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Tecnologias de Armazenamento de Energia para Sistemas 100% renováveis de Média Dimensão Caso de estudo: Ilha da Brava Gonçalo Miguel Lírio Nobre Glória Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e Computadores Orientador: Prof. Doutor José Manuel Dias Ferreira de Jesus Júri Presidente: Prof. Doutor Rui Manuel Gameiro de Castro Orientador: Prof. Doutor José Manuel Dias Ferreira de Jesus Vogal: Prof. Doutor João Abel Peças Lopes Março 2017

Tecnologias de Armazenamento de Energia para Sistemas 100% ... · minha vida e que tiveram uma contribuic¸ao indirecta, embora relevante em todo este caminho. Para a˜ minha fam´ılia

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Tecnologias de Armazenamento de Energia para Sistemas100% renováveis de Média Dimensão

Caso de estudo: Ilha da Brava

Gonçalo Miguel Lírio Nobre Glória

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Electrotécnica e Computadores

Orientador: Prof. Doutor José Manuel Dias Ferreira de Jesus

Júri

Presidente: Prof. Doutor Rui Manuel Gameiro de CastroOrientador: Prof. Doutor José Manuel Dias Ferreira de Jesus

Vogal: Prof. Doutor João Abel Peças Lopes

Março 2017

ii

”O pensamento ainda e a melhor maneira de fugir ao pensamento.”

Fernando Pessoa

iii

iv

Agradecimentos

E uma maratona que chega ao fim. Esta dissertacao, no seu estado final, poe fim a um caminho

ıngreme que durou 9 meses, sempre preenchidos de trabalho arduo e sacrifıcios mas tambem de

objectivos atingidos e satisfacao. Neste caminho algumas foram as pessoas que tiveram interferencia

directa ou indirectamente no desenrolar de todo o percurso, as quais nao quero deixar de agradecer.

Em primeira instancia, queria deixar o meu agradecimento ao meu orientador, o Professor Jose

Ferreira de Jesus por ter-se apresentado sempre disposto a auxiliar com o seu conhecimento tecnico

nas questoes que iam surgindo com o desenrolar do trabalho e tambem pela valiosa contribuicao que

a sua experiente intuicao apresenta para a resolucao de problemas. A sua boa disposicao tambem foi

sempre um marco para o ambiente vivido na Area Cientifica de Energia.

Um agradecimento muito especial a Ines Barreira por todo o contributo que teve neste percurso

desde a partilha de conhecimentos uteis para a tese, a disponibilidade em ajudar e pelo agradavel

convıvio diario vivenciado. Mas, principalmente fico grato pela relacao sui generis que desde logo

criamos quando nos conhecemos no inıcio deste caminho, que agora termina, mas que permitiu a

construcao de uma forte amizade que perdurara. Sem ela teria sido tudo mais complicado e menos

especial.

Por fim, quero agradecer a toda a minha famılia e amigos. Quanto aos meus amigos um agradeci-

mento especial ao Ricardo Ferro, Filipe Luıs e Bernardo Esteves por serem os irmaos que escolhi na

minha vida e que tiveram uma contribuicao indirecta, embora relevante em todo este caminho. Para a

minha famılia agradeco toda a dedicacao, paciencia e amor que sempre tiveram durante estes 9 meses,

que nem sempre foram faceis mas que com o seu apoio me ajudaram a ultrapassar os obstaculos e

chegar ao fim desta etapa da minha vida com sucesso.

A todas estas pessoas dedico esta tese e deixo o meu sincero obrigado!

v

vi

Resumo

Com o crescimento da procura de energia verificado e o aumento da quota de penetracao de energias

renovaveis, o maior desafio que se coloca aos sistemas electricos e o de satisfazer este desenvolvi-

mento de forma segura, economica e sustentavel. Os Sistemas de Armazenamento de Energia (SAE),

e especificamente os Battery Energy Storage Systems (BESS), tem provado ser elementos cruciais

nesta mudanca de paradigma pela contribuicao para o aumento da penetracao renovavel e atenuacao

dos problemas operacionais que dela advem. A ilha da Brava em Cabo Verde apresenta um plano

energetico para 2020, que visa tornar a ilha 100% renovavel com auxılio de um BESS. Assim o objec-

tivo deste trabalho consiste em estudar a possibilidade de operar a rede da ilha em 2020, num panorama

so com geracao renovavel e um BESS, analisando-se a estabilidade da rede, o controlo de frequencia

e o impacto na penetracao renovavel. Para tal sao construıdos os cenarios de simulacao incluindo a

previsao de carga e de recursos renovaveis para 2020. O dimensionamento/implementacao da rede

de MT e efectuado no PSS/E. Sao realizados estudos em regime estacionario e transitorio de forma

a se poder retirar as devidas conclusoes. Da analise dos resultados verificou-se a interdependencia

entre o BESS em servico e a estabilidade da rede, dada a importancia que revelou ter no controlo

de frequencia e flexibilidade da rede, permitindo o seu funcionamento com geracao 100% renovavel.

Adicionalmente realizaram-se tambem estudos que apresentam um panorama em que existe auxılio do

menor dos grupos convencionais da ilha.

Palavras-chave: Ilha da Brava, Projecto 100% Renovavel, SAE, BESS, PSS/E

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viii

Abstract

With the growth in energy demand that has recently occurred, accompanied by the increasing of re-

newable energy penetration, the biggest challenge to the electrical networks is to meet this development

in a safe, economical and sustainable way. Energy Storage Systems (ESSs), and specifically Battery

Energy Storage Systems (BESS) have proven to be crucial elements in this paradigm change by contri-

buting to increase the renewable penetration and by mitigating the operational problems that arise from

it. The Brava island in Cape Verde presents an energy plan for 2020, which aims to turn the island 100%

renewable with the help of a BESS. Thus, the objective of this work is to study the possibility of operating

the island network, in 2020, with only renewable generation and a BESS analyzing the system stability,

the frequency control and the impact of renewable penetration. For this, the simulation scenarios inclu-

ding the forecast of load and renewable resources for 2020 were built. The sizing/implementation of the

network is done in PSS/E. To draw the necessary conclusions from this study, stationary and transient

studies are carried out. The analysis of the results shows the dependence between the BESS and the

stability of the network, given the importance it showed in primary frequency control and in providing

flexibility to the grid. Besides, there were also presented studies that offer a picture in which there is the

aid of the smaller conventional machine of the island.

Keywords: Brava Island, 100% Renewable Project, EES, BESS, PSS/E

ix

x

Conteudo

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii

Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix

Lista de Tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xv

Lista de Figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvii

Lista de Abreviaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxii

1 Introducao 1

1.1 Enquadramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Motivacao e objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.3 Estrutura do documento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 SAEs para integracao de renovaveis no sector energetico 8

2.1 Energias renovaveis em redes insulares e problemas operacionais . . . . . . . . . . . . . 8

2.2 Solucoes face aos problemas operacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.2.1 Fontes de energia renovavel e regulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.2.2 Sistemas de armazenamento de energia (SAEs) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2.2.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2.2.2 Principais Caracterısticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.2.2.3 Aplicacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.3 Baterias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.3.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.3.2 Componentes do sistema de armazenamento de uma bateria . . . . . . . . . . . . 20

2.3.3 Princıpio de funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.3.4 Caracterısticas tecnicas de uma bateria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2.3.5 Aplicacoes de auxılio a integracao de renovaveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.3.6 Baterias de lıtio vs Baterias de Acido-Chumbo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3 Caso de Estudo: ilha da Brava 32

3.1 Ilha da Brava . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.2 Brava: Ano 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.2.1 Sistema Electroprodutor e Subestacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

xi

3.2.2 Rede de distribuicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.2.3 Diagrama de Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.2.4 Caracterizacao do recurso Solar e Eolico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3.3 Brava: Ano 2020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.3.1 Plano de implementacao de novos projectos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.3.2 Previsao de Carga para 2020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.3.3 Redimensionamento dos projectos a implementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.3.4 Projecto ilha 100% Renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4 Implementacao e Modelizacao 43

4.1 Software PSS/E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4.2 Implementacao e modelizacao da rede no PSS/E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.2.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.2.2 Geradores Convencionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.2.3 Renovaveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.2.4 Proteccoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4.2.5 Bateria (BESS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

4.2.5.1 Dimensionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.2.5.2 Modelizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

5 Simulacoes e Resultados 58

5.1 Construcao dos cenarios de simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

5.2 Resultados do transito de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

5.2.1 Ilha da Brava sem geracao renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

5.2.1.1 Analise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

5.2.2 Ilha da Brava com geracao renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

5.2.2.1 Renovaveis projetadas no Plano Energetico para 2020 . . . . . . . . . . 64

5.2.2.2 Renovaveis redimensionadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

5.2.2.3 Analise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

5.2.3 Ilha da Brava com geracao renovavel e BESS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

5.2.3.1 100% Renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

5.2.3.1.1 Analise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

5.2.3.2 Com geracao convencional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

5.2.3.2.1 Analise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

5.3 Simulacoes Dinamicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

5.3.1 Curto-circuito franco no BUS50-VILA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

5.3.2 Saıda de servico de um grupo termico (G1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

5.3.3 Variacao da irradiancia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

5.3.4 Saıda de servico do BESS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

5.4 Analise geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

xii

6 Conclusao 91

6.1 Conclusoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

6.2 Trabalho Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

Bibliografia 95

A Diagrama Unifilar da Rede MT da Brava A.1

A.1 Brava 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.2

A.2 Brava 2020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.3

B Datasheets B.1

B.1 Paineis Fotovoltaicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . B.2

B.2 Modulo Bateria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . B.3

C Modelos Dinamicos: Testes e Parametros C.1

C.1 Protecoes contra cavas de tensao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C.1

C.2 Teste a excitatriz dos grupos termicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C.1

C.3 Teste ao regulador carga-velocidade dos grupos termicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . C.2

C.4 Ficheiro DYRE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C.2

D Despacho da Bateria D.1

D.1 Panorama 100% renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . D.1

D.2 Panorama com bateria, renovaveis e convencional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . D.1

E Resultados Dinamicos suplementares E.1

E.1 Curto-circuito franco no BUS50-VILA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.1

E.1.1 100% renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.1

E.1.2 Com convencional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.2

E.2 Saıda de servico de um grupo termico (G1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.3

E.3 Variacao da irradiancia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.4

E.3.1 100% renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.4

E.3.2 Com convencional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.4

E.4 Saıda de servico do BESS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.5

E.4.1 100% renovavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.5

E.4.2 Com convencional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.5

E.4.2.1 Cenario II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.5

E.4.2.2 Cenario IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.6

xiii

xiv

Lista de Tabelas

2.1 Caracterısticas tecnicas tipicas dos diferentes SAEs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.1 Dados dos grupos da central de Favetal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.2 Dados da subestacao de Favetal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.3 Caracterısticas das linhas e cabos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.4 Dados da carga na Ponta e Vazio de 2015 para a ilha da Brava. . . . . . . . . . . . . . . 36

3.5 Previsao de ponta e vazio apresentada em [8] para 2015 e 2020. . . . . . . . . . . . . . . 39

3.6 Dados da carga na Ponta e Vazio de 2020 para a ilha da Brava. . . . . . . . . . . . . . . 39

3.7 Dados do PEVF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3.8 Dados do PSF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.1 Dados dos grupos termicos em regime estacionario. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

4.2 Dados dos parques renovaveis em regime estacionario. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

4.3 Dados para os diferentes escaloes das proteccoes de tensao/frequencia. . . . . . . . . . 51

4.4 Caracterısticas de dimensionamento do BESS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

4.5 Dados da bateria em regime estacionario. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

5.1 Dados da irradiancia e potencia solar disponıvel para cada planeamento estudado. . . . 60

5.2 Resultados do regime estacionario para o panorama sem geracao renovavel. . . . . . . . 63

5.3 Resultados do regime estacionario para o panorama com renovaveis redimensionadas. . 65

5.4 Resultados do regime estacionario para o panorama 100% renovavel. . . . . . . . . . . . 70

5.5 Energia desperdicada no panorama 100% renovavel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

5.6 Resultados do regime estacionario para o panorama com BESS, renovaveis e convenci-

onal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

5.7 Energia desperdicada no panorama com BESS, renovaveis e convencional. . . . . . . . . 74

5.8 Resumo dos resultados dos estudos dinamicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

D.1 Despacho da bateria no panorama 100% renovavel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . D.2

D.2 Despacho da bateria no panorama com BESS, renovaveis e convencional. . . . . . . . . D.3

xv

xvi

Lista de Figuras

1.1 Evolucao da geracao nos paıses desenvolvidos e em desenvolviemnto. . . . . . . . . . . 2

1.2 Evolucao das diferentes tecnologias renovaveis entre 2000 e 2015. . . . . . . . . . . . . 3

1.3 Percentagem de sistemas de armazenamento instalados ate 2014. . . . . . . . . . . . . . 4

2.1 Categorizacao dos SAEs quanto a forma de armazenamento. . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.2 Eficiencia e perdas num SAE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.3 Potencia nominal vs capacidade de armazenamento de diferentes SAEs. . . . . . . . . . 16

2.4 Componentes tıpicos de um BESS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.5 Ciclo carga/descarga numa bateria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2.6 Variacao do numero de ciclos com a profundidade de descarga. . . . . . . . . . . . . . . 24

2.7 Caracterıstica da curva de descarga de uma bateria de lıtio. . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.8 Despacho com e sem BESS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.9 Influencia de uma bateria na suavizacao de flutuacoes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

2.10 Aplicacoes de deslocamento temporal de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.11 Regulacao de frequencia por BESS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.1 Planta ilha da Brava. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.2 Esquema da central de Favetal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.3 Diagrama de carga de 2015. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.4 Diagrama das irradiancia de meses de cada estacao do ano na Furna. . . . . . . . . . . 37

3.5 Perfil de vento para a ilha da Brava. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.6 Diagrama de carga de 2020. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.7 Esquema Unifilar do PEVF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3.8 Esquema Unifilar do PSF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

3.9 Esquema Unifilar da instalacao do BESS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.1 Sequencia de accoes realizadas pelo PSS/E numa simulacao dinamica. . . . . . . . . . . 44

4.2 Esquema unifilar no PSS/E referente ao ano de 2020. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

4.3 Diagrama de blocos do controlo de potencia activa do modelo CBEST. . . . . . . . . . . . 54

4.4 Diagrama de blocos do modelo PAUX1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

4.5 Diagrama de blocos da parte de controlo de reactiva do modelo CBEST. . . . . . . . . . . 56

xvii

5.1 Dados gerais do recurso eolico a utilizar para as simulacoes. . . . . . . . . . . . . . . . . 59

5.2 Carga de 2020 vs Geracao renovavel disponıvel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

5.3 Perfil de tensoes para o panorama sem geracao renovavel. . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

5.4 Perfil de tensoes para o panorama com renovaveis redimensionadas. . . . . . . . . . . . 65

5.5 Diagrama de carga do panorama 100% renovavel, com o despacho das unidades de

geracao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

5.6 Estado de carga (SOC) da bateria para o panorama 100% renovavel. . . . . . . . . . . . 70

5.7 Perfil de tensoes para o panorama 100% renovavel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

5.8 Diagrama de carga do panorama com o despacho do BESS, renovaveis e convencional. 72

5.9 Estado de carga (SOC) da bateria para o panorama com BESS, renovaveis e convencional. 73

5.10 Perfil de tensoes para o panorama com BESS, renovaveis e convencional. . . . . . . . . 73

5.11 Frequencia no BUS55 e potencia activados PVs (perturbacao: CC no BUS50 - panorama

100% renovavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

5.12 Potencia e variacao velocidade de um aerogerador (perturbacao: CC no BUS50 - pano-

rama 100% renovavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

5.13 Potencia activa e energia do BESS (perturbacao: CC no BUS50 - panorama 100% re-

novavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

5.14 Potencia Reactiva (perturbacao: CC no BUS50 - panorama 100% renovavel). . . . . . . . 77

5.15 Frequencia no BUS55 e potencia mecanica do G1 (perturbacao: CC no BUS50 - pano-

rama c/ convencional) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

5.16 Potencia activa e energia do BESS (perturbacao: CC no BUS50 - panorama c/ convenci-

onal). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

5.17 Potencia activa (perturbacao: saıda de servico de G1). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

5.18 Frequencia no BUS55 e potencia mecanica do G1 (perturbacao: saıda de servico de G1). 80

5.19 Simulacao da variacao da irradiancia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

5.20 Potencia activa, mecanica e desvio de velociadade dos aerogeradores (perturbacao:

variacao de irradiancia - panorama 100% renovavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

5.21 Frequencia no BUS55 e potencia activa do PV e BESS (perturbacao: variacao de ir-

radiancia - panorama 100% renovavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

5.22 Frequencia no BUS55 e potencia activa do PV e BESS (perturbacao: variacao de ir-

radiancia - panorama c/ convencional). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

5.23 Frequencia no BUS55 e potencia activa do aerogerador e BESS (perturbacao: saıda do

BESS - panorama 100% renovavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

5.24 Energia do BESS e potencia reactiva do aerogerador e BESS (perturbacao: saıda do

BESS - panorama 100% renovavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

5.25 Potencia activa no cenario II (perturbacao: saıda do BESS - panorama c/ convencional). 86

5.26 Potencia mecanica do G1 e frequencia no BUS55, para cenario II (perturbacao: saıda do

BESS - panorama c/ convencional). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

xviii

5.27 Frequencia no BUS55 e potencia activa e mecanica das unidades de geracao, para

cenario IV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

C.1 Protecao contra cavas de tensao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C.1

C.2 Resposta do modelo IEEET1 a variacao em escalao da tensao de referencia. . . . . . . . C.2

C.3 Resposta do modelo DEGOV1 a variacao em escalao do nıvel de carga do gerador. . . . C.2

E.1 Tensoes nos principais barramentos (perturbacao: CC no BUS50 - panorama 100% re-

novavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.1

E.2 Potencia activa do G1 e PV (perturbacao: CC no BUS50 - panorama c/ convencional). . . E.2

E.3 Potencia activa e variacao velocidade do aerogerador (perturbacao: CC no BUS50 -

panorama c/ convencional). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.2

E.4 Potencia reactiva (perturbacao: CC no BUS50 - panorama c/ convencional). . . . . . . . E.2

E.5 Tensoes nos principais barramentos (perturbacao: CC no BUS50 - panorama c/ conven-

cional). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.2

E.6 Potencia activa e variacao velocidade do aerogerador (perturbacao: saıda de servico de

G1). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.3

E.7 Potencia reactiva (perturbacao: saıda de servico de G1). . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.3

E.8 Tensoes nos principais barramentos (perturbacao: saıda de servico de G1). . . . . . . . . E.3

E.9 Potencia activa e energia total do BESS (perturbacao: saıda de servico de G1). . . . . . E.3

E.10 Potencia reactiva (perturbacao: variacao de irradiancia - panorama 100% renovavel). . . E.4

E.11 Tensoes nos principais barramentos (perturbacao: variacao de irradiancia - panorama

100% renovavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.4

E.12 Potencia activa e mecancia do aerogerador e G1 (perturbacao: variacao de irradiancia -

panorama c/convencional). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.4

E.13 Potencia reactiva (perturbacao: variacao de irradiancia - panorama c/ convencional). . . . E.4

E.14 Tensoes nos principais barramentos (perturbacao: saıda do BESS - panorama 100%

renovavel). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.5

E.15 Tensoes nos principais barramentos para cenario II (perturbacao: saıda do BESS - pa-

norama c/ convencional). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.5

E.16 Potencia reactiva para cenario II (perturbacao: saıda do BESS - panorama c/ convencional).E.5

E.17 Tensoes nos principais barramentos para cenario IV (perturbacao: saıda do BESS - pa-

norama c/ convencional). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.6

E.18 Potencia reactiva para cenario IV (perturbacao: saıda do BESS - panorama c/ convenci-

onal). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E.6

xix

xx

Lista de Abreviaturas

IRENA International Renewable Energy Agency

OECD Organisation for Economic Co-operation and Development

ONU Organizacao das Nacoes Unidas

SAE Sistema de Armazenamento de Energia

BESS Battery Energy Storage System

MIDA Maquina de Inducao Duplamente Alimentada

PHS Pumped Hidro Storage

FES Flywheels Energy Storage

CAES Compressed Air Energy Storage

FBES Flux Batteries Energy Storage

HESS Hydrogen Energy Storage System

SMES Superconducting Magnetic Energy Storage

DLC Double-Layer Capacitor

TES Termal Energy Storage

PD profundidade de descarga

DC Direct Current

AC Alternate Current

SOC State of Charge

PV Painel Fotovoltaico

ELECTRA Empresa de Electricidade e Agua de Cabo Verde

MT Media Tensao

PT Posto de Transformacao

xxi

CEFV Central Termoelectrica de Favetal

SFV Subestacao de Favetal

PS Parque Solar

PEVF Parque Eolico Ventos da Furna

PSF Parque Solar da Furna

PSS/E Power System Simulator / Engineering

EPRI Electric Power Research Institute

FACTS Flexible AC Transmission System

VSC Voltage Source Converter

STATCON Static Condenser

MPP Maximum Power Point

STC Standart Test Conditions

Cp coefiente de potencia

xxii

Capıtulo 1

Introducao

1.1 Enquadramento

A energia e um alicerce chave de qualquer paıs, tendo um contributo crucial para quase todos os

produtos e servicos do mundo moderno. Com a industrializacao a energia tornou-se no “combustıvel”

das civilizacoes desenvolvidas, em que sem ela seria impossıvel ter centrais a produzir ou mesmo ter

acesso a desfrutar de comodidades que tornam a nossa vida mais agradavel. Assim sendo, o sector

energetico e, por si so, capaz de influenciar a vitalidade e sustentabilidade da economia de um paıs.

Enquanto que, nos paıses desenvolvidos o acesso a energia e um dado adquirido, sendo visto como

sustento para a prosperidade economica, nos paıses em desenvolvimento a situacao e diferente e a

sua importancia assume uma outra dimensao, sendo fundamental para a diminuicao da pobreza, para

o aumento da saude e da produtividade e desenvolvimento socioeconomico [1].

O crescimento da procura de energia que temos assistido esta directamente associado ao gradual

desenvolvimento global. A melhor prova desse crescimento reflecte-se na procura da electricidade

que cresce a uma taxa mais elevada que qualquer outra forma de energia e que, segundo o World

Energy Outlook 2013, preve um crescimento de mais de dois tercos da procura mundial de electricidade

entre o perıodo de 2011-2035, o que corresponde a um crescimento anual de aproximadamente 2.2%

[2]. Sao os paıses em desenvolvimento que lideram o incremento da procura de electricidade muito

devido ao rapido crescimento populacional que apresentam. Como resposta a este aumento de procura

energetico esta inerente um aumento da sua producao de energia e por conseguinte da capacidade

de producao instalada. Aliado a este desenvolvimento energetico surge a questao da poluicao e do

desequilıbrio de que a Natureza tem sido alvo, em grande parte causado pela utilizacao excessiva

dos combustıveis fosseis (carvao, gas e petroleo) enquanto fonte primaria de energia. A producao de

energia e a sua consequente utilizacao sao as maiores fontes artificiais de poluentes atmosfericos, que

agravam o efeito de estufa e o aquecimento global. Para alem da poluicao resultante da utilizacao de

combustıveis fosseis, a dependencia para producao de energia de combustıveis cuja taxa de reposicao

na natureza e muito inferior a taxa a que sao consumidos e um problema inexoravel. Noutro plano,

sabe-se que estes recursos energeticos estao sujeitos a questoes de natureza geopolıtica e a variacoes

1

volateis dos seus precos.

Por todos estes factores, nas ultimas decadas, muitos tem sido os esforcos tidos por entidades

como a Comissao Europeia ou a Organizacao das Nacoes Unidas (ONU), entre outras, para que se

estabelecam estrategias que visam mudar o foco da geracao convencional termica para as energias

renovaveis. Sao varios os paıses que se comprometem em cumprir determinadas metas ambiciosas,

que na grande generalidade dos casos, passam por um modelo energetico baseado nos seguintes

pilares: a reducao de gases de efeito de estufa; o aumento da penetracao de energias renovaveis na

producao; e o aumento da eficiencia energetica. Com estas politicas energeticas como orientacao,

na Figura 1.1 e possıvel verificar como foi e como se projecta que seja a distribuicao da geracao de

electricidade por cada um dos tipos de combustıvel e tecnologia para os paıses desenvolvidos (OECD)

e em desenvolvimento (Non-OECD).

Figura 1.1: Evolucao da geracao nos paıses desenvolvidos e em desenvolvimento [2].

Analisando a Figura 1.1 e claro que a evolucao do “mix” energetico dos paıses desenvolvidos

(OECD) e definitivamente distinta da dos paıses em desenvolvimento (Non-OECD). Enquanto que nos

primeiros existe uma clara mudanca de paradigma para o abandono progressivo dos combustıveis fos-

seis (carvao, gas natural e petroleo) em prol das renovaveis, nos segundos preve-se o crescimento de

todas as tecnologias de geracao de energia. Em comum, apenas um facto, o de que as energias re-

novaveis em ambos os casos apresentarao a maior taxa de crescimento absoluto, num futuro proximo.

O maior desafio que se coloca entao consiste em satisfazer esse crescimento de procura de energia

que enfrentamos de forma segura e ambientalmente consciente. As energias renovaveis, principal-

mente as energias eolica, solar e hıdrica tem provado ser uma solucao alternativa com potencial na

reducao da dependencia face aos combustıveis fosseis bem como na diminuicao das emissoes de ga-

ses de efeito de estufa, no sector electrico mundial. Actualmente, um sistema de geracao de energia

que se quer sustentavel deve basear-se numa gestao racional das fontes de geracao tradicionais face

a uma crescente penetracao das energias renovaveis. A necessidade de produzir energia em grande

quantidade, aliada as preocupacoes ambientais e economicas, segundo a International Renewable

Energy Agency (IRENA), fez de 2015 o ano em que se verificou o maior crescimento de sempre no

sector das energias renovaveis com um aumento anual de 8.3% da capacidade instalada a nıvel mun-

dial [3]. Como evidencia deste facto, na Figura 1.2 e possıvel verificar a evolucao detalhada da potencia

2

renovavel instalada acumulada, para cada uma das tecnologias renovaveis, entre 2000 e 2015.

Figura 1.2: Evolucao das diferentes tecnologias renovaveis entre 2000 e 2015 [4].

Constata-se que nos ultimos 15 anos a potencia renovavel instalada em todo o mundo mais que du-

plicou, apresentando-se em 2015 cerca de 1970 GW de capacidade renovavel. Verifica-se igualmente

que apesar de serem os aproveitamentos hidroelectricos a maior porcao de capacidade de potencia re-

novavel, sao as tecnologias eolicas e solares que tem apresentado um maior crescimento nos ultimos

anos. A aposta predominante nas energias eolica e solar deve-se principalmente ao facto de serem

das tecnologias renovaveis aquelas que apresentam um menor impacto no meio ambiente e que, para

alem disso, apresentam rentabilidades do investimento interessantes na grande maioria dos casos e

com flexibilidade e escalabilidade no que ha instalacao diz respeito.

Com esta “nova” realidade no sistema energetico dos paıses, e apesar de todas as vantagens que

apresenta em termos economicos e ambientais, o aumento da penetracao renovavel em grande escala,

devido as suas caracterısticas apresenta novos desafios para a rede electrica. O facto da velocidade

a que sopra o vento sofrer variacoes frequentes, assim como a irradiancia solar ser intermitente, e

nula no perıodo nocturno faz com que a potencia injectada pelos parques eolicos e solares, respec-

tivamente, tenha um comportamento flutuante de acordo com as variacoes das respectivas fontes de

energia. E esta natureza intermitente e estocastica da maioria das fontes de energia renovavel que se

revela desafiante para o equilıbrio entre geracao e carga de forma a nao comprometer a estabilidade da

rede. Problemas de estabilidade de frequencia e flutuacoes de tensao da rede causados pela natureza

variavel das fontes de energia renovavel sao os principais disturbios de que uma rede com elevada

penetracao renovavel esta sujeita. Por outro lado, enquanto a geracao tradicional convencional e des-

pachavel de acordo com as variacoes de procura, antagonicamente, os recursos renovaveis flutuam de

forma independente da procura podendo o pico de geracao nao corresponder aos requisitos de carga.

Portanto, de forma a tornar as energias renovaveis como fonte primaria de energia ha que solucionar

os problemas tecnicos e praticos causados pela intermitencia da sua geracao, sendo os sistemas de

3

armazenamento de energia um elemento crucial nesta mudanca de paradigma.

Um Sistema de Armazenamento de Energia (SAE) utiliza como princıpio a conversao da energia

electrica noutra forma de energia em que e conservada (quımica, mecanica, electrica, etc.) para que

possa ser posteriormente utilizada, quando conveniente. Na Figura 1.3 apresenta-se a globalidade de

sistemas de armazenamento em termos de potencia instalada por tecnologia, ate ao ano de 2014.

Figura 1.3: Percentagem de sistemas de armazenamento instalados ate 2014 [5].

Tal como se pode depreender da Figura 1.3 a tecnologia de bombagem hidroelectrica e responsavel

por cerca de 98% da potencia de armazenamento instalada no mundo, representando as restantes

tecnologias, como os volantes de inercia (Flywheels), as baterias, os sistemas de armazenamento de

ar comprimido e os sistemas de armazenamento termicos apenas 2% do total.

A industria dos sistemas de armazenamento de energia nos ultimos anos tem sido alvo de uma

grande investigacao e procura, tendo levado a que evoluısse e se adaptasse de acordo com os avancos

tecnologicos e com as necessidades energeticas impostas pela crescente integracao de geracao re-

novavel na rede de energia. Aos metodos de armazenamento de energia tradicionais, como as bate-

rias electroquımicas e os sistemas de bombagem, juntam-se um numero de recentes e promissoras

tecnologias que estao em crescimento, e.g. as baterias de fluxo. Existem diversos sistemas de arma-

zenamento, com funcionalidades distintas e que se adequam a diferentes aplicacoes, tal como sera

discutido neste trabalho.

E a capacidade de um sistema de armazenamento de energia de acumular energia quando em

excesso de forma a que possa ser gerida a sua posterior utilizacao quando for necessaria, que confere a

rede energetica a resiliencia que escasseia num sistema com elevada penetracao renovavel. Assim,por

exemplo, a energia produzida em perıodos de vazio, de baixo custo de producao e atraves de fontes

intermitentes pode ser acumulada num SAE e posteriormente utilizada em perıodos de ponta onde

os custos sao mais elevados, ou quando nao existe geracao suficiente disponıvel. Os sistemas de

armazenamento sao vistos actualmente como parte integrante e indispensavel de um sistema com

penetracao renovavel elevada que se quer fiavel e eficaz, de forma a precaver e auxiliar possıveis

instabilidades na rede e a aumentar a eficiencia e produtividade da mesma.

Existem ja provas dadas do sucesso atingido por algumas das tecnologias de armazenamento de

energia que se encontram instaladas em sistemas com elevada capacidade de energia renovavel insta-

4

lada, por todo o mundo. Um exemplo disso e o parque eolico de Laurel Mountain, no estado de Virginia

Ocidental, de potencia instalada 98 MW em que foi instalado um sistema de baterias de lıtio com uma

potencia nominal de 32 MW e capacidade de 8 MWh, com o intuito regular frequencia e de contribuir

para o aumento da integracao de renovaveis na rede. Este projecto foi reconhecido como projecto do

ano, em 2011, pela Renewable Energy World [6]. Este e apenas um exemplo de sucesso que comprova

que e possıvel estabelecer as condicoes necessarias para a crescente integracao de fontes renovaveis

no sistema electrico em paralelo com sistemas de armazenamento de energia.

Com foco num futuro ambiental e economicamente sustentado, a utilizacao de sistemas de arma-

zenamento de energia em sintonia com os aproveitamentos renovaveis permite a integracao destes de

forma segura, flexıvel e fiavel, constituindo um importante elo de ligacao entre a producao renovavel e

as necessidades de consumo de energia electrica, podendo-se assim comecar a idealizar no horizonte,

um futuro 100% renovavel.

1.2 Motivacao e objectivos

Com o aumento da penetracao renovavel no sistema electrico existe a necessidade de complementar

com sistemas de armazenamento de energia, dada a natureza estocastica da producao renovavel e das

instabilidades que tal pode provocar na rede. Por isso, actualmente e grande a pesquisa e execucao de

projectos por todo o mundo, que visam a instalacao de SAEs com o fim de aprimorar o comportamento

das redes electricas, permitindo aumentar a penetracao renovavel, minimizar custos e aperfeicoar o

desempenho energetico.

O continente Africano tem estado a ultrapassar um perıodo de transformacao e crescimento economico.

A populacao esta a crescer a um ritmo acelerado e as economias locais estao a diversificar-se e a

desenvolverem-se. Para que este crescimento seja sustentavel, o investimento em projectos no sector

energetico tem sido avultado. Uma vez que estamos perante um territorio rico em recursos renovaveis

o potencial para o aproveitamento das energias renovaveis e elevado, sendo esse o caminho que tem

sido adoptado recentemente [7].

Contudo, esta mudanca de paradigma sem precedentes nao e possıvel de acontecer sem a existencia

de alguns esforcos. Desenvolver infra-estruturas que suportem o investimento e definir politicas e me-

tas ambiciosas para o sector energetico, sao algumas das medidas que tem sido tomadas pelos lideres

polıticos dos paıses africanos, com cooperacao regional e internacional.

Cabo Verde e um desses paıses africanos que tem apostado na mudanca e no qual se centra este

estudo. E nesse sentido que o governo cabo-verdiano assumiu politicamente a visao de em 2020

atingir uma taxa de penetracao de energias renovaveis de 50% no consumo de energia electrica no

arquipelago de Cabo Verde, tal como apresentado no documento “Plano Energetico Renovavel para

2020” [8], cuja analise tecnica foi realizada pela empresa de consultoria Gesto Energia, em 2011. Se-

gundo este documento, Cabo Verde possui um potencial estimado de 2600 MW de energias renovaveis

que serao fundamentais para o desenvolvimento de novos projectos que ajudarao nao so a satisfazer

o aumento do consumo de electricidade que se espera que duplique ate 2020, mas tambem a diminuir

5

a dependencia dos combustıveis fosseis, que e uma das principais dificuldades sentidas pelo sector

electrico da ilha. Nos estudos efectuados provou-se ser possıvel ultrapassar a meta dos 50% de taxa

de penetracao renovavel na producao de electricidade, em Cabo Verde ate 2020 de forma tecnicamente

viavel e economicamente competitiva, desde que nao seja descorada a necessidade de financiamento

e de criacao de infra-estruturas de suporte. O plano de accao para as ilhas de Cabo Verde preve, ate

2020, instalar mais de 140 MW de energias renovaveis com auxilio a um plano de investimentos que

ronda os 300 milhoes de euros, que permitira poupar cerca de 37 milhoes de euros em importacao de

combustıveis fosseis e cerca de 225.000 toneladas de emissoes de CO2 [8].

No caso da menor das ilhas de Cabo Verde, a ilha Brava, sobre a qual se vai desenvolver esta

dissertacao, o plano energetico tracado para 2020 e algo mais ambicioso. Ate 2020, pretende-se que

a ilha Brava se torne 100% renovavel. Para que tal seja alcancavel e necessario dimensionar e instalar

um sistema de armazenamento de energia que permita assegurar a sustentabilidade energetica da ilha

da Brava, integrado um parque solar e outro eolico que serao instalados para satisfazer o consumo

electrico da ilha.

E no ambito deste projecto para a ilha da Brava que surge a dissertacao ”Tecnologias de arma-

zenamento de energia para sistemas 100% renovaveis de media dimensao”, proposta pela consultora

Gesto Energia, S.A., que tem como objectivo central o de modelar a rede electrica da ilha da Brava e

de estudar em regime estacionario e dinamico a influencia da implementacao de um sistema de arma-

zenamento de energia (bateria) adequado para suportar a penetracao renovavel prevista para a ilha no

ano de 2020, averiguando-se a estabilidade de um panorama 100% renovavel. Os estudos efectuados

foram realizados utilizando o programa de simulacao de redes de energia PSS/E, onde e possivel si-

mular o transito de energia da ilha e definir modelos para todos os sistemas da rede de forma a simular

o seu comportamento dinamico. Assim sendo, com os resultados tecnicos obtidos nesta dissertacao

sera possıvel averiguar qual sera o impacto do sistema de armazenamento de energia na rede e como

se projecta que seja a rede electrica da ilha da Brava no ano de 2020.

1.3 Estrutura do documento

A presente dissertacao encontra-se estruturada em seis capıtulos e um conjunto de 5 anexos que lhes

seguem.

O Capıtulo 1 expoe de forma geral uma primeira abordagem ao conteudo que vai ser apresentado na

tese, enquadrando a importancia dos SAEs na crescente penetracao das energias renovaveis nas redes

electricas, nao so no caso de Cabo Verde mas numa perspectiva global. A parte do enquadramento e

feita uma introducao do caso de estudo e sao expostos os principais objectivos do trabalho.

O Capıtulo 2 e constituıdo por fundamentos mais teoricos acerca dos SAEs, nomeadamente das

baterias. Inicialmente sao exposto os principais problemas operacionais que advem da integracao

crescente de energias renovaveis nas redes isoladas e sao apresentadas algumas solucoes para os

contrariar. Sendo a principal solucao e aquela que e abordada nesta dissertacao os SAEs, aqui es-

tes sao apresentados no que diz respeito as suas principais caracterısticas e aplicacoes. Por fim,

6

apresentam-se as baterias de forma mais detalhada com foco nas suas caracterısticas tecnicas do

ponto de vista do utilizador e nao do fabricante.

No Capıtulo 3 apresenta-se o caso de estudo. E apresentada a rede da Ilha da Brava em 2015 e

sao identificados os projectos que segundo [8] serao implementados. De seguida, e feita a previsao

de carga para 2020 e e apresentado um novo planeamento com novas propostas de projectos cuja

implementacao se considera mais adequada face a nova previsao de carga apresentada para a ilha da

Brava em 2020.

O Capıtulo 4 e responsavel por apresentar ao leitor a forma como foi implementado e modelizado

o caso de estudo no programa de simulacao PSS/E. Neste expoe-se o modo como a rede da ilha e

introduzida no programa e sao apresentados os modelos que caracterizam o comportamento dinamico

de cada um dos constituintes da rede, desde as unidades de geracao (incluindo a bateria) ate as

proteccoes utilizadas. O maior foco deste capıtulo situa-se na apresentacao do modelo que caracteriza

a bateria, apresentando-se as suas principais caracterısticas em regime estacionario e dinamico. O

metodo como e efectuado o dimensionamento da bateria e igualmente demonstrado neste capıtulo.

No Capıtulo 5 sao apresentados e analisados os resultados das simulacoes efectuadas para a ilha

da Brava quer em regime estacionario quer em regime transitorio. Inicialmente sao apresentados os

cenarios e os panoramas que foram escolhidos para ser alvo de estudo. Posteriormente, apresenta-

se a resposta do transito de energia em regime estacionario para cada um destes. Relativamente a

resposta dinamica sao apresentadas todas as perturbacoes estudadas em regime transitorio e procede-

se a analise detalhada do comportamento da rede perante cada uma das 4 contigencias estudadas,

aferindo-se a importancia da bateria na estabilidade da rede.

Por fim, no Capıtulo 6 sao apresentadas as principais conclusoes do trabalho desenvolvido nesta

dissertacao, sendo igualmente propostos alguns estudos futuros que seriam interessantes explorar no

ambito desta tese.

7

Capıtulo 2

SAEs para integracao de renovaveis

no sector energetico

Na seccao 2.1 procede-se a identificacao e caracterizacao dos problemas operacionais que sao con-

sequencia da crescente integracao de energias renovaveis nos sistemas electricos, nomeadamente nas

redes isoladas, como e o caso particular das ilhas.

Na seccao 2.2 exploram-se algumas solucoes existentes que permitem mitigar os problemas indu-

zidos pela intermitencia renovavel, com o foco centrado nos SAEs.

Por sua vez, na seccao 2.3 apresentam-se as baterias como sendo o SAE que actualmente esta

a apresentar um maior crescimento e a revelar-se como uma das solucoes mais interessantes para

integrar renovaveis em sistemas electricos de pequena/media escala.

2.1 Energias renovaveis em redes insulares e problemas operaci-

onais

A pressao ambiental e as preocupacoes economicas no sector electrico tem resultado no crescimento

do interesse em investir nas energias renovaveis, nomeadamente nas energias eolica e solar. Assim

a crescente contribuicao das fontes renovaveis variaveis na producao de electricidade em sistemas de

energia e uma realidade com a qual estes tem estado a lidar. No caso especıfico dos sistemas electricos

isolados, como e o caso das ilhas, e muitas vezes interessante apostar no investimento nas renovaveis,

por estas serem regioes frequentemente ricas em recursos renovaveis, portanto com um grande poten-

cial. Para alem disso, maioria destes sistemas possui uma grande dependencia da producao termica

convencional, nao sendo a ilha da Brava excepcao, em que o fornecimento de energia electrica e ga-

rantido predominantemente por grupos combustao termica alimentados a diesel ou a fueloleo, o que

conduz a custos de producao elevados devido a necessidade de transportar os combustıveis fosseis ate

estas regioes remotas. Para alem disso, a pegada ambiental e afectada pela utilizacao de combustıveis

fosseis no sector energetico. Por todos estes factores tem-se assistindo ao aumento da penetracao

8

renovavel no mix energetico dos sistemas electroprodutores insulares.

Tal factor introduz um grau significativo de incerteza na operacao e planeamento dos sistemas pro-

dutores de electricidade para alem de aumentar a possibilidade de ocorrencia de problemas operaci-

onais nos sistemas electricos renovaveis face a integracao de producao de origem variavel e incerta.

Estas questoes tomam ainda uma dimensao maior quando em questao, estao sistemas de energia re-

motos e/ou isolados como e o caso das ilhas onde, por norma, estes sistemas apresentam uma inercia

baixa, resultante da totalidade das suas maquinas rotativas. Para alem disso, regra geral, nao apresen-

tam quaisquer interligacoes com outros sistemas, o que faz com que o controlo da rede seja limitado

e com que exista carencia de flexibilidade da maioria dos activos da rede [9]. Estas limitacoes tornam

a rede mais vulneravel a ocorrencia de problemas de estabilidade de frequencia e de flutuacoes de

tensao que deterioram a qualidade do servico.

E evidente que a introducao crescente de renovaveis na rede, e principalmente nas redes isoladas,

cria desafios operacionais nestas. A operacao segura e estavel dos sistemas electricos e influenci-

ada nas redes insulares pela reduzida inercia dos sistemas devido ao reduzido numero de maquinas

sıncronas convencionais em servico e consequente escassez de reserva girante (diferenca entre a

potencia activa que um grupo esta a fornecer e o seu limite maximo imposto pelas suas especificacoes

tecnicas). Tais caracterısticas, aliadas a inexistencia de interligacoes limitam auxilio na regulacao

primaria de frequencia. A estas particularidades tıpicas de uma rede insular adicionam-se os incon-

venientes adjacentes a integracao de fontes renovaveis nestes sistemas. Estes inconvenientes estao

geralmente associados a natureza estocastica e inconstante da producao renovavel devido a variabi-

lidade das fontes renovaveis, como a velocidade do vento ou a irradiancia solar. Este funcionamento

provoca, por exemplo, a necessidade permanente de grupos convencionais em servico de forma a

acomodar a variacao de producao renovavel e/ou a variacao de carga.

Adicionalmente, os aproveitamentos renovaveis (exceptuando o hıdrico controlavel) nao contribuem

para a inercia total dos sistemas electricos, fundamental na resposta inercial adequada da rede aquando

da ocorrencia de perturbacoes que resultam na perda de geracao e/ou transmissao. Isto ocorre porque

estas fontes renovaveis sao ligadas a rede atraves de electronica de potencia (conversores). Tambem

o facto de as fontes renovaveis, como a eolica e solar nao serem controlaveis, o que significa que

funcionam a potencia disponıvel que o recurso renovavel e as limitacoes tecnicas impoem, faz com

que estes aproveitamentos nao possuam margem operacional de reserva. Tal caracterıstica impede a

contribuicao no controlo primario de frequencia, sendo este remetido para as maquinas sıncronas em

servico.

Adicionalmente, um sistema electrico com elevada penetracao renovavel dificulta a realizacao efi-

caz do pre-despacho. Este consiste no planeamento das estrategias de operacao optimas para um

determinado horizonte temporal, com base em factores economicos e tecnicos que visam um sistema

de geracao o mais sustentavel e seguro possıvel [10].

Todos estes argumentos sao contraproducentes relativamente ao objectivo de tornar as renovaveis

como fonte primaria de energia e como tal comecaram a surgir solucoes tecnicas que visam mitiga-los

de forma a que seja possıvel introduzir geracao renovavel no sistema electroprodutor de forma segura,

9

sustentavel e economica. Desde o desenvolvimento de tecnicas de previsao mais complexas e precisas

que permitem reduzir os erros cometidos no pre-despacho [11], ate ao aumento da geracao de back-up

despachavel de forma a aprimorar a capacidade de resposta do sistema aquando da ocorrencia de

uma contigencia. Embora as solucoes sugeridas acima sejam capazes de resolver alguns dos desafios

apresentados pelas energias renovaveis variaveis, sao incapazes de mitigar todos os problemas por

elas impostos. Os sistemas de armazenamento de energia apesar de onerosos, comecaram a surgir

entao como um desfecho alternativo quase que inevitavel para a resolucao de muitas das adversidades

impostas pela variabilidade renovavel.

Na seccao seguinte explora-se de forma mais detalhada o surgimento dos sistemas de armazena-

mento de energia como resposta a crescente penetracao de fontes renovaveis no sistema electropro-

dutor e apresentam-se as suas principais caracterısticas e aplicacoes. Apresenta-se tambem como

solucao a participacao das renovaveis nos servicos de regulacao, sendo tambem uma estrategia utili-

zada actualmente, apesar de nao ser alvo de grande desenvolvimento neste documento.

2.2 Solucoes face aos problemas operacionais

2.2.1 Fontes de energia renovavel e regulacao

A inercia de um sistema apresenta um papel extremamente importante uma vez que e esta que deter-

mina a sensibilidade da frequencia do sistema para suportar os desequilıbrios entre geracao e procura,

nos primeiros instantes apos a perturbacao. No caso das redes isoladas, caracterizadas por sistemas

electricos pequenos, tal como ja referido apresentam uma inercia total reduzida. Consequentemente,

maiores e mais rapidas serao as variacoes na frequencia aquando da ocorrencia de uma perturbacao

[12].

Com a crescente introducao de turbinas eolicas e paineis fotovoltaicos nos sistemas electropro-

dutores isolados em detrimento de geracao convencional sıncrona, ha que ter nocao que, caso nao

sejam adoptadas as caracterısticas electromecanicas adequadas e as estrategias de controlo certas

a resposta inercial do sistema acaba afectada podendo resultar no aumento das taxas de variacao de

frequencia e em excursoes de frequencia maiores.

Como tal surgiram solucoes de controlo que visam tornar os aproveitamentos renovaveis, parte inte-

grante nas estrategias de controlo de frequencia e de tensao. Estas estrategias quer para os geradores

eolicos quer para os sistemas fotovoltaicos baseiam-se no princıpio de limitar a potencia extraıda des-

tes, fazendo com que os aproveitamentos nao operem em funcao dos pontos de extraccao optimos de

potencia, mas sim num ponto de menor potencia. Com esta adocao permite-se assim uma determinada

reserva mobilizada para servicos de regulacao. Alguns autores apresentam em [12, 13, 14] detalha-

damente as estrategias adoptadas para que exista cooperacao por parte das energias renovaveis nos

servicos de regulacao.

Em [12, 13] apresentam-se estrategias para o controlo primario de frequencia e tensao por parte

dos aerogeradores, nomeadamente, pelas turbinas eolicas de velocidade variavel como e o caso das

10

MIDAs. Nas MIDAs o rotor esta ligado a rede atraves de um conversor AC/DC/AC enquanto que o

estator se encontra directamente ligado a rede. Por sua vez, a potencia injectada por uma maquina

deste tipo corresponde a soma das potencias que atravessam o rotor e o estator. Assim, aquando

da ocorrencia de desvios de frequencia do sistema, qualquer resposta inercial por parte das MIDAs

dependera da relacao existente entre o binario electromagnetico do aerogerador e a frequencia da rede

[12].

Em [13] apresentam-se duas tecnicas especificas que sao adoptadas para que as MIDAs possam

providenciar contributo para o controlo da frequencia do sistema: o controlo inercial e o controlo por

estatismo (controlo carga-velocidade). O controlo inercial baseia-se numa realimentacao suplementar

de controlo de inercia que aproveita a energia cinetica armazenada nas massas girantes das pas das

turbinas eolicas, de tal modo que a quantidade adicional de energia fornecida pelo aerogerador e pro-

porcional ao desvio de frequencia[13]. Por sua vez, o controlo carga-velocidade e utilizado para produzir

uma variacao na injeccao de potencia activa proporcional a diferenca entre a frequencia medida num

determinado barramento da rede e a frequencia nominal do sistema [13]. O controlo do comportamento

do aerogerador pode entao estar associado a uma resposta veloz associada ao controlo do conversor

electronico e do gerador electrico e a uma resposta mais demorada que consiste no controlo do angulo

de pitch, permitindo assim o ajuste da potencia mecanica da turbina.

Em [14] apresenta-se um caso de estudo em que sao utilizados sistemas fotovoltaicos com capa-

cidade para participar em servicos de regulacao. A estrategia utilizada consiste em fazer com que o

sistema ao inves de operar no ponto de maxima potencia, funciona a uma tensao superior a de maximo,

o que corresponde a uma potencia menor do que a optima, permitindo assim obter um nıvel de reserva

que pode ser utilizado para mitigar problemas impostos pela variabilidade renovavel ou por oscilacoes

de procura.

A participacao das energias renovaveis nos servicos de regulacao prova entao ser uma solucao

capaz e com potencial principalmente em sistemas electricos isolados, contudo existem problemas as-

sociados com consideracoes economicas. O facto destas estrategias abdicarem da potencia disponıvel

que pode ser retirada dos aproveitamentos renovaveis em prol de uma reserva de potencia, faz com que

o retorno do investimento obtido por parte dos proprietarios dos aproveitamentos eolicos e/ou solares

venha a ser afectado por nao ser aproveitado o potencial maximo renovavel disponıvel.

2.2.2 Sistemas de armazenamento de energia (SAEs)

2.2.2.1 Introducao

Os SAEs comecaram a emergir no inicio do seculo 20, sendo que a primeira manifestacao da utilizacao

de um SAE esta associada ao uso de acumuladores de acido-chumbo (PbA) para suportar as cargas

residuais das redes de corrente continua, nos perıodos nocturnos, quando as centrais electroprodutoras

nao se encontravam em servico [15]. Com o desenvolvimento crescente da industria da producao e

distribuicao de electricidade e com a gradual consciencializacao por parte das empresas de servicos

publicos, nomeadamente do sector electrico, da importancia que a flexibilidade que um SAE pode

11

fornecer a rede, fez com que a instalacao de sistemas de armazenamento comecasse a crescer e a

tornar-se parte integrante da rede de energia.

No entanto, actualmente, o interesse no investimento e aplicacao pratica de SAEs beneficiou de um

grande estımulo. Factores como a crescente penetracao renovavel, a pressao ambiental e economica

e a dependencia cada vez mais vincada da electricidade na industria e no dia-a-dia sao responsaveis

por esse impulso. Aliado a estes, a exigencia de manter a qualidade de servico quer na producao,

quer na distribuicao de electricidade beneficia do desenvolvimento tecnologico associado aos SAEs

conseguindo assim apresentar melhores caracterısticas tecnicas a um menor custo. Todos estes fac-

tores tornam os SAEs numa aposta aliciante no desenvolvimento de um sector energetico sustentavel,

menos poluente e economicamente viavel.

De uma forma geral, os SAEs surgem como factor crucial para que a as fontes de energia renovavel

possam ser encaradas como fontes primarias de energia fiaveis, sendo a potencial solucao para muitos

dos problemas operacionais ja apresentados na Seccao 2.1. Estes consistem em sistemas capazes

de converter energia electrica e armazena-la sob uma outra determinada forma (magnetica, quımica,

termica, entre outras) para posterior uso, num momento em que seja mais proveitosa a sua aplicacao.

A variabilidade da producao renovavel pode ser ultrapassada atraves de um SAE conveniente, que per-

mita a gestao da energia e assim promover o seu uso de forma eficiente, incentivando o investimento.

O fundamento principal de um SAE e o de lidar com a intermitencia da geracao renovavel procedendo

ao armazenamento da energia renovavel quando esta excede a procura (por norma, no vazio) e poste-

riormente utilizar a energia armazenada para cobrir os perıodos em que a carga e superior a geracao

intermitente (por norma, na ponta).

Os sistemas de armazenamento podem ser categorizados de acordo com uma serie de carac-

terısticas distintas que apresentam entre si e que como tal, fazem com que cada SAE seja indicado

para diferentes aplicacoes. Assim sendo, os SAEs podem ser classificados quanto a forma com que a

energia e armazenada e quando a funcao principal que desempenham. Em termos de forma com que

a energia e armazenada os principais sistemas de armazenamento de energia podem ser organizados

tal como apresentado na Figura 2.1.

Figura 2.1: Categorizacao dos SAEs quanto a forma de armazenamento. adaptado de [16]

Por outro lado, os SAEs podem ser classificados em duas categorias genericas, em funcao da

12

aplicacao a que se destinam, isto e, se sao SAEs de elevada energia ou SAEs de elevada potencia. Os

primeiros possuem funcoes direcionadas para a gestao de energia associadas a reducao dos custos de

exploracao do sistema electrico, ajudando a rentabilidade dos sistemas electroprodutores. Os segundos

apresentam funcoes relacionadas com a qualidade de servico associadas a produtividade, seguranca

e confiabilidade da energia electrica, fornecendo benefıcios tecnicos ao funcionamento operacional dos

sistemas electroprodutores. Os PHSs, CAESs, baterias de grandes dimensoes e os TESs sao por

norma SAEs de elevada energia, enquanto os FESs, SMESs, DLCs e baterias sao vulgarmente SAEs

de elevada potencia.

A descricao detalhada de cada um destes sistemas de armazenamento de energia sai fora do ambito

do presente documento, contudo muitos sao os estudos ja realizados por diversos autores comparando

os SAEs existentes, as suas principais caracterısticas e aplicacoes (ver [16, 17, 18, 19]). Com base

nessa bibliografia e possıvel apresentar a Tabela 2.1 que resume de forma sucinta e clara as principais

caracterısticas de cada um dos SAEs.

2.2.2.2 Principais Caracterısticas

Como ficou patente anteriormente, existe uma vasta gama de diferentes tecnologias para armazenar

energia electrica. Contudo, diferentes aplicacoes com diferenciados requisitos requerem diferentes

caracterısticas por parte dos SAEs. Uma analise de uma perspectiva tecnica, economica e ambiental

e fundamental para a escolha criteriosa da tecnologia de armazenamento indicada. Assim sendo,

apresenta-se de seguida as principais propriedades que devem ser analisas na escolha apropriada de

um SAE:

• Rendimento - Para avaliar o rendimento de um SAE ha que ter em consideracao o ciclo completo

de funcionamento: carga, armazenamento e descarga (Figura 2.2). Tambem ha que contabilizar

as perdas dos sistemas de conversao de energia. Este e dos factores mais importantes para a

apreciacao da viabilidade economica, uma vez que, e necessario perceber que existem perdas

durante o processo de carga/descarga, que afectam o rendimento e por sua vez, a produtividade.

Figura 2.2: Eficiencia e perdas num SAE [25].

• Durabilidade - Refere-se ao tempo de vida util de um SAE que pode ser medido em anos ou

13

Tabela2.1:

Caracterısticas

tecnicastıpicas

dosdiferentes

SA

Es

[10,15,20,21,22,23,24].

TecnologiasS

AE

PotenciaN

ominal

[MW

]

Capacidade

Arm

.[M

Wh]

Energ.

Especıfica[W

h/kg]

Pot.E

specıfica[W

/kg]

Custopor

energia[$/kW

h]

Custo

porpotencia

[$/kW]

Tempo

vidautil

(anos)

Num

eroC

iclosde

Vida

Rendim

ento[%

]Tem

pode

Res-

posta

Tempo

dedescarga

Auto-

descargaTem

poA

rm.

adequado

PH

S100-5000

0.5-240000.5-1.5

-5-100

2000-430030-60

>20000

65-85seg-m

in1hr-24h

+M

inimo

hrs-meses

CA

ES

0.003-1000400-7000

30-60-

3-150800-1300

20-40104-3x1

04

40-75seg-m

in1hr-24h

+M

inimo

hrs-meses

FES

0.1-20<

55-100

400-1600800-5000

250-350>

15105-1

07

80-95m

sseg-15m

inM

uitoalta

(20%por

hora)

sec-min

Tecno. Baterias Secundarias (BESS)

PbA

<40

0.001-4025-50

75-30050-400

300-600∼

13600-1800

70-85m

s<

6hrB

aixa(0.2%

pordia)

min-dias

NiC

d<

45∼

6.7550-75

100-150800-1500

500-1500∼

152000-4500

60-70m

s<

8hrB

aixa(0.6%

pordia)

min-dias

Li-ion<

50<

5075-200

100-500600-2500

900-4000∼

151000-1

04

80-97m

s<

8hrB

aixa(0.3%

pordia)

min-dias

NaS

<34

<250

150-24090-230

300-5001000-3000

∼15

2500-450075-85

seg<

1hrM

inimo

hrs-dias

FBE

S<

10<

12010-50

50-150150-1000

600-2500∼

101000-1

04

65-85m

s<

20hrM

uitobaixa

hrs-meses

HE

SS

<50

<200

100-10005-500

2-151500-3000

∼20

>10000

30-50m

s-segm

in-hrsM

uitobaixa

hrs-meses

DLC

<0.3

<3

1-30500-5000

300-2000

100-300∼

15∼

106

85-95m

sseg-m

inM

uitoalta

(40%por

dia)

sec-hrs

SM

ES

<100

<0.25

10-75500-2000

2000-104

200-30020-30

104−

105

85-90m

sm

s-segA

lta(10%

pordia)m

in-hrs

TES

<300

<2000

80-25010-30

3-60200-300

10-252000-14600

30-60seg-m

inhrs

Baixa

(1%pordia)

min-dias

14

numero de ciclos. Este muitas vezes e influenciado por factores como a profundidade de des-

carga e/ou a temperatura de funcionamento. Este e tambem um dos factores importantes para a

viabilidade economica do sistema de armazenamento.

• Densidade de potencia/energia e potencia/energia especıfica - Sao factores que permitem

obter uma avaliacao acerca da relacao potencia/energia e das dimensoes e peso de uma dada

solucao.

• Tempo de resposta e tempo de descarga - Existem aplicacoes que exigem sistemas de arma-

zenamento com tempos de resposta quase instantaneas, enquanto outras nao tem uma exigencia

tao grande relativamente ao tempo de resposta, como por exemplo aplicacoes de elevada ener-

gia. O tempo de descarga esta associado ao tempo que o sistema de armazenamento demora

ate descarregar toda a sua energia armazenada a funcionar a potencia nominal.

• Capacidade de armazenamento - Mais uma vez esta e uma caracterıstica que depende da

aplicacao pretendida. Caso se trate de uma aplicacao de potencia entregando-a em perıodos

curtos, a capacidade de armazenamento nao tem que ser muito elevada. Em aplicacoes que

requerem o fornecimento de energia durante longos perıodos, um SAE com elevada capacidade

de armazenamento e o indicado.

• Auto-descarga- Indica a descarga que o SAE sofre quando se encontra na fase de armazena-

mento de energia, isto e, descreve a capacidade do sistema de armazenamento em manter a

energia armazenada quando se encontra em vazio, sendo este parametro relevante para a viabi-

lidade economica do sistema.

• Custo de investimento- E um dos factores com mais peso na hora de escolha do SAE. Este

pode ser apresentado por unidade de energia ou de potencia para que possa ser comparado

entre diferentes tecnologias.

Assim sendo com base nestas caracterısticas, uma analise sucinta das diferentes tecnologias de

SAEs e conduzido na Tabela 2.1 fornecendo assim alguns dados retirados a partir da pesquisa bibli-

ografica efectuada no decorrer deste trabalho, que espelham o posicionamento dos diferentes SAEs

em termos de desempenho e caracterısticas.

Na Figura 2.3 apresenta-se a comparacao das potencias nominais e das capacidades de armaze-

namento tıpicas de diferentes tecnologias de SAEs. Tambem e possıvel observar na figura o tempo

de descarga a potencia nominal. Os pontos marcados na figura correspondem a dados de instalacoes

reais que se encontram documentadas em [20].

Como e possıvel observar quer pela Tabela 2.1 quer pela Figura 2.3, o tempo de descarga a potencia

nominal e tipicamente menor que 1 hora para as tecnologias FES, DLC, SMES e algumas baterias que,

por sua vez, sao SAEs que estao intimamente associados a aplicacoes que visao garantir a qualidade

de servico dada as suas elevadas potencias nominais tıpicas e rapidos tempos de resposta. Por outro

lado, existem a grande maioria das baterias que demoram menos de 10 horas a serem totalmente des-

carregadas e tecnologias como os TES, CAES e PHS que demoram mais do que esse mesmo tempo

15

Figura 2.3: Potencia nominal vs capacidade de armazenamento de diferentes SAEs.[20]

a estarem totalmente descarregadas podendo mesmo alcancar alguns dias, e por isso sao sistemas

tipicamente utilizados em aplicacoes de gestao de energia.

Quanto a densidade de potencia e energia quanto maior for o seu valor para uma determinada

tecnologia SAE significa que menor e o volume requerido pelo sistema de armazenamento. Verifica-se

que sistemas de armazenamento como o PHS ou o CAES apresentam valores baixos, enquanto grande

parte das baterias apresentam valores altos, principalmente o caso das baterias de ioes de lıtio (Li-ion)

que apresentam densidade de energia e potencia ambas altas, o que leva a sua utilizacao generalizada

em dispositivos portateis e confere um potencial promissor na industria dos veıculos electricos e outras

aplicacoes para SAEs de pequena/media escala.

O rendimento, por sua vez, tal como ja referido, e um dos factores mais importantes pois tem um

grande impacto na viabilidade economica de um sistema dotado com um SAE. Pela Tabela 2.1 e

possıvel verificar que as tecnologias que apresentam uma menor eficiencia sao, tipicamente, os TESs,

CAESs e HESSs que podem apresentar eficiencias menores que 50%. Em oposicao, as tecnologias

com eficiencias energeticas mais interessantes sao as baterias, em especial, as de lıtio e as tecnologias

SMESs e DLCs. Tambem, a auto-descarga e um factor determinante na definicao de um SAE para

os diferentes tipos de aplicacoes, dado que, o nıvel de auto-descarga de cada uma das tecnologias

determina o tempo de armazenamento adequado, em vazio. Assim, tecnologias como PHS, PHS,

baterias de NaS, FBES, HESS sao solucoes tecnicamente viaveis para armazenamento de energia de

longa duracao dado que apresentam nıveis de auto-descarga muito baixos. Ao inves, tecnologias como

SMES, FES e DLC apresentam elevada auto-descarga diaria e como tal, apenas podem ser utilizadas

para aplicacoes de armazenamento de energia de curta duracao, nomeadamente, aquelas que visam

garantir a qualidade de servico.

O tempo de vida util e o numero de ciclos de vida sao dois dos factores que afectam o custo total

de investimento num SAE. Tempo de vida curto e numero reduzido de ciclos de vida aumentam cus-

16

tos relacionados com a operacao e manutencao bem como os custos de substituicao [20]. De uma

forma generalizada, pode-se verificar pela Tabela 2.1 que o tempo de vida util e o numero de ciclos

e comparavel entre tecnologias com a mesma forma de armazenamento de energia, sendo que os

mecanicos e electricos sao aqueles que apresentam maior numero de ciclos de vida, enquanto que os

electroquımicos sao os que apresentam menor numero de ciclos. Tal facto deve-se principalmente a

deterioracao quımica resultante do tempo de operacao acumulado.

Por fim, importa abordar tambem os custos associados a cada tecnologia de SAE bem como os

custos de operacao e manutencao. Os custos de tecnologias cujo grau de maturidade tecnologica

e comercial e menor tendem a ser mais avultados. Tecnologias como SMES ou FES apresentam

elevado custo em termos de capacidade de energia por serem sistemas de armazenamento que sao

indicados para aplicacoes de elevada potencia, como tal, apresentam um custo por potencia barato face

as restantes tecnologias. Verifica-se que os custos em termos de capacidade de energia para sistemas

como PHS e CAES sao reduzidos por estes apresentarem elevada capacidade de armazenamento.

Importa referir que o custo de investimento de um determinado SAE varia de acordo com a escala de

tempo de construcao e com o tamanho e localizacao do mesmo [20].

2.2.2.3 Aplicacoes

Com base nas caracterısticas tecnicas apresentadas anteriormente e possıvel dividir os SAE em tres

grandes categorias de aplicacao na rede de energia electrica: aplicacoes de gestao de energia, de

sobrevivencia a fenomenos transitorios e de qualidade de servico [22].

Nas aplicacoes relacionadas com a gestao de energia aquilo que se pretende e desacoplar os

perıodos de geracao dos de consumo de energia electrica e optimizar o uso de energia, atraves da

capacidade de armazenamento durante longos perıodos. As principais aplicacoes que se inserem

nesta categoria de gestao de energia sao:

• Deslocamento temporal de energia (Time Shifting) [20] - consiste no armazenamento de energia

quando esta e mais barata (vazio) e posterior utilizacao/venda nos perıodos em que economica-

mente e mais favoravel (ponta) podendo assim evitar o accionamento de grupos termicos;

• Nivelamento de carga - consiste na utilizacao de um SAE apropriado que permita balancear as

flutuacoes tıpicas da procura de electricidade, podendo assim ser suavizada a curva propria de

um diagrama de carga;

• Gestao de Ponta - consiste numa estrategia operacional que permite que um SAE utilize a energia

armazenada em perıodos fora da ponta para que depois possa compensar a geracao electrica

durante o perıodo de maxima procura.

Os SAEs com caracterısticas mais indicadas para este tipo de aplicacoes sao aqueles que apresen-

tam elevadas capacidades de armazenamento como os PHS, CAES e TES para sistemas de elevadas

dimensoes, enquanto para sistemas de medias/pequenas dimensoes as baterias sao a tecnologia mais

indicada para desempenhar tais funcoes [20].

17

As aplicacoes de sobrevivencia a fenomenos transitorios estao associadas a todo o tipo de aplicacao

que requer que entre um sistema de armazenamento, num curto/medio perıodo de tempo, de forma

a manter a continuidade do servico. Sao apropriados SAEs que sao capazes de suportar um corte

temporario de potencia nao interrompendo o fornecimento de electricidade aos consumidores [26]. As

principais aplicacoes que se inserem nesta categoria sao:

• Reserva Girante - consiste numa estrategia operacional que permite que um SAE possua uma

reserva de potencia, tal como ocorre frequentemente na geracao convencional, para poder ba-

lancear a carga/geracao. Permite servir de back-up numa contingencia que provoque perda de

geracao ou no aumento inesperado de carga.

• Regulacao de frequencia e tensao - consiste na utilizacao de um SAE que auxilie no controlo

da frequencia e/ou tensao atraves da regulacao da potencia activa e reactiva injectadas e/ou

absorvidas.

Como tal, um SAE com consideravel capacidade de injectar potencia durante perıodos de ate alguns

minutos e capacidade cıclica e essencial. Assim sendo, para tais aplicacoes os SAEs indicados sao

principalmente as baterias e as FESs.

Por ultimo, as aplicacoes relacionadas com a qualidade de servico sao aquelas que requerem o for-

necimento/armazenamento de energia de forma rapida e durante curtos perıodos, de forma a manter

a tensao e frequencia dentro dos limites requeridos para que se mantenha a estabilidade e eliminando

picos, harmonicas ou cavas no servico, mantendo a qualidade da energia fornecida. Assim, a so-

brevivencia a cavas de tensao, o suporte de regulacao e controlo da tensao e frequencia podem ser

satisfeitos por um SAE com um tempo de resposta rapido e capacidade de injectar potencia em quan-

tidades elevadas numa escala de tempo na ordem dos milissegundos, como e o caso das FES, SMES,

DLC e de algumas baterias.

Em suma, e possıvel dizer que existem uma gama de factores a serem ponderados aquando da

decisao de seleccionar o SAE para integrar num sistema electrico. E claro que nao existe um unico

SAE qualificado para atender todos os requisitos impostos pela penetracao renovavel e necessidade de

mitigacao das intermitencias do sector electrico. Numa perspectiva geral apresentaram-se as principais

caracterısticas dos SAEs sendo a combinacao “optima” destas que permite encontrar o sistema de

armazenamento que melhor se adapta para a aplicacao em vista.

A maturidade tecnologica e comercial dos PHSs e das baterias faz destas tecnologias as mais atra-

entes do ponto de vista do investidor. Contudo apesar dos PHSs serem o SAE com maior capacidade

instalada em todo o mundo (ver Figura 1.3) este esta limitado a areas onde ha disponibilidade de re-

curso hıdrico e condicoes geologicas favoraveis o que contrasta com a modularidade e versatilidade

tıpicas de uma bateria. Sao estas caracterısticas que conferem as BESSs uma enorme margem de

progressao. Para alem disso, verifica-se que as baterias podem ser aplicadas a praticamente todo o

tipo de aplicacoes desde a gestao de energia ate a garantia de qualidade de servico.

No caso particular do projecto “Brava 100% renovavel” [8], o sistema de armazenamento de ener-

gia a instalar tem como objectivo central permitir a implementacao de um sistema electrico constituıdo

18

apenas por geracao proveniente de fontes renovaveis. Assim sendo, o SAE tem que ter uma grande

capacidade de armazenamento para ser capaz de executar gestao de energia e tambem de ser capaz

de auxıliar no controlo da estabilidade da rede, por regulacao de frequencia e tensao. Os SAEs que

pelas suas caracterısticas apresentam primazia face aos restantes no cumprimento destas imposicoes,

sao a bombagem hidroelectrica (PHS) e as baterias. Contudo a ilha da Brava nao apresenta atributos

geologicos (indisponibilidade de recurso hıdrico) que permitam a instalacao de um sistema de bom-

bagem. Assim, os responsaveis pelo projecto “Brava 100% renovavel” escolheram como sistema de

armazenamento a implementar uma bateria. Esta escolha faz sentido com a necessidade de ser um

SAE versatil capaz de permitir o aumento da penetracao renovavel, reagir as flutuacoes inevitaveis das

fontes de energia renovaveis e capaz de funcionar como suporte de regulacao e controlo da tensao e

frequencia da rede, permitindo que esta tenha um comportamento sustentavel, seguro e estavel.

Na seccao seguinte apresentam-se as principais tecnologias de baterias existentes as suas carac-

terısticas do ponto de vista do utilizador e os seus modos de funcionamento e aplicacoes.

2.3 Baterias

2.3.1 Introducao

Apesar da predominancia apresentada pelos sistemas de bombagem hidroelectrica em termos de ca-

pacidade de armazenamento instalada globalmente, existe o reconhecimento generalizado de que as

baterias podem apresentar uma serie de oportunidades interessantes (enquanto SAEs) para a rede.

As BESS sao uma tecnologia de armazenamento de energia que apresenta uma versatilidade ımpar

permitindo-lhes ser aplicadas nas mais diversas areas desde o sector industrial ate ao quotidiano. A

esperanca depositada na imposicao nos veıculos electricos/hıbridos, a necessidade de criar dispositi-

vos portateis de funcionamento prolongado e a utilizacao crescente em redes de energia electrica tem

sido algumas das principais razoes para o crescimento acelerado do sector das baterias, nas ultimas

decadas [27].

Com o interesse crescente nas energias renovaveis, o uso de electronica de potencia nos sistemas

de geracao/transmissao tem se tornado cada vez mais fundamental [28]. Assim com a evolucao das

tecnologias associadas as baterias e aos conversores e possıvel apresentar BESS que apresentam

multiplas possibilidades de aplicacao. Comparativamente aos SAE apresentados na seccao anterior

(Seccao 2.2.2), as baterias sao a tecnologia que se destaca pela sua modularidade, escalabilidade e

habilidade para servir uma serie de diferentes aplicacoes, ao longo de varios perıodos temporais desde

segundos a horas. Estas aplicacoes podem ir desde servicos auxiliares de qualidade de servico ate

aplicacoes de gestao de energia. A versatilidade de uma bateria do ponto de vista operacional e um

dos principais argumentos para ser a tecnologia escolhida para a acomodacao da integracao de fontes

renovaveis na rede. Optimizar a injeccao variavel de potencia resultante das fontes renovaveis, absorver

ou injectar potencia de acordo com o balanco carga/geracao ou responder rapidamente a cavas de

tensao sao apenas alguns dos usos em que uma bateria pode participar. Assim, esta combinacao de

19

aplicacoes acaba por beneficiar em termos economicos a instalacao [29].

Nem todas as baterias sao iguais e uma vez que estas sao compostas, em parte, por agentes

quımicos, o seu desempenho esta dependente das suas caracterısticas electroquımicas. As baterias

que tem interesse para este tipo de aplicacoes sao as secundarias (recarregaveis), uma vez que, as

baterias primarias sao incapazes de serem recarregadas, como tal, sao inuteis para SAE que requerem

varios ciclos de utilizacao. De entre as baterias secundarias aquelas que merecem maior destaque

sao as de acido-chumbo (PbA), lıtio (Li-ion) e nıquel-cadmio (NiCd), que fazem parte das designadas,

baterias de baixa temperatura e as de sodio-enxofre (NaS), conhecida por bateria de alta temperatura

[29]. Das tecnologias de baterias de baixa temperatura existentes aquela que apresenta maior capaci-

dade instalada em sistemas de energia electrica sao as de acido-chumbo, muito devido a sua grande

maturidade comercial e tecnica e consequentes custos de investimento reduzidos [30]. Apesar disso,

as baterias de ioes de lıtio tem provado ser a tecnologia que tecnicamente apresenta melhores carac-

terısticas. O maior senao, sao a tecnologia BESS que apresenta o custo de investimento, regra geral,

mais avultado. Este e o principal factor que tem sido responsavel pelo entrave a imposicao das baterias

de lıtio como tecnologia dominante de entre as baterias secundarias. Varios sao os projectos mundiais

de baterias de lıtio, entre outras tecnologias, que demonstram a capacidade das baterias em facilitar e

auxiliar com sucesso a transicao para um sistema de energia com maior penetracao renovavel (em [31]

sao apresentados alguns desses casos).

Nos ultimos anos, o mercado das BESS tem registado um crescimento significativo. Segundo um

estudo realizado pela consultora Navigant Research, em 2014, as receitas relativas a baterias adotadas

em aplicacoes no sector energetico por todo o globo, rondaram os 200 milhoes de euros e preve-se que

em 2023 alcancem os 16 bilioes de euros [29]. Com este crescimento do mercado das baterias o custo

das mesmas tem variado de forma inversa, diminuindo. O aumento da implementacao de baterias em

redes electricas para suportar a integracao de energia renovavel aliado ao desenvolvimento crescente

de veıculos electricos tem tido um impacto directo no progresso e avanco do ponto de vista tecnologico

das baterias. Estes factores levam a que a producao em massa seja uma realidade que permite a

reducao dos custos das baterias, o que tem beneficiado particularmente a tecnologia de baterias de

ioes de lıtio. Prova disso, e o facto de as baterias de lıtios terem apresentado nos ultimos anos a

queda mais acentuada do seu custo [29]. Tecnologicamente, cada vez mais avancadas melhorando a

sua performance no que diz respeito ao ciclo de vida e eficiencia, e economicamente cada vez mais

atrativas, as bateias de lıtio sao uma aposta segura de entre os SAEs.

Nas subseccoes seguintes apresentam-se os componentes principais de uma bateria, os seus

princıpios de funcionamento e uma visao geral das principais caracterısticas tecnicas que distinguem

as 2 principais tecnologias de baterias secundarias: as de ioes lıtio e as de acido-chumbo.

2.3.2 Componentes do sistema de armazenamento de uma bateria

Uma bateria e composta por varias celulas electroquımicas que sao ligadas em serie e/ou paralelo

para atingir um determinado nıvel de tensao e capacidade de armazenamento, respectivamente [32].

20

A celula enquanto unidade electroquımica basica e responsavel por fornecer uma fonte de energia

electrica por conversao directa da energia quımica. Esta e constituıda por 3 componentes principais

[27]:

• Anodo- Corresponde ao electrodo negativo que cede electroes para o circuito electrico exterior e

que e oxidado durante as reaccoes electroquımicas;

• Catodo- Corresponde ao electrodo positivo que aceita electroes do circuito electrico exterior e

que e reduzido durante as reaccoes electroquımicas;

• Electrolito- Corresponde ao condutor ionico que providencia o meio atraves do qual existe a

permuta de ioes entre o anodo e o catodo, enquanto os electroes fluem pelo circuito exterior

As baterias possuem tambem um componente importante que sao os separadores, normalmente

constituıdos por um material poroso que permite a permuta de ioes mas que garante isolamento

electrico entre o anodo e o catodo.

Um electrolito deve apresentar uma condutividade ionica elevada, contudo nao deve apresentar con-

dutividade electrica. Nao deve revelar reactividade com os materiais que compoem os electrodos, deve

ser seguro e manifestar ligeiras ou nenhumas alteracoes nas suas propriedades perante oscilacoes

de temperatura. O catodo, por sua vez, enquanto agente oxidante deve ser eficiente nessa funcao e

ser estavel em contacto com o electrolito. Por fim o anodo deve ser eficiente enquanto agente redutor,

apresentar uma elevada cedencia de carga por unidade de peso (Ah/g) aquando do funcionamento da

bateria e ser estavel. Assim, a escolha acertada destes tres componentes de uma celula sao um dos

factores principais para a definicao de uma bateria profıcua. Contudo toda esta conjugacao ideal de

propriedades reflete-se no custo das baterias [27]. E principalmente a diferente conjugacao de mate-

riais destes tres componentes que justifica a existencia de diversos tipos de baterias com diferentes

caracterısticas e aplicacoes.

O conjunto de celulas e selado e conectado de forma a gerar modulos de celulas que conectados

entre si num involucro criam uma bateria pronta a ser conectada a uma fonte externa ou carga. Contudo

um BESS nao se limita somente a bateria, tal como se pode verificar pela Figura 2.4.

Figura 2.4: Componentes tıpicos de um BESS [29].

21

Um BESS contem para alem da propria bateria uma serie de outros componentes responsaveis pela

monitorizacao e controlo de algumas propriedades da bateria ou do contentor, bem como disjuntores e

electronica de potencia, nomeadamente o sistema de conversao de potencia (conversor).

Os sistemas de monitorizacao e controlo existentes tem como objectivo principal gerir o funciona-

mento da bateria de forma a maximizar o seu desempenho tecnico-economico e a garantir as condicoes

de seguranca necessarias para o correcto funcionamento do sistema. Algumas das principais accoes

de controlo passam por fazer com que a profundidade de descarga das celulas nao ultrapasse de-

terminados limites definidos pelos operadores dos sistemas ou que as celulas nao fiquem sobrecar-

regadas e aquecam, controlando a carga e descarga das mesmas. Existem diversas estrategias de

controlo particulares para cada tecnologia de baterias de acordo com os principais inconvenientes a

que a sua utilizacao esta sujeita. No caso particular das baterias de lıtio estas necessitam de particular

monitorizacao e controlo da sua temperatura de operacao. Dada a combustibilidade do lıtio, o funcio-

namento a temperaturas elevadas pode levar ao sobreaquecimento da bateria podendo inflamar, daı a

importancia de ter um sistema de controlo da temperatura [29].

O sistema de conversao de potencia e uma componente fundamental da bateria. Este e responsavel

pela capacidade de transmitir energia de forma bidireccional entre a rede e a bateria [20], contudo este

fenomeno e apresentado de forma mais detalhada na seccao seguinte (seccao 2.3.3). A bateria e

um sistema que entrega electricidade sob a forma de corrente continua (DC). Portanto, para que seja

possıvel a interconexao com a rede electrica, cujo funcionamento e em corrente alternada (AC), e

necessario um sistema de conversao de potencia. O conversor a aplicar tem de ser capaz de numa

situacao de carregamento da bateria funcionar como um rectificador convertendo a corrente AC em DC

para ser armazenada energia na bateria. Na situacao de descarga, pelo contrario, a corrente DC que

sai dos terminais da bateria tem que ser convertida em AC para que possa ser utilizada pela rede, tendo

o conversor de ter um comportamento de inversor. Daı a referencia a necessidade de um inversor com

comportamento bidireccional.

2.3.3 Princıpio de funcionamento

As celulas das baterias secundarias tem a capacidade de ser recarregadas armazenando electricidade

sob a forma de energia quımica. Tal como visto anteriormente, cada celula e composta por um electrodo

positivo e outro negativo onde ocorrem as reacoes de oxidacao-reducao (redox). Estes electrodos, por

sua vez, estao ligados por um circuito externo que permite a circulacao de corrente (electroes), que

ocorre devido as reaccoes quımicas que ocorrem simultaneamente em ambos os electrodos. Estas

reaccoes quımicas, por sua vez, sao reaccoes reversıveis permitindo a recarga da bateria atraves da

aplicacao de uma tensao externa aos terminais da bateria [15]. Na figura 2.5 e de seguida explicita-se

o princıpio de funcionamento tıpico da bateria nos seus 2 modos de operacao, descarga e recarga:

• A descarregar: no processo de descarga de uma bateria os electroes acumulados pelo anodo

(agende redutor) sao cedidos e fluem pelo circuito externo ate ao catodo onde sao aceites e

consequentemente o material do catodo e reduzido. O circuito electrico completo finaliza-se com

22

a troca de ioes positivos (catioes) para o catodo e de ioes negativos (anioes) para o anodo.

• A carregar: no processo de recarga de uma bateria a metodologia e a inversa a que ocorre no

modo de operacao de descarga. Interessa frisar que quando a bateria carrega a polaridade do

anodo e catodo troca, isto e, o anodo fica positivo e o catodo negativo. Assim, a corrente flui no

sentido contrario, a oxidacao da-se no electrodo positivo e a reducao da-se no terminal negativo.

Por definicao o anodo e o electrodo onde ocorre a oxidacao e o catodo e o electrodo onde ocorre

a reducao. Assim o electrodo positivo e agora o anodo e o electrodo negativo e o catodo [27].

Figura 2.5: Ciclo carga/descarga numa bateria [23]

O ciclo de carga e descarga de uma bateria pode ser repetido por diversas vezes, uma vez que, as

reaccoes quımicas que ocorrem nas baterias sao reversıveis. Mesmo assim apesar de serem feitas de

elementos que se podem recombinar repetidamente, as baterias recarregaveis apresentam um deter-

minado tempo de vida util. Com a utilizacao estas comecam a perder gradualmente a capacidade de

reter a carga, tal como se aborda na seccao seguinte.

2.3.4 Caracterısticas tecnicas de uma bateria

Na seccao 2.2.2.2 abordaram-se as principais caracterısticas tecnicas que devem ser consideradas

aquando da seleccao do sistema de armazenamento. Caracterısticas como a densidade de potencia/energia

e potencia/energia especıfica que afectam o volume/dimensao da bateria e a potencia nominal que

afecta a potencia que a bateria pode injectar. Tambem a capacidade de armazenamento, o custo do

sistema, o rendimento e a auto-descarga sao importantes consideracoes na seleccao de uma bateria,

cujos valores tıpicos para diferentes tecnologias de baterias se encontram apresentados na Tabela 2.1.

Agora, nesta seccao, a abordagem e feita tendo em conta que o SAE escolhido e uma bateria. Por-

tanto, interessa averiguar os atributos especıficos e caracterısticos das diferentes tecnologias de BESS

e que anteriormente nao foram explorados, tais como a profundidade de descarga (PD), o efeito de

23

memoria, temperatura de operacao e tensao aos terminais da celula. As baterias por terem componen-

tes quımicos sao sistemas de armazenamento que sao muito influenciados pelas condicoes em que

operam, podendo estas afectar o seu desempenho tecnico-economico, custo e tempo de vida util [2].

A PD corresponde a quantidade de energia que pode/deve ser utilizada relativamente a capacidade

total da bateria. E notavel que quanto maior for a PD de uma bateria menor sera o seu tempo de

vida util, o que corresponde a um menor numero de ciclos que e capaz de cumprir. Tipicamente,

para valores de profundidade de descarga elevados (>85%), o tempo de vida de uma bateria reduz-

se consideravelmente, isto porque contribui para a degradacao das celulas. Muitas vezes tambem se

fala em estado de carga (SOC) que e um conceito exactamente oposto, ou seja, um SOC de 100%

corresponde a uma PD de 0%. Na Figura 2.6 apresenta-se o comportamento tıpico de 2 tecnologias de

baterias de acido chumbo e de uma bateria de lıtio (LiFePO4), relativamente a forma como a PD afecta

o tempo de vida de cada tecnologia.

Figura 2.6: Variacao do numero de ciclos com a profundidade de descarga [33].

O efeito de memoria e outra das caracterısticas tıpicas de um BESS, contudo nem todas apresentam

tal contrariedade. Este efeito reflecte-se na diminuicao consideravel da capacidade efectiva de uma

bateria quando esta e sujeita de forma continuada a um certo ciclo de carga e descarga incompleto. O

facto de repetidamente uma bateria ser recarregada sem ser totalmente descarregada, isto e, com uma

PD menor que 100%, afecta as propriedades electroquımicas de algumas tecnologias de baterias. A

tecnologia que mais sofre deste efeito sao as baterias de nıquel-cadmio (NiCd), ao inves, as baterias

de ioes de lıtio nao possuem efeito de memoria [20].

Relativamente a temperatura de operacao, o controlo da mesma e fundamental para um funcio-

namento prudente da bateria. Apesar de as baterias apresentarem uma gama de temperaturas de

operacao relativamente abrangente, regra geral entre os 0 e 45oC, para que o processo de carga/descarga

seja eficiente a gama deve encurtar. Principalmente na recarga das baterias a situacao e mais delicada.

24

O aumento da temperatura de operacao faz descer a tensao aos terminais das baterias o que torna o

processo de recarga mais ineficiente e demorado [34]. Adicionalmente, o funcionamento a temperatu-

ras altas leva a degradacao das celulas, perda da capacidade efectiva, corrosao, emissao de gases e

consequentemente diminuicao do seu ciclo de vida util. Por todos estes factores, muitas das instalacoes

de sistemas com baterias possuem integrados sistemas de controlo e gestao da temperatura de forma

a garantir a seguranca e optimizacao do desempenho das mesmas [29].

Por fim, cada tecnologia apresenta os valores tıpicos de tensao nominal a que sao descarrega-

das/carregadas as suas celulas, sendo estes dependentes da diferenca de potencial gerado pelos ma-

teriais usados no anodo e catodo . A tensao que surge aos terminais de uma celula, em que instante

for, depende da corrente de carga, da sua impedancia interna, da temperatura de operacao, do SOC

e do envelhecimento da celula [35]. Durante a descarga a tensao aos terminais de uma bateria tende

a diminuir enquanto que na recarga tende a aumentar. A caracterıstica tıpica da tensao ao longo da

descarga da celula e particular de cada tecnologia, podendo apresentar um declive mais ou menos pro-

nunciado. Na Figura 2.7 apresenta-se as caracterısticas da curva de descarga de uma bateria de lıtio

para diferentes taxas de descarga ao longo do ciclo de descarga, a uma temperatura fixa. As baterias

de lıtio sao a tecnologia que apresenta gamas de tensao de operacao mais elevadas e tambem cuja

tensao aos terminais e mais invariavel no ciclo de descarga, o que permite um funcionamento mais

eficiente e duradouro destas baterias. Baterias cujos declives das curvas de descarga sao mais acen-

tuados, como e o caso das baterias de acido chumbo, resultam na diminuicao da potencia entregue

durante o ciclo de descarga, o que e inconveniente [36].

Figura 2.7: Caracterıstica da curva de descarga de uma bateria de lıtio [37].

Estas sao algumas das principais consideracoes na seleccao de uma bateria. Adicionalmente, para

que a bateria seja indicada ha que ter em conta os requisitos de desempenho que a aplicacao a que

se destina requer. Por exemplo, para aplicacoes de regulacao e mitigacao e importante apresentar

um tempo de resposta celere e capacidade de suportar um numero elevado de ciclos carga/descarga.

Alternativamente em aplicacoes de gestao de energia em que e necessario fazer “deslocamento” tem-

poral da mesma, os ciclos de carga/descarga devem ser capazes de ser prolongados no tempo [29].

25

Nesse sentido, na subseccao seguinte abordam-se as principais aplicacoes em que as baterias podem

ser vantajosas.

2.3.5 Aplicacoes de auxılio a integracao de renovaveis

Tal como ja abordado na seccao 2.2.2.3, as aplicacoes em que um SAE pode auxiliar podem ser

agrupadas em tres categorias diferentes de acordo com a sua natureza. Nesta sub-seccao apresentam-

se as principais aplicacoes a que uma bateria e adequavel.

Os BESS podem ser utilizados em qualquer dos grupos de aplicacoes existente abrangendo perıodos

de operacao dos milissegundos ate algumas horas. Estas aplicacoes, regra geral, estao associadas

a necessidade de compensar a natureza variavel da energia eolica e solar. Desde a contribuicao

em servicos auxiliares, como a regulacao e controlo da frequencia e tensao das redes com elevada

penetracao renovavel ate a contribuicao no balanceamento da carga/geracao fornecendo ou absor-

vendo energia quando ocorrem desequilıbrios, sao aplicacoes que uma bateria pode desempenhar. O

facto de um so SAE ser capaz de multiplos usos, como e o caso de uma bateria, beneficia a economia

da instalacao [29].

Uma das razoes vitais para a instalacao de uma bateria e a contribuicao para um aumento confiavel

da penetracao renovavel. No caso particular de uma ilha esta questao ganha uma dimensao redobrada

e as baterias sao vistas como uma oportunidade ımpar do ponte vista tecnico, economico e ambien-

tal. As ilhas por apresentarem na generalidade, um potencial renovavel elevado, possuırem sistemas

electricos que sao dependentes da geracao convencional e ausencia de interligacoes, beneficiam com

a instalacao de um sistema de armazenamento que permita a integracao confiavel de renovaveis, que

confira flexibilidade de utilizacao e permita a reducao da dependencia de combustıveis fosseis. Na Fi-

gura 2.8 apresenta-se o impacto que uma bateria de acido chumbo tem na geracao de um caso real de

uma ilha (mais detalhes em [38]).

(a) Despacho sem BESS (b) Despacho com BESS

Figura 2.8: Despacho com e sem BESS [38].

E evidente que com a instalacao de uma bateria a dependencia da geracao convencional diminui

26

a custa de um aumento da penetracao renovavel. A bateria permite garantir o balanco carga/geracao

e a operacao estavel da rede em paralelo com a maximizacao da penetracao renovavel. Adicional-

mente, as baterias funcionam tambem como reserva permitindo assim contribuir para satisfazer a perda

de geracao ou variacao de carga. O facto de uma bateria nao apresentar massas girantes (energia

cinetica) faz com que o conceito de reserva girante nao seja totalmente aplicavel neste caso, pelo que

e usual referir-se a esta reserva como reserva nao-girante.

Outro tipo de aplicacao consiste na acomodacao da variabilidade caracterıstica das fontes renovaveis

e consequentemente da sua producao energetica. Neste caso as baterias actuam do lado da geracao

da energia renovavel. Como o vento ou a irradiancia solar tem um caracter estocastico e variavel

apresentam flutuacoes mais ou menos severas ao longo das horas, que afectam a estabilidade do

sistema electrico. A utilizacao de uma bateria permite suavizar as flutuacoes tıpicas da producao re-

novavel atraves da absorcao/injeccao de potencia em curtos perıodos. Assim a energia injectada e

mais nivelada permitindo que a rede opere de forma estavel e confiavel. Na Figura 2.9 apresenta-se o

comportamento de uma bateria quando utilizada para efectuar a acomodacao de geracao solar.

Figura 2.9: Influencia de uma bateria na suavizacao de flutuacoes [29]

A vermelho temos a potencia gerada pelo Painel Fotovoltaico (PV) ja do lado AC, a preto apresenta-

se a potencia imposta pela bateria e a azul a potencia resultante que e injectada na rede com a bateria

a fazer acomodacao das flutuacoes. Em baixo apresenta-se a variacao de energia armazenada na

bateria ao longo do tempo. Verifica-se que os ciclos carga/descarga necessarios sao muitos, contudo

a profundidade de descarga neste tipo de aplicacoes e geralmente reduzida.

Menos frequente, contudo exequıvel e a utilizacao de baterias para aplicacoes relacionadas com o

armazenamento de energia durante longos perıodos temporais. Entre elas existe o armazenamento

sazonal (meses) e o deslocamento temporal de energia (alguns minutos ate horas). Nesta ultima, o ob-

jectivo e usufruir das capacidades de uma bateria de forma a tirar proveito tecnico e economico. Por um

lado, permite fazer com que instalacoes renovaveis se mantenham em servico mesmo quando a sua

geracao ultrapassa a procura, funcionando a bateria como carga, absorvendo a producao excedente.

27

Por outro, permite fazer um armazenamento economicamente justificavel, nos perıodos em que a pro-

cura e o preco da electricidade sao baixos para que seja posteriormente injectada na rede. A energia

armazenada na bateria pode entao ser injectada num perıodo em que a procura e precos da electrici-

dade sejam mais elevados, o que ocorre geralmente na ponta. No deslocamento temporal incluem-se

aplicacoes como a gestao de pontas ou o nivelamento de carga, em que ambas consistem numa forma

de suavizar a forma tıpica de monte e vale da curva de procura, permitindo assim uma geracao mais

constante. Na Figura 2.10 e possivel observar a forma como uma bateria e aplicada no deslocamento

temporal de energia, nas aplicacoes de gestao de pontas e nivelamento de carga.

(a) Gestao de Pontas (b) Nivelamento de Carga

Figura 2.10: Aplicacoes de deslocamento temporal de energia [15].

Por fim, as baterias sao reconhecidas como um SAE notavel na colaboracao em servicos auxiliares.

O suporte de regulacao e controlo de tensao e frequencia sao as principais aplicacoes que aqui se inse-

rem. Nestas aplicacoes os tempos de resposta tem que ser rapidos de forma a remediar desequilıbrios

de potencia activa e/ou reactiva que resultam em instabilidades na rede, que ignoradas podem levar

ao deslastre de carga e em ultimo caso, ao colapso da rede. No que ao controlo de frequencia diz

respeito a estrategia utilizada e a de manter o equilıbrio entre a potencia activa gerada e consumida.

Como tal, a tecnica mais vulgarmente usada em baterias e semelhante a estrategia do regulador de

velocidade de uma maquina convencional, atraves de um controlo por estatismo. Assim de acordo com

o desvio de frequencia que se verifica na rede, a bateria e capaz de injectar ou absorver energia de

forma a equilibrar a frequencia. Por sua vez, as baterias possuem tempos de resposta mais rapidos que

as maquinas convencionais, o que beneficia a rede na rapida e precisa compensacao das flutuacoes

frequentes da geracao renovavel, mantendo a frequencia do sistema dentro dos limites exigidos. Na

Figura 2.11 verifica-se a forma como uma bateria actua perante os desvios de frequencia.

Frequencias elevadas indicam o excesso de geracao face a carga o que faz com que a bateria

carregue para reparar tal perturbacao, pelo contrario, frequencias baixas indicam defice de geracao

face a carga, portanto a bateria fornece potencia como resposta.

No que ao controlo da tensao diz respeito este tem como objectivo manter a tensao da rede dentro

dos limites aceitaveis garantindo a estabilidade da mesma, uma vez que a operacao fora dos limites

pode provocar danos e afectar o desempenho caso se prolongue no tempo [40]. Este controlo e feito

com base na gestao da potencia reactiva que e injectada na rede. A capacidade de potencia reactiva

28

Figura 2.11: Regulacao de frequencia por BESS [39].

da bateria esta associada a capacidade do sistema de conversao de energia ao qual esta e ligado.

E a electronica de potencia que permite fornecer a capacidade de regular a tensao, em grande parte

independente do fornecimento de energia activa ou consumo. Um conversor de quatro quadrantes

atraves da alta velocidade de comutacao torna possıvel o controlo independente da potencia activa e

reactiva injectada com a possibilidade de gerar e absorver ambos pela bateria. Esta funcionalidade e

extremamente valiosa para melhorar a estabilidade de tensao [28].

2.3.6 Baterias de lıtio vs Baterias de Acido-Chumbo

Para finalizar este capıtulo, considera-se importante confrontar as duas tecnologias de baterias de

baixa temperatura que possuem maior relevancia no mercado electrico, nomeadamente dos sistemas

de armazenamento de energia: as baterias de acido-chumbo e as de lıtio. Se nas primeiras podemos

ver reflectida uma maturidade irrivalizavel, nas segundas projecta-se um futuro promissor com base

nos sucessos tecnico-economicos alcancados. A analise mais generalizada das restantes tecnologias

de baterias pode ser obtida atraves dos dados apresentados na Tabela 2.1.

As baterias de acido-chumbo sao a tecnologia, do tipo de baterias recarregaveis, mais barata e

mais madura de entre os diferentes tipos de baterias existentes no mercado. Geralmente, o catodo

e composto de dioxido de chumbo (PbO2), o anodo e constituıdo por chumbo esponjoso (Pb) e o

electrolito de acido sulfurico liquido (H2SO4) [20]. A tensao nominal de uma celula de PbA tıpica ronda

os 2V [19].

As baterias de acido-chumbo sao caracterizadas por terem um custo relativamente baixo em comparacao

com outras tecnologias de baterias, rondando os $50-$400/kWh [21, 15]. Por outro lado, a eficiencia

desta tecnologia e na ordem dos 70-85%. O curto tempo de resposta, a relacao custo/desempenho

vantajosa e a relativa baixa auto-descarga sao tambem factores caracterısticos deste tipo de baterias.

Estas podem ser utilizadas em aplicacoes de gestao de energia, devido a baixa auto-descarga que as

torna indicadas para aplicacoes de armazenamento de energia em perıodos de tempo mais longos.

Em contrapartida, existem alguns factores que limitam a sua utilizacao mais generalizada. A degradacao

do seu desempenho e a afectacao do tempo de vida depende da temperatura de funcionamento, fa-

29

zendo com que seja necessario um sistema de controlo de temperatura, que aumenta os custos exigi-

dos. Mas as principais desvantagens desta tecnologia sao a baixa energia especıfica (25-50 Wh/kg), a

elevada toxicidade do chumbo e o tempo de vida util reduzido, entre 600 a 1800 ciclos, dependendo da

profundidade de descarga [21].

Estas baterias podem ser encontradas actualmente, ja integradas em algumas instalacoes como

por exemplo, em Chino, na California em que uma bateria de PbA com 10MW de potencia nominal e

capacidade de 40MWh e responsavel por fornecer reserva girante e por participar em aplicacoes de

nivelamento de carga [31].

Quanto as baterias de lıtio, as primeiras comercializaveis surgiram em 1990 produzidas pela Sony

[15]. Desde entao esta tecnologia tem revelado um crescimento tecnico-comercial notavel, podendo ac-

tualmente ser utilizadas numa vasta gama de aplicacoes desde telemoveis ate aplicacoes de media/alta

potencia para sistemas de armazenamento em sistemas electricos (veıculos electricos ou rede electrica),

com capacidades que podem alcancar os 30MWh [22].

Sao baterias em que o catodo e constituıdo por um oxido metalico de lıtio, o anodo por carbono

grafıtico e o electrolito e baseado numa solucao de sais de lıtio com mistura de solventes organicos.

A tensao nominal de uma celula de lıtio tıpica ronda os 3.7V [19], sendo mais alta que as restantes

tecnologias de baterias, o que significa que o numero de celulas a interconectar em serie para obter

uma determinada tensao de operacao e menor. As principais caracterısticas das baterias de ioes lıtio

sao a elevada energia especıfica (75-200Wh/kg) superior a qualquer outra tecnologia, rapidos tempos

de resposta e o elevado rendimento (80-97%) [15, 20]. O ciclo de vida pode variar conforme a PD a

que a bateria e sujeita, mas por norma, esta entre 1000 e 10000 ciclos [15]. A auto-descarga tıpica

verificada e <9% da capacidade nominal por mes.

A PD que as baterias de lıtio suportam e algo limitada o que faz com que nao deva ocorrer descarga

total, apesar de actualmente ja existirem baterias de lıtio de descarga profunda (PD>85%) sem afectar

de forma determinante o desempenho e tempo de vida da bateria. Para alem disso, tambem a tempe-

ratura de operacao e um factor que pode influenciar o tempo de vida e a seguranca das baterias de lıtio,

caso esta nao seja controlada atraves da monitorizacao da temperatura das celulas. Contudo, as duas

principais desvantagens desta tecnologia residem no preco elevado das baterias e na sua seguranca.

As baterias com capacidades elevadas apresentam custo altos (>$600/kWh) sendo esse o principal

entrave para o seu crescimento comercial em sistemas de grande escala. O custo elevado esta relaci-

onado com a necessidade das celulas possuırem circuitos internos de proteccao contra sobrecargas.

As sobrecargas sao propıcias a ocorrerem nas baterias de lıtio devido a elevada densidade de energia

e combustibilidade do lıtio que leva a possibilidade de sobreaquecimento das celulas pondo em risco a

seguranca da instalacao.

As baterias de Li-ion sao vistas como as principais candidatas a aplicacoes em que o tempo de

resposta curto e as dimensoes reduzidas sao factores determinantes. Actualmente a pesquisa e

investigacao foca-se em aumentar a capacidade das baterias de lıtio, reduzir o seu custo e aumen-

tar o seu tempo de vida util. A AES Energy Storage, empresa com sede nos EUA, ja foi responsavel por

instalar varios sistemas de armazenamento de ioes de lıtio, entre eles, um em Laurel Mountain, onde foi

30

instalado um sistema de baterias de lıtio com potencia nominal de 32MW e capacidade de 8MWh para

suportar um parque eolico com 98MW, fornecendo flexibilidade na estabilizacao da rede e permitindo

fazer gestao da energia [20].

A comparacao entre estas duas tecnologias efectuada nesta seccao, pode tambem ser observada

pelos dados da Tabela 2.1. E evidente que do ponto de vista tecnico e operacional as baterias de

ioes de lıtio apresentam clara vantagem face as de acido-chumbo quer pelo rendimento, densidade

de potencia/energia, potencia/energia especıfica, ciclo de vida util ou tensao aos terminais das celulas

elevadas. O maior senao surge do ponto de vista economico em que as baterias de lıtio surgem como

a tecnologia que requer um investimento mais elevado de entre as baterias. Contudo, tal como ja foi

referido tem-se verificado que a tendencia e para que com a imposicao das baterias de lıtio como uma

das solucoes com melhores resultados praticos de entre as BESS, os precos destas descam com o

aumento da producao e surgimento de economias de escala.

31

Capıtulo 3

Caso de Estudo: ilha da Brava

Neste capıtulo apresenta-se o caso de estudo desta tese que se enquadra no plano energetico de Cabo

Verde para 2020, apresentado no documento “Plano Energetico Renovavel para 2020” [8]. Apresenta-

se a ilha da Brava e a descricao da sua rede electrica de media tensao em 2015 bem como a previsao

para o ano de 2020.

Na Seccao 3.1 e feita a apresentacao geral da ilha e das suas principais caracterısticas em termos

de recursos renovaveis e formalidades da rede electrica.

Na Seccao 3.2 identifica-se o sistema electroprodutor, a rede de distribuicao e o diagrama de carga

da ilha da Brava e que foram utilizados para realizar os estudos em regime estacionario e dinamico.

Apresenta-se igualmente a caracterizacao do recurso solar e eolico da ilha.

Na Seccao 3.3, com o objectivo de tornar a ilha 100% renovavel identificam-se os projectos a ins-

talar na rede e as respectivas modificacoes que se perspectivam na procura e consequentemente no

despacho do sistema electroprodutor. Apresenta-se tambem as caracterısticas gerais a considerar re-

lativamente a instalacao do BESS.

3.1 Ilha da Brava

A ilha Brava e a menor das ilhas habitadas de Cabo Verde pertencendo ao grupo de ilhas de Sotavento

do arquipelago. Esta possui cerca de 67 km2 com aproximadamente 7 mil habitantes. A ilha apresenta

apenas um concelho, Brava, e a sua sede e a Vila Nova Sintra sendo este o maior centro urbano da

ilha.

A ilha apresenta um clima ameno de temperaturas nao muito elevadas e seco. A orografia da ilha

e muito acidentada, tratando-se de uma ilha de natureza montanhosa. Apresenta uma exposicao ao

recurso eolico elevada, principalmente nas vertentes a NE, atingindo velocidades de vento superiores a

9 m/s. O recurso solar a que a ilha e exposta e interessante contudo apresenta nıveis de nebulosidade

significativos. Esta ilha apresenta reduzido escoamento anual medio e bacias hidrograficas de reduzida

dimensao o que faz com que nao apresente potencial de producao de energia hidroelectrica [8].

A ELECTRA e a entidade responsavel pela concessao da producao e distribuicao de electricidade

32

da ilha da Brava. Desde 2006 que, com base nos registos da ELECTRA, a taxa de cobertura territorial

da rede de electricidade da ilha da Brava e de 100%.

O sistema electrico da ilha e constituıdo por uma central de producao de energia electrica, tratando-

se de uma central termoelectrica, e uma rede de distribuicao MT que opera nas tensoes de 20 e 6 KV.

A ilha da Brava nao apresenta qualquer tipo de interligacao com outras redes pelo que se trata de um

sistema isolado. Na Figura 3.1 apresenta-se a planta do sistema electrico da ilha da Brava em que se

encontram representados os principais postos de transformacao (PT) onde e possivel visualizar a sua

localizacao geografica.

Figura 3.1: Planta ilha da Brava, adaptado de [41].

3.2 Brava: Ano 2015

3.2.1 Sistema Electroprodutor e Subestacoes

O sistema electroprodutor da ilha da Brava, em 2015, e constituıdo por uma central de producao de

energia electrica, a Central Termoelectrica de Favetal (CEFV). A central de Favetal e constituıda por

4 grupos termicos que utilizam como combustıvel o gasoleo e possui uma potencia instalada de 1770

kVA. Na Tabela 3.1 apresentam-se os dados gerais de cada um dos grupos da central de Favetal.

O sistema electrico da ilha da Brava possui uma subestacao elevadora afecta a CEFV, atraves da

qual e injectada a producao na rede de MT. A Subestacao de Favetal (SFV) possui uma potencia

instalada de 800 kVA. Na Tabela 3.2 sao apresentados os dados gerais da subestacao.

33

Tabela 3.1: Dados dos grupos da central de Favetal.

Tabela 3.2: Dados da subestacao de Favetal.

Na Figura 3.2 apresenta-se o esquema unifilar da central de Favetal incluindo a subestacao e a

saıda para a rede de MT.

Figura 3.2: Esquema da central de Favetal.

3.2.2 Rede de distribuicao

O sistema electrico da ilha da Brava possui uma rede de distribuicao de 20 kV com origem na subestacao

de Favetal e uma rede de 6 kV que deriva da subestacao SS de Nova Sintra. O esquema unifilar da

rede de distribuicao de MT da ilha da Brava apresenta-se no Anexo A.1. Como se pode verificar trata-

se de uma rede com uma configuracao radial com 2 nıveis de tensao. A subestacao Nova Sintra e

responsavel por permitir o funcionamento da rede de distribuicao a 20 e 6 kV atraves de um transfor-

mador redutor que opera com a relacao de transformacao 20/0,4 kV e de um transformador elevador

que opera com relacao de transformacao de 0,4/6 kV alimentando os pontos da rede electrica que fun-

cionam neste nıvel de tensao. Estes transformadores tem ambos uma potencia de 250 kVA e possuem

5 tomadas manuais de ±2 × 2, 5%.

34

A rede de distribuicao e constituıda por uma parte subterranea e uma aerea. Na rede subterranea,

representada em A.1 a tracejado, os cabos utilizados sao de dois tipos: de alumınio(Al) (20kV e 6kV)

e Cobre (Cu) (6kV). Na rede aerea, as linhas utilizadas sao condutores de alumınio do tipo Aster. Na

Tabela 3.3 apresentam-se as caracterısticas principais dos tipos de linhas e cabos utilizados na rede

de distribuicao da ilha.

Tabela 3.3: Caracterısticas das linhas e cabos.

Na Tabela 3.3 apresentam-se os valores da seccao, resistencia, indutancia e capacidade por uni-

dade de comprimento. Para alem disso apresenta-se a corrente termica e a corrente de curto-circuito

de cada tipo de cabo ou linha. No caso das linhas Aster de 34.4mm2 nao foram identificados os dados

referentes a corrente termica e de curto-circuito.

3.2.3 Diagrama de Carga

Os dados de carga referentes a 2015 foram fornecidos pela ELECTRA para o mes de Janeiro. Estes

foram fornecidos por valor de carga visto por cada Posto de Transformacao (PT) para a ponta. De notar

que a potencia reactiva de cada PT e calculada atraves do conhecimento do coeficiente de carga, da

potencia activa e da assuncao de que todas as cargas apresentam factor de potencia de cos Φ = 0,8

indutivo.

Assumiu-se que estes dados da ponta para o mes de Janeiro eram representativos para qualquer

estacao do ano, uma vez que, a ELECTRA revelou que nas ilhas de Cabo Verde o perfil de consumo

nao apresenta, regra geral, variacoes significativas entre o Verao e Inverno. Assim considerou-se que

este valor de ponta corresponde ao valor de producao maxima anual. Relativamente a carga de vazio

os dados mantem-se inalterados face a previsao feita pela Gesto Energia S.A, no “Plano Energetico de

2020”, em 2011, para a procura do ano de 2015 (ver Tabela 3.5). Assumiu-se que a distribuicao das

cargas pelos PTs assume o mesmo comportamento que o registado na ponta.

Os valores de carga por PT para o cenario de ponta e vazio encontram-se apresentados na Tabela

3.4.

O PT Vila corresponde a carga com maior consumo representando cerca de 30% da carga total da

ilha. Isto justifica-se pelo facto de ser este PT que alimenta o maior centro urbano da ilha da Brava, a

Vila de Nova Sintra.

Para tornar o estudo o mais real possıvel e dada a ausencia de informacoes sobre o perfil do dia-

grama de carga da ilha da Brava, decidiu-se utilizar como referencia o diagrama de carga da ilha de

35

Tabela 3.4: Dados da carga na Ponta e Vazio de 2015 para a ilha da Brava.

Relativamente à carga de vazio os dados mantêm-se inalterados face á previsão feita pela Gesto

Energia S.A, no “Plano Enegético de 2020”, em 2009. A distribuição das cargas pelos \acp{PT}

assume o mesmo comportamento que na ponta.

Os valores das distribuições de carga para o cenário de ponta e vazio encontram-se

apresentados na Tabela \ref{tab:cargasPT}.

O \acs{PT} Vila corresponde à carga com maior consumo representando cerca de 30% da

carga total da ilha. Isto justifica-se pelo facto de ser este \acs{PT} que alimenta o maior centro

urbano da ilha da Brava, a Vila de Nova Sintra.

Para tornar o estudo o mais real possível e dada a ausência de informações sobre o perfil do

diagrama de carga da ilha da Brava, decidiu-se utilizar como referência o diagrama de carga da

ilha de Santiago procedendo-se à adaptação do mesmo. Com esta assunção admite-se que os

hábitos quotidianos/industriais das duas ilhas são semelhantes, contudo a ilha da Brava numa

escala de consumo cerca de 40 vezes menor. O diagrama de carga original da ilha de Santiago

corresponde a um diagrama de carga de produção pelo que incluía perdas que foram

desprezadas. Com base nos dados de ponta e vazio apresentados na Tabela xxx e

extrapolando os restantes valores de carga horária durante um dia para a ilha da Brava, o perfil

de carga obtido encontra-se apresentado na Figura xxxx. Por análise da Figura xxx podemos

verificar que a ponta do diagrama de cargas ocorre às 20h ocorrendo o vazio às 6 h.

Cargas Cenário Ponta Cenário Vazio

P(kW) Q(kvar) P(kW) Q(kvar) PT Braga 4,619 3,464 2,309 1,732 PT Lem 29,191 21,893 14,592 10,944

PT Furna 31,777 23,833 15,885 11,913 PT ST Bárbara 4,434 3,326 2,216 1,662

PT Vila 114,916 86,187 57,443 43,083 PT Cova Rodela 18,845 14,134 9,420 7,065 PT Mato Grande 17,182 12,886 8,589 6,442

PT Antena 0,203 0,152 0,102 0,076 PT Cachaço 8,499 6,374 4,248 3,186

PT Mato 20,138 15,103 10,066 7,550 PT Pau 1,515 1,136 0,757 0,568

PT Tantum 5,543 4,157 2,771 2,078 PT Campo Baixo 9,977 7,482 4,987 3,740 PT N. S. Monte 37,689 28,267 18,840 14,130 PT Cova Joana 11,824 8,868 5,911 4,433 PT F. D´Agua 7,760 5,820 3,879 2,909 PT Bomba 3 34,733 26,050 17,362 13,022 PT Bomba 4 33,255 24,942 16,623 12,468

TOTAL 392,099 294,075 196,000 147,000

Santiago procedendo-se a adaptacao do mesmo. Com esta assuncao admite-se que os habitos quo-

tidianos/industriais das duas ilhas sao semelhantes, contudo a ilha da Brava apresenta um consumo

cerca de 40 vezes menor. O diagrama de carga original da ilha de Santiago corresponde a um diagrama

de producao pelo que incluıa perdas que foram desprezadas. Com base nos dados de ponta e vazio

apresentados na Tabela 3.4 e extrapolando os restantes valores de carga horaria durante um dia para

a ilha da Brava, o perfil de carga obtido encontra-se apresentado na Figura 3.3. Por analise da Figura

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

00:00 02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16 00 18:00 20:00 22:00 24:00

P [

MW

]

Tempo [h]

Figura 3.3: Diagrama de carga de 2015.

3.3 podemos verificar que a ponta ocorre as 20 horas, ocorrendo o vazio as 6 horas.

Este diagrama de carga e entao resultado de uma serie de assuncoes apresentadas acima, com

o objectivo de representar um dia tıpico de consumo da ilha da Brava, que servira de base para a

construcao dos cenarios de simulacao.

36

3.2.4 Caracterizacao do recurso Solar e Eolico

O conhecimento das caracterısticas do recursos solar e eolico e a base para realizacao dos estudos

de viabilidade economica de qualquer projecto de fontes de energias renovaveis, onde se incluem os

projectos solares e eolicos, respectivamente. A caracterizacao do potencial eolico e solar da ilha da

Brava foi realizada pela Gesto Energia no ”Plano Energetico para 2020” [8]. Contudo nao foi possıvel

ter acesso a uma serie temporal de registos de medicoes da velocidade do vento e irradiancias.

Segundo os estudos realizados pela Gesto Energia, o recurso solar e abundante em Cabo Verde.

Em media a ilha da Brava apresenta uma radiacao global de 1.800 kWh/m2/ano e cerca 3.750 horas de

sol por ano.

Para obtencao dos dados de irradiancia tıpicos que se verificam na ilha da Brava, nomeadamente na

zona da Furna, onde serao instalados os paneis fotovoltaicos, utilizou-se o PVgis, um simulador online

que permite ter acesso aos mapas de radiacao solar num determinado ponto do globo. Na Figura 3.4

apresentam-se as caracterısticas de irradiancias tıpicas de cada estacao do ano, no plano inclinado de

14o (inclinacao optima), para a regiao da Furna.

Relativamente ao perfil de vento na ilha da Brava, por ausência de dados optou-se por utilizar

dados do perfil de vento de um dia típico registado em 2015 na ilha de Santiago, assumindo

que este não varia de forma significativa do

que se registaria na ilha da Brava. Na

Tabela xxx e na Figura xxx apresentam-se

as velocidades do vento assumidas para

este estudo bem como as potências

produzidas pelos diferentes aerogeradores

estudados. Na Figura xxx apresentam-se

as curvas de potência das turbinas Vestas

utilizadas para realizar os estudos

apresentados no capitulo seguinte e para

conseguir obter a potência eólica disponível

para cada modelo de aerogerador para o perfil

de vento em causa.

Hora Vento [m/s]

Potência [MW] Vestas

V52 2x Vestas

V29 00:00 12,43 0,8 0,438 1:00 9,73 0,573 0,31 2:00 10,15 0,618 0,34 3:00 10,77 0,673 0,377 4:00 10,87 0,682 0,384 5:00 10,65 0,663 0,37 6:00 10,87 0,682 0,384 7:00 11,84 0,763 0,426 8:00 12,63 0,809 0,441 9:00 11,5 0,736 0,413 10:00 11,94 0,773 0,431 11:00 12,43 0,8 0,438 12:00 11,94 0,773 0,431 13:00 11,84 0,763 0,426

0

200

400

600

800

1000

1200

04:48 07:12 09:36 12:00 14:24 16:48 19:12

Irra

diâ

nci

a [W

/m2 ]

Tempo [h]

Janeiro

Maio

Julho

Outubro

0

2

4

6

8

10

12

14

Vel

oci

dad

e [m

/s]

Tempo [h]

Perfil de vento típico da Ilha da Brava

0,00

500,00

1000,00

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

Po

tên

cia

[kW

]

Vento [m/s]

Curva de Potência aerogeradores Vestas

V52

V29

Figura 3.4: Diagrama das irradiancia de meses de cada estacao do ano na Furna.

Pela analise da Figura 3.4 verifica-se que a irradiancia ao longo do ano assume um comportamento

aproximadamente constante entre estacoes, nao se verificando variacoes consideraveis entre as ir-

radiancias medias, apesar de estas serem ligeiramente superiores para os meses de Verao (Julho).

Outro facto que se pode verificar e que o numero de horas de sol diarias nao varia de forma signifi-

cativa, apesar de ser menor para os meses de Inverno, apresentando cerca de menos 2 horas de sol

diaria face a um dia tıpico de Verao.

Segundo os estudos apresentados em [8], o recurso eolico apresenta sazonalidade consideravel

verificando-se uma assimetria anual. Esta observa-se entre os perıodos de Janeiro a Junho, em que

as velocidades medias do vento sao elevadas (>9m/s) e de Julho a Dezembro em que se verifica um

decrescimo da velocidade do vento. Outro dado relevante resulta do conhecimento que cerca de 90%

dos ventos provem de NE [8]. Relativamente ao perfil de vento na ilha da Brava, por ausencia de dados

optou-se por utilizar dados do perfil de vento de um dia tıpico registado em 2015 na ilha de Santiago,

para o mes de Janeiro, assumindo que este nao varia de forma significativa do que se registaria na ilha

37

da Brava. Na Figura 3.5 apresenta-se o perfil de vento considerado.

0

2

4

6

8

10

12

14

Vel

oci

dad

e [m

/s]

Tempo [h]

Figura 3.5: Perfil de vento para a ilha da Brava.

3.3 Brava: Ano 2020

3.3.1 Plano de implementacao de novos projectos

Com vista a alcancar a meta imposta pelo Governo de Cabo Verde de atingir uma taxa de penetracao

de energias renovaveis de 50% em todo o arquipelago ate 2020, foram identificados uma serie de

projectos renovaveis a instalar. O desenvolvimento das energias renovaveis pretende representar nao

so uma viragem economica do paıs, mas tambem pretende coloca-lo na linha da frente dos paıses de

referencia no desenvolvimento de um modelo sustentavel de toda a economia [8]. No caso particular

da ilha da Brava, os projectos identificados em [42] pela Gesto Energia, para implementacao ate 2020

foram os seguintes:

• Parque Eolico- Ventos da Furna (PE.035) – Este projecto consiste na construcao de um par-

que eolico localizado na ilha Brava com uma potencia instalada de 0,85 MW constituıdo por um

aerogerador Vestas, modelo V52/850 kW. O valor estimado do projecto e de 1,74 MAC.

• Parque Solar – Furna (PE.045) – Este projecto consiste na construcao de um parque solar cons-

tituıdo por modulos fotovoltaicos de silıcio policristalino (5.778 unidades aproximadamente) com

uma potencia pico de 225Wp e respectivos servicos auxiliares. Este parque tera uma potencia

instalada total de 1,3 MW, em que 0,92MW serao instalados numa primeira fase e 0,39MW numa

fase posterior. O orcamento estimado para este projecto e de 4,26 MAC.

• Projecto Brava 100% Renovavel (SAE.03) – Este projecto consiste na instalacao de um SAE,

nomeadamente um BESS, que permita assegurar a sustentabilidade energetica da ilha da Brava,

e que integre os projectos renovaveis identificados (PE.035 e PE.045).

Assim a previsao apresentada em [8] considera uma potencia renovavel total a instalar de 2,15 MW.

38

3.3.2 Previsao de Carga para 2020

A previsao de carga efectuada em 2011, no “Plano Energetico de 2020” [8], encontra-se apresentada

na Tabela 3.5, para os anos de 2015 e 2020.

Tabela 3.5: Previsao de ponta e vazio apresentada em [8] para 2015 e 2020.

Confrontando os dados reais fornecidos pela ELECTRA referentes ao ano de 2015, ja apresentados

na Tabela 3.4 com as previsoes efectuadas em [8] (Tabela 3.5), verifica-se que apresentam um desvio

significativo. Assim, atraves dos dados da carga de ponta reais fornecidos pela ELECTRA, referentes

ao ano de 2015, procedeu-se a extrapolacao para o ano de 2020 com base no crescimento percen-

tual previsto, no ”Plano Energetico de 2020”, realizado pela Gesto Energia S.A. Assim admite-se um

aumento de 20,6% da carga em relacao ao cenario de carga actual (2015), apresentado na Tabela

3.4, o que preve uma ponta de aproximadamente 473 kW. Quanto a carga de vazio os dados mantem-

se inalterados face a previsao feita, por ausencia de dados que os invalidem. Sendo entao a relacao

Vazio/Ponta de 0,5.

Apresenta-se entao na Tabela 3.6 os valores de carga na Ponta e Vazio, bem como a distribuicao

das cargas pelos PTs que sao utilizados neste estudo.

Tabela 3.6: Dados da carga na Ponta e Vazio de 2020 para a ilha da Brava.

Verifica-se que os dados de ponta fornecidos pela \acs{ELECTRA} para o ano de 2015 diferem

em grande medida dos previstos para este ano. Assim através dos dados da carga de ponta

reais, fornecidos pela Electra, referentes ao ano de 2015, procedeu-se á extrapolação para o

ano de 2020 com base no crescimento percentual previsto, no Plano Energético de 2020,

realizado pela Gesto Energia S.A. Assim admite-se um aumento de 20,6% da carga em relação

ao cenário de carga actual (2015), apresentado na Tabela xx (tabela das cargas), o que prevê

uma ponta de aproximadamente 473 kW. Quanto à carga de vazio os dados mantêm-se

inalterados face à previsão feita, por ausência de dados, sendo então a relação Vazio/Ponta de

0,5. Apresenta-se então na Tabela xx os valores de Ponta e Vazio, bem como a distribuição da

cargas das cargas pelos \acp{PT}.

O novo diagrama de carga referente ao ano de 2020 é apresentado na figura xx, este servirá

de base para a construção dos cenários de simulação, tal como apresentado no capitulo xxxxx.

Cargas Cenário Ponta Cenário Vazio

P(kW) Q(kvar) P(kW) Q(kvar) PT Braga 5,571 4,178 2,698 2,023 PT Lem 35,207 26,405 17,048 12,786

PT Furna 38,327 28,745 18,559 13,919 PT ST Bárbara 5,348 4,011 2,590 1,942

PT Vila 138,601 103,951 67,115 50,336 PT Cova Rodela 22,729 17,047 11,006 8,254 PT Mato Grande 20,723 15,542 10,035 7,526

PT Antena 0,245 0,184 0,119 0,089 PT Cachaço 10,250 7,688 4,963 3,723

PT Mato 24,289 18,216 11,761 8,821 PT Pau 1,827 1,370 0,885 0,664

PT Tantum 6,685 5,014 3,237 2,428 PT Campo Baixo 12,033 9,025 5,827 4,370 PT N. S. Monte 45,457 34,093 22,012 16,509 PT Cova Joana 14,261 10,696 6,906 5,179 PT F. D´Agua 9,359 7,019 4,532 3,399 PT Bomba 3 41,892 31,419 20,286 15,214 PT Bomba 4 40,110 30,082 19,422 14,567

TOTAL 472,914 354,685 229,000 171,750

O novo diagrama de carga referente ao ano de 2020 e apresentado na Figura 3.6, este servira de

base para a construcao dos cenarios de simulacao, tal como apresentado na Seccao 5.1.

39

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

00:00 02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16 00 18:00 20:00 22:00 24:00

P [

MW

]

Tempo [h]

Figura 3.6: Diagrama de carga de 2020.

3.3.3 Redimensionamento dos projectos a implementar

Os projectos apresentados na Seccao 3.3.1 foram dimensionados de acordo com a previsao de carga

para 2020 apresentada na Tabela 3.5. A previsao de carga que vai ser considerada e a apresentada

na Tabela 3.6, pelo que se considerou conveniente fazer um redimensionamento dos projectos das

renovaveis a instalar. Para tal, considerou-se um conjunto de aproveitamentos renovaveis, com vista

ao objectivo Brava 100% renovavel, que apresentassem uma menor potencia instalada de acordo com

a diminuicao da carga prevista para 2020. Os projectos renovaveis apresentados em 3.3.1 apresentam

um potencia instalada 4,55 vezes superior a potencia de ponta prevista, pelo que se consideraram

sobredimensionados e portanto inviaveis, como provado nos estudos efectuados em 5.2.2.1. Assim

sendo, neste estudo os projectos considerados em 3.3.1 sofrem as seguintes alteracoes:

• Parque Eolico- Ventos da Furna – considera-se a reducao da potencia eolica a instalar pas-

sando a ser utilizados 2 aerogeradores Vestas V29 de potencia nominal 225 kW cada. Com esta

alteracao a potencia eolica a instalar e de 450 kW, ou seja, menos 400 kW do que o projectado

em [42]. O facto de se instalarem 2 aerogeradores fornece uma maior flexibilidade na potencia

eolica a injectar na rede, uma vez que, permite que apenas 1 turbina esteja ligada se necessario.

• Parque Solar – Furna – considera-se a reducao do numero de modulos a instalar no Parque

Solar da Furna (PSF), reduzindo assim a potencia solar a instalar. Considera-se a instalacao de

1600 modulos da Martifer MTS225P (datasheet no Anexo B) com uma potencia pico de 225Wp, o

que perfaz uma potencia instalada de 360 kW. Com esta alteracao a potencia solar a instalar ate

2020 reduz-se em 940 kW face ao projectado em [42].

Com a instalacao destes projectos a potencia renovavel instalada em 2020 sera de 810 kW, o que

corresponde a cerca de 1,7 vezes a potencia de ponta prevista para a ilha da Brava em 2020.

Com a introducao dos novos projectos na rede electrica da ilha Brava, o sistema electroprodu-

tor desta vai sofrer algumas alteracoes surgindo 2 novas centrais renovaveis de producao de energia

electrica: Parque Eolico Ventos da Furna (PEVF) e o PSF. O PEVF e constituıdo por dois aerogerado-

res iguais dotados de maquinas de inducao duplamente alimentadas (MIDA) de 225 kW cada, apresen-

40

tando uma potencia total instalada de 450 kW. Os aerogeradores sao ligados em cadeia, tal como se

pode verificar pelo esquema unifilar apresentado na Figura 3.7, referente ao PEVF. Os transformadores

utilizados para conectar cada um dos aerogeradores a rede possuem uma potencia instalada de 0,3

MVA cada. O PEVF e ligado a rede no barramento de saıda da SFV atraves de um cabo subterraneo de

Figura 3.7: Esquema Unifilar do PEVF.

alumınio (Al50) dimensionado de forma a evitar sobrecargas. O comprimento do cabo escolhido foi de

0,8 km pois esta e a distancia aproximada entre a subestacao da central de Favetal SFV e o local onde

os aerogeradores serao instalados (Furna). Na Tabela 3.7 apresentam-se os dados gerais do PEVF.

Tabela 3.7: Dados do PEVF.

Ja o PSF possui uma potencia instalada de 360 kWp e esta afecto a um transformador de 0,4 MVA

que e ligado tambem no barramento de saıda da SFV atraves de um cabo igual e da mesma dimensao

que o que liga o PEVF a SFV uma vez que o parque solar e para ser instalado tambem em Furna. O

esquema unifilar do PSF e apresentado na Figura 3.8. Na Tabela 3.8 apresentam-se os dados gerais

do PSF.

Tabela 3.8: Dados do PSF.

Estes sao os projectos que vao ser utilizados na realizacao deste estudo e e com base neles que

serao desenvolvidos os diversos cenarios de estudo.

41

Figura 3.8: Esquema Unifilar do PSF.

3.3.4 Projecto ilha 100% Renovavel

Com os projectos de renovaveis identificados em 3.3.3, pretende-se instalar na ilha da Brava um SAE

que permita integra-los de forma a garantir a sustentabilidade energetica da ilha com uma penetracao

100% renovavel na producao de energia electrica. Este projecto visa igualmente permitir reduzir a

dependencia energetica do exterior e poupar em combustıvel, reduzindo as emissoes de CO2.

O SAE a introduzir e uma bateria secundaria. Pela comparacao das caracterısticas tıpicas apre-

sentada na Tabela 2.1 bem como pelos factores descritos na Seccao 2.3, a tecnologia BESS escolhida

para implementacao neste projecto foi uma bateria de ioes de lıtio. Esta apresenta como ja visto ca-

racterısticas tecnicas impares no que ao rendimento e densidade de energia/potencia diz respeito. A

bateria a instalar sera utilizada maioritariamente numa aplicacao de energia, isto e, o seu principal ob-

jectivo esta associado ao custo de exploracao do sistema electrico, ajudando a melhorar a rentabilidade

do mesmo. Assim aquilo que e desejavel e que nos perıodos em que a producao renovavel e excessiva

face a carga, este excesso possa ser armazenado na bateria, para posterior aproveitamento quando a

carga aumenta face a geracao, isto e, pretende-se que exista um deslocamento temporal de energia

(time shifting). Contudo esta tambem deve contribuir na regulacao de tensao e frequencia de forma a

manter a estabilidade da rede.

A bateria vai ser instalada geograficamente junto ao PSF sendo ligada no mesmo ponto da rede

que as renovaveis (BUS2-SFV), com um cabo subterraneo de alumınio (Al50) dimensionado de forma

a evitar sobrecargas. Na Figura 3.9 apresenta-se o esquema unifilar refente da instalacao da BESS.

Figura 3.9: Esquema Unifilar da instalacao do BESS.

O dimensionamento do BESS e apresentado no Capıtulo 4 tendo em conta o estudo estacionario

realizado para a ilha da Brava em 2020.

42

Capıtulo 4

Implementacao e Modelizacao

Neste capıtulo apresentam-se os meios utilizados para proceder aos estudos em regime estacionario e

dinamico, relativamente ao software utilizado e aos modelos admitidos.

Na Seccao 4.1 introduz-se o software de simulacao utilizado, o PSS/E, apresentando-se de uma

forma geral o seu funcionamento na calculo do transito de energia e a metodologia de processamento

utilizada nas simulacoes dinamicas.

Na Seccao 4.2 e exposta a forma como a rede da ilha da Brava foi implementada no programa e

apresentam-se os fundamentos dos modelos utilizados em regime estacionario e transitorio. Adicional-

mente apresentam-se as consideracoes assumidas para o dimensionamento da BESS.

4.1 Software PSS/E

O software utilizado para modelar e implementar a rede em estudo foi o Power System Simulator /

Engineering (PSS/E), versao 32, distribuıdo pela Siemens PTI. Este e reconhecido como uma das

ferramentas mais utilizadas pelas empresas do sector energetico, para validar os seus estudos. O

PSS/E permite analisar o transito de energia, efetuar simulacoes em regime dinamico e estudar a

estabilidade dos sistemas, entre outras funcoes que permitem estudar o desempenho de redes de

energia electrica em regime permanente e dinamico. Este software possui uma vasta biblioteca de

modelos dinamicos de diversos componentes da rede electrica que permitem caracterizar de forma

fidedigna o seu comportamento aquando da ocorrencia de uma contingencia.

Para a resolucao do transito de energia o programa permite a utilizacao do metodo de Gauss-

Seidel ou do metodo de Newton-Raphson, sendo o segundo o utilizado para a obtencao dos resultados

apresentados neste trabalho, por apresentar uma velocidade de convergencia claramente superior face

ao primeiro.

As simulacoes dinamicas tem como objectivo determinar a forma como um sistema responde a

ocorrencia de um determinado estımulo, que pode ser um curto-circuito ou uma variacao de geracao,

por exemplo. O comportamento de um sistema electrico e descrito atraves de equacoes diferenciais.

O processo que o PSS/E realiza e baseado na resolucao das equacoes diferenciais que caracterizam

43

o sistema a simular e na definicao das suas variaveis de estado (STATEs). Entao, a cada passo de

integracao da simulacao, as derivadas temporais de cada uma das variaveis de estado definidas sao

calculadas, com recurso a parametros constantes (CONs) e variaveis (VARs), que descrevem o sistema

nesse determinado instante de tempo. O passo a seguir consiste na definicao dos valores das variaveis

de estado do sistema no instante temporal seguinte, atraves dos valores das derivadas temporais e

variaveis de estado no instante temporal actual. Este processo e repetido de passo de integracao em

passo de integracao ate ao fim do perıodo de simulacao. Na Figura 4.1 apresenta-se um esquema com

as accoes basicas realizadas pelo PSS/E numa simulacao dinamica.

Figura 4.1: Sequencia de accoes realizadas pelo PSS/E numa simulacao dinamica, adaptado de [43].

A estrutura de dados dos modelos da bliblioteca do PSS/E e categorizada nos seguintes vectores

de dados: CONs, ICONs, STATEs, DSTATEs e VARs. Cada modelo reserva um numero de posicoes

em cada um dos vectores consoante o numero de variaveis de estado (STATEs) e suas derivadas

(DSTATEs), constantes reais (CONs) ou inteiras (ICONs) e variaveis (VARs) que o caracterizam. A

assimilacao de dados e feita atraves de um ficheiro DYRE, que contem os parametros constantes

(CONs) que nao variam durante a simulacao. A rotina CONEC, por sua vez, serve para definicao por

parte do utilizador de interconexoes entre modelos introduzidos no DYRE e modelos auxiliares, tal como

foi feito para a associacao entre os modelos representantes do BESS, o modelo ”PAUX1”e o ”CBEST”.

4.2 Implementacao e modelizacao da rede no PSS/E

4.2.1 Introducao

A rede da ilha da Brava, referente a 2015, e implementada no PSS/E com recurso a 50 barramentos

interligados por 46 linhas/cabos, 4 transformadores e 4 geradores convencionais. Para a simulacao

do cenario de 2020, o numero de barramentos aumenta para 58, as linhas/cabos para 50, os trans-

44

formadores para 9 e os geradores convencionais mantem-se, sendo acrescentadas as renovaveis (2

aerogeradores e um PV) e a bateria. A rede electrica e composta por 2 nıveis de tensao distintos: 6 kV

e 20 kV. Os geradores convencionais, a bateria e o barramento VILA operam a 0,4kV. O parque solar

funciona a uma tensao de 0,315 kV e os aerogeradores tem uma tensao de saıda de 0,69 kV. O sistema

electrico da ilha e composto por 18 cargas no total, em que 3 funcionam na rede de distribuicao de 6kV

e as restantes a 20 kV. Na Figura 4.2 apresenta-se o esquema unifilar desenhado no software PSS/E

referente ao ano de 2020.

Relativamente aos estudos em regime estacionario, foram realizadas algumas adaptacoes na rede

electrica da Brava apresentada no Anexo A, de forma a fosse possıvel simula-la da forma mais conve-

niente. Foram utilizados barramentos “fictıcios” de forma a simular os ligadores aero-subterraneos que

servem na rede de interface de ligacao entre um cabo subterraneo e uma linha aerea, o que justifica o

numero acrescido de barramentos face a realidade.

Nas seccoes que se seguem apresentam-se algumas das consideracoes tidas na implementacao

e modelizacao dos sistemas/componentes utilizados na rede quer em regime estacionario quer em

regime transitorio. Os parametros utilizados para cada modelo dinamico foram adaptados de estudos

anteriormente realizados com recurso ao PSS/E, uma vez que, nao foi possıvel obter dados concretos

dos parametros dinamicos dos principais constituintes da rede. O foco principal contudo e apresentado

sobre os modelos utilizados para o BESS, sendo estes alvo de um maior detalhe.

4.2.2 Geradores Convencionais

Modelo Estacionario:

No caso das simulacoes realizadas sem bateria, o barramento da central de Favetal (BUS1), onde

se encontra ligada toda a geracao convencional, e escolhido para ser o no de balanco da rede electrica.

Os dados que sao fornecidos para as maquinas sıncronas convencionais no regime estacionario cor-

respondem a: potencia nominal, em MVA, limites de potencia activa e reactiva, tensao especificada e

impedancia equivalente da maquina (ZSORCE).

A tensao especificada para a CEFV (BUS1) e sempre mantida em 1 p.u. Segundo os dados forneci-

dos pela ELECTRA, os grupos sao explorados com um factor de potencia de 0,8 (cos φ=0,8), pelo que

os limites de potencia activa e reactiva maximos foram obtidos tendo em conta tal caracterıstica.

Foram tidas algumas consideracoes em conta na definicao dos criterios de producao convencional,

como descritas de seguida. Primeiro, assumiu-se que a potencia minıma a que os geradores devem

funcionar corresponde a 50% da sua potencia nominal, isto porque o funcionamento a menos de meia

carga e desaconselhado em geradores a gasoleo, pois o calor por eles libertado deve ser suficiente

para aquecer o combustıvel e assim manter a sua viscosidade. E em segundo, considera-se que os

grupos nao consomem reactiva em regime estacionario, pelo que o limite mınimo de reactiva e 0.

A impedancia ZSORCE de cada gerador nao e um dado necessario para o calculo do transito de

energia, contudo e preciso para as simulacoes dinamicas, devendo corresponder a reactancia subtran-

sitoria da maquina, tambem definida no ficheiro DYRE.

45

1BUS1

1 2 3 4

2BUS2

3BUS3

4BUS4

5BRAGA

1

6BUS67LEM

1 8BUS8

9BUS9

50VILA

1

10BUS10

11MATO GRANDE

1

12BUS1213BUS13

14ANTENA1

15BUS1516BUS16

19CACHAÇO1

17MATO1

18BUS18

20BUS20

21BUS21

23BUS23

24BUS24

25PAU1

26CAMPO BAIXO1

27TANTUM1

22BUS2228BUS28

29BUS29

30BUS30

37BUS3738BUS38

40NS MONTE1

39COVA JOANA1

35BUS3536F.D.AGUA1

31BUS31 32BUS32

34BOMBA31 33BOMBA41

41BUS41

42BUS42

45BUS4543BUS43

44COVA RODELA1

46BUS4647BUS47

49S.BARBARA

1 48FURNA

1

51BUS51

53BUS53

55BUS55

52AEROGERADOR

1

57BUS57

54PV

1 56BESS

1

58AEROGERADOR2

1

908070605040302010 1000 MW Flow

1

LEGENDA :0,315 kV

0,4 kV

0,69 kV

6 kV

20 kV

Figura4.2:

Esquem

aunifilarno

PS

S/E

referenteao

anode

2020.

46

Na Tabela 4.1 apresentam-se os dados utilizados no regime estacionario para cada um dos grupos

da CEFV.

Tabela 4.1: Dados dos grupos termicos em regime estacionario.

forma a simular os ligadores aero-subterrâneos que servem na rede de interface de ligação

entre um cabo subterrâneo e uma linha aérea.

Geradores Convencionais

Localização Barramento Tensão

especificada [p.u]

Grupo SN

[MVA] PMAX [MW]

PMIN [MW]

QMAX [Mvar]

QMIN [Mvar]

ZSORCE [p.u]

Favetal (CEFV) BUS1 1,0

I (G1) 0,320 0,256 0,128 0,192 0

0,271 II (G2) 0,5 0,4 0,2 0,3 0 III (G3) 0,5 0,4 0,2 0,3 0 IV (G4) 0,45 0,36 0,18 0,27 0

Total 1,77 1,416 0,708 1,062 0

Aerogeradores

PVs

Localização Barramento/Nome SN

[MVA] PMAX [MW]

QMAX [Mvar]

QMIN [Mvar]

ZSORCE [p.u]

Furna (PSF)

BUS54-PV 0,379 0,36 0,118 0 9999

Furna (PEVF)

BUS52-Aerogerador1 0,237 0,225 0,074 0 0,8

BUS58-Aerogerador2 0,237 0,225 0,074 0 0,8

BESS

Localização Barramento/Nome SN

[MVA] PMAX [MW]

PMIN [MW]

QMAX [Mvar]

QMIN [Mvar]

ZSORCE [p.u]

Furna (BESS)

BUS55-BESS 0,972 0,875 -0,875 0,424 -0,424 9999

Protecçoes

Tensão Frequência Escalões Aerogeradores PV’s Aerogeradores PV’s Escalões Vmin1 [pu] 0,10 0,85 45 45 fmin1 [Hz]

TP1 [s] 0,01 0,01 0,02 0,2 TP1 [s] Vmin2 [pu] 0,25 -- 45 -- fmin2 [Hz]

TP2 [s] 0,68 -- 30 -- TP2 [s] Vmin3 [pu] 0,35 -- 55 55 fmax1 [Hz]

TP3 [s] 0,83 -- 0,02 0,2 TP3 [s] Vmin4 [pu] 0,50 -- 55 -- fmax2 [Hz]

TP4 [s] 1,05 -- 10 -- TP4 [s] Vmin5 [pu] 0,65 --

TP5 [s] 1,28 -- Vmin6 [pu] 0,80 --

TP6 [s] 1,50 --

Modelo Dinamico:

Sao muitos os modelos que a biblioteca do PSS/E disponibiliza para a modelizacao dos geradores,

reguladores carga-velocidade e reguladores de tensao (excitatrizes). Uma vez que, a CEFV trata-se de

uma central termica com geradores sıncronos que contribuem para a regulacao primaria de frequencia,

os modelos escolhidos devem ter em conta tais caracterısticas.

Os quatro geradores da CEFV apesar de apresentaram potencias nominais diferentes estes sao

todos modelizados como maquinas sıncronas com rotor de polos salientes com os mesmos parametros,

dadas as pequenas diferencas de potencia que apresentam entre si. Como tal utiliza-se o modelo

”GENSAL” para caracterizar cada um dos geradores.

Para modelizar os reguladores de tensao utilizou-se o modelo ”IEEET1”. Estes sao responsaveis por

modelar um sistema de excitacao capaz de excitar o gerador sıncrono atraves de uma corrente contınua

que atravessa o enrolamento indutor do rotor criando um campo magnetico. Os valores utilizados para

os parametros foram retirados de estudos ja realizados no PSS/E. Para validar os parametros do mo-

delo realizou-se a actividade ”ESTR/ERUN” do PSS/E que permite simular testes ao desempenho do

sistema de excitacao. Esta actividade verifica os parametros definidos para sistema de excitacao dos

geradores, em isolado, atraves da resposta do sistema a um variacao em escalao da tensao de re-

ferencia do regulador de tensao. Na Figura C.2, do Anexo C apresenta-se a resposta da excitatriz com

os parametros apresentados na Seccao C.4. Apresentam-se duas grandezas, a ETRM que corres-

ponde a tensao aos terminais do regulador, em p.u, e a EFD que corresponde a tensao de saıda da

excitatriz, em p.u.

Pela analise da Figura C.2 verifica-se o correcto funcionamento dos reguladores de tensao. A ETRM

estabiliza na tensao de 1,05 p.u passados 4 segundos da variacao em escalao da tensao de referencia

em 0,05 p.u. A vermelho apresenta-se a resposta da tensao de saıda da excitatriz, em que e possivel

verificar que e uma resposta rapida que apresenta um comportamento inicial oscilatorio, acabando por

estabilizar por volta dos 3 segundos.

Os reguladores carga-velocidade sao responsaveis por assegurar o controlo primario de frequencia

de um grupo gerador. Para isto, o regulador compara a velocidade de rotacao do grupo com a de

referencia e controla a actuacao na valvula de admissao de combustıvel a turbina do grupo permitindo

assim variar a potencia mecanica do mesmo. Para modelizar os reguladores carga-velocidade dos

47

geradores utilizou-se o modelo ”DEGOV1”. Este e um modelo que caracteriza o motor de combustao

interna e o seu regulador em que e feito um controlo por estatismo, que garante uma caracterıstica

da frequencia em funcao da potencia mecanica da turbina, com base no valor de estatismo definido.

Mais uma vez, os valores utilizados foram retirados de estudos realizados no PSS/E. Para validar os

parametros do modelo realizou-se a actividade ”GSTR/GRUN” do PSS/E que permite simular testes

ao desempenho do regulador carga-velocidade. Com esta actividade a resposta do regulador de cada

grupo e testada isoladamente atraves da variacao em escalao do nıvel de carga do gerador. O objectivo

principal e verificar se os parametros definidos para o ”DEGOV1” conduzem a uma resposta amortecida,

sem oscilacoes persistentes. Na Figura C.3, do Anexo C, apresenta-se a resposta do regulador carga-

velocidade com os parametros apresentados na Seccao C.4. Apresentam-se duas grandezas, o SPD

que corresponde a variacao de velocidade da maquina, em p.u, e a PMEC que corresponde a potencia

mecanica da maquina, em p.u na base da maquina. O estado de carga inicial do gerador testado e de

0,8 p.u. sendo aplicada uma variacao do nıvel de carga de + 0,1 p.u..

Pela analise da Figura C.3 verifica-se que a resposta do ”DEGOV1” ao aumento do nıvel de carga

do gerador e rapida, estabilizando em 7 s e que e amortecida tal como desejavel, o que confirma os

parametros definidos para o modelo e o correcto funcionamento dos reguladores de carga-velocidade

dos grupos termicos.

4.2.3 Renovaveis

As centrais PEVF e PSF sao constituıdas por unidades de geracao renovaveis cuja modelizacao e

apresentada nesta seccao.

Modelos Estacionarios:

Relativamente ao PEVF este e composto por 2 aerogeradores iguais do tipo MIDA. Em regime esta-

cionario, para o calculo do transito de energia, as turbinas eolicas sao modeladas de forma semelhante

aos geradores convencionais. As principais diferencas surgem relativamente aos limites de potencia

reactiva em que e possıvel definir o modo de controlo da potencia reactiva a injectar, tendo se optado

pelo modo ”Standart QT,QB limits”. Este modo de controlo impoe os limites de reactiva de acordo com

a potencia nominal e o cos φ definidos para cada uma das turbinas eolica, sendo que o limite minimo e

sempre imposto como nulo, impedindo que em regime estacionario as maquinas consumam reactiva.

Quanto ao PSF, os sistemas fotovoltaicos sao modelados em regime estacionario da mesma forma

que os aerogeradores. Por estes possuırem como interface de conexao a rede um conversor, o

parametro XSORCE e definido como infinito (XSORCE=9999). O modo de controlo de potencia re-

activa utilizado e exactamente o mesmo que e usado para os aerogeradores.

Para qualquer um dos aproveitamentos renovaveis optou-se por considerar que operam a um fac-

tor de potencia de 0,95. Os barramentos a que sao ligados sao do tipo PV (tipo 2). Na Tabela

4.2 apresentam-se os dados utilizados no regime estacionario para cada uma das centrais nao des-

pachaveis (PEVF e PSF).

Modelos Dinamicos:1

1Os modelos utilizados podem ser consultados em [43]

48

Tabela 4.2: Dados dos parques renovaveis em regime estacionario.

forma a simular os ligadores aero-subterrâneos que servem na rede de interface de ligação

entre um cabo subterrâneo e uma linha aérea.

Geradores Convencionais

Localização Barramento Tensão

especificada [p.u]

Grupo SN

[MVA] PMAX [MW]

PMIN [MW]

QMAX [Mvar]

QMIN [Mvar]

ZSORCE [p.u]

Favetal (CEFV) BUS1 1,0

I (G1) 0,320 0,256 0,128 0,192 0

0,271 II (G2) 0,5 0,4 0,2 0,3 0 III (G3) 0,5 0,4 0,2 0,3 0 IV (G4) 0,45 0,36 0,18 0,27 0

Total 1,77 1,416 0,708 1,062 0

Aerogeradores

PVs

Localização Barramento/Nome SN

[MVA] PMAX [MW]

QMAX [Mvar]

QMIN [Mvar]

ZSORCE [p.u]

Furna (PSF)

BUS54-PV 0,379 0,36 0,118 0 9999

Furna (PEVF)

BUS52-Aerogerador1 0,237 0,225 0,074 0 0,8

BUS58-Aerogerador2 0,237 0,225 0,074 0 0,8

BESS

Localização Barramento/Nome SN

[MVA] PMAX [MW]

PMIN [MW]

QMAX [Mvar]

QMIN [Mvar]

ZSORCE [p.u]

Furna (BESS)

BUS55-BESS 0,972 0,875 -0,875 0,424 -0,424 9999

Protecçoes

Tensão Frequência Escalões Aerogeradores PV’s Aerogeradores PV’s Escalões Vmin1 [pu] 0,10 0,85 45 45 fmin1 [Hz]

TP1 [s] 0,01 0,01 0,02 0,2 TP1 [s] Vmin2 [pu] 0,25 -- 45 -- fmin2 [Hz]

TP2 [s] 0,68 -- 30 -- TP2 [s] Vmin3 [pu] 0,35 -- 55 55 fmax1 [Hz]

TP3 [s] 0,83 -- 0,02 0,2 TP3 [s] Vmin4 [pu] 0,50 -- 55 -- fmax2 [Hz]

TP4 [s] 1,05 -- 10 -- TP4 [s] Vmin5 [pu] 0,65 --

TP5 [s] 1,28 -- Vmin6 [pu] 0,80 --

TP6 [s] 1,50 --

Para modelizar os aerogeradores do tipo MIDA a biblioteca do PSS/E possui um grupo de 4 mode-

los da famılia ”WT3”, que permitem caracterizar de forma fidedigna o desempenho dinamico de uma

maquina de inducao duplamente alimentada, com controlo de potencia activa atraves do conversor que

liga o rotor do aerogerador a rede. Este grupo de modelos possui: um modelo para o gerador/conversor

(”WT3G1”), um modelo para o controlo do conversor electronico (”WT3E1”), um modelo da turbina

(”WT3T1”) e um modelo do controlo do pitch das pas (”WT3P1”).

O modelo ”WT3G1” e responsavel pela injeccao de corrente (parte real e reactiva) na rede de acordo

com a resposta proveniente dos comandos do modelo de controlo do conversor. Ao contrario do modelo

que caracteriza os geradores convencionais (”GENSAL”), o ”WT3G1” nao apresenta variaveis de estado

para o rotor, sendo estas incluıdas no modelo ”WT3T1”. Na pratica este modelo e caracterizado por

uma fonte de corrente controlada que calcula a corrente a injectar na rede de acordo com os comandos

de fluxo e corrente activa que recebe do modelo ”WT3E1”. Por sua vez, o controlador modelado por

”WT3E1” e responsavel por controlar a potencia activa e reactiva a injectar na rede pelo aerogerador.

O modelo inclui um sistema de controlo de potencia activa e outro de reactiva. O sistema de controlo

da potencia reactiva pode ser modelado de acordo com 3 tipos de regulacao do controlo: por potencia

reactiva constante, por factor de potencia constante ou por tensao. Escolheu-se o controlo da potencia

reactiva para regular a tensao aos terminais da maquina, em concordancia com o metodo de controlo

escolhido no estacionario. Relativamente ao sistema de controlo da potencia activa (binario), este uti-

liza uma funcao nao linear para ajustar a velocidade do aerogerador como funcao do nıvel de potencia

electrica. Quanto ao modelo ”WT3T1” este e responsavel por calcular a potencia mecanica e a velo-

cidade da turbina eolica. Inclui a modelizacao mecanica do veio e do rotor do gerador, para alem do

modelo de conversao aerodinamico que permite obter a potencia mecanica extraıda do vento em funcao

do angulo de pitch. Por fim, o modelo ”WT3P1” e responsavel por controlar o angulo de pitch. O angulo

de pitch e regulado de forma a que o aerogerador funcione no ponto de maxima eficiencia, ou seja,

garante que para as diferentes velocidades de vento a turbina opera com coefiente de potencia (Cp)

maximo. Tal factor so e possivel com a variacao da velocidade do rotor.

Para modelizar os PVs, por sua vez, o PSS/E dispoe dos modelos ”PVGU” e ”PVEU” que simulam

o desempenho dinamico de um PV conectado a rede atraves de um inversor. O primeiro, o ”PVGU”,

corresponde ao modelo do conversor/gerador e o segundo, o ”PVEU”, corresponde ao modelo do con-

trolador electronico do PV. O modelo ”PVGU” e responsavel por calcular a corrente a injectar na rede

com base nos comandos provenientes do controlador ”PVEU” relativamente a potencia activa e reactiva.

49

Adicionalmente foram utilizados dois modelos, um que permitem obter a caracterıstica linearizada da

potencia de saıda do PV (”PANELU”) e outro que caracteriza o perfil de irradiancia a simular (”IRRADU”).

O modelo ”PANELU” permite calcular a potencia DC do sistema fotovoltaico para um determinado nıvel

de irradiancia, uma vez que, no ficheiro DYRE sao introduzidos, para nıveis de irradiancia padrao, a

potencia gerada pelos paineis.

Os parametros utilizados para os modelos dos aerogeradores e PVs foram adaptados dos exemplos

do PSS/E, sendo apresentados os seus valores no ficheiro DYRE, em Anexo C.

4.2.4 Proteccoes

Considerou-se conveniente dimensionar proteccoes de frequencia e tensao para os aerogeradores e os

PVs a instalar na rede electrica da Brava, visto os seus modelos nao apresentarem proteccoes internas.

O modelo utilizado para as proteccoes de tensao foi o ”VTGTPA” e para as proteccoes de frequencia foi

o ”FRQDCA”. Ambos os modelos pretendem simular reles, sendo definido o tempo de extincao do arco

atraves dos tempos de abertura dos disjuntores (TB=0,08), da temporizacao das proteccoes (TP) e dos

limites de actuacao das mesmas. Quando as condicoes de tensao/frequencia ultrapassam os limites

definidos nas protecoes, o temporizador destas arranca. Caso as condicoes de tensao/frequencia se

restabelecam antes do tempo TP e feito reset a temporizacao do disjuntor. Assim as condicoes de

tensao/frequencia devem se manter acima (sobre-proteccao) ou abaixo (sub-proteccao) das condicoes

permitidas durante todo o tempo TP para que seja dada ordem de abertura ao disjuntor.

O modelo ”VTGTPA” e responsavel por monitorizar continuamente a tensao no barramento a que e

associado, neste caso nos barramentos onde e ligada a geracao renovavel (Aerogeradores-BUS52 e

BUS58 e PVs-BUS54) e proceder a abertura do disjuntor desconectando a geracao da restante rede,

caso existam condicoes severas que o obriguem. Para cada um dos aerogeradores sao utilizados

10 escaloes de proteccao de tensao, em que 7 sao contra subtensoes e 3 sao contra sobretensoes.

Cada escalao apresenta uma temporizacao TP diferente que e tanto mais demorada quando menos

severos forem os valores de tensao limite. Este dimensionamento e feito com o objectivo de emular nos

aerogeradores a capacidade de sobrevivencia a cavas de tensao (fault ride-through). Esta protecao

simulada e obtida de uma caracterıstica real utilizada neste tipo de aerogeradores dotando as maquinas

com capacidade de sobrevivencia a quedas de tensao, tal como apresentado no Anexo C, na Figura C.1.

Para os PVs sao apenas considerados 2 escaloes de protecao, um contra sobretensoes e outro contra

subtensoes, sendo as temporizacoes da protecoes mais exigentes que as usadas nos aerogeradores.

O modelo ”FRQDCA” tem o mesmo princıpio de actuacao que o ”VTGTPA”, contudo e responsavel

por monitorizar a frequencia ao inves da tensao. Por outro lado, este modelo e capaz de desconectar

qualquer equipamento que esteja ligado ao barramento em que o rele e associado. Assim sendo,

quando esta proteccao actua para alem da geracao tambem o transformador elevador e desligado da

rede. Para cada um dos aerogeradores sao utilizados 4 escaloes, 2 contra sobre-frequencias e 2 contra

sub-frequencias. Em cada par de proteccoes uma e para regimes transitorios e outra para regimes

estacionarios pos-transitorio, sendo estas distinguidas pela temporizacao TP. Para os PVs sao apenas

50

considerados 2 escaloes de protecao, um contra sobre-frequencias e outro contra sub-frequencias.

Na Tabela 4.3 apresentam-se os dados de todas as protecoes utilizadas.

Tabela 4.3: Dados para os diferentes escaloes das proteccoes de tensao/frequencia.

Furna (BESS) BUS55-BESS 0,972 0,875 -0,875 0,424 -0,424 9999

Protecçoes

Tensão Frequência Escalões Aerogeradores PV’s Aerogeradores PV’s Escalões Vmin1 [pu] 0,10 0,85 45 45 fmin1 [Hz]

TP1 [s] 0,01 0,01 0,02 0,2 TP1 [s] Vmin2 [pu] 0,25 -- 45 -- fmin2 [Hz]

TP2 [s] 0,68 -- 30 -- TP2 [s] Vmin3 [pu] 0,35 -- 55 55 fmax1 [Hz]

TP3 [s] 0,83 -- 0,02 0,2 TP3 [s] Vmin4 [pu] 0,50 -- 55 -- fmax2 [Hz]

TP4 [s] 1,05 -- 10 -- TP4 [s] Vmin5 [pu] 0,65 --

TP5 [s] 1,28 -- Vmin6 [pu] 0,80 --

TP6 [s] 1,50 -- Vmin7 [pu] 0,90 --

TP7 [s] 10,00 -- Vmax1 [pu] 1,3 1,1

TP8 [s] 0,01 0,01 Vmax2 [pu] 1,15 --

TP9 [s] 1,3 -- Vmax3 [pu] 1,1 -- TP10 [s] 3,0 --

Tensão Aerogeradores PV

Subtensões Sobretensões Sub Sobre Escalões Vmin1 Vmin2 Vmin3 Vmin4 Vmin5 Vmin6 Vmin7 Vmax3 Vmax2 Vmax1 Vmin1 Vmax1

Tensão limite [p.u]

0,1 0,25 0,35 0,50 0,65 0,8 0,9 1,1 1,15 1,3 0,85 1,1

Temporização [s] 0,01 0,675 0,825 1,05 1,275 1,5 10 3 1,3 0,01 0,01 0,01

Frequência Aerogeradores PV

Subfrequências Sobrefrequências Sub Sobre Escalões fmin1 fmin2 fmax1 fmax2 fmin1 fmax1

Freq. limite [Hz]

47 47,5 52 51,25 47 51

Temporização [s] 0,02 10 0,02 10 0,2 0,2

Características do BESS Pn [MW] 0,875

EbatN [MWh] 3,5 Vout [V] 400

Tempo c/d à Pn [h] 4 PD [%] 85

4.2.5 Bateria (BESS)

A bateria e um elemento fundamental no aumento da penetracao renovavel no sistema electroprodutor

da ilha da Brava e na concretizacao dos planos para 2020.

Tal como ja apresentado em 2.3.5, um BESS pode ser utilizado tanto em aplicacoes de ındole

energetica em que a capacidade e o tempo de resposta sao maiores, ou em aplicacoes de potencia em

que o tempo de resposta deve ser curto e a potencia elevada. Enquanto SAE cuja aplicacao central

e ser utilizado para compensar o desnıvel entre a geracao disponıvel e a procura a cada instante, e

importante que a capacidade do BESS seja suficiente para absorver a potencia renovavel excedente.

Assim, permite que as renovaveis se mantenham em servico e que nao tenham de ser desligadas. Por

outro lado, o BESS deve tambem ser capaz de regular as variacoes de frequencia que se verificam na

rede resultantes de uma contingencia, atraves da injeccao ou absorcao de energia, garantindo assim a

estabilidade desta.

Tal como ja abordado em 2.3.2, o conversor bidirecional e um componente fundamental num BESS e

como tal tem de ser considerado na modelizacao do sistema da bateria. A escolha natural do conversor

para servir de interface entre a rede e o BESS assenta num conversor de tensao (Voltage Source

Converter (VSC)). Este tipo de conversor opera com uma estrategia de controlo da tensao aos terminais

da bateria controlando assim a potencia da bateria. A polaridade da tensao aos terminais da bateria

mantem-se constante dependendo a potencia transferida por esta apenas do sentido da corrente Direct

Current (DC). Estes conversores permitem que haja um grau de independencia entre a tensao contınua

e a sintetizada antes da reactancia do conversor, o que permite um controlo independente da potencia

reactiva e activa [43].

51

4.2.5.1 Dimensionamento

Para o dimensionamento considera-se entao Ebat como sendo a energia media requerida pela bateria

por dia. Esta e avaliada pelo defice/excedente de potencia entre a potencia renovavel disponıvel e a

potencia de carga para cada uma das horas, tal como apresentado na expressao 4.1. Assim e possıvel

definir a capacidade Ebat da bateria com recurso a expressao 4.2.

Pdif (t) = Prendisp(t) − Pcarga(t) . (4.1)

Ebat =

24∑j=1

Pdif (t) × ∆t , (4.2)

em que, ∆t corresponde ao perıodo de tempo em que a potencia e despachada.

Por outro lado, para que o dimensionamento da bateria seja mais real e necessario entrar em

consideracao com a PD, a autonomia e a deterioracao resultante da utilizacao e do tempo de vida.

No caso da PD considerou-se que de forma a nao comprometer a longevidade e eficiencia da bateria

nao devia ultrapassar os 85%, o que corresponde a um SOC que no mınimo pode alcancar os 15%

da capacidade da bateria. A autonomia Aut, por sua vez, indica a duracao a que a bateria e capaz de

suportar a procura sem que seja carregada. Considerou-se que a bateria a instalar teria uma autono-

mia de 1 dia, para o caso estudado. Por fim, considerou-se atraves de um factor de correccao Fc, o

efeito que a temperatura de operacao e idade apresentam na capacidade total de uma bateria. O factor

de correccao considerado foi de 110%2. Este factor de correccao serve para compensar a capacidade

nominal da bateria, tendo em conta o aumento da capacidade de armazenamento pelo funcionamento

a uma temperatura media de 25oC e por outro lado, a perda de capacidade causada pelo envelheci-

mento e deterioracao das celulas com o tempo. Incluindo estes tres parametros no dimensionamento

da bateria, a capacidade nominal EbatN da mesma e dada por:

EbatN =Fc(%) × Ebat ×Aut

PD(%). (4.3)

Para determinar o numero de celulas em paralelo e serie que a bateria tem que ter para possuir a

capacidade e a tensao definidas, tem-se:

• Celulas em serie: Quociente entre a tensao nominal que a bateria vai operar na rede (Vout = 400

V) e a tensao nominal de cada modulo de celulas (Vc= 12,8 V), permite identificar o numero de

modulos a conectar em serie para atingir a tensao nominal da BESS. Sao portanto necessarios

32 modulos em serie;

• Celulas em paralelo: Quociente entre a capacidade nominal da bateria EbatN e a capacidade

individual de cada modulo de celulas, permite identificar o numero de celulas a conectar em

paralelo para alcancar a capacidade nominal definida para a bateria. Sao necessarios 29 modulos

em paralelo, tal como se apresenta na Seccao 5.2.3.1.

2adaptado de https : //www.wbdg.org/ccb/DOD/STC/twewgtp4.pdf

52

Para motivos de simulacao e obtencao de caracterısticas considerou-se a datasheet apresentada

no Anexo B. Na datasheet apresenta-se as caracterısticas por modulo de uma bateria de lıtio LiFePO4

(fosfato de ferro de lıtio). A escolha desta bateria esta associada ao facto de esta tecnologia de baterias

de lıtio apresentar um elevado desempenho (eficiencia de 99%) e qualidade de servico. Apresenta

tempo de vida util longo (ate 5000 ciclos), alta densidade de energia e e mais segura que as baterias

de lıtio convencionais. Por outro lado, sao baterias que permitem uma PD elevada, sendo consideradas

baterias indicadas para aplicacoes de ciclo profundo. Cada modulo apresenta uma tensao de descarga

aproximadamente constante nos 12, 8V correspondendo a 4 celulas em serie de tensao nominal de

3, 2V cada. Nao apresenta efeito de memoria e a capacidade de cada modulo (Emodulo) e de 300Ah, o

que corresponde a 3, 6kWh.

O dimensionamento da bateria de acordo com toda esta metodologia e feito tendo em conta os

resultados do regime estacionario apresentados em 5.2.3.1, apresentando-se desde ja, na Tabela 4.4,

as caracterısticas tecnicas do BESS utilizado nas simulacoes para a ilha da Brava 100% renovavel.

Tabela 4.4: Caracterısticas de dimensionamento do BESS.

4.2.5.2 Modelizacao

O modelo utilizado para representar o BESS e um modelo desenvolvido pela Electric Power Research

Institute (EPRI) como o objectivo de simular as caracterısticas dinamicas de uma bateria, o modelo

”CBEST”. Este modelo encontra-se na biblioteca do PSS/E e esta descrito em [43]. Este permite

modular a potencia activa e reactiva fornecidas pela bateria. Tal como outros modelos de Flexible

AC Transmission System (FACTS), este modelo de bateria permite melhorar a estabilidade transitoria,

fornecer amortecimento, melhorar a estabilidade da tensao e/ou limitar as excursoes da frequencia [44].

Para que tais aplicacoes sejam bem desempenhadas e necessario associar ao ”CBEST” o sinal externo

adequado para que a bateria seja capaz de modelar o seu desempenho em qualquer destas funcoes.

Apresenta-se agora a forma com o modelo ”CBEST” deve ser definido nos estudos em regime

estacionario e dinamico.

Modelo Estacionario:

Em regime estacionario, para resolver o transito de energia, o BESS e modelado como um gerador

convencional com uma elevada impedancia (ZSORCE = 9999) de modo a eliminar as contribuicoes

para o curto-circuito. A definicao de uma impedancia elevada serve para emular o facto do BESS nao

ser ”visto” pela rede por este ser ligado a esta atraves de electronica de potencia (conversor bidirecional)

53

que permite que a corrente alternada (AC) seja rectificada durante o carregamento e que a corrente

continua (DC) seja invertida durante a descarga.

Este modelo permite a inicializacao com um factor de potencia diferente de zero, ou seja, com

potencia inicial nao nula, alarmando apenas a existencia de uma variavel de estado que e nao nula

na computacao dos STATES de energia do modelo. O BESS utilizado (Tabela 4.4) tem uma potencia

nominal de 0, 875MW e como este pretende ser utilizado para controlo de potencia activa e reactiva

e definido um factor de potencia, cos φ=0,9. Assim este e definido com uma potencia nominal de

0, 972MVA. Os limites de potencia activa sao de 0, 875MW e −0, 875MW , uma vez que, a bateria

tem capacidade de ser descarregada e carregada. Relativamente a potencia reactiva que a bateria

pode entregar ou absorver os limites sao definidos de acordo com o factor de potencia assumido (Q =

S × senφ), pelo que os limites obtidos sao os seguintes 0, 424Mvar e −0, 424Mvar, respectivamente.

Este dados que sao utilizados para a obtencao do transito de energia encontram-se resumidos na

Tabela 4.5.

Tabela 4.5: Dados da bateria em regime estacionario.

Modelo Dinamico:

O circuito de controlo da potencia activa do modelo ”CBEST” encontra-se apresentado na Figura

4.3 atraves do seu diagrama de blocos.

Figura 4.3: Diagrama de blocos do controlo de potencia activa do modelo CBEST.

A potencia de saıda POUT e a energia total EOUT da bateria sao as variaveis principais deste mo-

delo. De referir que no modelo ”CBEST”, uma potencia quando e negativa indica que a bateria esta

na fase de recarga e que quando e positiva a bateria encontra-se a descarregar. Este modelo permite

definir os limites da potencia activa absorvida e fornecida pelo BESS. Por um lado, sao impostos os

limites nominais (definidos por -PMAX e PMAX ), por outro os limites impostos pelo conversor, nomea-

damente pela corrente AC deste (definidos por -IACMAX e IACMAX ). A energia absorvida ou injectada

e calculada no modelo tendo em consideracao o rendimento do BESS. Assim, aquando da integracao

no tempo da potencia de saıda da bateria (POUT ) para obter a energia total (EOUT ), o rendimento resul-

tante do processo de carga ou descarga, consoante o caso, e considerado por INPEFF ou OUTEFF ,

respectivamente.

54

O modelo nao tem como controlar se durante a simulacao e excedida a capacidade de armaze-

namento do BESS, pelo que assume que a capacidade da bateria e suficientemente grande para co-

brir toda a solicitacao de energia que ocorre durante a simulacao. Contudo o modelo apresenta na

VAR(L+4) a soma da energia que entra e sai do BESS, o que corresponde a energia total da bateria.

O PINIT corresponde sempre ao valor de potencia positivo ou negativo que provem do regime

estacionario e que define o estado inicial da bateria. Os parametros MBASE e SBASE correspondem

respectivamente, as potencias base, em MVA, do BESS (igual a 0, 972MVA) e do sistema (igual a

1MVA). A potencia maxima PMAX e considerada 0, 9p.u. na base do BESS, sendo este igual ao factor

de potencia definido no modelo estacionario para a bateria. O IACMAX e definido pela expressaoPMAX

cosφ o que corresponde a 1p.u., uma vez que, PMAX = cosφ. Contudo, o valor que foi definido para

o IACMAX foi de 1, 2p.u., considerando-se assim que o conversor admite alguma sobrecarga. Ja o

parametro VAC corresponde a tensao do barramento, em p.u, a que o BESS e conectado na rede, ou

seja, no BUS55. Por fim, os ultimos parametros relativos ao rendimento do processo carga/descarga,

INPEFF e OUTEFF sao definidos em 0, 95 e 1, 05, o que corresponde a um rendimento do BESS de

cerca de 90%.

Uma das entradas do modelo de potencia activa do modelo ”CBEST” da Figura 4.3 e o PAUX . Esta

entrada requer a utilizacao de um modelo auxiliar que defina a funcao da bateria e o seu desempenho

relativamente ao controlo de potencia activa. A funcao pretendida para o BESS e que este seja capaz

de controlar as flutuacoes de frequencia atraves da injeccao ou absorcao de energia. Assim para que

o BESS seja capaz de desempenhar tal funcao, a entrada PAUX do modelo ”CBEST” e associado

ao sinal auxiliar gerado pelo modelo ”PAUX1”. O modelo ”PAUX1” nao se encontra na documentacao

disponibilizada pelo PSS/E contudo existe um modelo cuja dinamica e igual, o ”PAUX1T” mas que

apenas pode ser associado a linhas de corrente continua ou FACTS. Para associar o sinal gerado pelo

”PAUX1” a entrada do modelo ”CBEST” foi necessario utilizar o compilador FORTRAN e desenvolver

declaracoes na rotina CONEC que permitem concretizar a conexao da saıda do modelo auxiliar ”PAUX1”

a entrada PAUX do modelo ”CBEST”.

O modelo ”PAUX1” consiste num modelo auxiliar sensıvel a frequencia. Este permite modelar a

potencia activa do modelo ”CBEST” com base no valor instantaneo do desvio de frequencia da rede,

pelo que, a potencia activa a ser injectada/absorvida pelo BESS e funcao das flutuacoes de frequencia

que se verificarem. Na Figura 4.4 apresenta-se o diagrama de blocos do modelo PAUX1.

Figura 4.4: Diagrama de blocos do modelo PAUX1.

Este modelo e essencialmente um controlador proporcional com um ganho associado. Pela analise

da Figura 4.4 verifica-se que este modelo e constituıdo por um filtro passa-baixo com constante de

tempo TR, por um bloco de amostragem com constante de tempo TD, por um ganho KC e por um bloco

55

limitador da potencia maxima e mınima.

O modelo recebe como sinal de entrada o desvio de frequencia, em p.u, do barramento onde o

BESS e ligado, gerando uma potencia de saıda proporcional, em MW, que e conectada a entrada

PAUX do modelo ”CBEST”. O sinal do desvio de frequencia tanto pode ser positivo como negativo,

conforme o efeito causado por uma contingencia provoque um excesso ou defice de potencia activa,

respectivamente. O sinal de saıda do modelo entao tem que apresentar sinal contrario ao do desvio

de frequencia de forma a que o PAUX possa compensar os desvios de frequencia. Para que tal se

verifique entao o ganho KC tem que ser negativo.

O ganho KC e definido em MW/p.u, de forma a que o sinal de saıda do modelo ”PAUX1” venha em

unidades de potencia (MW), visto que o desvio de frequencia vem em p.u na base de frequencia (50

Hz). Utilizou-se o valor para o ganho KC de −10MW/p.u. Para a constante de tempo TR definiu-se

1ms, o que representa um filtro passa baixo com frequencia de corte em 1kHz. A constante de tempo

TD foi definida com 1ms, o que indica que a frequencia lida do barramento em que e ligado o BESS e

amostrada com este intervalo de tempo. O limitador apresenta como limite maximo e mınimo os limites

de potencia impostos pela bateria, 0, 875MW e −0, 875MW , respectivamente. O barramento que foi

escolhido para ler a frequencia foi o BUS55 ao qual esta ligado o transformador associado ao BESS.

Por fim, falta apresentar a parte do modelo ”CBEST” responsavel pelo controlo de potencia reactiva,

apresentando-se na Figura 4.5 o seu diagrama de blocos.

Figura 4.5: Diagrama de blocos da parte de controlo de reactiva do modelo CBEST.

O modelo para a potencia reactiva e composto por um regulador de tensao em tudo semelhante com

o modelo que o PSS/E utiliza para o FACTS, Static Condenser (STATCON) pelo que foram seguidas as

indicacoes fornecidas no manual, em [43] para este modelo. A potencia reactiva de saıda do modelo

”CBEST”, QOUT , assume a mesma convencao da potencia activa, de que quando o seu valor e negativo

corresponde a absorcao de reactiva e quando e positivo corresponde a injeccao de reactiva por parte

da bateria.

A parte reactiva da corrente, IQ, e controlada directamente pelo regulador de tensao. O integradorKAV R

s e delimitado pelos limites de corrente do conversor (IQMAX e -IQMAX ). Estes sao definidos tendo

em consideracao os limites utilizados para o circuito da potencia activa, tendo em conta que o modelo

”CBEST” da prioridade a potencia activa. Assim, IQMAX e obtido por 4.4, em que PAC corresponde a

potencia de saıda, em p.u., proveniente da parte de controlo de potencia activa do ”CBEST” (ver Figura

4.3).

56

IQMAX =

√I2ACMAX − (

PACVAC

)2 . (4.4)

Tal como sugerido no manual, o parametro KAV R deve ser calculado atraves da expressao 4.5,

em que ∆Eterm/∆Ireac representa a sensibilidade da tensao aos terminais do BESS relativamente

a variacao de corrente reactiva deste. Na expressao 4.6, Zthev corresponde ao inverso da corrente

de curto-circuito, em p.u, que se verifica aos terminais do BESS. Apos a realizacao dos calculos

apresentados obteve-se que o KAV R e igual a 35.

KAV R =25

∆Eterm/∆Ireac. (4.5)

∆Eterm∆Ireac

=Zthev ×MBASE

SBASE. (4.6)

As constantes de tempo T1, T2, T3, T4 sao consideradas todas iguais e os parametros VMIN e

VMAX sao definidos como infinitos, ou seja, -9999 e 9999, respectivamente, tal como sugerido no

manual como valores tıpicos do modelo. O DROOP por sua vez e aconselhado que apresente um

valor de acordo com a seguinte gama 0,01 a 0,05IACMAX

, pelo que se optou por considerar um DROOP = 0, 03.

57

Capıtulo 5

Simulacoes e Resultados

Neste capıtulo expoe-se todo o processo desde a construcao dos cenarios a simular e a justificacao

para cada um deles, ate a apresentacao dos resultados do transito de energia e das simulacoes

dinamicas.

Na Seccao 5.1 apresentam-se os 4 cenarios de carga/geracao utilizados para estudar a rede da ilha

da Brava, bem como os diferentes panoramas simulados que se caracterizam por diferentes configuracoes

do sistema electroprodutor para 2020.

Na Seccao 5.2 divulgam-se os resultados obtidos do transito de energia para cada um dos panora-

mas e cenarios de estudo. Os resultados apresentados focam-se na avaliacao da geracao de potencia

activa e reactiva por parte das unidades de geracao em servico, dos nıveis de tensao, perdas e da

existencia de sobrecargas. Para os panoramas em que o BESS se encontra instalado sao apresenta-

dos todos os pressupostos da sua operacao apresentando-se no Anexo D, o despacho da bateria para

cada panorama durante um dia.

Por fim, na Seccao 5.3 apresentam-se todos os estudos dinamicos efectuados para testar a estabi-

lidade da rede da ilha da Brava, para os panoramas de 2020, com e sem geracao convencional. Sao

efectuadas simulacoes para 4 perturbacoes distintas, sendo apresentado o comportamento transitorio

das principais grandezas da rede e formalizados comentarios crıticos ao regime estacionario que se

alcanca (ou nao) apos cada uma das perturbacoes.

5.1 Construcao dos cenarios de simulacao

Nesta seccao apresentam-se os cenarios de carga/geracao desenvolvidos para estudar a rede electrica

da ilha da Brava em 2020. Definiram-se 4 cenarios diferentes com o objectivo de estes simularem

diferentes perfis de carga e geracao renovavel disponıvel e assim permitirem obter resultados o mais

generalizados possıvel. Interessa recordar o diagrama de carga previsto para 2020, apresentado na

Figura 3.6, pois e com base neste que serao construıdos os cenarios de simulacao.

Relativamente a geracao renovavel disponıvel esta foi obtida assumindo que a caracterizacao solar

e eolica apresentada na seccao 3.2.4 se mantem para 2020, pelo que o perfil de vento (Figura 3.5) e de

58

irradiancia (Figura 3.4) apresentados sao utilizados para obter da geracao dos parques eolico e solar,

respectivamente.

A geracao renovavel disponıvel para o PEVF obteve-se com recurso as curvas de potencia dos

aerogeradores VESTAS V-52 e VESTAS V-29. As curvas de potencia de um aerogerador indicam

a potencia electrica disponibilizada por este para diferentes velocidades do vento. Na Tabela 5.1(a)

apresentam-se as velocidades do vento utilizadas para este estudo bem como as potencias produzidas

por cada um dos panoramas do PEVF, caracterizados pelos diferentes modelos de aerogeradores

considerados. Na Figura 5.1(b) apresentam-se as curvas de potencia das turbinas VESTAS utilizadas,

atraves das quais foi possıvel obter a potencia eolica disponıvel para cada modelo de aerogerador com

o perfil de vento em causa.

(a) Dados do vento e respectiva potenciapor modelo de turbina

Relativamente ao perfil de vento na ilha da Brava, por ausência de dados optou-se por utilizar

dados do perfil de vento de um dia típico registado em 2015 na ilha de Santiago, assumindo

que este não varia de forma significativa do

que se registaria na ilha da Brava. Na

Tabela xxx e na Figura xxx apresentam-se

as velocidades do vento assumidas para

este estudo bem como as potências

produzidas pelos diferentes aerogeradores

estudados. Na Figura xxx apresentam-se

as curvas de potência das turbinas Vestas

utilizadas para realizar os estudos

apresentados no capitulo seguinte e para

conseguir obter a potência eólica disponível

para cada modelo de aerogerador para o perfil

de vento em causa.

Hora Vento [m/s]

Potência [MW] Vestas

V52 2x Vestas

V29 00:00 12,43 0,8 0,438 1:00 9,73 0,573 0,31 2:00 10,15 0,618 0,34 3:00 10,77 0,673 0,377 4:00 10,87 0,682 0,384 5:00 10,65 0,663 0,37 6:00 10,87 0,682 0,384 7:00 11,84 0,763 0,426 8:00 12,63 0,809 0,441 9:00 11,5 0,736 0,413 10:00 11,94 0,773 0,431 11:00 12,43 0,8 0,438 12:00 11,94 0,773 0,431 13:00 11,84 0,763 0,426 14:00 11,84 0,763 0,426 15:00 11,5 0,736 0,413 16:00 11,17 0,709 0,398 17:00 10,37 0,636 0,352 18:00 9,96 0,6 0,326 19:00 10,56 0,654 0,365 20:00 10,56 0,654 0,365 21:00 10,15 0,618 0,339 22:00 10,27 0,627 0,346 23:00 12,05 0,782 0,433

Cap 4

O \textit{software} utilizado para modelar e implementar a rede em estudo foi o \ac{PSS/E},

versão 32, distribuído pela Siemens PTI. Este é reconhecido como uma das ferramentas mais

0

2

4

6

8

10

12

14

Vel

oci

dad

e [m

/s]

Tempo [h]

Perfil de vento típico da Ilha da Brava

0,00

500,00

1000,00

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

Po

tên

cia

[kW

]

Vento [m/s]

Curva de Potência aerogeradores Vestas

V52

V29

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

700,00

800,00

900,00

1000,00

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26

Po

ncia

[k

W]

Vento [m/s]

V52

V29

(b)Curvas de potencia dos aerogeradores

Figura 5.1: Dados gerais do recurso eolico a utilizar para as simulacoes.

Quanto a geracao renovavel disponıvel para o PSF esta foi obtida atraves de uma rotina desen-

volvida em Excel com base no modelo de 3 parametros e 1 dıodo para representar um PV e poder

calcular a potencia produzida pelo PSF. Esta rotina entra com os dados apresentados na datasheet

do modelo de paineis fotovoltaicos (Anexo B.1) que vao ser instalados, bem como com os valores de

irradiancia no plano dos PVs (14o) e a temperatura ambiente media, que se assumiu rondar os 25 oC.

Dos dados da datasheet nomeadamente, da corrente de curto-circuito, da tensao de circuito aberto e

da corrente e tensao no ponto de maxima potencia (MPP) nas Standart Test Conditions (STC), obtem-

se os 3 parametros do modelo. Estes sao o m que corresponde ao factor de idealidade do dıodo e e

constante neste modelo, o I0 que corresponde a corrente inversa de saturacao do dıodo e o Icc que

59

corresponde a corrente de curto-circuito. E a partir destes que e possıvel obter a potencia electrica

produzida por cada modulo. Na Tabela 5.1 apresenta-se os valores de irradiancia obtidos dos dados da

Figura 3.4, para o mes de Janeiro, bem como a potencia solar disponıvel correspondente no PSF para

os dois planeamentos de potencia solar instalada projectados (ver 3.3.1 e 3.3.3).

Tabela 5.1: Dados da irradiancia e potencia solar disponıvel para cada planeamento estudado.

para o efeito. O esquema unifilar do parque é apresentado na Figura xxx. Na Tabela xx

apresentam-se os dados gerais do PSF.

Localização Modelo

dos painéis

Tensão Nominal

[kV]

Nº de painéis

Potência instalada

[MWp]

Transformador

Potência [MVA]

Relação Transf.

Tomadas

Furna Martifer

MTS225P 0,315 1600 0,360 0,4 0,315/20 kV ± 2 x 2,5%

Previsão Solar e Eólica

Para obtenção dos dados de irradiância típicos que se verificam na ilha da Brava,

nomeadamente na zona da Furna, onde serão instalados os paneis fotovoltaicos, utilizou-se o

PVgis, um simulador online que permite ter acesso aos mapas de radiação solar num

determinado ponto do globo. Na Tabela xxx e na Figura xxx apresenta-se os dados obtidos

para a irradiância no mês de Janeiro, no plano dos painéis solares cuja inclinação utilizada é a

dada como óptima pelo software correspondendo a 14º.

Hora Irradiância

[W/m2]

Potência [MW] 5778

módulos 1600

módulos 07:00 145 0,143 0,040 08:00 392 0,404 0,112 09:00 623 0,632 0,175 10:00 803 0,796 0,220 11:00 912 0,889 0,246 12:00 942 0,914 0,253 13:00 892 0,872 0,242 14:00 764 0,762 0,211 15:00 569 0,580 0,161 16:00 329 0,338 0,094 17:00 46 0,040 0,011

Para calcular a potência injectada pelo painéis fotovoltaicos desenvolveu-se um programa

baseado no modelo de 3 parâmetros e 1 díodo que será abordado no capítulo seguinte.

Uma vez definidos os dados de potencia renovavel disponıvel ao longo de um dia, interessa agora

definir os cenarios de carga/geracao que serao simulados. Para efeitos de simulacao, consideram-se 4

cenarios de carga/geracao diferentes (I,II,III,IV), com o objectivo de simular o perfil de carga da ilha da

Brava. Sao estes caracterizados por:

• O cenario I corresponde ao cenario de vazio e ocorre as 6 h, com irradiancia negligenciavel;

• O cenario II corresponde a um cenario em que a producao renovavel total disponıvel e geralmente

maxima sendo que este ocorre as 11 h da manha;

• O cenario III corresponde a um cenario intermedio que ocorre as 16h, em que a geracao renovavel

total disponıvel e mais baixa, nomeadamente o recurso solar;

• O cenario IV corresponde ao cenario de ponta que ocorre as 20h, com irradiancia negligenciavel.

Estes serao os cenarios que serao estudados em regime estacionario e transitorio para cada um

dos panoramas de geracao simulados para a ilha da Brava. Sao estes:

• Ilha da Brava sem geracao renovavel - Este panorama e apenas estudado em regime estacionario

num exercıcio de perceber de que forma seria o despacho e transito de energia em 2020, caso se

mantivessem as unidade de producao actuais (2015);

• Ilha da Brava com geracao renovavel:

– Renovaveis projetadas no ”Plano Energetico para 2020” [8] (ver seccao 3.3.1) - Este pano-

rama e igualmente estudado apenas em regime estacionario com o objectivo de demostrar

que as renovaveis projectadas no ”Plano Energetico para 2020” nao sao viaveis para a pre-

visao de carga utilizada (Figura 3.6);

60

– Renovaveis redimensionadas (ver 3.3.3) - Neste panorama simulam-se as renovaveis redi-

mensionadas de acordo com a previsao de carga admitida e mantem-se a geracao conven-

cional. Sao estas as renovaveis que sao consideradas nos panoramas seguintes. Nao inclui

o BESS instalado. Sao realizados estudos em regime estacionario apenas;

• Ilha da Brava com geracao renovavel e BESS:

– Com geracao convencional - Neste panorama o sistema electroprodutor para 2020 inclui as

renovaveis redimensionadas, as unidades de geracao convencional e o BESS instalados.

Sao realizados estudos em regime estacionario e dinamico;

– 100% Renovavel - Neste panorama apresenta-se a rede da ilha da Brava em 2020, apenas

com geracao proveniente das fontes renovaveis e com o auxılio da bateria (BESS). Sao

realizados estudos em regime estacionario e dinamico;

Apresenta-se de seguida o diagrama de carga de 2020 com a potencia renovavel disponıvel, para o

panorama com as renovaveis projetadas no ”Plano Energetico para 2020” [8], na Figura 5.2 (a) e para

as renovaveis redimensionadas, na Figura 5.2 (b).

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

P [

MW

]

Tempo [h]

PEVF

PSF

Carga

(a) Geracao renovavel disponıvel com as renovaveis projetadas no Plano Energetico para 2020

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

P [

MW

]

Tempo [h]

PEVF

PSF

Carga

(b) Geracao renovavel disponıvel com as renovaveis redimensionadas

Figura 5.2: Carga de 2020 vs Geracao renovavel disponıvel.

Pela analise da Figura 5.2(a) e possıvel verificar-se que com as renovaveis projetadas no ”Plano

Energetico para 2020” [8], a geracao renovavel disponıvel e sempre superior a procura prevista para

a ilha em 2020. Pode-se concluir, desde logo, que esta projeccao de renovaveis nao e viavel, pois

61

implicaria grandes desperdıcios de geracao renovavel fazendo com que os aproveitamentos renovaveis

tivessem de ser retiradas de servico na grande maioria do dia. Com as renovaveis redimensionadas

de acordo com a previsao de carga assumida verifica-se que a geracao renovavel disponıvel so nao

supera a carga prevista nas horas de maior procura (Figura 5.2(b)). Para alem disso, neste caso, a

flexibilidade de despacho das unidades de geracao eolica e maior pois existem duas turbinas eolicas a

instalar, o que permite desligar apenas uma delas caso a geracao renovavel exceda a procura.

5.2 Resultados do transito de energia

Nesta seccao apresentam-se os resultados do transito de energia para cada um dos panoramas apre-

sentados em 5.1, com os resultados a serem obtidos apenas para cada um dos cenarios carga/geracao

(I a IV) aı apresentados tambem. Os resultados apresentados avaliam os valores de tensao, potencia

gerada (activa e reactiva), perdas e sobrecargas.

A resolucao do transito de energia e fundamental e necessaria na obtencao das condicoes iniciais

a partir das quais as simulacoes dinamicas se iniciam. Como tal, e essencial que grandezas como a

tensao e potencia gerada pelas maquinas se encontrem dentro dos limites definidos como admissıveis

e que nao existam sobrecargas em linhas ou transformadores.

Definiram-se alguns criterios de operacao da rede em regime estacionario, de forma a optimizar o

seu funcionamento. Em primeiro define-se a metodologia atraves da qual sao despachadas as unidades

convencionais. O criterio utilizado foi baseado no consumo especıfico de cada um dos grupos, uma vez

que, na perspectiva da operacao de um sistema de energia os custos mais relevantes sao os associados

ao combustıvel utilizado na producao de energia. Assim sendo, o Grupo 2 (G2) e o primeiro a ser

despachado por ser o que apresenta menor consumo especıfico (ver Tabela 3.1). Quando necessario

entra o Grupo 3 (G3) e caso este nao atinja a potencia mınima especificada, entra entao o Grupo 1

(G1). O Grupo 4 (G4) e o preterido por ser aquele com maior consumo especıfico (270g/kWh), sendo

o ultimo a entrar no despacho, caso necessario. Este metodo de despacho so nao e respeitado nos

panoramas em que se pretende ter a menor penetracao convencional possıvel, pelo que nesses casos

o G1 e o escolhido por ser o menor dos grupos da CEFV.

Em segundo, e definido o criterio utilizado para garantir a reserva girante do sistema. E utilizada

como reserva girante mınima 10% da potencia nominal de cada um dos grupos que estiver em servico.

Define-se portanto que os sistemas convencionais so devem ser explorados ate 90% das suas capa-

cidades nominais de modo a disporem sempre de reserva girante. Assim, os grupos da CEFV devem

ser limitados aos seguintes nıveis de producao: o G1 a 0, 230MW , o G2 e G3 a 0, 360MW e o G4 a

0, 324MW . Desta forma e possıvel garantir uma margem de reserva de potencia, que pode ser fun-

damental no auxılio a fenomenos transitorios ou na ocorrencia de uma perturbacao que retire geracao

renovavel de servico, por exemplo.

Por ultimo, apresenta-se os limites definidos para os valores de tensao admitidos na rede da ilha,

em regime estacionario. Assume-se que as tensoes devem estar entre 1, 05p.u. e 0, 95p.u. da tensao

nominal do barramento em questao. Os nıveis de tensao entre cenarios simulados nao devem ser

62

comparados, uma vez que, estao dependentes da forma como sao ajustadas as tomadas dos transfor-

madores das centrais de forma a controlar a potencia reactiva injectada na rede.

De seguida sao apresentados os resultados do transito de energia da rede da ilha da Brava para

2020, para cada um dos panoramas propostos na Seccao 5.1. Apresenta-se o perfil de tensoes dos

principais barramentos da rede, a potencia injectada pelas unidades de geracao e as perdas da rede,

sendo a analise do transito de energia baseada nestes parametros. Nos casos em que se registaram

no transito de energia objeccoes ao correcto funcionamento da rede (sobrecargas, sobretensoes, etc)

sao apresentadas as solucoes admitidas.

5.2.1 Ilha da Brava sem geracao renovavel

Na Tabela 5.2 e na Figura 5.3 apresentam-se os resultados do regime estacionario e o perfil de tensoes,

respectivamente, para o panorama da ilha da Brava 2020 sem geracao renovavel.

Tabela 5.2: Resultados do regime estacionario para o panorama sem geracao renovavel.

Gonçalo Glória Relatório Dimensionamento Renováveis e Bateria 02/06

3

Tabela 2-Alguns detalhes dos grupos da central eléctrica de Favatal

Grupo Potência

[MVA] Potência

[MW] PMAX [MW]

PMIN [MW]

QMAX [MW]

QMIN [MW]

Consumo específico

[g/kWh]

PMAX

com reserva de 10% [MW]

I (G1) 0.320 0.256 0.256 0.128 0.192 0 246 0.2304 II (G2) 0.5 0.4 0.4 0.2 0.3 0 210 0.36 III (G3) 0.5 0.4 0.4 0.2 0.3 0 220 0.36 IV (G4) 0.45 0.36 0.36 0.18 0.27 0 270 0.324

No estudo em regime estacionário obtiveram-se os seguintes resultados para a geração

convencional, apresentados na Tabela 3.

Tabela 3-Resultados do regime estacionário sem renováveis

Cenários I II III IV

Carga P (MW) 0,229 0,372 0,382 0,473

Q (Mvar) 0,172 0,279 0,287 0,355

Geração Convencional

G1 P (MW) 0 0,146 0,150 0

Q (Mvar) 0 0,115 0,119 0

G2 P (MW) 0,230 0,228 0,234 0,238

Q (Mvar) 0,178 0,180 0,186 0,191

G3 P (MW) 0 0 0 0,238

Q (Mvar) 0 0 0 0,191

G4 P (MW) 0 0 0 0

Q (Mvar) 0 0 0 0 Reserva Girante (MW) 0,170 0,282 0,272 0,324

Perdas P (kW) 0,52 1,42 1,52 2,3 Q (kvar) 5,91 16,55 17,60 27,3

O Grupo 2 (G2) é aquele que apresenta menor consumo específico (210g/kwh) como tal

é o primeiro a ser despachado em qualquer um dos cenários. Quando necessário entra o Grupo

3 (G3) e caso este não atinja a potência mínima especificada, entra então o Grupo 1 (G1). O

Grupo 4 (G4) é o preterido por ser aquele com maior consumo específico (270g/kwh), sendo o

último a entrar no despacho, caso necessário. É utilizada como reserva girante 10% da potência

nominal de cada um dos grupos, por isso, nas situações intermédias (II e III) é necessário

despachar o G1 conjuntamente com G2 para garantir que a geração máxima deste último com a

reserva não é ultrapassada.

De notar, que para que as tensões não sejam muito baixas na zona de 6kV é necessário

aumentar a tomada do transformador elevador associado ao barramento de 6kV (BUS41) com

uma tomada de 2.5% do lado da alta tensão (6KV). Na situação de ponta, verificou-se que o

transformador que interliga a barra de 20kV com o barramento do PT VILA se encontrava

sobrecarregado. Como solução optou-se por colocar um transformador igual a este em paralelo.

0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1 1,01

BUS2

BUS8

BUS20

BUS41

VILA

Tensão [p.u]

Bar

ram

ento

s

IV

III

II

I

Figura 5.3: Perfil de tensoes para o panorama sem geracao renovavel.

5.2.1.1 Analise

Producao

Nos cenarios II e III, o G2 nao e o unico grupo a ser despachado por causa do criterio definido para

a reserva girante. Este, como ja apresentado, delimita cada grupo a 90% da sua potencia nominal, por-

tanto para que tal factor nao seja violado e necessario despachar outro grupo. Pelo criterio de despacho

definido, seria a unidade G3 a seguinte a ser despachada, contudo nao o e pois ficaria a funcionar a um

63

nıvel de carga <50% da PN , o que nao respeitaria a PMIN especificada no estacionario (Tabela 4.1).

Portanto, o gerador despachado e o seguinte em relacao ao consumo especifico crescente, o G1.

A reserva girante garantida no pior caso (IV) e de 69% da potencia de carga. Conclui-se entao que

a reserva girante em nenhum dos cenarios e um problema, tal como se pode verificar na Tabela 5.2.

Sobrecargas

No cenario de ponta (IV) verificou-se a sobrecarga do transformador que interliga o barramento

BUS8 e o barramento VILA, do SS Nova Sintra. Este e um transformador de 250 kVA e o transito de

energia impoe-lhe uma carga de 266,2 kVA o que origina uma sobrecarga de 106,5%. Como solucao

optou-se por colocar em paralelo um transformador igual a este, tal como apresentado na Figura 4.2.

Qualquer dos outros cenarios nao revelou a existencia de sobrecargas nem em linhas/cabos, nem em

transformadores.

Tensoes

A rede de distribuicao de 6 kV revelou ser a zona da rede onde os nıveis de tensao sao mais

baixos relativamente a tensao nominal. No cenario IV, todos os barramentos da rede de 6 kV ultra-

passam o limite mınimo de 0,95 p.u. De forma a solucionar este problema, a opcao utilizada foi a de

aumentar a tomada em +2,5% do transformador da SS Nova Sintra que liga o barramento VILA ao

barramento BUS41, elevando assim as tensoes do lado dos 6 kV. Esta solucao e implementada em

todos os cenarios. O perfil de tensoes dos principais barramentos da rede e apresentado na Figura 5.3.

Como e possıvel verificar com esta solucao a tensao na rede e mantida dentro dos limites operacionais

definidos como viaveis para qualquer cenario.

Perdas

As perdas de potencia activa e reactiva na rede electrica sao apresentadas na Tabela 5.2. As perdas

de potencia activa sao pouco significativas, representando no caso mais grave (IV), cerca de 0,5% da

potencia injectada neste cenario. Quanto as perdas de potencia reactiva estas sao mais relevantes

apresentando para a ponta o valor mais elevado, correspondendo a cerca de 8% da potencia reactiva

gerada.

5.2.2 Ilha da Brava com geracao renovavel

5.2.2.1 Renovaveis projetadas no Plano Energetico para 2020

O estudo em regime estacionario deste panorama para os cenarios apresentados (I a IV) revelou que

em todos eles o despacho de geracao teria que ser igual ao apresentado para a ilha da Brava sem

renovaveis (Seccao 5.2.1- Tabela 5.2). Isto acontece porque em nenhum dos cenarios apresentados

e possıvel despachar quer o PSF quer o PEVF por estes injectarem uma potencia activa demasiado

elevada face a carga em questao, tal como seria de prever pela Figura 5.2(a). Para alem disso, tem

que se contabilizar que, sem SAE, e sempre necessario ter no mınimo 1 dos grupos convencionais em

servico, para que este possa fornecer alguma reserva girante para colmatar em parte a variabilidade e

imprevisibilidade da geracao renovavel, e para participar no controlo primario de frequencia. Portanto

tambem o perfil de tensoes nos barramentos mais importantes da rede se mantem face ao apresentado

64

na Figura 5.3. Apenas quando a producao do parque solar e residual as 7 e 17 horas (ver Tabela 5.1),

e possıvel introduzir a geracao solar do PSF no despacho, desligando o PEVF e utilizando a geracao

convencional para ajustar a procura dessas horas.

Tal como ja referido, este sobredimensionamento das renovaveis deve-se ao facto de a previsao

de carga para 2020 ter sido alterada face a apresentada no ”Plano Energetico de 2020”[8], onde se

encontram dimensionadas estas renovaveis, o que faz destas inviaveis.

5.2.2.2 Renovaveis redimensionadas

Com as renovaveis redimensionadas na Seccao 3.3.3, cuja potencia renovavel disponıvel durante

um dia e apresentada na Figura 5.2 (b), os resultados do regime estacionario e o perfil de tensoes

encontram-se expostos a Tabela 5.3 e na Figura 5.4, respectivamente.

Tabela 5.3: Resultados do regime estacionario para o panorama com renovaveis redimensionadas.

Gonçalo Glória Relatório Dimensionamento Renováveis e Bateria 02/06

11

Tabela 9- Resultados do regime estacionário para o panorama Redimensionamento de Renováveis 2

Cenários I II III IV

Carga P (MW) 0,229 0,372 0,382 0,473 Q (Mvar) 0,172 0,279 0,287 0,355

Geração Convencional

G1 P (MW) 0 0,146 0 0 Q (Mvar) 0 0,115 0 0

G2 P (MW) 0 0 0 0,238 Q (Mvar) 0 0 0 0,191

G3 P (MW) 0,230 0,228 0 0,238 Q (Mvar) 0,178 0,180 0 0,191

G4 P (MW) 0 0 0,185 0 Q (Mvar) 0 0 0,235 0

Geração Renovável

PSF P (MW) 0 0 0 0 Q (Mvar) 0 0 0 0

PEVF P (MW) 0 0 0,199 0 Q (Mvar) 0 0 0,069 0

Reserva Girante (MW) 0,170 0,282 0,175 0,324

Perdas P (kW) 0,52 1,42 1,5 2,3 Q (kvar) 5,91 16,55 17,7 27,3

No cenário IV (Ponta) verificou-se que não é possível aproveitar a produção eólica de

0,185MW juntamente com o G2, mais uma vez devido aos limites de reactiva que são

ultrapassados.

Nos períodos da 1-2h, das 18-20h e das 21-22h é possível aproveitar a geração do

parque eólico juntamente com a produção convencional para satisfazer a carga de cada uma

das horas, enquanto a geração do parque solar pode ser aproveitada durante todo o período

solar tirando o intervalo entre as 11-14h. Verificaram-se também os perfis de tensão nos

barramentos mais importantes da rede apresentando-se os resultados na Figura 7.

Verifica-se que a penetração renovável neste panorama é muito mais elevada que

qualquer um dos cenários apresentados nas secções anteriores.

0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1 1,01

BUS2

BUS8

BUS20

BUS28

BUS41

VILA

Tensão [pu]

Perfil de Tensões para o Cenário de Renováveis 2

IV

III

II

I

Figura 7- Perfil de tensões para o panorama de renováveis2 nos principais barramentos

0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1 1,01

BUS2

BUS8

BUS20

BUS41

VILA

BUS52-AEROGERADOR

Tensão [p.u]

Bar

ram

ento

s

IV

III

II

I

Figura 5.4: Perfil de tensoes para o panorama com renovaveis redimensionadas.

5.2.2.3 Analise

Producao

Relativamente ao panorama sem renovaveis, o unico cenario em que a geracao difere e o III devido

a penetracao renovavel do PEVF, como e apresentado na Tabela 5.3. Neste caso e possıvel despachar

um dos aerogeradores (BUS 52) com uma potencia injectada de 0,199 MW, o que faz com que nesse

65

cenario, a potencia renovavel injectada represente 52% da potencia total. Juntamente, o grupo termico

despachado neste cenario foi o G4, isto porque o G1 nao e suficiente para satisfazer a potencia reactiva

exigida e por outro lado, o G2 ou G3 no caso de serem despachados ficariam a operar abaixo da PMIN

especificada. O facto de no cenario III apenas ser despachado um grupo termico faz com a reserva

girante se reduza significativamente face ao panorama sem renovaveis (menos 97 kW).

Nos restantes cenarios, a geracao renovavel tem que ser totalmente retirada de servico por um

destes motivos: por excesso de geracao renovavel (I) que impede o despacho de qualquer grupo

convencional por a PMIN especificada nao ser atingida, ou entao por falta de geracao reactiva (II e

IV) que obriga a abdicar das renovaveis para despachar unidades convencionais e assim satisfazer a

potencia reactiva.

Nos perıodos da 1-2h, das 18-20h e das 21-22h e possıvel aproveitar a geracao do PEVF, com

apenas 1 aerogerador em servico, juntamente com a producao convencional para satisfazer a carga de

cada uma das horas, enquanto a geracao do PSF pode ser aproveitada durante todo o perıodo solar,

com o PEVF desligado, tirando o intervalo entre as 11-14h (Figura 5.2(b)).

Sobrecargas

Nao existem sobrecargas.

Tensoes

Face aos comentarios apresentados em 5.2.1.1 apenas se acrescenta que no cenario III, o aero-

gerador (BUS52) funciona a uma tensao especificada de 1 p.u, tal como se pode verificar na Figura

5.4.

Perdas

As perdas de potencia activa e reactiva na rede electrica sao apresentadas na Tabela 5.3. De notar

que no cenario III, com o aerogerador em servico as perdas nao revelam alteracoes significativas face

ao panorama sem renovaveis.

5.2.3 Ilha da Brava com geracao renovavel e BESS

O objectivo desta seccao e apresentar os estudos em regime estacionario para os panoramas em que

se considera a instalacao de um BESS. Com a introducao da bateria o objectivo fundamental e permitir

a integracao dos projectos renovaveis garantindo a sustentabilidade energetica da ilha com vista a

um sistema 100% renovavel. Os 2 panoramas que se inserem nesta seccao distinguem-se apenas

pelo facto de um assumir no seu despacho a presenca de geracao convencional enquanto que o outro

apenas possui geracao renovavel (100% renovavel).

A bateria utilizada e dimensionada de acordo com o panorama 100% renovavel, uma vez que, e

este que requer uma bateria de maior potencia e capacidade. Assim garante-se que para alem de ser

possıvel integra-la no panorama 100% renovavel, tambem o e no panorama com geracao convencional,

apesar do seu sobredimensionamento relativamente a este ultimo.

Os objectivos principais da metodologia de despacho utilizada com BESS sao sempre de utilizar

o mınimo de geracao convencional possıvel e de minimizar a potencia renovavel retirada de servico.

66

Com a introducao do BESS definiram-se os seguintes pressupostos de operacao para os estudos es-

tacionarios:

• Quando a bateria esta a carregar e como se funcionasse como uma carga portanto a potencia

associada e negativa, o contrario acontece quando esta a descarregar em que funciona com um

gerador injetando potencia (sinal positivo);

• Pretende-se que o BESS esteja 24 horas em servico, uma vez que, e a principal fonte de potencia

reactiva e possibilita o aumento da penetracao renovavel;

• Pretende-se aproveitar ao maximo os perıodos de excesso de geracao renovavel disponıvel para

carregar a bateria. E quanto a descarga pretende-se que ocorra nos perıodos em que a procura

e maior, tentando minimizar o corte de producao renovavel;

• O estado de carga da bateria (SOC) tem de fazer um ciclo diario, ou seja, a gestao feita da carga

da bateria na simulacao do despacho de um dia tem de voltar ao estado inicial considerado, o que

impoe que a quantidade de energia absorvida pela bateria tem que ser igual a descarregada;

• A producao convencional e a ultima a ser despachada sendo responsavel por satisfazer as perdas

da rede. No panorama 100% renovavel, a bateria e a ultima a ser despachada e e responsavel

por atender as perdas;

• Quando e considerado o panorama com geracao convencional, o despacho da bateria e feito com

o pressuposto que o menor dos grupos convencionais (G1) se encontra a funcionar a potencia

mınima (PMIN = 0.128MW ).

O despacho diario efectuado para cada um dos panoramas nao tem em consideracao as perdas de

potencia na rede, uma vez que, nao se simulou o transito de energia para todas as horas, mas apenas

dos cenarios de I a IV. A estrategia de gestao da energia do BESS utilizada tem como base o pressu-

posto ja apresentado de a bateria ter de cumprir um ciclo diario, exigindo-se que a energia absorvida

acabe por ser igual a fornecida durante o dia. Esta abordagem foi considerada apenas com o objectivo

de garantir que a bateria se encontra no estado inicial (totalmente descarregada) no fim do ciclo diario,

possibilitando assim um novo despacho semelhante caso as condicionantes, vento, irradiancia e carga

nao apresentem variacoes significativas face ao simulado. Para alem desse pressuposto na gestao

da energia da bateria existem uma serie de restricoes a considerar que delimitam a sua operacao e

capacidade, tais como:

1. A potencia a que a bateria e carregada/descarregada deve respeitar o equilıbrio de potencia entre

a geracao (renovavel e convencional), PGer, e a procura, PCarga. Assim a potencia a que opera a

bateria, PBateria, e dada por PBateria(t) = −(PGer(t) − PCarga(t));

2. Os limites de potencia da bateria definidos na Tabela 4.5 tem que ser respeitados, de forma a nao

por em risco a operacao da bateria. Esta limitacao e definida por −0, 875 < PBateria(t) < 0, 875;

67

3. Os limites de capacidade da bateria devem ser tidos em consideracao de forma a que nao sejam

ultrapassados, podendo por em causa a seguranca e tempo de vida do BESS. Assim, na gestao

da energia da bateria, garante-se sempre que a energia da bateria, EBateria, nao ultrapassa

os limites EBateriamin≤ EBateria ≤ EBateriamax

. Define-se que EBateriamin= 15%EbatN e que

EBateriamax= EbatN , garantindo assim que a PD nao ultrapassa os 85%. Assim a gestao respeita:

(a) na descarga, o limite minimo da capacidade de armazenamento da bateria nao sendo este

ultrapassado. Logo, EBateria(t) = max[(EBateria(t− 1) − ∆t× PBateria(t)), EBateriamin ];

(b) no carregamento, o limite maximo da capacidade de armazenamento da bateria nao sendo

ente ultrapassado. Logo, EBateria(t) = min[(EBateria(t− 1)−∆t×PBateria(t)), EBateriamax];

4. A profundidade de descarga (PD), ou de outra perspectiva, o estado de carga (SOC) da bateria,

deve igualmente ser tido em consideracao de forma a nao ultrapassar a PD definida. Assim,

o SOC definido por SOC(t) = SOC(t − 1) +EBateria(t)

EbatN. Consequentemente, os limites sao

15% ≤ SOC(t) ≤ 100%.

De seguida apresentam-se os resultados do estudo estacionario para os panoramas 100% re-

novavel (Seccao 5.2.3.1) e com geracao convencional (Seccao 5.2.3.2) em que o BESS se encontra

instalado no sistema electrico da ilha da Brava para 2020.

5.2.3.1 100% Renovavel

Nesta seccao para alem dos resultados do estudo estacionario para a ilha da Brava 100% renovavel,

fundamentam-se os dados caracterısticos da bateria ja definidos na Tabela 4.4. Interessa reforcar que

este panorama e caracterizado pela potencia renovavel disponıvel apresentada na Figura 5.2 (b).

O dimensionamento da bateria, tal como ja foi referido, foi feito tendo em conta este panorama pois

e aquele em que existe maior penetracao renovavel e como tal, e aquele que impoe requisitos mais

exigentes a bateria em termos de capacidade de armazenamento e potencia nominal. A metodolo-

gia utilizada ja foi exposta na Seccao 4.2.5.1, pelo que, nesta seccao apenas sao apresentados os

resultados obtidos. Primeiro, com a previsao de carga e geracao renovavel definidas (Figura 5.2 (b))

averıgua-se a diferenca entre a geracao renovavel disponıvel e a carga, Pdif (expressao 4.1), sendo

os resultados apresentados na Tabela D.1, no Anexo D. De acordo com os estes dados e admitindo-se

intervalos de despacho de 1 hora (∆t = 1) obtem-se da expressao 4.2, a capacidade media requerida

para a bateria, Ebat, sendo igual a Ebat = 2, 7MWh. A capacidade nominal do BESS, EbatN , pode

entao ser calculada considerando os 3 parametros caracterısticos da bateria, a PD, a autonomia e a

deterioracao resultante da idade, atraves da equacao 4.3, obtendo-se EbatN ≈ 3, 5MWh.

A escolha da potencia do conversor Pn e feita de acordo com a necessidade de satisfazer a potencia

reactiva que no pior caso esta teria que fornecer, sendo este no cenario de ponta (IV). A potencia do

conversor tambem foi escolhida com o intuito da relacao entre EbatN e Pn fosse tal que o tempo de

carga/descarga da bateria fosse um tempo inteiro. Entao definiu-se Pn = 0, 875MW o que permite a

bateria ser carregada/descarregada em 4 h, a potencia nominal (EbatN

Pn= 4h). Assim sendo, com esta

68

Pn a bateria e capaz de no maximo fornecer uma potencia reactiva de 0,424 Mvar, tal como anunciado

na Tabela 4.5, o que e suficiente para no pior caso a bateria suportar toda a geracao da ilha. Quanto

ao numero de modulos em paralelo este e dado por EbatN

Emodulo, pelo que se verifica que e necessario o

BESS ser constituıdo por 29 modulos em paralelo.

Uma vez apresentada a forma como foram definidas as caracterısticas tecnicas da bateria, apresenta-

se de seguida o despacho das unidades de geracao, em que a gestao da energia da bateria respeita

com todos os pressupostos ja apresentados. De referir que a estrategia de despacho da geracao acaba

por assentar na tentativa de tornar o excesso de geracao renovavel o mais correspondente do defice

de geracao verificada ao longo do dia, ou seja, fazer com que que a soma das diferencas entre geracao

e carga ao longo do dia seja o mais proxima de zero possıvel. Desta forma garante-se que o aproveita-

mento renovavel e o maximo possıvel, respeitando o pressuposto assumido de a bateria ter de cumprir

um ciclo completo. Na Figura 5.5 apresenta-se o diagrama de carga para 2020, com o despacho das

unidades de geracao do panorama 100% renovavel, de acordo com os dados apresentados na Tabela

D.1, no Anexo D.

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

00:00 02:00 04:00 06:00 07:34 09:00 11:00 13:00 15:00 17:00 19:00 21:00 23:00

P [

MW

]

Tempo (h)

Diagrama de Carga

Bateria

Eólica

Solar

Carga

BESS

PEVF

PSF

Carga

Figura 5.5: Diagrama de carga do panorama 100% renovavel, com o despacho das unidades degeracao.

Acerca do despacho apresentado interessa focar alguns pontos. Primeiro, a Figura 5.5 corresponde

a um grafico de barras empilhadas, em que a potencia do BESS que apresenta valor negativo corres-

ponde ao carregamento da bateria por parte da geracao excedente. Segundo, assume-se a bateria

descarregada as 8 h, por ser o momento do dia em que a geracao passa a ser consideravelmente

superior a procura, como tal interessa ter a bateria disponıvel com a sua capacidade total livre a partir

deste momento.

Na Figura 5.6 apresenta-se o SOC da bateria para o despacho da bateria que foi realizado para

este panorama. De referir que o SOC apresentado na Tabela D.1, atraves do qual se obtem esta figura

e calculado relativamente ao EbatN (ver Tabela 4.4).

Os resultados obtidos da simulacao do regime estacionario para cada um dos cenarios estudados,

com o despacho sugerido, encontram-se apresentados na Tabela 5.4. Ja na Figura 5.7 apresenta-se o

perfil de tensoes para os principais barramentos da rede.

69

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

SOC

(%

)

Tempo (h)

Figura 5.6: Estado de carga (SOC) da bateria para o panorama 100% renovavel.

Tabela 5.4: Resultados do regime estacionario para o panorama 100% renovavel.

Vmin7 [pu] 0,90 -- TP7 [s] 10,00 --

Vmax1 [pu] 1,3 1,1 TP8 [s] 0,01 0,01

Vmax2 [pu] 1,15 -- TP9 [s] 1,3 --

Vmax3 [pu] 1,1 -- TP10 [s] 3,0 --

Cenários I II III IV

Carga P (MW) 0,229 0,372 0,382 0,473 Q (Mvar) 0,172 0,279 0,287 0,355

Geração Renovável

PSF P (MW) 0,000 0,246 0,094 0,000 Q (Mvar) 0,000 0,081 0,031 0,000

PEVF Aerogerador1

P (MW) 0,192 0,219 0,199 0,183 Q (Mvar) 0,048 0,047 0,040 0,015

Aerogerador2 P (MW) 0,000 0,219 0,199 0,000 Q (Mvar) 0,000 0,047 0,040 0,000

BESS P (MW) 0,038 -0,310 -0,108 0,293 Q (Mvar) 0,134 0,144 0,201 0,368

Reserva (MW) 0,838 - - 0,582

Perdas P (kW) 0,50 1,91 1,70 2,60 Q (kvar) 9,63 39,66 24,42 28,10

Características do BESS Pn [MW] 0,875

EbatN [MWh] 3,5 Vout [V] 400

Tempo c/d à Pn [h] 4 PD [%] 85

Ebat (MWh) 2,7 Nº módulos em série 32

Nº módulos em paralelo 29

0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1 1,01 1,02

BUS2

BUS8

BUS20

BUS41

VILA

BUS52- AEROGERADOR

BUS54- PV

BESS

BUS58- AEROGERADOR2

Tensão [p.u]

Bar

ram

ento

s

IV

III

II

I

Figura 5.7: Perfil de tensoes para o panorama 100% renovavel.

5.2.3.1.1 Analise

Producao

Neste panorama 100% renovavel, o no de referencia considerado corresponde ao barramento ao

qual a bateria e ligado (BUS56-BESS). Analisando a Figura 5.5 juntamente com a Tabela D.1, verifica-se

que no perıodo das 8 ate as 17h toda a geracao renovavel e aproveitada sendo a excedente utilizada

para carregar a bateria. Das 18 h ate as 7 h e retirada de servico uma das turbinas Vestas V29 do

PEVF, sendo apenas um aerogerador e a bateria a suportar a carga. Durante cerca de 30 minutos

(7:34 ate 8:00 h) e necessario retirar de servico toda a geracao renovavel, permitindo assim que a

bateria descarregue na sua totalidade para cumprir o ciclo diario definido. A geracao solar disponıvel

70

e entao toda injectada na rede exceptuando-se esse perıodo de cerca de 30 minutos. Apresenta-

se entao, na Tabela 5.5, a quantidade de energia renovavel que e desperdicada tendo em conta o

despacho apresentado, de acordo com a Tabela D.1.

Tabela 5.5: Energia desperdicada no panorama 100% renovavel.

Gonçalo Glória Relatório Dimensionamento Renováveis e Bateria 02/06

17

Tabela 11- Resultados do regime estacionário para o panorama 100% Renovável

Cenários Vazio (I)

Cenário Intermédio 1

(II)

Cenário Intermédio 2

(III)

Ponta (IV)

Carga P (MW) 0,229 0,3720 0,3821 0,4729 Q(MVAr) 0,1717 0,2790 0,2866 0,3547

Geração Renovável

PS P(MW) 0 0,2462 0,0936 0

Q(MVAr) 0 0,0612 0,0591 0

PE

AeroG1

P (MW) 0,192 0,219 0,199 0,1825 Q(MVAr) 0,0652 0,0509 0,0508 0,074

AeroG2

P (MW) 0 0,219 0,199 0 Q(MVAr) 0 0,0505 0,0505 0

Bateria P (MW) 0,0375 -0,3102 -0,1078 0,293 Q(MVAr) 0,1168 0,1561 0,1503 0,3069

Perdas P (kW) 0.59 1.88 1.74 2.56 Q (kVAr) 10.12 40.32 24.62 26.90

Procedeu-se ao cálculo da quantidade de energia renovável que é desperdiçada por se

ter que desligar o parque solar (PS) ou/e o parque eólico (PE). Nesta situação obtêm-se os dados

apresentados na Tabela 12, de acordo com os dados de despacho apresentados no Anexo 4.

Tabela 12-Energia Renovável desperdiçada

E (MWh) ESolar desperdiçada 0,017 EEólica desperdiçada 2,694 ETotal desperdiçada 2,709 Erenovável disponível 11,136

𝐄𝐓𝐨𝐭𝐚𝐥 𝐝𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐝𝐢ç𝐚𝐝𝐚

𝐄𝐫𝐞𝐧𝐨𝐯á𝐯𝐞𝐥 𝐝𝐢𝐬𝐩𝐨𝐧í𝐯𝐞𝐥 = 24,34%

Como se pode verificar pela Tabela 12 cerca de 24% da geração renovável disponível

para as condições previstas é desperdiçada no despacho que foi considerado. Este valor é

aceitável visto que a carga é em grande parte do dia menor que a geração renovável disponível

0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1 1,01

BUS2

BUS8

BUS20

BUS28

BUS41

VILA

Tensão [pu]

Perfil de Tensões para o Cenário 100% Renovável

IV

III

II

I

Figura 11- Perfil de tensões para o panorama 100% renovável

Como se pode verificar pela Tabela 5.5 cerca de 24% da geracao renovavel disponıvel, para as

condicoes previstas, e desperdicada no despacho que foi considerado. Este valor e aceitavel visto que

a carga e em grande parte do dia menor que a geracao renovavel disponıvel, conseguindo-se atingir

uma penetracao de 75% da geracao renovavel disponıvel.

Quanto a reserva apresentada na Tabela 5.4 esta refere-se apenas a reserva que a bateria oferece.

Esta e apenas apresentada para os cenarios em que a bateria se encontra no modo de descarga (I e

IV). Para os cenarios em que a bateria se encontra no modo de carga (II e III) nao se apresenta reserva,

contudo poderia-se apresentar a reserva ”negativa” que indica o quao mais poderia ser aumentada a

potencia a que a bateria carrega, no entanto nao e um dado relevante para o estudo.

Sobrecargas

Nao existem sobrecargas.

Tensoes

O barramento BESS funciona a uma tensao especificada de 1 p.u. Das tensoes monitorizadas

apresentadas na Figura 5.7 verifica-se que nao existem barramentos que operam fora dos limites de

operacao considerados como aceitaveis (±5% da tensao nominal ). O perfil de tensoes da rede da ilha

da Brava, num panorama 100% renovavel, revela ser aceitavel quer na rede de distribuicao de 20 kV

quer na de 6 kV. De referir apenas que o barramento VILA e aquele que apresenta nıveis de tensao

mais baixos, sendo o caso mais relevante o do cenario de ponta (IV) em que a tensao atinge os 0,958

p.u.

Perdas

As perdas de potencia activa e reactiva na rede electrica sao apresentadas na Tabela 5.4. De

uma forma geral, verifica-se que nos cenarios simulados, as perdas para este panorama sao substan-

cialmente superiores as que se verificaram no panorama com renovaveis e sem BESS (Tabela 5.3),

nomeadamente as referentes a potencia reactiva. As perdas de potencia activa sao pouco significa-

tivas, representando no caso mais grave, na ponta (IV), cerca de 0,55% da potencia activa injectada

neste cenario. Quanto as perdas de potencia reactiva, estas sao maiores no cenario II, representando

12% da potencia reactiva injectada neste cenario. Em media, 8% da potencia reactiva e perdida ao

longo da rede, neste panorama.

71

5.2.3.2 Com geracao convencional

A proposta apresentada nesta seccao tem o intuito de sugerir uma solucao em que e possivel ter a

ilha a operar com renovaveis, o BESS e com o auxılio de geracao convencional. Por outro lado, o es-

tudo deste panorama justifica-se tambem na necessidade de apresentar uma alternativa ao panorama

100% renovavel que como apresentado nos resultados do estudo dinamico, revelou alguns problemas

de simulacao. Este panorama implementa a geracao convencional da ilha da Brava juntamente com as

renovaveis redimensionadas e a bateria dimensionada na Seccao 5.2.3.1. A estrategia utilizada neste

caso e a de maximizar a penetracao de geracao renovavel, pelo que, sempre que possıvel apenas e

utilizado a menor das unidades de geracao convencional (G1). O despacho da bateria para este pa-

norama, parte do pressuposto que o G1 se encontra sempre a funcionar a potencia mınima admissıvel

(PMIN = 0, 128MW ), uma vez que, a bateria e despachada antes da convencional, sendo esta ultima

responsavel por satisfazer as perdas de potencia na rede. Assim sendo e o barramento BUS1, onde e

ligada a central termica (CEFV), que e considerado como no de balanco.

Ao utilizar a bateria que foi dimensionada especificamente para o panorama 100% renovavel neste

outro, verifica-se que esta e claramente sobredimensionada para ser implementada neste, nao sendo

aproveitada toda a sua capacidade de armazenamento.

Na Figura 5.8 apresenta-se o diagrama de carga para 2020, com o despacho das unidades de

geracao renovavel e convencional, de acordo com os dados apresentados na Tabela D.2, no Anexo D.

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

00:00 02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16 00 18:00 20:00 22:00 24:00

P [

MW

]

Tempo [h]

Convencional

PSF

PEVF

BESS

Carga

Figura 5.8: Diagrama de carga do panorama com o despacho do BESS, renovaveis e convencional.

Assume-se a bateria descarregada as 23 h, por ser este o momento do dia em que a geracao

comeca a ser superior a procura.

Na Figura 5.9 apresenta-se o SOC da bateria para o despacho da bateria que foi realizado para

este panorama. Tal como referido no panorama 100% renovavel, o SOC apresentado na Tabela D.2 e

na Figura 5.9 e calculado relativamente ao EbatN .

Pela analise da Figura 5.9 e possıvel verificar que o estado de carga da bateria apenas chega a

50% de EbatN o que corresponde a uma taxa de inutilizacao de 75% da capacidade nominal da bateria,

provando o sobredimensionamento da bateria relativamente a sua aplicacao neste panorama.

Os resultados obtidos da simulacao do regime estacionario para cada um dos cenarios estudados

72

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

SOC

(%

)

Tempo (h)

Figura 5.9: Estado de carga (SOC) para o panorama com BESS, renovaveis e convencional.

com o despacho sugerido, encontram-se apresentados na Tabela 5.6. Ja na Figura 5.10 apresenta-se

o perfil de tensoes para os principais barramentos da rede.

Tabela 5.6: Resultados do regime estacionario para o panorama com BESS, renovaveis e convencional.

Vmin7 [pu] 0,90 -- TP7 [s] 10,00 --

Vmax1 [pu] 1,3 1,1 TP8 [s] 0,01 0,01

Vmax2 [pu] 1,15 -- TP9 [s] 1,3 --

Vmax3 [pu] 1,1 -- TP10 [s] 3,0 --

Cenários I II III IV

Carga P (MW) 0,229 0,372 0,382 0,473 Q (Mvar) 0,172 0,279 0,287 0,355

Geração Renovável

PSF P (MW) 0,000 0,246 0,094 0,000 Q (Mvar) 0,000 0,081 0,031 0,000

PEVF Aerogerador1

P (MW) 0,192 0,219 0,199 0,183 Q (Mvar) 0,048 0,047 0,040 0,015

Aerogerador2 P (MW) 0,000 0,219 0,199 0,000 Q (Mvar) 0,000 0,047 0,040 0,000

BESS P (MW) 0,038 -0,310 -0,108 0,293 Q (Mvar) 0,134 0,144 0,201 0,368

Reserva (MW) 0,838 - - 0,582

Perdas P (kW) 0,50 1,91 1,70 2,60 Q (kvar) 9,63 39,66 24,42 28,10

Cenários I II III IV

Carga P (MW) 0,229 0,372 0,382 0,473 Q (Mvar) 0,172 0,279 0,287 0,355

Geração Convencional G1 P (MW) 0,129 0,130 0,130 0,130 Q (Mvar) 0,084 0,121 0,165 0,177

Geração Renovável

PSF P (MW) 0,000 0,246 0,000 0,000 Q (Mvar) 0,000 0,043 0,000 0,000

PEVF Aerogerador1 P (MW) 0,192 0,219 0,000 0,183 Q (Mvar) 0,026 0,037 0,000 0,052

BESS P (MW) -0,091 -0,221 0,254 0,162 Q (Mvar) 0,072 0,107 0,134 0,145

Reserva + Reserva Girante (MW) 0,128 0,126 0,747 0,838

Perdas P (kW) 0,50 1,70 1,60 2,30 Q (kvar) 10,16 28,22 12,53 20,00

Características do BESS Pn [MW] 0,875

EbatN [MWh] 3,5 Vout [V] 400

Tempo c/d à Pn [h] 4 PD [%] 85

Ebat (MWh) 2,7 Nº módulos em série 32

Nº módulos em paralelo 29

0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1 1,01

BUS2

BUS8

BUS20

BUS41

VILA

BUS52- AEROGERADOR

BUS54- PV

BESS

Tensão [p.u]

Bar

ram

ento

s

IV

III

II

I

Figura 5.10: Perfil de tensoes para o panorama com BESS, renovaveis e convencional.

5.2.3.2.1 Analise

Producao

Tal como ja referido, o no de balanco corresponde ao barramento da geracao convencional, uma

vez que, se considerou que esta seria a responsavel por satisfazer as perdas de potencia.

Com a introducao da geracao convencional neste panorama, a penetracao de energia renovavel

torna-se menor, pelo que em todo o despacho considerado uma das turbinas Vestas-V29 (Aerogera-

73

dor2) e mantida sempre fora de servico. Analisando a Figura 5.8 juntamente com a Tabela D.2, verifica-

se que apenas as 16 e 17 horas e retirada de servico toda a geracao renovavel ficando a procura da

ilha encarregue ao G1 e a bateria. O PSF e retirado de servico ao 12h e entre as 14-17 h. Por sua

vez, a 1h teve de se aumentar ligeiramente a geracao do G1 apenas pelo facto de a bateria ainda nao

possuir carga suficiente para descarregar a energia exigida nesse momento, tal como se verifica na

Tabela D.2. Apresenta-se na Tabela 5.7, a quantidade de energia renovavel que e desperdicada tendo

em conta o despacho apresentado de acordo com a Tabela D.2.

Tabela 5.7: Energia desperdicada no panorama com BESS, renovaveis e convencional. E (MWh)

ESolar desperdiçada 0,729 EEólica desperdiçada 5,065 ETotal desperdiçada 5,794 Erenovável disponível 11,136

𝐄𝐓𝐨𝐭𝐚𝐥 𝐝𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐝𝐢ç𝐚𝐝𝐚

𝐄𝐫𝐞𝐧𝐨𝐯á𝐯𝐞l 𝐝𝐢𝐬𝐩𝐨𝐧í𝐯𝐞l = 52,03%

Pela Tabela 5.7 verifica-se que cerca de 52% da geracao renovavel disponıvel para as condicoes

previstas e desperdicada no despacho que foi considerado. Este valor e justificado principalmente pela

introducao da geracao convencional que faz com que uma das turbinas eolicas nunca seja explorada.

No que toca as potencias, os dados do transito de energia apresentados para cada cenario na

Tabela 5.6 indicam que em qualquer um dos cenarios simulados e possıvel operar apenas com um

grupo convencional, o G1, estando este a funcionar aproximadamente a potencia mınima (PMIN =

0, 128MW ) em todos eles, permitindo satisfazer assim a potencia activa e reactiva pedida pela rede.

Verifica-se que em media, 70% da potencia injectada e de origem renovavel. O cenario onde se verifica

maior penetracao renovavel e no das 11 h, em que 78% da potencia injectada na rede e de origem

renovavel.

Quanto a reserva apresentada na Tabela 5.6 esta refere-se a reserva que a bateria oferece junta-

mente com a reserva girante fornecida pelo G1. So nos cenarios em que a bateria se encontra em

modo de descarga (III e IV) e que e contabilizada a porcao de reserva respectiva a bateria.

Sobrecargas

Nao se verificou nenhuma situacao de sobrecarga em linhas ou transformadores.

Tensoes

Das tensoes monitorizadas apresentadas na Figura 5.10 verifica-se que nao existem barramentos

que operam fora dos limites de operacao considerados como aceitaveis (±5% da tensao nominal ). O

perfil de tensoes da rede da ilha da Brava, neste panorama revelou apresentar bons resultados em toda

a rede.

Perdas

As perdas de potencia activa e reactiva na rede electrica sao apresentadas na Tabela 5.6. De

uma forma geral, verifica-se que nos cenarios simulados, as perdas para este panorama sao inferiores

as que se verificaram no panorama 100% renovavel (Tabela 5.4). As perdas de potencia activa sao

pouco significativas, representando no caso mais grave, na ponta (IV), cerca de 0,48% da potencia

74

activa injectada neste cenario. Quanto as perdas de potencia reactiva, estas sao maiores no cenario II

representando 9% da potencia reactiva injectada neste cenario. Em media, 6% da potencia reactiva e

perdida ao longo da rede, neste panorama.

5.3 Simulacoes Dinamicas

As simulacoes em regime dinamico tem como objectivo avaliar a forma como a rede electrica da ilha

da Brava se comporta perante a ocorrencia de uma determinada contingencia que afecta a operacao

da rede e o seu regime estacionario, colocando-se assim em prova a estabilidade da mesma. Sao rea-

lizadas simulacoes apenas para os dois panoramas apresentados anteriormente que contem a bateria

instalada, uma vez que, apenas interessa estudar os casos em que e possivel averiguar a forma como

o BESS se comporta em regime dinamico e a contribuicao que apresenta na estabilidade da rede. No

panorama 100% renovavel verificaram-se problemas de convergencia em alguns defeitos estudados,

principalmente aquando da ocorrencia de curto-circuitos. Quando a nao convergencia ocorre apenas

durante o defeito e a rede comeca a convergir passados poucos passos de integracao apos o defeito

ser removido, os resultados finais que se obtem nao sao afectados.

Para cada um dos panoramas sao realizados diferentes perturbacoes sendo consequentemente

descrita a analise dos resultados para cada. As grandezas que sao apresentadas sobre a forma de

grafico sao escolhidas adequadamente para suportar a analise de cada caso, sendo submetidas as

que se consideram menos relevantes para o Anexo E.

Por uma questao de consonancia todas as perturbacoes simuladas tem inıcio aos 2 segundos.

Foram estudadas quatro perturbacoes distintas com o objectivo de apresentar alguma diversidade de

acontecimentos passıveis de ocorrer na rede da Brava. As quatro perturbacoes simuladas foram:

1. Curto-circuito franco no BUS50-VILA;

2. Saıda de servico de um grupo termico;

3. Variacao da irradiancia;

4. Saıda de servico do BESS.

De forma a nao tornar a apresentacao dos resultados para cada uma das perturbacoes muito ex-

tensa e exaustiva considerou-se suficiente apresentar e analisar dos cenarios I a IV apenas aqueles que

se consideram ser mais relevantes e que simulam a situacao mais gravosa, para cada um dos panora-

mas e contingencias estudadas. Resta apresentar as condicoes de funcionamento que foram definidas

com o objectivo de qualificar o regime estacionario pos-perturbacao, no que se refere as grandezas de

frequencia e tensao de operacao da rede. No caso da frequencia considera-se que o sistema pode

operar de forma segura caso em regime pos transitorio o desvio de frequencia nao ultrapasse ±1, 5Hz,

ou seja, a rede deve operar dentro da gama dos 48, 5 − 51, 5Hz. Relativamente aos limites de tensao

admissıvel apos uma perturbacao sugere-se que esta nao ultrapasse os ±10% da tensao nominal, ou

75

seja, 0, 9 − 1, 1p.u. Assim, de seguida apresenta-se de forma detalhada cada uma das perturbacoes

para cada panorama e cenario e os resultados obtidos.

5.3.1 Curto-circuito franco no BUS50-VILA

O estudo de um curto-circuito na rede trata-se de uma contingencia que simula um percurso de baixa

impedancia, atraves do qual fluem elevadas correntes. O curto-circuito e aplicado no BUS50-VILA com

duracao de 100 ms, com inıcio aos 2 s sendo extinto aos 2,1 s. A escolha do barramento onde se

aplicou o curto-circuito e justificada pelo facto de a VILA ser um barramento electricamente centrico

face a restante rede de distribuicao. O defeito aplicado e um curto circuito trifasico simetrico que e ca-

racterizado por uma susceptancia de −2×109p.u, o que permite considerar o defeito como franco. Esta

perturbacao e implementada quer no panorama 100% renovavel quer no com geracao convencional,

apresentando-se apenas os resultados para o cenario das 11 horas (II), uma vez que, este e caracte-

rizado por ser aquele em que a penetracao renovavel e mais significativa. Assim com a ocorrencia do

defeito as proteccoes das renovaveis podem actuar fazendo com que seja retirada geracao renovavel

de servico, o que provoca um transitorio mais grave que em qualquer outro cenario.

Com o curto-circuito aplicado no BUS50-VILA aos 2s, o regime estacionario e interrompido iniciando-

se um regime transitorio. Ao fim de 100ms o curto-circuito e extinto. As tensoes ao longo de toda a rede

decaem para valores menores do que 0, 1p.u. durante o defeito, justificando-se este decrescimo tao

acentuado tanto pela severidade do defeito como pela dimensao reduzida da rede, cuja topologia lhe

confere uma robustez reduzida.

Quer no panorama 100% renovavel quer no com convencional, a ocorrencia do curto-circuito ocasi-

ona a saıda de servico dos PVs. Tal contigencia advem do decremento da tensao aos seus terminais,

que faz actuar a proteccao contra subtensoes em 0, 01s abrindo o disjuntor passados 80ms, pelo que

aos 2, 09s o disjuntor abre retirando de servico o PV e o respectivo transformador. Com a perda dos

PVs sao perdidos 246kW de potencia injectada.

Para o caso da ilha 100% renovavel, na Figura 5.11 ilustra-se a variacao temporal da frequencia na

sequencia da ocorrencia do defeito, vista do BUS55 e a potencia injectada pelos PVs. Apos a saıda dos

PVs, a potencia de carga e maior que a potencia injectada o que provoca a diminuicao da frequencia.

Como resposta a perda de geracao decorrente do defeito, as unidades de geracao em servico (PEVF

e BESS) reagem no sentido de contrariar a descida de frequencia.

No caso dos aerogeradores, apresenta-se na Figura 5.12, a resposta temporal de uma das turbinas

sendo que a outra apresenta uma resposta semelhante. Observa-se que aos 2, 1s, apos a eliminacao do

defeito, os aerogeradores apresentam um aumento da potencia electrica injetada opondo-se a perda de

producao dos PVs e assim atenuando a descida de frequencia durante os primeiros instantes. Esta res-

posta caracteriza-se pelo aumento da potencia injectada pelo grupo turbina-gerador a custa da reducao

da sua energia cinetica, ou seja, da diminuicao da velocidade de rotacao, tal como e visıvel na Figura

5.12, transformando a energia cinetica em electrica. A potencia gerada pelo PEVF tende para o valor

pre-defeito, pelo que, ate que a velocidade de rotacao seja restabelecida, parte da potencia activa e

76

absorvida de forma a aumentar a velocidade de rotacao dos aerogeradores.

Visto que os aerogeradores em regime estacionario pos-defeito apresentam a mesma potencia ac-

tiva que em pre-defeito, o BESS assume-se como a unidade de geracao responsavel por suportar a

perda de producao decorrente da perturbacao. Na Figura 5.13 apresenta-se a resposta dinamica da

bateria no que a potencia electrica se refere. Uma vez que, a bateria se encontra a carregar em regime

pre-defeito, esta e vista pela rede como uma carga. Assim com a perda de geracao dos PVs, a bate-

ria diminui a potencia que absorve para 65kW , o que do ponto de vista da dualidade carga/producao

simula o deslastre de carga. Tal com ja apresentado na Seccao 4.2.5.2, a potencia injectada pela

bateria esta dependente da variacao de frequencia do barramento BUS55 (Figura 5.11) e do ganho

KC = −10MW/p.u. que acaba por mimetizar o controlo primario de frequencia por estatismo de um

gerador convencional.

Figura 5.11: Frequencia no BUS55 e potencia ac-tiva dos PVs (perturbacao: CC no BUS50 - pano-rama 100% renovavel).

Figura 5.12: Potencia e variacao velocidade de umaerogerador (perturbacao: CC no BUS50 - pano-rama 100% renovavel).

Figura 5.13: Potencia activa e energia do BESS(perturbacao: CC no BUS50 - panorama 100% re-novavel).

Figura 5.14: Potencia Reactiva (perturbacao: CCno BUS50 - panorama 100% renovavel).

Na Figura 5.13 apresenta-se igualmente a evolucao temporal da energia da bateria em p.u.sec na

77

base do sistema. A potencia reactiva injectada pelas unidades de geracao apos a saıda de servico dos

PVs e apresentada na Figura 5.14.

No final do tempo de simulacao a frequencia da rede electrica da ilha da Brava e igual a 48,8 Hz.

No regime estacionario que se atinge na sequencia desta contigencia nao se verificam tensoes fora

dos limites de operacao definidos como aceitaveis, nem ramos (linhas/cabos ou transformadores) ou

maquinas a operar em sobrecarga. O perfil das tensoes, durante o perıodo de simulacao, nos principais

barramentos da rede encontra-se apresentado na Figura E.1.

De referir que o estudo desta perturbacao para qualquer um dos restantes cenarios (I,III e IV),

apresentou resultados igualmente satisfatorios de acordo com os criterios de qualificacao do regime

estacionario pos-perturbacao ja apresentados.

No panorama com geracao convencional, as simulacoes ja nao apresentam qualquer tipo de nao

convergencia. Na Figura 5.15 verifica-se que durante a ocorrencia do curto-circuito a frequencia da

rede no BUS55 apresenta um pico com 51Hz que resulta do excesso de potencia mecanica face a

potencia electrica. Com eliminacao do defeito e com a decorrente perda dos PVs, a potencia diminui

face a carga o que faz com que a frequencia comece a diminuir. Neste caso, para alem da resposta

do aerogerador em servico e tambem apresentada a resposta inercial pelo gerador convencional em

servico (G1), tal como e visıvel na Figura E.2.

Apos a resposta inercial do G1, o controlo primario de frequencia comeca a actuar pelo que os regu-

ladores carga/velocidade (controlo por estatismo) do G1 impoem um aumento da potencia mecanica,

tal como se pode verificar na Figura 5.15. Quando o binario mecanico iguala o binario electrico, a

aceleracao do gerador anula-se e a frequencia acaba por estabilizar por volta dos 30s. A potencia

mecanica do G1, no regime estacionario, que se atinge no perıodo pos-perturbacao e igual a 198, 74kW ,

enquanto que o aerogerador em servico opera a 219kW atingindo o mesmo ponto de funcionamento

que em regime pre-defeito (Figura E.3).

Figura 5.15: Frequencia no BUS55 e potenciamecanica do G1 (perturbacao: CC no BUS50 - pa-norama c/ convencional).

Figura 5.16: Potencia activa e energia do BESS(perturbacao: CC no BUS50 - panorama c/ conven-cional).

Quanto ao BESS a sua resposta durante o tempo de simulacao e apresentada na Figura 5.16,

sendo a sua analise semelhante a efectuada para o panorama 100% renovavel. Contudo neste caso a

78

variacao de potencia que absorve, entre o regime pre e pos defeito, nao e tao acentuada. A bateria no

regime estacionario pos-pertubacao absorve 51, 14kW . Nesta figura apresenta-se tambem a energia

total armazenada durante o tempo de simulacao, que como se verifica, e menor que aquela que e obtida

no panorama 100% renovavel.

No final do tempo de simulacao a frequencia da rede electrica da ilha da Brava e igual a 49, 15Hz.

No regime estacionario que se atinge na sequencia desta contigencia nao se verificam tensoes fora

dos limites de operacao definidos como aceitaveis, nem sobrecargas. O perfil das tensoes, durante

o perıodo de simulacao, nos principais barramentos da rede encontra-se apresentado na Figura E.5.

Tal como no panorama 100% renovavel, qualquer um dos restantes cenarios (I,III e IV) apresentou

resultados igualmente satisfatorios para o regime estacionario pos-perturbacao.

5.3.2 Saıda de servico de um grupo termico (G1)

A simulacao da saıda de servico de um grupo termico pretende averiguar de que forma a rede reage a

perda da unica unidade de geracao convencional que se encontra em servico em regime estacionario

(G1) e como influencia a estabilidade da rede, relativamente ao controlo primario de frequencia.. Esta

perturbacao e apenas estudada para o panorama cujo regime estacionario e apresentado na seccao

5.2.3.2, uma vez que, o cenario 100% renovavel e caracterizado pela inexistencia de producao conven-

cional. O cenario cujos resultados sao apresentados corresponde a ponta (IV), visto que, e neste que

a procura e mais elevada.

O objectivo principal e apenas estudar a forma como a bateria reage a perda de geracao conven-

cional, portanto nesta perturbacao apresenta-se igualmente a influencia que o ganho KC apresenta

na resposta do BESS e estabilidade da rede. Assim, aos 2s e retirado de servico o gerador G1 e os

transformadores da SFV, perdendo-se 130kW . Instantaneamente o equilıbrio entre carga e potencia

mecanica e quebrado e a frequencia desce decorrente do defice de potencia mecanica. Para demons-

trar a influencia do ganho KC na modelizacao da bateria e na sua resposta dinamica foi simulada

esta perturbacao recorrendo a KC = −5MW/p.u. e ao valor definido por defeito de −10MW/p.u.,

confrontando-se os resultados nas Figuras 5.17 e 5.18.

A potencia electrica adicional fornecida pelo aerogerador e a injeccao de potencia por parte da ba-

teria definem o desvio inicial de frequencia, sendo tanto maior quanto menor a capacidade de injectar

potencia por parte do BESS. Na Figura 5.17 e possivel verificar que quando o ganho e menor, a res-

posta inercial por parte do aerogerador e mais significativa de forma tentar compensar a incapacidade

do BESS. Como consequencia desse facto a velocidade de rotacao do rotor do aerogerador MIDA

decresce mais de forma a que a energia cinetica possa ser convertida em electrica.

Como se verifica na Figura 5.18, a frequencia a que estabiliza a rede e inferior quando o KC =

−5MW/p.u. tendendo esta para 48, 75Hz, enquanto que com o ganho a −10MW/p.u. a frequencia

estabiliza em 49, 4Hz. Tal facto e facilmente perceptıvel a luz do modelo ”PAUX1”, em que de forma

simplificada o que acontece e que a potencia a injectar pela bateria e funcao do desvio de frequencia

(∆f ) e do ganho KC , ou seja, PAUX = KC × ∆f . Em qualquer um dos casos, o facto de a frequencia

79

estabilizar para um valor menor que 50Hz indica que a potencia electrica fornecida pelas maquinas e

superior a potencia mecanica.

Figura 5.17: Potencia activa (perturbacao: saıda deservico de G1).

Figura 5.18: Frequencia no BUS55 e potenciamecanica do G1 (perturbacao: saıda de servico deG1).

Os resultados suplementares obtidos para o ganhoKC = −10MW/p.u. encontram-se apresentados

no Anexo E.2. Os valores de potencia injectada em regime estacionario pos-transitorio sao de 182kW e

287kW para o aerogerador e BESS, respectivamente. Como se verifica, a potencia electrica injectada

pelo aerogerador e ligeiramente inferior a potencia a que este funcionava em regime pre-defeito, pelo

que os controlos mecanicos da turbina, nomeadamente o pitch actua de forma a ajustar a potencia

mecanica. Quanto a potencia reactiva (Figura E.7), com a perda de 177, 18kvar com a retirada de

servico do G1, as restantes unidades de geracao tem de compensar a falta de reactiva na rede, que

como se ve na Figura E.8 afecta a tensao nos barramentos da rede. A bateria atraves do controlo

directo da parte reactiva da corrente, por parte do controlador de tensao permite responder rapidamente

a excursao de tensao injectando potencia reactiva. O aerogerador devido a perturbacao estabiliza

por volta dos 14s, com a injeccao de uma potencia reactiva de 103, 16kvar, que ultrapassa os limites

definidos para a maquina, pelo que se verifica que esta opera em sobrecarga em regime estacionario

pos-perturbacao. No regime estacionario que se atinge na sequencia desta contigencia nao se verificam

tensoes fora dos limites de operacao definidos como aceitaveis.

5.3.3 Variacao da irradiancia

Com o objectivo de simular uma perturbacao que permitisse caracterizar a imprevisibilidade e variabi-

lidade dos recursos renovaveis optou-se por fazer variar a irradiancia verificada na ilha. A variacao do

recurso solar (irradiancia) foi feita considerando a ocorrencia de nebulosidade que delimita a radiacao

solar que atinge a crosta terrestre e assim a geracao solar produzida pelos PVs. Com base na ir-

radiancia horaria utilizada para definir a geracao solar em regime estacionario (Tabela 5.1) de cada

cenario, considera-se o inıcio do surgimento de nuvens a partir do 2o segundo de simulacao e que 2

segundos apos (4 s), a irradiancia atinge o valor mınimo e constante que se assumiu de ser de cerca de

80

77% da irradiancia do regime estacionario3, tal como apresentado na Figura 5.19 para o cenario das 11

horas (II). Estes dados sao inseridos no ficheiro DYRE (Anexo C.4), no modelo ”IRRADU” e a potencia

injectada pelo PV e obtida posteriormente atraves do modelo linear do PV definido pelo ”PANELU”.

912912

200

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 5 10 15 20 25 30

Irra

diâ

nci

a [W

/m2]

Tempo [s]

912

200

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 10 20 30 40 50 60

Irra

diâ

nci

a [W

/m2]

Tempo [s]

Figura 5.19: Simulacao da variacao da irradiancia.

Esta simulacao e apresentada apenas para o cenario II, de cada um dos panoramas, por ser aquele

onde a penetracao de geracao solar e mais significativa.

Com a variacao de irradiancia simulada aquilo que verifica e uma perda gradual na geracao solar,

ao longo dos 2 segundos durante os quais o surgimento de nebulosidade e imposto sobre a forma de

uma rampa (ver Figura 5.19). A potencia injectada no perıodo com nebulosidade e de 57, 60kW , o que

corresponde a um decrescimo de producao dos PVs de 77%, o que vem comprovar a linearidade do

modelo ”PANELU”. Com esse decrescimo de geracao as unidades de geracao em servico respondem

no sentido de contrariar tal contigencia.

No panorama 100% renovavel, para alem dos PVs encontram-se em servico os dois aerogeradores

do PEVF bem como a bateria a operar em modo de carga. Nos resultados apresentados apenas se

exibe um dos aerogeradores do PEVF, uma vez que estes apresentam uma resposta dinamica igual. Na

Figura 5.20 e possivel verificar o comportamento inercial das turbinas eolicas. Observa-se que os aero-

geradores aumentam a potencia electrica que injectam durante os primeiros instantes pos perturbacao,

face ao regime estacionario, a custa da perda de velocidade do rotor ou de outra perspectiva da energia

cinetica da turbina. Desta forma, estas contribuem para suporte da descida da frequencia resultante

da perda de geracao solar. Apos a resposta inercial, os aerogeradores diminuem a sua geracao de

forma a repor a velocidade de rotacao. Como e visıvel a partir dos 10s, a potencia electrica e menor

que a potencia mecanica pelo que o rotor comeca a acelerar, o que se traduz no aumento do desvio de

velocidade do aerogerador. A potencia mecanica e electrica em regime estacionario pos perturbacao

apresentam valores ligeiramente inferiores aos de regime pre-defeito correspondendo estes a 218kW .

A velocidade estabiliza ligeiramente abaixo dos 0, 2p.u. indicando o equilıbrio entre o binario mecanico

e electrico dos aerogeradores passados 50s de simulacao.

Na Figura 5.21, e possivel observar o comportamento da bateria durante o perıodo de simulacao.

Tal como ja referido, a potencia a que a bateria carrega/descarrega e proporcional da variacao de

frequencia que se verifica no barramento BUS55, sendo o desvio final de frequencia definido em funcao

3Valor obtido atraves de dados reais de leituras de irradiancia para a ilha do Corvo, Acores.

81

do ganho KC .

Figura 5.20: Potencia activa, mecanica e desviode velociadade dos aerogeradores (perturbacao:variacao de irradiancia - panorama 100% re-novavel).

Figura 5.21: Frequencia no BUS55 e potencia ac-tiva do PV e BESS (perturbacao: variacao de ir-radiancia - panorama 100% renovavel).

Uma vez que, o sistema de controlo primario de frequencia do BESS e do tipo proporcional, a

estabilizacao da frequencia ocorre para um valor inferior da frequencia nominal (50 Hz), tal como veri-

ficado. Com a perda de geracao solar, a bateria responde carregando a uma potencia menor, o que e

analogo a diminuicao da carga da rede, uma vez que, a bateria a carregar e vista pela rede como uma

carga. Em regime estacionario pos-perturbacao, o BESS passa a operar a −120, 86kW . A frequencia

da rede vista do BUS55 e apresentada na Figura 5.21, podendo-se verificar que esta estabiliza por volta

dos 50s, em 49, 05Hz.

Relativamente ao perfil de tensoes na rede da ilha da Brava verifica-se que a perturbacao de variar

a irradiancia nao proporciona grandes excursoes destas nos principais barramentos da rede como se

pode observar na Figura E.11, mantendo-se as tensoes aproximadamente iguais as do regime esta-

cionario pre-defeito. Quanto a potencia reactiva verifica-se com a reducao da geracao solar que as

perdas de reactiva diminuem significativamente, o que e observavel na diminuicao da potencia reactiva

injectada, em regime pos-perturbacao (Figura E.10).

No regime estacionario que se atinge na sequencia desta contigencia nao se verificam ramos (li-

nhas/cabos ou transformadores) ou maquinas a operar em sobrecarga.

Para o panorama com convencional, a analise e semelhante a feita anteriormente para o caso so

com renovaveis. De ressalvar apenas o comportamento dinamico do grupo convencional (G1) apresen-

tado na Figura E.12. Com a perda de geracao solar, o gerador em servico, em parte, e responsavel por

satisfazer a ”carga” adicional do sistema, reduzindo a energia cinetica das massas rotativas do gerador

fornecendo a potencia electrica necessaria. Assim, a velocidade da maquina reduz-se e consequen-

temente a frequencia do sistema, enquanto variavel global da rede, acompanha o comportamento nao

voltando nenhuma destas variaveis aos seus valores iniciais.

O controlo primario de frequencia por parte do gerador convencional actua no sentido de aumentar

o binario mecanico e consequentemente a potencia mecanica. Como e visıvel na Figura E.12, o re-

82

gulador carga/velocidade do G1 impoe um aumento da potencia mecanica aquando do decrescimo da

frequencia da rede, de forma a que o binario electrico e mecanico atinjam o equilıbrio e a frequencia es-

tabilize. No regime estacionario que se atinge no perıodo pos-perturbacao, o G1 opera a uma potencia

mecanica de 183, 9kW , valor este que e em 3kW menor que a potencia electrica injectada pelo grupo.

Ja o unico aerogerador em servico, em regime pos-perturbacao, regressa ao ponto de operacao do

regime pre-defeito, tal como se pode analisar na Figura E.12.

A estabilizacao da frequencia da rede electrica da ilha da Brava ocorre por volta dos 30s com um

valor igual a 49, 34Hz, tal como apresentado na Figura 5.22. Nesta mesma figura e possivel verifi-

car tambem a potencia activa injectada pelo BESS e a sua complementariedade com a variacao de

frequencia, dado que o modelo ”PAUX1” e essencialmente um controlador proporcional que modela a

resposta da bateria as excursoes de frequencia, tal como ja explorado. O BESS, em regime estacionario

pos-perturbacao carrega a uma potencia de 90kW .

Figura 5.22: Frequencia no BUS55 e potencia ac-tiva do PV e BESS (perturbacao: variacao de ir-radiancia - panorama c/ convencional).

A potencia reactiva injectada e apresentada na Figura E.13 onde, tal como observado para o pano-

rama 100% renovavel, a geracao de reactiva pos-perturbacao decresce devido a diminuicao das perdas

ao longo da rede, resultante do diferente transito de energia imposto pela contigencia estudada. No final

do tempo de simulacao, no regime estacionario que se atinge nao se verificam tensoes fora dos limites

de operacao definidos como aceitaveis nem sobrecargas. O perfil de tensoes durante o perıodo de

simulacao e aproximadamente constante com pequenas oscilacoes a ocorrerem durante os instantes

em que a geracao solar varia, tal como no panorama 100% renovavel.

5.3.4 Saıda de servico do BESS

A ultima simulacao apresentada corresponde a desligacao da bateria da rede retirando-a de servico

e tem como objectivo estudar a estabilidade da rede sem o auxılio do BESS. A perturbacao feita

ocorre aos 2s com o deslastre da bateria e respectivo transformador. No caso 100% renovavel aquilo

que se espera com este estudo e provar a inviabilidade de operacao da rede sem BESS, provando-

83

se a importancia da bateria no sistema electroprodutor da ilha da Brava. Esta importancia centra-se

nao so na integracao das renovaveis na rede, mas tambem na relevancia que apresenta na geracao

de potencia reactiva, tal como se referiu na Seccao 5.2.3. Ja no panorama com o BESS e geracao

convencional aquilo que se pretende estudar e a forma como a rede reage apenas com renovaveis e

um grupo convencional em servico. Para este estudo foram escolhidos os cenarios II e IV para serem

apresentados os resultados em regime dinamico. Esta escolha justifica-se no facto de corresponderem

a casos em que a bateria opera em modos de funcionamento distintos, no II a carregar e no IV a

descarregar.

Apos retirar de servico o BESS, no panorama 100% renovavel para o cenario de ponta (IV), a

geracao da ilha fica apenas ao encargo do aerogerador de servico. A perda de 367, 81kvar de potencia

reactiva aquando do deslastre da bateria ocasiona a descida instantanea generalizada das tensoes

na rede (Figura E.14). Como e observavel na Figura 5.23, o aerogerador acaba por ser retirado de

servico alguns segundos apos o deslastre da bateria. Tal acontecimento ocorre devido a actuacao das

proteccoes contra subtensoes instaladas no aerogerador. Aos 2s, o segundo escalao das proteccoes

arranca por a tensao aos terminais do aerogerador atingir os 0, 1991p.u.. Contudo devido a injeccao

de potencia reactiva (Figura 5.24) por parte do aerogerador, levando-o a atingir o limite maximo, a

tensao aos seus terminais aumenta para 0, 2504p.u., o que provoca o reset da proteccao. Apos 0, 825s

(temporizacao do 3o escalao) o disjuntor recebe ordem de disparo que ocorre apos 0, 08s, pelo que aos

2, 905s o aerogerador e retirado de servico pela actuacao das proteccoes de subtensao. O perfil de

tensoes dos principais barramentos da rede pode ser analisado na Figura E.14.

Figura 5.23: Frequencia no BUS55 e potencia ac-tiva do aerogerador e BESS (perturbacao: saıda doBESS - panorama 100% renovavel).

Figura 5.24: Energia do BESS e potencia reac-tiva do aerogerador e BESS (perturbacao: saıda doBESS - panorama 100% renovavel).

Assim, aos 2, 905s a rede encontra-se sem geracao em servico pelo que colapsa sendo automati-

camente retirados de servico todos os barramentos no PSS/E. A partir do momento em que a bateria

sai de servico a frequencia deixa de ser calculada pelo que o valor que e verificado na Figura 5.23,

no qual a frequencia estabiliza nao apresenta qualquer significado real. Na Figura 5.24 apresenta-se

igualmente a energia total da bateria podendo-se verificar que aos 2s esta estabiliza o que comprova

que a potencia de saıda da bateria e nula a partir desse instante.

84

O facto de a rede colapsar ja era previsıvel antes deste estudo, uma vez que, a geracao eolica seria

sempre insuficiente para satisfazer a carga mesmo que o aerogerador nao fosse retirado de servico

pelas proteccoes. Em qualquer um dos restantes cenarios estudados (I,II ou III), os resultados sao

coincidentes com os aqui apresentados, no sentido em que ao ocorrer o deslastre da bateria o sistema

fica instavel, saindo toda a geracao de servico pelas proteccoes e a rede acaba por colapsar. Assim

fica provada a necessidade de manter a bateria em servico durante todo o dia, uma vez que esta e

fundamental para a estabilidade da rede, num panorama em que apenas operam renovaveis.

No panorama com geracao convencional, o deslastre da bateria apresenta repercussoes diferen-

tes para a rede electrica da ilha da Brava. Apresentam-se de seguida os resultados obtidos para os

cenarios II e IV, em que a bateria opera em regime estacionario no modo de carga e descarga, respec-

tivamente.

No cenario II, a bateria antes de ser retirada de servico esta a carregar, pelo que e vista pela rede

como uma carga. Aos 2s ao ser deslastrado o BESS, do ponto de vista da rede e como se a carga

do sistema diminui-se ou de uma forma analoga pode ser interpretado como um aumento da geracao.

Saiem de servico 221, 13kW de ”carga” e 106, 89kvar de potencia reactiva, respectivamente. Neste

cenario, o PSF e um aerogerador do PEVF encontram-se em servico juntamente com o grupo conven-

cional G1, sendo apresentada a sua resposta dinamica na Figura 5.25, relativamente a potencia activa.

Assim que o BESS e deslastrado verifica-se pela Figura 5.26 que a frequencia comeca a aumentar, o

que indica que esta e uma situacao de excesso de geracao. A potencia electrica do grupo G1 diminui

instantaneamente, enquanto que a potencia mecanica nao reage logo dado que a energia fornecida a

turbina nao e instantanea. Assim o binario mecanico e maior que o binario electrico da maquina, o que

faz a velocidade do G1 aumentar e consequentemente a frequencia da rede, tal como se observa pela

Figura 5.26.

O pico da frequencia atinge os 51, 6Hz aos 2, 506s. Nesse instante ocorre a saıda de servico do

transformador do PV levando a desligacao do PSF por actuacao da proteccao de sobre-frequencia do

transformador elevador do PV, de onde resulta a perda de 246, 1kW e 42, 8kvar. A perda de producao

associada ao PSF ocasiona que a potencia gerada passe a ser menor que a potencia de carga o que

faz com que a frequencia comece a decair a partir desse instante. Como resposta as unidades de

geracao em servico aumentam a potencia injectada (Figura 5.25). A diminuicao da frequencia impoe

ao regulador carga/velocidade do G1 o aumento da potencia mecanica do grupo, como e visivel na

Figura 5.26.

Uma vez que, aos 2s e deslastrada a bateria a operar como carga com 221, 13kW e aos 2, 506s da-

se o deslastre do PSF que injectava 246, 1kW , comparando o equilıbrio carga/geracao verifica-se que e

perdida mais geracao que carga deslastrada pelo que, o desvio de frequencia final e necessariamente

menor que 50Hz. Por volta dos 30s, o binario mecanico e electrico do G1 igualam-se e a frequencia da

rede estabiliza nos 49, 75Hz.

Relativamente a potencia reactiva injectada pelas unidades de geracao em servico encontra-se

apresentada na Figura E.16 o seu comportamento. Com a saıda de servico da bateria e do PSF, a

potencia reactiva injectada pelas maquinas no regime estacionario pos-perturbacao e de 198, 25kvar e

85

93, 21kvar pelo G1 e Aerogerador1, respectivamente. Na Figura E.14 apresenta-se o perfil de tensoes

dos principais barramentos da rede, verificando-se que nenhum dos barramentos opera a uma tensao

fora da banda definida com segura em regime estacionario. Apesar disso, a ligeira diminuicao das

tensoes esta relacionada com o facto de quer o grupo convencional quer o aerogerador ultrapassarem,

embora que pouco, o limite maximo de potencia reactiva a que devem operar, sendo estes dados

apresentados nas Tabelas 4.1 e 4.2.

Figura 5.25: Potencia activa no cenario II(perturbacao: saıda do BESS - panorama c/ con-vencional).

Figura 5.26: Potencia mecanica do G1 e frequenciano BUS55, para cenario II (perturbacao: saıda doBESS - panorama c/ convencional).

Quanto ao cenario IV, aos 2s com a saıda de servico do BESS sao perdidos 162, 4kW de potencia

activa e 145, 43kvar de potencia reactiva. As unidades de geracao em servico (Aerogerador1 e G1),

respondem prontamente a esta perda de geracao. A resposta inercial destas unidades e visıvel na

Figura 5.27, permitindo assim atenuar a diminuicao de frequencia que ocorre apos a perturbacao, uma

vez que existe um incremento da potencia electrica. Este aumento da potencia electrica das maquinas

face a potencia mecanica das mesmas leva a desaceleracao destas e consequentemente a frequencia

da rede diminui, ate que os binarios das maquinas se igualem e levem a estabilizacao da frequencia

da rede. A frequencia estabiliza por volta dos 20s, momento em que a potencia mecanica e electrica

do grupo convencional estabilizam. Observando a Figura 5.27 verifica-se que a potencia mecanica

do G1 e menor que a potencia electrica injectada, o que justifica um desvio de frequencia menor que

50Hz. Quanto ao aerogerador verifica-se que este fica a operar a uma potencia inferior a do regime

pre-perturbacao, observando-se a actuacao dos controlos mecanicos por volta dos 30s de forma a que

a potencia mecanica seja concordante com a potencia electrica injectada. No regime estacionario que

se atinge no perıodo pos-perturbacao a potencia mecanica do grupo G1 da central Favetal e igual a

269, 61kW , sendo a potencia mecanica do aerogerador igual a 182, 5kW .

A potencia reactiva injectada pelas unidades de geracao em servico do sistema electroprodutor da

ilha da Brava encontra-se apresentada na Figura E.18. Com a saıda de servico da bateria, a potencia re-

activa injectada pelas maquinas em servico aumenta, atingindo no regime estacionario pos-perturbacao

230, 42kvar e 105, 35kvar pelo G1 e Aerogerador1, respectivamente. Na Figura E.14 apresenta-se o

perfil de tensoes dos principais barramentos da rede. E possivel verificar que as tensoes apresentam de

86

forma generalizada valores abaixo dos 0, 95p.u. contudo em nenhum barramento se verifica que tenha

sido ultrapassado o limite mınimo definido com aceitavel (0, 9p.u.). Esta diminuicao das tensoes esta

relacionada com a sobrecarga das maquinas em servico, atingindo estas o limite superior de potencia

reactiva a que devem operar.

Figura 5.27: Frequencia no BUS55 e potencia ac-tiva e mecanica das unidades de geracao, paracenario IV (perturbacao: saıda do BESS - pano-rama c/ convencional).

No final do tempo de simulacao a frequencia da rede electrica da ilha da Brava e igual a 48, 25Hz,

o que se encontra ligeiramente abaixo do desvio de frequencia mınimo considerado como aceitavel em

regime estacionario pos-perturbacao, antes da atuacao do controlo secundario de frequencia. Relati-

vamente as sobrecargas das maquinas em servico, verifica-se que ambas ultrapassam o limite maximo

de reactiva definidos nas Tabelas 4.1 e 4.2.

5.4 Analise geral

Nesta analise pretende-se resumir os principais resultados e conclusoes que podem ser retirados dos

estudos realizados em regime estacionario e dinamico.

O estudo estacionario realizado para o panorama sem renovaveis instaladas em 2020, pretende

apenas apresentar a forma como as unidades de geracao actuais reagiriam a carga projectada para o

ano de 2020. Verifica-se que os grupos convencionais sao capazes de suportar a carga sem qualquer

problema. Para alem disso, nesta simulacao e possivel identificar desde logo, que o aumento previsto

da carga para 2020 gera problemas de sobrecarga na rede de distribuicao, no cenario de ponta (IV).

A sobrecarga ocorre no transformador que interliga o barramento BUS8 e o barramento VILA, do SS

Nova Sintra, sendo a solucao proposta a insercao em paralelo de um transformador igual a este, o qual

e mantido para qualquer uma das simulacoes efectuadas.

Com a introducao de renovaveis na rede foram simulados dois panoramas distintos, um com as

renovaveis projectadas no ”Plano Energetico para 2020”[8] e outro com o redimensionamento dos pro-

jectos renovaveis sugerido na Seccao 3.3.3. No primeiro caso ficou provado, mais uma vez, que as

87

renovaveis projectadas em [8] nao sao ajustadas a previsao de carga actualizada neste estudo. Nos

4 cenarios simulados foi impossıvel manter em servico qualquer dos parques renovaveis visto que, a

potencia activa disponibilizada por estes e sempre demasiado elevada face a carga em questao. Assim,

o transito de energia obtido e igual ao do estudo feito sem renovaveis instaladas. No segundo caso, ja

com as renovaveis redimensionadas os resultados sao ligeiramente diferentes. Apesar de no cenario III

ser possıvel injectar a potencia proveniente de um dos aerogeradores do PEVF, nos restantes cenarios

toda a geracao renovavel tem que ser deslastrada. Contudo, nos cenarios II e IV o motivo que obriga a

retirada de servico das renovaveis nao e o excesso de potencia disponıvel como no caso anterior, mas

sim o defice de geracao reactiva que por consequencia obriga a abdicar das renovaveis para despachar

unidades convencionais capazes de a satisfazer. Relativamente as perdas de potencia reactiva que se

verificam no caso mais gravoso (IV) estas atingem 8% da potencia reactiva injectada.

Os resultados mais conclusivos e relevantes sao os apresentados nos dois panoramas que consi-

deram o BESS instalado, sendo que um considera a ilha com geracao 100% renovavel e o outro com

auxılio de geracao convencional. De frisar que o dimensionamento do BESS e efectuado com base no

panorama 100% renovavel por este ser aquele que exige requisitos de capacidade de armazenamento

e potencia mais exigentes, comparativamente ao panorama em que se considera tambem geracao

convencional.

Dos resultados estacionarios obtidos para o panorama 100% renovavel pode-se verificar que a

bateria assume um papel determinante na geracao de potencia reactiva. Para alem disso oferece

uma flexibilidade adicional a rede que permite aumentar o aproveitamento renovavel. Verifica-se que

apenas cerca de 24% da geracao renovavel disponıvel durante o dia simulado e desperdicada (Tabela

5.5), o que e um dado que revela o dimensionamento apropriado quer da bateria quer dos projectos de

renovaveis instalados. Dos resultados conclui-se igualmente a inexistencia de sobrecargas ou tensoes

fora dos limites definidos como aceitaveis. Quanto as perdas de potencia aquelas que merecem maior

destaque sao as de reactiva que revelam ser consideravelmente superiores face aos panoramas sem a

bateria instalada. No pior dos cenarios (II) as perdas de reactiva representam cerca de 12% da potencia

reactiva injectada.

Considerando geracao convencional, os resultados dos estudos estacionarios revelam, tal como

seria de prever, que a bateria ao ser utilizada neste panorama nao e aproveitada recorrendo a totalidade

das suas potencialidades de armazenamento e potencia. Verificou-se que com o despacho considerado

cerca de 75% da EbatN e inutilizada, o que comprova claramente o sobredimensionamento do BESS

quando aplicado neste panorama. Com a cooperacao do G1 na producao, a bateria perde algum do seu

impacto face ao panorama anterior no que a potencia reactiva e activa diz respeito, tal como se pode

verificar pela Tabela 5.6. Nos resultados do regime estacionario verificou-se ser possıvel operar apenas

com G1 a funcionar aproximadamente a potencia mınima garantindo-se assim a maior penetracao

renovavel concebıvel. Contudo, da introducao da geracao convencional no despacho das unidades de

producao resulta um inevitavel aumento do desperdıcio renovavel, alcancando este 52% da energia

diaria renovavel disponıvel, mais do dobro que o valor registado no panorama 100% renovavel. Nao se

verificaram sobrecargas nem tensoes fora dos limites. Quanto as perdas de potencia reactiva rondam

88

na media dos cenarios estudados os 6% da potencia injectada, valor abaixo do verificado no panorama

anterior.

Relativamente aos estudos em regime dinamico, como resumo dos principais resultados que foram

obtidos dos estudos efectuados apresenta-se na Tabela 5.8 as principais conclusoes que foram retira-

das do regime estacionario que e atingido apos cada uma das perturbacoes e que permitem qualifica-lo.

Tabela 5.8: Resumo dos resultados dos estudos dinamicos.Perturbação CC BUS50 Saída G1 Variação Irradiância Saída BESS

Cenário II IV II II IV

Grandeza Freq. [Hz]

Tensões Sobrecargas Freq. [Hz]

Tensões Sobrecargas Freq. [Hz]

Tensões Sobrecargas Freq. [Hz]

Tensões Sobrecargas Freq. [Hz]

Tensões Sobrecargas

Panorama

100% Renovável

48,8 ✓ x 49,05 ✓ x Instável: rede colapsa Instável: rede colapsa

Com Convencional

49,15 ✓ x 49,4 ✓ Aerogerador 49,34 ✓ x 49,75 ✓ Aerogerador

e G1 48,25 ✓ Aerogerador e

G1

De uma forma geral os resultados obtidos para os diferentes panoramas mostraram ser satisfatorios

do ponto de vista de tensao e frequencia de operacao da rede da ilha da Brava. De referir apenas como

resultado mais gravoso a perturbacao que faz sair o BESS de servico, e que no caso 100% renovavel

leva a que a rede colapse por nao ser possıvel suportar a carga de cada um dos cenarios com as

unidades de geracao renovavel em servico.

Os aerogeradores apresentam uma resposta fundamental no um auxilio ao suporte da excursao

de frequencia que se verifica aquando da ocorrencia de uma contigencia. A malha de controlo de

potencia activa dos seus modelos permite a injeccao adicional de potencia activa tornando o desvio de

frequencia menos gravoso para a rede. Quanto a bateria esta e crucial para a estabilidade da rede dada

a importancia que apresenta na geracao de potencia activa e reactiva, mas tambem pela capacidade

que tem de permitir o aumento da penetracao renovavel. Por outro lado, tambem se pode concluir pelos

resultados obtidos que a exploracao da rede com recurso a geracao convencional permite em parte re-

duzir a dependencia do BESS e dar maior flexibilidade e estabilidade a rede. Tal factor justifica-se pelo

facto de existirem 2 unidades de geracao (G1 e bateria) que regulam a frequencia da rede, atraves do

controlo primario de frequencia. Nas perturbacoes que simulam a perda de uma unidade de geracao

(Seccoes 5.3.2 e 5.3.4 ) verifica-se que os resultados apresentam maquinas sobrecarregadas devido

aos limites maximos de potencia reactiva definidos serem ultrapassados no ponto de operacao esta-

cionario a que ficam a ser exploradas pos-perturbacao. Tal situacao nao e favoravel para as maquinas,

como tal deve ser tida em consideracao e corrigida.

Importa referir que o PSS/E revelou apresentar algumas limitacoes quer no modelo do BESS,

quer na possibilidade de estudar sistemas apenas com geracao renovavel. As situacoes de nao con-

vergencia que surgiram em alguns dos estudos realizados para o panorama 100% renovavel, nomea-

damente aquando da realizacao de um curto-circuito foram um dos problemas. Visto que os resultados

em regime transitorio sao obtidos atraves de um metodo numerico, a solucao para este problema pas-

sou por actuar nos parametros caracterısticos do metodo, especificamente na reducao do passo de

integracao, no aumento do numero maximo de iteracoes, no aumento da tolerancia de convergencia e

na reducao da aceleracao usada na solucao do transito de energia da rede. Em situacoes em que o

problema de nao convergencia ocorre apenas durante o curto-circuito (tal como se verifica na seccao

89

5.3.1), comecando os resultados a convergir poucos passos de integracao apos a eliminacao do de-

feito, nao foi tomada qualquer accao pois este comportamento nao impede que se atinja um ponto de

funcionamento estacionario.

O modelo ”CBEST” da bateria revelou apresentar igualmente algumas limitacoes. Em primeiro

este nao permite definir o SOC inicial a que a bateria se encontra no inicio da simulacao, impedindo

assim a adopcao do SOC definido no despacho realizado no Anexo D, para cada cenario estudado.

Adicionalmente, este modelo nao permite limitar a energia da bateria podendo assim a bateria durante

a simulacao atingir uma qualquer capacidade de armazenamento ou profundidade de descarga.

90

Capıtulo 6

Conclusao

Neste capıtulo apresentam-se as principais ilacoes que foram possıveis de retirar ao longo de toda a

dissertacao. Por fim, apresentam-se tambem algumas sugestoes que se consideram ser interessantes

para a realizacao de trabalhos futuros com base neste tema e algumas recomendacoes que comple-

mentariam este trabalho.

6.1 Conclusoes

O crescimento da consciencializacao da importancia da integracao de energias renovaveis nos siste-

mas electroprodutores e evidente. Este nasce do intuito nao so de reduzir a dependencia dos com-

bustıveis fosseis e as consequentes emissoes, mas tambem da construcao de um sistema energetico

mais sustentavel economica e ambientalmente. Nesta mudanca de paradigma os sistemas de arma-

zenamento de energia sao cada vez mais um elo fundamental na acomodacao das renovaveis e na

contribuicao para a estabilidade e robustez das redes electricas. Tais caracterısticas ganham uma im-

portancia superior quando inseridas num contexto de sistema isolado, caracterizado por baixa inercia

e sem quaisquer interligacoes com outros sistemas, o que faz com que o controlo da rede seja mais

limitado e esta seja mais vulneravel a fenomenos de instabilidade. Assim sendo, os SAEs apresentam

potencialidades importantes para a sustentabilidade das redes isoladas, como e o caso das ilhas, pelo

que o seu estudo e desenvolvimento e fundamental.

O objectivo principal deste trabalho consistiu em estudar a viabilidade tecnica da implementacao de

um SAE numa rede electrica de pequena/media dimensao. O caso de estudo considerado corresponde

a rede electrica da ilha da Brava para o ano de 2020, usando como base o ”Plano Energetico para

2020”[8]. O objectivo central consiste em estudar a integracao de um SAE num panorama de geracao

100% renovavel, avaliando-se o seu funcionamento e a estabilidade da rede. Para alcancar este ob-

jectivo, estudou-se os SAEs existentes com foco nos BESSs e nas suas principais caracterısticas e

aplicacoes, seguida da modelizacao da rede da Brava e de todos os contitituintes desta, incluindo o

BESS e os parques eolico e solar em projecto. Como ferramenta para simular a rede e o seu funcio-

namento utilizou-se o software PSS/E. Recorreu-se a biblioteca de modelos do programa de forma a

91

modelizar todos os constituintes da rede de acordo com os pressupostos dinamicos definidos para cada

um. Por fim, procedeu-se a analise do comportamento estacionario da rede e a avaliacao da resposta

transitoria da mesma a 4 perturbacoes distintas, que visam apresentar desafios diferenciados a esta,

podendo assim tecer-se um parecer final da sua estabilidade. De seguida, de forma mais detalhada,

sao apresentados os principais marcos de cada capıtulo deste trabalho, realcando-se as conclusoes de

cada um.

No Capıtulo 2, como ponto de partida para atingir o objectivo desta dissertacao apresentou-se a

forma como o crescimento da integracao de energias renovaveis nas redes electricas, especialmente

nas insulares, influencia a operacao segura e estavel dos sistemas electricos. A natureza estocastica e

a variabilidade das fontes renovaveis sao destacadas como os principais factores para a ocorrencia de

problemas operacionais relativos a estabilidade de frequencia e flutuacoes de tensao que deterioram

a qualidade de servico das redes. Entao, como resposta, comecou-se por apresentar, contextualizar

e comparar as diferentes tecnologias de SAEs existentes, com foco particular nas suas especificacoes

tecnicas tıpicas, como por exemplo, o rendimento, a capacidade de armazenamento ou a densidade

de energia, mas tambem as suas aplicacoes. Na seccao seguinte, da analise destes dados permite-se

justificar a definicao do BESS como o SAE adequado na implementacao do projecto ”Brava 100% re-

novavel”, devido a flexibilidade que apresenta em ser capaz de fazer gestao de energia eficientemente e

participar em servicos de auxılio na estabilidade da rede, que exigem resposta rapida por parte do SAE.

Uma vez definido o SAE abordam-se os principais fundamentos teorico-praticos dos BESS, bem como

as aplicacoes centrais a que se destinam no ramo da integracao de renovaveis nas redes electricas.

Exploram-se tambem as caracterısticas tecnicas de cada tecnologia de baterias e a importancia de

adequar estas aos requisitos que determinada aplicacao exige. Pelo elevado rendimento e densidade

de energia, considerou-se que o tipo de BESS a implementar seria de ioes de lıtio. Assim, este capıtulo

tem o intuito de dar uma visao geral das tecnologias de armazenamento e das suas aplicacoes, anun-

ciando algumas consideracoes e conceitos chave para o resto do trabalho.

No Capıtulo 3 apresentou-se o caso de estudo de forma detalhada fazendo a devida distincao entre

a rede da ilha da Brava actual (2015) e as devidas alteracoes previstas para esta ate 2020. Apresentam-

se os dados do sistema electroprodutor, subestacoes e da rede de distribuicao. E efectuada e apresen-

tada a forma como foi estimado o diagrama de carga da ilha e a caracterizacao que e considerada do

recurso eolico e solar, sendo estes dados fundamentais para posteriormente serem utilizados nos estu-

dos estacionarios e transitorios. No caso particular da ilha da Brava 2020 apresentou-se neste capıtulo

a nova previsao de carga considerada, que substitui a sugerida no ”Plano energetico para 2020” [8].

Esta nova previsao, baseada nos dados fornecidos pela ELECTRA, levantou a necessidade de redimen-

sionar os projectos engendrados para 2020, com o objectivo de diminuir a potencia instalada do PSF e

do PEVF, ajustando-os a nova previsao de carga. Por fim, apresentam-se todas as especificacoes dos

novos parques a instalar bem como das subestacoes associadas.

A implementacao e modelizacao do caso de estudo no programa de simulacao e apresentada no

Capıtulo 4. Comecou-se por descrever a rede e a sua estrutura de forma a que esta seja perceptıvel

ao leitor. Posteriormente, apresenta-se uma analise breve dos princıpios dos modelos dinamicos e

92

estacionarios dos geradores convencionais, incluindo excitatriz e regulador carga-velocidade, dos aero-

geradores e dos PVs, apresentando-se as consideracoes base do dimensionamento de cada elemento.

O foco principal contudo centrou-se nos modelos que sustentam o funcionamento do BESS, o ”CBEST”

e o modelo auxiliar ”PAUX1”.

Na seccao correspondente ao BESS apresenta-se a metodologia utilizada para dimensionar a bate-

ria, bem como os modelos utilizados para caracterizar o BESS em regime estacionario e dinamico. Re-

lativamente, ao dimensionamento este foi efectuado tendo em consideracao um conjunto de equacoes

aplicadas para o panorama 100% renovavel, uma vez que, e aquele que requer especificacoes tecnicas

mais exigentes. A capacidade da bateria foi definida considerando a potencia renovavel disponıvel que

excede o diagrama de carga em cada instante do dia, contabilizando tambem factores limitativos como

a PD e a deterioracao com a utilizacao. Quanto a modelizacao em regime estacionario, a bateria foi mo-

delada como um gerador convencional. Dinamicamente analisou-se os modelos ”CBEST” e ”PAUX1”

atraves dos seus diagramas de blocos, apresentando-se a funcao de cada um deles e os respectivos

parametros caracterısticos sao devidamente explicados e dimensionados. O parametro central que de-

fine a resposta do BESS e o ganho KC do modelo ”PAUX1”, visto que e o responsavel pela definicao

do quanto a bateria carrega ou descarrega de forma a contrariar as oscilacoes de frequencia que se

verificam na rede, sendo responsavel pelo controlo primario da frequencia.

No Capıtulo 5 apresentou-se e analisou-se os resultados dos estudos feitos para a ilha da Brava

em 2020, em regime estacionario e dinamico. Adicionalmente, neste capıtulo apresentou-se tambem

o metodo como e efectuado o despacho a bateria, incluindo todos os pressupostos e condicionantes

assumidos. Nos estudos em regime estacionario retrataram-se 5 panoramas de simulacao distintos

que diferem entre si pelas renovaveis e/ou o BESS estarem instalados ou nao. Dos resultados obtidos

de cada uma das simulacoes do transito de energia foi possıvel concluir que apesar da potencia insta-

lada nao ser uma objeccao face a carga prevista para 2020, por si so a rede actual (2015) nao seria

capaz de suportar o transito de energia, originando sobrecargas na rede. Para que a integracao dos

projectos renovaveis seja viavel comprovou-se a importancia de incorporar o BESS na rede de forma

a aumentar a penetracao renovavel e a cooperar com a geracao de potencia reactiva. A operacao da

rede em regime estacionario, no panorama 100% renovavel nao apresentou objeccoes de qualquer

natureza, verificando-se que as tensoes da ilha se mantem dentro dos limites de operacao de ±5% da

tensao nominal, que nao se registaram sobrecargas e que o dimensionamento da bateria foi apropriado

permitindo que cerca de 75% da geracao renovavel disponıvel seja aproveitada. Com a introducao de

geracao convencional no despacho, o desperdıcio renovavel aumenta e a capacidade de armazena-

mento da bateria revela ser sobredimensionada para este panorama, tal como esperado.

Em regime dinamico, apenas se estudou os dois panoramas que consideram o BESS em funcio-

namento, o 100% renovavel e o com geracao convencional. Como base foram utilizados os resultados

do transito de energia para inicializar as simulacoes dinamicas. Estas simulacoes basearam-se em 4

perturbacoes distintas com o intuito de testar a resposta da rede a cada uma delas e dos resultados

poder-se retirar uma conclusao face a estabilidade da rede para 2020.

Com a simulacao de um curto-circuito severo no BUS50-VILA verificou-se que de forma generali-

93

zada as tensoes da rede descem significativamente, o que leva a actuacao das proteccoes dos PVs e

consequente retirada de servico destes para o cenario II, tendo a perda de geracao originado a descida

da frequencia que estabiliza a 48, 8Hz para o cenario 100% renovavel e a 49, 15Hz com convencional.

No regime estacionario pos-contigencia que se atingiu nao se verificaram tensoes fora dos limites nem

a existencia de sobrecargas.

A simulacao seguinte consistiu em retirar de servico o unico gerador convencional (G1) considerado

no despacho do panorama com convencional e avaliar a estabilidade da rede agora enquanto sistema

100% renovavel. Para alem disso, serviu tambem como estudo em que se apresentou a influencia do

parametro KC na resposta dinamica da bateria. A perda de 130kW de potencia do G1 no cenario de

ponta, origina a descida da frequencia da rede. A perda da unidade de geracao G1 que participa na

regulacao primaria de frequencia fez com que o BESS fosse o unico elemento responsavel pelo controlo

da frequencia. Verificou-se que ao aumentar o ganho KC da bateria, o desvio de frequencia em regime

pos-perturbacao diminuıa, isto porque a potencia injectada pela bateria e dada de forma simplificada

por KC × ∆f . A operacao da rede nao ficou comprometida com esta contingencia, verificando-se que

para KC = −10MW/p.u. a frequencia estabiliza em 49, 4Hz e que as tensoes mantem em valores

aceitaveis, apesar de se verificar a sobrecarga do aerogerador devido a potencia reactiva.

A terceira simulacao consistiu em fazer variar a irradiancia simulando o surgimento de nebulosidade

e assim afectando a potencia injectada pelo PSF. Esta contigencia nao revelou ser problematica para

a rede, nem no panorama 100% renovavel nem no com convencional, estabilizando a frequencia a

49, 05Hz e 49, 34Hz, respectivamente. Nao se registaram sobrecargas nem tensoes fora dos limites

aceitaveis com esta perturbacao.

A ultima contigencia estudada consistiu em retirar de servico o BESS, em dois cenarios diferentes

que representam a bateria em carga ou descarga. Para o panorama 100% renovavel aquilo que se

verificou e que a perda do sistema de armazenamento leva ao colapso da rede em qualquer um dos

cenarios. Tal acontecimento era expectavel visto que as renovaveis em servico sao incapazes de

satisfazer a variacao de carga/geracao decorrente da perda do BESS, uma vez que, nao sao nutridas de

capacidade para cooperar no controlo primario de frequencia. Como alternativa, no panorama em que

se considerou geracao convencional, para ambos os cenarios estudados, a rede reagiu positivamente.

A existencia de uma unidade que e capaz de fornecer flexibilidade de exploracao permite que a rede

nao colapse, sendo a regulacao primaria de frequencia garantida pelo G1. Apesar disso, concluiu-

se que em ambos os cenarios deste panorama, a perda do BESS levou a que quer o G1, quer os

aerogeradores em servico ficassem a operar sobrecarregados, o que e uma situacao inconveniente

para os equipamentos. No cenario IV, que corresponde ao caso mais gravoso, a frequencia estabiliza

em 48, 25Hz.

Da analise dos resultados dinamicos obtidos para o panorama 100% renovavel verificou-se que

este apresenta algumas fragilidades. Os resultados obtidos foram reveladores para cada uma das

simulacoes efectuadas, sendo atingidos os objetivos propostos para cada uma delas em particular. A

maior fragilidade que se verificou surgiu na ocorrencia da perturbacao que origina a perda do BESS e

que por conseguinte leva a que a rede fique instavel pela ausencia de unidades de geracao capazes

94

de auxiliar no controlo primario de frequencia. Assim fica evidenciado que e fundamental garantir que

a bateria seja capaz de sobreviver a fenomenos transitorios severos de forma a assegurar a sua per-

manencia persistente em servico. Para tornar esta vulnerabilidade menos gravosa admite-se que seria

importante considerar a utilizacao de aerogeradores e PVs com capacidade para participar no controlo

da frequencia do sistema. Nomeadamente, estes devem possuir regulacao carga-velocidade, garan-

tindo assim que cada um opera abaixo da potencia disponıvel de forma a certificar a qualquer instante,

a existencia de uma reserva de potencia, capaz de auxiliar em situacoes transitorias desfavoraveis,

atraves da injeccao de potencia activa. Como alternativa, os resultados dinamicos considerando ape-

nas o menor dos grupos convencionas (G1) em servico, revelou que a estabilidade da rede era mais

robusta neste panorama. Na simulacao mais gravosa que impoe a perda do BESS, a rede estabiliza

devido a flexibilidade que o G1 confere em termos de injeccao de potencia que permite controlar os

desvios de frequencia decorrentes da perda de geracao/carga.

6.2 Trabalho Futuro

Ao longo do trabalho foram sendo identificadas algumas limitacoes do mesmo ou questoes que pode-

riam introduzir oportunidades de estudo com interesse para os resultados finais.

Em primeiro lugar seria interessante estudar como seria o comportamento da rede de estudo caso,

em vez de um BESS se tivesse optado por um outro SAE ou um conjunto deles com diferentes carac-

terısticas. Para alem disso, uma analise da viabilidade economica da solucao proposta acrescentaria

mais um dado relevante para o estudo.

Quanto a limitacoes do ponto de vista de simulacao e onde residem as principais oportunidades de

aprimorar os resultados. Em todas as simulacoes realizadas apenas se estudou o cenario de Inverno

da ilha da Brava, considerando-se que apesar de este ser aquele que representa o caso mais gravoso

do ponto de vista de diagrama de carga, seria de interesse criar um cenario de Verao. Quanto as con-

tingencias estudadas em regime dinamico, o estudo da variacao do vento atraves da simulacao de uma

rajada seria interessante dada a elevada penetracao eolica da ilha. Tal nao foi possıvel implementar

por os modelos utilizados para os aerogeradores nao permitirem simular tal efeito. Outro ponto interes-

sante, residia em dotar os PVs instalados com proteccoes contra cavas de tensao permitindo que estes

fossem capazes de sobreviver a perturbacoes que provoquem o abaixamento temporario da tensao aos

seus terminais.

Por fim, seria proveitoso rever alguns dos modelos utilizados e se possivel acrescentar capacidades

nos mesmos, de forma a contornar algumas das limitacoes inerentes. No caso dos modelos ”WT3” seria

interessante conseguir dota-los de capacidade para efectuar controlo primario de frequencia, atraves

da limitacao da potencia maxima disponıvel, garantindo assim uma reserva para resposta fenomenos

transitorios. No caso do modelo da bateria, o ”CBEST”, as principais limitacoes residem na incapaci-

dade definir os limites de capacidade da bateria pelo que, nao e possıvel atribuir um SOC a bateria,

quer no inicio da simulacao quer apos a perturbacao.

95

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[44] EPRI. Application of Storage Technology for Transmission System Support: Interim Report. 2012.

98

Anexo A

Diagrama Unifilar da Rede MT da

Brava

A.1

Abertura de circuito

Protecção I>, I>> e Io / I>

PT aéreo Un = 20 kV

PT em Alvenaria Un = 20 kV

Rede Aérea - Userv = 20 kV

Rede Aérea - Userv = 6 kV

Secção do cabo / Cable section

Comprimento do cabo / Cable length

Potência Nominal / Rated Power

Nome do PT / Secondary S/S name

LEGENDA

PT em Alvenaria Un = 6 kV

Rede Subterranea - Userv = 20 kV

Rede Subterranea - Userv = 6 kV

Ligador aero-subterraneo

Interruptor aéreo de comando manual

RED

E MT B

RA

VA

- ESQU

EMA

UN

IFILAR

CA

DA

STRO

DO

S SEE DE C

AB

O V

ERD

EE

LE

CT

RA

S.A.R

.LDESIGNAÇÃO DO DESENHO:

DESIGNAÇÃO DO PROJECTO:

DATA:DES.:VER.:

DATA:

DIRECÇÃO INFRAESTRUTURAS:

DIF - D

GPD

EFOLHA 1/1ESCALA: S/E

PRO

JECTO

N.º

DISTRIBUIÇÃO ELECTRICIDADE:

R.M

AR

TINS

A.C

OR

REIA

Junho 2009Junho 2009

A.1

Brava

2015

A.2

Abertura de circuito

Protecção I>, I>> e Io / I>

PT aéreo Un = 20 kV

PT em Alvenaria Un = 20 kV

Rede Aérea - Userv = 20 kV

Rede Aérea - Userv = 6 kV

Secção do cabo / Cable section

Comprimento do cabo / Cable length

Potência Nominal / Rated Power

Nome do PT / Secondary S/S name

LEGENDA

PT em Alvenaria Un = 6 kV

Rede Subterranea - Userv = 20 kV

Rede Subterranea - Userv = 6 kV

Ligador aero-subterraneo

Interruptor aéreo de comando manual

RED

E M

T B

RA

VA

- ES

QU

EMA

UN

IFIL

AR

CA

DA

STR

O D

OS

SEE

DE

CA

BO

VER

DE

EL

EC

TR

A S

.A.R

.LDE

SIGN

AÇÃO

DO

DESE

NHO:

DESIGN

AÇÃO

DO

PROJ

ECTO

:

DATA

:DE

S.:

VER.:

DATA

:

DIRE

CÇÃO

INFR

AEST

RUTU

RAS:

DIF

- D

GPD

EFO

LHA

1/1

ESCA

LA:

S/E

PRO

JEC

TO N

.ºDIST

RIBU

IÇÃO

ELE

CTRICIDA

DE:

R.M

AR

TIN

SA

.CO

RR

EIA

Junh

o 20

09Ju

nho

2009

A.2

Brava

2020

A.3

A.4

Anexo B

Datasheets

Incluem-se neste anexo algumas das datasheets dos equipamentos cujos dados foram utilizados no

presente estudo.

B.1

B.1 Paineis Fotovoltaicos

B.2

B.2

Modulo

Bateria

B.3

B.4

Anexo C

Modelos Dinamicos: Testes e

Parametros

C.1 Protecoes contra cavas de tensao

Na Figura C.1 apresenta-se a obtencao da caracterıstica simulada das protecoes contra subtensoes

implementadas nos aerogeradores com o objectivo de sobreviverem a cavas de tensao.

0,675; 0,25

0,825; 0,35

1,05; 0,5

1,275; 0,65

1,50; 0,80

10; 0,9

0,01; 0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0,001 0,01 0,1 1 10

|V| [

pu]

Temporização protecção [s]

Característica simulada Característica de referência

Figura C.1: Protecao contra cavas de tensao.

C.2 Teste a excitatriz dos grupos termicos

Na Figura C.2 apresenta-se o resultado do teste ”ESTR/ERUN” do PSS/E que testa os parametros do

modelo da excitatriz ”IEEET1”.

C.1

Figura C.2: Resposta do modelo IEEET1 a variacao em escalao da tensao de referencia.

C.3 Teste ao regulador carga-velocidade dos grupos termicos

Na Figura C.3 apresenta-se o resultado do teste ”GSTR/GRUN” do PSS/E que testa os parametros do

modelo do regulador carga-velocidade ”DEGOV1”.

Figura C.3: Resposta do modelo DEGOV1 a variacao em escalao do nıvel de carga do gerador.

C.4 Ficheiro DYRE

Nesta seccao apresenta-se o ficheiro de simulacao DYRE que contem todos os modelos utilizados nas

simulacoes e os respectivos parametros./ Geracao convencional

1 ’GENSAL’ 1 4.40 0.11 0.19 2.52 0.01 1.740 0.741 0.411 0.271 0.15 0.11 0.4 /

1 ’GENSAL’ 2 4.40 0.11 0.19 2.52 0.01 1.740 0.741 0.411 0.271 0.15 0.11 0.4 /

1 ’GENSAL’ 3 4.40 0.11 0.19 2.52 0.01 1.740 0.741 0.411 0.271 0.15 0.11 0.4 /

1 ’GENSAL’ 4 4.40 0.11 0.19 2.52 0.01 1.740 0.741 0.411 0.271 0.15 0.11 0.4 /

1 ’IEEET1’ 1 0.023 200 0.84 0.0 -2.5 1 0.3 0.12 0.9 0 2.47 0.035 3.5 0.6 /

C.2

1 ’IEEET1’ 2 0.023 200 0.84 0.0 -2.5 1 0.3 0.12 0.9 0 2.47 0.035 3.5 0.6 /

1 ’IEEET1’ 3 0.023 200 0.84 0.0 -2.5 1 0.3 0.12 0.9 0 2.47 0.035 3.5 0.6 /

1 ’IEEET1’ 4 0.023 200 0.84 0.0 -2.5 1 0.3 0.12 0.9 0 2.47 0.035 3.5 0.6 /

1 ’DEGOV1’ 1 0 0.2 0.05 0.5 8 1. 0.1 0.05 0.045 1 0.0 0.075 0 /

1 ’DEGOV1’ 2 0 0.2 0.05 0.5 8 1. 0.1 0.05 0.045 1 0.0 0.075 0 /

1 ’DEGOV1’ 3 0 0.2 0.05 0.5 8 1. 0.1 0.05 0.045 1 0.0 0.075 0 /

1 ’DEGOV1’ 4 0 0.2 0.05 0.5 8 1. 0.1 0.05 0.045 1 0.0 0.075 0 /

/Geracao renovavel

/ Modelos da eolica VESTAS V-29

52 ’WT3G1’ 1 1 0.80000 30.000 0.0000 0.10000 0.2250 /

52 ’WT3E1’ 1 52 1 2 51 52 ’1’ 0.15000 18.000 5.0000 0.0000 0.05 3.0000 0.60000 1.1200 0.04 0.436 -0.43600 1.12000 0.02

0.45000 -0.45000 60 0.1 0.90000 1.1000 40.000 0.50 1.45 0.05 0.05 1.0000 0.69000 0.78000 0.98000 1.1200 0.74000 1.2000 /

52 ’WT3T1’ 1 1.2500 5.2900 0.0000 0.7000E-02 21.980 0.0000 1.88 2.30 /

52 ’WT3P1’ 1 0.30000 150.00 25.000 3.0000 30.000 0.0000 27.000 10.000 1 /

/ Proteccoes do aerogerador1

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 47.0 55.0 0.02 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 47.5 55.0 10.0 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 45.0 51.25 30.0 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 45.0 52.0 0.02 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.10 5.0 0.010 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.25 5.0 0.675 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.35 5.0 0.825 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.50 5.0 1.050 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.65 5.0 1.275 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.80 5.0 1.500 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.90 5.0 10.00 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.00 1.1 3.0 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.00 1.15 1.3 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 52 52 ’1’ 0 0 0 0.00 1.3 0.01 0.08 /

/ Modelos da eolica VESTAS V-29

58 ’WT3G1’ 1 1 0.80000 30.000 0.0000 0.10000 0.2250 /

58 ’WT3E1’ 1 58 1 2 57 58 ’1’ 0.15000 18.000 5.0000 0.0000 0.05 3.0000 0.60000 1.1200 0.04 0.436 -0.43600 1.12000 0.02

0.45000 -0.45000 60 0.1 0.90000 1.1000 40.000 0.50 1.45 0.05 0.05 1.0000 0.69000 0.78000 0.98000 1.1200 0.74000 1.2000 /

58 ’WT3T1’ 1 1.2500 5.2900 0.0000 0.7000E-02 21.980 0.0000 1.88 2.30 /

58 ’WT3P1’ 1 0.30000 150.00 25.000 3.0000 30.000 0.0000 27.000 10.000 1 /

/ Proteccoes do aerogerador2

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 47.0 55.0 0.02 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 47.5 55.0 10.0 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 45.0 51.25 30.0 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 45.0 52.0 0.02 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.10 5.0 0.010 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.25 5.0 0.675 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.35 5.0 0.825 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.50 5.0 1.050 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.65 5.0 1.275 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.80 5.0 1.500 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.90 5.0 10.00 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.00 1.1 3.0 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.00 1.15 1.3 0.08 /

C.3

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGTPA’ 0 2 6 4 0 1 58 58 ’1’ 0 0 0 0.00 1.3 0.01 0.08 /

/ Modelos PV Modulos MARTIFER 225 230

54 ’USRMDL’ 1 ’PVGU1’ 101 1 0 9 3 3 0.02 0.02 0.4 0.9 1.11 1.2 2.0 2.0 0.2E-01/

54 ’USRMDL’ 1 ’PVEU1’ 102 0 4 24 10 4 54 0 1 0 0.15 18.0 5.0 0.05 0.1 0.0 0.08 0.47 -0.47 1.10 0.0 0.50 -0.50 0.05 0.1 0.9

1.1 120 0.05 0.05 1.7 1.11 1.11 0.36/

/ Proteccoes do PV

54 ’USRMDL’ 1 ’PANELU1’ 103 0 0 5 0 1 0.1600 0.3800 0.5900 0.850 1/

54 ’USRMDL’ 1 ’IRRADU1’ 104 0 1 20 0 1 0 5 1000 10 900 15 850 20 800 25 700 30 600 35 700 0 0 0 0 0 0/

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 54 54 ’1’ 0 0 0 45.0 51.0 0.2 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’FRQDCA’ 0 2 6 4 0 1 54 54 ’1’ 0 0 0 47.0 55.0 0.2 0.08 /

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGDCA’ 0 2 6 4 0 1 54 54 ’1’ 0 0 0 0.85 5.0 0.010 0.08/

0 ’USRMDL’ 0 ’VTGDCA’ 0 2 6 4 0 1 54 54 ’1’ 0 0 0 0.00 1.1 0.010 0.08/

/ Modelo do BESS

56 ’CBEST’ 1 0.9 1.05 0.95 1.2 35 0.1 0.1 0.1 0.1 9999 -9999 0.030 /

C.4

Anexo D

Despacho da Bateria

D.1 Panorama 100% renovavel

D.2 Panorama com bateria, renovaveis e convencional

D.1

TabelaD

.1:Despacho

dabateria

nopanoram

a100%

renovavel.Codigo

decores:Verde-1

aerogeradorretiradode

servico;Vermelho-P

EV

Fe

PS

Fretirados

deservico

Gonçalo G

lória R

elatório Dim

ensionamento R

enováveis e Bateria

02/06

28

Anexo 4

Tabela 19-D

espacho da bateria para o panorama 100%

renovável . (Código de cores: V

erde- aerogerador2 desligado; Verm

elho- PE

+PS

desligados)

Ho

ras P

PE

VF

_disp

on

ivel [M

W]

PP

SF

_disp

on

ivel [M

W]

PC

arga [M

W]

PG

er [MW

] P

Ger - P

Carg

a [M

W]

PB

ateria [MW

] E

Bateria

[MW

h]

SO

C(%

)

00:00 0,438

0 0,344

0,219 -0,125

0,125 0,855

39,421 01:00

0,31 0

0,300 0,155

-0,145 0,145

0,730 35,845

02:00 0,34

0 0,293

0,170 -0,123

0,123 0,585

31,708 03:00

0,377 0

0,283 0,189

-0,094 0,094

0,461 28,179

04:00 0,384

0 0,284

0,192 -0,092

0,092 0,367

25,493 05:00

0,37 0

0,278 0,185

-0,093 0,093

0,275 22,864

06:00 0,384

0 0,229

0,192 -0,037

0,037 0,182

20,203 07:00

0,426 0,04

0,290 0,253

-0,037 0,037

0,145 19,146

07:34 0,426

0,04 0,290

0 -0,290

0,290 0,124

18,538 08:00

0,441 0,112

0,324 0,553

0,229 -0,229

0,000 15

09:00 0,413

0,175 0,359

0,588 0,229

-0,229 0,229

21,548 10:00

0,431 0,220

0,361 0,651

0,290 -0,290

0,458 28,091

11:00 0,438

0,246 0,372

0,684 0,312

-0,312 0,748

36,385 12:00

0,431 0,253

0,387 0,684

0,297 -0,297

1,061 45,303

13:00 0,426

0,242 0,396

0,668 0,271

-0,271 1,358

53,794 14:00

0,426 0,211

0,382 0,637

0,255 -0,255

1,629 61,547

15:00 0,413

0,161 0,372

0,574 0,201

-0,201 1,884

68,825 16 00

0,398 0,094

0,382 0,492

0,110 -0,110

2,085 74,582

17:00 0,352

0,011 0,364

0,363 0,001

0,001 2,195

77,710 18:00

0,326 0

0,354 0,163

-0,191 0,191

2,194 77,698

19:00 0,365

0 0,469

0,183 -0,286

0,286 2,003

72,235 20:00

0,365 0

0,473 0,183

-0,290 0,290

1,717 64,058

21:00 0,339

0 0,427

0,170 -0,258

0,258 1,427

55,761 22:00

0,346 0

0,368 0,173

-0,195 0,195

1,169 48,402

23:00 0,433

0 0,336

0,217 -0,120

0,120 0,974

42,841 24:00

0,438 0

0,344 0,219

-0,125 0,125

0,855 39,421

D.2

Tabe

laD

.2:D

espa

cho

daba

teria

nopa

nora

ma

com

BE

SS

,ren

ovav

eis

eco

nven

cion

al.C

odig

ode

core

s:Ve

rde-

1ae

roge

rado

rret

irado

dese

rvic

o;Ve

rmel

ho-

PE

VF

eP

SF

retir

ados

dese

rvic

o;A

zul-

1ae

roge

rado

reP

SF

retir

ados

dese

rvic

o

Gon

çalo

Gló

ria

Rel

atór

io D

imen

sion

amen

to R

enov

ávei

s e

Bate

ria

02/0

6

29

Anex

o 5

Tabe

la 2

0- D

espa

cho

da b

ater

ia p

ara

o pa

nora

ma

de re

nová

veis

2 co

m g

eraç

ão c

onve

ncio

nal.

(Cód

igo

de c

ores

: Am

arel

o- P

S de

slig

ado;

Ver

mel

ho- P

E+PS

des

ligad

os)

Hor

as

P PEV

F_di

spon

ivel

[MW

] P P

SF_d

ispo

nive

l [M

W]

P Car

ga

[MW

] P C

onve

ncio

nal

[MW

] P t

otal

Ren

ováv

el

[MW

] P G

er [M

W]

P Ger

- P C

arga

[M

W]

P Bat

eria

[MW

] E B

ater

ia

[MW

h]

SOC

(%)

00:0

0 0,

438

0 0,

344

0,12

8 0,

219

0,34

7 0,

003

-0,0

03

0,00

8 15

,237

01

:00

0,31

0

0,30

0 0,

134

0,15

5 0,

289

-0,0

11

0,01

1 0,

011

15,3

20

02:0

0 0,

34

0 0,

293

0,12

8 0,

170

0,29

8 0,

005

-0,0

05

0 15

,009

03

:00

0,37

7 0

0,28

3 0,

128

0,18

9 0,

317

0,03

4 -0

,034

0,

005

15,1

38

04:0

0 0,

384

0 0,

284

0,12

8 0,

192

0,32

0 0,

036

-0,0

36

0,03

9 16

,108

05

:00

0,37

0

0,27

8 0,

128

0,18

5 0,

313

0,03

5 -0

,035

0,

075

17,1

37

06:0

0 0,

384

0 0,

229

0,12

8 0,

192

0,32

0 0,

091

-0,0

91

0,11

0 18

,133

07

:00

0,42

6 0,

04

0,29

0 0,

128

0,25

3 0,

381

0,09

1 -0

,091

0,

201

20,7

33

08:0

0 0,

441

0,11

2 0,

324

0,12

8 0,

332

0,46

0 0,

137

-0,1

37

0,29

2 23

,329

09

:00

0,41

3 0,

175

0,35

9 0,

128

0,38

2 0,

510

0,15

1 -0

,151

0,

428

27,2

34

10:0

0 0,

431

0,22

0 0,

361

0,12

8 0,

436

0,56

4 0,

203

-0,2

03

0,57

9 31

,534

11

:00

0,43

8 0,

246

0,37

2 0,

128

0,46

5 0,

593

0,22

1 -0

,221

0,

781

37,3

28

12:0

0 0,

431

0,25

3 0,

387

0,12

8 0,

469

0,59

7 0,

210

0,04

3 1,

003

43,6

46

13:0

0 0,

426

0,24

2 0,

396

0,12

8 0,

455

0,58

3 0,

186

-0,1

86

0,95

9 42

,408

14

:00

0,42

6 0,

211

0,38

2 0,

128

0,42

4 0,

552

0,17

0 0,

041

1,14

6 47

,732

15

:00

0,41

3 0,

161

0,37

2 0,

128

0,36

7 0,

495

0,12

3 0,

038

1,10

4 46

,557

16

00

0,39

8 0,

094

0,38

2 0,

128

0,29

3 0,

421

0,03

9 0,

254

1,06

7 45

,479

17

:00

0,35

2 0,

011

0,36

4 0,

128

0,18

7 0,

315

-0,0

48

0,23

6 0,

813

38,2

18

18:0

0 0,

326

0 0,

354

0,12

8 0,

163

0,29

1 -0

,063

0,

063

0,57

7 31

,489

19

:00

0,36

5 0

0,46

9 0,

128

0,18

3 0,

311

-0,1

58

0,15

8 0,

514

29,6

83

20:0

0 0,

365

0 0,

473

0,12

8 0,

183

0,31

1 -0

,162

0,

162

0,35

6 25

,163

21

:00

0,33

9 0

0,42

7 0,

128

0,17

3 0,

301

-0,1

26

0,12

6 0,

193

20,5

23

22:0

0 0,

346

0 0,

368

0,12

8 0,

173

0,30

1 -0

,067

0,

067

0,06

7 16

,921

23

:00

0,43

3 0

0,33

6 0,

128

0,21

7 0,

345

0,00

8 -0

,008

0

15,0

18

24:0

0 0,

438

0 0,

344

0,12

8 0,

219

0,34

7 0,

003

-0,0

03

0,00

8 15

,237

D.3

D.4

Anexo E

Resultados Dinamicos suplementares

E.1 Curto-circuito franco no BUS50-VILA

E.1.1 100% renovavel

Figura E.1: Tensoes nos principais barramentos(perturbacao: CC no BUS50 - panorama 100% re-novavel).

E.1

E.1.2 Com convencional

Figura E.2: Potencia activa do G1 e PV(perturbacao: CC no BUS50 - panorama c/ conven-cional).

Figura E.3: Potencia activa e variacao velocidadedo aerogerador (perturbacao: CC no BUS50 - pa-norama c/ convencional).

Figura E.4: Potencia reactiva (perturbacao: CC noBUS50 - panorama c/ convencional).

Figura E.5: Tensoes nos principais barramentos(perturbacao: CC no BUS50 - panorama c/ conven-cional).

E.2

E.2 Saıda de servico de um grupo termico (G1)

Figura E.6: Potencia activa e variacao velocidadedo aerogerador (perturbacao: saıda de servico deG1).

Figura E.7: Potencia reactiva (perturbacao: saıdade servico de G1).

Figura E.8: Tensoes nos principais barramentos(perturbacao: saıda de servico de G1).

Figura E.9: Potencia activa e energia total do BESS(perturbacao: saıda de servico de G1).

E.3

E.3 Variacao da irradiancia

E.3.1 100% renovavel

Figura E.10: Potencia reactiva (perturbacao:variacao de irradiancia - panorama 100% re-novavel).

Figura E.11: Tensoes nos principais barramentos(perturbacao: variacao de irradiancia - panorama100% renovavel).

E.3.2 Com convencional

Figura E.12: Potencia activa e mecancia do aero-gerador e G1 (perturbacao: variacao de irradiancia- panorama c/ convencional).

Figura E.13: Potencia reactiva (perturbacao:variacao de irradiancia - panorama c/ convencional).

E.4

E.4 Saıda de servico do BESS

E.4.1 100% renovavel

Figura E.14: Tensoes nos principais barramentos(perturbacao: saıda do BESS - panorama 100% re-novavel).

E.4.2 Com convencional

E.4.2.1 Cenario II

Figura E.15: Tensoes nos principais barramentos(perturbacao: saıda do BESS - panorama c/ con-vencional).

Figura E.16: Potencia reactiva (perturbacao: saıdado BESS - panorama c/ convencional).

E.5

E.4.2.2 Cenario IV

Figura E.17: Tensoes nos principais barramentospara cenario IV (perturbacao: saıda do BESS - pa-norama c/ convencional).

Figura E.18: Potencia reactiva para cenario IV(perturbacao: saıda do BESS - panorama c/ con-vencional).

E.6