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JULHO 2013 / Nº23 / 5 EUROS Candidato à Câmara Municipal de Almodôvar, Ricardo Colaço assume: “É minha firme intenção potenciar todas as qualidades desta terra e dá-las a conhecer ao mundo!” www.nave-consult.com

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A Revista do Poder Local e da Economia Social

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JUL

HO

201

3 / N

º23

/ 5 E

UR

OS

Candidato à Câmara Municipal de Almodôvar, Ricardo Colaço assume:

“É minha firme intenção potenciar todas as qualidades desta terra e dá-las a conhecer ao mundo!”

www.nave-consult.com

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FREGUESIALugar de democracia

Governo de proximidade

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3Editorial

Como votar nas freguesias

extintas?

Ficha Técnica

Propriedade, Redacção e Direcção: NewsCoop - Informação e Comunicação CRL

Rua António Ramalho 600E • Apartado 6024• 4461-801 Senhora da Hora • Matosinhos

Publicação periódica mensal registada na E.R.C. com o número 125 565

Tiragem: 12 000 exemplares• Contactos: Tel./Fax: 22 9537144 •E-mail: [email protected]

Director: Sérgio Oliveira • Editor: António Sérgio • Coordenação Editorial: Frederico Seabra | Pedro Lopes

Jornalistas: Elda Lopes Ferreira • Administrativo: António Alexandre • Produção Gráfica: Ana Oliveira • Impressão: Multitema

Esta edição não se encontra ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico.

Índice

Editorial .............................................3

I Congresso Internacional – CASES ...04

Coop Beja Brinches ...........................06

Cooperativa Nave ..............................08

Mensagem ACI ....................................9

Autárquicas 2O13..............................10

JF Baleizão - Beja .............................12

CM Beja ...........................................14

Autárquicas 2O13..............................16

JF Ariz – Marco Canaveses................20

JF Refontoura - Felgueiras ................22

JF Apúlia – Esposende ......................24

JF Antas – Esposende........................25

JF Barroselas – Viana do Castelo .......26

JF Perre – Viana do Castelo...............27

JF Afife – Viana do Castelo ...............28

CM Montalegre .................................29

Benéfica e Previdente ........................31

Não foi nenhum historiador ou comentador po-

lítico que determinou que a Freguesia é o lu-

gar da democracia… Foi o povo, foram os cida-

dãos anónimos, aqueles a quem só dá jeito ou-

vir quando há eleições. A Freguesia é o principal

fundamento do regime democrático, é o garante

do direito de participação dos cidadãos na de-

fesa dos seus mais elementares direitos, é o úni-

co garante de representatividade assente num

voto verdadeiramente consciente porque basea-

do num conhecimento de quem se elege e em la-

ços de proximidade. Mais do que o lugar da de-

mocracia, a Freguesia é o centro onde os cida-

dãos convivem e partilham conceitos, opiniões e

saberes, centro das democracias participativas,

base da pirâmide democrática. É a cidadania no

seu melhor. A Freguesia é uma instituição popu-

lar, é uma escola democrática ao serviço das po-

pulações. É a casa que envolve a participação

dos cidadãos numa intervenção cívica, na defe-

sa dos seus mais legítimos interesses. Talvez por

isso não sirva a alguns…

No próximo dia 29 de Setembro, vão realizar-se

eleições autárquicas mas ninguém sabe ou per-

cebe como vão votar os cidadãos eleitores das

freguesias extintas. Todos sabemos do importan-

te trabalho dos milhares de autarcas à frente

das Freguesias, na preparação e organização do

sistema eleitoral mas não sabemos o que vão fa-

zer os autarcas das Freguesias extintas, quer na

organização dos cadernos eleitorais, recensea-

mento, certidões de cidadão eleitor e mais um

sem número de situações que é preciso acaute-

lar.

Ao que chegou o Estado português com a deci-

são de acabar com mais de mil freguesias… Ao

ponto de recorrer a argumentos falaciosos, por

que não dizer mesmo mentirosos, como o memo-

rando de entendimento com a Troika, o endivida-

mento público ou o défice orçamental… Esta si-

tuação pode levar a que muitos destes cidadãos

se vejam impedidos de participar no acto eleito-

ral, fazendo aumentar os níveis de abstenção, já

por si bastante elevados.

Importa perguntar ao governo quais os moti-

vos desta perseguição obsessiva a todos os ho-

mens e mulheres autarcas que construíram nas

suas freguesias espaços de convívio e lazer, que

dinamizaram e construíram respostas para os

problemas e anseios das populações. O fortíssi-

mo ataque que o governo desferiu contra o po-

der local democrático, foi um ataque ao traba-

lho empenhado e tantas vezes voluntário destes

autarcas. Mas foi também contra os 800 anos

de história, de valorização da nossa cultura, das

questões demográficas, sociais, dos usos e cos-

tumes das populações envolvidas que deveriam

merecer um pouco mais de respeito por parte

de quem nos governa. Não somos contra uma

reordenação administrativa do território. So-

mos contra esta espécie de reforma a prazo, sem

qualquer tipo de auscultação pública ou crité-

rio coerente.

O poder central nunca soube conviver com o po-

der local democrático, nunca foi capaz de cum-

prir com a lei das finanças locais, nunca acei-

tou as legítimas aspirações das Freguesias de te-

rem mais atribuições e competências e mais au-

tonomia administrativa. Pelo contrário, o que o

poder central pretende é eliminar as freguesias,

afastando-as das populações, acentuando assi-

metrias e a desertificação do território. Medo?

Subterfúgio para afastar quem impede, pela via

legal e do serviço público, impede outros de rei-

nar?

Que bom seria se “aqueles que lá do alto im-

pério”, onde foram colocados para serem mais

centralistas do que os que o são por convicção,

pudessem escutar a voz da razão e restituir ao

povo a freguesia que lhes foi tirada. Para isso, é

preciso ser livre e ter alguma dignidade…O que,

infelizmente, não se aplica a essa gente! Estare-

mos nós, portugueses, a assistir, impávidos e se-

renos, ao início da extinção de um sistema polí-

tico único no mundo? Estaremos nós a comun-

gar com o declínio de mais um elemento distinti-

vo da nossa democracia? Qualquer dia, em nome

de um qualquer plano de austeridade e em abo-

no de um qualquer memorando de (des)enten-

dimento, virá o nosso governo à praça pública

defender a extinção de alguns dos sete castelos

tornados aos mouros por D. Afonso III na nossa

bandeira nacional para pouparmos alguns euri-

tos em impressões… desnecessárias.

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Portugal foi a capital da economia social, numa iniciativa pioneira, com a chance-

la do Ministério da Solidariedade e da Segu-rança Social, no Centro de Congressos do Es-toril. O Ministério quis avaliar o papel que a Economia Social vai desempenhar no futuro de Portugal no pós-troika.

O I Congresso Internacional “A Economia So-cial Nos Desafios do Século XXI”, reuniu no Estoril governantes de Espanha, Brasil, Letó-nia, Angola, Timor-Leste e Colômbia, um tema que o ministro Mota Soares evocou como sen-do “sempre importante, ainda mais em tempos de crise”.Na abertura do encontro, sob o tema “A Econo-mia Social nos Desafios do Século XXI”, assis-tiu-se a uma mensagem de vídeo do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, na qual destacou a prioridade de investimentos para a área social, sobretudo, na criação de emprego.“Rasgar horizontes” no plano da Economia So-cial em Portugal foi o desafio que Marco Antó-nio Costa, secretário de estado da solidariedade

e da segurança social deixou no último painel do I Congresso Internacional de Economia Social, à qual se seguiu a apresentação da Carta de Cascais para a Economia Social e a intervenção de Pedro Passos Coelho, a encerrar o evento.O sector da economia social tem sido cada vez mais chamado a dar resposta à crise.  É um sector que tem potencial de crescimento e que se espera que contribua para a criação de em-prego e de riqueza no país. Debater os desafios da economia social foi o objectivo do I Congres-so Internacional, realizado no Estoril. Todas as instituições sociais do terceiro sec-tor, desde cooperativas, associações mutualis-tas, misericórdias, fundações e instituições par-ticulares de solidariedade social são chamadas a criar mais e novas respostas perante a crise. “Há uma maior necessidade de uma maior in-tervenção por parte destas organizações, mas também há a necessidade destas organizações serem capazes de inovar e de encontrar formas diferentes de resolver problemas que já são an-tigos”, afirmou o coordenador do Observatório da Economia Social, Gonçalo Pernas, que ga-rantiu que isso pode ser feito com boas ideias do que se faz no país e no estrangeiro ao nível de empreendedorismo e inovação.A economia social não é propriamente um ne-gócio, mas procura o lucro para investir em fins sociais, criando a sua própria sustentabilidade para não depender de financiamentos governa-mentais. Um sector que ganha cada vez mais

expressão no âmbito da inclusão social.“É um sector que dá, muitas vezes, emprego a pessoas que estão mais desfavorecidas peran-te o mercado de trabalho. Essas suas práticas inclusivas constituem, também, uma mais-valia para a própria sociedade, na perspectiva des-ta integração e da inclusão profissional e social das pessoas que estão mais em risco perante este contexto”, afirmou o coordenador do Ob-servatório da Economia Social. Gonçalo Pernas defendeu, por fim, o reforço do voluntariado de competências, numa parceria entre instituições e autarquias, como já aconte-ce com algumas empresas privadas.

“Economia Positiva”Do Brasil, Paul Singer, Secretário Nacional da Economia Solidária do Ministério do Tra-balho e do Emprego, com uma visão singular desta matéria referiu: “A Economia Social é um paradigma do presente, o que não impede de ser considerado um paradigma do futuro, ao qual passado e presente não são esqueci-dos. O princípio da Economia Social é a de-

I Congresso Internacional “A Economia Social nos Desafios do Século XXI”

“A EConoMiA soCiAl É uMA inEvitAbilidAdE!”

“A economia social é um instrumento precioso de coesão social e o melhor exemplo de democraticidade”

I Painel - “Economia Social - um Paradigma de Futuro” I Painel - “Economia Social - um Paradigma de Futuro”II Painel - “A Economia Social e os seus Modelos de Financiamento e Gestão”

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5mocracia, já a igualdade é o seu apanágio!” Maria Belém Roseira, moderadora do painel no qual interveio Paul Singer, “Economia Social – um Paradigma de Futuro”, em síntese, mencio-nou o conceito de “economia positiva”, desig-nação usada pelos economistas. “Esta econo-mia é social porque é solidária. É um laço. É uma economia altruísta por não visar a apro-priação do lucro, mas da sustentabilidade. O ter-ceiro sector em cooperação com o Estado tem que ser visto como um conceito relativo ao bem comum. A Economia Social é adaptável e adap-tativa”, acrescentou, concluindo que as línguas devem ser o motor “de fazer economia”, para através da economia melhor servir as pessoas.Noutro plano, Tomás Correia, presidente do Montepio Geral, cuja intervenção fez parte do segundo painel onde se debateu “A Economia Social e os seus Modelos de Financiamento e Gestão”, indicou que a Lei de Bases será um ponto de partida para que seja criada legisla-ção que apoie as instituições da economia so-cial e para que as próprias populações possam ser envolvidas. “Cascais pode servir de exemplo com a Carta de Cascais para a Economia So-cial”, muito embora a capacitação de dirigentes seja determinante no processo.Recorde-se que o Montepio tem tentado apoiar as suas congéneres na modernização das insti-tuições, através do apoio à implementação de projectos inovadores. “Incentivamos os diversos investigadores da Economia Social para serem instrumentos das instituições do terceiro sec-tor e para que possam estar melhor prepara-das para o futuro.” Na sua óptica, a sustentabi-lidade passa por “uma mudança dos arquétipos de gestão e dos conceitos de resposta social. A Economia Social é uma inevitabilidade. Temos que trabalhar em conjunto umas com as outras instituições para trabalharmos mais e melhor.”“Acredito que este é o tempo da Economia So-cial. A solução certa e oportuna numa era de desconfiança do paradigma. Neste esforço, nes-te caminho todos ganharemos, porque seremos mais independentes, ajudando os que mais ne-cessitam”, concluiu Tomás Correia.

Economia social com sinal + em Portugal“Mesmo num tempo economicamente difícil, de crise, o sector da economia social tem possibi-lidade de, em contraciclo, crescer. Já represen-ta mais de 5% da totalidade do emprego remu-nerado em Portugal. São mais empregos do que aqueles que são criados e mantidos no sector fi-nanceiro, segurador, bancário”, sublinhou o mi-nistro da Solidariedade e Segurança Social, Pe-dro Mota Soares, acrescentando que nesta área de actividade, “o investimento não se desloca-liza, tem grande estabilidade e dinamiza muito

as economias locais. Sabemos que, hoje, no in-terior do país, é um sector que é um grande em-pregador, muitas vezes com mais pessoas que o próprio Estado”, concluiu.O Conselho Nacional para a Economia Social aprovou recentemente a Carta de Cascais para a Economia Social O documento define os prin-cípios orientadores para o sector e que demons-tra que é “imperativo efectivar o reconhecimen-to público do carácter imprescindível que a Eco-nomia Social e a suas entidades têm em Portu-gal”. Mas não só, na Carta de Cascais é con-siderado “urgente apelar à reflexão conjunta de decisores económicos e representantes po-líticos” no sentido da “avaliação de resultados, numa perspectiva multidimensional, baseada em impactos financeiros, mas também em im-pactos sociais, ambientais e culturais da activi-dade económica”, explicou Mota Soares.Os 21 pontos do documento foram apresenta-dos na recta final do I Congresso Internacional de Economia Social por Eduardo Graça, presi-dente da CASES.

“É indispensável uma aposta estratégica no sector!”O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho presidiu a sessão de encerramento e re-forçou a importância no investimento na eco-nomia social “este é o momento para tornar a economia social num pilar do país”, afirmou na sua intervenção.“Somos motivados pelos valores da cidadania. Todos os parceiros da economia social são im-portantes, há agora que ir ao encontro da socie-dade civil. A economia social é um instrumen-to precioso de coesão social e o melhor exemplo de democraticidade. Nenhuma sociedade demo-crática e moderna pode florescer se não culti-var valores da solidariedade. Queremos uma so-ciedade que não deixe ninguém para trás, que seja decente e moderna, é uma tarefa de parce-ria que depende do trabalho de cada um”, as-segurou ainda que é indispensável a aposta es-tratégica no sector, reiterando o potencial da economia social, que poderá ter um papel mais expressivo no crescimento económico do país. “Não se pode desperdiçar as parcerias entre o Estado central, as autarquias e as instituições sociais” e anunciou a “criação de 400 postos de trabalho ao serviço das entidades da econo-mia social” face aos “80 novos contratos lo-cais de desenvolvimento social” assinados, com um investimento de “20 milhões de euros”. Passos Coelho defendeu “uma resposta de par-ceria orientada pelo princípio da subsidiarieda-de que aproveite a perícia e o conhecimento de quem está todos os dias no terreno”, sustentado pela aprovação recente por unanimidade da Lei de Bases da Economia Social.

III Painel - “Desafiar a Realidade Social: Experiências Animadoras” IV Painel - “Economia Social Portuguesa no Pós-Troika”

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6Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches, CRL

CAbb: uM CAso dE suCEsso PARA o sECtoR AgRíColA dA REgião

Fundada a 1 de Julho de 2008, a Coo-perativa Agrícola de Beja e Brinches,

CRL, (CABB) resultou da fusão da Coo-perativa Agrícola de Beja com a Coopera-tiva Agrícola de Brinches, que foram extin-tas na mesma data.A sua área social de intervenção estende-se por todo o País, principalmente na província do Alentejo, nos concelhos de Beja e Serpa.Desenvolve a sua actividade através de três secções: Olivicultura, Cerealicultura e a Sec-ção Comercial.Para apoio aos seus associados, a Coopera-tiva dispõe ainda de um corpo técnico, quer em termos de aconselhamento técnico agríco-la, quer na elaboração dos diversos processos de candidaturas aos subsídios comunitários.A CABB detém 75% do capital da UCASUL – União de Cooperativas Agrícolas, UCRL, cuja actividade fundamental se traduz na recepção e secagem de todo o bagaço de azeitona rece-

bido nas províncias de Alentejo e Algarve, em quantidade superior a 200.000.000 kgs, pos-suindo para tal uma unidade industrial situa-da em Alvito.Prevê-se que a actividade global da Coope-rativa bem como toda a agricultura no Alen-tejo, venha a ter nos próximos anos um cres-cimento enorme, na sequência da entrada em funcionamento das várias estruturas de rega-dio da barragem do Alqueva, que irão permi-tir regar 110 mil hectares.Está também previsto na estratégia futura da Cooperativa e da UCASUL ampliar enorme-mente a cooperação já existente com a ACO-REX, que se poderá traduzir na formação de uma Cooperativa de âmbito Europeu. Muitas são as razões para conhecer de per-to este exemplo de internacionalização e de franca expansão nos últimos anos, para isso, a F&C esteve à conversa com um Homem em-preendedor que se multiplica e faz multipli-car a área de negócio. Conversamos com o Gerente, Aníbal Martins.

Como vão a saúde e as áreas de negócio da CABB?Em relação à Cooperativa, concluímos em Março último, o projecto que tínhamos inicia-do em 2012 no âmbito do PRODER. Assim, em todo o equipamento que diz respeito à ex-tracção de azeite, embalamento, agora encon-tra-se numa situação perfeitamente de acor-do com aquilo que se esperam que sejam as expectativas do mercado. Portanto, do ponto de vista da olivicultura na cooperativa, está tudo a correr bem. Do ponto de vista dos cereais a cooperativa tem apostado muito forte nessa área, podia estar a correr melhor, mas isso já tem a ver com as condições climatéricas, que ocorrem, com o facto de se semear mais, com o tipo de culturas que se fazem, a própria questão de Alqueva, isto é, se a água já chega ou não a todos os agricultores e suas terras. Enfim, há todo um conjunto de situações que pen-samos que no futuro possa ter um maior de-senvolvimento. Apesar da crise em 2012 cres-cemos no volume de negócios e isso deve-se

ao mercado interno, essencialmente à grande distribuição, mas também à exportação que hoje fazemos para a China, aliás, neste mo-mento estamos a tentar consolidar estes ne-gócios. São negócios volumosos, de maneira que temos que ter atenção ao nosso merca-do externo.

O Flor do Alentejo continua a ser a vossa marca de referência?É a nossa marca. A nossa referência.

Ao nível de empreendedorismo e inovação, o que têm feito para chegarem mais longe e consolidarem, naturalmente esses mercados onde já se encontram?Nessa área, na cooperativa, portanto, estamos numa fase em que foi implementado um pro-jecto, que está a ser cumprido, agora há que es-perar para colher os frutos desse investimento. Na UCASUL esta área tem merecido mais atenção. E, neste momento o grande proble-ma que temos é que temos excesso de pro-dução, os lagares de azeitona são pequenos, acabam por não ter capacidade, logo estamos sempre a trabalhar sobre pressão e esforço. Ao nível das acções do processo produtivo, há rever todo este processo, desde o controlo dos próprios processos, inclusive procedeu-se à criação de uma empresa associada à UCA-SUL, a UCASUL – ES (Engenharia e Ser-viços), com o objectivo de atender a própria UCASUL, mas também para dar apoio técni-co aos lagares que nos entregam bagaço, que cada ano durante a campanha estão 24 horas de piquete para rapidamente nos lagares re-solverem as avarias, pois é ali que está gran-de parte do processo produtivo quer dos la-gares, quer da UCASUL está tudo automati-zado, sendo que as avarias têm normalmente origem na parte eléctrica, electrónica, do que propriamente na parte mecânica, em que uma peça que se vai desgastando, se substitui. As-sim, neste aspecto, penso que a UCASUL tem dado uma resposta muito válida e ao seu pró-prio processo de conseguir com algum inves-timento também, cerca de 3 milhões de euros, conseguimos colocar todo o nosso processo de produção a um nível que é difícil alcançar.

Aníbal Martins

Loja Beja Loja Pias Loja Serpa

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7Qual o destino do óleo de bagaço de azei-tona?Exportação. Exportamos a 100%.

Qual o vosso posicionamento neste momen-to ao nível dos azeites do Alentejo?Neste momento o azeite que se produz no Alen-tejo, não é comparável ao que se produzia há 15 anos! As variedades que foram plantadas na nossa zona são de variedades diferentes, o que é certo é que grande parte do azeite que é pro-duzido no Alentejo difere um pouco da produ-ção que tínhamos.

Mas descaracterizou-se?Não nos preocupamos muito com isso. Preocu-pa-nos, sim, o olival tradicional, porque ainda representam enormes problemas, aí sim esta-mos preocupados. Ou seja, o olival tradicional para ser competitivo no sector do azeite tem que passar os custos de produção no olival e au-mentar a produtividade do olival. E isso no oli-val tradicional é difícil. Não podemos compe-tir com olivais intensivos, que produzem por um ano um hectare, com metade dos custos desses olivais tradicionais. Portanto, quando calcula-mos o preço a que sai o kg de azeite, compara-tivamente a esses olivais, é insustentável man-termos o olival tradicional. Se não houver outro tipo de apoios para além da própria produção.

Ou seja, requalificar o olival tradicional e substituí-lo pode ser uma opção?Penso que poderá haver aqui algum equilíbrio. Se a intenção do olival tradicional, é manter, não é necessário arrancar 50 hectares e plantar 50 novos hectares de olival. Se plantar 20, pos-sivelmente conseguir-se-á rentabilizar toda a área. Essa é uma questão à qual estamos aten-tos, esses processos só seriam aconselhados, se efectivamente se justificasse a reconversão da unidade produtiva. Portanto, é sempre uma pos-sibilidade desde que concertada.

Tem uma opinião muito crítica relativa ao cooperativismo e à régie cooperativa que gere todo o movimento, a CASES. O que fal-ta para o terceiro sector se afirmar em Por-tugal, sendo que faz parte das nossas raízes?Devia haver mais visibilidade das cooperati-vas. A Economia Social em Portugal penso que ainda não está muito acarinhada. Temos agora uma Lei de Bases, mas há quanto tempo vive-mos este Código Cooperativo? Não mudou mui-to nos últimos anos. Há uma série de condições que imobilizam a economia social, em termos de fiscalidade e de isenções das cooperativas e as-sim as cooperativas teriam outro tipo de apoios que hoje não têm. Actualmente, uma coopera-tiva, do meu ponto de vista, tirando a isenção do IRC e pouco mais, é uma empresa normal e essa é que é a realidade… Continuo a dizer se é

uma empresa normal, como outra qualquer, que não tem como objectivo principal o lucro, mas tem também que ter alguns lucros para susten-tar os investidores e a sua própria actividade. E mais dia, menos dia, penso que as cooperativas vão deixar de estar isentas de IRC, entre ou-tras questões, mas vamos aguardar pelo futuro.

Com um país a ver crescer o desemprego, numa crise também em crescendo, a em-presa cooperativa mantém-se, como diz a Mensagem da Aliança Cooperativa Interna-cional, forte nos tempos de crise?Julgo que sim. Sei que é difícil ser mais forte, mas o que é certo é que sou muito crítico em relação ao modelo de gestão das cooperativas e entendo que as cooperativas sejam entendidas como empresas da economia social, mas como empresas, e depois “empresa” quer dizer muita coisa. Tem que ter uma gestão cooperativa for-malizada, tem que haver vistoria na relação da-quilo que é a gestão e qual a responsabilidade da direcção, como é que são atribuídas as ques-tões e documentos da direcção… Muitas coo-perativas têm ficado pelo caminho precisamen-te por não se chegar a este nível a um entendi-mento. Sou realmente muito crítico em relação a esta questão, porque acho que as cooperativas devem ter uma gestão muito profissional. A ges-tão se não for feita com algum equilíbrio e, nes-se equilíbrio quanto mais forte for, melhor suce-dida será. Antes da fusão, nas cooperativas de Beja e de Brinches assistíamos a direcções que estavam mais de vinte anos à frente da coopera-tiva. E é saudável que se renovem, para que sur-jam novas ideias e também gente nova no movi-mento cooperativo.

Que expectativas tem de produção para 2013?É muito difícil de prever. Este ano nota-se uma grande quebra de produção, devido aos novos olivais. Esperamos, portanto, no mínimo uma produção idêntica há do último ano em todas as variedades.

Uma mensagem aos associados e ao coope-rativismo para que este permita a resiliência à crise.Sou sempre optimista, penso sempre duma forma positiva face às dificuldades e aos pro-blemas que existem e entendo até que é nes-ta fase crítica e de crise que se criam opor-tunidades. Penso que as cooperativas e a economia social conseguirão resistir a esta crise duma forma sustentável e, apesar desta crise estar a durar há muito tempo, às vezes uma crisezinha, não faz mal nenhum! Serve para acordar mentali-dades e garantir novos voos. Depois, a própria palavra ‘cooperativismo’ tal qual ela existe, pre-cisa ser melhor entendida pelos sócios.

Secção de OliviculturaPossuindo 2 lagares, um em Beja e outro em Brinches, com uma capacidade total de la-boração diária de 600 toneladas, recebe e transforma a azeitona entregue pelos seus associados que em termos médios ronda os 15 milhões de quilos.A quase totalidade do azeite é embala-do para uma grande superfície, e o restan-te para a marca própria “Flor do Alentejo”. As vendas a granel são já neste momento de fraca expressão.

Secção de CerealiculturaA Cooperativa dispõe de instalações de ar-mazenagem de cereais em Beja, Serpa e Cuba com uma capacidade total de 100.000 m3. Recebe dos seus associados e comercia-liza, as diversas produções obtidas, sendo de salientar também a existência de um seca-dor de milho com uma capacidade de cerca de 1.000.000 Kgs diário.

Secção ComercialA actividade desta secção consiste na aqui-sição de todos os produtos e factores de pro-dução necessários à actividade agrícola de-senvolvida pelos seus associados, para que a mesma seja rentabilizada em termos de cus-tos.

FONTE: CABB

Sede da CABB Silos de Beja Silos de Serpa

Pátio de Brinches

Secador e Silos

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8Opinião

EConoMiA soCiAl E dEsEnvolviMEnto loCAl

É vulgar ouvirmos dizer-se que, em tempos de crise, a economia social pode contribuir decisi-vamente para a criação de dinâmicas do desen-volvimento local, em contexto de coesão social.Todos nós temos consciência, também que, com o desemprego, não se cria riqueza, nomeada-mente ao nível local, na comunidade onde cada um de nós reside.E, como facilmente se compreenderá, o desempre-go é um contributo forte para a falta de coesão social territorial.No nosso País, pelos dados estatísticos que são conhecidos, temos cerca de 18% da população ativa no desemprego, e, entre os jovens à procura de emprego, teremos mais de 40%, o que, como se compreenderá, constitui um motivo de grande preocupação.É esta, na verdade, a situação em que se encon-tra o nosso País.Na verdade, para além dos desempregados de lon-ga duração, não podemos esquecer o que se passa com os nossos jovens, nomeadamente os jovens li-cenciados que, no contexto da situação em que o País se encontra, não conseguem aqui uma opor-tunidade de trabalho e, por isso, aqueles que pre-tendem uma ocupação, vão por esse Mundo fora à procura de uma oportunidade de trabalho.Voltamos, novamente, aos tempos da emigração, com uma diferença relevante. É que, enquanto, nos anos que se seguiram à II Guerra Mundial, os nos-sos emigrantes eram, na sua maioria, analfabetos, vemos hoje partir para a emigração, jovens licen-ciados, que o País está a desperdiçar.Importa, assim, abordar temáticas relevantes so-bre as oportunidades de criar novos postos de tra-balho, nomeadamente para jovens e desemprega-dos, de curta ou de longa duração.A Economia Social constitui na verdade, uma oportunidade para um trabalho sério, ao nível do desenvolvimento local.Do meu ponto de vista, as Redes Sociais Muni-cipais podem ter e, em muitos casos que conhe-ço têm, um papel determinante na organização de respostas diversas ao desenvolvimento local, em que o empreendedorismo tem, ou deve ter, um lu-gar de destaque.Na verdade, o desenvolvimento local, tendo em conta as suas próprias características, obriga o envolvimento intenso dos actores locais, na defi-nição da estratégia, na execução e no acompanha-mento, devendo ser dado o relevo adequado à par-ceria entre Entidades do Sector Público e do Sec-tor Privado, não só para a caracterização sócio-e-conómica do espaço territorial identificado, bem como para a definição da respectiva estratégia e para a tomada de iniciativas que possam conduzir à sua concretização.Não pode ignorar-se que o desenvolvimento local

se faz com as pessoas, e nunca contra as pessoas, pelo que, para se poder ter êxito, neste domínio, é preciso que os responsáveis sociais e políticos sai-bam tomar as medidas adequadas para envolver, e comprometer, o maior número possível de pessoas, e as Organizações da sua Comunidade, na missão a empreender.Por isso mesmo a Freguesia, ou um Agrupamen-to de Freguesias envolvidas numa Comissão Local Interfreguesias, pode ser o espaço territorial ade-quado para o lançamento de iniciativas, em dinâ-micas de desenvolvimento local, como novas opor-tunidades de criação de novos postos de trabalho, envolvendo, nomeadamente, jovens licenciados de-sempregados.Tenho defendido que as Redes Sociais Munici-pais podem ser, na verdade, espaços de debate e de aprofundamento de ideias para a elaboração de Planos de Desenvolvimento Local, a partir dos quais possam surgir novas oportunidades de ne-gócios, que possam ter interesse para o desenvol-vimento local e que, por isso mesmo, sejam poten-ciadores da criação de novas oportunidades de no-vos postos de trabalho.Os jovens licenciados podem ser determinantes nestas iniciativas, tendo em conta as necessidades e as oportunidades existentes nesse espaço terri-torial.Muitas iniciativas têm surgido, nesse contexto, no-meadamente com a criação de cooperativas, e, em alguns casos, a criação de Régie Cooperati-vas, também conhecidas por cooperativas de inte-resse público, em que se envolvem jovens desem-pregados. E, em muitos casos, com sucesso reconhecido.No entanto, todos estamos certos da necessidade de um maior apoio, da parte do Governo, designa-damente no domínio do empreendedorismo de jo-vens que possam estar motivados para a criação de cooperativas, através das quais possam, efeti-

vamente, criar os seus postos de trabalho. E, aqui, é de evidenciar que, para o sucesso de ini-ciativas deste género, faz falta o “capital semen-te”, para apoiar a criação e o desenvolvimento de iniciativas empresariais, nomeadamente as inicia-tivas na área da Economia Social, em que as coo-perativas têm um papel de relevo.Neste contexto, vale a pena referenciar a Coopera-tiva NAVE – Serviços de Apoio à Gestão Empre-sarial, CRL, que tem a sua sede na Freguesia de Fermentões, Cidade de Guimarães.A Cooperativa NAVE procura ser, naquele con-texto, um agente dinamizador do desenvolvimen-to local e, tendo presente a experiência adquiri-da, a Cooperativa NAVE desenvolve atividades em Áreas de Intervenção tais como:– Social Commerce - um produto/serviço que visa

implementar, gerir e otimizar a participação em redes sociais para Cooperativas, Empresas, Ins-tituições e Personalidades.

– Acolhimento Empresarial – com uma área de espaços que são disponibilizados a jovens em-preendedores, permitindo-lhes acreditar no fu-turo, junto de equipas que os podem apoiar com vários serviços.

– Marketing Digital - com serviços de consulto-ria Web, designadamente o desenvolvimento de Marcas e a presença em Mercados, com um acompanhamento permanente.

– Identidades Corporativas – com a criação de imagem corporativa para empresas e serviços.

– Mercado Público – com um serviço de apoio e de consultoria, no domínio da contratação públi-ca, quer a empresas, quer a entidades públicas, na gestão de procedimentos e processos de con-cursos públicos.

– Páginas Web – com a ajuda a pessoas, às empre-sas, às cooperativas e aos serviços.

– Consultoria – com serviços de apoio a outras Or-ganizações e a Empreendedores.

A Cooperativa NAVE assume-se, assim, como um agente de desenvolvimento local e colabora com jovens e com Organizações na prossecução de no-vos projetos de desenvolvimento que possam criar novos postos de trabalho.Neste quadro geral do desenvolvimento é preciso ter presente, na verdade, a necessidade de reani-mar o associativismo de base local, porque será, então, a partir daí que se poderá preservar e di-namizar o desenvolvimento económico e social de uma Comunidade.É, assim, neste contexto, que a Área da Economia Social pode ter um contributo decisivo para o desen-volvimento local.

Por:Manuel Ferreira

Presidente da Cooperativa NAVE

Page 9: F&C 23

9Mensagem da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) 2013:

“A EMPREsA CooPERAtivA MAntÉM-sE foRtE EM tEMPos dE CRisE”91º diA intERnACionAl dA CooPERAção dA ACi19º diA intERnACionAl dAs CooPERAtivAs dA onu

«O Ano Internacional das Cooperativas, celebrado a 6 de Julho de 2013, tem

por tema “A empresa cooperativa mantém-

se forte em tempos de crise”. O tema é ain-

da mais oportuno à luz da situação de outras

formas empresariais confrontadas atualmen-

te com as lutas económicas mundiais.

Os modelos empresariais detidos por investido-

res sofrem hoje uma crise de insustentabilidade

económica, social e ambiental, enquanto o mo-

delo cooperativo demonstrou por diversas ve-

zes e de novo uma grande resiliência em tem-

pos de crise.

A crise financeira foi um exemplo épico dos pe-

rigos de valorização dos ganhos de curto prazo

sobre a viabilidade a longo prazo. A crise global

que enfrentámos deriva de um modelo de ne-

gócio que põe o retorno financeiro à frente das

necessidades humanas; um modelo que procu-

ra privatizar ganhos, mas socializando as per-

das. Existem provas consideráveis de que uma

diversidade de modelos de propriedade contri-

bui para um setor financeiro mais estável no

seu conjunto. Ao colocar as necessidades hu-

manas no seu cerne, as cooperativas respon-

dem às crises atuais de sustentabilidade e ofe-

recem-nos uma forma diferente de ‘valor parti-

lhado’. Acresce que o modelo cooperativo não

foi vítima do engano que afligiu o modelo ca-

pitalista durante mais de vinte anos, que consi-

derou o desempenho financeiro como o indica-

dor central para uma boa empresa. Muito sim-

plesmente, uma cooperativa é uma busca cole-

tiva da sustentabilidade, já que procura «otimi-

zar» resultados para uma gama de partes inte-

ressadas, em vez de maximizar benefícios para

uma só delas.

Por conseguinte, à medida que a situação en-

durece, toda a mão-de-obra, e não apenas uns

quantos dirigentes, é vista como vital para o

bem-estar da cooperativa.

Outro domínio em que a população global foi

fustigada foi no das práticas, seguido mesmo do

encerramento, de numerosos grandes bancos.

As instituições consideradas veneráveis, seguras

para investimentos e depósitos, afinal eram fra-

cas e mal geridas. As cooperativas financeiras,

porém, portaram-se frequentemente melhor.

As cooperativas de poupança e crédito e os ban-

cos cooperativos continuaram a crescer, outor-

gando créditos em especial a pequenas e mé-

dias empresas, e mantiveram-se estáveis nas di-

ferentes regiões, criando inclusivamente empre-

gos indiretos. É a sua combinação única de uma

propriedade, controlo e distribuição de resulta-

dos pelos seus membros, que é o elemento chave

desta resiliência e garantia de vantagens sobre

os seus concorrentes. Porque as cooperativas fi-

nanceiras representam uma parte surpreenden-

temente grande do mercado bancário global, é

importante conhecer melhor o modelo.

Um recente relatório distribuído pela Organi-

zação Internacional do Trabalho (OIT) e escri-

to pelo Professor Johnston Birchall, examina as

cooperativas financeiras desde as suas origens

na Alemanha nos anos 1850 até ao movimen-

to global que representam hoje. Birchall explica

numa entrevista à OIT como antes da crise, eco-

nomistas previram que as cooperativas finan-

ceiras iriam ser menos eficientes que os bancos

propriedade dos seus investidores, já que não

remuneravam os seus gestores com ações. Con-

tudo, a crise provou que as cooperativas finan-

ceiras arriscaram menos que as sociedades ban-

cárias anónimas, sobretudo porque os seus ges-

tores não receberam parte dos resultados.

“A estabilidade e a aversão ao risco estão ins-

critas no ADN das cooperativas financeiras.

Sendo empresas geram e devem gerar exceden-

tes, mas os seus excedentes convertem-se em re-

servas que lhes asseguram a força financeira e

põem-nas ao abrigo dos problemas que são ori-

ginados pelas exigências de capital próprio im-

postas pelos reguladores.”

“Noutras partes do mundo, as cooperativas de

poupança e crédito não sofreram perdas em

2008. Não viveram a crise bancária. Continua-

ram a crescer paulatinamente, com regularida-

de e sem dramatismo.”

Outra vantagem das cooperativas em tempo de

crise deve também não ser esquecida: a sua di-

mensão social. Numa altura em que as econo-

mias encolhem e é colocada pressão sobre os

governos para que não diminuam as garantias

sociais, as cooperativas oferecem muitas vezes

a bóia de salvação. Contribuem para o capital

social por formas que as empresas de base acio-

nista o não fazem. As cooperativas desempe-

nham ainda um papel fundamental na presta-

ção de serviços de saúde, que de outra forma se-

riam fornecidos pelos seguradores privados ou

pelo Estado, ou mesmo que nem sequer seriam

fornecidos pelos cortes nos orçamentos estatais.

E, claro, não se pode omitir uma grande van-

tagem das cooperativas de consumo: a capa-

cidade de oferecer ao público custos mais bai-

xos para alimentação e outros bens essenciais –

algo de vital numa altura em que os seus salá-

rios diminuem ou não existem mesmo.

O Dia Internacional das Cooperativas, 6 de Ju-

lho de 2013, dá-nos a oportunidade de refletir

sobre tudo o que as cooperativas fizeram nos

períodos de menor ou maior prosperidade, e de

reiterar o nosso compromisso em garantir que

os valores deste modelo empresarial continuam

a gerar maior atenção e apoio a nível mundial.

É um modelo que funcionou e funcionará sem-

pre.»

MENSAGEM

DA ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL (ACI) 91º Dia Internacional da Cooperação da ACI

19º Dia Internacional das Cooperativas da ONU 6 de Julho de 2013

“A empresa cooperativa mantém-se forte em tempos de crise”

O Ano Internacional das Cooperativas, celebrado a 6 de Julho de 2013, tem por tema “A empresa cooperativa mantém-se forte em tempos de crise”. O tema é ainda mais oportuno à luz da situação de outras formas empresariais confrontadas atualmente com as lutas económicas mundiais. Os modelos empresariais detidos por investidores sofrem hoje uma crise de insustentabilidade económica, social e ambiental, enquanto o modelo cooperativo demonstrou por diversas vezes e de novo uma grande resiliência em tempos de crise. A crise financeira foi um exemplo épico dos perigos de valorização dos ganhos de curto prazo sobre a viabilidade a longo prazo. A crise global que enfrentámos deriva de um modelo de negócio que põe o retorno financeiro à frente das necessidades humanas; um modelo que procura privatizar ganhos, mas socializando as perdas. Existem provas consideráveis de que uma diversidade de modelos de propriedade contribui para um setor financeiro mais estável no seu conjunto. Ao colocar as necessidades humanas no seu cerne, as cooperativas respondem às crises atuais de sustentabilidade e oferecem-nos uma forma diferente de ‘valor partilhado’. Acresce que o modelo cooperativo não foi vítima do engano que afligiu o modelo capitalista durante mais de vinte anos, que considerou o desempenho financeiro como o indicador central para uma boa empresa. Muito simplesmente, uma cooperativa é uma busca coletiva da sustentabilidade, já que procura «otimizar» resultados para uma gama de partes interessadas, em vez de maximizar benefícios para uma só delas. Por conseguinte, à medida que a situação endurece, toda a mão de obra, e não apenas uns quantos dirigentes, é vista como vital para o bem estar da cooperativa. Outro domínio em que a população global foi fustigada foi no das práticas, seguido mesmo do encerramento, de numerosos grandes bancos. As instituições consideradas veneráveis, seguras para investimentos e depósitos, afinal eram fracas e mal geridas. As cooperativas financeiras, porém, portaram-se frequentemente melhor. As cooperativas de poupança e crédito e os bancos cooperativos continuaram a crescer, outorgando créditos em especial a pequenas e médias empresas, e mantiveram-se estáveis nas diferentes regiões, criando inclusivamente empregos indiretos. É a sua combinação única de uma propriedade, controlo e distribuição de resultados pelos seus membros, que é o elemento chave desta resiliência e garantia de vantagens sobre os seus concorrentes. Porque as cooperativas financeiras representam uma parte surpreendentemente grande do mercado bancário global, é importante conhecer melhor o modelo.

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10Autárquicas 2O13

“bonfiM PoR todos”

Nuno Cruz, um jovem empresário do Bon-fim, que durante os últimos anos tem vin-

do a participar na luta e na defesa dos Bon-finenses. Desde sempre a sua maior preocu-pação foi ouvir as pessoas. Hoje apresenta-se ao eleitorado com a firme convicção e ideias para colocar o Bonfim na rota do progresso. Fomos encontrá-lo na rua e quisemos saber as razões da sua candidatura.

O que o leva a candidatar-se a presidente da Junta de Freguesia do Bonfim?Pretendo acabar com o marasmo e a passivi-

dade de uma Junta de serviços mínimos. A ac-

tual Junta parece não existir. No apoio à tercei-

ra idade, a única coisa que fez foi manter um

projecto implementado anteriormente pelo Par-

tido Socialista. No que se refere ao apoio às co-

lectividades, constatámos inactividade e alhea-

mento. Faltam projectos para os jovens, para a

classe média, para os desempregados. A Junta

tem a obrigação de ser mais activa, mais reivin-

dicativa, mais próxima da população.

E o que pretende mudar?Queremos uma Junta de porta aberta aos seus

cidadãos, que seja capaz de ter ambição e pro-

jectos. Vamos tornar as colectividades parcei-

ras da junta, dar-lhes voz e assento nas deci-

sões, prestar uma colaboração efectiva e inten-

sa. Vamos desenvolver projectos para apoiar os

desempregados da freguesia. Vamos resolver as

necessidades mais prementes da terceira idade.

Queremos uma Junta moderna e activa. Vamos

agitar este marasmo.

Mas as freguesias para além de não terem recursos, não tem competências?As freguesias têm competências e recursos. O

orçamento da Junta de Freguesia do Bonfim é

superior a 1 milhão de euros por ano. Tem fun-

cionários e recursos. Só não tem tido uma lide-

rança que coloque esses instrumentos ao servi-

ço da população.

Acha que é possível?Acho que sim, desde logo uma mudança de ati-

tude, injectar sangue novo, novas ideias. O presi-

dente duma junta de freguesia só o pode ser se

gostar da democracia participativa, de estar e

conversar com os seus fregueses, de saber ouvir

e participar, de sentir o pulsar das ideias e colo-

cá-las em prática.

Presumo que tenha feito o diagnóstico da situação e dos problemas…

Tenho estado diariamente na rua ao longo

dos últimos meses e sou também membro da

Assembleia de Freguesia do Bonfim, consta-

tando os muitos problemas que a Junta não

resolve. É com base na auscultação dos mo-

radores e da diversidade de problemas da po-

pulação que estamos a desenvolver um pro-

grama participando, dando voz às expectati-

vas de cada bonfinense, numa freguesia onde

vivem e trabalham mais de 25 mil pessoas.

E quais são as prioridades?Coesão, associativismo, habitação e emprego.

Se a Junta se direccionar para essas áreas

nos próximos 4 anos, vai certamente deixar

uma freguesia melhor do que aquela que en-

contra.

Nessas prioridades como ficam o problema das ilhas?As ilhas têm muitas carências, mas são tam-

bém importantes espaços de sociabilidade e so-

lidariedade entre vizinhança. Já visitei todas as

ilhas e constatei isso mesmo. Nesse sentido e,

seguindo a proposta já apresentada pelo candi-

dato do PS à Câmara Municipal do Porto, Ma-

nuel Pizarro, iremos lançar um projecto de in-

tervenção urbanística para resolver os proble-

mas mais graves (saneamento, salubridade,

etc), mantendo as pessoas a morarem nas ilhas

se assim o entenderem.

Está a dizer que deitar abaixo não é proble-ma…Não queremos deitar as ilhas abaixo. Poderão

existir algumas que não possamos manter pelo

seu grau de degradação, mas no essencial que-

remos lançar um programa de recuperação, fo-

mentando também a criação de emprego. Va-

mos actuar sem desenraizamento social dos

moradores, na sua maioria idosos, que não são

ouvidos pelos actuais poderes.

Está a dizer que nem a câmara nem a junta de freguesia falam com os moradores?Os moradores do Bonfim com mais carências

sociais têm sido completamente desconsidera-

dos e muitos têm sido realojados noutras zonas

da cidade, quando na nossa freguesia existem

inúmeras casas devolutas. É preciso uma políti-

ca mais humana e com mais respeito pela digni-

dade de todos os cidadãos, independentemente

dos seus recursos.

Qual é a faixa etária da população do Bonfim?No essencial, segundo as estatísticas disponí-

veis, falamos de uma faixa entre os 40 e os 50 anos e uma população crescentemente envelhe-cida. Temos muitos jovens que são obrigados a sair da freguesia pelos custos da habitação e pela falta de emprego, devendo por isso cons-tituir duas prioridades para a acção do execu-tivo da Junta.

Qual é o símbolo do Bonfim?Para mim são as pessoas, os bonfinenses, que melhor simbolizam a freguesia no seu todo.

Quais são os pontos fracos da actual gestão da Freguesia?A Junta que agora cessa funções foi uma Junta de serviços mínimos, limitando-se a dar continuidade aos projectos lançados pelo PS antes de 2001. Os pontos fracos resultam da incapacidade para re-verter os problemas que hoje em dia são cada vez mais evidentes: menos população e mais envelhe-cida, mais desemprego, mais pobreza, menos habi-tação. É preciso actuar com os olhos postos no fu-turo, pela positiva, com todos os que queiram con-tribuir para essa mudança.

Para terminar, quais os seus projectos para a Junta de Freguesia do Bonfim?As propostas estão centradas na prioridade à coesão, ao associativismo, à habitação e ao em-prego. Vamos mobilizar os nossos esforços em torno dessas áreas, não prometendo nada que não possamos cumprir e não enganado a po-pulação. Vamos ser mais reivindicativos peran-te a Câmara Municipal e criar sinergias com a sociedade civil do Bonfim, com as suas institui-ções, associações e empresas, para desenvolver acções capazes de melhorar a vida da nossa fre-guesia em prole de Bonfim por todos, com to-dos e para todos.

Nuno Cruz

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11AutáRquICAS 2O13

sinAl + É A PRoPostA dE MARCo MARtins PARA gondoMAR

“A MElhoR foRMA dE EMAgRECER o EstAdo É PAssAR CoMPEtênCiAs PARA As AutARquiAs”

“A população de Rio Tinto aceitou bem a minha candidatura, ao nível do municí-

pio desejam acima de tudo mudança, acho que a própria população vai perceber que a for-ma de ajudar Rio Tinto é a Câmara não estar de costas voltadas para as freguesias. O Nuno Fonseca, quando for presidente de junta vai ter uma ajuda fundamental que eu não tive, irá ter a câmara a ajudá-lo!”, declarações de Marco Martins, actual presidente da Junta de fregue-sia de Rio Tinto e candidato pelo PS, à Câmara Municipal de Gondomar à F&C.

Esta campanha é caracterizada por um sinal ‘+’, quais os sinais positivos que destaca, sen-do que se apresenta com 5 pilares chave para trabalhar o Município de Gondomar?A campanha “Por um Gondomar + Positivo” sur-ge porque queremos mudar a imagem negativa que tem o concelho de Gondomar. Há algumas áreas transversais, as listas estão a ser anuncia-das, de facto Gondomar crescerá mais com o re-forço dos transportes públicos deficitários, e com aquilo que Gondomar perdeu e que deve exigir, que é a sua linha de metro: Campanhã – Freixo / Val-bom – S. Cosme, não se compreende como o presi-dente da câmara, era o presidente da Metro, e dei-xou escapar esta situação; Outra área fundamental tem a ver com questões estruturais, que é o Gondomar + Sustentável, por-

que Gondomar tem 32Km no Douro que estão completamente desaproveitados. Ali, passam 500 mil turistas por ano e nenhum deixa qualquer di-visa, pois não tem cais de atracagem, queremos revitalizar não só o Rio Douro, como rentabilizar as serras no alto concelho e as capitais onde isto não se pratica de forma anárquica e sem qualquer tipo de regulação e, há uma paisagem natural que pode ser aproveitada e criar-nos pistas para a prá-tica de actividades, com pequenas reparações de caminhos e, com sinalética, incluir Gondomar no trilho nacional; Outro eixo é o Gondomar + Vida na questão do estado da configuração pública e integração de es-paços verdes, e nós aí temos o compromisso de ligarmos as principais escolas do concelho Gon-domar – Rio Tinto, por ciclovia; E, como Gondo-mar é um local onde há muito betão e falta o ver-de, penso que temos que mudar estas políticas, no sentido de criar uma política de dar qualida-de de vida às pessoas, com transportes, proximi-dade, baixo custo de habitação, é isso que temos que mudar;No eixo Gondomar + Activo pretendemos captar investimento, o concelho tem a vantagem da proxi-midade ao Porto que sempre teve, mas tem a van-tagem das auto-estradas que estão construídas de forma a sermos um ponto estratégico, a verdade é que Gondomar não soube captar investimento, quando temos nós de acesso e de ligação privile-giados. Assim, aproveitando essa imagem positiva

do concelho, as vias rápidas, há que alterar desig-nadamente o PDM do território para captar in-vestimento e criar emprego, porque temos 19,4% da população activa sem emprego no concelho; Por fim, considero que a gestão autárquica tem que mudar! A câmara tem que prestar contas aos seus munícipes, fazer protocolos com as fregue-sias, ter o seu departamento financeiro, como não tem feito nos últimos anos!

Este será um trabalho fundamentado nas ba-ses que lhe garantiram a presidência da junta de freguesia e do voluntariado que presta nos bombeiros?Essa questão tem que ver com a postura de cada um, obviamente que sou voluntário nos bombeiros há quase 20 anos, com muito orgulho, enquanto fisicamente me for permitido e tiver disponibilida-de, darei o meu contributo. Na minha óptica, isto apenas vem reforçar a proximidade entre eleito e eleitor. O bem-estar da população será sempre a nossa grande prioridade. O próprio apoio demons-trado pelas pessoas tem sido muito compensador, temos optado pela diferença na nossa campanha.

A vossa participação na Área Metropolitana do Porto tem sido descurada, vai cortar com essa postura?Gondomar tem que se afirmar, e vai seguir em frente. Cá estaremos para marcar posição e exi-gir o que Gondomar tem direito e não tem tido.

Nuno Fonseca actual tesoureiro da fregue-sia da Junta de Freguesia de Rio Tinto e

candidato às próximas autárquicas confessou à F&C o rumo que pretende dar aos destinos de uma freguesia que conhece bem e que pre-tende potenciar.

Qual o projecto que tem para Rio Tinto uma vez que ‘transitará’ do actual execu-tivo como tesoureiro, para presidente no próximo? Dar continuidade numa primeira fase e man-termos o índice de qualidade que conseguimos impor na junta de Rio Tinto com a criação de novos serviços, uma junta muito mais próxima da população, mas obviamente que tem que ha-ver novos projectos. Pretendemos que esta seja uma junta capaz, de responder a tudo e não ha-ver margem para uma desresponsabilização quer da junta, quer da câmara. Temos de ga-rantir todas as respostas dos nossos cidadãos.

É preciso dotar as freguesias de competên-cias?Exactamente. As freguesias têm que ser pólos dinamizadores. As pessoas têm que se dirigir às suas freguesias porque elas é que são capazes de ter um conhecimento real dos problemas do seu território. Nós chegamos ao pormenor. Hoje, quando se diz que um euro é melhor gerido por

uma freguesia, do que pelo governo central é porque os autarcas locais chegam aos porme-nores! É essa a diferença.

E vai estar a tempo inteiro?Sim, uma junta com a dimensão de Rio Tinto é impossível não ser gerida a tempo inteiro. Aliás, a freguesia de Rio Tinto vai manter-se indepen-dente, porque ultrapassamos o critério limite que a lei previa de 50 mil habitantes.

Filho da terra, que mensagem deixa à popu-lação?Continuar o projecto que não está terminado. Este é um trabalho liderado por Marco Mar-tins fruto de um trabalho de equipa, que não foi mais além por manifesta falta de apoio da autarquia de Gondomar, liderada por Valen-tim Loureiro. Portanto, estou com expectati-vas na vitória do Marco Martins na Câmara de Gondomar e, se mantivermos a gestão da junta, agora sim, conseguiremos atingir gran-des objectivos.

Marco Martins

Nuno Fonseca

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“Queremos dar continuidade ao lema: tra-balhar com todos e para todos, por Ba-

leizão. Acima de tudo sempre será essa a nossa postura. A nossa população é muito exigente e isso motiva-nos a trabalhar mais e a desenvol-ver um trabalho de proximidade”, revelou Sil-vestre Troncão, presidente de Junta de Fregue-sia de Baleizão, Beja. É com um projecto de continuidade que este grupo de elementos que a CDU vai tentar renovar o mandato. Além de Silvestre Troncão, a equipa mantém os rostos, Maria João Brissos, actual secretária e Victor Calisto, o actual tesoureiro.

Que legado lhe poderá ser atribuído no final deste mandato e o que considera ter ficado por fazer?Basicamente, fizemos tudo o que nos propuse-mos fazer no programa eleitoral que apresen-támos aos nossos eleitores e que dependia úni-ca e exclusivamente da junta de freguesia, face aos meios financeiros que tivemos à disposição. Aqueles que não constavam do programa eleito-ral, de mais monta e que não dependiam de nós foram alvo de entraves.Conseguimos fazer outras coisas, mas tivemos que reformular o modus operandi. Não há ver-ba. Além do FFF, os protocolos de investimen-to que temos com a Câmara Municipal de Beja caíram completamente. O protocolo de compe-tências, desde 2005 que não é actualizado! So-fremos represálias na implementação das nos-sas obras, chegando mesmo a não conseguir concretizá-las. O nosso maior entrave foi sem dúvida a Câmara Municipal de Beja.

Com esse sentimento de prejuízo, como é que são as relações entre Câmara e Fregue-sia?São excelentes de nossa parte. Se calhar o nos-so tratamento menos próprio deve-se a sermos de uma cor política diferente. Eventualmente, se falar com outro colega doutra cor política, a opinião poderá ser diferente. Mas os cortes têm afectado todas as freguesias e tudo o que

foi acordado com a autarquia, nada foi posto ao terreno como foi previamente acordado. Havia uma única obra que era prioritária para Baleizão, essa obra nem era camarária, mas do EMAS, da rede de águas pluviais, que caiu. Re-lações entre a freguesia e a câmara não exis-tem. Quando pedimos um parecer não há qual-quer feedback. Os pequenos contactos que fo-ram feitos, foram iniciativa nossa.As próprias semanas abertas, em que a Câmara Municipal percorre todas as freguesias, não foi produtiva. É suposto haver um contacto directo com a freguesia, mas foi muito fraco. Todas as grandes obras que aqui se fizeram, o campo de futebol, os balneários, o tanque, esta freguesia tem a particularidade de ter duas al-deias numa, a aldeia de cima e a aldeia de bai-xo, há uma certa rivalidade, apesar de sermos apenas um aglomerado, logo, tudo o que é fei-to num lado tem que ser compensado no outro.Temos consciência que a Câmara Municipal não tem a mesma capacidade financeira que ti-nha há dez anos atrás, só que houve um aban-dono total das freguesias e penso que será esta uma opinião transversal a todas as freguesias do concelho.

Considera então que há apenas um olhar voltado para o centro da cidade de Beja?Em ano de eleições, Beja está toda esburaca-da e em obras… Tenho algumas dúvidas que es-tas obras sejam pagas ou de quem as estará a pagar… Porque se não houve dinheiro durante três anos, como é que há tanto dinheiro agora, se a câmara mantém a mesma condição finan-ceira que há três anos?

Sente descontentamento em Baleizão por não conseguirem mostrar mais trabalho?Sim, e ao nível das freguesias aumentou e é ge-neralizado, penso que as eleições serão um bom barómetro para aferir esse descontentamento. Acho que será essa a melhor forma das pessoas se expressarem! É um sentimento de perda, aquele que temos! A inércia é muita e a falta de vontade é ainda maior. Trabalhamos além das nossas competências e fruto da nossa imagina-ção, porque há um enorme desinteresse. Infeliz-mente, as questões que são responsabilidade do município são sempre desvalorizadas e perde-mos muito com isso.

Este manifesto desinteresse pelo território, pelas freguesias é indicador de que estas de-veriam ser extintas?Todo este desmazelo vem dar razão à reforma administrativa e à extinção de freguesias. A ex-tinção não se cumpre apenas a extinguir no pa-pel ou deixar de ter uma sede em determinado local, mas o aumento dos combustíveis, a falta de mobilidade das pessoas para se deslocarem a qualquer sítio, a inexistência de transportes, o abandono e a migração da população do Alen-tejo, do interior do país são indicadores que não

têm sido equacionados devidamente. Portanto, não me admira que as freguesias se extingam por elas próprias… Provavelmente, não havia necessidade de formalizar esta reforma admi-nistrativa, no fundo, tanto Miguel Relvas como Paulo Júlio iriam ver que o propósito ocorre-ria, mesmo sem lei, era só uma questão de es-perar…Nós, junta, estamos muito limitados e, sem qualquer serviço público de proximidade, esta-mos votados a desaparecer e a formar um de-serto. A nossa luta é no sentido de contrariar todo este plano negativo, para que possamos ser um elo de ligação congregador, um porta-voz. Só que somos completamente impotentes para isso, por muito que queiramos.

Perante este cenário de insatisfação esta equipa vai recandidatar-se. Como vai tentar contrariar toda esta realidade que tanto vos afecta?Sejamos eleitos ou não, seja qual for a força polí-tica na autarquia de Beja, o nosso lema é defender Baleizão! Acima de tudo é o que nos move.

Para dinamizar a economia local, o que vos é possível fazer?Essencialmente, promover o comércio local. Ainda é a forma legal que temos para ajudar a nossa população com actividades dispersas pela freguesia, onde tentamos sobretudo mobilizar a participação dos nossos jovens. Pretendemos ainda criar um grupo de voluntariado jovem.Temos a percepção que durante os últimos qua-tro anos nos preocupamos em fazer mais com menos dinheiro. Há menos recursos, mas tam-bém as pessoas estão conscientes e pedem-nos menos. Temos nove funcionários, realidade que não é igual à de outras freguesias… Todos os trabalhos que adjudicamos são a Baleizão, não é nada fora. O próprio edifício da junta está a ser recuperado aos poucos com a boa von-tade dos nossos homens. As grandes obras se-rão sempre um enorme ponto de interrogação, mas iremos tentar concorrer pela via de candi-daturas autónomas aos fundos comunitários. É a nossa única via directa para aceder a fundos.

Junta de Freguesia de Baleizão - Beja

PoR bAlEizão: tRAbAlhAR CoM todos E PARA todos!

Silvestre Troncão, Maria João Brissos e Victor Calisto

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Caracterizada por ser a Capital da Quali-dade de Vida, Beja assume-se como uma

referência na inovação, no qual são reconhe-cidos os programas Inovo Beja, Beja Ecopó-lis – Cidade Inteligente e, Invista Beja. Apesar da situação económica difícil que o exe-cutivo liderado por Jorge Pulido Valente encon-trou quando chegou à Câmara Municipal de Beja, foram necessários dois anos para projec-tar o futuro dos destinos da sede de distrito. Contudo, apesar da estabilidade alcançada, o autarca espera reunir forças para no próximo mandato dar continuidade e concluir os projec-tos rumo à aceleração económica e à coesão so-cial. Apostas fortes num crescimento sustentá-vel, como afirmou, em entrevista, à F&C.

A Câmara Municipal de Beja classifica o mu-nicípio como Capital da Qualidade de Vida. Que motivos sustentam esse epíteto?Jorge Pulido Valente – Definimos Beja como a capital da qualidade de vida, desde logo, pelas condições naturais que temos a nível ambien-tal mas também face a um conjunto de carac-terísticas, equipamentos, infra-estruturas e um modo de vida que permitem classificar a nossa cidade desta forma. Temos aqui uma tranquili-dade absoluta, que advém das excepcionais con-

dições de segurança e, a própria organização da cidade permite que tenhamos tempos de deslo-cação e de acesso aos serviços muito curtos. A qualidade de vida também se mede pela facili-dade com que vivemos a nossa vida no dia-a-dia. Nesse sentido, temos uma rede urbana de transportes e, no que concerne ao trânsito na cidade, também as deslocações são muito cur-tas e com acessos facilitados. As pessoas benefi-ciam ainda de fácil acesso a todo o tipo de ofer-tas que uma cidade pode estruturar, seja ela cul-tural, social, educativa, de saúde, desportiva ou comercial… A todos os níveis, existe em Beja uma oferta de serviços que permite que as pes-soas satisfaçam as suas necessidades. Também a nível económico, temos hoje uma qualidade de vida de que não usufruíamos antigamente, ape-sar de estarmos em contraciclo. Um novo de-senvolvimento agrícola e uma nova ruralidade têm contribuído para o incremento do emprego e para a criação de riqueza. Depois, a qualidade de vida mede-se também pelo enquadramento paisagístico natural e edificado. Temos um pro-grama designado Beja Fácil, que permite que as pessoas não percam tempo a tratar de questões burocráticas relacionadas com serviços munici-pais, podendo fazê-lo comodamente através da internet. Temos também um espaço de excelên-cia, que é o nosso Parque da Cidade, estamos a terminar a requalificação da ciclovia, no seio de uma rede deste tipo de equipamentos e de per-cursos pedestres muito significativa. Uma apos-ta que temos feito reside na área do ambien-te sustentável e na concretização de uma cida-de inteligente e, para o efeito, criámos uma em-presa municipal especialmente dedicada a esses desígnios. Temos pois todas as condições reuni-das para beneficiarmos de níveis de qualidade de vida bastante elevados, apesar de estarmos permanentemente a trabalhar na perspectiva de ainda melhorar essas características da ci-dade que nos garantem padrões que nos permi-tam continuar a classificar a cidade como Capi-tal da Qualidade de Vida.

O executivo que lidera encontrou uma Câ-mara Municipal com muitas dificuldades financeiras. Como conseguiram promover o actual equilíbrio?Confesso que andámos mais de metade do man-dato preocupados com essa situação… Feliz-mente, já temos hoje o quadro financeiro mais estabilizado e vivemos uma fase de maior tran-quilidade.

Concretizado esse trabalho e atingidos gran-des objectivos inicialmente programados, pretende recandidatar-se nas próximas au-tárquicas, dando continuidade ao projecto?Sim, já apresentei a minha candidatura. Ob-viamente, este projecto não se concretiza num

mandato só. Aliás, referimos isso mesmo aquan-do da nossa candidatura, há quatro anos. Pers-pectivámos o nosso projecto para dois manda-tos, eventualmente com um prolongamento de dois anos para a conclusão de algumas compo-nentes. A primeira parte do mandato foi para reorganizar a casa, quer do ponto de vista fi-nanceiro, quer do ponto de vista do funciona-mento da autarquia, porque encontrámos uma estrutura muito antiquada e desorganizada. De-pois desse trabalho, os resultados começaram a aparecer e parece-me notório evidenciar os be-nefícios de algumas intervenções de requalifica-ção da cidade e do concelho. Classificámos esta nova fase como um novo impulso. Continuamos com a mesma estratégia da Beja Capital, assen-te em seis pilares de desenvolvimento. Conside-ramos que as bases desses pilares estão estabili-zadas e estamos agora na fase de os erguer e no rumo certo para o fazer nas várias áreas, des-de a económica à social, nomeadamente atra-vés de uma componente muito importante para nós, que é a coesão social. Temos problemas es-truturais graves sobre os quais temos vindo a trabalhar…

Como têm vindo a trabalhar essa área social num período marcado por uma grave crise e pelo aumento da taxa de desemprego?Os problemas são fundamentalmente estrutu-rais e têm a ver com o desemprego e com uma questão associada, a habitação. Depois, exis-tem componentes mais agudas e conjuntu-rais que incorrem da própria crise, que levou a despedimentos, a reduções de vencimentos e a dificuldades acrescidas mesmo para pessoas cuja situação era imprevisível. Temos uma in-tervenção muito forte na área da coesão so-cial, através do nosso Gabinete de Desenvolvi-mento Social e de um instrumento decisivo, a rede social, que congrega mais de 90 parcei-ros muito activos e com projectos interessan-tes. Procuramos coordenar essa rede e fazer convergir a actividade de todos para as priori-dades definidas no Plano de Desenvolvimento Social, aprovado pela Rede Social. Diria que, neste momento, temos respostas para prati-camente todas as dificuldades e problemas que encontramos no terreno. Portanto, existe capacidade para responder, embora tenhamos que fazer aqui uma excepção no que respeita à habitação social. Aí, as carências são mui-tas e não temos capacidade financeira para resolver a situação, embora ofereçamos algu-mas soluções interessantes ao nível do arren-damento social. Temos um património de 340 habitações, mas precisávamos de, pelo menos, mais 200 e não temos meios financeiros para trabalhar nesse sentido. Trata-se de um pro-blema que não é exclusivo de Beja e que de-veria envolver muito a Administração Central

Câmara Municipal de Beja

bEjA CAPitAl PREPARAdA PARA RECEbER, vivER, invEstiR E visitAR!

Jorge Pulido Valente

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15na procura de uma resolução mas, na conjun-tura actual, torna-se muito complicado…

Voltando à crise, a autarquia criou o projec-to Invista em Beja… Que tipo de interven-ções promovem no sentido de captar inves-timentos para o território?Temos dividido a intervenção que visa a capta-ção de investimento em vertentes diferentes. A primeira reside no marketing territorial. Temos trabalhado muito na promoção geral do territó-rio, das suas características naturais, dos seus equipamentos e do seu potencial económico. Esse trabalho tem originado resultados bastan-te positivos. Depois, temos um trabalho mais in-cisivo de missões empresariais para captarmos investimentos concretos, nomeadamente na área da aeronáutica – temos um aeroporto com todas as condições para se afirmar como um factor de desenvolvimento -, na área agrícola e na agro-industrial e na área turística. Na área agrícola, o resultado é espantoso, traduzido na nova ruralidade, com muitos jovens empreende-dores dedicados, com muita inovação, aprovei-tando a proximidade do Alqueva, óptimos solos, muita luz e sol, o que permite marcar a diferen-ça em cultivos como o do olival, da vinha, da fruticultura e de novas culturas como a papoila branca para a indústria farmacêutica, às cebo-las para o Mc Donalds. Há um conjunto de in-vestimentos muito interessantes e, mesmo, a ex-perimentação de culturas que não eram habi-tuais no nosso território têm produzido resulta-dos muito interessantes. No turismo, felizmen-te, também tem corrido tudo muito bem. Exis-tem investimentos muito interessantes, nomea-damente os ligados ao olival e à vinha, assim como o de natureza e o patrimonial. Temos um

centro histórico muito importante, alvo de algu-mas intervenções de requalificação que o torna-ram ainda mais atractivo e outras já projecta-das. Para além disso, temos trabalhado em ter-mos de aceleração económica e, no âmbito de uma parceria geoestratégica com outros muni-cípios, temos desenvolvido um conjunto de in-tervenções que nos permitiram construir uma base que disponibilizamos a todos os potenciais investidores com todos os dados necessários para que possam avaliar as nossas potenciali-dades e perceberem as oportunidades existen-

tes e os locais onde poderão estabelecer os seus investimentos. Depois, temos outra componente importantíssima, o acompanhamento dos inves-tidores. Temos um gabinete estratégico de de-senvolvimento aqui na câmara, que acompanha o investidor a partir do momento em que nos apresenta a ideia, passando à pesquisa de finan-ciamento, pela estruturação do projecto de in-vestimento até aos licenciamentos necessários. Temos trabalhado nessas áreas de forma bas-tante incisiva e têm surgido propostas e investi-mentos muito interessantes.

“temos um património de 340 habitações, mas precisávamos de, pelo menos, mais 200 e não temos meios financeiros para trabalhar nesse sentido. trata-se de um problema que não é exclusivo de beja e que deveria envolver muito a Administração Central na procura de uma resolução mas, na conjuntura actual, torna-se muito complicado…”

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16Autárquicas 2O13

RiCARdo ColAço: o CARinho E gosto dE sER AlModovAREnsE

Como caracteriza Almodôvar ao nível dos seus usos e costumes tradicionais, produção agrícola, gastronomia, associa-tivismo, edificado, a própria natureza?Almodôvar é um concelho riquíssimo em

história, em tradições culturais e gastro-

nómicas, com produtos endógenos de qua-

lidade ímpar, em todo o concelho se respira

Alentejo! É minha firme intenção potenciar

todas as qualidades desta terra e dá-las a

conhecer ao mundo!

De acordo com a Lei nº 11-A/2013 da Reorganização Administrativa do Terri-tório das Freguesias, publicada a 28 de Janeiro, em Diário da República, a fre-guesia de Almodôvar funde com a da Se-nhora da Graça de Padrões. Como vê a união destas duas freguesias? Quais as vantagens, desvantagens desta agrega-ção?Sempre tornei público que tenho algumas reservas sobre o modo em que foi eleborada a Reoganização Administrativa. Contudo, a

lei foi aprovada e vai ser posta em prática. É minha função enquanto autarca, adaptar da melhor maneira as disposições legais à realidade das carências e virtudes da popu-lação. Vamos atenuar as desvantagens e ex-ponenciar as vantagens resultantes da jun-ção das duas freguesias.

Como vê o futuro da freguesia de Almo-dôvar e sua população, uma vez que a sede de freguesia manter-se-á em Almo-dôvar, contudo o território irá aumentar. Como é que este será gerido, bem como o património de cada uma das fregue-sias, quais as próprias competências e, até mesmo ao nível do concelho, o que irá mudar com estas uniões?Com esta união, Almodôvar torna-se uma das maiores freguesias do país em exten-são territorial. Iremos manter as instala-ções da Semblana, pois entendo que é ne-cessário manter a proximidade física com a população. Irá concerteza haver uma reor-ganização dos meios operacionais de modo a satisfazer as necessidades da população.

Noutra perspectiva, como vê o estado do país e quais as suas principais preocu-pações e impactos sociais à escala desta freguesia? Factores como o envelheci-mento da população, a própria interiori-dade, a desertificação são os que mais o inquietam ou ainda há mais?O estado do país é a consequência de alguns anos de desgoverno. Felizmente estamos no caminho da recuperação económica como é reconhecido internacionalmente. Sabemos que essa tarefa exige sacrifícios e o aumen-to do desemprego tem sido um flagelo deste período. A junta de freguesia está atenta ao fenómeno e temos colaborado com o Banco Alimentar no transporte de donativos. Te-mos também referenciado os mais carencia-dos e apoiado activamente todas as iniciati-vas de Solidariedade Social.

“se mais não foi feito foi porque o estrangulamento económico a que as freguesias estão sujeitas não o permitiu”

Ricardo Colaço

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17Na sua perspectiva, acha que vai haver algum tipo de boicote durante o próxi-mo Acto Eleitoral Autárquico, seja em Almodôvar ou, em qualquer outro ponto do país?A população de Almodôvar sempre mos-trou um elevado grau de consciência cívica. O voto é um meio de demonstrar a vontade popular pelo que, boicotar o acto eleitoral está fora de causa neste município.

Partilha da postura da ANAFRE face a esta medida governativa de reformar o país?A postura da ANAFRE tem sido a correc-ta. Tem lutado para que a Reforma Admi-nistrativa seja responsável e incisiva, to-cando os pontos fulcrais para a vida das freguesias e o bem-estar das respectivas populações, sem, nunca, descurar, o mo-mento difícil que o País atravessa e, a sua responsabilidade de representação insti-tucional. Uma Reorganização das Freguesias, em que elas sejam parte e participantes, que elas sintam ser racional, justa, pacificadora, ca-paz de gerar maior eficiência e eficácia na aplicação de recursos e na assistência às populações mais distantes e mais carencia-das.

Em ano de eleições autárquicas, que ba-lanço faz ao trabalho realizado ao ser-viço da comunidade da freguesia de Al-modôvar?Exactamente o mesmo que fiz no man-dato anterior: a satisfação de ter feito tudo o humanamente possível para me-lhorar as condições de vida da popula-ção. Houve uma ajuda efectiva aos mais carenciados, a rede de caminhos rurais está melhorada, as colectividades senti-ram o apoio da freguesia e, se mais não foi feito foi porque o estrangulamento económico a que as freguesias estão su-jeitas não o permitiu.

“Almodôvar é um

concelho riquíssimo

em história, em

tradições culturais e

gastronómicas, com

produtos endógenos

de qualidade ímpar,

em todo o concelho se

respira Alentejo!”

“É minha firme

intenção potenciar

todas as qualidades

desta terra e dá-las a

conhecer ao Mundo!”

Almodôvar, Alentejo Vivo!

Com cerca de 7450 habitantes, a população vive dispersa pelo Concelho de Almodôvar, com localização no Baixo Alentejo, distrito de Beja, entre a Serra do Caldeirão e a planície alen-tejana. Com 775,9 Km2 de superfície, 1 terço do seu território, situado mais a Norte e a que corres-pondem as freguesias de Aldeia dos Fernan-des, Rosário e Graça de Padrões e parte da freguesia de Almodôvar, é plano e pouco ar-borizado. 

Dois terços do território situam-se mais a Sul e são constituídos por Serra revestida de uma vegetação abundante, onde se destacam: a es-teva, o medronheiro, o sobreiro e a azinheira.

A economia move-se através do cultivo de ce-reais de sequeiro, a criação de gado bovino, ovino e suíno, a produção de leite e queijo de ovelha e a apicultura. A sua principal riqueza é a cortiça, a aguardente de medronho, o queijo de cabra e o mel.

Curiosidades:

Manuel I de Portugal concedeu o Foral Novo à vila, confirmando e ampliando os pri-vilégios concedidos por D. Dinis a 1 de Ju-nho de 1512.O concelho de Almodôvar é geminado com a cidade de Paul, Ilha de Santo Antão, Cabo Verde.Anualmente, realiza-se a Feira de Artes e Cultura de Almodôvar — FACAL.É em Almodôvar que se encontra o Museu da Escrita do Sudoeste, em pleno centro his-tórico de Almodôvar. Abriu ao público em 29 de Setembro de 2007.

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18

De acordo com o programa com que con-correu, ficou alguma coisa por fazer? Quais as razões para não conseguir concretizar?O arranjo urbanístico da via central da Cor-te Zorrinho foi o único projecto que ficou por fazer. E se tal aconteceu, foi devido ao facto de este ser um projecto conjunto com a Câmara Municipal que esta, sem qualquer explicação plausível abandonou, tornando inviável a concretização da obra. Todas as promessas da exclusiva responsabilidade da Junta de Freguesia foram cumpridas!

Tendo tornado pública a candidatura à presidência da Câmara Municipal, o que o move neste novo desafio e quais os projectos que tem para o concelho?O que sempre me moveu: o carinho e gosto de ser Almodovarense. Todos os projectos estão ser

elaborados de uma forma responsável para sa-tisfazer as necessidades e anseios da população. A nossa preocupação fundamental é encontrar novas formas de financiamento e aliciar, bem como promover o investimento no nosso conce-lho. Em devido tempo serão reveladas todas as acções previstas no nosso programa eleitoral.

Que mensagem deixa ao eleitorado?A mensagem que deixo ao eleitorado do muni-cípio de Almodôvar é, simultaneamente, de es-perança e de muito trabalho. Esperança porque trabalhamos todos os dias, e vamos continuar a trabalhar sempre, para que as minhas gentes tenham um amanhã sempre melhor; E, de mui-to trabalho porque, sem ele nada se alcança. E, juntos vamos construir um futuro melhor.

terra de Artesãos

A riqueza do artesanato almodovarense, nasce pelas mãos de artesãos, que concebem peças únicas, inspiradas no imaginário popu-lar e nos costumes da região.

Algumas destas artes têm tendência a desa-parecer, a razão deve-se exclusivamente ao surgimento das novas tecnologias e da pro-dução industrial em massa, em eterno duelo entre quantidade e autenticidade.

Calçado, cadeiras, queijos, meias de linha, mantas de lã, albardas e malhins, aguarden-te de medronho, bonecas, miniaturas, man-tas de retalhos, mel e seus derivados, traba-lhos em tear, ferraria, fabrico de linho, fabri-co da cal, latoaria, cestos, colchas de linho, carroças, telhas de canudo… tudo se fazia no Concelho de Almodôvar há pouco mais de 25 anos…

Existia uma variedade imensa de artes e ofí-cios, de entre os quais se destacavam os sa-pateiros, as tecedeiras, os ferreiros, os la-toeiros, os padeiros, os moleiros, os albar-deiros, os alfaiates, os apicultores, os cestei-ros, os tosquiadores e os abegões.

A indústria do calçado artesanal teve gran-de impacto no Concelho almodovarense e há cerca de 50 anos eram mais de 60 os sapa-teiros. De referir que existiu em Almodôvar, o primeiro Sindicato Nacional de Sapatei-ros, fundado em 1942, o qual chegou a ter 200 associados, facto bem demonstrativo da importância que este ofício assumiu. Hoje, ainda se encontram alguns sapateiros arte-sanais que se encontram no activo. 

Actualmente, das restantes artes e ofícios, há que destacar as mantas de lã e de reta-lhos, os artigos de cartucheira, os trabalhos em latoaria e a cestaria que saem das pre-ciosas mãos dos artesãos e que se transfor-mam em memórias inesquecíveis da tradi-ção e cultura do povo almodovarense. (Fon-te: Fórum & Cidadania com site do Municí-pio de Almodôvar)

“o estado do país é a consequência de alguns anos de desgoverno!”

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Fotógrafo de profissão Joaquim Oliveira, cedo enveredou pela magia da fotografia,

com apenas nove anos de idade, fotografou o seu primeiro evento, um casamento, ainda a preto e branco. Hoje, o trabalho continua, mas divide-se com outra paixão, o serviço de proximidade que o tem reconduzido à fren-te dos destinos de Ariz, Marco de Canave-ses. Contudo, futuramente, formar-se-á a fre-guesia “Bem Viver”, que resultará da união das Freguesias de Ariz, Favões e Magrelos e à qual Joaquim Oliveira é candidato. “Estou preparado para a luta. Cumpri o 3º mandato, mas como é uma freguesia nova, um novo ter-ritório, novo nome, à partida é possível, ape-nas o tribunal pode fazer-me recuar!”, afir-mou.

Qual o balanço do mandato? Considero um balanço positivo. Neste manda-to conseguimos terminar uma obra ambiciona-da há muito tempo, a pavimentação de um tro-ço grande que englobou a rua da Belavista, rua da lousal e parte da rua da vila do meio. Uma obra que permite o desvio de trânsito sempre que necessário, granjeando comodidade à popu-lação. Programámos também a requalificação do largo da Feira Nova, que uma primeira fase será absorvida neste mandato. A sua divisão re-side no dispêndio calculado entre os 400 e 500 mil euros, sendo a segunda fase prevista num mandato próximo. Apostámos ainda em reabili-tar um espaço que há muito se encontrava des-leixado, num local de lazer, o Largo do Meio, inaugurado em Maio, para um convívio dos mo-radores e visitantes.

Conseguimos também inaugurar a sede da Jun-ta, onde foi estabelecido um protocolo com ban-co Banif, mobilizando os CTT, para estas ins-talações, mantendo a qualidade e serviço habi-tual, garantindo assim um posto de atendimen-to em permanência. Dinamizámos assim o local, garantindo uma afluência generosa de pessoas. Futuramente será inaugurada a nova USF, fru-to da generosa oferta do grupo de proprietários do edifício, que o doaram à ARS. Esta nova me-dida trará a possibilidade de uma infra-estru-tura correspondente às necessidades locais, em que cada cidadão terá o seu médico de família. O nosso maior objectivo é garantir o progresso e a melhoria de condições da freguesia, a per-sistência nas lutas que envolvam o interesse dos cidadãos locais. Será nessa perspectiva que irei apresentar nova candidatura.

Qual o programa para a nova candidatura?Pretendemos a construção de novos arruamen-tos, melhorias entre as ligações rodoviárias das três freguesias, um progresso sustentável, no âmbito do saneamento e abastecimento de água.

Em relação à agregação de freguesias, qual a postura enquanto presidente? No meu ponto de vista esta nova reestruturação

não será benéfica para o interesse geral de cada freguesia, até porque os presidentes locais não têm vencimento, apenas compensações, no caso da agregação freguesias, apenas trará a neces-sidade de existir um presidente a tempo inteiro, assim sendo, acarretará mais trabalho e aumen-to das despesas. Não obstante, o facto de serem três freguesias não implica a perda de identida-de de cada uma delas.

No que diz respeito às freguesias envolvidas na nova União de Freguesias, como caracte-riza a conjuntura sócio -económica? Creio que as freguesias que se irão juntar estão todas a passar por um cenário idêntico de difi-culdades e preocupante, como de resto, é similar ao restante país…

Espera alguma mudança até 29 de Setem-bro, dia de sufrágio autárquico?Penso que se chegará a um entendimento, até porque as atitudes últimas são deveras irres-ponsáveis, acredito no consenso, o que estabili-zará a situação governamental.

Em relação ao trabalho da ANAFRE, está satisfeito?Considero que tem tido trabalho, no entanto é insuficiente, deveriam reivindicar mais e valo-

Junta de Freguesia de Ariz – Marco de Canaveses

“Estou PREPARAdo PARA A lutA!”

Curiosidades…“Em termos históricos, apesar da conota-ção negativa, temos uma forca, parcialmen-te destruída pelo vandalismo de certas pes-soas e que parece nunca ter sido utilizada, tendo constituído mais um factor de dissua-são para determinados comportamentos des-viantes. Fomos sede de concelho judicial de Bem-Viver. Como argumentos justificadores de uma visita, devo frisar que esta é uma fre-guesia muito acolhedora, temos feiras quin-zenais, realizamos no segundo fim-de-se-mana de Setembro uma feira de artesana-to, com expositores de todo o país, que cha-ma aqui muita gente. Temos em Maio, a Fes-ta do Maio, em honra de Santa Eulália, que também anima e cativa muita gente. Parale-lamente, gostaríamos de ver restaurados al-guns focos de interesse dispersos pela fregue-sia, sendo que nos deparamos com o proble-ma de estarem em propriedade privada.Refiro-me nomeadamente ao mini castelo e à casa senhorial do Conde de Ariz, dotada de 24 quartos, entre outros pontos de par-ticular interesse que, com uma câmara mu-nicipal dotada de melhores condições finan-ceiras, seria interessante reabilitar e consti-tuir como parte itinerante de um roteiro tu-rístico.”

Joaquim Oliveira

“Ambiciono a criação de novos postos de trabalho com a criação de um lar e uma creche”

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21rizar o trabalho dos autarcas. Considerando as diversas situações com que nos deparamos dia-riamente, somos muito pouco valorizados!

A Constituição Portuguesa prevê que o nú-mero de deputados varie entre os 180 e os 230 deputados, mas continuamos a manter os 230 deputados. O que acha destes núme-ros?Na minha perspectiva, acho-os elevados. Aliás, defendo que os cortes deveriam incidir logo na máquina do Estado, em todos os sectores, des-de deputados a escoltas. Há uma abundância de recursos desnecessários, que seriam uma fa-tia importante a manter nos cofres do Estado.

Qual a opinião que sustenta em relação à postura do Presidente da República, o Prof. Dr. Cavaco Silva, no que à actual situação do país diz respeito?Com todo o respeito pela posição partidária, considero que deveria ser mais activo e inter-ventivo, até porque neste momento não se pode compactuar com as cores do partido, mas sim defender os interesses da nação.

A Câmara teve dificuldades deixadas pelo anterior executivo. Como caracteriza a ac-tual situação?Há alguns constrangimentos, mas actualmen-te as relações Freguesia – Câmara estão mais tranquilas, sendo que a maior dificuldade resi-de na dívida que mantêm, estando a ser liquida-dos anualmente 340 mil euros ao banco. Não se vêem obras correspondentes aos gastos avulta-dos que foram efectuados, mas a dívida existe…

Ao nível social e económico como está a freguesia?A freguesia é de imigrantes, sempre o foi e ar-risco dizer que cada vez é mais! No âmbito social, existe cada vez mais a necessidade de apoio, distribuição de alimentos, apoio a famí-lias carenciadas. O flagelo do desemprego pro-paga-se e muitas vezes urge a necessidade de sair, em busca de oportunidades.

No verão a freguesia ganha mais vida, ou mantém o número de habitantes?

Sem dúvida que sim. Afluem imigrantes, algum turismo. Existe uma dinamização do comércio e Turismo local, o que aliás já se começa a sentir amplamente. É grato para nós esta movimenta-ção, pois a nossa economia baseia-se em comér-cio local e agricultura. Desde padarias, a res-tauração e uma parca indústria.

Considera-se um dinamizador de Ariz?Sim, basta comparar fotografias de há 20 anos até então, para revelar a diferença na urbaniza-ção, na gestão local, na reorganização e planea-mento urbano. As melhorias foram visíveis e se-rão para continuar.

Mensagem ao eleitorado de ArizTerei todo o gosto em continuar a trabalhar em prole das pessoas que me rodeiam, ambiciono a criação de novos postos de trabalho, com a criação de um lar e uma creche. Estarei sem-pre aqui para ajudar todos, salvaguardando, fu-turamente a equidade de direitos entre as 3 fre-guesias.

Ariz: um vasto universo de Iniciativas!“Aproveitando esta nova sede da Junta de Freguesia, que está aberta à população para todo o tipo de eventos que pretenda promo-ver, realizámos uma Feira do Livro, sempre muito participada. Por isso, pretendemos dar continuidade e desenvolver nos próximos anos. Ao nível da juventude, com a constru-ção da EBI, irá ser construído um pavilhão, que será aberto à utilização da população e que aproveitaremos para promovermos di-versas actividades que temos em mente.Anualmente, organizamos uma festa de Car-naval que é talvez a melhor do concelho, tal como a Feira do Artesanato. Paralelamente, colaboramos com as instituições locais, no-meadamente a Cruz Vermelha e o Clube Des-portivo da Feira Nova.”

ERRAtA

Junta de Freguesia de Avessadas – Marco de CanavesesPor lapso, na Edição Nº 22 da revista Fórum & Cidadania, de Maio de 2013, no trabalho de re-portagem realizado em Avessadas, Marco de Canaveses não incluímos o agradecimento do autar-ca de freguesia Manuel Sousa ao presidente da Câmara Municipal no artigo intitulado: “A União da População é mais importante do que a União das Freguesias.” Nesse sentido, voltamos a pu-blicar a questão onde ocorreu a falha, de acordo com a nossa política editorial.

O Director

De acordo com o programa que apresentou, estes quatro anos apesar dos constrangimen-tos financeiros e desta crise que se instalou, o que foi possível fazer?Nós encontramos dificuldades como todos, mas mesmo com as dificuldades conseguimos cumprir os nossos objectivos. «Graças à ajuda do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Marco de Cana-veses, Dr. Manuel Moreira que nos ofereceu o Projeto da Casa Mortuária e uma verba  para aju-dar a custear a sua construção, tornámos este sonho realidade.»A Casa Mortuária é uma necessidade, portanto, estamos a tentar ver se é possível concluí-la an-tes das próximas eleições, mas se não for possível, pelo menos vamos conseguir uma boa parte… Desta feita, temos feito um pouco de tudo, desde alargamentos, pavimentações, entre outras si-tuações. Claro que nunca conseguimos fazer tudo, mas acho que o povo está satisfeito connosco porque conseguimos fazer coisas, que para as pessoas pareciam impossíveis!

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22Junta de Freguesia de Refontoura – Felgueiras

“uMA dAs fREguEsiAs MAis jovEns dA EuRoPA”

“Com 29 anos, era o autarca mais jo-vem do concelho de Felgueiras, numa

altura em que o grosso dos autarcas de freguesia eram pessoas já reformadas. De certa forma, inaugurei no concelho o en-volvimento da juventude nas autarquias de freguesia. Foi um sentimento quase de “loucura”. Conseguimos algo muito im-portante. O primeiro gesto que tive quan-do soube que ganhei as eleições foi abra-çar o meu opositor, porque defendo, ape-sar das lutas que possam existir, que deve permanecer sempre um grande respeito por quem nos antecedeu. E considero que, nesse dia, ganhámos as eleições do man-dato seguinte…”, recordações que Joa-

quim Ribeiro não esquece, daquele que foi o primeiro de muitos dias ao servi-ço da freguesia de Refontoura, Felguei-ras. A F&C ouviu o autarca que revisitou 16 anos de trabalho em prole da popula-ção.Numa altura em que tanto se fala em crise, desertificação e extinção de fregue-sias, Refontoura é uma das mais jovens fre-guesias da Europa…

Como se consegue isto?Há um conjunto de factores que poderá ter contribuído… A nossa freguesia tem, desde logo, uma localização geográfica apelati-va. Tem um enraizamento de pessoas muito

forte, fruto de uma identificação muito pró-pria que vai passando de geração para ge-ração, não obstante em algumas circunstân-cias, como sucedeu nas décadas de 60 e 70 por força da emigração, ter saído bastan-te gente. Felizmente, parte dessa emigração teve retorno. Foram fazendo aqui os seus investimentos e proporcionando uma deter-minada qualidade de vida com uma identi-dade própria. Paralelamente, o concelho de Felgueiras não denota grandes dificuldades ao nível do emprego, o que tem contribuído para que se verifique alguma resistência à saída. Devo dizer ainda que a nossa fregue-sia é das poucas que regulamentou a exis-tência de um pelouro da juventude, propos-to pela Junta de Freguesia, dotado de au-tonomia. Independentemente destas fases mais críticas para os jovens, em que encon-tram barreiras quando vão para o mercado de trabalho, entendo que se deve tentar, des-de tenra idade, promover o associativismo e o espírito comunitário. É nestas idades que mais facilmente se contribui para a cultura e o recreio da freguesia.Em suma, por um conjunto de factores, Re-fontoura tem-se mantido ao longo dos anos como uma freguesia muito jovem. Mas deixe-me dizer-lhe também que esta freguesia tem uma pirâmide de idades quase perfeita: so-mos 2.087 pessoas, cerca de 25% das quais até 25 anos, cerca de 25% acima dos 65 e os restantes 50% entre os 26 e 64 anos. Temos 50% a contribuir para 50%. É portanto, uma freguesia muito equilibrada a nível etário.

Que contribuição pode dar um autarca de freguesia para a prossecução desse indicador?Desde logo, é muito importante que a Jun-ta de Freguesia tenha proximidade com essa juventude. Enquanto instituição pública, te-mos muitas limitações financeiras e gosta-ríamos de poder responder a todos os an-seios da juventude mas, dentro do que vai sendo possível fazer em termos de investi-mento, há algo que se reveste de especial

“face ao perfil jovem desta freguesia, existe uma lacuna enorme que se prende com a inexistência de uma infra-estrutura desportiva”

Joaquim Ribeiro

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importância: a Junta de Freguesia deve ser uma entidade acolhedora e promotora das iniciativas dos jovens. Fui dirigente associa-tivo nesta terra durante alguns anos e sem-pre disse que o sector público não deve ser, ele próprio, a entidade que está sempre no topo da organização das actividades. Aquilo que a sociedade civil exige das instituições públicas é que promovam o que o privado, por si só, não consegue realizar. Por isso, cabe-nos dar liberdade às pessoas para que possam tomar as iniciativas, incentivá-las, ajudá-las financeiramente e em termos lo-gísticos, ter uma boa representação crian-do uma boa imagem no exterior e deixan-do que seja a sociedade civil a liderar esses eventos. Por muito tentador que possa ser, o presidente da Junta de Freguesia não deve substituir os promotores e empreendedores da sociedade civil com o intuito de se servir para efeitos político partidários.

Pensando ainda nessa faixa etária, que lacunas existem actualmente na fregue-sia?

Face ao perfil jovem desta freguesia, exis-te uma lacuna enorme que se prende com a inexistência de uma infra-estrutura desporti-va. Trata-se de uma reivindicação legítima da nossa juventude e, embora tenha consciência de que já não irei conseguir materializar du-rante o meu exercício, considero que o ideal seria a construção de uma zona desportiva na freguesia de Refontoura, um equipamen-to polivalente onde as crianças, jovens e adul-tos poderiam praticar o desporto e lazer que pretendessem.

O que fica ao final destes 16 anos de mandato?Fica um sentimento de contributo que acho que, juntamente com um vasto grupo de pes-soas, consegui incutir nesta terra. Creio que contribuímos para o desenvolvimento des-ta freguesia. Simultaneamente, fica o senti-mento de que muita coisa falta ainda fazer.

Depois destes 16 anos de reconhecimen-to da população relativamente ao seu trabalho de edil, considera justo e demo-

crático limitar o povo nas escolhas sobre quem deverá ser o seu próximo presiden-te de junta?A lei é feita por seres humanos e existe par-tindo do princípio de que o ser humano não é perfeito e, como tal, tem que ter um mecanis-mo que corrija as supostas imperfeições. Num cenário de democracia, muitas vezes, aquilo que resulta da incompetência das pessoas e dos diferentes órgãos que a democracia con-tém, leva a tomar atitudes legislativas por uma incompetência pura. O princípio de limi-tação de mandatos resulta de uma vontade de vedarem a possibilidade de um determina-do autarca que exceda três mandatos, partin-do do princípio de que, se o fizer, tem tendên-cia a ser corrupto e a favorecer certas partes. Se é assim, por que não funciona a justiça? Esta lei resulta da incompetência das entida-des que representam a democracia. De todo, não sou favorável a que a limitação de man-datos seja um princípio democrático.

Que marco elegeria ao longo da sua go-vernação da freguesia de Refontoura?Se falarmos em termos físicos, a obra mais em-blemática foi a ampliação do cemitério paro-quial. Demorámos muitos anos a iniciar a exe-cução de uma obra quase inédita a nível na-cional. Trata-se de um cemitério 100 por cen-to ecológico, com todas as sepulturas e capelas iguais, com arvoredo, jardim e sistema de rega. Noutro domínio que não o físico, consegui gerar uma enorme empatia quer com as pessoas que me apoiam, quer com as que não me apoiam em termos eleitorais. Ao longo destes 16 anos, os resultados foram sempre em crescendo e, na quarta eleição, tive o maior resultado de todos os tempos. Isto é fruto de uma grande disponi-bilidade que sempre fui patenteando para toda a gente da freguesia.

“A obra mais emblemática foi a ampliação do cemitério paroquial”

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24Junta de Freguesia de Apúlia – Esposende

“EM APúliA, no vERão, A PoPulAção tRiPliCA!”

A conjectura económico-financeira pode representar um fluxo maior de veranean-

tes em Apúlia, como refere Manuel Lopes, que preside a junta de freguesia local “ou-tros destinos serão sempre mais caros do que ir a uma praia. Na época balnear, a nossa po-pulação triplica!” Visitados sobretudo pelas gentes de Esposende, Braga, Barcelos que acorrem às belíssimas praias de Apúlia, tam-bém a restauração é apetecível: “temos mui-tos restaurantes com boas especialidades”, o peixe fresco diário dota-os de uma exce-lente qualidade. Com mais um Verão à porta, o mês de Agosto vai trazer muita animação, o presidente deixa o convite: visitem Apúlia, este ano vamos ter um mês de Agosto sur-preendente, a começar logo com uma Feira Gastronómica, de 2 a 6 de Agosto que tem sido um enorme sucesso. Depois temos as fes-tas em honra da N. Sra. do Amparo e da N. Sra. da Guia, com autênticas romarias. De seguida, a 22 de Agosto teremos pela primei-ra vez, uma Feira Medieval, sendo que a boa gastronomia estará também presente. Vamos ter um mês de Agosto muito animado e reple-to de eventos”, concluiu.Visada com uma União de Freguesias, Apúlia agregará a Fão, mas para o autarca, ainda há alguma réstia de esperança. Depois de 12 anos ao serviço da freguesia como tesoureiro, soma-se o último mandato como presidente, mas para o edil não há dúvidas quanto ao funcionamen-to em equipa do executivo. De saída, conversou com a F&C e demonstrou porque é mais do que um presidente de junta, é um amigo de longa data de Apúlia!

Qual a realidade actual da freguesia de Apú-lia?Fomos confrontados um pouco por todo o país, com muitas dificuldades. Este é o meu primei-ro mandato, embora já esteja cá há quase 16 anos. Estou de saída, mas confesso que estes úl-timos quatro anos, enquanto presidente não fo-ram nada fáceis. Só mesmo uma gestão muito cuidada permite equilibrar o barco, porque hou-ve cortes nos orçamentos, o que nos condicio-nou muito. Em termos de obras, penso que va-mos cumprindo o que tínhamos traçado, tentan-do não desiludir a população que acreditou no nosso projecto.

Temo-nos voltado muito para a questão social, porque esse é um ponto fulcral nos momentos que vivemos. Temos feito um levantamento das pessoas que vivem pior, com dificuldades, e ten-tamos arranjar alimentos, tudo o que estiver ao nosso alcance e pudermos fazer, fazemos. Por exemplo, desloco-me por diversas vezes, à loja de acção social para ir buscar comida para en-tregar a algumas famílias carenciadas. Temos feito um trabalho de proximidade, que neste momento considero tão ou mais importante que as obras. E as pessoas reconhecem-no! Brevemente, iremos fazer a escritura de alarga-mento do cemitério que é outra necessidade, va-mos aumentá-lo em 2500 metros, o centro es-colar também está em bom andamento, temos algumas ruas que estão a ser feitas e outras que entretanto arrancaram. Fazemos o possível.

Esta reforma administrativa veio mexer com toda esta dinâmica? Foram contra o proces-so, aceitaram? Como foi recebida em Apú-lia?Não concordo muito com esta reforma. Mas acredito que se Apúlia e Fão se entenderem, no concelho formar-se-á uma freguesia com um potencial muito grande a vários níveis. Contudo, acho que as populações de Fão não vão aceitar muito bem isto. Vai haver um bairrismo e uma rivalidade que sempre houve, e a verdade é que são duas identidades distintas. Será difícil reu-nir consenso, depois, a sede da nova freguesia será em Apúlia por ter um território maior.

A população como tem reagido a esta Lei?As pessoas não têm procurado conhecer esta nova realidade. Na minha óptica penso que vai ser pior para as pessoas de Fão, porque terão que se deslocar a Apúlia, onde será a sede. As pessoas não irão dispor do mesmo serviço de proximidade que até aqui disponibilizávamos. Isso faz a diferença. A escala tem dessas con-trariedades.

Como se move a economia de Apúlia?Temos fortes potencialidades na agricultura, pescas, para que conste, Apúlia produz 95% dos legumes produzidos no concelho. No peixe somos únicos, diariamente mais de 300 pessoas vêm a Apúlia comprar peixe. Ao fim de sema-na esse número aumenta. Temos venda directa ao público. Cada vez mais somos procurados.

Na área turística, temos as praias que chamam sempre muita gente. A população aumenta sig-nificativamente na época balnear. Esta é uma terra rica. Até na área da floricultura, temos provavelmente as maiores estufas de flores, que já se encontram a exportar, com a marca “Rosa de Apúlia”.

Sendo uma zona turística, ao nível de unida-des hoteleiras há respostas?Sim. Hotéis, residenciais, depois há casas para alugar. Somos mais de 5 mil habitantes e no Ve-rão, a população triplica, fora as pessoas que vêm e vão diariamente. É difícil gerir Apúlia no verão, porque é difícil ter capacidade e re-unir esforços para tanta gente. Reforçamos a segurança nos meses de verão, sobretudo com a GNR.

16 anos a acompanhar esta freguesia. O que mais o marcou?Em termos de obras, a nova imagem urbanísti-ca da praia. Ficou muito bonita. As pessoas gos-tam de vir passear ali. Para mim essa foi a obra mais emblemática. Mas, de há 40 anos a esta parte, Apúlia mudou significativamente.

Não estando nos seus horizontes uma can-didatura à futura União de Freguesias, que mensagem deixa após tantos anos de dedi-cação a Apúlia?Já são muitos anos de trabalho em prole desta população e não me arrependo, porque aprendi muito. Conheci muita gente e tenho hoje mui-tos amigos. É essa a minha maior satisfação. Saio com sentido de missão. Cumpri o meu de-ver. Espero que o próximo autarca continue a desenvolver esta região e que faça melhor do que eu. Que nos dê novos horizontes. Aproveito para dar um cumprimento muito especial à po-pulação por toda a colaboração connosco.

Manuel Lopes

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25Junta de Freguesia de Antas – Esposende

“A PouPAnçA É uMA fAlsA quEstão!”

Paredes meias com Viana do Castelo, a fre-guesia de Antas situa-se numa das extre-

midades do concelho de Esposende. O edifí-cio sede é uma antiga escola primária que foi revitalizada. Lá, encontrámos, um autar-ca que promove activamente a economia lo-cal com os seus três estabelecimentos comer-ciais. As tardes, António Viana da Cruz, re-serva-as para o atendimento da sua popula-ção e de questões relacionadas com a fregue-sia. A F&C amplia esta realidade de Espo-sende.

Qual a sua marca na freguesia de Antas? O que tem sido possível realizar?O meu trabalho penso que deve ser avaliado pe-las pessoas. Faço o melhor que posso e acho que uma das coisas que eu consegui foi a co-bertura em 80% de área de saneamento e água a 100% e, também conseguimos praticamen-te dotar a freguesia em termos de arruamentos e pavimentações, porque esta é uma freguesia marcadamente rural. Portanto, a esses níveis, somos uns privilegiados face às freguesias vizi-nhas. Tenho tentado aprovar um projecto para a construção de um Centro de Dia em Braga, que é uma das grande lacunas da freguesia, e cuja manutenção, futuramente, não vai ser fácil as-segurar. Penso que cada vez será mais difícil ge-rir estes espaços. Há que lutar muito. Queria fazer muito mais, mas nem sempre é possível.

Cumpre o segundo mandato, vai recandida-tar-se?Ainda é cedo para saber se vou avançar. Caí aqui de pára-quedas! Estou aqui um pouco por acaso. As freguesias deviam ser exemplo de po-líticas activas. Estou na política activa há 25 anos. Estive sempre na assembleia de freguesia, faço parte da associação política para o conce-lho já há 20 anos e, estou praticamente há oito na freguesia. Sou um homem da terra, tenho um minimercado, um talho e um café, já há mui-tos anos. A população conhece as minhas raízes.

Que balanço faz a estes anos em que ‘foi ati-rado’ para esta Junta de Freguesia?Penso que foi positivo, fui reeleito, mas a popu-lação é que deverá avaliar o meu trabalho. No primeiro mandato tive uma diferença de cerca de 30 votos, no segundo de 650, penso que os números falam por si… Por aí já se vê a dife-rença. Penso que correu bem.As perspectivas são de continuidade, estou dis-ponível, mas a seu tempo definirei essa questão! Dado que a conjectura actual é bastante com-plexa e complicada para os portugueses, qual a realidade de Antas?

Dificuldades há sempre, mas para já não temos. À sexta-feira uma assistente social vai atenden-do alguns casos que pedem algum apoio, que vai sinalizando os casos, para além de que temos estamos sempre muito atentos a algum caso que possa surgir. Nestes últimos dois, três anos tem sido tranquilo, felizmente.Para quem fica no desemprego, mas consegue arranjar rapidamente emprego, temos muito próxima a zona industrial de Viana do Caste-lo e assim há mais facilidade de inverter o de-semprego. Depois, como há muita agricultura há sempre espaço para uma agricultura de sub-sistência, em grandes centros urbanos, já será mais complicado.

O que faz mover a economia de Antas?Temos um núcleo industrial que fica mesmo jun-to à A28, depois há empresas e comércio, qua-tro restaurantes. Pena é que o PDM, não per-mita que se alargue a área do núcleo industrial.

O trabalho da ANAFRE foi positivo?A Anafre tem feito um bom trabalho, se calhar podia fazer mais pressão, mas também terão as suas limitações. Estive presente no 3º Encontro da Anafre. É sempre muito benéfico a troca de impressões entre autarcas.

Saiu o Ministro Miguel Relvas, anteriormen-te, o Secretário de Estado como vê a Refor-ma Administrativa em curso?Ficaram as coisas um pouco adormecidas. Falta pouco tempo para as campanhas darem início e ainda há muitas dúvidas, quem pode ou não candidatar-se às novas freguesias. Como costu-mo dizer, ainda bem que não nos calhou a nós, vai ser um processo muito conturbado, não vai ser fácil. Não concordo muito com mapa cria-do pela unidade técnica para o concelho de Es-posende. Só na altura das eleições é que as pes-soas vão tomar conta da realidade que se lhes vai afigurar. Sou completamente contra esta re-forma, porque quem fez essa lei, não faz ideia do que é uma junta de freguesia. Hoje uma jun-ta de freguesia, junto da população presta-

lhe muitos serviços, desabafam connosco vá-rios assuntos pessoais, estamos aqui para elas. Isto não vai reduzir custos, o próprio presiden-te de junta, estando a tempo inteiro vai ganhar mais do que os que já existiam. Toda esta re-forma é uma falsa questão. Se acabam com es-tes serviços, as pessoas ficarão mais desfavo-recidas, os próprios funcionários da administra-ção local, considero que também serão afecta-dos, bem como os patrimónios serão um pouco abalados. Quem está longe, não tem noção do que é uma junta.

Antas mantém-se intocável perante a reor-ganização administrativa, foi contra esta reforma?A opinião foi sempre contra essa lei e essa pro-posta, desde a primeira hora, agora para ser sin-cero, ainda estou convencido que não irá avante, mas o que é certo é que a lei já foi promulgada. Actualmente, somos das maiores freguesias do concelho, com as agregações passaremos a ser uma das mais pequenas.

Que opinião tem sobre a lei de limitação de mandatos?Não concordo com a limitação de mandatos, dentro da freguesia não somos remunerados pelo tempo que perdemos, estou aqui todos os dias e não ganho para isso, mas no poder cen-tral, os políticos são remunerados e não estão submetidos à lei de limitação de mandatos. Nas freguesias, penso que devia vingar a vontade do povo, se é uma pessoa que é válida, que está a trabalhar bem e que as pessoas querem, com esta lei, é-lhes proibido. Parece-me que a lei foi inventada ao desbarato, e implicará a conti-nuidade de várias pessoas válidas, mas enfim… Nas freguesias mais pequenas poderá implicar a própria sucessão de autarcas, ampliando o alheamento da política.

Uma mensagem à população que tem ser-vido?Podem contar sempre comigo, sou um amigo da freguesia. Tentarei fazer o melhor pela minha freguesia. E é por isso que estou aqui.

António Viana da Cruz

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26Junta de Freguesia de Barroselas – Viana do Castelo

“fui CAndidAto PoR uM dEvER dE CidAdAniA, AgoRA É hoRA dE dAR lugAR A outRos!”

Barroselas é uma das vilas portuguesas, do concelho de Viana do Castelo. Situada

nas margens do rio Neiva, obteve esta classi-ficação em 18 de Dezembro de 1987, é assim designada desde 1971, e teve, até aí, o nome de Capareiros. Fomos encontrar o Presiden-te a posicionar a bandeira da Junta, esquar-telada de amarelo e azul, cordão e borlas de ouro e azul, hasta e lança de ouro. Fórum & Cidadania quis conhecer um pouco da cultu-ra, e das gentes de Barroselas e falou com o seu Presidente Vasco Lima.

O que é que motiva um cidadão a candida-tar-se a gerir os destinos de uma freguesia?Está aí um leque de razões muito variadas, mas, para mim, a mais importante foi o cumprimen-to do dever de cidadania e de participação. Não tendo filiação partidária, participo há mais de 20 anos na bancada do Partido Socialista, na defesa e na promoção dos interesses da Fregue-sia. Até que um dia convidaram-me para assu-mir a candidatura á presidência da junta com uma equipa capaz de dar continuidade ao tra-balho que vinha a ser desenvolvido dos manda-tos anteriores.

Não sente nenhuma frustração pelo facto das Juntas de Freguesia não terem compe-tências para intervir e resolver os problemas das populações?Sinto muita frustração por isso e não só. Nós conhecemos as pessoas e os seus problemas. A junta de freguesia é por natureza o lugar da democracia mais próximo, é aqui que as pes-soas recorrem para expor e requerer as solu-ções para as suas dificuldades e necessidades, e o maior drama é a falta de recursos para res-ponder aos problemas e anseios das populações. Onde está a autonomia das freguesias? É com o que recebem do (FFF) ‘fefezinho’ que se pode fazer alguma coisa? Não, isso apenas dá para a gestão corrente. Por isso eu digo que as fregue-sias não são independentes, pelo contrário são dependentíssimas dos apoios diretos das câma-ras municipais para poderem realizar algumas obras e atingirem os objetivos…

Mas isso não o impediu de se apresentar com uma proposta para a Freguesia. Quais são os pontos fortes do seu trabalho?Como pontos fortes do nosso trabalho, gostaria de destacar o controlo e o saneamento financei-ro da autarquia, cuja situação era pesada. Se considerarmos que a freguesia não tem prati-camente recursos próprios, é de facto assinalá-vel termos conseguido: Primeiro, concretizar o saneamento da dívida superior a 300 mil euros que vinha transitando de mandatos anteriores. Segundo, concretizar a ampliação do cemitério,

obra importante pela urgência e pela carência, cujos custos, em obra já realizada, ultrapassam 220 mil euros, cuja realização foi planeada com inclusão no referido plano de saneamento finan-ceiro. Terceiro, ver desbloqueada a antiga ques-tão do quartel da GNR de Barroselas, vendo a obra adjudicada e preparada para arrancar a qualquer momento. Estamos muito satisfeitos por ter tido a opor-tunidade de apresentar o balanço do nosso tra-balho ao povo de Barroselas baseado nestes três pilares fundamentais É claro que realiza-mos mais obra, porventura de menor índice de grandeza, mas não vamos agora pretender ser exaustivos, apenas não esquecer um pormenor de relevante e global importância: as contas da autarquia estão em dia. Tudo isto no quadro de dificuldades e de restrições por todos conhecido e com o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo, pricipal fonte de financiamento da atividade do executivo.Dos pontos fracos, gostaria de referir a situação de crise do país que nos vem impedindo de po-der avançar com o projecto de um equipamen-to importantíssimo que possa acolher e viabili-zar o apoio ao desenvolvimento de actividades culturais, cuja falta se vem sentindo há muitos anos também e constitui uma carência de re-levo.

Qual é a sua relação com a oposição?Óptima, foi uma oposição que prestigiou e ele-vou a democracia. Com grande dignidade de in-tervenção, sempre muito elevada na sua ação, na sua capacidade para compreender a ação do executivo, os seus objetivos fundamentais e as condições de que dispôs para o exercício, o que muito me orgulha. Penso que isto tem muito a ver com a forma de estar sempre franca e ver-dadeira das pessoas do executivo e do seu pre-sidente, e do interesse que todos têm pela sua terra. Poderia afirmar que nunca tive necessida-de que me colocassem as questões, porque sem-pre respondi antecipadamente a todas as que se apresentaram suscetíveis de ser colocadas. Nunca tive nada a esconder, sempre usamos na nossa ação os mais elevados critérios de sinceri-dade, de lealdade e de franqueza, sem telhados de vidro, contas claras, atitudes transparentes. Nesta assembleia, todos os instrumentos foram aprovados por unanimidade, com uma única ex-cepção, a posição perante o projeto da reforma administrativa, que teve uma abstenção.

Isso torna-o um homem orgulhoso por estar à frente do executivoQuanto a isso, completamente.

Vai ser candidato?Não, não vou.

Não é uma contradição depois de ter conse-guido tanta unidade na freguesia?Fui candidato por um dever de cidadania, para dar continuidade ao trabalho que se vinha de-senvolvendo, agora é hora de dar lugar a ou-tros. Não há pessoas insubstituíveis, nem nun-ca fui capaz de assim me julgar. É preciso reno-var. Não cabe aqui explicar os motivos e as ra-zões pelas quais decidi, com muito esforço, cum-prir este mandato até ao fim. Fi-lo, estou orgu-lhoso disso, mas por todos os motivos, onde os pessoais ocupam o maior espaço, não sou can-didato.

Quer dizer que está na hora de dar o lugar aos mais novos?Sim, venham daí, existe nesta sala muito espaço para a participação de todos, pena é que muitas vezes a sala fique vazia, de pessoas e de ideias. Que pena que esta sala tenha estado tantas ve-zes vazia de pessoas, mesmo de muitas das que se candidataram comigo, e de outras que agora se perfilam como candidatos mas que nunca ou quase nunca puseram os pés nas assembleias. Esta é a casa da democracia de todos e para to-dos. Não é no “café” que se discute ou que se aprecia a resolução dos problemas da comuni-dade, é aqui. A democracia e o dever não se es-gotam no voto, vão muito para além disso, pas-sando pela participação, pelo cultivo da cidada-nia, pela prática da ética do relacionamento so-cial e público, pelo cultivo dos valores sociais e humanos. O direito de opinião é sagrado mas eu acrescentarei algo mais… Opinião com conhe-cimento é TUDO, sem conhecimento é NADA.

Vasco Lima

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27Junta de Freguesia de Perre – Viana do Castelo

“gostAR dE PERRE” nA vAnguARdA do futuRo

“Preparar o futuro” é o grande desíg-nio do trabalho do movimento inde-

pendente “Gostar de Perre” que surgiu nas últimas autárquicas, em Perre, Viana do Cas-telo. Aumentar a qualidade de vida e a satis-fação da população local foram metas alcan-çadas com sucesso.Numa aposta que exigiu desmesurado empenho e dedicação, sempre condicionada pela escassez de verbas, foi possível dotar a freguesia de uma rede de saneamento adequada, com uma taxa de cobertura que hoje se aproxima dos 90% do seu território. Uma obra “invisível”, que trouxe alguns transtornos pela sua complexidade, mas da qual advém inquestionáveis mais-valias para a comunidade, erradicando-se simultaneamen-te situações limite com anos de existência que, nalguns casos, ameaçavam a própria saúde pú-blica. Vasco Cerdeira, que preside aos destinos da fre-guesia desde 2009, mostra toda a determinação em continuar o seu trabalho, assim seja essa “a soberana vontade dos Perrenses traduzida na confiança que depositam no nosso projecto.” A F&C foi conhecer de perto esta terra de den-sa história e profusas tradições seculares, como sejam a cultura do linho, o artesanato, o seu edi-ficado religioso, as pontes românicas, os castros e moinhos. Tudo isto sob uma paisagem sedu-tora que cruza o rio Moçambique e o Monte do Calvário. Com um potencial enorme ao nível turístico, é de salientar os “Rojões à Moda de Perre”, especialidade gastronómica local.

Primeiro mandato à frente de Perre, como caracteriza a experiência?O balanço possível em fim de mandato é ampla-mente positivo. Todo o nosso programa foi ali-cerçado numa cultura de proximidade à popu-lação, escutando os seus anseios e tentando so-lucionar as suas dificuldades. Naturalmente, te-mos consciência que em tempos de manifesta austeridade, torna-se difícil corresponder a to-das as expectativas. Contudo, pugnamos sempre pela apresentação de soluções concretas e exe-quíveis, arredadas de eleitoralismos fáceis. Fe-lizmente o povo acreditou em nós, optando pela mudança, sendo tal o que nos move, tentando retribuir da confiança em nós depositada.

O projecto “Gostar de Perre” já decidiu se

vai recandidatar-se?Sim, a vontade é de continuar. Este ímpeto não traduz um propósito particular, mas expressa a vontade de toda uma equipa, que acredita não ter esgotado num mandato o seu projeto e o seu trabalho em prol da freguesia. Temos que nos recandidatar, continuando a dar de nós ou, numa expressão tão característica destas para-gens, temos que continuar a ‘dar o litro’! Tal como sugere a designação da nossa equipa, é o apego e a paixão por esta terra o que nos move. Este projecto conseguiu congregar e trazer gen-te nova à política, numa evidente lufada de ar fresco, pessoas como referi provindas de setores tão diversos como a educação, o desporto, a cul-tura, o associativismo, o apoio social e a saúde, entre outros, intrinsecamente ligadas à raiz e essência deste povo. Acreditamos pois que uma visão tão abrangente da comunidade, propicia a almejada cultura de proximidade, fazendo-nos tomar por nossas as batalhas da gente desta terra. No seu inquestionável discernimento, con-fiaram em nós, e tudo temos procurado fazer para justificar da sua opção. Com tanta dificul-dade quanta paixão, pois que, a mero título de exemplo, refiro que elementos deste Executivo desempenham as suas funções a título gratuito, e assim continuarão até ao final do seu manda-to, canalizando montantes que lhe seriam justa-mente devidos, para outros fins do superior in-teresse da freguesia.Com menos fizemos e fare-mos mais, pese embora o previsível adensar da escassez de verbas provenientes da administra-ção central. Não poderia deixar neste ponto de referir o incomparável contributo que o nosso Secretário deu a este projeto, numa reconhecida e abnegada entrega a Perre e às coisas. Infeliz-mente partiu recentemente na estrada da vida, não deixando porém da sua memória ser pre-sença assídua entre nós.

Qual a razão do surgimento deste movimen-to independente?É uma constatação insofismável, o facto de a política marcar indelevelmente o nosso dia-a-dia, porquanto afectando-nos com maior ou menor intensidade. Daí advém o meu interesse pessoal, procurando a possibilidade de servir li-derando, em detrimento da obcecada busca do poder que jamais me assistiu ou assistirá. Por

outro lado, desde sempre me bati pelas minhas ideias e valores. Não sendo um desalinhado da sociedade, não me revejo por inteiro em nenhu-ma força política em particular, facto que me fez optar pela formalização de uma candidatu-ra independente, “vinculada” aos interesses de Perre e das suas gentes.

O saneamento básico foi a vossa principal prioridade, ao nível de infra-estruturas?Como é sobejamente sabido, esta freguesia pra-ticamente não possui receitas próprias, facto que ditou a impossibilidade de concretização de projetos que desejaríamos implementar. Fi-nanceiramente, vivemos das verbas provenien-tes do FFF e da Câmara Municipal de Viana do Castelo, tendo naturalmente algumas dificulda-des em sobreviver, à semelhança da realidade da maioria das freguesias do país. Desde que che-gámos à Autarquia, não paramos um instante! Naturalmente, pelo referido, a obra do sanea-mento marcou este mandato. Com o nosso em-penho e insistente dedicação, foi possível conju-gar sinergias, ultrapassando a mera construção de uma infraestrutura indispensável à popula-ção. Com a colaboração e desmesurada colabo-ração do Município, tornou-se possível dotar as zonas intervencionadas de uma rede viária no-tável, tornando um sonho realidade. Falamos de um investimento global já executado, superior a dois milhões de euros, podendo garantir da oportunidade com que foi gasto cada cêntimo. Vamos ficar muito bem servidos. Considero que ao contrário do que acontecia antigamente, esta é uma obra que extrema necessidade, testemu-nhado pelo respeito e compreensão com que a população encara os transtornos dela resultan-tes, particularmente na sua fase de execução.

Perre e Viana têm futuro? Que mensagem deixa ao eleitorado?Para nós, Perre e Viana serão sempre o nos-so passado, presente e futuro. Não prometemos projetos megalómanos, subtilmente disfarçados em campanha eleitoralista. Temos consciência das dificuldades dos tempos, mas acreditamos! Perre merece o melhor e é por isso que lutare-mos. Somos uma terra que merece ver reconhe-cido o trabalho das suas gentes. Assim, não re-gatearemos esforços. Temos projetos concretos sonhados, que confiamos concretizar neste pró-ximo mandato. Contudo, hoje como antes, dese-jamos ir de encontro às gentes e às suas coisas, querendo ser a voz da sua voz. Enquanto assim confiarem, contarão todos os perrenses com a nossa incondicional entrega e dedicação.

Vasco Cerdeira

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28Junta de Freguesia de Afife – Viana do Castelo

“Está A PERdER-sE o EstAdo soCiAl nEstE PAís”

Há quatro anos como independente a pre-sidir os destinos de Afife, Arlindo Ribei-

ro, desde 1987 que está ligado ao trabalho da freguesia. É um filho de Afife! Assumiu os destinos no término do anterior mandato, vi-cissitude do falecimento do anterior presiden-te. Trabalho que decidiu continuar e renovar nas próximas autárquicas. Com uma configuração de concha, o ex-líbris lo-cal é o Casino Afifense que conta já com 130 anos. O turismo faz mover a economia local, es-sencialmente pelas praias e mar privilegiados, que incentivam à prática de desportos de mar e à recepção de campeonatos de surf e de bo-dyboard. Após o encerramento do posto dos CTT, resolve-ram abraçar esta causa e descentralizar os servi-ços administrativos, acolhendo numa delegação, os CTT: “Era um serviço que estava muito enraiza-do na nossa freguesia. Fizemos todas as diligências para perpetuar todo este serviço”, afirmou.Aos 21 anos entrou neste universo movido pela missão de apoiar a terra que o viu nascer, hoje, anseia por uma grande obra, um lar de idosos, que é a única valência que Afife não dispõe.

Qual a sua ligação a Afife e qual o percurso até chegar a presidente da freguesia de Afife?Completei o anterior mandato, como presiden-te, porque infelizmente, o colega presidente fale-ceu no término do último mandato, era o secre-tário da Junta. Portanto, como presidente este é o primeiro mandato. Fiz parte de vários executi-vos desta freguesia desde 1987, desde secretário a tesoureiro. O que me move é estar à frente dos destinos desta freguesia. A minha missão é ser-vir, sou um filho de Afife, gosto muito da fregue-sia e não há dúvidas que para estar à frente de uma freguesia é preciso gostar, conhecer as pes-soas e, conhecer toda a sua estrutura, porque só assim se consegue fazer algo em prole duma fre-guesia como Afife.

Com tantos anos de trabalho e dedicação a Afife, quais as dificuldades que encontrou?O grande problema das freguesias é sempre a questão das verbas. Nós, por uma questão de princípios, nunca ultrapassamos o que nos é per-mitido. E vamos conseguindo sempre. Temos o FFF, que por ano são cerca de 38 mil euros, mas conseguimos orçamentos na ordem dos 400 mil euros, através da prestação de serviços. Te-mos uma gestão muito cuidada, não temos dívi-das, somos uma freguesia que apenas faz obras, se tiver dinheiro. As boas relações com a câmara municipal de Viana do Castelo e sua colaboração são muito importantes, só assim é possível traba-lhar em prole dos nossos fregueses. As dificuldades que existem são sempre as mes-mas. A freguesia de Afife não é muito rica, mas temos alguns recursos, temos gestão de águas, gestão de cemitérios, prestamos muitos serviços à população e, em vez de serem outras pessoas a receber esses serviços, somos nós junta e é isso que nos permite gerir a freguesia e fazer algumas obras de requalificação. Afife tem praticamente tudo: praia, mar, monte e a parte urbana, logo, é uma freguesia muito apetecível.

Como é que se consegue gerir todo este ter-ritório?Consegue-se com muito trabalho, mas não só, vivo em Afife e a minha vida permite-me ter al-guma disponibilidade para a freguesia, tive tam-bém o benefício de trabalhar com pessoas que me ensinaram muito sobre o trabalho autárqui-co. Para mim foi uma verdadeira escola, que nos permite que hoje tenhamos linhas de orientação para melhor gerir a nossa freguesia.

Nos meses de Julho e Agosto, a freguesia ganha uma outra vida, a população duplica? Triplica?É provável que triplique. Temos uma popula-ção de 2 mil habitantes, 1600 eleitores, área de 13,6km2. É banhado pelo mar, tem monte e tem a configuração de concha. É realmente uma freguesia muito procurada em tempo de férias e fins-de-semana. Afife tem muitas casas de se-gunda habitação de pessoas doutras zonas do país que vêm passar cá as suas férias ou até mes-mo os fins-de-semana, além depois dos imigran-tes, os veraneantes, muitos ingleses, muitos bel-gas, já começam a vir muitos espanhóis também, precisamente pelas nossas praias. Afife está mui-to ligado ao surf, nas nossas praias realizam-se vários campeonatos ao longo do ano de surf e de bodyboard, estamos muito ligados à prática de desportos de mar.

Mas a vossa economia subtrai-se essencial-mente do turismo, comércio e serviços?

Sim, penso que o comércio, restauração, super-mercados ganha muito com o nosso turismo. São beneficiados com essa afluência de gente. É a economia a funcionar! Depois temos muito turis-mo rural de extrema qualidade. Receber bem é a nossa maior virtude! Durante o inverno é uma aldeia pacata, mas no verão, temos o nosso Casi-no Afifense que é o ex-líbris da nossa freguesia, uma associação com 130 anos, que acolhe mui-tos eventos naquele espaço, fado, bailes, exposi-ções, teatro, dança, faz uma festa de verão para os turistas, é uma casa de cultura muito solici-tada. Estamos ainda a 10 km da cidade de Via-na do Castelo, portanto, temos uma oferta mui-to variada.

Como tem visto a actualidade política, o en-tra e sai de personagens políticos?A situação política do país é muito difícil. Acho que um político devia primeiramente ser presi-dente de junta, para ter o sentido de responsabi-lidade e saber o que as pessoas necessitam, por-que nós é que estamos junto das populações. Jul-go que se está a perder o estado social neste país, sentimos que as populações atravessam muitas dificuldades e somos quem as detecta. Penso que os nossos políticos não têm esse sentido de res-ponsabilidade e sensibilidade, e isso é visível nas atitudes que têm tomado. Muito sinceramente tenho muito medo do estado social que estamos a percorrer, porque estamos a ser confrontados com muitas dificuldades. Com a agricultura de subsistência, Afife ainda não é muito afectado, temos casos pontuais, mas conseguimos sinali-zar e resolver.

É candidato? No programa, o que há de novo?Sim. Vou manter a mesma equipa de jovens, fi-lhos da terra, é um privilégio, aliás, entrei com 21 anos para a junta. Nós nunca nos sentimos reali-zados, tentamos fazer algumas coisas, nem sem-pre temos a possibilidade de as concretizar, mas considero que neste momento a grande obra que Afife necessita é um lar de idosos. É a única va-lência que não dispomos. Um benemérito cedeu-nos o terreno e estamos de corpo e alma envol-vidos nesse projecto, é uma necessidade porque à semelhança da nossa sociedade, a nossa popu-lação está a envelhecer. É muito importante ga-rantirmos esse espaço. Estamos muito empenha-dos na sua concretização desta obra. De resto, só posso prometer trabalho, como sempre fize-mos e pedir para que acreditem em nós, porque nunca pedi votos a ninguém, não faço campanha, somos independentes, não estamos colados a ne-nhum partido político há cerca de 4 mandatos, e isso dá-nos a vantagem de pensarmos por nós sem estarmos com objectivos políticos. O nosso partido é Afife!

Arlindo Ribeiro

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29Câmara Municipal de Montalegre

bARRoso: REgião dE Alto vAloR nAtuRAl EM AfiRMAção

Com uma dinâmica muito própria, o Mu-nicípio de Montalegre tem garantido ex-

pressão por todo o país e além-fronteiras nos eventos que promove. Aliás, onde há um bar-rosão, há um eco fidedigno de Montalegre e da região de Trás-os-Montes. A F&C conver-sou com o Professor Orlando Alves, vice-pre-sidente da Câmara de Montalegre, e candi-dato às próximas eleições autárquicas. Apos-tar numa economia sustentável e continuar o trabalho de promoção e valorização das ter-ras do Barroso são os grandes desafios do ‘pai’ da Feira do Fumeiro do Barroso.

Sendo candidato nas próximas eleições autárquicas, como sustentará o desafio de manter toda essa projecção e assegurar a continuidade dessa mesma dinâmica? Que projecto tem para Montalegre? É um desafio grande dar continuidade a um tra-balho qualificado de promoção e valorização contínua da terra e do barrosismo que enche a alma dos daqui naturais. Encaro-o com sereni-dade e entusiasmo. Não é aliás por acaso que o lema da minha campanha autárquica é preci-samente “Continuar Barroso”. Continuar agar-rando a dinâmica que vem de trás e orientando-a para os desafios que a difícil situação do País obriga e impõe.Para Montalegre tenho essencialmente o sonho de, a partir dos recursos locais, restaurar a eco-nomia da região e através deste desiderato con-tribuir para a criação de emprego e assim fixar as pessoas à terra e dessa forma dar-lhe a ne-cessária sustentabilidade.

A campanha já arrancou? Foi um processo natural, uma vez que já é vice-presidente há alguns anos?Sim, foi um processo naturalmente consensual pelo que estão assim criadas as condições para que o meu projecto possa ser levado à prática.

Ao nível de políticas sociais, Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e Segu-

rança Social, deslocou-se aos paços do con-celho para anunciar o Contrato Local de De-senvolvimento Social + (CLDS+), orçado em 300 mil euros, o que representará para Mon-talegre e em que consistirá este programa?Representa em primeiro lugar uma oportunida-de para os que nesse projecto vão trabalhar e que assim podem dotar a região de uma carta de intervenção social actualizada, que nos per-mita fazer sempre as melhores acções de com-bate às desigualdades e fragilidades da nossa população.

Que outros investimentos estão previstos para o concelho?Iremos dar primazia à criação de emprego. Não podemos, contudo, pôr em causa os empregos que as empresas do concelho garantem, pelo que continuaremos a apostar nas obras de qua-lificação do território em estreita cooperação com as Juntas de Freguesia e demais forças vi-vas da região.

Quais as maiores preocupações com que se depara actualmente Montalegre?O crescimento demográfico negativo, o envelhe-cimento da população e a emigração dos nossos jovens. Difícil tarefa esta tentar inverter este fa-talismo. Políticas de apoio à construção do pró-prio emprego é o que me proponho fazer. Entu-siasmo não me falta. Os jovens de Montalegre só têm que optar entre serem senhores na sua terra ou escravos por esse mundo de Deus além.

Tem assistido a um retorno à terra pela po-pulação jovem? Será esta uma saída e opor-tunidade em tempos de crise, no sentido de potenciar a agricultura e a pecuária de Montalegre?Os sinais de regresso são por enquanto muito ténues. Porém, esse é o caminho. No meu pro-grama constam propostas muito interessantes que espero venham a ser agarradas pelos jo-vens de Montalegre e toda a região de Barro-so. E onde houver um jovem com uma ideia in-teressante que conduza à criação do seu posto de trabalho, pois cá estarei para apoiá-lo como merece.

Que benefício(s) trouxe a campanha da Op-timus para a região? Deu visibilidade e já não foi pouco! Exige-se que as operadoras cedam nas suas antenas es-paço para entrada das demais fazendo cada

uma as necessárias compensações. Só que pre-ferem agir isoladamente espalhando pelo terri-tório uma chusma de antenas que o desfeiam e descaracterizam. E desta forma egoísta e indi-vidualizada resulta que há antenas a mais para tão pouca cobertura, o que não deixa de ser uma vergonha e sinal claro da ‘pobreza fran-ciscana’ que somos. E lá pela desgovernança da capital há gente que se não dá conta destas coi-sas, erros grosseiros que são de tão fácil com-postura.

Quais os pontos fortes e os pontos fracos de um município de interior como Montalegre, que atrai quer pelo misticismo das sextas--feiras 13, quer pela boa gastronomia, quer pela sua beleza natural? Barroso é um país. Tem tudo para ser apetecível durante todo o ano. Vamos continuar a ganhar atractividade, única forma de sobrevivermos à hecatombe do desânimo e da desertificação. As sextas 13, a feira do fumeiro, a gastronomia, a paisagem, o património, o ambiente natural tão preservado, o parque Nacional da Peneda Gerês que na parte que nos cabe – um terço da área total – constitui o que de mais natural e preser-vado existe são pilares que teremos de saber ex-plorar até à exaustão. E é o que iremos conti-nuar a fazer.

Acompanhando o executivo municipal há vários anos, porque só agora decide candi-datar-se?Há um tempo para tudo e o meu chegou ago-ra. E ainda vou muito a tempo de mostrar o que possa valer. Num contexto muito difícil é certo, mas ciente de que as propostas com que ao elei-torado me irei apresentar são válidas, interes-santes e vêm no momento oportuno.

Que mensagem deixa ao povo Barrosão?Viver em Barroso é um privilégio. Temos tudo para ser imensamente felizes. E o que nos fal-ta está entre nós. Só é preciso estarmos atentos e facilmente o descobriremos. Os valores cultu-rais, ambientais, patrimoniais, etc. têm de ser convertidos em riqueza. E é no aproveitamento dos nossos recursos que a nossa sobrevivência a o futuro colectivo devem assentar. Aqui os mon-tes são riqueza. Que infelizmente arde todos os anos. Vamos aproveitá-los e assim nos posicio-naremos como uma Região de Alto Valor Na-tural com capacidade para abastecer o país de boa carne, por exemplo. Este é o caminho!

Orlando Alves, Vice-Presidente

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A Benéfica e Previdente está a desenvol-ver uma série de acções de formação,

de 25 e 50 horas, destinadas a activos em-pregados e desempregados constantes do Catálogo Nacional de Qualificações e des-tinam-se a aperfeiçoar os conhecimentos e competências dos adultos, podendo ser, igualmente, utilizadas em processos de re-ciclagem e reconversão profissional. Esta é uma forma de, possibilitar a aquisição dos conhecimentos necessários à (re)inte-gração num mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo. Estas acções de formação são financiadas pelo POPH,

gratuitas para os formandos e conferem a atribuição de um certificado de qualifica-ções. A Fórum & Cidadania, assistiu às au-las e falou com três formandas.

Benéfica e Previdente

bEnÉfiCA E PREvidEntE APostA nA RECiClAgEM E REConvERsão PRofissionAl

MARinA, formanda “Estou aqui a tirar um curso de formação sobre ambiente, saúde, higiene e segurança no trabalho. É um módulo de 25 horas, e es-tou a gostar muito. É uma mais-valia para mim e é muito enriquecedor. Gostaria de en-contrar trabalho, apesar da idade e de não ser fácil, ainda não perdi a esperança. Vim para aqui para enriquecer os meus conhe-cimentos, porque infelizmente ao fim de 30 anos fui “posta na rua”, fiquei sem nada, mas não desisti de lutar e de viver, e por isso estou aqui a aprender… Tenho muitos co-nhecimentos, muita experiência, mas infeliz-mente vivemos num país onde todas as por-tas se fecham, não nos dão a mínima opor-tunidade de trabalhar, é a única coisa que eu quero para poder ajudar o meu filho que ain-da é muito jovem. Por isso a formação é mui-to importante para mim, serve como incen-tivo e conhecimento e para que desta forma não me sinta uma pessoa inútil, além de ad-quirir mais competências, deixa-me sempre uma réstia de esperança de que com mais conhecimento seja mais fácil encontrar tra-balho.”

sARA, formanda“Inicialmente quando vim para este cur-so, pensei que não se adaptasse ao que eu mais gostaria de fazer, preferia estudar in-glês e espanhol, porque gosto, enquadra-se mais com o meu curso e porque não tenho meios económicos que me permitam apren-der línguas. No entanto, até estou a gostar muito deste curso, e quem sabe se não encon-trarei aqui a possibilidade de arranjar tra-balho? Mas fico sem entender os nossos go-vernantes que apoiam este tipo de formação profissional, que é importante até pela trans-versalidade dos conhecimentos e não apoia pessoas que gostariam de tirar um curso su-perior. No meu caso tive de abandonar o cur-so superior de assistente social, porque não tinha condições para continuar, estava de-sempregada e com uma filha com necessida-des especiais para criar. Por isso, acho que a formação profissional é muito importante e complementar, mas penso que o estado deve-ria apoiar as pessoas que têm vocação para o ensino superior. Quero dizer com isto que era muito importante que quem define e organi-za estas formações deveria ter em conta as especificidades e as pessoas a quem são diri-gidos estes cursos. No meu caso era preferí-vel me apoiarem para que eu pudesse acabar o curso que fui obrigada a interromper, até porque é o curso que eu gosto. Isto não tem nada a ver com o grupo ou com as pessoas, tem a ver com a disponibilidade e a vontade daquilo que as pessoas querem aprender, en-sinar contra a nossa vontade vai implicar de-saproveitamento e frustração para quem en-sina. Às vezes, o que falta é apenas uma pe-quena ajuda para que uma pessoa possa atin-gir os seus objetivos e integrar-se efectiva-mente na sociedade.”

sofiA, formanda“Aprender para quê? Que importa saber e ter curriculum se não temos trabalho para aplicar o que aprendemos? Nós precisamos de experiência, mas ninguém nos abre as por-tas. Se o Estado me está a pagar o Rendi-mento Mínimo, porque é que não me dá tra-balho? Eu tenho ido procurar a todo o lado, para limpeza as escolas, jardins etc., e não consigo nada. E depois ainda somos critica-das… Eu não me importo de trabalhar seja no que for, tenho ido a todo lado, às esco-las, juntas de freguesia e nada! Eu sinto-me revoltada com esta situação, tenho dois fi-lhos a quem dar de comer, vestir e calçar e não tenho uma única oportunidade de poder trabalhar para os sustentar. Veja esta situa-ção, as escolas estão a necessitar de gente para ajudar na confecção das refeições aju-dar as crianças no recreio, na limpeza da es-cola, e o estado não faz nada porque passa a vida a dizer que não tem dinheiro… E nós que recebemos uma parte do RSI não pode-ríamos ir para lá trabalhar e ajudar as nos-sas crianças? De salientar que nós não que-remos que o Estado nos pague para não fa-zermos nada. Nós só queremos uma oportu-nidade para trabalhar, e há muitas coisas que podemos fazer. Nós queremos ser úteis à so-ciedade, não queremos viver de caridade nem ser os coitadinhos do sistema.”

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