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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING ´ A PROGRAMA DE P ´ OS-GRADUAC ¸ ˜ AO EM MATEM ´ ATICA PRISCILA FRIEDEMANN CARDOSO Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers´ ıveis Equivariantes MARING ´ A 2017

Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA

PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM MATEMATICA

PRISCILA FRIEDEMANN CARDOSO

Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos

Reversıveis Equivariantes

MARINGA

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA

PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM MATEMATICA

PRISCILA FRIEDEMANN CARDOSO

ORIENTADORA: PROFª. DRª. PATRICIA HERNANDES BAPTISTELLI

Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos

Reversıveis Equivariantes

Dissertacao apresentada ao programa de Pos-

graduacao em Matematica do Departamento de Ma-

tematica - PMA/UEM, como requisito parcial para

obtencao do tıtulo de Mestre em Matematica.

MARINGA

2017

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Biblioteca Setorial BSE-DMA-UEM, Maringá, PR, Brasil)

Cardoso, Priscila Friedemann

C268f Formas normais de sistemas hamiltonianos

reversíveis equivariantes / Priscila Friedemann

Cardoso. -- Maringá, 2017.

vi, 119 f. : il.

Orientador: Profª. Drª. Patrícia Hernandes

Baptistelli.

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de

Maringá, Centro de Ciências Exatas, Programa de Pós-

Graduação em Matemática - Área de Concentração:

Geometria e Topologia, 2017.

Inclui índice.

1. Formas normais 2. Campos Hamiltonianos. 3.

Simetria. 4. Antissimetria. 5. Normal forms. 6.

Hamiltonian fields. 7. Symmetry. 8. Reversing

symmetry. I. Baptistelli, Patrícia Hermandes,

orient. II. Universidade Estadual de Maringá. Centro

de Ciências Exatas. Programa de Pós-Graduação em

Matemática - Área de Concentração: Geometria e

Topologia. III. Título.

CDD 22.ed. 515.353

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Ao meu amado esposo

Jean Carlos Cardoso

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AGRADECIMENTOS

Inicio agradecendo aquele que escolhi para ser meu parceiro na vida Jean Carlos.

Obrigada por sua paciencia, carinho, encorajamento e incentivo, demonstrados nao apenas

em palavras mas tambem em atitudes.

Agradeco aos meus pais que, mesmo de longe, choraram, sorriram e sonharam junto

comigo. Ao meu irmao e amigo incondicional Daniel.

Aos meus amigos Juliana e Anderson que se fizeram famılia durante este tempo em

Maringa. Obrigada pelas conversas, jantas, pipocas e pelos momentos de estudo. Incluo

neste paragrafo os queridos amigos Guilherme Desoler, Jessica e Monica que se fizeram

especiais principalmente neste ultimo ano de mestrado. Agradeco a famılia do meu esposo,

que se tornou minha tambem, por todo o apoio nessa caminhada.

Apesar de todo incentivo e suporte que recebi de familiares e amigos, este trabalho

jamais seria concluido sem a orientacao da professora Patrıcia. Obrigada por aceitar esse

desafio, pela paciencia e, principalmente, por sua compreensao. Sei que colocou o melhor

de si neste ano de trabalho e lhe admiro por isso.

Agradeco tambem ao CNPq pelo apoio financeiro, fundamental para a conclusao desta

dissertacao.

Por fim, agradeco a Deus pelo que Ele e e pelo que me deu. Obrigada por me ensinar

com amor que sem Ti eu nada sou. Que atraves da Matematica eu veja, cada vez mais,

a Sua beleza refletida na beleza da Sua criacao.

ii

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RESUMO

O objetivo principal deste trabalho e determinar formas normais formais de campos

de vetores Hamiltonianos reversıveis equivariantes segundo a acao de um grupo de Lie

compacto. Para isso, apresentamos um metodo algebrico derivado do metodo classico

dado por Belitskii [5, 6] e Elphick et al. [13] que reduz este problema ao calculo dos ge-

radores para o modulo das aplicacoes que sao reversıveis equivariantes segundo a acao de

um grupo de Lie. Neste processo, utilizamos ferramentas da teoria invariante de grupos e

seguimos a abordagem dada em [3]. Finalizamos este trabalho com a aplicacao do metodo

em alguns exemplos especıficos de campos Hamiltonianos Z2-reversıveis-equivariantes

e D4−reversıveis-equivariantes com parte linear semissimples e campos Hamiltonianos

Zφ2 × Zψ2 -reversıveis-equivariantes com parte linear nao semissimples, onde φ e ψ sao in-

volucoes que agem como antissimetrias.

Palavras-chave: Formas normais, campos Hamiltonianos, simetrias, antissimetrias.

iii

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ABSTRACT

The main objective of this work is to determine formal normal forms of reversible-

equivariant Hamiltonian vector fields under the action of a compact Lie group. For this,

we present an algebric method derived from the classic method given by Belitskii [5, 6]

and Elphick et al. [13], which reduces this problem to computing the generators for the

module of reversible equivariants by the action of a Lie group. In this process, we use

tools from the invariant theory of groups and follow the approach given in [3]. We finish

this work by applying the method in some specific examples of Z2-reversible-equivariant

and D4−reversible-equivariant Hamiltonian vector fields with semisimple linearization and

Zφ2 × Zψ2 -reversible-equivariant Hamiltonian vector fields with non-semisimple lineariza-

tion, where φ e ψ are involutions acting as reversing symmetries.

Keywords: Normal forms, Hamiltonian fields, symmetries, reversing symmetries.

iv

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SUMARIO

Introducao 1

1 Sistemas Hamiltonianos 4

1.1 Algebra Linear Simpletica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.2 Sistemas Dinamicos e Campos Hamiltonianos . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2 Teoria Invariante de Grupos de Lie 14

2.1 Representacao de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.1.1 Grupos de Lie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.1.2 Acoes e Representacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.1.3 Integral de Haar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.2 Funcoes Invariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.3 Aplicacoes Equivariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3 Teoria Reversıvel Equivariante e Formas Normais 37

3.1 Simetrias e Antissimetrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.2 Calculo de Geradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3.2.1 Operadores de Reynolds . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3.2.2 Calculo dos Geradores Reversıveis Equivariantes . . . . . . . . . . . 44

3.3 Teoria Invariante para o Produto Semidireto . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

v

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3.4 Teoria de Formas Normais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

3.4.1 Forma Normal de Belitskii . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

3.4.2 O Metodo de Elphick et al. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

3.5 Formas Normais Reversıveis Equivariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

4 Campos Hamiltonianos Reversıveis Equivariantes 85

4.1 Formais normais Z2-reversıveis-equivariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

4.1.1 Caso generico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

4.1.2 Caso 1:1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

4.1.3 Caso p : q . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

4.2 Forma normal D4−reversıvel-equivariante para o caso generico. . . . . . . . 97

4.3 Forma normal Zφ2 × Zψ2−reversıvel-equivariante . . . . . . . . . . . . . . . . 101

4.4 Observacoes Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

Referencias Bibliograficas 113

Indice de Notacoes 116

Indice Remissivo 118

vi

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“A matematica nao e uma caminhada cuida-

dosa atraves de uma estrada bem conhecida,

e uma jornada por uma terra selvagem e es-

tranha, onde os exploradores frequentemente

se perdem. A exatidao deve ser um sinal aos

historiadores de que os mapas ja foram fei-

tos e os exploradores se foram para outras

terras.”

(W. S. Anglin)

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INTRODUCAO

A nocao convencional de antissimetria (ou reversibilidade) esta relacionada a ob-

servacoes de fenomenos fısicos. Considere, por exemplo, o movimento de um pendulo

no estado ideal (sem atrito ou qualquer outro tipo de perda de energia). Se filmarmos

este movimento e o assistirmos sera impossıvel distinguir quando o vıdeo esta na posicao

convencional ou quando esta invertido, sendo que a unica diferenca entre as imagens e a

posicao inicial e final do pendulo. Esse exemplo foi dado por Lamb em [18] para ilustrar a

dinamica de um sistema reversıvel pelo tempo, ou seja, um sistema que pode voltar para

uma condicao identica a que possuıa inicialmente. Sistemas reversıveis estao presentes,

mesmo que idealmente, na mecanica classica (como a situacao proposta anteriormente),

na termodinamica e na mecanica quantica (veja [18]).

Quando um sistema possui mais de uma antissimetria ele e chamado de sistema re-

versıvel equivariante. Neste caso, a composicao de um numero ımpar de antissimetrias

e uma antissimetria, enquanto que a composicao de um numero par e o que chamamos

de simetria. A diferenca entre simetrias e antissimetrias, do ponto de vista da dinamica,

e que simetrias mapeiam trajetorias sobre outras trajetorias preservando a direcao com

o passar do tempo, enquanto que antissimetrias revertem a direcao das trajetorias com

relacao ao tempo. Alem disso, o conjunto de todas as simetrias e antissimetrias de um

sistema formam um grupo Γ com a propriedade de que o conjunto de todas as simetrias

e um subgrupo normal de ındice 2 de Γ.

1

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Historicamente, o interesse em sistemas reversıveis tem aparecido no contexto dos

sistemas Hamiltonianos, primeiramente porque muitos sistemas reversıveis sao Hamilto-

nianos e vice-versa. Em mecanica classica, um sistema Hamiltoniano e um sistema fısico

no qual todas as forcas sao conservativas (nao modificam a energia mecanica do sistema).

Na matematica, um sistema Hamiltoniano e um sistema de equacoes diferenciais obtido

atraves das equacoes de Hamilton. Sistemas Hamiltonianos e reversıveis possuem carac-

terısticas dinamicas importantes em comum, como por exemplo o Teorema do Centro de

Lyapunov e o Teorema da Catastrofe mostrados por Devaney em 1976. Infelizmente, a

relacao entre reversibilidade e Hamiltoniedade e bastante obscura, no sentido de ainda

nao sabermos quais propriedades sao exclusivamente de sistemas reversıveis e quais sao

de sistemas Hamiltonianos.

O foco deste trabalho esta em sistemas Hamiltonianos reversıveis equivariantes, ou

seja, em presenca simultanea de simetrias e antissimetrias, e daremos um tratamento

puramente matematico sem nos preocuparmos com as aplicacoes fısicas do nosso estudo.

Na maioria das vezes, nao e possıvel encontrar solucoes exatas para os sistemas

dinamicos em geral. Por isso, a teoria de formas normais tem sido usada como uma

ferramenta para o estudo qualitativo do comportamento local dos campos de vetores. O

estudo tem sido desenvolvido ha anos por diversos autores, sendo os principais desen-

volvedores e precursores Poincare [25], Birkhoff [7] e Belitskii [5, 6]. O metodo classico

consiste em realizar mudancas de coordenadas no sistema em torno de um ponto singular

a fim de obter um campo de vetores formalmente conjugado ao original e que e mais

conveniente aos propositos da pesquisa. Uma das dificuldades no calculo da forma normal

e a resolucao de uma equacao diferencial parcial associada, o que faz com que a forma

normal seja truncada em um baixo grau. Por isso, Elphick et al. [13] propuseram um

metodo algebrico que dispensa esse calculo, mas leva em consideracao um conjunto S de

simetrias do sistema.

No contexto reversıvel equivariante, muitos autores tem usado a teoria de formas nor-

mais em situacoes distintas para estudar equilıbrio relativo, solucoes periodicas relativas

e famılias de orbitas periodicas (veja por exemplo [10, 11, 16, 17, 21, 24]). Em geral,

a forma normal e calculada sem levar em consideracao as condicoes de simetria e antis-

2

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simetria, que sao impostas a forma normal apenas no final do processo. Baseados no

metodo de Elphick et al, Baptistelli et al. desenvolveram em [3] um metodo alternativo

para a obtencao de formas normais reversıveis equivariantes que leva em consideracao as

propriedades simetricas do sistema desde o inıcio do processo. E esta abordagem que nos

seguimos neste trabalho.

O texto esta organizado da seguinte maneira. No Capıtulo 1 fazemos uma sucinta

apresentacao de sistemas dinamicos Hamiltonianos. Para isso, tambem compilamos alguns

conceitos de algebra linear simpletica. No Capıtulo 2 apresentamos os principais topicos

das teorias invariante e equivariante de grupos de Lie. O Capıtulo 3 e destinado a teoria de

formas normais de sistemas reversıveis equivariantes. Nas secoes 3.1 a 3.3 nos dedicamos

a teoria reversıvel equivariante e alguns de seus resultados, com destaque ao Algoritmo

3.2.8, que apresenta uma forma de calcular geradores do modulo das aplicacoes polinomiais

reversıveis equivariantes sobre o anel dos polinomios invariantes. Nas duas ultimas secoes

deste capıtulo apresentamos a teoria de formas normais e o principal resultado deste

trabalho, o Teorema 3.5.8. Por fim, no Capıtulo 4, nos aplicamos o Algoritmo 3.2.8 e o

Teorema 3.5.8 para calcular formas normais de alguns sistemas Hamiltonianos reversıveis

equivariantes pela acao de tres grupos de Lie compactos distintos.

3

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CAPITULO 1

SISTEMAS HAMILTONIANOS

Os sistemas Hamiltonianos formam uma subclasse dos sistemas dinamicos conservati-

vos e, apesar dessa restricao, a formulacao hamiltoniana constitui uma base para diversos

metodos matematicos utilizados na matematica e na fısica. Tal formalismo encontra varias

aplicacoes importantes, nao somente na mecanica classica, mas tambem em eletromagne-

tismo, e e o ponto de partida da mecanica quantica e da mecanica estatıstica.

A teoria de sistemas Hamiltonianos teve inıcio apos a formulacao da mecanica classica

segundo Hamilton. Lagrange ja havia libertado a mecanica classica Newtoniana da

exigencia de um sistema de coordenadas inercial e Hamilton adaptou essa ideia passando

a usar um espaco 2n−dimensional. Iniciou-se entao o desenvolvimento do formalismo ma-

tematico necessario para dar suporte a teoria fısica, fazendo nascer a geometria simpletica,

hoje trabalhada independente de motivacoes fısicas.

Comecaremos apresentando os conceitos basicos da algebra linear simpletica necessarios

para o formalismo de sistemas Hamiltonianos que sera apresentado na Secao 1.2. Nossas

principais referencias neste capıtulo sao [19], [23] e [27].

4

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1.1 Algebra Linear Simpletica

Nessa secao, vamos estudar espacos vetoriais que possuem uma estrutura especial

dada por uma forma bilinear simpletica, os chamados espacos vetoriais simpleticos. Tais

espacos fazem parte de um contexto introdutorio no estudo da geometria simpletica como

uma ferramenta de suporte na investigacao de campos Hamiltonianos. Para o que segue,

V e um espaco vetorial m−dimensional sobre R e ω : V × V → R e uma forma bilinear

sobre V . Lembremos que ω e antissimetrica se ω(u, v) = −ω(v, u), para todo u, v ∈ V.

O proximo teorema constroi uma base apropriada para o espaco vetorial V quando

dotado de uma forma antissimetrica ω.

Teorema 1.1.1. Seja ω uma forma bilinear antissimetrica sobre V. Entao, existe uma

base B = u1, · · · , uk, e1, · · · , en, f1, · · · , fn de V tal que

1. ω(ui, v) = 0 para todo i = 1, · · · , k e para todo v ∈ V ;

2. ω(ei, ej) = ω(fi, fj) = 0 para todo i, j = 1, · · · , n;

3. ω(ei, fj) = δij, onde δij = 0 se i 6= j e δij = 1 se i = j, para todo i, j = 1, · · · , n.

Demonstracao. Considere o subespaco U de V dado por

U = u ∈ V ; ω(u, v) = 0, ∀v ∈ V (1.1)

e escolha uma base u1, · · · , uk de U. Se U = V, entao ω ≡ 0, de onde segue que n = 0

e temos obviamente valido o primeiro item.

Suponha agora U 6= V. Entao, existe1 um subespaco vetorial W 6= 0 de V tal

que V = U ⊕ W. Tome 0 6= e1 ∈ W e, como e1 ∈ UC , existe tambem f1 ∈ W tal

que ω(e1, f1) 6= 0. Sem perda de generalidade, podemos supor que ω(e1, f1) = 1. Defina

W1 = 〈e1, f1〉 o subespaco vetorial de V gerado por e1 e f1, e considere o conjunto

W ω1 = w ∈ W ; ω(w, v) = 0, ∀v ∈ W1.

1Pode-se consultar [15] por exemplo.

5

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Temos que W = W1 ⊕W ω1 . De fato, seja v ∈ W. Se ω(v, e1) = c e ω(v, f1) = d entao

v = (−cf1 + de1) + (v + cf1 − de1), com (−cf1 + de1) ∈ W1 e (v + cf1 − de1) ∈ W ω1 , pois

ω(v + cf1 − de1, pe1 + qf1) = pω(v, e1) + qω(v, f1) + cpω(f1, e1)+

+ cqω(f1, f1)− dpω(e1, e1)− dqω(e1, f1)

= pc+ qd− cp− dq = 0,

para todo c, d, p, q ∈ R, uma vez que ω e antissimetrica e ω(e1, f1) = 1. Entao W = W1 +

W ω1 . Seja v ∈ W1∩W ω

1 . Como v ∈ W1 existem a, b ∈ R tais que v = ae1 +bf1. Alem disso,

como v ∈ W ω1 entao ω(v, e1) = 0 e ω(v, f1) = 0, o que implica em aω(e1, e1)− bω(e1, f1) =

0 = aω(e1, f1)+bω(f1, f1). Como ω e antissimetrica, ω(e1, e1) = 0 e da primeira igualdade

temos b = 0. Consequentemente, a = 0 da segunda igualdade, mostrando que v = 0.

Logo, a soma em questao e direta.

Seja agora 0 6= e2 ∈ W ω1 . Novamente, existe f2 ∈ W ω

1 tal que ω(e2, f2) 6= 0 e assumimos,

sem perda de generalidade, que ω(e2, f2) = 1. Tomando W2 = 〈e2, f2〉 e

W ω2 = w ∈ W ω

1 ; ω(w, v) = 0, ∀v ∈ W2,

e possıvel mostrar que W ω1 = W2 ⊕ W ω

2 . Continuando o processo, podemos decompor

W ω2 = W3 ⊕W ω

3 , W ω3 = W4 ⊕W ω

4 e assim sucessivamente. Como a dimensao de V e

finita, tal processo e finito e obtemos

V = U ⊕W1 ⊕W2 ⊕ · · · ⊕Wn, (1.2)

onde Wi tem base ei, fi e ω(ei, fi) = 1 para todo i = 1 · · · , n. Note que ei ∈ Wi e

ej ∈ W ωi para todo j = i + 1, · · · , n. Logo, ω(ei, ej) = 0 para todo i, j = 1, · · · , n.

Da mesma forma, ω(fi, fj) = 0 para todo i, j = 1, · · · , n. Por construcao, ja vimos que

ω(ei, fi) = 1 para todo i = 1, · · · , n. Agora, se i 6= j, digamos i < j, entao ei ∈ Wi e

fj ∈ W ωi de onde segue que ω(ei, fj) = 0. Se i > j, entao fj ∈ Wj e ei ∈ W ω

j e novamente

ω(ei, fj) = 0. Assim ω(ei, fj) = δij.

Claramente, B = u1, · · · , uk, e1, · · · , en, f1, · · · , fn gera V. Para concluirmos que B e

uma base de V resta mostrarmos que tal conjunto e linearmente independente. Suponha

que

α1u1 + · · ·+ αkuk + β1e1 + · · ·+ βnen + γ1f1 + · · ·+ γnfn = 0

6

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com α1, · · · , αk, β1, · · · , βn, γ1, · · · , γn ∈ R. Se αi 6= 0 para algum 1 ≤ i ≤ k, entao

ui = − 1

αi

k∑j=1

j 6=i

αjuj +n∑j=1

βjej +n∑j=1

γjfj

.

Como a soma em (1.2) e direta e ui ∈ U, temos βj = γj = 0 para todo j = 1, · · · , n. Mas

entao

ui = − 1

αi(α1u1 + · · ·+ αi−1ui−1 + αi+1ui+1 + · · ·+ αkuk)

o que e um absurdo, pois o conjunto u1, · · · , uk e linearmente independente (e uma base

para U). De modo analogo, se βj 6= 0 para algum 1 ≤ j ≤ n entao

ej = − 1

βj(γjfj)

pois a soma em (1.2) e direta e ej ∈ Wj = 〈ej, fj〉 . Mas isso novamente e um absurdo

pois terıamos ω(ej, fj) = 0. Se supormos γj = 0 para algum 1 ≤ j ≤ n chegaremos a

uma conclusao analoga. Portanto, αi = 0 para todo i = 1, · · · , k e βj = γj = 0 para todo

j = 1, · · · , n, de onde segue que B e uma base de V.

A base B do teorema anterior nao e necessariamente unica, porem e tradicionalmente

chamada de “base canonica”. Como ω e uma forma bilinear, sua notacao matricial com

respeito a B e dada por ω(u, v) = [u]tΩ[v], onde [u], [v] sao as coordenadas de u, v ∈ V na

base B, respectivamente, t denota a transposta e

Ω =

0k×k 0k×n 0k×n

0n×k 0n In

0n×k −In 0n

(k+2n)×(k+2n)

(1.3)

com In a matriz identidade de ordem n e 0n a matriz nula de ordem n. Note que Ω e

uma matriz antissimetrica. Mais do que isso, ω e uma forma bilinear antissimetrica se, e

somente se, a matriz de ω com respeito a qualquer base de V e antissimetrica.

Definicao 1.1.2. Dizemos que uma forma bilinear antissimetrica ω e simpletica, ou nao

degenerada, se a aplicacao ω : V → V ∗ definida por ω(u)(v) = ω(u, v) e bijetora, onde

V ∗ e o dual de V .

7

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Equivalentemente, ω e nao degenerada se vale a equivalencia

ω(u, v) = 0, ∀ v ∈ V ⇔ u = 0. (1.4)

De fato, se ω e bijetora, entao ker ω = 0. Suponha que ω(u, v) = 0 para todo v ∈ V.

Entao ω(u) ≡ 0 e u ∈ ker ω = 0, ou seja, u = 0. Agora, se u = 0 e claro que ω(u, v) = 0

para todo v ∈ V. Por outro lado, suponha que vale (1.4) e tome u ∈ ker ω. Entao ω(u) ≡ 0,

ou seja, ω(u, v) = ω(u)(v) = 0 para todo v ∈ V. Logo u = 0 por hipotese, de onde segue

que ω e injetora. Como dimV = dimV ∗ <∞ segue que ω e bijetora.

Nessas condicoes, a aplicacao ω e entao chamada uma estrutura linear simpletica em

V e (V, ω) e chamado espaco vetorial simpletico.

Note que o nucleo da aplicacao ω e o subespaco U definido em (1.1). Assim, se ω e

nao degenerada, temos que U = ker ω = 0. Neste caso, dimU = 0 e do Teorema 1.1.1

segue que dimV = 2n. Portanto, um espaco vetorial simpletico (V, ω) tem dimensao par

e admite uma base

e1, · · · , en, f1, · · · , fn

satisfazendo ω(ei, fj) = δij e ω(ei, ej) = ω(fi, fj) = 0 para todo i, j = 1, · · · , n, que e

chamada base simpletica de (V, ω). Neste caso, a matriz em (1.3) fica na forma

Ω =

0n In

−In 0n

(2n)×(2n)

. (1.5)

Exemplo 1.1.3. O exemplo canonico de espaco vetorial simpletico e o espaco euclidiano

R2n com a forma bilinear ω0 : R2n × R2n → R dada por

ω0(u, v) =n∑j=1

(ujvn+j − un+jvj) (1.6)

onde u = (u1, · · · , u2n) e v = (v1, · · · , v2n). E facil ver que ω0(u, v) = [u]tΩ[v], onde Ω e

dada por (1.5). Logo, ω0 e antissimetrica e nao degenerada.

E possıvel mostrar que uma forma bilinear antissimetrica ω : V × V → R e nao

degenerada se, e somente se, sua matriz e inversıvel. A ideia aqui e observar que a matriz

8

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de ω e a transposta da matriz de ω com relacao as respectivas bases de V e V ∗. O resultado

agora segue pois ω e nao degenerada se, e somente se, ω e bijetora, o que ocorre se, e

somente se, sua matriz e inversıvel.

Definicao 1.1.4. Um simplectomorfismo ϕ entre os espacos vetoriais simpleticos (V, ω)

e (V ′, ω′) e um isomorfismo linear ϕ : V → V ′ tal que ω(u, v) = ω′(ϕ(u), ϕ(v)), para

todo u, v ∈ V. Se existe tal isomorfismo linear, entao os espacos (V, ω) e (V ′, ω′) sao ditos

simplectomorfos.

Todo espaco vetorial simpletico 2n−dimensional (V, ω) e simplectomorfo ao espaco

(R2n, ω0), onde ω0 e definido em (1.6). De fato, sejam

e1, · · · , en, f1, · · · , fn e e′1, · · · , e′n, f ′1, · · · , f ′n

as bases simpleticas de R2n e V , respectivamente, e defina ϕ : V → R2n por ϕ(v) =n∑i=1

ciei +n∑i=1

difi se v =n∑i=1

cie′i +

n∑i=1

dif′i . E facil verificar que ϕ e um isomorfismo

linear. Vamos mostrar que ω(u, v) = ω0(ϕ(u), ϕ(v)). Sejam u =n∑i=1

aie′i +

n∑i=1

bif′i ,

v =n∑i=1

cie′i +

n∑i=1

dif′i ∈ V. Entao ϕ(u) =

n∑i=1

aiei +n∑i=1

bifi, ϕ(v) =n∑i=1

ciei +n∑i=1

difi e,

pela bilinearidade de ω0, temos

ω0(ϕ(u), ϕ(v)) =n∑

i,j=1

aicjω0(ei, ej) +n∑

i,j=1

aidjω0(ei, fj) +n∑

i,j=1

bicjω0(fi, ej)+

+n∑

i,j=1

bidjω0(fi, fj)

=n∑

i,j=1

aicjω(e′i, e′j) +

n∑i,j=1

aidjω(e′i, f′j) +

n∑i,j=1

bicjω(f ′i , e′j)+

+n∑

i,j=1

bidjω(f ′i , f′j)

= ω(u, v),

a segunda igualdade seguindo pois ω e ω0 satisfazem as condicoes do Teorema 1.1.1.

Assim, quando consideramos um sistema simpletico de coordenadas (dado pela base

simpletica), podemos olhar (V, ω) localmente como (R2n, ω0), para algum n ∈ N.

9

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1.2 Sistemas Dinamicos e Campos Hamiltonianos

Um sistema Hamiltoniano e um sistema de equacoes diferenciais que pode ser escrito na

forma das equacoes de Hamilton. Nesta secao introduzimos o conceito de sistema dinamico

e como o trataremos no presente trabalho. Tambem apresentamos a funcao Hamiltoniana,

que induz um campo vetorial especial chamado de campo vetorial Hamiltoniano. Este

campo, por sua vez, induz os chamados sistemas Hamiltonianos.

Definicao 1.2.1. Sejam M um conjunto e G um grupo. Um fluxo e um conjunto de

aplicacoes φt : M →M, com t ∈ G, satisfazendo φ0 = IdM e φr+s = φrφs. Tal fluxo induz

uma aplicacao φ : G×M → M definida por φ(t, x) = φt(x) e o trio (M,G, φ) e dito um

sistema dinamico.

Na definicao acima, quando G ∈ N,Z, o trio (M,G, φ) e um sistema dinamico

discreto e quando G = R, o sistema dinamico e contınuo.

Quando M ⊆ Rn, um campo de vetores2 em M e uma aplicacao X : M → Rn que

associa a cada ponto x ∈ M o vetor X(x) ∈ Rn. Para nossos propositos, vamos sempre

assumir que M = Rn e que o campo e de classe C∞. Dado um campo de vetores X em

Rn, podemos considerar a equacao diferencial ordinaria

x = X(x).

Atraves da solucao desse sistema, e possıvel induzir um fluxo e, por isso, um campo

de vetores induz um sistema dinamico. Reciprocamente, um fluxo induz um campo de

vetores e este, por sua vez, induz uma equacao diferencial. Desta forma, tornamos quase

que indistintos os conceitos de equacoes diferenciais ordinarias (autonomas), sistemas

dinamicos e campos de vetores3. Distincoes entre os tres conceitos, alem de definicoes

mais precisas, podem ser encontradas em [2].

Definicao 1.2.2. Sejam X um campo vetorial em Rn e x0 ∈ Rn. Dizemos que x0 e uma

singularidade (ou um ponto crıtico, ou um ponto de equilıbrio) de X se X(x0) = 0. Caso

contrario, x0 e dito um ponto regular.

2Mais geralmente, se M e uma variedade diferenciavel, um campo de vetores em M e uma aplicacao

X : M → TM , onde TM e o fibrado tangente de M .3A prova deste fato pode ser encontrada em [23].

10

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Note que, como x 7→ x0 − x e um difeomorfismo isometrico de classe C∞, podemos

sempre supor que ao menos uma das singularidades, se houver, esta na origem.

Usualmente, define-se um campo Hamiltoniano como segue:

Definicao 1.2.3. Sejam H : V → R uma funcao de classe C2 e ∇H o gradiente de H,

onde (V, ω) e um espaco vetorial simpletico. Um campo de vetores Hamiltoniano e um

campo da forma

XH(x) = J∇H(x), (1.7)

onde x ∈ V e J e a matriz da forma simpletica ω numa dada base de V . Neste caso, H

denomina-se Hamiltoniano ou funcao Hamiltoniana do campo (1.7).

Considerando o espaco vetorial simpletico (R2n, ω0), onde ω0 e a forma simpletica

canonica dada por (1.6), um campo Hamiltoniano e da formax =

∂H

∂y(x, y)

y = −∂H∂x

(x, y),

(1.8)

onde (x, y) ∈ R2n e H : R2n → R e de classe C2. Neste caso, J = Ω como definida em

(1.5). Como todo espaco vetorial simpletico e simplectomorfo a (R2n, ω0), a menos de

uma mudanca de coordenadas (simpletica), todo campo Hamiltoniano e da forma (1.8).

Sistemas de equacoes com essa mesma estrutura ja haviam sido obtidos por Lagrange

e Poisson, mas eles nao perceberam que se tratavam de um conjunto basico de equacoes de

movimento. As equacoes (1.8) ganharam o nome de equacoes de Hamilton em homenagem

a Willian Rowan Hamilton4.

Quando nao for especificada a forma simpletica, deve ser entendido que o campo e

Hamiltoniano em relacao a forma simpletica usual ω0 dada em (1.6).

Exemplo 1.2.4. Vamos considerar neste exemplo a equacao do pendulo simples sob a

acao da forca da gravidade g. Considere o pendulo como na figura abaixo, de haste rıgida

de comprimento l e massa desprezıvel, com um extremo fixo e um objeto de massa m no

outro extremo.4Dentre as contribuicoes de Hamilton, destacam-se o desenvolvimento de uma abordagem unificada

para problemas de optica geometrica e dinamica, usando calculo variacional, e trabalhos sobre a algebra

de numeros complexos.

11

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Figura 1.1: O pendulo.

Considerando o atrito desprezıvel, a equacao de movimento do pendulo e dada por

θ +g

lsin θ = 0,

que da origem ao sistema de EDO’s de primeira ordemθ = p

p = −gl

sin θ,

onde θ e uma variavel angular e p e o momento. Esse sistema e Hamiltoniano da forma

(1.8) com funcao Hamiltoniana

H(θ, p) =p2

2+g

l(1− cos θ).

Exemplo 1.2.5. O sistema x = x

y = sinx− y

e um sistema Hamiltoniano da forma (1.8). De fato, se

x =∂H

∂y(x, y) e sinx− y = −∂H

∂x(x, y),

entao, integrando com relacao a y e a x, respectivamente, obtemos H(x, y) = xy + f1(x)

e H(x, y) = cos x + yx + f2(y), para algumas funcoes f1, f2 : R → R. Igualando as duas

funcoes, temos que f1(x) = cos x+ b e f2(y) = b para alguma constante b ∈ R. Logo uma

funcao Hamiltoniana deste sistema e H(x, y) = cos x+ xy + b.

12

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Mostrar que um sistema e Hamiltoniano nem sempre e facil. Repare que, para isso,

precisamos encontrar uma funcao H : R2n → R de classe C2 tal que XH(x) = J∇H para

alguma matriz J da forma simpletica ω. Como um exemplo, considere o campo de vetores

X(x1, x2, y1, y2) = (αx2,−αx1, βy2,−βy1) e considere a matriz

J1 =

0 1 0 0

−1 0 0 0

0 0 0 1

0 0 −1 0

. (1.9)

Como J1 e antissimetrica, J1 induz uma forma bilinear antissimetrica ω1 sobre R4. Alem

disso, uma vez que det J1 = 1 6= 0, ω1 e nao degenerada. Portanto, considerando o

espaco simpletico (R4, ω1), o campo de vetores em questao e Hamiltoniano da forma

X(x1, x2, y1, y2) = J1∇H(x1, x2, y1, y2) com funcao Hamiltoniana

H(x1, x2, y1, y2) =α

2(x2

1 + x22) +

β

2(y2

1 + y22).

13

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CAPITULO 2

TEORIA INVARIANTE DE GRUPOS DE

LIE

Como mencionamos na Introducao, o objetivo desse trabalho e calcular formas normais

de sistemas Hamiltonianos sob a acao de simetrias e antissimetrias. Nossa abordagem para

o estudo sistematico neste contexto segue principalmente as referencias [9] e [14] e se da

atraves da teoria de representacao de grupos em um espaco vetorial V de dimensao finita.

As aplicacoes que regem sistemas dinamicos Γ−reversıveis-equivariantes tem uma forma

geral bem determinada uma vez conhecida a teoria invariante para a acao de Γ em V.

Neste capıtulo introduzimos as ferramentas necessarias para o estudo de tais sistemas

comecando pela teoria de representacao de grupos de Lie e em seguida desenvolvendo as

teorias invariante e equivariante. Todos os exemplos feitos neste capıtulo serao utilizados

no Capıtulo 4 e, uma vez resolvidos aqui, facilitam os arduosos calculos que virao.

2.1 Representacao de Grupos

Um determinado grupo pode agir em um espaco vetorial de varias formas. Por isso,

a teoria de representacao de grupos e fundamental, em particular quando trabalhamos

14

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com grupos de Lie compactos, pois estes possuem propriedades algebricas e topologicas

importantes. Um exemplo disso e a existencia de uma integral de Haar invariante pela acao

do grupo, o que nos permite admitir que um grupo de Lie compacto age ortogonalmente

em um espaco vetorial. Daqui em diante, assumimos que o leitor esteja familiarizado

com conceitos de teoria de grupos como subgrupos, subgrupos normais, homomorfismos

e grupos quocientes, bem como com conceitos topologicos de Rn como abertos, fechados

e compactos.

2.1.1 Grupos de Lie

Apesar do conceito de grupo de Lie ser bem mais abrangente, para nossos objetivos

estamos interessados em uma definicao um pouco mais restrita, a de grupo de Lie linear.

Em todo texto, Mn(R) denota o grupo das matrizes quadradas de ordem n, GL(n) o

subgrupo de Mn(R) formado pelas matrizes inversıveis, At denota a transposta de uma

matriz A e In denota a matriz identidade de ordem n.

Definicao 2.1.1. Um grupo de Lie linear e um subgrupo fechado Γ de GL(n).

Note que precisamos considerar uma topologia em GL(n). Para isso, considere em

Mn(R) a topologia induzida pelo isomorfismo φ : Mn(R)→ Rn2

dado pora11 a12 · · · a1n

a21 a22 · · · a2n

......

. . ....

an1 an2 · · · ann

7−→ (a11, a12, · · · , a1n, a21, · · · , ann),

ou seja, um conjunto U de matrizes e um aberto em Mn(R) se, e somente se, φ(U) e

um aberto em Rn2

. Assim, a topologia adotada em GL(n) e a topologia do subespaco

induzida por Mn(R). Vejamos alguns exemplos.

Exemplo 2.1.2. O grupo ortogonal O(n), que consiste de todas as matrizes quadradas

15

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A de ordem n satisfazendo AAt = In1, e um grupo de Lie linear. De fato, considere

f : Mn(R) → Mn(R)

A 7−→ AAt.

O grupo ortogonal O(n) e a imagem inversa de In por f , ou seja O(n) = f−1(In).

Como In e unitario, tambem e fechado2 em Mn(R) e, como f e contınua, temos que

O(n) e fechado em Mn(R). Agora, observe que O(n) ⊆ GL(n), pois se A ∈ O(n), entao

detA = ±1 6= 0. Assim, O(n) = GL(n)∩O(n) e, por isso, O(n) e fechado em GL(n). Resta

mostrar que O(n) e um subgrupo de GL(n). Claramente, In ∈ O(n). Sejam A,B ∈ O(n).

Entao, Bt = B−1 e segue que

AB−1(AB−1)t = ABt(B−1)tAt = ABtBAt = AInAt = AAt = In,

como desejado.

Exemplo 2.1.3. Seja SO(n) = A ∈ O(n); detA = 1. Esse grupo e chamado grupo

ortogonal especial, ou grupo de rotacao n-dimensional, e e um grupo de Lie linear. De

fato, note que In ∈ SO(n) e se A,B ∈ SO(n), entao Bt = B−1 e temos

detAB−1 = detA detB−1 = detA detBt = detA detB = 1.

Portanto, AB−1 ∈ SO(n) e, assim, SO(n) e um subgrupo de GL(n). Para mostrar que

SO(n) e fechado em GL(n), escreva SO(n) = O(n)∩H, onde H = B ∈ GL(n); detB =

1, e considere a funcao

f : GL(n) → R

A 7−→ detA.

Temos que f e contınua (pois e contınua como funcao de Mn(R) em R e restricao de

contınua e contınua) e H = f−1(1) onde 1 e fechado em R. Logo, H e fechado em

GL(n). Como O(n) tambem e fechado em GL(n) segue o que querıamos.

1Observe que se A ∈ O(n), entao A tambem satisfaz AtA = In, uma vez que a matriz inversa a direita

de A e igual a sua inversa a esquerda.2Essa afirmacao e valida pois Mn(R) e homeomorfo a Rn2

, que e Hausdorff.

16

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Exemplo 2.1.4. No caso particular de n = 2, temos que SO(2) e gerado pelas matrizes

de rotacao dadas por

Rθ =

cos θ sin θ

− sin θ cos θ

, (2.1)

com θ ∈ [0, 2π). De fato, se A =

a b

c d

∈ SO(2), entao detA = 1, e, alem disso,

A−1 = At. Calculando a inversa de A e igualando a sua transposta, temos

A =

a b

−b a

.

Como a2 + b2 = 1 (pois AAt = I2), existe θ ∈ [0, 2π) tal que a = cos θ e b = sin θ. Assim,

A = Rθ, provando a afirmacao. Em nosso trabalho, vamos identificar SO(2) com o grupo

do cırculo unitario S1 = z ∈ C; |z| = 1, pela correspondencia Rθ 7−→ θ, uma vez que

cada z ∈ S1 pode ser escrito de forma unica como z = eiθ, com θ ∈ [0, 2π).

Exemplo 2.1.5. Todo grupo finito e isomorfo a um grupo de Lie linear. Para ver isto,

considere G = a1, a2, · · · , an um grupo finito e defina

f : G → S ⊂ SG

ai 7−→ σi : G → G

aj 7→ aiaj,

onde S = σ1, σ2, · · · , σn e SG e o conjunto de todas as permutacoes de elementos de G.3.

Iniciaremos mostrando que S e um subgrupo de SG (e, portanto, um grupo). Supondo

que a1 e o elemento neutro de G, concluımos que σ1 e neutro em S, pois para todo

i = 1, · · · , n tem-se σ1(ai) = a1ai = ai. Se σi(ak) = aiak entao σ−1i (ak) = a−1

i ak, pois

σi(a−1i ak) = ai(a

−1i ak) = (aia

−1i )ak = ak = σ1(ak) para todo k = 1, · · · , n. Assim, se

σi, σj ∈ S, entao

σi(σ−1j (ak)) = σi(a

−1j ak) = (aia

−1j )ak = alak = σl(ak)

3Note que se n 6= 2, entao S e diferente de SG, pois o numero de elementos de S e n enquanto que o

numero de elementos de SG e n!.

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para algum l = 1, · · · , n e para todo k = 1, · · · , n, implicando em σiσ−1j ∈ S para todo

i, j = 1, · · · , n.Mostremos agora que f e um homomorfismo de grupos. De fato, se al, am ∈

G entao alam = ak para algum ak ∈ G. Logo, σk(aj) = akaj = alamaj = σl σm(aj) para

todo aj ∈ G, ou seja, f(alam) = f(ak) = σk = σl σm = f(al) f(am), como desejado.

Note tambem que se σi = σj para i, j = 1, · · · , n, entao ai = aj, uma vez que G e um

grupo. Consequentemente, f e um isomorfismo de grupos.

Agora, podemos identificar cada permutacao de S com uma matriz de ordem n dada

pela permutacao das colunas (ou linhas) da matriz identidade. Assim, S e identificado

com um subgrupo de GL(n) que e fechado, pois e finito e GL(n) e Hausdorff. Portanto,

associamos a G um grupo de Lie linear, como desejado.

Exemplo 2.1.6. O toro n−dimensional T n = S1 × · · · × S1 (n vezes) e um grupo de Lie

linear. Se θ = (θ1, · · · , θn) ∈ T n podemos identifica-lo com a matriz

Rθ1 0 0 · · · 0

0 Rθ2 0 · · · 0

0 0 Rθ3 · · · 0...

......

. . ....

0 0 0 · · · Rθn

∈ GL(2n),

onde Rθ e como em (2.1).

Definicao 2.1.7. Um grupo de Lie linear e compacto se o for pela topologia induzida

como um subconjunto de Rn2

.

Ate aqui, todos os grupos de Lie que apresentamos sao compactos4. Porem existem

grupos de Lie que nao sao compactos, como e o caso de Rn. Temos que Rn e isomorfo ao

grupo de matrizes da forma1 a1 a2 · · · an

0 1 0 · · · 0...

......

. . ....

0 0 0 · · · 1

∈ GL(n+ 1),

4Nos omitiremos a demonstracao desta afirmacao.

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onde aj ∈ R para todo j = 1, · · · , n. Tal grupo nao e limitado pois qualquer matriz deste

tipo possui entradas que nao sao limitadas e, portanto, Rn nao e compacto.

Em nosso trabalho, consideramos especificamente grupos de Lie compactos e, embora

a definicao de grupo de Lie seja mais geral do que a de grupo de Lie linear, e fato que

todo grupo de Lie compacto e topologicamente isomorfo a um grupo de Lie linear (veja

[8]). Por isso, no caso da Definicao 2.1.1, Γ e chamado somente de grupo de Lie.

2.1.2 Acoes e Representacoes

Estamos interessados agora em determinar como um grupo de Lie transforma o espaco

Rn, ou seja, em como seus elementos agem em um determinado sistema. Formalizamos

essa ideia com o conceito de acao e representacao de grupos.

Definicao 2.1.8. Sejam Γ um grupo de Lie e V um espaco vetorial real de dimensao

finita. Dizemos que Γ age linearmente em V se existe uma aplicacao contınua, chamada

acao,

ψ : Γ× V → V

(γ, v) 7−→ γ · v

tal que para cada γ ∈ Γ a aplicacao ργ : V → V definida por ργ(v) = γ · v e linear e

ργ1 ργ2 = ργ1γ2 para todo γ1, γ2 ∈ Γ.

A aplicacao

ρ : Γ → GL(V )

γ 7−→ ργ

e chamada de representacao de Γ em V , onde GL(V ) e o grupo das transformacoes

lineares inversıveis de V em V .

Primeiramente notemos que ργ e de fato inversıvel para todo γ ∈ Γ. Sejam v1, v2 ∈ V

tais que ργ(v1) = ργ(v2), ou seja, γ · v1 = γ · v2. Aplicando a acao de γ−1 (que existe

pois Γ e um grupo) em ambos os lados dessa igualdade, temos pela definicao de acao que

(γγ−1) · v1 = (γγ−1) · v2 o que implica em v1 = v2. Portanto, ργ e injetora. Pelo Teorema

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do Nucleo e da Imagem segue o alegado. Agora note que ρ define um homomorfismo de

Γ em GL(V ). De fato,

ρ(γ1γ2)(v) = ργ1γ2(v) = ργ1(ργ2(v)) = ρ(γ1) ρ(γ2)(v),

para todo v ∈ V.

Desta maneira, a toda acao esta associada uma representacao que nos diz como Γ

transforma o espaco todo V. Como V e um espaco vetorial real de dimensao finita n > 0,

podemos assumir V ∼= Rn, como nos seguintes exemplos.

Exemplo 2.1.9. Como todo grupo de Lie linear Γ e um grupo de matrizes em GL(n),

para algum n, existe uma acao natural de Γ em Rn dada pela multiplicacao de matriz por

vetor. De fato, a aplicacao

Γ× Rn → Rn

(M, v) 7−→ Mv,

onde Mv representa a multiplicacao da matriz M ∈ Γ pelas coordenadas de v ∈ Rn (em

uma dada base de Rn), e contınua. Ainda se u, v ∈ Rn e α ∈ R entao

ρM(u+ αv) = M(u+ αv) = Mu+ αMv = ρM(u) + αρM(v),

de onde segue que ρM e linear para todo M ∈ Γ. Por fim, se M,N ∈ Γ, entao ρM ρN(v) =

M(Nv) = (MN)v = ρMN(v) para todo v ∈ Rn.

Exemplo 2.1.10. Todo grupo Γ age trivialmente em Rn como γ ·v = v, para todo v ∈ Rn

e todo γ ∈ Γ. Note que esta acao, dada por ψ(γ, v) = v, e uma projecao e, portanto, e

contınua. Alem disso, se u, v ∈ Rn, α ∈ R e γ1, γ2 ∈ Γ entao

ργ(u+ αv) = u+ αv = ργ(u) + αργ(v) e

ργ1 ργ2(v) = γ1 · (γ2 · v) = γ1 · v = v = (γ1γ2) · v = ργ1γ2(v).

Exemplo 2.1.11. A aplicacao

ψ : S1 × C → C

(θ, z) 7−→ eiθz

20

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e uma acao de S1 em C. De fato, ψ e claramente contınua e

ρθ(u+ αv) = eiθ(u+ αv) = eiθu+ αeiθv = ρθ(u) + αρθ(v),

para todo u, v ∈ C e θ ∈ S1. Alem disso,

θ · (ϕ · z) = θ · (eiϕz) = eiθ(eiϕz) = eiθeiϕz = ei(θ+ϕ)z = (θ + ϕ) · z,

onde + e a operacao do grupo S1.

Exemplo 2.1.12. Para qualquer inteiro k, a aplicacao que leva S1×C em C definida por

θ · z = eikθz

tambem e uma acao de S1 em C. A justificativa desse fato e analoga a feita no exemplo

anterior. Note que se k = 0 a acao e a trivial e se k = 1 a acao e a dada no Exemplo

2.1.11.

2.1.3 Integral de Haar

A integral de Haar e uma das principais ferramentas utilizadas no Capıtulo 3. Nesta

subsecao mostraremos que todo grupo de Lie linear compacto e um subgrupo fechado de

O(n), usando algumas propriedades desta integral. Daqui em diante, Γ e um grupo de

Lie.

Definicao 2.1.13. Seja f : Γ→ R uma funcao contınua. Entao, a operacao

∫Γ

fdγ ∈ R,

tambem denotada por

∫γ∈Γ

f(γ), e uma integral em Γ se satisfaz as seguintes condicoes:

(i) Linearidade, ou seja

∫Γ

(λf + µg)dγ = λ

∫Γ

fdγ + µ

∫Γ

gdγ, onde f, g : Γ → R sao

contınuas e λ, µ ∈ R.

(ii) Positividade, que significa que se f(γ) ≥ 0 para todo γ ∈ Γ, entao

∫Γ

fdγ ≥ 0.

Esta operacao e uma Integral de Haar se, alem dos itens (i) e (ii), satisfaz

(iii) Invariancia por translacao, isto e,

∫γ∈Γ

f(δγ) =

∫γ∈Γ

f(γ), para todo δ ∈ Γ fixado.

21

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Quando Γ e um grupo de Lie compacto, a integral de Haar e finita e dizemos que ela

e uma integral de Haar normalizada se

∫Γ

1dγ = 1. A prova da existencia e unicidade da

integral de Haar normalizada esta feita em [9, I, Theorem 5.13], bem como a demonstracao

de que para grupos compactos, a integral de Haar tambem e invariante por translacoes a

direita, ou seja, ∫γ∈Γ

f(γδ) =

∫γ∈Γ

f(γ), ∀δ ∈ Γ fixado.

Observacao 2.1.14. Aplicacoes da forma f : Γ→ Rn tambem podem ser integraveis por

Haar, fazendo a integracao separadamente em cada componente.

Observacao 2.1.15. Seja C(Rn,R) o espaco das funcoes contınuas Rn 7−→ R. A integral

de Haar pode ser definida para aplicacoes f : Γ → C(Rn,R) como

∫Γ

fdγ : Rn → R

tal que

(∫Γ

fdγ

)(x) =

∫Γ

f(γ)(x)dγ. Juntamente com a observacao anterior, vemos e

possıvel integrar aplicacoes da forma f : Γ → C(Rn,Rn). Faremos uso dessa observacao

na Definicao 3.5.3.

Exibimos abaixo um exemplo para o caso em que Γ e finito.

Exemplo 2.1.16. Seja Γ um grupo de Lie finito de ordem |Γ|. Entao, para qualquer

f : Γ→ R contınua temos ∫Γ

fdγ =1

|Γ|∑γ∈Γ

f(γ). (2.2)

De fato, se f, g : Γ→ R e λ, µ ∈ R entao∫Γ

(λf + µg)dγ =1

|Γ|∑γ∈Γ

(λf + µg)(γ)

=1

|Γ|∑γ∈Γ

(λf(γ) + µg(γ))

=1

|Γ|∑γ∈Γ

λf(γ) +1

|Γ|∑γ∈Γ

µg(γ)

= λ

∫Γ

fdγ + µ

∫Γ

gdγ

e, se f(γ) ≥ 0 para todo γ ∈ Γ, entao claramente, a operacao definida em (2.2) e positiva.

Para mostrar que esta integral e invariante, fixe δ ∈ Γ. Entao,∫γ∈Γ

f(δγ) =1

|Γ|∑γ∈Γ

f(δγ) =1

|Γ|∑α∈Γ

f(α) =

∫γ∈Γ

fdγ,

22

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onde a segunda igualdade segue do fato de que a aplicacao γ 7−→ δγ e bijetora e a terceira

segue de (2.2). Alem disso, ela e normalizada pois

∫Γ

1dγ =1

|Γ|∑γ∈Γ

1 =1

|Γ||Γ| = 1. Pela

unicidade, temos que a operacao definida em (2.2) e a integral de Haar de f em Γ.

O teorema a seguir e um caso particular do Teorema de Fubini para a integral de Haar

enunciado e demonstrado em [9, I, Proposition 5.16].

Teorema 2.1.17. Sejam Γ um grupo de Lie compacto e Σ ⊂ Γ um subgrupo fechado de

ındice 2 de Γ. Para qualquer funcao contınua f : Γ→ R temos∫Γ

f(γ)dγ =1

2

(∫Σ

f(γ)dγ +

∫Σ

f(δγ)dγ

),

para δ ∈ Γ\Σ fixado.

Da proposicao que encerra esta subsecao implica que podemos identificar grupos de

Lie compactos em GL(n) com subgrupos fechados de O(n).

Proposicao 2.1.18. Seja Γ um grupo de Lie compacto agindo em um espaco vetorial

de dimensao finita V e seja [ργ] a matriz associada a transformacao linear ργ dada pela

representacao de Γ em V. Entao, existe um produto interno em V tal que, para todo γ ∈ Γ,

[ργ] e ortogonal.

Demonstracao. Seja 〈 , 〉 um produto interno em V. Para v, w ∈ V, considere a funcao

contınua5

fv,w : Γ → R

γ 7−→ 〈ργ(v), ργ(w)〉 .

Assim, fica bem definido outro produto interno em V dado por

〈v, w〉Γ =

∫γ∈Γ

fv,w(γ) =

∫γ∈Γ

〈ργ(v), ργ(w)〉 .

5Veja que fv,w(γ) = 〈gv, gw〉 (γ) = 〈gv(γ), gw(γ)〉, onde gv(γ) = γ ·v pode ser definida para todo v ∈ V.

Agora, se ϕ e a acao de Γ em V, entao ϕ e contınua, bem como sua restricao ϕv ao conjunto Γ × v.

Alem disso, µv : Γ→ Γ× v definida por γ 7→ (γ, v) e contınua (a primeira coordenada e a identidade e a

segunda e uma funcao constante). Logo, gv(γ) = ϕv µv(γ) e contınua para todo v ∈ V. Como o produto

interno de funcoes contınuas e uma funcao contınua (veja [20, Capıtulo 1, Secao 7, Teorema 16]), segue

que fv,w e contınua.

23

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De fato, a bilinearidade de 〈 , 〉Γ segue da linearidade de ργ e da integral de Haar, e da

bilinearidade de 〈 , 〉 . A comutatividade de 〈 , 〉Γ segue da comutatividade de 〈 , 〉 . Por

fim, a nao negatividade de 〈 , 〉Γ segue uma vez que 〈 , 〉 e nao negativo e a integral de

Haar satisfaz (ii) da Definicao 2.1.13.

Agora, da propriedade de invariancia por translacao, segue que, para todo δ ∈ Γ

fixado,

〈v, w〉Γ =

∫γ∈Γ

fv,w(γ) =

∫γ∈Γ

fv,w(γδ)

=

∫γ∈Γ

〈ργδ(v), ργδ(w)〉 =

∫γ∈Γ

〈ργ(ρδ(v)), ργ(ρδ(w))〉

= 〈ρδ(v), ρδ(w)〉Γ .

Uma vez que δ ∈ Γ e arbitrario, 〈v, w〉Γ = 〈ργ(v), ργ(w)〉Γ para todo γ ∈ Γ. Assim,

〈v, w〉Γ = 〈ργ(v), ργ(w)〉Γ =⟨v, ρ∗γργw

⟩Γ,

para todo v, w ∈ V, onde ρ∗γ e o operador adjunto de ργ. Logo, ρ∗γργ e o operador identidade,

de onde [ρ∗γ][ργ] = In, com [ργ] denotando a matriz do operador com relacao a uma base

ortonormal de V . Como V e um espaco vetorial real de dimensao finita, entao [ρ∗γ] = [ργ]t,

onde t representa a transposta. Logo, [ργ]t[ργ] = In, ou seja, [ργ] ∈ O(n), para todo

γ ∈ Γ.

2.2 Funcoes Invariantes

As funcoes invariantes formam uma base para toda teoria reversıvel equivariante que

vamos apresentar no proximo capıtulo. Veremos que o conjunto dessas funcoes forma

um anel e as demais estruturas envolvidas formam modulos sobre este anel. Alem disso,

garantir a existencia e encontrar um conjunto de geradores para o anel dos invariantes e

fundamental para calcularmos as formas normais do Capıtulo 3.

Daqui em diante, vamos nos referir a acao ργ(x) = γ · x simplesmente por γx. Alem

disso, V se refere sempre a um espaco vetorial real de dimensao finita.

Definicao 2.2.1. Seja (ρ, V ) o espaco vetorial V sob a representacao ρ de um grupo de

Lie Γ. Uma funcao a valores reais f : (ρ, V )→ R e invariante sobre Γ, ou Γ−invariante,

24

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se

f(γx) = f(x), (2.3)

para todo γ ∈ Γ, x ∈ V. Um polinomio invariante e definido da mesma forma tomando f

um polinomio.

Observacao 2.2.2. Se Γ e finitamente gerado, pela linearidade da acao, para verificar

que uma funcao e Γ−invariante e suficiente mostrar que a condicao (2.3) e satisfeita para

um conjunto de geradores de Γ.

Nos exemplos a seguir nos restringiremos ao caso polinomial.

Exemplo 2.2.3. Seja Γ = Z2 = 1,−1 agindo nao trivialmente em R, ou seja, 1 · x = x

e −1 · x = −x, para todo x ∈ R. Suponha que f(x) =∑

aixi com ai ∈ R. Entao, se f e

Z2−invariante temos f(x) = f(−x), para todo x ∈ R, de onde∑

aixi =

∑ai(−1)ixi.

Assim∑

((−1)i − 1)aixi = 0, o que implica em (−1)i − 1 = 0 ou ai = 0. Portanto, i e

par ou ai = 0, ou seja, f(x) =∑

bjx2j, com bj = a2j ∈ R. Logo, f e uma funcao par da

forma f(x) = h(x2), onde h : R→ R e uma funcao polinomial dada por h(x) =∑

bjxj.

Exemplo 2.2.4. Seja S1 agindo em R2 ≡ C da forma θ · z = eiθz para todo θ ∈ S1.

Entao f e S1−invariante se f(eiθz) = f(z) para todo z ∈ C e todo θ ∈ S1. Se f : C→ C e

uma funcao polinomial, escrevemos6 f(z) =∑

aαβzαzβ com aαβ ∈ C. Porem, definimos

invariancia para polinomios cuja imagem e real. Logo, f(z) = f(z) para todo z ∈ C e os

coeficientes aαβ satisfazem

aαβ = aβα. (2.4)

Se queremos f(eiθz) = f(z), entao∑aαβz

αzβ =∑

aαβ(eiθz)α(eiθz)β

=∑

aαβeiθ(α−β)zαzβ

6Escrevemos o polinomio nas coordenadas z e z, pois elas transformam C em um espaco vetorial real.

Entretanto, para z = x + iy, temos x = (z + z)/2 e y = (z − z)/2i, assim os coeficientes do polinomio

podem ser complexos.

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para todo z ∈ C, ou seja, aαβ = aαβeiθ(α−β) para todo θ ∈ S1. Agora, isso acontece se

aαβ = 0 ou se α = β. Assim, a S1−invariancia implica em

f(z) =∑

aααzαzα,

onde aαα ∈ R uma vez que aαα = aαα por (2.4). Assim, definindo h : R → R por

h(x) =∑

aαxα teremos que f(z) = h(zz).

Queremos observar aqui que se considerarmos a acao de S1 em R2, basta trocarmos

z = x+ iy por (x, y) ∈ R2 e teremos f(x, y) = h(x2 + y2).

Exemplo 2.2.5. Seja S1 agindo em C2 como θ(z1, z2) = (eiθz1, eiθz2). Se f : C2 → R e

uma funcao polinomial S1−invariante, entao existe uma funcao polinomial h : R4 → R

tal que

f(z1, z2) = h(|z1|2, |z2|2, Re(z1z2), Im(z1z2)).

De fato, escreva f como

f(z1, z2) =∑

aαβγδzα1 z1

βzγ2z2δ, (2.5)

onde aαβγδ ∈ C e (z1, z2) ∈ C2. Como f toma valores reais, ou seja, f = f, segue que

aαβγδ = aβαδγ. Alem disso, como f(θ(z1, z2)) = f(z1, z2) entao∑aαβγδz

α1 z1

βzγ2z2δ =

∑aαβγδe

iθ(α−β+γ−δ)zα1 z1βzγ2z2

δ,

para todo θ ∈ S1 e (z1, z2) ∈ C2, e isso ocorre se aαβγδ = 0 ou se α − β + γ − δ = 0.

Portanto, aαβγδ = 0 ou α− β = δ − γ. Logo, se aαβγδ 6= 0 entao observe queα ≥ β ⇒ δ − γ ≥ 0 ⇒ δ ≥ γ

α < β ⇒ δ − γ < 0 ⇒ δ < γ.

Assim, fatorando as potencias de z1z1 e z2z2, obtemos

f(z1, z2) =∑α<β

aαβγδ(z1z1)αz1β−α(z2z2)δzγ−δ2 +

+∑α≥β

aαβγδ(z1z1)βzα−β1 (z2z2)γz2δ−γ

=∑α<β

aαβγδ(z1z1)α(z2z2)δz1β−αzγ−δ2

+∑α≤β

aβαδγ(z1z1)α(z2z2)δzβ−α1 z2γ−δ, (2.6)

26

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onde a segunda igualdade segue renomeando as potencias da segunda parcela da soma.

Escrevendo β − α = γ − δ = n, aαβγδ = xαβγδ + iyαβγδ e lembrando que aαβγδ = aβαδγ, a

equacao acima torna-se

f(z1, z2) =∑α<β

(xαβγδ + iyαβγδ)(z1z1)α(z2z2)δ(z1z2)n

+∑α≤β

(xαβγδ − iyαβγδ)(z1z1)α(z2z2)δ(z1z2)n

=∑α<β

xαβγδ(z1z1)α(z2z2)δ((z1z2)n + (z1z2)n)

+∑α<β

iyαβγδ(z1z1)α(z2z2)δ((z1z2)n − (z1z2)n)

+xααδδ(z1z1)α(z2z2)δ,

onde xαβγδ, yαβγδ ∈ R. Notamos que a parcela referente a α = β segue pois n = β−α = 0

e como aααδδ = aααδδ temos que yααδδ = 0. Se z e um numero complexo qualquer, entao

zn + zn = (z + z)(zn−1 + zn−1)− (zz)(zn−2 + zn−2)

i(zn − zn) = i(z − z)(zn−1 + zn−1) + i(zz)(zn−2 − zn−2).

Por essas identidades, vemos que os termos zn + zn e i(zn− zn) sao redutıveis para n ≥ 2,

n ∈ Z. Logo, se z = z1z2, f tem a forma

f(z1, z2) =∑

Ajklm(z1z1)j(z2z2)k(z1z2 + z1z2)l(i(z1z2 − z1z2))m,

onde Ajklm ∈ R. Com respeito ao termo (i(z1z2− z1z2))m temos que se m e par, im = ±1

e daı (z1z2 − z1z2)m pode ser escrito atraves dos outros termos. Caso contrario, como

i(z1z2 − z1z2) = 2Im(z1z2) e (z1z2 + z1z2) = 2Re(z1z2), temos, finalmente,

f(z1, z2) =∑

Bjklm(z1z1)j(z2z2)k(Re(z1z2))l(Im(z1z2))m,

com Bjklm ∈ R, j, k, l,m ∈ N, como desejado.

Denotaremos o conjunto das funcoes polinomiais Γ−invariantes f : V → R por PV (Γ).

Observe que PV (Γ) tem estrutura de anel, uma vez que somas e produtos de polinomios

Γ−invariantes sao ainda Γ−invariantes.

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Nos exemplos anteriores, encontramos um subconjunto finito de polinomios invariantes

u1, u2, · · · , us tal que cada polinomio invariante pode ser escrito como uma funcao

polinomial de u1, · · · , us. Dizemos que tal conjunto forma uma base de Hilbert para os

invariantes. A existencia desse conjunto finito e garantida pelo seguinte teorema:

Teorema 2.2.6. (Teorema de Hilbert-Weyl) Seja Γ um grupo de Lie compacto agindo em

V. Entao, existe uma base de Hilbert finita para o anel PV (Γ).

A demonstracao desse teorema e bastante interessante mas necessita de resultados

preliminares e ferramentas de algebra comutativa. Por isso nao nos cabe faze-la aqui,

mas, aos curiosos, sua demonstracao pode ser encontrada em [14, XII, § 6].

Para finalizar, um exemplo relevante ao nosso trabalho que foi deixado como exercıcio

em [14] e sera utilizado nas aplicacoes do Capıtulo 4.

Exemplo 2.2.7. Seja S1 agindo em C2 por θ(z1, z2) = (ekiθz1, eliθz2), onde k, l sao copri-

mos. Entao, uma base de Hilbert para PC2(S1) e |z1|2, |z2|2, Re(zl1zk2), Im(zl1zk2).

Para mostrar nossa afirmacao, vamos seguir os passos do Exemplo 2.2.5. Seja f uma

funcao polinomial nas variaveis z1, z2 escrito como (2.5). Novamente, como f = f, temos

aαβγδ = aβαδγ. Se f e invariante pela acao acima, entao f(θ(z1, z2)) = f(z1, z2), ou seja,∑aαβγδz

α1 z1

βzγ2z2δ =

∑aαβγδe

iθ(αk−βk+γl−δl)zα1 z1βzγ2z2

δ.

Isso ocorre se aαβγδ = 0 ou se k(α− β) + l(γ − δ) = 0.

Note que k(α − β) + l(γ − δ) = 0 implica em k(β − α) = l(γ − δ). Como k e l sao

coprimos e β − α e inteiro, necessariamente k divide γ − δ. Com o mesmo argumento, l

divide β − α, ou seja, β − α = lm e γ − δ = kn para alguns m,n ∈ Z.

Agora, f pode ser escrito como em (2.6) e, escrevendo aαβγδ = xαβγδ + iyαβγδ com

28

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xαβγδ, yαβγδ ∈ R e, usando novamente que aαβγδ = aβαδγ temos

f(z1, z2) =∑α<β

(xαβγδ + iyαβγδ)(z1z1)α(z2z2)δ(z1lmzkn2 )

+∑α≤β

(xαβγδ − iyαβγδ)(z1z1)α(z2z2)δ(zlm1 z2kn)

=∑α<β

xαβγδ(z1z1)α(z2z2)δ(z1lmzkn2 + zlm1 z2

kn)

+∑α<β

iyαβγδ(z1z1)α(z2z2)δ(z1lmzkn2 − zlm1 z2

kn)

+xααδδ(z1z1)α(z2z2)δ.

Usando as seguintes identidades indutivamente,

(z1lmzkn2 + zlm1 z2

kn) = (z1lzk2 + zl1z2

k)(z1(m−1)lz

(n−1)k2 + z

(m−1)l1 z2

(n−1)k) +

−(z1z1)l(z2z2)k(z1(m−2)lz

(n−2)k2 + z

(m−2)l1 z2

(n−2)k) e

i(z1lmzkn2 − zlm1 z2

kn) = i(z1lzk2 − zl1z2

k)(z1(m−1)lz

(n−1)k2 + z

(m−1)l1 z2

(n−1)k) +

+i(z1z1)l(z2z2)k(z1(m−2)lz

(n−2)k2 − z(m−2)l

1 z2(n−2)k),

com m,n ≥ 2 e considerando que (z1lzk2 + zl1z2

k) = 2Re(zl1z2k) e i(z1

lzk2 − zl1z2k) =

2Im(zl1z2k), concluımos finalmente que

f(z1, z2) =∑

Brstu(z1z1)r(z2z2)s(Re(zl1z2k))t(Im(zl1z2

k))u,

com Brstu ∈ R, r, s, t, u ∈ N. Portanto |z1|2, |z2|2, Re(zl1zk2), Im(zl1zk2) constitui uma base

de Hilbert para PC2(S1) com a acao considerada neste exemplo.

Como visto, determinar uma base de Hilbert para o anel PV (Γ) pode ser uma tarefa

extremamente difıcil. Existem programas computacionais, como o Singular [28], que nos

auxiliam nesta tarefa quando o grupo Γ e finitamente gerado.

2.3 Aplicacoes Equivariantes

Nesta secao, vamos descrever a primeira estrutura modular sobre o anel PV (Γ), a

saber, as aplicacoes que comutam com a acao de Γ. Em todo o texto, denotamos por

(ρ, V ) o espaco vetorial V sob a representacao ρ de um grupo de Lie Γ em V.

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Definicao 2.3.1. Dizemos que uma aplicacao g : (ρ, V ) → (η,W ) comuta com Γ, ou e

Γ−equivariante, se

g(ργ(x)) = ηγg(x), (2.7)

para todo γ ∈ Γ e para todo x ∈ V. Quando (ρ, V ) = (η,W ) dizemos que g satisfazendo

(2.7) e puramente equivariante. Uma aplicacao polinomial equivariante e definida da

mesma forma.

Denotaremos o espaco das aplicacoes polinomiais Γ−equivariantes por ~PV,W (Γ) e das

puramente Γ−equivariantes por ~PV (Γ). O elemento γ ∈ Γ que satisfaz (2.7) e chamado

simetria da aplicacao g.

Por um abuso de notacao, escrevemos a igualdade (2.7) simplesmente como

g(γx) = γg(x),

quando nao houver duvidas sobre as respectivas acoes e representacoes.

E possıvel ver que se f : (ρ, V ) → R e uma funcao Γ−invariante e se g : (ρ, V ) →

(η,W ) e uma aplicacao Γ-equivariante, entao o produto fg : (ρ, V ) → (η,W ) e Γ-

equivariante. Com igual facilidade, e possıvel ver que ~PV,W (Γ) e um modulo sobre o

anel dos polinomios invariantes PV (Γ)7. Entao, faz sentido a definicao abaixo.

Definicao 2.3.2. Dizemos que as aplicacoes polinomiais Γ−equivariantes g1, · · · , gr ge-

ram o modulo ~PV,W (Γ) sobre o anel PV (Γ) se toda aplicacao Γ−equivariante g ∈ ~PV,W (Γ)

pode ser escrita como

g = f1g1 + · · ·+ frgr,

para certos f1, · · · fr ∈ PV (Γ). Neste caso, escrevemos ~PV,W (Γ) = PV (Γ)g1, · · · , gr.

Abaixo enunciamos a versao equivariante do Teorema de Hilbert-Weyl, cuja demons-

tracao pode ser encontrada em [14, XII, Theorem 6.8].

7Se R e um anel, um R−modulo a direita e um grupo abeliano aditivo (M,+) em conjunto com uma

operacao M×R→M, (m, r) 7−→ mr, que satisfaz (m+n)r = mr+nr,m(r+s) = mr+ms,m(rs) = (mr)s

e m1R = m, para todo m,n ∈M, e r, s ∈ R. Um R− modulo a esquerda e definido de maneira simetrica

e dizemos que M e um R−modulo se o for a direita e a esquerda.

30

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Teorema 2.3.3. Se Γ e um grupo de Lie compacto agindo em V e em W, entao existe um

conjunto finito g1, · · · , gr de aplicacoes polinomiais Γ−equivariantes que gera o modulo

~PV,W (Γ) sobre o anel PV (Γ).

Nos proximos exemplos, ate o fim desta secao, vamos determinar os geradores de

modulos puramente equivariantes sob acoes distintas de um grupo de Lie compacto Γ.

Exemplo 2.3.4. O exemplo mais simples nos e dado quando Γ = Z2 age em R como no

Exemplo 2.2.3. Se g ∈ ~PR(Z2), entao g : R→ R e um polinomio da forma g(x) =∑

aixi,

com ai ∈ R, que satisfaz g(−x) = −g(x), para todo x ∈ R. Logo ai(−x)i = −aixi,

implicando que ou ai = 0 ou i e ımpar, ou seja,

g(x) =∑

bjx2j+1 =

∑bjx

2jx = h(x2)x,

onde bj = a2j+1. Pelo Exemplo 2.2.3, podemos escrever g(x) = f(x)x, onde f ∈ PR(Z2).

Portanto,

~PR(Z2) = PR(Z2)g1,

onde g1(x) = x.

Exemplo 2.3.5. Seja Γ = S1 agindo em C como θ · z = eiθz. Vamos mostrar que toda

g ∈ ~PC(S1) tem a forma

g(z) = p(z)z + q(z)iz, (2.8)

onde p, q ∈ PC(S1). Para isso, tome g : C→ C um polinomio S1−equivariante

g(z) =∑

bjkzjzk (2.9)

com bjk ∈ C. Como g(θz) = θg(z), ou seja, g(z) = θ−1g(θz) para todo z ∈ C, temos

g(z) = e−iθ∑

bjkeiθ(j−k)zjzk

=∑

bjkeiθ(j−k−1)zjzk,

para todo θ ∈ S1, z ∈ C. Por (2.9) segue que bjk = 0 ou j = k + 1 e daı

g(z) =∑

bk+1,k(zz)kz.

31

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Como bk+1,k ∈ C, podemos denotar bk+1,k = xk + iyk, com xk, yk ∈ R, de onde temos

g(z) =∑

xk(zz)kz +∑

yk(zz)kiz.

Tomando p, q : C→ R como p(z) =∑

xk(zz)k e q(z) =∑

yk(zz)k temos, pelo Exemplo

2.2.4, que p, q ∈ PC(S1), o que prova (2.8). Aqui tambem, se trocarmos C por R2 temos

que os geradores serao g1(x, y) = (x, y) e g2(x, y) = (−y, x).

Exemplo 2.3.6. Seja S1 agindo em C2 como no Exemplo 2.2.5. Vamos mostrar que

o modulo das aplicacoes polinomiais equivariantes sobre o anel PC2(S1) e gerado pelas

aplicacoes gi, com 1 ≤ i ≤ 8, onde

g1(z1, z2) = (z1, 0), g2(z1, z2) = (z2, 0), g3(z1, z2) = (iz1, 0), g4(z1, z2) = (iz2, 0),

g5(z1, z2) = (0, z1), g6(z1, z2) = (0, z2), g7(z1, z2) = (0, iz1), g8(z1, z2) = (0, iz2).

Seja g : C2 → C2 uma aplicacao polinomial equivariante por esta acao de S1. Escre-

vendo g = (p, q), com p, q : C2 → C, temos

(p(θ(z1, z2)), q(θ(z1, z2))) = θ(p(z1, z2), q(z1, z2)) = (eiθp(z1, z2), eiθq(z1, z2)),

para todo θ ∈ S1, (z1, z2) ∈ C2. Entao, p(eiθz1, eiθz2)) = eiθp(z1, z2), o mesmo valendo

para q. Escrevendo p como

p(z1, z2) =∑

aαβγδzα1 z1

βzγ2z2δ, (2.10)

com aαβγδ ∈ C, temos que a igualdade p(z1, z2) = e−iθp(eiθz1, eiθz2) e satisfeita se, e

somente se,

p(z1, z2) = e−iθ∑

aαβγδeiθ(α−β+γ−δ)zα1 z1

βzγ2z2δ,

para todo θ ∈ [0, 2π), (z1, z2) ∈ C2. Logo, α−β+γ−δ−1 = 0 quando aαβγδ 6= 0. Observe

que se α ≥ β, entao γ ≤ δ + 1 e se α < β, entao γ > δ + 1. Assim, no primeiro caso,

se α − β = m ∈ N, entao δ − γ = m − 1 e, no segundo caso se β − α = n ∈ N, entao

γ− δ = n+ 1. Fatorando em (2.10) os termos de menor grau e substituindo os respectivos

32

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expoentes por n,m, n+ 1 e m− 1 temos

p(z1, z2) =∑α<β

aαβγδ(z1z1)αz1β−α(z2z2)δzγ−δ2 +

∑α>β

aαβγδ(z1z1)βzα−β1 (z2z2)γz2δ−γ+

+ aαα(δ+1)δ(z1z1)α(z2z2)δz2

=∑α<β

aαβγδ(z1z1)α(z2z2)δz1nzn+1

2 +∑α>β

aαβγδ(z1z1)β(z2z2)γzm1 z2m−1+

+ aαα(δ+1)δ(z1z1)α(z2z2)δz2. (2.11)

Das identidades

z1nzn+1

2 = (z1z2 + z1z2)z1n−1zn2 − (z1z1)(z2z2)z1

n−2zn−12

zm1 z2m−1 = (z1z2 + z1z2)zm−1

1 z2m−2 − (z1z1)(z2z2)zm−2

1 z2m−3

validas para m ≥ 3 e n ≥ 2, podemos reduzir os termos z1nzn+1

2 e zm1 z2m−1 ate m = 2 e

n = 1, o que nos da, respectivamente,

z1z22 = (z1z2 + z1z2)z2 − (z2z2)z1

z21z2 = (z1z2 + z1z2)z1 − (z1z1)z2.

Rearranjando os termos em (2.11), escrevemos p como

p(z1, z2) =∑

Arst(z1z1)r(z2z2)s(z1z2 + z1z2)tz1 +∑

Buvw(z1z1)u(z2z2)v(z1z2 + z1z2)wz2

com Arst e Buvw ∈ C. Se Arst = Mrst + iNrst e Buvw = Puvw + iQuvw, com Mrst, Nrst, Puvw

e Quvw ∈ R, entao reescrevemos p como

p(z1, z2) = f1(z1, z2)z1 + f2(z1, z2)iz1 + f3(z1, z2)z2 + f4(z1, z2)iz2,

com fi : C2 → R funcoes de |z1|2, |z2|2, Re(z1z2) para i = 1, 2, 3, 4. Analogamente,

encontraremos

q(z1, z2) = g1(z1, z2)z1 + g2(z1, z2)iz1 + g3(z1, z2)z2 + g4(z1, z2)iz2,

com g1 : C2 → R funcoes de |z1|2, |z2|2, Re(z1z2) para i = 1, 2, 3, 4. Portanto,

g(z1, z2) =f1(z1, z2)(z1, 0) + f2(z1, z2)(iz1, 0) + f3(z1, z2)(z2, 0) + f4(z1, z2)(iz2, 0)+

+ g1(z1, z2)(0, z1) + g2(z1, z2)(0, iz1) + g3(z1, z2)(0, z2) + g4(z1, z2)(0, iz2),

com f1, f2, f3, f4, g1, g2, g3 e g4 ∈ PC2(S1), pelo Exemplo 2.2.5.

33

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Exemplo 2.3.7. Seja S1 agindo em C2 como no Exemplo 2.2.7. Entao, o modulo ~PC2(S1)

dos equivariantes segundo essa acao e gerado pelas aplicacoes

h1(z1, z2) = (z1, 0), h2(z1, z2) = (iz1, 0), h3(z1, z2) = (zl−11 zk2 , 0), h4(z1, z2) = (izl−1

1 zk2 , 0),

h5(z1, z2) = (0, z2), h6(z1, z2) = (0, iz2), h7(z1, z2) = (0, zl1zk−12 ) e h8(z1, z2) = (0, izl1z

k−12 ).

Se g ∈ ~PC2(S1), entao g(θ(z1, z2)) = θg(z1, z2), para todo θ ∈ S1, (z1, z2) ∈ C2. Escre-

vendo g(z1, z2) = (p(z1, z2), q(z1, z2)), com p, q : C2 → C, temos

g(z1, z2) = θ−1g(θ(z1, z2)) = (e−kiθp(ekiθz1, eliθz2), e−liθq(ekiθz1, e

liθz2))

e daı

p(z1, z2) = e−kiθp(ekiθz1, eliθz2) e q(z1, z2) = e−liθq(ekiθz1, e

liθz2), (2.12)

para todo θ ∈ [0, 2π), (z1, z2) ∈ C2. Como p e polinomial, podemos escrever

p(z1, z2) =∑

aαβγδzα1 z1

βzγ2z2δ, (2.13)

com aαβγδ ∈ C. Pela condicao (2.12)

p(z1, z2) = e−kiθ∑

aαβγδek(α−β)+l(γ−δ)zα1 z1

βzγ2z2δ

e tal igualdade e valida se aαβγδ = 0 ou k(α− β − 1) + l(γ − δ) = 0. Supondo a segunda

igualdade, como k e l sao coprimos, necessariamente l divide α− β − 1 e k divide γ − δ.

Entao α− β ≡ 1(mod l) e γ − δ ≡ 0(mod k). Observe que se α ≥ β + 1 entao γ ≤ δ e se

α < β + 1 entao γ > δ. Fatorando em (2.13) as potencias de z1z1 e z2z2, obtemos

p(z1, z2) =∑α−1≥β

aαβγδ(z1z1)βzα−β1 (z2z2)γz2δ−γ +

∑α−1<β

aαβγδ(z1z1)αz1β−α(z2z2)δzγ−δ2

=∑α−1≥β

aαβγδ(z1z1)β(z2z2)γzml+11 z2

nk +∑α−1<β

aαβγδ(z1z1)α(z2z2δ)z1

m′l−1zn′k

2 ,

(2.14)

para alguns l,m, n,m′, n′ ∈ N, com m′ 6= 0. Das identidades

zml+11 z2

nk = (zl1z2k + z1

lzk2 )z(m−1)l+11 z2

(n−1)k − (z1z1)l(z2z2)kz(m−2)l+11 z2

(n−2)k,

z1m′l−1zn

′k2 = (zl1z2

k + z1lzk2 )z1

(m′−1)l−1z(n′−1)k2 − (z1z1)l(z2z2)kz1

(m′−2)l−1z(n′−2)k2 ,

34

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observamos que os termos zml+11 z2

nk e z1m′l−1zn

′k2 sao redutıveis para m,n ≥ 2 e m′, n′ ≥ 3,

respectivamente. Alem disso, para m = n = 1, m′ = n′ = 2, temos

zl+11 z2

k = (zl1z2k + z1

lzk2 )z1 − (z1z1)z1l−1zk2 e

z12l−1z2k

2 = (zl1z2k + z1

lzk2 )z1l−1zk2 − (z1z1)l−1(z2z2)kz1.

Portanto, (2.14) torna-se

p(z1, z2) =∑

Arst(z1z1)r(z2z2)s(zl1z2k + z1

lzk2 )tz1+

+∑

Buvw(z1z1)u(z2z2)v(zl1z2k + z1

lzk2 )wz1l−1zk2 .

Escrevendo Arst = Mrst + iNrst e Buvw = Puvw + iQuvw, com Mrst, Nrst, Puvw, Quvw ∈ R e

observando que zl1z2k + z1

lzk2 = 2Re(zl1z2k) temos

p(z1, z2) = f1(z1, z2)z1 + f2(z1, z2)iz1 + f3(z1, z2)z1l−1zk2 + f4(z1, z2)iz1

l−1zk2 ,

com fi : C2 → R, i = 1, 2, 3, 4, funcoes de |z1|2, |z2|2, Re(zl1z2k), ou seja, fi ∈ PC2(S1),

pelo Exemplo 2.2.7.

Fazendo o mesmo processo para q : C2 → C, obtemos

q(z1, z2) = g1(z1, z2)z2 + g2(z1, z2)iz2 + g3(z1, z2)zl1z2k−1 + g4(z1, z2)izl1z2

k−1

com g1, g2, g3, g4 ∈ PC2(S1). Temos entao

g(z1, z2) =f1(z1, z2)(z1, 0) + f2(z1, z2)(iz1, 0) + f3(z1, z2)(z1l−1zk2 , 0) + f4(z1, z2)(iz1

l−1zk2 , 0)

+g1(z1, z2)(0, z2) + g2(z1, z2)(0, iz2) + g3(z1, z2)(0, zl1z2k−1) + g4(z1, z2)(0, izl1z2

k−1),

com fi, gi ∈ PC2(S1), como desejado.

Para encerrar este capıtulo, introduzimos o conceito de modulo livre.

Definicao 2.3.8. Dizemos que g1, · · · , gr geram livremente o modulo ~PV (Γ) sobre PV (Γ)

se a relacao

f1g1 + · · ·+ frgr ≡ 0,

onde fj ∈ PV (Γ), implicar que f1 ≡ · · · ≡ fr ≡ 0. Neste caso, dizemos que ~PV (Γ) e um

modulo livre sobre PV (Γ).

35

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Exemplo 2.3.9. Segundo a acao de S1 em C dada no Exemplo 2.3.5, ~PC(S1) e um

modulo livre sobre PC(S1). De fato, pelo Exemplo 2.3.5 temos que ~PC(S1) e gerado por

g1(z) = z e g2(z) = iz sobre PC(S1), cuja base de Hilbert e u(z) = zz. Suponha

que p(z)z + q(z)iz = 0, onde p, q : C → R sao funcoes arbitrarias em PC(S1). Entao,

z(p(z) + iq(z)) = 0 para todo z ∈ C, de onde p(z) + iq(z) = 0. Como p(z), q(z) ∈ R e z e

qualquer, temos p ≡ q ≡ 0 como desejado.

36

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CAPITULO 3

TEORIA REVERSIVEL EQUIVARIANTE

E FORMAS NORMAIS

Muitos problemas em sistemas dinamicos possuem estruturas especiais que sao pre-

servadas no estudo qualitativo do sistema. Uma dessas estruturas e um dos objetivos

em nosso estudo e e dada pela presenca de transformacoes que deixam as equacoes de

movimento invariantes, as ja mencionadas simetrias (equivariancias) e antissimetrias (re-

versibilidades) . Um exemplo simples deste comportamento e o pendulo ideal (sem perda

de energia) mencionado na Introducao.

A teoria de formas normais e uma ferramenta importante na analise qualitativa lo-

cal (em uma vizinhanca de um ponto singular) de sistemas em presenca de simetrias e

antissimetrias e o seu desenvolvimento e o nosso segundo objetivo principal.

Neste capıtulo, vamos continuar descrevendo a abordagem algebrica inerente ao con-

texto reversıvel equivariante, analisando as relacoes entre a teoria reversıvel e a teoria

invariante apresentada no Capıtulo 2. Num segundo momento, vamos apresentar a teoria

de formas normais para campos de vetores reversıveis equivariantes como uma adaptacao

da teoria desenvolvida por Belitskii [5, 6] e Elphick et al. [13], usando as ferramentas

algebricas apresentadas no Capıtulo 2 e no presente.

37

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Em todo este capıtulo assumimos Γ um grupo de Lie compacto agindo linearmente em

um espaco vetorial V de dimensao finita. Nossa abordagem aqui baseia-se nas referencias

[1] e [3].

3.1 Simetrias e Antissimetrias

Considere um homomorfismo de grupos

σ : Γ→ Z2. (3.1)

Vamos denotar por Γ+ o kernel de σ. Se σ e o homomorfismo trivial, entao obviamente

Γ = Γ+. Caso contrario, Γ+ e um subgrupo proprio de Γ. Em ambos os casos, Γ+ e um

subgrupo normal de Γ ja que e o kernel de um homomorfismo de grupos. Denotamos por

Γ− o complementar de Γ+ em Γ. Temos entao a seguinte definicao:

Definicao 3.1.1. Um elemento γ ∈ Γ+ e chamado simetria de Γ e um elemento γ ∈ Γ−

e chamado antissimetria de Γ.

O proximo resultado deriva simplesmente do fato de σ ser um homomorfismo de gru-

pos.

Proposicao 3.1.2. O produto de duas simetrias ou de duas antissimetrias e uma sime-

tria; o produto de uma simetria e uma antissimetria e uma antissimetria e o inverso de

uma simetria (respectivamente, antissimetria) e uma simetria (respectivamente, antissi-

metria).

Devido a proposicao anterior, para todo γ ∈ Γ+ temos γΓ+ = Γ+. Alem disso, se

δ ∈ Γ−, entao δΓ+ = Γ− pois, pela proposicao anterior, δΓ+ ⊆ Γ− e se β ∈ Γ− podemos

escrever β = δ(δ−1β) ∈ δΓ+. Logo, se σ e nao trivial, entao existem duas classes laterais

de Γ+ em Γ: Γ+ e δΓ+, com δ ∈ Γ− fixado (porem arbitrario). Portanto, neste caso, Γ+

e um subgrupo normal de Γ de ındice 2. Alem disso, podemos escrever

Γ = Γ+ ∪ Γ− = Γ+ ∪ δΓ+,

para qualquer δ ∈ Γ− fixado.

Sob este formalismo algebrico temos a seguinte definicao:

38

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Definicao 3.1.3. Sejam σ : Γ → Z2 um epimorfismo1 e (ρ, V ) o espaco V sob a repre-

sentacao ρ de Γ. Uma funcao polinomial f : (ρ, V )→ R e chamada de Γ−anti-invariante,

ou simplesmente anti-invariante, se

f(γx) = σ(γ)f(x) (3.2)

para todo x ∈ V e para todo γ ∈ Γ. Uma aplicacao polinomial g : (ρ, V ) → (ρ, V ) e

chamada de Γ−reversıvel-equivariante, ou reversıvel-equivariante, se

g(γx) = σ(γ)γg(x), (3.3)

para todo γ ∈ Γ e para todo x ∈ V.

Denotamos por QV (Γ) o espaco de todas as funcoes polinomiais Γ−anti-invariantes e

por ~QV (Γ) o espaco de todas as aplicacoes polinomiais Γ−reversıveis-equivariantes.

Na definicao acima, se σ e o homomorfismo trivial, entao f satisfazendo (3.2) se reduz

a uma funcao Γ−invariante e g satisfazendo (3.3) se reduz a uma aplicacao puramente

Γ−equivariante.

Observacao 3.1.4. Note que a existencia de um epimorfismo σ : Γ → Z2 e garantida

sempre que Γ possuir um subgrupo normal de ındice 2. Caso contrario, nao faz sentido

falarmos em QV (Γ) e ~QV (Γ).

Assim como ~PV (Γ), os espacos QV (Γ) e ~QV (Γ) tambem possuem estrutura de modulos

sobre o anel PV (Γ). Para ver isso, considere a seguinte definicao:

Definicao 3.1.5. Sejam ρ uma representacao de Γ em V e σ : Γ→ Z2 um epimorfismo.

A representacao σ−dual de ρ e a representacao de Γ em V definida por

ρσ : Γ → GL(V )

γ 7−→ σ(γ)ργ.

A acao correspondente e chamada de acao dual. Alem disso, podemos definir uma acao

de Γ em R por

ϕ : Γ× R → R

(γ, x) 7−→ σ(γ)x.

1Um homomorfismo sobrejetor

39

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Assim, se g ∈ ~QV (Γ) entao, por (3.3), temos

g(ργ(x)) = g(γx) = σ(γ)γg(x) = ρσ(γ)(g(x)),

para todo γ ∈ Γ, x ∈ V , ou seja, g pode ser vista como uma aplicacao equivariante

de (ρ, V ) em (ρσ, V ). Do mesmo modo, se f ∈ QV (Γ), entao por (3.2) temos valida a

igualdade f(ργ(x)) = σ(γ)f(x), para todo γ ∈ Γ, x ∈ V, e podemos ver f como uma

aplicacao equivariante de (ρ, V ) em (σ,R). Portanto, QV (Γ) e ~QV (Γ) tem a estrutura de

modulo herdada de ~PV,W (Γ) e, pelo Teorema 2.3.3, ambos QV (Γ) e ~QV (Γ) sao finitamente

gerados sobre PV (Γ).

O lema a seguir caracteriza o anel PV (Γ) e os modulos QV (Γ), ~PV (Γ) e ~QV (Γ),

relacionando-os com os invariantes e equivariantes sob Γ+ apenas.

Lema 3.1.6. Seja Γ+ o subgrupo das simetrias de Γ e fixe δ ∈ Γ− = Γ\Γ+. Entao,

PV (Γ) = f ∈ PV (Γ+); f(δx) = f(x), ∀ x ∈ V

~PV (Γ) = g ∈ ~PV (Γ+); g(δx) = δg(x), ∀ x ∈ V

QV (Γ) = f ∈ PV (Γ+); f(δx) = −f(x), ∀ x ∈ V

~QV (Γ) = g ∈ ~PV (Γ+); g(δx) = −δg(x), ∀ x ∈ V .

Demonstracao. Vamos demonstrar somente a terceira igualdade e as demais seguem ana-

logamente. Considere um epimorfismo σ : Γ → Z2 com Γ+ = kerσ e Γ− = Γ\Γ+. Seja

f ∈ PV (Γ+) tal que f(δx) = −f(x) para todo x ∈ V. Entao f(γx) = f(x), para todo

γ ∈ Γ+. Alem disso, uma vez que Γ− = δΓ+, dado γ ∈ Γ−, podemos escrever γ = δγ′ para

algum γ′ ∈ Γ+ e daı

f(γx) = f((δγ′)x) = f(δ(γ′x)) = −f(γ′x) = −f(x).

Portanto, f(γx) = σ(γ)f(x) para todo γ ∈ Γ e para todo x ∈ V, ou seja, f ∈ QV (Γ).

Para a inclusao contraria, seja f ∈ QV (Γ). Entao, f(γx) = σ(γ)f(x) para todo x ∈ V e

para todo γ ∈ Γ. Mas, σ(γ) = 1 se γ ∈ Γ+ e σ(γ) = −1 se γ ∈ Γ−. Entao f ∈ PV (Γ+) e

f(δx) = −f(x) para todo x ∈ V, como desejado.

A fim de facilitar futuros calculos, enunciamos o seguinte lema, cuja demonstracao

segue da definicao de produto de aplicacoes, da definicao dos respectivos modulos e anel

e da linearidade da acao de Γ em V.

40

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Lema 3.1.7. Seja Γ um grupo de Lie compacto agindo em V. Sejam f ∈ PV (Γ), p ∈

QV (Γ), g ∈ ~PV (Γ) e q ∈ ~QV (Γ). Entao, fp ∈ QV (Γ), fg ∈ ~PV (Γ), pq ∈ ~PV (Γ), fq ∈~QV (Γ), pg ∈ ~QV (Γ).

Demonstracao. Sejam p ∈ QV (Γ) e q ∈ ~QV (Γ). Entao

pq(γx) = p(γx)q(γx) = σ(γ)p(x)σ(γ)γq(x) = σ(γ)2γp(x)q(x) = γ(pq)(x),

para todo γ ∈ Γ, x ∈ V. Os outros casos seguem analogamente.

3.2 Calculo de Geradores

Ja vimos que se Γ e um grupo de Lie compacto, entao QV (Γ) e ~QV (Γ) sao modulos

finitamente gerados sobre PV (Γ). Nessa secao vamos apresentar um algoritmo que nos

fornece seus geradores a partir do conhecimento dos invariantes e equivariantes apenas

sob a acao do grupo de simetrias Γ+. A principal ferramenta utilizada neste processo sao os

operadores e σ−operadores de Reynolds. A importancia da construcao dos geradores de

~QV (Γ) se tornara clara no calculo das formas normais reversıveis equivariantes apresentada

neste capıtulo e no proximo.

3.2.1 Operadores de Reynolds

Os operadores e σ−operadores de Reynolds constituem um importante mecanismo

algebrico na teoria invariante de grupos de Lie. Sua definicao faz uso do grupo Γ+ das

simetrias de Γ.

Definicao 3.2.1. Sejam Γ um grupo de Lie compacto e σ : Γ → Z2 um epimorfismo de

grupos. Considere Γ+ = kerσ e fixe δ ∈ Γ−. Os operadores de Reynolds sobre PV (Γ+) e

~PV (Γ+) sao aplicacoes R : PV (Γ+)→ PV (Γ+) e ~R : ~PV (Γ+)→ ~PV (Γ+) definidas por

R(f)(x) =1

2(f(x) + f(δx)) e ~R(g)(x) =

1

2(g(x) + δ−1g(δx)), (3.4)

respectivamente. Os σ−operadores de Reynolds sobre PV (Γ+) e ~PV (Γ+) sao aplicacoes

S : PV (Γ+)→ PV (Γ+) e ~S : ~PV (Γ+)→ ~PV (Γ+) definidas por

S(f)(x) =1

2(f(x)− f(δx)) e ~S(g)(x) =

1

2(g(x)− δ−1g(δx)), (3.5)

41

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respectivamente.

Para a proxima proposicao IdPV (Γ+) e Id~PV (Γ+) denotam os operadores identidade em

PV (Γ+) e ~PV (Γ+), respectivamente.

Proposicao 3.2.2. Os operadores de Reynolds R, ~R, S e ~S definidos em (3.4) e (3.5),

respectivamente, satisfazem as seguintes propriedades:

(i) Sao homomorfismos de PV (Γ)−modulos tais que

R + S = IdPV (Γ+) e ~R + ~S = Id~PV (Γ+).

(ii) Eles sao projecoes idempotentes com

ImS = kerR = QV (Γ) e kerS = ImR = PV (Γ);

Im~S = ker ~R = ~QV (Γ) e ker ~S = Im~R = ~PV (Γ).

(iii) Valem as seguintes decomposicoes como espacos vetoriais:

PV (Γ+) = kerR⊕ ImR = kerS ⊕ ImS e

~PV (Γ+) = ker ~R⊕ Im~R = ker ~S ⊕ Im~S.

Demonstracao. (i) Temos que PV (Γ) ⊆ PV (Γ+) pelo Lema 3.1.6. Logo, PV (Γ) e um su-

banel do anel PV (Γ+) de modo que PV (Γ+) pode ser visto como um PV (Γ)−modulo.

Por consequencia, como ~PV (Γ+) e um modulo sobre PV (Γ+) temos que ~PV (Γ+) e

um PV (Γ)−modulo. Agora, fixando δ ∈ Γ−, se f, g ∈ PV (Γ+) e p ∈ PV (Γ) temos

para todo x ∈ V

R(f + g)(x) =1

2((f + g)(x) + (f + g)(δx))

=1

2(f(x) + g(x) + f(δx) + g(δx))

=1

2(f(x) + f(δx)) +

1

2(g(x) + g(δx)) = R(f)(x) +R(g)(x)

e

R(pf)(x) =1

2(pf(x) + pf(δx))

=1

2(p(x)f(x) + p(δx)f(δx))

=1

2(p(x)f(x) + p(x)f(δx))

=1

2p(x)(f(x) + f(δx)) = (pR(f))(x).

42

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Da mesma forma, mostramos que R(fp) = (R(f)p). Portanto, R e um homomor-

fismo de PV (Γ)−modulos. Para os outros operadores a demonstracao e analoga.

Alem disso,

(R + S)(f)(x) = R(f)(x) + S(f)(x) =1

2(f(x) + f(δx)) +

1

2(f(x)− f(δx)) = f(x),

para todo f ∈ PV (Γ+) e para todo x ∈ V. Logo, R+S = IdPV (Γ+). Da mesma forma,

usando a definicao de ~R e ~S temos que ~R + ~S = Id~PV (Γ+).

(ii) Vamos mostrar que ker ~R = ~QV (Γ) e que Im~R = ~PV (Γ) e as demais igualdades

seguem de modo analogo. Seja f ∈ ker ~R e fixe δ ∈ Γ−. Entao, f ∈ ~PV (Γ+) e, para

todo x ∈ V, ~R(f)(x) = 0. Por definicao,1

2(f(x) + δ−1f(δx)) = 0, o que implica em

f(x) = −δ−1f(δx), para todo x ∈ V. Portanto, f(δx) = −δf(x) e pelo Lema 3.1.6,

f ∈ ~QV (Γ). Por outro lado, se f ∈ ~QV (Γ), entao f(δx) = σ(δ)δf(x) = −δf(x), para

todo x ∈ V. Logo, δ−1f(δx) = −f(x) e, consequentemente, R(f) ≡ 0. Portanto,

ker ~R = ~QV (Γ).

Seja agora f ∈ ~PV (Γ+). Por definicao ~R(f) ∈ ~PV (Γ+). Vamos usar novamente o

Lema 3.1.6 para mostrar que ~R(f) ∈ ~PV (Γ). Temos:

~R(f)(δx) =1

2(f(δx) + δ−1f(δδx))

=1

2(f(δx) + δ−1δ2f(x))

=1

2(f(δx) + δf(x))

=1

2δ(δ−1f(δx) + f(x)) = δ ~R(f)(x),

a segunda igualdade seguindo pois δ2 ∈ Γ+. Assim, Im~R ⊆ ~PV (Γ). Por outro lado,

se f ∈ ~PV (Γ), entao f(δx) = δf(x) e daı

f(x) =1

2(f(x) + f(x)) =

1

2(f(x) + δ−1f(δx)) = ~R(f)(x) (3.6)

para todo x ∈ V. Portanto, segue a igualdade Im~R = ~PV (Γ). Resta mostrar a

idempotencia de ~R. De fato, de (3.6) segue que ~R|~PV (Γ) = Id~PV (Γ). Como ~R(f) ∈~PV (Γ), para todo f ∈ ~PV (Γ+), temos que ~R ~R(f) = ~R(~R(f)) = ~R(f), de onde

~R2 = ~R.

43

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(iii) Mostremos somente a igualdade ~PV (Γ+) = ker ~R ⊕ Im~R. Ja temos que Im~R ⊆~PV (Γ+), bem como ker ~R ⊆ ~PV (Γ+) implicando que ker ~R + Im~R ⊆ ~PV (Γ+). Seja

f ∈ ~PV (Γ+). Podemos escrever f = (f − ~R(f)) + ~R(f). Como ~R e idempotente

e e um homomorfismo de modulos, temos ~R(f − ~R(f)) = ~R(f) − ~R2(f) ≡ 0,

ou seja, f − ~R(f) ∈ ker(~R). Entao, f = (f − ~R(f)) + ~R(f) ∈ ker ~R + Im~R e

a igualdade segue. Resta mostrar que a soma e direta. Se f ∈ ker ~R ∩ Im~R,

entao ~R(f) ≡ 0 e existe f ∈ ~PV (Γ+) tal que ~R(f) = f. Como ~R e idempotente,

f = ~R(f) = ~R(~R(f)) = ~R(f) ≡ 0, fazendo-nos concluir o resultado.

Do item (iii) da proposicao anterior estao consequencias imediatas e valiosas, tanto

para o desenvolvimento da teoria quanto para as aplicacoes do ultimo capıtulo. Por isso,

daremos destaque a elas, enunciando-as em forma de corolario.

Corolario 3.2.3. Sejam Γ agindo linearmente em V e Γ+ o grupo das simetrias de Γ.

Entao, as seguintes decomposicoes em soma direta de modulos sobre o anel PV (Γ) valem:

PV (Γ+) = PV (Γ)⊕QV (Γ) e (3.7)

~PV (Γ+) = ~PV (Γ)⊕ ~QV (Γ). (3.8)

3.2.2 Calculo dos Geradores Reversıveis Equivariantes

A sequencia de resultados dessa subsecao culminara em um algoritmo para a deter-

minacao dos geradores do modulo ~QV (Γ) sobre o anel de invariantes PV (Γ). Comecamos

com um teorema que nos mostra como encontrarmos os geradores dos anti-invariantes

como um modulo sobre PV (Γ). Para a demonstracao deste teorema usamos a notacao de

multi-ındice, ou seja, aα representa aα1α2···αs se α = (α1, α2, · · · , αs) e uma s−upla de

inteiros nao negativos.

Teorema 3.2.4. Seja Γ agindo linearmente em V e fixe σ : Γ→ Z2 um epimorfismo de

grupos com kerσ = Γ+. Considere o operador S definido em (3.5). Se u1, · · · , us e uma

base de Hilbert para PV (Γ+), entao o conjunto

S(u1), · · · , S(us) (3.9)

44

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gera QV (Γ) como modulo sobre PV (Γ).

Demonstracao. Sejam f ∈ QV (Γ) e u1, · · · , us uma base de Hilbert para PV (Γ+). Fixe

δ ∈ Γ− qualquer. Como IPV (Γ+) = R+S, podemos escrever ui = R(ui) +S(ui), para todo

i = 1, · · · , s. Deste modo, o conjunto R(ui), S(ui); i = 1, · · · , s tambem forma uma

base de Hilbert para PV (Γ+). Pelo Lema 3.1.6, f ∈ PV (Γ+) e o escrevemos como

f(x) =∑α

aα[R(u1)(x)]α1 · · · [R(us)(x)]αs [S(u1)(x)]β1 · · · [S(us)(x)]βs , (3.10)

onde α = (α1, · · · , αs, β1, · · · , βs) ∈ N2s e aα ∈ R. Sabemos pela Proposicao 3.2.2 que

R(ui) ∈ PV (Γ) e S(ui) ∈ QV (Γ). Entao,

f(δx) =∑α

aα[R(u1)(δx)]α1 · · · [R(us)(δx)]αs [S(u1)(δx)]β1 · · · [S(us)(δx)]βs

=∑α

(−1)β1+···+βsaα[R(u1)(x)]α1 · · · [R(us)(x)]αs [S(u1)(x)]β1 · · · [S(us)(x)]βs .

Como f ∈ QV (Γ) temos que f(δx) = −f(x), para todo x ∈ V, ou seja,

0 = f(δx) + f(x)

=∑α

((−1)β1+···+βs + 1)aα[R(u1)(x)]α1 · · · [R(us)(x)]αs [S(u1)(x)]β1 · · · [S(us)(x)]βs ,

de onde aα = 0 ou β1 + · · ·+ βs e um numero ımpar. Neste caso, β1 + · · ·+ βj−1 + (βj −

1) + βj+1 + · · ·+ βs e par e temos a parcela kα(x)S(uj)(x) onde

kα(x) = aα[R(u1)(x)]α1 · · · [R(us)(x)]αs [S(u1)(x)]β1 · · · [S(uj)(x)]βj−1 · · · [S(us)(x)]βs ,

para algum j = 1, · · · , s. Tal produto e Γ-invariante, uma vez que temos um produto par

de funcoes Γ−anti-invariantes2. Logo, kα ∈ PV (Γ). Escrevemos Lj para a soma de todas

as funcoes kα que acompanham S(uj). Assim, para todo x ∈ V,

f(x) =s∑j=1

Lj(x)S(uj)(x) =

(s∑j=1

LjS(uj)

)(x),

com Lj ∈ PV (Γ) e, portanto, segue o resultado.

2Basta observar que se fi ∈ QV (Γ), com 1 ≤ i ≤ n, e f(x) = f1(x) · · · fn(x), com n par, entao

f(δx) = (−1)nf1(x) · · · fn(x) = f(x). Logo, f e Γ−invariante.

45

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Corolario 3.2.5. Nas condicoes do teorema anterior, o conjunto 1, S(u1), · · · , S(us)

gera PV (Γ+) como um modulo sobre PV (Γ).

Demonstracao. O resultado segue usando a decomposicao dada em (3.7). De fato, se

f ∈ PV (Γ+), entao

f = f0 +s∑j=1

fjS(uj),

com fi ∈ PV (Γ), para todo i = 0, · · · , s e S(uj) geradores de QV (Γ). Portanto, PV (Γ+) =

PV (Γ)1, S(u1), · · · , S(us).

Lema 3.2.6. Seja S(u0) ≡ 1, S(u1), · · · , S(us) um conjunto de geradores para PV (Γ+)

como no corolario anterior. Seja H0, · · · , Hr um conjunto de geradores para o modulo

~PV (Γ+) sobre o anel PV (Γ+). Entao,

Hij = S(ui)Hj; i = 0, · · · , s e j = 0, · · · , r

e um conjunto de geradores para o modulo ~PV (Γ+) sobre o anel PV (Γ).

Demonstracao. Seja G ∈ ~PV (Γ+). Entao existem pj ∈ PV (Γ+), j = 0, · · · , r tais que

G =r∑j=0

pjHj. Como S(u0) ≡ 1, S(u1), · · · , S(us) gera PV (Γ+) sobre PV (Γ), entao para

cada j = 0, · · · , r existem pij ∈ PV (Γ) com i = 0, · · · , s tais que pj =s∑i=0

pijS(ui).

Substituindo devidamente temos

G =r∑j=0

pjHj =r∑j=0

(s∑i=0

pijS(ui)

)Hj =

s,r∑i,j=0

pijS(ui)Hj,

com pij ∈ PV (Γ) e S(ui)Hj ∈ ~PV (Γ+), conforme o Lema 3.1.7, para todo i = 0, · · · , s e

j = 0, · · · , r.

Segue, portanto, o principal resultado desta secao:

Teorema 3.2.7. Seja Hij; i = 0, · · · , s e j = 0, · · · , r um conjunto de geradores para

~PV (Γ+) sobre PV (Γ) obtido como no lema anterior. Considere o σ−operador de Reynolds

~S definido em (3.5). Entao

~S(Hij); i = 0, · · · , s e j = 0, · · · , r

e um conjunto de geradores para ~Q(Γ) sobre PV (Γ).

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Demonstracao. Seja G ∈ ~QV (Γ). Sabemos, pela Proposicao 3.2.2, que ~QV (Γ) = Im~S.

Logo, existe G ∈ ~PV (Γ+) tal que G = ~S(G). Por hipotese, G =

s,r∑i,j=0

pijHij com pij ∈

PV (Γ). Como ~S e um homomorfismo de PV (Γ)−modulos, temos

G = ~S(

s,r∑i,j=0

pijHij) =

s,r∑i,j=0

pij ~S(Hij),

com pij ∈ PV (Γ) e ~S(Hij) ∈ ~QV (Γ), o que prova o resultado.

Vamos organizar todos os resultados desta subsecao na forma de um algoritmo, que

sera utilizado no Capıtulo 4 na determinacao das formas normais de campos de vetores

Hamiltonianos reversıveis equivariantes.

Algoritmo 3.2.8. (Geradores Reversıveis equivariantes)

1. Considere Γ um grupo de Lie compacto. Fixe um epimorfismo σ : Γ → Z2, com

kerσ = Γ+, e fixe uma antissimetria δ ∈ Γ−;

2. Considere uma base de Hilbert u1, · · · , us para PV (Γ+) e H0, · · · , Hr um con-

junto de geradores para ~PV (Γ+) sobre PV (Γ+);

3. Defina S(u0) ≡ 1 e faca S(ui) para i = 1, · · · , s;

4. Construa Hij = S(ui)Hj para i = 0, · · · , s e j = 0, · · · , r;

5. Para i = 0, · · · , s e j = 0, · · · , r, calcule ~S(Hij).

Resultado: Conjunto de geradores ~S(Hij); i = 0, · · · , s e j = 0, · · · , s para ~QV (Γ)

como modulo sobre PV (Γ).

Ainda com o proposito de determinarmos formas normais, e necessario a obtencao de

uma base de Hilbert para PV (Γ). O proximo teorema, cuja demonstracao e encontrada

em [4], nos mostra que podemos fazer isto a partir de uma base de Hilbert para PV (Γ+).

Teorema 3.2.9. Sejam Γ agindo linearmente em V e σ : Γ → Z2 um epimorfismo com

kerσ = Γ+. Considere os operadores R e S definidos em (3.4) e (3.5), respectivamente.

Se u1, · · · , us e uma base de Hilbert para o anel PV (Γ+), entao o conjunto

R(ui), S(ui)S(uj); i, j = 1, · · · , s

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e uma base de Hilbert para o anel PV (Γ).

Demonstracao. Vamos seguir a mesma ideia da demonstracao do Teorema 3.2.4. Comecamos

fixando δ ∈ Γ− e seja f ∈ PV (Γ). Sabemos que R(u1), · · · , R(us), S(u1), · · · , S(us) e

tambem uma base de Hilbert para PV (Γ+). Como f ∈ PV (Γ), em particular f ∈ PV (Γ+)

e podemos escreve-la como em (3.10). Ja que R(ui) ∈ PV (Γ) e S(ui) ∈ QV (Γ) para todo

i = 1, · · · , s, entao

f(δx) =∑α

(−1)β1+···+βsaα[R(u1)(x)]α1 · · · [R(us)(x)]αs [S(u1)(x)]β1 · · · [S(us)(x)]βs .

Como f ∈ PV (Γ) temos que f(δx) = f(x), de onde aα = 0 ou β1 + · · ·+ βs e um numero

par. Como produto par de funcoes Γ-anti-invariantes e Γ-invariante, temos que

kα(x) = aα[S(u1)(x)]β1 · · · [S(us)(x)]βs

e uma funcao Γ-invariante. Assim, de (3.10) os geradores de PV (Γ), como anel, sao dados

por

R(u1)(x), · · · , R(us), S(u1)β1 · · ·S(us)βs ,

onde β1 + · · ·+ βs e par. Portanto, o conjunto R(ui), S(ui)S(uj); i, j = 1, · · · , s e uma

base de Hilbert para PV (Γ).

Similar ao resultado anterior, o proximo teorema nos mostra uma forma de encontrar

os geradores de ~PV (Γ) como um modulo sobre PV (Γ) a partir de um conjunto de geradores

para o modulo ~PV (Γ+) sobre PV (Γ). Este processo sera usado no caso especıfico das formas

normais de campos hamiltonianos Zφ2 × Zψ2−reversıveis-equivariantes do Capıtulo 4. Sua

demonstracao e identica a demonstracao do Teorema 3.2.7 trocando ~S por ~R e por isso a

omitimos aqui.

Teorema 3.2.10. Seja Hij; 0 ≤ i ≤ s, 0 ≤ j ≤ r um conjunto gerador de ~PV (Γ+)

sobre PV (Γ) obtido como no Lema 3.2.6. Considere o operador ~R definido em (3.4).

Entao

~R(Hij); 0 ≤ i ≤ s, 0 ≤ j ≤ r

e um conjunto gerador para o modulo ~PV (Γ) sobre PV (Γ).

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3.3 Teoria Invariante para o Produto Semidireto

Para calcularmos as formas normais pelo metodo descrito na Subsecao 3.5, precisare-

mos construir o produto semidireto de dois grupos. Essa construcao generaliza o produto

direto e depende da existencia de um homomorfismo de grupos. Essa secao destina-se a

descrever algumas ferramentas da teoria invariante para os produtos direto e semidireto.

Para o que segue, denotamos por Aut(Γ) o grupo dos automorfismos de Γ com a operacao

de composicao.

Definicao 3.3.1. Dados dois grupos Γ1 e Γ2, o produto semidireto de Γ1 e Γ2, denotado

por Γ o Γ2, e o produto direto Γ1 × Γ2 como conjunto munido de uma operacao induzida

por um homomorfismo µ : Γ2 → Aut(Γ1), onde

(γ1, γ2) ·µ (τ1, τ2) = (γ1µ(γ2)(τ1), γ2τ2).

O produto semidireto tem estrutura de grupo e, da forma como foi definido, segue que

Γ1 × 0 / Γ1 o Γ2. Note tambem que se µ e o homomorfismo trivial, que leva γ2 ∈ Γ2 no

automorfismo identidade de Γ1, entao Γ1 o Γ2 = Γ1 × Γ2.

Dadas (ρ, V ) e (η, V ) representacoes de Γ1 e Γ2 em V, respectivamente, gostarıamos

de definir uma representacao do produto semidireto Γ1 o Γ2 em V. Para isso, considere

as acoes (γ1, x) 7→ γ1x e (γ2, x) 7→ γ2x de Γ1 e Γ2, respectivamente, e defina a operacao

(Γ1 o Γ2)× V → V por

(γ1, γ2)x = γ1(γ2x). (3.11)

Note que (3.11) pode ser reescrita como (γ1, γ2)x = ργ1(ηγ2(x)), para todo γ1 ∈ Γ1,

γ2 ∈ Γ2, x ∈ V. Entao, temos:

Proposicao 3.3.2. A operacao definida em (3.11) define uma acao de Γ1 oΓ2 em V se,

e somente se, ρµ(γ2)(γ1) = ηγ2 ργ1 η−1γ2. Em particular, quando Γ1 o Γ2 = Γ1 × Γ2 como

grupo, a operacao em questao define uma acao se, e somente se, as acoes de Γ1 e de Γ2

comutam.

Demonstracao. Veja primeiramente que a aplicacao definida em (3.11) e contınua pois e

a composta das acoes de Γ1 e Γ2 em V, que sao contınuas. Alem disso, ela define uma

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acao se, e somente se, para cada (γ1, γ2) ∈ Γ1 o Γ2, a aplicacao %(γ1,γ2) : V → V definida

por %(γ1,γ2)(x) = γ1(γ2x) e linear e

(γ1, γ2)((τ1, τ2)x) = ((γ1, γ2) ·µ (τ1, τ2))x, (3.12)

para todo (γ1, γ2), (τ1, τ2) ∈ Γ1 o Γ2 e x ∈ V. A primeira condicao sempre ocorre pois

%(γ1,γ2) = ργ1 ηγ2 , sendo ργ1 e ηγ2 lineares. Assim, a aplicacao (3.11) define uma acao se,

e somente se, vale (3.12). Por um lado,

(γ1, γ2)((τ1, τ2)x) = ργ1(ηγ2(ρτ1(ητ2(x)))) = ργ1 ηγ2 ρτ1 ητ2(x)

e por outro lado

((γ1, γ2) ·µ (τ1, τ2))x = (γ1µ(γ2)(τ1), γ2τ2)x = ργ1µ(γ2)(τ1) ηγ2τ2(x)

= ργ1 ρµ(γ2)(τ1) ηγ2 ητ2(x),

para todo x ∈ V. Portanto, (3.12) vale se, e somente se,

ργ1 ηγ2 ρτ1 ητ2 = ργ1 ρµ(γ2)(τ1) ηγ2 ητ2 ,

ou seja, ρµ(γ2)(τ1) = ηγ2 ρτ1 η−1γ2

para todo τ1 ∈ Γ1 e γ2 ∈ Γ2.

Portanto, neste trabalho, sempre que Γ1 e Γ2 admitirem um produto semidireto Γ1oΓ2

com uma representacao %(γ1,γ2) = ργ1 ηγ2 , vamos assumir as condicoes da proposicao

anterior.

O proximo resultado relaciona, de certo modo, a teoria invariante para Γ1 o Γ2 com a

teoria invariante de Γ1 e Γ2. Tal resultado e de fundamental importancia na deducao das

formas normais no Capıtulo 4, quando Γ1 for um grupo de Lie compacto cujos elementos

agem como simetrias. Sendo assim, suponha que exista um epimorfismo σ2 : Γ2 → Z2 e

defina

σ : Γ1 o Γ2 → Z2

(γ1, γ2) 7−→ σ2(γ2).(3.13)

Esta construcao e um modo de ver Γ1 como um grupo que contem somente simetrias, ou

seja, dotado do homomorfismo trivial σ1 : Γ1 → Z2. Temos, entao o seguinte resultado:

50

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Proposicao 3.3.3. Sejam Γ1 e Γ2 grupos de Lie compactos agindo linearmente em V e

considere o epimorfismo σ definido em (3.13). Entao

(i) PV (Γ1 o Γ2) = PV (Γ1) ∩ PV (Γ2);

(ii) ~PV (Γ1 o Γ2) = ~PV (Γ1) ∩ ~PV (Γ2);

(iii) QV (Γ1 o Γ2) = PV (Γ1) ∩QV (Γ2);

(iv) ~QV (Γ1 o Γ2) = ~PV (Γ1) ∩ ~QV (Γ2).

Demonstracao. Mostremos apenas o item (iv), os demais itens seguem de forma analoga.

Sejam g ∈ ~QV (Γ1 o Γ2), (γ1, γ2) ∈ Γ1 o Γ2 e x ∈ V quaisquer. Entao

g(γ1(γ2x)) = g((γ1, γ2)x) = σ(γ1, γ2)γ1γ2g(x).

Sejam e1, e2 os elementos neutros de Γ1 e Γ2, respectivamente. Entao

g(γ2x) = g(e1(γ2x)) = σ(e1, γ2)e1γ2g(x) = σ2(γ2)γ2g(x),

para todo γ2 ∈ Γ2, x ∈ V, de onde g ∈ ~QV (Γ2). Ainda

g(γ1x) = g(γ1(e2x)) = σ(γ1, e2)γ1e2g(x) = σ2(e2)γ1g(x) = γ1g(x),

para todo γ1 ∈ Γ1, x ∈ V, uma vez que σ2(e2) = 1. Logo, g ∈ ~PV (Γ1) e, portanto,

g ∈ ~PV (Γ1) ∩ ~QV (Γ2).

Seja agora g ∈ ~PV (Γ1) ∩ ~QV (Γ2). Entao

g((γ1, γ2)x) = g(γ1(γ2x)) = γ1g(γ2x) = γ1σ2(γ2)γ2g(x) = σ(γ1, γ2)γ1γ2g(x),

para todo (γ1, γ2) ∈ Γ1 o Γ2, x ∈ V , onde a segunda igualdade segue pois g ∈ ~PV (Γ1) e a

terceira segue pois g ∈ ~QV (Γ2). Portanto, g ∈ ~QV (Γ1 o Γ2).

As igualdades da Proposicao 3.3.3 valem, obviamente, para o produto direto Γ1 × Γ2

quando Γ1 e Γ2 agem em um mesmo espaco V . Agora, se Γ1 e Γ2 sao grupos agindo em

V e W respectivamente, podemos definir as acoes induzidas de Γ1 e Γ2 em V ×W como

51

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γ1(x, y) = (γ1x, y) e γ2(x, y) = (x, γ2y), para todo γ1 ∈ Γ1, γ2 ∈ Γ2, (x, y) ∈ V ×W. Entao

a acao diagonal do grupo Γ1 × Γ2 em V ×W e definida por

(γ1, γ2)(x, y) = (γ1x, γ2y).

Neste caso, se ρ e a representacao de Γ1 em V e η e a representacao de Γ2 em W, entao a

representacao diagonal de (γ1, γ2) ∈ Γ1 × Γ2 em V ×W corresponde a matriz [ργ1 ] 0

0 [ηγ2 ]

∈ GL(V ×W ),

onde [ργ1 ] e [ηγ2 ] denotam as matrizes das respectivas representacoes.

Finalizamos esta secao com dois resultados da teoria invariante para a acao diagonal

de Γ1 × Γ2 em V ×W.

Lema 3.3.4. Sejam Γ1, Γ2 grupos de Lie compactos agindo linearmente em V e W, res-

pectivamente. Sejam u1, · · · , ur e v1, · · · , vs bases de Hilbert para PV (Γ1) e PW (Γ2),

respectivamente. Definimos Uc : V ×W → R e Vd : V ×W → R como Uc(x, y) = uc(x) e

Vd(x, y) = vd(y) para c = 1, · · · , r e d = 1, · · · , s. Entao U1, · · · , Ur, V1, · · · , Vs e uma

base de Hilbert para PV×W (Γ1 × Γ2).

Demonstracao. Seja H ∈ PV×W (Γ1 × Γ2) e escreva H(x, y) =∑α,β

aαβxαyβ, com aαβ ∈ R,

α, β ∈ N. Pela proposicao anterior, H ∈ PV×W (Γ1) ∩ PV×W (Γ2) o que implica em

H(γ1x, y) = H(x, y) e H(x, γ2y) = H(x, y),

para todo γ1 ∈ Γ1, γ2 ∈ Γ2, (x, y) ∈ V ×W. Entao∑α,β

aαβ(γ1x)αyβ =∑α,β

aαβxαyβ =

∑α,β

aαβxα(γ2y)β,

ou seja,∑α,β

aαβ((γ1x)α − xα)yβ = 0 =∑α,β

aαβxα((γ2y)β − yβ).

Como x ∈ V e y ∈ W sao arbitrarios, segue que (γ1x)α = xα e (γ2y)β = yβ uma vez

que aαβ 6= 0. Defina pα(x) = xα e qβ(y) = yβ. Das duas ultimas igualdades temos que

pα ∈ PV (Γ1) e qβ ∈ PW (Γ2) se aαβ 6= 0. Assim, existem p′α : Rr → R e q′β : Rs → R

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tais que pα(x) = p′α(u1(x), · · · , ur(x)) e qβ(y) = q′β(v1(y), · · · , vs(y)), para todo x ∈ V e

y ∈ W. Portanto, existe h : Rr+s → R tal que

H(x, y) =∑α,β

aαβpα(x)qβ(y)

=∑α,β

aαβp′α(u1(x), · · · , ur(x))q′β(v1(y), · · · , vs(y))

= h(u1(x), · · · , ur(x), v1(y), · · · , vs(y))

= h(U1(x, y), · · · , Ur(x, y), V1(x, y), · · · , Vs(x, y)).

Como H ∈ PV×W (Γ1 × Γ2) e arbitrario, segue o resultado.

Lema 3.3.5. Nas condicoes do lema anterior, sejam ~PV (Γ1) e ~PW (Γ2) modulos dos

Γ1−equivariantes e Γ2−equivariantes sobre PV (Γ1) e PW (Γ2), respectivamente. Suponha-

mos que ambos os modulos sejam livres e que ~PV (Γ1) = PV (Γ1)f1, · · · , fm e ~PW (Γ2) =

PW (Γ2)g1, · · · , gn. Definimos Fi : V ×W → V e Gj : V ×W → W por Fi(x, y) = fi(x)

e Gj(x, y) = gj(y) para i = 1, · · · ,m e j = 1, · · · , n. Entao,

~PV×W (Γ1 × Γ2) = PV×W (Γ1 × Γ2)

F1

0

, · · · ,

Fm

0

,

0

G1

, · · · ,

0

Gn

.

Demonstracao. Seja H ∈ ~PV×W (Γ1 × Γ2) e escreva H ≡ (p, q) com p : V ×W → V e

q : V ×W → W. Como a acao de Γ1 × Γ2 e diagonal temos

H(γ1x, γ2y) = H((γ1, γ2)(x, y)) = (γ1, γ2)H(x, y) = (γ1p(x, y), γ2q(x, y)),

para todo (γ1, γ2) ∈ Γ1 × Γ2 e (x, y) ∈ V ×W, de onde

p(γ1x, γ2y) = γ1p(x, y) e q(γ1x, γ2y) = γ2q(x, y). (3.14)

Defina, para cada y ∈ W,

py : V → V

x 7−→ p(x, y).

Por (3.14), py(γ1x) = p(γ1x, y) = γ1p(x, y) = γ1py(x), ou seja, py ∈ ~PV (Γ1). Por hipotese,

para cada y ∈ W, existem hyi ∈ PV (Γ1), i = 1, · · · ,m, tais que

py(x) =m∑i=1

hyi (x)fi(x). (3.15)

53

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Defina agora

hi : V ×W → R

(x, y) 7−→ hyi (x).

Entao, de (3.15) e pela definicao de Fi obtemos

p(x, y) =m∑i=1

hi(x, y)Fi(x, y),

para todo (x, y) ∈ V ×W. Como hyi ∈ PV (Γ1) temos que hi ∈ PV×W (Γ1). Mostremos que

hi ∈ PV×W (Γ2). De (3.14), tomando γ1 = e1 o elemento neutro de Γ1, podemos concluir

que p(x, γ2y) = p(x, y), para todo γ2 ∈ Γ2, (x, y) ∈ V × W. Alem disso, Fi(x, γ2y) =

fi(x) = Fi(x, y). Entao,

m∑i=1

hi(x, y)Fi(x, y) = p(x, y) = p(x, γ2y) =m∑i=1

hi(x, γ2y)Fi(x, γ2y) =m∑i=1

hi(x, γ2y)Fi(x, y),

ou seja,

m∑i=1

(hyi (x)− hγ2yi (x))fi(x) =m∑i=1

(hi(x, y)− hi(x, γ2y))Fi(x, y) = 0,

para todo γ2 ∈ Γ2, (x, y) ∈ V ×W. Uma vez que f1, · · · , fm gera livremente o modulo

~PV (Γ1) sobre PV (Γ1) e hyi − hγ2yi ∈ PV (Γ1), segue que hyi (x) = hγ2yi (x) para todo i =

1, · · · ,m, x ∈ V, y ∈ W e γ2 ∈ Γ2. Reescrevendo esta igualdade, temos hi(x, γ2y) =

hi(x, y), provando que hi ∈ PV×W (Γ2). Pela proposicao anterior, hi ∈ PV×W (Γ1×Γ2). Por

meio de uma construcao analoga, tambem podemos mostrar que

q(x, y) =n∑j=1

h′j(x, y)Gj(x, y),

onde h′j ∈ PV×W (Γ1 × Γ2) para todo j = 1, · · · , n. Portanto,

H(x, y) = (p(x, y), q(x, y)) =m∑i=1

hi(x, y)(Fi(x, y), 0) +n∑j=1

h′j(x, y)(0, Gj(x, y)),

com hi, h′j ∈ PV×W (Γ1 × Γ2), como querıamos.

Exemplo 3.3.6. Considere Γ = S1 agindo em V = C como θz = eiθz. Pelo Exemplo

2.2.4 temos que u(z) = zz e uma base de Hilbert para PC(S1). Pelos Exemplos 2.3.5

54

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e 2.3.9 temos que ~PC(S1) = PC(S1)z, iz, sendo ~PC(S1) um modulo livre sobre PC(S1).

Considere o toro T n = S1 × · · · × S1 agindo em Cn por

(θ1, · · · , θn)(z1, · · · , zn) = (eiθ1z1, · · · , eiθnzn).

Claramente, tal acao e diagonal e, pelo Lema 3.3.4, uma base de Hilbert para PCn(T n) e

z1z1, · · · , znzn. Ainda, pelo Lema 3.3.5

~PCn(T n) = PCn(T n)(z1, 0 · · · , 0), (iz1, 0 · · · , 0), · · · , (0, · · · , 0, zn), (0, · · · , 0, izn).

Alem disso, ~PCn(T n) e um modulo livremente gerado sobre PCn(T n). De fato, suponha

que

(f1(z)z1 + g1(z)iz1, · · · , fn(z)zn + gn(z)izn) ≡ 0,

onde z = (z1, z2, · · · , zn) e fj, gj ∈ PCn(T n), para todo j = 1, · · · , n. Entao fj(z)zj +

gj(z)izj ≡ 0 para todo j = 1, · · · , n. Logo, fj(z) + igj(z) = 0 e, como fj, gj sao funcoes

com imagem real, segue que fj ≡ gj ≡ 0 para todo j = 1, · · · , n, provando o desejado.

3.4 Teoria de Formas Normais

A teoria de formas normais tem sido usada como uma ferramenta para o estudo local

e qualitativo de campos de vetores. Segundo Belitskii [5, 6], o conceito e os primeiros

resultados da teoria iniciaram-se com Poincare em 1928, com o objetivo de encontrar

coordenadas locais de modo que o sistema dinamico em questao tenha uma forma mais

conveniente ou mais “simples”, perto de um ponto de equilıbrio. Essa simplificacao e

obtida atraves de mudancas de coordenadas em cada grau da expansao em serie de Tay-

lor do campo de vetores, de modo que essas mudancas preservem propriedades a serem

investigadas. O metodo desenvolvido por Belitskii [5, 6] reduz este processo ao calculo do

kernel do chamado operador homologico.

Na proxima subsecao, apresentamos a forma normal de Belitskii seguindo [12] como

principal referencia, cuja abordagem pode ser aplicada a qualquer sistema dinamico, in-

cluindo os reversıveis equivariantes e os Hamiltonianos. Na Subsecao 3.4.2, apresentamos

55

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o metodo de Elphick et al. desenvolvido em [13] e que nos fornece um metodo alternativo

ao de Belitskii baseado na matriz da parte linear do sistema.

Para o que segue, V e um espaco vetorial real de dimensao n ≥ 1 e ~P kV denota o espaco

vetorial real das aplicacoes polinomiais homogeneas de V em V e de grau k. Um monomio

em ~P kV e uma expressao da forma xαej, onde α = (α1, · · · , αn) ∈ Nn, xα = xα1

1 xα22 · · ·xαn

n

e ej e o j−esimo elemento da base canonica de V ≡ Rn. E possıvel mostrar que ~P kV tem

dimensao finita igual a n

(n+ k − 1

k

)(veja [12]).

3.4.1 Forma Normal de Belitskii

Considere o sistema de equacoes diferenciais dado por

x = h(x), (3.16)

onde x ∈ V e h : V → V e um campo de vetores de classe C∞ tal que h(0) = 0.

Dizemos que dois campos vetoriais h, f : V → V sao conjugados se existe um difeo-

morfismo φ : V → V tal que f(x) = dφ(x)−1h(φ(x)), para todo x ∈ V. Nosso primeiro

objetivo e encontrar um campo conjugado a h em (3.16) que seja mais “simples” (termo

que parece ser consenso entre os autores, apesar de “simples” ser bastante abstrato) e que

mantenha a parte linear de (3.16) e a dinamica do fluxo numa vizinhanca da origem.

Seja L = dh(0) a linearizacao de h na origem3. Podemos expandir h em sua serie de

Taylor formal4 em torno da origem como

L+ h2 + h3 + · · · ,

com hk ∈ ~P kV para cada k ≥ 2. Em outras palavras, em uma vizinhanca Ω suficientemente

pequena da origem, o sistema (3.16) pode ser reescrito como

x = L(x) +H(x) (3.17)

onde H(x) = h2(x) + h3(x) + · · · , para todo x ∈ Ω.

3Em toda a parte confundimos L = dh(0) com sua matriz na base canonica de V ≡ Rn.4Quando utilizamos o termo “serie formal” nos referimos apenas a expansao de Taylor, sem necessa-

riamente haver convergencia da serie. Alem disso, nessa expansao surge um problema tecnico quando h

e suas derivadas de todas as ordens se anulam na origem. Por isso, desconsideramos esse caso.

56

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Para cada k ≥ 2, considere uma sequencia indutiva de mudancas de coordenadas da

forma

x = ξ(y) = y + ξk(y), (3.18)

onde ξk ∈ ~P kV , ξ

k(0) = 0 e y ∈ Ωk com Ωk uma vizinhanca da origem em V. Faremos

algumas observacoes sobre tais mudancas de coordenadas. Primeiramente, veja que para

cada y ∈ Ωk,

dξ(y) = Id+ dξk(y),

onde Id : V → V denota o operador identidade. Logo, dξ(y) e inversıvel com a inversa

dada por (dξ(y))−1 = Id+∞∑i=1

(−1)i(dξk(y))i. De fato,

dξ(y)(dξ(y))−1 = (Id+ dξk(y))(Id+∞∑i=1

(−1)i(dξk(y))i)

= Id+∞∑i=1

(−1)i(dξk(y))i) + dξk(y) +∞∑i=1

(−1)i(dξk(y))i+1

= Id− dξk(y) +∞∑i=2

(−1)i(dξk(y))i) + dξk(y) +∞∑i=1

(−1)i(dξk(y))i+1)

= Id.

Por fim, como ξ(y) = y+O(|y|2),5 e como y esta numa vizinhanca suficientemente pequena

da origem temos que dξ(0) = (dξ(0))−1 = Id. Voltando a (3.18) temos que x = dξ(y)y,

de onde segue que

y = f(y), (3.19)

com f(y) = (dξ(y))−1h(ξ(y)) = (dξ(y))−1(L(ξ(y)) +H(ξ(y))) e y ∈ Ω.

Mostremos que tais mudancas de coordenadas mantem a parte linear de (3.17). De-

notando por D(y) a derivada de dξ(y)−1 com respeito a y temos

df(y) = D(y)(L(ξ(y)) +H(ξ(y))) + (dξ(y))−1(Ldξ(y) + dH(ξ(y))dξ(y)).

5A expressao O(|y|s) sera usada para denotar os termos polinomiais de grau maior ou igual a s, com

s ≥ 2.

57

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Aplicando em y = 0 obtemos a linearizacao de f na origem:

df(0) = D(0)(L(ξ(0)) +H(ξ(0))) + (dξ(0))−1(Ldξ(0) + dH(ξ(0))dξ(0))

= D(0)(L(0) +H(0)) + (dξ(0))−1Ldξ(0) + dξ(0)−1dH(0)dξ(0)

= dξ(0)−1Ldξ(0),

uma vez que ξ(0) = H(0) = 0 e dH(0) = 0. Como dξ(0) = dξ(0)−1 = Id, temos que

df(0) = L, ou seja, podemos, entao escrever o novo sistema (3.19) como

y = L(y) + g(y),

onde g ∈ ~PV tem termos de ordem k ≥ 2.

Antes de prosseguirmos, como ξ : V → V e continuamente diferenciavel e dξ(0) e

inversıvel, temos pelo Teorema da Funcao Inversa6 que ξ e um difeomorfismo em al-

guma vizinhanca Ω da origem. Alem disso, h e f sao campos conjugados na vizinhanca

Ω uma vez que a mudanca de coordenadas (3.18) transforma h no campo conjugado

f(y) = dξ(y)−1h(ξ(y)) do sistema (3.19), satisfazendo os propositos iniciais da teoria. E

possıvel provar que a relacao de conjugacao estabelecida entre os campos e uma relacao

de equivalencia.

Antes do principal teorema desta subsecao, Teorema 3.4.2, definimos o seguinte ope-

rador:

Definicao 3.4.1. Dado L : V → V um operador linear, definimos, para cada k ≥ 2, a

aplicacao AdkL : ~P kV → ~P k

V por

AdkLf(x) = df(x)L(x)− L(f(x)), (3.20)

com f ∈ ~P kV e x ∈ V.

E facil ver que AdkL e tambem um operador linear. Como AdkL(~P kV ) e um subespaco

vetorial de ~P kV , cuja dimensao e finita, existe um subespaco complementar Ck de AdkL(~P k

V )

6“Seja f : U → Rm de classe Ck (k ≥ 1) no aberto U ⊂ Rm. Se a ∈ U e tal que df(a) e inversıvel, entao

existem abertos W ⊂ U e Z ⊂ Rm contendo a e f(a), respectivamente, tal que a f |W e um difeomorfismo

sobre Z”.

58

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em ~P kV . Podemos entao escrever

~P kV = AdkL(~P k

V )⊕ Ck. (3.21)

para cada k ≥ 2.

Teorema 3.4.2. Seja h : V → V um campo de vetores de classe C∞ com h(0) =

0 e dh(0) = L. Fixe um inteiro r ≥ 2 e considere a decomposicao (3.21) para k =

2, · · · , r. Entao existe uma sequencia de transformacoes polinomiais proximas a identidade

da forma x = y + ξk(y), y ∈ Ωk, onde ξk ∈ ~P kV e Ωk e uma vizinhanca da origem, com

Ωk+1 ⊂ Ωk, tal que nas novas coordenadas o sistema (3.16) tem a forma

y = L(y) + g2(y) + · · ·+ gr(y) +O(|y|r+1), y ∈ Ωr, (3.22)

onde gk ∈ Ck para k = 2, · · · , r.

Demonstracao. Seja h como nas hipoteses do teorema e considere

L(x) + h2(x) + h3(x) + · · ·+ hr(x) +O(|x|r+1)

a serie de Taylor formal de h na origem. Considere a mudanca de coordenadas dada em

(3.18). Entao, truncando a serie de h na ordem k, para k ≥ 2, e lembrando que dξk(y)

tem grau k − 1, reescrevemos (3.19) como

y = dξ(y)−1(L(ξ(y)) +H(ξ(y)))

= (Id− dξk(y) +O(|y|2k−2))(L(ξ(y)) + h2(ξ(y)) + · · ·+ hk(ξ(y))

= (L(y) + L(ξk(y)) + h2(y + ξk(y)) + · · ·+ hk(y + ξk(y)) +

− (dξk(y)L(y) + dξk(y)L(ξk(y)) + dξk(y)h2(ξ(y)) + · · ·+ dξk(y)hk(ξ(y))) +O(|y|2k−2)

= L(y) + h2(y) + · · ·+ hk−1(y) + [hk(y)− (dξk(y)L(y)− L(ξk(y)))] +O(|y|k+1)

= L(y) + h2(y) + · · ·+ hk−1(y) + [hk(y)− AdkL(ξk(y))] +O(|y|k+1), (3.23)

para y ∈ Ωk onde Ωk e uma vizinhanca pequena o suficiente da origem tal que dξ(y) =

Id+ dξk(y) seja inversıvel.

Para k = 2, temos que (3.23) fica como

y = L(y) + (h2(y)− Ad2Lξ

2(y)) +O(|y|3), (3.24)

59

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com y ∈ Ω2. Pela decomposicao (3.21), existem f 2 ∈ Ad2L( ~P 2

V ) e g2 ∈ C2 tais que

h2 = f 2 + g2. Sendo assim, escolhemos ξ2 ∈ ~P 2V de forma que f 2 = Ad2

Lξ2. Substituindo

em (3.24), temos

y = L(y) + g2(y) +O(|y|3),

onde y ∈ Ω2 e g2 ∈ C2.

Procedemos agora por inducao sobre k. Assumimos o teorema valido para k − 1 ≥ 1,

ou seja, existem sucessivas mudancas de coordenadas que transformam o sistema (3.16)

em

x = L(x) + g2(x) + g3(x) + · · ·+ gk−1(x) + hk(x) +O(|x|k+1),

onde x ∈ Ωk−1, gt ∈ Ct para t = 2, · · · , k − 1, hk ∈ ~P k

V e Ωk−1 e uma vizinhanca da

origem. Tome a mudanca de coordenadas x = y + ξk(y), com y ∈ Ωk, onde escolhemos

ξk ∈ ~P kV de modo que hk = AdkLξ

k + gk para algum gk ∈ Ck. Alem disso, Ωk ⊆ Ωk−1 e

uma vizinhanca da origem na qual Id+ dξk(y) e inversıvel. Entao, observando que (3.23)

nos mostra que as transformacoes da forma (3.18) nao alteram os termos de ordem menor

que k, temos o novo sistema

y = L(y) + g2(y) + g3(y) + · · ·+ gk−1(y) + (hk(y)− AdkLξk(y)) +O(|y|k+1)

= L(y) + g2(y) + g3(y) + · · ·+ gk−1(y) + (AdkLξk + gk(y)− AdkLξk(y)) +O(|y|k+1)

= L(y) + g2(y) + g3(y) + · · ·+ gk−1(y) + gk(y) +O(|y|k+1),

com y ∈ Ωk, concluindo a prova.

Definicao 3.4.3. Para cada k ≥ 2, a equacao truncada de (3.22)

y = L(y) + g2(y) + g3(y) + · · ·+ gr−1(y) + gr(y),

onde gk ∈ Ck, k = 2, · · · , r, e chamada uma forma normal de (3.16) de ordem r.

Observacao 3.4.4. Como a serie de Taylor para h em (3.16) e apenas formal, temos

que os campos (3.16) e (3.22) sao conjugados no sentido de que suas respectivas series de

Taylor sao conjugadas entre si.

60

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Portanto, para determinar uma forma normal de um sistema, precisamos encontrar

os espacos complementares Ck’s em (3.21), k = 2, · · · , r. Claramente, a forma normal

nao e unica ja que depende da escolha dos Ck’s. O metodo do operador adjunto, mais

conhecido como metodo de Belitskii pois foi introduzido por ele, consiste em tomar Ck

como o complemento ortogonal de AdkL(~P kV ) segundo um produto interno definido em ~P k

V .

Vamos formalizar tal metodo a partir de agora.

Definicao 3.4.5. Sejam p, q ∈ ~P kV dados por

p(x) =n∑j=1

∑|α|=k

pαjxαej e q(x) =

n∑j=1

∑|α|=k

qαjxαej,

onde pαj, qαj ∈ R, ej e o j−esimo elemento da base canonica de V ≡ Rn e |α| = α1 +

· · ·+ αn. Definimos o produto interno 〈 , 〉 : ~P kV × ~P k

V → R por

〈p, q〉 =n∑j=1

∑|α|=k

pαjqαjα!, (3.25)

onde α! = α1! · · ·αn!.

Exemplo 3.4.6. Considere V = R2 e k = 3. Vamos calcular o produto interno das

aplicacoes

p(x1, x2) = (2x21x2 + x1x

22, x

31 + 3x3

2) e q(x1, x2) = (5x31, x

32).

Colocando nas notacoes da definicao do produto interno, temos

p(x) = (p(2,1),1x(2,1) + p(1,2),1x

(1,2), p(3,0),2x(3,0) + p(0,3),2x

(0,3))

q(x) = (q(3,0),1x(3,0), q(0,3),2x

(0,3)),

onde p(2,1),1 = 2, p(1,2),1 = 1, p(3,0),2 = 1, p(0,3),2 = 3, q(3,0),1 = 5 e q(0,3),2 = 1. Entao

〈p, q〉 = p(2,1),1q(2,1),12!1! + p(1,2),1q(1,2),11!2! + p(3,0),2q(3,0),23!0! +

+p(0,3),2q(0,3),20!3! + p(3,0),1q(3,0),13!0!.

Agora, q(2,1),1 e o coeficiente do termo x21x2e1 em q(x), ou seja, q(2,1),1 = 0. Da mesma

maneira, q(1,2),1 = p(3,0),2 = p(3,0),1 = 0. Portanto,

〈p, q〉 = p(0,3),2q(0,3),20!3! = 18.

61

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As quatro propriedades de produto interno se verificam facilmente para (3.25). Vamos

omitir os passos aqui. Como ~P kV tem dimensao finita e admite um produto interno temos

entao garantida a existencia de um operador adjunto de AdkL com respeito a (3.25) que

denotamos por (AdkL)∗. Mais do que isso, atraves do teorema abaixo, sabemos caracterizar

(AdkL)∗.

Teorema 3.4.7. Sejam L : V → V um operador linear e AdkL definido em (3.20). Para

cada k ≥ 2, AdkL∗ e o operador adjunto de AdkL com respeito ao produto interno definido

em (3.25), onde L∗ e o adjunto de L com respeito ao produto interno canonico em V.

Demonstracao. Sejam p, q ∈ ~P kV dados por p(x) =

n∑i=1

∑|α|=k

pαixαei e q(x) =

n∑j=1

∑|β|=k

qβjxβej.

Queremos mostrar que⟨AdkLp, q

⟩=⟨p,AdkL∗q

⟩. De um lado, usando a linearidade de AdkL

e do produto interno temos

⟨AdkLp, q

⟩=

⟨AdkL(

n∑i=1

∑|α|=k

pαixαei),

n∑j=1

∑|β|=k

qβjxβej

=n∑j=1

∑|β|=k

qβj

⟨n∑i=1

∑|α|=k

pαiAdkL(xαei), x

βej

=n∑

i,j=1

∑|α|=|β|=k

pαiqβj⟨AdkL(xαei), x

βej⟩.

Do outro lado, usando a linearidade de AdkL∗ e do produto interno tambem temos

⟨p,AdkL∗q

⟩=

n∑i,j=1

∑|α|=|β|=k

pαiqβj⟨xαei, Ad

kL∗(x

βej)⟩.

Assim, para provar a igualdade desejada, basta provarmos que⟨AdkLf, g

⟩=⟨f, AdkL∗g

⟩,

onde f(x) = xαei e g(x) = xβej para todo i, j = 1, · · · , n e α, β tais que |α| = |β| = k.

Lembramos que vamos confundir os operadores L e df(x) com suas formas matriciais.

Escrevendo L = (alm) e levando em consideracao que

∂xα

∂xl=∂xα1

1 xα22 · · ·xαn

n

∂xl= αl

xl

62

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temos por (3.20) que

AdkLf(x) =

0 0 · · · 0

0 0 · · · 0...

......

∂xα

∂x1

∂xα

∂x2

· · · ∂xα

∂xn......

. . ....

0 0 · · · 0

a11 a12 · · · a1n

a21 a22 · · · a2n...

......

ai1 ai2 · · · ain...

.... . .

...

an1 an2 · · · ann

x1

x2...

xi...

xn

+

a11 a12 · · · a1n

a21 a22 · · · a2n...

......

ai1 ai2 · · · ain...

.... . .

...

an1 an2 · · · ann

0

0...

xα...

0

=

0 0 · · · 0

0 0 · · · 0...

......

n∑l=1

al1αlxα

xl

n∑l=1

al2αlxα

xl· · ·

n∑l=1

alnαlxα

xl...

.... . .

...

0 0 · · · 0

x1

x2...

xi...

xn

a1ixα

a2ixα

...

aiixα...

anixα

=

(n∑l=1

n∑m=1

αlalmxαxmxl

)ei − (a1ix

αe1 + · · ·+ anixαen)

=

(n∑l=1

n∑m=1

αlalmxαxmxl

)ei −

n∑l=1

alixαel

Como L∗ = Lt segundo uma base ortonormal V com relacao ao produto interno de V

onde t denota a transposta, obtemos analogamente que

AdkLtg(x) = dg(x)Ltx− Ltg(x)

=

(n∑l=1

n∑m=1

βmalmxβxlxm

)ej −

n∑m=1

ajmxβem.

63

Page 75: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

Logo,

⟨AdkLf(x), g(x)

⟩=

⟨(n∑l=1

n∑m=1

αlalmxαxmxl

)ei −

n∑l=1

alixαel, x

βej

=n∑l=1

n∑m=1

αlalm

⟨xαxmxl

ei, xβej

⟩−

n∑l=1

ali⟨xαel, x

βej⟩

=n∑l=1

(αlal1

⟨xαx1

xlei, x

βej

⟩+ · · ·+ αlaln

⟨xαxnxl

ei, xβej

⟩)−(a1i

⟨xαe1, x

βej⟩

+ · · ·+ ani⟨xαen, x

βej⟩)

=

(n∑l=1

αlall − aii

)α!, se i = j e α = β;

αlalmβ!, se i = j, βl = αl − 1, βm = αm + 1, e βs = αs,

para algum l 6= m e todo s 6= l,m;

−ajiα!, se i 6= j e α = β;

0, nos demais casos,

e

⟨f(x), AdkLtg(x)

⟩=

(n∑l=1

βlall − aii

)β!, se i = j e α = β;

βlalmα!, se i = j, αl = βl + 1, αm = βm − 1, e βs = αs

para algum l 6= m e todo s 6= l,m;

−ajiβ!, se i 6= j e α = β;

0, nos demais casos.

Com relacao a segunda linha de cada expressao temos

αlalmβ! = αlalmβ1! · · · βm! · · · βn!

= αlalmα1! · · · (αl − 1)! · · · (αm + 1)! · · ·αn!

= (αm + 1)almα!

= βmalmα!.

Portanto, segue que (AdkL)∗ = AdkLt = AdkL∗ , como desejado.

Assim sendo, segundo o produto interno (3.25), podemos escrever

~P kV = AdkL(~P k

V )⊕ (AdkL(~P kV ))⊥,

64

Page 76: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

onde

AdkL(~P kV )⊥ = g ∈ ~P k

V ;⟨g, AdkLf

⟩= 0, ∀ f ∈ ~P k

V .

Portanto, AdkL(~P kV )⊥ e uma possıvel escolha, proposta por Belitskii em [5, 6], para o sub-

espaco Ck em (3.21). Mas se g ∈ AdkL(~P kV )⊥, entao

⟨g, AdkLf

⟩=⟨AdkLtg, f

⟩= 0 para

todo f ∈ ~P kV , o que implica em AdkLtg = 0, ou seja, g ∈ ker(AdkLt). Reciprocamente, se

g ∈ ker(AdkLt), entao g ∈ (AdkL(~P kV ))⊥. Portanto,

AdkL(~P kV )⊥ = ker(AdkLt).

Segue pelo Teorema 3.4.2 que o sistema (3.16) e formalmente conjugado ao sistema

x = L(x) + g2(x) + g3(x) + · · · , onde gk ∈ ker(AdkLt) para k ≥ 2. Portanto, o metodo

da forma normal de Belitskii consiste em determinar solucoes polinomiais gk ∈ ~P kV para a

equacao AdkLtgk ≡ 0. Mostramos agora que, na pratica, este processo equivale a encontrar

os polinomios de um dado grau k sem termos constantes e lineares que estao em kerAdLt ,

onde AdLt e um operador linear definido em ~PV , o espaco vetorial das aplicacoes poli-

nomiais em V, tal que AdLt |~PkV

= AdkLt . Para isso, note primeiramente que ~P kV ⊂ ~PV e

que

~PV =∞⊕k=0

~P kV .

Definicao 3.4.8. Dado L um operador linear em V, definimos AdL : ~PV → ~PV , chamado

operador homologico, por

AdLξ(x) = dξ(x)L(x)− L(ξ(x)), (3.26)

para todo ξ ∈ ~PV .

Como AdL e linear e preserva a graduacao de ~PV , temos que AdkL = AdL|~PkV. Considere

um polinomio de grau r da forma g = g2 + g3 + · · · gr, onde gk ∈ ~P kV , k = 2, · · · , r. Entao

g ∈ ker(AdLt) se, e somente se gk ∈ ker(AdkLt). De fato, como

AdLtg = AdLt(g2 + · · ·+ gr) = AdLtg2 + · · ·+ AdLtgr = Ad2Ltg2 + · · ·+ AdrLtgr,

65

Page 77: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

entao se gk ∈ kerAdkLt para k = 2, · · · , r temos AdLtg ≡ 0. Por outro lado, se Ad2Ltg2 +

· · ·+ AdrLtgr ≡ 0, entao AdkLtgk ≡ 0 para todo k = 2, · · · , r uma vez que AdLtgk ∈ ~P kV .

Assim, pelo metodo de Belitskii, uma forma normal de ordem r e obtida se determi-

narmos as solucoes polinomiais ξ de grau r, sem constantes e termos lineares, da equacao

diferencial parcial (EDP) AdLtξ ≡ 0. Mostraremos como isso e feito no proximo exemplo.

Exemplo 3.4.9. Considere o sistema x = h(x), com h : R2 → R2 de classe C∞ tal que

h(0) = 0 e L = dh(0) =

0 1

0 0

. Seja ξ(x) = (ξ1(x), ξ2(x)) ∈ R2, onde x = (x1, x2) ∈

R2 e ξi sao polinomios de grau r ≥ 2. Entao, por (3.26) temos

AdLtξ(x) =

∂ξ1

∂x1

(x)∂ξ1

∂x2

(x)

∂ξ2

∂x1

(x)∂ξ2

∂x2

(x)

0 0

1 0

x1

x2

− 0 0

1 0

ξ1(x)

ξ2(x)

=

x1∂ξ1

∂x2

(x)

x1∂ξ2

∂x2

(x)− ξ1(x)

.

Como queremos AdLtξ(x) = 0, para todo x ∈ R2, nosso problema resume-se a encontrar

uma solucao para o sistema de EDP’sx1∂ξ1

∂x2

(x) = 0

x1∂ξ2

∂x2

(x)− ξ1(x) = 0,

(3.27)

para todo x ∈ R2. Como a primeira equacao de (3.27) deve valer para todo x1 ∈ R, temos

necessariamente∂ξ1

∂x2

(x) = 0. Entao ξ1 e constante com relacao a x2 e podemos escrever

ξ1(x) = ϕ(x1) + a, para alguma constante a ∈ R e alguma funcao polinomial ϕ : R→ R.

Como queremos ξ1 sem termos lineares e constantes, podemos escrever ξ1(x) = x1f1(x1),

onde f1(x1) e um polinomio de grau r − 1 sem termos constantes. Pela segunda equacao

de (3.27), temos x1∂ξ2(x)

∂x2

− x1f1(x1) = 0, para todo x1 ∈ R, ou seja,∂ξ2(x)

∂x2

= f1(x1).

Logo, ξ2(x) = f1(x1)x2 + f2(x1), onde f2(x1) e um polinomio em x1 de grau r sem termos

constantes e lineares. Portanto, uma forma normal de grau r para o sistema x = h(x) e

x = L(x) + ξ(x) =

0 1

0 0

x1

x2

+

x1f1(x)

x2f1(x1) + f2(x1)

,

66

Page 78: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

ou seja, x1 = x2 + x1f1(x1)

x2 = x2f1(x1) + f2(x1).

3.4.2 O Metodo de Elphick et al.

Em geral nao e facil determinar o kernel do operador AdtL uma vez que isso envolve

resolver uma EDP. Neste caso, a forma normal e truncada em uma baixa ordem pois

os calculos ficam mais complicados conforme a ordem aumenta. Uma alternativa a este

metodo foi dada por Elphick et al. em [13] ao mostrar que o subespaco complementar Ck

pode ser considerado como o modulo das aplicacoes polinomiais de V em V equivariantes

por um grupo de matrizes a um parametro, definido a partir da linearizacao L do campo

de vetores (Teorema 3.4.14). Isso e bastante confortavel para nos, pois podemos utilizar

as ferramentas da teoria invariante apresentada no Capıtulo 2 para encontrar as formas

normais.

Lembremos que se B e uma matriz quadrada, eB =∞∑i=0

Bi

i!. Lembremos tambem que

vamos confundir L = dh(0) com sua matriz de ordem n = dimV. Defina entao o grupo

abeliano

R = erLt

; r ∈ R ⊂ GL(n), (3.28)

com L = dh(0), onde h em (3.16) e um campo de vetores.

Como o fecho R ⊆ GL(n)7 e um subgrupo fechado, entao R e um grupo de Lie linear.

Sendo assim, temos:

Definicao 3.4.10. Definimos o grupo de Lie S como

S = R = erLt ; r ∈ R. (3.29)

Com calculos simples e possıvel mostrar que como R e abeliano, entao S tambem e,

pois se P,Q ∈ S\R entao existem sequencias nao constantes (Xn)n∈N, (Yn)n∈N ⊂ R tais

7Pela Proposicao 2.11 de [26] se G e um grupo topologico e H ≤ G e um subgrupo, entao o fecho H

tambem e um subgrupo de G.

67

Page 79: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

que limXn = P e limYn = Q. Daı

PQ = (limXn)(limYn) = lim(XnYn) = lim(YnXn) = lim(Yn) lim(Xn) = QP.

Alem disso, S comuta com a matriz Lt. De fato, se s ∈ S, entao s = lim erjLt

, para

alguma sequencia (rj)j∈N de numeros reais. Daı, considerando sij =riji!, para todo i, j ∈ N,

temos

sLt = lim erjLt

Lt = lim(∞∑i=0

sij(Lt)i)Lt = lim(

∞∑i=0

sij(Lt)i+1)

= lim(Lt∞∑i=0

sij(Lt)i) = Lt lim(

∞∑i=0

sij(Lt)i) = Lts.

A acao natural de S em V e dada pelo produto de matriz por vetor.

Exemplo 3.4.11. Vamos determinar o grupo S relativo a matriz L =

0 1

0 0

. Seja

B = rLt =

0 0

r 0

com r ∈ R. Entao, Bi ≡ 0 para todo i ≥ 2, ou seja,

eB =∞∑i=0

Bi

i!= I2 +B =

1 0

r 1

,

onde r ∈ R. Entao,

R =

1 0

r 1

; r ∈ R

.

Note assim que R ∼= R e, portanto, R e fechado. Logo S = R. Uma ultima observacao

acerca desse exemplo e que, como R nao e limitado, ele ilustra o fato de que S definido

em (3.29) nao e necessariamente compacto.

A proposicao abaixo esta demonstrada em [14, XVI, Proposition 5.7] e sera de grande

valia para as aplicacoes feitas no ultimo capıtulo desta dissertacao. Ela determina uma

caracterizacao do grupo S quando L tem apenas autovalores puramente imaginarios.

68

Page 80: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

Proposicao 3.4.12. Decomponha L = D + N onde D e uma matriz semissimples8, N

e uma matriz nilpotente e ND = DN. Se os autovalores nao nulos de L sao puramente

imaginarios, entao

S =

Tk se N = 0

R× T k se N 6= 0,

onde k e o numero de autovalores algebricamente independentes de L, T k = erD; r ∈ R

e R = erNt

; r ∈ R.

O lema a seguir mostra que Ck = kerAdkLt coincide com o espaco ~P kV (S) das aplicacoes

polinomiais em V que sao S−equivariantes. O Teorema 3.4.14, devido a Elphick et al.

[13], segue quase que imediatamente.

Lema 3.4.13. Seja p ∈ ~P kV para k ≥ 2 fixado. Seja L = dh(0) a parte linear do campo

de vetores h e considere o operador AdkLt definido em (3.20). Entao,

(i) AdkLtp(x) =d

dre−rL

t

p(erLt

x)|r=0;

(ii) ~P kV (S) = kerAdkLt , onde ~P k

V (S) e o espaco das aplicacoes p ∈ ~P kV que sao S-

equivariantes.

Demonstracao. (i) Vamos direto aos calculos:

d

dre−rL

t

p(erLt

x) = −Lte−rLt

p(erLt

x) + e−rLt

(dp)(erLt

x)LterLt

x

= e−rLt

((dp)(erLt

x)LterLt

x− Ltp(erLt

x))

= e−rLt

AdkLtp(erLt

x),

onde a segunda igualdade segue pois Lt comuta com e−rLt

. Quando r = 0 segue qued

dre−rL

t

p(erLt

x)|r=0 = AdkLtp(x) como desejado.

8Sejam F um subcorpo de C, V um espaco vetorial complexo de dimensao finita sobre F e T um

operador linear sobre V. Entao, T e semissimples se, e somente se, T e diagonalizavel sobre C (veja [15,

Teorema 7, pagina 232]).

69

Page 81: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

(ii) Seja p ∈ ~P kV (S). Entao p comuta com S, em particular, p(erL

t

x) = erLt

p(x), para

todo r ∈ R. Por (i)

AdkLtp(x) =d

dre−rL

t

p(erLt

x)|r=0

=d

dre−rL

t

erLt

p(x)|r=0

=d

drp(x)|r=0 = 0

para todo x ∈ V, de onde p ∈ kerAdkLt . Reciprocamente, se AdkLtp ≡ 0 entao, uma vez

que e−rLt

AdkLtp(erLt

x) =d

dre−rL

t

p(erLt

x), temosd

dre−rL

t

p(erLt

x) = 0 para todo x ∈ V.

Isto implica que e−rLt

p(erLt

x) e constante com relacao a r. Em especial, para r = 0 temos

e−rLt

p(erLt

x) = p(x), ou seja, erLt

p(x) = p(erLt

x), para todo x ∈ V. Portanto, p comuta

com R. Por fim, se s ∈ S entao s = lim erjLt

, para alguma sequencia (rj)j∈N de numeros

reais e, portanto,

p(sx) = p(lim erjLt

x) = lim p(erjLt

x) = lim erjLt

p(x) = sp(x)

para todo s ∈ S e x ∈ V, a segunda igualdade segue pois p e polinomial. Logo p e

S-equivariante.

Teorema 3.4.14. Seja S como definido em (3.29). Entao, para k ≥ 2,

~P kV = ~P k

V (S)⊕ AdkL(~P kV ).

Demonstracao. Como mostrado no lema anterior, ~P kV (S) = kerAdkLt . Como pelo metodo

de Belitskii ~P kV = AdkLt(~P k

V )⊕ (AdkLt(~P kV ))⊥, onde AdkLt(~P k

V )⊥ = kerAdkLt , segue imediata-

mente o resultado.

Assim, pelo metodo de Elphick et al., uma forma normal de ordem r para o sistema

(3.16) e dada por x = L(x) + g2(x) + · · · + gr(x), onde gk ∈ ~P kV (S) para k = 2, · · · , r.

Portanto, este metodo nos permite usar ferramentas da teoria invariante de grupos na

determinacao de uma forma normal de um sistema, uma vez que o processo se resume

na determinacao dos geradores de grau k do modulo ~PV (S). Neste caso, e possıvel deter-

minar a forma normal em qualquer ordem que se deseje pois a dificuldade de encontrar

os geradores de ~PV (S) independe da ordem. Ou seja, a determinacao dos geradores

70

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S−equivariantes nos permite escrever um polinomio S−equivariante em qualquer grau e,

para exibir a forma normal truncada, basta truncarmos o polinomio neste grau. Essa e

uma diferenca relevante entre as formas normais de Belitskii e de Elphick et al., ja que a

primeira delas, por ter em seu processo o calculo de um sistema de EDP’s, muitas vezes

precisa ser determinada grau a grau.

Exemplificaremos o metodo de Elphick et al. a seguir. Denotemos por P kV (S) o espaco

dos polinomios homogeneos de grau k que sao S−invariantes e por ~P kV (S) o espaco das

aplicacoes polinomiais homogeneas de grau k que sao S−equivariantes.

Exemplo 3.4.15. Considere o sistema (3.16) onde L = dh(0) =

0 1

0 0

. O grupo S

com relacao a esta matriz ja foi calculado no Exemplo 3.4.11 e considere-o agindo em R2

pela multiplicacao de matriz por vetor 1 0

r 1

x1

x2

=

x1

rx1 + x2

,

para todo r ∈ R, (x1, x2) ∈ R2. Para calcularmos a forma normal deste sistema precisamos

encontrar os geradores dos equivariantes com relacao a S, ou seja, precisamos determinar

uma base de Hilbert para PR2(S) e os geradores de ~PR2(S) sobre este anel. Apesar de S

nao ser compacto, e possıvel estabelecer tais calculos desde que PR2(S) e ~PR2(S) sejam

finitamente gerados.

Seja fk ∈ P kR2(S) dado por fk(x1, x2) =

∑i+j=k

aijxi1x

j2, com aij ∈ R. Supondo fk in-

variante com relacao a S temos que fk(x1, rx1 + x2) = fk(x1, x2), para todo r ∈ R e

(x1, x2) ∈ R2, ou seja, ∑i+j=k

aijxi1x

j2 =

∑i+j=k

aijxi1(x2 + rx1)j.

Como r ∈ R e qualquer, fk nao pode depender de x2. Assim fk(x1, x2) = akxk1, para algum

ak ∈ R.

Tome agora f ∈ PR2(S). Como PR2(S) =∞⊕k=0

P kR2(S), existem fk ∈ P k

R2(S) para todo

71

Page 83: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

k ∈ N tais que

f(x1, x2) = f0(x1, x2) + f1(x1, x2) + f2(x1, x2) + · · ·

= a0 + a1x1 + a2x21 + · · ·

= g(x1),

para alguma funcao polinomial g : R→ R. Logo, u(x1, x2) = x1 e uma base de Hilbert

para PR2(S).

Vamos calcular agora os geradores de ~P kR2(S). Seja p = (p1, p2) ∈ ~P k

R2(S). Entao,

sp(x) = p(sx), para todo s ∈ S e x ∈ R2, de onde

s · (p1(x1, x2), p2(x1, x2)) = (p1(s · (x1, x2)), p2(s · (x1, x2)))

ou seja,

(p1(x1, x2), rp1(x1, x2) + p2(x1, x2)) = (p1(x1, rx1 + x2), p2(x1, rx1 + x2)),

para todo r ∈ R e (x1, x2) ∈ R2. Entao

p1(x1, x2) = p1(x1, rx1 + x2) (3.30)

p2(x1, x2) = p2(x1, rx1 + x2)− rp1(x1, x2). (3.31)

Para que a igualdade em (3.30) seja valida, p1 deve ser independente de x2, pois r ∈ R

e qualquer. Como p1 e homogeneo de grau k, p1(x1, x2) = cxk1 para algum c ∈ R.

Substituindo em (3.31) temos p2(x1, x2) = p2(x1, rx1 + x2) − rcxk1. Diferenciando essa

ultima equacao com respeito a r, obtemos 0 =∂p2

∂x2

(x1, rx1 + x2)x1 − cxk1, ou seja,

∂p2

∂x2

(x1, x2) = cxk−11 (para r = 0). Portanto,

p2(x1, x2) = cxk−11 x2 + dxk1,

para algum d ∈ R, pois p2 e homogeneo de grau k. Assim,

p(x1, x2) = (cxk1, cxk−11 x2 + dxk1) = c(xk1, x

k−11 x2) + d(0, xk1),

para c, d ∈ R. Entao h1,k(x1, x2) = (xk1, xk−11 x2) e h2,k(x1, x2) = (0, xk1) geram ~P k

R2(S) como

espaco vetorial sobre R para todo k ≥ 1. Para k = 0, p1(x1, x2) = a0 e p2(x1, x2) = b0

72

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para alguns a0, b0 ∈ R. Da equacao (3.31) temos que b0 = b0− ra0 para todo r ∈ R, o que

implica em a0 = 0. Como b0 e qualquer, p(x1, x2) = b0(0, 1) e daı h0(x1, x2) = (0, 1) gera

~P 0R2(S) sobre R.

Seja agora g ∈ ~PR2(S). Similarmente, vale que ~PR2(S) =∞⊕k=0

~P kR2(S) e, entao, para

gk ∈ ~P kR2(S), temos

g(x1, x2) = g0(x1, x2) + g1(x1, x2) + g2(x1, x2) + · · ·

= b0(0, 1) + a1(0, x1) + b1(x1, x2) + a2(0, x21) + b2(x2

1, x1x2) + · · ·

= b0(0, 1) + a1x1(0, 1) + b1(x1, x2) + a2x21(0, 1) + b2x1(x1, x2) + · · ·

= k1(x1)(0, 1) + k2(x1)(x1, x2),

com ai, bi ∈ R e k1, k2 ∈ PR2(S), pois u(x1, x2) = x1 constitui uma base de Hilbert para

o anel PR2(S). Portanto, H0(x1, x2) = (0, 1) e H1(x1, x2) = (x1, x2) geram ~PR2(S) sobre

PR2(S).

Pelo metodo de Elphick et al. temos que uma forma normal para o sistema (3.16) e

dada por x = L(x) + g(x), onde g ∈ ~PR2(S) tem grau maior ou igual a 2 sem termos

constantes ou lineares, ou seja,

g(x) = u1(x)(x1, x2) + u2(x)(0, 1),

onde u1, u2 ∈ PR2(S) sao tais que u1 nao tem termos constantes e u2 nao tem termos

constantes e lineares. Logo, uma forma normal e x1

x2

=

0 1

0 0

x1

x2

+

x1f1(x1)

f1(x1)x2 + f2(x1)

,

que na forma de sistema torna-sex1 = x2 + x1f1(x1)

x2 = x2f1(x1) + f2(x1)

com f1, f2 funcoes polinomiais, sendo f1 sem termos constantes e f2 sem termos constantes

e lineares. Note que essa forma normal coincide com a encontrada no Exemplo 3.4.9

usando o metodo de Belitskii.

73

Page 85: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

Observe que ~PR2(S) e um modulo livremente gerado sobre PR2(S). De fato, suponha

que

p(x1, x2)(0, 1) + q(x1, x2)(x1, x2) ≡ 0,

com p, q ∈ PR2(S). Entao, (q(x1, x2)x1, p(x1, x2)+q(x1, x2)x2) ≡ 0, ou seja, q(x1, x2)x1 = 0

e p(x1, x2) + q(x1, x2)x2 = 0 para todo (x1, x2) ∈ R2. Da primeira condicao segue que

q ≡ 0 e, substituindo na segunda condicao, temos que p ≡ 0, como desejado.

3.5 Formas Normais Reversıveis Equivariantes

Uma maneira de encontrar formas normais de sistemas que sao reversıveis equivariantes

segundo a acao de um grupo de Lie compacto Γ e pelo metodo classico de Belitskii ou

pelo metodo algebrico de Elphick et al., impondo, no final do processo, as simetrias e as

antissimetrias do campo de vetores na forma normal predeterminada. Descrevemos nesta

secao um metodo alternativo, que e a versao reversıvel equivariante do Teorema 3.4.14,

levando em consideracao a teoria invariante para Γ e para S com base na abordagem

apresentada no Capıtulo 2. Como sabemos, S nao e necessariamente compacto, mas a

teoria continua valida se existirem conjuntos finitos de geradores para o anel de invariantes

PV (S) e para o modulo de equivariantes ~PV (S) sobre PV (S).

Nossa abordagem nesta secao baseia-se em [3]. Seguindo o que viemos fazendo, a ideia

e reconhecer um subespaco complementar de AdkL(~P kV (Γ)) em ~Qk

V (Γ) — o espaco das

aplicacoes polinomiais homogeneas Γ−reversıveis-equivariantes de grau k — e procurar

os gk’s do Teorema 3.4.2 em tal complementar. O metodo e puramente algebrico e assim

como ocorreu na Subsecao 3.4.2, o aparecimento do grupo de simetrias S culminara no

resultado principal, o Teorema 3.5.8.

Para o que segue, sejam Γ um grupo de Lie compacto agindo em um espaco vetorial real

de dimensao finita V , σ : Γ→ Z2 um epimorfismo de grupos com Γ+ = kerσ e considere

o sistema de equacoes diferenciais (3.16) de classe C∞ com h(0) = 0 e h ∈ ~QV (Γ).

A primeira observacao que fazemos e que se h e Γ-reversıvel-equivariante, entao L =

dh(0) tambem e. De fato, lembrando que confundimos γ ∈ Γ com sua representacao

(operador linear) ργ, temos que h(γx) = σ(γ)γh(x) para todo x ∈ V e γ ∈ Γ. Derivando

74

Page 86: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

ambos os lados desta igualdade temos que dh(γx)γ = σ(γ)γdh(x), que em x = 0 nos

da dh(0)γ = σ(γ)γdh(0). Aplicando em x ∈ V segue que L(γx) = σ(γ)γL(x) para todo

x ∈ V e para todo γ ∈ Γ.

Comecamos com algumas propriedades preliminares do operador homologico AdL de-

finido em (3.26) onde, de agora em diante, L = dh(0) e um operador Γ−reversıvel-

equivariante.

Lema 3.5.1. O operador AdL : ~PV → ~PV definido em (3.26) permuta as parcelas da

decomposicao ~PV (Γ+) = ~PV (Γ)⊕ ~QV (Γ) dada em (3.8).

Demonstracao. Seja g ∈ ~PV (Γ) ⊂ ~PV . Entao g(γx) = γg(x) de onde dg(γx)γ = γdg(x),

para todo γ ∈ Γ, x ∈ V. Assim,

AdLg(γx) = dg(γx)L(γx)− L(g(γx))

= γdg(x)γ−1σ(γ)γL(x)− L(γg(x))

= σ(γ)γdg(x)L(x)− σ(γ)γL(g(x))

= σ(γ)γ(dg(x)L(x)− L(g(x)))

= σ(γ)γAdLg(x),

para todo γ ∈ Γ, x ∈ V, ou seja, AdLg ∈ ~QV (Γ). Agora, seja p ∈ ~QV (Γ). Entao p(γx) =

σ(γ)γp(x) de onde dp(γx)γ = σ(γ)γdp(x). Lembrando que (σ(γ))2 = 1, temos, para todo

x ∈ V e γ ∈ Γ, que

AdLp(γx) = dp(γx)L(γx)− L(p(γx))

= σ(γ)γdp(x)γ−1L(γx)− L(σ(γ)γp(x))

= σ(γ)γdp(x)γ−1σ(γ)γL(x)− σ(γ)L(γp(x))

= γdp(x)L(x)− (σ(γ))2γL(p(x))

= γdp(x)L(x)− γL(p(x))

= γAdLp(x),

ou seja, AdLp ∈ ~PV (Γ).

Para o proximo resultado lembramos que Γ− = Γ\Γ+ denota o conjunto das antissi-

metrias de Γ, ou seja, σ(δ) = −1 para todo δ ∈ Γ−.

75

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Lema 3.5.2. Sejam ~R e ~S os operadores de Reynolds definidos em (3.4) e (3.5), respec-

tivamente. Para todo p ∈ ~PV (Γ+) ⊂ ~PV temos

~S(AdL(p)) = AdL(~R(p)).

Demonstracao. Seja δ ∈ Γ− fixado. Entao σ(δ) = σ(δ−1) = −1. Lembrando que L e

Γ−reversıvel-equivariante temos

AdL(~R(p))(x) = AdL(1

2(p(x) + δ−1p(δx)))

=1

2(AdLp(x) + AdL(δ−1p(δx)))

=1

2(AdLp(x) + (d(δ−1p(δx))L(x)− L(δ−1p(δx))))

=1

2(AdLp(x) + (δ−1dp(δx)δL(x)− σ(δ−1)δ−1L(p(δx))))

=1

2(AdLp(x) + (δ−1dp(δx)δL(x) + δ−1L(p(δx))))

=1

2(AdLp(x) + (σ(δ)2δ−1dp(δx)δL(x) + δ−1L(p(δx))))

=1

2(AdLp(x) + σ(δ)δ−1(dp(δx)σ(δ)δL(x)− L(p(δx))))

=1

2(AdLp(x)− δ−1(dp(δx)L(δx)− L(p(δx))))

=1

2(AdLp(x)− δ−1AdLp(δx))

= ~S(AdLp)(x),

para todo x ∈ V e para todo p ∈ ~PV (Γ+) e, portanto, segue o resultado.

Vamos mostrar agora que esta bem definido um produto semidireto entre os grupos

de simetrias Γ e S, onde S e como em (3.29), bem como uma acao deste produto em V.

Considere o produto semidireto S o Γ munido da operacao

(s1, γ1) ·µ (s2, γ2) = (s1µ(γ1)(s2), γ1γ2),

para todo s1, s2 ∈ S e γ1, γ2 ∈ Γ, induzida pelo homomorfismo µ : Γ → Aut(S) definido

por

µ(γ)(s) = sσ(γ),

76

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para todo γ ∈ Γ e s ∈ S. Observe que se γ ∈ Γ+ entao µ(γ) e a identidade e se γ ∈ Γ−,

entao µ(γ)(s) = s−1, ou seja, µ(γ) e um automorfismo de S, para todo γ ∈ Γ. Mostremos

que µ e de fato um homomorfismo. Sejam γ1, γ2 ∈ Γ. Entao

µ(γ1γ2)(s) = sσ(γ1γ2) = sσ(γ1)σ(γ2) = (sσ(γ2))σ(γ1) = µ(γ1)(sσ(γ2)) = µ(γ1)(µ(γ2)s))

= µ(γ1) µ(γ2)(s),

para todo s ∈ S.

Vejamos agora que a aplicacao

(S o Γ)× V → V

((s, γ), v) 7−→ s(γv)(3.32)

e uma acao de S o Γ em V. De fato, pela Proposicao 3.3.2 a operacao (3.32) define uma

acao se a representacao de µ(γ)(s) e uma conjugacao.

Primeiramente vejamos que γerLt

= eσ(γ)rLt

γ para todo γ ∈ Γ e r ∈ R, pois, como Γ

e compacto, podemos supor que ele age ortogonalmente em V, ou seja, γt = γ−1. Sendo

assim temos

γ−1Lt = γtLt = (Lγ)t = (σ(γ)γL)t = σ(γ)Ltγt = σ(γ)Ltγ−1,

uma vez que L e Γ−reversıvel-equivariante. Logo, Lt = σ(γ)−1γ−1Ltγ para todo γ ∈ Γ,

ou seja, Lt = σ(γ)γ−1Ltγ. Agora, observe que

(Lt)2 = (σ(γ)γ−1Ltγ)(σ(γ)γ−1Ltγ)

= σ(γ)2γ−1Ltγγ−1Ltγ

= σ(γ)2γ−1(Lt)2γ.

Procedendo por inducao, temos que (Lt)i = (σ(γ))iγ−1(Lt)iγ. Tendo isso em maos, segue

que

γerLt

= γ∞∑i=0

(rLt)i

i!=∞∑i=0

γ(rLt)i

i!=∞∑i=0

(σ(γ))i(rLt)i

i!γ = eσ(γ)rLt

γ, (3.33)

para todo γ ∈ Γ, r ∈ R. Disto segue que γs = sσ(γ)γ para todo γ ∈ Γ, s ∈ S. De fato, seja

s ∈ S\R, onde R e como em (3.28). Entao existe uma sequencia (sn)n∈N inteiramente

77

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contida em R convergindo para s. Como sn ∈ R para todo n ∈ N segue de (3.33) que

γsn = sσ(γ)n γ, para todo γ ∈ Γ. Fixe γ ∈ Γ (arbitrario) e defina as funcoes

ϕ1 : S → Gl(n) e ϕ2 : S → Gl(n)

s 7−→ γs s 7−→ sσ(γ)γ.

Ambas sao claramente contınuas, pois produto e inversao de matrizes sao contınuas. Dessa

forma, ϕ1(s) = ϕ1(lim sn) = limϕ1(sn) e ϕ2(s) = ϕ2(lim sn) = limϕ2(sn) e, portanto,

γs = ϕ1(s) = limϕ1(sn) = lim γsn = lim sσ(γ)n γ = limϕ2(sn) = ϕ2(s) = sσ(γ)γ,

onde a quarta igualdade segue pois sn ∈ R. Segue portanto que µ(γ)(s) = sσ(γ) = γsγ−1,

ou seja, µ(γ)s e uma conjugacao. Pela Proposicao 3.3.2 a aplicacao dada em (3.32) e uma

acao do produto semidireto Γ o S em V, como desejado.

Para os proximos resultados, defina a aplicacao linear

? : Γ× ~PV → ~PV

(γ, g) 7−→ γ ? g

por γ ? g(x) = γ−1g(γx), para todo x ∈ V. Esta operacao define uma acao de Γ em ~PV

induzida pela acao de Γ em V.

Definicao 3.5.3. Fixado δ ∈ Γ−, definimos π : ~PV → ~PV como

π(p) =1

2

(∫Γ+

τ ? pdτ −∫

Γ+

(δτ) ? pdτ

), (3.34)

onde

∫Γ+

e a integral de Haar normalizada em Γ+.

Pela Observacao 2.1.15, tal definicao faz sentido pois V ∼= Rn para algum inteiro

positivo n e, assim, ~PV ⊂ C(Rn,Rn). Mais especificamente, na definicao anterior, estamos

integrando funcoes fp, gp : Γ+ → ~PV das formas fp(τ) = τ ? p e gp(τ) = (δτ) ? p para

p ∈ ~PV fixado, porem arbitrario.

Para o proximo lema vamos restringir π a ~P kV e continuar denotando por π.

Lema 3.5.4. A aplicacao π : ~P kV → ~Qk

V (Γ) e uma projecao linear.

78

Page 90: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

Demonstracao. Seja δ ∈ Γ− fixado. A linearidade de π segue pois a integral de Haar e a

operacao ? sao lineares. Alem disso, se p ∈ ~P kV entao π(p) tambem pertence a ~P k

V , uma vez

γ ? p e tambem um polinomio homogeneo de grau k e a integral de Haar mantem o grau

desses polinomios (veja [14, XVI, Lema 5.10]). Queremos mostrar que π(p) ∈ ~QkV (Γ), ou

seja, π(p)(γx) = σ(γ)γπ(p)(x) para todo p ∈ ~P kV , x ∈ V. Mas isto e equivalente a mostrar

que σ(γ)γ−1π(p)(γx) = π(p)(x), para todo x ∈ V, ou seja, que

σ(γ)γ ? π(p) = π(p),

para todo p ∈ ~P kV . Temos que τ ? (γ ? p) = (γτ) ? p, para todo p ∈ ~P k

V . De fato, dados

τ, γ ∈ Γ,

τ ? γ ? p(x) = τ ? (γ−1p(γx)) = τ−1(γ−1p(γτx)) = (γτ)−1p(γτx) = γτ ? p(x), (3.35)

para todo x ∈ V. Entao, por (3.34) e para todo γ ∈ Γ fixado (porem arbitrario), temos

σ(γ)γ ? π(p) = σ(γ)γ ?

(1

2

∫Γ+

τ ? pdτ − 1

2

∫Γ+

(δτ) ? pdτ

)= σ(γ)

1

2

(∫Γ+

γ ? τ ? pdτ −∫

Γ+

γ ? (δτ) ? pdτ

)= σ(γ)

1

2

(∫Γ+

(τγ) ? pdτ −∫

Γ+

(δτγ) ? pdτ

). (3.36)

Se γ ∈ Γ+, entao σ(γ) = 1 e pela invariancia a direita da integral de Haar, a igualdade

(3.36) torna-se

σ(γ)γ ? π(p) =1

2

(∫Γ+

τ ? pdτ −∫

Γ+

(δτ) ? pdτ

)= π(p).

Se, por outro lado, γ ∈ Γ− = δΓ+, entao σ(γ) = −1 e γ = δλ para algum λ ∈ Γ+.

Como γ, δ estao fixados, λ tambem esta. Por [9, I, Theorem 5.12], se ϕ : Γ → Γ e um

automorfismo entao

∫Γ

f(γ)dγ =

∫Γ

f ϕ(γ)dγ, para todo f : Γ → ~P kV . Defina, entao

f1, f2 : Γ → ~P kV por f1(τ) = τδλ ? p, f2(τ) = δτδλ ? p e considere o automorfismo

79

Page 91: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

ϕ(τ) = δτδ−1. Logo, (3.36) torna-se

σ(γ)γ ? π(p) = −1

2

(∫Γ+

(τδλ) ? pdτ −∫

Γ+

(δτδλ) ? pdτ

)= −1

2

(∫Γ+

f1(τ)dτ −∫

Γ+

f2(τ)dτ

)= −1

2

(∫Γ+

f1 ϕ(τ)dτ −∫

Γ+

f2 ϕ(τ)dτ

)= −1

2

(∫Γ+

(δτλ) ? pdτ −∫

Γ+

(δ2τλ) ? pdτ

)=

1

2

(−∫

Γ+

(δτ) ? pdτ +

∫Γ+

τ ? pdτ

)= π(p),

onde a penultima igualdade segue do fato da integral de Haar ser invariante a direita e

a esquerda por Γ+, com λ, δ2 ∈ Γ+. Logo, π(p) ∈ ~QkV (Γ), para todo p ∈ ~P k

V , ou seja,

π(~P kV ) ⊆ ~Qk

V (Γ).

Seja agora p ∈ ~QkV (Γ). Entao, se τ ∈ Γ+, temos

τ ? p(x) = τ−1p(τx) = σ(τ)τ−1τp(x) = p(x) e

(δτ) ? p(x) = (δτ)−1p(δτx) = σ(δτ)(δτ)−1(δτ)p(x) = −p(x).

para todo x ∈ V, uma vez que δ ∈ Γ−. Daı, por (3.34) e lembrando que

∫Γ+

e normalizada,

π(p) =1

2

(∫Γ+

τ ? pdτ −∫

Γ+

(δτ) ? pdτ

)=

1

2

(∫Γ+

pdτ −∫

Γ+

−pdτ)

=1

2

(∫Γ+

pdτ +

∫Γ+

pdτ

)= p

∫Γ+

= p.

Entao, p ∈ π(~P kV ) e, assim, π(~P k

V ) = ~QkV (Γ). Pelo que mostramos acima, π restrita a

~QkV (Γ) e o operador identidade e, portanto, π e uma projecao sobre ~Qk

V (Γ).

Lema 3.5.5. A projecao π definida em (3.34) satisfaz π(~P kV (S)) = ~Qk

V (So Γ).

80

Page 92: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

Demonstracao. Seja g ∈ ~QkV (S o Γ). Entao g ∈ ~P k

V (S) ∩ ~QkV (Γ), pela Proposicao 3.3.3.

Pelo lema anterior, como g ∈ ~QkV (Γ) entao g = π(g) ∈ π(~P k

V (S)), ou seja, ~QkV (S o Γ) ⊆

π(~P kV (S)). Por outro lado, seja p ∈ ~P k

V (S). Pelo lema anterior, como ~P kV (S) ⊂ ~P k

V , temos

que π(p) ∈ ~QkV (Γ). Se mostrarmos que π(p) ∈ ~P k

V (S) terminamos, pois ~QkV (S o Γ) =

~P kV (S) ∩ ~Qk

V (Γ). Precisamos entao mostrar que π(p)(sx) = sπ(p)(x), para todo x ∈ V e

s ∈ (S), ou seja, s−1π(p)(sx) = π(p)(x) para todo x ∈ V e s ∈ S. Mas isso e mostrar

que s ? π(p) = π(p) para todo p ∈ ~P kV (S) e, de fato, isto ocorre. Primeiramente veja que,

como µ(γ)(s) = sσ(γ) = γsγ−1 para todo γ ∈ Γ, s ∈ S, entao γs = sγ, se γ ∈ Γ+

γs = s−1γ se γ ∈ Γ−.

Assim, se τ ∈ Γ+ e usando que p ∈ ~P kV (S), temos

(τs) ? p(x) = (τs)−1p(τsx) = (sτ)−1p(sτx) = τ−1s−1sp(τx) = τ ? p(x) e

(δτs) ? p(x) = (δτs)−1p(δτsx) = (s−1δτ)−1p(s−1δτx) = (δτ)−1ss−1p(δτx) = (δτ) ? p(x),

para todo x ∈ V, s ∈ S e para δ ∈ Γ− fixado. Entao, usando (3.35) segue, para cada

s ∈ S,

s ? π(p) = s ?1

2

(∫Γ+

τ ? pdτ −∫

Γ+

δτ ? pdτ

)=

1

2

(∫Γ+

(τs) ? pdτ −∫

Γ+

(δτs) ? pdτ

)=

1

2

(∫Γ+

τ ? pdτ −∫

Γ+

δτ ? pdτ

)= π(p),

o que demonstra o resultado.

Lema 3.5.6. Considere AdkL definida em (3.20). A projecao π dada em (3.34) satisfaz

π(AdkL(~P kV )) = AdkL(~P k

V (Γ)).

Demonstracao. Seja p ∈ ~P kV . Para todo γ ∈ Γ temos

d(γ ? p)x = d(γ−1pγx) = γ−1(dp)(γx)γ,

81

Page 93: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

para todo x ∈ V. Como L e Γ−reversıvel-equivariante segue que

AdkL(γ ? p)(x) = d(γ ? p)(x)L(x)− L((γ ? p)(x))

= γ−1(dp)(γx)γL(x)− L(γ−1p(γx))

= γ−1(dp)(γx)γL(x)− σ(γ−1)γ−1L(p(γx))

= (σ(γ))2γ−1(dp)(γx)γL(x)− σ(γ)γ−1L(p(γx))

= σ(γ)γ−1((dp)(γx)σ(γ)γL(x)− L(p(γx)))

= σ(γ)γ−1((dp)(γx)L(γx)− L(p(γx)))

= σ(γ)γ ? AdkLp(x),

para todo γ ∈ Γ, x ∈ V. Assim γ ? AdkLp = σ(γ)AdkL(γ ? p), para todo p ∈ ~P kV , de onde

π(AdkLp) =1

2

(∫Γ+

γ ? AdkLpdγ −∫

Γ+

(δγ) ? AdkLpdγ

)=

1

2

(∫Γ+

σ(γ)AdkL(γ ? p)dγ −∫

Γ+

σ(δγ)AdkL(δγ ? p)dγ

)=

1

2

(∫Γ+

AdkL(γ ? p)dγ +

∫Γ+

AdkL(δγ ? p)dγ

)= AdkL

(1

2

(∫Γ+

γ ? pdγ +

∫Γ+

(δγ) ? pdγ

))= AdkL

(∫Γ

γ ? pdγ

),

onde a ultima igualdade segue do Teorema 2.1.17. Agora, se

∫Γ

γ ? pdγ ∈ ~P kV (Γ) terıamos

π(AdkL(~P kV )) ⊆ AdkL(~P k

V (Γ)). De fato, considere fp : Γ → ~P kV definido por fp(γ) = γ ? p.

Dado τ ∈ Γ fixado, temos

τ ?

∫Γ

γ ? pdγ =

∫Γ

τ ? γ ? pdγ =

∫Γ

(γτ) ? pdγ =

∫Γ

fp(γτ)dγ

=

∫Γ

fp(γ)dγ =

∫Γ

γ ? pdγ,

onde a segunda igualdade segue de (3.35) e a penultima igualdade segue da invariancia

da integral de Haar a direita, mostrando que

τ−1

∫Γ

γ ? p(τx)dγ =

∫Γ

γ ? p(x)dγ,

82

Page 94: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

para todo τ ∈ Γ, ou seja,

∫Γ

γ ? pdγ ∈ ~P kV (Γ) como desejado. Ainda, se p ∈ ~P k

V (Γ) entao

γ ? p(x) = γ−1p(γx) = γ−1γp(x) = p(x),

para todo x ∈ V, γ ∈ Γ, de onde para cada γ ∈ Γ temos

p = p · 1 = p

∫Γ

dγ =

∫Γ

pdγ =

∫Γ

γ ? pdγ,

uma vez que a integral de Haar sobre Γ e normalizada. Logo, dado p ∈ ~P kV (Γ) temos

AdkLp = AdkL(

∫Γ

γ ? pdγ) = π(AdkLp)

e, portanto, AdkL(~P kV (Γ)) ⊆ π(AdkL(~P k

V )) uma vez que ~P kV (Γ) ⊆ ~P k

V . Segue entao o resul-

tado.

O seguinte resultado e a versao reversıvel equivariante do Teorema 3.4.14.

Teorema 3.5.7. Seja S como definido em (3.29). Para cada k ≥ 2 temos

~QkV (Γ) = ~Qk

V (So Γ)⊕ AdkL(~P kV (Γ)).

Demonstracao. Aplicando a projecao π na igualdade ~P kV = ~P k

V (S)⊕AdkL(~P kV ) do Teorema

3.4.14 teremos π(~P kV ) = π(~P k

V (S)) + π(AdkL(~P kV )). Pelos Lemas 3.5.4, 3.5.5 e 3.5.6 segue

que

~QkV (Γ) = ~Qk

V (S o Γ) + AdkL(~P kV (Γ)).

Resta mostrar entao que esta soma e direta. Ja sabemos que ~QkV (SoΓ) = ~P k

V (S)∩ ~QkV (Γ)

e, do Teorema 3.4.14, que ~P kV (S) ∩ AdkL(~P k

V ) = 0. Como ~P kV (Γ) ⊆ ~P k

V temos ~P kV (S) ∩

AdkL(~P kV (Γ)) = 0, de onde segue que ~Qk

V (SoΓ)∩AdkL(~P kV (Γ)) = 0, como desejado.

Toda a discussao dessa secao juntamente com o teorema anterior resulta no principal

resultado deste trabalho, que determina uma maneira algebrica de encontrar uma forma

normal de um sistema reversıvel equivariante.

Teorema 3.5.8. Seja Γ um grupo de Lie compacto agindo em V e considere h ∈ ~QV (Γ)

com h(0) = 0 e L = dh(0). Seja S como em (3.29). Entao a forma normal de x = h(x)

e dada por

x = L(x) + g2(x) + g3(x) + · · · , (3.37)

83

Page 95: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

onde para cada k ≥ 2, gk ∈ ~QkV (So Γ).

Demonstracao. Para cada k ≥ 2 fixado, considere a mudanca de coordenadas proxima a

identidade x = ξ(y) = y + ξk(y). Queremos que tal mudanca de coordenadas preserve as

simetrias e antissimetrias do sistema, ou seja, se h e Γ-reversıvel-equivariante, entao f(y) =

dξ(y)−1h(ξ(y)) dada em (3.19) tambem e. Vamos mostrar que se ξk e Γ−equivariante,

isto acontece. Primeiro note que, neste caso, ξ tambem e Γ−equivariante. De fato,

ξ(γy) = γy + ξk(γx) = γ(y + ξk(x)) = γξ(y),

para todo γ ∈ Γ, y ∈ V. Logo, dξ(γy)γ = γdξ(y) e daı dξ(γy) = γdξ(y)γ−1, para todo

γ ∈ Γ, y ∈ V. Assim,

f(γy) = (dξ(γy))−1h(ξ(γy))

= (γdξ(y)γ−1)−1h(γξ(y))

= γdξ(y)−1γ−1σ(γ)γh(ξ(y))

= σ(γ)γf(y),

mostrando que f em (3.19) e Γ−reversıvel-equivariante. Alem disso, ja sabemos dos Lemas

3.5.4 e 3.5.6 que AdkL(~P kV (Γ)) ⊂ ~Qk

V (Γ). Assim, AdkLξk ∈ ~Qk

V (Γ) e devemos considerar AdkL

definido em (3.20) restrito as aplicacoes em ~P kV (Γ). Pelo Teorema 3.4.2, cada gk em (3.37)

esta no subespaco complementar de AdkL(~P kV (Γ)) que e, neste caso, ~Qk

V (S o Γ).

No proximo capıtulo dedicamo-nos ao calculo das formas normais de sistemas Hamil-

tonianos reversıveis equivariantes segundo a acao de especıficos grupos de Lie compactos.

84

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CAPITULO 4

CAMPOS HAMILTONIANOS

REVERSIVEIS EQUIVARIANTES

Este capıtulo e uma contribuicao ao estudo local de sistemas Hamiltonianos reversıveis

equivariantes definidos em um espaco vetorial V de dimensao finita em presenca de duas

involucoes lineares1 φ e ψ que agem como antissimetrias em V. Estes sao casos particulares

de sistemas Hamiltonianos Γ-reversıveis-equivariantes. As involucoes φ e ψ podem comu-

tar ou nao. No primeiro caso, elas geram o grupo Γ = Zφ2 × Zψ2 , onde uma componente

e gerada por φ e a outra por ψ. No segundo caso, o grupo em acao e o diedral D4, que e

um dos dois grupos nao abelianos com 8 elementos.

No presente capıtulo, tais sistemas tem a forma

x = XH(x) (4.1)

definido em um espaco vetorial V de dimensao finita, onde XH(x) e um campo Hamilto-

niano como em (1.7) e e reversıvel equivariante segundo um dos grupos Γ = Z2, Γ = D4

ou Γ = Zφ2×Zψ2 , onde φ e ψ comutam entre si. Nosso objetivo aqui e entao aplicar a teoria

de formas normais apresentada na Secao 3.5, mais especificamente o Teorema 3.5.8, para

1Uma involucao φ e uma aplicacao inversıvel que e igual a sua inversa, ou seja, φ2 = Id.

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calcular a forma normal de (4.1). A Secao 4.1 e destinada ao calculo de formas normais

Z2−reversıveis-equivariantes de campos Hamiltonianos com aproximacao linear do tipo

L =

0 −α 0 0

α 0 0 0

0 0 0 −β

0 0 β 0

, (4.2)

com α, β ∈ R, nos casos αβ−1 /∈ Q (caso generico), α = β (caso 1 : 1) e qα− pβ = 0 com

p, q ∈ Z, p 6= q (caso p : q).

As Secoes 4.2 e 4.3 sao destinadas ao calculo de formas normais de campos Hamiltoni-

anos reversıveis equivariantes segundo a acao de D4 e Zφ2×Zψ2 , respectivamente. Na Secao

4.2, o campo tem parte linear do tipo (4.2) para o caso generico, ou seja, αβ−1 /∈ Q. Na

Secao 4.3 o campo Hamiltoniano Zφ2 × Zψ2 -reversıvel-equivariante tem parte linear

M =

0 1

0 0

0 ω1

−ω1 0. . .

0 ωn

−ωn 0

, (4.3)

onde ω1, · · · , ωn sao algebricamente independentes2. Lembremos que Γ+ denota o sub-

grupo das simetrias de Γ e Γ− = Γ\Γ+.

Na Secao 4.4 vamos provar que existem, de fato, campos Hamiltonianos com as line-

arizacoes L e M dadas em (4.2) e (4.3), respectivamente.

2Se M e uma matriz da forma (4.3), dizemos que M e ressonante se existem inteiros nao nulos

k1, · · · , kn tais que k1ω1 + · · ·+ knωn = 0. Caso contrario, M e nao ressonante e ω1, · · · , ωn sao algebri-

camente independentes.

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4.1 Formais normais Z2-reversıveis-equivariantes

Nesta secao vamos calcular formas normais de sistemas Hamiltonianos Z2-reversıveis-

equivariantes da forma (4.1) com parte linear do tipo (4.2), onde Γ = Z2 = id, δ age

em R4 como

δ(x1, x2, y1, y2) = (−x1, x2, y1,−y2). (4.4)

Consideramos aqui o epimorfismo σ : Γ → Z2 tal que δ ∈ Γ−. E facil ver que L em (4.2)

anticomuta com δ, bastando tomar δ em sua forma matricial, ou seja, Lδ = −δL.

Em alguns casos, sera mais facil trabalhar em C2 ao inves de R4. Neste caso temos

δ(z1, z2) = (−z1, z2), onde z1 = x1 + ix2∼= (x1, x2) e z2 = y1 + iy2

∼= (y1, y2). Alem disso,

sobre o corpo dos numeros complexos, L pode ser escrita como

L =

αi 0

0 βi

, (4.5)

que e uma matriz diagonal. Entao L e semissimples e seus autovalores sao αi e βi.

4.1.1 Caso generico

Comecemos com o caso em que αβ−1 /∈ Q. Decompomos L como L = D + N , onde

D = L e semissimples e N = 0 e nilpotente. Seus autovalores αi e βi sao algebricamente

independentes pois αβ−1 /∈ Q. Pela Proposicao 3.4.12 temos que o conjunto S definido

em (3.29) e o toro T 2 = S1 × S1. Observe tambem que tal grupo age diagonalmente em

R4 = R2 × R2.

Para o calculo da forma normal precisamos encontrar os geradores do modulo ~QR4(T 2o

Z2) das aplicacoes S o Z2−reversıveis-equivariantes e, para isso, utilizamos o Algoritmo

3.2.8. O primeiro passo e encontrar uma base de Hilbert para o anel PR4((T 2 o Z2)+),

que coincide com PR4(T 2 × id) = PR4(T 2) ∩ PR4(id) = PR4(T 2), e os geradores de

~PR4(T 2) sobre PR4(T 2). Pelo Exemplo 3.3.6, para n = 2 e escrevendo em coordenadas reais,

temos que uma base de Hilbert para PR4(T 2) e u1, u2 com u1(x1, x2, y1, y2) = x21 + x2

2

e u2(x1, x2, y1, y2) = y21 + y2

2. Pelo mesmo exemplo, ~PR4(T 2) = PR4(T 2)H0, H1, H2, H3

com

H0(x1, x2, y1, y2) = (x1, x2, 0, 0), H1(x1, x2, y1, y2) = (−x2, x1, 0, 0),

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H2(x1, x2, y1, y2) = (0, 0, y1, y2) e H3(x1, x2, y1, y2) = (0, 0,−y2, y1).

Convencionamos entao S(u0) ≡ 1 e calculamos S(u1) e S(u2), para S definido em (3.5)

e δ = (s, δ) ∈ (T 2 o Z2)− = T 2 o Z2\T 2 × id, onde escolhemos s = (0, 0) o elemento

neutro de S = T 2 e δ e como em (4.4). Entao,

δ(x1, x2, y1, y2) = s(δ(x1, x2, y1, y2)) = s(−x1, x2, y1,−y2) = (−x1, x2, y1,−y2), (4.6)

para todo (x1, x2, y1, y2) ∈ R4. Note que u1 e u2 sao invariantes pela acao de δ. Entao, pelo

item (ii) da Proposicao 3.2.2, S(u1) = S(u2) ≡ 0. Fazemos agora Hij = S(ui)Hj. Como

S(u1) = S(u2) ≡ 0 resta-nos H0j = Hj, para j = 0, 1, 2, 3. O ultimo passo do Algoritmo

3.2.8 e calcularmos ~S(Hij) = ~S(Hj), para ~S definido em (3.5) e j = 0, 1, 2, 3. Veja que

H0(δ(x1, x2, y1, y2)) = H0(−x1, x2, y1,−y2) = (−x1, x2, 0, 0) = δ(x1, x2, 0, 0)

= δH0(x1, x2, y1, y2),

H1(δ(x1, x2, y1, y2)) = H1(−x1, x2, y1,−y2) = (−x2,−x1, 0, 0) = δ(x2,−x1, 0, 0)

= −δH1(x1, x2, y1, y2),

H2(δ(x1, x2, y1, y2)) = H2(−x1, x2, y1,−y2) = (0, 0, y1,−y2) = δ(0, 0, y1, y2)

= δH2(x1, x2, y1, y2) e

H3(δ(x1, x2, y1, y2)) = H3(−x1, x2, y1,−y2) = (0, 0, y2, y1) = δ(0, 0, y2,−y1)

= −δH3(x1, x2, y1, y2).

Em outras palavras, H0 e H2 sao T 2 oZ2-equivariantes e H1 e H3 sao T 2 oZ2-reversıveis-

equivariantes. Novamente pelo item (ii) da Proposicao 3.2.2, temos ~S(H0) = ~S(H2) ≡ 0,

~S(H1) = H1, e ~S(H3) = H3. Assim, pelo Algoritmo 3.2.8,

~QR4(T 2 o Z2) = PR4(T 2 o Z2)H1, H3.

Precisamos ainda de uma base de Hilbert para o anel PR4(T 2 o Z2). Como ja temos

uma base para PR4((T 2 o Z2)+), que e dada por u1, u2, pelo Teorema 3.2.9, basta

calcularmos R(ui) e S(ui)S(uj) com i, j = 1, 2 onde R e S sao definidos em (3.4) e (3.5),

respectivamente. Sabemos que S(u1) = S(u2) ≡ 0 e, uma vez que u1, u2 sao invariantes

por Z2, segue que R(ui) = ui para i = 1, 2. Portanto u1, u2 tambem e uma base de

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Hilbert para PR4(T 2 oZ2). Pelo Teorema 3.5.8, a forma normal Z2-reversıvel-equivariante

do sistema (4.1) e

x = L(x) + f0(x)H1(x) + f1(x)H3(x),

com x = (x1, x2, y1, y2) ∈ R4 e f0, f1 ∈ PR4(T 2 o Z2), que em termos matriciais torna-sex1

x2

y1

y2

=

0 −α 0 0

α 0 0 0

0 0 0 −β

0 0 β 0

x1

x2

y1

y2

+ f0(x)

−x2

x1

0

0

+ f1(x)

0

0

−y2

y1

.

Portanto, a forma normal procurada e

x1 = −αx2 − x2f0(x1, x2, y1, y2)

x2 = αx1 + x1f0(x1, x2, y1, y2)

y1 = −βy2 − y2f1(x1, x2, y1, y2)

y2 = βy1 + y1f1(x1, x2, y1, y2)

(4.7)

onde f0(x1, x2, y1, y2) =∞∑

i+j=1

aij(x21 + x2

2)i(y21 + y2

2)j e f1(x1, x2, y1, y2) =∞∑

i+j=1

bij(x21 +

x22)i(y2

1 + y22)j, com aij, bij ∈ R.

Esta mesma forma normal tambem foi obtida em [23], onde Martins usou o metodo

classico desenvolvido por Belitskii sem impor a reversibilidade de Z2, obtendo primeiro

uma pre-forma normal. Depois disso, Martins considerou a acao de Z2 para obter a forma

normal (4.7). O metodo algebrico que nos apresentamos aqui (Teorema 3.5.8) nos permite

impor a reversibilidade de Z2 desde o inıcio dos calculos.

4.1.2 Caso 1:1

Consideramos aqui o caso α = β e calculamos a forma normal Z2-reversıvel-equivariante

de (4.1) com linearizacao L como em (4.2). Para facilitar os calculos, vamos trabalhar

com C2 ao inves de R4. Podemos escrever L = D + N, onde D = L e semissimples

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e N = 0 e nilpotente, mas agora L tem apenas um autovalor algebricamente indepen-

dente, pois α = β. Pela Proposicao 3.4.12, S = S1 e consideramos sua acao em C2 como

θ(z1, z2) = (eiθz1, eiθz2), para todo (z1, z2) ∈ C2, θ ∈ S1.

Para aplicarmos o Teorema 3.5.8, precisamos dos geradores do modulo das aplicacoes

S1 oZ2−reversıveis-equivariantes sobre o anel PC2(S1 oZ2). Sigamos novamente o Algo-

ritmo 3.2.8. Veja que PC2((S1 oZ2)+) = PC2(S1×id) = PC2(S1)∩PC2(id) = PC2(S1)

e da mesma forma ~PC2((S1 o Z2)+) = ~PC2(S1). Pelos Exemplos 2.2.5 e 2.3.6,

u1(z1, z2) = |z1|2, u2(z1, z2) = |z2|2, u3(z1, z2) = Re(z1z2), e u4(z1, z2) = Im(z1z2)

formam uma base de Hilbert para PC2(S1) e

H0(z1, z2) = (z1, 0), H1(z1, z2) = (z2, 0), H2(z1, z2) = (iz1, 0), H3(z1, z2) = (iz2, 0),

H4(z1, z2) = (0, z1), H5(z1, z2) = (0, z2), H6(z1, z2) = (0, iz1), e H7(z1, z2) = (0, iz2)

geram ~PC2(S1) sobre PC2(S1).

Lembrando que δ(z1, z2) = (−z1, z2), fixe δ = (0, δ) ∈ (S1oZ2)− = S1oZ2\S1×id,

onde 0 e o elemento neutro do grupo S1. E facil ver que u1 e u2 sao invariantes por δ.

Agora,

u3(δ(z1, z2)) = u3(−z1, z2) = Re(−z1z2) = −Re(z1z2) = −Re(z1z2) = −u3(z1, z2),

ou seja, u3 ∈ QC2(Z2). Ja u4 e invariante por δ, pois

u4(δ(z1, z2)) = u4(−z1, z2) = Im(−z1z2) = Im(z1z2) = u4(z1, z2).

Assim, por (ii) da Proposicao 3.2.2, S(u1) = S(u2) = S(u4) ≡ 0, e S(u3) = u3. Definindo

S(u0) ≡ 1, construımos Hij = S(ui)Hj e calculamos ~S(Hij), para todo i = 0, · · · , 4,

j = 0, · · · , 7 com os operadores S e ~S definidos em (3.5). Entao, faremos os calculos

apenas para H0j = Hj e H3j = u3Hj com j = 0, · · · , 7, visto que Hij = 0 para i = 1, 2, 4.

90

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Temos

H0(δ(z1, z2)) = H0(−z1, z2) = (−z1, 0) = δ(z1, 0) = δH0(z1, z2),

H1(δ(z1, z2)) = H1(−z1, z2) = (z2, 0) = −δ(z2, 0) = −δH1(z1, z2),

H2(δ(z1, z2)) = H2(−z1, z2) = (−iz1, 0) = −δ(iz1, 0) = −δH2(z1, z2),

H3(δ(z1, z2)) = H3(−z1, z2) = (iz2, 0) = δ(iz2, 0) = δH3(z1, z2),

H4(δ(z1, z2)) = H4(−z1, z2) = (0,−z1) = −δ(0, z1) = −δH4(z1, z2),

H5(δ(z1, z2)) = H5(−z1, z2) = (0, z2) = δ(0, z2) = δH5(z1, z2),

H6(δ(z1, z2)) = H6(−z1, z2) = (0,−iz1) = δ(0, iz1) = δH6(z1, z2),

H7(δ(z1, z2)) = H7(−z1, z2) = (0, iz2) = −δ(0, iz2) = −δH7(z1, z2),

ou seja, H0, H3, H5, H6 ∈ ~PC2(Z2) e H1, H2, H4, H7 ∈ ~QC2(Z2). Portanto, novamente por

(ii) da Proposicao 3.2.2, temos ~S(Hi) ≡ 0 para i = 0, 3, 5, 6 e ~S(Hj) = Hj, para j =

1, 2, 4, 7. Agora, como S(u3) = u3 ∈ QC2(Z2) entao, pelo Lema 3.1.7, temos u3H0, u3H3,

u3H5, u3H6 ∈ ~QC2(Z2) e u3H1, u3H2, u3H4, u3H7 ∈ ~PC2(Z2). Novamente pela Proposicao

3.2.2, ~S(H3j) = H3j, para j = 0, 3, 5, 6 e ~S(H3j) ≡ 0 para j = 1, 2, 4, 7. Dessa forma,

~S(Hi) = Hi e ~S(H3j) = H3j = u3Hj para i = 1, 2, 4, 7 e j = 0, 3, 5, 6, determinam os

geradores do modulo ~Q2(S1 o Z2) sobre o anel PC2(S1 o Z2). Mais especificamente,

K1(z1, z2) = H1(z1, z2) = (z2, 0)

K2(z1, z2) = H2(z1, z2) = (iz1, 0)

K3(z1, z2) = H30(z1, z2) = Re(z1z2)(z1, 0)

K4(z1, z2) = H33(z1, z2) = Re(z1z2)(iz2, 0)

K5(z1, z2) = H4(z1, z2) = (0, z1)

K6(z1, z2) = H7(z1, z2) = (0, iz2)

K7(z1, z2) = H35(z1, z2) = Re(z1z2)(0, z2)

K8(z1, z2) = H36(z1, z2) = Re(z1z2)(0, iz1),

geram ~QC2(S1 o Z2) sobre PC2(S1 o Z2).

91

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Precisamos ainda calcular uma base de Hilbert para PC2(S1 oZ2). Como conhecemos

uma base de PC2(S1), basta utilizarmos o Teorema 3.2.9 tomando Γ+ = S1. Calculos

diretos mostram que u1, u2 e u4 sao invariantes e u3 e anti-invariante pela acao de S1 oZ2

dada em (4.6). Entao R(uj) = uj, R(u3) ≡ 0 ≡ S(uj) e S(u3) = u3 para todo j = 1, 2, 4,

gracas a Proposicao 3.2.2. Assim,

u1(z1, z2) = |z1|2, u2(z1, z2) = |z2|2, u4(z1, z2) = Im(z1z2) e (u3(z1, z2))2 = (Re(z1z2))2

compoem uma base de Hilbert para PC2(S1 o Z2), segundo o Teorema 3.2.9.

Portanto, uma forma normal Z2-reversıvel-equivariante para o sistema (4.1) em que

α = β na linearizacao L e dada por

z = L(z) +8∑j=1

fj(z)Kj(z),

com z = (z1, z2) ∈ C2 e fj ∈ PC2(S1 o Z2) para j = 1, · · · , 8. Lembrando que L pode ser

escrita como (4.5), uma forma normal para o sistema em questao e entaoz1 = αiz1 + f1(z1, z2)z2 + f2(z1, z2)iz1 + f3(z1, z2)Re(z1z2)z1 + f4(z1, z2)Re(z1z2)iz2

z2 = βiz2 + f5(z1, z2)z1 + f6(z1, z2)iz2 + f7(z1, z2)Re(z1z2)z2 + f8(z1, z2)Re(z1z2)iz1

onde ft com t = 1, · · · , 8 e da forma

ft(z1, z2) =∞∑

i+j+k+l=1

aijkl(|z1|2)i(|z2|2)j(Im(z1z2))k((Re(z1z2))2)l,

com aijkl ∈ R.

4.1.3 Caso p : q

Suponha agora que existam p, q ∈ Z, tais que qα−pβ = 0. Sem perda de generalidade

podemos supor que p e q sao primos entre si. Entao β =q

pα e reescrevemos L em (4.5)

como

L =

αi 0

0q

pαi

. (4.8)

92

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Assim como no caso anterior, temos pela Proposicao 3.4.12 que S definido em (3.29) e o

grupo do cırculo S1. Para determinar uma acao apropriada de S1 em C2, determinemos

como pode ser escrito o grupo S. Pela definicao de R dada em (3.28) temos3

R =

Rθ 0

0 R qpθ

; θ ∈ R eq

p∈ Q

.

Por [26, Secao 6.1, Exemplo 5] temos que R e fechado e compacto em T 2 e, portanto,

R = S. Note que, por meio de um isomorfismo de grupos, podemos considerar

S =

Rpθ 0

0 Rqθ

; θ ∈ R

∼= S1

de modo que S age em C2 como produto de matriz por vetor, ou seja, θ(z1, z2) =

(epiθz1, eiqθz2), para todo θ ∈ R, (z1, z2) ∈ C2.

Novamente, usamos o Algoritmo 3.2.8. Como PC2((S1 o Z2)+) = PC2(S1), bem como

~PC2((S1 o Z2)+) = ~PC2(S1), ja obtivemos pelos Exemplos 2.2.7 e 2.3.7 que

u1(z1, z2) = |z1|2, u2(z1, z2) = |z2|2, u3(z1, z2) = Re(zq1zp2) e u4(z1, z2) = Im(zq1z

p2)

formam uma base de Hilbert para o anel dos invariantes PC2(S1) e que as aplicacoes

H0(z1, z2) =(z1, 0), H1(z1, z2) = (iz1, 0), H2(z1, z2) = (zq−11 zp2 , 0), H3(z1, z2) = (izq−1

1 zp2 , 0),

H4(z1, z2) =(0, z2), H5(z1, z2) = (0, iz2), H6(z1, z2) = (0, zq1zp−12 ) e H7(z1, z2) = (0, izq1z

p−12 )

compoem um conjunto de geradores para o modulo ~PC2(S1) sobre o anel PC2(S1).

Ja vimos na subsecao anterior que u1 e u2 sao invariantes por δ = (0, δ), cuja acao

tambem e dada por (4.6), o que implica em S(u1) = S(u2) ≡ 0, para S como em (3.5).

Vejamos o que ocorre com u3 e u4. Temos que

u3(δ(z1, z2)) = u3(−z1, z2) = Re((−z1)qzp2) = Re((−1)qz1qzp2)

=

Re(zq1z2

p), se q e par

−Re(zq1z2p), se q e ımpar

3Basta calcular erLt

, com r ∈ R e considerar θ = rα.

93

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e, consequentemente, pelo item (ii) da Proposicao 3.2.2,S(u3) ≡ 0, se q e par

S(u3) = u3, se q e ımpar.

Fazendo a mesma analise para u4 temos queS(u4) = u4, se q e par

S(u4) ≡ 0, se q e ımpar.

Convencionando S(u0) ≡ 1, vamos calcular Hij = S(ui)Hj e depois ~S(Hij), com i =

0, · · · , 4 e j = 0, · · · , 7. Mas antes note que4

H0(δ(z1, z2)) = H0(−z1, z2) = (−z1, 0) = δH0(z1, z2),

H1(δ(z1, z2)) = H1(−z1, z2) = (−iz1, 0) = −δH1(z1, z2),

H2(δ(z1, z2)) = H2(−z1, z2) = ((−z1)q−1z2p, 0) =

δH2(z1, z2), se q e par

−δH2(z1, z2), se q e ımpar

,

H3(δ(z1, z2)) = H3(−z1, z2) = (i(−z1)q−1z2p, 0) =

−δH3(z1, z2), se q e par

δH3(z1, z2), se q e ımpar

,

H4(δ(z1, z2)) = H4(−z1, z2) = (0, z2) = δH4(z1, z2),

H5(δ(z1, z2)) = H5(−z1, z2) = (0, iz2) = −δH5(z1, z2),

H6(δ(z1, z2)) = H6(−z1, z2) = (0, (−z1)qzp−12 ) =

δH6(z1, z2), se q e par

−δH6(z1, z2), se q e ımpar

,

H7(δ(z1, z2)) = H3(−z1, z2) = (0, i(−z1)qzp2) =

−δH7(z1, z2), se q e par

δH7(z1, z2), se q e ımpar

.

Assim sendo, H0, H4 ∈ ~PC2(S1), H1, H5 ∈ ~QC2(S1) e os demais casos dependem de q. Por

isso, vamos dividir nos casos: q par e q ımpar.

(i) q e par.

4Para as aplicacoes H0, H1, H4 e H5 as contas ja foram feitas na subsecao anterior, la denotadas por

H0, H2, H5 e H7, respectivamente.

94

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Neste caso, S(u1) = S(u2) = S(u3) ≡ 0 e S(u4) = u4. Entao, ao formarmos Hij =

S(ui)Hj temos apenas os elementos H0j = Hj e H4j = u4Hj para j = 1, · · · , 7. Como q e

par, da analise anterior segue que H2, H6 ∈ ~PC2(S1) e H3, H7 ∈ ~QC2(S1). Pela Proposicao

3.2.2 temos ~S(Hj) ≡ 0 para todo j = 0, 2, 4, 6, pois nestes casos Hj ∈ ~PC2(S1). Alem

disso, ~S(Hj) = Hj se j = 1, 3, 5, 7, pois estes pertencem a ~QC2(S1). Pelo Lema 3.1.7

temos que u4Hk ∈ ~QC2(S1) se k = 0, 2, 4, 6 e u4Hj ∈ ~PC2(S1) se j = 1, 3, 5, 7. Entao,

novamente pelo item (ii) da Proposicao 3.2.2 temos S(u4)Hk = u4Hk e ~S(u4Hj) ≡ 0

para todo k = 0, 2, 4, 6 e j = 1, 3, 5, 7. Portanto, pelo Algoritmo 3.2.8, as aplicacoes

~S(u4Hk) = u4Hk geram ~QC2(S1) sobre PC2(S1), para k = 0, 2, 4, 6 e j = 1, 3, 5, 7. Ou seja,

as aplicacoes

K1(z1, z2) = (iz1, 0), K2(z1, z2) = (izq−11 zp2 , 0), K3(z1, z2) = Im(zq1z

p2)(z1, 0),

K4(z1, z2) = Im(zq1zp2)(zq−1

1 zp2 , 0), H5(z1, z2) = (0, iz2), K6(z1, z2) = (0, izq1zp−12 ),

K7(z1, z2) = Im(zq1zp2)(0, z2), K8(z1, z2) = Im(zq1z

p2)(0, zq1z

p−12 )

geram ~QC2(S1 o Z2) sobre PC2(S1 o Z2).

Para a forma normal, resta encontrar uma base de Hilbert para PC2(SoZ2). Considere

R e S como definidos em (3.4) e (3.5), respectivamente. Sabemos que S(uj) ≡ 0 se

j = 1, 2, 3 e S(u4) = u4. Portanto, R(uj) = uj se j = 1, 2, 3 e R(u4) ≡ 0. Logo, o Teorema

3.2.9 nos da que

u1(z1, z2) = |z1|2, u2(z1, z2) = |z2|2, u3(z1, z2) = Re(zq1zp2), (u4(z1, z2))2 = (Im(zq1z

p2))2

formam uma base de Hilbert para PC2(S1 o Z2).

Portanto, se q e par, uma forma normal Z2-reversıvel-equivariante para (4.1) e dada

por

z = L(z) +8∑j=1

fj(z)Kj(z), (4.9)

com z = (z1, z2) ∈ C2, fj ∈ PC2(S1 o Z2) e Kj os geradores de ~QC2(S1 o Z2) para

95

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j = 1, · · · , 8. Lembrando que L e como em (4.8), temos a forma normal

z1 = αiz1 + f1(z1, z2)iz1 + f2(z1, z2)iz1q−1zp2 + f3(z1, z2)Im(zq1z2

p)z1+

+f4(z1, z2)Im(zq1z2p)z1

q−1zp2

z2 =q

pαiz2 + f5(z1, z2)iz2 + f6(z1, z2)izq1z2

p−1 + f7(z1, z2)Im(zq1z2p)z2+

+f8(z1, z2)Im(zq1z2p)zq1z2

p−1.

onde os ft’s sao da forma

ft(z1, z2) =∞∑

i+j+k+l=1

aijkl(|z1|2)i(|z2|2)j(Re(zq1z2p))k((Im(zq1z2

p))2)l,

com aijkl ∈ R.

(ii) q e ımpar.

Neste caso, S(u1) = S(u2) = S(u4) ≡ 0 e S(u3) = u3. Logo, consideramos apenas

H0j = Hj e H3j = u3Hj para j = 1, · · · , 7. Procedendo como no caso anterior, temos

~S(H0) = ~S(H3) = ~S(H4) = ~S(H7) = ~S(H31) = ~S(H32) = ~S(H35) = ~S(H36) ≡ 0,

~S(Hj) = Hj se j = 1, 2, 5, 6 e ~S(H3k) = H3k se k = 0, 3, 4, 7. Portanto, pelo Algoritmo

3.2.8 temos que as aplicacoes

K1(z1, z2) = (iz1, 0), K2(z1, z2) = (zq−11 zp2 , 0), K3(z1, z2) = Re(zq1z

p2)(z1, 0),

K4(z1, z2) = Re(zq1zp2)(izq−1

1 zp2 , 0), K5(z1, z2) = (0, iz2), K6(z1, z2) = (0, zq1zp−12 ),

K7(z1, z2) = Re(zq1zp2)(0, z2), K8(z1, z2) = Re(zq1z

p2)(0, izq1z

p−12 )

geram ~QC2(S1 o Z2) sobre PC2(S1 o Z2).

Como R(u1) = u1, R(u2) = u2 e para q ımpar tambem temos R(u3) ≡ 0 e R(u4) = u4,

entao S(u1) = S(u2) = S(u4) ≡ 0 e S(u3) = u3 de onde, pelo Teorema 3.2.9, segue que

u1(z1, z2) = |z1|2, u2(z1, z2) = |z2|2, (u3(z1, z2))2 = (Re(zq1zp2))2 e u4(z1, z2) = Im(zq1z

p2)

formam uma base de Hilbert para PC2(S1 o Z2).

Portanto, para q ımpar, uma forma normal Z2-reversıvel-equivariante para (4.1) e dada

96

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por (4.9) onde L e como em (4.8), ou seja,

z1 = αiz1 + f1(z1, z2)iz1 + f2(z1, z2)z1q−1zp2 + f3(z1, z2)Re(zq1z2

p)z1+

+f4(z1, z2)Re(zq1z2p)iz1

q−1zp2

z2 =q

pαiz2 + f5(z1, z2)iz2 + f6(z1, z2)zq1z2

p−1 + f7(z1, z2)Re(zq1z2p)z2+

+f8(z1, z2)Re(zq1z2p)izq1z2

p−1,

onde os ft’s sao da forma

ft(z1, z2) =∞∑

i+j+k+l=1

aijkl(|z1|2)i(|z2|2)j(Re(zq1z2p))2k(Im(zq1z2

p))l,

para todo t = 1, · · · , 8 com aijkl ∈ R.

4.2 Forma normal D4−reversıvel-equivariante para o

caso generico.

Nesta secao vamos calcular uma forma normal para o sistema Hamiltoniano (4.1)

com parte linear L como em (4.2), para o caso em que αβ−1 /∈ Q e XH e D4-reversıvel-

equivariante. Para isso, consideramos o grupo diedral D4 = id, r, r2, r3, s, sr, sr2, sr3,

onde r4 = s2 = id e rs = sr−1, que e um grupo de Lie linear pois e finito.

Considere G = 〈φ, ψ〉 um grupo nao-comutativo de difeomorfismos cujos geradores sao

involucoes tais que (φψ)2 = (ψφ)2 e φ(0) = ψ(0) = 0. Por [23, Lema 2.18] temos que G e

isomorfo ao grupo diedral D4 — o grupo de simetrias do quadrado. Para ver isto, basta

considerar o isomorfismo T : D4 → G definido por

T (r) = φψ e T (s) = ψ.

Pelo Teorema de Montgomery-Bochner citado em [23], existe uma mudanca de coordena-

das de modo que cada difeomorfismo φ, ψ seja linear. Mais do que isso, por [23, Corolario

2.20], se G′ e o grupo linearizado correspondente a G, dado pelo Teorema de Montgomery-

Bochner, entao G′ tambem e isomorfo a D4. Por fim, Martins mostra em [23, Corolario

2.25] que se um campo de vetores X : R4 → R4 e D4-reversıvel-equivariante, onde r e

97

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s agem como antissimetrias em V, entao existe um sistema de coordenadas onde X e

Gj-reversıvel-equivariante para algum dos grupos Gj dados por

G1 = 〈A,B1〉 , G2 = 〈A,B2〉 , G3 = 〈A,B3〉

G4 = 〈A,B4〉 , G5 = 〈A,B5〉 , G6 = 〈A,B6〉 ,

onde

A =

−1 0 0 0

0 1 0 0

0 0 −1 0

0 0 0 1

e

B1 =

0 −1 0 0

−1 0 0 0

0 0 1 0

0 0 0 −1

, B2 =

−1 0 0 0

0 1 0 0

0 0 0 1

0 0 1 0

, B3 =

1 0 0 0

0 −1 0 0

0 0 0 1

0 0 1 0

,

B4 =

0 1 0 0

1 0 0 0

0 0 0 1

0 0 1 0

, B5 =

0 1 0 0

1 0 0 0

0 0 −1 0

0 0 0 1

, B6 =

0 1 0 0

1 0 0 0

0 0 0 −1

0 0 −1 0

agem como antissimetrias em R4.

Vamos assumir aqui que o campo XH em (4.1) e G1-reversıvel-equivariante, onde A e

B1 sao antissimetrias de G1. Note que, de fato, L em (4.2) anticomuta com A e B1, ou

seja, L e G1-reversıvel-equivariante.

Suponha que αβ−1 /∈ Q. Vamos mostrar agora que a forma normal G1-reversıvel-

equivariante de (4.1) coincide com a forma normal Z2−reversıvel-equivariante obtida na

Subsecao 4.1.1.

98

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Como A e B1 sao antissimetrias de Γ = G1, entao os elementos

γ1 = AB1 =

0 1 0 0

−1 0 0 0

0 0 −1 0

0 0 0 −1

, γ2 = B1A =

0 −1 0 0

1 0 0 0

0 0 −1 0

0 0 0 −1

γ3 = (AB1)2 =

−1 0 0 0

0 −1 0 0

0 0 1 0

0 0 0 1

,

juntamente com a matriz identidade, formam o subgrupo das simetrias (G1)+, que de-

notamos aqui simplesmente por Γ+ = id, γ1, γ2, γ3. Considerando a acao de G1 em R4

como o produto de matriz por vetor, temos

γ1(x1, x2, y1, y2) = (x2,−x1,−y1,−y2),

γ2(x1, x2, y1, y2) = (−x2, x1,−y1,−y2),

γ3(x1, x2, y1, y2) = (−x1,−x2, y1, y2),

para todo (x1, x2, y1, y2) ∈ R4. Para calcularmos a forma normal, precisamos de um con-

junto de geradores para ~QR4(SoG1) sobre o anel PR4(SoG1), onde S e determinado como

em (3.29). Pelo Algoritmo 3.2.8, para determinar tal conjunto de geradores, precisamos

primeiro de uma base de Hilbert para PR4(S o Γ+) e um conjunto de geradores para o

modulo ~PR4(S o Γ+) sobre PR4(S o Γ+), uma vez que, assumindo S como um grupo de

simetrias, temos (S oG1) = S o Γ+.

Comecamos lembrando que o grupo S para o caso generico ja foi obtido na Subsecao

4.1.1, sendo S = T 2. Se f ∈ PR4(T 2 o Γ+), entao f ∈ PR4(T 2) ∩ PR4(Γ+). Pelo Exemplo

3.3.6 temos, para n = 2 e usando coordenadas reais, que

f(x1, x2, y1, y2) =∑

aαβ(x21 + x2

2)α(y21 + y2

2)β,

com aαβ ∈ R. Atraves de calculos simples verificamos que

f(γi(x1, x2, y1, y2)) = f(x1, x2, y1, y2),

99

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para todo i = 1, 2, 3, ou seja, f e invariante por Γ+. Assim, PR4(T 2 o Γ+) = PR4(T 2) e

uma base de Hilbert para PR4(T 2 o Γ+) e dada pelas funcoes

u1(x1, x2, y1, y2) = x21 + x2

2 e u2(x1, x2, y1, y2) = y21 + y2

2. (4.10)

Para os equivariantes, se g ∈ ~PR4(T 2 o Γ+) entao g ∈ ~PR4(T 2) ∩ ~PR4(Γ+). Pelo Exemplo

3.3.6, novamente para n = 2 e usando coordenadas reais, podemos escrever

g(x) = f1(x)(x1, x2, 0, 0) + f2(x)(−x2, x1, 0, 0) + f3(x)(0, 0, y1, y2) + f4(x)(0, 0,−y2, y1)

onde x = (x1, x2, y1, y2) ∈ R4 e fj ∈ PR4(T 2), j = 1, · · · , 4, ou seja,

g(x) = (f1(x)x1 − f2(x)x2, f1(x)x2 + f2(x)x1, f3(x)y1 − f4(x)y2, f3(x)y2 + f4(x)y1).

Como fj ∈ PR4(T 2) = PR4(T 2 o Γ+), entao f(γjx) = fj(x) para todo x ∈ R4 e j = 1, 2, 3.

Logo,

g(γ1(x1, x2, y1, y2)) = g(x2,−x1,−y1,−y2)

= (f1(x)x2 + f2(x)x1,−f1(x)x1 + f2(x)x2,

− f3(x)y1 + f4(x)y2,−f3(x)y2 − f4(x)y1)

= γ1g(x1, x2, y1, y2),

para todo (x1, x2, y1, y2) ∈ R4. Analogamente, temos que g(γjx) = γjg(x) para j = 2, 3,

mostrando que g ∈ ~PR4(Γ+). Logo,

H0(x1, x2, y1, y2) = (x1, x2, 0, 0), H1(x1, x2, y1, y2) = (−x2, x1, 0, 0)

H2(x1, x2, y1, y2) = (0, 0, y1, y2), H3(x1, x2, y1, y2) = (0, 0,−y2, y1)

geram ~PR4(T 2 o Γ+) sobre PR4(T 2 o Γ+).

Seguindo o Algoritmo 3.2.8, defina S(u0) ≡ 1 e fixe a antissimetria δ = (s, A) ∈

(T 2 oG1)−, com s = (0, 0) o elemento neutro de T 2, de onde

δ(x1, x2, y1, y2) = (−x1, x2,−y1, y2).

Como u1(δ(x1, x2, y1, y2)) = u1(x1, x2, y1, y2) e u2(δ(x1, x2, y1, y2)) = u2(x1, x2, y1, y2), te-

mos S(u1) = S(u2) ≡ 0, por (ii) da Proposicao 3.2.2. Com isso, precisamos avaliar o

100

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operador ~S apenas em H0j = S(u0)Hj = Hj, para j = 0, · · · , 3. Observe que

H0(δ(x1, x2, y1, y2)) =H0(−x1, x2,−y1, y2) = (−x1, x2, 0, 0) = δH0(x1, x2, y1, y2),

H1(δ(x1, x2, y1, y2)) =H1(−x1, x2,−y1, y2) = (−x2,−x1, 0, 0) = −δH1(x1, x2, y1, y2),

H2(δ(x1, x2, y1, y2)) =H2(−x1, x2,−y1, y2) = (0, 0,−y1, y2) = δH2(x1, x2, y1, y2),

H3(δ(x1, x2, y1, y2)) =H3(−x1, x2,−y1, y2) = (0, 0,−y2,−y1) = −δH3(x1, x2, y1, y2),

implicando que ~S(H0) = ~S(H2) ≡ 0, ~S(H1) = H1 e ~S(H3) = H3, diretamente pela

definicao de ~S dada em (3.5). Pelo Algoritmo 3.2.8,

~QR4(T 2 oG1) = PR4(T 2 oG1)H1, H3.

Como u1 e u2 em (4.10) sao invariantes por T 2 o Γ+ e por δ, temos que R(u1) = u1 e

R(u2) = u2, diretamente pela definicao de R em (3.4). Logo, S(u1) = S(u2) ≡ 0, de

onde segue que u1, u2 e uma base de Hilbert para PR4(T 2 o G1), pelo Teorema 3.2.9.

Portanto, a forma normal D4-reversıvel equivariante de (4.1) para o presente caso e dada

por

x = L(x) + f0(x)H1(x) + f1(x)H3(x),

com x = (x1, x2, y1, y2) ∈ R4 e fj ∈ PR4(T 2 o G1), o que resulta na forma normal Z2-

reversıvel-equivariante (4.7) obtida na Subsecao 4.1.1.

Observacao 4.2.1. De modo analogo, e possıvel mostrar que a forma normal nao se altera

se considerarmos que o campo XH em (4.1) e Gj-reversıvel-equivariante para j = 2, · · · , 8.

Isto porque os aneis PR4(T 2 oΓ+) e os modulos ~PR4(T 2 oΓ+) sao identicos para qualquer

Γ = Gj, com j = 1, · · · , 8, bem como a antissimetria δ fixada pode sempre ser escolhida

como δ = (s, A), com s o elemento neutro de T 2.

4.3 Forma normal Zφ2 × Zψ2−reversıvel-equivariante

Nosso objetivo nesta secao e obter uma forma normal Zφ2 ×Zψ2 -reversıvel-equivariante

para o sistema Hamiltoniano (4.1), com XH : R2n+2 → R2n+2 um campo de vetores de

classe C∞ tal que XH(0) = 0 e cuja linearizacao M = dXH(0) tem a forma matricial

101

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(4.3). Lembramos que M e nao ressonante e φ e ψ sao involucoes que comutam entre si

agindo como antissimetrias em R2n+2.

Antes de prosseguirmos com o nosso objetivo, apresentamos alguns resultados que nos

ajudarao com os calculos. Sejam Γ um grupo de Lie compacto agindo em um espaco

vetorial real de dimensao finita V e σ : Γ → Z2 um epimorfismo. Se Γ+ = kerσ admite

um subrupo normal de ındice 2, digamos Γ∗, entao podemos definir um novo epimorfismo

de grupos por

σ : Γ → Z2

γ 7−→

1, se γ ∈ Γ∗

−1, se γ ∈ Γ\Γ∗,

(4.11)

onde Γ = Γ+, de modo que Γ+ = ker σ = Γ∗.

Definido σ, fixe δ ∈ Γ\Γ+ e considere os operadores e σ-operadores de Reynolds

R, S : PV (Γ+) → PV (Γ+), ~R, ~S : ~PV (Γ+) → ~PV (Γ+) como definidos em (3.4) e (3.5)

trocando δ por δ nas respectivas definicoes. Assim sendo, todos os resultados da Secao

3.2 valem trocando Γ por Γ, R por R, S por S, ~R por ~R, ~S por ~S e δ por δ. Em especial,

relembramos aqui dois resultados ja demonstrados na Subsecao 3.2.2 (Teoremas 3.2.9 e

3.2.10, respectivamente), os quais serao facilitadores na aplicacao do Algoritmo 3.2.8 logo

a seguir.

Teorema 4.3.1. Se v1, · · · , vs e uma base de Hilbert para PV (Γ+), entao o conjunto

R(vi), S(vi)S(vj); 1 ≤ i, j ≤ s e uma base de Hilbert para o anel PV (Γ).

Teorema 4.3.2. Sejam v1, · · · , vs um base de Hilbert para PV (Γ+) e K0, · · · , Kr um

conjunto de geradores para ~PV (Γ+) sobre PV (Γ+). Defina S(v0) ≡ 1 e construa o conjunto

Kij = S(vi)Kj; 0 ≤ i ≤ s e 0 ≤ j ≤ r. Entao, ~R(Kij); 0 ≤ i ≤ s e 0 ≤ j ≤ r e um

conjunto gerador para o modulo ~PV (Γ) sobre PV (Γ).

Portanto, se Γ = Γ+ admite um subgrupo normal de ındice 2, podemos encontrar

uma base de Hilbert para PV (Γ+) e geradores do modulo ~PV (Γ+) sobre PV (Γ+) por meio

dos Teoremas 4.3.1 e 4.3.2, respectivamente. Tais elementos podem nao ser tao faceis de

encontrar, no entanto sao elementos de entrada do Algoritmo 3.2.8 e, assim, necessarios

para a determinacao da forma normal nesta secao.

102

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Considere as involucoes

φ =

1

−1 0. . .

0 1

−1

e ψ =

a0

−a0 0. . .

0 an

−an

(4.12)

com ak = ±1, para todo 0 ≤ k ≤ n. Como ambas sao involucoes, cada uma gera um

grupo de ordem 2 isomorfo a Z2, denotados aqui por Zφ2 e Zψ2 , respectivamente. Por meio

de calculos simples e possıvel verificar que φ e ψ anticomutam com a matriz M dada em

(4.3) e comutam entre si. Logo, φ e ψ geram o produto direto

Zφ2 × Zψ2 = (id, id), (id, ψ), (φ, id), (φ, ψ),

onde id e o elemento identidade dos grupos. Note que quando ai = 1 para todo i =

0, · · · , n temos φ = ψ e, neste caso, o grupo Zφ2 × Zψ2 e isomorfo a Zφ2 . Alem disso, como

Zφ2 e Zψ2 agem em R2n+2 pelo produto de matriz por vetor, definimos a acao de Zφ2 × Zψ2em R2n+2 por (3.11), onde γ1x e a acao de Zφ2 em R2n+2 e γ2x e a acao de Zψ2 em R2n+2.

Garantimos que essa operacao e uma acao de Zφ2 × Zψ2 em R2n+2 pela Proposicao 3.3.2,

uma vez que as acoes de Zφ2 e Zψ2 comutam.

Suponhamos que φ e ψ agem como antissimetrias em R2n+2. Entao podemos fixar o

epimorfismo

σ : Γ → Z2

(id, ψ) 7−→ −1

(φ, id) 7−→ −1,

(4.13)

de modo que (id, ψ) e (φ, id) sao antissimetrias de Zφ2 × Zψ2 .

Por conveniencia vamos usar coordenadas complexas (x, z) = (x1, x2, z1, · · · , zn) ∈

R2 × Cn. Entao as acoes de φ e ψ em R2 × Cn se tornam, naturalmente,

φ(x1, x2, z1, · · · , zn) = (x1,−x2, z1, · · · , zn) e

ψ(x1, x2, z1, · · · , zn) = (a0x1,−a0x2, a1z1, · · · , anzn),

103

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onde ak = ±1, 0 ≤ k ≤ n.

Pelo Teorema 3.5.8, para calcular a forma normal Zφ2 ×Zψ2−reversıvel-equivariante de

(4.1), precisamos encontrar geradores para o modulo ~QR2×Cn(S o Zφ2 × Zψ2 ) sobre o anel

PR2×Cn(SoZφ2×Zψ2 ), onde S e como em (3.29) tomando L = M em (4.3). Como ω1, · · · , ωn

sao algebricamente independentes, temos pela Proposicao 3.4.12 que S = R × T n, onde

R ∼=

1 0

r 1

; r ∈ R

5 e T n e o n-toro.

A acao considerada de R×T n em R2×Cn e a acao diagonal dada a partir das seguintes

acoes de R em R2 e T n em Cn :

r(x1, x2) = (x1, rx1 + x2) e (θ1, · · · , θn)(z1, · · · , zn) = (eiθ1z1, · · · , eiθnzn), (4.14)

para todo r ∈ R e (θ1, · · · , θn) ∈ T n.

Agora, para encontrar os geradores de ~QR2×Cn(SoZφ2×Zψ2 ) sobre PR2×Cn(SoZφ2×Zψ2 )

vamos utilizar o Algoritmo 3.2.8. O primeiro passo e encontrar uma base de Hilbert

para PR2×Cn((S o Zφ2 × Zψ2 )+) = PR2×Cn(S o (Zφ2 × Zψ2 )+), onde a igualdade vale pois

estamos assumindo que S possui somente simetrias. Para isso, denote Γ = (Zφ2 × Zψ2 )+ =

(id, id), (φ, ψ) e Λ = S o Γ. Para encontrar uma base de Hilbert para PR2×Cn(Λ),

comecamos determinando uma base de Hilbert para PR2×Cn(Λ+) = PR2×Cn((S o Γ)+) =

PR2×Cn(S o Γ+). Note que Γ admite um subgrupo normal de ındice 2, a saber (id, id).

Definindo σ como em (4.11) com Γ∗ = (id, id), obtemos Γ+ = (id, id). Logo,

PR2×Cn(Λ+) = PR2×Cn(S o (id, id)) = PR2×Cn(S) ∩ PR2×Cn((id, id))

= PR2×Cn(S), (4.15)

onde a segunda igualdade segue da Proposicao 3.3.3.

Agora, lembrando que S = R × T n age diagonalmente em R2 × Cn, nos aplicamos

o Lema 3.3.5 nos Exemplos 3.3.6 e 3.4.15 a fim de obter uma base de Hilbert para

5Para determinar R nos usamos o Exemplo 3.4.11, uma vez que a parte nilpotente de M e dada por

N =

0 1 0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

.

104

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PR2×Cn(S). Mais especificamente, pelo Exemplo 3.4.15, uma base de Hilbert para PR2(R)

e dada por u(x1, x2) = x1. Pelo Exemplo 3.3.6, uma base de Hilbert para PCn(T n) e

|z1|2, · · · , |zn|2. Entao, pelo Lema 3.3.5

v1(x, z) = x1, v2(x, z) = |z1|2, · · · , vn+1(x, z) = |zn|2

formam uma base de Hilbert para PR2×Cn(S) = PR2×Cn(Λ+). Defina R, S : PR2×Cn(Λ+)→

PR2×Cn(Λ+) como em (3.4) e (3.5), trocando Γ+ por Λ+ e δ por δ, onde δ ∈ Λ− = Λ\Λ+

e uma antissimetria fixada de Λ. Como Λ+ = (S o Γ)+ = S o Γ+ = S × (id, id),

entao podemos tomar δ = (s, (φ, ψ)), com s o elemento neutro do grupo S, ou seja,

s = (I2, 0, · · · , 0), onde I2 e a matriz identidade. Veja que

(φ, ψ)(x, z) = φ(ψ(x, z)) = (a0x1, a0x2, a1z1, · · · , anzn) (4.16)

para todo (x, z) ∈ R2 × Cn, e uma vez que ak = ±1 para todo k = 0, · · · , n, temos

vi(δ(x, z)) = vi(s(φ(ψ(x, z)))) = vi(φ(ψ(x, z))) = |ai−1zi−1|2 = |zi−1|2 = vi(x, z),

para todo i = 2, · · · , n+ 1 e (x, z) ∈ R2 × Cn, onde a segunda igualdade segue pois cada

vi e invariante por S. Portanto, da definicao de R e S temos

R(vi) = vi e S(vi) ≡ 0, (4.17)

para todo i = 2, · · · , n+ 1. Ainda,

v1(δ(x, y)) = v1(s(φ(ψ(x, z)))) = v1(φ(ψ(x, z))) = a0x1

de onde

R(v1)(x, z) =1

2(x1 + a0x1) e S(v1)(x, z) =

1

2(x1 − a0x1). (4.18)

Pelo Teorema 4.3.1, uma base de Hilbert para PR2×Cn(Λ) = PR2×Cn(S o Γ) e dada pelo

conjunto dos elementosu1(x, z) = x1, u2 = v2, · · · , un+1 = vn+1, se a0 = 1

u1(x, z)2 = x21, u2 = v2, · · · , un+1 = vn+1, se a0 = −1.

105

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Para os geradores do modulo ~PR2×Cn(Λ+) da aplicacoes Λ+-equivariantes, note que,

assim como fizemos em (4.15),

~PR2×Cn(Λ+) = ~PR2×Cn(S o (id, id)) = ~PR2×Cn(S).

Pelo Exemplo 3.4.15,

L0(x1, x2) = (x1, x2) e L1(x1, x2) = (0, 1)

geram ~PR2(R) sobre PR2(R) e, pelo Exemplo 3.3.6,

~PCn(T n) = PCn(T n)(z1, 0 · · · , 0), (iz1, 0 · · · , 0), · · · , (0, · · · , 0, zn), (0, · · · , 0, izn).

Assim, lembrando que S = R× T n e aplicando novamente o Lema 3.3.5 vemos que

K0(x, z) = (x1, x2, 0, · · · , 0), K1(x, z) = (0, 1, 0, · · · , 0), K2(x, z) = (0, 0, z1, 0, · · · , 0),

K3(x, z) = (0, 0, iz1, 0, · · · , 0), · · · , K2n(x, z) = (0, · · · , 0, zn) e

K2n+1(x, z) = (0, · · · , 0, izn)

sao os geradores de ~PR2×Cn(Λ+) = ~PR2×Cn(S) sobre PR2×Cn(S). O proximo passo agora

e utilizar o Teorema 4.3.2, substituindo Γ+ por Λ+ la, a fim de obter os geradores de

~PR2×Cn(Λ) = ~PR2×Cn(S o Γ). Defina S(v0) ≡ 1 e considere os casos: a0 = 1 e a0 = −1.

(i) Se a0 = 1, S(vi) ≡ 0 para todo i = 1, · · · , n + 1, por (4.17) e (4.18). Logo,

Kij = S(vi)Kj = Kj para todo j = 0, 1, · · · , 2n + 1. Lembrando que δ = (s, (φ, ψ)) para

s = (I2, 0, · · · , 0), entao δ−1 = δ e, de (4.14) e (4.16), temos

δ−1K0(δ(x, z)) = δK0(a0x1, a0x2, a1z1, · · · , anzn) = δ(a0x1, a0x2, 0, · · · , 0)

= (a20x1, a

20x2, 0, · · · , 0), (4.19)

δ−1K1(δ(x, z)) = δK1(a0x1, a0x2, a1z1, · · · , anzn) = δ(0, 1, 0, · · · , 0)

= (0, a0, 0, · · · , 0). (4.20)

Como a0 = 1 temos δ−1K0(δ(x, z)) = K0(x, z) e δ−1K1(x, z). Para os demais j =

106

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2, · · · , 2n+ 1,

δ−1Kj(δ(x, z)) = δKj(a0x1, a0x2, a1z1, · · · , anzn)

=

δ(0, · · · , 0, a j2z j

2, 0, · · · , 0), se j e par

δ(0, · · · , 0, ia j−12z j−1

2, 0, · · · , 0), se j e ımpar

=

(0, · · · , 0, a2j2

z j2, 0, · · · , 0), se j e par

(0, · · · , 0, ia2j−12

z j−12, 0, · · · , 0), se j e ımpar

= Kj(x, z), (4.21)

pois ak = ±1 para todo k ≥ 1. Ou seja, Kj e equivariante por δ para todo j = 0, · · · , 2n+1

e, entao, ~R(Kij) = ~R(Kj) = Kj. Portanto, pelo Teorema 4.3.2, Kj, j = 0, · · · , 2n + 1

e um conjunto de geradores para ~PR2×Cn(S o Γ) sobre PR2×Cn(S o Γ).

(ii) Se a0 = −1, temos S(v1) = v1. Como S(vi) ≡ 0 para os demais i = 2, · · · , n + 1,

construımos o conjunto

Kij = S(vi)Kj; i = 0, 1, j = 0, · · · , 2n+ 1 = Kj, v1Kj; j = 0, · · · , 2n+ 1.

Pelas equacoes (4.19) e (4.20) vemos que δ−1K0(δ(x, z)) = K0(x, z) e δ−1K1(δ(x, z)) =

−K1(x, z), ou seja, K0 e equivariante por δ, K1 e reversıvel-equivariante por δ e, por (4.21)

Kj e equivariante por δ para todo j = 2, · · · , 2n + 1. Assim, ~R(K1) ≡ 0 e ~R(Kj) = Kj

para todo j = 0, 2, · · · , 2n + 1. Pelo Lema 3.1.7, como v1 e anti-invariante por δ, temos

v1K1 equivariante por δ, logo ~R(K11) = ~R(v1K1) = v1K1. Agora, se j 6= 1, temos que

v1Kj e uma aplicacao reversıvel-equivariante por δ e, por isso, ~R(v1Kj) ≡ 0. Portanto, pelo

Teorema 4.3.2, K0, K2, · · · , K2n+1, v1K1 e um conjunto de geradores para ~PR2×Cn(SoΓ)

sobre PR2×Cn(S o Γ).

Agora que temos os invariantes e equivariantes por (S o (Zφ2 × Zψ2 ))+ = S o Γ po-

demos finalmente aplicar o Algoritmo 3.2.8. Novamente, vamos trabalhar com os casos

separadamente.

(i) Se a0 = 1 temos que

u1(x, z) = x1, u2(x, z) = |z1|2, · · · , un+1(x, z) = |zn|2 (4.22)

formam uma base de Hilbert para PR2×Cn(S o Γ) e

H0(x, z) = (x1, x2, 0, · · · , 0), H1(x, z) = (0, 1, 0, · · · , 0), H2(x, z) = (0, 0, z1, 0, · · · , 0),

107

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H3(x, z) = (0, 0, iz1, 0, · · · , 0), · · · , H2n(x, z) = (0, · · · , 0, zn) e

H2n+1(x, z) = (0, · · · , 0, izn)

geram ~PR2×Cn(S o Γ) sobre PR2×Cn(S o Γ). Defina S(u0) ≡ 1 e considere os operadores

de Reynolds R, S definidos em (3.4) e (3.5), respectivamente, trocando Γ+ por (So (Zφ2 ×

Zψ2 ))+ = S o Γ e tomando δ em (S o (Zφ2 × Zψ2 ))− = (S o (Zφ2 × Zψ2 ))\S o Γ. Como

Γ = (id, id), (φ, ψ), podemos fixar δ = (s, (φ, id)), onde s = (I2, 0, · · · , 0) e o elemento

neutro de S = R× T n. Entao, por (4.14) temos que

δ(x, z) = (s(φ(id(x, z)))) = φ(x, z) = (x1,−x2z1, · · · , zn),

para todo (x, z) ∈ R2 × Cn, e por (4.22)

u1(δ(x, z)) = x1 = u1(x, z) e uj(δ(x, z)) = |zj|2 = |zj|2 = uj(x, z),

para todo j = 2, · · · , n + 1. Logo, S(ui) ≡ 0 para todo i = 1, · · · , n + 1. Dessa forma,

Hij = S(ui)Hj ≡ 0 se i 6= 0 e H0j = S(u0)Hj = Hj para todo j = 0, · · · , 2n+ 1. Agora,

δ−1H0(δ(x, z)) = δ(x1,−x2, 0, · · · , 0) = H0(x, z),

δ−1H1(δ(x, z)) = δ(0, 1, 0, · · · , 0) = −H1(x, z),

δ−1Hj(δ(x, z)) =

δ(0, · · · , 0, z j2, 0, · · · , 0), se j e par

δ(0, · · · , 0, iz j−12, 0, · · · , 0), se j e ımpar

=

(0, · · · , 0, z j2, 0, · · · , 0), se j e par

(0, · · · , 0,−iz j−12, 0, · · · , 0), se j e ımpar

=

Hj, se j e par

−Hj se j e ımpar,

para todo j ≥ 2. Entao ~S(Hj) ≡ 0 se j e par e ~S(Hj) = Hj se j e ımpar, onde ~S e

o σ-operador de Reynolds definido em (3.5) com Γ+ = S o Γ e δ = (s, (φ, id)). Pelo

Algoritmo 3.2.8, o conjunto Hj, j = 1, 3, · · · , 2n + 1 gera ~QR2×Cn(S o Zφ2 × Zψ2 ) sobre

o anel PR2×Cn(S o Zφ2 × Zψ2 ). Para calcular a forma normal, precisamos ainda de uma

base de Hilbert para PR2×Cn(S oZφ2 × Zψ2 ), que pelo Teorema 3.2.9 e dada pelo conjunto

108

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R(ui) = ui, 1 ≤ i ≤ n + 1 uma vez que cada S(ui) ≡ 0 para todo i = 1, · · · , n + 1.

Portanto, se a0 = 1, uma forma normal Zφ2 × Zψ2−reversıvel-equivariante para o sistema

(4.1) e dada por

x =

0 1

0 0

−iω1

. . .

−iωn

x1

x2

z1

...

zn

+ f0(x, z)

0

1

0...

0

+

+f1(x, z)

0

0

iz1

...

0

+ · · ·+ fn(x, z)

0

0

0...

izn

,

onde fi ∈ PR2×Cn(S o Zφ2 × Zψ2 ) e, portanto, dependem de u1, · · · , un+1.

(ii) Se a0 = −1 temos

u1(x, z)2 = x21, u2(x, z) = |z1|2, · · · , un+1(x, z) = |zn|2 (4.23)

formando uma base de Hilbert para PR2×Cn(S o Γ) e

H0(x, z) = (x1, x2, 0, · · · , 0), H1(x, z) = (0, x1, 0, · · · , 0), H2(x, z) = (0, 0, z1, 0, · · · , 0),

H3(x, z) = (0, 0, iz1, 0, · · · , 0), · · · , H2n(x, z) = (0, · · · , 0, zn) e

H2n+1(x, z) = (0, · · · , 0, izn)

formando um conjunto de geradores para ~PR2×Cn(So Γ) sobre PR2×Cn(So Γ). Neste caso,

para δ = (s, (φ, id)) temos

δ−1H1(δ(x, z)) = δ(0, x1, 0, · · · , 0) = −H1(x, z),

de onde ~S(H1) = H1. Ainda, para j 6= 1, ~S(Hj) ≡ 0 se j e par e ~S(Hj) = Hj se j e

ımpar, como ja mostramos anteriormente no caso em que a0 = 1 (os Hj’s sao os mesmos

desde que j 6= 1). Como cada ui em (4.23) e invariante por δ, para todo i = 2, · · · , n+ 1

109

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(tambem ja verificado anteriormente no caso a0 = 1), bem como u21, segue que R(ui) = ui

para todo i = 2, · · · , n + 1 e R(u21) = u2

1, fazendo-nos concluir, pelo Teorema 3.2.9, que

uma base de Hilbert para PR2×Cn(S o Zφ2 × Zψ2 ) e dada pelo conjunto

u21, ui; i = 2, · · · , n+ 1.

Alem disso, por este motivo, S(u21) ≡ 0 e S(ui) ≡ 0 para todo i = 2, · · · , n + 1. Logo,

os Hij’s relevantes no Algoritmo 3.2.8 sao apenas H0j = S(u0)Hj = Hj e, entao, um

conjunto de geradores para ~QR2×Cn(S o Zφ2 × Zψ2 ) e dado por Hj; j = 1, 3, · · · , 2n+ 1.

Portanto, se a0 = −1, uma forma normal Zφ2 ×Zψ2−reversıvel-equivariante para o sistema

(4.1) e dada por

x =

0 1

0 0

−iω1

. . .

−iωn

x1

x2

z1

...

zn

+ f0(x, z)

0

x1

0...

0

+

+f1(x, z)

0

0

iz1

...

0

+ · · ·+ fn(x, z)

0

0

0...

izn

,

onde fi ∈ PR2×Cn(S o Zφ2 × Zψ2 ) para todo 0 ≤ i ≤ n e, portanto, dependem de

u21, u2, · · · , un+1.

4.4 Observacoes Finais

Nas Secoes 4.1 e 4.2, vimos que a matriz L dada em (4.2) e Z2-reversıvel-equivariante,

pois anticomuta com a acao de δ definida em (4.4), e e D4-reversıvel-equivariante, pois

anticomuta com as matrizes A e B1. Na Secao 4.3, vimos tambem que a matriz M dada

em (4.3) e Zφ2 × Zψ2 -reversıvel-equivariante. Vamos mostrar aqui que as matrizes L e M

de fato sao linearizacoes de um sistema Hamiltoniano.

110

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Note que existe um campo de vetores Hamiltoniano XH que possui L como parte

linear. Por exemplo, considere o campo XH0 = J1∇H0 com H0(x1, x2, y1, y2) =α

2(x2

1 +

x22) +

β

2(y2

1 + y22) +O(|x|3), onde O(|x|3) denota os termos de ordem maior ou igual a 3, e

J1 =

0 −1 0 0

1 0 0 0

0 0 0 −1

0 0 1 0

.

Entao nao e absurdo supormos XH em (4.1) um campo Hamiltoniano com linearizacao

L.

Para a matriz M, seja

J0 =

0 1

−1 0

.

Observe que, para qualquer m ∈ N,

J =

J0 0 · · · 0

0 J0 · · · 0...

.... . .

...

0 0 · · · J0

2m

(4.24)

e antissimetrica e det J = 1 6= 0.6 Entao J induz uma forma bilinear antissimetrica ω

(pois J e uma matriz antissimetrica) e nao degenerada (pois det J 6= 0) em R2m. Escreva

2m = 2n+ 2 e tome H : R2n+2 → R definido por

H(x1, · · · , x2n+2) = x22 sinx1 − cosx2 +

ω1

2(x2

3 + x24) + · · ·+ ωn

2(x2

2n+1 + x22n+2) +O(|x|3),

onde ω1, · · · , ωn sao os autovalores da matriz M definida em (4.3). Entao, e possıvel

verificar que M e a linearizacao do campo

XH(x) = J∇H(x),

6Uma propriedade dos determinantes e que, escrevendo det[v1, · · · , vn] para indicar o determi-

nante da matriz cujas colunas sao os vetores v1, · · · , vn ∈ Rn entao det[v1, · · · , vi, · · · , vj , · · · , vn] =

−det[v1, · · · , vj , · · · , vi, · · · , vn]. No nosso caso, fazendo as permutacoes das colunas em J teremos

det J = (−1)m detA onde A e uma matriz diagonal cujo determinante e 1 se m e par e −1 se m e

ımpar. Assim, para qualquer m ∈ N, det J = 1.

111

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com x = (x1, · · · , x2n+2) ∈ R2n+2 e J como em (4.24).

Ainda com respeito a Secao 4.3, em (4.12) nos consideramos as involucoes φ e ψ agindo

como antissimetrias em R2n+2. Isto e possıvel pois em [22] os autores provam que esses

sao os unicos pares de involucoes que anticomutam com M e comutam entre si.

Como mencionamos anteriormente, calcular uma base de Hilbert para o anel de inva-

riantes pode nao ser uma tarefa facil, assim como calcular os geradores do modulo dos

equivariantes. Nossa intencao no inıcio deste projeto era aplicar a teoria estudada nos

Capıtulos 2 e 3 para calcular as formas normais dos sistemas Hamiltonianos apresentados

em [23] e comparar as respectivas formas. Infelizmente, alguns casos se tornaram por

demais complicados justamente por nao conseguirmos calcular uma base de Hilbert para

o grupo PV (Γ+), que e a primeira entrada do Algoritmo 3.2.8, assim como um conjunto

de geradores para o modulo ~PV (Γ+) sobre PV (Γ+). Os exemplos malsucedidos se referem

a sistemas Hamiltonianos D4-reversıveis-equivariantes com parte linear L dada em (4.2)

para o caso p : q e sistemas Hamiltonianos Z2−reversıveis-equivariantes com linearizacao0 −α 1 0

α 0 0 1

0 0 0 −β

0 0 β 0

.

Neste ultimo caso, ate mesmo Martins em [23] se conformou com a forma normal dada

pelos indıcios computacionais, pois os calculos usando o metodo classico de Belitskii sao

um tanto quanto delicados.

112

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115

Page 127: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

INDICE DE NOTACOES

Mn(R): Grupo de matrizes quadradas de ordem n;

At: Transposta de uma matriz A;

In: Matriz identidade de ordem n;

GL(n): Subgrupo de Mn(R) formado pelas matrizes inversıveis;

GL(V ): Grupo das transformacoes lineares inversıveis de V em V ;

Γ: Grupo de Lie compacto;

Γ+: Subgrupo de Γ de ındice 2, formado pelas simetrias de Γ;

Γ− = Γ\Γ+: Suconjunto formado pelas antissimetrias de Γ;

(ρ, V ): Espaco vetorial real V sob a representacao ρ de Γ;∫γ∈Γ

: Integral de Haar normalizada em Γ;

PV : Anel das funcoes polinomiais f : V → R;

PV (Γ): Anel das funcoes polinomiais Γ-invariantes f : V → R;

P kV : Espaco vetorial das funcoes polinomiais homogeneas f : V → R de grau k;

P kV (Γ) : Espaco vetorial das funcoes f ∈ P k

V que sao Γ-invariantes;

~PV : Espaco vetorial das aplicacoes polinomiais g : V → V ;

~PV,W (Γ): Modulo sobre PV (Γ) das aplicacoes polinomiais g : V → W que sao

Γ-equivariantes;

~PV (Γ) : Modulo ~PV,W (Γ) quando W = V ;

QV (Γ): Modulo sobre PV (Γ) das funcoes polinomiais Γ-anti-invariantes f : V → R;

116

Page 128: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

QkV (Γ): Espaco vetorial das funcoes f ∈ QV (Γ) homogeneas de grau k;

~QV (Γ): Modulo sobre PV (Γ) das aplicacoes polinomiais Γ-reversıveis-equivariantes

g : V → V ;

~QkV (Γ): Espaco vetorial das aplicacoes g ∈ ~QV (Γ) homogeneas de grau k;

AdL : Operador homologico definido em ~PV ;

AdkL: Restricao de AdL a ~P kV .

117

Page 129: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

INDICE REMISSIVO

σ−operadores de Reynolds, 41

Acao, 19

diagonal, 52

dual, 39

Antissimetria, 38

Aplicacao

equivariante, 30

puramente equivariante, 39

reversıvel equivariante, 39

Base de Hilbert, 28

Campos

de vetores, 10

Campos conjugados, 56

Equivariancia, 37

Espaco vetorial simpletico, 8

estrutura linear, 8

Formas normais, 60

reversıveis equivariantes, 83

Funcao

anti-invariante, 39

invariante, 24

Grupo

S, 67

de Lie compacto, 18

de Lie linear, 15

Integral de Haar, 21

Modulo livre, 35

Operador

de Reynolds, 41

homologico, 65

Ponto

de singularidade, 10

regular, 10

Produto

semidireto, 49

Representacao, 19

σ-dual, 39

diagonal, 52

118

Page 130: Formas Normais de Sistemas Hamiltonianos Revers veis ...€¦ · 2-reversible-equivariant and D 4 reversible-equivariant Hamiltonian vector elds with semisimple linearization and

Reversibilidade, 37

Simetria, 38

Simpletica

base, 8

forma bilinear, 7

Simplectomorfismo, 9

Sistema

dinamico, 10

Hamiltoniano, 11

Teorema

de Fubini para a integral de Haar, 23

de Hilbert-Weyl, 28

Elphick et al., 70

119