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FACULDADE DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DA AMAZÔNIA FAM CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FAMÍLIA E ESCOLA: OS VALORES INVERTIDOS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Abaetetuba-Pará 2018

FAMÍLIA E ESCOLA: OS VALORES INVERTIDOS NO PROCESSO DE ... · O trabalho intitulado Família e Escola: os Valores Invertidos no Processo de Ensino e Aprendizagem tem como objetivo

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DA AMAZÔNIA – FAM CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

FAMÍLIA E ESCOLA: OS VALORES INVERTIDOS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Abaetetuba-Pará 2018

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JOELSON SOARES GAIA

FAMÍLIA E ESCOLA: OS VALORES INVERTIDOS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC apresentado a Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia/FAM, como requisito para a obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Profª. Msc. Maria Francisca R. Correa.

Abaetetuba-Pará 2018

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Dados Internacionais de catalogação-na-publicação (CIP)

Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia, Abaetetuba – PA

G137f Gaia, Joelson Soares

Família e escola: os valores invertidos no processo de ensino e aprendizagem / Joelson Soares Gaia, 2018.

77 f.: il.; 30cm Orientadora: Maria Francisca Ribeiro Correa Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Pedagogia) – Faculdade

de Educação e Tecnologia da Amazônia / Abaetetuba, 2018. 1. Educação. 2. Processo de ensino e aprendizagem. I. Correa, Maria

Francisca Ribeiro, orient. II. Título.

CDD 22. ed. 370

Bibliotecário: Jamison Araújo Mendes CRB:1232/1

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TERMO DE APROVAÇÃO

JOELSON SOARES GAIA

FAMÍLIA E ESCOLA: OS VALORES INVERTIDOS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso defendido no curso de Pedagogia da Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia para a obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia, aprovado em 14 de agosto de 2018 pela Banca Examinadora constituída pelo seguintes professores:

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Profª. Msc. Maria Francisca Ribeiro Correa

FAM Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia (Presidente)

__________________________________________________

Profª. Msc. Maria Cristina Quaresma e Silva

FAM Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia (Membro)

__________________________________________________

Profª Msc. Daniele Costa da Silva

UEPA Universidade do Estado do Pará (Membro)

Aprovado em: _____/_____/_______

Nota: ____________________

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que tornaram este sonho

possível, principalmente aos meus familiares que são a minha

base e meus maiores incentivadores, e em especial a minha

avó, Maria Santana Paixão Soares, que infelizmente já não se

encontra entre nós, mas tenho certeza que ficaria muito

contente por esta conquista. Aos meus amigos e colegas que

tornaram a caminhada até aqui mais prazerosa e que nos

momentos de desânimo sempre estavam dispostos a ajudar e

que pelo companheirismo e a graça de Deus conseguimos

alcançar nossos objetivos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus, o autor e consumador da minha vida,

aquele que com sua infinita misericórdia vem concedendo-me o privilégio de viver.

Sem Ele, este sonho jamais seria possível, pois com a sua bondade me deu

conhecimentos e forças para chegar até aqui.

Agradeço também a meus pais, Rosângela Soares Gaia e José Maria Alves

Gaia que durante estes anos me apoiaram incondicionalmente, foram eles os

principais combustíveis que me fizeram não desistir dos meus objetivos e minhas

metas. Ao meu irmão, Jailson Soares Gaia, que durante estes anos não me mediu

esforços em me levar e buscar na faculdade.

Agradeço aos meus tios, Adriana Soares Pinheiro e Márcio Pinheiro que

colaboraram grandemente com esta etapa da minha vida.

Ao meu primo Deived William Soares Sena, que também não mediu esforços

em me levar e buscar.

Agradeço a todos os meus familiares de modo geral que sempre estiveram

me apoiando durante estes anos.

Agradeço ao meu grande amigo Dayan que em momentos de dificuldade me

ajudou de maneira pontual.

Agradeço ao meu amigo Pedro Paulo que algumas vezes cedeu seu notbook

para que eu pudesse realizar meus trabalhos e ao Raildo Mendes que foi mediador

na UFPA para que eu pudesse emprestar alguns livros.

Agradeço ao amigo Civaldo Rodrigues que durante alguns anos não mediu

esforços em me oferecer carona até a faculdade, serei eternamente grato.

Agradeço as minhas amigas Cíntia Dias e Carla Adriane pelos laços de

amizades que formamos, levarei para a vida.

Agradeço também aos meus demais colegas: Sulomar, Eliude, Luciana,

Josiane, Yara, Ellem, Elane, Leida e Nayana pelo companheirismo durante estes

quatros anos.

Agradeço a minha orientadora Professora MSc. Francisca Ribeiro pelas

orientações dadas para que eu pudesse desenvolver esta pesquisa. Agradeço

também a todos os professores que contribuíram na minha formação durante este

tempo. Enfim, agradeço a todos que de forma direta ou indiretamente contribuíram

para que este sonho fosse realizado. O meu muito obrigado!

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“A obra dos pais precede à do professor. Têm

uma escola no lar - o primeiro estágio. Se

cuidadosamente procurarem conhecer e

desempenhar seu dever prepararão os filhos

para entrar no segundo estágio - receber

instruções do professor.”

Ellem G. White

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RESUMO

O trabalho intitulado Família e Escola: os Valores Invertidos no Processo de Ensino e Aprendizagem tem como objetivo analisar sobre o papel da família e da escola no processo de ensino e aprendizagem, observando a inversão de papéis imposta pela sociedade e a influência da família no desenvolvimento do aluno. Para isso nos apoiamos no paradigma quali-quantitativa, enquanto abordagem metodológica, com a realização de um Estudo Bibliográfico e Pesquisa de Campo na turma do 5º ano do ensino fundamental os quais nos permitiram fundamentar esta pesquisa. Os teóricos que embasaram este estudo foram (TIBA, 2006), (WHITE, 2014) e (ESCARABOTO, 2017). Com base na realização deste trabalho a relação família-escola na atualidade apresenta muitos tabus que ainda precisam ser superados, principalmente no que se refere a participação da família na escola, pois muitos pais não compreendem que desempenham um papel muito grande na educação dos filhos. Isso foi possível de evidenciar na pesquisa realizada na escola em questão. Desta maneira, este estudo visa contribuir com a sociedade e principalmente com as famílias e professores, mostrando a importância desta relação para a educação de crianças. Palavras-chaves: Relação Família-Escola. Ensino e Aprendizagem. Educação.

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ABSTRACT

The work entitled Family and School: values Inverted in the process of teaching and learning aims to analyze the role of the family and school in the process of teaching and learning, observing the role reversal imposed by society and the influence of the family in development of the student. To this end, we supported the quali-quantitavive paradigm, as a methodological approach, with the accomplishment of a Bibliographic Study and Field Research in the fifth year of elementary school, which allowed us to base this research. The theoreticians supporting this study were (TIBA, 2006), (WHITE, 2014) e (ESCARABOTO, 2017). Based on the realization of this work, the family-school relationship in the present time presents many taboos that still need to be overcome, especially as far as the present study is concerned. The participation of the family in the school in question, in this way this study aims to contribute to society, and especially to families and teachers, showing the importance of this relationship for the education of children. Keywords: Family-School Relationship. Teaching and learning. Education.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1. OS TIPOS DE ENVOLVIMENTOS DOS PAIS NA VIDA ESCOLAR DOS

FILHOS ..................................................................................................................... 36

GRÁFICO 1. SOBRE A PRESENÇA DOS PAIS NA VIDA ESCOLAR DOS FILHOS

.................................................................................................................................. 47

GRÁFICO 2. SOBRE A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM ..................................................................................................... 56

GRÁFICO 3. SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NAS REUNIÕES .................. 58

GRÁFICO 4 SOBRE SE OS PAIS VÃO CONVERSAR COM O PROFESSORES .. 61

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: PRIMEIRAS INCURSÕES ................................................................. 11

1.1. A ABORDAGEM METODOLÓGICA ............................................................ 13

1.2. OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA PESQUISA.................................... 21

1.3. AS CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA PARA OS

ESTUDOS SOBRE A RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA ............................................ 22

CAPÍTULO 2: EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E ESCOLA: MARCOS HISTÓRICOS,

CONCEITUAIS E LEGAIS ........................................................................................ 24

2.1. A HISTORICIDADE DA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA ............................... 24

2.2. ASPECTOS CONCEITUAIS RELEVANTES NA RELAÇÃO FAMÍLIA-

ESCOLA ................................................................................................................ 34

2.3. O QUE DIZEM OS ASPECTOS LEGAIS ..................................................... 39

CAPITULO 3: FAMÍLIA E ESCOLA: OS VALORES INVERTIDOS NO PROCESSO

DE ENSINO E APRENDIZAGEM: OS ACHADOS DA PESQUISA ......................... 42

3.1. CARACTERIZAÇÃO DO LÓCUS DA PESQUISA ....................................... 42

3.2. A INVERSÃO DE PAPÉIS E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM ... 44

3.3. UMA ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NA

ATUALIDADE ........................................................................................................ 51

3.4. OS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS NA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA ... 63

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 66

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68

ANEXOS ................................................................................................................... 71

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CAPÍTULO 1: PRIMEIRAS INCURSÕES

A presente pesquisa parte de indagações sobre a influência dos pais na

formação educacional dos filhos e como estes podem contribuir com o processo de

ensino-aprendizagem. Segundo alguns autores, como Jesus (1996), são eles os

primeiros modelos dos filhos e com a responsabilidade de os influenciarem com o

seu exemplo. E esta responsabilidade requer destes que eles compreendam seu

papel, que não é pequeno, como os primeiros professores com os quais seus filhos

terão contato.

De acordo com Paro (2000), a presença dos pais na formação educacional

dos filhos desempenha uma função importante, incentivando-os na participação das

atividades propostas pelo professor, no cumprimento dos deveres solicitados em

classe e nas diversas obrigações que evolvem o processo de ensino-aprendizagem.

No entanto, há aqueles que pensam que não têm nenhum dever para com os

seus filhos no que diz respeito à escola e acreditam que o dever de educar é de

inteira responsabilidade dela, ficando assim, isentos de qualquer obrigação que se

refere à formação educacional dos seus filhos.

Contudo, é importante mencionar que a escola tem responsabilidades sim na

formação educacional de nossos filhos, porém esta não é nada comparada com as

quais os pais devem ter. Eles precisam entender que a formação educacional dada

no lar servirá de base para a formação que eles irão receber na escola.

Nesta pesquisa, buscamos analisar sobre qual é a influência dos pais no

processo de ensino e aprendizagem dos filhos e como estes podem contribuir com a

escola para que seus filhos consigam ter uma boa formação. Formação esta que os

possibilitará a terem um bom desenvolvimento durante a vida inteira.

Pois, sabe-se que muitos pais não compreendem qual é o seu papel no

processo de ensino-aprendizagem dos filhos. Muitos acreditam que o dever de

educar é somente da instituição de ensino, e ainda tem aqueles que, por possuírem

uma boa condição de vida e possibilitarem que os filhos estudem nas melhores

escolas privadas do país, jogam toda a responsabilidade para elas, alegando que se

pagam uma boa escola para o filho é dever dela educá-los.

Pretende-se ainda com esta pesquisa, contribuir com uma reflexão para a

sociedade e principalmente com os pais, fornecendo material científico sobre o papel

que os mesmos têm sobre a formação educacional de seus filhos e dando suporte

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teórico para que escolas e professores compreendam que não há uma formação

satisfatória quando não existe uma relação entre todos os sujeitos que compõem o

processo de ensino e aprendizagem de crianças.

A importância desta pesquisa reside no fato de que a partir das reflexões

suscitadas é possível repensar os modos como a escola e a família, enquanto

instituições formadoras vêm estabelecendo um relacionamento próximo no sentido

do compartilhamento de papéis quanto ao processo educativo dos indivíduos. Além

disso, também podemos observar as maneiras, ou as estratégias que a escola utiliza

para aproximar a família de seu cotidiano.

Nesta perspectiva o presente trabalho está organizado em três capítulos,

onde dois deles se dividem em três tópicos e o último em quatro. Sendo assim, por

uma questão de organização lógica do trabalho e da sua estrutura optamos por fazer

do que seria a introdução, já um primeiro capítulo que se intitula: Primeiras

Incursões, onde tratamos sobre a Abordagem Metodológica, ou seja, quais foram os

passos adotados para que pudéssemos chegar aos objetivos propostos. Tratamos

ainda sobre Os Desafios Enfrentados pela Pesquisa, onde relatamos todas as

dificuldades que tivemos durante a realização deste trabalho, além dos meios que

foram usados para contornar estas dificuldades. Por fim, discutimos no último tópico

deste capítulo sobre As contribuições da Pesquisa Bibliográfica para o Estudo da

Relação Família-Escola.

No segundo capítulo tratamos sobre: Educação, Família e Escola: Marcos

Históricos, Conceituais e Legais e este está divido em três tópicos que são: A

Historicidade da Relação Família-Escola, que analisará esta ao longo da história e

como a família tratava a educação dos filhos, bem como compreender a relação que

estas duas instituições possuíam e como se dividiam no papel de educar as

crianças; Aspectos Conceituais Relevantes na Relação Família-Escola, que

discutirá, através da visão dos autores que debatem sobre o tema, esta relação tão

fundamental para o processo de ensino-aprendizagem, além disso, examinar como

cada autor enxerga esta ligação entre estas duas instituições; e por último a

discussão sobre Os Aspetos Legais, ou seja, aqui veremos, por meio das leis que

regem o nosso país, qual o papel e as responsabilidades da família e da escola na

educação das crianças.

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E finalmente no terceiro capítulo, que tem como título: Família e Escola: Os

Valores Invertidos no Processo de Ensino e Aprendizagem, e que está dividido em

quatro tópicos. No primeiro tópico abrimos a discussão apresentando a

Caracterização do Lócus da Pesquisa, ou seja, onde foram feitas as coletas de

dados para pudéssemos desenvolver esta pesquisa. No segundo tópico abordamos

sobre A Inversão de Papéis e sua Relação com a Aprendizagem, neste discorremos

sobre a inversão de papéis que vêm ocorrendo em nossa educação, onde os pais

jogam toda a responsabilidade para a escola e os professores, ficando, muitas

vezes, isentos de sua obrigação. Além disso, compreenderemos quais os impactos

que esta atitude gera no desenvolvimento educacional das crianças. No terceiro

tópico realizamos Uma Análise da Importância da Relação Família e Escola na

Atualidade, onde, por meio dos teóricos que sustentam este trabalho e da Pesquisa

de Campo realizada, compreenderemos quais as contribuições desta relação para o

processo de ensino-aprendizagem. Já no ultimo tópico tratamos sobre Os Impactos

das Tecnologias na Relação Família-Escola, aqui veremos de que forma os avanços

tecnológicos alteraram o comportamento das famílias e o relacionamento destas

com a escola.

1.1. A ABORDAGEM METODOLÓGICA

Esta pesquisa assume a perspectiva da natureza de uma abordagem quali-

quantitativo que reúne elementos que permitem uma reflexão sobre os aspectos

quantitativos como gráficos, tabelas, bem como a análise desses elementos, ou

seja, a quantidade ganha uma nova interpretação e segundo (GIL, 2007, p. 43)

―preocupa-se em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a

ocorrência dos fenômenos‖, ou seja, ela analisa o porquê das coisas através dos

resultados que serão oferecidos. Além do mais, a pesquisa qualitativa ―não se

preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da

compreensão de grupo social, de uma organização, etc.‖ (GOLDENBERG, 1997, p.

34), por isso, esta pesquisa visou refletir sobre a influência que os pais exercem na

educação dos filhos, além de perceber como isso tem relação com o

desenvolvimento da aprendizagem na escola.

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Para o desenvolvimento deste estudo optamos por seguir uma linha

metodológica que se configurou em dois momentos, não lineares, mas apenas com

a intenção de garantir uma boa estruturação para esta pesquisa. Diante disso,

primeiramente realizamos um Estudo Bibliográfico, seguindo as orientações de

Lakatos (2010) o qual deu suporte para posteriormente realizarmos a Pesquisa de

Campo que,

[...] é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (LAKATOS, 2010, p. 186).

Em outras palavras a Pesquisa de Campo permite ao pesquisador contato

direto com o objeto pesquisado, a vivência de novas experiências e

consequentemente a contribuição para formação do pesquisador.

Como foi colocado acima, a Pesquisa de Campo permite ao pesquisador o

contato direto com os sujeitos ou os ambiente que oferecerão a ele os dados para o

seu estudo. Isso de alguma forma, enriquece o desenvolvimento da pesquisa, pois o

tema ao qual ele se propôs a investigar é comprovado ou não.

Em relação ao Estudo Bibliográfico, ele é aqui entendido na mesma lógica da

Pesquisa Bibliográfica que ―é elaborada com base em material já publicado.

Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como

livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos‖ (GIL,

1946, p. 29). Deste modo fizemos uso destes meios que o autor cita para buscar

informações e referências para nossa análise.

Segundo Lakatos (2010, p. 166),

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais [...], material cartográfico etc., até meios de comunicação oral: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.

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Igualmente Severino (2007, p. 122), acrescenta que

A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrentes de pesquisas anteriores [...]. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos.

Em vista disso, a modalidade de pesquisa utilizada faz uso de registro já

disponível, ou seja, de estudos realizados anteriormente, faz uso do emprego de

dados que foram trabalhados por outros pesquisadores e, além do mais, os textos

produzidos pelos autores tornam-se os principais meios para quem vai pesquisar,

além do mais, aquele que decide fazer a pesquisa trabalha de acordo com o os

subsídios do referencial teórico sobre o objeto em análise.

De acordo com Lakatos (2010), a Pesquisa Bibliográfica para ser realizada

também necessita passar por oito fases, que são: ―escolha do tema, elaboração do

plano de trabalho, identificação, localização, compilação, fichamento, análise e

interpretação e redação‖ (p. 26).

O primeiro deles diz respeito ao assunto que se tem interesse e o qual parte

do desejo de comprovar ou desenvolver determinada temática. Entretanto, ao decidir

por um tema deve-se levar em consideração, como está definido por Lakatos (2010),

―os fatores internos e externos‖ (p. 26).

Os internos consistem em: a) selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as aptidões e as tendências de quem se propõe a elaborar um trabalho científico; b) optar por um assunto compatível com as qualificações pessoais, em termos de background1 da formação universitária e pós-graduada; c) encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições de ser formulado em função da pesquisa (LAKATOS, 2010, p. 26 e 27).

Em outras palavras, para que a pesquisa se realize é necessário que esta

esteja em consonância com as habilidades de quem vai pesquisar, ou seja, o

pesquisador deve gostar do assunto e ter afinidades com ele, além disso, este ao

1 Background é um termo inglês que possui diversos significados, como: experiência, contexto,

educação, etc. (Nota do autor).

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decidir por um tema precisa considerar suas aptidões pessoais, bem como encontrar

um assunto passível de investigação científica.

Já os fatores externos requerem:

a) a disponibilidade do tempo para realizar uma pesquisa completa e aprofundada; b) a existência de obras pertinentes ao assunto em número para o estudo global do tema; c) a possibilidade de consultar especialistas da área, para uma orientação tanto na escolha quanto na análise e interpretação da documentação específica (LAKATOS, 2010, p. 27).

Ou seja, os fatores externos exigem tempo para que seja realizada uma

pesquisa que não vá ficar na superficialidade da discussão, mas que vai buscar se

adentrar mais no assunto. Os fatores externos ainda requerem uma disponibilidade

suficiente de obras para a realização da pesquisa, como também a consulta com

pessoas que são especialistas no tema e que possam contribuir com a análise e

interpretação do material coletado.

Além disso, não há necessidade de duplicação de estudos, uma vez que há uma vasta gama de temas a serem pesquisados. Devem-se evitar assuntos sobre os quais recentemente foram feitos estudos, o que torna difícil uma nova abordagem. (LAKATOS, 2010, p. 27).

Depois da escolha do assunto é necessário que se faça a delimitação do

mesmo, pois tal procedimento não permite que o tema seja amplo demais, o que

dificulta o aprofundamento do estudo e o torna uma discussão interminável.

De acordo com Lakatos (2010, apud SALVADOR, 1980, p. 27 e 28), a

delimitação do assunto requer:

A) Distinguir o sujeito e o objeto da questão. ―O sujeito é a realidade a respeito da qual se deseja saber alguma coisa. É o universo de referencia.‖ [...] ―O objeto de um assunto é o tema propriamente dito‖. Corresponde àquilo que se deseja saber ou realizar a respeito do sujeito. ―É o conteúdo que se focaliza, em torno do qual gira toda a discussão ou indagação‖.

B) Especificar os limites da extensão tanto do sujeito quando do objeto. Pode ser realizado através de:

a) ―Adjetivos explicativos ou restritivos.‖ b) Complementos nominais de especificação. c) Determinação das circunstâncias.

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A segunda fase para o arranjo de uma Pesquisa Bibliográfica consiste em

fazer a elaboração do plano de trabalho. Este, segundo Lakatos (2010, p. 28) pode

acontecer antes do fichamento ou vir logo após a coleta de dados bibliográficos,

onde já se possui materiais que permitirão o desenvolvimento de um ―plano

definitivo‖.

Contudo, a elaboração de um plano deve seguir o formato de uma produção

científica, com introdução, onde se faz descrição geral do que vai ser apresentado;

desenvolvimento que é a parte do trabalho que mais merece atenção, pois aqui

estará toda a fundamentação do mesmo e a qual traz consigo três etapas que são:

explicação, discussão e demonstração; e por fim temos a conclusão, que faz uma

síntese de tudo aquilo que foi exposto durante o trabalho (LAKATOS, 2010).

A terceira fase é a identificação, ou seja, é o momento em que se faz o

―reconhecimento do assunto pertinente ao tema em estudo‖ (Idem, p. 28) e se divide

em três passos:

O primeiro passo seria a procura de catálogos onde se encontram as relações das obras. Podem ser publicados pelas editoras, com a indicação dos livros e revistas editados, ou pertencer a bibliotecas públicas, com listagem por título dos trabalhos. O segundo passo, tendo em mãos o livro ou periódico, seria o levantamento, pelo Sumário ou Índice, dos assuntos nele abordados. Outra fonte de informações refere-se aos abstracts contidos em algumas obras que, além de oferecerem elementos para identificar o trabalho, apresentam um resumo analítico do mesmo. O último passo teria em vista a verificação da bibliografia ao final do livro ou do artigo, se houver, constituída, em geral, pela indexação de artigos de livros, teses, folhetos, periódicos, relatórios, comunicações e outros documentos sobre o mesmo tema.

Em vista disso, a etapa de identificação do assunto ou reconhecimento deve

atender alguns passos, como foi descrito pela autora. É o cumprimento destas

etapas que tornarão possível o desenvolvimento da pesquisa em torno do tema que

escolhemos.

Depois das fases anteriores, passe-se quarta que é a ―localização das fichas

bibliográficas nos arquivos das bibliotecas públicas, nos de faculdades oficiais ou

particulares e outras instituições‖ (LAKATOS, 2010, p. 29).

As próximas fases são: compilação, onde se faz a reunião ordenada do

material que se encontra em diversos meios e o fichamento, o qual é transcrição do

dos dados que foram coletados (Idem, p. 30).

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A sétima fase consiste em fazer a análise e interpretação dos materiais que

foram coletados e a primeira etapa desta fase deve se basear em uma crítica

daquilo que foi coletado, entretanto é importante considerar determinado juízo de

valor em cima do que está estabelecido sobre material científico. Além disso, a

crítica se divide em externa e interna.

Segundo Lakatos, (2010 apud SALOMON 1972, p. 30) ―a crítica externa é

feita sobre o significado, a importância e o valor histórico de um documento,

considerado em si mesmo e em função do trabalho que está sendo elaborado‖. Ela

compreende três termos, que são:

a) crítica do texto. Averigua se o texto sofreu ou não alterações, interpolações e falsificações ao longo do tempo. Investiga principalmente se o texto é autografo (escrito pela mão do autor) ou não; em caso negativo, se foi ou não revisto pelo autor; se foi publicado pelo autor ou outra pessoa o fez; que modificações ocorreram de edição para edição;

b) crítica da autenticidade. Determina o autor, o tempo, o lugar e as circunstâncias da composição;

c) crítica da proveniência. Investiga a proveniência do texto. Varia conforme a ciência que utiliza. Em história, tem particular importância o estudo de onde provieram os documentos; em Filosofia, interessa muito mais discernir até que ponto uma obra foi mais ou menos declarada sobre outra.

Desta forma, segundo o que foi explicitado, a crítica externa deve ser feita

tendo como base a crítica do texto, que seria investigar se o mesmo passou por

alguma mudança e se foi escrito pelo próprio autor; a crítica de autenticidade, que

analisa se o texto é legitimo de quem o escreveu, bem como se as informações

contidas ali são verdadeiras; por fim, uma crítica da proveniência também deve ser

levada em consideração, pois esta se preocupa em descobrir a origem do que foi

produzido pelo pesquisador, ou seja, quais as fontes utilizadas pelo mesmo.

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A crítica interna preocupa-se em considerar o sentido e o valor do conteúdo e

abrange:

a) crítica de interpretação ou hermenêutica. Averigua o sentido exato que o autor quis exprimir. Facilita esse tipo de crítica o conhecimento do vocabulário e da linguagem do autor, das circunstâncias históricas, ambientais e de pensamento que influenciaram a obra, da formação, mentalidade, caráter, preconceitos e educação do autor.

b) crítica do valor interno do conteúdo. Aprecia a obra e forma um juízo sobre a autoridade do autor e o valor que representa o trabalho e as ideias nele contidas. (LAKTOS, 2010, p. 31).

Segundo a visão da autora, esta modalidade de julgamento deve preocupar-

se em fazer uma crítica de interpretação, ou seja, considerar todos os fatores que

tiveram influência na produção textual do pesquisador, pois isto possibilitará

compreender qual a mensagem que o mesmo quis passar aos seus leitores, além do

mais, uma crítica do valor interno do conteúdo também se faz necessária, porque

esta preza pela obra e cria um juízo de valor sobre o autor e a importância que

aquela produção tem.

Por fim, temos o último passo da Pesquisa Bibliográfica que é a redação

desta que segundo Lakatos (2010), o tipo de escrita irá mudar dependendo do

trabalho que será produzido, podendo ser uma monografia, dissertação, tese, etc.

Durante a realização da Pesquisa Bibliográfica adotamos os seguintes

procedimentos: levantamento do referencial teórico sobre a temática em evidência;

seleção dos autores que sustentam a discussão e análise do objeto pesquisado;

leitura e fichamento das obras.

Ao serem coletadas as informações e os autores que abordam sobre a

temática discutida neste, passamos para a próxima etapa que trata da analise das

categorias principais que norteiam a discussão neste trabalho.

Logo após fazermos as análises do material que foi coletado partimos para a

próxima etapa de nossa pesquisa que foi irmos á campo coletarmos dados por meio

de questionários e observações que nos ajudariam a vivenciar o envolvimento dos

pais na vida escolar dos filhos, bem como saber como os próprios filhos e

professores enxergam esta relação para o processo de ensino e aprendizagem.

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O primeiro passo da Pesquisa de Campo foi a definição do lócus da pesquisa

onde coletaríamos os dados que necessitaríamos para a construção do nosso

trabalho. Sendo assim, decidimos realizar a aplicação dos questionários que nos

dariam as informações que precisávamos na Escola Municipal de Educação Infantil

e Ensino Fundamental Comandante Germano, localizada no bairro de São

Lourenço, Município de Abaetetuba.

Com o local escolhido para a coleta de dados partimos para o próximo passo

que foi selecionar a turma do 5º ano do período da manhã, e os critérios que

utilizamos para que a mesma fosse escolhida são justificados pelo fato de que na

referida turma realizamos algumas atividades que nos fizeram criar laços de

companheirismos com os alunos, pais e professores o que de certa forma nos

deixariam mais a vontade para realizar a pesquisa.

Posteriormente, selecionamos aleatoriamente apenas seis alunos com os

seus respectivos responsáveis, que neste caso poderia ser o pai a mãe ou outra

pessoa, além de quatro professores (as), sendo que uma foi a dos alunos da turma

investigada.

Em seguida, após completarmos todas as etapas acima, os instrumentais da

Pesquisa de Campo foram aplicados, primeiramente, aos pais com diversas

perguntas o que nos permitiram averiguar qual o nível de envolvimento dos mesmos

na vida escolar dos filhos e como estes podem contribuir de maneira satisfatória no

processo de ensino-aprendizagem, participando ativamente da vida escolar dos

filhos.

Em seguida, os questionários foram aplicados aos filhos para saber qual o

grau de influência que a presença de seus pais gera em sua formação educacional.

E por último, foram aplicados aos professores, que responderam qual o efeito que o

envolvimento dos pais produz no desenvolvimento educacional dos seus filhos.

Depois que coletamos todos os dados relacionados a nossa pesquisa

avançamos para a análise destes onde, à luz dos teóricos que sustentam este

trabalho, obtemos uma compreensão da participação da família na escola, do grau

de influência que isso exerce na educação dos alunos, bem como da visão que os

professores possuem em relação a este fato.

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1.2. OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA PESQUISA

Produzir conhecimento sempre será um desafio, pois tal tarefa requer

bastante compromisso, dedicação e muito esforço físico e mental. Além disso, esta

atividade depende de muita leitura, muita pesquisa, sem isto é quase impossível

chegar aos objetivos propostos.

Partindo disso, ao decidirmos realizar esta pesquisa em torno da relação

família-escola, muitas vezes ficávamos pensando em como reuniríamos material

suficiente para elaborar o trabalho, pois ao fazer uma rápida procura só

encontrávamos artigos científicos, o que de certa maneira empobrecia o estudo.

Além disso, ao procuramos referências bibliográficas para embasar a

pesquisa dificilmente encontrávamos, pois na biblioteca da instituição existe uma

carência de livros que tratam da relação família-escola. Por isso fomos forçados a

procurar livros em sites e em outros locais, como a biblioteca da UFPA

(Universidade Federal do Pará/Campus Abaetetuba).

Na biblioteca da UFPA, felizmente, encontramos algumas obras que discutem

a temática, porém não era o suficiente para desenvolver a pesquisa, pois esta seria,

inicialmente apenas um Estudo Bibliográfico, o que posteriormente, pela

necessidade e vontade de vivenciar a experiência empírica passou a ser

complementada pela Pesquisa de Campo e por esta razão necessitávamos de uma

quantidade bem significativa de autores que abordam sobre atemática em evidência

como linha de pesquisa a relação família-escola.

Entretanto, mesmo encontrando alguns livros na biblioteca da UFPA, o

deslocamento até o local tinha algumas implicações, como a distância, pois a

universidade encontra-se em um bairro bem afastado de onde moramos e muitas

vezes o percurso até lá tinha que ser feito de bicicleta. Acrescentam-se ainda os

riscos de assaltos que poderíamos sofrer principalmente onde a instituição está

localizada.

Em relação a Pesquisa de Campo, as dificuldades ficaram entorno das

coletas de dados, pois estes seriam obtidos por meio de questionários que seriam

aplicados em três grupos de pessoas, a saber, pais, filhos e professores. E o grupo

que mais apresentou desafios foi o de pais, pois a grande maioria trabalha e não foi

possível de os encontrar em seus lares o que fez com que fôssemos diversas vezes

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até suas casas até conseguirmos entregar os instrumentais da pesquisa que nos

dariam os dados que necessitávamos.

Para abrir mais o caminho da pesquisa, foram feitas consultas em TCCs que

abordam sobre a temática da relação família-escola, tais consultas também se

realizaram na biblioteca da UFPA – Campus Abaetetuba. Foi a partir dessas

consultas que conseguimos encontrar mais algumas referências para a pesquisa

que realizamos.

A partir destas consultas que realizamos na Biblioteca da UFPA, em livros e

TCCs é que os desafios que tivemos durante a pesquisa foram sendo superados.

Não vamos dizer que as dificuldades deixaram de existir durante a construção do

trabalho, elas ainda permaneceram, porém mesmo assim conseguimos avançar em

nossa pesquisa.

1.3. AS CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA PARA OS ESTUDOS

SOBRE A RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

Neste ponto passamos a falar das contribuições da Pesquisa Bibliográfica,

uma vez que este trabalho, inicialmente, foi sustentado por tal abordagem, no

momento em que permitiu adentrar no estudo do objeto em evidência

No livro, de Antônio Joaquim Severino, ―Metodologia do Trabalho Científico‖,

ele faz algumas ponderações a respeito do ―que vem a ser produzir conhecimento‖

(SEVERINO, 2007, p. 24). O autor responde que

[...] o que se quer dizer é que conhecimento se dá como construção do objeto que se conhece, ou seja, mediante nossa capacidade de reconstituição simbólico dos dados de nossa experiência, aprendemos os nexos pelos quais os objetos manifestam sentido para nós, sujeitos cognoscentes... Trata-se, pois, de redimensionar o próprio processo cognoscitivo, até porque, em nossa tradição cultural e filosófica, estamos condicionados a entender o conhecimento como mera representação mental, mas esta não é o ponto de partida do conhecimento, e sim o ponto de chegada, o término de um complexo processo de constituição e reconstituição do sentido do objeto que foi dado à nossa experiência externa e interna (p. 24 e 25).

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Neste sentido, o autor nos mostra sua visão em relação à epistemologia da

produção do conhecimento, que entende o conhecimento como mera reprodução

mental não é o fim, mas o começo de uma relação endógena e exógena com o

objeto de estudo através da experiência.

Em relação à pesquisa bibliográfica, esta possui algumas vantagens se

comparado com outros tipos de pesquisa, como é o caso da pesquisa de campo que

exige um tempo maior para ser realizado. Já a pesquisa bibliográfica otimiza o

tempo, pois esta está embasada apenas em teóricos que já realizaram estudos

sobre determinado tema.

Outra vantagem deste tipo de pesquisa é que ela não depende de terceiros,

visto que, muitas vezes, estudantes acabam se deparando com uma série de

burocracias para realizar seus estudos e isso sem dúvida acaba atrapalhando a

pesquisa que se pretende fazer. Por causa deste fator, esta se sobressai as outras.

Acrescentando-se que a mesma possibilita a análise de uma variedade de

documentos, livros e outros materiais o que torna a discussão do tema que se

pesquisa bem mais fundamentada em teóricos que abordam a temática em questão.

Contudo, apesar de a Pesquisa Bibliográfica possuir algumas vantagens em

relação aos outros tipos ela também tem algumas desvantagens, pois esta requer

bastante leitura, bem como a análise destas para poder compreender o assunto que

se pretende realizar dentro da perspectiva dos autores.

Acrescenta-se também, que a Pesquisa Bibliográfica ao mesmo tempo em

que permite a análise de variados documentos ela acaba limitando a atuação do

pesquisador não permitindo que o mesmo possua uma atuação em campo para

poder vivenciar a temática escolhida.

É bem verdade que, por sua praticidade, no que concerne ao tempo

empreendido pela mesma, a Pesquisa Bibliográfica é muito vivenciada no cotidiano

acadêmico. Porém têm recebido severas críticas, especialmente porque a mesma,

por vezes é interpretada pelo seu caráter individualista, ou seja, ela é uma pesquisa

solitária, mesmo considerando que o pesquisador está imerso em um determinado

contexto social.

Desta forma acreditamos que a Pesquisa Bibliográfica, apesar das

desvantagens que ela possui, como as que foram citadas anteriormente, ela é de

grande importância para o pesquisador, pois fornece as bases teóricas para que o

trabalho se desenvolva e alcance seus objetivos que estavam propostos.

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CAPÍTULO 2: EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E ESCOLA: MARCOS HISTÓRICOS,

CONCEITUAIS E LEGAIS

Neste capitulo faremos a discussão em torno de três pontos importantes que

são: A Historicidade da Relação Família-Escola, Aspectos Conceituais Relevantes

na Relação Família-Escola e O que dizem os Aspectos Legais.

No primeiro ponto faremos uma análise da historicidade da relação família

escola, ou seja, como se dava esta relação em outras épocas. Além disso, ainda

analisaremos como as famílias tratavam a educação dos filhos e de que forma esta

participa no processo de ensino-aprendizagem da criança.

No segundo ponto traremos uma abordagem sobre o que dizem os teóricos

que abordam esta temática. Como eles enxergam esta relação no contexto

educacional.

Por último, traremos uma descrição dos aspectos legais, ou seja, o que

consta na lei ou nas leis sobre o processo de ensino-aprendizagem e qual é o papel

da família e da escola neste.

2.1. A HISTORICIDADE DA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

Uma análise da relação família-escola faz-se importante realizar, pois será

por meio dela que teremos uma compreensão das relações que estas duas

instituições sociais possuíam e como se dividiam no papel de educar as crianças,

porém ressaltamos que na antiguidade dificilmente se faz uso do termo família-

escola, o que encontramos são pessoas, muitas vezes servos ou escravos, com o

dever de educar os filhos de seus senhores ou patrões.

Para isto, utilizamos como base teórica para esta abordagem sobre o

processo histórico: (MONROE, 1988), (MANACORDA, 2010) e (ÀRIES, 2015). Dito

isto, começamos nossa viagem pela história da humanidade e principalmente da

educação, na Grécia. Para os gregos a educação tinha como objetivo o

desenvolvimento individual. O que importava era que o ser humano atingisse certo

nível de desenvolvimento que abarcasse todos os aspectos da sua personalidade.

Foi a partir daí que temos o surgimento da ideia de educação liberal que dá ao

homem a possibilidade de usufruir de sua liberdade.

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Por outro lado, para os gregos o conceito de homem e a personalidade

totalmente desenvolvida eram tão abrangentes para eles na época quanto ao que

nós possuímos. Além disso, eles desenvolveram o que hoje nós entendemos por

liberdade política no Estado, ou seja, a educação conforme a concepção deles

tornava o homem apto para ser um cidadão. Porém, ressaltamos que essa

importância que foi dada a personalidade foi consequência de uma evolução que

levou muito tempo.

Além do mais, a educação grega está dividida em dois períodos que são: o

antigo período e novo período grego. O antigo período se dividiu em Idade Homérica

e Período Histórico, neste último estão incluídos os tipos espartano e ateniense. Já o

novo período da educação grega concebe a época em que as ideias educacionais,

religiosas e morais estavam em transição e da era que foi desde a tomada da

macedônia até a fase em que a cultura grega e a vida romana se uniram.

Sobre a educação Homérica é dito que ela baseava-se em atividades de

caráter prático e que já estavam definidas. Ressalta-se também que ela possuía

como ideais a bravura e a reverência.

Em relação à educação no Período Histórico, destacam-se dois modelos, a

saber, a educação espartana e ateniense.

A educação espartana revela a antiga educação grega em sua mais destacada forma. Não se deu aí nenhuma alteração dos ideais de ação e de sabedoria, formulados primitivamente, e nenhuma alteração na prática a não ser para pior. Depois da formulação definida desse sistema de educação na constituição de Licurgo, durante o IX século a.C., não houve mais mudança ideal espartana do que nos tipo oriental. (MONROE, 1988, p. 33).

Neste sentido, o Estado possuía total poder sobre o indivíduo, isso garantido

pelo sistema de leis que cumpriam simultaneamente o papel de dar a este os

fundamentos da sua conduta educacional, bem como a ligação de todas as partes

que compunham a estrutura de sua sociedade. E talvez a explicação que possamos

dar a este fato esteja no meio e situação históricas que dizem respeito à nação

lacedemônia.

Com os gregos conquistando os helênicos, adotou-se a constituição de

Licurgo, que como já foi explicitado acima, dizia que o Estado possuía completo

domínio sobre os indivíduos, sobretudo na educação destes, isso numa tentativa de

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preservar a existência nacional. ―Na verdade, a sociedade inteira se transformava

numa escola, em que todo membro adulto tinha a obrigação de participar, como um

importante dever de cidadania, na educação da juventude‖. (MONROE, 1988, p. 33).

Ao contrário do que se acredita esse sistema de leis não foi criado por

Licurgo, o que ele fez foi reproduzir modelos cretenses, principalmente os que

tinham a ver com a educação a qual se configurava em treino realizado pelos

adultos à geração jovem.

Sendo assim, a educação em Esparta voltava-se para que o cidadão atingisse

determinado nível de perfeição física, coragem e hábito de cumprimento total as

normas estabelecidas pelo Estado, além de torná-lo um bravo guerreiro. E logo após

o governo de Licurgo, Esparta passou a ser governada por um senado com

características nobres e uma assembleia antiautoritária que organizou uma direção

geral de educação e nomeou um dirigente, o paidonomos e seus assistentes. Estes

assistentes do pedônomos ficavam responsáveis em cuidar do menino em locais

custeados pelo Estado, depois que este era retirado do seu lar onde recebia um

forte treinamento até completar seus sete anos de idade.

―Esta organização que absorvia a vida inteira dos meninos, constituía a

escola. A família, a igreja, a vida social de outros povos, todas essas instituições

achavam-se absorvidas por essa instituição educativa‖. (MONROE, 1988, p. 35).

Na educação espartana não havia muito espaço para os aspectos intelectuais

ou estéticos, para eles o que mais recebia atenção eram os aspectos físicos e

morais. É mencionado ainda, que os mais jovens sempre estavam com os mais

velhos, praticamente em todos os momentos, como nas refeições, nas ruas e em

outros locais, onde eram submetidos a diversos tipos de instruções e treinamentos.

Porém, o que chama a atenção nesse sistema educacional em Esparta era o

fato de a educação do menino ocorrer de forma pública, ou seja, ele ficava sob os

olhares dos adultos que avaliavam constantemente o seu desenvolvimento, além

disso, ―todo espartano era um professor; e todo menino espartano tinha um tutor,

escolhido sob o critério da estima mútua. Professor e aluno não estavam unidos por

nenhum laço econômico, mas pelos laços de amizade‖. (MONROE, 1988, p. 39).

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No período de Esparta todo cidadão tornava-se responsável por uma criança,

ou seja, todos tornavam-se professores assumindo desta forma a responsabilidade

de educar aquele menino para o qual ele foi escolhido e o mais importante nesta

prática era o fato que os laços que os mantinham unidos não envolvia interesses

pessoais, mas sim os laços de amizade.

Em relação ao tipo de educação que as mulheres recebiam neste período é

dito que elas praticamente recebiam o mesmo tipo de educação que os homens,

porém esta educação não possuía nenhum propósito em específico, como é no caso

a dos meninos que na maioria das vezes estava voltada para torná-lo um bravo

guerreiro que viesse a defender sua nação em casos de guerras, além dos trabalhos

pesados que eles eram submetidos, já o tipo de ensino o qual as mulheres recebiam

estava mais voltado para torná-las mães de guerreiros.

Em contrapartida, esse sistema de educação de Esparta, praticamente

ocupou o lugar da família, porque eles tiravam os filhos de seus lares,

principalmente os homens, e dos cuidados de suas mães e passavam as

responsabilidades de educar para terceiros, como é caso do Paidonomos e seus

auxiliares, além do Estado que detinha parte desta responsabilidade.

Em se tratando do modelo educacional ateniense no período antigo grego,

somente alguns aspectos se assemelham ao modelo espartano, porém mesmo

possuindo essas semelhanças

[...] havia ampla divergência, tanto nos valores relativos atribuídos aos variados elementos da finalidade, como na importância dada às diversas matérias de estudo. Tudo o que se disse a respeito dos ideais da vida helênica e do claro desenvolvimento da individualidade conseguido pelos gregos, se aplica especialmente aos jônios, e, acima de tudo, aos atenienses. (MONROE, 1988, p. 40).

Uma pessoa que fosse fiel cumpridora das obrigações do seu Estado, que

tivesse a sua vida guiada pela razão e possuísse capacidade física para a guerra,

não poderia se enquadrar nos padrões da educação espartana, pois esta estava

embasada em um sistema que a colocava sob o comando de um poder totalmente

arbitrário e socialista.

Os atenienses, contrariamente aos espartanos que estavam ocupando o lugar

da família, numa prática completamente normal na época, buscavam conservá-la,

pois, como descreve Monroe (1988, p. 40) ela se configurava como ―um meio de

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desenvolver e formar a personalidade, e colocavam sobre ela o encargo da

responsabilidade pela educação‖.

Por aí podemos perceber dois modelos de educação que se diferenciavam

quando o assunto era a família. Enquanto os espartanos substituíam esta no

processo educacional, os atenienses lutavam para mantê-la como um meio que

permitia ao indivíduo o desenvolvimento e formação do seu caráter, bem como

deixá-la como responsável pela educação da criança. Além disso, logo após que as

amas as deixavam, isto no modelo de Atenas, estas eram entregues aos cuidados

de um pedagogo, o qual ficava responsável por todos os aspectos que a envolvia.

Como se não bastasse, um fato curioso na educação de Atenas e que se

assemelha a praticada em Esparta, era o fato de a criança permanecer até os seus

sete anos aos cuidados da sua mãe, depois disso ela era entregue aos cuidados de

outras pessoas, como é o caso de amas e escravos, já citado aqui, que passavam

agora a assumir uma parte da responsabilidade por ela.

E a educação grega, principalmente os modelos espartanos e atenienses

servem como exemplo para ilustrar uma situação bastante recorrente em nossos

dias, onde a escola e professores acabam assumindo os papéis dos pais na

educação dos filhos. Contudo, vale frisar, que nestes períodos era o Estado, como

parte das obrigações que eles possuíam, que tomava uma parcela destas

responsabilidades e outorgava a outros. Na atualidade o que acontece é o inverso:

são famílias que se abdicam dos deveres que dizem respeito à educação dos filhos

e repassam para terceiros.

Ainda no contexto da Idade Antiga, a educação em Roma possuía uma forte

característica que era a forma de pensamento da sua população que se voltava para

a praticidade, ou seja, eles sempre estavam buscando obterem resultados sólidos.

Além disso, seus objetivos estavam todos centrados no aspecto externo, pois para

eles a luta por um propósito deveria ser ―exterior à própria vida mental.‖ (MONROE,

1988, p. 76).

Em relação ao ideal de Roma, no que concerne aos seus direitos e deveres é

dito que eles se configuravam em um total de cinco e que estavam respaldados

pelas leis que eles possuíam. Estes direitos eram: o direito do pai sobre o seu filho,

o do marido sobre a sua mulher, o direito do senhor sobre os seus escravos, do

homem livre sobre aquele que lhe era entregue pela em virtude de alguma

penalidade e por fim, o direito pela propriedade. Todos estes que foram citados eram

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assegurados ao homem que possuísse liberdade e logo após ao seu nascimento ou

no decorrer de sua existência.

No que se refere aos deveres, tanto no contexto de pai, como no de cidadão

romano, é descrito que estes

[...] reclamavam uma educação definida, durante os anos da meninice, a fim de se desenvolverem as aptidões ou virtudes adequadas. Mesmo nos últimos períodos, esta educação, apenas em pequena parte, era ministrada na escola. O lar é que ministrava uma educação definida, de caráter positivo e de grande valor. (MONROE, 1988, p. 78).

Neste ideal romano sobre os seus direitos e deveres percebemos claramente

que a escola possuía somente uma pequena parte na educação das crianças,

enquanto a família se estabelecia como a principal responsável em oferecer uma

educação que envolvesse todos os aspectos da formação do indivíduo.

Além disso, como descrito por Monroe (1988), o papel da escola,

principalmente quando se tratava da formação da personalidade e da aquisição de

valores morais e éticos, configurava-se em um plano completamente secundário e

quem assumia este dever era a família, pois pela exaltação que a figura paterna

adquiriu nesta época tornava-a de grande importância tanto nos aspectos legais e

sociais.

De acordo com Manacorda (2010) há um consenso entre os historiadores da

pedagogia quando afirmam que no período da Roma antiga o primeiro que se

estabeleceu como educador foi o pater familias2, porém os relatos históricos não

permitem uma definição que confirme a veracidade destas informações acerca disto.

O que se deduz é que este fato se enquadra em qualquer povo. Além do mais,

existia uma dificuldade em ―[...] estabelecer se Plauto é original, e portanto romano

ou se obedeceu fielmente ao modelo grego, quando disse que os pais são os

primeiros autores de seus filhos e os fundamentos destes.

O que é incontestável é que, ao confrontarmos a historia da educação romana com a grega, na Roma antiga procuraremos em vão algum educador estrangeiro ou banido de sua pátria, como o Fênix ou o Pátroclo de Homero, mas veremos emergir em primeiro plano a função educadora do pai. (MANACORDA, 2010, p. 97).

2 Na Roma antiga se configurava como o chefe de família, dono de casa. (Nota do autor).

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Sem dúvida, a importância que os romanos davam a função educadora de pai

se estabelece como uma das suas principais características, pois eles acreditavam

assim como os gregos que ela desempenhava um papel importantíssimo no

processo educacional que envolvia a criança.

Em comparação entre Licurgo e Numa realizada por Plutarco é dito que Numa

autorizou que a educação que seus filhos fossem receber, deveria ser conforme os

desejos e as necessidades dos pais. Acrescenta-se ainda que estes possuíam a

liberdade para escolherem uma profissão que julgassem ser a mais adequada para

os filhos. Plutarco porém, o admoesta, pois para ele todos os jovens deveriam

receber uma educação igualitária.

Não sabemos ao certo o que levou Plutarco a agir de tal forma, porém o que

deve ser ressaltado aqui é que desde os primórdios de Roma, a família era livre para

educador seus filhos, isto assegurado pelo sistema de leis que os romanos

possuíam.

Assim como a educação grega que possuía o Paidonomos que ficava

responsável pela educação da criança a partir de certa idade, a educação romana

contava com a obra dos escravos e libertos para o dever de educar. Estes ―[...]

ensinaram e transmitiram a própria cultura aos romanos. Em suma, com o evoluir da

sociedade patriarcal romana, a educação se torna um ofício praticado inicialmente

por escravos no interior da família e, em seguida, por libertos na escola‖.

(MANACORDA, 2010, p. 102).

Tanto a educação na Grécia como em Roma baseava-se em modelos

praticamente iguais para as duas, onde a educação dos indivíduos era dividida em

entre duas instituições ou grupos de pessoas que cuidavam e se responsabilizavam

pela formação deste. Porém nos dois modelos pudemos perceber que a família

exercia um papel fundamental no desenvolvimento da criança.

Continuando no contexto histórico da educação chegamos à Idade Média.

Neste período começa a existir um certo domínio por parte da igreja, pois o

Imperador Constantino estabeleceu diversos decretos que tornaram o cristianismo a

principal religião do Império Romano, com isso a educação passou a adquirir

aspectos totalmente novos. Enquanto no período Grego que possuía uma educação

mais liberal e individualista e em Roma com uma educação social, na Idade Média

esses modelos educacionais foram sendo trocados por ―uma disciplina mais rígida

de conduta‖. (MONROE, p. 94).

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A educação tornou-se um regime rígido de preparação para um estado futuro. Do ponto de vista desta nova disciplina devia-se suprimir todo o excesso de interesses naturais; tudo o que estivesse ligado a este mundo e às suas atividades era um mal; toda a atenção ao desenvolvimento da personalidade e ao cultivo do gosto estético ou intelectual, um grande pecado. (Idem, p. 95).

Conforme se observa, a educação passou a ter novos rumos. Se antes ela

estava voltada para desenvolver outros aspectos dos indivíduos, agora ela assumia

uma nova roupagem e muitos daqueles aspectos que eram cultivados pelos gregos

e romanos, como é o caso do desenvolvimento da personalidade e também do

estético, passaram a ser considerados pela Igreja um grande mal e pecado e desta

maneira, eles foram sendo retirados do atual modelo de educação que estava agora

a cargo da Igreja.

Além disso, de acordo com Monroe (1988)

Do século VI até ao XII as preocupações intelectuais foram praticamente eliminadas da educação. E quando readmitidas mais tarde não escaparam a concepção disciplinar. Por intermédio de um treino rígido, tanto físico como intelectual e moral, o individuo devia preparar-se para um futuro desligado do presente tempo e pelo caráter. Sob o domínio da Igreja e do monarquismo este estado futuro tornou-se a ―outra vida‖. (p. 95).

Em outras palavras, tudo relacionado com o intelectual foi extinguido da

educação pela Igreja, o que tempos depois foi de novo adicionado, porém com os

padrões da Igreja. Além do mais, a pessoa deveria se submeter a um pesado

treinamento dos aspectos físico, intelectual e moral que a prepararia para um futuro,

que passou a ser considerado uma outra vida.

Ainda segundo Monroe (1988), houve uma completa reformulação dos

aspectos da educação e social. Na Grécia e em Roma, a religião praticamente não

envolvia questões como a moralidade e a maneira como o homem se comportava na

sociedade, pois esta voltava-se mais para lado político do que para religioso, porém

com a entrada do cristianismo houve uma separação entre a politica e a religião e

desta maneira a moralidade, bem com a ética passaram a ser ligadas a religião e

―[...] com esta nova reestruturação da religião, da ética e da política sobrevieram

ainda outros reajustamentos de interesse vital para a educação‖. (p. 96).

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Em relação ao envolvimento da família medieval na educação dos filhos,

(ÀRIES, 2015) nos dá um vislumbre de como isso ocorria. Nessa época, as crianças

eram mantidas em casa até completarem sete ou nove anos, depois desta idade,

tanto as meninas como os meninos eram colocados em casa de outras pessoas

para realizarem serviços pesados e ali permaneciam por um período de sete a nove

anos. (ARIÈS, 2015).

Essas crianças que eram enviadas para casa de outras pessoas recebiam o

nome de aprendizes e se dedicavam a trabalhos domésticos. Muitos viam crueldade

nesta forma de tratamento e acreditava-se que os ―[...] ingleses recorriam às

crianças dos outros porque pensavam ser melhor servidos dessa maneira do que

por seus próprios filhos [...]‖ (ARIÈS, 2015, p. 154). Ainda segundo o autor

[...] o serviço doméstico se confundia com a aprendizagem, como forma muito comum de educação. A criança aprendia pela prática, e essa prática não parava nos limites de uma profissão, ainda mais porque na época não havia (e por muito tempo ainda não haveria) limites entre profissão e a vida particular; a participação na vida profissional – expressão bastante anacrônica, aliás – acarretava a participação na vida privada, com a qual se confundia aquela. Era através do serviço doméstico que o mestre transmitia a uma criança, não a seu filho, mas ao filho de outro homem, a bagagem de conhecimentos, a experiência prática e o valor humano que pudesse possuir. (ARIÈS, 2015, p. 156).

Nesse sentido o processo educacional assumia um caráter prático, onde a

criança reproduzia os ensinamentos que o mestre lhe ensinava no ambiente familiar.

Sendo assim desde muito pequena a criança era introduzida nos trabalhos

domésticos, ela de fato não gozava de uma infância, pois era concebida como

―adulto em miniatura‖ como diz Ariès (2015). Por outro lado,

[...] toda a educação se fazia através da aprendizagem, e dava-se a essa noção um sentido muito mais amplo do que o que ela adquiriu mais tarde. As pessoas não conservavam as próprias crianças em casa: enviavam-nas a outras famílias, com ou sem contrato, para que com elas morassem e começassem suas vidas, ou nesse novo ambiente, aprendessem as maneiras de um cavaleiro ou um ofício, ou mesmo para que frequentassem uma escola e aprendessem as letras latinas. Essa aprendizagem era um hábito difundido em todas as condições sociais. [...] (ARIÈS, 2015, p. 156 e 157).

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Assim, a aprendizagem neste período assumia outro sentido e as pessoas,

principalmente as crianças não permaneciam em suas casas com suas famílias,

estas eram enviadas a outras para que pudessem aprender, por exemplo, uma

profissão ou até mesmo para que frequentassem uma escola, e isso era comum em

todas as classes sociais.

Porém, existia certa ―ambiguidade entre o criado subalterno e o empregado

de nível mais elevado, dentro da mesma noção de serviço doméstico. Uma

ambiguidade existia entre a criança – ou o rapazinho – e o servidor‖. (ARIÈS, 2015,

p. 157).

As coletâneas inglesas de poemas didáticos que ensinavam a cortesia aos servidores se intitulavam Babees Books. A palavra valet significava um menino pequeno, e Luís XIII criança, em uma explosão de afeição, diria que gostaria muito de ser ―o pequeno valet do papai‖. (Idem, Ibidem).

Por volta dos séculos XVI e XVII, a palavra garçon possuía tanto um

significado de rapazinho novo, como um jovem servidor doméstico. Foi a partir dos

séculos XV e XVI que começou a haver uma diferenciação dentro do serviço

doméstico ―os serviços subalternos dos ofícios mais nobres‖. Entretanto, ―o serviço

da mesa continuou a ser tarefa dos filhos de família e não dos empregados pagos‖.

(Idem, Ibidem).

Sobre o serviço da mesa, este até o século XVIII fez parte dos principais

manuais de civilidade, bem como nos tratados de boas maneiras. Além do mais, um

capítulo inteiro do livro de J. – B. de La Salle, um dos principais do século, foi

dedicado ao assunto.

Não havia lugar para a escola nessa transmissão através da aprendizagem direta de uma geração a outra. De fato, a escola, a escola latina, que se destinava apenas aos clérigos, aos latinófones, aparece como um caso isolado, reservado a uma categoria muito particular. E a escola era na realidade uma exceção, e o fato de mais tarde ela ter-se estendido a toda a sociedade não justifica descrever através dela a educação medieval: seria considerar a exceção como a regra. A regra comum a todos era a aprendizagem. Mesmo os clérigos que eram enviados à escola muitas vezes eram confiados – como os outros aprendizes – a um clérigo, um padre, as vezes a um prelado a quem passavam a servir. (ÀRIES, 2015, p. 157).

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Como se percebe, neste período não havia lugar para a escola. Ela se

destinava a algumas classes de pessoas somente. E a educação era colocada a

cargo de outras pessoas, as quais ficavam responsáveis em transmitir os valores

necessários a formação do indivíduo.

A participação da família, como foi descritos nos períodos históricos, na

formação educacional dos filhos era bem limitado, chegando em alguns casos que

foram citados, a permanecer determinado tempo com ela e depois deste tempo a

criança era entregue para terceiros que ficavam encarregados pelo desenvolvimento

deste, isso, como já mencionado, em prática completamente comum e assegurada

pelos sistemas de leis que regiam as sociedades nestas épocas.

Já em nossos dias, a família tem um envolvimento a mais na formação dos

seus membros, isso, claro em casos isolados, pois a grande maioria ainda terceiriza

a educação dos seus filhos, mesmo sendo assegurado por nossas leis que dizem

que elas são as principais responsáveis pelo desenvolvimento do individuo, seja

este nos aspectos da personalidade, como também no educacional.

2.2. ASPECTOS CONCEITUAIS RELEVANTES NA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

A família exerce grande influência em nossas vidas. É nela que encontramos

refúgio para os nossos maiores medos e frustações, porém é na família também que

buscamos nossas maiores inspirações, são eles que por meio de exemplos e

incentivos nos encorajam a crescer como pessoa e na vida.

Sendo assim, o processo de ensino e aprendizagem que os envolve, depende

e muito da parceria que deve existir entre a família e a escola, como colocou (PARO,

2000, p. 68), ―é muito importante o papel da família no desempenho escolar dos

filhos, [...] há uma relação interdependente entre as condições sociais da origem das

famílias e a maneira que se relacionam com as escolas‖.

E dentro deste processo de formação se encontram os pais que

desempenham um papel fundamental. Os pais são os primeiros professores com os

quais seus filhos terão contato, por isso é importante que eles cumpram este dever

de modo que prepare a criança para a educação que receberá na escola.

No entanto, é importante ressaltar que os professores são importantes na

formação educacional dos filhos, mas eles jamais substituirão os pais neste dever,

como afirmou Jesus (1996 apud LOPES, 2011, p. 09):

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Os pais são os primeiros modelos para os filhos, tendo sobre eles uma influência que os professores não podem ter. 1 – Não vou defender que há fronteiras rígidas, intransponíveis – que marcam os compromissos para com a educação da criança ou jovem - entre pais e professores/educadores, mas haverá que reconhecer que nenhum deles substitui o outro em determinados papéis que lhes são específicos. Os pais ―têm influência sobre a educação e o desenvolvimento dos filhos que é única e insubstituível‖. 2 – Por sua vez, os professores e educadores, pela responsabilidade que têm na criação de condições para o desenvolvimento de capacidades, e para a aquisição e domínio de conhecimentos por parte dos alunos, estarão igualmente a contribuir decisivamente para a formação integral destes.

Inquestionavelmente, tanto os pais como os professores desempenham

tarefas importantes no processo de ensino e aprendizagem, porém o que não pode

haver é a inversão de valores neste processo, cada qual deve exercer seu papel,

não se eximindo de maneira alguma delas, afinal de contas o que está em jogo é o

desenvolvimento educacional da criança.

De acordo com Parolin (2007), ―a qualidade do relacionamento que a família e

a escola construírem será determinante para o bom andamento do processo de

aprender e de ensinar do estudante e o seu bem viver em ambas as intuições‖. (p.

36). No entanto,

Cabe lembrar que a escola é, depois da família, a organização ―cuidadora‖, por excelência. Quão bom seria se os professores, principalmente os do primeiro grau, tivessem encontros para em que discutissem, através dos problemas comuns enfrentados, como se sentiriam na relação com os alunos, numa linha aproximativa de autogestão de subjetividade, podendo se reidentificar promissoramente uns com os outros. Os professores são importantes como imagos para as crianças e para os adolescentes se identificarem, principalmente se advém de famílias em que pai e mãe falham enquanto figuras cuidadoras (COVRE, 2003, p. 51 e 52).

Em relação ao papel que a família exerce no desenvolvimento educacional da

criança, recentemente foram divulgadas duas pesquisas, realizadas pelo movimento

da sociedade civil que trabalha para buscar melhorias no ensino público,

denominado ―Todos Pela Educação‖, que mostraram a importância dos pais na vida

escolar dos filhos e a diferença que isso faz quando eles passam a ideia de que a

educação é importante.

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Verificou-se também pelo movimento que a participação dos pais na

educação dos filhos está em alta. Foi constatado que existe certa uniformidade de

pensamento ―entre educadores, professores e estudiosos sobre os efeitos no

desempenho dos alunos. Quanto mais ativos os pais, maior a chance de o filho tirar

boas notas no boletim e terminar uma faculdade‖. (GUIMARÃES, 2014, p. 2).

Não restam dúvidas de que o envolvimento da família na escola produz

efeitos sem tamanho na educação dos alunos, pois quanto maior for o

envolvimentos destes na educação dos seus filhos, mais possibilidades os mesmos

têm de progredirem, não somente no processo educacional, mas como também na

vida.

Ainda foi realizado pelo movimento, ―Todos Pela Educação‖, um mapeamento

que mostrou os diferentes tipos de participação dos pais na vida escolar dos filhos,

como está representado na figura abaixo:

Fonte: www.epoca.globo.com

FIGURA 1. OS TIPOS DE ENVOLVIMENTOS DOS PAIS NA VIDA ESCOLAR DOS FILHOS

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No mapeamento realizado pelo movimento, eles identificaram quatro tipos de

envolvimento de pais na educação dos filhos, sendo os ―Pais Ativistas‖, que são

aqueles que consideram a educação como algo muito importante para a formação

dos seus filhos, por isso participam de tudo que a escola promove e muitas vezes se

candidatam até para trabalhos voluntários; os ―Pais Envolvidos‖ são aqueles que

estão totalmente comprometidos com a educação dos filhos, verificam os trabalhos

que são solicitados, interagem com os professores e veem a proximidade da família

em relação à escola como um dos principais fatores para que a criança atinja um

bom desenvolvimento educacional. Os ―Pais Vinculados‖ são os que até possuem

alguma ligação com a escola, porém esta ligação é superficial, eles raramente vão à

escola para observar como vão os estudos dos filhos e quando vão é porque foram

solicitados, além disso, não dialogam com eles sobre os estudos; por último temos

os ―Pais Distantes‖, nesse o nome já resume sua relação com a educação. São

aqueles que possuem muitos compromissos, que dificilmente resta tempo para os

estudos dos filhos, nunca vão à escola, porém quando vão não aproveitam nada,

pois são vencidos pelo cansaço ou deixam as reuniões antes que elas finalizem.

Segundo Paro (2000), quando os pais estão presentes na vida escolar de seu

filho, participam de suas atividades, olham as lições de casa, o rendimento é nítido.

―É uma questão afetiva, os filhos se sentem amados quando os pais valorizam suas

ações e seus trabalhos‖. (p. 34). Além disso, (WHITE, 2015, p. 36) ainda diz que:

[...] a obrigação dos pais precede a do professor. Tem uma escola no lar—o primeiro estágio. Se cuidadosamente [...] procurarem conhecer e desempenhar seu dever prepararão os filhos para entrar no segundo estágio—receber instruções do professor‖. The Review and Herald, 13 de junho de 1882.

Como ficou evidenciado nas palavras da autora, o lar, ou seja, o convívio com

os pais e a família constitui a primeira etapa pela qual a criança deve passar, e nesta

primeira etapa ela receberá os fundamentos necessários para então estar apta para

receber a instrução dos professores.

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Além disso, a instrução que a criança vai receber no convívio familiar possui

limites e que serão superados pelos ensinamentos que escola e professores irão

repassá-los, como foi dito por Celso Antunes que reforça esta ideia dizendo da

seguinte forma:

O ensinamento desenvolvido pelos pais e a aprendizagem construída pelos filhos possuem limites e, para superá-los, as crianças são levadas à escola, onde devem alcançar o acesso a aspectos essenciais da cultura, importante fator para o seu desenvolvimento social. As escolas e os professores também existem porque é nelas e principalmente com eles que se aprende (ANTUNES, 2002, p. 27).

Fica evidente que quando os pais participam ativamente da vida escolar de

seus filhos, os resultados aparecem com o melhor desempenho dos mesmos nas

disciplinas repassadas pelos professores, eles se sentem mais motivados a

estudarem, porque veem os seus progenitores sendo os maiores incentivadores do

seu sucesso na vida e em sua formação educacional.

Além do mais, é importante mencionar que a escola precisa incentivar os pais

a participarem dos eventos que ela promove, com o fim de aproximar mais estes da

vida educacional dos seus filhos, bem como do ambiente escolar, como está

evidenciado nas palavras de Içami Tiba:

A escola precisa alertar os pais sobre a importância de sua participação: o interesse em acompanhar os estudos dos filhos é um dos principais estímulos para que eles – alunos – estudem. É importante a participação dos pais nas reuniões escolares e que todos os meios para convocá-los são válidos: recados na agenda, correspondência, telefonemas, e-mails ou mesmo o sistema ―boca a boca‖. Cada escola pode utilizar o meio que julgar mais suficiente (TIBA, 2006 p.152).

Contudo, não basta apenas estimulá-los a participarem dos eventos que a

escola promove, é preciso mostrar aos pais a importância da sua participação na

escola, bem como da sua contribuição na vida na vida educacional dos filhos, como

já foi dito aqui. Os pais precisam compreender que quando há a união destas duas

instituições, a saber, família e escola, as chances de a criança avançar no

aprendizado são maiores.

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Além disso, a escola precisa manter um diálogo com os pais ou responsáveis

pela criança, pois ele se estabelece com uma ponte entre estas duas instituições as

ligando para que possam estabelecer uma formação que promova o

desenvolvimento da criança em todos os aspectos da sua vida.

Ressaltamos ainda que a escola precisa estudar a melhor forma de organizar

a participação e o envolvimento da família, pois não basta apenas a convidar ou as

incentivar, antes é preciso que mostrem a elas, reforçando o que já foi dito, a

importância da sua presença na educação dos filhos e como isto produz efeitos

extraordinários na vida destas que perdurarão pelo resto da vida delas.

2.3. O QUE DIZEM OS ASPECTOS LEGAIS

Como já mencionamos, anteriormente, há pais que acreditam que o papel de

educar é da escola e com isso acabam não cumprindo com seus deveres

educacionais básicos para o desenvolvimento social, cognitivo e até mesmo afetivo

da criança, pois a partir do momento que os valores básicos de educar não

perpassam pela família, consequentemente, a cooperação e o respeito mútuo

familiar ficam perdidos em um ambiente que deveria ser solidificado pela relação

familiar.

Neste sentido, a Constituição Federal, que é nossa lei maior, trata do papel da

família em relação à responsabilização pelo processo educacional ao mencionar

que:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (CF, 2017, p. 160).

Dito isto, vale ressaltar que os pais possuem responsabilidades para com a

educação dos seus e isto é assegurado pelas leis que regem nosso país e que tais

leis precisam ser cumpridas, mesmo que muitas vezes elas estejam contrárias as

nossas vontades. E na educação não é diferente, nesta também há uma legislação

que a regulamenta em nossa sociedade, a LDB (Leis de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional) aprovada no ano de 1996 e que vigora até hoje.

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Nesta, no Título II que trata dos Princípios e Fins da Educação Nacional, há o

artigo 2º que traz a seguinte descrição:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (LDB, 2017 p. 8)

De certo, como está manifestado na lei, a família, juntamente com o Estado

têm o dever de possibilitar à criança o seu pleno desenvolvimento, dando a ela

meios para que venha a exercer sua cidadania, bem como a preparando para o

mercado de trabalho.

Se bem que, é sobre a família que recai a maior parte do dever de educar a

criança. Pois esta geralmente passa apenas quatro horas na escola com os

professores, tempo que é bem menor se comparado ao que ela passa com a família.

Além disso, vale mencionar que geralmente em uma sala de aula há uma média de

30 a 40 alunos o que faz com que o professor não dê uma atenção especial para

cada um.

O Estatuto da Criança e do Adolescente também descreve o papel da família,

do Estado e sociedade na educação.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (ECA, Lei Nº 8.069, DE 13 de julho de 1990, p. 1).

Conforme com o que foi dissecado, o conceito de relação família-escola está

respaldado por três leis, a saber, a Constituição Federal, a LDB e o ECA, estas

trazem como descrição que a família juntamente com o Estado, e muitas vezes

também cita a sociedade, têm o pleno dever e a obrigação de trabalharem de modo

a permitirem que a criança tenha um pleno desenvolvimento de todos os aspectos

relacionados à sua vida e principalmente educacional.

Observamos que independente das posições em que a família é colocada nos

textos legais, quanto a sua responsabilização pelo processo educacional, tanto na

Constituição Federal quanto na LDB e no próprio ECA, a família aparece como a

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principal responsável pela educação da criança, do adolescente ou do jovem. Afinal

é na família que inicia o processo de construção da personalidade e do próprio

caráter da pessoa. É ainda no contexto dessa instituição social que o sujeito

aprende sobre os valores morais e éticos, pois

Desde tempos remotos a influência da família sempre foi considerada como elemento fundamental no desenvolvimento do caráter do indivíduo. Carl Jung dizia que ―a principal importância dessa influência reside no fato de o lar e a vida familiar proporcionarem, através de seu ambiente físico e social, as condições necessárias ao desenvolvimento da personalidade. (DROUET, 2000, p. 207).

Sem dúvida, o ambiente familiar sempre se configurou em um espaço capaz

de gerar em seus membros a possibilidade de desenvolverem os aspectos que

norteiam a conduta humana, como o caráter e a personalidade, além disso, esse

local oferece as condições essências para que isso ocorra. Acrescenta-se ainda que

[...] Os ambientes, nas diferentes famílias, têm uma influência decisiva na formação da personalidade das crianças. Com poucas exceções, a constituição desses lares é tradicional, conservadora mesmo, nos usos e costumes de nossas antepassados. Geralmente o marido desempenha o papel de chefe da família, mesmo nesta época de emancipação feminina. (DROUET, 2000, p. 207).

Com toda a certeza, o ambiente familiar exerce um grande efeito, como já foi

citado, no desenvolvimento dos aspectos relacionados a personalidade da criança,

pois é no lar que ela mantém o seu primeiro contato com o mundo social, além

disso, elas esperam de seus pais um modelo a ser seguido e que possa nortear

suas condutas na sociedade.

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CAPITULO 3: FAMÍLIA E ESCOLA: OS VALORES INVERTIDOS NO PROCESSO

DE ENSINO E APRENDIZAGEM: OS ACHADOS DA PESQUISA

O presente capítulo está organizado em quatro pontos importantes que são:

Caracterização do Lócus da Pesquisa, A Inversão de Papéis e sua Relação com a

Aprendizagem, Uma Análise da Relação Família-Escola na Atualidade a partir dos

dados obtidos pela pesquisa de campo e os Impactos das Tecnologias na Relação

Família-Escola.

No primeiro tópico apresentamos o local onde a pesquisa se desenvolveu,

ouse seja, de onde obtemos os dados que necessitávamos para o nosso estudo,

bem como os sujeitos ais quais os instrumentais de pesquisa foram aplicados.

No segundo tópico discutimos, através dos teóricos que abordam a relação

família-escola, a inversão de papéis que ocorre no processo de ensino-

aprendizagem, onde a família acaba transferindo toda a sua responsabilidade para

com a educação somente para a escola, além disso, analisaremos quais os

impactos que isso ocasiona na vida do estudante.

Em seguida analisamos a relação família-escola na atualidade, ou seja, qual a

importância desta relação no contexto educacional e principalmente no contexto no

qual a sociedade está inserida, onde muitos fatores externos interferem no processo

de ensino-aprendizagem.

Por fim abordamos os impactos que as tecnologias trouxeram para as

relações em família e como estas podem afetar o processo de desenvolvimento

educacional da criança, pois, de acordo com as pesquisas, muitas famílias

desperdiçam horas à frente de aparelhos eletrônicos e mídias sociais que acaba não

sobrando tempo para outros momentos que eles precisam ter juntos.

3.1. CARACTERIZAÇÃO DO LÓCUS DA PESQUISA

O lócus onde a pesquisa se realizou foi a Escola Municipal de Educação

Infantil e Ensino Fundamental Comandante Germano, que está situada no endereço

Rua Garibaldi Parente, número 2586, Bairro São Lourenço, na cidade de

Abaetetuba, Estado do Pará, foi fundada no dia 19 de novembro de 1962 sob a

gestão do prefeito Francisco Leite Lopes.

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A escola Comandante Germano possui um espaço que abrange: uma sala

Multifuncional, um Laboratório de Informática, uma sala de Leitura, sete salas de

aulas, dois banheiros para as crianças (masculino e feminino) com instalações

sanitárias em condições de manutenção de higiene, um banheiro para funcionários,

cozinha, sala da direção, secretaria equipada de dois computadores completos e

reprodutora de texto que atende as necessidades da escola em geral, espaço para

apresentação cultural, encontros e reuniões, uma quadra para recreação e esportes

e alguns equipamentos que auxiliam os professores em sala de aula (Data Show,

D.V.D., televisão, livros CDs e microssystem). O prédio apresenta boa ventilação

com boa iluminação, e está em processo de adaptação para alunos público alvo da

educação especial. (PPP, 2017, p. 24).

A escola funciona em dois turnos (manhã, tarde) ofertando a Educação

Infantil e Ensino Fundamental Menor, atendimento especializado em Educação

Especial. A instituição está atualmente sob a direção da pedagoga Maria do Cristina

Quaresma e Silva, seu corpo de funcionários é composto por: 01 diretora, 01

coordenadora pedagógica, 01 secretária, 04 agentes administrativos, 06 serventes

(sendo que 01 está readaptada de função), 04 vigias, 13 professores do

Fundamental (sendo 03 professoras cuidadoras), 04 professores da Educação

Infantil, 02 professoras da Sala de Leitura, 02 professoras no Laboratório de

Informática, Conselho Escolar, 04 professores da Educação Especial e 02-

professores Intérpretes. Nesta configuração é válido ressaltar que todos os

funcionários são efetivos, a maioria dos professores tem graduação e um bom

percentual já tem pós-graduação (Idem, p. 25).

O bairro que a escola está situada - São Lourenço - é bastante amplo, possui

igrejas (católicas e evangélicas), um comércio diversificado com supermercados,

farmácias, açougues, armarinhos, sorveterias, pequenas mercearias, malharias,

bares, casas de festas, oficinas de carros, motos, bicicletas e escolas de educação

infantil, fundamental e médio, conta também, com praças e inúmeras casas de

alvenaria e madeira (Idem, ibidem).

A clientela da referida instituição tem um total de 345 alunos divididos em:

educação infantil e ensino fundamental de 1º Ano/09 a 5º Ano/09. A maioria dos

alunos é de famílias bastante humildes oriundas de periferias próximas e da zona

rural, os pais e responsáveis exercem profissões advindas do funcionalismo público,

do comércio, serviços braçais, domésticos e mercado informal (Idem, ibidem).

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3.2. A INVERSÃO DE PAPÉIS E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM

Educar, sem dúvida, constitui-se em uma tarefa bastante complexa e que

exige muita dedicação e esforço de quem a faz. Ainda mais se levarmos em

consideração o contexto em que estamos inseridos, onde muitos fatores como a

mídia, as redes sociais e outras formas de entretenimento parecem controlar a

mente de nossas crianças.

Augusto Cury, um dos mais renomados escritores do Brasil cita que ―é mais

fácil governar uma cidade ou um país do que educar uma criança. É mais fácil dirigir

uma empresa com milhares de funcionários do que formar um pensador‖ (CURY,

2015, p. 13). Desta maneira percebemos que quando o papel de educar é

comparado a outras atividades, como é o caso de dirigir uma empresa, por meio de

analogias, ele se sobressai, pois este dever de educar é muito mais complexo.

E por ser um trabalho bem complexo muitos pais têm depositado esta

responsabilidade para a escola. Muitos acreditam que não tem nenhum dever para

com a educação dos seus filhos, para eles os únicos responsáveis por isso é a

escola e os professores e talvez boa parte dos problemas que nossa educação

enfrenta hoje esteja neste fato, no qual muitos pais acreditam que não possuem

nenhuma obrigação na formação educacional dos filhos.

Nos últimos anos temos presenciado esta inversão de papéis no processo de

ensino-aprendizagem. Talvez o termo nem seja inversão, mas a transferência das

obrigações para apenas uma instituição, que no caso é a escola.

Cada vez mais, professores têm assumido um papel que não compete a eles.

O que precisamos entender que professor é professor e pai é pai. Nenhum substitui

o outro, mas infelizmente o que tem acontecido em nosso país são os professores

assumindo o lugar dos pais.

Isso sem dúvida alguma é preocupante, pois quando os professores

começam a assumir um papel que compete aos pais, percebemos que a educação

em nosso país não está andando muito bem, pois de acordo com pesquisas

recentes, o envolvimento da família na escola é fundamental para o

desenvolvimento dos alunos.

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E muitos pais não compreendem o real significado de educar. Para Ellem

White, (2014, p. 19) ―a palavra educação significa mais do que estudar em um

colégio. A educação começa com o bebê, nos braços da mãe. Enquanto a mãe está

moldando e formando o caráter dos filhos, ela os está educando‖ (Good Health,

junho de 1880). Ainda é colocado pela autora que

Os pais enviam os filhos para a escola e, ao fazer isso, pensam que os têm educado. Mas a educação é uma questão de maior amplitude do que muitos pensam: compreende todo o processo pelo qual a criança é instruída, desde o berço à infância, da infância à juventude, e da juventude à maturidade. A educação da criança deve começar assim que ela for capaz de formar uma ideia (Review and Herald, 27 de junho de 1899). (WHITE 2014, p. 19)

Como está evidenciado nas palavras da autora, muitos pais acabam

cometendo um erro ao enviar os filhos à escola para serem educados. Educação

não é somente enviar o filho para uma instituição de ensino. Educação envolve todo

o processo pelo qual a criança passa até chegar à maturidade.

Acreditamos, como já foi mencionado, que o maior problema da educação em

nosso país esteja no fato de os pais acreditarem que não possuem nenhuma

obrigação para com a educação dos seus filhos. Muitos têm depositado toda a

responsabilidade somente para a escola e os professores.

É necessário que esta postura dos pais mude, pois o sucesso, não somente

educacional, mas também o profissional depende desta relação que a família deve

ter com a escola. Pois, acredita-se, conforme estudos já realizados, que quando há

esta relação, no que tange ao desenvolvimento educacional da criança, ela se sente

mais estimulada a aprender.

Infelizmente muitos pais não assumem o seu dever para com a educação dos

filhos e não dando o apoio necessário, o que de certa maneira tem gerado grandes

efeitos na vida da criança, pois muitos ao verem que os seus progenitores não dão a

devida atenção para seus estudos acabam sendo desestimulados neste processo de

desenvolvimento educacional. Como se não bastasse,

Alguns pais não compreendem os filhos e não se relacionam verdadeiramente com eles. Existe com frequência uma grande separação entre pais e filhos. Se os pais sondassem plenamente o sentimento dos filhos e verificassem o que está em seu coração, isso exerceria uma influência benéfica sobre eles (WHITE, 2017, p. 80).

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Para muitas crianças e adolescentes a figura da família é indispensável para

a sua formação educacional, porque quando ela esta presente neste processo eles

sentem-se mais motivados a querer estudar e crescer como pessoa e na vida, pois

muitos deles buscam em seus pais um modelo para se espelhar e seguir os passos.

Em conformidade com o que foi dito, em Escaraboto (2017, p.1), encontra-se

a seguinte citação:

É inerente à criança, nos primeiros anos da Educação Infantil e Ensino Fundamental, o desejo de mostrar aos pais as conquistas e façanhas realizadas: da pintura de um simples desenho às apresentações escolares de teatro, dança ou outras performances. Diante de centenas de expectadores, a criança procura avidamente os pais em meio à plateia. E ao encontrá-la, descobre o mundo e a satisfação! E quando ela percebe ser o orgulho dos pais, mediante o elogio e a aprovação, uma força indescritível brota no interior dessa pequena pessoa, levando-a a fazer mais e melhor.

Certamente, muitas crianças que se encontram nos primeiros anos da

Educação Infantil e Ensino Fundamental anseiam pela chegada dos pais à escola ou

em casa para poderem mostrar os trabalhos que elas produziram. Para muitos, isso

pode não ter valor nenhum, mas para a criança isso é de um valor sem igual, pois

ela ao ver que o seu esforço foi notado se sentirá mais estimulada a aprender e

produzir os trabalhos que são solicitados pelo professor.

Em relação a este fato um questionário foi aplicado a seis alunos do 5º ano

que possuíam uma idade em média de 10 anos e foram feitas seis perguntas que

visavam medir o grau de influência que os seus pais exercem em sua formação

educacional, como eles podem contribuir no processo de ensino-aprendizagem,

além de outros fatores que ajudavam na vida dos alunos na escola. Uma das

perguntas realizada aos alunos questionou se a presença dos pais na escola é fator

determinante na vida educacional dos mesmos e como eles avaliavam esta relação.

O gráfico abaixo nos mostra as respostas dadas aos alunos.

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83,33%

16,67% 0% 0% Contribui na minha formação

Não contribui

Contribui, mas não é fatordeterminante

Não sei responder

No gráfico representado acima percebemos que do total de alunos que

responderam ao questionário, 16, 67% disseram que a presença dos seus pais na

vida escolar não contribui para a formação deles, porém os outros 83, 33%

responderam que a presença de seus pais na vida educacional desempenha uma

função muito importante no processo de ensino e aprendizagem, ou seja, contribui

no processo de formação deles.

Nesse sentido, Lopes (2011) menciona sobre a participação dos pais na vida

escolar dos filhos da seguinte maneira:

É importante que os pais ou responsáveis pelas crianças demonstrem interesse em tudo no que diz respeito à escola do filho, para que ele perceba que estudar é algo prazeroso e indispensável para a vida. A participação dos pais na educação formal dos filhos deve se proceder da maneira constante e consciente, integrando-se ao processo educacional, participando ativamente das atividades da escola. Essa interação só tem a enriquecer e facilitar o desempenho escolar da criança. (p. 4).

Porém na visão dos professores que foram entrevistados observamos algo

muito significativo, sendo assim, a Professora Nazaré3, relatou o seguinte:

3 Todos os nomes aqui mencionados são fictícios e não representam a verdadeira identidade das

pessoas. (Nota do autor).

Fonte: O autor

GRÁFICO 1. SOBRE A PRESENÇA DOS PAIS NA VIDA ESCOLAR DOS FILHOS

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O que percebemos é que a grande maioria das famílias não se comprometem com o processo educacional de seus filhos, infelizmente a escola é vista somente como um lugar onde os pais devem deixar seus filhos para passar um tempo recebendo educação e instrução, pois muitas crianças que de fato necessitam do envolvimento de seus pais em seu processo de aprendizagem, não contam com isso e acabam não desenvolvendo as habilidades e competências que se fazem necessárias.

Infelizmente essa ainda é uma realidade em nossa sociedade, pois muitas

famílias não se envolvem na educação dos filhos, acreditam que o seu papel se

resume em apenas matricular a criança, muitas não compreendem que o papel de

educar é muito mais amplo do que elas imaginam.

Em uma pergunta feita aos alunos foi questionado sobre como os pais podiam

exercer de modo satisfatório seu papel na formação educacional dos mesmos. A

grande parte dos alunos respondeu que os seus progenitores ou responsáveis

podem cumprir com suas obrigações em seu processo educacional de modo a

contribuir com sua formação cumprindo pequenas obrigações como: ajudando nas

atividades solicitadas pelos professores, ajudando para estudar para as provas entre

outras atividades. Um dos alunos respondeu o seguinte: ―Deixando na escola,

ajudando-me para a prova, não faltando as reuniões, matriculando-me no reforço

escolar e indo de acordo com tudo que a escola pede‖. (Cristal4).

Percebemos então, que muitas crianças desejam que seus pais os ajudem no

processo educacional de diversas formas, pois como foi já dito muitos filhos têm os

seus pais como modelos e quando estes tomam estas pequenas atitudes, como

participar de reuniões, matricular em reforço escolar, eles passam a visão para a

criança de que a educação é importante.

Os alunos também responderam sobre se os seus pais os ajudam com as

tarefas que são solicitadas pelos professores, e a grande maioria respondeu que

sim, sempre que é possível seus responsáveis os auxiliam com as atividades que

são solicitadas na escola.

Entretanto, há pais que não dão a devida atenção para estas pequenas

atitudes, mas de grande valor para a educação da criança, além disso, muitos não

ajudam seus filhos com as atividades que a criança traz da escola para resolver em

casa e tal comportamento vai gerando nela o desinteresse por estudar, porque

4 Todos os nomes aqui mencionados são fictícios e não representam a verdadeira identidade das

pessoas. (Nota do autor).

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aquele que mais deveria incentivá-la não se dá ao trabalho de ajuda-la com as

atividades que são solicitadas pelo professor.

Em relação a esse desinteresse por parte de muitas famílias uma professora

relatou o seguinte:

É uma realidade degradante e revoltante, porque, na verdade, cabe a professor o papel de pai, mãe, psicólogo, assistente social, conselheiro, etc. Essa é uma prática extremamente difícil e estressante, pois nem sempre estamos preparados para exercer tantas funções ao mesmo tempo, além de fazer acontecer a função mais importante que é a de repassar conhecimentos e fazer com que este aluno assimile mesmos. Vejo que todos essas dificuldades agem contra o processo de ensino e aprendizagem, levando, muitas vezes alguns alunos à retenção no final do ano letivo. (Professora Viviam)

Sem dúvida alguma, o professor na atualidade não exerce apenas a sua

função de ofício que é apenas dar aulas ou cumprir outra obrigação ligada à escola,

ele ainda tem que assumir diversas funções, como o de pai, mãe, além outras, isso

de certa forma vai gerando um desgaste emocional no professor que muitas vezes

se ver obrigado a pedir licença para se cuidar ou até mesmo abandonar a profissão.

Sobre este excesso de tarefas que a escola e professores assumiram nos últimos

anos, Nóvoa (2007) cita que o que

[...] podemos dizer que a Escola se foi desenvolvendo por acumulação de missões e de conteúdos, numa espécie de constante transbordamento […], que a levou a assumir uma infinidade de tarefas. Começou pela instrução, mas foi juntando a educação, a formação, o desenvolvimento pessoal e moral, a educação para a cidadania e para os valores… Começou pelo cérebro, mas prolongou a sua ação ao corpo, à alma, aos sentimentos, às emoções, aos comportamentos… Começou pelas disciplinas, mas foi abrangendo a educação para a saúde e para a sexualidade, para a prevenção do tabagismo e da toxicodependência, para a defesa do ambiente e do património, para a prevenção rodoviária…Começou por um ‗currículo mínimo‘, mas foi integrando todos os conteúdos possíveis e imaginários, e todas as competências, tecnológicas e outras, pondo no ‗saco curricular‘ cada vez mais coisas e nada dele retirando. (p. 50).

Dando continuidade a análise do questionário, procuramos saber se os pais

olhavam seus boletins ao final do ano e se conversavam com eles sobre suas notas.

Os alunos entrevistados responderam que sempre isso ocorre, além do mais, os

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alunos tiveram que responder em que situações ou momentos os pais participam

dos eventos e programações da escola e estes disseram que os seus responsáveis

sempre estão presentes nos eventos que a escola promove, como: festas juninas,

dia das mães, dia dos pais, nas reuniões e em outras situações.

Além do mais, foi perguntado também aos alunos como a escola incentiva a

participação das famílias e como isso é feito. Eles responderam que diversos meios

e recursos são usados para que as famílias estejam participando. Determinado

aluno disse o seguinte: ―A escola manda bilhetinhos, fazem reuniões, eventos para

participem junto com a escola‖. (Beatriz5).

Como observamos, a escola incentiva a participação dos pais através de

diversos meios e isso sem dúvida é primordial para esta relação tão importante para

o desempenho do aluno. Vale mencionar ainda que quando a escola promove essa

participação da família na escola ela mostra que age por meio de uma gestão

democrática, pelo menos é o que se espera de qualquer instituição de ensino, dando

oportunidades para que todos possam estar envolvidos na construção de uma

escola melhor.

Em relação a uma gestão democrática Paro (2002) faz a seguinte menção:

Tendo em conta que a participação democrática não se dá espontaneamente, sendo antes um processo histórico em construção coletiva, coloca-se a necessidade de se preverem mecanismos institucionais que não apenas viabilizam, mas também incentivem práticas participativas dentro da escola pública. (p. 46).

De fato a participação dos pais na escola de maneira democrática não é um

processo tão simples quanto pareça, por isso é fundamental que a gestão escolar

não só abra espaço para isso, mas que procure de todos as formas incentivar essa

participação dentro da escola.

Desta maneira, acreditamos que a escola tem um papel importante na

participação da família na escola, incentivando-a sempre, mostrando a ela o grande

impacto que essa relação gera no desenvolvimento da criança, levando ela a refletir

sobre suas responsabilidades em relação a educação, pois é esta instituição, onde

qualquer pessoa dá seus primeiros passos no mundo, que desempenha a maior

parte neste processo.

5 Todos os nomes aqui mencionados são fictícios e não representam a verdadeira identidade das

pessoas. (Nota do autor).

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3.3. UMA ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NA

ATUALIDADE

Ao falarmos sobre o processo de ensino-aprendizagem não devemos

esquecer de que duas instituições desenvolvem este processo, são elas: a família e

a escola. Claro que uma tem mais responsabilidades que outra, mas as duas tem

papel fundamental no desenvolvimento educacional da criança.

A primeira delas, a família, constitui-se no primeiro ambiente social na qual

uma criança frequenta. Neste ambiente social ela começa a construir sua história,

sua identidade. É aqui também que ela busca suas maiores inspirações, refúgio para

seus medos, consolo em momentos de tristeza, por fim, a família é o porto seguro

de qualquer pessoa, como está evidenciado nas palavras da autora:

[...] os pais precisam conscientizar-se de que a família é o lugar onde a criança vai passar grande parte do seu tempo, constituindo-se no porto seguro capaz de ampará-los em suas dificuldades, sucessos ou fracassos, sendo os membros que a compõem responsáveis por grande parte dos conhecimentos que a criança irá absorver durante sua trajetória de vida, sejam ações positivas ou negativas de seu meio cultural e que a escola não é parceira na educação plena dessa criança. (SILVA e CALVACANTE, 2012, p. 12).

Mas afinal, qual é o papel da família ou dos pais no processo de ensino

aprendizagem? Qual o seu lugar nesta etapa tão importante na vida de um ser

humano? Será que ele ocupa o primeiro lugar ou é apenas algo secundário e que

não tem assim grandes impactos no processo educacional?

Segundo relato de duas professoras que atuam na escola investigada existem

diferenças que são perceptíveis no que concerne ao acompanhamento da família na

escola, pois

A diferença é evidenciada não somente no processo de aprendizagem, mas também nas relações interpessoais que estas crianças estabelecem. Percebe-se que as crianças que são acompanhadas mantêm-se mais ativas na escola, são responsáveis e educadas. São crianças que têm um relacionamento maior; entretanto, há exceções na regra, existem alguns alunos que mesmo sem acompanhamento familiar conseguem automotivar-se e avançar em sua aprendizagem. (Professora Nazaré).

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Conforme o relato da professora, a qual convive diariamente com os alunos, é

possível de perceber que a mesma, nota uma diferença entre aqueles alunos que

são acompanhados pela família e os que não são. Ela diz ainda que a diferença se

faz até no comportamento do aluno e na educação deste. Porém, vale mencionar,

de acordo com o que a professora disse que há alunos que mesmo não possuindo o

apoio da família avançam nos estudos.

Reforçando o que foi dito a respeito do acompanhamento que o aluno deve

receber da família na escola, outra professora relatou o seguinte:

Os alunos que são acompanhados pelos pais são mais centrados e concentrados e dedicados, participativos e se desenvolvem com mais facilidade no processo ensino-aprendizagem. Já os que não são acompanhados se deparam com muitas dificuldades no seu dia a dia escolar, pois o nível de concentração é muito baixo e o desinteresse é evidente. Alunos que não são estimulados pela família, não tem interesse pela vida escolar, causando assim um atraso no processo de aprendizagem do mesmo. (Professora Viviam6).

Sem dúvida, claro que não vamos generalizar dizendo que somente os que

recebem o acompanhamento da família é que progridem nos estudos, existem as

exceções como já foi citado, mas que aquele aluno em que a família concede todo o

suporte necessário, que está junto da escola e professores tem mais chances de ter

um bom desenvolvimento da aprendizagem.

Para os autores que discutem esta relação, a família tem sim o seu lugar no

processo de ensino-aprendizagem e este lugar não é apenas o primeiro lugar, mas

como o mais importante para o desenvolvimento educacional da criança, pois é ali

que ela dá seus primeiros passos e a educação que ela recebe neste ambiente é

primordial para toda a sua vida.

E sendo o lugar onde ela dá os primeiros passos para a vida é de suma

importância que a família compreenda seu papel nesta tarefa de educar. E tal tarefa

não se resume apenas em matricular o filho em uma boa escola. Não vamos dizer

que matricular o filho em uma boa escola não faça parte das responsabilidades dos

pais. Isso é importante, porém educar envolve mais do que isso. Educar envolve

6 Todos os nomes aqui mencionados são fictícios e não representam a verdadeira identidade das

pessoas. (Nota do autor).

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uma série de fatores que permitirão a criança a ter um bom desenvolvimento

educacional.

Um dos fatores que permitirão tal desenvolvimento está na construção do

caráter desta criança, pois

Ajudar a criança a construir um bom caráter é a mesma coisa que ajudá-la a desenvolver sua consciência do erro e do acerto. Caráter e consciência expressam a visão que ela possui de si mesma e aproxima-se muito do sentimento de autoestima. É por essa razão que a educação do caráter é importante (ANTUNES, 2005, p. 53).

É no lar, no convívio familiar que a criança desenvolve o seu caráter. É neste

ambiente que ela aprende o que é certo ou errado, adquiri valores morais e éticos

que possibilitarão a ela conviver em sociedade, por isso os pais devem dar a

máxima atenção para esta parte tão importante no processo de desenvolvimento da

criança.

De acordo com o relato de uma professora

Os pais que realmente são compromissados com a educação dos filhos, são participativos, acompanham o desenvolvimento deles, seja através de tarefas escolares, provas, atividades extraclasse, etc. Esses alunos apresentam um bom resultado no processo ensino-aprendizagem. Já os filhos dos pais que não participam da vida escolar, manifestam pouco interesse em aprender, o rendimento é baixo, são alunos problemáticos e que constantemente não conseguem avançar significativamente em seus estudos. (Maria de Fátima7).

Sem dúvida, a diferença é nítida quando há a participação da família na

educação do filhos. Entretanto, existem muitos pais que se queixam que não

possuem tempo para estarem com os filhos, pois o trabalho e outras atividades

acabam tomando boa parte deste. Para tais, que argumentam dizendo:

Não tenho tempo para me dedicar à instrução de meus filhos. Não tenho tempo para divertimentos sociais e familiares‖. Então você não deveria ter assumido a responsabilidade de uma família. Privando-os do tempo que lhes pertence por direito, está roubando deles a educação que deveriam receber dos pais. Se você tem filhos, tem uma obra a fazer, em união com a mãe, não formação do caráter deles. (WHITE, 2017, p. 81).

7 Todos os nomes aqui mencionados são fictícios e não representam a verdadeira identidade das

pessoas. (Nota do autor).

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Os pais precisam reservar um tempo para estarem com os filhos, mesmo

possuindo outros compromissos, pois ao fazer isso eles estarão contribuindo,

principalmente para sua formação educacional, bem como para que a criança

adquira valores que não são repassados em nenhum outro lugar a não ser no

ambiente familiar. Como bem colocou Fukuda (2013),

A família é uma instituição que possui múltiplas funções. Função remete ao significado de desempenhar algo, um dever ou tarefa e dessa forma, a família tem por obrigação cumprir pleitos que são impingidos na sua formação. Uma dessas principais tarefas é a inserção da criança na sociedade, através da herança de valores estabelecidos como cultura, afetividade, valores e educação. (p. 19)

É preciso que as famílias compreendam quais são as suas responsabilidades

em relação aos seus filhos, como foi colocada acima. Não restam dúvidas de este

ambiente deve propiciar aos seus membros uma formação tanto de valores, como

educacional para que os mesmos sejam cidadãos que venham, não somente viver

em sociedade, mas também a contribuir com ela.

Entretanto, nem todas as famílias veem a formação de seus membros como

uma responsabilidade que mereça a atenção. Muitas consideram a educação como

algo secundário, que só receberá atenção se restar tempo em suas agendas. Foi o

que mostrou a pesquisa de campo realizada para o desenvolvimento deste trabalho.

Nela verificamos que uma parcela dos pais aos quais foi aplicado os questionários

não se envolvem na vida educacional dos filhos e dão pouco importância para a

aprendizagem da criança. Segundo o relato de uma das professoras entrevistadas,

A formação do aperfeiçoamento e desenvolvimento das faculdades humanas depende da educação, seja ela formal ou informal. Porém, escola, professor e família precisam caminhar juntos nesse processo. A escola é o estabelecimento onde se ministra o ensino formal, o professor é quem transmite esses conhecimentos, mas a família é a base onde tudo começa. Portanto, é responsabilidade dos pais, da escola e dos professores educar. Tem que haver uma sintonia nesse processo de educação, pois um complementa o outro. Os pais jamais devem achar que não têm responsabilidades sobre a educação dos filhos, muito pelo contrário, eles precisam ajudar e contribuir na formação de seus filhos, participando do processo ensino-aprendizagem. (Maria de Fátima).

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Como observamos nas palavras da professora, para que um ser humano

atinja o desenvolvimento das suas faculdades ele depende da educação e para que

ele tenha acesso a uma boa educação, família, escola e professores precisam se

unir e trabalhar em cooperação para que os objetivos sejam alcançados. Ainda mais,

como bem frisou a professora, a escola tem um papel muito importante na vida uma

criança, porém a família é o principal fundamento da mesma e nunca deve achar

que não obrigações na educação de seus membros. De acordo com Icami Tiba

[...] a família teria a responsabilidade pela formação do indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para sempre filhos e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados às instituições de ensino que frequentam. (TIBA, 2002, p. 111).

É inquestionável que a família detêm a maior responsabilidade pela formação

dos seus membros. Paralelamente a isso, no questionário que foi aplicado aos pais

foi afirmado, segundo a visão dos autores que discutem o tema da relação família-

escola, que a presença da família no ambiente escolar exerce uma influência muito

grande no processo de ensino-aprendizagem da criança. Sendo assim, determinada

mãe que respondeu ao questionário e que concordou com a afirmação também

justificou dizendo que

A presença dos pais na formação educacional dos filhos é imprescindível, uma vez que cabe aos pais e/ou responsáveis ensinar e repassar valores, para que assim a criança possa ter uma formação educacional de melhor e mais significativa para sua vida cidadã. (Maria dos Anjos8).

Neste sentido, a relação família-escola foi avaliada pelos pais de forma

positiva, muitos consideram esta relação de grande valor para a aprendizagem dos

filhos. O gráfico abaixo representa as respostas dadas aos pais em relação ao que

foi colocado.

8 Todos os nomes aqui mencionados são fictícios e não representam a verdadeira identidade das

pessoas. (Nota do autor).

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100%

0% 0% 0%

Concordo com a afirmação

Discordo da afrimação

Concordo em parte

Não sei responder

Na representação do gráfico temos 100% dos pais que foram entrevistados

concordando de que a presença dos pais no ambiente escolar exerce uma influencia

muito grande no processo de ensino-aprendizagem dos filhos. No entanto, alguns

pais, apesar de responderem positivamente em relação ao que foi perguntado, na

prática eles não cumprem. Isto foi possível observar durante a aplicação dos

questionários, pois determinados pais nem se quer se deram ao trabalho de

responder as perguntas de cunho discursivo do questionário, além do mais, alguns

não cumprem com as suas obrigações em relação a educação dos filhos. Isso nós

constamos pela escrita de um dos alunos que apresenta uma caligrafia pouco

desenvolvida e com grandes dificuldades de compreensão para quem ler. Segundo

Smith e Strick (2007, p. 31)

O ambiente doméstico exerce um importante papel para determinar se qualquer criança aprende bem ou mal. Um imenso conjunto de pesquisas tem demonstrado que um ambiente estimulante e encorajador em casa produz estudantes adaptáveis e muito dispostos a aprender, mesmo entre crianças cuja saúde ou inteligência foi comprometida de alguma maneira.

Fonte: O autor

GRÁFICO 2. SOBRE A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM

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No caso da criança mencionada acima podemos perceber que o ambiente

familiar no qual ela está inserida não promove, nem tão pouco estimula a

aprendizagem da mesma, vindo com isto a termos o reflexo do seu aprendizado na

sua própria escrita.

No relato de uma das entrevistadas, e que condiz com esta situação em que

muitos pais não dão muita importância para a educação dos filhos, é dito o seguinte:

Infelizmente esta ainda é uma realidade de nossas escolas públicas, no entanto, na escola, tentamos transformar esta realidade através de formação, palestras, plantões pedagógicos e conversas com a família, para que as mesmas percebam suas responsabilidades na educação de seus filhos. Os pais precisam tomar ciência que a escolarização é uma parte da educação. (Professora Manuela9).

Sem dúvida alguma, é muito preocupante esta situação, principalmente na

escola, onde muitas famílias acabam isentando-se do dever de educar, mas como

foi colocado pela professora da escola na qual a pesquisa foi desenvolvida, eles

tentam mudar um pouco esta situação por meio de muitos eventos na tentativa de

aproximar mais os pais da vida escolar dos filhos.

Dando continuidade a análise dos questionários foi perguntado aos pais de

que forma eles podem contribuir com a formação educacional dos filhos. Alguns

responderam que umas das formas de contribuir a educação dos filhos é

acompanhando os mesmos na escola, ajudando-os com os deveres solicitados

pelos professores, participando das reuniões, além, claro, ―ensinado boas maneiras

e respeito, e sobre tudo sobre o que é certo e o que é errado‖ (Suzane10), como foi

colocado por esta mãe. Além disso, outra forma de contribuir, com foi relatado por

esta outra mãe é

Dando toda assistência necessária em casa e, também, indo à escola para desenvolver uma boa parceria entre família e escola, já que a escola escolariza e a família educa e, ambas têm sua função e contribuição no processo de construção do aprendizado da criança. (Maria dos Anjos).

Outra questão colocada foi em relação as dificuldades encontradas em

acompanhar os filhos durante sua formação educacional. Nesta, as respostas se

9 Todos os nomes aqui mencionados são fictícios e não representam a verdadeira identidade das

pessoas. (Nota do autor). 10

Idem.

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50%

33,33%

0%

16,67%

Sempre

As vezes

Nunca

Outros

divergiram, pois alguns responderam que trabalham o dia todo e não possuem

tempo disponível. Outros argumentaram que trabalham fora e também em suas

residências, porém pagam externato para os filhos, além disso, eles ainda disseram

que possuem um tempo reservado para estarem em família para que possam

acompanhar os estudos dos filhos e ver como anda o aprendizado deles. Já outros

pais não souberam responder a pergunta.

Ainda na análise dos questionários foi perguntado aos pais se eles participam

das reuniões quando são solicitados. Sendo assim o gráfico abaixo nos mostra as

respostas dadas pelos mesmos.

O gráfico nos mostra que 50% do total de pais a quem o questionário foi

aplicado responderam que sempre participam das reuniões quando solicitados,

contudo, 33,34% disseram que as vezes participam e estes justificaram que muitas

vezes dependem do horário de trabalho. Já 16,67% responderam que começaram a

frequentar as reuniões a pouco tempo.

Prosseguindo, indagamos a eles ainda em relação as atividades extras que

os professores mandam e se os mesmos ajudam seus filhos em casa a resolverem e

a quase todos os pais responderam que ajudam seus filhos nestas atividades.

Fonte: o autor

GRÁFICO 3. SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NAS REUNIÕES

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Somente uma que relatou que as vezes ajuda e justificou dizendo o seguinte:

―porque eu deixo eles tentarem sozinho, quando não conseguem eu vou e ajudo e

gosto dessas atividades extras‖. (Socorro11).

Neste sentido, percebemos que os pais, a grande maioria que participou da

pesquisa, ajudam os seus filhos nas atividades extras. De fato, isto realmente deve

acontecer, pois os pais são os maiores incentivadores de seus filhos, não somente

na vida escolar, mas em todos os aspectos da vida deles, além do mais, isso é

comprovado por qualquer professor, pois a ajuda deles nesse processo faz toda a

diferença no desenvolvimento do aluno.

Ao analisar os questionários observamos que a escola investigada oportuniza

aos pais mecanismos para estreitar o relacionamento entre a escola e a família, o

que fica evidente nos relatos abaixo:

A escola sempre esteve de braços abertos oferendo aos pais possibilidades em participar da vida escolar dos filhos, esses são oferecidos através de reuniões para expor o rendimento escolar do aluno, através de dinâmicas ofertadas pelos projetos da sala de leitura, o Mais Educação, o PROERD12, etc. (Professora Maria de Fátima)

Segundo a fala da professora, a escola sempre permitiu e permite que os pais

participem da vida educacional dos filhos, dando a eles os meios necessários para

que isso de fato ocorra. E complementando o que foi dito, os meios que a escola

utiliza para aproximar os pais é ―Através de eventos, palestras, reuniões, plantões

pedagógicos, formação e através do Conselho Escolar.‖ (Professora Manuela), com

já mencionamos aqui.

Segundo Ribeiro (2011, p. 19)

A escola e a família enquanto instituições sociais que se relacionam de maneira permanente e dinâmica no processo de desenvolvimento dos indivíduos devem estabelecer meios de cooperação, para que tal processo ocorra de maneira efetiva em suas diferentes esferas: física, social, intelectual e emocional.

Não restam dúvidas de que as relações que estas duas instituições

estabelecem é fundamental para o processo de desenvolvimento do indivíduo, por

11

Todos os nomes aqui mencionados são fictícios e não representam a verdadeira identidade das pessoas. (Nota do autor). 12

Programa Educacional de Resistência às Drogas.

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60

isso faz-se necessário que as mesmas busquem formas de cooperação que fará

diferença não somente para o processo educacional do indivíduo, mas em todos os

aspectos do mesmo.

Ainda no relato das professoras, foi dito que ―A escola tem oferecido reuniões,

culminância de projetos bimestrais, plantões pedagógicos, momentos de lazer. Vale

ressaltar que a participação da família dentro da escola não é de excelência‖.

(Professora Viviam).

Ou seja, pelos relatos das professoras que atuam na escola investigada todos

o meios possíveis são utilizados para aproximar a família da escola e da vida

educacional de seus membros, contudo, mesmo com todos esses recursos que a

escola utiliza muitas famílias não participam

Na última questão foi questionado aos pais se a escola em que os filhos deles

estudam promove ou incentiva a participação deles na escola e de que maneira isso

é feito. E quase todos os pais disseram que sim, ela não só promove, como também

incentiva a participação por meio de reuniões, de palestras, programações, como

Festa Junina, Dia das Mães, dentre outros eventos, além disso, foi descrito por uma

das entrevistadas que o local onde sua filha estuda é

Uma ótima escola com ótimos professores, sempre eles falam que é obrigatório a presença dos pais na reunião estão sempre atentos as crianças e a tudo o que tem a ver na escola. São excelentes, sem dúvida! (Judite13).

Em comparação com o que os professores responderam em relação ao

incentivos dos pais na escola, podemos perceber que os pais admitem que escola

promove a participação deles, por meio de muitos eventos que a mesma realiza.

Contudo, ao mesmo tem em que eles afirmam isso, eles acabam entrando em

contradição com que a escola diz, pois de acordo com os professores e gestores,

pois nem todos os pais vão estão presentes na vida educacional dos filhos. É o que

constata um pergunta feita aos professores sobre os pais dos alunos vão a escola

conversar com vocês sobre como está o filho na escola. O gráfico abaixo nos mostra

as respostas que foram dadas.

13

Todos os nomes aqui mencionados são fictícios e não representam a verdadeira identidade das pessoas. (Nota do autor).

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61

0%

75%

25%

Sempre

As vezes

Nunca

Dos professores que foram entrevistados, 75% responderam que os pais vão

as vezes a escola conversar com eles ou a direção para saber sobre como o filho

está na escola. Já 25% disseram que eles nunca vão, além disso foi perguntado se

os pais vão à escola conversar com eles sobre os conteúdos curriculares que são

abordados durante o ano ou sobre o desenvolvimento da aprendizagem dos filhos.

Em relação a isto os professore se dividiram nas respostas, 50% disseram que

nunca vão e os outros 50% responderam que as vezes.

Como os dados da pesquisa mostraram, quando o assunto se trata em fazer

o acompanhamento do filho na escola, conversar com os professores sobre a

criança ou sobre os conteúdos curriculares, muitas famílias não fazem isso e quando

fazem é com pouco frequência ou regularidade. E Isso de alguma forma cria um

cenário de preocupação e alerta, pois muitas famílias não consideram a educação

dos seus membros importante.

Outro dado que chamou a atenção na pesquisa realizada, foi que daqueles

que foram entrevistados, que no total foram seis, e que se dispuseram a participar

da pesquisa, todos eram mulheres, ou seja, no que se refere ao envolvimento na

vida escolar dos filhos, as mães se mostram mais dispostas a fazer isso.

GRÁFICO 4. SOBRE SE OS PAIS VÃO CONVERSAR COM O PROFESSORES

Fonte: o autor

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Talvez este fato esteja relacionado ao fato de vivermos em um sociedade

ainda muito machista, onde a figura do homem aparece como o provedor da família,

aquele que tem obrigação de suprir todas as necessidades da mesma, enquanto

que a figura mulher aparece mais como a dona de casa e responsável por todos os

serviços relacionados ao seu lar, inclusive pela formação educacional do seus filhos.

Contudo, é importante dizer que ambos possuem responsabilidades para com

a formação educacional dos seus filhos, bem como para os outros aspectos da vida

criança. A desculpa de o pai ou mãe trabalharem nunca deve ser usado como

justificativa para se ausentar das obrigações que sobre eles recai. É preciso que

eles entendam que a sua participação na vida escolar dos filhos desempenha um

papel muito grande.

Além do mais, eles precisam se unir junto a escola para criarem laços de

cooperação e usar todos os esforços possíveis para oferecerem a criança uma boa

educação e um bom desenvolvimento de todos os aspectos da sua vida, pois, sem

esta relação entre estas duas instituições, podemos dizer que o processo de ensino-

aprendizagem de nossas crianças fica de alguma maneira comprometido.

Segundo Parolim (2003)

[...] tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela necessita da família para concretizar o seu projeto educativo. (p. 99).

Desta maneira, mais uma vez ressaltamos aqui a importância desta parceria

para o processo educacional de crianças. Não há como pensarmos nestas duas

instituições separadas, não unindo as forças a formação de cidadãos que

certamente podem contribuir e muito na sociedade na qual estão inseridos. Como foi

citado pela autora, família e escola possuem particularidades que as diferenciam,

mas todas miram um único objetivo: que é formar crianças para este mundo. Sendo

assim, reiteramos a importância desta relação na atualidade para a educação.

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3.4. OS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS NA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

A sociedade atual está completamente envolvida no mundo das tecnologias.

Se analisarmos bem ao nosso redor veremos que ela se faz presente em quase tudo

que conhecemos ou usamos.

Porém, o que poderia ser um beneficio para a humanidade, passou também a

ser um problema para muita gente. Quando nos referimos a problema não tem nada

relacionado com o fato de não saber usar ou manipular tais tecnologias. O problema

está, além disso.

Reconheçamos, o mundo tecnológico encurtou as distâncias que existiam

entre as pessoas. Antigamente para se chegar ao outro lado do planeta, muitas

vezes as viagens demoravam semanas ou até mesmos meses. Hoje tal percurso é

feito dentro de horas.

Contudo ao mesmo tempo em que encurtou as distâncias entre um lado e

outro do mundo, esta acaba distanciando as famílias. Não existe mais o contato

direto entre os membros da mesma. Tudo hoje está se resolvendo por meio dos

aparelhos eletrônicos. E é aqui que mora o problema, pois as pessoas estão cada

vez mais envolvidas com as tecnologias. E o uso dos aparelhos eletrônicos e da

internet rouba delas aquilo que as mantêm viva: o relacionamento pessoal, o

diálogo, etc.

Segundo Pedroso e Bonfim (2017, p. 4),

A tecnologia, por si só, não faz mal a ninguém; o que prejudica é o uso excessivo e descontrolado dela, especialmente por parte dos adultos, trazendo prejuízos irreparáveis na vida das crianças. O ambiente familiar tem que ser baseado na afetividade, necessita de demonstrações de carinho e atenção, para que pais e filhos construam um laço fraterno, para que se edifique uma sociedade com crianças saudáveis, bem-cuidadas e seguras para os desafios do dia a dia.

Em outras palavras, fazer o uso das tecnologias no mundo que vivemos

atualmente é necessário para muitas que tarefas que precisamos realizar durante o

dia, porém o que deve ser evitado é o uso sem controle, principalmente dentro o

ambiente familiar, onde os laços precisam ser formados e firmados a cada momento.

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Além disso, as famílias não sentam mais para conversar. O diálogo entre pais

e filhos que antes existia está acabando, muitos nem dão mais importância para os

momentos em família, como bem colocou Pedroso e Bonfim (2017, p. 2):

A sociedade tem vivido, nos últimos anos, uma grande mudança no âmbito familiar. Uma das causas dessa mudança está ligada à utilização intensiva e sem limites da tecnologia, principalmente com o uso exagerado das redes sociais. Esse excesso traz prejuízos para o convívio entre pais e filhos. Hoje é visível a ausência dos pais na vida dos filhos que, mesmo estando presentes fisicamente no mesmo lar, não estão, de fato, presentes na vida um do outro, pois cada membro está com seu aparelho tecnológico, o que causa o distanciamento familiar.

Sem dúvida alguma, o impacto das tecnologias no ambiente familiar acabou

alterando o relacionamento entre os seus membros. Pais e filhos já não conversam

mais, não há aquele diálogo aberto para saber como filho anda na escola ou quais

os problemas que ele está enfrentando. Assim,

O diálogo é fundamental para a relação familiar e consequentemente para construção de uma sociedade, com crianças que compreendam seu papel no mundo, e essa responsabilidade de demonstrar para as crianças como devem se portar diante das situações, é dos pais, que devem dispor de seu tempo para o convívio, ao lado dos filhos (PEDROSO E BONFIM, 2017, p. 4).

De fato, sem diálogo não há como construir uma boa relação. Sem diálogo, as

pessoas acabam se tornando prisioneiros em seus mundos. E dentro de um convívio

familiar tal comportamento é muito prejudicial para todos os membros que a

compõem, pois gera um distanciamento entre eles o que certa forma abre portas

para muitos conflitos.

Anjos (2016) explicita seus pressupostos dizendo que na sociedade atual há

um conflito entre tecnologia e família. Para ela, o fundamento dos relacionamentos

vem se dando por meio de um simples toque em uma tecla de aparelhos eletrônicos,

as conversas estão se tornando raras, não há mais afetividade entre as pessoas, as

palavras estão sendo sintetizadas por encurtamentos e elas acreditam que esse

toque na tecla contribui naquilo que hoje juram não ter: disponibilidade, simplicidade,

diligência e acomodação fazem parte dessa corrida.

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Inclusive, faz-se importante mencionar, conforme discorre Carvalho (2002),

que muitas expectativas existem relacionadas à família e que muitas ainda se fazem

enraizadas, pois o que se espera de uma família é que ela ―produza cuidados,

proteção, aprendizado dos afetos, construção de identidade e vínculos relacionais

de pertencimento, capazes de promover melhor qualidade de vida a seus membros.‖

(p. 15).

Além disso, conforme reforça Kaloustian (2011)

A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência de desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros, independente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade (p.12).

Conforme foi exposto, a família se configura como o espaço onde a pessoa

encontra não somente carinho, algo imprescindível em uma relação, mas como

também subsídios materiais, além do mais, ela exerce uma função muito importante

na formação educacional do individuo, seja esta formal ou informal. Acrescenta-se

também que é neste ambiente que se adquiri valores que vão nos acompanhar

durante a vida.

No entanto, como já vem sendo mencionado aqui, a tecnologia vem roubando

uma parcela da função da família na formação e desenvolvimento da pessoa. Isto de

certa maneira preocupa, pois o ambiente que é o maior responsável pela formação

de um indivíduo se encontra envolto em um mundo tecnológico que na maioria das

vezes consome parte do tempo que as famílias têm para repassar saberes que

nenhum outro ambiente pode repassar.

Assim sendo, acreditamos que a tecnologia tem um lugar muito importante na

sociedade atual, nos ajudando e contribuindo para o nosso dia a dia, porém ela

jamais deve tirar o papel da família no processo de ensino-aprendizagem, pois esta

instituição é a principal responsável pela formação dos seus membros e a base

destes.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a concretização deste trabalho, cujo objetivo foi analisar o papel da

família e da escola no processo de ensino-aprendizagem, constatamos que na

Escola Comandante Germano, onde desenvolvemos a Pesquisa de Campo a

relação família-escola apresenta algumas dificuldades, onde as famílias devem

envolver-se na educação dos seus filhos, contribuindo desta maneira com o

processo da formação educacional dos mesmos, porém existem famílias que não

participam ativamente desse processo, mesmo que a escola viabilize as ferramentas

necessárias à participação.

Além do mais, por meio das entrevistas verificamos que mesmo que os pais

tenham respondido que participam da educação dos filhos ou que compreendem a

importância desse processo para o desenvolvimento da criança, ainda sim

observamos que existe uma parcela considerável que não participa da vida escolar

dos filhos e não se envolve de forma alguma na vida educacional da criança,

passando muitas vezes a visão de que a educação não importa.

Ressalta-se ainda, que a maioria das crianças que foram entrevistadas veem

de forma positiva a participação da família na escola e disseram que a relação que

ela mantem com a escola contribui para o processo de ensino e aprendizagem

deles. Muitos veem seus pais como modelos a ser seguidos, por isso muitos

esperam que eles se envolvam na vida educacional deles.

A pesquisa também mostrou que os professores compreendem também a

importância da participação da família na escola e a mesma promove atividades,

ações para estreitar os laços e aproximar a família do ambiente escolar. Também na

análise dos questionários que foram aplicados para os pais verificamos que uma

parte desses pais participa, está envolvida, porém aqueles que não participam, as

crianças apresentam de alguma forma dificuldades na escola, como pouca leitura,

escrita mal desenvolvida, bem como problemas em assimilar os conteúdos que são

repassados pelos professores.

Diante da realidade observada acreditamos que a família e a escola precisam

estar próximas, estabelecer laços para que a aprendizagem das crianças seja

significativa, que a escola possa se aproximar mais do cotidiano dos alunos, assim

como a família se aproximar do cotidiano da escola, pois verificamos que quando a

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família não participa ativamente do processo educacional isso contribui para o baixo

desenvolvimento das crianças.

Além disso, podemos dizer, que para que o processo educacional alcance

seus objetivos, ou seja, para que ele cumpra o seu dever na formação da criança é

preciso que haja, não digamos somente uma cooperação, mas como também uma

coparticipação entre a família e a escola, pois quando existe esta coparticipação

entre elas, sem dúvida o desenvolvimento educacional da criança é notório, pois

duas instituições estão trabalhando para que ela consiga desenvolver todo o seu

potencial cognitivo.

Mediante o exposto, acreditamos que a educação de crianças e adolescentes

depende e muito da relação família-escola. No entanto esta relação na atualidade

possui algumas desafios que precisam ser superados, pois o que deveria ser uma

relação onde uma complementa a outra, o que acaba acontecendo é a inversão de

valores no processo de ensino-aprendizagem, onde a escola e professores muitas

vezes assumem responsabilidades que não dizem respeito a seu oficio na educação

dos filhos e a família que deveria ser a principal responsável, em muitas casos

isenta-se deste dever, o que faz com que a escola se sobrecarregue.

Sendo assim, concluímos dizendo que a família precisa compreender qual é o

seu papel na formação educacional dos filhos, papel este que nenhuma outra

instituição pode exercer, pois é neste ambiente que qualquer ser humano dá os seus

primeiros passos, adquiri valores e princípios que são fundamentais para sua

formação e que nortearão sua conduta e comportamento na sociedade na qual está

inserido e que criará as bases para a educação que a criança vir a receber na escola

de seus professores.

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REFERÊNCIAS

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PEDROSO, Cláudia Maria dos Santos; BONFIM, Evandro Luiz Soares. O impacto da tecnologia no ambiente familiar e suas consequências na escola. E-FACEQ: Revista dos Discentes da Faculdade Eça de Queirós, Ano 6, Número 10, agosto de 2017. RIBEIRO, Laís Souza. A participação da família na vida escolar dos filhos. 2011. 92f. Monografia (Licenciatura em Pedagogia). Universidade de Brasília – UnB, Brasília, 2011. SEVERINO, Antônio Joaquim, 1941 – Metodologia do trabalho científico/Antônio Joaquim Severino. – 23. ed. rev. e atual. – São Paulo: Cortez, 2007. SILVA, Maria de Lourdes Garcêz da; CAVALCANTE, Luciana Matias. Relação família/escola: as contribuições da família no processo pedagógico vivido na educação infantil. 2012. 15p. Artigo científico apresentado IV Fórum Internacional de Pedagogia. ed. Realize. Campina Grande, 2012. SMITH, Corinne. Dificuldades de aprendizagem de A a Z: um guia completo para pais e educadores [recurso eletrônico] / Corinne Smith, Lisa Strick ; tradução Dayse Batista. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2007. TIBA, Içami. Disciplina na medida certa. Novos paradigmas. São Paulo: Integrare. 2002 .17 p. ___________. Ensinar aprendendo: novos paradigmas da educação. 18 ed. São Paulo: Integrare Editora, 2006. WHITE, Ellen G., 1827-1915. Orientação da criança: como ensinar seu filho no caminho em que deve andar/Ellen G. White; tradução de Carlos A. Trezza – Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014. ___________. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes. Ellen G. White; tradução de Carlos A. Trezza – Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2017.

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ANEXOS

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QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO

CATEGORIA: PAIS

Prezado (a) entrevistado (a),

Este questionário é o instrumento da pesquisa de campo – Família e Escola:

os valores invertidos no processo de ensino e aprendizagem – elaborada pelo

discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia, Joelson Soares Gaia, sob a

orientação da Profª. Ms. Francisca Ribeiro, da Faculdade de Educação e Tecnologia

da Amazônia. A sua participação é fundamental para o sucesso desta pesquisa.

NOME:___________________________________IDADE:_____SEXO:______

QUESTIONÁRIOS AOS PAIS:

1. Muitos autores afirmam que a presença dos pais, na formação educacional dos

filhos, exerce uma influência muito grande neste processo. Qual sua opinião

sobre o assunto?

( ) Concordo com a afirmação

( ) Discordo da afirmação

( ) Concordo em parte

( ) Não sei responder

Justifique sua resposta:

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2. Como vocês avaliam a relação família-escola?

( ) Positiva

( ) Negativa

( ) Não sei responder

3. De que forma vocês pais, podem contribuir com a formação educacional dos

filhos?

4. Quais as maiores dificuldades encontradas em acompanhar os filhos durante sua

formação educacional?

( ) Trabalho o dia todo e não possuo tempo disponível

( ) Não vejo necessidade para tal tarefa

( ) Só a escola possui esta responsabilidade

( ) Não sei responder

( ) Outros:_____________________________

5. Vocês participam das reuniões quando solicitados?

( ) Sempre

( ) As vezes

( ) Nunca

( ) Outros:_____________________________

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6. Muitos professores mandam atividades extras para que os alunos resolvam em

casa. Vocês ajudam seus filhos nestas atividades solicitadas?

( ) Sempre

( ) As vezes

( ) Nunca

( ) Outros:_____________________________

Justifique sua resposta:

7. Você considera que a escola em que seu/sua filho/a estuda promove ou incentive

a participação dos pais na escola? Como?

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QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO

CATEGORIA: ALUNOS

Prezado (a) entrevistado (a),

Este questionário é o instrumento da pesquisa de campo – Família e Escola:

os valores invertidos no processo de ensino e aprendizagam – elaborada pelo

discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia, Joelson Soares Gaia, sob a

orientação da Profª. Ms. Francisca Ribeiro, da Faculdade de Educação e Tecnologia

da Amazônia. A sua participação é fundamental para o sucesso desta pesquisa.

NOME:___________________________________IDADE:_____SEXO:______

QUESTIONÁRIOS AOS FILHOS:

1. A presença dos pais na escola é fator determinante na vida educacional dos

filhos, como vocês avaliam esta relação?

( ) Contribui na minha formação

( ) Não contribui na minha formação

( ) Contribui, mas não é o fator determinante

( ) Não sei responder

2. De que forma seus pais podem exercer, de modo satisfatório, seu papel na sua

formação educacional?

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3. Seus pais os ajudam com orientações e tarefas solicitadas pelos professores?

( ) Sempre ajudam

( ) Ajudam só as vezes

( ) Nunca ajudam

4. Seus pais olham seus boletins ao final do ano e conversam com vocês sobre as

notas?

( ) Sempre

( ) As vezes

( ) Nunca

5. Em que situações ou momentos seus pais participam dos eventos e

programações da escola?

6. A escola incentiva a participação das famílias? Como?

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QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO

CATEGORIA: PROFESSORES

Prezado (a) entrevistado (a),

Este questionário é o instrumento da pesquisa de campo – Família e Escola:

os valores invertidos no processo de ensino e aprendizagem – elaborada pelo

discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia, Joelson Soares Gaia, sob a

orientação da Profª. Ms. Francisca Ribeiro, da Faculdade de Educação e Tecnologia

da Amazônia. A sua participação é fundamental para o sucesso desta pesquisa.

NOME:___________________________________IDADE:_____SEXO:______

TEMPO DE ATUAÇÃO NA DOCÊNCIA: ________

QUESTIONÁRIO AOS PROFESSORES:

1. Muitos pais acreditam que não tem nenhuma responsabilidade sobre a

educação dos filhos e acabam jogando todo essa tarefa para a escola e os

professores, ficando assim isentos de qualquer dever. Tendo por base a

afirmação acima, como vocês julgam esta realidade tão presente em nossos

dias?

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2. Muito tem se discutido sobre a influência que a presença dos pais gera na

formação educacional dos filhos. Cientes disso, qual a diferença que vocês

percebem entre aqueles alunos em que os pais os acompanham e aqueles que

não recebem nenhum acompanhamento da família na escola?

3. De que maneira a escola, juntamente com os professores, podem estreitar a

relação família-escola?

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4. Os pais dos alunos vão a escola conversar com vocês sobre como está o filho

na escola?

( ) Sempre

( ) As vezes

( ) Nunca

5. Escola e professores têm promovido mecanismos para estreitar a relação

família/escola?

( ) Sempre

( ) As vezes

( ) Nunca

6. Quais mecanismos a escola oferece aos pais para possibilitar a participação dos

mesmos na vida escolar dos filhos?

7. Os pais vem à escola conversar com vocês sobre os conteúdos curriculares que

são abordados durante o ano ou sobre o desenvolvimento da aprendizagem dos

filhos?

( ) Sempre

( ) As vezes

( ) Nunca