of a momentum-biased observatory in
equatorial orbit. Journal Spacecraft, v. 14, n. 4, p. 211–218, 1977.
Spindler, K. Single attitude control laws for momentum-wheel actuated spacecraft.
In: International Symposium Space Dynamics, 14, 2000. Biarritz, France.
Proceedings... Biarritz, France: AIAA, 2000.
Tamura, T. ASCA Measurements of the Gravitational Potential Profile in
the Central Region of Galaxy Clusters. Tese (Ph.D Thesis) — Graduate
School of Science, University of Tokyo, Tokyo. 1998.
Trivelato, G. da C. Controle de rodas de reacao atraves de tecnicas digitais
usando modelos de referencia. 1988. 209 p. (INPE–4618–TDL/335).
Dissertacao (Mestrado em Ciencia Espacial), INPE, Sao Jose dos Campos.
1988.
153
Ulrich, H. Satelites Artificiais movimento de atitude. Notas de aula. 2004.
Varatharajoo, R.; Fasoulas, S. The combined energy and attitude control
system for small satellites earth observation missions. Boston, USA:
Sattelite Technology Reserch Center, 1975.
Wang, P.; Shtessel, B. Y. B. Satellite attitude control using only magnetictorques.
In: AIAA Guidance, Navigation, and Control Conference, 12, 1998. Boston.
Proceedings... Boston: AIAA, 1998.
Wells, L. S. J. G.; Jeans, T. Canada’s smallest satellite: The canadian advanced
nanospace experiment (canx-1). In: Annual AIAA/USU Conference on Small
Satellites, 16, 2002. Logan, Utah. Proceedings... Logan, Utah, 2002.
Wertz, J. R. Spacecraft attitude determination and control. London,
England: D. Reideil Publishing Company, 1978. 861 p.
Whitford, C.; Forrest, D. The catsat attitude control system. In: AIAA/USU
Conference on Small Satellites, 12, 1998. USA. Proceedings... USA: AIAA,
1998.
Wie, B. Space vehicle dynamics and control. Reston, Virginia: AIAA
Education Series, 1998. 661 p.
Wie, H. W. B.; Arapostathis, A. Quaternion feedback regulator for spacecraft
eigenaxis rotaions. Journal of Guidance, Control and Dynamics, v. 12,
n. 3, p. 375–380, 1989.
Wie, P. M. B. B. Quaternion feedback for spacecraft large angle maneuvers.
Journal of Guidance, Control and Dynamics, v. 3, n. 3, p. 360–365,
1985.
Wilson, D. Attitude and Orbit Control Using the Spacecraft Control
Toolbox v4.6. Princeton - New Jersey, Dec 2000.
Wisniewski, R. Satellite attitude control using only electromagnetic
actuation. Tese (Ph.D Thesis) — Aalborg University, Departament of
Control Engineering, Danish. 1996.
Wisniewski, R. Linear time varying approach to satellite control using only
electromagnetic actuation. AIAA Guidance, navigation control, v. 11, p.
243–251, 1997.
154
Wisniewski, R.; Blanke, M. Fully magnetic attitude control for spacecraft subject
to gravity gradient. Automatica, v. 35, p. 1201–1214, 1999.
Wisniewski, R.; Markley, F. L. Optimal magnetic attitude control. In: IAFC
World Congress, 14, 1999. USA. Proceedings... USA: IAFC, 1999. p.
313–318.
Wright, P. S.; Wong, H. S. An overview of sensors in spacecraft engineering.
New York, USA: Sattelite Technology Reserch Center, 1989.
Yairi, T. On-board reconfigurable attitude control system with optimazation. In:
International Symposium on Space Technology and Science,19,1994.
Yokohama, Japan. Proceedings... Yokohama, Japan: ISTS, 1994.
Zanardi, M. C.; Assis, S. C. de; Kuga, H. K. Torque residual medio com modelo
de quadripolo. In: Congresso Tematico de Dinamica, Controle e Aplicacoes, 3,
2004. Ilha Solteira - SP. Anais... Ilha Solteira - SP: Serie Arquimedes, 2004.
Zanardi, M. C.; Quirelli, I. M. P.; Kuga, H. K. Analytical attitude propagation of
the spin stabilized earth artificial satellite. In: International Symposium of
Space Flight Dynamics, 17, 2003. Moscou - Russia. Proceedings... Moscou -
Russia: CD-ROM, 2003.
Zanardi, M. C.; Quirelli, I. M. P.; Kuga, H. K. Torques magneticos: Aplicacoes a
satelites estabilizados por rotacao. In: Congresso Tematico de Dinamica,
Controle e Aplicacoes, 2, 2003. Sao Jose dos Campos - SP. Anais... Sao Jose
dos Campos - SP: Serie Arquimedes, 2003. p. 3167–3176.
155
156
APENDICE A
CALCULO DO GRADIENTE DE GRAVIDADE
No desenvolvimento do modelo do torque devido ao gradiente de gravidade
consideram-se as seguintes aproximacoes, validas para satelites em orbita da Terra
em sua maioria.
• somente o campo gravitacional da Terra e considerado;
• a Terra e considerada esferica com distribuicao de massa uniforme;
• as dimensoes do satelite sao pequenas em comparacao com a distancia Terra
- satelite;
• o satelite e um corpo simples .
A partir das aproximacoes 1, 2 e 3 o torque devido ao gradiente de gravidade pode
ser expresso por
τ g = −µ∫
sat
r×R
R3dm (A.1)
onde µ e a constante geo-gravitacional, R e o vetor distancia do centro da Terra
ao elemento de massa dm do satelite e r e o vetor distancia do centro de massa do
satelite ao elemento de massa dm. Tem-se que
R = |Rs + r| (A.2)
onde Rs e o vetor distancia do centro de massa do satelite ao centro de massa da
Terra.
Substituindo a Equacao (A.2) em (A.1), expandindo o termo |Rs + r|−3 em serie
de Taylor e desprezando os termos de ordem igual e superior a dois, O(
|r||Rs|
)2
,
admissıvel com base na aproximacao 4 ( |r||Rs| << 1) obtemos
157
τ g =µ
R5s
∫sat
(Rs · r) (r×Rs) dm (A.3)
Manipulando a Equacao (A.3) como segue (Wie, 1998)
τ g = −3µ
R5s
Rs ×∫
sat
r (r ·Rs) dm (A.4)
= −3µ
R5s
Rs ×∫
sat
rrdm ·Rs (A.5)
Usando a notacao dyadic, pormenorizadas em Hughes (1986) e Wie (1998), o tensor
de inercia pode ser escrito como
J =
∫sat
(r2I− rr
)(A.6)
onde I = xx+ yy+ zz e o dyadic unitario, e x, y e z sao os vetores unitarios/versores
que formam a base do sistema do satelite.
Substituindo (A.6) na Equacao (A.5), temos
τ g = −3µ
R5s
Rs ×[∫
sat
r2I− J
]·Rs (A.7)
= −3µ
R5s
Rs ×∫
sat
r2Idm ·Rs + 3µ
R5s
Rs × J ·Rs (A.8)
de (A.6) e da relacao I ·Rs = Rs obtemos
τ g = 3µ
R5s
Rs × J ·Rs (A.9)
158
O torque devido ao gradiente de gravidade pode ser expresso por
τ g = 3µ
R3s
Rs
Rs
× J · Rs
Rs
(A.10)
= 3µ
R3s
Rs × J · Rs (A.11)
onde Rs e o vetor unitario na direcao Rs. Escrevendo o torque de gradiente de
gravidade no referencial orbital ou VLHL, resulta
τ og = 3
µ
R3s
zo × J · zo (A.12)
onde zo e o vetor intario na direcao nadir/vertical local.
A velocidade orbital media e dada por
ωo =
õ
R3s
(A.13)
Substituindo na Equacao (A.12) obtemos
τ og = 3ω2
o zo × J · zo (A.14)
Usando a notacao do operador anti-simetrico para o produto vetorial, reescrevemos
a Equacao (A.14)
τ og = 3ω2
oS (zo)J · zo (A.15)
Expressando o vetor unitario zo no referencial do satelite (x, y, z) temos
159
zo = cb3xx + cb3yy + cb3zz (A.16)
onde cb3i, (i = x, y, z) sao os cosenos diretores do vetor initario zo nas direcoes x, y, z.
Desenvolvendo a Equacao (A.15)
τ bg = 3ω2
o
0 −cb3z cb3y
cb3z 0 −cb3x
−cb3y cb3x 0
J
cb3x
cb3y
cb3z
(A.17)
Como os eixos do sistema de referencia do satelite coincide com os eixo principais
de inercia, temos que os produtos de inercia sao zeros, temos que a Equacao (A.17)
resulta
τ bg = 3ω2
o
0 −cb3z cb3y
cb3z 0 −cb3x
−cb3y cb3x 0
c
b3xJx
cb3yJy
cb3zJz
(A.18)
Desenvolvendo a Equacao (A.18) obtemos o modelo do torque de gradiente de gra-
vidade expresso no referencial do satelite
τ bg = 3ω2
o
(Jz − Jy) cb3yc
b3z
(Jx − Jz) cb3xc
b3z
(Jy − Jx) cb3xc
b3y
(A.19)
Podemos escrever o gradiente de gravidade em termos dos angulos de Euler/de
atitude; roll (ψ), pitch (θ) e yaw (φ) como segue
Para a sequencia de rotacao 3− 2− 1 os cosenos diretores cb3 sao dados por (Wertz,
1978)
160
cb3x = − sin θ (A.20)
cb3y = sinφ cosψ (A.21)
cb3z = cosφ cosψ (A.22)
Substituindo na Equacao (A.19) obtemos o modelo do torque de gradiente de gra-
vidade em funcao dos angulos de Euler
τ bg = 3ω2
o
(Jz − Jy) sinφ cosφ cos θ2
(Jx − Jz) cosφ cos θ sin θ
(Jy − Jx) sinφ sin θ cos θ
(A.23)
Usando a Equacao (4.11) do Capıtulo (4), Secao (4.2.2), podemos expressar o gra-
diente de gravidade em funcao dos parametos de Euler/quaternions como
τ bg = 6ω2
o
(Jz − Jy) (ε1η + ε2ε3) (1− 2ε21 − 2ε22)
(Jx − Jz) (ε1ε3 − ε2η) (1− 2ε21 − 2ε22)
2 (Jy − Jx) (ε1ε3 − ε2η) (ε1η + ε2ε3)
(A.24)
Linearizacao da Expressao do Torque de Gradiente de Gravidade
No modo de operacao onde sao realizadas manobras de pequenos angulos, e razoavel
aproximar as equacoes por equacoes lineares, validas em torno de um ponto de
operacao. Considerando θ, φ e ψ menores que ate 15 graus, podemos fazer as se-
guintes aproximacoes sinφ ≡ φ, sin θ ≡ θ, cos θ ≡ 1 e θφ ≡ 0. Fazendo essas
aproximacoes, o modelo do torque de gradiente de gravidade, dado pela Equacao
(A.23) e aproximado por (Wie, 1998, Kaplan, 1976)
τ bg = 3ω2
o
(Jz − Jy)φ
(Jx − Jz) θ
0
(A.25)
161
Em termos dos parametros de Euler o modelo do torque de gradiente de gravidade
pode ser aproximado por
τ bg = 3ω2
o
(Jz − Jy) 2ε1
(Jx − Jz) 2ε2
0
(A.26)
162
APENDICE B
PROPAGACAO DA ORBITA E TRANSFORMACOES
Esse apendice descreve de maneira detalhada a teoria necessaria para o calculo da
propagacao da orbita Kepleriana (modelo de dois corpos). Sao descritas ainda as
transformacoes entre os diferentes referenciais envolvidos e o calculo da longitude,
latitude e altura do ponto sub-satelite. Todas as transformacoes e o calculo da orbita
sao implementados em MATLAB.
Para a propagacao do campo magnetico terrestre (modelo IGRF) e necessario in-
cluir:
• calculo/propagacao da orbita (Kepleriana);
• matriz de transformacao do sistema inercial para o sistema do satelite;
• obtencao da latitude, longitude e a altura do ponto sub-satelite;
A partir desses calculos podemos obter as componentes do campo magnetico terres-
tre, espressas no referencial do satelite.
Nota: O modelo IGRF, disponıvel nas linguagens C e FORTRAN foi con-
vertido para ambiente MATLAB e SIMULINK, usando S-functions. Detalhes
desse procedimento e encotrado na documentacao da mathworks, disponıvel em
www.mathworks.com .
B.1 Calculo da Orbita
B.1.1 Posicionamento de Satelites - Problema Direto
O problemo direto consiste em dados os elementos Keplerianos (a, e, i, ω,Ω,M) de-
terminar a posicao do satelite em coordenadas cartesianas X = [Xi Zi Zi]T (Kuga
e Kondapalli, 1995). Onde X e o vetor posicao no referencial inercial (ECI).
163
Figura B.1- Referenciais (inercial, da orbita) e os elementos Keplerianos (i, ω,Ω).
Pela Figura (B.1) pode-se notar que os elementos Keplerianos que representam os
angulos de Euler sao:
• Ω e a ascensao do nodo ascendente 0o ≤ Ω ≤ 360o;
• i e a inclinacao da orbita em relacao ao equador −90o ≤ i ≤ 90o;
• ω e o argumento do perigeu 0o ≤ ω ≤ 360o.
Esses elementos Keplerianos definem a orientacao da orbita. Os elementos Kepleri-
anos (a, e) definem o tamanho e tipo (elıptica, circular, hiperbolica) da orbita.
Sistema da orbita (OOF): O sistema da orbita definido (Xo, Yo, Zo) e um sistema
de coordenadas com origem no centro de massa da Terra. O eixo Xo aponta na
direcao do perigeu Π, o eixo Zo aponta na direcao normal ao plano da orbita. O eixo
Yo e obtido pela regra da mao direita.
B.1.2 Equacao de Kepler
As coordenadas do satelite em relacao ao sistema da orbita sao dadas por
164
Xo = a (cosu− e) (B.1)
Yo = a√
1− e2 (sinu) (B.2)
Zo = 0 (B.3)
onde a e o semi-eixo maior, u e a anomalia excentrica e e e a excentricidade da
orbita.
A Equacao de Kepler e dada por (Brown, 1998)
M = u− e sinu (B.4)
onde M e a anomalia media dada por
M = n (t− to) (B.5)
n e o movimento medio, que e dado por
n =
õ
a3(B.6)
e
µ = GM (B.7)
onde G e a constante gravitacional e M a massa do corpo central. Para a Terra
temos µ = 398600.4km3
s2
165
B.1.3 Matriz de Rotacao
Dados os elementos orbitais (i,Ω, ω) temos que a matriz de transformacao/rotacao
que fornece as coordenadas do sistema inercial em funcao das coordenadas do sistema
da orbita e dada por (Kuga e Kondapalli, 1995).
R (i,Ω, ω) = RZo (−Ω)RXo (−i)RZo (−ω) (B.8)
Sendo a relacao/transformacao dos sistemas expressa por
Xi
Yi
Zi
= R (i,Ω, ω)
Xo
Yo
Zo
(B.9)
Temos, para cada sequencia de rotacoes, as matrizes
RZo (−ω) =
cosω − sinω 0
sinω cosω 0
0 0 1
(B.10)
RZo (−Ω) =
cos Ω − sin Ω 0
sin Ω cos Ω 0
0 0 1
(B.11)
RXo (−i) =
1 0 0
0 cos i − sin i
0 sin i cos i
(B.12)
Substituindo na Equacao (B.8) obtemos.
166
R (i,Ω, ω) =
cos Ω cosω − sin Ω cos i sinω − cos Ω sinω − sin Ω cos i cosω sin Ω sin i
sin Ω cosω + cos Ω cos i sinω − sin Ω sinω + cos Ω cos i cosω − cos Ω sin i
sin i sinω sin i cosω cos i
(B.13)
Portanto, de (B.1), (B.2), (B.3) e (B.13) em (B.9), obtemos as coordendas do satelite
no sistema inercial.
Xi
Yi
Zi
=
(cos Ω cosω − sin Ω cos i sinω)Xo − (cos Ω sinω − sin Ω cos i cosω)Yo
(sin Ω cosω + cos Ω cos i sinω)Xo − (sin Ω sinω + cos Ω cos i cosω)Yo
sin i sinωXo + sin i cosωYo
(B.14)
Orbita Circular
Para uma orbita circular temos que:
a = R⊗ + h (B.15)
e ∼= 0 (B.16)
ω = 0 (B.17)
Note que a referencia para o inıcio do calculo da orbita circular e tomado sobre o
nodo. R⊗ e o raio medio da Terra e h a altitude do satelite. Da Equacao de Kepler
(B.4) resulta.
M = u = f (B.18)
logo de (B.5) temos
167
u = n (t− to) (B.19)
onde n = ωo = velocidade orbital constante.
As equacoes (B.1), (B.2) e (B.3) se reduzem a
Xo = a cosu (B.20)
Yo = a sinu (B.21)
Zo = 0 (B.22)
e a matriz de transformacao (B.13) se reduz a
R (i,Ω, ω) =
cos Ω − sin Ω cos i sin Ω sin i
sin Ω cos Ω cos i − cos Ω sin i
0 sin i cos i
(B.23)
Substituindo na Equacao (B.9), obtemos as coordenadas dos satelite no sistema
inercial para o caso de uma orbita circular.
Xi
Yi
Zi
=
a cos Ω cos u− a sin Ω cos i sinu
a sin Ω cos u+ a cos Ω cos i sinu
a sin i sinu
(B.24)
A Tabela (B.1) apresenta o programa em MATLAB para a propagacao da orbita
circular.
168
Tabela B.1- Programa MATLAB para o calculo da orbita circular.
function [X] = SimOrbitaECI(par)
% by Gilberto Arantes 2004 INPE
%
% [X] = SimOrbitaECI(par) Propaga uma orbita circular
%
% Calculo da posicao do satelite no referencial ECI
%
% Input
% par = [ h i asc nodo u]
% h = altura do satelite (km)
% i = inclinacao da orbita (graus)
% asc nodo = ascensao do nodo ascendente (graus)
% u = anomalia excentrica (rad)
%
% Output
% X = vetor posicao no referencial inercial (km)
%
h = par(1);
i = par(2);
asc nodo = par(3);
u = par(4);
r = 6378 + h; % a = distancia do centro da Terra ao satelite em km
% Calculo da matriz de tranformacao do sistema orbital para o inercial (ref.: Kuga, 1995)
fator = pi/180;
a = 0; % Orbita circular: argumento do perigeu e zero
b = fator*i;
c = fator*asc nodo;
R = [(cos(c)*cos(a)-sin(c)*cos(b)*sin(a)) (-cos(c)*sin(a)-sin(c)*cos(b)*cos(a)) (sin(c)*sin(b))
(sin(c)*cos(a)+cos(c)*cos(b)*sin(a)) (-sin(c)*sin(a)+cos(c)*cos(b)*cos(a)) (-cos(c)*sin(b))
sin(b)*sin(a) sin(b)*cos(a) cos(b) ];
% Posicao no referencial orbital
xo = r*cos(u);
yo = r*sin(u);
zo = 0;
Xo=[xo;yo;zo]; % Coordenadas no Sistema da Orbita
% Posicao no referencial inercial ECI
X = R*Xo; % X = X [X Y Z]’
% end
B.2 Matriz de Rotacao do Sistema Inercial - Sistema do Satelite
O calculo da matriz de transformacao do sistema inercial ECI (definido em 4.1.1)
para o sistema do satelite e mostrado nessa Secao. As etapas do procedimento para
o calculo da matriz de transformacao sao:
• obtemos a matriz de transformacao do referencial inercial (ECI) para o pseudo
169
orbital (POF) (RPOFECI );
• obtemos a matriz de transformacao do referencial pseudo orbital (POF) para
o orbital (OF)(ROFPOF );
• obtemos a matriz de transformacao do referencial orbital (OF) para o sistema
do satelite (BF) (RBFOF ).
Obtida cada uma das matrizes de rotacao, temos que a matriz de transformacao do
sistema inercial para o sistema do satelite sera dada por
RBFECI = RBF
OF ROFPOFRPOF
ECI (B.25)
B.2.1 Matriz RPOFECI
Referencial pseudo orbital: O referencial pseudo orbital (POF) definido por(X
′o, Y
′o , Z
′o
)e um sistema de coordenadas com origem no centro da Terra. O eixo
X′o aponta na direcao do centro de massa do satelite, o eixo Z
′o aponta na direcao
normal a plano da orbita. O eixo Y′o e obtido pela regra da mao direita (Ulrich,
2004). Note que o referencial pseudo orbital e um referencial girante, assim como o
referencial orbital, definido em 4.1.2. A Figura (B.2) ilustra o referido referencial.
Figura B.2- Referencial inercial (ECI) e pseudo orbital (POF).
170
A partir da Figura (B.2) podemos ver que a sequencia de rotacoes que leva o sistema
inercial para o sistema pseudo orbital e dada por RZi(u)← RXi
(i)← RZi(Ω), ou
seja, primeira rotacao de um angulo Ω em torno do eixo Zi, segunda rotacao de um
angulo i em torno do eixo Xi e terceira rotacao de um angulo u em torno do eixo
Zi, essa sequencia e valida para uma orbita circular.
Temos para cada sequencia de rotacao
RZi(u) =
cosu sinu 0
− sinu cosu 0
0 0 1
(B.26)
RZi(Ω) =
cos Ω sin Ω 0
− sin Ω cos Ω 0
0 0 1
(B.27)
RXi(i) =
1 0 0
0 cos i sin i
0 − sin i cos i
(B.28)
Temos que a matriz de transformacao e dada por
R (i,Ω, u) = RZi(u)RXi
(i)RZi(Ω) (B.29)
onde
X′o
Y′o
Z′o
= R (i,Ω, u)
Xi
Yi
Zi
(B.30)
Substituindo a Equacao (B.26), (B.27) e (B.28) em (B.29), obtemos a matriz de
171
rotacao que leva o sistema inercial (ECI) para o sistema pseudo orbital (POF)
RPOFECI =
cosu cos Ω− cos i sinu sin Ω cos Ω cos i sinu+ cosu cos Ω sin i sinu
− cos Ω sinu− cos i cosu cos Ω cos Ω cos i cosu− sinu sin Ω sin i cosu
sin i sin Ω − cos Ω sin i cos i
(B.31)
B.2.2 Matriz ROFPOF
O referencial orbital foi definido em (4.1.2), a Figura (B.3) ilustra a orientacao do
referencial orbital em relacao ao referencial pseudo orbital, note que o referencial
pseudo orbital e representado no centro de massa do satelite.
Figura B.3- Orientacao do referencial orbital (OF) e do referencial pseudo orbital(POF).
A sequencia de rotacoes que descreve o referencial pseudo orbital em relacao ao
referencial orbital e RX′o(−90o)← RZ′
o(90o), onde
RZ′o(90o) =
0 1 0
−1 0 0
0 0 1
(B.32)
172
RX′o(−90o) =
1 0 0
0 0 −1
0 1 0
(B.33)
Temos que a matriz de transformacao e dada por
ROFPOF = RX′
o(−90o)RZ′
o(90o) (B.34)
onde
xo
yo
zo
= ROFPOF
X′o
Y′o
Z′o
(B.35)
Substituindo as equacoes (B.32) e (B.33) em (B.34), obtemos a matriz de trans-
formacao do referencial pseudo orbital para o referencial orbital
ROFPOF =
0 1 0
0 0 −1
−1 0 0
(B.36)
B.2.3 Matriz RBFOF
A matriz de rotacao do sistema orbital para o sistema do corpo e obtida a partir
dos angulos de atitude ou angulos de Euler. A sequencia de rotacoes escolhida foi
3− 2− 1, cuja matriz de atitude e dada por (Wertz, 1978)
173
RBFOF =
cos θ cosψ cos θ sinψ − sin θ
− cosφ sinψ + sinφ sin θ cosψ cosψ cosφ+ sinψ sin θ sinφ sinφ cos θ
sinψ sinφ+ cosφ sin θ cosψ − sinφ cosψ + cosφ sin θ sinψ cosφ cos θ
(B.37)
Matriz RBFECI
Substituindo as equacoes (B.31), (B.36) e (B.37) na Equacao (B.25), e com o auxılio
do manipulador simbolico do programa MATHEMATICA, obtemos finalmente a
matriz de transformacao do sitema inercial para o sistema do satelite.
RBFECI =
c11 c12 c13
c21 c22 c23
c31 c32 c33
(B.38)
com
c11 = −cθsisψsΩ− cθcψ (cΩsu− cicusΩ)− sθ (cisusΩ− cucΩ)
c12 = cθsisψcΩ + cθcψ (−sΩsu− cicucΩ)− sθ (−cisucΩ− cusΩ)
c13 = cucθsψsi+ sisusθ − cicθsψ(B.39)
que sao os cosenos diretores de Xi em relacao aos eixos do satelite (x, y, z)
c21 = −sisΩ (cφ+ sθsφsψ) + (cψsθsφ− cφsψ) (−cΩsu− cicusΩ) + cθsφ (−cucΩ + cisusΩ)
c22 = sicΩ (cφ+ sθsφsψ) + (cψsθsφ− cφsψ) (−sΩsu+ cicucΩ) + cθsφ (−cusΩ− cisucΩ)
c23 = −cθsisusφ+ cusi (cψsθsφ− cφsψ)− ci (cφcψ + sθsφsψ)
(B.40)
que sao os cosenos diretores de Yi em relacao aos eixos do satelite (x, y, z)
174
c31 = −sisΩ (−cψsφ+ cφsθsψ) + (cφcψsθ + sφsψ) (−cΩsu− cicusΩ) + cθcφ (cisusΩ− cucΩ)
c22 = sicΩ (−cψsφ+ cφsθsψ) + (cφcψsθ + sφsψ) (−sΩsu+ cicucΩ) + cθcφ (−cisucΩ− cusΩ)
c23 = −cθcφsisu− ci (cφsθsψ − cψsφ) + cusi (cφcψsθ + sφsψ)
(B.41)
que sao os cosenos diretores de Zi em relacao aos eixos do satelite (x, y, z)
A matriz RBFECI e usada para expressar o vetor campo magnetico, fornecido em
coordenadas inerciais, no sistema do satelite.
As Tabelas (B.2),(B.3) e (B.4) apresentam o programa em MATLAB para o calculo
da matriz RBFECI .
B.3 Calculo da Latitude, Longitude e Altura
Para o calculo da latitude, longitude e altura, primeiro expressamos a posicao do
satelite no referencial cartesiano geocentrico.
Referencial cartesiano terrestre ou geocentrico: (FG) (Xg, Yg, Zg) e um sis-
tema de coordenadas com origem no centro de massa da Terra. O eixo Xo aponta
na direcao do meridiano de Greenwich, o eixo Zo aponta na direcao normal ao plano
do equador. O eixo Yo e obtido pela regra da mao direita. A Figura (B.4) ilustra o
referencial inercial e o referencial cartesiano geocentrico (Kuga e Kondapalli, 1995).
Na Figura (B.4) θg e o tempo sideral de Greeenwich. O calculo do tempo sideral
de Greenwich e mostrado em Escobal (1965). A matriz de transformacao do sistema
inercial para o sistema cartesiano geocentrico e dada por (Pilchowski e Ferreira,
1981)
RFGECI (θg) =
cos θ sin θ 0
− sin θ cos θ 0
0 0 1
(B.42)
175
Tabela B.2- Programa MATLAB para o calculo de c1i, (i = 1, 2, 3) da matriz RBFECI .
function [R1] = ECI2BF X(par)
% by Gilberto Arantes 2004 INPE
%
% [R1] = ECI2BF X(par) Cosenos diretores X.x X.y X.z
%
% Calculo dos cosenos diretores
%
% Input
% par = [orb atitude]
%
% atitude [phi teta psi] = angulos de atitude (rad)
% orb = [u i asc nodo] = elementos orbitais/Keplerianos (rad, graus, graus]
%
% Output
% R1 = [r11,r21,r31]
% r11 = cos(X.x)
% r21 = cos(X.y)
% r31 = cos(X.z)
orb(1) = par(1); %u
orb(2) = par(2); %i
orb(3) = par(3); %asc nodo
%
f = pi/180; %graus->radianos
at(1) = par(4); %rad phi
at(2) = par(5); %rad teta
at(3) = par(6); %rad psi
%
% Calculo dos cosenos diretores
%
% cos(X.x)
r11 = -cos(at(2))*sin(orb(2)*f)*sin(at(3))*sin(orb(3)*f)+...
cos(at(2))*cos(at(3))*(-cos(orb(3)*f)*sin(orb(1))-cos(orb(2)*f)*cos(orb(1))*sin(orb(3)*f))-...
sin(at(2))*(-cos(orb(1))*cos(orb(3)*f)+cos(orb(2)*f)*sin(orb(1))*sin(orb(3)*f));
% cos(X.y)
r21 = cos(at(2))*sin(orb(2)*f)*sin(at(3))*cos(orb(3)*f)+...
cos(at(2))*cos(at(3))*(-sin(orb(3)*f)*sin(orb(1))+cos(orb(2)*f)*cos(orb(1))*cos(orb(3)*f)-...
sin(at(2))*(-cos(orb(1))*sin(orb(3)*f)-cos(orb(2)*f)*sin(orb(1))*cos(orb(3)*f));
% cos(X.z)
r31 = cos(at(2))*sin(orb(2)*f)*cos(at(3))*cos(orb(1))+...
sin(orb(2)*f)*sin(orb(1))*sin(at(2))-cos(orb(2)*f)*cos(at(2))*sin(at(3));
%
R1 = [r11 r21 r31];
%
% end
Obtido as coordenadas do satelite no referencial cartesiano geocentrico podemos
obter a latitude φ a longitude λ e a altura h do satelite, como segue.
176
Tabela B.3- Programa MATLAB para o calculo de c2i, (i = 1, 2, 3) da matriz RBFECI .
function [R2] = ECI2BF Y(par)
% by Gilberto Arantes 2004 INPE
%
% [R2] = ECI2BF Y(par) Cosenos diretores Y.x Y.y Y.z
%
% Calculo dos cosenos diretores
%
% Input
% par = [orb atitude]
% atitude [phi teta psi] = angulos de atitude (rad)
% obr = [u i asc nodo] = elementos orbitais/Keplerianos (rad, graus, graus]
%
% Output
% R1 = [r12,r22,r32]
% r12 = cos(Y.x)
% r22 = cos(Y.y)
% r32 = cos(Y.z)
%
f = pi/180; %graus->radianos
u = par(1); % rad
i = par(2); % graus
nodo = par(3); % graus
%
phi = par(4); %rad phi
teta = par(5); %rad teta
psi = par(6); %rad psi
%
% Calculo dos cosenos diretores
%
% cos(Y.x)
r12 = -sin(i*f)*sin(nodo*f)*(cos(phi)*cos(psi)+sin(teta)*sin(phi)*sin(psi))...
+(cos(psi)*sin(teta)*sin(phi)-cos(phi)*sin(psi))*(-cos(nodo*f)*sin(u)-cos(i*f)*cos(u)*sin(nodo*f))+...
cos(teta)*sin(phi)*(-cos(u)*cos(nodo*f)+cos(i*f)*sin(u)*sin(nodo*f));
% cos(Y.y)
r22 = cos(nodo*f)*sin(i*f)*(cos(phi)*cos(psi)+sin(teta)*sin(phi)*sin(psi))+...
cos(teta)*sin(phi)*(-cos(u)*sin(nodo*f)-cos(i*f)*sin(u)*cos(nodo*f))+...
(cos(psi)*sin(teta)*sin(phi)-cos(phi)*sin(psi))*(-sin(nodo*f)*sin(i*f)+...
cos(i*f)*cos(u)*cos(nodo*f));
% cos(Y.z)
r32 = -cos(teta)*sin(i*f)*sin(u)*sin(phi)+...
cos(u)*sin(i*f)*(cos(psi)*sin(teta)*sin(phi)-cos(phi)*sin(psi))-...
cos(i*f)*(cos(phi)*cos(psi)+sin(teta)*sin(phi)*sin(psi));
%
R2 = [r12 r22 r32];
%
% end
Observando a Figura (B.5), temos que
177
Tabela B.4- Programa MATLAB para o calculo de c3i, (i = 1, 2, 3) da matriz RBFECI .
function [R3] = ECI2BF Z(par)
% by Gilberto Arantes 2004 INPE
%
% [R3] = ECI2BF Z(par) Cosenos diretores Z.x Z.y Z.z
%
% Calculo dos cosenos diretores
%
% Input
% par = [orb atitude]
% atitude [phi teta psi] = angulos de atitude (rad)
% obr = [u i asc nodo] = elementos orbitais/Keplerianos (rad, graus, graus]
%
% Output
% R3 = [r13,r23,r33]
% r13 = cos(Z.x)
% r23 = cos(Z.y)
% r33 = cos(Z.z)
%
f = pi/180; %graus->radianos
u = par(1); % rad
i = par(2); %rad
nodo = par(3); %rad
%
phi = par(4); %rad phi
teta = par(5); %rad teta
psi = par(6); %rad psi
%
% Calculo dos cosenos diretores
%
% cos(Z.x)
r13 = -sin(i*f)*sin(nodo*f)*(-sin(phi)*cos(psi)+sin(teta)*cos(phi)*sin(psi))+...
(cos(psi)*sin(teta)*cos(phi)+sin(phi)*sin(psi))*(-cos(nodo*f)*sin(u)-cos(i*f)*cos(u)*sin(nodo*f))+...
cos(teta)*cos(phi)*(-cos(u)*cos(nodo*f)+cos(i*f)*sin(u)*sin(nodo*f));
% cos(Z.y)
r23 = cos(nodo*f)*sin(i*f)*(-sin(phi)*cos(psi)+sin(teta)*cos(phi)*sin(psi))+...
cos(teta)*cos(phi)*(-cos(u)*sin(nodo*f)-cos(i*f)*sin(u)*cos(nodo*f))+...
(cos(psi)*sin(teta)*cos(phi)+sin(phi)*sin(psi))*(-sin(nodo*f)*sin(u)+cos(i*f)*cos(u)*cos(nodo*f));
% cos(Z.z)
r33 = -cos(teta)*sin(i*f)*sin(u)*cos(phi)+...
cos(u)*sin(i*f)*(cos(psi)*sin(teta)*cos(phi)+sin(phi)*sin(psi))-...
cos(i*f)*(-sin(phi)*cos(psi)+sin(teta)*cos(phi)*sin(psi));
%
R3 = [r13 r23 r33];
%
% end
Xg
Yg
Zg
= (R⊗ + h)
cosφ cosλ
cosφ sinλ
sinφ
(B.43)
178
Figura B.4- Referencial inercial e cartesiano geocentrico.
Figura B.5- Longitude (λ), latitude (φ) e altura (h) do satelite.
Logo, a longitude sera dada por:
λ = arctan
(Yg
Xg
)onde 0 ≤ λ ≤ 2π (B.44)
A latitude sera dada por:
φ = arcsin
(Zg
R⊗ + h
)onde − π
2≤ φ ≤ π
2(B.45)
179
e a altura dada por:
h =√X2
g + Y 2g + Z2
g −R⊗ (B.46)
A Tabela (B.5) apresenta o programa em MATLAB para o calculo da longitude,
latitude do ponto sub-satelite e altura do satelite.
180
Tabela B.5- Programa MATLAB para o calculo da longitude, latitude do ponto sub-satelite e altura do satelite.
function [LLA] = ECI2LLA(par)
% by Gilberto Arantes 2004 INPE
%
% [LLA] = ECI2LAA(par) para uma orbita circular
%
% Calculo da latitude, longitude do ponto sub-satelite e altitude do satelite
%
% Input
% par = [ teta g X ]
% teta g = Tempo sideral em graus
% X = [X Y Z] coordenadas no referencial inercial em km
%
% Output
% LLA = [latitude longitude altitude]
% latitude em rad
% Longitude em rad
% altitude em km
%
teta g = par(1);
X(1) = par(2)*1000; % transformando para metros
X(2) = par(3)*1000;
X(3) = par(4)*1000;
%
Raio t = 6378000; % R = Raio da Terra em m
%
% Calculo da matriz de tranformacao do sistema inercial para o terresrte (ref.: Silva, 1981)
%
fator = pi/180;
a = teta g*fator;
%
R = [ cos(a) sin(a) 0
-sin(a) cos(a) 0
0 0 1];
% Posicao no referencial terrestre
x g = R*transpose(X); % x g = [x g y g z g]’
% Calculo da altura
h = ((sqrt( x g(1)2 + x g(2)2 + x g(3)2 ) - Raio t))/1000;
% Calculo da latitude
lat = asin(x g(3)/(Raio t+h)); % Sul (-) Norte (+)
% Calculo da longitude
long = atan2(x g(2),x g(1)); % Leste (+) Oeste (-)
% conversao da saida (0 <= long <= 360)
if sign(long) < 0;
long = 2*pi+long;
else sign(long) >= 0;
long = long;
end
%
LLA = [lat long h];
%
% end
181
182
APENDICE C
IMPLEMENTACAO EM SIMULINK
Os modelos apresentados no Capıtulo (5) e as leis de controle apresentadas no
Capıtulo (6) foram implementedas em SIMULINK. O sistema foi dividido nos blocos
de: 1) dinamica que contem o modo completo do satelite equipado com bobinas
e rodas; 2) ambiente que contem o modelo do gradiente de gravidade e do campo
magnetico; 3) orbita com o calculo da orbita (modelo kepleriano) do satelite e 3)
com os controladores avaliados para os tres modos de operacao. A implentacao e
feita para os tres modos de operacao:
• Detumble;
• Estabilizacao;
• aquisicao.
A Figura (C.1) mostra a implemtacao em SIMLINK do modo de detumble . A
Figura (C.2) mostra o controlador usado para o detumbling.
Figura C.1- Implemetacao em SIMULINK do Modo de detumble.
183
Figura C.2- Lei de controle Bdot.
A Figura (C.3) mostra o modo de estabilizacao, para o procedimento de controle
caracterizado por bobinas, os diferentes controladores, LQR e baseados em energia,
que sao implentados usando-se multiport switches, Figura (C.4), o que torna facil
selecionar a lei de controle para o modo de estabilizacao.
Figura C.3- Implementacao em SIMULINK do modo de estabilizacao: sateliteequipado com bobinas.
As Figuras (C.5) e (C.6) mostram o modo de estabilizacao, com comtrole via rodas
de reacao. A primeira utilizando o metodo LQR e a segunda utilizando o metodo
LQG. Sao mostrados o modelo linear e o completo (nao linear) da dinamica, para
efeito de comparacao dos resultados relativos a aplicacao das leis de controle para
ambos os modelos.
184
Figura C.4- Controle LQR e controladores baseados em energia.
Figura C.5- Modo de estabilizacao: satelite equipado com rodas, usando o metodoLQR.
185
Figura C.6- Modo de estabilizacao: satelite equipado com rodas, usando o metodoLQG.
A Figura (C.7) mostra o sistema de controle para o modo de aquisicao utilizando-
se um controlador PD. A Figura (C.8) mostra a lei de controle do metodo LQR
tracking implementada para a fase de aquisicao.
Figura C.7- Modo de aquisicao usando o controlador PD.
186
Figura C.8- Lei de controle LQR tracking.
Figura C.9- Lei de controle PD.
As Figuras (C.10) e (C.11) mostram a implementacao em SIMULINK dos modelos:
satelite equipado com bobinas e satelite equipado com rodas, respectivamente.
Figura C.10- Modelo dinamico do satelite equipado com bobinas.
A Figura (C.12) mostra o modelo das rodas de reacao. Note que as saturacoes sao
incluıdas. A Figura (C.13) mostra o modelo das bobinas magneticas.
187
Figura C.11- Modelo dinamico do satelite equipado com rodas.
Figura C.12- Modelo das rodas.
A Figura (C.14) mostra o modelo do gradiente de gravidade e a Figura (C.15) mostra
o modelo do campo magnetico.
As Figuras (C.16), (C.17) e C.18) mostram a implemetacao da propagacao da orbita,
do calculo da latitude e longitude do ponto sub-satelite e das transformacoes dos
referenciais envolvidos, respectivamente. Note que a implemtentacao para orbita e as
transformacoes utilizam os arquivos mostrados em MATLAB mostrados na Secao
(B).
188
Figura C.13- Modelo das bobinas.
Figura C.14- Modelo do torque de gradiente de gravidade.
189
Figura C.15- Modelo do campo magnetico.
Figura C.16- Propagacao da orbita.
190
Figura C.17- Calculo da latitude, longitude e altura.
Figura C.18- Matriz de transformacao entre os sistemas de referencia ECI e BF.
191
192
APENDICE D
PROGRAMAS EM MATLAB
A seguir sao apresentados os arquivos de inicializacao com o projeto LQR para os
modelos do satelite equipado com rodas e bobinas e o projeto LQG.
D.1 Projeto LQR
As Tabelas (D.1) e (D.3) mostram os programas em MATLAB para o projeto LQR
dos dois modelos analisados.
D.2 Projeto LQG
A Tabela (D.4) mostra o programa em MATLAB para o projeto LQG, usado no
modelo do satelite equipado com rodas.
193
Tabela D.1- Programa MATLAB para o projeto LQR do modelo satelite equipado com rodas.
% Por Gilberto Arantes @INPE 2003
%
% Gera as matrizes para o projeto do sistema de controle LQR e LQR rastreio
% Calculo da equacao matricial de Ricatti e implementacao do LQR
% Matrizes A, B, C e D do sistema: satelite equipado com rodas
% d/dt(x) = Ax + Bu
% y = Cx +du
% Inicializacao clc
clear all
close all
%
deg2rad = pi/180;
rad2deg = 180/pi;
mi=3.986e14; % moviemnto medio em (m)
r=(6378+750)1000; % raio da orbita circular em (m)
n=sqrt(mir3)); % movimento orbital medio em (rad/s)
H o = n*0.01; % Momento angular nominal kgm2/s
% Momentos e produtos de inercia (14/10/2003 de Sebastiao)
% Ixx = 13.31 kg.m2 Ixy = 0.37 kg.m2
% Iyy = 14.22 kg.m2 Ixz = 0.39 kg.m2
% Izz = 11.2 kg.m2 Iyz = -0.22 kg.m2
I = [13.31 0.37 0.39
0.37 14.22 -0.22
0.39 -0.22 11.2];
% Momentos principais de inercia
[v, e] = eig(I);
I1 = e(1,1); I2 = e(2,2); I3 = e(3,3);
% inercia da roda
Iw = 12/(45000*(pi/180)) ;
hs = 12; %saturacao
ws = 7500*6 ;%7500rpm*6graus/s
a2rpm = 1/6;
%---------------------------------------------------------------------
% Dinamica linearizada: satelite + rodas
%----------------------------------------------------------------------
% Matriz A
A =[0 0 0 1 0 0;0 0 0 0 1 0;0 0 0 0 0 1;...
(-4*n2*(I2-I3)-n*H o)/I1 0 0 0 0 (n*(-I2+I3+I1)-H o)/I1;...
0 3*n2*(-I1+I3)/I2 0 0 0 0;...
0 0 (n2*(-I2+I1)-n*H o)/I3 (-n*(I1-I2+I3)+H o)/I3 0 0];
% Matriz B
B=[0 0 0
0 0 0
0 0 0
-1/I1 0 0
0 -1/I2 0
0 0 -1/I3];
%Matriz C e D
C=eye(6);
D=zeros(6,3);
194
Tabela D.2- Programa MATLAB para o projeto LQR do modelo satelite equipado com rodas (cont.).
% Calculo da matriz de controlabilidade
co = ctrb(A,B);
posto co = rank(co);
posto A = rank(A);
%-------------------------------------------------
% Lei LQ Regulador
%------------------------------------------------
% Matrizes R e Q (ganho) ref. Overby, 2004
rc = 1/((5e-3)(2)); % u = 5mNm
qc1 = 1/((10*(pi/180))(2)); % x = 10 graus
qc2 = 1/((1*(pi/180))(2)); % xdot = 1 grau/s
Rc = rc*diag([1,1,1]); %peso do controle
Qc = diag([qc1,qc1,qc1,qc2,qc2,qc2]); %peso do estado
% Matriz Kc: ganho do controlador
[Kc, S, E] = LQR(A, B, Qc, Rc);
%-----------------------------------------------
% Tracking r(t)
%-----------------------------------------------
% u = Kc*x + v
% v = -inv(R)B’s
% ds/dt = -[A’-K*B*inv(R)*B’]s + Q*r(t)
% r(t) vector reference
At = - [A’-S*B*inv(Rc)*B’];
Bt = Qc;
Ct = C;
Dt = zeros(size(A));
% simulink
run(’SimLQEquarsRodasSat’)
% end
195
Tabela D.3- Programa MATLAB para o projeto LQR do modelo satelite equipado com bobinas.
% Por Gilberto Arantes INPE 2004
%
% sintaxe [K] = LQcontrolNcube(B)
% Output
% K = control matrix gain
% Input
% B = magnetic field
% ------------------------------
% LQ Initialization
%-------------------------------
function [K] = LQcontrolNcube(B)
% Initial Values
Ix = 18.941;
Iy = 21.726;
Iz = 16.983;
n = 1.083e-3;
kx = (Iy - Iz)/Ix;
ky = (Ix - Iz)/Iy;
kz = (Iy - Ix)/Iz;
% The Goeomagnetic field
Bx o = B(1);
By o = B(2);
Bz o = B(3);
A = [ 0 0 0 1 0 0;
0 0 0 0 1 0;
0 0 0 0 0 1;
-4*kx*n2 0 0 0 0 (1-kx)*n;
0 -3*ky*n2 0 0 0 0;
0 0 -kz*n2 -(1-kz)*n2 0 0];
% The input matrix for the linearied system
B = [zeros(3,3);
0 Bz o/(2*Ix) -By o/(2*Ix);
-Bz o/(2*Iy) 0 Bx o/(2*Iy);
By o/(2*Iz) -Bx o/(2*Iz) 0];
% LQ weighting matrices
Q = diag([1 1 1 0 0 0])*inv(10*pi/180)2;
P = diag([1 1 1])*inv(.1)2;
K = -lqr(A,B,Q,P);
% Coil Parameters
Nx = 100; Ny = 100; Nz = 100; % nunber of coil windings
Ax = 0.075; Ay = 0.075; Az = 0.075; % coil area [m2]
Rx = 20; Ry = 20; Rz = 20; % Coil resistance [Ohm]
M = Nx*Ax;
%end
196
Tabela D.4- Programa MATLAB para o projeto LQG do modelo satelite equipado com rodas.
% Por Gilberto Arantes @INPE 2003
%
% Gera as matrizes para o projeto do sistema de controle LQG
% Calculo da equacao matricial de Ricatti e implementacao do LQG
% Matrizes A, B, C e D do sistema d/dt(x) = Ax + Bu
% y = Cx +du
% Inicializacao
clc
clear all
close all
deg2rad = pi/180;
rad2deg = 180/pi;
mi=3.986e14; % moviemnto medio em (m)
r=(6378+750)*1000; % raio da orbita circular em (m)
n=sqrt(mi/(r3)); % movimento orbital medio em (rad/s)
H o = n*0.01; % Momento angular nominal kgm2/s
% Momentos e produtos de inercia (14/10/2003 de Sebastiao)
% Ixx = 13.31 kg.m2 Ixy = 0.37 kg.m2
% Iyy = 14.22 kg.m2 Ixz = 0.39 kg.m2
% Izz = 11.2 kg.m2 Iyz = -0.22 kg.m2
I = [13.31 0.37 0.39
0.37 14.22 -0.22
0.39 -0.22 11.2];
% Momentos principais de inercia
[v,e] = eig(I);
I1 = e(1,1); I2 = e(2,2); I3 = e(3,3);
% inercia da roda
Iw = 12/(45000*(pi/180)) ;
hs = 12; %saturacao
ws = 7500*6 ;%7500rpm*6graus/s
a2rpm = 1/6;
%--------------------------------------------------------
% Dinamica linearizada: satelite + rodas
%--------------------------------------------------------
% matriz A
A = [0 0 0 1 0 0;0 0 0 0 1 0;0 0 0 0 0 1;...
(-4*n2*(I2-I3)-n*H o)/I1 0 0 0 0 (n*(-I2+I3+I1)-H o)/I1;...
0 3*n2*(-I1+I3)/I2 0 0 0 0;...
0 0 (n2*(-I2+I1)-n*H o)/I3 (-n*(I1-I2+I3)+H o)/I3 0 0];
% Matriz B
B=[0 0 0
0 0 0
0 0 0
-1/I1 0 0
0 -1/I2 0
0 0 -1/I3];
%Matriz C e D
C=eye(6);
D=zeros(6,3);
197
Tabela D.5- Programa MATLAB para o projeto LQG do modelo satelite equipado com rodas (cont.).
% Calculo da matriz de controlabilidade
co = ctrb(A,B);
posto co = rank(co);
posto A = rank(A);
%---------------------------------------------------
% Lei LQ Regulador
%---------------------------------------------------
Matria R e Q (ganho)
rc = 1/((5e-3)(2)); % u = 5mNm
qc1 = 1/((10*(pi/180))(2)); % x = 10 graus
qc2 = 1/((1*(pi/180))(2)); % xdot = 1 grau/s
Rc = rc*diag([1,1,1]); %peso do controle
Qc = diag([qc1,qc1,qc1,qc2,qc2,qc2]); %peso do estado
% Matriz Kc: ganho do controlador
[Kc,S,E] = LQR(A,B,Qc,Rc);
%---------------------------------------------------
% Tracking r(t)
%---------------------------------------------------
% u = Kc*x + v
% v = -inv(R)B’s
% ds/dt = -[A’-K*B*inv(R)*B’]s + Q*r(t)
% r(t) vector reference
At = - [A’-S*B*inv(Rc)*B’];
Bt = Qc;
Ct = C;
Dt =zeros(size(A));
%--------------------------------------------------
%---------------------------------------------------
% Implementation Kalman filter
% dynamic d/dt(x) = Ax + Bu + Gw
% y = Cx + du + v
% state estimation
% d/dt(xe) = Axe + Bu + Kf(delta - Cxe - Du) delta = yn-ym
% d/dt(xe) = Axe + B(-kcxe) + Kf(delta - Cxe - Du)
% covariance noise sensor: Evv’ = Rk
% covariance noise dynamic Eww’ = Qk
G = eye(6,6);
sigma angle = (0.5*deg2rad)2; % desvio padrao dos sensor de orientacao
sigma rate = (0.05*deg2rad)2; % desvio padrao dos giros
Qk = eye(6)*(15*deg2rad)2; % angle +/-(0.5 graus )
Rk = [eye(3)*sigma angle zeros(3); zeros(3) eye(3)*sigma rate];
[Kf,P,E2] = lqe(A,G,C,Qk,Rk);
% Structure of compensator
% Ac = A - B*Kc - Kf*C;
% Bc = Kf;
% Simulink
run(’SimLQGEquarsRodas’)
%end
198
APENDICE E
TOOLBOX ATITUDE
Durante o desenvolvimento do trabalho foi desenvolvido um toolbox para atitude,
no ambiente MATLAB e SIMULINK, constituindo uma importante contribuicao
desse trabalho. Esse apendice tem por objetivo divulgar o uso do toolbox, apresen-
tando alguns exemplos. A versao final do toolbox sera disponibilizado para uso do
INPE e instituicoes interessadas em pesquisas envolvendo dinamica e controle de
atitude. A documetacao do toolbox, estara disponıvel na bibiloteca do INPE.
O toolbox e divido nos blocos:
• Equacoes do movimento: Cinematica e dinamica
• Orbita
• Ambiente
• Controle
• Visualizacao
O bloco Equacoes do movimento contem as equacoes da cinematica em diferentes
representacoes: angulos de Euler e quaternions. O modelo dinamico da atitude (corpo
rıgido) e o modelo dinamico do gyrostat (extensao das equacoes do corpo rıgido
envolvendo movimento interno de rodas).
O bloco Orbita contem modelo de orbita Kepleriana, calculo da latitude e longitude
sub-satelite e altura do veıculo e transformacoes entre os referenciais envolvidos no
estudo de atitude e orbita.
O bloco Ambiente contem o modelo do torque de gradiente de gravidade, modelo
do campo magnetico IGRF, e modelo do torque devido ao momento dipolo residual
do satelite.
O bloco Controle contem os controladores desenvolvidos nesse trabalho: LQR, LQR
tracking, LQG, PID e controladores baseados em energia (Energy based control).
199
O bloco Visualizacao contem a visualizacao/animacao da atitude do veıculo.
E.1 Exemplos
E.1.1 Equacoes do Movimento
A Figura (E.1) mostra um dos blocos que fazem parte do bloco equacoes do mo-
vimento, o bloco mostrado integra as equacoes do movimento de um corpo rıgido
contendo rodas (gyrostat), modelo completo, nao linear. No ambiente SIMULINK
existem varios integradores disponıveis de passo fixo e/ou variavel. A janela mostra
os parametros de entrada.
(a) Modelo do Gyrostat (b) Parametros de entrada
Figura E.1- Bloco Gyrostat.
E.1.2 Ambiente
O bloco mostrado na Figura (E.2) calcula o modelo completo, nao linear, do torque
de gradiente de gravidade. A janela mostra os parametros de entrada.
200
(a) Modelo do gradientede gravidade
(b) Parametros de entrada
Figura E.2- Bloco gradiente de gravidade.
201
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo