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FRACASSO ESCOLAR DOS ALUNOS DE 5ª SÉRIE
Rosely Urias de Souza 1 Gisele Brandelero Camargo Pires2
Resumo
O presente artigo revela a implementação do projeto de intervenção
pedagógica desenvolvido por uma professora PDE, em uma escola estadual de
Ensino Fundamental de Ponta Grossa. A implementação do projeto se
consolidou em oito encontros com os professores que atuam na 5ª série (6º
ano) e um encontro com os alunos dessa série. O objetivo do projeto era, a
partir de um processo reflexivo, elaborar estratégias pedagógicas para
prevenção do fracasso escolar dos alunos de 5ª série. Após os encontros com
professores e alunos foram organizados as estratégias pedagógicas que farão
parte do Projeto Político Pedagógico da escola, com a finalidade de reduzir a
reprovação, abandono e aprovação por conselho de classe. Os resultados
foram positivos, sendo percebido pelo grupo, a importância do trabalho coletivo
na escola, como também, mudanças na prática pedagógica dos professores.
Palavras-chave: PDE; fracasso escolar; professores das 5ª séries.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo revela os resultados da implementação do projeto de
intervenção pedagógica desenvolvido por uma professora PDE – Programa de
1Aluna PDE, Orientadora educacional em uma escola estadual do Paraná. 2 Professora orientadora; lotada no DEPED na Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Desenvolvimento Educacional, com o grupo de professores das 5ª séries3 de
uma escola de Ponta Grossa, no qual foram realizados encontros para estudo
de questões pertinentes aos alunos que frequentam essas classes. O grupo de
estudo que visava refletir as questões propostas pelo projeto foi formado pelos
professores das 5ª séries da escola.
O objetivo do projeto foi, através de estudos e reflexões com os
professores, elaborar estratégias pedagógicas para prevenção do fracasso
escolar dos alunos de 5ª série. O projeto foi organizado com vistas a inúmeras
situações conflitantes que os alunos dessa faixa etária apresentam em seu
processo escolar, visto que essa série representa uma ruptura com o modelo
vivido até então pelos alunos nos anos iniciais do ensino fundamental. Neste
contexto, compreendemos que o pedagogo é o profissional mais indicado para
mediar as situações conflitantes, verificando as constantes mudanças que
enfrentam esses alunos.
Para satisfazer o objetivo do projeto organizamos oito encontros com os
professores das 5ª séries e um encontro com os alunos das mesmas classes.
Em cada um desses momentos desenvolvemos atividades dinâmicas e de
estudo reflexivo, com base nos textos que fundamentam a temática. A
implementação do projeto teve duração de seis meses e contou com a
participação ativa dos alunos e professores convidados. O espaço utilizado
para os encontros foi o da escola, e os materiais foram produzidos pela
pedagoga, que nesse caso é a professora PDE – Programa de
Desenvolvimento Educacional, sob a orientação de uma professora da
Universidade Estadual de Ponta Grossa.
A seguir apresentaremos detalhadamente como foram os encontros de
estudo com os alunos e com os professores e a que resultados chegamos a
partir da implementação desse projeto.
2. A DESCRIÇÃO DO PROJETO E SUA IMPLEMENTAÇÃO
O projeto proposto pela professora PDE, sistematizado nesse artigo, foi
3 No período em que o projeto foi proposto e implementado a escola não tinha adequado a nomenclatura das séries de acordo com a ampliação do ensino de nove anos. Dessa forma, a 5ª série, que nos referimos no projeto equipara-se ao 6º ano pela nova política do Ensino Fundamental.
implementado no período de agosto à dezembro de 2011 em uma escola de
Ponta Grossa, com o objetivo de elaborar, juntamente com os professores das
5ª séries do Ensino Fundamental, estratégias pedagógicas a fim de diminuir os
impactos que essa série gera nos alunos.
Compreendemos que o aluno da 5ª série, muitas vezes, entra em crise,
pois vivencia muitas mudanças em sua vida pessoal (pela pré adolescência) e
no ambiente escolar (pela ruptura do modelo vivido até então). O modelo de
escola que esses alunos conhecem, antes de ingressarem na 5ª série, se
configura no contato com a professora polivalente, nos espaços lúdicos, no
currículo unificado, na organização ampla de horários, entre outras
características específicas dos anos iniciais do Ensino fundamental. Ao
ingressar na 5ª série, eles se deparam com um ambiente físico e estrutural
diferente do anterior (muito menos lúdico), diversos professores, um currículo
específico organizado em várias disciplinas, etc. Essas mudanças escolares
aliadas às mudanças pessoais, originadas pela própria faixa etária dos alunos,
podem gerar insegurança, desconforto e até fracasso no processo de
escolarização. Nesse sentido, concordamos com Patto, (1999, apud
Collares,1990, p.25), quando afirma
O processo social de produção do fracasso escolar se realiza no quotidiano da escola. O fracasso da escola pública elementar é o resultado inevitável de um sistema educacional congenitamente gerador de obstáculos à realização de seus objetivos. Reprodução ampliada das condições de produção dominantes na sociedade que as incluem, as relações hierárquicas de poder, a segmentação e a burocratização do trabalho pedagógico, marcas registradas do sistema público de ensino elementar, criam condições instituições para a adesão dos educadores à similaridade, a uma prática motivada acima de tudo por interesses particulares, a um comportamento caracterizado pelo descompromisso social.
Desse modo, é fundamental que haja acompanhamento desses alunos a
fim de lhes dar suporte para o enfrentamento dessas questões nessa etapa da
vida escolar. Isso porque o aluno precisa estar seguro de que a escola é um
lugar de aprendizagem, bem como, lugar de fazer amigos e seguir em frente
com sucesso, despertando no aluno o desejo de retornar à escola no dia
seguinte. A esse respeito, Report (1967, APUD OLLERTON, 2006, p.37) nos
diz que:
Uma escola não é um mero estabelecimento de ensino, visto que deve transmitir valores e atitudes. É uma comunidade em que as crianças aprendem a viver, sobretudo, como crianças e não como futuros adultos... A escola se propõe deliberadamente a criar o ambiente adequado para que as crianças se permitam ser elas mesmas e se desenvolvam da maneira e no ritmo apropriado para elas. Ela tenta oferecer oportunidades iguais e compensar as limitações. Ressalta de modo especial a descoberta pessoal, a experiência de primeira mão e as oportunidades para um trabalho criativo. Insiste que o conhecimento não se encaixa perfeitamente em compartimentos separados e que o trabalho e a diversão não são opostos, mas complementares. Uma criança educada em tal atmosfera, em todos os estágios de sua formação, tem alguma possibilidade de se tornar um adulto equilibrado e maduro de ser capaz de viver, de construir e de ter uma posição crítica na sociedade em que faz parte.
Com base nessa questão relevante, o projeto foi organizado a fim de
prevenir o fracasso escolar dos alunos das 5ª séries, através de estudos
realizados com a pedagoga e professores desse nível de ensino. Foi realizado
no 2º período do PDE (Fevereiro a Julho de 2011) um trabalho de produção
didático-pedagógica, tendo como categoria uma Unidade Didática, na qual,
foram planejadas todas as ações da implementação.
A implementação do projeto ocorreu no 3º período do programa (Agosto
a dezembro de 2011), através do caderno de atividades, contendo
fundamentação teórica e atividades com os alunos e professores das 5ª séries,
do turno vespertino, no período de agosto a dezembro de 2011. Fizemos um
encontro com 20% do total dos alunos das 5ª séries (totalizando 18 alunos das
quatro turmas de 5ª série), e oito encontros com alguns professores das 5ª
séries, a pedagoga, diretora e bibliotecária.
Faremos, a seguir, a descrição desses encontros, refletindo como a
participação desses integrantes do processo educacional tem se revelado no
dia a dia da escola.
2. REUNIÃO COM OS ALUNOS DAS 5ª SÉRIES
O primeiro encontro preconizado no projeto PDE, foi realizado na escola
em questão com 20% dos alunos das 5ª séries e a pedagoga, tendo como
objetivo diagnosticar as dificuldades ou necessidades dos alunos no decorrer
do ano letivo.
Iniciamos a reunião com uma Dinâmica de Mobilização, na qual os
alunos, de olhos fechados, combinavam uma frase entre si, e posteriormente
caminhavam pela sala na tentativa de encontrar companheiros que estivessem
recitando a mesma frase. A técnica apresentada aos alunos fomentava a
aceitação das diferenças entre os colegas e a importância de vivermos bem,
acolhendo aqueles que vem procurar nosso grupo, mesmo que estes sejam
diferentes de nós.
Logo após a técnica, foi repassado aos alunos um questionário contendo
vinte e três perguntas sobre as suas dificuldades ou necessidades pessoais,
escolares e familiares, durante o decorrer da 5ª série. No questionário foram
apresentadas perguntas sobre a importância dos estudos, como: Para você,
estudar é importante, explique? Você tem hábitos de leitura? Quantos livros
você lê durante o mês? Seus pais acompanham seus estudos (atividades da
escola, tarefas e trabalhos)? Seus pais participam da escola, em que
momento? Esses questionamentos, portanto, visam ressaltar a importância dos
laços familiares no desenvolvimento escolar; bem como diagnosticar os
problemas que interferem no processo ensino/aprendizagem dos alunos de 5ª
série.
Durante o trabalho realizado, os alunos demonstraram curiosidade, bem
como comprometimento na realização das atividades. Com relação à técnica
de mobilização, os alunos participaram com entusiasmo, seguindo todos os
passos do trabalho. O grupo teceu os seguintes comentários: “Você andou com
os olhos abertos! Foi fácil achar meu grupo!” Logo após a conversação, a
pedagoga explicou que todos nós nos identificamos com um grupo, através da
fala, vestuário, etc. Desta forma, sempre procuramos pessoas que se pareçam
conosco e formamos grupos com características afins com as nossas.
Importante na maneira de vivermos bem é aceitar todos os indivíduos do grupo
com suas singularidades. Cada pessoa aprende com as diferenças e se torna
cada vez melhor.
O trabalho foi finalizado com o agradecimento da pedagoga aos alunos,
esclarecendo a eles que, os questionários serão analisados pelos professores
de 5ª série, a fim de auxiliar na construção de estratégias pedagógicas para
diminuir a reprovação e abandono escolar dos alunos neste nível de ensino.
Apresentaremos, a seguir, a descrição dos encontros realizados com os
professores das 5ª séries.
3. REUNIÃO COM OS PROFESSORES DAS 5ª SÉRIES
O trabalho realizado com os professores das 5ª séries ocorreu em uma
escola de Ponta Grossa, nas quartas-feiras, no período noturno, sendo
totalizado em oito encontros de quatro horas. Os participantes do grupo
constituíam seis professores, que atuavam nas 5ª séries, a diretora da escola,
a bibliotecária e a professora PDE.
O objetivo dos encontros com os professores foi estudar e refletir sobre
quais fatores interferem na aprendizagem dos alunos de 5ª série, e de posse
dos resultados, construir estratégias pedagógicas para redução da reprovação
e abandono escolar desses alunos.
Os textos trabalhados com os professores foram construídos pela
professora PDE, durante a realização da Unidade Didática, no 2º Período do
Programa.
A seguir, faremos a descrição de cada encontro com os professores,
bem como, as sugestões ocorridas durante o trabalho.
No Primeiro Encontro, a professora PDE apresentou aos professores,
o programa PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional, bem como seu
projeto específico que trata sobre o fracasso escolar nas 5ª séries. A
apresentação se deu através de exposição dialogada, com um banner
contendo o resumo do trabalho proposto para a escola.
Em seguida, o assunto sobre fracasso escolar foi aberto aos
participantes para entendimento do trabalho o qual seria realizado, bem como,
foram definidas as questões importantes sobre as atividades.
Dialogamos sobre as temáticas a serem estudadas nos encontros
seguintes, bem como, a organização de estratégias para redução do fracasso
escolar nas 5ª séries.
Para realização deste trabalho, foi esclarecido aos professores que os
questionários respondidos pelos alunos contendo perguntas sobre suas reais
necessidades durante o ano letivo, serviriam de suporte para os estudos sobre
fracasso escolar, tendo como objetivo, conhecer quais os problemas que
afetam os alunos nesta série.
As reuniões com os professores para reflexão e estudos sobre o
fracasso escolar foram repassadas aos mesmos, deixando definidos os dias e
horários dos encontros, sendo, oito reuniões de quatro horas.
Foi esclarecido também que, o principal objetivo deste trabalho é a
organização de estratégias para redução do fracasso escolar nas 5ª séries,
bem como, abrir espaço no Projeto Político Pedagógico, para que as ações
desenvolvidas neste projeto façam parte dos trabalhos da escola.
Os participantes do grupo comentaram sobre a importância do projeto, já
que o assunto tratado é polêmico, complexo e de extrema importância para a
nossa escola, como também para todas as instituições de ensino. Eles
concordaram com Nadal e Papi (2007, p. 32) quando afirmam que: É necessário, por tanto, que a função docente de ensinar seja considerada como uma atividade sistemática, flexível, organizada, metodologicamente organizada, para a qual a atuação e postura profissionais são de grande importância, pois podem favorecer a aprendizagem, a participação e o crescimento do aluno.
Os professores demonstraram interesse no assunto, pois vivem em seu
cotidiano momentos de indecisão, a procura de novas formas de trabalho para
a efetividade da aprendizagem, que é, sem dúvida, fator primordial para o
sucesso ou fracasso escolar dos alunos.
No Segundo Encontro, realizamos a análise dos questionários dos
alunos de 5ª série. Inicialmente, distribuímos os questionários aos professores,
para análise e reflexão dos problemas apresentados pelos alunos.
Durante o trabalho, percebemos que a grande maioria dos alunos estão
adaptados ao cotidiano escolar, demonstrando afinidade para com a instituição,
sendo verificado também a grande importância do papel do professor, vez que
se trata de elemento primordial para o sucesso do ensino e aprendizagem dos
alunos.
Muitos alunos comentaram sobre a figura da mãe para auxiliarem nos
trabalhos e tarefas de casa, porém percebemos que, são poucos os pais que
tem o hábito de leitura em casa juntamente com seus filhos. Portanto, é grande
a responsabilidade do profissional que ensina, convocar a família para
participar do contexto escolar.
Notamos também, que os alunos não falam em abandonar a escola,
mas são firmes na questão da reprovação aos colegas que não levam a sério
seus estudos. Dizem ainda que, os alunos com dificuldades de aprendizagem,
quando se esforçam, conseguem êxito nos estudos. Esse discurso dos alunos
demonstra que eles não atribuem as causas do fracasso escolar ao conjunto
de situações que envolvem o processo de ensino aprendizagem, mas
relacionam-nas ao esforço individual e ao compromisso de cada estudante.
Todavia, acreditamos que o fracasso ou a exclusão escolar pode ser gerada
por vários fatores, sendo influenciados pelas condições financeiras, sociais,
psicológicas ou outros. O aluno também pode ter dificuldades para aprender,
devido aos programas de ensino, o currículo, o trabalho desenvolvido nas
escolas e ainda as avaliações do desempenho escolar, que são hoje,
“mecanismos de seletividade dos poderosos”, ( Mello, 1983 ,p. 25). Segundo Ribeiro (1991), a evasão e repetência nas quatro primeiras
séries são de tal magnitude que, os indivíduos ficam “velhos” em relação à
série em que ainda estão cursando e abandonam a escola. Desta forma, os
alunos que ingressam na 5ª série, com idade avançada, podem ter como
consequência a autoestima baixa, falta de interesse pelos estudos e
defasagem de conteúdos necessários a série em que frequenta.
Ferrari, (1985, APUD Marchese, 2004) afirma que o analfabetismo no
Brasil ainda é produzido na escola. O autor comenta sobre três grupos de
exclusão escolar. Em suas palavras, diz:
No primeiro deles, então “todos aqueles que são excluídos in limine, os que nem se quer chegam a ser admitidos no processo de alfabetização na idade de escolarização obrigatória”. O segundo grupo compreende “aqueles que, tendo sido admitidos, são posteriormente excluídos do processo”, os chamados evadidos. Finalmente, o terceiro grupo abrange todos “aqueles que, ainda dentro do sistema de ensino, estão sendo objeto de exclusão no próprio processo de ensino através da reprovação e repetência e estão sendo assim preparados para posterior exclusão do processo. (Ferrari, 1985, APUD Marchese, 2004, p. 48 e 49).
Notamos ainda, que os alunos em geral entendem a escola como
espaço de conhecimento, no qual, servirá como meio de valorização
profissional, mas afirmam que é necessário aos professores definir sua
profissionalidade. Dessa forma, entendemos profissionalidade, como um
conjunto de “conhecimentos, habilidades, comportamentos, valores, objetivos
relacionados ao ensino como profissão, que diferenciam o professor dos
profissionais de outras áreas” (NADAL e PAPI, 2007, p.29).
Percebemos que os alunos acreditam que há problemas relativos à
profissionalidade docente, à infraestrutura escolar e às questões
comportamentais dos discentes, ocorridos ao longo do ano, e que essas
situações prejudicam seus estudos.
Para isso, se faz necessário o comprometimento de todo o grupo
escolar, num trabalho consciente e acolhedor, trabalhando a autoestima do
aluno e respeitando as suas diferenças individuais e sociais.
No 3º encontro, iniciamos o trabalho, realizando uma técnica de
mobilização sobre as diferenças individuais. A técnica usada foi a análise de
quatro laranjas entregues aos participantes. Logo depois, as laranjas foram
trocadas, a fim de que reconhecessem as diferenças e semelhanças da fruta
que analisaram. Depois da reflexão com o grupo, a pedagoga comentou que,
as laranjas são todas iguais, tem casca, é da cor laranja, possuem
características iguais que fazem as pessoas perceberem que aquela fruta é
uma laranja, no entanto, apresentam características próprias que determinam
suas diferenças, como uma fissura na casca, ou um ponto mais escuro, etc.
Aproveitando a dinâmica, relacionamos a reflexão que ela nos
proporcionou à temática do fracasso escolar dos alunos de 5ª série, a fim de
evidenciarmos as características comuns e singulares dos alunos,
proporcionando uma análise da condição em que esses alunos se encontram,
bem como de suas habilidades e limites.
O propósito da técnica apresentada foi levar o grupo à observação do
cotidiano escolar, pois sabemos que o trabalho do professor em sala de aula é
difícil e desgastante, pois trabalha o mesmo conteúdo com alunos diferentes,
apresentando variados níveis de conhecimento e dificuldades diversas. Sendo
assim, entendemos que o professor deverá estar seguro de sua prática, com
metodologia própria e eficaz, para enfrentar a heterogeneidade dos alunos no
seu dia a dia, em sala de aula.
No decorrer do encontro fizemos a leitura e discussão do texto, Fracasso
Escolar (produzido pela professora PDE), na qual, os professores participaram
ativamente tendo em vista a importância do coletivo na escola, buscando o
objetivo de favorecer o aprendizado do aluno. O texto abordava a questão do
fracasso escolar, de suas manifestações e apresentava algumas estratégias de
ação para diminuir o fracasso dos alunos no decorrer da sua escolaridade.
Sendo assim, a discussão e reflexão sobre o fracasso escolar partiu da
seguinte pergunta: “Em sua opinião, você acredita que a escola pode combater
o fracasso escolar nas 5ª séries? Explique:”
Apesar das dificuldades que os professores enfrentam neste nível de
ensino, todos responderam positivamente à questão, explicando que a escola
necessita de estratégias e formas de trabalho que busquem a qualidade do
ensino e certamente o aprendizado do aluno.
Os professores concordam que os caminhos são difíceis, porém, com
muito trabalho, a escola poderá ter bons resultados. Nesse sentido, Machese
(2004, p. 29) explica que
não existem caminhos fáceis, nem atalhos, nem soluções mágicas para reduzir o fracasso escolar. Pelo contrário, as estratégias mais eficazes devem ser baseadas em propostas globais e sistêmicas, em reformas profundas que levem em conta as demandas sociais do futuro e num esforço sustentado ao longo de vários anos.
No 4º encontro, trabalhamos com a leitura do texto produzido pela
professora PDE, “Dificuldades de aprendizagem”. O texto refletia sobre a
diferença entre dificuldades de aprendizagem (em determinados momentos) e
dificuldades de aprendizagem (distúrbio).
Logo após a leitura do texto, os professores foram distribuídos em
grupos para estudo e reflexão das dificuldades de aprendizagem encontradas
nos alunos de 5ª série no decorrer do ano. Os temas propostos para os
professores foram: Problemas de Atenção, Problemas Perceptivos, Problemas
Emocionais, Problemas Linguísticos e Problemas Motores.
Cada grupo indicou um voluntário para apresentação do tema proposto,
bem como, a socialização do trabalho com os participantes do grupo. Durante a
apresentação dos trabalhos, pudemos perceber que o assunto tratado revelou
a importância da efetiva aprendizagem dos alunos, e sabemos que o papel da
escola é proporcionar momentos para que isso ocorra com sucesso.
Sabemos que a aprendizagem faz parte da vida de todas as pessoas. É
a incorporação de novos conhecimentos através de estruturas mentais e o
meio ambiente. O sujeito quando aprende, muda seu comportamento e constrói
novos conhecimentos. Segundo Pires, (2009, p.47) “Toda criança é capaz de
aprender! Toda criança gosta de aprender! O que ocorre, por vezes, é um
desencantamento da criança pelo processo de aprendizagem gerado por um
entrave no meio do caminho. Esses entraves, ou “nós”, podem ser sanados
com uma educação diferenciada no ambiente escolar, pois é esse espaço que
tem por princípio a escolarização oficial das crianças e dos jovens. Nesse
sentido, a escola deve oferecer estrutura, materiais e métodos adequados,
acompanhamento profissional e educação de qualidade a todos os alunos, sem
distinção”.
A autora coloca ainda que, “toda criança merece uma educação
diferenciada, que satisfaça suas reais necessidades”.
Desta forma, percebemos a importância que a escola tem na
aprendizagem dos alunos, tendo que preocupar-se em atender o processo de
aquisição de conhecimentos, bem como, a superação das dificuldades
apresentadas no decorrer de sua escolarização. As dificuldades apresentadas
pelos alunos devem ser identificadas pelos professores, pais e familiares,
sendo que, devem ficar atentos ao desenvolvimento integral da criança ou
adolescente.
Importante nesta avaliação é identificar se as dificuldades apresentadas
podem estar atreladas a algum distúrbio ou simplesmente são crianças
imaturas, que sofrem qualquer tipo de preconceito, ou ainda, apresentam
pouca capacidade de adaptação em casa ou na escola. Essas questões,
muitas vezes são vistas como indicativos de comportamentos problemáticos,
tornando o aluno, responsável por seu próprio fracasso.
Desta forma, entendemos que o trabalho com alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem deve ser visto como parte integrante de nossas
práticas pedagógicas, bem como, utilizar métodos adequados que atendam as
necessidades desses alunos.
No 5º encontro, iniciamos o trabalho com uma técnica de mobilização
sobre os rótulos que acontecem na escola. A dinâmica trabalhada contou com
quatro voluntários do grupo e os outros participantes fizeram a observação da
atividade.
A pedagoga entregou aos quatro voluntários um capuz, feito de cartolina
e registrado neste capuz um rótulo muito usado no dia a dia em sala de aula.
Os rótulos registrados no capuz dos participantes eram: burro, coitadinho,
gênio e puxa-saco.
A pedagoga apresentou um tema para que o grupo discutisse e entrasse
em um consenso sobre a questão. A discussão deveria ser feita no grupo, e os
participantes deveriam tratar seus colegas conforme o rótulo que estava no seu
capuz.
A importância desta técnica foi identificar como os participantes
sentiram-se com o tratamento dos seus colegas, como também, lembrá-los que
todos os dias, vários alunos são rotulados em sala de aula em diferentes
contextos, ocasionando a autoestima baixa e muitas vezes o abandono dos
estudos no decorrer do ano ou de sua escolaridade.
Desta forma, percebemos que o professor deverá estar atento ao
relacionamento dos alunos em sala de aula, propiciando a socialização e
adaptação do coletivo, bem como, investir num trabalho de cooperação e
respeito entre os colegas da classe.
Logo após, fizemos a leitura do texto produzido pela professora PDE
sobre “Repetência Escolar”. Em seguida, refletimos a questão da repetência,
tendo como ponto de partida a seguinte pergunta: “Você acredita que a
reprovação faz parte do cotidiano escolar, ou pode ser evitada? Explique e
aponte sugestões”.
Os professores em geral, entendem que as dificuldades encontradas
durante o processo de ensino e aprendizagem são muitas, porém acreditam
que a escola deve estar preparada para enfrentar esses desafios. Ribeiro,
(1991, p.18) fala sobre a repetência, sendo esta, vista como um fato comum,
explica:
Parece que a prática da repetência está contida na pedagogia do sistema
como um todo. É como se fizesse parte integral da pedagogia, aceita por
todos os agentes do processo de forma natural. A persistência desta prática
e da promoção desta taxa nos induz a pensar numa verdadeira metodologia
pedagógica que subsiste no sistema, apesar de todos os esforços no
sentido de universalizar a educação básica no Brasil.
No comentário do autor, parece que a repetência faz parte do cotidiano
da escola, sendo visto como processo comum e aceito pela sociedade, e não
como fracasso ou exclusão social.
Segundo Marchese, (2004, p.93) “Uma criança que fracassa é uma
criança que, em determinado momento e no julgamento da instituição escolar,
não consegue aprender o que a escola estima ser razoável que aprendam os
alunos de sua idade”.
Desta forma, acreditamos que a escola deve rever seus valores sobre a
repetência, isto é, pensar positivamente em métodos mais adequados,
estimulando os alunos ao aprendizado, adotando práticas estimuladoras da
aprendizagem.
A repetência passa a ideia de que o aluno fracassou. Afeta a sua
autoestima, e é visto apenas como fracasso do aluno e não das instituições,
sistema de ensino, condições sociais e outros. O fracasso aparece como
rendimento baixo e abandono escolar.
Nas palavras de Marchese, (2004, p.37) “A sociedade pode, inclusive,
chegar a ver a repetência como uma bênção, como uma complacente
“segunda oportunidade” que é oferecida àqueles que, de qualquer maneira,
não são “aptos” ou não estão “maduros” para aprender”.
Ao contrário, a repetência reforça a baixa estima e o baixo rendimento,
levando o aluno ao fracasso escolar. Neste caso, a escola precisa saber como
trabalhar com alunos com baixo rendimento, correndo riscos de reprovação ou
evasão escolar.
Sendo assim, acreditamos que escola deve organizar-se para um
trabalho de prevenção ao fracasso escolar, visto que, somente através de
ações previstas pela instituição, o aluno será visto como parte integrante do
processo, interagindo e adaptando-se ao ambiente escolar.
No 6º encontro, trabalhamos a leitura e reflexão do texto produzido pela
professora PDE, sobre “Relacionamento: Professor/Aluno.
A atividade proposta aos professores ocorreu com base na seguinte
pergunta: “Como suas características pessoais podem favorecer o
relacionamento entre professor e aluno?”
O trabalho foi realizado com sucesso, pois o texto foi analisado de forma
positiva e acolhedora, proporcionando ao grupo um repensar sobre nossa
prática no cotidiano escolar.
Iniciamos nossas reflexões argumentando o que é ser um bom
professor? Nas palavras de Ollerton (2006, p.23). “É ser um bom aprendiz. É
saber dar sentido aos acontecimentos, perceber relações entre aquilo que
conhecemos e as nossas experiências pelas quais passamos. Portanto, uma
das características do aprimoramento do professor é “tornar-se melhor” naquilo
que faz. Para aprimorar a prática precisamos, em primeiro lugar saber como
ela é”. O autor comenta também sobre aspectos importantes quando
exploramos nossa prática, sendo fundamental perceber “a atmosfera da sala
de aula”, como também, “a natureza das interações que temos com os alunos”.
(p.25)
Sendo assim, percebemos a importância da clareza sobre o modo como
trabalhamos e o que queremos alcançar em nossa prática. Temos que
conhecer nossos alunos e saber quais práticas pedagógicas são eficientes
para o seu aprendizado. Desta forma, o professor deve preocupar-se com o
processo ensino/aprendizagem dos alunos, levando em conta o ambiente em
sala de aula e a relação de convivência entre professor/aluno.
O relacionamento de ambos é fundamental para a aprendizagem,
portanto o professor deve buscar estratégias a fim de garantir uma boa aula e
ter certeza de que o aluno teve prazer pela aprendizagem. Segundo Ollerton,
(2006, p.48) “a beleza e a criatividade podem ser características da
aprendizagem, depende do modo como seus professores agem ao criar o
ambiente em que isso possa acontecer e da determinação do professor para
tentar trazer a beleza da aprendizagem para o âmbito das salas de aula”.
A citação do autor mostra a importância de desenvolver em sala de aula,
relacionamentos positivos. Em suas palavras, (p.34) “ninguém é um caso
perdido”. É importante que os professores tenham diálogo entre si, sobre suas
turmas e sigam uma mesma linha de pensamento. Podem formar grupos com o
propósito de construir princípios altamente positivos em sala de aula, visando
um clima favorável à aprendizagem dos alunos. O aluno necessita querer
aprender, formar atitudes e valores, assumindo para si responsabilidades.
Segundo Ollerton, (2006, p. 28) “se acreditamos ser algo indispensável
para constituir a atmosfera em sala de aula e um aspecto importante para o
desenvolvimento social do aluno, então encontraremos formas de fazer isso
acontecer na sala de aula”.
O professor tem que refletir sobre suas ações em sala de aula, visto que,
é através desta prática que vai acontecer a aprendizagem do aluno. Deve-se
ter clareza daquilo que se quer atingir. Segundo Ollerton (p.36) devemos
“trabalhar pontos fortes de nossa prática, conhecer a nós mesmos, reconhecer
e ser conscientes de nossos valores, bem como, ter confiança naquilo que
acreditamos, tornando nossa prática mais segura e o fortalecimento de aulas
positivas em sala de aula”.
Necessário também, a questão de como ministrar aulas sem que o aluno
seja pressionado em seu aprendizado. Na ideia de Ollerton, (2006) o professor
deve encontrar formas positivas de obter informações dos alunos sem que
este, sinta-se constrangido em não saber uma resposta ou mesmo tenha
dificuldades em alguma atividade. O professor pode organizar aulas, onde a
participação do aluno seja de forma geral, com o comprometimento do grupo,
aumentando assim a autoestima e terá ainda, abordagens mais variadas da
turma.
Importante nesta prática, é que o aluno tenha o prazer de aprender,
organizando-se para as atividades propostas e sabendo que aquele
aprendizado é para seu próprio benefício. A participação do aluno deve se dar
pela vontade de aprender, reconhecendo sua importância e valor para sua vida.
No 7º encontro, trabalhamos com a leitura e reflexão do texto produzido
pela professora PDE sobre “Família e Escola”.
Iniciamos o trabalho discutindo sobre a dificuldade que as escolas
enfrentam com relação à participação dos pais nos trabalhos desenvolvidos
durante o ano.
A escola deve incentivar a participação contínua dos pais na instituição,
promovendo encontros e programas de formação, a fim de melhorar o
entendimento sobre a escola e a preocupação do rendimento escolar dos filhos
durante o ano letivo, porém sabemos que, devido às condições sociais que as
famílias se encontram, torna-se limitada a participação ativa dos pais na
educação efetiva dos filhos. Entendemos também que, o baixo nível cultural e
educacional dos pais inibe a sua participação, sendo, muitas vezes entendido
como descaso ou incompetência dos mesmos.
A escola deve estar preparada às mudanças e a flexibilidade em retomar
valores, bem como, ir além de suas possibilidades, na busca da qualidade do
ensino e eficiência no processo ensino/aprendizagem de seus alunos.
O progresso dos alunos na escola está nesta aliança, pais e
educadores, conscientes de seu papel, sendo de responsabilidade de ambas
as partes o compromisso efetivo do aprendizado, numa relação de harmonia e
confiança, isto é, relacionamento positivo contribui para a aprendizagem e
auxilia no desempenho escolar.
A atuação dos pais na escola não deve se dar apenas em reuniões, mas
num comprometimento de conhecer a escola como um todo, participando de
grupos de estudos promovidos pela própria escola. Saber que a transmissão
do conhecimento é a sua função principal, e para que isso ocorra com
eficiência, os pais têm que valorizar o ensino que é fornecido aos seus filhos,
colaborando desta forma, para a redução do fracasso escolar.
Muitas vezes os pais demonstram receio em participar da escola,
temendo serem constrangidos pelos problemas que seu filho poderia estar
apresentando no ambiente escolar. Segundo Patto,(1999), os pais quando
chegam à escola sentem submissão e constrangimento, acreditando que foram
chamados por problemas de ordem disciplinar ou aprendizagem.
A escola deve em suas reuniões, esclarecer aos pais a importância da
participação ativa, bem como, orientá-los sobre como desenvolver no filho,
hábitos de leitura, organização com os materiais e eficiência nas atividades da
escola.
O oitavo e último encontro merece uma seção específica, pois se trata
dos resultados alcançados com o projeto PDE. Assim, segue na próxima seção
a análise desse resultados.
4. RESULTADOS OBTIDOS COM A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO.
Considerando que o fracasso escolar atinge todas as séries,
independente da classe social, Ribeiro (1982), deixa claro que a expansão do
sistema e o aumento de alunos nas escolas, tende a dificultar o trabalho dos
professores em sala de aula. Nas palavras de Marchese, (2004, p.10)
”O fracasso escolar é um fenômeno complexo e global e que não pode ser
resolvido com medidas simples e parciais. Às vezes, quando um fenômeno
complicado nos ultrapassa, tendemos a buscar soluções imediatas que a
longo prazo podem ser relativamente ineficazes. É preciso ir à raiz dos
problemas. E a raiz, neste caso, está no apoio firme e decidido à educação
por parte de toda a sociedade e dos poderes públicos”.
Desta forma, a escola necessita de estratégias bem definidas para um
trabalho eficiente e que traga bons resultados, buscando sempre a diminuição
do fracasso escolar, tendo consciência das dificuldades que o trabalho envolve,
porém, fazendo com que o grupo escolar assuma um papel de
responsabilidade, comprometimento e de forma coletiva, proporcione melhoras
significativas a essa realidade tão presente nas escolas.
Neste contexto, pretendemos iniciar um trabalho voltado aos alunos de
5ª série, já que este grupo passa por momentos de transição e adaptação,
necessitando moldar-se ao novo ambiente escolar.
Percebemos também, uma preocupação com o corpo docente que
trabalha na escola, pois é através deste grupo que o aluno torna-se parte
integrante da instituição, no qual está inserido.
Sendo assim, torna-se importante neste trabalho a conscientização do
coletivo escolar, lembrando que, o aluno que ingressa na 5ª série, adentra a
um mundo novo para ele, tendo o professor que respeitar o tempo necessário
para adaptação e socialização no ambiente escolar. Desta forma, os
professores quando aceitam trabalhar com alunos de 5ª série, devem estar
certos de que será um trabalho difícil e desafiador, tendo muitas vezes que
mudar sua prática, na tentativa de melhorar o aprendizado do aluno.
Para conseguir êxito nesta caminhada, o professor deve sempre
mostrar-se afetivo com seus alunos, apresentando postura de profissional
competente, mas também de aprendiz. Ser transparente e acolhedor,
passando a imagem de confiança e responsabilidade.
Desta forma, devemos ter clareza sobre o modo como trabalhamos e o
que queremos alcançar em nossa prática. Temos que conhecer nossos alunos
e saber quais práticas pedagógicas são eficientes para o seu aprendizado.
É importante também, que o coletivo escolar incentive os alunos de que
a reprovação não pode ser vista como um fato comum, e sim um prejuízo na
vida do educando, visto que, muitas vezes, a perda de um ano acarreta baixa-
estima e desânimo em relação aos estudos.
Por isso, devemos estar atento aos alunos que, já no início do ano
apresentam indícios de fracasso. Os professores devem incentivar seus
alunos, comentando em suas aulas experiências de êxito, mencionando o
ENEM, PSS, Ensino Médio, Universidade e outros que possam contribuir para
o interesse do aluno aos estudos, usando uma linguagem adequada ao seu
nível. Deve-se também incentivar a realização de cursos diversos aos alunos,
envolvendo instituições próximas de suas residências.
Desta forma, a escola estará trabalhando com ações positivas,
adequando os alunos a sua realidade, isto é, fazendo com que o aluno
compreenda que estudar é difícil, porém é compensador e, na maioria das
vezes, prazeroso.
Outra questão importante neste trabalho é o incentivo à qualificação dos
professores, para que estes possam realizar o processo de avaliação com
qualidade, dando ênfase ao que o aluno realmente aprendeu, discutindo com
estes seus erros e acertos, a fim de tornar o conhecimento significativo para o
aluno.
Importante, também, é a necessidade em conhecer a família do aluno,
quem auxilia nas tarefas de casa, trabalhos com data marcada e atividades que
foram realizadas na escola. Segundo Marchese (2004), percebe-se que
quando existe participação dos pais, o aluno sente segurança e vontade
aprender. Desta forma, as expectativas dos pais com relação aos seus filhos,
demonstram certa influência em seus resultados. O autor comenta ainda que,
não é o grau de estudo dos pais que interfere na aprendizagem dos filhos, mas
a participação, sendo esta, a ferramenta principal para o sucesso escolar.
Para que a participação dos pais seja assídua, a escola poderá
promover momentos agradáveis de encontros com os pais, nos quais seus
filhos possam apresentar bons trabalhos que tenham realizado durante certo
período letivo, fazendo apresentações artísticas, etc. Procurar evidenciar como
a escola tem contribuído para que os alunos avancem nos mais diferentes
aspectos: científico, tecnológico, cultural, esportivo e relacionamento humano.
A escola deve priorizar o trabalho coletivo, trocando experiências, onde
todas as disciplinas possam interagir entre si, proporcionando ao aluno maior
desempenho escolar, independente da disciplina que está sendo trabalhada. A
escola poderá ter projetos e/ou maneiras de trabalhar, visando o aprendizado
da leitura, oralidade, escrita e operações básicas da matemática. O aluno
necessita de auxílio para aprender a estudar, saber quais atividades são
importantes e se precisa de entendimento ou memorização.
Outra questão importante são as tarefas de casa, pois estas devem ser
vistas como um reforço daquilo que o aluno aprendeu durante as aulas. Para
isso, se faz necessário a ajuda dos pais para que o filho tenha uma certa
organização, isto é, ter um lugar específico para a realização das atividades,
inclusive estipular um horário diário para os trabalhos da escola. Com isso, o
aluno estará criando hábitos de estudo no dia a dia, bem como, o
comprometimento da seriedade deste momento. As tarefas de casa não
precisam necessariamente serem atividades dos conteúdos da escola, mas
também a valorização das leituras diversas, pesquisas nos livros ou internet
sobre assuntos interessantes e ainda, a memorização de conteúdos, tabuada,
como também, a interpretação de textos, etc. Desta forma, os professores
devem ter como parâmetro, as tarefas desafiadoras, cumprindo os objetivos
propostos pelas disciplinas, para que o aluno dentro da sua compreensão
possa realizá-las com sucesso.
Sabe-se também que, a leitura é fator primordial na vida das pessoas,
pois aumentamos nosso nível de conhecimento, visto que transforma nossa
vida através da reflexão e consequentemente, mudança em nossa prática
diária. Sendo assim a escola deve ter um projeto próprio de incentivo à leitura,
envolvendo os alunos, professores, bibliotecária e pais. Lembrando que, para o
sucesso do trabalho, todos os integrantes da escola devem conhecer o projeto
e incentivá-lo.
Neste contexto, a escola poderá desenvolver um trabalho onde, os
alunos participem ativamente da biblioteca, sendo incentivados pelos
professores à leitura de bons livros. Pode-se realizar também um trabalho de
leitura com a família do aluno, sendo que, cada estudante levaria para casa um
determinado número de livros, os quais seriam lidos por toda a família,
incentivando, desta forma, a leitura em conjunto de pais e filhos.
Outro ponto importante neste trabalho com as 5ª séries é conhecer as
teorias de aprendizagem da leitura e da escrita, buscando a origem das
dificuldades e quais as razões que levam o aluno a fracassar nos estudos.
Observar a aprendizagem dos alunos, quais suas necessidades ou
dificuldades, procurando conhecê-los para melhor definir se os problemas
apresentados são dificuldades ou distúrbios.
Importante também para melhoria do aprendizado do educando é
trabalhar com um projeto de Recuperação de Estudos envolvendo alunos que
apresentam dificuldades de aprendizagem. Como sugestão do grupo de
professores, a escola poderá utilizar uma hora-atividade de cada professor, a
fim de auxiliar nas questões de organização com os materiais, tarefas,
trabalhos ou dificuldades gerais apresentadas pelos alunos, no decorrer do ano
letivo. Neste trabalho, os professores da escola devem ceder uma hora
atividade para atender os alunos em contra turno. O professor quando
encaminhar um aluno ao seu colega de trabalho, deverá fazê-lo com uma ficha
com dados de suas dificuldades e o que necessita ser trabalhado. Vale
ressaltar que, este trabalho será realizado com todas as séries da escola, já
que o envolvimento no trabalho é de todo o coletivo escolar.
Considerando a obrigatoriedade do ensino da música na educação
básica, através da Lei 11.769/08, entende-se que não só o ensino de Artes
deve propor este trabalho, mas sim as disciplinas em geral, tendo como
princípio básico, atividades envolvendo a música diária em sala de aula. O
objetivo destas atividades é trabalhar com os alunos a musicalização através
de um processo lúdico, com uma concepção de construção cultural.
Em acordo com a Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990, Art. 18, onde diz,
“É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os
a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor”, a escola deve cuidar para que os trabalhos em sala de aula
sejam momentos de motivação e entusiasmo, verificando problemas gerais que
atrapalham o bom aprendizado. Ser firmes na questão do bullying, lembrando
sempre que, o aluno precisa estar tranquilo para aprender. Sendo assim, torna-
se importante conscientizar o aluno sobre o valor das normas escolares,
cuidando para que a disciplina se realize de forma natural, acarretando o bom
andamento das aulas.
Outra questão importante neste trabalho é a integração dos alunos no
ambiente escolar. Sendo assim, no final do ano letivo, a escola poderá
organizar um encontro dos alunos de 5ª série com seus colegas de 4ª série,
que certamente virão fazer parte do nosso grupo, no ano seguinte. Esse
encontro será agendado com as escolas próximas de nossa instituição e terá
como objetivo, conhecer o nosso espaço, bem como, antecipar momentos de
socialização e adaptação desses alunos em nossa escola.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresentado teve como objetivo organizar estratégias
pedagógicas para prevenção ao fracasso escolar dos alunos de 5ª série. Sabe-
se das dificuldades que a escola enfrenta diariamente no decorrer do ano
letivo, porém se a instituição apresentar um trabalho coletivo de busca e
desafios, esta consegue resultados positivos. E para que esse trabalho seja
contínuo, isto é, desenvolvido em todos os anos sucessivamente e ainda, com
o compromisso de aprovar o maior número de alunos possíveis com qualidade,
é necessário muito trabalho e disposição de todo o coletivo escolar.
Sabe-se que a busca de soluções para o enfrentamento do fracasso
escolar é bastante séria, visto que, vários são os estudiosos da educação que
procuram estratégias para amenizar essa angústia que persiste em nossas
escolas. Segundo Marchese, (2004, p.179) “Em todo o mundo, a reforma
educacional se centra cada vez mais no problema do fracasso escolar. Em seu
uso mais comum, esse termo tem um duplo significado: por um lado o fracasso
de alguns estudantes para garantir os triunfos e as oportunidades educativas
junto aos seus colegas; por outro, o fracasso das escolas para proporcionar a
todos os seus estudantes, especialmente os que procedem de ambientes
pobres ou de minoria, tais triunfos e oportunidades (OCDE, 1997)”. O autor
ainda diz que, “A esse respeito, o fracasso escolar nos remete ao fracasso na
escola e ao fracasso da escola. Cada vez com mais frequência, os dois
conceitos de fracasso escolar estão ligados”.
Desta forma, a escola, dentro de suas possibilidades e limites deverá
garantir ao coletivo escolar uma atuação pedagógica consciente, coerente e
integrada, visando a melhoria no processo de ensino/aprendizagem de seus
alunos. Sendo assim, deve-se levar em conta a clareza de ideais entre o grupo
que trabalha na escola, bem como, saber qual é a função social da escola, isto
é, que tipo de homem se quer formar, quais conteúdos terão que ser
trabalhados e ainda, quais metodologias serão utilizadas para esse processo.
Deve-se lembrar também que, cabe a escola a tarefa de garantir a
aprendizagem do aluno, e para que isso aconteça, a escola como um todo
deverá incansavelmente trabalhar dentro de seus espaços com
comprometimento e eficiência.
Sendo assim, a escola tem a difícil tarefa de encontrar formas de
trabalho, acreditando que é possível, fortalecer valores, bem como, apresentar
um ensino de qualidade, despertando no aluno a vontade de aprender. Posto
isso, necessário se faz a conscientização de todo o grupo escolar, bem como o
auxílio dos pais para o enfrentamento de um trabalho positivo, porém difícil e
desafiador, com o objetivo de reduzir a reprovação e abandono escolar.
Trabalhando neste contexto, a escola estará cumprindo seu papel como
instituição do saber, pois se acreditarmos que os alunos podem aprender com
qualidade, estaremos criando raízes e, consequentemente, inserindo os alunos
num mundo real e certamente, com condições de enfrentamento na sociedade
em que vive.
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