Upload
michelle-naomi
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
7/25/2019 ex. andr.
1/13
A importncia do exame androlgico em bovinos
So Carlos, SP
Dezembro, 2005
41
ISSN 1516-4111X
Autores
Rogrio TaveiraBarbosa
Med. Vet., Dr.
Embrapa PecuriaSudeste,
Rod. Washington Luiz,km 234, 13560-970,
So Carlos, SPEndereo eletrnico:
Rui MachadoMed. Vet., Dr.Embrapa Pecuria
Sudeste,Rod. Washington Luiz,km 234, 13560-970,
So Carlos, SP
Endereo eletrnico:[email protected],br
Marco Aurlio CarneiroM. BergamaschiMed. Vet., Dr.
R. Sete de Setembro,2875, 13560-181,
So Carlos, SPEndereo eletrnico:
Foto: Rogrio Taveira Barbosa
1- Introduo
A fertilidade inquestionavelmente uma das mais
importantes caractersticas a ser considerada, tanto nos sistemas
produtivos de carne quanto nos de leite. Economicamente, o mrito
reprodutivo cinco vezes mais importante para o produtor de
bezerros do que o desempenho no crescimento e dez vezes mais
importante do que a qualidade do produto. Esses aspectos ilustram
a importncia relativa dessa caracterstica no rebanho como um
todo.Quando se discute o componente touro isoladamente,
conclui-se que a importncia da fertilidade do macho muito maior
do que a de qualquer fmea individualmente, j que o touro pode se
acasalar com nmero muito maior de fmeas, tanto na monta
natural como na inseminao artificial.
Historicamente, couberam a Williams, em 1920, nos Estados
Unidos, os primeiros relatos sobre infertilidade ou subfertilidade do
touro, quando esse autor estabeleceu as relaes entre essas
caractersticas e alteraes no smen. Mais tarde, Lagerlf (1934),
na Sucia, classificou as alteraes dos espermatozides e lanou
as bases do espermiograma, bem como a sua interpretao.
Por um perodo de oito anos, Carrol e colaboradores (1963)
desenvolveram 10.940 exames androlgicos em touros no Estado
do Colorado (EUA), com a ajuda de um laboratrio de campo
devidamente equipado para realizar exames de
qualidade de smen.
Foram classificados
como reprodutores
satisfatrios 79,2%
dos touros; como
q u e s t i o n v e i s ,
11,2%; e como
insatisfatrios, 9,5%.
Isso significa que
mais de 20% dosmachos no reuniram
7/25/2019 ex. andr.
2/13
2 A importncia do exame androlgico em bovinos
condies para serem usados como
reprodutores no momento da avaliao.
No Brasil, o trabalho pioneiro de Vale
Filho e colaboradores (1979) objetivouapresentar as causas, a origem e as formas
de manifestao da subfertilidade e da
infertilidade no macho bovino, bem como
estabelecer a prevalncia dos problemas
encontrados em um estudo de 1.088 touros
zebunos, taurinos ou mestios criados no
Pas. Baixa fertilidade ou infertilidade foram
observadas em 53,34% de 628 touros que
serviam como reprodutores em diversos
rebanhos, em nove Estados do Brasil. Em
344 animais oriundos de rebanhos de elite e
apresentados como doadores de smen em
uma central de inseminao artificial,
houve a ocorrncia de problemas em
55,84% dos animais. Em 116 bimestios
zebu-taurinos criados em regime extensivo
no Estado de So Paulo, 45,69% foram
considerados com baixa fertilidade. As
principais causas de baixa fertilidade ou de
infertilidade em touros criados no Brasil,
independentemente da constituio
gentica, foram degenerao testicular,
maturidade sexual retardada, hipoplasia
testicular, espermiognese imperfeita e
imaturidade sexual. Todas essas causasaconteceram em conseqncia de fatores
do ambiente desfavorvel e do manejo
indesejvel, bem como da origem gentica.
Esses autores concluram que a fertilidade
dos touros usados como reprodutores no
Brasil Central tem deixado bastante a
desejar, indicando a necessidade de
melhores critrios de seleo genotpica, demelhor manejo geral e enfatizando que
cuidadosos exames clnicos, sanitrios e
androlgicos so imprescindveis para que
touros sejam usados como reprodutores.
Pelo exame androlgico completo podem
ser detectadas alteraes do desenvolvimentodo sistema genital, alteraes regressivas,
alteraes progressivas e alteraes
inflamatrias nos diversos rgos, bem como
distrbios na libido e na habilidade de cpula.
Essas alteraes levam tanto incapacidade de
fertilizao como de monta, em vrios graus,
caracterizando quadros de subfertilidade ou de
infertilidade masculina.
Para a realizao da avaliao dos touros
(comportamento sexual, exame clnico, exame
androlgico, etc.) de fundamental importncia a
colaborao de um mdico veterinrio com
confivel qualificao e experincia na rea.
2- Indicaes
O exame androlgico completo
fundamenta-se na avaliao de todos os
fatores que contribuem para a funo
reprodutiva normal do touro Esse exame
est indicado nas seguintes situaes:
- na avaliao do reprodutor antes da
estao de monta;
- nas relaes de comercializao de
reprodutores;
- na ocorrncia de falhas reprodutivas no
rebanho;
- para determinao da ocorrncia da
puberdade ;
- para o diagnstico de problemas de
fertilidade;
- para o ingresso nas centrais de
inseminao, com vistas congelaode smen.
7/25/2019 ex. andr.
3/13
3A importncia do exame androlgico em bovinos
3- O Exame Androlgico
Na realizao do exame androlgico,
a adoo de um formulrio apropriado
fundamental para a conduo dos exames
(vide exemplo no Anexo 1). Esse formulrio
contm um cabealho com o nome, o
nmero de inscrio no Conselho Regional
de Medicina Veterinria (CRMV) e o
endereo do mdico veterinrio
responsvel pela execuo dos exames. O
formulrio deve conter ainda um roteiro
com quatro itens bsicos e fundamentaispara emisso do certificado de exame
androlgico: a identificao do animal e do
seu proprietrio, o exame clnico, o
espermiograma propriamente dito e a
concluso dos achados.
3.1- Identificao
Este tem deve conter as
informaes relacionadas ao proprietrio do
animal, como nome, endereo, telefone,
fax, etc.; propriedade (nome, municpio); e
ao animal em questo, tais como espcie,
raa, nome, nmero do brinco, nmero da
tatuagem, nmero do registro genealgico e
data de nascimento. A incluso de sinais
externos ou de marcas que ajudem naidentificao permanente do animal
tambm recomendada.
3.2- Exame clnico
3.2.1- Histria clnica ou anamnese
Antes de conduzir o exame fsico, o
mdico veterinrio deve conhecer tanto
quanto possvel a respeito do animal e a
razo pela qual este est sendo examinado
dever ser anotada. Considerando que a
produo espermtica um processo
contnuo, que requer cerca de 60 dias
desde o incio da espermatognese at aejaculao, importante saber do estado
de sade do touro durante o perodo
precedente ao exame. O histrico
reprodutivo do animal de particular
interesse e deve incluir, dependendo do
objetivo do exame, os dados relacionados
ao rebanho, ao estabelecimento e ao
manejo dos animais na propriedade, o
nmero e a freqncia dos acasalamentos,
as taxas de gestao obtidas em
acasalamentos anteriores, a normalidade
das prognies, e a situao sanitria e
reprodutiva do rebanho, bem como outras
informaes julgadas necessrias.
3.2.2- Exame clnico geral
O animal dever ser avaliado por
meio da inspeo quanto normalidade dos
diversos sistemas (respiratrio, circulatrio,
nervoso, digestivo, locomotor), tanto em
repouso como em movimento, com ateno
para os aprumos, os cascos e as
articulaes. O sistema locomotor merece
ateno especial, face sua importncia,
tanto para caminhar em busca de alimentoe para procurar por fmeas em cio como
para efetuar a cpula. Vale ressaltar que
manifestaes de dor so importantes
causadoras de impotncia. Caso surja
alguma alterao, procedimentos
especficos devem ser adotados. Para
mxima eficincia dos acasalamentos em
monta natural, o touro deve estarfisicamente normal. O animal deve estar em
boa condio geral e com tamanho, peso e
7/25/2019 ex. andr.
4/13
4 A importncia do exame androlgico em bovinos
conformao normal para sua raa e idade.
Outro aspecto a ser avaliado a viso, pois
touros com problemas de viso, tero
dificuldade tambm para identificar ogrupo sexualmente ativo de fmeas e ter
boa eficincia reprodutiva. A dentio
dever ser examinada e pode ajudar a
confirmar a idade do touro.
3.2.3- Exame do sistema genital
Os rgos genitais externos so
examinados por inspeo e palpao, j os
internos so examinados por palpao retal.
Verifica-se a presena, as dimenses, a
simetria, a consistncia e a mobilidade dos
componentes do sistema genital e sua
compatibilizao com a idade, com o
desenvolvimento e com a raa do animal.
Qualquer alterao em qualquer uma das
partes deve ser anotada.
a) Escroto
Com o animal devidamente contido, o
escroto deve ser examinado quanto a
espessura da pele, sensibilidade,
mobilidade, temperatura, presena de
ectoparasitas, aderncias e possveis
leses na pele.
b) Testculos
Ambos devem ser tracionados para
dentro da bolsa escrotal e examinados
quanto a presena, forma, simetria,
consistncia, mobilidade dentro do escroto,
posio, temperatura, sensibilidade,
tamanho e principalmente biometria.
c) Epiddimos
Devem estar intimamente aderidos
aos testculos. A cabea, o corpo e a cauda
de ambos os rgos so examinadospraticamente quanto aos mesmos aspectos
relacionados para os testculos.
d) Cordes espermticos
Esto diretamente relacionados
capacidade de termorregulao testicular.
O grau de distenso dos cordes
espermticos varia em funo das
condies climticas, da raa e da idade.
e) Prepcio
Deve ser examinado desde o orifcio
externo (stio) at sua insero prxima ao
escroto.
A ateno deve estar voltada para
aumentos de volume e de temperatura,
prolapsos, abscessos, hematomas e
cicatrizes. Nas raas zebunas, o tamanho e
a forma do prepcio merecem ateno
especial para alteraes mais complexas. O
stio prepucial externo deve permitir a livre
passagem do pnis e sua mucosa no deve
estar exposta.
f) PnisTodo o rgo deve ser examinado em
repouso ou aps ereo. Vrias alteraes
podem ser detectadas. Se a protruso
(exposio) do pnis no for possvel aps a
manipulao da flexura sigmide (S
peniano), localizada atrs do escroto,
examinar o pnis aps a ereo com o
eletroejaculador durante a colheita desmen.
7/25/2019 ex. andr.
5/13
5A importncia do exame androlgico em bovinos
g) rgos genitais internos
O exame dos rgos genitais internos
pode ser feito por palpao retal ou ultra-
sonografia transretal. Devem ser avaliadasas ampolas dos canais deferentes e as
glndulas vesiculares, quanto a tamanho,
forma, lobulao e sensibilidade.
3.2.4- Biometria testicular
O tamanho dos testculos pode ser
facilmente estimado, medindo-se a
circunferncia escrotal. Essa medida de
fcil obteno por meio de fitas especficas
e de alta repetibilidade, mesmo se
efetuada por diferentes tcnicos, entretanto os
procedimentos devem ser padronizados. A
correlao positiva entre circunferncia escrotal
e produo espermtica e a correlao
negativa entre circunferncia escrotal e idade
puberdade foi demonstrada tanto em touros
jovens como em fmeas meiasirms.Portanto, a circunferncia escrotal pode ser
usada como medida preditiva do potencial de
produo espermtica, especialmente se
tomada em touros jovens. Como os valores
variam com a raa e a idade, entre outros
fatores, a Society for Theriogenology (EUA)
elaborou uma tabela de referncia dos
valores mnimos de circunferncia escrotal
(cm) nas diferentes idades para animais de
raas taurinas (Bos taurus taurus), conforme
Tabela 1. Para zebunos, tem-se utilizado os
dados apresentados na Tabela 2.
Tabela 1 - Tabela de referncia para avaliao da circunferncia escrotal mnima
recomendada. Usada para animais Bos taurus taurus.
Fonte: BIF (2002).
Idade (meses) Circunferncia escrotal (cm)
< 15 30
>15 18 21 24 34
7/25/2019 ex. andr.
6/13
6 A importncia do exame androlgico em bovinos
3.2.5- Comportamento sexual
Igualmente importante a avaliao
do comportamento sexual, visto que o touro
aprovado nos exames clnicos e de smen
tambm deve estar habilitado a detectar as
fmeas em estro e depositar seu smen no
aparelho genital feminino. A olfao
fundamental nesse processo. Assim,
recomendvel a aplicao de testes de
comportamento sexual em
complementao s avaliaes
androlgicas.
Existem diferenas entre raas
quanto ao comportamento sexual, e a
influncia de fatores genticos na
expresso da libido e da habilidade demonta bem conhecida.
Para zebunos que apresentam
comportamento sexual mais vagaroso,
sugerido o teste de libido, realizado em
curral (200 a 300 m2) com trs fmeas em
cio por 5 min, em que cada atitude do touro
pontuada, conforme descrio no Anexo
2. Esse teste tambm se aplica s raascompostas. Para animais de raas taurinas,
o teste mais utilizado o de
capacidade de servio, que se baseia na
observao do nmero de cpulas que o
touro consegue realizar durante 40 min em
vacas fora de estro contidas em troncos
apropriados. O nmero de touros em teste
deve ser sempre maior do que o de fmeas
contidas (5:2 ou 5:3). Antes da realizao
do teste, deve ser permitido aos touros a
observao durante 10 min ou mais de
outros touros montando as vacas, como
pr-estimulao.
Os testes de comportamento sexual
tm aplicao independentemente do
prognstico de fertilidade e sua
interpretao deve ser criteriosa,considerando as condies de execuo.
3.3- Espermiograma
A parte final do exame androlgico
a colheita e a anlise de uma amostra
representativa de smen. Embora existam
alguns mtodos para colheita de amostras
de smen, a eletroejaculao o maispopular e o mais indicado para a colheita
em touros de campo que no foram
Tabela 2- Permetro escrotal mnimo de touros zebus, classificados por idade.
Fonte: Fonseca et al. (1997).
Idade (meses) Circunferncia escrotal (cm)
717,5
12 21,5
1826,0
24 29,0
36 30,5
>48 >33,0
7/25/2019 ex. andr.
7/13
7A importncia do exame androlgico em bovinos
condicionados a outros procedimentos. O
mtodo de colheita deve constar no
formulrio de exame. Um laboratrio
apropriado deve ser montado napropriedade e o local deve estar limpo e
protegido dos rigores do clima. Esse
laboratrio deve conter os seguintes
equipamentos: um microscpio comum,
com aumentos de 100 ou 400 vezes e
platina aquecida; uma mesa aquecedora
para vidraria; gua quente, para aquecer
externamente o tubo de colheita;
equipamento de colheita com
eletroejaculador completo; corantes para
morfologia; contador de clulas; tubos de
centrfuga; lminas e lamnulas; pipetas e
tubos para amostras; luvas de palpao;
fita mtrica; e formulrio de avaliao.
Aps a obteno da amostra de smen,
esta deve ser imediatamente avaliada
quanto s suas caractersticas fsicas e, em
seguida, ser retirado material para futura
determinao da concentrao
espermtica e da morfologia espermtica e
feitos os esfregaos para posterior
colorao e avaliao complementar da
morfologia das clulas espermticas
individuais.
Para a anlise e a interpretao doespermiograma, h valores de referncia
para os diferentes atributos (motilidade,
concentrao, etc.). Esses valores de
referncia so determinados pelo Colgio
Brasileiro de Reproduo Animal e esto
disponveis na publicao Manual para
exame androlgico e avaliao de smen
animal.
3.3.1- Caractersticas fsicasdo ejaculado
a) Volume
O volume do ejaculado deve ser lidodiretamente no tubo de colheita e expresso
em mililitros. Esse valor relativo e
depende do mtodo de colheita e do regime
sexual anterior colheita e no existe valor
mnimo ou valor mximo estabelecido.
b) Aspecto
A avaliao visual, principalmente da
cor e da aparncia, reflete aspectos
qualitativos e quantitativos do ejaculado. A
presena de urina, sangue, clulas
epiteliais, pus, etc. auxilia muito no
diagnstico das alteraes.
c) Turbilhonamentoou motilidade em
massa
avaliado por meio da observao de
uma gota de smen puro colocada sobre
uma lmina pr-aquecida, em microscpio
ptico, com objetiva de 10 ou 20 vezes de
aumento, em microscopia comum. O
turbilhonamento mede a intensidade da
onda de movimentao dos
espermatozides resultante da motilidade
individual, do vigor e da concentraoespermtica.
A escala de avaliao varia de zero a
cinco, em que zero representa a ausncia
de movimento de massa e cinco, acentuada
movimentao. Pode ser afetado pelo
mtodo de colheita.
7/25/2019 ex. andr.
8/13
8 A importncia do exame androlgico em bovinos
d) Motilidade
a avaliao subjetiva do percentual
de espermatozides mveis. O exame
realizado em microscpio ptico comobjetiva de 10 ou 40 vezes de aumento,
observando-se uma gota de smen fresco
entre lmina e lamnula previamente
aquecidas.
e) Vigor
a intensidade de movimentao do
espermatozide individualmente. A
avaliao deve ser feita na mesma
preparao para motilidade e logo aps
essa avaliao. A escala de avaliao
tambm varia de zero a cinco, em que zero
representa clulas paradas e cinco,
movimento vigoroso e de alta velocidade.
f) Concentrao espermtica
Representa o nmero de
espermatozides por unidade de volume
ejaculado. Existem vrios mtodos para
contagem dos espermatozides. O mais
utilizado a contagem em cmara de
Neubauer, em que um volume de smen
conhecido diludo em um volume tambm
conhecido de meio (geralmente formol-
salina tamponada), que, apshomogeneizao, colocado na cmara e a
determinao realizada em microscpio
ptico com objetiva de 10 ou 20 vezes de
aumento, sendo o resultado expresso em
nmero de espermatozides/ml de smen.
A concentrao varia em funo de fatores
extrnsecos (mtodo de coleta, freqncia
de cpulas) e intrnsecos (idade, biometriatesticular).
3.3.2- Caractersticas morfolgicas
A morfologia espermtica, aps
vrios estudos realizados, segue uma
classificao em defeitos maiores edefeitos menores, segundo a origem do
defeito (Blom, 1973).
a) Defeitos maiores: acrossoma,
gota citoplasmtica proximal,
cabea subdesenvolvida, estreita
na base, isolada patolgica,
pequena anormal, contorno
anormal, pouch formation
(diadema), cauda enrolada na
cabea, piriforme, formas
teratolgicas, patologias da pea
intermediria, cauda fortemente
dobrada ou enrolada e cauda
dobrada com gota distal.
b) Defeitos menores: cabea
delgada, cabea gigante, curta,
larga, pequena normal, cabea
isolada normal, abaxial,
retroaxial, oblqua, cauda dobrada
ou enrolada, gota citoplasmtica
distal.
Para a anlise da patologia dos
espermatozides, ou seja, das alteraesnas caractersticas morfolgicas, h a
necessidade de um microscpio com o
dispositivo de contraste de fase. Devero
ser utilizados esfregaos em lmina,
corados para exame em microscopia
ptica, sob imerso, com aumento de 1.000
vezes, associado ao exame em preparao
mida. Para este ltimo, deve ser montadacom uma pequena gota do smen da
amostra armazenada em soluo formol-
7/25/2019 ex. andr.
9/13
9A importncia do exame androlgico em bovinos
salina, colocada entre lmina e lamnula,
lacrada com esmalte e observada em
microscopia de contraste de fase (aumento
de 1.000 vezes). Em cada preparaodevem ser analisadas pelo menos 100
clulas e os resultados da freqncia das
alteraes so expressos em porcentagem.
Caso seja possvel o exame com
microscopia de contraste com interferncia
diferencial de fase, fica dispensado o
exame da lmina corada. De qualquer
forma, sero analisados os defeitos de
forma e de estrutura, classificando-os como
de cabea ou de cauda em 200 clulas, no
mnimo.
Os defeitos espermticos observados
na lmina corada so: cabea
subdesenvolvida, cabea isolada
patolgica, cabea estreita na base, cabea
piriforme, cabea pequena anormal, cabea
com contorno anormal, cabea delgada,
cabea gigante, curta, larga ou pequena
normal, insero abaxial, retroaxial ou
oblqua da pea intermediria cabea e
formas teratolgicas.
Na preparao mida, os seguintes
defeitos so avaliados: acrossoma, gota
citoplasmtica proximal e distal, cauda
enrolada na cabea, pouch formation,patologias da pea intermediria, cauda
fortemente dobrada ou enrolada, cauda
dobrada com gota distal anexa, cabea
isolada normal e cauda dobrada ou enrolada
simples.
Na interpretao da morfologia
espermtica, considerar para defeitos
maiores os limites de 5% e 20% para osindividuais e para os totais,
respectivamente, e para os defeitos
menores, 10% e 25%, para individuais e
totais, respectivamente. Para o total de
defeitos, ou seja a soma de defeitos
maiores e de defeitos menores, o limite de30%. A presena de medusas, clulas
primordiais, clulas gigantes, leuccitos,
hemcias ou clulas epiteliais devem ser
consideradas na interpretao.
Novos mtodos e tcnicas de
avaliao da capacidade reprodutiva do
touro ou do smen tm sido desenvolvidas e
envolvem a determinao de protenas no
plasma seminal, a induo da reao
acrossmica, o uso do ultra-som, o uso da
termografia e tambm o uso de sondas
fluorescentes. Embora ainda no sejam
empregadas na rotina, essas tcnicas
podem ser usadas de forma complementar
para o esclarecimento de falhas nos
processos reprodutivos.
3.4- Concluses
Ao final do exame androlgico, de
posse dos resultados do exame clnico
geral, do resultado do exame detalhado do
sistema genital, da anlise representativa
de uma amostra de smen quanto s suas
caractersticas fsicas e morfolgicas e do
exame do comportamento sexual, o mdicoveterinrio poder classificar o touro como
apto, inapto ou questionvel. A categoria
apto ou satisfatrio usada para animais
que atingirem ou ultrapassarem o limite
mnimo recomendado para circunferncia
escrotal, motilidade e morfologia
espermticas, e no apresentarem qualquer
caracterstica fsica anormal ou razo quepossa comprometer seu desempenho
reprodutivo. Inaptos ou insatisfatrios so
7/25/2019 ex. andr.
10/13
10 A importncia do exame androlgico em bovinos
aqueles touros que no atingirem o limite
mnimo recomendado em uma ou mais
caractersticas e para os quais improvvel
que haja melhora na classificao. Nessacategoria tambm esto includos animais
com defeitos genticos ou problemas
irreversveis que possam comprometer seu
uso como reprodutor. Na categoria
questionvel,esto includos os touros que
devem aguardar novos exames. Essa
classificao recomendada para touros
imaturos ou que sofrem de um problema
transitrio que os impede de serem
classificados como satisfatrios na poca
do exame, mas indica que o animal pode
melhorar com a idade ou o perodo
convalescente. Tambm inclui animais em
que houve problemas na colheita de smen
e que apresentam caractersticas seminais
abaixo ou prximas dos limites mnimos e
que podem melhorar em futuras avaliaes.
4- Consideraes Finais
No Brasil, as estimativas indicam que
somente em torno de 6% das fmeas
bovinas so artificialmente inseminadas e
isso ento significa que mais de 90% dosbezerros nascidos so oriundos de
acasalamentos naturais. Para um rebanho
de mais de 70 milhes de matrizes,
dispomos de uma populao de mais de 2,3
milhes touros, para os quais a realizao
de exames androlgicos completos so
plenamente justificados, com forte impacto
econmico nos sistemas produtivos.
5- Referncias Bibliogrficas
ANUALPEC. Anurio da Pecuria Brasileira,2005. So Paulo: FNP Consultoria e
Comrcio. 2005. p.54.
BARBOSA, R. T.; ALENCAR, M.M.;BARBOSA, P.F.; FONSECA, V.O.Comportamento sexual de touros das raasCanchim e Nelore. Revista Brasileira deReproduo Animal, v. 15, n. 3-4, p. 151-157, 1991.
BARBOSA, R. T. Comportamento sexual,biometria testicular, aspectos do smen enveis plasmticos de testosterona em touros
Canchim e Nelore. 1987, 135 f. Tese(Mestrado) - Escola de Veterinria-Universidade Federal de Minas Gerais, Belo-Horizonte.
BEEF IMPROVEMENT FEDERATION-BIF.Guidelines for the bull breeding soundnessevaluation. Athens, Georgia. 2002. p.151-154.
BLOM, E. The ultrastructure of somecharacteristic sperm defects and a proposal
for a new classification of the bullspermogram. Nord. Veterinaermed., v. 25, n.7/8, p. 383-391, 1973.
CARROL, E. J.; BALL, L.; SCOTT, J. A.Breeding soundness in bulls - A summary of10,940 examinations. Journal AmericanVeterinary Medicine Association, v.142, n.10,p.1105-1111, 1963.
CELEGHINI,E.C. Efeitos da criopreservao dosmen bovino sobre as membranas
plasmtica,acrossomal e mitocondrial eestrutura da cromatina dos espermatozidesutilizando sondas fluorescentes. 2005, 186p.Tese (Doutorado) - Faculdade de MedicinaVeterinria e Zootecnia - Universidade de SoPaulo, So Paulo.
CHENOWETH, P. J. Breeding soundnessevaluation in bulls. In: MORROW, D. A.Current therapy in theriogenology.Philadelphia, WB: Saunders, 1980. p. 330-339.
7/25/2019 ex. andr.
11/13
11A importncia do exame androlgico em bovinos
Exemplares desta edio podem ser adquiridos na:
Embrapa Pecuria Sudeste
Endereo: Rod. Washington Luiz, km 234
Fone: (16) 3361-5611
Fax: (16) 3361-5754Endereo eletrnico: [email protected]
1aedio
1aimpresso (2005): 250 exemplares
Presidente:Alfredo Ribeiro de Freitas.
Secretrio-Executivo: Edison Beno Pott
Membros: Andr Luiz Monteiro Novo, Odo Primavesi,
Maria Cristina Campanelli Brito, Snia Borges de Alencar.
Reviso de texto: Edison Beno Pott
Editorao eletrnica: Maria Cristina Campanelli Brito.
Comit depublicaes
Expediente
CircularTcnica, 41
Ministrio da Agricultura,
Pecuria e Abastecimento
CHENOWETH, P. J. Libido and mating abilityin bulls. In: MORROW, D. A. Current therapyin theriogenology. Philadelphia, WB:Saunders, 1980. p. 342-344.
CHENOWETH, P. J. Examination of bulls forlibido and mating ability. Santa Lcia:UNIVERSITY OF QUEENSLAND VETERINARYSCHOOL, 1974. p. 1-5.
COLGIO BRASILEIRO DE REPRODUOANIMAL. Manual para exame androlgico eavaliao de smen animal. 2aEd. BeloHorizonte,1998. 49 p.
COULTER, G. H.; KASTELIC, J. P. The testicularthermoregulation - management interaction in thebeef bull. In: COULTER, G. H.; KASTELIC, J. P.Improving Reproductive Performance. Alberta:The National Association of Animal Breeders.1997. p. 7-14.
ELMORE, R. G. Focus on bovinereproductive disorders: Evaluating bulls forbreeding soundness. Veterinary Medicine, v.89, n. 4, p. 372-378, 1994.
FONSECA, V. O.; SANTOS, N. R.; MALINSKI,P. R. Classificao androlgica de touroszebus (Bos taurus indicus) com base no
permetro escrotal e caractersticas morfo-fsicas do smen. Revista Brasileira deReproduo Animal, v. 21, n. 2, p. 36-39,1997.
KASTELIC, J. K.; SILVA, A. E. D. F.;BARBOSA, R. T.; MACHADO, R. Novosmtodos de avaliao da capacidadereprodutiva de touros. In: Intensificao dabovinocultura de corte: estratgias de manejoreprodutivo e sanitrio. So Carlos:EMBRAPA - CPPSE,1997.p.41-57.
LAGERLF, N. MorphologischeUntersuchungen uber Veranderungen imSpermabild und in den Hoden bei Bullen mitverminderter oder aufgehobener Fertilitat.Acta Path. Microb. Scand., Suppl.19,Uppsala, 254 p., 1934.
LAGERLF, N. Semen examination as an aidto sexual health control in domestic animalbreeding. International Journal of Fertility, v.9, n.2, p. 377-382,1964.
OSBORNE, H. G.; Williams, L. G.; Galloway,D. B. A test for libido and serving ability inbeef bulls. Australian Veterinary Journal, v.47, n. 10, p. 465-467, 1971.
SALVADOR, D. F. Perfil cromatogrfico eeletrofortico de protenas do smen comafinidade a heparina de touros jovens da raa
Nelore e suas associaes com a seleo
androlgica, congelao de smen e reaoacrossmica induzida (RAI). 2005. 185p. Tese
(Doutorado). Escola de Veterinria -Universidade Federal de Minas Gerais, BeloHorizonte.
SILVA, A. E. D. F.; DODE, M. A. N.;UNANIAN, M. M. Capacidade reprodutiva dotouro de corte: funes, anormalidades eoutros fatores que a influenciam. CampoGrande, MS: EmbrapaCNPGC, 1993. 128p.(EMBRAPA-CNPGC. Documentos 51).
TRENKLE, A.; WILLHAM, R. L. Beefproduction eficiency. Science, v. 198, p.1009,1977.
VALE FILHO, V. R.; PINTO, P. A.; FONSECA,J.; SOARES, L. C. O. V. Patologia do smen:Diagnstico androlgico e classificao deBos tauruse Bos indicusquanto fertilidadepara uso como reprodutores em condies deBrasil de um estudo de 1088 touros. SoPaulo: Dow Quimica, 1979, 54 p.
WILLIAMS, W. W. Technique of collecting
semen for laboratory examination with areview of several diseased bulls. The CornellVeterinarian, v. 10, p. 87-94, 1920.
7/25/2019 ex. andr.
12/13
12 A importncia do exame androlgico em bovinos
ANEXO 1- Modelo de certificado de exame androlgico.
C E R T I F I C A D O A N D R O L G I C O
A - IDENTIFICAO DO REPRODUTOR
B - EXAME CLNICO
C - ESPERMIOGRAMA
D - CONCLUSES
Nome: Raa: Data de nascimento: Node registro:Proprietrio: Endereo: Tel.:
Fazenda: Municpio:
1. Histrico e anamnese:2. Geral:3. Dos genitais: Circunferncia escrotal: cm
Consistncia testicular:4. Comportamento sexual:5. Aprumos:
I MTODO DE COLETA:....... PATOLOGIA DA CAUDA
II CARACTERSTICAS FSICAS Fortemente dobrada ou enrolada:
1. Volume do ejaculado:.....(ml) Dobrada com gota protoplasmtica
2. Turbilhonamento............(0 - 5) distal (anexa)
3. Motilidade:......................(%) Total (Defeitos maiores)
4. Vigor: .............. ..........( 0 - 5 )
5. Concentrao: ...( x 10 6/ ml ) 2. DEFEITOS MENORES (%)
PATOLOGIA DA CABEA
III CARACTERSTICAS MORFOLGICAS Delgada
1. DEFEITOS MAIORES (%) Gigante, curta, larga, pequena normal
ACROSSOMA: Isolada normal
GOTA CITOPLASMTICA PROXIMAL ABAXIAL, RETROAXIAL, OBLQUA
PATOLOGIA DA CABEA: CAUDA DOBRADA OU ENROLADA
Subdesenvolvida GOTA CITOPLASMTICA DISTAL
Cauda enrolada na cabea Total (Defeitos menores)
Cabea isolada patolgica
Estreita na base TOTAL DE ANOMALIAS (%)
Piriforme
Pequena anormal Observaes:
Contorno anormal
Pouch formation IV - OUTROS ELEMENTOS
FORMAS TERATOLGICAS 1. Medusas:
2. Clulas Primordiais:
PATOLOGIA DA PEA INTERMEDIRIA 3. Clulas Gigantes:
Fibrilao, fratura total e parcial, 4. Leuccitos:
Edema, pseudo gotas, outros 5. Hemcias:
6. Epiteliais:
O animal examinado foi considerado reproduo, segundo as
caractersticas avaliadas.
, de de Responsvel Tcnico:
CRMV
7/25/2019 ex. andr.
13/13
13A importncia do exame androlgico em bovinos
ANEXO 2- Teste de libido, segundo Osborne (1971), modificado por Chenoweth (1974).
Pontuao Atitude0 touro no mostrou interesse sexual;
1 interesse sexual mostrado somente uma vez (ex.: cheira a regio perineal);
2 positivo interesse sexual pela fmea, em mais de uma ocasio;
3 ativa perseguio da fmea, com persistente interesse sexual;
4 uma monta ou tentativa de monta, mas nenhum servio (cpula);
5 duas montas ou tentativas de monta, mas nenhum servio;
6 mais do que duas montas ou tentativas de monta, mas nenhum servio;
7 um servio, seguido por nenhum interesse sexual;
8 um servio seguido por interesse sexual, incluindo montas ou tentativas de
monta;
9 dois servios, seguidos por nenhum interesse sexual;
10 dois servios, seguidos por interesse sexual, incluindo montas, tentativas de
monta ou servios.