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FICOR 2011

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U m sobreiro demora uns bons Presidente da câmara, Dionísio Mendes, fala num bom momento para os produtores do concelho foto arquivo O MIRANTE O MIRANTE |

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foto arquivo O MIRANTE

Queremos ser os maiores do mundo em tudo e mais alguma coisa mas quando somos os maiores do mundo em sectores como a cortiça parece existir algum alheamento. É por isso que Coruche construiu o observatório da Cortiça há três anos e faz desde então uma feira que é única no mundo. O presidente da Câmara mantém o entusiasmo inicial e a aposta vai-se reforçando com novas parcerias e investimentos.

Um sobreiro demora uns bons trinta anos até começar a dar cortiça. Quanto tempo será necessário para extrair algo desta aposta do municí-pio neste sector?

Muito menos tempo do que demora um sobreiro a dar cortiça. Vamos fazer pelo terceiro ano a Ficor e já se nota a sua importância, não só localmente mas sobretudo ao nível da fileira da cortiça. Esta é uma Feira única no mundo de-dicada à cortiça, ao montado de sobro e a tudo o que lhe está associado e por isso lhe chamamos, com toda a proprie-dade Feira Internacional da Cortiça.

Coruche tem indústria ligada à cortiça, nomeadamente à produção de rolhas, mas a sua maior riqueza está ao nível da produção. Ao nível do montado de sobro.

E esta feira dá grande visibilidade a essa realidade. Pretende mostrar aqui-lo que é o montado de sobro e aquilo que é a actividade dos produtores flo-restais. Aquilo que, no fim de contas, tem a ver com todo o ecossistema do montado que é um ecossistema úni-co no mundo e que para além de ser, do ponto de vista produtivo de gran-de rentabilidade económica, está hoje identificado como um dos ecosistemas mais equilibrados em termos de fauna e flora. Temos um papel pioneiro mas tínhamos essa obrigação porque, his-toricamente, somos o maior produtor de cortiça a nível mundial. O Obser-vatório, aproveito para lembrar, foi uma oportunidade que surgiu com o programa Valtejo.

O cidadão comum não se aperce-be ainda da importância estratégica da cortiça para o nosso país e muitas vezes desconhece o facto de sermos o maior produtor mundial.

Isso é verdade. Daí o nosso esforço para divulgar e promover este sector. Este ano o período em que decorre a Ficor foi alargado para haver mais tem-po para determinadas actividades. De

30 de Maio a 1 de Junho, vamos levar jovens estudantes das nossas escolas e de escolas de outros concelhos, nome-adamente de Politécnicos, Universi-dades e Escolas Profissionais a visitar herdades para que percebam melhor e se interessem pelas virtualidades do ecossistema e da importância econó-mica que a cortiça tem para Portugal e para as nossas exportações. A esse ní-vel, por exemplo, houve um aumento de 11 por cento nos primeiros dois me-ses deste ano. Deve ser o único produ-to português que cresce tanto. E cresce numa altura de crise. Há um ambiente positivo à volta da cortiça e da extrac-ção de cortiça e fala-se também num crescimento em termos de pagamento aos produtores para este ano. Falar de cortiça já não é apenas falar de rolhas. É um produto que tem cada vez mais visibilidade noutros sectores, nomeada-mente na moda, joalharia, mobiliário, no sector automóvel...

Não sabemos muito sobre o que é genuinamente português.

Não sabemos assim tanto e não da-mos a devida importância à cortiça. Mas ela é um produto estratégico para o nosso país e para o concelho de Co-ruche em particular. E tem futuro, até porque do ponto de vista ambiental é do mais amigável que há. O ecossistema do sobreiro é equilibrado do ponto de vista da fauna, da flora, do sequestro de carbono, etc. Face ao metal ou plás-tico a cortiça ganha dez a zero porque não tem contra-indicações e é super amigável do ponto de vista ambiental.

Há receptividade em relação às visitas promovidas durante a Ficor?

Este ano, durante a Feira, teremos entre nós um grupo de americanos que trabalha na embaixada e uma delega-ção de uma dezena de eurodeputa-dos de vários países, ligados à área da agricultura. Por outro lado as pessoas estão ávidas do contacto com a natu-reza. Querem ver o observatório, ir ao montado. No domingo, dia 29, vamos realizar visitas ao montado de diversas maneiras. Desde visitas em balão de ar quente, bicicletas Todo-o-Terreno, passeios a pé, percursos de orientação, actividades de extracção de cortiça, re-portagens fotográficas. Vamos levar as pessoas a partilhar um ambiente sau-dável e equilibrado.

Como está a decorrer a implemen-tação de alguns projectos anuncia-dos para o Observatório da Cortiça?

Já temos o observatório aberto dia-riamente e temos a funcionar lá um centro de investigação que é o CET-COR - Centro Tecnológico da Cortiça. Trata-se de um centro de investigação aplicadao à cortiça que tem sede em Vila da Feira e tinha uma delegação no Montijo que entretanto encerrou

Investimento de Coruche na promoção da cortiça e do montado de sobro já está a dar resultadosPresidente da câmara, Dionísio Mendes, fala num bom momento para os produtores do concelho

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e abriu esta delegação em Coruche no edifício do observatório da cortiça onde tem um espaço administrativo e uma área para a investigação. Este é um ponto de partida desejado por nós para termos uma área de investigação voltada para as questões que se colo-cam aos produtores de cortiça

Estão a desenvolver outras parce-rias com quem?

Temos parceria com o Instituto Su-perior de Agronomia e com a Univer-sidade de Évora. Estas duas entidades fazem com alguma regularidade encon-tros, visitas, trabalhos de investigação. Tanto uma como outra têm trabalhos de campo aqui na área do concelho de Coruche e vêm com regularidade ao ter-reno verificar os ensaios, colher amos-tras e servem-se do observatório como retaguarda técnica. Neste momento está entre nós uma equipa de inves-tigadores alemães que está a estudar o montado de sobreo numa herdade, em parceria com o Instituto Superior de Agronomia. Os componentes desse grupo vão ficar três semanas. Estão alo-jados em Coruche, fazem diariamente esse trabalho de campo e vão com re-gularidade ao Observatório da Cortiça.

Não há qualquer parceria com o Instituto Politécnico de Santarém, nomeadamente através da Escola Superior Agrária?

Essa parceria é desejável e estamos disponíveis para a estabelecer. Estamos a fazer investimentos, com o apoio de fundos comunitários em equipamento

Feira Internacional da Cortiça quer mostrar aos jovens uma das maiores riquezas naturais do país

A FICOR, Feira Internacional da Cortiça, que se realiza de 27 de Maio a 1 de Junho, em Coruche, aposta, nesta terceira edição, na inovação e no en-volvimento dos mais jovens. Este ano a Ficor tem mais dois dias, terminan-do a 1 de Junho, Dia da Criança e Dia Nacional do Sobreiro.

A feira prossegue o objectivo de di-vulgar outros usos da cortiça para além do que tem representado a sua “mais valia”, a rolha, dando evidência ao seu uso na moda, no design, nas artes e na construção civil.

Tendo em conta que 2011 foi decla-rado pela ONU Ano Internacional das Florestas, este será o tema dominan-te do certame, que aliará a promoção do sector à divulgação das boas prá-ticas ambientais e sustentabilidade ecológica garantida pela exploração do montado.

O programa inclui painéis de carác-ter científico dedicados a profissionais do sector, workshops de culinária asso-ciados aos sabores do montado (aber-tos a todos os visitantes), actividades de natureza (como balonismo e pas-seios no montado), o desfile de moda

Coruche Fashion Cork e a reunião da comissão executiva da Rede Europeia de Territórios Corticeiros (Retecork), entre outras iniciativas.

Confirmando a importância da FI-COR, o ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, António Serrano, irá inaugurar a Feira no dia 27 de Maio, na presença do gru-po de eurodeputados da Comissão da Agricultura e do Desenvolvimento Ru-ral do Parlamento Europeu. Será tam-bém apresentada a Plataforma de Tran-sacção da Cortiça no stand da APFC.

O programa da Feira irá manter o seu carácter científico com vários se-minários dedicados ao sector. Para o dia 28 de Maio (sábado), está marcado o colóquio “Melhor montado, melhor cortiça”, organizado pela APFC e para dia 30 (segunda-feira), a conferência “Inovar Cortiça”.  

O CORUCHE FASHION CORK está também de regresso, no dia 27 de Maio, com a presença assegurada de várias fi-guras públicas da moda e da televisão. Liliana Santos, Sara Barradas, Nuno Pardal, Sara Prata e Santiago Romero, actores da telenovela Espírito Indomá-

vel, têm já presença garantida neste desfile de moda dedicado à cortiça. A manequim e apresentadora Isabel Fi-gueira irá também desfilar por terras coruchenses. A apresentação deste des-file ficará a cargo de Vanessa Oliveira.

Tiago Bettencourt & Mantha é o pro-jecto musical que irá animar a noite de sábado, dia 28 de Maio. Um espectácu-lo gratuito. Depois dos espectáculos a festa promete continuar com o espaço Cork by Night.

Durante os seis dias realizam-se vários workshops de enologia e culi-nária associados aos sabores do mon-tado e abertos a todos os visitantes, workshops de artes decorativas em cortiça, provas de vinho promovidas pela AMVP, actividades de natureza co-mo balonismo e passeios no montado, btt, corridas de galgos, demonstração equestre, visitas à corticeira Amorim e demonstrações de descortiçamento.

Destaque ainda para a 7.ª edição da Corrida das Pontes e da Família que este ano se realiza no dia 29 de Maio (domingo) e que reúne todos os anos centenas de participantes.

laboratorial e no Centro de Documen-tação, para podermos ter capacidade de acolher novos projectos. Para darmos condições efectivas para o trabalho de investigação. Fizemos também uma candidatura com municípios e outras entidades, nomeadamente com a As-sociação de Produtores Florestais de Coruche e concelhos limítrofes e es-tamos a estudar a hipótese de situar a sobroteca no próprio observatório. Uma espécie de biblioteca multimedia dos sobreiros onde se apresentem, por exemplo, as amostras que dão origem aos encontros anuais da chamada pla-taforma da cortiça.

A formação profissional para o sector tarda em arrancar?

A ideia é que o CINCORK - Centro

de Formação Profissional da Área da Cortiça, que está sedeado em Santa Maria de Lamas, descentralize alguma da sua formação para o Observatório da Cortiça em Coruche. Para além do montado temos aqui fábricas e haverá uns quinhentos operários corticeiros. Não faz sentido que tenham que se deslocar ao Norte para ter formação. Nós desafiámos o CINCORK e mais re-centemente a NERSANT para criarem oportunidades de formação para a área da cortiça e para a área florestal em ge-ral. Muito do trabalho florestal ainda é feito por trabalhadores que adquiri-ram os seus conhecimentos vendo os outros fazer. Nunca se viu um tirador de cortiça a fazer formação profissio-nal ou um empregado de uma herda-

de que faz a poda dos sobreiros fazer formação. Trabalham por imitação. Por experiência adquirida ao lado dos mais velhos. Há herdades onde estão a decorrer processos de certificação de qualidade e para que isso corra bem é necessário que esses trabalhadores te-nham formação profissional.

O esforço que a câmara municipal está a fazer ao nível da cortiça é bem compreendido?

Não temos tido muitos apoios mas não há incompreensão. O observatório é aceite como uma pedrada no charco. Como uma atitude inovadora. Na filei-ra da cortiça há unanimidade. Somos bem aceites quer nacionalmente quer internacionalmente.

Tendo em conta que 2011 foi declarado pela ONU Ano Internacional das Florestas, este será o tema dominante do certame, que aliará a promoção do sector à divulgação das boas práticas ambientais e sustentabilidade ecológica garantida pela exploração do montado