194
Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial MPGE Marcos Gomes de Lima GESTÃO ESTRATÉGICA DE RISCOS COMO MECANISMO DE GOVERNANÇA ATUARIAL DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL EM PERNAMBUCO Recife, 2015

Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

  • Upload
    buihanh

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE

Marcos Gomes de Lima

GESTÃO ESTRATÉGICA DE RISCOS COMO MECANISMO DE GOVERNANÇA

ATUARIAL DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL EM

PERNAMBUCO

Recife, 2015

Page 2: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

1

Page 3: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

2

Catalogação na fonte -

Biblioteca da Faculdade Boa Viagem - DeVry,Recife/PE

L732gLima, Marcos Gomes de.

Gestão estratégica de riscos como mecanismo de governança

atuarial dos regimes próprios de previdência social em

Pernambuco/ Marcos Gomes de Lima–Recife: FBV | DeVry,

2015.

192f. : il.

Orientador(a):Olímpio José de Arroxelas Galvão

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade Boa

Viagem | Devry.

Inclui anexo.

1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança atuarial. 3.Regimes

próprios de previdência social.I. Título.

DISS658[15.2]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca da FBV | DeVry

Page 4: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

3

GESTÃO ESTRATÉGICA DE RISCOS COMO MECANISMO DE GOVERNANÇA

ATUARIAL DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL EM

PERNAMBUCO

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de

Mestre em Gestão Empresarial do Centro de

Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

– CPPA da Faculdade Boa Viagem - DeVry

Brasil, sob a orientação do Prof. Ph.D.

Olímpio José de Arroxelas Galvão.

.

Recife, 2015

Page 5: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

4

Page 6: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

5

Dedico este trabalho a minha avó materna,

Rita, a minha avó paterna Sebastiana (in

memorian), a minha mãe Claudete (in

memorian), a meu pai Manoel (in

memorian) e a minha tia–avó Zuleide

Francisca (in memorian).

Page 7: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

6

AGRADECIMENTOS

Primeiramente e acima de tudo, quero agradecer a Deus pelas benções que Ele tem

concedido em minha vida, bem como por tudo quanto recebi sem merecer; e, finalizar o

Mestrado em Gestão Empresarial é algo que, sem as mãos do Senhor guiando meus passos, eu

não teria conseguido jamais. Entre tantas milhares de benções, Deus me concedeu a dádiva de

ser neto de uma mulher extraordinária, guerreira e visionária: minha avó materna Rita

Francisca Gomes da Silva, a quem eu dedico meu amor mais genuíno e puro, assim como a

ela eu agradeço e atribuo ser a principal responsável por todos os meus objetivos profissionais

atingidos. Deus ainda me presenteou com duas tias–avós pelas quais eu nutro amor

incomparável: Geny Francisca e Zuleide Francisca, ambas foram jóias raras na minha vida e

parte do que sou hoje eu devo a elas.

Durante o período dessa jornada do início ao fim do Mestrado, Deus ainda me

presenteou com amizades e convivências profissionais de pessoas que foram indispensáveis

para o alcance dessa meta acadêmica e profissional, são eles: Rone Cesário, um anjo que Deus

pôs em minha vida, um ser humano incrível, um legítimo gestor de pessoas e profissional raro

que sempre confiou em meu trabalho, agindo com sinceridade e apoio incondicional; Márcia

Cavalcanti, uma líder nata de profissionalismo e honestidade únicos, uma amiga por quem

tenho um amor maternal e uma admiração profunda, pois ela é o espelho do profissional que

quero me tornar algum dia; Sebastião Lavor e Edir Pinto Peres, pela compreensão e apoio nos

momentos em que precisei conciliar estudos e trabalho, assim como pela oportunidade que me

concederam numa área em que historicamente as pessoas ingressam por apadrinhamento, mas

de forma contrária, eles privilegiaram por minha capacidade técnica e meritocracia; Geraldo

Pinto e Airam Gusmão, aos quais serei eternamente grato por abrir as portas acadêmicas em

minha vida profissional, bem como por todo o apoio fundamental para eu hoje poder ser

titulado como Mestre; Maria Elizabete da Silva, um anjo, um ser iluminado e abençoado por

Deus, uma amiga que me apoiou e a quem eu nunca poderei pagar pela ajuda inigualável;

Maria da Conceição de Oliveira, simplesmente mesmo que eu redija um livro de

agradecimento a ela, não seria justo o suficiente para dimensionar toda a imensurável gratidão

pelas portas que ela abriu em minha vida.

Agradeço pela ilustre orientação do Prof. Ph.D. Olímpio José de Arroxelas Galvão,

pois tenho orgulho de poder dizer que fui orientado por um profissional absolutamente genial

que me concedeu a honra de compartilhar seu imenso conhecimento. Ele demonstrou notável

Page 8: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

7

sensibilidade social ao perceber prontamente a extrema relevância do tema dessa dissertação,

além de toda paciência e compreensão nos vários momentos em que eu não cumpri os prazos

de entrega dos trabalhos. Hoje eu sou um profissional melhor graças a esse mestre que me

mostrou peculiaridades da economia mundial que abriram horizontes e perspectivas que eu

desconhecia.

No entanto, uma pessoa merece agradecimentos especiais, Elizeu Maurino. Sem ele

essa pesquisa simplesmente não teria atingido seus objetivos, pois abriu mão de gozar suas

férias descansando para me levar a viagens longas e cansativas por todas as mesorregiões de

Pernambuco, dirigindo durante horas a fio por rodovias cheias de perigo. Ele conduzindo-me

a 27 dos 32 municípios e, sem dúvida, é a quem eu devo atribuir o principal mérito por eu

adquirir o título de mestre. Assim, eu agradeço a ele pelo apoio pujante, pelo companheirismo

pleno, pela atenção crucial em momentos difíceis e, principalmente, pela paciência; enfim,

por ter feito o incerto se tornar certo em minha vida.

Houve também amigos por quem tenho total e verdadeiro amor fraternal, são eles:

Alberon Lemos, Nelson (Lafayette) Júnior, Veruska Nogueira, Cristiane Carvalho, Renata

Caires, Joabson Ribeiro, Camila Xavier, Tarciso Rodrigues, Sandra Amorim, Tainá Ribeiro,

Mônica Gertrudes, Fabiane Veras Klein, Carmen Malta e Viviane Teobaldo. Tenho outros

amigos, mas esses estão num patamar privilegiado no meu coração já que me proporcionaram

momentos de amizade, felicidade, companheirismo, descontração, carinho e amor

incondicional, e sem os quais eu não sei o que teria sido de mim; pois eles tornaram o mundo

melhor para ser vivido e deram um sentido especial à minha vida.

Quero expressar minha gratidão a meus irmãos, Márcio e Mauro, pois das mais

variadas maneiras me proporcionaram apoio e amor indispensáveis; à minhas lindas sobrinhas

Maria Rita e Thais, que são presentes de Deus em vida; à minha prima Midian; e à minha tia

Eliane. Esses são parte de minha família e formam a base fundamental da minha vida e com

os quais divido momentos únicos que são peculiares àqueles que compratilham laços

cosanguíneos.

Page 9: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

8

"É preciso aprender a viver.

Eu treino todos os dias.

Meu maior obstáculo é não saber quem sou.

Vou tropeçando, às cegas.

Se alguém me amar do jeito que eu sou, talvez

eu finalmente me arrisque a olhar para mim

mesmo.

Para mim, essa possibilidade é bastante

remota" (Ingmar Bergman)

Page 10: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

9

RESUMO

Em 2013, as decisões alocativas das disponibilidades financeiras dos Regimes Próprios de

Previdência Social nos municípios pernambucanos resultaram em relevantes perdas

financeiras que contribuíram para a deterioração dos fundos previdenciários capitalizados que,

na sua essência, deveriam ser superavitários mediante a concepção da segregação das massas;

mas que estão se afundando ano a ano no crescente problema de déficit previdenciário,

deixando em aberto a discussão de medidas a serem tomadas de forma a se equacionar

definitivamente um preocupante cenário de possível calote previdenciário dos municípios.

Diante de questão tão relevante, esta dissertação tem por objetivo geral analisar a relevância

da gestão pública estratégica de riscos de mercado como mecanismo de governança atuarial

dos regimes próprios de previdência social dos municípios pernambucanos. Dessa forma, para

atingir a seus objetivos, esta pesquisa realizou levantamento documental para realizar análises

e interpretações de dados dos municípios. Por último, a interpretação dos dados ocorreu por

meio dos resultados obtidos dos índice de maturidade em cada dimensão da gestão de riscos,

que foi construído através do modelo e procedimentos utilizados pelo Tribunal de Contas da

União – TCU (2012). Para isso, tomou-se o conjunto de itens que compõem as dimensões

(Política de Investimentos; Ambiente; Processos; Parcerias; e Resultados) para calcular a

razão entre a pontuação obtida com as respostas e a pontuação máxima possível, expressando

esse quociente com um número entre 0% e 100%. Assim, esta pesquisa concluiu que as

práticas e os modelos de gestão verificados nos municípios pernambucanos assumem a

premissa de que gerir RPPS é focar na legalidade da concessão dos benefícios previdenciários

por si só, relegando o alcance da meta atuarial à sorte do mercado financeiro. Esse aspecto é

ratificado pelo fato de, entre os 30 municípios pesquisados, apenas quatro (Recife, Triunfo,

Igarassu e Olinda) possuem gestores direcionados para medidas estratégicas com padrão de

maturidade aceitável para viabilidade da eficácia da governança atuarial. Nessa conjuntura, os

Comitês de Investimentos, os Conselhos Administrativos e Fiscais são órgãos pró-forma que

atuam como peças sem efeito algum na gestão e isso também indica a culpabilidade de seus

integrantes. Laconicamente, tendo em vista que apenas 33% dos RPPS apresentaram práticas

e os modelos de gestão enquadrados como Avançado ou Aprimorado, conclui-se que se

confirma a hipótese dessa pesquisa que as decisões alocativas para investimentos dos recursos

financeiros dos RPPS pernambucanos não são integradas a procedimentos seletivos de gestão

estratégica de riscos de mercado que otimizem o alcance da meta atuarial e do acúmulo de

capital previdenciário. Por isso, inviabilizam a governança atuarial dos RPPS, pois não

implementam uma visão holística nem atribuem para a factual relevância da gestão pública

estratégica de riscos financeiros de mercado indispensável para o efetivo alcance das metas

atuariais e aumento do capital acumulado que, por conseguinte, permitiriam a equalização do

déficit previdenciário.

Page 11: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

10

ABSTRACT

In 2013, the allocative decisions of financial resources of Special Social Security in

municipalities of Pernambuco resulted in relevant financial losses that contributed to the

deterioration of capitalized pension funds, which in their essence, should be surplus according

to the concept of mass segregation; but they are sinking every year in the growing pension

deficit problem, leaving open the discussion of measures to be taken in order to definitely

equate a worrying scenario of possible pension defaulting municipalities. Before question as

relevant, this work has the objective to analyze the relevance of strategic public management

of market risks as actuarial governance mechanism of their own social security systems of the

municipalities of Pernambuco. Thus, to achieve your goals, this research conducted

documentary survey to perform analysis and data interpretation of the municipalities. Finally,

the interpretation of data occurred through the results of the maturity index in each dimension

of risk management, which was built through the model and procedures used by the Court of

the Union - TCU (2012). For this, became the set of items that make up the dimensions

(Investment Policy; Environment; processes; partnerships; and results) to calculate the ratio of

the score with the answers and the highest possible score, expressing this ratio at number

between 0% and 100%. Thus, this research concluded that the practices and management

models checked in Pernambuco municipalities assume the premise that manage RPPS is to

focus on the legality of granting social security benefits alone, relegating the scope of

actuarial target the sort of financial market. This aspect is ratified by the fact that among the

30 municipalities surveyed, only four (Recife, Triunfo, Igarassu and Olinda) have targeted

managers for strategic measures with acceptable standard of maturity to viability of the

effectiveness of actuarial governance. At this juncture, the Investment Committee, the

Administrative and Fiscal Councils are pro forma organs that act as void some parts

management and it also indicates the guilt of its members. Laconically, given that only 33%

of RPPS presented practices and management models classified as Advanced or Enhanced, it

is concluded that this study confirms the hypothesis that the allocative decisions for

investment of the financial resources of Pernambuco RPPS are not integrated into the

selective procedures of strategic management of market risks that optimize the range of the

actuarial target, the pension capital accumulation. So, make it impossible to actuarial

governance of RPPS, did implement a holistic view or attach to the factual relevance of

strategic public management of financial risk indispensable market for the effective range of

actuarial targets and increase the accumulated capital that therefore allow the equalization of

the pension deficit.

Page 12: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

11

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Evolução dos Investimentos dos RPPS no Brasil de 2004 a out/2013

GRÁFICO 2 – Projeção de Desequilíbrio entre Receitas e Despesas Mensais dos RPPS dos

Municípios de Pernambuco (2013 a 2085)

GRÁFICO 3 – Evolução da Quantidade de Benefícios Mantidos pela Seguridade Social no

Brasil, segundo a Clientela - 2003 a 2013 (em milhões)

GRÁFICO 4 – Percentual de Pessoas com Menos de ½ Salário Mínimo de Renda Domiciliar

per Capita no Brasil, com e sem a Renda Previdenciária – Linha de Pobreza = 1/2 Salário

Mínimo de set/2012 (INPC) – 1992 a 2013

GRÁFICO 5 – Percentual de Pessoas com Menos de ½ Salário Mínimo de Renda Domiciliar

per Capita no Brasil por Idade, Considerando e não Considerando a Renda Previdenciária –

2013

GRÁFICO 6 – Evolução da Proteção Previdenciária da População Ocupada no Brasil (16 a 59

anos) – 1992 a 2013

GRÁFICO 7 – Evolução do Grau de Informalidade no Brasil entre 2010-2013 (em %)

GRÁFICO 8 – Taxa de Crescimento do Emprego Formal e do PIB (em %) - Brasil: 2004 a

2012

GRÁFICO 9 – Micro Empreendedores Individuais Inscritos no Brasil – dez./2009 a nov./2013

GRÁFICO 10 – Evolução da Taxa de Informalidade por Anos de Escolaridade no Brasil

(1992-2012) (em %)

GRÁFICO 11 – Percentual da Necessidade de Financiamento em Relação ao PIB no Brasil –

1995 a 2013

GRÁFICO 12 – Despesa da Previdência (INSS) – 2014-2050 – % do PIB no Brasil

GRÁFICO 13 – Projeções Demográficas da Trajetória do Gasto da Previdência Social com

Benefícios do RGPS por Quatro Índices de Crescimento do PIB no Brasil (2010-2050)

GRÁFICO 14 – Evolução e Projeções para o Teto do INSS entre 1960 e 2038 No Brasil

GRÁFICO 15 – Esperança de Vida ao Nascer no Brasil entre 2001-2012

Page 13: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

12

GRÁFICO 16 – Participação dos Benefícios Sociais para Crescimento das Transferências às

Famílias em Proporção ao PIB no Brasil no Período de 2004 a 2010

GRÁFICO 17 – Evolução de Receita, Despesa e Déficit do RPPS da União (% PIB) no Brasil

de 2005 a 2015

GRÁFICO 18 – Custo de Transição da Previdência Complementar dos Servidores Públicos da

União (em % do PIB)

GRÁFICO 19 – Evolução do Piso Salarial Nacional do Magistério no Brasil entre 2009 e

2015 (em R$)

GRÁFICO 20 – Evolução Anual IPCA de julho/1995 a fevereiro/2015 no Brasil

GRÁFICO 21 – Evolução do Salário Mínimo no Brasil entre 1995 e 2015

GRÁFICO 22 – Participação da União, dos Estados e dos Municípios na Carga Tributária

Anual em Relação ao PIB do Brasil entre 2001 e 2011

GRÁFICO 23 – Evolução da Taxa SELIC no Brasil de jan./2011 a jan./2014

GRÁFICO 24 – Evolução da Taxa de Juros nos Estados Unidos entre 1980 e 2014

GRÁFICO 25 – Evolução da Cotação do Câmbio (R$/US$) em 2013 no Brasil

GRÁFICO 26 – Evolução dos Juros Nominais do Governo Federal e o Rendimento Total

Acumulado dos Títulos Federais da Carteira do IMA, de janeiro a dezembro de 2013 no

Brasil

GRÁFICO 27 – Comparativo da Rentabilidade dos Títulos de Renda Fixa no Brasil entre

2012 e 2013

GRÁFICO 28 – Evolução da SELIC no Brasil entre 2010 e 2015

GRÁFICO 29 – Saldos Acumulados de Investimentos em Títulos de Estrangeiros no Brasil

(1989-2012)

GRÁFICO 30 – Renda de Investimentos em Carteira da Dívida Pública no Brasil (1981-2012)

GRÁFICO 31 – Orçamento Geral da União (Executado em 2014 no Brasil) – Total = R$

2,168 Trilhão

GRÁFICO 32 – Taxa Média de Investimento (% do PIB) entre 2003-2011

GRÁFICO 33 – Evolução do Resultado Primário do Brasil entre 2002 e 2014

Page 14: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

13

GRÁFICO 34 – Evolução de Diferença de Rentabilidade Obtida com Títulos Públicos em

Caso de Venda Antecipada ou de Venda na Data Vencimento

GRÁFICO 35 – Relação da Curvatura Taxa-Preço de Ativos

GRÁFICO 36 – Evolução da Capacidade de Arrecadação de Receita Própria do Município de

Buíque entre 2006 e 2013

GRÁFICO 37 – Evolução da Disponibilidade de Recursos em Caixa do Município de Buíque

entre 2006 e 2013

GRÁFICO 38 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Buíque no Período de 2006 a

2013

GRÁFICO 39 – Evolução da Capacidade de Arrecadação de Receita Própria do Município de

Jurema entre 2006 e 2013

GRÁFICO 40 – Evolução da Disponibilidade de Recursos em Caixa do Município de Jurema

entre 2006 e 2013

GRÁFICO 41 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Jurema no Período de 2006 a

2013

GRÁFICO 42 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Tupanatinga no Período de

2006 a 2013

GRÁFICO 43 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Manari no Período de 2006 a

2013

GRÁFICO 44 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Carnaubeira da Penha no

Período de 2006 a 2013

GRÁFICO 45 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Brejinho no período de 2006 a

2013

GRÁFICO 46 – Maturidade da Política de Investimentos dos Municípios Pernambucanos

GRÁFICO 47 – Maturidade do Ambiente da Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

GRÁFICO 48 – Maturidade dos Processos de Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

Page 15: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

14

GRÁFICO 49 – Maturidade do Arranjo Organizacional com as Consultorias Financeiras

Financeiros dos Municípios Pernambucanos

GRÁFICO 50 – Maturidade dos Resultados da Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

GRÁFICO 51 – Índice Geral da Gestão Pública Estratégica de Riscos Financeiros de Mercado

Como Mecanismo de Governança Atuarial dos Regimes Próprios de Previdência Social nos

Municípios de Pernambuco

Page 16: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

15

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Estrutura Simplificada da Seguridade Social no Brasil em 2014

FIGURA 2 – Orçamento da Previdência Social em Relação ao PIB (%) no Mundo em 2009

FIGURA 3 – Proteção Previdenciária da População Ocupada (16 a 59 anos) no Brasil em

2013

FIGURA 4 – Regimes de Previdência Social no Brasil entre 1988 e 2012

FIGURA 5 – Nova Configuração dos Regimes de Previdência Social no Brasil a partir de

2012

FIGURA 6 – Resultados Primários dos Estados Brasileiros entre 2011 e 2012

FIGURA 7 – Dívida Pública de Estados e Municípios no Brasil entre 1999 e 2011

FIGURA 8 – Relação entre os Grupos de Interesses na Perspectiva dos Regimes Próprios de

Previdência Social (RPPS)

FIGURA 9 – Relação entre Principal-Agente

FIGURA 10 – Níveis de Análise do Referencial Básico de Governança Atuarial

FIGURA 11 – Princípios da Governança Atuarial

FIGURA 12 – Relação entre Governança e Gestão

FIGURA 13 – Gestão Estratégica de Riscos de Financeiros de Mercado

Page 17: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

16

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Comparativo entre Contribuições e Benefícios do RGPS e RPPS

QUADRO 2 – Evolução da Taxa SELIC no Brasil de 2008 a 2014

QUADRO 3 – Escala de Likert

Page 18: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

17

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Expectativa de Vida ao Nascer dos BRICS -

Brasil, Rússia, Índia,China e África do Sul (1980 - 2012)

TABELA 2 – Estratos de RPPS por Mesorregião Pernambucana

TABELA 3 – Amostragem Estratificada de Fração Ótima dos RPPS por Mesorregião

TABELA 4 – RPPS com Segregação de Massa e que Apresente Superávit Atuarial a partir de

Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 5 – RPPS com Segregação de Massa e que Apresente Déficit Atuarial a partir de

Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 6 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, Independentemente do Resultado

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 7 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, Independentemente do Resultado

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 8 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido Aumento

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 9 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido Aumento

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 10 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido Redução

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 11 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de Seu Resultado Atuarial, com

Menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido Redução

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Page 19: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

18

TABELA 12 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que Alcançou sua Meta Atuarial,

Independentemente do Resultado do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada

de Fração Ótima

TABELA 13 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta

Atuarial e com maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, Independentemente

do Resultado do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 14 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta

Atuarial e com menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato,

Independentemente do Resultado do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada

de Fração Ótima

TABELA 15 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta

Atuarial e com maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha

Obtido Aumento do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração

Ótima

TABELA 16 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta

Atuarial e com Menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha

Obtido Aumento do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração

Ótima

TABELA 17 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta

Atuarial e com maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha

Obtido Redução do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 18 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta

Atuarial e com menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha

Obtido Redução do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

TABELA 19 – Amostragem não Probabilística Selecionada a Partir dos Quatorze Marcos de

Referência por Estrato dos RPPS por Mesorregião Pernambucana

TABELA 20 – Número de Questões por Dimensão no Questionário

TABELA 21 – Escala de Likert e Pontuações Correspondentes

TABELA 22 – Pontuação Máxima Possível por Dimensão

Page 20: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

19

TABELA 23 – Critério para Correspondência das Escalas de Cinco Pontos para Efeito de

Cálculo de Maturidade em Gestão de Riscos

TABELA 24 – Déficit Atuarial (em bilhões) por Mesorregião Pernambucana em 2013

TABELA 25 – População em idade não produtiva (até 19 anos e com 60 anos e mais) no

Brasil em 2010

TABELA 26 – Dados Gerais dos RPPS de Buíque, Jurema, Tupanatinga, Manari e

Carnaubeira da Penha em 2013

TABELA 27 – Receita Orçamentária de Buíque e suas Fontes de Recursos em 2013

TABELA 28 – Receita Orçamentária de Jurema e suas Fontes de Recursos em 2013

TABELA 29 – Ranking dos Dez Primeiros Colados no Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF)

em Pernambuco

TABELA 30 – Classificação de Porte dos RPPS Pernambucanos

TABELA 31 – Quantidade de Servidores na Gestão dos RPPS em Pernambuco

TABELA 32 – Cargos Ocupados pelos Gestores dos Recursos Financeiros em RPPS de

Pernambuco

TABELA 33 – Tempo Gasto pelos Gestores nas Decisões Alocativas dos Recursos

Financeiros em Pernambuco

TABELA 34 – Satisfação com o Tempo Direcionado à Administração dos Recursos

Financeiros

TABELA 35 – Alteração no Tempo Direcionado à Administração dos Recursos Financeiros

TABELA 36 – Principais Fatores Relacionados ao Aumento do Tempo Direcionado à

Administração dos Recursos Financeiros

TABELA 37 – Escolaridade dos Gestores dos Recursos Financeiros nos RPPS da Amostra

TABELA 38 – Classificação Legal dos Servidores Responsáveis pela Gestão dos Recursos

Financeiros nos RPPS da Amostra

TABELA 39 – Tempo do Gestor de Recursos Financeiros no Atual Cargo

TABELA 40 – Percepção dos Gestores dos RPPS da Amostra quanto à Situação e às

Perspectivas do Fundo Previdenciário

Page 21: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

20

TABELA 41 – Propensão dos Gestores aos Riscos nos RPPS da Amostra

TABELA 42 – Alteração na Propensão dos Gestores aos Riscos nos RPPS da Amostra

TABELA 43 – A Gestão de Riscos nas Aplicações Financeiras Deve Evitar Consequências

Negativas

TABELA 44 – A Gestão de Riscos nas Aplicações Financeiras Deve Alcançar Consequências

Positivas

TABELA 45 – A Gestão de Riscos nas Aplicações Financeiras Deve ser Fundamentada em

um Sistema de Controle Formal que Identifique, Gerencie e Reporte os Riscos

TABELA 46 – A Gestão de Riscos nas Aplicações Financeiras Deve ser Substanciada no

Julgamento Pessoal

TABELA 47 – Maturidade da Política de Investimentos dos Municípios Pernambucanos

TABELA 48 – Maturidade do Ambiente da Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

TABELA 49 – Maturidade dos Processos de Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

TABELA 50 – Maturidade do Arranjo Organizacional com as Consultorias Financeiras

Financeiros dos Municípios Pernambucanos

TABELA 51 – Maturidade dos Resultados da Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

TABELA 52 – Índice Geral da Gestão Pública Estratégica de Riscos Financeiros de Mercado

Como Mecanismo de Governança Atuarial dos Regimes Próprios de Previdência Social nos

Municípios de Pernambuco

Page 22: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

21

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANBIMA – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais

ANASPS – Associação Nacional dos Servidores da Previdência Social

ANEPREM – Associação Nacional das Entidades de Previdência dos Estados e Municípios

ANFIP – Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil

BBC – British Broadcasting Corporation

BCB – Banco Central do Brasil

BRICS – Brasil, Rússia, Índia,China e África do Sul

CAUC – Cadastro Único de Convênios

CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

CPA-10 – Certificação Profissional ANBIMA – Série 10

CPA-20 – Certificação Profissional ANBIMA – Série 20

CF – Constituição Federal

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CMN – Conselho Monetário Nacional

CNJ – Conselho Nacional de Justiça

COPOM – Comitê de Política Monetária

CRP – Certificado de Regularidade Previdenciária

DAIR – Demonstrativo de Aplicações e Investimento dos Recursos

DATAPREV – Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social

DRAA – Demonstrativo de Resultados de Avaliação Atuarial

EC – Emenda Constitucional

FIRJAN – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro

FMI – Fundo Monetário Internacional

Page 23: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

22

FPM – Fundo de Participação dos Municípios

FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização

dos Profissionais da Educação

FUNPRESP-EXE – Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público do Poder

Executivo Federal, suas autarquias e fundações, Tribunal de Contas da União e os servidores

do Poder Legislativo

FUNPRESP-JUD – Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público do Poder

Judiciário da União

GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IFGF – Índice FIRJAN de Gestão Fiscal

IMA – Índice de Mercado ANBIMA

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal

MEI – Micro Empreendedor Individual

MPS – Ministério da Previdência Social

PIB – Produto Interno Bruto

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

POSTALIS – Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos

RGPS – Regime Geral de Previdência Social

RJU – Regime Jurídico Único

RPPS – Regimes Próprios de Previdência Social

RCPS – Regime Complementar de Previdência Social

SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia

STF – Supremo Tribunal Federal

Page 24: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

23

TCU – Tribunal de Contas da União

Page 25: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

24

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................27

1.1 Contextualização...............................................................................................................27

1.2 Caracterização do problema............................................................................................31

1.3 Objetivos............................................................................................................................33

1.3.1 Objetivo geral...................................................................................................................33

1.3.2 Objetivos específicos.......................................................................................................34

1.4 Hipóteses............................................................................................................................34

1.5 Justificativa........................................................................................................................35

2 UMA VISÃO PANORÂMICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL SOB A

PERSPECTIVA DA CONSTITUIÇÃO DE 1988................................................................41

3 A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL SOB A PERSPECTIVA DOS

SERVIDORES PÚBLICOS...................................................................................................63

3.1 A dualidade de viés ideológico: o estado de bem estar social versus endividamento

público..................................................................................................................................... 63

3.2 Os regimes próprios de previdência social dos municípios na conjuntura do

federalismo brasileiro.............................................................................................................75

4 GESTÃO ESTRATÉGICA DE RISCOS COMO MECANISMO DE GOVERNANÇA

ATUARIAL DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL EM

PERNAMBUCO......................................................................................................................85

4.1 Governabilidade e governança na perspectiva dos regimes próprios de previdência

social.........................................................................................................................................85

4.2 Administração dos riscos nos regimes próprios de previdência social........................92

4.3 As aplicações dos recursos financeiros dos regimes próprios de previdência social no

mercado de capitais e as variações do cenário econômico..................................................98

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................113

5.1 Caracterização da pesquisa............................................................................................113

Page 26: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

25

5.2 População e amostra.......................................................................................................113

5.3 Procedimentos de coleta dos dados................................................................................124

5.4 Instrumento de pesquisa.................................................................................................124

5.5 Análise dos dados............................................................................................................127

5.6 Limitações da pesquisa...................................................................................................129

6 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................130

6.1 Uma visão panorâmica dos regimes de previdência social dos municípios

pernambucanos.....................................................................................................................130

6.2 Aspectos gerais da gestão dos RPPS nos municípios pernambucanos.......................144

6.3 Aspectos relacionados ao perfil do gestor de recursos financeiros nos municípios

pernambucanos.....................................................................................................................147

6.4 Aspectos da política de investimentos nos municípios pernambucanos.....................154

6.5 Ambiente da gestão de riscos financeiros nos municípios pernambucanos...............158

6.6 Processos da gestão de riscos financeiros nos municípios

pernambucanos.....................................................................................................................159

6.7 Arranjo organizacional com as consultorias financeiras nos municípios

pernambucanos.....................................................................................................................161

6.8 Resultados da gestão de riscos financeiros nos municípios pernambucanos.............162

6.9 Relevância da gestão pública estratégica de riscos financeiros de mercado como

mecanismo de governança atuarial dos regimes próprios de previdência social nos

municípios pernambucanos pesquisados em 2015.............................................................164

7 CONCLUSÕES..................................................................................................................166

REFERÊNCIAS....................................................................................................................171

ANEXO I – QUESTIONÁRIO DA ENTREVISTA SOBRE GESTÃO PÚBLICA

ESTRATÉGICA DE RISCOS FINANCEIROS DE MERCADO COMO MECANISMO

DE GOVERNANÇA ATUARIAL DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA

SOCIAL DOS MUNICÍPIOS PERNAMBUCANOS........................................................185

PARTE A - Aspectos gerais da gestão dos regimes próprios de previdência social.......185

Page 27: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

26

PARTE B - Perfil do gestor de recursos financeiros..........................................................186

PARTE C - Aspectos da política de investimentos.............................................................189

PARTE D - Ambiente da gestão de riscos financeiros.......................................................190

PARTE E - Processos da gestão de riscos financeiros.......................................................191

PARTE F - Arranjo organizacional com as consultorias financeiras..............................192

PARTE G - Resultados da gestão de riscos financeiros....................................................192

Page 28: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

27

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

O arcabouço do sistema previdenciário brasileiro estabelecido a partir da promulgação

da Constituição Federal (CF) de 1988 vem sendo o cerne de pautas político-econômicas e isso

se deve ao fato de que, segundo Gushiken et al. (2002, p. 11), "(...) houve uma radical

inversão na função principal das antigas estruturas previdenciárias que, de garantidoras de um

futuro tranquilo, transformaram-se em promotoras de incertezas". Nesse diapasão, o artigo 40

da CF/88 tem sido o ponto de constantes alterações, pois ele define os planos que compõem

os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) dos servidores públicos civis em cargos

efetivos dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como das

autarquias e das fundações públicas. Em âmbito da União, a lei nº 8.112/1990 foi responsável

por instituir o Regime Jurídico Único (RJU) dos trabalhadores públicos civis, sendo que seu

artigo 183 dispõe sobre o plano de seguridade social do servidor público federal.

As incessantes necessidades de reformulação da seguridade social dos servidores

públicos foram oriundas da instabilidade proveniente da ampliação do quadro de funcionários

da máquina estatal sem qualquer análise de adequação técnica/atuarial que, associada a fatores

demográficos, econômicos, sociais e gerenciais, acarretaram em desequilíbrio entre o

montante de contribuições e o pagamento de benefícios. Isso foi decisivo para o alarmante

crescimento da conjuntura atuarial deficitária desenhada na trajetória da gestão dos RPPS.

Portanto, esse painel foi a mola propulsora de reformas da CF/88, que emergiram mediante a

cultura prevalecente, até a década de 90, de que a previdência social no setor público deveria

estar alicerçada em privilégios vigentes edificados na histórica ausência de contribuição para

custeio da aposentadoria dos empregados da administração governamental (CAMPOS,

2012).

Por isso, a Emenda Constitucional (EC) nº. 3/1993 estipulou as fontes de custeio da

previdência social dos servidores federais, e a lei nº 8.688/93, que alterou o artigo 231 da lei

nº 8.112/1990, estabeleceu as alíquotas de contribuição. Entretanto, na visão de Campos

(2012, p. 78), "em que pese a significativa alteração promovida pela Emenda Constitucional

3/93, o foi de forma pontual e isolada, sem propriamente estabelecer uma "reforma" no

sistema previdenciário nacional".

Page 29: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

28

Todavia, apenas a partir da norma infraconstitucional da lei nº 9.717/98 – Lei Geral de

Previdência Pública – complementada pela EC nº. 20/1998, que houve reformulação da

formatação estrutural dos RPPS, pois foi estabelecido o caráter contributivo e de filiação

obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. O equilíbrio

financeiro aspira que, depois de realizada toda a arrecadação e efetuadas todas as despesas,

não haja saldo negativo no fundo previdenciário ao final de cada exercício. Já o equilíbrio

atuarial almeja o equilíbrio financeiro de modo a possibilitar a eficiência na gestão da

arrecadação e pagamentos, especialmente considerando que a relação do contribuinte com o

regime previdenciário ao qual pertence ultrapassa o seu tempo de vida, uma vez que, ao

falecer, via de regra deixará cônjuge e/ou filhos menores que se beneficiarão dos benefícios

previdenciários. Nesse contexto, toma força o movimento de instituição dos RPPS,

especialmente nos municípios. No entanto, essas normas, apesar de fundamentais à

perpetuidade dos RPPS, foram instituídas tardiamente, segundo apresenta Carreira (2013, p.

15):

Cerca de 2/3 dos RPPS (65%) foram instituídos entre 1989 e 1998 e quase

metade deles (47%) apenas nos quatro anos de 1990 a 1993, justamente no

período em que se deu a adoção do regime jurídico único e o início da

retenção do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) pelo INSS.

Após 1998, quando foram definidas pela Lei nº 9.717/1998 as regras gerais

para organização e funcionamento, foram criados apenas 21% do total de

Regimes Próprios de Previdência.

Em outras palavras: quase 80% dos RPPS surgiram antes que existisse uma

legislação de âmbito nacional que os disciplinasse.

Esses aspectos resultaram relevante impacto na gestão das finanças públicas tendo em

vista que, ao serem instituídos, esses regimes previdenciários já apresentavam de forma

indissociável a composição de um fundo financeiro deficitário por essência, delineando uma

perspectiva de colapso dos RPPS. Surgiu, então, a crescente necessidade de medidas voltadas

tanto para a equalização do montante dos gastos governamentais com a previdência do setor

público, quanto para aprimorar a eficiência da gestão dos RPPS.

Assim, até a entrada em vigor da lei nº 9.717 e da EC nº 20, os RPPS eram tratados

como meros apêndices da política de pessoal dos entes federados, tendo em vista a

complacência legislativa e a ausência de lógicas financeira e atuarial aplicadas à gestão da

política de previdência dos funcionários públicos do Brasil. Por isso, não havia garantias

sobre a viabilidade financeira dos RPPS já que as despesas com aposentados e pensionistas

passaram a comprometer cada vez mais a política fiscal. Isso acarretou déficits nos sistemas

Page 30: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

29

próprios previdenciários das três esferas de governo, de tal modo que, em 1998, enquanto no

Regime Geral de Previdência Social (RGPS) o déficit correspondia a 0,7% do Produto Interno

Bruto (PIB), no conjunto dos Regimes Próprios federal, estaduais e municipais, o déficit

equivalia a 3,7% do PIB (CALAZANS; CAETANO, 2013).

Conforme Musse (2011), a almejada instituição do equilíbrio financeiro e atuarial

como princípio constitucional tomou força principalmente pela necessidade de ajuste fiscal

estabelecido pela lei complementar nº. 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), mas

também foi confrontada pelo entrave do crescente déficit técnico atuarial dos RPPS. No

entanto, esse aspecto necessitava de solução, especialmente mediante o cenário eclodido pela

crise macroeconômica de 1999 que levou o Brasil a última renegociação de dívida com o

Fundo Monetário Internacional (FMI).

Destarte, a segregação de massas dos segurados dos RPPS emergiu como opção que

supostamente equacionaria o déficit previdenciário e viabilizaria que os preceitos legais da

EC nº. 20 fossem devidamente seguidos, pois a gestão dos RPPS passaria a ser estruturada por

dois fundos previdenciários separados no que concerne à gestão financeira e contábil: um

formado pelo grupo de servidores mais antigos que se beneficiaram dos privilégios oriundos

da previdência sem o caráter contributivo, ou seja, um fundo financeiro estruturado por

repartição simples mediante seu perfil integralmente deficitário tendo em vista a insuficiência

de receitas correspondentes que financiassem a origem dos benefícios; e outro fundo

previdenciário com perfil legitimamente superavitário já que estaria configurado pelos

servidores que ingressaram pelas normas com contribuições de caráter contributivo e de

filiação obrigatória, as quais passariam a compor reservas pela capitalização e consequente

acumulação de recursos para custear os benefícios no futuro.

Desse modo, as Emendas Constitucionais nº 41/2003, EC nº 47/2005 e EC nº 70/2012

complementaram o bojo de mediadas que visavam o desafio de melhorar a eficiência e o

controle direto do Estado nos RPPS que antes, respeitados os preceitos constitucionais,

gozavam de plena autonomia para estruturar seus RPPS. Assim, esses regimes passaram a ter

que observar parâmetros que os tornassem mais equilibrados, como o gerenciamento de risco

e de ativos e passivos, assim como a superação de metas atuariais (BAETA FILHO; SILVA;

ARAÚJO, 2012).

Por isso, ao tornar pública a Resolução nº 3.244/2004, o Conselho Monetário Nacional

(CMN) estabeleceu regras que visavam limitar a exposição ao risco dentro de padrões

mínimos de segurança e rentabilidade dos investimentos em segmentos diversos. Nesse

Page 31: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

30

cenário, a Portaria nº 403/2008 do Ministério da Previdência Social (MPS) estabeleceu a meta

atuarial para os RPPS, que é a rentabilidade mínima fixada na política de investimentos:

normalmente um índice de inflação mais a remuneração de mercado dos ativos financeiros

que deve ser obtida na aplicação dos investimentos, a qual é estabelecida com base na taxa de

desconto aplicada no cálculo do passivo atuarial (reservas matemáticas) com vistas a garantir

o pagamento dos benefícios a todos os participantes, até o final da vida de cada um.

Enfim, a gestão dos RPPS deve vislumbrar condições para acumulação de reservas

suficientes para atingir as metas atuariais, pois ao serem superadas contribuem para o

estabelecimento de superávits, mas quando não são alcançadas podem resultar déficits.

Consequentemente, a rentabilidade dos investimentos afeta a sustentabilidade dos RPPS, e em

caso de desequilíbrio, os cofres públicos devem arcar com os eventuais prejuízos.

Todavia, especialistas alegavam que os limites da Resolução nº 3.244/2004 eram por

demais conservadores e inviabilizavam o alcance das metas atuariais. Dessa forma, visando a

construção de carteiras de investimento que possam acompanhar as variações das metas

atuariais, além de possibilitar a montagem de estratégias alternativas em conformidade com os

tipos de investimentos de determinados fundos previdenciários, foram realizadas atualizações

das regras com as Resoluções CMN nº 3.506/2007, nº. 3.790/2009 e a atualmente em vigor

Resolução CMN nº 3.922/2010, recentemente atualizada pela Resolução nº 4.392/2014, que

estabelece:

art. 4º Os responsáveis pela gestão do regime próprio de previdência social,

antes do exercício a que se referir, deverão definir a política anual de

aplicação dos recursos de forma a contemplar, no mínimo:

I - o modelo de gestão a ser adotado e, se for o caso, os critérios para a

contratação de pessoas jurídicas autorizadas nos termos da legislação em

vigor para o exercício profissional de administração de carteiras;

II - a estratégia de alocação dos recursos entre os diversos segmentos de

aplicação e as respectivas carteiras de investimentos;

III - os parâmetros de rentabilidade perseguidos, que deverão buscar

compatibilidade com o perfil de suas obrigações, tendo em vista a

necessidade de busca e manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial e os

limites de diversificação e concentração previstos nesta Resolução; e

IV - os limites utilizados para investimentos em títulos e valores mobiliários

de emissão ou coobrigação de uma mesma pessoa jurídica.

§ 1º Justificadamente, a política anual de investimentos poderá ser revista no

curso de sua execução, com vistas à adequação ao mercado ou à nova

legislação.

Assim sendo, um dos principais aspectos a contribuir direta e decisivamente para a

composição de fundos previdenciários saudáveis é a acumulação e alocação de investimentos

Page 32: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

31

que viabilizem a rentabilidade dos fundos. Isso, por sua vez, constitui-se num instrumento

voltado para a formação da poupança previdenciária do trabalhador, administrando seus

recursos no mercado financeiro, e, lógico, logrando retorno positivo com as aplicações desses

recursos.

Em suma, a decisão alocativa é um dos mais relevantes aspectos na gestão da política

de investimentos dos RPPS, já que considerável parte do retorno e do risco de um portfólio

pode ser atrelada tanto à escolha das classes de ativos elegíveis quanto às proporções de

recursos financeiros a serem destinados a estas classes em consonância com as restrições

legais impostas pelos artigos 7º, 8º e 9º da Resolução CMN nº 3.922/10. Em vista disso, a

alocação fora dos limites legais inviabiliza que as entidades gestoras emitam o Certificado de

Regularidade Previdenciária (CRP), indispensável para que os entes federativos consigam a

renovação do Cadastro Único de Convênios (CAUC), o qual viabiliza o recebimento de

recursos para programas e convênios estabelecidos com ministérios das áreas da educação,

saúde e assistência social.

Dessa forma, a análise de alocação dos ativos financeiros compõe uma das bases para

determinar o impacto de oscilações financeiras e econômicas nas carteiras do plano de

benefícios dos RPPS, não apenas no curto, como também no longo prazo.

1.2 Caracterização do problema

Os RPPS estão inseridos no complexo ambiente do mercado financeiro em contínuo

processo de transformação, o qual demanda respostas em termos de reestruturação,

reorganização, flexibilização, adaptação e modificação. Todavia, na seara dos municípios, os

RPPS estão configurados por conjecturas ambientais, sociais, econômicas e principalmente

políticas que, em geral, resultam em deficiências administrativas atreladas a seus gestores que,

via de regra, são servidores de cargos comissionados não estruturados em níveis e graus

segundo natureza, complexidade e responsabilidade inerentes às decisões relativas à gestão de

alocação dos recursos em aplicações no mercado financeiro. Enfim, os RPPS são, em sua

maioria, estruturados por gestão de cunho político e sem respaldo técnico.

Isso acarreta em tomada de decisões que desrespeitam os limites legais da Resolução

CMN nº 3.922, e por isso estão com CRP’s emitidos sob sentença judicial, assim como

Page 33: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

32

padecem de motivação para fazer uso de procedimentos seletivos fundamentados na escolha

de opções com aderência à estratégia de alocação dos recursos financeiros.

Por essas razões, em 2013, as decisões alocativas dos RPPS foram fundamentadas em

preceitos em descompasso com o cenário econômico, então vigente, o que resultou relevantes

perdas financeiras que contribuíram para a deterioração dos fundos previdenciários

capitalizados que, na sua essência, deveriam ser superavitários mediante a concepção da

segregação das massas; mas que estão se afundando ano a ano no crescente problema de

déficit previdenciário, deixando em aberto a discussão de novas medidas a serem tomadas de

forma a permitir definitivamente o equacionamento desse preocupante cenário.

Outrossim, as disponibilidades financeiras provenientes de contribuições

previdenciárias dos servidores públicos têm sido alvo de práticas lesivas de tal forma que, em

2013, os RPPS apresentaram resultado financeiro negativo de R$ 41,07 bilhões, enquanto

que, em 2010, tinham atingido R$ 40,9 bilhões de déficit financeiro. Esse cenário é fruto de

aspectos históricos ligados à gestão irregular dos recursos, tal e qual à inadimplência dos

governos no repasse das contribuições às entidades gestoras, desviando seu uso para financiar

elevados custos administrativos e o desvio para outras finalidades (MINISTÉRIO DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL – MPS; INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –

INSS; EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL –

DATAPREV, 2013)

Esses fatores são ainda mais agravados por deficiências técnicas na gestão das reservas

acumuladas dos fundos previdenciários devido à ausência de profissionais capacitados para

manejar uma política de investimentos que proporcione a melhor combinação entre risco e

rentabilidade. Esse aspecto é ressaltado pela concepção de que a gestão dos recursos

previdenciários exige tanto qualificação técnica e medidas de controle quanto uma gestão

integrada à visão estratégica que viabilizem o alcance da meta atuarial, de modo que sejam

formadas reservas previdenciárias suficientes para observância dos princípios financeiro e

atuarial.

Ademais, a perspectiva de crescimento das disponibilidades para investimentos no

mercado financeiro associada à ausência de eficientes controles internos tem proporcionado

que os recursos dos RPPS sejam alvo de corrupção que, desde 2013, já resultaram em duas

operações da Polícia Federal: Operação Miquéias e Operação Fundo Perdido – que

desmontaram sistemas fraudulentos que utilizavam recursos previdenciários para aplicar em

Page 34: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

33

títulos pouco atrativos, geridos pelas quadrilhas, e com alta probabilidade de perdas que

ocasionaram severos prejuízos ao patrimônio dos RPPS.

Toda essa conjuntura é acentuada no âmbito dos municípios, especialmente naqueles

de pequeno porte, pois estes necessitam de constantes interpretações e avaliações das

necessidades e aspirações da sociedade por intermédio dos serviços públicos que, em geral,

padecem de recursos próprios e se sustentam na dependência do FPM. Esse cenário,

vinculado a ingerências políticas e às crises internacionais, acarreta em inúmeras mudanças de

ordem financeira, estrutural e comportamental, dificultando que os entes públicos municipais

desenvolvam a efetiva implementação de uma gestão pública estratégica que contribua de

forma decisiva para o alcance dos objetivos institucionais dos RPPS (GERIGK; CLEMENTE,

2012).

Nesse contexto, os investimentos dos RPPS devem ser avaliados com perspectivas de longo

prazo para atingir a meta atuarial, exigindo tanto o gerenciamento técnico e rigoroso de

rumos, quanto a devida capacidade de análise de mercado com visão estratégica de alocação

de recursos em conformidade com o mapeamento dos riscos, controles adequados e exame de

compatibilidade com o fluxo caixa. Diante de questão tão relevante, esta dissertação levanta a

seguinte pergunta de pesquisa: qual a maturidade da gestão estratégica de riscos como

mecanismo de governança atuarial dos regimes próprios de previdência social dos

municípios pernambucanos?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Verificar a maturidade da gestão estratégica de riscos como mecanismo de governança

atuarial dos regimes próprios de previdência social dos municípios pernambucanos.

Page 35: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

34

1.3.2 Objetivos específicos

A partir do objetivo geral apresentado, foram definidos os seguintes objetivos

específicos:

a) Caracterizar os contornos das políticas de investimentos formuladas pelos gestores dos

RPPS nos municípios pernambucanos.

b) Identificar o perfil da gestão em geral e dos gestores de recursos financeiros dos regimes

próprios de previdência social dos RPPS em Pernambuco.

c) Verificar as práticas e os sistemas de apoio à gestão de riscos nos investimentos

perpetuados pelos gestores dos RPPS de modo a analisar suas conformidades com os

preceitos de governança pública.

d) Detectar os direcionadores de monitoramento, identificação, comunicação, avaliação e

respostas aos riscos financeiros de mercado nos processos de decisões alocativas dos recursos

financeiros dos RPPS.

e) Descrever os aspectos do arranjo organizacional entre os RPPS e as consultorias financeiras

na gestão de riscos dos investimentos dos RPPS.

f) Investigar a integração entre as práticas de gestão pública de riscos de investimentos com os

resultados dos RPPS nos municípios do estado de Pernambuco.

1.4 Hipóteses

O cenário apresentado se torna ainda mais preocupante se voltarmos as atenções para

os RPPS pernambucanos, especialmente levando em consideração que eles vêm sofrendo no

quesito capital previdenciário acumulado que visa garantir a capacidade de honrar o

pagamento das aposentadorias e pensões dos seus servidores. Esse aspecto é reforçado pelos

dados do MPS (2014), que evidenciam que os 147 RPPS do Estado de Pernambuco

comparados a outros Estados com praticamente o mesmo número de entes municipais, mas

com menores quantidades de regimes próprios apresentam capital previdenciário acumulado

inferior. Isso revela que os RPPS pernambucanos tanto não têm conseguido atingir suas metas

atuarias quanto não têm poupado recursos financeiros suficientes para garantir as futuras

Page 36: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

35

aposentadorias de seus servidores. Por isso, um panorama de risco de calote vem sendo

delineado, colocando em xeque os preceitos estratégicos nos quais estão se fundamentando os

gestores dos RPPS de Pernambuco para alocar os investimentos das contribuições

previdenciárias dos cidadãos-contribuintes municipais.

Desse modo, o alcance de rentabilidade dos recursos financeiros em investimentos que

atinjam a meta atuarial dos RPPS do Estado de Pernambuco representa um desafio incessante

e cada vez mais complexo, especialmente mediante o contexto de pressão inflacionária.

Todavia, os percalços econômicos não deveriam se configurar em sobressaltos já que

oscilações pertinentes aos mercados interno e externo não são eventos fortuitos, mas que

ampliam a ponderação de determinadas decisões alocativas de recursos financeiros tendo em

vista as implicações nos investimentos dos investidores institucionais atualmente. Assim, a

possibilidade de negligência de monitoramento dos riscos correntes e naturais do mercado

financeiro pode transformar-se em adversidades que estão acarretando o agravamento do

déficit atuarial nos municípios de Pernambuco e, por isso, a necessidade de repensar as

perspectivas de análise e acompanhamento dos investimentos se traduz em mecanismos que

visam a devida adequação ao perfil de risco dos RPPS pernambucanos de modo a possibilitar

a superação da meta atuarial (HENRIQUE, 2013).

Esse painel dá ênfase a construção das seguintes hipóteses indutivas acerca da gestão

pública estratégica de riscos de mercado dos RPPS pernambucanos:

H0: As decisões alocativas para investimentos dos recursos financeiros dos RPPS

pernambucanos são integradas a procedimentos seletivos de gestão estratégica de riscos de

mercado que otimizem o alcance da meta atuarial e do acúmulo de capital previdenciário.

H1: As decisões alocativas para investimentos dos recursos financeiros dos RPPS

pernambucanos NÃO são integradas a procedimentos seletivos de gestão estratégica de riscos

de mercado que otimizem o alcance da meta atuarial e do acúmulo de capital previdenciário.

1.5 Justificativa

Segundo Guimarães (2014), os RPPS apresentam consideráveis perspectivas de

crescimento tanto patrimonial quanto de suas aplicações financeiras tendo em vista que

atualmente eles representam importantes investidores institucionais no mercado financeiro.

Page 37: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

36

Isso fica evidenciado pelo montante de investimentos de recursos financeiros dos RPPS que

atingiu, em outubro/2013, o patamar de R$ 174,2 bilhões (Gráfico 1), sendo R$ 1,62 bilhão só

do Estado de Pernambuco, e daquele total, os recursos dos municípios brasileiros

correspondiam a 31,29%.

GRÁFICO 1 – Evolução dos Investimentos dos RPPS no Brasil de 2004 a out/2013

Fonte: Guimarães (2014)

Esses dados remetem a um crescimento nominal de aproximadamente 778,57% já que,

em 2004, os investimentos municipais montavam o valor de apenas R$ 7 bilhões. Assim, esse

volume de recursos dos RPPS para alocar em investimentos demanda uma gestão eficiente de

modo a garantir capitalização suficiente tanto para reduzir paulatinamente a necessidade de

alocação de recursos dos orçamentos fiscais, e assim cobrir os rombos previdenciários, quanto

para garantir o pagamento futuro de benefícios desse regime previdenciário que, em 2012,

tinha um total de 9,44 milhões pessoas vinculadas, sendo que 22% estavam vinculadas ao

governo federal, 26% ao âmbito municipal e em torno de 51% à esfera dos Estados

(MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – MPS; INSTITUTO NACIONAL DO

SEGURO SOCIAL – INSS; EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL – DATAPREV, 2012)

Page 38: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

37

Não obstante, esse painel de expressivos crescimentos de ativos e aplicações

financeiras pode levar a inferências equivocadas, já que os vultosos dados enganosamente

remetem a raciocínio de que os RPPS estão se alicerçando em pilares sustentáveis. Todavia,

segundo Guimarães (2012, p. 13):

A perspectiva de sustentabilidade de qualquer sistema de previdência passa

necessariamente por estratégias previamente definidas e sustentadas em atos

legais consistentes, bem como por análise profunda e circunstanciada da

situação atuarial e financeira de forma a permitir a mensuração do montante

das obrigações do sistema, considerando o conjunto dos seus segurados, as

regras de reconhecimento ao direito dos benefícios oferecidos pelo plano, vis

à vis a capacidade do provedor em canalizar os recursos necessários para

fazer frente às obrigações decorrentes.

Assim, analisando os RPPS sob o horizonte da sustentabilidade, não é necessário se

aprofundar em demasiado para vislumbrar um cenário que aponta para perspectivas de

insolvência dos RPPS, tendo em vista o crescente déficit previdenciário que, associado aos

aspectos demográficos, vislumbram painel preocupante. Especialmente, mediante o aspecto

de que a população brasileira vem sofrendo alterações dos níveis de longevidade (Tabela 1),

que têm afetado diretamente e de forma significativa a estrutura etária da população. Isso, por

sua vez, evidencia o envelhecimento do Brasil a passos largos de tal modo que, conforme

dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2013), em 1940, o segmento

dos idosos, pessoas com 65 anos e mais de idade, era composto por aproximadamente

980.000 indivíduos (2,4% do total), passando para 14,9 milhões (7,4% do total) em 2013,

significando um aumento de 1.520%. As estimativas projetam que, em 2020, esta mencionada

população alcance 32 milhões, e subindo para o patamar de 58,4 milhões em 2060, que

representará 26,7% do total de brasileiros.

TABELA 1 – Expectativa de Vida ao Nascer dos BRICS - Brasil, Rússia, Índia,China e África

do Sul (1980 - 2012)

País 1980 1990 2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Rússia 67,5 68,0 65,0 66,1 66,7 67,2 67,7 68,2 68,5 68,8 69,1

Brasil 62,5 66,3 70,1 71,6 71,8 72,1 72,5 72,8 73,1 73,5 73,8

China 67,0 69,4 71,2 72,1 72,4 72,6 72,8 73,0 73,2 73,5 73,7

África 56,9 61,5 54,8 51,1 51,0 51,1 51,4 51,8 52,2 52,8 53,4

Índia 55,3 58,3 61,6 63,3 63,7 64,0 64,4 64,7 65,1 65,4 65,8

Fonte: Faria Júnior (2015)

Page 39: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

38

Essas variáveis demográficas ratificam, portanto, a indispensável necessidade de

estudos voltados para o mapeamento de políticas públicas previdenciárias, visando analisar os

impactos, distorções e desafios que esse panorama acarretará não só para setores produtivos e

famílias, mas principalmente as implicações que representarão em termos de pressão fiscal

para os cofres públicos em todas as esferas de poder. Isso resultará em grandes impactos

mediante a perspectiva de que a relação contribuintes/beneficiários sofrerá, pois, em 2013,

cada grupo de cem indivíduos em idade ativa sustentava 46 indivíduos, enquanto que, em

2060, a proporção de cada grupo de cem indivíduos em idade ativa deverá ser de 65,9; ou

seja, cada grupo de cem indivíduos em idade ativa sustentará 65,9 indivíduos (IBGE, 2013).

Assim, segundo Tafner; Botelho; Erbisti (2014, p. 568):

Entre 1980 e 2010, a população brasileira cresceu a uma taxa média anual de

1,6%. No mesmo período, a população idosa (60 anos e mais) cresceu a uma

taxa média de 3,3% a.a., ou seja, duas vezes mais rapidamente do que a

população total. Nos próximos vinte anos, a população brasileira crescerá a

uma taxa de 0,53% a.a., enquanto para os idosos o crescimento da população

ocorrerá a uma velocidade 6,5 vezes maior, ou seja, a uma taxa de 3,5% a.a.

Como resultado, a população idosa, que, em 1980, representava 6,1% da

população total, em 2030, representará quase um terço da população total.

Em uma frase simples: um de cada três brasileiros será idoso.

Isso representará um peso sem precedentes à previdência social no Brasil e, no âmbito

dos RPPS da esfera municipal, esse quadro será impacto ainda mais acentuado pela atual

prática lesiva de contratação de servidores sem concursos via contratos temporários ou por

livre exoneração os quais não contribuem para o regime próprio, mas sim para o regime geral

de previdência social. Isso resulta em falta de renovação do quadro de servidores efetivos e

tem também contribuído de forma danosa para uma drástica redução histórica de potenciais

contribuições para o sistema. Desse modo, essas variáveis demográficas e políticas vêm

delineando uma conjuntura de risco não somente para segurança econômica dos idosos, mas

também para o próprio desenvolvimento do Brasil e seus entes federados.

Ademais, esse enredo também é resultado tanto das profundas transformações

socioeconômicas, quanto é fruto da negligência dos cidadãos, empresas e do governo em

poupar e investir de modo a usufruir da conjuntura proveniente da "janela de oportunidades"

ou "bônus demográfico". Esse aspecto envolve as oportunidades emergidas a partir do

momento que o número de pessoas consideradas economicamente produtivas em idade de

trabalhar, entre 15 a 64 anos, é maior do que aquela parcela de menores e idosos que não

trabalha. No entanto, em 2022, essa janela de oportunidades atingirá seu pico e esse desleixo

Page 40: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

39

resultará em elevado preço, já que a proporção da população potencialmente produtiva

começará a encolher. Isso impactará diretamente nos RPPS, especialmente aqueles da seara

municipal, que cada vez mais percebem que seus orçamentos fiscais sofrem redução de

dotação de serviços essenciais em detrimento da elevação de dotação para suprir as despesas

da previdência própria dos servidores efetivos (ALVES; VASCONCELOS; CARVALHO,

2010).

Essas variáveis demográficas e previdenciárias apresentadas podem resultar em futuro

não muito distante, em nova insustentabilidade da dívida pública dos Estados e municípios

que, mesmo com os limites estabelecidos pela LRF, estão sendo delineados por suscetíveis

choques de despesas. Isso, por sua vez, poderá ocasionar situação do endividamento público

descomunal mediante as perceptivas de que, até 2085, haverá um descompasso entre

arrecadação e despesas previdenciárias dos municípios pernambucanos (Gráfico 2), o que

levaria a maciça renegociação da dívida, como ocorreu nas décadas de 1980 e 1990.

GRÁFICO 2 – Projeção de Desequilíbrio entre Receitas e Despesas Mensais dos RPPS dos

Municípios de Pernambuco (2013 a 2085)

Fonte: Dias (2013)

Essas projeções mostram que o desequilíbrio entre as contas previdenciárias nos

municípios de Pernambuco ainda não chegou ao seu ápice, o que deverá ocorrer por volta de

2033. Assim, o presente estudo foi motivado pela necessidade de investigar, no contexto dos

municípios do Estado de Pernambuco, a relevância das diretrizes da gestão estratégica de

riscos de mercado nas decisões alocativas dos recursos financeiros provenientes das

Page 41: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

40

contribuições previdenciários, tendo em vista a imperativa necessidade das unidades gestoras

de previdência social alcançarem a meta atuarial para, assim, permitir que seja amenizado o

panorama deficitário. Todavia, o estabelecimento dos princípios constitucionais do equilíbrio

financeiro e atuarial mostra-se uma realidade que ainda parece distante já que, em 2012, 74%

dos RPPS pernambucanos se encontravam em situação deficitária e apenas 17% eram

superavitários (DIAS, 2013).

Por isso, é crucial a compreensão de que a análise das finanças previdenciárias não

pode ser reduzida a concepções simples e puras sob a perspectiva do bem-estar social

imediato dos servidores públicos em detrimento da sustentabilidade dos RPPS. Na realidade,

deve-se buscar o alcance do conhecimento da totalidade concreta de que a continuidade dos

atuais parâmetros de decisões alocativas dos recursos financeiros, sem apropriadas

articulações amparadas em eficientes estruturas de gestão estratégica de riscos, aponta para

perspectiva de esfacelamento dos RPPS e danoso comprometimento das finanças públicas.

Para Carraro (2012, p. 99):

O acompanhamento das políticas públicas sociais torna-se imprescindível,

no sentido de verificar o real atendimento das necessidades humanas básicas

da população, promovendo a transparência e o uso adequado dos recursos

públicos. Desse modo, a avaliação de políticas e programas sociais

configura-se como um instrumento essencial de democratização das políticas

sociais públicas.

Desse modo, esse estudo se justifica pela sua contribuição no desenvolvimento de

propostas concretas de organização e funcionamento na modelagem de eficiente processo de

gestão estratégica de risco dos investimentos associados aos RPPS pernambucanos, de modo

que os stakeholders (partes interessadas) possam analisar os desempenhos alcançados a partir

das decisões alocativas dos gestores.

Page 42: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

41

2 UMA VISÃO PANORÂMICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL SOB A

PERSPECTIVA DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

O Estado tem papel essencial no revigoramento de políticas públicas que colaborem,

entre outros aspectos, tanto para a preservação da dignidade humana quanto para a diminuição

das diferenças na proteção social de modo a contribuir para o crescimento econômico e

desenvolvimento social, entre os diversos estratos da sociedade. Isto posto, para um país se

desenvolver, o avanço dos indicadores sociais é um pressuposto básico que contempla a

redistribuição da riqueza, a promoção de equidade e a garantia de políticas universais

baseadas em direitos integrais que afetem o conjunto das dimensões indispensáveis à

qualidade de vida digna (CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E

SOCIAL – CDES, 2009). Nessa perspectiva, Moreira (2011, p. 12) assinala:

Esse aspecto – a universalização dos direitos sociais – é considerado central

para uma via de crescimento menos desigualitária, pois possibilita a

reprodução dos indivíduos fora do mercado, ou seja, promove a

desmercantilização de bens e serviços públicos. Trata-se, aqui, de buscar

uma via de desenvolvimento econômico orientada para a redução da pobreza

e das desigualdades sociais.

Entre as políticas universais, cabe destacar a estruturação de mecanismos de reposição

da renda para proteção aos diversos segmentos mais sujeitos aos riscos sociais (idade

avançada, óbito, maternidade, doenças, limitações físicas e mentais) e que levam a geração de

incapacitantes para a atividade laboral. Nesse contexto, o estabelecimento do sistema de

seguridade social surge como proteção ao trabalhador e aos seus dependentes, bem como

assistência aos necessitados (LINS; MARIN, 2014). Segundo Rocha (2012, p. 28):

Por superar a concepção estrita de um seguro, que somente beneficia aos que

a ele adere mediante contribuições previamente pactuadas, a seguridade

social tem como pedra angular a universalidade. Trata-se de um esquema

protetivo amplo, moldado a partir da constatação, até certo ponto óbvia, de

que sem a superação da miséria e da desigualdade não há bem-estar nem

justiça social.

Contudo, Paiva et al. (2011) relatam que, embora o sistema de proteção social no

Brasil tenha surgido a partir das transformações políticas e econômicas dos anos 30 do século

XX, sua efetivação só ocorreu na década de 70. Entretanto, na prática, era bastante fragilizado

tendo em vista a forte ausência de universalização de acesso, a precariedade do atendimento,

Page 43: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

42

o cálculo de benefícios e o processo de reajuste de seus valores, tudo sendo configurado pelo

desrespeito ao exercício do direito à cidadania. Nessa perspectiva, o advento da Constituição

Federal de 1988 ampliou a base discursiva da proteção social brasileira para um conjunto

diversificado de políticas sociais, abrangendo, no caput do artigo 194, o sistema de seguridade

social como proteção à população sob riscos sociais, atribuindo o caráter contributivo à

previdência social, mas estendendo o direito à saúde e assistência social a todos os brasileiros

na proporção que, segundo o Ministro da Previdência Social (2014), após a Constituição de

1988 até o ano de 2013, houve incremento aproximadamente 233% na quantidade de

benefícios da previdência social (Gráfico 3).

GRÁFICO 3 – Evolução da Quantidade de Benefícios Mantidos pela Seguridade Social no

Brasil, segundo a Clientela - 2003 a 2013 (em milhões)

12,813,6 14,0 14,3 14,6 15,0 15,5 16,2 16,7 17,3

18,1

6,8

6,97,1

7,3 7,57,7

8,08,2

8,58,7

9,0

2,3 2,6 2,8 2,9 3,1 3,3 3,5 3,7 3,9 4,0 4,2

,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

22,00

24,00

26,00

28,00

30,00

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Urbano Rural Assistencial

25,2

20,5

21,221,6

27,0

22,122,8

23,524,4

19,5

26,0

Fonte: Ministro da Previdência Social – MPS (jan./2014)

Dessa forma, a Constituição Federal do Brasil de 1988 instituiu sistema da Seguridade

Social em tripé de subsistemas – saúde, previdência e assistência social (Figura 1) –

coordenados em conformidade com os parâmetros preconizados pela Declaração Universal

Page 44: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

43

dos Direitos Humanos de 1948 e pela Convenção nº. 102/1952 da Organização Internacional

do Trabalho (OIT). Isso representou, com 40 anos de atraso, avanços significativos dos

direitos sociais básicos e fundamentais aos cidadãos brasileiros (GUIMARÃES, 2012).

FIGURA 1 – Estrutura Simplificada da Seguridade Social no Brasil em 2014

Fonte: Ministro da Previdência Social – MPS (abr./2014)

Assim, a instituição desse sistema ampliou os direitos, emergindo como um

mecanismo de integração social que se expandiu em conformidade com a concepção de

cidadania do então vindouro século XXI que, para Rocha (2012, p. 28):

(...) desvincula do modelo tradicional de seguro social, ampliando sua

clientela para além dos trabalhadores, passando a atender toda a população.

Além disso, observa- se uma mudança na própria natureza das prestações,

que deixam de ser exclusivamente de natureza pecuniária, ampliando-se a

proteção social através de serviços prestados pelo Estado, em prol de toda a

população.

Esses aspectos são ratificados pelo relevante impacto da seguridade social surtido na

sociedade, ao passo que, até 2013, nas regiões metropolitanas, cerca de dois terços do

Page 45: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

44

incremento de renda foram resultantes das transferências previdenciárias, especialmente por

intermédio do acréscimo do número de beneficiários, de tal modo que, sem tais

transferências, o percentual de brasileiros com renda per capita de menos da metade do salário

mínimo, ou seja, abaixo a linha da pobreza, seria 39,6% (Gráfico 4). Com a adoção dessas

medidas, esse segmento da sociedade caiu para 26,3% (MINISTRO DA PREVIDÊNCIA

SOCIAL – MPS, 2014).

GRÁFICO 4 – Percentual de Pessoas com Menos de ½ Salário Mínimo de Renda Domiciliar per

Capita no Brasil, com e sem a Renda Previdenciária – Linha de Pobreza = 1/2 Salário Mínimo

de set/2012 (INPC) – 1992 a 2013

Fonte: Ministro da Previdência Social – MPS (out./2014)

Essa atenuação da linha de pobreza se torna ainda mais acentuada ao levar em

consideração o fator "idade dos beneficiários", pois, em todas as faixas etárias são observados

impactos redutores da pobreza com a inserção da previdência social (Gráfico 5) na proporção

que, a partir dos 55 anos, a repercussão dessa redução é ainda mais expansiva a tal ponto que,

sem a renda previdenciária, a população, com idade de 70 anos ou mais, corresponderia a

quase 70% dos pobres no Brasil, enquanto que, com as transferências previdenciárias, esse

Page 46: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

45

percentual cai bruscamente para menos de 10% (MINISTRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL –

MPS, 2014).

GRÁFICO 5 – Percentual de Pessoas com Menos de ½ Salário Mínimo de Renda Domiciliar per

Capita no Brasil por Idade, Considerando e não Considerando a Renda Previdenciária – 2013

Fonte: Ministro da Previdência Social – MPS (out./2014)

Esses resultados demonstram que a inserção da previdência social no bojo da

Constituição de 1988 se mostrou efetiva na redução da taxa de indigência, e assim se

caracteriza como mecanismo de ordenamento das relações sociais, mediante as crises

econômicas e a desordem social que culminaram no colapso do Estado de bem-estar no Brasil

e na ascensão do neoliberalismo no final do século XX. Essa afirmação se fundamenta na

acepção de que houve a transformação progressiva de uma realidade em que o Estado vinha

se apresentando ineficiente no combate à pobreza, à redução de riscos sociais e aos desafios

das mudanças demográficas que acarretaram avassaladoras desigualdades em nossa sociedade

ao passo que, entre 2004 e 2010, os benefícios do RGPS contribuíram com 33,10% do PIB

para o crescimento das transferências às famílias. Logo, a partir das alterações do marco

Page 47: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

46

constitucional, o estado do bem estar brasileiro colocou-se como força motriz para uma

ascendente melhoria das condições sociais no país, de tal maneira que, em 2013, a proteção

previdenciária já alcançava 72,5% da população ocupada (Gráfico 6), ou seja, com idade entre

16 e 59 anos (MINISTRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – MPS, 2014; FLEURY, 2009).

GRÁFICO 6 – Evolução da Proteção Previdenciária da População Ocupada no Brasil (16 a 59

anos) – 1992 a 2013

Fonte: Ministro da Previdência Social – MPS (out./2014)

Portanto, para Branco (2012), os mecanismos de proteção social não são aspectos

neutros já que atuam com efeitos na vida econômica da sociedade, reproduzindo, reforçando e

até mesmo constituindo diferenças sociais e, por isso, demandam a adoção de princípios

condutores à sustentabilidade da redução das desigualdades de modo a universalizar o bem-

estar social. Desse modo, embora os dados evidenciem uma evolução do padrão de proteção

previdenciária brasileira, todavia, se observarmos o orçamento da previdência social em

relação ao PIB no Brasil comparativamente a outros países (Figura 2), percebemos que nosso

país ainda se encontra em patamar abaixo.

Page 48: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

47

FIGURA 2 – Orçamento da Previdência Social em Relação ao PIB (%) no Mundo em 2009

Fonte: British Broadcasting Corporation – BBC Brasil (2010)

Não obstante, o padrão de proteção previdenciária brasileira, inserido a partir de 1988,

representou avanço do processo de amortização de robusta fração da dívida social no país,

tendo em vista que apresentou um deslocamento de um passado conservador para a condução

de perspectiva menos desigualitária, passando a percorrer uma disposição de governança da

sociedade como um todo orgânico, com extensão, equalização e elevação dos benefícios

(FLEURY, 2009). Assim, Weiss (2010, p. 260) afirma:

Quanto mais rico o país, ou mais significativa a presença do Estado na

economia, maior o benefício da previdência oficial. Em alguns países, a

previdência básica é suficiente para prescindir de uma previdência

complementar mais robusta, como, por exemplo, na Alemanha e na França.

Na Holanda, Suíça e Austrália, por outro lado, os ativos dos fundos de

pensão superam o valor do PIB.

No entanto, para a Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do

Brasil – ANFIP (2014, p. 13) "embora amplamente desenhado na Constituição Federal de

1988, a aplicação do modelo de Seguridade Social pensado para o Brasil nunca aconteceu de

forma completa". Isso se deve ao aspecto de que o conjunto das políticas brasileiras voltadas à

proteção social permaneceu heterogêneo em alguns aspectos, já que manteve características

originais de seu período embrionário ao ser excludente para aqueles à margem do mercado

formal de trabalho, uma vez que não houve promoção de alteração na hierarquia de classes,

Page 49: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

48

mas, sim, a reprodução da moldura legal que permaneceu rígida ao desenvolvimento social

democratizado (BENEVIDES, 2011). Sobre esse aspecto, Bresser-Pereira (2001, p. 1-2)

afirma:

Uma imensa camada de trabalhadores pobres senão miseráveis, entretanto,

continuou mal absorvida pelo sistema capitalista e excluída dos benefícios

do desenvolvimento econômico. Este, nos primeiros 80 anos do século,

ainda que passasse por crises cíclicas, avançou com enorme celeridade. Os

últimos 20 anos, marcados pela crise fiscal do Estado, foram, entretanto,

anos de quase-estagnação da renda por habitante.

Em decorrência disso, mesmo quando atuava para proteger direitos sociais, o Estado

agia obstaculizando a construção de uma consciência pública e, por isso, contribuía para o

modelo de desenvolvimento de reprodução de desigualdades sociais (SAMPAIO, 2010). Por

sua vez, Gimenez (2007, p. 5) complementa essa temática, analisando as políticas brasileiras

de proteção social, iniciadas a partir de 1988, na perspectiva do crescimento econômico:

Em linhas gerais, apesar dos esforços reformistas democráticos nos anos 80,

consagrados principalmente na Constituição de 1988, e de certa resistência

das forças progressistas nos últimos quinze anos, o enfrentamento da questão

social ficou condicionado ao padrão de baixo crescimento econômico e às

conseqüentes limitações materiais no que se refere à dinâmica do mercado

de trabalho, às possibilidades de financiamento do Estado, ao alcance das

políticas públicas.

Por isso, Camarano (2004, p. 591) conclui que “é difícil acreditar que as tradicionais

maneiras de financiar a Seguridade Social serão suficientes para lidar efetivamente com a

população idosa do futuro em contexto de informalização elevada da economia”. Isto posto,

Tapajós (2010, p. 22) complementa:

Nas sociedades de mercado, a conformação de sistemas de proteção e de

promoção social está relacionada a três ordens de fatores:

(1) como os países historicamente enfrentaram e enfrentam o processo da

acumulação/distribuição da riqueza material e da renda para a população ter

acesso a bens, em geral, monetariamente precificados;

(2) como grupos específicos foram ou são bem ou mal sucedidos para

transformar suas demandas por garantias sociais em objeto da atenção do

Estado traduzida em políticas públicas;

(3) quais foram ou são os parâmetros societariamente aceitos na construção e

no financiamento de políticas públicas orientadas para o enfrentamento da

pobreza e da fragilização das redes de proteção contra o infortúnio e/ou o

desamparo. Como constata a literatura, não há somente uma única trajetória

possível uma vez que os padrões de desenvolvimento, assim como os de

proteção, são moldados por respostas historicamente dadas aos desafios

econômicos, institucionais e políticos.

Page 50: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

49

Desse modo, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2014), a

busca por bases para financiamento da seguridade social deve estar relacionada a políticas

públicas que gerem fontes produtivas de trabalho e renda que contribuam para a expansão da

economia de tal forma que a incorporação ao sistema de proteção social seja efetivada aos

trabalhadores do setor informal que, apesar de contínua queda, em 2013, ainda representavam

o expressivo patamar de 33% da população brasileira (Gráfico 7).

GRÁFICO 7 – Evolução do Grau de Informalidade no Brasil entre 2010-2013 (em %)

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2014)

Em suma, da informalidade do mercado de trabalho norteada pela precarização da

dinâmica do crescimento econômico brasileiro deriva contexto determinante para a exclusão

da proteção social para parcela da população, e isso se torna ainda mais evidente no contexto

de globalização econômica já que, para Subirats (2010, p. 105):

A exclusão social exprime, assim, a nova configuração das desigualdades no

contexto atual de transição para novas configurações sociais em que o

conhecimento terá um papel mais destacado. A questão social transforma-se

e adquire uma nova natureza nas emergentes sociedades tecnológicas

avançadas e manifesta-se de maneira diferenciada também nos países

emergentes. A exclusão, em um contexto de crescente heterogeneidade, não

implica somente a reprodução mais ou menos aprofundada das

desigualdades verticais do modelo industrial: implica rupturas no tecido

social e a violação de certas coordenadas básicas de integração. Em

consequência, deparamo-nos com uma nova divisão social em termos de

Page 51: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

50

dentro/fora, geradora, portanto, de um sociograma de coletivos excluídos

com maiores doses de heterogeneidade.

Desse modo, o mundo globalizado fez emergir o aspecto de exclusão da proteção

social proveniente do crescente cenário de informalidade a partir da abertura econômica

brasileira no final do século XX e a consequente reestruturação do modelo produtivo do

mercado de trabalho mediante a crise cíclica do capital proporcionada pelas profundas

metamorfoses advindas dos avanços tecnológicos no contexto de concorrência brutal e

lucratividade da globalização econômica. Isso tanto demandou o estabelecimento de

estratégias para superar o revigoramento das relações e processos de acumulação do

capitalismo, quanto acarretou alteração do modelo de acumulação taylorista/fordista para o

modelo de acumulação flexível, aumentando a produtividade e crescimento do PIB brasileiro,

mas também passando a exigir um elevado grau de especialização de mão de obra em escala

global, a qual não se apresentava devidamente qualificada para exercer as modernas funções

laborais, o que resultou em desemprego estrutural e uma crescente informalidade da força

produtiva (SOUZA, 2012). A respeito da mão-de-obra sob a perspectiva das inovações

tecnológicas, Galvão (1999, p. 31-33) argumenta:

Os fenômenos da globalização e da emergência de novos paradigmas

tecnológicos levaram, e ainda estão levando, a grandes mudanças

institucionais em todas a esferas da sociedade, criando restrições a velhas

formas e organização, gerando novos desafios para o progresso e avanço

social.

(...) Aqui, duas tendências aparentemente contraditórias parecem dominar.

De um lado, há os que argumentam que as novas tecnologias estão mudando

a maneira de a fábrica produzir, exigindo a criação de um novo trabalhador,

mais qualificado e com maior nível de escolarização, para que seja capaz de

assimilar as novas informações e complexidades embutidas nessas novas

tecnologias.

De outro lado, há os que acreditam que as novas tecnologias, muito ao

contrário, estariam provocando uma progressiva degradação do trabalho,

porque as inovações tecnológicas e organizacionais contemporâneas são

cada vez menos dependentes da destreza e da habilidade do trabalhador,

ocasionando a diminuição da importância do operário qualificado na linha de

produção.

Nessa perspectiva, Silveira (2013, p. 145-147) complementa:

As transformações no modelo produtivo que ganharam o mundo,

principalmente a partir dos anos 70, produziram mais do que a substituição

ou o hibridismo com relação ao modelo anterior. A profundidade das

mudanças trazidas pelo modelo japonês – combinado com outros

movimentos de igual impacto, como a cultura pós-moderna, a globalização

econômica e o ideário neoliberal – provocou, para além da reestruturação

Page 52: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

51

produtiva, o aprofundamento do desemprego, do incremento da

terceirização, da precarização das relações de trabalho, do crescimento da

informalidade laboral e da fragilização das entidades sindicais.

(...) Diante do impacto social, político e econômico dessas transformações,

muitas têm sido as tentativas de compreendê-las, dimensioná-las e superá-

las. (...) Afinal, à medida que a sociedade se complexifica e as inovações

tecnológicas se expandem, como combiná-las sem transformar o mundo em

um espaço de extremos que refletem reclusos e excluídos e cujo tecido social

tem frágil espessura coesiva?

Em suma, para Subirats (2010, p. 103) "o mercado se globalizou, ao passo que o poder

político segue em boa parte atrelado ao território e a suas velhas políticas". Isso, por sua vez,

resulta a exposição de problemas estruturais do sistema de proteção social, conforme Tapajós

(2010, p. 22-23) relata:

Os sistemas de proteção e promoção social manifestam visões diferentes

sobre a pobreza e suas causas, assim como sobre o papel do Estado e da

sociedade na produção e distribuição de bens públicos e, ao mesmo tempo,

expressam o jogo de forças sociais e políticas. Parte dos retrocessos na

proteção social nos países capitalistas desenvolvidos, nas últimas duas

décadas, está associada às mudanças no mundo do trabalho em que

transformações tecnológicas e organizacionais resultaram na redução relativa

dos postos de trabalho. Àqueles segmentos pobres ou excluídos para os quais

se orientavam a proteção social não contributiva agrega-se um novo

contingente, o dos que perderam seu acesso aos empregos formais.

Paralelamente, ampliam-se as dificuldades de financiamento da expansão

das coberturas ante os temores do possível aprofundamento da crise fiscal.

Por isso, um dos principais desafios da previdência social brasileira da pós-

modernidade tem sido a busca pela inovação para construção de indicadores de

vulnerabilidades e riscos sociais que vislumbrem a implementação de estratégias para

cobertura das relações laborais sem vínculo formal. Com isso, a previdência social

intensificaria sua função constitucional mediante atuação na ineficácia do amparo estatal em

contexto de vulnerabilidades e os riscos ampliados pelo mercado de trabalho globalizado

tendo em vista que, apesar de suas benesses, o avanço da tecnologia e a globalização

extremaram as desigualdades sociais já que, na contramão do crescimento econômico,

ocasionou no Brasil uma baixa elasticidade de geração de empregos conforme demonstra

Ramos (2003, p. 11-13):

O novo ciclo de crescimento (tanto no Brasil como na maioria dos países)

estaria gerando poucos empregos e, especialmente, empregos precários. Nos

países subdesenvolvidos, esse fenômeno já seria antigo, mas nas nações com

maior desenvolvimento relativo a predominância de ocupações “atípicas”

(empregos a tempo parcial, autônomos, empregos temporários etc.) seria um

Page 53: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

52

fenômeno novo. No caso do Brasil, entre 1993 e 1996, a elevação do PIB

teve um desdobramento quase residual em termos de geração de empregos

formais (...). Em 1994, por exemplo, ano no qual o PIB experimentou a

maior taxa de aumento (5,85%), o emprego formal nas cinco principais áreas

metropolitanas elevou-se 0,66% e 5,80% no caso de segmento informal.

O Brasil, que acompanhava uma tendência mundial, estaria experimentando

dois fenômenos: baixa elasticidade emprego-produto e precarização. Esse

desempenho seria complementado por outro: uma acentuada perda de

empregos industriais. As novas tecnologias e – por se tratar de um setor cuja

oferta está integrada por bens comercializáveis – a acentuada concorrência

nos mercados mundiais imporiam tais ganhos de produtividade que o

resultado seria uma acentuada perda de empregos na indústria de

transformação. Entre 1993 e 1996, por exemplo, esse setor, com exceção da

indústria de produtos alimentícios, perdeu 102 mil empregos com carteira (–

2,65%).

Costanzi et al. (2013) afirmam que esse quadro só seria alterado após uma fase de

ajustamentos econômicos e políticas governamentais como o Plano Simplificado e o Micro

Empreendedor Individual (MEI), que emergiu como medida voltada à ampliação da

universalização da seguridade social para proteger os trabalhadores autônomos. Essas

providências alcançaram eficácia na década seguinte, pois viabilizaram uma maior/melhor

sensibilidade entre o crescimento do emprego formal, medido pela Guia de Recolhimento do

FGTS e de Informações à Previdência Social (GFIP), e a taxa de incremento real do PIB

(Gráfico 8), representando, até 2013, uma inserção de aproximadamente 3.613.740 cidadãos a

proteção social, com incremento correspondente a cerca de 8.178% entre 2009 e 2013 da

quantidade de MEI (Gráfico 9).

GRÁFICO 8 – Taxa de Crescimento do Emprego Formal e do PIB (em %) - Brasil: 2004 a 2012

Fonte: Costanzi; Ansiliero (2013)

Page 54: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

53

GRÁFICO 9 – Micro Empreendedores Individuais Inscritos no Brasil – dez./2009 a nov./2013

Fonte: Costanzi et al. (2013)

Todavia, segundo Costanzi; Ansiliero (2013, p. 7), o aumento da elasticidade do

emprego em relação ao PIB resultou correlação negativa no que se refere à produtividade:

Tal fato indica uma dinâmica muito positiva do ponto de vista da

sensibilidade da elasticidade do emprego em relação ao produto ou ao PIB.

Por outro lado, tal fato é um indicativo de piora na produtividade média do

trabalho. Nos anos de 2004 a 2012, enquanto o PIB cresceu a uma média

anual de 3,8% a.a., o emprego teve incrementos da ordem de 6,1% a.a.,

resultando em uma relação da ordem de 1,6. Normalmente, a elasticidade

emprego em relação ao produto tende a ser inferior a 1, mas no caso

brasileiro a mesma dá indícios de se manter em níveis elevados há vários

anos.

Ademais, apesar da nítida amplitude previdenciária nos anos seguintes, as altas taxas

de informalidade anteriores já haviam acarretado consequências drásticas, conforme Corrêa

(2010, p. 312) analisa:

Por ser o trabalho gerador de mais-valia, e essa é o que produz e mantém o

acúmulo de riquezas, com a utilização de novas tecnologias na cadeia de

produção; a substituição da mais-valia vai se dando de forma gradativa. A

própria necessidade de produzir mais mercadorias através da tecnologia

causou um desenvolvimento inaudito da força produtiva da ciência e, com

isso, o próprio capitalismo gerou no seu interior o comunismo já presente.

(...) o capitalismo gerou no seu interior a substituição da força humana no

trabalho, que se traduz no desemprego tecnológico. Igualmente, sendo o

trabalho abstrato o gerador da mais-valia e, acabando com ele, o capitalismo

Page 55: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

54

cria estruturalmente sua crise, pois com o desemprego reduz a mais-valia e

entra em colapso. Essa é forma do “capitalismo autofágico”, ou seja, devora-

se a si próprio. Assim como a lucratividade diminui, e com isso aumenta a

intensificação da exploração da força de trabalho ainda empregada, a

redução do número de emprego formal implica consequentemente na

redução da arrecadação dos impostos salariais sobre as folhas de pagamento.

Com isso, diminui também a capacidade financeira do Estado, inclusive para

manter a previdência e seguridade social para futuras gerações, assim como

diminui a capacidade de investir e acudir setores econômicos que necessitam

de ajuda do Estado.

Logo, para Sasaki; Vasques-Menezes (2012), o nível de informalidade do mercado de

trabalho no Brasil aponta para a existência de problemas estruturais, econômicos e sociais

mediante a constatação de que, em geral, a ausência de trabalho formal está relacionada à

pobreza, a baixos rendimentos e à baixa escolaridade (Gráfico 10), pois, segundo Barbosa

(2014, p. 298), "os indivíduos com onze anos ou mais de escolaridade, o grau de

informalidade em 2012 era de 25%, enquanto para aqueles com três anos de estudo ou menos,

o grau de informalidade era quase 67% nesse mesmo ano".

GRÁFICO 10 – Evolução da Taxa de Informalidade por Anos de Escolaridade no Brasil (1992-

2012) (em %)

Fonte: Barbosa (2014)

Page 56: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

55

No mais, a informalidade acarretou que, em 2013, aproximadamente 24,22 milhões

perdessem direitos e benefícios do sistema de proteção social garantidos pela Constituição

brasileira (Figura 3), ou seja, 27,5% da população ocupada entre 16 e 59 anos de idade

(MINISTRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – MPS, 2014). Para Souza (2012, p. 8), "a lógica

em que a previdência social brasileira está estruturada, ou seja, ao mercado formal de

trabalho, é alvo de uma série de críticas, uma vez que essa política vivencia e se torna refém

da instabilidade do mundo do trabalho".

FIGURA 3 – Proteção Previdenciária da População Ocupada (16 a 59 anos) no Brasil em 2013

Fonte: Ministro da Previdência Social – MPS (out./2014)

Portanto, na perspectiva previdenciária, Teixeira (2006) assinala que, pelo fato de toda

amplitude constitucional de promoção de benefícios sociais (universalização dos benefícios, a

irredutibilidade do valor das prestações, a descentralização e a participação do trabalhador na

gestão do sistema, e a diversificação da base de financiamento) não ter sido integrada, por

pouco mais de uma década, às políticas públicas de emprego para redução da informalidade,

nem ter acompanhado as mudanças ocorridas na sociedade com a diminuição do crescimento

populacional concomitantemente ao aumento da expectativa de vida, esse conjunto de fatores

Page 57: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

56

resultou consequente declínio da relação contribuintes/beneficiários. Isso implicou crescentes

despesas previdenciárias tendo em vista que o sistema foi fundamentado numa assimetria que,

por um lado ampliou os benefícios, mas na contramão não proporcionou aumento suficiente

nas contribuições, acabando por comprometer, de forma decisiva, a estabilidade fiscal e

deteriorando o sistema previdenciário que apresentou superávit até 1996 (Gráfico 11) e daí em

diante passou a ter preocupante situação deficitária, e por isso se iniciou uma crescente

necessidade de financiamento em relação ao PIB.

GRÁFICO 11 – Percentual da Necessidade de Financiamento em Relação ao PIB no Brasil –

1995 a 2013

Fonte: Ministro da Previdência Social – MPS (jan./2014)

Assim, Rocha (2012, p. 29) afirma que “em razão de sua própria amplitude, no

entanto, esse modelo se torna mais vulnerável a questões como a mudança na estrutura social,

a crises econômicas, políticas e fiscais e, principalmente, a seu próprio peso dentro do

Estado”. Gushiken et al. (2002, p. 11-12) complementam:

De um modo geral, os sistemas previdenciários apontados como portadores

de elementos que estimulam crises estruturais são os organizados em base

estatal, sob o argumento de que o regime de financiamento por eles adotado

– regime de repartição simples – tem sido extremamente vulnerabilizado

Page 58: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

57

pelos impactos demográficos e pelo fenômeno do desemprego e da

informalidade nas relações de trabalho verificados nestes últimos decênios.

(...) A solidez institucional das estruturas previdenciárias públicas, que no

passado assumiu papel de destaque para grandes pactos sociais, está

visivelmente perdendo sua vitalidade e, hoje, muitas daquelas estruturas são

encaradas como mecanismos que, a serem mantidos intactos,

inevitavelmente sacudirão as contas públicas dos países, perturbando as

perspectivas futuras das pessoas, tendo-se a forte percepção de que a crise

previdenciária, longe de ser passageira e passível de ser resolvida com meros

corretivos superficiais, tem raízes profundas, alimentadas ao longo de todo

um processo histórico.

Dessa forma, a estratégia de universalização da política pública de previdência social

no Brasil resultou em dualidade de viés ideológico: debates na área social versus gasto

público, tendo em vista que o arcabouço previdenciário gerou benesses sociais, mas

contribuiu categoricamente para o exacerbado endividamento financeiro do setor público já

que, em 2014, as despesas com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) correspondiam

a 7,14% do PIB e as projeções são que, em 2050, alcançarão o patamar de 12,63% (Gráfico

12).

GRÁFICO 12 – Despesa da Previdência (INSS) – 2014-2050 – % do PIB no Brasil

Fonte: Almeida (2015)

No entanto, essas projeções levam em consideração o cenário de crescimento de pelo

menos 4% do PIB, porém, mediante a atual tendência de queda, esse cenário deverá ser

Page 59: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

58

bastante agravado. Por isso, Tafner; Botelho; Erbisti (2014, p. 567) realizam projeções para

diferentes cenários (Gráfico 13) e mostram que "a manutenção da relação despesa

previdenciária/PIB exigirá crescimento constante (ou algo muito próximo disso) pelos

próximos trinta anos (...)".

GRÁFICO 13 – Projeções Demográficas da Trajetória do Gasto da Previdência Social com

Benefícios do RGPS por Quatro Índices de Crescimento do PIB no Brasil (2010-2050)

Fonte: Tafner; Botelho; Erbisti (2014)

Todavia, se por um lado, as projeções de crescentes despesas apontam para um

preocupante cenário de insustentabilidade do sistema previdenciário, por outro lado, as

prospecções mostram um horizonte de declínio da reposição da renda e do bem estar social

dos cidadãos brasileiros, pois, em 1974, os aposentados que recebiam pelo teto da previdência

auferiam proventos correspondentes ao índice de 20 salários mínimos, mas, desde então,

verifica-se que há uma forte tendência de dificuldades para manter o padrão de vida ao se

aposentar, a tal ponto que, em 2013, esse índice já havia declinado para 6,10 e está projetado

para que atinja ao patamar de 3 salários mínimos em 2038 (Gráfico 14).

Page 60: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

59

GRÁFICO 14 – Evolução e Projeções para o Teto do INSS entre 1960 e 2038 No Brasil

Fonte:

Esse panorama, associado ao aumento da esperança de vida ao nascer no Brasil

(Gráfico 15), subverteu o conceito de que o idoso seria incapacitante à atividade laboral já

que, por isso, muitos aposentados passam a necessitar de voltar a ativa para vislumbrar um

nível de digno de sobrevivência.

GRÁFICO 15 – Esperança de Vida ao Nascer no Brasil entre 2001-2012

Fonte: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão et al. (2013)

Page 61: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

60

Assim, Anunciação (2012, p. 27) afirma que "a formação e a transformação dos

sistemas de proteção social e neles das políticas sociais públicas, dimensionam uma

complexidade de fatores e determinações que o revestem (...)". Nessa perspectiva, os fatores e

determinações que envolveram o sistema de previdência social brasileiro inseriram o país em

ambiente econômico entranhado por males de desestabilização como a pífia performance

econômica, o aumento do custo-Brasil e das altas taxas de desemprego e informalidade, os

quais ocasionam incertezas sobre a sustentabilidade do desenvolvimento social (IPEA, 2007).

No entanto, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES (2009, p. 18-19)

ressalta:

O sustentáculo da economia nacional hoje e o processo de enfrentamento da

crise não residem somente na solidez dos fundamentos econômicos, mas,

também, na força do Estado brasileiro para adotar medidas pautadas pelo

projeto de desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda, e se

revela no papel central da sua rede de proteção social como principal

variável para conter os impactos negativos da crise sobre as camadas mais

pobres da população e, simultaneamente, evitar maior queda do nível da

atividade econômica.

As rendas destinadas aos beneficiários de aposentadorias, pensões e outras

transferências, somadas aos salários pagos aos funcionários públicos,

representam cerca de 1/3 da renda total das famílias brasileiras26. Essa renda

permanece protegida dos efeitos da onda de desemprego, amortecendo os

efeitos da crise sobre o consumo e, consequentemente, sobre a trajetória do

Produto Interno Bruto (PIB). É inegável que a ampliação dos investimentos,

em geral, e das em políticas sociais, em particular, são fontes de geração de

emprego e renda para as pessoas e para as empresas impulsionando a

economia dos países que os realizam.

Contudo, Foucault (2008, p. 277) analisa seu posicionamento sobre a relação entre

proteção social do Estado e fundamentos econômicos:

(...) a economia deve ter suas regras próprias e o social deve ter seus

objetivos próprios, mas que é necessário deslocá-los de tal modo que o

processo econômico não seja perturbado ou comprometido pelos

mecanismos sociais e que o mecanismo social tenha uma limitação, de certo

modo uma pureza tal que nunca intervenha no processo econômico

propriamente dito de forma a perturbá-lo.

Nessa linha de raciocínio, Anunciação (2012, p. 28) complementa:

(...) a proteção social, sendo um sistema, traduz um pacto assegurado e

regulado de responsabilidade pública para com a população em determinado

período histórico, a ser concretizado através de políticas sociais públicas,

que se organizam no sentido de satisfazer certas necessidades sociais

reconhecidas. Portanto, a proteção social, entendida como sistema, é

modelada através de condições históricas, políticas, culturais e econômicas.

Page 62: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

61

Por isso, as bases estruturais de sistemas previdenciários devem buscar a interação

com condições econômicas sólidas já que, para Bosch; Melguizo; Pagés (2013, p. 15-17):

(...) do ponto de vista do desempenho macroeconômico, os sistemas

previdenciários podem configurar-se como aliados ou como um entrave ao

crescimento da produtividade.

(...) do ponto de vista do desenvolvimento econômico do país, destinar

grandes recursos orçamentários para o gasto previdenciário pode não ser o

mais eficiente. É mais do que provável que os investimentos produtivos em

saúde, educação e infraestrutura, áreas em que a região está atrasada, tenham

maior alcance na hora de promover o crescimento econômico a longo prazo

e beneficiar as gerações futuras.

Enfim, sistemas sustentáveis de proteção social devem estar assentados em

compreensão enraizada em políticas multidimensionais e subjacentes que visem a

transferência da poupança presente à poupança futura através da integração estratégia do

crescimento econômico e do desenvolvimento social como elementos catalisadores para a

proteção social e o crescimento inclusivo (BOSCH; MELGUIZO; PAGÉS, 2013). Nessa

acepção, Tapajós (2010, p. 19) explica:

(...) as políticas sociais são capazes de fornecer meios de proteção aos mais

pobres ao mesmo tempo em que estimulam o crescimento econômico.

Portanto, em vez de colocar crescimento econômico e proteção social em

campos antagônicos, essa abordagem pretende associar os dois elementos ao

argumentar que as políticas sociais estimulam a demanda interna, com

efeitos multiplicadores. Como efeito adicional, um conjunto abrangente de

políticas sociais seria capaz de produzir resultados positivos sobre a coesão

social, diminuindo o nível de conflitos entre diferentes camadas da

sociedade, o que elevaria a probabilidade do direcionamento de recursos

para a ampliação do bem-estar social.

Tal proposição, no entanto, pressupõe a existência da capacidade de

intervenção estatal adequada para o desenho e a implementação de políticas

sociais eficazes, o que põe em debate os requisitos para a atuação eficaz do

Estado. A busca do maior impacto das políticas sociais traz ainda questões

importantes a respeito da definição do conjunto de serviços e benefícios que

deve ser oferecido, bem como do público que deve ser atendido, para

maximização dos resultados positivos sobre a vida dos cidadãos. Finalmente,

a coordenação de políticas e ações entre diversos setores estatais e sociedade

civil levanta importantes questões a respeito de regimes de bem-estar social,

que superam o conceito de Estado de Bem-Estar Social.

Desse modo, para Foucault (2008, p. 389) "deve-se governar com a economia, deve-se

governar ao lado dos economistas, deve-se governar ouvindo os economistas, mas não se

pode permitir, está fora de cogitação, não é possível que a economia seja a própria

racionalidade governamental". Assim, Mercadante (2003, p. 46) enfatiza:

Page 63: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

62

Não bastam políticas compensatórias, que atenuem a situação dos mais

pobres sem alterar sua condição econômica e social e afetar os determinantes

da pobreza e da desigualdade. Ao mesmo tempo em que terá que criar

condições para crescer, para manter a estabilidade e para recuperar o

orçamento público, o país vai ter que mexer nas estruturas arcaicas

poderosas que foram se mantendo ao longo do tempo e que são as razões

fundamentais da reprodução da desigualdade.

Todavia, na época em que a ideologia sociopolítica do processo constituinte de

democratização dos direitos fundamentais tomou força, os movimentos sociais e as

organizações coletivas da sociedade brasileira floresciam e demandavam categoricamente a

satisfação imediata de suas carências que haviam sido reprimidas durante a longa supressão

das garantias e liberdades democráticas. Por isso, em 1988, não havia muito espaço para

discussões sobre bases sustentáveis do sistema de seguridade social, mas sim para canalização

de políticas públicas de acesso universal (PAIVA et al., 2011; SALLUM JR., 2003).

Assim, a concretização das conquistas constitucionais de 1988 representou um marco

para os direitos sociais no Brasil, no qual a saúde e a previdência social avançaram em

velocidade mais acelerada e sendo alçadas a patamar de maior relevância ao adquirirem status

de política pública indispensável aos direitos humanos, sociais e universais, assegurados

constitucionalmente, ainda que não plenamente. Consequentemente, houve o resgate da

exorbitante dívida social, mas, em contrapartida, isso acarretou aumento de responsabilidade e

compromisso na gestão pública já que a ampliação da cobertura social resultou tanto na

formulação de orçamento próprio – Orçamento da Seguridade Social – com fontes de

financiamento vinculadas, quanto no aumento do gasto público social. Contudo, também foi

estabelecida a concepção de conceder benefícios desde que embasados em direitos, e não

mais na benevolência, no favor, tradicionalmente disseminados pela postura do Estado

brasileiro em relação ao exercício da cidadania (SOUSA, 2009).

Page 64: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

63

3 A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL SOB A PERSPECTIVA DOS

SERVIDORES PÚBLICOS

3.1 A dualidade de viés ideológico: o estado de bem estar social versus endividamento

público

No âmbito dos direitos sociais básicos e fundamentais, a Carta Magna de 1988

permitiu a instituição de políticas públicas objetivas direcionadas à efetivação do bem-estar

social e do primado do trabalho na conjuntura específica dos servidores públicos. Isto

aconteceu porque, ao eliminar a maleabilidade tanto dos casos de ineficiência e abusos

localizados em termos de remuneração, quanto da coexistência de regimes jurídicos

diferenciados para servidores que executavam atividades similares, o Estado saiu do enfoque

individual e subjetivo para alcançar homogeneidade e igualdade, viabilizando a atenuação das

disparidades entre a administração central e a descentralizada de modo a aplicar a justiça

social (COSTA, 2008). No entanto, para Bresser-Pereira (2001, p. 19), "a administração

pública voltava a ser hierárquica e rígida, a distinção entre administração direta e indireta

praticamente desaparecia". Amaro e Meneguin (2008, p. 94) evidenciam:

Até os anos 80, além dos servidores estatutários, a administração pública

federal, estadual e municipal era composta por grande contingente de

servidores cuja relação de trabalho era regida pela CLT. Os servidores

estatutários, por sua vez, não contribuíam para a aposentadoria, mas apenas

para a cobertura de pensões e, ainda assim, com alíquotas insuficientes.

Por isso, sob uma exacerbada inclinação paternalista, a aplicação do RJU foi

equiparada, sem a devida análise da viabilidade econômico-financeira, a todos os servidores

públicos. Isto permitiu que milhares de empregados da administração pública do Regime

Celetista, regido pelas normas contratuais celebradas pela Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT), migrassem para o Regime Estatutário, no qual as regras dos direitos e deveres são

específicas para funcionários públicos civis. Além disso, assegurou o direito de reajustes

iguais para ativos e inativos, bem como garantiu aposentadorias com salário integral para

todos aqueles que foram compulsoriamente incorporados sem que nunca tivessem contribuído

para o novo regime (OLIVEIRA, 2011; FERRARO, 2006).

Page 65: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

64

A Constituição de 1988 também permitiu, de forma facultativa, a instituição de

política pública para constituição de regimes de previdência específicos para os servidores

públicos titulares de cargos efetivos dos três níveis de entes federativos: federal, estadual e

municipal, incluídas suas autarquias e fundações, bem como a previdência militar sob a tutela

do Estado (Figura 4).

FIGURA 4 – Regimes de Previdência Social no Brasil entre 1988 e 2012

Fonte: Tudosobreseguros (2015)

Contudo, apesar de já existirem antes da promulgação da Carta de 1988, após esta, os

RPPS experimentaram pujantes mudanças, já que deixaram de ser alicerçados em múltiplos

“direitos” garantidos e em virtual ausência dos “deveres” que historicamente estruturaram as

origens econômicas e políticas dos RPPS, conforme evidencia Nogueira (2012, p. 4-5):

No plano econômico, a estratégia de desenvolvimento primário-exportadora

exigia o fortalecimento do Estado em áreas fundamentais de atuação, ligadas

à justiça, defesa, diplomacia e fazenda, razão pela qual as primeiras

Page 66: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

65

categorias do funcionalismo beneficiadas por sistemas de previdência

pertenciam a esses setores. No plano político, suas raízes históricas decorrem

da formação patrimonialista do Estado, na qual o aparato administrativo

opera ligado ao poder do monarca, sem distinção clara entre o patrimônio

público e o privado. Desse modo, o cargo público é considerado uma doação

concedida ao servidor, que dedica a sua vida profissional ao Estado e recebe

em troca a sua proteção durante a inatividade, sem que o direito à

aposentadoria esteja condicionado à contribuição. A ausência de vínculo

contributivo conduz a uma lógica de atuação que favorece as categorias mais

organizadas do serviço público, que alcançam benefícios mais generosos,

cujo ônus será suportado pelo conjunto da sociedade e pelas gerações futuras

de servidores, que não terão acesso ao mesmo conjunto de benefícios. Surge

um sistema altamente fragmentado entre as diferentes categorias e poderes,

pouco transparente e com controles frágeis, no qual as fraudes, os

desequilíbrios e as distorções permanecem ocultos pela tradição

orçamentária adotada para as contas públicas, que computa os gastos com a

seguridade como simples item das despesas com pessoal.

Enfim, a despeito das evoluções dos planos político, administrativo e social no setor

público brasileiro que, nos primórdios do século XX, estava fundamentado nos preceitos da

oligarquia, do autoritarismo e do patrimonialismo, alicerçados numa economia agrícola-

mercantil que tinha uma sociedade de classes recém advinda do escravismo, ao final do

século, havia tornado-se um Estado democrático, entre burocrático e gerencial, estruturado

sobre uma economia capitalista com sociedade que não era mais essencialmente de classes

mas sim de estratos. Não obstante, ao desenlace da década de 80, a seguridade social dos

trabalhadores públicos apresentava plenas contradições no diversificado conjunto de seus

integrantes, pois ainda estava ligada às bases elitistas retrógradas próprias de um país com

transições rápidas, mas que saltou etapas, já que se modernizou, sob vários aspectos, no

entanto, apresentava proteção social atrasada para o servidor público tendo em vista sua

dualidade, injustiça e pífia profissionalização (BRESSER-PEREIRA, 2001).

A partir desse panorama, tendo em vista o vetor da dignidade da pessoa humana, a

Constituição Cidadã de 1988, complementada pela Lei 8.112/90, redefiniu a natureza dos

direitos sociais dos servidores públicos, independentemente da natureza de seu vínculo de

trabalho com o Estado, instaurando o Estado Social e Democrático de Direito, através do

modelo participativo de função pública e da consagração dos direitos de sindicalização,

negociação coletiva e greve, o que denota o reconhecimento de que os servidores públicos não

são concebidos apenas como agentes da vontade do Estado, mas também usufruem do status

de trabalhadores, sujeitos de interesses pontualmente antagônicos aos do Estado

(CARVALHO, 2012). Essas mudanças são analisadas por Gernigon et al. (2002, p. 9):

Page 67: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

66

O “direito de sindicalização e negociação coletiva” é configurado pela

Convenção nº 98 (1949) da OIT. Este tratado internacional foi ratificado até

hoje por 152 Estados membros da OIT, e pelo Brasil em 1952, e faz parte da

Declaração de Princípios Fundamentais e Direitos no Trabalho e Seu

Seguimento (1998) da qual o Brasil é signatário. A partir da Constituição de

1988 o direito de sindicalização foi ampliado para a administração pública.

Esse direito é plenamente coerente e integrado com o direito de negociação

coletiva, não havendo portanto justificativa alguma aceitável para não se

aplicar o exercício desse direito, salvo sob normas explícitas e excepcionais

à administração pública.

No entanto, embora essa ideologia tenha representado significativo avanço ao bem

estar social dos servidores públicos mediante as distorções históricas, ela foi estabelecida na

contramão dos ideais neoliberais que emergiam àquela época em âmbito global já que,

conforme Breus (2006, p. 181) explica:

(...) esse otimismo brasileiro, tardio, já se encontrava na contramão dos

processos de reestruturação social e econômica dos países centrais, que sob a

bandeira neoliberal, buscavam conter gastos e minimizar a cobertura no

atendimento das necessidades sociais, retirando competências do Estado e as

passando novamente ao mercado.

(...) A virada para o século XXI, portanto, ficou marcada no Brasil pelo

conflito entre a expectativa da implementação das políticas públicas que

concretizassem esses direitos conquistados, assegurados pela Constituição, e

as restrições políticas e econômicas postas à sua imediata implementação.

Assim, a coexistência de ideologias conflitantes evidenciou a necessidade de

compatibilização da linha tênue entre o reconhecimento do direito fundamental de greve dos

servidores públicos e a continuidade da prestação dos serviços públicos inerente ao princípio

do interesse público (LOUREIRO, 2009). Fagnani (2008, p. 23) complementa:

(...) o legado dos movimentos sociais foi a construção de um razoável

sistema de proteção social conquistado na contramão do pensamento

neoliberal hegemônico em escala mundial e do movimento em direção ao

Estado mínimo a que foram submetidos os países subdesenvolvidos,

incluindo os da América Latina. Em grande medida, isso decorreu do fato de

que a agenda da redemocratização do País, impulsionada pelo movimento

social, não abriu brechas para os experimentos neoliberais – pelo menos até

o final dos anos 80.

Entretanto, contraditoriamente, os avanços sociais para os servidores públicos

instituídos na Constituição de 1988 foram componentes cruciais que contribuíram, por um

lado, para que o país embarcasse em políticas populistas irresponsáveis que representaram

regressão, já que eles foram consolidadas em contradições provenientes de discurso que

Page 68: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

67

perdera começo, meio e fim, tendo em vista que, ao invés de realizar a abertura comercial da

economia para torná-la mais competitiva, houve a escolha pela estratégia irrealista de

ampliação da proteção social como continuidade do velho modelo nacional-

desenvolvimentista, que havia mergulhado o país em descomunal dívida externa e levaria a

nação à hiperinflação no início de 1990 (BRESSER-PEREIRA, 2001). No entanto, por outro

lado, no período de 2004 a 2010, os recursos oriundos dos RPPS representaram relevante

avanço para o bem estar social dos cidadãos em cargo público efetivo, a ponto que, entre

todos os benefícios sociais, eles perfizeram 11,90% do crescimento das transferências às

famílias em proporção ao PIB no Brasil (Gráfico 16).

GRÁFICO 16 – Participação dos Benefícios Sociais para Crescimento das Transferências às

Famílias em Proporção ao PIB no Brasil no Período de 2004 a 2010

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2011)

Assim, enquanto na perspectiva dos valores sociais, a carta constitucional de 1988

permitiu observar um olhar panorâmico que, segundo Moreira (2011, p. 85), ampliou a

“concepção de justiça com a instituição de um Estado Democrático de Direito cujos valores

supremos são: liberdade, segurança, bem-estar, desenvolvimento, igualdade e justiça para

construção de uma sociedade fraterna e pluralista”. Na contramão, Costa (2008) explica que,

analisando com base em premissas gerenciais, a Constituição foi esculpida por retrocesso,

dado que a preocupação em assegurar o acesso aos recursos financeiros por parte de

Page 69: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

68

diferentes grupos e categorias de trabalhadores públicos, sem a devida contrapartida em

garantir a viabilidade financeira para atingir os objetivos previstos, comprometeu a

sustentabilidade dos RPPS de tal forma que, segundo a Associação Nacional dos Servidores

da Previdência Social – ANASPS (2014), "o déficit projetado para o Regime Próprio de

Previdência Social (RPPS) dos servidores da União para 2015 é de R$ 61,5 bilhões (1,07% do

PIB)", ou seja, em 10 anos, houve um incremento do déficit em aproximadamente 102,30%

(Gráfico 17).

GRÁFICO 17 – Evolução de Receita, Despesa e Déficit do RPPS da União (% PIB) no Brasil de

2005 a 2015

Fonte: Associação Nacional dos Servidores da Previdência Social – ANASPS (2014)

Essas circunstâncias demonstram que os integrantes dos RPPS foram oriundos de

modelo previdenciário configurado por vantagens ou privilégios vinculados ao cidadão

legalmente investido em cargo público em todas as esferas de poder – em que o direito à

aposentadoria não se fundamentava no caráter contributivo. Todavia, a partir da nova redação

constitucional, a previdência social específica para os servidores efetivos passa a se

Page 70: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

69

caracterizar como direito constitucional que passa a requerer grandes aportes de recursos para

o seu financiamento (GIAMBIAGI; ALÉM, 1999; NOGUEIRA, 2012).

Em suma, para Folmann (2012, p. 14) "a nova formatação do Estado brasileiro

permitiu o fortalecimento das questões previdenciárias ao tempo em que promoveu o servidor

público à condição de segurado da previdência e não mais mero "agraciado" com prêmios".

Ademais, entre 1989 e 1998, os RPPS dos Estados e Municípios iniciaram um processo de

disseminação estruturado em autonomia e competência legislativa plena mediante a omissão

de lei federal que estabelecesse penalidades por improbidade na gestão dos recursos

previdenciários. Esse prisma só sofreria mutação a partir da promulgação da Lei n. 9.717/98 a

qual estabeleceu os limites de competência sobre regras gerais para a organização e

funcionamento dos RPPS (CASTRO; LAZZARI, 2014).

Outrossim, a simplicidade da gestão do regime de caixa, no qual as contribuições dos

servidores ativos pagavam os benefícios concedidos, não viabilizou a estruturação técnica de

sistemas de informações gerenciais e planejamento estratégico para o desenvolvimento de

práticas de modelos de gestão de ativos e passivos com controles internos que reprimissem as

fraudes e assegurassem a sustentabilidade dos RPPS (SOUZA, 2014). Esses aspectos são

rematados por Nogueira (2012, p. 6-7):

(...) a subordinação direta dos dirigentes dos fundos de previdência aos

Prefeitos e a inexistência de mecanismos de controle possibilitaram que as

contribuições, mesmo baixas, não fossem repassadas com regularidade e que

os recursos acumulados fossem emprestados para as Prefeituras. Finalmente,

em alguns casos o Prefeito decidia, passados alguns anos, extinguir o fundo

de previdência, com o que ficava liberado para utilizar a totalidade das

reservas em finalidade diversa, deixando o passivo previdenciário formado

nesse período como um problema a ser futuramente solucionado por seus

sucessores.

Por outro lado, a década de 90 tinha iniciado a fase em que os liberais no Brasil se

constituíram num campo político hegemônico de tal forma que começaram a colocar em

xeque a ideologia dos RPPS, assim como de todo o sistema previdenciário brasileiro, pois a

estruturação e integralização dos RPPS na concepção de que o Estado deveria promover

benefícios sociais de modo a assegurar direitos universais para garantir o desenvolvimento

nacional, combater desigualdades regionais e sociais, havia implicado crescentes despesas que

iniciaram a construção de perspectiva de colapso, demandando a necessidade de empreender

reformas com vistas a assegurar a sustentabilidade dos RPPS (VAZ et al., 2008). Na verdade,

Souza (2014, p. 39-41) afirma:

Page 71: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

70

(...) os fatores motivadores da crise do modelo de financiamento da

previdência social não ocorreram da noite para o dia, mas pelo menos ao

longo de meio século, sem que a gestão previdenciária tenha estruturado

uma solução eficaz para a reversão ou adequação ao cenário.

Dessarte, ao mesmo tempo em que o Poder Público, pela via da omissão,

estimulava o desenvolvimento da crise previdenciária, o senso comum

impedia que as palavras dos poucos que criticavam o modelo previdenciário

e apontavam os problemas gestados tivessem ressonância social. O pouco

amadurecimento social sobre a importância da previdência – ainda hoje

grande parcela desconhece o que vem a ser previdência – era terreno fértil

para a má gestão e o aprofundamento da crise.

No mesmo sentido, Campos (2012, p. 51) complementa:

(...) a histórica despreocupação contributiva e atuarial em relação ao regime

próprio de previdência dos servidores públicos é o fio condutor e o pano de

fundo das necessidades das reformas constitucionais. A conta previdenciária

das gerações passadas chegou, e o desafio é saldá-la sem prejuízo ao erário,

à sociedade e ao servidor.

Assim, de acordo com Gernigon (2002, p. 9), as Emendas Constitucionais nº 19 e 20,

ambas de 1998, iniciaram uma nova etapa, estabelecendo reformas, respectivamente, aos

aspectos administrativos e previdenciários dos direitos sociais dos servidores públicos:

(...) a administração pública brasileira passou de um regime único estatuário

para dois regimes: o estatuário e o celetista. Se o primeiro estabelece

restrições ao direito de negociação coletiva, o segundo não o faz, abrindo

portanto espaços amplos para negociação, exceto no que se refere a

remuneração, por imposição do artigo 61, parágrafo 1, inciso II da

Constituição.

Essas reformas foram apenas o ponto de partida de uma série de outras que se

sucederam, conforme mostram Castro e Lazzari (2014, p. 983):

A Constituição brasileira foi, no âmbito das relações entre os entes da

Administração Pública e seus servidores, bastante alterada por via de

Emendas Constitucionais. A primeira no ano de 1993, de número 3; duas

delas, promulgadas no ano de 1998, as de número 19 e 20; e, no ano de

2003, a de número 41, e ainda, a Emenda n. 47, de 2005, traçaram

significativas mudanças, seja no tocante à própria natureza jurídica das

relações de trabalho entre servidores públicos e entes públicos, seja no

aspecto dos direitos dos servidores, particularmente no campo dos direitos

previdenciários, tendo como principal deles a aposentadoria, caracterizando-

se o conjunto de mudanças pela redução da proteção até então assegurada

aos servidores públicos, ante os novos critérios de concessão e cálculo do

valor dos proventos.

Page 72: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

71

Nesse panorama, o ano de 2012 foi marcado por uma relevante mudança com as

promulgações da lei n. 12.618, que instituiu o Regime Complementar de Previdência Social

(RCPS) para os servidores públicos federais; do Decreto n. 7.808, que criou a Fundação de

Previdência Complementar do Servidor Público do Poder Executivo Federal, suas autarquias

e fundações, Tribunal de Contas da União e os servidores do Poder Legislativo – FUNPRESP-

EXE e da Resolução STF n. 496, que criou a Fundação de Previdência Complementar do

Servidor Público do Poder Judiciário da União – FUNPRESP-JUD. Com isso, o sistema

previdenciário tomou nova configuração (Figura 5).

FIGURA 5 – Nova Configuração dos Regimes de Previdência Social no Brasil a partir de 2012

Fonte: Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal – FUNPRESP (2015)

No entanto, o sistema previdenciário brasileiro ainda está longe da universalidade dos

direitos sociais. Esse aspecto é fundamentado no didático exemplo (Quadro 1) em que se

Page 73: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

72

verifica que os desembolsos financeiros que os trabalhadores e patrões, na iniciativa privada,

devem arcar para proporcionar aposentarias para os segurado dos INSS são desproporcionais

aos do setor público no RPPS, na proporção que, em 2014, um homem vinculado ao RGPS,

pagava, juntamente com seu empregador, contribuições mensais em torno de R$ 4.457,49

durante 35 anos para, quando se aposentar, ele tivesse direito a benefícios mensais de R$

3.605,85 por cerca de 21 anos. Na contrapartida, um homem vinculado ao RPPS e a

FUNPRESP pagava, juntamente com seu empregador (o governo), contribuições mensais em

torno de R$ 3.748,62 durante 35 anos para, quando se aposentar, ter direito a benefícios

mensais de R$ 18.257,49 pelos aproximados 21 anos (LARANGEIRA FILHO, 2014).

QUADRO 1 – Comparativo entre Contribuições e Benefícios do RGPS e RPPS

Fonte: Larangeira Filho (2014)

Assim, verifica-se que há uma exorbitante diferença pois, enquanto o trabalhador

vinculado ao RGPS teria benefícios correspondentes a apenas 81% das contribuições mensais,

Page 74: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

73

já o servidor federal vinculado ao RPPS e a FUNPRESP teria benefícios correspondentes a

487% do valor mensal das contribuições. Por isso, observa-se que, apesar das sucessivas

reformas, os RPPS no Brasil ainda são marcados por benesses que acarretam despesas

desproporcionais a suas fontes de recursos. Por isso, Larangeira Filho (2014, p. 1) critica

(...) após a reforma da previdência dos servidores públicos, o Brasil continua

praticando um crime contra os direitos humanos ao privilegiar acintosamente

os trabalhadores e aposentados do serviço público em detrimento dos do

setor privado; as iniquidades são imensas (...)

O Brasil aparentemente corre para um capitalismo de estado e, para isso, ele,

em detrimento de 90% da população, privilegia os que trabalham para ele

(funcionários públicos e seus prestadores de serviço), quebrando assim um

dos pilares de uma república democrática que é a igualdade de tratamento

entre os iguais; e como o Estado fez isso nas aposentadorias? Fácil:

desvinculou as contribuições dos trabalhadores e dos respectivos

empregadores dos benefícios pagos aos aposentados, ou seja: não há relação

entre esforço e recompensa.

Assim foi possível oficializar um benefício altamente subsidiado e cheio de

privilégios para os protegidos do Estado, os servidores públicos, e um

benefício altamente extorsivo e minguado para a enorme maioria dos

aposentados brasileiros – os do INSS urbano, e pior: os benefícios do INSS

mínguam à medida que o Estado resolve fazer populismo (caridade com

dinheiro do INSS urbano), fato cada vez mais frequente nas últimas décadas.

Essa situação é insustentável se considerarmos as incongruências da

economia brasileira: 7ª economia do mundo (graças principalmente à

iniciativa privada), e 12ª maior carga tributária e IDH na 85ª posição

(consequências da administração incompetente, corporativa e irresponsável

do Estado).

Ademais, embora a instituição da FUNPRESP tenha o intuito de reduzir as despesas

com o RPPS federal, as vantagens dessa redução para os cofres públicos só se efetivará no

prazo de cerca de 25 anos a partir de 2012. Assim, no curto e médio prazos, na verdade,

haverá um elevado custo de transição em relação ao PIB (Gráfico 18), conforme explicam

Rangel; Saboia (2013, p. 18):

O custo de transição decorrente da reforma previdenciária advém da perda

de arrecadação nas primeiras décadas após sua introdução. A União deixará

de arrecadar a contribuição previdenciária dos novos servidores, uma vez

que a contribuição será também limitada (11% da remuneração, até o teto do

RGPS). Além disso, terá como despesa sua contraparte contributiva na conta

individual de cada servidor que participe da FUNPRESP e, ainda, arcará

com o pagamento de aposentadorias e pensões concedidas sob o arranjo

anterior ao da reforma.

Page 75: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

74

GRÁFICO 18 – Custo de Transição da Previdência Complementar dos Servidores Públicos da

União (em % do PIB)

Fonte: Rangel; Saboia (2013)

Todo esse panorama resulta inquietudes relativas aos aspectos do crescente

desequilíbrio atuarial dos governos nas três esferas do poder ainda vêm ganhando proporção

de destaque nos últimos anos. Por isso, o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU,

2013, p. 35) relata:

(...) o equilíbrio atuarial é um indicador muito relevante, pois constitui uma

projeção do comportamento de receitas e despesas trazidas a valor presente,

ou seja, é um dado fundamental para avaliação futura do quadro

previdenciário brasileiro. Nesse ponto, os resultados das três esferas

federativas se distanciam, os estados e o DF acumularam, até dezembro

2013, um passivo de 48,82% do PIB, que chega quase ao dobro do apurado

para a União (26,25% do PIB). Os municípios, por sua vez, tiveram um

passivo atuarial no patamar de 9,19% do PIB.

As causas dos déficits atuariais se dão por fatores financeiros, gerenciais, jurídicos e

políticos, conforme Souza (2014, p. 37-40) enfatiza:

(...) o essencial é que existe uma tendência constante à redução das receitas

e aumentos das despesas, indicando problemas estruturais de ordem

financeira que precisam ser enfrentados.

(...) Sem dúvida, inúmeras técnicas próprias da gestão previdenciária foram

solenemente ignoradas ao longo e várias décadas.

(...) Destarte, foi a ausência de um modelo de gestão previdenciária

fundamentada em sistemas de informações gerenciais e planejamento

estratégico capaz de monitorar a viabilidade do sistema que impulsionou o

desenvolvimento dos graves problemas estruturais enfrentados atualmente.

Page 76: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

75

(...) A realidade social e econômica brasileira induziu ao desenvolvimento da

produção científica e normativa apenas para a caracterização dos benefícios

previdenciários, o que se comprova pelo exame da doutrina jurídica

previdenciária.

Destarte, o foco jurídico nos benefícios previdenciários não permitiu uma

compreensão substancial dos aspectos tributários e administrativos, além do

próprio caráter constitucional do direito previdenciário, motivando a

existência de normas e decisões judiciais contraditórias.

Faltou, portanto, à normatização previdenciária, o necessário caráter

sistêmico, fundamental à ordem jurídica.

(...) Ademais, o retorno dos recursos previdenciários financiadores dos

investimentos estatais às contas ou fundos previdenciários não teve

parâmetros objetivos, transformando-se a utilização de recursos

previdenciários em meros mecanismos de caixas paralelos, em que o Estado

se apropriava de recursos para seus interesses, em evidente prejuízo para os

aspectos previdenciários.

Na perspectiva jurídica, outro aspecto está atrelado ao antecedente histórico de

ausência de normativo legal que regulamentasse tanto a contribuição previdenciária dos

servidores quanto a parte patronal, em todas as esferas do poder, de modo a viabilizar a

composição de reservas que possibilitassem a constituição de fundos para pagamento das

atuais obrigações. Esse fator é um dos ponto mais danosos e decisivos para a configuração do

crescente déficit atuarial que traz consigo sequelas fatais aos fundos previdenciários já que

aumentos de salário mínimo e a implantação de pisos salariais, como os do magistério, têm

sido impiedosos à saúde atuarial da previdência municipal.

3.2 Os regimes próprios de previdência social dos municípios na conjuntura do

federalismo brasileiro

No âmbito da implantação de pisos salariais, a promulgação da lei nº 11.738/2008, a

qual regulamentou a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o piso salarial profissional nacional

para os profissionais do magistério público da educação básica, norteou ato irresponsável do

Congresso e do Governo Federal já que vem destruindo a capacidade financeira e atuarial dos

fundos previdenciários municipais.

Vale salientar que o que se discute não é o mérito dessa regulamentação, pois a mesma

é temática que visa garantir salários dignos aos professores de educação básica indispensável

à formação de milhares de cidadãos brasileiros. No entanto, o que se argumenta é que, por um

Page 77: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

76

lado, essa regulamentação aumentou as despesas para os entes municipais, e por outro lado, o

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos

Profissionais da Educação (FUNDEB) apresenta-se como fonte de recursos para custear os

salários apenas dos servidores ativos do magistério. Todavia, as aposentadorias e pensões

de milhares de profissionais do magistério têm seus salários corrigidos, em conformidade com

o piso nacional, as quais não têm fonte de recursos, já que o FUNDEB não pode cobrir as

despesas dos inativos e pensionistas que, em sua maioria, não tiveram contribuições

compatíveis durante seus períodos laborais. Assim, a lei nº 11.738/2008 caracteriza-se por

inconstitucionalidade, pois cria despesas previdenciárias sem a devida fonte de recursos e por

isso desequilibra financeira e atuarialmente os fundos previdenciários municipais.

Assim, para se ter a amplitude do quanto essas despesas previdenciárias impactaram

os cofres municipais, basta observar a evolução do piso salarial nacional do magistério que

teve em seis anos um reajuste de 101,87% (Gráfico 19).

GRÁFICO 19 – Evolução do Piso Salarial Nacional do Magistério no Brasil entre 2009 e 2015

(em R$)

Fonte: Portal6 (2015)

Esse expressivo reajuste percentual está acima do que se observa na inflação

acumulada de 42,58% de 2009 a fevereiro de 2015 (Gráfico 20), no aumento de 69,46% do

salário mínimo (Gráfico 21) e no acréscimo das receitas municipais no mesmo período.

Page 78: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

77

Entretanto, não expressa a realidade dos baixos salários que os profissionais do magistério

ainda recebem no Brasil.

GRÁFICO 20 – Evolução Anual IPCA de julho/1995 a fevereiro/2015 no Brasil

Fonte: Exame.com (2015)

GRÁFICO 21 – Evolução do Salário Mínimo no Brasil entre 1995 e 2015

Fonte: Portal Brasil (2015)

Page 79: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

78

Todavia, os repasses do FUNDEB têm sofrido reajustes para suportar o crescimento

salarial dos servidores ativos do magistério. No entanto, os inativos e pensionistas estão tendo

reajustes incompatíveis com seus períodos contributivos, degradando os fundos

previdenciários que, por essência, já são deficitários. Enfim, mais uma vez, o Congresso e o

Governo Federal instituíram lei que, do ponto de vista gerencial, caracteriza-se por mais um

equívoco contra a saúde financeira previdenciária nos municípios que, em geral, têm suas

receitas provenientes em 90% de recursos do FPM e que, por isso, não conseguem sequer

suportar os aumentos do salário mínino. De acordo com Bremaeker (2015, p. 10) :

Já há algum tempo os Municípios vêm sentindo dificuldades na gestão dos

serviços sob sua responsabilidade em decorrência da insuficiência de

recursos para atender ao constante crescimento dos encargos. A situação se

agravou significativamente nos últimos anos com o menor ritmo de

crescimento das transferências do FPM devido às desonerações tributárias

promovidas pelo governo federal associado às dificuldades da economia,

cujo modelo de incentivo ao consumo se esgotou.

A grande maioria dos Municípios se recente do mau desempenho do FPM,

vez que ele é a principal fonte de recursos de mais de 81% dos Municípios

brasileiros. Entre 2008 e 2014 o FPM apresentou um crescimento da ordem

de 52,67%. Entretanto, o valor do salário-mínimo cresceu 74,46%. Como

mais de 75% das despesas municipais se encontram sob a influência do

salário-mínimo (pessoal e encargos, serviços de terceiros, obras e

equipamentos, material de consumo, luz, telefone e outros serviços), a

defasagem sufoca as suas finanças.

Nessa perspectiva, Lassance (2012, p. 34) complementa:

(...) é preciso abrir uma nova fase no federalismo brasileiro, com um

aprofundamento da institucionalização de políticas públicas com vistas à

maior coesão programática das ações federais e ao aprimoramento de seu

poder de coordenação e controle de resultados, inclusive por meio de uma

maior presença federal em estados e municípios.

As inúmeras vantagens do federalismo radical brasileiro convivem com

contradições latentes ou explícitas de uma “divisão institucional do

trabalho”. Nesta divisão, a União é responsável por políticas nacionais e pelo

maior esforço de arrecadação fiscal e de devolução de impostos, na forma

das transferências obrigatórias e voluntárias. Os estados se vocacionaram

para o papel de alavancas do desenvolvimento (sustentável, em alguns casos;

predatório, em outros) e abandonaram seu envolvimento primacial com as

políticas sociais, entregando-as cada vez mais aos municípios, que se

tornaram os principais agentes de implementação da prestação de serviços

públicos.

O federalismo consolidou-se como um mecanismo institucional de triagem

das demandas de cidadania, o que é positivo e necessário à organização do

poder e à implementação de políticas públicas, mas se expõe a inúmeros

gargalos e travamentos de um modelo que ainda funciona relativamente

bem, mas demonstra alguns sinais de cansaço.

Page 80: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

79

Nesse sentido, a Revista Em Discussão (2013, p. 22-23) apresenta os seguintes dados:

Em 2011, os municípios gastaram mais de R$ 19 bilhões para oferecer

serviços à população que, por lei, deveriam ser custeados pela União e pelos

estados. Os maiores prejudicados são os municípios com até 10 mil

habitantes, metade do total, que gastam proporcionalmente mais para

garantir uma série de serviços que não são executados pelos estados e pela

União.

(...) a Associação Brasileira de Municípios defende uma mudança na LRF,

no sentido de que as prefeituras somente poderão assumir serviços, ações e

programas dos estados e da União se firmarem convênios, prevendo a

respectiva fonte de receita, e contar com o financiamento de pelo menos

80% dos custos.

(...) Nos Estados Unidos e na União Europeia, em geral, os municípios têm

garantido que pelo menos um terço do total dos tributos arrecadados fique

em seus cofres. Lá também prevalece a regra de que os governos centrais e

provinciais devem fazer repasses para algumas ações ou obras estratégicas,

como é o caso do Brasil. Porém, aqui no país, dois estudos de diferentes

fontes comprovam que, na média, a parcela dos tributos administrada pelos

municípios não passa de 20%.

Nesta acepção, Bremaeker (2015) afirma que os municípios têm sofrido um processo

de deturpação e desconstrução do pacto federativo, já que, em 2011, o Brasil teve uma carga

tributária correspondente a 35,31% do PIB, sendo que a União teve participação de 24,73%,

os Estados 8,62% e coube aos municípios ínfimos 1,94% da arrecadação (Gráfico 22).

GRÁFICO 22 – Participação da União, dos Estados e dos Municípios na Carga Tributária

Anual em Relação ao PIB do Brasil entre 2001 e 2011

Fonte: Revista Em Discussão (2013)

Page 81: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

80

Assim, na contramão desse panorama de esfacelamento do federalismo pela baixa

participação na arrecadação, as exíguas receitas municipais têm sido fortemente

comprometidas com as crescentes despesas lhes vêm sendo impostas, tanto sem que sejam

apontadas as fontes de recursos para tal, quanto sem a devida compensação financeira,

inviabilizando os ajustes fiscais e cumprimento dos dispositivos da LRF, o que acarreta que

os estados e municípios tenham resultados primários negativos que resultam deterioração da

federação, com prejuízos imensuráveis para a população (BREMAEKER, 2015). Nesse

contexto, verifica-se que Pernambuco já apresentou déficit primário nos exercícios de 2011 e

2012 (Figura 6). Isso atinge diretamente às perspectivas financeiras dos municípios tendo em

vista suas participações na arrecadação do ente estadual.

FIGURA 6 – Resultados Primários dos Estados Brasileiros entre 2011 e 2012

Fonte: Revista Em Discussão (2013)

Page 82: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

81

Ademais, há ainda o comprometimento da arrecadação com os contornos do alarmante

crescimento dos juros e amortizações da dívida pública. Isso tem sido um entrave ao efetivo

desenvolvimento econômico municipal no Brasil já que as proporções dessa variável vêm se

arrastando há anos desde que atingiu seu ápice no episódio de renegociações ocorrido em

2001 e que, até 2011, já havia acarretado desembolsos que somavam R$ 28,7 bilhões, mais

ainda havia saldo devedor de R$ 58,4 bilhões dos R$ 41,8 bilhões inicialmente renegociados

(Figura 7), ou seja, apesar dos exorbitantes valores já pagos, o saldo devedor em 2011

superava a dívida pública renegociada em 2001. Dessa forma, observa-se que há uma

perpetuação negativa dessa mazela que atinge intimamente a liquidez dos entes municipais,

comprometendo, por conseguinte, os fundos previdenciários.

FIGURA 7 – Dívida Pública de Estados e Municípios no Brasil entre 1999 e 2011

Fonte: Revista Em Discussão (2013)

No mais, em 2013, na perspectiva da dívida pública municipal, um fato veio agravar a

capacidade de liquidez dos municípios: a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em

proibir o pagamento parcelado de precatórios. Segundo a Revista Em Discussão (2013, p. 34):

Page 83: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

82

Estados e municípios postergam, há décadas, o pagamento dos precatórios

— decisões judiciais que determinam o pagamento de valores a cidadãos e

empresas. Levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontou

um acúmulo, até o primeiro semestre de 2012, de R$ 94,3 bilhões em

precatórios devidos por estados e municípios.

(...) O problema se tornou crítico após decisão do Supremo Tribunal Federal

(STF), em março passado, que considerou inconstitucional, por ferir o direito

do credor, o pagamento parcelado dos precatórios criado pela Emenda

Constitucional 62/2009 e questionado por duas ações diretas de

inconstitucionalidade — uma da Confederação Nacional da Indústria e outra

da Ordem dos Advogados do Brasil.

Sem o parcelamento, voltará a valer a regra anterior, pela qual os governos

devem incluir no orçamento do ano seguinte, em parcela única, os

precatórios reconhecidos até o dia 1º de julho. Ou seja, estados e municípios

devem pagar os precatórios em até 18 meses depois de reconhecidos. Porém,

quando a possibilidade de parcelar ainda não existia, os pagamentos dos

precatórios nem sequer eram incluídos no orçamento sob o argumento de

que não havia dinheiro.

Além de acabar com o pagamento parcelado, o STF também julgou

inconstitucional a realização de leilões, nos quais o credor que oferecia

maior desconto sobre o total da dívida tinha preferência para receber o

precatório. Acabou ainda a obrigatoriedade da reserva de percentuais

mínimos dos orçamentos para o pagamento das dívidas. Até este ano, os

municípios tinham que reservar entre 1% e 1,5% da receita estimada, e os

estados, entre 1,5% e 2%.

Para os ministros, o percentual mínimo levava o poder público a destinar

poucos recursos para a quitação dessas dívidas. Eles revogaram ainda a

possibilidade de os governos descontarem eventuais dívidas que o credor

tivesse com a administração. Dias antes, o STF já havia considerado ilegal a

correção dos precatórios pela caderneta de poupança. Os ministros, porém,

não estabeleceram um novo índice.

Segundo Bremaeker (2013), em 2011, apesar de apenas 16,02% dos municípios

brasileiros dever precatórios, o montante equivalia a um valor médio de R$ 23,7 bilhões e isso

correspondia a 6,42% do total da receita orçamentária do conjunto dos municípios, o que pode

inviabilizar as administrações municipais, levando-as ao caos, cujos efeitos se refletirão sobre

suas populações.

Em suma, há toda um conjuntura sistêmica que contribui para a degradação da

capacidade financeira dos entes municipais e isto compromete direta e fatalmente os fundos

previdenciários já que, para muitos prefeitos, a obrigatoriedade de compor reservas de

recursos financeiros para os RPPS é vista como um estorvo ao desenvolvimento municipal,

pois se trata de "dinheiro parado", o qual supostamente acarretaria insuficiência de recursos

para honrar a dívida pública em seu amplo contexto.

Assim, as reservas dos recursos previdenciárias dos servidores são o alvo favorito dos

prefeitos para suprir o déficit de caixa dos municípios. Por isso, outra causa que tem

Page 84: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

83

colaborado para o crescente déficit atuarial é a apropriação indevida por parte dos prefeitos

tanto nos repasses dos recursos descontados dos servidores quanto da contribuição patronal

dos municípios, além da ausência de aportes financeiros para cobertura de insuficiência de

caixa, e assim aplicam os recursos em outras finalidades.

Todavia, mesmo quando esses repasses ocorrem, os recursos vêm sendo alvo da má

administração dos gestores dos RPPS com inapropriada formação acadêmica e,

consequentemente, com insuficiente conhecimento técnico para gerir os recursos no mercado

de capitais de modo a garantir o alcance da meta atuarial indispensável para o acúmulo de

recursos para honrar as futuras obrigações previdenciárias.

Diante disso, no tocante especialmente aos governos municipais, observa-se a

formação de uma bola de neve que colabora decisivamente para o delineamento de possível

cenário de calote tanto nas atuais quanto nas futuras aposentadorias e pensões dos servidores

efetivos e seus dependentes vem levantando preocupações, já que sucessivos eventos

tempestuosos da economia mundial e brasileira associados a má gestão têm acentuando a

dependência dos municípios aos Estados e à União mediante a corrosão da estrutura

econômica e a capacidade financeira das prefeituras para arcar com o peso de seus RPPS

(CITADINI, 1998).

Isso ocorre porque os municípios necessitam efetuar repasses financeiros para compor

os fundos previdenciários de seus servidores efetivos de modo que haja um acúmulo de

capital (reservas matemáticas) que os tornem solventes perante as atuais e futuras obrigações

previdenciárias. No entanto, esses recursos financeiros não são suficientes para o pagamento

dos benefícios, já que a inflação diminui o poder aquisitivo dessas reservas. Por isso, os RPPS

necessitam investir esses recursos no mercado financeiro na busca por resultados reais, acima

da inflação, com o fito de que, no futuro, seja garantido o fluxo de benefícios (RAEFFRAY,

2012)

Todavia, em 2013, a pífia rentabilidade e principalmente os prejuízos financeiros das

conservadoras carteiras de investimentos dos RPPS, que basicamente são compostas por

títulos de renda fixa, trouxeram à tona questionamentos sobre as estratégias das práticas de

gestão de riscos nas aplicações financeiras. Assim, os gestores dos RPPS municipais

poderiam não estar fazendo uso de ferramentas de estratégias para gerir as reservas

financeiras de modo a reduzir os riscos inerentes aos investimentos, e assim viabilizar a

efetividade de governança atuarial que possibilite o acúmulo de capital para fortalecimento da

liquidez dos fundos previdenciários.

Page 85: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

84

Por isso, a abordagem da gestão estratégica de riscos das aplicações dos recursos

financeiras dos RPPS municipais traz à tona a discussão entre o nível de exposição aos riscos

que os gestores devem verificar no processo alocativo das aplicações financeiras com vistas

ao alcance da meta atuarial mediante cenários de incertezas econômicas.

Page 86: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

85

4 GESTÃO ESTRATÉGICA DE RISCOS COMO MECANISMO DE GOVERNANÇA

ATUARIAL DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL EM

PERNAMBUCO

4.1 Governabilidade e governança na perspectiva dos regimes próprios de previdência

social

Nos últimos anos, as preocupações relativas aos aspectos das aposentadorias e

pensões, na perspectiva dos servidores públicos em cargos efetivos em nível municipal, vem

ganhando proporção de destaque. Isso tem sido impulsionado tanto pelos crescentes e

elevados déficits atuarial e financeiro dos municípios que, mediante suas exíguas receitas

orçamentárias, estão cada vez mais com suas capacidades de investimento comprometidas,

nas diversas áreas de necessidades da população, pelo peso das exacerbadas obrigações

previdenciárias com seus servidores efetivos.

Esse cenário culminou com debates que resultaram tanto na série de reformas legais

que eliminaram direitos, quanto na evidenciação dos aspectos das variáveis de gestão

executadas pelos responsáveis, de um lado, pela normatização/fiscalização, e de outro lado,

pela administração dos recursos financeiros garantidores da perenidade da estabilidade social

de milhares de cidadãos em cargos públicos efetivos. Para Cavalheiro; Juchem (2009, p. 5) "o

atual debate em torno do novo Estado, tem se voltado para questões políticas, societais,

organizacionais e gerenciais que o torne eficaz e eficiente, capaz de enfrentar os desafios que

se impõem e os dilemas que se apresentam". Outrossim, Farias Neto (2011, p. 206) enfatiza:

A intervenção do Estado na sociedade está associada à sua condição vigente

de ordenação política, gerencial, institucional e econômico-financeira. A

ordenação do Estado enseja desafio permanente a ser superado para efeito de

promover o desenvolvimento sustentável na sociedade. O Estado e a

sociedade devem buscar níveis cada vez mais elevados de eficácia e

eficiência expressas nas ações realizadas sob as dimensões pertinentes a:

(a) provimento ajustado de infraestrutura socioeconômica de bem-estar e

produção;

(b) efetivação da ordem econômica e social;

(c) efetivação da ordem jurídica;

(d) efetivação da ordem nas relações exteriores.

A respeitabilidade e a credibilidade do Estado sucedem na proporção em que

o mesmo tem as suas ações corretamente efetivadas.

Page 87: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

86

Por isso, nesses debates, destacam-se dois grupos de interesses que estão envolvidos

nas discussões acerca da eficiência, eficácia e efetividade da gestão municipal dos Regimes

Próprios de Previdência Social (RPPS): o Estado e a sociedade (Figura 8).

FIGURA 8 – Relação entre os Grupos de Interesses na Perspectiva dos Regimes Próprios de

Previdência Social (RPPS)

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2013)

Assim, o Estado é vislumbrado como principal responsável pela vigente situação de

degradação do déficit atuarial, pois figura como pólo ativo tanto na regulamentação e

fiscalização quanto na administração dos negócios previdenciários. De um lado, para garantir

o bem-estar social, os Governos Federal e Estaduais promovem leis e regulamentações a

serem seguidas pelos gestores dos RPPS. Por outro lado, a fiscalização também deve ser

executada por esses governos, em conjunto com a participação da sociedade nos comitês e

conselhos, de modo a eliminar o ônus social que poderá acarretar danos financeiros causados

por práticas de malversação da gestão municipal. Por isso, Farias Neto (2011, p. 207)

assinala:

Page 88: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

87

(...) o Estado deve exercer o papel de regulamentar e controlar os

mecanismos de poder social, por parte dos indivíduos e organizações, de

modo a evitar a configuração de instrumentos de dominação de alguns sobre

outros, a partir do abusivo exercício das liberdades institucionais.

(...) Em função desse controle ajustado da coletividade, promovido pelo

sistema político ordenado, o Estado deve cumprir sua função sob governo

que diligencie, sempre, pela gestão efetiva e integrada de políticas públicas.

Em toda a sociedade, a gestão efetiva e integrada do Estado sucede em

função da ordenação do sistema político.Sob essa gestão, a intervenção do

Estado assoma com importância extraordinária para a expansão da

consciência integral de todos, com vista à excelência institucional e ao

desenvolvimento sustentável, na coletividade estatal. Como provedor de

bens e serviços coletivos (públicos), o Estado deve atender às demandas da

coletividade, com efetividade, em função do nível de competência do

governo constituído no contexto do sistema político vigente.

Por sua vez, a sociedade figura tanto como pólo ativo quanto passivo, pois aufere o

bônus ou arca com o ônus social resultante das práticas advindas das esferas dos governos.

Por isso, ela está interessada na apresentação de medidas que tornem exequíveis os equilíbrios

atuarial e financeiro dos RPPS e os cobrará através da fiscalização viabilizada pela

transparência pública dos atos e resultados tanto da gestão regulamentadora/fiscalizadora dos

Governo Federal, Estadual e Municipal quanto da administração dos governos municipais.

Farias Neto (2011, p. 207) corrobora esse entendimento:

No contexto das condições do sistema político, o governo, como gestor do

Estado, deve ser transparente e adotar como prática sistemática e permanente

a prestação fidedigna de contas à coletividade. As contas do Estado devem

evidenciar, com clareza e precisão, os recursos públicos recebidos, assim

como os valores aplicados, no âmbito das políticas públicas, de forma a

obter, sempre, relações favoráveis entre custos e benefícios

socioeconômicos. A ordenação gerencial, econômica e financeira do Estado,

resultante da ordenação do sistema político, constitui fator, primordialmente,

determinante do desenvolvimento sustentável da coletividade estatal.

Para isso, a Constituição Federal brasileira, em seu artigo 194, inciso VII, estabelece

“caráter democrático e descentralizado da administração da seguridade social,

mediante gestão quadripartite, com a participação dos trabalhadores, empregadores,

aposentados e governo nos órgãos colegiados".

Logo, para garantir gestão pública com padrão de eficiência e eficácia, os gestores dos

RPPS devem adequar suas ações ao ordenamento legal proposto pelo ente público

normatizador/fiscalizador, bem como devem estar atentos às necessidades da sociedade.

Desse modo, as entidades previdenciárias devem buscar o desenvolvimento de processos que

Page 89: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

88

permitam a interação entre a conservação do bem estar social e o alcance das metas atuariais

nos investimentos no mercado de capitais de modo a promover a sustentabilidade atuarial.

Isto posto, as aplicações dos recursos financeiros devem ser realizadas e geridas com

base nas normas em vigor da Resolução CMN nº 3.922/2010, que visam garantir segurança,

liquidez e rentabilidade apropriadas e suficientes ao equilíbrio financeiro e atuarial entre

ativos e passivos ao longo do tempo. Assim, caso os municípios realizes investimentos em

desconformidade com os preceitos legais, o Governo Federal, na figura do Ministério da

Previdência, age de modo a punir as práticas infratoras de gestão com a perda da emissão do

Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), sem a qual o ente municipal fica impedido

de firmar convênios para transferências de recursos entre as esferas governamentais.

Entretanto, para muitos prefeitos e gestores municipais, as exigências legais dos

Governos Federal e Estadual que visam a proteção social são consideradas como um entrave

aos seus interesses e, por isso, as normas da Resolução CMN nº 3.922/2010 representam

obstáculos jurídicos que supostamente iriam contra a autonomia administrativa preceituada na

Constituição Federal brasileira.

Dessa forma, Mello (1991, p. 204) ressalta que "se os atos dos Governos locais

tiverem de ser aprovados por uma autoridade superior para terem validade, a autonomia está

afetada. A autoridade superior, duvidando da legalidade de tais atos, pode submetê-los à

consideração do Poder Judiciário, cuja decisão prevalecerá". Por isso, Linhares; Mendes;

Lassance (2012, p. 9) ressaltam que "a dinâmica do Estado federativo é impulsionada por

mecanismos de responsividade e accountability, por um lado, e sistemas de freios e

contrapesos impostos pela atuação dos diferentes atores e interesses nas diversas arenas em

que se confrontam, por outro".

Em suma, percebe-se que essa estrutura sócio-política do sistema de previdência social

dos municípios apresenta a tendência de gerar conflitos entre os stakeholders (partes

interessadas) mediante o surgimento do risco moral, ou seja, há patentes divergências entre os

interesses dos principais (cidadãos em cargo público efetivo) e os agentes públicos dos

governos, o que resulta no problema da agência (Figura 9).

Page 90: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

89

FIGURA 9 – Relação entre Principal-Agente

Fonte:

A respeito dessa relação conflitante, Boueri (2012, p. 239) explica:

Quando a aplicação dos modelos de agente e principal no contexto do

federalismo fiscal é considerada, deve ser notado que, em relação às outras

utilizações destes modelos no campo das finanças públicas, tal aplicação

representa um passo adiante. Tradicionalmente, a utilização dos modelos de

agente e principal em finanças públicas é realizada por meio da suposição de

que o Estado (no caso, o agente) é responsável, por delegação, pela gestão

dos negócios públicos.

Nessa conjuntura, a governança atuarial emerge como um sistema de administração

abrangente a níveis macro, meso e micro (Figura 10), que traz em sua raiz princípios (Figura

11) fundamentados na sustentabilidade da capacidade de inserção do estado para avaliar,

direcionar e monitorar a atuação da gestão nos processos de formulação e execução da

política previdenciária, sob condições mínimas de governabilidade, fortalecendo e integrando

mecanismos que garantam a responsabilização pública da gestão financeira, gerencial e

atuarial que viabilizem harmonizar os conflitos de interesses nas relações econômicas,

institucionais e sociais, por meio da eficiência, eficácia e efetividade da resultados esperados

para a meta atuarial e o acúmulo do capital, privilegiando o fortalecimento da integridade, dos

valores éticos, do cumprimento da lei, da accountability e dos veículos de comunicação com a

sociedade pela transparência das ações e processos previdenciários (ARAÚJO, 2010).

Page 91: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

90

FIGURA 10 – Níveis de Análise do Referencial Básico de Governança Atuarial

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2013)

FIGURA 11 – Princípios da Governança Atuarial

Fonte: International Federation of Accountants – IFAC (2013)

Dessa forma, no panorama específico dos conflitos de interesses nas relações

econômicas, surge a gestão pública estratégica como ferramenta necessária à eficácia da

governança atuarial (Figura 12), de modo a auxiliar a gestão dos RPPS na avaliação e

mensuração dos eventos econômicos relacionados ao ambiente de riscos em que são

realizadas as aplicações dos recursos financeiros no mercado de capitais, pois a malversação

derivada da excessiva exposição aos riscos financeiros de mercado, quando não devidamente

avaliados, pode gerar consequências negativas para as reservas previdenciárias (SOUZA;

RIBEIRO, 2004).

Page 92: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

91

FIGURA 12 – Relação entre Governança e Gestão

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2013)

No entanto, Araújo (2002, p. 7) ressalta:

Supondo, em uma circunstância de caos, crise, ruptura ou reversão

institucional, será muito difícil (por melhor preparado no sentido técnico que

seja o aparelho do Estado), senão impossível, atingir a governança strictu

sensu, dado o seu caráter, por definição, instrumental como enfatizado acima

e a indefinição de fins típica de situações desta natureza. O máximo possível

seria a manutenção de condições mínimas que garantam a transição de um

contexto para outro, como aliás tem sido o caso brasileiro em certas épocas.

Assim, a gestão pública estratégica de riscos financeiros de mercado pode servir de

suporte da governança atuarial para o esclarecimento das dúvidas no tocante à análise e

mensuração das oscilações econômicas, com o objetivo de salvaguardar o patrimônio dos

RPPS e garantir tanto sua continuidade quanto o bem estar social do patrimônio

previdenciário dos servidores efetivos. Desse modo, não se pode atribuir outro tratamento às

informações econômicas que afetam diretamente os investimentos dos RPPS, pois elas devem

ser revestidas dos atributos da confiabilidade, tempestividade, compreensibilidade e

comparabilidade de sorte que a análise e a mensuração sejam livres de erros e viés de

interpretação. Portanto, através da eficácia das informações econômicas, os gestores dos

RPPS auferem bases seguras para avaliar as aplicações financeiras acerco do desempenho,

evolução, oportunidades e riscos que oferecem (LIMA; VIEGAS, 2002).

Page 93: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

92

4.2 Administração dos riscos nos regimes próprios de previdência social

Em um primeiro momento, há uma tendência generalizada e equivocada de se atribuir

aos riscos apenas uma concepção desfavorável, ou seja, concebê-los como fatos adversos.

Todavia, o fator risco existe em todas as atividades desempenhadas pela humanidade, em

maior ou menor grau, seja no setor privado seja no âmbito governamental.

Outro aspecto é a variável da incerteza, a qual tem natureza e significado distintos do

risco, conforme relatam Borges; Bergamini Júnior (2001, p. 216):

o risco deve ser diferenciado de incerteza, embora ambos os termos definam

possíveis eventos que possam ocorrer no futuro, em função de o primeiro

referir-se a fatos recorrentes ou repetitivos, o que permite a sua medição com

base em uma distribuição de probabilidades e, em decorrência, a sua

estimação com razoável grau de precisão. A incerteza, pelo contrário, tem

uma incidência aleatória por envolver fatos não recorrentes, o que impede a

mensuração da probabilidade de sua ocorrência, ou pelo menos a sua

estimação com utilidade para a tomada de decisões (...).

Portanto, as decisões na perspectiva dos riscos são mensuráveis, sendo baseadas em

probabilidades objetivas, lastreadas em dados históricos apresentados, cuja existência permite

depreender, para uma única escolha, mais de um resultado possível dado pela dispersão da

distribuição de valores em torno da média, ou seja, uma maior variância de valores significa

maiores riscos. Contudo, a incerteza não é mensurável, dada sua característica de

aleatoriedade e imprevisibilidade dos eventos, pois não admite a montagem de uma série

histórica, logo, as decisões serão baseadas apenas na intuição do responsável pela deliberação

(PASTORE, 2010).

Essa diferenciação se mostra útil para a gestão estratégica de riscos financeiros de

mercado nos investimentos dos RPPS, já que o risco representa um fator inerente às situações

rotineiras nessas entidades, mas que podem ser mensuráveis através de ferramentas

estatísticas. Consequentemente, é praticamente impossível atingir a meta atuarial dos RPPS

sem que haja uma mínima parcela de risco, o qual necessita do devido gerenciamento.

Desse modo, na esfera dos RPPS, o risco pode ser definido como um evento, esperado

ou não, que pode causar impacto na rentabilidade das aplicações financeiras ou no acúmulo

das reservas previdenciárias, ambas imprescindíveis para que os fundos previdenciários por

capitalização sejam equilibrados. Assim, a essência deste impacto não será necessariamente

Page 94: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

93

negativa, havendo a probabilidade de ocorrer um resultado positivo para essas entidades,

tendo em vista que, na esfera financeira, as variáveis, risco e rentabilidade, são diretamente

proporcionais, ou seja, quanto maior o risco, maior é a rentabilidade esperada (TRAPP;

CORRAR, 2005). Na acepção dos riscos atuariais, Rodrigues (2008, p. 21) assinala:

Sob uma abordagem ortodoxa poderíamos reduzir os riscos atuariais àquelas

elementos de volatilidade que efetivamente entram nos modelos

matemáticos, tais como Riscos Biométricos, representados pelas tábuas de

mortalidade e invalidez, e os Riscos de Mercado, representados pela taxa

mínima real de ganhos de capital e pela remuneração nominal dos ativos de

investimentos.

Um visão moderna de riscos atuariais, entretanto, deve considerar que os

modelos atuariais se inscrevem em um grande círculo de intervenientes em

que atuam os diversos outros elementos de pressão capazes de influir

decisivamente no sucesso ou fracasso de gestão estruturada de riscos (...)

portanto, devem ser entendidos como os eventos oriundos de intervenientes

que tragam volatilidade aos resultados necessários à solvência (...).

No entanto, algumas ocorrências não estão diretamente relacionadas à atividade

atuarial em si, mas são provenientes de fatores exógenos, como políticas governamentais,

intempéries econômicas, entre outros. Assim sendo, tendo em vista que os gestores dos RPPS

se deparam com uma grande quantidade de situações que envolvem a existência de perigos, o

foco da gestão estratégica de riscos financeiros de mercado dos RPPS passa a ser o controle e

identificação de prováveis impactos negativos, relacionados ao ambiente econômico, que

possam inviabilizar o retorno esperado para garantir a liquidez necessária para honrar as

obrigações previdenciárias durante a condução do negócio público.

Dessa forma, por um lado, Morettin (2008, p. 157), assinala que "as empresas em

geral estão expostas a três classes de risco: operacional, estratégico e financeiro". Por outro

lado, Rodrigues (2008) explica que os ativos de investimentos e passivos dos RPPS estão

indissociavelmente sujeitos à existência de uma gama de riscos (biométrico, de crédito, de

liquidez, operacional, legal, institucional, moral e de mercado).

O risco de crédito é a possibilidade do intermediário financeiro se tornar inadimplente

e não honrar sua promessa de pagamento. Já o risco de liquidez refere-se à capacidade dos

intermediários financeiros de honrarem seus passivos financeiros em determinado período de

tempo. Assim, relacionam-se com a habilidade e disponibilidade das instituições financeiras,

ou não-financeiras, de transformarem seus ativos em caixa tempestivamente.

Para Carvalho (1996, p. 51), o risco de mercado é "(...) definido como aquele

dependente do comportamento do preço, quando se alteram as condições de mercado", ou

Page 95: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

94

seja, representam possibilidades de perdas ou ganhos decorrentes de oscilações em fatores

como taxa de juros, taxa de câmbio, preços de ações, decurso do tempo, entre outros.

Sobre o risco moral, Rodrigues (2008, p. 27) relata:

Em essência, decorre do fato de o gestor de recursos não ser o proprietário

dos ativos de investimentos.

Participantes e gestores dos Fundos de Pensão podem ser, sob certas

circunstâncias, incapazes de monitorar adequadamente os administradores de

seus investimentos (Fundos de Investimentos). Esses administradores podem

assim, passar a agir segundo seus próprios interesses, não levando em

consideração o objetivo desses proprietários, que é, para um aceitável nível

de risco, maximizar a rentabilidade esperada das carteiras de investimentos.

Esse é tipicamente um problema de informação assimétrica e, mais

especificamente, de Risco Moral.

Por isso, é imperativo para a sobrevivência dos RPPS que seus gestores reconheçam,

sempre que possível, os riscos aos quais estão expostos em suas decisões alocativas, sejam

eles provenientes de forças internas ou externas, com a finalidade tanto para que haja

viabilidade no alcance da meta atuarial, quanto para prevenir potenciais perdas financeiras

mediante à ocorrência dos chamados riscos sistêmicos, definidos por Taylor (2010, p. 20-23):

(...) no caso do sistema financeiro, é aquele que afeta o mesmo como um

todo e, em consequência, a economia real, através dos efeitos de contágio e

de reação em cadeia.

(...) É importante enfatizar que o contágio e a reação em cadeia não ocorrem

de forma automática. Eles podem ser influenciados por mudanças nas regras

do jogo definidas por políticas públicas.

(...) Contudo, há riscos em todos os mercados, e eles normalmente não se

tornam sistêmicos.

Com esse propósito, surge o enfoque da gestão estratégica de riscos financeiros de

mercado (Figura 13), cujo objetivo primordial é, através do uso de ferramentas adequadas,

analisar o contexto econômico de modo a identificar mecanismos para maximização da

exclusão de possíveis efeitos negativos e salvaguardar o RPPS de eventuais perdas nas

aplicações financeiras por meio de planejamento estratégico que viabilize o alcance da meta

atuarial e, consequentemente, acarrete o aumento do capital acumulado para promoção do

equilíbrio financeiro e atuarial.

Page 96: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

95

FIGURA 13 – Gestão Estratégica de Riscos de Financeiros de Mercado

Fonte: Holos (2015)

No entanto, na perspectiva ortodoxa da gestão pública estratégica de risco dos RPPS

por regime de capitalização, a exposição ao risco de mercado possui limites, instituídos pela

Resolução CMN nº 3.922/2010. Para isso, ferramentas devem ser utilizadas de modo a

possibilitar uma visão holística da composição dos riscos financeiros de mercado dos RPPS,

além de estimar a probabilidade de ocorrência dos mesmos, tendo como base a utilização de

métodos estatísticos. Tudo isso a fim de proporcionar o alcance da meta atuarial e,

consequentemente, a continuidade das entidades previdenciárias.

De tal maneira, para que haja a administração dos riscos, deve haver a identificação e

mensuração dos seus impactos potenciais, de modo sejam tomadas decisões que minimizem a

exposição a cada risco relevante. Deste modo, o gerenciamento estratégico integrado de riscos

financeiros de mercado dos RPPS deverá mapear todos os riscos econômicos relevantes para a

entidade com o propósito de promover alternativas de redução e controle, oferecendo aos

gestores uma governança atuarial que possibilite maior segurança e clareza nas suas relações

de risco e retorno (FAMÁ et al., 2002). Por isso, o Tribunal de Contas da União (2012, p. 4)

enfatiza:

Conceitualmente, a gestão de risco, em qualquer dos modelos adotados nos

setores público e privado, nacionais e internacionais, é abordagem que

privilegia o alcance de resultados. Riscos são eventos ou circunstâncias que

têm potencial para comprometer, no todo ou em parte, a consecução dos

objetivos ou dos resultados desejados. Consequentemente, ao buscar-se a

mitigação dos riscos por meio de controles apropriados, o efeito será maior

Page 97: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

96

certeza de que os resultados serão atingidos, o que significa maior eficácia

da gestão pública.

A gestão de riscos contribui para a boa governança corporativa ao aumentar

a chance de que os resultados pretendidos sejam atingidos.

Desse modo, a gestão estratégica de riscos financeiros de mercado, em sua concepção

mais ampla, possui como meta principal maximizar o valor para garantir liquidez.

Analogamente, na perspectiva dos RPPS, o gestor financeiro atua sobre o aspecto

fundamental de mensurar o fluxo de caixa projetado para pagamento das futuras obrigações

previdenciárias e, assim, decidir o quanto investir e em quais tipos de ativos legais específicos

a partir de suas fontes de recursos: aquela proporcionada pelo ente governamental, através do

repasse da contribuição patronal e da retenção efetuada do servidor; e o retorno proveniente

das aplicações financeiras realizadas junto a instituições devidamente credenciadas. No

entanto, qualquer dessas fontes de recursos está suscetível aos riscos de origem financeira,

seja por prováveis ausências de repasses do ente governamental, ou por negociarem seus

ativos no mercado financeiro.

Destaca-se, assim, que a literatura, quando trata da categoria dos riscos financeiros,

define-os de forma mais abrangente e sólida no campo das instituições financeiras, entretanto,

estes riscos podem ocorrer nas entidades não-financeiras como os RPPS já que estes têm a

obrigação de negociar seus ativos financeiros nos mercados de capitais. Por isso, no âmbito

dos RPPS, tal risco é de importância vital para a perenidade destes, em virtude de estarem

intimamente relacionados com a finalidade precípua dos mesmos. Portanto, a gestão pública

estratégica de riscos financeiros de mercado cumprirá seu objetivo primordial à medida que

identificar riscos financeiros referentes aos fenômenos econômicos, auxiliando na sua

compreensão, extensão e mensuração, propiciando a mitigação dos impactos negativos nas

reservas dos recursos previdenciários. Assim, para d’Agosto (2014, p. 1):

Hoje, a equipe econômica não tem conseguido sinalizar que a estratégia que

está perseguindo é suficientemente sólida a ponto de proporcionar os

resultados almejados. E isso tem contribuído para acentuar a oscilação do

preço dos ativos financeiros, tornando as decisões de investimento mais

arriscadas.

Para enfrentar a atual conjuntura, é importante que o investidor tenha, ao seu

alcance, um arsenal de opções táticas, para tirar proveito de oscilações de

curto prazo. Assim, é fundamental estar atualizado sobre as modalidades de

investimento disponíveis.

Não significa investir em todos os produtos financeiros que são oferecidos

pelos profissionais do mercado. Apenas manter no radar as alternativas

possíveis.

Page 98: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

97

Dessa forma Silva; Cabral; Baghdassarian (2009, p. 173) complementam:

O gerenciamento de riscos há muito se consolidou como atividade essencial

no mercado financeiro. No entanto, sua relevância e sofisticação

aumentaram substancialmente nos últimos anos, principalmente em função

da expansão do mercado de derivativos, da maior disponibilidade de

ferramentas amigáveis de gerenciamento de riscos e de regras prudenciais e

monitoramento de riscos mais estritos impostos por reguladores dos

mercados de capitais e bancos centrais.

Ademais, conforme Bergamini Júnior (2003), a gestão pública estratégica de riscos

deve considerar a mensuração do montante de passivo atuarial do RPPS e a avaliação de sua

efetiva capacitação em administrá-los gerencial e financeiramente com base em preceitos

fundamentados na econometria que, de acordo com Wooldridge (2010, p. 1), "é baseada no

desenvolvimento de métodos estatísticos para estimar relações econômicas, testar teorias,

avaliar e implementar políticas de governo e de negócios". De tal maneira, com o intuito de

evitar os prejuízos ocasionados por este tipo de risco, os RPPS precisam desenvolver

mecanismos que possibilitassem a mensuração e análise dos níveis de riscos financeiros de

mercado ao qual estão expostos.

Sendo assim, com base nestes aspectos, o comprometimento do RPPS com a questão

do passivo atuarial seria demonstrado em nível retrospectivo e prospectivo de seus resultados

alcançados pois, a identificação e mensuração dos eventuais passivos refletiriam os resultados

da política de investimentos adotada pelo RPPS no passado, enquanto a avaliação da aptidão

gerencial e financeira da empresa permitiria estimar o provável desempenho da instituição no

futuro (BERGAMINI JÚNIOR, 2003).

Em suma, para o desenvolvimento da gestão estratégica de riscos financeiros de

mercado dos RPPS é necessária a participação de profissionais de diversos ramos de

conhecimento, os quais obterão informações por meio de dados extraídos do mercado de

capitais. Entretanto, para a plena eficácia desta gestão de riscos, deverá haver a ligação entre

os riscos atuariais apresentados pelo atuário na avaliação atuarial e os riscos financeiros do

RPPS, visto que a ligação entre os aspectos atuariais e financeiros é um dos componentes do

risco global do RPPS.

Page 99: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

98

4.3 As aplicações dos recursos financeiros dos regimes próprios de previdência social no

mercado de capitais e as variações do cenário econômico

O final de 2011 marcou o prelúdio de uma fase de euforia que precedeu o declínio

ocorrido nos portfólios dos títulos de renda fixa a partir do início de 2013. O entusiasmo deu-

se por causa das altíssimas rentabilidades dos títulos públicos ocasionadas pelo cenário de

baixas taxas do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC (Gráfico 23). Assim, a

taxa básica de juros da economia brasileira iniciou o processo de queda em 01 de setembro de

2011, caindo de 12,50 para 12,00, sucedendo-se outras nove consecutivas reduções até 11 de

outubro de 2011, quando atingiu 7,25 e permaneceu nesse patamar por três reuniões seguidas

do Comitê de Política Monetária – COPOM. No entanto, em 18 de abril de 2013, chegou a

7,50 e esse índice representou o primeiro dos ininterruptos aumentos até o atual cenário de

2015.

GRÁFICO 23 – Evolução da Taxa SELIC no Brasil de jan./2011 a jan./2014

Fonte: Minhas Economias (2014)

Deveras, o painel de crescente alavancagem mostrou que muitos gestores dos RPPS ou

desconheciam ou ignoravam as herméticas características das carteiras compostas por títulos

da dívida do governo já que essas aplicações apresentam seus preços sensíveis de forma

inversa às alterações da SELIC, conforme explanam Bodie; Kane; Marcus (2010, p. 513):

Page 100: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

99

(...) em um mercado competitivo, todo título deve oferecer ao investidor taxa

razoável de retorno esperado. Se um título de dívida for emitido com taxa de

cupom de 8% quando a rentabilidade competitiva for de 8%, ele será

vendido pelo valor nominal. Se a taxa de mercado aumentar para 9%, no

entanto, quem comprará pelo valor nominal um título com taxa de cupom a

8%? O preço do título de dívida deve diminuir até o retorno esperado

aumentar e chegar ao nível competitivo de 9%. Em compensação, se a taxa

de mercado diminuir para 7%, a taxa de cupom de 8% do título de dívida

será atraente comparada à rentabilidade de investimentos alternativos. Em

resposta, o investidor ávido por esse retorno fará o preço do título

posicionar-se acima do valor nominal até a taxa de retorno diminuir e chegar

ao nível da taxa de mercado.

Assim, a continuidade do panorama de redução da taxa SELIC promovida a partir do

final de 2011, associada às então novas regras da Resolução CMN 3.922/2010, a qual foi

considerada mais um avanço iniciado desde a Resolução CMN 3.790/2009, contribuiu para

que os RPPS ampliassem uma diversificação de investimentos em conformidade com o

indispensável alcance da meta atuarial, que viabilizaria o equilíbrio financeiro e atuarial.

Segundo a Revista Investidor Institucional (2011), a Resolução 3.922/10 aumentou os limites

de investimentos em fundos de renda fixa que tenham títulos e valores mobiliários de

emissores privados, além de facilitar a abertura de novos fundos direcionados ao segmento de

RPPS. Dessa forma, houve um fortalecimento da família de Índice de Mercado ANBIMA

(IMA) como indexadores de renda fixa e isso, em panorama de queda da SELIC, propiciou

elevadíssimas rentabilidades nominais às carteiras de aplicações das reservas previdenciárias

entre 2011 e 2012, o que resultou maciço percentual de RPPS superando suas metas atuariais

nesse período. Dessa forma, Henrique (2013, p. 2) explica:

As mudanças introduzidas pela Resolução CMN 3922/2010, numa estratégia

acertada para um cenário de queda juros, levaram os RPPS a alocar recursos

financeiros em fundos de investimentos de renda fixa atrelados ao Índice de

Mercado Anbima (índice IMA) e, também, a experimentar a volatilidade do

mercado.

Em 2012 os resultados foram surpreendentes, com rentabilidade das carteiras

de investimentos dos RPPS muito superior à meta de 11,84% ao ano (IPAC

+ 6%), em alguns casos, mais de 24% ao ano.

Isso ocorreu porque os títulos referenciados pelo IMA possuem comportamento

inversamente proporcional à trajetória da SELIC já que são atualizados pela marcação a

mercado que, segundo a BOVESPA (2015, p. 4) "é um procedimento essencial para a

identificação dos verdadeiros valores dos ativos, ou seja, a obtenção do valor de um ativo pelo

qual ele pode ser negociado no mercado".

Page 101: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

100

No mais, a conjuntura da economia externa contribuiu de forma decisiva para as

proeminentes rentabilidades das aplicações em dívida do governo federal, pois, desde de

2009, os títulos públicos de longo prazo nos Estados Unidos estavam com taxas de juros

baixíssimas (Gráfico 24), conforme relata Silva (2015, p. 1), "após a crise mundial o Fed

manteve a taxa de juros próxima a zero afim de estimular o crescimento da atividade

econômica". Isso intensificou a compra de títulos da dívida de economias com maior

rentabilidade mundo afora.

GRÁFICO 24 – Evolução da Taxa de Juros nos Estados Unidos entre 1980 e 2014

Fonte: Silva (2015)

Nessas circunstâncias, houve a valorização do real frente ao dólar e isso pressionou a

baixa da SELIC no Brasil. No entanto, no final de maio de 2013, antes do esperado pelo

mercado, a economia americana começou a dar fortes sinais de superação da crise de 2008.

Isso resultou a desvalorização da moeda de países emergentes como a brasileira, que saiu de

R$ 2,05 no final de maio de 2013 para R$ 2,45 ao término de agosto de 2013 (Gráfico 25),

segundo explica Goulart (2013, p. 1):

No final do mês de agosto, anunciou-se uma significativa recuperação da

economia estadunidense, principalmente devido à alta das exportações

(aumento de 8,6%). Com um crescimento de 2,5% do produto interno bruto,

no segundo trimestre de 2013, superou-se a estimativa de expansão de 1,7%

para o mesmo período. Em meio a este cenário de recuperação, especula-se

que o FED possa reduzir seus estímulos à economia, diminuindo assim a

oferta de dólar e consequentemente, elevando a taxa de juros do país (prime

rate). Essa expectativa afetou o mercado financeiro, diminuindo e alterando

a direção dos investimentos, uma vez que, concretizando-se este novo

contexto, os títulos dos EUA passarão a ser mais atraentes do que as

aplicações de maiores riscos de países emergentes como o Brasil.

Page 102: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

101

GRÁFICO 25 – Evolução da Cotação do Câmbio (R$/US$) em 2013 no Brasil

Fonte: Banco Central do Brasil - BCB (2014)

Segundo a Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil –

ANFIP (2015), devido ao fato de que a taxa de juros americanos apresentavam patamares

baixíssimos, as empresas nacionais e estrangeiras estabelecidas no Brasil passaram a se

endividam no exterior para aplicar esses recursos, não em investimentos para ampliar a

produção, mas sim nos rentáveis títulos da dívida pública brasileira. No mais, essas alterações

sistêmicas foram agravadas pelos efeitos da seca, além das diversas incertezas políticas no

Brasil, resultando a elevação do nível da inflação e da taxa de juros reais brasileira que,

consequentemente, mudaram de forma vertiginosa e negativamente a rentabilidade dos

portfólios de renda fixa já adquiridos (Gráfico 26).

GRÁFICO 26 – Evolução dos Juros Nominais do Governo Federal e o Rendimento Total

Acumulado dos Títulos Federais da Carteira do IMA, de janeiro a dezembro de 2013 no Brasil

Fonte: D’Agosto (2014)

Page 103: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

102

Dessa forma, Dijk (2014, p. 1) explica esse contexto econômico:

Após a redução de 525 pontos-base entre agosto de 2011 e outubro de 2012,

a meta para a taxa Selic atingiu o piso histórico de 7,25% a.a. Foi neste

cenário que os fundos Renda Fixa Índices, cujas carteiras são

majoritariamente compostas por NTN-Bs, foram destaque de rentabilidade

em 2012, valorizando 21,69%. No entanto, mesmo diante das pressões

inflacionárias, já presentes no final de 2012, boa parte dos agentes previa a

manutenção da taxa de juros em 7,25% a.a. até o final de 2013, como

indicavam, em janeiro daquele ano, as medianas das projeções do Comitê de

Acompanhamento Macroeconômico da ANBIMA e do Relatório Focus do

Banco Central para a taxa Selic. Assim, o aumento da Selic em 275 pontos-

base entre abril e dezembro de 2013 comprometeu significativamente o

desempenho dos ativos de renda fixa e, consequentemente, o retorno das

carteiras compostas por esses ativos.

No entanto, para Kindleberger; Aliber (2013), esse cenário de desvalorização dos

títulos da dívida brasileira foi derivado do comportamento irracional que pode ser descrito

como "mania" ou "bolha", já que alguns valores indicavam que iriam inevitavelmente cair e,

provavelmente, de forma rápida, o que de fato se confirmou, ou seja, a excessiva alavancagem

dos portfólios de renda fixa no Brasil levou a um boom ocasionado pelo crescimento da

demanda e rápida ampliação da rentabilidade entre 2011 e 2012 (Gráfico 27).

GRÁFICO 27 – Comparativo da Rentabilidade dos Títulos de Renda Fixa no Brasil entre 2012 e

2013

Fonte: Dijk (2014)

Page 104: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

103

Destarte, Henrique (2013, p. 1-2) resume esse panorama:

(...) em 2013, com a SELIC saindo de 7,25%, em janeiro, para 9,50%, em

outubro, o índice IMA teve uma variação negativa de -8,10% (IMA-B em

14/10/13) e a rentabilidade das aplicações dos RPPS no ano negativa em

torno de -7%, enquanto a meta atuarial a ser batida, em setembro, era de

8,43%.

Os resultados invertidos dos dois últimos anos, entre outros fatores, devem-

se ao fato de que na “marcação a mercado” o valor da NTN – B (Nota do

Tesouro Nacional série B), normalmente oscila de forma inversa à taxa

SELIC devido ao cupom de juros fixado na compra. E cerca de 90% dos

recursos do RPPS estão alocados nestes títulos públicos.

Assim, a contínua elevação da SELIC a partir de 2013 (Gráfico 28) levou a uma

"negociação em excesso", a qual resultou especulação para revenda com maiores retornos e,

por isso, os títulos comprados anteriores a esse aumento têm seus valores de mercado

desvalorizados já que se tornam menos atrativos para renegociação (KINDLEBERGER;

ALIBER, 2013).

GRÁFICO 28 – Evolução da SELIC no Brasil entre 2010 e 2015

Fonte: Martello (2015)

D’Agosto (2014, p. 1) relata o impacto da alteração da SELIC nos títulos públicos:

A alta dos juros nos últimos 18 meses, decorrente de ajustes para combater a

inflação e adaptar a economia brasileira ao novo ambiente internacional,

provocou um estrago na carteira dos investidores em títulos públicos de

longo prazo.

Page 105: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

104

No período entre o fim de janeiro de 2013 e o começo de fevereiro de 2014,

o prejuízo causado pelos papéis que fazem parte do IMA-B chegou a quase

R$ 100 bilhões. O indicador acompanha o valor de mercado das NTN-Bs,

indexadas à inflação.

A carteira do IMA-B é da ordem de R$ 700 bilhões e foi a mais prejudicada

pela subida das taxas. A razão é o prazo médio dos títulos, de

aproximadamente sete anos.

Na prática, o aumento do IPCA não foi suficiente para compensar a

desvalorização dos papéis provocada pela alta dos juros. Essa diferença foi a

razão para as perdas e representou um baque para quem acreditava que

estava protegido contra a inflação.

Na verdade, os investidores começam a conjeturar que os títulos de renda fixa estão

supervalorizados em diferentes mercados e, por isso, está ocorrendo a formação de uma bolha

nesses papéis. Essa conclusão é corroborada pela sobrevalorização histórica de títulos

corporativos, que só perde para o exagero da alavancagem, acima da média histórica, dos

títulos públicos que subiram 20% em dois anos nos Estados Unidos (FILGUEIRAS, 2015).

No Brasil, a partir do Plano Real, iniciou-se uma acentuada atração com juros

convidativos ao capital especulativo internacional em títulos do governo, acarretando forte

crescimento do saldo acumulado dos investimentos de estrangeiros no país a tal ponto que,

em 2006, já representava um montante de US$ 110 bilhões e, em 2012, atingiu o patamar de

US$ 200 bilhões (Gráfico 29), tudo sendo remunerado com altos rendimentos (Gráfico 30)

pelo Tesouro Nacional com base na SELIC (KHAIR, 2013).

GRÁFICO 29 – Saldos Acumulados de Investimentos em Títulos de Estrangeiros no Brasil

(1989-2012)

Fonte: Khair (2013)

Page 106: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

105

GRÁFICO 30 – Renda de Investimentos em Carteira da Dívida Pública no Brasil (1981-2012)

Fonte: Khair (2013)

Por isso, Khair (2013, p. 1) afirma:

Antes do Plano Real a renda das aplicações era inferior a US$ 1 bilhão por

ano. Com o Plano Real há o salto para US$ 4 bilhões em 1995 e daí para a

frente, com lucros financeiros na casa de US$ 10 bilhões anuais.

Esse é um dos custos dessa política danosa de atrair o capital especulativo

internacional para segurar a inflação.

A ameaça de repatriação desse capital especulativo é o cutelo na garganta do

governo.

Por sua vez, Faria (2010, p. 151) complementa que "(...) um aumento de gastos

públicos governamentais financiado por emissão de dívida pública pode não ter um impacto

significativo sobre a atividade econômica, pois as pessoas sabem que, no futuro, o governo

terá de aumentar impostos para pagar a dívida". Por isso, esse aspecto já tomou tal proporção

que, em 2014, no Brasil, os juros e amortizações da dívida corresponderam a 45,11% da

execução orçamentária da União, enquanto que a previdência social atingiu a 21,76%

(Gráfico 31).

Page 107: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

106

GRÁFICO 31 – Orçamento Geral da União (Executado em 2014 no Brasil) – Total = R$ 2,168

Trilhão

Fonte: Fattorelli; Ávila (2015)

Esses dados mostram que as variáveis juros e amortizações da dívida juntamente com

a previdência social perfizeram, em 2014, um total de 66,87% da dotação orçamentária no

Brasil, na contramão que saúde e educação totalizaram apenas 7,71%, assim como ciência e

tecnologia corresponderam a pífios 0,28%, ou seja, a dívida pública brasileira está

erroneamente estruturada nas despesas correntes na contramão de apresentar a menor taxa de

investimentos em relação ao PIB entre os países do BRICS entre 2003 e 2011 (Gráfico 32).

GRÁFICO 32 – Taxa Média de Investimento (% do PIB) entre 2003-2011

Fonte: Fonseca (2014)

Por isso, Lúcia (2015, p. 1) evidencia:

A contínua destinação de elevados montantes para o pagamento de

“amortização” da dívida, suavizados sob o rótulo de “mera rolagem”, assim

Page 108: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

107

como dos extorsivos juros desse questionável processo, estão sacrificando a

sociedade. Além de arcar com pesada e distorcida carga tributária, a

sociedade não recebe os serviços sociais essenciais, como saúde e educação.

O país está com seu desenvolvimento socioeconômico travado, a serviço de

garantir lucros escorchantes ao sistema financeiro, e apodrecido pela

corrupção.

Assim, a Revista Em Discussão (2013, p. 40-41) faz um paralelo entre os dados da

dívida pública brasileira em relação ao PIB com o cenário de crise fiscal delineado na Europa:

A crise que atingiu em cheio a União Europeia está enraizada na enorme

dívida pública ocasionada por gastos excessivos sem o devido lastro de

reservas. Assim, economias de países como Grécia e Portugal, ou até então

consideradas mais fortes, como Itália e Espanha, vinham, há anos,

financiado seus custos por meio de arrolamentos dos dívida. Na Grécia, o

pior caso de descontrole das contas públicas na Zona do Euro, a dívida

alcançou a marca de 148,6% do PIB em 2010. Logo depois da Grécia, estava

a Itália, cuja dívida atingiu 118,4% do PIB. Em seguida, Irlanda, com

94,9%; Portugal, 93,3%; e Espanha, 61,1%. Esses cinco países são

conhecidos pela sigla PIIGS, formada pelas iniciais de seus nomes em -

inglês.

No mesmo período, a relação dívida/PIB da Alemanha estava em 83,2%, a

da França, em 82,3%, e da Inglaterra em 79,9%, todas também bastante altas

e acima do máximo estipulado pela União Europeia. A diferença é que

esses três países possuem economias altamente industrializadas,

capacidade de investimento e grandes reservas internacionais — uma

espécie de poupança em moeda estrangeira, em geral dólar — controladas

pelos bancos centrais de cada país, que servem para cobrir eventuais déficits

nas contas externas e evitar ataques especulativos à moeda nacional. Já os

PIIGS, além de apresentarem grande dívida pública relativa ao PIB, possuem

alto déficit orçamentário e baixas reservas internacionais.

A maior relação dívida/PIB do mundo pertence ao Japão: 214,3%. Embora

deva muito, a nação asiática tem como honrar as dívidas quando necessário,

visto que detém o segundo maior volume de reservas internacionais do

planeta (US$ 1,35 trilhão em 2012), atrás apenas da China (US$ 3,3

trilhões). Para se ter uma ideia, a Alemanha ocupa a 13ª posição, com US$

238,9 bilhões; e os Estados Unidos, a 19ª, com US$ 148 bilhões. Apesar de

ser o sétimo nesse ranking, com US$ 371,1 bilhões em reservas

internacionais, o Brasil é o que detém a maior relação dívida/PIB entre os

países emergentes do bloco conhecido como BRICS (Brasil, Rússia,

Índia, China e África do Sul): 54,9% (grifo nosso).

Paralelamente, o Brasil está, cada vez mais, reduzindo suas reservas voltadas ao

pagamento dos juros da dívida, o chamado superávit primário, a tal ponto que o exercício

fiscal de 2014 apresentou déficit primário (Gráfico 33), pela primeira vez desde quando o

Banco Central iniciou o registro da série histórica em 2001.

Page 109: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

108

GRÁFICO 33 – Evolução do Resultado Primário do Brasil entre 2002 e 2014

Fonte: Martello (2015)

No mais, mesmo com todas medidas de austeridade, as projeções para 2015 não são

animadoras, pois segundo Martello (2015, p. 1):

Com o fraco resultado das contas públicas no primeiro semestre deste ano,

houve, em doze meses até junho, um déficit primário de R$ 45,69 bilhões,

ou 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) – também o pior resultado da série

histórica para este indicador.

(...) Quando se incorpora os juros da dívida pública na conta, no conceito

conhecido no mercado como "nominal", que é acompanhado com atenção

pelas agências de classificação de risco na determinação da nota dos países,

houve déficit de R$ 462 bilhões em doze meses até junho, o equivalente a

expressivos 8,12% do PIB. Trata-se, também, do pior resultado da história e

foi a primeira vez que a barreira dos 8% do PIB foi rompida.

Se fechar em 8% do PIB em 2015, o déficit nominal brasileiro ficaria abaixo,

neste ano, de acordo com projeções do Fundo Monetário Internacional, de

nações como Bahrein (déficit de 9,8% do PIB), Antigua (-10,5% do PIB),

Algéria (-12,5% do PIB), Brunei (-15,6% do PIB), República do Djibuti (-

13% do PIB), Egito (-11,7% do PIB), Guinea Equatorial (-21,4% do PIB),

Eritreia (-12,18% do PIB), Guiné (-10,1% do PIB), Iraque (-9,9% do PIB),

Líbia (-68% do PIB) e Venezuela (-19,9% do PIB), entre outros.

Em suma, o atual cenário econômico está delineando uma perspectiva de

insustentabilidade da dívida pública e, por isso, torna-se cada vez mais imperativo que os

gestores dos RPPS estabeleçam efetivos mecanismos de monitoramento das variações

econômicas de modo a avaliar os possíveis impactos negativos em seus portfólios que tendem

a centralizar suas aplicações em títulos da dívida pública brasileira.

Entretanto, os gestores dos RPPS vêm se mostrando míopes a toda essa conjuntura

econômica, subestimando a probabilidade de resultados adversos como o que ocorreu em

Page 110: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

109

2013 pois, na época, havia a crença de que, independentemente do cenário econômico, não

teria necessidade de que os investimentos fossem submetidos à supervisão prudencial, já que

supostamente não haveria riscos financeiros de mercado em títulos de renda fixa. Criou-se,

em função disso, um comportamento de convergir integralmente os portfólios em títulos

públicos referenciados pelo IMA fortemente alavancados, que eram vistos como os principais

responsáveis pela viabilização do ininterrupto alcance da meta atuarial. Por isso, a ilusão da

inexistência dos riscos, à época, convidava ao aumento da alavancagem, multiplicando a

rentabilidade, o que era excelente enquanto crescia os preços dos ativos (PASTORE, 2010).

Logo, Henrique (2013, p. 1) explica:

Cultuou-se durante muito tempo, no ambiente de juros altos, a ideia do risco

zero para os investimentos em títulos públicos ou em fundos de

investimentos em renda fixa com carteira recheada de títulos públicos. A

experiência tem nos mostrado que a alocação de 100% dos recursos em

títulos públicos não significa rentabilidade garantida, ou melhor, não está

sujeita somente ao risco soberano (risco país), mas também à volatilidade do

mercado.

No entanto, para Nóbrega (2010, p. 15) "a miopia diante do desastre explica crises

como a da dívida externa dos países em desenvolvimento, das associações de poupança e

empréstimos e outras". Assim, essa miopia emergiu das incertezas decorrentes de gestão

passiva praticada nos RPPS, ou seja, a ignorância resultante do despreparo técnico dos

gestores levou a tomadas de decisões, dentro de uma errônea visão de curto prazo, mediante

justificativas fundamentadas sobre a insegurança do supostamente "desconhecido" cenário

econômico apresentado à época. Entretanto, Faria (2010, p. 153) aponta:

(...) teorias que colocam o conceito da incerteza acima de tudo e rejeitam

sumariamente o postulado da ergodicidade correm o risco de assumir um

grau de indeterminação tão grande que lhes resta muito pouco a dizer sobre o

comportamento dos agentes econômicos.

(...) o risco é que nos aproximemos perigosamente do niilismo, ignorando

contribuições fundamentais à condução de políticas econômicas

proporcionadas pela análise econômica tradicional.

Deveras, a ausência de apropriados mecanismos de gestão estratégica de riscos levou

os gestores dos RPPS a resgatarem, antes do prazo, os títulos de renda fixa e essas decisões

resultaram perdas generalizadas ao fundos previdenciários, conforme relata Dijk (2014, p. 1):

Diante do recuo da maior parte dos ativos de renda fixa prefixados, e,

sobretudo, dos indexados, refletido na queda de 10,02% do IMA-B em 2013,

os fundos Renda Fixa Índices recuaram 3,42% no período. Pouco

acostumados à volatilidade e à perda em ativos de renda fixa, muitos

Page 111: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

110

investidores, em especial os do varejo, resgataram recursos dos respectivos

fundos, em alguns casos consolidando perdas que poderiam ser evitadas se a

aplicação fosse mantida por um período maior de tempo, compatível com o

prazo médio dessas carteiras. Neste sentido, vale notar que em um horizonte

maior de tempo, de 24 e 36 meses, por exemplo, os fundos Renda Fixa

Índices acumulam retornos expressivos, de 17,5% e 34,4%, respectivamente.

Dessa forma, os fundos previdenciários, que em sua essência se caracterizam pela

perspectiva de longa dilação, foram expostos a medidas que desconsideraram os prazos de

médios ou longos horizontes associados aos fluxos de recebimentos dos recursos atrelados à

estabilidade social de seus segurados. Esses prazos são tecnicamente chamados de duration

que representa, conforme explica Yoshimoto (2005, p. 6-7):

O tempo médio necessário para recuperação do dinheiro investido. (...)

intuitivamente, sabemos que quanto maior o prazo de um título de renda fixa

(e a duration), a sua volatilidade será maior, podendo, consequentemente, ter

o seu valor de mercado apreciado ou depreciado, em função dos choques de

taxas de juros. Desta forma, podemos estabelecer a conexão entre a duration

e a variação das taxas de juros para se ter a sensibilidade ou a elasticidade

preço de um título em relação à mudança da taxa e, com isso, controlar ou

estimar os riscos potenciais de um título.

Por isso, da propensão ao risco sistêmico das variações de taxas de juros resulta

alterações no valor de mercado dos títulos de renda fixa (Gráfico 34) e essa sensibilidade é

mesurada pela convexidade que, conforme Lunardi (2009, p. 16) "é uma medida de quanto a

relação preço-taxa do ativo se desvia de uma linha reta, medindo esta curvatura".

GRÁFICO 34 – Evolução de Diferença de Rentabilidade Obtida com Títulos Públicos em Caso

de Venda Antecipada ou de Venda na Data Vencimento

Fonte: Tesouro Nacional (2013)

Page 112: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

111

Por sua vez, Holtz (2012, p. 1) assinala que "o formato e inclinação da curva sempre

dependerão das características do título específico. Quanto maior a duration do título, mais

inclinada será a curva – representada pela curva vermelha (Gráfico 35) –, e mais afastada no

tempo estará a rentabilidade do investimento.

GRÁFICO 35 – Relação da Curvatura Taxa-Preço de Ativos

Fonte: Holtz (2012)

No entanto, Póvoa (2012, p. 3) afirma:

É imperioso nunca perder de vista que, em qualquer análise que esteja sendo

realizada, existem duas dimensões que jamais podem ser ignoradas: o

potencial de retorno, seja de lucro ou de fluxo de caixa, e o risco embutido

nessa projeção.

Os melhores resultados de um bom processo de valuation normalmente são

aqueles que envolvem boa técnica, para limitar os potenciais erros (mais

comuns do que parecem), acrescida da dose correta de arte. O maior trabalho

deve ser feito pelos analistas "nos bastidores", para alimentar o modelo de

boas informações. De nada adianta possuirmos a planilha mais sofisticada do

mundo se a mesma for alimentada com variáveis sentido. Como diz uma

famosa expressão inglesa, trash in, trash out (lixo dentro, lixo fora).

Assim, a introdução da medição dessas variáveis apresentadas não foram analisadas

pelos gestores dos RPPS quando da avaliação dos riscos financeiros de mercado resultantes

das mudanças do cenário econômico. Todavia, esse tema se mostra relevante já que os

gestores dos RPPS deveriam ter comprometimento com a sustentabilidade atuarial. Ademais,

os riscos financeiros de mercado, quando não identificados e mensurados pelos entes

municipais, ocasionam danos significativos provenientes da má gestão financeira em face da

Page 113: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

112

externalidades econômicas. Por conseguinte, é imprescindível para a continuidade dos RPPS

que a gestão identifique e analise as situações que possam resultar em prováveis risco de

crédito, de liquidez e de mercado, com o objetivo de evitar que os investimentos tenham

possíveis perdas financeiras semelhantes aos prejuízos que ocorreram, em 2013, no portfólio

de aplicações em renda fixa.

Em suma, quando o assunto é gestão pública estratégica de riscos financeiros de

mercado como mecanismo de governança atuarial nos RPPS, as deliberações humanas

assumem um papel diferenciado em importância, pois são confrontadas com a dinâmica de

situações econômicas que envolvem decisões complexas sobre escolhas de risco apresentando

incerteza sobre eventos futuros e, por isso, requerem ser estruturadas na boa visão de

prudência fundamental e de incontestável relevância para salvaguardar os recursos financeiros

garantidores da estabilidade sócio-econômica coletiva. Todavia, essa prudência não implica

inércia alicerçada no aspecto de que muitos eventos possam se mover ou passam a ocorrer

sem que o gestor tenha o necessário controle sobre elas, mas sim implica que todo ato do

gestor deve buscar a cautela construída com técnicas de gestão ativa que visem , de forma

prioritária, desencadear ações cujas influências sobre os processos administrados sejam

correlatas de modo a interferir ou mudar o curso de eventos em andamento para evitar ou

reduzir impactos econômicos danosos à administração em curso (ZIMMER, 2008).

Page 114: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

113

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.1 Caracterização da pesquisa

O objetivo geral desta pesquisa é verificar a maturidade da gestão estratégica de riscos

como mecanismo de governança atuarial dos regimes próprios de previdência social dos

municípios pernambucanos. Assim, com o propósito de responder aos questionamentos

elaboradas neste trabalho, foi realizada pesquisa empírica para evidenciar características de

cunho descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa dos dados. Quanto aos

procedimentos de coleta de dados, o estudo foi realizado com pesquisa documental e

levantamento com delineamento por entrevista estruturada aplicada no período de maio e

junho de 2015.

5.2 População e amostra

Inicialmente, para conhecer a composição da população desta pesquisa, foi realizado

levantamento documental, em página eletrônica do Ministério da Previdência Social – MPS

(2014), de modo a verificar os municípios que possuem Demonstrativo de Resultados de

Avaliação Atuarial (DRAA) cadastrados. A obrigatoriedade de apresentação do DRAA é

exigência inerente aos RPPS e está prevista na alínea b) do inciso XVI do artigo 5º da Portaria

MPS nº 204/2008. Dessa maneira, foi constatado que a população desse estudo abrange 147

RPPS legalmente constituídos em 31 de dezembro de 2013 no Estado de Pernambuco.

O plano amostral desta pesquisa foi configurado pelo método de amostragem por

estágios múltiplos de modo a viabilizar a representatividade dos resultados encontrados.

O primeiro estágio da amostragem configurou-se como aleatória estratificada que, de

acordo com Martins e Domingues (2011, p. 304), "no caso de população heterogênea em que

se podem distinguir subpopulações mais ou menos heterogêneas, denominadas estratos, é

possível utilizar o processo de amostragem estratificada". Esse aspecto intencionou levar em

consideração as heterogeneidades das realidades sócio-econômicas nas quais estão inseridos

os RPPS pernambucanos e que possam influenciar nas práticas de gestão estratégica de ricos

das aplicações financeiras, tendo em vista que, segundo Azevedo (2011, p. 2), a amostragem

Page 115: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

114

por estratificação visa "produzir estimativas para a população como um todo e para

subpopulacões, já que, em geral, quanto mais os elementos de cada estrato forem parecidos

entre si e diferentes entre os estratos, maior será a precisão dos estimadores". Assim, a

variável de estratificação da população tomou por base as divisões das cinco mesorregiões

pernambucanas (Região Metropolitana do Recife, São Francisco Pernambucano, Agreste,

Zona da Mata e Sertão), definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Sobre essas divisões, Magnago (1995, p. 1) explica:

A divisão do espaço geográfico em regiões é uma tarefa de caráter científico

ditada tanto por interesses acadêmicos, quanto por necessidades do

planejamento e da gestão do território.

Como atividade científica acadêmica, a divisão regional é um exercício de

discussão e elaboração de conceitos, teorias e métodos que levam a um

determinado modelo. Esse deve ter como objetivo a ampliação do

conhecimento científico (...)

Desse modo, cada estrato de mesorregião da população dos 147 RPPS apresentou

configuração quantitativa distinta (Tabela 2), verificando-se que o Sertão pernambucano

possui a maior relação percentual de RPPS sob o aspecto da variável analisada.

TABELA 2 – Estratos de RPPS por Mesorregião Pernambucana

MESORREGIÕES

PERNAMBUCANAS

Quantidade de

Municípios

Estratos de

RPPS % RPPS

Região Metropolitana do Recife 15 13 86,67%

Zona da Mata 43 28 65,12%

Agreste 71 55 77,46%

Sertão 41 39 95,12%

São Francisco Pernambucano 15 12 80,00%

TOTAL 185 147

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

O segundo estágio realizou-se pelo método de amostragem estratificada de fração

ótima que, segundo Richardson (2014, p. 164), caracteriza-se pelo aspecto de que "(...) a

fração de amostragem é distinta para cada estrato, de modo que seja possível obter um

número suficiente de elementos de cada um e, assim, efetuar comparações válidas entre eles e

ponderar os resultados para não perder a representatividade da amostra". Assim sendo, cada

elemento dos estratos foi relacionado a duas variáveis imprescindíveis à realização da

pesquisa: a Meta Atuarial constante no DRAA de 2014 e a Variação do Capital Acumulado

Page 116: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

115

obtida através do cálculo comparativo entre os Demonstrativo de Aplicações e Investimento

dos Recursos (DAIR) bimestral de novembro/dezembro de 2012 e 2013. Assim como o

DRAA, o DAIR é documento obrigatório intrínseco a todos os RPPS conforme estabelece a

alínea d) do inciso XVI do artigo 5º da Portaria MPS nº 204/2008. Dessa forma, os RPPS que,

ou não apresentaram tais documentos ao MPS ou não realizaram investimentos financeiros no

mercado de capitais e, por isso, não obtiveram rentabilidade proveniente das aplicações

financeiras, foram excluídos dos seus respectivos estratos, resultando configuração

estratificada (Tabela 3).

TABELA 3 – Amostragem Estratificada de Fração Ótima dos RPPS por Mesorregião

MESORREGIÕES PERNAMBUCANAS Estratos de RPPS

Região Metropolitana do Recife 10

São Francisco Pernambucano 8

Agreste 24

Zona da Mata 7

Sertão 21

TOTAL 70

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Esses dados mostram que aproximadamente 52,38% dos RPPS ou não divulgaram

informações do DRAA e/ou do DAIR, o que os tornam inadimplentes perante o MPS, ou não

realizaram aplicações de recursos no mercado financeiro e, por isso, não obtiveram

rentabilidade alguma para compor reservas financeiras para pagamento de suas obrigações

futuras. O terceiro estágio do plano amostral foi constituído por amostragem não

probabilística intencional que Richardson (2014, p. 161) ressalta pelo seguinte aspecto:

Os elementos que formam a amostra relacionam-se de acordo com certas

características estabelecidas no plano (...). Se o plano possuir características

que definam a população, é necessário assegurar a presença do sujeito-tipo.

Desse modo, a amostra intencional apresenta-se como representativa do

universo. Entende-se por sujeitos-tipos aqueles que representam as

características típicas de todos os integrantes que pertencem a cada uma das

partes da população.

Desse modo, os RPPS foram intencionalmente selecionados para compor uma amostra

multinominal, ou seja, com reposição a partir de quinze marcos de referência por estrato, são

eles:

Page 117: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

116

I. RPPS com segregação de massa e que apresente superávit atuarial.

TABELA 4 – RPPS com Segregação de Massa e que Apresente Superávit Atuarial a partir de

Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios Resultado Atuarial (em R$)

do Fundo Capitalizado

Igarassu

129.049,80

Olinda

772.430,25

Recife

84.908.235,61

Gravatá 848.278,37

Belo Jardim 1.873.336,73

Águas Belas 3.229.342,41

Lajedo 2.175.936,85

Panelas 331.220,09

Riacho das Almas 34.557,53

São José do Egito 10.267.521,18

Triunfo 772.302,11

Sertânia 178.453,92

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

II. RPPS com segregação de massa e que apresente déficit atuarial.

TABELA 5 – RPPS com Segregação de Massa e que Apresente Déficit Atuarial a partir de

Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios Resultado Atuarial (em R$)

do Fundo Capitalizado

Cabo de Santo Agostinho

-30.389.248,00

Jaboatão dos Guararapes

-55.413.189,14

São Lourenço da Mata

-3.257.671,98

São Bento do Una -2.569.922,02

São Benedito do Sul -315.034,21

Vitória de Santo Antão -3.766.273,72

Salgueiro -2.786.628,17

Floresta -435.467,18

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Page 118: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

117

III. RPPS com segregação de massa, indiferente de seu resultado atuarial, com MAIOR

percentual de alcance da meta atuarial por estrato, independentemente do resultado do capital

acumulado.

TABELA 6 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, Independentemente do

Resultado do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal % Benchmark

Jaboatão dos Guararapes

11,90% 3,86% 32,44%

Panelas 10,06% 24,05% 239%

Água Preta 11,41% 8,33% 73,01%

Iguaraci 11,41% 15,48% 135,67%

Orocó 12,41% 11,61% 93,54%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

IV. RPPS com segregação de massa, indiferente de seu resultado atuarial, com MENOR

percentual de alcance da meta atuarial por estrato, independentemente do resultado do capital

acumulado.

TABELA 7 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, Independentemente do Resultado

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios da RMR Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

São Lourenço da Mata 11,56% -10,72% -92,73%

Riacho das Almas 12,26% -7,87% -64%

Vitória de Santo Antão 12,26% -5,37% -43,80%

Salgueiro 11,89% -9,89% -83,18%

Floresta 11,56% -11,53% -99,74%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Page 119: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

118

V. RPPS com segregação de massa, indiferente de seu resultado atuarial, com MAIOR

percentual de alcance da meta atuarial por estrato, desde que tenha obtido aumento do capital

acumulado.

TABELA 8 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido Aumento

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios

Resultado Atuarial

(em R$) do Fundo

Capitalizado

Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

% do Capital

Acumulado

Cabo de Santo Agostinho -30.389.248,00 11,90% 1,83% 15,38% 27,83%

Panelas 331.220,09 10,06% 24,05% 239% 1.426,79%

São Benedito do Sul -315.034,21 12,04% 6,43% 53,40% 7,06%

São José do Egito 10.267.521,18 11,90% 7,25% 60,92% 1.784,74% Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

VI. RPPS com segregação de massa, indiferente de seu resultado atuarial, com MENOR

percentual de alcance da meta atuarial por estrato, desde que tenha obtido aumento do capital

acumulado.

TABELA 9 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido Aumento

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios

Resultado Atuarial

(em R$) do Fundo

Capitalizado

Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

% do Capital

Acumulado

São Lourenço da Mata -3.257.671,98 11,56% -10,72% -92,73% 15,95%

Lajedo 2.175.936,85 12,26% 4,92% 40% 23,60%

Vitória de Santo Antão -3.766.273,72 12,26% -5,37% -43,80% 34,95%

Salgueiro -2.786.628,17 11,89% -9,89% -83,18% 9,26%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Page 120: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

119

VII. RPPS com segregação de massa, indiferente de seu resultado atuarial, com MAIOR

percentual de alcance da meta atuarial por estrato, desde que tenha obtido redução do capital

acumulado.

TABELA 10 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de seu Resultado Atuarial, com

Maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido Redução

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios

Resultado Atuarial

(em R$) do Fundo

Capitalizado

Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

% do

Capital

Acumulado

Jaboatão dos Guararapes -55.413.189,14 11,90% 3,86% 32,44% -29,64%

Águas Belas 3.229.342,41 12,57% 16,20% 129% -14,28%

Triunfo 772.302,11 11,90% 8,01% 67,31% -9,12%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

VIII. RPPS com segregação de massa, indiferente de seu resultado atuarial, com MENOR

percentual de alcance da meta atuarial por estrato, desde que tenha obtido redução do capital

acumulado.

TABELA 11 – RPPS com Segregação de Massa, Indiferente de Seu Resultado Atuarial, com

Menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido Redução

do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios

Resultado Atuarial

(em R$) do Fundo

Capitalizado

Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

% do Capital

Acumulado

Olinda 772.430,25 11,90% -7,43% -62,44% -11,88%

Riacho das Almas 34.557,53 12,26% -7,87% -64% -86,19%

Floresta -435.467,18 11,56% -11,53% -99,74% -2,95%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Page 121: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

120

IX. RPPS, indiferente de segregação de massa, que alcançou sua meta atuarial,

independentemente do resultado do capital acumulado.

TABELA 12 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que Alcançou sua Meta Atuarial,

Independentemente do Resultado do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada

de Fração Ótima

Municípios Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

Belo Jardim 11,91% 12,30% 103%

Águas Belas 12,57% 16,20% 129%

Panelas 10,06% 24,05% 239%

Lagoa do Ouro 11,41% 11,78% 103%

Iguaraci 11,41% 15,48% 135,67%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

X. RPPS, indiferente de segregação de massa, que NÃO atingiu sua meta atuarial e com

MAIOR percentual de alcance da meta atuarial por estrato, independentemente do resultado

do capital acumulado.

TABELA 13 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta Atuarial e

com maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, Independentemente do

Resultado do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

Jaboatão dos Guararapes

11,90% 3,86% 32,44%

Bezerros 12,41% 10,06% 81%

Água Preta 11,41% 8,33% 73,01%

Triunfo 11,90% 8,01% 67,31%

Orocó 12,41% 11,61% 93,54%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Page 122: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

121

XI. RPPS, indiferente de segregação de massa, que NÃO atingiu sua meta atuarial e com

MENOR percentual de alcance da meta atuarial por estrato, independentemente do resultado

do capital acumulado.

TABELA 14 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta Atuarial e

com menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, Independentemente do

Resultado do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

São Lourenço da Mata

11,56% -10,72% -92,73%

Tupanatinga 11,41% -10,73% -94%

Vitória de Santo Antão 12,26% -5,37% -43,80%

Verdejante 12,20% -34,88% -285,90%

Floresta 11,56% -11,53% -99,74%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

XII. RPPS, indiferente de segregação de massa, que NÃO atingiu sua meta atuarial e com

MAIOR percentual de alcance da meta atuarial por estrato, desde que tenha obtido aumento

do capital acumulado.

TABELA 15 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta Atuarial e

com maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido

Aumento do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

% do Capital

Acumulado

Cabo de Santo Agostinho

11,90% 1,83% 15,38% 27,83%

Bezerros 12,41% 10,06% 81% 9,65%

Água Preta 11,41% 8,33% 73,01% 254,27%

Brejinho 11,41% 7,50% 65,73% 91,54%

Orocó 12,41% 11,61% 93,54% 11,56%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Page 123: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

122

XIII. RPPS, indiferente de segregação de massa, que NÃO atingiu sua meta atuarial e com

MENOR percentual de alcance da meta atuarial por estrato, desde que tenha obtido aumento

do capital acumulado.

TABELA 16 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta Atuarial e

com Menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido

Aumento do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

% do Capital

Acumulado

São Lourenço da Mata

11,56% -10,72% -92,73% 15,95%

Tupanatinga 11,41% -10,73% -94% 1,06%

Vitória de Santo Antão 12,26% -5,37% -43,80% 34,95%

Ouricuri 12,41% -11,09% -89,36% 0,43%

Terra Nova 12,41% -6,10% -49,13% 0,33%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

XIV. RPPS, indiferente de segregação de massa, que NÃO atingiu sua meta atuarial e com

MAIOR percentual de alcance da meta atuarial por estrato, desde que tenha obtido redução do

capital acumulado.

TABELA 17 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta Atuarial e

com maior Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido

Redução do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

% do Capital

Acumulado

Jaboatão dos Guararapes

11,90% 3,86% 32,44% -29,64%

Jupi 12,26% 3,86% 31% -55,49%

Triunfo 11,90% 8,01% 67,31% -9,12%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Page 124: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

123

XV. RPPS, indiferente de segregação de massa, que NÃO atingiu sua meta atuarial e com

MENOR percentual de alcance da meta atuarial por estrato, desde que tenha obtido redução

do capital acumulado.

TABELA 18 – RPPS, Indiferente de Segregação de Massa, que não Atingiu sua Meta Atuarial e

com menor Percentual de Alcance da Meta Atuarial por Estrato, desde que Tenha Obtido

Redução do Capital Acumulado a partir de Amostragem Estratificada de Fração Ótima

Municípios Meta

Atuarial

Rentabilidade

Nominal

%

Benchmark

% do Capital

Acumulado

Igarassu 11,90% -3,00% -25,21% -1,10%

Riacho das Almas 12,26% -7,87% -64% -86,19%

Escada 11,91% -2,26% -18,98% -1,22%

Floresta 11,56% -11,53% -99,74% -2,95%

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Assim, a aplicação desses marcos referenciais apresentados resultou configuração

composta por 32 RPPS pernambucanos distribuídos e seus respectivos estratos por

mesorregiões (Tabela 19).

TABELA 19 – Amostragem não Probabilística Selecionada a Partir dos Quatorze Marcos de

Referência por Estrato dos RPPS por Mesorregião Pernambucana

MESORREGIÕES

PERNAMBUCANAS Estratos de RPPS

Região Metropolitana do Recife 6

São Francisco Pernambucano 3

Agreste 11

Zona da Mata 4

Sertão 8

TOTAL 32

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Pesquisa documental (2015)

Dessa forma, essa amostra se caracteriza pela seguinte composição: na Região

Metropolitana (Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Olinda, Igarassu,

São Lourenço da Mata); no Agreste (Panelas, Águas Belas, Belo Jardim, Lagoa do Ouro,

Bezerros, Jupi, Riacho das Almas, Tupanatinga, Gravatá, São Bento do Una, Lajedo); na

Page 125: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

124

Zona da Mata (Água Preta, Escada, Vitória de Santo Antão, São Benedito do Sul); no Sertão

(Iguaraci, Triunfo, Brejinho, Ouricuri, Verdejante, São José do Egito, Sertânia, Salgueiro) e

no São Francisco Pernambucano (Orocó, Terra Nova e Floresta).

5.3 Procedimentos de coleta dos dados

Primeiramente, a pesquisa realizada partiu de levantamento documental de panorama

geral dos 147 RPPS pernambucanos, coletando os dados dos aspectos relacionados ao

comportamento de seus déficits atuariais, dos desempenhos de seus capitais acumulados bem

como aos resultados verificados nas aplicações dos recursos financeiros. Toda a coleta foi

realizada em página eletrônica do Ministério da Previdência Social – MPS (2014), através do

Demonstrativo de Resultados de Avaliação Atuarial (DRAA) e do Demonstrativo de

Aplicações e Investimento dos Recursos (DAIR).

A segunda etapa da coleta dos dados envolveu a pesquisa de campo para realização de

entrevista estruturada por meio da aplicação de questionário com os responsáveis pela gestão

dos recursos financeiros. Todos os 32 da amostra municípios foram visitados, mas não houve

êxito nas visitas aos municípios de São José do Egito e Iguaraci, ambos do Sertão

pernambucano. Por isso, a análise dos dados apresentou conclusões formuladas a partir da

coleta de 30 RPPS e, assim, com representatividade de 20,41% da população.

5.4 Instrumento de pesquisa

O instrumento de pesquisa utilizado foi questionário com base em perguntas

elaboradas por Souza (2011), por Bogoni (2008) e pelo Tribunal de Contas da União – TCU

(2012), todavia, houve adaptações de modo a haver uma adequação aos objetivos específicos

dessa dissertação. O questionário é composto por 86 questões com perguntas abertas e

fechadas (Anexo I), dividido em sete dimensões (Tabela 20).

Page 126: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

125

TABELA 20 – Número de Questões por Dimensão no Questionário

DIMENSÕES

NÚMERO DE

QUESTÕES

PARTE A Aspectos gerais da gestão dos regimes próprios de previdência social 6

PARTE B Perfil do gestor de recursos financeiros 10

PARTE C Aspectos da política de investimentos 13

PARTE D Ambiente da gestão de riscos financeiros 21

PARTE E Processos da gestão de riscos financeiros 19

PARTE F Arranjo organizacional com as consultorias financeiras 8

PARTE G Resultados da gestão de riscos financeiros 9

TOTAL 86

Fonte: Elaboração própria (2015)

Nas partes A e B, o questionário tomou por base as perguntas adaptadas de Souza

(2011) e Bogoni (2008). Assim, na parte A, que vai da pergunta 1 a 6, o questionário buscou

traçar os perfis dos RPPS pernambucanos de modo a conhecer as peculiaridades gerais dos

fundos previdenciários; já a parte B, que se inicia na pergunta 7 e vai até a 16, as questões

visaram conhecer o perfil dos gestores de recursos financeiros, visando traçar se eles têm

características ousadas ou conservadoras.

Da parte C a G, as perguntas foram elaboradas visando respostas dentro da escala de

Likert (Quadro 3). Para isso, foram apresentadas indicações de atitudes positivas e negativas

sobre dimensões dos RPPS através do uso de escala de cinco pontos.

QUADRO 3 – Escala de Likert

1 2 3 4 5

Discordo

Totalmente Discordo

Nem Discordo

Nem Concordo Concordo

Concordo

Totalmente

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012)

Todavia, na parte F, a escala foi instituída com contornos com leve diferença, mas as

perguntas continuaram visando a avaliação do grau de concordância dos respondentes com as

dimensões que norteiam a presente pesquisa.

Page 127: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

126

Prática inexistente na

instituição

1 2 3 4 5 Prática realizada de

forma sistemática e

plenamente

incorporada à cultura

organizacional

Assim, para cada opção, foram estabelecidas pontuações de 0 a 4 (Tabela 21) para

indicar a maturidade dos RPPS sobre os aspectos levantados na pesquisa.

TABELA 21 – Escala de Likert e Pontuações Correspondentes

Ponto da escala Pontuação

correspondente

1 0

2 1

3 2

4 3

5 4

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012)

Dessa forma, de acordo com o Tribunal de Contas da União – TCU (2012, p. 19):

A maturidade de uma organização em gestão de riscos é determinada,

segundo o modelo construído, pelas capacidades existentes em termos de

liderança, políticas e estratégias, e preparo das pessoas para gestão de riscos,

bem como pelos resultados decorrentes do emprego dessas capacidades.

Assim, pode-se falar em maturidade da organização em cada uma das

dimensões do modelo, como também em maturidade geral em gestão de

riscos.

Assim, a parte C fundamentou-se em perguntas elaboradas por Bogoni (2008),

adaptadas com o intuito de verificar se as variáveis que compõem a dimensão "Política de

Investimentos" de modo a verificar suas conformidades com a Resolução CMN n.

3.922/2010, além de conhecer os níveis de complexidade dessas políticas nos RPPS

pernambucanos.

Nas partes D, E, F e G, o questionário se baseou nas perguntas formuladas pelo

Tribunal de Contas da União – TCU (2012), buscando verificar as dimensões Ambiente,

Processos, Parcerias e Resultados na gestão de riscos dos RPPS.

Page 128: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

127

A dimensão "Ambiente" tratou de aspectos que compõem o ambiente interno em que

se desenvolve a gestão de riscos financeiros, em especial os relacionados a liderança, políticas

e estratégias, definição de responsabilidades e desenvolvimento de pessoas. Já a dimensão

"Processos" buscou trata de aspectos relacionados ao processo de gestão de riscos financeiros,

com destaque para as etapas de identificação, avaliação, tratamento, monitoramento e

comunicação de riscos.

A dimensão "Gestão de Riscos em Parcerias" visou aspectos relativos à gestão de

riscos estabelecidos entre as consultorias financeiras e os RPPS, enquanto que a dimensão

"Resultados" buscou averiguar até que ponto o gerenciamento de riscos de fato contribui para

conferir mais garantia de que os objetivos institucionais sejam alcançados.

5.5 Análise dos dados

Em paralelo à pesquisa documental, a análise e a interpretação dos dados ocorreram

por meio dos resultados obtidos dos índice de maturidade em cada dimensão da gestão de

riscos, que foram construídos através do modelo e procedimentos utilizados pelo Tribunal de

Contas da União – TCU (2012). Assim, tomou-se o conjunto de itens que compõem as

dimensões (Política de Investimentos; Ambiente; Processos; Parcerias; e Resultados) para

calcular a razão entre a pontuação obtida com as respostas e a pontuação máxima possível

(Tabela 22), expressando esse quociente com um número entre 0% e 100%.

Nesse sentido, de posse dos questionários respondidos, buscou-se organizar e tabular

os dados de tal forma que pudessem produzir informações conclusivas, sustentando o

problema proposto nesta pesquisa. A tabulação eletrônica dos dados através do software

Microsoft® Excel 2007 for Windows.

Page 129: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

128

TABELA 22 – Pontuação Máxima Possível por Dimensão

DIMENSÕES

NÚMERO DE

QUESTÕES

PONTUAÇÃO

MÁXIMA

PARTE C Aspectos da política de investimentos 13 52

PARTE D Ambiente da gestão de riscos financeiros 21 84

PARTE E Processos da gestão de riscos financeiros 19 76

PARTE F Arranjo organizacional das parcerias com as

consultorias financeiras 8 32

PARTE G Resultados da gestão de riscos financeiros 9 36

TOTAL 70 280

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012) com adaptações

Assim, calculados os índices de maturidade nas cinco dimensões, o índice de

maturidade em gestão de riscos foi obtido aplicando-se a média ponderada dessas cinco

dimensões com base nos seguintes pesos: Política de Investimentos - 20%; Ambiente - 20%;

Processos - 30%; Parcerias - 10%; e Resultados - 20%. O índice global derivado desse cálculo

permitiu classificar o nível de maturidade da gestão pública estratégica de riscos financeiros

de mercado como mecanismo de governança atuarial dos RPPS em Pernambuco dentre as

cinco faixas (Tabela 23) e assim rejeitar ou aceitar a hipótese levantada nessa pesquisa.

TABELA 23 – Critério para Correspondência das Escalas de Cinco Pontos para Efeito de

Cálculo de Maturidade em Gestão de Riscos

Nível de Maturidade Índice Apurado

Inicial De 0% a 20%

Básico De 20,1% a 40%

Intermediário De 40,1% a 60%

Aprimorado De 60,1% a 80%

Avançado De 80,1% a 100%

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012)

Page 130: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

129

5.6 Limitações da pesquisa

A pesquisa tem como foco a gestão de riscos nas atividades de investimentos dos

RPPS, em especial no que se refere aos riscos de mercado, não contemplando os demais

riscos financeiros.

Ademais, embora a gestão de risco na perspectiva atuarial envolva duas visões: a

ortodoxa e a moderna. O objetivo dessa pesquisa se concentra em analisar os RPPS

pernambucanos sob o aspecto ortodoxo, pois não houve a pretensão de se verificar análises de

sensibilidade em relação às mudanças das variáveis macroeconômicas nem efetuar testes de

estresse de mercado. Dessa forma, não houve a intenção de aplicar as ferramentas estatísticas

da gestão de risco de mercado nem de estrutura de vencimentos – Assets and Liability

Management (ALM), nem fazer avaliações por meio de indicadores estocásticos do tipo at-

Risk (Cost-at-Risk – CaR e Cash-Flow-at-Risk – CFaR).

O objetivo desta pesquisa está atrelado a identificação dos processos e procedimentos

da gestão estratégica de riscos financeiros nos municípios de modo a verificar se as

ferramentas citadas são utilizadas, mas não suas aplicações em si. Contudo, acredita-se que

estas limitações não invalidam os resultados obtidos nesta pesquisa.

Page 131: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

130

6 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A partir da amostra configurada por 30 municípios constituídos por Regimes Próprios

de Previdência Social em Pernambuco, todos foram visitados com a intenção de entrevistar

seus respectivos gestores dos recursos financeiros e, assim, auxiliar na compreensão das

práticas e modelos de gestão estratégicos de riscos de mercado nos investimentos desses

RPPS.

6.1 Uma visão panorâmica dos regimes de previdência social dos municípios

pernambucanos

Em 2013, o Estado de Pernambuco estava composto por 185 municípios, sendo que 38

possuíam seus servidores públicos de cargos efetivos ligados ao Regime Geral de Previdência

Social (RGPS), são eles, por mesorregião: na Região Metropolitana (Abreu e Lima, Fernando

de Noronha); no Agreste (Santa Cruz do Capibaribe, Surubim, Toritama, São Caetano, Frei

Miguelinho, Santa Maria do Cambucá, Taquaritinga do Norte, Vertentes, Camocim de São

Félix, Cupira, Lagoa dos Gatos, Sairé, São Joaquim do Monte, Poção, Sanharó, Tacaimbó);

na Zona da Mata (Barreiros, Belém de Maria, Catende, Gameleira, Jaqueira, Maraial, Rio

Formoso, Sirinhaém, Tamandaré, Xexéu, Lagoa de Itaenga, Nazaré da Mata, Paudalho, Chã

de Alegria e Glória do Goitá); no Sertão (Carnaíba e Tabira); no São Francisco (Jatobá,

Petrolândia e Tacaratu). A Zona da Mata era a mesorregião com maior percentual de

municípios ligados ao RGPS, 34,88%, enquanto que no Sertão apenas 4,88% não possuíam

RPPS.

A rigor, esses municípios pernambucanos estariam contrariando o artigo 40 da

Constituição Federal brasileira que assegura que os entes federativos concedam

aposentadorias e pensões, perante normas específicas, aos servidores públicos efetivos e a

seus dependentes; no entanto, apesar de o regime próprio ser intrínseco ao servidor público

efetivo, não há um entendimento pacífico em relação a esse preceito constitucional. Dessa

forma, mediante os complexos requisitos administrativos e legais para implementação do

RPPS, vários gestores municipais se fundamentam no artigo 12 da lei nº 8.213/91, que

subordina os servidores públicos efetivos ao RGPS, contanto que não estejam vinculados ao

Page 132: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

131

RPPS e, assim, nesses municípios, os trabalhadores públicos em cargos efetivos ficam

atrelados às normas da CLT.

Por conseguinte, os 147 municípios pernambucanos remanescentes vinculam seus

servidores efetivos a Regimes Próprios de Previdência Social que, em 2013, correspondiam a

79,46% de prefeituras que realizavam sua própria administração previdenciária. Todavia, as

vicissitudes de gestão previdenciária municipal em Pernambuco vêm delineando cenários

prospectivos que apontam para circunstâncias de inadimplência das futuras obrigações a

milhares de segurados que, no geral, desconhecem a magnitude do imbróglio que permeia a

vida de aproximadamente 181.000 servidores municipais em Pernambuco.

Para se vislumbrar a amplitude desse cenário, alguns municípios pernambucanos como

Palmares, Tracunhaém, Condado e Altinho já vêm apresentando históricos de atrasos nos

salários dos inativos e pensionistas. Isso tem causado transtornos sócio-econômicos à

população desses municípios. No mais, essa acepção de possível inadimplência previdenciária

dos municípios toma por base o exponencial déficit previdenciário municipal em Pernambuco

que, em 2013, apresentava-se em torno de R$ 52 bilhões (Tabela 24), segundo os dados

constantes nos DRAA de 2014, ou seja, os municípios pernambucanos necessitariam que

41,37% do PIB do estado, em 2013, fossem inteiramente voltados à cobertura de insuficiência

de recursos para garantir o equilíbrio atuarial de seus fundos previdenciários.

TABELA 24 – Déficit Atuarial (em bilhões) por Mesorregião Pernambucana em 2013

Região Metropolitana R$ 30,80

Agreste R$ 9,00

Zona da Mata R$ 5,10

Sertão R$ 6,00

São Francisco Pernambucano R$ 1,10

Total R$ 52,00

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014)

Partindo para uma visão analítica regional, 59,3% do déficit atuarial pertenciam à

Região Metropolitana, sendo que Recife (25%), Jaboatão dos Guararapes (11%), Olinda

(8,1%), Paulista (5,5%) e Cabo de Santo Agostinho (3,7%) possuíam as maiores participações

do déficit entre todos os municípios. Enquanto que Caruaru (2,5%), Vitória de Santo Antão

(1,81%), Serra Talhada (1,63%) e Petrolina (0,54%) têm os maiores percentuais nas suas

Page 133: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

132

respectivas mesorregiões. Esses percentuais vêm crescendo ano a ano e, por isso, estão

contribuindo para a redução da capacidade financeira dos municípios pernambucanos em

aportar recursos suficientes para equalizar seus déficits atuariais. Por sua vez, isso está

diretamente relacionado a fatores demográficos, econômicos, políticos e gerenciais que têm

comprometido a solvência dos RPPS em Pernambuco e delineando um quadro de extrema

preocupação que poderá acarretar danos avassaladores a milhares de famílias pernambucanas.

Os RPPS municipais em Pernambucano estão tendo suas estruturas fortemente

danificadas por fatores demográficos que apontam para urgente formulação de políticas

públicas voltadas ao considerável aumento da população em idade não produtiva (até 19 anos

e com 60 anos e mais), tendo em vista que, em 2010, 92,97% dos municípios pernambucanos

apresentavam a maioria de sua população abaixo da média nacional de idade produtiva

(Tabela 25). No entanto, especificamente os municípios pernambucanos de Jurema,

Tupanatinga, Buíque, Carnaubeira da Penha e Manari, todos com RPPS instituídos, já

possuíam, respectivamente, patamares de 55,02%, 55,05%, 55,27%, 55,99% e 57,08% de

suas populações sendo enquadradas como improdutivas. Esses percentuais estavam acima das

médias nacional de 43,78%, do Nordeste de 46,56% e de Pernambuco de 45,57%

(BREMAEKER, 2015).

TABELA 25 – População em idade não produtiva (até 19 anos e com 60 anos e mais) no Brasil

em 2010

Brasil e

grandes

regiões

População

Total 2010

População

em Idade

produtiva

(%)

População em

Idade não

produtiva (%)

Número de

Municípios

Municípios

acima da média

de idade

produtiva (%)

Municípios

abaixo da

média de idade

produtiva (%)

BRASIL 190.755.799 56,22 43,78 5.565 26,20 73,80

Norte 15.864.454 51,61 48,39 449 3,12 96,88

Nordeste 53.081.950 53,44 46,56 1.794 3,29 96,71

Sudeste 80.364.410 58,22 41,78 1.668 45,26 54,74

Sul 27.386.891 57,57 42,43 1.188 35,61 64,39

Centro-oeste 14.058.094 57,72 42,28 466 44,42 55,58

Pernambuco 8 796 448 54,43 45,57 185 7,03 92,97

Jurema 14.541 44,98 55,02 - - -

Tupanatinga 24.425 44,95 55,05 - - -

Buíque 52.105 44,73 55,27 - - -

Carnaubeira

da Penha 11.782 44,01 55,99 - - -

Manari 18.033 41,92 57,08 - - -

Fonte: Bremaeker (2015)

Page 134: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

133

Os dados demográficos desses municípios apontam para uma tendência em todo

estado e seus reflexos já estão sendo percebidos especialmente nos RPPS das cidades de

Buíque e Jurema (Tabela 26).

TABELA 26 – Dados Gerais dos RPPS de Buíque, Jurema, Tupanatinga, Manari e Carnaubeira

da Penha em 2013

RPPS Déficit Atuarial

(R$) Ativos Inativos Pensionistas

População

Coberta

% Inativos e

Pensionistas

Relação

Ativo/Inativo

Buíque -825.218.522,63 1.024 320 68 1.412 27,48% 2,64

Jurema -26.510.970,32 306 105 27 438 30,14% 2,32

Tupanatinga -47.593.325,12 559 104 23 686 18,51% 4,40

Manari -24.840.757,54 628 67 11 706 11,05% 8,05

Carnaubeira

da Penha -26.326.802,34 354 36 4 394 10,15% 8,85

-950.490.377,95

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014)

Em 2013, o município de Buíque apresentava 1.024 servidores ativos com idade média

de 43 anos para as mulheres e 45 anos para os homens, sendo que os inativos e pensionistas

correspondiam a 27,48% do total de segurados de seu RPPS. Isso perfazia uma relação de

2,64 ativos por aposentado/pensionista, índice considerado baixo, especialmente mediante seu

crescente Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de longevidade que em

1991 era de 0,600 e subiu para 0,746 em 2010, patamar alto. Por outro lado, em 2013, seu

déficit atuarial era de R$ 825,2 milhões, o que equivalia a aproximadamente 1,59% da dívida

de todo o estado e 9,17% referente ao Agreste, sendo a segunda maior dessa mesorregião, só

ficando atrás de Caruaru (Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, 2010).

Destarte, em 2013, o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) dos municípios mostrou

que o município de Buíque possuía baixíssima capacidade de arrecadação de receita própria

(Gráfico 36), mas, desde 2006, vem apresentando crescente e razoável disponibilidade de

recursos em caixa, o que demonstra grau mediano de liquidez (Gráfico 37). O IFGF varia de 0

a 1 de modo que quanto melhor estiver seu comportamento mais se aproxima de 1.

Page 135: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

134

GRÁFICO 36 – Evolução da Capacidade de Arrecadação de Receita Própria do Município de

Buíque entre 2006 e 2013

Fonte: Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2015)

GRÁFICO 37 – Evolução da Disponibilidade de Recursos em Caixa do Município de Buíque

entre 2006 e 2013

Fonte: Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2015)

Concomitantemente, em 2013, Buíque possui 99,27% de grau de dependência das

transferências de recursos intragovernamentais (Tabela 27), ou seja, praticamente não há

arrecadação própria, no entanto, apresentou elevação de sua liquidez.

Page 136: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

135

TABELA 27 – Receita Orçamentária de Buíque e suas Fontes de Recursos em 2013

Município Receita

Orçamentária

Transferências

Federais

Transferências

Estaduais

Dependência

Financeira

Buíque 71.397.346,00 66.191.623,91 4.686.297,93 99,27%

Fonte: Bremaeker (2014); Controladoria-Geral da União (2013); SEFAZ-PE (2013)

Todavia, na contramão da melhoria da liquidez do município, o fundo financeiro do

RPPS passou a adotar o regime de repartição simples mediante sua insolvência ocasionada

pela sua incapacidade de acumular recursos com abrupta redução de 94,83% do capital

acumulado de 2012 para 2013, além de perdas de R$ 30.249,61 em aplicações no mercado

financeiro. No período de 2006 a 2013, o déficit atuarial de Buíque teve exponencial

acréscimo de 4.893,08% (Gráfico 38).

GRÁFICO 38 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Buíque no Período de 2006 a 2013

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014)

Assim, apesar de Buíque ter segregado sua massa previdenciária, novos servidores

ainda não haviam ingressado, em 2013, para compor o fundo capitalizado, de tal modo que o

painel deficitário do município toma uma maior proporção mediante a ausência de medidas

para equalizá-lo. Isso mostra o descaso do município ao incrementar seu caixa em detrimento

das reservas previdenciárias de seus servidores.

Page 137: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

136

Em 2013, paralelamente à Buíque, a cidade de Jurema apresentava 306 servidores

ativos com idade média de 46 anos para as mulheres e 48 anos para os homens, sendo que os

inativos e pensionistas correspondiam a 43,14% do total de segurados de seu RPPS. Isso

perfazia uma relação de 2,32 ativos por aposentado/pensionista, índice considerado baixo,

especialmente mediante seu crescente Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-

M) de longevidade que, em 1991, era de 0,444 e subiu para 0,681 em 2010, ou seja, passou de

patamar muito baixo para médio. Ademais, em 2013, seu déficit atuarial era de R$ 26,5

milhões, o que equivalia a aproximadamente 0,051% da dívida de todo o estado e 0,29%

referente ao Agreste (Ministério da Previdência Social – MPS (2014); Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, 2010).

Por outro lado, em 2013, o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) dos municípios

mostrou que o município de Jurema possuía baixíssima capacidade de arrecadação de receita

própria (Gráfico 39), além de nenhuma disponibilidade de recursos em caixa (Gráfico 40). O

IFGF varia de 0 a 1 de modo que quanto melhor estiver seu comportamento mais se aproxima

de 1.

GRÁFICO 39 – Evolução da Capacidade de Arrecadação de Receita Própria do Município de

Jurema entre 2006 e 2013

Fonte: Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2015)

Page 138: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

137

GRÁFICO 40 – Evolução da Disponibilidade de Recursos em Caixa do Município de Jurema

entre 2006 e 2013

Fonte: Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2015)

Concomitantemente, em 2013, Jurema possuía 95,81% de grau de dependência das

transferências de recursos intragovernamentais (Tabela 28), ou seja, praticamente não há

arrecadação própria.

TABELA 28 – Receita Orçamentária de Jurema e suas Fontes de Recursos em 2013

Município Receita

Orçamentária

Transferências

Federais

Transferências

Estaduais

Dependência

Financeira

Buíque 27.110.169,00 23.926.020,02 2.048.591,15 95,81%

Fonte: Bremaeker (2014); Controladoria-Geral da União (2013); SEFAZ-PE (2013)

Isso ratifica a incapacidade financeira do município em acumular reservas

previdenciárias de seus servidores. Assim, em função desse cenário, no período de 2006 a

2013, o fundo previdenciário do RPPS teve crescimento de 1.186,03% do déficit atuarial

(Gráfico 41).

Page 139: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

138

GRÁFICO 41 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Jurema no Período de 2006 a

2013

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014)

No entanto, esses panoramas apresentados tanto por Buíque quanto por Jurema não

são casos isolados. mas sim têm sido uma fatal realidade no cotidiano dos RPPS

pernambucanos à medida que Tupanatinga, Manari e Carnaubeira da Penha são outros

exemplos que validam esse aspecto já que, segundo dados do Ministério da Previdência

Social (2014), entre 2006 e 2013, seus déficits atuariais foram respectivamente acrescidos em

1.434,48% (Gráfico 42), 711,26% (Gráfico 43) e 233,81% (Gráfico 44).

GRÁFICO 42 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Tupanatinga no Período de 2006

a 2013

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014)

Page 140: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

139

GRÁFICO 43 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Manari no Período de 2006 a 2013

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014)

GRÁFICO 44 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Carnaubeira da Penha no Período

de 2006 a 2013

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014)

Assim, os RPPS municipais em Pernambucano também estão tendo suas estruturas

fortemente danificadas por fatores gerenciais e isso se dá pelo menosprezo com que os

prefeitos tratam os fundos previdenciários. Isso é constatado pelos dados dos municípios que

alcançaram as 10 primeiras colocações (Tabela 29) da pesquisa do Índice FIRJAN de Gestão

Page 141: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

140

Fiscal (IFGF), o qual "tem como objetivo estimular a cultura da responsabilidade

administrativa, possibilitando maior aprimoramento da gestão fiscal dos municípios, bem

como o aperfeiçoamento das decisões dos gestores públicos quanto à alocação dos recursos"

(FIRJAN, 2015, p. 1).

TABELA 29 – Ranking dos Dez Primeiros Colados no Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) em

Pernambuco

Colocação Município IFGF Receita

Própria

Gastos com

Pessoal Investimentos Liquidez

Custo da

Dívida

1 Brejinho 0,7652 0,0984 1,0000 0,8762 1,0000 0,9593

2 Recife 0,7452 0,9353 0,6264 0,8643 0,5591 0,7355

3 Ipojuca 0,7410 0,7716 0,8837 0,2775 0,9165 0,9997

4 Tupanatinga 0,6911 0,1359 0,5484 1,0000 0,9880 0,8977

5 Triunfo 0,6515 0,2611 0,5848 0,6902 1,0000 0,8087

6 Salgueiro 0,6487 0,5917 0,5032 0,6453 0,7185 0,9542

7 Paulista 0,6364 0,5656 0,4994 0,5168 0,8812 0,8222

8 Itapetim 0,6276 0,0936 0,9436 0,7722 0,6006 0,8531

9 Olinda 0,6241 0,6708 0,6651 0,3508 0,7584 0,7399

10 Garanhuns 0,6127 0,4591 0,6099 0,6542 1,0000 0,0000

Fonte: Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2015)

Dessa forma, o que se observa é que a "boa gestão fiscal" desses "melhores

municípios", segundo os dados do Índice FIRJAN, não engloba uma boa gestão

previdenciária. Por exemplo, em junho de 2015, o município de Brejinho foi o centro das

atenções da mídia sendo eleito como exemplo da melhor gestão fiscal do estado de

Pernambuco, empurrando Recife para a segunda colocação. Segundo os dados apurados pela

pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2015), Brejinho, apesar de

ter um dos piores índices de receita própria, obteve o melhor índice de gasto com pessoal,

sendo o único a apresentar patamar máximo 1, além de auferir considerável indicador de

investimentos, alta liquidez com nível 1 e custo da dívida próximo a 1.

Ao analisarmos as séries históricas dos cinco indicadores que compõem o IFGF 2013

de Brejinho, percebemos, no entanto, que esses dados escondem que o município de Brejinho

vem construindo "ótima gestão fiscal" às custas de crescente e expressivo acréscimo de

215,97% do déficit atuarial em seis anos (Gráfico 45). Em 2006, o fundo previdenciário era

equilibrado, mas, já no ano seguinte, iniciou uma crescente trajetória deficitária de -

Page 142: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

141

4.439.514,34 milhões e que, em 2013, já havia atingido - 14.027.344,09 milhões (MPS,

2014).

GRÁFICO 45 – Evolução do Déficit Atuarial do Município de Brejinho no período de 2006 a

2013

Fonte: Ministério da Previdência Social – MPS (2014)

No mais, outro enfático e controverso exemplo de "boa gestão fiscal" da pesquisa

FIRJAN foi o município de Paulista, que apresentou sétima colocação estadual, com

razoáveis índices de receita própria, de gasto com pessoal e de investimentos, além de alto

padrão de liquidez e de custo da dívida. Não obstante, tudo isso foi construído em bases de

degradação e abrupta descapitalização de 84,37% do regime previdenciário dos seus

servidores efetivos em 2013, ou seja, a elevada liquidez do ente municipal foi obtida em

detrimento do sucateamento de seu RPPS que fechou o exercício com déficit financeiro de R$

7.840.916,85 milhões e déficit atuarial de R$ 40.707,06 (MPS, 2014).

Ora, esses horizontes de Brejinho e Paulista evidenciam nítidas ausências de medidas

efetivas para equalização do déficit atuarial e, por isso, colocam em dúvida os parâmetros

utilizados na pesquisa FIRJAN, pois exemplos da "melhor gestão fiscal" dos entes municipais

não deveriam estar alicerçados em bases inconstitucionais na perspectiva previdenciária, já

que colocam em risco as aposentadorias dos servidores efetivos e pensões de seus

dependentes. Isso padece de legalidade por ferir o caput do artigo 201 da Constituição pela

Page 143: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

142

Emenda Constitucional n. 20/98 e, consequentemente, caracterizam-se por improbidade

administrativa, tendo em vista que não vislumbram uma visão sistêmica e sustentável da

gestão pública nem implementam modelos de boa gestão organizacional já que não interagem

harmonicamente e de forma balanceada nas estratégias e na busca por resultados com

viabilidade financeira no presente e no futuro da sociedade. Nessa perspectiva, Santos (2010,

p. 3) enfatiza:

(...) não há como negar que os evidenciados déficits decorrem em sua

maioria, senão totalidade, da ausência de adoção de políticas de construção

de sistema com perspectiva de sustentabilidade, especialmente a partir da EC

n. 20/98, que claramente trouxe o direcionador da necessidade de se observar

o Equilíbrio Financeiro e Atuarial (...)

Diante disso, ao analisarmos os dez primeiros colocados do listagem do FIRJAN,

percebemos que apenas três municípios podem ser considerados bons exemplos de gestão

fiscal numa perspectiva sistêmica: Recife, Ipojuca e Itapetim. Os demais municípios

(Brejinho, Tupanatinga, Triunfo, Salgueiro, Paulista, Olinda e Garanhuns) apresentaram

variáveis que os configuraram como exemplos questionáveis de "boa gestão fiscal".

Contudo, analiticamente, dos 147 RPPS pernambucanos 79,59% são deficitários e

12,93% são superavitários. No entanto, esse quadro superavitário somente se viabiliza para os

RPPS com segregação de massas que, por consequência, apresentam dois fundos

previdenciários: um por regime de repartição simples, deficitário por essência, e sem a

concepção de acúmulo de capital nem meta atuarial; e outro por regime de capitalização,

superavitário por natureza, com a acepção de obter acúmulo de capital, além de necessitar

atingir a meta atuarial. Assim, ao analisarmos os RPPS sem a perspectiva da segregação,

100% eram deficitários.

Em 2013, nos municípios de Pernambuco, 46 RPPS eram configurados por segregação

de massas, o que correspondia a 31,29%; porém, dois aspectos causam apreensão: 41,30%

estavam em situação deficitária nos fundos por regime de capitalização, sendo que, de 2012

para 2013, 28,26% apresentaram redução do capital acumulado. Entre esses, os casos mais

alarmantes foram municípios que tiveram expressiva redução do capital financeiro: Riacho

das Almas (86,19%), Paulista (84,37%), Arcoverde (77,06), Bonito (56,91%), Capoeiras

(49,54%), Jaboatão dos Guararapes (29,64%) e Olinda (11,88%). Os percentuais de Riacho

das Almas, Paulista e Arcoverde representam a quase integral diluição dos ativos financeiros

desses RPPS já que, em qualquer organização, esses patamares de queda de ativo se

Page 144: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

143

configurariam como falência. Desse modo, esses RPPS, apesar de possuírem segregação de

massas com fundos por regime de capitalização, na verdade, não passam de mera formalidade

jurídica já que, na prática, funcionam como regime por repartição simples tendo em vista a

ausência de capitalização de recursos.

Há ainda casos de fundos previdenciários que, mesmo sem terem suas massas

segregadas, são constituídos por regimes de capitalização, e por isso deveriam apresentar

acúmulo de capital, mas, contrariamente, evidenciaram acentuadas reduções: Mirandiba

(82,59%); Brejão (79,63%); São João (66,12%); Calumbi (59,62%); Jupi (55,49%);

Paranatama (55,37%); Verdejante (54,64%); Moreilândia (33,50%) e Saloá (31,91%). No

geral, apenas 44,22% dos RPPS obtiveram acumulação positiva de capital.

Isso dimensiona a gravidade das mazelas estruturais na gestão dos RPPS

pernambucanos que, aliadas à conjuntura político-econômica, estão sendo permeados por

ausência de estratégias voltadas ao alcance de suas metas atuarias, assim como por

insustentabilidade. Em 2013, apenas 38,10% dos RPPS obtiveram rentabilidade positiva e

4,76% atingiram percentuais que os permitiram alcançar suas metas atuariais, foram eles:

Panelas (24,05%), Águas Belas (16,20%), Iguaraci (15,48%), Caruaru (12,67%), Belo Jardim

(12,30%), Lagoa do Ouro (11,78%) e Calçado (11,66%). Ora, dentro de um cenário em que

de 147 RPPS somente 7 alcançaram suas metas atuarias em 2013, isso poderia levar a

conclusão de que apenas esses poucos municípios teriam uma eficiente gestão estratégica de

riscos financeiros.

No entanto, o município de Panelas é o caso mais emblemático de que a gestão dos

RPPS está mais entregue ao acaso do que a práticas e modelos eficientes de gestão. Em 2013,

a política de investimentos de Panelas estabeleceu uma meta atuarial de 10,06% e,

contrariando os resultados do mercado, alcançou a maior rentabilidade nominal de

Pernambuco com 24,05%, ou seja, superou sua meta em impressionantes 139%. Isso

contribuiu de forma significativa para um acréscimo de 1.426,79% do capital acumulado de

2012 para 2013. Todavia, ao analisarmos o contexto organizacional em que se deu essa alta

rentabilidade, observa-se que, em dezembro de 2012, Panelas apresentava baixo patamar de

reservas acumuladas com R$ 106.153,77, sendo que nenhum centavo desse recurso estava

aplicado no mercado financeiro e assim permaneceu durante quase todo exercício de 2013.

Destarte, no bimestre novembro/dezembro de 2013, o RPPS foi contemplado por expressiva

disponibilidade no total de R$ 1.612.682,29 proveniente de compensação previdenciária, ou

seja, recursos oriundos de contribuições previdenciárias que os servidores aposentados

Page 145: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

144

efetuaram para o Regime Geral, quando estavam na ativa e, por isso, são repassados como

compensação pelo Ministério da Previdência para o RPPS. Assim, a gestão aplicou essa

disponibilidade em títulos públicos referenciados pelo IMA e, com isso, o RPPS foi

beneficiado pela compra de títulos em contexto de alta da SELIC, ou seja, títulos com maior

valor de mercado, o que ocasionou a alta rentabilidade. Dessa forma, tendo em vista a

imprevisibilidade de auferir o período em que o RPPS será contemplado por compensação

previdenciária e que durante maior parte do exercício de 2013 Panelas apresentou sucessivos

déficits financeiros, então se conclui que o expressivo alcance da meta atuarial se deu por um

"lance de sorte". Essa afirmação é ratificada pelo fato de que, contrariamente aos resultados

auferidos em 2013, no exercício de 2014 o RPPS de Panelas foi descapitalizado abruptamente

em 98,16% e suas reservas despencaram para R$ 29.902,21, ou seja, para um patamar ainda

mais baixo que o apresentado ao final de 2012. Isso mostra a completa ausência de medidas e

práticas de gestão que visem a sustentabilidade do fundo previdenciário, assim o que se

verifica é uma gestão ao estilo dá com uma mão e tira com a outra.

No mais, o cenário econômico que beneficiou o RPPS de Panelas foi o aspecto mais

danoso à rentabilidade da grande maioria dos RPPS. Em suma, houve um desespero

generalizado já que se acreditava na equivocada filosofia de que aplicações em renda fixa

supostamente não resultariam em rentabilidade negativa. Por isso, o comportamento dos

gestores levantou desconfianças e questionamentos sobre as práticas e modelos de gestão.

Dessa forma, doravante, serão feitas análises para verificar a configuração da gestão

estratégica de riscos de mercado dos RPPS em Pernambuco no que se refere a decisões

alocativas em seus portfólios de investimentos.

6.2 Aspectos gerais da gestão dos RPPS nos municípios pernambucanos

As questões de 1 a 6 da pesquisa abordaram aspectos estruturais de modo a se

construir uma visão global da gestão dos RPPS.

Assim, o perfil estrutural encontrado na amostra desta pesquisa (Tabela 30) foi

relativamente condizente com o panorama dos RPPS em Pernambuco, já que 90,48% são de

pequeno porte, 6,12% são de médio porte e 3,40% são de grande porte. Essa classificação de

porte pelo número de segurados toma por base a utilizada pela Associação Nacional das

Entidades de Previdência dos Estados e Municípios – ANEPREM.

Page 146: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

145

TABELA 30 – Classificação de Porte dos RPPS Pernambucanos

Número de segurados Porte Frequência %

Até 2.000 segurados Pequeno porte 24 80%

De 2.001 a 5.000 segurados Médio porte 3 10%

Acima de 5.000 segurados Grande porte 3 10%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Entre os RPPS pesquisados, 73% têm até 4 servidores atuando na gestão (Tabela 31),

sendo que 100% não possuem quadro próprio de servidores, ou seja, nunca realizaram

concursos públicos e, por isso, são compostos ou por servidores contratados por atos

administrativos para funções comissionadas, ou por servidores cedidos de outros órgãos do

município. Há casos extremos como o RPPS de Jaboatão dos Guararapes em que a gestão é

composta por 12 servidores, sendo que 11 não são servidores efetivos; enquanto que, no

RPPS de Escada, também há 12 servidores, sendo que todos são servidores efetivos cedidos e,

por força de lei municipal, o cargo de presidente da entidade é ocupado por mandato de

servidor efetivo.

TABELA 31 – Quantidade de Servidores na Gestão dos RPPS em Pernambuco

Frequência %

2 servidores 9 30,00%

3 servidores 7 23,33%

4 servidores 5 16,67%

5 servidores 0 0,00%

6 ou mais servidores 9 30,00%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Outro aspecto relevante é que 100% dos RPPS não possuem sequer um atuário para

realização das atividades previdenciárias e de gestão de risco, de modo que as avaliações

atuariais são efetuadas por profissionais liberais e/ou empresas contratadas especificamente

para esse fim ao menos uma vez por ano. Esse fato está diretamente ligado à carência inerente

a essa profissão no mercado de trabalho, apesar de notadamente ser uma carreira em ascensão.

Recentemente, a Universidade Federal de Pernambuco formou os seis primeiros atuários que

compõem o grupo de nove que estão atuando nessa área no estado.

Page 147: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

146

Haja vista o pequeno porte da maioria dos RPPS, observou-se que 93% apresentaram

alta dependência de algum tipo de assessoria externa: contábil (93,33%), jurídica (76,67%) e

financeira (60,00%). No caso específico da assessoria financeira, 89% foram contratadas por

dispensa de licitação sob parâmetros legais questionáveis já que se deram por atos

discricionários, ou seja, supostamente as escolhas se mostraram direcionadas para contratação

por oportunismo e conveniência sob a alegação de que os "baixos" valores pagos justificam a

aplicação da dispensa de licitação. Essa elevada dependência de assessorias ainda indica haver

insegurança dos gestores, mediante a falta de conhecimento técnico, no que diz respeito a

alocação das aplicações financeiras. No geral, apenas Recife e Olinda trabalham sem qualquer

tipo de assessoria externa, pois possuem setores específicos para todos os fins.

A amostra desta pesquisa está configurada por 36,67% de RPPS superavitários, e

63,33% com segregação de massas, dentre esses, 42,11% são deficitários e 31,58% sequer

realizavam a segregação orçamentária e contábil entre os Fundos Financeiro e Previdenciário,

ou seja, há apenas uma formalidade jurídica nesses fundos, sem que haja práticas efetivas da

gestão que os tratem como fundos separados. A ausência de segregação contábil entre os

Fundos Financeiro e Previdenciário se caracteriza tanto por escassez de controle formal

quanto afronta os princípios contábeis da oportunidade e da competência estabelecidos pela

Resolução n. 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Desse modo, no aspecto

da utilização dos recursos financeiros, os fundos são tratados como um só, já que não é

possível caracterizar uma segregação de massas se há um tratamento único na perspectiva

financeira, do orçamento e da contabilidade tendo em vista a ausência de controle oficial.

Entre os RPPS pesquisados com segregação de massas, em 47,37% foram detectados

desequilíbrio financeiro no exercício, e isso aponta para utilização indevida das reservas de

um fundo para cobrir as insuficiências do outro.

Um ponto relevante levantado na pesquisa foi que a inexistência dos próprios Códigos

de Ética e Conduta mostrou-se uma realidade em 93,33% dos RPPS, já que apenas Triunfo e

Cabo do Santo Agostinho foram efetivos nesse aspecto. Isso aponta ausência de valores e

expectativas que orientem a postura e as decisões de seus gestores, especialmente no contexto

dos investimentos. Há o caso extremo de Lagoa do Ouro onde o município sequer possui

Código de Ética e Conduta.

Page 148: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

147

6.3 Aspectos relacionados ao perfil do gestor de recursos financeiros nos municípios

pernambucanos

As questões de 7 a 16 abordaram aspectos referentes aos estilos dos gestores dos

recursos financeiros dos RPPS de modo a perceber se os mesmos possuem perfis

conservadores ou arrojados.

O cenário observado na amostra desta pesquisa, no que se refere a esses citados

gestores, mostrou que, em somente 10% (Tabela 32), há cargos específicos para esse fim

(Recife, Olinda e Igarassu). Assim, no geral, a gestão dos investimentos está na figura do

presidente que necessita dividir seu tempo entre as atividades supostamente consideradas "de

maior relevância", as quais são voltadas à concessão dos benefícios bem como aos aspectos

administrativos em geral.

TABELA 32 – Cargos Ocupados pelos Gestores dos Recursos Financeiros em RPPS de

Pernambuco

Cargo Frequência %

Diretor Presidente 16 53,33%

Diretor/Gerente Previdenciário 1 3,33%

Diretor/Gerente Administrativo e Financeiro 10 33,33%

Diretor/Gerente de Investimentos 3 10,00%

Outros 0 0,00%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Dessa forma, mediante os exíguos corpos funcionais dos RPPS, os servidores que

atuam no cargo de presidente, além de diversas atividades administrativas, acumulam todas as

etapas inerentes à gestão dos investimentos. Portanto, não há qualquer padrão de controle

interno tendo em vista a ausência segregação de funções nas etapas pertinentes às aplicações

financeiras. No mais, apesar da nomenclatura do cargo, os gerentes financeiros atuam como

agentes de apoio, executando, na verdade, atividades administrativas e de movimentações

financeiras de contas a receber e a pagar.

Em síntese, em quase que na totalidade da amostra analisada, a gestão de

investimentos é relegada a uma atividade secundária e isso fica evidenciado pelo fato de que

Page 149: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

148

aproximadamente 63,33% dos gestores afirmaram utilizar entre 1% e 39% de seu tempo para

as decisões alocativas e acompanhamento dos recursos financeiros e 10% afirmaram que

sequer se envolvem com essas atividades (Tabela 33), já que terceirizam essa função.

TABELA 33 – Tempo Gasto pelos Gestores nas Decisões Alocativas dos Recursos Financeiros

em Pernambuco

Frequência %

Não tenho envolvimento 3 10,00%

Entre 1% e 19% 8 26,67%

Entre 20% e 39% 11 36,67%

Entre 40% e 59% 5 16,67%

Entre 60 e 79% 2 6,67%

Entre 80% e 100% 1 3,33%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Enfim, não há um foco na administração das variáveis e flutuações das

disponibilidades aplicadas no mercado financeiro. No entanto, 29,63% não estão satisfeitos

com o tempo direcionado a essa administração seja "insuficiente" ou "razoável" (Tabela 34).

TABELA 34 – Satisfação com o Tempo Direcionado à Administração dos Recursos

Financeiros

Frequência %

Insuficiente 7 25,93%

Razoável 1 3,70%

Bom 17 62,96%

Muito Bom 2 7,41%

27

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Todavia, embora os gestores tenham reconhecido a crescente turbulência para alcance

dos resultados atuariais nos últimos anos, mas ainda assim, 18,52% relataram que houve

diminuição no tempo reservado para a gestão dos investimentos, alegando que o acúmulo de

atividades consome seus tempos e 48,15% sequer efetuaram qualquer mudança para se

adequar a cada vez mais complexa conjuntura da análise dos investimentos (Tabela 35).

Page 150: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

149

TABELA 35 – Alteração no Tempo Direcionado à Administração dos Recursos

Financeiros

Frequência %

Aumentou 9 33,33%

Não mudou 13 48,15%

Diminuiu 5 18,52%

Sem Opinião 0 0,00%

27

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Dentre os 33,33% que aumentaram seus tempos de dedicação, 66,67% afirmaram que

esse aumento esteve voltado mais à prevenção de perdas do que para a integração à estratégia

e aos procedimentos de governança pública que aprimorariam o efetivo alcance das metas

atuariais (Tabela 36).

TABELA 36 – Principais Fatores Relacionados ao Aumento do Tempo Direcionado à

Administração dos Recursos Financeiros

Frequência %

Prevenção de perdas 6 66,67%

Integração à estratégia e aos procedimentos de governança pública 2 22,22%

Ocorrência de fraudes e irregularidades 0 0,00%

Cumprimento de aspectos regulamentares 0 0,00%

Atendimento às expectativas do mercado e agências de rating 1 11,11%

9

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Outrossim, além do exíguo tempo e pouca dedicação às análises do mercado

financeiro, 63,33% dos gestores possuem formação inadequada para lidar com os aspectos

concernentes às complexidades dos investimentos já que, em 13,33% dos casos, os gestores

possuíam apenas segundo grau e, em 50,00%, as formações acadêmicas encontradas foram:

Pedagogia, Direito, Geografia, Nutrição, Letras, Matemática e Ciências Sociais (Tabela 37).

Page 151: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

150

TABELA 37 – Escolaridade dos Gestores dos Recursos Financeiros nos RPPS da Amostra

Formação Frequência %

Administração 5 16,67%

Economia 3 10,00%

Ciências Contábeis 2 6,67%

Engenharia 1 3,33%

Segundo Grau 4 13,33%

Outros 15 50,00%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

A desqualificação profissional atestada pela escolaridade é acentuada pelo aspecto de

36,67% dos gestores não possuem qualquer tipo de certificação profissional, no entanto, entre

os que possuem, 89,47% são detentores da Certificação Profissional ANBIMA – série 10

(CPA-10) e 10,53% da Certificação Profissional ANBIMA – série 20 (CPA-20).

Por isso, apesar de afirmarem que as aplicações têm gestão própria, na prática, ela fica

a mercê de empresas de consultoria e/ou bancos que, em geral, estão focados para atingir suas

metas comerciais e menos preocupados em alcançar as metas atuariais dos RPPS. Nessa

perspectiva, Farias Neto (2011, p. 374) afirma:

As complexidades e as repercussões dos temas, assim como das decisões e

das ações, pertinentes à gestão de Estado são de ordem sobejamente elevada.

Por conseguinte, é desmascarada irresponsabilidade dos governantes

indicarem agentes públicos desprovidos das competências ajustadas aos

requisitos devidos dos cargos. Desse modo, fica evidente a necessidade da

correta e permanente separação entre o arranjo institucional dos partidos

políticos e o arranjo institucional do governo. O arranjo institucional dos

partidos políticos deve consistir em instrumento para a participação e a

veiculação sistemáticas de interesse da coletividade. O arranjo institucional

do governo deve ficar constituído sob modelo de gestão que propicie

instrumento para a gestão efetiva e integrada de políticas públicas de Estado.

Assim, embora, em sua maioria, a gestão dos recursos financeiros dos RPPS esteja a

cargo de servidores efetivos cedidos que executam uma função eminentemente técnica, esse

cargo ainda funciona como vitrine política e isso enfraquece a gestão. Isso fica ainda mais

evidente tendo em vista que, em 33,33% dos RPPS, a figura do gestor de recursos financeiros

está sob a responsabilidade de administradores, ou contratados ou nomeados por ato

administrativo a partir da indicação política (Tabela 38) e, por isso, 60% estão no cargo há no

máximo 5 anos (Tabela 39).

Page 152: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

151

TABELA 38 – Classificação Legal dos Servidores Responsáveis pela Gestão dos Recursos

Financeiros nos RPPS da Amostra

Frequência %

Servidor de carreira 0 0,00%

Servidor de carreira com função nomeada por ato administrativo 20 66,67%

Administrador contratado 2 6,67%

Administrador nomeado por ato administrativo 8 26,67%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

TABELA 39 – Tempo do Gestor de Recursos Financeiros no Atual Cargo

Frequência %

Menos de 2 anos 4 13,33%

Entre 2 e 5 anos 14 46,67%

Entre 5 e 10 anos 8 26,67%

Entre 10 e 15 anos 4 13,33%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Assim, não continuidade das políticas de gestão e investimentos numa atividade

tipicamente com perspectiva de longo prazo, apesar de que 23,33% dos gestores tenham a

percepção de que seus RPPS sejam deficitários com perspectivas negativas e 10% como

superavitários, mas com perspectivas negativas (Tabela 40).

TABELA 40 – Percepção dos Gestores dos RPPS da Amostra quanto à Situação e às

Perspectivas do Fundo Previdenciário

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Mediante esse cenário apresentado, o que se observou foi que os gestores ou não

compreendem ou desconhecem a efetiva configuração e relevância da gestão de investimentos

Frequência %

Deficitário, mas com perspectivas positivas 9 30,00%

Deficitário e com perspectivas negativas 7 23,33%

Superavitário e com perspectivas sustentáveis 10 33,33%

Superavitário, mas com perspectivas negativas 3 10,00%

Equilibrado 1 3,33%

Page 153: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

152

já que, pelo fato de aplicarem maciçamente os recursos em renda fixa, eles consideram que

isso supostamente tornaria seus investimentos como "livre de riscos" e, assim, alegam que

seus RPPS não precisariam de atividades de gestão de riscos financeiros.

Essa postura passiva e de aversão ao risco ficaram ainda mais evidentes pelo fato de

66,67% ou se recusam ou preferem não correr riscos (Tabela 41) e 83,33% nunca alteraram

essa filosofia de disposição aos riscos (Tabela 42).

TABELA 41 – Propensão dos Gestores aos Riscos nos RPPS da Amostra

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

TABELA 42 – Alteração na Propensão dos Gestores aos Riscos nos RPPS da Amostra

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Assim, apesar de os gestores terem ciência de que as normas da Resolução CMN

3.922/2010 permitem que os investimentos tenham exposição a algum nível de risco, 66,66%

dos gestores afirmam que não aplicariam no que eles chamam "investimentos de risco". Dessa

forma, 80% afirmaram que as decisões são direcionadas para uma gestão que vislumbra mais

evitar consequências negativas do que buscar o alcance da meta atuarial (Tabelas 43 e 44).

Frequência %

Recusa-se a correr riscos 4 13,33%

Prefere não correr riscos 16 53,33%

Nem Concordo, nem Discordo 2 6,67%

Aceita correr riscos 8 26,67%

Gosta de correr riscos 0 0,00%

Frequência %

Reduziu significativamente 1 3,33%

Reduziu um pouco 3 10,00%

Não se alterou 25 83,33%

Aumentou um pouco 1 3,33%

Aumentou significativamente 0 0,00%

Page 154: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

153

TABELA 43 – A Gestão de Riscos nas Aplicações Financeiras Deve Evitar

Consequências Negativas

Frequência %

Discordo Totalmente 2 6,67%

Discordo 2 6,67%

Nem Concordo, nem Discordo 2 6,67%

Concordo 6 20,00%

Concordo Totalmente 18 60,00%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

TABELA 44 – A Gestão de Riscos nas Aplicações Financeiras Deve Alcançar

Consequências Positivas

Frequência %

Discordo Totalmente 1 3,33%

Discordo 3 10,00%

Nem Concordo, nem Discordo 2 6,67%

Concordo 7 23,33%

Concordo Totalmente 17 56,67%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Todavia, embora 80% também tenham afirmado que a gestão de riscos nas aplicações

financeiras deva alcançar consequências positivas, essas respostas mostraram-se retóricas

falaciosas, pois, contrariamente, 53,33% consideraram que não há necessidade de que essa

gestão esteja fundamentada em sistema de controle formal que identifique, gerencie e reporte

os riscos (Tabela 45).

TABELA 45 – A Gestão de Riscos nas Aplicações Financeiras Deve ser Fundamentada

em um Sistema de Controle Formal que Identifique, Gerencie e Reporte os Riscos

Frequência %

Discordo Totalmente 13 43,33%

Discordo 3 10,00%

Nem Concordo, nem Discordo 2 6,67%

Concordo 4 13,33%

Concordo Totalmente 8 26,67%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 155: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

154

Ora, se esses gestores executam práticas de gestão que visam otimizar os resultados

sem, no entanto, sem possuírem medidas formais de gestão em atividades com a sabida

complexidade pertinente ao acompanhamento dos investimentos financeiros, então, as

decisões são tomadas fundamentando-se em "achismos", o que se comprova pelo aspecto de

que 46,67% consideram que a gestão de riscos nas aplicações financeiras deve ser

substanciada no julgamento pessoal (Tabela 46).

TABELA 46 – A Gestão de Riscos nas Aplicações Financeiras Deve ser Substanciada no

Julgamento Pessoal

Frequência %

Discordo Totalmente 5 16,67%

Discordo 2 6,67%

Nem Concordo, nem Discordo 9 30,00%

Concordo 4 13,33%

Concordo Totalmente 10 33,33%

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

6.4 Aspectos da política de investimentos nos municípios pernambucanos

A política de investimentos dos RPPS caracteriza-se como indispensável instrumento

de gestão que visa o alcance da meta atuarial, pois permite o planejamento e define os

parâmetros que nortearão as decisões alocativas nas aplicações dos recursos financeiros de

modo que se possa verificar os aspectos de segurança, rentabilidade, solvência, liquidez e

transparência em congruência com a Resolução do Conselho Monetário Nacional nº

3.922/2010.

No entanto, em Pernambuco, a amostra dos RPPS dessa pesquisa apresentou um

panorama com políticas de investimentos que padecem especialmente sob a perspectiva da

segurança, da rentabilidade e da transparência.

Assim, 100% dos RPPS da amostra possuem políticas de investimentos formalizadas e

em conformidade com os requisitos mínimos da Resolução do CMN nº 3.922/2010. Todavia,

no quesito transparência, apenas 10% (Recife, Triunfo e Cabo de Santo Agostinho)

disponibilizam suas políticas de investimentos anuais devidamente atualizadas em portal da

transparência e/ou sítio eletrônico específico, ou seja, em 7% (Escada e Olinda) foram

Page 156: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

155

encontradas políticas de investimentos desatualizadas, e em 83% os servidores participantes

dos RPPS não possuem a apropriada acessibilidade a esse relevante documento.

No que se refere ao estabelecimento de limites de concentração de investimentos em

determinados intermediários financeiros, esse ponto se mostra crucial para se viabilizar a

diversificação dos investimentos de modo a dirimir o risco de crédito. Todavia, em apenas

10% dos RPPS da amostra (Recife, Triunfo e Cabo de Santo Agostinho) foram encontradas

essas informações. Nada obstante, a configuração encontrada foi que 90% dos intermediários

financeiros dos RPPS são concentrados nos chamados bancos oficiais: Banco do Brasil e

Caixa Econômica Federal. Isso corrobora as recomendações dos Tribunais de Contas, porém,

em Recife e Jaboatão dos Guararapes foram verificados investimentos diversificados em

instituições não-oficiais como por exemplo Bradesco, Santander, Gradual CCTVM S.A e

BNY Mellon. Os dados da amostra mostram que 86,67% dos RPPS não estabelecem, nas

políticas de investimentos, condutas para séquito do risco de instituições financeiras

desonrarem no prazo estipulado a realização das obrigações financeiras e isso é um ponto

fundamental tendo em vista que , nos últimos dois anos, instituições financeiras foram

responsabilizadas de gestão “ruinosa” que ocasionou perdas financeiras ao POSTALIS -

Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos.

Já concernente às informações alusivas aos limites de risco aprovados, ou seja, a partir

dos limites definidos pela Resolução do CMN nº 3.922/2010 os gestores devem balizar os

parâmetros a serem praticados e nessa acepção 100% dos RPPS estabelecem seus limites. No

entanto, 80% dos gestores definem referências de investimentos que são meras reproduções

da Resolução, demonstrando ausência de padrão próprio inerente à gestão.

Nos RPPS pesquisados, apenas 6,67% dos municípios (Recife e Cabo de Santo

Agostinho) manifestam em suas políticas de investimentos os paradigmas a serem verificados

para determinação dos níveis de exposição a risco de mercado e para avaliação de gestores e

administradores de recursos financeiros. Todavia, só Recife aborda o aspecto relacionado ao

estilo da gestão desses gestores e administradores, além de ser o único RPPS tanto a definir

previamente os limites de crédito que serão verificados na orientação de negócios com os

intermediários financeiros quanto a estabelecer as punições das transgressões aos preceitos

imputados na política de investimentos.

No prisma do controle interno, apenas a política de investimentos de Recife assinala a

essencialidade de segregar as função entre os que têm a incumbência de realizar as transações

de investimentos e os responsáveis pelos processamentos dos documentos.

Page 157: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

156

Outro ponto ausente nas políticas de investimentos está atrelado ao fato de que

somente Recife e Triunfo especificam responsabilidades sobre as decisões alocativas dos

investimentos no que se refere aos diretores e funcionários do RPPS bem como dos

administradores de recursos contratados. No mais, apenas Recife, Triunfo e Cabo de Santo

Agostinho relatam as responsabilidades dos órgãos dos comitês de investimentos e

assemelhados nas políticas de investimentos.

Contudo, em 100% dos RPPS as políticas de investimentos são formuladas e

atualizadas por profissionais com cognição especializada em gestão de investimentos que

estabelecem parâmetros para uma adequada diversificação dos recursos financeiros dos RPPS.

Em suma, o horizonte atinado perfaz políticas de investimentos simplórias que buscam

meramente cumprir a obrigatoriedade de formular documento para envio ao Ministério da

Previdência, mas que não atentam à relevância de utilizá-las como instrumento de

planejamento e gestão, pois em 76,67% dos RPPS (Gráfico 46) as políticas de investimentos

são de nível Básico, apresentando conformidade com 38,46% dos aspectos avaliados e

desprovidas de fundamentações técnicas e teor de gerenciamento para auxiliar na tomada de

decisão alocativa dos investimentos.

GRÁFICO 46 – Maturidade da Política de Investimentos dos Municípios Pernambucanos

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 158: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

157

TABELA 47 – Maturidade da Política de Investimentos dos Municípios Pernambucanos

1 RECIFE 82,69% Avançado

2 CABO DE SANTO AGOSTINHO 65,38% Aprimorado

3 TRIUNFO 65,38% Aprimorado

4 IGARASSU 46,15% Intermediário

6 ESCADA 46,15% Intermediário

5 OLINDA 42,31% Intermediário

7 RIACHO DAS ALMAS 42,31% Intermediário

8 JABOATÃO DOS GUARARAPES 38,46% Básico

9 SÃO LOURENÇO DA MATA 38,46% Básico

10 VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 38,46% Básico

11 ÁGUA PRETA 38,46% Básico

12 SÃO BENEDITO DO SUL 38,46% Básico

13 GRAVATÁ 38,46% Básico

14 BEZERROS 38,46% Básico

15 PANELAS 38,46% Básico

16 BELO JARDIM 38,46% Básico

17 TUPANATINGA 38,46% Básico

18 LAGOA DO OURO 38,46% Básico

19 JUPI 38,46% Básico

20 LAJEDO 38,46% Básico

21 ÁGUAS BELAS 38,46% Básico

22 SÃO BENTO DO UNA 38,46% Básico

23 OURICURI 38,46% Básico

24 SALGUEIRO 38,46% Básico

25 BREJINHO 38,46% Básico

26 SERTÂNIA 38,46% Básico

27 VERDEJANTE 38,46% Básico

28 FLORESTA 38,46% Básico

29 OROCÓ 38,46% Básico

30 TERRA NOVA 38,46% Básico

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Assim, o que se constata nas políticas de investimentos se resume aos limites de

estratégicos de alocação acompanhados de sucinta análise do cenário macroeconômico e

análise setorial para os investimentos. Dessa forma, apenas o RPPS de Recife encontra-se em

patamar Avançado (Tabela 47) e isolado dos demais do Estado de Pernambuco já que foram

verificados 82,69% dos aspectos avaliados, enquanto que Triunfo e Cabo de Santo Agostinho

estão em nível Aprimorado com 65,38%. Esses três RPPS possuem políticas de investimentos

com detalhes e delineadas por dimensões técnicas que os qualificam com padrões de

Page 159: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

158

segurança, rentabilidade, solvência, liquidez e transparência em harmonia com a Resolução

do Conselho Monetário Nacional nº 3.922/2010.

6.5 Ambiente da gestão de riscos financeiros nos municípios pernambucanos

TABELA 48 – Maturidade do Ambiente da Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

1 RECIFE 83,33% Avançado

2 TRIUNFO 76,19% Aprimorado

3 IGARASSU 75,00% Aprimorado

4 OLINDA 71,43% Aprimorado

5 SÃO BENTO DO UNA 53,57% Intermediário

6 ESCADA 52,38% Intermediário

7 CABO DE SANTO AGOSTINHO 50,00% Intermediário

8 GRAVATÁ 35,71% Básico

9 JABOATÃO DOS GUARARAPES 35,71% Básico

10 BEZERROS 35,71% Básico

11 VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 35,71% Básico

12 BELO JARDIM 35,71% Básico

13 TUPANATINGA 35,71% Básico

14 SALGUEIRO 35,71% Básico

15 VERDEJANTE 35,71% Básico

16 SÃO LOURENÇO DA MATA 14,29% Básico

17 ÁGUA PRETA 14,29% Básico

18 SÃO BENEDITO DO SUL 14,29% Básico

19 RIACHO DAS ALMAS 14,29% Básico

20 PANELAS 14,29% Básico

21 LAGOA DO OURO 14,29% Básico

22 JUPI 14,29% Básico

23 LAJEDO 14,29% Básico

24 ÁGUAS BELAS 14,29% Básico

25 OURICURI 14,29% Básico

26 BREJINHO 14,29% Básico

27 SERTÂNIA 14,29% Básico

28 FLORESTA 14,29% Básico

29 OROCÓ 14,29% Básico

30 TERRA NOVA 14,29% Básico

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 160: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

159

GRÁFICO 47 – Maturidade do Ambiente da Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

6.6 Processos da gestão de riscos financeiros nos municípios pernambucanos

GRÁFICO 48 – Maturidade dos Processos de Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 161: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

160

TABELA 49 – Maturidade dos Processos de Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

1 RECIFE 100,00% Avançado

2 TRIUNFO 86,84% Avançado

3 IGARASSU 84,21% Avançado

4 OLINDA 81,58% Avançado

5 SÃO BENTO DO UNA 80,26% Avançado

6 CABO DE SANTO AGOSTINHO 76,32% Aprimorado

7 ESCADA 76,32% Aprimorado

8 JABOATÃO DOS GUARARAPES 43,42% Intermediário

9 BEZERROS 43,42% Intermediário

10 BELO JARDIM 43,42% Intermediário

11 GRAVATÁ 42,11% Intermediário

12 SALGUEIRO 39,47% Básico

13 VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 32,89% Básico

14 ÁGUA PRETA 32,89% Básico

15 TUPANATINGA 6,58% Inicial

16 VERDEJANTE 6,58% Inicial

17 SÃO LOURENÇO DA MATA 6,58% Inicial

18 SÃO BENEDITO DO SUL 6,58% Inicial

19 RIACHO DAS ALMAS 6,58% Inicial

20 LAGOA DO OURO 6,58% Inicial

21 LAJEDO 6,58% Inicial

22 ÁGUAS BELAS 6,58% Inicial

23 OURICURI 6,58% Inicial

24 BREJINHO 6,58% Inicial

25 SERTÂNIA 6,58% Inicial

26 FLORESTA 6,58% Inicial

27 OROCÓ 6,58% Inicial

28 TERRA NOVA 6,58% Inicial

29 JUPI 6,58% Inicial

30 PANELAS 6,58% Inicial

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 162: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

161

6.7 Arranjo organizacional com as consultorias financeiras nos municípios

pernambucanos

TABELA 50 – Maturidade do Arranjo Organizacional com as Consultorias Financeiras

Financeiros dos Municípios Pernambucanos

1 RECIFE 100,00% Avançado

2 IGARASSU 100,00% Avançado

3 OLINDA 100,00% Avançado

4 ESCADA 93,75% Avançado

5 TRIUNFO 93,75% Avançado

6 VERDEJANTE 93,75% Avançado

7 SÃO BENTO DO UNA 87,50% Avançado

8 CABO DE SANTO AGOSTINHO 87,50% Avançado

9 GRAVATÁ 87,50% Avançado

10 SALGUEIRO 87,50% Avançado

11 SERTÂNIA 87,50% Avançado

12 BEZERROS 87,50% Avançado

13 JABOATÃO DOS GUARARAPES 81,25% Avançado

14 TUPANATINGA 81,25% Avançado

15 VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 81,25% Avançado

16 BELO JARDIM 75,00% Aprimorado

17 ÁGUA PRETA 75,00% Aprimorado

18 TERRA NOVA 43,75% Intermediário

19 FLORESTA 43,75% Intermediário

20 OROCÓ 43,75% Intermediário

21 LAGOA DO OURO 43,75% Intermediário

22 SÃO BENEDITO DO SUL 43,75% Intermediário

23 LAJEDO 43,75% Intermediário

24 ÁGUAS BELAS 43,75% Intermediário

25 OURICURI 43,75% Intermediário

26 RIACHO DAS ALMAS 43,75% Intermediário

27 SÃO LOURENÇO DA MATA 43,75% Intermediário

28 PANELAS 43,75% Intermediário

29 JUPI 43,75% Intermediário

30 BREJINHO 43,75% Intermediário

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 163: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

162

GRÁFICO 49 – Maturidade do Arranjo Organizacional com as Consultorias Financeiras

Financeiros dos Municípios Pernambucanos

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

6.8 Resultados da gestão de riscos financeiros nos municípios pernambucanos

GRÁFICO 50 – Maturidade dos Resultados da Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 164: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

163

TABELA 51 – Maturidade dos Resultados da Gestão de Riscos Financeiros dos Municípios

Pernambucanos

1 RECIFE 94,44% Avançado

2 TRIUNFO 72,22% Aprimorado

3 IGARASSU 72,22% Aprimorado

4 OLINDA 72,22% Aprimorado

5 CABO DE SANTO AGOSTINHO 58,33% Intermediário

6 SÃO BENTO DO UNA 58,33% Intermediário

7 ESCADA 58,33% Intermediário

8 GRAVATÁ 25,46% Básico

9 BEZERROS 25,46% Básico

10 SALGUEIRO 25,46% Básico

11 JABOATÃO DOS GUARARAPES 25,46% Básico

13 VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 25,46% Básico

14 ÁGUA PRETA 25,46% Básico

15 BELO JARDIM 25,46% Básico

12 SÃO LOURENÇO DA MATA 12,04% Inicial

16 SÃO BENEDITO DO SUL 12,04% Inicial

17 RIACHO DAS ALMAS 12,04% Inicial

18 PANELAS 12,04% Inicial

19 TUPANATINGA 12,04% Inicial

20 LAGOA DO OURO 12,04% Inicial

21 JUPI 12,04% Inicial

22 LAJEDO 12,04% Inicial

23 ÁGUAS BELAS 12,04% Inicial

24 OURICURI 12,04% Inicial

25 BREJINHO 12,04% Inicial

26 SERTÂNIA 12,04% Inicial

27 VERDEJANTE 12,04% Inicial

28 FLORESTA 12,04% Inicial

29 OROCÓ 12,04% Inicial

30 TERRA NOVA 12,04% Inicial

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 165: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

164

6.9 Relevância da gestão pública estratégica de riscos financeiros de mercado como

mecanismo de governança atuarial dos regimes próprios de previdência social nos

municípios pernambucanos

TABELA 52 – Índice Geral da Gestão Pública Estratégica de Riscos Financeiros de Mercado

Como Mecanismo de Governança Atuarial dos Regimes Próprios de Previdência Social nos

Municípios de Pernambuco

1 RECIFE 92,09% Avançado

2 TRIUNFO 78,19% Aprimorado

3 IGARASSU 73,94% Aprimorado

4 OLINDA 71,67% Aprimorado

5 CABO DE SANTO AGOSTINHO 66,39% Aprimorado

6 ESCADA 63,64% Aprimorado

7 SÃO BENTO DO UNA 62,90% Aprimorado

8 GRAVATÁ 41,31% Intermediário

9 BEZERROS 41,70% Intermediário

10 JABOATÃO DOS GUARARAPES 41,08% Intermediário

11 SALGUEIRO 40,52% Intermediário

12 BELO JARDIM 40,45% Intermediário

13 VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 37,92% Básico

14 ÁGUA PRETA 33,01% Básico

15 VERDEJANTE 28,59% Básico

16 TUPANATINGA 27,34% Básico

17 SERTÂNIA 23,68% Básico

18 RIACHO DAS ALMAS 20,07% Básico

19 SÃO LOURENÇO DA MATA 19,31% Inicial

20 SÃO BENEDITO DO SUL 19,31% Inicial

21 TERRA NOVA 19,31% Inicial

22 LAGOA DO OURO 19,31% Inicial

23 LAJEDO 19,31% Inicial

24 ÁGUAS BELAS 19,31% Inicial

25 OURICURI 19,31% Inicial

26 FLORESTA 19,31% Inicial

27 OROCÓ 19,31% Inicial

28 JUPI 19,31% Inicial

29 BREJINHO 19,31% Inicial

30 PANELAS 19,31% Inicial

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 166: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

165

GRÁFICO 51 – Índice Geral da Gestão Pública Estratégica de Riscos Financeiros de Mercado

Como Mecanismo de Governança Atuarial dos Regimes Próprios de Previdência Social nos

Municípios de Pernambuco

Fonte: Pesquisa de campo (2015)

Page 167: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

166

7 CONCLUSÕES

Os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) nos municípios pernambucanos

vêm delineando uma conjuntura de adversidades que têm apontado para a insustentabilidade

do sistema de proteção social de seus servidores públicos em cargos efetivos, o que se deve,

especialmente, ao exponencial crescimento do déficit atuarial. Assim, para que esse quadro

deficitário seja revertido, é imprescindível que as práticas e os modelos de gestão dos RPPS

visem a integração estratégica de medidas basilares de governança atuarial para garantir

controle, transparência, segurança, liquidez e rentabilidade tanto para a auferição da meta

atuarial, quanto para o acúmulo de recursos financeiros suficientes para garantir a

sustentabilidade dos RPPS.

Nesse panorama, conclui-se que tanto o Congresso Nacional quanto o Governo

Federal têm tido papéis de protagonistas na contribuição para degradação deficitária dos

RPPS municipais, pois ambos vêm, de maneira irresponsável, legislando e promulgando leis

populistas, como os pisos nacionais de categorias profissionais, que estão estruturadas sob

bases inconstitucionais e que frontalmente ferem os princípios atuariais.

Destarte, de um lado, os congressistas atuam tanto com ingerência resultante da

ignorância previdenciária ao aumentar despesas sem estabelecer a respectiva fonte de

recursos, quanto por se absterem na reformulação do pacto federativo que claramente está

anacrônico tendo em vista a considerável queda das transferências intergovernamentais nos

últimos anos, o que tem minado a capacidade de liquidez dos municípios para suportar o peso

de suas obrigações previdenciárias. Por outro lado, o Governo Federal, na figura de agente

regulador atribuído ao Ministério da Previdência Social (MPS), não cobra nem fiscaliza com

eficácia para que os entes municipais cumpram os preceitos constitucionais. No entanto,

mesmo nas circunstâncias em que o MPS atua com efetividade, negando a emissão de

Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) aos municípios que infringem as normas

legais, o Poder Judiciário tem contribuído de forma decisiva para o afrouxamento da gestão

nos RPPS, pois tem concedido CRP sob sentença judicial a gestores que claramente estão

praticando medidas danosas à sustentabilidade do sistema previdenciário municipal.

No mais, a morosidade de julgamentos de processos de prestações de contas dos RPPS

nos Tribunais de Contas dos Estados em conjunto com a letargia do Ministério Público

Federal que, em tese, são agentes fiscalizadores e defensores da sociedade e da lei, não

Page 168: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

167

contribuem para salvaguardar o direito relativo à previdência social para os servidores

públicos efetivos. Há ainda as Câmaras Municipais que, em parte por insipiência

previdenciária, aprovam as prestações de contas dos RPPS norteadas por vícios

administrativos funestos à sustentabilidade atuarial, mas principalmente por interesses

partidários, são condescendentes com o cenário configurado, pois os RPPS são vistos como

mais um reduto de cargo político na insana disputa pelo poder nos municípios.

Deveras, as instâncias dos Poderes no Brasil têm se configurado como elementos

inócuos mediante a inércia de punições para as incompetentes e irresponsáveis ações dos

gestores municipais e essa impunidade não tem viabilizado o fortalecimento dos RPPS em

bases sustentáveis de modo a garantir que os servidores públicos e seus dependentes não

venham, em futuro próximo, sofrer as intempéries financeiras que ameaçam pairar sobre suas

vidas.

Enfim, o sistema de previdência social dos servidores públicos efetivos nos municípios

pernambucanos está sendo esfacelado pela ausência de governabilidade dos agentes públicos

que se apresentam inoperantes tanto no aspecto legislador/fiscalizador quanto na perspectiva

gerencial e isso contribui fatalmente para a supressão da governança atuarial.

Todavia, apesar das constatadas responsabilidades dos agentes públicos, conclui-se

que a malversação das práticas e dos modelos de gestão têm sido os aspectos preponderantes

para que os RPPS pernambucanos sejam exíguos nos mecanismos de governança atuarial e

isso leva a crer que os municípios venham a se tornar inadimplentes perante seus segurados,

pois seus gestores se configuram por profissionais que, na maioria dos casos, estão norteados

por indicação política, além de serem despreparados e sem cunho técnico em cargos de

incontestável complexidade.

Isto posto, os dados sugerem que as práticas e os modelos de gestão verificados nos

municípios pernambucanos assumem a premissa de que gerir RPPS é focar na legalidade da

concessão dos benefícios previdenciários por si só, relegando o alcance da meta atuarial à

sorte do mercado financeiro. Esse aspecto é ratificado pelo fato de que, entre os 30 municípios

pesquisados, apenas quatro (Recife, Triunfo, Igarassu e Olinda) possuem gestores

direcionados para medidas estratégicas com aceitável padrão de maturidade para atingir a

viabilidade da eficácia da governança atuarial.

Em contrapartida, nos demais municípios estudados, percebe-se, por um lado, certa

apatia de muitos gestores mediante as alterações econômicas como se tais variáveis

Page 169: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

168

supostamente fugissem completamente aos seus controles. Não obstante, constata-se, por

outro lado, que vários gestores centralizam os investimentos em títulos de renda fixa,

justificando essa decisão na premissa de que essas aplicações não envolveriam riscos e

permitiriam algum retorno, ainda que longe da meta atuarial.

Dessa forma, a gestão dos RPPS na maioria dos municípios pesquisados em

Pernambuco têm buscado a aniquilação das perdas financeiras sem, todavia, direcionar ações

para atingir a meta atuarial e, consequentemente, auferir o acúmulo das reservas financeiras

garantidoras das futuras obrigações, ou seja, os gestores assumem uma postura passiva na

aplicação e na gestão dos recursos financeiros sob a categórica moldura ilusória de

simplificação da dicotomia risco-retorno. Entretanto, esse posicionamento da gestão

compromete nocivamente o alcance da rentabilidade dos fundos previdenciários, pois essa

aversão aos riscos se apresenta, na verdade, como um disfarce da incompetência desses

gestores para gerir variáveis que lhes são estranhas mediante suas desqualificações técnicas.

Com isso, não assumem a efetiva gestão estratégica de riscos indissociável das suas funções

de gestor previdenciário e, assim, expõem de forma excessiva os recursos previdenciários às

volatilidades econômicas inerentes aos títulos de renda fixa.

Logo, a maioria das decisões alocativas desses gestores vislumbram equivocadamente

o resultado no curto prazo, em detrimento do nítido horizonte da perspectiva de longo prazo

intimamente intrínseca aos recursos previdenciários. Isso foi comprovado pelas vultosas

perdas financeiras ocasionadas pelas contestáveis tomadas de decisões, que resgataram antes

do prazo as aplicações financeiras, mediante a desvalorização do preço de mercado dos

portfólios de renda fixa resultante do cenário de elevação da taxa SELIC em 2013 no Brasil.

Nessa conjuntura, os Comitês de Investimentos, os Conselhos Administrativos e

Fiscais, todos compostos por servidores efetivos que se beneficiam ou irão se beneficiar dos

direitos previdenciários, deveriam ser partes cruciais na contribuição para a eficácia da

governança atuarial desses RPPS. No entanto, são órgãos pró-forma constituídos por força da

obrigatoriedade das normas legais, atuando como peças sem efeito algum na gestão e isso

também indica a culpabilidade de seus integrantes, ou seja, há uma quase que completa

passividade dos próprios servidores.

No geral, o quadro encontrado nos municípios estudados em Pernambuco é de

gestores com práticas e modelos inexistentes e/ou primários de gestão de riscos financeiros e

sem integração aos preceitos da eficiência, eficácia e efetividade, ou seja, as decisões desses

gestores são fundamentadas ou em "achismos" e na base do amadorismo, ou entregues nas

Page 170: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

169

mãos de consultorias financeiras que antes de tudo estão ávidas por suas próprias

lucratividades. Assim, na maioria dos RPPS estudados em Pernambuco, a gestão financeira de

recursos previdenciários está entregue nas mãos ou de entidades meramente capitalistas ou de

gestores inseridos em politicagem que em nada contribuem para o cunho social no qual estão

entranhados os fundos previdenciários.

Laconicamente, tendo em vista que apenas 23,33% dos RPPS pesquisados

apresentaram práticas e modelos de gestão enquadrados como Avançado ou Aprimorado,

conclui-se que se confirma a hipótese dessa pesquisa que as decisões alocativas para

investimentos dos recursos financeiros dos RPPS pernambucanos não são integradas a

procedimentos seletivos de gestão estratégica de riscos de mercado que otimizem o alcance da

meta atuarial e do acúmulo de capital previdenciário. Por isso, inviabilizam a governança

atuarial dos RPPS, pois não implementam uma visão holística nem atribuem para a factual

relevância da gestão pública estratégica de riscos financeiros de mercado indispensável para o

efetivo alcance das metas atuariais e aumento do capital acumulado que, por conseguinte,

permitiriam a equalização do déficit previdenciário.

Dessa forma, as constantes necessidades de reformas dos RPPS que partem do axioma

de que o exorbitante déficit atuarial se deve aos supostamente "elevados" direitos adquiridos

pelos servidores públicos se revela como parcialmente injusta, pois serve apenas como

pretexto para camuflar a proeminente premissa de que a estarrecedora degeneração

previdência dos municípios se deve, em grande parte, aos prefeitos e gestores municipais que,

mediante a mediocridade de suas práticas, tornam-se infratores e não deveriam arcar apenas

com as penalidades administrativas resultantes da perda do CRP, que vêm sendo anuladas

pelo Poder Judiciário, mas principalmente deveriam responder criminalmente pelos prejuízos

imputados à sociedade, pois ocasionam perdas de direitos sociais essenciais ao bem-estar

social dos servidores públicos em cargos efetivos em nosso país.

Em suma, as análises dos dados das variáveis e as conclusões apresentadas nesta

pesquisa não se caracterizam como mero veículo de embate ideológico, na verdade,

intencionam demonstrar a urgente necessidade de debates construtivos mediante às vertentes

negativas e hediondas da governança atuarial nos municípios pernambucanos. Esse cenário

poderá resultar instabilidade social ocasionada por prefeitos e gestores municipais

inescrupulosos que optam pela gestão com padrões que não são ortodoxos nem são modernos,

mas sim, são estruturados na banalização da governabilidade, pois colocam à frente interesses

individuais e políticos que sucateiam os RPPS em detrimento dos princípios indispensáveis à

Page 171: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

170

boa gestão pública na perspectiva previdenciária. Com isso, de forma letal, comprometem

premissas pétreas que vão desde o respeito ao contrato social até a perenidade do dignidade

humana do cidadão em cargos públicos efetivos no Brasil.

Espera-se que essa pesquisa sirva de alerta para que os agentes e servidores públicos

tomem, a tempo, medidas apropriadas para a alteração dessa preocupante conjuntura social,

bem como contribua para o aprimoramento da gestão pública estratégica de riscos de mercado

dos RPPS pernambucanos, de modo que se estabeleça uma governança atuarial que

efetivamente possibilite a sustentabilidade dos sistemas previdenciários nos municípios.

Page 172: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

171

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Mansueto. Despesa da previdência (INSS) – 2014-2050. 2015. Disponível em

https://mansueto.wordpress.com/2015/05/04/despesa-da-previdencia-inss-2014-2050/. Acesso

em 01 de julho de 2015.

ALVES, José Eustáquio Diniz; VASCONCELOS, Daniel de Santana; CARVALHO, Angelita

Alves de. Estrutura etária, bônus demográfico e população economicamente ativa no

Brasil: cenários de longo prazo e suas implicações para o mercado de trabalho. Textos para

Discussão CEPAL-IPEA, 10. CEPAL: Brasília, 2010.

AMARO, Meiriane Nunes; MENEGUIN, Fernando Boarato. A evolução da previdência

social após a constituição de 1988. In: Bruno Dantas; Eliane Cruxên; Fernando Santos;

Gustavo Ponce de Leon Lago (Org.). Constituição de 1988 O Brasil 20 Anos Depois - Os

Cidadãos na Carta Cidadã. 1 ed. Brasília: Instituto Legislativo Brasileiro, 2008.

______. A previdência social e a sustentação das finanças públicas: a atuação do poder

legislativo. Revista de Informação Legislativa. Brasília a. 47 n. 187 jul./set. 2010

Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil – ANFIP. Análise

da seguridade social 2013. Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do

Brasil e Fundação ANFIP de Estudos da Seguridade Social. ANFIP: Brasília, 2014.

ANTÔNIO, Lucimar. Em que confiar, na meta ou nas expectativas? In: RPPS do Brasil -

15º Edição - Março/Abril 2014.

ANUNCIAÇÃO, Daniela Andrade de. Aspectos gerais sobre “proteção social” e políticas

sociais no capitalismo: das origens às tendências atuais. In: OLIVEIRA, Mara de; BERGUE,

Sandro Trescastro (Org.). Políticas públicas: definições, interlocuções e experiências.

EDUCS: Caxias do Sul, 2012.

ARAÚJO, Andréa Naritza Silva Marquim de. Articulação entre o conceito de governança e

as funções de planejamento e controle de gestão pública. In: Anais do III Congresso

CONSAD de Gestão Pública, 2010. Brasília, 2010.

ARAÚJO, Vinícius de Carvalho. A conceituação de governabilidade e governança, da sua

relação entre si e com o conjunto da reforma do Estado e do seu aparelho. ENAP:

Brasília, mar./2002.

BAETA FILHO, Lamartine Pereira; SILVA, Wendel Alex Castro; ARAÚJO, Elisson Alberto

Tavares. Previdência no setor público: análise das variáveis condicionantes do custeio e

déficit financeiro. In: V Encontro de Administração Pública da ANPAD (EnAPG), Salvador,

2012.

BANCO CENTRAL DO BRASIL - BCB. Relatório de estabilidade financeira. Brasília v.

13, nº 1, mar./ 2014.

BARBOSA, Ana Luiza Neves de Holanda. Um retrato de duas décadas do mercado de

trabalho brasileiro. In: CAMARANO, Ana Amélia (Org.). Novo regime demográfico: uma

nova relação entre população e desenvolvimento? IPEA: Rio de Janeiro, 2014.

BENEVIDES, Claudia do Valle. Um Estado de bem-estar social no Brasil?. 2011.

Dissertação (Mestrado em Economia) – Programa de Pós-Graduação em Economia,

Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro, 2011.

Page 173: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

172

BERGAMINI JÚNIOR, Sebastião. Classificação de riscos ambiental: o modelo construído

no BNDES. Revista do BNDES. Rio de Janeiro: Revista do Banco Nacional de

Desenvolvimento, v.10, n. 20, p. 197-228, dez/2003. Disponível em:

<http://www.bndes.gov.br/conhecimento/publicacoes/catalogo/revista.asp >. Acesso em: 15

mai. 2015.

BODIE, Zvi; KANE, Alex; MARCUS, Alan J. Investimentos. Tradução Suely Sonoe Murai

Cuccio. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010.

BOGONI, Nadia Mar. Gestão de risco nas atividades de investimentos praticada pelos

municípios do Estado do Rio Grande do Sul em seus regimes próprios de previdência

social. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Programa de Pós-Graduação

em Ciências Contábeis, Universidade Regional de Blumenau. Blumenau, 2008.

BORGES, Luiz Ferreira Xavier; BERGAMINI JÚNIOR, Sebastião. O risco legal na análise

de crédito. Revista do BNDES. Rio de Janeiro: Revista do Banco Nacional de

Desenvolvimento, v. 8, n. 16, p. 215-260, dez/2001. Disponível em:

< http://www.bndes.gov.br/conhecimento/publicacoes/catalogo/revista.asp>. Acesso em: 15

mai. 2015.

BOSCH, Mariano; MELGUIZO, Ángel; PAGÉS, Carmen. Melhores aposentadorias,

melhores trabalhos: em direção à cobertura universal na América Latina e no Caribe. Banco

Interamericano de Desenvolvimento. 2013.

BOUERI, Rogério. A restrição orçamentária maleável na abordagem da segunda geração

da teoria do federalismo fiscal. In: LINHARES, Paulo de Tarso Frazão; MENDES,

Constantino Cronemberger; LASSANCE, Antonio (Org.). Federalismo à brasileira: questões

para discussão. IPEA: Brasília, 2012.

BRANCO, Guilherme Castelo. A seguridade social em Michel Foucault. Revista

Ecopolítica, São Paulo, n. 6, jan-abr, 2012.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança. Secretaria de

Planejamento, Governança e Gestão, Coordenação-Geral de Controle Externo dos Serviços

Essenciais ao Estado e das Regiões Sul e Centro-Oeste. TCU: Brasília, 2013.

______ . Tribunal de Contas da União. Relatório de levantamento para avaliação da

gestão de riscos e controles internos na administração pública federal indireta. TC

011.745/2012-5, Fiscalis nº 489/2012. TCU: Brasília, 2012.

______ . Resolução 3.922 do conselho monetário nacional do banco central do Brasil, de 25

novembro de 2010. Dispõe sobre as aplicações dos recursos dos regimes próprios de

previdência social instituídos pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Diário

Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 29 nov. 2010. Seção I, p. 31-32.

______ . Portaria nº 403 do ministro de estado da previdência social, de 10 de dezembro de

2008. Dispõe sobre as normas aplicáveis às avaliações e reavaliações atuariais dos regimes

próprios de previdência social - RPPS da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, define parâmetros para a segregação da massa e dá outras providências. Diário

Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 dez. 2008.

______ . Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:

Senado, 1988.

BREMAEKER, François E. J. Será que o município ainda é um ente federado?

Observatório de informações municipais. Rio de Janeiro, 2015.

Page 174: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

173

______ . O bônus demográfico: a realidade segundo os municípios. Observatório de

informações municipais. Rio de Janeiro, 2015.

______ . Receita orçamentária municipal e o valor per capita em 2013. Observatório de

informações municipais. Rio de Janeiro, 2014.

______ . O pagamento dos precatórios pelos municípios. Estudo Técnico nº 243. 2ª ed.,

Salvador, abr./2013.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Do Estado patrimonial ao gerencial. In: PINHEIRO,

Paulo Sérgio; WILHEIM, Jorge; SACHS, Ignacy (Orgs.). Brasil: um século de

transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

BREUS, Thiago Lima. Políticas públicas no estado constitucional: a problemática da

concretização dos direitos fundamentais sociais pela administração pública brasileira

contemporânea. 2006. Dissertação (Mestrado em Direito do Estado) – Programa de Pós

graduação em Direito, Setor de Ciências Jurídicas, Universidade Federal do Paraná. Curitiba,

2006.

BRITISH BROADCASTING CORPORATION – BBC Brasil. Guia interativo de

aposentadoria e previdência no mundo. 2010. Disponível em

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/09/100915_pensions2_portuguese.shtml?print

=1. Acesso em: 01 de julho de 2015.

CAETANO, Marcelo Abi-Ramia. Fundamentos a cerca dos riscos associados à

previdência social. Texto para Discussão n. 1214, Brasília: IPEA, setembro de 2006.

CALAZANS, Fernando Ferreira et al. A importância da unidade gestora nos regimes

próprios de previdência social: análise da situação dos Estados e do Distrito Federal.

Revista da Administração Pública, Rio de Janeiro, mar./abr. 2013.

CALAZANS, Fernando Ferreira; CAETANO, Marcelo Abi-Ramia. A política regulatória

contemporânea dos regimes de previdência do funcionalismo público no Brasil: avanços,

limitações e propostas. Texto para discussão / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Brasília: Rio de Janeiro: IPEA, 2013.

CAMARANO, Ana Amélia (Org.). Os novos idosos brasileiros: muito além dos 60? - Rio de

Janeiro: IPEA, 2004.

CAMPOS, Marcelo Barroso Lima Brito de. Regime próprio de previdência social dos

servidores públicos. 4 edição. Curitiba: Jurubá, 2012.

CAMPOS, Marcelo Barroso Lima Brito de. Os direitos previdenciários expectados dos

servidores públicos titulares de cargos efetivos no paradigma do Estado democrático de

direito brasileiro. 2011. Tese (Doutorado em Direito) – Programa de Pós-Graduação em

Direito, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2011.

CARREIRA, Cristina. A conjuntura dos regimes próprios de previdência social no Brasil.

Seminário Gestão Municipal e os Fundos de Previdência. Recife, 2013.

CARVALHO, Juliana Brina Corrêa Lima de. Os direitos sociais dos servidores públicos à

luz da redefinição da supremacia do interesse público no estado democrático de direito.

Revista de Direitos Fundamentais e Democracia, Curitiba, v. 11, n. 11, p. 244-275, jan./jun.

2012.

Page 175: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

174

CARVALHO, Luciano Ferreira; GIACHERO, Osvaldo Silvio; RIBEIRO, Kárem Cristina de

Souza. Uma crítica a hipótese da eficiência de mercado: análise dos casos Ambev e

Submarino. IV Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, Associação Educacional

Dom Bosco, 2007.

CARVALHO, Luiz N. Guedes. Uma contribuição à auditoria do risco de derivativos.

1996. Tese (Doutorado em Contabilidade) – Faculdade de Economia, Administração e

Contabilidade, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996. Disponível em:

<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-06042005-162256/ >. Acesso em: 20

jan. 2015.

CARRARO, Gissele. Monitoramento e avaliação de políticas e programas sociais:

contribuições a partir do referencial teórico-metodológico. In: OLIVEIRA, Mara de;

BERGUE, Sandro Trescastro (Org.). Políticas públicas: definições, interlocuções e

experiências. Caxias do Sul, Educs, 2012.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito

previdenciário. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

CAVALHEIRO, Maria Eloisa; JUCHEM, Dionise Magna. Políticas públicas: Uma analise

mais apurada sobre governança e governabilidade. Revista Brasileira de História & Ciências

Sociais. Ano 1, n. 1, jul./2009.

CINTRA, Marcos Antônio Macedo; MARTINS, Aline Regina Alves. As transformações no

sistema monetário internacional. Brasília: IPEA, 2013.

CINTRA, Marcos Antonio Macedo; GOMES, Keiti da Rocha. As transformações no

sistema financeiro internacional. Volume I. Brasília: IPEA, 2012.

______ . As transformações no sistema financeiro internacional. Volume II. Brasília:

IPEA, 2012.

CITADINI, Antonio Roque. A insolvência dos municípios brasileiros. Jornal diário popular,

Economia e Política, 1998.

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – CDES. Sistema de

proteção social brasileiro: promovendo equidade e desenvolvimento. Seminário

Internacional sobre Desenvolvimento. Brasília, 2009.

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO. Transferência de Recursos por

Estado/Município. Disponível em:

http://www.portaltransparencia.gov.br/PortalTransparenciaListaUFs.asp?Exercicio=2013.

COSTANZI, Rogério Nagamine et al. Evolução dos contribuintes ao regime geral de

previdência social. In: MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - MPS. Informe de

Previdência Social. Vol. 25, n. 12, dez./2013.

COSTANZI, Rogério Nagamine; ANSILIERO, Graziela. Evolução do Emprego Formal no

Período 2004-2012: um olhar a partir dos registros da GFIP. In: MINISTÉRIO DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL - MPS. Informe de Previdência Social. Vol. 25, n. 09, set./2013.

COSTA, Frederico Lustosa da. Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração

pública; 200 anos de reformas. Revista de Administração Pública – Rio de Janeiro, set/out.

2008.

CORRÊA, Valcionir. Globalização e crise: o sistema capitalcrático ultrapassa o limite da

exploração do trabalho. 2010. Tese (Doutorado em Sociologia Política) – Centro de Filosofia

e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2010.

Page 176: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

175

D’AGOSTO, Marcelo. A volta do lucro com os títulos longos. 2014. Disponível em:

http://mdagosto.com/2014/07/15/a-volta-do-lucro-com-os-ttulos-longos/. Acesso: 30 de

janeiro de 2014.

DEUD, Cláudia Augusta Ferreira. A Constituição de 1988 e seus impactos na previdência

social. In: ARAÚJO, José Cordeiro de et al. (Org.). Ensaios sobre Impactos da Constituição

Federal de 1988 na Sociedade Brasileira. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara,

2008.

DIAS, Cícero Rafael B. Breve Diagnóstico Financeiro-Atuarial dos RPPS de

Pernambuco. 7º Encontro Estadual da Associação Pernambucana de Entidades de

Previdência Pública - APEPP, Porto de Galinhas, 2013.

DIJK, Robert J. van. Mudança da trajetória de juros desafia gestão de fundos em 2013.

mai/2014. Disponível em:

http://www.anbima.com.br/anuariodefundos/2014/pt/A_Industria_de_fundos/Cenario_Econo

mico/default.aspx. Acesso em 01 de julho de 2015.

DUARTE JUNIOR. Nasario de S. F. A gestão de riscos do ponto de vista da

complexidade. Revista Banas Qualidade, ano XXI, Edição 233, out. 2011.

FAGNANI, Eduardo. Direitos sociais no fio da navalha. In: VAZ, Flavio Tonelli; MUSSE,

Juliano Sander; SANTOS, Rodolfo Fonseca dos (Org.). Associação Nacional dos Auditores

Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP). 20 anos da Constituição Cidadã : avaliação e

desafios da Seguridade Social. Brasília: ANFIP, 2008.

FATTORELLI, Maria Lucia; ÁVILA, Rodrigo. Gastos com a dívida pública em 2014

superaram 45% do orçamento federal executado. 2015. Disponível em

http://www.auditoriacidada.org.br/e-por-direitos-auditoria-da-divida-ja-confira-o-grafico-

do-orcamento-de-2012/. Acesso: 30 de abril de 2015.

FARIA JÚNIOR, Jaime Mariz de. A previdência complementar como política de estado.

Secretaria de Políticas de Previdência Complementar, Ministério da Previdência Social -

SPPC. Campinas, 2015.

FARIA, José Carlos de. A crise e as controvérsias macroeconômicas. In: GARCIA, Márcio;

GIAMBIAGI, Fabio (Org.). Risco e Regulação: por que o Brasil enfrentou bem a crise

financeira e como ela afetou a economia mundial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 143 -154.

FARIAS NETO, Pedro Sabino de. Ciência Política: um enfoque integral avançado. Atlas:

São Paulo, 2011.

FERRARO, Suzani Andrade. As emendas constitucionais n. 20/1998 e 41/2003 e o

equilíbrio financeiro e atuarial nos regimes de previdência social. 2006. Dissertação

(Mestrado em Direito das Relações Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

São Paulo, 2006.

FERREIRA, Afonso Henriques Borges et al. A alocação de recursos dos regimes próprios

de previdência social tem sido eficiente? Revista Economia & Gestão – v. 10, n. 24, set/dez.

2010.

FERREIRA, Tatiana de Souza. Modelo econométrico de mensuração da propensão à

aposentadoria dos participantes de um fundo de pensão: um estudo de caso. 2007.

Dissertação (Mestrado em Economia) – Pós-Graduação em Economia, Área de Concentração

em Economia de Empresas, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2007.

Page 177: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

176

FERREIRA, Bruno Pérez. Analisando o risco de não superação da meta atuarial em

fundos de previdência. 2006. Dissertação (Mestrado em Economia) – Centro de Pós-

Graduação e Pesquisas em Administração, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo

Horizonte, 2006.

FLEURY, Sônia. Coesão e seguridade social. In: LOBATO, Lenaura de Vasconcelos Costa;

FLEURY, Sonia (Org.). Seguridade Social, Cidadania e Saúde. CEBES: Rio de Janeiro, 2009.

______. Estado sem cidadãos: seguridade social na América Latina [online]. Rio de Janeiro:

FIOCRUZ, 1994. Disponível em:<http://books.scielo.org>.

FILGUEIRAS, Maria Luíza. Bolha dos títulos públicos nos EUA preocupa investidores.

Revista EXAME. 2015. http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1088/noticias/bolha-

dos-titulos-publicos-nos-eua-preocupa-investidores

FONSECA, Renato da. O desafio da indústria no cenário econômico e social do país. 1º

Fórum do RH Indústria, Federação das Indústrias do Estado da Paraíba - FIEP, Instituto

Euvaldo Lodi - IEL. João Pessoa, 2014.

FOUCAULT, Michel. O nascimento da biopolítica. Curso dado no College de France

(1978-1979). Tradução por Eduardo Brandão. Martins Fontes: São Paulo, 2008.

FRANÇA, Álvaro Sólon de. A previdência social e a economia dos municípios. 6ª ed.

Brasília: ANFIP, 2011.

GALVÃO, Olímpio José de Arroxelas. Novas políticas regionais no contexto a

globalização e dos processos de flexibilização produtiva: estudos de casos de

reestruturação espacial em países selecionados, no Brasil e no Nordeste. In: GALVÃO,

Olímpio José de Arroxelas; OLIVEIRA, Plínio Portela de. 5º Prêmio Pernambucano de

economia Dirceu Pessoa: categorias profissional, universitário. COMUNICAF: Recife, 1999.

GENTIL, Denise Lobato. A falsa crise do sistema de seguridade social no Brasil: uma

análise financeira do período 1990 – 2005. Congresso Trabalhista Brasileiro, Brasília, 2007.

GERIGK, Willson; CLEMENTE, Ademir. Gestão financeira dos municípios brasileiros de

porte médio. Pretexto (Belo Horizonte. Impresso), v. 13, p. 3459, 2012.

GERNIGON, Bernard et al. A negociação coletiva na administração pública brasileira.

Brasília: OIT; Rio de Janeiro: Forense, 2002.

GIAMBIAGI, Fabio; AFONSO, Luís Eduardo. Cálculo da alíquota de contribuição

previdenciária atuarialmente equilibrada: uma aplicação ao caso brasileiro. RBE. Rio de

Janeiro, v. 63, n. 2, p. 153–179, abr-jun, 2009.

GIAMBIAGI, Fabio et al. Impacto de reformas paramétricas na previdência social

brasileira: simulações alternativas. Texto para discussão n° 1289, Rio de Janeiro: IPEA,

julho, 2007.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2014.

GIMENEZ, Denis Maracci. A questão social e os limites do projeto liberal no Brasil. 2007.

Tese (Desenvolvimento Econômico) – Instituto de Economia, Universidade Estadual de

Campinas. Campinas, 2007.

GOES, Tatyane Karen da Silva. A ideia de crise na previdência social brasileira. 2010.

Dissertação (Mestrado em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento) – Pontifícia

Universidade Católica de Goiás. Goiania, 2010.

Page 178: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

177

GOULART, Luiza Bartoli C. A alta do dólar e a economia brasileira: uma visão liberal.

2013. Disponível em https://pucminasconjuntura.wordpress.com/2013/10/21/a-alta-do-dolar-

e-a-economia-brasileira-uma-visao-liberal/. Acesso: 20 de janeiro de 2015.

GUIMARÃES, Otoni Gonçalves. Regimes próprios de previdência social RPPS. Tribunal

de Contas do Mato Grosso. Cuiabá, 2014.

______. O equilíbrio financeiro e atuarial dos RPPS: desafios de sustentabilidade. I

Congresso Nacional dos Tribunais de Contas e Institutos de Previdência: Orientação,

Acompanhamento e Fiscalização – Perspectivas Atuais. Palmas, 2012.

GUSHIKEN, Luiz et al. Regime próprio de previdência dos servidores: como

implementar? Uma visão prática e teórica. Coleção Previdência Social, Série Estudos, v. 17 –

Brasília, MPAS, 2002.

HENRIQUE, Geraldo. Desafios dos RPPS: aplicações financeiras e meta atuarial em 2013.

Informativo do Instituto de Previdência do Município de Cachoeiro de Itapemirim, nº. 20,

out/2013. Disponível em

http://ipaci.es.gov.br/dados/jornal/ipaCiculandoOutubro2013N_20.pdf

HOTZ, Rafael. Crise econômica: o crescente risco de duration na economia. 2012.

http://www.clubedevienna.com.br/frontpage/crise-economica-o-crescente-risco-de-duration-

na-economia

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Brasil em

números. Centro de Documentação e Disseminação de Informações. Rio de Janeiro, v. 21, p.

1-392, 2013.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. Mercado de trabalho:

conjuntura e análise. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Ministério do Trabalho e

Emprego. vol. 1, ano 20. IPEA; MTE: Brasília, fev./2014.

______. Governo gastador ou transferidor? - um macrodiagnóstico das despesas federais

(2001-2011). Comunicados do Ipea, nº. 122. Brasília: IPEA, 2011.

______. Brasil em desenvolvimento: Estado, planejamento e políticas públicas. vol. 3

(Brasil: o estado de uma nação). Brasília: IPEA, 2009.

KHAIR, Amir. A distorção cambial. 2013. Disponível em

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,a-distorcao-cambial-imp-,1062834. Acesso: 31

de Março de 2015.

KINDLEBERGER, Charlie Poor; ALIBER, Robert Z. Manias, pânicos e crises: a história

das catástrofes econômicas mundiais. Tradução Eduardo Kraszckzuck e revisão técnica Paulo

Gala. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

LARANGEIRA FILHO, Artur. Previdência no Brasil: a extorsão explicada. Rio de Janeiro,

2014. Disponível em:

http://aposentadosolteoverbo.org/page/5/?s=documento+dos+aposentados. Acesso em 30 de

abril de 2015.

LASSANCE, Antonio. Federalismo no Brasil: trajetória institucional e alternativas para um

novo patamar de construção do estado. In: LINHARES, Paulo de Tarso Frazão; MENDES,

Constantino Cronemberger; LASSANCE, Antonio (Org.). Federalismo à brasileira: questões

para discussão. IPEA: Brasília, 2012.

LIMA, Magna Maria dos Santos. Gestão do regime próprio da previdência social: uma

investigação sobre o acesso e a compreensão dos servidores frente às informações gerenciais

Page 179: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

178

dos municípios do Estado de Pernambuco. 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências

Contábeis) – Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências

Contábeis da Universidade de Brasília, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade

da Paraíba e Universidade do Rio Grande do Norte. Recife, 2006.

LIMA, Diana Vaz de; VIEGAS, Waldyr. Tratamento contábil e evidenciação das

externalidades ecológicas. Revista Contabilidade e Finanças, USP, São Paulo, n. 30, p. 46-

53, set./dez. 2002, p. 47. Disponível em:

<http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad30/revista_30_parte4.pdf>. Acesso em: 21

abr. 2015.

LINHARES, Paulo de Tarso Frazão; MENDES, Constantino Cronemberger; LASSANCE,

Antonio (Org.). Federalismo à brasileira: questões para discussão. IPEA: Brasília, 2012.

LINS, Luiza Cristina de Oliveira; MARIN, Solange Regina. Atualidade do pensamento de

Celso Furtado na avaliação do desenvolvimento social da América Latina. Comissão

Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Nações Unidas, 2014.

LOUREIRO, Alexandre Pinto. O direito de greve do servidor público no Brasil diante do

princípio do interesse público. 2009. Dissertação (Mestrado em Direito do Trabalho e da

Seguridade Social) – Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009.

LOWENKRON, Alexandre. As falhas nos modelos de gestão de risco durante a crise. In:

GARCIA, Márcio; GIAMBIAGI, Fabio (Org.). Risco e Regulação: por que o Brasil enfrentou

bem a crise financeira e como ela afetou a economia mundial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

p. 125 -141.

MAGNAGO, Angélica Alves. A divisão regional brasileira – uma revisão bibliográfica.

In: Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v.57, n° 4, p. 65-92, outubro/dezembro,

1995.

MARTELLO, Alexandro. Após alta de tributos, Copom eleva juros para 12,25% ao ano.

2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/01/apos-alta-de-tributos-

copom-eleva-juros-para-1225-ao-ano.html>.

MARTINI, Marcos Felipe Gomes. Renda fixa versus renda variável: uma análise descritiva

entre as rentabilidades dos investimentos. Revista Especialize On-line IPOG – Goiânia - 5ª

Edição nº 005, vol. 01, julho/2013.

MARTINS, Gilberto de Andrade; DOMINGUES, Osmar. Estatística geral e aplicada. 4ª ed.

rev. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2011.

MATOS, Getúlio Alves de Souza. Análise dos movimentos conjuntos entre retornos de

ativos brasileiros de renda variável e de renda fixa e índices estrangeiros no período

2004-2012. 2013. Dissertação (Mestrado em Administração) – Centro de Pós-Graduação e

Pesquisas em Administração, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de

Minas Gerais. Belo Horizonte, 2013.

MELLO, Diogo Lordello de. Descentralização, papel dos governos locais no processo de

desenvolvimento nacional e recursos financeiros necessários para que os governos locais

possam cumprir seu papel. Revista da Administração Pública, Rio de Janeiro, out./ dez.

1991.

MERCADANTE, Aloizio. Construindo estratégias para combater a desigualdade social:

uma perspectiva socioeconômica. In: NOLETO, Marlova Jovchelovitch; WERTHEIN, Jorge

(Org.). Pobreza e desigualdade no Brasil: traçando caminhos para a inclusão social. Anais do

Seminário Internacional Pobreza e Desigualdade no Brasil. UNESCO: Brasília, 2003.

Page 180: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

179

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - MPS. Informe de Previdência Social. Vol. 26,

n. 01, jan./2014.

______. Informe de Previdência Social. Vol. 26, n. 04, abr./2014.

______. Informe de Previdência Social. Vol. 26, n. 10, out./2014.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (MPS); INSTITUTO NACIONAL DO

SEGURO SOCIAL (INSS); EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL (DATAPREV). Anuário Estatístico da Previdência

Social/Ministério da Previdência Social, Empresa de Tecnologia e Informações da

Previdência Social (AEPS 2013). Brasília: MPS/DATAPREV, 2013.

______. Anuário Estatístico da Previdência Social/Ministério da Previdência Social,

Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (AEPS 2012). Brasília:

MPS/DATAPREV, 2012.

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO et al. Indicadores de

Desenvolvimento Brasileiro 2001-2012. 2013.

MOREIRA, Juliana Duffles Donato. Estratégias de redução da pobreza e das

desigualdades no Brasil. 2011. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas, Estratégias e

Desenvolvimento) – Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de

Janeiro, 2011.

MORETTI, Rafael Mangoni. A eficiência da teoria de administração de portfólio de

Markowitz, considerando custos de transação para o mercado de ações brasileiro de

julho de 1999 a junho de 2003. 2004. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de

Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2004.

MORETTIN, Pedro A. Econometria financeira: um curso em séries temporais financeiras.

São Paulo: Blucher, 2008.

MUGNAINI, Alexandre et al. Análise da Eficiência de Mercado e Performance de Fundos de

Investimentos Imobiliários Negociados na Bovespa. Revista Capital Científico, Guarapuava -

PR v.6 n.1 p.65-86 jan./dez., 2008.

MUSSE, Juliano Sander (Org.). Dissabores da crise financeira: entre ‘marolas’ e ‘tormentas’.

In: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DA RECEITA FEDERAL

DO BRASIL – ANFIP. Crise financeira mundial: impactos sociais e no mercado de

trabalho. 1. ed. Brasília: ANFIP e Fundação ANFIP, 2011. p. 147-168. Disponível em:

www.anfip.org.br

NÓBREGA, Mailson da. Origem da crise. In: GARCIA, Márcio; GIAMBIAGI, Fabio

(Org.). Risco e Regulação: por que o Brasil enfrentou bem a crise financeira e como ela

afetou a economia mundial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 125 -154.

NOGUEIRA, Narlon Gutierre. O equilíbrio financeiro e atuarial dos RPPS: de princípio

constitucional a política pública de estado. Informe de Previdência Social, vol. 24, n. 3.

mar./2012.

NOGUEIRA, Narlon Gutierre. O equilíbrio financeiro e atuarial dos regimes próprios de

previdência social dos servidores públicos e a capacidade de implementação de políticas

públicas pelos entes federativos. 2011. Dissertação (Mestrado em Direito Político e

Econômico) – Coordenadoria de pós-graduação, Universidade Presbiteriana Mackenzie. São

Paulo, 2011.

Page 181: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

180

OLIVEIRA, Ana Patricia da Cunha. Administração gerencial. In: MINISTÉRIO DO

PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. II Ciclo de Debates Direito e Gestão

Pública, III Seminário Democracia, Direito e Gestão Pública. Brasília: MPOG e IPEA, 2011.

p. 36-43.

PAIVA, Beatriz Augusto de et al. A universalização da seguridade social em questão: a

tradução antinômica dos direitos socioassistenciais. Anais do I Circuito de Debates

Acadêmicos. 2° Conferência do Desenvolvimento Code/IPEA, Brasília, 2011.

PASQUINI, Elaine Silvia. Analisando a relação das variáveis macroeconômicas com o

mercado acionário. 2008. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade de

Ciências Administrativas, Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo,

2008.

PASTORE, Affonso Celso. Prefácio. In: GARCIA, Márcio; GIAMBIAGI, Fabio (Org.).

Risco e Regulação: por que o Brasil enfrentou bem a crise financeira e como ela afetou a

economia mundial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 125 -154.

PAZ, Leandro; BASTOS, Marcos. Mercados futuros: como vencer operando futuros. Rio de

Janeiro: Elsevier, 2012.

PELLICIOLI, Ari Alex. Gestão de investimentos: fundos de pensão. 2011. Dissertação

(Mestrado Profissional em Economia) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2011.

PEREIRA, Luiz Carlos et al. Os fundos de ações e a alocação ótima de ativos proposta por

Markowitz. IV Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, Associação Educacional

Dom Bosco, 2007.

PINHEIRO, Ricardo Pena. A demografia dos fundos de pensão. Coleção Previdência

Social. Série estudos, v. 24. Brasília: Ministério da Previdência Social. Secretaria de Políticas

de Previdência Social, 2007.

PORTAL6. Piso salarial dos professores: tire suas dúvidas em 8 tópicos. 2015. Disponível

em: http://portal6.com.br/2015/05/04/piso-salarial-dos-professores-tire-suas-duvidas-em-8-

topicos/. Acesso em: 10 de junho de 2015.

PORTAL BRASIL. Valorização do salário mínimo muda a cara da economia. 2015.

Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2015/04/valorizacao-do-

salario-minimo-muda-a-cara-da-economia. Acesso em: 10 de junho de 2015.

PÓVOA, Alexandre. Valuation: como precificar ações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

RABELO, Flávio Marcílio. Regimes próprios de previdência: modelo organizacional, legal

e de gestão de investimentos. 168 p. Coleção Previdência Social. Série estudos; v. 11.

Brasília: MPAS; SPS, 2001.

RAEFFRAY, Ana Paula Oriola de . O viés econômico da seguridade social. 2012.

Disponível em:

http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/colunas/56641/o+vies+economico+da+seguridade

+social.shtml.

RANGEL, Leonardo Alves; SABOIA, João Luiz. Criação da previdência complementar

dos servidores federais: motivações e implicações na taxa de reposição das futuras

aposentadorias. Texto para discussão. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA,

Brasília, jul./2013.

Page 182: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

181

RAMOS, Carlos Alberto. O emprego nos anos 90: o regime macroeconômico importa?

Mercado de trabalho – conjuntura e análise, n. 22. IPEA: Brasília, nov./2003.

RÊGO, Hugo Leonardo Freitas de Moraes. Um estudo sobre alocação de ativos clássica e

Bayesiana no mercado acionário brasileiro. 2012. Dissertação (Mestrado em Economia) –

Escola de Economia de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas. São Paulo, 2012.

REVISTA INVESTIDOR INSTITUCIONAL. Eliminado as dúvidas. jul/2011.

REVISTA EM DISCUSSÃO! Revista de audiências públicas do Senado Federal. Ano 4 - nº

16, jul./2013.

RIBEIRO, Paulo Roberto Rios. A contra-reforma da previdência do governo de Lula da

Silva: privatização do seguro social na lógica neoliberal. II Jornada Internacional de Políticas

Públicas. Mundialização e Estados Nacionais: a questão da emancipação e da soberania,

Universidade Federal do Maranhão, Programa de Pós-Graduação em políticas Públicas, 2005.

RICHARDSON, Jarry Roberto. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas,

2014.

ROCHA, José Francisco Furlan. O cálculos dos benefícios previdenciários: uma análise

qualitativa da proteção social. 2012. Dissertação (Mestrado em Direito das Relações Sociais)

– Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2012.

RODRIGUES, José Angelo. Gestão de risco atuarial. Saraiva: São Paulo, 2008.

SALLUM JR., Brasilio. Metamorfoses do Estado brasileiro no final do século XX. Revista

Brasileira de Ciências Sociais, v. 18, n. 52, 2003. p. 53-54.

SAMPAIO, Arlete. As políticas de desenvolvimento social no Brasil. In: COELHO, Maria

Francisca Pinheiro; TAPAJÓS, Luziele Maria de Souza; RODRIGUES, Monica (Org.).

Políticas sociais para o desenvolvimento: superar a pobreza e promover a inclusão. Brasília:

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, UNESCO, 2010.

SANTOS, Heliomar. As reformas da previdência no Brasil e o equilíbrio financeiro e

atuarial dos regimes próprios de previdência social (RPPS), dos entes federados

estaduais da região sudeste. 2014. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração

Pública) – Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Fundação Getúlio

Vargas. Rio de Janeiro, 2014.

SANTOS, José Odálio dos. Valuation: um guia prático: metodologias e técnicas para análise

de investimentos e determinação do valor financeiro de empresas. Saraiva: São Paulo, 2011.

SANTOS, Severino Pessoa dos. Nota técnica – contabilização do déficit atuarial do

regime próprio de previdência social – RPPS. Conselho Nacional dos Dirigentes de

Regimes Próprios de Previdência Social – CONPREV, Recife, 2010.

SASAKI, Maria Amélia; VASQUES-MENEZES, Ione. Trabalhador informal e

previdência social: o caso dos trabalhadores por conta própria de Brasília-DF. Política &

Sociedade. Vol. 11, nº 21, Florianópolis, jul./2012.

SECRETARIA DA FAZENDA DE PERNAMBUCO (SEFAZ-PE). Transferências

Constitucionais ICMS e IPI. Disponível em:

http://www.sefaz.pe.gov.br/RPM/Scripts/TransfConstitucionalCons.asp

SILVA, Anderson Caputo; CABRAL, Rodrigo; BAGHDASSARIAN, William.

Gerenciamento de riscos da dívida pública federal. In: SILVA, Anderson Caputo;

CARVALHO, Lena Oliveira de; MEDEIROS, Otavio Ladeira de (Org.). Dívida Pública: a

experiência brasileira. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional; Banco Mundial, 2009.

Page 183: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

182

SILVA, Luiz Antonio Fernandes da. A verificação das relações entre estratégias de

investimentos e as hipóteses de eficiência de mercado: um estudo na bolsa de valores de

São Paulo. 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Escola Politécnica,

Universidade de São Paulo. São Paulo, 2003.

SILVEIRA, Marcos Antonio Coutinho da. Eficiência alocativa da política de investimentos

do regime próprio de previdência social dos entes federativos brasileiros.Texto para

discussão / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília: Rio de Janeiro: IPEA, ago,

2013.

SILVEIRA, Alair Suzeti da. Estado do bem-estar social e desfiliação social. Política &

Sociedade - Florianópolis. Vol. 12 - nº 23 - jan./abr., 2013.

SILVEIRA, Rodrigo Lanna Franco da. Uma análise da alocação de contratos futuros sobre

commodities em portfólios diversificados. 2008. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) –

Escola Superior de Agricultura "Luiz Queiroz", Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2008.

SIMONASSI, Aloysio Augusto. Estudo dos problemas gerenciais, estruturais e

conjunturais da previdência social do Brasil: 1985 a 1998. 2003. Dissertação (Mestrado em

Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção,

Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2003.

SIMONASSI, Andrei Gomes; KOURY, Felipe Jorge Ferreira; MATOS, Paulo Rogério

Faustino. Uma função de reação para a análise da sustentabilidade do regime próprio de

previdência social dos servidores do estado do Ceará no período 2003-2012. Fortaleza:

Tribunal de Contas do Estado do Ceará. Revista Controle: doutrina e artigos, vol. XI, n. 2,

dez/2013. p. 47-62.

SOUSA, Juliane Martins Carneiro de. A superação da pobreza através da distribuição

justa das riquezas sociais: uma análise da consistência teórica do programa bolsa família e

das perspectivas dos beneficiários de saída autosustentada do Programa. 2009. Dissertação

(Mestrado em Administração Pública) – Escola Brasileira de Administração Pública e de

Empresas, Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 2009.

SOUZA, Ricardo. Fundos previdenciários municipais e desenvolvimento sustentável: um

estudo sobre o Nordeste e uma proposta para o Brasil. Coleção Rede Previdência. Recife:

Editora Clube de Autores, 2014.

______. Auditoria previdenciária de sustentabilidade atuarial. Coleção Rede Previdência.

Recife: Editora Clube de Autores, 2014.

SOUZA, Maciela Rocha. (Des) Proteção social na informalidade: o acesso dos

trabalhadores à política previdenciária em Aracaju-SE. In: Anais do VIII Seminário do

Trabalho – Trabalho, Educação e Políticas Sociais no século XXI, Marília-SP, 2012.

SOUZA, Joana Siqueira de. Modelo para identificação e gerenciamento do grau de risco

de empresas - MIGGRI. 2011. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Escola de

Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2011.

SOUZA, Rodrigo Silva de. Gestão de riscos integrada e melhoria de desempenho: um

estudo com empresas brasileiras não financeiras. 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências

Contábeis) – Faculdade de Ciências Contábeis, Universidade Federal da Bahia. Salvador,

2011.

Page 184: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

183

SOUZA, Valdiva Rossato; RIBEIRO, Maísa de Souza. Aplicação da contabilidade

ambiental na indústria madeireira. Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo, n.

35, p. 54 - 67, maio/agosto 2004. Disponível em:

<http://www.eac.fea.usp.br/eac//revista_eac.asp?edicao=35>. Acesso em 22 abril de 2015.

SUBIRATS, Joan. Quais políticas públicas para qual crise? Transformação social e

intervenção do estado. In: COELHO, Maria Francisca Pinheiro; TAPAJÓS, Luziele Maria

de Souza; RODRIGUES, Monica (Org.). Políticas sociais para o desenvolvimento: superar a

pobreza e promover a inclusão. Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento Social.

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, UNESCO, Brasília, 2010.

SUZART, Janilson Antonio da Silva. Passivo atuarial dos regimes próprios de previdência

social: um estudo exploratório nos governos subnacionais. Anais do 13º Congresso USP de

Controladoria e Contabilidade, 2013.

TAFNER, Paulo; BOTELHO, Carolina; ERBISTI, Rafael. Transição demográfica e o

impacto fiscal na previdência brasileira. In: CAMARANO, Ana Amélia (Org.). Novo

regime demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento? IPEA: Rio de

Janeiro, 2014.

TAPAJÓS, Luziele Maria de Souza. Introdução. In: COELHO, Maria Francisca Pinheiro;

TAPAJÓS, Luziele Maria de Souza; RODRIGUES, Monica (Org.). Políticas sociais para o

desenvolvimento: superar a pobreza e promover a inclusão. Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento

Social. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, UNESCO, Brasília, 2010.

TAYLOR, John. Risco sistêmico e o papel do governo. In: GARCIA, Márcio; GIAMBIAGI,

Fabio (Org.). Risco e Regulação: por que o Brasil enfrentou bem a crise financeira e como ela

afetou a economia mundial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 125 -154.

TEIXEIRA, Daniela Rocha. O impacto do regime próprio de previdência social no

desenvolvimento local e o respectivo fortalecimento da autonomia municipal: o caso dos

municípios de Salvador, Camaçari, Vera Cruz e Feira de Santana. 2012. Dissertação

(Mestrado em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social) – Superintendência de

Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade Católica de Salvador. Salvador, 2012.

TEIXEIRA, Andrea de Paula. Política de previdência social. In: REZENDE, Ilma.;

CAVALCANTI, Ludmila Fontenele. Serviço social e políticas públicas. Rio de Janeiro:

UFRJ, 2006.

TORRES, Fernando José Vieira. Gestão dos riscos e desempenho financeiro nos fundos de

pensão Fachesf e Celpos. Gestão.Org Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, set/dez,

2010.

TRAPP, Adriana C. Garcia; CORRAR, Luiz J. Avaliação e gerenciamento do risco

operacional no Brasil: Análise de Caso de Uma Instituição Financeira de Grande Porte.

Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo, n. 37, p. 24 - 36, 103, jan/abr. 2005.

Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/eac/-/revista_eac.asp?edicao=37>, Acesso em 15

jan. 2015.

VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez; NEVES, Silvério das. Introdução à economia. 12ª ed.

São Paulo: Saraiva, 2013.

VIDRAGO, José António da Silva. Diversificação eficiente de carteiras de investimento de

longo prazo: o estudo de caso do FEFSS. 2008. Dissertação (Mestrado em Gestão de

Empresas) – Escola de Gestão do Porto, Universidade do Porto. Porto, 2008.

Page 185: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

184

WEISS, Ricardo. Fundos de Pensão no Brasil: antes de depois da Crise de 2008. In:

GARCIA, Márcio; GIAMBIAGI, Fabio (Org.). Risco e regulação: por que o Brasil enfrentou

bem a crise financeira e como ela afetou a economia mundial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

p. 259 -274.

WOLF, Martin. A reconstrução do sistema financeiro global. Tradução de Afonso Celso da

Cunha Serra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

WOOLDRIDGE, Jeffrey M. Introdução à econometria: uma abordagem moderna. Tradução

José Antônio Ferreira, revisão técnica Galo Carlos Lopez Noriega. São Paulo: Cengage

Learning, 2010.

YOSHIMOTO, Nelson. Afinal, o que é Duration e para que serve? Disclosure das

Transações Financeiras. julho/agosto, 2005.

ZIMMER, Vanise Goulart. Decisões humanas para a gestão de portfólios de investimentos

de risco em contexto de incerteza: por dentro do trabalho do investidor. 2008. Tese

(Doutorado em Engenharia de Produção) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

São Paulo, 2008.

Page 186: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

185

ANEXO I – QUESTIONÁRIO DA ENTREVISTA SOBRE GESTÃO ESTRATÉGICA

DE RISCOS COMO MECANISMO DE GOVERNANÇA ATUARIAL DOS REGIMES

PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL EM PERNAMBUCO

PARTE A - Aspectos gerais da gestão dos regimes próprios de previdência social

1. Qual o número de segurados ligados ao RPPS?

( ) a) Até 2.000 segurados

( ) b) De 2.001 a 5.000 segurados

( ) c) Acima de 5.000 segurados

2. Qual o número de servidores ligados à gestão do RPPS?

( ) a) 2 servidores

( ) b) 3 servidores

( ) c) 4 servidores

( ) d) 5 servidores

( ) e) 6 ou mais servidores

3. Os trabalhos de avaliação atuarial são realizados:

( ) pelo próprio Instituto ( ) por empresa terceirizada

4. O RPPS conta com algum tipo de assessoria externa?

( ) Não

( ) Sim

4.1. Em caso positivo, qual (is)?

( ) a) Contábil

( ) b) Financeira

( ) c) Jurídica

( ) d) Atuarial

( ) e) Outros _________________________________________

5. O RPPS possui segregação de massas?

( ) Não ( ) Sim

5.1. Em caso positivo, o orçamento e a contabilidade estão segregados por Planos Financeiro e Previdenciário?

( ) Não ( ) Sim

Page 187: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

186

6. O RPPS possui Código de Ética e Conduta?

( ) a) Não possui

( ) b) Sim e Próprio

( ) c) Sim do Município

PARTE B - Perfil do gestor de recursos financeiros

7. Caso possua foco em atividades de gestão de riscos financeiros, quem exerce essa função?

( ) a) Diretor Presidente

( ) b) Diretor/Gerente Previdenciário

( ) c) Diretor/Gerente Administrativo e Financeiro

( ) d) Diretor/Gerente de Investimentos

( ) e) Outros: ________________________________________

8. Qual a sua formação acadêmica?

( ) a) Administração

( ) b) Economia

( ) c) Ciências Contábeis

( ) d) Engenharia

( ) e) Segundo Grau

( ) f) Outros: ________________________________________

9. Qual a sua classificação como servidor do RPPS?

( ) a) Servidor de carreira

( ) b) Servidor de carreira com função nomeada por ato administrativo

( ) c) Administrador contratado

( ) d) Administrador nomeado por ato administrativo

10. Há quanto tempo você está no cargo atual?

( ) a) Menos de 2 anos

( ) b) Entre 2 e 5 anos

( ) c) Entre 5 e 10 anos

( ) d) Entre 10 e 15 anos

Page 188: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

187

11. Como você classifica a atual situação atuarial do Fundo Previdenciário?

( ) a) Deficitário, mas com perspectivas positivas

( ) b) Deficitário e com perspectivas negativas

( ) c) Superavitário e com perspectivas sustentáveis

( ) d) Superavitário, mas com perspectivas negativas

( ) e) Equilibrado

12. Você possui a Certificação Profissional ANBIMA?

( ) Não ( ) Sim. Caso tenha, qual? ________________________________________

13. Como você descreve sua disposição pessoal aos riscos?

( ) a) Recusa-se a correr riscos

( ) b) Prefere não correr riscos

( ) c) Neutro

( ) d) Aceita correr riscos

( ) e) Gosta de correr riscos

14. Nos últimos dois anos, sua disposição pessoal a correr riscos:

( ) a) Reduziu significativamente

( ) b) Reduziu um pouco

( ) c) Não se alterou

( ) d) Aumentou um pouco

( ) e) Aumentou significativamente

15. Qual a proporção do seu trabalho é dedicada à gestão de riscos nas aplicações financeiras?

( ) a) Não tenho envolvimento com a gestão de riscos nas aplicações financeiras

( ) b) Entre 1% e 19%

( ) c) Entre 20% e 39%

( ) d) Entre 40% e 59%

( ) e) Entre 60 e 79%

( ) f) Entre 80% e 100%

15.1. Caso haja algum nível de envolvimento com a gestão de riscos nas aplicações financeiras, você acredita

que ele seja:

( ) a) Insuficiente

Page 189: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

188

( ) b) Razoável

( ) c) Bom

( ) d) Muito Bom

15.2. Caso haja algum nível de envolvimento com a gestão de riscos nas aplicações financeiras, você acredita

que ele:

( ) a) Aumentou

( ) b) Não mudou

( ) c) Diminuiu

( ) d) Sem Opinião

15.2.1. Caso tenha aumentado o nível de envolvimento com a gestão de riscos nas aplicações financeiras, quais

os principais fatores relacionados ao aumento de interesse?

( ) a) Prevenção de perdas

( ) b) Integração à estratégia e aos procedimentos de governança pública

( ) c) Ocorrência de fraudes e irregularidades

( ) d) Cumprimento de aspectos regulamentares

( ) e) Atendimento às expectativas do mercado e agências de rating

16. Qual seu nível de concordância ou discordância em relação às afirmações abaixo com base nesta escala:

1 2 3 4 5

Discordo

Totalmente Discordo

Nem Discordo

Nem Concordo Concordo

Concordo

Totalmente

A gestão de riscos nas aplicações financeiras deve: ITEM

a) Evitar consequências negativas

b) Alcançar conseqüências positivas

c) Ser substanciada no julgamento pessoal

d) Ser fundamentada em um sistema de controle formal que identifique, gerencie e reporte os riscos

Page 190: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

189

PARTE C - Aspectos da política de investimentos

1 2 3 4 5

Discordo

Totalmente Discordo

Nem Discordo

Nem Concordo Concordo

Concordo

Totalmente

ASPECTOS AVALIADOS ITEM

17. O RPPS possui política de investimentos formalizada.

18. A política de investimentos do RPPS satisfaz os requisitos da Resolução do Conselho

Monetário Nacional nº 3.922/2010.

19. A política de investimentos está acessível a todos os servidores participantes do RPPS, ou seja,

todos os servidores conhecem a política de investimentos.

20. A política de investimentos estabelece limites de concentração de investimentos em

determinados intermediários.

21. A política de investimentos declara os parâmetros a serem adotados para:

a) cálculo dos níveis de exposição a risco de mercado;

b) estilo da gestão; e

c) avaliação de gestores e administradores de recursos.

22. A política de investimentos faz menção sobre limites de risco aprovados.

23. A política de investimentos estabelece padrões e procedimentos para acompanhamento dos

ratings das instituições (isto é, das notas recebidas pelas instituições financeiras em avaliações

independentes).

24. A política de investimentos indica a necessidade de segregação de função entre os responsáveis

pelas operações de investimentos e os responsáveis pelos processamentos dos documentos.

25. A política de investimentos menciona as responsabilidades sobre a escolha de alternativas de

investimentos:

a) de diretores e funcionários do RPPS;

b) de órgãos de governança (comitês de investimentos e assemelhados);

c) de administradores de recursos contratados.

26. A política de investimentos exige a definição prévia de limites de crédito a serem observados

na condução de negócios com cada intermediário financeiro.

27. Estão claramente identificadas as consequências das violações da política de investimentos.

28. Na formulação e atualização da política participam pessoas com conhecimentos técnicos

especializados em gestão de investimentos.

29. Os limites de investimento estabelecidos nas normas do RPPS permitem uma diversificação

adequada nos investimentos da entidade.

Fonte: Bogoni (2008) com adaptações

Page 191: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

190

PARTE D - Ambiente da gestão de riscos financeiros

1 2 3 4 5

Discordo

Totalmente Discordo

Nem Discordo

Nem Concordo Concordo

Concordo

Totalmente

ASPECTOS AVALIADOS ITEM

30. A administração adota medidas suficientes para que a gestão de riscos financeiros de mercado

esteja integrada aos processos de gestão da organização, desde o nível estratégico até o operacional.

31. A administração adota medidas que assegurem que o gestor de investimentos lidere a

implementação e o monitoramento das práticas de gestão de riscos financeiros de mercado.

32. A administração considera os riscos-chave que podem comprometer o alcance dos principais

objetivos financeiros e fornece direção clara para que eles sejam gerenciados.

33. A administração estimula o gestor dos recursos financeiros e o comitê de investimentos a aceitar

riscos bem gerenciados visando aproveitar oportunidades e apoiar a inovação.

34. A administração promove o aperfeiçoamento da estrutura e do processo de gestão de riscos

financeiros de mercado valendo-se, inclusive, de informações produzidas por auditorias internas e

externas.

35. Existe uma política organizacional de gestão de riscos financeiros aprovada pela administração.

36. Caso exista uma política organizacional de gestão de riscos financeiros, indicar se ela aborda os

seguintes aspectos:

a) Objetivos organizacionais com relação à gestão de riscos financeiros.

b) Integração da gestão de riscos financeiros a processos e políticas organizacionais.

c) Responsabilidades para gerenciar riscos financeiros.

d) Diretrizes sobre como riscos financeiros devem ser identificados, avaliados, tratados e monitorados.

e) Consultas e comunicação com partes interessadas internas e externas sobre assuntos relacionados a

riscos financeiros.

f) Diretrizes para a medição do desempenho da gestão de riscos financeiros.

g) Compromisso de analisar criticamente e melhorar a política e a estrutura da gestão de riscos em

resposta a um evento ou mudança nas circunstâncias.

37. A política de gestão de riscos financeiros é comunicada e está disponível a todos na organização.

38. Existe uma estratégia para assegurar que novas atividades sejam avaliadas quanto a risco e

incorporadas ao processo de gestão de riscos financeiros.

39. Existe uma estratégia para assegurar compreensão uniforme, na organização, dos conceitos e da

terminologia utilizada em questões de riscos financeiros.

40. Os objetivos estratégicos e as prioridades da organização são claramente comunicados a todos os

servidores.

41. O gestor de investimentos mantém todos informados dos objetivos e das prioridades

organizacionais.

42. Os comitê de investimentos conhece os principais riscos enfrentados pela organização.

43. O comitê de investimentos é orientado e estimulado a encaminhar assuntos relacionados a riscos

financeiros às instâncias decisórias adequadas.

44. O gestor de investimentos recebe delegação clara e formal para gerenciar riscos financeiros.

55. O gestor de investimentos é regularmente capacitados para conduzir a gestão de riscos financeiros e

orientar o comitê de investimentos sobre esse tema.

46. O comitê de investimentos é formalmente designado para as atividades de identificação, avaliação e

tratamento de riscos financeiros.

47. O comitê de investimentos é designado para as atividades de identificação, avaliação e tratamento

de riscos financeiros, recebendo capacitação suficiente para executá-las.

48. Boas práticas de gestão de riscos financeiros desta e de outras organizações são identificadas e

compartilhadas internamente.

49. Os papéis e responsabilidades relativos a gestão de risco financeiros são formalmente definidos

para órgãos/ departamentos dessa organização, tais como conselho de administração, auditoria interna,

comitê de investimentos e unidades do RPPS.

Page 192: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

191

50. Há esforços institucionais empreendidos nos últimos três anos para implantar ou aprimorar gestão

de riscos abordando aspectos de liderança, políticas e estratégias, definição de responsabilidades e

desenvolvimento de pessoas, bem como mencionando as principais dificuldades enfrentadas.

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012) com adaptações

PARTE E - Processos da gestão de riscos financeiros

Prática inexistente na instituição

1 2 3 4 5 Prática realizada de forma

sistemática e plenamente

incorporada à cultura

organizacional

Identificação e Avaliação de Riscos Financeiros

ASPECTOS AVALIADOS ITEM

51. A organização identifica de forma abrangente os riscos financeiros que podem afetar a realização

de seus objetivos financeiros, bem como suas causas e consequências potenciais.

52. O comitê de investimentos é composto por servidores de diversas áreas e níveis hierárquicos,

conhecedores do negócio da organização, que participam da identificação e avaliação de riscos

financeiros.

53. Os riscos financeiros identificados são atribuídos a pessoas que têm responsabilidade e autoridade

para gerenciá-los.

54. Os riscos financeiros identificados são levados à consideração da instância decisória pertinente

segundo critérios formalmente estabelecidos.

55. Existem instrumentos definidos para documentar as etapas de identificação e avaliação de riscos

financeiros.

56. Todos os riscos financeiros identificados são submetidos ao processo de avaliação de riscos.

57. São estimadas a probabilidade de ocorrência dos riscos financeiros identificados e as

consequências, sobre os objetivos organizacionais, da materialização desses riscos.

58. A avaliação de riscos financeiros produz informações qualitativas e quantitativas relevantes para a

definição das respostas a riscos.

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012) com adaptações

Respostas aos riscos financeiros

ASPECTOS AVALIADOS ITEM

59. Existem parâmetros definidos para a escolha das ações de aceitar, transferir, evitar ou mitigar os

riscos financeiros analisados.

60. A percepção das partes interessadas é levada em conta na escolha de respostas apropriadas.

61. A escolha de respostas aos riscos leva em conta a relação custo-benefício das respostas

consideradas.

62. Utilizam-se planos de tratamento de riscos financeiros nos quais se especificam as respostas a

risco selecionadas, bem como prazos e responsáveis para implementar essas respostas.

63. Ocorre revisão periódica das respostas a risco visando avaliar se permanecem adequadas.

64. Medidas de contingência para garantir a continuidade dos serviços prestados são definidas e

periodicamente revisadas.

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012) com adaptações

Page 193: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

192

Monitoramento e comunicação de riscos financeiros

ASPECTOS AVALIADOS ITEM

65. A gestão de riscos financeiros nesta organização apóia-se em sistema informatizado que permite a

visão integrada das etapas de identificação, avaliação, tratamento e monitoramento de riscos.

66. O controle interno, ou a auditoria interna, contribui ativamente para as atividades de gestão de

riscos financeiros na organização.

67. Foram estabelecidas medidas de desempenho que permitem avaliar se as respostas a riscos

adotadas foram ou não efetivas.

68. No monitoramento do processo de gestão de riscos financeiros, são evidenciadas as oportunidades

de melhoria e as lições aprendidas.

69. Há mecanismos de comunicação que garantam que as partes interessadas sejam comunicadas sobre

os riscos-chave a que o negócio está sujeito, as respostas adotadas e a eficácia do processo de gestão

de riscos.

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012) com adaptações

PARTE F - Arranjo organizacional com as consultorias financeiras

ASPECTOS AVALIADOS ITEM

70. Na contratação de serviços de consultoria financeira, existe clareza sobre quem é responsável por

gerenciar cada risco.

71. Na contratação de serviços de consultoria financeira, está estabelecido em quais condições e para

quem cada responsável deve fornecer informações.

72. Os responsáveis pela gestão de riscos no âmbito das consultorias financeiras não têm autonomia

para tomar e implementar decisões relacionadas aos riscos financeiros.

73. Todas as organizações e fatores que influenciam a eficácia dos investimentos são identificadas e

essas influências consideradas no processo de gestão de riscos.

74. Há informação regular e confiável para monitorar o desempenho da gestão de riscos das

consultorias financeiras.

75. A organização estrutura com sua consultoria financeira arranjos de contingência (incluindo a

priorização de ações de mitigação) para minimizar efeitos adversos sobre o fornecimento de serviços ao

público quando uma ou outra parte falha ao entregar o serviço.

76. A transferência da gestão de riscos financeiros a consultorias financeiras é precedida por avaliação

da capacidade destas de gerenciá-los.

77. Quando riscos são transferidos a consultorias financeiras, mantém-se a capacidade de gerenciar e

monitorar desempenho e de adotar tempestivamente medidas em caso de dificuldades.

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012) com adaptações

PARTE G - Resultados da gestão de riscos financeiros

ASPECTOS AVALIADOS ITEM

78. A organização avalia a eficácia do processo de gestão de riscos financeiros.

79. O processo de gestão de riscos financeiros contribuiu para a melhoria do processo decisório

fornecendo informações sobre riscos e evidências que os suportam.

80. O processo de gestão de riscos financeiros contribuiu para uma coordenação clara e efetiva de

políticas e ações organizacionais.

81. O processo de gestão de riscos financeiros contribuiu para uma boa coordenação, compreensão e

gerenciamento de riscos financeiros.

82. Planos e políticas organizacionais têm sido aperfeiçoados com base em avaliações e propostas

consistentes de gestão de riscos financeiros.

83. O processo de gestão de riscos financeiros contribuiu para o aprimoramento da comunicação

sobre riscos com as partes interessadas.

Page 194: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós …imagens.devrybrasil.edu.br/wp-content/uploads/sites/88/2016/04/... · 1.Gestão estratégica de riscos. 2.Governança

193

84. O processo de gestão de riscos financeiros contribuiu para a melhoria do processo decisório na

organização.

85. O processo de gestão de riscos financeiros tem levado o comitê de investimentos a se

envolverem com avaliação e controle de riscos em suas atividades cotidianas.

86. A gestão de riscos financeiros na organização tem contribuído para...

a) ... a realização dos objetivos relativos ao gerenciamento dos investimentos.

b) ... a realização dos objetivos referentes à eficiência das aplicações financeiras.

c) ... a realização dos objetivos referentes à melhoria da governança.

d) ... a realização dos objetivos relativos à reputação da organização.

e) ... a melhoria da qualidade de serviços ofertados.

f) ... assegurar o cumprimento das leis e normas pertinentes.

Fonte: Tribunal de Contas da União – TCU (2012) com adaptações