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SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA INTERNET APLICADOS AO TURISMO NA NATUREZA NOS AÇORES Projecto ZoomAzores Francisco António dos Santos da Silva

Francisco António dos Santos da Silva · 2019-11-13 · NATUREZA NOS AÇORES Projecto ZoomAzores Francisco António dos Santos da Silva . ii SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

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SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICANA INTERNET APLICADOS AO TURISMO NA NATUREZA NOS AÇORES

Projecto ZoomAzores

Francisco António dos Santos da Silva

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SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA INTERNET

APLICADOS AO TURISMO NA NATUREZA NOS AÇORES

Projecto ZoomAzores

Dissertação orientada por

Professor Doutor Pedro Cabral

Março de 2008

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AGRADECIMENTOS

A realização desta dissertação contou com o apoio de diversas pessoas e entidades a quem

expresso os meus sinceros agradecimentos.

Ao Professor Doutor Pedro Cabral, pela forma como orientou esta tese, caracterizada por

uma disponibilidade imediata, pelo seu exemplo profissional e pelas palavras de incentivo.

Estes aspectos contribuíram quer para o enriquecimento do trabalho final, quer para uma

motivação e bem-estar extra.

A diversos amigos e colegas, em especial ao Rui Ruas e ao Sérgio Vieira.

Ao ISEGI e à ESRI pela disponibilização da aplicação WebGIS utilizada neste trabalho,

especificamente ao professor Miguel Peixoto pelo apoio na instalação da aplicação e ao Rui

Santos por alguns esclarecimentos técnicos relacionados com este software.

À ESHTE por permitir o alojamento do serviço.

À Associação Regional do Turismo pelo apoio institucional ao projecto.

À Delegação Regional de Turismo da Terceira (em nome da sua directora Verónica

Bettencourt).

À Secretaria Regional de Habitação e Equipamentos (em especial à Eng.ª Maria de Lurdes

Gaspar e à Eng.ª Luísa Magalhães)

Ao Gabinete de Apoio ao Turismo Rural e de Natureza dos Açores (Particularmente ao

Carlos Pato e à Raquel Martins)

E por último, à Maria do Céu Almeida pelo incentivo e ajuda na leitura da tese, e aos meus

pais a quem dedico esta dissertação.

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SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA INTERNET APLICADOS AO

TURISMO NA NATUREZA NOS AÇORES

Projecto ZoomAzores

RESUMO

Esta dissertação apresenta como principais objectivos o estudo do potencial de aplicação

das ferramentas WebGIS para o turismo e o desenvolvimento de um serviço de mapas

dinâmico direccionado para o turismo na natureza. Neste contexto, na primeira parte da

dissertação é analisado o estado de arte referente à importância das novas tecnologias

associadas à informação geográfica e à Internet para o sector do turismo, especificando-se

os aspectos de particular interesse para o turismo na natureza. Seguidamente propõe-se

uma metodologia para uma aplicação ao turismo na natureza e desenvolvem-se os modelos

de dados e de informação geográfica respectivos. O resultado é concretizado no projecto

ZoomAzores, um serviço disponibilizado na Internet, baseado em mapas dinâmicos, de

acesso simples e global, com informação apelativa, prática e disponível em diversos

formatos. O território de aplicação é o Arquipélago dos Açores, um destino emergente com

grande potencial para o turismo alternativo, em particular no segmento natureza e aventura.

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GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEMS IN THE INTERNET APPLIED TO

NATURE TOURISM IN THE AZORES

ZoomAzores Project

ABSTRACT

The purpose of this dissertation is studying the potential of WebGIS tools applied to the

tourism sector and the development of a web map service focused on nature tourism. In the

first part of the dissertation a state-of-the art review is carried out on the importance of new

technologies associated to geographic information and the Internet for the tourism sector. In

the second part of the study a methodology is developed which includes a geographic data

and information models applied to nature tourism. The result is the ZoomAzores, a web map

service with simple and global access, including useful and appealing information, available

in different formats. The selected region for the application was the Azores archipelago, an

emerging destination with significant potential for the alternative tourism, namely, for the

nature and adventure tourism. The selected region for the application was the Azores

archipelago, an emerging destination with significant potential for the alternative tourism,

namely, for the nature and adventure tourism.

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PALAVRAS-CHAVE

Açores

Promoção turística

Serviços de mapas dinâmicos

Turismo na natureza

WebGIS

KEYWORDS

Azores

Tourism promotion

Web Map Services

Nature tourism

WebGIS

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ACRÓNIMOS

2D Duas dimensões

3D Três dimensões

AP Área Protegida

ART Associação Regional de Turismo dos Açores

CGIAR-CSI Consultative Group on International Agricultural Research; Consortium for

Spatial Information

CIG Ciências de Informação Geográfica

CTP Confederação do Turismo Português

DL Decreto-Lei

DRT Direcção Regional do Turismo dos Açores

ESHTE Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril

ESRI Environmental Systems Research Institute

EUA Estados Unidos da América

GNSS Global Navigation Satellite System

GPS Global Positioning System

HTML Hyper Text Markup Language

IGE Instituto Geográfico do Exército

INE Instituto Nacional de Estatística

ISEGI Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação

IUCN International Union for Conservation of Nature and Natural Resources

IWS Internet World Stats

JPG Joint Photographic Experts Group

MDE Modelo Digital de Elevação

NASA National Aeronautics and Space Administration

NUTS Nomenclatura de Unidades Territoriais para fins Estatísticos

OGC Open Geospatial Consortium

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OMT Organização Mundial do Turismo

OSGeo Open Source Geospatial Foundation

PEAT-GC Plano Estratégico de Animação Turística para o Grupo Central

PEATT Plano Estratégico de Animação Turística para a ilha Terceira

PENT Plano Estratégico Nacional do Turismo

PDA Personal Digital Assistant

PIB Produto Interno Bruto

PN Parque Natural

PNTN Programa Nacional de Turismo de Natureza

POTRAA Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores

RNAP Rede Nacional de Áreas Protegidas

SIG Sistema de Informação Geográfica

SNIG Sistema Nacional de Informação Geográfica

SREA Serviço Regional de Estatística dos Açores

SRTM Shuttle Radar Topographic Mission

SWOT Strengths Weaknesses Opportunities Threats

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

TIES The International Ecotourism Society

TIF Tagged Image Format

UNEP United Nations Environment Programme

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

WebGIS Geographic Information Systems in Web

WTO World Tourism Organization

WTTC World Travel and Tourism Council

WWW World Wide Web

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ÍNDICE DO TEXTO

AGRADECIMENTOS........................................................................................................III

RESUMO.......................................................................................................................... IV

ABSTRACT .......................................................................................................................V

PALAVRAS-CHAVE ........................................................................................................VI

KEYWORDS ....................................................................................................................VI

ACRÓNIMOS ..................................................................................................................VII

ÍNDICE DE TABELAS.....................................................................................................XII

ÍNDICE DE FIGURAS....................................................................................................XIII

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1

1.1 Enquadramento.............................................................................................. 1

1.2 Objectivos....................................................................................................... 2

1.3 Premissas....................................................................................................... 3

1.4 Estrutura da dissertação ................................................................................ 3

1.5 Meios técnicos e sistemas utilizados ............................................................. 5

2 TURISMO E DESPORTO NA NATUREZA ................................................................ 6

2.1 Introdução ...................................................................................................... 6

2.2 O sector do turismo – Caracterização e importância económica................... 6 2.2.1 Turismo, um conceito abrangente............................................................................... 6 2.2.2 Economia e globalização do turismo .......................................................................... 8 2.2.3 O turismo na economia portuguesa.......................................................................... 10

2.3 Turismo e sustentabilidade .......................................................................... 11 2.3.1 Do turismo de massas ao turismo alternativo........................................................... 11 2.3.2 Turismo e desporto na natureza ............................................................................... 13 2.3.3 Premissas para o turismo sustentável ...................................................................... 18

2.4 Conclusão .................................................................................................... 21

3 SIG NA INTERNET.................................................................................................... 22

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3.1 Introdução .................................................................................................... 22

3.2 Internet – a rede global para partilha da informação.................................... 22 3.2.1 A importância da Internet na partilha de informação ................................................ 22 3.2.2 E-turismo ................................................................................................................... 23 3.2.3 Pressupostos para a partilha de informação geográfica na Internet ........................ 26

3.3 WebGIS – Serviços de mapas dinâmicos .................................................... 28 3.3.1 Cartografia automática e mapas dinâmicos.............................................................. 28 3.3.2 Mapas dinâmicos – problemas e soluções ............................................................... 31 3.3.3 Selecção e generalização cartográfica ..................................................................... 33 3.3.4 Modelos e estratégias de implementação ................................................................ 37 3.3.5 Ferramentas e aplicações WebGIS .......................................................................... 39

3.4 Potencialidades dos SIG no turismo ............................................................ 41 3.4.1 Áreas de aplicação.................................................................................................... 41 3.4.2 Os SIG no planeamento e gestão do território ......................................................... 41 3.4.3 Os WebGIS aplicados ao turismo............................................................................. 43

3.5 Conclusão .................................................................................................... 49

4 CASO DE ESTUDO: WEBGIS APLICADO AO TURISMO NA NATUREZA NOS AÇORES .................................................................................................................... 50

4.1 Introdução .................................................................................................... 50 4.1.1 Enquadramento e estrutura do capítulo.................................................................... 50 4.1.2 Abordagem inicial...................................................................................................... 50

4.2 Território de aplicação.................................................................................. 52 4.2.1 Justificação da selecção do território de aplicação................................................... 52 4.2.2 Caracterização geográfica ........................................................................................ 52 4.2.3 Caracterização demográfica ..................................................................................... 55 4.2.4 A actividade turística nos Açores.............................................................................. 56 4.2.5 Caracterização das potencialidades e da oferta de animação turística ................... 60

4.3 Metodologia de desenvolvimento do projecto .............................................. 62 4.3.1 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas de Informação................................ 62 4.3.2 Pensamento estratégico ........................................................................................... 63 4.3.3 Análise SWOT........................................................................................................... 65 4.3.4 Análise e especificação detalhada............................................................................ 67

4.4 Modelos de dados e de informação ............................................................. 68

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4.4.1 Modelo conceptual .................................................................................................... 68 4.4.2 Modelo de representação espacial ........................................................................... 70 4.4.3 Representação gráfica da informação ...................................................................... 70 4.4.4 Dados e informação .................................................................................................. 72

4.5 Desenvolvimento da aplicação WebGIS ...................................................... 75 4.5.1 A plataforma ArcGIS Server...................................................................................... 75 4.5.2 Publicação do serviço de mapas .............................................................................. 77 4.5.3 Resultados ................................................................................................................ 79

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 81

5.1 Análise e discussão dos resultados ............................................................. 81 5.1.1 Principais resultados ................................................................................................. 81 5.1.2 Analise crítica sobre os pressupostos formulados.................................................... 82

5.2 Limitações e propostas de desenvolvimento ............................................... 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 87

ANEXOS.......................................................................................................................... 94

Anexo 1 – Metadados .............................................................................................. 95

Anexo 2 – Modelo de dados associados aos percursos.......................................... 98 2.1 - Informação sobre os Percursos Pedestres.................................................................... 98 2.2 - Percursos de Canyoning................................................................................................ 99

Anexo 3 – Modelo do sítio na Internet ZoomAzores .............................................. 100

Anexo 4 - Exemplos de modelos de informação para download ........................... 102 4.1 - Percurso Pedestre: PR4 – Monte Brasil – Ilha Terceira.............................................. 102 4.2 - Percurso Urbano Histórico-Cultural: PU1 - Angra-a-pé............................................... 103 4.3 - Angra-a-pé no Google Earth........................................................................................ 105 4.4 – Canyoning: Ribeira dos Algares – Ilha das Flores - Açores ....................................... 106

Anexo 5 - Edições do ArcGis Server...................................................................... 107

Anexo 6 – Imagens do ZoomAzores...................................................................... 108

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Conceitos e abrangência de turista ....................................................................... 7

Tabela 2 – Chegadas Internacionais de turistas em 2006 (WTO, 2007)................................. 9

Tabela 3 – Alguns segmentos associados ao turismo alternativo......................................... 12

Tabela 4 – Principais desportos e actividades de animação na natureza............................. 14

Tabela 5 – As formas de generalização (Adaptado de: Longley et al., 2005). ...................... 36

Tabela 6 – Estratégias de implementação de SIG na Internet (Adaptado de Cabral, 2001) 39

Tabela 7 – Ferramentas WebGIS comerciais........................................................................ 40

Tabela 8 – WebGIS de acesso e utilização livre ou mistas ................................................... 40

Tabela 9 – Caracterização geográfica do arquipélago dos Açores (INE, 2006; SREA, 2007)

................................................................................................................................................ 56

Tabela 10 – Os melhores destinos insulares para o turismo sustentável (Tourtellot, 2007). 57

Tabela 11 – Variação homóloga de Janeiro a Setembro de 2007, em relação ao mesmo

período de 2006 (INE, 2007).................................................................................................. 57

Tabela 12 – Caracterização da actividade turística em 2005 (SREA et al., 2006; SREA, 2006; INE,

2007b)..................................................................................................................................... 58

Tabela 13 – Principais mercados emissores de hóspedes em 2006 (SREA, 2007b) ........... 59

Tabela 14 – Hóspedes, dormidas e estada média por ilha em 2006 (INE, 2007b)............... 59

Tabela 15 – Potencialidades, recurso e serviços de turismo e desporto na natureza (Dados:

DRT, 2007).............................................................................................................................. 61

Tabela 16 – Nível de detalhe e escala de visualização da informação cartográfica no

ZoomAzores ........................................................................................................................... 70

Tabela 17 – Dados incorporados no projecto ZoomAzores e respectiva simbologia............ 73

Tabela 18 – Hiperligações estabelecidas através do projecto ZoomAzores ......................... 74

Tabela 19 – Abrangência do ArcGIS Server (Adaptado de ESRI, 2007b) ............................ 76

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura da tese..................................................................................................... 4

Figura 2 – Actividades de animação desportiva prestada por empresas em Portugal em 2004

(DRT,2005) ............................................................................................................................. 15

Figura 3 – Dinâmicas no uso dos espaços naturais .............................................................. 16

Figura 4 – Empresas de animação turística licenciadas em Portugal Continental (DRT, 2007)

................................................................................................................................................ 16

Figura 5 – Evolução da área protegida no mundo (Fonte: IUCN, 2007) ............................... 18

Figura 6 – Áreas protegidas em Portugal Continental (Fonte: ICN, 2006) ............................ 19

Figura 7 – Enquadramento do ecoturismo............................................................................. 21

Figura 8 – Difusão da Internet no Mundo (IWS, 2007) .......................................................... 22

Figura 9 – Os mapas no ambiente WebGIS .......................................................................... 29

Figura 10 – Representações distintas da superfície terrestre à mesma escala de visualização 30

Figura 11 – Problemas associados à alteração da escala de visualização........................... 32

Figura 12 – Exemplos de mapas com níveis de detalhe distintos......................................... 32

Figura 13 – Problemas de legibilidade comuns nos mapas dinâmicos (Google Earth, 2007a;

CMC, 2008)............................................................................................................................. 33

Figura 14 – Variáveis visuais (Adaptado de: Longley et al., 2005)........................................ 35

Figura 15 – Carta topográfica temática com percursos pedestres nos Alpes (IGN, 1988) ... 35

Figura 16 – Estratégia de implementação centrada no Servidor........................................... 37

Figura 17 – Definição de condicionantes de acesso ao território .......................................... 42

Figura 18 – Aplicação dos SIG ao planeamento e ordenamento do território (Cabral, 2006; Loubier,

2001)....................................................................................................................................... 43

Figura 19 – Serviços de mapas globais com browsers específicos e visualização em 3D... 44

Figura 20 – Editar e enviar percursos no Google Earth (GOOGLE, 2007b) ......................... 46

Figura 21 – Percursos no Google Earth associados ao Trimble Outdoors (Google Earth,

2007b; Trimble Outdoors, 2007) ............................................................................................ 47

Figura 22 – Mapa Interactivo: oferta turística da região de Trégor-Goelo (TRÉGOR-GOELO,

2007) ...................................................................................................................................... 47

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Figura 23 – Serviço de mapas dinâmico GI.Rando (GI.RANDO, 2007)................................ 48

Figura 24 – Mapa dinâmico da ilha Kauai (Chubb Custom Cartography, 2008) ................... 48

Figura 25 – Metodologia de desenvolvimento do projecto SIG – Abordagem inicial ............ 51

Figura 26 – Componentes chave do projecto ZoomAzores .................................................. 52

Figura 27 - Área de estudo (Dados: CGIAR-CSI, 2008; globo: GOOGLE, 2007b) ............... 53

Figura 28 – Sazonalidade: dormidas na Hotelaria Tradicional nos Açores em 2006 (SREA,

2007) ...................................................................................................................................... 58

Figura 29 – Distribuição mensal das dormidas, nos Açores em 2006 (SREA, 2007) ........... 59

Figura 30 – Hóspedes, dormidas e estada média por ilha em 2006 (INE, 2007b)................ 60

Figura 31 – Inventário das empresas de animação turística por tipo de actividade (DRT,

2007) ...................................................................................................................................... 61

Figura 32 – Actividades oferecidas pelas empresas de animação turística (DRT, 2007) ..... 62

Figura 33 – Etapas da ISDM.................................................................................................. 63

Figura 34 – Missão empresarial e pensamento estratégico associado ao projecto.............. 63

Figura 35 – Estratégia empresarial e de projecto .................................................................. 64

Figura 36 – Matriz de análise SWOT..................................................................................... 66

Figura 37 – Os três níveis de representação cartográfica do projecto .................................. 70

Figura 38 – Legenda de caminhos nas cartas topográficas 1/25.000 (IGE, 2002) ............... 71

Figura 39 – Principais formas de representação dos percursos ........................................... 71

Figura 40 – Modelo de informação associado aos dados ..................................................... 74

Figura 41 – Proposta de modelo de navegação e de acesso à informação para o ZoomAzores75

Figura 42 – Serviço de mapas na Arquitectura ArcGIS Server 9.2 (Adaptado de ESRI, 2007b)77

Figura 43 – Selecção de tarefas e configuração de funções de pesquisa ............................ 78

Figura 44 – O serviço de mapas dinâmico ZoomAzores ....................................................... 79

Figura 45 – Estrutura da dissertação..................................................................................... 81

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento

Segundo a Organização Mundial do Turismo (Wearing e Neil, 1999, citado por WTO,

2001b), a indústria do turismo é uma das principais e mais dinâmicas actividades

económicas a nível mundial. Por sua vez, a Confederação de Turismo de Portugal (CTP,

2005), considera que o turismo é um dos sectores chave para a economia portuguesa e

aquele que mais pode contribuir para se ultrapassar a actual crise económica. No entanto, é

indispensável reforçar a aposta neste sector, nomeadamente nos produtos estratégicos de

cada região e em segmentos emergentes pois, embora Portugal continue a ser um dos

grandes destinos turísticos à escala mundial, está a perder competitividade (DRT, 2006).

Para além de diversificar e qualificar a oferta é necessário apostar em canais de acesso à

informação, pois a escolha dos destinos turísticos está cada vez mais dependente do

acesso à informação (WTO, 2001b). Os territórios podem adquirir vantagens competitivas,

se apostarem em modelos de informação e promoção turística adequados. Esses modelos

devem ter em conta a alteração do paradigma referente à estrutura de negócio e de acesso

à informação, com a progressiva desintermediação da oferta, em consequência da

crescente utilização da Internet (MEI, 2006). Nos últimos anos, milhões de turistas

direccionaram-se para a Internet para organizar as suas viagens em detrimento das

agências de viagem (OMT, 2007). O e-turismo1 tornou-se numa oportunidade indiscutível,

representando uma nova forma de fazer negócio, baseado na comunicação mais rápida, no

acesso global, na minimização dos custos e em novas oportunidades de negócio (Scottish

Parliament, 2002). Segundo Knauth (2006), o turismo é mesmo dos sectores que mais tem

a ganhar com o recurso à Internet. Todas estas alterações levaram a que o

desenvolvimento das tecnologias de informação se tornasse num factor determinante para a

expansão da actividade turística (WTO, 2001b).

A disponibilização de recursos na Internet tem aumentado de tal forma que se tornou

premente apostar na diferenciação dessa informação, quer pela qualidade, quer por ser

apelativa e útil para os utilizadores. No caso específico do turismo, e em particular do

segmento natureza, a diferenciação pode passar, antes de mais, pela disponibilização de

mapas e informação georreferenciada, que são de grande utilidade para as actividades que

se desenrolam frequentemente em territórios menos acessibilidade e ao longo de percursos

fora das principais vias de comunicação.

1 Termo que se refere à utilização de recursos e serviços na Internet pelos agentes turísticos.

1

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Actualmente, os SIG na Internet, vulgarmente conhecidos por WebGIS2, são soluções

interessantes para desenvolver serviços que cumpram os requisitos anteriormente

anunciados. Recorrendo aos WebGIS é possível implementar serviços na Internet,

baseados em mapas dinâmicos e informação georreferenciada, acessíveis a um publico

alargado. Estes mapas podem igualmente ser utilizados como metáfora, servindo como

índex (através de hiperligações) para outro tipo de informação como fotografias e texto

(Kraak, 2004).

Segundo Furtado (2006), este tipo de mapas permite uma forte interactividade, levando a

que os utilizadores passem a ser participantes activos no processo de comunicação

cartográfica, entendendo melhor os fenómenos e as características da realidade.

Adicionalmente, os WebGIS poderão ainda contribuir para o ordenamento do território, para

a segurança dos praticantes de actividades de ar-livre e ainda, para promover o acesso

responsável ao meio.

A opção pelos Açores como caso estudo, resulta de ser uma das regiões portuguesas com

maior potencial de crescimento em termos de visitantes e do turismo na natureza ser um

produto estratégico para este território (MEI, 2006). Outra das motivações prende-se com o

facto do Governo Regional estar apostado num “sector turístico sustentável, que garanta o

desenvolvimento económico e a preservação do ambiente natural e humano”3.

As dificuldades de promoção do destino Açores, têm sido apresentadas como limitação

importante para a expansão do turismo nesta Região Autónoma (SREA, 2001), pelo que se

considerou ser oportuno desenvolver este trabalho, que pretende assim, contribuir para o

desenvolvimento sustentado do turismo nos Açores. A importância da realização deste

trabalho resulta igualmente, por estarmos perante dois dos sectores mais dinâmicos e

determinantes para a economia: o turismo e as novas tecnologias de informação.

1.2 Objectivos

Com este projecto pretende-se investigar as capacidades de aplicação de ferramentas

WebGIS para desenvolver sítios ou portais na Internet, destinados à promoção e divulgação

de informação sobre turismo e desportos na natureza.

2 WebGIS é um acrónimo que resulta da junção da palavra Web e da sigla GIS, ambos na língua inglesa, referindo-se o primeiro a Internet e o segundo a Sistemas de Informação Geográfica.

3 Discurso proferido pelo Secretário Regional da Economia dos Açores, Duarte Ponte, durante a apresentação do POTRAA. Diário dos Açores 15/04/2007.

2

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O objectivo principal consiste no estabelecimento de uma metodologia que permita definir

modelos de dados e de representação da informação, com recurso a ferramentas WebGIS,

adaptados ao turismo na natureza e aos territórios.

Como objectivo operacional será desenvolvido um serviço na Internet direccionado para a

promoção turística e, em particular, para o turismo na natureza, designado por ZoomAzores.

Como objectivos específicos destacam-se:

- O levantamento das potencialidades das novas tecnologias associadas à informação

geográfica, à geolocalização e aos mapas dinâmicos na aplicação ao turismo na

natureza;

- A identificação e caracterização das principais ferramentas WebGIS disponíveis no

mercado;

- A apresentação de casos de estudo destas aplicações ao turismo na natureza;

- A aplicação de uma destas ferramentas ao turismo e desportos natureza nos Açores.

Finalmente, pretende-se caracterizar os aspectos determinantes e as condições para a

implementação do WebGIS proposto, bem como a especificação dos pressupostos para a

sua expansão.

1.3 Premissas

O presente estudo é consubstanciado nas seguintes premissas:

- Os serviços de mapas dinâmicos encontram-se em grande expansão e apresentam

forte potencial de aplicação ao turismo e desporto na natureza.

- Os Açores são uma das regiões do país com maior potencial de crescimento turístico e

que tem muito a ganhar com a aposta em formas de promoção alternativas,

nomeadamente os serviços de mapas dinâmicos.

- O projecto ZoomAzores vai de encontro ao planeamento estratégico do turismo para a

região em estudo e visa contribuir para o desenvolvimento turístico local e o acesso

responsável ao meio.

1.4 Estrutura da dissertação

A presente dissertação é composta por cinco capítulos. O primeiro capítulo é constituído

pela introdução, onde são apresentados o enquadramento da temática, os objectivos, as

premissas e a estrutura da tese (Figura 1).

3

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Enquadramento, objectivos, premissas, estrutura da tese

Território de aplicação

Análise e Discussão dos Resultados

Conclusões

Recomendações

Turismo e Desporto na Natureza

SIG na Internet

Considerações Finais

Introdução

Modelo de dados e da informação

Revisão

Bibliográfica

Caso de Estudo: WebGIS aplicado

ao Turismo

Natureza nos

Açores

Cap.3

Desenvolvimento da aplicação WebGIS

Metodologia de desenvolvimento do projecto

Cap.5

Cap.4

Zo

om

Azo

res

Cap.2

Cap.1

Figura 1 – Estrutura da tese

No segundo capítulo caracteriza-se sumariamente o sector do turismo, sendo analisada a

sua importância como sector económico e apresentados os principais conceitos. Nesta

abordagem é dada ênfase ao turismo alternativo e, em particular, ao turismo na natureza.

São igualmente abordadas as novas dinâmicas territoriais associadas ao desporto e turismo

natureza e justificada a importância da adequação dos modelos de turismo aos territórios.

No terceiro capítulo aborda-se a importância e a evolução da utilização da Internet e dos

SIG, em particular no que toca à sua aplicação ao turismo. Na primeira parte é

caracterizada a expansão da Internet e do e-turismo e analisada a importância da Internet

como meio de promoção turística e de partilha de informação. Na segunda parte é

apresentado o estado de arte referente à aplicação de SIG na Internet para partilha de

informação, onde são expostos alguns casos estudo de aplicação dos WebGIS à promoção

e disponibilização de informação e dados na área do turismo na natureza. Posteriormente,

são abordadas as diversas ferramentas WebGIS disponíveis no mercado. Na última parte

deste capítulo são sistematizados os pressupostos para partilha da informação.

O quarto capítulo refere-se ao caso de estudo, inclui a caracterização e justificação da

escolha do território de aplicação, a metodologia de desenvolvimento do projecto, o modelo

de dados e da informação proposto e o desenvolvimento da aplicação e serviço WebGIS. O

4

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ZoomAzores resulta da aplicação do modelo de dados às actividades e informação

associada ao turismo na natureza, estando dependente dos recursos e potencialidades do

território, do modelo de desenvolvimento turístico para a região e das condicionantes

ambientais. Na parte final são apresentados e discutidos os resultados.

No quinto capítulo são apresentadas as conclusões e as propostas de desenvolvimento

futuros. Nesta fase será realizada uma análise de verificação das hipóteses e premissas

levantadas.

1.5 Meios técnicos e sistemas utilizados

A plataforma escolhida para a implementação do WebGIS é o ArcGIS Server da empresa

ESRI (Environmental Systems Research Institute, Inc.), recorrendo-se às suas componentes

ArcGIS Desktop (ArcMap, ArcCatalog e extensões) para desenvolver os recursos e ao

ArcCatalog e ao ArcGIS Server Manager para publicar esses recursos.

Para o processamento e transferência de dados levantados por GPS, recorreu-se aos

programas TrackMaker (GTM13.3) e ao DNRGarmin (5.1.1) do Minnesota Department of

Natural Resources.

Para a aquisição de dados no terreno utilizou-se um receptor GPS da Garmin modelo

GPSmap 60CSx.

Recorreu-se igualmente ao Google Earth para desenhar e editar percursos e rotas, que

foram disponibilizados através de um sítio na Internet desenvolvido com o propósito de

permitir a partilha de informação em diversos formatos.

O sistema de projecção para representação dos dados e informação geográfica deste

projecto é a projecção UTM (Universal Tranverse Mercator), Zonas 26 N e 25N, datum WGS

1984 (World Geodetic System).

5

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2 TURISMO E DESPORTO NA NATUREZA

2.1 Introdução

Neste capítulo será apresentada a caracterização do sector do turismo, já que o serviço de

mapas a desenvolver nesta dissertação é aplicado ao turismo na natureza. Na primeira

parte são apresentadas as várias definições de turismo, os principais segmentos dentro do

sector e a sua importância para a economia.

Posteriormente são referidas as tendências de evolução nesta indústria e os modelos de

desenvolvimento turístico sustentados e mais adequados ao território de aplicação do

WebGIS. Na última parte é caracterizado o sector da animação turística, que é o principal

suporte do turismo na natureza.

2.2 O sector do turismo – Caracterização e importância económica

2.2.1 Turismo, um conceito abrangente

“Embora o turismo seja considerado uma das maiores indústrias do mundo, é difícil definir

os seus limites e decidir o que conta e o que não conta como turismo”.

(Swarbrooke et al., 2003)

O turismo é actualmente uma actividade económica e um fenómeno social de grande

relevo, mas que manteve uma expressão relativamente residual e localizada até meados do

século XX.

Quando se estuda esta actividade económica esbarramos de imediato com uma

multiplicidade de definições, com níveis de abrangência distintos. Na tentativa de se

encontrar algum consenso, em 1963, na conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o

“Turismo e as Viagens Internacionais”, em Roma, foi definido como visitantes “aqueles que

se deslocam temporariamente para fora da sua residência habitual, no seu próprio país ou

no estrangeiro, sem que ai exerçam uma profissão remunerada” (Cunha, 1995).

Posteriormente a Organização Mundial do Turismo (OMT) estabeleceu a diferenciação entre

turistas, os que viajam por mais de um dia e por isso pernoitam fora do seu local de

residência, e os excursionistas que regressam no mesmo dia ao local de residência. Em

1968 esta classificação passou a ser utilizada pelo Comité de Estatísticas das Nações

Unidas para fins estatísticos a nível mundial. Em 1994 a OMT apurou essa definição, ao

considerar que o turismo compreende as actividades que as pessoas realizam durante as

suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período

consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras (Smith, 1995).

Nas últimas décadas, o desenvolvimento dos meios de transporte e a maior mobilidade dos 6

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cidadãos quer em trabalho quer nos seus tempos livres tem vindo a levantar um conjunto de

questões. Será que, por exemplo, um francês que se desloque a Bruxelas para assistir a um

espectáculo, ou um residente em Lisboa que já fazer rafting no Rio Paiva, enquadrado por

uma empresa de animação turística, não devem ser considerados turistas se regressarem

no próprio dia e por isso não pernoitaram no destino? No lado oposto temos a crescente

mobilidade no trabalho, com cada vez mais trabalhadores a deslocarem-se por períodos

inferiores a um ano, para regiões fora do seu local de residência, sendo contabilizado

indevidamente como turistas.

A definição de turismo continua bastante discutível, especialmente porque é

significativamente distinta caso se considere pelo lado da procura ou da oferta (Loannides e

Debbage, 1998). Segundo Leiper (1979), a indústria turística consiste em todas as

empresas, organizações e instalações destinadas a servir as necessidades e os desejos

específicos dos turistas. Também aqui subsistem dúvidas, pois parte dessa oferta serve os

residentes locais e excursionistas, podendo mesmo ocorrer uma utilização residual destes

serviços por turistas.

Inquestionável é o facto do turismo se assumir, cada vez mais, como uma panóplia

complexa de actividades e serviços que se organizam para corresponder às necessidades

dos viajantes-turistas (Tabela 1). Este sector encontra-se em constante evolução,

decorrente de inúmeros mecanismos de inovação, à crescente concorrência e

empreendedorismo e ás alterações do lado da procura.

Duração (noites) Tipo de deslocação Motivos para viajar 0 1 a 3 > 3 Interna Para outro país

Lazer, recreação Visita familiares / amigos Internacional

Profissionais e negócios Turista

Saúde Dentro das

regiões Entre

continentes Religião Estudo Outros

Exc

ursi

onis

ta

Cur

ta

esta

dia

Féria

s

Turis

mo

Inte

rno

/

Dom

éstic

o

Regional Longa

Distância

Tabela 1 – Conceitos e abrangência de turista

Nas últimas décadas os consumidores alargam-se a outras camadas sociais, surgem novas

motivações para viajar, procuram-se novos destinos e ampliam-se as exigências. Uma das

alterações mais significativas passa pela crescente preocupação em relação ao impacto

dessas viagens. A procura inicial, pautada essencialmente pelo turismo de massas e o

produto “sol e praia”, expande-se a outros segmentos e produtos associados a evoluções

recentes dos paradigmas sociais, nomeadamente com as preocupações ambientais,

interesses por uma forma de turismo mais activa, a procura de espaços naturais, a atracção

da aventura, as motivações culturais e o aumento da prática desportiva. 7

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O mercado turístico responde as essas alterações na procura, através da diversificação de

produtos turísticos e uma maior segmentação do mercado turístico. Mas essa segmentação

é tão ampla que é difícil estabelecer uma classificação uniformidade e consistência dos

segmentos do mercado turístico, tanto a nível nacional, como internacional. A Confederação

do Turismo Português (CTP, 2005), no estudo que serviu de base para elaborar o Plano

Estratégico Nacional para o Turismo (PENT), propõe para o turismo nacional uma

estruturação em 13 segmentos de mercado:

- Sol e praia - Turismo Residencial - Turismo de Desporto - Turismo de Negócios - Turismo Urbano

- Turismo Cultural - Turismo Rural - Ecoturismo e Turismo

Natureza - Turismo Aventura

- Turismo de Saúde e Bem-estar

- Turismo Religioso - Turismo Temático - Cruzeiros

A individualização desses segmentos não pressupõe uma fronteira bem definida entre eles,

sendo que alguns produtos turísticos poderão mesmo estar englobados em mais que um

segmento, dependendo da motivação dos consumidores (CTP, 2005). Para além destes

segmentos é ainda comum estabelecer subdivisões nomeadamente dentro do turismo

desportivo: neve, golfe, montanha, subaquático, náutico. O mesmo ocorre com o turismo

natureza, com a sua subdivisão em turismo na natureza, turismo de natureza e ecoturismo.

2.2.2 Economia e globalização do turismo

Embora o turismo seja um fenómeno muito antigo, só a partir da década de 1960, é que se

verificou um crescimento acentuado desta indústria, especialmente devido à rápida

expansão do turismo de massas, associado às viagens de lazer das populações dos países

industrializados. No final do século XX, o turismo tornou-se numa das maiores indústrias do

mundo e das que apresenta maior potencial de crescimento (WTTC, 1994). No virar do

século, o turismo contribuía com cerca de 11% do Produto Interno Bruto (PIB) e era

responsável por gerar aproximadamente 10% do emprego no mundo (Cooper et al., 2001).

Se estes dados mostram que o turismo já é um dos pilares da economia mundial, as

previsões da OMT apontam para que este sector cresça a um ritmo significativamente

superior ao da economia mundial, levando a que o turismo se torne rapidamente na maior

industria do mundo (WTO, 1999). Segundo o estudo “Visão 2020” (WTO, 2001b), que

estabelece uma análise prospectiva sobre a evolução do turismo internacional, na primeira

década deste século, prevê taxas de crescimento anual do número de turistas internacionais

de 4,2% a 4,4%. Em termos de rendimento global gerado por este sector, prevê-se um

crescimento de 6,7%, valor substancialmente superior ao crescimento previsto do PIB

mundial que é de 3%. Para além do forte crescimento do sector, nas últimas décadas

8

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verifica-se uma tendência para a globalização do turismo, especialmente em termos de

mercado receptor. A Europa continua a ser de forma destacada, a região com maior peso a

nível do turismo internacional, contando em 2005 com 54,7% das chegadas internacionais

de turistas (WTO, 2007b). Todavia, esta será das regiões que terá um menor crescimento

do turismo nas duas primeiras décadas deste século (WTO, 2001a). Em oposição estão as

grandes economias emergentes como a China, Índia, Rússia e Brasil, onde se perspectivam

as mais elevadas taxas de crescimento do turismo. A China lidera esse grupo, entre 1978 e

2006 passou de 300 mil visitantes a quase 50 milhões, ascendendo à quarta posição dos

maiores destinos mundiais (Tabela 2).

Ordem País Milhões Ordem País Milhões 1 França 79,1 6 Reino Unido 30,7 2 Espanha 58,5 7 Alemanha 23,6 3 EUA 51,1 8 México 21,4 4 China 49,6 9 Áustria 20,3 5 Itália 41,1

10 Fed. Russa 20,2

Tabela 2 – Chegadas Internacionais de turistas em 2006 (WTO, 2007)

Em 2020 prevê-se que se encontre no topo da lista com 180 milhões de visitantes (WTO,

2007a). São números impressionantes, mas referem-se apenas a uma pequena parte do

turismo neste país, onde o turismo doméstico representa mais de 90% de todo o sector e

contribui para mais de 70% da renda total do turismo (EI, 2007). Essa situação repete-se em

muitos regiões, sendo certo que a importância do turismo é bastante maior do que

demonstram os estudos sobre o turismo internacional. A OMT estima que o turismo

doméstico seja 10 vezes superior e cresça a um ritmo mais acentuado que o turismo

internacional (WTO, 2001b). Outro aspecto fundamental no estudo do mercado turístico

prende-se com a motivação dos viajantes para se deslocarem e os critérios de escolha do

destino. Em 2006, cerca de metade (51%) das viagens internacionais tinham como principal

finalidade o lazer e a recreação, seguido das deslocações relacionadas com assuntos

profissionais e de negócios (16%), correspondendo os restantes 33% a outros propósitos

(27%), ou não eram especificadas (6%) (WTO, 2007a). Entre os turistas que se deslocam

por motivos de lazer e recreação, a maioria enquadra-se dentro do “turismo azul” (sol e

praia) e cultural mas, nos últimos anos, têm vindo a crescer de forma mais acentuada os

segmentos associados ao turismo desportivo e de natureza, nomeadamente os desportos

de Inverno, o golfe, o mergulho e o ecoturismo. Segundo a OMT (2007), actualmente

verifica-se a tendência de diversificação dos produtos turísticos, aparecimento de novos

nichos e segmentos de mercado, associados à multiplicação das actividades praticadas

durante as férias e a expansão de produtos como os da saúde e bem-estar e produtos para

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famílias. Outra das principais alterações que está a ocorrer é a forte expansão das viagens

de curta duração (short breaks), associada ao incremento dos voos low cost.

2.2.3 O turismo na economia portuguesa

Em 2006, Portugal foi o 19º destino em termos de recepção de turistas internacionais, o que

é impressionante especialmente se tivermos em conta a dimensão do país (OMT, 2007).

Em termos turísticos, somos um país essencialmente receptor, com cerca de 11,6 milhões

de visitantes estrangeiros em 2004, que foram responsáveis por gerar uma receita estimada

de nove milhões de euros (WTO, 2005). Em 2003, esta indústria contribuiu de forma directa

com 5,6% do PIB, ou cerca de 11% se contarmos com os efeitos indirectos (Baptista 2003,

op. Cit. Matias, 2007). Em 2007, as estimativas do WTTC4 apontam para que o turismo

contribua para 6,5% do PIB nacional e em termos indirectos para 15,4%. Segundo a mesma

fonte, em 2017, o sector deverá representar 7,2% do PIB.

O turismo é uma das actividades consideradas estruturantes da economia nacional e com

maior potencial de crescimento, mas apresenta o inconveniente de apresentar uma

distribuição regional bastante heterogénea. Segundo a Direcção Regional de Turismo (DRT,

2006), a distribuição do número de dormidas na hotelaria por região (NUT II) para o ano de

2005, demonstrava uma forte heterogeneidade, com o Algarve a ser responsável por 39%

das dormidas, seguido de Lisboa com 20,4% e da Madeira com 15,8%. Estas três regiões

concentraram mais de três quartos do total das dormidas na hotelaria tradicional. No lado

oposto, estão as regiões do Alentejo com 2,6% das dormidas e os Açores com 3,2%.

Em Portugal, esta actividade económica ainda continua muito direccionado para o turismo

de massas, essencialmente para os segmentos turismo balnear (sol e praia) e turismo

urbano (histórico, cultural e negócios). Estes são sem dúvida os segmentos com maior

significado económico e de maior relevância geográfica, tanto em termos de mobilidade da

população, como no papel que desempenham na transformação dos espaços e da

paisagem, nomeadamente pelos impactes ambientais e sociais que geram (Cunha, 1995).

Contudo, actualmente verifica-se uma tendência para a diversificação e segmentação do

sector, com um peso crescente de outros segmentos de turismo, nomeadamente na

natureza, rural, cultural, desportivo, aventura, residencial, religioso, de cruzeiros e os

segmentos meeting industry e termalismo e bem-estar.

4 Dados apresentados por Jean-Claude Baumgarten, presidente do World Travel & Tourim Concil (WTTC), na conferência “Inovação em Turismo na Europa” realizada a 29/11/2007 em Cascais.

10

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2.3 Turismo e sustentabilidade

2.3.1 Do turismo de massas ao turismo alternativo

Como foi referido anteriormente, a forte expansão do turismo verificada na segunda metade

do século XX, esteve associada ao turismo de massas. Este tipo de turismo é direccionado

essencialmente para as viagens de grupo, organizadas pelas agências de viagem e para

destinos com grandes fluxos, tendo como principal objectivo o lucro dos agentes turísticos.

Embora continue a ser o segmento mais destacado em termos quantitativos, torna-se cada

vez mais evidente que o turismo de massas aporta consequências e impactos negativos,

quer do ponto de vista social, quer ambiental, podendo mesmo condicionar o

desenvolvimento futuro de alguns destinos turísticos. Actualmente, nalgumas regiões

fazem-se grandes investimentos para corrigir erros na construção de infra-estruturas e

equipamentos resultantes, quer a políticas de planeamento erradas, quer de modelos de

desenvolvimento centrados no turismo de massas. Outra das consequências negativas

resulta de se tratar de uma forma de turismo concentrado do ponto de vista geográfico,

levando ao desenvolvimento assimétrico do território.

Em resposta à massificação do turismo, nas últimas décadas verifica-se o crescimento do

turismo alternativo, observando-se uma maior adequação da oferta aos interesses

específicos dos consumidores, num turismo direccionado para grupos mais reduzidos, para

a proliferação de novos produtos e a forte segmentação do mercado. Assim, este tipo de

turismo impôs-se como alternativa a um modelo de turismo de larga escala, reforçando a

interacção sociocultural e ambiental com o meio de destino (Lima e Partidário, 2002). O

turismo alternativo é geralmente considerado um turismo responsável, que contribui para a

economia local, visa a sustentabilidade a longo prazo, incorpora preocupações ambientais e

a minimização dos impactos sobre as sociedades e culturas locais. Segundo Wearing e

Neil, (1999, op. Cit. Borges e Lima, 2006), o turismo alternativo é aquele que compreende

todas as formas de turismo que são consistentes com os valores naturais, sociais e da

comunidade e que permitam aos residentes e visitantes interagir de forma positiva e

partilhar experiências. Estamos assim, perante uma definição muito abrangente que

engloba diversos segmentos de turismo (Tabela 3). O turismo alternativo é identificado

como geograficamente disperso, de baixa densidade, gerador de fluxos reduzidos e de

impactos controlados (Weaver, op. Cit. Vieira, 1997). A sua prática pressupõe uma

adaptação às capacidades de carga5 do território e das sociedades locais.

5 A OMT considera três tipos de capacidade de carga: ecológica – condicionada pelos impactos ecológicos negativos imediatos e com consequências no futuro; turística – que tem em conta a satisfação dos visitantes; social – relacionada com os impactos sociais nos grupos de visitantes, mas principalmente nas comunidades locais ou de acolhimento (UNEP e WTO, 2005).

11

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Categoria Definição

Turismo Sustentável

O turismo sustentável garante que as necessidades económicas, sociais e estéticas sejam satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural e dos processos ecológicos. (OMT, 2003).

Turismo Responsável

Turismo que procura maximizar os benefícios para a economia local e minimizar os impactos sociais e ambientais negativos (TIES, 2007).

Turismo Activo

Turismo que privilegia as actividades físicas ou desportivas, que se praticam servindo-se dos recursos que oferece a própria natureza (Ramón, 2006).

Ecoturismo Viagem ambientalmente responsável e visitação a áreas naturais a fim de desfrutar e apreciar a natureza, que promova a conservação, tenha uma visitação de baixo impacto e promova de maneira benéfica o envolvimento socio-económico activo das populações locais (IUCN, 2006).

Turismo na Natureza

Turismo praticado em áreas predominantemente naturais, podendo ser dividido em turismo ecológico (ecoturismo) e ambiental (Graburn, 1983).

Turismo de Natureza

É o produto turístico composto por estabelecimentos, actividades e serviços de alojamento e animação turística e ambiental, realizados e prestados em zonas integradas na rede nacional de áreas protegidas (DL 47/99, 1999).

Turismo Rural

Conjunto de actividades, serviços de alojamento e animação a turistas, em empreendimentos de natureza familiar, realizados e prestados mediante remuneração, em zonas rurais (DL 54/02, 2002).

Turismo de Aventura

Turismo que envolve algum risco, real ou percebido e que pode ser a nível físico ou psicológico (Buckley, 2006). É um tipo de turismo muito centrado em actividades desportivas e de contacto ou exploração da natureza.

Turismo desportivo

Participação activa ou passiva (como espectador) em desporto competitivo ou recreativo (WTO, 2007b).

Tabela 3 – Alguns segmentos associados ao turismo alternativo.

O turismo alternativo é especialmente adequado a todas as regiões que apresentem uma

forte identidade geográfica traduzida, quer na paisagem, quer no seu património cultural e

ambiental. Este tipo de turismo constitui frequentemente a única alternativa para o

desenvolvimento endógeno de territórios periféricos, substituindo modelos de

desenvolvimento do passado e em declínio, geralmente associados a actividades

tradicionais. Desta forma, o turismo alternativo, mais do que contribuir para o crescimento

económico nacional, constitui um instrumento essencial para o desenvolvimento regional,

contribuído para a redução das assimetrias geográficas. A aposta no turismo alternativo e

responsável implica a implementação de uma política que garanta a sustentabilidade nos

três níveis identificados pela OMC (UNEP e WTO, 2005):

- Ambiental – desenvolvimento compatível com a conservação do meio.

- Económica – desenvolvimento endógeno, que beneficie as populações locais e

garantia da continuidade desse recurso. 12

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- Social e cultural – compatível com as culturas locais e os valores das pessoas e que

incentive a valorização do património cultural.

O conceito de turismo alternativo continua a ser discutível e bastante abrangente. Para

muitos autores, a transição entre turismo alternativo e de massas é gradual, não existindo

garantia que todo o turismo alternativo esteja isento de impactos negativos significativos. Os

princípios associados ao turismo alternativo podem ser adoptados, com níveis de

incorporação distintos. Actualmente, muitos dos agentes turísticos direccionados para o

turismo de massas, já incorporaram algumas preocupações associadas ao turismo

alternativo. Esse facto explica-se, em parte, pela necessidade de se adaptarem às novas

solicitações da procura, poderem explorar novos nichos de mercado e garantirem a

continuidade da sua actividade no futuro. Mas a tentação de canalizar esses recursos

maioritariamente para as grandes operadores e a perspectiva da maximização do lucro a

curto prazo, só pode ser contrariado, com eficácia e em tempo útil, por políticas

governamentais sustentadas de planeamento e ordenamento do território.

Os territórios menos humanizados ou as comunidades relativamente pequenas mas com

forte identidade cultural, são aqueles que apresentam maior potencialidade para a expansão

do turismo alternativo sendo, ao mesmo tempo, aqueles que são mais frágeis e susceptíveis

de maiores impactos, se os modelos turísticos aplicados não forem condicionados pelo

adequado ordenamento do território e centrados no desenvolvimento endógeno.

Os Açores inserem-se dentro desse tipo de território, onde o turismo se afirma como uma

actividade emergente, consubstanciada na sua forte identidade paisagística e cultural. A

política defendida pelo Governo Regional para o sector, assenta nas potencialidades deste

território para oferecer um produto genuíno e de qualidade e tem como pressupostos o

desenvolvimento endógeno e sustentado. Segundo o Secretário Regional da Economia, o

modelo de desenvolvimento turístico para os Açores, tem como base um “sector turístico

sustentável que garanta o desenvolvimento económico, a preservação do ambiente natural

e humano e que contribua para o ordenamento do território insular e para a atenuação das

disparidades entre os diversos espaços constitutivos da Região”6

2.3.2 Turismo e desporto na natureza

O turismo é uma actividade com fortes impactos na paisagem e nas sociedades, quer

devido à necessidade de infra-estruturas, quer aos elevados fluxos de visitantes, que

nalgumas regiões e épocas do ano podem superar largamente a população local. A rápida

6 Durante a apresentação do POTRAA. Diário dos Açores 15/04/2007.

13

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expansão do turismo contribui definitivamente para o agravamento desses impactos.

Contudo, nas últimas décadas, assiste-se ao aumento das preocupações em promover

modelos de desenvolvimento mais sustentáveis, com a preocupação de atenuar os

impactos negativos e de reforçar os impactos positivos.

A importância dos modelos de desenvolvimento turístico aplicados depende de diversos

factores, entre os quais as características e potencialidades dos territórios, o tipo de procura

e as políticas implementadas. O turismo, que inicialmente era essencialmente de massas e

concentrado no território, tende a dispersar-se. As zonas balneares e urbanas

concentravam quase toda a procura turística, mas actualmente verifica-se tendência para a

descentralização geográfica, com a crescente procura de espaços rurais e naturais. Esta

situação é acentuada por se verificar a crescente necessidade de “regresso à natureza”,

como resposta a uma rotina urbana cada vez mais intensa. De facto, desde as últimas

décadas do século XX, que se assiste à alteração nas dinâmicas do lazer e desportivas,

com o forte crescimento do turismo rural e do turismo e desporto na natureza e a

diversificação destes desportos e a sua generalização em termos de praticantes. Segundo a

OMT, existem actualmente cerca 50 milhões de praticantes de golfe no mundo, 25 milhões

de esquiadores, 10 milhões de praticantes de snowboard e seis milhões de mergulhadores

certificados, dos quais dois a três milhões realizam férias associadas ao mergulho em cada

ano. Calcula-se que o surf gere mais de cinco milhões de turistas anuais e a vela de

cruzeiro envolva grandes fluxos financeiros (WTO, 2001b). O número de praticantes de

desportos na natureza tem vindo a crescer de forma significativa, ao mesmo tempo que

surgem novas modalidades desportivas e produtos associados à animação desportiva

(Tabela 4).

Aqu

átic

as

Passeios de barco a motor

Canoagem e caiaque mar

Caiaque de águas bravas

Rafting e Hidrospeed

Canyoning

Motos de água, esqui aquático

Surf, windsurf, kite surf, body board

Vela ligeira e de cruzeiro

Mergulho de apneia e com garrafa

Terr

estre

s

Pedestrianismo, passeios a pé

Montanhismo

BTT, cicloturismo

Espeleologia, espeleísmo

Programas de multiactividades

Orientação e Corridas de aventura

Escalada, rapel

Paintball

Esqui e Snowboard

Todo-o-terreno, Moto 4, kartcross

Hipismo, passeios a cavalo

Golfe Aére

as Balonismo

Parapente e asa-delta

Pára-quedismo

Tabela 4 – Principais desportos e actividades de animação na natureza

14

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Para além destas actividades com uma forte componente desportiva, existe um conjunto de

actividades de animação ambiental com uma procura crescente, entre as quais se destacam

a observação de vida selvagem, nomeadamente de aves, cetáceos, mamíferos, os safaris

fotográficos e outras actividades de educação ambiental. A procura destas actividades é

bastante dependente da época do ano, da tipologia dos territórios, da procura, das

capacidades da oferta, da regulamentação e condições de acesso ao meio. Muitas destas

actividades são praticadas recorrendo aos serviços das empresas de animação turística e

marítimo-turística. Na figura 2 estão representadas as actividades com maior peso na

animação turística em Portugal, verificando-se a preponderância das actividades terrestres

e uma expressão muito residual das actividades aéreas. Contudo, em Portugal, a maioria

dos praticantes de desportos na natureza e de aventura, não recorrem aos serviços das

empresas de animação turística, praticando as actividades autonomamente, em pequenos

grupos, ou através de actividades organizadas por clubes e associações.

Outra tendência actual consiste na valorização crescente da actividade desportiva por parte

dos turistas. Por exemplo, em média, um terço das férias dos alemães ao estrangeiro são

dedicadas a praticar, pelo menos, alguma actividade desportiva, sendo que 34% dessas

férias tem como principal motivação a prática de desportos, especialmente os desportos de

montanha (OMT e COI, 2001).

Figura 2 – Actividades de animação desportiva prestada por empresas em Portugal em 2004 (DRT,2005)

O impacto destas actividades é muito diferenciado, tendo em conta, entre outros factores, o

tipo de actividade, as infra-estruturas existentes, a capacidade de carga dos territórios, o

modelo de visitação, a definição e respeito de regras ambientais, o tipo de visitantes, a

dimensão dos grupos e a frequência das visitas. Algumas actividades podem mesmo ser 15

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incompatíveis com outras, quando partilham o mesmo espaço. Esta crescente procura dos

territórios naturais, destacando-se as regiões de montanha para prática das actividades

acima referenciadas, têm levado a uma alteração do paradigma territorial e da economia

local (Figura 3).

Figura 3 – Dinâmicas no uso dos espaços naturais

A atractividade desses territórios é reforçada pela melhoria das acessibilidades associada,

quer à melhoria das vias de comunicação, quer à generalização do uso de diversos meios

de transporte. Esses fluxos de visitantes, frequentemente associados ao turismo activo,

desportivo e de aventura, fizeram disparar a oferta de infra-estruturas e equipamentos e

levaram ao desenvolvimento do sector da animação turística. No caso português, só no ano

2000 foi regulamentado este sector (204/2000), que se encontra especialmente

direccionado para a animação ambiental e desportiva e para a organização de eventos. Em

geral, estamos perante um sector jovem e emergente, caracterizado pela dispersão

geográfica e predominância de micro empresas. Desde que a legislação foi implementada o

número de empresas de animação turística tem vindo a crescer de forma consistente,

contabilizando-se 449 empresas licenciadas no final de Setembro de 2007 (Figura 4).

62 (Até Set.)80

24 9544

7272

0

100

200

300

400

500

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 (Anos)

Licenciamento anual

Licenciamento acumulado

Figura 4 – Empresas de animação turística licenciadas em Portugal Continental (DRT, 2007)

16

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Actualmente ainda existem outras empresas não licenciadas a prestar este tipo de serviços

mas, há medida que o sector se afirma, a tendência é de diminuir esta concorrência desleal.

Estes novos produtos e usos do território passaram a ser o motor de desenvolvimento de

muitas regiões periféricas e promotores da melhoria da qualidade de vidas das populações

que nela residem. No entanto, a sustentabilidade não está garantida, mesmo quando

estamos perante práticas com baixos impactos e consumidores sensibilizados para as

questões ambientais. Se o planeamento e gestão do território não forem adequados,

facilmente se ultrapassam as capacidades de carga e se praticam actividades com maiores

impactos, podendo levar à perda de identidades culturais e à degradação do património

natural.

Exemplos como a construção de algumas estâncias de esqui, ou a abertura de estradas que

atravessam zonas remotas, podem causar alterações profundas, quer na cultura local, quer

no meio ambiente. O número de visitantes pode igualmente tornar difícil a gestão desses

territórios, como facilmente se pode depreender pela pressão a que algumas áreas

protegidas estão actualmente sujeitas. Por exemplo, nos EUA, o Parque Natural de

Yosemite é visitado anualmente por cerca de 3,4 milhões de turistas e o Grand Canyon por

4 milhões (Warren, 2006). São números que impressionam, mas a pressão é ainda mais

forte do que parece, pois existe uma forte concentração de visitantes em apenas alguns

meses.

Desta forma, embora o turismo possa constituir uma oportunidade para muitas das regiões

periféricas, pode igualmente tornar-se numa ameaça maior que as actividades tradicionais a

que esses territórios estiveram sujeitos.

De facto, apesar das preocupações com a protecção do meio ambiente estarem hoje mais

presentes que nunca, os problemas ambientais continuam a acentuar-se. A lista de

espécies em risco não para de crescer, e a pressão sobre os espaços protegidos acentua-

se. Segundo a IUCN7 o número de espécies extintas no inicio de 2007, chega quase às

800, existem cerca de 65 espécies que só se encontram em cativeiro e aproximadamente

16.300 encontram-se ameaçadas de extinção, o que representa um acréscimo de quase

200 espécies no último ano (IUCN, 2007). Perante tal cenário, é necessário investir na

definição de políticas e encontrar soluções para fazer face à crescente procura dos

territórios menos humanizados para a prática dos desportos de aventura e às novas vagas

de turistas, garantido um desenvolvimento sustentado do ponto de vista social e ambiental.

7 A International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources ou World Conservation Union, é a principal entidade associada à conservação da natureza no Mundo (http://www.iucn.org/).

17

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2.3.3 Premissas para o turismo sustentável

As respostas à crescente pressão sobre os espaços naturais e ao aumento da

consciencialização ambiental são variadas. Depende, entre outros factores, das motivações

dos diversos agentes, dos fluxos e das particularidades dos territórios. A IUCN defende a

adopção de políticas ambientais, consubstanciadas num modelo de desenvolvimento

sustentado, com o reforço das medidas de protecção do meio ambiente e o aumento da

superfície classificada como área protegida. Muitos países têm vindo a adoptar medidas

conservacionistas, que passam, antes de mais, pelo aumento da superfície classificada

como protegida. A primeira área classificada com o fim de conservação da natureza surgiu

apenas em 1872, com a classificação do Parque Nacional de Yellowstone nos Estados

Unidos da América, mas só a partir da segunda metade do século XX é que se verificou

uma expansão significativa das áreas protegidas. Segundo dados da UICN, em 2003

existiam 102 mil áreas protegidas no Mundo, perfazendo 18,8 milhões de km2, o que

equivale a 12,65% da superfície terrestre (Figura 5).

0

3

6

9

12

15

18

1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 (Ano

)

Milh

ões

de K

m2

Figura 5 – Evolução da área protegida no mundo (Fonte: IUCN, 2007)

Na Europa, as áreas protegidas ocupam 13,1% do território e, em Portugal, apenas 7,2%.

Contudo, com a finalização do processo de aplicação da rede europeia de conservação da

natureza - Rede Natura 2000, a área afecta à conservação em Portugal deverá aumentar

passando para 21,3% do território nacional (ICNB, 2006).

Actualmente, as áreas protegidas em Portugal estão agrupadas em cinco classes: Parque

Nacional, Parque Natural, Reserva Natural, Monumento Natural e Paisagem Protegida, às

quais é necessário acrescentar a Rede Natura e as Áreas Importantes para Aves (Figura 6).

18

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Figura 6 – Áreas protegidas em Portugal Continental (Fonte: ICN, 2006)

Com o objectivo de conciliar a preservação dos valores naturais e culturais com a actividade

turística nas áreas protegidas, o governo português estabeleceu o Programa Nacional do

Turismo de Natureza (PNTN). Este programa considera que a aposta no turismo, alicerçado

em segmentos com baixos impactos, é a solução que permite conciliar o desenvolvimento

local sustentado, com a conservação do território. O PNTN assume a necessidade de

consagrar nas áreas protegidas, a integração e sustentabilidade de quatro vectores:

conservação da natureza, desenvolvimento local, qualificação da oferta turística e

diversificação da actividade turística (RCM 112/98, 1998). O PNTN veio estabelecer as

bases legais de um produto turístico específico para a Rede Nacional das Áreas Protegidas,

que foi designado por “Turismo de Natureza”. No ano seguinte, foi estabelecido o regime

jurídico do Turismo de Natureza, considerado como “o produto turístico composto por

estabelecimentos, actividades e serviços de alojamento e animação turística e ambiental

realizados e prestados em zonas integradas na rede nacional de áreas protegidas” (DL

47/99, 1999). Este regime jurídico considera que o Turismo de Natureza engloba três

modalidades de animação ambiental:

- Animação. Conjunto de actividades destinadas à ocupação do tempo-livre dos turistas

e visitantes.

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- Interpretação ambiental. Todas as actividades que tem como princípio o conhecimento

do património da área protegida.

- Desporto na natureza. Actividades desportivas praticadas em contacto com o meio

ambiente de forma não nociva para a conservação da natureza.

Segundo Burnay (2006), o Turismo de Natureza acabou por desenvolver, sobretudo, a

vertente de desporto na natureza. Com o objectivo de ordenar as actividades associadas ao

desporto na natureza o PNTN estabeleceu a necessidade de elaborar “Cartas de Desporto

na Natureza”. Essas cartas devem incluir a caracterização das actividades e de regras de

boa prática, a definição dos locais onde podem ser praticadas, as capacidades de carga e

as restrições de acesso. A procura e regulamentação do Turismo de Natureza têm

contribuído para expansão do mercado da animação turística e levado a que a oferta se

estruture de forma mais consistente. Actualmente, as empresas para operarem necessitam

de Alvará de empresas de animação turística ou marítimo-turística8 e obter uma licença

junto do ICNB para poderem desenvolver actividades nas áreas protegidas.

Sem entrar em consideração sobre a aplicabilidade de todas estas regras e princípios, é de

notar que estamos perante um modelo de desenvolvimento turístico concebido na óptica do

turismo responsável e sustentável, que poderá ser uma solução para muitas regiões

periféricas sujeitas ao declínio das actividades tradicionais. Contudo, existem duas questões

importantes a salientar. A primeira refere-se ao facto da maioria do território nacional com

condições para a implementação de um modelo de turismo alternativo não está

regulamentada, já que o PNTN engloba apenas as áreas protegidas que correspondem

apenas a 7,2% da superfície do país. Mesmo que o turismo de natureza venha a ser

estendido à Rede Natura estamos perante 21% do território, deixando de fora uma parte

significativa das regiões com potencial para a prática de desporto e turismo na natureza.

Estas circunstâncias, entre outras, devem fazer repensar a incidência geográfica do turismo

de natureza, por exemplo passando a abranger territórios que as autarquias elegessem em

sede de ordenamento, como vocacionadas para o turismo sustentável (Burnay, 2006).

Outro aspecto, refere-se à existência de territórios onde a incidência turística deve ser ainda

mais restrita. Nestes espaços deve privilegiar-se o ecoturismo que é um segmento de

turismo quem tem como principal preocupação a conservação da natureza, pelo que é

especialmente adequado para as áreas de grande sensibilidade ambiental ou cultural

(Figura 7). Ecoturismo é um conceito associado a um conjunto de princípio e, ao mesmo

tempo, um segmento específico de mercado turístico (Wood, 2002).

8 Estas empresas são regulamentadas pelos DL 204/00, alterado pelo DL 108/02 que regulam o acesso e o exercício da actividade das empresas de animação turística e pelo DL 21/02, posteriormente alterado pelo DL 269/03 para as empresas marítimo-turísticas.

20

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Figura 7 – Enquadramento do ecoturismo

Apesar das vantagens apresentadas, a implementação de um modelo de desenvolvimento

baseado no turismo responsável apresenta diversas dificuldades, tanto junto das

populações locais, como dos diversos agentes turísticos. Estamos perante um modelo que

pode limitar os benefícios económicos, especialmente os imediatos e impor diversas

restrições que as populações e os visitantes, nem sempre estão dispostos a aceitar.

Infelizmente, também alguns decisores preferem optar por modelos menos sustentáveis, por

estes poderem apresentar maiores resultados quantitativos a curto prazo.

2.4 Conclusão

Neste capítulo o turismo foi apresentado como um sector estratégico para o

desenvolvimento de Portugal. As regiões periféricas predominantemente naturais e com

forte identidade cultural, como é o caso dos Açores, têm no turismo alternativo o novo

paradigma que permite contribuir para um desenvolvimento sustentável.

Os modelos de desenvolvimento turístico devem estar condicionados à sustentabilidade

social e ambiental, às potencialidades do território e às alterações na procura. Actualmente,

os turistas são física e intelectualmente mais activos do que os do passado (OMT, 2003). O

turismo activo, nomeadamente o na natureza e o desportivo tem vindo a ganhar um peso

significativo, levando à expansão do sector da animação turística.

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3 SIG NA INTERNET

3.1 Introdução

Na primeira parte deste capítulo é exposta a importância das novas tecnologias de

informação e comunicação (TIC) para o desenvolvimento de uma sociedade de

conhecimento e informação. A Internet é apresentada como a metáfora da economia global

e apanágio do desenvolvimento do sector do turismo.

Na segunda parte, são apresentados os pressupostos para a partilha de informação

geográfica na Internet e, em particular, dos serviços de mapas dinâmicos. São enunciados

os modelos e estratégias de implementação e algumas das ferramentas WebGIS

disponíveis no mercado. No último ponto, é analisada a aplicação dos SIG e dos WebGIS

ao turismo.

3.2 Internet – a rede global para partilha da informação

3.2.1 A importância da Internet na partilha de informação

A generalização do acesso à Internet, associado à difusão da banda larga e ao

desenvolvimento dos SIG, têm contribuído para alterar o paradigma associado à gestão da

informação, nomeadamente por facilitar a expansão de modelos de distribuição de dados e

informação geográfica na Internet. Segundo a Internet World Stats (IWS, 2007) entre 2000 e

2007 a utilização da Internet no mundo cresceu 247%, tendo uma taxa de penetração média

nos países desenvolvidos superior a 50% da população (Figura 8). Nesse período, a

utilização da banda larga generaliza-se e o e-comércio (comércio na Internet) próspera de

forma significativa.

Figura 8 – Difusão da Internet no Mundo (IWS, 2007)

22

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O sucesso da Internet deve-se, em grande parte, ao facto de ser um meio que permite ligar

uma rede global de computadores através de um sistema que, ao funcionar com um

protocolo standard, permite uma forte conectividade, levando a que qualquer utilizador

tenha acesso à rede de forma simples (Avantur, 2000). Desta forma, qualquer utilizador,

sejam instituições, empresas ou indivíduos podem estar interligados numa rede global, o

que lhes permite comunicar e ter acesso e disponibilizar dados, informação e serviços.

Em poucos anos, a Internet tornou-se no maior veículo de partilha de informação, com forte

crescimento em termos de fluxo de informação e de número de utilizadores. Actualmente,

apesar do grande potencial de crescimento da utilização da Internet nos países

desenvolvidos, é nos países emergentes que se prospectiva o maior crescimentos. Outro

factor determinante para a expansão da Internet e da sua utilização prende-se com o

aumento da rapidez de acesso, que permite novas funcionalidades (filmes, jogos, realidade

virtual, etc.) e a melhoria da acessibilidade, podendo ser acedida em quase qualquer lugar,

com recurso à Internet sem fios e à rede móvel. A ampliação da utilização da Internet e o

aumento da rapidez de acesso são dois dos factores determinantes na expansão dos

serviços WebGIS. Outro motor para a valorização e crescente utilização dos serviços de

mapas na Internet são as vantagens da sua utilização associadas ao comércio electrónico.

3.2.2 E-turismo

Actualmente, a promoção e acesso à informação constituem um factor determinante na

escolha do destino turístico (OMT e COI, 2001). Segundo Knauth (2006), o acesso à

informação e aos serviços relacionados com a actividade turística, é actualmente uma das

actividades mais frequentes na Internet. Este sector é reconhecido como sendo dos que tem

mais a ganhar com o recurso e a generalização do acesso a esta rede global. Em poucos

anos, a Internet tornou-se mesmo na principal fonte de informação para o planeamento das

viagens (Scottish Parliament, 2002) e num meio indispensável para os diversos serviços de

turismo, em termos de divulgação e de serviço de vendas. O acesso à informação é de tal

forma importante para o sector, que muitos autores reclamam que o turismo deve ser

tratado como uma indústria de informação intensiva (Gratzer e Winiwarter, 2003).

O e-turismo, ou seja, o recurso à Internet para fazer negócio no sector do turismo, tem vindo

a expandir-se rapidamente, sobretudo porque permite ganhos consideráveis em termos de

rapidez de comunicação, acesso global, comunicação directa, em tempo real e diferenciada,

exploração de novos segmentos de mercado e a minimização dos custos com a promoção e

negócio na Internet (Rayman-Bacchus e Molina, 2001). De facto, a Internet tornou-se na

plataforma ideal para a industrial de viagem e turismo, proporcionando vantagens

substanciais, tanto para o sector, como para os consumidores.

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Segundo a OMT (2007), nos últimos anos, milhões de turistas tem-se virado para a Internet

para organizar as suas viagens em detrimento das agências de viagem. Nos EUA, a

aquisição de bilhetes de avião e as reservas nos hotéis estão nos primeiros lugares entre os

produtos mais vendidos pela Internet (eCommerceOrg, 2007). Esta dinâmica da procura é

largamente acompanhada pelos profissionais do sector. Num estudo comparativo da

utilização da Internet pelas empresas com mais de 10 empregados nos países da União

Europeia, no final de 2005, 89% das empresas de alojamento tinham uma página na

Internet, enquanto a média das restantes empresas era de 61% (Knauth, 2006).

O recurso à Internet permite estabelecer a ligação directa entre os clientes e os serviços,

tem contribuído para a desintermediação, a descentralização e a redução de custos.

Actualmente praticamente todos os serviços turísticos têm vantagens em estar ligados à

Internet, desde as agências de viagem, aos hotéis, à mais pequena empresa de animação

turística. Como exemplo ilustrativo dessas transformações, no início da década de 1990,

subir o Kilimanjaro era uma experiência de organização complexa, sendo quase

indispensável recorrer ao serviço de uma agência de viagens internacional especializada.

Quando, em 1992 se realizou a primeira ascensão de uma equipa portuguesa ao

Kilimanjaro, a principal dificuldade na organização da expedição, foi a falta de informação

relativa aos aspectos logísticos e burocráticos inerentes à escalada desta montanha e à

dificuldade em contactar e planear a expedição com a empresa local, que prestou os

serviços necessários para a ascensão (Silva, 1994). Em contrapartida, no final de 2007,

através de uma simples pesquisa no motor de busca Google, foram encontrados 561 mil

artigos para “Climbing Kilimanjaro” e 106 mil referenciados para “Climbing Kilimanjaro travel

agency”. Actualmente, praticamente todas as empresas que vendem a escalada desta

montanha mais alta de África, têm um sítio na Internet com funcionalidades diversas.

A Internet veio criar novas oportunidades e aumentar a concorrência. Actualmente, mesmo

as mais pequenas empresas podem estar ligadas à rede global, competindo directamente

com as grandes empresas e intermediários. Este facto veio estimular o empreendedorismo

o que levou ao surgimento de muitas novas empresas de pequena dimensão e dispersas

geograficamente. A Internet veio alterar a centralidade, que passou para a “rede”, em

oposição às grandes cidades dos países desenvolvidos. A localização física dos

fornecedores perdeu importância, em detrimentos da localização virtual, que lhes permite

serem facilmente indexados e encontrados (Painho, 2006b). Assim, na prestação de

serviços turísticos, o mercado como factor de localização tende a perder peso, levando as

empresas a expandirem-se para as proximidades do local onde se prestam os serviços. Isso

é muito importante para a economia dos países menos desenvolvidos e para os territórios

periféricos. Para além de dinamizar a economia local as pequenas empresas passaram a

poder vender o seu produto sem ter de recorrer a intermediários. Para o sector da animação

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turística, caracterizado por ser constituído essencialmente por micro empresas, este facto é

determinante. Por outro lado, para os destinos pouco conhecidos como os Açores, o recurso

à Internet representa uma oportunidade de ligação ao mercado global, que antes era muito

limitada pelos custos que acarretava.

O recurso à Internet pelo sector do turismo pode ser agregado em quatro grupos principais,

existindo geralmente associação e complementaridade entre eles:

- Promoção e informação turística;

- Serviço de vendas: e-comércio (reservas e pagamento on-line);

- Serviços de Mapas;

- Partilha de dados e informação;

- Comunicação directa com o cliente, através de e-mail individual ou em grupo.

Entre as vantagens do recurso à Internet por parte do sector do turismo e dos viajantes,

destacam-se as seguintes:

- Vantagens na promoção. O elemento de marketing que mais rapidamente se adaptou

ao uso da Internet é a promoção (Avantur, 2000). As vantagens são imensas:

distribuição da informação no mercado global, baixos custos, facilidade de actualizar a

informação, comunicação directa com os clientes, grande capacidade de incorporação

de informação devidamente estruturada, recurso muito poderoso que incorpora

imagem, texto, vídeo, e informação dinâmica.

- Novas oportunidades de negócio e de clientes. A facilidade de acesso, com custos

reduzidos à maior rede global de informação e comunicação trouxe novas

oportunidades de negócio. O investimento necessário para abrir um serviço na Internet

é relativamente baixo e facilitador de explorar novos segmentos e clusters turísticos,

nomeadamente nichos de mercado muito especializados, possibilitando, desta forma

alcançar novos clientes.

- Redução de custos. A Internet veio incrementar a eficiência e a produtividade, devido à

redução significativa de custos tanto para quem oferece serviços, como para os

turistas. As poupanças podem ser significativas em termos de comunicação, de

distribuição de informação e de promoção.

- Direccionalidade e interactividade. A Internet veio provocar uma alteração significativa

no paradigma da comunicação, ao ser um meio activo de comunicação que possibilita

o direccionamento da informação, a individualização da oferta e a interacção com os

clientes, sendo possível fornecer respostas directas ou indirectas, por exemplo, através

da análise da navegação na rede e nos sítios.

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- Cooperação empresarial. Encorajar a cooperação entre os diversos prestadores de

serviços, nomeadamente com a incorporação de hiperligações para serviços

complementares.

- Inovação e empreendedorismo. Possibilidade de inovação no desenvolvimento de

novos produtos, processos internos e relacionamento com o cliente. A comunicação

mais directa e individual com os clientes facilita a adaptação dos produtos e programas

por parte das empresas, às preferências da procura. Os clientes reforçam a

participação na concepção de produtos e na oferta de serviços.

- Desintermediação. O elemento chave da rede de distribuição turística é a possibilidade

de efectuar reservas e transacções directas entre quem oferece serviços e os

consumidores (Avantur, 2000).

- Expansão do turismo alternativo. O acesso à informação e a facilidade das empresas

comunicarem directamente com os clientes e de adaptarem os serviços às suas

preferências, sem que estes necessitem de estar integrados em programas das

grandes agências, facilita a oferta de serviços direccionados para pequenos grupos e

para uma maior consciencialização social e ambiental.

- Vantagens ambientais. Devido à redução do consumo de recursos impressos como os

catálogos, folhetos, etc.

- Descentralização geográfica. A comunicação através da “rede global” que é a Internet,

faz com que as empresas possam estar em qualquer lugar, sem necessidade de

estarem junto do mercado ou do território onde se desenrolam as actividades. Por sua

vez, permite que as pequenas empresas localizadas junto dos territórios de acção, em

lugares periféricos, possam comunicar sem constrangimentos com os clientes.

- Flexibilização. Devido à possibilidade de actualização dos preços a qualquer momento,

sem custos acrescidos e sem dificuldade de comunicação com os clientes as empresas

podem adaptar os seus preços consoante a realidade em tempo real, podendo mesmo

fazer campanhas imediatas ou leilões. Por sua vez, os clientes passam a ter maior

possibilidade de escolha.

3.2.3 Pressupostos para a partilha de informação geográfica na Internet

A informação é indiscutivelmente o maior capital nas sociedades modernas, sendo cada vez

mais valorizada a partilha de dados e de informação. A Internet tornou-se rapidamente no

veículo privilegiado para a disseminação da informação, tendo os SIG acompanhado essa

tendência e contribuído dessa forma para valorizar e generalizar a informação geográfica.

Contudo, a proliferação de diferentes sistemas de informação proprietários, com estruturas

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de base próprias, tem criado problemas significativos na partilha de informação geográfica,

devido à existência de formatos incompatíveis e à dificuldade de acesso aos diversos

recursos através de um único interface, simples e gratuito. Felizmente esse panorama tem

vindo a alterar-se, destacando-se o esforço desenvolvido pela Fundação do Software Livre

(Free Software Foundation) e em particular, pelo Open Geospatial Consortium (OGC).

O OGC é uma organização internacional sem fins lucrativos, fundada em 1994, que conta

actualmente com cerca de três centenas de organizações, incluindo a maioria das empresas

detentoras de sistemas proprietários e muitos centros de investigação ligados à Informação

Geográfica. A Missão do OGC é disponibilizar interfaces espaciais e especificações de

codificação disponíveis, abertas e públicas para uso global (Percivall, 2003). A necessidade

de aumentar e de facilitar a interoperabilidade entre as tecnologias e sistemas de dados que

envolvem informação espacial georreferenciada é essencial, para se poder incrementar a

partilha de informação através das redes de comunicação. A estratégia de acção do OGC

passa por três grandes áreas de acção (OGC, 2007):

- Desenvolvimento de especificações;

- Programa da interoperabilidade;

- Promoção da utilização das especificações.

A Internet, como veículo privilegiado para a partilha de informação, veio acentuar a

importância em criar padrões comuns ou compatíveis para partilha da informação. A

interoperabilidade tem como principal objectivo estabelecer padrões que permitam o acesso

e a partilha de informação geográfica num ambiente em rede recorrendo a um interface

universal. Nesta área de acção, pretende-se que as organizações permitam o acesso à

estrutura dos formatos de dados e do software, viabilizar a conversão de dados entre

diferentes aplicações e desenvolver interfaces uniformizados (Goodchild et al., 1999).

Inicialmente as organizações apostaram no desenvolvimento de tecnologias proprietárias,

com o objectivo de prender os clientes e de conseguirem vantagens competitivas entre elas.

Contudo, com a difusão da informação geográfica e da utilização dos SIG o enfoque passou

das organizações para os utilizadores, o que levou as organizações, que desenvolvem o

software, a alterar o seu paradigma e apostar mais na facilidade de visualização e

manipulação dos dados por parte dos utilizadores. As empresas compreenderam que, com

o crescimento exponencial de dados e da informação, era premente que o software pudesse

utilizar e manipular toda essa informação independente da sua origem e formato. A

utilização da Internet para acesso e partilha da informação geográfica veio acelerar esse

processo, levando ao desenvolvimento dos Web Services, um interface que descreve um

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conjunto de operações na Internet recorrendo a diversas normas standards, das quais se

destacam a XML, SOAP, WSDL e UDDI9.

Actualmente, muitos sistemas livres e mesmo proprietários já seguem, ou estão em

processo de adaptação, as especificações “padrão” OGC. Dentro dessas especificações

destacam-se as seguintes:

- WFS (Web Feature Service): esta especificação destina-se a permitir a consulta e

manipulação da informação geográfica através do ambiente Web (HTTP), sendo as

operações baseadas no formato GML.

- WMS (Web Map Service): esta especificação define quatro protocolos (GetCapabilities,

GetMap, GetFeatureInfo e DescribeLayer), destinados a permitir a leitura de múltiplas

camadas de informação. Este acesso permite apenas consulta de dados, sendo todo o

processo de visualização do mapa feito no servidor (Charneca, 2005).

- WCS (Web Coverage Service): serviço que suporta o intercâmbio de informação

geográfica que apresenta variações espaciais continuas.

- GML (Geography Markup Language): padrão baseado no XML desenvolvido para

permitir o transferência e armazenamento de informações geográficas.

- SFS (Simple Feature Specification): esta especificação define um formato para

armazenamento, consulta e manipulação de dados geográficos, de acordo com o

padrão SQL.

3.3 WebGIS – Serviços de mapas dinâmicos

3.3.1 Cartografia automática e mapas dinâmicos

Inicialmente os mapas disponíveis na Internet desempenhavam uma função

predominantemente estática, eram digitalizados e colocados na Internet recorrendo-se a

páginas desenvolvidas em HTML, que exibiam mapas em formato matricial (geralmente

ficheiros GIF ou JPEG). Este sistema é muito limitado em termos de funcionalidades e

visualização dos mapas. Mesmo assim, é possível criar algumas funções dinâmicas,

estabelecendo hiperligações a partir desses mapas a informação, imagens ou sítios.

Com o desenvolvimento dos SIG, a cartografia automática vem conquistando cada vez mais

terreno em relação à cartografia tradicional (em papel). Por sua vez, a Internet veio alterar o

paradigma associado à função dos mapas, globalizando-os e ampliando as suas

9 XML – eXtensible Mark-up Language; SOAP – Simple Object Access Protocol; WSDL – Web Service Definition Language; UDDI – Universal Description, Discover, and Integration.

28

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funcionalidades. Os WebGIS vieram possibilitar a disponibilização na Internet de muitas das

funcionalidades dos SIG, criando um ambiente visual suportado pelos mapas, que

funcionam em camadas e permitem navegar através deles com alterações de escala, de

pormenor, níveis de informação e de representação cartográfica. Estas funcionalidades

criam um ambiente dinâmico em oposição aos mapas estáticos. Nos WebGIS, os mapas

para além de serem o suporte de grande parte da informação georreferenciada e um meio

de representação dos resultados da análise espacial, são frequentemente utilizados como

metáfora, servindo como índice, através de hiperligações, para outro tipo de informação

como fotografias, texto, ou vídeos (Kraak, 2004). Os serviços de mapas dinâmicos podem

incorporar, não só, as representações cartográficas mais comuns, que são decorrentes de

modelos abstractos e simplificados da superfície terrestre, como mapas temáticos,

imagens10 e fotografias ortorrectificadas e modelos 3D ou de realidade virtual (Figura 9).

Figura 9 – Os mapas no ambiente WebGIS

A disponibilização de mapas com graus de detalhe e características de representação

distintas, permite alargar o público-alvo dos serviços de mapas e proporcionar uma melhor

cognição espacial. Tomemos como exemplo um mapa topográfico e uma fotografia aérea

com escala semelhante, como o que está representado na figura 10.

10 Existem satélites que permitem captar imagens com grande resolução espacial, como o Quick Bird (0,61m). Contudo, a aerofotogrametria permite resoluções bastante maiores, podendo chegar aos 0,1 m.

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Figura 10 – Representações distintas da superfície terrestre à mesma escala de visualização

Para adeptos de desportos na natureza, a representação topográfica pode ser a mais

adequada, pois através das curvas de nível é possível ter uma percepção muito aproximada

do relevo e da altimetria. Contudo, muitos utilizadores sentem dificuldades em interpretar

este tipo de mapas. As imagens ou fotografias aéreas têm interpretação mais intuitiva,

especialmente quando se conseguem observar a 3D ou através de realidade virtual. A

disponibilização deste tipo de imagens pode ser de grande valor, especialmente quando se

pretende que o serviço de mapas a disponibilizar seja entendido como um media, destinado

à promoção ou divulgação de informação. Os serviços de mapas dinâmicos com diferentes

tipos de representação cartográfica estimulam os utilizadores a serem participantes activos

no processo de comunicação cartográfica e permitem que estes percepcionem melhor os

fenómenos e as características da realidade (Furtado, 2006).

A representação da altitude numa superfície bidimensional tem sido um dos grandes

desafios da cartografia. A leitura do relevo nas cartas a 2D é bastante condicionada, quer

pelas limitações de representação, quer pela dificuldade da interpretação por parte dos

utilizadores. Outra das profundas alterações associadas à cartografia automática e aos SIG

prende-se com as novas possibilidade de representar a terceira dimensão. Na cartografia

actual é comum recorrer-se a três grandes formatos para representar o relevo:

- A 2D, através de curvas de nível, cores, ou sombreado;

- Modelos digitais de elevação com visualização a 2,5D11, ou a 3D;

- Visualização através de realidade virtual.

Cada uma destes formatos apresenta vantagens comparativas. Em termos de promoção

turística e de impacto de visualização, a realidade virtual é a mais apelativa, contudo

também é a mais pesada e onerosa. Os modelos digitais de terreno são, actualmente,

relativamente simples de criar, mas para se poder editar e visualizar essas imagens a 3D, é

11 Também designado por pseudo-3D. Um exemplo de visualização em 2,5D ocorre quando uma imagem concebida a 3D é visualizada em 2D, conseguindo manter-se alguma aparência do 3D..

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necessário recorrer a ferramentas WebGIS mais complexas ou caras e a browsers

específicos, para poder ser visualizada. Para superar parcialmente essas dificuldades, é

comum disponibilizar-se a visualização dessa informação em 2,5D.

Outras das inovações associadas aos SIG é a possibilidade de trabalharem com modelos

de dados geográficos que suportam relações topológicas, o que facilita a análise dos dados

e das relações de dependência. Através de serviços de mapas dinâmicos os utilizadores

podem realizar pesquisas gráficas e alfanuméricas.

É de realçar ainda a vantagem competitiva dos mapas digitais, decorrente da facilidade e

menor custo de actualização, comparativamente com os mapas em papel. De facto, um dos

grandes desafios actuais dos cartógrafos digitais é reduzir o espaço de tempo entre a

ocorrência de uma mudança no terreno e a sua disponibilização no mapa, uma situação que

é de enorme relevância se, por exemplo, considerarmos que, em média, 5% das estradas

são alteradas de alguma forma todos os anos (TOMTOM, 2007a).

3.3.2 Mapas dinâmicos – problemas e soluções

Os SIG vieram revolucionar a cartografia e a maneira de olharmos para os mapas, mas

vieram igualmente criar novos desafios e problemas.

O ponto de partida para a elaboração de um serviço de mapas e de qualquer projecto SIG,

passa por estabelecer qual a informação a representar e qual o nível de detalhe que se

pretende (Longley et al., 2005). Esta escolha, para além de estar dependente dos objectivos

associados à representação, obriga a estabelecer compromissos, pois quanto maior é o

detalhe, mais complexa será a informação gerada e mais pesada e onerosa se tornará.

Com a disponibilização dos mapas na Internet, esta questão passa a ter maior importância,

sendo que as limitações de armazenamento e processamento da informação são mais

notórias nos WebGIS centrados no servidor.

O tempo de resposta do servidor aos pedidos dos utilizadores constitui mesmo um dos

maiores problemas associados aos WebGIS. Quanto mais pesada e complexa é a

informação, mais lenta será a resposta do servidor. A solução passa por definir um nível de

detalhe para a informação, que seja apropriado aos objectivos do serviço de mapas e que

não torne a aplicação demasiado pesada e onerosa.

Outras soluções passam por servidores mais potentes, software e tecnologia com melhor

desempenho na resposta. Há software que permitem implementar caches,12 que contribuem

para se obter ganhos muito significativos na rapidez de navegação, pois quando é feito um

12 Caches são registos de informação frequentemente solicitada, armazenados em áreas temporárias.

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pedido, em vez do servidor ter de processar a informação, vai buscar a cache

correspondente.

Como os mapas dinâmicos podem ser visualizados a escalas bastante distintas, quando se

amplia ou reduz muito a escala de visualização é frequente perder-se legibilidade. A

ampliação excessiva de mapas com pouco detalhe, levará à visualização de uma imagem

difusa, com um nível de informação insuficiente (Figura 11A). Pelo contrário, com a redução

excessiva da escala de visualização de mapas de grande detalhe obtêm-se uma imagem de

difícil leitura (Figura 11 B e C).

Figura 11 – Problemas associados à alteração da escala de visualização.

Para resolver este problema recorre-se a diversas soluções, nomeadamente à criação de

mapas com diferentes níveis de detalhe, acessíveis através de intervalos de visualização.

Assim, quando se amplia um mapa para além da escala de visualização definida, essa

representação é substituída por outro mapa com maior detalhe. Tornou-se assim, comum

nos WebGIS disponibilizar mapas com níveis de abstracção e pormenor distintos (Figura

12).

Figura 12 – Exemplos de mapas com níveis de detalhe distintos

Em resultado da variação da escala, a sobreposição da informação e a dimensão

desadequada das variáveis visuais é frequente, especialmente em escalas de visualização

extremas (Figura 13).

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Figura 13 – Problemas de legibilidade comuns nos mapas dinâmicos (Google Earth, 2007a; CMC, 2008)

Outra das dificuldades dos SIG, que se reflecte nos serviços de mapas, refere-se à

dificuldade na definição de modelos espaciais que respondam às necessidades de um

planeamento axiomático. Este aspecto é reforçado por estarmos perante fenómenos

estritamente referenciados pelo tempo e o espaço, e de estas duas dimensões serem

bastante dinâmicas. Segundo Painho (2006) o facto dos SIG parecerem estar forçados, em

termos ontológicos, a separar espaço e tempo inibe algumas das utilizações potenciais

destas tecnologias. De facto as ferramentas SIG ainda apresentam grandes limitações no

tratamento da dimensão temporal da informação. No caso específico dos serviços de mapas

destinados ao planeamento e ordenamento do território, ou ao turismo na natureza, as

dinâmicas territoriais introduzidas pelo tempo podem ter um significado importante.

Tomemos como exemplo, a alteração de um condicionante de acesso a um local de

escalada ou um trilho, provocado pela nidificação esporádica de um casal de falcões

peregrinos. Por outro lado, ao recorrerem a imagens para representação do espaço, os

WebGIS estas reflectem uma realidade do espaço referente ao momento que as imagens

foram captadas, podendo existir alterações significativas, quer devido a alterações

provocadas pela acção antrópica, quer pela natureza, nomeadamente as provocadas pelas

estações de ano. Contudo, como foi referido anteriormente, embora os mapas dinâmicos

apresentem algumas limitações, comparativamente com a cartografia clássica as vantagens

são expressivas.

3.3.3 Selecção e generalização cartográfica

Embora os SIG estejam estritamente associados ao desenvolvimento da cartografia

automática, estes continuam a ter em conta muitos dos princípios básicos da cartografia

clássica. A concepção cartográfica passa antes de mais pela redução da superfície

representada, levando à perda de informação, que se acentua com a diminuição da escala.

Os mapas são genericamente modelos abstractos da realidade, sendo o processo de

concepção cartográfica constituído por duas fases: a selecção e a generalização.

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A selecção corresponde à identificação das categorias de informação a incluir no modelo,

em função dos seus objectivos (Gaspar, 2005).

Por sua vez, a generalização consiste na escolha das formas e técnicas de representação

cartográfica, decorrentes da necessidade de legibilidade, clareza gráfica e compreensão

(Caetano et al., 2001). Segundo Robinson et al. (1995), o processo de generalização

cartográfica é constituído por quatro etapas:

- Classificação. Consiste no agrupamento em categorias dos objectos com

características semelhantes, para reduzir as entidades a representar;

- Simplificação. Refere-se à identificação das principais características das entidades a

representar, para tornar a informação mais perceptível;

- Realce. Consiste em sobrevalorizar certos elementos de informação;

- Simbolização. Consta na atribuição de símbolos para representar os fenómenos

geográficos.

A generalização cartográfica está estritamente dependente da definição da escala e nível de

detalhe do mapa, da selecção das entidades geográficas que se pretendem representar e

da hierarquia do destaque que se pretende atribuir.

O realce serve essencialmente para diferenciar aspectos quantitativos ou qualitativos dos

elementos geográficos, como por exemplo, diferenciar as sedes de concelho das restantes

cidades.

O primeiro passo correspondente à etapa da simbolização consiste na definição dos

elementos gráficos para representar as variáveis geográficas. Estas podem ser implantadas

sob a forma de três elementos gráficos básicos: ponto, linha e área, acrescidos da

superfície e do volume, no caso das representações a 3D. Muitos fenómenos geográficos

podem ser representados através de qualquer destes elementos gráficos, dependendo da

escala de representação e da importância que se pretende dar à informação. Por exemplo,

num mapa de pequena escala, opta-se pelo ponto para representar um local de escalada,

mas quando se aumenta a escala, o elemento gráfico mais adequado pode passar a ser a

linha ou a área. Nos serviços de mapas dinâmicos esta questão ganha maior relevância,

pois quando se aumenta a escala de visualização pode ser necessário alterar o tipo de

representação. A solução pode então passar por criar um intervalo na escala de

visualização de determinadas camadas, ou mesmo duplicar essas camadas, mas com

elementos gráficos distintos.

Outro aspecto essencial na fase da generalização cartográfica prende-se com a selecção

das variáveis visuais utilizadas. A evolução tecnológica, especialmente a associada ao

processamento digital da imagem, tem vindo a abrir novos horizontes na capacidade de 34

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representação gráfica. Na figura 14, apresenta-se a extensão da proposta de classificação

em sete variáveis visuais, apresentada por Jacques Bertin em 1973, para 10 variáveis

(Longley et al., 2005).

Definidas as opções de representação, será necessário seleccionar as mais adequadas.

Frequentemente são utilizadas diversas variáveis visuais associadas para representar um

elemento geográfico.

Figura 14 – Variáveis visuais (Adaptado de: Longley et al., 2005)

Por exemplo, na figura 15 os percursos pedestres foram classificados tendo em conta

diversas variáveis qualitativas e quantitativas (largura, pavimento, sinalização), recorrendo-

se à variável visual forma associada às variáveis cor e tamanho. A combinação de

diferentes variáveis visuais para a mesma informação pode ajudar a clarificar as imagens,

mas pode igualmente constituir um elemento adicional de perturbação (Silva, 2006), caso

não seja devidamente utilizada.

Figura 15 – Carta topográfica temática com percursos pedestres nos Alpes (IGN, 1988)

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A generalização cartográfica implica outros passos para além da selecção das variáveis

visuais e pode ter outros objectivos, como o realce da informação, diminuir a confusão de

leitura criada pelo excesso de informação, ou tornar o SIG mais leve, o que permite

aumentar a rapidez de acesso à informação.

Como os mapas digitais, em particular nos WebGIS, são utilizados frequentemente para

serem visualizados a escalas menores das que foram originalmente concebidos, recorre-se

frequentemente à generalização geométrica, que consiste na transformação gráfica de

objectos classificados e agregados no mapa (Lopes, 2005). Embora existam grandes

progressos na cartografia automática, continua actual a proposta de classificação

apresentada por McMaster e Shea em 1992, onde são definidas as 10 formas de

generalização representadas na tabela 5.

Métodos de generalização geométrica Mapa original Generalização

- Simplificação. Eliminar detalhes desnecessários.

- Colapso. A substituição de uma área que representa um objecto, por um conjunto de pontos ou linhas.

- Amalgamação. Substituição da representação de diversas áreas por um número menor.

- Refinamento. Substituição de uma representação complexa por uma mais simples, mas que continue a representar adequadamente a estrutura.

- Realce. Forma de destacar a informação, por exemplo, alterando as formas de representação por símbolos que sejam mais explícitos.

- Suavização. Alisar ou arredondar as linhas, mantendo as suas tendências mais significativas.

- Agregação. Representar diversas entidades de forma englobada.

- Junção ou fusão. Unir ou representar diversas linhas ou pontos por um número menor.

- Exagero. Aumento da dimensão dos elementos gráficos para sobrevalorizar os elementos geográficos.

- Deslocamento. Utiliza-se para evitar a sobreposição da representação e garantir a leitura de toda a informação.

Tabela 5 – As formas de generalização (Adaptado de: Longley et al., 2005).

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3.3.4 Modelos e estratégias de implementação

Segundo Foote e Kirvin (1998) existem três estratégias principais no que se refere à partilha

de informação geográfica na Internet:

Centrada no servidor (Server-side)

As funções dos clientes ou utilizadores limitam-se ao envio de requisições, à visualização de

respostas e à extracção de ficheiros, sendo o processamento realizado integralmente no

servidor (Figura 16).

Figura 16 – Estratégia de implementação centrada no Servidor

Este modelo é adequado a situações que se destinam à consulta e acesso à informação por

um número muito elevado de utilizadores, pois não é necessário ter conhecimentos das

ferramentas SIG e, para ter acesso à informação, basta aceder à Internet através de um

browser comum. Nalguns serviços de mapas, especialmente os que disponibilizam funções

de visualização em 3D ou de realidade virtual, é necessário recorrer a um browser

específico geralmente disponibilizado gratuitamente pelo serviço.

Este sistema exige o acesso via banda larga e um servidor potente, para que o tempo de

resposta seja adequado. Por sua vez, como o processamento é realizado essencialmente

no servidor, o utilizador tem as suas tarefas bastante limitada, mesmo que tenha muitos

conhecimentos técnicos e ferramentas SIG disponíveis.

O desenvolvimento da tecnologia WebGIS tem permitido grandes ganhos de rapidez no

processamento da informação por parte do servidor, o que tem permitido a incorporação de

representações da superfície muito mais ricas, nomeadamente com a introdução da

visualização em 3D e a navegação virtual.

A principal limitação desta estratégia de implementação resulta dos utilizadores não terem

grande possibilidade de manipulação e edição da informação. Isso é consequência da

dificuldade em garantir a qualidade da informação produzida pelos consumidores e em gerir

as alterações constantes que estes iriam introduzir. Alguns serviços de mapas, como os

disponibilizados pela Google e pela Microsoft, tem ultrapassado parcialmente esta limitação

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e permitem a edição de dados e informação (percursos, fotos, etc.) por parte dos

utilizadores, guardando as alterações em pastas pessoais. Essa informação pode ser

partilhada por e-mail ou a partir de sítios específicos com essa função. A sua visualização

será restrita a quem a editou ou teve acesso a ela. Contudo, parte dessa informação poderá

ser posteriormente incorporada no serviço de mapas global, através de mecanismos de

selecção ou de aquisição de serviços com fins promocionais.

Focada no cliente (Client-side)

A informação e os dados enviados pelo servidor podem ser processados localmente pelos

utilizadores (clientes), que recorrem a ferramentas SIG instaladas no computador local.

Destina-se a redes mais restritas, com número limitado de utilizadores, que sabem operar

com as ferramentas SIG.

Esta estratégia é utilizada essencialmente em redes de acesso limitado, nomeadamente as

Intranets, permitindo a partilha de dados e de informação nas organizações e reduzir os

custos com as licenças de software. É igualmente a estratégia mais adequada quando

existem diversas pessoas ou organizações a trabalhar num mesmo projecto SIG, que se

encontram em locais distintos.

Modelo híbrido (Hybrid)

As duas estratégias anteriores são combinadas, verificando-se uma distribuição das

funcionalidades de processamento entre o servidor e o cliente. Frequentemente, as tarefas

que envolvem bases de dados e análises espaciais complexas podem ser executados no

servidor e as tarefas que envolvem controle dos dados podem ser executadas pelo

utilizador (Furtado, 2006).

Esta é uma solução ainda pouco adoptada, mas apresenta um importante potencial de

desenvolvimento, nomeadamente em projectos colaborativos. Será adequada em serviços

que apresentam uma filosofia “comunitária”, explorando motivações e conhecimentos de

quem contacta ou está mais próximo da realidade. As populações locais, os viajantes e

praticantes de desporto e turismo natureza, são actores privilegiados que podem contribuir

na partilha de informação e levantamento de dados a incorporar nos serviços de mapas.

Na tabela 6 é apresentada uma síntese das três estratégias de implementação dos serviços

de mapas e dados na Internet.

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Estratégia Tarefa

Centrada no Servidor Centrada no Cliente Híbrida

Servidor

Navegação Pesquisa Análise Desenho de mapas

Pesquisa Análise Desenho de mapas

Análise Desenho de mapas

Cliente

Visualização Visualização Pesquisa Navegação Análise Desenho de mapas

Visualização Pesquisa Navegação

Tabela 6 – Estratégias de implementação de SIG na Internet (Adaptado de Cabral, 2001)

3.3.5 Ferramentas e aplicações WebGIS

A escolha do software para implementar os SIG deve estar condicionada, antes de mais, à

sua interoperabilidade, garantindo que este possibilite a partilha de dados entre diversos

modelos de informação e o desenvolvimento de interfaces uniformizados para os

utilizadores. As aplicações de SIG para a Internet devem garantir que as aplicações sejam

independentes das plataformas em que operam, e que funcionem em qualquer rede

baseada em protocolos TCP/IP, ou seja, qualquer computador que esteja ligado à Internet

através de um browser (Cabral, 2001).

Outros aspectos importantes relacionam-se com o custo e a facilidade de utilização. A

escolha do software deve ainda ter em conta as especificidades do WebGIS que se quer

implementar. Num serviço de mapas destinado à promoção e disponibilização de

informação na área do turismo e desporto na natureza destacam-se as seguintes

especificidades:

- Capacidade de estabelecer ligação entre os mapas e informação adicional através de

hiperligações;

- Facilidade de implementação e gestão do serviço;

- Facilidade de navegação;

- Rapidez na navegação;

- Possibilidade de implementar um desenho gráfico apelativo;

- Disponibilidade de ferramentas de inquirição e navegação.

Existem inúmeras opções de soluções que permitem a partilha de informação através da

Internet, desde sistemas livres, proprietários, gratuitos, comerciais ou semi-comerciais. Na

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tabela 7 encontram-se algumas das soluções comerciais mais utilizadas que seguem as

especificações do OGC.

Designação Sítio Organização

ArcGIS Server URL:http://www.esri.com/ ESRI

MapGuide URL:http://usa.autodesk.com Autodesk

GeoMedia WebMap URL:http://www.intergraph.com/ Intergraph

Tabela 7 – Ferramentas WebGIS comerciais

Na tabela 8 é apresentada uma selecção de software livre destinado a disponibilizar

serviços de mapas dinâmicos na Internet, de acesso e utilização gratuita, ou com custos

reduzidos e apenas na fase da disponibilização do serviço na Internet.

Todo este software segue as especificações do OGC. De realçar o papel do Open Source

Geospatial Foundation (OSGeo), que tem vindo a desenvolver e a disponibilizar

gratuitamente software, contando actualmente com seis projectos de serviços de mapas

(Web Mapping): Mapbender, MapBuilder, MapGuide Open Source, MapServer e

OpenLayers (OSGeo, 2007).

Designação Sítio Organização / Projecto

Alov Map URL:http://alov.org ALOV Software & Archaeological Computing Lab., Sydney University

Chameleon URL:http://chameleon.maptools.org/index.phtml

DM Solutions Group. Canada's GeoConnections Access Program

Deegree URL:http://deegree.sourceforge.net GIS & Remote Sensing – Departamento de Geografia da Universidade de Bona

Fusion URL:http://www.dmsolutions.ca DM Solutions Group

GeoServer URL:http://geoserver.org Free Software Foundation, Inc.

MapBender URL:http://www.mapbender.org Open Source Geospatial Foundation

Map Guide URL:http://mapguide.osgeo.org Open Source Geospatial Foundation. Project Steering Committe

Map Server URL:http://mapserver.gis.umn.edu Projecto TerraSIP. NASA e Minnesota Univ.

TimeMap URL:http://www.timemap.net Archaeological Computing Laboratory, Sydney University

SpringWeb URL:http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/spring_web/spring_web.html

Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Brasil). Divisão Processamento Imagens

Tabela 8 – WebGIS de acesso e utilização livre ou mistas

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3.4 Potencialidades dos SIG no turismo

3.4.1 Áreas de aplicação

A aplicação dos SIG ao turismo tem vindo a crescer de forma significativa, especialmente

em duas grandes áreas:

- No planeamento, ordenamento e gestão do território;

- Como ferramentas para a elaboração e distribuição de informação com recurso à

Internet, nomeadamente através dos serviços de mapas dinâmicos.

3.4.2 Os SIG no planeamento e gestão do território

A utilização dos SIG no planeamento e gestão das áreas protegidas e do turismo na

natureza está a generalizar-se rapidamente, essencialmente porque são ferramentas

facilitadoras, quer na fase de levantamento de dados, quer no seu processamento e

representação através da cartografia digital temática por camadas.

As autarquias, o ICNB e os parques naturais já recorrem de forma sistemática à utilização

dos SIG no cadastro, no planeamento e no ordenamento do território, nomeadamente na

elaboração dos planos de ordenamento dos parques naturais e das Cartas de Desporto

Natureza.

O processo de planeamento aplicado às áreas protegidas tem como ponto de partida a

realidade, pelo que a concepção de modelos em SIG geralmente parte da observação do

território para criar uma representação abstracta, próxima da realidade e que incorpora os

fenómenos geográficos e as suas interdependências.

Nalguns casos, pode ser útil ir mais além, e desenvolver modelos à priori, que permitam

estabelecer previsões e actuar de forma a atenuar ou corrigir os impactos indesejáveis. Por

exemplo, prever os impactos da implementação de uma estância de esqui, da abertura de

uma estrada, do aumento dos fluxos numa determinada zona ou de um período de seca.

O acesso ao meio ambiente e o cálculo do impacto ambiental associado ao turismo e

desporto na natureza e a gestão passa, antes de mais, pela definição de capacidade de

carga dessas actividades. Contudo estamos perante um processo complexo, especialmente

porque a capacidade de carga está dependente dos fluxos e frequências que são difíceis de

quantificar em áreas de acesso livre, da conjugação entre diversos factores de perturbação

e das especificidades de cada local. Desta forma, as ferramentas SIG podem ser

instrumentos facilitadores, mas não devem ser aplicados sem um suporte científico

adequado, nomeadamente através das Ciências da Informação Geográfica que, ao

desenvolverem uma “investigação científica sistemática sobre a representação e 41

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visualização dos elementos geográficos e a compreensão e explicação dos processos

espaciais”, são um garante da qualidade das análises espaciais e dos modelos de apoio à

decisão (Painho, 2006a). Caso os SIG sejam utilizados como estrutura central dos estudos,

pode incorrer-se no erro de se utilizarem as ferramentas SIG de forma abstracta, levando a

extrapolações e tomadas de decisão erradas. Tomemos como exemplo, a utilização

indiscriminada de buffers em situações onde existem imensas variáveis a considerar e o

próprio território apresenta grande diversidade topográfica, podendo levar à decisão de

definir condicionantes sem critérios objectivos, com é o caso da situação representada na

figura 17, em que os buffers não entram em conta com o relevo nem com a visualização das

aves a partir do ninho. É certo que a recolha criteriosa e sistemática de dados,

acompanhada por processos adequados de modelação, permite a elaboração de

representações espaciais muito diversificadas e aplicadas, que facilitam a análise ambiental

e permitem incorporar as dinâmicas desses territórios, sejam evoluções sazonais, sejam

alterações provocadas por fenómenos naturais ou impactos da actividade humana. A partir

delas é possível estabelecer relações de causa-efeito entre as diferentes variáveis, com

bons níveis de aproximação à realidade, o que contribui de forma significativa, para o

processo de tomada de decisão, nomeadamente na gestão de fluxos, restrições de acesso

ou outras medidas de gestão necessárias.

Figura 17 – Definição de condicionantes de acesso ao território

A utilização dos SIG no desenvolvimento de trabalhos direccionados para a análise espacial

com vista à tomada de decisões na área do turismo de natureza, ainda está pouco

explorada e é relativamente complexa, pelo facto de estarmos perante espaços muito

dinâmicos e com uma grande complexidade nas relações, em particular na interacção

Homem-meio (McAdam, 1999).

42

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Entre diversas áreas de estudo relacionadas com a sustentabilidade ambiental e o turismo

natureza, destacam-se as realizadas no âmbito do desenvolvimento de modelos com vista à

previsão e da Ecologia da Paisagem. A Ecologia da Paisagem aborda sistemas ecológicos

de uma forma integrada considerando as actividades humanas como parte do sistema

(Ferreira et al., 2001). Na figura 18, estão representados dois exemplos de estudos nessas

áreas. O primeiro, entre outros objectivos, pretendeu modelar o crescimento urbano e medir

o papel da REN13 na dinâmica urbana e o impacto no Parque Nacional Sintra Cascais

(Cabral, 2006). O segundo teve como principal objectivo medir a capacidade de um

ecossistema de resistir à mudança com a aplicação da entropia de SHANNON (Loubier,

2001).

Figura 18 – Aplicação dos SIG ao planeamento e ordenamento do território (Cabral, 2006; Loubier, 2001)

3.4.3 Os WebGIS aplicados ao turismo

Como referido anteriormente, a Internet tornou-se não só no principal meio para partilha de

informação à escala global, mas igualmente num importante agente impulsionador e difusor

da criatividade tecnológica (Mochón, 2004). As empresas e organizações de software SIG

rapidamente compreenderam a necessidade em desenvolver ferramentas que permitam

visualizar e partilhar informação geográfica na rede. Consequentemente assiste-se

actualmente à expansão de sítios e portais que recorrem a serviços de mapas dinâmicos e

são, cada vez mais, as áreas de aplicação dos WebGIS, desde soluções muito

especializadas, a serviços tematicamente abrangentes.

O turismo é uma das áreas com grande potencial de aplicação destes serviços,

nomeadamente devido a ser uma indústria intensiva em informação e dispersa

geograficamente. As principais vantagens associadas à aplicação dos WebGIS ao turismo,

13 Reserva Ecológica Nacional.

43

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resultam destes permitirem desenvolver serviços de mapas dinâmicos na Internet com

grande potencial visual e gráfico, nomeadamente através da representação espacial e da

informação em camadas e do recurso a diversos tipos de representações do território,

desde mapas cartográficos e de estradas, a imagens com grande resolução espacial, ou

mesmo representações do relevo a 3D ou realidade virtual. Algumas representações podem

ser muito complexas e apelativas como a funcionalidade Bird’s Eye do Virtual Earth da

Microsoft (MICROSOFT, 2007).

Com recurso a ferramentas de informação georreferenciada e ao WebGIS, é ainda possível

desenvolver ambientes na Internet recriando centros interpretativos virtuais, jogos de

educação ambiental, possibilidade de inquirição e manipulação da informação e descarregar

ficheiros.

Desta forma, os serviços de mapas dinâmicos, para além de serem bastante adequados e

úteis para a disponibilização da informação turística, são excelentes canais de promoção e

de ligação entre os consumidores e as empresas que prestam os serviços turísticos.

Como a maioria destes serviços de mapas se destinam ao grande público, seguem um

modelo de implementação baseado no servidor, sendo acessíveis através de um browser

vulgar (Internet Explorer, Netscape Navigator, Mozilla, etc.). Excluem-se os serviços de

mapas com visualização 3D ou em realidade virtual, que recorrem a user agents

específicos, sendo necessário a sua instalação prévia no computador.

Dentro destes últimos serviços de mapas destaca-se o Google Earth, que se tornou mesmo

no paradigma dos serviços de mapas dinâmicos globais ao disponibilizar um serviço

gratuito, com cobertura de todo o Globo e com níveis de navegação e visualização muito

avançados, contribuiu definitivamente para a promoção dos serviços de mapas junto da

vasta comunidade de utilizadores da Internet.

Para além do Google, outras empresas têm vindo a desenvolver aplicações concorrentes,

nomeadamente a Microsoft com a Virtual Earth e a ESRI com o ArcGIS Explorer (Figura 23).

Figura 19 – Serviços de mapas globais com browsers específicos e visualização em 3D

44

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Em relação aos serviços de mapas disponíveis através de browsers normais também aqui

temos aplicações globais e outras dedicadas apenas a um determinado território. Dentro

das aplicações globais destacam-se:

- Google maps, da Google URL: http://maps.google.com/ ;

- Maps Live, da Microsoft URL: http://maps.live.com/ ;

- Via Michelin, da Michelin URL: http://www.viamichelin.com.

Estas aplicações são bastante úteis para o turismo, porque ajudam no planeamento das

viagens de carro, facilitam a circulação, especialmente nas zonas urbanas, permitem a

procurar de localizações através de endereços ou por temas. Alguns serviços disponibilizam

informação sobre trânsito, fotografias ou mesmo visualização a 180º das ruas. Os

utilizadores não só podem ter acesso à localização dos locais e serviços que pretenderem,

como “colocarem-se nesses locais” através do acesso a imagens de realidade virtual,

decidindo para onde se dirigirem e como observar. Com uma simples pesquisa é possível

ter acesso a informação sobre hotéis ou restaurantes de uma determinada área, por tipo de

cozinha e gama de preços, e como chegar lá.

Com a actual expansão dos serviços de mapas para a rede móvel14 associada à

geolocalização, prevê-se um forte incremento da utilização destes serviços. Efectivamente,

é na rua ou em viagem, sem um computador por perto, que esses serviços se tornam mais

úteis. A 5 de Dezembro de 2007 as multinacionais responsáveis pelo Google Maps e pelo

sistema de navegação TomTom tornaram compatíveis os dois serviços, passando a ser

possível enviar para o dispositivo de navegação informação pesquisada no Google Maps,

exportada como favoritos (TOMTOM, 2007b). Para meados de 2008, a Google,

conjuntamente com um consórcio formado por mais de 30 empresas, prevêem vir a

revolucionar a utilização dos telemóveis, com o lançamento do Android, um sistema

operativo específico para a rede móvel, baseada em código aberto e de acesso gratuito15.

Os serviços de mapas globais apresentam ainda vantagens para as empresas de turismo,

que podem ser publicitadas através destes serviços e incorporar nas suas páginas Internet

mapas dinâmicos exportados e ligados a esse serviço de mapas globais, referentes à sua

localização e como chegar.

14 São produtos que estão a começar a ser disponibilizados quer por serviços de mapas como o Google Maps (GOOGLE, 2007b) ou por fabricantes de telemóveis como a Nokia (NOKIA, 2008).

15 “Android is a comprehensive platform for mobile devices and will create an entirely new mobile experience for users, with new applications and new capabilities we can’t imagine today” (Rubin, A. 2007).

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Em termos da aplicação desses serviços de mapas ao turismo e desporto na natureza

destaca-se a possibilidade dos utilizadores de forma simples, conseguirem editar e exportar

por e-mail os seus mapas e percursos pessoais (Figura 20). A versão Plus do Google

Earth16 permite ainda importar percursos e pontos a partir dos aparelhos GPS (Google

Earth, 2007a).

Figura 20 – Editar e enviar percursos no Google Earth (GOOGLE, 2007b)

Ao Google Earth ou Maps estão ainda associados diversos parceiros e serviços, que

permitem disponibilizar um conjunto de outras funcionalidades e promover a colaboração

dos utilizadores, que podem incorporar alguma informação seleccionada. Entre estes

parceiros destacam-se a Wikipédia, o Panoramio17 e portais de hotelaria. Para além de ser

possível localizar os hotéis nesses serviços de mapas, estes utilizam os mapas do Google

nos seus sítios Internet e são estabelecidas hiperligações para permitir aos consumidores

localizarem os hotéis, terem acesso às condições e preços, fazerem reservas, visualizarem

fotografias e vídeos, que podem ir ao pormenor de mostrar os quartos18.

Na área dos percursos pedestres destaca-se o Trimbler Outdoors que, em parceria com o

Google Earth, permite visualizar percursos directamente neste serviço e a edição e acesso

a uma alargada base de dados de percursos (Figura 21).

16 Versão acessível apenas com licença paga (20 US$ por ano, informação no final de 2007). A versão Google Earth Pro também permite ligação com GPS, mas é substancialmente mais cara.

17 Serviço para guardar fotos, indexando à sua localização geográfica a partir do Google Earth e permitir a disponibilização de imagens seleccionadas nesse serviço de mapas (PANORAMIO, 2007)

18 Entre os portais ligadas à hotelaria, que recorrem ao Google Earth e Maps, destacam-se o booking.com (BOOKING, 2007) o earthbooker.com (EARTHBOOKER, 2007), o mbetravel (MBETRAVEL, 2007) e o trivop hotel videoguide (TRIVOP, 2007).

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Figura 21 – Percursos no Google Earth associados ao Trimble Outdoors (Google Earth, 2007b;

Trimble Outdoors, 2007)

Quanto ao WebGIS de nível territorial nacional ou regional, estas são geralmente

desenvolvidas por entidades públicas, organizações não governamentais que encontram

apoios em projectos financiados, ou de âmbito colaborativo. Entre os serviços de mapas na

Internet disponíveis com alguma ligação ao turismo e viagens, destacam-se os seguintes:

- GéoPortail (2007). Portal de dados e serviço de mapas dinâmicos do território francês;

- DisMoiOù (2007). Enciclopédia colaborativa dos lugares;

- Atlas do Ambiente do Instituto do Ambiente com informação sobre o território português

(Agência Portuguesa do Ambiente, 2007).

A uma escala mais local, são de destacar os WebGIS associados a portais autárquicos.

Alguns destes serviços incorporam alguma informação e funcionalidades destinadas ao

turismo na natureza, como é o caso do “SIG – Informação geográfica” da Câmara Municipal

de Cascais (CMC, 2008).

Em relação aos WebGIS especializados na área do turismo ainda existem muito poucos

exemplos, especialmente nas aplicações destinadas em exclusivo ao desporto e turismo na

natureza. Alguns destes serviços estão associados a regiões turísticas ou a parques

naturais, estado por vezes integrados em portais dedicados ao turismo ou a áreas

protegidas, como é o caso do portal do Pays du Trégor-Goelo na Bretanha (Figura 22).

Figura 22 – Mapa Interactivo: oferta turística da região de Trégor-Goelo (TRÉGOR-GOELO, 2007)

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Este serviço de mapas proporciona informação turística diversa, nomeadamente a referente

ao património natural e cultural, alojamento e restauração, rotas temáticas e de fim-de-

semana e de percursos que se dividem em pedestres, bicicleta, a cavalo e outros percursos

(Cabel e Schnell, 2005). Através da navegação no mapa é possível ter acesso às fichas

com informação sobre os percursos.

Outro exemplo de um WebGIS na área do turismo natureza é o GI.Rando, que está

direccionado para a apresentação de percursos pedestres e de bicicleta na Internet (Figura

23). Para além dos percursos, o serviço disponibiliza outra informação turística e fotografias

dos pontos de maior interesse. A visualização cartográfica é realizada a três níveis,

incluindo ortofotomapas a preto e branco.

Figura 23 – Serviço de mapas dinâmico GI.Rando (GI.RANDO, 2007)

Em vez da empresa ou entidade que pretende incorporar serviços de mapas dinâmicos na

sua página ou portal na Internet desenvolver todo o serviço de mapas, actualmente é

possível encomendar os mapas dinâmicos a empresas especializadas em cartografia. A

empresa Chubb Custom Cartography, especializada na elaboração gráfica de mapas, já

oferece esse tipo de produtos. Os mapas que tem desenvolvido para os serviços de

parques naturais dos EUA incluem geralmente informação sobre os percursos pedestres,

como é o caso do mapa da ilha Kauai no Havai (Figura 24).

Figura 24 – Mapa dinâmico da ilha Kauai (Chubb Custom Cartography, 2008)

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3.5 Conclusão

Na actual economia global, o conhecimento e a informação são as bases da produtividade e

da competitividade e as tecnologias de informação e as redes de comunicação são o cerne

de toda esta revolução. Entre estas redes, a Internet afirma-se como o agente mais

poderoso para propagar e acelerar a criatividade tecnológica e o processo económico

(Mochón, 2004). A Internet tornou-se sinónimo de comunicação mais rápida, acesso global

e minimização dos custos, para as empresas que recorrem a esta rede para realizarem os

seus negócios, levando à forte expansão do e-comércio (Rayman-Bacchus e Molina, 2001).

Como a indústria turística é intensiva em informação e dispersa geograficamente, a sua

utilização tornou-se vital para o sector, criando novas oportunidades, nomeadamente para

as pequenas empresas e os territórios periféricos.

Também as empresas de SIG viram a grande oportunidade que a Internet passou a

oferecer, levando ao desenvolvimentos dos WebGIS. Esta rede global levou à expansão de

modelos e estratégias de implementação destinadas a utilizadores sem conhecimentos de

SIG e acelerou a necessidade de se apostar na interoperabilidade dos sistemas.

A utilização dos serviços de mapas dinâmicos pelo grande público é uma realidade muito

recente, que sofreu um impulso decisivo com a disponibilização gratuita do Google Earth.

As potencialidades destes serviços crescem a um ritmo acelerado e a recente expansão

para a rede móvel e associação a dispositivos de geolocalização por satélite auguram

grande crescimento. Em termos de serviços de mapas dinâmicos aplicados ao turismo na

natureza, ainda estamos numa fase embrionária, mas as perspectivas são interessantes.

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4 CASO DE ESTUDO: WEBGIS APLICADO AO TURISMO NA NATUREZA NOS AÇORES

4.1 Introdução

4.1.1 Enquadramento e estrutura do capítulo

Neste capítulo apresenta-se o caso de estudo através do qual é aplicada a metodologia

proposta na dissertação. Nesta primeira sessão do capítulo são apresentadas as

considerações iniciais que levaram ao desenvolvimento deste projecto. Na sessão seguinte

é caracterizado o território de aplicação dos pontos de vista geográfico e das

potencialidades turísticas. De seguida, é apresentada a metodologia de desenvolvimento do

projecto, onde são estabelecidos os pressupostos para a sua implementação. No quarto

ponto, é apresentado o modelo de dados e de informação e, na última parte, é desenvolvida

a aplicação WebGIS.

4.1.2 Abordagem inicial

O projecto desenvolvido nesta dissertação parte da “ideia” de explorar as potencialidades

das ferramentas SIG destinadas a fornecer serviços de mapas dinâmicos na Internet

aplicados à animação turística.

Na abordagem inicial foi aplicada uma metodologia sistémica, partindo de uma abordagem

top-down. A partir da definição global do projecto, este foi decomposto, procurando que

cada uma das partes se encaixasse de forma a levar à sua viabilização, com base na

filosofia de que o todo é a essência do projecto e este é mais que a soma das partes (Julião,

2007). A partir da ideia do projecto e da confirmação da sua aplicabilidade e utilidade, foi

necessário desenvolver os passos seguintes referentes à implementar do projecto,

procurando responder às questões: “Como fazer?”, “Onde?” e “Quem?”. Nesta fase inicial

foi dada especial importância a encontrar um território adequado para aplicação do projecto,

acessibilidade à informação e entidades que pudessem envolver-se ou apoiar o projecto.

Como o projecto nasceu externamente às organizações foi necessário encontrar entidades

que facilitassem o acesso à informação e cuja missão se enquadrasse no seu âmbito. Desta

forma, foi imperioso desenvolver uma pré-proposta para apresentar a possíveis parceiros e

definir quais os territórios de interesse para o projecto. A fase crucial passou por seleccionar

e reunir com as entidades cuja “Missão” pudesse confluir em metas comuns e fosse de

encontro aos objectivos do projecto (Figura 25).

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Figura 25 – Metodologia de desenvolvimento do projecto SIG – Abordagem inicial

Nestas reuniões a proposta SIG foi apresentada em forma de briefing, com recurso a uma

apresentação em PowerPoint. A opção pelo território dos Açores foi tomada em reunião do

Plano Estratégico de Animação Turística para a ilha Terceira (PEATT), na qual a

Associação Regional de Turismo dos Açores (ART) e a delegada da ilha Terceira da

Direcção Regional do Turismo (DRT), consideraram o projecto interessante para a região e

comprometeram-se em apoiar o projecto.

A ART é uma instituição de direito privado sem fins lucrativos que tem como associados a

Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo e as nove câmaras municipais do Grupo

Central. Esta Associação tem como principais objectivos a promoção turística e contribuir

para a qualificação e concertação dos serviços turísticos locais (Silva et al., 2007).

A DRT é o órgão de estudo, coordenação, promoção, execução e fiscalização da Secretaria

Regional da Economia no âmbito da política de turismo (GRA, 2006).

O PEATT é um instrumento de ordenamento turístico-territorial apoiado pela Secretaria

Regional da Economia, desenvolvido pela ART com a consultadoria da Lazeres Outdoor

Consulting. Este plano visa contribuir para estruturar os modelos e as práticas de Animação

Turística, tendo por maior razão a qualidade do produto turístico e a qualificação da oferta

turística local. (Completo et al., 2005).

Estas entidades facilitaram o acesso aos Serviços Regional de Habitação e Equipamentos

(SRHE) e do Gabinete de Apoio ao Turismo Rural e de Natureza dos Açores (GATNER),

que disponibilizaram informação cartográfica e dados dos percursos pedestres. Por sua vez,

através do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da Universidade Nova

de Lisboa (ISEGI-UNL) foi possível ter acesso ao software necessário para o

desenvolvimento do projecto. O alojamento do serviço, nesta fase de desenvolvimento do

projecto, será realizado a partir do servidor da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do

Estoril (ESHTE).

Encontrado o território de aplicação e o apoio indispensável para o desenvolvimento do

projecto, ficaram garantidas às três componentes essenciais associadas ao projecto: “O

quê?” o que consiste; “Onde?” qual o território de aplicação; “Quem?” quem está

envolvido no projecto (Figura 26).

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Cliente Servidor

WebGIS

O quê? Onde? Quem?

Figura 26 – Componentes chave do projecto ZoomAzores

4.2 Território de aplicação

4.2.1 Justificação da selecção do território de aplicação

A opção dos Açores para território de aplicação do projecto desenvolvido nesta dissertação

é justificada por estarmos perante uma região com enorme potencial para o turismo

sustentável na natureza (Tourtellot, 2007). Acresce-se o facto dos Açores continuarem a ser

um destino pouco explorado, mas com grande potencial de crescimento, especialmente nos

segmentos associados ao turismo na natureza e de aventura. Outro factor prende-se com a

necessidade em melhorar a promoção e acesso à informação turística, já que os Açores

apresentam um défice expressivo em termos de promoção e disponibilidade de informação

(SREA, 2001). Esse aspecto é evidenciado pelo Plano de Ordenamento Turístico da Região

Autónoma dos Açores (POTRAA), que identifica a necessidade da promoção turística

apostar em novas formas de marketing turístico, decorrentes da generalização das redes de

informação electrónica. À escala nacional, também o PENT (MEI, 2006), define como área

estratégica o desenvolvimento de ferramentas de informação geográfica para a gestão do

território e a aposta no e-turismo.

Embora o modelo conceptual do projecto ZoomAzores esteja pensado para ser aplicado a

todo o arquipélago, optou-se por apresentar dados e desenvolver informação com níveis

distintos, privilegiando as ilhas dos grupos Central e Ocidental e em particular a ilha

Terceira. Essa opção, prende-se com o facto deste projecto ter como objectivo principal o

desenvolvimento do modelo conceptual a aplicar e não tanto a operacionalização final de

um portal. Definido o modelo conceptual e de dados, e desenvolvida a sua aplicação para

parte do território, será relativamente simples implementar e expandir o portal a todo o

território.

4.2.2 Caracterização geográfica

O arquipélago dos Açores encontra-se localizado em pleno Atlântico Norte, nas latitudes

médias entre os 37º e os 40º Norte, a uma distância significativa dos continentes mais

próximos (1.570 km do Continente Europeu e 3.900 km da América do Norte). Outro

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aspecto marcante do território açoriano é a forte insularidade, devido à dispersão em nove

ilhas divididas em três grupos (Figura 27):

- Oriental, constituído pelas ilhas de Santa Maria e de São Miguel;

- Central, constituído pelas ilhas Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial;

- Ocidental, do qual fazem parte as ilhas das Flores e do Corvo.

Figura 27 - Área de estudo (Dados: CGIAR-CSI, 2008; globo: GOOGLE, 2007b)

Localizado numa região de contacto de três placas litosféricas, o Arquipélago dos Açores e

toda uma imensa cordilheira de montanhas submarinas (a crista média atlântica), resultam

das forças da geodinâmica interna, com a ascensão de magma à superfície através de

manifestações vulcânicas. A sua formação relativamente recente e as progressivas

erupções vulcânicas19, repercutem-se no modelado, caracterizado por relevos acentuados e

estruturas vulcânicas bastante preservadas. A montanha do Pico, com os seus 2351 metros

de altitude, constitui o ponto mais alto do arquipélago e do país. No seu conjunto, o

Arquipélago dos Açores possui uma riqueza de manifestações geológicas e de

ecossistemas, complexos e frágeis, com elevado interesse ecológico e turístico (Silva et al.,

2007). A vegetação autóctone das ilhas açorianas apresenta grande particularidade e

origem bastante remota, tendo como base a Floresta Laurissilva que, ao contrário do

continente europeu, sobreviveu aos diversos ciclos de glaciação ocorridos no final do

19 A última erupção ocorreu ao largo da Serreta na ilha Terceira entre 1998 e 2000, mas entre as recentes, a mais famosa é a do vulcão dos Capelinhos na ilha do Faial (1957 e 1958).

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Período do Terciário. Este tipo de vegetação persistiu na região da Macaronésia20, devido

ao isolamento geográfico e às condições climatéricas (Borges et al., 2005).

Embora a flora tenha sido bastante alterada, especialmente devido à substituição da floresta

por pastagens e à introdução de espécies exóticas, algumas das quais invasoras, os Açores

apresentam grande riqueza em termos de biodiversidade e de endemismos. Contudo, não

deixa de ser curioso que um dos principais elementos simbólicos da paisagem, muito

utilizado na promoção turística, seja uma planta invasora: a hortênsia (Hydrangea

macrophylla). A paisagem açoriana actual resulta da interacção entre os elementos naturais

e a acção do homem.

A paisagem natural sofreu grandes alterações com a colonização das ilhas e o consequente

povoamento e arroteamento de grande parte do território, para fins de exploração agro-

pecuária. No entanto, como o povoamento se concentrou ao longo da costa e a actividade

agro-pecuária seguiu um regime essencialmente extensivo, os impactos na paisagem foram

minimizados, verificando-se uma certa harmonia entre a ocupação do solo e a natureza. A

ruralidade, o povoamento tradicional, os campos de pastagens ladeados de muros de pedra

ou de sebes de hortênsias, o modelado vulcânico e a omnipresença do azul do mar,

conferem uma forte peculiaridade e exotismo à paisagem açoriana.

A paisagem urbana, em especial da cidade de Angra do Heroísmo e da paisagem cultural

da vinha do Pico, ambas Classificadas pela UNESCO como Património Mundial da

Humanidade, compete, em termos de beleza e de valor patrimonial, com inúmeros traços

distintos da paisagem natural como a montanha do Pico, as lagoas do Fogo e das Sete

Cidades, o Algar do Carvão e as cascatas das Flores.

Outro dos traços distintos da paisagem açoriana é conferido pela costa, que apresenta

abundância de enseadas e reentrâncias, alternando as falésias altas e escarpadas com a

costa rochosa baixa e algumas praias. Embora menos perceptível, é de destacar ainda a

paisagem subterrânea. O subsolo é rico em grutas de origem vulcânica, nomeadamente

galerias formadas por tubos de lava e cavidades no interior de antigos cones vulcânicos. As

cores são outro elemento marcante da paisagem açoriana, sendo os viajantes fascinados

com a omnipresença do verde das pastagens e do azul do oceano.

A geomorfologia, a ocupação humana e o clima são os factores mais determinantes da

paisagem. Mas o clima, também condiciona de forma significativa a actividade turística

desta região. Localizados na zona de contacto das massas de ar tropical e polar, os Açores

20 Este arquipélago integra a zona biogeográfica designada por Macaronésia, conjuntamente com a Madeira, ilhas Selvagens e Canárias. Cabo Verde e uma franja da costa ocidental de Marrocos são frequentemente considerados integrantes desta região.

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apresentam um clima de transição entre o temperado oceânico e o mediterrânico. As

temperaturas são moderadas ao longo de todo o ano, com amplitude térmica anual

relativamente reduzida, abundante precipitação e com uma estação seca residual durante o

Verão. O Inverno e as estações intermédias são bastante pluviosas, sendo o território

frequentemente afectado nessas estações por ciclones e pela frente polar. Embora o Verão

seja significativamente mais soalheiro e estável, a extrema importância no contexto insular

do efeito do relevo e da altitude no clima dos Açores, leva a que, mesmo nessa estação, a

insolação seja relativamente baixa, especialmente nas zonas mais elevadas das ilhas, que

estão frequentemente cobertas por nuvens (Forjaz et al., 2004).

A abundância de nebulosidade associada à grande instabilidade do estado do tempo e do

mar, são factores limitantes da pratica das actividades de desporto e turismo na natureza e

um dos condicionantes a uma distribuição mais regular dos visitantes ao longo do ano.

Contudo, um Inverno com temperaturas amenas e a temperatura média da água do mar

relativamente elevada, ao longo de todo o ano (17º a 22º), são pontos fortes em termos

turísticos.

4.2.3 Caracterização demográfica

Em 2005 a Região Autónoma dos Açores contava com 242 mil habitantes e uma densidade

populacional de 104 habitantes por km2 (INE, 2006). Contudo, a distribuição territorial e

populacional pelas nove ilhas do arquipélago é bastante heterogenia. São Miguel apresenta

cerca de um terço da superfície e concentra quase 55 % dos habitantes do Arquipélago.

Para além de ser a maior ilha, é a que apresenta maior densidade populacional. No seu

conjunto São Miguel e a Terceira comportam quase 77% da população do território. No lado

oposto encontra-se as ilhas do Grupo Ocidental, que apresentam os valores mais baixos em

termos de densidade e população residente. Destas destaca-se o Corvo, a ilha mais

pequena dos Açores, com apenas 0,7 % da superfície e 0,2 % do total dos habitantes do

Arquipélago (Tabela 9). Do ponto de vista demográfico os aspectos mais distintos deste

arquipélago resultam de uma ocupação humana tardia e do peso da emigração. O

povoamento das ilhas iniciou-se apenas no século XV, mas desde cedo a emigração

assolou as ilhas. O êxodo da população verificou-se essencialmente na segunda metade do

século XX, tendo como principais destinos os EUA e o Canadá. Esse êxodo levou mesmo à

redução de cerca de 85 mil habitantes entre 1960 e 2001 (INE, 2001). A comunidade de

emigrantes no mundo representa um nicho de mercado turístico muito significativo e, em

grande parte, por explorar.

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Actualmente a população tem tendência a estabilizar sendo esta uma das poucas regiões

de Portugal, onde não se prevê que venha ocorrer diminuição de população nas próximas

décadas (INE, 2004).

Superfície População residente Dados de 2005 (km2) (%) (hab.) (%)

Densidade populacional

(hab/km2)

Ponto mais alto

(m)

Con-celhos(n.º)

Arquipélago dos Açores 2.333 100 242.241 100,0 104 2.351 19 Santa Maria 97 4,2 5.524 2,3 57 587 1 Grupo

Oriental São Miguel 745 31,9 132.205 54,6 178 1.103 6 Terceira 402 17,2 55.599 23,0 138 1.021 2 Graciosa 61 2,6 4.813 2,0 79 402 1 São Jorge 244 10,5 9.523 3,9 39 1.053 2 Pico 445 19,1 14.750 6,1 33 2.351 3

Grupo

Central

Faial 173 7,4 15.343 6, 3 89 1.043 1 Flores 141 6,0 4.023 1,7 29 914 2 Grupo

Ocidental Corvo 17 0,7 461 0,2 27 718 1

Tabela 9 – Caracterização geográfica do arquipélago dos Açores (INE, 2006; SREA, 2007)

4.2.4 A actividade turística nos Açores

A aposta do Governo Regional no turismo, assume como paradigma a sustentabilidade

ambiental, económica e social, no quadro de um modelo de desenvolvimento do turismo

que privilegie a qualidade, tanto em termos de ambiente do destino turístico, como no que

refere aos empreendimentos e serviços turísticos (Silva et al., 2007). A visão para o turismo

apontada pelo POTRAA consubstancia-se no desenvolvimento e afirmação de um sector

turístico sustentável, que garanta o desenvolvimento económico, a preservação do

ambiente natural e humano e que contribua para o ordenamento do território insular e para

a atenuação da disparidades entre os diversos espaços constitutivos da Região (GEOIDEIA

et al., 2007). Este modelo de desenvolvimento turístico vem ao encontro das motivações

dos turistas. Segundo o “Estudo sobre os turistas que visitam os Açores” (SREA, 2001), os

cinco factores mais importantes para a escolha do destino Açores, foram: beleza natural,

ambiente calmo, novidade e exotismo das ilhas, clima e segurança. Este estudo prova que a

atractividade turística dos Açores está muito relacionada com a beleza natural e a

possibilidade de se realizar férias tranquilas, activas e exóticas.

Também a nível nacional, o Governo, através do PENT, aponta para o turismo de natureza,

saúde e bem-estar e o turismo náutico, como os produtos prioritários para os Açores. Esta é

mesmo a região de Portugal onde o turismo na natureza é mais expressivo, representando

36% das motivações primárias dos turistas que visitam esta região, valor que é bastante

significativo comparado com a média nacional de 6% (MEI, 2006). Os Açores são

56

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igualmente a região em que o turismo náutico apresenta maior peso, com 6,2% das

motivações dos turistas. Notório ainda, é o reconhecimento internacional da grande

potencialidade da região para o turismo na natureza. Segundo a revista National

Geographic Traveler (Tourtellot, 2007), o Arquipélago dos Açores é o segundo melhor

destino insular em termos de turismo sustentável (Tabela 10).

Ordem Ilha / Arquipélago País/Reg. Ordem Ilha / Arquipélago País/Reg.

1 Ilhas Faroe Dinamarca 6 Ilha de Skye RU/Escócia

2 Arquipélago Açores Portugal 7 Ilha Kangaroo Austrália

3 Ilhas Lofoten Noruega 8 Ilha Mackinac Michigan

4 Ilhas Shetland Escócia 9 Islândia Islândia

5 Arquipélago Chiloé Chile 10 Ilha Molokai EUA / Havai

Tabela 10 – Os melhores destinos insulares para o turismo sustentável (Tourtellot, 2007)

Embora os Açores continuem a ser uma das regiões com menor peso do turismo à escala

nacional, esta actividade económica afirma-se cada vez mais como sector estratégico para

o desenvolvimento do Arquipélago. Entre 2000 e 2006, esta foi a região do país que teve

maior acréscimo nas dormidas na hotelaria tradicional (78%). Em 1990, essas dormidas

corresponderam apenas a 1,5% do total nacional, tendo aumentado para 3,1% em 2007

(INE, 2007a). O crescimento do turismo nos Açores fez-se sentir essencialmente a partir de

1995 (Moniz, 2006)

Embora o destino Açores continue a apresentar grande potencial de crescimento, e o PENT

aponte para taxas de crescimento prospectivas para as dormidas de 6,5% ao ano até 2015,

em 2007 verificou-se uma diminuição na dinâmica do sector, com crescimentos inferiores à

média registada no país (Tabela 11).

Hóspedes Dormidas Proveitos Total nacional 7,0 % 5,3 % 9,0 % Açores 5,4 % 2,4 % 2,9 %

Tabela 11 – Variação homóloga de Janeiro a Setembro de 2007, em relação ao mesmo período de 2006 (INE, 2007)

Dos aspectos mais relevantes do turismo dos Açores, destacam-se os seguintes:

- Destino emergente com grande potencialidade para o turismo na natureza;

- Estada média baixa e forte sazonalidade;

- Peso significativo do turismo nacional;

- Distribuição muito heterogénea do turismo pelas ilhas;

- Importância estratégica do sector da animação turística e marítimo-turística. 57

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A estada média baixa e a sazonalidade bastante marcada, concentrando-se nos três meses

de Verão, 42% do total das dormidas dos turistas, são os principais pontos fracos do turismo

dos Açores (Figura 28).

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Dor

mid

as

Figura 28 – Sazonalidade: dormidas na Hotelaria Tradicional nos Açores em 2006 (SREA, 2007)

Comparativamente com os principais destinos insulares concorrentes, o turismo dos Açores

é caracterizado principalmente por se encontrar num estádio de desenvolvimento mais

jovem, configurando-se com um destino emergente mas ainda com fluxos reduzidos. Alguns

destes aspectos são patentes numa análise comparativa com a realidade nacional e com

destinos concorrentes insulares, situados na mesma região biogeográfica (Tabela 12).

Indicador Açores Madeira Canárias Portugal

Emprego no sector Turístico (% total emprego) 6,1 10,7 14,1 10,0

Densidade da oferta turística (capac. Alojamento/km2) 3,9 35,5 53,0 2,8

Turismo em espaço rural (% cap. aloj. em rel. oferta total) 5,8 1,8 0,6 4,1

Estada média dos turistas na região (dias) 3,6 6,5 9,8 3,1

Densidade da procura turística (n.º turistas/km2) 149 1072 1712 124

Sazonalidade da procura turística (turistas/meses21) 0,47 0,15 0,12 -

Evolução nº de hóspedes (% de variação entre 2001 e 2005) 44,0 3,2 - 12,6

Proporção de hóspedes estrangeiros (%) 41,6 75,3 - 51,9

Capacidade de alojamento (n.º camas/1000 hab.) 34,8 114,6 - 25,0

Tabela 12 – Caracterização da actividade turística em 2005 (SREA et al., 2006; SREA, 2006; INE, 2007b)

Comparativamente com a Madeira e as Canárias, as densidades da procura e da oferta

turística nos Açores são bastante inferiores, o que demonstra um peso bastante menor do

sector na economia local e um estádio de desenvolvimento mais jovem. Outro indicador

pouco favorável é a dependência excessiva do mercado nacional que, em 2005, era

21 Calculado pelo Índice de Dispersão Relativa, resultante da divisão do desvio padrão pela média.

58

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responsável por 58,4% do total de hóspedes, contra apenas 24,7% na Madeira. Em termos

de visitantes estrangeiros, em 2006 os mercados com maior peso foram a Dinamarca a

Alemanha e a Suécia (Tabela 13).

País Dinamarca Alemanha Suécia R.Unido EUA Finlândia Espanha NoruegaQt. 23.390 18.560 17.503 12.861 12.314 10.270 8.452 8.010 % 15,9 12,6 11,9 8,8 8,4 7,0 5,8 5,5

Tabela 13 – Principais mercados emissores de hóspedes em 2006 (SREA, 2007b)

No seu conjunto, entre Janeiro e Setembro de 2007, o mercado nórdico foi responsável por

cerca de metade das dormidas dos estrangeiros (SREA, 2007). Em média, o turista

estrangeiro apresenta maior tempo de permanência que o nacional, excepto em 3 das ilhas

mais pequenas: Santa Maria, Flores e Corvo (Figura 29).

0

20

40

60

Açores Sta Maria S. Miguel Terceira Graciosa S. Jorge Pico Faial Flores Corvo

% % Hóspedes estrangeiros% Dormidas estrangeiros

Figura 29 – Distribuição mensal das dormidas, nos Açores em 2006 (SREA, 2007)

Os hóspedes estrangeiros (39,8%) continuam a ser substancialmente menos que os

nacionais, mas representam mais de metade das dormidas (Tabela 14).

Hóspedes Dormidas Fonte: SREA, 2007

n.º (%) n.º (%) Estada

média (dias)% Hóspedes estrangeiros

% Dormidas estrangeiros

Total Açores 368.960 100 1.277.598 100 3,5 39,8 54,3 Santa Maria 9.058 2,5 23.895 1,9 2,6 21,2 18,9 Grupo

Oriental São Miguel 215.398 58,4 883.546 69,2 4,1 48,9 64,8 Terceira 62.846 17,0 156.094 12,2 2,5 24,0 26,2 Graciosa 4.119 1,1 10.372 0,8 2,5 8,0 9,9 São Jorge 7.271 2,0 17.568 1,4 2,4 35,0 40,1 Pico 21.673 5,9 54.187 4,2 2,5 29,5 36,6

Grupo Central Faial 43.652 11,8 113.186 8,9 2,6 30,3 37,7

Flores 4.885 1,3 18.522 1,4 3,8 40,7 28,7 Grupo Ocidental Corvo 58 0,0 228 0,0 3,9 31,0 29,4

Tabela 14 – Hóspedes, dormidas e estada média por ilha em 2006 (INE, 2007b)

Nos últimos anos o crescimento do turismo nos Açores tem sido mais expressivo

relativamente ao mercado internacional, que passou de 35% das dormidas, no ano 2000, 59

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para 56% em 2007 (SREA, 2007). Essa é uma tendência que se prevê vir a acentuar-se, à

medida que se alarga o mercado internacional, muito dependente de ligações aéreas

directas e da promoção do destino, que é pouco conhecido no mercado externo.

Relativamente à distribuição interna do turismo, verifica-se uma distribuição bastante

heterogénea da procura, com forte concentração na Ilha de São Miguel, a qual foi, em 2006,

responsável por 69,2% das dormidas, seguida da Terceira com 12,2% e o Faial com 8,9%

(Figura 30 e Tabela 14).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Sta Maria S. Miguel Terceira Graciosa S. Jorge Pico Faial Flores Corvo

Milh

ares

0

1

2

3

4

5

nº d

ias

HóspedesDormidasEstada

Figura 30 – Hóspedes, dormidas e estada média por ilha em 2006 (INE, 2007b)

A excessiva concentração da actividade turística em São Miguel é ainda acentuada por

apresentar bastante melhor desempenho, quer em termos de estada média 4,1 dias em São

Miguel comparando com 3,5 dias de média nos Açores, quer do peso dos hóspedes e

dormidas dos estrangeiros que é substancialmente superior ao das restantes ilhas.

4.2.5 Caracterização das potencialidades e da oferta de animação turística

Como foi referido anteriormente, os Açores têm vindo a afirmar-se como destino de eleição

para os segmentos do turismo activo na natureza, bem-estar e aventura. A animação

turística é potencialmente estruturante do ponto de vista da oferta de serviços e de produtos

aos visitantes. Todas as ilhas apresentam potencialidades para a prática de turismo e

desportos de natureza, especialmente no que concerne aos percursos pedestres, a cavalo

ou de bicicleta, à vulcanologia e a algumas actividades aquáticas como os passeios de

barco, a pesca desportiva e de alto mar, a observação de cetáceos e o mergulho. Alguns

dos produtos e potencialidades são específicos, pelo que não ocorrem em todas as ilhas,

sendo igualmente de realçar que o nível de oferta e desenvolvimento desses produtos varia

consoante a ilha. Em geral, com excepção de alguns produtos, com destaque para os

passeios de barco e a observação de cetáceos, a oferta de animação turística nos Açores 60

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ainda é pouco consistente. Pela sua dimensão e centralidade, a ilha de São Miguel,

destaca-se quanto à oferta de serviços de animação turística, enquanto que as ilhas mais

pequenas e periféricas apresentam a oferta mais reduzida (Figura 31).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Santa Maria São Miguel Terceira Faial São Jorge Pico Graciosa Flores Corvo

Passeiosde Barco

Pesca Desportiva

Observação de Cetáceos

Mergulho

Vela

Canoagem, ski e boias

Montanhismo

Percursos Pedestres

Scooter's, BTT e VTT

Figura 31 – Inventário das empresas de animação turística por tipo de actividade (DRT, 2007)

Contudo, em geral, nos Açores a oferta de animação turística ainda é pouco consistente.

Exceptuam-se alguns produtos, com destaque para os passeios de barco e a observação

de cetáceos. Na tabela 15 estão representadas as actividades disponíveis em cada ilha, a

representar no WebGIS ZoomAzores.

Grupo Oriental Grupo Central Grupo OcidentalActividades Sta Maria S.Miguel Faial Graciosa Pico S.Jorge Terceira Flores Corvo Passeios de Barco

Pesca Desportiva

Observação Cetáceos

Mergulho

Vela

Canoagem de Mar

Surf

Passeios Pedestres

BTT, passeios bicicleta

Passeios a Cavalo

Vulcanologia, Espeleísmo

Escalada e Rapel

Canyoning

Golfe

Legenda: Produtos e serviços prestados por empresas Potencial para a prática com serviços em desenvolvimento

Potencial para a prática mas sem serviços organizados Sem potencial ou sem Informação

Tabela 15 – Potencialidades, recurso e serviços de turismo e desporto na natureza (Dados: DRT, 2007) 61

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Quanto às actividades e produtos de turismo e desporto na natureza oferecidos pelas

empresas de animação turística verifica-se uma oferta mais significativa de passeios de

barco (22%), seguido de pesca desportiva, montanhismo, observação de cetáceos e

mergulho (Figura 32).

Passeiosde Barco; 39

Pesca Desportiva; 34Observação de Cetáceos; 23

Scooter's, BTT e VTT; 10

Percursos Pedestres; 12

Mergulho; 19

Montanhismo; 31

Vela; 3Canoagem, ski e boias; 7

Figura 32 – Actividades oferecidas pelas empresas de animação turística (DRT, 2007)

Estes dados resultam das potencialidades do território e das características das

modalidades. Enquanto algumas actividades dificilmente são praticadas sem recurso ao

serviço das empresas (e.g. mergulho, observação de cetáceos ou passeios de barco),

outras são facilmente praticadas em autonomia (e.g. passeios pedestres). A oferta depende

igualmente das exigências de investimento. A existência de tantas empresas a oferecer

montanhismo está associada a muitos turistas quererem realizar a ascensão ao Pico e ser

mínimo o investimento necessário para oferecer este serviço.

4.3 Metodologia de desenvolvimento do projecto

4.3.1 Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas de Informação

Após a fase associada à definição do território e das entidades envolvidas, optou-se por

aplicar uma Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas de Informação (ISDM)22 mais

convencional. As ISDM são técnicas indispensáveis para a implementação de um SIG numa

ou várias organizações. Segundo Longworth (op. Cit. Julião, 2007), na década de 1980 já

existiam mais de trezentas ISDM. Se tivermos em conta que as metodologias devem ser

adaptadas às especificidades dos projectos, facilmente se percebe que as ISDM não podem

ser encaradas de forma rígida. Howard (1993) defende que as metodologias devem ter em

conta o tipo de projecto e as organizações envolvidas e seguir dois segmentos: a

complexidade do cliente e a complexidade do sistema. Devido à especificidade do projecto

proposto, as entidades envolvidas e a sua reduzida dimensão, foi adoptada uma

metodologia mista desenvolvida em cascata, partindo de uma abordagem top-down e

22 Do inglês: Information System Development Methodologies.

62

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recorrendo a algumas técnicas embutidas. Essa metodologia segue as etapas em cascata

representadas na figura 33.

Figura 33 – Etapas da ISDM.

4.3.2 Pensamento estratégico

A prática comum na implementação de um SIG nas organizações é este estar condicionado

e partir da estratégia empresarial e da subsequente estratégia de informação. De facto, o

ponto de partida para o desenvolvimento de um projecto deverá atender à “Missão” da

empresa e ter uma meta bem definida, ou seja “onde se pretende chegar”, o que Anderson

(1992) designou por visão estratégica. Na figura 34 está representada a ligação entre o

pensamento estratégico associado a este projecto e a “Missão” das organizações

envolvidas.

Figura 34 – Missão empresarial e pensamento estratégico associado ao projecto

A partir da “Missão” e, em particular, do “Destino” estabelece-se uma metodologia top-down,

que tem como ponto de partida a definição dos seguintes objectivos:

- Contribuir para a promoção do destino Açores;

- Disponibilizar informação sobre o desporto e turismo na natureza o património turístico

e os serviços prestados pelas empresas de animação turística;

- Disponibilização de um modelo de acesso à informação, graficamente apelativo e de

fácil operacionalização;

- Contribuir para um modelo de desenvolvimento sustentado, promovendo o turismo na

natureza baseado nos recursos endógenos;

63

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- Estimular o empreendedorismo local associado à animação turística;

- Ampliar a oferta turística, estabelecer um contacto mais activo e dinâmico promovendo

uma maior interacção entre a oferta e procura;

- Contribuir para melhor a satisfação dos visitantes e aumento da permanência.

Após a definição dos objectivos é necessário definir as condições para que estes sejam

alcançados, ou seja: “como chegar lá”. Para tal estabeleceram-se os factores críticos de

sucesso (FCS) e indicadores de desempenho. Embora nesta dissertação não vise a

implementação do serviço de mapas, a abordagem aqui apresentada entra em conta com

esse aspecto já que, muitos dos FCS e critérios para avaliação de desempenho, só fazem

sentido nessa fase (Figura 35).

Declaração de missão Desenvolvimento de um serviço de mapas, apelativo e útil que dê a conhecer as potencialidades para a prática de turismo e desportos na natureza nos Açores e consequentemente contribua para captar mais visitantes e aumentar a sua permanência.

Ser evolutivo e dinâmico

Implementação do serviço de mapas na

Internet

Ser procurado por um alargado número de

utilizadores

Contribua para promover o empreendedorismo

Justificação fundamentada do projecto Baixos custos e riscos, sustentabilidade e apoio financeiro

Apoio por parte das organizações

Objectivos: FCS:

Ser apelativo, facilidade e rapidez de navegação Ter informação relevante e destacando-se em termos quantitativos

e qualitativos Ligação do portal a partir de outros sites relevantes

Dar continuidade ao projecto, garantindo uma gestão e actualização da informação.

Existência de equipa de trabalho com essas funções

Associar produtos à oferta de animação turística Permitir ligações com os sítios das empresas

Certificação dos produtos e serviços

B

C

Desenvolvimento do serviço de mapas

Acesso a software, informação, dados e cartografia Apoios para viabilizar projecto e custos mínimos

Aplicação de 1 modelo ajustado às potencialidades do território

E

A

D

Não divulgar percursos não autorizados Informar sobre boas práticas ambientais

Respeitar os condicionantes e capacidades carga

Contribua para promover a prática de turismo

responsável F

Critérios para avaliação de desempenho:

A Avaliação das potencialidades e desempenho do serviço mapas. B Disponibilização na Internet, divulgação e ligações através de outros sítios. C Número de acessos e rapidez de navegação através de banda larga e analógica. D Actualização da informação e acréscimo de funcionalidades, dados e informação. E Incorporação de informação sobre produtos e serviços de animação turística. Hiperligações

para portais ou sítios que prestam esses serviços. F Respeito dos condicionantes e capacidades de carga estabelecidas pela DRA.

Figura 35 – Estratégia empresarial e de projecto

64

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4.3.3 Análise SWOT

A análise SWOT23 é uma ferramenta importante na definição do pensamento estratégico

das empresas e projectos. Com a definição dos pontos fortes e fracos, as oportunidades e

das ameaças, é possível obter uma melhor percepção do ponto de partida, onde se

pretende chegar e qual a estratégia necessária para se alcançarem os objectivos definidos.

Será igualmente uma forte ajuda para a tomada de decisão sobre a viabilidade do projecto e

dos riscos que se correm.

As particularidades deste projecto justificam a subdivisão da análise SWOT em duas partes,

nomeadamente, aplicada aos aspectos inerentes ao turismo e território e aplicada aos

aspectos particulares do projecto. Do ponto de vista do território e do turismo os aspectos a

salientar prendem-se com a adopção, por parte do Governo Regional dos Açores, de um

modelo de desenvolvimento turístico sustentável, baseado no turismo alternativo muito

direccionado para o produto natureza. Esta visão estratégica, que procura encontrar um

ponto de equilíbrio entre sustentabilidade e os efeitos socio-económicos do turismo, ao

mesmo tempo que reconhece este sector como vector chave da economia regional (ACIP,

2007), esbarra nas dificuldades estruturais do turismo açoriano, caracterizado pela procura

reduzida, com forte sazonalidade, estada curta e serviços de animação turística muito

limitados. Na figura 36 representa-se esquematicamente uma síntese dos resultados da

análise SWOT, que são desenvolvidos adiante.

Projecto inovador Potencialidades do software Associado a projecto de mestrado

Paisagem e natureza “autentica” Satisfação dos visitantes Segurança e tranquilidade

Projecto: Expansão da Internet e da banda larga Potencialidades dos serviços mapas Forte expansão do e-turismo Algum apoio institucional local

PONTOS FORTES

Território: Potencialidades para turismo natureza Aposta no turismo

Sem retorno imediato e difícil de quantificar Escassos trabalhos na área de estudo

Projecto: Escassa informação georeferenciada Software recente, não suficiente testado Custo elevado do software e dados Envolvimento institucional insuficiente

Promoção turística com baixo retorno Alguma instabilidade meteorológicas

Estada média baixa Elevada dependência do mercado nacional

Sazonalidade elevada

PONTOS FRACOS

Território: Limitações na oferta de produtos e serviços

23 SWOT do inglês: Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (Pontos Fortes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças).

65

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Mais e melhor informação a custos inferiores Desenvolvimento de clusters turísticos Vantagem competitiva

Associar factor inovação à imagem e produtos oferecidos pelos Açores

WebGIS como um “media” privilegiado

OPORTUNIDADES

Custos na fase posterior não quantificados, podendo ser elevados e inviabilizar aplicação

Concorrência com outros serviços / produtos na mesma área

Limitações de acesso a dados e informação Apoio insuficiente das entidades locais

AMEAÇAS

Figura 36 – Matriz de análise SWOT

Entre os pontos fortes do projecto destaca-se o carácter inovador, a sua direccionalidade

para o principal produto turístico do Arquipélago e poder colmatar uma falha relacionada

com a falta e a dispersão de informação sobre os recursos e os serviços associados ao

turismo e ao desporto na natureza. Outro aspecto a realçar é o factor inovação, que

apresenta importância expressiva para reforçar a imagem que se pretende associar a um

destino como os Açores. A implementação de um serviço de mapas na Internet pode ainda

constituir uma mais valia competitiva, ao oferecer um recurso inovador e um serviço que

proporciona um acréscimo significativo em termos de informação e de comunicação com os

potenciais visitantes.

O retorno do investimento neste tipo de projectos é difícil de quantificar, pois será

essencialmente em termos de promoção e marketing directo, aumento da procura e na

poupança relacionada com a redução de custo de actualização da informação e com os

folhetos distribuídos gratuitamente.

Em relação às principais oportunidades associadas a este projecto, destacam-se as

seguintes:

- Como o destino Açores é pouco conhecido a nível mundial, e a publicidade institucional

e na Internet ainda tem um peso pouco expressivo na captação de turistas, existe um

grande mercado potencial para os WebGIS. Segundo a SREA (2001), os visitantes

referem que as principais fontes de informação que os levou a conhecer e visitar o

arquipélago foram a “recomendação de familiares ou amigos” (33%) ou “visita anterior”

(22%). Por sua vez, a publicidade institucional, representa um peso muito limitado,

cerca de 4% e a Internet uns meros 4,5%. Embora seja de esperar que o peso da

Internet tenha aumentado significativamente nos últimos anos, é indispensável reforçar

a aposta neste canal;

- Contribuir para a ampliação da oferta e para o desenvolvimento de clusters de serviços.

Os serviços de animação turística são maioritariamente prestados por micro-empresas

com capacidade limitada para promoverem os seus produtos geralmente destinados a

grupos de reduzida dimensão. Assim, a divulgação das potencialidades do território

para o turismo na natureza e dos serviços associados, através de um sistema

66

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integrado, contribui para promover o empreendedorismo, a ampliação da oferta e o

desenvolvimento de pequenos clusters associados a produtos e serviços muito

especializados.

Algumas das ameaças são de difícil superação, podendo mesmo colocar em causa a

implementação do projecto. Destas, destaca-se o facto do projecto não partir nem ter o

apoio suficiente de uma instituição local com capacidade para o implementar e para lhe dar

escala e continuidade. O preço elevado do software pode igualmente ser um

constrangimento para a sua implementação.

4.3.4 Análise e especificação detalhada

Após a confirmação da viabilidade do projecto, a fase seguinte consiste no desenvolvimento

do serviço de mapas. A ênfase passa estão a estar centrada na verificação do sistema, ou

seja se “estamos a construir o sistema correctamente” (Boehm, 1981, op. Cit. Julião, 2007).

Nesta fase deverá ser definida:

- A estratégia de implementação;

- O modelo de dados e selecção da informação a disponibilizar;

- As funcionalidades a disponibilizar no serviço de mapas;

- O software para implementar o WebGIS;

- O alojamento do serviço e quem vai gerir a informação;

- Quem e como vai ser financiado o projecto.

Como referido anteriormente, visto se tratar de um serviço destinado aos cidadãos, a

estratégia de implementação mais adequada é a baseada no servidor. Quanto ao software

WebGIS, optou-se pelo ArcGIS Server da ESRI, pelo facto de ser uma solução SIG

completa, fácil de implementar, desenhada especificamente para servir de plataforma

WebGIS e permitir um conjunto de funcionalidades e representações gráficas interessantes.

O principal inconveniente desta solução é o seu elevado custo. Contudo, como as entidades

que poderão vir a estar interessadas na implementação deste serviço de mapas, são

organismos integrados no Governo Regional que utilizam software SIG da ESRI, este

problema poderá ser ultrapassado recorrendo a licenças disponíveis nesses serviços.

Estrategicamente é importante optar por uma solução com garantia de suporte técnico

adequado e de gestão simples.

Como nesta fase não se pretende disponibilizar o serviço ao público, as componentes de

gestão do serviço e de financiamento não serão tratadas neste trabalho. Contudo, será

criado um sítio na Internet associado ao serviço de mapas e este será alojado num servidor

67

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da ESHTE, estando acessível através da Internet. Os pontos referentes ao modelo de

dados, especificações do software, funcionalidades e informação a disponibilizar são

apresentadas no ponto 4.4.

4.4 Modelos de dados e de informação

4.4.1 Modelo conceptual

O serviço de mapas dinâmico proposto nesta dissertação está direccionado, quer para ir ao

encontro das necessidades dos utilizadores, quer para a promoção e valorização do

território, numa perspectiva de desenvolvimento sustentado, consubstanciado na promoção

do turismo alternativo. Para serem alcançados essas premissas, é indispensável ter em

conta cinco aspectos essenciais:

- As particularidades do território do ponto de vista ambiental e sócio-cultural;

- A utilidade da informação para os potenciais visitantes;

- A facilidade de navegação e acesso à informação;

- Apresentação gráfica apelativa;

- Facilidade de cognição espacial.

Um serviço de mapas destinado ao turismo na natureza deverá conciliar todos os aspectos

referidos. Sem descurar a imagem, o ZoomAzores deverá ter como alvo principal a

qualidade e utilidade da informação. Uma das questões determinantes que se coloca

consiste em definir como é seleccionada a informação. Qualquer modelo de dados e de

representação espacial do território incorpora, necessariamente, factores objectivos e

subjectivos associados aos paradigmas vigentes e aos grupos sociais que intervém na sua

definição. Segundo Poore e Chrisman (op. Cit. Painho e Curvelo, 2006), a produção de

informação passa por um processo de aprendizagem social e deverá estar suportada no

conhecimento local e situacional e nas actividades dos utilizadores. A própria informação

contém subjectividade, já que depende da interpretação do grupo social que analisa ou

recolhe os dados. Assim, qualquer modelo espacial SIG, está dependente de aspectos

sociais e culturais, e da capacidade dos responsáveis pela sua definição os expressarem de

forma flexível e objectiva, numa visão alargada, que incorpore a perspectiva de consenso

dos diferentes grupos que têm responsabilidade e direitos sobre o espaço de acção.

As preocupações ambientais são actualmente um dos arquétipos da nossa sociedade, mas

paradoxalmente nunca o ambiente esteve tão ameaçado. O facto é que qualquer actividade

turística acaba geralmente por acarretar alguns impactos indesejáveis, pelo que a acção

deve ser focalizada na minimização desses impactos e no reforço das vantagens

68

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decorrentes da expansão da actividade turística. Nesta fase é necessário definir que tipo de

informação deve ser disponibilizada, como deve ser divulgada, quem monitoriza e quem

decide. Para responder a essa questão seria útil auscultar os interesses dos potenciais

utilizadores deste tipo de serviços e existir um planeamento e gestão do território

sistemático. Enquanto isso não estiver garantido, será adequado estabelecerem-se

compromissos e apostar no bom senso.

Assim, a opção é de a base da informação a disponibilizar através do ZoomAzores, estar

essencialmente associada à representação do território, das actividades e dos recursos

associados ao turismo e desporto na natureza e de informação turística complementar.

Essa informação é maioritariamente aprovada e divulgada pelas entidades competentes na

área do turismo, do ordenamento do território e do ambiente. De forma a atenuar os

impactos, a informação e os dados a divulgar devem cumprir os seguintes requisitos:

- Não ser disponibilizada informação sobre actividades na natureza com impactos

significativos, nomeadamente associadas a desportos motorizados;

- Os dados de turismo na natureza, como os percursos ou o património natural, a

disponibilizar devem referir-se a percursos autorizados ou a locais sem restrições de

acesso por parte da Direcção Regional do Ambiente;

- Nas actividades, percursos ou locais que apresentem exigências técnicas ou risco

acrescido, deve ser disponibilizada essa informação.

Outro aspecto a considerar é a necessidade deste projecto ser dinâmico no tempo,

conjugado com a monitorização por uma entidade local associada ao ambiente, de forma a

assegurar as alterações no acesso ao meio ambiente e da oferta de recursos turísticos. Em

síntese, destacam-se os seguintes objectivos associados ao modelo conceptual do

ZoomAzores:

- Permitir o acesso, a visualização e a navegação de forma simples e intuitiva;

- Disponibilizar informação útil para os utilizadores;

- Utilizar uma interface gráfica e de apresentação da informação apelativas;

- Permitir e estimular a interacção do utilizador com os mapas;

- Promover o acesso responsável ao meio;

- Promover os recursos e o desenvolvimento local.

Devido às limitações técnicas do software e ao interesse em desenvolver sinergias com

outros projectos, parte da informação de interesse para os potenciais visitantes dos Açores

deverá ser acessível através de hiperligações.

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4.4.2 Modelo de representação espacial

Como foi referido no capítulo anterior, os WebGIS têm vantagens quando disponibilizam

diferentes tipos de mapas, quer em termos de detalhe e de generalização, quer da forma de

representação do espaço.

No projecto ZoomAzores foram considerados mapas que permitem, com a legibilidade

apropriada, a visualização a uma escala que abranja desde uma visão de conjunto do

arquipélago (aproximadamente 1/2.500.000), até uma escala que permita a identificação da

maioria da informação que serve de referência na leitura da paisagem (no máximo até

1/1.000). Uma escala muito grande será adequada, por exemplo, para identificar os

percursos e o património nas zonas urbanas (e.g. em Angra do Heroísmo) enquanto que,

para a leitura das cartas topográficas, será apropriada uma escala próxima do 1/25.000.

Neste projecto optou-se por disponibilizar três níveis de representação cartográfica, com

detalhe e forma de representação da superfície distintas e complementares (Figura 37):

- Modelo digital de terreno (MDT) para representar as ilhas no seu conjunto;

- Cartas topográficas do Instituto Geográfico do Exército (IGE) em formato raster à

escala de 1/25.000;

- Ortofotomapas.

Figura 37 – Os três níveis de representação cartográfica do projecto

Como o nível de detalhe das representações cartográficas é bastante diferente,

estabeleceram-se diferentes escalas de visualização (Tabela 16).

Mapa Escala visualização Pixel (metros) MDT < 1/50.000 100 Cartas topográficas 1/50.000 a 1/10.000 2,5 Ortofotomapas > 1/20.000 0,4

Tabela 16 – Nível de detalhe e escala de visualização da informação cartográfica no ZoomAzores

4.4.3 Representação gráfica da informação

Nos processos de concepção cartográfica e de representação gráfica da informação foram

considerados os aspectos particulares resultantes de se tratar de um serviço de mapas

dinâmicos, a informação estar disponível em camadas e incorporar grande quantidade de 70

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informação e de entidades geográficas. Outro aspecto considerado é se destinar a um

público-alvo alargado, em geral pouco familiarizado com os SIG.

Com objectivo de melhorar a leitura da informação recorreu-se de forma sistemática aos

pictogramas para representar as variáveis geográficas. A principal dificuldade encontrada

nesta fase foi a de representar os percursos, em virtude de:

- existirem diversos tipos de percursos (pedestres, bicicleta, cavalo, etc.);

- nalguns casos existir coincidência espacial:

- as cartas topográficas já incluírem alguma informação referente aos percursos;

- ter que se conciliar a variável visual cor com o fundo dos mapas de base.

Os percursos representados neste projecto incorporam a informação incluída nas

representações cartográficas de base, nomeadamente nos ortofotomapas e nas cartas

topográficas, que utilizam a simbologia representada na figura 38.

Figura 38 – Legenda de caminhos nas cartas topográficas 1/25.000 (IGE, 2002)

Os percursos turísticos, que constituem parte da informação a que se pretende dar maior

ênfase, foram incorporados em camadas, agrupadas por tipo de percursos e por ilhas.

Numa primeira fase foi realizado o levantamento das formas mais adequadas de representar

os percursos, tendo como princípios a legibilidade, a identificação, a diferenciação e o realce

em relação à informação de base. Na figura 39 propõem-se diversas formas de implantação

dos percursos para representações de grande escala, utilizando-se as variáveis visuais

tamanho, forma e cor.

PERCURSO:Sinalizadoa)

Outrosb)

Tamanho ou formapara diferenciar os percursos marcados ou principais dos restantes

Em caminhoEm trilhoFora pista ou mal definido no terrenoRestantes trilhos

Forma para diferenciar os percursos e da cor associada ao tamanho para os diferenciar dos restantes trilhos.

GR 12 E9PR Aldeias

PedestreA cavalo

Cor para identificar os percursos ou para diferen-ciar os tipos de percursos

PERCURSO:

Pedestres

A cavalo

De bicicleta

Utilização do pictogramapara diferenciar os tipos de percursos.

PERCURSO:Sinalizadoa)

Outrosb)

Tamanho ou formapara diferenciar os percursos marcados ou principais dos restantes

Em caminhoEm trilhoFora pista ou mal definido no terrenoRestantes trilhos

Forma para diferenciar os percursos e da cor associada ao tamanho para os diferenciar dos restantes trilhos.

GR 12 E9PR Aldeias

PedestreA cavalo

Cor para identificar os percursos ou para diferen-ciar os tipos de percursos

PERCURSO:

Pedestres

A cavalo

De bicicleta

Utilização do pictogramapara diferenciar os tipos de percursos.

Figura 39 – Principais formas de representação dos percursos

Neste projecto recorre-se a uma dupla representação dos percursos, utilizando a linha e o

ponto. Embora seja a linha que represente melhor os percursos, a implementação através

do ponto serve para indicar o início do percurso e pode melhorar a leitura numa visualização

de conjunto (pequena escala). A implantação pontual associada ao percurso ajuda

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igualmente a identificar o tipo de percurso, pois, neste projecto, recorreu-se ao pictograma,

com uma forma “intuitiva”.

Em relação à linha, recorre-se à variável visual cor para diferenciar os tipos de percurso

(pedestre, cavalo, etc.), e à forma (tracejado) para diferenciar estes percursos da restante

informação incorporada nos mapas de base. Para diferenciar percursos principais ou

homologados dos restantes, recorre-se à forma (tracejado mais curto) e ao tamanho (linha

mais fina). A utilização do tracejado apresenta ainda a vantagem de permitir alguma leitura

da informação que se encontra por baixo dessas linhas, como o tipo de caminho

representado na carta de base. Em alguns casos, quando os percursos se cruzam ou são

contíguos, recorre-se a diferenciações de tonalidades dentro da mesma cor

(correspondendo à variável gráfica saturação) para diferenciar os percursos. Para cada tipo

de percurso foi estabelecida a mesma cor para o pictograma e para a linha.

Para representar a outra informação geográfica recorreu-se essencialmente ao ponto como

elemento gráfico, associado às variáveis visuais forma (pictograma), cor e tamanho. Nos

elementos geográficos representados pela área recorreu-se à cor e à transparência, de

forma a permitir a visualização da informação nas camadas inferiores.

Com intuito de melhorar a legibilidade da informação, na representação recorreu-se a um

conjunto de formas de generalização gráfica, destacando-se as seguintes:

- A simplificação e a suavização para eliminar detalhes desnecessários;

- O realce e o exagero para destacar a informação e estabelecer diferenças qualitativas

entre os percursos;

- O deslocamento dos percursos e dos outros símbolos para evitar a sobreposição de

informação.

Devido à grande amplitude da escala de visualização, foi estabelecido, para cada elemento

gráfico, um intervalo de visualização.

4.4.4 Dados e informação

Os dados e a informação são a essência de qualquer projecto SIG. Se estes forem

insuficientes ou desadequados, o projecto não poderá afirmar-se. Para a implementação

deste projecto é necessário um conjunto de dados bastante alargado que inclui os mapas, a

informação turística e informação complementar. Um dos problemas associados ao acesso

e, em particular, à disponibilização da informação na Internet está relacionado com o

copyright dos dados (Theseira, 2002). Neste projecto também foram encontradas essas

limitações, especialmente no que concerne a dados que permitissem elaborar modelos

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digitais de elevação mais apropriados. Mas a limitação principal resulta de existirem muito

poucos dados disponíveis, levando à necessidade da aquisição dos mesmos.

Os dados incorporados neste WebGIS dividem-se em dois tipos de informação: vectorial e

matricial (ou raster na língua inglesa). No primeiro grupo incluem-se os formatos shapefile e

geodatabase utilizados para representar diversos elementos tais como percursos,

localização de actividades, etc. No segundo grupo incluem-se formatos tais como o JPG e

Geotiff que incorporam essencialmente informação geográfica relacionada com o território, o

património e o turismo e alguma da cartografia. Neste segundo grupo inclui-se também o

formato Grid para representar, por exemplo, o modelo digital de elevação (Tabela 17).

Tabela 17 – Dados incorporados no projecto ZoomAzores e respectiva simbologia

Esses dados e a informação foram obtidos por diversos processos, nomeadamente através

de aquisição, levantamento no terreno, digitalização no ecrã, ou foram cedidos pelas

entidades locais. Numa primeira fase a informação foi seleccionada e classificada nas

categorias a representar. Posteriormente essas categorias foram agrupadas por tipo de

informação, com o objectivo de não sobrecarregar o menu de acesso à informação em

camadas e para melhorar a navegação dos utilizadores no WebGIS. Foram estabelecidos 9

grupos de informação: Desporto Natureza; Actividades Náuticas; Outros Desportos;

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Património Turístico; Ambiente; Alojamento; Transportes; Toponímia e Mapas. Para cada

grupo de dados foi estabelecido um modelo de informação que incorpora os aspectos

relevantes e de interesse turístico, com objectivo de poder ser consultado a partir do serviço

de mapas, recorrendo à ferramenta de identificação da informação (identify), ou por

intermédio dos aplicativos de pesquisa ou procura (Figura 40).

Figura 40 – Modelo de informação associado aos dados

No anexo 1 apresentam-se os metadados da informação e no anexo 2 os dados

incorporados no serviço referentes a duas das principais actividades na natureza, os

percursos pedestres e os de canyoning, juntamente com a legenda explicativa.

Foi ainda desenvolvido um sítio na Internet com o URL: http://www.zoomazores.net,

disponível nas línguas portuguesa e inglesa, de forma a acrescentar funcionalidades ao

WebGIS, especialmente para acesso à consulta e descarregamento de ficheiros de dados

(No anexo 3 apresenta-se o modelo da página). Esses ficheiros de dados são percursos em

formato GTM, compatível com os GPS, e no formato KML para visualização no Google

Earth, e ficheiros em formato PDF com informação e imagens dos percursos, especificações

técnicas e croquis. No anexo 4 apresentam-se um modelo para os percursos pedestre e um

para os percursos de canyoning. Em paralelo, foi realizado o levantamento da informação e

serviços disponíveis na Internet que pudessem complementar o ZoomAzores de modo a se

estabelecerem hiperligações a esses sítios ou portais (Tabela 18).

Informação Entidade URL:

Animação turística Associação Regional Turismo http://pt.artazores.com/index.php Ambiente - Rede Natura 2000

Direcção Regional do Ambiente dos Açores

http://redenatura2000.azores.gov.pt/index2.htm

Inventário do património imóvel

Direcção Regional da Cultura Instituto Açoriano de Cultura

http://www.inventario.iacultura.pt/mapas.html

Alojamento, rent-a-car Via Oceânica http://www.azorestourism.com/

Tabela 18 – Hiperligações estabelecidas através do projecto ZoomAzores

Em relação ao modelo de acesso aos dados e da informação optou-se por, nesta fase,

definir o modelo conceptual, tentando posteriormente aplicá-lo, sabendo que estará

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dependente das potencialidades da ferramenta WebGIS utilizada e de limitações técnicas.

Foram definidas como essenciais as seguintes funcionalidades do modelo de acesso à

informação:

- Visualização e navegação dinâmica (Ferramentas: Zoom, Pan e Full Extent);

- Activação e desactivação da informação disponível em camadas;

- Acesso a informação relevante indexada a partir dos mapas, tal como, fotografias,

informação sobre os percursos e outros serviços turísticos;

- Apresentação da escala de visualização;

- Cálculo de distâncias;

- Possibilidade dos utilizadores poderem descarregar ficheiros de dados dos percursos,

compatíveis com GPS ou PDA, e outra informação em formato PDF;

- Identificação e acesso à consulta da informação associada aos dados;

- Pesquisa de informação;

- Hiperligação para outros serviços e páginas da Internet.

Na figura 41 representa-se esquematicamente o modelo de navegação e de acesso à

informação proposto.

Figura 41 – Proposta de modelo de navegação e de acesso à informação para o ZoomAzores

4.5 Desenvolvimento da aplicação WebGIS

4.5.1 A plataforma ArcGIS Server

Para a implementação do serviço de mapas dinâmico desenvolvido nesta dissertação

recorreu-se ao ArcGIS Server, que é uma plataforma profissional da ESRI, destinada a

distribuir informação geográfica através das redes das empresas ou na Internet. O ArcGIS

Server é um pacote de software SIG centralizado e completo, dotado de uma gama de

funções que estão conformes as especificações defendidas pelo OGC. Constitui um sistema

integrado que inclui múltiplas aplicações e serviços de gestão, visualização e análise de

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informação geográfica, passíveis de imediata utilização por utilizadores finais e a

capacidade de criação de aplicações feitas à medida, utilizando .NET ou Java (ESRI,

2007e). Esta plataforma inclui duas componentes principais:

- Servidor SIG (Internet Map Server). Funciona como um servidor que alberga os objectos

(ArcObjects) destinados às aplicações Web e profissionais.

- Infra-estrutura Web ADFTM (Application Development Framework) para .NET e Java

que utiliza os ArcObjects executados ao nível do servidor permitindo criar e conjugar

aplicações Web com as desenvolvidas nas empresas (ESRI, 2007b).

O ArcGIS Server foi concebido, quer para desenvolver aplicações e serviços Web

destinadas a muitos utilizadores externos às organizações, predominando neste caso um

modelo centrado no servidor (Server-side), quer para ser utilizado numa filosofia de

implementação baseada no cliente (Client-side), destinado a pequenos sistemas em rede,

ou a intranets que ligam departamentos ou organizações.

Esta plataforma WebGIS permite criar diversos tipos de serviços, como os serviços de

mapas e de globo, os que disponibilizam funcionalidades de geoprocessamento e de

geocodificação e serviços que providenciam acesso via Internet a dados, ou à recepção e

transmissão de dados para equipamentos móveis (Tabela 19).

Recursos SIG O que se pode realizar com o ArcGIS Server ArcGIS Desktop necessário

Mapas Mapeamento; Geoprocessamento; Análise de redes; Extracção e replica de bases dados; Publicação: WMS, KML e de dados móveis

ArcMap

Localizador de endereços Geocodificação ArcCatalog

Bases dados geográficos Inquirição, extracção e replicação ArcCatalog

Documentos Globo Mapas 3 D ArcGlobe

Toolbox Geoprocessamento ArcMap ou ArcCatalog através do ArcToolbox e do ModelBuilder

Tabela 19 – Abrangência do ArcGIS Server (Adaptado de ESRI, 2007b)

Entre os diversos atributos desta plataforma WebGIS, destacam-se os seguintes:

- Capacidade para providenciar os serviços num formato conforme os padrões do

OGC, garantindo a interoperabilidade dos recursos disponibilizados (WMS, Web Map

Services e KML, Keyhole Markup Language);

- Capacidade para disponibilizar funções de geoprocessamento aos clientes

apresentando-as como simples ferramentas (tool layers);

- Possibilidade de publicar e visualizar em 3D, mapas (.mxd) ou documentos Globo

(.3dd), sendo para tal necessário instalar o ArcGIS Explorer;

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- Possibilidade de criar caches, referentes aos pedidos mais regulares, o que aumenta

significativamente a rapidez de acesso à informação. Na navegação em mapas os

ganhos poderão acrescidos caso se opte por intervalos (escalas) de visualização24.

O ArcGIS Server é complementado de forma integrada pelo ArcGIS Desktop, que incorpora

um conjunto de software (ArcView, ArcEditor, ArcInfo, ArcReader e diversas extensões),

destinados a criar, importar, editar, publicar e pesquisar informação geográfica. A partir dos

finais de 2007, o ArcGIS Server passou a incorporar o ArcGIS Explorer, uma aplicação

desktop relativamente leve e gratuita, que permite o acesso aos conteúdos e

funcionalidades SIG disponíveis através da Internet. O ArcGIS Explorer suporta serviços de

mapas e globos em 3D, assim como serviços de geoprocessamento e análise espacial e

permite o acesso a um serviço de mapas global disponibilizados pela ESRI, podendo este

ser utilizado e integrado com os serviços particulares criados com recurso ao ArcGIS

Server.

A versão mais recente do ArcGIS Server, a 9.2, está disponível em três edições distintas:

básica, standard e avançada (Anexo 5).

4.5.2 Publicação do serviço de mapas

Os serviços de mapas dinâmicos pressupõem três fases:

- Desenvolvimento de uma aplicação SIG;

- Publicação dessa aplicação como um serviço WebGIS;

- Acesso ao serviço pelos utilizadores.

Na figura 42 estão representadas esquematicamente estas fases para um WebGIS que

utiliza a arquitectura ArcGIS Server.

Figura 42 – Serviço de mapas na Arquitectura ArcGIS Server 9.2 (Adaptado de ESRI, 2007b)

24 Informação como criar uma cache no ArcGIS Server disponível em: (ESRI, 2007a):

77

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Por sua vez, a publicação dos recursos é realizada em três etapas25:

- Adição do serviço de mapas ao ArcGIS Server, recorrendo ao ArcCatalog;

- Publicação da aplicação desenvolvida no ArcMap (.mxd) como um serviço de mapas,

através do ArcCatalog ou do ArcGIS Server Manager;

- Criação uma aplicação Web utilizando o ArcGIS Server Manager.

Nesta última etapa começa-se por adicionar a aplicação ao serviço para, posteriormente, se

realizarem um conjunto de passos, que permitem configurar o serviço de mapas final. Com

recurso a um conjunto de modelos padrão (templates) é definido parte do aspecto gráfico do

serviço (cabeçalho, escala e seta de navegação), as funções de navegação e as tarefas que

se pretende associar ao serviço (Figura 43).

Figura 43 – Selecção de tarefas e configuração de funções de pesquisa

Embora muito úteis, estes formatos padrão apresentam diversas limitações, nomeadamente

no que se refere aos modelos de cabeçalho que são muito básicos. Para personalizar essa

faixa superior foi criada uma imagem personalizada, com as dimensões de uma das

imagens padrão e procedeu-se à substituição de uma das imagens padrão, na pasta onde

se encontra, mas preservando o nome26.

Foram ainda associadas ao serviço a tarefa de procura por atributos (search attributes) e

diversas de pesquisa (query attributes). Outro dos passos realizados foi a inserção das

hiperligações definidas e apresentadas na tabela 18.

Nesta fase, o ZoomAzores foi instalado num dos servidores da ESHTE, disponível no

endereço URL: http://zoomazores.eshte.pt.

25 Informação mais detalhada disponível em: (ESRI, 2007c; ESRI, 2007d): 26 A pasta com a imagem encontra-se em: C:\Inetpub\wwwroot\”nome da aplicação” \App_Themes\

”seleccionar uma das diversas opções das pastas com os templates” \Images

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4.5.3 Resultados

O serviço de mapas publicado apresenta uma visualização apelativa e um modelo de

navegação muito semelhante ao da aplicação SIG desenvolvida no ArcGIS (Figura 44). As

hiperligações e as principais ferramentas de navegação: Ampliar (Zoom In e Out), Mover

(Pan), Extensão máxima (Full Extension), Identificar (Identify), Medir (Measure, para calculo

de distâncias e áreas) e Lupa (Magnify), estão disponíveis na barra superior, abaixo do

cabeçalho.

Hiperligações Faixa Personalizada

Figura 44 – O serviço de mapas dinâmico ZoomAzores

Na coluna à esquerda estão disponíveis quatro menus:

- Tarefas para procurar informação (Tasks) divididas em dois grupos: “procurar

informação”, que permite procurar por palavras e um conjunto de “pesquisas” que

foram previamente definidas.

- Informação associada ao mapa (Map Contents). Neste menu os dados estão

disponíveis em camadas, com possibilidade de visualização e de serem activados e

desactivados, dentro da escala de visualização definida.

- Função de navegação (Navigation) que permite, recorrendo a uma rosa-dos-ventos,

navegar arrastando o mapa em qualquer direcção.

- Menu “Vista geral” (Overview), no qual se visualiza um mapa de enquadramento, com

menor escala do visualizado na principal janela do serviço de mapas.

O serviço permite que os utilizadores expandam ou comprimam estes menus e ainda alterar

a sua posição ou ordem.

O acesso à informação pode ser realizada recorrendo directamente à navegação a partir

dos mapas complementada com a ferramenta de identificação o menu com a informação

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em camadas ou recorrendo às tarefas pesquisa ou procura de informação. É possível

visualizar, não só a representação cartográfica dos dados como ter acesso a toda a

informação que foi previamente associada a esses dados, com excepção dos ficheiros

associados a esses dados nos diversos formatos (PDF, JPG, etc.). Ou seja, o ArcGIS

Server não permite ter acesso a hiperligações a partir dos dados. Para se conseguir ter

acesso a essa função é necessário programar a apresentação de forma a incluir esses

ficheiros numa janela específica (popup) (Suporte técnico da ESRI, 07/02/2007).

Para ter acesso ao download de informação (em formato PDF e JPG), é necessário recorrer

ao sítio na Internet criado especificamente para esse propósito, disponível no

URL:http://www.ZoomAzores.net. Nesta página os dados são apresentados de forma

estruturada, por tipo de informação e por ilha.

Os três níveis de mapas e as diversas camadas de informação são visíveis, respeitando as

escalas de visualização definidas na aplicação SIG de base, podendo, nesse intervalo, ser

activadas ou desactivadas. No anexo 6 apresentam-se algumas vistas, desde a página de

entrada com uma vista geral do arquipélago a vistas com maior pormenor.

80

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Análise e discussão dos resultados

5.1.1 Principais resultados

Nesta dissertação foram abordadas diversas temáticas com enfoque na utilização de novas

tecnologias de informação e de SIG aplicadas ao sector do turismo e tendo como finalidade

o desenvolvimento do projecto ZoomAzores (Figura 45)

1

Turismo

2

WebGIS

3 - Projecto

ZoomAzores

Figura 45 – Estrutura da dissertação

Na primeira parte da tese é explicada a importância do turismo para o desenvolvimento

socio-económico nas sociedades contemporâneas e, em particular para Portugal, que é um

dos grandes destinos turísticos mundiais. Entre os diversos segmentos turísticos, o turismo

na natureza apresenta um potencial de crescimento muito significativo, especialmente em

territórios pouco humanizados, como é o caso do arquipélago dos Açores. Por sua vez, a

expansão da actividade turística e da procura de actividades na natureza torna cada vez

mais imperioso que se adoptem modelos de desenvolvimento sustentáveis.

Na segunda parte da dissertação conclui-se que a Internet se constitui cada vez mais como

o meio mais importante e dinâmico de acesso à informação, sendo um veículo essencial

para o sector do turismo. A disponibilização da informação na Internet com recurso a mapas

dinâmicos encontra-se em grande expansão e apresenta um forte potencial de utilização

para o turismo na natureza.

A aposta na interoperabilidade dos dados geográficos e na disponibilização de ferramentas

WebGIS de acesso livre, associada à expansão de serviços globais como o Google Earth,

têm contribuído para a valorização e ampliação de serviços de mapas dinâmicos na

Internet.

Embora os serviços de mapas colaborativos, ou que permitem a edição e partilha de

informação, apresentem vantagens significativas, ao facilitarem o acesso ao meio natural,

em particular aos locais mais sensíveis ou condicionados, vão contribuir para acentuar os

impactos ambientais.

De forma a evitar esse inconveniente, o projecto ZoomAzores optou por um modelo

centralizado e especializado. Este projecto apresenta modelos de dados e de informação

específicos que procuram garantir dois pressupostos essenciais: ser um veículo para a

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promoção turística dos Açores e, simultaneamente, promover o acesso responsável ao

meio, contribuindo desta forma para o desenvolvimento sustentado do território de

aplicação. Embora seja estimulada a partilha de informação e a colaboração dos

utilizadores, estes não podem editar e disponibilizar a informação directamente através do

serviço, sendo esta gerida centralmente, garantindo a sua integridade e qualidade.

Os modelo de dados e de informação propostos, foram materializados com a edição e

disponibilização de um serviço de mapas na Internet, tendo-se optado por utilizar o ArcGIS

Server para publicar o serviço. Em paralelo, foi desenvolvido um sítio na Internet para

facilitar o acesso à informação em vários formatos. Esta condição é essencial para facilitar a

utilização da informação em diversos sistemas, sejam eles proprietários ou de acesso livre.

Através deste sítio é possível descarregar a informação georreferenciada, nomeadamente

dos percursos pedestres, em formatos que podem ser utilizados nos GPS, PDA, SIG não

proprietários como o Quantum GIS e pelo Google Earth. Estes dados são complementados

com informação disponibilizada em formato PDF, designadamente folhetos dos percursos

pedestres e de canyoning.

Em relação ao caso estudo, foi ainda apresentada uma metodologia de desenvolvimento do

projecto, onde se explica a viabilidade do projecto e são estabelecidas as bases para a sua

continuidade.

5.1.2 Analise crítica sobre os pressupostos formulados

Em relação aos pressupostos apresentados no primeiro capítulo, considera-se que estes

foram na sua generalidade validados ao longo deste projecto, como se explica de forma

detalhada em seguida.

A primeira hipótese deste estudo é a seguinte: Os serviços de mapas dinâmicos encontram-

se em grande expansão e apresentam forte potencial de aplicação ao turismo e desporto na

natureza.

Esta hipótese é desenvolvida no terceiro capítulo deste estudo, no qual se prova que o

turismo é um dos sectores que mais utiliza e tem a ganhar com a expansão da Internet.

Outra das constatações refere-se ao facto dos WebGIS serem uma tecnologia relativamente

recente e em grande evolução, existindo um trabalho notório no desenvolvimento de

aplicações de acesso livre e uma forte aposta na interoperabilidade. É ainda demonstrada a

utilidade da informação georreferenciada para o desporto e turismo na natureza,

nomeadamente no que se refere aos percursos, que podem ser visualizados no computador

ou no telemóvel e descarregados para serem utilizados em diversos equipamentos para

82

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navegação terrestre. As potencialidades de aplicação dos WebGIS ao turismo na natureza

têm vindo a acentuar-se com a evolução tecnológica. Actualmente assiste-se quer à

melhoria e expansão das funcionalidades dos WebGIS, quer à facilidade de acesso aos

serviços devido à progressiva associação de tecnologias complementares: GPS, SIG,

Internet e rede móvel.

Outro factor que justifica o interesse da utilização dos WebGIS ao turismo, está relacionado

com o facto do turismo implicar viajar, muitas das vezes para territórios desconhecidos.

Num mundo em constante mudança, os mapas dinâmicos apresentam ainda uma vantagem

muito significativa em relação aos mapas clássicos, já que são facilmente actualizados.

Como os SIG trabalham com informação em camadas, torna-se relativamente simples e

económico proceder à actualização regular da informação o que, para além de ser bastante

útil para os utilizadores, pode ser igualmente importante para a gestão ambiental dos

territórios, nomeadamente devido a alterações da dinâmica espácio-temporal.

A segunda hipótese deste estudo é a seguinte: Os Açores são uma das regiões do país com

maior potencial de crescimento turístico e que tem muito a ganhar com a aposta em formas

de promoção alternativas, nomeadamente os serviços de mapas dinâmicos.

Ao longo do segundo e do quarto capítulo desta dissertação, é provada a primeira parte

desta premissa. Através da análise de diversos estudos e dos dados estatísticos, verifica-se

que os Açores são um dos territórios nacionais com maior potencial crescimento em termos

de turismo, especialmente no segmento turismo na natureza. Também é consensual que

existe um défice de promoção turística da região. O PENT e organismos como o Turismo de

Portugal e a Direcção Regional do Turismo dos Açores defendem a necessidade de se

apostar em formas de promoção turística alternativa, em especial as que têm como base a

Internet. Objectivamente, só após a disponibilização do serviço de mapas proposto e a sua

avaliação ao longo de um período razoável, é que pode ser devidamente analisada a

utilização e o impacto do serviço proposto. Contudo, ao longo da dissertação demonstra-se

que o sector do turismo é cada vez mais receptivo a modelos de promoção e distribuição da

informação associados à Internet e a modelos que disponibilizem informação de forma

apelativa, prática e versátil. Também as entidades ligadas ao turismo têm muito a ganhar

com este tipo de serviços, nomeadamente com a redução de custos associada à promoção

e à comunicação direccionada para os clientes finais, o que é especialmente útil para as

empresas de animação turística e as pequenas unidades de alojamento.

83

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A terceira hipótese deste estudo é a seguinte: O projecto ZoomAzores vai de encontro ao

planeamento estratégico do turismo para a região em estudo e visa contribuir para o

desenvolvimento turístico local e o acesso responsável ao meio.

O projecto desenvolvido é especializado no que concerne ao segmento do turismo na

natureza, sendo os Açores a região de Portugal com maior potencial para explorar esse

segmento. O modelo de dados incorpora preocupações ambientais de forma ao serviço

contribuir para o ordenamento do território e a promoção do turismo sustentável. Os dados

disponibilizados limitam-se a actividades de baixo impacto e têm em conta as restrições de

acesso. Embora os SIG colaborativos estejam em grande expansão e apresentem grandes

vantagens, estes devem estar limitados no que concerne à partilha e divulgação da

informação, de forma a garantir que os dados e percursos disponíveis não promovam o

acesso a locais muito sensíveis ou com baixa capacidade de carga. Por esse motivo se

propõe a aposta num SIG especializado e com uma gestão que incluam diversas entidades,

entre as quais a Direcção Regional do Ambiente.

Outra das preocupações do projecto é a inclusão de informação sobre as empresas que

prestam serviços de turismo no modelo de dados, nomeadamente de alojamentos e de

animação turística. Este facto obriga a uma avaliação desses serviços e uma actualização

constante, o que só é possível com a colaboração de entidades como a Direcção Regional

do Turismo ou associações locais como a Associação Regional do Turismo.

Assim, pode concluir-se que, também esta hipótese está confirmada.

5.2 Limitações e propostas de desenvolvimento

Devido à dimensão do território e dos dados envolvidos não foi possível, nem era intenção

inicial, apresentar um serviço de mapas em estado final para ser disponibilizado ao público.

Por outro lado, a ferramenta WebGIS aplicada ainda não foi suficientemente explorada, nem

se analisaram outras alternativas para se tomar a decisão sobre qual o software mais

adequado.

Embora o ArcGIS Server seja uma ferramenta WebGIS relativamente completa e das mais

poderosas do mercado apresenta alguns inconvenientes significativos. O primeiro resulta de

estarmos perante um software proprietário muito oneroso. Embora seja simples de

implementar um serviço básico recorrendo a este software, para serviços de mapas mais

personalizados, é necessário ter alguns conhecimentos de programação e desenvolver

aplicativos e design específicos. Contudo, o principal inconveniente desta ferramenta é não

possibilitar o acesso directo à informação, em formatos abertos e que possam ser

descarregados pelos utilizadores. Outra limitação encontrada resulta de, com a publicação

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do serviço, se perder o acesso à informação complementar que estava disponível na

aplicação SIG através de hiperligações, nomeadamente fotografias e documentos com os

folhetos dos percursos.

Como não foi possível instalar o serviço num servidor suficientemente potente, ainda não é

ainda possível quantificar a rapidez de acesso à informação e as implicações relacionadas

com o acesso simultâneo de muitos utilizadores. Contudo, numa fase imediata vão ser

realizados testes de utilização para detectar e corrigir eventuais problemas ou falhas.

Outra das principais lacunas deste trabalho, resulta de não ter sido realizado um

investimento suficiente na caracterização dos metadados, o que é indispensável, quer para

a validação do modelo de dados, quer para a sua padronização e condição essencial para

se garantir a integridade semântica do sistema. Este facto é explicado essencialmente por

estarmos perante um número muito alargado de classes de dados. Contudo, no

desenvolvimento deste projecto considera-se prioritário apostar numa adequada

caracterização dos metadados, adoptando o Perfil Nacional de Metadados de Informação

Geográfica (Perfil MIG), que tem em conta a norma ISO 19115 e é adoptado pelo Sistema

Nacional de Informação Geográfica (SNIG).

Após estas duas tarefas e de ser assegurada a continuidade do projecto, deve apostar-se

na expansão do número de dados e na recolha e edição da informação, que foi definida

pelo modelo de dados apresentado, para cada uma das classes de dados.

Outro esforço a desenvolver passa por definir parcerias com as entidades que possam ser

responsáveis por três das tarefas essenciais do sistema, nomeadamente a gestão do

serviço, a certificação ambiental da informação e a gestão da informação relacionada com

os produtos oferecidos pelas empresas, especialmente as de animação turística. Em

paralelo, é importante reforçar o trabalho iniciado neste projecto, referente a encontrar um

conjunto de colaboradores locais, que possam contribuir para a avaliação dos produtos e da

informação disponibilizada e para o levantamento de nova informação.

Em relação à escolha da ferramenta WebGIS a utilizar, esta deve ser seleccionada após

serem avaliadas outras soluções e estará dependente da entidade que a irá alojar e gerir. A

opção pelo ArcGIS Server só fará sentido se essa entidade já trabalhar com esta plataforma

SIG.

Sendo a promoção turística um dos principais objectivos deste SIG, será interessante este

projecto vir a incorporar posteriormente funções que possam contribuir para tornar a

consulta mais apelativa, nomeadamente a visualização a 3D e funções multimédia. Seria

interessante o serviço vir a permitir a visualização em realidade virtual (ou pseudo realidade)

de alguns dos elementos marcantes do turismo dos Açores, como por exemplo, do interior

do Algar do Carvão ou do núcleo histórico da cidade de Angra do Heroísmo. 85

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A ferramenta WebGIS utilizada neste estudo permite facilmente editar documentos de globo

a 3D, recorrendo ao ArcGlobe. Contudo os documentos criados por este aplicativo só

podem ser visualizados através de um user agent específico, que embora seja de acesso

livre, é muito pouco utilizado, sendo preferível optar por soluções abertas e de utilização

mais comum.

Finalmente, independentemente da ferramenta WebGIS utilizada, o projecto deve apostar

essencialmente na disponibilização de informação útil para os utilizadores e em formatos

diversificados e abertos, pois o sucesso de um serviço de mapas destinado ao turismo está

tão dependente da qualidade e utilidade da informação como da facilidade da sua utilização.

Para além da principal funcionalidade associada aos WebGIS, que é de visualização da

informação, é indispensável o serviço permitir o acesso a bases de dados com informação

sobre as actividades e empresas que prestam os serviços, permitam a impressão de

folhetos com informação relevante e descarregar ficheiros com percursos que possam ser

visualizados e utilizados em serviços de mapas globais como o Google Earth, no telemóvel

ou no GPS.

Como se defende ao longo da dissertação, o projecto pretende envolver as principais

entidades regionais ligadas ao turismo e ao ambiente pelo que, a sua continuidade irá

depender do interesse destas entidades para o adoptarem ou apoiarem a sua continuidade.

A estratégia de desenvolvimento passa agora por incrementar acções que levem à

divulgação e valorização do projecto e, eventualmente, a adaptação do modelo enunciado a

outros territórios de aplicação. Nesse sentido o projecto foi referido ou apresentado em

forma de comunicação em diversas sessões científicas e públicas, nomeadamente no

Congresso Internacional da Montanha, realizado na ESHTE em Novembro de 2007, na IV

Bienal de Turismo Rural Atlântico realizada na ilha de São Jorge em Outubro de 2007 e no

13º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional, realizado em

Julho de 2007 na ilha Terceira (Silva et al, 2007).

Numa fase imediata estão previstas diversas apresentações do projecto às principais

instituições que possam contribuir para a continuidade ao projecto.

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ANEXOS

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Anexo 1 – Metadados

No tabela 1.1, são apresentados os metadados de cada grupo de dados apresentados.

A simbologia utilizada para os representar está indicada na tabela 17. Todos os dados estão referenciados para o sistema WGS 1984, UTM Zona 25N ou 26N.

Com excepção dos mapas que apresentam um modelo de dados raster, a restante informação geográfica é vectorial e em formato shp.

A maioria dos dados foram adquiridos no terreno ou digitalizados a partir do ecrã, exceptuando os seguintes dados:

- Alguns percursos pedestres disponibilizados pelo GTNER da DRA;

- As cartas cartográficas que foram adquiridas ao IGE;

- Ortofotomapas da ilha Terceira disponibilizados pelo Governo Regional dos Açores, Secretaria Regional da Habitação e Equipamentos, Divisão de Topografia, Desenho e Cartografia, obtidos através do programa INTERREG III-B com apoio do FEDER;

- A informação digital de elevação para elaboração da carta de sombras e o modelo digital de elevação, disponibilizada pelo CGIAR-CSI;

- Estradas, linhas de água e lagos, disponibilizados pelo SNIG.

Grupo Dados Descrição Informação incorporada

Ponto Percursos pedestres Linha

Localização do inicio e o percurso

Designação, Nome, Ilha, Dificuldade, Extensão, Duração

Ponto Percursos Bicicleta e BTT Linha

Localização do inicio e o percurso

Designação, Nome, Ilha, Tipo, Dificuldade, Extensão, Duração

Ponto Percursos a cavalo Linha

Localização do inicio e o percurso

Designação, Nome, Ilha, Tipo, Dificuldade, Extensão, Duração

Actividades equestres

Linha Picadeiros com actividades equestres

Nome, ilha, local, empresa, telefone, URL

Ponto Percursos canyoning Linha

Percursos equipados

Referência, Nome, Ilha, Interesse, Grau, Extensão, Desnível, Comprimento da corda, Maior rapel, Nº rapeis, Tempo

Parque aventura Ponto Instalações específicas Nome, ilha, local, entidade, URL

Des

porto

nat

urez

a

Escalada Ponto Locais de escalada Nome, ilha, local, URL informação

Património Mundial

Ponto Sítios classificados pela UNESCO

Nome, ilha, local, tipo, ano

Museus Ponto Museus Nome, ilha, local, descrição Igrejas e Impérios

Ponto Igrejas e Impérios com maior interesse

Nome, ilha, local, descrição

Outros monumentos

Ponto Outros monumentos: solares, Torres, etc.

Nome, ilha, local, tipo, descrição

Ruína Forte Ponto Ruínas de fortes militares Nome, ilha, local, estado Vigia baleia Ponto Postos de vigia de baleia Nome, ilha, local, estado Farol Ponto Principais faróis Nome, ilha, local, visitável Miradouros Ponto Principais miradouros Nome, ilha, local Grutas Ponto Grutas e algares Nome, ilha, local, visitável

Pat

rimón

io T

urís

tico

Vulcanologia Ponto Fenómeno vulcânico Nome, ilha, local, tipo, acesso

95

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Centro Mergulho

Ponto Centros de mergulho certificados

N_Empresa, ilha, local, telefone, e-mail, URL

Local Mergulho Ponto Principais locais de mergulho dos Açores

Nome, ilha, local, profundidade, Interesse, características

Observação cetáceos

Ponto Empresas que prestam serviços de ob. cetáceos

N_Empresa, ilha, local, telefone, e-mail, URL

Passeio de barco

Ponto Empresas que prestam estes serviços

N_Empresa, ilha, local, telefone, e-mail, URL

Caiaque de mar

Ponto Locais onde se pode alugar ou ter este serviço

N_Empresa, ilha, local, telefone, e-mail, URL

Marina Ponto Marina para veleiros Nome, ilha, local, nº lugares Pesca Alto mar Ponto Empresas que prestam

estes serviços N_Empresa, ilha, local, telefone, e-mail, URL

Vela cruzeiro Ponto Empresas que prestam estes serviços

N_Empresa, ilha, local, telefone, e-mail, URL

Vela ligeira Ponto Entidades ou clubes que prestam estes serviços

N_Entidade, ilha, local, telefone, e-mail, URL

Náutica recreio Ponto Locais de prática com acesso a serviços

N_Empresa, ilha, local, telefone, e-mail, URL

Windsurf Ponto Locais de windsurf Nome, ilha, local Escola Surf Ponto Escola de Surf N_Entidade, ilha, local,

telefone, e-mail, URL

Act

ivid

ades

Náu

tica

Local Surf Ponto Melhores locais para prática desta modalidade

Nome, ilha, local

Ténis Ponto Campos de ténis abertos ao público

Nome, ilha, local, entidade, contacto, URL

Out

ros

Des

porto

s

Golfe Ponto Campos de Golfe Nome, ilha, local, entidade, contacto, URL

Parques e servas re

Área Parques, florestais, reservas naturais, sítios classificados, etc.

Nome, ilha, local, tipo, acesso, condicionantes

Praia Ponto Praias de areia ou calhau Nome, ilha, local, tipo Piscina natural Ponto Outros locais de banhos Nome, ilha, local, tipo Curso de água Linha Linha de água Nome, ilha A

mbi

ente

e

patri

món

io

tl

Lagoa Área Lagoas Nome, ilha, condicionantes Hotel Ponto Hotel Nome, ilha, local, categoria,

telefone, website Pousada Ponto Pousadas Nome, ilha, local, categoria,

telefone, website Residencial e pensão

Ponto Residenciais e pensões Nome, ilha, local, categoria, telefone, website

Turismo Rural Ponto Alojamento rural, solares, quintas, casas rurais, etc.

Nome, ilha, local, categoria, telefone, website

Alo

jam

ento

Campismo Ponto Parques de campismo Nome, ilha, local, telefone

Grupo Dados Descrição Informação incorporada

96

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Aeroporto Ponto Aeroporto com ligações externas ao arquipélago

Nome, ilha, local, principais ligações

Aeródromo Ponto Apenas ligações internas Nome, ilha, local, ligações Estrada Ponto Estradas asfaltadas Transporte marítimo

Ponto Portos com transporte marítimo de passageiros

Nome, ilha, local, ligações

Tran

spor

tes

Ligação Barco Linha Ligações regulares barco Época, regularidade, tempo Ilha Ponto Nome da ilha Nome Povoação Ponto Principais povoações Nome, ilha, tipo

Topo

-ní

mia

Cidade Área Cidades açorianas Nome, Ilha, população Ortofotomapa Governo dos Açores, SRHE, escala 1/5.000, pixel 0,4 m,

dados de Novembro de 2007. Mapa Topográfico

Cartas do IGE, folhas nº 22, 23, 24, e 25 dos Açores, escala 1/25.000. Pixel, 2,5 metros. IGE 18 de Setembro de 2006, Referencia: NE 688/2006

MDT Map

as

Mapa Sombras Form

ato

rast

er

Elaborado a partir de Informação Digital de Elevação SRTM 90m disponibilizada pelo CGIAR-CSI. Pixel 100 metros. Ficheiros de dados Srtm_30_05 e Srtm_31_05. Formato: Geotiff

Grupo Dados Descrição Informação incorporada

Tabela 1.1 – Metadados da informação inserida no projecto ZoomAzores

97

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Anexo 2 – Modelo de dados associados aos percursos

2.1 - Informação sobre os Percursos Pedestres

Nos Açores, em finais de 2007, existiam 47 passeios pedestres homologados dos quais 17

são nas ilhas do Grupo Central, 5 no Grupo Ocidental (Tabela 2.1) e 24 no Grupo Oriental,

em particular na ilha de São Miguel.

Designação Nome Ilha Dificuldade Extensão (km)

Duração (horas)

PR1 FAI Capelo – Capelinhos Faial Médio 7 2,5

PRC2 FAI Rocha da Fajã Faial Médio 5,5 2,5

PRC4 FAI Caldeira Faial Médio 8 2,5

PR1 GRA Serra Branca – Praia Graciosa Fácil 7 2,5

PRC2 GRA Volta à Caldeira – Furna do Enxofre Graciosa Fácil 9 3

PR3 GRA Baia da Folga Graciosa Fácil 2,1 1:00

PR1 PIC Caminhos de Santa Luzia Pico Médio 10,5 3

PR2 PIC Caminho dos Burros - vertente Norte Pico Médio 12,2 3,5

PR3 PIC Ponta da Ilha Pico Difícil 10 3

PR5 PIC Vinha da Criação Velha Pico Fácil 8 2

PR1 SJO Serra do Topo - Sto. Cristo – Fajã Cubres S. Jorge Médio 10 2,5

PR2 SJO Serra do Topo - Fajã dos Vimes S. Jorge Médio 5 2,5

PR4 SJO Pico Pedro - P. Esperança – Fajã Ouvidor S. Jorge Médio 18 4

PRC5 SJO Fajã de Além S. Jorge Médio 6 3

PRC1 TER Mistérios Negros Terceira Difícil 5 2,5

PRC2 TER À Terra Brava Terceira Médio 7 2,5

PRC3 TER Serreta - Lagoinha Terceira Difícil 7 2,5

PRC4 TER Monte Brasil Terceira Fácil 7,5 2,5

PR1 FLO Ponta Delgada – Fajã Grande Flores Médio 9 2,5

PR2 FLO Lajedo – Fajã Grande Flores Médio 9 2,5

PR3 FLO Miradouro das Lagoas – Poça do Bacalhau Flores Difícil 7 2,5

PR4 FLO Fajã de Lopo Vaz Flores Médio 4 2

PR1 COR Cara do Índio Corvo Médio 3,5 1

Tabela 2.1 – Percursos pedestres homologados nos Açores, inseridos no ZoomAzores (DRT)

Para além dos percursos pedestres homologados e designados por Pequenas Rotas (PR),

foram considerados outros tipos de classificações de percursos, mais direccionados para o

turismo, nomeadamente o Percurso Local (PL), o Percurso Urbano (PU) e o Percurso

Aventura (PA), que são percursos não sinalizados com mais de 5 km e frequentemente

difíceis de seguir.

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2.2 - Percursos de Canyoning

A prática do canyoning apresenta potencial nas ilhas das Flores, São Miguel e São Jorge.

Nas tabelas 2.2 e 2.3, estão indicados os percursos disponíveis no ZoomAzores.

Ref. Nome Ribeira

Inte-resse Grau

Extensão (km)

Desnível (m)

Corda (m)

> Rapel (m)

Nº rapeis

Tempo (h)

C1 Fajã Redonda 3 v4 0,5 160 35 35 6 2,0 C2 Caldeira Dta 3 v3 0,5 170 15 15 6 1,5 C3 Caldeira Esq 3 v3 0,5 150 15 15 5 1,5 C4 Sanguinhal 3 v5 2 750 75 75 15 6,0 C5 Cavaletes Inf. 3 v4 3 550 60 60 18 6,0 C6 Funda Sup. 2 v3 1 350 35 35 14 2,0 C7a Cedro Sup. 2 v2 0,5 50 7 7 2 1,0 C7b Cedro Inf. 4 v5 1 270 55 55 9 3,5 C8a Salto Inf. 4 v4 1,5 480 40 40 19 4,0 C8a Salto Médio 3 v2 0,5 70 28 28 4 1,0 C8c Salto Sup 3 v2 1 360 33 33 15 3,5

Tabela 2.2 – Percursos de Canyoning na Ilha de São Jorge

Ref. Nome Ribeira

Inte-resse Grau

Extensão (km)

Desnível (m)

Corda (m)

> Rapel (m)

Nº rapeis

Tempo (h)

C1 Monte Gordo 3 6 1 305 70 95 5 3,0 C2 José de Fraga 3 4 1 500 60 60 16 6,0 C3a Cão 4 6 2 420 85 235 11 5,0 C3b Cão Superior 2 3 1 200 30 30 10 2,0 C4 Casas 4 6 2 480 60 95 16 5,0 C5 Ferreiro 4 5 1 240 60 120 7 4,0 C6 Grande 3 6 1 250 80 105 5 4,0 C7 Mosteiros 4 5 1 245 35 75 10 5,0 C8 Funda Lomba 2 2 1 110 10 10 3 1,0 C9 Urzela 2 2 1 250 40 40 10 3,5 C10 Silva 3 3 3 335 40 40 11 4,0 C11 Cabo 4 4 2 360 50 50 7 4,0 C12 Meio 3 4 2 325 40 40 9 4,0 C13 Algares 4 5 2 350 70 86 9 5,0 C14 Rib. D’Além Sup 2 4 2 330 58 58 6 4,0 C15 Badanela 4 5 6 600 50 90 - 8,0 C16 Cascalho Sup. 2 3 3 315 30 30 13 3,0 C17 Cascalho Inf. 1 2 2 165 15 15 2 1,5 C18 Esguilhão 3 3 1 225 30 30 11 3,0 C19 Funda Sup. 2 3 1 150 26 26 13 2,0 C20 Funda 2 3 1 150 20 20 7 2,0 C21 Alquevins 4 5 2,5 500 40 75 14 4,0 C22 Ilhéus Sup. 2 3 1 240 22 22 9 2,0 C23 Ilhéus Médio 3 4 1 140 40 40 7 2,0 C24 Ilhéus Inf 4 3 1 110 20 20 6 2,0

Tabela 2.3 – Percursos de canyoning na ilha das Flores

99

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Anexo 3 – Modelo do sítio na Internet ZoomAzores

Sítio desenvolvido para apoio e dar continuidade ao projecto ZoomAzores, com o URL:

http://www.zoomazores.net. A sua principal função consiste no alojamento de ficheiros de

dados e de informação que podem ser consultados ou descarregados pelos utilizadores do

serviço de mapas dinâmico.

A estrutura é simples e pretende-se evolutiva. Consiste numa página de entrada com um

mapa do arquipélago com hiperligação para uma página por ilha (Figura 3.1).

Figura 3.1 - Página de entrada do sítio na Internet ZoomAzores

Nesta fase foram desenvolvidas as páginas de sete ilhas: Terceira (Figura 3.2), Faial, São

Jorge, Graciosa, Flores, Corvo e Santa Maria. As páginas referentes a cada ilha apresentam

informação geral sobre as potencialidades dessas ilhas para a animação turística, um mapa

estático onde esta assinalada a informação passível de consulta e ser descarregada e

quadros com a informação disponível. Nesta primeira fase apresentam-se apenas

informação sobre percursos pedestres, de canyoning e dos locais e empresas de mergulho.

Na página pretende-se disponibilizar acesso quer em português, quer em inglês. A partir do

cabeçalho é possível ligar a quatro páginas: início, contactos, projecto e colaboração e 100

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estabelecer a hiperligação ao serviço de mapas disponível no URL:

http://zoomazores.eshte.pt.

Figura 3.2 - Página de acesso aos dados da ilha Terceira no sítio na Internet ZoomAzores

101

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Anexo 4 - Exemplos de modelos de informação para download

4.1 - Percurso Pedestre: PR4 – Monte Brasil – Ilha Terceira

Extensão: 7,5 km Local: Monte Brasil, Angra do Heroísmo, Ilha Terceira

Tempo: 2h30 Dificuldade: Fácil Tipo: Pequena Rota – Percurso Sinalizado

Trajecto: Percurso circular com início no Parque do Relvão localizado a sudoeste da cidade

de Angra do Heroísmo. A partir do Relvão, seguir em direcção à Fortaleza de São João de

Baptista, após a arcada virar à esquerda pelo caminho de terra e a partir dai seguir sempre

a sinalética.

Principais atracções do percurso

- Castelo de S. Filipe, Ermida de Sto António, Forte da Quebrada e Vigia da Baleia.

- Vistas: da Cidade e a Baía de Angra, a partir do Pico do Monte Brasil, do Pico das

Cruzinhas e da Vigia da Baleia.

Mapa

102

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4.2 - Percurso Urbano Histórico-Cultural: PU1 - Angra-a-pé

Extensão: 5 km Local: Cidade de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira

Dificuldade: Fácil Tipo: Percurso Urbano histórico-cultural

Percurso circular que se inicia na Igreja da Misericórdia junto ao porto de recreio e que

percorre a cidade de Angra, passando pelos principais lugares de interesse histórico,

arquitectónico e cultural.

1. Igreja da Misericórdia, edificada no local do primeiro hospital dos Açores, em 15 e Março

de 1492. O edifício actual foi edificado no séc. XVIII, destacando-se nele a existência de

dois altares, o do Espírito Santo e o do Santo Cristo das Misericórdias.

2. Fortaleza de São Sebastião. Num local estratégico de guarda ao porto e à cidade foi

edificada esta fortaleza terminada no tempo de El-Rei D. Sebastião. Actualmente está

instalada nela uma posada, mas o acesso aos visitantes é livre.

3. Solar de Nossa Sra. dos Remédios. Construído no século XVI, o edifício foi muito

alterado ao longo dos tempos. Pode ainda admirar-se o brasão dos Canto e Castro.

4. Palacete Silveira e Paulo. Um dos edifícios mais altos de Angra e notável exemplar da

arquitectura de transição entre os séculos XIX e XX. Actualmente alberga os serviços da

direcção regional da Cultura e um Centro de Conhecimento dos Açores, uma mediateca,

aberta ao público, com informação sobre a Região em arquivo digital, vídeos ou CDs

5. Igreja da Conceição. Edificada em medos do século XVI sobre uma ermida.

103

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6. Convento de São Francisco. Imóvel típico da arquitectura conventual portuguesa do

século XVII, foi restaurado para integrar o Museu Regional de Angra do heroísmo.

7. Paços do Concelho. Edificado no séc. XIX para albergar a Câmara Municipal. Possui um

dos mais dignos salões nobres do país.

8. Praça Velha. Também conhecida como Praça dos Santos Cosme e Damião e Praça da

Restauração. Foi a primeira praça portuguesa desenhada para servir de ponto de

encontro de dois arruamentos, de acordo com os ideais urbanos do Renascimento.

9. Palácio dos Capitães Generais. Os jesuítas construíram, no lugar onde existiam as casas

da família Távora, um colégio com um Pátio de Estudo e Igreja. Em 1776, o 1.º Capitão

General dos Açores, iniciou a adaptação do edifício a palácio. Por duas vezes foi Paço

Real. O templo, rico em talha dourada, azulejaria e imagens é o reflexo da Igreja da

reforma católica influenciado pelo gosto de decorativos das Índias.

10. Convento da Esperança. Fundado na segunda metade do séc. XVI pertencia à Ordem de

Santa Clara. Da edificação original restam poucos vestígios.

A. Igreja do Santíssimo Salvador da Sé. Edificada no estilo renascentista na segunda

metade do séc. XVI sobre a anterior igreja paroquial datada de 1461. Do primitivo altar-

mor conservam-se os painéis da vida de Cristo (pintura sobre madeira séc. XVI).

Testemunho precioso dos Açores como pólo de encontro de culturas: a estante de

leitura ao estilo indo – português, em Jacarandá do Brasil, com marfim de baleia e

executada nos Açores.

B. Palácio Bettencourt. Edifício de arquitectura barroca dos finais do séc. XVII.

C. Antigo Palácio Episcopal. Edificado em 1544 e cedido pelo Rei D. João III “para todo o

sempre” para uso e serviços dos Bispos de Angra do Heroísmo. É constituído por casas,

cozinhas, quintal e pombal. Actualmente é ocupado pela Secretaria Regional da

Educação e Cultura.

D. Convento de São Gonçalo. Fundado em 1545, é o convento mais antigo da cidade e um

dos maiores dos Açores. Apresenta dois claustros, cerca e granéis, a Igreja e os coros,

alto e baixo, são no estilo 5.º Joanino, dos mais expressivos do arquipélago. No seu

interior barroco e Conventual destaca-se: o cadeiral do coro alto com figuras fantásticas;

o conjunto de painéis de azulejo português (séc. XVIII); o Cristo crucificado em cruz de

prata (séc. XVII) e o revestimento em talha, telas e tecto pintado (séc. XVIII).

E. Hospital da Boa Hora. Edificado nos inícios do século XVII pelos espanhóis, é um dos

hospitais militares mais antigos do mundo.

104

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F. Castelo e Fortaleza de São Filipe ou de São João Baptista. Iniciada a sua construção

nos finais do século XVI sob a ordem de Filipe II de Espanha, I de Portugal, envolve

todo o Monte Brasil. Destinava-se a controlar os ancoradoiros de Angra e do Fanal e à

protecção dos navios das Índias Ocidentais (América Espanhola). É uma das maiores

fortalezas construídas por Espanha, em todo o Mundo. Visitas guiadas ao núcleo dos

edifícios principais e Praça de Armas com horários diferenciados ao longo do ano.

G. Estaleiro Naval. Vestígios do antigo estaleiro de apoio para construção e reparação

naval instalado no areal.

4.3 - Angra-a-pé no Google Earth

Para além da informação em formato PDF o serviço permite descarregar igualmente um

ficheiro do percurso em formato KML que permite a sua visualização no Google Earth. Esse

ficheiro é constituído pelo percurso e por um conjunto de marcas com informação de cada

um dos lugares de interesse, conforme apresentado na figura 4.1.

Figura 4.1 - Angra-a-pé no Google Earth

105

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4.4 – Canyoning: Ribeira dos Algares – Ilha das Flores - Açores

R6

Localização Mapa Inter. Dificuldade Rapeis > Rapel Acesso Descida Regresso Ribeira Cruz 2 **** V5 9 16+75 5 min 5 h 5 min, c/ transfere

Coorden. entrada

Coorden. saída

Altitude entrada

Altitude saída Desnível Extensão Equipamento

Data Abertura

569/677 5794/6714 520 m 170 m 350 m 1,5 Km Semi-Equipada 31/08/2005

Equipamento: Mínimo duas cordas de 75 metros + corda de socorro, diversas fitas/cordas e mosquetões roscados para abandonar, kit de equipagem e fato de neopreno

Histórico: Abertura a 31 de Agosto de 2005, durante a II Expedição da Desnível às Flores, por: Francisco Silva, Maria do Ceu Almeida, Pedro Pacheco, Mário Silva e Pedro Simão.

Acesso: Estrada Santa Cruz das Flores para Fajã Grande, ao km 4,3 existe uma estrada de terra à esquerda, que dá a uma levada. Seguir levada até à ribeira.

Descrição de descida: Contornar o primeiro rapel entrando posteriomente na ribª pela margem esquerda. Iniciar com um pequeno rapel, até chegar ao início da grande depressão e de uma grande verticalidade com dois rapeis seguidos. Posteriormente a ribeira entra numa zona encaichada e bastante florestada. No final é necessário caminhar cerca de 30 minutos pelo leito pedregoso e cheio de árvores até à ponte de uma estrada de terra batida.

Saída: Estrada de Terra, acesso à estrada Stª Cruz das Flores Laje

Croqui:

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Anexo 5 - Edições do ArcGis Server

A versão mais recente do ArcGIS Server, a 9.2, está disponível em três edições distintas:

básica, standard e avançada, construídas num conjunto comum de componentes

tecnológicas (Figura 5.1). Cada uma destas edições está disponível em dois níveis:

- O ArcGIS Server Workgroup, que permite a instalação apenas num único computador e

só funciona com o sistema operativo Windows. O ArcSDE27 apresenta uma memória

limitado a 1 GB, o acesso é limitado a 10 utilizadores e utiliza apenas o sistema de base

de dados SQL Server.

- O ArcGIS Server Enterprise. Este nível permite um número de instalações e utilizadores

ilimitados e pode trabalhar com os sistemas operativos Windows, Solaris ou Linux.

Nesta configuração, o ArcSDE apresenta memória ilimitada e permite a ligação com

outros sistemas de bases de dados: Oracle, DB2, SQL Server e Informix.

Estas edições distinguem-se pelo custo, capacidades e funcionalidades.

Figura 5.1 – Edições do ArcGIS Server e suas funcionalidades (ESRI, 2007b)

27 O ArcSDE (Spatial Database Engine) é uma aplicação destinada a gerir o acesso ao dados espaciais, armazenados nos sistemas de gestão de bases de dados relacionais (SGBD), tornando esses dados disponíveis a outras aplicações

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Anexo 6 – Imagens do ZoomAzores

Nas figuras em baixo são apresentadas algumas vistas possíveis a partir do serviço de

mapa dinâmico ZoomAzores (Figuras 6.1 a 6.6) .

Figura 6.1 – Vista geral, página entrada do ZoomAzores

Figura 6.2 – Vista geral do Grupo Central no ZoomAzores

Figura 6.3 – Vista geral da ilha Terceira no ZoomAzores

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Figura 6.4 – Região em redor da cidade de Angra do Heroísmo

Figura 6.5 – Região em redor da cidade de Angra do Heroísmo

Figura 6.6 – Vista geral da ilha das Flores

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