ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    1/15

    O processo de Regionalizao do turismo no Sudoeste do Paran Brasil

    Luciano Zanetti Pessa Candiotto

    Professor do curso de Geografia da Unioeste, campus de Francisco Beltro PR

    [email protected]

    Bruno Zanetti Pessa Candiotto

    Graduado em Geografia pela Unioeste, campus de Francisco Beltro PR

    [email protected]

    Introduo

    Este texto apresenta resultados de uma pesquisa que buscou analisar atrajetria histrica e o desenvolvimento do processo de Regionalizao do Turismo

    no Sudoeste do Paran, decorrente das polticas pblicas do governo federal (Brasil)

    e do estado do Paran relacionadas Regionalizao do Turismo.

    O foco da pesquisa foi a Regio Turstica do Sudoeste, uma das 10 regies

    tursticas do Paran conforme classificao da SETU (Secretaria de Estado do

    Turismo do Paran). A partir do Macroprograma de Regionalizao do Turismo,

    implantado pelo Governo Federal junto ao MTur (Ministrio do Turismo), a SETU foi

    a instituio responsvel por organizar as regies tursticas do Paran, como no

    caso da Regio Turstica do Sudoeste, denominada Vales do Iguau.

    Procuramos verificar como se deu a implantao da Governana Regional do

    Turismo no Sudoeste, criada para gerenciar esse processo, considerando as

    instituies envolvidas e as principais aes realizadas.

    O Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil

    A regionalizao do turismo foi implantada pelo o Ministrio do Turismo

    Mtur, atravs do Programa Roteiros do Brasil em 2004, com o objetivo de

    estruturar, ordenar e diversificar a oferta turstica no pas. Segundo o MTUR (2007),

    trata-se de um modelo de poltica pblica descentralizada, em que o planejamento

    se faz junto aos demais setores que constituem o territrio, pressupondo a

    articulao entre organizaes sociais, agentes econmicos e representantes

    polticos, superando a viso estritamente setorial do desenvolvimento.

    O macroprograma de Regionalizao do Turismo foi incorporado ao Plano

    Nacional do Turismo (PNT) 2007/2010, com a proposta fundamentada pela

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    2/15

    segmentao da oferta e da demanda, como uma estratgia de organizao do

    turismo para fins de planejamento e de gesto, tendo em vista a criao de

    produtos, roteiros e destinos que reflitam as caractersticas peculiares de cada

    regio.

    Segundo o MTur, a Regionalizao composta por vrios mdulos, os quaisprecisam ser desenvolvidos segundo a ordem abaixo:

    - mdulo 1 Sensibilizao;

    - mdulo 2 Mobilizao;

    - mdulo 3 - Institucionalizao da Governana Regional;

    - mdulo 4 Elaborao do Plano Estratgico de Desenvolvimento do

    Turismo Regional;

    - mdulo 5 Implementao do Plano Estratgico de Desenvolvimento doTurismo Regional;

    - mdulo 6 Sistemas de Informaes Tursticas do Programa;

    - mdulo 7 Roteirizao Turstica;

    - mdulo 8 Promoo e apoio comercializao;

    - mdulo 9 Sistema de monitoria e avaliao de Programa.

    Somente atravs da realizao de todos estes mdulos que se torna

    possvel consolidar o Programa de Regionalizao do Turismo em cada regio. No

    entanto, percebe-se que algumas regies pulam etapas (mdulos), ou passam

    rapidamente pelos mdulos, fato que acarreta srios problemas. No caso da Regio

    Turstica Sudoeste, a mesma j realizou o mdulo 4, porm vrios municpios que

    no atingiram as etapas desejadas foram deixados de lado. Alm de percebermos

    que o mdulo 4 no foi adequadamente desenvolvido, verificamos que nenhuma

    atividade ligada aos mdulos posteriores (5, 6, 7, 8 e 9) foi realizada at o momento.

    Ressaltamos que daremos maior ateno para a operacionalizao dos mdulos da

    Regio Turstica Sudoeste na seqncia do texto.

    A Governana Regional do Turismo no Sudoeste

    A instituio e institucionalizao da Governana Regional fazem parte das

    aes desenvolvidas pela regionalizao, ou seja, so partes primordiais para o

    desenvolvimento das regies tursticas. Em cada regio turstica, obrigatria a

    institucionalizao de uma Governana Regional, que buscar investimentos,

    parceiros, desenvolver o planejamento e organizar as aes para sua regio.

    A institucionalizao da Governana na Regio Turstica Sudoeste se deu por

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    3/15

    meio de reunies entre entidades envolvidas ou interessadas no turismo. Antes de

    cada regio se organizar para criar sua Governana, no ano de 2005 realizou-se

    uma reunio em Curitiba, que orientou a criao das Governanas tursticas do

    estado.

    Em seguida, iniciaram-se algumas reunies com os municpios do Sudoeste ecom entidades ligadas direta ou indiretamente com o turismo. Essas reunies foram

    importantes para formatar a composio da Governana Regional, que foi instituda

    em abril de 2007. Assim, as entidades que compem a governana so as

    seguintes: Agncia de Desenvolvimento Regional do Sudoeste, Secretarias

    Municipais do Turismo, Sistema Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR),

    Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, (STR), Secretaria Estadual de Turismo

    (SETU); Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),Empresa Paranaense de Assistncia Tcnica e Extenso Rural (EMATER),

    Associao dos Municpios do Sudoeste do Paran (AMSOP), Coordenao das

    Associaes Comerciais e Empresariais do Sudoeste do Paran (CACISPAR),

    Frum Mesomercosul; e representante das Instituies de Ensino Superior.

    A regio turstica do Sudoeste compreende os 42 municpios e a 9 regio

    no plano estadual. A infra-estrutura turstica incipiente, sobretudo no que tange

    aeroportos e vos regulares, ferrovias e m conservao de algumas estradas. Os

    equipamentos, sobretudo hotis, agncias de turismo e postos de informaes

    tursticas tambm so poucos e esto concentrados nos municpios de Francisco

    Beltro, Pato Branco e Dois Vizinhos. Os atrativos esto ligados ao uso turstico de

    reservatrios de usinas hidreltricas (esportes aquticos, nado, pesca, praias

    artificiais no entorno dos reservatrios), e ao uso de estabelecimentos rurais para

    atividades de lazer (camping, pesque-pague, cachoeiras) e para a compra de

    produtos agroindustriais (embutidos, queijos, vinhos, doces, etc.). No entanto,

    existem outros atrativos em potencial, como a usina elica de Palmas, a reserva

    indgena de Mangueirinha, o Rio Iguau, a cratera de impacto de Coronel Vivida, as

    guas termais de Francisco Beltro, Ver, Sulina e So Joo, entre outros.

    Em questionrio aplicado como o coordenador da Governana Regional

    Turstica do Sudoeste, em maio de 2010, o qual tambm ocupa o cargo de diretor da

    Agncia de Desenvolvimento Regional do Sudoeste desde 2000, Sr. C. W. B.,

    verificamos que a coordenao da Governana se d por meio de duas instncias:

    (I) de deliberao, formado pelo Comit Gestor, chamado de Governana

    Regional, e composto por representantes de organizaes governamentais e no

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    4/15

    governamentais (formado por representantes de diversas instituies que compem

    a governana), responsveis pelo planejamento das aes; e (II) de gesto,

    composta por uma equipe tcnica da Agncia de Desenvolvimento do Sudoeste,

    responsvel pela parte operacional, ou seja, pela execuo das aes planejadas na

    Governana. Essa equipe possui uma assessoria externa realizada por um tcnicoespecialista da rea de turismo, que dedica horas para a assessoria com apoio do

    SEBRAE.

    Atravs dos relatos e anotaes de um dos autores, que participou da equipe

    da Governana Regional representando a universidade, identificamos algumas

    reunies e deliberaes da Governana. Estas se concentraram entre 2007 e 2009.

    No ano de 2007 foi realizada uma oficina onde foram dispostos os planos

    para a instituio da Governana. Em junho de 2007 ocorreu outra reunio, comduas etapas, sendo a 1 etapa da institucionalizao da Governana regional, quem

    iria compor a Governana; e a 2 etapa, destinada elaborao do projeto de

    captao de recursos financeiros para atividades diversas. Em junho de 2007

    tambm destacamos a reunio com representantes de prefeituras e da AMSOP,

    com o intuito de apresentar as potencialidades da regio Sudoeste.

    A primeira reunio no ano de 2008 foi em fevereiro, na qual estava em pauta

    a discusso sobre a Oficina de Planejamento Estratgico das Governanas

    Regionais do Estado do Paran. Nesta, foram tratados assuntos relativos ao

    convnio firmado pela SETU com o SEBRAE, cujos efeitos prticos repercutiro

    diretamente nas regies. Em maro de 2008, ocorreu outra reunio com os objetivos

    de: validar as Regies Tursticas (mapa MTur) e as informaes tursticas regionais

    disponibilizadas; discutir sobre as aes dos Planos Estratgicos de

    Desenvolvimento Turstico Regional; colher subsdios para identificar a imagem

    regional; identificar os pontos a melhorar nas Governanas e suas necessidades

    (funcionais e financeiras); debater sobre as aes do IX Encontro Estadual dos

    Secretrios e/ou Dirigentes Municipais de Turismo e o III Salo Brasileiro de

    Turismo.

    J em maio de 2008, ocorreu uma reunio em Francisco Beltro com o

    objetivo de avaliar o Plano Regional formulado em 2005 e sua implementao, como

    tambm identificar as aes realizadas e a realizar no ano de 2008, com vistas a

    atualizar o planejamento necessrio para o crescimento regional, a partir de um

    diagnstico, definio de estratgias de ao e gerenciamento do Plano. A prxima

    reunio somente ocorreu em outubro de 2008, com o objetivo de: apresentar e

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    5/15

    validar a nova proposta da marca turstica Sudoeste; apresentar e discutir o Plano

    de Ao da Regionalizao Sudoeste; relatar sobre o encontro do Projeto do Roteiro

    Iguass Missiones; comentrios e encaminhamentos sobre of. n

    082/DFPIT/SNPDTur/2008, do Ministrio do Turismo, recebido pelo Secretrio C. C.,

    solicitando o levantamento dos empreendimentos de meios de hospedagem emimplantao no Estado do Paran; e outros assuntos. Essa foi a ultima reunio que

    tivemos notcia no ano de 2008.

    J em 2009 a primeira reunio ocorreu em maro de 2009, com a seguinte

    pauta: apresentaes sobre a regio, indicativos de apoio pelo governo entre outros.

    Em seguida, foi realizada outra reunio em abril de 2009, a qual teve como objetivo

    mostrar para os prefeitos que preciso organizar o turismo nos municpios e inserir

    o tema nos debates da regionalizao. Tambm foi salientada a necessidade deiniciar e/ou reforar parcerias com os envolvidos diretamente no fomento do

    planejamento e da organizao turstica, com vistas descentralizao municipal e

    regional. Foram apresentados o papel da SETU no desenvolvimento do Turismo

    Paranaense, o papel da Instncia de Governana Regional e a importncia da

    gesto municipal do turismo para o processo de regionalizao do turismo.

    Aps esta reunio, temos registros somente de outra ocorrida em outubro de

    2009, a qual foi referente Reunio Tcnica para a "Definio de Estratgias e

    Apresentao dos Critrios Municipais para o Desenvolvimento Regional". Aps a

    ltima reunio, ocorrida em 2009, o representante da universidade no foi mais

    chamado para participar de reunies da Governana. Segundo C. W. B. a

    Governana est bastante desarticulada.

    Na concepo do orientador da pesquisa, pouco se avanou com a

    constituio da Governana, pois ela serviu mais para legitimar o processo de

    Regionalizao do Turismo do que para planejar objetivos e aes em torno do

    desenvolvimento do turismo no Sudoeste. A falta de participao de vrios

    municpios, a viso individualista de municpios e outras entidades, bem como a falta

    de continuidade dos debates e das reunies acabaram minando e enfraquecendo a

    Governana. Desde outubro de 2009, o orientador no foi mais chamado para

    nenhuma reunio. Alm disso, a Governana geralmente se reunia quando havia

    alguma solicitao da SETU, ou seja, quando a SETU tinha que elaborar ou

    encaminha algum documento ou ao de cada regio. A SETU sempre esteve mais

    preocupada em cumprir as metas determinadas pelo MTUR, como no caso do Plano

    de Desenvolvimento Turstico para cada regio, realizado em 2008, do que em

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    6/15

    discutir e ouvir os atores locais a respeito dos problemas e das aes de cada regio

    turstica.

    O Plano Regional de Desenvolvimento Turstico da Regio Turstica Sudoeste

    do ParanO referido plano foi criado em 2008, a partir de um convnio entre o Ministrio

    do Turismo e o SEBRAE/PR, com a intervenincia da SETU. Para tanto, a equipe da

    Governana foi chamada para uma oficina, mediada pelo SEBRAE. Nesta, a

    preocupao maior era a de construir o plano, sem um debate mais aprofundado

    dos problemas e das melhorias necessrias para o funcionamento efetivo da

    Governana, ou seja, para legitimar um processo descentralizado e participativo.

    No plano, foram direcionadas algumas aes para se realizar na regio,referentes ao Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil. Essas

    aes buscam avaliar e reestruturar os planos estratgicos das regies tursticas,

    porm, da forma com que o Plano foi construdo, pouco se avanou em termos de

    uma reflexo slida e aprofundada. Como j colocado, a preocupao do SEBRAE e

    da SETU estava em elaborar o plano e no em construir um plano democrtico e

    bem fundamentado.

    A metodologia utilizada para a elaborao do plano tambm questionvel.

    Apesar de parecer participativa, a sistematizao das informaes acaba ficando

    sob responsabilidade do consultor do SEBRAE, que a partir da sua leitura e

    interpretao das informaes, filtra aquilo que mais lhe chama a ateno. Assim,

    as intencionalidades do consultor acabam influenciando na elaborao do plano.

    Apesar dessas ressalvas, o Plano o documento oficial que deve orientar as

    aes na Regio Turstica Sudoeste. Portanto, as informaes a seguir esto

    fundamentadas no Plano.

    Regio Turstica Sudoeste do Paran Vales do Iguau

    Em relao Regio Turstica Sudoeste do Paran, Figura 1, identificamos

    que as questes relativas ao desenvolvimento turstico na regio so orientadas pela

    Agncia de Desenvolvimento Regional do Sudoeste do Paran. Como funes da

    referida agncia, espera-se que esta desenvolva atividades de planejamento, com a

    elaborao de projetos tursticos, captao de recursos, conscientizao e

    mobilizao turstica, promoo e participao em eventos do setor, ou seja, a

    Agncia quem responde pelo desenvolvimento do turismo na regio.

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    7/15

    O mapa abaixo demonstra os roteiros criados dentro da Regio Turstica

    Sudoeste, com a marca Vales do Iguau. A regio possui cinco roteiros tursticos

    integrando diversos municpios. Os roteiros so os seguintes: Caminho das

    Araucrias; Caminhos do Vento; Caminhos das Termas; Caminhos dos Lagos do

    Iguau; e Caminhos da Fronteira. Foi criada uma logomarca dos roteiros tambm aqual segue na Figura 2.

    Figura 01: Mapa Turstico do Sudoeste do ParanFonte: Secretaria do Estado do Turismo.

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    8/15

    Figura 02: Logomarcas dos roteiros existentes no Sudoeste do Paran.Fonte: BAGGIO, A. Jr. (2005)

    Cabe ressaltar que a proposta de roteirizao na Regio Sudoeste, apesar de

    ser uma das etapas do processo de Regionalizao do Turismo em todo o Brasil,

    no foi construda coletivamente e sequer discutida entre os membros da

    Governana. O consultor do SEBRAE, A. B. Jr., que tambm proprietrio de uma

    agncia de viagens no municpio de Pato Branco, apresentou essa roteirizao, apartir de um trabalho acadmico que realizou. Sua proposta foi apresentada SETU

    como se fosse algo criado pela Governana. O professor que era membro da

    Governana questionou a falta de uma construo coletiva ou de uma avaliao

    dessa proposta, porm, a proposta foi apresentada diretamente para a SETU e para

    os prefeitos da regio.

    O plano apresenta critrios para classificar o nvel de desenvolvimento do

    Turismo nos municpios da regio, de modo a inventariar a situao atual, paralanar perspectivas para o plano de trabalho a ser realizado de acordo com as

    especificidades municipais. No plano, o SEBRAE procurou enquadrar cada

    municpio em uma das seguintes situaes:

    Desenvolver: quando o municpio apresenta potencialidade turstica para o

    mercado regional, ainda sem estruturao, com deficincia de recursos

    humanos, equipamentos e infra - estrutura estabelecidos para a

    implementao da atividade turstica.

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    9/15

    Qualificar: quando o municpio possui estrutura turstica para atender ao

    mercado estadual, mas ainda apresenta necessidade de melhorar a

    qualidade dos servios prestados aos turistas, bem como de capacitao de

    pessoal e qualificao de equipamentos e infra-estrutura.

    Qualificar para Promover: quando o municpio j apresenta produtosestruturados e qualificados, aptos para promoo e comercializao no

    mercado nacional.

    Promover: quando o municpio apresenta os produtos estruturados e

    qualificados, aptos para promoo e comercializao no mercado

    internacional.

    A partir desses critrios e imperativos, a classificao resultou no seguintediagnstico: sete municpios se encontram na classificao qualificar (Capanema,

    Coronel Vivida, Francisco Beltro, Palmas, Pato Branco, Sulina e Ver); e doze na

    desenvolver (Barraco, Bom Sucesso do Sul, Cruzeiro do Iguau, Dois Vizinhos,

    Mangueirinha, Maripolis, Nova Prata do Iguau, Renascena, Salgado Filho, Santo

    Antnio do Sudoeste, So Jorge DOeste). Esses resultados indicam

    potencialidades, mas que no esto sendo desenvolvidas de modo satisfatrio.

    Aps essa primeira indicao, o plano prope que os municpios criemroteiros municipais integrados, pois assim seria possvel captar a demanda de

    turistas que vo para ncleos receptores maiores, j que a falta de integrao seria

    um entrave para o desenvolvimento da atividade na regio. Cada municpio possui

    certo grau de conhecimento sobre a atividade turstica. Enquanto alguns j possuem

    um roteiro estruturado, outros ainda esto na fase de diagnstico dos atrativos. Alm

    desses, podemos dizer que alguns municpios no possuem atrativos consolidados,

    porm possuem atrativos em potencial. No entanto, existem municpios que no

    participam da Governana e sequer participaram do Programa Nacional de

    Municipalizao do Turismo.

    Segundo dados da SETU de 2007, a regio sudoeste conta com 13 atrativos

    cadastrados no MTur, distribudos em diversos segmentos (turismo de lazer, sol e

    praia / turismo rural / religioso / negcios e eventos / cultural / sade / gastronmico).

    Os equipamentos tursticos cadastrados no MTur, somam um total de 117

    empreendimentos. Apenas 11 municpios possuem ao menos um atrativo turstico,

    sendo que nenhum destes possui roteiro comercializado por agncias de turismo.

    No entanto, esses dados tambm no so muito confiveis, pois ao os compararmos

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    10/15

    com outros dados regionais, como o guia turstico do Sudoeste de 2008 e 2010,

    percebemos que o nmero de empreendimentos e de atrativos bem maior.

    O Guia Turstico do Sudoeste do Paran foi lanado em 2008, a partir da

    iniciativa do Sindicato de Hotis, Restaurantes, Bares e similares do Sudoeste do

    Estado do Paran. At ento, no havia uma sistematizao da oferta turstica doSudoeste e o Guia apresentou os equipamentos e atrativos de cada municpio.

    Atualizado em 2010, o Guia a principal fonte de informao para os visitantes da

    regio e para a prpria populao local, que muitas vezes no conhece os atrativos

    de seus municpios.

    Voltando ao Plano de Desenvolvimento Turstico do Sudoeste do Paran,

    foram pr-definidas trs estratgias pelo SEBRAE (instituio que coordenou a

    elaborao do Plano), sendo: planejamento, gesto e fomento ao turismo estadual;desenvolvimento de destinos tursticos; e promoo e apoio comercializao.

    Estas estratgias se alinham aos seis macroprogramas desenvolvidos no plano:

    planejamento integrado e participativo; fomento e articulao institucional; oferta

    turstica; qualificao dos produtos tursticos; divulgao do destino e

    comercializao do destino.

    Outro fator para a estagnao do programa seria o fato de os maiores

    investimentos serem direcionados para as regies que atraem mais demanda.

    Segundo o Plano, a regio deve atingir as seguintes metas estipuladas at

    2011:

    Aumentar em 10% o nmero de visitantes nos atrativos;

    Ter 3 roteiros tursticos integrados consolidados at 2011. Espera-se

    desenvolver e consolidar como produtos tursticos as seguintes rotas: Roteiro

    dos Queijos e dos Vinhos, Caminhos das guas, Caminhos das Araucrias;

    Nmero de municpios (destinos) envolvidos nos roteiros;

    Equipamentos e empreendedores envolvidos;

    Investimentos na rea;

    Aumentar para 20% a taxa de participao dos empreendimentos cadastrados

    junto ao Ministrio do Turismo;

    Alcanar 2 mercados emissores;

    Ter 50 empreendimentos da regio associados Instncia de Governana;

    Aumentar em 20% a quantidade de rgos Municipais de Turismo nos

    municpios at 2011;

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    11/15

    Aumentar em 15% a quantidade de Conselhos Municipais de Turismo.

    Nesses objetivos (metas) possvel identificar algumas intencionalidades

    presentes no Plano. Percebe-se que a inteno a de promover a atividade

    turstica, sem maiores questionamentos em relao as consequncias dodesenvolvimento desta. Essas metas que devem ser alcanadas podem levar a

    srios problemas, pois ocorrer uma disputa por parte dos dez roteiros do Sudoeste,

    sendo que alguns iro se confrontar quando precisarem alcanar ao menos dois

    ncleos emissores. Alguns roteiros tero a oportunidade de ter o mesmo ncleo

    emissor, o que poder levar este ncleo a optar por apenas um, acarretando

    disputas entre roteiros. Ressaltamos que essa disputa pode vir a ser benfica para a

    configurao do roteiro, pois levara a uma melhor oferta dos servios por partedestes. Todavia, tambm poder levar ao desaparecimento de alguns atrativos que

    compem o roteiro por fatores como: no possuir condies para investimentos,

    desnimo devido falta de incentivo, retorno menor que o investimento, entre

    outros.

    Na avaliao do coordenador da Governana feita em 2010, o Sr. C. W. B.

    pontuou os seguintes avanos da Governana no Sudoeste:

    - o fato de a regio ter sido considerada como uma regio turstica pelaSETU/MTUR;

    - a adoo da metodologia de se instituir uma governana regional com um

    rgo gestor. (ainda que este mecanismo ainda se encontre em fase de

    amadurecimento e estruturao);

    - a criao da Comisso de Turismo na estrutura da AMSOP (ainda que de

    certo modo esta iniciativa se confunda com a governana j instalada. Vale pela

    iniciativa dos gestores pblicos, reconhecendo a importncia do desenvolvimento do

    turismo regional);

    - a elaborao do plano de desenvolvimento do turismo regional;

    - predefinio de roteiros dando um norte para implementao da vocao

    turstica (mostra da potencialidade regional);

    - participao da regio (todos os anos), na Mostra Estadual e de outros

    eventos;

    - participao, inda que embrionria, de empresrios na governana e

    eventos promocionais;

    - contribuio na conscientizao e capacitao de funcionrios pblicos e

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    12/15

    privados, lideranas pblicas e privadas sobre o turismo regional;

    - a definio de marca para a regio (Vales do Iguau) e materiais de

    divulgao (atravs de apoio da SETU);

    - a permanente presena de uma consultoria especializada, dando

    consistncia conceitual, programtica e cientificidade ao processo da regionalizao;- apoio estratgico do SEBRAE Regional regionalizao/governana, com

    aporte de recursos de custeio da consultoria.

    Essas duas ltimas aes foram realizadas pela mesma pessoa, o Sr. A. B.

    Jr., o qual o consultor do SEBRAE e o responsvel por dar a cientificidade ao

    programa.

    Notamos que as aes da Governana esto ocorrendo, porm no de forma

    democrtica e participativa. A contratao do consultor do SEBRAE A. B. Jr., que jfazia parte da equipe da Governana, centralizou as decises entre este e o Sr. C.

    W. B., de modo que o grupo da Governana apenas vem servindo para legitimar as

    intencionalidades desses atores, bem como da SETU.

    Alm disso, existem vrios entraves para o desenvolvimento da atividade

    turstica na regio, principalmente no que diz respeito ao conhecimento da atividade

    turstica. Muitos municpios que possuem atrativos em potencial para o turismo no

    tm um conhecimento ou interesse para desenvolver a atividade. Isso resulta muitas

    vezes em aes e projetos elaborados de forma aleatria e para beneficiar

    determinados sujeitos sociais. Falta capacitao tcnica nos municpios, mas,

    sobretudo, um debate mais aprofundado sobre o que se quer com o turismo e como

    desenvolv-lo. Os municpios ainda preferem buscar recursos para projetos

    individuais, atravs de emendas parlamentares e outras fontes, do que em pensar o

    turismo na escala regional.

    Acreditamos que o papel da Governana importante, porm at o momento,

    a Governana no vem cumprindo seu papel como planejadora da Regionalizao

    do Turismo. Ela vem servindo para legitimar intencionalidades das instituies e

    atores que tem mais poder no processo e no vem avanando em suas funes

    principais, que seriam o planejamento do turismo na escala regional e a

    congregao dos municpios para efetivar projetos de carter regional.

    Consideraes Finais

    Atravs da anlise do Plano Regional de Desenvolvimento Turstico da

    Regio turstica Sudoeste, percebemos que o processo da regionalizao encontra-

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    13/15

    se em estado incipiente e, que muitos municpios no vem participando deste. Por

    outro lado, notamos que alguns municpios j possuem uma organizao em estgio

    mais avanado que outros e isso est ligado ao fato destes terem se organizado

    durante o Programa Nacional de Municipalizao do Turismo (PNMT), ou seja, antes

    da existncia da Regionalizao.Notamos que j foram elaborados roteiros integrados dentro da Regio

    Sudoeste e que a mesma conta com cinco roteiros estruturados. O mais consolidado

    o Caminho das Thermas (unindo as Thermas de Anila - FB, guas do Ver e

    guas de Sulina). A primeira roteirizao na regio ocorreu a partir de um estudo

    feito por Cobos, e encomendado pela AMSOP (Associao dos Municpios do

    Sudoeste do Paran), ainda no ano de 1998. Posteriormente, A. B. Jr. reelaborou

    essa roteirizao e a apresentou SETU e Governana. Em virtude da forteinfluncia poltica deste, a roteirizao acabou sendo incorporada como se fosse da

    Governana, porm esses roteiros no foram elaborados coletivamente.

    O trabalho do consultor A. B. Jr. identificou alguns cones tursticos entre os

    roteiros. Ainda existe a inteno de se criar mais trs roteiros batizados com os

    nomes: Roteiro dos Queijos e Vinhos; o Programa de Ecoturismo na Terra Indgena

    Mangueirinha; e a Rota do Frio. Segundo o Sr. C. W. B. esses roteiros ainda esto

    apenas na inteno. Quanto ao roteiro dos queijos e vinhos foi constatada a

    necessidade de que os dois segmentos produtivos devem ser mais bem

    aperfeioados em toda a cadeia. Isso vem ocorrendo com o avano da viticultura

    regional, e com a criao de uma Cooperativa dos Vitinicultores do Sudoeste.

    Quanto aos queijos, foi iniciado um trabalho de fortalecimento do setor atravs da

    estruturao de uma rede de queijarias de pequeno porte, visando

    profissionalizao do setor. Quanto aos demais, pouco se avanou.

    Apesar de todos os municpios do Sudoeste do Paran serem convidados

    para participar das reunies da Regionalizao, poucos dedicaram-se ao processo.

    A participao tem sido apenas dos municpios mais organizados e com maior

    potencial. A participao vem se dando por meio de 15 municpios que se encontram

    em estgio mais avanado no desenvolvimento da atividade turstica: Ampre;

    Barraco; Bom Sucesso do Sul; Capanema; Coronel Vivida; Francisco Beltro;

    Mangueirinha; Maripolis; Palmas; Pato Branco; Renascena; Santo Antonio do

    Sudoeste; So Jorge dOeste; Sulina; Ver.

    Assim, dos 42 municpios menos da metade (15) participam das reunies.

    Acreditamos que falta maior divulgao por parte dos atores que desenvolvem a

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    14/15

    Regionalizao aqui no Sudoeste e, principalmente um maior comprometimento

    destes com os municpios que no participam das reunies, pois muitos deles

    possuem potencialidade para desenvolver a atividade e no recebem a devida

    ateno. Segundo o Coordenador da Governana no Sudoeste Sr. C. W. B., os

    municpios que se destacam na regio so: Capanema, Santo Antonio, Barraco,Francisco Beltro, Ver, Sulina, Bom Sucesso, Maripolis, Palmas. Coronel Vivida.

    Salvo Capanema que j possui uma estrutura local voltada para o desenvolvimento

    do turismo (devido a proximidade com o Parque Nacional do Iguau), os demais

    ainda esto em processo de desenvolvimento.

    Para C. W. B., a condio ideal a ser alcanada se ter no mbito dos

    municpios (principalmente naqueles com maior potencialidade), o Conselho

    Municipal de Turismo (com um profissional da rea), bem como, uma melhorestrutura (contratao de um profissional auxiliar e aquisio de um veculo) para

    melhorar a gesto exercida pela AGNCIA.

    Ainda segundo S. W. B., as principais dificuldades para o desenvolvimento do

    turismo na Regio Turstica Sudoeste seriam: a cultura de que a regio no tem

    potencialidade turstica (isso ainda persiste na mente das lideranas pblicas,

    empresrios, populao em geral); a falta de informao adequada sobre a atividade

    turstica; falta uma maior conscincia empreendedora (viso do turismo como

    atividade econmica) por parte dos empresrios que j atuam em alguma atividade

    turstica como hotelaria, gastronomia, eventos, etc.; a acanhada poltica pblica

    estadual e a elaborao de planos municipais de turismo; e ainda, a frgil estrutura

    de gesto das Governanas regionais, particularmente do Sudoeste (foi atribudo a

    Agncia o papel, mas ainda no alcanou a capacidade ideal de gesto).

    Percebe-se que C. W. B. centra sua preocupao na organizao da

    Governana e em um maior apoio e interesse poltico no que tange o

    desenvolvimento do turismo. Na concepo de C. W. B. e da maioria dos membros

    da Governana, fica ntida a ideia de que o desenvolvimento e crescimento do

    turismo so fundamentais e positivos, e que o maior problema est na obteno de

    recursos para alavancar a atividade.

    Parte-se do princpio de que o turismo deve ser desenvolvido, enquanto os

    questionamentos sobre as conseqncias negativas da atividade e sobre a

    necessidade e pertinncia de se construir um plano regional de desenvolvimento

    turstico realmente participativo, so praticamente inexistentes. Isso demonstra a

    concepo economicista e imediatista de diversas instituies envolvidas na

  • 8/6/2019 ET-026 Luciano Zanetti Pessoa Candiotto

    15/15

    Governana. Outro aspecto a destacar est ligado ao prprio funcionamento da

    Governana, haja vista que esta, apesar de ser concebida como uma instncia

    participativa e democrtica, vem servindo apenas para legitimar um processo que

    vem de cima pra baixo, ou seja, para cumprir as exigncias e formalidades da

    SETU.Assim, desvirtuam-se os fundamentos da ideia de uma Governana, enquanto

    continuam predominando interesses corporativistas, pautados em uma viso de que

    os rgos pblicos envolvidos com o turismo devem estar a servio de interesses

    privados, pois quem faz o turismo avanar a iniciativa privada.

    Referencias

    BAGGIO A. JR. Planejamento Turstico e Polticas Pblicas: Estudo de Caso doPrograma de Regionalizao do Turismo na Regio Turstica Sudoeste doParan. TCC apresentado para obteno de titulo de Bacharel em Administraocom Habilitao em Gesto de Negcios, Faculdade Mater Dei. Pato Branco. 2007.

    BAGGIO A. JR. Projeto de estruturao de roteiros integrados para a RegioTurstica Sudoeste, PR. Pato Branco, PR: [s.d], 2005.

    Brasil. Ministrio do Turismo. Programa de Regionalizao do Turismo Roteirosdo Brasil. Braslia, 2004. Disponvel em:

    http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/.Acessado em 14/10/2009.

    Plano Regional De Desenvolvimento Turstico Regio Turstica Sudoeste. 2008.

    SILVEIRA, Marcos T. Turismo, polticas de ordenamento territorial edesenvolvimento: um foco no estado do Paran no contexto regional. Tese(Doutorado em Geografia). USP, So Paulo. 2002a.

    SETU. Programa de Regionalizao do Turismo no Estado do Paran.

    Disponvel em: http://www.setu.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6. Acessado em 17/12/2009.

    http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/http://www.setu.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6http://www.setu.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/http://www.setu.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6http://www.setu.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6