GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    1/11

    J o s e Murilo de C arvalhoLucia Maria B astos P ereira d as N eu es(organizadores)

    Rep ,ensa .n ,do 0 Brasildo O:it ,ocentos:C id ia d a n ia ,. IP o litic a e l ibe , rdade

    G RIN BE RC i, K eila . II S evthol '"es StVilil. escV 'a vo s : a p l"'o p o s ito da s a90es deescV 'OJv idC(o VlO l 3 I r O o s i l r VV'.pel " ' ia(II, In . : CARVA L HO , J o s e M u .V 'iio d e;N EV ES, L ~c ia M aV 'ia B a s : t o $ Pel ' "c i ra d a s (01 ' "95 ) . Repensando 0Brasi ldos O/ toCCl1tos: 'C;dadtln i' a~ 'po/r l !ca e l iberdade. Rio d e J a vte iro :Civifj:zafaO Brosiieira, ;2.00q. p . 41-7-435.

    ~C [ V lL l .: tA C 1 0 B I IA S .I L EU l .< \Iiiiiiiiiiii

    Rio de 1aneiro2 0 0 9

    Senhores sem escravos: a proposito dasacoes de escravidao no Brasil imperial!Keila Grinberg*

    . ..Professors do Departamento de Historia da Universidade Federal do Esrado do Riode Janeiro (Unikio]. Pesquisadora do CNPq. Pesquisadora Principal doPronexIFaperj/CN!Pq "Nao;ao e cidadaniae novas horiaomes" (1004-2006)/Centro deEstudos do Oitocentos (eW).

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    2/11

    " :E i rrisorio que a testemunha que se diz professor de fi losofia queiradisr inguir modes de vida proprios de Iivres e rnodos de vida propriosde escravos. Declare que e t a O 'merafisico que nan compreendo."

    Curador de uma suposta escrava.ao ironizar 0 comentario da tes-temunha quediz saber que uma pessoa Iiescraua por sea modo de vida.Rio de[aneiro, 1874.

    Muiros historiadores, nos iiltirnos anos, estudararn as forrnas pelasquais, durante a vigencia da escravidao nas Americas, 0 direito. simul-taneamente contribuiu para perpetuar 0 poder de proprietaries sobreseus escravos e para que escra vas. e libertos conseguissem desafiar 0poder de seus senhores.s No Brasil, em Cuba e no. sul dos EstadosUnidos, para mencionar apenas os casas mais conhecidos, a pesquisaarquivisrica descortinou evidencias de padroes complexes de demandasjudiciais por escravos e libertos, que encontraram diferentes graus de.sucesso.l No caso especff ico do Brasil, 0direito pode ser caracterizado,ao mesmo tempo, como elernento fundamental para garantir a manu-tencao da escravidao e como veiculo para garantia dacidadania .. E 0que mostrarn as esrudos sabre alforria e direitc no seculo XIX de auto-res como Sidney Chalhoub, Hebe Mattos, Eduardo. Spiller Peria,Elciene Azevedo e joseli Mendonca, que vern evidenciando a imporran-cia das acoes judiciais no processo de deslegir imacdo da escravidao na.segunda metade do seculo XIX no Brasil, nao apenas como recursopara pressionar pela obtencao da alforria por alguns grupes especif icosde escravos - principalrnente aqueles localizados em areas urbanas au

    417

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    3/11

    flEPEN ISANDO 0 BR ASIL DO O ITOCENTOS 5 IEN H 0 'R E S SE M ESC R A \J 0 S : A PR 0 ,p 0 S rr (1 D A SA C 0 E S. DEE S c R A V I D A 0 ", .

    em zonas rurais proximas aos locais de atuacao de grupos abolicionis-tas - mas tambem no processo mais amplo de discussao da ernancipa-~ao geral, pelo menos a partir da decada de 1860.4o objetivo deste texto e contribuir para a exploracao das praricasde reescravizacao no Brasi l do seculo XIX, reflerindo sobre suas possibi-l i dades efetivas e os significados a esse processo atribuidos. pelos diver-sos agentes sociais envolvidos. Trata-se, nesse sentido, d e aproximaralente da anaJise para os i nd iv iduos que vivenciararn esse processo, refle-tindo sobre os riscos que enfrenraram em suas trajetorias, sobre afragi-l id ade da con dicao de l iberto e , p rin cip al me nr e, s ob re a in sta bil id ad e d esuas vidas, marcadas pelo temar de ver revertidas suas conquistas.s

    Vejamos, por exemplo, a atitude da' parda Constanca, que em 1874procurou a justica parapropor 0 arbitrarnento de sua liberdade ..Constanca ja havia pagado a Leopoldina, seu senhor, a quantia de 300m i l r ei s, ja hav ia o fe re cid o a de rnais 20 0 m il ~ m j U I Z O , mas Leopoldines6 aceitava urn conto e 100 mil reis, valor pelo qual fora avaliada, doisaDOS depois de te r sido corade em 500 m il r eis , Por isso Consrancapedia urn novo arbitramentc de seu valor. A te ai, nada de mais, Sao inu-meros as casas nos quais senhor e escravo divergem sobre a quantia aset paga pela obtencao da Iiberdade.s 6interessante que ela demons-trava suspeitarda pessoa que a avaliaria, e pede sua substiruicao, porestar "determinada a nao deixar duvidas fururas sabre sua condicao delivre, se aconseguir",? SeConstanca estava preocupada com nao deixarduvidas sobre sua nova condicao e porque sabia que corria 0risco.

    Eo risco existia mesmo, Mais ou menos na mesma epoca, no inicioda decada de 1870, a pard a Brasilia foi reescravizada na Corte porClelia Leopoldina de Oliveira) apos ter vivido varios anoscorno liberts.Brasilia veio da Bahia - no processo, nao e mencionado quando isso ,aconteceu - no paquete inglesBiela, onde nso eram perrnitidos escra-vos, em campanhia de sua suposta senhora, Ao chegar a Corte, passoua viver como liberta, pagando ate as alugueis das casas on de morou. Aoser perguntada por que viera como livre, respondeu, de acordo com 0processo: "veio como livre porque nunca se considerou escrava" ,Mas

    sabia que poderia se-Io: provavelmente percebendo as inten~6es deDona Clelia, "pedira e obtivera pelo juiz Municipal cia 2~ Vara sermanurenida na posse de sua Iiberdade, tendo a senrenca passado emjulgarnenco" .I i

    Muiros aspectos podern se r discutidos nesse caw. U rn deles e 'seBrasi lia fo i re gis trad a c om o liv re ap en as p ara po de r e mbarc ar .e m n av ioingles" Outre e se0fato de ter pis-ado rio navio ingles jl i na o seria argu-,mente - que nao chegou a ser levantado pelos curadores - suficientepara mante-la em esrado de !ib~rdade ..Por fim, caberia a.pergunta seBrasil ia nao esraria se aproveitando das circunsrancias para conseguir acarts de alforria. Mas as circunstancias, nesse caso, importam menosd o que 0 resultado da a\2.o: Brasi lia, provavelrnente nascida escravamas tida como livre pelos vizinhos e pelo inspetor do q~arteidio ond ev iv ia , fo i reescravizada, ' : : l , . P or in crfv el que p arec a, p ro ble ma: se rn ellian te ~nrei1tou oentao

    heroi da Independencia Antonio Pereira Reboucas, que, mesmo Dune atendo sido escravo, passou por diversos infortt 'inios ao viajar 'da Bahiapara a Corte na dec ada de 1820. Ao chegar a Porto Seguro, foi emba-r ac ad o d e se gu ir v ia ge m, mas -"valenda-fhe 0conhecimento que ja attinha de seu nome e a persuasao de sua ident~dade pelo conhecimentopessoal que manifestou ter das mais noraveis ocorrencias patriot icas eprofissionalmenre da legislacao em materia forense" ,__.,;onseguiu pros-seguir, nao .sern antes dar uma ajudinha ao juiz ordinario local.''Reboucas contou 0 episodic na autobiografia e j embora naoespecifi-que as motives que levararn ao incidente, clare esta que poderia ter sidoconfundido com outra pessoa de status e condicao inferior,

    Esses exemplos constituem apenas uma facers das praticas de rees-cravizacao existentes no Imperio brasileiro, entre as quais podemoscitar 0 roubo de pessoas, frequente na regiao de fronreira com 00 5 vizi-nhos r epub l ic anos que ja haviam abolido a escravidio,e os temores eboatos presentes em alguns movim~ntos populates, como e 0caso ciaRevolta dos Marimbondos.em Pernambuco, originada pels promulga-'Sao do Regularnenro do Registro' de Nascimentose Obitos em 1851,

    413 . 419

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    4/11

    REPEIIISA.NDO 0 BR:ASIL DO OITOCENTOS SEIIIHOR:l'S SEM ESCIIAVOS: A I'~OPOSITO DAS AeDES DE fSCRAvwko ...

    sintomaticamente denorninado, l ilaepoca, de "lei do cativeiro"_10 Issosem falar nos caSOS de reescravizacao que ocorriarn cotidiariamente, naCorte principalmente, mas tambern em outras cidades, em que qualquerpessoa que pudesse parecer escravo tinha, contra 51, a presuncao ciaescravidao ..Assim, como demonstram aqueles que estudararn as atirudesd a p olic ia n o se culo X IX , c abia aque le s que tin ham sid o d etid os pro vara propria l iberdade, sob pena de serern reconduzidos a escravidao.U

    Entre esses casas, chama a atenliao urn tipo espedfieo de acao judi-cial, ainda nao suficienternente explorado pela historiografia a respeito,e sabre a qual nao hi, par enquanto, evidencias de existencia em outrasparagens das Americas: trata-se dasm;6es de escrauidao. Ao contrariodas acoes de liberdade - nas quais urn ou um conjunto de supostosescravos inicia urn processo judicial contra. 0 presumido senhor, argu-mentando 0direito a liberracao - e das acoes de manutencao de liber-dade - em que urn Iiberto procura a just ica para garsntir seu status,quase sempre pOI' estar ameacado de reescravizacao - nas a'Soes dee sc ra vid ao q ue m in ic ia 0 proces so e 0 sen t o r , sob a alegacao d e que apessoa em questao se passa indevidarnente por livre, sern se-Io. Emoutras palavras, 0objeto da ac;ao de escravidao e justarnenre questionara cond icao jurfd ica do reu, ao argumentar que ele seria nao apenasescravo, mas tambem propriedade do auror da a c ; a o , .

    Enconrrei as acoes de escravidao ao levantar as de Iiberdade exis-te nre s n e Corte de ApeIs ' iao do Rio de janeiro, quando as classif iquei,entre outros quesitos, de acordo com os argument os e os monvos queas autores - supostos escravos - apresentavam para obter a l iberda-de.12 Na ocasiao, interessada em outras quesroes, limitei-me a dassifi-car as a~6es de escravidao em conjunto com as de manutencao de liber-dade, sern, contudc, analise-las (ver grafico 1).

    Embora os procedimentos juridicos das acoes de manurencso deliberdade e de escravidso fossem diferentes , ambos podern ser aqui defi-nidos como sendo processes de reescrauizadio, pois suscitararn debatesdis t intos daqueles travados nas a~6es de liberdade: alern da verif ica~aoda veracidade d as v ers oe s c on tad as p or arnbas as partes, como em qual-

    Grafico 1: Ar;/jes civeis relat ivas a l iberdade e areescravizacao do Tribunal da Relacao do Rio de Janeiro

    no seculo X IX

    manutencao deou de escravidao

    P o ne e. T r ib un al d a R e l aF o d o R i o d e J a n ei ro - A r qu iv oNacional- R]T (Ita]: 40 2 a"o~

    quer processo, nesses casas trata va-se de discutir em que medida erapossivel voltar atras em uma dcacao de liberdade, principalrnentequando 0 individuo em questao ja fora Iibertado hi muito tempo. A oinves da passagem do estado de escravidao para 0 de liberdade, que. ocorria nas acoes de liberdade, os processes de reescravizacao tratavamde discutir as possibilidades e a propria legitimidade da passagern daliberdade para a escravidao.

    Em texto anterior , para entender a ocorrencia dessas acoes, analiseias possibilidades juridicas existentes no direito brasileiro de entjio, bus-cando as leis que tornavarn possivel a existencia dessas acoes e os ins-tr ur ne nto s j ur id ic os e fe tiv ar ne nte u sa do s p or a dv og ad os p ar a a rg um en -tar a favor dos clientes, fossem senhores ou escravos. Ao mesrno tempo,procurei concentrar-rne nas solucoes encontradas pelos agentes da justi-~ a ao lo ngo d o seculo X IX para lid ar co rn situaco es co mo aque las , av a-l iando a eficacia desses argurnentos junto aos julzes e, principalmente,a s s en re n ca s que profer irarn, para arialisar sua legitimidade ern urn

    4Z{I 421

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    5/11

    REPENSANDO 0 BRASH DO OlirOCEINTOS S E I\IHO IIES SEM tSCRA .V QS : A PRop6'5ITO DA S A eDE S DE ...

    universe no qual a da propria escravidao comecava a estai em j ogO.13Urn dos argumentos que cairarn em desuso ao longo do seculo XIXcomo ja 0 havia demonstrado Perdigao Malheiro ern A. escraoiddo n;Brasil (18 66)j foi 0 da revogacao da alforria por ingratidao, conforrnerezavao ti tulo 63 do livro 4 das O r de n ac oe s F il ip in as .

    Na ocasiao, cheguei a duas conclusoes: a primeira, analisaado 0n um ero , d e ac ;:5e sd e e sc rav id ao e d e rnanutencao d e l ib er d ad e que ehe-gararn a Corte de Apelacao do Rio de Janeiro no seculo XIX e seusresultados (graficos 2 e 3), e a constatacao de que mais escravos inicia-ram a~6es de rnanutencao de liberdade na justica do que 0 4"1VerSOj asegunda dizia respeito a consciencia dos escravos de suas chances devitoria nesses process os, grandes principal mente em tribunais de segun-da instancia.t+

    Grafico 3: Ocorrencia de ac;;6esde escravidao e de manutencaode liberdade no seculo XIX

    50.,4)11 : 40~ 35' ~ " o~ 2 5e 20~ 1 5, ~ L OZ 5o

    1 . , . . . . . . - < 1 3./:./: _221Z I- - - - L. I.;: : .---: : :-- J-er- II - I1808-1830 18~1-1850Penodo )8)1-1870_ a~6es de manuIensio de liberdade - a~ oes d e escravid1i.o

    1808-1830 1831-1850 18511870

    Reconhecendo que esses dados forneciam muitas informa~6es acer-ca do estado das relacoes entre senhores e escravos na segunda rnetadedo seculo XIX, conclui que eles inforrnavam ainda mais a respeito dalegitimidade juridica das acoes civeis de escravidao e manuten~ao daliberdade: demonstravam que, paralelamente ao que entao acontecianas ruas, dentro dos tribunais - ao rnenos nos tribunais de segundainstancia - a legitimidade da escravidao tambern estava com es diasconrados.Sem questionar a validade deSSEargumento em terIDOSgerais, hojeparece-rne que os dados encontrados, analisados principalmente doponto de vista quantitative, foram olhados com excessive otimismo.Em primeiro lugar, porque nao se tratava, evidentemente, dos escravosde rnaneira geral: para fazer apenas uma clivagern generica, basta con-firrnar 0 que tantos ja disserarn a respeito das maiores possibilidadesdos crioulos chegarem a justica do que os africanos.15 No caso domedic Vale d o Paraiba, 0 maior poder dos escravos crioulos de trans-formar a negocia'iao privada em processo judicial fica evidenciado parmeio da comparacao entre os dados obtidos no levantamenro das a~6es

    G ra fic o 2: Resultados d a a < ;: 5e sd e reescravizacaon o s ec ulo X IX

    105o

    3S/'1 ;7 2 5 ~-/' . . ~-,. , . . . . .~/ . . '- .>~ld _'~.,.,- -.>:---- .--~9 ,,):~------ 1I

    "'0 I

    41 13 5

    \~ : 3 0< '" 25-ee .20. .,~ 15Z

    Pedodo[ - - 6 : - l ibe rdade G l esaavidio ....Ji- outro!, I ,

    422 423

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    6/11

    REPENSANDO 0 BRASIl. DO OITOCENTOS SENHORES SE M EseRAVOS,: A (>I\OP6S ITO DAS AeDES DE ESCRAV I'DAO ..

    de liberdade em geral e as colerados nos inventarios arquivados noCentro de Documentacao Hist6rica de Vassouras, todos referentes aomesrno penodo:

    ~ Invenrarios

    Em segundo lugar, se e maior 0mimero de acces que te rn c om oresultado a liberdade do que a inverse, 0 mirnero deprocessos que] nolim, reiteravam a escravidao de seus atores ainda era grande. 0 rnesmovale para a ocor renc ia das a~5es de . es cr av id ao - 0 que talvez seja 0dado rnais interessante. Embora a quantidade de at; ;6~sde manutencaode liberdade fosse maior _" crescenternente rnaior, ao longo do seculoXIX ~ do que a ocorrencia de a

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    7/11

    I REPEfIlSANDO 0 BRASil. DO OITOCENTOSSENIrIORES SEMI ESCRAVOS: A Pl'lor6slT'O pAS ACOES DE ESCRAVIDAO: ..

    ~8~6,.~o ~stab~le.ceIque,. na ~ra~~a,a revogacao da alforria por ingra- .tidao ja nao exisna - 0que significava que a ordenacao filipina corres ..pendente, embora ainda em vigor, ja . nao era mais legftima.2D

    ~ara Perdigao Malheiro e outros jurisconsultos da epoca, apenas as.escravos que ainda estavam cumprindo condicao poderiam te;.a alfor-:ria revogada po r ingratidao jii que, por nao estarem ainda no plenegozo dos direi tos civis , nao podiam ser considerados cidadaos, Mas Seo individuo ja estivesse em posse plena da liberdade, na~ podia mais set'reduzido ,a escravidao por motive de ingrat idao, porque ja seria urncid~dao, e cidadaos, de acordo com a Consr i ruicac de 1824, naopodiam perder seus direitos de cidadania ( : 3 . excecao d e tresrazoes, nao .contempladas nessa questao). Curioso que nem Perdigao Malheira nernos colegas jurisconsultos discutiram as questoes juridicas relativas a spossibilidades de reescravizacao de africanos, au seja, daqueles libeitosque, mesmo estando "em plena posse de sua Iiberdade", nao eram con-s i d e r ados cidadaos pbrque n ao tin ham nascido n o B rasi1 .21 .. Cabe esclarecer , no entanto, se 0movimento da argumentacao juri-dica corresponde a alguma perda de legitimidade da proposicao dea~5es de escravidao ao longo do seculo XfX, Nao e 0 que parece.Conforme demonstrado no grafico 3, embora 0mimero de a~i)es demanutencao de I ibe rdade cresca num ritmo mais rapido do que as acoesde escravidao, principalmente no perfodo posterior a 1850,tambem hciu rn c re sc im en to n o m im er o de propostas de ssa s ar;;6es. Nesse sentido, aquestao que se coloca e : mesmo que os ca sa s d e ree saau i zad io tenhamocorrido ao longo de r odo 0 periodo de vigencia da escravidao e possi-velmente tenham aumentado no fim do seculo XIX, nfio seriarn asafoes de escravidiio ( ou , p el o menos, seu uso recorrente] urn produtodo Oitocentos? .

    Embora nao se disponha de dados passfveis de comparacao para 0periodo anterior a '180~~ a situacao da escravidso no seculo XEXleva ae re r que estamos diante de urn quadro especff ico, Vejamos. De acordoc~m os dados levantados por Manolo Florentino, Mary Karasch eRicardo Salles.entre outros, 0 seculo XIX, principalmente na regiao da

    Corte e no Vale do Paraiba, conheceu urna retracio no mimero relativede alforr ias em rela~ao ao seculo XVIU. Alforr iava-se muito no seculoXVIII, muito pouco no seculo XIX, pelo menos ate a entrada em v igen-cia da Lei de 1871.22 A razao principal? A alta dos precos dos escravos,d ec or re l1 te d as p re ss fie s in gle sas , d a L e i d e 1 83 1 e, posteriormen~e, ci aLei Eusebio de Queiroz, de 1850.23 .

    Assirn, com a alta sucessiva do preco dos escravos, era rnais difici l,para aqueles cativos que vinham e c o I 1 o~ i7 . .a n d o pa ra comprar a l iber-dade, que aicaw;assem seu objet ivo. Isso fazia com quea negociacaoentre senhores e escravos, sempre existente nos proces.sos de obtencaod e I ib er da de , r nu ir as v ez es gerasse conflitos - qu e tanto podia provo-car arirudes como fugas e crimes quanto gerar processes na [ustica.Afinal , tanto as a~5es de manutenc;;ao de l iberdade quanta as de escra-vidao sao a t~ntativa de soludonar, no ambito publico, u r n l ongo pro-cesso de negocia

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    8/11

    RfPErlISANDO 0 BRASil DO OITOCENTO'S

    escr~vos no Vale ~o Pamilia cresceu de tal manei ra que muitos l ibertos 'S~'d~ diferentes regioes, se virarn ameacados, como demonstrou Jul~~Bleber24 ent d lib .' .Y..,.,. .' - en .e:se que I ertos tenham procurado a justica par~'~garaIl_tlr suas co.ndl~oes e refrear rentar ivas de captura. Mas os senho-: . : ;res? Po r que fariam 0mesmo? . .._"\~

    Para aprofundar a discussao, vejarnos 0 caso de Andre LUi~'l~Quaresrna, que foi a juizo tentar anular a liberdade de dOI-'S "'S ; ' i ~ Y, ,, escravos "~.mu~atos -Fe1isberto, de 22 an o s, ejoao, de 18 - que ~mae havia con-cedido '~na decrepita. idade de mais de 80 anos, cegae molesta ", sem s el l ~con~ent1m~nt,~ nem aprovacao, Andre argumentava que a mae nab"pOdl.a ter feito iSSO~ate porque erarn escravos que mantinham, comseusservices, a sui)sistencia de ambos. Aconteceu em 1811 no R' d ,.J . 2S ..,. , ' 10 e .anerro. As tes temunhas reafirmaram a importancia dos dais escravospara_a economia domestica; Em 1836, em Mage)na Provincia. do Rio dejaneiro, caso semelhante ocorreu. Miguel Marques da Silva enr rou comuma a~ao contra Maria, crioula, par ela ter sido libertada pela mae) :senhora de 90 anos, enferma e sem juizo, "seduzida porpessoas de mol';conduta" 26 D ' . , ' . , .. a rnesma orma, MIguel argumentou que nece.ssita.va daescrava para a subsistencia. Em ambos as cases, a sentenca favoreceu assenhores, mandando que as diros escravos voltassem ao poder deles,

    Como essas, varias s:ao asaqoes de escravidao nas quais 0 autoralega s:~em os escravos em questao os principais, se na o os i in i co s , b e nsda ~amll .1a .Em out,ras, a at;ao e urna rnaneira de tentar resolver disputasconrugais, n~s quais a muJher e, formalmente~ escrava do cornpanheiro.Em outras, ainda, a contendaenvolvia senhores que eram, des proprros,forros, Como,no case de Anna Rosa de Vasconcelos, que em 1838.pro-,cessou A t d - . ,.noma, e nacao mma, par essa se recusar a servi-Ia. Antoniahavia sido escrava de urn cerro Antonio Pinto pretc f .". b ,.. ' " ) re 0 orro, tam emmma , Em difi~uldades "financeiras,Antonio a havia hipotecado a suaescrava Antonia, a dona Anna. Como nao tivesse pago a dfvida n o prazoacordado perdeu a escrava M me h ., '. es 0 assnn, a nova sen ora consennuqu e Antonia continuasse v ivendo co m Antonio Pinto, trocando-a po rurn outro escravo, de nome Ioao. Tempos depois, Antonio Pinto rnor-

    428

    ~:~t N H 0< RES S EM ESC R A V 0 S : A P RO P 6 S IT 0 n A S A . c o s 5 0 E E S C R A.ll I D A 0 . ,, : j . :~~, '~reu,deixando Antonia forra em testamento. Foi quando Anna reclamou: ' . ; i a posse de Antonia e de sua filhinha, nascida depois da transacao, e"::com~ou toda a confusao. Ant~nia alegou que era forra, mas os juizes: entenderarn 0 oposto: mantida como escrava, foi obrigada a passar a: ~ ,po s s ed e dona .A nnaP. Ou como 0caso - formalrnente a,~ao de manutencao de liberdade. - de Joaquim Francisco Pacheco, ferro mina, e R i ta v ta r nbem mina,- ocorrido em 1 . 8 " 6 7 na Corte. Rita afirrna ter pago 350 mil reis de umavez ao amigo senhor, J o s e Gomes de Oliveira e Silva, ~ depois mais 368: mil reis a joaquim e m prestacoes, sern que seu novo senhor tivesse pas-sado docurnento algum referente ao dinheiro r eceb ido . joaquim diz que. nada recebeu da escrava, A historia .merece urn olbar mais deride. peloque relatam as resrernunhas, Rita estaria em uma casa decomissaoparaser vendida por 90.0 mil reis. Como nao quisesse ser vendida e s6 dispu-nha de cerca de 300 mil reis - 0 valor exato nao esta clare no proces-so - teria irnplorado a joaquirn para que completasse 0 valor. 0 quenao esta daro e se teria f icado livre, tendo pago a que devia aos 'poucos,au se teria passado a SCI escrava de joaquim, e 0 dinheiro que teria lhedado seria referente aos jornais. 0 juiz concluiu que Rita era escrava de .Joaquim.28

    .Do conjunro dessas citacoes, alguns exernplos das ceres de. cerncasas relatives a reescravizacao encontrados na Corte de Apela\fao doRio de Jan eiro aD lo ng o do' seculo XIX, fica clare que os senhores .envolvidos nessas acoes estao lange cia caracterizacao generica atribui-ciaaos ~enhores de escravos, como '(elite branca". Brancos, ate pode set

    1 f "I' " . ~ue a guns oossem; mas . e i te com cerreza nao eram.. Muito pelo contrario: 0 que a analise desses process os deixa entre-

    ver e que envolvem pessoas de si tuacjio social muito proxima, S ao for-ros, ou descendentes daqueles tanros que logrararnconseguir alforriaao longo dos seculos XVII e XVIII. 0ue as distingue e a condicao, oumelhor, a suposta condicfio de alguns, se livres, libertos a u escravos ..Nao IEpouco, evidenternente. Mas trata-se de pessoas que frequentamas mesmos lugares, temamigos em cornum, falarn a mesrna lingua.

    429

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    9/11

    REPENSHIDO 0 BRASIIL DO 0lTOCENT05 PROf'6SI_TO OAS ACOES OE ESCRAVIIDAO ...SENHORES SEM ESCP..A VO S , A

    Esse e 0 prin cip al as pe cto a ser ressaltado. S e as ; pessoas q ue i ni -.dam as ar;5es de escrevidao podem ser caracterizadas como "senho-res", sao de poucas posses. Da rnesma forma, as pessoas a quem que.'rem caracterizar como cativos viviarn, agiam e trabalhavarn comoIivres, Impossivel , a primeira vista, distinguir esses escravos dos livres.Foi, alias, 0 que disse 0 curador de urn deles, ironizando uma testemu-.nha, professor defilosofia, que afirmou ser a acusada escrava porque"0modo de vida da r e na Bahia prova sua eseravidao". "E irrisorio quea testemunha qu e se diz professor de fi losofia queira distinguir modosde vida proprios de livres e modos de vida prcprios de escravos.Declaro que e tao metafisico que nao compreendo.V?

    Assim, no caso das ac;oes de escravidao, principalmente naquelesem que 0 pr6prio senhor e ferro, a fronteira que 0 separa do escravop arec e s er m uito tenue (nao seria esse senhor, e le ta mb er n, n o. l im ite ,passfvel de reescravizacaoj), Nao ha , em qualquer dos cases, senhoresd e m uitas po sse senv o lv ido s, em nenhum a epoca d o seculo XIX , emqualquer regiao.

    Interessante que, ainda seguindo essas indicacoes, essas pessoas -de ambos as lades das contendas- estariarn, se fOssemos retomar acategoria de Maria Sylvia de Carvalho Franco, confortavelmente classi-ficadas como "homens livres e pobres", -si tuadas no limbo entre os cati-vas do eito e as grandes proprietaries. Ou entao, como argumentouManuela Carneiro da Cunha, justamente por se tratar de pessoas semposses, fora da dindrnica paternalista que caracterizava a relacaosenhor-escravo dita tradicional , aoEstado cabia a regulacao de suas ati-vidades, porque nao havia quem deles se ocupasse.w

    Mas nao e 0caso de retornar essas interpreracoes. Ao contrario: asa ' c ; o e s de escravidao analisadas demonstram justamente a capacidade e _as tentativas de a~a() regulatoria do Estado, tanto no que se refere aocontrole da populacao liberta de urn modo gera! quanta a essas rentati-vas de reescravizacao por parte de senhores e a s resistencias dos escra-vos. Essas constatacoes mudam compleramenre 0 sentido das questoesenunciadas anteriormente. Nesse s casos, urn senhor sairia de casa para

    if a [ustica reclamar 0 suposto escravo porque esse era, possiveimente,o bern mais valio so de que dispunha. Valia a pena, para eles, mes~oque tivessem de esperar varies anos pelo resul~ado. Quanta aos meios,a justica era, provavelmente~ 0unico de que dl.spunham. . _, As caracteristicas das pessoaseovolvidas nas a,!oe-sde escravidaod em on stram qu e, sem deix:ar de sec senhores e escravos, est~o no limia~da condi~ao. Quase-senhor.es enfrentam ain,d.a"escravos e Vt~e-vers~" Edessa zona de fronteira social que as ac:;:6esde escravida.o falam. A l O S :tabilidade da situacao dos envolvidos e de tal menta que s6 0 ap:lo ajust ica garantiria ,_ mesmo assim sern certeza absoluta, ja que as situa-

    'l' d ' - 31~oes eram reverslveis - a seguran~a de suas con l,!oes. .Aflnal, se em meados do seculo XIX, em epoca de aumento bru~l

    do pre~o dos escravos, era dificil para urn cativo alcancar a aHo~n~,para 0 senhor de poucos escravos a perdade urn ~ ~or qu~lquer m O :i-vo _ rarnbern era ir reparavel . Lireralmente: sena Imposswel para ele _conseguir comprar novamenl:e urn escravo. Essas sao justamente "situacoes descritas nas a~6es de escraviciao: urn pequeno propnetano-herda alguns escravos corn a morte dos pais; ao abrir a t~st~me?to) noentanto, descobre que a mae, ja velha _e em sinal de gratl.dao,; h~ertoudois dos tres escravos Pronto, acabou-se a heranca. Na maror ia dasvezes seu futuro como senhor rambem. . , .E~ se tratando de lorras e des.een:dentes de africanos de maceiregeral , esse quadro rorna-se ainda mais drast ico- p~r.der 0 escravo com-prado O U herdado a tanto custo significava, na pra~lca,pe:de~ 0 acessoao mundo dos [ivres, Muito ja se analisou sabre a Impor t anC la da coo"centracae da prop.riedade escrava no que diz respeitoao processa deperda de legitirnidade da instituicao escravista na segunda metad~ d?seculo XIX32rrata-se agora ~ eesta e umaquestao que apenas Sf mSI-nua, j:i no t i m do texto - de pensar 0 que a < ; :oncen t~~ r r aodo mirnerode escravos em POl lCOS e poderosos proprietarios slgmfIea. para que~ ~perdeu. Para esses, a distussao sobre ~ma ca:ta.de a~fo~n~ ou a legitl~midade de urna doa~ao e de extrema Impbrtancla: nao e s.oque se tratava de muito dinheiro. as vezes todos os bens de que d~spunham os

    430 431

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    10/11

    REPENSANDO 0 ElR:ASIL DO OITDCE~T'OSSENHOR~S SEM ~SCRAV.QS: A pR.Of'OSITO DAS ACOE5 DE ESCR .AV IDAO ... .

    1. 0 presenre rexto e urn dos resultados da " " .no Brasil escravisra" fiIlalizada e 20"6 pesqwsa , Reescravidao, direito e direitos, ,m u, com apoio do CNP d F 'viamenre apresentado na Ser;ao F' '. ., 6 .' q e a eperj, Foi pI!:-publicado em A lm a 1U 1 ek B 'I' orume n da Revista A lm a na ck B ra zi li en se eJ " . r az : t en se , n 6, novembr d 2007 'ancso, Monica Damas Jaime Rodri 0 e , Agradeco Istvan'" . ' od rigues e Rafael Maaq 1comentanos a primeira versao, r uese pe os generosos

    2. Vcr, :ntre outros, as analises a respeiro na coleran '" "enSG . I OS d e b is uir ia s oc ia l 5."1 L ' ' ea Direitos e J us tu ;a s n o Brasil:. '"'" uv ra ara 'J r M' ' ..Unicamp,2006. > . '- e ose 1 ,endollljfa (orgs.], Carnpinas,3. V~r,respectivamente, Keila Grinben 0 f f a d . ' . ' , . 'm a e d ir eito c i I J i i 1Z0 tempo d Ag, ,o r =rasileiros: escravidso, c idada-

    C. '1 " _ e . ntonso Pereira Reb Rio cIV~ lZsr; :a,o Brasileira 2f)02 ' in I oucas, .0 de Janeiro, '-' ,prmClpa mente p rt 3 L 'b ' de ! as a,oes de liberdade da Cor te d Ap l : ~ ,E. I e ra ta : a le t d a ambigu ida -

    Rio de Janeiro, Relume Dumara 19;4' Re bat;ao 0 R IO de Janeiro 110 seculo XIX ,C b ' _ '" e ecca Scott A emanap '"U Q; a transicao para 0 t b Ih J ' . ' ,Ct acao ,eS(.fOIJ'O em, , . ra a, 0 IV18, 1860-1899 R' ,TerralCampmas, Unicamp 15191' Ar h _ ' , 10 de Janeiro, Paz eTo ' ' . e t ur Howington ~h S h tbe L .lreatm est of Slaves' and F BI ' k ' , ' a t .ayet e Law' Th eree ac s m Sta te d Lie - .York, Garland, 198 ,6 . an oca ourts of Tennessee, Nova

    4. P~a as a~5es de liberdade e sua vigeneia roes ' " . 'm,lca crioula na relacao enrre : ho: mo antes do predominio de urna dina-Ch lh

    ' _ l"" sen ores e e.scra.vos ',a o.ub, V i so es d a l iberdade U ! - 6 . da ',' ver, entre outros, Sl ,dney, '... ma mst ru: as ult', ' d" dcorte , Sao Paulo Companhi d T _ (m as eca ,a s d a ,escravidiio n a, nma as Letras 1990' Keil G' b 'ambi gu i da d e. A s a~oes de l iberdad d' . d el a nn erg" Liberata , a lei das e c u . l o X IX , Rio de Janei ro Re i ,e , D d cor,t~ e Apeiaf4o, do Rio de J a n , e ir o n o" ume- umara 1994 EI' Acarapinha, C a rn pi ne s, U n ic am p 1099' E d d ' ,',; Chene, zevedo, Orreu de

    , ! ' ,7 , ua r 0S pil le r P P' d 'nat, Camp mas, Unicamp 2001- J l' M ena, olen.s 'a c a sa m ep e-I"'_ , ,. > e ose 1 endonca E t -V

  • 7/31/2019 GRINBERG, Keila. Senhores Sem Escravos.

    11/11

    REI'ENSANDO 0 BRASIL 00 DITOCENiOS

    .22.Manolo Floremino, "Sobre minas, i ;r ioulos e a.l iberdade cosmmeira no Rio deJaneiro, 1789-1871", in T r df ic o , c a ti ue ir o e l ib er d ad e - Rio de jam:ird, seculosXVII -XIX, Rio d . e Janeiro, Civilizayao Brasileira, 2005; e Ricardo Salles,Eo escra -

    . YO er a 0 Vale. Vassouras, s ec ul o X I X. S en bo re s e c ativo n o c or a o d o Imperio,Rio de Janeiro, Civilizacao Brasileira, no prelo.23. ManoloFloi:emino demonstra que 0 valor de urn escravo homern, entre 15 e 40anos, dobrou entre 0 Jim do seculo XVIII e osanos'1820; entre essa epoca e a Mea-da de 1830,0 valor dobrou 119vamente. Finalm.ente,entre as decadas de 40 e S O che-gall a triplicar,.continuando a subir na decada de 1860. Manolo Florentino, "Sobreminas, crioulos e a liberdade costurneira no Ri o deJaneiro, 178.9-1871" ,op. cit.

    24: A aurora cita cases depessoas que ja haviam conseguido alforria em regioes comoMinas Ge;ais e.Goias e foram escravizadas e vendidas para 0 sui , ate coma parti-cipar;:aodeauroridades municipais. Judy Bieber Freitas, "Slavery and Socia~Life: inthe Attempt. to Reduce Free People to Slavery in the Serrao Mineiro, Brazil, 1850-1871" ,ID u m a _ ( o f La ti n Ameri caH-S tud ie s , 'yo 26, n3, 1994, pp. 597-619; para pes-sibiljd.8lde~de [(:.cscravi2.a~iiode irndfgenas:,lIet John M. Monteiro', Ne gr os d a t er ra ,Sao Paulo. Companhia das Letras, 1995.25. Ac;ao de escravidao, Caixa 3.690, Niirnero 9, 1812, Corte de Apela00, ArquivoNacional. ~2 6. A r;,a o de escravidao, Caixa 3 .695, Numero 7, 1836. Corte de Apdar;ao, ArquivoNacionat . . ~

    27. A t < ao de eSCfavidao, Caixa 3.691, Numero 11, 1838, Corte de Apd.agiio, ArquivoNacional. ..28. A.~ao de manuten~aode liberdade, Ma-;:o225, Numero 2..536, 1867, Corte deA p e! a~ ao , A r qu iv o Nacional. ~29. A~ao de ,esc[aviciao, Caixa 3.688, Numero 14.318, Corte de ape1a~ao, Arquivo

    . Nacional, . ~30. Maria Sylvia de Carvalho franco, H o me ns iiv re s n a o rd em e sc ra vo cr ata , S aoPaulo, Ari ca ' , 1974; Manuela Carneiro daCunha, "Sabre os siH~nciosda lei : lei cos-mmeira e posiriva nas aHorr ias: dos escravos no.Brasil do seculo XIX", inA nt ro po fo gi a d o B ra sil . M it 'o s, hist6ria , et.l~icido.de; Sa o Pauio,Brasiliense/Eclitorada Universidade de S ao Paulo, 1986. Para essa autora, a logical da manuren( , : ao daordem no Brasi l imper ial supunha que os escravos ser iam controlados pm: seus. senhores , no ambiw privado, e 0 EstaQo cuid;nia do> hornens livres e pobres, noambito publico. . . ~ .31. Aqui caberia explorer a di.ferencia~ao entre proprietarios feita pOI Ricardo ~al~e~arespeiro d~s senhores da r.egiao-deVasscuras, no seculo XIX: micrapr.opr;etanos(de 1 a 4 escravos},pequenos {de 5 a 19), medias (de;1Oa 49'), grandes (~e )O'a 99)e megaproprieiarios (1000au mais], V er Ricardo Sal les , VaSSQuras, op. cit.

    32. Va, printipalmeme, Hebe Maria Marros, Da s cotes do s iMn c io , op. cit.

    13. Keila Grinberg, "Reescravizacao, direitos e jusricas no Brasil do seculo XD(" , :.:~.. Si lvia Lara e joseli Mendonca, Dire i tos e j ust if tl s, op. cit. ~1 1 1 ) :14. Como as senteJl~as favoraveis aos senhores eram autornaticamente enviadas i/~

    Corte de Apela~ao: esses resultados tambern podern indicar uma progressive. difi-:+c~ldad: na o_bte~

    15. Ver, p~r ~xemplo, Hebe Mattos, Da s cores d o s i l n c io , op, cit,16. Ess~s ~ltlmos dados forarn colerados nosmbiro da pesquisa "Escravidao, liberdad.""'e di re ito em V~ssouras no seculo XIX - Redes de soc iabi idade e arnpiiacao de -:espacos de.drre~tos da populacao escrava (c . 1840-1888)", coordenada por Ricardo .'