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1 UNIVERSIDADE LUSÓFONA DO PORTO Limites da livre apreciação da prova Depoimentos indirecto e de co-arguido Mestrado Juridico Forenses Instituições Especiais de Processo Penal Fernando Américo Magalhães Ferreira Junho de 2011 Docentes: ROSA VIEIRA NEVES ANTÓNIO SABUGOSA PORTAL

Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

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UNIVERSIDADE LUSÓFONA DO PORTO

Limites da livre apreciação da prova

Depoimentos indirecto e de co-arguido

Mestrado Juridico Forenses

Instituições Especiais de Processo Penal

Fernando Américo Magalhães Ferreira

Junho de 2011

Docentes: ROSA VIEIRA NEVES

ANTÓNIO SABUGOSA PORTAL

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INDICE

Abreviaturas...................................................................................................................... 4

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 48

Bibliografia - Acórdãos ................................................................................................. 51

Bibliografia - Outros trabalhos relacionados com a matéria .................................... 49

Bibliografia - Trabalhos de alunos do CEJ ................................................................. 50

CAPITULO I .................................................................................................................... 8

Capítulo I - CONCLUSÕES I ....................................................................................... 17

Capítulo I - Excepções e restrições ................................................................................. 9

Capítulo I - Excepções e restrições - Prova documental .............................................. 13

Capítulo I - Excepções e restrições - Prova pericial ..................................................... 12

Capítulo I - Excepções e restrições - Prova por Confissão .......................................... 13

Capítulo I – Excepções e restrições - Prova por Confissão vs Reconstituição ........... 42

Capítulo I - Excepções e restrições - Prova testemunhal ............................................. 10

Capítulo I - Excepções e restrições - Silêncio ................................................................ 15

Capítulo I - Princípio da livre apreciação da prova ..................................................... 8

CAPITULO II ............................................................................................................... 18

Capítulo II – CONCLUSÕES II ................................................................................... 46

Capítulo II - Depoimento de co-arguido ...................................................................... 39

Capítulo II - Depoimento indirecto .............................................................................. 27

Capítulo II - Fundamentação da sentença ................................................................... 18

Capítulo II - Jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem ........... 23

Capítulo II - Jurisprudência Portuguesa ..................................................................... 24

INTRODUÇÂO .............................................................................................................. 6

Metodologia ...................................................................................................................... 6

Palavras Chave ................................................................................................................. 5

RESUMO ......................................................................................................................... 5

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Abreviaturas

BMJ Boletim do Ministério da Justiça

CC Código Civil Português

CCCP Comentário Conimbricense ao Código Penal

CEJ Centro de Estudos Judiciários

CJ Colectânea de Jurisprudência

CP Código Penal Português

CPA Código de Processo Administrativo

CPP C´odigo de Processo Penal

CRP Constituição da República Portuguesa

FDUC Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

FDUL Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

FDUP Faculdade de direito da Universidade do Porto

OPC Órgão de Polícia Criminal

STJ Supremo Tribunal de Justiça

TC Tribunal Constitucional

TEDH Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

TRC Tribunal da Relação de Coimbra

TRL Tribunal da Relação de Lisboa

TRP Tribunal da Relação do Porto

TRG Tribunal da Relação de Guimarães

ULP Universidade Lusófona do Porto

art.º artigo

cfr conferir

nº número

p. / pp. página / páginas

pub. Publicado ( publicação )

ss seguintes

v.g. por exemplo

vs versus

NOTA: quando não se indica o código a que um artigo diz respeito, deve assumir-se

como o Código de Processo Penal Português

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RESUMO

O princípio da livre apreciação, por via de regra, presente em todos os actos processuais,

tem no entanto limites, excepções e reservas, com especial destaque para a decisão final,

que tem obrigatóriamente de cumprir com os requisitos determinados no art.º 374º CPP,

sob pena de nulidade prevista no art.º 379º nº1 a), nomeadamente quanto à motivação da

decisão.

Muito embora o art.º 125º tenha subjacente o principio da atipicidade1, pois “ são

admitidas todas as provas não proibidas por lei”, o certo é que o Julgador está

legalmente condicionado, seja porque há os meios de prova proibidos previstos no

art.º126º, seja quanto aos meios de obtenção de prova regulados nos art.ºs 171º a 190º.

Mas para além destas condicionantes legais compete ao Julgador aferir quanto à

valoração da prova e de acordo com o princípio da livre apreciação, tendencialmente

todas as provas têm o mesmo valor.

Há doutrina2 que estabelece como restrições à livre apreciação da prova apenas a

confissão, a prova pericial e os documentos autenticos ou autenticados, mas na prática

surgem outros meios de prova onde a livre valoração do Julgador é restringida, e que

proponho a sua análise.

Podemos verificar que este principio tem efectivamente mais limites, sejam excepções,

restrições, ou reservas.

Sendo o depoimento indirecto, de acordo com o artº 129º, à partida um meio de prova

proibido, a incriminação por co-arguido, e as declarações do arguido aquando da

reconstituição do facto, que poderão violar o principio do direito ao silêncio, à sua não

auto incriminação, será que é admissível o Julgador fundamentar valorando estes meios

de prova através da sua livre convicção ?

PALAVRAS CHAVE

Limites à livre apreciação da prova, Fundamentação, Depoimento indirecto,

Depoimento de co-arguido, Reconstituição do facto

1 SUSANA JALES, “ declarações de co-arguido”, CEJ, 2007, e também ROSA VIEIRA NEVES, “ A livre

Apreciação da Prova e a obrigação de fundamentação, Coimbra, Coimbra Editora, 2011 2 Por todos PAULO DE SOUSA MENDES

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INTRODUÇÂO

As proibições de prova, de acordo com a Doutrina, abrangem: as proibições de

produção de prova, e as proibições de valoração de prova; e a consequemte invalidade

do acto processsual; as garantias de defesa; e o efeito das próprias proibições de

valoração.

É sobre a dicotomia: proibição de valoração e livre apreciação da prova e a própria

validade da motivação se fundamentada numa prova de admissibilidade duvidosa. que

me proponho fazer uma análise.

Dirijo-me a aspectos problemáticos relacionados com a admissibilidade da livre

apreciação de meios de prova à partida proibidos, nomeadamente quanto ao depoimento

indirecto, e de co-arguido, com destaque quando a pessoa-fonte é o arguido, e este

exerce o seu direito e se remete ao silêncio, e ainda uma referência ao valor das

declarações do arguido e do co-arguido na reconstituição do facto.

A exigência do cumprimento e a própria validade da fundamentação da decisão pode

estar comprometida se a livre apreciação e convicção do Julgador não for exercído com

prudência e principalmente se a decisão for apenas motivada por prova de validade

ambígua.

Metodologia

Cada um dos subtemas, merece um estudo autónomo mais profundo, mas decidi, pela

relação entre eles, realizar um estudo não tão exaustivo mas que nos desse uma

panorâmica sobre a tendencia da Doutrina e Jurisprudência sobre esta problemática,

com especial destaque para a Jurisprudência, e por isso a significativa invocação de

Acórdãos dos Tribunais, pois, à final, é onde se realiza o direito. Por uma questão de

uma mais directa percepção da tendência da jurisprudência, no Capitulo segundo

decide-se pela transcrição de partes de acórdãos dos tribunais superiores. Os Acórdãos

são uma fonte muito sólida para a análise, pois para além da sua própria fundamentação,

as decisões invocam posições doutrinárias que nos ajudam a perceber as questões

problemáticas relacionadas com o tema, permitindo-nos ter uma percepção da tendência

das decisões, e o que o Julgador ao fim e ao cabo dá prevalência.

O trabalho está dividido em dois Capítulos, sendo que o primeiro aborda questões gerais

quanto aos limites da Apreciação da Prova, sem o intuito de entrar numa discussão

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aprofundada, como que uma resenha conclusiva dos aspectos essenciais da bibliografia

consultada e dos acórdãos visitados. Dedico o segundo capítulo ao tema a que me

proponho, numa abordagem com um suficiente detalhe para que possamos ter uma ideia

clara do contraponto entre a Livre Apreciação da Prova, o Depoimento indirecto, o

Depoimento de co-arguido face ao silêncio do arguido, e porque directamente

relacionado com o tema, a Reconstituição do facto, ou melhor, do valor das declarações

do arguido neste “meio complemantar de prova” e o cumprimento da exigência e

validade da fundamentação quando o Julgador utiliza estes meios de prova.

Iniciando o estudo pelo Código de Processo Penal Anotado dos Magistrados do

Ministério Público, parti à procura de decisões dos tribunais superiores, daí se justifica o

significativo número de excertos de acórdãos citados, para poder aferir das posições

tomadas quanto ao tema da Livre Apreciação da Prova e tentar perceber quais os

principais problemas que podem advir deste princípio. Segui depois para as obras e

trabalhos indicados, tanto nos acórdãos, como no Código anotado e ainda seleccionei

outros trabalhos que me parecem poder contribuir para o objectivo do trabalho a que me

proponho.

Page 8: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

8

CAPITULO I

Neste capítulo vamos enunciar as principais conclusões sobre o princípio da Livre

Apreciação da Prova, previsto no art.º 127º do Código de Processo Penal, e os seus

limites quanto a alguns dos meios de prova tipificados no CPP, deixando de parte a

problemática referente aos meios de obtenção de prova e outras situações que também

poderiam ser objecto de um trabalho sobre este tema. Apresento um breve resumo

relativamente ao caso julgado, tal como nos é proposto por ROSA VIEIRA NEVES3

Princípio da livre apreciação da prova ( art.º 127º CPP)

Nas palavras de PAULO DE SOUSA MENDES4,

“ É sabido que o sistema de prova livre, que vai em par com a íntima convicção,

substituiu na Europa continental o anterior sistema romano-canónico da prova

legal, que dava um valor fixo às provas em função de certas fórmulas (…) “

E com entendimento idêntico FIGUEREDO DIAS5, referindo que desde logo, não são

estabelecidos critérios legais que se pré-imponham ao julgador como deve valorar a

prova6.

Significa que o Julgador, produzida a prova em audiência de julgamento, apreciando as

circunstâncias concretas, decidirá com base nas regras de experiência e a sua convicção,

sendo que tendencialmente todas as provas têm o mesmo valor7.

Ou seja, o Julgador tem que orientar a produção de prova no sentido da busca da

verdade material, sendo que ao decidir tem que fundamentar as suas decisões, em

critérios objectivos, e o mesmo é dizer que a decisão do Julgador tem de ser controlável

e não arbitrária8.

Havendo livre apreciação da prova há discricionaridade jurídica, mas como já foi

referido, na busca de uma9 verdade material.

3 In: “ A Livre apreciação da prova e a obrigação de fundamentação da convicção”, Coimbra. Coimbta

Editora, 2011 4 PAULO DE SOUSA MENDES, “Prova penal e as regras da experiência”, in: “Livro de Homenagem ao

professor Figueredo Dias”. 5 In: “Lições de Direito Processual Penal”, Coimbra, FDUC, 1988/

6 Idem

7 SUSANA JALES, “ declarações de co-arguido” , CEJ, 2007

8 Idem.

9 Uma, porque muito embora se busque a verdade material, esta será apenas aquela que resulta da

discussão e julgamento e com base na prova aí produzida.

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9

Mas esta discricionaridade, esta livre apreciação tem limites, que se forem violados é

susceptivel de recurso, como previsto no art.º 410º nº2 CPP.

Por outras palavras, quando se fala em convicção livre e intima, não é uma convicção

subjectiva10

. Esta convicção, embora pessoal, tem que ser controlável, objectivável, tem

de haver critérios práticos de controlo.

Neste sentido o acórdão do TRC de 22 de Setembro de 201011

“A livre apreciação da prova significa que esta deve ser feita de acordo com a

convicção íntima do juiz”.

Nas linha dos ensinamentos de FIGUEIREDO DIAS, também assim entende o Juiz

RENATO BARROS12

, que de forma suscinta podemos traduzir no seguinte:

A prova em julgamento é apreciada pela livre convição, em consciência, não significa

arbitrio, pois é uma exigência Constitucional da motivação das decisões judiciais, ou

seja, a necessidade das decisões serem fundamentadas, o que significa que deve

identificar os factos provados e não provados e a prova que assim determinou, descrever

os meios de proca e o processo que formou a convição, que traduz três vectores de

motivação: uma motivação pessoal ( o julgador julga pela sua consciência ), uma

motivação para com o arguido ( dar como provado ou não um determinado facto ), e

uma motivação para com a comunidade ( o cidadão tem que perceber porquê aquela

decisão, i.é a justeza da decisão)

Excepções e restrições

Mas o princípio da livre apreciação e convicção tem limites e reservas. Limites quanto a

determinados meios de prova, e reservas quanto à sentença. Vamos analisar os aspectos

essenciais relativos a cada um dos meios de prova regulados no CPP.

Apesar de o art.º 125º nos dizer que “ são admitidas as provas não proibidas por lei”,

evidenciando uma atipicidade dos meios de prova, o certo é que logo pela epigrafe, e

porque não se vislumbra outros meios para além dos elencados no CPP, o que está

subjacente é que esta livre convicção da prova está vinculada aos meios de prova

10

Resta saber como o Julgador consegue no seu “iter” constitutivo da sua convicção afastar uma

subsjectividade comprometedora de uma decisão transparente. Esta questão mereceria uma trabalho. 11

TRC de 22-09-2010, processo 68/08.1TALSA.C1, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 12

Cfr programa da TSF, in: www.tsf.pt

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10

tipificados, e arriscaria dizer que o Julgador não pode fundamentar a sua decisão pela

valoração de meios de prova para além dos tipificados no CPP e que são: A prova

testemunhal (art.º 128º e ss); As declarações do arguido, do assistente e das partes civis

( art.º 140º e ss); O confronto entre as pessoas que prestaram declarações contraditórias

( art.º 146º); o reconhecimento de pessoas e objectos ( art.º 147º ); A reconstituição do

facto ( art.º 150º); A Prova pericial ( art.º 151º e ss); A Prova documemtal ( art.º 164º e

ss); A confissão (art.º 344º).

Depois, não pode valorar meios de prova proibidos para a motivação da sua decisão e

decorre que são proibidos os meios de prova obtidos ilegalmente.

Apresenta-se as conclusões essenciais de como pode operar o principio da livre

apreciação ou valoração da prova em alguns dos meios de prova:

Prova testemunhal, ( art.º 128º e ss)

Para a prova testemunhal, por via de regra aplica-se o principio da livre apreciação, com

a excepção do testemunho do „ouvir dizer‟, o designado depoimento indirecto,

conforme disposto no art.º 129º CPP, conjugado com o art.º 128º nº1, pois a inquirição

só pode ser valorada quanto aos “factos de que possua conhecimento directo”. Vamos

adiante no segundo capítulo, debruçar-nos sobre esta problemática.

Decorre do art.º 355º que é na produção de prova testemunhal onde os principios da

imediação e oralidade mais se manifestam, pois a convicção do julgador é formada não

apenas pelo que a testemunha fala, mas pelas declarações que estão implicitas nos

gestos, na postura, na atitude, enfim, um sem número de manifestações que o Juiz só se

apercebe se estiver presente.

CARLOS ADÉRITO TEIXEIRA13

refere a testemunha-fonte, que tem um conhecimento

directo da ocorrência, quando resulta da percepção pessoal e a testemunha de “ouvir

dizer” quando tem um conhecimento indirecto que se formou pela intermediação da

percepção de outrém. Mas o mais provável é que a testemunha tenha um conhecimneto

directo relativamente a certos eventos e indirecto relativamente a outros.

13

In: “Depoimento indirecto e arguido - admissibilidade e livre valoração versus proibição de prova”,

Revista do CEJ, nº2, 2005, p 129

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11

Neste sentido o acórdão de o acórdão do TRP, de 9 de Fevereiro de 201114

“(…) II - O critério operativo da distinção entre depoimento directo e depoimento

indirecto é o da vivência da realidade que se relata: se o depoente viveu e assistiu a

essa realidade, o seu depoimento é directo; se não, é indirecto.

O entendimento do ponto III do sumário deste acórdão suscita-me a mim a mais séria

discordância15

, como poderemos avaliar no segundo capítulo.

O Direito Penal é o Direito Penal do Facto, e é sobre o facto que o Tribunal tem de

centrar a prova. Não se discute se a testemunha directamente ouviu dizer o arguido, e a

sua consequente percepção de ciência quanto ao que ouviu, o que se avalia é se o

testemunha presenciou o facto.

Proponho o seguinte exemplo: Imaginemos a situação em que uma testemunha chega

ao local depois de um acidente e ouve o condutor dizer “ - ai que matei o homem !”.

Em tribunal essa testemunha depõe e relata o que ouviu dizer o agora arguido. Mas

outras testemunhas, estas presenciais, viram que afinal a vítima se atirou para debaixo

do carro no momento em que este passava, e veio a descobrir-se que tinha saído do

médico que lhe diagnosticara uma doença incurável. É bom de ver que o testemunho

indirecto de ouvir dizer o arguido que tinha morto o homem, cai por terra, é irrelevante

face aos testemunhos directos. Imaginemos agora que ninguém estava presente, e só a

testemunha de ouvir dizer ouvira o arguido “ ai que matei o homem ! “. O arguido ou se

remete ao silêncio ou decide prestar declarações ( e não depoimento pois está impedido

de o fazer ) contradizendo o depoimento indirecto e jura a pés juntos; - que não senhor,

que a vítima aparecera de repente. Que raio de sentença o Julgador proferiria se

condenasse o condutor por homicídio negligente, fundado apenas no depoimento

indirecto ainda que de pessoa séria e fiável, em vez de o absolver, por que não tinha

provas suficientes para fundamentar a condenação ?

No sentido contrário à minha posição o acórdão do TRP de 7 de Fevereiro de 200716

Não constitui depoimento indirecto a afirmação de uma testemunha de que ouviu o

arguido dizer que era o condutor de um automóvel que acabara de intervir num

acidente de viação.17

14

TRP de 09-02-2011, Rec. Penal nº 195/07.1GACNF.P1-1ªSec., in: www.trp.pt, comsultado em 2011 15

Simplesmente o arguido pode, por exemplo, ter-se “gabado” de ter praticado um determinado crime,

sem o ter praticado. 16

TRP de 07-02-2007, RP200702070645315, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011

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12

Prova pericial, 163º nº1

Ao juízo técnico, cientifico, artistico, o Julgador não pode valorar livremente, presume-

se excluído da livre apreciação da prova, mas o Julgador quando não segue o relatório

do perito, tem, como previsto no nº2 do mesmo artigo, que fundamentar também com

uma idêntica apreciação técnica, as razões que o levaram a ter um entendimento

diferente. Ou seja, a prova pericial porque exige um especial conhecimento dos peritos,

presume-se excluído à livre apreciação do julgador, como decorre da norma.

Na realidade o Juiz não tem capacidade infinita para poder directa e exclusivamnete

apreciar determinados factos, e pode precisar de assistência de técnicos especializados

para o fazer, mas não devemos confundir o perito com um Orgão de Polícia Criminal

( OPC ) . Ao perito não compete descobrir factos probatórios, mas apenas apreciar os

factos que lhe são presentes.

A jurisprudência tem vindo a confirmar este entendimento, de que a informação do

perito, vale enquanto dado abstracto, pois se refere ao juízo técnico cientifico e não aos

factos.

Assim, se o Juiz tem uma convicção divergente do juízo técnico, cientifico ou artistico,

deve o Juiz fundar a sua convicção em igual categoria de juízo. Se não o fizer a decisão

“consubstância um erro notório na apreciação da prova”18

, padece de um vício gerador

de nulidade nos termos do art.º 374º nº2 e artº 379º nº1 a).

Exame vs Perícia

O exame é um meio de obtenção de prova, enquanto que a perícia é um meio de prova,

e nas palavras de GERMANO MARQUES DA SILVA, a períca assenta na interpretação dos

factos realizada por pessoas dotadas de especiais conhecimentos técnicos, científicos ou

artísticos, é o relatório que traduz as conclusões do perito que é o meio de prova.

17

Nota: significa que a pessoa podia não ser o condutor, este entretanto por não encartado. afastara-se! 18

Cfr, “Código de processo penal Comentários e notas práticas”, Magistrados do Ministério Público do

distrito judicial do Porto, p. 423

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Prova documental, art.ºs 164º a 170º

O art.º 164º nº1 dá-nos uma definição de documento, remetendo também para o art.º

255º CP e art.ºs 363º 3 369º CC.

Na prova documental, os documentos particulares admitem livre apreciação, mas os

documentos autênticos ou autenticados, não havendo fundada razão para a pôr em crise,

o julgador não a pode valorar livremente, pois de acordo com o art.º 169º tem uma força

probatória plena. No entanto, de acordo com o art.º 170º o Tribunal pode declarar a

falsidade do documento, sem necessidde de proceder a diligências prévias se entender

não ser útil para o processo.

De referir que a declaração anónima, não pode ser valorada como meio de prova, sendo

uma prova proibida, prevista no art.º 126º nº2 a), salvo se a própria declaração é objecto

ou elemento do crime.

As escutas telefónicas são um meio de obtenção de prova, sendo que a sua transcrição é

meio de prova.

Prova por Confissão, art.º 344º

A confissão é uma declaração do arguido com caracter especial, e por isso mereceu um

tratamento diferenciado pelo Legislador, face às declarações de arguido, previstas nos

art.ºs 140º e ss.

As declarações do arguido constituem meio de defesa e meio de prova. E nas palavras

de ROSA VIEIRA NEVES, “ As declarações do arguido apresentam uma natureza bicéfala,

na medida em que constituem, por um lado, um meio de prova, e, por outro, a

efectivação do direito de defesa que assiste àquele sujeito processual”19

O arguido pode; Ou limitar-se a identificar-se e pode recusar a prestar mais declarações,

sendo que esse silêncio não o pode prejudicar; Ou decidir prestar declarações, que não

são sob juramento e por isso o arguido, embora não se confunda com “um direito” a

mentir, pode fazê-lo, ou simplesmente negando, como previsto no art.º 344º, os factos

de que é acusado, e essas declarações ou silêncio têm o valor probatório que o Juiz

19

In: “ A Livre Apreciação da Prova e a obrigação de fundamentação da convicção ( na decisão final ) “,

Coimbra, Coimbra Editora, 2011, p 98

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apreciará livremente conforme a sua convicção. Embora o arguido quando presta

declarações o deva fazer com verdade, nada o obriga a fazer, e por isso pode até mentir,

sem que isso o possa prejudicar. ”Não se trata de um direito de mentir, mas

simplesmente da não punição da mentira”20

Mas pode o arguido confessar factos e depois remeter-se ao silêncio.

Ora a confissão tem de ser conjugada com cada momento do processo, pois a sua

valoração depende se é realizada na fase de inquérito e/ou na instrução, ou na audiência

de julgamento., sendo que na fase de inquérito e de instrução é admitida a livre

apreciação da confissão, por isso, o tribunal tem, mesmo que o arguido confesse

naquelas fases processuais, de recolher outros meios de prova.

Ora se arguido decide confessar, o Julgador tem restrições quanto à valoração da

confissão :

No entanto, como defende MARQUES FERREIRA21

, “o valor probatório da confissão se

deverá considerar sempre apreciável, pois mesmo nos casos em que esta assume força

probatória é pleníssima, com a consequente dispensa de produção de outra prova, tal

só sucede apenas em momento posterior ao funcionameo do principio da livre

apreciaçao da confissão, para determinar se a mesma reveste ou não as características

de „integral, sem reservas e coerente”.

Na audiência de julgamento, temos que distinguir se a confissão é integral, e sem

reservas ( art.º 344º nº4 ) da confissão parcial ou com reservas.

Caso se verifiquem os requisitos legais, ou seja, se se tratar de uma situação que indicie

ser punivel com pena inferior a cinco anos, ausência de co-arguidos, confissão dos

factos coerentes e em coerência com os outros meios de prova, e o tribunal não ter

dúvidas, então o tribunal pode prescindir da produção de provas, seguindo-se logo as

alegações orais, e a taxa de justiça é reduzida a metade.

Se a confissão for parcial, ou com reservas ou o Juiz tiver dúvidas, e nos pressupostos

legais anteriores, o Juiz pode ou não considerar os factos como provados.

20

FIGUEREDO DIAS, “ Direito processual penal, I, p 450 e ss, Apud, “Código e Processo Penal-

Comentário e notas práticas dos Magistrados do Ministério Público, pág 151 21

In: “Meios de Prova”, Jornadas de Direito Processual Penal , O Novo Código de Processo Penal,

Coimbra, Livraria Almedina, 1997, p.251, Apud, ROSA VIEIRA NEVES, “ A livre Apreciação da Prova e a

obrigação de fundamentação”, Coimbra, Coimbra Editora, 2011, p.100

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15

No entanto se a pena for superior a cinco anos, houver co-arguidos, e não se verificar

uma confissão integral, ou o tribunal tiver dúvidas ou suspeitar do caracter da livre

confissão, o Julgador não pode valorar a confissão de acordo com a sua convicção, tem

que imperiosamente produzir outros meios de prova.

Silêncio ( art.º61º nº1 d), art.º 343º nº1, art.º 355º )

O silêncio do arguido é uma restrição absoluta, pois nunca pode ser valorada

desfavoravelmente para o arguido. Nas palavras de FIGUEREDO DIAS é uma verdadeira

limitação à livre apreciação e convicção

A norma deste artigo é uma manifestação do princípio consagrado no art.º 32º CRP, e

também do art.º 6º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, que determina que

qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada equitativa e publicamente,

num prazo razoável, que se traduz em três exigências; a informação detalhada ao

arguido por que é acusado, para que se possa defender em iguais condições da acusação;

Um processo leal, transparente e julgamento imparcial. Que se encontra plasmado no

art.º 141º nº4. Neste sentido esta norma enumera também os direitos e um deles,

previsto no art.º61º nº1 d) é o direito ao silêncio, que subentende o direito à não auto

incriminação, e este silêncio em circunstância alguma pode ser valorado como indicio

de culpa.

Neste sentido o acórdão do STJ de 12 de Março de 200822

“VI - O direito ao silêncio não pode ser valorado contra o arguido. Porém, a

proibição de valoração incide apenas sobre o silêncio que o arguido adoptou como

estratégia processual, não podendo repercutir-se na prova produzida por qualquer

meio legal, designadamente a que venha a precisar e demonstrar a

responsabilidade criminal do arguido, revelando a falência daquela estratégia”.

E também mais recentemente o acórdão do TRC de 30 de Março de 201123

22

STJ de 12-03-2008, SJ20080312006943, in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011 23

TRC de 30-03-2011, processo 370/08.2TACUL.C1, in: www.trc.pt, consultado em Junho de 2011

Page 16: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

16

O valor probatório do caso Julgado24

O caso julgado tem como pressuposto essencial o trânsito em julgado da decisão,

gerando, tendencialmente a imodificalidade, e pode ser caso julgado material ou formal.

A questão que se coloca é saber se uma decisão anterior pode ter influência num

processo onde o tribunal pretende apurar a responsabilidade do arguido. A resposta

depende se é caso julgado formal ou material, sendo que se for formal, nada impede a

livre apreciação da prova, pois a decisão teve por fundamento apenas aspectos

processuais.

Assim, embora referente ao processo civil, o acórdão do STJ de 3 de Fevereiro de

201125

, e que segue de perto os acórdãos do STJ de 18 de Dezembro de 2008 e 20 de

Janeiro de 2010 ( www.dgsi.pt).

“6. Só nos limites definidos pelo nº 2 do artigo 722º e pelo nº 2 do artigo 729º do

Código de Processo Civil é que o Supremo Tribunal da Justiça pode, na revista,

alterar a decisão relativa à matéria de facto; tal limitação não impede o controlo

da forma como o Tribunal da Relação utilizou os poderes de reapreciação da

decisão de facto da 1ª instância que lhe são conferidos pelos nºs 1 e 2 do artigo

712º do Código de Processo Civil, ou interpretou e aplicou o princípio da livre

apreciação da prova.

7. O princípio da livre apreciação da prova vale em 1ª e em 2ª Instância.

Mas se se tratar de caso julgado material aqui, havendo identidade de sujeito e de facto,

por força da proibição constitucional do ne bis in idem, prevista no art.º 29º nº5 CRP, o

Julgador não pode utilizar o princípio da livre apreciação da prova valorando uma prova

de caso julgado material e que porventura não exista no processo a decidir.

24

Seguindo de perto ROSA VIEIRA NEVES quanto ao valor probatório do caso julgado, na sua obra “ A

Livre Apreciação da Prova e a obrigação de Fundamentação”, Coimbra, Coimbra Editora, 2011. 25

STJ de 03-03-2011, processo 29/04.0TBBRSD.P1.S1, in: www.gde.mj.pt, consultado em 2011

Page 17: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

17

CONCLUSÕES I

Desde logo a livre apreciação da prova apenas diz respeito ao meios tipificados no CPP

de acordo com o principio da legalidade do art.º 125º CPP. Na prática apesar do art.º

125º dizer que são admitidos todos os meios não proibidos, o certo é que afinal

determina quais os meios legais, a epígrafe do artigo assim o diz. O Julgador muito

dificilmente encontrará outros meios de prova para fundar a sua convicção que não os

legais, é pois um paradoxo este art.º 125º

Por outro lado o legislador estabeleceu um catálogo de provas proibidas e a

consequência processual da prova proibida é que estas não podem ser valoradas na

fundamentação da decisão prejudical ao arguido.

Ainda existem meios de prova que estão sujeitas a restrições à livre apreciação, como a

Confissão, a prova Pericial, e os Documentos autênticos ou autenticados. Mas tal não

significa que o Julgador fique absolutamente impossibilitado de valorar estas provas,

Pode sempre invocar que a autenticidade do documento lhe suscita dúvidas, ou que a

confissão lhe parece pouco convincente, ou pode rebater o juízo pericial.

Salvo o Silêncio do arguido, podemos afirmar sem temor que estas restrições não são

tão absolutas como a valoração de meios proibidos de prova ou meios prova produzidos

através de meios proibidos de obtenção de prova.

A restrição não está pois no meio de prova em si, mas na necessidade do julgador ter de

cumprir alguns requisitos especiais para poder valorar aqueles meios de prova.

Page 18: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

18

CAPITULO II

Entrando propriamente no tema deste trabalho, neste capitulo proponho uma primeira

abordagem sobre a obrigação de fundamentação dos actos decisórios, consagrada no

art.º 205º da nossa Constituição e no art.º 6º da Convenção Europeia dos Direitos do

Homem, e as implicações do disposto no art.º 97º nº5 e art.º 374º CPP relativamente à

admissibilidade da livre valoração da prova por depoimento indirecto e de co-arguido e

das declarações do arguido ou co-arguido na reconstituição do facto.

Por uma questão de uma mais directa percepção da tendência da jurisprudência, decide-

se pela transcrição de partes de acórdãos dos tribunais superiores.

Fundamentação da Decisão

“ O problema é que a íntima convição e a prova livre correm o risco de promover a arbitrariedade das

decisões, sobretudo se a lei não exigir do Julgador que preste contas dos meios pelos quais formou a sua

convicção (…)” PAULO DE SOUSA MENDES

O dever de fundamentação das decisões judiciais é uma garantia do Estado de Direito

Democrático26

, e está desde logo consagrado na nossa Constituição no seu art.º 205º nº1,

assim como do Direito Administrativo, no seu art.º 268º nº3 CPA, constituindo, nas

palavras de FERNANDA PALMA27

, “uma garantia contra o arbitrio e a

discricionariedade”, e mais adiante “ o acto de julgar confronta-se com a dúvida, mas

não é compatível com o relativismo”.

Neste sentido o acórdão do STJ de 12 de Março de 200928

, citando FIGUEREDO DIAS

VIII - No tocante ao princípio da livre apreciação da prova, o mesmo não pode de

modo algum querer apontar para uma apreciação imotivável e incontrolável – e

portanto arbitrária – da prova produzida. Se a apreciação da prova é, na verdade,

discricionária, tem evidentemente essa discricionariedade os seus limites, que não

podem ser licitamente ultrapassados: a liberdade de apreciação da prova é, no

fundo, uma liberdade de acordo com um dever – o dever de perseguir a chamada

«verdade material» –, de sorte que a apreciação há-de ser, em concreto,

recondutível a critérios objectivos e, portanto, em geral susceptível de motivação e

controlo – cf. Figueiredo Dias, ob. cit., págs. 202-203.

26

O Direito hoje por ser funcionalizado e instrumentalizado para o cumprimento dos fins programáticos

dos partidos maioritários com assento na Assembleia da Répública, e na linha de pensamento de

CASTANHEIRA NEVES, é meu entendimento que cabe ao Juiz ser o garante dos valores e princípios

fundamentais, e da dignidade humana, tendo imperterivelmente que cumprir os requisitos que levem a

uma decisão inequivocamente reconhecida por todos. 27

In: “Fundamentação da sentença”, publicado em 12-09-2010, in: www.cmjornal.xl.pt, consultado em

Junho de 2011 28

STJ de 12-03-2009, SJ200903120017693, in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011

Page 19: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

19

Neste requisito inultrapassável, o CPP estende a fundamentação a todos os actos

decisórios, impondo através do seu artº 97º nº5, Sendo que é de admitir um grau de

densificação maior para as decisões com eficácia penal externa, do que para os meros

despachos de expediente.

Esta obrigação de fundamentação contribuem para a eficácia da decisão, pois assim,

tanto os destinatários da decisão como a comunidade em geral, podem perceber as

razões e o sentido da decisão, promovendo a estabilidade e a paz social, pois sendo a

decisão fundamentada, e por consequência transparente, credibiliza o sistema

jurisdicional, nas palavras da Conselheira MARIA DOS PRAZERES PIZARRO BELEZA, no

acórdão do TC nº680/9829

, “ o dever de dizer o direito no caso concreto”

Também PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE30

, “o processo penal existe para servir o

Direito com o menor custo social possível”.

Por outro lado, permite aos sujeitos intervenientes, conhecendo os fundamentos da

decisão que lhes é destinada, poderem impugnar recorrendo dessa decisão, sendo que o

recurso é ele próprio, nos pressupostos legais, um direito. De facto, como nos diz o Juiz

FRANZ MATZCHER, referido no trabalho de MANUEL ANTÓNIO LOPES ROCHA31

só uma

decisão suficientemente fundamentada permite aos visados poderem eles próprios

poderem fundamentar o seu recurso, direito que está consagrado desde logo na CEDH.

Na linha de entendimento de ROSA VIEIRA NEVES, “a fundamentação é condictio sine

qua non para o exercício por parte dos sujeitos processuais e do tribunal superior, em

sede de recurso, do dieito de sindicância da própria decisão penal”.32

Assim também RAUL BORGES33

, citando MICHELE TARUFFO. “ a motivação da sentença

é necessária com vista à impugnação(…) “

Na Doutrina brasileira, o professsor JOSÉ TOGÉRIO CRUZ E TUCCI34

, identifica três fins

quanto à obrigatoriedade da motivação; um subjectivo; um técnico; e um de ordem

29

Acórdão referido no “ Dicionário de Direito Penal e Processo Penal” ( eu não o consegui encontrar com

essa referência ) 30

PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE, “Sete Teses sobre a Reforma do Processo Penal” , in Armando

Leandro et al., Interrogações à Justiça, Coimbra, Edições Tenacitas, 2003, pp. 411-420. 31

In: “A motivação da sentença”, Documentação e direito comparado, nº.s 75/76, 1998, in: www.gddc.pt,

consultado em 2011 32

In: “ A livre Apreciação da Prova e a obrigação de fundamentação da convicção” Coimbra, Coimbra

Editora, 2011, p.137 e 153 33

RAUL BORGES, “Contingências da objectivação da convicção e a motivação da decisão de facto” ,

Lisboa, CEJ, Abril de 2011

Page 20: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

20

pública. O primeiro tem a ver com os sujeitos do processo, e que a motivação formece

os argumentos por que se chegou a determinada decisão, visando persuadir a parte

sucumbente de que a decisão é a mais justa e não mero arbitrio do julgador, O segundo

tem a ver com a impugnação da decisão e a possibilidade do recorrente de fundamentar

o seu recurso, ou seja o recorrente tem que conhecer a fundamentação da decisão para

poder avaliar se a aceita, ou se pelo contrário tem um entendimento divergente e a

impugna. Permite ainda a fiscalização das decisões. Quanto ao fim de ordem pública, a

motivação como garantia da possibilidade do controlo da legalidade, da imparcialidade

e justiça do julgamento. Neste sentido o já referido Acórdão nº 680/98 do TC

“Constitui ainda factor de legitimação do poder jurisdicional, contribuindo para a

congruência entre o exercício desse poder e a base sobre o qual repousa: o dever

de dizer o direito no caso concreto, sendo garantia de respeito pelos princípios da

legalidade, da independência do juiz e da imparcialidade das suas decisões”

No entendimento de ROSA VIEIRA NEVES, “ O dever de fundamentação não é pois um

limite ao princípio da livre aprecieção da prova, antes deve ser entendido como o

sustentáculo legitimador da decisão final”35

Mais recentemente, o acórdão do STJ de 11 de Julho de 2007, processo nº 1416/07-3ª36

“a fundamentação da decisão cumpre a sua missão quando enuncia aqueles

elementos que constituem o núcleo essencial da sua imposição ante os seus

destinatários directos e a comunidade mais vasta de cidadãos, permitindo alcançar

que ela não é fruto do arbítrio do julgador, de uma sua qualquer tendenciosa

inclinação, mas sim de um processo sério assente em razões lógicas e nas regras da

experiência, o que se materializa, na sua elaboração, pela exposição, tanto quanto

possível completa, porém sintética, dos motivos de facto e de direito que

fundamentam a decisão e no exame crítico das provas que serviram para formar a

convicção do tribunal.

O exame das provas reverte para a sua análise; a crítica opera a fase subsequente

imprimindo àquela uma feição valorativa, de aceitação ou rejeição, exprimindo as

razões por que umas são elegíveis e outras não”.

Também assim o acórdão do TRC de 28 de Abril de 201037

Nas palavras de JOSÉ CARLOS FRAGOSO38

“ o Juiz togado não decide por mera

convicção íntima, como o fazem os jurados no Tribunal de Juri, mas sim por livre

convencimento demonstrável (…)”.

34

JOSÉ ROGÉRIO CRUZ E TUCCI, “ A motivação da sentença no proceesso civil” Apud, “princípio da

motivação nas decisões judiciais”, in Revista Júridica on line, Universidade Salesiana, Brasil 35

In: obra citada, p.154 36

Apud, RAUL BORGES “Contingências da objectivação da convicção e a motivação da decisão de

facto” , Lisboa, CEJ, Abril de 2011 37

TRC de 28-04-2010, processo nº2/05.OEAGRD.C2, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011

Page 21: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

21

Nas esteira de BELLAVISTA39

, citado no trabalho referido, a falta de motivação que

legitima a anulação da sentença, ocorre em três situações:

“(…) ensina que a falta de motivação que legitima a anulação da sentença, ocorre

em três situações:

1ª) quando o juiz omite as razões de seu convencimento;

2ª) quando as tenha indicado incorrendo em evidente erro lógico-jurídico, de modo

que as premissas em que a decisão se funda possam ser consideradas tanquan non

esset (falta de motivação intrínseca); e

3ª) quando, apresentando-se em seu contexto motivada, tenha omitido exame de um

fato decisivo para o juízo, de modo a levar a crer que se o juiz o tivesse examinado,

teria chegado a diversa decisão (falta de motivação extrínseca).

Colocando-se a questão de saber até onde tem que ir esta fundamentação. Com

certeza que deve ser de acordo com a natureza da decisão, dos efeitos que produz.

Assim também entende ROSA VIEIRA NEVES, “ A imposição constitucional do dever

geral de fundamentação só admite excluir aquele dever quando estiverem em causa a

prolação de decisões de mero expediente (…)”40

Este facto é determinante para aferir se a motivação é ou não suficiente, perfeita ou

deficiente.

JOSÉ CARLOS. FRAGOSO entende que uma motivação insuficiente se equipara à ausência

de fundamentação, e cita ADA PELLEGRINI e outros41

:

“ Nessa perspectiva, o vicio de fundamentação abrange a hipótese em que existe

alguma fundamentação, mas é ela insuficiente. Assim, se o juiz deixa de apreciar

questão importante apresentada pela acusação ou defesa nas razoes finais”.

Na linha de pensamento de GERMANO MARQUES DA SILVA, por certo que esta

fundamentação não pode ser meramente enunciativa, mas não tendo de ser exaustiva,

tem necessariamente de ser esclarecedora dos factos provados e não provados e das

razões que motivaram essa distinção assim como a justificação da decisão final da causa

como determina o art.º 374º CPP. Ou seja, tem de ser de tal forma clara que se possa

perceber de que prova se trata, e porque o tribunal valorou para a sua decisão

38

In: “ Necessidade de fundamentação “, Brasil 39

In: “Lezioni di Diritto Processuale Penale”, 1975, p.308, Apud JOSÉ CARLOS FRAGOSO, obrsa citada 40

In: “ A Livre Apreciação da Prova e a obrigação de Fundamentação da Convicção ( na decisão final

penal), Coimbra, Coimbra Editora, 2011 41

In, “As nulidades no processo penal, 6º edição, editora RT, São Paulo, 1999, p.211, Apud JOSÉ CARLOS

FRAGOSO, obra citada

Page 22: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

22

determinadas provas e não outras, e que através de un silogismo judiciário, dimana uma

conclusão.

Também assim, ROSA VIEIRA NEVES, “ exigência de fundamentação extravasa a mera

indicação quer de elementos probatórios, quer da mera descrição factual, impondo ao

julgador que, de modo objectivo, exteriorize o desenvolvimentodo iter do juízo

conducente ao acerto valorativo jurídico da sua decisão (…) “42

Refere o dicionário43

de HENRIQUE EIRAS que o vício de falta de fundamentação só

surge quando se depara completa ou absoluta falta das razões de facto ou de direito que

conduziram à decisão não fundamentada, e não quando a fundamentação seja deficiente,

já que esta última pode conduzir à revogação ou alteração do recurso, citando o

Acórdão do STJ de 27 de Maio de 2007

“Assim a sentença será nula no caso da falta de relatório, de fundamentação ou de

decisão, condenação por factos diveros do objecto da acusação, não pronúncia por

factos de que devia tomar conhecimento, ou conhecimeto de questões de que não

devia conhecer”

Não nos vamos debruçar sobre o regime as nulidades pois não é esse o objecto do

presente trabalho, sendo os vícios na fundamnetação vícios de conteúdo., sendo a que

omissão ou a deficiente fundamentação, não é uma mera irregularidade do art.º123º,

geram a nulidade prevista no art.º 379º nº1 a), que reflecte a essencialidade da

fundamentação da decisão da causa.

Esta nulidade não é no entanto insanável, como já vem assim entendido desde o

Assento de 06/05/92, in DR, de 06/08/9244

Mas tratando-e de um mero despacho, sem eficácia penal externa, a falta ou deficiente

fundametação é uma mera irregularidade, e sente sentido o acórdão do TRC de 6 de

Janeiro de 201045

1.A necessidade de fundamentação e motivação dos actos decisórios destina-se a

conferir força pública e inequívoca aos mesmos e a permitir a sua impugnação

quando esta for legalmente admissível.

2.Porém, no caso de um despacho, a falta de fundamentação tem como

consequência, não a nulidade do mesmo, mas a mera irregularidade, nos termos do

disposto no artº 118°, nºs 1 e 2 CPP, e artºs 119° e 120°, do mesmo diploma legal,

estes a contrario sensu.

42

Idem, p. 137 43

HENRIQUES EIRAS E GUILHERMINA FORTES, “ Dicionário de Direito Penal e Processo Penal” , Lisboa,

Quid Iuris, 2010 44

Referido no “dicionário” 45

TRC de 06-01-2010, processo 946/05.=GCVIS-A.C11, in: www.dgsi.pt, consultado. em 2011

Page 23: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

23

Também assim, MANUEL ANTÓNIO LOPES ROCHA46

, que entende a motivação de uma

decisão como garantia integrante de Estado de Direito consagrado art.º 205º CRP, e

traduz a linha de orientação do Direito Internacional e mais precisamente do art.º 6º da

Convenção Europeia dos Direitos do Homem, já referido supra.

Por um lado a motivação da decisão é uma das exigências do processo equitativo, e por

outro tem que ser suficientemente clara para que o destinatário a comunidade possa

perceber a justeza da decisão.

Jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

“A tarefa do Tribunal europeu consite em averiguar se a via seguida na matéria conduz,

em determinado litígio, a resultados compatíveis coma Convenção”47

Seguindo o estudo de MANUEL ANTÓNIO ROCHA, o art.º 6º §1 obriga que os tribunais

fundamentem as decisões, mas não exige que seja pormenorizada, mas suficientemente

esclarecedora e depende da natufeza da decisão, e a aferição do cumprimento desta

obrigação só pode ser analizada à luz das circunstâncias de um caso concreto, tendo por

princípio o processo equitativo e o princípio do direito ao recurso

Mas pode acontecer que seja vedado ao visado esse direito quando não estão

preenchidos os pressupostos legais da sua admissibilidade, e neste caso o tribunal pode

limitar-se ao motivos da rejeição.

Também no caso de tribunal de juri, os jurados não têm que motivar a sua convicção.

A motivação é um elemento de transparência da justiça, mas o juiz não tem que

enunciar as questões que não sejam relevantes, e desde logo aqui se coloca a questão se

saber se esta opção está dentro do principio da livre convicção do tribunal, pois pode ser

não ser relevante para o juiz, e ser determinante para outro sujeito processual.

No entanto impõe-se que o Juiz apresente todos os fundamentos que influenciaram a

decisão. Não há um critério abstracto que nos elucide quando o Tribunal falta à

obrigação de motivação;

“ assim sendo, a questão de saber se um Tribunal faltou à obrigação de motivar, que

decorre do ART.º 6º da Convenção, só pode analisar-se à luz das circunstâncias do

caso concreto”48

46

“MANUEL ANTÓNIO LOPES ROCHA, Juiz do Supremo Tribunal de Justiça e do Tribunal Europeu dos

Direitos do Homem, no seu trabalho “ A motivação da sentença” , in Documentação e Direito

Comparado, n.ºs 75/76, 1998, in: www.gddc.pt, consultado em 2011 47

idem

Page 24: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

24

Jurisprudência Portuguesa

A fundamentação/motivação, ou melhor a falta dela, tem sido um dos argumentos

apresentados em muitos dos recursos, e que vão desde a falta de indicação de provas

que sustentam a convicção do tribunal, os meios de prova, os meios de obtenção de

prova, e a sua apreciação, a falta de fundamento a detrminaçao dos factos provados ou

não provados, omissões processuais,enfim uma panóplia de factos que reflectem uma

deficiente fundamentação, mas como refere MANUEL ANTÓNIO ROCHA49

, “ Todavia, só

em casos muito contados este Supremo tem anulado julgamento por violação do art.º

374º do código de Processo Penal “

A jurisprudência não é unânime quanto ao grau de exigência, mas tem vindo no sentido

de maior densificação do dever de fundamentação.

O entendimento do STJ é que o art.º 374º deve ser interpretado com restrições, o que

significa que nem tudo tem que ser incluído na fundamentação da decisão.

Neste sentido o acórdão do STJ de 13 de Janeiro de 201150

“II - A fundamentação decisória, nos termos do art. 374.º, n.º 2, do CPP, está

desenhada na lei para, pelo enunciar os pontos de facto provados e não provados,

como de uma súmula dos motivos de facto e de direito que fundamentam a decisão,

com a indicação e exame crítico das provas que serviram para formar a convicção

do tribunal, o julgador explicitar o processo lógico e psicológico da sua decisão,

excluindo da motivação o que não é passível de justificação racional, movendo-se

unicamente no âmbito do racionalmente justificável”

O Acórdão do STJ de 27 de Janeiro de 200951

, invoca a CEDH

“VIII - A motivação das sentenças judiciais é um dos Direitos do Homem, constante

do art. 6.º, § 1, da CEDH, reputada como o direito do acusado a um processo justo,

consagrado no art. 20.º, n.º 4, da CRP, e é considerada como o remédio essencial

contra o arbítrio, através dela prestando o juiz contas, aos sujeitos processuais e à

colectividade, dos critérios adoptados e dos resultados adquiridos.”

Se é certo que a falta de de indicação de provas é causa de nulidade, ou a

fundamentação não justifica por que os factos são tido como não provados, tal não

significa que a falta de pormenor seja fundamento de nulidade. No entanto, e ainda

seguindo o referido autor, o tribunal deve deixar bem claro que “todos os factos

48

MANUEL ANTÓNIO LOPES ROCHA48

, “A motivação da sentença”, referindo-se às sentenças nos

casos Van de Hurk c. Holanda e Ruiz Torija e Hiro Balani c. Espanha, respectivamente de 19 de Abril de

1994 e de 9 de Dezembro de 1994, Série A, vol. 288, p. 20, § 61, e vol. 303, p. 12, § 29, e p. 29, § 27 49

idem 50

STJ, de 13-01-2011, processo 36/06.8GAPSR.S1,, in: www.gde.mj.pt, consultado em Junho de 2011 51

STJ, de 27-01-2009, SJ20090127039783 in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011

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25

alegados com interesse para a decisão foram apreciados”, não tendo de justificar por que

os não apreciou. E mais uma vez a discricionaridade a imperar nas decisões.

MANUEL ANTÓNIO LOPES ROCHA, apresenta uma série de conclusões que valerá a pena

analisar52

Na realidade importa ter presente que a decisão do julgador não pode apenas baseada na

sua livre convicção, refere RAUL BORGES53

, citando o acórdão do STJ de 22 de Março

de 2007, que muito embora se trate de processo judicial, nada obsta a que se aplique ao

processo penal, aliás, como se sabe, como nos diz o art.º 4.º CPP, o processo civil é

subsidiário do processo penal.

Lembra ainda este autor que a motivação em processo penal foi introduzida com a

reforma de 1987, e, referindo MAIA COSTA e o Acórdão nº 680/98 do TC de 2 de

Dezembro de 1998, relatado por MARIA DOS PRAZERES PIZARRO BELEZA, onde

destacavam a ruptura com o anterior sistema, em que a decisão não necessitada de ser

fundamentada, citando a destacada posição de MARQUES FERREIRA54

:

“Estes motivos de facto que fundamentam a decisão não são nem os factos

provados (thema decidendum) nem os meios de prova (thema probandum) mas os

elementos que em razão das regras de experiência ou de critérios lógicos

constituem o substracto racional que conduziu a que a convicção do tribunal se

formasse em determinadom sentido ou valorasse de determinada forma os diversos

meios de prova apresentados em audiência”.

Esta obrigação de fundamentação, ao contrário do processo civil, também incidia sobre

os factos não provados.

52

ibidem 53

RAUL BORGES, “Contingências da objectivação da convicção e a motivação da decisão de facto” ,

Lisboa, CEJ, Abril de 2011 54

In “ Jornadas de direito processual Penal”, ( CEJ), p. 229/230 , Apud, idem

Page 26: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

26

A questão da inconstitucionalidade do art.º 374ºCPP.

Seguindo de perto o trabalho de RAUL BORGES sobre esta matéria, que destaca os

acórdãos do TC “A formulação constante do artigo 374.º do CPP de 1987 foi objecto

de vários acórdãos do Tribunal Constitucional, nomeadamente, na relação deste

preceito com o n.º 2 do artigo 410.º, como ocorreu com os acórdãos n.º 322/93, in DR,

II Série, de 29-10-1993 e n.º 573/98, in DR, II Série, de 13-11-1998, julgando este não

enfermarem de inconstitucionalidade o n.º 2 do artigo 410.º e o n.º 2 do artigo 433º, no

pressuposto de que o n.º 2 do artigo 374.º, impunha uma obrigação de “fundamentação

«completa», permitindo a transparência do processo e da decisão”.

A maioria da Jurisprudência ía no sentido de que a exigência da fundamentação se

cumpria com a mera enumeração das diversas categorias de prova e uma descrição

resumida da sua valoração, ou seja a simples enumeração as provas era entendido como

suficiente para o cumprimento da exigência55

Indica também a jurisprudência que ia no sentido inverso56

, e cita o acórdão de 13 de

Fevereiro de 1992 que defende que não bastava a mera enumeração das provas que

determinam a convicção, mas era ainda necessário que fossem apresentadas as razões

que levaram o julgador na sua valoração e que o influenciou na sua decisão. “Para esta

corrente mais exigente a fundamentação não se compadece com uma simples

enumeração dos meios de prova utilizados, sendo necessária uma verdadeira

reconstituição e análise crítica do iter que conduziu a considerarcada facto como

provado ou não provado (…)”

O Tribunal Constitucional através do Acórdão 680º/98 de 2 de Dezembro, veio a

declarar inconstitucional a interpretação do art.º 374º CPP, de que bastaria a mera

enunciação das provas, por violar a obrigação de fundamentação consagrada no art.º

205º CRP. As revisões ao CPP vieram ainda a reforçar a exigência de uma verdadeira

justificação por que o julgador decide em determinado sentido, tendo de fazer uma

apreciação critica do que o influenciou.

RAUL BORGES refere ainda que o TC cita por diversas vezes MICHELE TARUFFO57

,

relativamente às funções que a fundamentação cumpre: Uma de ordem endoprocessual,

e outra de ordem extraprocessual

55

RAUL BORGES oferece-nos na obra citada, uma lista de acórdãos que iam nesse sentido 56

Idem 57

In, “ Note sulla garantizia constituzionale della motivazione”, in Boletin da FDUC, vol LV, pp.29 e ss,

Apud, ibidem

Page 27: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

27

Depoimento indirecto ( art.º 129º + 128º nº1)

O que a lei visa com o art.º 129º é evitar que o arguido não se possa defender de uma

hipotética testemunha que não está presente e que outra vem declarar que ouviu dizer.

Neste sentido o acórdão do STJ de 15 de Novembro de 2000, processo 2551/2000, mas

vai mais longe e a meu ver violando o principio da legalidade.

“ I- O que a lei pretende com o dispositivo do artigo 129º do CPP é evitar que o

arguido se não possa defender. Sempre que as declarações aí previstas sejam feitas

na presença dos arguidos, o seu direito de defesa está garantido”

Se o depoimento indirecto for realizado na presença do arguido, este acórdão admite a

sua valoração, com a justificação de que o arguido se quizer se pode defender. Ora isto

no meu entender é uma interpretação que ultrapassa o disposto no artº 129º, pois pode

até estar o direito de defesa à disposição do arguido, mas não está garantida a legalidade,

pois nesse caso, estamos é perante um meio de prova proibido previsto no art.º 126º nº2

c) CPP.

Aliás confirmando a minha posição o acórdão do TRC de 14 de Outubro de 200958

O depoimento indirecto, o chamado depoimento de „ouvir dizer‟, só pode ser valorado

nos termos do art.º 129º, e constitui uma excepção ao principio da imediação. Salvo nos

casos de morte, anomalia psiquica ou impossibilidade de ser encontrada a pessoa de

quem se ouviu dizer, é que o Juiz pode apreciar o depoimento de acordo com a sua livre

apreciação e convicção, não sendo um dos casos de admissibilidade previstos no art.º

129º, é um meio proibido de prova previsto no artº 126º.

Neste sentido o acórdão do TRC de 26 de Novembro de 200859

Quando ao ponto V, a doutrina diverge, uma na linha deste acórdão, outra vivamente

contra e eu partilha o entendimento da doutrina que é contra tal qual, há que ter em

consideração certas condições, nomeadamente se há contradição de depoimentos, vale

qual deles, a fonte ou o ouvir dizer?.

Ou seja, seguindo de perto CARLOS ADÉRITO TEIXEIRA, o art.º 129º nº1 determina a

proibição deste meio de prova, mas o que acontece é que afinal apenas faz depender este

meio de prova de algumas condições:

58

TRC de 14-10-2009, processo, 63/09-3PECBR.C1, in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011 59

TRC de 26-11-2008, processo 27/05.6GCSRT.C1, in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011

Page 28: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

28

1º se a testemunha de ouvir dizer se recusa a indicar a fonte, este meio é proibido, pois

se assim não fosse estara o legislador a admitir uma fonte anónima.

2º sendo conhecida, é dever do tribunal chamar a depôr a testemunha fonte, sob pena de

nulidade do depoimento indirecto ( Acórdão do STJ de 8 de Novembro de 2003)60

3º Se a testemunha fonte tiver morrido ou for impossível encontrar, o Tribunal é livre de

valorar o depoimento indirecto.

Aqui coloca-se a questão de se saber até onde vai esta impossibilidade.

A Jurisprudência defende uma impossibilidade relativa.

Neste sentido o acórdão do TRC de 12 de Abril de 201161

:

“A impossibilidade de serem encontradas as pessoas indicadas (a quem se ouviu

dizer) referidas na parte final do n.º 1, do art.º 129º, do C. Proc. Penal, não tem de

ser uma impossibilidade absoluta, no sentido de que, tendo sido esgotadas todas as

diligências tendentes a encontrá-las, nem mesmo assim foi possível determinar o

seu paradeiro.

No que a tal respeita, é de admitir uma impossibilidade relativa, decorrente do

insucesso das diligências efectuadas para encontrar tais pessoas no local em que

era suposto que deveriam estar, insucesso esse que permite antever que só a muito

custo (ou, quiçá, nem mesmo assim) elas serão encontradas, desde que, obviamente,

hajam sido efectuadas as diligências que, no caso concreto e atentos os seus

condicionalismos, se apresentavam como razoáveis.”

Podemos concluir que o Legislador apenas exige a indicação da testemunha fonte, pois

se pretendesse mais, poderia ter imposto condições adicionais, como nos propõe

CARLOS ADÉRITO TEIXEIRA62

, primeiro que a testemunha-fonte deposesse, e neste caso,

o próprio depoimento indirecto era prescindível, e não valorável, segundo, para que o

depoimento indirecto pudesse ser admitido e valorado, a testemunha fonte teria que

confirmar o depoimento indirecto.

Neste sentido a declaração do acórdão do Tribunal Constitucional63

de 8 de Julho de

1999, decide pela constitucionalidade da valoração do depoimento indirecto dentro dos

seguintes pressupostos:

60

Acórdão do STJ de 8 de Novembro de 2003, CJ nº166, anoXXVIII, TI, 9, 149 e ss, Apud CARLOS

ADÉRITO TEIXEIRA, “ depoimento indirecto e arguido”, CEJ nº 2, 2005 61

TRC de 12-04-2011, processo 487/01.4TAVIS.C1, in: www.trc.pt,, consultado em Junho de 2011 62

In: obra citada 63

TC, de 8 de Julho de 1999, nº 440/99, sendo conselheiros Messias Bento, José de Sousa e Brito,

Alberto Tavares da Costa, Maria dos Prazeres Beleza, Luís Nunes de Almeida, in:

www.tribunalconstitucional.pt, consultado em Junho de 2011

Page 29: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

29

1º. Se verificou a impossibilidade de ouvir a pessoa indicada como fonte pelas

testemunhas de acusação

2º. Puderam ser contraditadas pelos recorrentes;

3º. Não havendo nenhum facto cuja prova tenha assentado exclusivamente nos referidos

depoimentos indirectos;

4º. E sendo estes depoimentos apreciados pelo tribunal com a prudência que a

impossibilidade de ouvir a fonte impõe e de acordo com as regras da lógica e da

experiência;

5º. é razoável e proporcionado que esses depoimentos possam ser valorados como

meios de prova. Desde logo, porque não há diferença substancial entre a situação do

arguido que não pode ser encontrado e a daquele que, chamado à audiência, invoca o

seu direito ao silêncio para não depor.

“(…)embora o testemunho directo seja a regra, o depoimento indirecto não é, em

absoluto, proibido.(…)

Há, assim, que concluir que o artigo 129º, nº 1 (conjugado com o artigo 128º, nº 1)

do Código de Processo Penal, interpretado no sentido de que o tribunal pode

valorar livremente os depoimentos indirectos de testemunhas, que relatem

conversas tidas com um co-arguido que, chamado a depor, se recusa a fazê-lo no

exercício do seu direito ao silêncio, não atinge, de forma intolerável,

desproporcionada ou manifestamente opressiva, o direito de defesa do arguido.

Não o atinge, ao menos na dimensão em que essa norma foi aplicada no caso.

Por isso, não havendo um encurtamento inadmissível do direito de defesa do

arguido, tal norma não é inconstitucional.

(…) Sendo este o quadro em que se verificou a impossibilidade de ouvir a pessoa

indicada como fonte pelas testemunhas de acusação, que, de resto, puderam ser

contraditadas pelos recorrentes; não havendo nenhum facto cuja prova tenha

assentado exclusivamente nos referidos depoimentos indirectos; e sendo estes

depoimentos apreciados pelo tribunal com a prudência que a impossibilidade de

ouvir a fonte impõe e de acordo com as regras da lógica e da experiência; é

razoável e proporcionado que esses depoimentos possam ser valorados como meios

de prova. Desde logo, porque não há diferença substancial entre a situação do

arguido que não pode ser encontrado e a daquele que, chamado à audiência, invoca

o seu direito ao silêncio para não depor.”

Assumindo a admissibilidade do depoimento indirecto embora condicionada, temos que

considerar por um lado a tese da subsidiariedade, pois só quando ocorrem as excepções

previstas no art.º129º nº1, parte final é que seria admissivel, e por outro a tese da

subalternidade do depoimento indirecto ao depoimento directo.

Page 30: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

30

Vamos então analisar a admissibilidade ou não do depoimento indirecto.

Por um questão de sistematização, vamos diferenciar o depoimento indirecto quanto à

fonte, se é outra testemunha, se é o arguido, ou um co-arguido.

De facto a argumentação para a admissibilidade ou inabmissibilidade depende da fonte.

A) Se a fonte é outra pessoa que não o arguido.

CARLOS ADÉRITO TEIXEIRA64

, propõe-nos quatro grelhas de condições

1ª grelha – inadmissibilidade se a testemunha de ouvir dizer não quizer ou não puder

indicar a fonte

2ª grelha - admissibilidade condicionada, que faz depender do chamamento da

testemunha fonte

Neste sentido o acórdão do TRC de 26 de Novembro de 2008

“ II – A proibição da valoração só ocorrerá se o juiz não chamar a depor a pessoa

indicada pela testemunha como fonte da ciência transmitida a tribunal, podendo, no

entanto, o tribunal valorar o depoimento indirecto sempre que a inquirição da fonte

não seja possível, por morte, anomalia psíquica superveniente ou impossibilidade

de ser encontrada.”

3ª grelha - excepções ao condicionamento ou de admissibilidade automática.

4ª grelha - excepções “atípicas”; a impossibilidade naturalística ( estado de coma,

amnésia,…); a impossibilidade jurídica, como por exemplo o direito de não auto-

incriminação, sigilo profissional; a indisponibilidae voluntária.

Neste sentido o acórdão do TRP de 2 de Fevereiro de 201165

“Não vale como prova o depoimento que resultar do que se ouviu dizer a

determinada pessoa, se esta, chamada a depor, se recusa validamente a fazê-lo, ao

abrigo do disposto no art. 134º, nº 1, alínea a), do Código de Processo Penal. “

Em sentido contrário, sete dias depois, o acórdão do TRP, de 9 de Fevereiro de 201166

“I - No caso de depoimento indirecto, se o juiz chama a fonte a depor, aquele

(depoimento indirecto) pode ser valorado, mesmo nos casos em que a fonte se

recusa, lícita ou ilicitamente, a prestar depoimento, ou simplesmente diz que já não

se recorda dos factos. “

64

In: obra citada 65

TRP de 02-02-2011, Rec.Penal nº 134/08.3TELSLB-A.P1-4ª Sec., in: www.trp.pr, consultado em 2011 66

TRP de 09-02-2011, Rec. Penal nº 195/07.1GACNF.P1-1ª Sec., in: www.trp.pt, consultado em 2001

Page 31: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

31

Também em sentido contrário já vinha o acórdão do TRC de 26 de Novembro de 200867

A jurisprudência não é unânime mas podemos concluir que para ser admissivel valorar

o depoimento indirecto é necessário que tenham sido cumpridas as condições de

admissibilidade, tanto procedimentais como de eficácia, ou seja:

- é necessário que não tenha sido possivel o depoimento directo da testemunha fonte;

- que a testemunha de ouvir dizer seja idónea e fiável

E também que haja outros meios de prova que corroborem o depoimento indirecto, e

isto significa que o depoimeto indirecto valorado isoladamente não pode servir para a

fundamentara uma decisão que condene o arguido, salvo em situações extremas, e por

isso só caso concreto se poderá dizer quais.

B) Se a fonte é o arguido

Um tema de discussão são os depoimentos de “ouvir dizer o arguido” “ouvir dizer o

suspeito futuro arguido”, dos Orgãos de Polícia Criminal, de outra qualquer testemunha,

ou de um outro co-arguido. O art.º 250º nº8 não impede que o OPC peça informações a

uma qualquer pessoa, que sendo suspeito deve cumprir o disposto no art.º 59º nº1. Mas

vamos imaginar que um OPC tem uma conversa com o arguido, e este relata factos que

o incriminam, e surgem duas situações, ou essa não é transcrita para os autos, ou é

transcrita para os autos.

A jurisprudência divide-se, uma decide no sentido de admitir o depoimento do OPC que

relate as declarações do arguido, como por exemplo o acórdão do TRG de 25-05-200968

,

o acórdão do TRP de 4 de Julho de 200769

e também o acórdão do STJ de 12 de

Setembro de 200770

III - A prova por ouvir dizer, quando reportada a afirmações produzidas

extraprocessualmente pelo arguido, é passível de livre apreciação pelo tribunal

quando aquele se encontre presente em audiência e, por isso, com plena

possibilidade de a contraditar, ou seja, de se defender.

67

TRC de 26-11-2008, processo 27/05.6GDFND.C1, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 68

TRG de 25-05-2009, processo 359/06GVCRM.G1, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 69

TRP de 04-07-2007, RP200707040647256, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 70

STJ de 12-09-2007, SJ200709120025963, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011

Page 32: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

32

No mesmo sentido o acórdão do TRC de 30 de Novembro de 200571

decidiu

“Não se configura o testemunho indirecto proibido quando uma testemunha refere

o que ouviu dizer ao arguido que, estando presente, fez uso do seu direito ao

silêncio.”

Mas em sentido contrário, neste mesmo acórdão, o voto de vencido, fundamentado o

seu sentido de voto essencialmente pelas seguintes razões:

1º para que seja valorada exige-se a confirmação com a consequente audição das

pessoas a quem se ouviu dizer, invocando SIMAS SANTOS e LEAL HENRIQUES no Código

de Processo Penal Anotado Vol I pág 713 “ esta confirmação tem em vista a própria

validade e eficácia do depoimento (…)”. De facto o vencido refere e a meu ver bem,

que não tendo sido confirmada, nada nos diz que tenha ocorrido. O tribunal não pode

presumir que ocorreu !

2º Estando presente, o arguido pode remeter-se licitamente ao silêncio e como

determina o art.º 61º isso não o pode nunca prejudicar, e o tribunal não pode extrair

conclusões desse silêncio, como diz o vencido, “seria negar-lhe o direito ao silêncio”,

invovando GERMANO MARQUES DA SILVA, Curso de processo penal II, pág 169. “Se o

arguido se negar a prestar declarações ou a responder a algumas perguntas, seja qual

for a fase do processo, o seu silêncio não poderá ser valorado como meio de prova pois

está legitimado como exercício de um direito de defesa que em nada o poderá

desfavorecer”.

Diz o vencido, e mais uma vez a meu ver bem, que não tem qualquer sentido

argumentar que pelo simples facto do arguido estar presente está cumprido o

contraditório. A ser assim, é uma forma de coação, intolerável e inadmissível para que o

arguido prestasse declarações quando tinha o direito de não as prestar, nem o direito de

não se auto-incriminar.

Diz ainda, “o contraditório só pode ser realizado sobre prova legalmente admissível”

“Será então que a testemunha que veio reproduzir em audiência a alegada

“ confissão” do arguido pode ser valorada, não obstante o silêncio deste ?

A resposta não pode, a meu ver, deixar de ser vincadamente negativa !

É que se se admitisse que toda e qualquer pessoa pudesse vir a julgamento

transmitir uma alegada “ confissão” por si recebida do arguido no

circunstancialismo já referido, em total desrespeito pela regras que regem a

71

TRC, de 30-11-2005, processo 2847/05, in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011

Page 33: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

33

recolha da prova, violaria manifesta e claramente as garantias de defesa do

arguido consagradas no artº 32º CRP.”

Como refere Damião da Cunha Obra citada72

, pág.430., retiraria “ qualquer

conteúdo útil ao princípio nemo tenetur se ipsum accusare e conduzindo à solução,

muito próxima de uma visão inquisitória, de o arguido testemunhar

( indirectamente) contra si próprio”. Seria, a meu ver, verdadeiramente deixar

entrar pela janela o que não se quis deixar entrar pela porta.

Como escreve o Exmº Desembargador Barreto do Carmo, em declaração de voto

no AcRC 03.06.18, CJ 3/03, pág. 54. “...a diferença fundamental deste para o

direito anterior não está no tratamento formal mas no afastamento do princípio

inquisitório pleno, onde se via o réu, como objecto do processo, esvaziando-se a

personalidade para sobressair a qualidade pressuposta de criminoso. A prova

confundia-se com os indícios, o suspeito confundia-se com o criminoso”.

A Doutrina diverge, mas a maioria da Doutrina73

, e jurisprudência entende que tanto

num caso como noutro o depoimento do OPC não pode ser valorado, muito mais

quando o arguido se remete ao silêncio na audiência de julgamento, pois, como

determina o nº1 do artº 355º nº1 CPP, salvo as excepções do nº2, toda a prova tem que

ser produzida em audiência.

Mais, também o nº7 do art.º 256º que os OPC não podem prestar depoimento sobre

declarações “cuja leitura não seja permitida”, e só é permitida a leitura nos termos do

art.º 257º CPP.

“Podemos dizer que o depoimento indirecto não é admissível quando a fonte é o

arguido”74

,pois se o arguido ele próprio não prestar depoimento aquele depoimento não

pode ser valorado.

Neste sentido o Acórdão do TRL de 29 de Abril de 201075

, que na sua fundamentação

nos dá argumentos sólidos para defender esta posição.

“ I - As denominadas “conversas informais” dos órgãos de polícia criminal com o

arguido, antes ou depois de assumir essa qualidade, sobre factos em investigação,

são desprovidas de valor probatório

III - Tendo-se o arguido remetido ao silêncio na audiência de julgamento, não pode

ser valorada a sua (eventual) confissão do crime, feita perante um órgão de polícia

criminal, com base na qual foi levantado o auto de notícia que o deu como agente

daquele crime.”

72

DAMIÃO DA CUNHA O Regime Processual de Leitura de Declarações na Audiência de Julgamento

( artºs 356º e 357º do CPP), Revista Portuguesa de Ciência Criminal, Ano 7, Fasc. 3º, Julho-Setembro de

1997, apud acórdão do TRC de 30-11-2005 73

Por todos AUGUSTO SILVA DIAS, 74

MARISA RIBEIRO, “ reconstituição do facto”, CEJ, 2007 75

TRL, de 29-04-2010, processo 1670/09.0YRLSB-9, in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011

Page 34: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

34

No entando pode incluir-se no nº2 do art.º129º a recusa do arguido em responder ao

depoimento indirecto, comparando este facto com a impossibilidade de se encontrar a

fonte “que disse”, e que por consequência legitima a valoração do testemunho de “ouvir

dizer”

Neste sentido o acórdão do TRL de 15 de Março de 200776

“I- Uma testemunha - agente da Polícia Judiciária - que em audiência de

julgamento depõe relatando o que lhe foi transmitido pelo arguido e uma sua

empregada, não profere um depoimento indirecto, antes sendo algo que aquele

ouviu directamente da sua boca, de viva voz.

II- Um tal depoimento constitui prova que é legalmente admissível, sendo valorado

dentro da livre apreciação pelo Tribunal, nos termos do artº 127º CPP. “

E ainda o acórdão do TRC de 1 de Abril de 200977

I - Nos termos do artº 356.º, n.º7 do CPP, os órgãos de polícia criminal que tiverem

recebido declarações cuja leitura não for permitida não podem ser inquiridas como

testemunhas sobre o conteúdo das mesmas, em homenagem ao direito ao silêncio do

arguido.

II – Porém, essa proibição de prova não atinge as declarações dos órgãos de

polícia criminal sobre factos e circunstâncias de que tenham obtido conhecimento

por meios diferentes das declarações do arguido (ou de outro interveniente

processual) que não possam ser lidas em audiência, mormente no decurso de prova

por reconstituição do facto, enquanto meio autónomo de prova previsto no artº 150º

do CPP.

Há no entanto alguma Doutrina, no meu entender deve ser refutada, de acordo com o

princípio da legalidade, que entende que essas informações obtidas pelos OPC, antes da

constituição de arguido podem ser valoradas como prova.

Mas a jurisprudência vai no sentido contrário, pois embora admitindo o testemunho dos

OPC, nem tudo pode ser valorado.

Neste sentido os Acórdãos do Também o acórdão do TRP de 7 de Março de 200778

e

do STJ de 15 de Fevereiro de 200779

I - Relativamente ao alcance da proibição do testemunho de “ouvir dizer”, pode

considerar-se adquirido, por um lado, que os agentes policiais não estão impedidos

76

TRL de 15-03-2007, processo 2287/07-9ª Secção, in: www.pgdlisboa.pt, consultado em 2011 77

TRC de 01-04-2009, processo 91/04.5PBCTB.C1, in: www.dgsi.pr, consultado em 2001 78

TRP de 07-03-2007, RP200703070646472, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 79

STJ, de 15 -02-2007, SJ200702150045935, in: www.dgsi.pr, consultado em Junho de 2011

Page 35: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

35

de depor sobre factos por eles detectados e constatados durante a investigação e,

por outro lado, que são irrelevantes as provas extraídas de “conversas informais”

mantidas entre esses mesmos agentes e os arguidos, ou seja, declarações obtidas à

margem das formalidades e das garantias que a lei processual impõe.

II - Pretenderá, assim, a lei impedir, com a proibição destas “conversas”, que se

frustre o direito do arguido ao silêncio, silêncio esse que seria “colmatado”

ilegitimamente através da “confissão por ouvir dizer” relatada pelas testemunhas.

No caso de ter sido transcrita para os autos, não poderá ser lida, a menos que o arguido

consinta ou o solicite.

Na realidade o arguido não é um sujeito de prova.

Na linha de pensamento de CARLOS ADÉRITO TEIXEIRA80

, como pode o arguido ser

testemunha-fonte? O art.º 129º está sistematicamente na prova testemunhal, mas o

arguido está inserido noutro meio de prova, que são as declarações de arguido, de

assistente e das partes civis, prevista nos art.ºs 140º e ss. O legislador ao dispor “ pessoa

determinada”, não poderia querer referir-se ao arguido, tanto mais que condiciona a

testemunha fonte a depôr, se quisesse que o arguido também fosse incluido, teria de

dizer “ ou a prestar declarações”, de facto o arguido está impedido de depôr enquanto

arguido no processo em causa. Aliás, continuando na linha de pensamento de RODRIGO

SANTIAGO, é até incompatível81

, e que decorre do confronto entre as normas dos artigos

61º nº1 c), 140º nº3, 343º nº1, com as normas dos artigos 131º nº1 e 2. 132º nº1 b) c) d)

e 145º nº2.

Nem faria sentido o arguido ser testemunha contra si próprio, seria uma violaçao total

dos direitos que lhe assistem, consagrados na Constituição.

Por outro lado é um contrasenso “ chamar “ o arguido porque surge um depoimento

indirecto, e tal não se exige quanto ao depoimento directo, mesmo que este esteja

ausente ou dispensado, como prevê o art.º 334º

Ainda, o arguido não tem o dever de colaborar com o tribunal. E mesmo que o faça, não

estando obrigado à verdade, qual o valor das suas declarações?

80

In: obra citada 81

RODRIGO SANTIAGO, “Reflexões sobre declarações de arguido como mieo de prova no CPP de 1987, in:

RPCC, ano 4, jan-Março, 1994, p.61 e ss, Apud CARLOS ADÉRITO TEIXERIA in In: obra citada, p. 161,

citando aquele autor.

Page 36: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

36

CARLOS ADÉRITO TEIXEIRA sustenta que não é aplicavel o artº 129º ao arguido enqanto

“pessoa- fonte”.. e nas suas palavras:

“ (…) sendo inaplicável da duas uma: ou fica precludida a possibilidade de se

utilizarem depoimentos indirectos que reproduzam conversas com o arguido ( via

de exclusão ), ou são os mesmos admitidos e valorados ( com fundamento diverso

do art.º 129º ( via da inclusão )”

No meu entendimento e em conclusão, muito embora a jurisprudência se divida, a

tendencia é no sentido de que o depoimento indirecto sendo o arguido a fonte, o art.º

129º não se aplica.

No caso do arguido se remeter ao silêncio face a um depoimento indirecto

O art.º 343º nº1 dispõe que o arguido tem o direito de prestar declarações sempre que o

requeira, mas não é obrigado a prestar declarações se não quiser. E o seu silêncio não

poderá nunca ser valorado contra si. O silêncio do arguido não significa nada, a não ser

isso mesmo, o silêncio.

O facto do arguido se remeter ao silêncio, o Tribunal não pode valorar nem o silêncio

nem o depoimento indirecto cuja fonte é o arguido. Se não tiver outras provas, não terá

provas para fundamentar legalmente uma condenação. A não ser assim, de nada valem

as garantias do arguido consagradas constitucionalmente, e poderia o tribunal ser alvo

de subversão, por exemplo, o assistente arranjar uma testemunha a dizer que ouvira o

arguido dizer qualquer coisa que o incriminasse. O arguido, mesmo que se dispusesse a

prestar declarações quanto ao depoimento indirecto, porque não está obrigado à verdade,

qual o valor que o julgador lhe atribui se o arguido, agora travestido de testemunha,

negasse o depoimento indirecto, valia mais o quê? o depoimento indirecto ou a

declaração do arguido se em contradição ?

Não faz sentido por consequência que se aplique o art.º 129º quando o arguido é a fonte,

salvo no caso em que é de todo impossível encontrar o arguido e sempre que existam

outras provas que corroborem o depoimento indirecto.

Vejamos, se para que a confissão seja aceite é necessário que estejam preenchidos

determinados requisitos, ou seja, a confissão não determina automáticamente a

condenação do arguido, nomeadamente se existirem outras provas que o contradigam,

por exemplo, o arguido confessa que matou com uma faca de cozinha, e a autópsia

Page 37: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

37

revela que a causa da morte da vitima foi uma bala que lhe perfurou o coração, e nem

sinais de ferimentos de lâmina, a confissão do arguido não pode ser valorada. Significa

que as declarações do arguido têm necessariamente de ser confirmadas com outros

meios de prova. Não existindo outras provas, o Julgador deverá decidir pelo princípio

“ in dubio pro reo”,

Neste sentido o acórdão do TRE de 30 de janeiro de 201082

IV. - As declarações originárias prestadas extraprocessualmente e levadas à

Audiência pelo testemunho de ouvir dizer não substituem, não tomam o lugar -

quanto ao facto probando sobre o qual versam as declarações originárias – do

depoimento posterior prestado em audiência, de tal forma que pudessem ser

apreciadas e valoradas como se tivessem sido prestadas em audiência.

V –O depoimento de ouvir dizer deve ser valorado em conjunto com a restante

prova produzida, de acordo com a livre convicção do tribunal e as regras da

experiência comum, quer o depoimento indirecto substitua o depoimento directo de

prestação impossível, quer coexistam ambos os depoimentos em audiência (ou em

acto processual equivalente, como sucede no caso de declaração para memória

futura), pois não existem regras de hierarquização (ou exclusão) apriorísticas,

entre o depoimento indirecto e o depoimento directo.

(…)

VIII. - Considera-se violado o princípio in dubio pro reo quando o tribunal dá

como provados factos duvidosos desfavoráveis ao arguido, mesmo que o tribunal

não tenha manifestado ou sentido a dúvida que, porém, resulta da análise e

apreciação objectiva da prova produzida, à luz das regras da experiência e das

regras e princípios válidos em matéria de direito probatório.

Em sentido contrário o Acórdão do STJ de 12 de Março de 200883

“(…)

II - As declarações de co-arguido, sendo um meio de prova legal, cuja

admissibilidade se inscreve no art. 125.º do CPP, podem e vem ser valoradas no

processo.

III - Questão diversa é a da credibilidade desses depoimentos, mas essa análise só

em concreto, e face às circunstâncias em que os mesmos são produzidos, pode ser

realizada.

IV - Por isso, dizer em abstracto e genericamente que o depoimento do co-arguido

só é válido se for acompanhado de outro meio de prova é uma subversão das regras

da produção de prova, sem qualquer apoio na letra ou espírito da lei.

Também o acórdão do TRP de 24 de Setembro de 200884

Nesta linha de raciocínio, que valor tem o depoimento de ouvir dizer o arguido ?

A meu ver e de acordo com a legalidade não pode ser valorado.

82

TRE de 30-01-2010, processo 2457/06-1, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 83

STJ de 12-03-2008, SJ20080312006943, in: www.dgsi.pt, consultaod em Junho de 2011 84

TRP, de 24-09-2009, RP200809240843468, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011

Page 38: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

38

Se o arguido se presta a declarações, confirmando o depoimento indirecto, o que vale é

a sua confissão, o depoimento indirecto nem precisa de ser valorado, apenas serviu para

provocar a confissão do arguido.

Mas por outro lado, também deve ser valorada a declaração do arguido quando este

contradiz o depoimento indirecto. Cabe ao Julgador valorar a prova de acordo com a sua

livre apreciação e convicção.

Ou seja, o tribunal não pode buscar a condenação do arguido, o Tribunal tem que buscar

a verdade, seja ela de condenação ou de absolvição do arguido, não pode por isso,

valorar apenas as declarações que condenem o arguido, como se estivessemos ainda

num sistema inquisitório.

Insisto que o Julgador tem necessariamente de fundamentar com outros meios de prova

para além do depoimento indirecto, que só por si resultam numa fundamentação

deficiente e que equivale a falta de fundamentação, que só pode ter por ocnsequência a

nulidade da decisão. A convicção do julgador não pode ser apenas motivada pelo

depoimento indirecto.

Assim, salvo o devido respeito não se pode aceitar o acórdão do TRG de 22 de

Fevereiro de 201185

, que condena um arguido ausente, com base apenas em provas

indiciárias

85

TRG de 22-02-2011, processo 541/06.6GCVT.G11, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011

Page 39: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

39

Depoimento ( Declarações ) de co-arguido

De acordo com o determinado na lei, o arguido tem a liberdade de prestar declarações,

ou seja, prestar declarações ou remeter-se ao silêncio, sem que isso o possa nunca

prejudicar.

TEREZA PIZARRO BELEZA86

, defende que as declarações de arguido e de co-arguido

devem ser valoradas com cautela, pois constituem prova “ particularmente frágil”. E

como nos diz Mª PAULA PITA87

, preferencialmente havendo corroboração de outras

provas, e eu acrescento, principalmente quando não há coincidência de declarações, ou

o co-arguido declara e o outro se remete ao silêncio.

Por isso a declaração indirecta “ solteira” deve ser apreciada pelo Julgador com fortes

reservas.

Se o arguido negar as declarações de co-arguido, vale mais qual delas ?

É razoável que se valore mais aquela que for corroborada por outros meios de prova, e

se não existirem, aquela que for produzida em audiência apreciada pela livre convicção

do julgador, de acordo com o art.ºs 125º e 127º, e que em caso de dúvida deve afastar

categóricamente a declaração indirecta como fundamento da sua decisão.

A não ser assim, a admitir uma confissão de co-arguido que implicasse a incriminação

de arguido, estariamos a admitir uma “confissão indirecta”, a meu ver uma total

ilegalidade.

O sistema actual português é o do acusatório e compete ao Tribunal encontrar a verdade

dos factos, diligenciando de acordo com o princípio da investigação, todos os meios de

prova necessários, não podendo coagir o arguido a, como nos tempos do modelo

inquisitório, auto-incriminar-se, ou a establecendo fórmulas probatórias.

Tem de haver coerência na garantia dos direitos fundamentais, e que me perdoem os

Conselheiros do TC, que teimam em encontrar justificações rebuscadas para admitir

provas ilegais ou de valor probatório duvidoso. É simples, a interpretação da lei

processual penal só pode ter um sentido teleológico, a busca da verdade dos factos e não

a encontrar meios de prova de condenação a qualquer preço.

Proponho que comparemos o depoimento de co-arguido com a reprodução da

transcrição de escuta telefónica, ambos meios indirectos de prova.

86

In: “Tão amigos que nós éramos: o valor probatório de depoimento de co-arguido no Processo Penal

Português”, in: Revista do Ministério Público, nº 74, 1998, Lisboa, p 39 e ss, 48 e ss e 58, Apud, CARLOS

ADÉRITO TEIXEIRA, obra citada. 87

In: “El coimputado, Tirant lo Blanch, 2000, Valência, p 147 e ss, 472 e ss, Apud CARLOS ADÉRITO

TEIXEIRA, obra citada

Page 40: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

40

A escuta telefónica obtida ilegalmente, ou porque não autorizada ou não validada, não

pode ser valorada. O tribunal até pode ouvir a voz do arguido a incriminar-se, mas tem

de afastar esse meio, é como se não existisse. Se não houver mais meios de prova, o

Julgador não tem alternativa senão absolver o acusado.

Ora, no meu entender é disto mesmo que se trata. Não tendo sido proferida a declaração

do arguido em audiência, não é admitida a sua leitura, v.g o depoimento indirecto de co-

arguido, sob pena de violar o disposto no art.º 357º, só com o consentimento do arguido,

ou a sua própria declaração confirmando o depoimento indirecto de co-arguido e for

corroborado por outros meios de prova, é que o depoimento poderá ser admitido, caso

contrário é um meio proibido de prova. O depoimento indirecto de co-arguido não vale

autonomamente.

Neste sentido o acórdão do TRP de 24 de Setembro de 200888

,

As declarações de um arguido só podem fundamentar a condenação de um co-

arguido se se mostrarem coerentes e forem corroboradas por outros elementos de

prova.

Também os acórdãos do TRG de 9 de Fevereiro de 200989

, e do TRP de 10 de Setembro

de 200890

- Não valem como prova as declarações de arguido em desfavor de co-arguido, se

aquele se recusar a responder a perguntas feitas pelos juízes, jurados, Ministério

Público, advogado do assistente ou pelo seu próprio defensor.

II - A questão do depoimento indirecto só se coloca em relação ao que se ouviu

dizer a outra testemunha; nunca em relação ao que se ouviu dizer a um arguido.

III - As declarações de um arguido perante um órgão de polícia criminal no âmbito

de um inquérito ou são reduzidas a escrito, e podem em certas circunstâncias valer

como prova, ou não são, e neste caso não existem para o processo

Em sentido contrário o acórdão do mesmo tribunal no mesmo dia 91

, e os acórdãos do

STJ de 12 de Março de 2008, e do TRP de 25 de Junho de 200892

Com uma linha de pensamento de que partilho, também assim CARLOS ADÉRITO

TEIXEIRA93

, o depoimento indirecto de co-arguido não tem relevância probatória face a

co-arguido, afastando o regime do art.º 129º, justificada pela diferença estatutária do

arguido e da testemunha, e nas suas palavras “(…) com todo o rol de disparidades que

88

TRP de 24-09-2008, RP200809240813993, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 89

TRG de 09-02-2009, processo 1834/08-2, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 90

TRP de 10-09-2008, RP200809100844418, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 91

TRP de 24-09-2008, RO200809240843468, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 92

TRP de 25-06-2008, RP200805250742789, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 93

In: obra citada, p 189

Page 41: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

41

gera, bem como o direito daquele frustrar o contraditório e a imediação, de modo

absoluto e incontornável (…) “

Assim como SUSANA JALES94

. Nos termos do art.º 344º nº3, a existência de co-arguidos

acompanhada da inexistência de confissão integral por todos, impede a aplicação do

regime da confissão do art.º 344º nº2. A declaração é livremente apreciada nos termos

do art.º 344º nº4 “ (…) o tribunal decide em sua livre convicção(..)”

Mas de acordo com o nº4 do art.º 345º, as declarações de co-arguido podem não valer

como meio de prova se prejudicam o outro co-arguido e aquele se recusa a responder ao

contra interrogatório.

No entanto a Jurisprudência entende que as declarações do co-arguido podem ser

valoradas, desde que preenchidos determinados requisitos.

Neste sentido os Acórdãos do STJ de 12 de Março de 200895

e o acórdão do STJ de 7

de Maio de 200996

“I - Tanto o STJ, como o TC, têm julgado válida a prova decorrente das

declarações do co-arguido, observadas as três condicionantes: respeito pelo direito

do arguido ao silêncio; sujeição das declarações ao contraditório e corroboração

das declarações por outros meios de prova,(…)”

E também o acórdão do STJ de 3 de Setembro de 200897

“(…)

II - No que respeita à questão de saber se é processualmente válido o depoimento

do arguido que incrimina os restantes arguidos, a resposta é frontalmente

afirmativa e dimana desde logo da regra do art. 125.º do CPP, que dispõe que são

admitidas as provas que não forem proibidas por lei. (…)III - Esta credibilidade só

pode ser apreciada em concreto, face às circunstâncias em que é produzida. O que

não é admissível é a criação de regras abstractas para essa apreciação, retornando

ao sistema da prova tarifada: assim, dizer em abstracto e genericamente que o

depoimento do co-arguido só é válido se for acompanhado de outro meio de prova é

uma subversão das regras da produção de prova sem qualquer apoio na letra ou no

espírito da lei.

94

SUSANA JALES, “Declarações de co-arguido”, CEJ, 2007 95

STJ de 12-03-2008, SJ20080312006943, in: www.dgsi.pt, consultaod em Junho de 2011 96

STJ, de 07-05-2009, SJ200905070012135, in: www.dgsi.pt, consultado em Junhoo de 2011 97

STJ, de 03-09-2008, SJ200809030020443, in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011

Page 42: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

42

Reconstituição do facto – art.º 150º e ss

(…) O Julgador moderno tem, cada vez mais, de produzir abundante fundamentação

dos seus juízos probatórios (…). AROSO LINHARES98

Por vezes as provas produzidas em julgamento são insufucientes para o julgador ter uma

ideia clara das circunstancias da realização do facto e pode diligenciar outros meios de

prova, é o caso da reconstituição do facto. Não é pois a reconstituição um meio apenas

para reproduzir o que já se sabe, é um meio complementar com vista a tentar perceber

que actos de execução do iter criminis possibilitaram o resultado criminoso.

Quanto à reconstituição do facto99

, que é um meio permitido de prova previsto no art.º

150º, mas será que não ofende o principio da auto incriminação ? valerá como

confissão ? Este é um meio de prova que está dependente da livre apreciação do

julgador do art.º 127º CPP.

A jurisprudência tem entendido que tem um valor probatório que pode ser contra o

arguido que nela colaborou ainda que não tenha prestado declarações em audiência.

Entende-se que embora o direito ao silêncio não possa ser utilizado contra o arguido,

que se traduz na impossibilidade do tribunal reproduzir as declarações anteriores, e a

impossibilidade dos OPC poderem ser inquiridos como testemunhas sobre essas

declarações, não significa que o tribunal não possa obter outros meios de prova, de

acrodo com o poder/dever da investigação material dos factos, para a descoberta da

verdade material.

No entanto, decorre do art.º 150º CPP, que não deve ser valorado só por si, mas em

conjugação com outras provas. Aliás, não é a reconstituição em si que é o meio de prova,

mas o auto de reconstituição.

Em sentido contrário o acórdão do STJ de 12 de Março de 2008 já atrás referido.

Quanto à admissibilidade da produção de prova em audiência, através a leitura dos auto

de reconstituição, ou outro meio de reprodução, onde se possa identificar declarações do

arguido, que tanto podem ser faladas, como gestuais, como atitudes, mas este depois em

audiência remete-se ao silêncio, a Jurisprudência diverge.

98

AROSO LINHARES, “ Regras de experiência e liberdade objectiva do juízo de prova”, Coimbra Boletim

da FDUC, XXXI, 1988, p.14 do Suplemento, Apud PAULO DE SOUSA MENDES, “ A prova penal e as

regras da experiência “ 99

Seguindo de perto MARISA RIBEIRO, “ Reconstituição do facto “ CEJ, 2007

Page 43: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

43

Uma vai no sentido da valoração da reconstituição, outra remete a valoração para o

regime da leitura permitida das declarações do arguido, ou seja, deve-se distinguir a

mera reconstituição dos factos, da qual não se põe em causa o valor probatório, da

declarações do arguido aquando da colaboração na reconstituição.

E ainda assim a Jurisprudência que pugna pela remissão para o regime da permissão da

leitura ( art.º 357º CPP ), tem duas posições.

Uma que só pode ser valorada a prova que resulte da reconstituição e não das

declarações que o arguido possa ter ao colaborar na reconstituição, remetendo para o

artº 355º, argumenta que não sendo a leitura permitida, as declarações do arguido não

valem em julgamento para a formação da convicção do Julgador. Por outro lado se o

arguido se recusa a prestar declarações, direito que lhe assiste nos termos do art.º 343º

nº1, e não estando preenchidos as situações previstas no art.º 356º e do artº 357º, a

leitura dos autos é proibida

Outra entende que o acto da reconstituição não é um acto “mudo”, mas feito de

declarações verbais e gestuais, sendo que o arguido pode apenas responder a perguntas

de OPC ou do MP, no sentido de esclarecer alguma questão, e não no sentido próprio de

“declaração do arguido”. Todas essas respostas ou esclarecimentos não estão abrangidos

pela proibição do art.º 357º CPP, pelo que podem ser valoradas por que não cabem no

proibição de leitura que decorre dos artº 356º e 357º, e só não será admissível se não

tiver sido obtido por meio lícito. Entende esta posição que as declarações se diluem no

processo da reconstituição

Neste sentido o acórdão do STJ de 20 de Abril de 2006 ( caso Joana )100

O direito ao silêncio é uma garantia contra a autoincriminação, que se traduz no facto de

“ o arguido não pode ser constituido, contra sua vontade como fonte de prova contra si

mesmo e que não pode ser compelido a testemunahr em seu desfavor”101

O que se defende nesta posição é que a reconstituição é um meio complementar de

prova, que deve ser conjugada com outros meios e não ser ela própria só por si o

fundamento de uma decisão. Para salvaguarda deste entendimento o referido acórdão

refere expressamente que não necessitou de se servir da reprodução da reconstituição

para a condenação dos arguidos.

100

STJ, de 20-04-2006, SJ200604200003635, in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011 101

MARISA RIBEIRO, “ reconstituição de facto”, CEJ, 2007

Page 44: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

44

Assim, podemos sobre a reconstituição dos factos concluir que é um meio de prova

legal, previsto no art.º 150º CPP, que pode ser valorada de acordo com a convicção do

Julgador, sendo que uns entendem que só a reconstituição é meio de prova, outros

entendem que também as declarações do arguido nessa reconstituição também podem

ser valoradas.

No meu entender, é de afastar esta última posição, pois a ser assim, o arguido se

recusaria sempre a colaborar na reconstituição. A reconstituição poderia ser valorada

como uma espécie de confissão, indirecta, ao arrepio do regime da confissão.

Proponho que analisemos o que nos dizem os acórdão do STJ de 3 de Julho de 2008102

,

quanto à reconstituição do facto e da livre apreciação da prova

(…)

II - Envolvendo a participação de personagens que podem ter intervindo no âmbito

de outras vias de captação probatória, como o interrogatório de arguido, a prova

testemunhal, pericial e outros, aquela participação assume autonomia face às

demais participações ocorridas no âmbito desses outros meios de prova.

III - Decorre daqui que tratando-se da participação de um arguido na

reconstituição do facto há que não confundi-la, por exemplo, com as suas respostas

em interrogatório judicial, visto estar-se face a duas intervenções autónomas, não

confundíveis e sujeitas ao regime da sua livre apreciação, tal como prevista no art.

127.º do CPP.

E o Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra de 15 de Setembro de 2010103

, que vai

no mesmo sentido. O acórdão do TRP de 27 de Fevereiro de 2008104

, quanto à prova

testemunhal e a reconstituição do facto

Acórdão TRP de 9 de Setembro de 2009105

I - A „reconstituição do facto‟ não tem por finalidade a existência de factos em si,

mas se podem ter ocorrido de determinada forma.

II - Um „auto de reconhecimento externo‟ que corporiza apenas uma confissão da

autoria dos factos, in loco, não pode valer como „reconstituição do facto‟, antes e

tão só, como declaração ilustrada do arguido.

III - A leitura daquele „auto de reconhecimento externo‟, bem como - optando o

arguido pelo silêncio em audiência - a inquirição sobre o conteúdo das declarações

prestadas no seu decurso, a quem, a qualquer título, participou na sua recolha,

consubstancia produção de prova proibida.

Acórdão do TRC de 1 de Abril de 2009106

102

STJ, de 03-07-2008, processo 824/08 – 5ª secção Relator: ANTÓNIO COLAÇO 103

TRC, de 15-09-2010, processo 79/07.4GCSRT.C1, in: www.dgsi.pt, consultado em Junho de 2011 104

TRP, de 27-02-2008, RP100801270810050, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011 105

TRP de 09-09-2009, RP20090909230/008.7PDVNG.P1, in: www.dgsi.pt, consultado em 2011

Page 45: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

45

O tribunal Constitucional citado no acórdão do STJ de 12 de Março de 2009

II - O TC já decidiu – Ac. n.º 440/99, de 08-07, Proc. n.º 268/99, DR, II Série, de

09-11-1999 – que o art. 129.º, n.º 1, do CPP, conjugado com o art. 128.º, n.º 1, do

mesmo diploma legal, interpretado no sentido de que o tribunal pode valorar

livremente os depoimentos indirectos de testemunhas que relatem conversas tidas

com um co-arguido que, chamado a depor, se recusa a fazê-lo no exercício do seu

direito ao silêncio, não atinge, de forma intolerável, desproporcionada ou

manifestamente opressiva, o direito de defesa do arguido. Por isso, não havendo um

encurtamento inadmissível do direito de defesa do arguido, tal norma não é

inconstitucional.

III - A prova por ouvir dizer, quando reportada a afirmações produzidas

extraprocessualmente pelo arguido, é passível de livre apreciação pelo tribunal

quando aquele se encontre presente em audiência e, por isso, com plena

possibilidade de a contraditar, ou seja, de se defender.

106

TRC de 01-04-2009, processo 91/04.5PBCTB.C1, in: www.dgsi.pr, consultado em 2001

Page 46: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

46

CONCLUSÕES II

Não poderemos utilizar critérios abstractos, é perante as circunstâncias de cada situação;

que o Julgador de acordo com o principio da imediação e subjacente princípio da

oralidade, a solidez do meio de prova, que se não for inequivoca, o Julgador tem

necessariamente de aplicar o principio do “ in dúbio pro réu”.

A obrigação de motivação do Julgador

O art.º 355º tem subjacente o princípio de que apenas a prova produzida em audiência

pode ser fundamento da decisão, só pode sofrer as excepções previstas na lei e deve

prevalecer a prova produzida em audiência à prova indirecta.

A análise critica impõe que o Julgador demonstre como a valorou determinda prova, e

ainda por que não valorou outra, não basta enunciar as provas que sustentam a decisão,

mas o processo lógico-jurídico de construção da decisão.

Exige-se na decisão final um maior grau de densificação do dever de fundamentação,

que para um mero despacho de expediente, e depende da natureza e da complexidade do

caso.

A fundamentação tem necessariamente de abranger a convicção do tribunal e não

apenas quanto à valoração das provas que determinaram os factos provados e não

provados.

Uma motivação deficiente ou inexacta deve se equiparada à falta de motivação, mas não

obriga a uma resposta minuciosa a todos os argumentos das partes, mas deve ser

inequivoca e ser perceptivel, só assim podendo ser por isso sindicada.

Não sendo um verdadeiro limite à livre apreciação da prova, a obrigação de

fundamentação deve ser entendido como factor legitimador da decisão final.

A decisão final é o corolário da livre apreciação da prova adequadamente fundamentada

e que por isso distingue a discricionariedade legal da livre apreciação do mero arbitrio.

O depoimento indirecto, o chamado depoimento de „ouvir dizer‟ tem uma valoração

condicionada, não sendo um dos casos de admissibilidade previstos no art.º 129º, é um

meio proibido de prova previsto no artº 126º. Salvo existirem sérias razões para afastar a

admissibilidade, o depoimento indirecto de testemunha pode ser valorado.

Page 47: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

47

Sendo o arguido a pessoa-fonte, a valoração do depoimento indirecto deve ser afastada.,

pois o estatuto de arguido e de testemunha na mesma pessoa e no mesmo processo são

incompatíveis. Mesmo que o arguido preste declarações face ao depoimento indirecto,

tal não permite aferir a fiabilidade dessa declaração

Nada impede que os OPC testemunhem sobre as suas próprias percepções de ciência

por factos relativos ao arguido no âmbito do processo de investigação, mas não podem

reproduzir as declarações do arguido se este se remete ao silêncio ou não consente na

leitura dos autos. A ser possível seria admitir a confissão indirecta, era como se fosse

possível alguém confessar por outrém.

O art.º 129º não é aplicável ao arguido e o julgador deve reger-se pelo principio da

legalidade das provas previsto no art.º 125º e pela sua livre apreciação e convicção

como estabelece o art.º 127º

As declarações do co-arguido podem ser valoradas, desde que preenchidos

determinados requisitos. Mas de acordo com o nº4 do art.º 345º, as declarações de co-

arguido podem não valer como meio de prova se prejudicam o outro co-arguido e

aquele se recusa a responder ao contra interrogatório.

A reconstituição do facto é um verdadeiro meio de prova, mas complementar, não

podendo ser valorado autonomamente, nem devem ser valoradas as declarações do

arguido que não sejam de mera colaboração na reconstituição. O auto de reconstituição

não é um auto de declarações, pois a não ser assim, a reconstitição poderia ser valorada

como uma espécie de confissão e se o fosse deveria o julgador submeter essas

declarações ao regime da confissão. Não constatei em nenhum acórdão que o Julgador

informasse previamente o arguido de que a sua colaboração na reconstituição valeria

como confissão e a sujeitasse ao exigente regime da confissão.

A colaboração de co-arguido na reconstituição que incrimine outro co-arguido que se

remete ao silêncio deve ser um meio de prova proibido. Salvo o devido respeito, não faz

sentido a doutrina que entende que as declarações de co-arguido na reconstituição

possam ser valoradas contra o outro. É uma violação total da legalidade pois de acordo

com o nº4 do art.º 345º, as declarações de co-arguido podem não valer como meio de

prova se prejudicam o outro co-arguido e aquele se recusa a responder ao contra

interrogatório

Page 48: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

48

BIBLIOGRAFIA

Código de processo penal Anotado, Comentários e notas práticas, Magistrados do

Ministério Público, Coimbra, Coimbra Editora, 2009

Artigos consultados do Código de Processo Penal

ART.º 127º - LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA,

ART.ºS: 61º,141º, 163º, 169º ,343º A 345º ( APRECIAÇÃO DA PROVA)

ART.ºS : 58º, 126º ,355º

ART.ºS: 118º A 123º - NULIDADES,

ART.ºS: 124º A 190º DA PROVA,

ART.ºS: 340º A 361º, DA PRODUÇÃO DE PROVA ,

ARTº.S: 365º A 380º DA SENTENÇA

Constituição da República Portuguesa

Artigos consultados da Constituição da República Portuguesa

ART.º 32º- GARANTIAS DO PROCESSO CRIMINAL

ART.º 205º - DECISÕES DO TRIBUNAIS

CARLOS ADÉRITO TEIXEIRA "Depoimento Indirecto e Arguido: Admissibilidade

e Livre Valoração Versus Proibição de Prova", in

"Revista do CEJ", nº 2, página 127.

FIGUEIREDO DIAS “Direito Processual Penal”, Lições, FDUC,

1988/1989

GERMANO MARQUES DA SILVA “ CURSO DE PROCESSO PENAL, VOL II, E VOL III,

( versão policopiada ), 2008

HENRIQUES EIRAS E GUILHERMINA FORTES

“ Dicionário de Direito Penal e Processo Penal” ,

Lisboa, Quid Iuris, 2010

PAULO DE SOUSA MENDES “ Sumários de Processo Penal, ano lectivo,

2008/2009, Faculdade de Direito da Universidade

de Lisboa ( versão policopiada )

“ A Prova Penal e as Regras da experiência“ livro

de homenagem ao Professor Doutor Jorge de

Figueiredo Dias ( versão policopiada)

ROSA VIEIRA NEVES “ A Livre Apreciação da Prova e a obrigação de

Fundamentação da Convicção”, Coimbra, Coimbra

Editora, 2011

Page 49: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

49

Motores de busca e sitios na internet

www.google.com www.dgsi.pt www.cej.mj.pt www.gde.mj.pt

www.tribunalconstitucional.pt www.pgdlisboa.pt

Outros trabalhos relacionados com a matéria

CARLOS CASTELO BRANCO,

“ A valoração107

dos factos na análise crítica da prova e o contributo de outros

ramos do saber – A intervenção do técnico designado pelo tribunal “, Lisboa,

Auditório do CEJ, Fevereiro de 2008

http://www.cej.mj.pt/cej/forma-continua/fich-pdf/formacao2007-08/valordaprovaproccivil-cc.pdf

JOSÉ CARLOS FRAGOSO,

“Necessidade de fundamentação”,

http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/viewFile/11332/10897

MANUEL ANTÓNIO LOPES ROCHA, “A motivação da sentença”, in Documentação e Direito Comparado, n.os 75/76,

1998 http://www.gddc.pt/actividade-editorial/pdfs-publicacoes/7576-c.pdf

PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE,

“Sete Teses sobre a Reforma do Processo Penal” , in Armando Leandro et al., Interrogações à

Justiça, Coimbra, Edições Tenacitas, 2003, pp. 411-420

http://www.ucp.pt/site/resources/documents/Docente%20-

%20Palbu/Dez%20M%C3%A1ximas.pdf

RAUL BORGES,

“Contingências da objectivação da convicção e a motivação da decisão de facto” ,

Lisboa, CEJ, Abril de 2011

http://www.cej.mj.pt/cej/forma-ingresso/fich.pdf/arquivo-

documentos/FC_ProvaCons._Raul%20Borges.pdf

( autor não identificado )

“Principio da motivação nas decisões judiciais”, in Revista Jurídica on line,

Universidade Salesiana, Brasil

http://www.direitounisal.com.br/Direito_Lorena/Revista_Juridica_On-line_6ed_files/6ed04.pdf

Artigos na imprensa e revistas sobre a matéria

FERNANDA PALMA, “Fundamentação da sentença”, in Correio da Manhã, artigo

publicado em 12-09-2010

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao/fernanda-palma/fundamentacao-da-sentenca

RENATO BARROS (juíz), -“ Livre apreciação da prova processual ” 10-02-2010

http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=917508&audio_id=1491437

107

Julgamento em processo civil

Page 50: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

50

Trabalhos de alunos do CEJ108

http://penal2trabalhos.blogspot.com

ANA BRITO109

, “A produção de prova em julgamento: criminalidade económico-

financeira e criminalidade fiscal”, (texto resultante da comunicação efectuada no CEJ,

no decurso da formação permanente, em 06.12.2007), 2009

“ Apreensões”, CLÁUDIA G.T. DE MELO GRAÇA, 2006 ( publicado em 2007)

“ Buscas e Apreensões, ANA CRISTINA CASTRO , 2007

“ Buscas como meio de obtenção e prova”, ANA MARTA CRESPO, 2006 ( pub. em 2007 )

“Declarações de co-arguido”, SUSANA JALES, 2007, publicado em 2008

“ Declarações do co-arguido”, ANDREIA RIBEIRO SÃO PEDRO, 2006, ( pub. em 2007)

“ Exames”, PAULO CAPELA RODRIGUES, CEJ, 2007

“ Interrogatório do arguido”, SUSANA MATOS ROCHA , 2006 ( Publicado em 2007)

“ Invalidades processuais”, ROSA INÊS RODRIGUES , 2007

“Proibição de prova” , SANDRA DUARTE LOBO, 2009

“ Prova e meios de obtenção de prova”, CARLOS PINTO DE ABREU, , CEJ, 2008

“Proibições de prova e invalidade processuais”, PEDRO MIGUEL LOPES,”,2006

“ Prova testemunhal”, LEONOR CAMPOS MONTEIRO, 2006

“ Reconhecimento de pessoas”, SUSANA MATOS ROCHA, 2007

“ Reconstituição do facto”, MARISA RIBEIRO, 2007

“Regime da prova proibida”, ANDREIA RIBEIRO SÃO PEDRO, 2007

Lições

CEJ, Apontamentos de Processo Penal ( coletânea de 15 publicações do CEJ )

Estudadas:

PAULO DE SOUSA MENDES, “A prova penal e as regras da experiência”,

“Processo Penal”, DGAJ/Centro de Formação de Funcionários de Justiça, 2009

Apontamentos manuscritos compilados por Fernando Américo Magalhães Ferreira, nas

aulas do Curso de Mestrado Juridico Forenses da Universidade Lusófona do Porto

( docentes: António Sabugosa Portal e Rosa Vieira Neves ), 2010/2011

108

Textos não revistos pelos autores e lidos com reservas 109

Juiz desembargadora e docente do CEJ

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51

Acórdãos

Tribunal Constitucional

TC, de 08-07-1999, 440/99, processo 268/99

Conselheiro: MESSIAS BENTO ( e ainda JOSÉ DE SOUSA E BRITO, ALBERTO TAVARES

DA COSTA, MARIA DOS PRAZERES BELEZA, LUÍS NUNES DE ALMEIDA )

www.tribunalconstitucional.pt

TC, de 02-12-1998, nº 680/98, processo 456/95

Conselheiro: MARIA DOS PRAZERES PIZARRO BELEZA

http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19980680.html

Supremo Tribunal de Justiça

STJ, de 03-02-2011, processo 29/04.0TBBRSD.P1.S1

Relator: MARIA DOS PRAZERES PIZARRO BELEZA

Descritores: CASO JULGADO FORMAL, LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA, (…)

Decisão: Negada Revista

http://www.gde.mj.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/bd765d8ece6fdd85802

5782d0052e503?OpenDocument

STJ, de 13-01-2011, processo 36/06.8GAPSR.S1

Relator: ARMINDO MONTEIRO

Descritores: (…), MOTIVAÇÃO, FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO (…)

http://www.gde.mj.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/4031ebca81a7b01d802

578230053338b?OpenDocument

STJ de 12-03-2009, SJ200903120017693, processo 07P1769

Relator: SORETO DE BARROS

Descritores: (…) LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA, FUNDAMENTAÇÃO, (…)

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/886ad227bc3cd92380257

59900482d5d?OpenDocument

STJ de 12-03-2008, SJ20080312006943, processo 08P694

Relator: SANTOS CABRAL

Descritores: DECLARAÇÕES DE CO-ARGUIDO, VALOR PROBATÓRIO, DIREITO AO SILÊNCIO (…)

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/6082ccff48a80069802574

21003b9252?OpenDocument

STJ, de 12-09-2007, SJ200709120025963, processo 07P2596

Relator: PIRES DA GRAÇA

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO, VALOR PROBATÓRIO, CONSTITUCIONALIDADE, LIVRE

APRECIAÇÃO DA PROVA

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/6c52fb2bcca4259b80257

37d0033cf20?OpenDocument

STJ, de 20-04-2006, SJ200604200003635, processo 06P363

Relator: RODRIGUES DA COSTA

Descritores: (…) VÍCIOS, FUNDAMENTAÇÃO, RECONSTITUIÇÃO NATURAL, (…)

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/bfaf1cea93ab75fb802571

6200388d89?OpenDocument&Highlight=0,cipriano

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STJ, de 07-05-2009, SJ200905070012135, processo, 08P1213

Relator: ARMÉNIO SOTTOMAYOR ( com voto de vencido de SOUTO MOURA)

Descritores: DECLARAÇÕES DO CO-ARGUIDO http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/1a37f92fa6d154bf802575

c30055c94c?OpenDocument

STJ, de 03-09-2008, SJ200809030020443, processo 08P2044

Relator: SANTOS CABRAL

Descritores: DECLARAÇÕES DO CO-ARGUIDO, ADMISSIBILIDADE, DIREITO AO SILÊNCIO

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/4bd73ea7101a2a8380257

4ce002fe455?OpenDocument

STJ, d2 27-01-2009, SJ20090127039783, processo 08P3978

Relator: ARMINDO MONTEIRO

Descritores: (…) ERRO NOTÓRIO NA APRECIAÇÃO DA PROVA (…)

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/0/e7241a53f04b595580257563004e1914?OpenDocument

STJ, de 15 -02-2007, SJ200702150045935, processo 06P4593

Relator: MAIA COSTA

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO, ORGÃO DE POLÍCIA CRIMINAL, CONVERSA INFORMAL,

DIREITO AO SILÊNCIO (…)

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/e37981209a994f6180257

2de0048308e?OpenDocument

STJ, de 05-01-2005, SJ200501050032763, processo 04P3276

Relator: HENRIQUES GASPAR

Descritores: MEIOS DE PROVA, VALOR PROBATÓRIO, ÓRGÃO DE POLÍCIA CRIMINAL,

DECLARAÇÕES DO ARGUIDO

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/6f7d23e48ba2037d80257

0a50035503c?OpenDocument&Highlight=0,reconstitui%C3%A7%C3%A3o,facto,penal

STJ, de 25-06-1993, SJ199304140434333, processo 043433

Relator: FERREIRA VIDIGAL

Descritores: ERRO NOTÓRIO NA APRECIAÇÃO DA PROVA

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/ca89dc5c9abf793a802568

fc003a5432?OpenDocument

Tribunal da Relação de Coimbra

TRC, de 12-04-2011, processo 487/01.4TAVIS.C1

Relator: PAULO GUERRA

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO

http://www.trc.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=6612:recpen487014ta

visc1-&catid=70:processopenal&Itemid=76

TRC de 30-03-2011. Processo 370/08.2TACVL.C1

Relator: ALBERTO MIRA

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO, OPC

http://www.trc.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=6531:recpen370082ta

cvlc1-&catid=70:processopenal&Itemid=76´

Page 53: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

53

TRC, de 28-10-2010, processo 2/05.0EAGRD.C2

Relator: BRIZIDA MARTINS

Descritores: (…), PRINCÍPIO DA LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA, DEVER DE FUNDAMENTAÇÃO

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/8fe0e606d8f56b22802576c0005637dc/755868fd7ad7b97c80257

72a00380ff7?OpenDocument

TRC, de 22-09-2010, processo 68/08.1TALSA.C1

Relator: EDUARDO MARTINS

Descritores: PROVA, LIVRE APRECIAÇÃO

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/5bfd9a0b53ab31dc8025

77ba00489654?OpenDocument

TRC, de 01-01-2010, processo 946/05.OGVIS-A.C11

Relator: ESTEVES MARQUES

Descritores: FUNDAMENTAÇÃO

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/8fe0e606d8f56b22802576c0005637dc/e4afc7e31343db7e80257

6b6003f30e0?OpenDocument

TRC, de 14-10-2009, processo, 63/09-3PECBR.C1

Relator: GOMES DE SOUSA

Descritores: PROVA, DEPOIMENTO INDIRECTO

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/0/f7804e1e7f492b6c8025766a0056b72b?OpenDocument

TRC, de 01-04-2009, processo 91/04.5PBCTB.C1

Relator: FERNANDO VENTURA

Descritores: DECLARAÇÕES PRESTADAS POR OPC, PROVA POR RECONSTITUIÇÃO

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/c61a8b7d26d522268025

759b005092a3?OpenDocument

TRC, de 15-09-2010, processo 79/07.4GCSRT.C1

Relator: ORLANDO GNÇALVES

Descritores: RECONSTITUIÇÃO DO FACTO, (…)

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/c9dd9300b8fbd5488025

77ad0033a7e4?OpenDocument

TRC, de 26-11-2008, processo 27/05.6GDFND.C1

Relator: VASQUES OSÓRIO

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO, PRINCIPIO DO CONTRADITÓRIO

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/fdab79890c2b1d3b8

0257521005542b1?OpenDocument

TRC, de 30-11-2005, processo 2847/05

Relator: JORGE DIAS com voto de vencido

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO

http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/0e078a45acf447d980257

0d5005a2e64?OpenDocument

Page 54: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

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Tribunal da Relação de Évora

TRE, de 30-01-2007, processo 2457/06-1

Relator: ANTÓNIO JOÃO LATAS

Descritores: ERRO NOTÓRIO NA APRECIAÇÃO DA PROVA, DEPOIMENTO INDIRECTO

http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/29e4a8278f56e8568

02572f7004aa997?OpenDocument

TRE, de 06-01-2011, processo 102/05.7GFSTB.E1

Relator: JOÃO LUÍS NUMES

Descritores: FUNDAMENTAÇÃO DA MATÉRIA DE FACTO, EXAME CRÍTICO DAS PROVAS

http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/36210a12ceada4848

025789300395827?OpenDocument

Tribunal da Relação de Guimarães

TRG, de 22-02-2011, processo 541/06.6GCVT.G1

Relator: FERNANDO CHAVES

Descritores: PROVA INDICIÁRIA (…)

http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/0/55e57396da7993e68025785600366d40?OpenDocument

TRG, de 25-05-2009, processo 359/06GVCRM.G1

Relator: ANSELMO LOPES

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO, (…) PROIBIÇÃO DE PROVA

http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/85ebe862ba5544ad8025

75e400488226?OpenDocument

TRG, de 09-02-2009, processo 1834/08-2

Relator: ESTELITA DE MENDONÇA

Descritores: DECLARAÇÃO DE CO-ARGUIDO, VALOR PROBATÓRIO

http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/109798cd075325bf8025

75ef0047df0c?OpenDocument

Tribunal da Relação de Lisboa

TRL, de 29-04-2010, processo 1670/09.0YRLSB-9

Relator: GUILHEMINA FREITAS

Descritores: CONVERSAS INFORMAIS, (…) CONFISSÃO

http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/0/2f9ff8d1a864d0698025771a00316c5b?OpenDocument

TRL, de 15-03-2007, processo 2287/07-9ª Secção

Relator: FERNANDO CORREIA ESTRELA

Descritores: DEPOIMNETO INDIRECTO, AGENTE PJ, VALORAÇÃO, VALIDADE

http://www.pgdlisboa.pt/pgdl/jurel/jur_mostra_doc.php?nid=4041&codarea=57

Page 55: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

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Tribunal da Relação do Porto

TRP, de 27-04-2011, RP20110427/451/05.4GAVCD.P1

Relator: RICARDO COSTA E SILVA

Descritores: RECONHECIMENTO, LIVRE APRECIAÇÃO

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/200cee2d99bbea748025

788b003ad400?OpenDocument

TRP, de 09-03-2011, RP20110309438/08.5GEVNG.P1

Relator: DONAS BOTTO

Descritores: PROVAS, PROIBIÇÃO E PROVA, ESCUTA TELEFÓCINA, SILÊNCIO

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/e956c0cc45977ad48025

7857003c5a88?OpenDocument

TRP, de 09.02-2011, Rec.Penal nº 195/07.1GACNF.P1-1ªSec.

Relator: EDUARDA MARIA DE PINTO LOBO

Descritores: DEPOIMENTO NDIRECTO, VALORAÇÃO

http://www.trp.pt/jurisprudenciacrime/crime_195/07.2gacnf.p1.html

TRP, de 02-02-2011, Rec.Penal nº 134/08.3TELSB-A.P1-4ª sec

Relator: MOISÉS PEREIRA DA SILVA

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO

http://www.trp.pt/jurisprudenciacrime/crime_134/08.3telsb-a.p1.html

TRP, de 09-09-2009, RP20090909230/08.7PDVNG.P1

Relator: ERNESTO NASCIMENTO

Descritores: RECONSTITUIÇÃO DO FACTO, PROBIÇÃO LEGAL DE PROVA

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/0/d6d8a25e8a3deeb380257632004ba9ec?OpenDocument

TRP, de 24-09-2008, RP200809240843468, processo 0843468

Relator: ANTÓNIO GAMA

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO, DIREITO DE DEFESA

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/8611a3a6f5bbf5f280257

4d7004c13ea?OpenDocument

TRP, de 24-09-2008, RP200809240813993, processo 0813993

Relator: MARIA DO CARMO SILVA DIAS

Descritores: INSTRUÇÃO, DIREITOS DE DEFESA DO ARGUIDO

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/8ca26a5de22833568025

74d4003815db?OpenDocument

TRP, de 10-09-2008, RP200809100844418, processo 0833318

Relator: OLGA MAURÍCIO

Descritores: PROVAS, PROBIÇÃO DE PROVA, CO-RGUIDO

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/71a5ad40c991d0288025

74cd0034e420?OpenDocument

TRP, de 25-06-2008, RP200806250742789, processo, 0742789

Relator: ESNESTO NASCIMENTO

Descritores: DEPOISMNETO INDIRECTO

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/a9973f36c1015ed58025

7475002f921e?OpenDocument

Page 56: Fa Limites Da Livre ApreciaçãO Da Prova Depoimento Indirecto E De Coarguido V3

56

TRP, de 27-02-2008, RP100801270810050, processo 0810050

Relator: MARIA DO CARMO SILVA DIAS

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO, CASO JULGADO

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/6032c1b1c36c4ae18025

7401004d28c5?OpenDocument

TRP, de 04-07-2007, RP200707040647256, processo 0647256

Relator: ANTÓNIO GAMA

Descritores: DEPOIMENTO INDIRECTO

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/2890719b01f4ed4d8025

7314002de3d1?OpenDocument

TRP, de 07-03-2007, RP200703070646472

Relator: ISABEL PAIS MARTINS

Descritores: PROIBIÇÃO DE PROVA, ORGÃPO DE POLÍCIA CRIMINAL

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/cae6a60afec4bf2980257

2ad0048649b?OpenDocument

TRP, de 07-03-2007, RP200703070642960, processo 0642960

Relator: ISABEL PAIS MARTINS

Descritores: PROIBIÇÃO DE PROVA, ÓRGÃO DE POLÍCIA CRIMINAL, DEPOISMENTO INDIRECTO

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/0d274d048fe1228b8025

72ad004ad825?OpenDocument

TRP, de 07-02-2007, RP200702070645315, processo 0645315

Relator: CUSTODIO SILVA

Descritores: DEPOIMETO INDIRECTO

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/9fd378eda61487338025

728000518eea?OpenDocument