View
216
Download
1
Embed Size (px)
DESCRIPTION
No âmbito das celebrações do “Dia Europeu da Internet Mais Segura”, que este ano se assinalou a 5 de fevereiro, o Grupo Disciplinar de Português e a Biblioteca Escolar promoveram um concurso de expressão escrita subordinado ao tema “Geração Móvel e Desafios”. O e-Book que agora publicamos reúne os textos apurados ao nível das turmas, constituindo, em nossa opinião, um interessante documento que bem poderá merecer uma leitura e reflexão, por parte dos colegas dos autores dos trabalhos e da comunidade educativa em geral.
Citation preview
Grupo Disciplinar de Português
e Biblioteca Escolar
Concurso de Expressão Escrita
“Geração Móvel e Desafios” 3.º Ciclo e Secundário
Escola Básica e Secundária
de Ponte da Barca
Fevereiro | 2013
Sumário
Apresentação . . . . . . 03
3.º Ciclo do Ensino Básico . . . . 04
O meu grande amor! . . . . 05
Os Perigos das Redes Sociais . . . 07
Sorte grande! . . . . . 09
Ensino Secundário . . . . . 11
A Internet nunca se esquece! . . 12
A Ilusão . . . . . 14
Um mau momento . . . . 17
A sedução da Internet . . . 20
Desencontro . . . . . 21
Encontro indesejado . . . . 23
Desfecho inesperado . . . . 25
Apresentação
No âmbito das celebrações do “Dia Europeu da Internet Mais Segura”, que este ano se
assinalou a 5 de fevereiro, o Grupo Disciplinar de Português e a Biblioteca Escolar promoveram
um concurso de expressão escrita subordinado ao tema “Geração Móvel e Desafios”.
Com esta iniciativa, desenvolvida em dois escalões – 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino
Secundário –, pretendeu-se desafiar a criatividade e o exercício da expressão escrita dos alunos
e, ao mesmo tempo, aprofundar a reflexão sobre a questão dos direitos e responsabilidades de
quem navega pela internet.
A promoção de uma cada vez maior inclusão digital e um apelo à utilização crítica,
consciente e segura da internet, mediante a análise de situações concretas de risco e das
formas que existem de garantir a proteção no uso das tecnologias on-line e de telefones móveis,
especialmente entre as crianças e jovens, foram outros objetivos do concurso.
Os trabalhos foram desenvolvidos sob a orientação do respetivo professor da disciplina de
Português que, depois de uma seleção, encaminhou para o júri os melhores textos.
Reconhecendo a qualidade de todos os originais apresentados, a equipa responsável pela
análise final considerou merecedores de um aplauso especial um trabalho em cada escalão: “O
meu grande amor!”, de Vanda Tavares (3.º Ciclo do Ensino Básico) e “A Internet nunca se
esquece!”, de Mariana Antunes (Ensino Secundário)…
O e-Book que agora publicamos reúne os textos apurados ao nível das turmas,
constituindo, em nossa opinião, um interessante documento que bem poderá merecer uma
leitura e reflexão, por parte dos colegas dos autores dos trabalhos e da comunidade educativa
em geral.
Resta-nos agradecer ao Prof. Carlos Seco, Subcoordenador do Grupo de Informática, pela
disponibilidade que teve para editar este e-Book e também felicitar os participantes, desejando
que esta atividade contribua um pouco para que a geração dos mais novos esteja cada vez mais
atenta às oportunidades, mas também aos desafios e perigos que as novas tecnologias
“oferecem”.
Porque, como lembra Mariana Antunes, “‘tu até te podes esquecer do que fazes na
internet, mas a internet nunca se esquece!’”. E “depois pode ser tarde para se remediar o erro
cometido” (Vanda Tavares).
Prof. António Rocha, Subcoordenador do Grupo Disciplinar de Português
Prof. Luís Arezes, Coordenador da Biblioteca Escolar
3.º Ciclo
do Ensino Básico
O meu grande amor!
Vanda Antunes Tavares, 8.º E
Ainda era um jovem inocente e não conhecia muito bem os perigos a que estava
sujeito na internet.
Tudo começou quando me ofereceram o telemóvel que eu tanto queria: comecei
por experimentar os jogos, a sua sonoridade, pois adoro música, explorar as suas
potencialidades e mandei umas mensagenzitas aos meus amigos para lhes dar a
novidade.
Cheguei à escola a gabar-me do meu telemóvel topo de gama e senti até que
alguns amigos meus ficaram com uma pontinha de inveja. Mais tarde, já em casa,
fiquei horas a fio a mexer no telemóvel, nem queria comer, estava tão viciado, fiquei
um gabarolas de primeira. Ao fim de algum tempo, comecei a perder alguns amigos, é
verdade, mas tinha o meu grande amor, o telemóvel!
Como tinha muito saldo, um dia resolvi aceder à internet. A partir dessa altura,
comecei a passar lá muito tempo, até que um dia deparei-me com um anúncio muito
apelativo que dizia: “Parabéns! Foi o nosso vencedor desta semana, acabou de ganhar
internet grátis durante cinco anos! Clique em “Levantar o Prémio”. É óbvio que nem
hesitei, cliquei logo com grande alegria, sem ter noção dos perigos que podia estar a
correr.
Começou então a desaparecer dinheiro do saldo do meu telemóvel, cerca de 4
euros por semana. Eu não percebia o que estava a acontecer, por isso resolvi logo
pedir ajuda ao meu pai, informando-o do que me tinha sucedido. Claro que ele me deu
logo um raspanete e explicou-me que tudo aquilo estava a acontecer por eu ter caído
na cantiga de ganhar um prémio e por ter dado os dados do meu telemóvel a alguém
que eu não conhecia de lado nenhum, coisa que jamais se deve fazer. O meu pai
tratou, então, de cancelar o meu cartão e mudou para outro.
Apelo, por isso, a todos que nunca deem os vossos dados na internet, para que
não venham a ter uma experiência tão ou ainda mais desagradável do que a minha,
porque depois pode ser tarde para se remediar o erro cometido.
Os Perigos das Redes Sociais
Inês da Rocha Malheiro, 8.º D
A Rita estava entusiasmada por ter criado uma página no Facebook. Por isso,
começou a mandar pedidos de amizade a todas as pessoas que eram suas amigas e
aceitava todas as que lhe pediam amizade, independentemente de as conhecer ou
não.
Uma das pessoas que ela adicionou chamava-se Miguel. O Miguel começou a
falar todos os dias com a Rita e a mostrar-se muito interessado em conhecê-la.
Quando chegava a casa, ela ia a correr para o Facebook para falar com o seu novo
amigo virtual e esquecia tudo o que girava à sua volta, não estudava, não conversava
com os pais, fechava-se no quarto e também não socializava com os seus verdadeiros
amigos.
Ao fim de algum tempo, o amigo convidou-a para se encontrarem. Muito feliz, a
Rita aceitou e, nessa noite, nem conseguiu dormir a pensar no encontro do dia
seguinte. No dia marcado, a jovem foi para as aulas, mas prestou pouca atenção,
devido ao entusiasmo em que se encontrava para conhecer o seu amigo.
No final das aulas, foi ter ao local combinado, mas, quando lá chegou, reparou
que o sítio era muito isolado, sem iluminação e não havia qualquer pessoa, a não ser
um senhor com alguma idade e que se deslocava em direção a ela. Ficou um pouco
apreensiva, pois não queria acreditar que esta era a pessoa com quem tinha marcado
o encontro. O Miguel com quem ela pensava ter falado no Facebook era um rapaz
novo e bonito.
O senhor aproximou-se dela e apresentou-se como sendo o Miguel, fez-lhe
muitos elogios e disse que a queria conhecer melhor. Ao perceber que tinha sido
enganada, a rapariga disse-lhe que não estava interessada em conhecê-lo, já que ele
lhe tinha dito que era outra pessoa e que se ia embora, mas não pôde, porque o
homem agarrou-a agressivamente. Ela ainda se debateu e tentou fugir, mas não
conseguiu; ele acabou por violá-la e no fim deixou-a abandonada.
A Rita aprendeu da pior maneira que nunca se deve revelar os seus dados
pessoais, nas redes sociais, nem falar ou marcar encontros com desconhecidos.
Sorte grande!
Mariana Lopes, 8.º D
A grande notícia acabou de chegar ao meu correio eletrónico. Fui eu o escolhido,
entre um milhão de outros alunos, para ganhar a consola com que sempre sonhei! E é
tão simples basta, clicar onde diz “Aceito o prémio”.
No meu ecrã, apareceram várias perguntas tais como, o meu nome, idade,
número de telefone e a minha morada. Para conseguir receber o prémio, respondi a
todas as questões com a máxima atenção.
Na manhã seguinte, recebi uma mensagem onde me diziam que, ainda naquele
dia, me traziam a consola a casa.
Passados alguns minutos, tocaram à campainha, e dois homens apareceram à
minha porta com uma enorme caixa, devia ser a consola! Abri a porta e os dois
homens entraram, um era alto e forte o outro era igualmente forte, mas ligeiramente
mais baixo.
Eles pousaram a caixa no chão da sala e, de seguida, começaram a mexer em
todas as gavetas, armários e até inspecionaram a minha televisão!
– Parem! – gritei, mas de nada valeu, pois aqueles brutamontes agarraram-me e
fecharam-me à chave na casa de banho.
O meu vizinho, que estava a regar o jardim, veio em meu auxílio, mas não correu
tão bem como esperávamos, já que ele foi preso comigo, na casa de banho! Ficámos lá
os dois durante horas, até que alguém nos veio soltar, seriam os bandidos?
Na realidade, eram os meus pais que tinham acabado de chegar a casa e que
tinham ficado abismados com a confusão e a quantidade de objetos roubados.
Depois de lhes contar tudo o que acontecera, fiquei sem computador e umas
boas semanas sem televisão!
Nunca mais acredito nestes anúncios e, quando o meu castigo terminar, terei
mais cuidado com a utilização da internet!
Ensino
Secundário
A Internet nunca se esquece!
Mariana Antunes, 10.º D
Estava feliz.
Os dias passavam e em todos eles tinha um sorriso nos lábios, um brilho no
olhar. Sentia-me preenchida e satisfeita com a vida. Tinha muitos amigos, uma família
fantástica, boas notas e sobretudo o que pensava ser o namorado perfeito. Perfeito
mesmo. Às vezes dava por mim a pensar que para o resto da minha vida só precisava
de finalizar os meus estudos, trabalhar no que eu queria, casar com ele, ter filhos e…
final feliz! Parecia mesmo um conto de fadas!
Porém, nunca nos meus piores sonhos (já que estava a viver um sonho) pensei
no que se passaria meses depois.
Comecei a achar que o meu namorado (atual ex-namorado, ou melhor dizendo,
uma pessoa que nem conheço) não era o príncipe encantado como o tinha desenhado.
Mas o amor que sentia por ele era tão cego e de tal modo gigante que nem a isso
ligava.
E o inevitável aconteceu. A nossa relação acabou. Todavia, em vez de ficarmos
amigos, fruto de vários meses juntos, acabámos chateados, muito chateados! Ódio e
uma intensa vontade de vingança foi o que sobrou no coração dele. Aliás, esses
sentimentos passaram rapidamente do coração para a cabeça, tendo ele já preparado
um plano para eu deixar de ser uma pessoa feliz.
Bem…, já chega de lengalenga! Vou falar do que realmente me levou a escrever
este texto (ou espécie de diário, não sei).
Como já se deve perceber, o meu antigo namorado utilizou as redes sociais (sem
querer fazer publicidade), mais concretamente o Facebook, a mais utilizada neste
momento, com o simples objetivo de arruinar as minhas pedras preciosas: os meus
amigos.
Criou uma conta como se fosse eu e utilizou uma foto – incluída no meu perfil
verdadeiro – para a tornar mais credível. Enviou “pedidos de amizade” e conversou
com algumas pessoas minhas conhecidas (suponho que não tenham sido boas
conversas, segundo alguns relatos). Humilhou-me, publicando estados impróprios, se é
que me entendem… A conta falsa foi apagada, decorridos dois ou três dias, já não me
recordo bem.
Como se não bastasse, um ou dois meses depois, entrou na minha conta original
e fingiu ser eu, mas aí foram breves minutos e não foi tão grave como na primeira
situação.
Claro que chorei, sofri, sofri muito, mas não chorei por muito tempo. Felizmente,
tinha amigos que me conheciam e sabiam perfeitamente que tudo aquilo era falso,
que não podia ser eu e que, sem sombra de dúvida, era obra do meu “amigo”. Contei
com a ajuda de um anjo que desceu dos céus para me ajudar, uma minha professora
(já não é minha professora atualmente, mas não deixa de ser minha professora, pelo
simples facto de me ensinar a viver sempre que converso com ela), a quem devo muito
da minha felicidade. E se consegui levantar-me e voltar a ser feliz é grande parte a ela
que o devo. Agradeço muito aos meus amigos, que ainda são os meus amigos, passado
já quase um ano, e que hoje considero os meus alicerces. Não, como é óbvio, não me
esqueço da minha família que me ajudou muito, principalmente a minha mãe.
Concluindo, não cedam as vossas palavras-passe a ninguém. Eu cedi a minha,
confesso. Claro que a mudei, a do Facebook, mas esqueci-me de alterar a do correio
eletrónico. Se alguém confiar verdadeiramente em ti, não precisa das tuas senhas de
acesso. (Eu não fui obrigada, mas aprendi esta lição da pior maneira). Cuidado também
com as fotos, que podem ser colocadas em sítios que não queiras. Nada, mas mesmo
nada, é seguro neste “mundo”.
Acabo com uma frase que, de certeza, marcará a minha vida para sempre: “Tu
até te podes esquecer do que fazes na internet, mas a internet nunca se esquece!”.
A Ilusão
Adriana Almeida, 10.º D
Tudo acontece por qualquer razão, seja ela qual for, tenhamos culpa ou não.
Esta é a história de Isabela, um jovem de 18 anos, que não soube como lidar com
os problemas por que estava a passar e decidiu entrar num mundo virtual onde os
problemas se tornaram ainda maiores.
Isabela era vítima de bullying, e os pais, sem saberem como lidar com esta
situação, passavam dias e dias a discutir, presenciando Isabela muitas vezes essas
discussões.
Por mais que tentasse, Isabela já não aguentava essa agressividade com que se
consumiam os pais, e culpava-se por isso, até que um dia isolou-se de todos,
refugiando-se no seu quarto, fora do horário da escola, e a partir daí era apenas ela e a
internet, vivendo no seu mundo virtual, para se isolar do mundo real. Lembrou-se
então de criar um blogue onde podia desabafar anonimamente e falar através do chat
apenas para as pessoas que ela autorizasse.
Isabela encontrou o blogue de um rapaz, Mário era o seu nome, e achou-o lindo,
visitou o perfil dele e viu que também tinha 18 anos e decidiu falar com ele. Em pouco
tempo, já pareciam íntimos, falavam imenso, e davam-se muito bem, apesar de não se
conhecerem pessoalmente. Ela achava estar apaixonada por ele, e acabou por revelar
dados pessoais, como a sua morada, telefone, morada da escola, e enviou-lhe fotos e
ele fez o mesmo.
Os pais dela continuavam a discutir, sem chegar a um acordo, e ela, depois de
tanto tempo a falar pela internet, decidiu fugir com o Mário, tendo para tal marcado
um encontro.
Quando os pais deram pela sua falta, telefonaram de imediato para os colegas
dela mais próximos, porque apesar de ser vítima de bullying, tinha sempre alguém do
lado dela. Ninguém sabia dela, todos diziam que não a viram, nem estiveram com ela.
Procuraram mais uma vez nos seus locais favoritos, mas nem sinal. Enquanto isso,
Isabela já se encontrava longe com Mário.
O seu desaparecimento foi comunicado à polícia, prepararam buscas, mas não
tinham pistas para poderem continuar.
Isabela e Mário começaram a namorar, e ela finalmente ficou longe dos seus
problemas, mas o que ela não sabia é que se ia deparar com problemas ainda maiores.
Ela achava-o amoroso, ele dava-lhe flores, chocolates, fazia-lhe tudo, mas um dia
essa paixão que ele sentia por ela tornou-se uma obsessão, as crises de ciúmes eram
cada vez mais frequentes, chegou ao ponto de lhe bater, ela tentou terminar o
namoro, mas ele não aceitou e prendeu-a em casa, e estava sempre a dizer: “se não és
minha, não és de mais ninguém!”.
Entretanto, do outro lado, os pais da Isabela pararam de discutir e trabalharam
em conjunto para encontrar a filha.
A mãe encontrou o computador e o blogue de Isabela, descobriu com quem ela
fugiu e levou as provas para a polícia. Reconheceram-no logo, porque já tinham
recebido queixas de agressão e maus tratos que ele praticava frequentemente a jovens
da idade dele ou até mais novas, mas nunca o encontraram.
Passado um mês, a polícia recebe novas pistas do seu paradeiro e conseguem
apanhá-lo. Ele foi condenado a prisão durante longos anos, os suficientes para poder
refletir, enquanto que Isabela foi internada num hospital em muito mau estado. Tinha
lesões graves e estava traumatizada com tudo o que tinha acontecido.
Quando ela melhorou, os colegas foram visitá-la e ficaram muito mais próximos
dela, os pais nunca mais discutiram, o bullying acabou, todos aqueles que o praticavam
contra ela pediram-lhe desculpa. Todos juntos ajudaram-na a recuperar...
Os perigos da internet encontram-se em todo o lado e não escolhem, nem idade,
nem motivos. Nunca se deve revelar os dados pessoais a estranhos na internet, por
mais que pareçam inofensivos.
Um mau momento
Adriano Rodrigues, 10.º D
Era uma segunda, de manhã, a minha mãe estava a chamar-me para ir para a
escola porque já estava atrasado, “Despacha-te, rapaz, que o autocarro está a chegar!”
– disse ela. “Já vou, estou quase pronto” – disse eu, mas a verdade é que estava
pronto há muito tempo, só que a vontade de estar no Facebook era maior do que a de
ir para a escola.
Estava no meu quarto, como já era habitual, a falar com a minha “amiga” Fanny,
uma rapariga que me enviou um pedido de amizade há já dois meses e eu, como rapaz
engatatão, claro que aceitei. Nesse dia, quando vi as fotografias, fiquei todo contente e
entusiasmado, era como se tivesse acertado no euromilhões, ainda por cima era de
uma terra que ficava apenas a 20 km da minha. Nesse dia, era como se fosse o dia mais
feliz da minha vida, mal eu sabia o que ainda estava para vir!
Dois meses já tinham passado, era terça-feira, à tardinha, tinha acabado de
chegar da escola, estava a descarregar os meus jogos no Facebook, quando a minha
“amiga” Fanny me falou inesperadamente, o que achei estranho, porque em dois
meses sempre que ela me falava era de noite, ao fim do jantar, ou de manhã, antes de
ir para a escola, mas não dei muita importância ao caso, pois não era nada de mais.
Ela perguntou, “tudo bem contigo, querido?”, e eu respondi, “claro, como
sempre, e tu?”, e ela acrescentou, “bem, mas um pouco triste!”. Eu, curioso,
perguntei-lhe a razão da sua tristeza, e ela respondeu-me: “queria encontrar-me
contigo, para te conhecer melhor! Para ver se podemos ter uma relação um pouco
mais próxima, podemos encontrar-nos no sábado, à tarde!”; e eu entusiasmado
perguntei-lhe “claro que sim, mas onde?”, e ela respondeu-me, “à beira do rio, no
largo da feira, pois lá ao sábado passa pouca gente e assim podemos conversar mais à
vontade. Pode ser?”. Empolgado, disse-lhe: “já lá estou, mal posso esperar, até
sábado!”.
A semana passou e chegara finalmente aquele sábado! O sol brilhava, os
passarinhos cantavam, a minha família tinha ido para fora…, estava tudo reunido para
que fosse o melhor dia da minha vida. Eram duas da tarde, eu e a Fanny tínhamos
combinado lá estar às duas e meia, mas eu, empolgado, já lá estava.
Uma hora passou e ninguém aparecia até que, por fim, lá ao fundo, vi chegar
umas pessoas vestidas de negro na minha direção. Chegaram à minha beira e
perguntaram se eu era o João e eu disse que sim. Então eles disseram- me, “bem, nós
somos a tua querida Fanny, somos quem tu esperavas?. Eu fiquei gelado, sem
palavras, talvez porque já não estava a tremer de nervosismo, mas, sim, de medo. A
minha reação foi começar a correr, a correr o mais rápido possível…, eu corri, corri,
mas os homens continuavam atrás de mim.
De repente, vejo uma carrinha na minha direção, eu corri para ela para pedir
ajuda. Mas depressa me dei conta de que era um logro. Já dentro da carrinha, reparei
que o motorista tinha uma arma e vi os dois homens que anteriormente me
perseguiam a entrar no veículo. Eu tentei escapar, ainda consegui sair da carrinha, mas
eles agarraram-me, e eu fiz a única coisa que podia fazer naquele momento, gritar!
Gritei, gritei e voltei a gritar, “socorro, ajudem-me!”, mas ninguém aparecia, até que vi
dois colegas meus a sair de um barzito que havia lá perto, e eles reconheceram-me. O
pai do Bruno (um deles), polícia, que o esperava à entrada do bar, ao aperceber-se do
que se passava, move perseguição aos raptores, que não se aperceberam de que
estavam a seguir seguidos. Fomos dar a um armazém velho que existia ali perto. Sem
saber o que me iria acontecer, eis que se ouvem as sirenes à volta do edifício e nesse
momento eu acreditei que tudo poderia acabar bem. Assim foi: de um assalto, a
polícia capturou os raptores e eu fui encaminhado para casa. Ainda hoje não sei bem o
que queriam de mim e o mal que me poderiam fazer!
Esse dia que eu julgava que ia ser um dos melhores da minha vida acabou por ser
o pior, mas pelo menos alertou-me para o facto de que não devemos dar tanta
importância aos “amigos” que arranjamos nas redes sociais, mas , sim, aos reais, aos
nossos verdadeiros amigos, que estão lá quando é preciso, tais como os meus dois
colegas que me salvaram do que se tornou no pior da minha vida!
A sedução da Internet
Bárbara Fonte, 10.º A
Querida Inês:
Com tudo o que aconteceu ao longo deste ano, consegui perceber as preocupações das
nossas mães, quando dizem para não falarmos com desconhecidos pela internet. Não me
orgulho do que aconteceu, mas vejo isso como uma lição de vida.
Tudo começou com um simples “Olá”
de uma pessoa que me era estranha. Mas eu
pensava: “ Porque não falar com ele? De
certeza que não me vai acontecer nada, até
pode vir a ser um grande amigo...”.
O que seria uma conversa casual de
amigos da internet passou para algo mais: as
fotos que ele colocava no seu mural, as frases meigas que eu recebia dele…, era tudo uma
ilusão! Mas eu acabei por me apaixonar verdadeiramente pelo rapaz fictício que existia atrás
de um computador. Acabei por ceder à tentação de conhecer aquele rapaz misterioso que eu
só conhecia por fotografias, e marquei um encontro, num parque discreto, calmo, silencioso.
Ele apareceu, mas quando olhei para ele não vi o rapaz charmoso, atraente das fotos
postadas no seu mural e a sua idade era muito superior à minha. Começamos a conversar, mas
ele queria mais e comecei a sentir a mão dele no meu corpo. Eu estava desprotegida, presa
naquele parque sombrio. Acabei por arranjar coragem e fugir dali o mais depressa que pude.
Tudo acabou, reconheci o meu erro e contei à minha mãe a ingenuidade que me levou a
tal comportamento com pessoas estranhas. Eu reagi positivamente, mas há pessoas que
acabam muito feridas psicologicamente.
Conto-te a minha história para não caíres no meu erro, pois torna-nos mais responsáveis
e não pensamos que as coisas más acontecem apenas aos outros.
Beijinho,
Diana.
Desencontro
Raquel Fernandes, 10.º A
– Mas… mãe, já são 18 horas, é a minha hora de ir à internet e, além do mais, já
fiz os trabalhos da escola…
– Acabou a conversa, tens teste amanhã e quero que vás estudar. Agora!
Eu ainda tentei
convencê-la, mas foi em vão.
Chateada, fui para o meu
quarto e mesmo assim liguei o
computador. No relógio já
eram 18:15. Será que ele
estava online? – pensei eu.
Mas que grande ansiedade a
minha! Afonso era o seu
nome. Falava com ele diversas vezes e a vontade de o conhecer era cada vez maior.
Seria ele tão perfeito como o demonstrava?
– Boa! Ele estava online e não hesitei em dizer-lhe um “olá”. Ele demorou a
responder, mas acabou por me retribuir um: – Oi, miúda, tudo bem?
Cada vez que falávamos, o meu coração batia tão rápido como a chuva cai do céu
num dia de tempestade. Continuámos a típica conversa de todos os dias: “como correu
o teu dia, que me contas de novo, gosto muito de ti…”. Até que ele me perguntou algo
de novo: “quando é que vamos estar juntos?”. Eu estava tão feliz que combinámos
encontrar-nos logo no dia seguinte, junto ao rio.
Depois de muitas e muitas voltas durante a noite, o dia finalmente chegou. E à
hora marcada encaminhei-me para o local do encontro e aguardei. Passaram muitas
pessoas: um grupo de amigos, casais apaixonados que caminhavam de mãos dadas e
um rapaz que corria de um lado para o outro, para manter o físico, pensei. Decorridos
uns bons vinte minutos, um homem com os seus 25-30 anos, magro, alto, cabelo
castanho e bem vestido aproximou-se:
– Olá miúda, demorei muito?
Eu perguntei-lhe, medrosamente, o que é que queria e disse-lhe para se ir
embora. Por fim, explicou-me que era o tal rapaz com quem eu marcara o encontro e
eu nem queria acreditar que fora enganada. Senti-me a ser fortemente agarrada como
se me faltasse o ar e a liberdade e ele beijava-me violentamente. Só me apetecia
chorar e livrar-me daquele psicopata. Então, gritei com toda a minha força, enquanto
ele me tentava impedir. Olhei, e vi o rapaz, que corria de um lado para o outro, a vir na
minha direção para me ajudar.
Tive muita sorte em ser socorrida por este meu herói; se não tivesse aparecido
naquele momento, eu nem quero imaginar o que me poderia ter acontecido. Mas
como nem em todas as histórias existe um herói, nem um final feliz, nunca, mas
mesmo nunca fales com alguém que não conheças. A internet é um pequeno/grande
mundo em que tudo pode parecer ser aquilo que realmente não é.
Encontro indesejado
Rui Gomes, 10.º D
Era uma vez uma rapariga, chamada Helena, com 15 anos de idade, que era
obcecada pelo Facebook. Estava online diariamente e com vários acessos por dia.
Em certa ocasião, como era costume, estava no Facebook e um rapaz começou a
falar com ela. Como o rapaz lhe agradou, ela deu-lhe conversa e foi na onda. A cada
momento que passava, Helena começava a gostar mais dele.
Num certo dia, o rapaz convidou-a para um encontro, tendo ela aceitado
prontamente o convite e ficando desde logo muito entusiasmada. Não passava um dia
sem pensar nele; nas aulas não estava atenta, em casa não saía do quarto, só estava
bem à frente do computador. Entretanto, os pais aperceberam-se de que se passava
algo com a sua filha e tentavam indagar o que se passava, mas ela não se abria.
Até que chegou o grande dia, o momento por que ela esperava há muito.
Produziu-se toda para aquele rapaz que tanto amava! Ao sair de casa, disse aos pais
que ia para a escola, como de costume; mas no caminho procurou um táxi e dirigiu-se
para o local do encontro. Estava muito nervosa, quase não conseguia respirar.
Esperou, esperou, esperou…, o rapaz nunca mais chegava; a cada minuto que passava,
mais nervosa ficava. Finalmente viu surgir um carro, ela quase não conseguia respirar,
tal era a emoção de ver aquele por quem se apaixonara. Porém, quando ele sai do
carro, ela apanhou o maior susto da sua vida: era um homem de cerca de 65 anos,
todo arranjado. Ela não queria acreditar no que estava a ver.
Quando chegou à beira dela, deu-lhe dois beijos na cara e disse que era muito
bonita, mesmo como ele imaginara. Ela só queria sair dali, correr, fugir, desaparecer!
Então, dissimulando o medo que a invadia, pediu desculpa, que tinha de se ir embora.
O homem apercebeu-se do que se estava a passar e agarrou-a, dizendo que ela era só
sua e que se não fosse dele não era de mais ninguém. Encostou-a contra uma parede e
violou-a, deixando-a sozinha, naquele local vazio, a chorar perdidamente.
Em casa, os pais receberam uma chamada da diretora da escola a dizer que a
Helena tinha faltado às aulas. Então, o pai abriu o computador da Helena e foi uma
sorte ela deixar o Facebook ligado: leu as mensagens e dirigiu-se sem demora para o
local onde ocorrera o encontro. Mal chegaram lá, viram a filha estendida no chão, a
chorar. Aperceberam-se de que algo de muito mau se tinha passado, mas ela não quis
contar. Quando chegaram a casa, ela trancou-se no quarto durante vários dias.
A partir de então, Helena aprendeu uma lição de vida: que não se pode confiar
nas pessoas que não se conhecem e que o perigo espreita nas redes sociais.
Desfecho inesperado
Sofia Sousa, 10.º A
Hoje em dia, a internet e os perigos que ela comporta são temas diariamente
abordados em contextos diversos. Até há pouco, eu julgava que todos aqueles casos
que são reportados à internet só aconteciam aos outros e não a mim. Mas estava
completamente enganada…
Certo dia, estava eu no
Facebook – como habitualmente
faço – quando um rapaz muito
bonito me envia um pedido de
amizade. Sem hesitar, aceitei e ele
começou logo a falar comigo no
chat.
Todos os dias ansiava por
falar com ele e até sentia um “bichinho” dentro de mim que não conseguia controlar.
Pensava nele a toda a hora e só imaginava o momento em que chegava a casa, ia para
o Facebook e falava longamente com ele.
Nas nossas conversas, ele punha a hipótese de nos conhecermos pessoalmente,
mas eu descartava logo a ideia e mudava de assunto. Só que ele insistia cada vez mais.
Então, com medo que deixasse de falar comigo e ao mesmo tempo com uma certa
curiosidade, aceitei a proposta dele. Esse encontro não foi na minha vila, aliás, foi ele
quem escolheu o local.
Sem pensar nos riscos do meu comportamento, não avisei ninguém para onde ia
e lá fui sozinha à descoberta.
Quando cheguei ao local, fiquei surpreendida: em vez do rapaz bonito da minha
idade, estava um trintão com péssimo aspeto. Pelos sinais que me tinha dado, vi logo
que era ele. Antes que reparasse na minha chegada, desatei a correr até à paragem de
autocarro. Tinha desligado o telemóvel, no caso de os meus pais me contactarem.
De regresso a casa, refletia sobre as possíveis consequências do meu
procedimento; eu poderia ter sido mais um caso entre tantos outros que aparecem na
televisão e que são vítimas de descuidos no uso da internet.
Por isso, mais uma vez, é importante estarmos vigilantes no uso que fazemos da
internet: é ótima para fazer pesquisas e adquirir conhecimentos, mas é preciso ter
muito cuidado com quem falamos no Facebook e nas outras redes sociais, pois os
nossos atos imprudentes podem sair-nos muito caro.
Escola Básica e Secundária
de Ponte da Barca
2013