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FARMACIA DA FAMÍLIA: uma proposta para a Gestão da Assistência Farmacêutica RECIFE 2008 FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde Cleonilda Correia de Queiroz Maria Nelly Sobreira de Carvalho Barreto Meire Lúcia Medeiros Coutinho Sueli Ribeiro de Albuquerque

FARMACIA DA FAMÍLIA: uma proposta para a Gestão da Assistência Farmacêutica · (Carta de Brasília apresentada no VIII Simpósio sobre Política Nacional de Saúde em junho de

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  • FARMACIA DA FAMLIA:

    uma proposta para a Gesto da Assistncia Farmacutica

    RECIFE

    2008

    FUNDAO OSWALDO CRUZ

    CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHES

    Especializao em Gesto de Sistemas e

    Servios de Sade

    Cleonilda Correia de Queiroz

    Maria Nelly Sobreira de Carvalho Barreto

    Meire Lcia Medeiros Coutinho

    Sueli Ribeiro de Albuquerque

  • Cleonilda Correia de Queiroz

    Maria Nelly Sobreira de Carvalho Barreto

    Meire Lcia Medeiros Coutinho

    Sueli Ribeiro de Albuquerque

    FARMACIA DA FAMLIA:

    uma proposta para a Gesto da Assistncia Farmacutica

    Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Gesto de Sistemas e Servios de Sade do Departamento de Sade Coletiva do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhes, Fundao Oswaldo Cruz para obteno do ttulo de Especialista em Gesto de Sistemas e Servios de Sade.

    Orientadora

    Pricila Melissa Honorato Pereira

    RECIFE

    2008

  • Catalogao na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhes

    F233 Farmcia da famlia: uma proposta para a Gesto da Assistncia Farmacutica/ Cleonilda Correia de Queiroz... [et al.] Recife: Os autores, 2008. 67 f.: il.

    Monografia (Especializao em Gesto de Sistemas e Servios de Sade) Departamento de Sade Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhes, Fundao Oswaldo Cruz.

    Orientadora: Pricila Melissa Honorato Pereira.

    1. Assistncia Farmacutica. 2. Servios Comunitrios de Farmcia. 3. Farmcia. Pereira, Pricila Melissa Honorato. II. Ttulo.

    CDU 615

  • Cleonilda Correia de Queiroz

    Maria Nelly Sobreira de Carvalho Barreto

    Meire Lcia Medeiros Coutinho

    Sueli Ribeiro de Albuquerque

    FARMACIA DA FAMLIA:

    uma proposta para a Gesto da Assistncia Farmacutica

    Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Gesto de Sistemas e Servios de Sade do Departamento de Sade Coletiva do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhes, Fundao Oswaldo Cruz para obteno do ttulo de Especialista em Gesto de Sistemas e Servios de Sade.

    Data de aprovao: 26/05/2008

    BANCA EXAMINADORA

    ________________________________

    Ms. Pricila Melissa Honorato

    Centro de Pesquisas Aggeu Magalhes/Fiocruz

    ________________________________

    Ms. Jos de Arimatia Rocha Filho

    Secretaria de Sade do Estado de Pernambuco

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, por estar presente em nossas vidas, nos desafios, nos momentos

    de dificuldades, nas vitrias, enfim, em toda nossa trajetria, conduzindo-nos e

    fazendo-nos crer que com o seu CONSENTIMENTO e seu AMOR INFINITO, tudo

    possvel.

    As nossas famlias, razo maior da nossa existncia, por estarem sempre

    torcendo e se alegrando com as nossas conquistas. Gratas ficamos pela

    compreenso, pacincia, fora e carinho que nos impulsionou a perseguir o nosso

    ideal.

    A Secretaria Municipal de Sade de Recife e Moreno e direo do HEMOPE

    por ter nos favorecido essa grande oportunidade de engrandecimento profissional.

    Ao Prefeito do Recife, Joo Paulo, pela credibilidade depositada e deciso

    de realizar o Programa Farmcia da Famlia.

    A toda equipe envolvida na realizao do referido Programa, em especial,

    Evaldo Melo - Ex -Secretrio de Sade da Prefeitura da Cidade do Recife, Tereza de

    Jesus Campos Neta - Secretria Municipal de Sade de Recife e Maria das Graas

    Cavalcante Diretora de Ateno Sade, pelo grande apoio e engajamento da

    equipe na sua concretizao.

    A Hermias Veloso da Silveira Filho - Gerente da Assistncia Farmacutica

    por nos subsidiar com as informaes necessrias para a realizao da Monografia

    e pelo exemplo de persistncia e perseverana para alcanar os ideais.

    Agradecemos a equipe da EMPREL pela dedicao com que abraou a

    implantao do Sistema de Controle Dispensao e Custeio da Assistncia

    Farmacutica.

    Aos farmacuticos da Prefeitura do Recife pela dedicao e colaborao

    pelo aprimoramento da Assistncia Farmacutica no nosso municpio.

    Aos que fazem a Farmcia da Famlia direta ou indiretamente, pois

    necessrio a colaborao de todos para levar adiante o sonho de favorecer uma

    melhor condio de atendimento aos menos privilegiados.

    A Pricila Honorato, nossa orientadora, pela pacincia, disponibilidade,

    ateno, considerao e, principalmente, pela contribuio terica e prtica que com

    dedicao e sabedoria nos proporcionou.

  • Ao debatedor, Jos de Arimatia Rocha Filho, Gerente da Assistncia

    Farmacutica do Estado, por aceitar nosso convite e compartilhar conosco essa

    experincia.

    A professora Eduarda Cesse pelas orientaes iniciais e pelo grande

    incentivo para que enfrentssemos com coragem e sucesso este novo desafio.

    A professora Id Gurgel pelas orientaes e sua maneira simples e didtica

    que nos impulsionou e deu confiana no momento final.

    Aos demais docentes que com dedicao nos repassaram experincias

    valiosas que contribuiro no decorrer do nosso processo de trabalho.

    A Coordenao, aos funcionrios do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhes

    e aos colegas pelo tempo de convvio e a troca de experincias.

    Agradecemos umas as outras que unidas, numa ao conjunta e solidria,

    cientes da nossa responsabilidade, procuramos nos esforar para desenvolver um

    trabalho eficiente e profcuo. Somos cientes que o compartilhar nos possibilita um

    maior crescimento e, assim, integradas realizamos este trabalho.

    E por fim, a todos que direta ou indiretamente contriburam de forma

    expressiva para realizao deste estudo.

  • Todas as propostas devem ter como objetivo principal a

    melhoria das condies de sade da populao brasileira, a

    garantia dos direitos do cidado, o respeito aos pacientes

    E a humanizao da prestao de servios.

    (Carta de Braslia apresentada no

    VIII Simpsio sobre Poltica Nacional

    de Sade em junho de 2005)

  • RESUMO

    O elevado consumo de medicamentos no Brasil, associado ao baixo poder aquisitivo da populao brasileira, um entrave para as aes de sade. Esta situao amplia a responsabilidade das trs esferas de gesto: federal, estadual e municipal, as quais cabem estabelecer mecanismos que assegurem, alm do acesso aos medicamentos, o seu uso racional. A descentralizao das aes de sade colocou os municpios brasileiros em foco no que diz respeito organizao e prestao dos servios de sade populao. No ano de 2006 o municpio do Recife comeou a investir em um projeto denominado Farmcia da Famlia, que prope uma nova forma de realizar a gesto dos medicamentos, principalmente para a ateno bsica. O presente estudo teve por objetivo descrever o processo de construo e a operacionalizao do Projeto Farmcia da Famlia na Assistncia Farmacutica da cidade do Recife-PE. A estratgia de pesquisa adotada foi descritiva. Foram utilizados documentos relativos aos seus princpios e diretrizes operacionais. Tambm foi enfocado o sistema de informao criado para auxiliar no gerenciamento dos medicamentos, o Sistema de Controle e Dispensao da Assistncia Farmacutica (SCDCAF). Os resultados demonstraram a diversidade de atores envolvidos nas etapas de construo, considerando a ampla gama de medicamentos envolvidos nos diversos programas existentes no municpio. O fluxo de distribuio dos medicamentos para populao ganhou uma nova conformao com vistas a aperfeioar a gesto dos medicamentos evitando gastos desnecessrios e aproveitando os recursos humanos capacitados. Isto foi aliado a diretrizes bsicas como distncia mnima entre a Unidade de Sade da Famlia e a Farmcia da Famlia, com vistas a garantir o acesso dos usurios aos medicamentos. O SCDCAF foi considerado uma importante ferramenta, fornecendo subsdios para a gesto da assistncia farmacutica e relevantes contribuies para as aes de sade. A amplitude do projeto ainda pequena considerando seu curto perodo de implantao. Este estudo teve carter exploratrio e aponta alguns desafios a serem perseguidos como a necessidade de ampliar o nmero de farmcias para atingir uma maior cobertura e implantao a ateno farmacutica. Assim, enfocada a necessidade de outros estudos a fim de aprofundar a anlise acerca do Projeto e sua operacionalizao no municpio. Ressalta-se a importncia da descrio das etapas de construo e implantao do mesmo, no intuito de divulgar esta experincia na rea de gesto da assistncia farmacutica na esfera municipal.

    Palavras-chave: Assistncia Farmacutica. Servios Comunitrios de Farmcia. Farmcia

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AF Assistncia Farmacutica

    ANVISA Agencia Nacional de Vigilncia Sanitria

    CP - Coordenaes dos programas

    CAPS Centro de Ateno Psicossocial

    CAPSad - Centro de Ateno Psicossocial para tratamento de lcool e outras drogas

    CEME Central de Medicamentos

    CF Constituio Federal

    CP - Coordenao de Polticas Especficas

    CONAS Conselho Nacional de Sade

    CONASEMS Conselho Nacional de Secretrios Municipais de Sade

    CSI - Coordenadoria de Sade do Interior

    DC Diretoria do Centro

    DCI Denominao Comum Internacional

    DGAS - Diretoria Geral de Ateno Sade

    DRSS - Diretorias Regionais de Sade

    DS - Distrito Sanitrio

    DGT - Diretoria de Gesto do Trabalho

    DAF - Diretoria Administrativa Financeira

    EMPREL Empresa Municipal de Informtica

    ESF Estratgia de Sade da Famlia

    FB - Farmcia Bsica

    FE - Farmcia Essencial

    FF Farmcia da Famlia

    FUNED - Fundao Ezequiel Dias

    FURP - Fundao para o Remdio Popular

    GD Gerentes Distritrais

    GAF - Grupo de Assistncia Farmacutica

    GEAF Gerncia Executiva de Assistncia Farmacutica

    GM - Gabinete do Ministrio

    GTPA - Grupo Tcnico de Planejamento e Avaliao

    HIPERDIA Programa de Controle da Hipertenso e Diabetes

  • IAFB Incentivo Assistncia Farmacutica Bsica

    IDH - ndice de Desenvolvimento Humano

    IS - ndice de Salubridade

    LBM - Lista de Medicamentos Bsicos

    LOS Lei Orgnica da Sade

    MMH Material Mdico Hospitalar

    MR Micro-regio

    MS Ministrio da Sade

    NASF - Ncleo de Apoio Sade da Famlia

    OMS Organizao Mundial de Sade

    PACS - Programa de Agentes Comunitrios de Sade

    PAF - Programa de Assistncia Farmacutica

    PFB - Programa de Farmcia Bsica

    PFE - Projeto de Farmcia Essencial

    PNAF Poltica Nacional de Assistncia Farmacutica

    PNH Poltica Nacional de Humanizao

    PNM Poltica Nacional de Medicamentos

    RENAME - Relao Nacional de Medicamentos

    RPA - Regies Poltico-Administrativas

    SAME Servio de Arquivo Mdico

    SCDCAF Sistema de Controle e Custeio da Assistncia Farmacutica

    SES - Secretaria Estadual de Sade

    SESPR - Secretaria Estadual de Sade do Paran

    SESSP - Secretaria de Estado de Sade de So Paulo

    SICLON Sistema de Controle e Logstica de Medicamentos

    SINDUSFARM - Sindicato de Indstria de Projetos Farmacuticos do Estado de So

    Paulo

    SISAFE - Sistema de Informao do Programa Formao Essencial

    SISIPAF - Sistema de informao do Programa de Assistncia Farmacutica

    SMS Secretaria Municipal de Sade

    SVS Secretaria de Vigilncia Sanitria

    SUS Sistema nico de Sade

    UBS - Unidades Bsicas de Sade

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 10

    2 MARCO CONCEITUAL 13

    2.1 Contextualizao Histrica da Assistncia Farmacutica no Brasil 14

    2.2 Poltica Nacional de Medicamentos 16

    2.3 Poltica Nacional de Assistncia Farmacutica 17

    2.4 A Organizao dos Servios de Assistncia Farmacutica na

    Ateno Bsica de Sade

    20

    3 JUSTIFICATIVA 23

    4 OBJETIVOS 26

    4.1 Objetivo Geral 27

    4.2 Objetivos Especficos 27

    5 MTODO 28

    5.1 Estratgia da Pesquisa 29

    5.2 rea do Estudo 29

    5.3 Perodo do Estudo 31

    5.4 Anlise dos Dados 31

    5.5 Aspectos ticos 31

    6 RESULTADOS 33

    6.1 Processo de Implantao da Farmcia da Famlia 34

    6.2 Princpios e diretrizes operacionais do Programa Farmcia da

    Famlia

    36

    6.3 Caractersticas do Sistema de Controle Dispensao e Custeio da

    Assistncia Farmacutica SCDCAF

    39

    7 DISCUSSO 43

    8 CONSIDERAES FINAIS 47

    REFERNCIAS 50

    ANEXOS 57

  • 10

    IINNTTRROODDUUOO

  • 11

    1 INTRODUO

    O elevado consumo de medicamentos no Brasil, associado ao baixo poder

    aquisitivo da populao brasileira, um entrave para as aes de sade. Neste

    contexto, ao longo dos ltimos 40 anos, diversas medidas foram adotadas,

    buscando estabelecer mecanismos que assegurem, alm do acesso aos

    medicamentos o seu uso racional populao brasileira.

    Em 1971 foi criada a Central de Medicamentos (CEME), e apesar de ter sido

    um importante marco na assistncia farmacutica no pas, apresentava problemas

    em relao sua forma de organizao baseada em um modelo centralizado e

    pouco articulado com a realidade dos municpios e estados. Alguns problemas

    observados foram relacionados ao mau gerenciamento e planejamento na aquisio

    e distribuio de medicamentos gerando sua falta ou excesso, alm de prazos de

    validade expirados, ocasionando desperdcios que agravaram, ainda mais, o quadro

    de inadequao da distribuio de medicamentos no pas (BERMUDEZ, 1995). A

    insatisfao dos usurios com a CEME que no conseguia equacionar suas

    complexidades resultou na sua extino.

    Em 1988, foi criado o Sistema nico de Sade (SUS), tendo como princpios

    garantir a universalidade, a eqidade, a integralidade e o controle social no

    atendimento sade. Em 1990, a Lei Orgnica da Sade (LOS), regulamentou

    esses princpios, definindo as diretrizes sobre o SUS, inclusive referenciando a

    assistncia farmacutica em seu artigo 6 que afirma (BRASIL, 1990):

    Esto includas ainda no campo de atuao do Sistema nico de Sade - SUS: I - a execuo de aes: a) de vigilncia sanitria; b) de vigilncia epidemiolgica; c) de sade do trabalhador; d) de assistncia teraputica integral, inclusive farmacutica.

    Foi nesse contexto que se buscou descentralizar as aes de assistncia

    farmacutica atravs da instaurao da Poltica Nacional de Medicamentos

    (PNM), aprovada pela Portaria GM n 3.916, de 30/10/98 (BRASIL, 1998b), definida

    pelo Ministrio da Sade (MS) como: uma poltica que tem como meta a garantia da

    necessria segurana, eficcia e qualidade dos medicamentos, bem como a

  • 12

    promoo do uso racional pela populao dos medicamentos considerados

    essenciais.

    Desde a implantao da Poltica Nacional de Medicamentos iniciativas a

    nvel estadual e municipal tm sido estimuladas pelo Ministrio da Sade, buscando

    a qualificao do gerenciamento da Assistncia Farmacutica. Desta forma, a

    Prefeitura do Recife lanou o Programa Farmcia da Famlia, com o apoio financeiro

    do Ministrio da Sade, cujo objetivo precpuo otimizar os recursos para

    assistncia integral, ampliar o acesso e favorecer o gerenciamento informatizado da

    Assistncia Farmacutica.

  • 13

    MMAARRCCOO CCOONNCCEEIITTUUAALL

  • 14

    2 MARCO CONCEITUAL

    2.1 Contextualizao Histrica da Assistncia Farmacutica no Brasil

    Os esforos para assegurar o acesso aos medicamentos populao sem

    condies econmicas para adquiri-los um grande desafio dos gestores da sade.

    Assim, segundo Cosendey et al. (2000), a Assistncia Farmacutica, como poltica

    pblica no Brasil, teve incio em 1971 com a instituio da Central de Medicamentos

    (CEME), que tinha como objetivos principais a promoo e a organizao das

    atividades de assistncia farmacutica aos estados populacionais de reduzido poder

    aquisitivo, o incremento pesquisa cientfica e tecnolgica no campo qumico-

    farmacutico, e o incentivo instalaes de fbricas de matrias primas e de

    laboratrios pilotos.

    Em 1975 foi instituda a Relao Nacional de Medicamentos Essenciais

    (RENAME) (Portaria n 223/75) do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social,

    com a proposta de ser periodicamente revisada (BERMUDEZ, 1995). A RENAME

    era um instrumento estratgico da Poltica Nacional de Medicamentos. Tcnicos da

    CEME, aps diversos estudos, chegaram a listar 305 substncias farmacuticas

    (frmacos bsicos) que possibilitariam atender 99% das necessidades mdicas da

    populao, racionalizando os critrios e procedimentos de compra (PEREIRA, 1995).

    Em 1987, a CEME realizou um diagnstico institucional, reconhecendo a

    pouca utilizao da Rename pelos prescritores, desperdcios considerveis de

    medicamentos, recursos financeiros insuficientes e pouco conhecimento das

    doenas prevalentes no pas, os quais contribuam para a ineficincia do Programa

    de Assistncia Farmacutica desse perodo. Diante deste diagnstico foi definida

    como estratgia a criao da Farmcia Bsica CEME, como forma de racionalizar

    a disponibilidade de medicamentos ao atendimento primrio (GOMES, 2007).

    Aps 15 anos da ltima reviso publicada no pas, em 1998, a RENAME foi

    seguindo diretrizes recomendadas pela Organizao Mundial de Sade (OMS),

    conferindo nfase avaliao de segurana e eficcia, alm de considerar a

    disponibilidade dos produtos no mercado interno. Essa lista continha 303 princpios

  • 15

    ativos em 545 apresentaes destinadas a atender as principais nosologias

    prevalentes no Brasil (BRASIL, 1998 apud COSENDEY et al., 2000).

    Embora a RENAME fosse uma lista de medicamentos prioritrios, o seu

    fornecimento por parte do governo para as unidades de sade foi deficiente durante

    um grande perodo da existncia da CEME. Mesmo com as deficincias citadas,

    Pepe e Veras (1995), acreditaram que seu surgimento simbolizou um esforo em

    conduzir a Assistncia Farmacutica em uma direo mais eficaz e de melhor

    qualidade.

    Na continuidade, para suprir as necessidades de medicamentos bsicos, em

    1997 o MS criou o Programa Farmcia Bsica (PFB), sob coordenao da Diretoria

    de Programas Estratgicos, desenvolvido com base nos mesmos parmetros da

    Farmcia Bsica da CEME, modulado para atender 3mil habitantes em municpios

    com populao de at 21 mil habitantes. O PFB, ao longo de sua execuo foi

    excluindo a participao da esfera estadual no momento em que vrias Unidades da

    Federao procuravam organizar a Assistncia Farmacutica (CONSELHO

    NACIONAL DE SECRETRIOS DE SADE, 2007).

    A implantao da Farmcia Bsica por um mdulo-padro em nvel nacional

    no contemplou as diversidades regionais. O mesmo mdulo-padro era fornecido

    para todas as regies do Brasil que apresentavam perfis epidemiolgicos totalmente

    diferenciados (CONSENDEY et al., 2000).

    Em 1998, em oficina realizada, o CONASS solicitou ao MS a insero do

    PFB no mbito de uma Poltica Nacional de Assistncia Farmacutica (CONSELHO

    NACIONAL DE SECRETRIOS DE SADE, 2007).

    Em decorrncia da desarticulao da Assistncia Farmacutica face as

    mudanas que vinham ocorrendo na rea de sade, em especial aos processos de

    descentralizao das aes do SUS, bem como as irregularidades no abastecimento

    de medicamentos destinados rede ambulatorial , entre eles, os medicamentos para

    ateno bsica, foi publicada a Poltica Nacional de Medicamentos (PNM), por meio

    da Portaria GM/MS n3.916, em outubro de 1998 (BRAS IL, 1998b).

  • 16

    2.2 Poltica Nacional de Medicamentos

    A PNM como instrumento norteador de todas as aes no campo da poltica

    de medicamentos no pas definida como:

    grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as aes de sade demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e cada uma de suas etapas constitutivas, a conservao e controle de qualidade, a segurana e eficcia teraputica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliao da utilizao, a obteno e a difuso de informao sobre medicamentos e a educao permanente dos profissionais de sade, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos (BRASIL, 2002 apud CONSELHO NACIONAL DE SECRETRIOS DE SADE, 2007, p. 16).

    Para o alcance do propsito nela estabelecido, os gestores do SUS, nas trs

    esferas de Governo, devem atuar em estreita parceria e na conformidade das oito

    diretrizes fixadas, a saber:

    a) adoo de relao de medicamentos essenciais;

    b) regulamentao sanitria de medicamentos;

    c) reorientao da assistncia farmacutica;

    d) promoo do uso racional de medicamentos;

    e) desenvolvimento cientfico e tecnolgico;

    f) promoo da produo de medicamentos e;

    g) desenvolvimento e capacitao de recursos humanos.

    De acordo com as diretrizes estabelecidas algumas prioridades foram

    definidas, dentre elas: reviso permanente da RENAME, promoo do uso racional

    de medicamentos, organizao de vigilncia sanitria de medicamentos e a

    reorientao da assistncia farmacutica. Esta ltima fundamenta-se na

    descentralizao da gesto, otimizao e eficcia do sistema de distribuio no setor

    pblico e no desenvolvimento de iniciativas que possibilitem a reduo dos preos

    dos produtos (CONSELHO NACIONAL DE SECRETRIOS DE SADE, 2007).

  • 17

    2.3 Poltica Nacional de Assistncia Farmacutica

    A Assistncia Farmacutica representa hoje um dos setores de maior

    impacto financeiro no mbito das Secretarias de Sade e a tendncia de demanda

    por medicamentos crescente. A ausncia de um gerenciamento efetivo pode

    acarretar grandes desperdcios, sendo considerado recurso crucial (CONSELHO

    NACIONAL DE SECRETRIOS DE SADE, 2007, p. 19).

    Fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferncia Nacional de

    Medicamentos e Assistncia Farmacutica realizada em 2003, o Conselho Nacional

    de Sade (CNS) aprovou em 2004, atravs da Resoluo n 338, a Poltica Nacional

    de Assistncia Farmacutica (PNAF), que a define como:

    Um conjunto de aes voltadas promoo, proteo e recuperao da sade, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e o seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produo de medicamentos e insumos, bem como a sua seleo, programao, aquisio, distribuio, dispensao, garantia da qualidade dos produtos e servios, acompanhamento e avaliao de sua utilizao, na perspectiva da obteno de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida (BRASIL, 2004 apud CONSELHO NACIONAL DE SADE, 2004, p. 18).

    Para tanto, desempenha, entre outras, as seguintes funes/atividades:

    a) Planeja, coordena,executa, acompanha e avalia as aes; b) Elabora normas e procedimentos tcnicos e administrativos; c) Elabora instrumentos de controle e avaliao; d) Seleciona e estima as necessidades de medicamentos; e) Gerencia o processo de aquisio de medicamentos; f) Garante condies adequadas para o armazenamento de

    medicamentos; g) Promove a gesto dos estoques; h) Distribui e dispensa medicamentos; i) Organiza e estrutura os servios; j) Desenvolve sistema de informao e comunicao; k) Desenvolve e capacita recursos humanos; l) Participa de comisses tcnicas; m) Promove o uso racional de medicamentos; n) Presta cooperao tcnica (CONSELHO NACIONAL DE SADE, 2004).

    A Assistncia Farmacutica desempenha uma atividade multidisciplinar.

    Exige articulao permanente com reas tcnicas, administrativas, coordenaes de

    programas estratgicos de sade Hansenase, Tuberculose, Sade Mental,

  • 18

    Programa Sade da Famlia (PSF), Programa de Agentes Comunitrios de Sade

    (PACS), Vigilncia Sanitria, Epidemiolgica, rea administrativa-financeira,

    planejamento, material e patrimnio, licitao, auditoria, Ministrio Pblico, rgos

    de controle, Conselhos de Sade, profissionais de sade, entidades de classe,

    universidades, fornecedores, entre outros.

    O Conselho Nacional de Secretrios de Sade ressalta a importncia:

    de forma permanente, a estrutura fsica, a capacidade instalada, a modernizao, a ampliao e os equipamentos necessrios estruturao da Assistncia Farmacutica. O armazenamento adequado e a distribuio de medicamentos tm especial importncia devendo ser adequados s recomendaes das Boas Prticas de Armazenamento (BRASIL, 2002 apud CONSELHO NACIONAL DE SECRETRIOS DE SADE, 2007, p. 16)

    Transcorridas quase duas dcadas do processo de institucionalizao do

    SUS, reconhece-se que o processo de descentralizao foi um grande avano, pois

    ampliou o contato do sistema com a realidade social, poltica e administrativa do pas

    e com suas especificidades regionais, alm de colocar os gestores frente aos

    desafios que busquem superar a fragmentao das polticas e programas de sade

    por meio da organizao de uma rede regionalizada e hierarquizada de aes e

    servios de qualificao da gesto (BRASIL, 2006c).

    Frente a esta nova realidade, o Ministrio da Sade, o Conselho Nacional de

    Sade (CONASS) e o Conselho Nacional dos Secretrios Municipais de Sade

    (CONASEMS), pactuaram responsabilidades entre os trs gestores do SUS, no

    campo do sistema e da ateno sade. A implantao do Pacto, nas suas trs

    dimenses - Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de gesto-, possibilita a

    efetivao de acordos entre as trs esferas de gesto do SUS, visando alcanar

    maior efetividade, eficincia e qualidade, de acordo com as peculiaridades regionais.

    Dentre as seis prioridades contempladas no Pacto pela Vida, merece destaque para

    o tema em estudo, a promoo sade e o fortalecimento da ateno primria1,

    com aes estratgicas voltadas ao acolhimento, ateno integral e acesso ao

    tratamento (BRASIL, 2006c).

    1 A ateno primria desenvolvida por meio do exerccio de prticas gerenciais e sanitrias, democrticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, e dirigidas a populaes de territrios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitria, considerando a dinamicidade existente no territrio em que vivem essas populaes. o contato preferencial dos usurios com os sistemas de sade, orienta-se pelos princpios da universalidade, da acessibilidade e da coordenao do cuidado, do vinculo e da continuidade, da integralidade, da responsabilizao, da humanizao, da equidade e da participao social [...] (CONSELHO NACIONAL DE SECRETRIOS DE SADE, 2007).

  • 19

    Quanto ao financiamento federal da Assistncia Farmacutica no SUS, ao

    longo dos ltimos anos, restringiu-se a medicamentos, no havendo uma poltica

    especfica capaz de prever recursos para a estruturao e a organizao de servios

    farmacuticos. Em 2006, o Pacto pela Sade trouxe tona esta realidade,

    estabelecendo que todas as esferas de gesto do SUS so responsveis por:

    promover a estruturao da assistncia farmacutica e garantir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da populao aos medicamentos cuja dispensao esteja sob sua responsabilidade, fomentando seu uso racional e observando as normas vigentes e pactuaes estabelecidas (BRASIL, 2006c).

    A Portaria GM/MS n 204/2007 de 29 de janeiro de 2007 prev

    financiamento para a estruturao dos servios e a organizao de aes da

    Assistncia Farmacutica (BRASIL, 2007).

    imprescindvel, alm de uma estrutura fsica adequada, uma equipe

    integrada, envolvida, motivada e com conhecimentos tcnicos para desempenhar

    todas as aes pertinentes ao Ciclo Logstico da Assistncia Farmacutica (Anexo

    A), como tambm, apta a fornecer orientaes quanto correta utilizao de

    medicamentos. Tais aspectos esto referenciados na Poltica Nacional de

    Humanizao (PNH) que dentre os seus princpios relevante destacar:

    Valorizao dos diferentes sujeitos implicados no processo de

    produo de sade: usurios, trabalhadores e gestores;

    Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos;

    Aumento do grau de co-responsabilidade na produo de sade e de

    sujeitos.

    Tambm pertinente destacar que o compromisso com a ambincia e a

    melhoria das condies de trabalho e de atendimento uma das premissas da PNH.

    Pois, assim sendo, possibilita a valorizao da ambincia, como organizao de

    espaos saudveis e acolhedores de trabalho. Portanto, a mudana nos modelos de

    ateno e gesto, tendo como foco as necessidades dos cidados, a produo de

    sade e o prprio processo de trabalho em sade, valorizando os trabalhadores e as

    relaes sociais no trabalho so essenciais para garantir a implementao do SUS.

    Logo, entendemos que a Poltica de Assistncia Farmacutica est alinhada

    a proposta da PNH e prioriza em suas diretrizes as aes de humanizao que tem

    interface com a Poltica de Assistncia Farmacutica.

  • 20

    Considera-se tambm, que os avanos ocorridos nos ltimos anos,

    principalmente na Ateno Primria, devido extenso do Programa de Sade da

    Famlia (PSF), agora tratado como estratgia de ateno sade, e portanto,

    responsvel por trabalhar a preveno primria e o controle mais adequado de

    agravos (PEREIRA, 2005), requer uma consonncia com a Poltica de Assistncia

    Farmacutica na perspectiva da garantia do acesso ao tratamento (CONSELHO

    NACIONAL DE SECRETRIOS DE SADE, 2007).

    O processo de descentralizao em Sade junto aos municpios ampliou

    suas responsabilidades pelas aes integrais de sade, inclusive a Assistncia

    Farmacutica e suas aes vo mais alm do que adquirir e distribuir

    medicamentos.

    2.4 A Organizao dos Servios de Assistncia Farmacutica na Ateno

    Bsica de Sade

    Segundo o Departamento de Assistncia Farmacutica e Insumos

    Estratgicos do Ministrio da Sade, a Assistncia Farmacutica se constituiu

    historicamente dentro do SUS como suprimento para as aes e servios de sade,

    com baixa ou nenhuma insero na programao e organizao dessas aes e

    servios. Essa lgica constitutiva decorrente de diversos fatores, em especial, do

    fato de que o produto/medicamento chegou ao usurio antes do servio. nesta

    origem que se encontra o entendimento, ainda existente, da assistncia

    farmacutica como fornecedora de medicamentos, descolada na maioria das vezes,

    da organizao da assistncia e da ateno sade (BRASIL, 2008).

    A Ateno Bsica, no decorrer dos anos, vem assumindo papel relevante no

    processo de construo do SUS no pas. Neste contexto, necessrio que as aes

    desenvolvidas na assistncia farmacutica, que devem integrar as aes de sade,

    acompanhem esse processo, capacitando-se para atender as novas demandas que

    esta realidade impe. Vrios cenrios apontam para necessidade de uma mudana

    de paradigma nessa rea, imprescindvel para o enfrentamento dos desafios

    sanitrios econmicos e sociais da sade, em especial no SUS, na qual a

  • 21

    assistncia farmacutica possui papel relevante (CONSELHO NACIONAL DE

    SECRETRIOS DE SADE, 2004, p. 38).

    Na perspectiva que o medicamento deve ser instrumento para o aumento da

    resolutividade do atendimento ao usurio, o MS responsabilizou-se por articular a

    Poltica de Assistncia Farmacutica, parte integrante da Poltica Nacional de

    Sade, como define a Resoluo CNS n 338, de 6 de maio de 2004 (CONSELHO

    NACIONAL DE SADE, 2004). Para tanto, publicou portarias referentes

    organizao dos servios, tais como: Portaria GM n 2.084/2005 que estabelece os

    mecanismos e as responsabilidades para o financiamento da Assistncia

    Farmacutica na Ateno Bsica e a Portaria GM n 698/2006 trata sobre a

    organizao dos recursos federais de custeio em Blocos de Financiamento. Apenas

    em 2006, a partir da publicao da portaria GM/MS n 399/2006 que divulga o Pacto

    pela Sade e da publicao da portaria GM/MS n 699 /2006 que regulamenta as

    Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Vida e de Gesto, que se estabeleceu

    que todas as esferas de gesto do SUS so responsveis por promover a

    estruturao da assistncia farmacutica e garantir em conjunto com as demais

    esferas de governo, o acesso da populao aos medicamentos cuja dispensao

    esteja sob sua responsabilidade (BRASIL, 2005, 2006a, 2006b, 2006d).

    O crescente e rpido desenvolvimento das tecnologias de frmacos, aliados

    a maior oferta e acesso aos servios de sade, tem elevado significativamente os

    recursos dirigidos a medicamentos, sendo absolutamente necessrio constituir

    servios adequados para responder a essa demanda.

    O aumento na descentralizao de recursos financeiros do MS para os

    municpios, visando a execuo dos servios de assistncia farmacutica, dever

    promover e enfatizar a necessidade de constituir servios em municpios onde no

    esto disponveis e de aperfeioar e organizar naqueles em que j se encontram

    organizados de alguma forma.

    Investir na estruturao e na organizao dos servios de assistncia

    farmacutica significa qualificar a aplicao dos recursos financeiros, na medida em

    que um servio organizado pode reduzir perdas, evitar o uso de medicamentos mais

    caros, reduzir os erros de medicao e incentivar o uso racional de medicamentos.

  • 22

    Assim, alguns Estados e municpios brasileiros vem buscando alternativas

    para implementar as diretrizes da PNM, como relata Consendey et al. (2000) em

    algumas experincias nos estados do Paran, So Paulo e Minas Gerais. O autor

    refere que estes se destacaram por elaborar no mbito da poltica de assistncia

    farmacutica, programas que incluam a distribuio de medicamentos essenciais

    para a ateno primria que apresentaram como objetivo comum garantir o

    tratamento eficaz das patologias mais freqentes em cada estado, expandindo o

    acesso e a resolubilidade da rede no atendimento das necessidades individuais e

    coletivas da populao de baixa renda, integralizando a distribuio e dispensao

    de medicamentos s aes de sade em nvel bsico (COSENDEY et al., 2000).

    No municpio de Recife, esforos foram empreendidos no sentido de

    reestruturar a Assistncia Farmacutica que necessitou de uma soluo criativa,

    inovadora, com a perspectiva da garantia do acesso aos medicamentos, respeito

    aos direitos de cidadania do usurio e maior eqidade. Portanto, nos propomos a

    apresentar um novo modelo de Assistncia Farmacutica idealizado pela Gerencia

    de Assistncia Farmacutica da Secretaria de Sade da Prefeitura do Recife

    intitulado Farmcia da Famlia.

    Apesar dos avanos alcanados e do esforo para consolidar a assistncia

    farmacutica, com a busca incessante da melhoria do acesso aos medicamentos

    essenciais pela populao, a realidade brasileira ainda se caracteriza por uma

    situao desigual no que diz respeito ao acesso aos medicamentos, em especial, os

    destinados a ateno primria.

  • 23

    JJUUSSTTIIFFIICCAATTIIVVAA

  • 24

    3 JUSTIFICATIVA

    A Prefeitura do Recife buscando propiciar uma maior abrangncia dos

    cuidados com a sade da populao ampliou, significativamente, a rede municipal

    de sade, sobretudo com a expanso do Programa Sade da Famlia (PSF) que

    passou de 21 para 220 Equipes de Sade da Famlia e Centros de Ateno

    Psicossocial (CAPS) que passou de 01 CAPS para 16 CAPS, dos quais 06 so

    CAPS/AD. A conseqncia dessa ampliao gerou um acrscimo para 147 pontos

    de dispensao de medicamentos na rede de estabelecimentos de sade.

    Apesar dos esforos para obter xito, no intuito de melhorar o atendimento

    aos seus usurios, as Farmcias das Unidades de Sade, em especial da Ateno

    Primria, ainda, possuem uma estrutura fsica inadequada para o

    recebimento/distribuio de medicamentos, alm de no serem informatizadas.

    Aliado a isso h carncia de recursos humanos especficos e qualificados

    para o atendimento. Essa situao dificulta o controle e o cadastramento de

    usurios, levando peregrinao de alguns destes por diversas unidades ou

    permitindo o recebimento de medicao acima do necessrio. Desse modo, ampliou-

    se o custeio da Assistncia Farmacutica, embora no se tenha resolvido o

    problema do desabastecimento da rede, provocando grande insatisfao da

    populao.

    O incremento dos CAPS, que muito favoreceu o atendimento aos portadores

    de transtornos mentais, teve como conseqncia o aumento da demanda por

    medicamentos, principalmente aos usurios, que aps a sua alta clnica devem ter

    assegurado o tratamento contnuo.

    Visando cumprir os preceitos da Portaria n 344/98 (BRASIL, 1998a), a

    dispensao de medicamentos sob controle especial ficou centralizada nas

    Policlnicas, enquanto nos CAPS os farmacuticos distritais subsidiaram o

    atendimento dos usurios em tratamento. Em contrapartida a Equipe de Sade da

    Famlia foi treinada ao atendimento em Sade Mental, ocasionando um aumento das

    prescries, encaminhadas para atendimento nas Policlnicas, gerando tumultos por

    ter que atender, alm dos seus usurios, aos usurios em alta dos CAPS e todos

    aqueles provenientes da Ateno Primria.

  • 25

    Outro fator relevante, para repensar o modelo de Assistncia Farmacutica

    a multiplicidade de sistemas de informao especficos para cada programa de

    sade como, por exemplo, SIS-HIPERDIA, Sistema de Controle e Logstica de

    Medicamentos (SICLOM) que sem a interligao das informaes e sem

    compartilhamento de dados, dificulta o monitoramento dos indicadores de sade. A

    falta de informaes em tempo ocasiona elevadas taxas de abandonos de

    tratamentos das enfermidades que precisam do uso contnuo de medicamentos e,

    conseqentemente, ocorre baixa efetividade das medidas de controle das doenas

    tais como tuberculose, hansenase, hipertenso e diabetes.

    Assim sendo, considerando:

    a) a importncia da Assistncia Farmacutica na organizao da ateno

    sade da populao;

    b) o processo de desenvolvimento da Assistncia farmacutica no pas,

    enfocando os momentos mais recentes nos quais predominam as

    aes de descentralizao, tanto no contexto geral do SUS quanto

    especificamente na Assistncia Farmacutica;

    c) a necessidade de enfocar as experincias municipais no campo da

    Assistncia farmacutica, bem como a escassez de relatos literrios

    referente a tais experincias;

    d) o contexto favorvel do municpio de Recife que tem a experincia da

    Farmcia da Famlia como um dos motes centrais da gesto da Sade.

    Acredita-se que a elaborao do presente estudo contribuir,

    consideravelmente, para o acmulo de conhecimento nessa rea, assim como

    fortalecer o Projeto Farmcia da Famlia, socializando a experincia como

    estratgia para com outros municpios ou servios que tenham o paciente como foco

    de interesse no mbito do SUS.

  • 26

    OOBBJJEETTIIVVOOSS

  • 27

    4 OBJETIVOS

    4.1 Objetivo Geral

    Descrever o processo de implantao e as diretrizes operacionais do

    Programa Farmcia da Famlia da cidade do Recife/PE.

    4.2 Objetivos Especficos

    a) Caracterizar o processo de construo do Programa Farmcia da Famlia no

    municpio do Recife;

    b) Apresentar os princpios e diretrizes operacionais do Programa Farmcia da

    Famlia;

    c) Identificar as potencialidades do Sistema de Controle e Custeio da

    Assistncia Farmacutica (SCDCAF), software que subsidia a

    operacionalidade do Programa Farmcia da Famlia.

  • 28

    MMTTOODDOO

  • 29

    5 MTODO

    5.1 Estratgia da Pesquisa

    Tratou-se de um estudo descritivo da experincia do municpio do Recife,

    referente gesto da assistncia farmacutica implantada no ano de 2006, o

    Programa Farmcia da Famlia.

    O estudo descreve os aspectos relacionados operacionalizao do

    Programa Farmcia da Famlia, os seus princpios e diretrizes, alm de demonstrar

    as potencialidades do Sistema SCDCAF.

    A coleta de dados para subsidiar o estudo foi realizada partir de

    documentos produzidos pela equipe de gesto do municpio do Recife, quais sejam:

    Cadernos de Informaes SUS - Recife 2001-2007, Plano Municipal de Sade do

    Recife: 2006-2009, Manual de Orientaes para Implantao das Farmcias da

    Famlia, e Manual e Relatrios do SCDCAF, Recife 2007.

    5.2 rea do Estudo

    Recife a capital do estado de Pernambuco, possui uma extenso territorial

    de 209 Km2 e uma populao de 1.501.010 habitantes (populao estimada pelo

    IBGE para 2005). O territrio do Recife subdividido, desde 1988, em 94 bairros,

    mediante Decreto n. 14.452/88.

    Para efeito da gesto do sistema de sade o municpio est dividido em seis

    Regies Poltico-Administrativas (RPA) ou Distritos Sanitrios (DS). A figura 1

    mostra o territrio do Recife demarcado por RPA, cada uma com trs microrregies

    (MR) e o quadro 1 mostra o quantitativo da populao em cada nos seis Distritos

    Sanitrios do municpio.

  • 30

    Cada Distrito Sanitrio possui uma sede com estrutura organizacional para

    administrar os servios de sade em conjunto com o nvel central municipal. A rede

    de sade do municpio complexa. Os hospitais de grande porte atendem a mdia

    complexidade, mas principalmente, a alta complexidade que encontra-se sob a

    gesto estadual. A rede municipal conta com os seguintes equipamentos de sade

    (RECIFE, 2007):

    a) 15 unidades hospitalares (sendo 05 da rede prpria e 10 conveniados

    destes 03 so voltadas para atendimento peditrico, outras 03 so

    maternidades, 06 so hospitais psiquitricos e apenas 03 so de

    atendimento geral);

    b) rede ambulatorial composta por setenta e duas (72) unidades

    especializadas, 106 unidades bsicas tradicionais e duzentas e vinte

    (224) equipes de sade da famlia;

    c) 07 unidades de Farmcia da Famlia;

    d) 16 Centro de Apoio Psicossocial- CAPS (10 unidades destinadas ao

    atendimento dos sofrimentos psquicos e 06 para tratamento da

    dependncia qumica);

    e) 01 unidade de cuidados integrais sade.

    Figura 1 - Regies Poltico-administrativas do Recife. Fonte: Recife (2007).

    DS III

    DS II

    DS I

    DS V

    DS IV

    DS VI

  • 31

    Distritos Sanitrios Nmero de

    ESF

    DS I 15

    DS II 39

    DS III 39

    DS IV 38

    DS V 29

    DS VI 64

    Recife 224

    5.3 Perodo do Estudo

    O perodo do estudo contempla desde o incio das discusses para a

    implantao do Projeto no ano de 2006 at o ano 2007.

    5.4 Anlise dos Dados

    Foi realizada a reviso de documentos oficiais que regulamentam o Projeto

    Farmcia da Famlia no municpio do Recife.

    5.5 Aspectos ticos

    O projeto de pesquisa foi submetido aprovao do Comit de tica do

    Centro de Pesquisa Aggeu Magalhes, como tambm a anuncia da Gerncia de

    Assistncia Farmacutica da Secretaria de Sade do Recife. Uma vez aprovada,

    Quadro 1 Nmero de Equipes de Sade da Famlia por Distrito Sanitrio do municpio do Recife em 2007. Fonte: Recife (2007).

  • 32

    constituiu o trabalho de concluso do Curso de Especializao em Gesto de

    Sistema e Servios de Sade.

    Haver o comprometimento em repassar ao servio pblico de sade,

    Secretaria Municipal de Sade e s instncias cabveis, o resultado dessa pesquisa,

    visando contribuir para uma maior adequao do Programa, sendo o usurio o maior

    beneficiado.

  • 33

    RREESSUULLTTAADDOOSS

  • 34

    6 RESULTADOS

    Os resultados esto apresentados em trs etapas. A primeira descreve os

    aspectos relacionados implantao do Programa Farmcia da Famlia, a segunda

    descreve os seus princpios e diretrizes operacionais e a terceira etapa demonstra

    as potencialidades do Sistema SCDCAF, atravs da anlise dos relatrios

    previamente selecionados.

    6.1 Processo de Implantao da Farmcia da Famlia

    A implantao do Programa Farmcia da Famlia contou com o apoio

    financeiro do Ministrio da Sade e da Secretaria Municipal de Sade, alm de

    envolvimento intersetorial de outros segmentos da estrutura municipal.

    O quadro 2 abaixo destaca as principais etapas na construo do Programa

    Farmcia da Famlia e os principais atores e instncias envolvidas em cada uma

    delas.

    ETAPAS ATORES ENVOLVIDOS

    1 - Construo da proposta inicial Farmacuticos do Nvel Central e Distrital

    2 - Apresentao e discusso da proposta inicial com

    atores chave inseridos no desenvolvimento de polticas

    prioritrias do municpio para definio do conjunto de

    medicamentos a serem includos, assim como sua forma

    de distribuio considerando as diretrizes dos programas.

    Secretaria Municipal de Sade, Diretoria

    Geral de Ateno Sade, Gerncia de

    Assistncia Farmacutica, Diretoria de

    Planejamento e Gesto, Diretoria de

    Regulao do Sistema, Gerentes e

    farmacuticos dos Distritos Sanitrios,

    Diretoria de Gesto do Trabalho,

    Empresa Municipal de Informtica

    EMPREL.

    3 - Construo da proposta do software Gerncia de Assistncia Farmacutica,

    EMPREL

    4 - Implantao do projeto piloto no Centro Mdico Sen.

    Jos Hermirio de Moraes

    Secretaria Municipal de Sade, Diretoria

    Geral de Ateno Sade, Gerncia de

    Assistncia Farmacutica, Gerncia do

  • 35

    Distrito Sanitrio III, Diretora do Centro

    Sen. Jos Hermirio de Moraes,

    Farmacuticos do DS III e do Centro

    5 - Apreciao do projeto piloto para adequao da

    proposta e apresentao dos resultados s instncias de

    controle social

    Secretaria Municipal de Sade, Diretoria

    Geral de Ateno Sade, Gerncia de

    Assistncia Farmacutica,

    6 - Seleo das unidades para implantao do projeto de

    acordo com critrios de localizao e possibilidade de

    reforma e adequao da estrutura.

    Engenharia do Nvel Central e Distrital

    7 - Elaborao da verso final do PFF nos parmetros de

    envio para convnio com o MS -convnio 097/05.

    Secretaria Municipal de Sade, Diretoria

    Geral de Ateno Sade, Gerncia de

    Assistncia Farmacutica, Diretoria de

    Planejamento e Gesto, Diretoria de

    Regulao do Sistema,

    8 - Reforma das Unidades para adequao da infra-

    estrutura fsica de acordo com as diretrizes do Projeto,

    aquisio de equipamentos, mobilirio e material de

    consumo.

    Gerncia de Assistncia Farmacutica,

    Diretoria de Planejamento e Gesto,

    Diretoria de Regulao do

    Sistema,Diretoria Administrativa

    Financeira, Engenharia do Nvel Central e

    Distrital

    9 Nomeao e Capacitao dos farmacuticos e

    agentes administrativos para a utilizao do sistema-

    SCDCAF e conhecimento do fluxo de atendimento no

    PFF.

    Gerncia de Assistncia Farmacutica,

    EMPREL, Diretoria de Gesto de

    Trabalho

    10 - Cadastramento dos usurios de acordo com critrios

    pr-definidos

    Gerncia de Assistncia Farmacutica,

    EMPREL, Equipe do SAME

    No perodo de Junho de 2006 a Dezembro 2007 foram implantadas mais 06

    Farmcias da Famlia. O resultado de todo o processo de discusso realizado no

    municpio resultou na definio dos princpios e diretrizes do projeto descrito a

    seguir.

    Quadro 2 Principais etapas na construo do Projeto Farmcia da Famlia e atores envolvidos. Fonte: Veloso et al. (2007a) com adaptao dos autores.

  • 36

    6.2 Princpios e diretrizes operacionais do Programa Farmcia da Famlia

    O Programa Farmcia da Famlia segue o princpio da territorializao,

    tambm adotado pela Estratgia Sade da Famlia. Assim, as Farmcias da Famlia

    so designadas ao atendimento da demanda de um nmero de USF adstritas

    (Quadro 3). As farmcias no podem distar mais de 2 Km destas USF, nas quais os

    pacientes realizam a sua consulta. A distncia de 2 Km foi definida por ser

    considerada, no momento da construo da proposta, como a distncia mxima em

    que o paciente possa se deslocar sem custos adicionais de transporte. No caso dos

    usurios acamados e de difcil locomoo, fica a cargo do ACS da micro rea ou do

    familiar o recebimento do medicamento.

    Os requisitos bsicos para recebimento do medicamento pelos usurios na

    FF so: possurem cadastro na USF a ela referenciada; serem usurios das

    policlnicas onde esto situadas e/ou terem sido encaminhados de CAPS

    referenciado pela FF, aps a sua alta. A populao coberta por cada FF em torno

    de 30.000 a 40.000 habitantes, estimando um atendimento mdio de 30 a 35% desta

    populao/ms ou 500 a 1.000 pacientes atendidos ao dia (VELOSO et al., 2007a).

    Para ter acesso ao medicamento, o usurio precisa se dirigir Farmcia da

    Famlia ligada sua USF com a prescrio do mdico. Uma vez cadastrado no

    Sistema de Controle e Custeio da Assistncia Farmacutica, o usurio de posse de

    uma receita mdica com solicitao de at 06 meses estar automaticamente

    agendado o recebimento dos medicamentos prescritos nos meses subseqentes.

    No total foram implantadas at o momento 07 FF, em 05 DS,

    proporcionando uma cobertura de 18% das ESF do Recife (VELOSO et al., 2007a).

    Na tabela abaixo esto listadas as Farmcias da Famlia, e a proporo de

    equipes cobertas por Distrito Sanitrio em Recife.

  • 37

    Tabela 1 Nmero de Farmcias da Famlia, Equipes de Sade da Famlia coberta segundo Distrito Sanitrio do Recife, 2007.

    DS I DS II DS III DS IV DS V DS VI RECIF

    E

    Nmero de FF 0 2 2 1 1 1 7

    Nmero de ESF 0 22 6 3 4 4 39 Proporo de ESF contempladas 0.0 56.4 15.4 7.9 13.8 6.3 18.7

    O Projeto Farmcia da Famlia incluiu a reestruturao fsica das Unidades e

    a criao de um fluxo de distribuio de medicamentos.

    A estruturao das Farmcias da Famlia deu-se a partir da definio de

    um padro mnimo em termos de espao, instalaes, equipamentos e materiais

    necessrios a fim de garantir a qualidade de atendimento e a eficincia de

    funcionamento requerida. A partir dessa relao de equipamentos e materiais

    bsicos necessrios, a depender do nmero de pacientes atendidos por dia e do

    nvel de complexidade da unidade, foram feitos os ajustes e adequaes.

    Quanto rea fsica2: ampliao e adequao da rea fsica, conforme

    planta baixa simplificada, definido pela equipe de engenharia (Anexo B). A fim de

    comportar o atendimento de 500 a 1000 pessoas /dia, foi definido uma rea fsica

    em torno de 100 m, que contemplou as boas prticas de armazenamento/

    estocagem e dispensao com luminosidade, umidade, temperatura e ventilao e

    exausto adequadas.

    O espao foi dividido da seguinte forma:

    a) uma sala para orientao/atendimento/espera/dispensao com 50 m2,

    com acomodaes para os usurios: cadeiras, televiso e vdeos,

    bebedouro, painel eletrnico para organizao das filas e chamada das

    senhas dos pacientes da vez, etc.

    b) outro ambiente de 50 m2 dividido e destinado para:

    - o armazenamento dos medicamentos e correlatos, guarnecida de

    estrados e prateleiras em madeira, com bancadas e espao para 03 a 04

    microcomputadores com internet;

    2 Definio: Espao destinado ao armazenamento, controle de estoque e atendimento de usurios para dispensao de medicamentos, reunies de gerenciamento, ateno farmacutica (programas de sade e orientaes gerais), aes educativas em sade, uso racional e problemas relacionados aos medicamentos.

  • 38

    - atendimento ao usurio e tambm reservado para reunies, estudo e

    controle gerencial da unidade.

    Quanto ao mobilirio e aos equipamentos foram definidos padres para

    todas as farmcias. Os detalhes podem ser vistos no Anexo C.

    Quanto a recursos humanos: ampliao de recursos humanos farmacuticos

    e agentes administrativos nomeados atravs de concurso pblico. Foi estabelecido

    que para cada Farmcia da Famlia com mais de 450 atendimentos/dia ou que

    atendem mdia complexidade seria necessrio 02 farmacuticos com carga horria

    de 6 horas/dia e 08 agentes administrativos de nvel mdio. As que atendem menos

    de 450 usurios/dia foi definido o quantitativo de 01 farmacutico com carga horria

    de 06 horas/dia e 06 agentes administrativos de nvel mdio.

    Todos os farmacuticos e auxiliares foram capacitados para utilizao do

    sistema e anlise dos relatrios do SCDCAF para avaliao do acesso

    (atendimentos/ms). Foi contratada uma equipe inicial de apoio ao para

    cadastramento dos usurios provenientes das unidades referenciadas ao PFF.

    Foram contratados de 03 a 05 digitadores por um prazo de 30 a 60 dias, a depender

    do porte das unidades referenciadas.

    Houve reformulao do fluxo de atendimento e dispensao de

    medicamentos na ateno bsica. Os usurios pertencentes s USF referenciadas

    para a Farmcia da Famlia foram cadastrados inicialmente no Sistema de Arquivo

    Mdico (SAME) da US que tem FF o qual encontra-se interligado ao SCDCAF As

    farmcias destas unidades de sade foram desativadas, passando a receber apenas

    medicamentos e insumos de Emergncia. A sistemtica de aquisio, programao

    e controle de medicamentos, passou a ser realizada atravs dos relatrios emitidos

    pelo SCDCAF.

    O cadastramento do usurio nas FF realizado a partir do nmero do

    pronturio aberto na sua Unidade de Sade de origem. Alguns dados alm dos que

    j constam do pronturio so adicionados no cadastramento para a FF. A

    numerao dos pronturios dos PSFs e Unidades Bsicas mantida, mas adiciona-

    se um nmero seqencial para que cada componente da famlia tenha identidade

    prpria no sistema informatizado das FF.

  • 39

    Quando a FF est localizada dentro de uma unidade de mdia complexidade

    (Policlnicas com ou sem SPA, centros especializados etc.) o cadastramento para

    atendimento na FF feito no SAME. Aps o incio de atividades da FF, os

    cadastramentos de novos usurios tambm podem ser feitos diretamente na FF. Em

    caso de prescrio de medicao de uso contnuo agendada uma nova data para

    retorno do usurio. A figura a seguir demonstra o Fluxo do atendimento e

    distribuio de medicamentos na FF:

    Figura 2 Fluxo do atendimento na Farmcia da Famlia. Fonte: Elaborado pelas autoras3.

    6.3 Caractersticas do Sistema de Controle Dispensao e Custeio da

    Assistncia Farmacutica SCDCAF

    A informatizao das Farmcias da Famlia atravs da implantao de um

    software para controle da dispensao e distribuio de medicamentos e Materiais

    Mdicos Hospitalares (MMH) aconteceu em parceira com a Empresa Municipal de

    3 Com a colaborao da farmacutica da PCR Marise A. Matwijszyn e o estagirio de Farmcia da PCR Mrcio J. M. Oliveira.

  • 40

    Informtica (EMPREL). O sistema integra toda a rede e todos os programas de

    sade atravs de um nico software identificado como SCDCAF.

    O SCDCAF tem duas funcionalidades principais: a primeira de funcionar

    como um controle de estoque normal, para Central de Abastecimento Farmacutica

    (CAF) e para as prprias unidades. A segunda voltada especialmente para atender

    todas as necessidades de uma farmcia, funcionando como sistema de distribuio

    por prescrio individual, identificando lote/validade dos produtos, movimentaes e

    relatrios, podendo filtrar as informaes por produto, por programa de sade,

    pacientes atendidos e unidades atendidas.

    O SCDCAF interliga o SAME com as farmcias da famlia da prpria unidade

    de sade. Este sistema encontra-se implantado em cada uma das unidades do

    Programa Farmcia da Famlia e, tambm, na Gerncia de Assistncia

    Farmacutica (GEAF) que possibilita um acompanhamento dos Programas de

    Sade, o custeio da assistncia farmacutica nas unidades, bem como a evaso nos

    tratamentos, otimizando o acesso ao medicamento e o seu uso racional.

    A implantao do SCDCAF permitiu:

    Controlar o fluxo de medicamentos nas unidades de sade no mbito da

    PCR;

    Controlar o custeio da Assistncia Farmacutica, integrando todos os

    programas de sade;

    informar a real necessidade de medicamentos e insumos da rede pblica de

    sade, possibilitando a sua identificao e evitando o desperdicio;

    Identificar o abandono de tratamento nos programas estratgicos;

    Acompanhar a validade e lote dos medicamentos e MMH;

    Controlar a aquisio de produtos atravs de compra, doao, devoluo e

    recebimento da Farmcia Central;

    Solicitar reposio automtica de medicamentos;

    Dispensar medicamentos para os pacientes de acordo com o receiturio

    apresentado, agendando nova dispensao para os medicamentos de

    tratamento de uso contnuo;

    Tornar pblico a cada usurio o custo dos medicamentos concedidos atravs

    de um boleto emitido no ato do recebimento.

  • 41

    Gerar relatrios gerenciais e operacionais peridicos.

    O sistema SCDCAF foi desenvolvido em liguagem Borland Delphi 5 com

    acesso ao banco de dados Oracle 9.i, sendo armazenado no servidodr de dados da

    EMPREL (VELOSO et al., 2007b).

    As principais telas do SCDCAF esto apresentadas no quadro 3 a seguir:

    TELA FUNO

    Principal Acesso, identificao do usurio, opes de entrada de

    relatrios e demais configuraes.

    Produto Relao de medicamentos e insumos com cdigo e

    descrio.

    Movimentao Opes de movimentao do produto na farmcia:

    inventrio, pedido, entrada e sada.

    Relatrios Dividos em analtos e sintticos com argumentos

    estatsticos, operacionais, administrativos, financeiros e

    gerenciais.

    Figura 3 Tela de abertura do SCDAF.

    Quadro 3 - Resumo das principais telas do SCDAF. Fonte: Elaborado pelas autoras.

  • 42

    Os relatrios podem ser emitidos pelo SCDCAF por perodos, por unidade

    de sade, por programa de sade, por medicamento, por paciente, por sexo. Estes

    relatrios permitem a obteno de informaes relacionadas :

    a) medicamentos dispensados;

    b) demanda no atendida;

    c) custo do produto;

    d) planilha clculo de compra;

    e) estoque por programa de sade;

    f) situao do usurio que retrata alta/abandono/falta/bito;

    Exemplificando o SCDCAF apresentamos, em anexo, alguns tipos de

    relatrios contendo as seguintes informaes: custo de medicamentos e material

    mdico (Anexo D), entrada de itens (Anexo E), relatrio situao do paciente (Anexo

    F) medicamentos dispensados por departamento (Anexo G).

    A implantao das 07 farmcias da famlia proporcionou uma cobertura de

    18% do total das equipes de sade da famlia, sendo possvel vislumbrarmos

    diversos beneficirios com a implantao do programa:

    a) Nvel central: SMS, DGAS, GEAF, COORDENAES DOS PROGRAMAS

    DE SADE detm os dados referentes ao fluxo de Medicamentos e Material

    Mdico Hospitalar em toda a rede de sade do Municpio. Alm dos dados

    epidemiolgicos e de custeio, tem uma maior segurana na programao das

    necessidades e previso de compras. A otimizao dos custos foi outro fator

    de grande relevncia;

    b) Unidades de sade: organizao interna da Farmcia e insero do

    farmacutico na equipe multiprofissional;

    c) Usurios: os usurios cadastrados nas FF por terem seu tratamento

    agendado com a garantia da medicao na data prevista, busca ativa no caso

    de falta e uma estrutura fsica e humana mais acolhedora, favoreceu para um

    atendimento mais humanizado;

    d) Demais componentes da equipe: o trabalho multiprofissional contribuiu, em

    especial, para as coordenaes de hansenase e tuberculose, a partir da

    implantao da dispensao individualizada de medicamentos e anlise dos

    faltosos. Os prescritores tiveram uma maior flexibilidade para agendar o

    retorno do usurio, sem correr o risco do mesmo ficar sem tratamento.

  • 43

    DDIISSCCUUSSSSOO

  • 44

    7 DISCUSSO

    luz da pesquisa realizada na rea de Assistncia Farmacutica no Brasil,

    constatou-se os esforos empreendidos pelo Ministrio da Sade para suprir as

    necessidades de medicamentos, principalmente queles considerados bsicos.

    Ainda na poca da CEME criou-se a RENAME sob a forma de nortear a relao de

    medicamentos essenciais. Surge ento a Poltica Nacional de Medicamentos, que

    envolve atividades relativas ao abastecimento, conservao, garantia da qualidade,

    segurana, eficcia teraputica, acompanhamento e avaliao do uso racional do

    medicamento, tendo os gestores do SUS o compromisso, entre outros de reorientar

    a Assistncia Farmacutica. Com base nestes princpios lanada a Poltica

    Nacional de Assistncia Farmacutica que tem o medicamento como insumo

    essencial contemplando um conjunto de aes relativas ao medicamento, tais como:

    seleo, programao, distribuio, acompanhamento e avaliao visando seu

    acesso e uso racional.

    Neste cenrio figurou as experincias dos Estados do Paran, So Paulo e

    Minas Gerais que, na tentativa de organizar a AF, criaram sua lista padro de

    medicamentos, tendo como base na RENAME /1983 e a Lista de medicamentos

    essenciais comendados pela OMS. Assim como estes Estados, o Estado de

    Pernambuco, tambm se norteia pela RENAME para elaborar a sua relao de

    medicamentos essenciais para o Municpio (PERNAMBUCO, 2008).

    Tendo como premissa que a etapa inicial do ciclo logstico da Assistncia

    Farmacutica a SELEO, a definio do elenco de medicamentos padronizados

    na rede municipal de sade, com a equipe multiprofissional, foi a preocupao inicial

    da SMS do Recife, tomando por base a RENAME e a Relao Estadual de

    Medicamentos Essenciais.

    Castro e Miranda (2007) relatam a escassez de estudos sobre o tema

    Assistncia Farmacutica, ressaltando que apenas o campo da avaliao tem

    congregado recentes e amplas pesquisas nessa rea, como por exemplo: o

    Diagnstico da Farmcia Hospitalar no Brasil (2002-2003), a Avaliao das Polticas

    Farmacuticas no Brasil (OMS) (2003-2004) e a Avaliao da Dispensao de

    Antiretrovirais (ARV).

  • 45

    O tema abordado no estudo suscitou a dificuldade de reflexes que

    ensejassem comparaes, pois o enfoque abordado no Programa Farmcia da

    Famlia no que tange a intersetorialidade das aes para a execuo do projeto; a

    territorializao, critrio adotado de distncia mnima entre as Farmcias e o pr-

    cadastro de usurios, foram estratgias adotadas para a organizao da

    Assistncia Farmacutica na Ateno Bsica, no encontrada na bibliografia

    consultada. Assim, consiste o diferencial do Programa Farmcia da Famlia que vem

    buscando a qualificao do atendimento.

    A literatura consultada j aponta para a necessidade que os gestores tm na

    informao em tempo hbil e, portanto, a informatizao nesse aspecto torna-se um

    instrumento imprescindvel como verificou-se nos estados de So Paulo, Paran e

    Minas Gerais que priorizaram o sistema informatizado para subsidiar a gesto da

    Assistncia Farmacutica (COSENDY et al., 2000; GOMES, 2007). Outras

    experincias a nvel federal como o caso da implantao do Sistema SICLOM

    (MINAS GERAIS, 2008) e o Sistema HIPREDIA que permite cadastrar e

    acompanhar os portadores de hipertenso arterial e/ou diabetes mellitus (BRASIL,

    2008), denotam a necessidade do controle informatizado da distribuio de

    medicamentos. Entretanto, incorporam programas isolados. A lgica destes sistemas

    subsidiou a criao do SCDCAF que tem a capacidade de interagir com os

    programas de sade recomendados pelo MS, superando a deficincia dos sistemas

    citados acima.

    O sistema SCDCAF tem uma contribuio significativa para a organizao

    da gesto da Assistncia Farmacutica. As informaes estratgicas geradas por

    este sistema favorecem o acompanhamento do seu ciclo logstico em todas as

    etapas, contribui para o uso racional do medicamento e otimizao dos custos,

    medida que, proporciona um melhor acompanhamento da distribuio e favorecendo

    ainda, uma programao de medicamentos em consonncia com a realidade.

    As diretrizes adotadas pelo programa FF quanto ao envolvimento

    intersetorial e multiprofissional, a territorializao e a otimizao dos custos foram

    aspectos positivos do Programa. No entanto, o mesmo necessita avanar no que

    tange a implantao da Ateno Farmacutica e utilizar das potencialidades do

    sistema para realizar Estudos de Utilizao de Medicamentos. A anlise de outros

    trabalhos demonstram a preocupao com a orientao farmacutica e a promoo

  • 46

    da adeso ao tratamento farmacolgico (CONSENSO..., 2002; MARIN et al., 2003;

    TASCA, 1998; TEIXEIRA, 1998).

    H necessidade de ampliar o nmero de farmcias da famlia para

    proporcionar uma maior cobertura, alm de realizar monitoramento e avaliao

    contnua das farmcias da famlia j implantadas. Inclusive no que concerne a

    satisfao do usurio, vislumbrando incorporar ao Programa os preceitos do

    atendimento humanizado, considerando que a prpria estrutura fsica j induz a esse

    princpio.

    Essas consideraes devem ser perseguidas pela gesto da Assistncia

    Farmacutica do municpio, a fim de aprimorar e uniformizar o programa FF, de

    forma que toda a populao possa usufruir com equidade de uma assistncia e

    ateno farmacutica qualificada.

  • 47

    CCOONNSSIIDDEERRAAEESS FFIINNAAIISS

  • 48

    8 CONSIDERAES FINAIS

    O apoio do Ministrio da Sade, alm do engajamento da equipe gestora, foi

    imprescindvel para a concretizao do Programa Farmcia da Famlia pela

    Secretaria Municipal de Sade do Recife.

    O amplo envolvimento intersetorial e a discusso com as diversas categorias

    demonstrou um aspecto relevante na gesto do municpio. O nmero de atores co-

    responsveis no programa aponta para a sua complexidade. Esta envolveu

    diferentes polticas municipais, na tentativa de otimizar o processo de aquisio,

    distribuio e controle de medicamentos nas reas especficas.

    O presente estudo buscou contribuir com a Poltica de Assistncia

    Farmacutica e foi desenhado para conhecer a prtica de gesto implantada pela

    Secretaria de Sade do Recife. Este propsito serviu tambm inteno de

    subsidiar reflexes acerca do cuidado que se deve ter com o medicamento, bem

    como, por conseqncia, mostrar a relevncia de uma gesto comprometida com a

    Poltica de Assistncia Farmacutica (PAF) para resolubilidade teraputica.

    A literatura mostra os agravos associados a uma prtica de gesto incipiente

    na PAF, ou seja, relacionada apenas aquisio e distribuio do medicamento.

    Assim, atuar neste campo nos servios de sade sem lidar com as

    responsabilidades que devem ser assumidas pelas trs instncias gestoras, com o

    compromisso pblico de garantir ao usurio do SUS, eficcia, segurana e qualidade

    dos medicamentos, alm de promover o uso racional e o acesso da populao aos

    medicamentos considerados essenciais, tem levado ineficcia assistencial por

    parte dos servios de sade.

    Por essas razes, acreditamos que, a Poltica de Assistncia Farmacutica

    requer aes intersetoriais e integradas, devendo ser organizada, prioritariamente, a

    partir da ateno bsica, de forma efetiva em todas as suas etapas e a definio do

    perfil da necessidade dos medicamentos deve se dar a partir do diagnstico da

    situao de sade de uma localidade.

    Investir na estruturao e na organizao dos servios de assistncia

    farmacutica significa qualificar a aplicao dos recursos financeiros em estrutura

  • 49

    fsica, capacidade instalada, modernizao tecnolgica, equipamentos e recursos

    humanos. Isto representa uma nova prtica na gesto da assistncia farmacutica

    inserida nos servios de sade e com a possibilidade de efetivamente virem a

    compor elemento fomentador para as transformaes da assistncia farmacutica, e

    desta forma, vislumbrar um caminho para o efetivo desenvolvimento da Assistncia

    Farmacutica no SUS.

  • 50

    RREEFFEERRNNCCIIAASS

  • 51

    REFERNCIAS

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  • 57

    AANNEEXXOOSS

  • 58

    ANEXO A - CICLO LOGSTICO DA ASSISTNCIA FARMACUTICA

  • 59

    ANEXO B - MMOODDEELLOO PPAADDRROO DDAA EESSTTRRUUTTUURRAA FFSSIICCAA PPAARRAA AASS

    FFAARRMMCCIIAASS DDAA FFAAMMLLIIAA

  • 60

    ANEXO C - RECURSOS MATERIAIS NECESSRIOS PARA

    IMPLANTAO DA FARMCIA DA FAMLIA

    N Item TIPO DE MATERIAL - ESPECIFICAES Quantitati

    vo PADRO

    MOBILIRIO

    1 Cadeira giratria com brao e com rodzio

    para digitao 4

    2 Cadeira giratria sem brao e com rodzio. 1

    3 Mocho em corvim na cor preta, com encosto e

    altura regulvel para atendimento no guich 4

    4 Longarinas com 03 lugares. 10

    5 Longarinas com 05 lugares. 10

    6 Bancada para 4 computadores, em madeira

    revestida de material impermevel 1

    7 Bancada 4 guichs, em madeira revestida de

    material impermevel 1

    8 Armrio com chave, 3 portas, em madeira

    revestida de material impermevel 1

    9 Cesto de lixo plstico lavvel 4

    10 Suporte para TV, capacidade para 21 ou 29

    polegadas 1

    11 Cadeira em PVC com 04 ps capacidade:

    120KG. 3

    12 Estantes (1 x 0,30 x 2,10) 12

    13 Tapete tipo capacho com aproximadamente

    1,5 m x 1m 2

    14 Cesto pltico para guarda de medicamentos 80

    15 Cesto pltico para separao dos

    medicamentos em dispensao

    Total Mobilirio 134

    EQUIPAMENTOS

  • 61

    15

    Aparelho fone e fax, bobina, secretria

    eletrnica e visor. 1

    16 Caixa amplificadora, uso ambiente fechado

    c/aproxim. 30 m 1

    17 Microfone com fio compatvel com a caixa

    amplificadora 1

    18 Bebedouro de presso, corpo em inox,

    modelo vertical 1

    19 Aparelho telefnico com chave 1

    20 Aparelho TV em cores, controle remoto,

    garantia mn, 01 ano 1

    21 Computador 5

    22 Impressora 40 colunas 4

    23 Impressora 80 colunas 1

    24 Geladeira 1

    25 Painel Eletrnico 1

    26 Acionador de Painel 4

    27 Mquina Seladora 1

    28 Fita para seladora 1

    29 Resistncia para seladora 1

    30 Aparelho de DVD 1

    31 Equipamento para filmagem de segurana (2

    a 3 filamdoras) 1

    32 Escadinha de 4 degraus 1

    Total Equipamentos 28

  • 62

    ANEXO D CUSTO DE MEDICAMENTOS E MMH NO

    MUNICPIO DE RECIFE A

    NE

    XO

    4

  • 63

    ANEXO E ENTRADA DE ITENS POR DISTRITO/UNIDADE

    DE SADE

  • 64

    ANEXO F RELATRIO SITUAO DO PACIENTE POR

    PROGRAMA SADE/DISTRITO/UNIDADE/PACIENTE

  • 65

    ANEXO G PRODUTOS DISPENSADOS POR DEPARTAMENTO