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FILOSOFIA DO DIREITO FILOSOFIA DO DIREITO E HERMENÊUTICA E HERMENÊUTICA A interpretação do Direito: A interpretação do Direito: superação do puro raciocínio superação do puro raciocínio lógico/dedutivo. As escolas e lógico/dedutivo. As escolas e os métodos clássicos os métodos clássicos

FILOSOFIA DO DIREITO E HERMENÊUTICA A interpretação do Direito: superação do puro raciocínio lógico/dedutivo. As escolas e os métodos clássicos

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FILOSOFIA DO DIREITO E FILOSOFIA DO DIREITO E HERMENÊUTICAHERMENÊUTICAA interpretação do Direito: A interpretação do Direito:

superação do puro raciocínio superação do puro raciocínio lógico/dedutivo. As escolas e os lógico/dedutivo. As escolas e os

métodos clássicosmétodos clássicos

O QUE É INTERPRETAR?O QUE É INTERPRETAR? Necessidade de discussão sobre o sentido Necessidade de discussão sobre o sentido

das normas jurídicas.das normas jurídicas. Superação do pensamento clássico: Superação do pensamento clássico: in claris in claris

cessat interpretatio.cessat interpretatio. Interpretação do direito é constitutiva e não Interpretação do direito é constitutiva e não

simplesmente declaratória.simplesmente declaratória. Parte-se de uma compreensão dos textos Parte-se de uma compreensão dos textos

normativos e dos fatos, passa-se pela normativos e dos fatos, passa-se pela produção das normas que devem ser produção das normas que devem ser ponderadas para a solução do caso e finda ponderadas para a solução do caso e finda com a escolha de uma determinada solução com a escolha de uma determinada solução para ele, consignada na norma da decisão para ele, consignada na norma da decisão (Eros Roberto Grau).(Eros Roberto Grau).

HERMENÊUTICAHERMENÊUTICA Não se pode interpretar sem o uso da Não se pode interpretar sem o uso da

ciência da hermenêutica, pois ciência da hermenêutica, pois interpretação é apenas sistematização, interpretação é apenas sistematização, enquanto que hermenêutica é ciência enquanto que hermenêutica é ciência filosófica.filosófica.

O ato interpretativo é útil à medida que O ato interpretativo é útil à medida que concentra em si uma tensão constante concentra em si uma tensão constante entre a axiologia do entre a axiologia do sujeito-da-sujeito-da-interpretação interpretação e a ideologia social vigente e a ideologia social vigente (Armando Plebe).(Armando Plebe).

HERMENÊUTICAHERMENÊUTICA Do gregoDo grego Hermeneúein Hermeneúein e derivado do e derivado do

deus Hermes, este mensageiro dos deus Hermes, este mensageiro dos homens.homens.

Para Carlos Maximiliano, hermenêutica Para Carlos Maximiliano, hermenêutica é a teoria científica da arte de é a teoria científica da arte de interpretar.interpretar.

Paulo Dourado de Gusmão: é a parte Paulo Dourado de Gusmão: é a parte da ciência do direito que trata da da ciência do direito que trata da interpretação e aplicação do direito.interpretação e aplicação do direito.

HERMENÊUTICAHERMENÊUTICA Assim:Assim: Necessário revelar o sentido das Necessário revelar o sentido das

normas e palavras.normas e palavras. Fixar o seu alcance, delimitando o Fixar o seu alcance, delimitando o

seu campo de incidência, seu campo de incidência, conhecendo os fatos sociais.conhecendo os fatos sociais.

Entender norma jurídica como Entender norma jurídica como gênero.gênero.

SUPERAÇÃO DO PURO SUPERAÇÃO DO PURO RACIOCÍNIO LÓGICO/DEDUTIVORACIOCÍNIO LÓGICO/DEDUTIVO

Se existe algo mais que a letra fria da lei, é Se existe algo mais que a letra fria da lei, é preciso animar a sua intenção e o seu preciso animar a sua intenção e o seu alcance.alcance.

Não basta utilizarmos simplesmente a norma Não basta utilizarmos simplesmente a norma por lógica tradicional sem lhe proporcionar por lógica tradicional sem lhe proporcionar um caráter de vida.um caráter de vida.

Dedução: é toda inferência que parte do Dedução: é toda inferência que parte do universal para o particular, utilizando-se de universal para o particular, utilizando-se de duas proposições (uma generalizadora e outra duas proposições (uma generalizadora e outra particularizadora) para extrair uma conclusão.particularizadora) para extrair uma conclusão.

SUPERAÇÃO DO PURO SUPERAÇÃO DO PURO RACIOCÍNIO LÓGICO/DEDUTIVORACIOCÍNIO LÓGICO/DEDUTIVO

A lógica jurídica não pode ser resumida à A lógica jurídica não pode ser resumida à lógica formal, pois esta trabalha com lógica formal, pois esta trabalha com premissas absolutas e incontestáveis.premissas absolutas e incontestáveis.

A lógica formal tem esquemas pré-A lógica formal tem esquemas pré-concebidos ou qualquer tipo de concebidos ou qualquer tipo de predeterminação de seus conteúdos.predeterminação de seus conteúdos.

2+2=4, ou dia/noite, ou novo/velho.2+2=4, ou dia/noite, ou novo/velho. P=1+1+1 e Q=1+2, logo P=Q.P=1+1+1 e Q=1+2, logo P=Q. Todo vertebrado possui vértebras. Todos Todo vertebrado possui vértebras. Todos

os cavalos são vertebrados. Logo, todos os os cavalos são vertebrados. Logo, todos os cavalos têm vértebras. cavalos têm vértebras.

SUPERAÇÃO DO PURO SUPERAÇÃO DO PURO RACIOCÍNIO LÓGICO/DEDUTIVORACIOCÍNIO LÓGICO/DEDUTIVO

Chaim Perelman: “Em um sistema formal, Chaim Perelman: “Em um sistema formal, uma vez enunciados os axiomas e uma vez enunciados os axiomas e formuladas as regras de dedução formuladas as regras de dedução admitidas, resta apenas aplicá-los admitidas, resta apenas aplicá-los corretamente para demonstrar os corretamente para demonstrar os teoremas de uma forma impositiva. Se a teoremas de uma forma impositiva. Se a demonstração estiver correta, devemos demonstração estiver correta, devemos inclinar-nos diante do resultado obtido e, inclinar-nos diante do resultado obtido e, se aceitarmos a verdade dos axiomas, se aceitarmos a verdade dos axiomas, admitir a verdade do teorema, enquanto admitir a verdade do teorema, enquanto não tivermos dúvidas sobre a coerência do não tivermos dúvidas sobre a coerência do sistema. O mesmo, porém, não acontece sistema. O mesmo, porém, não acontece quando argumentamos. (quando argumentamos. (Lógica jurídicaLógica jurídica).).

EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO: EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO: ESCOLAS HERMENÊUTICASESCOLAS HERMENÊUTICAS

Somente após a promulgação dos Somente após a promulgação dos Códigos de Napoleão, principalmente Códigos de Napoleão, principalmente o Código Civil (1804), que a o Código Civil (1804), que a interpretação ganhou relevo a ponto interpretação ganhou relevo a ponto de ser objeto de reflexão e permitindo de ser objeto de reflexão e permitindo a criação de teorias.a criação de teorias.

Antes do séc. XIX havia apenas a Antes do séc. XIX havia apenas a preocupação interpretativa de modo preocupação interpretativa de modo acidental, ou seja, sem o caráter acidental, ou seja, sem o caráter científico.científico.

ESCOLA DOS GLOSADORESESCOLA DOS GLOSADORES Escola da Bolonha (séc. XI a XIII).Escola da Bolonha (séc. XI a XIII). A sua base era a interpretação A sua base era a interpretação

gramatical do gramatical do Corpus Juris CivilisCorpus Juris Civilis de de Justiniano.Justiniano.

Ocorria por meio de glosas que eram Ocorria por meio de glosas que eram anotações marginais ou interlineares anotações marginais ou interlineares acrescentadas aos textos estudados.acrescentadas aos textos estudados.

ESCOLA DOS COMENTARISTASESCOLA DOS COMENTARISTAS Conhecida por pós-glosadores, tratadistas, Conhecida por pós-glosadores, tratadistas,

escolásticos ou bartolistas (séc. XIII a XV).escolásticos ou bartolistas (séc. XIII a XV). Tentativa de adaptar o direito romano às Tentativa de adaptar o direito romano às

novas relações econômicas e sociais da novas relações econômicas e sociais da sociedade feudal.sociedade feudal.

Acrescentavam apreciações próprias, Acrescentavam apreciações próprias, adotando o método lógico da dialética e adotando o método lógico da dialética e com aplicação prática.com aplicação prática.

Recorreram a outras fontes: costumes Recorreram a outras fontes: costumes locais, direito estatutário e direito locais, direito estatutário e direito conônico.conônico.

ESCOLAS CONTEMPORÂNEASESCOLAS CONTEMPORÂNEAS

A partir do séc. XIX, as escolas são A partir do séc. XIX, as escolas são vistas em três grandes grupos:vistas em três grandes grupos:

Estrito legalismo ou dogmatismo.Estrito legalismo ou dogmatismo. De reação ao estrito legalismo.De reação ao estrito legalismo. Interpretação mais livre.Interpretação mais livre. Passaremos a ver sob o enfoque Passaremos a ver sob o enfoque

evolutivo e temporal.evolutivo e temporal.

ESCOLA DA EXEGESEESCOLA DA EXEGESE Formada na França no início do séc. XIX.Formada na França no início do séc. XIX. Dogmatismo legal: supervalorização do Dogmatismo legal: supervalorização do

código e sua auto-suficiência, encerrando código e sua auto-suficiência, encerrando todo o direito. Lei como única fonte.todo o direito. Lei como única fonte.

Subordinação à vontade do legislador: Subordinação à vontade do legislador: aplicando de acordo com a vontade aplicando de acordo com a vontade original, não podendo substituir-se.original, não podendo substituir-se.

Estado como único autor do direito: se Estado como único autor do direito: se todo o direito encontrava-se na lei e no todo o direito encontrava-se na lei e no código e era ele quem elaborava, então código e era ele quem elaborava, então não se poderia ter outra origem.não se poderia ter outra origem.

ESCOLA DE VIENAESCOLA DE VIENA Pensador: Hans Kelsen.Pensador: Hans Kelsen. Movimento positivista ou normativista.Movimento positivista ou normativista. Conceitos jurídicos puramente formais.Conceitos jurídicos puramente formais. Distinguir o direito dos fenômenos Distinguir o direito dos fenômenos

naturais (ser e dever ser).naturais (ser e dever ser). Distinguir e libertar o direito da sociologia Distinguir e libertar o direito da sociologia

e filosofia.e filosofia. Formalismo puro e lógico (exclusão dos Formalismo puro e lógico (exclusão dos

conteúdos variáveis.conteúdos variáveis. Vincular o direito ao Estado (positivismo Vincular o direito ao Estado (positivismo

estatistaestatista

ESCOLA HISTÓRIO-EVOLUTIVAESCOLA HISTÓRIO-EVOLUTIVA

Surgiu no final do séc. XIX em resposta à Surgiu no final do séc. XIX em resposta à Escola da Exegese. Fundador: Savigny.Escola da Exegese. Fundador: Savigny.

Verdadeiro direito reside nos usos e Verdadeiro direito reside nos usos e costumes da tradição popular.costumes da tradição popular.

Lei como realidade histórica: com Lei como realidade histórica: com progresso e desprendimento de origem.progresso e desprendimento de origem.

Interpretação atualizadora: transportando Interpretação atualizadora: transportando o pensamento da época para o presente.o pensamento da época para o presente.

Interpretação não-criadora: o intérprete Interpretação não-criadora: o intérprete apenas atualiza, mas não cria o direito.apenas atualiza, mas não cria o direito.

ESCOLA TELEOLÓGICAESCOLA TELEOLÓGICA Desenvolvido por Ihering a partir de sua Desenvolvido por Ihering a partir de sua

obra “O fim do direito”.obra “O fim do direito”. Interpretação inspirada menos na lógica e Interpretação inspirada menos na lógica e

mais no caráter finalístico do direito.mais no caráter finalístico do direito. O fim e o motivo criam o direito.O fim e o motivo criam o direito. Garantia das condições da vida social.Garantia das condições da vida social. Fim social não é uma intenção, mas uma Fim social não é uma intenção, mas uma

realidade objetiva.realidade objetiva. Direito visto como vivência e luta.Direito visto como vivência e luta. Jurisprudência dos interesses.Jurisprudência dos interesses.

ESCOLA DA LIVRE PESQUISA ESCOLA DA LIVRE PESQUISA CIENTÍFICA DO DIREITOCIENTÍFICA DO DIREITO

Autor François Gény.Autor François Gény. A lei é insuficiente para cobrir todos os fatos A lei é insuficiente para cobrir todos os fatos

sociais.sociais. A intenção da lei seria o motivo do seu A intenção da lei seria o motivo do seu

aparecimento, não podendo deformá-la.aparecimento, não podendo deformá-la. Diante das lacunas, devemos recorrer a Diante das lacunas, devemos recorrer a

outras fontes (costumes, jurisprudência e outras fontes (costumes, jurisprudência e doutrina).doutrina).

Atividade do intérprete de acordo com regras Atividade do intérprete de acordo com regras e princípios gerais da ordem jurídica.e princípios gerais da ordem jurídica.

Autoriza o juiz a agir Autoriza o juiz a agir praeter legem.praeter legem.

ESCOLA DO DIREITO LIVREESCOLA DO DIREITO LIVRE Criadores: Eugène Ehrlich e Hermann Criadores: Eugène Ehrlich e Hermann

Kantorowicz.Kantorowicz. O domínio imperativo da lei é muito restrito.O domínio imperativo da lei é muito restrito. As visões do legislador são parte mínima do As visões do legislador são parte mínima do

mundo jurídico.mundo jurídico. Livre busca do direito em lugar da vontade Livre busca do direito em lugar da vontade

do legislador.do legislador. Direito natural: brotado de grupos e Direito natural: brotado de grupos e

movimentos sociais.movimentos sociais. O juiz tem apenas o compromisso com a O juiz tem apenas o compromisso com a

justiça.justiça.

OUTRAS ESCOLAS DE OUTRAS ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO LIVREINTERPRETAÇÃO LIVRE

Escola Sociológica: o direito é um todo Escola Sociológica: o direito é um todo orgânico; é necessário uma cultura orgânico; é necessário uma cultura completa, conhecendo outras ciências; completa, conhecendo outras ciências; pesquisar os elementos sociológicos do pesquisar os elementos sociológicos do direito (economia, política, moral, direito (economia, política, moral, religião); evolução dos fatos sociais; religião); evolução dos fatos sociais; mais experiência que lógica; mais mais experiência que lógica; mais utilitarismo que racionalismo; juristas: utilitarismo que racionalismo; juristas: Bufnoir (França) e Roscoe Pound (EUA).Bufnoir (França) e Roscoe Pound (EUA).

OUTRAS ESCOLAS DE OUTRAS ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO LIVREINTERPRETAÇÃO LIVRE

Escola Egológica: não é a lei que se Escola Egológica: não é a lei que se interpreta, mas a conduta humana interpreta, mas a conduta humana mediante a lei; o juiz interpreta a lei mediante a lei; o juiz interpreta a lei segundo a sua ciência e consciência; segundo a sua ciência e consciência; a lei é um conselho, mas não é o a lei é um conselho, mas não é o direito; compreender e valorar a direito; compreender e valorar a conduta humana; jurista: Carlos conduta humana; jurista: Carlos Cóssio.Cóssio.

OUTRAS ESCOLAS DE OUTRAS ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO LIVREINTERPRETAÇÃO LIVRE

Escola Vitalista: a função jurisdicional Escola Vitalista: a função jurisdicional escapa da criação legislativa; o escapa da criação legislativa; o direito é forma de vida humana direito é forma de vida humana objetivada; a norma é um pedaço da objetivada; a norma é um pedaço da vida humana e, enquanto vigente, é vida humana e, enquanto vigente, é revivida de modo atual, mas revivida de modo atual, mas experimentando novas realidades; experimentando novas realidades; jurista: Luís Recaséns Siches.jurista: Luís Recaséns Siches.

ANÁLISE DOS MÉTODOS ANÁLISE DOS MÉTODOS CLÁSSICOSCLÁSSICOS

Instrumentos válidos para que o Instrumentos válidos para que o intérprete possa encontrar a solução intérprete possa encontrar a solução que entende mais adequada para a que entende mais adequada para a aplicação do Direito invocado.aplicação do Direito invocado.

Também serve para oferecer Também serve para oferecer argumentos.argumentos.

São apenas ferramentas e não a São apenas ferramentas e não a ciência em si ou um modo de pensar, ciência em si ou um modo de pensar, observando-se a norma quanto à sua observando-se a norma quanto à sua natureza.natureza.

MÉTODO GRAMATICALMÉTODO GRAMATICAL Idealizador: Savigny.Idealizador: Savigny. Como objeto o exame do significado Como objeto o exame do significado

das palavras.das palavras. Abstrai-se qualquer noção de Abstrai-se qualquer noção de

sentimento social ou político.sentimento social ou político. Apego à literalidade do texto.Apego à literalidade do texto. Atendimento à forma exterior do Atendimento à forma exterior do

texto.texto.

EXEMPLO GRAMATICALEXEMPLO GRAMATICAL ““INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL. APLICAÇÃO. Há INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL. APLICAÇÃO. Há

hipóteses em que as expressões “quase todos”, hipóteses em que as expressões “quase todos”, “metade” ou “minoria” são passíveis de “metade” ou “minoria” são passíveis de mensuração, por interpretação gramatical. É o que mensuração, por interpretação gramatical. É o que ocorre, por exemplo, quando a prova testemunhal, ocorre, por exemplo, quando a prova testemunhal, como na espécie, confirma o mourejo do reclamante como na espécie, confirma o mourejo do reclamante em “quase todos” os sábados, levando à conclusão, em “quase todos” os sábados, levando à conclusão, por bom senso, de que tal situação ocorria numa por bom senso, de que tal situação ocorria numa média de 03 vezes ao mês, e não em 04 (todos), 02 média de 03 vezes ao mês, e não em 04 (todos), 02 (metade) ou 01 (minoria). Apelo patronal provido, (metade) ou 01 (minoria). Apelo patronal provido, para reduzir de 04 para 03 o número de sábados para reduzir de 04 para 03 o número de sábados trabalhados pelo autor.” (TRT – 2ª Região, Ac. trabalhados pelo autor.” (TRT – 2ª Região, Ac. 02960424292 – Proc. 02950230703, 7ª Turma, Rel. 02960424292 – Proc. 02950230703, 7ª Turma, Rel. Juíza Anélia Li Chum, DOESP 26/08/96).Juíza Anélia Li Chum, DOESP 26/08/96).

MÉTODO LÓGICOMÉTODO LÓGICO Pretende do simples estudo das normas Pretende do simples estudo das normas

em si, ou em conjunto, por meio do em si, ou em conjunto, por meio do raciocínio dedutivo, obter a raciocínio dedutivo, obter a interpretação correta.interpretação correta.

Isto porque o Direito seria obra da razão Isto porque o Direito seria obra da razão e, portanto, deve ser razoável. Qualquer e, portanto, deve ser razoável. Qualquer interpretação contrária de simples e interpretação contrária de simples e puro raciocínio será equivocada.puro raciocínio será equivocada.

Assim, investiga a Assim, investiga a ratioratio ou ou mensmens legis.legis.

EXEMPLO EXEMPLO JURISPRUDENCIALJURISPRUDENCIAL

STJ: AgRg no REsp 776848 / RJ.STJ: AgRg no REsp 776848 / RJ. STJ: Rcl 2790 / SC.STJ: Rcl 2790 / SC. STJ: AgRg no REsp 1118704 / RJ.STJ: AgRg no REsp 1118704 / RJ.

OUTRO EXEMPLOOUTRO EXEMPLO PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL – SUSPENSÃO PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL – SUSPENSÃO

DO PRAZO PRESCRICIONAL EM DECORRÊNCIA DE RECLAMAÇÃO ADMINISTRATIVA – DO PRAZO PRESCRICIONAL EM DECORRÊNCIA DE RECLAMAÇÃO ADMINISTRATIVA – PRAZO APLICÁVEL.PRAZO APLICÁVEL.

1. A interpretação do Tribunal de origem foi no sentido de rechaçar a aplicação do 1. A interpretação do Tribunal de origem foi no sentido de rechaçar a aplicação do art. 6º do Decreto Federal n. 20.910/32, por prevalência do art. 54 da Lei n. 9.784/99.art. 6º do Decreto Federal n. 20.910/32, por prevalência do art. 54 da Lei n. 9.784/99.

2. Por lógica, ao recorrer por afronta ao art. 6º do Decreto n.2. Por lógica, ao recorrer por afronta ao art. 6º do Decreto n. 20.910/32, está-se pretendendo a sua aplicação com prejuízo do art.20.910/32, está-se pretendendo a sua aplicação com prejuízo do art. 54 da Lei n. 9.784/99. Correta, portanto, a insurgência do agravante no sentido de 54 da Lei n. 9.784/99. Correta, portanto, a insurgência do agravante no sentido de

que não se aplica ao caso o verbete 283 da Súmula do STF, por ser desnecessária a que não se aplica ao caso o verbete 283 da Súmula do STF, por ser desnecessária a alegação de afronta ao art. 54 da Lei n. 9.784/99.alegação de afronta ao art. 54 da Lei n. 9.784/99.

3. Com o advento da Lei n. 9.784/99, que no seu art. 54 prevê o prazo de 5 (cinco) 3. Com o advento da Lei n. 9.784/99, que no seu art. 54 prevê o prazo de 5 (cinco) anos para a Administração rever seus atos, outro não pode ser o prazo para o anos para a Administração rever seus atos, outro não pode ser o prazo para o particular reclamar administrativamente.particular reclamar administrativamente.

Se a Administração pode anular seus atos, o mesmo prazo deve ser utilizado para o Se a Administração pode anular seus atos, o mesmo prazo deve ser utilizado para o particular reclamar administrativamente, por questão de lógica.particular reclamar administrativamente, por questão de lógica.

Agravo regimental improvido.Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1052513/AP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, (AgRg no REsp 1052513/AP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,

julgado em 19/11/2009, DJe 27/11/2009)julgado em 19/11/2009, DJe 27/11/2009)

MÉTODO HISTÓRICOMÉTODO HISTÓRICO O direito é um produto lento da evolução, adaptado O direito é um produto lento da evolução, adaptado

ao meio, acompanhando o desenvolvimento da ao meio, acompanhando o desenvolvimento da sociedade, descobrindo sua origem e as sociedade, descobrindo sua origem e as transformações históricas de um instituto.transformações históricas de um instituto.

O intérprete empreende a pesquisa genética da O intérprete empreende a pesquisa genética da norma, baseando-se na averiguação dos seus norma, baseando-se na averiguação dos seus antecedentes.antecedentes.

Motivos de elaboração da norma.Motivos de elaboração da norma. Interesses dominantes que a mesma visava Interesses dominantes que a mesma visava

resguardar.resguardar. Condições culturais e psicológicas sob as quais Condições culturais e psicológicas sob as quais

foram criadas.foram criadas.

EXEMPLO EXEMPLO JURISPRUDENCIALJURISPRUDENCIAL

STJ: STJ: REsp 903394 / AL.REsp 903394 / AL. STJ: AgRg na Pet 4861 / AL.STJ: AgRg na Pet 4861 / AL. STJ: STJ: REsp 575473 / RS.REsp 575473 / RS.

MÉTODO SISTEMÁTICOMÉTODO SISTEMÁTICO Consiste na comparação de um Consiste na comparação de um

dispositivo, sujeito à exegese com dispositivo, sujeito à exegese com outros do mesmo repositório ou de leis outros do mesmo repositório ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo diversas, mas referentes ao mesmo objeto.objeto.

Por uma das normas se conhece o Por uma das normas se conhece o espírito das outras.espírito das outras.

Verifica-se o nexo entre a regra e a Verifica-se o nexo entre a regra e a exceção, entre o geral e o particular.exceção, entre o geral e o particular.

EXEMPLO EXEMPLO JURISPRUDENCIALJURISPRUDENCIAL

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. ENFERMEIRA DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO PÚBLICO ESTADUAL. ENFERMEIRA DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.DE JANEIRO.

CUMULAÇÃO COM O CARGO DE ENFERMEIRA NO MUNICÍPIO DO RIO DE CUMULAÇÃO COM O CARGO DE ENFERMEIRA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.JANEIRO.

POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DOS ARTIGOS 37, INCISO POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DOS ARTIGOS 37, INCISO XVI, "C", COM O ARTIGO 42, § 1º, E 142, § 3º, II, TODOS DA CONSTITUIÇÃO XVI, "C", COM O ARTIGO 42, § 1º, E 142, § 3º, II, TODOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.FEDERAL.

1. Diante da interpretação sistemática dos artigos 37, inciso XVI, alínea "c", 1. Diante da interpretação sistemática dos artigos 37, inciso XVI, alínea "c", com o artigo 142, § 3º, inciso II, da Constituição de 1988, é possível a com o artigo 142, § 3º, inciso II, da Constituição de 1988, é possível a acumulação de dois cargos privativos na área de saúde, no âmbito das acumulação de dois cargos privativos na área de saúde, no âmbito das esferas civil e militar, desde que o servidor público não desempenhe as esferas civil e militar, desde que o servidor público não desempenhe as funções tipicamente exigidas para a atividade castrense, e sim atribuições funções tipicamente exigidas para a atividade castrense, e sim atribuições inerentes a profissões de civis.inerentes a profissões de civis.

2. Recurso conhecido e provido.2. Recurso conhecido e provido. (RMS 22.765/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA (RMS 22.765/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA

TURMA, julgado em 03/08/2010, DJe 23/08/2010).TURMA, julgado em 03/08/2010, DJe 23/08/2010).

EXEMPLO EXEMPLO JURISPRUDENCIALJURISPRUDENCIAL

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO DA PENA. ESTUDO E TRABALHO HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO DA PENA. ESTUDO E TRABALHO CONCOMITANTES. BENEFÍCIO EM DOBRO. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO CONCOMITANTES. BENEFÍCIO EM DOBRO. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA REGRA. ART. 33, DA LEI N.° 7.210/84. NECESSIDADE DE SISTEMÁTICA DA REGRA. ART. 33, DA LEI N.° 7.210/84. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DO LIMITE MÁXIMO DE 8 (OITO) HORAS DIÁRIAS. ORDEM DENEGADA.OBSERVÂNCIA DO LIMITE MÁXIMO DE 8 (OITO) HORAS DIÁRIAS. ORDEM DENEGADA.

1. O Superior Tribunal de Justiça, interpretando o disposto no art.1. O Superior Tribunal de Justiça, interpretando o disposto no art. 126 da Lei de Execução Penal, pacificou o entendimento de que a realização de 126 da Lei de Execução Penal, pacificou o entendimento de que a realização de

atividade estudantil é causa de remição da pena.atividade estudantil é causa de remição da pena. Súmula n.° 341 desta Corte.Súmula n.° 341 desta Corte. 2. Não se revela possível reconhecer duas vezes a remição da pena em decorrência 2. Não se revela possível reconhecer duas vezes a remição da pena em decorrência

de trabalho e estudo realizados no mesmo período, porque a remição deve guardar de trabalho e estudo realizados no mesmo período, porque a remição deve guardar correspondência com a jornada de trabalho prevista no art. 33, da Lei de Execuções correspondência com a jornada de trabalho prevista no art. 33, da Lei de Execuções Penais.Penais.

3. Assim, nada impede que condenado estude e trabalhe no mesmo dia, contudo, as 3. Assim, nada impede que condenado estude e trabalhe no mesmo dia, contudo, as horas dedicadas a tais atividades somente podem ser somadas, para fins de remição horas dedicadas a tais atividades somente podem ser somadas, para fins de remição da reprimenda, até o limite máximo de 8 (oito) horas diárias.da reprimenda, até o limite máximo de 8 (oito) horas diárias.

4. Ordem denegada.4. Ordem denegada. (HC 124.922/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/06/2010, (HC 124.922/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/06/2010,

DJe 28/06/2010).DJe 28/06/2010).

MÉTODO TELEOLÓGICOMÉTODO TELEOLÓGICO O fim perseguido pelo método teleológico O fim perseguido pelo método teleológico

não se relaciona à não se relaciona à ratio legisratio legis, ou seja, ao , ou seja, ao ensejo buscado quando da elaboração da lei, ensejo buscado quando da elaboração da lei, mas sim com a mas sim com a ratio jurisratio juris, isto é, ao fim no , isto é, ao fim no momento em que ela vai servir, momento em que ela vai servir, independentemente do momento da sua independentemente do momento da sua criação.criação.

Esse método tem caráter evolutivo ou Esse método tem caráter evolutivo ou progressivo, pois defende uma interpretação progressivo, pois defende uma interpretação mais ou menos livre, a fim de adaptar o mais ou menos livre, a fim de adaptar o conteúdo da normas às exigências práticas conteúdo da normas às exigências práticas da evolução social e dos novos interesses, da evolução social e dos novos interesses, surgidos depois da emanação da norma.surgidos depois da emanação da norma.

TÉCNICA TELEOLÓGICATÉCNICA TELEOLÓGICA Fim social: visa sua correta aplicação Fim social: visa sua correta aplicação

a determinado caso. Harmonizar a determinado caso. Harmonizar interesses sociais. Este fim é o interesses sociais. Este fim é o objetivo da sociedade. Abrange o útil, objetivo da sociedade. Abrange o útil, necessário e o equilíbrio.necessário e o equilíbrio.

Bem comum: abrange igualdade, Bem comum: abrange igualdade, liberdade, justiça social, segurança, liberdade, justiça social, segurança, paz e solidariedade. Princípio ético da paz e solidariedade. Princípio ético da prórpia ordem jurídica.prórpia ordem jurídica.

EXEMPLO TELEOLOGIAEXEMPLO TELEOLOGIA ““BEM DE FAMÍLIA. IMÓVEL LOCADO. IRRELEVÂNCIA. ÚNICO BEM DE FAMÍLIA. IMÓVEL LOCADO. IRRELEVÂNCIA. ÚNICO

BEM DOS DEVEDORES. RENDA UTILIZADA PARA A BEM DOS DEVEDORES. RENDA UTILIZADA PARA A SUBSISTÊNCIA DA FAMÍLIA. INCIDÊNCIA DA LEI 8.009/90. SUBSISTÊNCIA DA FAMÍLIA. INCIDÊNCIA DA LEI 8.009/90. ART. 1º . TELEOLOGIA. CIRCUNSTÂNCIAS DA CAUSA. ART. 1º . TELEOLOGIA. CIRCUNSTÂNCIAS DA CAUSA. ORIENTAÇÃO DA TURMA. RECURSO ACOLHIDO.I - Contendo ORIENTAÇÃO DA TURMA. RECURSO ACOLHIDO.I - Contendo a Lei n. 8.009/90 comando normativo que restringe princípio a Lei n. 8.009/90 comando normativo que restringe princípio geral do direito das obrigações, segundo o qual o patrimônio geral do direito das obrigações, segundo o qual o patrimônio do devedor responde pelas suas dívidas, sua interpretação do devedor responde pelas suas dívidas, sua interpretação deve ser sempre pautada pela finalidade que a norteia, a deve ser sempre pautada pela finalidade que a norteia, a levar em linha de consideração as circunstâncias concretas levar em linha de consideração as circunstâncias concretas de cada caso.II – Consoante anotado em precedente da de cada caso.II – Consoante anotado em precedente da Turma, e em interpretação teleológica e valorativa, faz jus Turma, e em interpretação teleológica e valorativa, faz jus aos benefícios da Lei 8.009/90 o devedor que, mesmo não aos benefícios da Lei 8.009/90 o devedor que, mesmo não residindo no único imóvel que lhe pertence, utiliza o valor residindo no único imóvel que lhe pertence, utiliza o valor obtido com a locação desse bem como complemento da obtido com a locação desse bem como complemento da renda familiar, considerando que o objetivo da norma é o de renda familiar, considerando que o objetivo da norma é o de garantir a moradia familiar ou a subsistência da família.” garantir a moradia familiar ou a subsistência da família.” (STJ, 2ª Seção, REsp 315.979-RJ, rel. Min. Sálvio de (STJ, 2ª Seção, REsp 315.979-RJ, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 26/03/03).Figueiredo Teixeira, j. 26/03/03).

SITUAÇÃO IDÊNTICA MAS COM SITUAÇÃO IDÊNTICA MAS COM INTERPRETAÇÃO GRAMATICALINTERPRETAÇÃO GRAMATICAL

““Para que o imóvel não se exponha à Para que o imóvel não se exponha à penhora, necessário que sirva da penhora, necessário que sirva da residência para o executado. Não residência para o executado. Não basta seja o único de que tem a basta seja o único de que tem a propriedade, se o dá em locação, em propriedade, se o dá em locação, em lugar de nele residir.” (STJ, 3ª Turma, lugar de nele residir.” (STJ, 3ª Turma, REsp. 197.649-SP, rel. Min. Eduardo REsp. 197.649-SP, rel. Min. Eduardo Ribeiro, 26/06/2000, não Ribeiro, 26/06/2000, não conheceram).conheceram).

Lei n.º 8.009/1990, art. 1ºLei n.º 8.009/1990, art. 1º Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou

da entidade familiar, é impenhorável e não da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.

Parágrafo único. A impenhorabilidade Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.guarnecem a casa, desde que quitados.