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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF – 25, 26 e 27 de março de 2014
EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA: AMPLIAÇÃO OU
REPOSIÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO NA UFPE?
LENITA ALMEIDA AMARAL SILVIA MARISE ARAÚJO LOPES
2
Painel 44/132 Experiências em dimensionamento da força de trabalho
EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA: AMPLIAÇÃO OU REPOSIÇÃO
DA FORÇA DE TRABALHO NA UFPE?
Lenita Almeida Amaral Silvia Marise Araújo Lopes
RESUMO
A expansão das Instituições Federais de Ensino Superior, através da interiorização e do Programa de Apoio a Planos de Expansão e Reestruturação de Universidades Federais (REUNI – Decreto Nº 6.096/07), no período de 2006/2012, promoveu uma ampliação no número de cursos e estudantes, como também a autorização de vagas para o quadro de pessoal das IFES. Este artigo analisa os impactos com a implementação dessas políticas governamentais no âmbito da Universidade Federal de Pernambuco no que concerne à força de trabalho com o aporte de vagas em detrimento do crescimento das atividades acadêmicas. Na época, muitos acreditavam que haveria uma precarização da força de trabalho com essa ampliação de vagas, no entanto as instituições passam por transformações, seja através do crescimento ou da necessidade de repensar o modelo de gestão. Com o presente estudo foi possível analisar que: a) A força de trabalho referente aos servidores Técnico-administrativos em Educação teve um crescimento e está estabilizada; b) Quanto aos docentes, observando o período anterior a expansão a relação aluno x docente era maior do que a do exercício de 2012 na UFPE.
3
1 INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo o estudo de políticas públicas para a
educação superior no Brasil, especialmente, no que concerne aos programas e
ações voltadas para as Instituições Federais de Ensino Superior - IFES e seus
impactos na área de gestão de pessoas. As diversas reformas universitárias foram
responsáveis por transformações nos últimos anos, com foco no atendimento as
demandas da sociedade. Essas mudanças foram mais intensas especialmente na
última década, e se relacionam, de modo geral, com os novos processos e
relações advindas do desenvolvimento científico-tecnológico recente e da
globalização, responsável por maiores demandas no mercado de trabalho, que
contribuiu para aumentar a necessidade de ampliação de vagas e a criação de
novos cursos nas universidades.
A gestão das universidades, a partir da implementação dessas políticas,
aponta para novos desafios que deverão ser enfrentados pelos atuais gestores: a
busca pela qualidade e um modelo de gestão cada vez mais ágil e eficiente. Nesse
sentido, também se impõe uma forte mudança na cultura dessas instituições
seculares e tradicionais. Podemos ainda salientar as avaliações que são submetidas
às universidades, através de diversos modelos e indicadores de desempenho de
instituições governamentais e não governamentais, levando a busca de melhoria nos
procedimentos, na qualidade do ensino e na gestão acadêmica e administrativa.
Nesse sentido não basta apenas à excelência no ensino, pesquisa e extensão, a
gestão das universidades passa a ser fator diferencial, uma vez que a melhoria da
infraestrutura e aquisição de bens e serviços são considerados nos critérios de
avaliação e interfere fortemente na satisfação da comunidade acadêmica.
As universidades enquanto instituições sociais têm ainda o papel de
formadores de recursos humanos qualificados para um mercado de trabalho cada
vez mais exigente e diversificado. Esse fazer tradicional-secular entra em conflito
com as ações governamentais e com as transformações que a sociedade, o avanço
tecnológico e a internacionalização lhes impõem.
4
Nesse cenário surgem programas de expansão para as IFES, inicialmente
com a interiorização do ensino, sendo criados vários campi no interior, novas
universidades e Institutos Tecnológicos. Posteriormente, o REUNI - Programa de
Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, através
do Decreto Nº. 6.096, de 24 de abril de 2007, possibilitou a ampliação de vagas em
cursos já existentes ou criação de novos, principalmente no horário noturno.
A área de gestão de pessoas também passou por significadas mudanças,
procurando se adequar, mesmo com o engessamento das normas e regulações por
parte dos diversos órgãos de controle. É nítido o avanço dessa área nas diversas
instituições passando de burocrática para estratégica.
Passamos então a examinar, as políticas públicas implementadas nas
universidades públicas federais nos últimos anos e seus impactos na área de gestão
de pessoas, particularmente na contração de pessoal frente ao crescimento
institucional. Assim a analise da força de trabalho das universidades, no período de
1996 a 2012, bem como a sua expansão no numero de alunos é fundamental, com o
intuito de desmistificar a real relação do crescimento universitário em relação à força
de trabalho.
A Universidade Federal de Pernambuco, como as demais IFES, passaram
por todo esse processo de dificuldades, após anos sem autorização de concurso
público, limitação no orçamento de custeio, além de pouca autonomia financeira e
administrativa.
No período de 2005 a 2012, com a reforma universitária, instituída pelo
governo federal foram instituídas algumas ações, na forma de políticas públicas para
a educação superior, a saber:
a) interiorização do ensino, com a criação de novas unidades no interior
do estado;
b) ampliação de vagas em cursos já existentes e criação de novos cursos;
c) autorização de concursos públicos para docentes, técnicos e
administrativos para atender a expansão;
d) reestruturação da carreira de servidores Técnico-administrativos em
Educação;
5
e) autonomia para abertura de concurso publico docente a partir da
criação do banco de professor equivalente;
f) Autonomia para reposição de vagas, com concursos públicos para
Técnico-administrativos em Educação ocupantes das classes C, D e E;
g) reestruturação da carreira e cargos de Professor de Magistério Federal.
Além das ações acima elencadas que repercutiram diretamente na gestão
de pessoas das universidades federais, houve também um acréscimo considerável
no orçamento para infraestrutura, aquisição de equipamentos e custeio das IFES.
Atualmente as universidades ainda executam ações decorrentes do REUNI, tais
como obras, reformas, aquisições de equipamentos e contratações de servidores.
2 OBJETIVO
O presente estudo tem como objetivo analisar o processo de expansão na
Universidade Federal de Pernambuco e seus impactos na área de gestão de
pessoas. Assim a analise da força de trabalho da universidade, no período de 1996
a 2012, bem como a sua expansão no numero de alunos é fundamental, com o
intuito de desmistificar a real relação do crescimento universitário em relação à força
de trabalho.
Para alguns seria a saída para a resolução dos problemas de justiça e
eqüidade no campo do ensino superior, enquanto que outros não viam com tanto
otimismo a meta proposta pelo programa. Muitos artigos foram publicados sobre
esses aspectos, mas qual o real impacto na força de trabalho? Será que as
contratações foram condizentes com esse crescimento?
Também temos como objetivo analisar esse conjunto de ações de
governo de forma integrada para analise no impacto nas instituições e no seu
quadro de pessoal. Quais os impactos na área de gestão de pessoas? Apenas um
crescimento da instituição?
6
3 POLÍTICAS PÚBLICAS E A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL
Cabe inicialmente uma reflexão quanto à definição de políticas públicas e
as políticas para a educação superior no Brasil. A política pública e a sua relação
com o Estado, com instituições públicas e as ações do governo voltadas para a
educação superior nas Instituições Federais de Ensino Superior.
O estudo de políticas públicas nasceu da ciência política, como subárea,
principalmente para entender como e por que o governo faz opção por investir ou
não em determinadas ações.
A partir da analise das políticas púbicas, na década de 30, como forma de
conciliar conhecimento acadêmico e cientifico com as experiências de governo,
surgem os primeiros estudos sobre a área, Laswell, (1950).
Lindblom e Easton (1959 e 1980) e outros autores posteriormente
questionaram essa corrente de analise racional, observando como os partidos
políticos, grupos de interesses, processo decisório e eleitoral influenciavam nas
políticas públicas.
Mas o que é políticas públicas? Varias são as definições, no entanto
partilhamos da definição de Lynn e Peters (1980 e 1986), como sendo um conjunto
de ações do governo que irão produzir resultados na vida dos cidadãos. Essas
ações são oriundas de plataformas políticas que precedem a gestão governamental,
sendo estas propostas durante o período eleitoral, podendo ainda ser reformuladas
durante o período de gestão.
Considerando que as decisões dos governos surgem das plataformas
políticas, nas campanhas eleitorais, buscando alcançar os objetivos de grupos ou
partidos políticos a partir das demandas da sociedade ou problemas detectados,
para o alcance de resultados. Nesse sentido as políticas públicas são consideradas
como um processo que deve ser analisado de forma holística e cíclica, tendo em
vista que para aprofundar o seu estudo deve-se ter uma visão global e observar os
seus estágios, não se limitando apenas a leis e regras, mas todos os atores
envolvidos, ações implementadas e seus impactos na sociedade.
No entanto, o objeto do nosso estudo, após as reflexões iniciais sobre o
surgimento e o conceito da área de políticas públicas é focar nas instituições
públicas especificamente as universidades federais e as ações governamentais que
impactaram na área de gestão de pessoas nas universidades.
7
As universidades enquanto instituições surgiram no século XII na Europa
e sempre foi uma instituição social, fundada no reconhecimento público de sua
legitimidade e de suas atribuições, num princípio de diferenciação que lhe confere
autonomia perante outras instituições sociais. São estruturadas por ordenamentos,
regras, normas e valores de reconhecimento e legitimidade internos a ela.
Segundo CHAUÍ, 1999, a legitimidade da universidade moderna fundou-se na
conquista da idéia de autonomia do saber diante da religião e do Estado. Portanto
na idéia de um reconhecimento guiado por sua própria lógica, por necessidades
imanentes a ela, tanto do ponto de vista de sua invenção ou descoberta como da
transmissão do conhecimento.
A universidade, socialmente referenciada, de qualidade, mantida por meio
de impostos pagos pelo cidadão só é possível com base na autonomia. Essa
condição para que a universidade cumpra seu papel surgiu na Europa, na época em
que a Igreja e o Estado, em comum união, mantinham o monopólio da produção e
transmissão do conhecimento.
No Brasil a primeira Universidade Publica Federal foi a do Rio de Janeiro
em 1920, anteriormente chamada de Universidade do Brasil. Durante a Nova
República, foram criadas 22 universidades federais, constituindo-se o sistema de
universidades públicas federais. No período de 2004 a 2013, foram criadas 14 novas
universidades, aumentando em 31,1% o número de instituições federais de ensino
superior no Brasil. As universidades antes apenas no litoral brasileiro passaram a
atuar no interior do Brasil.
Tabela 1 – Expansão da Rede Federal de Educação Superior no Brasil
2003 2010 2013
Universidades 45 59 (14 novas) 59
Campus/Universidades 148 274 (126 novas) 274
Municípios Atendidos 114 230 230
Fonte: SESu/MEC.
8
Com a interiorização podemos observamos que foi ampliado em 101,75%
o número de municípios atendidos com a interiorização, a partir da criação de 126
novos campi.
Na Tabela 1, pode ser observado o crescimento acima mencionado
durante o processo de expansão das universidades públicas federais, após 2003.
Essa expansão teve uma característica própria, possibilitou que cada uma das
instituições propusesse, a partir de diretrizes gerais elaboradas pelo Ministério da
Educação, os seus programas de expansão. Esses programas institucionais
continham detalhamento dos cursos, vagas, aplicação dos recursos orçamentários,
bolsas estudantis e necessidade de cargos de magistério e de técnico-
administrativos.
O REUNI, foi motivado pelo Plano de Desenvolvimento da Educação
(PDE), cujo objetivo foi duplicar a oferta de vagas no ensino superior público.
Lembramos que se tratava de uma proposta em plena vigência de políticas
restritivas de investimentos no setor público. As instituições tiveram oportunidade de
propor um crescimento com uma contrapartida de investimentos do governo. Ele
tinha como uma das metas ampliar o acesso e a permanência no ensino superior,
nos seguintes termos:
§ 1o O Programa tem como meta global a elevação gradual da taxa de
conclusão média dos cursos de graduação presenciais para noventa por cento e da relação de alunos de graduação em cursos presenciais por professor para dezoito, ao final de cinco anos, a contar do início de cada plano. (BRASIL, 2007).
Foram estabelecidas seis dimensões dessa reestruturação, a saber:
1. Ampliação da oferta de Educação Superior Pública, através do
aumento de vagas de ingresso, especialmente no período noturno;
redução das taxas de evasão; e ocupação de vagas ociosas;
2. Reestruturação Acadêmico-Curricular;
3. Renovação Pedagógica;
4. Mobilidade Intra e Inter- Institucional – através da promoção da ampla
mobilidade estudantil mediante o aproveitamento de créditos e a
circulação de estudantes entre cursos e programas, e entre instituições
de educação superior.
9
5. Compromisso social com políticas de inclusão, assistência estudantil e
de extensão universitária.
6. Suporte da pós-graduação ao desenvolvimento e aperfeiçoamento
qualitativo dos cursos de graduação – com a articulação da graduação
com a pós-graduação.
Cabe também lembrar que são dois os indicadores de desempenho do
REUNI: elevação da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presencial e
o aumento na relação alunos de graduação por professor.
4 PROCESSO DE EXPANSÃO NA UFPE
Na Universidade Federal de Pernambuco, como na maioria das
Universidades, o processo de expansão aconteceu em dois momentos: 1) com a
interiorização do ensino, sendo criados novos campi no interior e; posteriormente
com o REUNI, pela ampliação de vagas em cursos já existente e pela criação de
cursos novos, principalmente no horário noturno. A UFPE implementou duas novas
unidades, o Centro Acadêmico do Agreste (CAA) em Caruaru foi o primeiro campus
da UFPE no interior, tendo sido inaugurado em março de 2006, e ainda nesse
mesmo ano também foi criado o Centro Acadêmico de Vitória, no município de
Vitória de Santo Antão.
Tabela 2 – Contratação de Pessoal – Interiorização/UFPE.
Centro Acadêmico do
Agreste Centro Acadêmico de
Vitória Total
Professor de Magistério Superior
149 72 221
Técnico-administrativo em Educação
54 60 105
Total 203 132 326
Fonte: Projeto de Criação dos Campi/UFPE
10
A população universitária da UFPE em 2008 totalizava cerca de 36.882
pessoas, distribuídas da seguinte forma: 31.683 alunos (25.425 dos cursos de
graduação, 2.723 dos cursos de mestrado, 1.632 dos cursos de doutorado, 1.504 dos
cursos de especialização, 430 do Colégio de Aplicação); 1.799 docentes, dos quais
1.298 têm o título de doutor, 406, o de mestre, 54 de especialista, 41 graduados;
3.400 servidores técnico-administrativos, incluindo o Hospital das Clínicas.
No REUNI a expansão de vagas na graduação estava prevista para os
três campi da UFPE, com proposta de uma ampliação gradativa em 26,83% no
número de vagas e a criação de 18 novos cursos. Alem da ampliação de vagas
estava previsto a ampliação de salas de aula, de laboratórios de ensino, de
informática bem como a realização de concursos públicos para docentes efetivos e
servidores técnico-administrativos.
Na proposta apresentada em 2007, foram destinadas 400 vagas para a
contratação de docentes e 600 vagas para a contratação de servidores Técnico-
administrativos em Educação, todas essas vagas através de concurso público,
conforme distribuição na Tabela 3.
Tabela 3 – Contratação de Pessoal – REUNI/UFPE, período 2008-2012.
2008 2009 2010 2011 2012
Professor de Magistério Superior
57 123 120 50 50
Técnico-administrativo em Educação
45 80 90 300 85
Total 102 203 210 350 135
Fonte: PROJETO REUNI-UFPE/2007.
Para analisarmos os impactos do crescimento da UFPE na gestão de
pessoas se faz necessário observar os seguintes períodos: 1999-2002 - gestão do
presidente Fernando Henrique Cardoso, 2003-2007 e de 2007-2010 governos do
presidente Luis Inácio Lula e nesse período o REUNI 2008-2012 gestão Lula e da
presidenta Dilma.
11
Surgiram algumas questões durante a implantação da expansão tais como:
a) Haveria uma precarização do trabalho docente como conseqüência do
aumento da relação professor/aluno para 18 por um?
b) os recursos não estariam assegurados pelo MPMOG após a
expansão?
Esses e outros questionamentos eram feitos durante o período de
aprovação do REUNI nas universidades, passando por momentos de conflitos
incluindo fechamento de Reitorias em quase todas as Universidades.
5 EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA: IMPACTOS NA GESTÃO DE PESSOAS NA UFPE
Durante o período de 1996 a 2003, as universidades públicas federais
passaram por um período de poucas mudanças, com orçamento insuficiente, um
inexpressivo número de contratações de pessoal e um crescente número de
vacâncias de servidores docentes e técnico-administrativos, sem reposição da força
de trabalho.
Esse significativo número de vacâncias foi em decorrência, principalmente
de aposentadorias, em virtude das reformas previdenciárias ocorridas ao longo do
tempo no serviço público federal. A primeira delas foi aprovada no final do primeiro
mandato de presidente Fernando Henrique Cardoso, em dezembro de 1998; a
segunda ao final do primeiro ano do primeiro mandato do presidente Lula, em
outubro de 2003.
Assim ao analisarmos a evolução da força de trabalho nas IFES é
necessário também lembrarmos os impactos decorrentes dessas reformas
previdenciárias juntamente com a contratação de novos servidores.
Outro fator impactante que merece citar trata-se da falta de isonomia de
remuneração dos servidores públicos entre os poderes judiciário, legislativo e
executivo, este último possui o maior número de servidores e os menores salários.
Assim sendo, as vacâncias em de posse em outro cargo inacumulável também faz
com que seja elevado o número de vacâncias nas universidades.
12
Na UFPE a influencia das reformas da previdência e a falta de isonomia
entre os poderes da União são fatores impactantes na evolução da força de
trabalho. As contratações de novos servidores sem a reposição dessa força de
trabalho prejudicou o desempenho das IFES por um longo período.
Na analise do quadro de pessoal técnico-administrativo em educação que
apresentaremos não foram computados os servidores do Hospital das Clinicas,
tendo em vista que o nosso objeto de estudo é a expansão universitária e os
impactos na força de trabalho.
Podemos ainda destacar que foi fundamental a participação da área de
gestão de pessoas na formulação do projeto de interiorização e do REUNI na UFPE,
possibilitando um acompanhamento e o planejamento de gestão de pessoas para
atender as mudanças.
Com o aumento do quadro e a alocação desses profissionais nas diversas
unidades da universidade, o desafio também imposto foi o de alocar bem esses
profissionais possibilitando o funcionamento adequado da UFPE, apoiando a área
fim para atingir as metas estabelecidas.
Buscar um trabalho integrado com as Pró-reitorias de Assuntos
Acadêmicos, de Pesquisa e Pós Graduação e de Planejamento foi fundamental para
a gestão de pessoas e para o bom andamento da consolidação da expansão.
Essas mudanças não foram simplesmente ampliação da força de
trabalho, mas de repensar a estrutura da área de gestão de pessoas e os processos
de trabalho, dando ainda mais credibilidade dessa área na instituição.
A partir de 2011 a Universidade Federal de Pernambuco reestruturou a
Pró-reitoria de Gestão de Pessoas e Qualidade de vida no que diz respeito a sua
estrutura organizacional, criando uma Diretoria de Desenvolvimento de Pessoal com
o objetivo de realizar concursos, estudar e implementar modelos de
dimensionamento da força de trabalho técnico-administrativo em educação. No que
diz respeito aos docentes foi criada comissão para analisar as reposições de vagas,
com a participação da área de gestão de pessoas que executa também os
concursos docentes.
13
5.1 Evolução do Quadro de Técnico-administrativos em Educação na UFPE
Em 1996 a UFPE contava com um quadro de 2.195 servidores TAE (não
sendo computados os servidores do Hospital Universitário, sendo que em 2003
passou a ter 2.121, ou seja, nesse período houve um decréscimo na força de
trabalho TAE na UFPE de 3,37%. Até 2007, mesmo com o inicio da interiorização, e
um aumento nas admissões em torno de 6,9% em relação ao quadro existente, a
época, essa força de trabalho não atingiu o número do exercício de 1996, tendo em
vista que não tinha a reposição das vacâncias ocasionadas principalmente pelas
aposentadorias e exonerações. No entanto, com o advento do Decreto Nº
7.232/2010, que possibilitou a reposição das vacâncias referentes as classes C, D e
E, do quadro de servidores técnico-administrativo em educação na UFPE teve um
crescimento de 10,59% em relação a 2007, e de 9,52% em relação a 1996.
Gráfico 1 – Força de Trabalho de Técnico-administrativos na UFPE
Fonte: SIAPE.
É possível observar que as vacâncias superam as nomeações no período
de 1996 a 2003, e ainda que no período da expansão 2006 – 2012, o número de
contratações é um pouco superior as vacâncias. Essa diferença no período acima
citado é de apenas 11,32 % superior o número de contratações ou de vacâncias.
Esse acontece em virtude da reposição das vacâncias serem possíveis apenas a
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Nº TAE NOMEAÇÕES VACÂNCIAS
14
partir de julho/2010. Para um trabalho mais completo seria necessária também a
análise do crescimento da terceirização da força de trabalho, a partir da Lei nº
9.632/98 e do Decreto nº 2.271/97 que possibilita a terceirização de varias atividades
antes exercidas por servidores técnico-administrativos nas IFES.
5.2 Evolução no Quadro de Professores de Magistério Superior na UFPE
Em relação ao quadro permanente de professores de magistério superior
na UFPE, no período de 1996-2003, não houve grandes alterações em decorrência
das vacâncias terem sido quase igual ao número de admissões, sendo o acréscimo
no quadro de docentes de apenas 0,88%. Podemos constatar ainda que teve um
aumento no quadro de docentes de magistério superior de 30% em 2012,
comparando com o quadro em 2007. Fazendo o cálculo em relação 1996-2012, esse
quadro foi ampliado em 35,15%. No entanto se faz necessário esclarecer que a
UFPE ainda está executando os concursos docentes referentes ao REUNI-2012 e
que continua em processo de consolidação da expansão.
É importante destacar que foi instituído o Banco de Professor Equivalente,
a partir do Decreto nº 6.097/2007, D.O.U de 25.04.2007, regulamentado pela
Portaria Interministerial Nº 22/2007 de reposição das vacâncias do cargo de
Professor de Magistério Superior nas IFES. Posteriormente esse Decreto foi alterado
pelo Decreto Nº 6944/2009, publicado no D. O.U. em 24.08.2009.
Art.2º O art.3º do Decreto nº. 4.175, de 27 de março de 2002, fica acrescido do seguinte parágrafo, passando-se o atual parágrafo único a vigorar como § 1º:
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica às universidades federais para o provimento de cargo docente e contratação de professor substituto, observado o limite que cada instituição se encontra autorizada a manter em seu quadro docente, conforme norma conjunta dos Ministérios do Planejamento,Orçamento e Gestão e da Educação.
A autonomia para reposição automática das vacâncias dos cargos de
Professor de Magistério Superior possibilitou a manutenção do quadro de docentes,
no entanto o passivo, raté abril de 2007, não houve reposição.
15
Gráfico 2 – Evolução no Quadro de Professor de Magistério Superior
Fonte: SIAPE
Esclarecemos que no gráfico 2 não foram computados os docentes
contratados na UFPE pela Lei nº 8.745/93, ou seja, professores substitutos,
temporários e visitantes. Temos ainda que salientar que o Decreto nº 7.485/2011
que atualiza a regulamentação sobre o Banco de Professor Equivalente e
possibilitou também a autonomia para as contratações de professores substitutos e
visitantes, respeitando o total do Banco de Professor Equivalente de cada instituição.
Assim se torna mais fácil a saída de professores para qualificação, pois
as IFES anteriormente tinham apenas autorização para contratação de professores
substitutos em número estabelecido e publicado por Portaria do MEC, passou a
contratar no âmbito do banco para apoiar afastamentos, licenças e enquanto realiza
os concursos públicos para cargos efetivos.
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Nº TAE NOMEAÇÕES VACÂNCIAS
16
Gráfico 3 – Evolução do Quadro de Professor de Magistério Superior, incluindo os
Professores Substitutos.
FONTE: SIAPE
Apesar do nítido crescimento da força de trabalho docente, se faz
necessário analisarmos o crescimento no número de estudantes da graduação e
pós-graduação no mesmo período, para então apresentarmos as nossas
considerações sobre o estudo em pauta.
5.3 Crescimento da oferta de vagas em curso de Graduação e Pós-graduação na UFPE
O crescimento do número de estudantes de graduação presencial em
2003 comparativamente a 1996 foi de 51,92%, enquanto que no período de 2012 a
2003, esse crescimento foi de 25,54%. No entanto, comparando o período de 1996 a
2012 o numero de estudantes na graduação presencial teve um crescimento de
90,73%. Conforme a explanação acima no período 1996-2012 o crescimento da
força de trabalho de técnico-administrativo em educação foi de 9,52% e de docente
foi de 35,15%. Para uma melhor analise, seria necessário comparar também o
crescimento das contratações de serviços que ao logo do tempo os cargos foram
sendo extintos e os serviços que até 1996 eram realizados completamente por
servidores do quadro passaram a ser licitados, a exemplo dos cargos: servente de
limpeza, copeiro, recepcionista, porteiro, continuo, vigilante, entre outros.
0
1000
2000
3000
4000
5000
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
PROF SUBSTITUTOS PROF. MAG SUPERIOR TOTAL
17
Gráfico 4 – Evolução no número de estudantes matriculados na graduação presencial.
FONTE: PROPLAN/UFPE
A UFPE ampliou também o número de estudantes na pós-graduação
nesse mesmo período, conforme Gráfico 4, passando de 2.358 alunos de pós-
graduação em 1996 para 7.881 em 2002. Atualmente a UFPE possui mais de 8500
estudantes de pós-graduação nos diversos programas.
Gráfico 5 – Evolução no número de estudantes matriculados na pós-graduação.
-
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Recife Caruaru Vitória Total
Alunos Pós-graduação
-
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
9.000
10.000
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Alunos Pós-graduação
18
Gráfico 6 – Relação Aluno versus Docente, Aluno versus TAE
Podemos então avançar na analise observando a relação: aluno versus
docente e aluno versus TAE, conforme Gráfico 4 e Tabela 4 a força de trabalho
referente a servidores técnico-administrativos em educação se considerar a
terceirização, ela está estabilizada apesar do crescimento das atividades
acadêmicas na UFPE. Quanto aos docentes é possível observar que em relação a
2003, antes dos programas de interiorização e REUNI a relação aluno x docente era
maior do que a do exercício de 2012.
Tabela 4 – Relação Aluno versus TAE – Alunos versus Docente
1996 2002 2003 2006 2007 2008 2011 2012
Relação Aluno x TAE 7,699 9,15 13,96 13,54 16,67 16,84 16,3 9,407
Relação Aluno x Docente
10,84 12,62 17,98 18,08 19,23 19,76 18,99 15,16
-
5
10
15
20
25
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Relação Aluno x TAE Relação Aluno x Docente
19
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo de políticas públicas deve ser entendido como um processo
holístico e tem interface diretamente com outras áreas, como administração, no caso
em estudo com a gestão de pessoas.
A expansão nas IFES possibilitou um aumento no acesso ao ensino
superior, além da descentralização da oferta de vagas com a interiorização,
possibilitando a ampliação no número de municípios atendidos do estado de
Pernambuco. Segundo Cristóvão Buarque, “A única revolução possível, lógica e
ética no mundo de hoje é por meio da educação”.
Os dados apresentados nesse artigo sugerem que, de fato, há um
incremento considerável no número de servidores na UFPE, seja de docentes ou
técnico-administrativos em educação, a partir das políticas publicas efetivadas
durante o processo de expansão das universidades. No entanto foi fundamental para
consolidar essas ações a reposição automática da força de trabalho docente,
através do Banco de Professor Equivalente, e o Quadro de Referência dos
Servidores Técnico-administrativos em Educação, que possibilitaram a manutenção
da força de trabalho.
No entanto, há ainda um sentimento de que a instituição aumentou as
atividades acadêmicas e não ampliou o quadro de servidores na mesma proporção,
mas conforme dados analisados a proporcionalidade de alunos/docente e
alunos/técnicos antes de 2003 e após essa data demonstram que se mantém a
equivalência.
Essa realidade pode ser diferente de uma instituição para outra uma vez
que o planejamento da força de trabalho foi proposta diferentemente em cada uma
em 2007, na elaboração dos respectivos projetos. Destacamos a importância da
participação da área de gestão de pessoas em todo o processo de expansão na
UFPE o que garantiu um planejamento da força de trabalho adequada para o
crescimento institucional.
20
7 REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 8.743, de 9 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União de 10 de dezembro de 1993.
BRASIL. Decreto nº 2.271, de 07 de julho de 1997. Dispõe sobre a contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União de 08 de julho de 1997.
BRASIL. Lei nº 9.632, de 7 de maio de 1998. Dispõe sobre a extinção de cargos no âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União de 08 de maio de 1998.
BRASIL. Grupo de Trabalho Interministerial. Bases para o enfrentamento da crise emergencial das universidades federais e roteiro para a Reforma Universitária brasileira. Brasília: 15 de dezembro de 2003.
BRASIL. Presidência da República. Decreto sem numeração, de 20 de outubro de 2003. Institui Grupo de Trabalho Interministerial encarregado de analisar a situação atual de crise e apresentar plano de ação, desenvolvimento e democratização das IFES. Diário Oficial da União. Brasília: [s.n.], 21/10/2003.
BRASIL. Decreto n° 6.096, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI. Brasília, DF: Diário Oficial da União de 25 de março de 2007;
BRASIL. Decreto n° 6.944, de 21 de agosto de 2009. Estabelece medidas organizacionais para o aprimoramento da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, dispõe sobre normas gerais relativas a concursos públicos, organiza sob a forma de sistema as atividades de organização e inovação institucional do Governo Federal, e dá outras providências. DF: Diário Oficial da União de 24 de agosto de 2009;
BRASIL. Decreto Nº 7.312, de 23 de setembro de 2010. Dispõe sobre o banco de professor-equivalente de educação básica, técnica e tecnológica, dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia vinculados ao Ministério da Educação, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União de 23 de setembro de 2010;
BRASIL. Decreto Nº 7.232, de 19 de julho de 2010. Dispõe sobre os quantitativos de lotação dos cargos dos níveis de classificação “C”, “D” e “E” integrantes do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação, de que trata a Lei no 11.091, de 12 de janeiro de 2005, das universidades federais vinculadas ao Ministério da Educação. Brasília. Diário Oficial da União de 20 de julho de 2010.
21
BRASIL. Portaria Normativa Interministerial Nº 22/MEC, de 30 de abril de 2007. Dispõe sobre a constituição do Banco de Professor Equivalente nas Universidades Federais. Brasília. Diário Oficial da União de 01 de maio de 2007.
BRASIL. Decreto Nº 7.485, de 18 de maio de 2011. Dispõe sobre a constituição de banco de professor-equivalente das universidades federais vinculadas ao Ministério da Educação e regulamenta a admissão de professor substituto, de que trata o inciso IV do art. 2o da Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993. Brasília. Diário Oficial da União de 19 de maio de 2011.
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AUTORIA
Lenita Almeida Amaral – Universidade Federal de Pernambuco.
Endereço eletrônico: [email protected] Silvia Marise Araújo Lopes – Universidade Federal de Pernambuco.