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FRANCINE LORENCETTI DA SILVA CAMPIONI
Análise da Microdureza e Morfologia Superficial da Dentina de Dentes
Decíduos Biomodificada com Quitosana após Indução de Lesão de
Cárie Dentária Artificial
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Doutora em Ciências.
Área de Concentração: Odontopediatria
Orientadora: Profa. Dra. Silmara Aparecida Milori Corona
Ribeirão Preto
2018
AUTORIZAÇÃO PARA REPRODUÇÃO
Autorizo para reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Lorencetti-Silva, Francine
Análise da microdureza e morfologia superficial da dentina de dentes decíduos biomodificada com quitosana após indução de lesão de cárie dentária artificial. Ribeirão Preto, 2018.
86p.: il.; 30cm
Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/USP – Área de Concentração: Odontopediatria.
Orientadora: Corona, Silmara Aparecida Milori Corona
1. Dente Decíduo 2. Quitosana 3. Odontologia Minimamente Invasiva 4. Dentina
FOLHA DE APROVAÇÃO
Lorencetti-Silva, F. Análise da Microdureza e Morfologia Superficial da Dentina de Dentes
Decíduos Biomodificada com Quitosana após Indução de Lesão de Cárie Dentária Artificial
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Doutora em Ciências
Área de Concentração: Odontopediatria
Data da defesa:____/____/____
Banca Examinadora
Prof. Dr.____________________________________________________________________
Instituição:__________________________________________________________________
Julgamento:________________________Assinatura:________________________________
Prof. Dr.____________________________________________________________________
Instituição:__________________________________________________________________
Julgamento:________________________Assinatura:________________________________
Prof. Dr.____________________________________________________________________
Instituição:__________________________________________________________________
Julgamento:________________________Assinatura:________________________________
DADOS CURRICULARES
FRANCINE LORENCETTI DA SILVA CAMPIONI
Nascimento 20 de dezembro de 1990 – Jardinópolis/SP
Filiação Marcos Elísio da Silva
Carmem Sílvia Lorencetti da Silva
2009-2012 Curso de Graduação (Universidade de São Paulo)
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto
Iniciação científica: Avaliação radiográfica digital das
estruturas periodontais, dentina e polpa dentária de crianças
com bruxismo do sono.
Orientadora: Profª. Drª. Kranya Victoria Díaz-Serrano
2013-2014 Curso de Aperfeiçoamento
Atendimento Odontológicos a Pacientes
Especiais (Universidade de São Paulo)
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto
2013-2015 Curso de Especialização em Odontopediatria
Associação odontológica de Ribeirão Preto – AORP
2013-2015 Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria
Mestrado (Universidade de São Paulo)
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto
2015-2018 Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria
Doutorado (Universidade de São Paulo)
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto
2017 -Atual Professora Adjunta Nível I (Universidade de Rio Verde)
Faculdade de Odontologia de Rio Verde
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.”
Dedicatória
DEDICATÓRIA
A Deus, pelas inúmeras bênçãos e alegrias que têm colocado em meu caminho.
Sou grata a tudo que Tem proporcionado em minha vida...Obrigada por todas as alegrias e
vitórias a mim concedidas e por sempre colocar em meu caminho pessoas especiais.
A meus pais, Carmem Silvia Lorencetti da Silva e Marcos Elísio da Silva pela
dedicação diária, por todas as vezes que me proporcionaram condições para seguir em
frente. O carinho e o amor a mim atribuídos são imensuráveis e incapazes de serem
descritos em simples palavras.
A meu marido, Bruno Campioni. Bruno, já há algum tempo você tem caminhado
junto comigo. Tem enfrentado comigo minhas batalhas, minhas dúvidas e compartilhado
minhas vitórias. Obrigada por tudo que fez e faz por mim e por, principalmente, me
impulsionar e acreditar no meu potencial. Você me transformou em uma pessoa mais
forte e, sem dúvida, muito mais capaz.
Aos meus avós, Francisco da Silva (in memorian) e Maria Biancullo da Silva (in
memorian). Sem dúvida alguma vocês foram minha fonte maior de inspiração e cuidado.
Cuidarei de vocês para sempre, pois estaremos sempre juntos, lado a lado. Meu coração se
enche de alegria ao lembrar de vocês. Sinto saudades, mas conforto por saber que vocês
cumpriram sua missão tão bem e deixaram um legado de amor, respeito, carinho e
cuidado. Obrigada por todos os anos de convivência e muito aprendizado.
Aos meus avós, Raul Lorencetti e Maria Celina Magiollo Lorencetti. Todos os
dias, tenho a certeza que terei a honra de encontrar o seu sorriso e seu carinho assim que
eu chegar para uma visita ou uma conversa. Com vocês aprendi o maior ensinamento da
vida: é preciso compartilhar o amor e a amizade, é preciso respeitar o outro para assim ser
respeitado. Sorrir é sempre a melhor solução para qualquer adversidade, mesmo nos casos
de maior dor.
Amo todos vocês!
Agradecimento Especial
AGRADECIMENTO ESPECIAL
À minha querida orientadora, Profa. Dra. Silmara Aparecida Milori Corona.
Professora tenho na senhora um exemplo de pessoa e profissional. Obrigada por todas as
incríveis oportunidades que me permitiu viver e por sempre me guiar de forma tão leve.
Aprendi que para adquirir conhecimento é preciso ter respeito e dedicação. É preciso
compartilhar, ler, discutir, buscar, mas acima de tudo, é preciso paciência, motivação e
alegria. Sim, muita alegria! Quando em tudo o que fazemos colocamos uma dose diária de
alegria as coisas acontecem de forma muito mais prazerosa e muito mais precisa. Obrigada
professora pelas risadas, oportunidades, ensinamentos e conselhos. Obrigada por acreditar
tanto em mim e no meu potencial. Sinto-me extremamente honrada por ter sido sua
orientada...
Se pensarmos pequeno, coisas pequenas teremos...
Mas se desejarmos fortemente o melhor e
principalmente lutarmos pelo melhor,
o melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo,
e não do tamanho da minha altura.
Carlos Drummond Andrade
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, na
pessoa da atual diretora Profa. Dra. Léa Assed Bezerra da Silva e à Coordenação do Curso
de Pós-Graduação em Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, na pessoa da Profª. Drª. Raquel Assed Bezerra Segato e do Vice-
Coordenador Prof. Dr. Manoel Damião de Souza Neto.
Ao Prof. Dr. Francisco Wanderley Garcia de Paula e Silva. Francisco, tenho plena
convicção de que só nos transformamos à medida que refletimos sobre nossa própria
condição e nos permitimos mudar. A mudança só é possível a partir do momento que
buscamos algo novo e aprendemos, quer seja com nossos acertos quer seja com nossos
erros. Obrigada por todos os desafios que você me impôs durante o período que fui sua
orientada, mas acima de tudo, obrigada por me permitir superar meus próprios limites e
descobrir que sou capaz. Terei você como meu exemplo, sempre.
Ao Prof. Dr. Paulo Nelson-Filho e à Profa. Dra. Alexandra Mussolino de Queiroz.
Ser Mestre exige muito mais do que o simples conhecimento. Exige o saber transmitir, o
saber cativar. Tornei-me apaixonada pela Odontopediatria pela forma tão linda que vocês
me ensinaram. Obrigada por sempre estarem ao meu lado, mas principalmente, por me
mostrarem o caminho a seguir. Espero um dia conseguir representar a Odontopediatria ao
menos um pouco o que vocês representam a mim
Ao corpo docente do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Profa. Dra. Léa Assed
Bezerra da Silva, Profa. Dra. Aldevina Campos de Freitas, Prof. Dr. Paulo Nelson-Filho,
Profa. Dra. Alexandra Mussolino de Queiroz, Prof. Dr. Fabrício Kitazono de Carvalho,
Profa. Dra. Kranya Victória Díaz-Serrano, Profa. Dra. Maria Cristina Borsatto, Profa. Dra.
Raquel Assed Bezerra Segato, Profa. Dra. Andiara de Rossi Daldegan, Profa. Dra. Mírian
Aiko Nakane Matsumoto, Profa. Dra. Maria Bernadete Sasso Stuani, Prof. Dr. José Tarcísio
Lima Ferreira, Prof. Dr. Adilson Thomazinho, Prof. Dr. Fábio Lourenço Romano e Profa.
Dra. Maria da Conceição Pereira Saraiva. Obrigada pelas inúmeras vezes que se
disponibilizaram em me auxiliar de alguma forma e por todo conhecimento transmitido.
À Ana Paula Macedo e Adriana de Mattos Gonçalves da Silva, responsáveis
técnicas no Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo por todo auxílio, disponibilidade e carinho
comigo. Obrigada pelas inúmeras vezes que me receberam quer seja durante a etapa
experimental quer seja durante a análise dos dados.
À Profa. Dra. Renata Cristina Silviera R. Ferracioli pela prontidão em
disponibilizar equipamento para desenvolvimento do presente estudo.
Às minhas querida amigas Mariana de Oliveira Daltoé, Juliana Arid e Carolina
Maschietto Puccineli. Sempre tive a certeza que não basta viver momentos que não
possam ser compartilhados. Tive a honra de caminhar junto com vocês desde o início e
tenho muito orgulho do que nos tornamos e como nos transformamos. Obrigada por
estarem ao meu lado sempre...por compartilharem tudo comigo e, principalmente, por
manterem nossa amizade sólida e forte, independente da distância que nos separa.
À minha querida amiga Fabiana Almeida Curylofo Zotti. Fabi, que presente
Deus me enviou quando nos conhecemos. Tive em você a imagem da irmã conselheira,
amiga, confidente e parceira. Obrigada por permitir aprender junto com sua paciência, sua
inteligência e seu carisma. Você será pra sempre minha grande e querida amiga. Obrigada
por tudo!
Às minhas amigas Fernanda Vicioni Marques e Ana Carolina Fumes Morgado.
Juntas rimos muito, compartilhamos nossos momentos de maior alegria, mas também
nos auxiliamos e aconselhamos umas às outras. Essa convivência nos fez crescer e aprender
que quando partilhamos nossas fraquezas e conquistas, nos tornamos muito mais fortes.
Muito obrigada, meninas...
Aos amigos e amigas que a Pós-Graduação me enviou de presente Sofia
Sampaio Meireles de Souza, Marília Moreira, Driely Barreiros, Patrícia Maria Monteiro, Sara
Silva de Oliveira, Leonardo Gontijo Matos, Daniele Lucca Longo, Denise de Souza Matos,
Katharina Morant Holanda de Oliveira, Mariana Alencar Namezio, Priscilla Coutinho
Romualdo, Danielly Cunha Araújo Ferreira, Daniela Barroso, Lídia Hidalgo, Marina
Moscardini Vilela, Paula Regina Ávila Silvano, Maria Gabriela Flores Bracho, Elaine
Machado Pingueiro, Larissa Nogueira Soares Ribeiro, Mariele Andrade, Claudia Carpio,
Thaís Aparecida Xavier, Nicole Gonçalves Lima, Raquel Morelli, Letícia Sgarbi Pinto,
Arthur Cunha, Guido Artemio Marañon Vasquez, Marjorie Homori, José Guilherme
Naves, Gabriela Solano, Isabela Ziotti, Mirian Saavedra, Reginaldo Dias Neto, Késsia
Mesquita Guimarães, Maria Cecília Gorita e Fernanda Liévena pelos momentos
compartilhados. Obrigada pela adorável convivência!
Aos meus queridos amigos da Turma LXXXIV da Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Tudo isso só foi possível porque há quase dez
anos fiz uma escolha: Ser dentista. Aprendi, junto com vocês, que ser dentista não basta,
pois nada faz sentido se estamos sozinhos. É preciso ser dentista com o olhar voltado para
o outro, para suas limitações, fraquezas e necessidades...compartilhar nos transforma, nos
motiva e transforma nossa rotina em felicidade. Eterna e fraterna 84, muito obrigada!!!
Aos funcionários Patrícia Marchi e Reginaldo Santana do Departamento de
Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Rib
eirão Preto da Universidade de São Paulo por toda ajuda e agradável
convivência.
Aos funcionários do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Marília Pacífico Lucisano,
Carolina Paes Torres Mantovani Nilza Letícia Magalhães, Marco Antônio dos Santos,
Fátima Aparecida Jacinto Daniel, Filomena Lelli Placciti, Matheus Morelli Zanela, Micheli
Cristina Leite Rovanholo, Rosemary Alves, Vera do Nascimento Scandelai, Renata Cristina
Rosa, Fátima Aparecida Rizoli. Conviver com cada um de vocês foi de grande importância
para o meu crescimento como pessoa. Tenham certeza que todas as vezes que cada um de
vocês me dirigiu atenção ou simplesmente me ouviu contribui de forma significativa para
a concretização de mais esta etapa. Cada “bom dia”, cada gargalhada compartilhada e, até
mesmo, cada consolo que recebi de vocês foi capaz de me transformar na pessoa que sou
hoje. Agradeço diariamente por ter vocês como amigos e presença em meus dias. Adoro
vocês!
Aos funcionários da Seção de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Mary Possani e Carlos Feitosa dos Santos pela
disposição e atenção para comigo.
Aos meus queridos alunos da Universidade de Rio Verde. Sinto-me honrada
por fazer parte da formação acadêmica de cada um de vocês. Todos os dias deixo minha
casa com a missão mais incrível e gratificante que existe: a de transformar pessoas e
despertar o potencial de cada um. Saibam que sou imensamente grata a cada um de vocês,
pois vocês também me transformam todos os dias no melhor que eu posso ser.
Aos meus amigos da Universidade de Rio Verde, professores e funcionários.
Obrigada a todos os amigos professores que dividem comigo a incrível jornada da
docência e a todos os funcionários pelo auxílio diário. Obrigada por compartilharem
comigo seu conhecimento, por se mostrarem sempre dispostos, mas especialmente, por
me proporcionarem sua amizade.
À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior),
pelo apoio financeiro concedido para o desenvolvimento desta pesquisa.
A todos que tornaram possível a concretização desta tese. Obrigada!
Resumo
RESUMO
Lorencetti-Silva, F. Análise da microdureza e morfologia superficial da dentina de dentes decíduos biomodificada com quitosana após indução de lesão de cárie dentária artificial. 2018. 86f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2018. Quitosana é um biopolímero natural obtido a partir da desacetilação de quitina. Embora a quitosana já seja utilizada na Odontologia, seu papel sobre o substrato dentinário de dentes decíduos não está bem elucidado. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o papel da incorporação do gel de quitosana a 2,5 % na dentina de dentes decíduos afetada por lesão de cárie. Dentes decíduos extraídos foram coletados e submetidos à indução de lesão de cárie artificial. Após teste de microdureza inicial (n=28), os dentes foram estratificados para receber gel de quitosana a 2,5%. A superfície dentinária hígida (n=3), dentina desmineralizada (n=3) e dentina biomodificada com gel de quitosana a 2,5% (n=3) foram submetidas à Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raio-X (EDS) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). O teste de microdureza também foi realizado após a indução de lesão de cárie artificial e após a biomodificação da dentina. Os dados foram avaliados usando o teste paramétrico one-way ANOVA para medidas repetidas. A análise dos dados para EDS foi efetuada por meio de teste não paramétrico de Kruskal-Wallis seguido pelo ajuste dos valores de significância pela correção de Bonferroni para múltiplos testes, bem como por meio de estatística descritiva dos dados obtidos através da fórmula: Variável de estudo – controle/ controle × 100. A biomodificação da dentina não alterou a microdureza da superfície dentinária (p=0,339). A porcentagem atômica de cálcio revelou diferenças estatisticamente significantes antre a dentina hígida e biomodificada com quitosana (p<0.022), assim como a porcentagem atômica de fósforo que se mostrou superior no grupo que sofreu a biomodificação. A MEV revelou um expressivonúmero de túbulos dentinários obliterados, porém com maior diâmetro. As imagens topográficas revelaram, ainda, uma superfície lisa e regular após a biomodificação. Embora a aplicação do gel de quitosana a 2,5% na dentina parcialmente desmineralizada em dentes decíduos não foi capaz de aumentar o valor de microdureza, a biomodificação gerou uma superfície dentinária apropriada para procedimentos restauradores adesivos. Palavras-chave: Dentição decídua, Quitosana, Odontologia Minimamente Invasiva, Dentina
Abstract
ABSTRACT
Lorencetti-Silva, F. Microhardness and surface morphology dentin analysis in primary teeth biomodified with chitosan after artificial caries lesion induction. 2018. 86f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2018. Chitosan is a natural biopolymer obtained from chitin deacetylation. Although chitosan is already used in dentistry, this role on the primary teeth dentin substrate is not well elucidated. So, the aim to this study was to evaluate the role of the 2.5% chitosan gel incorporation in primary caries-affected dentin teeth. Extracted primary teeth were collected and submitted to artificial caries induction. Teeth were stratified to receive 2.5% chitosan gel after dentin microhardness initial test (n= 28). Healthy dentin (n=3), demineralized dentin (n=3) and biomodified dentin with 2.5% chitosan gel (n=3) were submitted to Energy Dispersive X-ray Spectroscopy (EDS) and Scanning Electron Microscopy (SEM). Microhardness Test was performed too after artificial caries induction and after dentin biomodification. Data were evaluated using one-way ANOVA repeated measures parametric test. Data analysis for EDS was performed using non-parametric Kruskal-Wallis test followed by adjustment of significance values by Bonferroni correction for multiple tests, as well as by means of descriptive statistics of the data obtained using the formula: Study variable – control/control × 100. Dentin biomodification did not alter the subsurface microhardness of dentin (p=0,339). The calcium atomic percentage showed statistically significant differences between healthy and biomodificated dentin (p<0.022) and too presented superior phosphorus atomic percentage. SEM revealed expressive number of dentinal tubules obliterated, but a larger diameter. Topographic images revealed a smooth and regular surface in biomodified dentin. Although 2.5% chitosan gel application on partially demineralized dentin in primary teeth was not able to increase microhardness, the biomodification generated an appropriate dentin surface for adhesive restorative procedures.
Keywords: Primary teeth, Chitosan, Minimally Invasive Dentistry, Dentin
Sumário
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 35
PROPOSIÇÃO ............................................................................................................... 43
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 47
RESULTADOS .............................................................................................................. 57
DISCUSSÃO ................................................................................................................. 67
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 75
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 79
Introdução
Introdução | 37
INTRODUÇÃO
A cárie dentária continua a ser a doença bucal mais prevalente na população
infantil a nível mundial, apesar do declínio em sua prevalência nos últimos anos
(Benjamin, 2010; Philip et al., 2018b). No início dos anos 60 foi conceituada por Paul
Keys como uma doença infecciosa, transmissível e de caráter multifatorial, cuja
etiologia era associada à uma tríade bem definida: presença de micro-organismos,
dentes susceptíveis e presença de substratos fermentáveis, cuja atuação conjunta
em mesma intensidade induziam o processo de instalação e desenvolvimento da
doença citada (Keys, 1962; Giacam et al., 2017). Esse conceito reducionista acerca
da etiologia da cárie dentária foi modificado por Newbrum na década de 80, o qual
apresentou a cárie dentária como sendo resultante da tríade anteriormente citada
associada ao fator tempo, por se tratar de uma doença crônica, cujos sinais e
sintomas na superfície dentária levam tempo para serem detectados clinicamente
(Newbrum, 1983; Ferreira-Nóbilo et al., 2014).
Apesar do estabelecimento dos fatores causais por Keys (1962) e Newbrum
(1983) é importante destacar que a cárie dentária é considerada uma doença de
natureza multifatorial, cuja causalidade não é associada à adoção de medidas
preventivas simplistas (Philip et al., 2018a). Assim sendo, a cárie dentária deve ser
entendida como uma das doenças multifatoriais crônicas mais comuns na população
mundial, cuja susceptibilidade é mantida durante toda vida a depender de vários
fatores de risco a ela associados, o que inclui fatores ambientais (nutrição, higiene
bucal, uso de flúor e grau de colonização de bactérias cariogênicas, características
culturais, estilo de vida e status socioeconômico), fatores de risco relacionados ao
hospedeiro (fluxo e composição da saliva, capacidade tamponante, posição dos
dentes, características superficiais do esmalte dentário e profundidade das fossas e
fissuras dos dentes posteriores) e fatores hereditários (Lin et al., 2018).
Portanto, a cárie dentária deve ser entendida como uma doença causada por
uma mudança ecológica do biofilme dentário, impulsionada pela oferta frequente de
carboidratos fermentáveis advindos da dieta, cujo resultado é o shift microbiano de
uma população balanceada de micro-organismos de baixa cariogenicidade para uma
população microbiológica de alta cariogenicidade, acidogênica e acidúrica, o que
38 | Introdução
culmina na perda mineral do tecido duro dentário e gera a lesão cariosa (Fejerskov e
Larsen 2015; Innes et al., 2016). Pragmaticamente, a cárie deve ser conceituada,
como uma doença biofilme-açúcar-dependente, de caráter multifatorial, que envolve
fatores necessários (acúmulo de biofilme), fatores modificadores - tanto biológicos
quanto sociais (como eduação, classe social comportamento e atitudes), e fatores
determinantes (exposição a açúcares e flúor) para que haja instalação e
desenvolvimento da doença propriamente dita (Fejerskov, 2004; Cury et al., 2010;
Ferreira-Nóbilo et al., 2014).
Portanto, como se pôde perceber, os conceitos relacionados à etiologia da
cárie dental evoluíram ao longo das décadas (Philip et al., 2018b) e, portanto, seu
manejo deve refletir o dinamismo da doença (Machiulskiene e Carvalho, 2018).
Assim sendo, a compreensão acerca da doença cárie e sua patogênese
fizeram com que as estratégias de remoção do tecido cariado mudassem de maneira
tal que a remoção total da dentina cariada de uma cavidade não seja mais
necessária, pois a filosofia contemporânea de manejo da lesão cariosa emprega o
tratamento voltado para a paralização da doença, impedindo sua atividade e
preservando o tecido dentário sadio e a vitalidade pulpar (Schwendicke, 2017).
Por muito tempo o tratamento restaurador preconizou preparos cavitários
extensos por acreditar que assim os micro-organismos eram removidos de maneira
definitiva e eficaz, além de esta conformação auxiliar na retenção mecânica do
material restaurador, conceitos estes não mais difundidos graças à incorporação de
materiais adesivos na área odontológica e também à melhor compreensão acerca da
doença cárie (Banerjee et al., 2017).
O conceito de Odontologia Minimamente Invasiva adota um perfil filosófico
que integra a prevenção, a remineralização e a intervenção mínima para inserção de
restaurações, de modo a utilizar-se de abordagens cirúrgicas menos invasivas,
removendo minimamente os tecidos dentais saudáveis (Mm et al., 2014).
Dessa forma, a remoção seletiva de tecido cariado em dentes decíduos têm
se mostrado uma técnica vantajosa e constitui uma alternativa definitiva de
tratamento restaurador, haja visto que este tipo de tratamento inativa as lesões de
cárie e reduz os níveis de micro-organismos cariogênicos no tecido dentinário, ao
mesmo tempo em que reduz o risco de exposição do tecido pulpar e impede a
Introdução | 39
progressão da atividade cariogênica na lesão. (O'Connell, 2012; Ribeiro et al., 2012;
Elhennawy et al., 2018).
Obviamente que há diferenças morfológicas e estruturais no tocante ao
substrato dentinário a depender se a dentina é classificada como infectada ou
afetada pela lesão de cárie (Costa et al., 2017). A camada de dentina infectada
apresenta superfície necrótica com um grande número de bactérias, sendo
completamente desmineralizada e com estrutura colágena desorganizada, cuja
presença de presença de tecido desmineralizado está associada à zona necrótica
(Macedo et al., 2009; Banerjee et al., 2010; Almeida Neves et al., 2011; Banerjee et
al., 2013; Silva Júnior et al., 2015; Costa et al., 2017). Em contrapartida, a dentina
afetada apresenta pouca mudança estrutural no que diz respeito à conformação de
colágeno e, portanto, é passível de remineralização, apresentando pouca ou
nenhuma bactéria, cujo contraste com a dentina hígida se dá por meio de
precipitados mineralizados no interior dos túbulos dentinários (Almeida Neves et al.,
2011; Mobarak et al., 2012; Banerjee et al., 2013; Silva Júnior et al., 2015; Costa et
al., 2017).
Dentro deste contexto, deve-se deixar claro que apenas a dentina infectada
precisa ser removida para que se concretize o processo de preparo cavitário, onde a
dentina afetada, passível de remineralização a partir de um procedimento
restaurador bem realizado, pode permanecer, de maneira a evitar escavação de
dentina próximo à polpa, haja visto que a remoção parcial do tecido cariado é
limitado à parede pulpar e paredes axiais (Thompson et al., 2008; Frencken et al.,
2012; Innes et al., 2016).
As evidências científicas suportam a ideia de que a mínima intervenção das
lesões de cárie preserva o tecido dental ao mesmo tempo em que mantém a
integridade da polpa e retarda a inserção do indivíduo em um ciclo restaurador
destrutivo (Benerjee et al., 2017). Portanto, é de se compreender que a remoção
seletiva do tecido cariado se mostra preferível quando comparada à remoção
completa do mesmo, de maneira a reduzir os riscos de exposição pulpar (Thompson
et al., 2008), o que coloca o uso de técnicas minimamente invasivas de remoção de
tecido cariado muito importante (Casagrande et al., 2016).
40 | Introdução
É fato que a dentina de dentes decíduos difere dos dentes permanentes,
onde foi possível observar que há uma redução gradual nos valores da dureza e do
módulo de elasticidade da dentina à medida que se aproxima do tecido pulpar
(Angker, et al., 2003). É importante ressaltar que as diferenças regionais no tocante
à microdureza na superfície dentinária podem alterar a distribuição das tensões ao
longo da interface, e assim, determinar a localização de falhas (Fuentes et al., 2003).
No entanto, é fato que a dureza do tecido dentinário é dependente diretamente do
seu grau de mineralização e, quando se trata de dentina cariada, os valores da
dureza também estão na dependência no estágio de progressão da doença, o que
configura uma redução nestes valores nos períodos iniciais da lesão (Benerjee et al.,
1999). Apesar disso, é importante ressaltar que as porções orgânica e inorgânica da
dentina configuram um quadro estrutural de fundamental importância para
manutenção da integridade mecânica dos dentes (Kishen et al., 2006; Kishen et al.,
2016), e portanto, melhorar as propriedades mecânicas da estrutura dentinária a
partir destes componentes, se revela pertinente.
Diante de todo o exposto, fica claro que a biomodificação da dentina reforça
a estrutura dentinária e altera a bioquímica local, bem como suas propriedades
mecânicas (Bedran-Russo et al., 2014). Por isso, diversos estudos têm sugerido
diferentes abordagens para melhorar o potencial de adesão das fibras colágenas da
dentina, incluindo a utilização de biopolímeros, como a quitosana (Fawzy et al.,
2013).
A quitosana foi identificada pela primeira vez em 1811 em cogumelos pelo
francês Henri Braconnot sob a forma de quitina e, desde então, pesquisas têm sido
conduzidas com a mesma (Patrulea et al., 2015; Periayah et al., 2016). Este
biopolímero é quimicamente categorizado como um aminopolissacarídeo linear, cuja
composição é formada por glicosamina e unidades de N-acetil glucosamina unidas
por meio de ligações glicosídicas β(1-4) após a N-desacetilação da quitina, a qual
constitui seu polímero original (Patrulea et al., 2015). A quitina, também denominada
poli(β-(1→4) -N-acetil-d-glucosamina), é um polissacarídeo natural encontrado na
forma de microfibrilas cristalinas ordenadas, quando em estado nativo, no
exoesqueleto de crustáceos, insetos e na parede celular de fungos e leveduras
(Rinaudo, 2006; Ifuku, 2014; Younes e Rinaudo, 2015). É o segundo biopolímero
Introdução | 41
mais abundante na natureza, porém, muitas vezes descartado por não ser solúvel
em qualquer solvente e, assim, precipitar imediatamente, uma vez que apresenta
estrutura linear, alta cristalinidade e organização sob a forma de nanofibras (Ifuku,
2014).
Como explicitado anteriormente, a quitosana é um polímero catiônico obtido
a partir da desacetilação parcial alcalina de quitina, normalmente derivada de
crustáceos, mas também encontrada no exoesqueleto de artrópodes e na parede
celular de fungos e leveduras (Elsaka e Elnaghy, 2012; Younes e Rinaudo, 2015;
Ahmed e Aljaeid, 2016). Apesar de constituir uma base fraca insolúvel em água e em
solventes orgânicos, a quitosana torna-se solúvel quando diluída em soluções ácidas
aquosas de ácido acético, cítrico, tartárico e fosfórico (Chandy e Sharma, 1990;
Ahmed e Aljaeid, 2016;) e reúne características biológicas de grande importância, de
modo a destacar seu amplo espectro de ação antibacteriana (bactérias Gram-
positivas e Gram-negativas) e sua ação antibiofilme relacionadas, em parte, à carga
catiônica deste composto, o qual interage com a superfície bacteriana carregada
negativamente e reduz a permeabilidade da célula bacteriana, o que culmina na
morte celular, além de reunir outras carcaterísticas importantes, como a
biocompatibilidade e mucoadesão (Hu et al., 2007; Xia et al., 2011; Elsaka e
Elnaghy, 2012; Debnath et al., 2017).
Quando utilizada em sistemas scaffolds, a quitosana melhora a resistência
mecânica, a taxa de biodegradação e a capacidade de proliferação celular, além das
propriedades antibacteriana, homeostática e mucoadesiva, podendo atuar também
como um agente acelerador do processo de cicatrização (Tangsadthakun et al.,
2007; Patrulea et al., 2015). Quando aplicada diretamente sobre a dentina, este
composto tem a capacidade de agir sobre o biofilme, desagregando-o, além de servir
como agente quelante na dentina radicular (Del Carpio-Perochena et al., 2015). De
fato, a modificação do substrato dentinário com quitosana associada à riboflavina
aumenta as propriedades mecânicas e melhora a estabilidade mecânica contra a
degradação hidrolítica e colagenolítica (Fawzi et al., 2013).
Dessa forma, e diante de todo o exposto, a quitosana representa um
biopolímero de grande potencial de aplicação como biomaterial, graças às suas
propriedades biocompatíveis e funcionais citadas (Arnaud et al., 2010).
42 | Introdução
O papel exclusivo da quitosana sobre o substrato dentinário, porém, não está
bem elucidado. E mais, o papel deste composto na microdureza do substrato
dentinário em dentes decíduos permanece completamente desconhecido.
Assim, diante do exposto, torna-se necessário avaliar o papel da
incorporação do biopolímero quitosana na dentina afetada por cárie em dentes
decíduos, de maneira a avaliar a participação deste composto na melhora da
morfologia de superfície e composição química da matriz dentinária após a aplicação
deste biopolímero.
Proposição
Proposição | 45
PROPOSIÇÃO
O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da biomodificação da
dentina por meio de aplicação do gel de quitosana a 2,5% na microdureza e
morfologia de superfície na dentina de dentes decíduos submetidos à indução de
lesões de cárie artificiais, de maneira a simular a dentina afetada.
Os objetivos específicos foram:
1. Avaliar in vitro, da solução de quitosana a 2,5% na microdureza
subsuperficial;
2. Identificar e quantificar, por meio de espectroscopia eletrônica de análise
química (EDS), os elementos químicos presentes nos diferentes grupos
experimentais;
3. Avaliar in vitro, a estrutura superficial da dentina por meio de análise
qualitativa da estrutura utilizando como método a microscopia eletrônica
de varredura.
Material e Métodos
Material e Métodos | 49
MATERIAL E MÉTODOS
Delineamento Experimental
O fator estudado foi a biomodificação da dentina em dois níveis: aplicação de
gel de quitosana a 2.5% e sem biomodificação. O delineamento experimental foi
realizado em blocos completos casualizados, onde as variáveis de resposta foram: 1)
análise quantitativa (KNH) da microdureza da subsuperfície (n=10); 2) análise do
percentual atômico de Cálcio (Ca) e Fósforo (P), bem como a relação Ca/P de cada
grupo por meio de Espectroscopia Eletrônica de Análise Química (EDS) (n=3); 3)
análise qualitativa da morfologia da superfície por meio de Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV) (n=3).
Seleção dos dentes
Foram selecionados 60 molares decíduos hígidos advindos do Biobanco de
Dentes da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP, após aprovação do
estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto – USP (CAAE nº 57839116.9.0000.5419 – Anexo 1). Inicialmente, os mesmos
foram limpos com auxílio de cureta tipo Gracey e foram submetidos à profilaxia com
pedra-pomes e água, utilizando para tanto escovas de Robinson montadas em
contra-ângulo em baixa rotação. Posteriormente, os dentes foram examinados
macroscopicamente com auxílio de uma lupa estereoscópica (Leica Microsystems,
Wetzlar, Alemanha) em aumento de 20× para detectar possíveis alterações
estruturais. Os dentes foram, então, armazenados em água destilada à temperatura
de 4ºC até o início dos experimentos.
Preparo da amostra
Os dentes decíduos que ainda apresentavam raízes foram seccionados
transversalmente na junção amelocementária utilizando para tanto disco diamantado
montado em máquina de corte (Isomet 1000, Buehler, Alemanha).
As coroas dos dentes decíduos foram, então, polidas com uso de Politriz
giratória (DP-9U2; Struers S/A, Copenhagen, Dinamarca), sendo tal procedimento
realizado sob refrigeração à água com lixas de carbeto de silício de granulações 280
50 | Material e Métodos
e 1200 (Buehler Ltc., Lake Bluff, IL, USA), de maneira que todo o esmalte foi
removido. Após este procedimento, as superfícies dentinárias foram avaliadas em
lupa esteroscópica, com aumento de 20× para assegurar que todo o esmalte foi
removido. Na sequência, as coroas dentais foram seccionadas longitudinalmente no
sentido mésio-distal utilizando disco diamantado série 15LC de 0,3 mm de espessura
montado em máquina de corte (Isomet 1000; Buehler, Alemanha), sob refrigeração,
resultando assim em 2 fragmentos para cada coroa seccionada medindo 7×3×3 mm
de dentina da face oclusal cada um.
Uma vez obtidos os fragmentos, estes foram devidamente fixados em
matrizes de teflon utilizando cera fundida, de maneira tal que as superfícies
dentinárias permaneceram voltadas para o meio externo. Os espécimes, então,
receberam polimento final das superfícies dentinárias expostas com pasta de alumina
nas granulações 0,3 μm e 0,05 μm (Arotec S/A Ind. Com., São Paulo, Brasil) em
feltro polidor (ATM, Altenkirchen, Alemanha) e sob refrigeração. Finalizada esta
etapa, os fragmentos foram armazenados em tubos cônicos de 5 mL (Eppendorf
Tube® 5.0 mL, Merck KGaA, Darmstadt, Germany) com água destilada a 4ºC.
Grupos experimentais
Após o preparo das amostras, os espécimes foram devidamente alocados em
grupos experimentais, conforme descrito na Figura 1.
Material e Métodos | 51
Figura 1 - Fluxograma Experimental.
Após hemissecção dos 60 molares decíduos hígidos, conforme descrito
previamente, um total de 120 espécimes foram obtidos e submetidos ao teste de
microdureza inicial. Deste total, 28 espécimes foram selecionados para realização dos
experimentos tendo como base o valor médio de microdureza de todos os
espécimes. Deste total de 28 espécimes selecionados, 6 foram destinados à análise
em EDS (n=3) e MEV (n=3). Após indução química de lesões de cárie, outros 6
espécimes foram destinados à análise em EDS (n=3) e MEV (n=3), sendo 10
espécimes destinados à análise de microdureza. Após a biomodificação da dentina
com gel de quitosana a 2,5%, outros 6 espécimes foram destinados à análise em
52 | Material e Métodos
EDS (n=3) e MEV (n=3), enquanto os outros 10 espécimes foram novamente
submetidos à análise da microdureza.
Preparo do gel de Quitosana a 2,5%
O gel de quitosana a 2,5% utilizado no presente estudo foi preparado no
Laboratório de Pesquisas em Dentística do Departamento de Odontologia
Restauradora da FORP-USP, utilizando para tanto 2,5 gramas de quitosana (Sigma-
Aldrich, Saint Louis, MO, EUA) de baixo peso molecular (75-85% de desacetilação)
(Chung et al., 2016), a qual foi adicionada, lentamente, a 100 mL de solução de
ácido acético 1%, sob agitação magnética (Marconi Equip. Lab. Ltda, Piracicaba, SP,
Brasil) durante 20 min (tempo suficiente para solubilizar o polissacarídeo). Para
evitar a agregação das partículas e elevar o pH da solução (pH = 4,3), foi
adicionado 1 mol/L de solução NaOH (Daood et al., 2013; Fawzy et al., 2013).
Análise Quantitativa (KHN) da Microdureza da Subsuperfície Dentinária
Para análise da microdureza, os fragmentos de dentina seccionados
conforme descrito previamente, foram posicionados em matriz de teflon com cera
fundida e auxílio de paralelômetro e polidos em Politriz giratória refrigerada (Buehler,
Chicago,EUA). O polimento foi feito com lixas de granulação #1200 para obter uma
superfície perfeitamente lisa e sem irregularidades superficiais, sendo tal polimento
finalizado com pastas de alumina 0,3 e 0,05 µm (Struers A/S, Copenhagen,
Dinamarca) em feltro polidor. Após o polimento, todas as hemi-secções foram
submetidas ao teste de padronização das amostras em relação aos valores de
microdureza das superfícies dentais correspondentes. Para tanto, foram realizadas
três leituras na lateral dos fragmentos (subsuperfícies) distantes 30 μm da superfície
e 100 μm uma da outra no microduromêtro HMV-2000 (Shimadzu Corporation,
Kyoto, Japão), conforme ilustrado na Figura 2 (Hara et al., 2003) com penetrador de
diamante para dureza Knoop (KHN) e carga estática de 10 gf aplicada por 15
segundos (de Siqueira Mellara et al., 2014). A média das três medidas foi utilizada
como o valor de microdureza do fragmento, sendo que os fragmentos que
apresentaram valor médio 20% superior ou inferior ao valor da média geral de
todos os fragmentos serão descartados (De Menezes et al., 2007). Após indução da
Material e Métodos | 53
lesão de cárie, foi efetuada uma nova leitura dos valores de microdureza, bem como
após o tratamento com gel de quitosana a 2,5%, sendo estas realizadas conforme
descrito previamente. A média das três medidas efetuadas foi utilizada como o valor
de microdureza do fragmento após a indução da lesão de cárie, sendo o valor obtido
comparado aos valores posteriormente obtidos com o tratamento com o gel de
quitosana a 2,5%. A aplicação do gel de quitosana a 2,5% preparada foi realizada
com auxílio de seringa, recobrindo toda a dentina e permaneceu na superfície por 1
minuto (Stamford-Aranaud et al., 2010) O gel foi aplicado de maneira a recobrir toda
a superfície dentinária por um minuto. Após este tempo, os espécimes foram lavados
com água destilada por 15 segundos e secos em papel absorvente, de maneira a
remover os excessos de água provenientes da lavagem (Curylofo-Zotti et al., 2017).
Figura 2 - Representação esquemática de análise da microdureza na subsuperfície dos espécimes.
Indução das lesões de cárie artificiais
Para indução das lesões de cárie artificiais em dentina foi utilizado o
protocolo previamente descrito por Marquezan at al., 2009, o qual utilizou a ciclagem
do pH através do uso de duas soluções: uma desmineralizante e uma
remineralizante.
A solução desmineralizante foi composta por 2 mM de CaCl2, 2,2 mM de
NaH2PO4 e 50 mM de ácido acético com pH ajustado para 4,8. A solução
remineralizante, por outro lado, foi constituída por 1,5 mM de CaCl2, 0,9 mM de
54 | Material e Métodos
NaH2PO4 e 0,15 M de KCl com pH ajustado para 7,0. Após o preparo, ambas
soluções foram mantidas à temperatura de 4ºC.
Para indução das lesões de cárie artificiais propriamente ditas, as faces
laterais de cada espécime foram protegidas com cera para escultura de prótese fixa
(Kota Ind. E Com. Ltda., São Paulo, Brasil), de modo a manter exposta apenas a
superfície dentinária. Sequencialmente, cada fragmento foi fixado individualmente
em frascos de acrílico limpos, presos a embalagens plásticas com tampa. Cada
espécime foi ciclado em 10 mL de cada solução: por 8h foram mantidos em solução
desmineralizante e por 16h em solução remineralizante. Este procedimento foi
realizado por um período de 14 dias em temperatura ambiente.
Espectroscopia Eletrônica de Análise Química (EDS)
Foram utilizados um total de 18 fragmentos destinados à EDS e MEV (n=3),
distribuídos aleatoriamente em 3 grupos (dentina hígida, dentina desmineralizada e
dentina biomodificada com gel de quitosana a 2.5%).
Após a indução de lesão de cárie artificial, foi realizada a biomodificação da
superfície dentinária com gel de quitosana a 2,5%. Como já citado, o gel foi aplicado
de maneira a recobrir toda a superfície dentinária por um minuto. Após este tempo,
os espécimes foram lavados com água destilada por 15 segundos e secos em papel
absorvente, de maneira a remover os excessos de água provenientes da lavagem
(Curylofo-Zotti et al., 2017).
A leitura por meio de EDS se baseia na emissão de energia proveniente de
átomos e íons excitados para identificação e quantificação dos elementos químicos
presentes em uma amostra. com detector de Espectrometria de Energia Dispersiva
(EDS) acoplado (EVO 50; Carl Zeiss, Cambridge, Inglaterra) pertencente ao
Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura do Departamento de Química da
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, Ribeirão Preto, SP e as porcentagens
atômicas de Cálcio (Ca), Fósforo (P) presentes na superfície, bem como a relação
Ca/P, foram determinadas. Para tal análise, foi utilizado um aumento de 300×,
utilizando uma distância de trabalho (wd) de 8,5 mm e voltagem de aceleração do
feixe de elétrons de 20,00 kV e detector de comprimento químico BSD.
Material e Métodos | 55
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) da Superfície Dentinária
Para análise em Microscopia Eletrônica de Varredura (n=3), os espécimes
foram imersos em solução de glutaraldeído a 2,5% em tampão de cacodilato de
sódio a 0,1 M, com pH ajustado para 7,4 (Merck KGaA, Darmstadt, D-64293,
Alemanha) por um período de 12 horas. Após este período, os mesmos foram
lavados em água destilada por 1 hora (3 lavagens com duração de 20 minutos cada
uma) e secos com papel absorvente. Sequencialmente, os espécimes foram
desidratados em séries crescentes de etanol (Labsynth Ltda., Diadema, SP, Brasil):
25% (20 minutos), 50% (20 minutos), 75% (20 minutos), 95% (30 minutos) e
100% (60 minutos). Após secagem dos espécimes em papel absorvente, os mesmos
foram imersos em hexametildisilazano (HDMS - Merck KgaA, Darmstadt, D-64293,
Alemanha) por 10 minutos em capela. Após este período os fragmentos foram secos
em papel absorvente e fixos em stubs com fita dupla-face de carbono, cobertos com
fina camada de carbono e liga ouro-paladium em aparelho de metalização à vácuo
(Bal-Tec AG,Balzers, Liechtenstein) e levados ao Microscópio Eletrônico de Varredura
(EVO 50; Carl Zeiss, Cambridge, Inglaterra) do Departamento de Química da
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP, onde foi realizada a
varredura de toda superfície dentinária e, em seguida, fotografadas as áreas mais
representativa de cada grupo em aumento de 1000×.
A análise descritiva das características da superfície da dentina dos grupos
foi realizada por 1 examinador cego, devidamente calibrado e que não participou da
fase experimental. Durante a análise, o examinador era cego a todas as informações
relativas aos grupos testados.
O examinador recebeu um conjunto completo de fotomicrografias (Ampliação
de 1000x) e avaliou uma área correspondente a aproximadamente 60x40 µm. As
legendas de cada fotomicrografia foram cobertas para que o mesmo não soubesse a
qual grupo pertencia cada amostra avaliada. A análise morfológica da superfície
dentinária foi baseada nas características dentinárias estabelecidas em estudos
anteriores que utilizaram dentes decíduos (Nör et al., 1997; Marquezan et al., 2009).
Foram considerados os seguintes itens para análise da morfologia de superfície:
contagem de túbulos dentinários que permaneceram parcial ou completamente
obliterados, a condição da dentina peritubular na região de abertura dos túbulos
56 | Material e Métodos
dentinários (removida ou intacta) e topografia da dentina intertubular
(rugosa/lisa/desmineralizada/superfície irregular ou regular).
Análise estatística
Os resultados obtidos foram submetidos à análise exploratória seguindo os
conceitos clássicos de estatística. A homogeneidade de variância e distribuição
normal das curvas do modelo matemático para a variável microdureza foram
avaliadas quantitativamente por meio de teste de Shapiro-Wilk, utilizando para tanto,
o programa estatístico SPSS versão 2.5 (IBM® SPSS® Statistics). Por apresentar
distribuição normal, os dados foram sequencialmente avaliados por meio de teste
paramétrico one-way ANOVA de medidas repetidas. A análise dos dados para EDS
foi efetuada por meio de teste não paramétrico de Kruskal-Wallis seguido pelo ajuste
dos valores de significância pela correção de Bonferroni para múltiplos testes, bem
como por meio de estatística descritiva dos dados obtidos.
Resultados
Resultados | 59
RESULTADOS
Análise Quantitativa (KHN) da Microdureza da Subsuperfície Dentinária
A Figura 3 mostra os intervalos de confiança (IC 95%) para a microdureza
da subsuperfície dentinária obtida em três momentos: na dentina hígida, na dentina
desmineralizada (indução química de lesão de cárie) e após a biomodificação da
dentina desmineralizada com gel de quitosana a 2,5%.
Os intervalos do grupo dentina hígida e dentina desmineralizada não se
sobrepõem, o que indica diferença entre os referidos grupos e, portanto, redução da
microdureza da superfície dentinária após indução química de lesões de cárie. O
mesmo pôde ser observado entre os grupos dentina hígida e dentina
desmineralizada e biomodificada com gel de quitosana a 2,5%. Por outro lado, houve
intersecção dos intervalos entre o grupo dentina desmineralizada e dentina
desmineralizada modificada com o gel de quitosana.
Figura 3 - Intervalos de confiança (IC 95%) das medidas de microdureza.
A indução química de lesões cariosas resultou na redução da microdureza da
dentina (p<0,001). Na comparação entre biomodificação ou não da dentina
desmineralizada com gel de quitosana a 2,5%, o valor médio de microdureza da
dentina residual apresentou um sutil aumento após a biomodificação, porém não
resultou em diferença estatisticamente significante (p=0,339) (Tabela 1).
60 | Resultados
Tabela 1 - Média (desvio-padrão) e intervalo de confiança (limite inferior e limite superior) da microdureza da subsuperfície dentinária (n=10).
Grupos Intervalo de Confiança (95%)
Média DP Limite Inferior Limite Superior Dentina Hígida 34,160 3,875 31,387 36,933 Dentina Desmineralizada 5,058* 1,772 3,790 6,326 Dentina Biomodificada 6,165* 2,658 4,264 8,067
* indica diferença com grupo dentina hígida; & indica diferença entre grupo dentina desmineralizada e dentina biomodificada (Teste Bonferroni com comparação por Método Pairwise; p<0,05).
Espectroscopia Eletrônica de Análise Química (EDS) da Superfície
Dentinária
Os diferentes grupos apresentaram diferenças estatisticamente significantes
com relação aos níveis de Ca, P, bem como na relação Ca/P após análise por EDS
(p<0,027) (Tabela 2).
Tabela 2 - Teste não-paramétrico da Espectroscopia Eletrônica de Análise Químicaa.
Ca P Ca/P H de Kruskal-Wallis 7,200 7,200 7,200 gl 2 2 2 Significância Sig. ,027 ,027 ,027 a. Teste Kruskal Wallis
*indica diferença entre grupos (p<0,05). Valores de significância foram ajustados pela correção de Bonferroni para múltiplos testes.
A comparação entre os diferentes grupos analisados, porém, revelou que a
porcentagem atômica do elemento cálcio apresentou diferenças estatisticamente
significantes entre o grupo de dentina hígida e dentina biomodificada (p<0,022), o
que indica que após a perda do referido elemento através do processo de
desmineralização o mesmo não foi recuperado após a biomodificação da dentina.
Portanto, não houve reposição de cálcio na superfície da dentina desmineralizada e
biomodificada com gel de quitosana a 2,5% a níveis próximos daqueles encontrados
na dentina hígida (Tabela 3).
Tabela 3 - Comparação entre grupos da porcentagem atômica (% at.) do elemento cálcio (Ca). Erro padrão e significância ajustada pela correção de Bonferroni.
Comparação entre grupos - % at. P EP Sig. Ajust.
Dentina hígida – Dentina desmineralizada 2,236 0,539
Dentina hígida – Dentina Biomodificada 2,236 0,022*
Resultados | 61
Um quadro semelhante pôde ser observado com relação à porcentagem
atômica de fósforo presente nas amostras dos grupos analisados, porém em relação
inversamente proporcional ao cálcio. A dentina biomodificada apresentou
porcentagem atômica do referido elemento superior quando comparada ao grupo de
dentina hígida, o que confirma, portanto, a perda de cálcio também observada.
Contudo, a biomodificação da dentina desmineralizada não demonstrou diferença
estatisticamente significante quando comparada ao grupo com dentina
desmineralizada e sem biomodificação (Tabela 4).
Tabela 4 - Comparação entre grupos da porcentagem atômica (% at.) do elemento fósforo (P). Erro padrão e significância ajustada pela correção de Bonferroni.
EP Sig. Ajust.
Dentina hígida – Dentina desmineralizada 2,236 0,539
Dentina hígida – Dentina Biomodificada 2,236 0,022*
*indica diferença entre grupos (p<0,05). Valores de significância foram ajustados pela correção de Bonferroni para múltiplos testes.
Dessa forma, foi possível constatar que a relação Ca/P presente nas
amostras também apresentou diferenças estatisticamente significantes apenas entre
o grupo de dentina desmneralizada e biomodificada e dentina hígida, o que
corrobora com o descrito até o presente momento (Tabela 5).
Tabela 5 - Comparação entre grupos da relação Ca/P. Erro padrão e significância ajustada pela correção de Bonferroni.
Comparação entre grupos – Relação Ca/P EP Sig. Ajust.
Dentina hígida – Dentina desmineralizada 2,236 0,539
Dentina hígida – Dentina Biomodificada 2,236 0,022*
Dentina desmineralizada – Dentina Biomodificada 2,236 0,539
*indica diferença entre grupos (p<0,05). Valores de significância foram ajustados pela correção de Bonferroni para múltiplos testes.
Apesar de a análise estatística não apontar diferenças estatisticamente
significantes, deve-se levar em consideração a natureza das amostras e o n de seus
grupos representativos. Como é possível observar na Figura 4, apesar de o teste
estatístico não apontar diferenças estatisticamente significantes, é possível observar
tendência à diferenças estatisticamente significantes entre os três grupos analisados
no referente à porcentagem atômica de cálcio, bem como em relação à porcentagem
62 | Resultados
atômica de fósforo (Figura 5) e a relação Ca/P (Figura 6), o que demonstra
tendência à redução nos níveis de Ca tanto no grupo de dentina desmineralizada
quanto biomodificada em relação ao gruo controle, bem como entre ambas, e o
inverso em relação aos níveis de fosfato nas amostras.
Figura 4 - Intervalos de Confiança (IC 95%) para porcentagem atômica (%at.) de Cálcio.
Figura 5 - Intervalos de Confiança (IC 95%) para porcentagem atômica (%at.) de Fósforo.
Resultados | 63
Figura 6 - Intervalos de Confiança (IC 95%) para relação cálcio/fósforo (Ca/P).
Portanto, devemos considerar que, apesar do apontado em números
absolutos, é possível constatar que a indução química de lesão de cárie (dentina
desmineralizada) culminou em uma perda de cálcio de 7,98%, quando comparada ao
grupo de dentina hígida (controle). Por sua vez, a biomodificação da dentina por
meio da aplicação de gel de quitosana a 2,5% gerou uma perda de cálcio de 21,22%
quando comparada ao grupo de espécimes que sofreram desmineralização por
indução química. Assim sendo, a biomodificação da dentina desmineralizada não
resultou em recuperação dos níveis de cálcio perdidos durante a indução química de
lesão de cárie, ao contrário, induziu à maior perda do mesmo, sendo a porcentagem
atômica de cálcio presente na dentina desmineralizada e biomodificada 27,5% menor
quando comparada à quantidade presente na dentina hígida. O inverso foi observado
em relação ao nível percentual de fósforo presente nas amostras, como já
mencionado anteriormente. Foi observado um aumento de 13,44% do elemento
citado nos espécimes desmineralizados quando comparado ao grupo controle, ao
passo que o tratamento com a quitosana sob a forma de gel aumentou o nível de
fósforo nas amostras em 29% em relação ao grupo de dentina desmineralizada sem
biomodificação. Esses valores percentuais, dessa forma, representam 46,35% a mais
da porcentagem atômica de fósforo na dentina biomodificada em relação à dentina
hígida. Assim sendo, a relação cálcio/fósforo (Ca/P) se mostrou variada entre os
64 | Resultados
grupos estudados. Essa relação reduziu 17,6% no grupo de dentina desmineralizada
quando comparada ao grupo de espécimes com dentina hígida, sendo essa redução
de 37,93% no grupo submetido à biomodificação da dentina desmineralizada com
aplicação do gel de quitosana a 2,5% em relação ao grupo de dentina
desmineralizada (Tabela 6).
Tabela 6 - Média (desvio-padrão) e intervalo de confiança (limite inferior e limite superior) da porcentagem atômica dos elementos Ca e P e sua relação (Ca/P) nos grupos estudados (n=3).
Intervalo de Confiança (95%)
Elemento Grupos Média (% at.) DP Mediana Limite
Inferior Limite Superior
Ca
Dentina Hígida 62,759 0,430 62,759 61,69 63,827 Dentina
Desmineralizada 57,750 1,091 57,167 55,04 60,46
Dentina Biomodificada 45,496 5,784 44,328 31,127 59,864
P
Dentina Hígida 37,241 0,430 37,41 36,172 38,309
Dentina Desmineralizada 42,249 1,091 42,833 39,539 44,959
Dentina Biomodificada 54,504 5,784 55,672 40,135 68,872
Ca/P
Dentina Hígida 1,66 0,061 1,662 1,507 1,813
Dentina Desmineralizada 1,368 0,062 1,334 1,213 1,522
Dentina Biomodificada 0,849 0,203 0,796 0,344 1,354
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) da Superfície Dentinária
As imagens representativas de cada grupo estão dispostas na Figura 7.
Resultados | 65
Figura 7. Fotomicrografias representativas da morfologia de superfície dos grupos experimentais: A. Dentina hígida. B. Dentina desmineralizada. C. Dentina desmineralizada e biomodificada com gel de Quitosana a 2,5%. Imagens em aumento de 1000×. D. Dentina desmineralizada e biomodificada com gel de Quitosana a 2,5%. Imagem com aumento de 10000×.
Como é possível observar na imagem representativa ao grupo de dentina
hígida e, portanto, sem biomodificação, os túbulos dentinários se encontram abertos,
ou seja, sem obliteração parcial ou total. Ainda, a dentina peritubular na região de
abertura dos túbulos dentinários referente ao grupo de dentina hígida permaneceu
intacta, sendo possível observar túbulos dentinários uniformemente distribuídos em
toda superície, de tamanho semelhante e sem obliteração. A dentina intertubular
apresenta superfície lisa e regular.
Por outro lado, a Figura 3-B revela diferenças topográficas relacionadas à
dentina desmineralizada e sem biomodificação. Com relação ao número de túbulos
dentinários parcial ou completamente obliterados, é possível observar que após a
indução química de lesões de cárie e desmineralização da superfície dentinária, os
túbulos quase que em sua totalidade apresentam certo grau de obliteração. A
dentina peritubular neste grupo foi removida, culminando em túbulos dentinários de
66 | Resultados
maior diâmetro, porém parcial ou completamente obliterados. A dentina intertubular
apresentou superfície rugosa, desmineralizada e irregular.
A biomodificação da dentina desmineralizada revelou, porém, características
topográficas interessantes. Como é possível observar na imagem representativa do
grupo (Figura 3-C), o número de túbulos dentinários que estão parcial ou
completamente obliterados ainda é expressivo, porém estas estruturas se
apresentam com maior diâmetro. Por se tratar de dentina que foi desmineralizada,
porém biomodificada, as imagens topográficas revelam uma superfície com ausência
de dentina peritubular, porém superfície lisa e regular. Os túbulos dentinários
apresentaram maior diâmetro de abertura, porém ainda se encontram parcial ou
completamente obliterados. A Figura 3-D representa a dentina desmineralizada e
biomodificada com gel de quitosana a 2,5% em um aumento de 10000×. Apesar de
os túbulos dentinários se encontrarem parcial ou completamente obliterados, como
dito anteriormente, tal obliteração não se deu às custas da dentina parcialmente
desmineralizada. Neste grupo que foi biomodificado com o polímero é possível
constatar a presença de gel de quitosana no interior dos túbulos dentinários, o que
nos permite concluir que a aplicação do biopolímero removeu a dentina parcialmente
desmineralizada ao mesmo tempo em que o mesmo foi incorporado ao substrato
dentinário ainda presente na superfície.
Discussão
Discussão | 69
DISCUSSÃO
Há muito tempo se especula sobre o comportamento do tecido dentinário
sadio e cariado. Marshall et al. (1997) já apontavam diferenças estruturais locais
entre a dentina sadia e cariada, sendo que as mesmas são responsáveis por
influenciar as propriedades do tecido dentinário e, consequentemente, impactar de
maneira direta os tratamentos odontológicos preventivos e restauradores. É fato que
a compreensão das propriedades mecânicas da dentina é importante para melhor
prever como as tensões e esforços gerados sobre o tecido dentinário influenciam no
comportamento da dentina em função de doenças, como a cárie dentária (Marshall
et al., 1997).
Apesar de dentes decíduos e permanentes apresentarem tecido dentinário
semelhante em relação ao conteúdo de fósforo (P), conteúdo orgânico e inorgânico e
microdureza, os teores de Ca e a relação cálcio/fósforo (Ca/P) são maiores em
dentes permanentes, o que, apesar de tais diferenças, faz com que ambos os
substratos apresentem comportamentos químicos e físicos semelhantes (Torres et
al., 2018). Por isso, o presente estudo foi de grande importância, pois, compreender
o comportamento mecânico e estrutural da dentina parcialmente desmineralizada e
biomodificada em dentes decíduos é de grande relevância para condução do
tratamento baseado nos conceitos e princípios da odontologia minimamente invasiva.
Com relação aos valores de microdureza foi possível constatar no presente
estudo que a solução biomodificadora de quitosana, na forma em que foi preparada
e aplicada, não resultou em aumento/recuperação de valores próximos ou iguais aos
valores apresentados pela dentina hígida na dentina desmineralizada e
biomodificada. É preciso deixar claro que a biomodificação da superfície dentinária
com uso de quitosana não altera a composição química e estrutural da dentina
afetada por cárie (Curylofo-Zotti et al., 2017), o que pode explicar, em parte, o
motivo pelo qual este biopolímero não foi capaz de induzir um aumento significativo
nos valores de microdureza na dentina desmineralizada. Além disso, o tratamento de
uma superfície dental desmineralizada com quitosana age no processo de
desmineralização por meio da inibição da perda mineral, porém sem surtir efeito
70 | Discussão
significativo no processo de remineralização, de forma especial após 1 minuto de
aplicação do biopolímero (Arnaud et al., 2010).
Além dessa constatação, foi possível verificar que o gel de quitosana a 2,5%
não resultou em ganho mineral à estrutura dentinária parcialmente desmineralizada,
e mais, culminou no aumento do diâmetro dos túbulos dentinários. Como exposto, o
pH da solução final do gel de quitosana utilizado no presente estudo era de 4,3. É
fato que o pH crítico do tecido dentinário, ou seja, o valor de pH no qual ocorre
dissolução do tecido dentinário, é de 4,5, valor este que corresponde ao valor de pH
responsável pela ativação de MMPs (Lussi et al., 2011). Portanto, diante do pH ácido
inerente à própria solução biomodificadora foi possível observar superfície com
ausência de dentina peritubular, porém lisa e regular, ao mesmo tempo em que os
túbulos dentinários se apresentaram parcial ou totalmente obliterados e remoção da
dentina parcialmente desmineralizada. É importante destacar que, mesmo em pH
levemente básico (pH 7.6), o que culmina em superfície dentinária recoberta por
tecido desmineralizado e presença de túbulos dentinários parciamente cobertos, a
quitosana pura apresental relevante na redução da perda mineral em dentina, muito
em função do pH da solução, que influi diretamente na concentração final do
biopolímero na mesma (Beltrame et al., 2018). Conforme observado no presente
estudo, a dentina parcialmente desmineralizada apresentou maior porosidade e
presença de túbulos dentinários parcial ou totalmente obliterados. De fato, a dentina
parcialmente desmineralizada apresenta porosidade maior e obliteração de túbulos
dentinários (Schwendicke, 2017), estas características somadas à presença de carga
fracamente negativa e fracamente polar em decorrência da exposição de colágeno e
ausência de conteúdo mineral sob a forma de cristais, o que lhe confere, portanto,
baixo potencial de remineralização (Xu et al., 2011). Além disso, é válido lembrar que
as metaloproteinases de matriz (MMPs) presentes na dentina podem ser ativadas em
pH ácido e iniciar a degradação das fibrilas de colágeno (Beltrame et al., 2018).
Metaloproteinases da matriz (MMPs) representam um grupo de mais de 25 enzimas
que apresentam um importante papel na degradação da matriz orgânica dentinária
(Jain e Bahuguna, 2015). Já foi demonstrado que a MMP-2, em tecido dentinário, é
dinamicamente influenciada pelo pH do meio, sendo que o pH ácido ativa a forma
latente desta enzima proteolítica (Amaral et al., 2018).
Discussão | 71
No presente estudo, obteve-se uma superfície dentinária lisa e livre de
fibrilas colágenas após a aplicação do biopolímero sobre a dentina parcialmente
desmineralizada, provavelmente devido à ativação e atividade gelatinoílica das MMPs
em função do pH da própria solução, o biopolímero aplicado foi incorporado ao
substrato dentinário ainda presente na superfície, de modo a obliterar parcial ou
totalmente os túbulos dentinários, cuja dimensão também sofreu modificações,
tornando-se de maior diâmetro. Estas características se mostram interessantes, haja
visto que o efeito erosivo sobre o substrato dentinário é mínimo (Silva et al., 2012)
ao mesmo tempo em que permite a obtenção de uma superfície dentinária com
características de grande importância ao tratamento restaurador minimamente
invasivo. Como explicitado o pH da solução influencia de forma direta no grau de
desmineralização da dentina, bem como no comportamento da mesma, por
favorecer a formação de complexos hibridizados relativamente espessos (Ebrahimi et
al., 2018), fato não observado em nossos resultados, muito provavelmente em
função da presença do agente biomodificador.
Portanto, é possível compreender que a quitosana é capaz de remover o
conteúdo orgânico, bem como a camada de smear layer na superfície dentinária por
meio da interação desta com o substrato, o que inclui mecanismo de quelação de
íons metálicos (Saker et al., 2012). Já foi demonstrado que a solução de quitosana
promove redução da microdureza dentinária em função de sua capacidade quelante,
sendo a solução solubilizada em ácido acético a de maior capacidade de quelar íons
metálicos, o que inclui o cálcio (da Silva Mira et al., 2017), o que corrobora com os
resultados apresentados no presente estudo, conforme já explicitado. Apesar de este
mecanismo de quelação não estar completamente elucidado, há dois principais meios
que explicam como este processo pode ocorrer (Pimenta et al., 2012; del Carpio-
Perochena et al., 2015). No primeiro modelo de quelação proposto, supõe-se que
dois ou mais grupos amino da cadeia de uma cadeia quitosana se ligam a um mesmo
íon metálico, como o cálcio, e por esta conformação química é conhecido como o
modelo da ponte (Blair e Ho, 1981). Outro modelo proposto é o modelo do
pendante, no qual apenas um grupo amino presente na estrutura química da
quitosana mantém ligação com o íon metálico (Domard et al., 1987; Vold et al.,
2003). É, portanto, esta característica quelante da solução de quitosana que tem
72 | Discussão
demonstrado eficácia sobre o tecido dentinário, uma vez que atua de forma direta
sobre a porção inorgânica da mesma (Silva et al., 2013). Esta capacidade conferida
ao composto é comprovada em nossos resultados, pois ao mesmo tempo em que
não se observa aumento da microdureza dos espécimes tratados, é possível observar
uma estrutura dentinária lisa e com presença de túbulos dentinários maiores e sem
indícios de tecido desmineralizado obliterando os mesmos, o que é indicativo de
quelação dos íons cálcio livres em função da indução química de lesões de cárie.
É importante destacar que a quitosana, quando fosforilada gera imobilização
covalente no colágeno da dentina desmineralizada e modifica a superfície da mesma,
de modo a tornar a superfície do colágeno mais negativamente carregada, ao
mesmo tempo em que reduz a energia livre entre colágeno e solução aquosa, haja
visto que este composto tem a capacidade de introduzir grupos funcionais polares ao
colágeno (Xu et al., 2011). O presente estudo, porém, revelou que a quitosana sob a
forma de gel a 2,5% tende a aumentar o percentual de desmineralização da
superfície dentinária, apesar de não expressar uma diferença estatisticamente
significante. Há de se convir que o agente biomodificador utilizado sob a forma de
gel neste estudo não se apresentava como composto fosforilado. Como
consequência, o gel de quitosana a 2,5% utilizado como solução biomodificadora não
reduziu a energia livre interfacial dentina-água. Dessa forma, não houve ligação
covalente cruzada entre o biopolímero e o colágeno o que não permitiu a redução
da energia livre interfacial dentina-água e, por conseguinte, não possibilitou a
necleação de cristais minerais na superfície e a sequente remineralização da
superfície dentinária (Wu e Nancollas, 1999; Xu et al., 2011). Além disso, deve-se
lembrar que o processo de remodelamento da matriz dentinária requer a participação
ativa do complexo dentino-pulpar e mecanismos fisiológicos mediados por
metaloproteinases (MMPs), como já citado, e proteínas não colágenas, tais como a
Sialoproteína óssea, que interceptam a relação entre fibrilas colágenas e
hidróxiapatita. Dessa forma fica claro que o processo de remineralização é dinâmico
e requer a presença de uma rede de colágeno bem estabelecida (Chibinski et al.,
2016).
Conforme apresentado nos resultados, a aplicação do gel de quitosana
promoveu uma sutil redução dos níveis de cálcio da dentina desmineralizada, quando
Discussão | 73
comparada à dentina hígida. É válido apontar que o método utilizado para indução
química das lesões de cárie utiliza soluções desmineralizante e remineralizante, como
já fora citado anteriormente. Este método de indução de lesão de cárie química por
ciclagem de pH promove desmineralização mais superficial da dentina de forma
eficiente. Apesar de não simular a degradação do colágeno tal qual o método
microbiológico, este método de indução da lesão de cárie se mostra efetivo em
estudos cujo objetivo é obter um substrato semelhante à dentina afetada pela lesão
de cárie, o qual corresponde ao objetivo do presente estudo (Marquezan et al.,
2009). É esperado que a lesão de cárie dentária promova desmineralização dos
tecidos dentários e gere a redução de seu conteúdo mineral, destacando a
diminuição das concentrações de cálcio e fosfato (Magnus et al., 2013). Com a
desmineralização da dentina em função da indução de lesão de cárie há deposição
intratubular de cristais finos provenientes do próprio processo de desmineralização,
pois este processo, por si, causa desmineralização tanto da dentina intertubular
quanto peritubular, sendo maior na porção mais externa (Ogawa et al., 1983). Estes
achados são comprovados no presente estudo e são facilmente observados nas
imagens em Microscopia Eletrônica de Varredura. A presença deste conteúdo
proveniente do próprio processo de desmineralização no interior dos túbulos
dentinários pode explicar o motivo pelo qual não foi possível constatar diferenças
estatisticamente significantes nas porcentagens atômicas de cálcio e fósforo, bem
como a relação Ca/P entre o grupo de dentina hígida e dentina desmineralizada, pois
a presença dos referidos elementos foi mantida no interior dos túbulos dentinários,
sendo detectada.
É válido destacar que o gel de quitosana a 2,5% utilizado como solução
biomodificadora da dentina foi obtido após diluição em solução de ácido acético. Já
foi demonstrado que, independentemente do método de condicionamento utilizado,
os dentes decíduos submetidos a protocolos que envolvam aplicação de soluções
condicionantes ácidas, apresentam maior diâmetro dos túbulos dentinários em
função de seu menor conteúdo mineral tanto na dentina peritubular quanto
intertubular, o que reduz a quantidade de dentina presente no interior dos túbulos
(de Los Angeles Moyaho-Bernal et al., 2018). Portanto, a aplicação do gel de
quitosana a 2,5% promoveu o aumento do diâmetro dos túbulos dentinários dada a
74 | Discussão
natureza do pH da solução, conforme constatado, ainda, no presente estudo. É
importante destacar que a dentina apresenta em sua composição uma parcela de
água e, dessa forma, não é difícil compreender que a superfície desidratada em
dentina desmineralizada representa um ponto crítico, haja visto que a desidratação
prévia desta estrutura inerente à metodologia empregada pode resultar no colapso
da superfície desmineralizada e na redução de profundidade real de dentina cariada,
bem como da quantificação de mineral perdido (Angker et al., 2004).
Por outro lado, íons fosfato mantém interação eletrostática com a quitosana
e, por este motivo, tendem a se difundir mais facilmente (Li et al., 2009). Li et al.
(2009) avaliaram a capacidade de indução do processo de mineralização de hidrogel
de quitosana e foi constatado que minerais Ca e P foram convertidos em apatita
carbonatada, constituindo um meio de absorção de íons cálcio e fosfato via interação
quelante (cálcio) ou eletrostática (fósforo), propriedade atribuída ao tratamento
alcalino no qual o hidrogel fora submetido, o qual permitiu a conversão do fosfato de
cálcio amorfo em apatita carbonatada de maneira tal que o hidrogel de quitosana
constituiu o meio de reação dos minerais Cálcio e Fósforo.
Conclusão
Conclusão | 77
CONCLUSÃO
Com base nos resultados apresentados no presente estudo é capaz concluir
que a aplicação do gel de quitosana a 2,5% sobre o tecido dentinário parcialmente
desmineralizado em dentes decíduos não foi capaz de aumentar significativamente
os valores de microdureza, nem mesmo aumentar ou promover a recuperação dos
níveis de cálcio. Contudo, a biomodificação da dentina gerou superfície dentinária lisa
e com presença de túbulos dentinários de maior diâmetro, o que melhora as
características topográficas para a realização de procedimentos restauradores
adesivos.
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Referências | 81
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