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Filosofia Ética E Desenvolvimento Humano REV

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FILOSOFIA, ÉTICA E

DESENVOLVIMENTO

HUMANO

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FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO

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IMES Instituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda.

William Oliveira Presidente

MATERIAL DIDÁTICO

Produção Acadêmica Produção Técnica George Sales | Autor Márcio Magno Ribeiro de Melo | Revisão de Texto

Equipe

Ana Carolina Paschoal, Andrei Bittencourt, Augusto Sansão, Aurélio Corujeira, Fernando Fonseca,

João Jacomel, João Paulo Neto, José Cupertino, Júlia Centurião, Lorena Porto Seróes, Luís Alberto Bacelar,

Paulo Vinicius Figueiredo e Roberto Ribeiro.

Imagens Corbis/Image100/Imagemsource

© 2009 by IMES

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida

ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, tampouco poderá ser utilizado

qualquer tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem a prévia autorização, por escrito, do

Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda.

2009

Direitos exclusivos cedidos ao Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda.

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SUMÁRIO

1 TEMA 01 - A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO ............................................... 4

2 TEMA 02 - A REFLEXÃO FILOSÓFICA E O PROCESSO DO CONHECIMENTO HUMANO................... 13

3 TEMA 03 - REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS E CIENTÍFICAS: IMPLICAÇÕES ÉTICAS E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS. ..................................................................................................................... 37

4 TEMA 04 – O PAPEL DA CONSCIÊNCIA E DO DESENVOLVIMENTO HUMANO FRENTE AOS DESAFIOS ATUAIS..................................................................................................................................... 46

5 REFERÊNCIAS: .......................................................................................................................................... 53

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1 TTTTEMA 0EMA 0EMA 0EMA 01111 ---- A ORIGEM E A ORIGEM E A ORIGEM E A ORIGEM E A A A A EVOLUÇÃO DO EVOLUÇÃO DO EVOLUÇÃO DO EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO FILOSÓFPENSAMENTO FILOSÓFPENSAMENTO FILOSÓFPENSAMENTO FILOSÓFIIIICOCOCOCO

Precisamos estar atentos aos desafios que a vida nos impõe, pois existe uma força maior que impulsiona a todos, alguns chamam de DEUS, outros, de NECESSIDADE. Acredito que não im-porta o nome, o que verdadeiramente importa é que tenhamos compreensão que somos de um planeta, e este mundo, necessita que nos ajudemos em todos os níveis.

E da filosofia, tenho certeza que jamais iremos nos afastar, visto que o pensamento filosófico se encontra no seio da história, mergulhado dentro e fora do mundo, mesmo diante das fraquezas do ser humano por temor ou por sucumbir a alguns desejos dos que praticam a antifilosofia que, embora seja “filosofia”, está constantemente cavando o seu próprio fim.

Já se faz necessário buscarmos uma auto-educação, uma autonomia plena, começando a ten-tar compreender o que ainda não entendemos, esse é um caminho para desenvolvermos, por e-xemplo, uma competência.

Precisamos enquanto estudantes e seres humanos dotados de racionalidade nos jogarmos nos caminhos das descobertas, até para descobrirmos o que precisamos aprender.

O que precisamos conhecer.

O que precisamos descobrir.

O que precisamos fazer.

O que precisamos para vencer as dificuldades.

A origem e a evolução do pensamento filosófico ocidental iniciaram-se precisamente na GRÉCIA ANTIGA, (nesse momento vale reforçar que estamos falando do ocidente) com as narra-tivas mitológicas que especificamente nos apresentam concepções de um mundo, uma civilização ou uma época que destacam em seus relatos, aventuras de figuras imaginadas por pesquisadores e estudiosos dos mitos gregos também conhecidos como mitógrafos.

Os personagens de novelas e filmes executam aventuras brilhantes e demonstram uma cora-gem além do humano. Isso é o reflexo daqueles considerados os primeiros escritos da civilização ocidental, as epopéias homéricas, (A Odisséia e a Ilíada), em que grandes heróis travavam grandes batalhas e belos diálogos com os mitos gregos (Zeus “pai dos deuses e dos homens”, Atena “a rai-nha do céu, associada também ao relâmpago e à tempestade”).

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A partir dos contatos culturais com outros povos pelo processo da navegação e do comércio, os gregos perceberam a grande necessidade de uma justificativa mais aceitável que pudesse dar conta de suas relações intrapessoais, interpessoais, universais e institucionais, pois o mito já não satisfazia as necessidades existentes na época.

Se observarmos ao longo da tradição histórico-filosófica, iremos de fato ter conhecimento dessa considerada fase primeira da filosofia grega conhecida como período pré-socrático, intitula-do dessa forma por ter sido anterior ao filósofo Sócrates um dos maiores marcos da filosofia.

Cosmologia é uma palavra composta por duas outras: (Kosmos) que significa “ordem e organização do mundo”, e (Logia) originada da palavra logos “pensamento ou discurso racio-nal acerca do conhecimento” dando assim o considerado primeiro passo à grande aventura in-telectual da filosofia como conhecimento racional da ordem, da natureza e do mundo.

Esse período abarca práticas filosóficas desenvolvidas desde (623-546 a.C.), com Tales de Mi-leto (nascido na cidade de Mileto, que fazia parte das cidades-estado gregas (polis) situada na Jô-nia, litoral ocidental da Ásia menor).

Visite o link da internet:

www.brasilescola.com/biografia/tales-de-mileto.htm

Entre alguns dos mais conhecidos filósofos do período cosmológico, destacam-se Tales, A-naximandro, Anaxímenes (das cidades da jônia), Pitágoras da cidade de Samos, Heráclito de Èfeso região jônica e Parmênides de Eléia, também situada na Magna Grécia. Esses três últimos, estudaremos posteriormente.

Pitágoras nasceu na cidade de Samos e emigrou por volta de 531 a.C. para a cidade de Cró-tona no sul da Itália. Em Crótona, fundou uma comunidade na qual se primava pela autodisciplina e principalmente o sigilo, ensinando seus seguidores uma doutrina que intitulou metempsicose, ou seja, recordação das existências anteriores. Segundo Pitágoras, a alma tem sua própria divindade e se pode anteriormente ter existido como animal ou planta e que através de uma dedicação religio-sa pode-se atingir a libertação.

Visite o link da internet:

www.mundodosfilosofos.com.br/pitagoras.htm

Seguindo essa reflexão sobre alguns filósofos pré-socráticos, veremos agora um pouco acerca do pensamento de Heráclito.

Representante do pensamento dialético dando fundamento a sua cosmologia e argumentan-do que o mundo e todas as coisas estão em constante movimento e transformação, uma de suas frases mais famosas nos diz que jamais podemos entrar duas vezes em um mesmo rio, porque no-vas águas estão sempre fluindo, pois tudo flui.

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Visite o link da internet:

http://www.mundodosfilosofos.com.br/heraclito.htm

Dando sequência ao nosso trabalho, iremos conhecer um pouco da filosofia de Parmênides nascido em Eléia na Magna Grécia, litoral oeste da península Itálica 510 a.C.

Parmênides buscou atributos de um ser puro, ideal e lógico mesmo sabendo das dificuldades encontradas em um mundo que considerou ilusório nas aparências e nas sensações vividas pelos seres humanos no seu cotidiano, mas sempre os alertou para uma razão manifestada através dessa realidade, porém dentro de uma busca incessante pela essência, coerência e verdade dessa realida-de na qual do caos pudéssemos estabelecer a ordem.

Visite o link da internet:

www.mundodosfilosofos.com.br/presocratico.htm

Filosofar nessa perspectiva é ver os fenômenos do mundo naturalmente, e não como uma ameaça ou punição divina. Os fatos sociais passaram a ser encarados como relações humanas, e os valores da vida do viver e do relacionar vieram a orientar as pessoas, suas comunidades e suas famílias fugindo dessa forma da tradição mitológica e da determinação dos deuses.

Há quem diga que os filósofos pré-socráticos fracassaram na tentativa de resolver o proble-ma do UNO e do MULTIPLO, porém essas criaturas denominadas filósofos pré-socráticos viveram em humildes colônias gregas, e são de grande importância para todos os pensadores que vieram posteriormente, pois a partir daí, começaram a despertar e se voltar para o estudo das pessoas.

Mas afinal o que é filosofia?

Será que já podemos arriscar uma resposta, ou até mesmo criar outras questões?

Que tal antes de ler o próximo parágrafo tentar refletir e elaborar um texto sobre essas questões?

A Filosofia é um ramo do conhecimento que se caracteriza pelo conteúdo ou temas que a-borda, pela forma como trata tais temas e pela função que exerce na cultura.

É um estudo das características mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que sentimos, pensamos e agimos: mente, matéria, razão, demonstração, verdade etc. São os próprios conceitos através dos quais compreendemos o mundo que se torna tópico de investigação.

No sentido mais simples da palavra, tem sua significação derivada do grego e resulta da união de outras duas palavras: philia, que significa "amizade", "amor" –, e sophia, que significa "sabedoria", "conhecimento". Desse modo filosofia é amor – no sentindo ilimitado – ao conhe-cimento e busca pela sabedoria.

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Estabelecer um conjunto de ideias e sistemas possibilitando uma melhor compreensão do mundo.

Através de deduções lógicas e racionais; de análise minuciosa dos fatos; da argumentação; do diálogo; em todas as ocasiões do viver em relação buscando a todo tempo despir o que possa estar encoberto pelo poder.

O filósofo quase sempre pesquisa, deduz, analisa, reflete os fatos em primeiro consigo mes-mo, posteriormente há um possível diálogo com alguém ou com um grupo de pessoas, sempre com recurso do diálogo, da argumentação, da reflexão, do pensar com auxílio da inteligência, da percepção, da meditação, entre outras atividades psíquicas que lhe deem possibilidades de dedu-ções lógicas.

A filosofia como saber prático vem influenciando nossas vidas desde a Grécia Antiga. Nossa forma de pensar e questionar tudo ao nosso redor, esse legado devemos agradecer aos filósofos gregos que nunca se conformaram com estruturas existentes como se fossem as únicas possíveis.

Eis que a reflexão é necessária em todas as coisas, pois o ser humano refletindo aprende a distinguir o verdadeiro caminho que deve seguir.

Afinal ainda não sabemos muito, e enquanto não se sabe muito ou porque não dizer, tudo, não é possível viver sem errar.

Eis que, os erros de alguns de nós devem ser motivo de reflexão para todos.

Quero dizer nesse momento que todos nós temos condições plenas de transformarmos nossa realidade como seres SAPIENS-que sabem. E FABER- que fazemos ou fabricamos, e esses aspectos da nossa realidade nos dar indícios de que somos capazes de crescer com, e por nossos esforços, sem decrescer ninguém, ampliando em nós um bem pensar e agir, sempre mais belo, rico e significativo.

Ao ponto de podermos realizar, no mínimo, sempre mais.

Dizer sobre algo, estabelecer conceitos, ter um ponto de vista uma proposição provisória, um palpite, buscarmos caminhos e direções que possam nos trazer algumas soluções, se houver.

No ponto de vista filosófico o ceticismo é um seguimento ou uma corrente de pensamento que duvida acerca da possibilidade de se chegar ao conhecimento.

Porém não tenho dúvidas que existem aqueles seres humanos que se sentem impulsionados a indagar acerca do princípio, da origem e do sentido daquilo que cremos e apostamos.

É nesse sentido que começamos a perceber o porquê da necessidade da filosofia em nossas vidas, pois concebemos que os nossos interesses reais não são só materiais.

Percebam hoje, as grandes contradições e a incompatibilidade entre as crenças ampliando cada vez mais a crise coletiva já estabelecida entre nós seres humanos.

Diante deste fato e do advento da globalização aliado às novas tecnologias algumas pessoas ainda buscam fazer de conta que não existem problemas a serem resolvidos e levam suas vidas como se estivesse tudo muito bom e muito bem.

Desta forma, nos falta poder de argumentação, de idéias próprias. Às vezes nos fazendo es-quecer que ser humano é buscar saber ser não mais estranho ao conhecimento muito menos ao autoconhecimento, à verdade, e participar do íntimo de sua beleza, riqueza e significação; de sua sabedoria, atitude e força; enfim de sua eterna alegria.

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Imaginem vocês o que os filósofos pensariam sobre o ensino de filosofia se este se mantivesse pautado em um amontoado de sistemas fechados e mecânicos.

Nesse sentido, o professor de filosofia seria apenas um mediador passivo entre ideias filosó-ficas que se acumulam ao longo dos tempos.

Mas já nos cabe refletir sobre nossa postura nesse mundo, nossa maneira de pensar, nossos an-seios, de nossas inquietudes e manifestá-las diante de algumas respostas que já nos trazem prontas.

É necessário ampliarmos nossas buscas, porque filosofia é antes de tudo uma atitude de vida, e quem a busca não corrompe a sua mente, muito menos distorce seus princípios.

Filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicuro e outros que com seus pensamentos e suas teorias superatuais após séculos, também enfrentaram grandes dificuldades, barreiras, guer-ras, tiranias, que até o hoje nos incomodam, mas quando esses filósofos se depararam com essas situações usaram de uma atitude de empenho e discernimento sobre a vida, o viver, e as relações que os rodeavam ampliando sempre o que podemos chamar de AMOR A SABEDORIA.

Sabemos que todo tipo de trabalho acarreta em dificuldades e principalmente responsabili-dades, sobretudo no que se refere ao nosso conhecimento e a nossa sabedoria, não raro alguns em-pecilhos se transformaram em verdadeiras muralhas em função de toda essa correria desenfreada em busca da sobrevivência e de um lugar ao sol.

Mas sem dúvida, essas barreiras não são intransponíveis e poderão ser vencidas pela persis-tência e pelo esforço de nosso trabalho e consequentemente nossas realizações, revendo, reconstru-indo e resignificando ideias de grandes filósofos que pensaram criticamente sobre questões que cos-tumamos ignorar em nosso dia a dia, e que obscurecem nossos raciocínios e reflexões fazendo com que para nós, muitas vezes não fique claro que o importante não é ficar preso ao passado, mas sim retomar algumas questões que um dia foram abandonadas ou até mesmo vistas como resolvidas, e fazer delas um caminho no qual se possa trilhar abrindo novas possibilidades e novas questões para presentes transformações e não simplesmente ser instrumento de dominação de quem quer que seja.

Iniciar-se em filosofia é uma tarefa que requer atitude e predisposição para os desafios, e as crí-ticas eventuais, porém crítica em filosofia quer dizer capacidade de julgar e decidir corretamente.

Assim, para a filosofia a crítica não tem o sentido de dizer que tudo vai mal, feio, ou desa-gradável. Afinal é dever de todo ser humano antes de lançar um comentário a qualquer outro sempre buscar olhar para si tentando ser prudente para que o conhecimento venha e, a partir de si, se pratique sem estranheza a verdade, participando do íntimo de sua beleza, riqueza e significação.

Esse desejo de refletir e buscar saber um pouco mais é costumamente chamado de atitude fi-losófica na qual nós começamos a perceber absurdos, contradições, incoerências, pois essa reflexão nos leva a trilhar um caminho que nos afaste de tantas decepções, dores e sofrimentos, fortalecen-do nossa paciência e honestidade principalmente para dar beleza àquilo que fazemos.

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Se pesquisarmos e analisarmos a filosofia partindo da Grécia |Antiga iremos perceber um alastramento de ideias e pensamentos que perdura até nossos dias com diversos caminhos.

Apesar de todo esse cabedal de conhecimento, denota-se ao longo desse processo uma notável coerência em suas elaborações no sentido de que cada fase tem seu progresso em relação à anterior.

Um dos conceitos de história nos diz que esta é a interpretação da ação transformadora do homem no tempo, dessa forma podemos observar que o autoconhecimento e o conhecimento apa-recem como necessidade primeira num processo de preparação para o enfrentamento dos riscos de possíveis erros que estão permeando todos nós, mas que não raro são os pontos de partida para essa histórica transformação.

Se nossa sociedade está doente e pouco reflexiva, é bastante claro que estamos a todo instan-te sendo estimulados ao consumo desenfreado, e a competitividade exploradora, em uma econo-mia capitalista que fomenta sempre o individualismo.

Nesse momento vamos refletir e tentar sistematizar um pouco mais.

O que você entende por analisar profundamente e ler por dentro?

Qual a sua concepção acerca do que venha a ser reflexão filosófica?

Analise e escreva um pouco sobre esta frase do filósofo Sócrates: “Uma vida que não é exami-nada não merece ser vivida”.

Que tal você dá sua opinião acerca do que venha a ser um ser humano criativo e criterioso.

Será que temos a dimenção do que é um privilégio e uma obrigação.

Que reflexão posso fazer sobre esse pensamento do filósofo Matthew Lipman: “A filosofia exa-mina modos alternativos de pensar dizer e agir”.

O conhecimento filosófico é um rever, reconstruir, resignifi-car, um pensar crítico que leva o ser humano agir dentro de prin-cípios que fundamentam um equilíbrio dinâmico, e levam a razão humana a descobrir os significados mais profundos da realidade em que vive.

É necessário para o profissional contemporâneo se tornar capaz de adaptar-se facilmente, absorver conhecimentos, ter inici-

ativa e criatividade em qualquer que seja a sua atuação no mercado de trabalho.

A filosofia leva o ser humano a fazer não só uma leitura de mundo externa, mas ler por den-tro dos fatos acontecidos, e não raro algumas coisas que poderão vir a acontecer.

E isso não tem nenhum mistério, nem é coisa de outro mundo, é apenas um olhar diferencia-do para o todo, e para as partes, observando o alicerce e a base em que se sustenta, e a partir daí poder interpretar a dinâmica das coisas e do mundo.

Cabe ao filósofo refletir acerca do que venha a ser ciência, arte, ser humano, condição huma-na, trabalho, liberdade e outras coisas mais.

Desenvolver a capacidade de observador, a ponto de agir tentando não mais favorecer o so-frimento, pois toda ação desprovida de inteligência tende a favorecer o sofrimento.

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Buscar compreender quais suas validades e limites, e até mesmo o que é essa objetividade que alguns falam, e buscam.

O desejo maior de alguns filósofos (acredito eu que a maioria) é o de encontrar a essência e o significado dos fenômenos.

Usando métodos que busquem decifrar estes, tendo como indispensável a busca de sermos humanos livres e principalmente responsáveis em nossas escolhas.

A ponto de sabermos que ser humano é buscar saber não mais alvejar, engessar e/ou fossilar sua inteligência, ser previdente, providor e preventivo a ponto de ganhar de absolutividade o que perde de relatividade.

E poder através do diálogo, da comunicação, da linguagem, expandir o conhecimento adqui-rido a quem quer que seja.

O filósofo e sociólogo Karl Marx, nos mostra em seus escritos que mui-tas vezes o conhecimento aparece de forma distorcida, como ideologia, ou seja, como conhecimento ilusório que tem por finalidade mascarar os confli-tos sociais e garantir a dominação de uma classe sobre outra.

Que lições e qual reflexão podem ser tiradas do pensamento de Marx?

É a forma pela qual os indivíduos são levados a sentir, pensar e agir de acordo com quem está no poder, quem detém o poder, quem está dominando, e quase sempre explorando e escravizando.

Não raro, uma forma de camuflar a realidade, os conflitos sociais, e o que é pior, expondo e apresentando para a sociedade uma aparente harmonia entre todos.

Será que aí se encontra uma visão da falsidade do que se chama de valores morais?

A ideologia privilegia a aparência, dificultando, encobrindo e retardando a verdade.

Será que é difícil enxergar que em nosso contexto social, muitos conflitos se escondem e se mascaram dentro de condições desiguais de trabalho e de vida da nossa população.

No sentido pejorativo a ideologia é isso, ideias deslocadas em relação aos fatos reais.

No sentido doutrinário será a influência feita através de ideias com o objetivo de convencer e atrair adeptos.

Partindo desse princípio, percebemos que o poder não é uma coisa qualquer, mas sim uma relação entre seres, que pode ter várias faces.

O poder nos envolve, mas não é uma manifestação solitária, é uma manifestação social, polí-tica, enfim uma manifestação relacional, até mesmo entre os pares de pessoas.

Quem detém o poder termina tendo a capacidade de direcionar, influenciar e não raro, con-seguir aquilo que deseja.

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É um fenômeno do ser humano sobre outros seres, e há quem sustente que também é do homem sobre a natureza.

Existe o poder ideológico, talvez o mais perigoso, por estar se utilizando de ideias, doutri-nas, valores para uma influência direta sobre a conduta de outros, o que alguns chamam também de alienação.

O poder econômico, diretamente ligado a posses e bens, que quase sempre induzem os me-nos favorecidos a determinados modelos de comportamento e realização de algum tipo de serviço. E o poder político usando a coerção social através dos mecanismos de estado, a força física consi-derada legítima e de direito.

Existe de fato uma relação direta entre essas formas de poder, estão conjuntamente contribu-indo, mantendo e ampliando a relação entre fortes e fracos com base no poder político, ricos e po-bres com base no poder econômico, e sábios e ignorantes com base no poder ideológico.

Nesse contexto vale trazer e lembrar-se do filósofo Platão:

Conhecer e ter poder significa apreender O BEM, a ideia suprema e torná-la cada vez mais compreensível a todos. E dessa forma poder ter condição de conduzir e organizar uma cidade baseado não mais em opiniões, mas com um alicerce pautado em um conhe-cimento verdadeiro.

Para muitos, esse homem imaginou algo impossível uma cidade bela, mas para isso tentou estabelecer alguns caminhos nos quais se pudesse encontrar talvez esse sonho.

Suas concepções políticas e sociais avançaram por muitos anos e até séculos após sua morte, e quem pode afirmar que ainda não existam seres humanos que busquem esse sonho.

O que não se deve ocultar é que a maioria dos assuntos que ainda nos incomoda e nos aflige foi de fato abordada por esse mestre.

Todo esse empenho tinha como finalidade e objetivo ver o bem e a justiça reinarem sobre a terra, não só justiça para os cidadãos, mas também para o estado, onde criaturas como seu mestre Sócrates, em vez de serem condenadas e assassinadas fossem de fato enaltecidas, admiradas e pro-clamadas reis.

Visite o link da internet:

www.mundodosfilosofos.com.br/platao.htm

Sustento que: é da necessidade impulsionar, da vontade conhecer, da imaginação inventar, da inteligência descobrir, da verdade libertar, da consciência aproximar e da ciência identificar.

Acredito que toda relação favorece qualquer situação que provocará condutas. Se da compre-ensão vem a libertação, fatalmente da não compreensão veem a escravidão e a revolta que têm sido instrumento da violência e do desprezo, que infelizmente está sendo o maior caminho para reflexão.

Já se faz necessário revermos, reconstruirmos e resignificarmos nossa vida, nosso viver e nossas relações, pois quem é regulado pela consciência como retidão de conduta em prol de um equilíbrio entre todos, é atento aos conselhos, às advertências, bem como aos avisos, e já tem ciên-cia de que nossos atos são reflexos do que somos.

Sabemos que o mundo é um todo cultural que se ergue e se estabelece de acordo com os an-seios, necessidades e desejos dos que ali se encontram.

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Grupos de pessoas ou comunidade.

O que necessitamos dentro de nossa cultura é uma integração geral entre as pessoas e o am-biente, como meio de proporcionar a todos um exemplo de comportamento razoável e equilibrado exercitando a liberdade com responsabilidade.

Afinal cultura em seu sentido ANTROPOLÓGICO é a maneira que as pessoas e o meio em que vivem respondem as suas necessidades e desejos.

Suas ideias, suas crenças, seus costumes, sua arte, sua religião... Entre outras coisas que fazem parte da atividade humana.

Cabe-nos iniciativa, discernimento e realizações.

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2 TEMA 02 TEMA 02 TEMA 02 TEMA 02 ---- A A A A REFLEXÃOREFLEXÃOREFLEXÃOREFLEXÃO FILOSÓF FILOSÓF FILOSÓF FILOSÓFIIIICA E O CA E O CA E O CA E O PROCESSO DO CONHECIMPROCESSO DO CONHECIMPROCESSO DO CONHECIMPROCESSO DO CONHECIMENTO HUMANOENTO HUMANOENTO HUMANOENTO HUMANO

Falar sobre o filósofo Sócrates é para muitos falar sobre o processo do conhecimento humano uma grande interrogação. Alguns seguidores da filosofia de Sócrates dentre eles Xenofonte e seu discípulo Platão comentam em seus escritos que para eles as grandes ideias só poderiam ser entendidas pelos sá-bios, desta forma torna-se claro a sua preferência por um filósofo à frente do estado, esse seria o modelo de um perfeito governante. Assunto que iremos com certeza estudar em Platão e a sua república. Sócrates em sua época começou a representar uma ameaça à “democracia” ateniense, porque já observava a pouca participação da população. Mulheres e estrangeiros, não opinavam em decisões da polis, quem decidia os interesses de todos eram os detentores de proprieda-des e de escravos. Sua atitude era considerada sub-versiva desagradando os poderosos e dominadores que a todo tempo tentavam cooptá-lo, trazê-lo para o

seu lado, mas Sócrates sempre ao lado do povo sem distinção de classe social. As pesquisas tam-bém nos trazem uma grande passagem desse marco da filosofia. (É necessário nesse contexto es-clarecermos que ÓRACULO é uma palavra que vem do latim ORACULU e do grego ORAS que significa “VER”. Era um local frequentemente visitado onde “os grandes homens gregos” deseja-vam saber através do pronunciamento dos deuses sobre seus destinos).

Conta-se que o oráculo era do sexo feminino e fez a seguinte pergunta a Sócrates: o que você sabe? E ele como de costume respondeu, que o que sabia era que nada sabia “SÓ SEI QUE NADA SEI”, A partir desse momento, o oráculo confirmou que ele era o único homem que tinha reconhecido até aquele instante a sua própria ignorância, demonstrando com essa postura uma imensa sabedoria.

Sócrates viveu nos anos (470 – 399 a.C.) e intrigado com as revelações do oráculo constante-mente buscava sentido sobre tal afirmação. Foi considerado o homem mais sábio e deduziu que sua sabedoria só poderia ser fruto da grande percepção que tinha da sua própria ignorância investigan-do e questionando todo aquele que por vezes se considerasse dotado de grande sabedoria, Por esse e tantos outros motivos foi intitulado “PATRONO DA FILOSOFIA”. Sócrates lhe fazia perguntas a ponto de deixar seu povo confuso, embaraçado e pouco sabedor do que se diziam saber.

Como vimos anteriormente os grandes desafios do filósofo Sócrates não cessam e continuam sendo para nós motivo de grande atenção e reflexão.

Viveu esse grande pensador no apogeu ateniense, que influenciou toda a Grécia cultural-mente, seus grandes artistas, dramaturgos, historiadores.

Como o próprio Sócrates, que desenvolveu sua sabedoria em praça pública dialogando com a população ateniense, mas precisamente os jovens, despertando neles a necessidade de unir o saber ao fazer, (pesquisar, analisar e refletir muito antes de agir), ampliando assim sua consciência, buscando compreender as coisas em sua raiz desnudando dessa forma o que estava encoberto pe-

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las vicissitudes e pelo poder, esse também foi o grande desafio de Sócrates na relação com os sofis-tas, que eram grandes dominadores da arte da oratória (usavam com grande habilidade a palavra).

SOFISTA é uma palavra derivada do vocábulo grego, tem em seu nome a expressão minha querida SOFHIA que significa (sabedoria), ou seja, “SÁBIO”, mas virou sinônimo de discurso complexo e enganador.

Vejamos o porquê: os atenienses normalmente se reuniam na ÁGORA (praça usada para to-mada de decisões da polis), e se fazia necessário para que essas decisões fossem aceitas e aprova-das por todos, um grande poder persuasivo através do falar bem, convencendo com boa oratória a maioria que ali se encontrava, e essa necessidade favorecia aos SOFISTAS pela sua habilidade com as palavras nos discursos em público em troca de pagamento.

Dentre tantos, destacaremos um sofista que nos deixou uma celebre frase, que é seguida até os nossos dias por muitos: “O homem é a medida de todas as coisas”. Protágoras (485-410 a.C.). Os sofistas tinham uma maneira de viver suas vidas e seus interesses em conformidade com suas con-veniências individuais usando o seu discurso sempre em benefício próprio, e não da coletividade (quanta atualidade) esse tipo de argumento ficou conhecido como SOFISMA, o que importava era a satisfação dos desejos individuais e não uma busca pela verdade como primava SÓCRATES, que sempre direcionou seu filosofar e sua filosofia a estar concentrado na natureza humana, ampliando dia a dia seu conceito de valor e virtude propondo linhas de pensamentos e diálogos que levassem o ser humano, antes de tudo, a querer conhecer a si mesmo. “Conhece-te a ti mesmo”.Frase cons-tantemente usada por ele que um dia a observou gravado no templo do Deus Apolo em Delfos e tornou seu principal objeto de investigação (O AUTOCONHECIMENTO).

Eis porque esse período ficou conhecido como ANTROPOLÓGICO, voltado para o conheci-mento e principalmente, vale repetir, o autoconhecimento.

(ÁNTROPOS em grego significa HOMEM).

E Sócrates demonstrando consciência da própria ignorância buscou a todo instante um valor verdadeiro no qual o indivíduo se torne sábio e que embora tenha o direito de usar sua liberdade de imaginação, submeta-se sempre a autoridade de sua inteligência, refletindo e favorecendo a manifestação do novo, ampliando em grau significativo seu saber pensar e seu poder de interagir em prol do todo, pois insistia sempre em questões acerca do comportamento de alguns atenienses que se julgavam corretos e completos em suas decisões para si e por si mesmos.

Como vimos anteriormente, o filósofo Sócrates nos dá demonstrações do que venha a ser buscar a essência e a verdade das coisas, o valor real das relações e das virtudes.

Questão importantíssima em nossas vidas tanto no campo pessoal, quanto no profissional.

Essência essa, segundo Sócrates, encontrada através do pensamento, na busca de se estabele-cer um conceito, e não uma simples opinião que constantemente temos de tudo e de todos, opinião essa, mutável e instável.

Primou em toda sua vida em estabelecer conceitos como forma de encontrar um elemento universal no qual pudéssemos pautar nosso viver e nossas relações em uma verdade essencial e atemporal.

Na visão deste filósofo, conhecer a verdade nos traz consequências inevitáveis, um agir equi-librado, por exemplo, sem gerar dor, decepção e sofrimento ao seu redor. Um dos fatores princi-

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pais do ser humano que prima em ser melhor a cada instante em se desenvolver eticamente, mo-ralmente, esteticamente (estética no que se refere à beleza nas ações) e politicamente, sob pena de viver na ignorância eterna e cometendo constantemente ações danosas a si e aos outros.

Conhecer o bem para Sócrates seria nesse contexto viver buscando saber cada vez mais, e se deixar encontrar pela verdade, pois todos nós buscamos libertação, mas poucos desprendem esfor-ços para tal fim.

A virtude aqui é adquirida através da busca pelo conhecimento, consequentemente ampliando sua sabedoria.

Este modo de ser foi a maior característica da moral socrática.

Percorrendo assim um caminho ou um objeto a ser desvendado até conseguir conhecê-lo e captá-lo através do seu pensamento e de sua profunda reflexão.

Com esforço desmedido e seguidas etapas em busca de um conceito para tal objeto de inves-tigação, jamais deixando de lado sua intuição, sua visão imediata do objeto de conhecimento, sem necessariamente provas e demonstrações de saber sobre este.

Afinal a palavra INTUIÇÃO deriva do latin – intuere (olhar atentamente, contemplar) e con-templar era uma de suas práticas constantes, pois como já vimos, sempre limitou sua sabedoria a própria ignorância acreditando que o erro era fruto de um desconhecimento qualquer.

Essas posturas lhes deram em particular ou simbolicamente o título de fundador da ciência MORAL com uma conduta ética impecável em racionalidade e temida por alguns.

Há quem comente em seus escritos, que dialogar com o filósofo Sócrates seria expor-se ao ri-dículo pela complexidade que tinha em sua linha de raciocínio usando habilmente as palavras fa-zia com que seus interlocutores ficassem perplexos.

O aperfeiçoamento do seu espírito, que lhe direcionava ao caminho da verdade consequente-mente ampliando suas virtudes, se posicionava sempre a favor dos homens mais sábios e virtuosos, não num sentido de dominação em massa, mas apostando que só os sábios deveriam governar, pois esses conseguiriam controlar seus impulsos gananciosos, sua violência e suas posturas antisociais.

Esse era o grande desafio de Sócrates, fazer com que os atenienses despertassem para a vir-tude, os valores e a verdade, proporcionando assim em todos uma consciência moral, na qual to-dos observassem sua própria conduta em seu dia a dia de relações acerca da realidade.

Sabia da sua fundamental importância no rumo da filosofia buscando fazer com que os ate-nienses a todo tempo parisem a verdade e a virtude moral olhando a todo instante para dentro de si primando e cuidando de suas almas, as quais para ele eram a morada da razão e dos valores, sendo a filosofia o caminho para a busca da verdade, e só através desse caminhar é que se conse-gue chegar à verdadeira felicidade.

Vale lembrar que Sócrates nunca deixou de lado o cuidado com a pólis (cidade) e seus habi-tantes, ainda que tenha sido um grande crítico da postura, dos costumes, dos valores e da cultura de sua época.

Para ele o exercício da virtude era também uma ação política, e observou certo desinteresse da maioria da população, pois sempre buscou alertá-los que a pólis (cidade estado) não seria so-mente uma instituição financeira, mas sim uma entidade social, e quem não estava observando desta forma estava perdendo a noção exata de alma e consciência, dessa maneira vivia impossibili-tado de compreender o valor real e significativo da sociedade, pois compreendia que política deve

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ser estendida à justiça social em qualquer lugar e a todos, permitindo aos indivíduos uma melhor formação moral, ética e estética, jamais colocando interesses pessoais sobrepostos aos coletivos, estabelecendo sempre um diálogo entre privado e público buscando incessantemente um equilí-brio entre as partes, primando pela sinceridade que é refletida em tudo que se pensa, bem como se pensar reflexivamente em tudo que se diz.

O Homem Sócrates desenvolveu sua filosofia ou seu método de filosofar no que se conven-cionou chamar de diálogos críticos, divididos em duas partes ou dois momentos: A IRONIA E A MAIÊUTICA. Para os gregos a palavra ironia tem um sentido interrogativo, e não como forma de gozação ou depreciação do outro como de costume interpretamos. Quero dizer nesse momento que essa busca não estava somente pautada numa verdade revelada e/ou experimentada, mas sim numa verdade absoluta ditada pela razão, justificada pela lógica e só aceita sendo conferida pela consciência, afinal,

(SOPHIA) “o ser humano refletindo aprende a distinguir o verdadeiro caminho que deve seguir, pois enquanto não se sabe tudo, não é possível viver sem errar. Após esse primeiro momento tendo extinguindo em seus discípulos a arrogância e a pretensão de que tudo sabiam este grande mestre da dialógica iniciava um processo de revisão, reconstrução e resignificação com seus se-guidores sugerindo-lhes questões muito bem elaboradas com o objetivo de ajudá-los a conceber seus próprios pensamentos e ideias, uma prática que aprendeu com sua mãe, FENARETA, que como parteira auxiliava a vinda de corpos ao mundo. Eis porque denominada essa parte do diá-logo socrático de maiêutica, que é um termo grego e tem como significado “A ARTE DE TRAZER A LUZ”. Como punição foi levado a julgamento e diante dos juízes replicou seus ar-gumentos se declarando inocente. Mesmo assim foi condenado à morte por envenenamento e obrigado a beber CICUTA, um veneno extraído de uma planta do mesmo nome, exceto se rene-gasse suas ideias diante do tribunal.

Entristecido com o mundo que condenou um homem como Sócrates por desmascarar com suas perguntas, o falso saber dos homens acerca dos valores humanos, mas determinado a dar sua parcela de contribuição para humanidade.

Seguindo alguns dos pensamentos de Sócrates, Platão não aceitava em hipótese alguma opini-ões e percepções sensoriais, pois as consideravam como caminho para o erro, para a mentira e falsi-dade, que considerou formas imperfeitas do conhecimento, que jamais poderiam levar a verdade.

Já Platão se difere um pouco da linha de construção de conhecimento de seu mestre Sócrates.

Não desfazendo do seu mestre ou da sua linha de construção.

Sempre afirmou que: “Os males não cessarão para os homens antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder”. Platão.

Esses pensamento e posicionamento de Platão ficaram conhecidos como SOFOCRACIA, “etimologicamente, o poder dos sábios”

Em sua visão, se confrontada a virtude com a vida política, deve-se ter como ponto de equi-líbrio, a ética, que deve estar baseada na consciência, como compreensão de tudo e de todos, e des-sa mesma forma na vida pública, ou seja, para Platão não teria possibilidade de haver política sem ética, como único caminho e prática da justiça e das virtudes.

Platão foi um grande crítico da política ateniense, até por que a usou quando da sua crise, como principal motivo de reflexão, procurando uma solidez nas ações dos homens que a direcionavam.

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Um dos pontos discutidos e tidos como de grande importância na filosofia de Platão foi a sua teoria das ideias na qual buscou demonstrar como o conhecimento humano pode ser desenvolvido.

Nesse ponto afirmou que processo do conhecimento se desenvolve de forma progressiva do mundo das aparências ou sombras, para o mundo das essências ou ideias.

Denominou sensível tudo que é perceptível aos sentidos, tudo que é material, que se possa trazer conhecimento por meio do nosso corpo e de nossa experiência.

Esse referencial da filosofia buscou um estilo agradável e poético para expressar seus senti-mentos colocando sempre em seus diálogos a figura do ser que mais observou e admirou seu mes-tre Sócrates.

Tal como seu mestre, Platão jamais aceitou o que chamou de conhecimento imperfeito, “o das opiniões”, buscou sempre a verdade dentro de um saber fortalecido em uma profunda pesqui-sa, análise e prática da virtude.

Como vimos anteriormente, o filósofo Platão se decepcionou com a condenação de seu mes-tre Sócrates, fato esse que acentuou seu descrédito com a “democracia”, tinha enquanto jovem o ideal de vida política, mas se convenceu que estava de fato sendo levado por um impulso sedutor pela sua pouca idade.

Sonhou em um dia governar e transformar Atenas num lugar ideal para seu povo, onde a in-justiça desse lugar a justiça, as ilusões dessem lugar a realidade e a mentira ou distorção desse lu-gar a verdade.

Em seu livro VII de A República, ilustra brilhantemente seu modo de pensar e ver o mundo com o famoso mito da caverna dando indícios fortes de que, quem consegue se libertar das falsas ilusões e correntes consegue contemplar a verdadeira realidade.

Segundo Platão, nesse mito a maioria dos seres humanos se encontra dentro de uma caverna e com as costas viradas para a abertura, onde de fato se encontra a verdadeira luz.

Olhando sempre para o fundo escuro de uma parede, e a-chando que de fato está vendo a realidade, não se dando conta de que naquela, só vê projeções ou sombras da verdadeira realidade.

E se conseguíssemos escapar dessa caverna, ai de fato esta-ríamos vendo a luz, o real, o mundo luminoso, e dessa forma es-taríamos livres da ilusão.

A partir desse momento, começaríamos a nos acostumar com a luz da realidade, e aos pou-cos perceber o real brilho do sol, pois só víamos até então, sombras.

Segundo esse filosofo, os atenienses viviam e permaneciam no nível das aparências, que se bem analisarmos, são de fato como as coisas, os fenômenos do mundo se apresentam a todos nós, e como os percebemos pelos nossos sentidos.

Mas para esse filósofo, nesse mundo o que existe de fato são certezas particulares, não o co-nhecimento verdadeiro, é como cada um enxerga as coisas, opiniões diversas e divergentes.

Em suas reflexões concebeu que dessa forma fatalmente essas opiniões estariam recheadas de interesses particulares, logo, jamais poderiam proporcionar a quem quer que seja o conheci-mento verdadeiro, o conhecimento da essência.

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Sempre acreditou na possibilidade real desse conhecimento, algo que pudesse ultrapassar a mera opinião.

Há quem afirme que por meio dos sentidos percebemos uma diversidade de coisas, de cadei-ras, por exemplo, com diversos tamanhos e formas, mas jamais nos enganamos sobre elas. São to-das cadeiras, ainda que em modelos e tamanhos diferentes, são em essência, cadeiras.

Dessa forma precisamos buscar a essência das coisas, há uma em todas as coisas, algo que possamos reconhecer como justo e de fato real.

Denominou de EIDOS – palavra que pode ser traduzida por idéia ou forma.

Se existem várias cadeiras diferentes, por outro lado existe também a idéia de cadeira, quem um dia pensou nesse objeto e o deu forma.

Segundo Platão, só existe uma idéia, isso é a essência, as diversas coisas existentes e suas transformações fazem parte do mundo sensível que é instável e não confiável.

Para ele toda idéia é imutável e existe de forma verdadeira em um mundo supra-sensível ou inteligível, antes de virar matéria existe em pensamento, em ideia, e essa é a forma que de fato po-deríamos chamar de real.

Aparentemente parece que Platão separa dois mundos, porém se analisarmos existe de fato uma interdependência entre estes, uma relação num sentido exato.

Observe: as coisas do mundo que chamou de sensível, de fato imitam as ideias ou o inteligí-vel, que lhes são correspondentes, como se fosse um artista plástico qualquer pintando um quadro do mar, estaria imitando a natureza.

Mas para ele por serem imitações jamais deixariam de ser imperfeitas. Com esse pensamen-to ele nos dá indício de que as coisas do mundo sensível são sempre imperfeitas e sempre estão em mutação.

Será que na mutabilidade não está de fato a imutabilidade.

Vamos refletir, se eu afirmo que tudo muda, existe nessa afirmação algo imutável.

O que: que tudo muda.

Se para mim é uma AFIRMAÇÃO, automaticamente passa a ser para mim, imutável.

Mas nessa relação entre dois mundos trazidos por Platão é que de fato percebemos o quanto ele acreditou que o ser humano pudesse encontrar a verdade contida em tudo, sua essência, co-nhecer as ideias.

Nesse contexto conhecer tem o sentido de lembrança, de reconhecimento de algo ou alguma coisa que um dia foi contemplada pela alma, mas por algum motivo foi esquecida pelo apego a materialidade, ao corpo, ao mundo sensível.

Segundo ele, a alma tem essa capacidade de reconhecer as ideias, por que de certa forma está ligada aos dois mundos, o sensível, dos sentidos, e o inteligível o das ideias.

No mundo inteligível como ideias – imateriais, e no mundo sensível na relação direta com o corpo físico, sendo este a ligação entre esses dois mundos.

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E a função do filósofo é de despertar aos pouco essa alma para o mundo no qual se possa não só contemplar o que é o amor, o belo, mas sim desejar e buscar de fato a própria beleza, a própria riqueza e a própria significação de tudo.

E o que de fato pode haver de mais belo em nossas vidas e para o nosso ser e nossa inteligên-cia senão A VERDADE.

Como vimos anteriormente, para Platão a função primordial do filósofo é buscar e chegar à verdadeira realidade, sair da caverna buscando o mundo inteligível, porém tem como maior desa-fio e missão voltar a essa caverna e tentar compreender tudo e todos, mesmo que incompreendido.

Para ele aquele ser que consegue ver a luz que ilumina a realidade, que consegue desenvolver seu pensamento com inteligência, que consegue perceber que ser humano algum pode se dizer pro-veitoso para si mesmo, se não tem consciência do seu verdadeiro caminho, e a partir daí caminhar.

Conhecer para Platão significa apreender O BEM, a ideia suprema e torná-la cada vez mais com-preensível a todos. E dessa forma poder ter condição de conduzir uma cidade, organizar uma cidade baseada não mais em opiniões, mas com um alicerce pautado em um conhecimento verdadeiro.

E a partir daí direcionar as necessidades básicas de uma cidade as funções reais de uma ci-dade que em sua visão são:

• A defesa de toda sua área.

• As necessidades de seus habitantes.

• E uma boa administração.

Para que isso acontecesse, sugeriu em seu livro que a cidade fosse dividida por funções se-gundo a habilidade de seus habitantes e suas aptidões.

Agricultores, guerreiros, artesãos, guardiões e os que se destacassem no processo de desen-volvimento do conhecimento, do pensar, deveriam dirigir a cidade.

Porém após os seus 50 anos de idade se passassem com sucesso por uma série de provas, a partir daí tornar-se-iam aptos para dirigir a cidade, pois para Platão a cidade é como um barco, uma nau, e necessita de alguém que dê direção segura a essa nau para que não fique à deriva.

Para muitos esse homem imaginou algo impossível, uma cidade bela, mas para isso tentou estabelecer alguns caminhos no qual pudesse encontrar talvez esse sonho.

Suas concepções políticas e sociais avançaram por muitos anos e até séculos após sua morte, e quem pode afirmar que ainda não existam seres humanos que busquem esse sonho.

O que não se deve ocultar é que a maioria dos assuntos que ainda nos incomoda e nos aflige foi de fato abordado por esse mestre.

A igualdade entre as pessoas, a fraternidade universal, a comunidade das mulheres, a abolição da propriedade individual, a igualdade entre os sexos, a proibição, o amor livre, a censura de livros...

Esses foram apenas alguns problemas vistos e discutidos por ele em seus diálogos.

E mais cabedal de coisas.

Todo esse empenho tinha como finalidade e objetivo ver o bem e a justiça reinarem sobre a terra, não só justiça para os cidadãos, mas também para o estado, onde criaturas como seu mestre

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Sócrates, em vez de serem condenadas e assassinadas fossem de fato enaltecidas, admiradas e pro-clamadas reis.

Será que naquela época tínhamos um mundo preparado para essas ideias? Segundo Platão, o mundo ainda não estava preparado para um governo honesto. Será que em nossos dias estamos preparados para essas ideias?

Sustento que: é da necessidade impulsionar, da vontade conhecer, da imaginação inventar, da inteligência descobrir, da verdade libertar, da consciência aproximar e da ciência identificar.

Acredito que toda relação favorece qualquer situação que provocará condutas. Se da compre-ensão vem a libertação, fatalmente da não compreensão a escravidão e a revolta que tem sido ins-trumento da violência e do desprezo, que infelizmente está sendo o maior caminho para reflexão.

Já se faz necessário revermos, reconstruirmos e resignificarmos nossa vida, nosso viver e nossas relações, pois quem é regulado pela consciência como retidão de conduta em prol de um equilíbrio entre todos, é atento aos conselhos, às advertências, bem como aos avisos, e já tem ciên-cia de que nossos atos são reflexos do que somos.

Sabemos que o mundo é um todo cultural que se ergue e se estabelece de acordo com os an-seios, necessidades e desejos dos que ali se encontram.

Grupos de pessoas ou comunidade.

O que necessitamos dentro de nossa cultura é uma integração geral entre as pessoas e o am-biente, como meio de proporcionar a todos um exemplo de comportamento razoável e equilibrado exercitando a liberdade com responsabilidade.

Afinal cultura em seu sentido ANTROPOLÓGICO é a maneira que as pessoas e o meio em que vivem respondem as suas necessidades e desejos.

Suas ideias, suas crenças, seus costumes, sua arte, sua religião entre outras coisas que fazem parte da atividade humana.

Nesse sentido vejo cultura como uma cola, uma argamassa, um cimento que torna um grupo UNO, um grupo de pessoas que buscam os mesmos objetivos para todos: educação, valores, cos-tumes, hábitos.

Agora vamos a uma curiosidade: conta a história que ao participar de uma festa aos 80 a-nos, incomodado com o barulho gentilmente pediu licença e se retirou, foi para outra parte des-sa casa e silenciosamente descansou.

Os ruídos não mais o incomodavam, como em um sono profundo faleceu.

Esse grande mestre tinha sido naquele instante chamado a comparecer ao mundo dos sá-bios, das ideias, que sempre buscou.

Como vimos anteriormente um dos aspectos mais importantes da filosofia de Platão é a teoria das ideias, como esta procura desenvolver e explicar acerca da evolução do conhecimento humano.

Vale alertar que a maioria de seus trabalhos, de seu pensamento foi passada em seus escritos por meio da fala de Sócrates, nos diálogos socráticos, escritos pelo próprio Platão.

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Segundo ele, existem duas etapas para que se faça de fato o processo do conhecimento hu-mano, como vimos o mundo das aparências e o mundo das ideias.

Mas esse grande filósofo também desenvolveu o seu método dialético no qual se baseou em sua teoria das ideias, tendo como primeiro passo as sensações e as impressões que são adquiridas pelos sentidos, e que são responsáveis pela DOXA, opinião que todos têm da realidade.

Segundo ele, esse saber é imediato e sem uma devida busca metódica da verdade, não dando autenticidade ao conhecimento por permanecer na esfera sensorial.

Em sua visão o conhecimento para ser verdadeiro deve sair da esfera das impressões e dos sentidos e adentrar a esfera da sabedoria, a esfera do racional, atingir o mundo das ideias.

E para que isso aconteça é necessário que o ser huma-no busque de fato o amor pela sabedoria, não se limitar a opiniões e impressões, ter vontade de sentimento, muita persistência em busca de um saber autêntico EPISTÉME – a relação entre o conhecimento e a certeza, a dialética.

Dialética essa que busca incessantemente contraposi-ções das constantes opiniões que temos visto de tudo, busca sempre através do diálogo uma maior clareza do que venha a ser de fato uma opinião para que possamos purificá-la, minimizando a possibilidade de erros.

Para Platão qualquer opinião tem seu alicerce em uma aparência e das várias situações que nos rodeiam, porém para se alcançar o conhecimento verdadeiro se faz necessário uma maior ela-boração do pensamento, na qual se possa alcançar o mundo inteligível.

Se realmente conseguir sair do mundo sensível é que de fato começaríamos a adentrar as portas da verdade, o domínio do absoluto e eterno.

Fora desse local, o máximo que podemos compreender pelos sentidos são pequenas partes do que de fato é o real, coisa que nos torna inseguro, incompleto e imperfeito.

Incompletos, fatalmente cometeremos injustiças, em seu livro, a república, por exemplo, Pla-tão trata de um assunto altamente delicado, que são os marginais sociais.

Para Platão só a compaixão tem o poder de transformar alguém, se um homem comete um crime é por que não foi devidamente educado, é digno de piedade, pois não compreende nem a si, nem aos seus semelhantes.

Jamais poderemos transformar alguém em um ser social se o tratarmos com desleixo, desa-mor, violência.

Se alguém cometeu um crime por loucura deveríamos buscar tratar dessa loucura, se ignora algo, devemos instruí-lo, jamais punir alguém com o sentido de vingança.

Os incuráveis devem-se deixar morrer misericordiosamente, pois é preferível a morte que uma doença sem esperança de cura.

Com esse pensamento Platão nos deixa claro que o mundo é o nos-so próprio reflexo, pois tudo aquilo que damos é o que recebemos e nossa lealdade e honestidade devem ser o princípio básico para o desenvolvi-mento de nossa própria consciência.

Afinal ser humano é buscar saber seguir os passos do seu mestre in-terior, que pode se manifestar tanto no sentimento quanto no sofrimento.

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Segundo Platão, em média IV séculos a.C. Uma educação apropriada fatalmente eliminará a patologia social.

Observe que esse filósofo já desenvolvia uma quantidade imensa de ideias que para seu tempo e talvez para o nosso vão além do real, ou da compreensão humana.

A pessoa comum para ele vive acorrentada e dominada pelos sentidos e pelas paixões, dessa forma só conseguirá atrair para si a imperfeição, o conhecimento imperfeito da realidade, que de fato está limitado ou restrito ao mundo dos fenômenos.

Insiste que se torna impossível saber sem querer, ou seja, é impossível a quem deixou de cap-tar pela lógica da racionalidade agir contra a dinâmica que conduz ao Bem Supremo. Quem age imoralmente é porque não sabe, não entrou os caminhos da razão.

E esse mundo dos fenômenos está em eterno fluxo em eterna mudança, não nos dá uma di-mensão exata do bem supremo, uma concepção também abordada como já vimos pelo filósofo pré-socrático Heráclito.

Para muitos essa utopia de Platão pode representar uma forma ou um modelo aristocrático de poder, porém sustentou que um governo só deve ser confiado aos sábios, o poder da sabedoria, que não deve ser confundido em hipótese alguma com o governo do sabido.

Como vimos anteriormente, Platão foi um homem além de seu tempo, sua visão política foi também outro grande aspecto muito importante em sua vida.

Direcionou suas reflexões, pensamentos e preocupações, em como as pessoas se comporta-vam individualmente diante dos problemas sociais, pois para ele um projeto político digno deveria garantir o bem estar e a felicidade de todos os habitantes.

No campo individual tinha convicção que para se alcançar a verdadeira felicidade o caminho era o bem supremo com uma ação conjunta da alma humana. Tinha a concepção de alma como algo que se movimenta por si mesmo, independente do corpo físico.

E a alma racional deveria por necessidade reinar, com a ajuda da parte emocional, porém sempre em obediência a racional, não descartando a parte sensual que considerou necessária, po-rém deveria estar muito bem controlada.

Atribuiu às necessidades humanas como sede e fome atributos da alma sensual, eis por que a sua grande importância por se tratar das condições mínimas de sobrevivência.

A alma, no seu modo de ver, teria que está sempre se dirigindo ao supremo, à justiça, à con-templação das ideias.

Dessa forma a visão política estaria sempre direcionada em buscar a maneira mais justa e correta para direcionar a vida do indivíduo e de fato a polis (cidade estado) ser um modelo de se viver em grupo.

A própria palavra política em um termo grego que muitos dizem que surgiu com os sofistas e o próprio Platão quando se referiu à forma como Atenas era dirigida. Termo esse que significa cidade, e quando falamos em cidade nos remetemos logo à vida pública, ao poder, à dominação. Já estudamos anteriormente que política, força e poder andam juntos.

E quando se fala em poder político observamos logo a forma com que os governantes atuam revestidos desse poder imprimindo rumo para o que chamam de bem comum.

Vamos lá: para Platão quem de fato deveria governar a cidade seriam os filósofos, pois para governar era preciso conhecer o bem e estendê-lo a todos.

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Dessa forma seriam os filósofos a parte racional da alma, se olharmos a cidade como um corpo.

Os guerreiros seriam a parte emocional da alma, defendendo sempre a cidade de possíveis inimigos. A esses eram negados os direitos privados, não podiam ser proprietários, nem constituir famílias e seu lazer deveria ser controlado pelo estado. E por fim as outras profissões como cons-trutores, artesãos, agricultores, formando a parte sensual da alma, por serem movidos pelo lucro e não pela busca do bem.

Todas as decisões da polis deveriam sempre passar por uma análise profunda dos filósofos, e a partir daí ser tomado qualquer tipo de posicionamento, criação de leis, normas, medidas provi-sórias, pacotes etc.

Essas coisas que falam e fazem por ai dizendo que é para melhorar nossas vidas.

Existe um particular sobre Platão, ele escreveu que a república nos deixou ensinamentos a-cerca da política, porém nunca conseguir detectar que ele tenha tentado de fato a carreira política.

Demonstrou afinidade enquanto jovem, e no início até certa intenção, mas como já foi dito, num local onde um homem como Sócrates é condenado à morte quando devia ser exaltado, é de grande risco tentar defrontar diretamente com quem está no poder.

Acho que já deve está claro que este filósofo dividiu o mundo em duas partes, acredito eu que para uma melhor compreensão como demonstra na alegoria da caverna que já foi vista.

Essa caverna de sombras seria o mundo como tal se apresenta pelos nossos sentidos.

Mas será que depois de tantos séculos, com o avanço da ciência, da tecnologia nós conse-guimos nos libertar dessa caverna?

Será que para muitas pessoas a televisão ainda não é de fato uma caverna?

Será que já conseguimos enxergar o que essa programação está querendo fazer conosco? E consegue de fato que algumas pessoas sejam cópias de seus modelos.

Moldando e adequando aos seus padrões.

Será que esses padrões estão com intenções de libertação de nossas mentes? Ou nos escravi-zando cada vez mais?

Será que os modelos expostos nas diversas programações diárias estão nos auxiliando no nosso dia a dia? Ou estão nos explorando?

Será que, o que estamos vendo e ouvindo no rádio e na televisão diariamente está nos unin-do? Ou cada vez mais nos separando.

Será que esse modelo midiático não é uma das causas da aceleração de toda degeneração humana?

Será que estamos atentos ao produto de nossas ações, não raro moldadas por todo esse bom-bardeio de informações disso que chamamos sistema?

O ser se exprime de muitos modos, mas nenhum modo exprime o ser.

O ser se diz em vários sentidos.

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ARISTÓTELES.

Conhecido como o estagirita, comenta-se que Aristóteles foi juntamente com Platão um dos mais lido e enaltecido filósofo da Grécia Antiga.

Entre 17 ou 18 anos mudou-se para a Grécia, cidade de A-tenas, onde estudou durante muito tempo na academia de Platão só saindo após sua morte, por ter sido negado o direito de assu-mir a direção desta por ser considerado estrangeiro.

Filho de um médico de nome Nicômaco que trabalhou para a corte de Felipe II, rei da Macedônia que fez questão de confiar a

Aristóteles parte da educação de seu filho Alexandre, O Grande.

Passou por uma situação semelhante a do filósofo Sócrates, foi levado a julgamento e conde-nado ou por motivos religiosos, ou pela sua ligação com Alexandre, porém não seguindo a postura tomada por Sócrates e alegando que, seria o segundo grande pecado cometido pelos atenienses contra a filosofia. Preferiu partir em busca de outros horizontes, e não deixou de aproveitar essa oportunidade para ampliar seus conhecimentos.

Fez muitas viagens após sua saída da academia de Platão e algum tempo depois foi convida-do por Felipe II para ser professor de Alexandre, relação que durou até Alexandre virar rei da Ma-cedônia e assumir aquele grande império.

Aristóteles regressou a Atenas por volta de 335 a.C. e fundou a sua própria escola de filosofi-a, próxima ao templo dedicado a Apolo, que intitulou LICEU uma homenagem ao deus Apolo.

Por também ser um grande admirador e observador da natureza enveredou pelos estudos da biologia buscando sempre uma visão científica da realidade.

Comenta-se que por ter por hábito dar aulas caminhando pelos jardins da escola, seus alunos e seguidores ficaram sendo conhecidos como peripatéticos, que significa os que caminham ao redor.

O Liceu era um centro de estudos que se ocupava com as ciências naturais e com os estudos aberto a todos, mas também com práticas secretas e restritas a alguns dos seus seguidores.

Conta a história, que durante a sua vida escreveu alguns diálogos nos quais buscou inspira-ção em seu mestre Platão, porém esses se perderam ao longo do tempo.

Buscou estudar e desenvolver o estudo da lógica para embasar seus argumentos e ter maior propriedade e direção de raciocínio.

Para esse filósofo, a maior finalidade da ciência era a busca da constituição dos seres como realidade sensível, já começamos a perceber que tomou um rumo diferente de seu mestre Platão.

Aristóteles não seguiu o mesmo rumo de linha de pensamento de seu mestre. Há quem diga que rejeitou a teoria das ideias, nas quais os dados dos sentidos são meras ilusões, porém acredito

que não deixou de ser um caminho, um início, uma linha de pesquisa durante seus estudos.

Segundo Aristóteles, as coisas do mundo, os fenômenos não podem deixar de ser uma observação para o aprofundamento do conhecimento, nos-sos sentidos de fato nos levam a constatar vários movimentos e coisas no mundo fenomênico.

O dicionário de filosofia OXFORD revela que enquanto Platão é o santo padroeiro das teorias transcendentais do conhecimento, e em especial da éti-

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ca, Aristóteles defende o conhecimento do mundo plural e variado em que vivemos.

É essa realidade que nos dá o caminho, que permite à ciência buscar elementos essenciais dos seres, sua existência, e a partir daí caminharmos para a busca de sua essência.

Os órgãos dos sentidos passam a ser elementos aceitos para o desvendamento da realidade tendo a ciência, o cientista/filósofo a função de buscar compreender o universal, ou seja, a partir das estruturas da existência se chegar a uma essência aceita universalmente.

Observe que Aristóteles tem vocação naturalista, observação do concreto, o universal não se contrapõe ao particular, mas lhe é posterior.

Pela abstração da inteligência é que nós atingimos a essência das coisas.

Não há o Mundo das Ideias, como no pensamento de Platão, que analisa a realidade de for-ma material e imaterial, baseado num ser supremo e eterno.

Para Aristóteles, tudo que passa pelo sentimento, pensamento, pelo campo de atuação do SER, temos a capacidade e a possibilidade de trazer para a realidade física, para o concreto.

O SER na visão de Aristóteles trabalha com a realidade sensível e a realidade suprafísica, ou se-ja, as coisas do mundo que deu o nome de substância. Nesse contexto há uma eterna modificação desse SER. E o supra-sensível que seria na visão dele algo imutável e puro.

Observando por esse ângulo, se verifica que a filosofia de Aristóteles tem um caminho ON-TOLÓGICO – o estudo do SER, e um caminho TEOLÓGICO – o estudo de Deus.

Esse pensador sempre buscou o que chamou de meio termo, sempre primou em seus traba-lhos evitar o caminho dos extremos, teve grande influência na filosofia medieval, e não deixou de ser o grande ponto de partida para as teorias de Galileu Galilei no séc. XVII.

Aristóteles procurou deixar claro que através dos sentidos é que de fato encontraremos uma essência e a partir daí o conhecimento real do mundo, coisa que iremos ver em breve.

Se não pudéssemos entender ou captar nada do mundo, como poderíamos percebê-lo e concebê-lo.

Com essa frase acho que fica claro para todos, Aristóteles mostra que para ele a percepção pelos sentidos é o alicerce do conhecimento humano, a sua base.

Para ele as criaturas são dotadas de grande sensibilidade e poder de observação, e isso nos faz capaz de perceber os fatos particulares dos objetos que estão no mundo, dessa forma nos tor-namos aptos para percebermos e distinguirmos o que nos rodeia, o que está no mundo exterior.

É a forma que temos de estar sempre guardando em nossa memória aquilo que percebemos pelos sentidos e podemos fazer comparações com percepções futuras.

Isso termina nos tornando capazes de fazer algumas generalizações no mundo dos fenômenos.

Vamos a um exemplo: o tempo fechou, acho que vai chover.

Seria um conhecimento imediato em relação ao tempo, pelo fato de termos observado que em várias vezes que o tempo fechou, choveu.

Não se trata de conhecimento científico, pelo fato de não explicar o fenômeno em si, mas tor-na-se um caminho para tal.

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Para Aristóteles além da indução haveria um processo intuitivo nessa possibilidade de orde-nação do conhecimento científico através da experiência sensitiva.

Afinal como já vimos na filosofia de Sócrates, a palavra INTUIÇÃO deriva do latin – intuere (olhar atentamente, contemplar) e contemplar para esses grandes mestres sempre foi prática pri-mordial em suas vidas.

Como grande observador que foi, Aristóteles fundou a zoologia, usando de grande poder e observação para classificar as espécies dando indícios até ai de que usou o empirismo nesse pro-cesso, ou seja, o conhecimento adquirido pele experiência.

Alguns escritos revelam que esse grande mestre pensou que as ciências de-viam ter sua constituição com base num processo de observação muito bem orga-nizado e refinado pela generalização.

Existe de fato um desejo natural em nós seres humanos de buscarmos co-nhecer, a filosofia, por exemplo, emergiu da necessidade e curiosidade, na relação do ser humano com o mundo, daí surgem os mitos, de um espanto.

Essa é a explicação para Aristóteles, que a busca do conhecimento vem a ser causa última das coisas.

Subdividiu essas causas em: material, eficiente, formal e final.

E esses seriam os princípios da origem de qualquer que seja o objeto existente no mundo.

E a causa final seria o término a que se destina o porquê de sua existência, seu propósito.

Podemos ilustrar isso, ou o significado dessas causas como se fosse uma obra de arte feita por alguém que queira explicitar o que foi feito, por exemplo: uma obra feita de argila, o que está presente nessa obra (a argila, sua causa material), que foi concebi-da pelo artista (causa eficiente), que representa um presidente (causa formal), que foi feita para comemorar um de seus feitos (causa final).

Segundo Aristóteles, para que possa existir o conhecimento científico é necessário que existam essas quatro causas necessá-rias, somente assim é possível fazer uma análise correta, concreta e completa de qualquer que seja o conhecimento.

Na concepção aristotélica, a causa de uma coisa qualquer é uma afirmação de sua essência, de seu princípio, de como veio a existir. Partindo da análise de elementos estáticos podemos cons-tituir uma resposta qualquer.

Por que uma coisa é o que é de fato.

Para Aristóteles, o indivíduo é o principal caminho para a verdade universal, não é apenas uma parte, mas sim um entre muitos.

E essa potencialidade é que torna capaz um objeto qualquer de passar de um estado para o outro, um ser humano em estado de adormecimento está de fato ou em potencialidade num estado de lucidez.

Um x qualquer pode se transformar em y, porque algumas das condições para ser isso, ou se-ja, um Y, já estão contidas nele.

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Nesse contexto, Aristóteles nos mostra que a potencialidade é de fato necessária para a ocor-rência da mudança, o potencial está entrelaçado no atual e o pressupõe.

Se observarmos e contextualizarmos, perceberemos que se tenho um potencial para aprender ou conhecer um pouco mais do que conheço nesse momento, é porque de fato já conheço alguma coisa sobre determinado assunto que me predisponho a conhecer.

Conforme o livro Curso de Filosofia Grega de John Victor Luce, p. 121, para Aristóteles “O embrião é historicamente anterior ao adulto, mas se estamos considerando a natureza atual ou essencial de um objeto isolado de seu processo de desenvolvimento, olhamos primeiro, na ordem de pensamento, para a atualidade que ele incorpora.

O adulto é filosoficamente anterior ao embrião.

Essa é a abordagem teleológica bem característica de Aristóteles.

Para ele, “o fruto do carvalho, a glande, explica-se pelo carvalho, e a galinha com certeza vem antes do ovo”.

Com certeza iremos também encontrar em alguns escritos uma elaboração feita por Aristóteles sobre essa transformação contínua do mundo, ele nos trouxe o que chamou de ATO e POTÊNCIA.

Sendo o ATO o estado atual do SER, como existe, como é.

E a POTÊNCIA a transformação desse SER.

Uma semente qualquer enquanto ato, é semente, mas como potência é uma planta ou uma arvore que daí surgirá, dependendo da semente, e esse movimento de semente para planta ou ár-vore é o processo de transformação, é o movimento desse ser que passa de potência a ato.

Vimos anteriormente que Aristóteles fala de uma mudança, um movimento que o ser passa.

Uma nova interpretação ontológica que denominou ATO (aquilo que já existe) e POTÊNCIA (o que pode vir a existir).

Porém vale alertar que não é uma passagem casual, é de fato efeito de uma causa que deno-minou: material, formal, motriz ou eficiente e final, coisa que já vimos anteriormente.

Para ele a causa é tudo aquilo que determina a realidade de um SER, o que esse ser é de fato.

Causa material, a matéria.

Causa formal, a forma que essa matéria irá tomar para ser reconhecida como objeto.

A causa motriz ou eficiente é quem dar forma a essa matéria.

Por fim, como causa final a passagem dessa matéria (potência) a (ato), um objeto qualquer, a causa final é quem direciona o movimento da realidade.

Se por um motivo qualquer isso não venha acontecer denominou ACIDENTE, algo que não ocorre sempre, por uma casualidade um possível acontecimento.

O acidente seria uma circunstância, não necessária para a natureza do ser.

Se as coisas do mundo têm um princípio, tem sua causa, é necessário imaginar um causa primeira que inicie esse ciclo.

Segundo Aristóteles, existe algo imóvel que não se transforma em ATO, não pode ser mate-rial e é algo altamente puro.

O chamou de MOTOR IMÓVEL.

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Comenta-se que é um apelido carinhoso que deu a Deus, porém, esse Deus de Aristóteles não interfere em hipótese alguma nas coisas do mundo, por ser perfeito, é a pura sabedoria, inteli-gência, conhecimento por onde quer que se encontre, mas não tem acesso ao mundo das coisas, ao que lhe é exterior.

Quase não se assemelha com o Deus do cristianismo, fato que na idade média se forçou a barra para cristianizar Aristóteles.

Teoricamente o Deus de Aristóteles era incomunicável e satisfeito consigo mesmo.

E o ser humano tem que tentar ser feliz nesse mundo buscando a sua essência partindo deste mesmo mundo.

“Para o homem a vida conforme a razão é a melhor e a mais aprazível, já que a razão, mais que qualquer outra coisa, é o homem”

Aristóteles. Ética a Nicômaco volume 1, p. 97.

A conduta ética deve ser o ponto de partida para se chegar à razão e assim poder praticar a virtude.

Tinha como virtude o equilíbrio, que chamou de meio termo entre o excesso e a falta de uma virtude ou um atributo qualquer.

Chamou de movimento essa passagem da potência para o ato e todos devem buscar seme-lhança como o ato puro Deus.

Segundo ele, pela imperfeição do mundo jamais seria possível alcançar a perfeição vindo en-tão a ter que manter seu eterno ciclo, seu eterno movimento em busca desta imobilidade.

Tinha como concepção do universo um algo eterno, esférico em sua forma, porém finito na sua extensão, e as espécies que vivem sobre a superfície, no globo terrestre tem em sua composi-ção, variados compostos que contêm em si os quatro elementos.

A alma vista por Aristóteles é como se fosse o formato de um corpo, a sua forma, daí passa a ter a vida como potência, nesse contexto à alma passa a ser para o corpo o seu movimento que per-corre o caminho do nascer ao morrer, surgindo daí um novo ser.

E a função da ciência em seu modo de ver, tinha por finalidade buscar a essência das coisas le-vando em conta todos os movimentos ocorridos no todo, suas mudanças e transformações constantes.

Afinal, viver é ser estar em relação com tudo e com o todo que se é parte integrante, e a vida quer queiramos ou não, se prova pelo movimento, e já se é claro que necessitamos ganhar de abso-lutividade e cada vez mais perdermos de relatividade consciente e ciente.

Se é que queremos viver melhor, tenho dito que o mundo é o nosso próprio reflexo.

E quando a razão o bom senso e a boa intenção da humanidade são sistematicamente cor-rompidos, há indícios de que os riscos e perigos são necessariamente recursos para o seu cres-cimento, tanto individual quanto social.

Digo isso e levo como sugestão para a sua reflexão enquanto estudante, ser pensante porque percebo que esse caos geral se de fato enxergamos, então devemos ser rápidos para tentar solucio-ná-lo, porquanto todos os seres humanos são semelhantes, e viver isolado, ou seja, senão em socie-dade, não é possível.

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E é difícil agirmos sem errar enquanto não se sabe muito.

Portanto, me parece que o maior problema da humanidade está no caos individual, porque um dos maiores desafios do ser humano está nele usar sua qualidade de pensar para agir sem caos criar.

Eis que a atenção e reflexão são necessárias, afinal os erros de um ser humano devem ser mo-tivo para a reflexão de todos.

Para esse grande mestre, conhecer era algo que necessitava ser muito bem examinado, sua proposição, os modos que pelos quais são feitos, buscar analisar o funcionamento da linguagem, do pensamento, evitar o máximo possível de equívocos.

A esse modo de buscar minimizar os erros ou se quisermos chamar de regra, ele deu o nome de ÓRGANON.

Aristóteles faz uma investigação do que venha a ser lógica em sua obra ANALÍTICOS, nesta procura aprofundar o pensamento em uma análise de suas partes, esses e outros escritos, posteri-ormente ficaram sendo denominados como ÓRGANON, ou seja, instrumento que se possa pensar corretamente, pensar com lógica.

A palavra LÓGICA vem do grego LOGOS e significa (palavra, discurso, razão), também se diz que é o estudo dos métodos e princípios da argumentação.

Para Aristóteles, podemos dividir em duas partes: lógica formal e lógica material.

A lógica formal procura dar ao pensamento uma di-reção correta em suas análises, se tivermos de fato aplicado suas regras de forma certa, o raciocínio automaticamente é considerado aceito.

Já na lógica material se busca observar os caminhos do pensamento, suas operações diante do que se busca

conhecer, sua adequação ao real, o método de adaptação de cada ciência.

Deu grande importância as palavras, pois sempre acreditou que se de fato usamos as pala-vras para nos expressarmos, necessita-se olhar primeiro para essas.

Demonstrou com esse pensamento que para se encontrar a verdade em qualquer que seja a ciência se faz necessário o uso da lógica, é através dela que se consegue estruturar o pensamento e se buscar a maneira correta de pensar.

Sendo a lógica nesse sentido um caminho seguro para que se possa garantir que uma conclu-são tal venha a ser verdadeira.

Desta forma é que se pode analisar um raciocínio qualquer usando como base suas proposi-ções, suas afirmações sobre determinado fenômeno.

Vale nesse momento lembrar que proposição é um conteúdo qualquer de uma frase, que po-de ser suscetível de ser verdadeira ou falsa, afirmada ou negada.

Já se torna claro para nós que o princípio lógico deve ter como maior evidência sua irrefuta-bilidade, ou seja, uma afirmação qualquer não pode nem deve contradizer ela mesma.

Aristóteles estabeleceu uma regra que chamou de silogismo que vem do grego e significa “raciocínio, cálculo, argumento”.

Vamos a um exemplo de silogismo: todo ser humano é mortal; Lindenbergue é homem; logo, Lindenbergue é mortal.

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Observe: de duas proposições que a verdade é conhecida conseguimos detectar uma terceira que tem o seu valor de verdade igual as que a antecedem.

Mas será que basta as duas proposições iniciais (denominadas premissas) serem verdadeiras para a conclusão ser de fato verdadeira?

Observe: “Alguns animais são ferozes”, “o cão pity bull é um animal”, será que podemos conclu-ir daí que todos os cães dessa raça são ferozes?

Perceba que as duas premissas são verdadeiras.

Esse movimento de passagem de premissa para conclusão deve ser muito bem analisado e inferido, (INFERÊNCIA vem do latim inferre que significa levar para.

Cabe a quem vai analisar esse silogismo verificar se esta inferência está bem organizada com os diversos enunciados, e partir daí poder verificar se é de fato válido chegar a algum tipo de conclusão.

A lógica ou o pensamento lógico se destina a buscar ve-rificar se a estrutura da inferência pode ser considerada invá-lida ou válida.

Aproveitando esse tema reflexão, tenho dito que: “sin-ceridade não consiste em dizer tudo o que pensa, mas em re-fletir em tudo que se pensa, bem como pensar em tudo que se

diz, pois acredito que refletir no presente favorece a manifestação do novo, enfim, do futuro que, embora distinto, nunca esteve distante”.

Como vimos até aqui, para Aristóteles o homem deve sempre buscar extrair os conceitos da experiência, porém mediante as evidências.

Tudo que se encontra em nossas mentes de fato já passou de alguma forma pelos nossos sentidos.

Jamais poderíamos estabelecer um conceito sobre algo, se não tivermos pesquisado analisado colocado a provações lógicas.

Retorna ao método socrático no seu verdadeiro sentido ascendente, partindo da realidade dos indivíduos substanciais, concretos, múltiplos, móveis e contingentes do mundo físico, para construir sobre eles as ciências na ordem lógica e também para chegar eficazmente à única realida-de transcendente na ordem ontológica que é Deus

A partir daí internalizarmos e transformarmos em essência real do SER por saber e compreen-der que tudo aquilo que foi visto e revisto tem de fato o poder de contribuir com a felicidade de todos.

Aristóteles sempre buscou saber o porquê das coisas, concluiu que esse eterno movimento é de fato a realização, o ato como concretização da potência.

Sempre buscou um princípio imóvel, denominou Deus como ATO puro, como motor que re-ge o universo.

Em sua visão a existência do cosmo independe de Deus, sempre existiu, porém esse eterno movimento é sua grande obra.

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O homem é um animal político afirma Aristóteles em “A política”. Quero lembrar que ani-mal político nesse contexto significa dizer que é o cidadão participante da polis (cidade estado) que vive em grupo, junto com outras pessoas.

Esse grande filósofo dedicou parte da sua vida buscando uma forma, uma maneira ou um jeito de direcionar o homem para a felicidade, um modo do ser humano ser feliz em grupo.

Em sua visão, a vida solitária seria algo inconcebível, ninguém, nenhum homem conseguiria resistir por muito tempo a esse tipo de situação, só para os animais ferozes, segundo ele.

Para Aristóteles, a pólis era o local em que se tinha a maior probabilidade de se viver bem, era a melhor forma de se organizar a vida em grupo, contanto que as pessoas que tivessem regendo-a, dando a direção desta tivessem a capacidade de saber o que é o bem comum, a justiça e a igualdade.

Estabeleceu critérios para que isso fosse possível, iniciaremos falando de alguns destes.

Habitação, medicina, escultura, estratégias.

A habitação relacionou as ciências técnicas, tendo como objetivo maior proporcionar mora-dia a todos.

A medicina também relacionada com as ciências técnicas, com o objetivo de tratar da saúde de todos.

A escultura, ciências técnicas, para produção de obras de arte.

As estratégias, ciências técnicas, direcionada às guerras e às batalhas.

Depois estabeleceu alguns critérios e finalidades para as ciências teoréticas colocando-as com a finalidade de produzir o saber a exemplo da geometria (estudando as medidas) e a metafísica (a essência de todas as coisas).

As ciências práticas tendo como objetivo maior o homem e o aprimoramento cada vez maior de seu saber.

Segundo Aristóteles, se buscássemos trabalhar em conjunto com esses critérios e a aplicação dessas ciências, haveria uma grande probabilidade de um maior desenvolvimento humano na di-reção de um mundo melhor, que para ele só existia se tivéssemos como direção dois caminhos: a ética e a política.

Com esse olhar já dá para termos uma visão da junção entre filosofia, ética e desenvolvimen-to humano que é o nome da nossa disciplina.

Para ele a ética trata diretamente da conduta e do caráter dos indivíduos e a política diretamen-te ligada à existência e ao desenvolvimento humano dentro da pólis, o estudo das regras que a regem.

Porém se deve observar que não há uma separação entre ética, política e humano, o ser ho-nesto, virtuoso de honra é o ser que deve direcionar uma comunidade.

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ÉTICA é uma palavra que vem do grego ETHIKÒS que significa “costumes” é o estudo da conduta humana em direção a um bem comum.

Se bem observarmos, a tal felicidade primada por Aristóteles não está ligada aos processos emocionais, está de fato ligada à prática das virtudes, em buscar ser melhor enquanto SER a cada instante, aperfeiçoando cada vez mais sua vida, seu viver e suas relações.

Esse é o campo de atuação da ética, ampliar cada vez mais nos seres humanos uma postura digna para a vida em sociedade, sua compreensão de ser humano era pautada rigorosamente co-mo ser social.

Um ser que foi projetado para viver em sociedade em comunidade de natureza coletiva, não como animais que sempre se organizam uniformemente.

O homem deve buscar uma organização na qual possa haver diversos modos de pensar, de administrar, porém baseado na política, na pólis, na cidade, usando seu virtuosismo baseado na ética tendo como finalidade maior o bem comum.

Não deixando em momento algum de haver a participação em massa de todos que tivessem o ócio filosófico nas possíveis decisões tomadas em assembleias sobre o rumo e destino das leis que possivelmente irão reger a pólis.

Se essa pólis busca dar uma vida digna aos seus cidadãos, se essa é de fato sua finalidade maior, jamais poderá ser distinta ou separada da ética.

Esse modelo de administração deveria ter na opinião de Aristóteles a participação de todos os homens livres, e pelo diálogo decidirem coletivamente o melhor para todos.

Porém é possível termos certezas teóricas e errarmos no campo da práxis.

Existe neste setor uma complexidade muito maior.

E para que um homem se torne virtuoso de fato é necessário um despertar da vontade com a prática da repetição, disciplinando os seus sentimentos e instintos em busca de um equilíbrio de um meio termo como já vimos.

Se ética e política são um saber prático, jamais nossas ações se não pautadas numa ética dei-xarão de ser devastadoras.

Pois sabemos que só se adquire esse saber prático, agindo e esse agir infelizmente temos vis-to em nosso planeta não raro causar decepção, dor e sofrimento.

E jamais cansarei de falar que o mundo é o nosso próprio reflexo e as provocações nada mais são, senão a forma dos tolos nos alertarem e advertir quanto a possíveis desequilíbrios em nosso SER, ou ainda para que possamos detectar o nosso grau de consciência, e a partir daí agirmos.

Aristóteles sempre se destacou pela busca do bem pensar e seus ensinamentos viajaram até a Ásia. Segundo a história que reapareceu na biblioteca de Alexandria e daí foram levados para Roma.

Refletir significa buscar a experiência intuitiva.

Se observarmos bem, valorar e avaliar são um processo que está sempre rodeando o ser hu-mano, e se pensarmos com retidão e boa intenção, são de grande importância para que possamos direcionar melhor nossas vidas fazendo melhores escolhas.

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Mas afinal, o que é valor? Se buscarmos referências e fizermos uma síntese entre opiniões de vários filósofos iremos perceber que a maioria trata como algo que se possa escolher, uma referên-cia que se possa tomar.

Um desejo.

Etimologicamente, a palavra valor vem do verbo latino valere, ser forte, que não raro atribu-ímos aos guerreiros valentes.

Segundo o dicionário Aurélio, VALOR é a qualidade que faz estimável alguém ou algo, a importância de determinada coisa.

Porém é necessário estarmos sempre buscando uma ação que de fato seja prioritária em nossas vidas, algo que possamos chamar de valores positivos.

Ações pautadas na moral, ética e estética elevadas que orientam nossas vidas, evitar ações danosas com nós mesmos, com nosso semelhante e com o meio ambiente.

Exemplo: aquilo que pode parecer não nos afetar, se observarmos bem está de fato nos afe-tando, quando alguém inicia uma queimada, por exemplo, também está respirando o ar poluído.

Já deu para observar que a palavra ou o termo valor atinge vários campos do conhecimento, vai da matemática à medicina, da justiça à política e resultam do processo relacional estabelecido entre o ser humano e o todo que o rodeia.

Se atentos, iremos perceber que os valores são oriundos de um processo cultural e o absor-vemos de acordo com o meio em que vivemos e aquilo a que buscamos.

Porém não devemos nos esquecer que independentemente da cultura ou do modelo instituí-do pela força, pela ideologia ou pelo poder, nós temos de fato a capacidade de analisar e criticar o que possa estar vigente, e buscarmos novos rumos para nossas vidas sem deixar que alguém ou alguma coisa controle nosso pensamento.

Afinal ser humano é buscar saber ter motivos importantes, inclusive para lembrar-se de si mesmo, e além de si, buscar o trabalho, transformar suas ações.

Já se faz necessário reconhecermos o outro como se de fato fosse nós mesmos.

Isso é ser virtuoso, isso é ter sabedoria, força e beleza.

Acredito que somos muito mais que produto de uma grande explosão inexplicável ou um capricho de elétrons, mui-to mais que um aglomerado de átomos células e moléculas.

Segundo o consultor dinamarquês Clauss Moller, o futu-ro de uma carreira profissional depende da responsabilidade, lealdade e iniciativa, que se analisarmos são também valores e virtudes humanas.

Responsabilidade como elemento fundamental da empregabilidade, e para se tomar iniciativa.

Lealdade como orgulho de participar daquela determinada empresa ou organização, falando sempre positivamente.

Iniciativa como forma de assumir responsabilidades pela complementação e implementação de projetos.

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Além destas existem uma série de outras coisas que temos de levar em conta se quisermos ser dignos de confiança na empresa que estivermos trabalhando, e digo com tranquilidade que não só na empresa, mas e principalmente se exercitarmos essas práticas no dia a dia.

Tais como: sigilo, competência, coragem, honestidade, prudência, compreensão, humildade, otimismo, imparcialidade.

Evitar está comentando com quem não diz respeito sobre os planos da empresa, sempre bus-car desenvolver as atividades que lhe forem atribuídas com bastante seriedade, profissionalismo e competência, ter coragem para enfrentar as possíveis críticas.

Perseverar sempre quando as coisas ficam difíceis, dentro de qualquer atividade profissional.

É necessária bastante compreensão para que se possa sempre está primando pelo diálogo.

Está sempre se observando, ter humildade para admitir quando outras pessoas estiverem com outra linha de pensamento, compreender que ninguém é o dono da verdade, primar pelo equilíbrio.

Ficar atento nas tomadas de decisões primando sempre pela imparcialidade.

Acreditar sempre em sua capacidade de realização, não só na sua, mas também dos outros que compõem o grupo, em prol do crescimento da empresa.

Buscar estar sempre preservando as conquistas adquiridas porque não raro são frutos de grandes labutas e muito estudo.

E como já vimos em outras aulas, hoje se faz necessário uma visão global que possa abrir ca-da vez mais horizontes no qual o profissional possa transitar por diversos caminhos.

O profissional contemporâneo tem que estar sempre preparado para as possíveis mudanças, as crises mundiais, ter a capacidade de fácil adaptação às situações que possam ocorrer consigo e com o seu ambiente trabalho.

Será que de fato já compreendemos o que é valor, o conceito de valor, o que é a filosofia dos valores ou axiologia.

AXIOLOGIA – em grego o substantivo axia quer dizer “valor ou preço” e o adjetivo axios quer dizer “o que vale”, “o justo”.

Nesse contexto podemos dizer que axiologia é busca pela reflexão do que venha a ser o con-ceito de valor ou juízos de valor, em resumo podemos dizer que é o estudo dos valores.

É a partir da valoração que podemos fazer juízo de algo, aceitando ou não aceitando.

Se lembrarmos do estudo sobre a filosofia antiga, iremos perceber que já se abordava a ques-tão dos valores, a busca do bem, o que é a beleza e a verdade.

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O filósofo Sócrates nos deixou lições maravilhosas dentre as quais já vimos em nossos estudos algumas, mas sempre é bom está revendo, lições essas contidas nos escritos de seu discípulo Platão.

Vamos lembrar-nos de algumas.

Só iremos compreender sobre algo, primeiro observando nós mesmos para alcançar-mos uma pretensa autonomia, a partir dai passarmos a decidir por nós mesmos e isso não se dá sem uma prática constante nem tampouco é um processo automático, é necessário que busquemos uma conduta moral em nossas vidas superando nossas dificuldades através do esforço.

O filósofo Sócrates sabia da sua fundamental importância no rumo da filosofia buscando fazer com que os atenienses a todo tempo parisem a verdade e a virtude moral olhando a todo instante para dentro de si primando e cuidando de suas almas, nas quais para ele, era a morada da razão e dos valores sendo a filosofia o caminho para a busca da verdade, e só através desse cami-nhar é que se consegue chegar à verdadeira felicidade.

Aristóteles ainda que com outro caminho, mas sempre buscando o virtuosismo contido na natureza humana, a transformação da potência de cada ser em ato ampliando assim cada vez mais sua racionalidade.

Para esses grandes mestres os valores são universais independentes da nossa avaliação, algo que foi contestado pelo alemão Nietzsche (1844-1900), trazendo a tona sua concepção na qual se refere aos valores como algo surgido com os homens a partir de suas necessidades.

Para Nietzsche os valores são de fato algo enraizado na existência humana, são produtos da nossa história.

Se tomarmos a razão como ponto preponderante na descoberta dos valores, iremos concluir de fato sua relatividade, porque estaríamos tratando sobre forma de aceitar ou não aceitar algo.

Porém para alguns filósofos isso não seria motivo para se cair no relativismo, pois é nosso dever respeitar as opiniões dos outros, isso não nos impede de discordar.

A questão do gosto por um alimento, o processo político, religioso, o próprio futebol, cada um tem a sua preferência e o direito de defender aquilo que escolheu.

O que precisamos defender de fato é nossa postura reflexiva primando sempre pelo razoá-vel, pelo equilíbrio dinâmico estimulado pelo diálogo e pela flexibilidade de pensamento.

E isso como caminho para que possamos lançar um olhar diferente para o mundo e principalmente para nós mesmos, isso é de fato um processo e desalienação.

Observe, num mundo no qual estamos vendo cada vez mais as pessoas se distanciarem das outras, o individualismo crescendo cada vez mais, a sociedade mais tecnocrática, e menos humana, cabe uma reflexão.

O ser humano, enquanto se deixar escravizar pela cultura do TER pautado na manutenção do caos como temos visto, em graus exageradamente alarmantes e parecedores sem fins e sem precedentes, demonstra, senão desprezar, dispensar o cérebro como órgão pensante.

E digo mais! Para o ser humano, assim como o ar e o alimento para sua existência física, de-vemos ter como prática diária a reflexão para um equilíbrio psíquico.

E para que o ser humano busque como primordial em sua vida esses valores a filosofia nos presenteia com o que podemos chamar de consciência moral.

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Capacidade que todos nós temos de observarmos nossa própria conduta, como nos compor-tarmos diante das regras estabelecidas, isso não significa dizer que estamos passíveis, nem concor-dando com tudo.

Isso significa dizer que podemos nos adaptar às normas vigentes em nossa sociedade, mas não quer dizer que não possamos propor caminhos de se estabelecer novos procedimentos.

Temos de fato que estar atentos ao tempo, ao contexto histórico do que se está sendo proposto.

Afinal, os possíveis erros de alguns seres humanos devem ser motivo de revisão, reconstrução e resignificação de muitos outros, para que possamos chegar quem sabe um dia a um equilíbrio.

Para se estabelecer um mundo moral se faz necessário uma consciência crítica, um grande poder de observação e de responsabilidade.

Um ato moral não raro traz consequências agradáveis ou desagradáveis a própria pessoa e àquelas pessoas que o cercam e consequentemente à comunidade que vive.

Temos visto que o comportamento moral tem variado de acordo com o contexto histórico conforme o modo de ser e de viver das pessoas inseridas nesse contexto.

Mas não devemos esquecer que a mente humana se torna livre quando tem liberdade, pelo contato e compreensão de sua condição de amoral.

A palavra virtude vem do latim VIR, que designa o homem, o varão. E VIRTUS – que quer dizer “poder”.

O dicionário de filosofia OXFORD nos diz que uma virtude é um traço de caráter merecedor de admiração, tornando seu portador melhor, quer seja no ponto de vista moral ou intelectual.

E o virtuoso é aquele que tem a capacidade de exercer alguma atividade na qual se destaca, como por exemplo, alguém que toca bem um instrumento qualquer, é nesse sentido que iremos falar um pouco nesse momento.

Temos visto, principalmente em nosso estado, manifestações artísticas maravilhosas, porém por outro lado algumas coisas que não estão razoáveis para os nossos olhos e ouvidos e não raro degenerando a figura humana.

E isso vai de encontro ao que podemos chamar de virtuosismo, pois a maioria dos conceitos encontrados nos diz que virtude é disposição para se querer o bem, e virtude moral como disposi-ção para realização dos deveres.

Ora mas será que é justo eu perder ou não ter a noção de moral, ética e estética e por esse motivo fazer tudo para me dar bem?

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3 TEMA 03 TEMA 03 TEMA 03 TEMA 03 ---- REVOLUÇÕES TECNREVOLUÇÕES TECNREVOLUÇÕES TECNREVOLUÇÕES TECNOOOOLÓGICAS LÓGICAS LÓGICAS LÓGICAS EEEE CIENTÍFICAS: IMPLIC CIENTÍFICAS: IMPLIC CIENTÍFICAS: IMPLIC CIENTÍFICAS: IMPLICAÇÕES ÉTAÇÕES ÉTAÇÕES ÉTAÇÕES ÉTIIIICAS E CAS E CAS E CAS E CONSEQUÊNCIAS SOCIAICONSEQUÊNCIAS SOCIAICONSEQUÊNCIAS SOCIAICONSEQUÊNCIAS SOCIAIS.S.S.S.

Comumente iremos encontrar os conceitos de ética e moral como sinônimos, pois como já vimos a ética também é conhecida como filosofia moral sendo a parte da filosofia que busca os princípios, fundamentos e reflexões acerca da vida.

Porém cabe-nos buscar compreender que ética é o estudo das diversas morais, ou seja, uma disciplina teórica acerca da observação das práticas da vida humana, o que de fato devemos fazer no dia a dia das relações.

Se bem observarmos, a ética está diretamente ligada aos valores, talvez até possamos dizer que é pelos quais estes se norteiam tendo como princípio básico os valores diretamente ligados ao caminho do bem e/ou do mal.

O significado etimológico da palavra ética vem do grego ETHOS que quer dizer, modo ou maneira como a pessoa organiza sua vida em sociedade.

O significado original do termo ETHOS na língua grega usual quer dizer morada ou abri-go de animais (significado que ainda se encontra presente no termo etologia). Se transportarmos para o universo humano teremos ETHOS como o modo pelo qual o homem organiza a sua habi-tação, tanto no que se refere à particularidade de sua casa quanto ao que se refere ao seu grupo e ao mundo como lugar no qual este habita.

Vale aqui lembrar que na filosofia costumamos chamar essa atitude de consciência moral, ou seja, a capacidade que o ser humano tem de observar sua própria conduta. O mundo humano é eticamente constituído, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo.

ETHOS possui dois aspectos inseparáveis: a dimensão da vida individual regida por costu-mes e hábitos privados; e a dimensão da vida coletiva - a POLÍTICA - constituída pelos costumes e hábitos que regem a vida da comunidade. A ética surge da necessidade de analisar e buscar com-preender o comportamento de cada pessoa, coisa que vimos quando estudamos o filósofo Sócrates. Este grande filósofo tinha como prática maior saber se de fato os atenienses tinham real consciên-cia de suas ações, do que de fato significava aquilo que pensavam e faziam.

E foi a partir desse momento, e com as questões trazidas pelo filósofo Sócrates que se iniciou a ética ou filosofia moral, tendo com meta ou linha de estudo a análise do sujeito no que se refere a sua ação, suas causas e consequentemente seus efeitos.

O filósofo Aristóteles já dizia em seus escritos que: “A característica específica do ser huma-no em comparação com outros animais é que somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras qualidades morais.” Nesse sentido podemos observar que só o ser humano tem a capacidade de estar sempre revendo, reconstruindo e resignificando suas ações.

Nesse caso a noção de liberdade está diretamente ligada ao grau de responsabilidade que se baseia no caminho que iremos escolher em nossas decisões, aquilo que nossa razão indica.

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Segundo o filósofo alemão Immanuel Kant nascido em 1724 no século XVIII, a razão é a maior característica humana, pois é o que distingui os seres humanos dos outros animais.

A conduta do ser humano deve ter como princípio maior uma boa in-tenção baseada em sua racionalidade. E nesse sentido deve-se perceber que uma necessidade racional tende a beneficiar a todos, baseado, claro, no cum-primento do dever e no equilíbrio dinâmico entre deveres e direitos.

Assim cabe uma reflexão: a busca do prazer é o objeto de todo o ser humano, embora nessa busca normalmente encontre decepção, dor e sofrimento; enquanto a dor é menor que o prazer o ser humano insiste.

Ética para Kant, é fundamentada em uma natureza humana baseada na racionalidade, bom senso e boa vontade.

Nesse contexto se bem observarmos, para que se possa haver de fato uma retidão de ação ou conduta ética, se faz necessário o ser consciente, o ser que consegue diferenciar de fato o certo do errado, o bem do mal.

Nesse momento é oportuno lembrar a autora Maribel Oliveira Barreto em se livro “O papel da consciência em face dos desafios atuais da Educação” p. 75, que diz: “A finalidade última da consciência é a de facultar aptidões ao Ser Humano, tais como o discernimento, que possibilitem compreender, absorvendo, em si mesmo, a natureza real que reside em todas as coisas, inclusive e principalmente, o valor significativo e real das relações.”

Será que a autora Maribel Barreto e o filósofo Immanuel Kant não estão querendo de fato chamar atenção para o que venha a ser viver e conviver com as diferenças. Dessa forma fica claro que para que se possa levar uma vida pautada numa conduta ÉTICA, se faz necessário e indispen-sável o desenvolvimento da consciência.

Esse modo de analisar e avaliar tais situações pode ser chamado de exercício da consciência moral, ou seja, o ser analisando a si próprio.

Como vimos à ética está direcionada à avaliação de valores que se referem ao bem e ao mal, e o ser humano em suas experiências culturais é o objeto de reflexão de todo esse processo.

A ética tem como maior objetivo estabelecer a validade ou não das normas morais, dos cos-tumes e práticas daquela sociedade.

A ética do meio ambiente, por exemplo, consiste em estar se buscando argumentar contra aqueles que buscam urbanizar áreas de proteção ambiental, e que fatalmente haverá uma devasta-ção da biodiversidade.

A ética da gestão diretamente ligada às práticas de uma gestão, as responsabilidades da em-presa, o equilíbrio entre direitos e deveres consiste em estar sempre tentando fazer com que as coisas fiquem transparentes diante dos seus olhos, é viver bem e se relacionar bem com aquilo que lhe rodeia, é ter consciência que independentemente da raça ou da classe social estamos todos no mesmo barco, no mesmo planeta.

Quando ouvimos ou vemos, por exemplo, algumas situações que nos causam indignação di-ante da condição que algumas pessoas vivem também costumamos chamar de senso moral.

É essa forma de avaliarmos essas questões, a forma com que nos comportamos diante de si-tuações e que às vezes nos sentimos culpados, essa análise de comportamento diante do que é cer-to e/ou errado.

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Afinal penso, que é do ser humano que busca retidão de conduta e moralidade do seu ser ba-seado num grande poder reflexivo, tornar essa moralidade mestre de cerimônia em suas ações.

A vontade de transformação é nesse caso o produto de sua ação quando do uso de sua ima-ginação com consciência buscando compreender o que é de fato ser humano.

Nesse contexto podemos perceber que só há uma normatização de um comportamento mo-ral quando as pessoas passam a aceita-lo livremente.

A liberdade é o que podemos chamar de base de uma conduta moral.

Filosofia é uma atitude diante do mundo, um pensar crítico-reflexivo no sentido de ques-tionar o saber instituído. Esse tipo de postura é um dos maiores caminhos da filosofia. Propor-cionar ao homem mais de uma dimensão, além da que é dada pelo agir imediato, na qual o in-divíduo prático se encontra mergulhado.

Permitir avaliar os fundamentos dos atos humanos e dos fins a que eles se destinam.

O filosofar é necessário, e não é só necessário, é de grande importância porque é uma atitude diante da vida, do viver, das relações, dos desafios da existência, posto que é um modo de pensar autônomo crítico-reflexivo que acompanha o ser humano na tarefa de compreender o mundo e de agir sobre ele, compreendendo as consequências do agir humano no mundo. Segundo Sócrates, seria possível se estabelecer regras válidas para todos os seres humanos buscando de fato conhecer os primeiros princípios da realidade.

A origem, valor e o sentido do Universo, da vida, bem como ter uma conduta de vida virtuo-sa baseada numa moral, ética e estética elevada.

Na Antiguidade grega, Sócrates sustentou que o ser humano que não agi eticamente desco-nhece a virtude, é ignorante no que se refere ao conhecimento do bem e dá essência humana.

O filósofo Platão aprofundou um pouco essa diferença entre o corpo e a alma, segundo ele em nosso corpo reside as paixões e os desejos huma-nos que não raro nos levam a cometer deslizes na busca do caminho do bem. É bom que se esclareça que para ele a felicidade é um grande apro-fundamento na vida teórica realizando o que indivíduo tem mais de hu-mano, a sua racionalidade. Ser ético nesse contexto, é buscar ter sempre uma reflexão crítica sobre a origem, a essência e a razão do cosmo e do ho-mem. É um instrumento de ação e transformação do mundo, é objetivar melhorar a existência humana e tornar mais humana a vida social.

Se atentos ao nosso redor de fato estivermos perceberemos problemas gravíssimos não raro pela falta de ética de grande parte da humanidade, e com certeza outros pro-blemas surgirão caracterizados pela inevitável fragmentação individual e o conflito coletivo, enfim, o caos generalizado.

A ÉTICA NA IDADE ANTIGA.

Antes de falarmos sobre ética na Idade Antiga é necessário lembrarmos-nos de algumas transformações ocorridas na Grécia durante o séc. III, II a.C., aproximadamente.

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Nesse período surgiram algumas chamadas escolas filosóficas buscando tratar da moralida-de do indivíduo sem ligá-lo à vida política.

Duas escolas se destacaram nesse momento, a estóica e a epicurista, tendo estas como princípio básico a ATARAXIA, ou seja, forma pela qual se busca o desvio da dor e a busca do prazer espiritual, tendo o sujeito que praticar condições para minimizar as possíveis perturbações exteriores.

Vamos lá: a ética na Idade Média também conhecida como ética cristã tem como seu ponto central e estava diretamente ligada à relação do homem com Deus.

A ética na visão de Tómas de Aquino está diretamente ligada à noção e à relação entre a JUSTIÇA e o BEM, que de alguma forma já está incutido na natureza humana, cabe a cada um es-colher o seu caminho.

É observado então que o que se pode chamar de mal na verdade é a não percepção do que venha a ser o bem.

Existiu uma diferença básica entre a ética cristã e a ética Grega Antiga, deixar de lado a ra-cionalidade e a ascensão da subjetividade. No caso da ética cristã pode-se observar um afastamen-to daquilo que primou os gregos, a racionalidade, através da razão do ser virtuoso que se consegue alcançar a moralização.

A moral é vista de acordo com a relação que cada sujeito, cada indivíduo estabelece com Deus, aí se observa um total desenlace do ser humano com o meio em que vive e a sociedade da qual faz parte.

Nesse contexto, a liberdade humana está diretamente relacionada e ligada à relação que o indivíduo tem com Deus.

Enquanto na Antiguidade Grega a liberdade era diretamente ligada e percebida na vida polí-tica, na Idade Média a ética cristã concebia a liberdade na relação com o divino, à relação que cada indivíduo tinha com Deus.

Percebe-se nesse contexto um claro afastamento da noção grega de livre-arbítrio de liberdade no que se refere ao poder dos indivíduos no meio social em que está inserido.

A partir do desenvolvimento do que foi chamado de ciência moderna, a questão do conhecimento (e aqui também iremos falar sobre questões éticas) pas-sou a ser algo bastante questionado pelos seres humanos.

A busca pelos critérios e métodos do que passou a ser conhecido como co-nhecimento verdadeiro tendo como base maior a estruturação do pensamento. Esse período vai do séc. XV a quase o final do séc. XIII.

Vai-se do feudalismo ao capitalismo, emergem as transações comerciais, começam surgir à bur-guesia, a centralização do poder que ficou conhecida como monarquia absoluta; novos métodos cien-tíficos; a invenção da imprensa surgindo daí a possibilidade de contato com textos gregos e romanos. A valorização excessiva que se dava a Deus como o centro do universo, (na Idade Média) dar lugar a questão antropocêntrica, o homem, ou como prefiro dizer, o ser humano no centro, a sua capacidade de poder agir diretamente no meio, seu processo de organização da vida em sociedade. Existiu um movimento que marcou de fato todo esse processo de transformação da mentalidade humana, que ficou conhecido como RENASCIMENTO. Com a visão renascentista e com o iluminismo o pensa-mento humano e suas posturas éticas passaram a ser defendidas de forma que a moral não mais ti-vesse como base os ensinamentos religiosos, e sim passassem a ser fruto da natureza humana.

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O filósofo Immanuel Kant foi um dos que mais buscou ampliar essa concepção moderna do pensamento humano em textos como “Crítica da Razão Prática e A metafísica dos costumes”, dando total autonomia àquilo que podemos chamar de razão humana como instrumento dotado de capacidade de elaboração de normas universais.

A necessidade do cumprimento do dever por parte de todos é um dos grandes pontos da concepção Kantiana, venho dizendo ao longo dos nossos encontros que direito sem dever é loucu-ra e dever sem direito é escravidão.

O filósofo Kant quando se refere a essa questão do dever como representação e expressão le-gítima da racionalidade e da moralidade se relaciona ao que chamou de IMPERATIVO CATEGÓ-RICO, coisa que devemos nos atentar quando no referimos aos atos morais por nós praticados.

A distração tem favorecido o ser humano ao afastamento de suas reflexões sobre seus deve-res, bem como bem como a sua assiduidade na prática do bem sentir, pensar e agir. A ética na Ida-de Contemporânea tem seu ponto X nos valores e nas normas morais tendo alguns filósofos reagi-do um pouco à postura de Kant quando se referio ao dever como norma universal.

O filósofo Nietzsche foi um crítico ferrenho do racionalismo ético por perceber através de suas pesquisas e análise que se tratava de uma postura que de fato impedia o desenvolvimento da liber-dade humana. Chamou de moral de escravos, ou seja, aquela moral na qual agem disciplinarmente e moderadamente diante de suas paixões e emoções, tendo a punição a função de limitar o humano.

Propôs uma ética voltada diretamente aos desejos e vontade humana, a qual trouxe como e-xemplo os guerreiros da Grécia Antiga.

Ao longo da história se bem analisarmos dentro de diferentes formações sociais e culturais foi si propagando certa quantidade daquilo a que chamamos de valores éticos.

Por exemplo, dentro de nosso contexto social muitos denominam violência como uma viola-ção da integridade humana, quer física, quer psíquica.

Porém digo tranquilamente que apenas os moralmente fracos são fascinados e facilmente in-duzidos pela violência, favorecendo assim a manifestação do caos social.

É do humano viver diante de situações que por vezes irão nos causar indignação, tristeza e so-frimento.

Temos lido e visto muitos escritos acerca do que venha a ser característica humana, mas ne-nhuma deles nos traduz melhor do que nossa consciência.

A própria definição que a biologia traz do ser humano quando se refere a este como sapiens sapiens, ou seja, aquele ser que sabe que sabe.

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É a nossa própria capacidade de nos observar e de tomar ciência do próprio saber analisando instante a instante a nossa conduta.

Tem-se dialogado de diversas maneiras e várias teses acerca do que venha a ser o ser hu-mano livre, esses debates muitas vezes têm levado em conta a questão do humano e o seu con-texto histórico.

Um dos pontos que se necessita retomar é a questão da ideia que se constituiu na Antiguidade Grega quando se falava em MOIRA, ou seja, DESTINO, que levou muitos gregos a visitar DELFOS para se con-sutarem com o oráculo no templo do deus APOLO.

Como já vimos quando estudamos o filósofo Sócrates, ÓRACULO é uma palavra que vem do latim Oraculu e do grego Oras que significa “VER”. (Era um local frequentemente visitado onde “os grandes ho-mens gregos” desejavam saber através do pronunciamento dos deuses sobre seus destinos).

As próprias concepções filosóficas passaram a direcionar e se fun-damentar na busca do entendimento e compreensão dos valores que até então eram a base da sociedade.

Afinal, Ser Humano é buscar saber, sentir, pensar e agir de forma que faça de si mesmo aqui-lo que deve ser feito, considerando que amar é de fato o cumprimento dos deveres.

Ao longo da história, nesse momento citando diretamente as mudanças e transformações que tivemos na humanidade no período que costumamos chamar de Renascimento, passou a ser de fato perceptível o desenvolvimento da ciência moderna.

Assim, a partir deste momento o ser humano passa a criar condições, meios e principalmente critérios para o estabelecimento de métodos no que se refere à busca e aquisição do conhecimento científico. Nesse contexto se destacam alguns filósofos pelo fato de buscarem minuciosamente ca-minhos para uma estruturação do pensamento.

Antes de darmos prosseguimento ao processo de desenvolvimento da ciência aos seus avan-ços técnicos é necessário que busquemos entender como ou que caminhos se trilhou na busca do que se chamou conhecimento verdadeiro.

Na corrente racionalista, temos como primeiro destaque nesse período o filósofo René Des-cartes trazendo à tona a questão do sujeito pensante, que traz em si a questão das ideias inatas, aquelas que já nascem com o sujeito, independentemente das influencias externas.

A corrente empirista por sua vez, vem defendendo a tese de que a importância maior para que se construa conhecimento está no objeto de conhecimento baseado na experiência sensível do sujeito.

Segundo Thomas Hobbes, por exemplo, a filosofia é a ciência dos corpos, tudo pode ser ex-plicado através do corpo.

Assim, não poderia deixar de mencionar um dos grandes referenciais dessa época o pensa-dor Irlandez e chara George Berkeley (1685-1753), que aos 25 anos publicou o Tratado sobre os princípios do conhecimento humano. Nessa obra defendeu que o conhecimento humano, no que se refere ao mundo exterior, é de fato tudo que captamos pelos nossos sentidos.

De um lado a burguesia, do outro os trabalhadores que sobreviviam com seus míseros salários.

Temos como marco dessa transformação a Revolução Francesa (1789-1799).

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A partir desse momento, a sociedade passou a se deparar com questões como, por exemplo, o domínio e a manipulação das pessoas, as desigualdades sociais e não raro algo a que chamamos exclusão social. A sociedade contemporânea a partir desse momento, passou a se ver diante de grandes questões, como por exemplo, a devastação do meio ambiente, as exclusões sociais e o que de fato chamamos de desenvolvimento tecnológico e científico.

A partir desse momento, se destacaram o romantismo e o idealismo, romantismo como mo-vimento cultural envolvendo a arte e a filosofia em fins do séc. XVIII e grande parte do séc. XIX, trazendo à tona a questão da racionalização do mundo humano a confiança não só na razão, mas e principalmente no processo de elevação das paixões e dos sentimentos. E o idealismo se desenvol-vendo no princípio do séc. XIX, com Johann Gottlieb Fichte em (1726-1814).

Temos como ponto de partida o filósofo Kant observando a questão do EU como princípio para a construção do conhecimento, ou seja, o indivíduo como o caminho para que se estabeleça o conhecimento. Nessa concepção temos o objeto se encaixando na percepção do sujeito. Emerge a partir daí o positivismo com Augusto Comte tendo o objetivo de direcionar e normatizar a sacrali-zação do método científico, ou seja, um progresso gerado diretamente pelo culto da ciência e da técnica, a confiança nos benefícios da industrialização.

A burguesia cresse se equilibrando na emersão do desenvolvimento capitalista técnico-industrial.

Segundo Augusto Comte nesse momento é necessário uma total e real transformação na so-ciedade, uma nova ordem necessita ser estabelecida. Ele nos oportunizou dois caminhos de refle-xão no que se refere a essa nova construção social: uma seguindo essa transformação através das ideias, e outra pela ação humana.

Uma reestruturação do intelecto e das instituições sociais, já proposta por Saint-Simon (1760-1825).

A partir do século XVII começava a haver de fato uma grande transformação, um novo méto-do científico começa a emergir surgindo daí uma nova forma de investigação mais sistematizada.

Estamos falando do método no qual se trabalha com hipóteses testáveis, com a possibilidade de aceitação ou rejeição.

Na investigação do problema o cientista deve procurar enunciar um problema qualquer e se dedicar à busca das possíveis soluções, na formulação e hipóteses. Há uma preocupação do cientista em tentar sugerir algumas respostas para serem testadas cientificamente.

Quando chega a fase dos testes das hipóteses propriamente di-tas, há uma busca por investigar rigorosamente as consequências das propostas.

O grande salto do método científico se dá pela descoberta das relações constantes e universais entre os fenômenos, a interligação existente no universo.

Existe nesse contexto um fator preponderante para o avanço das pesquisas científicas, além dos recursos que se aplicam em tais pesquisas: a determinação, a criatividade e a inteligência do pesquisador. Afinal ciência é o produto da ação do ser humano quando do uso da sua inteligência.

E dessa forma já buscar saber não só submeter à responsabilidade de sua consciência o direi-to à liberdade de imaginar.

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Afinal segundo Rabelais, “Ciência sem consciência não é senão a ruína da alma”. É fato que a consciência é uma das faculdades inatas do ser humano, é o produto da ação humana quando do uso da sua imaginação com a participação da inteligência.

E dessa forma este tende a ter o pensamento flexível, com a participação direta da inteligência.

Dessa forma fatalmente não criará novo caos, bem como não irá manter e ampliar o já existen-te. Pois temos visto dia a dia que o caos social nada mais é senão o produto do nosso caos individual.

Os filósofos usam da análise para fazer a verificação e a conhecimento científico.

São essas concepções que nos trazem esse entrelaçar das origens do conhecimento científico e a própria filosofia. O conhecimento filosófico se analisado desde o período pré-socrático tem sua base, o seu saber na busca pela ARCHÉ – o princípio de todas as coisas na natureza, um dos moti-vos pelo qual esses filósofos também ficaram conhecidos como filósofos da natureza.

De observação dos fenômenos a equações, fórmulas, aparelhos e técnicas.

Aproximadamente em final do séc. XIX e princípios do séc. XX, que essas novas descobertas vinham à tona e um novo conceito revolucionava o que se chama de princípio da ciência.

A própria teoria do conhecimento emergindo nesse contexto, e questionamentos começa surgir a partir daí sobre os grandes avanços tecnológicos e os limites da ciência e do conhecimento.

Questões como: o que é o conhecimento?

É possível o conhecimento?

Qual o fundamento do conhecimento?

A teoria do conhecimento tem como seu ponto de partida a busca de um conhecimento que se pode considerar verdadeiro, é de fato uma reflexão filosófica que tem como foco principal inves-tigar as possibilidades, os fundamentos, as origens e por fim o valor do conhecimento.

Com o avanço dos tempos e as transformações ocorridas do séc. XIX até o XX, grandes des-cobertas começaram a balançar todas aquelas ditas certezas que até então se divulgava.

Com esse turbilhão de pensamentos, surgem cada vez mais novos questionamentos, novas revi-sões, reconstruções e resignificações acerca dos critérios de verdade e validade das teorias científicas.

Todas essas investigações passaram a ser feitas pela filosofia da ciência. Um dos grandes re-ferenciais desse período foi o físico e filósofo Karl Popper (1902-1994), um dos grandes críticos do método ou do critério de verificabilidade.

Temos visto também em nossos dias, um exagero na crença do método científico para mui-tos, o que não podemos deixar sempre lembrar são as questões éticas acerca desse caminho.

A própria ambiguidade do desenvolvimento tecnológico é um dos pontos a ser abordados.

Um dos mandamentos da ética é respeitar a dignidade da pessoa humana. Aquele sujeito que se predispõe a prática real do bem comum, do que é justo e injusto, bem e mal, do que é de fato ser virtuoso. Do ponto de vista dos valores, a ética exprime a maneira como uma cultura e uma sociedade definem para si mesmas o que julgam ser o mal e o vício, a violência e o crime e, como contrapartida, o que consideram ser o bem e a virtude, a brandura e o mérito. Independen-temente do conteúdo e da forma que cada cultura lhe dá, todas as culturas consideram virtude algo que é o melhor como sentimento e como ação. Cabe-nos nesse momento uma reflexão, e uma total atenção acerca do que iremos absorver dentro da cultura que estamos inseridos. A noção de virtude é entendida como algo primário em vez de uma perspectiva do “bem” pelo qual agimos ou do dever, do direito ou da razão, tomados como a origem das regras da ação.

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O ser virtuoso é aquele ser capaz de agir quando da realização do seu dever, principalmente no que se refere ao equilíbrio dinâmico do universo.

Para o filósofo Kant, o ser que detém o virtuosismo é aquele que já concebe em si que de fato é dotado de grande sabedoria e força no que se refere ao poder de resolução que temos no cum-primento dos nossos deveres. Agir, na vida pessoal e funcional, com dignidade, decoro, zelo, eficá-cia e moralidade no meio que nos inserimos, mais um dos mandamentos de alguns códigos éticos.

Nesses casos podemos observar que para que haja de fato um comprometimento na busca do bem é necessário que se tenha principalmente coragem para escolher o caminho, a direção e/ou o rumo que iremos tomar.

A partir daí, ética, estética, moral e valores humanos serão consequências, a postura do ser humano já internalizou tudo isso bem como o valor significativo das relações, porquanto a vida nos exige cada vez mais não só ser vivida, mas sim ser compreendida.

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4 TEMATEMATEMATEMA 04 04 04 04 –––– O PAPEL DA CONSCIÊN O PAPEL DA CONSCIÊN O PAPEL DA CONSCIÊN O PAPEL DA CONSCIÊNCIA E DO CIA E DO CIA E DO CIA E DO DESENVOLVIMENTO HUMADESENVOLVIMENTO HUMADESENVOLVIMENTO HUMADESENVOLVIMENTO HUMANO FRENTE NO FRENTE NO FRENTE NO FRENTE AOS DESAFIOS ATUAISAOS DESAFIOS ATUAISAOS DESAFIOS ATUAISAOS DESAFIOS ATUAIS

Para falarmos em conhecimento e autoconhecimento devemos ter como ponto de partida para o desenvolvimento humano os filósofos, assim, jamais poderíamos deixar de citar o grande filósofo Sócrates.

Como vimos em conteúdos anteriores, o filósofo Só-crates nos dá demonstrações do que venha a ser buscar e encontrar a essência e a verdade das coisas, o valor real da vida, do viver e das relações ampliando cada vez mais suas virtudes. Questão importantíssima em nossas vidas tanto no campo pessoal, quanto no profissional.

Essência essa, segundo Sócrates, encontrada através do pensamento, na busca de se estabelecer um conceito, e não uma simples opinião que constantemente temos de tudo e de todos, opinião essa, mutável e instável. Para esse filosofo, buscar ser virtuoso era sua premissa maior. Ter de fato virtude como busca do bem maior, sempre tendo o interesse em cola-borar com o semelhante.

São persistentes e buscam de fato um real desenvolver humano os que já concebem, em si mesmos, que importa deveras ao Ser Humano.

Tornar e manter integrados os seus sentimentos, pensamentos e atos, numa ação de integra-ção, em função de suas realizações, essencialmente necessárias e racionalmente justificáveis.

Realizações, considerando a finalidade da vida, bem como a razão de nossa existência. Afi-nal, é fato que o Ser Humano é um ser que sente, pensa e age. No entanto, ele não é só o produto, do que sente, pensa e faz, mas também do meio em que vive, bom que seja redito, ele também é produtor do meio em que se encontra inserido. E dentro dessa perspectiva deve buscar ter muita habilidade no dia a dia de relações.

A palavra habilidade vem (do latim habilitate) é o grau de competência de um sujeito concre-to frente a um determinado objetivo. Dessa forma se pode falar de "habilidade mecânica" (a capa-cidade de colocar uma máquina em funcionamento), "habilidade verbal" (a capacidade de fazer uma apresentação discursiva), "habilidade matemática" etc.

Segundo o filósofo francês Voltaire (1694-1778), ter habilidade significa ser "mais do que ca-paz, mais do que instruído", pois mesmo aquele que houver lido e presenciado tudo sobre um de-terminado assunto, pode não ser capaz de reproduzir a ação na prática com êxito. Dessa forma, habilidade seria um indicativo de capacidade, particularmente na produção de soluções para um problema específico.

Habilidades se ligam aos atributos relacionados não apenas ao saber-conhecer, mas também ao saber-fazer, saber-conviver e saber-ser.

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Segundo o mini dicionário da língua portuguesa Silveira Bueno, habilidade significa ca-pacidade, jeito, destreza, assim, quem se torna habilidoso passa a ser jeitoso.

Cabe nessa perspectiva a família, aos professores e a todos aqueles que têm um pouco mais de conhecimento mediarem a construção do processo de conceituação a ser apropriado pelo ser humano, buscando a promoção da aprendizagem e desenvolvendo habilidades importantes para que eles participem da sociedade que não raro chamamos de sociedade do conhecimento.

Um dos maiores objetivos, talvez o maior objetivo do profis-sional contemporâneo, consiste em ser cada vez mais habilidoso e ter atitude em sua prática e em seu ofício.

Normalmente esse tipo de melhora é adquirido com o passar do tempo, com o desenvolvimento do conhecimento aliado à expe-riência e muita atitude, para daí dominar o ofício.

Digo muita atitude, por perceber que a atitude é o ponto, ou melhor, é o início para se de-senvolver habilidades. As crianças nos dão um perfeito exemplo desse desenvolvimento quando começam a tentar andar, demonstrando muita atitude ao dar os primeiros passos. Percebe-se após essa fase e com o passar do tempo que começam a desenvolver habilidades.

Não quero aqui negar, em hipótese alguma, que não se deva ter habilidade muito pelo con-trário é um dos grandes passos ou o grande passo do profissional, porém quero lembrar que a ha-bilidade não raro se consegue coletivamente e a atitude depende muito de pré-disposição interior e de automotivação. Para que durante todo esse processo, torne-se cada vez mais confiante e convic-to de que sua automotivação está diretamente ligada ao seu querer e a sua consciência.

A partir daí, buscar aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e principal-mente aprender a ser.

Aprender a conhecer significa a aprendizagem do

conhecimento científico e cultural que nos ajuda a distinguir o que é real do que é ilusório, e ter um acesso inteligente aos saberes de nossa época.

Afinal, o ser humano não vive sem o saber. Nesse contexto, o espírito científico, como uma aquisição fundamental da aventura

humana, é indispensável.

Toda profissão, no futuro, deveria ser uma verdadei-ra profissão a ser tecida; uma profissão que estaria ligada, no interior do ser humano, aos fios que a ligam a outras profissões.

No fim das contas, aprender a fazer é um aprendiza-do da criatividade. Como temos visto nos exemplos dos grandes empreendedores que buscam a todo instante, solu-ções habilidosas, competentes e inovadoras.

Um saber agir responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar e transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econô-mico à organização; valor social ao indivíduo e principalmente ao sistema de educação.

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O processo de aprendizagem em uma organização envolve não somente a elaboração de novos mapas cognitivos ou novos desenhos mentais que possibilitem compreender o que está ocorrendo no ambiente externo e interno da organização, como também a definição de novos comportamentos que comprovam a efetividade do aprendizado o como se está recebendo, per-cebendo e concebendo o que foi proposto.

Como vimos anteriormente as habilidades estão direta-mente ligadas ao saber fazer e às competências como sendo um conjunto de habilidades que se relaciona em plena har-monia. As competências e as habilidades são inseparáveis da ação, mas exigem domínio de conhecimentos.

Através dos nossos estudos, podemos perceber que às competências se constituem em um conjunto de conhecimen-tos, atitudes, capacidades e aptidões que habilitam alguém para vários desempenhos da vida. E as habilidades se ligam aos atributos relacionados não apenas ao saber-conhecer, mas ao saber-fazer, saber-conviver e ao saber-ser.

As competências pressupõem operações mentais, capacidades para usar as habilidades, em-prego de atitudes, adequadas à realização de tarefas e conhecimentos.

Segundo o consultor, escritor e especialista em comportamento humano, autor do livro “Em busca da excelência” Eugênio Sales Queiroz, as empresas estão cada vez mais interessadas em pes-soas que saibam usar sua habilidade e toda sua competência em prol do crescimento das empresas em que atuam.

No contexto profissional em que estamos inseridos, torna-se necessário o real descobrimento de nossas habilidades e competências, para assim ampliar cada vez mais essas capacidades técni-cas na realização de certas tarefas e missões, buscando unir sempre conhecimento e experiência.

Nesse momento, vale lembrar o grande mestre Edgar Morin em “O mé-todo – Ética, segundo o qual, “A Fragmentação, a compartimentação e a ato-mização do saber fazem com que seja impossível imaginar um todo com ele-mentos solidários”. Por isso, tende a atrofiar o conhecimento das solidarieda-des e a consciência de solidariedade. Assim, o indivíduo acaba encurralado num setor e inclina-se a reduzir a sua responsabilidade a um espaço circunscri-to, atrofiando a sua consciência de responsabilidade, desse modo o pensar mal rói a ética nas suas fontes: solidariedade / responsabilidade.

“A incapacidade de ver o todo, de religar-se ao todo, gera irresponsabilidade e falta de soli-dariedade” (MORIN, 2005, p. 61-62).

É bom que se reflita acerca desse pensamento e que possamos praticar suas sugestões.

Afinal, a consciência é uma das maiores e mais significativas propriedade do ser humano e defendo que é necessário que se trate desta, além do ego, ou melhor, dos egos humanos.

Nessa perspectiva, nos cabe compreender que cada vez mais devemos desenvolver habilida-de e competência que são o fato de buscarmos compreender que o desenvolvimento da consciência é o produto da ação do ser humano, quando do uso da sua imaginação com muita inteligência.

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Afinal, é dever de todo ser humano pesquisar e analisar para compreender e cada vez mais praticar, para assim estar sempre em processo de evolução.

E o desenvolvimento da competência perpassa pela vontade e determinação que o ser hu-mano deve buscar para enfrentar, ou melhor, se relacionar com qualquer tipo de situação, buscan-do recursos sempre com criatividade e motivação no momento que for exigido, saber de fato usar seu poder de relacionar e sua competência.

Relacionar-se utilizando os meios e princípios da inteligência interpessoal, é um exercício di-ário de reconstrução do “EU”, do AUTOCONHECIMENTO, da observação e da reconstrução a cada instante do nosso viver com o melhor que a vida nos dispõe.

Viver e relacionar.

Desenvolver a capacidade de relacionamento facilita o processo de crescimento pessoal e profissional, ampliando cada vez mais nossa visão humana no contexto em que estamos vivendo.

Um ser humano que se predispõe a pautar seu viver em rever, reconstruir e resignificar dentro dos conceitos e princípios da inteligência interpessoal, torna-se de fato digno de ser chamado humano.

Agir, relacionar, compreender, interagir, colabo-rar, entender e tentar responder adequadamente aos desejos, anseios, motivações, temperamentos e oscila-ção de humores daqueles que nos rodeiam, com cer-

teza faz parte dos principais fundamentos da inteligência interpessoal.

Desta forma, valorizando e aplicando estes fatores, conseguiremos desenvolver habilidades e ter competência para perceber as intenções, as necessidades, descobrir os desejos e anseios das outras pessoas, e dessa forma podermos agir, e se necessário, reagir de forma bela, rica e significa-tiva, tentando compreender os sentimentos do outro, construindo assim um dos pilares da lideran-ça e da capacidade de conviver e interagir com sucesso na vida profissional e pessoal.

Um ser humano que desenvolve os princípios da inteligência interpessoal se torna compro-metido consigo e com o universo em que vive, constituindo-se em um ser digno de ser chamado humano, virtuoso, amável, compreensível e consciente.

Segundo Philippe, administrar a própria formação pode ser útil porque ela condiciona a atu-alização e o desenvolvimento de todas as outras competências citadas por ele no livro Dez novas competências para ensinar.

Para alguns teóricos atuais, dentre eles Ken Wilber, torna-se necessário buscar de fato uma grande formação, um desenvolvimento integral torna-se primordial o desenvolvimento de uma educação integral.

Os estudos atuais sobre a questão da moralidade concluem que para que o ser humano con-siga observar ou mesmo opinar acerca do desenvolvimento humano e da moralidade das pessoas, não basta apenas observar a sua exterioridade, pois essa política de observação da exterioridade das pessoas com certeza perpassa pelo processo de uma formação integral.

Por exemplo: se observarmos ao nosso redor será que parte das pessoas está agindo de al-gum modo equilibradamente por educação ou por medo de sofrer punições.

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Onde está de fato a moral? Onde se encontra a ética? E a estética? Será que a consciência está perdendo lugar para a inconsciência coletiva?

A retomada do ser ético, o aprimoramento do largo senso de responsabilidade do ser huma-no em relação aos seus semelhantes e ao planeta em que vive, com certeza serão consequências naturais da educação centrada no princípio da totalidade da integralidade.

A consciência de que qualquer situação, seja ela um ato ou um comportamento nosso é como um grande maremoto, tem grande influência e se espalha, interferindo em outros comportamen-tos, que certamente levarão o ente humano a primar por atitudes no mínimo responsáveis e assu-mir o seu papel real na manutenção da ordem planetária.

O senso de responsabilidade de cada um de nós em relação ao outro e ao nosso planeta com certeza será de grande valia para a di-minuição do egocentrismo, que tem levado o homem a se interessar apenas por si mesmo, a se considerar “o todo poderoso”, tornando-se, em decorrência, destruidor da paz, da harmonia e do equilíbrio dinâ-mico produzido pelo universo.

Eis que, para que o Ser Humano possa viver feliz e equilibrado com o Universo do qual é parte integrante, lhe são essencialmente necessários, bem como racionalmente justificáveis o conhecimento, o sentimento e o uso, cada vez mais conscientes, de uma educação inte-gral como um eterno e sempre novo padrão de ação em seu dia a dia de relações.

Sem dúvidas, as maiores características dos seres humanos são o seu poder e a sua capacida-de de sempre questionar e refletir na busca de respostas aos desafios enigmáticos proporcionados pela vida em seu viver e suas relações.

Atualmente, nossa forma de pensar ainda aponta uma dificuldade de conter, minimizar e, principalmente, extinguir de maneira abreviada e consciente, nossas vicissitudes do dia a dia ge-rando, por sua vez, em nós, na sociedade e no mundo consequências devastadoras.

A questão mais importante da psicologia das emoções é o lidar com emoções negativas pre-judiciais (Krishnamurthy, 1998).

O egoísmo, o egocentrismo e as limitações são apenas instrumentos que fornecem os cominhos para o florecer do conhecimento de si, ou seja, do autoconhecimento e os erros que derivam são ape-nas experiências, isto é, são fatos que contribuem para libertar o ser humano e dar-lhe maturidade.

O autoconhecimento e o desenvolvimento da consci-ência do ser humano são, portanto, o sinal de sua divinda-de potencial e, por isso têm necessidade de um longo pro-cesso evolutivo para crescerem até sua plena beleza, rique-za e significação.

Pois formação não é deformação e um ser que busca em sua vida uma moralidade deve ser capaz de decidir com autonomia diante dos possíveis problemas que por ventura se apresentem diante de si.

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Nunca, em toda história da evolução na terra, a mudança foi tão rápida. Num mundo como este, a única certeza estável é a certeza de que tudo vai mudar!

Mas afinal, o que é informação?

Conforme Claude Shannon, “A informação está presente sempre que um sinal é transmitido de um lugar para outro”.

Tudo aquilo que, não lhe sendo “natural”, o ser humano inventa para:

• Aumentar sua força física.

• Estender seus poderes de locomoção.

• Ampliar sua capacidade sensorial.

• Facilitar seu trabalho.

• Simplificar sua vida.

• Simplesmente para lhe trazer prazer.

Também temos alguns exemplos que de fato contribuem para o processo educativo.

• A escrita alfabética

• A lógica

• O papel

• A imprensa

• Os números

• Os métodos de calcular

• As máquinas de escrever e as calculadoras

• Os computadores

Assim sendo, o ser humano utiliza a tecnologia desde quando começou a se a educar. A tecnologia disponível num determinado momento define, em grande medida, o que se pode fa-zer na educação.

Na verdade, a educação já passou por duas revoluções causadas pela tecnologia e está no meio da terceira:

• A decorrente da invenção da escrita.

• A decorrente da invenção da imprensa.

• A decorrente da invenção de meios de comunicação eletrônicos que, agora, convergem todos para o computador.

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O grande impacto da escrita também nos trouxe grandes avanços, tais como:

• Possibilidade de registro da fala

• Menor dependência da memória

• Possibilidade de refinamento do pensamento

• Possibilidade de crítica mais ampla e rigorosa

• Passagem do auditivo para o visual

• Educação não presencial, ou seja, a distância

• Autoaprendizado

Antes da imprensa, por exemplo, havia um número reduzido de livros e o acesso a eles era restrito pelo analfabetismo generalizado.

Quando até mesmo um nobre precisava ler ou escrever algo, contratava os serviços de alguém.

• Não havia literatura, propriamente dita, e o que havia não estava na língua do povo.

• O acesso à educação era restrito e não se imaginava que pudesse se tornar universal.

• Fora da área de Educação, a leitura e a escrita começam a se tornar armas poderosas.

• Quebra-se o monopólio da Igreja Católica

• Quebra-se o monopólio do Latim e surgem as literaturas no vernáculo (nas diversas línguas)

• Começam a surgir os estados modernos

• Nasce a ciência moderna

• A luta pela liberdade é fortalecida

• Ainda na área de educação, surge a ênfase na educação universal, a partir da Reforma Protestante.

• Com a explosão do conhecimento, começam a surgir as escolas modernas, com um currí-culo organizado por disciplinas e por séries

• Tornam-se comuns a educação a distância e o auto-aprendizado com o auxílio dos livros.

• A interligação do planeta através de redes de comunicação de multimídia em alta veloci-dade vai afetar muito mais a educação do que o que hoje fazemos, ou o que viermos a fa-zer futuramente em nossas salas de aula.

Moral da História:

Sendo o computador, hoje em dia, o meio de comunicação por excelên-cia que abrange todos os outros, é possível imaginar que ele não afetará a educação (pelo menos a não formal), visto que educação envolve, entre ou-tras coisas, comunicação?

Mesmo que o computador fosse apenas um meio de produção ou uma tecnologia que afetasse apenas o setor produtivo, ainda assim a educação e a escola teriam que se ocupar dele, porque, no paradigma educacional vigente, é função da educação preparar as pessoas para “ser, saber, conviver e fazer” na sociedade, e esta com certeza está totalmente informatizada.

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ANOTAÇÕES:

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Rede FTC Faculdade de Tecnologia e Ciências

Faculdade da Cidade do Salvador

www.ftc.br

www.faculdadedacidade.edu.br

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