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No.
10-008J RA F
Estudo Preparatório para o Programa de
Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para
o Desenvolvimento Agrário na Savana Tropical
Relatório Final
Março de 2010
AGENCIA DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DO JAPÃO (JICA)
ORIENTAL CONSULTANTS CO., LTD.
Ministério de Agricultura República de Moçambique
No.
F
Estudo Preparatório para o Programa de
Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para
o Desenvolvimento Agrário na Savana Tropical
Relatório Final
Março de 2010
AGENCIA DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DO JAPÃO (JICA)
ORIENTAL CONSULTANTS CO., LTD.
Ministério de Agricultura República de Moçambique
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-1
RESUMO
1. Antecedentes do Estudo
Ao norte de Moçambique, encontra-se a zona da savana tropical com um volume constante de chuvas
em uma vasta área geográfica, o que favorece particularmente a agricultura, e apresenta um grande
potencial de expansão da produção agrícola. Porém, nesta zona, ainda hoje, a agricultura praticada se
dá por meios tradicionais e os produtores não estão devidamente organizados. Assim, é recomendável
o aumento da produtividade agrícola por meio da introdução de técnicas agrícolas mais modernas, a
injeção de capital e a formação da organização de produtores.
O Japão tem uma experiência de mais de 20 anos de cooperação em desenvolvimento agrícola na zona
do cerrado brasileiro (savana tropical). Atualmente a região do cerrado brasileiro é uma das zonas de
maior produção agrícola a nível mundial. Os governos do Brasil e do Japão vêm trabalhando
conjuntamente para traçar políticas de cooperação para o desenvolvimento agrícola na África,
avaliando a possibilidade de transferir a experiência adquirida com o desenvolvimento da agricultura
no cerrado para as zonas de savana tropical que se distribuem pelo continente africano. Nesta ocasião,
Moçambique foi selecionado como o primeiro país a ser parte desta cooperação trilateral com o Japão
e o Brasil.
Considerando entendimentos anteriores, a Missão Japonesa, Chefiada pelo Vice-Presidente Sênior da
JICA, Kenzo Oshima e a Missão Brasileira, Chefiada pelo Diretor da Agência Brasileira de
Cooperação (ABC), Ministro Marco Farani, visitaram a República de Moçambique de 16 a 19 de
Setembro de 2009. Durante a estadia, a Missão Conjunta manteve uma série de reuniões com o
Ministro da Agricultura, Soares B. Nhaca, o Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba
Cuereneia e outras autoridades concernentes deste país, sobre a estrutura básica do Programa de
Cooperação Trialateral para o Desenvolvimento da Agricultura das Savanas Tropicais de Moçambique,
e assinaram um Memorando de Entendimento no dia 17 de setembro de 2009 em Maputo.
Seguindo o Memorando, a JICA enviou uma Equipe de Estudo a Moçambique para realizar o "Estudo
Preliminar do Programa da Cooperação Trialateral para o Desenvolvimento da Agricultura das
Savanas Tropicais em Moçambique" a partir de 20 de setembro de 2009, dando início, assim, ao
estudo básico. Este relatório é resumido os resultados do estudo realizado.
2. Objetivo do Estudo
O objetivo deste Estudo é composto pelos seguintes aspectos:
(1) Avaliar pontos que podem ser aproveitados e depois aplicados na savana tropical, em
Moçambique, a partir da experiência adquirida com o desenvolvimento agrícola no cerrado.
(2) Recomendações para futuros projetos de cooperação bilateral entre o Japão e o Brasil quanto
ao direcionamento a ser tomado (resumo da cooperação, dimensão e efetividade).
Relatório Final
S-2
Também considerando os próximos projetos de cooperação técnica conjunta entre o Japão e o Brasil:
(1) Apoio para aumentar a capacidade de pesquisa relacionada com o melhoramento do solo e a
seleção de variedades de produtos adequados (projeto de cooperação técnica);
(2) Projeto de desenvolvimento agrícola integrado da zona (Plano Diretor). Para isto, serão
formuladas recomendações para elevar o grau de execução dos futuros projetos de
cooperação conjunta (resumo da cooperação, dimensão, efetividade).
(3) Projeto piloto, com a seleção de uma localidade em nível de aldeia ou povoado (projeto de
cooperação técnica);
3. Área do Estudo
O Estudo ocorre em Moçambique, especialmente ao norte do país, no corredor da zona de Nacala. Os
seguintes 12 distritos foram propostos como área de abrangência do Estudo pela parte Moçambicana.
Província de Nampula: Malema, Ribáuè, Murrupula, Nampula, Meconta, Mogovolas,
Muecate e Monapo
Província de Niassa: Mandimba e Cuamba
Província de Zambézia: Gurué e Alto Molocue
4. Período e Alcance do Estudo
O presente Estudo foi realizado de meados de setembro de 2009 até o final de março de 2010, por um
período de 6 meses. Os principais trabalhos a serem realizados, assim como os objetivos, estão
relacionados a seguir.
Tabela 1 Alcance do Estudo
Trabalhos Principais objetivos Relatórios Passo1: Trabalhos preparatórios no Japão
Preparação para a execução do Estudo, planificação do Estudo, preparação do Relatório Inicial.
Relatório Inicial
Passo 2: Primeiro Trabalho de Campo em Moçambique
Explicação e Discussão sobre o Relatório Inicial, confirmação do projeto principal e políticas agrícolas, intercâmbio de opiniões entre os doadores, esclarecimento sobre a situação existente na região de Nacala e seleção de temas do setor agrícola.
Passo 3: Primeiro Trabalho de Campo no Brasil
Estudos relacionados com o desenvolvimento do cerrado, comparação entre as semelhanças e diferenças do desenvolvimento do cerrado e o desenvolvimento agrícola de Moçambique.
Passo 4: Análise das informações no Japão (1)
Preparação do Relatório Interino Relatório Interino
Passo 5: Segundo Trabalho de Campo em Moçambique
Explicação e discussão sobre o Relatório Interino, estudos complementares do primeiro trabalho em campo, avaliação do projeto de cooperação técnica entre o Brasil e o Japão.
Passo 6: Segundo Trabalho de Campo no Brasil
Estudos complementares do primeiro trabalho de campo
Passo 7: Análise das informações no Japão (2)
Preparação do esboço do Relatório Final, para apresentação dos resultados do Estudo em um simpósio internacional.
Esboço do Relatório Final
Passo8: Terceiro Trabalho de Campo em Moçambique
Explicação e Discussão do Esboço do Relatório Final
Passo 9: Análise das informações no Japão (3)
Preparação do Relatório Final, Fornecimento dos resultados do Estudo para o Simpósio Internacional
Relatório Final
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
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5. Semelhanças e Diferenças entre a Região do Cerrado e do Corredor de Nacala
A savana tropical de Moçambique e o cerrado brasileiro apresentam semelhanças agronomicamente
reconhecidas. Durante os 30 anos de desenvolvimento do cerrado brasileiro, foram acumulados muitos
conhecimentos que podem ser adaptados para a savana tropical de Moçambique. Existe uma previsão
de grandes possibilidades de melhorar consideravelmente a produtividade a partir de tecnologias
relativamente simples. Porém, as diferenças socioeconômicas entre o Brasil e Moçambique são
bastante grandes, por isso não se pode pensar em simplesmente transferir o modelo do cerrado. Além
disso, para o cultivo de produtos agrícolas, em Moçambique, existem problemas quanto à irrigação, à
posse de terras (se permite o uso, mas não sua propriedade) de maneira que para realizar projetos
agrícolas de grande envergadura é necessário resolver-se muitos problemas complexos.
Para o desenvolvimento do cerrado, o tema era a possibilidade de transformar terras desabitadas e
inférteis em terras produtivas com a aplicação de capital e tecnologia. E já estavam estabelecidas as
condições de infraestrutura, modelo de gestão agrícola empresarial moderna, rotas de comercialização
e as bases para a agroindústria. Porém, no caso de Moçambique, os problemas não se limitam somente
ao capital e à tecnologia, passam pelo nível de conhecimento técnico dos agricultores e também de
comercialização, entre outros temas. Desde o início do projeto até a comercialização, existe a
deficiência de equipamento e materiais, não existem silos e o mercado interno é insuficiente, além dos
produtores não estarem organizados. A tecnologia de produção do cerrado pode ser transferida à
savana tropical de Moçambique, entretanto a questão é como aplicá-la de forma a promover o
desenvolvimento regional e considerando todas estas questões, mas a "Vantagem do posterior" é
grande pendente. Por isso, é necessário pensar em uma estrutura que seja um “novo modelo de
desenvolvimento” que considere o fortalecimento da capacidade administrativa com a introdução de
modelos de organização cooperativa e investigação agrária, extensão rural, sistema de financiamento;
instalação de infraestrutura socioeconômica apropriada às condições naturais, sociais e ambientais da
região.
6. Utilização das Técnicas Agrícolas Aprendidas no Desenvolvimento do Cerrado
Se devem considerar a aplicação e extensão da tecnologia agrícola desenvolvida pela EMBRAPA no
cerrado.
(1) Em geral, em toda a extensão ao longo do corredor Nacala, se encontra distribuído um solo
menos ácido (fértil para a agricultura) em abundância, mas em uma parte (principalmente nas
redondezas do distrito de Gurué), deve ser necessária a aplicação de técnicas de melhoramento
de solo desenvolvidas pela EMBRAPA para solos alcalinos. Porém, dentro de Moçambique, esta
é a zona que apresenta altitudes mais elevadas, com uma topografia bastante acentuada,
existindo assim uma forte possibilidade de que estas condições dificultem os trabalhos de
melhoramento de solo; ao mesmo tempo, devido ao fator de erosão do solo, o efeito retificador
Relatório Final
S-4
poderia ser reduzido. Portanto, caso se efetue um trabalho de melhoramento de solo será
necessário considerar o custo e mão de obra para a aplicação e distribuição de calcário,
selecionando rigorosamente as zonas de aplicação, onde seja economicamente favorável e com
possibilidades de que os produtores considerem fortemente as possibilidades desta tecnologia.
(2) Dos 12 distritos considerados dentro da área do Estudo, 5 particularmente (Gurué, Malema,
Ribaué, Alto Molocué e Cuamba) apresentam uma topografia acidentada. Além disso, foi
reportada a existência de solo arenoso em toda a área. Por isso, em muitas zonas, durante a
época das chuvas, juntamente com a erosão existe o problema de perdas de cultivo pela seca,
quando o intervalo entre o período de chuvas se estende muito. Para resolver estes problemas, se
considera que a introdução das tecnologias de cultivo em níveis e a técnica de cultivo de plantas
que se fixam ao solo, podem ser aplicadas. Para os pequenos produtores que têm condições de
adquirir herbicidas, também é recomendado o cultivo sem aragem da terra.
(3) A EMBRAPA possibilitou elevar consideravelmente a produção agrícola do cerrado. Porém, as
condições não somente de solo e de água são diferentes entre o cerrado e a área do Estudo, a
expectativa é que os tipos de pragas, que devem ser um problema, também sejam diferentes.
Além do mais, não é possível simplesmente introduzir novas variedades de plantas na área do
Estudo, uma vez que elas possuem uma alta produtividade pela aplicação de tecnologias
avançadas de irrigação, fertilização de solo e defensivos agrícolas. Porém, as técnicas
consideradas necessárias serão avaliadas para verificar as possibilidades de promover a
aplicação de tecnologia agrícola do cerrado proporcionadas pela EMBRAPA como, a)
introdução de recursos genéticos; b) participação nos cursos de treinamento técnico; c)
utilização e aproveitamento de informação técnica em português.
(4) Com relação a EMATER, a instituição conta com um sistema de extensão técnica dirigida a
pequenos agricultores, mas trabalham com um principio básico que é a participação de qualquer
agricultor. Eles captam a demanda dos agricultores por orientação técnica, avaliam a
necessidade e criam uma resposta em forma de extensão. No caso de Moçambique, os
extensionistas do departamento de extensão técnica com os quais contava o Ministério de
Agricultura, foram distribuídos pelas províncias dentro da política de descentralização. As
províncias instalaram um setor de extensão agrícola nos Centros de Apoio às Atividades
Econômicas dos Departamentos de Agricultura de cada distrito, mas seu número é bastante
pequeno. Dentro deste contexto, para que a extensão possa ser executada com eficiência, é
necessário captar as necessidades dos agricultores; também é importante que o IIAM e o
departamento de extensão técnica avaliem as técnicas desenvolvidas, sendo indispensável
aplicá-las em parcelas demonstrativas para os agricultores, de maneira que os mesmos
agricultores possam estruturar um sistema de extensão.
(5) Para promover a capacitação técnica de maneira eficiente, é preciso criar uma entidade de
promoção como o SENAR. Nos centros de assistência às atividades econômicas se encontram
estabelecidos departamentos de desenvolvimento rural, mas não existe um departamento
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-5
especializado na orientação institucionalizada para atender às diversas atividades dos pequenos
produtores. Esta função é coberta pelas ONGs de maneira que os governos locais podem criar
um sistema que planeje e apóie a extensão das experiências êxitos para outras zonas, assim,
existe a possibilidade de se aplicar um sistema de implantação deste tipo de entidade, tendo o
SENAR como referência. Além de formar agricultores que possam apoiar as atividades locais,
funcionando como coordenadores
(6) Para o desenvolvimento do cerrado, no projeto PRODECER, a companhia “Campo”, cumpriu
diversas funções, inclusive funcionou como coordenador entre a entidade executora que era o
governo, as instituições de pesquisas e os colonos. No corredor de Nacala, se encontra
estabelecida a companhia de desenvolvimento regional para o corredor de Nacala, o Corredor de
Desenvolvimento do Norte (CDN). Mas o interesse básico desta companhia é o
desenvolvimento da infraestrutura de comercialização e não se dedica ao desenvolvimento
agrário em particular. É necessário criar uma empresa de desenvolvimento do governo central e
dos governos provinciais para que se possa avaliar a metodologia do desenvolvimento e cumprir
com o papel de coordenador entre as diversas instituições.
7. Efeitos do Desenvolvimento Aprendidos com o Desenvolvimento do Cerrado
(1) Efeitos de indução econômica
Como exemplo da realização da economia de escopo, na qual se produzem diversos produtos a partir
de uma única matéria-prima, e, além disso, aproveitando-se do seu subproduto, produzem-se outros
artigos, podemos citar a soja, produzida no âmbito do desenvolvimento do cerrado. Na região do
cerrado, são fabricados o óleo de soja utilizado para o processamento de produtos agrícolas, e a ração
composta, que é o seu subproduto. Daí surgiram as indústrias relacionadas à agricultura (fertilizante,
agroquímico, transporte, logística) que se envolveram no processo de comercialização, promovendo o
desenvolvimento da indústria de apoio, originando uma grande sinergia e criando-se uma gigantesca
agroindústria (agronegócio). Como resultado, a exportação de produtos derivados de soja chegou a 4.1
bilhões de dólares em 2000, o que corresponde a 25% de toda a exportação do sector agrícola. Este
valor é igual ao da exportação de artigos de ferro e aço (alumínio, ferro e aço), que foi de 4 bilhões de
dólares. De acordo com o relatório, quando a soja é exportada após o processamento, o valor do PIB é
1.7 vezes maior do que exportar sem nenhum processamento, calculando-se o efeito de indução nas
indústrias de processamento e indústrias afins (Relatório de avaliação do desenvolvimento agrícola do
cerrado, JICA, 2000).
(2) Apoio aos produtores pelas cooperativas agrícolas
É necessário notar que para o desenvolvimento da agroindústria dos derivados de soja, citado
anteriormente, as cooperativas agrícolas desempenharam um papel importante, além das empresas. O
programa PRODECER, que impulsionou o desenvolvimento do cerrado, assentou nas fazendas
principalmente os filhos dos sócios das cooperativas agrícolas existentes. Para estes, as cooperativas
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S-6
ofereceram diversos tipos de apoio: além de fornecer fundos para a administração da fazenda, criaram
fábricas de processamento para poderem comprar os produtos pelo preço mais alto que as empresas,
mesmo quando havia queda do preço no mercado internacional. Assim, as cooperativas agrícolas
desempenharam um papel importante para promover a produção, através da cooperação e
complementação entre os diversos ramos que compreendem a agricultura, o processamento e inclusive
a pecuária.
Na região alvo do estudo em Moçambique, há casos em que a relação entre as empresas de
processamento e os produtores é mantida por meio de contratos escritos, mas ainda existe uma relação
tradicional e informal. As empresas de processamento de algodão, tabaco e castanha de caju fornecem
um mercado estável aos produtores comprando deles a matéria-prima, e complementam a falta de
recursos administrativos destes fornecendo-lhes técnicas e insumos de produção (semente, fertilizante,
agroquímicos e máquinas agrícolas). Mas, por outro lado, verificou-se durante o estudo, a ocorrência
de situações desvantajosas para os produtores, como a compra da matéria-prima por um baixo preço
(no caso do algodão, é estabelecido o preço mínimo de compra), e o não-pagamento dos produtos
fornecidos. Há casos em que as empresas de processamento, quando encontram produtores que
apresentam condições mais vantajosas, dispensam aqueles com quem mantinham transação.
Para que os produtores tenham uma relação de igualdade com as empresas de processamento e sejam
capazes de negociar, de igual para igual, é necessário se criar uma organização ou uma cooperativa
pela iniciativa própria dos produtores. Se não for criado um sistema no qual o próprio produtor possa
interferir na logística e na decisão de preço, ele será obrigado a tomar sempre uma atitude passiva no
modelo do desenvolvimento rural local com base na agroindústria.
No Brasil, a proporção do custo da matéria-prima da castanha de caju foi de 12% do custo total, mas
na região alvo de estudo de Moçambique, foi de apenas 5%, menos da metade. Isso significa que o
lucro do produtor, que produz a matéria-prima, é relativamente menor em Moçambique. Para que a
meta do desenvolvimento estabelecida não se torne sonho inviável, é importante fortalecer e capacitar
as cooperativas ou associações de produtores, que devem ser as entidades receptoras de diversos
programas de apoio (serviços).
8. Peculiaridades da Agricultura Local e Necessidade do Desenvolvimento
Na região alvo de estudo vivem cerca de 720.000 famílias de produtores, que correspondem a cerca de
24% de agricultores de todo o país, tornando Nampula a província com maior número de agricultores.
Mas a área média da propriedade de uma família é de 1.0 ha, menor que a média nacional (1.3 ha), e a
taxa de pobreza da província também é maior que a média nacional. Além disso, a demanda efetiva é
de apenas 250.000 pessoas que habitam na cidade de Nampula e proximidades. Que pode resultar
facilmente na queda de preços devido ao excesso de produção. Refletindo o mercado restrito da região,
as maiorias dos produtores cultivam basicamente milho e mandioca para a subsistência. Para se obter
renda, os produtores dependem principalmente da venda de matéria-prima (algodão, tabaco, castanha
de caju, etc.) para empresas de processamento.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
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Prevê-se que a taxa média anual de crescimento populacional da província de Nampula, nos próximos
10 anos, seja de 2.5%, e estima-se que a população total em 2020 seja de 6 milhões de pessoas. Cerca
de 45% da população é composta por jovens com 15 anos ou menos, e prevê-se o crescimento ainda
maior dessa faixa etária. A taxa de desemprego da província é de cerca de 20%. Se não houver
aumento da oportunidade de emprego para a população na idade de ingressar no mercado de trabalho,
essa taxa irá se elevar, assim como o índice de pobreza. Para evitar que isso aconteça, é necessário
tomar medidas que promovam, no mínimo, um crescimento econômico maior que a taxa de
crescimento populacional. Por isso, torna-se um desafio imprescindível para o desenvolvimento
sustentável da economia regional o aumento da produtividade do setor agrícola que absorve mais de
90% da população economicamente ativa.
9. Possibilidade de Aumento da Produção Agrícola
(1) Cadeia de Valores
A peculiaridade do setor agrícola da região alvo do estudo é a existência de grande número de micro
produtores e do mercado restrito. Mas, por outro lado, os produtos agrícolas cultivados principalmente
pelos pequenos produtores são acrescidos de grande valor na distribuição e etapa final do produto final,
como indica a tabela 2.
Até mesmo o milho, produzido como cultura de subsistência por praticamente todos os agricultores,
custa 0.1 dólar/kg (preço do produtor) quando vendido sem processamento, e como farinha de milho
chega a custar 0.9 dólar/kg (preço de varejo), ou seja, consegue-se valorizar 9 vezes. Por outro lado,
existem produtos como o gergelim que, apesar de haver possibilidade de processamento para se obter
óleo, é exportado sem processamento, sem agregar qualquer valor.
Tabela 2 Geração do Valor Agregado por Cada Produto Agrícola
Unidade: dolar/kg
Milho Algodão
Castanha de caju
Gergelim Tabaco Soja
Preço na machamba 0,1
Intermediários
0,2
Varejo/Indústrias
0,9
(Moinho)
Exportação (FOB)
-
0,4
1,2 (Fio) 0,7 (óleo)
0,5
0,6 (com casca)
4,50 (sem casca)
1,02
1,07 (In natura)
1,20
3,15 (folhas secas)
0,5
(óleo) (farelo)
-
Destino Mercado interno
Exportação Exportação Exportação Exportação Indústria de
ração nacional
Relatório Final
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(2) Opinião de EMBRAPA
Além da agregação de valor como instrumento de aumento da renda do pequeno e médio agricultor, é
importante serem agregados ao projeto os espaços agroeconômicos da província de Niassa e do oeste
da Zambézia, como forma de incorporar as áreas agricultáveis indicadas pela EMBRAPA e, com isto,
viabilizar a realização de investimentos na produção agrícola em escala comercial.
10. Objetivos de Desenvolvimento
(1) Objetivo geral de desenvolvimento
O projeto de desenvolvimento na zona do Corredor de Nacala busca atender regionalmente os desafios
do Governo de Moçambique de garantir a segurança alimentar e nutricional do país; melhorar a
qualidade de vida da população promovendo a competitividade da produção nacional e elevando a
renda dos produtores; e promover a economia regional orientada para o mercado com o uso
sustentável dos recursos naturais e preservação ambiental, cujo alvo maior é alcançar o objetivo de
desenvolvimento do milênio de erradicar a extrema pobreza e a fome. Segue assim as orientações das
políticas de desenvolvimento agrário do país indicadas nos programas nacionais e provinciais como a
Estratégia da Revolução Verde, o Plano de Ação para a Produção de Alimentos (PAPA), Estratégia de
Investigação, Estratégia de Extensão, e o Plano de Estratégico para o Desenvolvimento do Setor
Agrário (PEDSA).
Pode-se dizer que o Projeto de desenvolvimento agrário das regiões próximas ao Corredor de Nacala
está de acordo com o objetivo geral do governo central, e com as estratégias de desenvolvimento do
setor agrícola, da província e dos distritos. Além disso, ele deve ser um Projeto que contribui para a
concretização destas. Para tanto, é necessário se elaborar um plano de desenvolvimento que possa
colaborar para a realização dos seguintes itens, tendo-se como objetivo a concretização do
desenvolvimento agrário sustentável que se preocupa com a proteção ambiental:
1) Desenvolvimento para concretizar a segurança alimentar e melhoramento nutricional;
2) Desenvolvimento para concretizar o fortalecimento da competitividade da produção nacional,
com vistas ao mercado, e aumento de renda dos produtores rurais; e
3) Desenvolvimento levando-se em consideração a utilização sustentável dos recursos naturais e
proteção ambiental.
(2) Diretriz básica
As diretrizes, entendidas aqui, como o caminho a ser percorrido para se alcançar o Desenvolvimento
Agrário do Corredor de Nacala por meio de Cooperação Trilateral, implica em compromissos dos três
Governos do Japão, Brasil e Moçambique de que as ações serão contínuas e de longo prazo,
suscetíveis de ajustes no decorrer do processo necessariamente.
Para assegurar a segurança alimentar do país, o aumento sustentável da produção agrária, elevar a
renda e rentabilidade do produtor em geral promovendo o aumento da produção agrária orientada para
o mercado, há que se intervir em todos os segmentos da cadeia de valor como: insumos; produção,
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
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escoamento, armazenagem, processamento e distribuição para os mercados internam e externo.
Entretanto, a eficiência e eficácia destas intervenções dependem das condições do Governo em exercer
sua função financiadora, reguladora, fiscalizadora, provedora de serviços públicos e facilitadores da
ação das instituições e dos cidadãos.
Para apoiar o Governo de Moçambique na execução de seu papel, a cooperação deve, com foco no
Corredor de Nacala, atuar em áreas que propiciem a construção de um modelo sustentável,
competitivo e inclusivo que contemple o aumento da produção agrícola orientada para o mercado
interno e externo, o aumento da competitividade dos produtores; o uso sustentável das águas, florestas
e solos e o desenvolvimento/fortalecimento das instituições do setor agrário.
Sendo assim, as ações deverão ser priorizadas e estarem focadas nos seguintes seguimentos:
1) Aumento da produtividade: buscar o desenvolvimento de tecnologias que aumentem o
rendimento; melhoria de solo; criação de banco de dados, mapas, zoneamento agro-ecológico;
2) Sistema de logística: melhorar o sistema buscando a redução de custos e perdas; distribuição
de insumos, equipamentos;
3) Serviços de apoio ao setor agrícola: fortalecer continuamente a estrutura e capital humano da
pesquisa e desenvolvimento; do sistema de extensão rural; da defesa agropecuária; do sistema
de crédito (cooperativas de crédito, sistema bancário); e comercialização, promovendo a
capacitação, treinamento e formação profissional;
4) Promoção da diversidade agrícola e processamento: apoio a clusters estratégicos (grãos,
tubérculos, carnes, frutas, algodão, madeira, biocombustíveis, hortaliças);
5) Fortalecimento da competitividade: treinamento e capacitação profissional e estruturação de
um sistema voltado para exportação e mercado doméstico;
6) Melhoria das condições de vida dos produtores: prover infraestrutura básica de vida como
moradia, escola, energia, saúde e estradas.
7) Apoio contínuo à extensão agrária e formação de profissionais rurais: estando apto a interagir
com o sistema de P&D na transferência de tecnologia; validar tecnologias; apoiar a tomada de
decisão do produtor; promover o associativismo/cooperativismo;
8) Financiamento à produção: elaboração de linhas de financiamentos para atividades agro
pecuárias da Agricultura Familiar (pessoa física) e Empresarial (pessoa jurídica) de custeio e
investimento;
9) Sustentabilidad: criação de políticas governamentais que assegurem o mercado mínimo,
criando um estoque regulador; garantia de preços, política de incentivo à exportação;
mecanismo de garantia de compra pelos promotores da cooperação;
10) Conservação ambiental: promover boas práticas de conservação dos solos e da biodiversidade,
evitar erosão, recompor matas ciliares e formação de corredores ecológicos, erradicar a prática
de queimadas; criar política de pagamento por serviços ambientais; fazer inventário dos
recursos hídricos, o uso múltiplo das águas.
Relatório Final
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Vale destacar que as ações devem ter como base uma legislação clara e transparente, com a
participação ativa e direta da população ou por meio de suas instâncias representativas.
11. Zoneamento da Região Alvo
Dividimos o Corredor de Nacala em quatro áreas conforme abaixo descritas. Entretanto vale observar
que as informações existentes não permitem a clara identificação da situação edafo, climática e hídrica
do Corredor de Nacala, sobretudo a edáfica. Assim, é importante que seja elaborado um zoneamento
ecológico econômico (ZEE) em escala compatível e com as variáveis necessárias à boa realização do
projeto de desenvolvimento agrário do Corredor de Nampula.
Zona I (Área de Prioridade da Conservação)
Esta zona está localizado dentro da seguinte Zona II. Trata-se de uma área sensível sujeita à grande
impacto ambiental, pois abrange as nascentes/cabeceiras dos rios formadores das bacias hidrográficas
dos rios Lúrio e Ligonha. Predominam na área formações montanhosas com altitudes que variam de
500 a 1.700 metros. A precipitação anual varia entre 1.160mm a 1.800mm. A vegetação é do tipo
bosque de montanha que sempre se mantém verde e tem crucial importância na formação do sistema
hídrico. Incluem-se nesta zona de fragilidade acentuada os vales dos rios Malema, Niualo, Nioce e rio
Muanda, que já sofrem intenso impacto ambiental pela atividade humana. A atividade agrária nesta
região deve ser reduzida.
Zona II (Área de Semiúmido)
Do paralelo 35º30’E ao paralelo 38ºE. Abrange os Distritos de Mandimba, Cuamba, Malema, Gurue,
Alto Molocue e parte oeste de Ribaue. Trata-se de uma área que apresenta semelhanças com o Cerrado
brasileiro em termos de cobertura vegetal (observação de campo) e precipitação anual que em
Moçambique varia de 1.150 mm a 1.650 mm e no Brasil (cerrado) varia de 1.200 mm a 1.500 mm.
Segundo informações da ARA Centro Norte o balanço hídrico da área é positivo, indicando haver bom
potencial agrário. Entretanto, há que se aprofundar estudos dos tipos de solos existentes, para que se
possa identificar sua real aptidão. Na região de Cuamba e Mandimba foi identificada a produção de
culturas de rendimento (agricultura comercial) como grãos, hortaliças, tabaco e reflorestamento.
Zona III (Área de Transição))
Do paralelo 38ºE ao paralelo 39ºE. Abrange os Distritos de Ribaue, Murrupula e oeste de Nampula. A
cobertura vegetal é mais baixa com solos mais arenosos (observação de campo) e assemelha-se a áreas
de transição do Cerrado no Brasil, para o semi-árido. Segundo os dados pluviométricos obtidos, a área
apresenta uma precipitação que varia de 1.150mm a 1.200mm. Conforme o Mapa de Potencial de
Solos do ZEE da Província de Nampula elaborado pela FAO/1999, a maior parte dos solos foi
classificada - em termos de fins agrários - como sendo de níveis III (médio potencial) e IV (baixo
potencial) com algumas manchas de nível II (alto potencial). A classificação acima foi simplificada
diante da complexidade de solos identificados pelo ZEE da FAO, mais de setenta tipos.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
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Zona IV (Área de Semiárido)
Do paralelo 39ºE ao paralelo 40º15’E. Abrange os Distritos de Nampula, Mogovolas, Meconta,
Muecate e Monapo. Dados mostram que a precipitação diminui no sentido oeste/leste, ou seja, do
interior para o mar. A variação é de 1.150 mm a 950 mm e concentra-se apenas nos meses de
dezembro a abril. A cobertura vegetal (observação de campo) assemelha-se as regiões no nordeste
brasileiro. As culturas são adequadas aos meses de melhor precipitação e tipos de solo, como por
exemplo, o algodão. E a cultura perene que predomina é o caju que resiste melhor a períodos de seca.
Vale ressaltar que segundo o ZEE da FAO de 1999, o potencial para fins agrários da área varia dos
níveis I (alto potencial) a V (muito baixo potencial), passando pelos níveis II (alto), III (médio) e IV
(baixo).
12. Objetivo do Desenvolvimento Rural (Direção do Desenvolvimento)
Considerando as peculiaridades do setor agrícola da região alvo de estudo, citadas anteriormente,
propõe-se na região alvo a “promoção do desenvolvimento rural local com base na agroindústria”,
visando impulsionar a agricultura local por meio do desenvolvimento agrícola com alto valor agregado
e apoio aos pequenos produtores, que representam a maior parte dos agricultores da região.
Esta proposta visa o estabelecimento de uma estrutura unificada que engloba tanto a produção como o
processamento agrícola, que compõem a agroindústria. Além disso, espera-se que aumentando a
competitividade do setor de processamento agrícola, seja possível estabilizar a produção agrícola, e
consequentemente aumentar a competitividade do setor agrícola, gerando uma sinergia entre os setores.
Em outras palavras, não se trata simplesmente de medidas provisórias para resolver o problema do
excesso de produção, impulsionando o setor de processamento. Trata-se da concretização do
desenvolvimento rural local que gera um efeito econômico diversificado, estabilizando a produção
agrícola e absorvendo empregos, por meio da garantia de um novo mercado.
A agroindústria, citada como objetivo do desenvolvimento, é considerado a indústria relacionada à
agricultura. Nela, há a indústria de produção agrícola, que corresponde principalmente à agricultura
que emprega maior número de trabalhadores da região alvo de estudo, e, como indústrias afins, que
existem, além da indústria de distribuição, as indústrias de fornecimento de semente, fertilizante,
agroquímico, máquinas agrícolas, instalações, etc. Para promover o desenvolvimento rural com base
na agroindústria, deve-se enfatizar a promoção do processamento agrícola, que tem maior capacidade
de gerar valor agregado, e possibilitar a sua colaboração com o setor de produção agrícola que
emprega os agricultores que representam 90% da população total da região.
Além disso, no setor de agroindústria, normalmente o valor agregado gerado é proporcionalmente
maior em relação à quantia investida, comparando-se com outras indústrias, ou seja, trata-se de um
investimento com maior retorno. Para se aumentar a rentabilidade do investimento em toda a região
alvo de estudo, é extremamente importante investir mais neste setor. Para superar o obstáculo que é a
existência de um mercado restrito e desenvolver a potencialidade latente de desenvolvimento peculiar
Relatório Final
S-12
da região alvo do estudo, deve-se guiar o desenvolvimento da agroindústria para uma indústria de
processamento voltada para exportação.
13. Considerações das Medidas para a Concretização do Objetivo de Desenvolvimento
Para se promover o desenvolvimento regional, propõem-se o desenvolvimento rural local com base
em uma agroindústria abrangente que englobe a produção, distribuição (incluindo-se o
armazenamento), processamento e venda. A seguir, serão analisadas 4 medidas (aumento da
produtividade agrícola, promoção do processamento agrícola, organização dos produtores e criação e
melhoramento da base de produção) que possibilitarão a realização do objetivo de desenvolvimento.
Essas medidas complementam-se mutuamente, e a análise foi feita principalmente focalizando-se a
concretização do desenvolvimento rural local baseado na agroindústria.
14. Aumento da Produtividade Agrícola
Os principais produtores agrícolas da região alvo de estudo são microprodutores com cerca de 1 ha de
área média de terra. É difícil esperar de um microprodutor algum investimento para aumentar a safra e
a produtividade, sem oferecer-lhe garantia de preço de compra e garantia de risco. É imprescindível
verificar no campo a escala das atividades dos produtores e o nível da técnica de cultivo, para em
seguida se realizar a extensão técnica e concretizar medidas que incluam a criação de um sistema de
técnicas adequadas que garantam a lucratividade, com investimento que não seja elevado mas que seja
compatível com a forma de produção, além do fornecimento de incentivo necessário (criação de um
sistema de venda e de distribuição dos produtos, crédito, etc.) para que os produtores adotem essas
técnicas para aumentar a produtividade. Acredita-se que a insuficiência desse tipo de apoio e de
medidas agrícolas globais tenha sido a causa da persistência de baixa produtividade agrícola no país.
Para se superar esses desafios, é preciso definir que o programa de apoio ao projeto de promoção do
desenvolvimento rural local com base na agroindústria, seja definido como Objetivo de
desenvolvimento, para em seguida estudar os projetos individuais que respondam a ele. O quadro
6.3.1 mostra as causas da baixa produtividade agrícola da região alvo de estudo e as respectivas
propostas de medidas para a sua solução.
15. Promoção do Processamento Agrícola
(1) Cluster agrícola
Para se promover a indústria de processamento agrícola, propõe-se o método estratégico de
desenvolvimento do cluster agrícola para promover o efeito de indução (sinergia) do desenvolvimento
industrial do produto agrícola que é a matéria-prima, e dos produtos da indústria de processamento
primário, secundário e terciário (produto final), além de indústrias afins. Originalmente, um cluster
refere-se à aglomeração industrial geográfica, mas aqui refere-se ao conjunto de setores industriais
envolvidos na produção agrícola, que é a matéria-prima, e no seu processamento. As indústrias afins
relacionadas à agroindústria são inúmeras. Assim, utiliza-se o conceito de cluster para limitar o
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-13
conjunto, restringindo-o somente aos setores com estreita relação no input e output. Acredita-se que
limitando o âmbito do cluster, torna-se possível focalizar o desenvolvimento econômico da região alvo
do estudo, e possibilitar a apresentação de proposta de medidas mais eficientes.
(2) Seleção do produto agrícola e produto processado pelo cluster agrícola
É necessário selecionar o produto agrícola e o produto a ser processado considerando-se o tamanho do
mercado da região alvo, que é bastante limitado, e procurando criar um produto final com alto valor
agregado, voltado para exportação. Além disso, o produto final deve ter potencialidade de produção
em toda a região do corredor de Nacala, que é a região alvo do estudo, deve ser competitivo na
exportação, e possuir valor agregado=capacidade de absorção de emprego. Deve-se levar em
consideração também a experiência em produção e exportação, a potencialidade de exportação, além
de se valorizar a capacidade técnica dos produtores e o impacto ambiental da produção, para não gerar
grandes alterações na forma atual de se praticar a agricultura e a gestão agrícola.
Sob a perspectiva acima, propõe-se padrões para a escolha dos produtos agrícolas e artigos
processados prioritários conforme o tabela 3.
Tabela 3 Padrão para a escolha dos produtos agrícolas e artigos processados prioritários
Padrões Produto agrícola (produtor) Artigo processado (empresa)
Potencialidade de produção (se é possível
produzir)
・ Há muitos produtores que cultivam o
produto. ・ Possui vasta experiência em cultivo. ・ Há garantia de rendimento estável
mesmo com baixo investimento. ・ Pode-se introduzir a técnica de modo
relativamente fácil. ・ Há muita área adequada para o
cultivo. ・ Há prioridade política.
・ Há abundância de matéria-prima (pode-se
adquirir por baixo custo, de modo estável, e pode-se transformar em diversos artigos).
・ Possui técnicas de processamento. ・ Possui base e instalações de produção. ・ Possui resultados e experiências.
Potencialidade de exportação (se é possível
vender)
・ É matéria-prima diferenciada. ・ É possível garantir o fornecimento
estável da matéria-prima.
・ Possui preço competitivo (há possibilidade
de se ter preço competitivo). ・ É possível fabricar um produto
diferenciado. ・ Há mercado grande.
Capacidade de se gerar valor agregado (se é
lucrativo)
・ O produtor que produz a
matéria-prima pode ter um alto rendimento.
・ Possui alto valor agregado (é possível
aumentar a taxa de valor agregado). ・ Há capacidade de absorção de emprego (é
empresa de trabalho intensivo para beneficiar principalmente os pequenos produtores).
・ Possibilita alta sinergia às indústrias afins
e de base. ・ Pode-se minimizar a influência da
oscilação de preços. ・ Promove a criação de novas empresas.
Relatório Final
S-14
(3) Cluster agrícola prioritário
Muitas vezes são fabricados no cluster agrícola diverso artigos a partir de uma única matéria-prima, e
aproveitando-se os seus subprodutos, são criados novos artigos. Considerando-se a economia de
escopo, o fortalecimento da competitividade do cluster agrícola pelo método acima citado é mais
prático como tentativa de desenvolvimento regional e é mais aplicável como modelo de
desenvolvimento, do que escolher um produto agrícola ou artigo processado específicos para em
seguida tentar aumentar a sua produtividade ou a competitividade na exportação. Assim, será analisada
a promoção do desenvolvimento do setor de processamento agrícola por meio deste método. A tabela
4 mostra os produtos e artigos processados finais prioritários propostos para se promover o cluster
agrícola. Tabela 4 Sumário do cluster agrícola
(seleção de produtos agrícolas e produtos finais prioritários)
Indústrias afins (setor) Cluster agrícola Primária Secundária Terciária
Produto agrícolaProduto
intermediário Produto final
Ração composta
Produção de cereais, Produção pecuária
Ração composta, Derivados de leite, Produtos de carne
Materiais de produção, Armazenamento, Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição
Milho, Mandioca, Soja, etc.
Ração composta Carne de frango, Carne bovina,Derivados do leite
Verduras Produção de verduras Indústria de alimentos congelados, Indústria de enlatados e engarrafamento, Liofilização
Materiais de produção, Armazenamento,Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição
Tomate, etc. Derivados do tomate (puré, etc.) Tomate fresco
Frutas Produção de frutas, Produção de cultura perene para artesanato
Indústria de enlatados e engarrafamento, Frutas secas
Materiais de produção, Armazenamento, Transportação, Distribuição
Castanha de caju, Banana, Laranja, etc.
Bagaço, Madeira para combustível
Suco de fruta, Castanha, Frutas fresca
Madeira Silvicultura, Produção de kenaf
Manufatura, Indústria de fabricação de madeira compensada, Indústria de materiais de construção, Indústria de fabricação de móveis, Indústria de fabricação de papel
Materiais de produção, Armazenamento, Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição
Recursos florestais, Kenaf, etc.
Bagaço Móveis, Materiais de construção, Madeira compensada, Papelão
Algodão Produção de algodão Indústria de fiação, Indústria têxtil, Indústria da tintura, Indústria de corte e costura
Materiais de produção, Armazenamento, Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição
Algodão Fio de algodão, Tecido de algodão, Óleo de algodão
Fio de algodão,Tecido de algodão, Margarina
Bio combustível
Produção de cana-de-açúcar, Indústria de produção de jatrofa, Indústria de produção de eucalipto, , Indústria de produção de palmeiras
Produção de carvão Processamento de imprensa de óleo
Materiais de produção, Armazenamento, Transporte, Distribuição
Cana-de-açúcar, Eucalipto, Palmeiras, Jatrofa, etc.
Carvão Bagaço
Bio combustível
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-15
16. Organização dos Produtores
(1) Aumento da conscientização dos produtores quanto à importância da
organização
Antes de se organizar os produtores, é preciso atentar para um ponto. Não basta criar organizações. É
necessário que os próprios produtores identifiquem os desafios para o desenvolvimento, e descubram
por si mesmos que para solucioná-los, a organização é um meio eficaz, mais que os meios individuais.
Se os próprios produtores descobrirem as vantagens de uma organização por si mesmas, aumentará
neles a consciência de serem os donos dela, possibilitando o seu autodesenvolvimento duradouro.
Especialmente em Moçambique, há algumas peculiaridades, como o fracasso da Cooperativa agrícola
na época em que o país adotava o sistema socialista, o que provocou nos produtores uma aversão às
organizações, e a destruição das comunidades pela guerra civil. Assim sendo, se os futuros projetos
pretendem promover a organização dos produtores, é necessário destinar tempo suficiente para
aumentar a consciência de todos os produtores e promover a formação de líderes.
(2) Esclarecer o objetivo da formação de organizações
Para se trabalhar em grupo ou na forma de associação, tornam-se necessários, no mínimo, o
planejamento, divisão de tarefas e regras, e quem os define são os próprios produtores. Em especial, é
essencial o estabelecimento de regras. Os grupos ou associações que desenvolvem os trabalhos com
êxito são aqueles cujos membros conseguem explicar as regras do próprio grupo, e estão conscientes
das penalidades a que estão sujeitos no caso de inflação de regras ou funções. Assim, inicialmente
deve-se criar o planejamento, a divisão de tarefas e as regras básicas, para depois complementá-los à
medida que as atividades forem se desenvolvendo.
(3) Atividades de capacitação
Para se fazer a gestão e operação harmoniosas de uma organização, são essencial que a formação de
pessoal identifique líderes. Dependendo do tipo de grupo ou associação, ou seja, se é formada dentro
de uma comunidade que já existia, ou se se trata de uma nova comunidade formada pelo assentamento
ou restabelecimento da população, há diferença no modo de descobrir pessoas capazes de se tornarem
líderes. Mas o importante é descobrir alguém que preencha uma das seguintes condições. São
habilidades que um líder deve possuir, e é desejável que sejam formadas de modo consciente durante
as atividades dentro da comunidade (OJT).
Na região alvo existem muitas pessoas, especialmente acima de 30 anos, que não tiveram
oportunidade de freqüentar a escola. Essas pessoas possuem pouca capacidade de absorver novas
idéias e novos conhecimentos, e necessitam de auxílio gradual.
(4) Propostas relacionadas à entidade executora da atividade de organizar os
produtores
Para promover o desenvolvimento rural e a organização dos produtores na região alvo no futuro, e
para equilibrar o seu progresso, é importante criar um sistema que introduza de modo orgânico as
Relatório Final
S-16
vantagens das atividades tanto do MINAG como das ONGs. Para isso, é necessário realizar-se mais
estudos.
17. Equipamento da Base Produtiva
(1) Estudo de desenvolvimento dos recursos hídricos
Para se desenvolver os recursos hídricos, é necessário primeiramente fazer o estudo de verificação da
sua potencialidade de desenvolvimento na região alvo de Estudo. A verificação dos dados existentes
sobre a precipitação e o escoamento de água e o desenvolvimento da rede de observações
meteorológicas e hidrológicas, necessária para o desenvolvimento no futuro, serão realizados no
Projeto de aumento da capacidade de pesquisa, da 1ª fase deste Programa. A análise detalhada será
feita no Estudo de elaboração do Plano Diretor, no 2º estágio. O trabalho de verificação da
potencialidade dos recursos hídricos para o desenvolvimento agrário deverá ser realizado em conjunto
com a Administração Regional de Águas (ARA) Centro e Norte, responsável pela gestão dos recursos
hídricos das áreas de Estudo.
(2) Desenvolvimento do sistema de irrigação
Para se elevar a produtividade agrícola regional, é preciso fazer a irrigação complementar na estação
das chuvas, e a irrigação na estação da seca, e para tanto se planeja desenvolver sistemas de irrigação
nas regiões com potencialidade de desenvolvimento de recursos hídricos.
(3) Melhoramento das estradas agrícolas rurais
As vias principais e secundárias do Corredor de Nacala, da área de Estudo, estão sendo desenvolvidas
conforme o plano de reabilitação da Agência Nacional de Estradas (ANE) do Ministério das Obras
Públicas e Habitação. Para se promover o desenvolvimento agrário regional, com base na
agroindústria, é preciso melhorar as estradas periféricas, ou seja, as vias agrícolas e rurais, que
possibilitam o acesso da propriedade agrícola do produtor às vias principais e secundárias. Propõe-se
que as obras de reparação das vias rurais e agrícolas sejam feitas com a participação dos moradores,
pois elas são de pequena escala e os beneficiários são reduzidos.
18. Programas e Projetos de Apoio a Proposta
Com base nas medidas para alcançar os objetivos de desenvolvimento, os programas e projetos de
apoio a proposta será como seguir, a tabela 5.
S-17
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
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Relatório Final
S-18
19. Papéis das Agências da Japão, Brasil e Moçambique
A imensa área de savana tropical (cerrado) que se encontra no interior do Brasil, graças ao esforço
conjunto entre o governo brasileiro e o JICA, se tornou uma enorme zona produtora de grãos com a
implementação do projeto de cooperação agrícola (PRODECER). Este foi um dos projetos de
cooperação ao desenvolvimento (ODA) de maior envergadura do Japão. Para aproveitar esta
experiência valiosa para desenvolver a savana tropical de Moçambique é muito válida a cooperação
com o Brasil, com sua capacidade em administração de projetos, e o Japão com sua experiência na
preparação e execução de planos de desenvolvimento, para realizar este projeto.
Para a implementação do projeto de desenvolvimento do cerrado no Brasil serão enviados
especialistas brasileiros além de aproveitar toda a tecnologia acumulada ao longo dos anos da
EMBRAPA, EMATER, SENAR, CAMPO, entre outras. Além do desenvolvimento dos cerrados do
Brasil, estes órgãos possuem grande conhecimento e experiência no desenvolvimento das regiões
semi-áridas do nordeste brasileiro, que também podem ser aproveitados neste Projeto.
A EMBRAPA conta com um escritório de representação em Agra, Gana e tem experiência de
cooperação na África. Também a EMBRAPA considera a savana tropical africana como o “novo
Cerrado” e estima que tem um potencial para se tornar um grande produtor de alimentos em nível
mundial no futuro, por isso em cooperação com a FAO e o Banco Mundial já iniciou investigações no
sentido de verificar as possibilidades de adaptar a experiência do cerrado brasileiro na savana africana.
O papel do Governo de Moçambique na implementação do presente Programa será prioritariamente
exercido pelo Ministério da Agricultura que fará a coordenação de outros Ministérios e Agências
Nacionais, bem como dos órgãos governamentais locais. Além disso, o Governo de Moçambique
priorizará este Programa no âmbito das Políticas de Desenvolvimento, disponibilizando recursos
públicos e pessoal que se fizerem necessário, conferindo o necessário tratamento especial por ocasião
do acolhimento da Missão no âmbito do JBPP e dos peritos alocados para o Programa em
conformidade com o previsto no quadro da legislação moçambicana aplicável. Além disso, é
importante que o Governo Moçambicano implemente políticas públicas que podem representar
mudanças de paradigmas em termos de compromissos orçamentários e financeiros.
20. Sugestões de Métodos de Realização
Está previsto que o ProSavana-JBM seja realizado em duas fases. A primeira fase ("Fase de
Preparação do Programa") estabelecerá os modelos de Desenvolvimento Agrícola das Savanas
Tropicais em Moçambique a partir da execução de quatro projetos, por meio da Cooperação Técnica
prestada conjuntamente pelo Japão e Brasil. 1) Estudo Preliminar; a ser concluído em marco de 2010;
2) Projeto de Melhoramento das Capacidades de Pesquisa em Moçambique, deverá ter início a partir
de 2010; 3) Plano Diretor Integrado de Desenvolvimento Agrícola da Região do Corredor de Nacala
(Master Plan), deverá ter início a partir de 2011; e 4) Projeto da Criação de Modelos de
Desenvolvimento ao nível de Comunidades Rurais (Projeto Demonstrativo), que deverá ter início a
partir de 2011. Os três projetos de cooperação técnica a serem iniciados com a conclusão do Estudo
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-19
Preliminar poderiam ser implementados em paralelo e espere um efeito sinérgico por as colaborações
entre projetos. A segunda fase ("Fase de Execução do Programa"), será realizada tendo como base os
resultados da primeira fase e com a introdução da Cooperação Financeira, expandindo os Modelos de
Desenvolvimento Agrícola da Área de Abrangência da Região do Corredor de Nacala, localizada na
parte setentrional de Moçambique. Segundo o plano de execução abaixo, percebe-se que o início da
segunda fase coincide com o Programa Qüinqüenal do Governo (2015 - 2019).
Tabela 6 Plano Período de Execução
A partir da análise de informações existentes, troca de opiniões, entrevistas e visitas a campo
realizadas por técnicos do Japão e do Brasil com contrapartes de Moçambique, entende-se que a
implementação do Projeto de Melhoramento da Capacidade de Pesquisa a ter início em 2010 e do
Projeto Piloto previsto para 2011, deverá ocorrer considerando os seguintes aspectos:
• Promoção do desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivo a partir de culturas/saberes
já existentes;
• Promoção de um sistema que integre a produção, processamento e logística;
• Buscar um desenvolvimento que atenda a demandas regionais e globais;
• Desenvolver blocos de agricultura a partir da malha ferroviária existente ao longo do Corredor
para apoiar a consolidação de clusters estratégicos que contribuam de forma regional com os
desafios do Governo central;
• Implementar, na primeira fase, bases de desenvolvimento mais próximas à ferrovia e centros
de comércio, para na segunda fase prosseguir-se para locais mais distantes da ferrovia.
Tendo em vista a constatação da existência de duas regiões ao longo do Corredor de Nacala com
características do Cerrado e do Semi-Árido brasileiro, sugere-se que o Projeto-Piloto seja realizado em
duas localidades simultaneamente, onde representam essas características (Zona II e Zona IV do
zoneamento). A expectativa é a de que o projeto exerça um efeito demonstrativo na comunidade,
fazendo com que outros produtores busquem melhorar seus processos produtivos
Por outro lado, no Programa Prodecer de desenvolvimento dos cerrados, foi criada a empresa privada
binacional Brasil-Japão, CAMPO, como entidade coordenadora para executar as funções de
planejamento, coordenação e supervisão do Projeto. Portanto, para a execução deste Projeto,
propõe-se a criação de uma entidade de coordenação trinacional para promover a execução do Projeto,
a fim de diminuir o impacto que pode ser causado pela mudança do governo e a tendência econômica
de cada país. Além disso, para a realização do Projeto em Moçambique, país executor, muitos órgãos
ProSavana-JBM
Primeira Fase
1) Estudo Prelimina
2) Projeto de Melhoramento das Capacidades de
Pesquisa em Moçambique3) Plano Diretor Integrado de Desenvolvimento Agrí
cola da Região do Corredor de Nacala4) Projeto da Criação de Modelos de Desenvolvimento
ao nível de Comunidades Rurais
Segunda Fase
Execução do Programa
2010 2011 2012 2013 2018 20192014 2015 2016 2017
Relatório Final
S-20
públicos do governo central (ministérios) e governos provinciais e distritais, além de empresas
privadas e ONGs serão envolvidos. Por isso, torna-se importante que o Ministério da Agricultura de
Moçambique coordene a participação destes órgãos envolvidos de modo seguro. Se houver
necessidade, pode-se pensar em estabelecer um novo órgão com maiores poderes (por exemplo,
Empresa Pública de Desenvolvimento da Região do Corredor de Nacala).
21. Necessidades do Projeto durante a Primeira Fase
Está claro que muitos aspectos dos conhecimentos acumulados com os projetos de desenvolvimento
do cerrado e do semi-árido no Brasil podem ser aproveitados para contribuir com o aumento da
produção agrícola da savana em Moçambique. Porém, a região do cerrado brasileiro e a zona da
savana de Moçambique apresentam condições socioeconômicas bastante diferentes. Por isso, para que
o desenvolvimento agrícola na zona do corredor Nacala na savana de Moçambique possa ser realidade,
considera-se mais efetivo estabelecer em primeiro lugar “um modelo de desenvolvimento agrícola”
adequado às condições da zona para que este possa ser expandido. Por outro lado, o projeto pioneiro
de desenvolvimento do cerrado brasileiro, PROCERRADO, comprova que a cooperação técnica
aplicada em conjunto com a cooperação econômica funciona de maneira favorável.
Assim, na fase preparatória de atividades do programa que irá estruturar o “modelo de
desenvolvimento agrícola”, tanto o Japão como o Brasil irão implementar a cooperação técnica. Esta,
além de ser uma atividade preparatória para permitir a implementação eficiente e efetiva dos projetos
do programa, também é necessária para os planos estratégicos urgentes e de curto prazo. A experiência
do projeto “PRODEDER” mostra que, os “resultados de pesquisas e investigação” e a execução dos
“projetos piloto” proporcionaram resultados bastante positivos no momento da implementação do
projeto. Portanto, os seguintes projetos, que são planos estratégicos de curto prazo, serão
implementados durante a etapa preparatória do programa, correspondente a primeira fase.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-21
22. Projeto para aumentar a capacidade de investigação 1.Nome do projeto Projeto para elevar a capacidade de investigação 2. Esquema de implementação
Projeto de cooperação técnica
3. Entidade implementadora
Ministério de Agricultura / IIAM
4. Resumo do projeto (1)Objetivo superior
Ampliar a produção agrícola na zona do corredor Nacala. (2)Objetivo do projeto
Elevar a capacidade de investigação do IIAM para o projeto ProSavana-JBM. (3)Principais resultados esperados com o projeto 1)Identificação da área apropriada para a agricultura na zona do corredor Nacala. 2)Identificação da tecnologia para melhoramento do solo na zona do corredor Nacala. 3)Identificação da tecnologia adequada para os produtos a serem cultivados na zona do corredor Nacala. 4)Identificação da tecnologia adequada para os produtos pecuários na zona do corredor Nacala. 5)Identificação dos clusters estratégicos. (4)Área estimada de implementação
Zona próxima à Estação Zonal IIAM em Nampula e da estação agrária experimental de Mutuali (5)Conteúdo das atividades principais 1)Avalizar as condições de solo da zona do corredor de Nacala. 2)Coletar os dados meteorológicos da zona do corredor de Nacala. 3)Elaborar a cartografia georeferenciada GIS da zona do corredor de Nacala. 4)Considerar os clusters estratégicos. 5)Identificar os critérios de seleção da área piloto. 6)Selecionar a área piloto. 7)Avalizar a tecnologia para melhoramento do solo. 8)Experiências na produção de cultivos na zona do corredor de Nacala. 9)Identificar os produtos a serem incentivados. 10)Experiências na criação de animais na zona do corredor de Nacala.11)Identificação da criação de animais a serem incentivados. 12)Identificar dos clusters estratégicos, entre outros. 5. Conteúdo das principais contribuições (1)Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Custos do projeto
(2)Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de
equipamentos ・ Treinamento de pessoal da
contraparte no Brasil
(3)Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de terreno e
instalações ・ Custos locais do projeto
6. Período de implementação Início: Junho de 2010 Fim: Maio de 2013 (Período de duração do projeto: 3 anos) 7. Observações -
Relatório Final
S-22
23. Estudo do Projeto de Desenvolvimento Agrícola Integral na
Zona do Corredor Nacala 1.Nome do projeto Estudo para o Plano de desenvolvimento agrícola integral da zona do corredor Nacala 2. Esquema de implementação
Estudo de Desenvolvimento
3. Entidade Implementadora
Ministério de Agricultura/Ministério de Planejamento/Governos Provinciais (Nampula, Niassa, Zambezia)/Governos Distritais
4. Resumo do projeto (1) Objetivo superior
Desenvolver a economia regional na zona do corredor Nacala. (2) Objetivo do projeto
Elaboração de um Plano de desenvolvimento agrícola integral na zona do corredor Nacala (Plano Diretor) para promover o desenvolvimento regional tendo como ponto de partida a agroindústria.
(3) Principais resultados esperados com o projeto 1)Elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável relacionado com os setores agrícola, pecuário,
indústria, comércio e infraestrutura de transportes. 2)Elaboração de medidas de fortalecimento de competitividade de mercado com o aumento de produtividade
dos produtos agrícolas. 3)Elaboração de medidas para elevar o valor agregado dos produtos. 4)Elaboração de medidas para melhorar a renda dos moradores locais. 5)Elaboração de medidas para a conservação do meio ambiente. (4) Área estimada de implementação
Toda a zona próxima do corredor Nacala. (5) Conteúdo das atividades principais 1)Execução de investigação básica (condições de desenvolvimento e análise de temas dentro da área de
influência do Estudo) ・Situação de distribuição de recursos do solo ・Zoneamento de ambiente agrícola ・Fatores de impedimento ao desenvolvimento: infraestrutura (estradas, ferrovias, portos, irrigação, logística,
mercado, etc.), estrutura de produção, recursos humanos, institucionalização, finanças, etc. 2)Avaliação das políticas de desenvolvimento e identificação dos fatores de impedimento (redução da pobreza,
reativação econômica, integração econômica regional, etc.) 3)Elaboração de estrutura básica para a estratégia de desenvolvimento ・População, demanda interna, possibilidades de exportação, volume de oferta de transportes, volume de oferta de bens, etc. 4)Elaboração de proposta de estratégias de desenvolvimento ・Avaliação de projetos regionais para formação de zonas produtoras 5)Elaboração de planos de desenvolvimento (programas/projetos) ・Avaliação de prioridades de desenvolvimento ・Avaliação do sistema de implementação ・Estimativa de custo do projeto ・Elaboração do plano de execução ・Elaboração do plano de cooperação financeira 6)Avaliação do projeto, entre outros 5. Conteúdo das principais contribuições (1) Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Preparação de material e
equipamentos necessários para o Estudo
(2) Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Preparação de material e
equipamentos necessários para o Estudo
(3) Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de escritórios
para a realização do Estudo
6. Período de implementação Início: Junho de 2011 Fim: Maio de 2013 (Período de duração do projeto: 2 anos) 7. Observações -
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-23
24. Projeto de estrutura de um modelo de desenvolvimento para as
comunidades locais 1.Nome do projeto Projeto de estrutura de um modelo de desenvolvimento a nível de comunidades 2. Esquema de implementação
Projeto de cooperação técnica (Projeto Piloto)
3. Entidade implementadora
Ministério de Agricultura/Governo provincial de Nampula/Governos distritais
4. Resumo do projeto (1) Objetivo superior
Realização de projetos do ProSavana-JBM (2) Objetivo do projeto
Estruturação de diversos modelos de desenvolvimento de comunidades adequados à área de influência (3) Principais resultados esperados com o projeto 1)Identificação das condições necessárias através dos resultados de investigações para a adequação local. 2)Identificação de métodos de implementação para a extensão técnica e o treinamento de pessoal 3)Identificação da divisão de papéis entre o Ministério de Agricultura, governos provinciais e distritais, ONGs,
entre outros, dentro dos projetos de desenvolvimento das comunidades. 4)Elaboração de um modelo de desenvolvimento de comunidades. 5)Elaboração de manual de execução para cada modelo de desenvolvimento de comunidades. (4) Área estimada de implementação Província de Nampula (Zonas próximas a Nampula e Mutuali) (5) Conteúdo das atividades principais 1)Avalizar os métodos demonstrativos da metodologia de desenvolvimento do plano diretor e dos resultados das
investigações. 2)Realizar o treinamento técnico para os promotores agrícolas. 3)Realizar o seminários relacionados com projetos de desenvolvimento de comunidades, dirigidos para pessoas
relacionadas com o desenvolvimento agrícola. 4)Com a realização do projeto piloto, coletar dados e informações para permitir a seleção dos agricultores e seus
respectivos grupos. 5)Estruturar um sistema de gestão de organizações e grupos de agricultores de acordo com os objetivos das
atividades. 6)Realizar o treinamento técnico para os agricultores, os grupos de agricultores e associações. 7)Considerar os modelos de desenvolvimento de comunidades. 8)Avaliar a metodologia de execução de projetos para cada modelo de desenvolvimento de comunidades. 9)Organizar as atividades de promoção e fatores de impedimento para cada modelo de desenvolvimento para
comunidades. 10)Elaborar os manuais de cada modelo de desenvolvimento de comunidades, entre outros. 5. Conteúdo das principais contribuições (1)Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Custos do projeto
(2)Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de
equipamentos ・ Treinamento de pessoal da
contraparte no Brasil
(3)Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de terreno e
instalações ・ Custos locais do projeto
Período de implementação Início: Junho de 2011 Fim: Maio de 2014 (Período de duração do projeto: 3 anos) 7. Observações -
Relatório Final
S-24
25. Conclusão
1. O presente Relatório apresenta os resultados do “Primeiro Trabalho de Campo em Moçambique”,
iniciado em Setembro de 2009, cobrindo os 12 municípios indicados pelo Ministério da Agricultura de
Moçambique como “Região do Corredor de Nacala”. A região alvo do Estudo inclui os municípios
que se estendem no sentido norte-sul por onde passam paralelamente a Estrada Nacional 13 e os
caminhos de ferro ao longo de 600 km de extensão no eixo leste-oeste. Esta região apresenta uma rica
diversidade natural e social. Dividindo a região à grosso modo, a porção localizada a leste é uma área
semi-árida com relativamente baixa precipitação pluviométrica, com características similares à
Caatinga brasileira. Por outro lado, a porção oeste apresenta maior precipitação pluviométrica, onde na
parte externa dos 12 municípios da região alvo do Estudo, a EMBRAPA indicou que existe uma
grande extensão de terras agrícolas similar ao Cerrado com potencial para aceitar a agricultura
mecanizada.
2. O desenvolvimento agrícola na zona do corredor Nacala na savana tropical de Moçambique pode
ser obtido aproveitando-se os conhecimentos e experiências acumuladas por ocasião da execução do
projeto de desenvolvimento do cerrado brasileiro, anterior ao projeto de desenvolvimento agrícola da
savana. Com a introdução do desenvolvimento agrícola semelhante se espera conseguir o
desenvolvimento econômico da zona do corredor de Nacala e assim garantir a segurança alimentar,
aliviar a pobreza e elevar a renda das famílias agricultoras da região abrangida pelo projeto. Também
será possível contribuir para os “Objetivos do Milênio das Nações Unidas” (ODM), que busca
erradicar a extrema pobreza e a fome em nível mundial. Baseado nos resultados deste programa em
um plano futuro será possível contribuir para a promoção do desenvolvimento local das comunidades
agrícolas e a agricultura dentro da savana tropical africana, e assim contribuir para o desenvolvimento
econômico da África e consequentemente para a segurança alimentar a nível mundial. Esses dados
avalizam e denotam a extrema importância do ProSavana-JBM, e a importância de sua implementação
no menor prazo possível.
Porém, não se conta com informação detalhada suficiente sobre as condições naturais e
socioeconômicas da zona do corredor Nacala, assim como das atividades econômicas existentes.
Como conseqüência do resultado da experiência acumulada tanto pelo Japão como pelo Brasil através
da realização do projeto de desenvolvimento do cerrado, consideramos necessário realizar
investigações necessárias para que o programa possa materializar-se em projetos, com a execução de
projetos piloto e paralelamente elaborar um plano de desenvolvimento adequado.
3. A parte Brasileira (EMBRAPA), com base nos resultados de seus próprios Estudos, fez as
recomendações abaixo para o desenvolvimento agrícola da região do Corredor de Nacala, na etapa
final do Estudo.
1) O presente “Estudo Preparatório” teve como região alvo do Estudo a região ao longo da Estrada
Nacional 13, nas Províncias de Nampula, Niassa e Zambézia. Entretanto, nessa região a) não
existe terras agrícolas onde se pratica agricultura de grande escala; e b) não há terras similares ao
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-25
do Cerrado (à exceção da agricultura comercial de pequeno porte praticada na região sudeste da
Estrada Nacional 13).
Esses aspectos, levando em conta a meta de desenvolvimento agrícola voltado ao mercado nessa
região limitada, acaba por levantar 2 temas que devem ser considerados. Estes são: a) os recursos
genéticos (sementes) voltados para a agricultura comercial que o Brasil pode fornecer e que
podem ser aplicados imediatamente na região são limitados; e assim, b) é mais indicado (por
certo tempo) visar a melhoria da renda através do aumento da produtividade dos produtos
agrícolas atualmente cultivados pelos agricultores de pequeno e médio porte espalhados pela
região.
2) Por outro lado, a equipe de pesquisadores da EMBRAPA confirmou a existência de solos
similares ao do Cerrado numa extensão de cerca de 6,4 milhões de hectares a Noroeste do
Corredor de Nacala nas províncias do Niassa e de Nampula. Estes solos similares ao do Cerrado
se estendem por apenas 12% da região alvo do Estudo indicada em 1). (Os 88% restantes estão
espalhados fora da região alvo do Estudo de 12 municípios ao longo da Estrada Nacional 13).
A distribuição destes 6,4 milhões de hectares é apresentada na Figura abaixo.
3) Assim, a parte Brasileira (EMBRAPA) considera importante que, além do “apoio à melhoria da
renda dos agricultores de pequeno e médio porte” ao longo da Estrada Nacional 13 da região alvo
deste Programa, se deve incluir a área (de 6,4 milhões de hectares) indicada acima em 2) que
permite o “investimento agrícola em escala comercial”.
Fonte: Apresentação: Material apresentado pelo Presidente da EMBRAPA no “Simpósio Internacional” (17/3)
Relatório Final
S-26
Essa nova Proposta foi posteriormente também apoiada pelo Ministério da Agricultura de
Moçambique. Em resposta a isso, no dia 18 de Março de 2010, a “Ata das Discussões” (em
Anexo) foi assinada pelas três partes (Vice Presidente da JICA, Diretor da ABC e Ministro da
Agricultura de Moçambique) com essa proposta de região alvo do Estudo. O conteúdo do item
8.2, 5) “Proposta do método de implementação da Primeira Fase” foi elaborado neste contexto.
26. Recomendações
(1) Recomendações Gerais com relação ao ProSavana-JBM
1) Importância da elaboração de um Plano para projetos considerando a
conservação do meio ambiente e a execução dos mesmos
Com relação ao desenvolvimento agrícola, é comum afirmar que intervenções excessivas causam a
desertificação dos terrenos agrícolas. Por outro lado, para que os projetos de desenvolvimento possam
ser aceitos atualmente, eles devem contribuir para a conservação do meio ambiente global. Por isso, as
considerações ao meio ambiente devem ser prioritárias e a conservação da biodiversidade é condição
prévia para o desenvolvimento. Considerando a experiência do projeto PRODECER, no qual em seus
períodos iniciais não foi dada a devida atenção para este aspecto, na elaboração do presente projeto de
desenvolvimento será importante aplicar de forma ativa medidas para a conservação do meio ambiente.
Para prevenir o uso indiscriminado de uso do solo (desenvolvimento) é importante avaliar
urgentemente o zoneamento e estabelecer claramente a demarcação das áreas protegidas e das áreas de
desenvolvimento, assim como estabelecer os objetivos de desenvolvimento.
2) Importância do desenvolvimento de recursos humanos
A luta pela independência e posteriores conflitos internos em Moçambique trouxeram como
conseqüência a deficiência de recursos humanos adequados em diversos setores, principalmente no
que se refere aos especialistas de desenvolvimento agrícola e promotores responsáveis pela extensão
técnica. Assim, para que os projetos de desenvolvimento possam ser devidamente gerenciados e
executados, é indispensável elevar a capacidade de todas as pessoas envolvidas no processo. Por isso,
a formação de recursos humanos deve ser considerada como um componente extremamente
importante desde a etapa de preparação do programa. Porém, esperar os resultados da formação de
pessoal para posteriormente iniciar a execução de projetos não é a maneira mais eficiente de
implementação, portanto é desejável priorizar o quanto antes atividades que não dependem
exclusivamente de pessoal qualificado e realizar a formação de pessoal qualificado de forma paralela.
3) Importância da coordenação entre as entidades relacionadas
A execução efetiva do programa envolve diversos órgãos dos setores públicos do governo central
através dos seus ministérios, dos governos provinciais e distritais, como também do setor privado
através de empresas, ONGs, etc. Para que o Ministério de Agricultura de Moçambique possa
implementar os programas de forma eficiente é necessário garantir uma coordenação efetiva entre
todas estas diversas entidades. Conforme a necessidade, deve-se considerar a criação de uma entidade
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-27
coordenadora. Como os beneficiários diretos com a implementação do projeto será a população local é
preciso que os representantes locais participem ativamente nos programas dos governos provinciais e
locais. Além do mais, estas instituições devem realizar esforços para elevar a capacidade e formar
pessoal que possa gerenciar estes projetos, sendo necessário também prestar apoio com assistência
técnica e provisão de matérias e equipamento.
4) Importância de um apoio integral
As estratégias de desenvolvimento e apoio deste programa devem dar-se com o consenso entre os três
países envolvidos e o apoio em obras de infraestrutura, institucionalização e a formação de recursos
humanos deverá ser promovido de acordo com este consenso. O apoio das partes do Japão e do Brasil
se dará na forma de cooperação técnica, cooperação financeira não reembolsável e cooperação
financeira reembolsável sendo que as atividades de voluntários e da ODA deverão ser coordenadas a
fim de se aproveitar ao máximo o efeito multiplicador da ajuda, pelo que é importante desenvolver um
apoio integral. Por outro lado, o governo de Moçambique deve avaliar a forma de buscar outras fontes
de financiamento como a cooperação bilateral de outros países e outras instituições internacionais,
uma vez que os recursos do erário nacional para a execução do programa são bastante limitados.
5) Proposta da criação de uma entidade coordenadora para o Programa
É importante que este programa de cooperação trilateral seja implementado dentro de uma relação de
igualdade entre os três países. Foram criados grupos de trabalho que atualmente vêm realizando suas
atividades dentro de cada país e que por sua vez funcionam como elos de comunicação entre os três
países. Durante a execução efetiva deste programa, para que possa haver uma compreensão mútua
mais próxima e para que a cooperação possa funcionar de forma efetiva e eficiente propomos a criação
de uma entidade coordenadora para executar o ProSavana-JBP em Moçambique. Para tanto, pode-se
tomar como referência as ações para a criação da empresa CAMPO, dentro do projeto
PROCERRADO para o desenvolvimento do cerrado.
6) Promoção ativa da participação da cidadania
Como pode ser comprovado não somente pelo desenvolvimento do cerrado, os recursos públicos para
o desenvolvimento regional são limitados, assim é importante promover a participação do capital
privado, seja este nacional ou estrangeiro. Para isto, é importante considerar que o setor privado é o
ator principal para o crescimento econômico, sendo necessário ir além da relação existente de governo
a governo dentro da ODA e promover a participação ativa do setor privado, para que este possa
contribuir para o desenvolvimento africano.
(2) Recomendações para a Primeira Fase (Etapa Preparatória do Programa)
1) Importância do envio de um especialista em coordenação em uma fase inicial
Para a primeira fase do Programa está programada a execução do projeto de cooperação técnica a
partir de 2010. Para que estes projetos de cooperação técnica possam ser executados de forma
harmoniosa, é importante enviar logo um especialista em coordenação para o departamento
Relatório Final
S-28
responsável pelo programa dentro do Ministério de Agricultura que possa realizar a coordenação
necessária para dar início aos projetos.
2) Importância da organização da informação básica
Para que o Programa possa ser implementado sem contratempos é indispensável reunir todas as
informações relacionadas com as condições naturais (meteorológicas, recursos hidráulicos e de solo,
mapa topográfico, etc.), condições sócias (especialmente o registro de posse de terra, uso de solo
atualizado, etc.) e ferramentas úteis para a elaboração do plano de desenvolvimento (SIG, Sistema de
Informação Geográfica, etc.) durante a fase preparatória. Existe a necessidade de avaliar se estas
atividades serão executadas dentro dos projetos de cooperação técnica (especialmente o Estudo de
Desenvolvimento), ou de forma individual.
3) Importância do desenvolvimento regional baseado no zoneamento
A zona do corredor Nacala abrangida pelo Estudo tem uma extensão aproximada de 600 km de leste a
oeste e é marcada pela diversidade no tocante às condições naturais e socioeconômicas, de
infraestrutura social e também há uma diversidade cultural entre as diversas comunidades. Por isso, ao
se elaborar o Plano de desenvolvimento, é importante considerar estas diferenças intra-regionais. Para
isso, é importante aplicar a metodologia de zoneamento considerando o entorno agrícola.
4) Importância da coordenação com o projeto de cooperação técnica
EMBRAPA-USAID
O conteúdo detalhado do projeto conjunto entre a EMBRAPA e a USAID a ser executado junto ao
IIAM “Projeto de Assistência Técnica Básica para o Desenvolvimento Agropecuário em
Moçambique” deve se tornar mais claro no decorrer do tempo. É importante que sejam realizados
ajustes entre os três países para evitar a duplicidade de atividades com o presente programa. Para isso
os termos de referência devem ser discutidos entre as três partes para que as funções de cada parte
sejam claramente definidas. Nos termos de referência devem estar especificados o desejo de
cooperação tanto do Brasil como do Japão, dando a devida importância para que a entidade executora
do projeto efetue a coordenação de forma ativa.
A proposta do plano de ação do projeto de assistência técnica da EMBRAPA e USAID é como se
descreve a seguir;
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-29
Atividades Início Término
1. Elaboração de anteprojeto técnico para fortalecimento em infra-estrutura das
estações de Nampula, de Sussundenga e Posto Agronômico de Mutuali. 03/2010 07/2010
2. Elaboração de anteprojeto para implantação e aparelhamento do laboratório
de solos de Maputo e de um Centro de Ciências do Solo em Nampula 05/2010 12/2010
3. Geração de mapas das propriedades agronômicas dos solos nas zonas do
entorno do Corredor de Nacala, entre os paralelos 13ºs e 17ºs. 02/2010 03/2010
4. Realização de estudos das propriedades agronômicas de rochas calcárias e
fosfatadas no corredor de Nacala 04/2010 12/2010
5. Elaboração de anteprojeto projeto para adensamento da coleta de dados
climáticos no entorno do Corredor de Nacala. 03/2010 07/2010
6. Planejamento de ações complementares ao projeto da AGRA em fertilidade
dos solos e nutrição de plantas nas regiões de Nampula e Zambézia. 05/2010 12/2010
7. Planejamento e elaboração de projeto técnico para aparelhamento de
Unidade de Produção de Sementes Básicas do IIAM.
8. Planejamento e elaboração de projeto técnico visando implantar e aparelhar
laboratórios de análise de sementes em Nampula e Chimoio. 05/2010 12/2010
9. Planejar e elaborar e apoiar a execução de projetos piloto de comunicação e
transferência de tecnologia nos centros zonais de Nampula e Chimoio. 03/2010 05/2010
Segundo a EMBRAPA, atualmente está sendo feita a coordenação entre a EMBRAPA e a USAID para
a demarcação de regiões onde, na região do Corredor de Nacala a cooperação será feita com o Japão e
nas outras regiões com a cooperação da USAID
5) Proposta do método de implementação da Primeira Fase
Na fase final do presente Estudo, a parte Brasileira, considerando os resultados do Estudo trilateral,
apresentou uma nova proposta de método de execução. Seu conteúdo é construtivo, refletindo o
Capítulo 7 “Avaliação da Primeira Fase do Projeto”, mas não foi possível esgotar as discussões sobre
seu conteúdo devido à limitação do tempo. Por esse motivo, no dia 18 de Março de 2010 a “Ata das
Discussões” foi assinada pelas Três Partes (Vice Presidente da JICA, Diretor da ABC e Ministro da
Agricultura de Moçambique) (em Anexo) onde se inclui essa proposta como tema a ser considerado
pelo Grupo de Trabalho.
<Resumo do Conteúdo da Proposta da parte Brasileira> 1o. Passo 2o. Passo 3o. Passo
「Projeto 1」
Estabelecimento do Centro de
Desenvolvimento de Técnicas
Agropecuárias
「Projeto 2」
Estabelecimento dos módulos
do Projeto Piloto
Seleção da região alvo
do programa
ProSAVANA
(Servir de base para a
seleção das áreas de
atividade do 2o.
Passo)
As atividades são desenvolvidas simultaneamente.
Respeito ao sistema de concordância de todas as partes envolvidas.
Servirá como material de base para a elaboração da proposta
prática do 3o. Passo.
「Projeto 3」
Programa de
Desenvolvimento
Geral
Meta estipulada para
3 anos após o início
do 2o. passo
A etapa 1 consiste na seleção, identificação e demarcação e proteção legal da região de implantação do
programa ProSAVANA.
Relatório Final
S-30
A etapa 2 se referente a execução de dois projetos de cooperação técnica que teriam execução
simultânea e concomitante;
- Projeto 1, focado no apoio ao desenvolvimento de centros de inovação agropecuária;
- Projeto 2, Projeto Piloto visando desenvolvimento de uma área demarcada na região
identificada para a execução do Programa. Ambos projetos teriam atividades co-relatas, sendo
que os resultados obtidos subsidiariam a tomada de decisões recíprocas.
A etapa 3 terá como objetivo a implantação de um plano de desenvolvimento agrícola na região
demarcada na Etapa 1. Sua elaboração terá início a partir dos primeiros resultados na Etapa 2.
ETAPA 1: ETAPA DE DEFINIÇÕES MACRO
• Objetivo
Esta etapa terá por finalidade o diagnóstico para a Seleção da área de implantação do ProSAVANA
e sua conseqüente demarcação.
• Atividades
1. Identificação dos critérios de seleção da região onde será implementado o ProSAVANA.
Escolha dos critérios geopolíticos, Edafoclimaticos, socioeconômicos e socioambientais.
2. Identificação e demarcação da região do ProSAVANA, em função dos critérios previamente
estabelecidos.
3. Medidas legais para proteção e acesso às regiões reservadas ao ProSAVANA, visando a
implementação do programa nas etapas subseqüentes.
• Resultados
1. Região do Programa identificada, demarcada segundo critérios de seleção estabelecidos
2. Área protegida legalmente e acessível a implementação do programa ProSAVANA.
3. Os resultados das atividades desta etapa subsidiarão as decisões a serem tomadas nas Etapas
subseqüentes. Parceiros: MINAG, ABC, JICA
ETAPA 2: PROJETOS DE COOPERAÇÃO TÉCNICA
- Projeto de Cooperação Técnica 1
- Modulo Desenvolvimento de Centro de Pesquisa e Tecnologia
• Objetivo
Transformar uma estação experimental do IIAM na região do Projeto Piloto em um Centro
Tecnológico Regional, que será formado por um módulo dedicado à pesquisa, um dedicado à
extensão e um destinado à capacitação de recursos e treinamento.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
S-31
• Atividades
1. Fortalecer a capacidade de pesquisa e desenvolvimento. As áreas prioritárias seriam: Análise de
solos e levantamento de capacidade de uso do solo, Seleção de variedades de produtos eleitos
no projeto, Tecnologia de produção de sementes, zoneamento agro ecológico, processamento
agroindustrial dos produtos eleitos no projeto. Parceiros: EMBRAPA e IIAM
2. Fortalecer a capacidade de extensão e assistência técnica na área do Piloto. Transferência de
tecnologia e Extensão rural. Parceiro: EMATER e IIAM
3. Capacitar e treinar técnicos na área do Piloto. Parceiro SENAR e IIAM
• Resultados
1. Consolidação de um centro tecnológico.
2. Suporte nas atividades pesquisa, extensão e capacitação para execução do Projeto piloto.
- Projeto de Cooperação Técnica 2
- Módulo de Projeto Piloto
• Objetivo
Desenvolvimento de Projeto Agrícola em uma área piloto na região previamente estabelecida na
Etapa 1. O Projeto Piloto visa o desenvolvimento da região através da melhoria da produção
agrícola, transferência e implantação de tecnologia de processamento agro-industrial e
desenvolvimento da comercialização de produtos agrícolas.
• Atividades
1. Proposta de modelo de ocupação da área (grande, médios, familiares). Definição da
porcentagem dos respectivos modelos na área piloto. Parceiro: MINAGRI.
2. Discussão e validação do modelo na área selecionada. Deverá estar e consonância com as
conclusões da Etapa 1. Parceiros: ABC, JICA, MINAG.
3. Desenvolvimento de critérios de seleção da área piloto dentro da área maior do ProSAVANA.
Parceiros: EMBRAPA, EMATER, MINAG.
4. Seleção da área piloto, em função dos resultados obtidos na atividade anterior. Parceiros:
MINAGRI, JICA,ABC.
5. Identificação das comunidades na região do Projeto Piloto, em função dos critérios
sócio-ambientais estabelecidos na Etapa1. Parceiros: MINAGRI,JICA,ABC.
6. Proposta de zoneamento ambiental da área piloto. Parceiros: MINAGRI, JICA, ABC,
EMBRAPA.
7. Proposta de modelo agrícola ou pecuário dos módulos, incluindo a dimensão sócio ambiental.
Nesta atividade seria indicada uma equipe técnica qualificada no diagnóstico de aspectos sócio
econômicos. Parceiros: MINAGRI, JICA,ABC, EMBRAPA, EMATER.
Relatório Final
S-32
8. Proposta de infraestrutura sócia econômica para a área do Piloto (Transporte, comunicações,
comércio, saúde educação). Parceiros: JICA, MINAGRI.
9. Proposta de acesso a crédito e insumos. Esta proposta dará suporte à execução do Projeto piloto,
facilitando o acesso à crédito e insumos agrícolas. Parceiros: MINAGRI, ABC e JICA.
10. Proposta de apoio e incentivos para a participação do setor privadas e cooperativas. Parceiros:
MINAGRI, ABC e JICA.
11. Transferência e adaptação de pacotes tecnológicos apropriados à área. Parceiros: MINAGRI,
JICA, ABC, EMBRAPA..
12. Suporte a assistência técnica e extensão agropecuária na área do Projeto Piloto. Parceiros:
MINAGRI, JICA, ABC, EMATER.
13. Suporte a capacitação e treinamento na área do Projeto Piloto. Parceiros: MINAGRI,JICA, ABC,
SENAR
ETAPA 3: DESENVOLVIMENTO PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA REGIONAL -
• Objetivo
Estender a área de desenvolvimento regional estabelecida no Modulo Piloto (Projeto Piloto, Etapa
2) para a região do ProSavanas previamente delimitada na Etapa 1.
• Atividades
1. Elaboração do plano de desenvolvimento da região selecionada
2. Esta etapa deverá ser iniciada entre os 36-60 meses após o início de execução do Projeto Piloto.
Os resultados obtidos na Etapa 2 subsidiarão as decisões das serem adotadas nesta etapa.
• Resultados
1. Desenvolvimento de um Plano agrícola integrado na região demarcada na Etapa 1.
2. Transferência e adoção de novas tecnologias.
3. Desenvolvimento de mercado agrícola interno e de exportação.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
-i-
Índice
MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DO ESTUDO
RESUMO
ÍNDICE
ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS
ABREVIATURAS
página
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1 Antecedentes e Objetivo do Estudo .................................................................................. 1-1
1.1.1 Antecedentes do Estudo ............................................................................................ 1-1
1.1.2 Objetivo do Estudo ................................................................................................... 1-2
1.2 Área do Estudo.................................................................................................................. 1-2
1.3 Período e Alcance do Estudo ............................................................................................ 1-2
1.4 Instituições Contrapartes ................................................................................................... 1-3
1.5 Membros da Equipe do Estudo ......................................................................................... 1-4
CAPÍTULO 2 SITUAÇÃO E TEMAS DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO EM MOÇAMBIQUE
2.1 Posição do Setor Agrário na Economia Nacional .............................................................. 2-1
2.2 Tendência de Produção do Setor Agrário .......................................................................... 2-2
2.2.1 Tendência da Produção dos Principais Produtos ....................................................... 2-2
2.2.2 Nível de Produtividade dos Principais Produtos......................................................... 2-4
2.2.3 Situação do Consumo de Alimentos........................................................................... 2-5
2.2.4 Valor da Produção Agropecuária ................................................................................ 2-7
2.2.5 Situação das Exportações e Importações .................................................................. 2-8
2.3 Diretrizes das Estratégias de Desenvolvimento Agrário .................................................. 2-12
2.3.1 Diretrizes das Estratégias de Desenvolvimento Agrário ......................................... 2-12
2.3.2 Políticas Agrárias...................................................................................................... 2-14
2.3.3 Entidades Governamentais e Relacionadas............................................................. 2-17
2.3.4 Política de Posse de Terra........................................................................................ 2-19
2.3.5 Registro de Terras .................................................................................................... 2-19
2.3.6 Considerações Ambientais ....................................................................................... 2-20
2.3.7 Financiamento Agrário.............................................................................................. 2-21
Relatório Final
-ii-
CAPÍTULO 3 SITUAÇÃO E TEMAS DA ZONA DO CORREDOR DE NACALA
3.1 Situação da Zona do Corredor de Nacala ......................................................................... 3-1
3.1.1 Visão Geral do Corredor............................................................................................. 3-1
3.1.2. Condições Naturais .................................................................................................... 3-2
3.1.3 Situação Socioeconômica ........................................................................................ 3-16
3.1.4 Situação do Uso de Terra ......................................................................................... 3-22
3.1.5 Situação do Cadastro de Terras da Província de Nampula ...................................... 3-24
3.1.6 Infra-estrutura........................................................................................................... 3-25
3.2 Orientação a ser Tomada pela Administração Local e Estratégia de Desenvolvimento . 3-28
3.2.1 Descentralização e Administração Local .................................................................. 3-28
3.2.2 Política de Desenvolvimento a Nível Provincial........................................................ 3-30
3.2.3 Políticas de Desenvolvimento Distrital .................................................................... 3-33
3.2.4 Informação Sobre Remanescentes de Minas Antipessoais .................................... 3-33
3.3 Papel Econômico do Setor Agrícola ................................................................................ 3-33
3.4 Produção dos Principais Produtos Agropecuários e Evolução de Preços ..................... 3-34
3.4.1 Número de Famílias Agricultoras e Tamanho das Propriedades ............................ 3-34
3.4.2 Direito do Uso e Aproveitamento da Terra .............................................................. 3-35
3.4.3 Papel Econômico do Setor Agrícola ......................................................................... 3-35
3.4.4 Situação da Produção Agrícola por Zonas e Sistema de Produção ....................... 3-37
3.4.5 Pesca em Águas Internas ........................................................................................ 3-41
3.4.6 Pecuária ................................................................................................................. 3-42
3.4.7 Sivicultura................................................................................................................. 3-43
3.4.8 Irrigação ................................................................................................................... 3-43
3.5 Tendência de Preços e Cadeia de Valor.......................................................................... 3-45
3.5.1 Tendência de Preços das Principais Colheitas Alimentares ..................................... 3-45
3.5.2 Cadeia de Valor ........................................................................................................ 3-47
3.6 Agroindústria .................................................................................................................. 3-48
3.6.1 Situação do Progresso da Agroindústria .................................................................. 3-48
3.6.2 Situação Operacional das Agroindústrias ............................................................... 3-49
3.7 Situação dos Serviços de Apoio à Agricultura ................................................................ 3-54
3.7.1 Investigações .......................................................................................................... 3-54
3.7.2 Extensão .................................................................................................................. 3-60
3.7.3 Associações de Agricultores..................................................................................... 3-62
3.7.4 Financiamento Rural ................................................................................................ 3-66
3.8 Situação das Atividades das Entidades de Apoio .......................................................... 3-67
3.9 Temas do Setor da Agricultura e Temas do Desenvolvimento Agrícola ........................... 3-70
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
-iii-
CAPÍTULO 4 A PEQUENA AGRICULTURA NO BRASIL E AS POSSIBILIDADES DE
APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO CERRADO
4.1 Visão Geral do Cerrado ................................................................................................... 4-1
4.1.1 O Que é o Cerrado ................................................................................................... 4-1
4.1.2 História de Desenvolvimento Agricola dos Cerrrados ................................................ 4-1
4.1.3 Linhas Gerais do Projeto PRODECER....................................................................... 4-2
4.1.4 Características do Projeto PRODECER..................................................................... 4-3
4.1.5 Cooperação Técnica e Pesquisas Conjuntas............................................................. 4-4
4.2 Situação da Gestão Agrícola e Produção dos Pequenos Produtores .............................. 4-6
4.2.1 Situação dos Pequenos Produtores Agrícolas no Brasil ........................................... 4-6
4.2.2 Custo de Produção de Hortaliças ............................................................................. 4-7
4.2.3 Situação do Mercado e da Gestão Agrícola ............................................................. 4-8
4.3 Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar....................................................... 4-10
4.3.1 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar................................. 4-10
4.3.2 Programa de Aquisição da Agricultura Familiar........................................................ 4-12
4.4 Medidas de Preservação do Meio Ambiente do Cerrado Brasileiro................................. 4-13
4.4.1 Situação Corrente e o Desenvolvimento do Cerrado Brasileiro ............................... 4-13
4.4.2 As Medidas de Preservação do Meio Ambiente ....................................................... 4-14
4.5 Atividades dos Órgãos Envolvidos .................................................................................. 4-15
4.5.1 EMBRAPA ................................................................................................................ 4-15
4.5.2 EMATER-DF............................................................................................................. 4-22
4.5.3 SENAR..................................................................................................................... 4-27
4.5.4 Principais Organizações Relacionadas .................................................................... 4-31
CAPÍTULO 5 POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO
CERRADO NO DESENVOLVIMENTO DO CORREDOR DE NACALA
5.1 Semelhanças e Diferenças entre a Região do Cerrado e do Corredor de Nacala ............ 5-1
5.2 Possibilidades de Aplicação dos Resultados do Desenvolvimento do Projeto
Cerrado no Desenvolvimento do Corredor de Nacala ....................................................... 5-2
5.2.1 Utilização das Técnicas Agrícolas Aprendidas no Desenvolvimento do Cerrado ....... 5-2
5.2.2 Efeitos do Desenvolvimento Aprendidos com o Desenvolvimento do Cerrado .......... 5-4
Relatório Final
-iv-
CAPÍTULO 6 DIRETRIZES DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO NA ÁREA DO CORREDOR
DE NACALA (SAVANA TROPICAL) ATRAVÉS DA COOPERAÇÃO
TRILATERAL
6.1 Razão do Desenvolvimento Agrário na Área do Corredor de Nacala (Savana Tropical) ... 6-1
6.1.1 Peculiaridades da Agricultura Local e Necessidade do Desenvolvimento ................. 6-1
6.1.2 Possibilidade de Aumento da Produção Agrícola ..................................................... 6-2
6.1.3 Impacto Econômico do Setor de Processamento Agrícola......................................... 6-3
6.2 Objetivos e Orientações do Plano de Desenvolvimento.................................................... 6-4
6.2.1 Objetivos de Desenvolvimento ................................................................................... 6-4
6.2.2 Zoneamento da Região Alvo ...................................................................................... 6-7
6.2.3 Objetivo do Desenvolvimento Rural (Direção do Desenvolvimento) ........................ 6-10
6.3 Considerações das Medidas para a Concretização da Objetivo de Desenvolvimento .... 6-11
6.3.1 Aumento da Podutividade Agrícola .......................................................................... 6-11
6.3.2 Promoção do Processamento Agrícola .................................................................... 6-17
6.3.3 Organização dos Produtores.................................................................................... 6-21
6.3.4 Equipamento da Base Produtiva .............................................................................. 6-26
6.4 Papéis das Agências da Japão, Brasil e Moçambique .................................................... 6-29
6.5 Sugestões de Métodos de Realização ............................................................................ 6-30
CAPÍTULO 7 AVALIAÇÃO DA PRIMEIRA FASE DO PROJETO
7.1 Necessidades do Projeto Durante a Primeira Fase........................................................... 7-1
7.2 Projeto para Aumentar a Capacidade de Investigação...................................................... 7-1
7.3 Estudo do Projeto de Desenvolvimento Agrícola Integral na Zona do Corredor Nacala.... 7-2
7.4 Projeto de Estrutura de um Modelo de Desenvolvimento para as Comunidades Locais .. 7-4
CAPIÍTULO 8 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
8.1 Conclusão.......................................................................................................................... 8-1
8.2 Recomendações................................................................................................................ 8-1
Apêndice-1: Memorandum de Entendimento
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
-v-
Índice de Tabelas
página
Tabela 1.1.1 Alcance do Estudo ................................................................................................... 1-3
Tabela 2.1.1 Principais Indicadores Econômicos.......................................................................... 2-1
Tabela 2.2.1 Evolução da Produção dos Principais Alimentos...................................................... 2-3
Tabela 2.2.2 Evolução da Produção Agrícola para a Agroindústria .............................................. 2-3
Tabela 2.2.3 Situação da Rodução de Pequenos Produtores dos Principais Cultivos por
Província (2007) ....................................................................................................... 2-4
Tabela 2.2.4 Comparação do Volume de Consumo de Alimentos per Capita............................... 2-6
Tabela 2.2.5 Volume de Consumo Calórico .................................................................................. 2-7
Tabela 2.2.6 Produtos Agropecuários de Acordo com o Valor (2007) ........................................... 2-8
Tabela 2.2.7 Valor dos Principais Produtos de Exportação (2008) ............................................... 2-9
Tabela 2.2.8 Volume Importado dos Principais Alimentos por Cidade ........................................ 2-10
Tabela 2.3.1 Projeção do Volume de Mercado e Plano de Produção dentro da Estratégia da
Revolução Verde .................................................................................................... 2-16
Tabela 3.1.1 Área da Região de Estudo (km2) .............................................................................. 3-2
Tabela 3.1.2 Classificação de Solos do o Ponto de Vista Agroecológico em Moçambique ........ 3-10
Tabela 3.1.3 Conflitos que Ocorrem em Distritos e Áreas Próximas ao Corredor de Nacala ..... 3-13
Tabela 3.1.4 Resumo das Condições Agrícolas na Àrea do Estudo ........................................... 3-16
Tabela 3.1.5 Área e População da Zona do Corredor de Nacala................................................ 3-17
Tabela 3.1.6 População da Área de Estudo (1/1/2005)............................................................... 3-17
Tabela 3.1.7 PIB Regional e PIB per Capita na Zona do Corredor de Nacala ............................ 3-18
Tabela 3.1.8 Taxa de Alfabetização de Adultos na Região Alvo (2008) ...................................... 3-19
Tabela 3.1.9 Volução do Número de Salas de Aula e Alunos no EP1 e EP2 da Província de
Nampula (2005 a 2009).......................................................................................... 3-20
Tabela 3.1.10 Instalações de Saúde ............................................................................................. 3-20
Tabela 3.1.11 Cadastro de Terras (não cadastradas) da Província de Nampula (km2)................. 3-24
Tabela 3.1.12 Cadastro de Terras de Grandes Áreas da Província de Nampula.......................... 3-25
Tabela 3.1.13 Cargas Movimentadas no Porto de Nacala ............................................................ 3-26
Tabela 3.2.1 Proposta de Orçamento da Direcção Provincial da Agricultura (2010)................... 3-30
Tabela 3.2.2 Nampula em Números Socioconômicos................................................................. 3-31
Tabela 3.2.3 Programa de Nampula ........................................................................................... 3-32
Tabela 3.2.4 Indicadores da Estratégia de Desenvolvimento da Província de Niassa................ 3-32
Tabela 3.3.1 Produção Provincial Total e Proporção de Cada Setor (2008) ............................... 3-34
Tabela 3.4.1 Número de Agricultores por Área de Terreno e Área Media das Propriedades...... 3-35
Tabela 3.4.2 Evolução da Produção dos Principais Produtos Agrícolas ..................................... 3-36
Relatório Final
-vi-
Tabela 3.4.3 Situação da Produção de Alimentos por Zona (2006/2007) ................................... 3-37
Tabela 3.4.4 Situação da Produção de Colheitas para a Indústria por Zonas............................. 3-38
Tabela 3.4.5 Número de Famílias que Possuem Tanque de Cultivo e Produtores que Cultivam
Peixe por Distrito.................................................................................................... 3-42
Tabela 3.4.6 Produção Pecuária Separada por Classe de Pecuarista........................................ 3-43
Tabela 3.4.7 Silvicultura .............................................................................................................. 3-43
Tabela 3.5.1 Porcentagem de Produtos Enviados ao Mercado por Alimentos (%)..................... 3-46
Tabela 3.5.2 Cadeia de Valor dos Principais Cultivos (em Outubro de 2009) ............................. 3-47
Tabela 3.6.1 Situação da Evolução das Agroindústrias na Província de Nampula ..................... 3-49
Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (1).............................................................................. 3-51
Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (2) ............................................................................ 3-52
Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (3).............................................................................. 3-53
Tabela 3.7.1 Sumário das Estações e Postos Agrários da Região Alvo de Estudo .................... 3-57
Tabela 3.7.2 Funcionários do IIAM.............................................................................................. 3-69
Tabela 3.7.3 Número de Extensionistas por Distritos da Área do Projeto................................... 3-61
Tabela 3.8.1 Ações de Apoio dos Principais Cooperantes na Região do Corredor Nacala ........ 3-67
Tabela 3.8.2 Ações de Apoio das ONGs na Região do Corredor Nacala ................................... 3-69
Tabela 3.9.1 Temas y Fatores de Impedimento para o Desenvolvimento Agrícola (aumento
da produção) .......................................................................................................... 3-71
Tabela 4.1.1 Principais Projetos da Cooperações Técnicas e Financeiras de Nipo-brasileira
na Área de Cerrado.................................................................................................. 4-6
Tabela 4.2.1 Custo de Produção dos Principais Produtos ............................................................ 4-8
Tabela 4.2.2 Situação da Gestão Agrícola dos Pequenos Produtores.......................................... 4-9
Tabela 4.2.3 Situação da Gestão Agrícola de Médios Produtores .............................................. 4-10
Tabela 4.3.1 Modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar ...... 4-12
Tabela 4.5.1 Estimativa de Alteração de Terras Adequadas para os Principais Produtos
Cultivados no Brasil, Causada pelo Aquecimento Global....................................... 4-17
Tabela 4.5.2 Seminários de Treinamento em Institutos da EMBRAPA que Tiveram
Participantes Moçambicanos (Treinamentos desde 2004) ..................................... 4-20
Tabela 4.5.3 Programa de Cursos do SENAR ............................................................................ 4-29
Tabela 4.5.4 Linhas de Ação do SENAR e Exemplos de Cursos Oferecidos ............................. 4-30
Tabela 5.1.1 Semelhanças e Diferenças entre o Desenvolvimento do Cerrado e da
Savana Tropical Africana ......................................................................................... 5-2
Tabela 5.2.1 Possibilidades de Aplicação da Experiência de Desenvolvimento do Cerrado
Brasileiro na Área do Estudo.................................................................................... 5-7
Tabela 6.1.1 Geração do Valor Agregado por cada Produto Agrícola ........................................... 6-3
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
-vii-
Tabela 6.1.2 Capacidade de Absorção de Emprego das Empresas de Processamento Agrícola 6-4
Tabela 6.3.1 Desafios para o Aumento da Produtividade na Região Alvo do Estudo e Propostas
de Medidas............................................................................................................. 6-13
Tabela 6.3.2 Padrão para a Escolha dos Produtos Agrícolas e Artigos Processados
Prioritários ............................................................................................................ 6-18
Tabela 6.3.3 Sumário do Cluster Agrícola................................................................................... 6-19
Tabela 6.3.4 Programa/Projetos de Apoio................................................................................... 6-28
Tabela 6.5.1 Plano Período de Execução ................................................................................... 6-30
Relatório Final
-viii-
Índice de Figuras página
Figura 2.1.1 Evolução da taxa de Participação de cada Setor Produtivo no PIB ......................... 2-2
Figura 2.2.1 Comparação da Produtividade dos Principais Produtos........................................... 2-5
Figura 2.2.2 Porcentagem de Consumo de Calorias por Produtos (%)........................................ 2-7
Figura 2.2.3 Comparação entre Volume Exportado e Valor Importado dos Principais
Produtos Agrícolas ..................................................................................................2-11
Figura 2.3.1 Estrutura Administrativa do Ministério da Agricultura.............................................. 2-18
Figura 3.1.1 Índice de Variação Pluviométrica Anual Mundial...................................................... 3-2
Figura 3.1.2 Distribuição da Altitude em Moçambique e Distritos da Área do Estudo.................. 3-4
Figura 3.1.3 Volume Pluviométrico durante o Período de Chuvas (novembre-abril), em
Moçambique e Distritos da Área do Estudo ............................................................. 3-4
Figura 3.1.4 Volume Pluviométrico durante o Período de Chuvas, em Moçambique e
Distritos da Área do Estudo...................................................................................... 3-5
Figura 3.1.5 Declividade na Zona do Corredor de Nacala.......................................................... 3-81
Figura 3.1.6 Bacias Hidrográficas na Região da ARA-Centro Norte ............................................ 3-8
Figura 3.1.7 Solos na Zona do Corredor de Nacala ................................................................... 3-83
Figura 3.1.8 Classificação Agroecológica de Moçambique ........................................................ 3-11
Figura 3.1.9 Uso e Cobertura da Terra na Zona do Corredor de Nacala.................................... 3-85
Figura 3.1.10 Rotas Migratórias dos Elefantes............................................................................. 3-13
Figure 3.1.11 Grau de Vulnerabilidade dos Distritos dentro da Área do Estudo com Relação
à Erosão ................................................................................................................. 3-14
Figura 3.1.12 Grau de Vulnerabilidade dos Distritos da Área do Estudo com Relação
a Desastres Naturais .............................................................................................. 3-14
Figura 3.1.13 Zonas Consideradas Próprias para o Cultivo de Amendoim (esquerda) e Zonas
de Forte Utilização de Solo para Cultivo (direita) ................................................... 3-15
Figura 3.1.14 Estrutura dos Setores Econômicos na Província de Nampula ............................... 3-18
Figura 3.1.15 Estrutura dos Setores Econômicos na Província de Niassa................................... 3-18
Figura 3.1.16 Sistema de Encaminhamento de Hospitais (no caso da província de Nampula) ... 3-20
Figura 3.1.17 Mapa de Ocupação das Terras – Província de Nampula ....................................... 3-22
Figura 3.1.18 Uso de Terras da Província de Niassa................................................................... 3-23
Figura 3.1.19 Uso de Terras da Província de Zambézia .............................................................. 3-24
Figura 3.1.20 Rede de Rodovias da Província de Nampula......................................................... 3-28
Figura 3.2.1 Estrutura da Administração Local........................................................................... 3-29
Figura 3.5.1 Variação de Preços do Milho no Varejo por Zonas................................................. 3-46
Figura 3.7.1 Organização dos Institutos de Investigação de Moçambique................................. 3-55
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
-ix-
Figura 3.7.2 Localização dos Institutos de Investigação Agrária e Centros Zonais de
Moçambique........................................................................................................... 3-56
Figura 3.7.3 Sistema de Coleta e Despacho Coletivo de IKURU ............................................... 3-65
Figura 4.4.1 Bioma Cerrado Áreas Prioritárias........................................................................... 4-15
Figura 5.2.1 Exemplo do Efeito de Indução nas Indústrias Afins dos Derivados de Soja............. 5-5
Figura 5.2.2 Exemplo da Composição de Custo (castanha de caju) ............................................ 5-6
Figura 6.1.1 Contribuição de Cada Setor no PIB Provincial de Nampula (%) .............................. 6-2
Figura 6.2.1 Mapa das Quatro Áreas do Corredor de Nacala .................................................... 6-33
Figura 6.2.2 Mapa de Isoetas de Precipitação ............................................................................. 6-9
Relatório Final
-x-
Abreviaturas
ABC Agência Brasileira de Cooperação
AfDB Banco Africano de Desenvolvimento
AMODER Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Rural
ANE Administração Nacional de Estradas
ARA Administração Regional das Águas
AusAID Agencia Australiana para o Desenvolvimento Internacional
CAMPO Companhia de Promoção Agrícola
CDN Corredor de Desenvolvimento de Norte
CFM Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique
CIDA Agencia Canadense para o Desenvolvimento Internacional
CLUSA Liga das Cooperativas dos Estados Unidos da América
CPAC Centro de Pesquisa Apropecuária do Cerrado Ltda.
CPI Centro de Promoção de Investimentos
DANIDA Agencia Dinamarquesa para o Desenvolvimento Internacional
DARN Direção de Agronomia e Recursos Naturais
DCA Direção de Ciências Animais
D/D Desenho Detalhado
DFDTT Direção de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias
DfID Departamento de Desenvolvimento Internacional
DPAF Direção de Planificação, Administração e Finanças
EDEL Estratégia de Desenvolvimento Econômico Local
EDR Estratégia de Desenvolvimento Rural
EMATER-DF Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias
EU União Européia
FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
FDI Investimento Externo Direto
FFPI Fundo de Promoção da Pequena Indústria
FMI Fundo Monetário Internacional
FORA Organizações para o Marketing de Agricultores
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
-xi-
F/S Estudo de Viabilidade
GTZ Agencia de Cooperação Técnica Alemã
IDIL Instituo para o Desenvolvimento da Indústria Local
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IIAM Instituto de Investigação Agrária de Moçambique
IIP Instituto Internacional para a Padronização
INE Instituto Nacional de Estatística
IPEX Instituto de Promoção das Exportações de Moçambique
JBIC Banco Japonês para a Cooperação Internacional
JICA Agencia de Cooperação Internacional do Japão
JIRCAS Centro de Pesquisa Internacional do Japão para as Ciências Agrícolas
JPC-SED Centro Japonês de Produtividade para o Desenvolvimento Socioeconômico
LOLE Lei dos Órğas Locais do Estado
MADER Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural
MCC Millennium Challenge Corporation
MIC Ministério de Indústria e Comércio
MICA Ministry of Environmental Affairs
MINAGRI Ministério da Agricultura
MOU Minuta de Entendimento
MPD Ministério da Planificação e Desenvolvimento
MSME Instituto para a Micro, Pequena e Média empresa
NDI Investimento Direto Interno
NEPAD Nova Parceria para o Desenvolvimento da África
NORAD Agencia Noruega para o Desenvolvimento
OE Orçamento do Estado
PAA Programa de Aquisição de Alimentos
PADAP Plano de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba
PAPA Plano de Ação para a Produção de Alimentos
PARPA Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta
PE Plano Estratégico
PEDD Plano Estratégico de Desenvolvimento Distrital
Relatório Final
-xii-
PEDP Plano Estratégico de Desenvolvimento Provincial
PEDSA Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário
PEP Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província
PES Plano Econômico Social
PESOP Plano Econômico e Social Orçamento
PIB Produto Nacional Bruto
PME Pequenas e Médias Empresas
PNCF Programa Nacional de Crédito Fundiário
PNRA Programa Nacional de Reforma Agrária
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
POLOCENTRO Programa de Desenvolvimento dos Cerrados
PROAGRI Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRODECER Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados
RNB Renda Nacional Bruta
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEDAE Servicio Distrital de Actividades Economicas
SEMOC Sementes de Moçambique
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SIDA Agencia Sueca de Desenvolvimento Internacional
UCODIN Unidade de Coordenação de Desenvolvimento Integral da Província de Nampula
UGC União Geral de Cooperação
UNIDO Organização das Nações Unidas Para o Desenvolvimento Industrial
USAID Agencia Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional
UTE Unidade Técnica Estadual
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
1-1
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1. Antecedentes e Objetivo do Estudo
1.1.1. Antecedentes do Estudo
Ao norte de Moçambique, encontra-se a zona da savana tropical com um volume constante
de chuvas em uma vasta área geográfica, o que favorece particularmente a agricultura, e
apresenta um grande potencial de expansão da produção agrícola. Porém, nesta zona, ainda
hoje, a agricultura praticada se dá por meios tradicionais e os produtores não estão
devidamente organizados. Assim, é recomendável o aumento da produtividade agrícola por
meio da introdução de técnicas agrícolas mais modernas, a injeção de capital e a formação
da organização de produtores.
O Japão tem uma experiência de mais de 20 anos de cooperação em desenvolvimento
agrícola na zona do cerrado brasileiro (savana tropical). Atualmente a região do cerrado
brasileiro é uma das zonas de maior produção agrícola a nível mundial. Os governos do
Brasil e do Japão vêm trabalhando conjuntamente para traçar políticas de cooperação para o
desenvolvimento agrícola na África, avaliando a possibilidade de transferir a experiência
adquirida com o desenvolvimento da agricultura no cerrado para as zonas de savana tropical
que se distribuem pelo continente africano. Nesta ocasião, Moçambique foi selecionado
como o primeiro país a ser parte desta cooperação trilateral com o Japão e o Brasil.
Considerando entendimentos anteriores, a Missão Japonesa, Chefiada pelo Vice-Presidente
Sênior da JICA, Kenzo Oshima e a Missão Brasileira, Chefiada pelo Diretor da Agência
Brasileira de Cooperação (ABC), Ministro Marco Farani, visitaram a República de
Moçambique de 16 a 19 de Setembro de 2009. Durante a estadia, a Missão Conjunta
manteve uma série de reuniões com o Ministro da Agricultura, Soares B. Nhaca, o Ministro
da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia e outras autoridades concernentes
deste país, sobre a estrutura básica do Programa de Cooperação Trialateral para o
Desenvolvimento da Agricultura das Savanas Tropicais de Moçambique, e assinaram um
Memorando de Entendimento no dia 17 de setembro de 2009 em Maputo.
Seguindo o Memorando, a JICA enviou uma Equipe de Estudo a Moçambique para realizar
o "Estudo Preliminar do Programa da Cooperação Trialateral para o Desenvolvimento da
Agricultura das Savanas Tropicais em Moçambique" a partir de 20 de setembro de 2009,
dando início, assim, ao estudo básico. Este relatório é resumido os resultados do estudo
realizado.
Relatório Final
1-2
1.1.2. Objetivo do Estudo
O objetivo deste Estudo é composto pelos seguintes aspectos:
(1) Avaliar pontos que podem ser aproveitados e depois aplicados na savana tropical, em
Moçambique, a partir da experiência adquirida com o desenvolvimento agrícola no
cerrado.
(2) Recomendações para futuros projetos de cooperação bilateral entre o Japão e o Brasil
quanto ao direcionamento a ser tomado (resumo da cooperação, dimensão e
efetividade).
Também considerando os próximos projetos de cooperação técnica conjunta entre o Japão e
o Brasil:
(1) Apoio para aumentar a capacidade de pesquisa relacionada com o melhoramento do
solo e a seleção de variedades de produtos adequados (projeto de cooperação técnica);
(2) Projeto de desenvolvimento agrícola integrado da zona (Plano Diretor). Para isto,
serão formuladas recomendações para elevar o grau de execução dos futuros projetos
de cooperação conjunta (resumo da cooperação, dimensão, efetividade).
(3) Projeto piloto, com a seleção de uma localidade em nível de aldeia ou povoado
(projeto de cooperação técnica);
1.2. Área do Estudo
O Estudo ocorre em Moçambique, especialmente ao norte do país, no corredor da zona de
Nacala. Os seguintes 12 distritos foram propostos como área de abrangência do Estudo pela
parte Moçambicana.
Província de Nampula: Malema, Ribáuè, Murrupula, Nampula, Meconta, Mogovolas,
Muecate e Monapo
Província de Niassa: Mandimba e Cuamba
Província de Zambézia: Gurué e Alto Molocue
1.3. Período e Alcance do Estudo
O presente Estudo foi realizado de meados de setembro de 2009 até o final de março de
2010, por um período de 6 meses. Os principais trabalhos a serem realizados, assim como os
objetivos, estão relacionados a seguir.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
1-3
Tabela 1.1.1 Alcance do Estudo
Trabalhos Principais objetivos Relatórios
Passo1:
Trabalhos preparatórios no Japão
Preparação para a execução do Estudo, planificação
do Estudo, preparação do Relatório Inicial. Relatório Inicial
Passo 2:
Primeiro Trabalho de Campo em
Moçambique
Explicação e Discussão sobre o Relatório Inicial,
confirmação do projeto principal e políticas agrícolas,
intercâmbio de opiniões entre os doadores,
esclarecimento sobre a situação existente na região de
Nacala e seleção de temas do setor agrícola.
Passo 3:
Primeiro Trabalho de Campo no
Brasil
Estudos relacionados com o desenvolvimento do
cerrado, comparação entre as semelhanças e
diferenças do desenvolvimento do cerrado e o
desenvolvimento agrícola de Moçambique.
Passo 4:
Análise das informações no Japão (1)Preparação do Relatório Interino Relatório Interino
Passo 5:
Segundo Trabalho de Campo em
Moçambique
Explicação e discussão sobre o Relatório Interino,
estudos complementares do primeiro trabalho em
campo, avaliação do projeto de cooperação técnica
entre o Brasil e o Japão.
Passo 6:
Segundo Trabalho de Campo no
Brasil
Estudos complementares do primeiro trabalho de
campo
Passo 7:
Análise das informações no Japão (2)
Preparação do esboço do Relatório Final, para
apresentação dos resultados do Estudo em um
simpósio internacional.
Esboço do
Relatório Final
Passo8:
Terceiro Trabalho de Campo em
Moçambique
Explicação e Discussão do Esboço do Relatório Final
Passo 9:
Análise das informações no Japão (3)
Preparação do Relatório Final, Fornecimento dos
resultados do Estudo para o Simpósio Internacional Relatório Final
1.4. Instituçõies Contrapartes
Este Estudo é um projeto conjunto entre Japão e Brasil para Moçambique. As principais
entidades de cada país envolvidas no processo são:
Brasil: Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA), Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural do Distrito Federal (EMATER-DF), Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (SENAR), entre outros.
Moçambique: Ministério de Agricultura (MINAG), Instituto de Investigação Agrária de
Moçambique (IIAM), Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD),
entre outros.
Relatório Final
1-4
1.5. Membros da Equipe do Estudo
As especialidades dos 8 membros da Equipe de Estudo da JICA são:
Líder/Plano da Cooperação Keiji Matsumoto
Sub-Líder/Política Agrícola Yutaka Nozaki
Economia Agrícola Tetsuo Mizobe
Comércio Agrícola Kumi Okayama
Meio Ambiente Toshimori Nakane
Desenvolvimento Social Nobuko Miyake
Pesquisa Agrícola Kiyoko Hitsuda
Coordenador Marilda Nakane
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-1
CAPÍTULO 2 SITUAÇÃO E TEMAS DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO EM MOÇAMBIQUE
2.1. Posição do Setor Agrário na Economia Nacional
Uma vez finalizada a eleição presidencial em 1994, a partir de 1995 teve início o processo
democrático em Moçambique. Tendo este ano como marco, o Produto Interno Bruto do país
(PIB) começou a apresentar um crescimento anual elevado, num patamar de 8%, até a
metade da década de 2.000. E mesmo durante os últimos 5 anos (2003~2007), a taxa vem
se mantendo elevada, ao redor de 7,7% anual (Tabela 2.1.1). Juntamente com essa elevada
taxa de crescimento, o PIB per capita apresentou um crescimento significativo, de US$144
em 1995 para US$400 em 2007. A taxa de pobreza com relação à população total mostrou
uma redução significativa; em 1996 representava 69%, caindo para 54% em 2003 e a
previsão para o ano de 2009 é que a taxa reduza para 45% (PAPRA II, 2006).
Tabela 2.1.1 Principais Indicadores Econômicos
1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
GDP (US$ bilhões) 2,3 4,2 4,1 4,2 4,7 5,7 6,6 7,2 8,1 Variação anual PIB 2,3 1,5 12,3 9,2 6,5 7,9 8,4 8,7 7,0 PIB per capita (US$) 144 237 226 228 248 297 337 362 400 PPC per capita PIB (US$)* 311 474 533 580 619 664 711 782 843 Preço médio ao consumidor ** 54 13 9 17 13 13 6 13 8 População (milhões) 15,0 17,4 17,9 19,1 19,6 20,1 20,5 21,0 21,4
Fonte: World Economic Outlook, FMI, Abril, 2009, http://www.imf.org/ Obs.: * PPP = Paridade do Poder de Compra ** Variação percentual anual de preços ao consumidor
Por outro lado, a taxa de crescimento do setor agrário durante o período 1995 – 2007 foi
5,3% menor que as taxas de crescimento do setor industrial e de serviços no mesmo período.
Como resultado, a participação do setor agrário no PIB decresceu do patamar de 30%
registrado em 1997 para cerca de 20% posteriormente ao ano 2000. Porém, o setor agrário
emprega, atualmente, aproximadamente 80% da população economicamente ativa
(9.600.000 em 2007), é responsável por cerca de 10% do total do volume de exportações do
país, além de ser fonte de matéria prima para as agroindústrias, cumprindo um papel
socioeconômico relevante.
Relatório Final
2-2
Fonte: Preparado a partir de dados do Anuário Estatístico (INE), 2001, 2007
Figura 2.1.1 Evolução da Taxa de Participação de cada Setor Produtivo no PIB
2.2. Tendência de Produção do Setor Agrário
2.2.1. Tendência da Produção dos Principais Produtos
De acordo com o Censo Agrário (2000), havia um total de 3.060.000 famílias agricultoras,
sendo que a área média de cada propriedade era de 1,3 ha. Também de acordo com o
PLANO ESTRATÉGICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO SECTOR AGRÁRIO:
PEDSA, 2010 - 2019 elaborado em 2009, há um total de 3.600.000 (2008) famílias
agricultoras, o que significa que durante os últimos 8 anos, houve um incremento de 540.000
famílias no setor.
Estima-se que o total de área cultivável no país chega a 36 milhões de ha, entretanto,
aproximadamente 16% do total, ou seja, 5.700.000 ha estão sendo efetivamente utilizados. A
maioria dos produtores pratica a agricultura de subsistência, depende da água das chuvas, e a
área irrigada representa apenas 0,3% do total da área cultivada no país.
O milho, que é o principal alimento cultivado, apresenta a maior área (1.350.000 ha),
seguido pela mandioca, sorgo e arroz, nesta ordem (Tabela 2.2.1). Estes alimentos básicos
são produzidos principalmente para o autoconsumo e somente o excedente é vendido no
mercado local. Porém, os agricultores das províncias de Nampula, Niassa e Tete, que se
encontram próximos às fronteiras do Malaui e Zâmbia, tendem a dar prioridade para a
exportação do milho produzido, portanto se observa um aumento na freqüência do déficit da
oferta desse produto dentro da mesma província. (Special Report, FAO/WFP Crop and Food
Supply Assessment Mission to Mozambique, 2005).
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-3
Tabela 2.2.1 Evolução da Produção dos Principais Alimentos
Área de Produção 1.000 ha, Volume de Produção 1.000 ton
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Área 1.350 1.193 1.270 1.356 1.311 1.230 1.664 1.350Milho
Volume 1.180 1.114 1.178 1.247 1.437 1.403 1.417 1.152
Área 54 100 105 105 111 78 57 60Painço
Volume 31 61 49 48 53 36 22 25
Área 184 155 172 178 178 180 160 165Arroz (sem polir)
Volume 180 93 117 200 177 174 99 104
Área 333 420 501 515 528 488 406 300Sorgo
Volume 193 313 314 314 337 307 204 169
Área 925 925 834 1.019 1.045 1.068 1.105 857Mandioca
Volume 5.361 5.361 5.974 5.924 6.149 6.412 6.500 6.764
Fonte: Preparado a partir de dados do Departamento de Economia do Ministério de Agricultura, 2009
Além dos produtos alimentícios mencionados acima, são produzidos também o algodão, o
tabaco e a castanha de caju, voltados para o mercado externo. Tais culturas são produzidas
tradicionalmente por pequenos produtores, como produtos agrícolas para comercialização.
Estes produtos são comprados diretamente pelas empresas processadoras, mas seus preços
oscilam anualmente de acordo com o mercado internacional.
Tabela 2.2.2 Evolução da Produção Agrícola para a Agroindústria Unidade: ton
1995-1999 2000-2004 2005-2007
Algodão 63.894 64.748 111.000
Tabaco 3.756 26.102 68.000
Castanha de caju 50.539 50.665 63.000
Amendoim 22.987 33.102 -
Fonte: Preparado a partir de dados da Estratégia da Comercialização Agrícola, MIC, 2006
Porém, o governo estabelece preços mínimos para o algodão e este é um dos poucos
incentivos que recebem os produtores agrícolas. Apesar de não aparecer nas estatísticas,
também são produzidos produtos agrícolas não tradicionais como o gergelim, a soja e o
girassol, havendo uma tendência no aumento da produção destes produtos nos últimos anos.
Existem três áreas de produção que são as regiões norte, centro e sul e os sistemas de
produção de cada uma destas regiões são diferenciados. Ao norte e ao centro são produzidos
principalmente o milho, mandioca, arroz, sorgo, feijão e matéria prima para a agroindústria
(algodão, tabaco, castanha de caju, etc.) com sistemas de produção relativamente
semelhantes. Comparada às demais regiões, a ocorrência de chuvas na zona sul é menor e a
porcentagem de áreas próprias para a agricultura é menor, e a produção está limitada ao
milho e à mandioca (Tabela 2.2.3).
Relatório Final
2-4
Tabela 2.2.3 Situação da Produção de Pequenos Produtores dos Principais Cultivos por Província (2007)
Volume de produção: 1.000 ton Região Norte Região Centro Região Sul
Niassa
Cabo Delgado
Nam-pula
Zam-bézia
Tete Manica SofalaInham- bane
Gaza Maputo Total
Milho 104 86 94 229 212 212 97 29 61 11 1.133
Painço 1 0 2 3 11 2 4 0 2 - 25
Arroz (sem polir) 3 12 10 62 0 2 11 2 2 0 103
Sorgo 8 18 21 14 22 44 36 3 1 - 169
Feijão 16 0 4 15 12 3 1 0 3 0 55
Mandioca 88 45 1.144 2.322 24 171 123 442 156 42 4.959
Fonte: Preparado a partir de dados do Trabalho Inquérito Agrícola (TIA), Ministério de Agricultura, 2007
2.2.2. Nível de Produtividade dos Principais Produtos
A Figura 2.2.1 mostra uma comparação entre a produtividade da produção do milho, arroz,
algodão e cana de açúcar em Moçambique com relação ao Brasil, ao mundo e à África. A
produtividade do milho e arroz em Moçambique, comparada a do Brasil é de 1/4, e com
relação ao algodão e a cana de açúcar corresponde somente de 1/7 a 1/10, respectivamente.
Nesta mesma figura se observa que a produtividade dos principais cultivos em Moçambique
ocorre lentamente em um período prolongado. Esta baixa produtividade não apresentou
variações mesmo depois de 2006 quando houve um incremento nos preços internacionais,
sendo evidente o baixo reflexo de preços na produtividade.
O Ministério da Agricultura de Moçambique e os países e órgãos internacionais que apoiam
o desenvolvimento agrícola no país (tais como FAO, Banco Mundial, FIDA, USAID)
apontam como causas da baixa produção agrícola os seguintes fatores:
1) Pequena área de terra per capita e produção que depende da chuva;
2) Produção agrícola baseada em trabalho manual;
3) Produção agrícola que depende excessivamente de mão de obra feminina;
4) Dificuldade de acesso ao mercado (insuficiência de estradas para transporte de
produtos agrícolas);
5) Insuficiência de técnicas de produção voltadas para o mercado;
6) Pouco investimento em insumos de produção, como fertilizantes, sementes
melhoradas, etc.;
7) Técnicas de extensão inadequadas para a capacidade dos agricultores;
8) Deficiência do sistema de extensão técnica (insuficiência absoluta de extensionistas
e materiais de divulgação).
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-5
0
1
2
3
4
5
6
197576 77 78 79198081 82 83 84 85 86 87 88 89199091 92 93 94 95 96 97 98 99200001 02 03 04 05 06 07
Mundo África África do Sul Moçambique Brasil
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
197576 77 78 79198081 82 83 84 85 86 87 88 89199091 92 93 94 95 96 97 98 99200001 02 03 04 05 06 07
Mundo África África do Sul Moçambique Brasil
0
0.5
1
1.5
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2.5
3
3.5
4
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Mundo África África do Sul Moçambique Brasil
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
197576 77 78 79198081 82 83 84 85 86 87 88 89199091 92 93 94 95 96 97 98 99200001 02 03 04 05 06 07
Mundo África África do Sul Moçambique Brasil
Fonte: Preparado a partir de dados de FAOSTAT, 2009
Figura 2.2.1 Comparação da Produtividade dos Principais Produtos
2.2.3. Situação do Consumo de Alimentos
A cultura consumida em maior quantidade per capita entre os alimentos principais em
Moçambique é de mandioca com um consumo anual de 250 kg. O consumo de mandioca
tem vindo a aumentar com uma taxa anual de cerca de 4% desde 1995 (Tabela 2.2.4).
Enquanto o consumo per capita de milho é de cerca de 60 kg, de arroz com baixo volume de
produção e de trigo que é dependente de importação são consumidos mais ou menos 15 kg,
respectivamente. Estes são caracterizados por uma grande variação anual. O consumo de
alimentos dos principais produtos per capita em Moçambique, com exceção do milho e da
mandioca, é aproximadamente 20 % menor comparado o consumo de culturas com outras
nações Africanas. Particularmente, o consumo de carne, que é uma fonte importante de
proteínas, com exceção do frango, é extremamente baixo entre os países Africanos.
Arroz
Cana de açúcar Algodão
Milho
Relatório Final
2-6
1995 48 41 42 1995 208 105 802000 50 38 42 2000 217 102 792001 63 37 41 2001 217 102 782002 66 37 41 2002 240 100 772003 58 38 41 2003 247 101 78
1995 7 16 17 1995 15 14 452000 11 18 18 2000 26 18 462001 7 19 19 2001 13 19 472002 9 19 19 2002 13 20 472003 15 20 20 2003 19 22 48
1995 2 4 6 1995 0.2 2 22000 2 5 6 2000 0.1 2 22001 2 5 5 2001 0.2 2 22002 2 5 5 2002 0.2 2 22003 2 5 5 2003 0.1 2 2
1995 2 2 4 1995 7 29 362000 2 2 4 2000 6 28 362001 2 2 4 2001 5 29 372002 3 2 4 2002 5 30 382003 2 2 5 2003 4 30 38
Milho Mandioca
Ano Moçambique África Ano Moçambique ÁfricaSub-Saara Sub-Saara
Arroz (Polido) Trigo
MoçambiqueAno África Ano Moçambique ÁfricaSub-Saara Sub-Saara
Carne Bovina Cordeiro (inclusive cabrito)
Ano Moçambique África AnoSub-Saara Moçambique ÁfricaSub-Saara
Carne de Frango Leite
ÁfricaAno Moçambique ÁfricaAno MoçambiqueSub-Saara Sub-Saara
Tabela 2.2.4 Comparação do Volume de Consumo de Alimentos per Capita Unidade: kg/pessoa/ano
Fonte: Preparado com dados do FAOSTAT, 2009
Como resultado, o consumo de calorias per capita é de 2.081 kcal/dia (2003), nível bastante
baixo, 10~20% menor, mesmo quando comparado com outros países africanos e do
Sub-Saara (Tabela 2.2.5). Também como se mostra na Figura 2.2.2, 75% das fontes de
caloria procedem de cultivos como a mandioca, milho, arroz e trigo e a porcentagem de
dependência na mandioca chega a 37%.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-7
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
Tabela 2.2.5 Volume de Consumo Calórico kcal/pessoa/dia
Fonte: Preparado a partir de dados do Food balance sheet, FAOSTAT, 2009
Fonte: Preparado a partir de dados do Food balance sheet, FAOSTAT, 2009
Figura 2.2.2 Porcentagem de Consumo de Calorias por Produtos (%)
2.2.4. Valor da Produção Agropecuária
O valor total do produto agropecuário em Moçambique representa aproximadamente 1
bilhão 152 milhões de dólares (2007), sendo que 86% correspondem a produtos agrícolas e
seus derivados (Tabela 2.2.6). Tanto a mandioca como o milho, que são os produtos
principais, respondem juntamente por aproximadamente 41% do total do valor produzido
sendo, portanto, os produtos mais importantes do setor agrícola. Entretanto, o preço por
tonelada de mercado destes produtos principais é de 72 dólares e 95 dólares respectivamente,
sendo bastante baixo comparado ao valor dos produtos agropecuários processados (fio de
algodão, tabaco, carne bovina e de frango), que chegam a aproximadamente entre 1.200~
2.000 dólares.
Moçambique Sub Saara África
1995 1.786 2.141 2.369
2000 1.983 2.191 2.409
2001 2.037 2.202 2.420
2002 2.091 2.204 2.423
2003 2.081 2.217 2.436
Taxa de crescimento% 3,9 0,9 0,7
Relatório Final
2-8
Tabela 2.2.6 Produtos Agropecuários de Acordo com o Valor (2007)
No. Produto/Processado Volume (ton)
Valor ($/ton)
Valor produção % ($1.000)
1. Mandioca 5.038,623 72 363.083 322. Fio de Algodão 94.231 1.484 139.884 123. Milho 1.152.050 95 109.814 94. Tabaco (sem processar) 34.132 1.823 62.230 55. Leguminosas 205.000 243 49.819 46. Castanha de caju (com casca) 74.395 657 48.879 47. Cana de açúcar 2.060.667 21 42.800 48. Amendoim (com casca) 102.932 372 38.336 39. Coco 265.000 90 23.966 210. Óleo de mamona 54.515 392 21.409 211. Verduras (fresca) 105.000 188 19.703 212. Arroz (sem polir) 104.655 186 19.480 213. Sorgo 169.543 114 19.426 214. Fruta (fresca) 115.000 159 18.343 215. Caroço de algodão 113.000 157 17.744 1 Sub-total 994.916 86 1.
Produtos pecuários Carne bovina
29.264
2.068
60.528 6
2. Carne de frango 35.482 1.166 41.387 43. Carne de cabrito 25.200 1.523 38.368 34. Leite de vaca (integral, fresco) 66.300 266 17.631 1 Sub-total 157.914 14 Total 1.152.830 100
Fonte: Preparado com dados do Departamento Econômico do Ministério de Agricultura (MIAG) e FAOSTAT, 2007
2.2.5. Situação das Exportações e Importações
(1) Balança Comercial
Durante os últimos 5 anos, o saldo da balança comercial vem apresentando déficit (2004:
530 milhões de dólares; 2005: 660 milhões de dólares; 2006: 490 milhões de dólares; 2007:
640 milhões de dólares) e o déficit da balança comercial para o ano 2008 foi estimado em 1
bilhão 150 milhões de dólares. (Instituto para a Promoção de Exportações de Moçambique:
IPEX, 2009).
Os principais produtos de exportação são os produtos de alumínio, representando 55% do
total das exportações (2 bilhões 650 milhões de dólares) e energia (eletricidade, gás natural)
com 14%. Os principais produtos agrícolas industrializados (exceto madeira) são o tabaco,
açúcar (açúcar refinado), algodão e castanha de caju, por um valor de 270 milhões de
dólares, correspondente a 10% do valor total das exportações (Tabela 2.2.7).
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-9
Tabela 2.2.7 Valor dos Principais Produtos de Exportação (2008)
Unidade: milhões de dólares
Produtos exportados Valor de
exportações%
Produtos importados
Valor de importações
%
Produtos de alumínio 1.451 55,0 Maquinaria 532 13,9Eletricidade 221 8,3 Gasóleo 467 12,3Gás natural 151 5,6 Veículos 268 7,0Tabaco 132 4,9 Grãos 200 5,3Camarão 45 1,7 Eletricidade 122 3,2Açúcar (refinado) 71 2,6 Gasolina 90 2,4Algodão 48 1,8 Medicamentos 49 1,3Madeira 25 0,9 Cerveja 1 0,0Derivados de petróleo 32 1,2 Açúcar 3 0,1Bunkers 27 1,0 Outros 2.071 54,5Castanha de caju * 12 0,6 Castanha de caju ** 10 0,5 Outros 422 15,9
Total 2.653 100,0 Total 3.804 100,0Obs.: * Castanha de caju com casca ** Castanha de caju sem casca Fonte: Preparado com dados do Instituto para a Promoção de Exportações: IPEX, 2009
(2) Situação da importação de alimentos para consumo
O valor das exportações dos grãos mais representativos que são o milho, arroz e trigo
representa 5,3% do total do valor das exportações, equivalente a 200 milhões de dólares. A
Tabela 2.2.8 mostra o volume do consumo interno mensal destes produtos nas 3 principais
cidades do país (2007). O volume das importações destes produtos durante o ano de 2007 foi
de 640.000 toneladas. Este volume representa mais de 50% do volume anual da produção
interna de milho e arroz combinados (1.250.000 toneladas).
O volume das importações durante o ano 2008 teve uma queda de 63% para o arroz e 23%
para o trigo em comparação com 2007 e o volume total de importações apresentou uma forte
queda para 3.600.000 toneladas, devido ao aumento generalizado nos preços de grãos a nível
mundial. Porém o volume de importação de milho em 2008 manteve o mesmo nível do ano
anterior. A explicação apontada para esta situação foi que devido à situação crítica do
volume de oferta interna, a porção da produção das províncias de fronteira, normalmente
destinada à exportação para Malaui e Zâmbia foi destinada para o mercado interno.
(Resultado de entrevistas com o MIC).
Relatório Final
2-10
Tabela 2.2.8 Volume Importado dos Principais Alimentos por Cidade
Unidade: 1.000 toneladas
Cidade/Produto Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
1. Maputo (Baía)
Milho 3,2 - - - 5,3 - - - - - - 8,5
Arroz - 18,8 44,7 12,1 11,5 14,5 36,3 19,9 21,5 7,0 33,7 27,9 247,9
Trigo 12,0 16,5 11,0 5,5 14,8 10,1 22,9 18,6 1,9 10,0 12,9 - 136,1
2. Beira (Baía da Beira)
Milho - - - - - - - - - - - - -
Arroz 11,5 5,7 - - - 7,0 - - - 16,2 - 5,9 40,4
Trigo 12,9 9,0 7,0 16,0 24,0 9,2 78,1
3. Nampula (Porto Nacala)
Milho - - - - - - - - - - - - -
Arroz 7,0 2,0 - 2,5 9,5 9,8 - 3,5 3,1 13,8 - - 51,2
Trigo 7,0 7,4 - 17,0 - 18,9 - - - - 30,0 - 80,2Fonte: Importação de milho, trigo e arroz correspondente aos meses de Janeiro a Dezembro, 2007/08, preparado de
acordo ao MIC, 2009
(3) Situação das Exportações dos Principais Produtos Agropecuários
A Figura 2.2.3 mostra a tendência das exportações dos principais produtos agrícolas durante
os últimos 5 anos. O crescimento das exportações tanto em volume como em valor do
tabaco e castanha de caju (processado sem casca) é significativo. A castanha de caju, que é
um produto de exportação tradicional, quando processada está isenta do imposto de
exportações. Como se observa na Figura 2.2.3, este é um fator que leva ao aumento das
exportações da castanha de caju sem casca.
O algodão que é igualmente um produto de exportação tradicional apresentou uma redução
no volume interno de produção com a queda dos preços internacionais do produto até a
metade do ano 2000, mas com a garantia de preços mínimos de compra pelo governo, a
produção se recuperou, levando a um aumento no volume de exportações. O gergelim vem
apresentando um crescimento significativo no volume de exportações, mas este é exportado
sem ser processado. A exportação de soja não aparece nas estatísticas, mas nos últimos anos
sua produção vem aumentando significativamente e juntamente com o gergelim estão sendo
considerados novos produtos exportáveis. Uma característica na tendência das exportações é
a diversificação de produtos, além dos produtos tradicionais como o algodão e castanha de
caju, agora estão o tabaco e o gergelim
Com o boom dos bicombustíveis em anos recentes, a exportação de cana de açúcar está
sendo considerada. O volume de exportações de cana de açúcar em 2003 foi de 1 milhão 870
mil toneladas, e em 2005 e 2006 houve um crescimento de 2 milhões 240 mil toneladas e 2
milhões 410 mil toneladas respectivamente. Porém, a produção de cana de açúcar se dá com
capital sul-africano e da Mauritânia sob o sistema de plantation e seu caráter é bastante
diferente dos outros produtos de exportação mencionados anteriormente, que dependem da
produção de pequenos agricultores.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-11
Fonte: FAO, 2003-2007
Figura 2.2.3 Comparação entre Volume Exportado e Valor Importado dos Principais Produtos Agrícolas
Tabaco Castanha de caju com casca
Castanha de caju sem casca Algodão
Gergelim
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
45,000
50,000
2003 2004 2005 2006 2007
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
140,000
160,000
Quantity Value
,1000$MT
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
45,000
2003 2004 2005 2006 2007
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000Quantity Value
MT ,1000$
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
2003 2004 2005 2006 2007
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
Quantity Value
MT ,1000$
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
2003 2004 2005 2006 2007
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
35,000
40,000
Quantity Value
MT,1000$
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
2003 2004 2005 2006 2007
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
16,000
18,000
Quantity Value
MT ,1000$
Relatório Final
2-12
2.3. Diretrizes das Estratégias de Desenvolvimento Agrário
2.3.1. Diretrizes das Estratégias de Desenvolvimento Agrário
O marco da estratégia de desenvolvimento do setor agrário está baseado no Plano Nacional
de Desenvolvimento, o Programa de Ação para Redução de Pobreza Absoluta, as políticas
agrárias e o Plano de Ação para a Produção de Alimentos. As políticas de desenvolvimento
de Moçambique obedecem a um Plano superior que consiste no Programa Quinquenal do
Governo e sob este se encontram o Programa de Ação para Redução de Pobreza Absoluta
(PARPA) e os planos setoriais de desenvolvimento.
(1) Programa Quinquenal do Governo
O Programa Quinquenal do Governo foi elaborado pela primeira vez, a partir do
estabelecimento do tratado de paz em 1995 (1995~1999), seguido do Segundo Programa no
ano 2000 (2000~2004) e um terceiro Programa para o período 2005~2009 preparado em
2005 o qual continua vigente. As principais políticas de cada um destes programas estão
descritas a seguir.
1) Primeiro Programa Quinquenal do Governo (1995~1999)
• Manutenção da paz
• Erradicação da Pobreza
• Promoção do desenvolvimento rural, da educação, saúde e atenção médica
2) Segundo Programa Quinquenal do Governo (2002~2004)
• Reduzir os níveis de pobreza absoluta
• Desenvolvimento econômico veloz e sustentável
• Redução das desigualdades regionais
• Fortalecimento da paz, unidade nacional, administração de justiça, democracia e o
patriotismo
3) Terceiro Programa Quinquenal do Governo (2005~2009)
• Redução da pobreza absoluta com o desenvolvimento da educação, saúde e
desenvolvimento rural, através da promoção do rápido crescimento econômico
sustentável e ao mesmo tempo integral.
• Redução das desigualdades regionais enfatizando as zonas rurais, promovendo um
desenvolvimento socioeconômico sustentável.
• Desenvolvimento equilibrado com o fortalecimento da paz, a unidade nacional, a
administração de justiça, democracia e o patriotismo.
• Formação e promoção de valores como a cultura de trabalho, esforço, honestidade e
entusiasmo
• Eliminar a corrupção, burocracia e os delitos
• Promover a cooperação internacional e a auto-suficiência nacional
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-13
Todos os programas quinquenais até o momento consideram como objetivos principais a
「erradicação da pobreza」, a 「redução das desigualdades regionais」e a 「manutenção da
paz」, e como temas de desenvolvimento são considerados os setores「educação」, 「saúde」,
「agricultura」, 「desenvolvimento rural」e 「infraestrutura. A partir do segundo Programa
Quinquenal de Governo, são considerados ainda a governabilidade e o fortalecimento das
capacidades do setor público e a descentralização, e no terceiro Programa Quinquenal de
governo também são ressaltadas as políticas econômicas, financeiras e comerciais. Quanto
ao setor agrário, o incremento da produtividade é enfatizado e fica clara a importância do
setor nas políticas nacionais de Moçambique.
(2) Plano de Ação para Redução da Pobreza Absoluta (PARPA)
Sendo parte da visão de desenvolvimento nacional dentro do Programa Quinquenal de
Governo, como se observa no texto de políticas de governo, o Plano de Ação para Redução
da Pobreza Absoluta: PARPA é o plano a ser executado para lograr os objetivos das políticas
expressas no Programa Quinquenal. Juntamente com o segundo Programa, que teve início
em 2000, foi preparado um plano estratégico para a redução da pobreza que a partir de 2001
passou a ser denominado PARPA I (2001~2005). O Plano pode ser considerado a versão
moçambicana do Documento de Estratégia para Redução da Pobreza (Poverty Reduction
Strategy Paper: PRSP). O PARPA I enfatiza 6 pontos básicos「educação」, 「saúde」,
「agricultura e desenvolvimento regional」, 「infra-estruturar básica」,「bom governo」 e
「políticas macroeconômicas e financeiras」.
Em 2006 foi preparado o PARPA II (2006~2009) como continuação do PARPA I. O PARPA
II está baseado no PARPA I, mas foi elaborado para ser coerente com o Terceiro Programa
Quinquenal de Governo (2005 ~ 2009). O PARPA II considera o desenvolvimento
econômico regional como um dos 3 pilares principais, ao lado do capital humano e da
governabilidade, e, para promover a redução da pobreza, considera necessário o crescimento
econômico sustentável. Nele, são citados 8 aspectos que devem ser enfatizados:
1) Aumento dos rendimentos per capita da atividade econômica, com especial ênfase
nas zonas rurais, melhorando assim o bem-estar em particular da população pobre;
2) Aumento da produtividade e das ligações intersetoriais, através de uma maior
integração da economia nacional, entre zonas rurais e urbanas, de norte a sul do país;
3) Criação e melhoria na qualidade de emprego e auto-emprego;
4) Desenvolvimento da infra-estrutura, da capacidade científica e das tecnologias
aplicadas à atividade produtiva nacional e rural;
5) Expansão de um setor privado forte, dinâmico, competitivo e inovador;
6) Desenvolvimento de um sistema monetário e financeiro que cumpra a função de
dinamizar poupanças, e canalizá-las ao investimento produtivo nacional;
Relatório Final
2-14
7) Aprofundamento da reforma tributária com vistas a aumentar a responsabilidade do
Estado pelas instituições e cidadãos nacionais, contribuindo para a expansão do setor
formal da economia, e;
8) Integração gradual e mutuamente vantajosa da economia nacional nos mercados
regionais e internacionais, de forma a garantir a circulação de bens e pessoas,
aumentar a produção nacional e a oferta de produtos e serviços de qualidade.
Para o desenvolvimento regional é dada especial importância aos aspectos: 2) integração
regional e 8) expansão do mercado. O PARPA II cita que para promover estes itens será
enfatizado o melhoramento da infra-estrutura de transportes, do sistema de logística e do
sistema de comércio do mercado interno, de forma a ampliar a circulação, divulgação e troca
de bens, pessoas e informações.
Em relação à promoção econômica são enfatizados os itens 5) desenvolvimento do setor
privado e 6) sistema monetário. Ambos estão relacionados estreitamente com o
melhoramento do ambiente econômico, e o Grupo do Banco Mundial apoia o melhoramento
do ambiente de investimento considerando-o um dos 3 pilares principais. Em relação ao
item 8) mercado regional e internacional, além de se buscar o desenvolvimento regional
balanceado, pretende-se desenvolver as regiões dos corredores, aproveitar os recursos do
interior e ampliar o mercado, através do desenvolvimento dos mercados regional e
internacional e dos corredores internacionais que ligam para os países do interior. Em
especial, pretende-se promover o investimento estrangeiro e o melhoramento da
infra-estrutura principalmente do corredor da Beira, no centro do país, e do corredor de
Nacala, no norte do país.
(3) Marco do Plano de Desenvolvimento e Elaboração do Orçamento do Estado
O marco do Programa de Desenvolvimento Nacional e do Orçamento está baseado no
Programa Quinquenal e no PARPA entre outros, e se prepara um Plano Estratégico de médio
prazo entre 3 e 5 anos nos níveis setorial, provincial e distrital. Estes planos de médio prazo
são considerados planos para a elaboração do Plano Econômico Social: PES e o Orçamento
do Estado: OE.
2.3.2. Políticas Agrárias
Em Moçambique, cerca de 80% da população empregada trabalha no setor agrícola, e cerca
de 70% vive na zona rural. Apesar disso, a participação do valor agregado do setor agrícola
no PIB nacional é de 28% (2007, Banco Mundial). O país possui extenso território com
vasta área propícia para agricultura, motivo pelo qual o potencial agrícola é considerado alto.
Mas nas condições atuais, somente 10% de toda terra arável é utilizada para a produção
agrícola.
Os principais produtos para exportação do setor agrícola são: tabaco, açúcar, castanha de
caju, óleo alimentar, algodão, etc., mas os principais alimentos que são o milho, arroz e trigo
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-15
dependem de importação, e o país não é auto-suficiente em alimentos. Por isso, a meta da
política agrária é promover a produção agrícola, e visa a mudança da agricultura de
subsistência para a produção agrícola industrial. No PARPA II, os setores de agricultura e
desenvolvimento agrário fazem parte do item Desenvolvimento Econômico.
Dentro do marco das políticas mencionadas anteriormente, o Ministério de Agricultura
prepara um programa e um plano de ação para o desenvolvimento agrário. Pode ser
mencionado como um programa do setor agrícola o Programa Nacional de Desenvolvimento
Agrário: PROAGRI e a cooperação internacional que ocorre via um enfoque setorial amplo.
(1) PROAGRI
O PROAGRI I foi implementado como programa setorial para o período 1999~2004 com o
objetivo de reduzir a pobreza e a segurança alimentar. Durante os 5 anos do período de
execução foram realizadas ações orçamentárias para 8 itens (regularização e normas,
pecuária, reflorestamento e áreas naturais, extensão, desenvolvimento de pesquisas, solo,
irrigação e produção de alimentos), por meio do apoio financeiro de mais de 16 doadores
internacionais no valor de 218 milhões de dólares em investimentos públicos. O PROAGRI
I se concentrou no fortalecimento institucional e através do treinamento e promoção dos
recursos humanos dentro das instituições agrárias dos governos central e regionais e a
capacidade administrativa se viu fortalecida. Com relação à infraestrutura básica, foram
construídas instalações para irrigação e armazenamento de água, promovendo a produção de
culturas comerciais de rendimento como o tabaco, algodão, cana de açúcar e castanha de
caju.
Em 2004 foi preparado o PROAGRI II para o período 2006~2010. No PROAGRI II, para
elevar a produção agrícola busca-se uma mudança da produção de subsistência para a
produção dirigida ao mercado. Considerando que cerca de 80% da PEA se dedica à
agricultura e que a dependência das províncias na agricultura é muito elevada, percebe-se a
necessidade de ampliação da produtividade agrícola, melhorar as condições de vida,
construir infra-estruturas e treinar o capital humano para fortalecer e reativar a economia e
assim atingir o crescimento econômico no médio prazo. Os 5 pilares do PROAGRI são: 1)
mercado, 2) serviços financeiros, 3) tecnologia, 4) acesso a recursos naturais e 5) criação de
um ambiente propício para negócios. Segundo a explicação do Ministério da Agricultura, o
PROAGRI II foi concluído em 2009.
(2) Plano de Ação para a Produção de Alimentos: PAPA
Como resposta à elevação dos preços internacionais de alimentos e recursos energéticos, em
outubro de 2007 foi elaborada a Estratégia da Revolução Verde em Moçambique, e em
junho de 2008 foi reconhecida como PAPA. O orçamento total para a execução do PAPA no
período de implementação de setembro de 2008 a novembro de 2010 é de 15 bilhões 900
milhões de MT, ou 572 milhões de dólares. O objetivo do PAPA é reduzir a dependência da
Relatório Final
2-16
importação de alimentos e busca ampliar a produção e produtividade dos principais produtos
agrícolas em um período de 3 anos. Os produtos considerados dentro do PAPA são o milho,
arroz, trigo, girassol, soja, frango, batata, mandioca, entre outros, sendo que se considerava
triplicar a produção num período de 3 anos. Todos os aspectos da cadeia de valor da
produção de alimentos, plantio, colheita, armazenamento, transformação e mercado
(inclusive a exportação) foram considerados dentro deste Plano.
Tabela 2.3.1 Projeção do Volume de Mercado e Plano de Produção dentro da Estratégia da Revolução Verde
Unidade: Toneladas
Ano 2008/09 2009/10 2010/11
Bens Volume Dirigido ao
Mercado Volume
Dirigido ao Mercado
Volume Dirigido ao
Mercado
Milho 1 854 062 556 219 1 994 142 598 243 2 245 907 673 772
Arroz 265 098 79 529 576 730 173 019 931 844 279 553
Trigo 21 300 21 300 46 313 46 313 96 750 96 750
Girassol 10 000 10 000 14 400 14 400 19 200 19 200
Soja 9 500 9 500 26 500 26 500 38 800 38 800
Frango 47 364 42 628 51 616 46 454 61 290 55 161
Batata 81 364 107 122 138 356 162 277 229 268 251 377
Mandioca 9 576 292 653 363 9 960 551 665 971 10 732 344 736 394
Total 2 140 460 1 631 950 2 617 185 1 906 152 3 274 501 2 369 135
Fonte: Plano de Ação para a Produção de Alimentos 2008-2011, República de Moçambique, Junho 2008, p. 81~82.
(3) Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Agrário
Atualmente se encontra em preparação o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do
Sector Agrário - PEDSA 2010~2019 para as ações de médio e longo prazo. A versão
provisória do documento foi concluída em 2009, e para se elaborar a sua versão final, estão
sendo realizadas reuniões juntamente com instituições doadoras. O PEDSA dá
prosseguimento às atividades do PROAGRI II, e sua visão é a “concretização de um setor
agrícola sustentável e competitivo”. Os 3 principais pilares da estratégia são:
1) Segurança alimentar e nutricional
2) A competitividade da produção nacional e maiores níveis de renda dos produtores
3) Uso sustentável dos recursos naturais e preservação ambiental
O objetivo global do PEDSA é contribuir rapidamente para a segurança alimentar sustentável
e competitiva, aumento do rendimento e lucro dos produtores agrícolas e aumento da
produção agrícola voltada para o mercado. As 5 metas estratégicas para a sua concretização
são:
• Aumentar a produção de alimentos
• Aumentar a produção orientada ao mercado
• Aumentar a competitividade dos produtores agrários
• Utilizar de forma sustentável os solos, a água a as florestas
• Desenvolver a capacidade institucional do setor agrário
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-17
O PEDSA será implementado com base no plano quinquenal. No plano quinquenal 2010~
2014, pretende-se atingir o objetivo de erradicar a pobreza absoluta e a fome, que faz parte
dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, enfatizando-se a proteção ambiental,
utilização sustentável dos recursos naturais e garantia de alimentos e nutrientes. Além disso,
o Plano de Acção para a Produção de Alimentos (PAPA) que abrange o período entre 2008 e
2011 será considerado na fase inicial do PEDSA. No plano quinquenal 2015~2019,
pretende-se integrar a garantia de alimentos e nutrientes através de trabalhos que enfatizam a
proteção ambiental, utilização sustentável dos recursos naturais e aumento de rendimentos
dos produtores e da competitividade da produção nacional.
O PEDSA aponta que o setor agrário deve crescer 7% em média por ano, e para isso, a
produtividade de cereais (t/ha) deve aumentar no mínimo 100%, e a área cultivada deve
subir em 25%, até 2019. Abaixo são apresentados os principais indicadores:
Meta
INCIDÊNCIA INDICADORES DE DESEMPENHO CHAVEBaseline 2009 2019
Crescimento do Setor 1. Taxa de crescimento médio anual 7% 7%
Investimento na Agricultura
2. Despesas Publicas para a Agricultura como percentagem do PIB do Setor Agrário
8% 10%
Vulnerabilidade 3. População vulnerável à insegurança alimentar 400.000 100.000
(4) Outros Planos
Segue abaixo, a lista dos demais Planos e Estratégias relacionados à agricultura e ao
desenvolvimento agrário:
• Plano Director para Extensão Agrária, 2007~2016, MINAG, 2006
• Plano Estratégico 2009~2018, IIAM, 2008
• Estratégia de Desenvolvimento Rural, MPD, 2007
• Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, 2007
• Política de Águas, Ministério das Obras Públicas e Habitação, 2006
• Estratégia e Plano de Acção para a Diversidade Biológica em Moçambique,
Desenvolvimento Sustentável através da Conservação da Biodiversidade 2003~2010,
2003
2.3.3. Entidades Governamentais e Relacionadas
(1) Ministério da Agricultura: MINAG
O papel do Ministério de Agricultura consiste na reativação da agricultura, identificação da
produção agrícola, administração das terras, extensão técnica, irrigação e outros aspectos
relacionados.
Anteriormente este Ministério era responsável também pelo desenvolvimento rural, como
indicava sua denominação anterior, Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural:
Relatório Final
2-18
MADER. Mas, atualmente, o Ministério da Planificação e Desenvolvimento é responsável
pelo desenvolvimento rural.
A estrutura administrativa do Ministério da Agricultura é o seguinte.
GovernoCentral
GovernoProvincial
Governo Distrital
Ministério da Agricultura
Direcção Provincial de Agricultura
Outras Direcções relacionadas
com ramo agrário
Serviços provinciais de
Extensão Rural
Serviços provinciais de
Agricultura
Serviços provinciais de
Pecuária
Serviços Provinciais de
Florestas e Fauna Bravia
Outros Serviços relacionados
com o ramo agrário
Direcção Nacional de
Extensão Agrária
Direcção Nacional dos
Serviços Agrários
Direcção Nacional dos
Serviços Veterinários
Instituto de Investigação
Agrária de Moçambique
Função de ComércioFunção de
Desenvolvimento RuralFunção de IndústriaFunção de Turismo
Função de Pecuária e
Fauna Bravia, Pescas
Função de Agricultura e
Extensão
Serviços Distritais de Actividades Económicas
Fonte: MINAG, 2010
Figura 2.3.1 Estrutura Administrativa do Ministério da Agricultura
As instituições responsáveis pelas diferentes actividades agrícolas são Instituto do Algodão
de Moçambique (IAM), Instituto Nacional do Caju (INCAJU), o Instituto de Investigação
Agrária de Moçambique (IIAM) e Centro para a Promoção da Agricultura (CEPAGRI). O
IAM gere a política do algodão, adaptada em 1998, e administra advocacia INCAJU
processamento de caju estratégia também está em vigor desde 1998. O IIAM é responsável
por pesquisas na agricultura e na produção de sementes básicas são fornecidas para empresas
comerciais de sementes e agricultores contratados para produzir sementes certificadas. O
CEPAGRI promove investimentos em exportação agrícola orientado.
(2) Ministério da Planificação e Desenvolvimento: MPD
O Ministério da Planificação e Desenvolvimento é o ministério responsável pela
coordenação geral da preparação do Programa Quinquenal do Governo e do PARPA. Todas
as vezes que um Ministério elabora suas políticas e estratégias, este Ministério verifica se
estas estão de acordo com o conteúdo do Programa Quinquenal de Governo. Também
certifica que os planos de desenvolvimento provinciais seguem as políticas nacionais, aprova
tais planos e verifica o progresso da execução das políticas por parte dos governos
provinciais e por cada setor. Com relação ao desenvolvimento rural, em setembro de 2007
foi elaborada a Estratégia de Desenvolvimento Rural: EDR.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-19
2.3.4. Política de Posse de Terra
Após a independência do país, em 1975, as terras foram estatizadas. Na década de 80, após o
fim do sistema socialista no país, a propriedade residencial passou a ser devolvida ao privado
mediante solicitação, mas até hoje não é reconhecida a posse de terra, podendo apenas ser
alugada por 50 anos. Com o movimento da privatização, os alugueis das propriedades
comerciais também passaram a ser reconhecidas por 50 anos, e os estrangeiros também têm
direito a alugar terras. Para transferir o direito do uso da terra, é necessário o reconhecimento
do governo, e por isso, a terra não pode ser oferecida como garantia de financiamento.
Segundo a explicação do CPI, o direito de uso de uma área de até 1.000 ha requer a
autorização do governo provincial, entre 1.000 ha até 10.000 ha, cabe ao ministro da
agricultura autorizar, e no caso de áreas superiores a 10.000 há que ser aprovado por um
conselho de ministros. Não há restrição quanto a estrangeiros ou empresas estrangeiras
registradas como pessoa jurídica utilizarem terras. Mas o direito será confiscado se a terra
ficar em desuso por um determinado período (2 anos, no caso de estrangeiro, e 5 anos, no
caso de nacionais).
Tanto os agricultores quanto as empresas devem pagar pelo direito de uso de terras ao
governo provincial (Estado) e assim obter a licença de uso para cultivar e processar produtos
agropecuários. A província concede o direito de uso por um máximo de 50 anos renovável
por mais 50 anos, uma vez realizados os tramites de prorrogação. Os valores para o direito
de uso de terras se mostram a seguir. Estas tarifas são determinadas de acordo com a tarifa
básica de uso e as condições do terreno.
1) Terras para cultivo de alimentos: 15 MT/ha
2) Terras para cultivos permanentes: 2 MT/ha
3) Terras para a pecuária (inclui áreas de conservação de vida silvestre): 2 MT/ha
4) Terras para outros usos (inclui área para agronegócios): 30 MT/ha
5) Terras para facilidades turísticas: 200 MT/ha
Fonte: 1) Trabalho Inquéritos Agrícolas, 2007, MINA 2) http://www.portal dogoverno.gov.mz/Informação/dirTerra/terra3
2.3.5. Registro de Terras
A segurança e posse de terra em Moçambique têm mostrado mudanças significativas nos
últimos anos. A Política de Terras, adotada em 1995, e a Lei de Terras aprovada em 1997,
seguida do Regulamento da lei em 1998, estabelecem os princípios e os termos em que se
opera a constituição, o exercício, a modificação, a transmissão e a extinção do direito de uso
e aproveitamento da terra, para garantir o acesso e a segurança de posse da terra, tanto dos
camponeses como dos investidores nacionais e estrangeiros. Finalmente o Anexo técnico do
regulamento, aprovado em 1999, detalha a metodologia para o registro de terras. Com a
legislação, foram lançadas as bases para o desenvolvimento do sistema de administração de
Relatório Final
2-20
terras que facilita o desenvolvimento rural e assegura os direitos e interesses do setor privado,
bem como das comunidades locais. A política e os instrumentos legais cobrem vários
aspectos chaves da ocupação e uso da terra. Várias situações são reguladas, incluindo, uma
metodologia que permite a aquisição do direito de uso da terra e benefícios para as
comunidades locais pela ocupação de boa fé e pelos canais oficiais. Além disso, a política foi
desenhada para encorajar o desenvolvimento de parcerias entre o setor privado e as
comunidades locais, permitindo assim, as comunidades se beneficiarem diretamente do uso
da Terra. Contudo a implementação da Lei de terras tem sido lenta e requer um eficiente
sistema de administração de terras de forma a melhorar a segurança de posse da terra bem
como melhorar o acesso e garantir o uso de forma mais eficiente em beneficio do
crescimento econômico.
2.3.6. Considerações Ambientais
Moçambique, em consonância com as ações globais sobre o meio Ambiente, aprovou em
1995 sua Política Nacional do Ambiente, a qual tem como principio “a promoção do
desenvolvimento sustentável e a utilização racional dos recursos naturais, através da inclusão
dos princípios e práticas ambientais no esforço nacional de reconstrução e desenvolvimento
do país, através de políticas e legislação apropriadas para esse efeito” (MICOA, 1995).
Posteriormente em outubro de 1997 foi promulgada a Lei do Ambiente que dispôs sobre o
arranjo de instituições para a gestão ambiental, sobre a poluição do ambiente, sobre medidas
especiais de proteção do ambiente, sobre prevenção de danos, direitos e deveres do cidadão,
responsabilidades e sanções e fiscalização ambiental. E em 2004 foi sancionado o Decreto
n.º 45/2004 de 29 de Setembro que regulamenta os Processos de Avaliação do Impacto
Ambiental.
A legislação formada institui os cuidados necessários com os recursos naturais do País e tem
como doutrina a obrigatoriedade de realizar o EIA – Estudo de Impacto Ambiental, de forma
que todas as atividades públicas ou privadas que direta ou indiretamente venham a influir
nos componentes ambientais, devem estar devidamente autorizadas para o exercício da sua
atividade, e de posse do certificado comprovativo da viabilidade da mesma, ou seja, da
licença ambiental emitida pelo MICOA.
O processo para obtenção da licença ambiental passa por etapas como a Avaliação do
Impacto Ambiental (AIA); o Estudo de Pré-viabilidade ambiental e Definição do Âmbito
(EPDA); o Estudo do Impacto Ambiental (EIA) e o Estudo Ambiental Simplificado (EAS).
Nesse processo inclui-se a elaboração e submissão dos termos de referência (TdR), dos
estudos.
Observando-se a legislação percebe-se que houve o cuidado de abranger todos os aspectos
que impactam os recursos naturais, no entanto a legislação não se aplica às atividades
agrárias em áreas abaixo de 50 ha. Esse benefício implica na totalidade dos pequenos
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
2-21
agricultores da região, que por sua vez são atores responsáveis por impactos ambientais
causados nos recursos naturais observados ao longo da área do estudo.
A redução do impacto ambiental, nesta área, está diretamente ligada à condição de difundir
um nível básico de informação e de educação ambiental. Em paralelo há que se considerar
a dificuldade deste extrato social agrário em compreender como o impacto causado sobre os
recursos naturais, ao longo do tempo, irá reduzir substancialmente sua produtividade agrária.
2.3.7. Financiamento Agrário
De acordo com o relatório preparado pelo Banco Mundial em 2006 “Estratégias para o
Desenvolvimento Agrário de Moçambique”, praticamente não existe financiamento rural
para os pequenos produtores agrícolas do país e mesmo nos países africanos se encontra
bastante atrasado1.
Nas áreas rurais não se encontram bancos comerciais privados e praticamente não existem
instituições financeiras que possam atender pequenos agricultores. Um dos fatores para isso
é o alto risco que existe, já que esses pequenos agricultores praticam uma agricultura de
subsistência e dependente da chuva. Por outro lado, existem serviços de financiamento para
grandes agricultores, comerciantes, agroindústrias e exportadores, mas a avaliação é rigorosa
e os juros são muito elevados (a taxa de juros do Banco Nacional de Moçambique é de
12,5%/mês).
As microfinanças são oferecidas principalmente a projetos agrícolas, mas são poucos os
órgãos que emprestam diretamente aos agricultores. Na maioria das vezes, empresta-se para
os comerciantes que compram os produtos dos agricultores ou intermedeiam a compra, e
estes emprestam aos agricultores (na maioria das vezes, através do fornecimento em insumos,
por exemplo, sementes, etc.). O empréstimo não é oferecido diretamente para os agricultores
devido a alguns motivos.
Primeiro, Os produtores tem direito ao DUAT (Direito e Uso e Aproveitamento de Terra)
para quem solicita. Entretanto, a terra não é utilizada como garantia. Assim, normalmente,
são oferecidos casas ou veículos, entretanto os microprodutores muitas vezes não possuem
bens para oferecer. Em segundo lugar, a agricultura sofre grande influência do clima, e
mesmo em países desenvolvidos, o setor é considerado de alto risco. Como os produtores
não possuem capacidade para reduzir os impactos externos, ficam especialmente vulneráveis
ao clima, e durante a época da produção, o volume produzido não é estável. Por último, em
geral, os produtores necessitam de recursos financeiros para a compra de sementes, mas
como adquirem de comerciantes, estes aceitam receber a safra que será colhida como
pagamento pelas sementes
1 Banco Mundial, Mozambique Agricultural Development Strategy: Stimulating Smallholder Agricultural Growth, p. 49.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-1
CAPÍTULO 3 SITUAÇÃO E TEMAS DA ZONA DO CORREDOR DE NACALA
3.1. Situação da Zona do Corredor de Nacala
3.1.1. Visão Geral do Corredor
Ao norte de Moçambique se encontra o corredor de Nacala, que parte do Porto de Nacala na
costa leste e atravessa o país de leste a oeste, cruzando a província de Nampula sua capital
passando por Cuamba, em Niassa, chegando até Lichinga, conectando países interiores como
Malaui e Zâmbia. O porto de Nacala é o terceiro em importância por volume de carga,
depois dos portos de Maputo e Beira, em Moçambique. É um porto com profundidade
natural e de acordo com o projeto de expansão existente, estão sendo consideradas a
ampliação do pátio de containers, a construção de um terminal para derivados de petróleo,
um pátio de carga de minerais, já prevendo o desenvolvimento futuro do corredor e as
diversas necessidades que isto irá acarretar.
O corredor de Nacala ocupa um lugar importante como infraestrutura dentro do NEPAD e
estão sendo realizados investimentos de envergadura para o desenvolvimento de recursos
minerais como o carvão, cobre, titânio e mineral de areia nas proximidades do corredor.
Além da construção de estradas, também está sendo planejado o apoio a diversas áreas como
o desenvolvimento comunitário e se espera um apoio integral não só material como também
social.
Durante o período de abril de 2004 a março de 2008, o governo de Moçambique realizou o
Estudo para o Projeto de Melhoramento da Rodovia Nampula-Cuamba, dentro do corredor
Nacala, e a implementação do projeto deverá ocorrer com o empréstimo do AfDB.
Atualmente a JICA está realizando o Projeto Preparatório para a Rodovia Cuamba -
Mandimba e Mandimba - Lichinga.
O corredor de Nacala possui 600 km de extensão leste-oeste, e a região alvo do estudo, que
compreende 12 distritos, possui 570 km de extensão este-oeste com uma largura que varia
entre 30 e 70 km no sentido norte-sul. A área total dos 12 distritos é de cerca de 58.000 km2.
Relatorio Final
3-2
Tabela 3.1.1 Área da Região de Estudo(km2)
Província de Nampula
Distrito de Malema 6.386 Distrito de Meconta 3.786
Distrito de Ribáue 6.280 Distrito de Mogovolas 4.748
Distrito de Murrupula 3.095 Distrito de Muecate 4.133
Distrito de Nampula 3.739 Distrito de Monapo 3.581
Província de Niassa
Distrito de Mandimba 4.699 Distrito de Cuamba 5.345
Província de Zambézia
Distrito de Gurué 5.688 Distrito de Alto Molócue 6.343
Total 56.437
Fonte Perfil do Distrito, Ministerio da Administracao Estatal, 2005.
O presente Estudo tem como alvo as regiões acima, mas devido a limitações de tempo, as
descrições e análises dos resultados e dados/informações obtidos no estudo de campo
referem-se principalmente aos distritos da província de Nampula, onde se localiza a maior
parte do Corredor de Nacala
3.1.2. Condições Naturais
(1) Clima
1) Volume de chuvas
De acordo com a classificação climática de Köppen, a savana tropical (Aw) apresenta como
características um verão chuvoso onde: a) a temperatura média dos meses mais frios é
superior a 18o C (coqueiros naturais), b) o volume médio anual de precipitações se encontra
acima do limite seco 1 e c) o volume
pluviométrico durante o mês com menos
chuvas é menor que 60 mm e menos que
(100-0.04×volume anual de chuvas). O
planalto brasileiro (região do cerrado) e a
África oriental, pelo lado do Oceano Índico
(Norte de Moçambique), estão incluídas
nessa região. Porém, a taxa de variação de
chuvas anual2 no cerrado é bastante baixa,
menor que 10%, o que permite um volume
de chuvas estável durante o período de
chuvas, enquanto no norte de Moçambique,
a taxa é bastante elevada, entre 20 e 30%
1 O limite seco r (mm) considera a temperatura média t (oC), onde r=20 ((t+x). Se é do tipo inverno seco x=14. Se é do tipo verão seco x=0, se é do tipo pluviosidade média x=7 (Köppen-geiger-hessd-2007.svg-Wikipedia, 31 de outubro de 2009)
2 Divisão entre a variação padrão do volume anual de chuvas com o valor médio
Taxa de
variação
Fonte: A. Goudie, J. Wilkinson, “Ciência ambiental do deserto”,1987, tradução Masatoshi Hibino,
Figura 3.1.1 Índice de Variação Pluviométrica Anual Mundial
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-3
(Figura 3.1.1), pelo que freqüentemente se alternam anos de seca com anos de inundações.
Observando o clima e a taxa do índice pluviométrico anual destas regiões, se pode-se dizer
que existem semelhanças também com a caatinga do nordeste brasileiro (Figura 3.1.1).
Os 12 distritos deste Estudo se encontram em zonas cujas altitudes são relativamente
elevadas dentro de Moçambique, sendo de 0 - 200 m (Monapo), 200 - 600 m (Murrupula,
Nampula, Mucaeté, Meconta), até 600 - 1.000 m (Mandimba, Cuamba, Gurué, Alto Molocué,
Malema e Ribaué); onde se encontram muitas zonas escarpadas (Figura 3.1.2). As
características destas zonas são: clima semi-árido, com períodos rigorosos de seca durante a
metade do ano (maio a outubro) e chuvas no verão (novembro a abril), com precipitações
entre 800 - 1.000 mm (Mandimba, Cuamba, Mucaete, Monapo, Nampula, Mulumba,
Meconta e Mogovolas), 1.000 - 1.200 mm (Ribaue, Alto Molócue e Malema) e acima de
1.200 mm (Gurué); zonas consideradas com chuvas abundantes dentro do país (Figura
3.1.3).
Entretanto, as chuvas concentram-se em um curto período de tempo, enquanto que no
cerrado brasileiro há 5 ou 6 meses em que a pluviosidade mensal é superior a 100 mm,
incluindo uma margem de erro. Na região alvo, o período de chuvas é menor, 4 meses,
excepto no distrito de Gurué - 5 meses. Além disso, na região do cerrado, a pluviosidade
mensal desses meses, incluindo margem de erro, é menor que 300 mm, enquanto que em
todos os pontos do Corredor de Nacala há meses que ultrapassavam esse volume, e a
tendência de margem de erro é maior que a região do cerrado (Figura 3.1.4). Em outras
palavras, no corredor de Nacala, o período adequado para o cultivo é menor e há ocorrência
de chuvas fortes e concentradas. A oscilação do clima também é maior, aumentando os riscos,
pois logo após a germinação pode haver chuvas fortes que causam danos como a erosão, ou
pode ocorrer a seca durante o período de crescimentos das plantas.
Relatorio Final
3-4
Fonte: Preparado com dados do Instituto Nacional de Investigação Agronômica (INIA), 1999
Figura 3.1.2 Distribuição da Altitude em Moçambique e Distritos da Área
do Estudo
Fonte: Preparado a partir de Vulnerability Analysis and Mapping, WAO - World Food Program, Moçambique, 1997
Figura 3.1.3 Volume Pluviométrico durante o Período de Chuvas (novembro
– abril), em Moçambique e Distritos da Área do Estudo
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-5
Figura 3.1.4 Volume Pluviométrico durante o Período de Chuvas em Moçambique e Distritos da Área do Estudo
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Gurué
Precipitação média
anual: 1516 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Alto Molócue
Precipitação média
anual: 1330 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Ribaué
Precipitação média
anual: 1187 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Muecate
Precipitação média
anual: 1014 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Mandimba
Precipitação média
anual: 1439 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Goiás
Precipitação média
anual: 1505 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Brasília
Precipitação média anual:
1186 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Nampula
Precipitação média
anual: 1245 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Cuamba
Precipitação média
anual: 1059 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Meconta
Precipitação média
anual: 947 mm
0
100
200
300
400
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Malema
Precipitação média
anual: 750 mm
Cerrado brasileiro
Regiões do Corredor de Nacala, Moçambique
Plu
vio
sid
ad
e (
mm)
Nota: A precipitação apresentada é a média do
seguinte período, indicada juntamente com
margem de erro: Brasília (1995-2005), Goiás
(1999-2008), Mandimba (1974-1977, 1980), Guru
é (1927-1981), Nampula (1999-2008), Alto Moló
cue (1969-1978), Cuamba (1997-2007), Ribaué
(1994-1997 , 1999-2003), Meconta (1990-1991,
1993-1996), Muecate (1999-2007), Malema
(1960-1963, 1967-1968). (Fonte: Embrapa
Cerrados, Embrapa Arroz e Feijão, Instituto
Nacional de Meteorologia de Moçambique.)
Relatorio Final
3-6
2) Temperatura
A temperatura média mensal da área de Estudo é entre 17 e 28,6º. Ela é mais alta entre os
meses de outubro e dezembro, no início da estação da chuva, com 26º de média, e é mais
amena nos meses de junho e julho, na estação seca, com a média de 20º. A variação diária é
de 11 a 17º, e esse número é maior nos distritos de Ribáue, Malema, Cuamba, Gurué e Alto
Molócue, que se localizam no interior.
A média da temperatura máxima mensal da cidade de Nampula (altitude de 441 m) é de 25 a
32º, e a mínima mensal é de 16 a 22º. Por outro lado, na cidade de Cuamba (altitude de 588
m), a temperatura máxima é entre 28 e 35º, e a mínima, entre 11 e 20º. A temperatura
diminui no oeste do país e em locais com altitude alta.
Por outro lado, na cidade de Gurué (altitude de 734 m) e Alto Molócue (altitude de 563 m),
da província de Zambézia, na parte sul, a temperatura média mensal é 1,0 a 3,5º mais baixa
que a região norte. Na cidade de Gurué, a média da temperatura máxima mensal é entre 23 e
32,5º, e a mínima, entre 12 e 18º. Essa área possui clima diferente da região de savana
tropical da região norte.
(2) Relevo
O relevo de Moçambique é caracterizado por uma zona montanhosa a oeste, que decresce
em degraus aplanados até a planície litoral a leste. Assim, existem no país, planícies,
planaltos, montanhas e depressões. Cerca de metade (44%) do território é constituído por
planície, com altitudes de até 200 metros, sobretudo na parte sul. Já na parte norte e centro
(51%), ocorrem duas zonas de planalto entre 200 e 500 metros e acima de 500 metros.
Quanto à formação geológica da área do Estudo, segundo trabalho realizado na Universidade
do Minho, em termos litológicos, pode ser considerada “como um corpo rochoso constituído
por fragmentos de rocha de vários tamanhos e tipos, imersos caoticamente em matriz fina
sem estratificação sedimentar, originado em processo tectônico ao longo da faixa de uma
região de confronto de placas tectônicas (melange tectônica)” (Cumbe, 2007).
As impressões levantadas na visita à área alvo do estudo, nos dez Distritos ao longo do
Corredor de Nacala, observou se uma topografia bastante dinâmica, alternando a presença de
áreas planas e o afloramento de rochas ao longo da estrada de ferro. Essa dinâmica pode ser
obervada no mapa de declividade elaborado com informações selecionadas e extraídas de
imagens do Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), com resolução espacial de 90 m
(Figura 3.1.5). A manipulação destas imagens foi realizada através do software ArcGIS 9.3
(ferramentas slope e hillshade), sendo que, foram espacializados 05 intervalos de declividade
(<5%; 5-10%; 10-15%; 15-30% e >30%). Na tabela abaixo é apresentado um resumo das
características das imagens SRTM utilizadas:
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-7
Satélite: Space Shuttle Endeavor Sensor: C-banda e X-banda
Resolução de Captura: 3 arc secunda Resolução do Pixel: 90 metros
Tipo de Cena: Graus Tamanho da Cena: 1 latitude X 1 grau longitude
Projeção: Geográfica
Pelo mapa de declives, pode-se observar que a parte central do Corredor de Nacala possui
muitas áreas com inclinações íngremes devido à existência de inúmeras montanhas rochosas.
Por outro lado, na cidade de Nampula e na sua parte leste há poucas montanhas rochosas,
sendo os 3 distritos do extremo leste especialmente constituídos por extensas áreas de terra
plana. Além disso, na região ocidental, do oeste do distrito de Cuamba a leste do distrito de
Mandimba, há uma vasta área de terra plana no sentido norte-sul. Nas áreas afastadas do
corredor, no norte do distrito de Malema, no distrito de Ribáue, no sul do distrito de
Murrupula e sudeste do distrito de Alto Molócue, o relevo é relativamente brando.
(3) Recursos Hídricos
Moçambique tem sofrido efeitos dos eventos climáticos de natureza hidrológica, causados
pelo baixo e/ou alto nível de escoamento das águas superficiais. A magnitude dos efeitos das
secas e cheias, que assolam o País tem extremo impacto na população, tanto na zona costeira
quanto no interior. Estes fatos colocam desafios que vão desde a criação de capacidade de
armazenar água para o posterior uso nos períodos de escassez quanto à criação de
capacidade técnico-institucional na utilização eficiente da água para agricultura.
O país conta com uma Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, cujo objetivo
principal é satisfazer as necessidades básicas de abastecimento de água para o consumo
humano, utilização eficiente da água para o desenvolvimento econômico, água para
conservação ambiental, redução da vulnerabilidade à cheias e secas, bem como garantir os
recursos hídricos para o desenvolvimento.
Na região do Corredor de Nacala existe uma grande vulnerabilidade no abastecimento de
água rural e alta dependência às condições climática. A agricultura de subsistência e
produção encontram-se nesta situação.
A Administração Regional das Águas do Centro Norte (ARA - Centro Norte), órgão
subordinado ao Ministério das Obras Públicas e Habitação, está ciente e atento a esta
situação.
A área coberta pela ARA-Centro Norte é delimitada ao sul pela bacia do rio Licungo e a
Norte pela bacia do rio Lúrio, perfazendo uma área total estimada em cerca de 188.000 km2,
que compreende oito bacias hidrográficas principais, sendo de sul para norte: Licungo,
Melela, Molócue, Ligonha, Meluli, Monapo, Mecuburi e Lúrio. A menor destas bacias é a do
Rio Molócue, com aproximadamente 6.500 km2, e a maior bacia hidrográfica é a do rio
Lúrio, com 60.800 km2. A área também possui um grande número de pequenas bacias,
majoritariamente localizadas na zona costeira (Figura 3.1.6).
Relatorio Final
3-8
O relatório técnico elaborado em 2006 pela ARA sobre a situação geral dos recursos hídricos
da região mencionou os seguintes pontos:
• O uso da água na região da ARA - Centro Norte é muito limitado.
• Há um rápido escoamento das águas de precipitação.
• Os usuários mais importantes são os sistemas de abastecimento de água urbanos nas
maiores cidades como Nampula e outras, como Angoche, Ilha de Moçambique, Gurué,
Mocuba, Cuamba e outras pequenas vilas.
• Praticamente não há projetos industriais fora dos centros urbanos, sendo o mais
promissor o projeto das areias pesadas de Moma. Os desenvolvimentos de mineração
na Província da Zambézia são insignificantes, embora representem um potencial para o
uso da água no futuro.
• A irrigação na região é muito limitada em comparação com outras partes do país.
• As águas subterrâneas dos poços não são habitualmente medidas nos programas de
exploração de águas em Moçambique, estes só podem ser determinados a partir dos
dados das capacidades específicas (caudal por unidade de rebaixamento) assumindo um
rebaixamento máximo de 10 m. Este procedimento é aplicado em muitas outras áreas
em Moçambique e os dados obtidos são confiáveis.
• A produtividade média dos aqüíferos na região varia de 0.1 - 12 m3/h/m. Mais da
metade dos poços registrados tem capacidades específicas menores que 0.5 m3/h/m, o
que significa que têm uma produtividade limitada.
• O abastecimento de água rural é muito importante para o desenvolvimento
socioeconômico, mas é globalmente muito pequeno em termos de consumo de água
embora a região seja a mais populosa de Moçambique.
Figura 3.1.6 Bacias Hidrográficas na Região da ARA-Centro Norte
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-9
Assim a meta prioritária da ARA – Centro Norte é ampliar o abastecimento de água à
população rural e suprir 50% dessa demanda rural até 2015. Para tanto pretendem realizar
450 furos por ano na região.
Outra necessidade que se apresenta na região é a água para irrigação, que vem sendo suprida
precariamente com pequenos investimentos provinciais, distritais e por ONGs na construção
ou reconstrução de barragens.
O que se observa na realidade é um elevado aumento na demanda por água e o adensamento
das atividades agrárias nas áreas das nascentes dos rios causando um acentuado impacto
ambiental, a conseqüência direta deste impacto é a gradual redução no fluxo das águas
podendo provocar consideravelmente a escassez hídrica na região.
Na região centro-norte, em ARA, existem 42 açudes (reservatorios de agua), 3 lagoas e 16
fontes de agua, como instalações de água. Quase todas apresentam baixo rendimento e
existem planos para a realização de trabalhos de reabilitação.
(4) Características de solo
Segundo os critérios de classificação pela FAO, nas zonas altas do noroeste de Moçambique
se encontram Ferralssolos (solo ácido em climas tropicais úmidos) em estado adiantado de
erosão; desde o nordeste à costa central se encontram Lixissolos (solo alcalino) abundante
em solo básico. Na planície sul predominam os Regossolos (solos de clima semi-árido)
inexplorados. Por outro lado, no Brasil, grande parte da zona da bacia Amazônica e do
Planalto está coberta de Ferralssolos e no nordeste em direção à costa atlântica se encontram
os Lixissolos. Na zona sul, onde o clima é mais temperado, se encontram Leptosslos (solo
muito fino sobre uma base de rochas) e Vertissolos (Elevado conteúdo de argila)
Observando-se os distritos da área do Estudo, há a presença de Ferralssolos nas
proximidades do distrito de Gurué, na província de Zambézia, mas nos outros distritos
predominam os Lixissolos, Luvissolos (solo de bosques ricos em nutrientes, Acrissolos (solo
ácido de climas tropicais úmidos), Lixi/Luvissolos e Gleyssolos (solo excessivamente
úmido), revelando a diversidade de solos existentes. Portanto, o solo da área do Estudo
possui características diferentes do cerrado, onde predomina o Ferralssolos3 (Figura 3.1.7).
O Ministério de Agricultura de Mocambique realizou uma classificação do país de acordo
com 10 pisos agro-ecológicos (Tabela 3.1.2 e Figura 3.1.8) conforme o regime de chuvas,
relevo, tipo de solo etc. De acordo com esta classificação, a maioria dos distritos dentro da
área deste Estudo se encontra em zonas com volume anual de chuvas entre 1.000 - 1.400 mm,
solo arenoso ou argiloso R7 (Cuamba, Mandimba, Malema, Ribáue, Murupula, Nampula,
Mueate e Alto Molócue), seguido de zonas com volume de chuvas um pouco menor 800 -
1.200 mm com solos igualmente arenosos ou argilosos R8 (Monape, Meconta, Mogovolas).
3 Segundo os critérios de classificação adotada pela EMBRAPA de Brasil, major parte do Cerrado está pertencente ao Latosol, e diz que na área do Corredor de Nacala poderiam ser amplamente distribuído nesta Latosol.
Relatorio Final
3-10
O único distrito que apresenta solo parecido ao cerrado de forte ferralssolos é o distrito de
Gurué, que se encontra em uma zona mais elevada, com um volume de chuvas superior a
1.200 mm.
Assim, podemos concluir que a única zona com solo similar ao cerrado é a zona próxima ao
distrito de Gurué, com um solo pouco fértil e muito ácido (R10), sendo que nas zonas baixas
em direção ao Oceano Índico, o solo é básico, mais similar ao solo da caatinga (R8).
Localizado entre essas duas áreas e onde se encontra grande parte da zona do Estudo é R7,
que é apropriado para a agricultura por apresentar baixa acidez e pouca eluviação de
nutrientes. O exame sempre de solo realizado pelo Dr. Yusuke Okada, nos cinco pontos PH
estiveram distribuídos de 5,8 a 6,5, mas os pontos do exame foram limitados e os estudos
mais profundos são necessários em futuro.
Tabela 3.1.2 Classificação de Solos do Ponto de Vista Agroecológico em Moçambique
Piso agroecológico
Classificação
Região
Volume pluviométrico anual (mm)
Tipo de solo Jurisdição Estação
experimental
R1 Interior sul, zona semi
desértica 570 Arenoso Sul (Chókwé)
R2 Costa sul, zona semi
desértica 500-600 Muito arenoso Idem
R3 Interior sul, zona desértica 400-600 Apropriado para a agricultura,
argiloso Idem
R4 Zona alta central 1.000-1.200 Argiloso Centro
(Sussundenga) R5 Zonas costeira central 1.000-1.400 Vestissolos e Fluvissolos Idem
R6 Deserto de Zambezia Tete 500-800 Arenoso, argiloso Idem
R7 Região central e norte
interior 1.000-1.400 Arenoso, argiloso
Nordeste (Nampula)
R8 Região da Costa norte 800-1.200 A maioria tem pequenas áreas de
solo arenoso e argiloso Idem
R9 Norte interior Cabo
Delgado 1.000-1.200 Calcário e arenoso Idem
R10 Áreas altas >1.200 Forte Ferralssolos Noroeste
(Lichinga)
Fonte: Instituto Nacional de Investigação Agronômica, Agro-climatic region with stations, 1996
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-11
Fonte: Instituto Nacional de Investigação Agronômica, Agro-climatic region with stations, 1996
Figura 3.1.8 Classificação Agroecológica de Moçambique
O solo da zona de divisória da área do Estudo de 12 distritos apresenta baixa concentração
de base, como no cerrado, mas o solo é arenoso e com baixa ou média acidez, o que difere
do cerrado, que apresenta solo siltoso e muito ácido. Além disso, conjetura-se que enquanto
o solo do cerrado possui tendência de acidificação, o solo das regiões com pouca chuva da
província de Nampula possui tendência de alcalinização. Entretanto, verificou-se no estudo
de campo que de Nampula até Malema, estende-se vasta área de solo arenoso, com baixa
densidade de vegetação, mas a medida que se aproxima de Gurué (Ferralssolos), partindo de
Malema, o solo de argila leve aumenta, e já na zona próxima a Alto Molócue (presença
principalmente de Acrissolos), aumenta a argila siltosa e a vegetação se torna mais densa.
Para se introduzir novos cultivos e para se definir o padrão de aplicação de fertilizantes,
torna-se necessária a realização de um estudo considerando as diferenças dos tipos de solo.
Dados de estudos realizados sobre as características físicas e químicas do solo no Corredor
de Nacala foram localizados em 03 Comunicados técnicos do IIAM, de 1971. Durante a
visita técnica à região do corredor, os depoimentos coletados foram controversos,
qualificando os solos na região como muito férteis a altamente pobres. Notou-se que quanto
à acidez as análises dos solos variaram entre 4,5 a 5,0 de PH até 6,5 de PH. Essa
Relatorio Final
3-12
característica, se confirmada, requer que as ações de correção da acidez com a aplicação de
calcário deve ser bem monitorada, pois há risco de causar salinização no solo. O Mapa de
Solos e sua classificação foi elaborado com dados da Carta Nacional de Solos, escala
1:1.000.000 elaborado pelo INIA - 1995, atualmente Instituto de Investigação Agrária de
Moçambique (IIAM) (Figura 3.1.7).
(5) Biologia
1) Vegetação
O termo Savana vem sendo utilizado de forma ampla para denominar diferentes formações
de vegetação no mundo. O médico-ecólogo francês François Bourliére, em conjunto com
autoridades no tema, deu uma grande contribuição para o esclarecimento sobre savanas, ao
publicar em 1983 o livro intitulado: Ecosystems of the world 13: tropical savannas. Existem,
segundo os autores, fatores que em conjunto caracterizam a formação da savana, entre eles
estão às condições climáticas, edáficas, hidrológicas, geomorfológicas e o tipo de vegetação.
Para outros autores, como o professor George Eiten, as savanas no mundo podem ser
agrupadas numa macroescala de acordo com as condições climáticas regionais, onde a
sazonalidade ou a concentração, no regime pluviométrico seria o fator determinante para
ocorrência da vegetação savânica, por exemplo, no continente africano (Eiten, 1982).
De conformidade com a visão primária do termo, a savana pode ser entendida como um tipo
de vegetação desprovida de árvores e com abundante extrato herbáceo. Por outro lado, na
visão moderna e mais ampla, o termo savana, em geral, pode ser definido como a vegetação
caracterizada por um extrato graminoso contínuo ou descontínuo com presença de árvores e
arbustos dispersos na paisagem (ver Collinson, 1988). Dentro desse conceito, as savanas
podem ser encontradas na América do Sul, África, Oceania e Ásia. A savana é considerada o
quarto maior bioma mundial em área, com cerca de 15 milhões de km2, que correspondem a
cerca de 33% da superfície continental da Terra, 40% da faixa tropical e abriga 20% da
população mundial (Whittaker, 1975; Mistry, 2000).
Ao longo do corredor, a diversidade da cobertura vegetal enquadra-se na ampla
caracterização das Savanas Tropicais. Possui vegetação que se diferencia entre matagal
aberto na sua maioria, seguido de zonas herbácea arborizada e floresta de baixa altitude
aberta (Figura 3.1.9)
2) Fauna Bravia
O conflito homem fauna bravia constitui hoje uma séria preocupação não só das populações,
mas também de todos os intervenientes na gestão da Fauna, pois este tem estado a crescer e a
provocar elevados dano socioeconômicos com impactos imensuráveis na vida da população
especialmente nas zonas rurais. Nas últimas quarto décadas o número da população animal
de forma geral decresceu e a população humana cresceu substancialmente, contribuindo para
a ocupação de áreas anteriormente livres da presença humana. Após a assinatura do acordo
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-13
de paz houve um processo de regresso ao campo e o reassentamento de milhares de cidadãos
deslocados e refugiados nos países vizinhos. Infelizmente, o processo de reassentamento nas
várias zonas do país centrou-se apenas no homem, pela necessidade de desenvolvimento
humano e não tomou em consideração aspectos ecológicos, tais como a capacidade de carga
dos ecossistemas e as rotas seculares de migração de animais bravios.
A ocupação de áreas não habitadas anteriormente e das rotas de fauna bravia (Figura 3.1.10),
acompanhado com o aumento efetivo da população de elefantes tem de certa forma reduzido
o habitat natural destes, trazendo como conseqüência a competição pelos escassos recursos
como alimentos e água, vegetação por parte dos herbívoros e por presas por parte dos
carnívoros. Perante esta situação, para sobreviver a fauna bravia tem sido forçada a fazer
incursões nas áreas de plantio dos camponeses onde os herbívoros devoram o milho e a
mandioca enquanto os carnívoros como o leão devoram o gado bovino, caprino e atacam o
homem.
Tabela 3.1.3 Conflitos que Ocorrem em Distritos e Áreas Próximas ao Corredor de Nacala
Provinc Elefante Crocodilo Hipopotamo Leão
Niassa
Mecula Nipepe Marrupa Metarica
Meponda Lago Mecula Majune Mandimba
Mecanhelas Majune Lichinga
Majune Marrupa
Nampula Malema Mecuburi Lalaua
Malema Memba Mecuburi Lalaua Mogincual
Angoche Moma
Moma Mossuril Mogovola
Fonte: Linhas de Orientação para a Mitigação do Conflito Homem – Animal (Região Norte – Niassa, Nampula e Cabo Delgado), SPFFB
Fonte: Linhas de Orientação para a Mitigação do Conflito Homem – Animal (Região Norte –
Niassa, Nampula e Cabo Delgado),
Figura 3.1.10 Rotas Migratórias dos Elefantes
Relatorio Final
3-14
(6) Desastres naturais
Em geral, a área do Estudo conta com chuvas em abundância e está localizada em zonas com
altitudes superiores a 200 m e onde se nota a existência de abundante solo arenoso, pelo que
é bastante vulnerável à erosão do solo. Os distritos de Gurué, Malema e Ribaue são os que
possuem mais zonas propensas a sofrer erosão do solo (Figuras 3.1.11 e 3.1.12) e onde as
chuvas são mais abundantes no país.
Por outro lado, a USAID fez uma classificação para 4 etapas de vulnerabilidades
(especialmente secas e inundações) baseada em entrevistas em nível nacional por distritos,
com o Ministério de Agricultura, sobre desastres naturais. A área do Estudo não conta com
nenhum rio importante e se encontra em uma zona relativamente elevada pelo que o
principal problema seria a seca. De acordo com isto, as províncias de Mulupala, Nampula,
Muecate, Meconta e Mogovolas, que contam relativamente com pouca chuva, têm
vulnerabilidade média com relação a desastres naturais, mas os outros distritos foram
classificados entre as categorias mais sólidas (Figura 3.1.12). Portanto, dentro da área do
Estudo, os distritos localizados nas áreas mais altas e nas zonas mais baixas têm como fator
de impedimento para a agricultura a seca e a erosão do solo.
Fonte: Preparado a partir de “Wambeke van J., Marques, M., Mozambique Erosion Hazard Map”, ano desconhecido
Fonte: Preparado de acordo com “USAID, Weighed hazard composite by district, 2005”
Figura 3.1.11 Grau de Vulnerabilidade dos Distritos dentro da Área do Estudo com Relação à
Erosão
Figura 3.1.12 Grau de Vulnerabilidade dos Distritos da Área do Estudo com
Relação a Desastres Naturais
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-15
(7) Situação da Produção Agrícola
Devido ao elevado volume de chuvas e tipo de fertilidade do solo, o norte de Moçambique é
considerado como uma zona apropriada para a agricultura. Citando o caso das leguminosas,
o amendoim que é um produto favorecido por solos alcalinos, é produzido em todas as zonas
da área do Estudo, com exceção do distrito de Gurué, que tem solo fortemente ácido. O
mapa projetado de zonas adequadas para o cultivo de amendoim, mostra quea área do Estudo
é considerada uma região onde a atividade agricultura é bastante ativa, exceto a região norte
onde a população é escassa (Figura 3.1.13).
Os aspectos descritos anteriormente estão demostrados em um resumo da situação da
agricultura na área do Estudo na Tabela 3.1.4. Gurué se encontra a uma altitude acima de
1.000 m com um clima temperado, solo ácido e baixo em nutrientes. As outras zonas são
zonas de solo de bosques, relativamente férteis com baixa acidez, mas em Alto Molocué,
Mulupala, Malema, Ribáue, Muecate e Nampula as chuvas podem provocar a erosão dos
solos. Com exceção de Gurué, onde não foi possível se obter dados, em todas as outras áreas
foi reportada a presença de solo arenoso e mesmo na época das chuvas, quando estas se
atrasam, estas zonas podem facilmente sofrer com o problema da seca.
Fonte: Esquerda “Generalised agro-climatic suitability for rainfed crop production sheet, 1982” e à direita “EROS Data Center-USGS, Mozambique Crop Use Intensity, 1992”
Figura 3.1.13 Zonas Consideradas Próprias para o Cultivo de Amendoim (esquerda) e Zonas de Forte Utilização de Solo para Cultivo (direita)
Relatorio Final
3-16
Tabela 3.1.4 Resumo das Condições Agrícolas na Área do Estudo
Área do Estudo Frequência de
desastres naturaisProvincia
Distrito
Agroecologia
Volume de chuvas
anual (mm)
Altitude(m)
Classificação de solo
Tipo de solo
Acidez de solo Erosão
do solo Seca/
Inundação
Gurué R10 >1,200 >1000 Ferralssolos - Forte Forte Zam
bezia
Alto Molocué R7 1,000 - 1,400
600 - 1000 Acrissolos Arenoso – Argiloso
Fraco Médio Baixa
Murrupula Medio
Malema Lixi/Luvissolos Médio
Ribaué Acrissolos Médio – Forte
Baixo
Muecate
Nampula
R7 1,000 - 1,400
200 - 600
Luvissolos
Arenoso-Argiloso
Médio
Médio
Monapo
Meconta Baixo
Nam
pula
Mogovolas
R8 800 - 1,200
0-200 Lixissolos Arenoso-Argiloso
Fraco
Baixo
Médio
Cuamba Lixi/
Luvissolos
Niate Mandimba
R7 1,000 - 1,400
600 - 1000Gleissoles
Arenoso-Argiloso
Fraco Baixo Baixo
Fonte: Criado pelos resultados da análise da equipa do Estudo
3.1.3. Situação Socioeconômica
(1) População
As províncias que estão relacionadas com o corredor de Nacala são as províncias de
Nampula, Niassa e Zambézia. A província de Nampula conta com 18 distritos além dos
municípios de Nampula, Nacala e da Ilha de Moçambique, a província de Niassa conta com
15 distritos e o município de Lichinga, e a província de Zambézia, com 16 distritos e os
municípios de Quelimane, Mocuba e Gurué.
A população total da província de Nampula em 2008 ascendia a 4.000.000 habitantes, sendo
uma das províncias mais populosas do país, juntamente com a província da Zambezia.
Durante os últimos 5 anos, a partir de 2003, o incremento populacional chegou a 13% e de
acordo com projeções estatísticas populacionais da província (1997 - 2015), para 2015 a
população deve chegar a 4.750.000 habitantes (aumento de 20% com relação a 2008). A
população está concentrada nos municípios de Nampula (11% da população total da
província) e Nacala, como também nos 6 distritos costeiros que juntamente concentram 42%
da população total da província.
Já a província de Niassa tem uma população de 1.080.000 habitantes, sendo a província
menos populosa do país, mas durante os últimos 5 anos a partir de 2003 teve um aumento
populacional da ordem de 15% e se calcula que em 2015 a população deve chegar a
1.310.000 habitantes (incremento de 21% com relação a 2008). A população se encontra
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-17
concentrada no município de Lichinga e na província de Cuamba, totalizando
aproximadamente 30% da população total da província.
Por outro lado, a população da província de Zambézia, em 2008, era de cerca 4 milhões,
sendo a mais populosa do país, ao lado da província de Nampula. A população concentra-se
na cidade de Quelimane e proximidades.
Tabela 3.1.5 Área e População da Zona do Corredor de Nacala
Província de Nampula Província de Niassa Província de Zambézia
Área (km²) 81.606 129.061 103.127
População (hab.) 3.958.899 1.084.682 3.967.127
Fonte: Anuário Estatístico 2008
A população total dos 12 distritos objectos de Estudo era de 2.050.000 pessoas (em
1/1/2005), sendo o Monapo o distrito com maior densidade populacional, com 76,1
pessoas/km2, e o Muecate, o de menor densidade populacional, com 20,2 pessoas/km2,
ambos da província de Nampulas.
Tabela 3.1.6 População da Área de Estudo (1/1/2005)
Distrito População Densidade
demográfica (pessoas/km2)
Distrito População Densidade
demográfica (pessoas/km2)
Província de Nampula
Distrito de Malema 149.782 23,5 Distrito de Meconta 147.145 38,9
Distrito de Ribaué 153.794 31,4 Distrito de Mogovolas 218.812 46,1
Distrito de Murrupula 122.028 39,4 Distrito de Muecate 83.669 20,2
Distrito de Nampula 153.449 41,0 Distrito de Monapo 272.400 76,1
Província de Niassa
Distrito de Mandimba 113.546 24,2 Distrito de Cuamba 161.558 30,2
Província de Zambézia
Distrito de Gurué 241.303 42,4 Distrito de Alto Molócue 230.795 36,4
Total 2.048.281 36,3 Fonte: Perfil do Distrito, Ministerio da Administracao Estatal, 2005.
(2) PIB
O Produto Interno Bruto regional da província de Nampula (PIB regional) é 725.000.000 de
dólares, correspondente a 14% do total do PBI do país e a província de Niassa é responsável
por somente 3% do PIB total do país totalizando 171.000.000 dólares.
O setor agroflorestal na província de Nampula é responsável por 55% do PIB regional,
seguido das exportações (inclui o setor de comercialização) com 15%. Os produtos de
consumo básico e produtos para a indústria assim como o petróleo dependem das
importações e são transportados desde o porto de Nacala em caminhões de 20 toneladas. O
setor manufatureiro representa 8% e a principal indústria está representada por algumas
dezenas de indústria de beneficiamento de castanha de caju. Por outro lado, na província de
Relatorio Final
3-18
Niassa o setor agroflorestal é responsável por 87% do PIB regional, seguido da mineração
(7%).
Tabela 3.1.7 PIB Regional e PIB per Capita na Zona do Corredor de Nacala
Província de Nampula Província de Niassa
PIB regional (milhões de USD) 725 171
PIB per capita (USD) 202 171
Fonte: Anuário Estatístico da Província de Nampula, Plano Estratégico da Província de Niassa 2017
Fonte: Anuário Estatístico da Província de Nampula Fonte: Plano Estratégico da Província de Niassa 2017
Figura 3.1.14 Estrutura dos Setores Econômicos na Província de Nampula
Figura 3.1.15 Estrutura dos Setores Econômicos na Província de Niassa
A renda per capita da província de Nampula é de 202 dólares, e de Niassa, 171 dólares
(Anuário Estatístico de respectivas províncias, 2004), muito menor que a média nacional, de
304 dólares. A maioria dos agricultores vive em casas de tijolos e barro com teto de palha
em condições de subsistência. Cerca de 10 a 30 famílias se concentram em um lugar
conformando vilarejos que se dispersam em vastas áreas. Quanto mais longe das cidades,
existe uma tendência de aumentar a distância entre um vilarejo e outro.
(3) Educação
O índice de analfabetismo adulto na província de Niassa (total: 55,3%; homens: 39.5%;
mulheres: 71,1%) e na província de Nampula (total: 57,4%, homens: 41,7%, mulheres:
73,2%) é maior que a média nacional (total: 48,1%, homens: 31,4%, mulheres: 62,7%), e
essa taxa é maior entre adultos, tanto homens como mulheres, acima de 30 anos. Esse índice
é ainda maior nas áreas rurais, e diz-se que apenas 6% da população rural concluiram o
ensino primário.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-19
Tabela 3.1.8 Taxa de Alfabetização de Adultos na Região Alvo (2008)
Consegue ler e escrever Consegue apenas ler Não consegue ler nem escrever
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens
35,3 6,3 55,3 Niassa
21,7 48,9 4,3 8,2 71,0 39,5
35,9 4,1 57,4 Nampula
20,5 51,2 3,6 4,7 73,2 41,7
46,9 3,3 48,1 Nacional
32,6 63,2 2,9 3,8 62,7 31,4
Fonte: INES 2009
O Ministério da Educação vem realizando a reestruturação e reorganização do sistema
educacional, aumentando o número de salas de aula, formando professores voluntários,
desenvolvendo materiais didáticos, dentre outros, visando o fortalecimento da alfabetização
de adultos após 2000, no âmbito da formação de base para o desenvolvimento econômico e
regional. Na entrevista feita na Direção Provincial da Educação de Nampula, foi-nos
relatado que o índice de analfabetismo adulto na província diminuiu 10% em 5 anos, entre
2005 e 2009.
Por outro lado, diz-se que apenas metade dos que ingressam no curso de alfabetização adulta
consegue concluí-lo, a maioria mulheres da área urbana. Isso se deve ao fato de que os
cursos de alfabetização têm duração de 10 meses para cada ano letivo, e as aulas são
oferecidas durante o dia. Assim, os trabalhadores das áreas de prestação de serviços ou
agricultores da área rural não conseguem frequentar os cursos, sendo muitas vezes obrigados
a abandonar o estudo.
Em 2007, o número de matriculados no EP1 (ensino primário do 1º ciclo) a nível nacional
era de 3.866.906 alunos (111%), e no EP2 (ensino primário do 2º ciclo), de 616.091 alunos.
Neste estudo, conseguimos recolher apenas os dados do EP1 e EP2 da província de Nampula,
dentre as regiões alvo, os quais são apresentados no quadro seguinte, juntamente com os
dados nacionais.
Considerando a proporção do número de habitantes da província de Nampula em nível
nacional (corresponde a cerca de 19%), o índice de matriculados no EP1 e EP2 da província
de Nampula pode ser considerado dentro da média. O Tabela 3.1.9 indica a evolução do
número de salas de aula e de alunos do EP1 e EP2 da província de Nampula. Entre 2005 e
2009, o número de alunos aumentou 36,9% no EP1, 76,7% no EP2, e 175,0% no ESG
(ensino secundário). Este aumento se deve a várias medidas tomadas para promover a
educação (como aumento do número de salas de aula, formação de professores e sua
distribuição, dentre outros), mas é resultado principalmente das medidas de fortalecimento
dos serviços de educação da região norte, que possui alto índice de crescimento
populacional.
Relatorio Final
3-20
Tabela 3.1.9 Volução do Número de Salas de Aula e Alunos no EP1 e EP2 da Província de Nampula (2005 a 2009)
Número de escolas Número de alunos
2005 2009 Índice de aumento
2005 2009 Índice de aumento
EP1 1.476 1.708 15,7% 570.682 781.130 36,9%
EP2 164 330 101,2% 61.573 108.814 76,7%
Total EP 1.640 2.038 24,3% 632.255 889.944 40,8%ESG1 18 40 122,2% 22.968 58.715 155,6%
ESG2 5 18 260,0% 2.502 11.311 352,0%
Total ESG 23 56 152,2% 25.470 70.026 175,0%
Fonte: Direcção Provincial da Educação de Nampula
(4) Saúde
O Tabela 3.1.10 mostra as instalações de saúde existentes na região alvo. Os dados da
província de Niassa são de 2007, e os da província de Nampula são de Novembro de 2009.
Tabela 3.1.10 Instalações de Saúde
Nampula Niassa
Total de instalações de saúde 142 205 Hospitais 2 8
Centros de saúde 112 135
Postos de saúde 28 49
Total do número de leitos hospitalares 731 2.988 Maternidade 270 941
Outros 461 2.047
Fonte: Dados de Niassa, de Mozambique in Figura 2008 Dados de Nampula, da Direcção Provincial da Saúde de Nampula
Hospital Central
Hospital Distrital Hospital Distrital
Hospital Rural Hospital Rural Hospital Rural Hospital Rural
Centros de Saúde
Postos de Saúde
Hospital Geral Hospital Geral
【Locais】
1. Hospital Central (1) � Nampula
2. Hospital Geral (2) � Malema
� Porto de Nacala
3. Hospital Rural (4) � Angoche � Monapo
� Ribáue � Namapa
4. Hospital Distrital (2) � Moma
� Lalaua
Fonte: Entrevista com a Direcção Provincial da Saúde de Nampula
Figura 3.1.16 Sistema de Encaminhamento de Hospitais (no caso da província de Nampula)
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-21
A diferença entre Posto de Saúde e Centro de Saúde é a existência ou não de instalações de
maternidade. Atualmente o Ministério da Saúde está agilizando a capacitação e a distribuição
do pessoal e o melhoramento das instalações para transformar todos os Postos de Saúde em
Centros de Saúde. Na província de Nampula, há 3 Centros de Treinamento que oferecem
capacitação de técnicas de tratamento médico, onde são formados enfermeiros (inclui
parteira e assistentes de saúde), farmacêuticos, técnicos de laboratório clínico, auxiliares de
farmácia, etc. Na Universidade de Lúrio há a Faculdade de Medicina. A lista dos técnicos da
área médica formados nessas instalações é administrada pela Direcção provincial da saúde, e
os profissionais são encaminhados para as instalações de saúde de modo adequado.
Na região alvo, as doenças mais comuns são: sarampo, meningite, intoxicação alimentar,
malária, problemas respiratórios, diarreia, tuberculose, hanseníase, HIV/SIDA, dentre outras,
e nos últimos anos tem aumentado os casos de malária. A Figura 3.1.16 mostra o sistema de
encaminhamento das instalações de saúde (no caso de Nampula), mas dependendo do nível
de emergência ou dos sintomas, o paciente pode ser encaminhado para hospitais mais
especializados. Mas nas áreas rurais, há maior risco de propagação de doenças devido à falta
de informações, falta do sistema de transporte público e falta de acesso às instalações
médicas e de saúde.
A taxa de incidência de HIV/SIDA é de 13,8% em todo o país (18,9% na região sul, 15,9%
na região central, 7,2% na região norte), e o número de contaminados é de 180.000 pessoas
na região sul, 570.000 na região central e 100.000 na região norte. Na província de Gaza, na
região central, onde se localiza o Corredor da Beira, a taxa de incidência chegou a 26,5%,
mas em 2007, havia diminuído para 23%. O Ministério da Saúde prevê que não haverá
grande aumento na taxa de incidência de agora em diante, mas há relatos de casos de
deficiência na distribuição de preservativos devido a problemas de acesso às instalações
médicas e de saúde. Além disso, há muitas pessoas que não fazem consultas médicas por
motivos sociais ou culturais, e é preocupante a deficiência na divulgação de informações
corretas sobre os métodos de prevenção de HIV/SIDA à população.
O Ministério da Saúde é encarregado de construir poços para garantir a água potável segura
à população. A perfuração de poços e a instalação de equipamentos são executadas pela
empresa consignada pela Direcção provincial da saúde, que também orienta a Equipe de
gestão do poço, formada por representantes comunitários, quanto ao método de sua
manutenção. Após a conclusão da instalação, a gestão do poço fica sendo da
responsabilidade da comunidade.
Relatorio Final
3-22
(5) Finanças
A província de Nampula conta com 6 bancos privados6 e cada agência possui em média
uma carteira de 181.000 clientes (Plano Estratégico da Província de Nampula 2003 - 2007).
As agências se concentram nos centros urbanos principalmente no município de Nampula, e
praticamente são inexistentes nos distritos e na zona rural. Por isso se nota uma expansão de
projetos relacionados com micro financiamento por parte de ONGs nacionais e estrangeiras.
Os capitais de empresas privadas no setor de comércio exterior e serviços dependem em
aproximadamente 60% dos empréstimos e grande parte deste capital é utilizado como capital
de giro e não para novos investimentos. Devido à elevada taxa de juros, as empresas não se
lançam a expansão de atividades para corresponder ao mercado e tampouco investem em
novas tecnologias, para reduzir os riscos. Por isso, ainda estão pendentes vários temas
relacionados com a reativação das atividades econômicas.
3.1.4. Situação do Uso de Terra
O mapa a seguir foi elaborado pela Direção Nacional de Terras e Florestas de Moçambique e
demonstra a uso das terras na Provincia de Nampula e foi atualizado no primeiro semestre de
2008 (Figura 3.1.17).
Fonte: Direcção Nacional de Terras e Florestas, 2008
Figura. 3.1.17 Mapa de Ocupação das Terras – Província de Nampula
Segundo o mapa de cadastro de terras, na província de Nampula, as reservas protegidas
concentram-se na parte central e norte, ocupando extensas áreas. Na parte noroeste, leste e
6 BIM, Banco Austral, Banco Standard Totta, Banco Comercial e de Investimentos, Banco do Fomento and Novo Banco
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-23
sul, há as áreas de concessão florestal. Recentemente, a Lurio Green Resources obteve
concessão florestal de uma extensa área na região centro-oeste. Há grandes áreas de
concessão mineral na parte oeste, e algumas áreas espalhadas na região leste. As pequenas
terras para agricultura espalham-se em toda a província, sendo que no norte de Namialo, há
uma grande área agrícola. No leste de Monapo e no sul de Namina as terras para agricultura
e pecuária estão distribuídas amplamente. As áreas industriais concentram-se nas
proximidades de Namialo. Do oeste de Ribaué a leste de Malema, no oeste de Murrupula e
parte de Monapo, existem terras para comunidade.
Na província de Niassa, existem apenas as concessões florestais que se espalham em grandes
extensões no norte de Cuamba, e algumas áreas de concessão mineral. Por outro lado, na
província de Zambézia, nos distritos de Gurué e Alto Molócue, há muitas terras com
pequenas áreas para agricultura e pecuária, terra para comunidade, concessão florestal e
terras utilizadas para demais fins.
Fonte: Direcção Nacional de Terras e Florestas, 2008.
Figura 3.1.18 Uso de Terras da Província de Niassa
Relatorio Final
3-24
Fonte: Direcção Nacional de Terras e Florestas, 2008.
Figura 3.1.19 Uso de Terras da Província de Zambézia
3.1.5. Situação do Cadastro de Terras da Província de Nampula
O cadastro de terras da província de Nampula é feito pelo Serviço Provincial de Geografia e
Cadastro (SPGC) da Direcção Provincial da Agricultura. Em Dezembro de 2009, havia o
cadastro feito manualmente, directamente na carta topográfica na escala 1:50.000 (de 1971).
Em toda a província havia 2.931 cadastros, que corresponde à área total de 18.522 km2,
cerca de 23% dos 81.606 km2 de toda a província. Nos 8 distritos da área de Estudo, a
maioria das terras da parte leste estava cadastrada, enquanto que na parte oeste, cerca de
80% das terras não estavam cadastradas. Entretanto, segundo a explicação do SPGC, terras
não cadastradas não são sinônimos de terras não utilizadas, havendo muitas terras em uso
cujo cadastro está em processamento, ou não estão cadastradas.
Tabela 3.1.11 Cadastro de Terras (não cadastradas) da Província de Nampula (km2)
Distrito Área do distrito Terras não cadastradas
Percentagem (%)
Malema 6.386 5.147 81
Ribáue 6.280 5.429 86
Murrupula 3.095 2.379 77
Nampula 3.739 2.849 76
Meconta 3.786 403 11
Mogovolas 4.748 1.733 36
Muecate 4.133 1.032 25
Monapo 3.581 2.994 84 Fonte: Material elaborado pelo Serviço Provincial de Geografia e Cadastro da Direcção
Provincial da Agricultura.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-25
As terras são cadastradas principalmente por empresas ou pessoa jurídica para serem
utilizadas para agricultura, pecuária, sivicultura, ou pela comunidade, sendo que há áreas
com mais de 10.000 ha.
Tabela 3.1.12 Cadastro de Terras de Grandes Áreas da Província de Nampula
Distrito Objectivo de uso Quem cadastrou Área (ha)
Turismo Pessoa física 59.032 Malema
Agricultura Pessoa jurídica 10.000
Comunidade Pessoa jurídica 21.509
Comunidade Pessoa jurídica 34.488
Sivicultura Pessoa jurídica 15.867
Sivicultura Pessoa jurídica 17.895
Ribaué
Sivicultura Pessoa jurídica 12.582
Sivicultura Pessoa jurídica 11.557
Sivicultura Pessoa jurídica 17.519
Comunidade Pessoa jurídica 63.204
Comunidade Pessoa jurídica 37.500
Comunidade Pessoa jurídica 16.950
Murrupula
Comunidade Pessoa jurídica 13.743
Agricultura e pecuária Cooperativa 10.000
Outros Governo 25.000
Comunidade Pessoa jurídica 43.360 Nampula
Agricultura Empresa 30.000
Agricultura Empresa 10.000
Comunidade Pessoa jurídica 35.988 Meconta
Comunidade Pessoa jurídica 24.000
Agricultura Empresa 9.985
Agricultura e pecuária Pessoa física 12.000
Comunidade Pessoa jurídica 16.947 Monapo
Comunidade Pessoa jurídica 28.600 Fonte: Material elaborado pelo Serviço Provincial de Geografia e Cadastro da Direcção
Provincial da Agricultura.
3.1.6. Infra-estrutura
(1) Portos
O Porto de Nacala é considerado um dos portos mais importantes de Moçambique, depois
dos Portos de Maputo e Beira. O Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN) realiza a
sua operação, manutenção e gestão, através da concessão concedida por 15 anos, desde
2005.
O total de cargas movimentadas no Porto de Nacala nos anos de 2005 e 2006 foi de,
respectivamente, 740.000 ton e 800.000 ton. Mas em 2007, esse número aumentou para
950.000 ton, e a tendência é aumentar anualmente (Tabela 3.1.13). Dentre 950.000 ton de
Relatorio Final
3-26
carga, 70% foi exportação moçambicana, 23% carga de Malawi em transito, 6%, cargas
nacionais, e 2%, baldeação de carga doméstica.
Tabela 3.1.13 Cargas Movimentadas no Porto de Nacala
2005 2006 2007
Carga total (1.000 m/ton) 744,5 801,3 951,6
Carga geral (1.000 m/ton) 330,0 416,3 465,1
Carga contentorizada (TEU) 31.118 33.128 44.687
Fonte: CDN
Os principais produtos importados para Moçambique, do Porto de Nacala, são: arroz, trigo,
combustível e clínquer. Os principais produtos exportados são: tabaco, matéria-prima
industrial, madeira e castanha de caju. Os principais produtos importados para Malawi são:
açúcar, combustível e fertilizante, e os principais produtos exportados de Malawi são: tabaco,
açúcar, chá preto, grãos e matéria prima industrial.
Diante do aumento da carga movimentada, a empresa Bakhresa está construindo um
armazém de trigo nas dependências do porto, e pretende fazer a gestão e operação do
armazém de cereais e operação das instalações. A empresa de bananas Chiquita está
reformando o armazém existente para transformá-lo num frigorífico. Além disso, há planos
para reformar os 2 armazéns existentes nos terminais de fertilizantes e de açúcar,
respectivamente, além de construir um terceiro armazém para açúcar.
Ainda existe o plano para implementar o programa de ampliação do Porto de Nacala, com
custo estimado de 30 milhões de dólares, que inclui: reabilitação dos cais dos terminais de
contentores e de carga geral (inclui-se o melhoramento da subestação eléctrica e sistema de
drenagem de água), construção e ampliação de um novo terminal de contentores capaz de
receber navios de grande porte , construção de entreposto aduaneiro, construção de armazém
para cereais (para complementar o armazém de trigo que está sendo construído pela empresa
Bakhresa), e instalação de câmeras de segurança.
(2) Ferrovias
As cargas são transportadas do Porto de Nacala para o interior, ao longo do Corredor de
Nacala, e também para Malawi e Zâmbia, principalmente por ferrovias. Assim como o Porto
de Nacala, a operação, manutenção e gestão dos caminhos de ferro do norte de Moçambique
também são realizadas pelo CDN, por concessão.
Há 2 trens (para passageiros) que percorrem o trajecto Nacala-Cuamba (533 km)
diariamente7, e 1 ou 2 comboios que percorrem o trajecto Cuamba-Lichinga (262 km)
mensalmente. Na época de colheita, entre Junho e Janeiro, 2 comboios de carga operam por
7 Não se opera somente às segundas-feiras.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-27
semana até o Porto de Nacala. O trecho entre Cuamba e Entre-Lagos8 (77 km) está em
manutenção.
Há trechos onde as trilhas não estão em boas condições devido a danos causados pelas
cheias no passado, e também devido ao envelhecimento dos comboios, e por isso, tem
havido problemas como atraso no transporte de cargas. Mas como as linhas férreas são de
propriedade pública, torna-se difícil a CDN realizar uma grande obra de reabilitação.
Atualmente, está sendo planeado um projecto de desenvolvimento das linhas férreas para se
exportar carvão betuminoso de alta qualidade da província de Tete. A mineradora brasileira
Vale, que prevê uma produção anual de 12 milhões de toneladas de carvão, estuda um plano
para transportar o carvão pela linha de SENA e exportar do Porto de Beira, mas a linha de
SENA e o Porto de Beira não possuem capacidade de suportar a demanda de transportação
de carvão. Assim, foi estudada a transportação utilizando-se os caminhos de ferro do norte,
do corredor de Nacala, passando por Malawi, e em Outubro de 2009, foi assinada a Minuta
de Entendimento (MOU, ou Minutes of Understanding) entre o Ministro dos Transportes e
Comunicações e a Vale, sobre a cooperação de transporte ferroviário entre Nacala e Moatize.
A Vale iniciou o Estudo de Viabilidade (F/S), com previsão de ser concluído em 2014 ou
2015, da nova linha férrea entre Moatize e Nacala, que liga o sistema ferroviário de Malawi
e os caminhos de ferro do norte de Moçambique, para transportar carvão até o Porto de
Nacala. No Estudo de Viabilidade, está incluso o investimento para o melhoramento das
linhas férreas dos caminhos de ferro do norte de Moçambique e da ferrovia de Malawi.
(3) Rodovias
Na província de Nampula, somente 13% das estradas são pavimentadas, e na província de
Niassa, apenas 6%. Somente o trecho entre Nacala e Nampula está pavimentado, e o trecho
entre Nampula e Lichinga é de terra batida, sem pavimentação, e para se percorrer é
necessário 1 dia na estação seca, sendo intransitável na estação chuvosa.
Atualmente, está em andamento o projecto de melhoramento das vias principais e
secundárias da província de Nampula9. Foi elaborado o Desenho Detalhado (D/D) da obra
de pavimentação da via principal do trecho entre Nampula e Cuamba, pela o governo de
Moçambique, e em Agosto de 2010, está previsto o início das obras de construção
co-financiadas pela JICA e pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). A obra está
prevista para ser concluída em 2014, e o custo da construção é de 263 milhões de dólares. O
Estudo de Viabilidade (Feasibility Study: F/S) das obras do trecho Cuamba-Lichinga está
sendo realizado pela JICA, e a previsão de conclusão é em Fevereiro de 2011. Não faz parte
do Corredor de Nacala, mas a Coréia realizou o F/S da pavimentação da via principal do
trecho entre Nampula-Nametil-Chalaua em Julho de 2009. Além disso, a empresa pública
8 Localizado na fronteira entre Moçambique e Malawi. 9 Entrevista feita na empresa pública moçambicana Administração Nacional de Estradas (ANE).
Relatorio Final
3-28
Millennium Challenge Corporation (MCC) realizou o F/S da obra de ampliação, que inclui
rodovias e pontes, entre o trecho Namialo-Namapa, e a mesma empresa tem planos de
realizar o estudo do trecho Nampula-Murrupula-fronteira com a província de Zambézia.
Sobre as estradas secundárias, ANE apresentou a JICA uma solicitacao para a melhoria das
estradas entre Ribaúe e Lalaua entre Rapele e Mecuburi.
Fonte:ANE
Figura 3.1.20 Rede de Rodovias da Província de Nampula
3.2. Orientação a ser Tomada pela Administração Local e
Estratégia de Desenvolvimento
3.2.1. Descentralização e Administração Local
(1) Política de descentralização
A administração de governos locais em Moçambique está regulamentada pela Lei dos
Órgãos Locais do Estado: LOLE, de 2003 e estabelece o sistema de governo provincial e
distrital. De acordo com esta lei, em questões de desenvolvimento, a unidade administrativa
básica em Moçambique está representada pelo distrito e seus planos de desenvolvimento e
orçamento seriam a base dos planos de desenvolvimento e orçamento nacional. Os planos de
desenvolvimento são preparados pelos governos distritais, mas para efeitos de execução e
monitoramento dos projetos são realizados sessões nos Conselhos Municipais, estruturando
desta forma um sistema que permite a participação direta da população local.
Rapal
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-29
Por outro lado, o Plano de Acção do PARPA II promove a descentralização, focalizando-se o
desenvolvimento a nível de distrito. Um dos 3 pilares da estratégia de desenvolvimento
citados no PARPA II é a governação, sendo promovida a reconstrução do setor público por
meio da descentralização e desenvolvimento com base nos distritos. O governo distrital é um
elemento importante para a elaboração do plano de desenvolvimento de seu distrito, e
almeja-se que este seja a entidade central de planeamento e execução. Entretanto, as
direcções provinciais hoje são controladas pelos ministérios do governo central, por meio da
alocação de fundos. Justamente para se acabar com esta situação, o governo iniciou, em
2006, o sistema para fornecer anualmente um fundo de desenvolvimento para os distritos,
que pode ser usado pela sua própria iniciativa. Este fundo é chamado de “7 milhões” devido
ao seu valor, e cada distrito pode decidir o uso deste fundo de 7 milhões de Meticais.
(2) Administração local
Em termos administrativos, a nível local, Moçambique está dividido em 10 províncias e a
cidade de Maputo, que possui o estatuto de província. O governador da província é o
representante do Presidente da República a nível provincial. Os directores das Direcções
provinciais são os representantes dos respectivos ministérios do governo central. As
províncias dividem-se administrativamente em Distritos. Segue o número de distritos das
províncias objectos de Estudo: Nampula: 18 distritos; Niassa: 15 distritos; e Zambézia: 16
distritos. O Administrador do Distrito é o representante do governo distrital, e também o
representante do governo provincial no distrito. Os Directores das Direcções Distritais
respondem por áreas de vários Ministérios, por exemplo o Serviço Distrital das Actividades
Económicas responde pela Agricultura, Comércio e Industria, Pescas, Ambiente e Turismo..
Por outro lado, os Distritos se subdividem em Postos Administrativos, e as Comunidades e
as Localidades são controladas por cada divisão administrativa.
Figura 3.2.1 Estrutura da Administração Local
Ministro Ministro Ministro Ministro
Diretor Diretor Diretor Diretor
Diretor Diretor Diretor Diretor
Comunidade, Localidade
PresidenteGoverno
Central
Governo
Provincial
Governo
Distrital
Post Administrativo
Governador
Administrato
Relatorio Final
3-30
(3) Estrutura e Função da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula
A Direcção Provincial da Agricultura é constituída por: Gabinete do Director Provincial,
Gabinete Jurídico, Departamento de Administração e Finanças (DAF), Departamento de
Economia (DE), Departamento dos Recursos Humanos (DRH), Serviços Provinciais de
Agricultura (SPA), Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB), Serviços
Provinciais de Geografia e Cadastro (SPGC), Serviços Provinciais de Pecuária (SPP),
Serviços Provinciais de Extensão Rural (SPER), e 3 instituições subordinadas (Instituto do
Caju (INCAJU), Instituto do Algodão de Moçambique (IAM), Instituto de Investigação
Agrária de Moçambique (IIAM)). Além disso, em 20 distritos existe o escritório do Serviço
Distrital das Actividades Económicas (SDAE). No total trabalham 933 funcionários na
Direcção, e 602 funcionários nas 3 instituições subordinadas (em Junho de 2009). A proposta
de orçamento para 2010 da Direcção Provincial da Agricultura foi de 151 milhões de
Meticais no total, com aumento de 24,3% em relação ao ano anterior (PES/PAAO-2010,
2009).
Tabela 3.2.1 Proposta de Orçamento da Direcção Provincial da Agricultura (2010)
Investimento (Mil meticais) Funcionamento (OGE)-Mil meticais Invest+Func.
Interno Externo Sub-total Salarios B/serviços Sub-total Total Geral
25.421,00 67.950,00 93.371,00 47.250,00 10.490,00 57.740,00 151.111,00
Fonte: PES/PAAO-2010, 2009
3.2.2. Política de Desenvolvimento a Nível Provincial
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Provincial: PEDP é um plano de médio prazo para
um período de 3 a 5 anos que deve estar baseado no conteúdo do Programa Quinquenal do
Governo e do PARPA, sendo verificado por um assessor enviado pelo governo central para
ser finalmente aprovado pelo Ministério de Planificação e Desenvolvimento. O Plano
Estratégico de Desenvolvimento Distrital: PEDD, é considerado como um plano
subordinado ao PEDP. O plano financeiro é elaborado como Plano Econômico e Social
Orçamento: PESOP.
Em maio de 2002, a província de Nampula elaborou o Plano de Desenvolvimento
Estratégico Provincial (2003 - 2007). O objetivo principal deste Plano é reduzir a pobreza
através da expansão da produção de forma sustentável através da distribuição justa de renda
e de oportunidades. O Plano foi elaborado considerando principalmente os investimentos a
ser realizados ao longo do corredor de Nacala. As diretrizes básicas do desenvolvimento
estratégico são: 1) promoção do crescimento econômico através do fortalecimento dos
setores público e privado, 2) desenvolvimento do capital humano e social, 3) construção de
infraestrutura, 4) fortalecimento institucional e 5) promoção do uso sustentável dos recursos.
Destes, o para o setor agrícola e de desenvolvimento regional se considera a introdução de
variedades de mandioca mais resistentes às pragas, promoção de transformação de produtos
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-31
agrícolas de baixo custo, produção e processamento de cogumelos, produção de mel de
abelha, entre outros. Atualmente, o governo provincial está em processo de preparação de
um novo plano de desenvolvimento regional.
(1) Política de desenvolvimento da província de Nampula
Na província de Nampula, foi elaborado, em Outubro de 2009, pela Unidade de
Coordenação do Desenvolvimento Integrado de Nampula: UCODIN, o novo Plano
Estratégico de Desenvolvimento da Província de Nampula 2010-2020: PEP, para os anos de
2010 a 2020.
Segue abaixo os 4 pilares da nova estratégia de desenvolvimento, que basicamente dão
prosseguimento à estratégia actual:
• Crescimento econômico;
• Governo Participativo;
• Infraestrutura e promoção do meio ambiente; e
• Desenvolvimento do capital humano e social.
As 5 metas da estratégia de crescimento econômico são:
1) Alcançar um desenvolvimento econômico que assente sobre os recursos locais;
2) Transformar produtores do setor familiar em micro, pequeno e médios empresários;
3) Estimular o setor empresarial a adotar medidas tecnológicas que permitam melhorar
a competitividade empresarial;
4) Criar um ambiente que favoreça a formação de parcerias entre o setor empresarial e
o setor familiar, de forma a viabilizar a rápida transição entre o setor público e o
setor privado;
5) Apoiar ações que encorajem Universidades, Instituições de Investigação e Centros
profissionalizantes a criar alianças estratégicas com elementos inovadores que se
possam absorver de forma direta e rápida nos setores familiar e empresarial de micro
e pequena escala
O crescimento da população a uma taxa média de 2,3% ao ano, manterá o crescimento real
do PIB per capita a 5,4% ao ano durante o período 2010 – 2020
Tabela 3.2.2 Nampula em Números Socioconômicos
Ano 2003/2004 2007 2020 (proj)
População 3.504.496 4.076.642 4.750.465a
PIB 8% 8% 8%
PIB/Capita (Mts) 5.000,00 6.800,00 23.900,00
Índice de Pobreza 53,6% 53,6% 30%-35%
Taxa de analfabetismo 64,5% 45%b 20%c
Taxa Líquida de Escolaridade 59,5% 86,8 100%
Fonte: PEP Nampula 2010 - 2020, 2009
Relatorio Final
3-32
Existem os seguintes programas que foram elaborados para corresponder aos pilares da
estratégia de desenvolvimento do PEP. No âmbito do Programa de Produção Agrícola
(PROA), contido na Estratégia de crescimento económico, está planejada a participação do
ProSAVANA-JBM, ao lado do Banco Mundial e FAO.
Tabela 3.2.3 Programa de Nampula
Pilares Estratégias Programas
Crescimento econômico
• Programa de Produção Agrária: PROA • Programa de Alargamento da Base Empresarial: PROABE • Programa de Afirmação Turística: PROATUR • Programa de Mercados Rurais: PROMERU
Governo participativ
• Programa de Modernização dos Serviços Públicos: PROMOSP • Programa de Fortalecimento Financeiro dos Distritos: PROFFID • Programa de Fortalecimento da Governação Autárquica: PROGOA • Programa de Fortalecimento da Tranquilidade e Segurança Públicas: PROFOS
Infraestruturas e promoção do meio ambiente
• Programa de Extensão da Rede de Comunicações: PROMERCO • Programa de Promoção das unidades de produção de materiais de construção e
fomento de habitação melhorada: PROMACOHA • Programa de Alargamento de Infra-estruturas: PROAI • Programa Cidades 2020: PROC-2020 • Programa de Preservação da Biodiversidade: PREBIO
Desenvolvimento do capital humano e social
• Programa de melhoramento da qualidade de ensino: PROMEQUE • Programa de Melhoramento dos Cuidados de Saúde e Assistência Social:
PROMESAS • Programa de Massificação da Cultura e do Desporto: PROCULDE
Fonte: REP Niassa 2017, 2008
(2) Política de desenvolvimento da província de Niassa
Na província de Niassa, foi elaborado, em Janeiro de 2008, O Plano Estratégico Provincial
Niassa 2017: PEP, para 10 anos.
Objetivo Geral: Acelerar e consolidar o desenvolvimento econômico, social e cultural da
província e reduzir a pobreza em 15% ate ao ano 2017.
Pilares de Desenvolvimento do Niassa: Três pilares consubstanciam a estratégia e o objetivo
global de consolidar e aumentar os atuais níveis de crescimento e desenvolvimento
socioeconômico e cultural da província.
Tabela 3.2.4 Indicadores da Estratégia de Desenvolvimento da Província de Niassa
Cenário Pessimista Moderado ptimista
Crescimento do PIB 8% por ano 10% por ano 12% por ano
Crescimento populacional 3% por ano 2,7% por ano 2,5% por ano
Crescimento do PIB per capita 4,8% por ano 7,1% por ano 9,38% por ano
Produção agrícola 2,1% por ano 4,5% por ano 5% por ano
Fonte: PEP Niassa 2017, 2008
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-33
3.2.3. Políticas de Desenvolvimento Distrital
Como políticas de desenvolvimento distrital, cada distrito elabora seu próprio Plano
Estratégico de Desenvolvimento Distrital: PEDD. Atualmente, quase todos os PEDD se
referem ao período 2006 - 2010, mas conforme o distrito, o período do Plano varia
ligeiramente e isto se reflete na situação de elaboração de novos projetos. Porém, eles são
basicamente preparados de acordo com o Pano Estratégico Provincial e os conteúdos são
similares, pois todos têm como meta a redução da pobreza e o desenvolvimento econômico.
O Plano Econômico e Social do Distrito: PES ou Plano Econômico e Social e Orçamento
Distrital: PESOD são planos orçamentários anuais dos governos distritais. Por outro lado, o
governo central criou o orçamento para iniciativas de investimento local em 2006 para
destinar recursos da ordem de 7.000.000 MT anualmente para todos os distritos do país.
Com base nestes recursos estão sendo executados projetos como compra de tratores e
serviços de financiamento para pequenos agricultores através dos distritos.
3.2.4. Informação Sobre Remanescentes de Minas Antipessoais
De acordo com informações de funcionários relacionados com o governo provincial, ao
longo da região do corredor Nacala, os perigos devido a remanescentes de minas
antipessoais são pequenos, exceto em uma parte da zona ocidental. A informação é de que o
Instituto Nacional de Desminagem possui um mapa da localização de minas antipessoais,
mas até o momento não foi possível obter uma cópia.
Por outro lado, de acordo a informações da Embaixada do Japão em Moçambique, existem
as seguintes informações referentes às minas.
• Durante a cerimônia do programa internacional de apoio e conscientização das ações
contra minas antipessoais, o Vice Ministro dos Negócios Estrangeiros declarou que as
minas antipessoais haviam sido erradicadas nas quatro províncias de Cabo Delgado,
Niassa, Nampula e Zambezia (abril de 2009).
• Durante junho de 2009 ocorreram acidentes com minas antipessoais nos distritos de
Malema, Meconta e Nampula-Rapale, na província de Nampula, causando a morte de 1
pessoa e ferindo a 5. Sempre a maioria das vítimas são mulheres e crianças.
3.3. Papel Econômico do Setor Agrícola
A produção provincial total (real) da província de Nampula em 2007 e 2008 foi de,
respectivamente, 23 bilhões de MT (790 milhões de dólares) e 25.7 bilhões de MT (880
milhões de dólares), o que corresponde, respectivamente, a 8% e 10% do Produto Interno
Bruto (PIB). O Tabela 3.3.1 mostra a proporção de cada setor na produção provincial total.
O setor agrícola e pecuário representa a maior indústria da província, ocupando 44% de toda
a produção provincial, mas metade dela é representada pela produção de carne bovina por
Relatorio Final
3-34
grandes pecuaristas. O setor de corte de madeira pelas indústrias ocupa o segundo lugar. As
madeiras cortadas são transportadas em toras para a Ásia, principalmente a China, através do
porto de Nacala.
Por meio do quadro a seguir, é possível compreender a situação econômica da província de
Nampula, que depende da pecuária e sivicultura com baixo valor agregado, baseadas na
pastagem extensiva em grandes áreas e desmatamento florestal. Isso significa que a chave do
desenvolvimento econômico nesta província, no futuro, tanto no setor de pecuária como no
de sivicultura, está nas mãos dos pequenos produtores do setor agrícola e de processamento
de produtos agrícolas, que atualmente contribuem pouco para a economia.
Tabela 3.3.1 Produção Provincial Total e Proporção de Cada Setor (2008)
Setor/área de produção Valor (1,000MT) Proporção (%)
1. Agricultura e pecuária 11.246.971,7 43,7 1.1 Processamento de produtos agrícolas 664.431,6 2,6 1.2 Produção agrícola (por pequenos produtores) 838.224,0 3,3 1.3 Grandes pecuaristas 1) 5.718.913,8 22,2 1.4 Pequenos pecuaristas 2) 1,281.325,4 5,0 1.5 Sivicultura em grande escala 2.403.099,0 9,3 1.6 Sivicultura em pequena escala 340.977,9 1,3
2. Pesca 603.106,5 2,3 3. Mineração 185.998,3 0,7 4. Energia 485.641,6 1,9 5. Manufatura 5.408.055,7 21,0 6. Materiais de construção 282.791,5 1,1 7. Construção 860.243,3 3,3 8. Transportação 6.690.554,0 26,0
Total 25.763.362,6 100,0
Nota: 1) Pecuaristas com 100 ou mais cabeças de gado; 2) Pecuaristas com 10 ou menos cabeças de gado. Fonte: Dados do Departamento Económico da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula, 2009
3.4. Produção dos Principais Produtos Agropecuários e Evolução
de Preços
3.4.1. Número de Famílias Agricultoras e Tamanho das Propriedades
Na província de Nampula se encontra 720.000 famílias agricultoras que representam 24% do
total do país, número bastante elevado mesmo a nível nacional. Cada propriedade possui em
média 1 hectare, menor que a média nacional que é de 1,3 hectares (Censo agrário, 2000).
Realizando uma classificação por tamanho de propriedades temos que 37% do total das
famílias agricultoras possuem entre 0,5 a 0,9 ha, que somados aos agricultores com menos
de 2 ha chegam a 91% do total de agricultores (Tabela 3.4.1). Todas as terras agrícolas
pertencem ao Estado. Portanto, quando nos referimos ao tamanho das propriedades, isto
significa na realidade a área de terras utilizadas.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-35
Nos últimos anos, o governo provincial vem aplicando uma política de expansão da área das
propriedades, portanto deve-se considerar que as estas devem ser um pouco maiores às áreas
do “Censo Agropecuário”. Uma característica é que a maioria dos agricultores possui
terrenos dispersos em mais de 3 locais. Nesta província, as mulheres são chefe de família em
20% dos casos, uma porcentagem um pouco menor que a média nacional, que é de 25%.
(Mesma fonte de dados).
Tabela 3.4.1 Número de Agricultores por Área de Terreno e Área Media das Propriedades
Extensão (ha) No. de famílias (%) Área media das
propriedades (ha) Número médio de propriedades
0,1 ~ 0,4 172.408 24 0,2 1,3 0,5 ~ 0,9 265.088 37 0,7 2,4 1,0 ~ 1,9 216.284 30 1,4 3,1 2,0 ~ 2,9 41.658 6 2,4 3,6 3,0 ~ 3,9 11.612 2 3,4 3,8 4,0 ~ 9,9 6.575 1 5,4 3,8 10,0~49,9 285 - 20,0 3,6
> 50,0 11 - 904,0 1,5
Total (Sem terra)
720.485 (6.564)
100 1,0 3,0
Fonte: Preparado de acordo com o Censo Agropecuário, 2000, INE
3.4.2. Direito do Uso e Aproveitamento da Terra
Como as terras de cultivo são propriedade do Estado, não é possível utilizar o terreno como
garantia ou hipoteca para receber financiamento a ser empregado em atividades
agropecuárias. Para expandir ou obter licença de uso de novos terrenos, é necessário realizar
a tramitação de documentos junto ao governo provincial de Nampula ou ao governo distrital
para obter a licença de uso. No caso do governo provincial de Nampula, para reativar o
aumento da produção agropecuária através da expansão de terras, se dispensa o tramite para
a expansão de áreas de cultivo até 2 ha. Estas medidas têm por fim desburocratizar o
processo e assim incentivar pequenos agricultores a expandirem seus terrenos de cultivo.
Para a expansão de áreas maiores a 2 ha, é necessário apresentar o plano de produção
(produtos a ser cultivados, área de cultivo, etc.). ao governo provincial de Nampula para
obter a licença de uso.
3.4.3. Papel Econômico do Setor Agrícola
Estima-se que a área cultivável da província de Nampula seja de 4.590.000 ha, dos quais
1.450.000 ha, ou seja, 31%, estão a ser utilizados para cultivo (BALANÇO QUINQUENAL
DA AGRICULTURA, 2003 - 2007, Direcção Provincial da Agricultura de Nampula). Os
principais produtos cultivados na província são: milho, mandioca, mapira, arroz e feijão, os
quais são destinados principalmente para consumo próprio. Além disso, algodão, castanha de
caju e tabaco são cultivados tradicionalmente para serem fornecidos à indústria de
Relatorio Final
3-36
processamento tradicional. O Tabela 3.4.2 mostra a evolução do volume produzido dos
principais produtos agrícolas nos últimos 5 anos.
A produção de milho e mandioca, destinados ao consumo próprio, tem registrado um
aumento anual de 6 a 8%, enquanto a produção de amendoim e batata-doce, destinados à
venda, tem registrado um crescimento anual de cerca de 15%. A produção de algodão e
tabaco, destinados ao processamento, está a diminuir. Por outro lado, a produção de girassol
e gergelim, que são produtos não-tradicionais na região, e destinados ao processamento, tem
aumentando consideravelmente. O preço pago pelas empresas aos produtores de
matéria-prima destinada ao processamento sofre influência directa da oscilação do preço
internacional. O preço internacional do algodão e do tabaco sofreu maior queda nos últimos
anos em comparação com outros produtos agrícolas, o que fez diminuir o preço de compra
pago aos produtores. Somado a isso, houve queda na produção desses produtos devido a
doenças e pragas, o que causou a diminuição da motivação dos produtores. A produção da
castanha de caju vem crescendo porque tem aumentado o número de empresas que iniciaram
o processamento da castanha (ver sessão 3.6), comprando mais dos produtores, devido à
elevação do seu preço no mercado internacional nos últimos anos.
Tabela 3.4.2 Evolução da Produção dos Principais Produtos Agrícolas Unidade:1.000 ton
Produto agrícola 2003 2004 2005 2006 2007 Média da taxa de variação (%)
1. Principais produtos de subsistência Milho 139,6 116,8 134,0 148,9 170,7 6,0 Mapira 66,8 60,9 62,8 99,0 108,5 15,4 Milheto 5,9 3,8 3,7 4,7 8,1 15,3 Arroz 23,3 17,9 23,3 29,8 32,9 11,3 Feijão 40,1 27,8 35,8 43,4 59,2 13,9 Amendoim 45,3 36,5 62,6 74,3 79,1 19,3 Mandioca 2.051,6 2.174,2 2.285,3 2.801,8 2.809,0 8,5 Batata doce 5,5 5,2 4,9 7,4 11,3 22,7
Subtotal 2.378,1 2.443,1 2.612,4 3.209,3 3.278,8 8,7
2. Produtos destinados à venda, para processamento Castanha de caju 21,7 59,4 29,3 43,6 46,1 44,3 Algodão 40,1 27,6 31,9 26,6 19,2 -15,0 Tabaco 4,9 3,2 3,8 6,4 1,8 -5,3 Girassol 1,5 0,6 0,4 1,9 2,0 84,1 Gergelim 7,4 4,4 8,7 13,5 17,6 35,3
Subtotal 75,6 95,2 74,1 92,0 86,7 19,6
Total 2.453,7 2.538,3 2.686,5 3.301,3 3.365,5 8,8 Fonte: BALANÇO QUINQUENAL DA AGRICULTURA, 2003 A 2007, Dados da Direcção Provincial da Agricultura
de Nampula
Segue abaixo a produção média (ton/ha) aproximada dos principais produtos acima:
Milho: 0.9~1.5; Arroz: 0.6~0.8; Feijão: 0.7~0.8;
Mandioca: 4.5~5.0; Batata doce: 1.5~2.0; Algodão: 0.4~0.5;
Tabaco: 0.4~0.5; Girassol: 0.4~0.5; Gergelim: 0.4~0.6.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-37
A Direcção Provincial da Agricultura de Nampula aponta os seguintes desafios para
aumentar a produção agrícola e a produtividade: 1) maior investimento em materiais de
produção (semente melhorada, fertilizante e agroquímico); introdução de fertilizante
orgânico; 3) proteção do solo; 4) promoção da utilização de máquinas agrícolas e tracção
animal; 5) fortalecimento e ampliação do sistema de extensão com base no aumento dos
extensionistas técnicos.
3.4.4. Situação da Produção Agrícola por Zonas e Sistema de Produção
(1) Produção dos principais produtos agrícolas por região
A província de Nampula está dividida em quatro zonas de produção dos principais produtos
que são o Interior, a zona Intermédia, a zona Costeira Norte e a zona Costeira Sul.
O exemplo da produção separada por região (Tabela 3.4.3) de 2006/07 indica que o cultivo
de mandioca ocupa a maior área, com 520.000 ha, seguido do milho, com 160.000 ha, e
mapira, com 120.000 ha (o que não corresponde ao total da produção da província, do Tabela
3.4.2).
A área de produção de mandioca na província de Nampula corresponde a quase metade da
produção nacional e é o maior produtor de mandioca do país. A produção de milho e sorgo
corresponde a 1/10 e 1/3 da produção nacional, sendo consideradas como principais zonas
produtoras dentro do país.
Tabela 3.4.3 Situação da Produção de Alimentos por Zona (2006/2007) Área de Produção 1.000 ha, Volume 1.000 ton
Colheitas Alimentares Zona
Milho Sorgo Painço Arroz Feijão Amendoim Mandioca Batata
Área 46,1 36,7 1,5 3,1 24,8 17,6 86,6 1,0
% 29,0 31,1 17,0 6,3 25,4 15,4 16,7 22,2
Produção 43,9 31,0 1,9 2,2 12,3 11,5 486,2 2,6Interior
% 28,3 25,9 20,9 6,6 24,6 15,4 16,8 18,6
Área 29,3 52,1 2,1 21,0 39,3 52,6 223,0 1,8
% 37,2 44,2 23,9 42,9 40,2 46,1 43,0 40,0
Produção 62,2 54,7 3,0 12,8 19,8 38,1 1.453,8 4,1Intermedia
% 39,9 45,7 33,0 38,3 39,5 51,1 50,2 29,3
Área 29,2 17,8 3,5 7,1 16,9 16,2 104,4 1,2
% 18,3 15,1 39,8 14,5 17,3 14,2 20,2 26,7
Produção 21,2 19,1 1,9 4,2 8,4 7,1 416,9 2,2Costeira Norte
% 13,6 16,0 20,9 12,6 16,7 9,5 14,4 15,7
Área 24,6 11,4 1,7 17,7 16,7 27,8 104,1 0,5
% 15,5 9,7 19,3 36,2 17,1 24,3 20,1 11,1
Produção 28,4 14,9 2,3 14,2 9,6 17,0 536,5 5,1Costeira Sul
% 18,2 12,4 25,3 42,5 19,2 24,0 18,5 36,4
Área 129,2 118,0 8,8 48,9 97,7 114,2 517,4 4,5
% 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Produção 155,7 119,7 9,1 33,4 50,1 74,6 2.893,4 14,0Total
% 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Fonte: Preparado com documentos da Direção Províncial de Agricultura de Nampula - Serviços Provínciais de
Agricultura - Sector de Aviso Prévio, 2009
Relatorio Final
3-38
A cidade de Nampula, que é a capital da província, se encontra na zona intermedia onde se
distribuem os 6 distritos que são as áreas objeto deste Estudo (Murrupula, Nampula:
Distrito- Npl, Muecate, Meconta, Monapo, Mangovolas) e que é responsável pela produção
de 42%, 32% e 44% da produção de mandioca, milho, sorgo, respectivamente dentro da
Província; ademais produz aproximadamente 44% de arroz, feijão e amendoim, sendo,
portanto uma zona importante para a oferta de produtos alimentícios. Na zona interior, perto
da província de Niassa estão localizados dois distritos (Malema e Ribaue), que se encontram
dentro da área deste Estudo. Esta zona, diferentemente às outras zonas do Estudo, apresenta
um porcentual de colheita de alimentos mais elevada que a mandioca. A zona costeira perto
do porto de Nacala não se encontra dentro da área deste Estudo, mas na região costeira sul, a
produção de arroz é bastante significativa juntamente com o cultivo de mandioca.
Por outro lado, dentro das safras para indústria, o algodão é produzido em todas as zonas,
exceto na zona costeira sul. O tabaco é característico da zona do interior e a produção de
girassol se concentra na zona central e na zona costeira norte (Tabela 3.4.4).
Tabela 3.4.4 Situação da Produção de Colheitas para a Indústria por Zonas
Área de Produção:1.000 ha, Volume de Produção:1.000 ton Zona Algodão % Tabaco % Girassol % Gergelim %
Interior Área de produção Volume
23,215,7
29,434,9
6,06,3
84,591,3
0,50,3
15,2 13,0
5,93,1
18,011,7
Intermedia Área de produção Volume
28,124,1
35,653,6
1,10,6
15,58,7
1,11,0
33,3 43,5
17,717,7
54,067,0
Costeira Norte
Área de produção Volume
20,40,2
25,80,4
00
00
1,60,1
48,5 4,4
4,22,7
12,810,2
Costeira Sul Área de produção Volume
7,35,0
9,211,1
00
00
0,10,9
3,0 39,1
5,02,9
15,211,0
Total Área de produção Volume
79,045,0
100,0100,0
7,16,9
100,0100,0
3,32,3
100,0 100,0
32,826,4
100,0100,0
Fonte: Preparado de acordo a documentos da Direção Provincial de Agricultura de Nampula - Serviços Provinciais de Agricultura - Sector de Aviso Prévio, 2009
(2) Sistema de Produção Agrícola
Como resultado do Estudo de campo (entrevistas a agricultores e ONGs) foram identificados
dois grupos de produtores; pequenos produtores com aproximadamente 1,5 ha de terras e
médios produtores com áreas de aproximadamente 10 ha, mas também existem alguns
agricultores com áreas entre 3 e 5 ha. Agricultores com pequenas áreas são majoritários.
O sistema de gestão agrícola dentro da área do Estudo consiste basicamente numa mescla de
cultivos para o autoconsumo como o milho e a mandioca com cultivos que podem ser
comercializados como o algodão, tabaco, gergelim, soja e castanha de caju. Além desses
produtos representativos também são cultivados produtos diversos como o sorgo, feijão,
amendoim. Além do mais, são criados pequenos animais (galinhas e cabras) e apesar de se
encontrar em áreas bastante reduzidas, o sistema de gestão agrícola tem como característica
cultivos diversificados juntamente com a criação de pequenos animais.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-39
Segue abaixo um resumo da gestão agrícola e a renda agrícola estimada por tamanho de
propriedades.
Tipo A. Alimentos+Algodão+Castanha de Caju+Criação de Pequenos Animais
Situação Existente
Tamanho da propriedade Mão de obra Principais máquinas agrícolas
1,5 ha Mão de obra familiar: 5 a 7 pessoas. Contratação de 2 a 3 pessoas durante a época de colheita de algodão (salário mínimo 45 MT/pessoa/dia). Implementos (Enxada, pá, ancinho), pulverizador de agroquímicos (para o algodão). Não têm máquinas agrícolas.
Cultivo Milho Mandioca Algodão
Castanha de caju
Animais
Área media cultivada (ha) 0,4 0,3 0,7 30 - 40 pés Produtividade media (t/ha) 0,5 - 0,8 4,0 - 5,0 0.6 - 0.8 3 - 4 kg/pé
10 galinhas, 10 cabras
Forma de cultivo
・Milho - mandioca (cultivos intercalados, amendoim, feijão fradinho
・Cultivo: outubro - dezembro, colheita: abril - junho
Cultivo: novembro - dezembro Colheita: abril - maio
Todo o ano Criado no quintal
Preço unitário (MT) 3,5/kg (Uma
parte para venda)
Autoconsumo 8 - 9/kg 9 - 14/kg Frango 800 -
1.000
Lucro estimado (MT)
500 - 4.500 1.700 -
Custo de produção (MT)
- - 500 (sementes, agroquímicos, mão de obra)
- -
Contabilidade
Renda agrícola (MT)
Estimado: 6.200/ano (A renda varia de acordo com o preço mínimo garantido do algodão e do preço de compra da castanha de caju pelas empresas)
Tipo B. Alimentos+Gergelim+Soja+Criação de Animais (Exemplo de Agricultores Orientados Pela ONG CLUSA)
Situação Existente
Tamanho da propriedade Mão de obra Principais máquinas agrícolas
5 ha (Exemplo de agricultores orientados pela ONG CLUSA) Mão de obra: 5 a 7 pessoas. Contratação de 6 a 8 pessoas durante a safra de gergelim e soja (salário mínimo 45 MT/pessoa/dia). Implementos (Enxada, pá, ancinho). Para a aragem da terra utilizam tratores (alugados).
Cultivo Milho Mandioca Gergelim Soja Criação de
animais Área media cultivada (ha) 0,5 0,6 1,0 1,0
Produtividade média (t/ha) 0,5 – 0,8 4,0 – 5,0 0,3 – 0,5 1,0 – 2,2
Galinhas 10, cabritos 10 cabeças
Forma de cultivo
・Milho - Mandioca - Feijão - amendoim - milho - feijão fradinho - mandioca
・Cultivo: outubro - dezembro, colheita: abril - junho
Cultivo: maio Colheita: dezembro Cultivo: novembro Colheita: abril - maio Um hectare para descanso
Criação no quintal
Preço unitário (MT) 3,5/kg (Uma parte
para venda) Autoconsumo 20 - 25/kg 9 - 12/kg
Galinhas 800-1.000
Lucro estimado (MT)
500 - 9.200 17.600
Custo de produção (MT)
- - 2.000 (trator, sementes, mão de obra)
3.000 (trator, sementes, mão de obra)
Contabilidade
Renda agrícola (MT) Estimado: 22.300/ano (A renda varia de acordo com os preços de compra da soja e do gergelim pelas empresas)
Relatorio Final
3-40
Tipo C. Alimentos + Soja + Tabaco + Gergelim + criação de animais (Exemplo de agricultores orientados pela ONG CLUSA)
Situação Existente
Tamanho da propriedade Mão de obra Principais máquinas agrícolas
10 ha (Exemplo de agricultores orientados pela ONG CLUSA) Mão de obra familiar: 5 a 7 pessoas. Contratação de 7 a 10 pessoas durante a safra da soja, tabaco e gergelim (salário mínimo 45 MT/pessoa/dia). Implementos (enxada, pás). Uso de tratores durante para a aragem (aluguel)
Cultivo Milho Mandioca Soja Tabaco Gergelim Área media cultivada (ha) 0.7 0.7 2.0 2.0 2.0 Produtividade media (t/ha) 0.5 - 0.8 4,0 - 5,0 1,0 - 2,2 0,3 - 0,5 0,3 - 0,5
Forma de cultivo
・Milho - Mandioca - Feijão - amendoim - milho - feijão fradinho - mandioca
・Cultivo: outubro - dezembro, colheita: abril - junho
・Cultivo: dezembro, Cultivo: setembro a outubro, cultivo: maio a junho
・Colheita: abril a maio, Colheita: janeiro a fevereiro, Colheita de novembro a dezembro
・Soja - Tabaco - gergelim ・Um a dois hectares de terras de descanso
Preço unitário (MT)
3.5/kg (Uma parte para venda)
Autoconsumo9 - 12/kg 28 - 30/kg 20 - 25/kg
Lucro estimado (MT)
500 - 35.200 23.200 18.400
Custo de produção (MT)
- - 8.000 (trator, sementes, mão de obra)
5.000 (trator, sementes, mão de obra)
4.000 (trator, sementes, mão de obra)
Contabilidade
Renda agrícola (MT)
Estimado: 60.300/ano (A renda varia de acordo com os preços de compra da soja, gergelim e tabaco pelas empresas)
Fonte: Equipe de Estudo de JICA
Os seguintes aspectos podem ser apontados como características de gestão e produção
agropecuária.
a) Tipo de sistema
de cultivo ・ Os meios de produção dos pequenos produtores consistem em implementos simples
e até mesmo sem animais de tração, o trabalho é basicamente braçal ・ Os agricultores médios que cultivam culturas diversificadas para serem
comercializadas alugam tratores de forma coletiva para realizar os trabalhos. O preço do aluguel, incluindo o operador do trator está ao redor de 1.500 MT (900 MT sem incluir combustível)
b) Produção e insumos de produção
・ Tradicionalmente se realizam queimadas e a mudança de local de cultivo, sendo que o período de descanso é curto, de 1 a 2 anos
・ O uso de fertilizantes, agroquímicos e sementes certificadas só ocorrem no caso de culturas para indústrias
・ No caso do algodão, as indústrias fornecem sementes e adubo para ser pagos após a colheita
・ Na produção de soja não se aplicam fertilizantes e as sementes são fornecidas pelas indústrias ou CLUSA (ONG), que são pagas após a colheita com um adicional de 20%.
・ No caso do tabaco, as empresas também fornecem antecipadamente o adubo e as sementes.
・ Os agricultores não utilizam todo o adubo fornecido pelas indústrias e utilizam ao redor de 40% em outros cultivos. As indústrias apontam este fenômeno como um fator para a baixa produtividade.
・ O preço dos adubos, quando adquiridos dentro de Nampula é de 2.750 MT/50 kg, mas o preço em Malaui custa aproximadamente a metade do preço, entre 1.000~
1.500 MT/50 kg.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-41
c) Comercialização ・ Das colheitas para alimentos, os produtos comercializados são as hortaliças e o excedente de produção de milho e feijão, entre outros. Ma maioria das vezes, estes produtos são vendidos aos comerciantes (inclui empresas de transportes e intermediários).
・ A rota de comercialização é muito simples, os comerciantes adquirem o produto na fazenda para transportá-lo até o mercado de Nampula, que por sua vez, vendem para os varejistas.
・ Os produtos a serem comercializados são totalmente vendidos para empresas que mandam seus caminhões para transportar a colheita diretamente às plantas processadoras mais próximas. A soja é transportada principalmente para a fábrica de ração em Tete, na província de Maputo
・ O preço de compra do tabaco por parte das empresas está em declínio nestes últimos anos. Porém o tempo de cultivo é curto e sua comercialização é rápida
・ A produção de algodão se dá através de contratos de concessão. Por isso, as empresas somente podem adquirir matéria prima de determinados agricultores da zona. Como resultado, algumas empresas (fiação de algodão) encontram dificuldades para garantir o volume e qualidade da matéria prima, sendo este um dos fatores para a baixa operação das fábricas (taxa de operação anual media de 40%).
・ Atualmente os agricultores contam com maiores alternativas para cultivar produtos
para a indústria além do algodão e o número de agricultores que plantam produtos considerando a tendência de preços das empresas está aumentando.
Outros ・ Dentro da área do Estudo excepcionalmente existem alguns agricultores com propriedades entre 50 ha a 100 ha. Estes agricultores estão expandindo seus empreendimentos de maneira individual, mas também se deve considerar o apoio do governo provincial através de incentivos como a provisão de tratores a juros baixos.
・ Nas zonas com possibilidades de irrigação onde o fornecimento de água está garantido, parte dos pequenos agricultores cultivam hortaliças (tomate, pimentão, cebola, repolho, alface) e nesses casos pode-se perceber o apoio prestado pelas ONGs.
3.4.5. Pesca em Águas Internas
A pesca em águas internas (cultivo de peixe de água doce) é realizada com o objetivo de
garantir a proteína necessária para os agricultores e para a venda. Atualmente, na província
de Nampula, existem 425 tanques para cultivo de peixe, e são 400 os produtores que
realizam o cultivo de fato (Tabela 3.4.5). O número de produtores de peixe é maior nos
distritos do interior, próximos à capital da província, cidade de Nampula (Rapale, Murrupula,
Malema, Mecuburi), e distritos que apresentam maior quantidade de chuva.
Relatorio Final
3-42
Tabela 3.4.5 Número de Famílias que Possuem Tanque de Cultivo e Produtores que Cultivam Peixe por Distrito
Número de famílias que possuem tanque Número de produtores que cultivam peixe Região (distrito/município) 2004 2005 2006 2007 2008 2004 2005 2006 2007 2008
Angoche 8 - 8 - 1 - - 8 8 7
Eráti 10 17 14 5 4 9 7 6 7 10
Lalaua 56 10 54 13 18 15 11 39 11 39
Mecuburi 78 10 106 9 20 26 10 76 10 42
Meconta 51 20 75 50 23 21 20 20 20 40
Malema 70 55 59 62 67 12 45 44 45 59
Muecate 27 - 23 - 28 8 - 9 - 12
Murrupula 59 199 103 105 135 84 86 23 86 61
Memba 0 3 0 1 1 - - 0 - 3
Monapo 21 - 24 10 12 21 - 14 - 15
Mossuril 0 - 0 1 2 - - 0 - 3
Mogincual 2 5 - 5 5 2 5 0 5 7
Mogovolas 2 10 47 23 17 2 10 27 10 19
Moma 10 9 12 12 10 4 - 7 - 13
Nacala-a-Velha 10 - - 2 5 - - - - 17
Nacala Porto 0 - - 1 1 - - - - 2
Ilha de
Moçambique 0 - - 1 1 - -
- - 2
Rapale 36 53 40 38 57 36 88 29 88 23
Ribaué 50 9 - 2 4 14 7 9 7 14
Cidade de
Nampula - - 3 10 14 - -
3 - 12
Total 499 400 603 350 425 254 289 311 289 400
Fonte: BALANÇO QUINQUENAL DA AGRICULTURA, 2003 A 2007, elaborado através dos dados da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula.
3.4.6. Pecuária
Os principais produtos da pecuária da província de Nampula são carne bovina e de galinha.
Os pequenos produtores criam vaca, porco além da galinha para consumo próprio, em
pequena quantidade. Como mostra o Tabela 3.3.1, a carne bovina produzida pelos grandes
pecuaristas, que representa 22% da produção total, é destinada à venda sem abatimento, e
somente 22 toneladas são vendidas após o processamento (Tabela 3.4.6). Por falta de dados,
não é possível apresentar o número correto de cabeças de gado.
Os pequenos pecuaristas produzem carne de galinha para consumo próprio, e a maior parte
da sua produção é praticada pelas empresas. A produção de carne de galinha apresentou um
considerável aumento anual de 87% em média, nos últimos 5 anos (Tabela 3.4.6).
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-43
Tabela 3.4.6 Produção Pecuária Separada por Classe de Pecuarista
Produção (ton)
2004 2005 2006 2007 2008
Média da taxa de variação (%)
1. Pequeno pecuarista Carne bovina 81,8 56,9 161,3 190,4 150,8 37,6 Carne suína 43,8 28 18,4 69,9 30 38,1 Cabra/ovelha 52,9 43 59,6 111,3 130 30,9
Subtotal 178,5 127,9 239,3 371,6 310,8 24,4
2. Grande pecuarista/ empresa Carne bovina 82,8 38,3 25,4 11,9 22,1 -13,7 Carne de galinha 98,4 240,4 505,2 741,7 1,057,3 86,0 Subtotal 181,2 278,7 530,6 753,6 1,079,4 57,4
Total 359,7 406,6 769,9 1.125,2 1.390,2 43,0 Fonte: BALANÇO QUINQUENAL DA AGRICULTURA, 2003 A 2007, elaborado através dos dados da
Direcção Provincial da Agricultura de Nampula.
3.4.7. Sivicultura
O Tabela3.4.7 mostra a evolução da produção florestal nos últimos 5 anos. A produção de
toras ocupa o primeiro lugar na silvicultura, e a grande maioria é exportada logo após o seu
corte, sem processamento (principalmente para a China). A produção de toras cresceu cerca
de 5 vezes entre 2004 e 2008, de 9.000 m3 para 42.000 m3 (inclui-se pequena parcela de
toras processadas).
Nos distritos de Mecuburi, Muecate e Monapo, que são as principais áreas florestais, há
muito desmatamento praticado pelas empresas, e aponta-se a necessidade de reflorestamento
em grande escala. Além disso, 32% das famílias da província de Nampula dependem da
lenha para combustível, e a população pratica o corte de madeiras sem planejamento, com o
objetivo de venda e de moldagem, apontados como causas da deterioração ambiental.
Tabela 3.4.7 Silvicultura
2004 2005 2006 2007 2008
Tora (M3) 7.626 7.851 11.325 11.165 10.882
Tora processada parcialmente (M3)
1.316 1.055 1.971 2.432 31.413
Madeira 3.901 1.028 3.727 3.286 2.106
Bambu 2.402 469 3.128 3.947 2.662
Estaca 317 2.075 3.439 3.438 921
Fonte: BALANÇO QUINQUENAL DA AGRICULTURA, 2003 A 2007, elaborado através dos dados da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula.
3.4.8. Irrigação
(1) Política de irrigação
Somente 3% de toda área cultivada de Moçambique é irrigada, e diante da situação na qual
há riscos periódicos de danos causados pela seca, torna-se urgente o desenvolvimento de
sistemas de irrigação para aumentar a produção agrícola e tornar a agricultura mais
competitiva.
Relatorio Final
3-44
A Política Nacional de Regadio e a Estratégia de Implementação, elaboradas em 2002,
estabelecem as seguintes diretrizes básicas: 1) fazer a gestão adequada e rigorosa dos
recursos hídricos renováveis; 2) considerar a água, que é um recurso econômico, igualmente
importante em termos de valor econômico e social; 3) necessidade de permissão para se usar
a terra irrigada e a água para a irrigação, que são patrimônios públicos; 4) fazer a gestão da
agricultura irrigada baseada no planejamento de utilização da água da bacia hidrográfica, que
inclui um conjunto de características geográficas. Através dessas diretrizes, pretende-se: a)
fazer a gestão integrada da água tanto no desenvolvimento rural como agrário; b) baseado na
pesquisa de agricultura irrigada adequada, fazer a extensão da irrigação aos produtores,
enfatizando principalmente os pequenos produtores, orientando para que estes passem a
realizar gradualmente a agricultura irrigada voltada para o mercado; c) apoiar e fazer a
extensão para que as pequenas, médias e grandes empresas agrícolas introduzam a
agricultura irrigada; d) promover o desenvolvimento da agricultura de média e grande
escalas nas áreas passíveis de irrigação em Moçambique, onde ainda há muitas
possibilidades; e) criar uma estrutura técnica e financeira, para se preparar para a seca que
ocorre periodicamente; f) promover a descentralização para possibilitar a participação ativa
dos beneficiários, habitantes da zona rural e administração local, para realizar a gestão
integrada dos recursos hídricos; g) promover a elevação da posição da mulher da zona rural,
reconhecendo o seu papel dentro do desenvolvimento econômico e social, por meio da sua
participação na agricultura irrigada, como beneficiária.
Assim, o governo moçambicano planeja realizar a gestão integrada dos recursos hídricos de
cada bacia fluvial, considerando-os patrimônio público limitado, e dividindo-os para os
respectivos setores envolvidos de modo adequado, contando com a participação dos
intervenientes. Considera também que transferindo os serviços de manutenção e gestão dos
sistemas de irrigação às associações de água, que é a comunidade dos beneficiários, será
possível tornar a irrigação mais eficiente e realizar a sua gestão e manutenção de modo mais
adequado.
(2) Sistema de irrigação de pequena e média escala na área do Estudo
Na área do Estudo a precipitação anual é superior a 1.000 mm, mas as áreas de captação de
água são limitadas, e na época de chuva, as águas escoam rapidamente devido à topografia
inclinada no sentido norte-sul, sendo que na época de seca, os rios secam. Assim, não se
pode dizer que a região possui recursos hídricos em abundância. No sopé do divisor de águas,
na área de Estudo, há alguns sistemas de irrigação de pequena escala construídos e
administrados por agricultores avançados e grupos de produtores.
Segundo o Levantamento dos Regadios Existentes no País, realizado em 2001 pelo Fundo
para o Desenvolvimento da Hidráulica Agrícola, em todo o país existiam 6.389 ha de
irrigação em pequena escala (menor que 50 ha), 19.647 ha de irrigação em média escala (de
50 ha a 500 ha), e 92.084 ha de irrigação em grande escala (acima de 500 ha), totalizando
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-45
118.120 ha de terras irrigadas. Dentre os 12 distritos da área de Estudo, existiam 19 sistemas
de irrigação em 9 distritos, totalizando uma área de 755 ha, dos quais 300 ha estavam em
funcionamento. Desde então não foi feito o Levantamento dos sistemas de irrigação de
Moçambique.
Atualmente, na área de jurisdição da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula,
existem planos para desenvolver 54 regadios de pequena escala, dos quais 14 estão
concluídos. As obras de construção e de reparo dos sistemas de irrigação de pequena escala
serão financiadas pelo orçamento de desenvolvimento da província, como projeto de
aumento da produtividade agrícola no âmbito do Plano de Ação para a Produção de
Alimentos (PAPA), e do Fundo Distrital de Desenvolvimento (FDD) do orçamento distrital.
A solicitação do agricultor individual ou da associação é transmitida pelo extensionista rural
do governo distrital à Direcção Provincial da Agricultura e após a avaliação e aprovação, a
medição, o desenho e a obra serão realizadas com o orçamento do governo, cabendo ao
agricultor fornecer apenas a mão-de-obra para o trabalho de construção. Além destes, no
âmbito do projeto de apoio agrícola de muitas ONGs nacionais e internacionais, também
estão sendo construídos sistemas de irrigação.
Os sistemas de irrigação de pequena e média escala existentes na área do Estudo são usados
não somente para hortaliças, mas também para mandioca, na estação da seca. A água da
irrigação é trazida geralmente do sopé de inselbergs (monte-ilha), e em muitos casos, a área
de captação de água é pequena, e há risco de soterração do tanque de água ou desabamento
da barragem devido a deslizamento causado por chuvas torrenciais concentradas. Mesmo em
casos de irrigação de pequena escala, está estabelecido que sua gestão e manutenção devam
ser feitas pela associação dos usuários de água, mas há muitas associações que não
funcionam: não estão cadastradas oficialmente, não possuem a lista de associados ou
desconhece-se o seu número. O sistema de irrigação de terras do produtor médio é mantido
pelo próprio proprietário. Está estabelecido que quem utiliza a irrigação deve pagar o preço
da água ao seu gestor, mas os beneficiários da irrigação de pequena e média escala não
possuem capacidade de pagar, e a maioria não efetua o pagamento.
3.5. Tendência de Preços e Cadeia de Valor
3.5.1. Tendência de Preços das Principais Colheitas Alimentares
Dentro da área do Estudo, dentre os produtos alimentares com porcentagem de produção
dirigida ao mercado mais elevada se encontra o amendoim (para uso como condimento) com
30%, seguido do milho com 21% (Tabela 3.5.1). Comparada a outras províncias, ambos os
cultivos se encontram ao redor de 20%. Isto ocorre porque dentro da área do Estudo,
comparado a outras províncias, existe uma divisão clara entre a produção de subsistência
(culturas alimentares) e produção para ser comercializada (culturas para indústria).
Relatorio Final
3-46
Tabela 3.5.1 Porcentagem de Produtos Enviados ao Mercado por Alimentos (%)
Fonte: Preparado com documentos do Ministério de Agricultura, TIA survey information, 2007.
O preço do milho no varejo, que tem uma porcentagem de comercialização no mercado
relativamente elevada, se eleva a partir de junho durante a entressafra (colheita na época de
chuvas) e uma vez terminada a colheita, o preço baixa a partir de março quando o produto
chega aos mercados. Esta mesma tendência de preços se apresenta também nas principais
províncias produtoras de Zambezia e Sofala.
Por outro lado, no maior mercado consumidor do país, Maputo, mesmo em maio, durante a
época de maior abundancia do produto no mercado (período de safra com colheita na seca),
o preço no varejo do milho se mantém superior a 12 MT/kg o que mostra a estabilidade deste
mercado durante o ano inteiro. Esta tendência de preços é similar ao de outras colheitas
alimentares com exceção do trigo que depende das importações. (Resultado de entrevistas no
MIC, Departamento de Comércio).
Fonte: Dados do MIC, Preço Médio Mensal de Cereais, 2008
Figura 3.5.1 Variação de Preços do Milho no Varejo por Zonas
2002 2003 2005 2006 2007
Milho 26 23 22 22 21
Arroz 10 16 11 17 13
Mandioca 5 5 5 5 5
Sorgo 3 6 5 5 4
Amendoim 25 24 25 27 30
Feijão fradinho 8 11 9 9 10
0.0
2.0
4.0
6.0
8.0
10.0
12.0
14.0
16.0
Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec
Nampula Zambezia Sofala MaputoMT
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-47
3.5.2. Cadeia de Valor
Dentro da área do Estudo, a cadeia de valor está estruturada para a produção de castanha de
caju, algodão, tabaco, etc. que são cultivos para a indústria. O preço do algodão como
matéria prima é de 0,4 dólares/kg e o algodão dirigido ao mercado externo que é processado
(fios) chega ao triplo do preço, até 1,2 dólares/kg, gerando 0,8 dólares/kg de valor agregado.
O gergelim, ao ser exportado in natura sem ser processado, é o produto com a taxa mais
baixa de valor agregado. A soja ao ser refinada gera óleo e farelo, mas não foi possível obter
dados pertinentes para este Estudo (Tabela 3.5.2).
Considerando a baixa porcentagem de valor agregado do óleo de caroço de algodão, o refino
de soja não deve contribuir muito para a expansão das exportações. Com as pesquisas
realizadas nas granjas de aves foi possível identificar que para reduzir os custos de produção
e diversificar as vendas, além de produzir carne de frango, algumas empresas também
comercializam ração balanceada com farelo de soja para fortalecer a concorrência frente à
carne de frango importada do Brasil.
O preço do fubá de milho que é uma cultura alimentar chega a 0,9 dólares/kg, bastante mais
elevado que o preço do grão no varejo de 0,3 dólares/kg. Isto demonstra que mesmo os
cultivos alimentares, quando associados a um processo de industrialização obtêm maior
lucratividade.
Tabela 3.5.2 Cadeia de Valor dos Principais Cultivos (em Outubro de 2009)
Unidade: dolar/kg
Milho Algodão
Castanha de caju
Gergelim Tabaco Soja
0,1
0,2
0,9 (Moinho)
Preço em chácara Intermediários Varejo/Indústrias Exportação (FOB) -
0,4
1,2 (Fio) 0,7 (óleo)
0,5
0,6 (com casca)
4,50 (sem casca)
1,02
1,07 (In natura)
1,20
3,15 (folhas secas)
0,5
(óleo) (farelo)
-
Destino Mercado interno
Exportação Exportação Exportação Exportação Indústria de ração nacional
Fonte: Equipe de Estudo JICA Obs.: 1) O preço FOB é do Porto de Nacala; o símbolo “-” indica que não se conseguiu obter o valor. 2) Os dados foram obtidos das entrevistas feitas nas empresas de processamento de produtos agrícolas em
Outubro de 2009.
Relatorio Final
3-48
3.6. Agroindústria
3.6.1. Situação do Progresso da Agroindústria
Dentro da área do Estudo se encontram registradas aproximadamente 1.800 empresas (INE,
2006). Destas, 80% são microempresas, incluídas empresas de serviços como pequenos
comércios e hotéis, sendo que ao redor de 200 estão relacionadas com o setor de
agroindústria. Sendo a área do Estudo uma das principais zonas agrícolas do país, as
expectativas para que ela se torne importante para o fornecimento de matéria prima são
elevadas.
A Tabela 3.6.1 mostra a evolução das agroindústrias na província de Nampula durante os
últimos 6 anos (2002~2007) e é notável a evolução do número de empresas dedicadas ao
beneficiamento de castanha de caju, que pela cadeia de valores (ver sessão 3.5) apresenta o
valor agregado mais elevado para os produtos agroindustriais. A seguir se mostram as
características das empresas que apareceram nos últimos anos. (De acordo com entrevistas
realizadas no Departamento de Negócios da Província de Nampula e junto às empresas).
(1) A maioria das empresas estrangeiras exporta seus produtos devido ao reduzido
tamanho do mercado provincial e nacional.
(2) Nos últimos anos, além dos produtos tradicionais como algodão e castanha de caju,
nota-se a presença de empresas dedicadas a outros produtos (frango congelado, soja,
gergelim, entre outros).
(3) Estes novos setores, além dos moinhos de mandioca e milho, estão localizados na
zona norte e sua produção está voltada principalmente ao mercado nacional, para
substituir as importações.
(4) O nível de investimentos das empresas se situa entre 10 mil a 24 mil dólares
(máximo) e quase todas são pequenas e médias empresas.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-49
Tabela 3.6.1 Situação da Evolução das Agroindústrias na Província de Nampula Investimentos: 1.000 dólares
Ano Empresa Setor Distrito Investimento Trabalhadores
2002 Liupotur Moçambique Agricultura.-Agroindústria Mogimcual 60 30 Atsncom, TS Agricultura-Agroindústria Malema 980 197 Moçambique Agricultura-Agroindústria Nampula 50 36 GEIT Granja Nampula 1.132 20 AFRICAJU Castanha de caju Mogincual 144 120
2003 Unagi Moçambique Agricultura-Agroindústria Nacala 20.000 470 Madeireiras de Memba Agricultura-Agroindústria Memba 491 10 Moma Caju Castanha de caju Moma 187 60 Sanam Indústrias de Óleo Óleo Comestível Monapo 1.500 107
2004 TRANSALT Sal refinado Nacala 1 45 Condor Caju-Agr. Industrias Castanha de caju Nacala 1.057 250 Mauricaju Castanha de caju Mogovolas 75 103
2005 New Horizons Moçambique Granja Nampula 1.374 50 Remodelação da Fabrica CIM Moinho Manapo 1.200 138 Atja Nuts Castanha de caju Meconta 376 104
2006 CCA-Sisal Sisal Angoche 5.800 700 Unidade Proc. Castanha Caju Castanha de caju Nacala 404 155
2007 Caju Itha Castanha de caju Iiha 920 700 Cister Moçambique Agricultura-Agroindústria Nampula 50 24 Nova Texmoqued Fiação de algodão (cardado) Nampula 24.000 450
Fonte: 1) CPI, dados de 2008 2) Dados do「Relatório do Estudo para Formação de Projeto para a Reativação Econômica dos Corredores
Regionais na República de Moçambique」2008, JICA
3.6.2. Situação Operacional das Agroindústrias
A Tabela 3.6.2 mostra um resumo da situação das agroindústrias de acordo com entrevistas
realizadas na área do Estudo. As características em comum encontradas nestas empresas em
termos operacionais são as seguintes.
(1) A maioria das empresas utiliza somente entre 40% e 60% da capacidade de produção
instalada.
(2) Um fator comum entre todas as empresas para a baixa utilização da capacidade de
produção é a falta de matéria prima. Especialmente no caso das fiações de algodão
(cardado), a obtenção de matéria prima está restrita devido ao sistema de concessões, e
a falta desta é um fator constante que inviabiliza as operações das indústrias.
(3) Com relação ao algodão e o tabaco se observam alguns aspectos na questão de
abastecimento que favorece os fornecedores (produtores). Durante os últimos anos, com
a diversificação de indústrias, quando o preço de compra por parte das empresas é baixo,
os agricultores cultivam outros produtos no ano seguinte.
(4) Com relação à castanha de caju, o problema reside na demanda, uma vez que somente
na província de Nampula existem aproximadamente 2.500.000 produtores (cerca de 1/3
dos produtores do país) e como a castanha de caju é um cultivo permanente, comparado
ao algodão e o tabaco que são cultivos de curto prazo, existe uma tendência do mercado
Relatorio Final
3-50
de favorecer às indústrias em detrimento dos agricultores (compras abaixo do preço).
(5) O lucro da maioria das empresas é influenciado pelas flutuações de preços do mercado
internacional. Elas adiantam sementes e adubo para os agricultores esperando um
aumento de produtividade. Porém, estes utilizam o adubo em outros cultivos e é difícil
garantir o volume de produção esperado. No caso da produção de tabaco e algodão, as
empresas adiantam 200 kg de adubo para os agricultores, mas de acordo com as
empresas, os agricultores aplicam somente 15% desta quantidade (entre 20 kg e 30 kg),
reduzindo a produtividade, reduzindo assim a lucratividade das empresas.
(6) A transformação da maioria dos produtos agroindústrias se encontra no nível 1,0 ou 1,5
(fio de algodão, óleo de caroço de algodão, ração balanceada, folha seca de tabaco).
Não existem indústrias que realizam um processo de transformação elevado de nível 2
ou 3 (produto final). (Departamento Econômico da Província de Nampula).
(7) O razão para esta situação residiria no fato de que todos os materiais relacionados com
a finalização do produto, como embalagens e vidros devem ser importados, portanto se
a indústria de transformação chega a um nível mais elevado, é necessário importar os
insumos necessários, encarecendo os custos de produção do produto final, causando
assim uma redução nos lucros (valor agregado).
(8) A infraestrutura de serviços básicos como eletricidade, água e estradas ainda é
incipiente. Os cortes no fornecimento de energia elétrica são frequentes, reduzindo a
taxa de operação das plantas. Todas as agroindústrias contam com geradores e ademais
do custo da matéria prima, outro fator importante que eleva o custo operativo é a
energia.
Além destas empresas da transformação de produtos mencionadas, a planta de
processamento de mandioca com maior produção no país se encontra dentro da área do
Estudo e este produto é utilizado como complemento na fabricação de pão e para o
processamento de fubá, para elevar o valor agregado. O governo provincial está avaliando
elevar as condições nutricionais da população rural e também elevar a renda das famílias
através da promoção de indústrias com processos de transformação simples nas áreas rurais.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-51
Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (1)
Nome da Empresa Fábrica de Iogurte
(Fundada em 1995, início de vendas em 2005)
New Horizon Industry
(Avícola, fundada em 2005)
1. Localização Província de Nampula (subúrbio da cidade de Nampula) Província de Nampula (subúrbio da cidade de Nampula)
2. Tipo de capital Capital moçambicano Capital de Zimbabue
3. Tipo de investimento Vertical (hereditário) Investimento coletivo (horizontal)
4. Capital - 1.374.890 dólares
5. Principal produto / volume
de produção
・ Iogurte líquido (175 ml, 330 ml, 500 ml),160.000
l/ano
・ Pintos 45.000/semana, frango 15.000/semana
・ Ração 120 toneladas/semana
6. Fornecimento de matéria
prima
・ Depende totalmente da importação de leite em pó
・ Criação de 100 cabeças em 144 ha de pastagem administrada diretamente
・ Produção de pintos
・ Produção de ração
1) Volume de matéria prima utilizada
・ 16.000 kg de leite em pó (2008) importado da África do Sul
・ A criação de pintos de destina à produção direta ・ Os frangos são produzidos por agricultores da
zona (raio de 20 km) por consignação (890
criadores, cada um com 1.250 frangos) 2) Abastecimento ・ Venda direta (cidade de Maputo) e transportadoras
(para áreas fora de Maputo) por consignação ・ Vendas em consignação para as transportadoras
3) Qualidade - - 4) Estabilidade ・ Corte de fornecimento elétrico na época da estiagem.
Por isso são gerados problemas de limpeza e
refrigeração.
・ Falta de matéria prima para ração, baixa produtividade pelo baixo nível técnico dos
criadores
7. Processamento, mão de obra
・ No. de trabalhadores na fábrica: 16 pessoas ・ Produção de pasto: 9 pessoas
・ Trabalhadores na fábrica: 186 pessoas
1) Salário ・ Salário mínimo+bonificação - 2) Custo ・ Toda embalagem é importada da África do Sul. Os
equipamentos também são 90% importados pelo que o custo do produto é elevado
・ Caso a matéria prima fosse obtida diretamente o custo
poderia baixar em até 60% comparado ao custo de produção atual
・ Para produzir um quilo de carne de frango são
necessários 1,9 kg de ração ・ Existe um déficit no número de frangos para ser
processados pelo que a planta opera com 30% de
sua capacidade.
3) Tipo de administração
(KL)
・ Trabalho intensivo ・ Capital intensivo
4) Energia ・ Planos para a instalação de geradores elétricos e poços artesianos (águas subterrâneas)
-
8. Venda e mercado ・ Entrega direta à cidade de Maputo dependendo da empresa
・ Consignação às empresas de transporte para outras
províncias (em caminhões de 5.000MT) ・ Para a zona de Lichinga na província de Niassa o
transporte é aéreo, elevando o custo em 60%
comparado ao transporte em caminhões
・ Zona norte (Províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado
・ Produção para competir com o produto
importado (especialmente do Brasil)
1) Despacho ・ Frascos de polietileno(transporte em caminhões) ・ Caixas e bolsas plásticas (10 kg)
2) Taxa de participação no mercado
・ 65% da província de Nampula (Cobre as províncias de Niassa, Cabo Delgado e Zambezia) -
3) Preço de venda no mercado
Preço de Despacho (MT) Preço no varejo (MT) 175 ml: 14,0 20,0 330 ml: 17,5 25,0
500 ml: 17,5 25,0
・ Carne de frango 80 MT/kg ・ Ração 870 MT/50 kg
4) Exportações ・ Não exporta (avalia exportar no futuro ) ・ Não exporta (avalia exportar no futuro )
9. Temas para fortalecer
competitividade para exportar
・ Sistema de fornecimento estável de energia
・ Auto suficiência em obtenção de matéria prima ・ Apoio financeiro para conseguir capital de giro e
financiamento para aquisição de equipamentos
・ Não conhecem o sistema ISO, HACCP
・ Falta de matéria prima (frango)
・ Falta de milho e farelo de soja para ração ・ Tecnologia de produção de baixo custo
Relatorio Final
3-52
Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (2)
Nome da Empresa SONIL-FABRICA DE TABACCO MALEMA CONDORNUTS(Início de operações em 2009)
1. Localização Província de Nampula: Distrito de Malema Província de Nampula: Distrito de Malema
2. Tipo de capital Capital português e moçambicano Capital português
3. Tipo de investimento Vertical Vertical
4. Capital - -
5. Principal produto / volume de produção
・ Folhas secas de tabaco ・ Produção: 2.000 t (2008) ・ Capacidade de produção 5.000 t/ano
・ Castanha de caju ・ Capacidade de produção 4.000 t/ano
6. Fornecimento de matéria prima
1) Volume de
matéria prima utilizada
・ 2.000 t (750 kg/ha)
・ Principalmente contratos de concessão com os agricultores (parte das colheitas sob administração direta)
・ Volume de compra: 4.000 - 6.000 t
・ Valor de compra da produção dos agricultores: Média de 9 - 12 MT/kg (muita oscilação com períodos de baixa e de alta, depende do tamanho, forma, etc.)
2) Abastecimento ・ Cultivo por concessão sob contrato com os agricultores (empréstimo de adubo, sementes)
・ Agricultores concessionários : 2.500 famílias
(2008), 1.500 famílias (2009)
・ Compra direta da produção dos agricultores da província de Nampula (Uma parte é adquirida nas províncias de Cabo Delgado, Zambezia e Sofala)
3) Qualidade ・ Orientação técnica para os agricultores concessionários por parte de técnicos 150
contratados pela fábrica
・ Controle de qualidade o produto é classificado em 26 tipos de acordo à cor (mais branco), tamanho e forma
4) Estabilidade ・ Os agricultores concessionários utilizam somente ao redor de 15% (de 20 a 30 kg) dos 200 kg de
adubo fornecido. O resto é aplicado em outros cultivos alimentares pelo que a produtividade é baixa refletindo na qualidade do produto
・ Os lotes de 1 ha é dividido em 4 partes (0,25 ha). Número de plantas : 6.666 pés /ha
・ Entre outubro e janeiro a planta compra toda a matéria prima necessária para a produção de um ano
(armazenados em depósitos próprios com capacidade para 6.000 t).
・ O comprometimento dos trabalhadores com o
trabalho afeta a taxa operativa (como o trabalho é simples, o absentismo é elevado)
・ Custo do produto: Custo de energia representa entre
30 - 35%, custo de mão de obra representa 20 -30%.
7. Processamento, mão de obra
・ Trabalhadores em planta: 100 ・ Trabalhadores nos campos de cultivo próprio: 150
・ Número de trabalhadores em planta: 750
1) Salário ・ Salário mínimo (60MT) + bonificação ・ Salário mínimo (60MT) + bonificação 2) Custo ・ Custo de transporte : 0,15 dólares/kg (custo de
transporte em caminhões de Malea → Malaui )
・ Custo de transporte: Nampula → Porto de Nacala
→ Roterdã 3) Tipo de
administração (KL) ・ Mão de obra intensiva ・ Mão de obra intensiva
4) Energia ・ Cortes de eletricidade frequentes. O uso de gerador próprio e a depreciação das outras instalações incrementam o custo
・ Cortes de eletricidade frequentes. Elevação de custos pelo uso de gerador próprio
8. Venda e mercado
1) Despacho ・ Todo o volume é exportado à Malaui
・ 1.800 t (2008), 1.200 t (2009)
・ Todo produto final é embalado a vácuo para ser
envidado à Holanda (Roterdã) . ・ Desvio da mercadoria para os mercados do sul
asiático, Ásia, Europa e Norte América
2) Taxa de participação no mercado
- ・ Maior capacidade de produção no país (capacidade
de beneficiamento de 10.000 t anuais, incluídas empresas afiliadas)
3) Preço de venda no mercado
- ・ Com casca: 500 - 700 dólares/tonelada ・ Sem casca: 5.000 dólares/tonelada (exportação)
4) Exportações ・ Toda a produção é exportada ・ Toda a produção é exportada
9. Temas para fortalecer
competitividade para exportar
・ A taxa de operação da planta é baixa
・ Elevação do custo de adubo proporcionado aos agricultores
・ Dificuldade para enfrentar oscilação de preços
internacionais
・ Todo material para embalagem é importado
・ O melhor produto é o brasileiro. A produção de Moçambique é pequena comparada à produção do Brasil.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-53
Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (3)
Empresa Indústria de Óleo Sanam, Grupo GEIN, fundada
em 2000 Mozabanana Ltda.
(Empresa produtora de bananas), Estabelecida em 2007
1. Localização Província de Nampula, Distrito de Muecate, Namialo Província de Nampula, região de Namialo 2. Tipo Capital hindu Capital Zimbabueano (Empresa Matanusuca) 3. Tipo de investimento Vertical Vertical (cooperação técnica e de vendas com a empresa
Chiquita) 4. Capital 10 million dólares 80 milhões de dólares 5. Principal produto /
volume de produção ・ Óleo de caroço de algodão (extração de óleo e
farelo) ・ Capacidade de extração 20.000 t/ano (óleo 4.000 t,
farelo 16 000 t)
・ Cultivo, processamento e venda de bananas (para exportação)
-
6. Fornecimento de matéria prima
1) Volume de matéria prima utilizada
・ Administração direta de cultivos: 5.000 ha (Colheita 600 kg, baixa produtividade pela sequência de danos às colheitas causados pela não aplicação de adubo e defensivos)、
・ Concessão de colheitas: Compra de aproximadamente 30.000 famílias na província de Nampula (adiantamento de sementes e adubo)
・ Fazenda de administração directa: área total de 4.000 ha; área cultivada de 3.000ha.
・ A meta é iniciar a produção de fato em 2011. ・ Vem aumentando a área cultivada cerca de 20 a 30ha por
semana.
2) Abastecimento ・ Compra direta dos agricultores da província de Nampula (Parte é adquirida de agricultores da província de Cabo Delgado, Zambezia e Sofara)
・ Preço de compra: 8 MT/kg
・ Envio directo ao país de destino (do Porto de Nacala, usando os 20 contentores que possui)
3) Qualidade ・ Planta de transformação mais moderna do país equipada para refinar óleo não somente de algodão mas também de soja e amendoim.
・ Controle absoluto do cultivo através de: cumprimento dos prazos de plantio utilizando a rega; controle de produção usando muda própria; e utilização balanceada de fertilizante adequado.
4) Estabilidade ・ É possível adaptar a operação da planta de acordo com as safras de algodão, soja e amendoim.A taxa de ocupação da planta é racionalizada com a utilização deste sistema.
・ Orientação sobre gestão e cultivo pela empresa Chiquita: quadro de orientadores formado por 6 especialistas de controle administrativo das plantações de banana do Brasil, Colômbia, Costa Rica, Panamá, etc.
7. Processamento, mão de obra
・ Número de trabalhadores na fábrica e nos campos de cultivo: aproximadamente 1.000 trabalhadores
・ Em 2009, 1.600 empregos; em 2011, 5.000 empregos.
1) Salário ・ Salário mínimo mais bonificação ・ Número total de empregos incluindo-se setores intermediários: 18.000
2) Custo - - 3) Tipo de
administração (KL) - -
4) Energia ・ A ocorrência de cortes no fornecimento de eletricidade é constante. A utilização de geradores próprios influi diretamente na elevação dos custos.
・ Solução do problema através da instalação de gerador eléctrico.
・ Garantia da água de rega para o ano todo, através da construção de represa.
8. Venda e mercado 1) Despacho ・ Óleo: destinado ao mercado interno
・ Farelo: Nampula → Porto de Nacala → Sul da Ásia・ Exportação para Europa (Itália, Grécia, Europa Oriental) e
Oriente Médio. 2) Taxa de participação
no mercado - -
3) Preço de venda no mercado
・ Óleo para o mercado interno: 20 MT/L ・ Preço de exportação para o sul asiático (farelo): 80
-100 dólares/t
- ・ Para se exportar da América Central e do Sul para Europa,
são necessários 25 dias, mas do Porto de Nacala, são 5 dias,o que possibilita uma considerável redução de custo.
4) Exportações ・ O farelo é exportado para o sul asiático ・ Como o Porto de Nacala, usado para exportação, é pequeno, é necessário tomar-se uma medida urgente.
・ Para que empresas grandes se estabeleçam na região, é necessário melhorar a estrada e o porto para exportação.
・ São necessários o reconhecimento e a introdução da RSC. 9. Temas para fortalecer a
competitividade ・ A taxa operativa da planta é baixa com relação ao
tamanho das instalações ・ A demanda interna de carne é baixa (baixa renda da
população que não tem acesso aos produtos) pelo que o farelo, que é um produto terminado não tem mercado, sendo um dos fatores para a baixa taxa de operações da planta
Nota: - não foi possível obter informação das empresas
Relatorio Final
3-54
3.7. Situação dos Serviços de Apoio à Agricultura
3.7.1. Investigação
(1) Instituto de Investigação Agrária de Moçambique(IIAM)
1) Organização
O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) é ligado à Direção de Apoio do
Ministério de Agricultura e é a principal instituição pública responsável pela investigação
agrária no país. Este Instituto foi criado em 2004, por recomendação da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), pela unificação dos 5 institutos de investigação
existentes até então (Instituto de Investigação Agrária, Instituto de Investigação Pecuária,
Instituto de Investigação Veterinária, Instituto de Desenvolvimento de Zonas Rurais e
Instituto de Investigação Florestal e conta com a Direção de Planificação, Administração e
Finanças (DARN), a Direção de Ciências Animais (DCA) e a Direção de Formação,
Documentação e Transferência de Tecnologias (DFDTT) (Figura 3.7.1). Ademais, conta com
4 unidades de nível local: Centro zonal sul (Província de Gaza, Chokue, ver abaixo)10,
Centro zonal centro (Província de Manica, Sussundenga) 11 , Centro zonal Noroeste
(Provincia de Niassa; Lichinga) 12 , e Centro zonal Nordeste (Provincia de Nampula;
Nampula)13 (Figura 3.7.2).
Há dois centros onde se realiza a análise do solo e de produtos agrícolas: em Maputo e em
Nampula (este último criado pela colaboração holandesa em 1995/6). Mas a capacidade de
análise do Centro de Nampula é bastante limitada, e não são realizadas medições de
nitrogênio nen análise física do solo. Ambos os centros aceitam os pedidos de análise de
indivíduos, empresas e órgãos que não sejam o IIAM, mas o número anual de análises de
amostras é restrito14, há falta de reagentes necessários, e o número de experimento analítico
baseado em análise química do solo e de produtos agrícolas é reduzido.
A zona deste Estudo se encontra na jurisdição do centro zonal nordeste (distritos de Ribaue,
Mulupala, Nampula, Mucaeté, Monapo, Meconda e Mogovolas) e do centro zonal noroeste
(distritos de Malema, Gurué, Cuamba e Manbimba). O centro zonal nordeste também têm 3
estações agrárias experimentais dentro da zona do Estudo (Nametil, Ribáue, Namapa) e um
laboratório de análise para solos e cultivos (Nampula), e o centro zonal noroeste tem uma
estação agrária experimental (Mutuali). O laboratório de análises se encontra na central de
Maputo e em Nampula, mas a capacidade de análise deste último é bastante limitada e não
realiza medições de propriedades físicas do solo. A central de Maputo realiza análises de
10 Centro Zonal Sul。Pertencem as províncias de Maputo, Gaza e Iambane) 11 Centro Zonal Centro. Províncias de Tete, Manica, Sofala e Zambezia
12 Centro Zonal Noroeste. Província de Niassa
13 Centro Zonal Nordeste. Províncias de Nampula e Cabo Delgado
14 As empresas costumam enviar as amostras a serem analisadas para a África do Sul.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-55
acordo a solicitações do IIAM e outras instituições, além de pessoas e empresas privadas
mas o número de análises que realizam ao ano são muito poucas15, e não contam com
suficientes reagentes químicos para testes e praticamente não se realizam testes baseados em
análises químicas de solo e cultivos.
Fonte: informações divulgadas no site http://www.iiam.gov.mz/ (23 de Setembro de 2009), acrescidos de dados obtidos nas visitas aos locais.
Figura 3.7.1 Organização dos Institutos de Investigação de Moçambique
15 As análises de solo e água são realizadas para 1000 a 2000 amostras anualmente.
Centro Zonal Sul(Estação Agrária de Chokué)
Centro Zonal Sul(Estação Agrária de Chokué)
Centro Zonal Centro(Estação Agrária de
Sussudenga)
Centro Zonal Centro(Estação Agrária de
Sussudenga)
Centro Zonal Noroeste(Estação Agrária de
Lichinga )
Centro Zonal Noroeste(Estação Agrária de
Lichinga )
Centro Zonal Nordeste(Estação Agrária de
Nampula)
Centro Zonal Nordeste(Estação Agrária de
Nampula)
・Centro de Análises de Nampula・Estação Agrária de Nametir・Estação Agrária de Ribaue・Estação Agrária de Namapa・Estação Agrária de Mapupulo
・Centro de Análises de Nampula・Estação Agrária de Nametir・Estação Agrária de Ribaue・Estação Agrária de Namapa・Estação Agrária de Mapupulo
・Estação Agrária de Mutuali・Estação Agrária de Gurué・Estação Agrária de Mutuali・Estação Agrária de Gurué
・Estação Agrária de Mocuba・Posto Agronomico de Messambuzi・Posto Agronomico de Chemba・Centro de Muirua・Estação Florestal de Mandonge・Laboratório Regional de Veterinaria・Estação Zootécnica de Angónia・Posto Agronomico de Ntengomozi・CPFAs de Sofala Angónia
・Estação Agrária de Mocuba・Posto Agronomico de Messambuzi・Posto Agronomico de Chemba・Centro de Muirua・Estação Florestal de Mandonge・Laboratório Regional de Veterinaria・Estação Zootécnica de Angónia・Posto Agronomico de Ntengomozi・CPFAs de Sofala Angónia
・Estação Agrária de Umbelzi・Estação de Zootecnia de Giobela・Estação Florestal・Estação de Zootecnia de Madimi
Lopez・Posto Agronomico de Unacongo・Escola Técnica Superior de
Agricultura Manikenima
・Estação Agrária de Umbelzi・Estação de Zootecnia de Giobela・Estação Florestal・Estação de Zootecnia de Madimi
Lopez・Posto Agronomico de Unacongo・Escola Técnica Superior de
Agricultura Manikenima
(Central)
(Centro zonal)(Composição)
◆Planificação, Administração e Finanças◆Agronomía e Recursos Naturais◆Direção de Ciencias Animais◆Formação, Documentação e
Transferencia de Tecnologia
◆Planificação, Administração e Finanças◆Agronomía e Recursos Naturais◆Direção de Ciencias Animais◆Formação, Documentação e
Transferencia de Tecnologia
Relatorio Final
3-56
Estação experimental do centro zonal nordeste
Estação experimental do centro zonal noroeste
Estação experimental do centro zonal centro
Estação experimental do centro zonal sul
Lagoa
Central do centro experimental regional
Estação experimental agrícola regional
Centro experimental pecuário regional
Laboratório de análises regional
Fonte: Preparado a partir de http://www.iiam.gov.mz/, 11 de novembro de 2009
Figura 3.7.2 Localização dos Institutos de Investigação Agrária e Centros Zonais de Moçambique
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-57
Tabela 3.7.1 Sumário das Estações e Postos Agrários da Região Alvo de Estudo
Centro zonal Centro zonal nordeste (Sede em Nampula) Centro zonal noroeste (Sede em Lichinga)
Estação experimental Posto agronómico de Nampula-Sede
Estação agrária de Ribaué Posto agrário de Mutuali Estação agrária de Gurué
Localização Latitude sul: 15º 09’ Longitude leste: 39º 20’
Latitude sul: 14º 09’ Longitude leste: 38º 16’
Latitude sul: 14º 53’ Longitude leste: 37º 03’
Latitude sul: 15º 29’ Longitude leste: 37º 00’
Altitude 432 m 535 m 570 m 788 m Área 355 ha 2.572 ha 3.000 ha -
Solo
・ Terra roxa e amarela rica em sesquióxido ou solo mineral aquoso.
・ Terreno plano ・ Escoamento de água: bom
– ruim.
・ Terra roxa e amarela rica em sesquióxido ou terra cinza.
・ Solo arenoso, marga arenosa, marga.
・ Muitas inclinações leves.
・ Escoamento de água: bom - regular
・ Solo florestal, solo mineral ácido, solo mineral aquoso, solo vertisol (terra baixa).
・ Terreno plano. ・ Escoamento de água:
ruim
・ Solo ácido de origem orgânica (relato de que contém 17% de substância orgânica, pH (H2O) 3.5).
Média 24,5 ºC 23,9 ºC 23,8 ºC 21,4 ºC Máxima 30,4 ºC 30,2 ºC 31,1 ºC -
Temperatura média anual
Mínima 18,5 ºC 17,6 ºC 16,5 ºC - Precipitação anual 1.114 mm 1.120 mm 968 mm 1.516 mm Número de dias chuvosos
84 dias 90 dias 88 dias -
Pessoal
・ Pesquisadores: 32, e outros ・ Pessoal de enxerto: 3 ・ Pessoal de campo: 1 ・ Segurança: 2
・ Director (pesquisador): 1
・ Outros: 19
・ Director (pesquisador): 1
・ Pessoal de campo: 3 ・ Segurança: 1
Funções
・ Cultivo ・ Cultivo de espécies
(mandioca, mapira, amendoim)
・ Patologia botânica (castanha de caju)
・ Insectos ・ Estudo de sementes ・ Utilização de produtos
agrícolas (castanha de caju e mandioca)
・ Produção de sementes ・ Veterinária ・ Solo ・ Silvicultura
・ Venda de enxertos de manga e cítricos.
・ Produção de sementes de milho.
・ Início do teste de adaptação da variedade de trigo a partir deste ano.
・ Teste de adaptação da variedade.
・ Produção de sementes (milho, mapira, soja, amendoim, mandioca, vagem)
・ Pecuária
・ Teste de adaptação da variedade (batata inglesa, arroz).
・ Produção de sementes (milho, batata inglesa, vagem, arroz, soja).
Outros
・ Colaboração de pesquisa com o INCAJU16.
・ Projectos internacionais: a) AGRA17 (controle de
fertilidade do solo, cultivo de mapira).
b) EU18 (investigação e extensão de castanha de caju, mandioca e batata doce).
・ Foi estabelecida na década de 1960 como estação experimental de algodão, mas actualmente não trabalha com este produto.
・ Não possui laboratório.
・ Existem moradores ilegais no seu terreno.
・ Estabelecida como estação experimental provincial da Zambézia (em 1945), e posteriormente se tornou órgão subordinada ao IIAM.
・ Devido à greve da companhia eléctrica, não recebe electricidade por 3 anos.
・ Possui laboratório, que não funciona.
Nota: Parte das informações foi obtida por: “Unidades Experimentais do IIAM, Caracterização Preliminar, Documentos No.1/IIAM. Setembro 1970”.
16 Instituto Nacional do Caju
17 ONG internacional Aliança para a Revolução Verde na África (Alliance for Green Revolution in Africa) 18 União Europeia (European Union)
Relatorio Final
3-58
Na região alvo de estudo, o Centro zonal nordeste possui uma estação agrária (em Ribaué) e
um posto agronómico (em Nampula), e o Centro zonal noroeste possui 2 estações
experimentais (em Mutuali e em Gurué). No posto agronómico de Nampula-sede há o setor
técnico, considerado necessário para o setor agrário, mas a sua instalação é precária. Há
instalações de laboratório recém construídas, mas sem equipamentos nem materiais
(laboratório veterinário, laboratório de sementes, etc.). O posto de Nampula-sede e as
estações agrárias realizam o teste de adaptação da variedade, além de produzirem sementes
de variedades melhoradas dos principais produtos, baseado no PAPA19, e fornecem-as para
as empresas de sementes (SEMOC20 e PANNAR21), desempenhando um papel importante
no sistema de venda de sementes certificadas aos produtores (Tabela 3.7.1). O planeamento
do teste de cultivo é feito pelos pesquisadores da sede, e as estações agrárias estão
encarregadas da gestão do campo de cultivo, mas dependendo dos desafios, é feita a
colaboração entre os órgãos subordinados a outros Centros zonais.
A estrada para Lichinga, onde se localiza a Estação agrária do Centro zonal noroeste, não é
pavimentada, o que dificulta o acesso rápido, e durante a estação de chuva, a passagem fica
frequentemente intrafegável. Assim, para a execução do presente projecto, é preciso
fortalecer o Posto agrário de Mutuali, localizado no distrito de Malema. Além disso, devido
ao número e função dos extensionistas extremamente limitados no país, é necessário o
envolvimento dos pesquisadores no trabalho de extensão, mas não existe o setor de extensão
nos órgãos do IIAM. Os pesquisadores concordam inclusive que os pesquisadores técnicos e
os especialistas em extensão devem colaborar no trabalho de orientar os produtores, e
desejam a criação do setor de extensão22. Além disso, acredita-se que na elaboração de
pacotes técnicos necessários para cada produto agrário, seja preciso envolver os especialistas
em extensão que tenham uma visão global de todo o sistema.
2) Funcionários
A Direção de Agronomia e Recursos Naturais da sede central do IIAM conta com um total
de 52 funcionários, mas nos centros zonais nordeste e noroeste se encontram 31 e 12
funcionários, número bastante reduzido. (Tabela 3.7.2). Na central aproximadamente 60% do
pessoal conta com algum grau acadêmico de doutor o mestre, mas nos centros zonais
nordeste e noroeste essa porcentagem não chega a 30 por cento. A idade média dos
funcionários23 se situa entre 30 (centros zonais) e 40 anos (central) e os jovens são mais
numerosos nos centros zonais, mas somente dois funcionários se encontram na faixa etária
dos 20 (centro zonal sul). Todos os investigadores são especialistas relacionados com a
agronomia e nos centros zonais noroeste e noroeste mais de 70% dos investigadores são
agrônomos, o responsável pelo departamento de prevenção de pragas estava ausente, e no
19 Plano de Acção para a Produção de Alimentos 20 Empresa Pública Sementes de Moçambique 21 PANNAR Seed Ltd. 22 Entrevista feita na Reunião dos pesquisadores em Posto agronómico de Nampula-Sede. 23 Somente para regiões que contam com dados (Ver Tabela 3.7.2)
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-59
departamento de fertilização do solo somente se encontrava 1 pessoa. No interior, depois de
agrônomos, se encontram veterinários em maior número24, e suas funções se limitam à
atenção de cultivos e saúde de animais localmente, sem capacidade para atender temas
específicos dentro de cada parcela.
É preciso aumentar o número de pesquisadores, um equilíbrio no número de especialistas e
elevar as capacidades dos mesmos, mas atualmente o país não possui um plano de
fortalecimento no número de pesquisadores a longo prazo. Também as condições de trabalho
desfavoráveis são um impedimento para melhorar a situação. Além disso, as instalações e
equipamento para investigações são limitadas, especialmente nos centros zonais, mas não
existe um plano para potenciar estes centros.
Tabela 3.7.2 Funcionários do IIAMObs.
Central Centros Zonais
Item Direção de Agronomia e Recursos Naturais
Sul Centro Noroeste Nordeste Total
Funcionários (no.) 52 30 18 12 32 143 Homens (no.) Mulheres (no.)
33 19
24 6
14 4
9 3
30 2
110 34
Idades médias 43.4 39.6 - 37.3 - - Grau
Doutor 11 1 1 0 1 14 Mestres 18 3 3 2 7 33
Licenciados 23 26 26 10 23 108 Especialidade
Biologia 5 1 1 0 1 8 Genética 2 0 0 1 0 3
Desenvolvimento de variedades 6 1 2 1 2 12 Agronomia 13 16 5 8 22 64
Enfermidades de plantas 1 1 2 0 1 5 Prevenção de pragas 2 0 0 0 0 2
Pós colheita 1 0 0 0 0 1 Adubação de solo 2 0 0 0 1 3
Classificação de solos 2 0 0 0 1 3 Uso de solo 1 0 0 0 0 1
Economia Agrícola 2 0 0 0 2 4 Hidrologia 2 0 0 0 0 2
Engenharia florestal 4 0 2 0 1 7 Geografia 3 0 0 1 0 4 Veterinária 0 7 5 1 1 14
Fertilização animal 0 1 0 0 0 1 Matemática 1 0 0 0 0 1
Outros 3 1 1 0 1 6 Fonte: Relatório da Equipe de Estudo do “Estudo Preparatório para o Programa de Reativação Econômica e
Desenvolvimento Regional de Moçambique (Promoção do cultivo do arroz”, JICA, 2007 Obs.: Alguns funcionários trabalham tanto na sede central do IIAM, como no centro zonal sul
24 Na central do IIAM pertencem à Direção de Ciência Animal (DCA)
Relatorio Final
3-60
(2) Universidades
Os cursos de agronomia dentro do país são oferecidos na Universidade Eduardo Mondlane
(Maputo) e na Universidade Católica (Cuamba). A Universidade Nacional Eduardo
Mondlane tem professores que também são investigadores do IIAM central e existe um
intercambio entre estas instituições, mas não contam com um sistema de intercambio de
informações e resultados entre as instituições relacionadas com temas agrícolas. É necessário
realizar mais estudos sobre as atividades dos centros de investigação agrária.
3.7.2. Extensão
(1) Departamento de Extensão do Ministério de Agricultura
O Departamento de Extensão Agrária do Ministério de Agricultura é responsável pelas
entidades de extensão agrária, mas com as políticas de descentralização, muitas atribuições
de extensão estão sendo transferidas às províncias e distritos. Porém, as capacidades destes
governos locais ainda se encontram em uma etapa muito incipiente.
1) Organização e funcionários
O Departamento de Extensão Agrária do Ministério de Agricultura, com o apoio do
Departamento de Serviços Agrários do mesmo ministério, realiza coordenações de
assistência do exterior relacionada à agricultura e com isto é responsável pela formulação e
execução das políticas de extensão do país. Conta com 671 extensionistas em todo o país (5
em média por distritos em 2009) mas considerando a área e famílias a ser atendidas este é
um número bastante baixo. Existe um plano de aumentar a número de extensionistas para
pelo menos 9 extensionistas por distrito (total de 1.152 em 128 distritos), mas deve ser difícil
que esta meta possa ser atingida. Nos distritos da área do Estudo, existem em média 6
extensionistas, superior à média nacional (Tabela 3.7.3). Nos últimos anos, os extensionistas
passaram a fazer parte dos distritos25 e de acordo com a Direção de Agricultura dos distritos,
estes foram designados aos serviços distritais de atividades econômicas 26, (Figura 3.7.3).
Porém, os serviços distritais de atividades econômicas de quase todas as províncias não
contam com veículos e o trabalho dos extensionistas se vê bastante limitado. O departamento
de extensão agrária está buscando melhorar os métodos de mobilização dos extensionistas
enviando-os desde as províncias do sul, mais perto da capital utilizando diversos tipos de
subsídios, mas as medidas se encontram atrasadas para as províncias do norte, na área deste
Estudo. A Direcção de Extensão Agrária procura melhorar a mobilidade dos extensinositas
enviando os meios a partir de Maputo para todas as províncias ao mesmo tempo baseando-se
na proporção do números dos extensionistas em cada província. Mas as medidas
encontram-se atrasadas para todas as províncias, porque os meio não são suficientes,
25 Até o momento as partidas correspondentes a extensão não foram enviadas às províncias, assim as provas de seleção também são realizadas com recursos das provincias
26 SEDAE: Servicio Distrital de Atividades Economicas
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-61
incluindo as províncias do norte, na área do estudo. O país realiza um cálculo simples e
considera que um extensionista devia assistir 250 famílias, mas a realidade não é assim. A
realidade não é assim e somente uma média de 8% dos agricultores a nível nacional
responderam que receberam algum tipo de assistência dos extensionistas (2008)27.
Tabela 3.7.3 Número de Extensionistas por Distritos da Área do Projeto Número de extensionistas em 2009
ONG Agroindústrias
Província
Distrito (*Produção de
alimentos Distritos do
Projeto (PAPA)
Funcionário público (Extension
istas)
Assistência aos
agricultores Orientadores
Extensionistas
Assistência aos agricultores
(Extensionistas)
AgricultoresOrientadores
Total
Alto Molocué* 5 12 0 - - - 17
Zam
bé
zia
Gurué* 6 13 0 - - - 19
Total 11 25 0 - - - 36
Murrupula* 5 7 0 1 0 - 13
Malema* 3 10 0 4 0 - 17
Ribáue* 3 5 0 3 0 - 11
Meconta* 9 3 0 3 0 - 15
Mogovolas* 6 7 0 0 0 - 13
Muecate 8 1 0 6 0 - 15
Nampula 8 3 0 0 0 - 11
Nam
pu
la
Monapo 8 9 0 6 0 - 23
Total 50 45 0 23 0 - 118
Cuamba* 6 4 0 5 0 61 76
Nia
ssa
Mandimba* 6 6 0 5 0 36 53
Total 12 10 0 10 0 97 129
Total Geral 73 80 0 33 0 97 283
Fonte: Relatório da Equipe de Estudo do “Estudo Preparatório para o Programa de Reativação Econômica e Desenvolvimento Regional de Moçambique (Promoção do cultivo do arroz”, JICA, 2007
2) Treinamento de Extensionistas
A maioria dos extensionistas cursou educação básica (5 anos), educação média (5 anos) para
se formar em escolas agrícolas técnicas (3 anos). Nos últimos anos foi criado o curso de
extensionistas agrícolas dentro do curso de agronomia na Universidade Nacional Eduardo
Mondlane (4 anos) e existem casos em que alguns formandos trabalham como extensionistas.
O treinamento dos extensionistas é a nível nacional, provincial e distrital. O treinamento a
nível nacional basicamente se da por meio de treinamentos a novos extensionistas em cada
província 28 . A nível de distritos, os treinamentos deveriam ser realizados através de
atividades mensais com o apoio da Direção Provincial de Agricultura, mas estas se limitam à
presença nas reuniões da Direção Provincial de Agricultura para a leitura do relatório mensal
de atividades desta direção e a maior parte do conteúdo se refere às políticas do governo
central. Ainda não se encontra disponível material didático, o currículo não está pronto e não
se chega à etapa de métodos de extensão ou de como melhorar a capacidade técnica dos
agricultores individualmente. Recentemente, se solicitou à Universidade Nacional Eduardo
27 Ministerio de Agricultura: Resultados do Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA), 2007. (Material de apresentação) 28 Como a capacidade de treinamento das provincias é baixa, o Estado envía funcionarios para este propósito mas no futuro as
provincias devem ser encarregadas.
Relatorio Final
3-62
Mondlane a preparação de um manual de técnicas de extensão para os principais cultivos e o
manual técnico para a produção de arroz do projeto de JICA está sendo utilizado como
referencia. Além disso, foi solicitada a colaboração de outros ministérios de acordo ao tema,
para a preparação destes manuais.29. É necessário reconhecer este esforço do governo central,
mas é evidente que não se desenvolvem técnicas agrícolas de acordo com as necessidades de
cada região dentro do vasto território do país.
(2) ONG
Na área do Projeto existem tantos extensionistas ou mais de ONGs, que extensionistas das
províncias e estes realizam suas atividades de acordo com seus objetivos, mas não existe um
intercambio de informações entre esses extensionistas e os extensionistas provinciais e
distritais. Além do mais, diferente das atividades de ONGs em outras províncias não existem
orientadores entre os agricultores, e existe uma preocupação de que as técnicas de extensão
não estejam sendo suficientemente interiorizadas (Tabela 3.7.3). As atividades de extensão
dos extensionistas de ONGs não são contínuas e um dos problemas é a deficiência de
atividades de extensão que estejam conectadas com o mercado.
(3) Empresas privadas
Nas províncias de Nampula e Niassa se encontram extensionistas das empresas privadas
relacionadas com a agricultura. No caso da província de Niassa, existem muitos orientadores
agrícolas relacionados com agroindústrias e no caso do algodão e do tabaco, além de
fornecer adubo e agroquímicos, também realizam um trabalho de orientação técnica para os
cultivos. Porém, com exceção da província de Niassa, não existem orientadores para formar
assistentes ou orientadores entre os mesmos agricultores e tal como no caso das ONGs,
causa uma limitação na extensão técnica (Tabela 3.7.3).
3.7.3. Associações de Agricultores
Em quanto ao sistema de associações de agricultores, alguns se chamam grupos de
agricultores, onde os agricultores se juntam e existem associações de agricultores que
possuem um sistema de administração próprio. Cada Grupo ou Associação de agricultores é
composto(a) por 10 a 40 famílias de produtores.(Para os serviços de extensão do Ministério
de Agricultura são formados grupos entre 20 e 25 famílias, enquanto no caso da CLUSA30,
os grupos são formados por 10 a 40 famílias.)
Algumas associações de agricultores estão formalizadas e estão registradas como pessoas
jurídicas. A lei para pessoas jurídicas nestes casos, foi regulamentada por Decreto
29 Por exemplo, “Métodos de criação de gado nas épocas de seca” e “Marketing de milho”, em conjunto com o Ministério de Comércio
30 CLUSA: Abreviação de The Cooperative League of the USA Fundada nos EUA em 1916. Cooperativa e agencia de cooperação americana mais antiga. A CLUSA já trabalhou em 81 países em diversas áreas como cooperativismo agrícola, conservação de recursos naturais baseados nas comunidades, fortalecimento da sociedade civil e saúde pública e atualmente está trabalhando em 15 países, sendo 11 países da África, 2 na América Latina, 2 no sudeste asiático.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-63
Presidencial em 3 de maio de 200631. Com o registro como pessoa jurídica o acesso ao
sistema financeiro é facilitado mas como se mostra no quadro seguinte, são requeridos
muitos documentos para a regularização, pelo que muitos grupos e associações funcionam
sem registro. Na província de Nampula em setembro de 2009 haviam 688 agrupações de
agricultores registradas e 514 sem registro.32.
Quadro Resumo do Decreto Lei de 3 de maio de 2006 No. 2/2006 【Regulamentos sobre procedimentos】
Os membros da associação de agricultores devem ser mulheres e homens maiores de 15 anos, mas
os membros fundadores devem ser maiores que 18 anos. Para solicitar o registro é necessário: 1)
nome da associação; 2) nome e assinatura de mínimo 10 membros fundadores (se analfabetos, com
impressão digital); 3) contrato da associação; 4) explicação oral ou por escrito do plano de atividades.
Na solicitação é preciso anexar o documento de identidade dos membros fundadores.
【Regulamentos sobre a aceitação】
Os solicitantes devem mandar os documentos para a o chefe do posto administrativo da província ou
do distrito; os documentos serão examinados para definir sua aprovação ou não. A associação
aprovada terá seu nome publicado na gazeta oficial.
【Supervisor e funções】
O supervisor é o chefe do posto administrativo da província ou distrito. Este deve supervisar e
orientar para que a associação realize suas funções de acordo com os regulamentos estabelecidos
de forma correta.
【Regulamentos para a formação de Uniões】
Quando duas ou mais associações de agricultores se juntam, podem formar uma união. Quando
estas uniões realizam suas atividades em mais de um distrito ou província, sua aprovação irá
depender do governador da província ou da Direção responsável do Ministério de Agricultura. As
associações de agricultores podem modificar os regulamentos de acordo com a formação da união.
Fonte: Preparado pela Equipe de Estudo JICA
As associações de produtores de Moçambique são formadas para realizar principalmente
uma (ou mais) das seguintes cinco funções: 1) receber os serviços de extensão rural
(informações, técnicas, equipamentos, etc.); 2) auxílio mútuo (inclui desenvolvimento
comunitário, alfabetização, fortalecimento da mulher, etc.); 3) coleta e despacho
comunitários de produtos; 4) financiamento rural (microcrédito); e 5) gestão de bens comuns
(instalações de irrigação, de armazenamento e de processamento, tratores, etc.).
(1) Serviços de extensão rural
Conforme foi citado, os extensionistas rurais do MINAG possuem pessoal e meios de
deslocamento limitados. A casa e a terra cultivada dos agricultores, que são os beneficiários,
estão dispersas, e não é viável os extensionistas rurais visitarem e orientarem todos os
produtores. Assim, primeiramente, forma-se as associações dos produtores, para criar cada
uma um campo modelo (CDR33). Em seguida, cultivando-se este campo, apresenta-se novas
técnicas e sementes melhoradas, e faz-se a extensão e a orientação de métodos de utilização
de agroquímicos e fertilizantes. Como se trata de formação em grupo, é possível realizar a
31 Decreto-Lei No 2/2006 de 3 de Maio, Diploma Ministerial No 155/2006 de 20 de Setembro do MINAG, Despacho de 29 de Setembro de 2006 do Ministério da Administração Estatal (MAE)
32 Fonte: Preparado a partir de dados da Direção de Agricultura da Provincia de Nampula 33 Campo de Demonstração de Resultados.
Relatorio Final
3-64
extensão de modo eficiente, e como o produtor aprende pela própria experiência, através da
prática no CDR, o aprendizado é eficaz. Este método é usado não só pelo MINAG, mas pelas
empresas e ONGs nas atividades de extensão rural.
Além disso, espera-se que as associações dos produtores sejam agentes capazes de transmitir
as informações sobre os diversos serviços públicos de apoio aos produtores, tendência do
mercado (preços do mercado, demanda dos consumidores, etc.), dentre outras. Existem
algumas associações dos produtores apoiadas pelas ONGs que já são capazes de identificar
as informações necessárias para o grupo, e realizam a sua coleta e análise de modo proativo,
para elaborar o plano de cultivo dos produtos. Mas muitas associações e grupos de
produtores, incluindo aqueles orientados pelo MINAG, ainda possuem problemas: não
recebem as informações necessárias, ou não têm consciência das informações que são
necessárias para si próprios.
(2) Auxílio mútuo (inclui desenvolvimento comunitário, alfabetização,
fortalecimento da mulher, etc.)
Na região do Corredor de Nacala, reinstalaram-se muitos refugiados que haviam fugido para
outras partes do país, ou mesmo no exterior, durante a guerra civil. Assim, é importante
recuperar os laços entre os moradores e a função de auxílio mútuo entre os membros da
comunidade. As principais comunidades são unidas por ligações regionais, mas há muitos
casos em que o desenvolvimento econômico e social é realizado aproveitando-se as
associações e grupos dos produtores, que são grupos gestores dos projeto.
Esse tipo de atividade é comum em projetos de desenvolvimento comunitário de ONGs e
doadores. Há casos em que a formação de líderes e o fortalecimento da capacidade de gestão
organizacional são incluídos no âmbito do projetos, para possibilitar a sustentabilidade das
atividades comunitárias. Por exemplo, há o Programa (PROSOYA) executado pela CLUSA,
no qual o curso de alfabetização oferecido para adultos da comunidade que foi organizada34
resultou em aumento da conscientização quanto ao desenvolvimento e da capacidade de
absorção de novas técnicas e informações, bem como aumento da autoestima e da
capacidade básica para o autodesenvolvimento no futuro.
Essas atividades para promover o auxílio mútuo são realizadas levando-se em consideração
as partes vulneráveis da sociedade, que frequentemente se isolam da comunidade, como
famílias cuja mulher é chefe de família, dentre outras.No caso de mulheres chefe de família,
como existe falta de mão de obra para a realização de tarefas agrícolas, o projeto apóia com
mão de obra a través dos grupos de agricultores, em alguns casos realiza empréstimo com
baixos juros para empregar mão de obra desde fora. Também tem parcelas coletivas para
34 Cadastrando-se na Direcção provincial da educação (ou no Ministério da Educação e Cultura) como Projecto de alfabetização para adultos do Ministério da Educação e Cultura, recebem-se materiais e currículo. Ao ser reconhecido oficialmente como professor, concluindo-se o curso de 21 dias oferecido pelo Ministério da Educação e Cultura,recebe-se 550MT por mês do Governo.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-65
chefes de família mulheres para que elas possam realizar trabalhos agrícolas de forma
conjunta, distribuindo de forma equitativa os produtos.
Além disso, há ONGs e doadores que realizam projetos de saúde, que tem como base a
comunidade, tais como projeto para garantir água segura, projeto de extensão de práticas
de saúde pública para prevenir doenças causadas pela água, prevenção de HIV/SIDA,
realização de parto seguro, medidas contra malária, melhoramento da nutrição, vacinação
preventiva, etc. Na maioria das vezes, as atividades são realizadas em parceria/colaboração
com o encarregado de saúde pública do distrito.
(3) Coleta e despacho coletivo
O serviço de extensão do Ministério de Agricultura tem como objetivo a coleta e despacho
coletivo de produtos agrícolas pelas associações de agricultores no futuro. É necessário
considerar o trabalho realizado pela empresa IKURU administrada pela associação de
agricultores de CLUSA (FORA35) na província de Nampula, que realiza a coleta e despacho
coletivo.
Fonte: Material de apresentação de CLUSA
Figura 3.7.3 Sistema de Coleta e Despacho Coletivo de IKURU
A IKURU for criada em 2003 como uma Sociedade Anônima de Reponsabilidade Limitada
- SARL. Seus proprietários são FORA e seus membros. A gestão e administração da IKURU
são feitas pela diretoria. Atualmente o seu presidente é o representante da Novib, e a
diretoria é formada pelo representante do GAPI e dos produtores, totalizando 15 membros. A
diretoria é encarregada de 1) gestão financeira; 2) análise do mercado internacional e compra
e venda de produtos agrícolas dos membros; 3) solicitação do certificado de Fair Trade
(comércio justo) e produto orgânico; 4) compra e venda de fertilizantes e agroquímicos, etc.,
além de fazer a gestão do planejamento de cultivo recebido das associações dos produtores,
35 Abreviação de Farmers’ Marketing Organizations。
IKURU
Individual Farmers
Marketing of
Certified Crops
(Market Premium)
FairTrade
Organic
Production of Inputs
Seed
CAN (3 to 4 Forums)
FORUM (6 to 10 Assoc.)
Seed
For Sale To
Association(15 to 40 farmers)
Marketing of
Conventional Crops
(Market Price)
For Sale To
For Sale To
Contract
Production
Relationship
Business Activities
Traders
Traders
NGOs
Marketing of Inputs
Seed
Pesticide
Fertilizer
For Sale ToFor Sale To
Relatorio Final
3-66
para prever a colheita e decidir o preço de compra do referido ano, analisando o preço no
mercado internacional. Além disso, realiza a importante função de procurar os compradores
dos produtos colhidos, relacionando-os com as associações membros da IKURU. A CLUSA
oferece apoio técnico às atividades 3 e 4, mas não interfere na gestão da IKURU.
(4) Gestão de bens comuns
São exemplos de bens comuns: instalações de irrigação, de armazenagem e de
processamento, poço, equipamentos como tratores, etc. Por exemplo, na associação membro
da IKURU do distrito de Monapo, a FORA (cooperativa da associação de produtores) realiza
a gestão, operação e manutenção do armazém/fábrica de beneficiamento de gergelim, e a
FORA do distrito de Muecate é responsável pela construção, manutenção e gestão do
armazém comum. Assim, as associações e grupos de produtores funcionam como órgão
responsável pela manutenção e gestão do bem comum, adotando-se um sistema de gestão e
regras próprios.
O Governo de Moçambique distribui para cada distrito um fundo que pode ser utilizado
livremente (Rural Initiative Fund), com o objetivo de promover o emprego local e garantir a
segurança alimentar. Muitos distritos, como o de Ribaué e Malema, compraram gados para
tração animal e tratores, aproveitando-se este fundo, e oferecem-nos para alugar aos
produtores que os necessitam, mediante pagamento de uma taxa.
As comunidades, os grupos e associações de produtores também podem ter acesso a este
fundo. O distrito examina as propostas dos agricultores ou das associações de produtores, e
fornece o fundo às melhores idéias. Entretanto, no caso de associações, para se ter acesso a
este fundo, elas devem ser registradas como pessoa jurídica e possuir conta bancária. Como
exemplo de aproveitamento deste fundo, há o distrito de Gurué que distribuiu os
equipamentos agrários adquiridos em vários locais do distrito (em Parques de equipamento),
e delegou a sua gestão aos grupos e associações de produtores determinados.
3.7.4. Financiamento Rural
O governo e doadores vêm realizando esforços para ampliar o sistema de financiamento
rural36. Na província de Nampula, dentro da área do Estudo, a CLUSA oferece microcréditos
para pequenos agricultores em curto prazo (menos de 1 ano) e de acordo com entrevistas a
esta entidade, ela tem intenção de incrementar este número. Na província de Murrupula, dos
7 000 000 MT assinados desde o orçamento do governo central, eles realizam empréstimos
para pequenos produtores e associações. Porém aproximadamente 80% não são devolvidos e
se pôde averiguar que a causa para isto eram a debilidade do sistema das associações e
36 Por exemplo, o Progama de Apoio Financeiro Rural (2005-2013) em cooperação entre o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o AfDB, Market led Smallholder Development in the Zambezi Valley Project(2007 - 2013) do Banco Mundial.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-67
muitas vezes o capital não era utilizado para fins agrícolas. (De acordo com entrevistas
realizadas ao governo provincial de Murrupula)
3.8. Situação das Atividades das Entidades de Apoio
Na região do corredor Nacala se encontram diversas entidades e ONGs realizando projetos
de desenvolvimento rural e microcréditos, proporcionando assistência técnica e financeira.
Os projetos sendo executados se mostram a seguir.
Tabela 3.8.1 Ações de Apoio dos Principais Cooperantes na Região do Corredor Nacala
Entidade internacional /cooperante
Programa/Projeto Zona de execução
Banco Africano de Desenvolvimento (BAD)
・ Programa de desenvolvimento técnico da pesca ・ Programa de fortalecimento de capacidades para o
microfinanciamento (Aus AID, UNDP ILO)
・ Nampula, Província de Cabo Delgado, região Norte
・ Nível nacional
Banco Mundial ・ Programa de descentralização e projeto financeiro
・ Preparação de um projeto para os principais produtos agrícolas
・ Província de Zambézia em Tete, Sofala, Manica
・ Província de Zambézia
UE ・ Gabinete de Apoio à Pequena Indústria (GAPI)* e Apoio ao desenvolvimento institucional da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Rural (AMODER)
・ Apoio para a criação do fundo de garantia AMODER
・ Apoio a ONGs (World Vision, CARE, ADRA, etc.)
・ Províncias de Nampula, Niassa e Zambézia
・ Províncias do norte
・ Províncias do norte
Fundo para o Desenvolvimento de Capital da ONU (UNCDF) / Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas
・ Projeto de apoio ao processo de descentralização
・ Província de Nampula
Agencia Americana para o Desenvolvimento (USAID)
・ Apoio financeiro à CLUSA, assistência técnica para a ACDI/VOCA (associativismo dos agricultores, extensão e desenvolvimento social)
・ Centros de promoção de financiamento rural ・ Assistência técnica ao IIAM
・ Província de Nampula
・ Nível nacional ・ Nível nacional
Agencia Sueca de Cooperação Internacional (SIDA)
・ Projeto de Iniciativa do setor privado em Malonda ・ Província de Niassa
Agencia de Desenvolvimento Suiça (SDC)
・ Apoio à ONGs para o desenvolvimento comunitário
・ Nampula, Manica e Sofala
Agencia para o desenvolvimento internacional da Finlândia (FINNIDA)
・ Novo Programa do Pro Agri II (em preparação) ・Província de Zambézia
*Escritorio para a promoção de pequenos negócios
Relatorio Final
3-68
Dentre os órgãos de apoio, a USAID possui uma estratégia de apoio agrícola em
Moçambique (Programa de Pesquisa e Inovação Agrárias, The Agricultural Research and
Innovation (ARI) Program), visando elevar a produção agrícola do país por meio do
desenvolvimento de métodos de implementação, técnicas e políticas agrárias. O Programa
tem a duração de 5 anos, e foi iniciado em Outubro de 2009. O orçamento do primeiro ano
foi de 35 milhões de dólares, e a partir do segundo ano, será de 8 milhões de dólares por ano.
O Programa ARI apoia de modo global todo o setor agrícola de Moçambique, e o seu alvo é
a pesquisa agrária, transferência de tecnologias (inclui-se investimento em equipamentos e
materiais agrícolas), desenvolvimento de recursos humanos e elevação da capacidade de
organização (inclui-se a elevação da capacidade do IIAM).
Além disso, a USAID vem executando, desde 2009, o Projeto AgriFUTURO, que visa
fortalecer a competitividade do setor privado, por meio do fortalecimento da cadeia de
valores dos 9 principais produtos (banana, abacaxi (ananá), manga, castanha de caju, milho,
amendoim, gergelim, soja e plantação florestal). O Projeto, com duração de 5 anos, está
orçado em 20 milhões de dólares. Ele tem como alvo as regiões do Corredor de Nacala e de
Beira, e planeja-se atingir os seguintes resultados:
(1) Criação de um ambiente adequado para o agronegócio (desenvolvimento de políticas,
sistemas, etc.);
(2) Ampliação e fortalecimento dos serviços necessários para o desenvolvimento do
agronegócio (pesquisa, inovação tecnológica, infraestrutura, mecanização, materiais
agrícolas, mercado, extensão, distribuição, etc.);
(3) Construção de um relacionamento entre os empreendedores agrícolas e fornecedores
do serviço financeiro;
(4) Fortalecimento da parceria público-privada.
As atividades de ONGs também se estendem a diversas áreas como o aumento da produção
agrícola, assistência técnica aos agricultores, assistência técnica às famílias, educação,
conscientização sobre a HIV/AIDS, desenvolvimento comunitário, entre outros aspectos. Os
projetos sendo executados são os seguintes.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-69
Tabela 3.8.2 Ações de Apoio das ONGs na Região do Corredor Nacala
ONG Setor/Programa/Projeto
KULIMA Fundada em 1984
【Nome do projeto】 • Produção e processamento de castanha de caju (Incaju, UE) • Produção de algas (Cesvitem, UE) • Desenvolvimento rural (CARE) • Programa de microcréditos (USAID/ Banco Mundial) • Programas contratados (UE) • Programa de conscientização sobre o HIV/AIDS e programa de água (AIFO)
Obs) ( ), nome do doador
OLIPA Fundo em 1999
ONG local criada com pessoal da CLUSA 【Setores】
1) Desenvolvimento socioeconômico nas zonas rurais 2) Desenvolvimento socioeconômico nas comunidades com relação a gênero 3) Promoção da educação e conscientização sobre o associativismo dos
agricultores
Helvetes
【Nome do projeto】 • Nutrientes da cana de açúcar e sua produção para o mercado: Cabo Delgado,
Província de Nampula • Programa PROGOAS (Água e saneamento)
ORAM Fundada em 1993
Associação Rural de Ajuda Mutua Em 1998 foi criada a filial de Nampula
【Setores】 1) Elevar a conscientização dos líderes comunitários com relação às leis
ambientais baseada nas políticas de descentralização 2) Apoio às comunidades para o registro de terras 3) Apoio às comunidades para fortalecer projetos de aproveitamento de solo e
fortalecimento de atividades dos agricultores
Save the Children (SC)
Em Moçambique Save the Children realiza assistência nos seguintes 3 setores. 【Setores e projetos relacionados】 ① Fortalecimento de segurança alimentar e nutrição infantil
• Cooperação SC : Crianças que sofreram com as inundações • SC/US: Práticas tradicionais de administração agrícola • SC/US: Extensão agrícola e estudos de campo com os agricultores locais
② Melhorar a assistência escolar de alunos de educação primaria • SC alliance: Programa de reincorporação de alunos às escolas
③ Programa HIV/AIDS • SC alliance: Elevar a conscientização para programas de HIV/AIDS
CLUSA in Niassa, Tete, Manica, Zambesia and Nampula
Provinces
【Setores】 ① Desenvolvimento do associativismo ② Preparação do entorno legal para a formação de cooperativas ③ Treinamento de novos agricultores ④ Desenvolvimento de empresas exportadoras, propriedade dos produtores ⑤ Desenvolvimento de cadeias de valores ⑥ Produção certificada ⑦ Controle e fiscalização de qualidade 【Nome do projeto】 • Produção de soja no norte de Moçambique e ampliação do marketing • Ampliação de direitos das empresas privadas dentro do desenvolvimento rural• Melhoramento da cadeia de valores do algodão no centro de Moçambique • Estabelecimento de serviços de produção e estruturação de um programa de
exportações em Moçambique ESSOR
RISE (ONG brasileira matriz) a partir de 1997 iniciou
atividades em Moçambique
【Nome do projeto】 Garantir a segurança alimentar das mulheres na região de Nacala e treinamento agrícola
Relatorio Final
3-70
OIKOS Fundada em 1988 ONG portuguesa
【Nome do projeto】 • Implantação de atividades comunitárias e sistema de alerta para desastres
naturais na província de Mossuril e Ilha de Moçambique • Melhoramento de comunicações para redução de riscos e preparação contra
desastres dentro das comunidades • Inundações em Moçambique dentro do programa ECHO 2007 • Apoio ao reassentamento de famílias danificadas pelas inundações • Apoio alimentar na província de Zambézia (PAM) • Apoio a produtos não alimentares (IOM) • Produção e marketing de cultivos para monetização por pequenos agricultores
na província de Niassa • Projeto de segurança alimentar em Mandimba
3.9. Temas do Setor da Agricultura e Temas do Desenvolvimento
Agrícola
Temas y fatores de impedimento no sector agrícola e para o desenvolvimento agrícola são
apresentadas na Tabela 3.9.1.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento
Rural na SavanaTropical
3-71
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3-72
Relatório Final
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Rural na SavanaTropical
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Relatório Final
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res
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terr
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1
fam
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rias
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ica
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A
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impl
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icad
as
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dos
pre
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento
Rural na SavanaTropical
3-75
Seto
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Prin
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-3
For
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P
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Relatório Final
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento
Rural na SavanaTropical
3-77
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-81
Fonte: Preparado pelo Shuttle Radar Topography Mission (SRTM)
Figura 3.1.5 Declividade na Zona do Corredor de Nacala
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-83
Fonte: Carta Nacional de Solos, INIA,1995.
Nota: Detalhes da legenda referem-se à Fonte.
Figura 3.1.7 Solos na Zona do Corredor de Nacala
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical
3-85
Fonte: Carta de Uso de Cobertura da Terra, CENACARTA, 1999.
Figura 3.1.9 Uso e Cobertura da Terra na Zona do Corredor de Nac
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-1
CAPÍTULO 4 A PEQUENA AGRICULTURA NO BRASIL E AS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO CERRADO
4.1. Visão Geral do Cerrado
4.1.1 O Que é o Cerrado
A palavra “cerrado” originalmente em português tem a acepção de “fechado” e é o nome de
um tipo de vegetação. Geralmente consiste em uma planície com arbustos, mas dependendo
da zona a vegetação é diversa; os arbustos apresentam alturas variáveis e a densidade
também é diferenciada. A área total do cerrado brasileiro, localizado na região centro oeste
do país, é de 240 milhões de hectares (5,5 vezes o tamanho do Japão). O cerrado se estende
principalmente nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás, que concentram 60% da
área do cerrado.
O solo do cerrado apresenta acidez elevada e é muito alcalino, pobre em cálcio e fósforo e
apresenta alumínio pelo que foi por muito tempo considerado inapropriado para terras de
cultivo. Porém, com a aplicação de medidas para corrigir o solo foi possível transformar esta
área em uma zona agrícola e se estima que as áreas próprias para agricultura possam chegar
a aproximadamente 120 milhões de hectares.
4.1.2 História de Desenvolvimento Agricola dos Cerrrados
O desenvolvimento da agricultura dos Cerrados foi promovido pela implementação de
programas de desenvolvimento, tais como o Plano de Assentamento Dirigido do Alto
Paranaíba (PADAP) e o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (POLOCENTRO).
Estes programas serviram como precursores no tocante ao desenvolvimento da agricultura
dos Cerrados. Posteriormente, foi lançado o PRODECER, em 1979.
(1) Do PADAP ao POLOCENTRO
Quando o governo do Estado de Minas Gerais compreendeu a relevância econômica para o
desenvolvimento agrícola na região do Cerrado amplamente distribuído no interior, o
PADAP foi realizado para a área de cerrado na alta bacia hidrográfica do Rio Paranaíba, em
1973. Este foi um programa pioneiro de assentamento dirigido, tendo como objetivo
principal a produção de grãos sem irrigação, visando o desenvolvimento intenso dos
Cerrados.
Considerando a realização do PADAP e os resultados obtidos, o governo brasileiro desenhou
o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (POLOCENTRO), criado pelo Decreto-Lei
Relatório Final
4-2
no. 75.320, com início em 1975 e término em 1982. O POLOCENTRO beneficiou uma área
total de 3,7 milhões de hectares, distribuída entre os estados do Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Goiás e Minas Gerais, sendo 1,8 milhão de hectares para as lavouras (soja, milho,
trigo, arroz, algodão), 1,2 milhão de hectares para as pastagens, e 700 mil hectares para o
reflorestamento.
O orçamento desse programa foi fixado em US$ 1,5 bilhão, sendo US$ 1 bilhão em crédito a
taxas de juros favorecidas. O recurso necessário para a implementação da infraestrutura, tais
como estradas, eletrificação, armazéns, laboratórios para análises, entre outros, foi custeado
pelo governo, como parte integrante do programa. O financiamento à implantação de
indústrias de processamento pelo setor privado (cooperativas de produtores rurais, empresas,
produtores agrícolas), bem como os serviços de oferta de insumos agrícolas. O Polocentro
beneficiou principalmente os estabelecimentos com mais de 1.000 ha, que absorveram 60%
dos recursos totais do programa, propiciando o surgimento de grandes produtores e grandes
processadores, de forma que seu desenvolvimento foi conduzido com a liderança dos
grandes fazendeiros.
(2) Do POLOCENTRO ao PRODECER
O Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados–
Prodecer –, que se iniciou em 1979 como um programa binacional, foi concebido sob
influência desses programas, porém seu conceito de desenvolvimento difere do Polocentro,
na sua natureza, pelo menos nos dois itens abaixo:
1) Apesar de prever a participação de empresas agrícolas (desenvolvimento agrícola
conduzido por empresas de grande porte) na Fase I, o Prodecer adotou o sistema de
assentamento de produtores familiares de médio porte (300~500 ha).
2) Desde o início, demonstrou uma grande preocupação com a questão ambiental.
4.1.3 Linhas Gerais do Projeto PRODECER
O Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados:
PRODECER foi implementado a partir de 1979 com o objetivo de desenvolver a agricultura
no cerrado brasileiro. Inicialmente foi executado o projeto piloto PRODECER I em uma área
de 70 mil hectares em Minas Gerais. O projeto piloto PRODECER II foi implementado em
uma área de 67 mil hectares nos estados da Bahia e Minas Gerais e o projeto propriamente
foi executado nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul numa área de 139
mil hectares. O PRODECER III foi iniciado em 1994 com um projeto piloto nos estados do
Maranhão e Tocantins dentro de uma área de 80 mil hectares. O resultado foi a construção de
21 pólos de desenvolvimento dentro do cerrado, cobrindo uma área total de 334 mil hectares.
Com o inicio do projeto PRODECER houve um aumento da população na região do cerrado
o que possibilitou o desenvolvimento de outros negócios relacionados ao setor agrícola. O
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-3
Projeto PRODECER ampliou a produção agrícola brasileira e tem contribuído
significativamente para o desenvolvimento da região do cerrado. Este fato é bastante
perceptível no caso da soja, cuja produção nacional em 1978 era de 9.500.000 toneladas e
em 1998 chegou a 30.500.000 toneladas. A produção de soja no cerrado brasileiro representa
quase a metade do total da produção nacional e responde por cerca de 10% da produção
mundial. Porém, os investimentos dos primeiros pioneiros coincidiram com o período da
política de juros elevados por parte do sistema financeiro, assim estes agricultores
enfrentaram problemas para devolver os empréstimos somente com a renda obtida com a
agricultura, com isso alguns investimentos agrícolas não incrementaram devido às
obrigações de dívidas acumuladas.
4.1.4 Características do Projeto PRODECER
(1) Modelo de pólo de desenvolvimento em zonas de fronteira baseado na
colonização de médios agricultores
O projeto PRODECER buscava desbravar uma nova fronteira agrícola na região do cerrado.
A diretriz básica de implementação era estabelecer colonos sem terras para a formação de
médios produtores agrícolas obedecendo um sistema de administração familiar. Para isto, era
necessário preencher os seguintes requisitos:
• O colono deveria adquirir as terras, equipamentos, moradia, instalações e insumos de
produção.
• O investimento inicial requeria muito capital.
• A maior parte dos investimentos foi efetuada através de empréstimos bancários
realizados pelos colonos. Por isso, era necessário haver boas condições de
financiamento.
• Requeria-se o cumprimento de considerações ambientais juntamente com o
desenvolvimento na zona de fronteira.
• Era necessária a construção de infraestrutura socioeconômica por parte dos governos
estaduais e municipais.
(2) Modelo de colonização baseado em cooperativas agrícolas
Nos pólos de desenvolvimento da região da fronteira, uma condição necessária
principalmente para os projetos de colonização eram as atividades em cooperativas. Na
maioria dos casos, o projeto PRODECER selecionou cooperativas agrícolas que tinham uma
base estabelecida no sul do país, para instalar filiais, mas em alguns casos foram
estabelecidas novas cooperativas por iniciativa própria dos novos colonos. A seleção de
colonos foi realizada principalmente pelas cooperativas. Por isso o papel das cooperativas foi
imprescindível já que elas contavam com uma rede de informações sobre organizações
existentes. Também as cooperativas prestaram apoio na administração agrícola aos colonos,
Relatório Final
4-4
orientando a compra de terreno, gestão agrícola e compra de implementos de produção, e
cumpriram um papel muito importante do ponto de vista operacional para os colonos.
(3) Coordenação entre projetos de cooperação financeira e cooperação técnica
Para a produção agrícola na região do cerrado foi indispensável garantir o capital para o
desenvolvimento como também assegurar as técnicas de melhoramento do solo, seleção de
produtos e variedades apropriadas, métodos de cultivo juntamente com o desenvolvimento
de tecnologia e extensão agrícola. Por isso, tanto o Brasil como o Japão implementaram a
cooperação financeira paralelamente à cooperação técnica. Portanto, o projeto PRODECER
executado em conjunto pelos governos japonês e brasileiro teve um enfoque de programa
que combinava a cooperação técnica com a cooperação financeira.
(4) Resultados e Temas
Normalmente se afirma que a razão pela qual o cerrado, que é uma savana tropical, teve
sucesso para se transformar em uma zona produtora de alimentos se deve às técnicas de
melhoramento do solo. O solo do cerrado apresentava problemas por possuir forte grau de
acidez, sem nutrientes pela erosão aluvial e com alto grau de concentração de alumínio que
impede o desenvolvimento normal dos plantios. A aplicação de calcário neste tipo de solo
corrige a acidez e com isso foi possível melhorar a qualidade do solo. Outro fator de sucesso
foi o desenvolvimento de variedades apropriadas de soja, milho, trigo e outros, adaptadas ao
clima tropical. De maneira prática foi introduzido o「Projeto de pólo de desenvolvimento na
região da fronteira através de um modelo de colonização cooperativista. A colonização das
terras por descendentes de imigrantes japoneses e europeus vindos do sul do país, a
administração e coordenação a cargo de uma empresa mista público-privada (CAMPO),
contar com uma infraestrutura de comercialização relativamente estruturada e o fato de o
Brasil possuir capacidade para fabricar internamente os implementos para a produção
agrícola são fatores que podem ser apontados determinantes para o sucesso do programa.
4.1.5 Cooperação Técnica e Pesquisas Conjuntas
Uma das características da cooperação nipo-brasileira realizada em prol do desenvolvimento
agrícola da Região dos Cerrados é a execução simultânea de vários projetos de cooperação
técnica junto com a cooperação financeira. Pode ser citado, como projeto de cooperação
técnica, a pesquisa feita a partir de 1977, em cooperação com o Centro de Pesquisa
Agropecuária dos Cerrados (CPAC) e a JICA. O CPAC atua ainda hoje, como o órgão
principal a pesquisar a região dos cerrados. Além disso, desde 1972, é realizada a pesquisa
conjunta em desenvolvimento agrícola do Brasil entre o Centro de Pesquisa Internacional do
Japão para as Ciências Agrícolas (JIRCAS) do Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas
do Japão e a EMBRAPA. Essas atividades de cooperação técnica e pesquisa têm contribuído
para o aumento da produção agrícola, por meio do desenvolvimento de técnicas agrícolas
apropriadas para a região dos cerrados.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-5
(1) Cooperação Técnica
Para que a Região dos Cerrados, considerada improdutiva por muito tempo, passasse a
produzir, foi indispensável a realização de pesquisas e experimentos visando o
desenvolvimento e a consolidação de técnicas de manejo rural, de cultivos, de seleção de
culturas e variedades, de correção do solo, etc., paralelamente à concessão de financiamentos
à produção. Assim com o objetivo de promover o desenvolvimento da Região dos Cerrados
de forma eficiente e racional, os governos dos dois países, Brasil e Japão, resolveram
executar projetos de cooperação técnica, como se vê a seguir: 「Projeto de apoio
técnico-científico para o desenvolvimento agrícola do Cerrado」, 「Técnico-científico do
projeto de apoio ao desenvolvimento agrícola sustentável do Cerrado」, e 「Monitoramento
Ambiental do Cerrado」.
(2) Pesquisas Conjuntas
A JIRCAS foi realizada investigação conjunta com a EMBRAPA para o desenvolvimento de
tecnologia agrícola e pesquisa do Cerrado. O objetivo era não só o pesquisa na região do
Cerrado, mas também em toda a agricultura brasileira. Esta pesquisa pode ser classificados
de acordo com os objetivos, como segue:
1) Pesquisa sobre terras cultivadas no Brasil. (1972 ~ 1996)
2) Levantamento e análise das características da agricultura e dos rumos do
melhoramento tecnológico na América do Sul/Central. (1993~)
3) Pesquisa abrangente (1996 a 2002) e Pesquisa para grandes áreas (1997 a 2006)
A pesquisa conjunta sobre soja que começou do ano de 1972 e foi ao projeto integrado a
partir do ano de 1996, realizaram as pesquisas como "a tecnologia de produção sustentável
de soja que pode coexistir com um ambiente estável", por adotar o sistema de produção
rotativa de agricultura e pecuária ao sistema convencional da produção de soja, e
contribuíram significativamente para a melhoria da tecnologia agrícola na produção de soja
no Brasil.
Os principais projetos das cooperações técnicas e financeiras de Nipo-brasileira na área de
Cerrado são os seguintes:
Relatório Final
4-6
Tabela 4.1.1 Principais Projetos da Cooperações Técnicas e Financeiras de Nipo-brasileira na Área de Cerrado
Órgão Executor
JICA JBIC (Ex-OECF) JIRCAS
Modalidade de
Cooperação Tipo Projeto
Estudo para Desenvolvimento
Cooperação Financeira
Cooperação Financeira Pesquisas Conjuntas
(1972~, EMBRAPA)
• Nome do Projeto
• Projeto de Suporte Técnico-Científico para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados I (77~85, CPAC)
• Projeto de Suporte Técnico-Científico para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados II (85~92, CPAC)
• Projeto de Pesquisa das Hortaliças (87~94, CNPH)
• Estudo de Monitoramento Ambiental do Cerrado (92~00, CAMPO e EMBRAPA)
• Projeto de Suporte Técnico-Científico para o Desenvolvimento Agrícola Sustentável dos Cerrados (94~99, CPAC)
• Projeto de Preservação do Corredor Ecológico do Cerrado (03~06)
• Projeto de Fortalecimento para o Sistema de Tecnologia da Extensão Agrícola do Pequeno Agricultor no Estado de Tocantins (03~06)
• Projeto do Curso da Produção de Hortaliças (06~11, CNPH)
• Estudo de Desenvolvimento Integrado do Setor Agropecuário do Estado de Tocantins (96~99, Governo de Tocantins)
• Estudo de Desenvolvimento Integrado do Setor Agropecuário da Região Norte do Estado de Tocantins (99~01, Governo de Tocantins)
• PRODECER I, Projeto Piloto (79~82, MAA)
• PRODECER II, Projeto Piloto (85~90, MAA)
• PRODECER III, Projeto Piloto (95~01, MAA)
• PRODECER II, Projeto Expansão (85~93)
• Projeto de Eletrificação Rural de Goiás (89 Aprovado)
• Projeto de Irrigação de Cerrado (91 Aprovado)
• Pesquisa sobre Terras Cultivadas no Brasil. (72~96)
• Levantamento e Análise das Características da Agricultura e dos Rumos do Melhoramento Tecnológico na América do Sul/Central.(93~)
• Pesquisa Abrangente (96~02)
• Pesquisa para Grandes Áreas (97~06)
Fonte: Elaborado por o Livro Branco de ODA do Ministério de Relaciones Exteriores e Relatório Anuário de JICA
4.2. Situação da Gestão Agrícola e Produção dos Pequenos Produtores
Mais de 90% do total dos agricultores (3.600.000) em Moçambique são pequenos produtores
que em média cultivam em áreas de 1.5 ha. Para aplicar os resultados obtidos no cerrado
brasileiro, é necessário compreender a situação dos pequenos agricultores no Brasil
(agricultura familiar). Por isto, este capítulo trata do sistema de assistência e do sistema
agrícola dos pequenos agricultores no Brasil, especialmente no cerrado.
4.2.1 Situação dos Pequenos Produtores Agrícolas no Brasil
No Brasil existem cerca de 5.200.000 famílias agricultoras e de estas, 84% são pequenos
produtores que praticam a agricultura familiar. Do total da população que se ocupa da
agricultura (16 milhões de pessoas), a porcentagem da população composta por pequenos
produtores representa 74% (12 milhões de pessoas), representando 3 vezes mais o número
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-7
dos médios e grandes produtores. Os pequenos produtores são responsáveis pela produção de
87%, 70% e 46% dos principais alimentos básicos que são a mandioca, feijão e milho,
respectivamente, que representam 40% do PIB agrícola, cumprindo um importante papel
socioeconômico.
O número de pequenos agricultores nos últimos 10 anos saltou de 4.130.000 famílias para
4.550.000 famílias em 2006, um aumento significativo de 420 mil famílias. Porém, a área de
cultivo desta classe produtora se reduziu em 1.000.000 ha no mesmo período, assim,
estatisticamente percebe-se que a área cultivada pela pequena família produtora está
reduzindo. Mais de 50 % destes pequenos produtores se encontram distribuídos no norte do
país; no centro oeste, onde se encontra o cerrado, a porcentagem de pequenos produtores
representa 5% do total. Portanto no cerrado, quase todas são médias propriedades com áreas
entre 300 ha a 500 (Agricultura Familiar no Brasil e o Censo Agropecuário 2006, MDA)
O Ministério de Desenvolvimento Agrário é o ente responsável pela questão dos pequenos
agricultores (agricultura familiar), e pela questão da resolução de conflitos por demarcação
de terras, entre outros. A EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias),
como instituição de pesquisa, atua não somente no cerrado, mas em todo o Brasil; também se
encontra a EMATER, instituição a cargo da assistência técnica e extensão rural e o SENAR,
que é o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. No Brasil, de acordo com a lei 11326 de
24 de junho de 2006, a agricultura familiar se define como:
• Área de estabelecimento ou empreendimento rural que não exceda quatro módulos
fiscais;
• A mão de obra utilizada nas atividades econômicas desenvolvidas é
predominantemente da própria família;
• A renda familiar é predominantemente originada das atividades vinculadas ao
próprio estabelecimento;
• E o estabelecimento ou empreendimento é dirigido pela família
4.2.2 Custo de Produção de Hortaliças
No cerrado1, durante os últimos anos, se está promovendo o cultivo de hortaliças pelos
pequenos agricultores. A Tabela 4.2.1 mostra o custo de produção estimado, assim como a
produtividade esperada pel A EMATER por unidade de produção de pequenos produtores,
para o cultivo de mandioca, tomate e cebola. O plantio em campo de tomate e cebola não
apresenta maiores diferenças quanto a custos de produção, mas o cultivo em estufas permite
a venda fora de temporada, aumentando os lucros. Porém, o investimento inicial por custo de
construção de uma unidade, (incluída a instalação do sistema de irrigação por gotejamento) é
de R$6.500 (US$3.500); além do mais é necessário trocar a instalação a cada 5 anos
1 Neste capítulo, as referências ao cerrado implicam somente os estados de Minas Gerais e Goiás, onde foi realizado o estudo de campo.
Relatório Final
4-8
aproximadamente. O tomate para a indústria também é bastante cultivado e o tomate
cultivado em campo quase sempre se destina à indústria.
Tabela 4.2.1 Custo de produção dos principais produtos Unidade: R$
Tomate
Mandioca
Em campo Estufa
Cebola em campo
1) Custos variáveis 1.300 30.640 30.394 5.626 Adubo 990 9.281 7.760 3.079 Defensivos 277 8.553 4.326 588 Irrigação/Outros insumos - 6.871 10.471 312 Muda/Semente 33 5.935 7.837 1.647
2) Custos fixos 1.800 10.010 11.910 3.840 Equipamento agrícola 200 740 390 490 Mão de obra 1.250 7.920 9.870 3.350 Outros 350 1.350 1.650 -
3) 1)+2) 3.100 40.654 42.300 9.469
Produtividade esperada 12 t/ha 90 t/ha 120 t/ha 12 t/ha
Fonte: Custo de Produção, EMATER, DF, Maio, 2009
A demanda do mercado por produtos orgânicos também é bastante elevada e se nota uma
tendência de aumento do número de agricultores que a praticam, mas é necessária a obtenção
do certificado oficial da DIPOVA (Órgão Fiscalizador Local) e da ECOCERT (Certificadora
de Produtos Orgânicos com Reconhecimento Internacional). O custo de obtenção do
certificado da ECOCERT é de alto valor pelo que não é fácil para o pequeno agricultor
conseguir este certificado individualmente, estando limitado, portanto a empresas de
agricultura orgânica. A Fazenda Malunga, se dedica ao cultivo de hortaliças orgânicas (40
ha), produção de ração (50 ha), criação de gado (100 cabeças) e conta com 170 trabalhadores.
Assim, o pequeno agricultor que deseja se dedicar ao cultivo orgânico deve enviar seus
produtos ao mercado como produtos sem uso de agroquímicos ou com pouca aplicação de
adubo.
4.2.3 Situação do Mercado e da Gestão Agrícola
Como mencionado anteriormente, os pequenos produtores praticam a agricultura aplicando
adubo balanceado, irrigação, implementos agrícolas e estufas e a extensão agrícola
estabelece a produtividade considerando estes insumos. O custo de produção (capital inicial)
destas instalações agrícolas pareceria muito elevado para o tamanho das terras (tamanho
médio das propriedades de 5 ha). Porém, tanto nos Estados de Minas Gerais como em Goiás,
onde foi realizado um estudo de campo, os pequenos agricultores do cerrado estão
localizados perto da capital do país, Brasília, que tem uma população de 2.200.000
habitantes. Efetuando-se o cálculo de que existam aproximadamente 220.000 famílias
agricultoras, (relação entre número de pequenas famílias agricultoras/porcentagem de
distribuição de pequenos agricultores no centro oeste), eles estariam atendendo a uma
demanda efetiva 100 vezes maior.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-9
Desta forma, se considera que este grande mercado, além de contar com diversos destinos e
extratos de consumo (grandes cadeias de supermercados, entidades públicas como hospitais,
forças armadas, escolas e consumidores de produtos orgânicos) permite a rápida recuperação
do investimento inicial. Por outro lado, para poder competir com produtos originários de
outros estados, que buscam o mercado da capital do país, o fator técnico é indispensável para
elevar a qualidade e a produtividade através das propriedades agrícolas.
A Tabela 4.2.2 mostra um exemplo da situação do sistema de gestão de um pequeno
agricultor na área do estudo de campo. Um agricultor com 2 ha que cultiva basicamente
hortaliças para o mercado de Brasília obtém uma renda agrícola bruta anual de US$26 mil
dólares, que é considerado um rendimento alto para um pequeno produtor agrícola. Como
estes produtores de hortaliças e frutas orgânicas têm facilidades para comprar insumos
orgânicos como esterco de galinha e composto já processados, eles têm condições de se
especializarem no cultivo de hortaliças e frutas orgânicas.
Tabela 4.2.2 Situação da Gestão Agrícola dos Pequenos Produtores
Fonte: Equipe de Estudo JICA, 2009
Na zona do cerrado, onde foi realizado o estudo de campo, existem muitos produtores de
médio porte que praticam uma agricultura diversificada com a produção de soja, milho, café,
tomate para a indústria, etc. (Tabela 4.2.3). Este sistema agrícola ocorre, pois há facilidade
de irrigação e fontes de água. Um programa de assentamento dirigido como o PRODECER é
viável a partir da existência de políticas de apoio financeiro para que os colonos disponham
de capital inicial centralizado em infraestrutura agrícola.
Tamanho da propriedade 2 há 3 ha 9 ha
1.Área de cultivo (ha)
Cultivo rotativo de hortaliças (alface, cenoura, repolho, berinjela) e feijão e milho e frutas
Mandioca:0,5 Hortaliças:0,5 Frutas:1,0 Galinha:1,0
Gado leiteiro: 33 cabeças Alimento para gado: 5,0 Milho: 1,5 Área de conservação: 3,0
2.Principal produto Hortaliça (sem agroquímicos)
Galinha Leite
3.Renda agrícola (anual) R$42.000 (US$26.000) R$12.000 (US$7.000) R$22 200 (US$13.000)
4.Mão de obra Mão de obra familiar (mulheres)
Mão de obra familiar Mão de obra familiar
5.Observações ・Há 5 anos, com a extensão técnica do EMATER e com assistência do SENAR a administração é estável
・Procura diferenciar seu produto com a obtenção do certificado de produto orgânico certificado
・Inicio do negócio há 4 anos, com a orientação do SENAR
・A criação de galinhas é a principal fonte de renda e o produto é despachado 70 dias após o nascimento (4 a 5 vezes ao ano, uma ave: R$15 a 20)
・0,5 ha de área de conservação
・Produção de leite fresco com adubo orgânico (esterco de galinha, vaca).
・Volume de esterco de galinha 10 t/ha
・Preço do esterco de galinha: R$90/t
・Inicio de agricultura orgânica para melhorar a qualidade de água dos rios da redondeza
Relatório Final
4-10
Tabela 4.2.3 Situação da Gestão Agrícola de Médios Produtores
Tamanho da propriedade 130 ha 300 ha (zona do projeto PRODECER)
1.Área de cultivo (ha)
Pecuária (cultivo rotatório): 11 Pastagem (extensivo): 63 Milho: 25 Criação de peixes: 1,2
Produção rotatória de soja, milho, café, tomate para indústria, hortaliças (cebola, alho, quiabo) e pasto
2.Principal produto Venda de leite e peixe Soja, milho, café
3.Renda agrícola (anual) R$112.000 (US$70.000) R$161.000 (renda bruta)
4.Mão de obra Trabalhadores temporários 4 Trabalhadores temporários 3
5.Observações ・Gado leiteiro 95 cabeças. Planeja aumentar para 130 cabeças
・Refrigerador com capacidade para 3.000
・Tem 29,8 ha como área de conservação
・A renda varia de acordo com oscilações nos preços internacionais da soja e do milho
・Devido a queda no preço do café, a área de cultivo foi reduzida à metade. A soja mostra uma tendência a alta.
・Área de conservação é de 20% das terras
Fonte: Equipo de Estudo JICA, 2009
4.3. Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
4.3.1 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) é um programa
público de financiamento aos pequenos produtores, iniciado em 1996, e financia projetos
individuais ou coletivos. Este gera renda aos agricultores familiares e assentados da reforma
agrária executada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O
programa possui 16 linhas de crédito conforme as características do candidato ao
financiamento, e as taxas de juros são as mais baixas dentre os programas de financiamentos
rurais.
O acesso ao PRONAF inicia-se na discussão da família sobre a necessidade do crédito, seja
ele para o custeio da safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento em máquinas,
equipamentos ou infraestrutura. Após a decisão do que financiar, a família deve procurar o
sindicato rural ou a Emater para obtenção da Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP),
que será emitida segundo a renda anual e as atividades exploradas, direcionando o agricultor
para as linhas específicas de crédito a que tem direito. Para os beneficiários da reforma
agrária e do crédito fundiário, o agricultor deve procurar o Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra) ou a Unidade Técnica Estadual (UTE).
O agricultor deve estar com o CPF regularizado e livre de dívidas. As condições de acesso ao
Crédito PRONAF, formas de pagamento e taxas de juros correspondentes a cada linha são
definidas, anualmente, a cada Plano Safra da Agricultura Familiar, divulgado entre os meses
de junho e julho.
Programas relacionado são como segue
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-11
1) PRONAF Agroecologia
Linha para o financiamento de investimentos dos sistemas de produção agroecológicos ou
orgânicos, incluindo-se os custos relativos à implantação e manutenção do empreendimento.
2) PRONAF Eco
Linha para o financiamento de investimentos em técnicas que minimizam o impacto da
atividade rural ao meio ambiente, bem como permitam ao agricultor melhor convívio com o
bioma em que sua propriedade está inserida.
3) PRONAF Floresta
Financiamento de investimentos em projetos para sistemas agroflorestais; exploração
extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo florestal, recomposição e
manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal e recuperação de áreas
degradadas.
4) PRONAF Semi-Árido
Linha para o financiamento de investimentos em projetos de convivência com o semi-árido,
focados na sustentabilidade dos agroecossistemas, priorizando infraestrutura hídrica e
implantação, ampliação, recuperação ou modernização das demais infraestruturas.
5) PRONAF Mulher
Linha para o financiamento de investimentos de propostas de crédito da mulher agricultora.
6) PRONAF Jovem
Financiamento de investimentos de propostas de crédito de jovens agricultores e
agricultoras.
7) PRONAF Custeio e Comercialização de Agroindústrias Familiares
Destinada aos agricultores e suas cooperativas ou associações para que financiem as
necessidades de custeio do beneficiamento e industrialização da produção própria e/ou de
terceiros.
8) PRONAF Cota-Parte
Financiamento de investimentos para a integralização de cotas-partes dos agricultores
familiares filiados a cooperativas de produção ou para aplicação em capital de giro, custeio
ou investimento.
9) Microcrédito Rural
Destinado aos agricultores de mais baixa renda, permite o financiamento das atividades
agropecuárias e não agropecuárias.
Créditos destinados exclusivamente às famílias beneficiárias do Programa Nacional de
Crédito Fundiário (PNCF) e do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA).
Relatório Final
4-12
10) PRONAF Mais Alimentos
Financiamento de propostas ou projetos de investimento para produção associados à
apicultura, aquicultura, avicultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite,
caprinocultura, fruticultura, olericultura, ovinocultura, pesca e suinocultura e a produção de
açafrão, arroz, centeio, feijão, mandioca, milho, sorgo e trigo.
4.3.2 Programa de Aquisição da Agricultura Familiar
O Programa de Aquisição da Agricultura Familiar (PAA) foi criado em 2003 como um
mecanismo para se adquirir alimentos diretamente da agricultura familiar e para erradicar a
fome. O programa comprou em 2007 parte da produção de cerca de 117 mil agricultores
familiares e alimentou mais de 14 milhões de pessoas em cerca de 2,6 mil municípios.
As instituições envolvidas no PAA são: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS); Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA/INCRA); Ministério da
Educação (MEC/FNDE); Ministério da Agricultura / Companhia Nacional de Abastecimento
(MAPA/CONAB); Ministério da Fazenda (MF); Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG); Entidades de Assistência Técnica; Estados; Municípios; Entidades
Sócio-Assistênciais; Conselhos/Controle Social; e Organização de Agricultores Familiares.
Os beneficiários do Programa são os consumidores (escolas municipais e estaduais,
associações comunitárias; creches; centro de conveniência de idosos; associação de apoio
aos portadores de câncer; cozinhas comunitárias; restaurantes populares, dentre outros) que
recebem os alimentos e os produtores rurais que fornecem a matéria-prima (grãos, hortaliças
e etc.).
O Programa é composto por cinco sistemas de compra, que possuem funcionamento, fontes
de recursos, instituição executora e forma de acesso.
Tabela 4.3.1 Modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura
Familiar
Modalidade Objetivo Fonte de Recursos e
limite por agricultor/anoÓrgão Executor Forma de Acesso
I- Aquisição de alimentos para alimentação escolar
Para merenda escolar (Lei 11.947 de 16/6/09)
R$9.000,00 MEC/PNAE
FNDE, estados e municípios
Organizações da Agricultura Familiar
II- Compra direta Distribuição ou formação de estoque público.
R$8.000,00 MDS e MDA
CONAB Individual
III- Formação de Estoque pela Agricultura Familiar
Apoiar organizações para formar estoque e vender em condições mais favoráveis.
R$8.000,00 MDS e MDA
CONAB Cooperativa e Associação
IV- Compra da AF para doação
Doação imediata a entidades sociais
R$4.500,00 MDS
CONAB Estados e Municípios
Individual, Cooperativa e Associação
V- Programa do Leite
Incentivo à produção e ao consumo do leite
R$4.000,00 - por semestre. MDS
Estados do Nordeste e norte de MG
Organizações da Agricultura Familiar
Fonte: Decreto/PR nº 6.959, de 15 de setembro de 2009
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-13
4.4. Medidas de Preservação do Meio Ambiente do Cerrado
Brasileiro
4.4.1 Situação Corrente e o Desenvolvimento do Cerrado Brasileiro
Considerado como um dos hotspots mundiais de biodiversidade, o Cerrado apresenta
extrema abundância de espécies endêmicas que vêm sofrendo a perda de seu habitat. Do
ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana
mais rica do mundo, abrigando mais de 6.500 espécies de plantas já catalogadas, sendo 44%
da flora endêmica. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável
alternância de espécies entre diferentes fito fisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos
são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes
(1.200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de
peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e
répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o
refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.
Contudo, inúmeras espécies de plantas e animais correm risco de extinção. Estima-se que
20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos
137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. Depois da
Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação
humana. Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas, visando incrementar a
produção de carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo esgotamento dos
recursos naturais da região. Nas três últimas décadas, unas partes do Cerrado vêm sendo
degradadas pela expansão da fronteira agrícola brasileira.
Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de todos os hotspots mundiais, o
Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral. O Bioma
apresenta 6,77% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação; desse
total, 2,89% são unidades de conservação de proteção integral e 3,88% de unidades de
conservação de uso sustentável.
A natureza do desenvolvimento econômico do Centro-Oeste é fortemente ancorada na
produção de commodities e em suas cadeias industriais (soja, milho, arroz, algodão e
pecuária mais frangos e suínos). A região é privilegiada do ponto de vista geográfico para ser
o pólo logístico estruturante da cadeia produtiva nacional. A principal restrição ao
crescimento, todavia, é a distância crescente entre capacidade de produção da região e sua
infraestrutura logística.
Nesse contexto, faz-se necessário diversificar a matriz produtiva da região, ampliar a
agregação de valor à produção primária regional, adensamento das cadeias produtivas e
beneficiamento dos produtos agropecuários. É preciso estimular a intensificação das
Relatório Final
4-14
atividades produtivas, nas áreas já ocupadas, reduzir às novas fronteiras, com vistas ao
desenvolvimento sustentável.
4.4.2 As Medidas de Preservação do Meio Ambiente
Pouco mais de 1 por cento dos cerca de 200 milhões de hectares de cerrado - bioma que
ocupa um quarto do território nacional, possui unidades de conservação de proteção integral
(parques, estações ecológicas, etc.). Quase 80% da área original do bioma foram alterados
pelas urbanização, agropecuária e mineração desordenadas. O grau de erosão do solo,
provocado pela expansão da atividade agrícola em grande escala.
O project PRODECER considera que o desenvolvimento sustentável da agricultura somente
é possível quando efetuado em harmonia com a conservação ambiental, e esta tem sido sua
posição desde a implementação da primeira fase do project. Principalmente na fase III do
project, visto que este se encontra dentro da Amazônia Legal, existe uma obrigatoriedade de
conservar 50% das terras por ser una área de proteção ambiental, mais rigorosa que os 20%
estabelecidos para as áreas de conservação do Cerrado. Dentro das áreas do project, além das
terras de conservação coletiva na forma de condomínios, foram aplicadas medidas para a
conservação agro ambiental como a construção rigorosa de sulcos, introdução de cultivo
intensivo, cultivo sem aragem, entre outras.
Estudos e programas visando a preservação e manutenção do cerrado tem sido realizados
pelo IBAMA em conjunto com associações diretamente interessadas no bioma. Atualmente,
o IBAMA foi reorganizada e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio)do Ministério do Meio Ambiente é responsável por eles.
• Estudo da Representatividade Ecológica do Bioma Cerrado
• Gestão Biorregional do EcoMuseu do Cerrado
• Corredor Ecológico Araguaia-Bananal
• Corredor Ecológico do Cerrado
• Corredor Ecológico Jalapão – Mangabeiras
• Corredor Ecológico Cerrado – Pantanal
Os Projetos de formação de corredores ecológicos vêm ao encontro do conceito gerado por
estudos da área de biologia da conservação, onde se define uma área de terreno linear,
inserindo uma ligação entre duas áreas protegidas, que cumpre a função de promover o
intercâmbio reprodutivo entre populações de organismos biológicos isolados. Assim, os
traçados dos corredores procuram se delinear aproveitando corredores naturais, sobre os
quais se enfocam os esforços de conservação.
Houve nos últimos anos uma revisão das áreas prioritárias para a conservação, uso
sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira do Cerrado e Pantanal
(Portaria MMA n.º 09/2007) que indicou 431 áreas prioritárias no Cerrado, das quais 181 já
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-15
são áreas protegidas (unidades de conservação e terras indígenas). Para 237 áreas (489.312
km2) foi atribuída importância biológica extremamente alta (Observar Figura 4.4.1).
Figura 4.4.1 Bioma Cerrado Áreas Prioritárias
4.5. Atividades dos Órgãos Envolvidos
4.5.1 EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)
Criada em 26 de abril de 1973, a Embrapa tem como missão é viabilizar soluções de
pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício
da sociedade brasileira, e atua por intermédio de Unidades de Pesquisa e de Serviços e de
Unidades Administrativas, estando presente em quase todos os Estados da Federação, nos
mais diferentes biomas brasileiros.
Para ajudar a construir a liderança do Brasil em agricultura tropical, a Empresa investiu
sobretudo no treinamento de recursos humanos; possui hoje 8.692 empregados, dos quais
2.014 são pesquisadores - 21% com mestrado, 71% com doutorado e 7% com
pós-doutorado. O orçamento da Empresa em 2009 ficou acima de R$ 1 bilhão.
Relatório Final
4-16
Está sob a sua coordenação o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária - SNPA,
constituído por instituições públicas federais, estaduais, universidades, empresas privadas e
fundações, que, de forma cooperada, executam pesquisas nas diferentes áreas geográficas e
campos do conhecimento científico.
Tecnologias geradas pelo SNPA mudaram a agricultura brasileira. Um conjunto de
tecnologias para incorporação dos cerrados no sistema produtivo tornou a região
responsável por 67,8 milhões de toneladas, ou seja, 48,5% da produção do Brasil (2008). A
soja foi adaptada às condições brasileiras e hoje o País é o segundo produtor mundial. A
oferta de carne bovina e suína foi multiplicada por 5 vezes enquanto que a de frango
aumentou 21 vezes (período 1975/2008). A produção de leite aumentou de 7,9 bilhões em
1975 para 27 bilhões de litros, em 2008 e a produção brasileira de hortaliças, elevou-se de 9
milhões de toneladas, em uma área de 771,36 mil hectares, para 17,5 milhões de toneladas,
em 806,8 mil hectares, em 2006. Além disso, programas de pesquisa específicos
conseguiram organizar tecnologias e sistemas de produção para aumentar a eficiência da
agricultura familiar e incorporar pequenos produtores no agronegócio, garantindo melhoria
na sua renda e bem-estar.
(1) Cooperação Internacional
Na área de cooperação internacional, a Empresa mantém 68 acordos de cooperação técnica
com mais de 46 países, 89 instituições estrangeiras, principalmente de pesquisa agrícola,
mantendo ainda acordos multilaterais com 20 organizações internacionais, envolvendo
principalmente a pesquisa em parceria e a transferência de tecnologia.
Para ajudar nesse esforço, a Embrapa estabeleceu parcerias com laboratórios nos Estados
Unidos e na Europa (França, Holanda, e Inglaterra) para o desenvolvimento de pesquisas em
tecnologias de ponta. Esses “Laboratórios no Exterior” (LABEX’s) contam com as bases
físicas do Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS) dos Estados Unidos, em Washington, da
Agrópolis, em Montpellier, na França, da Universidade de Wageningen, na Holanda, e do
Instituto de Pesquisas de Rothamsted, na Inglaterra. Mais recentemente, instalou-se o
LABEX-Coréia, em Seul, na Coréia do Sul. Com essas iniciativas se tem permitido o acesso
de pesquisadores da Embrapa, e desses outros países, às mais altas tecnologias em áreas
como recursos naturais, biotecnologia, informática, agricultura de precisão, etc
Na esfera da transferência de tecnologia para países em desenvolvimento (Cooperação
Sul-Sul) destaca-se a abertura de projetos de transferência de tecnologia da Embrapa no
Continente Africano (Embrapa África, em Gana), no Continente Sul-Americano (Embrapa
Venezuela), e na América Central e Caribe (Embrapa Américas, no Panamá), o que tem
permitido uma maior disseminação das tecnologias e inovações da agricultura tropical
desenvolvidas pela Embrapa, e um melhor atendimento às solicitações e demandas dos
países desses continentes por colaboração da Embrapa com vistas a seu desenvolvimento
agrícola.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-17
(2) Contexto
O governo brasileiro vem fortalecendo o apoio aos países africanos desde o início da década
de 2000, considerando sua obrigação natural de oferecer apoio principalmente à região de
savana africana, cujas condições climáticas são parecidas, utilizando a ciência e tecnologia
que possui atualmente, Atualmente, mais da metade do orçamento para os projetos de
cooperação internacional (US$22.000.0002) do país é destinada aos países africanos, e em 19
países africanos são executados 125 dos 318 projetos de cooperação técnica no exterior (em
2009), tornando a África a maior região beneficiária da cooperação brasileira, superando a
América Central e Sul.
A EMBRAPA vem cooperando com os países africanos por mais de 20 anos, e em 2006,
estabeleceu o seu escritório regional da África em Acra, capital da Gana. Em Abril de 2008,
enviou 3 funcionários residentes para executar trabalhos de estudo, planejamento, contato e
coordenação, a fim de desenvolver mais ativamente o apoio nos países africanos. Por trás
desta política, existe o temor de que se o aquecimento global prosseguir em larga escala,
poderá diminuir no país a quantidade de terras adequadas para cultivar as atuais variedades
de produtos, e no futuro, surgir alimentos em que o Brasil já não será mais auto-suficiente
(Tabela 4.5.1). O apoio aos países africanos é uma forma de se organizar baseando-se em
uma estratégia nacional, fortalecendo a cooperação em pesquisas com as regiões africanas,
com vistas a se preparar para uma crise nacional que poderá ocorrer no futuro, por meio do
desenvolvimento de técnicas de cultivo em áreas secas e quentes, e da aquisição de
germoplasmas.
Tabela 4.5.1 Estimativa de Alteração de Terras Adequadas para os Principais Produtos Cultivados no Brasil, Causada pelo Aquecimento Global
Área cultivável (km2)
Aumento da temperatura média Produção (x 106 t)
2000 2020 2050 2100 Cultura Temp. actual
1℃ 3℃ 5.8℃ 2000 2100
Taxa de redução da área cultivável (quantidade da
safra), comparada ao ano de 2000 (%).
Arroz 4.755.204 4.560.347 3.875.734 2.792.430 13 7,7 41
Feijão 5.141.047 4.992.366 4.575.250 3.972.723 2,8 2,2 23
Soja 3.419.072 3.093.664 2.085.815 1.238.557 60 22 64
Milho 5.169.034 5.079.497 4.080.833 4.421.934 39 33 15 População do Brasil (x 106) 165 190 300 400 -
Fonte: Alexandre J.Cattelan, EMBRAPA: Potential for Cooperation with Developing Countries, Japan-Brazil Symposium of the Universities and Agricultural Research Institutes (Potencial de Cooperação com os Países em Desenvolvimento, Simpósio Brasil-Japão das Universidades e Instituto de Pesquisa Agrária), Tóquio, 13 de Dezembro de 2008
Diante desta situação, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou, em 2006, um projeto de lei
que autoriza a obtenção do lucro pela EMBRAPA, que é um órgão público de pesquisa
agropecuária, através da venda de bens intelectuais, e o estabelecimento de empreendimento
2 As áreas de cooperação são: capacitação dos técnicos nas áreas em que o Brasil possui domínio (22%), saúde pública (18%), agricultura e pecuária (15%), educação e outros (10%), desenvolvimento social (7%) e apoio jurídico (6%).
Relatório Final
4-18
conjunto com empresas privadas. Além disso, em 2008, aprovou a realização de
intermediação com empreendimentos comerciais, além de transferências de tecnologias
agrícolas para estes, no âmbito do programa de estimulação econômica. A EMBRAPA, com
novas atribuições, decidiu aumentar o número de pesquisadores para criar uma nova
organização, e está preparando sua estratégia de atividades para 2010.
Assim, a EMBRAPA recebeu do governo brasileiro a incumbência de: a) apoiar o
desenvolvimento agropecuário na África; b) promover as empresas agrícolas nacionais na
África; e c) promover a pesquisa em garantia de segurança alimentar nacional, mas não
possui fundos suficientes para todas as atividades. Para se complementar a parte insuficiente,
as seguintes medidas estão sendo estudadas: a) cooperação com organizações das Nações
Unidas (como FAO) estabelecidas nos países africanos, utilizando suas instalações,
equipamentos e funções de gestão e operação; b) obtenção de fundos de terceiros países que
desejam utilizar a capacidade técnica da EMBRAPA para a cooperação (cooperação
trilateral); e c) cooperação com empresa privada brasileira que possui negócios nos países
africanos. A EMBRAPA encara positivamente o Programa de Desenvolvimento Agrário da
Savana Tropical através da Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique, o
projeto alvo deste Estudo, tanto pelo conteúdo (apoio ao desenvolvimento agropecuário na
África) como pelo método (cooperação trilateral), pois estão de acordo com a sua política de
ações voltadas à África.
(3) Conteúdo da cooperação em pesquisas
Para se construir uma base tecnológica como suporte aos investimentos em projetivos
produtivos, a contribuição da Embrapa estará centrada no fortalecimento de uma plataforma
de investigação nos níveis nacional e regional, e em duas linhas de ação de alcance, no curto
prazo: i) levantamento e rápida libertação das tecnologias já disponíveis nas instituições
locais e, complementarmente, introdução das tecnologias brasileiras disponíveis e mais
rapidamente adaptáveis às condições edafoclimáticas e socioeconômicas locais; ii) agilidade
na produção de sementes genéticas e básicas dos materiais levantados em suporte à produção
de sementes comerciais; iii) participação na elaboração de projeto para a implementação de
um Centro Integrado com módulos de Investigação, Assistência Técnica e Treinamento, e de
um Centro Integrado com módulos de Agroindústria e Ciências do Solo, visando aumentar a
capacidade regional de investigação.
Em médio prazo a cooperação da Embrapa será feita da seguinte forma: i) levantamento das
disponibilidades em recursos naturais para uso agrícola; ii) realização de estudos para a
elaboração de projetos técnicos para aparelhamento de laboratórios e unidades de pesquisa
selecionadas; iii) finalização e apoio técnico na implementação de um Plano Estratégico de
Investigação Agrária; e iv) o desenho e apoio técnico na implementação de um modelo
institucional de gestão da pesquisa e de recursos humanos.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-19
(4) Atividades relacionadas a Moçambique
Desde 1995, a EMBRAPA Hortaliças e a EMBRAPA Mandioca e Fruticultura Tropical
recebem os participantes dos Treinamentos da JICA para terceiros países, e tem recebido
regularmente os participantes provenientes dos países africanos de língua portuguesa e
países latinos. Em 2001, foi celebrado o Acordo de Cooperação para Treinamentos para
Técnicos Agrários entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das
Relações Exteriores do Brasil e a JICA, e, baseado neste Acordo, os órgãos da EMBRAPA
aumentaram o número de capacitações voltadas aos técnicos agrários provindos desses
países. Em 2007, foi celebrado o Acordo para dar prosseguimento ao projecto, com duração
até 2011. No âmbito deste projecto, a EMBRAPA Hortaliças e a EMBRAPA Mandioca e
Fruticultura Tropical recebem técnicos agrários moçambicanos regularmente, e é realizado
também no Brasil o Treinamento técnico em produção e processamento de castanha de caju,
que é um dos principais produtos exportados de Moçambique, e em produção de algodão
(Tabela 4.5.2). Estão sendo realizados esforços também para se transmitir os resultados do
país na produção de biocombustíveis, que é um assunto de interesse geral nos últimos anos, e
do qual o país possui avançada experiência, na tentativa de se encontrar um equilíbrio entre a
produção alimentar e o ecossistema.
A EMBRAPA já realizou o Projeto de Treinamento de Técnicos Moçambicanos na Área de
Agricultura de Conservação, uma cooperação trilateral firmada em 2008 com o governo
francês, para apoiar Moçambique. Neste Projeto, foram convidados extensionistas e
agricultores chaves de Moçambique para a EMBRAPA Cerrados, a fim de capacitá-los em
técnicas de plantio direto para pequenos produtores, e está sendo realizado o estudo de
monitoramento dos seus resultados (2009). Por outro lado, os pesquisadores da EMBRAPA
têm feito viagens de curta duração para Moçambique, para oferecer apoio técnico, a pedido
do governo moçambicano e de outros órgãos do exterior 3 . Entretanto, o governo
moçambicano não tem conseguido convidar pesquisadores excelentes por falta de recursos
financeiros, e há relatos de que não houve resultados satisfatórios4.
3 Por exemplo, em 2005, por meio do apoio da FAO e do governo norueguês, um pesquisador da EMBRAPA Clima Temperado
realizou um treinamento de 10 dias em técnicas de cultivo do arroz irrigado. Em 2008, 2 pesquisadores da EMBRAPA Cerrados
(1 deles recebeu o Prémio Mundial de Alimentos nos Estados Unidos) visitaram Moçambique para fazer palestra sobre técnica
de melhoramento de solo ácido. 4 Os pesquisadores da EMBRAPA trabalham como consultores e são muito ocupados. Para se conseguir pessoal qualificado, é
necessário pagar um preço adequado (informação obtida em entrevista com o Ministério da Agricultura).
Relatório Final
4-20
Tabela 4.5.2 Seminários de Treinamento em Institutos da EMBRAPA que Tiveram Participantes Moçambicanos (Treinamentos desde 2004)
Conteúdo do Treinamento
Instituto
Ano
Início (mês)
Duração (dias)
Núm
ero de participantes
Tema Detalhes
Órgãos que
apoiaram
8 34 1 10º Curso Internacional de Produção de Hortaliças
Método de cultivo sustentável, uso racional de água, cultivo orgânico.
9 33 11º Curso Internacional de Produção de Hortaliças
Método de cultivo, conserva e transportação de hortaliças diversas.
2004
10 40 12º Curso Internacional de Produção de Hortaliças
Características de diferentes hortaliças, cultivo em estufas plásticas, controle do solo, irrigação, controle
de doenças e pragas, processamento simples pós-colheita, cultivo orgânico, hidroponia.
2006 11 27 I Curso internacional sobre produção sustentável de hortaliças
Cultivo orgânico.
Hortaliças
2007 10 63
-
II Curso internacional sobre produção sustentável de
hortaliças
Cultivo orgânico, produção de sementes.
2004 9 26 3
Método de processamento de
mandioca (para agricultor familiar e empresas)
Impacto social e econômico de uma fábrica de
mandioca, tendência do mercado mundial, cultivo selectivo, germoplasma, protecção do solo, fertilidade do solo, fisiologia nutricional, convivência com os
recursos florestais, importância da mulher na produção de mandioca, etc.
2007 11 - 3
Cultivo e processamento de mandioca (para agricultor familiar e empresas)
Estatística e economia social relacionadas à mandioca, método de utilização da mandioca, método de colheita, técnica de processamento pós-colheita,
processamento, método de pesquisa participativa, transferência de tecnologia para agricultor familiar.
2008 9 26 3 Método de produção de frutas tropicais (para agricultor familiar e empresas)
Estatística e economia social relacionadas à fruticultura tropical, princípios da fruticultura tropical, sistema de cultivo e colheita, técnicas de
processamento pós-colheita, etc.
Mandioca e F
ruticultura Tropical
2009 10 25 3 Cultivo e processamento de
mandioca (para agricultor familiar e empresas)
Método de cultivo de mandioca, método de
processamento, método de protecção do solo, método de pesquisa participativa, etc.
JICA ABC
2004 11 25 - Produção e processamento de castanha de caju
Agroindústria
Tropical 2009 11 17 1
Técnica de industrialização do caju (castanha e pêra)
Capacitação de técnicas de industrialização e métodos de produção do caju aos técnicos do Instituto para a Promoção de Pequenas e Médias Empresas de
Moçambique (IPEME).
-
Cerrados
2009 5 22 15 Técnica agrícola sustentável para os pequenos produtores da região tropical
Método agrícola sustentável, controle da fertilidade do solo tropical, método agrícola utilizando-se a biodiversidade, técnica de controle geral de pragas e
doenças, etc.
Cooperação trilateral (inclui
França)
Algodão 2008 9 - 4 Técnica d aplicação de
fertilizantes e agroquímicos em algodão
Capacitação de técnicas relacionadas ao cultivo de
algodão aos envolvidos na fábrica de algodão da província de Niassa e técnicos do Instituto do Algodão de Moçambique (IAM).
-
Informática
Agropecuári
a 2009 10 14 - Método de fabricação de
combustível vegetal
Método de zoneamento agrícola sob a perspectiva do
ecossistema agrícola.
JICA
ABC
Sede 2009 4 10 - Educação rural Apresentação do projecto de biblioteca de pequena escala.
-
Fonte: elaborado através da busca na página http://www.embrapa.br/, em 21 de Novembro de 2009
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-21
No âmbito do Projeto de fortalecimento do apoio ao desenvolvimento agropecuário na
África, a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil
celebrou o Memorando de Entendimento (MOU5) sobre a Cooperação para o fortalecimento
da pesquisa agropecuária com o governo moçambicano (em Novembro de 2004)6. Baseado
neste Memorando, a EMBRAPA incentivou a reestruturação dos institutos de pesquisa
agrária de Moçambique, integrando os 5 institutos relacionados para se estabelecer o
Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) (vide o item 3.8.1). Além disso,
para que a mineradora brasileira Vale (CVRD7), que obteve o direito de extrair o carvão no
montante do rio Zambeze (Moatize, província de Tete), possa cumprir com a sua
responsabilidade social corporativa (para além de vencer a intensa concorrência e obter o
direito de extracção, consolidar a sua posição e direito), o Brasil decidiu apoiar os programas
de desenvolvimento agrícola sustentável das regiões próximas (acordo celebrado em 2005).
Concretamente, o programa será executado pelo Gabinete do Plano de Desenvolvimento da
Região da Zambeze (GPZ8), e por meio do apoio técnico da EMBRAPA, será elaborado nos
2 primeiros anos o Plano de desenvolvimento (orçamento de US$650.000), e nos 10 anos
seguintes, planeja-se construir o sistema de agricultura de irrigação, produzir sementes para
culturas locais, realizar capacitações em técnicas agrícolas sustentáveis, etc. (orçamento de
US$2.700.000).
Recentemente, está em andamento um projecto de cooperação trilateral em parceria com o
governo americano (cujo órgão executor é a USAID9). Originalmente, a USAID havia se
interessado pelos corredores das regiões norte (Nampula, província de Nampula) e central
(Beira, província de Sofala), onde a produção agrícola é mais ativa, e iniciou, em 2009, o
projeto de 5 anos que coloca no mercado produtos como manga, banana, abacaxi (ananá),
amendoim, caju (castanha e pêra) e madeira reflorestada (AgriFUTURO: orçamento do
projecto: US$20.000.000)10. Simultaneamente, a USAID planeja iniciar, em 2010, um
projecto de cooperação trilateral em parceria com a EMBRAPA (orçamento do projecto:
US$10.700.000), que inclui o estabelecimento do sistema de produção de sementes, uso
racional dos recursos naturais (solo, água, etc.), extensão de técnicas agrícolas e
desenvolvimento de leis de terras agrícolas, visando o fortalecimento das funções dos
institutos de pesquisa agrária de Moçambique. Em Novembro de 2009, foi enviada uma
missão de estudo constituída principalmente por pesquisadores da EMBRAPA, para visitar
as províncias de Maputo, Nampula e Manica, para a elaboração do plano concreto.
5 Memory of Understanding 6 Simultaneamente, foram celebrados Memorandos similares com Namíbia, Angola e São Tomé e Príncipe. 7 Companhia Vale do Rio Doce S.A. Empresa privada de desenvolvimento global de recursos, que representa o Brasil. A sua
participação no mercado de produção e venda de minério de ferro é de 35%, ocupando o 1º lugar neste ramo. 8 Gabinete do Plano de Desenvolvimento da Região do Zambeze. Órgão de desenvolvimento agrário da bacia fluvial do rio
Zambeze, criado no final da época colonial, que foi dado continuidade após o término da guerra civil, empregando principalmente os veteranos de guerra.
9 Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (United States Agency of International Development). 10 Os principais executores são empresa privada, outros doadores, ONGs e Ministério da Agricultura de Moçambique (Segundo o
informativo “Estamos Juntos” da Embaixada dos Estados Unidos em Moçambique, Outubro de 2009).
Relatório Final
4-22
A EMBRAPA, para possibilitar a realização bem sucedida destes projectos, estabeleceu um
escritório na capital do país, Maputo, em Fevereiro de 2010, e alocou 2 funcionários
residentes, para realizar o planeamento e coordenação. Espera-se que, através deste
escritório, a EMBRAPA inicie os trabalhos ativos, pois mesmo após a celebração do acordo
de cooperação e apoio em pesquisa, em 2004, praticamente não foi realizada alguma
atividade marcante.
4.5.2 EMATER-DF (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do
Distrito Federal)
(1) Contexto
O modelo de desenvolvimento adotado no Brasil a partir de meados dos anos 60 teve como
uma das suas componentes uma ação conjunta, entre: crédito, pesquisa e extensão rural. Os
órgãos de pesquisa e universidades foram responsáveis pela elaboração dos pacotes
tecnológicos para a agropecuária e a extensão rural foi a responsável pela introdução desta
tecnologia na produção rural do país. Estes pacotes tecnológicos eram voltados para a
utilização intensiva de insumos, implementos e máquinas, e tinham como objetivo o
aumento da produtividade. Por outro lado o credito rural subsidiado permitiu aos agricultores
adquirir estes insumos financiando de forma indireta a industrialização do país.
Embora já houvessem experiências dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural –
Ater, desde os anos 40, voltados a promoção da melhoria das condições de vida da
população rural este serviço somente tomou um caráter nacional em 1956, com a criação da
Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural – ABCAR, constituindo-se, então, um
Sistema Nacional articulado com Associações de Crédito e Assistência Rural nos estados.
Em 1975, o governo federal “estatizou” o serviço, implantando o Sistema Brasileiro de
Assistência Técnica e Extensão Rural – Sibrater, cuja estrutura compreendia as Emater,
empresas estaduais de Ater e a coordenação central pela Embrater. Este sistema foi um
elemento fundamental na implantação do processo de modernização da agricultura brasileira
transformando seu perfil de tradicional para um setor moderno e dinâmico da economia
principalmente na região sudeste e sul do país.
Em 1990, o governo federal embalado na onda neoliberal do estado mínimo extinguiu a
Embrater, desativando o Sibrater e cortando a fonte de recursos federais para a entidades
estaduais de extensão rural. Deixou desta forma a sua continuidade à mercê das decisões dos
governos estaduais o que levou a extinção, junções e desarticulações de uma parte
significativa das instituições de extensão rural do país. Mesmo constando na Constituição
Federal de 1988 e na Lei Agrícola de 1991 a União decidiu deixar sem apoio os serviços de
ATER pública e gratuita. Somente a partir 2002 as reivindicações dos movimentos sociais
começaram a repercutir no governo federal, e de forma progressiva as demandas da
agricultura familiar foram incluídas nas estratégias de desenvolvimento do país. Este
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-23
compromisso finalmente foi resgatado de forma legal com a Lei nº 12.188, de 11 de janeiro
de 2010, que reinstituiu a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a
Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Pnater) e o Programa Nacional de Assistência
Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (Pronater).
A partir destes fatos sobre a extensão rural brasileira podemos focar no papel da
EMATER-DF no desenvolvimento dos cerrados. Nos anos 70, o país ainda estava
mergulhado no modelo de crescimento econômico baseado na modernização da agricultura
sustentado pelo tripé da pesquisa, assistência técnica e crédito rural. Neste contexto foi
intensificada a ocupação da fronteira agrícola, surgindo novas tecnologias de produção nos
cerrados, inclusive diminuindo o alto custo de incorporação das áreas do planalto central no
processo produtivo. Desta forma as terras da região Centro–Oeste, notadamente o entorno de
Brasília, que tinham um valor atrelado a especulação imobiliária passaram a ter um valor
também para produção, devido ao centro de consumo próximo e do alto poder aquisitivo da
sua população.
Dentro desta lógica era necessário desenvolver a região buscando inserir o público de
agricultores tradicionais vivendo da agricultura de subsistência na produção intensiva de
abastecimento da capital e ao mesmo tempo transformar as áreas do planalto central,
próximas de Brasília, numa vitrine das potencialidades produtivas do cerrado.
Foi neste cenário que em 1978 o governo federal aprovou e criou-se a EMATER-DF com o
objetivo de desenvolver a área rural do Distrito Federal. Para o governo local o objetivo
principal da empresa era formar um cinturão verde, para a auto-suficiência no abastecimento
da capital do país. No início da EMATER-DF, os esforço da equipe técnica estavam voltados
para as áreas dos núcleos rurais, onde aos poucos estava sendo consolidada uma produção
intensiva de hortaliças, frango e pecuária de leite, com uma participação significativa de
migrantes e descendentes japoneses que já conseguia abastecer um percentual significativo
do mercado local de hortifrutigrangeiros.
Com o passar do tempo o trabalho de ATER no Distrito Federal se concentrou na ocupação
produtiva dos cerrados, que eram a grande fronteira agrícola do país. Deve-se salientar que
neste período existia um estoque de inovações tecnológicas que eram disponibilizados pela
pesquisa para extensão rural e cuja implantação no processo produtivo gerava ganhos
produtivos significativos se comparado aos sistemas tradicionais de produção. Neste sentido
devesse destacar o papel do governo japonês, através da JICA, que apoiou de forma decisiva
as instituições de pesquisa brasileiras para o desenvolvimento de tecnologias adaptadas aos
cerrados. A consolidação do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal -
PAD-DF aos moldes do PRODECER e o cinturão verde de abastecimento eram metas
prioritárias, e para alcançar estes objetivos a empresa adotou um arcabouço metodológico
próprio da extensão rural reproduzindo o sucesso alcançado nas outras regiões do país para a
exploração das áreas de cerrado. Este modelo de produção rapidamente se propagou
Relatório Final
4-24
mudando o perfil de ocupação da região centro-oeste que era um enorme ”vazio” humano e
área de baixo dinamismo econômico para uma região de ocupação humana mais intensa e
com um desenvolvimento agropecuário din^mico e altamente competitivo no mercado.
Com a crise nacional da extensão rural a instituição ficou cada vez mais atrelada a política
local que assumiu os custos e direcionou os trabalhos conforme as diretrizes do governo do
momento, uma hora mais para agricultura familiar outra hora ampliando o leque de
atendimento para a agricultura patronal, mas, sempre com a orientação para a prestação de
assistência técnica conjugada aos trabalhos de extensão rural, que se preocupam com a
organização dos agropecuaristas e os aumentos nos lucros das atividades. Nos últimos anos a
participação do governo federal na reestruturação das instituições de ATER e com o
financiamento de parte das atividades vem ganhando espaço a tese de uma ATER pública
gratuita voltada prioritariamente para agricultura familiar o que se consolidou este ano com a
aprovação da lei do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.
No Distrito Federal, onde a terra pertence ao governo federal, são principalmente os
pequenos produtores que fornecem produtos agrários à capital. A EMATER realizou de
modo consistente a assistência técnica e a organização destes produtores, comprovando que
é possível gerar grandes lucros ao mesmo tempo em que há a proteção ambiental.
Atualmente, a produtividade média de muitos produtos de Brasília supera a média nacional.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ao notar este fato, solicitou à EMATER-DF
para apresentar aos visitantes estrangeiros, principalmente dos países em desenvolvimento
que possuem ambientes naturais similares, este excelente trabalho, no âmbito da política de
fortalecimento da cooperação sul-sul. Em 2007, quando teve início a tentativa, houve
somente 2 países participantes11, mas em 2008, esse número já havia aumentado para 11
países12. Até Outubro de 2009, o órgão já havia recebido visitantes de 10 países. Em 2010,
esta previsto um encontro que contará com a presença dos ministros da agricultura de 53
países africanos no Brasil, visando ampliar os projetos de apoio ao desenvolvimento.
(2) Atividades
Os resultados dos trabalhos da EMATER-DF estão diretamente relacionados ao
desenvolvimento humano, social e tecnológico que, por conseqüência, leva ao
desenvolvimento do espaço rural. Partindo desta definição ampla de desenvolvimento do
espaço rural, podemos afirmar que as ações da Empresa ocorrem em diversas dimensões:
social, econômica, tecnológica, ecológico-ambiental, política, institucional e legal. Em prol
do desenvolvimento, a empresa atua na Assistência Técnica para propiciar o assessoramento
e atualização no processo gerencial e tecnológico dos empreendimentos no espaço rural e
também atua na Extensão Rural, buscando organização e capacitação, levando cidadania e
11 China e Estados Unidos da América. 12 Inclui os seguintes países em desenvolvimento: Sudão, Senegal, Nigéria, Venezuela, Haiti, Benim, Ilhas Fiji, Angola, China e
Costa Rica.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-25
novas motivações, difundindo experiências em busca constante da valorização das
competências e das habilidades do seu público beneficiário. Desse modo, o trabalho da
Empresa abrange duas frentes de atuação: uma, que é por demanda, e inclui atendimentos
personalizados nas Unidades Locais descentralizadas ou nas visitas às propriedades, e outra,
que é por oferta, especialmente de capacitação e treinamento em novas habilidades por meio
dos métodos de extensão rural.
Esses métodos têm formatos diferenciados dependendo dos objetivos a serem alcançados e
do tipo de público a ser atendido. As feiras, exposições e festas de produtos, são eventos
festivos de grande porte, que incluem atividades de cunho tecnológico, rodadas de
negociação ou treinamentos e capacitações e que têm como característica a participação de
um elevado número de pessoas, especialmente de público urbano e escolar, que têm a
oportunidade de conhecer mais sobre as atividades agropecuárias. Outros métodos de
extensão como os dias de campo e as ações comunitárias têm como característica o
atendimento e a participação de produtores rurais e das famílias rurais de uma comunidade.
São eventos de médio porte direcionados ao trabalho de assistência técnica e de extensão
rural. Por último, são utilizados os métodos dirigidos aos eventos de menor porte, de cunho
exclusivamente técnico, voltados a segmentos específicos do meio rural e urbano, e são
ações direcionadas sempre com o objetivo de alcançar as metas propostas pela Empresa.
As atividades que a Empresa desenvolve são divididas em diversos segmentos de atuação. A
Prestação de Serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural envolve todos os serviços
demandados à Empresa, seja em desenvolvimento tecnológico, pelos empreendedores rurais
envolvidos na produção, convencional e agroecológica, ou na área social pelas clientelas
especiais de gênero e geração, com ênfase na agricultura familiar. Deve-se destacar as
atividades realizadas com a clientela de idosos e mulheres rurais, assim como trabalhadores
rurais que são públicos prioritários na política de inclusão do Governo Federal. Esses
atendimentos são voltados para atender a família rural na maioria das vezes fora do âmbito
da produção agropecuária, buscando o resgate social e a inclusão da população rural. O
papel da EMATER é muito importante por ser uma das poucas instituições que atua como
um vetor de implantação das políticas públicas no meio rural.
No Desenvolvimento da Agroecologia são promovidas as ações de desenvolvimento da
agropecuária orgânica no Distrito Federal. Nessa subárea estão incluídas as metodologias e
ações de capacitação em agroecologia e transição agroecológica dos agricultores que ainda
praticam agricultura em moldes convencionais, promovendo a implantação, a transição ou a
manutenção dos sistemas agroecológicos que evitam a utilização de agroquímicos, têm baixa
dependência de insumos externos e maior necessidade de mão-de-obra em relação aos
sistemas convencionais, com impacto direto na geração de mais postos de trabalho.
Nas atividades voltadas para o Apoio do agronegócio, as ações desenvolvidas tem como
principal fundamento à organização do segmento de produção, prioritariamente a Agricultura
Relatório Final
4-26
Familiar, visando a comercialização de produtos agrícolas e não agrícolas. Através dos
grupos formais e/ou informais de produtores, destinados a comercializar coletivamente
sendo melhorado o processo de tomada de decisão reduzindo os riscos econômicos inerentes
a atividade e permitindo assim a sua permanência na atividade rural. Destaca-se nessa
atividade o apoio à comercialização, na cadeia produtiva de hortaliças, diminuindo os riscos
da atividade e propiciando ao consumidor final um abastecimento com produtos mais
seguros e de melhor qualidade.
Na Modernização Tecnológica são abrangidas as ofertas de métodos de capacitação e
desenvolvimento de habilidades, que são colocadas à disposição dos empreendedores rurais,
a partir das demandas que os técnicos de campo avaliaram como sendo as mais necessárias e
de maior amplitude, assim como, aquelas que estão em consonância com as políticas de
governo.
A Horticultura além da importância econômica tem um papel importante nos aspectos
sócio-ambientais no Distrito Federal. A sua área plantada é de 6.545 hectares de
hortaliças/ano, perfazendo uma produção total de 171 mil toneladas de hortaliças/ano, em
mais de setenta espécies diferentes, inclusive utilizando sistemas de produção do mais alto
padrão tecnológico, tais como sistemas de cultivo protegido (mulching, estufa e telado),
cultivares híbridas, com resistência a pragas e doenças, tecnologias de nutrição de planta,
sistemas de irrigação por aspersão e gotejamento, fertirrigação e outras. No agronegócio de
hortaliças do Distrito Federal circulam cerca de R$ 185 milhões/ano. Acresce a isto, a
existência de 4.500 produtores rurais, sendo 80% agricultores familiares, isto resulta na
geração de 30 mil empregos diretos e 10 mil empregos indiretos. Cada hectare plantada de
hortaliça gera em média 3 a 5 empregos diretos, em conformidade com o sistema produtivo
utilizado. Nossa atuação tem buscado estruturar os diversos elos da cadeia produtiva de
hortaliças, como mecanismo dos mais relevantes na defesa dos interesses setoriais e
conquista de objetivos comuns, bem como, o estimulo a criação, implementação e gestão de
grupos de produtores, como alternativas coletivas de comercialização, dos produtos
olerícolas, propiciando aumento na competitividade da olericultura brasiliense.
O setor foi contemplado por políticas de fomento, assistência técnica prioritária e linhas de
crédito rural específicas (PRÒ LEITE). Com intuito de permitir o ingresso de pequenos
produtores na atividade, atendendo as normas sanitárias para o rebanho e controle de
qualidade do produto foi criado grupos de pequenos produtores que administram tanques de
resfriamento comunitário para recolhimento e armazenamento do leite.
No Desenvolvimento Social da Área Rural as atividades são executadas para capacitar os
membros das famílias rurais, primordialmente de agricultores familiares, em diferentes
aspectos do desenvolvimento social e humano. Seu principal subtítulo é o Fortalecimento da
Agricultura Familiar que está baseado no conceito de desenvolvimento: “uma necessidade
ampla com a ação do Estado e a participação da comunidade, observando três pilares da
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-27
coesão social: Oportunidades de acesso às necessidades básicas, para melhor qualidade de
vida, como educação, emprego, segurança e geração de renda; habilidades, como;
conhecimento do ser humano, competência, condições para realizar; e proteção, como ações
sociais para assegurar ou manter condições necessárias para o bem-estar do ser humano. Por
ser o desenvolvimento uma ação sistêmica, de longo prazo, e tão relevante para o bem-estar
do ser humano, a Empresa priorizou alguns sub-temas para serem trabalhados: Segurança
Alimentar, Saúde e infraestrutura onde foram trabalhados os projetos o de qualidade de
alimentos visando Boas Práticas Agrícolas -BPA e Boas Práticas de fabricação - BPF para
geração de renda e o de o de qualidade de alimentos visando uma alimentação saudável.
Quanto a qualidade dos alimentos principalmente o pro - folhosa concentrou os
atendimentos e capacitações com foco em saneamento, combate as pragas, água e alimento.
Educação, lazer e cultura apoio em atividades realizadas pelas comunidades. Cidadania e
Benefícios Sociais orientações para o agricultor familiar sobre para que tenha acesso aos
benefícios sociais do Estado. Atividades Rurais Não-Agrícolas qualificação e organização
dos setores de agroindústria, processamento de alimentos e artesanato associado com o
turismo rural.
Organização e Gestão Social apoio as organizações, onde a EMATER-DF atua como
facilitadora e animadora do processo de desenvolvimento local, assegurando que sejam as
famílias rurais, por meio de suas organizações sociais, os reais protagonistas dos processos
de transformação de seus territórios, de forma a construir uma efetiva melhoria da
qualidade de vida de todos dentro das comunidades rurais.
4.5.3 SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural)
(1) Contexto
O SENAR foi criado pelo governo brasileiro como órgão para melhorar a qualidade de vida
da população rural através de treinamento profissional e da educação. Entretanto, como
órgão público, sua eficiência e quantidade de ações não eram suficientes para atender o
desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Sendo assim, com o estabeleicmento da Lei
8.315/91 o SENAR tornou-se uma instituição jurídica de direito privado sem fins lucrativos
para execução de ações de Formação Profissional Rural (FPR) e atividdes de Promoção
Social (PS) para trabalhadores, produtores rurais e suas famílias, ou seja, capacitações. Sua
arrecadação está regulamentada pelo Decreto 790/93 da seguinte forma:
"Art. 11. - Constituem rendas do SENAR:
I - Contribuição mensal compulsória, a ser recolhida à Previdência Social, de 2,5%
sobre o montante da remuneração paga a todos os empregados pelas pessoas
jurídicas de direito privado, ou a elas equiparadas, que exerçam atividades:
a) agroindustriais;
b) agropecuárias;
Relatório Final
4-28
c) extrativistas vegetais e animais;
d) cooperativistas rurais;
e) sindicais patronais rurais;
II - contribuição compulsória, a ser recolhida à Previdência Social, de um décimo por
cento incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção
da pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou
pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de
prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de
forma não contínua;
III - doações e legados;
IV - subvenções da União, Estados e Municípios;
V - multas arrecadadas por infração de dispositivos, regulamentos e regimentos
oriundos da Lei n° 8.315, de 23 de dezembro de 1991, com as alterações da Lei n°
8.540, de 22 de dezembro de 1992;
VI - rendas oriundas de prestação de serviços e da alienação ou locação de seus bens;
VII - receitas operacionais;
VIII -contribuição prevista no art. 1° do Decreto-Lei n° 1.989, de 28 de dezembro de 1982,
combinado com o art. 5° do Decreto-Lei n° 1.146, de 31 de dezembro de 1970;
IX - rendas eventuais.
A lei determina, ainda que 80% da arrecadação da corporação deve ser destinada a essas
atividades de apoio aos produtores13. O SENAR possui uma Administração Central em
Brasília/DF e 27 Administrações Regionais distribuidas em todas cidades capitais do Brasil.
Faz parte da sua função alocar um mobilizador em cada zona rural alvo nos Estados, para
que este transmita a situação ou as solicitações dos produtores à sede regional, para que esta
possa realizar e planejar cursos e treinamentos que os produtores necessitam, em cooperação
com as demais sedes regionais ou com a sede estadual. Retirar. Como exemplo, somente no
ano de 2007, no Estado de Goiás, foram realizadas mais de 5.000 atividades, contando com a
participação total de mais de 50 mil pessoas. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil
reconheceu o trabalho do SENAR no Brasil e solicitou à instituição a participação no projeto
de apoio internacional para libertar as pessoas da fome, que é um dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas. Correspondendo a esta solicitação, o
SENAR já realizou treinamento de repasse de metodologia participantes de 6 países
membros14 do Conselho Agropecuário Centro-Americano (CAC15), e participa dos projetos
de apoio a países africanos como Angola e Moçambique.
13 Para poder arcar com os custos operacionais e salários com os 20% restantes, são feitos esforços de racionalização, e todos os seus escritórios são alugados.
14 República Dominicana, Belize, Haiti, Costa Rica, Honduras e Nicarágua.
15 Conselho Agropecuário Centro-Americano. São formados por 9 países da América Central. O governo brasileiro realizou, em Março de 2009, na cidade de Rio de Janeiro, a 1ª reunião para discutir com os países membros sobre a política de apoio ao desenvolvimento agrário.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-29
(2) Atividades
O programa de cursos por sector oferecido pelo SENAR inclui diversas áreas, como:
alfabetização, educação dos filhos dos agricultores, organização dos produtores,
empreendimento agrícola, leis relacionadas à agricultura, saúde pública, etc., áreas
consideradas necessárias na zona rural (Tabela 4.5.3).
Tabela 4.5.3 Programa de Cursos do SENAR
Nome do programa Conteúdo Público alvo Objectivo
Agrinho Educação dos filhos dos agricultores
Alunos da rede pública de ensino, de 1º ao 9º ano, e professores.
Educação civil. Em 2009, focalizava-se a educação ambiental (lixo sólido, agroquímico, solo e agricultura, água).
CAMPO-SAÚDE Saúde pública Empregado da zona rural, produtores rurais e seus familiares.
Melhorar a qualidade de vida através da prática de acções básicas de saúde pública.
PROGRAMA EMPREENDEDOR
RURAL
Empreendimento agrícola
Produtor rural e empregado da zona rural acima de 18 anos, que tenham frequentado a escola por tempo mínimo (no mínimo concluído o 2º ano do ensino fundamental).
Promover a mudança da agricultura e da sociedade rural, o fortalecimento da associação dos produtores e formação empreendedora, através das atividades sociais, políticas e económicas. Concretamente, pretende-se criar projectos e promover as atividades em grupo.
EMPREENDEDOR SINDICAL
Organização dos produtores
30 associações (em 2009) Estimular as atividades de cooperativas rurais
PROGRAMA GINÁSTICA LABORAL
Prática desportiva dos produtores
Empregado rural com mais de 18 anos. Especialmente os trabalhadores da usina de açúcar.
Melhoramento da qualidade de vida e da saúde do trabalhador.
campo futuro Educação sobre administração agrícola
Produtor e empregado da produção de soja, milho e carne bovina.
Aumentar o conhecimento e capacidade em cálculo das despesas de produção, criação de novos mercados para o futuro, e assuntos relacionados.
CAMPO EM ORDEM
Educação de Leis relacionadas à agricultura
Produtor rural, empregado da zona rural, e profissionais de áreas relacionadas.
Aumentar o conhecimento e capacidade relacionados à contabilidade e leis relacionadas à agricultura.
GESTÃO LEITEIRA
Alfabetização Produtor rural e empregado rural
Alfabetizar os produtores agrícolas e empregados rurais utilizando-se materiais relacionados aos assuntos necessários no cotidiano dos alunos.
Além das técnicas práticas e concretas consideradas necessárias para os pequenos produtores,
o conteúdo do curso inclui também técnicas que podem originar produtos a serem
comercializados em pequena escala (Tabela 4.5.4). Em cada curso, são apresentadas técnicas
detalhadas, necessárias na prática, que os produtores podem escolher. O conteúdo dos cursos
é definido de acordo com o programa, ou elaborado a pedido dos produtores, e é divulgado
pelo escritório regional. Como a educação é feita através da prática, em cada curso
participam cerca de 7 ou 8 pessoas, mas o curso é repetido até que todos os interessados
possam participar. Se o produtor desejar comercializar o produto desenvolvido a partir da
técnica adquirida no curso, pode receber apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE16) que colabora com SENAR.
16 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Relatório Final
4-30
Tabela 4.5.4 Linhas de Ação do SENAR e Exemplos de Cursos Oferecidos
A. Formação Profissional Rural (FPR)
Linhas de Ação Cursos Linhas de Ação Cursos
Agricultura
・ Colheita manual da cana de
açúcar. ・ Cultivo orgânico de ervas
medicinais. ・ Formação e gestão do pomar. ・ Fruticultura (abacaxi
(ananá),banana, papaia, maracujá).・ Horticultura básica. ・ Fruta (melancia). ・ Verdura orgânica. ・ Plantio manual da cana e açúcar. ・ Queimada da folhagem antes da
colheita da cana de açúcar.
Apoio à agricultura, sivicultura e pecuária
・ Gestão agrícola.
- Economia doméstica. - Empreendimento rural.
・ Prevenção de epidemia.
- Pulverizador/Pulverizador motor.
- Pulverizador mochila. - Como manusear o injector de
pulverizador de agroquímicos. ・ Operação do GPS
- Equipamentos agrícolas que usam o GPS.
- Operação do GPS (fundamento e aplicação).
・ Operação e prática da máquina
semeadora de plantio directo. ・ Práticas dos seguintes
equipamentos e sua manutenção e gestão:
- Rega com pivô central. - Sistema de rega a jacto. - Colheitadeira de cana de açúcar. - Colheitadeira de algodão. - Rolo compactador para
terraplanagem. - Serra eléctrica. - Ordenhadeira. - Buldozer. - Escavadora. - Rega parcial. - Tractor agrícola. - Transportador de cana de
açúcar. - Diversas colheitadeiras.
・ Plantio mecânico da cana de
açúcar. ・ Explicação e análise da Norma
Regulamentadora 31 (NR-31).
Pecuária ・ Cultivo de abelha. ・ Fundamentos da criação de galinha
(ovo). ・ Técnica básica da criação de
galinha (carne). ・ Criação de bovino (carne). ・ Criação de vaca leiteira. ・ Controle de qualidade de leite. ・ Vacina preventiva de bovinos. ・ Corte do casco. ・ Corte preventiva do casco em
bovinos. ・ Prática de exposição de bovinos
para concurso. ・ Treinamento para domesticar
cavalo. ・ Como domar cavalo. ・ Inseminação artificial. ・ Cultivo de pasto. ・ Criação de minhoca. ・ Criação de ovelha (carne). ・ Produção de ovos para produzir
pintinhos. ・ Produção de leitão. ・ Criação suína. ・ Criação de suínos e produção de
carne suína.
Sivicultura ・ Plantação de árvores para madeira e
gestão florestal. ・ Construção de diques com árvores
nas encostas dos rios, e recuperação das áreas florestais depredadas.
Pescas ・ Cultivo de peixes
Processamento agrícola
・ Fabricação de couro. ・ Fabricação de cachaça (destilado de
cana de açúcar)
Apoio ao melhoramento da infra-estrutura
・ Instalação e conserto dos sistemas
de luz, água, e obras em alvenaria.・ Instalações de cercas em pastos. ・ Instalações de cercas eléctricas. ・ Técnica eléctrica básica na zona
rural. ・ Como construir ferradura de
cavalo. ・ Gestão e manutenção de diversos
motores. ・ Treino para colocar cela no cavalo.・ Cortador eléctrico e soldador
eléctrico. ・ Modo de fabricar couro.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
4-31
B. Promoção Social (PS)
Nutrição alimentar
・ Culinária rural. ・ Fabricação de:
- cana-de-açúcar; - geleia; - rapadura.
・ Utilização de alimentos e
planeamento do seu consumo / diversificação do consumo alimentar.
・ Seguintes alimentos caseiros:
- Leite; - Mandioca: - Legumes (cozidos em açúcar).
Artesanato Produção dos seguintes artigos: - Saco; - Cesto; - Utilização da fibra de banana
(papel); - Utilização da fibra de bananeira
(forma de lã); - Flor artificial, flor seca, etc. - Artesanato em papel cortado; - Artesanato em fio.
Organização da sociedade rural
・ Teoria sobre cooperativa. ・ Teoria sobre cooperativa agrícola I,
II, III e IV.
Saúde ・ Tipos de ervas medicinais e seu
cultivo caseiro. ・ Primeiros socorros.
4.5.4 Principais Organizações Relacionadas
Principais organizações relacionadas com o desenvolvimento agrícola na região do Cerrado
são os seguintes:
• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
• Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)
• Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)
Embrapa Agroindústria Tropical
Embrapa Algodão
Embrapa Arroz e Feijão
Embrapa Café
Embrapa Caprinos e Ovinos
Embrapa Cerrados
Embrapa Gado de Corte
Embrapa Gado de Leite
Embrapa Hortaliças
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical
Embrapa Milho e Sorgo
Embrapa Monitoramento por Satélite
Embrapa Semiárido
Embrapa Soja
Embrapa Solos
Embrapa Trigo, etc.
• Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
• Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)
• Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER)
• Ministério do Meio Ambiente (MMA)
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
• Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
• Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
• Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
• Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)
Relatório Final
4-32
• Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresa (SEBRAE)
• Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)
• Sociedade Nacional da Agricultura (SNA)
• Confederação Nacional da Agricultura (CNA)
• Companhia de Promoção Agrícola (CAMPO)
• Universidade Federal de Viçosa (UFV)
• Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ)
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
5-1
CAPÍTULO 5 POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO CERRADO NO DESENVOLVIMENTO DO CORREDOR DE NACALA
5.1. Semelhanças e Diferenças entre a Região do Cerrado e do
Corredor de Nacala
A savana tropical de Moçambique e o cerrado brasileiro apresentam semelhanças
agronomicamente reconhecidas. Durante os 30 anos de desenvolvimento do cerrado
brasileiro, foram acumulados muitos conhecimentos que podem ser adaptados para a savana
tropical de Moçambique. Existe uma previsão de grandes possibilidades de melhorar
consideravelmente a produtividade a partir de tecnologias relativamente simples. Porém, as
diferenças socioeconômicas entre o Brasil e Moçambique são bastante grandes, por isso não
se pode pensar em simplesmente transferir o modelo do cerrado. Além disso, para o cultivo
de produtos agrícolas, em Moçambique, existem problemas quanto à irrigação, à posse de
terras (se permite o uso, mas não sua propriedade) de maneira que para realizar projetos
agrícolas de grande envergadura é necessário resolver-se muitos problemas complexos.
Para o desenvolvimento do cerrado, o tema era a possibilidade de transformar terras
desabitadas e inférteis em terras produtivas com a aplicação de capital e tecnologia. E já
estavam estabelecidas as condições de infraestrutura, modelo de gestão agrícola empresarial
moderna, rotas de comercialização e as bases para a agroindústria. Porém, no caso de
Moçambique, os problemas não se limitam somente ao capital e à tecnologia, passam pelo
nível de conhecimento técnico dos agricultores e também de comercialização, entre outros
temas. Desde o início do projeto até a comercialização, existe a deficiência de equipamento e
materiais, não existem silos e o mercado interno é insuficiente, além dos produtores não
estarem organizados. A tecnologia de produção do cerrado pode ser transferida à savana
tropical de Moçambique, entretanto a questão é como aplicá-la de forma a promover o
desenvolvimento regional e considerando todas estas questões, mas a "Vantagem do
posterior" é grande. pendentes. Por isso, é necessário pensar em uma estrutura que seja um
“novo modelo de desenvolvimento” que considere o fortalecimento da capacidade
administrativa com a introdução de modelos de organização cooperativa e investigação
agrária, extensão rural, sistema de financiamento; instalação de infraestrutura
socioeconômica apropriada às condições naturais, sociais e ambientais da região. As
principais semelhanças e diferenças entre o desenvolvimento do cerrado e da savana tropical
de Moçambique são as seguintes.
Relatório Final
5-2
Tabela 5.1.1 Semelhanças e Diferenças entre o Desenvolvimento do Cerrado e da Savana Tropical Africana
Ítem Desenvolvimento do cerrado Desenvolvimento da savana tropical de
Moçambique
Objetivo Desenvolvimento econômico por meio do
aumento da produção de alimentos
Medidas contra a pobreza, alimentos para
auto abastecimento do país e orientada para
o mercado
Agricultores Médios produtores Pequenos e micro produtores
Produtos Produtos de exportação Produtos de auto abastecimento
Atividades Expansão do empreendimento com a
mecanização agrícola Aproveitamento de técnicas existentes
Administração Redução dos custos de produção Garantia de oportunidade de emprego
Investimento inicial Investimentos de grande envergadura Dificuldades
Organização de produtores Existência de organização de produtores Não está estruturada
Distribuição Desenvolvida A ser desenvolvida
Agroindústria Desenvolvida Muito pequeno
Assistência técnica Várias organizações Vulnerável/ONG
Financiamento Existe Não existe
5.2. Possibilidades de Aplicação dos Resultados do
Desenvolvimento do Projeto Cerrado no Desenvolvimento do
Corredor de Nacala
Na Tabela 5.2.1 se apresenta um resumo das instituições envolvidas no desenvolvimento do
cerrado de acordo com o setor, como entidades de pesquisa, entidades de extensão agrícola,
organização de agricultores, produção agropecuária, conservação do meio ambiente,
agroindústria, financiamento agrícola, etc. Nesta mesma tabela, se mostram as questões a
serem consideradas no caso de se aplicar os resultados de cada setor na área deste Estudo,
que é o corredor Nacala; avaliando também a forma como estes resultados poderiam ser
aplicados na área do Estudo.
5.2.1. Utilização das Técnicas Agrícolas Aprendidas no Desenvolvimento do
Cerrado
De todos estes pontos, se devem considerar especialmente a aplicação e extensão da
tecnologia agrícola desenvolvida pela EMBRAPA no cerrado.
(1) Em geral, em toda a extensão ao longo do corredor Nacala, se encontra distribuído um solo
menos ácido (fértil para a agricultura) em abundância, mas em uma parte (principalmente
nas redondezas do distrito de Gurué), deve ser necessária a aplicação de técnicas de
melhoramento de solo desenvolvidas pela EMBRAPA para solos alcalinos. Porém, dentro de
Moçambique, esta é a zona que apresenta altitudes mais elevadas, com uma topografia
bastante acentuada, existindo assim uma forte possibilidade de que estas condições
dificultem os trabalhos de melhoramento de solo; ao mesmo tempo, devido ao fator de
erosão do solo, o efeito retificador poderia ser reduzido. Portanto, caso se efetue um trabalho
de melhoramento de solo será necessário considerar o custo e mão de obra para a aplicação e
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
5-3
distribuição de calcário, selecionando rigorosamente as zonas de aplicação, onde seja
economicamente favorável e com possibilidades de que os produtores considerem
fortemente as possibilidades desta tecnologia.
(2) Dos 12 distritos considerados dentro da área do Estudo, 5 particularmente (Gurue, Malema,
Ribaué, Alto Molocué e Cuamba) apresentam uma topografia acidentada. Além disso, foi
reportada a existência de solo arenoso em toda a área. Por isso, em muitas zonas, durante a
época das chuvas, juntamente com a erosão existe o problema de perdas de cultivo pela seca,
quando o intervalo entre o período de chuvas se estende muito. Para resolver estes
problemas, se considera que a introdução das tecnologias de cultivo em níveis e a técnica de
cultivo de plantas que se fixam ao solo, podem ser aplicadas. Para os pequenos produtores
que têm condições de adquirir herbicidas, também é recomendado o cultivo sem aragem da
terra.
(3) A EMBRAPA possibilitou elevar consideravelmente a produção agrícola do cerrado. Porém,
as condições não somente de solo e de água são diferentes entre o cerrado e a área do Estudo,
a expectativa é que os tipos de pragas, que devem ser um problema, também sejam
diferentes. Além do mais, não é possível simplesmente introduzir novas variedades de
plantas na área do Estudo, uma vez que elas possuem uma alta produtividade pela aplicação
de tecnologias avançadas de irrigação, fertilização de solo e defensivos agrícolas. Porém, as
técnicas consideradas necessárias serão avaliadas para verificar as possibilidades de
promover a aplicação de tecnologia agrícola do cerrado proporcionadas pela EMBRAPA
como, a) introdução de recursos genéticos; b) participação nos cursos de treinamento
técnico; c) utilização e aproveitamento de informação técnica em português.
(4) Com relação a EMATER, a instituição conta com um sistema de extensão técnica dirigida a
pequenos agricultores, mas trabalham com um principio básico que é a participação de
qualquer agricultor. Eles captam a demanda dos agricultores por orientação técnica, avaliam
a necessidade e criam uma resposta em forma de extensão. No caso de Moçambique, os
extensionistas do departamento de extensão técnica com os quais contava o Ministério de
Agricultura, foram distribuídos pelas províncias dentro da política de descentralização. As
províncias instalaram um setor de extensão agrícola nos Centros de Apoio às Atividades
Econômicas dos Departamentos de Agricultura de cada distrito, mas seu número é bastante
pequeno. Dentro deste contexto, para que a extensão possa ser executada com eficiência, é
necessário captar as necessidades dos agricultores; também é importante que o IIAM e o
departamento de extensão técnica avaliem as técnicas desenvolvidas, sendo indispensável
aplicá-las em parcelas demonstrativas para os agricultores, de maneira que os mesmos
agricultores possam estruturar um sistema de extensão.
(5) Para promover a capacitação técnica de maneira eficiente, é preciso criar uma entidade de
promoção como o SENAR. Nos centros de assistência às atividades econômicas se
encontram estabelecidos departamentos de desenvolvimento rural, mas não existe um
Relatório Final
5-4
departamento especializado na orientação institucionalizada para atender às diversas
atividades dos pequenos produtores. Esta função é coberta pelas ONGs de maneira que os
governos locais podem criar um sistema que planeje e apóie a extensão das experiências
exitosas para outras zonas, assim, existe a possibilidade de se aplicar um sistema de
implantação deste tipo de entidade, tendo o SENAR como referência. Além de formar
agricultores que possam apoiar as atividades locais, funcionando como coordenadores
(6) Para o desenvolvimento do cerrado, no projeto PRODECER, a companhia “Campo”,
cumpriu diversas funções, inclusive funcionou como coordenador entre a entidade executora
que era o governo, as instituições de pesquisas e os colonos. No corredor de Nacala, se
encontra estabelecida a companhia de desenvolvimento regional para o corredor de Nacala,
o Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN). Mas o interesse básico desta companhia é
o desenvolvimento da infraestrutura de comercialização e não se dedica ao desenvolvimento
agrário em particular. É necessário criar uma empresa de desenvolvimento do governo
central e dos governos provinciais para que se possa avaliar a metodologia do
desenvolvimento e cumprir com o papel de coordenador entre as diversas instituições.
5.2.2. Efeitos do Desenvolvimento Aprendidos com o Desenvolvimento do
Cerrado
(1) Efeitos de indução econômica
Como exemplo da realização da economia de escopo (economy of scope), na qual
produzem-se diversos produtos a partir de uma única matéria-prima, e, além disso,
aproveitando-se do seu subproduto, produzem-se outros artigos, podemos citar a soja,
produzida no âmbito do desenvolvimento do cerrado (Figura 5.2.1). Na região do cerrado,
são fabricados o óleo de soja utilizado para o processamento de produtos agrícolas, e a ração
composta, que é o seu subproduto. Daí surgiram as indústrias relacionadas à agricultura
(fertilizante, agroquímico, transporte, logística) que se envolveram no processo de
comercialização, promovendo o desenvolvimento da indústria de apoio, originando uma
grande sinergia e criando-se uma gigantesca agroindústria (agronegócio). Como resultado, a
exportação de produtos derivados de soja chegou a 4.1 bilhões de dólares em 2000, o que
corresponde a 25% de toda a exportação do sector agrícola. Este valor é igual ao da
exportação de artigos de ferro e aço (alumínio, ferro e aço), que foi de 4 bilhões de dólares.
De acordo com o relatório, quando a soja é exportada após o processamento, o valor do PIB
é 1.7 vezes maior do que exportar sem nenhum processamento, calculando-se o efeito de
indução nas indústrias de processamento e indústrias afins (Relatório de avaliação do
desenvolvimento agrícola do cerrado, JICA, 2000).
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
5-5
Figura 5.2.1 Exemplo do Efeito de Indução nas Indústrias Afins dos Derivados de Soja
(2) Apoio aos produtores pelas cooperativas agrícolas
É necessário notar que para o desenvolvimento da agroindústria dos derivados de soja, citado
anteriormente, as cooperativas agrícolas desempenharam um papel importante, além das
empresas. O programa PRODECER, que impulsionou o desenvolvimento do cerrado,
assentou nas fazendas principalmente os filhos dos sócios das cooperativas agrícolas
existentes. Para estes, as cooperativas ofereceram diversos tipos de apoio: além de fornecer
fundos para a administração da fazenda, criaram fábricas de processamento para poderem
comprar os produtos pelo preço mais alto que as empresas, mesmo quando havia queda do
preço no mercado internacional. Assim, as cooperativas agrícolas desempenharam um papel
importante para promover a produção, através da cooperação e complementação entre os
diversos ramos que compreendem a agricultura, o processamento e inclusive a pecuária.
Na região alvo do estudo em Moçambique, há casos em que a relação entre as empresas de
processamento e os produtores é mantida por meio de contratos escritos, mas ainda existe
uma relação tradicional e informal. As empresas de processamento de algodão, tabaco e
castanha de caju fornecem um mercado estável aos produtores comprando deles a
matéria-prima, e complementam a falta de recursos administrativos destes fornecendo-lhes
técnicas e insumos de produção (semente, fertilizante, agroquímicos e máquinas agrícolas).
Mas, por outro lado, verificou-se durante o estudo, a ocorrência de situações desvantajosas
para os produtores, como a compra da matéria-prima por um baixo preço (no caso do
algodão, é estabelecido o preço mínimo de compra), e o não-pagamento dos produtos
Soja31.370.000 t (2000)
Soja31.370.000 t (2000)
Processamento21.640.000 t
Processamento21.640.000 tExportação
8.910.000 t
Exportação8.910.000 t
Farelo de soja16.870.000 t
Farelo de soja16.870.000 t
Exportação9.970.000 t
Exportação9.970.000 t
Sementes1.600.000 t
Sementes1.600.000 t
Exportação1.460.000 t
Exportação1.460.000 t
Mercado interno2.820.000 t
Mercado interno2.820.000 t
Ração animal6.950.000 t
Venda no mercado interno e
consumo próprio
Ração animal6.950.000 t
Venda no mercado interno e
consumo próprio
Etapa de produtos
Indústriasafins
Etapa de matérias-
primas
Etapa de processamento
AviculturaAvicultura SuinoculturaSuinoculturaSubprodutoSubproduto
Exportação de carne bovinaExportação de carne bovina
VíscerasVísceras
Bovinoculturade leite
Bovinoculturade leite
Produtosde couroProdutosde couro
Carne suínaCarne suína
FrangoFrango
IogurteIogurte
Leite empó
Leite empó
Leitedesnatado
Leitedesnatado
QueijoQueijo
SubprodutoSubproduto ManteigaManteiga
OvosOvos
SubprodutoSubprodutoGalinhas poedeirasGalinhas poedeiras
Óleo de Soja4.140.000 t
Óleo de Soja4.140.000 t
Bovinoculturade corte
Bovinoculturade corte
Leite in naturaLeite in natura
Relatório Final
5-6
fornecidos. Há casos em que as empresas de processamento, quando encontram produtores
que apresentam condições mais vantajosas, dispensam aqueles com quem mantinham
transação.
Para que os produtores tenham uma relação de igualdade com as empresas de processamento
e sejam capazes de negociar, de igual para igual, é necessário se criar uma organização ou
uma cooperativa pela iniciativa própria dos produtores. Se não for criado um sistema no qual
o próprio produtor possa interferir na logística e na decisão de preço, ele será obrigado a
tomar sempre uma atitude passiva no modelo do desenvolvimento rural local com base na
agroindústria. Como exemplo, pode-se citar a composição de custo da castanha de caju. A
Figura 5.2.2 mostra a comparação da composição de custo de produção da castanha de caju
no Brasil (região de Fortaleza, estado do Ceará), e na região alvo de estudo de Moçambique.
No Brasil, a proporção do custo da matéria-prima da castanha de caju foi de 12% do custo
total, mas na região alvo de estudo de Moçambique, foi de apenas 5%, menos da metade.
Isso significa que o lucro do produtor, que produz a matéria-prima, é relativamente menor
em Moçambique. Para que a meta do desenvolvimento estabelecida não se torne sonho
inviável, é importante fortalecer e capacitar as cooperativas ou associações de produtores,
que devem ser as entidades receptoras de diversos programas de apoio (serviços).
Figura 5.2.2 Exemplo da Composição de Custo (castanha de caju)
12% 45% 20% 23%
5% 38% 42% 15%
Brasil
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Circulação
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural
na Savana Tropica
5-9
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Relatório Final
5-10
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édia
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2.4
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural
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Relatório Final
5-12
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-1
CAPÍTULO 6 DIRETRIZES DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO NA ÁREA DO CORREDOR DE NACALA (SAVANA TROPICAL) ATRAVÉS DA COOPERAÇÃO TRILATERAL
6.1. Razão do Desenvolvimento Agrário na Área do Corredor de Nacala (Savana Tropical)
6.1.1. Peculiaridades da Agricultura Local e Necessidade do Desenvolvimento
Na região alvo de estudo vivem cerca de 720.000 famílias de produtores, que correspondem
a cerca de 24% de agricultores de todo o país, tornando Nampula a província com maior
número de agricultores. Mas a área média da propriedade de uma família é de 1.0 ha, menor
que a média nacional (1.3 ha), e a taxa de pobreza da província também é maior que a média
nacional. Além disso, a demanda efetiva é de apenas 250.000 pessoas que habitam na cidade
de Nampula e proximidades. Que pode resultar facilmente na queda de preços devido ao
excesso de produção. Refletindo o mercado restrito da região, a maioria dos produtores
cultivam basicamente milho e mandioca para a subsistência. Para se obter renda, os
produtores dependem principalmente da venda de matéria-prima (algodão, tabaco, castanha
de caju, etc.) para empresas de processamento.
Prevê-se que a taxa média anual de crescimento populacional da província de Nampula, nos
próximos 10 anos, seja de 2.5%, e estima-se que a população total em 2020 seja de 6 milhões
de pessoas. Cerca de 45% da população é composta por jovens com 15 anos ou menos, e
prevê-se o crescimento ainda maior dessa faixa etária. A taxa de desemprego da província é
de cerca de 20%. Se não houver aumento da oportunidade de emprego para a população na
idade de ingressar no mercado de trabalho, essa taxa irá se elevar, assim como o índice de
pobreza. Para evitar que isso aconteça, é necessário tomar medidas que promovam, no
mínimo, um crescimento econômico maior que a taxa de crescimento populacional. Por isso,
torna-se um desafio imprescindível para o desenvolvimento sustentável da economia
regional o aumento da produtividade do setor agrícola que absorve mais de 90% da
população economicamente ativa.
Como indica a Figura 6.1.1, actualmente a maior contribuição do PIB, com 32%, vem dos
grandes pecuaristas (produtores de carne bovina) e grandes produtores de madeira, que
juntos representam menos de 1% do total de agricultores da província. Quase toda a madeira
é exportada para a China e Oriente Médio na forma de toras sem nenhum processamento.
Pode-se dizer, através da figura seguinte, que a pobreza real da província não poderá ser
Relatório Final
6-2
reduzida sem o desenvolvimento do setor de produção agrícola e de processamento agrícola,
que é a principal fonte de renda dos agricultores e que emprega 95% de toda a população
agrícola da província.
Fonte: Dados do Departamento econômico da Direcção provincial da agricultura de Nampula, 2009
Figura 6.1.1 Contribuição de Cada Setor no PIB Provincial de Nampula (%)
6.1.2. Possibilidade de Aumento da Produção Agrícola
(1) Cadeia de Valores
A peculiaridade do setor agrícola da região alvo do estudo é a existência de grande número
de microprodutores e do mercado restrito. Mas, por outro lado, os produtos agrícolas
cultivados principalmente pelos pequenos produtores são acrescidos de grande valor na
distribuição e etapa final do produto final, como indica o Tabela 6.1.1 (também apresentado
no capítulo 3, Tabela 3.3.2).
Até mesmo o milho, produzido como cultura de subsistência por praticamente todos os
agricultores, custa 0.1 dólar/kg (preço do produtor) quando vendido sem processamento, e
como farinha de milho chega a custar 0.9 dólar/kg (preço de varejo), ou seja, consegue-se
valorizar 9 vezes. Por outro lado, existem produtos como o gergelim que, apesar de haver
possibilidade de processamento para se obter óleo, é exportado sem processamento, sem
agregar qualquer valor.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-3
Tabela 6.1.1 Geração do Valor Agregado por Cada Produto Agrícola
Unidade: dolar/kg
Milho Algodão Castanha de
caju Gergelim Tabaco Soja
Preço na machamba 0,1
Intermediários
0,2
Varejo/Indústrias
0,9
(Moinho)
Exportação (FOB)
-
0,4
1,2 (Fio)
0,7 (óleo)
0,5
0,6 (com
casca)
4,50 (sem
casca)
1,02
1,07 (In
natura)
1,20
3,15 (folhas
secas)
0,5
(óleo)
(farelo)
-
Destino Mercado
interno Exportação Exportação Exportação Exportação
Indústria de
ração
nacional
(2) Opinião de EMBRAPA
Além da agregação de valor como instrumento de aumento da renda do pequeno e médio
agricultor, é importante serem agregados ao projecto os espaços agroeconômicos da
província de Niassa e do oeste da Zambézia, como forma de incorporar as áreas agricultáveis
indicadas pela EMBRAPA e, com isto, viabilizar a realização de investimentos na produção
agrícola em escala comercial.
6.1.3. Impacto Econômico do Setor de Processamento Agrícola
Nos últimos 10 anos (1998-2007), o crescimento médio anual do PIB de Moçambique foi de
8,0%. Como resultado, o PIB per capita aumentou de 114 dólares, em 1995, para 400 dólares,
em 2007. Este rápido crescimento se deve aos 5 megaprojetos (das empresas Mozal, Sasol,
Moma, Moatize e Chibuto) de exploração de recursos (fundição de alumínio, gás natural,
Objetivois raros), que juntos respondem por 80% de toda a exportação do país (de 2008).
A quantia investida por essas empresas em megaprojetos varia entre 1 bilhão e 2,5 bilhões de
dólares, por meio do investimento direto estrangeiro (FDI) de grande escala, e são
desenvolvidos negócios de capital intensivo principalmente na capital do país, Maputo, e
arredores. Por outro lado, na região alvo de estudo, foram estabelecidas mais de 20 pequenas
empresas de processamento agrícola de diversos produtos como castanha de caju, algodão,
tabaco, gergelim, banana, soja e frango.São empresas de trabalho intensivo cuja quantia de
investimento varia entre 50 mil dólares a 80 milhões de dólares, no máximo.
O Tabela 6.1.2 compara a capacidade de absorção de emprego dos megaprojetos e das
empresas de processamento agrícola da região alvo do estudo. A empresa de criação de
frangos, cujo investimento foi de 1,3 milhão de dólares, emprega 1.070 pessoas, incluindo os
Relatório Final
6-4
trabalhadores da fábrica e agricultores contratados, mais que os 1.000 empregados (dentre os
quais 650 são moçambicanos) da Mozal, que é a maior empresa dentre os megaprojetos. A
empresa de produção de bananas, Moza Banana (parceria com a Chiquita na produção,
processamento e distribuição), que iniciou sua operação em 2009 e prevê iniciar a venda em
2011, emprega 18.000 trabalhadores. Daí percebe-se o grande impacto das indústrias de
processamento agrícola na geração de empregos.
Tabela 6.1.2 Capacidade de Absorção de Emprego das Empresas de Processamento Agrícola
Megaprojetos Empresas de processamento agrícola da região alvo de estudo
1. Nome da
empresa Mozal Sasol Moma
New
Horizontal
Sonil
Fábrica
Condor
Nuts
Moza
Banana
2. Setor Alumínio Gás natural Metal Criação de
frango Tabaco Castanha de caju Banana
3. Investimento
(unidade: 1
milhão de
dólares)
2.400 1.200 500 1,3 - - 80
4. Empregos
gerados
1.000
(650) *1
-
(250)
425
(124)
Fábrica: 186
Família de
agricultores:
890
Fábrica: 100
Família de
agricultores:
2.500
Fábrica: 750
Família de
agricultores:
sem dados
Fazenda e
distribuição:
18.000
5. Mercado Exportação Exportação Exportação Interno Exportação Exportação Exportação
Nota: *1 Entre parênteses, o número de trabalhadores moçambicanos.
Fonte: Megaprojetos: Instituto para a promoção de exportações, Instituto de estudos sociais e econômicos.
Empresas de processamento agrícola: Equipe de estudo da JICA.
6.2. Objetivos e Orientações do Plano de Desenvolvimento
6.2.1. Objetivos de Desenvolvimento
(1) Objetivo geral de desenvolvimento
O projeto de desenvolvimento na zona do Corredor de Nacala busca atender regionalmente
os desafios do Governo de Moçambique de garantir a segurança alimentar e nutricional do
país; melhorar a qualidade de vida da população promovendo a competitividade da produção
nacional e elevando a renda dos produtores; e promover a economia regional orientada para
o mercado com o uso sustentável dos recursos naturais e preservação ambiental, cujo alvo
maior é alcançar o objetivo de desenvolvimento do milênio de erradicar a extrema pobreza e
a fome. Segue assim as orientações das políticas de desenvolvimento agrário do país
indicadas nos programas nacionais e provinciais como a Estratégia da Revolução Verde, o
Plano de Ação para a Produção de Alimentos (PAPA), Estratégia de Investigação, Estratégia
de Extensão, e o Plano de Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Agrário (PEDSA).
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-5
Até então, nos Programas Quinquenais do Governo, a erradicação da pobreza sempre foi
citada como objetivo principal, e a agricultura e o desenvolvimento rural eram considerados
setores prioritários de desenvolvimento. No Programa Quinquenal em vigência atualmente,
que é o terceiro, dentre os setores, o aumento da produtividade dos setores relacionados à
agricultura é especialmente enfatizado. Além disso, o Plano de Ação para a Redução da
Pobreza Absoluta (PARPA II) (2006-2009), em vigência, considerado o plano de ação do
Programa Quinquenal do Governo, enfatiza principalmente o crescimento econômico, e visa
revolucionar principalmente o desenvolvimento rural.
Por outro lado, em termos de políticas agrárias, pode ser citado o Plano de Ação para a
Produção de Alimentos (PAPA), aprovado em 2008 e elaborado como plano de
implementação da Estratégia de Revolução Verde, de 2007. O Plano enfatiza a cadeia de
valores da produção alimentar, com o objetivo de aumentar a produtividade e a produção de
todos os principais produtos, para reduzir a dependência de alimentos importados. Além
disso, o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Setor Agrário (PEDSA 2010-2019), um
plano de médio/longo prazo, que está sendo elaborado atualmente, tem como visão a
concretização do setor agrário sustentável e competitivo, e considera como pilares da
estratégia de desenvolvimento:
1) Segurança alimentar e melhoramento nutricional;
2) Fortalecimento da competitividade da produção nacional e aumento da renda do
produtor agrícola; e
3) Utilização sustentável dos recursos naturais e proteção ambiental.
No novo Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província de Nampula 2010-2020 (PEP),
são citados os seguintes pilares da estratégia de desenvolvimento:
1) Promoção do desenvolvimento econômico;
2) Construção de uma administração participativa, por meio da capacitação pessoal;
3) Desenvolvimento de infra-estruturas e melhoramento do ambiente; e
4) Desenvolvimento de recursos humanos e sociais.
Além disso, no Plano Estratégico de Desenvolvimento Distrital (PEDD) dos distritos, que
são a unidade administrativa básica de desenvolvimento, segundo a Lei dos Órgãos Locais
do Estado (LOLE), a redução da pobreza e o desenvolvimento econômico são igualmente
estabelecidos como objetivos.
Assim, pode-se dizer que o Projeto de desenvolvimento agrário das regiões próximas ao
Corredor de Nacala está de acordo com o objetivo geral do governo central, e com as
estratégias de desenvolvimento do setor agrícola, da província e dos distritos. Além disso, ele
deve ser um Projeto que contribui para a concretização destas. Para tanto, é necessário se
Relatório Final
6-6
elaborar um plano de desenvolvimento que possa colaborar para a realização dos seguintes
itens, tendo-se como objetivo a concretização do desenvolvimento agrário sustentável que se
preocupa com a proteção ambiental:
1) Desenvolvimento para concretizar a segurança alimentar e melhoramento
nutricional;
2) Desenvolvimento para concretizar o fortalecimento da competitividade da produção
nacional, com vistas ao mercado, e aumento de renda dos produtores rurais; e
3) Desenvolvimento levando-se em consideração a utilização sustentável dos recursos
naturais e proteção ambiental.
(2) Diretriz básica
As diretrizes, entendidas aqui, como o caminho a ser percorrido para se alcancar o
Desenvolvimento Agrário do Corredor de Nacala por meio de Cooperação Trilateral, implica
em compromissos dos três Governos do Japão, Brasil e Mocambique de que as ações serão
contínuas e de longo prazo, suscetíveis de ajustes no decorrer do processo necessariamente.
Para assegurar a segurança alimentar do país, o aumento sustentável da produção agrária,
elevar a renda e rentabilidade do produtor em geral promovendo o aumento da produção
agrária orientada para o mercado, há que se intervir em todos os segmentos da cadeia de
valor como: insumos; produção, escoamento, armazenagem, processamento e distribuição
para os mercados interno e externo. Entretanto, a eficiência e eficácia destas intervenções
dependem das condições do Governo em exercer sua função financiadora, reguladora,
fiscalizadora, provedora de serviços públicos e facilitadora da ação das instituições e dos
cidadãos.
Para apoiar o Governo de Moçambique na execução de seu papel, a cooperação deve, com
foco no Corredor de Nacala, atuar em áreas que propiciem a construção de um modelo
sustentável, competitivo e inclusivo que contemple o aumento da produção agrícola
orientada para o mercado interno e externo, o aumento da competitividade dos produtores; o
uso sustentável das águas, florestas e solos e o desenvolvimento/fortalecimento das
instituições do setor agrário.
Sendo assim, as ações deverão ser priorizadas e estarem focadas nos seguintes seguimentos:
1) Aumento da produtividade: buscar o desenvolvimento de tecnologias que aumentem
o rendimento; melhoria de solo; criação de banco de dados, mapas, zoneamento
agro-ecológico;
2) Sistema de logística: melhorar o sistema buscando a redução de custos e perdas;
distribuição de insumos, equipamentos;
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-7
3) Serviços de apoio ao setor agrícola: fortalecer continuamente a estrutura e capital
humano da pesquisa e desenvolvimento; do sistema de extensão rural; da defesa
agropecuária; do sistema de crédito (cooperativas de crédito, sistema bancário); e
comercialização, promovendo a capacitação, treinamento e formação profissional;
4) Promoção da diversidade agrícola e processamento: apoio a clusters estratégicos
(grãos, tubérculos, carnes, frutas, algodão, madeira, biocombustíveis, hortaliças);
5) Fortalecimento da competitividade: treinamento e capacitação profissional e
estruturação de um sistema voltado para exportação e mercado doméstico;
6) Melhoria das condições de vida dos produtores: prover infraestrutura básica de vida
como moradia, escola, energia, saúde e estradas.
7) Apoio contínuo à extensão agrária e formação de profissionais rurais: estando apto a
interagir com o sistema de P&D na transferência de tecnologia; validar tecnologias;
apoiar a tomada de decisão do produtor; promover o associativismo/cooperativismo;
8) Financiamento à produção: elaboração de linhas de financiamentos para atividades
agro pecuárias da Agricultura Familiar (pessoa física) e Empresarial (pessoa jurídica)
de custeio e investimento;
9) Sustentabilidade: criação de políticas governamentais que assegurem o mercado
mínimo, criando um estoque regulador; garantia de preços, política de incentivo à
exportação; mecanismo de garantia de compra pelos promotores da cooperação;
10) Conservação ambiental: promover boas práticas de conservação dos solos e da
biodiversidade, evitar erosão, recompor matas ciliares e formação de corredores
ecológicos, erradicar a prática de queimadas; criar política de pagamento por
serviços ambientais; fazer inventário dos recursos hídricos, o uso múltiplo das águas.
Vale destacar que as ações devem ter como base uma legislação clara e transparente, com a
participação ativa e direta da população ou por meio de suas instâncias representativas.
6.2.2. Zoneamento da Região Alvo
A sustentabilidade nos dias atuais é o grande desafio dos processos de desenvolvimento, e
para vencê-lo é necessário utilizar-se todas as ferramentas e subsídios técnicos disponíveis.
O zoneamento ecológico econômico (ZEE) consitui um dos principais subsídios que permite
a orientação das políticas públicas, das ações voltadas ao meio ambiente, da definição de
áreas prioritárias, dos investimentos do Governo e da sociedade civil segundo as
peculiaridades de cada região. O ZEE configura-se também como ferramenta essencial de
apoio e informações de base organizada para o planejamento e gestão territorial.
Relatório Final
6-8
Foram identificados em Moçambique quatro trabalhos que trazem algumas informações
sobre zoneamento no Corredor de Nacala. São eles:
(1) Aptidão Agro-Climatica Generalizado para Produção de Culturas, projeto FAO /
UNDP / MOZ / 75 / 011, 1982; escala 1:1.000.000;
(2) Reservas Florestais de Nampula: Situação Atual e Perspectivas - GCP / MOZ / 056 /
NET, 1998;
(3) Zoneamento Ecologico-Economico dos Recursos Florestais da Província de
Nampula, projeto FAO / GCP / MOZ / 056 / NET, 1999; escala 1:1.000.000;
(4) Situação Geral dos Recursos Hídricos da Região - ARA Centro Norte -
Administração Regional de Águas, relatório técnico, 2006
Com base nos documentos acima citados e nas observações de campo feitas durante as duas
visitas realizadas na área do Estudo, dividimos, para efeito deste trabalho, o Corredor de
Nacala em quatro áreas (Figura 6.2.1) conforme abaixo descritas. Entretanto vale observar
que as informações existentes não permitem a clara identificação da situação edafo, climática
e hídrica do Corredor de Nacala, sobretudo a edáfica. Assim, é importante que seja elaborado
um ZEE em escala compatível e com as variáveis necessárias à boa realização do projeto de
desenvolvimento agrário do Corredor de Nampula.
Zona I (Área de Prioridade da Conservação)
Esta zona está localizado dentro da seguinte Zona II. Trata-se de uma área sensível sujeita à
grande impacto ambiental, pois abrange as nascentes/cabeceiras dos rios formadores das
bacias hidrográficas dos rios Lúrio e Ligonha. Predominam na área formações montanhosas
com altitudes que variam de 500 a 1.700 metros. A precipitação anual varia entre 1.160mm a
1.800 mm. A vegetação é do tipo bosque de montanha que sempre se mantém verde e tem
crucial importância na formação do sistema hídrico. Incluem-se nesta zona de fragilidade
acentuada os vales dos rios Malema, Niualo, Nioce e rio Muanda, que já sofrem intenso
impacto ambiental pela atividade humana. A atividade agrária nesta região deve ser reduzida.
Zona II (Área de Semiúmido)
Do paralelo 35º30’E ao paralelo 38ºE. Abrange os Distritos de Mandimba, Cuamba, Malema,
Gurue, Alto Molocue e parte oeste de Ribaue. Trata-se de uma área que apresenta
semelhanças com o Cerrado brasileiro em termos de cobertura vegetal (observação de
campo) e precipitação anual que em Moçambique varia de 1.150 mm a 1.650 mm e no Brasil
(cerrado) varia de 1.200 mm a 1.500 mm. Segundo informações da ARA Centro Norte o
balanço hídrico da área é positivo, indicando haver bom potencial agrário. Entretanto, há que
se aprofundar estudos dos tipos de solos existentes, para que se possa identificar sua real
aptidão. Na região de Cuamba e Mandimba foi identificada a produção de culturas de
rendimento (agricultura comercial) como grãos, hortaliças, tabaco e reflorestamento.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-9
Zona III (Área de Transição))
Do paralelo 38ºE ao paralelo 39ºE. Abrange os Distritos de Ribaue, Murrupula e oeste de
Nampula. A cobertura vegetal é mais baixa com solos mais arenosos (observação de campo)
e assemelha-se a áreas de transição do Cerrado no Brasil, para o semi-árido. Segundo os
dados pluviométricos obtidos, a área apresenta uma precipitação que varia de 1.150 mm a
1.200 mm. Conforme o Mapa de Potencial de Solos do ZEE da Província de Nampula
elaborado pela FAO/1999, a maior parte dos solos foi classificada - em termos de fins
agrários - como sendo de níveis III (médio potencial) e IV (baixo potencial) com algumas
manchas de nível II (alto potencial). A classificação acima foi simplificada diante da
complexidade de solos identificados pelo ZEE da FAO, mais de setenta tipos.
Zona IV (Área de Semiárido)
Do paralelo 39ºE ao paralelo 40º15’E. Abrange os Distritos de Nampula, Mogovolas,
Meconta, Muecate e Monapo. Dados mostram que a precipitação diminui no sentido
oeste/leste, ou seja, do interior para o mar. A variação é de 1.150 mm a 950 mm e
concentra-se apenas nos meses de dezembro a abril. A cobertura vegetal (observação de
campo) assemelha-se as regiões no nordeste brasileiro. As culturas são adequadas aos meses
de melhor precipitação e tipos de solo, como por exemplo, o algodão. E a cultura perene que
predomina é o caju que resiste melhor a períodos de seca. Vale ressaltar que segundo o ZEE
da FAO de 1999, o potencial para fins agrários da área varia dos níveis I (alto potencial) a V
(muito baixo potencial), passando pelos níveis II (alto), III (médio) e IV (baixo).
Fonte: ARA Centro Norte, 2006
Figura 6.2.2 Mapa de Isoetas de Precipitação
Relatório Final
6-10
6.2.3. Objetivo do Desenvolvimento Rural (Direção do Desenvolvimento)
Considerando as peculiaridades do setor agrícola da região alvo de estudo, citadas
anteriormente, propõe-se na região alvo a “promoção do desenvolvimento rural local com
base na agroindústria”, visando impulsionar a agricultura local por meio do desenvolvimento
agrícola com alto valor agregado e apoio aos pequenos produtores, que representam a maior
parte dos agricultores da região.
Esta proposta visa o estabelecimento de uma estrutura unificada que engloba tanto a
produção como o processamento agrícola, que compõem a agroindústria. Além disso,
espera-se que aumentando a competitividade do setor de processamento agrícola, seja
possível estabilizar a produção agrícola, e consequentemente aumentar a competitividade do
setor agrícola, gerando uma sinergia entre os setores. Em outras palavras, não se trata
simplesmente de medidas provisórias para resolver o problema do excesso de produção,
impulsionando o setor de processamento. Trata-se da concretização do desenvolvimento
rural local que gera um efeito econômico diversificado, estabilizando a produção agrícola e
absorvendo empregos, por meio da garantia de um novo mercado.
A agroindústria, citada como objetivo do desenvolvimento, é considerada a indústria
relacionada à agricultura. Nela, há a indústria de produção agrícola, que corresponde
principalmente à agricultura que emprega maior número de trabalhadores da região alvo de
estudo, e, como indústrias afins, que existem, além da indústria de distribuição, as indústrias
de fornecimento de semente, fertilizante, agroquímico, máquinas agrícolas, instalações, etc.
Para promover o desenvolvimento rural com base na agroindústria, deve-se enfatizar a
promoção do processamento agrícola, que tem maior capacidade de gerar valor agregado, e
possibilitar a sua colaboração com o setor de produção agrícola que emprega os agricultores
que representam 90% da população total da região.
Além disso, no setor de agroindústria, normalmente o valor agregado gerado é
proporcionalmente maior em relação à quantia investida, comparando-se com outras
indústrias, ou seja, trata-se de um investimento com maior retorno. Este fato pode ser
confirmado pelo Figura 6.2.1, que mostra a geração do valor agregado. Para se aumentar a
rentabilidade do investimento em toda a região alvo de estudo, é extremamente importante
investir mais neste setor. Para superar o obstáculo que é a existência de um mercado restrito
e desenvolver a potencialidade latente de desenvolvimento peculiar da região alvo do estudo,
deve-se guiar o desenvolvimento da agroindústria para uma indústria de processamento
voltada para exportação.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-11
6.3. Considerações das Medidas para a Concretização do Objetivo de Desenvolvimento
Para se promover o desenvolvimento regional, propõem-se o desenvolvimento rural local
com base em uma agroindústria abrangente que englobe a produção, distribuição
(incluindo-se o armazenamento), processamento e venda. A seguir, serão analisadas 4
medidas (aumento da produtividade agrícola, promoção do processamento agrícola,
organização dos produtores e criação e melhoramento da base de produção) que
possibilitarão a realização do objetivo de desenvolvimento. Essas medidas complementam-se
mutuamente, e a análise foi feita principalmente focalizando-se a concretização do
desenvolvimento rural local baseado na agroindústria.
6.3.1. Aumento da Podutividade Agrícola
Como foi citado no capítulo 2, a safra de principais produtos agrícolas de Moçambique
(produtividade da terra) está estagnada por mais de 30 anos, e a sua produtividade é menor
que outros países africanos (Vide a Figura 2.2.1 do Capítulo 2). A situação da região alvo de
estudo é semelhante à do resto do país, e o Ministério da Agricultura de Moçambique, a
Direcção provincial da agricultura de Nampula e os países e órgãos que apoiam o
desenvolvimento agrícola do país (FAO, Banco Mundial, FIDA, USAID) apontam os
seguintes factores como causas da baixa produtividade agrícola:
(1) Pequena área de terra por produtor e produção que depende da chuva;
(2) Produção agrícola baseada em trabalho manual;
(3) Dificuldade de acesso ao mercado (insuficiência de estradas para transporte de
produtos agrícolas);
(4) Insuficiência de técnicas de produção voltadas para o mercado;
(5) Pouco investimento em materiais de produção, como fertilizantes, sementes
melhoradas, etc.;
(6) Técnicas de extensão inadequadas para a capacidade dos agricultores;
(7) Deficiência do sistema de extensão técnica (insuficiência absoluta de extensionistas
e materiais de divulgação).
Estes fatores apontados parecem apropriados, mas ainda não explicam totalmente a causa da
persistência da baixa produtividade na região alvo e em todo o país por vários anos. Os
principais produtores agrícolas da região alvo de estudo são microprodutores com cerca de 1
ha de área média de terra. É difícil esperar de um microprodutor algum investimento para
aumentar a safra e a produtividade, sem oferecer-lhe garantia de preço de compra e garantia
de risco. É imprescindível verificar no campo a escala das atividades dos produtores e o
nível da técnica de cultivo, para em seguida se realizar a extensão técnica e concretizar
Relatório Final
6-12
medidas que incluam a criação de um sistema de técnicas adequadas que garantam a
lucratividade, com investimento que não seja elevado mas que seja compatível com a forma
de produção, além do fornecimento de incentivo necessário (criação de um sistema de venda
e de distribuição dos produtos, crédito, etc.) para que os produtores adotem essas técnicas
para aumentar a produtividade. Acredita-se que a insuficiência desse tipo de apoio e de
medidas agrícolas globais tenham sido a causa da persistência de baixa produtividade
agrícola no país.
Para se superar esses desafios, é preciso definir que o programa de apoio ao projeto de
promoção do desenvolvimento rural local com base na agroindústria, seja definido como
Objetivo de desenvolvimento, para em seguida estudar os projetos individuais que
respondam a ele. O quadro 6.3.1 mostra as causas da baixa produtividade agrícola da região
alvo de estudo e as respectivas propostas de medidas para a sua solução.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento
Rural na Savana Tropical
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ento
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ica
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ncip
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rodu
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ilho
.
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: ・
Cul
tivo
em
cur
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e ní
vel.
Sistema de cultivo
Terr
eno
aren
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geli
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, etc
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raci
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Produtos cultivados
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stri
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, dan
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pel
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.
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・ D
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SU
MM
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PM
: Qua
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istê
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ried
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cre
scim
ento
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ais
rápi
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uba,
90
dias
de
cult
ivo)
, par
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uir
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orrê
ncia
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ivo
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moç
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ada.
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. ・
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de
labo
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dos
ali
men
tos.
Relatório Final
6-14
Set
or
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diçã
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ntio
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da
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edad
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・ B
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que
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e às
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tica
s re
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edad
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s
cara
cter
ísti
cas
regi
onai
s.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento
Rural na Savana Tropical
6-15
Set
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Alv
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foi
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abel
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o.
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・ A
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ida,
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Relatório Final
6-16
Set
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icip
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ção
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-17
6.3.2. Promoção do Processamento Agrícola
(1) Cluster agrícola
A área cultivável da região alvo do estudo é relativamente extensa, considerando o número
de habitantes, portanto pode-se dizer que apresenta vantagens na área da agricultura
intensiva. Tradicionalmente a região possui experiência em exportação e processamento de
algodão, tabaco e castanha de caju. Recentemente foram introduzidos a soja e o gergelim,
com uma produção em crescimento. Assim, acredita-se que a região apresente grandes
perspectivas no setor de processamento agrícola. Mas em entrevista feita em uma empresa de
processamento agrícola, descobriu-se que, por falta de matéria-prima, a operação da fábrica
vem diminuindo, e a falta de materiais para o processamento (plástico, rótulo, recipiente,
etc.) e de infraestrutura para o transporte são as principais causas da baixa competitividade.
No setor de processamento agrícola, há falta de colaboração horizontal e vertical entre o
produtor agrícola e a empresa de processamento, e também entre estes e o setor de
distribuição e de fornecimento de materiais necessários. Assim, pode-se dizer que o
obstáculo é a falta de aproveitamento dos recursos.
Para se promover a indústria de processamento agrícola, propõe-se o método estratégico de
desenvolvimento do cluster agrícola para promover o efeito de indução (sinergia) do
desenvolvimento industrial do produto agrícola que é a matéria-prima, e dos produtos da
indústria de processamento primário, secundário e terciário (produto final), além de
indústrias afins. Originalmente, um cluster refere-se à aglomeração industrial geográfica,
mas aqui refere-se ao conjunto de setores industriais envolvidos na produção agrícola, que é
a matéria-prima, e no seu processamento. As indústrias afins relacionadas à agroindústria são
inúmeras. Assim, utiliza-se o conceito de cluster para limitar o conjunto, restringindo-o
somente aos setores com estreita relação no input e output. Acredita-se que limitando o
âmbito do cluster, torna-se possível focalizar o desenvolvimento econômico da região alvo
do estudo, e possibilitar a apresentação de proposta de medidas mais eficientes.
(2) Seleção do produto agrícola e produto processado pelo cluster agrícola
É necessário selecionar o produto agrícola e o produto a ser processado considerando-se o
tamanho do mercado da região alvo, que é bastante limitado, e procurando criar um produto
final com alto valor agregado, voltado para exportação. Além disso, o produto final deve ter
potencialidade de produção em toda a região do corredor de Nacala, que é a região alvo do
estudo, deve ser competitivo na exportação, e possuir valor agregado=capacidade de
absorção de emprego. Deve-se levar em consideração também a experiência em produção e
exportação, a potencialidade de exportação, além de se valorizar a capacidade técnica dos
produtores e o impacto ambiental da produção, para não gerar grandes alterações na forma
atual de se praticar a agricultura e a gestão agrícola.
Relatório Final
6-18
Sob a perspectiva acima, propõe-se padrões para a escolha dos produtos agrícolas e artigos
processados prioritários conforme o Tabela 6.3.2.
Tabla 6.3.2 Padrão para a Escolha dos Produtos Agrícolas e Artigos Processados Prioritários
Padrões Produto agrícola (produtor) Artigo processado (empresa)
Potencialidade de produção (se é possível
produzir)
・ Há muitos produtores que cultivam o
produto. ・ Possui vasta experiência em cultivo. ・ Há garantia de rendimento estável
mesmo com baixo investimento. ・ Pode-se introduzir a técnica de modo
relativamente fácil. ・ Há muita área adequada para o
cultivo. ・ Há prioridade política.
・ Há abundância de matéria-prima (pode-se
adquirir por baixo custo, de modo estável, e pode-se transformar em diversos artigos).
・ Possui técnicas de processamento. ・ Possui base e instalações de produção. ・ Possui resultados e experiências.
Potencialidade de exportação (se é possível
vender)
・ É matéria-prima diferenciada. ・ É possível garantir o fornecimento
estável da matéria-prima.
・ Possui preço competitivo (há possibilidade
de se ter preço competitivo). ・ É possível fabricar um produto
diferenciado. ・ Há mercado grande.
Capacidade de se gerar valor agregado (se é
lucrativo)
・ O produtor que produz a
matéria-prima pode ter um alto rendimento.
・ Possui alto valor agregado (é possível
aumentar a taxa de valor agregado). ・ Há capacidade de absorção de emprego (é
empresa de trabalho intensivo para beneficiar principalmente os pequenos produtores).
・ Possibilita alta sinergia às indústrias afins
e de base. ・ Pode-se minimizar a influência da
oscilação de preços. ・ Promove a criação de novas empresas.
(3) Cluster agrícola prioritário
Muitas vezes são fabricados no cluster agrícola diversos artigos a partir de uma única
matéria-prima, e aproveitando-se os seus subprodutos, são criados novos artigos.
Considerando-se a economia de escopo, o fortalecimento da competitividade do cluster
agrícola pelo método acima citado é mais prático como tentativa de desenvolvimento
regional e é mais aplicável como modelo de desenvolvimento, do que escolher um produto
agrícola ou artigo processado específicos para em seguida tentar aumentar a sua
produtividade ou a competitividade na exportação. Assim, será analisada a promoção do
desenvolvimento do setor de processamento agrícola por meio deste método. O Tabela 6.3.3
mostra os produtos e artigos processados finais prioritários propostos para se promover o
cluster agrícola.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-19
Tabela 6.3.3 Sumário do Cluster Agrícola (seleção de produtos agrícolas e produtos finais prioritários)
Indústrias afins (setor) Cluster agrícola
Primária Secundária Terciária Produto agrícola
Produto intermediário
Produto final
Ração composta Produção de cereais, Produção pecuária
Ração composta, Derivados de leite, Produtos de carne
Materiais de produção, Armazenamento,Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição
Milho, Mandioca, Soja, etc.
Ração composta Carne de frango, Carne bovina,Derivados do leite
Verduras Produção de verduras
Indústria de alimentos congelados, Indústria de enlatados e engarrafamento,Liofilização
Materiais de produção, Armazenamento,Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição
Tomate, etc. Derivados do tomate (puré, etc.) Tomate fresco
Frutas Produção de frutas, Produção de cultura perene para artesanato
Indústria de enlatados e engarrafamento,Frutas secas
Materiais de produção, Armazenamento, Transportação, Distribuição
Castanha de caju, Banana, Laranja, etc.
Bagaço, Madeira para combustível
Suco de fruta, Castanha, Frutas fresca
Madeira Silvicultura, Produção de kenaf
Manufactura, Indústria de fabricação de madeira compensada, Indústria de materiais de construção, Indústria de fabricação de móveis, Indústria de fabricação de papel
Materiais de produção, Armazenamento, Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição
Recursos florestais, Kenaf, etc.
Bagaço Móveis, Materiais de construção, Madeira compensada,Papelão
Algodão Produção de algodão
Indústria de fiação, Indústria têxtil,Indústria da tintura, Indústria de corte e costura
Materiais de produção, Armazenamento,Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição
Algodão Fio de algodão, Tecido de algodão, Óleo de algodão
Fio de algodão, Tecido de algodão, Margarina
Bio combustível Produção de cana-de-açúcar, Indústria de produção de jatrofa, Indústria de produção de eucalipto, , Indústria de produção de palmeiras
Produção de carvão Processamento de imprensa de óleo
Materiais de produção, Armazenamento,Transporte, Distribuição
Cana-de-açúcar, Eucalipto, Palmeiras, Jatrofa, etc.
Carvão Bagaço
Bio combustível
Apresentamos a seguir o modelo de expansão dos clusters de castanha de caju e mandioca,
que são os produtos tradicionais da região alvo de estudo, e do cluster de ração composta
fabricada da soja, que é um produto novo com perspectivas de crescimento:
Relatório Final
6-20
Exemplo 1: ideia do cluster de produção de castanha de caju
Exemplo 2: ideia do cluster de produção de mandioca
Castanha de caju
Processamen
to (sumo,
geleia, etc.)
Castanha
sem casca
Casca
Fruta (pêra)Castanha
Tinta,
etc.
Exportação
Exportação
Exportação
Exportação
Combustível
Castanha de caju
Processamen
to (sumo,
geleia, etc.)
Castanha
sem casca
Casca
Fruta (pêra)Castanha
Tinta,
etc.
Exportação
Exportação
Exportação
Exportação
Combustível
Farinha
Seca
Mandioca
Venda
Folhas e talosCrua
Pelota
Ração
Etanol Resíduos
de amido
AmidoAlimento
processado
(bolo, pão,
etc.)
ChipsFarinha
Exportação
Venda
ExportaçãoDextrina,
amido
processado,
etc.
Exportação
ExportaçãoRação
Farinha
Seca
Mandioca
Venda
Folhas e talosCrua
Pelota
Ração
Etanol Resíduos
de amido
AmidoAlimento
processado
(bolo, pão,
etc.)
ChipsFarinha
Exportação
Venda
ExportaçãoDextrina,
amido
processado,
etc.
Exportação
ExportaçãoRação
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-21
Exemplo 3: ideia do cluster de produção de ração composta
6.3.3. Organização dos Produtores
(1) Aumento da conscientização dos produtores quanto à importância da
organização
Grande parte dos pequenos produtores da região alvo se reinstalou no local após o término
da guerra civil, pois durante a guerra foram obrigados a se refugiarem para outras regiões do
país ou para o exterior. Assim, a consciência de direito econômico, social e político de cada
pessoa (família) é debilitada. Justamente por isso, os projetos de doadores e ONGs adotam
métodos para complementar e fortalecer a consciência de direito, organizando os pequenos
produtores.
Há vários fatores que impedem o aumento da produtividade, e, consequentemente, da renda,
dos pequenos produtores. Por exemplo, acesso limitado a insumos agrícolas (semente
melhorada, fertilizante, agroquímico), pouco conhecimento sobre novas técnicas, medidas de
combate a pragas e doenças, falta de informações sobre compradores e meios de transporte
dos produtos colhidos ao mercado, dificuldade de se obter fundos para adquirir materiais,
equipamentos e serviços, etc., desafios esses já citados anteriormente. Mas, mesmo que
individulamente os produtores tenham uma frágil consciência dos seus direitos, ao se
organizarem em grupos e reunirem suas forças individuais, serão capazes de ter maior acesso
a informações e serviços de extensão do Ministério da Agricultura e fazer a colheita e a
distribuição coletivas. Assim, aumentarão as chances de os intermediários virem até a
comunidade para comprar e recolher os produtos. Além disso, se os grupos formarem uma
entidade gestora, e se cadastrarem como pessoa jurídica, poderão abrir conta bancária e
Exportação
Soja
Bagaço de soja
Óleo de soja
Ração composta (milho+bagaço de soja)
Milho
Exportação
Exportação
Carne bovina
Leite de
vaca
Frango para
grelha
Galinha para
produção de ovos
Carne suína
Exportaçãoviva
Couro Vísceras Carne congelada
Leite fresca
CarneDe
galinha
Estrumede
galinha
Ovo Carnesuína
Estrume de porco
Manteiga Queijo IogurteLeite em pó
Exportação
Exportação
Soja
Bagaço de soja
Óleo de soja
Ração composta (milho+bagaço de soja)
Milho
Exportação
Exportação
Carne bovina
Leite de
vaca
Frango para
grelha
Galinha para
produção de ovos
Carne suína
Exportaçãoviva
Couro Vísceras Carne congelada
Leite fresca
CarneDe
galinha
Estrumede
galinha
Ovo Carnesuína
Estrume de porco
Manteiga Queijo IogurteLeite em pó
Exportação
Relatório Final
6-22
receber empréstimos. Nesse sentido, na região alvo é essencial a organização dos produtores
em grupos e associações.
Entretanto, antes de se organizar os produtores, é preciso atentar para um ponto. Não basta
criar organizações. É necessário que os próprios produtores identifiquem os desafios para o
desenvolvimento, e descubram por si mesmos que para solucioná-los, a organização é um
meio eficaz, mais que os meios individuais. Se os próprios produtores descobrirem as
vantagens de uma organização por si mesmos, aumentará neles a consciência de serem os
donos dela, possibilitando o seu autodesenvolvimento duradouro. Especialmente em
Moçambique, há algumas peculiaridades, como o fracasso da Cooperativa agrícola na época
em que o país adotava o sistema socialista, o que provocou nos produtores uma aversão às
organizações, e a destruição das comunidades pela guerra civil. Assim sendo, se os futuros
projetos pretendem promover a organização dos produtores, é necessário destinar tempo
suficiente para aumentar a consciência de todos os produtores e promover a formação de
líderes.
(2) Esclarecer o objetivo da formação de organizações
Após a identificação dos desafios do desenvolvimento dos produtores e das comunidades, é
preciso refletir, em primeiro lugar, o que é preciso fazer para solucionar o problema (objetivo
das atividades), e, em seguida, definir quais atividades devem ser priorizadas (definição das
prioridades). Os objetivos das organizações dos produtores que hoje atuam na região alvo
podem ser classificados basicamente em um dos seguintes 5 itens (para mais detalhes,
consulte o item 3.7.3 Organização dos produtores):
1) Receber os serviços de extensão rural;
2) Fortalecimento do auxílio mútuo;
3) Coleta e distribuição comunitária de produtos;
4) Acesso a financiamento rural;
5) Gestão de bens comuns.
Mas analisando os grupos e associações de produtores que trabalham na região alvo, eles não
possuem necessariamente um só objetivo, há muitos que trabalham para mais de um objetivo.
Além disso, há grupos que se organizaram para receber os serviços de extensão rural, mas
ampliaram as suas atividades, por exemplo, fortalecendo a relação de auxílio mútuo dos seus
membros, ou iniciaram os trabalhos de coleta e distribuição coletiva para realizar as
negociações de modo organizado. Inclusive há grupos que se cadastraram como pessoa
jurídica e conseguiram obter financiamento com maior facilidade, ou que adquiriram um
bem comum (como equipamentos agrários ou armazéns), utilizando fundos do governo
provincial ou distrital.
Para se trabalhar em grupo ou na forma de associação, tornam-se necessários, no mínimo, o
planejamento, divisão de tarefas e regras, e quem os define são os próprios produtores. Em
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-23
especial, é essencial o estabelecimento de regras. Os grupos ou associações que desenvolvem
os trabalhos com êxito são aqueles cujos membros conseguem explicar as regras do próprio
grupo, e estão conscientes das penalidades a que estão sujeitos no caso de infracção de regras
ou funções. Assim, inicialmente deve-se criar o planejamento, a divisão de tarefas e as regras
básicas, para depois complementá-los à medida que as atividades forem se desenvolvendo.
(3) Criação da entidade executora e de gestão da organização
O número de membros e a entidade executora e gestora da organização variam conforme o
objetivo da organização. Explica-se a seguir o número de membros e a entidade gestora das
associações da região alvo, separados por objetivo do grupo.
1) Receber os serviços de extensão rural
No serviço de extensão oferecido pelo Ministério da Agricultura, são formados grupos
compostos por 20 a 25 famílias, e o CDR é formado na propriedade de uma das famílias
membro para realizar a extensão de técnicas aos seus membros. Assim, todas essas 20 ou 25
famílias de produtores moram relativamente próximas. Muitos grupos não possuem uma
entidade gestora, e funcionam somente como receptor (local) de extensão rural e cursos.
Nos projetos de ONGs, são formados grupos compostos por 10 a 40 famílias de produtores.
Como todos os membros devem participar da reunião semanal, tornam-se membros aqueles
que moram num raio de 5km do local da reunião. Como diversas atividades da ONG são
desenvolvidas a partir desses grupos, que são a unidade básica, estes possuem uma entidade
gestora (comissão, diretoria e membros do conselho). Há regiões que formaram uma
associação dos grupos de produtores (Forum), juntando-se vários grupos.
A participação em grupo/associação não é obrigatória em nenhum dos casos.
2) Fortalecimento do auxílio mútuo
É igual no caso do item 1).
3) Coleta e distribuição comunitária de produtos
Como a vantagem da coleta e distribuição comunitária de produtos consiste em juntar grande
quantidade de produtos, muitas vezes eles são realizados reunindo-se as unidades básicas
(grupos e associações) citadas no item 1). No caso da IKURU, apresentado no item 3.7.3, as
cooperativas da associação dos produtores (FORA) juntaram-se e formaram uma empresa,
tornando possível a formação de uma organização maior, para melhorar a eficiência da coleta
e distribuição. (Vide o item 3.7.3, para mais detalhes sobre o funcionamento da IKURU). A
IKURU atualmente realiza desde o cultivo até o distribuição de gergelim e soja em conjunto.
Além disso, cada grupo e associação realizam de modo independente a distribuição de outros
produtos.
Relatório Final
6-24
A maioria dos grupos e associações de produtores da região alvo não iniciaram a coleta e o
sistema de distribuição comunitários desde a sua formação. A maioria organizou
primeiramente o grupo ou a associação, que é a unidade básica, para em seguida desenvolver
a atividade de coleta e distribuição comunitárias. Mas existem casos em que havia na região
próxima, grupos ou associações que realizavam a coleta e o distribuição comunitárias que
ampliaram as atividades para demais áreas.
4) Acesso ao financiamento rural
O acesso ao financiamento rural, na região alvo, é extremamente limitado. Para se receber o
empréstimo, é preciso cadastrar-se como pessoa jurídica, e em seguida abrir uma conta
bancária. Há distritos que utilizam o Fundo de Iniciativa Rural, para apoiar as associações de
produtores registradas como pessoa jurídica e que possuem conta bancária, na compra de
equipamentos agrícolas (tratores, animal para tração animal, etc.). Na maioria das vezes,
essas associações são compostas por diversos grupos de produtores, que são a unidade
básica.
Para se receber financiamento bancário, não basta cadastrar-se como pessoa jurídica: muitas
vezes é preciso uma garantia de uma organização confiável. Por exemplo, a CLUSA emite
um certificado de garantia para os produtores considerados emergentes e que já receberam o
seu apoio, para que possam obter financiamento bancário. Para receber este certificado, os
produtores devem satisfazer algumas condições estabelecidas pela CLUSA, como resultados
alcançados até então, áreas cultivadas, etc.
5) Gestão de bens comuns
Como esse tipo de grupo ou associação é formado de acordo com o tipo de bem comum, o
número de membros sofre variações. Mas como é necessário se fazer a gestão e manutenção
do bem comum, é preciso estabelecer-se o planejamento, entidade gestora e regras.
(4) Atividades de capacitação
1) Formação de líderes
Para se fazer a gestão e operação harmoniosas de uma organização, é essencial que a
formação de pessoal identifique líderes. Dependendo do tipo de grupo ou associação, ou seja,
se é formada dentro de uma comunidade que já existia, ou se trata-se de uma nova
comunidade formada pelo assentamento ou reestabelecimento da população, há diferença no
modo de descobrir pessoas capazes de se tornarem líderes. Mas o importante é descobrir
alguém que preencha uma das seguintes condições. São habilidades que um líder deve
possuir, e é desejável que sejam formadas de modo consciente durante as atividades dentro
da comunidade (OJT).
• Ter consciência dos problemas e desafios da comunidade;
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-25
• Ter capacidade de trabalhar de modo proativo como agente que transforma a
comunidade;
• Possuir grande habilidade de explicar de modo lógico os desafios e as medidas às
pessoas ao seu redor.
2) Treinamento dos membros
Na região alvo existem muitas pessoas, especialmente acima de 30 anos, que não tiveram
oportunidade de frequentar a escola. Essas pessoas possuem pouca capacidade de absorver
novas ideias e novos conhecimentos, e necessitam de auxílio gradual. As capacidades que
devem ser treinadas variam conforme o objetivo das atividades, mas as principais são as
seguintes:
• Métodos de compartilhar e transmitir informações;
• Métodos de criar e organizar as regras;
• Métodos de administrar uma reunião;
• Métodos de elaborar planejamentos;
• Métodos de contabilidade e controle de qualidade;
• Métodos de manutenção e gestão de bens comuns;
• Métodos de avaliação e monitoramento;
• Métodos para promover a participação de pessoas vulneráveis da sociedade.
(5) Propostas relacionadas à entidade executora da atividade de organizar os
produtores
Os trabalhos de organizar os produtores na região alvo estão sendo realizados pelos
extensionistas do Ministério da Agricultura (MINAG), além de ONGs (nacionais e
internacionais) e empresas privadas. Enquanto o apoio do MINAG e das empresas é voltado
mais para o lado técnico, como meios de melhorar as técnicas de cultivo para aumentar a
produtividade, etc., as ONGs se caracterizam por oferecer apoio transversal nas áreas
consideradas de desafio para o desenvolvimento da comunidade e da zona rural (agricultura,
infraestrutura, saúde, educação, água, saneamento, etc.), e realizar atividades de marketing
para promover a venda e exportação.
Como o MINAG prioriza a criação do sistema de extensão rural para possibilitar o acesso ao
serviço mínimo de extensão ao maior número de pessoas, não consegue oferecer apoio
transversal detalhado voltado para diversos problemas, como as ONGs. Por outro lado, como
as ONGs trabalham dentro do âmbito do projeto de doadores, só conseguem realizar
trabalhos em áreas limitadas. Como tanto o MINAG como as ONGs trabalham com o
número de extensionistas, orçamento, materiais e equipamentos limitados, procurou-se
dividir entre eles as áreas de atuação, para não haver repetição de projetos. Entretanto, isso
resultou na existência de desigualdades quanto a dimensão e aprofundamento do
Relatório Final
6-26
desenvolvimento rural e nível de organização dos produtores, entre as áreas cuja intervenção
foi feita pelo MINAG e pelas ONGs.
Para promover o desenvolvimento rural e a organização dos produtores na região alvo no
futuro, e para equilibrar o seu progresso, é importante criar um sistema que introduza de
modo orgânico as vantagens das atividades tanto do MINAG como das ONGs. Para isso, é
necessário realizar-se mais estudos.
6.3.4. Equipamento da Base Produtiva
(1) Estudo de desenvolvimento dos recursos hídricos
Como foi citado no item 3.1.2 do capítulo 3, a área de Estudo localiza-se no extremo
montante de uma bacia, e estima-se que não seja muito alta a potencialidade de
desenvolvimento de recursos hídricos em grande escala. Entretanto, para o desenvolvimento
agrário da área de Estudo, é imprescindível garantir água para irrigação, abastecimento da
população, pecuária e processamento agrícola. Assim, é necessário estudar medidas que
gerem um aumento do volume de recursos hídricos disponíveis que será necessário no
futuro.
Para se desenvolver os recursos hídricos, é necessário primeiramente fazer o estudo de
verificação da sua potencialidade de desenvolvimento na região alvo de Estudo. A
verificação dos dados existentes sobre a precipitação e o escoamento de água e o
desenvolvimento da rede de observações meteorológicas e hidrológicas, necessária para o
desenvolvimento no futuro, serão realizados no Projeto de aumento da capacidade de
pesquisa, da 1ª fase deste Programa. A análise detalhada será feita no Estudo de elaboração
do Plano Diretor, no 2º estágio. O trabalho de verificação da potencialidade dos recursos
hídricos para o desenvolvimento agrário deverá ser realizado em conjunto com a
Administração Regional de Águas (ARA) Centro e Norte, responsável pela gestão dos
recursos hídricos das áreas de Estudo.
(2) Desenvolvimento do sistema de irrigação
Para se elevar a produtividade agrícola regional, é preciso fazer a irrigação complementar na
estação das chuvas, e a irrigação na estação da seca, e para tanto planeja-se desenvolver
sistemas de irrigação nas regiões com potencialidade de desenvolvimento de recursos
hídricos. Planeja-se realizar o desenvolvimento através das seguintes etapas:
1) Realizar a extensão da irrigação à população que inclui pequenos produtores da área do
Estudo, para que compreendam o significado e os impactos do regadio, organizando
visitas destes para observar as condições reais dos sistemas existentes, e fazendo-os ouvir
diretamente dos produtores beneficiários da irrigação os seus resultados obtidos. Para
tanto, torna-se necessário o apoio concentrado dos extensionistas em realizar a gestão,
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-27
manutenção e operação dos sistemas de irrigação existentes, e em difundir métodos de
uso racional de água na irrigação, método de uso racional de água no cultivo, etc.
2) Após a identificação das zonas com potencialidade de irrigação, é preciso elaborar o
plano com a participação dos possíveis beneficiários, tendo-se em vista a operação,
manutenção e gestão do sistema de irrigação no futuro. No processo de iniciar as
reuniões com os possíveis beneficiários da comunidade rural, deve-se confirmar a
vontade deles em realizar o desenvolvimento, além de formar a consciência de que o
sistema de irrigação lhes pertence, esclarecer os seus poderes e obrigações dentro da
comunidade, bem como as suas responsabilidades e o apoio que virá do governo.
3) No caso de haver área com possibilidade de se desenvolver um sistema de irrigação de
grande escala, deve-se considerar, além dos itens acima, os impactos sociais e ambientais
que acompanharão o desenvolvimento.
(3) Melhoramento das estradas agrícolas rurais
As vias principais e secundárias do Corredor de Nacala, da área de Estudo, estão sendo
desenvolvidas conforme o plano de reabilitação da Agência Nacional de Estradas (ANE) do
Ministério das Obras Públicas e Habitação. Para se promover o desenvolvimento agrário
regional, com base na agroindústria, é preciso melhorar as estradas periféricas, ou seja, as
vias agrícolas e rurais, que possibilitam o acesso da propriedade agrícola do produtor às vias
principais e secundárias. Propõe-se que as obras de reparação das vias rurais e agrícolas
sejam feitas com a participação dos moradores, pois elas são de pequena escala e os
beneficiários são reduzidos. A necessidade de melhoramento das vias deve ser confirmada
em reunião entre produtores e moradores, que são os beneficiários, para em seguida discutir
como a reparação deve ser feita, como eles podem ajudar, qual será o apoio do governo,
como e por quem serão feitas a manutenção e a gestão das vias reparadas, etc. Em seguida a
proposta deverá ser entregue ao distrito, para que este faça uma lista de prioridades, elabore
um plano de reparação a ser executada entre 2 e 5 anos, e realize as obras. Durante este
processo, serão formadas nos moradores a consciência de pertencerem à comunidade, e a
autoestima de serem os personagens principais em promover ativamente o desenvolvimento
agrícola regional. O governo irá apoiar fornecendo e emprestando os materiais e
equipamentos necessários com base no planejamento dos moradores.
Com base nas medidas para alcançar os objetivos de desenvolvimento, os programas e
projectos de apoio a proposta será como seguir, a Tabela 6.3.4.
Relatório Final
6-28
Tab
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Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-29
6.4. Papéis das Agências da Japão, Brasil e Moçambique
A imensa área de savana tropical (cerrado) que se encontra no interior do Brasil, graças ao
esforço conjunto entre o governo brasileiro e o JICA, se tornou uma enorme zona produtora
de grãos com a implementação do projeto de cooperação agrícola (PRODECER). Este foi
um dos projetos de cooperação ao desenvolvimento (ODA) de maior envergadura do Japão.
Para aproveitar esta experiência valiosa para desenvolver a savana tropical de Moçambique é
muito válida a cooperação com o Brasil, com sua capacidade em administração de projetos, e
o Japão com sua experiência na preparação e execução de planos de desenvolvimento, para
realizar este projeto.
Para a implementação do projeto de desenvolvimento do cerrado no Brasil serão enviados
especialistas brasileiros além de aproveitar toda a tecnologia acumulada ao longo dos anos
da EMBRAPA, EMATER, SENAR, CAMPO, entre outras. Além do desenvolvimento dos
cerrados do Brasil, estes órgãos possuem grande conhecimento e experiência no
desenvolvimento das regiões semi-áridas do nordeste brasileiro, que também podem ser
aproveitados neste Projeto.
A EMBRAPA conta com um escritório de representação em Agra, Gana e tem experiência de
cooperação na África. Também a EMBRAPA considera a savana tropical africana como o
“novo Cerrado” e estima que tem um potencial para se tornar um grande produtor de
alimentos em nível mundial no futuro, por isso em cooperação com a FAO e o Banco
Mundial já iniciou investigações no sentido de verificar as possibilidades de adaptar a
experiência do cerrado brasileiro na savana africana.
O papel do Governo de Moçambique na implementação do presente Programa será
prioritariamente exercido pelo Ministério da Agricultura que fará a coordenação de outros
Ministérios e Agências Nacionais, bem como dos órgãos governamentais locais. Além disso,
o Governo de Moçambique priorizará este Programa no âmbito das Políticas de
Desenvolvimento, disponibilizando recursos públicos e pessoal que se fizerem necessário,
conferindo o necessário tratamento especial por ocasião do acolhimento da Missão no
âmbito do JBPP e dos peritos alocados para o Programa em conformidade com o previsto no
quadro da legislação moçambicana aplicável. Além disso, é importante que o Governo
Moçambicano implemente políticas públicas que podem representar mudanças de
paradigmas em termos de compromissos orçamentários e financeiros.
Relatório Final
6-30
6.5. Sugestões de Métodos de Realização
Está previsto que o ProSavana-JBM seja realizado em duas fases. A primeira fase ("Fase de
Preparação do Programa") estabelecerá os modelos de Desenvolvimento Agrícola das
Savanas Tropicais em Moçambique a partir da execução de quatro projetos, por meio da
Cooperação Técnica prestada conjuntamente pelo Japão e Brasil. 1) Estudo Preliminar; a ser
concluído em marco de 2010; 2) Projeto de Melhoramento das Capacidades de Pesquisa em
Moçambique, deverá ter início a partir de 2010; 3) Plano Diretor Integrado de
Desenvolvimento Agrícola da Região do Corredor de Nacala (Master Plan), deverá ter início
a partir de 2011; e 4) Projeto da Criação de Modelos de Desenvolvimento ao nível de
Comunidades Rurais (Projeto Demonstrativo), que deverá ter início a partir de 2011. Os três
projetos de cooperação técnica a serem iniciados com a conclusão do Estudo Preliminar
poderiam ser implementados em paralelo e espere um efeito sinérgico por as colaborações
entre projetos. A segunda fase ("Fase de Execução do Programa"), será realizada tendo como
base os resultados da primeira fase e com a introdução da Cooperação Financeira,
expandindo os Modelos de Desenvolvimento Agrícola da Área de Abrangência da Região do
Entomo Corredor de Nacala, localizada na parte setentrional de Moçambique. Segundo o
plano de execução abaixo, percebe-se que o início da segunda fase coincide com o Programa
Quinquenal do Governo (2015 ∼ 2019).
Tabela 6.5.1 Plano Período de Execução
A partir da análise de informações existentes, troca de opiniões, entrevistas e visitas a campo
realizadas por técnicos do Japão e do Brasil com contrapartes de Moçambique, entende-se
que a implementação do Projeto de Melhoramento da Capacidade de Pesquisa a ter início em
2010 e do Projeto Piloto previsto para 2011, deverá ocorrer considerando os seguintes
aspectos:
• Promoção do desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivo a partir de
culturas/saberes já existentes;
• Promoção de um sistema que integre a produção, processamento e logística;
• Buscar um desenvolvimento que atenda a demandas regionais e globais;
ProSavana-JBM
Primeira Fase
1) Estudo Prelimina
2) Projeto de Melhoramento das Capacidades de
Pesquisa em Moçambique3) Plano Diretor Integrado de Desenvolvimento Agrí
cola da Região do Corredor de Nacala4) Projeto da Criação de Modelos de Desenvolvimento
ao nível de Comunidades Rurais
Segunda Fase
Execução do Programa
2010 2011 2012 2013 2018 20192014 2015 2016 2017
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-31
• Desenvolver blocos de agricultura a partir da malha ferroviária existente ao longo do
Corredor para apoiar a consolidação de clusters estratégicos que contribuam de
forma regional com os desafios do Governo central;
• Implementar, na primeira fase, bases de desenvolvimento mais próximas à ferrovia e
centros de comércio, para na segunda fase prosseguir-se para locais mais distantes da
ferrovia.
Tendo em vista a constatação da existência de duas regiões ao longo do Corredor de Nacala
com características do Cerrado e do Semi-Árido brasileiro, sugere-se que o Projeto-Piloto
seja realizado em duas localidades simultaneamente, onde representam essas características
(Zona II e Zona IV do zoneamento). A expectativa é a de que o projeto exerça um efeito
demonstrativo na comunidade, fazendo com que outros produtores busquem melhorar seus
processos produtivos
A escolha dos locais poderá ser reconfirmada a partir dos estudos que serão realizados no
escopo do Projeto de Melhoramento da Capacidade de Pesquisa que contará com
participação da Embrapa em atividades como:
• Investigação dos solos (classificação e fertilidade);
• Coleta de dados climáticos;
• Cartografia georeferenciada GIS do Corredor, com início nas áreas pré-selecionadas;
• Elaboração do Plano de Sementes e do Zoneamento Agro-ecológico
• Consideração de clusters estratégicos
• Adaptação de pacotes tecnológicos das culturas trabalhadas (variedades,
fertilização);
• Boas práticas da conservação dos solos e mananciais hídricos.
Por outro lado, no Programa Prodecer de desenvolvimento dos cerrados, foi criada a empresa
privada binacional Brasil-Japão, CAMPO, como entidade coordenadora para executar as
funções de planejamento, coordenação e supervisão do Projeto. Portanto, para a execução
deste Projeto, propõe-se a criação de uma entidade de coordenação trinacional para
promover a execução do Projeto, a fim de diminuir o impacto que pode ser causado pela
mudança do governo e a tendência econômica de cada país. Além disso, para a realização do
Projeto em Moçambique, país executor, muitos órgãos públicos do governo central
(ministérios) e governos provinciais e distritais, além de empresas privadas e ONGs serão
envolvidos. Por isso, torna-se importante que o Ministério da Agricultura de Moçambique
coordene a participação destes órgãos envolvidos de modo seguro. Se houver necessidade,
pode-se pensar em estabelecer um novo órgão com maiores poderes (por exemplo, Empresa
Pública de Desenvolvimento da Região do Corredor de Nacala).
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
6-33
Figura 6.2.1 Mapa das Quatro Áreas do Corredor de Nacala
Ⅳ
Ⅰ
Ⅲ
Ⅱ
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
7-1
CAPÌTULO 7 AVALIAÇÃO DA PRIMEIRA FASE DO
PROJETO
7.1 Necessidades do Projeto durante a Primeira Fase
Está claro que muitos aspectos dos conhecimentos acumulados com os projetos de
desenvolvimento do cerrado e do semi-árido no Brasil podem ser aproveitados para contribuir
com o aumento da produção agrícola da savana em Moçambique. Porém, a região do cerrado
brasileiro e a zona da savana de Moçambique apresentam condições socioeconômicas bastante
diferentes. Por isso, para que o desenvolvimento agrícola na zona do corredor Nacala na
savana de Moçambique possa ser realidade, considera-se mais efetivo estabelecer em primeiro
lugar “um modelo de desenvolvimento agrícola” adequado às condições da zona para que este
possa ser expandido. Por outro lado, o projeto pioneiro de desenvolvimento do cerrado
brasileiro, PROCERRADO, comprova que a cooperação técnica aplicada em conjunto com a
cooperação econômica funciona de maneira favorável.
Assim, na fase preparatória de atividades do programa que irá estruturar o “modelo de
desenvolvimento agrícola”, tanto o Japão como o Brasil irão implementar a cooperação
técnica. Esta, além de ser uma atividade preparatória para permitir a implementação eficiente e
efetiva dos projetos do programa, também é necessária para os planos estratégicos urgentes e
de curto prazo. A experiência do projeto “PRODEDER” mostra que, os “resultados de
pesquisas e investigação” e a execução dos “projetos piloto” proporcionaram resultados
bastante positivos no momento da implementação do projeto. Portanto, os seguintes projetos,
que são planos estratégicos de curto prazo, serão implementados durante a etapa preparatória
do programa, correspondente a primeira fase.
(1) Projeto para aumentar a capacidade de investigação
(2) Estudo para o Plano de desenvolvimento integral da zona do corredor Nacala
(3) Projeto de estrutura de modelo de desenvolvimento para comunidades
7.2 Projeto para Aumentar a Capacidade de Investigação
Para identificar as necessidades de apoio na zona do corredor Nacala para o desenvolvimento
agrícola com técnicas de melhoramento do solo e introdução de novos cultivos e produtos
agropecuários junto ao Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (Centro de
investigação regional de Nampula e a regional de Mutuali) serão realizadas investigações nos
centros de investigação para elevar as técnicas de produção agrícola.
As técnicas comprovadas serão aplicadas dentro dos projetos piloto do 3) Projeto de estrutura
de um modelo de desenvolvimento para comunidades; ao mesmo tempo, com a
implementação do projeto, será posta em prática a extensão técnica. Além do mais, com a
implementação deste projeto, a capacidade do IIAM será fortalecida.
Relatório Final
7-2
1. Nome do projeto Projeto para elevar a capacidade de investigação
2. Esquema de
implementação
Projeto de cooperação técnica 3. Entidade
implementadora
Ministério de Agricultura/IIAM
4. Resumo do projeto
(1) Objetivo superior Ampliar a produção agrícola na zona do corredor Nacala.
(2) Objetivo do projeto Elevar a capacidade de investigação do IIAM para o projeto ProSavana-JBM.
(3) Principais resultados esperados com o projeto 1) Identificação da área apropriada para a agricultura na zona do corredor Nacala. 2) Identificação da tecnologia para melhoramento do solo na zona do corredor Nacala. 3) Identificação da tecnologia adequada para os produtos a serem cultivados na zona do corredor Nacala. 4) Identificação da tecnologia adequada para os produtos pecuários na zona do corredor Nacala. 5) Identificação dos clusters estratégicos.
(4) Área estimada de implementação Zona próxima à Estação Zonal IIAM em Nampula e da estação agrária experimental de Mutuali
(5) Conteúdo das atividades principais 1) Avalizar as condições de solo da zona do corredor de Nacala. 2) Coletar os dados meteorológicos da zona do corredor de Nacala. 3) Elaborar a cartografia georeferenciada GIS da zona do corredor de Nacala. 4) Considerar os clusters estratégicos. 5) Identificar os critérios de seleção da área piloto. 6) Selecionar a área piloto. 7) Avalizar a tecnologia para melhoramento do solo. 8) Experiências na produção de cultivos na zona do corredor de Nacala. 9) Identificar os produtos a serem incentivados. 10) Experiências na criação de animais na zona do corredor de Nacala. 11) Identificação da criação de animais a serem incentivados. 12) Identificar dos clusters estratégicos, entre outros.
5. Conteúdo das principais contribuições
(1) Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Custos do projeto
(2) Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Treinamento de pessoal da
contraparte no Brasil
(3) Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de terreno e
instalações ・ Custos locais do projeto
6. Período de implementação
Início: Junho de 2010 Fim: aio de 2013 (Período de duração do projeto: 3 anos)
7. Observações
-
7.3 Estudo do Projeto de Desenvolvimento Agrícola Integral na
Zona do Corredor Nacala
Para reativar a agricultura local na zona do corredor Nacala, será realizado um Estudo de
Desenvolvimento que terá como ponto de partida as diretrizes do desenvolvimento agrícola e a
agroindústria. Essas preliminares servirão para estruturar o Plano de Desenvolvimento
Agrícola Integral (Plano Diretor), que, por sua vez, tem como objetivo fortalecer a
competitividade dos produtos agrícolas do corredor Nacala, com um enfoque integral e
multi-setorial. Também, será preparado um plano de cooperação financeira para a
implementação do ProSavana-JBM.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
7-3
1. Nome do projeto Estudo para o Plano de desenvolvimento agrícola integral da zona do corredor Nacala
2. Esquema de
implementação
Estudo de Desenvolvimento
3. Entidade
Implementadora
Ministério de Agricultura/Ministério de Planejamento/Governos Provinciais (Nampula, Niassa, Zambezia)/Governos Distritais
4. Resumo do projeto
(1) Objetivo superior Desenvolver a economia regional na zona do corredor Nacala.
(2) Objetivo do projeto Elaboração de um Plano de desenvolvimento agrícola integral na zona do corredor Nacala (Plano Diretor) para promover o desenvolvimento regional tendo como ponto de partida a agroindústria.
(3) Principais resultados esperados com o projeto 1) Elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável relacionado com os setores agrícola, pecuário,
indústria, comércio e infraestrutura de transportes. 2) Elaboração de medidas de fortalecimento de competitividade de mercado com o aumento de
produtividade dos produtos agrícolas. 3) Elaboração de medidas para elevar o valor agregado dos produtos. 4) Elaboração de medidas para melhorar a renda dos moradores locais. 5) Elaboração de medidas para a conservação do meio ambiente.
(4) Área estimada de implementação Toda a zona próxima do corredor Nacala.
(5) Conteúdo das atividades principais 1) Execução de investigação básica (condições de desenvolvimento e análise de temas dentro da área de
influência do Estudo) ・Situação de distribuição de recursos do solo ・Zoneamento de ambiente agrícola ・Fatores de impedimento ao desenvolvimento: infraestrutura (estradas, ferrovias, portos, irrigação, logística,
mercado, etc.), estrutura de produção, recursos humanos, institucionalização, finanças, etc. 2) Avaliação das políticas de desenvolvimento e identificação dos fatores de impedimento (redução da
pobreza, reativação econômica, integração econômica regional, etc.) 3) Elaboração de estrutura básica para a estratégia de desenvolvimento ・População, demanda interna, possibilidades de exportação, volume de oferta de transportes, volume de
oferta de bens, etc. 4) Elaboração de proposta de estratégias de desenvolvimento ・Avaliação de projetos regionais para formação de zonas produtoras
5) Elaboração de planos de desenvolvimento (programas/projetos) ・Avaliação de prioridades de desenvolvimento ・Avaliação do sistema de implementação ・Estimativa de custo do projeto ・Elaboração do plano de execução ・Elaboração do plano de cooperação financeira
6) Avaliação do projeto, entre outros
5. Conteúdo das principais contribuições
(1) Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Preparação de material e
equipamentos necessários para o Estudo
(2) Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Preparação de material e
equipamentos necessários para o Estudo
(3) Lado moçambicano ・ Designação de contraparte・ Fornecimento de
escritórios para a realização do Estudo
6. Período de implementação
Início: Junho de 2011 Fim: Maio de 2013 (Período de duração do projeto: 2 anos)
7. Observações
-
Relatório Final
7-4
7.4 Projeto de Estrutura de um Modelo de Desenvolvimento para
as Comunidades Locais
As atividades a serem implementadas para conseguir o desenvolvimento agrícola no âmbito
das comunidades serão avaliadas através da realização de projetos piloto e assim estruturar o
“modelo de desenvolvimento agrícola”. As comunidades candidatas para serem selecionadas
na execução dos projetos devem estar nas zonas prioritárias estabelecidas dentro da zona do
corredor Nacala e preferentemente próximas às estações experimentais, para otimizar a
capacidade de investigação. Na implementação dos projetos-piloto se incluirão atividades de
extensão técnica e treinamento de funcionários.
Além disso, com relação aos itens cujos resultados possam ser comprovados no curto prazo no
“Projeto para aumentar a capacidade de investigação” as atividades pertinentes serão iniciadas
como projeto piloto.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
7-5
1. Nome do projeto Projeto de estrutura de um modelo de desenvolvimento a nível de comunidades
2. Esquema de
implementação
Projeto de cooperação técnica (Projeto Piloto)
3. Entidade
implementadora
Ministério de Agricultura/Governo provincial de Nampula/Governos distritais
4. Resumo do projeto
(1) Objetivo superior Realização de projetos do ProSavana-JBM
(2) Objetivo do projeto Estruturação de diversos modelos de desenvolvimento de comunidades adequados à área de influência
(3) Principais resultados esperados com o projeto 1)Identificação das condições necessárias através dos resultados de investigações para a adequação local. 2)Identificação de métodos de implementação para a extensão técnica e o treinamento de pessoal 3)Identificação da divisão de papéis entre o Ministério de Agricultura, governos provinciais e distritais,
ONGs, entre outros, dentro dos projetos de desenvolvimento das comunidades. 4)Elaboração de um modelo de desenvolvimento de comunidades. 5)Elaboração de manual de execução para cada modelo de desenvolvimento de comunidades.
(4) Área estimada de implementação Província de Nampula (Zonas próximas a Nampula e Mutuali)
(5) Conteúdo das atividades principais 1) Avalizar os métodos demonstrativos da metodologia de desenvolvimento do plano diretor e dos resultados
das investigações. 2) Realizar o treinamento técnico para os promotores agrícolas. 3) Realizar o seminários relacionados com projetos de desenvolvimento de comunidades, dirigidos para
pessoas relacionadas com o desenvolvimento agrícola. 4) Com a realização do projeto piloto, coletar dados e informações para permitir a seleção dos agricultores e
seus respectivos grupos. 5) Estruturar um sistema de gestão de organizações e grupos de agricultores de acordo com os objetivos das
atividades. 6) Realizar o treinamento técnico para os agricultores, os grupos de agricultores e associações. 7) Considerar os modelos de desenvolvimento de comunidades. 8) Avaliar a metodologia de execução de projetos para cada modelo de desenvolvimento de comunidades. 9) Organizar as atividades de promoção e fatores de impedimento para cada modelo de desenvolvimento
para comunidades. 10) Elaborar os manuais de cada modelo de desenvolvimento de comunidades, entre outros.
5. Conteúdo das principais contribuições
(1) Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Custos do projeto
(2) Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Treinamento de pessoal da
contraparte no Brasil
(3) Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de terreno e
instalações ・ Custos locais do projeto
6. Período de implementação
Início: Junho de 2011 Fim: Maio de 2014 (Período de duração do projeto: 3 anos)
7. Observações
-
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
8-1
CAPÌTULO 8 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
8.1 Conclusão
1. O presente Relatório apresenta os resultados do “Primeiro Trabalho de Campo em
Moçambique”, iniciado em Setembro de 2009, cobrindo os 12 municípios indicados pelo
Ministério da Agricultura de Moçambique como “Região do Corredor de Nacala”. A região
alvo do Estudo inclui os municípios que se estendem no sentido norte-sul por onde passam
paralelamente a Estrada Nacional 13 e os caminhos de ferro ao longo de 600 km de extensão
no eixo leste-oeste. Esta região apresenta uma rica diversidade natural e social. Dividindo a
região à grosso modo, a porção localizada a leste é uma área semi-árida com relativamente
baixa precipitação pluviométrica, com características similares à Caatinga brasileira. Por outro
lado, a porção oeste apresenta maior precipitação pluviométrica, onde na parte externa dos 12
municípios da região alvo do Estudo, a EMBRAPA indicou que existe uma grande extensão de
terras agrícolas similar ao Cerrado com potencial para aceitar a agricultura mecanizada.
2. O desenvolvimento agrícola na zona do corredor Nacala na savana tropical de Moçambique
pode ser obtido aproveitando-se os conhecimentos e experiências acumuladas por ocasião da
execução do projeto de desenvolvimento do cerrado brasileiro, anterior ao projeto de
desenvolvimento agrícola da savana. Com a introdução do desenvolvimento agrícola
semelhante se espera conseguir o desenvolvimento econômico da zona do corredor de Nacala
e assim garantir a segurança alimentar, aliviar a pobreza e elevar a renda das famílias
agricultoras da região abrangida pelo projeto. Também será possível contribuir para os
“Objetivos do Milênio das Nações Unidas” (ODM), que busca erradicar a extrema pobreza e a
fome em nível mundial. Baseado nos resultados deste programa em um plano futuro será
possível contribuir para a promoção do desenvolvimento local das comunidades agrícolas e a
agricultura dentro da savana tropical africana, e assim contribuir para o desenvolvimento
econômico da África e consequentemente para a segurança alimentar a nível mundial. Esses
dados avalizam e denotam a extrema importância do ProSavana-JBM, e a importância de sua
implementação no menor prazo possível.
Porém, não se conta com informação detalhada suficiente sobre as condições naturais e
socioeconômicas da zona do corredor Nacala, assim como das atividades econômicas
existentes. Como conseqüência do resultado da experiência acumulada tanto pelo Japão como
pelo Brasil através da realização do projeto de desenvolvimento do cerrado, consideramos
necessário realizar investigações necessárias para que o programa possa materializar-se em
projetos, com a execução de projetos piloto e paralelamente elaborar um plano de
desenvolvimento adequado.
Relatório Final
8-2
3. A parte Brasileira (EMBRAPA), com base nos resultados de seus próprios Estudos, fez as
recomendações abaixo para o desenvolvimento agrícola da região do Corredor de Nacala, na
etapa final do Estudo.
1) O presente “Estudo Preparatório” teve como região alvo do Estudo a região ao longo da
Estrada Nacional 13, nas Províncias de Nampula, Niassa e Zambézia. Entretanto, nessa
região a) não existe terras agrícolas onde se pratica agricultura de grande escala; e b)
não há terras similares ao do Cerrado (à exceção da agricultura comercial de pequeno
porte praticada na região sudeste da Estrada Nacional 13).
Esses aspectos, levando em conta a meta de desenvolvimento agrícola voltado ao
mercado nessa região limitada, acaba por levantar 2 temas que devem ser considerados.
Estes são: a) os recursos genéticos (sementes) voltados para a agricultura comercial que
o Brasil pode fornecer e que podem ser aplicados imediatamente na região são
limitados; e assim, b) é mais indicado (por certo tempo) visar a melhoria da renda
através do aumento da produtividade dos produtos agrícolas atualmente cultivados
pelos agricultores de pequeno e médio porte espalhados pela região.
2) Por outro lado, a equipe de pesquisadores da EMBRAPA confirmou a existência de
solos similares ao do Cerrado numa extensão de cerca de 6,4 milhões de hectares a
Noroeste do Corredor de Nacala nas províncias do Niassa e de Nampula. Estes solos
similares ao do Cerrado se estendem por apenas 12% da região alvo do Estudo indicada
em 1). (Os 88% restantes estão espalhados fora da região alvo do Estudo de 12
municípios ao longo da Estrada Nacional 13).
A distribuição destes 6,4 milhões de hectares é apresentada na Figura abaixo.
Fonte: Apresentação: Material apresentado pelo Presidente da EMBRAPA no “Simpósio Internacional” (17/3)
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
8-3
3) Assim, a parte Brasileira (EMBRAPA) considera importante que, além do “apoio à
melhoria da renda dos agricultores de pequeno e médio porte” ao longo da Estrada
Nacional 13 da região alvo deste Programa, se deve incluir a área (de 6,4 milhões de
hectares) indicada acima em 2) que permite o “investimento agrícola em escala
comercial”.
Essa nova Proposta foi posteriormente também apoiada pelo Ministério da Agricultura de
Moçambique. Em resposta a isso, no dia 18 de Março de 2010, a “Ata das Discussões” (em
Anexo) foi assinada pelas três partes (Vice Presidente da JICA, Diretor da ABC e Ministro
da Agricultura de Moçambique) com essa proposta de região alvo do Estudo. O conteúdo do
item 8.2, 5) “Proposta do método de implementação da Primeira Fase” foi elaborado neste
contexto.
8.2 Recomendações
(1) Recomendações Gerais com relação ao ProSavana-JBM
1) Importância da elaboração de um Plano para projetos considerando a
conservação do meio ambiente e a execução dos mesmos
Com relação ao desenvolvimento agrícola, é comum afirmar que intervenções excessivas
causam a desertificação dos terrenos agrícolas. Por outro lado, para que os projetos de
desenvolvimento possam ser aceitos atualmente, eles devem contribuir para a conservação do
meio ambiente global. Por isso, as considerações ao meio ambiente devem ser prioritárias e a
conservação da biodiversidade é condição prévia para o desenvolvimento. Considerando a
experiência do projeto PRODECER, no qual em seus períodos iniciais não foi dada a devida
atenção para este aspecto, na elaboração do presente projeto de desenvolvimento será
importante aplicar de forma ativa medidas para a conservação do meio ambiente. Para
prevenir o uso indiscriminado de uso do solo (desenvolvimento) é importante avaliar
urgentemente o zoneamento e estabelecer claramente a demarcação das áreas protegidas e das
áreas de desenvolvimento, assim como estabelecer os objetivos de desenvolvimento.
2) Importância do desenvolvimento de recursos humanos
A luta pela independência e posteriores conflitos internos em Moçambique trouxeram como
conseqüência a deficiência de recursos humanos adequados em diversos setores,
principalmente no que se refere aos especialistas de desenvolvimento agrícola e promotores
responsáveis pela extensão técnica. Assim, para que os projetos de desenvolvimento possam
ser devidamente gerenciados e executados, é indispensável elevar a capacidade de todas as
pessoas envolvidas no processo. Por isso, a formação de recursos humanos deve ser
considerada como um componente extremamente importante desde a etapa de preparação do
programa. Porém, esperar os resultados da formação de pessoal para posteriormente iniciar a
execução de projetos não é a maneira mais eficiente de implementação, portanto é desejável
Relatório Final
8-4
priorizar o quanto antes atividades que não dependem exclusivamente de pessoal qualificado e
realizar a formação de pessoal qualificado de forma paralela.
3) Importância da coordenação entre as entidades relacionadas
A execução efetiva do programa envolve diversos órgãos dos setores públicos do governo
central através dos seus ministérios, dos governos provinciais e distritais, como também do
setor privado através de empresas, ONGs, etc. Para que o Ministério de Agricultura de
Moçambique possa implementar os programas de forma eficiente é necessário garantir uma
coordenação efetiva entre todas estas diversas entidades. Conforme a necessidade, deve-se
considerar a criação de uma entidade coordenadora. Como os beneficiários diretos com a
implementação do projeto será a população local é preciso que os representantes locais
participem ativamente nos programas dos governos provinciais e locais. Além do mais, estas
instituições devem realizar esforços para elevar a capacidade e formar pessoal que possa
gerenciar estes projetos, sendo necessário também prestar apoio com assistência técnica e
provisão de matérias e equipamento.
4) Importância de um apoio integral
As estratégias de desenvolvimento e apoio deste programa devem dar-se com o consenso entre
os três países envolvidos e o apoio em obras de infraestrutura, institucionalização e a formação
de recursos humanos deverá ser promovido de acordo com este consenso. O apoio das partes
do Japão e do Brasil se dará na forma de cooperação técnica, cooperação financeira não
reembolsável e cooperação financeira reembolsável sendo que as atividades de voluntários e
da ODA deverão ser coordenadas a fim de se aproveitar ao máximo o efeito multiplicador da
ajuda, pelo que é importante desenvolver um apoio integral. Por outro lado, o governo de
Moçambique deve avaliar a forma de buscar outras fontes de financiamento como a
cooperação bilateral de outros países e outras instituições internacionais, uma vez que os
recursos do erário nacional para a execução do programa são bastante limitados.
5) Proposta da criação de uma entidade coordenadora para o Programa
É importante que este programa de cooperação trilateral seja implementado dentro de uma
relação de igualdade entre os três países. Foram criados grupos de trabalho que atualmente
vêm realizando suas atividades dentro de cada país e que por sua vez funcionam como elos de
comunicação entre os três países. Durante a execução efetiva deste programa, para que possa
haver uma compreensão mútua mais próxima e para que a cooperação possa funcionar de
forma efetiva e eficiente propomos a criação de uma entidade coordenadora para executar o
ProSavana-JBP em Moçambique. Para tanto, pode-se tomar como referência as ações para a
criação da empresa CAMPO, dentro do projeto PROCERRADO para o desenvolvimento do
cerrado.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
8-5
6) Promoção ativa da participação da cidadania
Como pode ser comprovado não somente pelo desenvolvimento do cerrado, os recursos
públicos para o desenvolvimento regional são limitados, assim é importante promover a
participação do capital privado, seja este nacional ou estrangeiro. Para isto, é importante
considerar que o setor privado é o ator principal para o crescimento econômico, sendo
necessário ir além da relação existente de governo a governo dentro da ODA e promover a
participação ativa do setor privado, para que este possa contribuir para o desenvolvimento
africano.
(2) Recomendações para a Primeira Fase (Etapa Preparatória do Programa)
1) Importância do envio de um especialista em coordenação em uma fase inicial
Para a primeira fase do Programa está programada a execução do projeto de cooperação
técnica a partir de 2010. Para que estes projetos de cooperação técnica possam ser executados
de forma harmoniosa, é importante enviar logo um especialista em coordenação para o
departamento responsável pelo programa dentro do Ministério de Agricultura que possa
realizar a coordenação necessária para dar início aos projetos.
2) Importância da organização da informação básica
Para que o Programa possa ser implementado sem contratempos é indispensável reunir todas
as informações relacionadas com as condições naturais (meteorológicas, recursos hidráulicos
e de solo, mapa topográfico, etc.), condições sócias (especialmente o registro de posse de terra,
uso de solo atualizado, etc.) e ferramentas úteis para a elaboração do plano de
desenvolvimento (SIG, Sistema de Informação Geográfica, etc.) durante a fase preparatória.
Existe a necessidade de avaliar se estas atividades serão executadas dentro dos projetos de
cooperação técnica (especialmente o Estudo de Desenvolvimento), ou de forma individual.
3) Importância do desenvolvimento regional baseado no zoneamento
A zona do corredor Nacala abrangida pelo Estudo tem uma extensão aproximada de 600 km de
leste a oeste e é marcada pela diversidade no tocante às condições naturais e socioeconômicas,
de infraestrutura social e também há uma diversidade cultural entre as diversas comunidades.
Por isso, ao se elaborar o Plano de desenvolvimento, é importante considerar estas diferenças
intra-regionais. Para isso, é importante aplicar a metodologia de zoneamento considerando o
entorno agrícola.
4) Importância da coordenação com o projeto de cooperação técnica
EMBRAPA-USAID
O conteúdo detalhado do projeto conjunto entre a EMBRAPA e a USAID a ser executado
junto ao IIAM “Projeto de Assistência Técnica Básica para o Desenvolvimento Agropecuário
em Moçambique” deve se tornar mais claro no decorrer do tempo. É importante que sejam
realizados ajustes entre os três países para evitar a duplicidade de atividades com o presente
Relatório Final
8-6
programa. Para isso os termos de referência devem ser discutidos entre as três partes para que
as funções de cada parte sejam claramente definidas. Nos termos de referência devem estar
especificados o desejo de cooperação tanto do Brasil como do Japão, dando a devida
importância para que a entidade executora do projeto efetue a coordenação de forma ativa.
A proposta do plano de ação do projeto de assistência técnica da EMBRAPA e USAID é como
se descreve a seguir;
Atividades Início Término
1. Elaboração de anteprojeto técnico para fortalecimento em infra-estrutura das
estações de Nampula, de Sussundenga e Posto Agronômico de Mutuali. 03/2010 07/2010
2. Elaboração de anteprojeto para implantação e aparelhamento do laboratório de
solos de Maputo e de um Centro de Ciências do Solo em Nampula 05/2010 12/2010
3. Geração de mapas das propriedades agronômicas dos solos nas zonas do entorno
do Corredor de Nacala, entre os paralelos 13ºs e 17ºs. 02/2010 03/2010
4. Realização de estudos das propriedades agronômicas de rochas calcárias e
fosfatadas no corredor de Nacala 04/2010 12/2010
5. Elaboração de anteprojeto projeto para adensamento da coleta de dados climáticos
no entorno do Corredor de Nacala. 03/2010 07/2010
6. Planejamento de ações complementares ao projeto da AGRA em fertilidade dos
solos e nutrição de plantas nas regiões de Nampula e Zambézia. 05/2010 12/2010
7. Planejamento e elaboração de projeto técnico para aparelhamento de Unidade de
Produção de Sementes Básicas do IIAM.
8. Planejamento e elaboração de projeto técnico visando implantar e aparelhar
laboratórios de análise de sementes em Nampula e Chimoio. 05/2010 12/2010
9. Planejar e elaborar e apoiar a execução de projetos piloto de comunicação e
transferência de tecnologia nos centros zonais de Nampula e Chimoio. 03/2010 05/2010
Segundo a EMBRAPA, atualmente está sendo feita a coordenação entre a EMBRAPA e a
USAID para a demarcação de regiões onde, na região do Corredor de Nacala a cooperação
será feita com o Japão e nas outras regiões com a cooperação da USAID.
5) Proposta do método de implementação da Primeira Fase
Na fase final do presente Estudo, a parte Brasileira, considerando os resultados do Estudo
trilateral, apresentou uma nova proposta de método de execução. Seu conteúdo é construtivo,
refletindo o Capítulo 7 “Avaliação da Primeira Fase do Projeto”, mas não foi possível esgotar
as discussões sobre seu conteúdo devido à limitação do tempo. Por esse motivo, no dia 18 de
Março de 2010 a “Ata das Discussões” foi assinada pelas Três Partes (Vice Presidente da JICA,
Diretor da ABC e Ministro da Agricultura de Moçambique) (em Anexo) onde se inclui essa
proposta como tema a ser considerado pelo Grupo de Trabalho.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
8-7
< >Resumo do Conteúdo da Proposta da parte Brasileira 1o. Passo 2o. Passo 3o. Passo
「Projeto 1」
Estabelecimento do Centro de
Desenvolvimento de Técnicas
Agropecuárias
「Projeto 2」
Estabelecimento dos módulos do
Projeto Piloto
Seleção da região alvo
do programa
ProSAVANA
(Servir de base para a
seleção das áreas de
atividade do 2o.
Passo)
As atividades são desenvolvidas simultaneamente.
Respeito ao sistema de concordância de todas as partes envolvidas.
Servirá como material de base para a elaboração da proposta
prática do 3o. Passo.
「Projeto 3」
Programa de
Desenvolvimento
Geral
Meta estipulada para
3 anos após o início
do 2o. passo
A etapa 1 consiste na seleção, identificação e demarcação e proteção legal da região de
implantação do programa ProSAVANA.
A etapa 2 se referente a execução de dois projetos de cooperação técnica que teriam execução
simultânea e concomitante;
- Projeto 1, focado no apoio ao desenvolvimento de centros de inovação agropecuária;
- Projeto 2, Projeto Piloto visando desenvolvimento de uma área demarcada na região
identificada para a execução do Programa. Ambos projetos teriam atividades
co-relatas, sendo que os resultados obtidos subsidiariam a tomada de decisões
recíprocas.
A etapa 3 terá como objetivo a implantação de um plano de desenvolvimento agrícola na
região demarcada na Etapa 1. Sua elaboração terá início a partir dos primeiros resultados na
Etapa 2.
ETAPA 1: ETAPA DE DEFINIÇÕES MACRO
• Objetivo
Esta etapa terá por finalidade o diagnóstico para a Seleção da área de implantação do
ProSAVANA e sua conseqüente demarcação.
• Atividades
1. Identificação dos critérios de seleção da região onde será implementado o
ProSAVANA. Escolha dos critérios geopolíticos, Edafoclimaticos, socioeconômicos e
socioambientais.
2. Identificação e demarcação da região do ProSAVANA, em função dos critérios
previamente estabelecidos.
3. Medidas legais para proteção e acesso às regiões reservadas ao ProSAVANA, visando
a implementação do programa nas etapas subseqüentes.
• Resultados
1. Região do Programa identificada, demarcada segundo critérios de seleção
estabelecidos
2. Área protegida legalmente e acessível a implementação do programa ProSAVANA.
Relatório Final
8-8
3. Os resultados das atividades desta etapa subsidiarão as decisões a serem tomadas nas
Etapas subseqüentes. Parceiros: MINAG, ABC, JICA
ETAPA 2: PROJETOS DE COOPERAÇÃO TÉCNICA
- Projeto de Cooperação Técnica 1
- Modulo Desenvolvimento de Centro de Pesquisa e Tecnologia
• Objetivo
Transformar duas estações experimentais do IIAM (Nampula e Mutuali) na região do
Projeto Piloto em um Centro Tecnológico Regional, que será formado por um módulo
dedicado à pesquisa, um dedicado à extensão e um destinado à capacitação de recursos e
treinamento.
• Atividades
1. Fortalecer a capacidade de pesquisa e desenvolvimento. As áreas prioritárias seriam:
Análise de solos e levantamento de capacidade de uso do solo, Seleção de variedades
de produtos eleitos no projeto, Tecnologia de produção de sementes, zoneamento agro
ecológico, processamento agroindustrial dos produtos eleitos no projeto. Parceiros:
EMBRAPA e IIAM
2. Fortalecer a capacidade de extensão e assistência técnica na área do Piloto.
Transferência de tecnologia e Extensão rural. Parceiro: EMATER e IIAM
3. Capacitar e treinar técnicos na área do Piloto. Parceiro SENAR e IIAM
• Resultados
1. Consolidação de um centro tecnológico.
2. Suporte nas atividades pesquisa, extensão e capacitação para execução do Projeto
piloto.
- Projeto de Cooperação Técnica 2
- Módulo de Projeto Piloto
• Objetivo
Desenvolvimento de Projeto Agrícola em uma área piloto na região previamente
estabelecida na Etapa 1. O Projeto Piloto visa o desenvolvimento da região através da
melhoria da produção agrícola, transferência e implantação de tecnologia de
processamento agro-industrial e desenvolvimento da comercialização de produtos
agrícolas.
• Atividades
1. Proposta de modelo de ocupação da área (grande, médios, familiares). Definição da
porcentagem dos respectivos modelos na área piloto. Parceiro: MINAGRI.
2. Discussão e validação do modelo na área selecionada. Deverá estar e consonância com
as conclusões da Etapa 1. Parceiros: ABC, JICA, MINAG.
Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical
8-9
3. Desenvolvimento de critérios de seleção da área piloto dentro da área maior do
ProSAVANA. Parceiros: EMBRAPA, EMATER, MINAG.
4. Seleção da área piloto, em função dos resultados obtidos na atividade anterior.
Parceiros: MINAGRI, JICA,ABC.
5. Identificação das comunidades na região do Projeto Piloto, em função dos critérios
sócio-ambientais estabelecidos na Etapa1. Parceiros: MINAGRI,JICA,ABC.
6. Proposta de zoneamento ambiental da área piloto. Parceiros: MINAGRI, JICA, ABC,
EMBRAPA.
7. Proposta de modelo agrícola ou pecuário dos módulos, incluindo a dimensão sócio
ambiental. Nesta atividade seria indicado uma equipe técnica qualificada no
diagnóstico de aspectos sócio econômicos. Parceiros: MINAGRI, JICA,ABC,
EMBRAPA, EMATER.
8. Proposta de Infra-estrutura sócio econômica para a área do Piloto (Transporte,
comunicações, comércio, saúde educação). Parceiros: JICA, MINAGRI.
9. Proposta de acesso a crédito e insumos. Esta proposta dará suporte à execução do
Projeto piloto, facilitando o acesso à crédito e insumos agrícolas. Parceiros:
MINAGRI, ABC e JICA.
10. Proposta de apoio e incentivos para a participação do setor privado e cooperativas.
Parceiros: MINAGRI, ABC e JICA.
11. Transferência e adaptação de pacotes tecnológicos apropriados à área. Parceiros:
MINAGRI, JICA, ABC, EMBRAPA..
12. Suporte a assistência técnica e extensão agropecuária na área do Projeto Piloto.
Parceiros: MINAGRI, JICA, ABC, EMATER.
13. Suporte a capacitação e treinamento na área do Projeto Piloto. Parceiros:
MINAGRI,JICA, ABC, SENAR
ETAPA 3: DESENVOLVIMENTO PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE
DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA REGIONAL -
• Objetivo
Estender a área de desenvolvimento regional estabelecida no Modulo Piloto (Projeto Piloto,
Etapa 2) para a região do Pro Savanas previamente delimitada na Etapa 1.
• Atividades
1. Elaboração do plano de desenvolvimento da região selecionada
2. Esta etapa deverá ser iniciada entre os 36-60 meses após o início de execução do
Projeto Piloto. Os resultados obtidos na Etapa 2 subsidiarão as decisões das serem
adotadas nesta etapa.
• Resultados
1. Desenvolvimento de um Plano agrícola integrado na região demarcada na Etapa 1.
2. Transferência e adoção de novas tecnologias.
3. Desenvolvimento de mercado agrícola interno e de exportação.