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Revista Virtual Direito Brasil Volu Fund 1. Evolução Histór O conceito jurídico econômico que lhe é dad riquezas, ou seja, contrato é ampla. A construção teóric análise dos aspectos da op que o conceito jurídico de a circulação de riquezas, em Os países que tiver Brasil faz parte, tiveram gr rigor formalista. Na época operação econômica, pois obrigações. Nesse período, algu aceitos, porém não tutelad prestação em juízo, mas cas No Direito Roma semelhantes, eram eles: con A convenção era gê Os contratos eram c em litteris, re e verbis dada exigia inscrição no livro d tradição efetiva da coisa. 1 Mestrado e Doutorado em D Universidade Católica de São Pa Eletrônicas da Faculdade de Adm 2 ROPPO, Enzo. O contrato. Co 3 GONÇALVES, Carlos Roberto ume 8 nº 1 - 2014 damentos da Teoria Geral dos Contrato Direito Contemporâneo Maria Be rica do Contrato o de contrato está, “intrinsecamente ligado ao do” 2 como instrumento que operacionaliza é sinônimo de operação econômica, mas com um ca referente ao conceito jurídico de contrato se peração econômica que se queria tutelar. Assim contrato é o que dá formalidade a operação eco mbora, não se limita somente a essa operação. ram por base o sistema de leis romano-germâ rande influência do Direito Romano, que era d a o contrato não era visto como meio regulado s o mero acordo de vontades não era suficien uns contratos denominados pacta e destituídos d dos. Ou seja, nesses contratos o credor não so recebesse a prestação poderia retê-la. ano utilizava-se três vocábulos para desig nvenção, contrato e pacto. ênero e as espécies eram o contrato e o pacto. 3 convenções normatizadas, protegidas pela via a a a peculiaridade da fórmula de cada um. Litteri do credor (denominado de codex). O Re se fa E, o Verbis, se celebrava pela troca de expre Direito das Relações Sociais, sub-área Direito Empresa aulo. Professora de Direito Empresarial e Diretora respon ministração e Ciências Contábeis de São Roque - Fac. Adv oimbra: Almedina, 2009, 10. o. Direito civil brasileiro. v.3. São Paulo: Saraiva, 2014, os no ernadete Miranda 1 conceito social- a circulação de ma acepção mais e deu através da m, pode-se dizer onômica, ou seja, ânico, ao qual, o dotado de grande or para qualquer nte para criar as de fórmula, eram poderia exigir a gnar fenômenos actio, e divididos is era aquele que azia pela simples essões orais, por arial, pela Pontifícia nsável pelas Revistas vogada. p. 23.

Fundamentos da Teoria Geral dos Contratos no Direito ...direitobrasil.adv.br/arquivospdf/revista/revistav81/artigos/be1.pdf · operação econômica, ... Eletrônicas da Faculdade

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Fundamentos

1. Evolução Histórica do Contrato

O conceito jurídico de contrato está

econômico que lhe é dado”

riquezas, ou seja, contrato é sinônimo de operação econômica, mas com uma acepção mais

ampla.

A construção teórica referente ao conceito jurídico de contrato se deu através da

análise dos aspectos da operação econômica que se queria tutelar. Assim, pode

que o conceito jurídico de contrato é o que dá formalidade a operação econômica, ou seja,

a circulação de riquezas, embora, não se limita somente a essa operação.

Os países que tiveram por base o sistema de leis romano

Brasil faz parte, tiveram grande influência do Direito Romano, que era dotado de grande

rigor formalista. Na época o contrato não era visto como meio regulador para qualquer

operação econômica, pois o mero acordo de vontades não era suficiente para criar as

obrigações.

Nesse período, alguns contratos denominados

aceitos, porém não tutelados. Ou seja, nesses contratos o credor não poderia exigir a

prestação em juízo, mas caso recebesse a prestação poderia retê

No Direito Romano utilizava

semelhantes, eram eles: convenção, contra

A convenção era gênero e as espécies eram o contrato e o pacto.

Os contratos eram convenções normatizadas, protegidas pela via

em litteris, re e verbis dada a peculiaridade da fórmula de cada um.

exigia inscrição no livro do credor (denominado de

tradição efetiva da coisa. E, o

1 Mestrado e Doutorado em DiUniversidade Católica de São Paulo. Professora de Direito Empresarial Eletrônicas da Faculdade de Administração e Ciências 2 ROPPO, Enzo. O contrato. Coimbra: Almedina, 2009, 10.3 GONÇALVES, Carlos Roberto.

Volume 8 – nº 1 - 2014

Fundamentos da Teoria Geral dos Contratos no Direito Contemporâneo

Maria Bernadete Miranda

1. Evolução Histórica do Contrato

conceito jurídico de contrato está, “intrinsecamente ligado ao conceito social

econômico que lhe é dado” 2 como instrumento que operacionaliza a circulação de

riquezas, ou seja, contrato é sinônimo de operação econômica, mas com uma acepção mais

construção teórica referente ao conceito jurídico de contrato se deu através da

análise dos aspectos da operação econômica que se queria tutelar. Assim, pode

que o conceito jurídico de contrato é o que dá formalidade a operação econômica, ou seja,

a circulação de riquezas, embora, não se limita somente a essa operação.

Os países que tiveram por base o sistema de leis romano-germânico, ao qual, o

Brasil faz parte, tiveram grande influência do Direito Romano, que era dotado de grande

. Na época o contrato não era visto como meio regulador para qualquer

operação econômica, pois o mero acordo de vontades não era suficiente para criar as

Nesse período, alguns contratos denominados pacta e destituídos de fórmula, eram

porém não tutelados. Ou seja, nesses contratos o credor não poderia exigir a

prestação em juízo, mas caso recebesse a prestação poderia retê-la.

No Direito Romano utilizava-se três vocábulos para designar fenômenos

semelhantes, eram eles: convenção, contrato e pacto.

A convenção era gênero e as espécies eram o contrato e o pacto. 3

Os contratos eram convenções normatizadas, protegidas pela via actio, e

dada a peculiaridade da fórmula de cada um. Litteris

igia inscrição no livro do credor (denominado de codex). O Re se fazia pela simples

tradição efetiva da coisa. E, o Verbis, se celebrava pela troca de expressões orais, por

m Direito das Relações Sociais, sub-área Direito Empresarial, pela Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo. Professora de Direito Empresarial e Diretora responsável pelas Revistas Eletrônicas da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque - Fac. Advogada.

. Coimbra: Almedina, 2009, 10. , Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. v.3. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 23.

da Teoria Geral dos Contratos no

Maria Bernadete Miranda 1

, “intrinsecamente ligado ao conceito social-

como instrumento que operacionaliza a circulação de

riquezas, ou seja, contrato é sinônimo de operação econômica, mas com uma acepção mais

construção teórica referente ao conceito jurídico de contrato se deu através da

análise dos aspectos da operação econômica que se queria tutelar. Assim, pode-se dizer

que o conceito jurídico de contrato é o que dá formalidade a operação econômica, ou seja,

germânico, ao qual, o

Brasil faz parte, tiveram grande influência do Direito Romano, que era dotado de grande

. Na época o contrato não era visto como meio regulador para qualquer

operação econômica, pois o mero acordo de vontades não era suficiente para criar as

e destituídos de fórmula, eram

porém não tutelados. Ou seja, nesses contratos o credor não poderia exigir a

se três vocábulos para designar fenômenos

actio, e divididos

itteris era aquele que

se fazia pela simples

se celebrava pela troca de expressões orais, por

rea Direito Empresarial, pela Pontifícia Diretora responsável pelas Revistas

Advogada.

. v.3. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 23.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

exemplo, um ritual religioso. A proteção judicial desses contratos era feitas

do ius civile, podendo reclamar via

O pacto era um acordo que não estava previsto em lei, não exigia forma especial, e

também não tinha a proteção da

O rigor formalista desse período foi atribuído a pouca utilização da

alta carga religiosa da sociedade, já que, o contrato só seria protegido pelos deuses se

observasse a forma prescrita.

No Direito Romano pós

e venda, locação, mandato e sociedade, fo

de contratos passou a ser denominada

formalidade bastando a declaração de vontade das partes.

Os demais contratos que não estavam previstos nas categorias

Verbis e Solo Consensu, não eram considerados contratos, pois não se gerava uma

obrigação civil, mas apenas uma obrigação natural.

No Direito Romano o contrato era um instrumento para se criar obrigações e não

para modificá-las ou extingui

pacta adiecta (acordos adicionais)

A pacta adiecta gerava obrigação civil, mas a sua oposição não se dava pela

sim pela exceptio.

Caso o credor exercesse o contrato pela

na pacta adiecta o devedor poderia opor a

O Direito Medieval

Germânico costumeiro apresentando parte do formalismo do Direito Romano. Com o

crescimento da economia mercantil esse formalismo contratual passou a ser um entrave

para as contratações, que cada vez eram mais rápidas. Tornou

instrumento contratual, constar que as fórmulas foram cumpridas, mesmo que, na prática,

não fossem realizadas e também a fazer um juramento com motivos religiosos para dar

força àquele contrato.

Outro aspecto importante, por influência do Direito Canônico era considerar o

descumprimento do contrato uma mentira, que na época era tida como um pecado, onde o

indivíduo deveria ser condenado. Acreditava

forma livre e consciente, não haveria motivos para se descumprir o contrato.

Volume 8 – nº 1 - 2014

exemplo, um ritual religioso. A proteção judicial desses contratos era feitas

, podendo reclamar via actio sua execução.

O pacto era um acordo que não estava previsto em lei, não exigia forma especial, e

também não tinha a proteção da actio.

O rigor formalista desse período foi atribuído a pouca utilização da

alta carga religiosa da sociedade, já que, o contrato só seria protegido pelos deuses se

observasse a forma prescrita.

Direito Romano pós-clássico, alguns pactos mais utilizados, tais como: compra

e venda, locação, mandato e sociedade, foi conferida a proteção via actio

de contratos passou a ser denominada contractus solo consensu, já que não requeriam

formalidade bastando a declaração de vontade das partes.

Os demais contratos que não estavam previstos nas categorias

, não eram considerados contratos, pois não se gerava uma

obrigação civil, mas apenas uma obrigação natural.

No Direito Romano o contrato era um instrumento para se criar obrigações e não

las ou extingui-las. Para essas operações utilizava-

(acordos adicionais).

gerava obrigação civil, mas a sua oposição não se dava pela

Caso o credor exercesse o contrato pela actio desconsiderando o

o devedor poderia opor a actio(ação) pela exceptio (exceção).

Direito Medieval sofreu forte influência do Direito Romano, Canônico e

Germânico costumeiro apresentando parte do formalismo do Direito Romano. Com o

conomia mercantil esse formalismo contratual passou a ser um entrave

para as contratações, que cada vez eram mais rápidas. Tornou-se, assim, comum, no

instrumento contratual, constar que as fórmulas foram cumpridas, mesmo que, na prática,

adas e também a fazer um juramento com motivos religiosos para dar

Outro aspecto importante, por influência do Direito Canônico era considerar o

descumprimento do contrato uma mentira, que na época era tida como um pecado, onde o

ivíduo deveria ser condenado. Acreditava-se que se a obrigação fosse assumida de

forma livre e consciente, não haveria motivos para se descumprir o contrato.

exemplo, um ritual religioso. A proteção judicial desses contratos era feitas através

O pacto era um acordo que não estava previsto em lei, não exigia forma especial, e

O rigor formalista desse período foi atribuído a pouca utilização da escrita e pela

alta carga religiosa da sociedade, já que, o contrato só seria protegido pelos deuses se

, alguns pactos mais utilizados, tais como: compra

actio. Essa categoria

, já que não requeriam

Os demais contratos que não estavam previstos nas categorias Litteris, Re,

, não eram considerados contratos, pois não se gerava uma

No Direito Romano o contrato era um instrumento para se criar obrigações e não

-se dos pactos,

gerava obrigação civil, mas a sua oposição não se dava pela actio e

desconsiderando o pactuado

(exceção).

sofreu forte influência do Direito Romano, Canônico e

Germânico costumeiro apresentando parte do formalismo do Direito Romano. Com o

conomia mercantil esse formalismo contratual passou a ser um entrave

se, assim, comum, no

instrumento contratual, constar que as fórmulas foram cumpridas, mesmo que, na prática,

adas e também a fazer um juramento com motivos religiosos para dar

Outro aspecto importante, por influência do Direito Canônico era considerar o

descumprimento do contrato uma mentira, que na época era tida como um pecado, onde o

se que se a obrigação fosse assumida de

forma livre e consciente, não haveria motivos para se descumprir o contrato.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

O contrato, conforme se apresenta na atualidade, foi fruto do jusnaturalismo e do

nascimento do capitalismo. Na antiguidade, o indivíduo era determinado pelo grupo em

que estava inserido e pela função que exercia dentro deste grupo, com o surgimento do

capitalismo, ele passou a ser determinado, por sua vontade autônoma, e o contrato o meio

mais utilizado para fazer valer essa vontade.

Com a expansão do capitalismo, no século XIX, o direito dos contratos

exercer um papel ideológico

para a circulação de riquezas, assim foram desenvolvidas

fundamentar essa ideologia.

A principal ideia traçada nesse período era a da liberdade de contratar. O sujeito

estava livre para escolher contratar ou não contratar, escolher o seu parceiro contratual,

além de estabelecer o conteúdo d

determinado tipo de contrato ou a contratar com determinado parceiro contratual. O Estado

se limitava a fazer valer as vontades livremente estabelecidas. Assim, a intervenção estatal

só ocorreria em caso de descumprimento contratual para fazer valer aquela vontade

estabelecida no contrato, ou caso um contrato que se perfizesse por uma vontade viciada

(vícios do consentimento) caso em que o Estado interviria por não haver vontade

livremente estabelecida. Outro fator importante é que nesse período não havia proteção a

alguma parte que tivesse inferioridade econômico

mercado se auto-regulava, ao Estado caberia apenas assegurar que a vontade fosse

estabelecida de forma livre. Ainda, dado o primado da igualdade jurídica que rompeu com

os privilégios do absolutismo, passou

somando-se a isso nasceu a ideia de que as vontades estabelecidas, mesmo que uma das

partes tivesse inferioridade econômico

a lei. Não se admitia que a parte economicamente mais forte pudesse impor a sua vontade

em detrimento daquela economicamente mais fraca, já que a igualdade jurídica estava

estabelecida.

Por essa noção de vontade e para dar segurança ao tráfego econômico, perfaz

ideia de que o contrato, emanado de uma vontade livre, faz lei entre as partes, o chamado

pacta sunt servanda. Aquele que por sua vontade celebrou contrato deve executá

ninguém está obrigado a contratar.

Volume 8 – nº 1 - 2014

O contrato, conforme se apresenta na atualidade, foi fruto do jusnaturalismo e do

pitalismo. Na antiguidade, o indivíduo era determinado pelo grupo em

que estava inserido e pela função que exercia dentro deste grupo, com o surgimento do

capitalismo, ele passou a ser determinado, por sua vontade autônoma, e o contrato o meio

do para fazer valer essa vontade.

Com a expansão do capitalismo, no século XIX, o direito dos contratos

exercer um papel ideológico na sociedade. Era necessário que não houvesse impedimentos

para a circulação de riquezas, assim foram desenvolvidas algumas teorias para

fundamentar essa ideologia.

A principal ideia traçada nesse período era a da liberdade de contratar. O sujeito

estava livre para escolher contratar ou não contratar, escolher o seu parceiro contratual,

além de estabelecer o conteúdo desse contrato. Não era dado ao Estado impor as parte um

determinado tipo de contrato ou a contratar com determinado parceiro contratual. O Estado

se limitava a fazer valer as vontades livremente estabelecidas. Assim, a intervenção estatal

aso de descumprimento contratual para fazer valer aquela vontade

estabelecida no contrato, ou caso um contrato que se perfizesse por uma vontade viciada

(vícios do consentimento) caso em que o Estado interviria por não haver vontade

. Outro fator importante é que nesse período não havia proteção a

alguma parte que tivesse inferioridade econômico-social, deste modo acreditava

regulava, ao Estado caberia apenas assegurar que a vontade fosse

livre. Ainda, dado o primado da igualdade jurídica que rompeu com

os privilégios do absolutismo, passou-se que todo indivíduo era igual perante a lei,

se a isso nasceu a ideia de que as vontades estabelecidas, mesmo que uma das

rioridade econômico-social, seria livre em razão dessa igualdade perante

a lei. Não se admitia que a parte economicamente mais forte pudesse impor a sua vontade

em detrimento daquela economicamente mais fraca, já que a igualdade jurídica estava

Por essa noção de vontade e para dar segurança ao tráfego econômico, perfaz

ideia de que o contrato, emanado de uma vontade livre, faz lei entre as partes, o chamado

. Aquele que por sua vontade celebrou contrato deve executá

ninguém está obrigado a contratar.

O contrato, conforme se apresenta na atualidade, foi fruto do jusnaturalismo e do

pitalismo. Na antiguidade, o indivíduo era determinado pelo grupo em

que estava inserido e pela função que exercia dentro deste grupo, com o surgimento do

capitalismo, ele passou a ser determinado, por sua vontade autônoma, e o contrato o meio

Com a expansão do capitalismo, no século XIX, o direito dos contratos passou a

na sociedade. Era necessário que não houvesse impedimentos

algumas teorias para

A principal ideia traçada nesse período era a da liberdade de contratar. O sujeito

estava livre para escolher contratar ou não contratar, escolher o seu parceiro contratual,

esse contrato. Não era dado ao Estado impor as parte um

determinado tipo de contrato ou a contratar com determinado parceiro contratual. O Estado

se limitava a fazer valer as vontades livremente estabelecidas. Assim, a intervenção estatal

aso de descumprimento contratual para fazer valer aquela vontade

estabelecida no contrato, ou caso um contrato que se perfizesse por uma vontade viciada

(vícios do consentimento) caso em que o Estado interviria por não haver vontade

. Outro fator importante é que nesse período não havia proteção a

social, deste modo acreditava-se que o

regulava, ao Estado caberia apenas assegurar que a vontade fosse

livre. Ainda, dado o primado da igualdade jurídica que rompeu com

se que todo indivíduo era igual perante a lei,

se a isso nasceu a ideia de que as vontades estabelecidas, mesmo que uma das

social, seria livre em razão dessa igualdade perante

a lei. Não se admitia que a parte economicamente mais forte pudesse impor a sua vontade

em detrimento daquela economicamente mais fraca, já que a igualdade jurídica estava

Por essa noção de vontade e para dar segurança ao tráfego econômico, perfaz-se a

ideia de que o contrato, emanado de uma vontade livre, faz lei entre as partes, o chamado

. Aquele que por sua vontade celebrou contrato deve executá-lo, já que

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Para Ripert, o contrato faz lei entre as partes, uma lei com força maior que todas as

outras leis, já que, depois de formado com regularidade, nem mesmo as outras normas

podem atingi-lo. 4

Dava-se assim, sustentá

bastava que as partes o estabelecessem por suas vontades, que eram formalmente livres.

Com isso, o ordenamento jurídico da época, garantia que todos fossem iguais perante a lei,

não havendo a distinção em classes juridicamente privilegiadas, como havia no antigo

regime.

A dogmática do direito nesse período, garantindo a igualdade formal, constrói a

noção de um conjunto de normas, sistematicamente organizadas que regrasse toda a vida

de um indivíduo em suas relações privadas, de modo, completo e coeso. Surgem as

grandes codificações, dentre elas, as que serviram de modelo para boa parte das demais

codificações: o Código Civil francês,

Civil e, posteriormente, chamado de

por Napoleão I e que entrou em vigor

Alemanha, Bürgerliches Gesetzbuch

efetivo em 1 º de janeiro de 1900 e foi considerado um grande e inovador projeto. O BGB

serviu como um modelo para os regulamentos de várias outras jurisdições de direito civil,

incluindo Portugal, Estónia, Letóni

Grécia e Ucrânia.

No Código de Napoleão o contrato não tinha regramento em um livro próprio, era

um dos instrumentos para se adquirir a propriedade e estava subordinado a ela. Isso

porque, naquela sociedade a propriedade era o que movimentava a economia. Ainda, na

construção ideológica daquele período histórico, a liberdade só era possível com a

propriedade, assim como a propriedade era essencial à liberdade de usá

o contrato o meio hábil para isso.

No Código Alemão, o contrato teve normatização diversa do estabelecido no

Código de Napoleão, sendo tratado, no capítulo destinado ao negócio jurídico. A criação

da categoria geral do negócio jurídico abarcaria qualquer relação entre suj

produzir efeitos jurídicos, assim, não só os contratos seriam negócios jurídicos, mas

também, as relações não patrimoniais. Com a criação do negócio jurídico, a proibição da

4 RIPERT, Georges. A regra moral nas obrigações civis.

Volume 8 – nº 1 - 2014

Para Ripert, o contrato faz lei entre as partes, uma lei com força maior que todas as

outras leis, já que, depois de formado com regularidade, nem mesmo as outras normas

se assim, sustentáculo ao próprio capitalismo, pois para o contrato ser justo

bastava que as partes o estabelecessem por suas vontades, que eram formalmente livres.

Com isso, o ordenamento jurídico da época, garantia que todos fossem iguais perante a lei,

inção em classes juridicamente privilegiadas, como havia no antigo

A dogmática do direito nesse período, garantindo a igualdade formal, constrói a

noção de um conjunto de normas, sistematicamente organizadas que regrasse toda a vida

em suas relações privadas, de modo, completo e coeso. Surgem as

grandes codificações, dentre elas, as que serviram de modelo para boa parte das demais

codificações: o Código Civil francês, originalmente chamado de Code Civil

ente, chamado de Code Napoléon, ou Código Napoleônico, outorgado

e que entrou em vigor 21 de março de 1804; e o Código Civil da

Bürgerliches Gesetzbuch ou BGB, em desenvolvimento desde 1881, tornou

efetivo em 1 º de janeiro de 1900 e foi considerado um grande e inovador projeto. O BGB

serviu como um modelo para os regulamentos de várias outras jurisdições de direito civil,

incluindo Portugal, Estónia, Letónia, República da China, Japão, Tailândia, Coreia do Sul,

No Código de Napoleão o contrato não tinha regramento em um livro próprio, era

um dos instrumentos para se adquirir a propriedade e estava subordinado a ela. Isso

iedade a propriedade era o que movimentava a economia. Ainda, na

construção ideológica daquele período histórico, a liberdade só era possível com a

propriedade, assim como a propriedade era essencial à liberdade de usá-la e dispô

o hábil para isso.

No Código Alemão, o contrato teve normatização diversa do estabelecido no

Código de Napoleão, sendo tratado, no capítulo destinado ao negócio jurídico. A criação

da categoria geral do negócio jurídico abarcaria qualquer relação entre suj

produzir efeitos jurídicos, assim, não só os contratos seriam negócios jurídicos, mas

também, as relações não patrimoniais. Com a criação do negócio jurídico, a proibição da

A regra moral nas obrigações civis. Campinas (SP): Bookseller, 2000, p. 45.

Para Ripert, o contrato faz lei entre as partes, uma lei com força maior que todas as

outras leis, já que, depois de formado com regularidade, nem mesmo as outras normas

culo ao próprio capitalismo, pois para o contrato ser justo

bastava que as partes o estabelecessem por suas vontades, que eram formalmente livres.

Com isso, o ordenamento jurídico da época, garantia que todos fossem iguais perante a lei,

inção em classes juridicamente privilegiadas, como havia no antigo

A dogmática do direito nesse período, garantindo a igualdade formal, constrói a

noção de um conjunto de normas, sistematicamente organizadas que regrasse toda a vida

em suas relações privadas, de modo, completo e coeso. Surgem as

grandes codificações, dentre elas, as que serviram de modelo para boa parte das demais

Code Civil, ou Código

, ou Código Napoleônico, outorgado

e o Código Civil da

, em desenvolvimento desde 1881, tornou-se

efetivo em 1 º de janeiro de 1900 e foi considerado um grande e inovador projeto. O BGB

serviu como um modelo para os regulamentos de várias outras jurisdições de direito civil,

a, República da China, Japão, Tailândia, Coreia do Sul,

No Código de Napoleão o contrato não tinha regramento em um livro próprio, era

um dos instrumentos para se adquirir a propriedade e estava subordinado a ela. Isso

iedade a propriedade era o que movimentava a economia. Ainda, na

construção ideológica daquele período histórico, a liberdade só era possível com a

la e dispô-la, sendo

No Código Alemão, o contrato teve normatização diversa do estabelecido no

Código de Napoleão, sendo tratado, no capítulo destinado ao negócio jurídico. A criação

da categoria geral do negócio jurídico abarcaria qualquer relação entre sujeitos destinada a

produzir efeitos jurídicos, assim, não só os contratos seriam negócios jurídicos, mas

também, as relações não patrimoniais. Com a criação do negócio jurídico, a proibição da

Campinas (SP): Bookseller, 2000, p. 45.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

intervenção estatal na liberdade e vontade individual, não se da

ou na propriedade, mas em qualquer relação estabelecida pela vontade livre destinada a

produzir efeitos jurídicos.

Com a revolução industrial que se inicia no século XVIII, o contrato passa a sofrer

inúmeras mudanças.

No fim do século XIX com o desenvolvimento da sociedade industrial iniciou

um novo modelo de sociedade comumente denominada sociedade de consumo.

As indústrias diminuíram em quantidade, mas aumentaram em seu tamanho. O

modo de produção foi modificado, passando a s

cada operário seria detento de apenas uma parte da produção. Esse modelo estabelecido

culminou com o aumento da produção e barateamento do produto final.

O contrato modificou

era possível se discutir as cláusulas contratuais, a um modelo impessoalizado, massificado

e objetivizado. O capitalismo avançou e o ato de contratar passou a ser cada vez mais

rápido. Por essa velocidade nas contratações foi estabelecid

seja, o contrato por adesão, no qual as cláusulas contratuais já estão previamente

estabelecidas, bastando uma das partes aderir ou não a esse contrato, ou seja, não se discute

o conteúdo dessas cláusulas contratuais, simple

Com essa modificação o contrato passou a ser um instrumento de poder e de

opressão, onde o Estado passa a intervir para que a própria lógica do capitalismo não fosse

frustrada.

O direito civil e outros ramos do direito privado, tais como,

o direito do trabalho tiveram uma profunda intervenção por parte do Estado.

A mudança ocorrida nas contratações modificou a perspectiva do direito contratual,

não se garantindo somente a vontade das partes, mas dada a velocidade d

a consequente impessoalidade, garantindo também a segurança e estabilidade das

contratações. Assim, ao se ter um conflito entre a vontade interna (psicológica) e a vontade

declarada (aquela que é exteriorizada), prevalece a vontade objeti

modo a dar segurança as contratações realizadas. Passa

teoria da declaração.

Deste modo, portanto, se no modelo liberal de contrato o ponto central da teoria era

a vontade, no modelo social passa a ser o

Volume 8 – nº 1 - 2014

intervenção estatal na liberdade e vontade individual, não se daria somente nos contratos

ou na propriedade, mas em qualquer relação estabelecida pela vontade livre destinada a

Com a revolução industrial que se inicia no século XVIII, o contrato passa a sofrer

éculo XIX com o desenvolvimento da sociedade industrial iniciou

um novo modelo de sociedade comumente denominada sociedade de consumo.

As indústrias diminuíram em quantidade, mas aumentaram em seu tamanho. O

modo de produção foi modificado, passando a ser organizado em categorias, nas quais,

cada operário seria detento de apenas uma parte da produção. Esse modelo estabelecido

culminou com o aumento da produção e barateamento do produto final.

O contrato modificou-se novamente e passou de um contrato pessoalizado, no qual,

era possível se discutir as cláusulas contratuais, a um modelo impessoalizado, massificado

e objetivizado. O capitalismo avançou e o ato de contratar passou a ser cada vez mais

rápido. Por essa velocidade nas contratações foi estabelecido um novo tipo contratual, qual

seja, o contrato por adesão, no qual as cláusulas contratuais já estão previamente

estabelecidas, bastando uma das partes aderir ou não a esse contrato, ou seja, não se discute

o conteúdo dessas cláusulas contratuais, simplesmente as aceita.

Com essa modificação o contrato passou a ser um instrumento de poder e de

opressão, onde o Estado passa a intervir para que a própria lógica do capitalismo não fosse

O direito civil e outros ramos do direito privado, tais como, o direito empresarial e

o direito do trabalho tiveram uma profunda intervenção por parte do Estado.

A mudança ocorrida nas contratações modificou a perspectiva do direito contratual,

não se garantindo somente a vontade das partes, mas dada a velocidade das contratações e

a consequente impessoalidade, garantindo também a segurança e estabilidade das

contratações. Assim, ao se ter um conflito entre a vontade interna (psicológica) e a vontade

declarada (aquela que é exteriorizada), prevalece a vontade objetivamente declarada, de

modo a dar segurança as contratações realizadas. Passa-se da teoria da vontade para a

Deste modo, portanto, se no modelo liberal de contrato o ponto central da teoria era

a vontade, no modelo social passa a ser o interesse social.

ria somente nos contratos

ou na propriedade, mas em qualquer relação estabelecida pela vontade livre destinada a

Com a revolução industrial que se inicia no século XVIII, o contrato passa a sofrer

éculo XIX com o desenvolvimento da sociedade industrial iniciou-se

um novo modelo de sociedade comumente denominada sociedade de consumo.

As indústrias diminuíram em quantidade, mas aumentaram em seu tamanho. O

er organizado em categorias, nas quais,

cada operário seria detento de apenas uma parte da produção. Esse modelo estabelecido

oalizado, no qual,

era possível se discutir as cláusulas contratuais, a um modelo impessoalizado, massificado

e objetivizado. O capitalismo avançou e o ato de contratar passou a ser cada vez mais

o um novo tipo contratual, qual

seja, o contrato por adesão, no qual as cláusulas contratuais já estão previamente

estabelecidas, bastando uma das partes aderir ou não a esse contrato, ou seja, não se discute

Com essa modificação o contrato passou a ser um instrumento de poder e de

opressão, onde o Estado passa a intervir para que a própria lógica do capitalismo não fosse

o direito empresarial e

o direito do trabalho tiveram uma profunda intervenção por parte do Estado.

A mudança ocorrida nas contratações modificou a perspectiva do direito contratual,

as contratações e

a consequente impessoalidade, garantindo também a segurança e estabilidade das

contratações. Assim, ao se ter um conflito entre a vontade interna (psicológica) e a vontade

vamente declarada, de

se da teoria da vontade para a

Deste modo, portanto, se no modelo liberal de contrato o ponto central da teoria era

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

A sociedade se desenvolveu e o capitalismo tomou grandes proporções. O mundo

sofreu crises, tal como, as grandes guerras. No direito contratual o dogma da vontade

intangível teve de ser mitigado para que a própria lógica do sistema não f

Na passagem do Estado Liberal para o Estado Social, todavia, deu

chamada ‘fragmentação civilística’

diversas leis especiais, que passaram a regular, de maneira específica, instit

tipicamente civilísticos, surgindo assim os microssistemas jurídicos. No âmbito dos

contratos, surge o microssistema do Consumidor que visa proteger o economicamente,

tecnicamente e juridicamente mais fraco em suas contratações.

No processo de modern

jurisprudência da técnica legislativa conhecida como

germânica, muito bem exemplificada pela conhecida função social da propriedade, que tem

matriz constitucional expressa. Nesse

consonância com a função social da propriedade (art. 170 III da CF), o contrato, enquanto

segmento dinâmico, também se acha afetado, ainda que implicitamente, por essa mesma

cláusula geral.

O princípio da função social do contrato, insculpido no artigo 421 do Código Civil

de 2002, é um ‘mandado de otimização’

limitativo da liberdade de contratar, inclusive no que se refere ao próprio conteúdo

contratual. Na sociedade moderna (massificada e globalizada), não é aceitável, sob

qualquer ótica científica, que o contrato leve à ruína total do aderente, do contratante mais

fraco, diante de um policitante ostensivo, economicamente voraz e no mais das vezes

invisível, sob o aspecto fático.

No contexto da civilística constitucional, o contrato deve efetivar a sua função

social, ou seja, servir como instrumento de circulação da riqueza, mas também realizar o

ideal de Justiça Social, na medida em que tutele a dignidade da p

o valor supremo da Constituição Federal.

A função social do contrato retrata a preocupação do legislador deste novo século,

buscando, primordialmente, assegurar o equilíbrio entre as partes contratantes.

Em evidente transformação de um modelo individualista, para um sistema

preocupado com a dignidade humana e com a formação de uma sociedade mais justa e,

principalmente, igualitária, estabelece o artigo 422 do Código Civil brasileiro de 2002,

Volume 8 – nº 1 - 2014

A sociedade se desenvolveu e o capitalismo tomou grandes proporções. O mundo

sofreu crises, tal como, as grandes guerras. No direito contratual o dogma da vontade

intangível teve de ser mitigado para que a própria lógica do sistema não fosse frustrada.

Na passagem do Estado Liberal para o Estado Social, todavia, deu

‘fragmentação civilística’, à vista da abertura do sistema civil, com o advento de

diversas leis especiais, que passaram a regular, de maneira específica, instit

tipicamente civilísticos, surgindo assim os microssistemas jurídicos. No âmbito dos

contratos, surge o microssistema do Consumidor que visa proteger o economicamente,

tecnicamente e juridicamente mais fraco em suas contratações.

No processo de modernização do Direito Civil valeram-se a doutrina e a

jurisprudência da técnica legislativa conhecida como ‘cláusula geral’

germânica, muito bem exemplificada pela conhecida função social da propriedade, que tem

matriz constitucional expressa. Nesse sentido, se a livre iniciativa deve ser exercida em

consonância com a função social da propriedade (art. 170 III da CF), o contrato, enquanto

segmento dinâmico, também se acha afetado, ainda que implicitamente, por essa mesma

a função social do contrato, insculpido no artigo 421 do Código Civil

‘mandado de otimização’, sendo certo que a ‘função social’

limitativo da liberdade de contratar, inclusive no que se refere ao próprio conteúdo

ciedade moderna (massificada e globalizada), não é aceitável, sob

qualquer ótica científica, que o contrato leve à ruína total do aderente, do contratante mais

fraco, diante de um policitante ostensivo, economicamente voraz e no mais das vezes

ob o aspecto fático.

No contexto da civilística constitucional, o contrato deve efetivar a sua função

social, ou seja, servir como instrumento de circulação da riqueza, mas também realizar o

ideal de Justiça Social, na medida em que tutele a dignidade da pessoa humana, por ser este

o valor supremo da Constituição Federal.

A função social do contrato retrata a preocupação do legislador deste novo século,

buscando, primordialmente, assegurar o equilíbrio entre as partes contratantes.

Em evidente transformação de um modelo individualista, para um sistema

preocupado com a dignidade humana e com a formação de uma sociedade mais justa e,

principalmente, igualitária, estabelece o artigo 422 do Código Civil brasileiro de 2002,

A sociedade se desenvolveu e o capitalismo tomou grandes proporções. O mundo

sofreu crises, tal como, as grandes guerras. No direito contratual o dogma da vontade

osse frustrada.

Na passagem do Estado Liberal para o Estado Social, todavia, deu-se a

, à vista da abertura do sistema civil, com o advento de

diversas leis especiais, que passaram a regular, de maneira específica, institutos

tipicamente civilísticos, surgindo assim os microssistemas jurídicos. No âmbito dos

contratos, surge o microssistema do Consumidor que visa proteger o economicamente,

se a doutrina e a

‘cláusula geral’, de origem

germânica, muito bem exemplificada pela conhecida função social da propriedade, que tem

sentido, se a livre iniciativa deve ser exercida em

consonância com a função social da propriedade (art. 170 III da CF), o contrato, enquanto

segmento dinâmico, também se acha afetado, ainda que implicitamente, por essa mesma

a função social do contrato, insculpido no artigo 421 do Código Civil

‘função social’ é um fator

limitativo da liberdade de contratar, inclusive no que se refere ao próprio conteúdo

ciedade moderna (massificada e globalizada), não é aceitável, sob

qualquer ótica científica, que o contrato leve à ruína total do aderente, do contratante mais

fraco, diante de um policitante ostensivo, economicamente voraz e no mais das vezes

No contexto da civilística constitucional, o contrato deve efetivar a sua função

social, ou seja, servir como instrumento de circulação da riqueza, mas também realizar o

essoa humana, por ser este

A função social do contrato retrata a preocupação do legislador deste novo século,

buscando, primordialmente, assegurar o equilíbrio entre as partes contratantes.

Em evidente transformação de um modelo individualista, para um sistema

preocupado com a dignidade humana e com a formação de uma sociedade mais justa e,

principalmente, igualitária, estabelece o artigo 422 do Código Civil brasileiro de 2002, in

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

verbis: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como

em sua execução, os princípios de probidade e boa

Com este texto legal, a boa

dever jurídico, em cláusula geral implíc

uma efetiva conduta honesta, leal e transparente.

Tem-se afirmado, com fundamento na teoria da boa

direito alemão, e agora adotada pelo legislador brasileiro, que a hipótese

logo, provido de normatividade.

Esta afirmação provém da interpretação do § 242 do Código Civil alemão,

servido de esteio à expressão alemã

lealdade e de crença, determinando o comport

uma obrigação socialmente recomendada.

A regra de conduta individual deve estar fundada na lealdade

lisura, na retidão, na consideração dos interesses do outro.

O dever de conduta, agora r

confiança alheia.

O contratante é visto como membro de um conjunto social que é juridicamente

tutelado.

No domínio contratual, as partes gozam de uma ampla liberdade, permitindo

adequar as relações jurídicas à medida de seus interesses, criando instrumentos negociais

aptos à obtenção dos objetivos traçados.

A liberdade contratual é, sem dúvida, a expressão mais relevante do princípio da

autonomia da vontade, que, não está abolida com a reformulaç

dos contratos no Código Civil brasileiro de 2002.

Em tempos de valoração da dignidade humana, o direito só pode estar a serviço do

homem, “hominum causa omne ius constitutum”,

mas sim no sentido de integrante de uma sociedade que se quer, antes de tudo, mais

igualitária.

5 BGB. Código Civil alemão. § 242 com consideração pelos costumes do tráfego”.verpflichtet, die Leistung so zu bewirken, wie Treu und Glauben MIT Rücksicht auf die Verkehrssitte es erfordern”.

Volume 8 – nº 1 - 2014

contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como

em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”

Com este texto legal, a boa-fé objetiva transformou-se, na legislação brasileira, em

dever jurídico, em cláusula geral implícita em todos os contratos, exigindo dos contratantes

uma efetiva conduta honesta, leal e transparente.

se afirmado, com fundamento na teoria da boa-fé objetiva desenvolvida no

direito alemão, e agora adotada pelo legislador brasileiro, que a hipótese

logo, provido de normatividade.

Esta afirmação provém da interpretação do § 242 do Código Civil alemão,

servido de esteio à expressão alemã Treu und Glauben, que engloba os conceitos de

lealdade e de crença, determinando o comportamento conforme estas, invocando um dever,

uma obrigação socialmente recomendada.

A regra de conduta individual deve estar fundada na lealdade Treu, na confiança, na

lisura, na retidão, na consideração dos interesses do outro.

O dever de conduta, agora regido pelo princípio da eticidade, não deve frustrar a

O contratante é visto como membro de um conjunto social que é juridicamente

No domínio contratual, as partes gozam de uma ampla liberdade, permitindo

ões jurídicas à medida de seus interesses, criando instrumentos negociais

aptos à obtenção dos objetivos traçados.

A liberdade contratual é, sem dúvida, a expressão mais relevante do princípio da

autonomia da vontade, que, não está abolida com a reformulação da teoria das obrigações e

dos contratos no Código Civil brasileiro de 2002.

Em tempos de valoração da dignidade humana, o direito só pode estar a serviço do

“hominum causa omne ius constitutum”, não mais no seu sentido individualista,

o sentido de integrante de uma sociedade que se quer, antes de tudo, mais

§ 242 “o devedor está adstrito a realizar a prestação tal como o exija a boa

com consideração pelos costumes do tráfego”. § 242 “Leistung nach Treu und Glauben Der Schuldner ist verpflichtet, die Leistung so zu bewirken, wie Treu und Glauben MIT Rücksicht auf die Verkehrssitte es

contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como

se, na legislação brasileira, em

ita em todos os contratos, exigindo dos contratantes

fé objetiva desenvolvida no

direito alemão, e agora adotada pelo legislador brasileiro, que a hipótese é de princípio,

Esta afirmação provém da interpretação do § 242 do Código Civil alemão, 5que tem

, que engloba os conceitos de

amento conforme estas, invocando um dever,

, na confiança, na

egido pelo princípio da eticidade, não deve frustrar a

O contratante é visto como membro de um conjunto social que é juridicamente

No domínio contratual, as partes gozam de uma ampla liberdade, permitindo-lhes

ões jurídicas à medida de seus interesses, criando instrumentos negociais

A liberdade contratual é, sem dúvida, a expressão mais relevante do princípio da

ão da teoria das obrigações e

Em tempos de valoração da dignidade humana, o direito só pode estar a serviço do

não mais no seu sentido individualista,

o sentido de integrante de uma sociedade que se quer, antes de tudo, mais

“o devedor está adstrito a realizar a prestação tal como o exija a boa-fé, 242 “Leistung nach Treu und Glauben Der Schuldner ist

verpflichtet, die Leistung so zu bewirken, wie Treu und Glauben MIT Rücksicht auf die Verkehrssitte es

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

A liberdade contratual ganhou novos contornos, assumiu a feição de um meio

indispensável para o livre desenvolvimento da personalidade humana, perante as

aceleradas transformações econômico

Está ultrapassada a fase da boa

muito pouco contribuía para a garantia de equações econômicas mais justas.

A boa-fé é o cerne ou a matriz da eticidade, que não existe sem o

psicológico da intenção ou do propósito de guardar fidelidade ou lealdade ao contratado.

Dessa intencionalidade resulta a boa

resguardar a veracidade do que foi estipulado.

Pode-se, desta forma, afirm

atividade ética e jurídica, caracterizando

aqueles que dela participam.

Em decorrência da boa

distorções, tendo-se sempre em vista o adimplemento do fim visado ou declarado pelas

partes contratantes.

Sob este aspecto, a boa

também, e principalmente, como norma de comportamento, numa perfeita correlação entre

meio e fim.

Apresenta-se, ainda, como exigência de adequada e fiel execução do que tenha sido

acordado pelas partes, o que importa em dizer que a intenção dos contratantes deve ser

endereçada ao objetivo a ser alcançado, da forma que se encontra configurado nos

documentos que o legitimam.

Fácil concluir que no ordenamento jurídico brasileiro de 2002, a eticidade,

representada pela boa-fé, simboliza o imperativo do que no plano psicológico se pôs como

intenção leal e sincera, imprescindível e essencial à juridic

2. Origem Etimológica e Conceito de Contrato

A origem etimológica do vocábulo contrato

vontades com vistas a um objeto específico. O verbo

traz o sentido de ajuste, convenção ou pacto, sendo um acordo de vontades criador de

direitos e obrigações. É o acordo entre duas ou mais pessoas para um fim qualquer. É o

Volume 8 – nº 1 - 2014

A liberdade contratual ganhou novos contornos, assumiu a feição de um meio

indispensável para o livre desenvolvimento da personalidade humana, perante as

nsformações econômico-sociais.

Está ultrapassada a fase da boa-fé subjetiva, que traduzindo mera exortação ética,

muito pouco contribuía para a garantia de equações econômicas mais justas.

fé é o cerne ou a matriz da eticidade, que não existe sem o

psicológico da intenção ou do propósito de guardar fidelidade ou lealdade ao contratado.

Dessa intencionalidade resulta a boa-fé objetiva, como norma de conduta que deve

resguardar a veracidade do que foi estipulado.

se, desta forma, afirmar que a boa-fé é uma das condições essenciais da

atividade ética e jurídica, caracterizando-se pela sinceridade e pela probidade de todos

aqueles que dela participam.

Em decorrência da boa-fé pode-se esperar o cumprimento do pactuado sem

se sempre em vista o adimplemento do fim visado ou declarado pelas

Sob este aspecto, a boa-fé se apresenta não só como norma de conduta, mas

também, e principalmente, como norma de comportamento, numa perfeita correlação entre

se, ainda, como exigência de adequada e fiel execução do que tenha sido

acordado pelas partes, o que importa em dizer que a intenção dos contratantes deve ser

endereçada ao objetivo a ser alcançado, da forma que se encontra configurado nos

documentos que o legitimam.

Fácil concluir que no ordenamento jurídico brasileiro de 2002, a eticidade,

fé, simboliza o imperativo do que no plano psicológico se pôs como

intenção leal e sincera, imprescindível e essencial à juridicidade do contrato.

2. Origem Etimológica e Conceito de Contrato

A origem etimológica do vocábulo contrato nos guia ao vínculo jurídico das

vontades com vistas a um objeto específico. O verbo contrahere conduz a

traz o sentido de ajuste, convenção ou pacto, sendo um acordo de vontades criador de

direitos e obrigações. É o acordo entre duas ou mais pessoas para um fim qualquer. É o

A liberdade contratual ganhou novos contornos, assumiu a feição de um meio

indispensável para o livre desenvolvimento da personalidade humana, perante as

fé subjetiva, que traduzindo mera exortação ética,

muito pouco contribuía para a garantia de equações econômicas mais justas.

fé é o cerne ou a matriz da eticidade, que não existe sem o elemento

psicológico da intenção ou do propósito de guardar fidelidade ou lealdade ao contratado.

fé objetiva, como norma de conduta que deve

fé é uma das condições essenciais da

se pela sinceridade e pela probidade de todos

se esperar o cumprimento do pactuado sem

se sempre em vista o adimplemento do fim visado ou declarado pelas

fé se apresenta não só como norma de conduta, mas

também, e principalmente, como norma de comportamento, numa perfeita correlação entre

se, ainda, como exigência de adequada e fiel execução do que tenha sido

acordado pelas partes, o que importa em dizer que a intenção dos contratantes deve ser

endereçada ao objetivo a ser alcançado, da forma que se encontra configurado nos

Fácil concluir que no ordenamento jurídico brasileiro de 2002, a eticidade,

fé, simboliza o imperativo do que no plano psicológico se pôs como

contrato.

ao vínculo jurídico das

conduz a contractus, que

traz o sentido de ajuste, convenção ou pacto, sendo um acordo de vontades criador de

direitos e obrigações. É o acordo entre duas ou mais pessoas para um fim qualquer. É o

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

trato em que duas ou mais pessoas assumem certos compromissos ou obrigações, ou

asseguram entre si algum direito.

Na definição de Ulpiano contrato

consensus”, 7 que em vernáculo significa

sobre o mesmo objeto”.

Para De Plácido e Silva, contrato

possui o sentido de ajuste, convenção, pacto, transação.

Expressa, assim, a ideia do ajuste, da convenção, do pacto ou da transação firmada

ou acordada entre duas ou mais pessoas para um fim qualquer, ou seja,

resguardar, modificar ou extinguir direitos.

Clóvis Beviláqua entende por contrato

pessoas com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direito”.

Segundo Maria Helena Diniz,

conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de

interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações

jurídicas de natureza patrimonial”.

Nos ensinamentos de Orlando Gomes

bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à

satisfação dos interesses que regularam”.

Na concepção moderna contrato é negócio jurídico bilateral

obrigações para as partes, que convencionam, por consentimento recíproco, a dar, fazer ou

não fazer alguma coisa, verificando, assim, a constituição, modificação ou extinção do

vínculo patrimonial.

Neste sentido, assevera Carlos Roberto Gon

jurídico resultar de um mútuo consenso, de um encontro de duas vontades, estaremos

diante de um contrato”. 12

Atualmente, contrato é um acordo de vontades, um negócio que visa a

efeitos jurídicos de conteúdo patrimonial. Através dele cria

relações de fundo econômico. Embora os contratos estejam previstos nos Direitos das

6 LARROUSE. Grande enciclopédia Larousse cultura7 Digesto de Justiniano, terceira parte,8 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico9 BEVILÁQUA, Clóvis. Código civil anotado,10 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro11 GOMES,Orlando. Contratos.12 GONÇALVES, Carlos Roberto.

Volume 8 – nº 1 - 2014

trato em que duas ou mais pessoas assumem certos compromissos ou obrigações, ou

asseguram entre si algum direito. 6

Na definição de Ulpiano contrato “est pactio duorum pluriumve in idem placitum

que em vernáculo significa “o mútuo consenso de duas ou mais pessoas

Para De Plácido e Silva, contrato derivado do latim contractus

possui o sentido de ajuste, convenção, pacto, transação. 8

Expressa, assim, a ideia do ajuste, da convenção, do pacto ou da transação firmada

ou acordada entre duas ou mais pessoas para um fim qualquer, ou seja,

resguardar, modificar ou extinguir direitos.

Clóvis Beviláqua entende por contrato “o acordo de vontade de duas ou mais

pessoas com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direito”.

Maria Helena Diniz, “contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na

conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de

interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações

jurídicas de natureza patrimonial”. 10

os de Orlando Gomes “contrato é, assim, o negócio jurídico

bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à

satisfação dos interesses que regularam”. 11

Na concepção moderna contrato é negócio jurídico bilateral ou plurila

partes, que convencionam, por consentimento recíproco, a dar, fazer ou

não fazer alguma coisa, verificando, assim, a constituição, modificação ou extinção do

assevera Carlos Roberto Gonçalves: “sempre, pois, que o negócio

jurídico resultar de um mútuo consenso, de um encontro de duas vontades, estaremos

Atualmente, contrato é um acordo de vontades, um negócio que visa a

efeitos jurídicos de conteúdo patrimonial. Através dele cria-se, modifica-se ou se

relações de fundo econômico. Embora os contratos estejam previstos nos Direitos das

Grande enciclopédia Larousse cultura. São Paulo: Nova Cultural, vol. 7, 1998. p.1599.Digesto de Justiniano, terceira parte, título XIX de bonae fidei iudiciis, referente aos contratos, 533 dC.

Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 373. Código civil anotado, vol. 4, Rio de Janeiro: Francisco Alves,1916. p. 245.Curso de direito civil brasileiro. v. 3. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 12.

Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 10. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. v.3. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 22.

trato em que duas ou mais pessoas assumem certos compromissos ou obrigações, ou

“est pactio duorum pluriumve in idem placitum

“o mútuo consenso de duas ou mais pessoas

contractus, de contrahere,

Expressa, assim, a ideia do ajuste, da convenção, do pacto ou da transação firmada

ou acordada entre duas ou mais pessoas para um fim qualquer, ou seja, adquirir,

“o acordo de vontade de duas ou mais

pessoas com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direito”. 9

o acordo de duas ou mais vontades, na

conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de

interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações

“contrato é, assim, o negócio jurídico

bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à

ou plurilateral que gera

partes, que convencionam, por consentimento recíproco, a dar, fazer ou

não fazer alguma coisa, verificando, assim, a constituição, modificação ou extinção do

“sempre, pois, que o negócio

jurídico resultar de um mútuo consenso, de um encontro de duas vontades, estaremos

Atualmente, contrato é um acordo de vontades, um negócio que visa a produção de

se ou se extingue

relações de fundo econômico. Embora os contratos estejam previstos nos Direitos das

. São Paulo: Nova Cultural, vol. 7, 1998. p.1599. , referente aos contratos, 533 dC.

vol. 4, Rio de Janeiro: Francisco Alves,1916. p. 245. . v. 3. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 12.

. v.3. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 22.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Obrigações, não se referem, necessariamente, aos negócios jurídicos

devedor, pois, é extensivo ao

Direito das Sucessões, Direito Administrativo e

não é em si, uma obrigação, mas sim fonte das obrigações.

3. Princípios Gerais dos Contratos

A validade do contrato exige acordo de vontades, agente capaz, objeto lícito,

possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.

O contrato, até a entrada em vigor do Código Civil de 2002, não tinha sua

principiologia expressa. Era inspirado no Código de Napoleão de 1804 e nosso antigo

Código Civil de 1916, absteve

liberdade da contratação. Consequência disso foi o desenvolvimento de uma mentalidade

retrógrada e excessivamente conservadora, avessa a qualquer ideia de aperfeiçoamento

legislativo. Brocardos ultrapassados, como

não é caro, ainda permanecem como absolutos em boa parte da cultura hodierna.

Segundo o antigo Código Civil de 1916, incidiam

básicos, a saber: a) Autonomia da vontade

de escolher o tipo e o objeto do contrato e de dispor o conteúdo contratual de acordo com

os interesses a serem auto-

autonomia da vontade era

pública; e c) Obrigatoriedade do contrato

partes.

Era o dever da veracidade,

ou o antigo brocado “Ninguém é obrigado a tratar, mas

ou “Pode calar-se ou falar. Mas se fala, e falando promete, a lei o constrange a cumprir

tal promessa”.

A constitucionalização do direito privado, o fenômeno da repersonalização e o

primado da dignidade do ser humano modela

que, pouco a pouco, foi abandonando o

vistos como normas jurídicas de aplicação não mais residual, a pretensa completude do

Código Civil é abandonada e a ide

de lado. Tudo isso porque a pessoa passa a ser vista como o ponto para o qual deve

convergir o sistema jurídico.

Volume 8 – nº 1 - 2014

Obrigações, não se referem, necessariamente, aos negócios jurídicos

devedor, pois, é extensivo ao Direito Empresarial, Direito das Coisas, Direito de Família,

cessões, Direito Administrativo e Direito Internacional. Portanto, o contrato

não é em si, uma obrigação, mas sim fonte das obrigações.

3. Princípios Gerais dos Contratos

A validade do contrato exige acordo de vontades, agente capaz, objeto lícito,

possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.

O contrato, até a entrada em vigor do Código Civil de 2002, não tinha sua

principiologia expressa. Era inspirado no Código de Napoleão de 1804 e nosso antigo

Código Civil de 1916, absteve-se de delimitá-lo, deixando ínsita a prevalência da regra da

de da contratação. Consequência disso foi o desenvolvimento de uma mentalidade

retrógrada e excessivamente conservadora, avessa a qualquer ideia de aperfeiçoamento

legislativo. Brocardos ultrapassados, como o contrato faz lei entre as partes

ainda permanecem como absolutos em boa parte da cultura hodierna.

Segundo o antigo Código Civil de 1916, incidiam sobre os contratos três princípios

a) Autonomia da vontade: significava a liberdade das partes de contratar,

escolher o tipo e o objeto do contrato e de dispor o conteúdo contratual de acordo com

-regulados; b) Supremacia da ordem pública: significa

autonomia da vontade era relativa, sujeita à lei e aos princípios da moral e da ordem

c) Obrigatoriedade do contrato: significava que o contrato faz

ever da veracidade, pacta sunt servanda. Os contratos devem ser cumpridos

“Ninguém é obrigado a tratar, mas se o faz, é obrigado a cumprir”;

se ou falar. Mas se fala, e falando promete, a lei o constrange a cumprir

A constitucionalização do direito privado, o fenômeno da repersonalização e o

primado da dignidade do ser humano modelaram um novo paradigma no direito contratual,

pouco, foi abandonando o antigo modelo. Atualmente, os princípios são

vistos como normas jurídicas de aplicação não mais residual, a pretensa completude do

ódigo Civil é abandonada e a ideia do patrimônio como centro do direito privado é posta

de lado. Tudo isso porque a pessoa passa a ser vista como o ponto para o qual deve

convergir o sistema jurídico.

entre credor e

Direito das Coisas, Direito de Família,

. Portanto, o contrato

A validade do contrato exige acordo de vontades, agente capaz, objeto lícito,

possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.

O contrato, até a entrada em vigor do Código Civil de 2002, não tinha sua

principiologia expressa. Era inspirado no Código de Napoleão de 1804 e nosso antigo

lo, deixando ínsita a prevalência da regra da

de da contratação. Consequência disso foi o desenvolvimento de uma mentalidade

retrógrada e excessivamente conservadora, avessa a qualquer ideia de aperfeiçoamento

o contrato faz lei entre as partes e o combinado

ainda permanecem como absolutos em boa parte da cultura hodierna.

sobre os contratos três princípios

a liberdade das partes de contratar,

escolher o tipo e o objeto do contrato e de dispor o conteúdo contratual de acordo com

: significava que a

ios da moral e da ordem

que o contrato fazia lei entre as

s contratos devem ser cumpridos

igado a cumprir”;

se ou falar. Mas se fala, e falando promete, a lei o constrange a cumprir

A constitucionalização do direito privado, o fenômeno da repersonalização e o

ram um novo paradigma no direito contratual,

, os princípios são

vistos como normas jurídicas de aplicação não mais residual, a pretensa completude do

rimônio como centro do direito privado é posta

de lado. Tudo isso porque a pessoa passa a ser vista como o ponto para o qual deve

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Os princípios que presidem os contratos desfrutam de enorme significação, pois,

aplicados às situações concretas, permitem a prevalência do eq

contratantes, sendo de fundamental importância diante do primado da dignidade do

homem, conforme preceito constitucional.

O princípio da autonomia da vontade continua válido e informa todo o

contratual, mas não subsiste senão interagindo com os princípios da função social ou

supremacia da ordem pública e o princípio da boa

2002.

4. Função Social do Contrato

Da mesma forma que constitucionalmente previsto para a propriedade, a

de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato"

dispõe o artigo 421, do Código Civil de 2002

Trata-se, sem sombra de dúvida, do princ

ordenamento normativo no que diz respeito à matéria contratual.

O contrato, embora aprioristicamente se refira somente às partes pactuantes

(relatividade subjetiva), também gera reper

para terceiros, além da própria sociedade, de forma difusa.

É importante ressaltar, na esteira do insuperável Orlando Gomes quando comentava

a função social da propriedade, a autonomia do princípio da função social (lá da

propriedade, aqui do contrato); pois não se constitui em simples limitação normativa, mas

sim da própria razão de ser de todas as outras regras contratuais, que devem gravitar em

torno de si, o que justifica a utilização das expressões "razão" e "limite" do já mencionado

dispositivo legal.

A exegese de um contrato escapa ao campo privatista e alcança o terreno

constitucional. Na interpretação de um contrato há de levar em conta, antes de tudo, o rol

dos fundamentos e objetivos propostos para a nação e, entre nós, estão eles previ

artigos 1º ao 4º do Texto Constitucional de 1988. Um deles é primaz e jamais será

esquecido em qualquer negócio jurídico. Trata

humana, valor para o qual converge todo o sistema privado brasileiro. Por força

cânone de aplicação plena, o

repersonalização derroga a mentalidade da patrimonialização do contrato.

Volume 8 – nº 1 - 2014

Os princípios que presidem os contratos desfrutam de enorme significação, pois,

uações concretas, permitem a prevalência do equilíbrio entre os

de fundamental importância diante do primado da dignidade do

homem, conforme preceito constitucional.

O princípio da autonomia da vontade continua válido e informa todo o

contratual, mas não subsiste senão interagindo com os princípios da função social ou

supremacia da ordem pública e o princípio da boa-fé, todos previstos no Código Civil de

4. Função Social do Contrato ou Supremacia da Ordem Pública

Da mesma forma que constitucionalmente previsto para a propriedade, a

de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato"

ódigo Civil de 2002.

se, sem sombra de dúvida, do princípio básico que deve reger todo o

ordenamento normativo no que diz respeito à matéria contratual.

O contrato, embora aprioristicamente se refira somente às partes pactuantes

(relatividade subjetiva), também gera repercussões e - por que não dizer - deveres

para terceiros, além da própria sociedade, de forma difusa.

É importante ressaltar, na esteira do insuperável Orlando Gomes quando comentava

a função social da propriedade, a autonomia do princípio da função social (lá da

ntrato); pois não se constitui em simples limitação normativa, mas

sim da própria razão de ser de todas as outras regras contratuais, que devem gravitar em

torno de si, o que justifica a utilização das expressões "razão" e "limite" do já mencionado

A exegese de um contrato escapa ao campo privatista e alcança o terreno

constitucional. Na interpretação de um contrato há de levar em conta, antes de tudo, o rol

dos fundamentos e objetivos propostos para a nação e, entre nós, estão eles previ

artigos 1º ao 4º do Texto Constitucional de 1988. Um deles é primaz e jamais será

esquecido em qualquer negócio jurídico. Trata-se do princípio da dignidade da pessoa

humana, valor para o qual converge todo o sistema privado brasileiro. Por força

cânone de aplicação plena, o ser passa a desempenhar um papel maior que o

repersonalização derroga a mentalidade da patrimonialização do contrato.

Os princípios que presidem os contratos desfrutam de enorme significação, pois,

uilíbrio entre os

de fundamental importância diante do primado da dignidade do

O princípio da autonomia da vontade continua válido e informa todo o sistema

contratual, mas não subsiste senão interagindo com os princípios da função social ou

fé, todos previstos no Código Civil de

ou Supremacia da Ordem Pública

Da mesma forma que constitucionalmente previsto para a propriedade, a "liberdade

de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato" conforme

ípio básico que deve reger todo o

O contrato, embora aprioristicamente se refira somente às partes pactuantes

deveres jurídicos

É importante ressaltar, na esteira do insuperável Orlando Gomes quando comentava

a função social da propriedade, a autonomia do princípio da função social (lá da

ntrato); pois não se constitui em simples limitação normativa, mas

sim da própria razão de ser de todas as outras regras contratuais, que devem gravitar em

torno de si, o que justifica a utilização das expressões "razão" e "limite" do já mencionado

A exegese de um contrato escapa ao campo privatista e alcança o terreno

constitucional. Na interpretação de um contrato há de levar em conta, antes de tudo, o rol

dos fundamentos e objetivos propostos para a nação e, entre nós, estão eles previstos nos

artigos 1º ao 4º do Texto Constitucional de 1988. Um deles é primaz e jamais será

se do princípio da dignidade da pessoa

humana, valor para o qual converge todo o sistema privado brasileiro. Por força desse

passa a desempenhar um papel maior que o ter. A ideia da

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Assim, o contrato cumpre sua função social quando, respeitando a dignidade do

contratante, não viola o interesse da coletividade, à qual não interessam nem a ilicitude do

objeto nem a ociosidade das riquezas. Para assegurar a funcionalização das avencas, f

preciso que o Estado interviesse no campo contratual, qualificando seu conteúdo e dando

ensejo ao que se chama direitos de segunda geração. Há um evidente contraste, pois os

direitos de geração anterior eram caracterizados pela ausência do Estado; os di

oriundos da função social do contrato são marcados pela postura contrária, vale dizer, pela

ingerência do poder público no campo privado.

Gustavo Tepedino

França, onde, em um determinado ba

etílico, punham-se a arremessar um anão de mesa em mesa, como a atirar um objeto. A

esta pilhéria, digna de uma aventura quixotesca e que se convencionou chamar

de anão, não se opunha o pequeno e

dinheiro e, ao que parece, estava ele contratado pelo estabelecimento para prestar

pitoresco papel. O Ministério Público local pediu a interdição da brincadeira, ao argumento

de lesão à personalidade do anão, cujo trabalho ofendia

arrazoado do trabalhador, de que lhe seria difícil obter ocupação lucrativa, até por sua

compleição física desfavorável, ainda assim o Judiciário francês proibiu o evento. Trata

de um caso em que a vontade, livremente manifestada e conveniente a ambos os

contratantes, não prevaleceu por ofensa à dignidade do próprio contratante.

Daí a regra lapidar do artigo

percebe a clara intenção de conect

funcionalização das convenções, de forma a que um princípio não exclua o outro, mas de

molde a que ambos interajam.

nos limites da função social d

5. Boa-Fé Objetiva

O conceito de boa-fé sempre esteve presente em nosso sistema privado. Já o Código

Comercial brasileiro de 1850 o previra. O Código Civil de 1916, em numerosas passagens,

a ele igualmente se referia, especialmente no tocante

13 TEPEDINO, Gustavo. Direitos humanos e relações jurídicas privadasde Janeiro: Renovar, 2001, p. 55.

Volume 8 – nº 1 - 2014

Assim, o contrato cumpre sua função social quando, respeitando a dignidade do

contratante, não viola o interesse da coletividade, à qual não interessam nem a ilicitude do

objeto nem a ociosidade das riquezas. Para assegurar a funcionalização das avencas, f

preciso que o Estado interviesse no campo contratual, qualificando seu conteúdo e dando

ensejo ao que se chama direitos de segunda geração. Há um evidente contraste, pois os

direitos de geração anterior eram caracterizados pela ausência do Estado; os di

oriundos da função social do contrato são marcados pela postura contrária, vale dizer, pela

ingerência do poder público no campo privado.

13 narra o curioso exemplo ocorrido há poucos anos no sul da

determinado bar noturno, os convivas, já animados pelo estado

se a arremessar um anão de mesa em mesa, como a atirar um objeto. A

esta pilhéria, digna de uma aventura quixotesca e que se convencionou chamar

não se opunha o pequeno e bom homem; aliás, a brincadeira rendia

dinheiro e, ao que parece, estava ele contratado pelo estabelecimento para prestar

pitoresco papel. O Ministério Público local pediu a interdição da brincadeira, ao argumento

o anão, cujo trabalho ofendia-lhe a dignidade. Mesmo diante do

arrazoado do trabalhador, de que lhe seria difícil obter ocupação lucrativa, até por sua

compleição física desfavorável, ainda assim o Judiciário francês proibiu o evento. Trata

m que a vontade, livremente manifestada e conveniente a ambos os

contratantes, não prevaleceu por ofensa à dignidade do próprio contratante.

Daí a regra lapidar do artigo 421 do Código Civil de 2002, em cuja

percebe a clara intenção de conectar o princípio da autonomia da vontade à ide

funcionalização das convenções, de forma a que um princípio não exclua o outro, mas de

molde a que ambos interajam. Litterim: a liberdade de contratar será exercida em razão e

nos limites da função social do contrato.

Fé Objetiva

fé sempre esteve presente em nosso sistema privado. Já o Código

Comercial brasileiro de 1850 o previra. O Código Civil de 1916, em numerosas passagens,

a ele igualmente se referia, especialmente no tocante à posse e benfeitorias. No âmbito dos

Direitos humanos e relações jurídicas privadas. Temas de direito civil.

de Janeiro: Renovar, 2001, p. 55.

Assim, o contrato cumpre sua função social quando, respeitando a dignidade do

contratante, não viola o interesse da coletividade, à qual não interessam nem a ilicitude do

objeto nem a ociosidade das riquezas. Para assegurar a funcionalização das avencas, foi

preciso que o Estado interviesse no campo contratual, qualificando seu conteúdo e dando

ensejo ao que se chama direitos de segunda geração. Há um evidente contraste, pois os

direitos de geração anterior eram caracterizados pela ausência do Estado; os direitos

oriundos da função social do contrato são marcados pela postura contrária, vale dizer, pela

narra o curioso exemplo ocorrido há poucos anos no sul da

r noturno, os convivas, já animados pelo estado

se a arremessar um anão de mesa em mesa, como a atirar um objeto. A

esta pilhéria, digna de uma aventura quixotesca e que se convencionou chamar arremesso

bom homem; aliás, a brincadeira rendia-lhe algum

dinheiro e, ao que parece, estava ele contratado pelo estabelecimento para prestar-se ao

pitoresco papel. O Ministério Público local pediu a interdição da brincadeira, ao argumento

lhe a dignidade. Mesmo diante do

arrazoado do trabalhador, de que lhe seria difícil obter ocupação lucrativa, até por sua

compleição física desfavorável, ainda assim o Judiciário francês proibiu o evento. Trata-se

m que a vontade, livremente manifestada e conveniente a ambos os

contratantes, não prevaleceu por ofensa à dignidade do próprio contratante.

, em cuja mens legis se

io da autonomia da vontade à ideia da

funcionalização das convenções, de forma a que um princípio não exclua o outro, mas de

Litterim: a liberdade de contratar será exercida em razão e

fé sempre esteve presente em nosso sistema privado. Já o Código

Comercial brasileiro de 1850 o previra. O Código Civil de 1916, em numerosas passagens,

à posse e benfeitorias. No âmbito dos

Temas de direito civil. 2. ed. Rio

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

contratos, o conceito de boa

segurado.

O artigo 422 do Código Civil brasileiro de 2002 não constitui, portanto, uma

novidade; novidade é o conceito de bo

efeito, a negociação é examinada segundo duas perspectivas: a consciência do agente e a

conduta com que se houve na contratação. No primeiro caso, tem

correspondente à ausência de do

ideia de comportamento leal.

É o que se extrai do novel artigo 422, que preceitua:

obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os

princípios de probidade e boa

A boa-fé que se procura preservar, prestigiando

entendida essa como a exigível do homem mediano, numa aplicação específica do critério

do "reazonable man", do sistema norte

Não se trata, portanto,

artigo 1.201 do Código Civil de 20

Destaca-se que, nesse aspecto, o Código Civil pode ser considerado mais explícito,

no prestígio à boa-fé, que o próprio Código de Defesa do Consumidor,

avançadas do país, que consagra, indubitavelmente, o instituto, mas não dessa forma tão

expressa e genérica.

Cláudia Lima Marques,

afirma que um dos mais importantes deveres do fornecedor

momento que o contratante, tomando conhecimento do conteúdo do contrato e apreciando

as consequências de sua declaração, poderá decidir

incorporada ao Código Civil

A boa-fé, em sua acepção objetiva, serve a três propósitos basilares: auxilia na

exegese do contrato; cria deveres jurídicos

Nesse último sentido, entende

contratante, delimita sua esfera de liberdade. E isso para que o contrato seja presidido pelo

ideal do equilíbrio e alcance os objetivos almejados

pública.

14 MARQUES, Cláudia Lima. Tribunais: 1999, p. 111.

Volume 8 – nº 1 - 2014

contratos, o conceito de boa-fé era aplicado ao seguro, na parte referente às declarações do

O artigo 422 do Código Civil brasileiro de 2002 não constitui, portanto, uma

novidade; novidade é o conceito de boa-fé objetiva, constante no mesmo dispositivo. Com

efeito, a negociação é examinada segundo duas perspectivas: a consciência do agente e a

conduta com que se houve na contratação. No primeiro caso, tem-se a boa

correspondente à ausência de dolo e, no segundo, a boa-fé objetiva, que corresponde à

ideia de comportamento leal.

É o que se extrai do novel artigo 422, que preceitua: "Os contratantes são

obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os

dade e boa-fé."

fé que se procura preservar, prestigiando-se no texto legal, é a objetiva,

entendida essa como a exigível do homem mediano, numa aplicação específica do critério

do sistema norte-americano.

Não se trata, portanto, da boa-fé subjetiva, tão cara aos Direitos Reais, na forma do

ódigo Civil de 2002.

se que, nesse aspecto, o Código Civil pode ser considerado mais explícito,

fé, que o próprio Código de Defesa do Consumidor, uma

, que consagra, indubitavelmente, o instituto, mas não dessa forma tão

Cláudia Lima Marques, 14 em sua conhecida obra sobre o Código do Consumidor,

afirma que um dos mais importantes deveres do fornecedor é o de informar, porque é neste

momento que o contratante, tomando conhecimento do conteúdo do contrato e apreciando

as consequências de sua declaração, poderá decidir-se. A mesma ide

incorporada ao Código Civil de 2002 pela recepção do princípio da boa-fé objetiva.

fé, em sua acepção objetiva, serve a três propósitos basilares: auxilia na

exegese do contrato; cria deveres jurídicos; e limita o exercício de faculdades subjetivas.

Nesse último sentido, entende-se que a boa-fé, ao postular um padrão de conduta do

contratante, delimita sua esfera de liberdade. E isso para que o contrato seja presidido pelo

ideal do equilíbrio e alcance os objetivos almejados pelas partes, sem ofensa à ordem

MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor. São Paulo: Revista dos

fé era aplicado ao seguro, na parte referente às declarações do

O artigo 422 do Código Civil brasileiro de 2002 não constitui, portanto, uma

fé objetiva, constante no mesmo dispositivo. Com

efeito, a negociação é examinada segundo duas perspectivas: a consciência do agente e a

se a boa-fé subjetiva,

fé objetiva, que corresponde à

"Os contratantes são

obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os

se no texto legal, é a objetiva,

entendida essa como a exigível do homem mediano, numa aplicação específica do critério

fé subjetiva, tão cara aos Direitos Reais, na forma do

se que, nesse aspecto, o Código Civil pode ser considerado mais explícito,

uma das leis mais

, que consagra, indubitavelmente, o instituto, mas não dessa forma tão

em sua conhecida obra sobre o Código do Consumidor,

é o de informar, porque é neste

momento que o contratante, tomando conhecimento do conteúdo do contrato e apreciando

se. A mesma ideia está agora

fé objetiva.

fé, em sua acepção objetiva, serve a três propósitos basilares: auxilia na

e limita o exercício de faculdades subjetivas.

um padrão de conduta do

contratante, delimita sua esfera de liberdade. E isso para que o contrato seja presidido pelo

as partes, sem ofensa à ordem

São Paulo: Revista dos

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Conclui-se, portanto

princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória das convenções. Disso decorre a

dicção do artigo 422 do Código Civil brasileiro de 2002, segundo o qual

são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os

princípios de boa-fé e probidade.

Segundo Enunciado

Direito Comercial “Aplicam

do contrato e a boa-fé objetiva (arts. 421 e 422 do

especificidades dos contratos empresariais”.

Observa-se pelo enunciado acima que

civis também se aplicam aos

especificidades dessas.

6. Classificação dos Contratos

Os contratos se classificam em função de sua formação, das obrigações que

originam, das vantagens que podem trazer para as partes, da realidade da c

dos requisitos exigidos para a sua formação, do papel que tomam na relação jurídica, do

modo de execução, do interesse que tem a pessoa com quem se contrata, e da sua

regulamentação legal ou não.

Em face desses elementos teremos então: a) c

contratos unilaterais e bilaterais

contratos comutativos e aleatórios; e) de execução imediata, diferida e sucessiva; f)

contratos solenes e não solenes; g) contratos

adesão; i) contratos principais e acessórios; j) co

atípicos e inominados.

a) Contratos consensuais são aqueles que se tornam perfeitos pelo simples

consentimento das partes. Consideram

exemplo: compra e venda, locação, mandato, comissão, etc.

se completam se, além do consentimento houver a entrega da coisa que lhe serve de objeto,

por exemplo: depósito, doação, mútuo, penhor.

b) Contratos unilaterais são

obrigação, por exemplo: comodato, mútuo, doação.

Volume 8 – nº 1 - 2014

se, portanto, que a boa-fé, em suas duas acepções, surge como limite aos

princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória das convenções. Disso decorre a

dicção do artigo 422 do Código Civil brasileiro de 2002, segundo o qual

ardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os

fé e probidade.

Enunciado nº 29 do Conselho da Justiça Federal, aprovado na I Jornada de

“Aplicam-se aos negócios jurídicos entre empresários a funç

fé objetiva (arts. 421 e 422 do Código Civil), em conformidade com as

especificidades dos contratos empresariais”.

se pelo enunciado acima que os princípios gerais dos

também se aplicam aos contratos empresariais, fazendo as adaptações para atender as

6. Classificação dos Contratos

Os contratos se classificam em função de sua formação, das obrigações que

originam, das vantagens que podem trazer para as partes, da realidade da c

dos requisitos exigidos para a sua formação, do papel que tomam na relação jurídica, do

modo de execução, do interesse que tem a pessoa com quem se contrata, e da sua

regulamentação legal ou não.

Em face desses elementos teremos então: a) contratos consensuais e r

bilaterais ou sinalagmáticos; c) contratos gratuitos e onerosos; d)

contratos comutativos e aleatórios; e) de execução imediata, diferida e sucessiva; f)

contratos solenes e não solenes; g) contratos escritos ou verbais; h) contratos paritários e de

adesão; i) contratos principais e acessórios; j) contratos típicos e nominados; e k

a) Contratos consensuais são aqueles que se tornam perfeitos pelo simples

Consideram-se formados pela simples proposta e aceitação, por

exemplo: compra e venda, locação, mandato, comissão, etc. Contratos reais

se completam se, além do consentimento houver a entrega da coisa que lhe serve de objeto,

r exemplo: depósito, doação, mútuo, penhor.

b) Contratos unilaterais são aqueles em que somente uma das partes assume a

obrigação, por exemplo: comodato, mútuo, doação. Contratos bilaterais ou sinalagmáticos

fé, em suas duas acepções, surge como limite aos

princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória das convenções. Disso decorre a

dicção do artigo 422 do Código Civil brasileiro de 2002, segundo o qual os contratantes

ardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os

do Conselho da Justiça Federal, aprovado na I Jornada de

se aos negócios jurídicos entre empresários a função social

), em conformidade com as

os princípios gerais dos contratos

, fazendo as adaptações para atender as

Os contratos se classificam em função de sua formação, das obrigações que

originam, das vantagens que podem trazer para as partes, da realidade da contraprestação,

dos requisitos exigidos para a sua formação, do papel que tomam na relação jurídica, do

modo de execução, do interesse que tem a pessoa com quem se contrata, e da sua

ontratos consensuais e reais; b)

; c) contratos gratuitos e onerosos; d)

contratos comutativos e aleatórios; e) de execução imediata, diferida e sucessiva; f)

escritos ou verbais; h) contratos paritários e de

ntratos típicos e nominados; e k) contratos

a) Contratos consensuais são aqueles que se tornam perfeitos pelo simples

se formados pela simples proposta e aceitação, por

ontratos reais aqueles que só

se completam se, além do consentimento houver a entrega da coisa que lhe serve de objeto,

aqueles em que somente uma das partes assume a

Contratos bilaterais ou sinalagmáticos

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

aqueles em que ambas as partes assumem obrigaçõe

locação, etc.

c) Contratos gratuitos são aqueles

por exemplo: doação pura e simples.

visam vantagens correspondentes às r

e venda, etc.

d) Contratos comutativos são contratos onerosos em que as prestações de ambas as

partes são certas. Cada uma das partes recebe, ou entende que recebe, uma contraprestação

mais ou menos equivalente, por exemplo: compra e venda, locação, etc.

aleatórios são contratos onerosos nos quais a prestação de uma ou de ambas as partes fica

na dependência de um caso fortuito, de um risco. As partes se arriscam a uma

contraprestação inexistente

e) De execução imediata e difer

sucessiva aqueles cumpridos em etapas periódicas.

f) Contratos solenes são

que dão ao ato um caráter solene, por exemplo: escrituras de compra e venda de imóvel.

Contratos não solenes aqueles aos quais a lei não prescreve, para a sua celebração, forma

especial, por exemplo: agência e distribuição.

g) Contratos escritos são

pública ou particular, por exemplo: sociedade.

celebrados por simples acordo verbal, por exemplo: sociedade em conta de participação,

corretagem, comissão.

h) Contratos paritários

escolhendo o contratante e debatendo livremente as cláusulas, por exemplo: compra e

venda, comissão, distribuição.

obrigado a tratar nas condições que lhe são oferecidas e impostas pela outra parte, sem

direito de discutir ou modificar cláusulas, por exemplo: contratos bancários, seguro.

i) Contratos principais são aqueles que

Subsistem de forma independente, por exemplo: locação, mútuo.

aqueles que acompanham o contrato principal e cuja finalidade é a segurança e a garantia

da obrigação principal, por exemplo: fiança, penhor.

Volume 8 – nº 1 - 2014

aqueles em que ambas as partes assumem obrigações, por exemplo: compra e venda, troca,

c) Contratos gratuitos são aqueles em que somente uma das partes é beneficiada,

exemplo: doação pura e simples. Contratos onerosos aqueles em que

visam vantagens correspondentes às respectivas prestações, por exemplo: locação, compra

d) Contratos comutativos são contratos onerosos em que as prestações de ambas as

partes são certas. Cada uma das partes recebe, ou entende que recebe, uma contraprestação

alente, por exemplo: compra e venda, locação, etc.

contratos onerosos nos quais a prestação de uma ou de ambas as partes fica

na dependência de um caso fortuito, de um risco. As partes se arriscam a uma

contraprestação inexistente ou desproporcional, por exemplo: seguro, jogo, aposta.

e) De execução imediata e diferida são aqueles de prazo único e d

sucessiva aqueles cumpridos em etapas periódicas.

f) Contratos solenes são aqueles para os quais se exigem formalidades espec

que dão ao ato um caráter solene, por exemplo: escrituras de compra e venda de imóvel.

Contratos não solenes aqueles aos quais a lei não prescreve, para a sua celebração, forma

especial, por exemplo: agência e distribuição.

g) Contratos escritos são aqueles que só podem ser contraídos mediante escritura

pública ou particular, por exemplo: sociedade. Contratos verbais aqueles que

celebrados por simples acordo verbal, por exemplo: sociedade em conta de participação,

ontratos paritários são aqueles em que as partes estão em pé de igualdade,

escolhendo o contratante e debatendo livremente as cláusulas, por exemplo: compra e

venda, comissão, distribuição. Contratos de adesão aqueles em que um dos contratantes é

a tratar nas condições que lhe são oferecidas e impostas pela outra parte, sem

direito de discutir ou modificar cláusulas, por exemplo: contratos bancários, seguro.

i) Contratos principais são aqueles que existem por si só, sem dependência de outro.

tem de forma independente, por exemplo: locação, mútuo. Contratos acessórios

que acompanham o contrato principal e cuja finalidade é a segurança e a garantia

da obrigação principal, por exemplo: fiança, penhor.

s, por exemplo: compra e venda, troca,

somente uma das partes é beneficiada,

em que ambas as partes

por exemplo: locação, compra

d) Contratos comutativos são contratos onerosos em que as prestações de ambas as

partes são certas. Cada uma das partes recebe, ou entende que recebe, uma contraprestação

alente, por exemplo: compra e venda, locação, etc. Contratos

contratos onerosos nos quais a prestação de uma ou de ambas as partes fica

na dependência de um caso fortuito, de um risco. As partes se arriscam a uma

ou desproporcional, por exemplo: seguro, jogo, aposta.

ida são aqueles de prazo único e de execução

aqueles para os quais se exigem formalidades especiais e

que dão ao ato um caráter solene, por exemplo: escrituras de compra e venda de imóvel.

Contratos não solenes aqueles aos quais a lei não prescreve, para a sua celebração, forma

só podem ser contraídos mediante escritura

Contratos verbais aqueles que podem ser

celebrados por simples acordo verbal, por exemplo: sociedade em conta de participação,

são aqueles em que as partes estão em pé de igualdade,

escolhendo o contratante e debatendo livremente as cláusulas, por exemplo: compra e

aqueles em que um dos contratantes é

a tratar nas condições que lhe são oferecidas e impostas pela outra parte, sem

direito de discutir ou modificar cláusulas, por exemplo: contratos bancários, seguro.

existem por si só, sem dependência de outro.

Contratos acessórios

que acompanham o contrato principal e cuja finalidade é a segurança e a garantia

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

j) Contratos típicos e nominados são

denominação específica em direito e regulamentação própria, por exemplo: compra e

venda, troca, doação.

k) Contratos atípicos e inominados são aqueles resultantes de variadas combinações

entre as partes, não tem deno

qualquer contrato desde que seja lícito.

7. Contratos Empresariais

Os contratos empresariais diferenciam

praticados por qualquer pessoa capaz.

Enfatiza Fran Martins que

civis e comerciais é que estes serão sempre os praticados pelos comerciantes no exercício

de sua profissão, enquanto aqueles são os que qualquer pessoa capaz poderá praticar”.

Contrato é a convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas para constituir,

regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica patrimonial.

as pessoas contraem obrigação umas com as outras.

Da mesma forma que as pessoas comuns celebra

empresários também o fazem, seja com outras empresas e empresários, seja com

pessoas comuns.

Os contatos empresariais s

sua profissão e são sempre onerosos, pois t

operações, não se admite que possam existir

Em geral os contratos empresariais versam sobre bens móveis admitindo

por tradição, os imóveis pertencem sempre ao campo do

Os Títulos V e VI do Código Civil de 2002, em seus artigos 421 a 853, dispõem

sobre os contratos, além de leis específicas a determinados contratos em espécie.

Desde que o Código Civil entrou em vigor, os contratos empresariais (firmados entre

empresários e cujo objeto se refere à sua atividade

geral próprio: as regras sobre contratos do Código Civil passaram a reger, indis

contratos cíveis quanto contratos empresariais.

Acredita-se que isso não foi

que seguiu a tendência da moderna teoria contratualista, que prega o chamado dirigismo

15 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais

Volume 8 – nº 1 - 2014

j) Contratos típicos e nominados são aqueles tipificados na lei, que tem uma

denominação específica em direito e regulamentação própria, por exemplo: compra e

) Contratos atípicos e inominados são aqueles resultantes de variadas combinações

entre as partes, não tem denominação e nem regulamentação própria, por exemplo: todo e

qualquer contrato desde que seja lícito.

7. Contratos Empresariais

Os contratos empresariais diferenciam-se dos contratos civis que

praticados por qualquer pessoa capaz.

Martins que “uma diferença que se pode estabelecer entre contratos

civis e comerciais é que estes serão sempre os praticados pelos comerciantes no exercício

de sua profissão, enquanto aqueles são os que qualquer pessoa capaz poderá praticar”.

a convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas para constituir,

regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica patrimonial. É o instrumento pelo qual

as pessoas contraem obrigação umas com as outras.

que as pessoas comuns celebram contratos, as empresas e

empresários também o fazem, seja com outras empresas e empresários, seja com

Os contatos empresariais são aqueles praticados pelos empresários no exercício de

são sempre onerosos, pois tendo invariavelmente intuito de lucro nas

operações, não se admite que possam existir tais contratos a título gratuito.

Em geral os contratos empresariais versam sobre bens móveis admitindo

por tradição, os imóveis pertencem sempre ao campo do Direito Civil.

Os Títulos V e VI do Código Civil de 2002, em seus artigos 421 a 853, dispõem

sobre os contratos, além de leis específicas a determinados contratos em espécie.

Desde que o Código Civil entrou em vigor, os contratos empresariais (firmados entre

empresários e cujo objeto se refere à sua atividade-fim) ficaram sem um arcabouço normativo

geral próprio: as regras sobre contratos do Código Civil passaram a reger, indis

contratos cíveis quanto contratos empresariais.

se que isso não foi adequado, porque o Código Civil é um diploma legislativo

que seguiu a tendência da moderna teoria contratualista, que prega o chamado dirigismo

Contratos e obrigações comerciais. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 62

aqueles tipificados na lei, que tem uma

denominação específica em direito e regulamentação própria, por exemplo: compra e

) Contratos atípicos e inominados são aqueles resultantes de variadas combinações

minação e nem regulamentação própria, por exemplo: todo e

se dos contratos civis que são aqueles

“uma diferença que se pode estabelecer entre contratos

civis e comerciais é que estes serão sempre os praticados pelos comerciantes no exercício

de sua profissão, enquanto aqueles são os que qualquer pessoa capaz poderá praticar”. 15

a convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas para constituir,

o instrumento pelo qual

m contratos, as empresas e os

empresários também o fazem, seja com outras empresas e empresários, seja com outras

ão aqueles praticados pelos empresários no exercício de

endo invariavelmente intuito de lucro nas

.

Em geral os contratos empresariais versam sobre bens móveis admitindo-se que,

Os Títulos V e VI do Código Civil de 2002, em seus artigos 421 a 853, dispõem

sobre os contratos, além de leis específicas a determinados contratos em espécie.

Desde que o Código Civil entrou em vigor, os contratos empresariais (firmados entre

fim) ficaram sem um arcabouço normativo

geral próprio: as regras sobre contratos do Código Civil passaram a reger, indistintamente, tanto

, porque o Código Civil é um diploma legislativo

que seguiu a tendência da moderna teoria contratualista, que prega o chamado dirigismo

. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 62.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

contratual, ou seja, a intervenção estatal para proteger as partes mais fracas, vulneráveis ou

hipossuficientes de uma relação contratual. Ocorre que nos contratos empresariais não é

possível presumir a assimetria contratual, como

consumo, portanto, a velha máxima

que escraviza e a lei que liberta

devem prevalecer a autonomia da vontade das partes e a força obrig

Nesse sentido, segue jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

DIREITO EMPRESARIAL.

(SOJA). TEORIA

INAPLICABILIDADE.

1. Contratos empresariais

em geral ou contratos de consumo.

prevalecer os princípios da autonomia

2. Direito Civil e Direito

se a regras e princípios próprios.

cíveis e empresariais às mesmas

essencialmente iguais.

3. O caso dos autos

imprevisão, de que trata o

execução continuada ou diferida,

fixo, (ii) a alta do preço da

onerosa, mas apenas reduziu

que alterou a cotação da soja

porque ambas as partes

profissionais do ramo e sabem

5. Recurso especial conhecido

(REsp 936.741/GO,

julgado em 03/11/2011, DJe

No mesmo sentido, segue o Enunciado nº 21 da I Jornada de Direito Comercial,

organizada pelo Conselho da Justiça Federal:

contratual deve ser mitigado, te

interempresariais”.

16 GOMES, Orlando. Contratos

Volume 8 – nº 1 - 2014

eja, a intervenção estatal para proteger as partes mais fracas, vulneráveis ou

hipossuficientes de uma relação contratual. Ocorre que nos contratos empresariais não é

possível presumir a assimetria contratual, como acontece nas relações de trabalho ou de

onsumo, portanto, a velha máxima de Lacordaire de que “entre o fraco e o forte é a liberdade

que escraviza e a lei que liberta” 16 não pode ser aplicada nos contratos empresariais, nos quais

devem prevalecer a autonomia da vontade das partes e a força obrigatória das avenças.

Nesse sentido, segue jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

EMPRESARIAL. CONTRATOS. COMPRA E VENDA DE

DA IMPREVISÃO. ONEROSIDADE

empresariais não devem ser tratados da mesma forma que

consumo. Nestes admite-se o dirigismo contratual.

autonomia da vontade e da força obrigatória das avenças.

Direito Empresarial, ainda que ramos do Direito Privado,

próprios. O fato de o Código Civil de 2002 ter submetido

mesmas regras gerais não significa que estes

autos tem peculiaridades que impedem a aplicação

art. 478 do CC/2002: (i) os contratos em discussão

diferida, mas contratos de compra e venda de coisa

da soja não tornou a prestação de uma das partes

reduziu o lucro esperado pelo produtor rural e (iii) a variação

soja não configurou um acontecimento extraordinário

contratantes conhecem o mercado em que atuam,

sabem que tais flutuações são possíveis.

conhecido e provido.

Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA

DJe 08/03/2012)

No mesmo sentido, segue o Enunciado nº 21 da I Jornada de Direito Comercial,

pelo Conselho da Justiça Federal: “Nos contratos empresariais, o dirigismo

contratual deve ser mitigado, tendo em vista a simetria natural das relações

Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 30.

eja, a intervenção estatal para proteger as partes mais fracas, vulneráveis ou

hipossuficientes de uma relação contratual. Ocorre que nos contratos empresariais não é

nas relações de trabalho ou de

entre o fraco e o forte é a liberdade

nos contratos empresariais, nos quais

atória das avenças.

COISA FUTURA

EXCESSIVA.

que contratos cíveis

contratual. Naqueles devem

avenças.

Privado, submetem-

submetido os contratos

contratos sejam

aplicação da teoria da

discussão não são de

coisa futura, a preço

partes excessivamente

variação cambial

inário e imprevisível,

atuam, pois são

QUARTA TURMA,

No mesmo sentido, segue o Enunciado nº 21 da I Jornada de Direito Comercial,

“Nos contratos empresariais, o dirigismo

ndo em vista a simetria natural das relações

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Portanto, a teoria contratualista

Defesa do Consumidor e o Código Civil de 2002 não combina com os contratos empresariais,

como bem demonstram o julgado do Superior Tribunal de Justiça e o Enunciado nº 21 da I

Jornada de Direito Comercia

No contexto do crescente dinamismo da economia brasileira atual,

empresariais, como formalização legal das operações econômicas, crescem

acentuadamente em quantidade e complexidade,

Enunciados interpretativos d

promovida pelo Superior Tribunal de Justiça

Federal.

Segundo o Enunciado nº 20

contratos celebrados entre

suprir-se de insumos para sua atividade de produção, comércio ou prestação de serviços”.

Observa-se que esse enunciado é básico na separação entre o que é

consumo e o que não é. Afirma q

que serão usados diretamente na atividade empresaria

Nos contratos celeb

argumento procura reparar o equívoco de s

do Consumidor aos contratos celebrados entre empresários.

Os empresários quando contratam entre si, são profissionais, e a profissionalidade

não é compatível com a hipossuficiência. O Código

não se aplica aos contratos celebrados entre empresários,

por objetivo suprir-se de insumos para sua atividade de produção, co

de serviços.

No que tange ao Enunciado nº 21

contratual deve ser mitigado, tendo em vista a simetria natural das relações

interempresariais”.

Por este enunciado presume

iguais, ou seja, não há uma parte que seja cons

especial.

Nesse sentido, é razoável presumir a sofisticação e a capacidade do perfeito

entendimento da operação econômica objeto do contrato pelas partes empresárias. Os

empresários, no exercício de suas atividades profissionais, não são equivalentes

Volume 8 – nº 1 - 2014

Portanto, a teoria contratualista que inspirou diplomas legislativos como o Código de

Defesa do Consumidor e o Código Civil de 2002 não combina com os contratos empresariais,

como bem demonstram o julgado do Superior Tribunal de Justiça e o Enunciado nº 21 da I

Jornada de Direito Comercial.

No contexto do crescente dinamismo da economia brasileira atual,

empresariais, como formalização legal das operações econômicas, crescem

acentuadamente em quantidade e complexidade, assim, merece destaque a

Enunciados interpretativos desses contratos, aprovados na I Jornada de Direito Comercial

promovida pelo Superior Tribunal de Justiça e organizada pelo Conselho da Justiça

Segundo o Enunciado nº 20 “Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor

contratos celebrados entre empresários em que um dos contratantes tenha por objetivo

para sua atividade de produção, comércio ou prestação de serviços”.

se que esse enunciado é básico na separação entre o que é

e o que não é. Afirma que, quando se trata de aquisição de insumo

que serão usados diretamente na atividade empresarial, a relação é empresarial

os contratos celebrados entre si, os empresários não são consumidores. Esse

argumento procura reparar o equívoco de se aplicar, de modo amplo, o Código de Defesa

do Consumidor aos contratos celebrados entre empresários.

quando contratam entre si, são profissionais, e a profissionalidade

não é compatível com a hipossuficiência. O Código de Defesa do Consumidor, portanto,

não se aplica aos contratos celebrados entre empresários, onde um dos contratantes tenha

se de insumos para sua atividade de produção, comércio ou prestação

No que tange ao Enunciado nº 21 “Nos contratos empresariais

contratual deve ser mitigado, tendo em vista a simetria natural das relações

este enunciado presume-se que os contratos empresariais são travados entre

uma parte que seja considerada mais fraca e que mereça tutela

Nesse sentido, é razoável presumir a sofisticação e a capacidade do perfeito

entendimento da operação econômica objeto do contrato pelas partes empresárias. Os

empresários, no exercício de suas atividades profissionais, não são equivalentes

que inspirou diplomas legislativos como o Código de

Defesa do Consumidor e o Código Civil de 2002 não combina com os contratos empresariais,

como bem demonstram o julgado do Superior Tribunal de Justiça e o Enunciado nº 21 da I

No contexto do crescente dinamismo da economia brasileira atual, os contratos

empresariais, como formalização legal das operações econômicas, crescem

, merece destaque alguns

I Jornada de Direito Comercial

pelo Conselho da Justiça

Código de Defesa do Consumidor aos

empresários em que um dos contratantes tenha por objetivo

para sua atividade de produção, comércio ou prestação de serviços”.

se que esse enunciado é básico na separação entre o que é relação de

insumo, ou seja, bens

empresarial.

não são consumidores. Esse

e aplicar, de modo amplo, o Código de Defesa

quando contratam entre si, são profissionais, e a profissionalidade

do Consumidor, portanto,

um dos contratantes tenha

mércio ou prestação

empresariais, o dirigismo

contratual deve ser mitigado, tendo em vista a simetria natural das relações

são travados entre

que mereça tutela

Nesse sentido, é razoável presumir a sofisticação e a capacidade do perfeito

entendimento da operação econômica objeto do contrato pelas partes empresárias. Os

empresários, no exercício de suas atividades profissionais, não são equivalentes as pessoas

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

comuns praticando os atos rotineiros da vida civil, pois

sob o manto do exercício de uma atividade empresarial organizada. Portanto, nos contratos

empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a sim

das relações interempresariais.

Consoante ao Enunciado nº 22

Código Civil) pelo simples fato de du

mesmo grupo econômico”.

O presente enunciado deve se

pois nas relações empresariais

forma subsidiária, e não solidária.

Este enunciado não se aplica na relação

relações, há determinação específica da solidariedade, que nasce do contrato ou de

determinação legal.

Segundo o Enunciado

contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação dos requisitos de

revisão e/ou resolução do pacto contratual

Tratando-se de contrato

parâmetros que o vão reger, t

interpretação.

Pelo Enunciado nº

formados por unidade de interesses econômicos, permitem a arguição da

contrato não cumprido, salvo quando a

importância”.

Necessário, se faz destacar

Gomes “Os contratos coligados são queridos pelas partes contratantes como um todo. Um

depende do outro de tal modo que cada qual

se fundem. Conservam a individualidade própria, por isso se distinguindo dos

mistos”. 17

Portanto, contratos coligados são aqueles

depende do outro, de tal modo que cada qual, isoladamente, seria desinteressante.

contratos que mantêm a individualidade, por isso se distinguindo dos

17 GOMES, Orlando. Contratos

Volume 8 – nº 1 - 2014

ns praticando os atos rotineiros da vida civil, pois essas pessoas não praticam tais atos

sob o manto do exercício de uma atividade empresarial organizada. Portanto, nos contratos

empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a sim

das relações interempresariais.

Consoante ao Enunciado nº 22 “Não se presume solidariedade passiva

Código Civil) pelo simples fato de duas ou mais pessoas jurídicas integrarem o

.

O presente enunciado deve se enquadrar dentro do contexto jurídico empresarial,

empresariais, os membros de um grupo econômico são responsáveis de

solidária.

Este enunciado não se aplica na relação trabalhista ou de consumo

relações, há determinação específica da solidariedade, que nasce do contrato ou de

Enunciado nº 23 “Em contratos empresariais, é lícito

contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação dos requisitos de

revisão e/ou resolução do pacto contratual”.

contrato firmado entre iguais, as partes são livres para estabelecer os

parâmetros que o vão reger, tais como cláusulas de revisão, resolução ou mesmo

nº 24 “Os contratos empresariais coligados, concretamente

formados por unidade de interesses econômicos, permitem a arguição da

, salvo quando a obrigação inadimplida for de escassa

Necessário, se faz destacar o que são contratos coligados? Segundo Orlando

“Os contratos coligados são queridos pelas partes contratantes como um todo. Um

depende do outro de tal modo que cada qual, isoladamente, seria desinteressante. Mas não

se fundem. Conservam a individualidade própria, por isso se distinguindo dos

ontratos coligados são aqueles em que ambas as partes os querem, e um

depende do outro, de tal modo que cada qual, isoladamente, seria desinteressante.

mantêm a individualidade, por isso se distinguindo dos contratos

Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 104.

não praticam tais atos

sob o manto do exercício de uma atividade empresarial organizada. Portanto, nos contratos

empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a simetria natural

solidariedade passiva (art. 265 do

as ou mais pessoas jurídicas integrarem o

r dentro do contexto jurídico empresarial,

são responsáveis de

consumo, pois nessas

relações, há determinação específica da solidariedade, que nasce do contrato ou de

, é lícito às partes

contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação dos requisitos de

, as partes são livres para estabelecer os

revisão, resolução ou mesmo

, concretamente

formados por unidade de interesses econômicos, permitem a arguição da exceção de

obrigação inadimplida for de escassa

Segundo Orlando

“Os contratos coligados são queridos pelas partes contratantes como um todo. Um

, isoladamente, seria desinteressante. Mas não

se fundem. Conservam a individualidade própria, por isso se distinguindo dos contratos

que ambas as partes os querem, e um

depende do outro, de tal modo que cada qual, isoladamente, seria desinteressante. São

contratos mistos.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Nas relações empresariais

de um deles por uma das partes, permite à outra parte não cumprir o contrato que lhe

obriga.

Referente ao Enunciado

excessiva fundada no Código Civil

Nas relações empresariais, deve

alocação de riscos por eles acordada

Esse enunciado mostra que

firmados entre iguais, portanto

assumir os riscos pelas obrigações

No que tange ao Enunciado

social quando não acarreta prejuízo a direitos ou interesses, difu

titularidade de sujeitos não participantes da relação negocial”.

Pelo enunciado acima, d

contratos de forma geral não consiste só em não gerar prejuízo a terceiros não

participantes, mas também em atingir o que a sociedade, a coletividade espera que resulte

do contrato firmado. Nas relações empresariais há uma maior

isso não significa que tudo pode ser contratado, pois, somente poderá ser contratado aquilo

que não ofenda terceiro.

É importante interpretar cuidadosamente o instituto da função social dos contratos

empresariais, definindo com clareza seus limites. Nesse sentido,

empresarial cumpre sua função social quando não acarreta p

difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da relação negocial.

Segundo o Enunciado

o empresário, durante as negociações do

empresa ou administrar a prestação de informações reservadas, confidenciais ou

estratégicas, com o objetivo de não colocar em risco a

Ao empresário é dado o direito de manter segredo ou fazer reserva

ser compartilhado com o contratante/contratado se isso for importante para a manutenção

da competitividade ou mesmo quando o tema não for essencial para o contrato negociado.

Consoante ao Enunciado

os empresários devem exercer sua atividade, os contratos empresariais não podem ser

anulados pelo vício da lesão fundada na inexperiência

Volume 8 – nº 1 - 2014

empresariais, quando temos contratos coligados, o não cumprimento

de um deles por uma das partes, permite à outra parte não cumprir o contrato que lhe

Enunciado nº 25 “A revisão do contrato

Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto do contrato.

Nas relações empresariais, deve-se presumir a sofisticação dos contratantes e observar a

alocação de riscos por eles acordada”.

mostra que os contratos entre empresários são considerados

portanto, no caso de revisão contratual deve-se verifica

obrigações acordadas.

Enunciado nº 26 “O contrato empresarial cumpre sua

quando não acarreta prejuízo a direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de

titularidade de sujeitos não participantes da relação negocial”.

Pelo enunciado acima, deve-se levar em consideração que a função

de forma geral não consiste só em não gerar prejuízo a terceiros não

mas também em atingir o que a sociedade, a coletividade espera que resulte

do contrato firmado. Nas relações empresariais há uma maior liberdade de

isso não significa que tudo pode ser contratado, pois, somente poderá ser contratado aquilo

É importante interpretar cuidadosamente o instituto da função social dos contratos

empresariais, definindo com clareza seus limites. Nesse sentido, entende-se que o contrato

empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a direitos ou interesses,

difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da relação negocial.

Enunciado nº 27 “Não se presume violação à boa

, durante as negociações do contrato empresarial, preservar segredo de

empresa ou administrar a prestação de informações reservadas, confidenciais ou

estratégicas, com o objetivo de não colocar em risco a competitividade de

Ao empresário é dado o direito de manter segredo ou fazer reserva

ser compartilhado com o contratante/contratado se isso for importante para a manutenção

da competitividade ou mesmo quando o tema não for essencial para o contrato negociado.

Enunciado nº 28 “Em razão do profissionalismo com qu

devem exercer sua atividade, os contratos empresariais não podem ser

anulados pelo vício da lesão fundada na inexperiência”.

os coligados, o não cumprimento

de um deles por uma das partes, permite à outra parte não cumprir o contrato que lhe

por onerosidade

a do objeto do contrato.

se presumir a sofisticação dos contratantes e observar a

entre empresários são considerados

se verificar a quem cabe

“O contrato empresarial cumpre sua função

sos ou coletivos, de

função social dos

de forma geral não consiste só em não gerar prejuízo a terceiros não

mas também em atingir o que a sociedade, a coletividade espera que resulte

de contratar, mas

isso não significa que tudo pode ser contratado, pois, somente poderá ser contratado aquilo

É importante interpretar cuidadosamente o instituto da função social dos contratos

se que o contrato

rejuízo a direitos ou interesses,

difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da relação negocial.

boa-fé objetiva se

preservar segredo de

empresa ou administrar a prestação de informações reservadas, confidenciais ou

sua atividade”.

Ao empresário é dado o direito de manter segredo ou fazer reservas no quanto vai

ser compartilhado com o contratante/contratado se isso for importante para a manutenção

da competitividade ou mesmo quando o tema não for essencial para o contrato negociado.

Em razão do profissionalismo com que

devem exercer sua atividade, os contratos empresariais não podem ser

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Observa-se que a

elemento desconfigurador do empresário

Pelo Enunciado nº

função social do contrato e a boa

conformidade com as especificidades dos contratos empresariais

Os princípios gerais dos

liberdade de contratar, a função

empresariais, fazendo-se as

Para uma melhor interpretação dos contratos empresariais deve

especialmente a autonomia da vontade, a plena vinculação

proteção da parte mais fraca nas relações contratuais assimétricas e o reconhecimento dos

usos e costumes do comércio.

Deve-se, observar

atividade empresarial, especialment

e a função social da empresa.

8. Formação e Lugar dos Contratos

Atualmente, cada vez mais necessária

devido às implicações que a incerteza deste momento

ausentes é onde se apresenta as

divergências doutrinárias acerca do tema. Diversas teorias têm sido construídas visando

determinar quando um contrato reputa

termina por confundir os contratantes.

Os contratos consensuais formam

entrega da coisa e os formais com a realização da solenidade.

O proponente ou policitante

expresso ou tácito. Diz-se expressa

propósito deliberado de uma das partes, de externar o seu pensamento em determinado

sentido. Pode se revelar através d

se tácita quando o consentimento provém de ato do agente, incompatíveis com a decisão

contrária. Correspondem a manifestações indiretas da vontade.

Consenso considera

ajuste perfeito entre as partes.

Volume 8 – nº 1 - 2014

inexperiência no exercício da atividade empresarial

elemento desconfigurador do empresário por ausência do profissionalismo.

29 “Aplicam-se aos negócios jurídicos entre empresários a

função social do contrato e a boa-fé objetiva (arts. 421 e 422 do Código Civil

especificidades dos contratos empresariais”.

Os princípios gerais dos contratos dispostos no Código Civil de

função social e a boa-fé objetiva também se aplicam aos

as devidas adaptações para atender as suas especificidad

Para uma melhor interpretação dos contratos empresariais deve

a autonomia da vontade, a plena vinculação das partes ao contrato, a

proteção da parte mais fraca nas relações contratuais assimétricas e o reconhecimento dos

usos e costumes do comércio.

também, os princípios constitucionais que balizam toda a

atividade empresarial, especialmente a liberdade de iniciativa, a liberdade de concorrência

e a função social da empresa.

. Formação e Lugar dos Contratos

Atualmente, cada vez mais necessária se faz a precisão da formação do contrato,

devido às implicações que a incerteza deste momento pode acarretar. Nos contratos entre

apresenta as maiores dificuldades, que são acentuadas pelas

divergências doutrinárias acerca do tema. Diversas teorias têm sido construídas visando

determinar quando um contrato reputa-se formado, entretanto, a não pacificação do tema

termina por confundir os contratantes.

Os contratos consensuais formam-se com a proposta e a aceitação, os reais com a

entrega da coisa e os formais com a realização da solenidade.

O proponente ou policitante propõe e o aceitante ou oblato aceita, de modo

se expressa quando a manifestação da vontade se revela através de

propósito deliberado de uma das partes, de externar o seu pensamento em determinado

sentido. Pode se revelar através da palavra escrita ou verbal, por meio de gestos, etc.

quando o consentimento provém de ato do agente, incompatíveis com a decisão

contrária. Correspondem a manifestações indiretas da vontade.

Consenso considera-se um acordo entre as partes e dissenso, divergências ou não

ajuste perfeito entre as partes.

empresarial não é

por ausência do profissionalismo.

se aos negócios jurídicos entre empresários a

Código Civil), em

2002, que são a

também se aplicam aos contratos

suas especificidades.

Para uma melhor interpretação dos contratos empresariais deve-se aplicar

das partes ao contrato, a

proteção da parte mais fraca nas relações contratuais assimétricas e o reconhecimento dos

os princípios constitucionais que balizam toda a

e a liberdade de iniciativa, a liberdade de concorrência

precisão da formação do contrato,

pode acarretar. Nos contratos entre

maiores dificuldades, que são acentuadas pelas

divergências doutrinárias acerca do tema. Diversas teorias têm sido construídas visando

etanto, a não pacificação do tema

se com a proposta e a aceitação, os reais com a

propõe e o aceitante ou oblato aceita, de modo

quando a manifestação da vontade se revela através de

propósito deliberado de uma das partes, de externar o seu pensamento em determinado

a palavra escrita ou verbal, por meio de gestos, etc. Diz-

quando o consentimento provém de ato do agente, incompatíveis com a decisão

, divergências ou não

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Contraproposta significa dizer, que o aceitante introduz alterações na proposta,

fazendo adições ou restrições; neste caso o aceitante passa a ser proponente e vice versa.

Retratação será uma declaração lícita do policitante para obstar os efeitos da

proposta. Somente se torna eficaz chegando ao conhecimento do aceitante antes ou

juntamente com a proposta.

efeitos da aceitação. Somente se torna eficaz chegando ao conhecimento do proponente

antes ou juntamente com a aceitação.

A oferta ao público equivale à

contrato. A proposta pode não ser dirigida a uma pessoa determinada, ma

coletividade, no sentido de contratar. Seria a hipótese de anúncios pagos na televisão, em

jornais, em revistas, nos sites da Internet, onde o proponente fornece número de telefone

para que o pedido seja feito ou fornece cupom no próprio a

computador. Esse “pedido” tem a natureza jurídica de aceitação à proposta feita por meio

do anúncio e como tal deve ser tratada.

Assim, se forem preenchidos os requisitos essenciais ao contrato, isto é, caso

alguém manifeste sua vontade, no sentido de contratar antes que a proposta feita ao público

seja retirada, o proponente ficará vinculado juridicamente aos termos da sua proposta.

Portanto, se o contrato for consensual, ele estará perfeito no momento em que ocorrer a

remessa da aceitação. Uma vez formulada a oferta ao público, o anunciante fica vinculado

à sua proposta.

Na definição de Pablo Stolze

partes, declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa

autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das

suas próprias vontades”. 18

Observa-se pela definição que o elemento volitivo é um dos requisitos mais

importantes na formação do contrato e, só após a declaração

negócio está apto a produzir efeitos jurídicos. Em geral, uma das partes faz a proposta, que

também pode ser chamada de oblação, oferta ou policitação, e a outra, após analisar essa

proposta, aceita ou declina. Pode existir, tamb

que é chamada de puntuação, porém essa fase não se constitui como regra, e, também, não

produz nenhuma vinculação ao negócio. No instante do aceite é que pode reputar

18 GAGLIANO, Pablo Stolze e PALO2011, p. 47.

Volume 8 – nº 1 - 2014

ignifica dizer, que o aceitante introduz alterações na proposta,

fazendo adições ou restrições; neste caso o aceitante passa a ser proponente e vice versa.

erá uma declaração lícita do policitante para obstar os efeitos da

proposta. Somente se torna eficaz chegando ao conhecimento do aceitante antes ou

juntamente com a proposta. Ou, será uma declaração lícita do aceitante, para obstar os

. Somente se torna eficaz chegando ao conhecimento do proponente

antes ou juntamente com a aceitação.

A oferta ao público equivale à proposta quando encerra os requisitos essenciais ao

contrato. A proposta pode não ser dirigida a uma pessoa determinada, mas sim a toda uma

coletividade, no sentido de contratar. Seria a hipótese de anúncios pagos na televisão, em

jornais, em revistas, nos sites da Internet, onde o proponente fornece número de telefone

para que o pedido seja feito ou fornece cupom no próprio anúncio ou oferta na tela do

computador. Esse “pedido” tem a natureza jurídica de aceitação à proposta feita por meio

do anúncio e como tal deve ser tratada.

Assim, se forem preenchidos os requisitos essenciais ao contrato, isto é, caso

vontade, no sentido de contratar antes que a proposta feita ao público

seja retirada, o proponente ficará vinculado juridicamente aos termos da sua proposta.

Portanto, se o contrato for consensual, ele estará perfeito no momento em que ocorrer a

a aceitação. Uma vez formulada a oferta ao público, o anunciante fica vinculado

Na definição de Pablo Stolze “contrato é um negócio jurídico por meio do qual as

declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa

autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das 18

se pela definição que o elemento volitivo é um dos requisitos mais

importantes na formação do contrato e, só após a declaração dessa vontade, é que este

negócio está apto a produzir efeitos jurídicos. Em geral, uma das partes faz a proposta, que

também pode ser chamada de oblação, oferta ou policitação, e a outra, após analisar essa

proposta, aceita ou declina. Pode existir, também, uma fase de negociações preliminares,

de puntuação, porém essa fase não se constitui como regra, e, também, não

produz nenhuma vinculação ao negócio. No instante do aceite é que pode reputar

GAGLIANO, Pablo Stolze e PALOMA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. São Paulo: Saraiva,

ignifica dizer, que o aceitante introduz alterações na proposta,

fazendo adições ou restrições; neste caso o aceitante passa a ser proponente e vice versa.

erá uma declaração lícita do policitante para obstar os efeitos da

proposta. Somente se torna eficaz chegando ao conhecimento do aceitante antes ou

Ou, será uma declaração lícita do aceitante, para obstar os

. Somente se torna eficaz chegando ao conhecimento do proponente

proposta quando encerra os requisitos essenciais ao

s sim a toda uma

coletividade, no sentido de contratar. Seria a hipótese de anúncios pagos na televisão, em

jornais, em revistas, nos sites da Internet, onde o proponente fornece número de telefone

núncio ou oferta na tela do

computador. Esse “pedido” tem a natureza jurídica de aceitação à proposta feita por meio

Assim, se forem preenchidos os requisitos essenciais ao contrato, isto é, caso

vontade, no sentido de contratar antes que a proposta feita ao público

seja retirada, o proponente ficará vinculado juridicamente aos termos da sua proposta.

Portanto, se o contrato for consensual, ele estará perfeito no momento em que ocorrer a

a aceitação. Uma vez formulada a oferta ao público, o anunciante fica vinculado

“contrato é um negócio jurídico por meio do qual as

declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva,

autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das

se pela definição que o elemento volitivo é um dos requisitos mais

dessa vontade, é que este

negócio está apto a produzir efeitos jurídicos. Em geral, uma das partes faz a proposta, que

também pode ser chamada de oblação, oferta ou policitação, e a outra, após analisar essa

ém, uma fase de negociações preliminares,

de puntuação, porém essa fase não se constitui como regra, e, também, não

produz nenhuma vinculação ao negócio. No instante do aceite é que pode reputar-se

. São Paulo: Saraiva,

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

concluído o contrato. Sendo assim,

determinar com precisão este momento

ausentes, haverá uma maneira peculiar de constatar sua conclusão.

Contrato entre presentes é aquele em que a proposta ou oferta é fei

imediata. Considera-se também entre presentes o contrato celebrado por meio telefônico, e

os contratos celebrados em salas de Chat, na Internet.

O contrato entre presentes é aquele em que as pessoas mantêm contato direto,

simultâneo. Nessa modalidade de contrato não há maiores complicações, visto que ambos

contratantes estarão vinculados ao negócio na mesma ocasião. Se a proposta estipular

prazo para a aceitação, esta deverá acontecer dentro dele,

desvinculação do oblato. Caso não haja prazo para a aceitação, esta deverá se dar

imediatamente.

Contrato entre ausentes é

manifesta imediatamente a sua vontade, declarando se aceita ou se a recusa.

qual os contratantes não tem contato direto, de forma que a aceitação se dá por algum meio

indireto, por exemplo: carta, telegrama, fac

modalidade se reveste de uma maior complexidade, pois a resposta leva algum tempo para

chegar ao conhecimento do ofertante, não é instantânea, e isso dificulta a determinação do

instante em que a avença é tida por conclusa. Para estabelecer este momento, a doutrina

elaborou duas teorias, a saber,

última, três outras sub-teorias

expedição e c) da recepção.

Pela teoria da cognição

chega ao conhecimento do proponente. Vale ressaltar,

apresentada “fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará nova

proposta”, conforme dispõe o artigo 431 do Código Civil.

Na teoria da agnição

do proponente, decorrendo daí

dita, onde nessa teoria o contrato é concluído quando há a redação da resposta, ou seja,

quando o aceitante redige a epístola que comunicará ao obl

pode ser tida como a mais adequada, pois além de difícil comprovação, deixa o

consentimento ainda restrito ao âmbito do aceitante, o que denota bastante insegurança

jurídica. Imagine-se que o aceitante

Volume 8 – nº 1 - 2014

concluído o contrato. Sendo assim, é de grande relevância para o negócio jurídico

minar com precisão este momento, e conforme seja o contrato, entre presentes ou

ausentes, haverá uma maneira peculiar de constatar sua conclusão.

Contrato entre presentes é aquele em que a proposta ou oferta é feita e a aceitação é

se também entre presentes o contrato celebrado por meio telefônico, e

os contratos celebrados em salas de Chat, na Internet.

O contrato entre presentes é aquele em que as pessoas mantêm contato direto,

sa modalidade de contrato não há maiores complicações, visto que ambos

contratantes estarão vinculados ao negócio na mesma ocasião. Se a proposta estipular

prazo para a aceitação, esta deverá acontecer dentro dele, do contrário haverá

lato. Caso não haja prazo para a aceitação, esta deverá se dar

entre ausentes é aquele em que a parte a quem é dirigida a proposta não

manifesta imediatamente a sua vontade, declarando se aceita ou se a recusa.

ontratantes não tem contato direto, de forma que a aceitação se dá por algum meio

indireto, por exemplo: carta, telegrama, fac-símile, radiograma, e-

modalidade se reveste de uma maior complexidade, pois a resposta leva algum tempo para

r ao conhecimento do ofertante, não é instantânea, e isso dificulta a determinação do

instante em que a avença é tida por conclusa. Para estabelecer este momento, a doutrina

elaborou duas teorias, a saber, a teoria da cognição e a teoria da agnição, decorr

teorias, são elas: a) da declaração propriamente dita,

da recepção.

Pela teoria da cognição o contrato só pode ter-se por formado quando o aceite

chega ao conhecimento do proponente. Vale ressaltar, ainda, que se esta resposta for

fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará nova

conforme dispõe o artigo 431 do Código Civil.

teoria da agnição não há a necessidade que a resposta chegue ao conhecimento

do proponente, decorrendo daí outras três sub-teorias: a) teoria da declaração propriamente

o contrato é concluído quando há a redação da resposta, ou seja,

quando o aceitante redige a epístola que comunicará ao oblato a aceitação. Esta teoria não

pode ser tida como a mais adequada, pois além de difícil comprovação, deixa o

consentimento ainda restrito ao âmbito do aceitante, o que denota bastante insegurança

se que o aceitante digitasse uma carta expressando seu consentimento e

de relevância para o negócio jurídico

, e conforme seja o contrato, entre presentes ou

ta e a aceitação é

se também entre presentes o contrato celebrado por meio telefônico, e

O contrato entre presentes é aquele em que as pessoas mantêm contato direto,

sa modalidade de contrato não há maiores complicações, visto que ambos

contratantes estarão vinculados ao negócio na mesma ocasião. Se a proposta estipular

do contrário haverá a

lato. Caso não haja prazo para a aceitação, esta deverá se dar

aquele em que a parte a quem é dirigida a proposta não

manifesta imediatamente a sua vontade, declarando se aceita ou se a recusa. É aquele no

ontratantes não tem contato direto, de forma que a aceitação se dá por algum meio

-mail etc. Esta

modalidade se reveste de uma maior complexidade, pois a resposta leva algum tempo para

r ao conhecimento do ofertante, não é instantânea, e isso dificulta a determinação do

instante em que a avença é tida por conclusa. Para estabelecer este momento, a doutrina

decorrendo desta

da declaração propriamente dita, b) da

se por formado quando o aceite

ainda, que se esta resposta for

fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará nova

ao conhecimento

eoria da declaração propriamente

o contrato é concluído quando há a redação da resposta, ou seja,

ato a aceitação. Esta teoria não

pode ser tida como a mais adequada, pois além de difícil comprovação, deixa o

consentimento ainda restrito ao âmbito do aceitante, o que denota bastante insegurança

xpressando seu consentimento e

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

não a remetesse, mas guardasse em uma gaveta, mesmo assim reputar

acordo de vontades. Isso não pode ser admitido, pois se estaria deixando o proponente a

inteiro alvedrio do aceitante;

seja apenas redigida, mas também

vontades. Tem seu fundamento na não interferência dos contratantes, uma vez que a

resposta já teria saído do alcance e controle

redigisse e postasse uma carta comunicando sua resposta para que a avença estivesse

concretizada. Esta teoria é considerada por muitos a mais adequada e também a de maior

potencial probatório, apresenta

interceptação da resposta durante seu trajeto rumo ao oblato seria suficiente para provocar

maiores transtornos, uma vez que uma das partes saberia se o contrato havia sido

concretizado ou não, devido à natureza

sabê-la; c) teoria da recepção

nela não basta que o aceitante tenha redigido uma resposta e expedido, precisa

que tenha sido recebida pelo

formado quando este tomar conhecimento do conteúdo da resposta, porém o será no

instante do recebimento. Esta teoria também é a que proporciona maior segurança jurídica,

além de ser de fácil comprovação, sendo para isso suficiente, por exemplo, apenas um AR

(Aviso de Recebimento).

É presente na doutrina que a teoria da c

adotado a teoria da agnição. A

teorias teria sido acolhida pelo novel diploma. Alguns afirmam que seria a

expedição, calcados na redação do art

tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:

antecedente; II. se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

não chegar no prazo convencionado”.

Acredita-se ser isto um equivoco, pois, não obstante a palavra “

usada pode-se verificar que a intenção do

ao observar o inciso III do artigo supramencionado, que discorre que se a resposta não

chegasse ao aceitante no prazo convencionado o contrato não estaria perfeito. Mas porque

seria assim já que se poderia

código adota na realidade a teoria da r

Volume 8 – nº 1 - 2014

não a remetesse, mas guardasse em uma gaveta, mesmo assim reputar-se-ia por efetivado o

acordo de vontades. Isso não pode ser admitido, pois se estaria deixando o proponente a

inteiro alvedrio do aceitante; b) teoria da expedição, onde não é suficiente que a resposta

seja apenas redigida, mas também que seja expedida, onde então se daria

vontades. Tem seu fundamento na não interferência dos contratantes, uma vez que a

resposta já teria saído do alcance e controle do oblato. Nela, bastaria que o aceitante

redigisse e postasse uma carta comunicando sua resposta para que a avença estivesse

concretizada. Esta teoria é considerada por muitos a mais adequada e também a de maior

potencial probatório, apresenta-se, porém, um pouco falha, pois qualquer intervenção ou

interceptação da resposta durante seu trajeto rumo ao oblato seria suficiente para provocar

maiores transtornos, uma vez que uma das partes saberia se o contrato havia sido

concretizado ou não, devido à natureza da resposta, e a outra ainda estaria aguardando

teoria da recepção, sendo aquela que apresenta maiores exigências, visto que

nela não basta que o aceitante tenha redigido uma resposta e expedido, precisa

tenha sido recebida pelo oblato. Não significa dizer, contudo, que o contrato só será

formado quando este tomar conhecimento do conteúdo da resposta, porém o será no

instante do recebimento. Esta teoria também é a que proporciona maior segurança jurídica,

rovação, sendo para isso suficiente, por exemplo, apenas um AR

na doutrina que a teoria da cognição foi rejeitada, tendo o Código Civil

gnição. A divergência doutrinária, todavia, paira sobre qual das

teorias teria sido acolhida pelo novel diploma. Alguns afirmam que seria a

xpedição, calcados na redação do artigo 434 que diz: “Os contratos entre ausentes

se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I. no caso do artigo

se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

não chegar no prazo convencionado”.

ser isto um equivoco, pois, não obstante a palavra “expedida”

verificar que a intenção do legislador foi outra, percebe-se

ao observar o inciso III do artigo supramencionado, que discorre que se a resposta não

chegasse ao aceitante no prazo convencionado o contrato não estaria perfeito. Mas porque

se poderia considerá-lo perfeito no momento da expedição? O nos

código adota na realidade a teoria da recepção, o que pode ser comprovado ao analisar

ia por efetivado o

acordo de vontades. Isso não pode ser admitido, pois se estaria deixando o proponente ao

não é suficiente que a resposta

onde então se daria o acordo de

vontades. Tem seu fundamento na não interferência dos contratantes, uma vez que a

do oblato. Nela, bastaria que o aceitante

redigisse e postasse uma carta comunicando sua resposta para que a avença estivesse

concretizada. Esta teoria é considerada por muitos a mais adequada e também a de maior

um pouco falha, pois qualquer intervenção ou

interceptação da resposta durante seu trajeto rumo ao oblato seria suficiente para provocar

maiores transtornos, uma vez que uma das partes saberia se o contrato havia sido

inda estaria aguardando

que apresenta maiores exigências, visto que

nela não basta que o aceitante tenha redigido uma resposta e expedido, precisa-se também

. Não significa dizer, contudo, que o contrato só será

formado quando este tomar conhecimento do conteúdo da resposta, porém o será no

instante do recebimento. Esta teoria também é a que proporciona maior segurança jurídica,

rovação, sendo para isso suficiente, por exemplo, apenas um AR

ognição foi rejeitada, tendo o Código Civil

doutrinária, todavia, paira sobre qual das sub-

teorias teria sido acolhida pelo novel diploma. Alguns afirmam que seria a teoria da

“Os contratos entre ausentes

no caso do artigo

se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III. se ela

expedida” ter sido

e isto claramente

ao observar o inciso III do artigo supramencionado, que discorre que se a resposta não

chegasse ao aceitante no prazo convencionado o contrato não estaria perfeito. Mas porque

lo perfeito no momento da expedição? O nosso

ecepção, o que pode ser comprovado ao analisar

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

também o caput do artigo

dela ou com ela chegar ao

Conclui-se que o contrato só se consuma de fato com a receptação da resposta por

parte do proponente. Mais uma vez fica

ao fazer tal afirmação, o legislad

posição só proporciona uma maior segurança jurídica e traz mais vantagens aos

contratantes, devido à sua facilidade probatória.

Verifica-se que a teoria da r

definição do momento da formação contratual. Entende

lei” quis fazer menção a ela, mesmo tendo empregado o termo expedir. Esta teoria é a que

proporciona maior segurança jurídica e facilidade probatória.

No que tange ao lugar

proposto.

9. Defeitos na Formação do Contrato

Os contratos exigem para a sua celebração, o preenchimento das formalidades

legais, para que assim, se tornem perfeitos e acabados. Havendo a falta d

elementos essenciais, o negócio jurídico, se torna defeituoso e consequentemente ineficaz,

não produzindo os efeitos necessários.

Nos contratos, o consentimento deve ser voluntário, isto é, desprovido de qualquer

ato que se venha interpretar de fo

fraude, dolo, etc.

Nos dizeres de Fábio Ulhoa Coelho

desatendido qualquer dos requisitos genéricos de validade dos negócios jurídicos (agente

capaz, objeto lícito, forma legal, etc) ou quando há contaminação por defeito de

consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo ou lesão), social

credores) ou simulação”. 19

Para a teoria civilista é notório que a lei empresta sua força para ratificar os acordos

de vontade celebrados pelos contratantes, e é através dos requisitos de validade do negócio

jurídico, que às partes certificam

que a vontade expressa seja respeitada e caso isso não ocorra confia

para que seja cumprido forçosamente o pactuado.

19 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil

Volume 8 – nº 1 - 2014

433, in verbis: “Considera-se inexistente a aceitação, se antes

dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante”.

o contrato só se consuma de fato com a receptação da resposta por

parte do proponente. Mais uma vez fica patente que o Código aderiu à teoria da r

ao fazer tal afirmação, o legislador só atenua a consistência da teoria da e

posição só proporciona uma maior segurança jurídica e traz mais vantagens aos

contratantes, devido à sua facilidade probatória.

que a teoria da recepção é aquela que melhor atende às necessidades da

definição do momento da formação contratual. Entende-se também que o

quis fazer menção a ela, mesmo tendo empregado o termo expedir. Esta teoria é a que

proporciona maior segurança jurídica e facilidade probatória.

No que tange ao lugar da celebração do contrato, reputar-se-á aquele

. Defeitos na Formação do Contrato

Os contratos exigem para a sua celebração, o preenchimento das formalidades

legais, para que assim, se tornem perfeitos e acabados. Havendo a falta d

elementos essenciais, o negócio jurídico, se torna defeituoso e consequentemente ineficaz,

não produzindo os efeitos necessários.

Nos contratos, o consentimento deve ser voluntário, isto é, desprovido de qualquer

ato que se venha interpretar de forma negativa, por exemplo: ameaça, medo, violência,

Nos dizeres de Fábio Ulhoa Coelho “a invalidação do contrato tem lugar quando

desatendido qualquer dos requisitos genéricos de validade dos negócios jurídicos (agente

to, forma legal, etc) ou quando há contaminação por defeito de

consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo ou lesão), social19

Para a teoria civilista é notório que a lei empresta sua força para ratificar os acordos

de vontade celebrados pelos contratantes, e é através dos requisitos de validade do negócio

jurídico, que às partes certificam-se da licitude do contrato e dos efeitos previstos, ou seja,

que a vontade expressa seja respeitada e caso isso não ocorra confia-se na lei e no Estado

para que seja cumprido forçosamente o pactuado.

Curso de direito civil. v.3. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 126.

se inexistente a aceitação, se antes

o contrato só se consuma de fato com a receptação da resposta por

patente que o Código aderiu à teoria da recepção e,

a a consistência da teoria da expedição. Essa

posição só proporciona uma maior segurança jurídica e traz mais vantagens aos

ecepção é aquela que melhor atende às necessidades da

se também que o “espírito da

quis fazer menção a ela, mesmo tendo empregado o termo expedir. Esta teoria é a que

aquele onde ele foi

Os contratos exigem para a sua celebração, o preenchimento das formalidades

legais, para que assim, se tornem perfeitos e acabados. Havendo a falta de um dos

elementos essenciais, o negócio jurídico, se torna defeituoso e consequentemente ineficaz,

Nos contratos, o consentimento deve ser voluntário, isto é, desprovido de qualquer

medo, violência,

“a invalidação do contrato tem lugar quando

desatendido qualquer dos requisitos genéricos de validade dos negócios jurídicos (agente

to, forma legal, etc) ou quando há contaminação por defeito de

consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo ou lesão), social (fraude contra

Para a teoria civilista é notório que a lei empresta sua força para ratificar os acordos

de vontade celebrados pelos contratantes, e é através dos requisitos de validade do negócio

previstos, ou seja,

se na lei e no Estado

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Na formação dos contratos podem surgir vícios que o tornem nulo ou anulável.

Nulo é o contrato que atenta contra norma de ordem pública ou que não tenha os

pressupostos e requisitos de validade do negócio jurídico, A nulidade pode limitar

apenas a uma cláusula se não contaminar as demais.

Assevera Fran Martins

público, estão eivados de vícios para os quais não há remédio. Consideram

contratos como não existentes, voltando a

de sua celebração”. 20

A anulabilidade advém da imperfeição da vont

relativamente incapaz não assistida, ou ainda porque contém

consentimento.

Ensina Fran Martins

prejudicam apenas as partes contratantes; por isso, só

nulidade, não a declarando o juiz a não ser a requerimento do interessado”.

O ato nulo, também chamado de nulidade absoluta,

ratificado, podendo a nulidade ser argu

entanto, o ato anulável, chamado de nulidade relativa

pelas partes. Só os interessados diretos podem alegar a nulidade relativa, enquanto não

ocorrer a decadência.

O ato nulo não produz qualquer efeito, ao pas

nulo, produz efeitos. A nulidade é uma sanção mais grave, privando o contrato de eficácia,

enquanto que a anulabilidade, embora sanção legal que também tira os efeitos do negócio

jurídico, somente tem vida, ou seja, apar

Os vícios que invalidam o consentimento são: erro, dolo, coação, estado de perigo,

lesão e fraude contra credores.

Erro é a falsa noção ou falsa ide

natureza do objeto; a vontade se desvia ou não é real.

No erro, o agente engana

contratante ou por terceiro, caracteriza

20 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais21 MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais

Volume 8 – nº 1 - 2014

Na formação dos contratos podem surgir vícios que o tornem nulo ou anulável.

que atenta contra norma de ordem pública ou que não tenha os

pressupostos e requisitos de validade do negócio jurídico, A nulidade pode limitar

apenas a uma cláusula se não contaminar as demais.

Fran Martins “nulos serão aqueles que, ferindo diretamente o interesse

público, estão eivados de vícios para os quais não há remédio. Consideram

como não existentes, voltando as partes ao estado em que se encontravam antes

A anulabilidade advém da imperfeição da vontade, ou celebrado por uma pessoa

relativamente incapaz não assistida, ou ainda porque contém um dos vícios de

Fran Martins que “anuláveis serão os contratos eivados de vícios que

prejudicam apenas as partes contratantes; por isso, só essas poderão reclamar essa

nulidade, não a declarando o juiz a não ser a requerimento do interessado”.

O ato nulo, também chamado de nulidade absoluta, não pode ser convalidado nem

ado, podendo a nulidade ser arguida a qualquer tempo, por qualquer

ato anulável, chamado de nulidade relativa, ao contrário, pode ser ratificado

pelas partes. Só os interessados diretos podem alegar a nulidade relativa, enquanto não

O ato nulo não produz qualquer efeito, ao passo que o anulável, até que se prove

nulo, produz efeitos. A nulidade é uma sanção mais grave, privando o contrato de eficácia,

enquanto que a anulabilidade, embora sanção legal que também tira os efeitos do negócio

jurídico, somente tem vida, ou seja, aparece, quando o interessado requer judicialmente.

Os vícios que invalidam o consentimento são: erro, dolo, coação, estado de perigo,

lesão e fraude contra credores.

rro é a falsa noção ou falsa ideia. Provém do não conhecimento da verdadeira

eto; a vontade se desvia ou não é real.

, o agente engana-se sozinho. Quando for induzido em erro pelo outro

contratante ou por terceiro, caracteriza-se o dolo.

Contratos e obrigações comerciais. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. Contratos e obrigações comerciais. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 102.

Na formação dos contratos podem surgir vícios que o tornem nulo ou anulável.

que atenta contra norma de ordem pública ou que não tenha os

pressupostos e requisitos de validade do negócio jurídico, A nulidade pode limitar-se

retamente o interesse

público, estão eivados de vícios para os quais não há remédio. Consideram-se os

s partes ao estado em que se encontravam antes

ade, ou celebrado por uma pessoa

um dos vícios de

“anuláveis serão os contratos eivados de vícios que

essas poderão reclamar essa

nulidade, não a declarando o juiz a não ser a requerimento do interessado”.21

não pode ser convalidado nem

ida a qualquer tempo, por qualquer pessoa. No

, ao contrário, pode ser ratificado

pelas partes. Só os interessados diretos podem alegar a nulidade relativa, enquanto não

so que o anulável, até que se prove

nulo, produz efeitos. A nulidade é uma sanção mais grave, privando o contrato de eficácia,

enquanto que a anulabilidade, embora sanção legal que também tira os efeitos do negócio

ece, quando o interessado requer judicialmente.

Os vícios que invalidam o consentimento são: erro, dolo, coação, estado de perigo,

ia. Provém do não conhecimento da verdadeira

. Quando for induzido em erro pelo outro

. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 102.

. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 102.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Poucas são as ações anulatórias ajuizadas com base no erro, tendo em vista a

dificuldade em penetrar no íntimo do autor para descobrir o que se passou em sua mente no

momento da celebração do negócio.

Por isso, são mais comuns as ações fundadas no dolo, pois o induzimento pode ser

comprovado e aferido objetivamente.

Nos dizeres de Fábio Ulhoa Coelho

anulabilidade do negócio jurídico. Se o erro é acidental (o sujeito teria praticado o

negócio, mesmo que se tivesse apercebido dele antes) ou indesculpável (o sujeito não se

apercebeu de erro perceptível por pessoa com diligência normal), o negócio jurídico é

válido”. 22

O Código Civil equiparou os efeitos do erro à ignorância.

Erro é a falsa ideia da realidade, enquanto que a ignorância é o seu completo

desconhecimento.

Ensina De Plácido e Silv

(enganar-se, estar em erro, desviar

acerca de um fato ou de alguma coisa. É, assim, a ideia contrária a verdade ou o

verdadeiro como falso. Embora

igual, há diferença em suas significações”.

O nobre autor explica mais adiante que

de ignorare (não saber, desconhecer), exprime o vocábulo a falta de noçõe

conhecimentos a respeito de qualquer fato ou de qualquer coisa. É, assim, a privação da

ideia ou de juízo relativamente a uma coisa, pelo que dela não se tem ciência ou nada

sobre ela se sabe”. 23

Não é, porém, qualquer espécie de

tanto, o erro deve ser substancial (ou essencial), escusável e real.

O erro substancial

formação da vontade do declarante, que a emitirá de maneira diversa da q

se dele tivesse conhecimento exato.

O erro substancial é

sobre as qualidades essenciais da pessoa ou da coisa.

22 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil23 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico

Volume 8 – nº 1 - 2014

Poucas são as ações anulatórias ajuizadas com base no erro, tendo em vista a

dificuldade em penetrar no íntimo do autor para descobrir o que se passou em sua mente no

momento da celebração do negócio.

Por isso, são mais comuns as ações fundadas no dolo, pois o induzimento pode ser

comprovado e aferido objetivamente.

izeres de Fábio Ulhoa Coelho “Não é qualquer erro que importa a

anulabilidade do negócio jurídico. Se o erro é acidental (o sujeito teria praticado o

negócio, mesmo que se tivesse apercebido dele antes) ou indesculpável (o sujeito não se

perceptível por pessoa com diligência normal), o negócio jurídico é

O Código Civil equiparou os efeitos do erro à ignorância.

é a falsa ideia da realidade, enquanto que a ignorância é o seu completo

Ensina De Plácido e Silva que o vocábulo erro “derivado do latim error, errare

se, estar em erro, desviar-se), na técnica jurídica, entende-se a falsa concepção

acerca de um fato ou de alguma coisa. É, assim, a ideia contrária a verdade ou o

verdadeiro como falso. Embora, por vezes, erro e ignorância possam parecer de sentido

igual, há diferença em suas significações”.

O nobre autor explica mais adiante que “ignorância derivado do latim ignorantia,

de ignorare (não saber, desconhecer), exprime o vocábulo a falta de noçõe

conhecimentos a respeito de qualquer fato ou de qualquer coisa. É, assim, a privação da

ideia ou de juízo relativamente a uma coisa, pelo que dela não se tem ciência ou nada

Não é, porém, qualquer espécie de erro que torna anulável o negócio jurídico. Para

o erro deve ser substancial (ou essencial), escusável e real.

erro substancial é uma noção inexata sobre um objeto, que in

formação da vontade do declarante, que a emitirá de maneira diversa da que a manifestaria

se dele tivesse conhecimento exato. É real, por importar efetivo dano para o interessado.

é erro de fato por recair sobre circunstância de fato, ou seja,

lidades essenciais da pessoa ou da coisa.

Curso de direito civil. v.1. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 344.

Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 544 e 697.

Poucas são as ações anulatórias ajuizadas com base no erro, tendo em vista a

dificuldade em penetrar no íntimo do autor para descobrir o que se passou em sua mente no

Por isso, são mais comuns as ações fundadas no dolo, pois o induzimento pode ser

“Não é qualquer erro que importa a

anulabilidade do negócio jurídico. Se o erro é acidental (o sujeito teria praticado o

negócio, mesmo que se tivesse apercebido dele antes) ou indesculpável (o sujeito não se

perceptível por pessoa com diligência normal), o negócio jurídico é

é a falsa ideia da realidade, enquanto que a ignorância é o seu completo

“derivado do latim error, errare

se a falsa concepção

acerca de um fato ou de alguma coisa. É, assim, a ideia contrária a verdade ou o

, por vezes, erro e ignorância possam parecer de sentido

“ignorância derivado do latim ignorantia,

de ignorare (não saber, desconhecer), exprime o vocábulo a falta de noções ou de

conhecimentos a respeito de qualquer fato ou de qualquer coisa. É, assim, a privação da

ideia ou de juízo relativamente a uma coisa, pelo que dela não se tem ciência ou nada

orna anulável o negócio jurídico. Para

é uma noção inexata sobre um objeto, que influência a

ue a manifestaria

por importar efetivo dano para o interessado.

erro de fato por recair sobre circunstância de fato, ou seja,

, p. 544 e 697.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Poderá abranger o

dispositiva, desde que afete a manifestação da vontade, caso em que vi

consentimento.

Segundo o Código Civil em seu artigo 139,

quando: I. interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a

alguma das qualidades a ele essenciais; II. concerne à identidade ou à qualidade essencial

da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde qu

modo relevante; III. sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o

motivo único ou principal do negócio jurídico”.

Erro in negotio, por exemplo, seria um contrato de compra e venda onde o

adquirente imagina tratar-se de uma doação.

Erro substancial que atinge o

seja, o objeto não é o pretendido pelo autor, seria, por exemplo: a aquisição de um terreno

que se supõe valorizado porque situado em bairro nobre,

valor, pois se situa em bairro do mesmo nome, porém na periferia.

Quando o erro substancial recair sobre alguma das

o error in substantia, seria aquele em que o agente pensa adquirir anel folh

como se fosse de ouro.

O erro essencial à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a

declaração da vontade, o error in persona

relevante, por exemplo, uma doação a uma pesso

equivocadamente, ser seu filho natural ou quem lhe salvou a vida.

Erro de direito ou error juris

importação de determinada mercadoria ignorando existir lei que proíbe tal importa

Pelo fato da ignorância ter sido a causa determinante do ato, pode ser alegada para anular o

contrato, sem que com isso haja a pretensão de que a lei seja descumprida (artigo 3º LICC,

“ninguém se escusa de cumprir a lei”

se o erro). Portanto, quem é levado a falso entendimento, por ignorância da lei cogente,

não está desobedecendo-a.

Logo, em nossa sistemática, nada impede que se alegue erro de direito se seu

reconhecimento não ferir norma de ordem

descompasso entre a vontade real do declarante e a vontade manifestada.

Volume 8 – nº 1 - 2014

erro de direito, relativo à existência de uma norma jurídica

dispositiva, desde que afete a manifestação da vontade, caso em que vi

Segundo o Código Civil em seu artigo 139, in verbis: “O erro é substancial

quando: I. interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a

alguma das qualidades a ele essenciais; II. concerne à identidade ou à qualidade essencial

da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de

modo relevante; III. sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o

motivo único ou principal do negócio jurídico”.

, por exemplo, seria um contrato de compra e venda onde o

se de uma doação.

Erro substancial que atinge o objeto principal da declaração em sua identidade,

, o objeto não é o pretendido pelo autor, seria, por exemplo: a aquisição de um terreno

que se supõe valorizado porque situado em bairro nobre, mas que na verdade tem pouco

valor, pois se situa em bairro do mesmo nome, porém na periferia.

Quando o erro substancial recair sobre alguma das qualidades essenciais do objeto,

seria aquele em que o agente pensa adquirir anel folh

identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a

error in persona, seria aquele que tenha influído nesta de modo

relevante, por exemplo, uma doação a uma pessoa que o doador imagina,

equivocadamente, ser seu filho natural ou quem lhe salvou a vida.

error juris, por exemplo, seria aquele onde uma pessoa contrata a

importação de determinada mercadoria ignorando existir lei que proíbe tal importa

Pelo fato da ignorância ter sido a causa determinante do ato, pode ser alegada para anular o

contrato, sem que com isso haja a pretensão de que a lei seja descumprida (artigo 3º LICC,

“ninguém se escusa de cumprir a lei”, se não existe a intenção de descumprir a lei, admite

se o erro). Portanto, quem é levado a falso entendimento, por ignorância da lei cogente,

Logo, em nossa sistemática, nada impede que se alegue erro de direito se seu

reconhecimento não ferir norma de ordem pública ou cogente e servir para demonstrar

descompasso entre a vontade real do declarante e a vontade manifestada.

, relativo à existência de uma norma jurídica

dispositiva, desde que afete a manifestação da vontade, caso em que viciará o

O erro é substancial

quando: I. interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a

alguma das qualidades a ele essenciais; II. concerne à identidade ou à qualidade essencial

e tenha influído nesta de

modo relevante; III. sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o

, por exemplo, seria um contrato de compra e venda onde o

objeto principal da declaração em sua identidade, ou

, o objeto não é o pretendido pelo autor, seria, por exemplo: a aquisição de um terreno

mas que na verdade tem pouco

qualidades essenciais do objeto,

seria aquele em que o agente pensa adquirir anel folheado de ouro,

identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a

, seria aquele que tenha influído nesta de modo

a que o doador imagina,

, por exemplo, seria aquele onde uma pessoa contrata a

importação de determinada mercadoria ignorando existir lei que proíbe tal importação.

Pelo fato da ignorância ter sido a causa determinante do ato, pode ser alegada para anular o

contrato, sem que com isso haja a pretensão de que a lei seja descumprida (artigo 3º LICC,

escumprir a lei, admite-

se o erro). Portanto, quem é levado a falso entendimento, por ignorância da lei cogente,

Logo, em nossa sistemática, nada impede que se alegue erro de direito se seu

pública ou cogente e servir para demonstrar

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Erro escusável é o erro justificável, desculpável, exatamente o contrário de erro

grosseiro, de erro decorrente do não emprego da diligência

no Código Civil, em seu artigo 138 que adotou um padrão abstrato, o do “

para a aferição da escusabilidade.

Escusável, no sentido de que há de ter por fundamento uma razão plausível ou ser

de tal importância que qualquer pessoa de atenção ordinária seja capaz de cometê

face da circunstância do negócio.

Real é o erro efetivo,

sobre o ano de fabricação de um veículo de 2001, adquirido em 2010, como

veículo com ano de fabricação de 2010 é substancial e real, porque, se o adquirente tivesse

conhecimento da realidade, não o teria comprado. Tendo

prejuízo. No entanto, se o erro dissesse respeito somente à cor do veícul

cinza chumbo), o erro seria acidental e não tornaria o negócio anulável.

Erro acidental é aquele que se opõe ao substancial e real, porque se refere a

circunstâncias de menor importância e que não acarretam efetivo prejuízo.

Refere-se, portanto, a qualidades secundárias do objeto ou da pessoa, de tal arte

que, ainda que conhecida a realidade, mesmo assim o negócio seria realizado.

O dolo, do latim dolus

se na má fé e na indução ao erro.

Em Direito Civil, dolo é uma espécie de vício de consentimento, caracterizada na

intenção de prejudicar ou fraudar outra pessoa. É o

Diferencia-se da culpa

produzir determinado resultado: existe a má

de prejudicar o outro, ou produzir o resultado. Não há má

Diferencia-se da simulação

outra. Na simulação, a má

crimes tributários).

Ações dolosas objetivam o não cumprimento da promessa. O agente quer o

resultado ilícito, contrário ao direito.

contrária.

O dolo pode ser classificado em: a) Dolo principal, essencial ou substancial; e b)

Dolo acidental.

Volume 8 – nº 1 - 2014

o erro justificável, desculpável, exatamente o contrário de erro

grosseiro, de erro decorrente do não emprego da diligência ordinária. Encontra

no Código Civil, em seu artigo 138 que adotou um padrão abstrato, o do “

para a aferição da escusabilidade.

no sentido de que há de ter por fundamento uma razão plausível ou ser

e qualquer pessoa de atenção ordinária seja capaz de cometê

face da circunstância do negócio.

o erro efetivo, causador de real prejuízo para o interessado. Assim, o erro

sobre o ano de fabricação de um veículo de 2001, adquirido em 2010, como

veículo com ano de fabricação de 2010 é substancial e real, porque, se o adquirente tivesse

conhecimento da realidade, não o teria comprado. Tendo-o adquirido, sofreu grande

prejuízo. No entanto, se o erro dissesse respeito somente à cor do veículo (preto em vez de

cinza chumbo), o erro seria acidental e não tornaria o negócio anulável.

é aquele que se opõe ao substancial e real, porque se refere a

circunstâncias de menor importância e que não acarretam efetivo prejuízo.

se, portanto, a qualidades secundárias do objeto ou da pessoa, de tal arte

que, ainda que conhecida a realidade, mesmo assim o negócio seria realizado.

olus, significa astúcia, engano, ardil, esperteza, manha. Assenta

na indução ao erro.

Direito Civil, dolo é uma espécie de vício de consentimento, caracterizada na

intenção de prejudicar ou fraudar outra pessoa. É o erro induzido, ou proposital.

culpa porque no dolo o agente tem a intenção de pratica

produzir determinado resultado: existe a má-fé. Na culpa, o agente não possui a intenção

de prejudicar o outro, ou produzir o resultado. Não há má-fé.

simulação porque no dolo existe má-fé de uma parte contra a

ão, a má-fé ocorre contra terceira pessoa (é o caso da maior parte dos

Ações dolosas objetivam o não cumprimento da promessa. O agente quer o

resultado ilícito, contrário ao direito. O objetivo da conduta é conduzir em erro a parte

O dolo pode ser classificado em: a) Dolo principal, essencial ou substancial; e b)

o erro justificável, desculpável, exatamente o contrário de erro

Encontra-se previsto

no Código Civil, em seu artigo 138 que adotou um padrão abstrato, o do “homem médio”,

no sentido de que há de ter por fundamento uma razão plausível ou ser

e qualquer pessoa de atenção ordinária seja capaz de cometê-lo em

causador de real prejuízo para o interessado. Assim, o erro

sobre o ano de fabricação de um veículo de 2001, adquirido em 2010, como sendo um

veículo com ano de fabricação de 2010 é substancial e real, porque, se o adquirente tivesse

o adquirido, sofreu grande

o (preto em vez de

é aquele que se opõe ao substancial e real, porque se refere a

se, portanto, a qualidades secundárias do objeto ou da pessoa, de tal arte

que, ainda que conhecida a realidade, mesmo assim o negócio seria realizado.

astúcia, engano, ardil, esperteza, manha. Assenta-

Direito Civil, dolo é uma espécie de vício de consentimento, caracterizada na

induzido, ou proposital.

porque no dolo o agente tem a intenção de praticar o fato e

fé. Na culpa, o agente não possui a intenção

fé de uma parte contra a

fé ocorre contra terceira pessoa (é o caso da maior parte dos

Ações dolosas objetivam o não cumprimento da promessa. O agente quer o

conduzir em erro a parte

O dolo pode ser classificado em: a) Dolo principal, essencial ou substancial; e b)

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

a) Dolo principal, essencial ou substancial é aquele

jurídico, que sem ele não se concretizaria. Deve haver intenção de induz

praticar o negócio jurídico que a prejudique, o artifício fraudulento deve ser grave e a

causa determinante da declaração de vontade.

Trata-se do dolus malus

anulabilidade do negócio jurídico.

b) Dolo acidental é aquele

caso, mesmo com ele o negócio seria realizado sem vícios. Aqui o negócio jurídico é

valido.

Trata-se do dolus bônus

Configura-se dolo acidental aquele que leva a vítima a praticar o negócio jurídico

em condições menos favoráveis, sem, no entanto, afetar sua declaração de vontade de

concretizar o negócio. Não induz

satisfação de perdas e danos.

O dolo positivo ou comissivo

vítima, por exemplo: fabricante de objeto com aspecto de antiguidade para vendê

tal.

Dolo negativo ou omissivo

prejuízo da vítima, por exemplo: alguém faz seguro de vida omitindo moléstia grave.

Em regra a anulação do negócio jurídico por dolo ocorre por conduta de um dos

contratantes.

Coação, do latim

violentar, restringir a liberdade do querer.

Coação é um dos vícios do consentimento nos negócios jurídicos, caracteriza

pelo constrangimento físico ou moral para que alguém rea

temor de dano iminente e considerável à sua

A coação absoluta ou coação física torna nulo o negócio jurídico. O direito de pedir

a decretação judicial de nulidade é imprescritível e os

(ex tunc). Já a coação relativa ou moral, quando há opção a quem foi coagido, torna

anulável o negócio jurídico. O prazo para entrar com a ação judicial é decadencial e de 4

(quatro) anos, os efeitos da

decretação da anulação. Apenas os interessados podem pedir a anulação.

Volume 8 – nº 1 - 2014

a) Dolo principal, essencial ou substancial é aquele que dá causa ao negócio

jurídico, que sem ele não se concretizaria. Deve haver intenção de induz

praticar o negócio jurídico que a prejudique, o artifício fraudulento deve ser grave e a

causa determinante da declaração de vontade.

dolus malus, aquele que busca prejudicar alguém e que causa a

anulabilidade do negócio jurídico.

b) Dolo acidental é aquele cuja razão não é determinante do negócio jurídico, neste

caso, mesmo com ele o negócio seria realizado sem vícios. Aqui o negócio jurídico é

olus bônus, um artifício sem intenção de prejudicar, não anula o ato.

olo acidental aquele que leva a vítima a praticar o negócio jurídico

em condições menos favoráveis, sem, no entanto, afetar sua declaração de vontade de

concretizar o negócio. Não induz a anulação do negócio, mas acarreta obrigação de

satisfação de perdas e danos.

O dolo positivo ou comissivo é aquele em que o agente faz algo para prejudicar a

fabricante de objeto com aspecto de antiguidade para vendê

lo negativo ou omissivo é aquele em que o autor se abstém de fazer algo e

xemplo: alguém faz seguro de vida omitindo moléstia grave.

Em regra a anulação do negócio jurídico por dolo ocorre por conduta de um dos

do latim coactio, cogere significa constranger, forçar, impor, obrigar,

violentar, restringir a liberdade do querer.

é um dos vícios do consentimento nos negócios jurídicos, caracteriza

pelo constrangimento físico ou moral para que alguém realize algum ato sob o fundado

temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família ou a seus

A coação absoluta ou coação física torna nulo o negócio jurídico. O direito de pedir

a decretação judicial de nulidade é imprescritível e os efeitos da decretação são retroativos

). Já a coação relativa ou moral, quando há opção a quem foi coagido, torna

anulável o negócio jurídico. O prazo para entrar com a ação judicial é decadencial e de 4

(quatro) anos, os efeitos da sentença não são retroativos, serão efeitos (ex nunc

decretação da anulação. Apenas os interessados podem pedir a anulação.

que dá causa ao negócio

jurídico, que sem ele não se concretizaria. Deve haver intenção de induzir a vítima a

praticar o negócio jurídico que a prejudique, o artifício fraudulento deve ser grave e a

, aquele que busca prejudicar alguém e que causa a

determinante do negócio jurídico, neste

caso, mesmo com ele o negócio seria realizado sem vícios. Aqui o negócio jurídico é

artifício sem intenção de prejudicar, não anula o ato.

olo acidental aquele que leva a vítima a praticar o negócio jurídico

em condições menos favoráveis, sem, no entanto, afetar sua declaração de vontade de

a anulação do negócio, mas acarreta obrigação de

algo para prejudicar a

fabricante de objeto com aspecto de antiguidade para vendê-lo como

é aquele em que o autor se abstém de fazer algo em

xemplo: alguém faz seguro de vida omitindo moléstia grave.

Em regra a anulação do negócio jurídico por dolo ocorre por conduta de um dos

constranger, forçar, impor, obrigar,

é um dos vícios do consentimento nos negócios jurídicos, caracteriza-se

lize algum ato sob o fundado

ou a seus bens.

A coação absoluta ou coação física torna nulo o negócio jurídico. O direito de pedir

efeitos da decretação são retroativos

). Já a coação relativa ou moral, quando há opção a quem foi coagido, torna

anulável o negócio jurídico. O prazo para entrar com a ação judicial é decadencial e de 4

ex nunc) a partir da

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Ius perfectum, é o direito que pode ser aplicado através da coação (força), ou,

Direito para o cumprimento do qual é lícito recorrer

Pelo Ius imperfectum

outras palavras, para o cumprimento do qual o uso da força seria considerado ilegítimo.

Para Kant o Direito está intimamente ligado ao

Portanto, coação é q

físico, material ou moral para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa.

Para anular o ato é necessário que a coação seja injusta. Viciado o consentimento

pela coação, nulo é o contrato.

O estado de perigo, é uma das modalidades de defeito no

características semelhantes ao

ilicitude no Direito Penal. Configura

excessivamente onerosa

Estado de perigo é

pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume o

excessivamente onerosa, por exemplo:

excessivos, ao cirurgião para que o opere e lhe salve a vida.

No estado de perigo o declarante não errou, não foi induzido a erro ou coagido,

mas, pelas circunstâncias do caso concreto, foi obrigado a celebrar

extremamente desfavorável.

É necessário que a pessoa que se beneficiou do ato saiba da situação desesperadora

da outra pessoa.

Difere-se, entretanto, a obrigação excessivamente onerosa da onerosidade

excessiva. Embora ambas causem a quebra da e

contraprestação, a obrigação excessivamente onerosa respeita a um negócio jurídico que

nasce numa condição de extremo desequilíbrio

excessiva altera as circunstâncias no curso da ex

continuada.

Lesão ocorre quando uma pessoa,

inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação

oposta.

A lesão se justifica como forma de proteção ao contratante que se encontra em

estado de inferioridade, que, por várias premências, mesmo nos contratos paritários, perde

Volume 8 – nº 1 - 2014

, é o direito que pode ser aplicado através da coação (força), ou,

Direito para o cumprimento do qual é lícito recorrer também a força.

Ius imperfectum: Direito que não pode ser aplicado através da força ou, em

outras palavras, para o cumprimento do qual o uso da força seria considerado ilegítimo.

Para Kant o Direito está intimamente ligado ao Ius Perfectum.

o, coação é qualquer emprego de forma física ou simples ameaça de mal

físico, material ou moral para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa.

Para anular o ato é necessário que a coação seja injusta. Viciado o consentimento

trato.

, é uma das modalidades de defeito no negócio jurídico, guarda

características semelhantes ao estado de necessidade, que é uma causa de exclusão de

Direito Penal. Configura-se estado de perigo quando alguém assume ob

aquele onde alguém, premido da necessidade de salvar

pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume o

excessivamente onerosa, por exemplo: pessoa, gravemente enferma, paga, honorários

excessivos, ao cirurgião para que o opere e lhe salve a vida.

No estado de perigo o declarante não errou, não foi induzido a erro ou coagido,

mas, pelas circunstâncias do caso concreto, foi obrigado a celebrar

extremamente desfavorável.

É necessário que a pessoa que se beneficiou do ato saiba da situação desesperadora

se, entretanto, a obrigação excessivamente onerosa da onerosidade

excessiva. Embora ambas causem a quebra da equivalência entre a prestação e a

contraprestação, a obrigação excessivamente onerosa respeita a um negócio jurídico que

nasce numa condição de extremo desequilíbrio inter partes, ao passo que a onerosidade

excessiva altera as circunstâncias no curso da execução do negócio de prestação

Lesão ocorre quando uma pessoa, diante de uma premente necessidade, ou por

inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação

se justifica como forma de proteção ao contratante que se encontra em

estado de inferioridade, que, por várias premências, mesmo nos contratos paritários, perde

, é o direito que pode ser aplicado através da coação (força), ou,

: Direito que não pode ser aplicado através da força ou, em

outras palavras, para o cumprimento do qual o uso da força seria considerado ilegítimo.

ualquer emprego de forma física ou simples ameaça de mal

físico, material ou moral para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa.

Para anular o ato é necessário que a coação seja injusta. Viciado o consentimento

negócio jurídico, guarda

estado de necessidade, que é uma causa de exclusão de

se estado de perigo quando alguém assume obrigação

alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a

pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação

pessoa, gravemente enferma, paga, honorários

No estado de perigo o declarante não errou, não foi induzido a erro ou coagido,

mas, pelas circunstâncias do caso concreto, foi obrigado a celebrar um negócio

É necessário que a pessoa que se beneficiou do ato saiba da situação desesperadora

se, entretanto, a obrigação excessivamente onerosa da onerosidade

quivalência entre a prestação e a

contraprestação, a obrigação excessivamente onerosa respeita a um negócio jurídico que

, ao passo que a onerosidade

ecução do negócio de prestação

premente necessidade, ou por

inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação

se justifica como forma de proteção ao contratante que se encontra em

estado de inferioridade, que, por várias premências, mesmo nos contratos paritários, perde

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

a noção do real e acaba realizando negócios absurdos do ponto de vista econômico,

evidenciando que sua vontade está viciada por pressões variadas.

Trata-se de um vício do consentimento previsto no artigo 157 do Código Civil que

se configura quando alguém obtém lucro manifestamente desproporcional ao valor real do

objeto do negócio, aproveitando

contratante.

Fraude contra credores,

de prejudicar ou enganar.

Fraude à lei o chamado “jeitinho brasileiro” com o intuito de fugir à incidência da lei e

seus efeitos.

Fraude contra credores

despidos de quaisquer garantias reais.

Para caracterizar a fraude basta que o devedo

prejudicar ou trazer prejuízos a terceiros.

Os atos viciados por fraude são anuláveis por meio da Ação Pauliana, onde os bens

transferidos fraudulentamente retornam ao patrimônio do credor.

10. Extinção dos Contratos

O contrato extingue

Assim, da mesma forma que nascem

Há várias formas pelas quais os contratos se extinguem

extinção do contrato é pelo cumprimento das obrigações

chamada adimplemento.

O credor atestará o pagamento por meio de quitação regular. A quitação

qualquer que seja a forma do contrato. Se determinado ato foi através de escritura pública,

vale a quitação por instrumento

O adimplemento é

satisfação da pretensão do credor através do cumprimento da obrigação pelo devedor.

Representa o efeito extintivo normal de um negócio jurídico, que pode ocorrer, atra

figuras do pagamento, consignação, sub

compensação, confusão, remissão, transação e compromisso.

A revogação também é um dos modos de extinção das obrigações que consiste no

poder de se subtrair o elemento vontad

Volume 8 – nº 1 - 2014

a noção do real e acaba realizando negócios absurdos do ponto de vista econômico,

que sua vontade está viciada por pressões variadas.

se de um vício do consentimento previsto no artigo 157 do Código Civil que

se configura quando alguém obtém lucro manifestamente desproporcional ao valor real do

objeto do negócio, aproveitando-se da inexperiência ou da premente necessidade do outro

contra credores, fraudare (latim), falsear ou ocultar a verdade com intenção

de prejudicar ou enganar. É o artifício, a manobra com objetivo de fraudar terceiros.

chamado “jeitinho brasileiro” com o intuito de fugir à incidência da lei e

Fraude contra credores é o artifício malicioso empregado para prejudicar terceiros

despidos de quaisquer garantias reais.

Para caracterizar a fraude basta que o devedor tenha consciência de que seu ato irá

prejudicar ou trazer prejuízos a terceiros.

Os atos viciados por fraude são anuláveis por meio da Ação Pauliana, onde os bens

transferidos fraudulentamente retornam ao patrimônio do credor.

. Extinção dos Contratos

O contrato extingue-se normalmente pela sua execução com o cumprimento.

Assim, da mesma forma que nascem também se extinguem.

Há várias formas pelas quais os contratos se extinguem. A forma normal de

extinção do contrato é pelo cumprimento das obrigações por eles geradas

credor atestará o pagamento por meio de quitação regular. A quitação

qualquer que seja a forma do contrato. Se determinado ato foi através de escritura pública,

vale a quitação por instrumento particular.

o modo normal de extinção das obrigações, representado pela

satisfação da pretensão do credor através do cumprimento da obrigação pelo devedor.

Representa o efeito extintivo normal de um negócio jurídico, que pode ocorrer, atra

figuras do pagamento, consignação, sub-rogação, imputação, dação, novação,

compensação, confusão, remissão, transação e compromisso.

A revogação também é um dos modos de extinção das obrigações que consiste no

poder de se subtrair o elemento vontade do suporte fático do negócio jurídico. A revogação

a noção do real e acaba realizando negócios absurdos do ponto de vista econômico,

se de um vício do consentimento previsto no artigo 157 do Código Civil que

se configura quando alguém obtém lucro manifestamente desproporcional ao valor real do

ecessidade do outro

(latim), falsear ou ocultar a verdade com intenção

É o artifício, a manobra com objetivo de fraudar terceiros.

chamado “jeitinho brasileiro” com o intuito de fugir à incidência da lei e

o artifício malicioso empregado para prejudicar terceiros

r tenha consciência de que seu ato irá

Os atos viciados por fraude são anuláveis por meio da Ação Pauliana, onde os bens

ecução com o cumprimento.

. A forma normal de

por eles geradas, também

credor atestará o pagamento por meio de quitação regular. A quitação vale

qualquer que seja a forma do contrato. Se determinado ato foi através de escritura pública,

o modo normal de extinção das obrigações, representado pela

satisfação da pretensão do credor através do cumprimento da obrigação pelo devedor.

Representa o efeito extintivo normal de um negócio jurídico, que pode ocorrer, através das

rogação, imputação, dação, novação,

A revogação também é um dos modos de extinção das obrigações que consiste no

e do suporte fático do negócio jurídico. A revogação

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

atinge o suporte fático, retirando deste o elemento constitutivo referente à vontade. A

revogação não ataca o negócio jurídico, mas tão somente retira

com a retirada do elemento

extinguir. A revogação opera seus efeitos

ex tunc (revogação do contrato de doação, porém não contra terceiros), conforme a

natureza do contrato e da pres

A resolução encontra

modos de extinção das obrigações, que consiste na desconstituição dos efeitos do negócio

jurídico, como se este não tivesse existido, independentemente de culpa de qu

contratantes, em razão da superveniência de acontecimentos posteriores à formação do

contrato24. Na revogação, retira

fático. Na resolução atacam

eficácia da desconstituição dos efeitos do negócio jurídico, na resolução, opera

ou seja, opera-se uma desconstituição dos efeitos desde a formação do contrato. Também

se enquadra como hipótese de resolução as situações de revisão

artigo 317 do Código Civil.

A resilição é outro modo de extinção das obrigações, e que consiste, em uma

resolução que opera seus efeitos de forma

consistem na desconstituição do negócio j

resilição, a desconstituição dos efeitos do negócio jurídico não se opera desde a sua

formação, mas tão somente a partir da resilição propriamente dita. Assim, a resolução e a

resilição são diferenciadas, apenas

resolução apresenta eficácia

A denúncia está prevista no artigo 473 do Código Civil, recebendo o nome de

resilição unilateral. Também é um dos mod

se põe fim à relação jurídica, simplesmente, de forma não receptícia. A denúncia atinge a

toda relação jurídica, pondo termo a esta, com efeitos

24 O artigo 478 do Código Civil extraordinários e imprevisíveis. No entanto, a exigência da “imprevisibilidade” e a aplicação somente em casos de “onerosidade excessiva” representam um retrocesso legislativo, uma vez que a jurisprudência e a doutrina atuais são mais evoluídas, já dispensando a aplicação da chamada “Teoria da Imprevisão” para a caracterização da resolução e admitindo a sua incidência em outras hipótesdesproporção entre a prestação e a contraprestação. Neste sentido, vide BDI 16/02p.11 (STJ), BDI 08/02p.11, BDI 09/02p.18, BDI 16/01p.14, RJTJRGS 205/304, dentre outras decisões. Na doutrina, vide artigo de Álvaro Villaça Azevedo, publicado na Revista Jurídica 308/7 e a obra de Ruy Rosado Aguiar Junior, “Extinção dos Contratos por Incumprimento do Devedor (resolução)”. Rio de Janeiro: AIDE, 1991.

Volume 8 – nº 1 - 2014

atinge o suporte fático, retirando deste o elemento constitutivo referente à vontade. A

revogação não ataca o negócio jurídico, mas tão somente retira-lhe a vontade

com a retirada do elemento vontade, a obrigação que dela se irradiou também irá se

extinguir. A revogação opera seus efeitos ex nunc (revogação do contrato de mandato) ou

(revogação do contrato de doação, porém não contra terceiros), conforme a

natureza do contrato e da prestação.

A resolução encontra-se prevista nos artigos 478 a 480 do Código Civil, e é um dos

modos de extinção das obrigações, que consiste na desconstituição dos efeitos do negócio

jurídico, como se este não tivesse existido, independentemente de culpa de qu

contratantes, em razão da superveniência de acontecimentos posteriores à formação do

. Na revogação, retira-se a vontade do negócio jurídico, atacando

fático. Na resolução atacam-se os efeitos do negócio jurídico, desconsti

eficácia da desconstituição dos efeitos do negócio jurídico, na resolução, opera

se uma desconstituição dos efeitos desde a formação do contrato. Também

se enquadra como hipótese de resolução as situações de revisão contratual, prevista no

artigo 317 do Código Civil.

A resilição é outro modo de extinção das obrigações, e que consiste, em uma

resolução que opera seus efeitos de forma ex nunc. Tanto a resilição como a resolução,

consistem na desconstituição do negócio jurídico no plano da eficácia. Entretanto, na

resilição, a desconstituição dos efeitos do negócio jurídico não se opera desde a sua

formação, mas tão somente a partir da resilição propriamente dita. Assim, a resolução e a

resilição são diferenciadas, apenas, quanto ao momento que se inicia a sua eficácia. A

resolução apresenta eficácia ex tunc, enquanto a resilição apresenta eficácia

A denúncia está prevista no artigo 473 do Código Civil, recebendo o nome de

. Também é um dos modos de extinção das obrigações, através do qual

se põe fim à relação jurídica, simplesmente, de forma não receptícia. A denúncia atinge a

toda relação jurídica, pondo termo a esta, com efeitos ex nunc. Entretanto, denúncia não é

se refere à onerosidade excessiva da prestação, em virtude de acontecimentos

extraordinários e imprevisíveis. No entanto, a exigência da “imprevisibilidade” e a aplicação somente em siva” representam um retrocesso legislativo, uma vez que a jurisprudência e a

doutrina atuais são mais evoluídas, já dispensando a aplicação da chamada “Teoria da Imprevisão” para a caracterização da resolução e admitindo a sua incidência em outras hipóteses que não apenas de desproporção entre a prestação e a contraprestação. Neste sentido, vide BDI 16/02p.11 (STJ), BDI 08/02p.11, BDI 09/02p.18, BDI 16/01p.14, RJTJRGS 205/304, dentre outras decisões. Na doutrina, vide artigo de

icado na Revista Jurídica 308/7 e a obra de Ruy Rosado Aguiar Junior, “Extinção dos Contratos por Incumprimento do Devedor (resolução)”. Rio de Janeiro: AIDE, 1991.

atinge o suporte fático, retirando deste o elemento constitutivo referente à vontade. A

vontade. Portanto,

vontade, a obrigação que dela se irradiou também irá se

(revogação do contrato de mandato) ou

(revogação do contrato de doação, porém não contra terceiros), conforme a

se prevista nos artigos 478 a 480 do Código Civil, e é um dos

modos de extinção das obrigações, que consiste na desconstituição dos efeitos do negócio

jurídico, como se este não tivesse existido, independentemente de culpa de qualquer dos

contratantes, em razão da superveniência de acontecimentos posteriores à formação do

do negócio jurídico, atacando-se o suporte

se os efeitos do negócio jurídico, desconstituindo-os. A

eficácia da desconstituição dos efeitos do negócio jurídico, na resolução, opera-se ex tunc,

se uma desconstituição dos efeitos desde a formação do contrato. Também

contratual, prevista no

A resilição é outro modo de extinção das obrigações, e que consiste, em uma

. Tanto a resilição como a resolução,

urídico no plano da eficácia. Entretanto, na

resilição, a desconstituição dos efeitos do negócio jurídico não se opera desde a sua

formação, mas tão somente a partir da resilição propriamente dita. Assim, a resolução e a

, quanto ao momento que se inicia a sua eficácia. A

, enquanto a resilição apresenta eficácia ex nunc.

A denúncia está prevista no artigo 473 do Código Civil, recebendo o nome de

os de extinção das obrigações, através do qual

se põe fim à relação jurídica, simplesmente, de forma não receptícia. A denúncia atinge a

. Entretanto, denúncia não é

se refere à onerosidade excessiva da prestação, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis. No entanto, a exigência da “imprevisibilidade” e a aplicação somente em

siva” representam um retrocesso legislativo, uma vez que a jurisprudência e a doutrina atuais são mais evoluídas, já dispensando a aplicação da chamada “Teoria da Imprevisão” para a

es que não apenas de desproporção entre a prestação e a contraprestação. Neste sentido, vide BDI 16/02p.11 (STJ), BDI 08/02p.11, BDI 09/02p.18, BDI 16/01p.14, RJTJRGS 205/304, dentre outras decisões. Na doutrina, vide artigo de

icado na Revista Jurídica 308/7 e a obra de Ruy Rosado Aguiar Junior, “Extinção dos Contratos por Incumprimento do Devedor (resolução)”. Rio de Janeiro: AIDE, 1991.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

resilição. Esta desconstitui

também, como se não tivesse existido. A denúncia não desconstitui, mas tão soment

termo à relação jurídica, ou seja, somente impede que esta

efeitos.

Renúncia é outro modo de extinção das obrigações,

jurídica, não a atingindo em sua totalidade, mas tão somente em seu polo passivo. A

renúncia assemelha-se à denúncia, diferenciando

unilateral, de disposição. A renúncia também apresenta eficácia

desconstituindo o negócio jurídico ou seus efeitos, mas apenas pondo fim à relação

jurídica, unilateralmente.

A invalidade, ou seja, a anulação ou

também é um dos modos de extinção das obrigações, através da desconstituição do próprio

negócio jurídico e de seus efeitos. Na resolução e na resilição opera

apenas dos efeitos do negócio jurídico, como se

desconstitui-se o negócio jurídico em si e também a seus efeitos. Na invalidade, após a

desconstituição, pode-se afirmar que não houve negócio jurídico. A invalidade pode

apresentar eficácia ex tunc

negócio jurídico e de seus efeitos, através da invalidade, se dá em virtude de um vício de

validade daquele, e deve ser feita através de decisão judicial. Assim, a invalidade é um

modo de extinção das obrigações que se opera no plano da validade. Quant

deve-se dizer que, via de regra, a desconstituição opera

jurídico, e não sobre os seus efeitos, que não existem, ao contrário da anulabilidade, na

qual são desconstituídos o negócio jurídico e os seus efeito

A Rescisão encontra

de cláusula resolutiva. É uma espécie de extinção das obrigações, que consiste, também, na

desconstituição do próprio negócio jurídico e de seus efeitos, quando houver

inadimplemento culposo de um dos contratantes. A rescisão corta, desmancha o negócio

jurídico, indo ao seu suport

apenas no tocante ao elemento vontade. A rescisão atinge todo o suporte fático, inclusive a

vontade. Na revogação há ato unilateral que atinge a

do Estado, pelo Juiz, à pretensão rescisória da parte, no sentido de atingir a todo o suporte

fático. Tanto a rescisão como a invalidade desconstituem o negócio jurídico em si e a seus

efeitos, mas na rescisão a desconstituição se opera no plano da existência, enquanto na

Volume 8 – nº 1 - 2014

resilição. Esta desconstitui os efeitos do negócio jurídico, e consequentemente a este

também, como se não tivesse existido. A denúncia não desconstitui, mas tão soment

termo à relação jurídica, ou seja, somente impede que esta continue a produzir os seus

outro modo de extinção das obrigações, e consiste em por fim à relação

jurídica, não a atingindo em sua totalidade, mas tão somente em seu polo passivo. A

se à denúncia, diferenciando-se apenas por representar um ato

osição. A renúncia também apresenta eficácia

desconstituindo o negócio jurídico ou seus efeitos, mas apenas pondo fim à relação

A invalidade, ou seja, a anulação ou nulidade em seus dois graus de defeito,

dos modos de extinção das obrigações, através da desconstituição do próprio

negócio jurídico e de seus efeitos. Na resolução e na resilição opera-se a desconstituição

s efeitos do negócio jurídico, como se este não tivesse existido.

se o negócio jurídico em si e também a seus efeitos. Na invalidade, após a

se afirmar que não houve negócio jurídico. A invalidade pode

ex tunc ou ex nunc, conforme o caso concreto. A desconstituição

negócio jurídico e de seus efeitos, através da invalidade, se dá em virtude de um vício de

validade daquele, e deve ser feita através de decisão judicial. Assim, a invalidade é um

modo de extinção das obrigações que se opera no plano da validade. Quant

se dizer que, via de regra, a desconstituição opera-se apenas sobre o próprio negócio

jurídico, e não sobre os seus efeitos, que não existem, ao contrário da anulabilidade, na

qual são desconstituídos o negócio jurídico e os seus efeitos.

encontra-se prevista no artigo 475 do Código Civil, com a denominação

uma espécie de extinção das obrigações, que consiste, também, na

desconstituição do próprio negócio jurídico e de seus efeitos, quando houver

inadimplemento culposo de um dos contratantes. A rescisão corta, desmancha o negócio

jurídico, indo ao seu suporte fático. A revogação também atinge o suporte fático, mas

apenas no tocante ao elemento vontade. A rescisão atinge todo o suporte fático, inclusive a

Na revogação há ato unilateral que atinge a vontade. Na rescisão há atendimento

uiz, à pretensão rescisória da parte, no sentido de atingir a todo o suporte

fático. Tanto a rescisão como a invalidade desconstituem o negócio jurídico em si e a seus

efeitos, mas na rescisão a desconstituição se opera no plano da existência, enquanto na

os efeitos do negócio jurídico, e consequentemente a este

também, como se não tivesse existido. A denúncia não desconstitui, mas tão somente põe

continue a produzir os seus

consiste em por fim à relação

jurídica, não a atingindo em sua totalidade, mas tão somente em seu polo passivo. A

se apenas por representar um ato

osição. A renúncia também apresenta eficácia ex nunc, não

desconstituindo o negócio jurídico ou seus efeitos, mas apenas pondo fim à relação

e em seus dois graus de defeito,

dos modos de extinção das obrigações, através da desconstituição do próprio

se a desconstituição

este não tivesse existido. Na invalidade,

se o negócio jurídico em si e também a seus efeitos. Na invalidade, após a

se afirmar que não houve negócio jurídico. A invalidade pode

, conforme o caso concreto. A desconstituição do

negócio jurídico e de seus efeitos, através da invalidade, se dá em virtude de um vício de

validade daquele, e deve ser feita através de decisão judicial. Assim, a invalidade é um

modo de extinção das obrigações que se opera no plano da validade. Quanto ao ato nulo,

se apenas sobre o próprio negócio

jurídico, e não sobre os seus efeitos, que não existem, ao contrário da anulabilidade, na

, com a denominação

uma espécie de extinção das obrigações, que consiste, também, na

desconstituição do próprio negócio jurídico e de seus efeitos, quando houver

inadimplemento culposo de um dos contratantes. A rescisão corta, desmancha o negócio

e fático. A revogação também atinge o suporte fático, mas

apenas no tocante ao elemento vontade. A rescisão atinge todo o suporte fático, inclusive a

Na rescisão há atendimento

uiz, à pretensão rescisória da parte, no sentido de atingir a todo o suporte

fático. Tanto a rescisão como a invalidade desconstituem o negócio jurídico em si e a seus

efeitos, mas na rescisão a desconstituição se opera no plano da existência, enquanto na

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

invalidade a desconstituição se opera no plano da validade. A invalidade diz respeito à

desconstituição de um vício de validade de negócio jurídico, portanto, operando

plano da validade. A rescisão não,

equivocado, em virtude de descumprimento contratual.

A denúncia unilateral o

admite contratos perpétuos.

Nos contratos indeterminados

se dar a qualquer tempo, por iniciativa de uma das partes.

Em alguns contratos por tempo indeterminado, a extinção pela vontade de uma das

partes deve ser precedida de notificação, chamada “aviso prévio”, dada com certa

antecedência.

Se, porém, dada a naturez

consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de

transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

No inadimplemento

Nos contratos bilaterais

inadimplemento.

A parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão do contrato com

perdas e danos se não preferir exigir

Ocorre a inexecução involuntária

de dificuldade fora do comum, como caso fortuito ou força maior. O inadimplente

responderá também por perdas e danos.

A exceção do contrato não cumprido é aque

de cumprida a sua obrigação, poderá exigir o implemento do outro.

Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes

diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a pre

qual se obrigou, pode a outra recusar

satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê

Resolução por onerosidade excessiva

se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de

acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, podendo o devedor pedir a resolução do

contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Volume 8 – nº 1 - 2014

invalidade a desconstituição se opera no plano da validade. A invalidade diz respeito à

desconstituição de um vício de validade de negócio jurídico, portanto, operando

plano da validade. A rescisão não, pois ela desce ao suporte fático e lá destrói o

equivocado, em virtude de descumprimento contratual.

A denúncia unilateral ocorre nos contratos por tempo indeterminado, pois não se

admite contratos perpétuos.

Nos contratos indeterminados as partes não estipulam sua duração. A extinção pode

dar a qualquer tempo, por iniciativa de uma das partes.

alguns contratos por tempo indeterminado, a extinção pela vontade de uma das

partes deve ser precedida de notificação, chamada “aviso prévio”, dada com certa

Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos

consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de

transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

No inadimplemento o prejudicado pode pleitear a resolução do contrato em juízo.

está sempre implícita uma cláusula resolutiva em caso de

A parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão do contrato com

perdas e danos se não preferir exigir-lhe o cumprimento.

Ocorre a inexecução involuntária quando o descumprimento do contrato é advindo

de dificuldade fora do comum, como caso fortuito ou força maior. O inadimplente

responderá também por perdas e danos.

A exceção do contrato não cumprido é aquela onde nenhum dos contratantes, antes

de cumprida a sua obrigação, poderá exigir o implemento do outro.

Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes

diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a pre

qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela

satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.

Resolução por onerosidade excessiva ocorre quando a prestação de uma das partes

excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de

acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, podendo o devedor pedir a resolução do

contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

invalidade a desconstituição se opera no plano da validade. A invalidade diz respeito à

desconstituição de um vício de validade de negócio jurídico, portanto, operando-se no

desce ao suporte fático e lá destrói o que está

corre nos contratos por tempo indeterminado, pois não se

as partes não estipulam sua duração. A extinção pode

alguns contratos por tempo indeterminado, a extinção pela vontade de uma das

partes deve ser precedida de notificação, chamada “aviso prévio”, dada com certa

a do contrato, uma das partes houver feito investimentos

consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de

leitear a resolução do contrato em juízo.

está sempre implícita uma cláusula resolutiva em caso de

A parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão do contrato com

quando o descumprimento do contrato é advindo

de dificuldade fora do comum, como caso fortuito ou força maior. O inadimplente

la onde nenhum dos contratantes, antes

Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes

diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela

se à prestação que lhe incumbe, até que aquela

ocorre quando a prestação de uma das partes

excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de

acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, podendo o devedor pedir a resolução do

contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

A resolução poderá ser evitada, ofe

condições do contrato.

Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear

que a sua prestação seja reduzida, ou que seja alterado o modo de executá

evitar a onerosidade excessiva.

O distrato encontra

dos modos de extinção das obrigações, onde não ocorre a desconstituição do negócio

jurídico ou de seus efeitos, ou sequer se atinge o

renúncia, pois não põe termo à relação jurídica. No distrato se atinge apenas o vínculo da

relação jurídica, criando-se um novo negócio jurídico para modificar os efeitos do

primeiro. Portanto, no distrato o negócio jurídico

cria-se um novo negócio jurídico para modificar os seus efeitos. O distrato representa um

contrarius consensus ao contrato primitivo. O distrato, conforme o caso concreto, poderá

se apresentar com eficácia

no distrato devem participar todas as pessoas que fizeram parte do contrato primitivo, por

representar um novo acordo de vontades.

O distrato é uma das formas de extinção,

mesma forma do contrato celebrado. É o acordo entre as partes, a fim de extinguir vínculo

contratual anteriormente estabelecido. É um novo contrato com a finalidade de dissolver o

anterior.

O distrato somente produz efeitos para o futuro, não re

isto é, o distrato equivale a uma revenda, uma transferência da propriedade. Seu efeito é

nunc , somente para a frente.

11. Contrato Preliminar

Também conhecido como

preliminar é aquele que tem por objetivo garantir a realização de um contrato definitivo.

Tal contrato possui caráter provisório, interino e apenas é celebrado quando as partes se

comprometem a convencionar, posteriormente, um contrato definitivo.

Normalmente é utilizado nos casos em que as partes têm interesse recíproco no

negócio jurídico, porém, por algum inconveniente momentâneo, a contratação definitiva é

efetivada em circunstância oportuna subsequente.

Volume 8 – nº 1 - 2014

rá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equ

Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear

que a sua prestação seja reduzida, ou que seja alterado o modo de executá

evitar a onerosidade excessiva.

encontra-se previsto no artigo 472 do Código Civil, sendo também, um

de extinção das obrigações, onde não ocorre a desconstituição do negócio

jurídico ou de seus efeitos, ou sequer se atinge o seu suporte fático. Não é denúncia ou

renúncia, pois não põe termo à relação jurídica. No distrato se atinge apenas o vínculo da

se um novo negócio jurídico para modificar os efeitos do

primeiro. Portanto, no distrato o negócio jurídico primitivo continua a existir, mas apenas

se um novo negócio jurídico para modificar os seus efeitos. O distrato representa um

ao contrato primitivo. O distrato, conforme o caso concreto, poderá

se apresentar com eficácia ex tunc ou com eficácia ex nunc. Deve-se ainda observar, que

no distrato devem participar todas as pessoas que fizeram parte do contrato primitivo, por

representar um novo acordo de vontades.

uma das formas de extinção, é feito pelo mútuo acordo e

mesma forma do contrato celebrado. É o acordo entre as partes, a fim de extinguir vínculo

contratual anteriormente estabelecido. É um novo contrato com a finalidade de dissolver o

O distrato somente produz efeitos para o futuro, não retroage aos efeitos anteriores,

isto é, o distrato equivale a uma revenda, uma transferência da propriedade. Seu efeito é

, somente para a frente.

. Contrato Preliminar

Também conhecido como pactum de contrahendo ou contrato promessa, o

é aquele que tem por objetivo garantir a realização de um contrato definitivo.

Tal contrato possui caráter provisório, interino e apenas é celebrado quando as partes se

comprometem a convencionar, posteriormente, um contrato definitivo.

mente é utilizado nos casos em que as partes têm interesse recíproco no

negócio jurídico, porém, por algum inconveniente momentâneo, a contratação definitiva é

efetivada em circunstância oportuna subsequente.

se o réu a modificar equitativamente as

Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear

que a sua prestação seja reduzida, ou que seja alterado o modo de executá-la, a fim de

sendo também, um

de extinção das obrigações, onde não ocorre a desconstituição do negócio

. Não é denúncia ou

renúncia, pois não põe termo à relação jurídica. No distrato se atinge apenas o vínculo da

se um novo negócio jurídico para modificar os efeitos do

primitivo continua a existir, mas apenas

se um novo negócio jurídico para modificar os seus efeitos. O distrato representa um

ao contrato primitivo. O distrato, conforme o caso concreto, poderá

se ainda observar, que

no distrato devem participar todas as pessoas que fizeram parte do contrato primitivo, por

mútuo acordo e deve ter a

mesma forma do contrato celebrado. É o acordo entre as partes, a fim de extinguir vínculo

contratual anteriormente estabelecido. É um novo contrato com a finalidade de dissolver o

troage aos efeitos anteriores,

isto é, o distrato equivale a uma revenda, uma transferência da propriedade. Seu efeito é ex

ou contrato promessa, o contrato

é aquele que tem por objetivo garantir a realização de um contrato definitivo.

Tal contrato possui caráter provisório, interino e apenas é celebrado quando as partes se

mente é utilizado nos casos em que as partes têm interesse recíproco no

negócio jurídico, porém, por algum inconveniente momentâneo, a contratação definitiva é

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Não se pode confundir o contrato preliminar, em

concluir um contrato ulterior, ou seja, ficam vinculadas à continuidade do negócio, com as

negociações preliminares que antecede o contrato preliminar, mas não gera qualquer

obrigação ou direito para as partes, já que essa fase

negociar e estudar o objeto de um possível contrato.

Vale dizer que o compromisso de compra e venda de imóvel não averbado na sua

matrícula configura a categoria de contrato preliminar, com efeitos

obrigacionais interpartes, não gerando efeitos perante terceiros. Quando averbado, surge

direito do promitente comprador, e tem eficácia

O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos

essenciais ao contrato a ser cele

Concluído o contrato preliminar, e desde que dele não conste cláusula de

arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo,

apresentando prazo à outra para que o efetive.

interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao

contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.

Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá

considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.

12. Arras

Arras ou sinal são garantia do contrato preliminar, gerando presunção de acordo

final e tornando obrigatório o contrato.

Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra

dinheiro, ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou

computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.

Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê

desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu

haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização

monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários d

advogado.

A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo,

valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do

contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização

Volume 8 – nº 1 - 2014

Não se pode confundir o contrato preliminar, em que as partes sujeitam

concluir um contrato ulterior, ou seja, ficam vinculadas à continuidade do negócio, com as

negociações preliminares que antecede o contrato preliminar, mas não gera qualquer

obrigação ou direito para as partes, já que essa fase é utilizada para discutir interesses,

negociar e estudar o objeto de um possível contrato.

Vale dizer que o compromisso de compra e venda de imóvel não averbado na sua

matrícula configura a categoria de contrato preliminar, com efeitos

não gerando efeitos perante terceiros. Quando averbado, surge

direito do promitente comprador, e tem eficácia erga omnes.

O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos

essenciais ao contrato a ser celebrado e deverá ser levado ao registro competente.

Concluído o contrato preliminar, e desde que dele não conste cláusula de

arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo,

prazo à outra para que o efetive. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do

interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao

contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.

Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá

lo desfeito, e pedir perdas e danos.

Arras ou sinal são garantia do contrato preliminar, gerando presunção de acordo

final e tornando obrigatório o contrato.

Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras,

ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou

computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.

Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê

as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu

haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização

monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários d

A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo,

valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do

contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização

que as partes sujeitam-se a

concluir um contrato ulterior, ou seja, ficam vinculadas à continuidade do negócio, com as

negociações preliminares que antecede o contrato preliminar, mas não gera qualquer

é utilizada para discutir interesses,

Vale dizer que o compromisso de compra e venda de imóvel não averbado na sua

matrícula configura a categoria de contrato preliminar, com efeitos

não gerando efeitos perante terceiros. Quando averbado, surge

O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos

ser levado ao registro competente.

Concluído o contrato preliminar, e desde que dele não conste cláusula de

arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo,

razo, poderá o juiz, a pedido do

interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao

Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte

Arras ou sinal são garantia do contrato preliminar, gerando presunção de acordo

, a título de arras,

ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou

Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por

as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu

haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização

monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de

A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo,

valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do

contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes,

as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê

á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê

ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

13. Vícios Redibitórios

A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou

defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe

valor.

O adquirente pode no lugar de rejeitar a coisa, redibindo o contrato reclamar

abatimento no preço.

Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com

perdas e danos; se o não conhecia, tão

do contrato.

A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do

alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.

O adquirente decai do direito de obter a redibição o

de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva.

Se já estava na posse, o prazo conta

Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mai

contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta

dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.

14. Evicção

A evicção é a perda total, ou parcial, da coisa pelo adquirente, por fo

judicial baseada em causa preexistente a contrato.

A jurisprudência tem reconhecido a evicção mesmo quando a perda da coisa não foi

ocasionada por decisão judicial, mas por outro motivo, como apreensão judicial,

alfandegária ou administrativ

Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia

ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.

Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a

responsabilidade pela evicção.

Volume 8 – nº 1 - 2014

Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes,

as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê

á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivale

ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

. Vícios Redibitórios

A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou

defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe

O adquirente pode no lugar de rejeitar a coisa, redibindo o contrato reclamar

Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com

e danos; se o não conhecia, tão somente restituirá o valor recebido, mais as despesas

A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do

alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.

O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo

de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva.

Se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mai

á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta

dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.

A evicção é a perda total, ou parcial, da coisa pelo adquirente, por fo

judicial baseada em causa preexistente a contrato.

A jurisprudência tem reconhecido a evicção mesmo quando a perda da coisa não foi

ocasionada por decisão judicial, mas por outro motivo, como apreensão judicial,

alfandegária ou administrativa.

Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia

ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.

Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a

responsabilidade pela evicção.

Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes,

as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-

á, mais o equivalente. Em

A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou

defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o

O adquirente pode no lugar de rejeitar a coisa, redibindo o contrato reclamar

Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com

o valor recebido, mais as despesas

A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do

u abatimento no preço no prazo

de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva.

Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo

á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta

A evicção é a perda total, ou parcial, da coisa pelo adquirente, por força de decisão

A jurisprudência tem reconhecido a evicção mesmo quando a perda da coisa não foi

ocasionada por decisão judicial, mas por outro motivo, como apreensão judicial,

Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia

Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 8

Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem

direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da

evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

Salvo estipulação em contrário, tem direito o ev

preço ou das quantias que pagou: a) à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a

restituir; b) à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretame

resultarem da evicção; c) a

constituído.

Referências Alemanha. Bürgerliches Gesetzbuch. http://www.ligiera.com.br/codigos/cc_alemao_(em_alemao).pdf. Acesso em: 14 de julho de 2014. BEVILÁQUA, Clóvis. Código civil anotado,Alves,1916. BITTAR, Carlos Alberto – BULGARELLI, Waldírio – COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil DAIBERT, Jefferson – Dos contratos

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro GAGLIANO, Pablo StolzePaulo: Saraiva, 2011.

GHERSI, Carlos Alberto. Contratos civiles y comerciales.

GOMES, Orlando – Contratos. GONÇALVES, Carlos Roberto. JUSTINIANO, Flávio Pedro Sabácioiudiciis, referente aos contratos, 533 dC. Disponível em: socialism.de/LeninMaterialismoAnexoCap2.htm. Acesso em 20 de junho de 2014. LARROUSE. Grande enciclopédia Larousse cultura1998.

Volume 8 – nº 1 - 2014

nte a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem

direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da

evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do

preço ou das quantias que pagou: a) à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a

restituir; b) à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretame

resultarem da evicção; c) a custas judiciais e aos honorários do advogado por ele

Bürgerliches Gesetzbuch. BGB. Código Civil da Alemanha.http://www.ligiera.com.br/codigos/cc_alemao_(em_alemao).pdf. Acesso em: 14 de julho

Código civil anotado, vol. 4, Rio de Janei

– Contratos comerciais. São Paulo: Forense Universitária, 1990.

– Contratos mercantis. São Paulo: Atlas, 1997.

Curso de direito civil. v.3. São Paulo: Saraiva, 2010.

Dos contratos. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

Curso de direito civil brasileiro. v. 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

GAGLIANO, Pablo Stolze e PALOMA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil

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socialism.de/LeninMaterialismoAnexoCap2.htm. Acesso em 20 de junho de 2014.

Grande enciclopédia Larousse cultura. São Paulo: Nova Cultural, vol. 7,

nte a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem

direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da

icto, além da restituição integral do

preço ou das quantias que pagou: a) à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a

restituir; b) à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente

iais e aos honorários do advogado por ele

. Disponível em: http://www.ligiera.com.br/codigos/cc_alemao_(em_alemao).pdf. Acesso em: 14 de julho

Rio de Janeiro: Francisco

. São Paulo: Forense Universitária, 1990.

. São Paulo: Atlas, 1997.

v.3. São Paulo: Saraiva, 2010.

v. 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

Novo curso de direito civil. São

Buenos Aires:Astrea, 1998.

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