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Figuras de Linguagem
Aprender a reconhecer as figuras de linguagem é importante paramelhor compreendermos os textos literários e termos contato com a belezada construção da linguagem, além de lidarmos com os significadossimbólicos das palavras e dos textos do nosso dia a dia.
Algumas figuras são mais comuns do que imaginamos, as utilizamos emnosso cotidiano, fazem parte da nossa comunicação e das nossas relações,até mesmo compõem nossa personalidade. São ferramentas, recursos dalinguagem de que dispomos para darmos maior expressividade às nossasmensagens.
CONCEITO
Metáfora
É a palavra ou expressão que produzsentidos figurados por meio decomparações insólitas e implícitas, ouseja, estranhas e que necessitam serinterpretadas, dependem do contexto.Esta figura trabalha com a riqueza desentidos, pois têm mais que umainterpretação.
Amou daquela vez como se fosse aúltimaBeijou sua mulher como se fosse aúltimaE cada filho seu como se fosse o únicoE atravessou a rua com seu passo tímidoSubiu a construção como se fossemáquina..(Construção, Chico Buarque/Tom Jobim)
Sinestesia
É a mistura ou troca das funções dos sentidos humanos, ou seja, équando atribuímos o valor de um sentido básico humano a outro. Ossentidos são: tato, olfato, gustação, audição, visão e intuição.É muito utilizada por escritores, principalmente, poetas. No dia a dia,esta figura é muito comum, porém sem que haja consciência de seuuso por parte dos falantes.
Exemplos:
A. Meu olhar toca seu coração com toda a força.
B. Sua pele é tão doce.C. Sinto tua alma beijar minha
morte.
Oh! ontem no baile com ela valsandoSenti as delícias dos anjos do céu!Na dança ligeira qual silfo voandoCaiu-lhe do rosto seu cândido véu!- Que noite e que baile! - Seu hálito virgemQueimava-me as faces no louco valsar,As falas sentidas que os olhos falavamNão posso, não quero, não devo contar!
Casimiro de Abreu, Segredos
Ironia
É quando invertemos o sentidoconscientemente, ou seja, falamosou escrevemos uma mensagemquerendo dizer outra coisa,afirmamos o contrário do quepensamos. A dubiedade aqui épensada, o duplo sentido évoluntário e consciente e tende àprovocação.Existe a ironia simples, manjada,ou a requintada, perspicaz.
Fragmento de Dom Casmurro, de Machado deAssis.
Abane a cabeça leitor; faça todos os gestos deincredulidade. Chegue a deitar fora este livro, seo tédio já o não obrigou a isso antes; tudo épossível. Mas, se o não fez antes e só agora, fioque torne a pegar do livro e que o abra namesma página, sem crer por isso na veracidadedo autor. Todavia, não há nada mais exacto. Foiassim mesmo que Capitu falou, com tais palavrase maneiras. Falou do primeiro filho, como sefosse a primeira boneca.Quanto ao meu espanto, se também foi grande,veio de mistura com uma sensação esquisita.Percorreu-me um fluido. Aquela ameaça de umprimeiro filho, o primeiro filho de Capitu, ocasamento dela com outro, portanto, aseparação absoluta, a perda, a aniquilação, tudoisso produzia um tal efeito, que não acheipalavra nem gesto; fiquei estúpido. Capitu sorria;eu via o primeiro filho brincando no chão...
(Capítulo XLV/Abane a cabeça, leitor)
AntíteseQuando há oposição de sentido entreas palavras ou ideias.
Ex.1:
A. Uma menina me ensinou quasetudo que eu sei, era quaseescravidão, mas ela me tratavacomo um rei. (Renato Russo)
B. Ando devagarPorque já tive pressaE levo esse sorrisoPorque já chorei demais
Hoje me sinto mais forteMais feliz, quem sabeSó levo a certezaDe que muito pouco seiOu nada sei
Almir Sater, Tocando em Frente
Ex.2: A Jesus Cristo Nosso Senhor, Gregório de Matos Guerra
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa piedade me despido, Porque quanto mais tenho delinqüidoVós tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada Gloria tal, e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Paradoxo
Trata-se do emprego de ideias que se contradizem, é o oposto do que alguémpensa ser a verdade, logo é uma verdade aparente. Estabelece uma contradição.
Ex.1:A. Sou um menino velho.B. Pensar é o bem que causa mais
mal aos homens.
Ex.2: Excerto do soneto de Luís deCamões.
Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer;
Ambiguidade
Exemplos:
João deixou as pessoas felizes. (ele fez a pessoas felizes ou deixou as pessoas queestavam felizes?)
Trata-se de uma mensagem que possui duplo sentido em nível sintático, ou seja, quepossui um equívoco sintático que não nos permite definir o sentido real da frase.
Hipérbole EufemismoÉ quando exageramos
propositalmente afim de tornar mais
intensa e expressiva a ideia.
Ex: Estou morrendo de sede.
Ela chorou um oceano ao término
do namoro.
Tudo passou como um furacão na
minha vida.
É a palavra que suaviza informações,
mensagens, notícias desagradáveis,
temerosas.
Ex: Enfim, agora ele descansa em
paz. (morte)
Ela escondeu a verdade de mim.
(mentira)
Personificação (prosopopeia)
Trata-se de uma personificação, pois é a palavra que atribui características
humanas a seres inanimados ou não humanos.
Ex:
O céu está com uma cara boa hoje.
O meu cachorrinho sente toda a minha tristeza.
Só a minha cama me entende.
MetonímiaÉ quando uma palavra representa um
todo ou uma parte, ou seja, quando
uma palavra substitui outra por uma
proximidade lógica de sentidos.
Ex: Li todo o Machado de Assis nas férias. (o nome do autor substitui a
palavra obra)
O salão recebeu com carinho a aniversariante. (salão substitui a palavra
convidados)
Exemplos mais comuns:
Achocolatado em pó: nescau.
Lâmina de barbear: gilette
Esponja de lavar: Bom-bril
Goma de mascar: chiclete
Macarrão instantâneo: miojo
Aliteração Assonância
É a repetição de sons consonantais
idênticos ou semelhantes no início das
palavras de uma frase ou verso.
Ex:
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
SOUZA, Cruz. Violões que choram
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
É a repetição do som de vogais de
uma frase ou verso, especialmente
quando sílabas tônicas.
Ex:
Ó formas alvas, brancas, formas
claras. (Cruz e Sousa)
O meu mundão no teu coração é
perdição.
Questão 96)ENEM 2012
Questão 107)ENEM 2012
Questão 134)ENEM 2013
Questão 131)ENEM 2013
Questão 120)ENEM 2014
Questão 127)ENEM 2014
A novidade veio dar à praiana qualidade rara de sereiametade um busto de uma deusa maiametade um grande rabo de baleiaa novidade era o máximodo paradoxo estendido na areiaalguns a desejar seus beijos de deusaoutros a desejar seu rabo pra ceiaoh, mundo tão desigualtudo tão desigualde um lado este carnavaldo outro a fome totale a novidade que seria um sonhomilagre risonho da sereiavirava um pesadelo tão medonhoali naquela praia, ali na areiaa novidade era a guerraentre o feliz poeta e o esfomeadoestraçalhando uma sereia bonitadespedaçando o sonho pra cada lado”
(Gilberto Gil, A Novidade)
Assinale a alternativa que ilustra a figurade linguagem destacada no texto:
a) “A novidade veio dar à praia/naqualidade rara de sereia”
b) “A novidade que seria um sonho/omilagre risonho da sereia/virava umpesadelo tão medonho”
c) “A novidade era a guerra/entre o felizpoeta e o esfomeado”
d) “Metade o busto de uma deusamaia/metade um grande rabo debaleia”
e) “A novidade era o máximo/doparadoxo estendido na areia”