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  • 7/25/2019 ex. andr.

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    A importncia do exame androlgico em bovinos

    So Carlos, SP

    Dezembro, 2005

    41

    ISSN 1516-4111X

    Autores

    Rogrio TaveiraBarbosa

    Med. Vet., Dr.

    Embrapa PecuriaSudeste,

    Rod. Washington Luiz,km 234, 13560-970,

    So Carlos, SPEndereo eletrnico:

    [email protected],br

    Rui MachadoMed. Vet., Dr.Embrapa Pecuria

    Sudeste,Rod. Washington Luiz,km 234, 13560-970,

    So Carlos, SP

    Endereo eletrnico:[email protected],br

    Marco Aurlio CarneiroM. BergamaschiMed. Vet., Dr.

    R. Sete de Setembro,2875, 13560-181,

    So Carlos, SPEndereo eletrnico:

    [email protected]

    Foto: Rogrio Taveira Barbosa

    1- Introduo

    A fertilidade inquestionavelmente uma das mais

    importantes caractersticas a ser considerada, tanto nos sistemas

    produtivos de carne quanto nos de leite. Economicamente, o mrito

    reprodutivo cinco vezes mais importante para o produtor de

    bezerros do que o desempenho no crescimento e dez vezes mais

    importante do que a qualidade do produto. Esses aspectos ilustram

    a importncia relativa dessa caracterstica no rebanho como um

    todo.Quando se discute o componente touro isoladamente,

    conclui-se que a importncia da fertilidade do macho muito maior

    do que a de qualquer fmea individualmente, j que o touro pode se

    acasalar com nmero muito maior de fmeas, tanto na monta

    natural como na inseminao artificial.

    Historicamente, couberam a Williams, em 1920, nos Estados

    Unidos, os primeiros relatos sobre infertilidade ou subfertilidade do

    touro, quando esse autor estabeleceu as relaes entre essas

    caractersticas e alteraes no smen. Mais tarde, Lagerlf (1934),

    na Sucia, classificou as alteraes dos espermatozides e lanou

    as bases do espermiograma, bem como a sua interpretao.

    Por um perodo de oito anos, Carrol e colaboradores (1963)

    desenvolveram 10.940 exames androlgicos em touros no Estado

    do Colorado (EUA), com a ajuda de um laboratrio de campo

    devidamente equipado para realizar exames de

    qualidade de smen.

    Foram classificados

    como reprodutores

    satisfatrios 79,2%

    dos touros; como

    q u e s t i o n v e i s ,

    11,2%; e como

    insatisfatrios, 9,5%.

    Isso significa que

    mais de 20% dosmachos no reuniram

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    2 A importncia do exame androlgico em bovinos

    condies para serem usados como

    reprodutores no momento da avaliao.

    No Brasil, o trabalho pioneiro de Vale

    Filho e colaboradores (1979) objetivouapresentar as causas, a origem e as formas

    de manifestao da subfertilidade e da

    infertilidade no macho bovino, bem como

    estabelecer a prevalncia dos problemas

    encontrados em um estudo de 1.088 touros

    zebunos, taurinos ou mestios criados no

    Pas. Baixa fertilidade ou infertilidade foram

    observadas em 53,34% de 628 touros que

    serviam como reprodutores em diversos

    rebanhos, em nove Estados do Brasil. Em

    344 animais oriundos de rebanhos de elite e

    apresentados como doadores de smen em

    uma central de inseminao artificial,

    houve a ocorrncia de problemas em

    55,84% dos animais. Em 116 bimestios

    zebu-taurinos criados em regime extensivo

    no Estado de So Paulo, 45,69% foram

    considerados com baixa fertilidade. As

    principais causas de baixa fertilidade ou de

    infertilidade em touros criados no Brasil,

    independentemente da constituio

    gentica, foram degenerao testicular,

    maturidade sexual retardada, hipoplasia

    testicular, espermiognese imperfeita e

    imaturidade sexual. Todas essas causasaconteceram em conseqncia de fatores

    do ambiente desfavorvel e do manejo

    indesejvel, bem como da origem gentica.

    Esses autores concluram que a fertilidade

    dos touros usados como reprodutores no

    Brasil Central tem deixado bastante a

    desejar, indicando a necessidade de

    melhores critrios de seleo genotpica, demelhor manejo geral e enfatizando que

    cuidadosos exames clnicos, sanitrios e

    androlgicos so imprescindveis para que

    touros sejam usados como reprodutores.

    Pelo exame androlgico completo podem

    ser detectadas alteraes do desenvolvimentodo sistema genital, alteraes regressivas,

    alteraes progressivas e alteraes

    inflamatrias nos diversos rgos, bem como

    distrbios na libido e na habilidade de cpula.

    Essas alteraes levam tanto incapacidade de

    fertilizao como de monta, em vrios graus,

    caracterizando quadros de subfertilidade ou de

    infertilidade masculina.

    Para a realizao da avaliao dos touros

    (comportamento sexual, exame clnico, exame

    androlgico, etc.) de fundamental importncia a

    colaborao de um mdico veterinrio com

    confivel qualificao e experincia na rea.

    2- Indicaes

    O exame androlgico completo

    fundamenta-se na avaliao de todos os

    fatores que contribuem para a funo

    reprodutiva normal do touro Esse exame

    est indicado nas seguintes situaes:

    - na avaliao do reprodutor antes da

    estao de monta;

    - nas relaes de comercializao de

    reprodutores;

    - na ocorrncia de falhas reprodutivas no

    rebanho;

    - para determinao da ocorrncia da

    puberdade ;

    - para o diagnstico de problemas de

    fertilidade;

    - para o ingresso nas centrais de

    inseminao, com vistas congelaode smen.

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    3A importncia do exame androlgico em bovinos

    3- O Exame Androlgico

    Na realizao do exame androlgico,

    a adoo de um formulrio apropriado

    fundamental para a conduo dos exames

    (vide exemplo no Anexo 1). Esse formulrio

    contm um cabealho com o nome, o

    nmero de inscrio no Conselho Regional

    de Medicina Veterinria (CRMV) e o

    endereo do mdico veterinrio

    responsvel pela execuo dos exames. O

    formulrio deve conter ainda um roteiro

    com quatro itens bsicos e fundamentaispara emisso do certificado de exame

    androlgico: a identificao do animal e do

    seu proprietrio, o exame clnico, o

    espermiograma propriamente dito e a

    concluso dos achados.

    3.1- Identificao

    Este tem deve conter as

    informaes relacionadas ao proprietrio do

    animal, como nome, endereo, telefone,

    fax, etc.; propriedade (nome, municpio); e

    ao animal em questo, tais como espcie,

    raa, nome, nmero do brinco, nmero da

    tatuagem, nmero do registro genealgico e

    data de nascimento. A incluso de sinais

    externos ou de marcas que ajudem naidentificao permanente do animal

    tambm recomendada.

    3.2- Exame clnico

    3.2.1- Histria clnica ou anamnese

    Antes de conduzir o exame fsico, o

    mdico veterinrio deve conhecer tanto

    quanto possvel a respeito do animal e a

    razo pela qual este est sendo examinado

    dever ser anotada. Considerando que a

    produo espermtica um processo

    contnuo, que requer cerca de 60 dias

    desde o incio da espermatognese at aejaculao, importante saber do estado

    de sade do touro durante o perodo

    precedente ao exame. O histrico

    reprodutivo do animal de particular

    interesse e deve incluir, dependendo do

    objetivo do exame, os dados relacionados

    ao rebanho, ao estabelecimento e ao

    manejo dos animais na propriedade, o

    nmero e a freqncia dos acasalamentos,

    as taxas de gestao obtidas em

    acasalamentos anteriores, a normalidade

    das prognies, e a situao sanitria e

    reprodutiva do rebanho, bem como outras

    informaes julgadas necessrias.

    3.2.2- Exame clnico geral

    O animal dever ser avaliado por

    meio da inspeo quanto normalidade dos

    diversos sistemas (respiratrio, circulatrio,

    nervoso, digestivo, locomotor), tanto em

    repouso como em movimento, com ateno

    para os aprumos, os cascos e as

    articulaes. O sistema locomotor merece

    ateno especial, face sua importncia,

    tanto para caminhar em busca de alimentoe para procurar por fmeas em cio como

    para efetuar a cpula. Vale ressaltar que

    manifestaes de dor so importantes

    causadoras de impotncia. Caso surja

    alguma alterao, procedimentos

    especficos devem ser adotados. Para

    mxima eficincia dos acasalamentos em

    monta natural, o touro deve estarfisicamente normal. O animal deve estar em

    boa condio geral e com tamanho, peso e

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    4 A importncia do exame androlgico em bovinos

    conformao normal para sua raa e idade.

    Outro aspecto a ser avaliado a viso, pois

    touros com problemas de viso, tero

    dificuldade tambm para identificar ogrupo sexualmente ativo de fmeas e ter

    boa eficincia reprodutiva. A dentio

    dever ser examinada e pode ajudar a

    confirmar a idade do touro.

    3.2.3- Exame do sistema genital

    Os rgos genitais externos so

    examinados por inspeo e palpao, j os

    internos so examinados por palpao retal.

    Verifica-se a presena, as dimenses, a

    simetria, a consistncia e a mobilidade dos

    componentes do sistema genital e sua

    compatibilizao com a idade, com o

    desenvolvimento e com a raa do animal.

    Qualquer alterao em qualquer uma das

    partes deve ser anotada.

    a) Escroto

    Com o animal devidamente contido, o

    escroto deve ser examinado quanto a

    espessura da pele, sensibilidade,

    mobilidade, temperatura, presena de

    ectoparasitas, aderncias e possveis

    leses na pele.

    b) Testculos

    Ambos devem ser tracionados para

    dentro da bolsa escrotal e examinados

    quanto a presena, forma, simetria,

    consistncia, mobilidade dentro do escroto,

    posio, temperatura, sensibilidade,

    tamanho e principalmente biometria.

    c) Epiddimos

    Devem estar intimamente aderidos

    aos testculos. A cabea, o corpo e a cauda

    de ambos os rgos so examinadospraticamente quanto aos mesmos aspectos

    relacionados para os testculos.

    d) Cordes espermticos

    Esto diretamente relacionados

    capacidade de termorregulao testicular.

    O grau de distenso dos cordes

    espermticos varia em funo das

    condies climticas, da raa e da idade.

    e) Prepcio

    Deve ser examinado desde o orifcio

    externo (stio) at sua insero prxima ao

    escroto.

    A ateno deve estar voltada para

    aumentos de volume e de temperatura,

    prolapsos, abscessos, hematomas e

    cicatrizes. Nas raas zebunas, o tamanho e

    a forma do prepcio merecem ateno

    especial para alteraes mais complexas. O

    stio prepucial externo deve permitir a livre

    passagem do pnis e sua mucosa no deve

    estar exposta.

    f) PnisTodo o rgo deve ser examinado em

    repouso ou aps ereo. Vrias alteraes

    podem ser detectadas. Se a protruso

    (exposio) do pnis no for possvel aps a

    manipulao da flexura sigmide (S

    peniano), localizada atrs do escroto,

    examinar o pnis aps a ereo com o

    eletroejaculador durante a colheita desmen.

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    5A importncia do exame androlgico em bovinos

    g) rgos genitais internos

    O exame dos rgos genitais internos

    pode ser feito por palpao retal ou ultra-

    sonografia transretal. Devem ser avaliadasas ampolas dos canais deferentes e as

    glndulas vesiculares, quanto a tamanho,

    forma, lobulao e sensibilidade.

    3.2.4- Biometria testicular

    O tamanho dos testculos pode ser

    facilmente estimado, medindo-se a

    circunferncia escrotal. Essa medida de

    fcil obteno por meio de fitas especficas

    e de alta repetibilidade, mesmo se

    efetuada por diferentes tcnicos, entretanto os

    procedimentos devem ser padronizados. A

    correlao positiva entre circunferncia escrotal

    e produo espermtica e a correlao

    negativa entre circunferncia escrotal e idade

    puberdade foi demonstrada tanto em touros

    jovens como em fmeas meiasirms.Portanto, a circunferncia escrotal pode ser

    usada como medida preditiva do potencial de

    produo espermtica, especialmente se

    tomada em touros jovens. Como os valores

    variam com a raa e a idade, entre outros

    fatores, a Society for Theriogenology (EUA)

    elaborou uma tabela de referncia dos

    valores mnimos de circunferncia escrotal

    (cm) nas diferentes idades para animais de

    raas taurinas (Bos taurus taurus), conforme

    Tabela 1. Para zebunos, tem-se utilizado os

    dados apresentados na Tabela 2.

    Tabela 1 - Tabela de referncia para avaliao da circunferncia escrotal mnima

    recomendada. Usada para animais Bos taurus taurus.

    Fonte: BIF (2002).

    Idade (meses) Circunferncia escrotal (cm)

    < 15 30

    >15 18 21 24 34

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    6 A importncia do exame androlgico em bovinos

    3.2.5- Comportamento sexual

    Igualmente importante a avaliao

    do comportamento sexual, visto que o touro

    aprovado nos exames clnicos e de smen

    tambm deve estar habilitado a detectar as

    fmeas em estro e depositar seu smen no

    aparelho genital feminino. A olfao

    fundamental nesse processo. Assim,

    recomendvel a aplicao de testes de

    comportamento sexual em

    complementao s avaliaes

    androlgicas.

    Existem diferenas entre raas

    quanto ao comportamento sexual, e a

    influncia de fatores genticos na

    expresso da libido e da habilidade demonta bem conhecida.

    Para zebunos que apresentam

    comportamento sexual mais vagaroso,

    sugerido o teste de libido, realizado em

    curral (200 a 300 m2) com trs fmeas em

    cio por 5 min, em que cada atitude do touro

    pontuada, conforme descrio no Anexo

    2. Esse teste tambm se aplica s raascompostas. Para animais de raas taurinas,

    o teste mais utilizado o de

    capacidade de servio, que se baseia na

    observao do nmero de cpulas que o

    touro consegue realizar durante 40 min em

    vacas fora de estro contidas em troncos

    apropriados. O nmero de touros em teste

    deve ser sempre maior do que o de fmeas

    contidas (5:2 ou 5:3). Antes da realizao

    do teste, deve ser permitido aos touros a

    observao durante 10 min ou mais de

    outros touros montando as vacas, como

    pr-estimulao.

    Os testes de comportamento sexual

    tm aplicao independentemente do

    prognstico de fertilidade e sua

    interpretao deve ser criteriosa,considerando as condies de execuo.

    3.3- Espermiograma

    A parte final do exame androlgico

    a colheita e a anlise de uma amostra

    representativa de smen. Embora existam

    alguns mtodos para colheita de amostras

    de smen, a eletroejaculao o maispopular e o mais indicado para a colheita

    em touros de campo que no foram

    Tabela 2- Permetro escrotal mnimo de touros zebus, classificados por idade.

    Fonte: Fonseca et al. (1997).

    Idade (meses) Circunferncia escrotal (cm)

    717,5

    12 21,5

    1826,0

    24 29,0

    36 30,5

    >48 >33,0

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    7A importncia do exame androlgico em bovinos

    condicionados a outros procedimentos. O

    mtodo de colheita deve constar no

    formulrio de exame. Um laboratrio

    apropriado deve ser montado napropriedade e o local deve estar limpo e

    protegido dos rigores do clima. Esse

    laboratrio deve conter os seguintes

    equipamentos: um microscpio comum,

    com aumentos de 100 ou 400 vezes e

    platina aquecida; uma mesa aquecedora

    para vidraria; gua quente, para aquecer

    externamente o tubo de colheita;

    equipamento de colheita com

    eletroejaculador completo; corantes para

    morfologia; contador de clulas; tubos de

    centrfuga; lminas e lamnulas; pipetas e

    tubos para amostras; luvas de palpao;

    fita mtrica; e formulrio de avaliao.

    Aps a obteno da amostra de smen,

    esta deve ser imediatamente avaliada

    quanto s suas caractersticas fsicas e, em

    seguida, ser retirado material para futura

    determinao da concentrao

    espermtica e da morfologia espermtica e

    feitos os esfregaos para posterior

    colorao e avaliao complementar da

    morfologia das clulas espermticas

    individuais.

    Para a anlise e a interpretao doespermiograma, h valores de referncia

    para os diferentes atributos (motilidade,

    concentrao, etc.). Esses valores de

    referncia so determinados pelo Colgio

    Brasileiro de Reproduo Animal e esto

    disponveis na publicao Manual para

    exame androlgico e avaliao de smen

    animal.

    3.3.1- Caractersticas fsicasdo ejaculado

    a) Volume

    O volume do ejaculado deve ser lidodiretamente no tubo de colheita e expresso

    em mililitros. Esse valor relativo e

    depende do mtodo de colheita e do regime

    sexual anterior colheita e no existe valor

    mnimo ou valor mximo estabelecido.

    b) Aspecto

    A avaliao visual, principalmente da

    cor e da aparncia, reflete aspectos

    qualitativos e quantitativos do ejaculado. A

    presena de urina, sangue, clulas

    epiteliais, pus, etc. auxilia muito no

    diagnstico das alteraes.

    c) Turbilhonamentoou motilidade em

    massa

    avaliado por meio da observao de

    uma gota de smen puro colocada sobre

    uma lmina pr-aquecida, em microscpio

    ptico, com objetiva de 10 ou 20 vezes de

    aumento, em microscopia comum. O

    turbilhonamento mede a intensidade da

    onda de movimentao dos

    espermatozides resultante da motilidade

    individual, do vigor e da concentraoespermtica.

    A escala de avaliao varia de zero a

    cinco, em que zero representa a ausncia

    de movimento de massa e cinco, acentuada

    movimentao. Pode ser afetado pelo

    mtodo de colheita.

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    8 A importncia do exame androlgico em bovinos

    d) Motilidade

    a avaliao subjetiva do percentual

    de espermatozides mveis. O exame

    realizado em microscpio ptico comobjetiva de 10 ou 40 vezes de aumento,

    observando-se uma gota de smen fresco

    entre lmina e lamnula previamente

    aquecidas.

    e) Vigor

    a intensidade de movimentao do

    espermatozide individualmente. A

    avaliao deve ser feita na mesma

    preparao para motilidade e logo aps

    essa avaliao. A escala de avaliao

    tambm varia de zero a cinco, em que zero

    representa clulas paradas e cinco,

    movimento vigoroso e de alta velocidade.

    f) Concentrao espermtica

    Representa o nmero de

    espermatozides por unidade de volume

    ejaculado. Existem vrios mtodos para

    contagem dos espermatozides. O mais

    utilizado a contagem em cmara de

    Neubauer, em que um volume de smen

    conhecido diludo em um volume tambm

    conhecido de meio (geralmente formol-

    salina tamponada), que, apshomogeneizao, colocado na cmara e a

    determinao realizada em microscpio

    ptico com objetiva de 10 ou 20 vezes de

    aumento, sendo o resultado expresso em

    nmero de espermatozides/ml de smen.

    A concentrao varia em funo de fatores

    extrnsecos (mtodo de coleta, freqncia

    de cpulas) e intrnsecos (idade, biometriatesticular).

    3.3.2- Caractersticas morfolgicas

    A morfologia espermtica, aps

    vrios estudos realizados, segue uma

    classificao em defeitos maiores edefeitos menores, segundo a origem do

    defeito (Blom, 1973).

    a) Defeitos maiores: acrossoma,

    gota citoplasmtica proximal,

    cabea subdesenvolvida, estreita

    na base, isolada patolgica,

    pequena anormal, contorno

    anormal, pouch formation

    (diadema), cauda enrolada na

    cabea, piriforme, formas

    teratolgicas, patologias da pea

    intermediria, cauda fortemente

    dobrada ou enrolada e cauda

    dobrada com gota distal.

    b) Defeitos menores: cabea

    delgada, cabea gigante, curta,

    larga, pequena normal, cabea

    isolada normal, abaxial,

    retroaxial, oblqua, cauda dobrada

    ou enrolada, gota citoplasmtica

    distal.

    Para a anlise da patologia dos

    espermatozides, ou seja, das alteraesnas caractersticas morfolgicas, h a

    necessidade de um microscpio com o

    dispositivo de contraste de fase. Devero

    ser utilizados esfregaos em lmina,

    corados para exame em microscopia

    ptica, sob imerso, com aumento de 1.000

    vezes, associado ao exame em preparao

    mida. Para este ltimo, deve ser montadacom uma pequena gota do smen da

    amostra armazenada em soluo formol-

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    9A importncia do exame androlgico em bovinos

    salina, colocada entre lmina e lamnula,

    lacrada com esmalte e observada em

    microscopia de contraste de fase (aumento

    de 1.000 vezes). Em cada preparaodevem ser analisadas pelo menos 100

    clulas e os resultados da freqncia das

    alteraes so expressos em porcentagem.

    Caso seja possvel o exame com

    microscopia de contraste com interferncia

    diferencial de fase, fica dispensado o

    exame da lmina corada. De qualquer

    forma, sero analisados os defeitos de

    forma e de estrutura, classificando-os como

    de cabea ou de cauda em 200 clulas, no

    mnimo.

    Os defeitos espermticos observados

    na lmina corada so: cabea

    subdesenvolvida, cabea isolada

    patolgica, cabea estreita na base, cabea

    piriforme, cabea pequena anormal, cabea

    com contorno anormal, cabea delgada,

    cabea gigante, curta, larga ou pequena

    normal, insero abaxial, retroaxial ou

    oblqua da pea intermediria cabea e

    formas teratolgicas.

    Na preparao mida, os seguintes

    defeitos so avaliados: acrossoma, gota

    citoplasmtica proximal e distal, cauda

    enrolada na cabea, pouch formation,patologias da pea intermediria, cauda

    fortemente dobrada ou enrolada, cauda

    dobrada com gota distal anexa, cabea

    isolada normal e cauda dobrada ou enrolada

    simples.

    Na interpretao da morfologia

    espermtica, considerar para defeitos

    maiores os limites de 5% e 20% para osindividuais e para os totais,

    respectivamente, e para os defeitos

    menores, 10% e 25%, para individuais e

    totais, respectivamente. Para o total de

    defeitos, ou seja a soma de defeitos

    maiores e de defeitos menores, o limite de30%. A presena de medusas, clulas

    primordiais, clulas gigantes, leuccitos,

    hemcias ou clulas epiteliais devem ser

    consideradas na interpretao.

    Novos mtodos e tcnicas de

    avaliao da capacidade reprodutiva do

    touro ou do smen tm sido desenvolvidas e

    envolvem a determinao de protenas no

    plasma seminal, a induo da reao

    acrossmica, o uso do ultra-som, o uso da

    termografia e tambm o uso de sondas

    fluorescentes. Embora ainda no sejam

    empregadas na rotina, essas tcnicas

    podem ser usadas de forma complementar

    para o esclarecimento de falhas nos

    processos reprodutivos.

    3.4- Concluses

    Ao final do exame androlgico, de

    posse dos resultados do exame clnico

    geral, do resultado do exame detalhado do

    sistema genital, da anlise representativa

    de uma amostra de smen quanto s suas

    caractersticas fsicas e morfolgicas e do

    exame do comportamento sexual, o mdicoveterinrio poder classificar o touro como

    apto, inapto ou questionvel. A categoria

    apto ou satisfatrio usada para animais

    que atingirem ou ultrapassarem o limite

    mnimo recomendado para circunferncia

    escrotal, motilidade e morfologia

    espermticas, e no apresentarem qualquer

    caracterstica fsica anormal ou razo quepossa comprometer seu desempenho

    reprodutivo. Inaptos ou insatisfatrios so

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    10/13

    10 A importncia do exame androlgico em bovinos

    aqueles touros que no atingirem o limite

    mnimo recomendado em uma ou mais

    caractersticas e para os quais improvvel

    que haja melhora na classificao. Nessacategoria tambm esto includos animais

    com defeitos genticos ou problemas

    irreversveis que possam comprometer seu

    uso como reprodutor. Na categoria

    questionvel,esto includos os touros que

    devem aguardar novos exames. Essa

    classificao recomendada para touros

    imaturos ou que sofrem de um problema

    transitrio que os impede de serem

    classificados como satisfatrios na poca

    do exame, mas indica que o animal pode

    melhorar com a idade ou o perodo

    convalescente. Tambm inclui animais em

    que houve problemas na colheita de smen

    e que apresentam caractersticas seminais

    abaixo ou prximas dos limites mnimos e

    que podem melhorar em futuras avaliaes.

    4- Consideraes Finais

    No Brasil, as estimativas indicam que

    somente em torno de 6% das fmeas

    bovinas so artificialmente inseminadas e

    isso ento significa que mais de 90% dosbezerros nascidos so oriundos de

    acasalamentos naturais. Para um rebanho

    de mais de 70 milhes de matrizes,

    dispomos de uma populao de mais de 2,3

    milhes touros, para os quais a realizao

    de exames androlgicos completos so

    plenamente justificados, com forte impacto

    econmico nos sistemas produtivos.

    5- Referncias Bibliogrficas

    ANUALPEC. Anurio da Pecuria Brasileira,2005. So Paulo: FNP Consultoria e

    Comrcio. 2005. p.54.

    BARBOSA, R. T.; ALENCAR, M.M.;BARBOSA, P.F.; FONSECA, V.O.Comportamento sexual de touros das raasCanchim e Nelore. Revista Brasileira deReproduo Animal, v. 15, n. 3-4, p. 151-157, 1991.

    BARBOSA, R. T. Comportamento sexual,biometria testicular, aspectos do smen enveis plasmticos de testosterona em touros

    Canchim e Nelore. 1987, 135 f. Tese(Mestrado) - Escola de Veterinria-Universidade Federal de Minas Gerais, Belo-Horizonte.

    BEEF IMPROVEMENT FEDERATION-BIF.Guidelines for the bull breeding soundnessevaluation. Athens, Georgia. 2002. p.151-154.

    BLOM, E. The ultrastructure of somecharacteristic sperm defects and a proposal

    for a new classification of the bullspermogram. Nord. Veterinaermed., v. 25, n.7/8, p. 383-391, 1973.

    CARROL, E. J.; BALL, L.; SCOTT, J. A.Breeding soundness in bulls - A summary of10,940 examinations. Journal AmericanVeterinary Medicine Association, v.142, n.10,p.1105-1111, 1963.

    CELEGHINI,E.C. Efeitos da criopreservao dosmen bovino sobre as membranas

    plasmtica,acrossomal e mitocondrial eestrutura da cromatina dos espermatozidesutilizando sondas fluorescentes. 2005, 186p.Tese (Doutorado) - Faculdade de MedicinaVeterinria e Zootecnia - Universidade de SoPaulo, So Paulo.

    CHENOWETH, P. J. Breeding soundnessevaluation in bulls. In: MORROW, D. A.Current therapy in theriogenology.Philadelphia, WB: Saunders, 1980. p. 330-339.

  • 7/25/2019 ex. andr.

    11/13

    11A importncia do exame androlgico em bovinos

    Exemplares desta edio podem ser adquiridos na:

    Embrapa Pecuria Sudeste

    Endereo: Rod. Washington Luiz, km 234

    Fone: (16) 3361-5611

    Fax: (16) 3361-5754Endereo eletrnico: [email protected]

    1aedio

    1aimpresso (2005): 250 exemplares

    Presidente:Alfredo Ribeiro de Freitas.

    Secretrio-Executivo: Edison Beno Pott

    Membros: Andr Luiz Monteiro Novo, Odo Primavesi,

    Maria Cristina Campanelli Brito, Snia Borges de Alencar.

    Reviso de texto: Edison Beno Pott

    Editorao eletrnica: Maria Cristina Campanelli Brito.

    Comit depublicaes

    Expediente

    CircularTcnica, 41

    Ministrio da Agricultura,

    Pecuria e Abastecimento

    CHENOWETH, P. J. Libido and mating abilityin bulls. In: MORROW, D. A. Current therapyin theriogenology. Philadelphia, WB:Saunders, 1980. p. 342-344.

    CHENOWETH, P. J. Examination of bulls forlibido and mating ability. Santa Lcia:UNIVERSITY OF QUEENSLAND VETERINARYSCHOOL, 1974. p. 1-5.

    COLGIO BRASILEIRO DE REPRODUOANIMAL. Manual para exame androlgico eavaliao de smen animal. 2aEd. BeloHorizonte,1998. 49 p.

    COULTER, G. H.; KASTELIC, J. P. The testicularthermoregulation - management interaction in thebeef bull. In: COULTER, G. H.; KASTELIC, J. P.Improving Reproductive Performance. Alberta:The National Association of Animal Breeders.1997. p. 7-14.

    ELMORE, R. G. Focus on bovinereproductive disorders: Evaluating bulls forbreeding soundness. Veterinary Medicine, v.89, n. 4, p. 372-378, 1994.

    FONSECA, V. O.; SANTOS, N. R.; MALINSKI,P. R. Classificao androlgica de touroszebus (Bos taurus indicus) com base no

    permetro escrotal e caractersticas morfo-fsicas do smen. Revista Brasileira deReproduo Animal, v. 21, n. 2, p. 36-39,1997.

    KASTELIC, J. K.; SILVA, A. E. D. F.;BARBOSA, R. T.; MACHADO, R. Novosmtodos de avaliao da capacidadereprodutiva de touros. In: Intensificao dabovinocultura de corte: estratgias de manejoreprodutivo e sanitrio. So Carlos:EMBRAPA - CPPSE,1997.p.41-57.

    LAGERLF, N. MorphologischeUntersuchungen uber Veranderungen imSpermabild und in den Hoden bei Bullen mitverminderter oder aufgehobener Fertilitat.Acta Path. Microb. Scand., Suppl.19,Uppsala, 254 p., 1934.

    LAGERLF, N. Semen examination as an aidto sexual health control in domestic animalbreeding. International Journal of Fertility, v.9, n.2, p. 377-382,1964.

    OSBORNE, H. G.; Williams, L. G.; Galloway,D. B. A test for libido and serving ability inbeef bulls. Australian Veterinary Journal, v.47, n. 10, p. 465-467, 1971.

    SALVADOR, D. F. Perfil cromatogrfico eeletrofortico de protenas do smen comafinidade a heparina de touros jovens da raa

    Nelore e suas associaes com a seleo

    androlgica, congelao de smen e reaoacrossmica induzida (RAI). 2005. 185p. Tese

    (Doutorado). Escola de Veterinria -Universidade Federal de Minas Gerais, BeloHorizonte.

    SILVA, A. E. D. F.; DODE, M. A. N.;UNANIAN, M. M. Capacidade reprodutiva dotouro de corte: funes, anormalidades eoutros fatores que a influenciam. CampoGrande, MS: EmbrapaCNPGC, 1993. 128p.(EMBRAPA-CNPGC. Documentos 51).

    TRENKLE, A.; WILLHAM, R. L. Beefproduction eficiency. Science, v. 198, p.1009,1977.

    VALE FILHO, V. R.; PINTO, P. A.; FONSECA,J.; SOARES, L. C. O. V. Patologia do smen:Diagnstico androlgico e classificao deBos tauruse Bos indicusquanto fertilidadepara uso como reprodutores em condies deBrasil de um estudo de 1088 touros. SoPaulo: Dow Quimica, 1979, 54 p.

    WILLIAMS, W. W. Technique of collecting

    semen for laboratory examination with areview of several diseased bulls. The CornellVeterinarian, v. 10, p. 87-94, 1920.

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    12/13

    12 A importncia do exame androlgico em bovinos

    ANEXO 1- Modelo de certificado de exame androlgico.

    C E R T I F I C A D O A N D R O L G I C O

    A - IDENTIFICAO DO REPRODUTOR

    B - EXAME CLNICO

    C - ESPERMIOGRAMA

    D - CONCLUSES

    Nome: Raa: Data de nascimento: Node registro:Proprietrio: Endereo: Tel.:

    Fazenda: Municpio:

    1. Histrico e anamnese:2. Geral:3. Dos genitais: Circunferncia escrotal: cm

    Consistncia testicular:4. Comportamento sexual:5. Aprumos:

    I MTODO DE COLETA:....... PATOLOGIA DA CAUDA

    II CARACTERSTICAS FSICAS Fortemente dobrada ou enrolada:

    1. Volume do ejaculado:.....(ml) Dobrada com gota protoplasmtica

    2. Turbilhonamento............(0 - 5) distal (anexa)

    3. Motilidade:......................(%) Total (Defeitos maiores)

    4. Vigor: .............. ..........( 0 - 5 )

    5. Concentrao: ...( x 10 6/ ml ) 2. DEFEITOS MENORES (%)

    PATOLOGIA DA CABEA

    III CARACTERSTICAS MORFOLGICAS Delgada

    1. DEFEITOS MAIORES (%) Gigante, curta, larga, pequena normal

    ACROSSOMA: Isolada normal

    GOTA CITOPLASMTICA PROXIMAL ABAXIAL, RETROAXIAL, OBLQUA

    PATOLOGIA DA CABEA: CAUDA DOBRADA OU ENROLADA

    Subdesenvolvida GOTA CITOPLASMTICA DISTAL

    Cauda enrolada na cabea Total (Defeitos menores)

    Cabea isolada patolgica

    Estreita na base TOTAL DE ANOMALIAS (%)

    Piriforme

    Pequena anormal Observaes:

    Contorno anormal

    Pouch formation IV - OUTROS ELEMENTOS

    FORMAS TERATOLGICAS 1. Medusas:

    2. Clulas Primordiais:

    PATOLOGIA DA PEA INTERMEDIRIA 3. Clulas Gigantes:

    Fibrilao, fratura total e parcial, 4. Leuccitos:

    Edema, pseudo gotas, outros 5. Hemcias:

    6. Epiteliais:

    O animal examinado foi considerado reproduo, segundo as

    caractersticas avaliadas.

    , de de Responsvel Tcnico:

    CRMV

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    13A importncia do exame androlgico em bovinos

    ANEXO 2- Teste de libido, segundo Osborne (1971), modificado por Chenoweth (1974).

    Pontuao Atitude0 touro no mostrou interesse sexual;

    1 interesse sexual mostrado somente uma vez (ex.: cheira a regio perineal);

    2 positivo interesse sexual pela fmea, em mais de uma ocasio;

    3 ativa perseguio da fmea, com persistente interesse sexual;

    4 uma monta ou tentativa de monta, mas nenhum servio (cpula);

    5 duas montas ou tentativas de monta, mas nenhum servio;

    6 mais do que duas montas ou tentativas de monta, mas nenhum servio;

    7 um servio, seguido por nenhum interesse sexual;

    8 um servio seguido por interesse sexual, incluindo montas ou tentativas de

    monta;

    9 dois servios, seguidos por nenhum interesse sexual;

    10 dois servios, seguidos por interesse sexual, incluindo montas, tentativas de

    monta ou servios.