Fichamento Ciencia Coisa Boa.docx

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    Referencias: ALVES, Rubens.Ciencia, Coisa Boa... In: MARCELLINO, Nelson.(Org). Introduo s Cincias Sociais. 9 Ed. Campinas, SP: Papirus, 2000. P11-17

    FICHAMENTO

    Cincia, coisa boa...

    Fernando pessoa dizia que pensar estar doente dos olhos. No que euconcordo. E at amplio um pouco: pensar estar doente do corpo. [...] Claroque tem pensamentos; mas so pensamentos de outro tipo, de puro gozo,expressivos de uma harmonia que no deve ser perturbada por nenhumaatividade epistemolgica. (p. 9)

    A dor ndica que um problema apareceu. A vida no vai bem. aquela

    perturbao estomacal, mal-estar terrvel, vontade de vomitar, e vem logo apergunta: Que foi que comi? Ser que bebi demais? Ou teria sido a linguiafrita? Pode ser, tambm, que tenha sido provocado por aquela contrariedadeque tive.... Estas perguntas que fazemos, diante de um problema, so aquiloque na linguagem cientifica recebe o nome de hiptese. Hiptese o conjuntode peas imaginarias de um quebra-cabeas, que acrescentamos aquela que

    j temos em mos com o propsito de compreende-la. Compreender,evidentemente, para evitar que o incomodo se repita. Pensar para no sofrer.[...] S conhecemos aquilo que incomoda. No, no estou dizendo toda averdade. No s a dor. Do prazer tambm. [...]. O conhecimento tem sempre

    o carter de uma receita culinria. Uma receita tem a funo de permitir arepetio de uma experincia de prazer. Mas quem pede a repetio no ointelecto. o corpo. Na verdade, o intelecto puro odeia a repetio. Estsempre atrs de novidades. (p.10)

    O desejo de conhecer um servo do desejo do prazer. Conhecer porconhecer um contra- senso. (p.10)

    A gente pensa para que o corpo tenha prazer. (p.10)

    Alguns diro: absurdo. verdade que, em certas situaes, o conhecimento

    tem essa funo pratica. Mas, em outras, no existe nada disso. Na cincia agente conhece por conhecer, sem que a experincia do conhecimento ofereaqualquer tipo de prazer. Duvido. O cientista que fica horas, dias, meses, anosem seu laboratrio no fica l por dever. Pode at ser que haja pessoas assim:trabalhar por dever. S que elas nunca produziram algo novo. O senso dedever pode ensinar as pessoas a repetirem as coisas: excelentes tcnicos delaboratrio, bons funcionrios, discpulos de Kant (um homem que desprezavao prazer e achava certo mesmo s as coisas feitas por dever. [...]. E quando agente capaz de fazer a coisa, vem a euforia, o sentimento de poder; isto tema ver com um desejo fundo que mora em cada um: ser o objeto admirado do

    outro, ser o primeiro...E isso que explica o curioso (e eticamente condenvel)costume que tem os cientistas de esconder os resultados de suas pesquisas,

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    tranc-las as sete chaves. [...]. Mais importante para eles a possibilidade deserem os primeiros... [...]. Narcisismo: sem ele no sairamos do lugar. (p.11-12)

    Curiosidade. to forte que estamos dispostos at a perder o paraso, pelo

    gozo efmero de ver aquilo que ainda no foi visto. (p.13) Ali est, diante de ns, a coisa fascinante. Mas no no basta ver o que estde fora. preciso entrar dentro, conhecer os segredos, tomar posse de suasentranhas(p.13)

    [...] O cientista a pessoa que capaz de ver, nas coisas insignificantes,grandes enigmas a serem desvendados, e o seu mundo se enche de mistrios.Moram em ns mesmos. (p.14)

    Mas, em tudo isto, preciso no esquecer de uma coisa:cincia coisa

    humilde, pois se sabe que a verdade inatingvel. Nunca lidamos com a coisamesma, que sempre nos escapa. Aquilo que temos so apenas modelosprovisrios, coisas que construmos por meio de smbolos, para entrar umpouco no desconhecido. (p.15)

    [...]. Na cincia a gente s lida com coisas faladas e escritas, hipteses,teorias, modelos, que a nossa razo inventou. A vida, ela mesma, fica umpouco mais alm das coisas que falamos sobre ela. (p.15)

    [...] Cincia uma coisa entre outras, que empregamos na aventura de viver,que a nica coisa que importa. por isso que, alm da cincia, preciso

    sapincia, cincia saborosa, sabedoria, que tem a ver com a arte de viver.Porque toda a cincia seria intil se, por detrs de tudo aquilo que faz oshomens conhecer, eles no se tornassem mais sbios, mais tolerantes, maismansos, mais felizes, mais bonitosCincia: brincadeira que pode dar prazer,que pode dar saber, que pode dar poder. (p.15)

    [...]E bem pode ser que as pessoas descubram no fascnio do conhecimentouma boa razo para viver, se elas forem sbias o bastante para isso, epuderem suportar a convivncia com o erro, o no saber e, sobretudo, se nomorrer nelas o permanente encanto com o universo. ( p.16)

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    IDEIA CENTRAL

    O texto faz uma explanao da necessidade do homem pelo conhecimentointerligando este fato ao desejo da obteno de prazer.

    RESUMO

    O conhecimento surge com a necessidade de solucionar problemas, dedescobrir coisas novas, de chegar a um prazer.

    O autor faz uma distino entre desejo do corpo, que busca a repetiodo conhecimento que levou a sensao de prazer, e do intelecto, que buscaconstantemente o novo, no se satisfazendo com o que j foi aprendido.

    Menciona o fato da curiosidade, da ambio por reconhecimento, e porconsequncia disso coisas boas surgem na cincia, fazendo com que hajaevoluo.

    E aponta a necessidade de se aliar cincia e sabedoria, pois a primeiraseria apenas palavras sem a segunda.