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Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTES 27 29 de Agosto de 2014 GT - 06: INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO GEOPROCESSAMENTO E ANÁLISE DA VULNERABILIDADE FAMILIAR NA MICRORREGIÃO DE MONTES CLAROS FONSECA, Samuel Ferreira da 1 [email protected] SANTOS, Danniella Carvalho dos 2 [email protected] RESUMO A interpretação de informações geoespaciais se configura como um dos grandes desafios da ciência geográfica desde seus primórdios, mas, nenhuma época vivenciou os avanços que essa área do conhecimento experimenta na atualidade. Isto em razão da evolução em diversas áreas destacando, sobretudo àquelas relacionadas à tecnologia. Nessa direção o objetivo do presente trabalho se constituiu na apropriação das técnicas de Geoprocessamento (fruto da emergente Geografia Tecnológica), para tratamento da informação espacial, tendo em vista a interpretação das variáveis inerentes à vulnerabilidade familiar. O caminho metodológico correspondeu à revisão bibliográfica em artigos, livros, monografias e dissertações, destacando autores como Oliveira (2007), Schlithler et al. (2012), Spósito & Carrano (2003), os quais versam a sobre vulnerabilidade familiar e, Câmara et al., (2001), Rosa (2009), e Fitz (2010) a respeito do uso de Geoprocessamento. Foi realizada consulta de dados secundários junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a Fundação João Pinheiro - FJP e, ao Atlas de Desenvolvimento Humano de 2003. Nessa fase foi utilizado o banco de dados do site IBGE cidades onde foram encontradas informações relevantes para contrastar com aquelas do Atlas supracitado. Utilizou-se técnicas de Geoprocessamento para produção dos mapas temáticos e criação de tabela de atributos, onde os dados estão armazenados permitindo a atualização dos mapas quando necessário. Nessa fase foi utilizado o software ArcGis 9.3., considerando os seguintes temas: Taxa de Crescimento Populacional; Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e variáveis relacionadas a temática Vulnerabilidade Familiar (VF). Os resultados compreenderam o entendimento e interpretação das situações de vulnerabilidade encontradas na Microrregião de Montes Claros. Entre os mapas produzidos se destacaram o mapa de representação da Taxa de Crescimento Populacional (2010-00); do Percentual de idosos morando sozinhos; Índice de mães solteiras com faixa etária entre 15 e 17 anos e Índice de Crianças entre 7 e 14 anos fora da escola. Dados estes subtraídos do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2003). Trabalhos nessa linha necessitam de maior expressividade tendo em vista a importância de atribuir endereço, a nível regional, para fatos considerados impactantes ao ambiente social e familiar e, posteriormente propor soluções que possam realmente atender a população. Palavras-chave: Vulnerabilidade Familiar. Microrregião de Montes Claros. Geoprocessamento. SIG. Desenvolvimento. 1 Mestrando em Produção Vegetal (Pedologia) pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTES. 2 Mestranda em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Graduada em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES.

GT - 06: INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E … · De acordo com Oliveira (2007), em 1995, o número de jovens entre 20 a 24 anos atingiu um contingente de 13 milhões de indivíduos,

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Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES 27 – 29 de Agosto de 2014

GT - 06: INDICADORES DE DESIGUALDADE SOCIAL E

DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO

GEOPROCESSAMENTO E ANÁLISE DA VULNERABILIDADE

FAMILIAR NA MICRORREGIÃO DE MONTES CLAROS

FONSECA, Samuel Ferreira da1

[email protected]

SANTOS, Danniella Carvalho dos

2

[email protected]

RESUMO

A interpretação de informações geoespaciais se configura como um dos grandes desafios da ciência geográfica desde seus primórdios, mas, nenhuma época vivenciou os avanços que essa área do

conhecimento experimenta na atualidade. Isto em razão da evolução em diversas áreas destacando,

sobretudo àquelas relacionadas à tecnologia. Nessa direção o objetivo do presente trabalho se constituiu na apropriação das técnicas de Geoprocessamento (fruto da emergente Geografia

Tecnológica), para tratamento da informação espacial, tendo em vista a interpretação das variáveis

inerentes à vulnerabilidade familiar. O caminho metodológico correspondeu à revisão bibliográfica em artigos, livros, monografias e dissertações, destacando autores como Oliveira (2007), Schlithler et al.

(2012), Spósito & Carrano (2003), os quais versam a sobre vulnerabilidade familiar e, Câmara et al.,

(2001), Rosa (2009), e Fitz (2010) a respeito do uso de Geoprocessamento. Foi realizada consulta de

dados secundários junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a Fundação João Pinheiro - FJP e, ao Atlas de Desenvolvimento Humano de 2003. Nessa fase foi utilizado o banco de

dados do site IBGE cidades onde foram encontradas informações relevantes para contrastar com

aquelas do Atlas supracitado. Utilizou-se técnicas de Geoprocessamento para produção dos mapas temáticos e criação de tabela de atributos, onde os dados estão armazenados permitindo a atualização

dos mapas quando necessário. Nessa fase foi utilizado o software ArcGis 9.3., considerando os

seguintes temas: Taxa de Crescimento Populacional; Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e variáveis relacionadas a temática Vulnerabilidade Familiar (VF). Os resultados compreenderam o

entendimento e interpretação das situações de vulnerabilidade encontradas na Microrregião de Montes

Claros. Entre os mapas produzidos se destacaram o mapa de representação da Taxa de Crescimento

Populacional (2010-00); do Percentual de idosos morando sozinhos; Índice de mães solteiras com faixa etária entre 15 e 17 anos e Índice de Crianças entre 7 e 14 anos fora da escola. Dados estes

subtraídos do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2003). Trabalhos nessa linha necessitam

de maior expressividade tendo em vista a importância de atribuir endereço, a nível regional, para fatos considerados impactantes ao ambiente social e familiar e, posteriormente propor soluções que possam

realmente atender a população.

Palavras-chave: Vulnerabilidade Familiar. Microrregião de Montes Claros. Geoprocessamento. SIG. Desenvolvimento.

1 Mestrando em Produção Vegetal (Pedologia) pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri -

UFVJM. Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES.

2 Mestranda em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Graduada em Geografia pela

Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES.

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ABSTRACT The interpretation of geospatial information is configured as one of the great challenges of

geographical science since its beginnings, but any time experienced the advances that this area of

knowledge experiences today. This is due to the progress in various fields highlighting, especially those related to technology. In this sense the objective of this work consisted in appropriating the

techniques of GIS (Geography fruit of Emerging Technology), for the treatment of spatial information

in view of the interpretation of the variables inherent in family vulnerability. The methodological path corresponded to the literature review on articles, books, monographs and dissertations, highlighting

authors and Oliveira (2007), Schlithler et al. (2012), Sposito & Carrano (2003), to which they bear on

family vulnerability and Câmara et al., (2001), Rosa (2009) and Fitz (2010) regarding the use of GIS.

Query secondary data was performed by the Brazilian Institute of Geography and Statistics - IBGE, Fundação João Pinheiro - FJP and the Atlas of Human Development 2003. In this phase the database

of the site was used IBGE cities where relevant information was found to contrast with those of the

aforementioned Atlas. We used GIS techniques to produce thematic maps and creating the attribute table, where the data are stored allowing for updating the maps when needed. In this phase the ArcGIS

9.3 software was used, considering the following topics: Population Growth Rate; Human

Development Index (HDI), and variables related to thematic Family Vulnerability (VF). Results

understood the understanding and interpretation of situations of vulnerability found in the micro-region of Montes Claros. Among the produced maps stood out the map representation of the

Population Growth Rate (2010-00); the percentage of elderly living alone; Number of single mothers

aged between 15 and 17 years old and Index Children between 7 and 14 years old out of school. These data were subtracted from the Atlas of Human Development in Brazil (2003). Work in this line need

greater expressiveness in view the importance of allocating address the regional level to facts

considered impactful social and family environment and subsequently propose solutions that might actually serve the population.

Keywords: Family Vulnerability. Microregion of Montes Claros. GIS. SIG. Development.

INTRODUÇÃO

Geoprocessamento é a área do conhecimento que possui por objetivo representar o

espaço geográfico utilizando técnicas matemáticas e computacionais (CÂMARA et al., 2001).

É um termo que vem sido compreendido, ora como técnica ora como ciência.

Conforme Fonseca, (2013) as técnicas de Geoprocessamento tem sido utilizadas para

representar as dinâmicas multivariadas que se desenvolvem no espaço. Ressalta esse autor

que, as técnicas supracitadas possuem, por sua vez, a capacidade de potencializar a interação

entre a Geografia e suas abordagens multifacetadas. Sendo a Geografia uma ciência de

síntese, abarca as diversas interações que se estabelecem entre o ser humano e os recursos

naturais. Essas interações podem ser profundamente interpretadas utilizando

Geoprocessamento, o que permitirá propor soluções eficazes.

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Essa pesquisa tem por objetivo aplicar as técnicas de Geoprocessamento para

tratamento da informação espacial, tendo em vista a interpretação das variáveis inerentes à

Vulnerabilidade Familiar (VF).

Para o presente trabalho, a definição de Vulnerabilidade Familiar foi extraída de

Schlithler at. al., (2012). Para esses autores VF corresponde a característica ou características

de um sistema, tendo como exemplo; família, escola, emprego, comunidade e até mesmo um

só indivíduo. Cita-se, por exemplo, número de mães solteiras com idade inferior a 15 (quinze)

anos, altos percentuais de crianças em idade escolar ausentes desta, bem como, municípios

apresentando baixos níveis de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M),

como sendo indicadores de VF.

Segundo Oliveira (2007) análises de variáveis correlatas as realizadas neste trabalho

apontam uma visível necessidade de implementar programas de políticas públicas para a

juventude na sociedade brasileira contemporânea devido a ausência de programas sociais, que

acolham esse seguimento social. Pois, existe uma necessidade maior de interação entre pais e

filhos, e a ausência de tal interação pode gerar vulnerabilidade. Um exemplo é o aumento do

número de idosos residindo sozinhos, em razão da não interação com os filhos, esta é uma das

variáveis analisadas nesta pesquisa.

Cabe a alternativa de se criar políticas públicas direcionadas a redução de

Vulnerabilidade em suas várias nuances. Nesse trabalho utilizou-se o termo política pública

na mesma concepção de Spósito e Carrano (2003), que a define como: “Dimensão ético-

política dos fins da ação que deve se aliar, necessariamente, a um projeto de desenvolvimento

econômico social e implicar formas de relação do Estado com a sociedade”.

De acordo com Oliveira (2007), em 1995, o número de jovens entre 20 a 24 anos

atingiu um contingente de 13 milhões de indivíduos, o equivalente a 8,5% da população total

do país. Adolescentes de 15 a 19 anos somavam 15,7 milhões de pessoas, ou 10,4% da

população geral. Sendo assim, se iniciou o novo século com a maior população juvenil da

história demográfica brasileira. Em contrapartida se ressalta o crescimento dos níveis de

analfabetismo, fator que tem alcançado paulatinamente essa faixa etária. Para esta pesquisa a

análise de vulnerabilidade familiar contempla a variável analfabetismo entre jovens para a

microrregião acima mencionada.

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Analisou-se ainda a vulnerabilidade familiar utilizando os critérios estabelecidos pelo

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), usou-se a taxa de

crescimento populacional, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e a Vulnerabilidade

Familiar (VF).

Os resultados compreenderam o entendimento e interpretação das situações de

vulnerabilidade encontradas na Microrregião de Montes Claros. Trabalhos que contemplem

essa nuance necessitam de maior expressividade, tendo em vista a importância de atribuir

endereço a nível regional, para fatos considerados impactantes ao ambiente social e familiar.

SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG

O Sistema de informação Geográfica (SIG) é um conjunto de ferramentas

computacionais composto de equipamentos e programas, que por meio de técnicas, integra

dados, pessoas e instituição (ROSA, 2009).

Um SIG possibilita análises de dados qualitativos e quantitativos, os quais podem

advir de várias fontes, possibilitando, por sua vez, integrar os bancos de dados

georreferenciados. Isto é, onde os dados estão amarrados à superfície por meio de um sistema

de coordenadas geográficas (FITZ, 2010).

O ambiente SIG possui vasta potencialidade na representação do espaço, pois, é nele

que se desenvolvem as dinâmicas sociais, econômicas, ambientais, entre muitas outras

(FONSECA, 2013). As funções de um SIG atendem as necessidades de cada usuário, no

entanto, as principais são expostas a seguir. (Diagrama 01).

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Diagrama 01: Funções de um SIG

Org: FONSECA, S. F. 2013. Adaptado de FITZ, P. R. 2010

As técnicas de geoprocessamento necessitam de um ferramental tecnológico

adequado para realização de suas funções. Desse modo, emerge o vocábulo Sistema de

Informações Geográficas – SIG o qual vem sendo entendido, vez por outra, apenas como o

software para uso em geoprocessamento.

De acordo com Fitz (2010), o termo é a tradução do inglês Geographic Information

System – GIS, que vem sendo traduzido no plural como, Sistemas de Informações

Geográficas, e também no singular, Sistema de Informação Geográfica. No entanto, nesse

trabalho utilizou-se o mesmo raciocínio de Fitz (2010), que menciona a terminologia Sistema

de Informações Geográficas. Afirma o autor que se trata de um sistema computacional que

trabalha com inúmeras informações geográficas.

LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE PESQUISA

O Norte de Minas Gerais ocupa um território de 128.602km2. Com uma população

de 1.473.367 habitantes que são distribuídos em oitenta e nove municípios de acordo com os

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dados do (IBGE, 2013). A área estudada encontra-se inteiramente inserida nesta mesorregião,

compreendendo a porção central desta.

A área escolhida para estudo foi a microrregião de Montes Claros, a qual é uma das

microrregiões do estado brasileiro de Minas Gerais pertencente à mesorregião Norte de Minas

como mencionado acima. A população desta microrregião foi estimada pelo (IBGE 2013) em

601.867 habitantes, que estão distribuídos em 22 municípios e sua área total é de 22.448 km².

(Figura 01).

1 Brasília de Minas 8 Ibiracatu 15 Patis 22 Verdelândia

2 Campo Azul 9 Japonvar 16 Ponto Chique

3 Capitão Enéas 10 Juramento 17 São João da Lagoa

4 Claro dos Poções 11 Lontra 18 São João da Ponte

5 Coração de Jesus 12 Luislândia 19 São João do Pacuí

6 Francisco Sá 13 Mirabela 20 Ubaí

7 Glaucilândia 14 Montes Claros 21 Varzelândia Figura 01: Localização da microrregião de Montes Claros

Org: FONSECA, S. F. 2013

A vegetação desta microrregião corresponde ao Bioma Cerrado, ocorrendo, de

maneira relativamente esparsa, pequenas porções de Caatinga. O tipo climático predominante

nos municípios analisados se encontra na categoria AW segundo classificação de Köppen

(1948), balizado por verões chuvosos e invernos, geralmente secos.

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METODOLOGIA

O caminho metodológico correspondeu à revisão bibliográfica em artigos, livros,

monografias e dissertações, destacando autores como Oliveira (2007), Schlithler et al.(2012),

Spósito & Carrano (2003), os quais versam a sobre vulnerabilidade familiar e Longley et. al.,

(2013); Câmara et al. (2001), Rosa (2009), Fonseca (2013) e Fitz (2010) a respeito das

técnicas de Geoprocessamento.

Realizou-se consulta de dados secundários junto ao Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística - IBGE, Fundação João Pinheiro - FJP e ao Atlas de Desenvolvimento Humano

de 2003. Nessa fase utilizou-se o banco de dados do site IBGE cidades onde foram

encontradas informações relevantes para contrastar com aquelas do Atlas supracitado.

Foi utilizado Sistema de Informações Geográficas – SIG para geração dos mapas

temáticos e criação de tabela de atributos, onde os dados foram armazenados, permitindo a

atualização dos mapas quando necessário. Essa atualização é possibilitada em razão dos SIGs

possuírem característica transacional para os Bancos de Dados neles inseridos (LONGLEY et.

al., 2013). Nessa fase foi empregado o software ArcGis 9.3., usando os índices: Taxa de

Crescimento Populacional; Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e aqueles

relacionados a temática Vulnerabilidade Familiar (VF) para construção de produtos

cartográficos para análise espacial proposta.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Atlas de Desenvolvimento Humano é um banco de dados eletrônico com o

objetivo de democratizar o acesso e aumentar a capacidade das informações socioeconômicas

dos municípios brasileiros (FJP, 1996). Este Atlas está disponível no site do Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. O mesmo se constitui uma base de dados

consistentes sobre a situação dos municípios, distrito federal e estados. Neste trabalho foram

utilizados dados do referido Atlas, para geração de mapas temáticos cuja finalidade foi

interpretar e analisar cinco (5) variáveis inerentes a Microrregião de Montes Claros-MG.

As técnicas de Geoprocessamento foram utilizadas para tratamento da informação

espacial. Essas técnicas possibilitaram gerar mapas coropléticos se apropriando dos dados

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relacionados a VF. Após geração dos mapas foi realizada interpretação dos resultados e

mencionada à importância da tomada de decisão (make decision) mediante o futuro.

A vulnerabilidade é um conceito que sugere recorrência às diversas unidades de

análises: indivíduos, domicílios e comunidade, além de recomendar que se identifiquem

cenários e contextos (SPOSITO & CARRANO, 2003). Portanto, cada índice aqui analisado,

observado isoladamente não significa necessariamente situação vulnerável, todavia, o

agrupamento dos mesmos e sua síntese, pode contribuir satisfatoriamente para a análise

proposta neste trabalho.

A taxa de crescimento populacional é um indicador disponível na base de dados da

Fundação João Pinheiro, sendo a única exceção em relação ao Atlas de Desenvolvimento

Humano. (Figura 02).

Figura 02: Taxa de crescimento populacional

Org: EQUIPE GEOTEC, 2013

Os maiores índices de crescimento populacional se encontram nos municípios de

Verdelândia e Montes Claros. Lontra, São João do Pacuí, Ubaí e Ponto Chique figuram como

municípios intermediários neste quesito. Em contrapartida, os menores valores para o índice

analisado estão concentrados entre Varzelândia, Coração de Jesus e Claro dos Porções. Estes

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municípios apresentaram decréscimo da população total (urbana e rural), no período entre

2000 e 2010. Fator que pode ser justificado em decorrência da falta de emprego nos mesmos,

o que pode estar forçando os indivíduos a migrações, vez por outra, conflituosas.

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, é uma variável que visa mensurar, em

uma escala de 0 a 1, o desenvolvimento dos países, estados ou municípios (BORTOLOTO,

2011). Quanto mais próximo de 1 (um) for o índice, maior qualidade de vida tem a população

do município, ou outro ente federativo analisado. Ressalta, no entanto, que este é um

indicador genérico de qualidade de vida, pois a temática é ampla. No presente trabalho este

índice foi utilizado para ser comparado com os indicadores, na proposta da VF. (Figura 03).

Figura 03: Indice de Desenvolvimento Humano

Org: EQUIPE GEOTEC, 2013

De acordo com Gomes & Pereira (2005) a situação de vulnerabilidade social da

família pobre se encontra diretamente ligada à miséria estrutural, agravada pela crise

econômica que lança o homem ou a mulher ao desemprego ou subemprego. Os municípios

com baixos valores para o IDH, provavelmente apresentam necessidades nas áreas da saúde,

da educação e da economia.

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A seguir se representa o índice de VF que aborda o tema “Idosos morando sozinhos”.

Observa-se que em Verdelândia, Coração de Jesus, São José da Lagoa e Claro dos Porções

estão representados os maiores contingentes.

Tal fato pode ser resultado da migração dos jovens estudantes para outros municípios

como, Montes Claros, Pirapora entre outros. Consequentemente os pais, que em geral são

idosos, acabam residindo sozinhos. Esse problema pode ser resolvido ampliando a rede de

ensino para tais municípios. No entanto, ocorrem outros fatores responsáveis pela migração

de jovens, tais como: falta de trabalho e outras oportunidades. (Figura 04).

Figura 04: Percentual de Idosos morando sozinhos

Org: EQUIPE GEOTEC, 2013

De acordo com Schlithler et. al., (2012) hoje a formação dos filhos envolve muito

mais diretamente do que antes, a escola, os meios de comunicação e sociedade globalizada.

Os altos índices de indivíduos fora da escola podem representar desajustes nos três cenários,

em conjunto ou individualmente. (Figura 05).

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Figura 05: Percentual de adolescentes fora da escola

Org: EQUIPE GEOTEC, 2013

Em especial, se observa Montes Claros que, sendo o maior município dessa

microrregião apresenta o menor índice de adolescentes fora da escola. Fator que pode ser

justificado pelo avanço econômico deste município, o que não descarta a existência de

desigualdades sociais no mesmo. Os municípios de Patis, Verdelândia e Francisco Sá

apresentaram os menores valores para o índice.

Os serviços e recursos comunitários ajustados a uma política social que contemple as

demandas familiares, como a garantia de acesso a creches, jornada de trabalho adequada,

transporte públicos que não impliquem a permanência de longos períodos fora de casa,

poderiam auxiliar as famílias no sentido de reduzir a condução da casa por adolescentes.

Sendo este, um fator decisivo na evasão escolar, realçando, de forma expressiva, a

vulnerabilidade familiar (SCHLITHLER et. al., 2012).

Conforme Gomes & Pereira, (2005) “as transformações ocorridas na política

econômica do Brasil produziram profundas mudanças na vida econômica, social e cultural da

população, gerando altos índices de desigualdade social”. Produzindo, como consequência, o

aumento de crianças fora da escola. (Figura 06).

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Figura 06: Percentual de crianças de 7 e 14 anos fora da escola

Org: EQUIPE GEOTEC, 2013

Os municípios de Ibiracatu, Patis e São João do Pacuí, apresentaram valores mais

elevados para este índice, destacam-se também, Verdelândia e Francisco Sá, sendo este último

um dos maiores municípios dessa microrregião após Montes Claros, porém, apresentando

valores elevados em relação à variável analisada.

O aumento da taxa de fecundidade entre adolescentes pode ser resultado de falta de

planejamento, deficiência no acesso à informação, ausência de prevenção, baixo nível

educacional e cultural dentre outros fatores. (Figura 07).

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Figura 07: Percentual de mães menores de 15 anos

Org: EQUIPE GEOTEC, 2013

Quanto ao número de mães adoslecentes, os maiores valores foram encontrados entre

Brasilia de Minas, Coração de Jesus e Mirabela. Em contrapartida, São João da Ponte,

Japonvá e Glaucilandia corresponderam aos menores valores para este indicador, o que

representa um fator positivo, no que diz respeito a temática.

Para Kaloustian e Ferrari (1994 apud GOMES & PEREIRA, 2005) por detrás da

criança excluída da escola, nas favelas, no trabalho precoce urbano e rural e em situação de

risco, está a família desassistida ou inatingida pela política oficial. Conforme os mencionados

autores, situações correlatas a estas correspondem, ao resultado de uma cadeia hereditária de

abandono e descaso, a criança abandonada nada mais é que o reflexo do adulto abandonado,

da família abandonada ou da sociedade abandonada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar os produtos cartográficos acima expostos se percebe a potencialidade das

técnicas de Geoprocessamento para análise geoespacial, sobretudo aquelas cuja finalidade

corresponda ao entendimento das demandas sociais. Demandas estas, que podem ser

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corrigidas mediante o interesse do poder público em retificar deformidades sociais originadas,

na maioria das vezes, pela própria estrutura política.

A interpretação coerente dos produtos aqui gerados, quando associadas à tomada de

decisões podem auxiliar na busca de equidade social, realçando a importância de propor,

quando necessário, soluções que sejam, via de regra, emancipatórias.

Medidas devem ser tomadas vislumbrando a equidade social, possibilitando o acesso

aos recursos básicos e à sobrevivência aos necessitados, bem como propondo melhorias para

população de cada município, considerando as diversas faixas etárias.

Com exceção do mapa de taxa de crescimento populacional, (que corresponde aos

dados da FJP) os mapas gerados no presente trabalho correspondem aos dados do Atlas de

Desenvolvimento Humano de (2003), tendo em vista que, este trabalho é resultado do Projeto

GEOTEC – Geotecnologias na educação: análise, interpretação de dados censitários e

representação geográfica, desenvolvido na E. E. José Maria Pereira no primeiro semestre de

2013, o que impossibilitou o uso dos dados do Atlas mais recente cuja publicação ocorreu

somente em Julho daquele ano.

REFERÊNCIAS

BORTOLOTO, M. 2011. Glossário de Geografia. Edição do Autor. Belo Horizonte/MG.

212p.

BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico-IBGE, 2013. Diponível em

http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=310940 Acessado em

10/06/2013.

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