12
Rio de Janeiro, de 29 de novembro a 05 de dezembro de 2019 - Nº 23.448 Elia Suleiman escancara feridas do Oriente Médio com humor ácido Página 5 Telas em nanquim de Paula Klien no Centro Cultural dos Correios Flamengo comemora os dois títulos com festão no Jockey Club Página 9 NINA KAUFFMANN - Página 11 CORREIO DA MANHÃ: Que Brasil vocês descobriram no tráfego pelo universo dos agentes penitenciá- rios? O quanto Adriano sintetiza esse mundo atrás das grades? MARÇAL AQUINO: Não tem como sair ileso de um mergulho des- se tipo – já são alguns anos imerso no universo carcerário, tanto o masculino quanto o feminino. É o circo de horrores que cada um de nós imagina no conforto de nossos lares. Estamos sempre apren- dendo algo sobre a natureza humana, que nos serve como cidadãos, em pri- meiro lugar, e depois como criadores. O Adriano foi nossa pretensão de voltar a um herói de bons princípios e ótimas intenções, que são sempre questionados nos confrontos inglórios de seu dia a dia. Andávamos meio cansados de focar em anti-heróis, que estão ficando cada vez mais convencionais, e os tempos não são Fotos Divulgação FOMES DE LIBERDADE Um dos mais respeitados e premiados autores da literatura contemporânea no país, Marçal Aquino fala da geopolítica de exclusão retratada em ‘Os Carcereiros’, roteiro com sua grife E xiste algo de premonitório na frase “Mais cedo ou mais tarde ia acontecer, era inevitá- vel”, escrita por Marçal Aquino num conto de um de seus primeiros sucessos literários, “As fomes de setembro” (1991), quando se avalia seu mais recente trabalho: “Carcereiros – O filme”, que estreia neste fim de semana. É um dos longas nacio- nais mais esperados deste fim de ano. A expectativa tem a ver com a tal da “inevitabilidade” apontada por seu roteirista: o projeto deriva de um dos seriados de maior sucesso de pública e crítica da TV aberta e do streaming no Brasil nesta década. Derivada dos escritos do Dr. Drauzio Varella sobre o universo dos presídios, a série celebrizou como herói o agente peni- tenciário Adriano (Rodrigo Lombardi), homem da lei íntegro e avesso à violência. Com ele, desenhado numa fina parceria com o cineasta José Eduardo Bel- monte, Marçal criou reputação como autor de televi- são tão boa (e bem-sucedida) quanto a que desfruta na literatura, confessadamente sua maior paixão. O escritor e jornalista, hoje com 61 anos, faz, nesta en- trevista, uma revisão crítica da educação pela pedra – a da Justiça – que teve em sua viagem pelo universo das casas de detenção. Por Rodrigo Fonseca Especial para o Correio da Manhã (AUTORAL) ENTREVISTA/ MARÇAL AQUINO, JORNALISTA E ESCRITOR Acredito que a literatura sempre acaba embebida pelas vivências criativas de um escritor em outras áreas, como é o caso da escrita para o audiovisual” para esse gênero de personagem. Adria- no funciona meio como um host, que nos leva pela mão (e pela consciência) a um passeio pelo inferno. O quanto o filme dialoga com a tradição do cinema social, de thrillers urbanos, que vão de “Lúcio Flávio” a “Tropa de elite”? Mais do que qualquer discurso, a preocupação inicial do time de rotei- ristas, que inclui o Fernando Bonassi, o Dennison Ramalho e o Marcelo Staro- binas, foi criar um filme de ação pura, cheio de adrenalina. Mas, considerando o âmbito onde se passa a trama, é inevitá- vel fomentar reflexões a partir de comen- tários e situações que aparecem no filme – a “Operação Lava-Jato”, por exemplo. De que maneira a “prosódia” da TV aberta, em séries como “Os Car- cereiros” oxigenam a sua literatura? O que a TV trouxe para sua relação com romances e contos? É formidável a experiência diária do roteiro: é um aprendizado perma- nente e uma possibilidade única de realizar certas coisas, para as quais só mesmo a TV tem capacidade e es- trutura. Pessoalmente, acredito que a literatura sempre acaba embebida pelas vivências criativas de um escri- tor em outras áreas, como é o caso da escrita para o audiovisual, seja cine- ma ou televisão. O que a sua literatura construiu, ao longo dos anos, de representação da violência, da vida privada e do imagi- nário de exclusão? Minha literatura fala de um uni- verso que conheci bem de perto nos tempos de repórter. Olhando para trás, acho que eu não poderia ter escolhido outro gênero de personagem preferen- cial que não essa gente que vive nas franjas da marginalidade, na exclusão e na indiferença do Estado. É gente des- cabida, e gente descabida sempre rende boas histórias. Que novos romances podemos espe- rar da sua autoria? Estou trabalhando, já faz um tem- po, num romance policial com impli- cações existenciais. Vai se chamar “Bai- xo esplendor” e espero publicá-lo no ano que vem. Em “Carcereiros”, Rodrigo Lombardi vive Adriano, um oásis de honestidade nas prisões

FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

Rio de Janeiro, de 29 de novembro a 05 de dezembro de 2019 - Nº 23.448

Elia Suleiman escancara feridas do Oriente Médio

com humor ácido

Página 5

Telas em nanquim de Paula Klien no Centro Cultural dos Correios

Flamengo comemora os dois títulos com

festão no Jockey Club

Página 9 NINA KAUFFMANN - Página 11

CORREIO DA MANHÃ: Que Brasil vocês descobriram no tráfego pelo universo dos agentes penitenciá-rios? O quanto Adriano sintetiza esse mundo atrás das grades?

MARÇAL AQUINO: Não tem como sair ileso de um mergulho des-se tipo – já são alguns anos imerso no universo carcerário, tanto o masculino quanto o feminino. É o circo de horrores que cada um de nós imagina no conforto de nossos lares. Estamos sempre apren-dendo algo sobre a natureza humana, que nos serve como cidadãos, em pri-meiro lugar, e depois como criadores. O Adriano foi nossa pretensão de voltar a um herói de bons princípios e ótimas intenções, que são sempre questionados nos confrontos inglórios de seu dia a dia. Andávamos meio cansados de focar em anti-heróis, que estão ficando cada vez mais convencionais, e os tempos não são

Fotos Divulgação

FOMES DELIBERDADE

Um dos mais respeitados e premiados autores da literatura contemporânea no país, Marçal Aquino fala da geopolítica de exclusão retratada em ‘Os Carcereiros’, roteiro com sua grife

Existe algo de premonitório na frase “Mais cedo ou mais tarde ia acontecer, era inevitá-vel”, escrita por Marçal Aquino num conto de um de seus primeiros sucessos literários,

“As fomes de setembro” (1991), quando se avalia seu mais recente trabalho: “Carcereiros – O filme”, que estreia neste fim de semana. É um dos longas nacio-nais mais esperados deste fim de ano. A expectativa

tem a ver com a tal da “inevitabilidade” apontada por seu roteirista: o projeto deriva de um dos seriados de maior sucesso de pública e crítica da TV aberta e do streaming no Brasil nesta década. Derivada dos escritos do Dr. Drauzio Varella sobre o universo dos presídios, a série celebrizou como herói o agente peni-tenciário Adriano (Rodrigo Lombardi), homem da lei íntegro e avesso à violência. Com ele, desenhado

numa fina parceria com o cineasta José Eduardo Bel-monte, Marçal criou reputação como autor de televi-são tão boa (e bem-sucedida) quanto a que desfruta na literatura, confessadamente sua maior paixão. O escritor e jornalista, hoje com 61 anos, faz, nesta en-trevista, uma revisão crítica da educação pela pedra – a da Justiça – que teve em sua viagem pelo universo das casas de detenção.

Por Rodrigo Fonseca Especial para o Correio da Manhã

(AUTORAL)

E N T R E V I S TA / M A R Ç A L A Q U I N O , J O R N A L I S T A E E S C R I T O R

Acredito que a literatura sempre acaba embebida pelas vivências criativas de um escritor em outras áreas, como é o caso da escrita para o audiovisual”

para esse gênero de personagem. Adria-no funciona meio como um host, que nos leva pela mão (e pela consciência) a um passeio pelo inferno.

O quanto o filme dialoga com a tradição do cinema social, de thrillers urbanos, que vão de “Lúcio Flávio” a “Tropa de elite”?

Mais do que qualquer discurso, a preocupação inicial do time de rotei-ristas, que inclui o Fernando Bonassi, o Dennison Ramalho e o Marcelo Staro-binas, foi criar um filme de ação pura, cheio de adrenalina. Mas, considerando o âmbito onde se passa a trama, é inevitá-vel fomentar reflexões a partir de comen-tários e situações que aparecem no filme – a “Operação Lava-Jato”, por exemplo.

De que maneira a “prosódia” da

TV aberta, em séries como “Os Car-

cereiros” oxigenam a sua literatura? O que a TV trouxe para sua relação com romances e contos?

É formidável a experiência diária do roteiro: é um aprendizado perma-nente e uma possibilidade única de realizar certas coisas, para as quais

só mesmo a TV tem capacidade e es-trutura. Pessoalmente, acredito que a literatura sempre acaba embebida pelas vivências criativas de um escri-tor em outras áreas, como é o caso da escrita para o audiovisual, seja cine-ma ou televisão.

O que a sua literatura construiu, ao longo dos anos, de representação da violência, da vida privada e do imagi-nário de exclusão?

Minha literatura fala de um uni-verso que conheci bem de perto nos tempos de repórter. Olhando para trás, acho que eu não poderia ter escolhido outro gênero de personagem preferen-cial que não essa gente que vive nas franjas da marginalidade, na exclusão e na indiferença do Estado. É gente des-cabida, e gente descabida sempre rende boas histórias.

Que novos romances podemos espe-rar da sua autoria?

Estou trabalhando, já faz um tem-po, num romance policial com impli-cações existenciais. Vai se chamar “Bai-xo esplendor” e espero publicá-lo no ano que vem.

Em “Carcereiros”, Rodrigo Lombardi vive Adriano, um oásis de honestidade nas prisões

Page 2: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

2 De 29 de novembro a 5 de dezembro de 20192.º CADERNO

Um das riquezas do livro são as 42 imagens como as desta página. 1. Quadro de Pedro Américo mostra a Repúbli-ca coroada com louros; 2. Deodoro da Fonseca na visão de Henrique Bernadelli (1892); 3. Frederico Antônio Seckel encarna a Repú-blica em quadro de 1898; 4. Outra alegoria sobre a proclamação

L I V R O S

Por Marcio Corrêa

O mercado editorial quase deixou passar em brancas nu-vens os 130 anos de proclama-ção da nossa humilde república. Mas tudo bem. “Dicionário da República – 51 textos críticos” (Companhia das Letras/ R$ 99,90) salvou a pátria. Com organização da Lilia Moritz Schwarcz e da Heloisa Murgel Starling, o livro de 582 páginas já se tornou referência no assun-to. Como tudo o que a Lilia es-creve, aliás. Taí um olhar atento.

Comecemos com ela. Mes-mo tratando de priscas eras, seu ensaio “Iconografia da repúbli-ca” parece estar comentando os dias atuais – impressão que apa-rece em vários textos do livrão. Eis o seu primeiro parágrafo:

“Novos regimes costumam construir suas próprias narrati-vas com o objetivo de justificar e naturalizar o que pode parecer improvisado, repentino e sem lastro. Por isso mesmo, mui-tas vezes se servem da história como fonte de legitimação e com frequência informam, dis-torcem ou destacam certos ele-mentos em detrimento do silên-cio de outros. É assim que dão um jeito de ir ao passado para fazer sentido no presente”.

Lembrei assim, fortemente, do que tem sido considerada uma apropriação da camisa ca-narinho da seleção brasileira pela extrema direita nas últimas eleições. Em vez de representar o único momento real em que todo o país se une, tornou-se uniforme de quem estava con-tra as esquerdas. Graças à pola-rização que tomou conta da dis-

Retratos valiosos da RepúblicaDicionário traz 51 ensaios sobre o projeto republicano brasileiro e aborda temas complexos como a corrupção

Fotos Reprodução

30 NOV

ALMIR SATER

29 NOV

ROLANDO BOLDRIN

8 DEZ

CONCERTO DE NATAL5 DEZ

JORGE VERCILLO

CONSULTE CLASSIFICAÇÃO DE CADA EVENTO. ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO Nº 0254/15 CR-00001/19 Nº495008 VALIDADE: 07/01/2020 CAPACIDADE MÁXIMA: 1.060 PESSOAS LIMITE DE PÚBLICO: 1.000 PESSOAS

+ Informações: teatrovillagemall.com.brBilheteria do Teatro VillageMallSegunda a sábado, das 13h às 21h. Domingos e feriados de 14h às 20h.

Barra da Tijuca - RJ Margaret Attwood ar-rasou quarteirões com “O conto da aia”, tão distópico que parece até a nossa vida real. Sai agora, pela Rocco (R$ 54,90), “Os testamen-tos”, que se passa 15 anos depois dos eventos do livro anterior. Para nossa indig-nação, o regime teocrático da República de Gilead continua no poder, mas já dá sinais de que nada é para sempre. Sucesso garantido.

Vaso ruim não quebraN A E S T A N T E

A polonesa Olga Tokarczuk acaba de ganhar o Nobel de Literatura. A jul-gar por “Sobre os ossos dos mortos” (R$ 59,90), recém--lançado aqui pela Todavia, o leitor brasileiro vai gostar dela. Um tanto macabro, cria o cenário ideal para um “suspense existencial”, discu-tindo questões contemporâ-neas como loucura, injustiça e direitos dos animais.

Uma Nobel entre nós

Como de costume, o Natal está chegando - e te-mos que pensar nas crianças. Nessa hora, bom mesmo é dar livros de presente. “Ali-ce no país das maravilhas” é sempre uma boa opção. A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a criançada até 5 anos de idade.

Alice, sempre Alice

puta eleitoral de 2018, parece que essa forma de “legitimação” de apenas um segmento da so-ciedade vai continuar valendo. Pelo menos até a próxima Copa do Mundo, claro.

Os ensaios do livro permitem que o leitor não só se informe sobre o que aconteceu com a mo-narquia aparentemente consoli-

dada, no século XIX, enquanto se encaminhava para a república, como o que aconteceu a partir de 15 de novembro de 1889. Um marco que, como se discute fre-quentemente, foi praticamente um golpe. A conferir.

Mas a história republicana vem de longe, claro. Dois en-saios são essenciais para enten-

der o começo de tudo: Celso Lafer, em “Justiça e governo nas leis do republicanismo”, e Maria Tereza Aina Sadek, com “Direi-tos: de indivíduos a cidadãos” - que nos leva a dois milênios antes de Cristo.

Não temos espaço aqui para comentar à altura a riqueza do livro. Mas não podemos deixar

de citar também o ensaio “Ví-cios da República”, do cientista político Fernando Filgueiras. Trata de um assunto-chave na democracia atual: a corrupção.

Além de mostrar que é um assunto filosófico delicado, dei-xa claro que, no contexto bra-sileiro atual, “a corrupção na democracia está proporcionan-

do a corrupção da democracia”. Vale muita reflexão.

A propósito, fica outra dica inteligente: “O pêndulo da de-mocracia”, de Leonardo Avrit-zer, (Todavia/R$ 69,90). Mos-tra como o país vive oscilando a plena democracia e a direita mais radical. Merece comentá-rio alentado, em breve.

Page 3: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

Frances Reynolds ofereceu na casa dela, no Jardim Botânico, um jantar para um grupo seleto de amigos, em homenagem ao artista Maxwell Alexandre, que inaugura a exposição “Pardo é Papel” no Museu de Arte do Rio.

Bárbara Dias Leite tem um das mais badaladas empresas de eventos de São Paulo. Há mais de dez anos trabalhando com festas, já produziu centenas de casa-mentos. Nenhum como o dela, quando formalizou sua união com Fábio Fagotti Ferreira. À bonita cerimônia religiosa

na Igreja de Nossa Senhora do Perpé-tuo Socorro – com original décor com flores brancas e muito verde – seguiu-se impecável e animadíssima recepção na Casa Petra, espaço do maior bom gosto. Coquetel e jantar – tudo delicioso e bem apresentado – foram obra do excelen-

te Buffet Zest. Babi estava linda com modelito criado por Lethicia Bronstein. Dispensou o buquê porque, original, entrou na igreja com o pai, Gustavo, e o filho, João Pedro. Nas mãos um terço do Ateliê Miguel Alcade. Foi uma noiva linda e, sobretudo, radiante e feliz.

Eduardo Barão e Pablo Fernandez lançam dia 9, em São Paulo, e dia 11, no Rio , o livro “Eu sou Ricar-do Boechat”, editora Panda Books, com cem histó-rias inéditas, divertidas e algumas até “vergonhosas” sobre Ricardo Boechat, apresentador da Band morto num desastre de helicóptero em 11 de feve-reiro passado. A família de Boechat aprovou e cedeu fotos para a obra, que tem prefácio da viúva, Veruska Seibel Boechat, um texto

da mãe de Ricardo, dona Mercedes, e depoimentos de dezenas de amigos.

Um grupo de amigos do ex-ministro da Cultura José Aparecido, tema do docu-mentário “O maior mineiro do mundo”, começou a se organizar para participar do lançamento do filme, em abril, no Festival de Cinema Itinerante da Língua Portu-guesa, em Lisboa.

Dirigido por Mário Lucio Brandão e Gustavo Brandão, o longa traz depoimentos de Fernanda Montenegro, Luis Carlos Barreto, Ziraldo e Chico Caruso, entre outros amigos do ex-embaixador, que começou a carreira como jornalista e foi secretário de imprensa de Jânio Quadros.

Eduardo Suplicy confir-mou presença no Festival de Cinema do Rio, dia 9, para a estreia do docu-mentário que o diretor Vitor Fiuza fez sobre ele, na época de sua campanha para vereador pelo PT

paulista, em 2016.O filme, “Quatro Dias com Eduardo”, mostra a campanha do ex-senador, que foi o mais votado - 301 mil votos - para a Câmara Municipal de São Paulo nas eleições de 2016.

Em parceria com o editor Mauro Lopes - que o visi-tou várias vezes na prisão e dirige o Canal Paz e Bem, no YouTube - Lula conclui mais um livro, elaborado

durante os 580 dias em que esteve em Curitiba. O título é “Histórias e Lutas do Povo Brasileiro”. O lançamento será depois do carnaval.

3De 29 de novembro a 5 de dezembro de 2019 2.º CADERNO

Homenagem

Casório da Babi e do Fabinho agita SampaAs histórias de Boechat

Em Portugal

Suplicy vira documentário

Lula & Mauro Lopes

Fotos Cristina Granato

Evangelina Seiler, Fabio Szwarcwald e Sonia Racy

Paulo Henrique Cardoso, Sandra Bondarovsky e Paulo Sérgio Duarte

Isabel Diégues e Emílio Kallil

Marcia Muller, Frances Reynolds e Simone Cadinelli

Diogo Pires Gonçalves e Marisa Monte

Mamundi e Anitta Boa VidaMaxwell Alexandre e Frances Reynolds Leilane Neubarth, Vanessa Cardoso e Nani Rubin

Cabelo, Vanda Klabin e Paulo Bertazzi

[email protected]

[email protected] com Luiz Claudio de Almeida

ANNA RAMALHO

Fotos Lan Rodrigues e Anna Ramalho

Babi dá selinho no filho João Pedro

Maria Fernanda Martins Costae sua filha Vivi Lugo

O pai da noiva, Gustavo, com os filhosLucas e Pedro Dias Leite

A mãe e o irmão da noiva: Deysee Pedro Dias Leite

Nancy Dias Leite, cunhada da Babi

Cacá Dias Leite, também cunhada da BabiAnna Ramalho com Nancy e Pedro Dias Leite

Carlos Eduardo Correa Pintoe Maria Fernanda Martins Costa

Babi e Fabinho na hora do sim

Page 4: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

4 De 29 de novembro a 5 de dezembro de 20192.º CADERNO

CORREIO CULTURALIVE RIBEIRO

Brasileiros levam Emmy Internacional

Dois Irmãos

Tack Festival

Planeta Atlântida

Curtas

Os maiores monstros do cinema

Febre Baby Yoda

Inclusão na Barra

Lulu Santos

Com o filme “Especial de Natal”, produzido pela Netflix, o Porta dos Fun-dos venceu a categoria “Comédia”, na 47ª edição do evento que elege as melhores produções de fora dos Estados Unidos. Outro nacional vencedor na cerimônia foi a série “Hack the City”, exibida em quatro episódios e feita pela Fox Lab e Yourmama

O aguardado filme que retrata o duelo entre os maiores gigantes das te-lonas foi adiado para no-vembro do ano que vem. “Godzilla vs. Kong”, an-tes previsto para estreiar em março de 2020, ainda não teve nenhum trailer

n “Ragnarok”, nova série norueguesa da Netflix, ganhou seu pri-meiro teaser. A previsão de estreia é no dia 31 de janeiro com seis episó-dios. A produção conta a história dos habitantes de Edda, uma pequena cidade do país nórdico, que está passando por estranhas mudanças.

n Outra novidade no mundo do streaming é

O filme “Dois Irmãos - Uma Jornada Fantásti-ca”, produção da Disney Pixar, teve seu novo trai-ler divulgado. A anima-ção estreia nos cinemas brasileiros em março de 2020. A trama dirigida por Dan Scanlon mistura comédia e emoção.

O Parque Lage recebe dia 30 o festival gratuito de inovação, tecnologia e criatividade. O evento, que acontece das 9h às 20h, foi idealizado para desenhar novos rumos para questões que impac-tam e ajudam moldar uma nova cultura e forma de pensar e agir.

Evento de música, que acontece nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro de 2020, divulgou a lista de artistas que se apresenta-rão na 25ª edição. Nomes como Anitta, Kevinho, Alok, Iza, Dennis DJ, Luan Santana e Gustavo Lima fazem parte do grupo. O festival acontece na praia Atlântida, em Xangri-Lá, no Rio Grande do Sul.

Fãs ou não de “Star Wars” já viram o persona-gem em algum meme ou gif nas redes sociais. Mas a Dysney até tentou travar a circulação de imagens do personagem, o que, obviamente, não adiantou nada. O personagem que-ridinho terá uma série de produtos lançados para o Natal.

A Arena Carioca 2 do Parque Olímpico recebe, entre os dias 6 e 8 de no-vembro, o “Sesc – Cidade da Inclusão”. O evento contará com exposições de reabilitação e tecnolo-gias que auxiliam deficien-tes, além dos concursos de Miss Cadeirante e Miss & Mister Down.

O mestre da MPB es-treia dia 29 de novembro a turnê “Pra Sempre”, no palco do Espaço Hall, que fica na Av. Ayrton Senna, 5850. A venda online ocorre somente pelo endereço www.in-gressorapido.com.br. Os portões abrem às 23h.Lulu Santos sabe tudo.

para o canal National Ge-ographic. A série conquis-tou a categoria “Melhor Série de Curta Duração”. Já a Globo, que possui 17 estatuetas, disputou em três categorias, mas não levou nenhum troféu. Des-taque para a atriz Marjorie Estiano, que concorreu ao prêmio de “Melhor Atriz”, pelo papel na série “Sob Pressão”.

divulgado. O longa terá direção de Adam Wingard e nomes como Alexander Skargard, Millie Bobby Brown, Rebecca Hall e Brian Tyree Henry. Apesar da expectativa, “Godzilla: Rei dos Monstros” foi um fracasso de bilheteria.

a série espanhola “Na-tal em 3 por 4”, que chega ao Netflix no dia 6 de dezembro. O trai-ler divulgado mostra um drama familiar entre irmãs. O elenco conta com Victoria Abril, Ele-na Anaya, Carles Ar-quimbau e Mar Ayala.

n Já na Amazon Prime, a série “Hunters” terá Al Pacino na produção que vai ao ar em 2020.

Divulgação/Instagram

Premiação aconteceu em Nova York, na última segunda-feira (25)

C I N E M A

Tocando o terror no RioFestival traz para o Rio dez dias com o melhor do cinema de horror mundial

Divulgação

Cena angustiante de ‘Chimera’, do diretor Maurice Heems, um dos destaques do festival, que traz 53 filmes de 12 países

Uma volta ao tempo dos festivais

Os grandes sucessos da era dos festivais serão lembrados em espetáculo no próximo dia 6, às 20h, no Teatro Rival. Com dire-ção musical do compositor Edu Krieger, a mostra leva ao palco a cantora Nina Wirtti. Os arranjos são de

Marcelo Caldi. No rotei-ro, destacam-se sucessos como “Arrastão” (Edu Lobo e Vinícius de Moraes), “A banda” (Chico Buarque), “Disparada” (Geraldo Van-dré e Theo de Barros), e “Ponteio” (Edu Lobo e Ca-pinam), entre outros.

Por Pedro Sobreiro

O Rock Horror in Rio Film Festival traz para o Rio de Janei-ro dez dias de um festival que reúne o melhor do cinema de terror, fantasia e ficção do Bra-sil e do mundo, apresentações musicais e muita diversão. O festival traz 53 filmes de 12 paí-ses dos gêneros terror, suspense, fantasia, sci-fi e animação.

O evento acontece nos cine-mas CineStar da Casa da Cul-tura Laura Alvim, em Ipane-ma, na Cinemateca do MAM – Museu de Arte Moderna no Flamengo, e no Reserva Cultu-ral em Niterói, de 29 de novem-bro a 8 de dezembro.

E tem conteúdo para todo tipo de fã de terror. Do mais assustado ao mais corajoso,

dos que gostam de filmes até os mais apressadinhos. Por isso, se-rão cinco categorias: Longas Si-nistros, Médias Bizarros, Brasil Assombrado, Curtas Macabros e Pílulas de Medo.

Alguns destaques desse ano são os longas “Ambition”, suspense dirigido por Bob Shaye, produtor de “O Más-cara”, “Tartarugas Ninjas” e “O Senhor dos Anéis”; “Chi-mera”, dos Emirados Árabes, do diretor Maurice Haeems, estrelando Heny Ian Cusick (“Lost” e “The 100”) e a indi-cada ao Oscar Kathleen Quin-lan (“Apolo 13”).

O espanhol “Rocambola” - dirigido por Juanra Fernández, protagonizado por Juan Diego Botto (“Esquadrão Suicida 2”) e Jan Cornett (“A Pele em Que

Habito”) - e o suspense britâni-co “Beneath the Trees”, dirigido por Marco de Luca e estrelado por Sarah Bradnum, terão exi-bições especiais com a presença dos diretores para apresentar e conversar com o público sobre seus respectivos filmes.

A seleção extremamente va-riada de curtas traz desde relei-turas de monstros clássicos de terror como lobisomens, vam-piros, múmias e bruxas, com os espanhóis “Lobisomem” e “Amancio, El Vampiro del Pue-blo”, e os americanos “Night Crawl” e “The Devil’s Fire”.

Também serão exibidos sus-penses com abordagens mais modernas como “Marta”, “Wi-cken”, “I am Full”, “Look Twice” e “The Assassin’s Apprentice”.

Entre os brasileiros, as ani-

mações trazem um pouco de colorido e um suspiro de alívio em meio ao horror incessan-te com os curtas “11010” e “A Thousand Kisses”. “É você, Al-bano?” e “A Caixa” trazem um toque de suspense mais intimis-ta à seleção brasileira, enquan-to a fantasia e o distópico pre-dominam em “A Ressurreição de Lázaro” e “O Outro Lado”. Em o “Vale da Lua: O Mito de Anhangá”, a mistura da fantasia com o folclore traz suspense e belas imagens.

Além dos filmes, o festival conta com eventos especiais, como mesas redondas, happy hour, encontros de fãs, passeio temático e muita música nas rock nights. A programação completa está disponível no aplicativo do festival.

@THEATROBANGU

ACESSE NOSSASREDES SOCIAIS

RUA SIQUEIRA CAMPOS, 143, 2º PISO.ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO Nº 2013/241811

VALIDADE: DEFINITIVO AVCB Nº CA-02419/13 CAPACIDADE MÁXIMA: 623 LUGARES

SHOW | SEG 21HSHOW | QUI 21H

02 DE DEZEMBROSHOW | QUA E QUI 21H04 E 05 DE DEZEMBRO

SHOW | TER 21H 10 DE DEZEMBRO 12 DE DEZEMBRO

MÍDIA OFICIAL: HOTEL OFICIAL: REALIZAÇÃO:PATROCÍNIO:

D I G I T A L

RÁDIO OFICIAL:APOIO:

MUSICAL | SEX 20H SÁB E DOM 19HCURTA TEMPORADA

Page 5: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

5De 29 de novembro a 5 de dezembro de 2019 2.º CADERNO

Palestina em flashes de humor Maior diretor de seu país, Elia Suleiman escancara as veias abertas do Oriente MédioPor Rodrigo Fonseca

Especial para o Correio da Manhã

Ímã de polêmicas cada vez que filma, com hiatos longos, beeeem longos, mas compen-sados por um humor ferino, Elia Suleiman, mais conhecido dos cineastas da Palestina, tem um compromisso com a África a partir desta sexta-feira: o di-retor de 59 anos vai exibir seu novo filme, “O Paraíso deve ser aqui”, na 18ª edição do Festival de Marrakech (29 de novembro a 7 de dezembro), onde vai falar sobre cinema e geopolítica.

Recheado de produções co-tadas para o Oscar 2020, como “O irlandês”, de Martin Scorse-se, e “História de um casamen-to”, de Noah Baumbach, o even-to marroquino é encarado como a atração de encerramento do ciclo anual das grandes mostras competitivas da indústria do au-diovisual, contando com um re-alizadores de prestígio.

Este ano, o pernambucano Kleber Mendonça Filho, dire-tor de “Bacurau”, integra o júri e a realizadora carioca Maya Da-Rin representa o Brasil na competição com “A Febre”. Su-leiman entra numa programa-ção hors-concours, na qual é en-carado como um dos atrativos mais disputados da seleção de 2019. Os motivos? O primeiro: seu mais recente trabalho foi ganhador de duas láureas em Cannes: uma menção honrosa e o Prêmio da Crítica, votado pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfico. O segundo: a participação do cineasta é uma deixa para Mar-rakech inflamar uma discussão sobre intolerâncias políticas.

Fotos Divulgação

Fotos Divulgação

Divulgação

Guida (Julia Stockler) e Eurídice (Carol Duarte): machismo estrutural

C I N E M A

Por João Victor Ferreira

Rio de Janeiro. Anos 1940.Uma família tradicional portu-guesa. Nela, duas irmãs sofrem o drama de serem separadas pelos encalços da vida. A tra-ma é inteira costurada em cima de cartas não correspondidas, entre Eurídice (Carol Duarte), uma jovem introvertida com um talento musical nato, e Guida ( Julia Stockler), de per-sonalidade forte e extrovertida. O novo longa de Karim Aïnouz (“Madame Satã”), se utiliza da escola clássica do melodrama romântico urbano, ao adaptar o romance homônimo da escrito-ra Martha Batalha, no cenário tropical do Rio de Janeiro do início do século XX.

O filme funciona muito bem dentro do gênero clássico

Vitaminado pelo sucesso da edição de 2018, quando homenageou Robert De Niro e Agnès Varda (1928-2019), Marrakech hoje se candidata ao posto de principal festival de cinema da África – e um dos maiores do mundo.

Em seu cardápio de nú-mero 19, começando nesta sexta, a seleção competitiva de longas-metragens terá a atriz Tilda Swinton como presidenta de seus jurados. Seu júri contará com o dire-tor Kleber Mendonça Filho e com as diretoras Rebecca Zlotowski (francesa) e An-drea Arnold (inglesa); a atriz franco-italiana Chiara Mas-troianni; o ator sueco Mikael Persbrandt; o escritor e di-retor afegão Atiq Rahimi; o realizador australiano David Michôd; e o cineasta marro-quino Ali Essafi.

Em competição estão: “Dente de leite” (“Babyteeth”, Austrália), de Shannon Mur-phy; “Bombay Rose” (Índia), de Gitanjali Rao; “A febre”

T E L O N A

- Se você partir de uma pers-pectiva de que a vida é um cir-cuito de perdas, constante, vai notar que o exercício mais corri-queiro da mídia é procurar guer-ras... ou gerá-las - disse Suleiman ao CORREIO DA MANHÃ. - A cidade de Nazaré, onde nas-ci, não é mais a mesma. Assim como mudou o discurso que a mídia faz da minha terra natal. Mas há ainda uma representação caricata da minha pátria, que se

atém aos conflitos bélicos que nos formaram e que nos cercam. Saí do pelo mundo para ir além dessa caricatura, desse reducio-nismo, procurando a Palestina que é sentimento e não uma na-ção geográfica física.

No roteiro de “It must be heaven” (título original de “O paraíso deve ser aqui”), o artista por trás de cults das telas como “Crônica de um desapareci-mento” (1996) vive a si mesmo,

numa mistura engraçada de ficção, documentário e ensaio poético. Nela, Suleiman narra o périplo do realizador por di-ferentes cantos do planeta, num autoexílio. A cada pouso, ele tenta entender o que significa ser palestino, com o ônus e o bônus de uma afirmação territorial.

- O protagonismo nos meus filmes não é dado a personagens e sim ao meio, ao ambiente que eu retrato. Eu vivo em diferen-

tes países, fazendo palestras ou filmando cenas do dia a dia. Vivo da pena: dos roteiros que escrevo. E eles são escritos com base naquilo que eu observo - diz o diretor. - Não sou um leitor de romances, de litera-tura de ficção, mas leio ensaios filosóficos com muita avidez, sobretudo os filósofos alemães. E o testemunho que faço da realidade é mediado por essas leituras e pela necessidade de

decantar os elementos culturais palestinos que carrego comigo.

OBSERVAR VIVÊNCIASDepois de “Intervenção di-

vina” (2002), considerado por muitos a sua obra-prima, Sulei-man só filmou mais um longa – “O que resta do tempo”, há dez anos - e dois curtas. Por que ele ficou tanto tempo sem filmar? Por um exercício de observação das vivências e das incongruên-cias à sua volta.

- Estava ocupado vivendo. Eu não sou um diretor de filmes comerciais, o que tira dos meus ombros a responsabilidade de produzir sob um cronograma apertado. Não sinto essa passa-gem do tempo por não ter uma urgência em me expressar. Nesses dez anos sem longas, eu dei aulas, rodei um curta, corri o mundo e dissociei a relação entre tempo e dinheiro, prestando atenção no mundo - diz o cineasta. - Eu não filmo para entreter. Filmo quan-do sinto que há algo de necessá-rio para dizer.

Entre cada tirada irônica de “O paraíso deve ser aqui”, há hiatos de contemplação, silenciosos, que pintam um re-trato de perplexidade diante do conceito de exílio e da ins-titucionalização da exclusão. É a forma de Suleiman encontrar (e afirmar) o papel político do silêncio no seu cinema.

- Silêncio é aquilo que te ensina a ouvir. É o espaço po-ético de falsa passividade em que a aparente inércia abre es-paço para reflexão. É no silên-cio, em meio a balizas de riso, que o público se lembra da rea-lidade e sente o alarmismo que o real gera.

Festival marroquino sempre bem vitaminado

(Brasil), de Maya Da-Rin; “Last visit” (Arábia Saudita), de Abdulmohsen Aldhabaan; “Lynn + Lucy” (Reino Unido), de Fyzal Boulifa; “Mamonga” (Sérvia, Bósnia Herzegovina, Montenegro), de Stefan Ma-lesevic; “Mickey and the Bear” (EUA), de Annabelle Attana-sio; “Mosaic Portrait” (China), de Zhai Yixiang; “Nafi’s fa-ther” (Senegal), de Mamadou Dia; “Scattered night” (Coreia

do Sul), de Lee Joh-young; “Sole” (Itália, Polônia), de Car-lo Sironi); “Tlamess” (Tuní-sia), de Ala Eddine Slim; “The unknown saint” (Marrocos), de Alaa Eddine Aljem; e “Tan-tas almas” (Colômbia, Brasil), de Nicolás Rincón Gille.

Estrelas como Marion Cotillard, Naomi Watts e Harvey Keitel vão passar pelo evento, que tem na celebra-ção da memória de Robert

Redford seu principal chama-riz: o ator e diretor de 83 anos vai ganhar uma homenagem por sua trajetória artística. Uma das principais atrações vai ser a exibição da animação chinesa “Nº 7 Cherry Lane”, que deu ao cineasta Yonfan o prêmio de melhor roteiro em Veneza. O longa constrói um panorama da China da Re-volução Cultural a partir de uma história de amor.

Um mundo de barreiras C R Í T I C A F I L M E / A V I D A I N V I S Í V E L

a que se propõe, mas ainda as-sim com as particularidades de uma direção brasileira. A me-táfora pétrea aqui são as barrei-ras. Barreiras sociais, barreiras familiares, barreiras religiosas, barreiras institucionais.

A direção de Karim con-segue explorar de diferentes formas o machismo estrutural

cristalizado em uma socieda-de tradicional dos anos 1940 e 1950. O interessante aqui é a sutileza do roteiro e da direção, que não apela em nenhum mo-mento para recursos gráficos ou mais contundentes para alcan-çar o ponto que deseja.

O problema do machismo aqui já é mais enraizado e não

tão aparente, no ponto que os personagens masculinos, a bu-rocracia governamental e os va-lores familiares-religiosos a que essa família se submete, podam cada vez mais os sonhos e as ações de Eurídice e Guida.

A barreira mais aparente é a separação física das irmãs que tanto se amam. A dire-ção consegue alimentar a di-nâmica entre as personagens tão bem, fazendo uma espécie de Thelma e Louise tropical. Você entende a relação das ir-mãs e a falta que a separação causa na vida de ambas.

“A Vida Invisível” é um excelente drama social e uma história sensível, muito bem interpretada e dirigida que faz por merecer o espaço que concorre no Oscar.

Nota 9

O jovem casal Ashleigh (Elle Fanning) e Gat-sby (Timothée Chalamet) pla-neja uma viagem romântica para a cidade de Nova York. Lá, eles conhecem e encon-tram novas pessoas que os colocam em caminhos dife-

Depois do aniversário de 85 anos, o escri-tor renomado Harlan Throm-bey (Cristopher Plummer) é en-contrado morto na sua casa. Cabe ao dete-tive do caso Benoit Blanc (Daniel Craig) interrogar os suspeitos do crime numa

Um dia de chuva em Nova York

Entre facas e segredos

Premiado em mostras em Locarno, Biarritz e Pingyao, ‘A febre’ representa o Brasil em Marrakech

trama cheia de reviravoltas, no maior estilo do jogo de tabuleiro “Clue”. Entrete-nimento garantido.

rentes, no mais novo melo-drama cômico nova-iorqui-no do consagrado Woddy Allen.

O preconceito contra o Oriente Médio é explorado com ironia ácida em “O paraíso deve ser aqui”

Page 6: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

6 De 29 de novembro a 5 de dezembro de 20192.º CADERNO

Por César Ferreira

O Centro Cultural Ban-co do Brasil (CCBB) recebe até 14 de dezembro o projeto Guimbaustrilho - O Rio sobre Trilhos. Trata-se de uma série de shows inspirados no livro “Guimbaustrilho e outros mis-térios suburbanos”, escrito pelo compositor carioca Nei Lopes, que dividirá o palco com os can-tores Marquinhos de Oswaldo Cruz, Ana Costa e Zé Katimba.

Carioca de Irajá, Nei Lo-pes formou-se de Direito pela antiga Universidade do Brasil (atual UFRJ). Recém-forma-do, abandonou a advocacia para dedicar-se ao samba. Além de escritor e poeta, firmou-se como uma das grandes autori-dades da cultura afro-brasilei-ra. Teve vários de seus poemas publicados no CORREIO DA MANHÃ e outras publicações como “Tribuna da Imprensa”, “Jornal do Commercio” e “Re-vista Civilização Brasileira”.

PIONEIRISMOA partir de 1972, seus sam-

bas em parceria com Wilson Moreira (1936 - 2018) passa-ram a ser gravados por grandes intérpretes. A dupla está ente os pioneiros do pagode de fundo de quintal.

Como todo sambista que se preza, Nei é um grande conta-dor de histórias. Seu livro pro-põe aos leitores uma viagem de trem da Central do Brasil à Zona Oeste e Baixada Flumi-

Por meio da deliciosa pro-sa de Nei Lopes, é possível co-nhecer a história do subúrbio carioca repleta de personagens

nense retratando rodas de sam-ba, blocos de rua, feiras, mafuás, bailes, botequins, malandros, sambistas e outras bossas.

regionais, ocupações e trans-formações urbanas, além de um registro das culturas locais.

“Em roda de botequim, o cara que é formado ou que ganha di-nheiro sem fazer muito esforço físico é sempre visto com admira-ção”, conta o autor no livro, descre-vendo a atmosfera dos botecos.

LIVRO DE CABECEIRAA produtora Ana Luísa

Lima foi quem teve a ideia de transpor para o palco essa es-sência da alma carioca.

- Há alguns anos “Guim-baustrilho” é um dos meus livros de cabeceira. Estou muito feliz em poder trazê-lo para os palcos e com a presença do seu autor, um dos nossos arquivos falantes mais importantes da história e do samba carioca - destaca.

O espetáculo tem direção musical de Luís Filipe de Lima e direção cênica de André Paes Leme. Os músicos Claudio Bri-to, Edu Neves, Luís Filipe de Lima, Marcio Wanderley, Pau-lino Dias e Thiaguinho da Ser-rinha acompanham Nei Lopes e seus convidados.

A cada rodada do projeto, Nei nos conduz a uma viagem por um ramal diferente dos trens da Central. A primeira composição tem como destino Santa Cruz. Os ramais Sara-curuna e Belford Roxo/Para-cambi completam o roteiro. O público passeia por bairros diferentes. A cenografia, com-posta por projeções, apresenta referências ao subúrbio.

Divulgação

Nei Lopes reúne convidados para cantar e contar casos suburbanos

Sérgio Britto, Branco Mello e Belotto formam o chamado trio de ferro

M Ú S I C A P L AY L I S T

Solu

ção

© Revistas COQUETEL www.coquetel.com.br

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3).

Depois de lançar CD e DVD da primeira ópera rock brasileira, “Doze flores amare-las”, e enquanto organizam a turnê da ópera, os incansáveis Titãs seguem na estrada com o show “Elétrico”.

Como se fosse pouco, en-contram tempo para realizar tardiamente o desejo de fãs que exigem, desde 2017, uma come-moração pelos 20 anos do clás-sico “Titãs Acústico MTV”. O show chega ao Rio no próximo dia 7, no Vivo Rio.

O trio Branco Mello, Ser-gio Britto e Tony Bellotto ar-maram-se de violões, piano, guitarra acústica e contrabaixo para reviver no palco as versões memoráveis do premiado ál-bum de 1997, que vendeu mais de dois milhões de cópias.

Um dos grupos mais po-pulares do final dos anos 70, A Cor do Som chega aos 40 anos com ares renovados e canções inéditas. A banda que começou acompanhado Moraes Moreira até ganhar vida própria apre-senta-se no próximo dia 5 no Teatro Rival.

As novas canções fazem par-te do CD “A Cor do Som”, que mantém a formação original da banda - Armandinho (guitarra e voz), Dadi (baixo e voz), Mú

Carvalho (teclado e voz), Gus-tavo Schroeter (bateria) e Ary Dias (percussão) - acrescida de músicos da nova geração como Luiz Lopes (guitarra e vocal) e Pedro Dias (baixo e vocal), da banda Filhos da Judith.

No show de lançamento do CD, o grupo apresentará novas canções como “Alvo cer-to” (André Carvalho e Dadi) e “Somos da cor” (Armandinho e Maria Vasco), além de relei-turas de seus maiores sucessos,

como “Abri a porta” (Gilberto Gil e Dominguinhos), “Alto astral” (Mú Carvalho, Dadi e Evandro Mesquita), “Zanzi-bar” (Armandinho e Fausto Nilo) e “Swingue menina” (Mú Carvalho e Morais Moreira).

O novo disco conta com as participações especiais de de pesos pesados da MPB como Gilberto Gil, Roupa Nova, Sa-muel Rosa, Lulu Santos, Dja-van, Moska, Flávio Venturini e Natiruts. (C. F.)

Titãs levam sucesos do ‘Acústico’ em formato trio

A Cor do Som (e do tempo)

Show dedicado ao álbum de 1997 chega ao Vivo Rio

Novo álbum celebra os 40 anos de carreira do grupo

O show ainda contará com as participações especiais de Mário Fabre e Beto Lee.

Entre os tantos clássicos, o trio de ferro titã conta

histórias e troca ideias com o público, aproveitando o clima intimista do show, coisa rara em sua longa car-reira. (C. F.)

O paraibano Chico Cé-sar encontra-se num dos momentos mais criativos da carreira. Em “O amor é um ato revolucionário” (independente), o cantor e compositor apresenta um caldeirão sonoro que mes-cla rock, pop, reggae e rit-mos latinos com tempero nordestino.

As letras se alternam do lírico à canção de protesto sem deixar de lado uma divertida crônica de costu-mes como nas faixas “Like”

Você já deve tê-lo visto (e ouvido) no programa “Adnight”, exibido pela Rede Globo entre 2016 e 2017, ou como integrante da banda de Marcelo D2. O que poucos sabem é do talento deste pianista carioca, talvez o melhor do Brasil em sua geração, como solista e composi-tor. Deficiente visual, Luiz Otávio começou a arriscar as primeiras notas num instrumento de brinque-do e hoje é um dos mú-

O cantor Luiz Henrique tem fascínio por sambas antigos, o que o levou a aventurar-se num caminho sem volta: a pesquisa musi-cal. “Sambas que o tempo levou” nos apresenta can-ções pouco conhecidas de bambas como Noel Rosa, Sinhô e Custódio Mesqui-ta até as desconhecidas de autores que só mais ferre-nho conhecedor da música brasileira dos anos 1920 e 1930 pode gabar-se de

e “History”. Na faixa-títu-lo, a mensagem é exercer o amor até as últimas con-sequências para estancar o ódio e a intolerância. O poeta está vivo.

sicos mais requisitados da cena jazzística do Rio. “Casa de amigos” (inde-pendente) é seu primeiro álbum e reúne nove temas instrumentais próprios.

conhecer como Henrique Volgler, J. Aimberê e Edu-ardo Souto. Trabalhos com esta proposta são mais do que bem vindos.

Poética afiada

Talento de autodidata

Mergulho no tempo

Memórias de um bamba nos trilhosEspetáculo no CCBB recria atmosfera de livro com casos de Nei Lopes

Divulgação

SERVIÇO

GUIMBAUSTRILHO - O RIO SOBRE TRILHOS29 e 30/11 - Nei Lopes e Marquinhos de Oswaldo Cruz, às 19h 6 e 7/12 - Nei Lopes e Zé Katimba, às 19h13 e 14/12 – Nei Lopes e Ana Costa, às 19h– Teatro I do CCBB (Rua Primeiro de Março, 66 – Centro)Ingressos: R$ 30 e R$ 15

Page 7: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

7De 29 de novembro a 5 de dezembro de 2019 2.º CADERNO

O Rio que acontece

LILIANA RODRIGUEZCom Jacyra Lucas

[email protected]

Fotos Vera Donato

Fotos Sanny Soares

Fotos Marco Rodriguez

Zuenir Ventura, Luiz Fernando Verissimo e Arthur Dapieve

Elza Soares, Zeca Camargo e Flávia Oliveira

Ana Botafogo e a mãe

Paula Cleophas, Fernanda Basto e Suely

Heckel Verry, Suely e Ricardo

Lala Guimaraes e Léo AraujoPaula Cleophas e Fernanda Basto Ricardo Bruno

Ana Botafogo, Léo Jaime, Carlinhos de Jesus e as bailarinas caracterizadas

Arnaldo Antunes, Jorge Mautner e Peninha

Jessica Alves

Monja Cohen

Bel KutnerMaite Piragipe

Jesse Andarilho

Fábio Judice

n Em Copacabana, o cerimonialista e antiquá-rio Ricardo Stambowisky recebeu, com Suely, para o já tradicional Coquetel de Natal. Deco-ração linda, tradicional...

Dezembro chegou! E com ele, a espectativa do Natal, claro. A movimentação é intensa nos quatro cantos do Rio. Em Ipa-nema, a querida Ana Botafogo montou um espetáculo para receber suas clientes na nova loja em sociedade com Lu Fer-nandes. Decoração mágica, assinada pelo cenógrafo Mark Ramos. E rolou um papinho bom de-mais! Lili: Ana, meu amor, me fala so-bre este momento...Ana: A gente está inaugurando a decoração de Natal da loja Ana Botafogo Maison.Lili: Tem quanto tempo a loja?Ana: Vai fazer um ano, mas a garotada de balé vem muito fo-tografar. Elas gostam muito de estar aqui e a gente decidiu então fazer o Quebra-Nozes, uma vez que esse ano não vai ter Quebra--Nozes no Theatro Muncipal.

Resolvemos fazer um encanta-mento de Quebra-Nozes para que as alunas, as bailarinas pos-sam vir.Lili: O que você chama de En-cantamento de Quebra-Nozes?Ana: Encantamento é toda a historinha do Quebra-Nozes, é todo este sonho que é a casa da Clara numa noite de Natal. De-pois com a fada, com a rainha das Neves e a Fada Açucarada juntamente com a Clara. Trou-xemos os personagens também para poder dar este clima de Na-tal e de Quebra-Nozes. Então é um momento lúdico, e a gente quer também que as crianças possam vir confraternizar e tam-bém contar a história do Que-bra-Nozes. Lili: O que vocês quer de Papai Noel? Ana: Saúde e família toda bem juntinha, porque sempre é bom a gente comemorar em família.

n A terceira edição da LER - salão carioca do livro, lacrou! Bombou! Nem a concentração da torcida do Flamengo, que acompanhou e lotou a passagem do time no último domin-go pela Avenida Presidente Vargas, na frente da Biblioteca Parque, desanimou público e organizadores. Elza Soares, Zeca Camargo, Zuenir Ventura e Luiz Fernando Verissimo, foram alguns dos autores, superecléticos. No total, mais de 120 mil pessoas, entre educadores, alunos, formadores de opinião, atores, curadores, aproveitaram a programação, que aconteceu tam-bém no Campo de Santana.

Page 8: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

8 De 29 de novembro a 5 de dezembro de 20192.º CADERNO

Cenas do espetáculo ‘Entre cinzas, ossos e elefantes’: contemporânea possibilidade de se misturar códigos, expressões e alçar voos

C R Í T I C A T E AT R O / E N T R E C I N Z A S , O S S O S E E L E F A N T E S

Por Cláudia Chaves

A iluminação delicada, como pequenos enxames de vagalumes, recebe o público em meio a corpos/esculturas, insta-lações que incorporam árvores e plantas, com o céu, nesse dia estrelado, funcionando como pano de boca. O trabalho de Renato Rocha, na Casa da Gló-ria, chama-se “Entre cinzas, os-sos e elefantes”, é a contemporâ-nea possibilidade de se misturar códigos, expressões e alçar no-vos voos. Troca-se a lógica de imediato. Ir a um ambiente de performance é atuar, mudar, caminhar, mexer. Espectadores são esperados, aguardados e acolhidos. Não se abrem cor-tinas. Quem entra é quem vê. Não quem vai ser visto.

A primeira opção foi criar dois grupos, duas entradas para ficar evidenciado que é um livre itinerário, no qual o espectador exerce seu tempo, suas esco-lhas, suas paradas. Percorrer é passar entre, com um único li-mite que é o desejo, ainda que momentâneo. Mas as pulsões do humano possuem o mesmo desfecho. Como dois cortejos que se encontram, depois as ações se concentram no pátio da piscina, o desenho se aclara, uma bela metáfora da vida: as cinzas da morte são o destino de todos nós.

Estamos em um momento raro no qual a plateia é objeto e agente. Todos registram o que presenciam. Mas não vimos sel-fie algum. Filmes, fotos só do que se está vendo. Somos par-tícipes, mas não somos o pro-tagonista. Renato, como um mago com a varinha de condão,

Tendo o céu por testemunhaFotos Paula Djahjah/Divulgação

A Casa de Cultura Lau-ra Alvim, em Ipanema, rece-be até 22 de dezembro o es-petáculo infantil “Vira, Vira Volta”, de Renata Mizrahi e direção Marcos França. A peça gira em torno dos

irmãos Marina e Gael, que precisam dar apoio um ao outro depois da separação dos pais. Eles aprendem, entre outras coisas, que o amor pode ajudar a superar os momentos mais difíceis.

Infantil ‘Vira, Vira Volta’

N A R I B A LT A

A Companhia franco--brasileira “Dos à Deux” de-sembarca no Rio e fica até o dia 22 de dezembro no Tea-tro Caixa Nelson Rodrigues para apresentar os espetácu-los “Aux pieds de la Lettre”,

que narra a imersão de An-dré e Artur em um hospi-tal psiquiátrico parisiense; e “Irmãos de Sangue”, uma história que se desenvolve na convivência de uma mãe com seus três filhos.

‘Dos à Deux’ no Rio

praticamente derrama um pó para que o encantamento se dê pelo jeito que se nota cada am-biente, o corpo de cada ator.

Na verdade, as pessoas são transformadas em cavaletes, pe-destais, molduras, com os objetos, panos, chapéus se transformam em instalações. Metamorfoses ambulantes cuja ressignificação pelos contrastes criados.

Sapatos velhos, coisas es-quisitas, meio que destruídas, abandonadas, o que restou, so-bras jogadas em um canto, cor-das desfiadas, destruição, caos. E eis que surgem taças equili-bradas, na perfeita assimetria, contas com que se brinca, é lindo, é simples. Um momento minimalista que nos dá o belo, no sentido clássico, que se opõe

a um grotesco, ao exagero do que faz parte do consumo do dia a dia. Os ossos que perma-necem como vestígio da vida.

E depois de um tempo de liberdade, de escolhas, os par-ticipantes começam a ser con-duzidos ao grande pátio onde, pela primeira vez, teremos os ossos do teatro tradicional. Os atores, sentados nas janelas, co-

meçam a dizer palavras, frases que falam de mortos, assassina-dos, locais de guerra, conflitos. Ao mesmo tempo que a trilha sonora começa a variar, mistu-rar música, sons, textos. A ca-cofonia do cenário, dos corpos, começa a reverberar e a chamar atenção para pequenas coisas.

E aí Renato, um metteur--en-scene, um maestro, começa

a criar mágica em um enorme happening. A piscina, muitíssi-mo bem utilizada como palco/cenário, com boias/instalação, vira mais um ambiente. Os per-formers pegam cordas e envol-vem a plateia que dança ao som de músicas mixadas. Embalam-se lentamente tudo junto e mistura-do. Torna-se evidente a concre-tização das metáforas. Elefantes não esquecem. A arte tem que construir os seus não-esqueça. E o que não se esquece: o prazer de desfrutar, compartilhar com o ar-tista a sua construção.

O que se vê é fruto do tra-balho de Renato Rocha e dos integrantes do O Núcleo de Artes Integradas, núcleo de pesquisas continuadas criado com o intuito de desenvolver plataformas multidisciplinares e multiculturais. É da força da pesquisa ousada, sem se preo-cupar com substantivos e nem adjetivos, que o resultado é o que há de mais contemporâneo, É teatro? Artes plásticas? Só se sente a imersão literal cujo final é com quem pode se jogando na piscina. Com o efeito que tudo que é artístico deve fazer. Se jo-gar no ar antes de mergulhar. E de “Entre cinzas, ossos e elefan-tes”, nos dá vontade de ficar na piscina para sempre.

SERVIÇO

ENTRE CINZAS, OSSOS E ELEFANTESCasa da Glória (Ladeira da Glória, 98, Glória)Até 3/12Domingos, segundas e terças, às 20h.Ingresso: R$ 40 e R$ 20

Renato Mangolin/Divulgação

Marcos França/Divulgação

Page 9: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

9De 29 de novembro a 5 de dezembro de 2019 2.º CADERNO

A R T E S P L Á S T I C A S

Por Affonso Nunes

Em 2016 a artista plástica e fotógrafa Paula Klien fez uma residência artística na escola de artes visuais Kunstgut, em Berlim. Ela se lembra de haver produzido pouco nesse perío-do, mas imprimiu um caminho para seus trabalhos seguintes. Uma estrada pavimentada pela densidade e fluidez do nan-quin. A exposição “Fluvius”, em cartaz de 3 de dezembro até 26 de janeiro no Centro Cultural dos Correios, reúne mais de 50 trabalhos recentes e inéditos da artista cuja produção se carac-teriza pela utilização incomum dessa tinta.

“Fluvius” exibe um conjun-to das novas pesquisas de Paula Klien ao lado de obras anterio-res. São pinturas, digigrafias e um vídeo performance da artista pintando telas e papéis dentro de um rio. Além disso, a exposição apresenta duas exu-berantes raízes que, segundo a artista, servem para proteger o rio das erosões e segurar a terra, evitando que o rio seja soterra-do, deixando a água fluir.

- Simbioticamente unidas, águas e raízes refletem bem esse momento do trabalho de Paula Klien, instável, sutil e delicado, mas também denso, intenso e pro-fundo. São as águas mansas de um rio turbulento – comenta Denise Mattar, curadora da exposição.

Há expressividade nesse mergulho da artista em seu mundo interior. As pinturas mantém a espontaneidade do gesto que as criou, produzindo uma interessante variação mo-nocromática.

- Mais do que a presença material da tinta, o que está em curso é a intimidade imersiva da artista revelando a verdade universal da relação de cada homem consigo mesmo, do eu confrontado com a luta entre a constância e a impermanência, e a transcendência metafísica necessária para absorver o axio-ma irrefutável do continuum do universo, do planeta, do ser humano, e o contraste com a complexa vida que construímos baseados na ilusão da perma-nência – analisa Denise Mattar.

Classificado originalmente como expressionismo abstrato, numa trilha aberta por artistas como Hans Hartung ou Sou-lages, a obra recente de Paula Klien aproxima-se mais próxi-mo dos chineses Gao Xingjian, ou Zeng Chongbin. Exatamen-te por atingir essa mesma essên-cia, que hoje fascina o Ocidente, seu trabalho teve imediata acei-tação na Europa, desdobran-do-se num intenso período de exposições. Não por acaso foi a única artista brasileira con-vidada a participar da mostra “Pincel oriental”, realizada no passado no Correios.

Desde 2017, Paula Klien vem realizando exposições no exterior. Entre elas, na Aqua-bitArt Gallery, no Deustsche Bank e na Positions Art Fair, em Berlim; e Solo Booth, or-ganizado pela Saatchi Art Gal-lery, em Londres. No Brasil participou, expôs na ArtRio e realizou a individual “Extremos Líquidos”, na Laura Alvim.

Águas mansas em rio turbulentoExposição

‘Fluvius’ reúne

mais de 50

trabalhos de

Paula Klien,

entre pinturas,

digigrafias e

instalações

Divulgação

Obras de Paula Klien: ‘Mais do

que a presença material da tinta, o que

está em curso é a intimidade

imersiva da artista’, diz a curadora

Denise Mattar

SERVIÇO

FLUVIUS EXPOSIÇÃOCentro Cultural dos Correios (Rua Visconde de Itaboraí 20 – Centro) De 3/12 a 26/1 Terça a domingo, das 12h às 19hEntrada franca

Page 10: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

10 De 29 de novembro a 5 de dezembro de 20192.º CADERNO

Heroína da sororidadeJá nas livrarias, a HQ ‘A Filha da Mãe’ põe no radar a luta contra o sexismo e o feminicídioPor Rodrigo Fonseca

Especial para o Correio da Manhã

Fortalecido por um rol recém-chegado de vigilantes como Pérola, o Santo e o Dou-trinador, o quadrinho brasilei-ro ganha um reforço, de tons sociológicos e de urgência hu-manista, que põe o combate ao feminicídio no foco da ficção: a enfermeira Cleo, protagonis-ta da graphic novel “A Filha da Mãe”. Lançado esta semana pela editora Itmix, o álbum es-crito pela jornalista e escritora Tinda Costa, com projeto grá-fico e ilustrações de Alexandre Magalhães, assume o sexismo como seu principal vilão. Com prefácio assinado pela psicana-lista e doutora em Comunica-ção Claudia Domingues, o gibi narra a luta de Cleo para ajudar mulheres que, como ela, foram vítimas da violência doméstica.

Não se trata de uma jus-ticeira mascarada ou de uma Princesa das Amazonas (como a Mulher-Maravilha da DC) e sim de uma feminista atuante, que defende a causa da sorori-dade. Suas armas? O poder de persuasão e a defesa enfática da igualdade política, social e eco-nômica de gêneros.

BRUTALIDADE - O movimento feminista

trouxe muitos avanços, mas muito ainda precisa ser feito, principal-mente aqui no Brasil, onde as mu-lheres só conseguiram o direito do voto em 1932. E até 1962, quan-do foi aprovado o novo Código Civil, as mulheres brasileiras pre-cisavam da autorização do marido, do pai ou responsável para viajar, receber herança, trabalhar fora de casa etc - diz Tinda. - A minha

Fotos e imagens de divulgação

O lendário Frank Miller volta à CCXP para painéis com os fãs

Q U A D R I N H O S

ficção é um retrato do Brasil no que diz respeito à forma como a mulher ainda é tratada aqui. Infe-lizmente, representa essa triste re-alidade brasileira. Nosso país está em quinto lugar entre os que mais matam mulheres. Os números são aterradores: 13 mulheres são assassinadas no Brasil por hora, segundo o último “Atlas da Vio-lência” elaborado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplica-das.

A gênese do projeto vem do desabafo de uma amiga da au-tora, que contou à roteirista ter sido agredida várias vezes por um ex-namorado, em um relaciona-mento abusivo que deixou marcas profundas. Dali, Tinda passou a

pesquisar o assunto e, impressio-nada com os índices vergonhosos de brutalidade contra a mulher registrados no Brasil, teve a ideia de criar a figura de Cleo, ilustrada

por Alexandre. O ilustrador tem uma carreira de prestígio na TV e no cinema, tendo feito storyboard para filmes como “O Homem do Futuro” (2011).

- Infelizmente, como o dia a dia já fornece muito material sobre o feminicídio e a violên-cia doméstica, procurei um meio termo para a narrativa

fluir - diz Alexandre. - Fizemos a escolha de tons monocromá-ticos para as ilustrações fazendo associação ao cenário/clima de cena com o real à nossa volta”.

Os números no Brasil são aterradores: 13 mulheres são mortas a cada hora no país’

Tinda Costa

Infelizmente, o nosso dia a dia já fornece muito material sobre feminicídio’Alexandre Magalhães

Por Pedro Sobreiro

Chegando à sexta edição em terras paulistas, a Comic Con Experience já se consoli-dou como o maior evento geek do mundo em termos de espa-ço - são 115 mil m² para receber mais de 250 mil pessoas ao lon-go dos quatro dias.

Quando o assunto é conteú-do, a Comic Con de San Diego ainda é a maior, até pela proxi-midade dos artistas convidados, que, em sua grande maioria, vi-vem nos Estados Unidos. Mas não é exagero nenhum dizer que essa superioridade ameri-cana está com os dias contados.

Grandes nomes da cultura pop aterrisam no BrasilCCXP19 vai reunir astros de cinema, elenco de séries e muitos quadrinistas em São Paulo

A cada nova edição, a quan-tidade de atrações vindo de fora aumenta. Este ano, atores como Ryan Reynolds (Deadpool), Gal Gadot (Mulher Maravi-lha), Margot Robbie (a Arle-quina de Esquadrão Suicida), Dafne Keen (X-23 dos filmes do Wolverine) e o trio princi-pal de Star Wars (Daisy Ridley, John Boyega e Oscar Isaac)marcarão presença nos painéis para comentar seus futuros projetos. Além, claro, de uma trinca pesadíssima dos diretores J.J. Abrams (Star Wars), Patty Jenkins (Mulher Maravilha) e Michael Bay (Transformers).

Mas, fazendo justiça às ori-

gens das convenções de quadri-nho, as principais atrações são do mundo da sétima arte.

Responsável por uma mu-dança fundamental no estilo do Batman, Frank Miller, autor da icônica “Cavaleiro das Trevas”, vem mais uma vez para a feira e deve arrastar multidões de fãs. Assim como o brasileiro Mike Deodato, um dos ilustradores de HQs mais conceituados do mundo, que vem para seu país para falar sobre suas histórias da vida.

O quadrinho nacional tam-bém marca presença com mais de mil autores e ilustradores na Artists’ Alley, uma sessão da fei-

ra dedicada exclusivamente aos autores iniciantes e mais expe-rientes, dando a oportunidade para os fãs debaterem, conver-sarem e comprarem produtos.

É uma verdadeira celebra-ção ao estilo de vida geek, que precisa ser conferida por qual-quer um que seja apaixonado por entretenimento.

Divulgação

SERVIÇO

CCXP 19: 5 a 8 de dezembro, no São Paulo Expo (Rodovia dos Imigrantes, 1, Parque do Estado, São Paulo)Os ingressos estão esgotados

Page 11: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

11De 29 de novembro a 5 de dezembro de 2019 2.º CADERNO

A sede carioca da Galeria Nara Roesler, em Ipanema, recebeu quarta-feira, dia 20, o preview da exposição ‘Patamar’, do artista francês JR, que contou com a presença do cantor americano Pharrell Williams

O time do Flamengo

festejou seus dois títulos

no espaço EXC no

Jockey Club, com lista

by Carol Sampaio

e Michael Diamant

Exposição do artista francês JR na Galeria Nara Roesler

Festa do time do Flamengo no Jockey

NINA [email protected]

Fotos Paulo de Deus

Gabigol

Felipe Luis e Patricia Kasmirski

Marcelo Serrado e RobertaBruno Henrique e Reinier Jesus

Everton Ribeiro e Marilia NeryRodnei, Reinier Jesus e Gabigol

Luisa, Rodolfo, Angela e Flavio Landim

Bruna e Diego Ribas

Rafinha e Fernanda

Simone Bastos, Ludmilla Gomes de Mattose Andrea Portinari

Marcos Braz e Ana Paula Barbosa

Fotos Bruno Ryfer

Gustavo Pandolfo e Otavio PandolfoCarol Koeller e Cadinho Brautigam Nara Roesler

Bia Rique Joana Nolasco Rodrigo Rique e Reinaldo RiqueNana Paranaguá e Yasmim Paranaguá

Felipe Veloso Gabriela Novaes e Ana Paula RochaPharrel Williams e JR Tuca Marmo e Nina SoltoulClaudia Melli

Page 12: FOMES DE LIBERDADE...A Darkside acaba de lançar esta bela edição (R$ 49,90) da história bem doidinha da menina e do coelho. O bom, aqui, é que se trata de uma edição para a

12 De 29 de novembro a 5 de dezembro de 20192.º CADERNO

Massa se faz em casaChef italiano Fabio Lauri comanda o Saporito, um pedacinho da Lombardia no FlamengoPor Affonso Nunes

Para muitos a culinária italiana não passa de pequenas variações em pratos à base de massa, mas o conceito de sua cozinha é, na verdade, a soma das tradições cul-turais das várias regiões deste país em que as condições climáticas são determinantes nos próprios hábi-tos alimentares. Enquanto no sul de clima mediterrâneo prevalecem frutos do mar, vegetais e o azeite, no frio norte reinam as carnes, os ensopados, os queijos e manteigas...

Localizado no coração do Fla-mengo, o Saporito é um pedaci-nho da Lombardia. O menu assi-nado pelo chef italiano Fabio Lauri baseia-se nos conceitos da “cuisine du terroir” e na “slow food”.

FABRICAÇÃO PRÓPRIAEm italiano, Saporito signifi-

ca saboroso, e a proposta de Lauri é a de oferecer experiências que possam ir além do que nos chega à mesa. No segundo andar de um típico casarão do fim do século XIX, onde funcionou o antigo Alho e Óleo, são confeccionados diariamente os pães e massas da casa, utilizando farinhas trazidas direta-mente da Itália.

- Nossa massa fresca leva 30 ovos para cada quilo de farinha - revela Lauri, que fez questão de decorar o salão principal do res-taurantes com objetos de estima pessoal, deixando o espaço mais convidativo a longas refeições re-gadas a vinho e pessoas queridas.

Campeãs das entradas, as tra-dicionais bruschettas representam um verdadeiro abre-alas do menu. Dentre os pratos principais, cons-tam risotos, massas artesanais e recheadas, que acompanham as diversas opções de carnes, peixes e frutos do mar.

Para sobremesa, o tradicional Tiramisù, Salame di Cioccolato

Juliana Ventura/Folhapress

É preciso prestar atenção durante o cozimento da massa

G A S T R O N O M I A

T Á N A M E S A

(criação exclusiva do chef ) e Torta de maçã com sorvete, estão entre as favoritas dos clientes.

Com preços justos, o cardá-pio contempla também opções para veganos, vegetarianos e o público infantil. De segunda a sexta, a cantina oferece almoço executivo com entrada, principal e bebida não alcoólica por R$35. Para o jantar, além do cardápio normal, Lauri prepara pizzas com massa fresca.

Para os apreciadores de vinho, a adega do Saporito conta com ró-tulos importados de vinhos tintos

e brancos, espumantes e rosés, ser-vidos em garrafas ou taças.

Nascido em Pavia, na Lobar-dia, Fabio Lauri chegou ao Brasil há seis anos já com o propósito in-vestir em gastronomia. Antes de fixar-se na Rua Buarque de Mace-do, o Saporito ficava na Barra.

- Minha primeira visita ao Brasil foi em 2004. É uma cozinha muito rica, e a moqueca de peixe conquistou meu coração - conta o chef, que teve como mentor o chef Vittorio Casarine, de quem herdou a paixão pela cozinha tra-dional da Lombardia.

SERVIÇO

SAPORITO CANTINA ITALIANA Rua Buarque de Macedo, 13 - FlamengoAlmoço: De segunda a sexta - das 12h às 16h/Sábado e domingo - das 12h às 17hJantar: De terça a sexta - das 18h30 às 22h30/Sábado - das 18h30 às 23h30Informações: (21) 3576-4501 Capacidade:  63 lugaresCartões de créditos: aceita todos

Fotos Divulgação

A massa fresca, de fabricação própria, é um dos pontos altos do Saporito, casa que o chef Fabio Lauri abriu em 2013 na Barra e agora está no Flamengo

NHOQUE AO RAGU DE CARNE (R$ 32) molho de carne cozida é típico da culinária do norte da Itália e popularizou-se no Brasil graças à imigração

MAR E MONTI (R$ 47) talharim com massa de espinafre, camarões e tomates confit e crouton na melhor tradição da cozinha mediterrânea

MASSA AO POMODORO (R$ 30) o macarrão veio da China e o tomate da América, mas foram os italianos que criaram esta combinação mágica

Por Folhapress

Esta receita não pode ser considerada uma receita tradi-cional de pão naan, ícone in-diano, mas certamente é seme-lhante e saborosa. Este tipo de pão achatado é ancestral, assado em fornos do tipo tandoor. Essa particularidade do método de cozimento faz com que a missão de preparar um naan em casa seja praticamente impossível.

A preparação desse pão tipo naan tem seus truques, sendo três deles bem importantes. Primeiro, respeite o tempo de descanso da massa. É dessa maneira que ela fi-cará elástica o suficiente para que seja possível levar a cabo o truque

número dois, que diz respeito ao processo de abertura da massa. Não é necessário usar um rolo de cozinha, tudo é feito a mão. Com a massa elástica, é possível esti-cá-la bem, até quase ficar trans-lúcida em alguns pontos. Isso é importante para que o pão não fique embatumado e tenha sabor e textura leves.

É preciso prestar atenção ao cozimento. Deixar a frigideira por muito tempo em fogo alto vai fazer com que os pães come-cem a queimar por fora antes de assar. Por outro lado, se estiver fria, o naan não ficará crocante. Assim, preste atenção na rapi-dez com que seu pão está dou-rando e controle a chama.

O pãozinho alternativo ao naanAprenda a preparar o pão achatado indiano, que pode ser feito na frigideira e é perfeito como antepasto

Criado em Recife, o Cama-rada Camarão espalhou-se por Salvador, Fortaleza, Aracaju e Rio de Janeiro, onde já possui duas filiais. Como o nome já antecipa, a casa tem o delicio-so crustáceo em seus aperitivos e saladas principais, tais como o Grelhado Balsâmico (foto), com tomate seco, manjericão e

molho balsâmico. O restaurante funciona de

segunda a quinta, das 11h30 às 23h; sexta e sábado, das 11h30 às 0h; domingo, das 11h30 às 22h; e feriados (sob consulta). Endereço: Avenida das Américas, 7777 - 3º piso, Barra da Tijuca (Rio Design Center). Tel: (21) 3325-9882.

Um dos pratos mais tradi-cionais da culinária portugue-sa ganha vez mais dentro do Aerotown da Barra da Tijuca. Com o intuito de trazer as tra-dições da terra que colonizou o Brasil, a Tasca do Marquês chega pelas mãos de Rui To-maz, português legítimo da

Terrinha, que trouxe para o Rio suas experiências:

- A ideia é justamente po-der trazer para os brasileiros como funciona um restaurante de estilo tasca em Portugal.

O Bacalhau do Chef é uma das opções mais saborosas do cardápio, assim como os doces.

Camarão mais que amigo

Sabores da ‘terrinha’

INGREDIENTES4 xícaras (chá) de farinha de

trigo, 1/4 xícara (chá) de água, 1 colher (chá) de fermento bio-lógico seco, 1/2 colher (chá) de fermento químico, 1 colher (sopa) de sal, 2 colheres (chá) de açúcar, 170 g de iogurte natural, A mesma medida (170 g) de leitee 1 colher (sopa) de azeite. Rendimento: 10 porções

MODO DE FAZER1 - Em uma tigela, misture a água e o fermento biológico2 - Acrescente os outros ingre-dientes e misture até incorpo-rar bem3 - Transfira a massa para uma superfície enfarinhada e traba-

lhe até que fique macia e solte das mãos4 - Coloque em uma tigela untada com azeite, cubra com plástico-filme e deixe descansar por duas horas5 - Divida a massa em dez pe-daços iguais. Disponha em uma superfície, faça bolinhas e cubra com um pano. Deixe descansar por mais 1h156 - Aqueça uma frigideira de ferro no fogão e abra uma bo-linha por vez com as mãos, até obter um formato oval7 - Coloque na frigideira quen-te e deixe cerca de dois minutos de cada lado8 - Tire e sirva morno. Se qui-ser, pincele azeite.

Fotos Divulgação