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GOVERNO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL NRE DE PONTA GROSSA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA O PEDAGOGO E A FORMAÇÃO EM SERVIÇO DO PROFESSOR: Roteiros para cine-fórum com análise na perspectiva Histórico-Social Prof.PDE: Marli Aparecida Ferreira Dancosky Prof.Orientadora: Elenice Parise Foltran PONTA GROSSA 2008

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GOVERNO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

NRE DE PONTA GROSSA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

O PEDAGOGO E A FORMAÇÃO EM SERVIÇO DO PROFESSOR:

Roteiros para cine-fórum com análise na perspectiva Histórico-Social

Prof.PDE: Marli Aparecida Ferreira Dancosky

Prof.Orientadora: Elenice Parise Foltran

PONTA GROSSA

2008

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APRESENTAÇÃO

Ao analisar a literatura educacional que aborda o tema da

formação de professores, os programas educacionais, bem como a

legislação em vigor no Estado e no País percebe-se que a formação

continuada e em serviço é encarada como elemento estratégico para

a construção da efetiva qualidade da educação.

No Estado do Paraná, a nova política de formação continua-

da e valorização dos professores da educação básica da rede públi-

ca estadual, no documento síntese sobre o PDE (Programa de De-

senvolvimento Educacional) (Paraná, 2007) coloca a formação em

serviço do professor como um desafio “... tendo em vista a supera-

ção de políticas e programas de formação continuada que têm se

mostrado ineficientes frente aos complexos problemas da educa-

ção, como o acesso, a repetência e a evasão, entre outros”.

Novos saberes são tidos como necessários hoje à prática

docente, portanto, estes precisam se constituir em objeto de estu-

do e reflexão na formação continuada do professor. “Segundo Ku-

enzer (1999),

“...em face da complexificação da ação docente, ele (o educa-dor) precisará ser um profundo conhecedor da sociedade de seu tempo, das relações entre educação, economia e sociedade, dos conteúdos específicos, das formas de ensinar, e daquele que é a razão do seu trabalho: o aluno”. (PARANÁ, 2007 p.12, )

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Ao mesmo tempo a Superintendência de Educação, através

da Coordenação de Apoio à Direção e Equipe Pedagógica ao apresen-

tar uma descrição das atividades pertinentes à função do professor

pedagogo aponta que lhe cabe no interior da escola promover e co-

ordenar reuniões pedagógicas; grupos de estudo para reflexão e a-

profundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico e para a

elaboração de propostas de intervenção na realidade escolar; e, ela-

borar o projeto de formação continuada do coletivo de professores

e promover ações para sua efetivação..

Nesta perspectiva é que este caderno pedagógico foi ideali-

zado durante várias etapas de um rico processo de estudo e pesqui-

sa, ocorrido durante o PDE (Programa de Desenvolvimento Educa-

cional), como uma proposta para o trabalho do pedagogo em relação

à formação continuada e em serviço do professor.

Este material tem o objetivo de se constituir em ponto de

partida para o processo reflexivo tão necessário à prática pedagó-

gica que se queira competente e compromissada com os valores hu-

manos, éticos, de justiça e solidariedade. Para isso, sob nosso ponto

de vista, se torna primordial ultrapassar o âmbito dos conteúdos

específicos e analisar os tempos,espaços da prática educativa, bem

como os processos, e as relações que ocorrem na escola e entre os

seus protagonistas.

“Não sei como preparar o educa

dor. Talvez que isto não seja

nem necessário e

nem possível...É necessário a

cordá-lo. (...) basta que o ch

amemos do seu sono

por um ato de amor e de cora

gem. E, talvez acordado, ele

repetirá o milagre

da instauração de novos mund

os.” (Rubem Alves, 1982, p.2

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Para realizar essa análise propomos aos pedagogos partir de

roteiros de cine-fórum, considerando a capacidade explicativa e in-

terpretativa que a linguagem cinematográfica encerra e as experi-

ências significativas que possibilita ao aproximar-se da realidade

vivida na escola e até mesmo de ultrapassa-la através da ficção.

O cinema, para o campo educacional, tem uma natureza pe-

dagógica e apresenta bons resultados na formação permanente das

pessoas porque ajuda a observar, vendo e sentindo, enriquece pen-

samentos e sentimentos, além de despertar a criticidade. Por isso a

reflexão sistematizada do cine-fórum, a nosso ver, tem na aborda-

gem histórico-social, a melhor possibilidade de construir uma nova

prática social e produzir uma certa autonomia do professor no ge-

renciamento de sua própria formação.

Sabemos que este material é apenas um esboço diante do

grande potencial que a abordagem proposta encerra e que muitos

outros pedagogos e professores são portadores de valiosas contri-

buições, por isso o consideraremos como “material em construção”.

Ainda assim, temos uma grande expectativa quanto aos resultados

deste trabalho, pois como pedagogos e interlocutores no ambiente

escolar, acreditamos que este seja um caminho viável para a supera-

ção das principais dificuldades sentidas no interior da escola e nas

relações que se estabelecem em seu palco principal: a sala de aula.

Bom proveito para todos. Um abraço.

* Todas as imagens utilizadas neste trabalho são ilustrações do Clip-arts no Office Online.

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SUMÁRIO

1.Fundamentação da proposta...........................6

1.1 Sobre a complexificação da ação docente......................6

1.2 A necessária formação continuada e em serviço

do professor.........................................................................11

1.3 A formação continuada e em serviço na perspec-

tiva histórico-social...........................................................14

1.4 O pedagogo e seu papel na formação continuada

e em serviço do professor............................................. 21

2. O cine-fórum como possibilidade pedagógica na

formação do professor..............................24

2.1 Sugestões de roteiros para cine-fórum............28

2.1.1 Algumas considerações..................................................27

2.1.2 Roteiro 1 - Filme: Um novo homem.............................30

2.1.3 Roteiro 2 - Filme: O preço do desafio.......................37

3. Indicação de filmes educativos.....................46

4. Indicação de portais, sítios, sites, sobre cinema

e educação e leituras complementares .............. 47

5. Referências.......................................... 50

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1. Fundamentação da proposta

1.1. Sobre a complexificação da ação docente.

Hoje, no exercício do magistério, estudar e se profissionali-

zar cada vez mais, num processo de formação contínua, superar o

abismo entre as teorias professadas e as teorias praticadas têm

sido desafios constantes ao professor, de quem se exige uma sólida

formação filosófica, política, econômica, científica e técnica.

Ser professor hoje, como diz Gadotti (2002, p.7), “não é

nem mais fácil nem mais difícil do que era há algumas décadas atrás.

É diferente.” O contexto onde o professor deve exercer sua ativi-

dade profissional, ou seja, a tarefa de educar e de conduzir à a-

prendizagem, em partes permanece como décadas atrás. A organi-

zação do currículo, do espaço e do tempo, da avaliação e muitos dos

materiais utilizados na prática pedagógica também permanecem

quase imutáveis, mas os atores que protagonizam o espetáculo da

educação, trazem para esse espaço as marcas de uma sociedade glo-

balizada, tecnológica, cada vez mais individualista, fechada, compe-

titiva, consumista. Uma sociedade onde o instrumental tecnológico e

seu potencial evoluem rapidamente e proporcionam avanço significa-

tivos nas ciências; facilitam a comunicação virtual entre as pessoas,

mas ocupam o tempo/espaço que poderia ser empregado para fazer

amigos reais, pelo contato próximo e pela convivência; uma socieda-

de globalizada, tecnológica que amplia as diferenças, as desigualda-

des sociais e onde a alteridade não encontra mais sentido.

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Há algumas décadas ao professor cabia apenas executar a

proposta pedagógica, para o que bastava ter um bom plano de aula.,

Na escola tudo estava pronto à sua espera, era só se deixar guiar

pela rotina, pelos hábitos dos colegas, adotar os discursos conven-

cionais, reafirmar as regras claras e inquestionáveis da instituição,

encaminhar os alunos considerados intratáveis para o encarregado

pela disciplina ou para a Direção e, ao final do ano fechar suas no-

tas, apresentar os resultados, eliminando os que não atingiram o

nível exigido. Tudo isto sem questionamentos próprios ou de quem

quer que fosse. Hoje a situação se inverteu e os professores, que

em grande parte foram educados nesse sistema, se vêm obrigados

a assumir um novo papel no coletivo escolar.

Na perspectiva da gestão democrática faz parte das atri-

buições do docente: participar deste coletivo escolar e de suas ins-

tâncias colegiadas; tomar decisões em conjunto; elaborar planos e

projetos; construir uma prática pedagógica capaz de atender a di-

versidade sócio-cultural dos alunos; despertar o interesse dos alu-

nos, ou seja, motivá-los para sua própria aprendizagem, tendo em

vista que:

(...) os estudantes, os alunos, são seres humanos cujo assenti-mento e cooperação devem ser obtidos para que aprendam e para que o clima da sala de aula seja impregnado de tolerância e de respeito pelos outros. Embora seja possível manter os alunos fisicamente em uma sala de aula, não se pode forçá-lo a aprender. Para que aprendam, eles mesmos devem, de uma maneira ou de outra, aceitar entrar em um processo de apren-dizagem. (TARDIFF, 2000, p. 17)

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Devido à pouca importância que hoje uma grande maioria dos

alunos demonstram em relação aos saberes escolares, os professo-

res devem reconstruir dia-a-dia a motivação dos seus alunos para o

trabalho da sala de aula, o que se torna uma tarefa imprescindível e

exigente em relação ao trabalho docente porque “(...) exige media-

ções complexas da interação humana: a sedução, a persuasão, a au-

toridade, a retórica, as recompensas, as punições, etc.” (TARDIFF,

2000, p.17)

A autoridade segundo Gomes (2005, p.296) precisa ser ne-

gociada cotidianamente e legitimar-se a cada momento, dissociada,

tanto quanto possível, do poder, cujo excesso, entre os alunos é

considerado como “sadismo” e sua falta “fraqueza”.

O professor precisa reconhecer a heterogeneidade nos gru-

pos de seus alunos, atender as diferenças individuais apesar de le-

cionar em inúmeras escolas e turmas. Tardiff considera que:

“Os professores embora trabalhem em grupos devem atingir os indivíduos que os compõem porque são os indivíduos que apren-dem (...) a disposição do professor para conhecer seus alunos como indivíduos deve estar impregnada de sensibilidade e de discernimento a fim de evitar as generalizações excessivas e de afogar a percepção que ele tem dos indivíduos em um agre-gado indistinto e pouco fértil para a adaptação de suas a-ções” (TARDIFF 2000 p.17)

Na verdade, dentro da sala de aula o professor trabalha

com outro conteúdo, além do específico, que se traduz para Arroyo

(2000) na arte de lidar com as pessoas, de acompanhar seus proces-

sos complexos de formação, de produção e apreensão dos saberes e

valores.

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Não se trata absolutamente de menosprezar os conhecimen-

tos específicos, mas de atentar para sua construção social e cultu-

ral; não se trata de desenvolver apenas o aspecto cognitivo, mas de

lembrar que na escola o desenvolvimento do aspecto afetivo e rela-

cional, com suas vivências e valores forma o “ser humano”.

As Diretrizes para o Ensino Fundamental da Rede Pública

Estadual em sua diretriz nº. 2, traz uma citação de Moreira (2006

p.30), segundo a qual é necessário que se faça da escola um espaço

aberto de pesquisa, de construção e reconstrução do conhecimento

o que exige que todo o intelectual assuma o compromisso com a pes-

quisa e com o posicionamento político Isto significa restituir ao pro-

fessor o papel de intelectual da educação, ao fazer da sala de aula

um espaço onde o contexto social seja debatido e analisado, a ponto

de ao compreendê-lo e identificando suas contradições, ser capaz

de extrair dele alternativas de melhoria, de superação de uma pos-

tura ingênua para uma postura mais crítica, não apenas a nível de

discurso, mas de luta por uma vida mais justa e solidária.

Assim, precisa-se hoje de um professor que, não formado

nessa perspectiva, busque construir-se como intelectual, pesquisa-

dor de sua própria prática e do conteúdo que desenvolve, o que rei-

tera a necessidade da formação continuada e em serviço, porque

como situa Tardiff (2000, p.15) o professor precisa mobilizar um

vasto cabedal de saberes e habilidades porque sua ação é orientada

por diferentes objetivos: emocionais, sociais, cognitivos, coletivos.

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Então, se pode questionar: que formação, que saberes além

dos conteúdos específicos poderão restituir ao professor a autono-

mia e a confiança pedagógica tão necessárias ao desempenho de sua

ação docente e ao seu papel de educador, parafraseando Rubem Al-

ves (1982), um educador fundador de mundos, mediador de espe-

ranças, pastor de projetos ?

Os educadores precisam

compreender que ajudar as

pessoas a se tornarem pessoas

é muito mais importante do

que ajudá-las a tornarem-se

matemáticas, poliglotas ou coi-

sa que o valha."

(Carl Rogers)

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1.2 A necessária formação continuada e em

serviço do professor.

No caminho das políticas de formação continuada dos docen-

tes, na visão de Behrens (1996), não são pacotes, reformas e inge-

rências que transformam simplesmente a educação. Só a reflexão

sobre a prática realmente fará isso. E só os que vivem essa prática

conscientemente poderão fazê-lo.

Estudos indicam que a formação continuada deve ocorrer no

espaço da própria escola, considerando a heterogeneidade do pró-

prio corpo docente com suas histórias e experiências, buscando e-

xercitar a reflexividade crítica sobre o saber e o fazer pedagógico,

numa permanente reconstrução da identidade do professor no con-

texto atual. Esta é a concepção de Candau, citada por Mizukami

(2003, p.27)

“O lócus da formação a ser privilegiado é a própria escola; (...). Todo o processo de formação tem de ter como referência fun-damental o saber docente, o reconhecimento e a valorização do saber docente. Para um adequado desenvolvimento da formação continuada, é necessário ter presentes as diferentes etapas do desenvolvimento profissional do magistério; não se pode tratar do mesmo modo o professor em fase inicial do exercício profis-sional, aquele que já conquistou uma ampla experiência pedagó-gica e aquele que já se encaminha para a aposentadoria; os pro-blemas, necessidades e desafios são diferentes (...) (CANDAU, 1996, p.143)

Esse pode ser um espaço onde cabem propostas de forma-ção continuada que se voltem para o “saber estudar” (Demo, 1991, p.191), saber pesquisar e elaborar individual ou coletivamente suas sínteses e aprendizagens.

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Saber pesquisar aqui não se refere à pesquisa sistemática,

laboratorial e científica, mas de um ato de aprender que repousa no

questionar e se faz pelo reconstruir, pelo experimentar.

Ainda, Pedro Demo (2002) faz uma analogia do professor

como uma “máquina autopoiética” que funciona de dentro para fora,

que aprende pela observação, interpretação, reconstrução. Nesta

ótica pode-se notar a indicação de alguns processos mentais que ge-

ram uma aprendizagem significativa e que possivelmente podem ge-

rar um maior êxito na formação continuada do docente.

Nesse processo o professor constrói seu próprio discurso,

argumenta e contra-argumenta com propriedade, fundamentando o

que diz, e, porque capaz de crítica e auto-crítica, sabe que as ver-

dades de hoje podem ser suplantadas amanhã; porque reconhece,

numa visão socrática, que o saber é limitado.

Ao falar sobre os conhecimentos a serem abordados nos

cursos de formação continuada, Demo (1991) afirma que é preciso

encontrar o correto ponto de equilíbrio entre o conhecimento espe-

cífico, verticalizado e a condição de aprender além do estritamente

disciplinar. Não se trata de dizer que o professor deve ser “sabe-

tudo”, mas alguém que tem a condição de enxergar a complexidade

do real, sobre o qual vários olhares podem incidir, além do entendi-

mento do cruzamento entre os campos e áreas do saber.

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Para Mizukami (2003, p.74) “as oportunidades adequadas de

aprendizagem profissional – nas quais os professores possam vir a

ter chance de investigar; experimentar, consultar, avaliar – devem

estar incorporadas à organização de seu trabalho diário”.

Isto vale dizer que os professores precisam trabalhar com

seus pares, sejam ou não de sua escola, seja de forma presencial ou

virtual, pois partilhando idéias, conhecimentos, sucessos, fracassos

as formas de ensinar podem ser inovadas, formando grupos de mem-

bros individuais considerados como agentes que aprendem pela or-

ganização à que pertencem. “Há aprendizagem organizacional quando

os membros experienciam uma situação problemática e questionam,

investigam e refletem em favor da organização. O resultado desse

dinamismo é a modificação das teorias-de-ação em uso.

“(MIZUKAMI, 2003, p.81).

Toda a atividade humana envolve alguma forma de pensa-

mento, logo o pensamento e a prática são indissociáveis, por isso

também não podemos separar a capacidade reflexiva do professor

de sua atividade docente, pois como afirma Nóvoa (1992, p.26): (...)

este é o único processo que pode conduzir a uma transformação de

perspectiva e a uma produção, pelos próprios professores, de sabe-

res reflexivos e permanentes” .

Para que a formação continuada não se detenha na reflexivi-

dade, mas oportunize ao professor tornar-se um sujeito pensante,

culto e crítico, capaz de captar as distorções sociais e culturais de

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sua própria prática é preciso partir da idéia que “(...) as ações de

formação continuada são ações didáticas, elas próprias consistem

de um processo de ensino, de modo que tudo o que queremos que a-

conteça nas escolas em termos de mudança de atitude dos profes-

sores na sala de aula, deve acontecer também nas ações de forma-

ção continuada.”(LIBÂNEO, 2002, p.40).

O núcleo da formação em serviço que aqui se propõe tem co-

mo ponto de partida e de chegada do processo reflexivo a prática

que se quer transformadora, considerando os professores, não co-

mo seres abstratos e nem apenas intelectuais, mas como seres soci-

ais, com suas identidades pessoais e profissionais, que por viver em

grupo partilham uma cultura, de onde derivam seus conhecimentos,

valores e atitudes, num processo que é ao mesmo tempo, social e

intersubjetivo. Nesse sentido o estudo, a pesquisa, as imagens, os

diálogos, os recursos audiovisuais e tecnológicos disponíveis serão

buscados para ajudar a decifrar a realidade, para então decidir pela

ação mais eficiente para mudá-la, por isso é que “na formação per-

manente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão

crítica sobre a prática.” (FREIRE, 1996, p.43)., o que pode ocorrer

mediada pela metodologia histórico-social como veremos a seguir.

“Nunca me foi possível separar em dois momentos o ensino dos conteúdos da formação ética dos e-ducandos. A prática docente que não há sem a discente é uma prática inteira”. (FREIRE, 1996,

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1.3 A formação continuada e em serviço na pers-pectiva histórico-social.

Mazzeu (1998) no texto “Uma proposta metodológica para a

formação continuada de professores na perspectiva histórico-

social”, explica que nessa abordagem a formação continuada do pro-

fessor toma como base a prática pedagógica e situa como finalidade

dessa prática levar os alunos a dominarem os conhecimentos acumu-

lados historicamente pela humanidade. Para conseguir que os alunos

se apropriem do saber escolar de modo a se tornarem autônomos e

críticos, o professor precisa estar, ele próprio, apropriando-se des-

se saber e tornando-se cada vez mais autônomo e crítico.

O processo de formação continuada na perspectiva histórico

– social que Mazzeu apresenta em seu trabalho, centra-se em três

eixos básicos a saber:

- o domínio do saber acumulado no que se refere ao conteú-

do escolar e às formas de ensiná-lo;

- o domínio da concepção dialética como meio de desenvolver

uma ação e reflexão autônomas e críticas;

- a formação de uma postura ético-política guiada por senti-

mentos e valores que possibilitem ao professor esse saber acumula-

do como meio para o desenvolvimento pleno do aluno e para seu pró-

prio desenvolvimento como ser humano.

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Para isso se apóia na discussão de Saviani (1984, p.71) a

propósito dos métodos de ensino que sugere uma seqüência de tra-

balho composta de cinco passos que se articulam, são eles: a práti-

ca social, a problematização, a instrumentalização, a catarse e

a prática social. Mazzeu (1998) considera que esta seqüência, po-

de subsidiar uma direção tanto no processo pedagógico com os alu-

nos como na formação continuada dos professores. Dessa forma os

professores podem vivenciar um trabalho análogo ao que podem

também realizar com seus alunos.

A prática social na perspectiva histórico – social, como afir-

ma Mazzeu, envolve o processo mais amplo través do qual a humani-

dade vai produzindo e reproduzindo as condições materiais e ideais

e as relações sociais que possibilitam sua existência. Tem como as-

pecto central a relação contraditória entre cotidiano e não-

cotidiano e, também a relação entre a experiência de cada um e as

experiências acumuladas pelo conjunto da sociedade ao longo de sua

história. Nesse contexto a prática social do professor não se iden-

tifica com a prática cotidiana e nem com a experiência de cada indi-

víduo. Nessa relação contraditória está o ponto de partida da for-

mação de professores, que implica não só um conhecimento da expe-

riência de cada um, de sua memória, de seu saber prático, mas uma

ruptura com a forma de pensamento e ação próprios do cotidiano,

ou seja, do senso comum, o que se dá pela reflexão dialética.

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Mazzeu apresenta a problematização como um elemento

chave na transição entre a prática e a teoria, isto é entre o fazer

cotidiano e a cultura elaborada. Também é um desafio, pois aponta

para uma necessidade, um problema sobre o qual é preciso estudar,

elaborar conhecimento em busca de solução. Este momento pode

ser entendido também como um espaço onde, mais que se verifica-

rem as necessidades e emergências da prática cotidiana, se vai a-

lém, se criam necessidades novas e se propõem novos temas para

serem objeto de reflexão, como situações a serem superadas sem-

pre em função da prática social.

A problematização provoca nos professores a necessidade

de dominar conhecimentos e teorias, a partir do desafio de dar con-

ta das dificuldades de aprendizagem dos alunos, tendo em vista que

a finalidade principal do ensino é dirigir a aprendizagem para asse-

gurar a efetiva aprendizagem, que se existem dificuldades estas

podem ser originadas por determinadas condições passíveis de se-

rem alteradas e que o professor pode ser o principal sujeito de sua

própria formação ao tomar sua prática como objeto de reflexão. O

debate entre professores possibilita o confronto de idéias opostas

e análises mais elaboradas sobre as dificuldades de aprendizagem,

momento em que demonstram sua compreensão sobre os problemas

e surgem explicações oriundas de “teorias” que de fato orientam o

seu trabalho onde se podem explorar as incoerências do senso co-

mum, buscando o que nele é válido com o objetivo de contrapor com

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se

outras ideologias presentes no discurso, realizando atividades e que

promovam e consolidem um novo desenvolvimento intelectual.

A instrumentalização, segundo Mazzeu (1998), consiste no

processo de apropriação dos instrumentos e signos produzidos pela

humanidade, que fazem parte da herança cultural e é constituída

pelo saber (conhecimentos, informações, conceitos, idéias, normas,

etc.). O domínio desse saber requer a assimilação de um saber-

fazer (habilidades, técnicas, operações, etc.). A utilização ou não

desse saber implica, por sua vez, um envolvimento afetivo com ele,

adesão a valores que orientem sua utilização em benefício do desen-

volvimento da humanidade e de cada indivíduo. Ë preciso assimilar

uma postura perante o saber.

Nesta proposta se pretende levar o professor a elaborar

seus próprios instrumentos e seu discurso, através da apropriação

da produção de outros, articulando a instrumentalização com a re-

flexão sobre os problemas e as necessidades da prática, propondo

procedimentos, materiais didáticos e textos de fundamentação teó-

rica que correspondam às necessidades e não se baseiem em condi-

ções idealizadas de trabalho. Gasparin (2003, p.52) afirma que esta

caminhada não é linear, podendo ser comparada a uma espiral ascen-

dente em que são retomados aspectos do conhecimento anterior

que se juntam ao novo e assim continuamente. As aproximações su-

cessivas levam à construção do conhecimento, pois a cada aborda-

gem são aprendidas novas dimensões do conteúdo.

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Na instrumentalização, a análise é uma das operações bási-

cas para a construção do conhecimento. Na catarse, a operação

fundamental é a síntese.

A catarse, de acordo com Gasparin (2003, p.128) é a sínte-

se do cotidiano e do científico, do teórico e do prático, momento em

que se estrutura uma nova forma de pensar sobre as questões le-

vantadas na prática social inicial.

Mazzeu (1998) afirma que para que a catarse se realize na

formação do professor, é essencial que os conhecimentos, as habili-

dades e os valores dos quais ele se apropriou, por meio da instru-

mentalização, sejam trabalhados de modo a se tornarem automatis-

mos, o que ocorre de forma consciente e reflexiva. A formação con-

tinuada de professores, nessa perspectiva irá buscar a irreversibili-

dade das mudanças provocadas na reflexão e na ação dos sujeitos

envolvidos, o que demanda de tempo e esforço contínuo.

Gasparin (2003, p.151) diz que a catarse expressa a conclu-

são do processo pedagógico conduzido de forma coletiva para a a-

propriação individual e subjetiva do conhecimento. É o momento do

encontro e da integração mais clara e consciente da teoria com a

prática na nova totalidade. É a conclusão de todo um trabalho, quan-

do se retoma os objetivos propostos na prática social inicial, traba-

lhados nas fases subseqüentes, percorrendo novamente no plano

abstrato o caminho que realizou.

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A prática social é o ponto de chegada do processo pedagó-

gico na perspectiva histórico-crítica. Esta fase, de acordo com Gas-

parin ( 2003, p.144) representa a transposição do teórico para o

prático, trazendo um novo posicionamento perante a prática social

do conteúdo que foi adquirido, o que requer uma aplicação.

As idéias apresentadas por Mazzeu (1998) sobre a forma-

ção de professores na perspectiva histórico-social, das quais nos

servimos para fundamentar este trabalho, segundo o autor necessi-

tam da formulação de uma proposta mais detalhada, por tratar-se

de um esboço, o que pode resultar de experiências mais sistemáti-

cas e do intercâmbio com diferentes pesquisadores preocupados

com o mesmo tema.

Assim, é que este trabalho tem como pano de fundo esta

proposta metodológica. Apesar das limitações que podem surgir por

ser uma proposta em construção, acreditamos que se constitua num

caminho possível para o pedagogo que assume a formação continua-

da e em serviço dos professores, como veremos adiante, não apenas

como atribuição de sua função, mas como fator decisivo para a qua-

lidade do ensino que se deseja .

A realidade pode ser mudada só porque

e só na medida que sabemos que é

produzida por nós. (KOSIK, 1976, p.18)

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1.4 O pedagogo e seu papel na formação continuada e e em serviço do professor.

Como já mencionado na apresentação deste caderno, no Es-

tado do Paraná, a Superintendência de Educação, através da Coor-

denação de Apoio à Direção e Equipe Pedagógica apresenta uma

descrição das atividades do professor pedagogo a serem desenvol-

vidas nos estabelecimentos de ensino da rede. Cabe-lhe: promover e

coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e

aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico e para a

elaboração de propostas de intervenção na realidade escolar; elabo-

rar o projeto de formação continuada do coletivo de professores e

promover ações para sua efetivação.

Assim, se pode afirmar que as ações do professor pedagogo

na unidade escolar que atua constitui-se basicamente num trabalho

de formação continuada em serviço. Sobre essas ações e funções

Garrido (2000, p.9) afirma que:

Ao subsidiar e organizar a reflexão dos professores sobre as razões que justificam suas opções pedagógicas e sobre as difi-culdades que encontram para desenvolver seu trabalho, o pro-fessor-coordenador está favorecendo a tomada de consciência dos professores sobre suas ações e o conhecimento sobre o contexto escolar em que atuam. Ao estimular o processo de tomada de decisão visando à proposição de alternativas para superar esses problemas e ao promover a constante retomada reflexiva, para readequar e aperfeiçoar as medidas implemen-tadas, o professor-coordenador está propiciando condições para o desenvolvimento profissional dos participantes, tornan-do-os autores de suas próprias práticas

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O processo de formação em serviço representa para o peda-

gogo um grande desafio, pois somente um projeto articulado que

considere os anseios e as necessidades individuais e grupais do cor-

po docente, além das condições organizacionais e estruturais pode

viabilizar resultados expressivos. Nesse processo de formação o

objetivo central não está em apenas construir novos conceitos, mas

muitas vezes se torna necessário desconstruir outros que se encon-

tram enraizados de forma tácita no fazer pedagógico do professor

e impedem seu desenvolvimento em busca de uma prática mais ino-

vadora.

Para dar conta de seu papel na formação dos educadores, o

pedagogo, ao mesmo tempo em que acolhe as diferenças e dificulda-

des de cada um planeja ações que levem à superação, nesse cami-

nhar precisa ser questionador, desequilibrador, provocador, animan-

do e disponibilizando subsídios que permitam o crescimento do gru-

po ao ajudar a elevar o nível de consciência passando do senso co-

mum à consciência filosófica. (cf. Saviani, 1983).

Nesse sentido, o pedagogo precisa assumir a função de in-

terlocução, alguém com quem o professor possa compartilhar suas

preocupações e experiências. Colocando-se em efetiva posição de

escuta e de diálogo favorece que a própria pessoa se dê conta do

que pensa, e em que acredita, pois esta ao falar, ao responder as

questões levantadas, organiza suas representações, elabora seu

pensamento e o percebe com maior clareza.

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Diante da formação continuada e em serviço, o pedagogo as-

sume uma tarefa de grande responsabilidade, envolver os professo-

res num processo reflexivo, extremamente necessário diante do a-

tual quadro educacional, que “grita aos quatro ventos” uma suposta

ineficiência do processo educativo que ocorre dentro da escola.

O desenvolvimento de iniciativas de formação em serviço

nas escolas pelos pedagogos se reveste de grande importância por

dar suporte ao desenvolvimento individual e coletivo dos professo-

res. Nesta proposta, como veremos a seguir, apresentamos o cine-

fórum como uma ótima estratégia para que o pedagogo, enquanto

interlocutor, fomente o processo reflexivo na metodologia históri-

co-social já exposta, considerando sempre as condições existentes

no espaço-tempo escolar, os saberes e experiências dos professo-

res e as problemáticas do seu cotidiano e que “os professores não

são apenas consumidores, mas também produtores de saber; não

são apenas executores, mas também criadores de instrumentos pe-

dagógicos; não são apenas técnicos, mas são também profissionais

críticos e reflexivos.” (Nóvoa, 1995, p.31). Ao pedagogo como coor-

denador da proposta de formação em serviço, cabe entender que:

“ninguém pode agir no lugar do outro, decidir a aprender ou a escrever por ele, (...) ninguém pode decidir sobre a liberdade do outro. (...) apenas o reconhecimento de nossa impotência educativa permite-nos encontrar um verdadeiro poder pedagó-gico, o de autorizar o outro a assumir seu próprio lugar e, com isso, agir sobre os dispositivos e os métodos; o de lhe propor saberes a serem apropriados, conhecimentos a serem domina-dos e pervertidos, que talvez lhe permitam, e quando ele deci-dir, “fazer-se a si mesmo”. ” (MEIRIEU, 2002, P. 288,289)

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2. O cine-fórum como possibilidade pedagógica

na formação do professor.

Esta proposta foi elaborada para ser desenvolvido pelo pe-

dagogo, sendo ele responsável pela formação docente continuada e

em serviço. A formação em serviço representa para o pedagogo um

grande desafio, como vimos anteriormente, pois somente um proje-

to articulado que considere os anseios e as necessidades individuais

e grupais do corpo docente, além das condições organizacionais e

estruturais pode viabilizar resultados expressivos.

Para efetivá-la escolhemos o cinema, por sua capacidade de

enfocar e aproximar a realidade, como fator desencadeador do pro-

cesso reflexivo a ser desenvolvido na metodologia histórico-social .

O Cinema é, potencialmente, um meio através do qual se po-

de explorar os problemas contemporâneos mais complexos, pois

permite questionar a realidade, rever valores e atitudes, além de

dialogar com diferentes tempos e espaços, ampliando a competência

para ver, analisar e compreender as estruturas sociais, culturais em

que as pessoas estão inseridas.

Para Duarte (2002, p.19) determinadas experiências cultu-

rais, associadas a certa maneira de ver filmes, acabam interagindo

na produção de saberes, identidades, crenças e visões de mundo de

um grande contingente de atores sociais. Esse é o maior interesse

que o cinema tem para o campo educacional - sua natureza

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eminentemente pedagógica.

A intervenção pedagógica com o cinema tem importante

função nos processos de aprendizagem e apresenta bons resultados

quando aplicados pedagogicamente à formação permanente das pes-

soas porque ajuda a observar vendo e sentindo. A combinação de

inúmeras imagens e sons provoca um estado de intensa excitação no

cérebro humano, atingindo-o nas áreas sensorial, afetiva e racional.

A imagem mostra, a palavra explica, a música sensibiliza, o ritmo en-

tretém.

A linguagem cinematográfica enriquece pensamentos e

abre portas para a linguagem global, ajudando a dar mais sentido às

próprias experiências porque ele apresenta a realidade do passado,

do presente e do futuro com toda a capacidade de ação humana. Co-

loca as pessoas em contato com as mais variadas culturas, com suas

filosofias, pensamentos histórias, modos de vida e costumes favo-

recendo conhecê-las, compreendê-las, aceitá-las e respeitá-las, com

a esperança de conviver com as diferenças de uma sociedade onde

valores como tolerância, solidariedade, cidadania possam se tornar

efetivos.

“O cinema é a arte do cálculo e da espontaneidade. Po-de haver truques em tudo o que é físico, seja nas que-das ou nos combates. Mas a expressão dos sentimentos não admite truques.” (Isabelle Huppert, atriz francesa)

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Escontrela e Dominguez (2000, p.127-147) citando Lamet a-

firmam que pode-se conceber o cinema como:

“un medio de comunicacion, ya que integra el lenguaje verbal y no verbal, esto es, un medio de expresión total; como uma obra de arte, puesto que se considera una manifestación creadora y comunicativa; como um recurso por el que se accede al conoci-miento, porque ofrece variedad de posibilidades informativas, por todo ello, debemos enseñar com, por y desde el cine y ade-más concebimos el cine como una alternativa de ocio y recrea-ción personal.” (LAMET, PM, 1991 ) 1

Assim, pode ser importante possibilitar aos professores, co-

mo desencadeador do processo reflexivo sobre a prática social, o

contato com produções que protagonizam entre outros temas de i-

gual relevância, vivências escolares e experiências pedagógicas, ten-

do em vista que o cinema permite essa aproximação do que se proje-

ta com a realidade que se vive, clarificando idéias e sentimentos.

Há muitos “filmes de escola” que proporcionam um bom de-

bate sobre os elementos que compõem o coletivo escolar, são filmes

de linguagem simples, acessível e que cumprem a função da lingua-

gem cinematográfica de favorecer a nossa identificação com os a-

tores e o roteiro em questão.

Tomando os filmes que tratam de escola e que têm o

professor como protagonista, iremos de certo modo recolher

informações sobre as “representações sociais” , que recaem sobre a

1. Um meio de comunicação, já que integra a linguagem verbal e não-verbal, isto é, um meio de expressão total,

como uma obra de arte, posto que se considera uma manifestação criadora e comunicativa; como um recurso pelo

qual se chega ao conhecimento porque oferece variedade de possibilidades informativas, por tudo isso devemos

ensinar com, pelo e desde o cinema; e também concebemos o cinema como um alternativa para o ócio e recreação

pessoal. (Tradução própria)

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sobre a escola e as relações sociais que permeiam esse espaço ou

seja, vamos perceber com maior nitidez, como o imaginário social

representa a escola e a atividade docente.

A técnica do cine-fórum é uma atividade planejada, pedagó-

gica de grupo que se apoiando no cinema como base, busca a partir

do estabelecimento de uma dinâmica interativa dos participantes

descobrir, vivenciar e refletir sobre as realidades e valores que e-

xistem nos grupos e na sociedade em geral. Portanto, trata-se de

um caminho oportuno, onde a escola enquanto lócus de formação

permanente pode estabelecer formas de conhecer e de analisar a

realidade, num enfoque epistemológico que permita a reconstrução

reflexiva e crítica dos saberes e fazeres pedagógicos que permeiam

o cotidiano escolar.

Na formação continuada dos professores, ao escolher fil-

mes que tratam da escola, dos tempos, espaços, processos e rela-

ções entre os seus protagonistas, o espaço de trabalho coletivo e

de reflexão sistematizada se apresenta como decisivo, porque a

partir do conhecimento que os docentes já têm estruturado, do re-

conhecimento dos saberes da experiência e das necessidades que

emergem do cotidiano escolar se constroem novos saberes e se pro-

duz maior autonomia.

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2.1.Sugestões de roteiros para cine-fórum

2.1.1 Algumas considerações:

Escolhemos o cine-fórum como fator desencadeador do pro-

cesso reflexivo a ser desenvolvido numa metodologia histórico-

social. Por isso os roteiros sugeridos seguem os passos já apresen-

tados no referencial teórico: a prática social, a problematização,

a instrumentalização, a catarse e a prática social.

Os roteiros construídos privilegiam filmes sobre educação

selecionados pelas problemáticas e/ou temas que envolvem, por tra-

zerem o professor como protagonista e a escola como cenário prin-

cipal, permitindo uma analogia com o cotidiano escolar de nossos do-

centes. Para o desenvolvimento de cada cine-fórum nesta perspecti-

va metodológica acreditamos necessário no mínimo dois encontros

presenciais com os professores envolvidos, além de outras estraté-

gias de curta duração e, mesmo não presenciais que possam ser uti-

lizadas no dia-a-dia da escola.

“ Ver filmes é uma prática social tão im-portante quanto a leitura de obras literá-rias, filosóficas, sociológicas e tantas mais.” (Duarte, 2002)

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Os roteiros constam de:

1. Ficha técnica do filme:

2. Sinopse:

3. Reflexão sistematizada sobre o filme:

- Identificação da prática social inicial; da problematização; da ins-

trumentalização; do momento da catarse e da nova prática social.

4. Reflexão sistematizada sobre a escola e a prática pedagógica a

partir da análise do filme:

- Identificação da prática social e das práticas pedagógicas que

estão instauradas na escola; Na problematização: debater, refletir,

discutir as questões e selecionar um problema sobre o qual é preci-

so estudar; Na instrumentalização: propor procedimentos de estu-

do, de fundamentação teórica, de modo a se apropriar de instru-

mentos de trabalho que venham a responder as necessidades levan-

tadas pelo grupo; A catarse é o momento da internalização do pen-

samento, de revisão do processo que possibilitou novas aprendiza-

gens e de propostas de mudanças a serem incorporadas à prática

pedagógica cotidiana; Momento de construir uma nova prática soci-

al, um novo modo de pensar e de agir mesmo diante de condições de

trabalho adversas e inalteradas, mas sempre buscando transforma-

ção dessas condições.

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ROTEIRO 1

Filme: Um novo homem

1. Ficha técnica:

Gênero: Comédia

Tempo: 129 min.

Lançamento: 1994

Estúdio: Buena Vista

País: Estados Unidos da América

Elenco e créditos:

Elenco:

Danny DeVito Gregory Hines

James Remar Cliff Robertson

Lillo Brancato Mark Wahlberg

Direção: Penny Marshall

Produção: Elliot Abbott

Sara Colleton

Buzz Feitshans

Robert Greenhut

Andrew G. Vajna

Fotografia: Adam Greenberg

Trilha Sonora: Hans Zimmer

Roteiro: Jim Burnstein, Nat Mauldin

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Um Novo Homem

2. Sinopse:

Danny DeVito é Bill Rago, um publicitário em crise que aca-

ba de perder o emprego. O novo trabalho que consegue é como ins-

trutor numa base do exército, onde deve ensinar jovens recrutas a

interpretar textos, usar o raciocínio e fazer uma análise crítica so-

bre o que lêem. Depois de muito esforço sem conseguir despertar o

interesse dos alunos, ele decide usar Shakespeare. E finalmente

conquista seus alunos, que transformam Hamlet num musical rap.

Palavras chave: empregabilidade – educação – histórias de

vida – atitude de professor.

3. Reflexão sistematizada sobre o filme

a) Prática social inicial:

O que leva Bill Rago a ser professor? O agente de empregos mani-

festa seu pensamento sobre ser professor, o que diz? O que pensa

Bill sobre escola? Como o comandante se refere aos oito alunos da

classe e qual sua expectativa sobre eles? Quais as principais carac-

terísticas da turma? Como o professor se posiciona em relação aos

alunos? Como inicia seu trabalho? Pode-se dizer que Bill adotou uma

estratégia de ação ou apenas determinou uma tarefa?

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Um Novo Homem

b) Problematização:

Que questionamentos possivelmente Bill se faz ao ouvir e ler as re-

dações de seus alunos? Que problemas se tornam visíveis ao profes-

sor? O que provoca uma mudança na atitude do professor?

c) Instrumentalização:

Que tipo de relacionamento o professor procura estabelecer com

os alunos a partir do conhecimento que tem sobre suas vidas? Que

recursos e estratégias passa a utilizar? Que comportamentos de-

monstram seu interesse maior por seus alunos?

d) Catarse:

Que cenas demonstram que Bill compreendeu a importância de seus

ensinamentos e de si mesmo para seus alunos? Como passa a agir em

relação ao ensino/avaliação/disciplina do quartel e sua vida pessoal?

e) Prática social

Que mudanças significativas pode-se perceber em Bill Rago? Tem-

se ao final do filme “Um novo homem”?

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4. Reflexão sobre a prática pedagógica a partir da análise do filme.

a) Prática social inicial:

Levantar junto aos professores os conhecimentos que construíram

em sua prática, os saberes que possuem em relação:

- Ao Professor – as representações sociais – o que é ser professor

hoje? (como me vêem – como me vejo) (Professor - questão de em-

pregabilidade, profissão, vocação);

- A formação acadêmica e a competência para o exercício da docên-

cia;

- As relações humanas no contexto da escola e da sala de aula; co-

nhecimento das histórias de vida;

- O espaço do conhecimento na escola.

b) Problematização:

Alguns questionamentos possíveis de serem levantados em função

das exigências da prática social (funcionam como sugestão, pois é

preciso ouvir e considerar o grupo com quem trabalhamos.).

- Como atender a necessária formação do professor em serviço?

(papel da mantenedora / papel da escola / papel do professor) Que

conhecimentos são hoje relevantes ao fazer docente? E como se

constrói o conhecimento?

Um Novo Homem

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- Que espaço a escola propicia para a reflexão sobre prática docen-

te (individual - coletivo)? Como ser um professor reflexivo?

- Como reconstruir a representação social do ser professor (de on-

de vem o valor do ser professor?)

- É possível constituir relações pedagógicas mais humanas (tendo o

diálogo como possibilidade)? Qual o sentido do ser humano? Qual a

importância de se conhecer a história de vida dos alunos?

- Entende-se o conhecimento como fator de valorização pessoal e

grupal? Que posição o conhecimento científico ocupa no trabalho

docente? Tem-se clareza sobre a simultaneidade da aprendizagem

do professor e dos alunos?

c) Instrumentalização:

Buscar referências que atendam as necessidades de seu grupo, es-

tas são apenas algumas possibilidades:

- Pesquisa: Como o professor vê a Educação? Revista Nova Escola,

ano XXI, n. 207, novembro, 2007.

- Educar o educador: MORAN, José Manuel, http://www.eca.usp.br/

prof/moran/educar.htm

- - Jorge Lyra. Docência: Uma Profissão? estudo da representação

social do professor com relação a sua profissão. http://

www.proext.ufpe.br/cadernos/educacao/docencia.htm)

Um Novo Homem

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- CHAUÍ, Marilena. O que é ser educador hoje? Da arte à ciência: a

morte do educador. In: Brandão, Carlos Rodrigues . O educador: vi-

da e morte. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1982

- FREIRE Paulo. Educação: o sonho possível. In: Brandão, Carlos Ro-

drigues . O educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Edições Graal,

1982.

- ALVES Rubem. O preparo do educador. In: Brandão, Carlos Rodri-

gues. O educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1982

- COELHO Ildeu. A questão política do trabalho pedagógico. In:

Brandão, Carlos Rodrigues. O educador: vida e morte. Rio de Janei-

ro: Edições Graal, 1982.

- BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Refletir, discutir, propor as dimen-

sões In: Brandão, Carlos Rodrigues . O educador: vida e morte.da

militância intelectual que há no educador. Rio de Janeiro: Edições

Graal, 1982

d) Catarse:

Momento de síntese: articulação das novas aprendizagens em forma

de propostas concretas que passem a fazer parte do Projeto Políti-

co Pedagógico da escola, do plano de ação, do plano de trabalho do

professor. Por exemplo:- Estabelecer o que precisa ser agilizado na

dimensão individual e grupal para responder a problematização.

Um Novo Homem

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- Definir qual a representação social do professor se quer enfatizar

na escola. Que ações, que posturas permitirão essa concretização?

- Definir as metas que orientarão as relações humanas na escola, a

partir das reflexões pessoais e coletivas.

- Que projetos poderão ajudar nas mudanças propostas pelo grupo?

e) Prática social:

Definir e assumir uma nova postura a partir do que se projetou.. As

mudanças sejam incorporadas por cada um e pelo grupo, e avaliadas

constantemente, de modo a se tornarem em novo ponto de partida

para novas reflexões.

Um Novo Homem

“A Educação deve possibilitar a voz, o verbo, o texto, o fio ruidoso e afiado que tece a vida associada ao desejo de mudar o mundo. Quanto ao Cinema, não faz mais do que cumprir uma de suas múltiplas funções da arte: perscrutar, por meio da criatividade individual e através de um processo estético, a natureza humana em toda a sua plenitude e decadência.”

(TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro & LO-PES, José de Souza Miguel)

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ROTEIRO 2

Filme: O preço do desafio

1. Ficha técnica:

Título original: Stand and Deliver

Gênero: Drama

Tempo: 102 min.

Lançamento: 1988

Distribuidora: Warner Home Vídeo

Produtora: American Playhouse—Warner Bross Pictures

País: Estados Unidos da América

Elenco e créditos:

Elenco:

Edward James Olmos, Estelle Harris, Mark Phelan, Virginia Paris, Mark Eliot, Adelaida Álvarez, Will Gotay, Patrick Baca, Ingrid Oliu, Carmen Argenziano, Richard Martinez, Mark Everett, Tyde Kierney, Rosana De Soto, Bodie Olmos

Direção: Ramon Menendez

Roteiro: Ramon Menendez e Tom Musca

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Filme: O preço do desafio

2. Sinopse:

Jaime Escalante é o obstinado professor de matemática de

uma escola situada em um dos bairros mais pobres e violentos de

Los Angeles: o Garfield High School, que se recusa a rotular seus

estudantes de subúrbio como fracassados.. Escolhido para cuidar de

uma classe repleta de alunos problemáticos e intempestivos, ele usa

toda a sua rica herança cultural hispânica e inabalável determinação

para transformar as vidas dos jovens, convencendo-os de que a evo-

lução dos próprios intelectos é a única alternativa para superarem

os limites de sua origem humilde. Escalante é persuasivo, empurra,

ameaça e inspira 18 garotos que estão lutando para se tornarem

mestres da matemática. Drama baseado em uma história real.

Palavras chave: diversidade cultural - discriminação - disci-

plina - desafio—avaliação

3. Reflexão sistematizada sobre o filme

a) Prática social inicial:

Escalante deixou outra profissão para ser professor de informática

naquela escola, que surpresa tem ao chegar lá? Como descrever as

relações pessoais e profissionais que encontra na escola? Como ca-

racterizar os alunos da classe e sua vida pessoal e social?

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Que expectativa os alunos têm em relação ao novo professor? O

primeiro contato professor aluno revela o tipo de relação a que es-

tão acostumados na escola, com professores, colegas e na comuni-

dade? Qual a reação dos alunos diante da disciplina que o professor

irá lecionar? Como se manifesta a expectativa dos pais no que se

refere à escola? A direção da escola discute na reunião pedagógica

algumas dificuldades referentes ao baixo desempenho de seus alu-

nos, qual o posicionamento dos professores a respeito do assunto? E

de Escalante? Como reagem quando o professor de Matemática pro-

põe ensinar Cálculo ao seus alunos? E a avaliação, qual era a prática

inicial? Em que momentos do filme a discriminação social pode ser

sentida?

b) Problematização:

Escalante não se conformou com a realidade que percebeu, que ati-

tudes tomou? Como motivou seus alunos para acreditarem mais em

seu próprio potencial? Para sentirem-se capazes de dominar a Ma-

temática? Que estratégias utilizava em sua aula? O que propôs so-

bre avaliação, que desafios provocou no que se refere a avaliação

institucional? Como ele tratava as questões de disciplina e de vio-

lência? Que mudanças se observa nas relações professor - aluno e

no trabalho pedagógico que os levam ao êxito? Como reage o pro-

fessor nas reuniões pedagógicas? Diante da injustiça, do preconcei-

to e da discriminação, que atitude toma o professor?

O Preço do Desafio

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Que efeitos trazem para a escola os resultados obtidos por esse

alunos e seu professor? Que concepção de conhecimento estrutura

as ações do professor?

c) Instrumentalização:

Para a superação da condições existentes na escola e no grupo es-

pecífico dos alunos que propostas o professor apresenta? Que fun-

ção tem o contrato pedagógico exigido pelo professor, que deveria

ser assinado pelos responsáveis?

d) Catarse:

Que cenas demonstram que os alunos perceberam a importância de

estudar e de aprender? Como passam a agir em relação ao ensino/

avaliação/a disciplina Matemática? Em que momento se pode perce-

ber que aqueles jovens passam a ter disposição para vencer a dis-

criminação social?

e) Prática social

Que mudanças significativas pode-se perceber nos alunos depois da

avaliação pela qual passaram? E na escola? E em relação a imagem

da escola diante das instituições superiores?

O Preço do desafio

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O Preço do Desafio

4. Reflexão sobre a prática pedagógica a partir da análise do filme

a) Prática social inicial:

Levantar junto aos professores os conhecimentos que construíram

em sua prática, os saberes que possuem em relação:

- A construção da disciplina em sala de aula – as resistências, as di-

ficuldades. Características de uma sala de aula indisciplinada

- Relação entre indisciplina e formação acadêmica e a competência

para o exercício da docência;

- Relação entre indisciplina, discriminação social, falta de valoriza-

ção pessoal, afetividade;

- Avaliação pedagógica e avaliação institucional;

- O desafio como motivação; estratégias de ensino-aprendizagem

- A apropriação do conhecimento, o desenvolvimento pessoal,e valo-

rização social.

b) Problematização:

Sugestão de questionamentos possíveis de serem levantados em

função das exigências da prática social

- O que caracteriza uma classe indisciplinada? Como entender e li-

dar com a violência e a intimidação? Que conceito de disciplina

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permeia o Projeto Político Pedagógico da escola? Como o professor

pode enfrentar a indisciplina? Que habilidades, que conhecimentos

precisa desenvolver?

- Qual o papel do professor no acolhimento da diversidade cultural

e social? E no combate a todo o tipo de discriminação? Quais são os

fatores decisivos para o sucesso na superação das dificuldades que

se apresentam no trabalho com nossos alunos?

- A gana, a garra, a motivação do professor podem ser fatores deci-

sivos para a aprendizagem dos alunos? Que estratégias de ensino

favorecem a aprendizagem? As relações pessoais são componentes

importantes para a aprendizagem?

- Em que medida o contrato pedagógico firmado com os alunos pode

favorecer a apropriação do conhecimento? Pode se tornar um desa-

fio? Dominar o conhecimento veiculado na escola também pode ser

entendido fator de maior auto-estima?

- Como fazer da avaliação uma aliada do processo ensino-

aprendizagem? Quando e como a avaliação institucional pode ser

motivadora de ações coletivas em busca da superação dos dados que

estão abaixo do aceitável?

c) Instrumentalização:

Buscar referências que atendam a problematização levantada no

grupo. Estas são apenas algumas possibilidades:

O Preço do Desafio

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MARCHESI, Alvaro. O que será de nós, os maus alunos? Porto Ale-

gre: Artmed, 2006.

BORDENAVE, J.D. & PEREIRA. Estratégias de ensino aprendiza-

gem. 24ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

BRANDÃO. Carlos Rodrigues. A canção das sete cores: educando

para a paz. São Paulo: Contexto, 2005.

IMBERNÓN, F. A educação no século XXI: os desafios do futuro

imediato. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

APPLE, Michael W. Educação e poder. Porto Alegre: Artes médicas,

1989.

ROSSINI, Maria Augusta S. Aprender tem que ser gostosa. Petró-

polis, RJ: Vozes, 2003.

BURKE, Thomas Joseph. O professor Revolucionário: da pré-escola

à universidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prá-

tica educativa. 19ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas

e práticas. São Paulo: Summus, 1996.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em cons-

trução da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 1998.

PR/SEED. Avaliação escolar: um compromisso ético. Curitiba: SEED,

1993.

O Preço do Desafio

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Textos sobre Cultura e Educação produzidos pelo professor Carlos

Brandão, sob a rubrica de “Escritos Abreviados”, disponíveis no en-

dereço www.pde.pr.gov.br :

1 – Criar, conhecer, aprender, ensinar.

2 – A Consciência e a nova ciência: dilemas para quem pesquisa

e educa.

3 – Da parte ao todo, da coisa à relação: do indivíduo que

acumula conhecimentos à pessoa que partilha saberes.

4 – Humanizar é educar – o desafio de formar pessoas através da

educação.

5 – A pesquisa participante na docência: a busca do diálogo na cons-

trução do saber.

6 – Educar: ousar utopias – da educação cidadã à educação que a

pessoa cidadã cria.

7 – O trabalho de ensinar.

8 – Sobre teias e tramas de aprender e ensinar – anotações a

respeito de uma Antropologia em Educação.

9 – Criar com o outro – o educador do diálogo.

www.centrorefeducacional.com.br/vaforma.htm

www.cepe.pr.gov.br : Cadernos temáticos sobre Avaliação

http://br.monografias.com/trabalhos/avali/avali.shtml

O Preço do Desafio

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d) Catarse:

Momento de síntese: articulação das novas aprendizagens em forma

de propostas concretas que passem a fazer parte do Projeto Políti-

co Pedagógico da escola, do plano de ação, do plano de trabalho do

professor. Algumas possibilidades:

- Estabelecer o conceito de disciplina que irá permear o trabalho

pedagógico na sala de aula e nas demais instâncias da escola.

- Definir estratégias de acolhimento as minorias presentes na esco-

la e de conscientização sobre o mal que causa qualquer tipo de dis-

criminação, seja pessoal ou social;

- Elaborar de forma coletiva o contrato pedagógico, definindo com-

promissos, responsabilidades tanto do professor como do aluno .

- Estabelecer novas estratégias de aprendizagem face aos resulta-

dos da avaliação do desempenho dos alunos nas disciplinas, para fa-

vorecer que todos aprendam.

- Criar mecanismos para manter a motivação de professores e alu-

nos e desenvolver a auto-estima.

e) Prática social:

Assumir uma nova postura a partir do que se projetou.. Incorporar

as mudanças ao seu cotidiano. Avaliar a nova prática constantemen-

te, de modo a se tornar um ponto de partida para novas reflexões.

O Preço do Desafio

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3. Indicação de filmes

1) Música do coração;

2) A felicidade não se compra;

3) A corrente do bem;

4) Gênio indomável;

5) Uma lição de amor;

6) O preço do desafio;

7) Muito além do jardim;

8) Formiguinha Z;

9) Fuga das galinhas;

10) Céu de Outubro;

11) Blade Runner;

12) Regras da vida

13) Meninos não choram;

14) Coach Carter;

15) O homem que copiava;

16) As cinzas de Ângela;

17) Quando tudo começa;

18) Crianças invisíveis;

19) Clube do Imperador;

20) Um novo homem;

21) Sarafina;

22) Adeus, meninos;

23) Billie Eliot;

24) Bicho de sete cabeças;

25) Infâmia;

26) O carteiro e o poeta;

27) Nenhum a menos;

28) Central do Brasil;

29) O sorriso de Mona Lisa;

30) Narradores de Javé;

31) Sociedade dos poetas mor-tos;

32) Pink Floyd – The wall;

33) A voz do coração;

34) Gattaca;

35) Ghandi;

36) Gênio indomável;

37) Meu pé esquerdo;

38) Matilda;

39) Shine - Brilhante

40) Ela dança, eu danço.

41) Escritores da liberdade

42) Sementes de violência

43) Ao mestre com carinho

44) Primavera de uma solteirona

42) Escola da vida

43) A onda 44) Pro dia nascer feliz

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4. Indicação de portais, sítios, sites, sobre cinema e

educação e leituras complementares

www.cineduc.org.br

Estabelece um diálogo entre cinema e educação, abordando aspec-

tos relativos à história do cinema, de atualidades e do uso do cine-

ma na escola.

www.estacaovirtual.com

O site traz críticas e artigos publicados na grande imprensa sobre

alguns filmes exibidos pelo grupo Estação.

www.curtaagora.com

Traz informações sobre mais de 3600 filmes. Possui uma relação de

festivais nacionais de curtas-metragens.

www.cinemabrasil.org.br

O site disponibiliza mais de 500 títulos de filmes nacionais e es-

trangeiros, com imagens e trailers.

www.ecrannoir.fr

Site em Francês sobre filmes de arte e outros mais comerciais. A-

presenta fotos e críticas, bem como informações sobre celebrida-

des do cinema.

www.kinoforum.org.

Traz a programação dos principais festivais brasileiros de cinema e

vídeo. Dá também informações sobre eventos internacionais da área

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www.cineclick.com.br/cinebrasil/historia_br.html

O site traz a história do cinema no Brasil através de textos e fotos.

• Todos os sites citados anteriormente se encontram referen-

ciados no seguinte livro:

TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro & LOPES, José de Souza Mi-

guel. A escola vai ao cinema. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica,

2003. 240 p.

Outros:

www.olhoscriticos.com.br/site1/index.php

Este site tem por objetivo socializar materiais mais críticos para o

trabalho educativo realizado na escola, na perspectiva de socializar

o conhecimento sistematizado, científico e torná-lo instrumento pa-

ra a constituição de consciência de classe para si.

http://www.klickeducacao.com.br

http://www.planetaeducacao.com.br/novo/index.asp

http://cineclick.virgula.terra.com.br/cinemateca

http://www.supercinema.com.br/

http://www.webcine.com.br/

http://filmes.seed.pr.gov.br/

http://www.educacao.te.pt/cultura_lazer/

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Sugestão de Leituras Complementares:

LUZ, Márcia e PETERNELA, Douglas. Lições que a vida ensina e a arte encena. Campinas, SP: Átomo, 2005

BRANDÃO, Myrna Silveira. Leve seu gerente ao cinema: filmes que ensinam. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004

DUARTE, Rosália. Cinema e Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007

FERRETI, Celso João. O filme como elemento de socialização na es-cola. São Paulo, FDE, 1992.

FRANCO, Marília S. Escola audiovisual. Tese de doutorado, Bibliote-ca da ECA/USP, 1988.

_______________ . A natureza pedagógica das linguagens audiovi-suais: in Coletânea Lições com cinema. São Paulo, FDE, 1993.

FÈRRES, Joan. Vídeo e Educação. Artes Médicas, 1995

PRETTO, Nelson. Uma escola sem/com futuro, educação e multimí-dia. São Paulo, Papirus, 2001.

ESPINAL, Luís. Consciência crítica diante do cinema. São Paulo: LIC Editores, 1976, 178p, (Coleção Cadernos de Cinema)

TURNER,G. Cinema como prática social. São Paulo: Summus, 1988

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5. Referências ALONSO ESCONTRELA, Mª L. & PEREIRA DOMÍNGUEZ, Mª C. El cine como medio-recurso para la educación en valores: un enfo-que teórico e tecnológico. In: Pedagogia social - revista interuni-versitária. Murcia, nº5. Segunda Época Monográfico – Educación so-cial y medios de comunicación, pp.127-147.

ARROYO, M.G. Reinventar e formar o profissional da Educação Básica. Formação do Educador, v.1 , São Paulo: UNESP, 1996.

BEHRENS, Marilda Aparecida. Formação Continuada dos profes-sores e a prática pedagógica. Curitiba: Champagnat, 1996.

DEMO, Pedro. Desafios modernos para a educação. Brasília: IPEA, 1991

DUARTE, R. Cinema e educação. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica.

FILIPKOWSKI, Mariléia Lilian. Do cotidiano percebido à ação su-pervisora: encaminhamentos para a formação continuada. In: RI-BAS, Mariná Holzmann (org). Formação de professores: escolas, práticas e saberes. Ponta Grossa: Ed. UEPG, 2005

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 19ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996

GADOTTI, Moacir. A boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido. Curitiba: Pr: Nova didática, 2003. 80 p.

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GIROUX, Henri A. Os professores como intelectuais da educação: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Trad. Daniel Bueno. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

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IMBERNÓN, Francisco. A educação no século XXI: os desafios do futuro imediato. Trad. Ernani Rosa. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Mé-dicas, 2000.

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PARANÁ. Diretrizes para o ensino fundamental da rede pública estadual. Curitiba: SEED /SUED. Jul. 2006.

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SACRISTAN, J. Gimeno & GOMES, A. I Pérez. Compreender e transformar o ensino. Trad. Ernani Rosa. 4ª ed. Porto Alegre: Art-med,1998.

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TEIXEIRA, I. A. de C. A diversidade cultural vai ao cinema. Belo Horizonte: Autêntica.

TEIXEIRA, I. A. de C. A escola vai ao cinema. 2. ed. Belo Horizon-te: Autêntica.

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação. 10ª ed. São Paulo: Libertad, 2003.

__________, Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 5ª ed. São Paulo: Libertad, 2004.

h t t p : / /www .mnemoc i n e .c om .b r/a ud i o v i s u a l edu ca ca o/bibliografia.htm

http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=342

Ilustrações: Clip-arts no Office Online

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