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10 | zOOm - FOTOGRAFIA PRÁTICA FOTO-AVENTURA VIAJOU PARA O OUTRO EXTREMO DO MUNDO, EM BUSCA DE FOTOGRAFIAS DE SIDNEY, GREAT OCEAN ROAD, AYER’S ROCK, TASMÂNIA E DEMAIS MARAVILHAS DESSE CONTINENTE LONGÍNQUO. PASSOU O TEMPO A LUTAR CONTRA O CLIMA MAS, NO FIM, O RESULTADO FOI ESPETACULAR. NÃO PERCA A FOTOAVENTURA AUSTRALIANA DE MAURÍCIO MATOS. FOTOGRAFIA EM “DOWN UNDER” * *"Down Under"' é um termo popular referindo-se à Austrália. É utilizado, maioritariamente, pelos australianos, norte-americanos e europeus a fim de atribuir um apelido engraçado ao país que possui todo o seu território no sul do Hemisfério Sul, normalmente usando o termo "The Land Down Under", ou "As Terras Lá Embaixo".

FOTOGRAFIA EM “DOWN UNDER” · 2014. 5. 4. · era um sítio onde tinha mesmo que voltar, tais eram as oportunidades fotográficas. >>> Encontrava-me à espera do final ... No

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FOTO-AVENTURA

VIAJOU PARA O OUTRO EXTREMO DO MUNDO, EM BUSCA DE FOTOGRAFIAS DE SIDNEY,GREAT OCEAN ROAD, AYER’S ROCK, TASMÂNIA E DEMAIS MARAVILHAS DESSE CONTINENTELONGÍNQUO. PASSOU O TEMPO A LUTAR CONTRA O CLIMA MAS, NO FIM, O RESULTADO FOIESPETACULAR. NÃO PERCA A FOTOAVENTURA AUSTRALIANA DE MAURÍCIO MATOS.

FOTOGRAFIAEM “DOWN UNDER”*

*"Down Under"' é um termo popular referindo-se à Austrália. É utilizado, maioritariamente, pelos australianos, norte-americanos e europeus a fim de atribuir um apelidoengraçado ao país que possui todo o seu território no sul do Hemisfério Sul, normalmente usando o termo "The Land Down Under", ou "As Terras Lá Embaixo".

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Austrália

Em 2003, naquela que foi uma das primeiras viagens que fiz sozinhoe já com a fotografia a assumir alguma importância, pus-me acaminho do outro lado do mundo. Na época, foi uma visita curta e

sem grandes condições para fazer um grande trabalho, tanto pelo esta-do do tempo que encontrei, como pela minha ainda curta experiência.Quando regressei, fi-lo sempre com a esperança de lá voltar um dia, aísim para uma visita a sério, que me permitisse ver a Austrália como umtodo.

Dez anos passados e tive finalmente essa oportunidade. EmNovembro último parti para 24 dias de viagem, sendo 21 deles nesseenorme país do tamanho de um continente, com uma paragem brevenos Emirados Árabes Unidos no meu regresso. No que diz respeito àAustrália, a estratégia era conhecer diferentes pontos do país, com difer-entes climas e, consequentemente, com diferentes paisagens.

Para tornar o plano realidade, foi necessário fazer diversos voos inter-nos, tal é a dimensão do país. No final da viagem tinha feito 14 voos,alugado 7 carros e percorrido mais de 7 mil quilómetros ao volante. Noentanto, todo este esforço valeu a pena porque foi sem dúvida uma dasviagens mais recompensadoras que já fiz, mesmo com o São Pedro aconspirar contra mim. Mais sobre isto à frente.

Seguindo a mesma prática que tenho vindo a adotar nas últimas via-gens, o equipamento que levei comigo foi bem minimalista, constituído

por dois corpos e três objetivas. Mais uma vez levei material diferente,algo que tento fazer em cada nova viagem. Desta vez optei por levarduas Sony A99 acompanhadas pelas lentes Sony Zeiss 24mm f/2, SonyZeiss 135mm f/1.8 e ainda uma pequena Minolta 50mm f/1.7. Em relaçãoa acessórios, foram os habituais: tripé, alguns filtros – polarizador e dedensidade neutra –, cabo disparador e os necessários cartões dememória. Pela primeira vez levei apenas um tablet em vez de carregarum portátil.

A viagem começou em Sydney, a maior cidade australiana e porta deentrada para a maioria dos visitantes. Aqui a fotografia concentrou-seem três locais: as Blue Mountains, parque nacional a cerca de 100quilómetros da cidade; o porto de Sydney – com especial atenção aosdois grandes símbolos da cidade, a Harbour Bridge e a Opera House –; efinalmente a mundialmente famosa praia de Bondi Beach. Esta primeiraetapa permitiu-me desde logo testar a impermeabilidade da Sony A99,visto que boa parte das fotos do porto, em especial as noturnas, foramtiradas debaixo de chuva.

De Sydney parti para Melbourne, de onde saí rapidamente rumo àGreat Ocean Road, considerada uma das mais belas estradas costeirasdo mundo. Já a tinha visitado na minha primeira viagem à Austrália eera um sítio onde tinha mesmo que voltar, tais eram as oportunidadesfotográficas. >>>

Encontrava-me à espera do finaldo dia para tirar algumas fotos

noturnas da cidade e, à medidaque o tempo ia passando, ia

ficando cada vez mais nublado,ao ponto de ter começado a

chover. Esta foto foi tiradadebaixo de chuva, mas não

desisti!

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Ubirr é um local no Parque Nacional Kakadu, que é conhecidopelas pinturas rupestres aborígenes. E se é verdade que as pin-turas são bastante interessantes, a vista do topo das rochas éimpressionante. Tirei esta foto no final da tarde, enquanto se iaformando uma trovoada enorme, que cerca de uma hora maistarde trouxe a maior chuvada que eu já vi na minha vida.

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AustráliaFOTO-AVENTURA

As paisagens ao longo desta estrada são um autêntico regalo para osolhos e, no que diz respeito a fotografia, são uma ótima oportunidadepara fazer experiências com velocidades de obturador baixas, de forma ajogar com o movimento da água. Foi exatamente isso que eu fiz, recor-rendo a um filtro ND variável, que me permitiu escolher as velocidadesdesejadas. Tirei aqui algumas das minhas fotos preferidas da viagem. Avisita a esta região incluiu ainda uma passagem pelo Parque NacionalGrampians mas, infelizmente, o tempo voltou a aprontar das suas e estavisita resumiu-se a fotografar uma cascata no pouco tempo em que nãochoveu. No entanto, esta curta sessão fotográfica rendeu uma das fotosque mais gosto e por isso já valeu a pena.

E daqui partia para o destino mais aguardado. Era a vez de viajar parao interior, rumo a uma paisagem quase desértica: o enorme rochedoUluru, também conhecido por Ayer’s Rock. Chega a ser curioso quetanta gente faça uma viagem tão longa para ver o que é, basicamente,uma rocha de tom alaranjado. Mas a verdade é que aquele lugar tem oseu quê de misticismo e foi talvez o ponto alto da minha viagem, quer anível fotográfico quer pela experiência pessoal de ter estado num pontodo planeta tão conhecido, mas ao mesmo tempo tão isolado.

Na realidade, não há muito o que fotografar para além da Uluru. Existeuma outra formação rochosa chamada The Olgas, ou Kata Tjuta na lín-gua indígena, e o resto é terra ou areia laranja e uma vegetação rasteira,com uma ou outra árvore pontual. Ahhh... e há também uns camelos devez em quando. Como tal, concentrei a minha fotografia em redordestes dois locais, aproveitando para os fotografar nas mais diversascondições de luz, do nascer ao pôr-do-sol, com nuvens e sem nuvens. Éum daqueles locais que vai ficar na minha memória, por muitas viagensque vá fazer no futuro.

Entretanto chegava a vez do extremo norte do país, Darwin, e daísegui de imediato com destino ao Parque Nacional Kakadu, onde oobjetivo principal era fotografar algumas quedas de água espetacularesque lá existem. Com tanta água presente nas minhas imagens, escusadoserá dizer que os filtros ND foram usados em grande parte delas. Otempo nublado e por vezes chuvoso continuou a acompanhar-me mas,tal como nos locais anteriores, sempre deu algumas tréguas para quefosse possível fazer o meu trabalho.

Infelizmente, o acesso às principais cascatas do parque estava cortadodevido ao mau tempo. Este é o tipo de coisa para a qual não é possívelnos prepararmos. De qualquer forma, o tempo que lá passei não foi emvão e rapidamente encontrei outras atrações para visitar, tendo con-seguido algumas fotos que aprecio bastante. >>>

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Nikon D800 . 28mm . f/11 . 1/100” . ISO 100

Esta é a vista mais famosa aolongo da Great Ocean Road eque está a desaparecer ao longodos anos. Algumas das for-mações rochosas têm vindo adesmoronar e são por isso cadavez menos.

A praia Clifton Beach é apenasuma das várias bonitas praiasque existem ao longo da costa anorte de Cairns. Um casalaproveita o bom tempo para umpasseio matinal.

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AustráliaFOTO-AVENTURA

A última etapa no território principal da Austrália era no clima tropicalda costa leste do país, mais concretamente na cidade de Cairns e olitoral a norte desta. Era o local que mais receava por causa do climamas, para minha surpresa, acabou por ser aquele em que tive bomtempo na maior parte do período em que lá estive. Esta região é a portade entrada para a famosíssima grande barreira de coral mas não é con-hecida por ter uma atração particular em terra. No entanto, é muitobonita como um todo, seja pelas suas florestas tropicais, das quais sedestaca a floresta de Daintree, seja pela sua costa e pelas suas praias, dasquais é um ótimo exemplo o cabo Tribulation.

Finalmente chegava a hora de voar para um território sobre o qualtinha uma enorme curiosidade: a ilha da Tasmânia. Foi o local ondefiquei durante mais tempo mas também foi aqui que o São Pedro memostrou que nesta viagem não estava mesmo a colaborar. Em boa partedo tempo o clima esteve realmente impróprio para fotografia, não ape-nas pela chuva mas especialmente devido àquele tipo de céu brancoque é do pior para fotografar. Claro que isso não me impediu de visitar oterritório e de apreciar toda a sua beleza mas, em termos fotográficos,esta etapa ficou muito aquém do desejado. Os pontos altos foram, sem

dúvida, o Parque Nacional Cradle Mountain e a costa leste da ilha, ondese inclui o Parque Nacional Freycinet.

O estado do tempo ao longo desta minha aventura obrigou-me amudar alguns hábitos fotográficos. Uma coisa que eu nunca tinha feitoanteriormente tornou-se quase obrigatório, de forma a conseguir fotosminimamente decentes. Pela primeira vez na minha vida utilizei HDR.Confesso que sou uma daquelas pessoas que odeia o HDR... mas nãogosto devido à forma como a maioria das pessoas o usa. Para mim, estatécnica deve usar-se de forma subtil, quase como um substituto de fil-tros ND gradientes. Foi o que eu tentei fazer. Fotografei grande parte daviagem recorrendo ao bracketing, tirando três exposições de cadaimagem. Mais tarde juntei as três (cada uma com a sua exposição), massempre tentando aproximar a imagem final à realidade que observei nolocal e nunca transmitindo uma realidade virtual, coisa de que eu real-mente não gosto. Não é algo que eu pretenda continuar a fazer em via-gens futuras, a menos que as condições do tempo me obriguem a issonovamente... mas de qualquer forma serviu de aprendizagem.

Também conhecidas por The Olgas,estas formações rochosas são asegunda atracção do Parque NacionalUluru – Kata Tjuta, logo depois daUluru. É difícil encontrar uma com-posição diferente para tirar uma fotoque não seja muito vista e esta é umadas minhas preferidas.

Leia o relato detalhado da viagem, incluindo a descrição do dia-a-dia e fotografias relacionadascom cada um dos destinos em http://mauriciomatos.com.

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AustráliaFOTO-AVENTURA

Parte do Parque Nacional TheGrampians, a cascata (ou

sequência de cascatas)MacKenzie Falls é uma das

muitas disponíveis para visitadentro do parque e talvez a mais

impressionante. Tirei esta fotonum intervalo de 30 minutos em

que não choveu, no meio dehoras de mau tempo.

Parte do Parque Nacional TheGrampians, a cascata (ou

sequência de cascatas)MacKenzie Falls é uma das

muitas disponíveis para visitadentro do parque e talvez a mais

impressionante. Tirei esta fotonum intervalo de 30 minutos em

que não choveu, no meio dehoras de mau tempo.