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Guerrilha e Contra-guerrilha A guerrilha é uma guerra irregular, um conflito em que um pequeno grupo de combatentes, chamados guerrilheiros, usa táticas militares, como emboscadas, sabotagem e ataques com extrema mobilidade, ou ações não convencionais, para fustigar um opositor militar tradicional maior e menos móvel, seja estrangeiro ou doméstico. A guerrilha pode lançar mão de ações bélicas e políticas para alcançar seus objetivo, podendo conta ou não com apoio externo. As ações nem sempre visam derrotar militarmente o inimigo, mas sempre debilitá-lo moral e psicologicamente. Guerrilla é o diminutivo da palavra espanhola guerra, literalmente, "pequena guerra". Ela deriva do alto alemão antigo Werra ou da palavra Warre do médio holandês; adotada pelo visigodos no século 5 dC. Presume-se que tenha sido utilizada a palavra guerrilha (guerrilla) pela primeira vez na Guerra Peninsular contra a invasão napoleônica a Portugal e Espanha, entre 1808 e 1813. Portanto, o termo passou a ser utilizado a partir da sua origem ibérica, tendo sua grafia original preservada em muitos idiomas. A guerra de guerrilhas também recebeu outras denominações. Na América Latina, por exemplo, foi chamada de montonera no Rio da Prata e bola no México, ou Guerra do Mato, entre outras nomenclaturas que não prevaleceram. Um pouco de história Nesta seção iremos relatar um pouco sobre a presença da tática de guerrilha na história, destacando alguns dos vários conflitos que já existiram, inclusive na história do Brasil.

Guerrilha e Contra-Guerrilha

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A guerrilha é uma guerra irregular, um conflito em que um pequeno grupo de combatentes, chamados guerrilheiros, usa táticas militares, como emboscadas, sabotagem e ataques com extrema mobilidade, ou ações não convencionais, para fustigar um opositor militar tradicional maior e menos móvel, seja estrangeiro ou doméstico. A guerrilha pode lançar mão de ações bélicas e políticas para alcançar seus objetivo, podendo conta ou não com apoio externo. As ações nem sempre visam derrotar militarmente o inimigo, mas sempre debilitá-lo moral e psicologicamente.

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Guerrilha e Contra-guerrilha

 

A guerrilha é uma guerra irregular, um conflito em que um pequeno grupo de combatentes,

chamados guerrilheiros, usa táticas militares, como emboscadas, sabotagem e ataques com

extrema mobilidade, ou ações não convencionais, para fustigar um opositor militar tradicional

maior e menos móvel, seja estrangeiro ou doméstico. A guerrilha pode lançar mão de ações

bélicas e políticas para alcançar seus objetivo, podendo conta ou não com apoio externo. As

ações nem sempre visam derrotar militarmente o inimigo, mas sempre debilitá-lo moral e

psicologicamente.

Guerrilla é o diminutivo da palavra espanhola guerra, literalmente, "pequena guerra". Ela

deriva do alto alemão antigo Werra ou da palavra Warre do médio holandês; adotada pelo

visigodos no século 5 dC. Presume-se que tenha sido utilizada a palavra guerrilha (guerrilla)

pela primeira vez na Guerra Peninsular contra a invasão napoleônica a Portugal e Espanha,

entre 1808 e 1813. Portanto, o termo passou a ser utilizado a partir da sua origem ibérica,

tendo sua grafia original preservada em muitos idiomas. A guerra de guerrilhas também

recebeu outras denominações. Na América Latina, por exemplo, foi chamada de montonera

no Rio da Prata e bola no México, ou Guerra do Mato, entre outras nomenclaturas que não

prevaleceram.

Um pouco de história

Nesta seção iremos relatar um pouco sobre a presença da tática de guerrilha na

história, destacando alguns dos vários conflitos que já existiram, inclusive na história

do Brasil.

A guerrilha tem sido a forma mais comum de luta no mundo moderno manifestando-se

naturalmente sob várias formas. A guerra que os vietcongues sustentaram contra os

americanos nos anos 1960 não teve as mesmas características da luta do IRA contra o

governo britânico no Ulster (Irlanda do Norte); os grupos armados de Fidel Castro nas

montanhas de Cuba eram muito diversos dos guerreiros afegãos do Afeganistão que

resistiram contra a intervenção soviética ou os movimentos de resistência contra os nazistas

na Europa.

Porém a tática de guerrilha nada tem de nova. O emprego de grupos armados em

emboscadas e escaramuças causando o gradual desgaste de um exército maior é a forma de

luta presente desde a Antiguidade Clássica. Um dos primeiros exemplos foram as táticas de

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atacar-e-correr empregada pelos nômades citas de Ásia Central contra as forças do persa

Dario, e posteriormente, contra Alexandre, o Grande. A estratégia de Fabian aplicada pela

República Romana contra Hannibal na Segunda Guerra Púnica poderia ser considerada um

exemplo precoce de táticas de guerrilha: Depois de assistir várias derrotas desastrosas,

assassinatos e grupos de ataque, os romanos anularam a doutrina militar comum de esmagar

o inimigo em um única batalha e iniciaram uma bem-sucedida, apesar de impopular, guerra

de desgaste contra os cartagineses, que durou 14 anos. Quando expandiram seu próprio

Império, os romanos encontraram numerosos exemplos de resistência de guerrilha contra as

suas legiões também. Também existem referências a essas táticas desde 400 anos antes de

Cristo em obras do escritor chinês Sun Tzu.

Quando os portugueses chegaram ao novo continente eles foram hostilizados pela guerra do

mato, modalidade guerreira na qual os índios do interior da terra brasilis - muito bravos, ao

contrários dos seus pacíficos primos do litoral - eram mestres e causavam muitas baixas aos

colonizadores, a despeito da inferioridade em armamento. E aqui começa uma longa história

de ações de guerrilhas no Brasil, passando pelo período colonial, imperial e a república.

Podemos citar na história do Brasil as ações de Antonio Dias Cardoso, que lutou na 

Insurreição Pernambucana contra a invasão holandesa, e como conhecedor das técnicas de

combate dos indígenas, foi apelidado de "mestre das emboscadas", usou de táticas de

guerrilha contra um inimigo mais poderoso. Por seus feitos Antonio Dias Cardoso é patrono

das Forças Especiais do Exército Brasileiro.

Quando os holandeses, da Companhia das Índias Ocidentais, invadiram Olinda e Recife em

1630, em sua segunda invasão do Nordeste, contavam com 64 navios e 3.800 homens, e em

Fevereiro de 1630, conquistam Olinda e depois Recife. Com a vitória, as forças holandesas

foram reforçadas por um efetivo de mais 6.000 homens, enviado da Europa para assegurar a

posse da conquista.

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Bandeira da Companhia das Índias Ocidentais - GWC - Geoctroyeerde West Indische

Compagnie, e sargento holandês com alabarda

A GWC um caráter bélico bem mais acentuado que sua irmã oriental, era

uma companhia voltada muito mais para a conquista militar, ocupação e

pirataria em grande escala (dos galeões portugueses abarrotados de

açúcar, e dos espanhóis carregados da prata do novo mundo) do que ao

comércio propriamente dito. Era na verdade um exército paralelo ao

Estatal, mantido com capitais privados, com base em mercenários

contratados, e era uma das forças mais poderosas no mundo de então!

As tropas de resistência luso-brasileiras no inicio do conflito, eram incapazes de resistir aos

invasores em campo de batalha, sendo assim eles lançaram mão das táticas de guerrilha

para emboscar as tropas inimigas, seus postos de vigilância e suas linhas de comunicações,

além de buscar interditar a economia colonial holandesa através da destruição dos engenhos

de açúcar na área sobre o controle holandês. A organização das tropas em Terços auxiliares

e a forte presença do elemento indígena dentro da organização militar acabaram conferindo

às tropas em ação na América Portuguesa muitas características da Guerra Indígena que

mescladas a elementos Europeus deram origem a denominada “Guerra Brasílica”.  Na época

foram criadas as chamadas "companhias de emboscada", que eram pequenos grupos de dez

a quarenta homens, com alta mobilidade, que atacavam de surpresa os holandeses e se

retiravam em velocidade, reagrupando-se para novos combates.

Como exemplo dessas podemos citar a a emboscada realizada em 14 de maio de 1630

contra as tropas holandesas que escoltavam o almirante Pieter Adriensz e o conselheiro

Servatius Carpentier: Neste dia o Almirante Adriensz , com o conselheiro Carpentier partiram

do Recife para se despedir dos conselheiros e dos chefes militares, sucedeu, que já fora do

alcance do fortim situado abaixo da cidade, cair uma chuva que molhou completamente as

mechas e mosquetes dos holandeses. As tropas de resistência luso-brasileiras se postaram

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de emboscada no outro lado do rio, e percebendo a limitação das armas do inimigo, atacaram

de surpresa. O almirante e o seu capitão fizeram o possível para a conter a tropa que estava

em pânico, porém, os índios inimigos atiraram suas flechas, e os holandeses, que não

podiam responder ao ataque com seus  mosquetes tiveram que fugir. Essa foi mais uma

prova que demonstrou a capacidade das forças luso-brasileiras de se aproveitarem das

condições locais para obter vantagem sobre as forças invasoras.

Ainda nesta época e um pouco depois, por cerca de 94 anos, a região dos Palmares, em

Alagoas e Pernambuco, foi alvo de investidas holandesas e portuguesas para ali destruir o

grande Quilombo dos Palmares, uma confederação de mocambos .Estes eram os povoados

dos escravos fugidos dos engenhos e fazendas que ali foram se reunindo, prosperando e

desfrutando da liberdade que a escravidão lhes tolhia. A mata e a montanha na Serra da

Borborema tornavam o Quilombo dos Palmares de difícil acesso, proporcionando seguro

abrigo a seu povo e, além, terreno ideal para a defesa a base de guerra de guerrilhas, com

táticas indígenas e africanas integradas e que ali foi denominada Guerra  do Mato.

Na chamada Guerra da Restauração do Rio Grande do Sul (1774-1777), surgiu a chamada

“Guerra à gaúcha”, travada contra a invasão dos espanhóis em 1763 e 1774, que chegaram a

controlar 2/3 do território invadido por cerca de 13 anos. Esta guerra foi desenvolvida com o

apoio na seguinte diretriz emanada do Rio de Janeiro, que incapaz de socorrer o Rio Grande

do Sul invadido ordenava que a guerra contra o invasor deveria ser feita através de pequenas

patrulhas localizadas nas matas e nos passos dos rios e arroios. Dai essas patrulhas iriam

atacar os invasores de surpresa, causado-lhe baixas, arruinando suas cavalhadas e

suprimentos e mantendo assim um clima de constante e contínua inquietação.

Citamos também as ações no estilo guerrilha na Guerra de Independência dos EUA (1776-

1783) contra os ingleses. Embora esta guerra é muitas vezes vista como uma guerra de

guerrilha, as táticas de guerrilha eram raras, e quase todas as batalhas travadas foram no

estilo de batalhas convencionais. Uma das exceções foi no sul, onde o peso da guerra foi

travado por forças de milícia que lutaram contra as forças britânicas, onde se usou da

dissimulação, surpresa, e outras táticas de guerrilha para se obter a vantagem. O General

Francis Marion da Carolina do Sul, muitas vezes atacou os britânicos em lugares inesperados

e, em seguida, desapareceu para os pântanos, onde não podia ser perseguido, por isso ele

foi nomeado pelos britânicos de "The Fox Swamp".

O primeiro exemplo de operações de guerrilha em grande escala ocorreu na Espanha e em

Portugal entre 1808 e 1814, onde se travou uma guerra irregular e se introduziu o conceito de

“guerra total” ou de “nação em armas”, o que supõe uma mudança radical nas estruturas da

guerra. A Guerra Peninsular não foi só travada pelos exércitos regulares, mas também pelos

povos. Curiosamente para os espanhóis a Guerra Peninsular é conhecida como a Guerra de

La Independencia.

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Guerrilheiro espanhóis emboscam uma unidade da cavalaria ligeira francesa em uma

fazenda

É interessante citar que José Bonifácio, lembrando da experiência de Portugal e Espanha no

uso de guerrilha para ajudar a expulsar Napoleão, pretendia adotar essa tática no Brasil caso

este fosse invadido por uma potência estrangeira como a França.

Durante o período do Brasil Império, houve muitos movimentos populares que lançaram mão

de táticas de guerrilha nas províncias contra as tropas imperiais.

Um dos principais foi a Balaiada (1838 - 1841) que foi um movimento popular que aconteceu

nas províncias do Maranhão e no Piauí. Esse movimento usou as táticas de guerrilha para

realizar ataques contra fazendas e para a libertação dos escravos que viviam nas mesmas. O

hoje patrono do Exército, Duque de Caxias, pacificou o Maranhão, usando guerrilhas contra

guerrilhas, bem como no combate aos revoltosos farrapos no Rio Grande do Sul

Em 1836 Giuseppe Garibaldi chega ao Rio Grande do Sul, onde luta ao lado dos farroupilhas

na Revolta dos Farrapos (1835-1845) e se torna mestre em guerrilha. Garibaldi quando volta

para a Itália em 1854 usa de táticas de guerrilha, aprendidas na América do Sul, quando

comandou os camisas vermelhas (1860-1861).

Durante a Guerra Civil dos EUA (1861-1865) a forças da Confederação usaram táticas de

guerrilha contra o sistema de transportes e de comunicação da União e os Unionistas do Sul

eram principalmente usados como forças anti-guerrilha e tropas de ocupação em áreas da

Confederação ocupadas pela União.

Durante a Guerra de Canudos (1896-1897) os sertanejos que lutavam por Antonio

Conselheiro conheciam tão bem o seu ambiente que tornaram possível o uso do terreno para

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táticas de guerrilha contra as forças do governo. Eles usavam das emboscadas e dos

ataques-surpresa contras os soldados. O tático das ações de guerrilha em Canudos era o ex-

escravo pernambucano chamado Pajeú. Pajeú foi responsável pelas mais significativas

baixas contra as tropas federais. Acostumados a caçar para sobreviver, os guerrilheiros

usaram a experiência adquirida e se tornaram bons franco-atiradores, pois quando algum

soldado desavisado, principalmente em noite sem lua, acendia um cigarro, era alvo de um

fatal tiro certeiro. Os homens de Pajeú usavam os “presentes” que Moreira César lhes deixou,

ou seja, fuzis de fabricação alemã do Exército Brasileiro. Táticas de guerrilha também foram

usadas na Guerra do Contestado.

O Gewehr ’88, ou “Fuzil da Comissão Alemã” modelo 1888 em calibre

7,9X57 usado pelo Exército Brasileiro em Canudos

Uma das ações guerrilheiras mais famosas foram realizadas pelos boers (ou bôeres) que

resistiram aos britânicos na Primeira Guerra dos Bôeres (1880-81) e na Segunda Guerra dos

Bôeres (1899-1902) em seus combates na África do Sul. Os boers resistiram com tácticas de

guerrilha, usando o seu conhecimento superior da terra, mas os britânicos venceram-nos pela

força do número e pela possibilidade de organizar mais facilmente os abastecimentos. As

ações do boers influenciaram na criação dos BRITISH COMMANDOS na 2ª Guerra Mundial.

Boers numa trincheira próximo a Mafeking em 1900.

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Primeira Guerra

Na Primeira Guerra Mundial surgiu um dos maiores teóricos e praticantes da guerra de

insurgência, usando táticas guerrilheiras, o pequeno (1,66 de altura) oficial britânico Thomas

Edward Lawrence (1888-1935), ou simplesmente Lawrence da Arábia, lutou contra os turcos

entre 1916-1918, a frente de um levante de tribos árabes. De Jidá a Yenbo, de Yenbo a Wejh,

de Wejh a Aqaba, Lawrence e seus aliados árabes expulsaram os turcos da costa do Mar

Vermelho, permitindo o acesso aos navios britânicos. Aqaba era vital para a tomada da

Palestina e depois da Síria. A tomada de Aqaba preparou a conquista de Jerusalém pelas

tropas do general Edmund Allenby, de onde seguiram as tropas até Doraa e depois

Damasco, derrotando os turcos. Nos combates por Damasco, Lawrence a frente de uma

força de apenas 600 camelos montados por árabes, imobilizou 12.000 turcos nas arredores

da cidade. O percurso de Jidá a Damasco não ultrapassa mil quilômetros, mas Lawrence e

seus seguidores levaram quase dois anos para fazê-lo. A táticas de guerrilhas de Lawrence

eram usadas contra a linha de abastecimento dos turco-otomanos através de suas ferrovias,

que eram vitais para o inimigo, destruindo pontes, atacando estações e trens de Medina a

Damasco. As idéias de Lawrence, praticadas nos campos de batalha, estão expostas em

Revolta no Deserto, Os Sete Pilares da Sabedoria e em sua correspondência. Em sua

concepção, a guerrilha é uma guerra de corsários, na qual o deserto substitui o oceano.

Pequeno gigante: Lawrence é transportado num Rolls Royce com

carroceria blindada pelas ruas de Damasco, na Síria

Também na Primeira Guerra Mundial os britânicos amargaram derrotas para o brilhante

general Paul Emil von Lettow-Vorbeck, e suas táticas de guerrilha na África Oriental Alemã

(actual Tanzânia). A principio com 260 oficias alemães, ele reunira e instruíra cerca de 2.472

askaris, soldados nativos recrutados entre as mais aguerridas tribos da região. Os seus

askaris, a cujas qualidades guerreiras e conhecimento da região ele juntara os altíssimos

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padrões prussianos de disciplina e instrução militar, ensinam-no a viver da terra, a fabricar as

próprias roupas e medicamentos, a encontrar comida e água. Lettow-Vorbeck nunca

comandou mais de 14 mil homens. Mas, em quatro anos, ofereceu um duro combate a mais

de 300.000 soldados inimigos e 130 generais, infligindo mais de 60 mil baixas e obrigando o

Império Britânico a gastar mais de 15 milhões de dólares, em preços atuais para combatê-lo.

Paul von Lettow-Vorbeck conduziu uma guerra tenaz e vitoriosa, durante quatro anos, ao

longo de milhares de quilômetros de matas e savanas, contra  tropas de três potências

coloniais, e nunca foi vencido, só depondo as armas, voluntariamente, depois do Armistício

na Europa. As operações de Lettow-Vorbeck na África são consideradas por alguns como a

maior operação isolada de guerrilha na história, e a mais bem sucedida. Um de seus oficiais

juniores, Theodor von Hippel, usou sua experiência sob Lettow-Vorbeck para ser instrumental

em formar os Brandenburgers, uma unidade de comandos da agência de inteligência Alemã

Abwehr na Segunda Guerra Mundial. Segundo informações ele foi atentamente estudado por

Mao, Giap e "Che" Guevara.

Pós-Primeira Guerra

Os irlandeses travaram nas primeiras décadas do século XX, uma bem-sucedida guerra de

independência contra o Reino Unido. Após o fracasso militar da Revolta da Páscoa em 1916,

o Exército Republicano Irlandês (IRA) recorreu as táticas de guerrilha envolvendo guerrilha

urbana e colunas volantes no campo durante a Guerra da Independência da Irlanda de 1919

a 1921. Muitos rebeldes foram inspirados pelas façanhas do lendário guerrilheiro Michael

Dwyer em sua campanha de 1799-1803, após a fracassada rebelião de 1798. A guerrilha do

IRA foi de intensidade considerável em algumas partes do país, nomeadamente em Dublin e

em áreas como County Cork , County Kerry e o Condado de Mayo, no sul e oeste. Mas as

ações não iam além de simples escaramuças. Houve neste conflito violência entre católicos e

protestantes. O total de mortos na guerra chegou a um pouco mais de 2.000 pessoas. O

conflito levou as negociações, que terminaram com o Tratado Anglo-Irlandês. Este tratado

criou o Estado Livre Irlandês com 26, e os outros seis condados restantes permaneceram

como parte do Reino Unido como sendo a Irlanda do Norte. A divisão da Irlanda lançou as

sementes para um novo conflito no norte décadas depois e para a Guerra Civil Irlandesa

(1922-1923). Nesta guerra civil os rebeldes contra o novo governo da Irlanda não obtiveram

sucesso, eles eram contra a divisão da Irlanda. O fracasso se deu por vários motivos, um

deles foi o amplo apoio popular ao novo país, e também que as forças de segurança

irlandesas, formada por antigos guerrilheiros, conheciam muito bem as táticas guerrilheiras

dos rebeldes e o terreno onde a luta era travada.  Os guerrilheiros anti-Tratado abandonado a

sua campanha militar contra o Estado Livre da Irlanda, depois de nove meses de combate,

em março de 1923.

Na Revolução Mexicana 1910-1920, o populista líder revolucionário Emiliano Zapata

predominantemente empregou o uso de táticas de guerrilha. Suas forças, compostas

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inteiramente de camponeses que viraram soldados, não usavam uniforme e facilmente se

misturavam a população em geral após a conclusão das suas operações. Os seus soldados

mais jovens chamados de "meninos dinamite", arremessavam latas cheias de explosivos no

quartel inimigo, e, em seguida, um grande número de soldados levemente armados se

lançavam a partir da área circundante para atacá-lo. Embora as forças de Zapata

conhecessem um sucesso considerável, o seu tiro saiu pela culatra quando as tropas do

governo, incapazes de distinguir os soldados de Zapata da população civil, lançou uma

campanha ampla e brutal contra os civis.

A chamada Guerra Civil Espanhola foi um conflito entre duas frentes militares, republicanos e

nacionalista, ocorrido na Espanha entre os anos de 1936 a 1939. As tropas republicanas

receberam ajuda internacional, proveniente da URSS (alguns assistentes militares e material

bélico) e das Brigadas Internacionais composta de militantes de frentes socialistas e

comunistas de todo o mundo e de numerosas pessoas que entraram na Espanha com o

objetivo de defender o governo da República. Já os nacionalista tinham o apoio da Igreja

Católica, Exército e latifundiários, e buscavam implementar um regime de tipo fascista na

Espanha. Francisco Franco era o seu líder e também recebeu apoio militar da Alemanha de

Hitler, e da Itália de Mussolini. A vitória coube aos nacionalistas do ditador Francisco Franco.

Neste confronto os republicanos usaram táticas de guerrilha contra as forças nacionalistas.

Forças guerrilheiras também foram usadas contra os invasores japoneses quando este

império invadiu a China em 1937. Os chineses, tanto nacionalistas quanto comunistas

sabotaram linhas ferroviárias e emboscaram tropas imperiais do Japão. Porém a luta entre

nacionalistas e comunistas chineses enfraqueceu esse movimento guerrilheiro.

Os judeus europeus que fugiam da violência anti-semita (pogroms, especialmente da Rússia)

imigraram em números crescentes para a Palestina. Quando a imigração judaica foi restrita

por forças britânicas que administravam a Palestina, os imigrantes judeus começaram a usar

a guerra de guerrilha, através de grupos guerrilheiros contra os ingleses por dois motivos:

para trazer mais refugiados judeus, e virar a maré da opinião britânica em casa. Grupos

judaicos, como o Lehi e o Irgun - tinham muitos membros com experiência no Gueto de

Varsóvia e nas batalhas contra os nazistas. Eles também realizaram ataques contra as forças

árabes.  Alguns desses grupos judeus foram reunidos para ajudar a formar a Força de Defesa

de Israel, que posteriormente, lutou na Guerra de Independência de 1948.

Segunda Guerra Mundial

Muitas organizações clandestinas (também conhecido como movimentos de resistência )

existiram nos países ocupados pelo Reich alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Estas

organizações começaram a se formar logo em 1939, quando, após a derrota da Polônia, os

membros do que viria a ser a maior força de resistência da Europa, o Exército Nacional

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polonês, começaram a se reunir. Outras organizações clandestinas foram formadas na

Dinamarca, Bélgica, Noruega, França (Resistência), França (Maquis), Tchecoslováquia,

Eslováquia, Iugoslávia (Chetniks), Iugoslávia (Partisans), União Soviética, Itália, Albânia e

Grécia.

Muitas destas organizações receberam ajuda britânica através do SPECIAL OPERATIONS

EXECUTIVE-SOE, que juntamente ao lado do BRITISH COMMANDOS, recebeu de Winston

Churchill ordens de "incendiar a Europa". O SOE foi criado em 22 de julho de 1940, com a

missão de levar a guerra até o inimigo por outros meios que não o envolvimento militar direto.

Sua missão era a de facilitar a espionagem e a sabotagem atrás das linhas inimigas e servir

de núcleos para as unidades auxiliares. Ficou também conhecido por "Churchill's Secret

Army" ou "The Ministry of Ungentlemanly Warfare", e também tinha o apelido de Baker Street

Irregulars. O SOE diretamente empregou ou controlou pouco mais de 13.000 pessoas.

Estima-se que SOE apoiou ou deu suporte para mais de 1.000.000 de operativos ao redor do

mundo. Quando a Inglaterra estava sob a ameaça de invasão nazista em 1940, agentes do

SOE treinaram homens da Guarda Nacional e das Unidades Auxiliares em guerra de

guerrilha.

Forças da Resistência francesa armadas com Stens e granadas, atacam unidades das

WAFFEN - SS em 1944. O SOE deu um considerável suporte as forças da resistência na

Europa ocupada.

Um dos objetivos do SOE era através de ações de sabotagem e guerrilha manter o maior

número possível de tropas alemãs guardando posições na retaguarda, além do que os

ataques da guerrilha em países ocupados eram úteis na guerra de propaganda, ajudando a

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repudiar o discurso alemã de que os países ocupados foram pacificados e estavam do lado

dos alemães.

Abissínia que foi invadida pela Itália em 1935 foi palco de alguns dos mais bem sucedidos

esforços do SOE. O SOE e o Exército britânico no Cairo, ajudaram a organizaram em 1940

uma força de etíopes irregulares sob o comando do seu criador, o então major, Charles Orde

Wingate em apoio do exilado Imperador Haile Selassie. Esta força (chamado de Gideon

Force por Wingate) causou pesadas baixas às forças de ocupação italiana, e contribuiu para

o êxito da campanha britânica lá. Wingate usou sua experiência para criar os CHINDITS na

Birmânia. Esses soldados travaram uma guerra de guerrilha contra o japoneses na Birmânia

em 1944. Era uma força para operação de penetração de longo alcance na selva, e capazes

de operar atrás das linhas japonesas, sendo abastecidas pelo ar.

Alguns movimentos de resistência tiveram um aumento considerável em sua força de

combate. A partir do segundo semestre de 1944, o total das forças partisans iugoslavas

somavam mais de 500.000 homens organizados em quatro exércitos de campo, engajados

em uma guerra convencional. Em 1944, a resistência na Polônia tinham 600.000 homens.

Submetralhadora Sten

Necessitando repor os estoques de armas, após a derrota em Dunquerque, os militares

britânicos encomendaram o desenvolvimento de uma submetralhadora simples, para

produção acelerada. Baseados nos conceitos de produção em massa da MP38 alemã,

engenheiros da Enfield desenvolveram a Sten. A arma de Sten era tão fácil de fabricar que

muitas foram produzidas em pequenas lojas e garagens; mais que 4 milhões foram

produzidos durante Segunda Guerra Mundial. Extremamente feia e rústica, foi no início

encarada com desconfiança pelas tropas, porém provou ser eficiente, sendo usada pelos

pára-quedistas e commandos britânicos, tropas regulares e movimentos de resistência por

toda a Europa. Algumas delas eram munidas de silenciadores.

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Especificações

Modelo: Mk II

Calibre: 9 mm

Comprimento: 762 mm (total) e 197 mm (cano)

Peso: 3,7 Kg (com carregador)

Carregador: Pente com 32 cartuchos (mas normalmente só se usavam 30)

Cadência de Tiro: 550 tpm

Velocidade Inicial do Projétil: 365 m/s.

No Front Oriental houveram duros e sangüentos combates entre os guerrilheiros soviéticos e

as tropas alemães do Reich. A força das unidades partisans soviéticas não pode ser

calculada, mas só na Bielorrússia pode ter sido superior a 300.000. Esta foi uma estratégia de

guerra planejada e estreitamente coordenada pelo Estado-Maior soviético, o STAVKA, que

envolveu a inserção de agentes e a entrega de equipamentos, bem como a coordenação do

planejamento operacional, com o Exército Vermelho. A ação dos guerrilheiros soviéticos era

bastante eficiente. Os acampamentos dos guerrilheiros eram localizados em florestas,

montanhas, cavernas e pântanos, fortificados e protegidos por campos minados, fossos e

plataformas de observação nas árvores. Normalmente vários campos eram localizados em

áreas adjacentes com locais alternativos preparados para retirada. Providos de depósitos,

açougues, padarias, oficinas de reparo de armas e equipamentos, esses campos eram

protegidos por unidades de guarda compostas por partisans em repouso ou voluntários das

comunidades próximas. Além do saque tomado aos alemães e do reabastecimento aéreo, os

partisans se abasteciam localmente, inclusive com novos recrutas: em muitas áreas o

sistema russo de recrutamento militar permaneceu ativo. A mobilidade desses grupos era

garantida por veículos capturados aos alemães, com o uso de trenós e esquis durante o

inverno. A coordenação entre as ações de front e retaguarda era total: imediatamente antes e

durante as ofensivas russas a atividade guerrilheira aumentava em apoio ao Exército

Vermelho, como por exemplo durante a Operação Concert em 1943 (início 19 de Setembro),

e na ação maciça de sabotagem da logística alemã na preparação para o início da Operação

Bagration no verão de 1944.

Na Polônia, Grécia, Iugoslávia e Rússia, graças talvez à configuração geográfica, extensas

zonas permaneceram nas mãos dos guerrilheiros durante toda a guerra. As tropas alemãs

somente podiam penetrar nelas quando apresentassem esmagadora superioridade numérica

e material sobre as guerrilhas, que nesses casos optavam pela prudente retirada,

reagrupando-se em outra parte para ali continuar a luta.

Quando os Estados Unidos entraram na guerra, formaram o US Office of Strategic Services

(OSS)  para trabalhar em cooperação com o SOE, bem como para realizar ações de iniciativa

própria. O OSS era responsável por espionagem e ações de combate na retaguarda inimiga,

Page 13: Guerrilha e Contra-Guerrilha

e lançou na Europa as equipes da Operação Jedburgh, que era uma unidade conjunta de

americanos, britânicos e franceses.

A OSS lançou 87 equipes Jedbourg na Europa ocupada durante a Segunda Guerra Mundial.

A equipe consistia de um oficial americano, um operador de rádio e um oficial do país do local

de operação (francês, holandês etc). A equipe treinava e comandava a guerrilha local em

operações de sabotagem, inteligência e ação direta. As equipes Jedburgh armaram e

treinaram mais de 20 mil guerrilheiros. Foram usados para cortar linhas ferroviárias,

emboscar tropas e comboios de estrada com objetivo de desviar forças de outras frentes.

Depois da invasão no dia D passaram a proteger as pontes e fontes elétricas das tropas

alemães que se retiravam. O conhecimento do terreno, a mobilidade e o moral alto foram

importantes para realizarem a missão. Os EUA consideram que tiveram um efeito equivalente

a 12 divisões. Outras 19 equipes formadas por 15 homens podiam operar sozinhas ou com

ajuda da guerrilha local.

Já o Destacamento 101 da OSS atuou no Teatro de Operações China-Índia-Birmânia de 14

abril de 1942 a 12 julho de 1945 com 684 americanos na maior parte do tempo controlando

cerca de 11.000 guerrilheiros dos povos kachin. Uma poderosa força guerrilheira, chamada

Kachin Rangers, foi comandada por Carl F. Eifler, embora muitas vezes o termo Kachin

Rangers tem sido usado para descrever todas as forças Kachin levantadas durante a guerra

pelos americanos no norte da Birmânia. As forças kachins realizaram uma série de missões

não-convencionais: emboscadas as patrulhas japonesas, resgate de pilotos aliados abatidos,

e abertura de pequenas pistas de pouso na selva. Em 1944 quando chegaram as tropas

americanas de penetração de longo alcance, os MERRIL´S MARAUDERS, eles foram

importantes fornecendo inteligência sobre a movimentação das forças japonesas. De 1943-

1945, o OSS desempenhou um papel importante treinando tropas chinesas nacionalistas na

China e Birmânia, e recrutou forças irregulares nativas para realizarem sabotagem e servirem

de guias para as forças Aliadas na Birmânia contra o Exército japonês. O OSS também

ajudou a armar, treinar e provê os movimentos de resistência, inclusive o Exército de

Libertação Popular de Mao na China e o Viet Minh na Indochina francesa, que eram áreas

ocupadas pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Outras funções do OSS

incluíram o uso de propaganda, espionagem, subversão, e planejamento para o pós-guerra.

Pós-Segunda Guerra

Após a II Guerra Mundial, durante a década de 1940 e 1950, milhares de combatentes na

Estônia , Letônia e Lituânia, participaram de uma luta de guerrilha contra a ocupação

soviética. Os guerrilheiros dos países bálticos foram vencidos, e o último guerrilheiro na

Estônia foi descoberto e morto em 1978.

Page 14: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Porém no pós-guerra as guerrilhas se propagaram principalmente pela África, Ásia e América

Central e América do Sul nas décadas de 1950, 1960 e 1970 através de movimentos de

libertação nacional, contra nações colonizadoras  ou movimentos revolucionários contra

governos ditatoriais.

América

Uma das mais bem sucedidas foi liderada por Fidel Castro em Cuba com o apoio do

argentino Ernesto "Che" Guevara contra a ditadura de Batista. Fidel tomou o poder em Cuba

em 1959. "Che" Guevara, converteu-se em figura central dos movimentos guerrilheiros de

esquerda nos anos 1960, que tentaram revoluções socialistas no chamado Terceiro Mundo.

Ele foi assassinado em 1967 em Bolívia onde tentava estabelecer um foco guerrilheiro.

Guevara teorizou a respeito da guerrilha revolucionária, a definindo como a vanguarda do

povo em luta.

De 1954 a 1976, praticamente toda a América do Sul foi tomada por regimes militares,

comandados por Alfredo Stroessner no Paraguai, Augusto Pinochet no Chile, Hugo Bánzer

na Bolívia e a junta militar na Argentina. O triunfo da Revolução Cubana inspiro uma onda de

movimentos revolucionários na América Latina, quem procuraram mediante a luta armada e a

guerra de guerrilhas instalar governos socialistas na região.

Entre esses movimentos guerrilheiros de esquerda, podemos citar  por exemplo os

Tupamaros no Uruguai, a Mano Negra na Argentina, e o Sendero Luminoso e o MRTA no

Peru. Na Colômbia, embora não estivesse sob ditadura, as FARC e o ELN iniciam uma

guerra civil que dura mais de quatro décadas e tomam controle sobre algumas áreas do país.

No Brasil em resposta ao Golpe Militar de 1964 que instalou uma ditadura no país, surgiram

grupo guerrilheiros como o o MR-8 e a ALN. Em particular neste período houvera ações da

guerrilha urbana e de guerrilha rural. A guerrilha urbana no Brasil era formada em sua maior

parte por jovens idealistas de esquerda. Seu maior téorico-prático foi Carlos Marighella que

escreveu inclusive o Minimanual do Guerrilheiro Urbano. Nesta obra Marighella, defendeu o

terrorismo, o seqüestro e as execuções sumárias como métodos a serem empregados pelos

revolucionários brasileiros. Nos anos 1980, a CIA – Central Inteligence Agency, dos Estados

Unidos, fez traduções em inglês e espanhol para distribuir entre os serviços de inteligência do

mundo inteiro e para servir como material didático na Escola das Américas, instituição do

governo dos EUA que treinava oficias sul-americanos na luta de contra-insurreição, na época

instalada no Panamá. Outro guerrilheiro bem ativo foi Carlos Lamarca. Ele era capitão do

Exército e em 24 de janeiro de 1969, uniu-se à organização clandestina Vanguarda Popular

Revolucionária (VPR). Quando saiu ele levou 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras leves e

muita munição. Participou de diversas ações, como assaltos a bancos, num dos quais

assassinou com dois tiros o guarda civil Orlando Pinto Saraiva. Entre as ações de Lamarca

Page 15: Guerrilha e Contra-Guerrilha

estão o seqüestro do embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, com o fim de

trocá-lo por presos políticos no Rio de Janeiro, esta ação do seqüestro resultou na morte do

agente da Polícia Federal Hélio Carvalho de Araújo, que fazia segurança do embaixador

suíço. Em setembro de 1971 foi localizado e foi morto por um pequeno Comando Especial do

Exército, comandado pelo Major Cerqueira, junto com o metalúrgico José Campos Barreto,

guerrilheiro da VPR.

As principais ações da guerrilha urbana no Brasil de 1968 a 1970 foram: o assalto ao trem

pagador da ferrovia Santos-Jundiaí (10/6/1968), pela ALN (fundado por Marighella); o ataque

ao QG do II Exército (26/6/1968), pela VPR; o roubo do cofre de Adhemar de Barros

(11/5/1969), contendo pouco mais de 2,8 milhões de dólares, em espécie, o equivalente a

16,2 milhões de dólares de 2007, pela VAR-Palmares; o assassinato do capitão do Exército

dos Estados Unidos e suposto agente da CIA Charles Rodney Chandler (12/10/1969), pela

VPR; o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick (4/9/1969), pela ALN

e o MR-8. e cada dez ações de guerrilha, oito buscavam dinheiro, armas, papéis de

identidade. As ações mais ofensivas, como os seqüestros de diplomatas, destinavam-se a

tirar gente da cadeia ou do país. A destruição das organizações armadas começou em 1969,

a partir da organização das atividades de policia política dentro do Exército. No final de 1970,

todas as organizações da guerrilha urbana estavam desestruturadas.

A principal guerrilha rural no Brasil foi a Guerrilha do Araguaia foi o nome dado a um conjunto

de ações guerrilheiras com o objetivo de, através de uma ação prolongada, combater a

ditadura militar e implantar o comunismo no País. Ela foi organizada pelo Partido Comunista

do Brasil e as ações aconteceram às margens do Rio Araguaia, próximo às cidades de São

Geraldo e Marabá, no Pará, e de Xambioá, em Goiás. O movimento armado aconteceu entre

1966 e 1974 e envolveu pelo menos 80 militantes do PCdoB. O Exército descobriu o núcleo 

guerrilheiro em 1971 e fez três investidas contra os rebeldes. A maior parte dos guerrilheiros

foi eliminada. Poucos sobreviveram, entre eles deputado federal José Genoíno. Houve

também a Guerrilha de Caparaó, que era inspirada na guerrilha de Sierra Maestra, em Cuba,

e aconteceu na Serra de Caparaó, divisa do Espírito Santo e Minas Gerais, em 1966 e 1967.

Ela foi organizada pelo Movimento Nacionalista Revolucionário, formado em sua maioria por

ex-militares expulsos das Forças Armadas. Eles ficaram alguns meses na serra fazendo

treinamento e reconhecimento da região. Eram cerca de 20 guerrilheiros, que foram

denunciados pela população e presos pelo Exército e Aeronáutica em abril de 1967, antes de

entrarem em ação.

Em 1961 surgiu na Nicarágua a guerrilha sandinista, dos rebeldes do FSLN (Frente

Sandinista de Libertação Nacional, criada por Tomás Borges, Carlos Fonseca e Sílvio

Mayorga) e que deve o seu nome a Augusto Sandino, nicaragüense que se insurgiu contra a

dominação que os EUA tentaram manter na Nicarágua, dando-se em 1979 o êxito da

revolução sandinista, que usou amplamente da tática de guerrilha, empreendida contra o

Page 16: Guerrilha e Contra-Guerrilha

ditador Anastasio Somoza. A guerrilha recrudesceu em El Salvador a partir de 1975, devido à

controversa eleição de Carlos Humberto Romero e ao exercício extremamente duro de

governos militares nos anos 1980.

Guerrilheiros sandinistas armados com fuzis de assalto FAL e Galil

(capturados) enfrentam tropas da Gruda Nacional em 24 de junho de

1979 em Manágua.

É nos anos 1960 e 1970 que aparecem os primeiros movimentos de guerrilha comunista

(Forças Armadas Revolucionárias) e de extrema-direita (Movimento Anticomunista Nacional,

Esquadrão da Morte) na Guatemala, sendo que em 1982 se cria um único movimento

guerrilheiro, a União Revolucionária Nacional Guatemalteca. As lutas dirigiram-se

constantemente contra os regimes ditatoriais militares como o do coronel Peralta Azurdia. No

Peru na década de 1980 começaram os ataques do grupo terrorista de caráter maoísta

chamado Sendero Luminoso.

Na década de 1990, surgiu o Exército Zapatista de Libertação Nacional em Chiapas, um dos

estados mais pobres de México. O O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), em

espanhol Ejército Zapatista de Liberación Nacional, é uma organização armada mexicana de

caráter político-militar e composição majoritariamente indígena. Sua inspiração política é o

marxismo-leninismo e o socialismo científico e sua estratégia militar é a guerrilha. Seu

objetivo é "subverter a ordem para fazer a revolução socialista e criar uma sociedade mais

justa".

Foi à público no estado mexicano de Chiapas em 1º de janeiro de 1994, quando um grupo de

Page 17: Guerrilha e Contra-Guerrilha

indígenas encapuzados e armados atacaram e ocuparam várias cabeceras municipais no

mesmo dia em que entrava em vigor o Tratado de Livre Comércio da América do Norte,

durante o governo de Carlos Salinas de Gortari, desestabilizando o sistema político mexicano

e questionando suas promessas de modernidade. Seu objetivo era derrubar o presidente

eleito democraticamente e a implantação de um governo socialista no México, fazendo alusão

ao estilo de Cuba, Vietnã ou Angola. Após o fracasso militar de sua revolução, decidiu

empreender uma atividade política, mantendo as armas e um caráter de guerrilha de

esquerda radica]. Seu comando tem por nome Comitê Clandestino Revolucionário Indígena -

Comando Geral (CCRI-CG) do EZLN. Atualmente sobrevive em algumas comunidades de

Chiapas, frente à indiferença do governo mexicano e sustentando-se por meio do turismo, da

população indígena local e com apoio financeiro estrangeiro.

Europa

No final dos anos 1960 um forte movimento de guerrilha urbana e terrorista tomou conta da

Irlanda do Norte. Eles tiveram suas origens na divisão da Irlanda, durante a Guerra da

Independência da Irlanda na década de 1920. A violência foi caracterizada por uma

campanha armada contra a presença britânica na Irlanda do Norte pelo Provisional Irish

Republican Army, o IRA Provisório, e a implacável política de contra-insurgência britânica.

Houve também denúncias de conluio entre os legalistas paramilitares do Ulster e forças de

segurança britânicas. A mídia, como a BBC e a CNN, muitas vezes usaram o termo

"pistoleiros" como "pistoleiros do IRA" ou "homens armados legalistas". Desde 1995, a CNN

passou a usar também o termo guerrilha como "guerrilha do IRA" e "guerrilha protestante". A

Reuters, em conformidade com o princípio de não usar a palavra "terrorista" salvo em

citações diretas, referiu-se aos grupos paramilitares como "grupos de guerrilha". Os lados em

conflito chegaram ao fim da luta com a assinatura do Acordo de Sexta-Feira Santa , em 1998.

Em 28 de Julho de 2005, o IRA anuncia o fim da "luta armada" e a entrega de armas. O

processo de entrega de armas terminou em 26 de Setembro de 2005. Todo o processo de

desmantelamento do armamento foi orientado pelo chefe da Comissão Internacional de

Desarmamento, o general canadiano John de Chastelain.

Na década de 1990 com a dissolução da Iugoslávia se iniciam sérios conflitos étnicos na

região dos Bálcãs, em especial na Bósnia e Kosovo. Forças servias, bósnias e croatas

lutaram entre abril de 1992 e dezembro de 1995 na região da Bósnia e Herzegovina. Neste

conflito foram usadas táticas de guerrilha. A ONU interveio na Bósnia com uma "força de paz"

que se mostrou incapaz de conter as agressões dos sérvios. A OTAN enviou algumas tropas

em 1995, mas sua atuação efetiva limitou-se à realização de alguns bombardeios aéreos

contra alvos sérvios na Bósnia. O fator decisivo para pôr fim ao conflito foi o embargo

comercial imposto pela Assembléia Geral da ONU à Iugoslávia desde 1992. O agravamento

da crise econômica fez com que o presidente iugoslavo Milosevic interrompesse os

fornecimentos aos sérvios da Bósnia. Estes, sentindo-se enfraquecidos, aceitaram

Page 18: Guerrilha e Contra-Guerrilha

negociações intermediadas pelo presidente norte-americano Bill Clinton. Finalmente, em

dezembro de 1995, um acordo de paz assinado em Dayton, nos Estados Unidos,

transformou a Bósnia-Herzegovina em um Estado estruturalmente semelhante à atual

Iugoslávia: 51% do território formam uma Federação Muçulmano-Croata e os 49% restantes

constituem a República Sérvia da Bósnia - ambas com enorme autonomia, embora

teoricamente subordinadas ao governo federal.

Na esteira da dissolução da Iugoslávia guerrilheiros do Exército de Libertação de Kosovo-

UCK travam sangrentos combates com o exército sérvio. A Sérvia reagiu com violência,

utilizando forças policiais e militares. Os guerrilheiros separatistas tentaram resistir, valendo-

se do terreno parcialmente montanhoso e do apoio da população de etnia albanesa. Em face

da resistência encontrada, as tropas sérvias passaram a empregar em Kosovo, os mesmos

processos de "limpeza étnica" utilizados na Bósnia em 1992/95: incêndios, massacres,

estupros e expulsões em massa. Em 24 de março de 1999 a OTAN inicia o Bombardeio de

Belgrado (capital da Iugoslávia) para forçar a retirada das tropas que ocupavam o Kosovo. A

província de Kosovo tornou-se um protetorado internacional após o acordo de paz tratado

em junho de 1999.

África

.

No final da Segunda Guerra Mundial, não havia mais clima político no mundo para a

preservação de impérios coloniais. Os sinais de enfraquecimento dos impérios coloniais,

somados ao apoio retórico da União Soviética às lutas nacionalistas, estimularam as

lideranças africanas a buscarem o caminho da independência. Em muitos países africanos

se recorreu a tática de guerrilha para enfrentar as tropas colonialistas.

Na Argélia, a luta de libertação foi de 1954 a 1962. Foi uma das mais sangrentas guerras da

África. Caracterizou-se por ataques de guerrilha e atos de violência contra civis - perpetrados

tanto pelo exército e colonos franceses (os "pied-noirs") quanto pela Frente de Libertação

Nacional (Front de Libération Nationale - FLN) e outros grupos argelinos pró-independência

como o Movimento Nacional Argelino (Mouvement National Algérien - MNA), criado mais

tarde, cujos apoiadores principais eram trabalhadores argelinos em França.

A FLN e o MNA lutaram entre si durante quase toda a duração do conflito. A disputa em

dezembro de 1991, ente a Frente Islâmica de Salvação (FIS), ganhou popularidade entre o

povo argelino e a Frente de Libertação Nacional (FLN) (partido do governo), deu origem a

uma guerra civil, com ações de guerrilha e terror por parte da FIS. Os principais grupos

rebeldes que lutavam contra o governo foram o Movimento Islâmico Armado (AIM), com base

nas montanhas e o Grupo Islâmico Armado (GIA), nas aldeias

Esse guerrilheiro da Patriotic Fro

Page 19: Guerrilha e Contra-Guerrilha

No Quênia, a revolta nacionalista ganhou impulso em 1952, quando membros dos kikuyu, a

tribo mais numerosa do país, formaram uma organização clandestina, os Mau-Mau, contra os

colonizadores britânicos. O Quênia obteve a independência em 1963. Um dos processos

mais sangrentos de independência aconteceu no Congo Belga, depois chamado de Zaire, o

segundo maior país africano em extensão territorial, depois do Sudão.

As colônias portuguesas como Angola, Moçambique e Guiné-Bissau também foram alvo de

lutas de libertação através do uso de guerrilhas. Um país a destacar é Angola devido as

complicações em seu processo de independência.  A luta pela independência em Angola teve

início na década de 1960. A rebelião se expressou através de três grupos rivais.

Os principais eram o Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA, e a União Nacional

para a Independência Total de Angola, UNITA. A rivalidade entre os grupos resultou em luta

armada após a Revolução dos Cravos em Portugal em 1974 . O apoio estrangeiro a cada

facção em luta espelhava claramente a Guerra Fria na África. A UNITA recebeu ajuda dos

Estados Unidos, da França e da África do Sul, enquanto o MPLA teve o auxílio soviético e

cubano. Em outubro de 75, a África do Sul enviou tropas para lutar em Angola, ao lado da

UNITA.

A ofensiva contra a capital Luanda foi detida pela chegada de soldados cubanos, a pedido do

MPLA. O governo sul-africano justificou o ataque alegando que Angola fornecia armas aos

guerrilheiros da vizinha Namíbia, um país pequeno mas rico em ouro e outros minerais. Na

verdade, a África do Sul queria deter o avanço de movimentos guerrilheiros de esquerda no

continente, avanço que poderia estimular a luta contra o apartheid sul-africano. Em novembro

de 1975, Lisboa renunciou oficialmente ao controle da colônia e o MPLA proclamou a

República Popular de Angola.

Na década de 1970 é travada na Rodésia uma guerra entre tropas governamentais, apoiadas

pela África do Sul, e guerrilheiros do movimento nacionalista negro (ZIPRA e ZANLA), no

nordeste do país, pelo fim da supremacia branca. A guerra na Rodésia foi dura e em em maio

de 1979 o governo de supremacia branca é derrotado, e foi empossado o novo governo de

maioria negra na Rodésia. A partir de junho de 1979, o país passou a chamar-se de

Zimbábue-Rodésia, e, finalmente, em 1980, passou a ser o Estado independente do

Zimbábue.

Esses são apenas alguns dos inúmeros conflitos do continente africano, que infelizmente

ainda viu ações de guerrilha na Somália, Chad, Ruanda, Serra Leoa, Libéria e em tantos

outros lugares.

Ásia

Page 20: Guerrilha e Contra-Guerrilha

De 1948 a 1960 o Partido Comunista Malaio tentou tomar o poder na Malásia, expulsando os

britânicos. O PCM criou o Exército de Libertação dos Povos Malaios (ELPM) que era seu

braço militar e que se organizou de acordo com uma estrutura que abrangia desde pelotões

até unidades a nível de batalhão e regimento, embora esse último agrupamento fosse

claramente incapaz de fazer frente ao seu equivalente do lado britânico. Diante desta ameaça

os britânicos declararam em 1948 o estado de emergência na Malásia. E assim esse conflito

ficou conhecido como a Emergência Malaia. No inicio dos anos 1950, mais tropas britânicas

chegaram ao local, inclusive forças especializadas em combate de selva como os BRITISH

GURKHAS e o SERVIÇO AÉREO ESPECIAL (SAS) foi reativado. Em 1960 os britânicos

venceram o conflito.

Em 17 de outubro de 1945, às vésperas da rendição do Japão, o líder nacionalista Sukarno

proclama a independência da Indonésia. Os holandeses tentam restabelecer o domínio

colonial, mas, depois de quatro anos de uma dura guerra de guerrilha e da ameaça de

retaliação econômica por parte dos EUA, reconhecem a independência do novo país em

dezembro de 1949.

As filipinas tem em sua história de pós-guerra sofrido com movimentos guerrilheiros como do

Partido Comunista das Filipinas/Novo Exército do Povo (CPP/NPA) a Frente Moro Islâmica de

Libertação» (FMIL) e o grupo radical islâmico Abu Sayyaf.

Houve muitas revoltas na Índia desde a sua independência em 1947. Houve por exemplo a

insurgência em Naga e a insurgência no Punjab (anos 1980-1990), esta última foi fortemente

apoiada pelo Paquistão, através de armas e treinamento. A fronteira da Índia com o

Paquistão foi fechada e a polícia do Punjab e as forças armadas indianas acabaram por ser

bem sucedidas na repressão à violência. Os indianos também enfrentaram a insurgência da

Caxemira, iniciada em 1989. Em um esforço para manter viva a insurgência, que tinha suas

bases no Paquistão, militantes estrangeiros atravessaram a fronteira com a Índia. Mas as

forças militares e policiais da Índia conseguiram reduzir a violência no local.

Na galeria dos guerrilheiros, o Vietnã tem lugar de destaque por ter enfrentado no século XX

três grandes potências, Japão, França e Estados Unidos, e ter resistido a primeira e

humilhado as duas últimas usando principalmente táticas de guerrilha nas selvas do

Sudoeste Asiático. A Indochina (atual Laos, Camboja e Vietnã) era um território de

propriedade francesa. Na Segunda Guerra Mundial, o Japão conquistou a região e anexou à

mesma a seus domínios. Os vietnamitas liderados por Ho Chi Mihn, fundaram a Liga

Revolucionaria para a Independência do Vietnã, proclamaram no norte do país a Republica

Democrática do Vietnã, após a derrota dos japoneses. Com o apoio da Grã-Bretanha os

franceses conseguiram voltar para a Indochina, reconquistando assim seus territórios. Porém

Ho Chi Mihn e seus homens não aceitaram a condição de colônia e se lançaram em um duro

conflito a Guerra da Indochina (1950-1954), da qual saíram vitoriosos. Em 1954, em Genebra,

Page 21: Guerrilha e Contra-Guerrilha

na Suíça, foi celebrada a paz, e nas eleições em 1956, ficou decidido que o Vietnã ficaria

assim dividido: o norte socialista e o sul capitalista. Apos alguns anos, a rivalidade entre

ambas foi crescendo ate que em 1960, foi criado pelos comunistas sul-vietnamitas a Frente

Nacional de Libertação, que era contrária a divisão do pais. Os EUA, na intenção de acabar

com o avanço comunista na Ásia passou a ajudar o governo sul-vietnamita com armas e

assessores militares, e em meados da década de 1960 tropas americanas começaram a

chegar em maior número aquele país. Porém os americanos também foram derrotados no

Vietnã após 12 anos de luta, não conseguindo derrotar os guerrilheiros Viet Congs e seus

aliados do Vietnã Norte, que eram apoiados pela China e pela União Soviética.

O ponto alto da campanha foi a famosa Ofensiva Tet (devido ao ano novo lunar vietnamita,

em meados de fevereiro), planejada pelo estrategista Norte-Vietnamita Vo Nguyen Giappara

o ano novo de 1967-1968.Essa ofensiva visava uma séria de ataques maciços realizada

pelos Vietcongsem mais de 100 alvos urbanos. Mesmo tendo um efeito psicológico

devastador, a campanha a qual Giap esperava ser decisiva, falhou, forçando o recuo de

muitas posições que os Norte-Vietnamitas haviam ganhado. Foram mortos 85.000 Vietcongs.

Porém se Giap falhou em seus alvo no Vietnã do Sul, acertou em cheio no coração da

opinião pública dentro dos EUA, que pressionou o governo do Presidente Johnson a sair

deste conflito.

 

Os vietcongs eram uma força guerrilheira muito bem armada e treinada,

com larga experiência em combate e doutrinariamente motivada, a ponto

de aceitar grandes baixas na busca de seus objetivos. Sua arma básica

Page 22: Guerrilha e Contra-Guerrilha

era o fuzil de assalto soviético AK-47, mas eles também usavam lança-

rojões RPG-7 e armas capturadas. Os vietcongs também contavam com

uma fantástica rede logísticas suprida pelo Vietnã do Norte, China e

União Soviética. Muitas vezes os suprimentos chegam até os

guerrilheiros através de bicicletas.

Em 23 de janeiro de 1973, o então presidente americano Richard Nixon, ordenou a retirada

das tropas dos EUA da região. Sem o apoio dos americanos Sul rendeu-se em 1975 aos

norte-vietnamitas, que unificaram o pais. O resultado da guerra: 2 milhões de vietnamitas e

57 mil americanos mortos.

A Guerra no Vietnã se espalhou para países como o Laos e Camboja. No conflito cambojano

os guerrilheiros do Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, tomaram o poder e executaram um

dos mais terríveis genocídios do século XX. Até hoje o Camboja tenta contabilizar o número

total de mortos no genocídio, mas as estimativas vão de 1 milhão a 3 milhões de

assassinatos sob o comando de Pol Pot, num país de 7 milhões de habitantes. Nos anos

1960 e 1970, durante a Guerra do Vietnã, a Tailândia estreita relações com os EUA, que

ajudam a sufocar um movimento guerrilheiro comunista no território tailandês

No dia 25 de dezembro de 1979 tem início um dos mais desgastantes conflitos do pós-guerra,

quando tropas soviéticas invadem o Afeganistão. A guerra se arrastou até 1989 quando o

ultimo soldado soviético deixou o país. A retirada soviética foi realizada de 15 de maio de

1988 a 15 de fevereiro de 1989. Por quase dez anos os soviéticos amargaram um sangrenta

guerra de guerrilha nas montanhas do Afeganistão lutando contra os mujahedins . Devido ao

alto custo e ao resultado malogrado para aquela superpotência da Guerra Fria, a intervenção

soviética no Afeganistão costuma ser comparada ao que foi, para os EUA, a Guerra do

Vietnã. Alguns estudiosos pensam que o custo econômico e militar da guerra contribuiu

consideravelmente para o colapso da União Soviética em 1991. Neste conflito os cerca de

10.000 guerreiros mujahedins receberam apoio financeiro e material de chineses,

americanos, egípcios e paquistaneses. Após a retirada soviética, sem o apoio das tropas do

Kremlin e com o exército afegão praticamente desmantelado, o presidente do país, Brabak

Karmal, foi deposto pelos guerrilheiros mujahedins que implantariam um regime muçulmano.

Na verdade com a queda do regime comunista, em 1992, uma guerra civil entre as várias

facções de instalou. Em 1996, o Taliban, um movimento fundamentalista islâmico formado em

1994, conquistou a capital Cabul e, posteriormente, tomou cerca de 90% do país. Os

guerrilheiros anti-Taliban e outros grupos de resistência tinham criado uma coligação

conhecida como a Aliança do Norte, que controlava até 2001 a parte norte do país. Os lados

do conflito não conseguem derrotar o seu adversário. Porém há uma grande reviravolta no

conflito quando em resposta aos atentados de 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos

invadem o Afeganistão em 7 de outubro de 2001. Em uma rápida campanha os americanos

Page 23: Guerrilha e Contra-Guerrilha

com o apoio da Aliança do Norte, derrotam os talibans e os terroristas da Al-Qaeda, que

recebiam proteção e abrigo do Taliban. Porém após a conquista do país, o Taliban e a Al-

Qaeda, iniciam uma campanha de guerrilha contra os americanos e seus aliados no

Afeganistão na região montanhosa do país.

Taliban enfrenta tropas dos EUA com uma metralhadora PPK.

Em meados da década de 1990 se inicia o conflito da Chechênia, quando as forças russas

tentaram recuperar o controle da separatista república chechena. Depois de uma campanha

inicial entre 1994 e 1995, culminando na destruição da capital Grozny e, apesar da

superioridade bélica, as forças russas foram incapazes de estabelecer um controle efetivo da

região, em especial das áreas montanhosas chechenas - devido aos freqüentes ataques dos

guerrilheiros chechenos. O conflito salda-se em 1997 com a assinatura de um tratado de paz

entre ambos os países. Antes, em 1996, Chechênia havia declarado a sua independência da

Page 24: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Federação Russa. Porém em 1999 tropas russas sob as ordens de Vladimir Putin invadem a

Chechênia em uma operação operação antiterrorista. O estopim da crise, que leva a uma

reação russa, foi uma série de atentados terroristas, contra um prédio residencial de famílias

de soldados russos, que matou 62 pessoas, e outros atentados, em Moscou que causaram

mais de 300 mortes. Outro ataque a um hospital, causou 120 mortes. m 2000, Putin decreta o

estado de exceção e suspende as liberdades na Chechênia com intenção de governar a

república rebelde a partir do Kremlin. A Rússia dominou a região com o apoio de forças

chechenas pró-Rússia.  A continuidade da guerrilha em áreas montanhosas do Cáucaso

mantém a tensão permanente na região. A guerrilha conta com o apoio da Geórgia e da

Arábia Saudita.

Oriente Médio

Aqui é importante ressaltar que muitos grupos guerrilheiros são considerados grupos

terroristas por seus opositores, e muitos grupos terroristas as vezes se apresentam para o

publico doméstico e internacional, simplesmente como movimentos de resistência que usam

táticas de guerrilha contra seus inimigos.

Em sua luta conta o Estado de Israel, os palestinos criaram em  maio de 1964 a Organização

para a Libertação da Palestina (OLP). O grupo utilizou-se de táticas terroristas e de guerrilha

para atacar Israel a partir de suas bases na Jordânia, Líbano e Síria, assim como de dentro

da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. A OLP foi considerada tanto pelos Estados Unidos quanto

por diversos outros países ocidentais como uma organização terrorista, até a Conferência de

Madri, em 1991, e por Israel até 1993, pouco antes dos acordos de Oslo. Em 1993 o então

presidente da OLP, Yasser Arafat, reconheceu o Estado de Israel numa carta oficial ao

primeiro-ministro daquele país, Yitzhak Rabin.

No combate a Israel surgiram também o Hamas e o Hizbollah. O Hamas, que está baseado

nos territórios palestinos, é listado como organização terrorista pelo Canadá, União Européia,

Israel, Japão e Estados Unidos. O Hizbollah ("partido de Deus") é considerado uma

organização fundamentalista islâmica xiita, considerada terrorista por seus opositores, que

tem atuação política e paramilitar sediada no Líbano.

Um dos grupos que luta por um país independente para os curdos na fronteira entre o Iraque

e a Turquia é o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O PKK foi fundado em 1978

na Turquia e começou sua luta de guerrilha em 1984. Ele reivindica uma região curda

autônoma no sudeste da Turquia, onde vivem milhões de curdos. Muitos guerrilheiros do PKK

se escondem em cavernas e abrigos nas montanhas na fronteira entre Turquia e Iraque, de

onde saem para atacar os soldados turcos. Forças turcas têm invadido a região com o

pretexto de destruir as bases do PKK lá instaladas. O PKK é considerado uma organização

terrorista pela União Européia e pelos Estados Unidos.

Page 25: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Em março de 2003 os EUA invadem o Iraque, ao lado do Reino Unido e muitas outras

nações, numa aliança conhecida como a Coalizão. O pretexto da ocupação, inicialmente, foi

achar armas de destruição em massa que, supostamente, o governo iraquiano teria em

estoque e que, segundo o presidente norte-americano George W. Bush, representavam um

risco ao seu país, abalado desde então pelos atentados terroristas de 11 de setembro de

2001. O avanço das forças da Coalizão foi implacável, Bagdá caiu a 9 de Abril e a 1º de Maio

declarou o presidente norte-americano George Bush o fim das operações militares, diante da

derrota total do Exército iraquiano. O partido do governo, o Ba'ath foi dissolvido e foi deposto

o presidente Saddam Hussein. A invasão procedeu segundo uma doutrina militar de

intervenção rápida ao estilo Blitzkrieg e ao custo de apenas 173 mortos da Coligação.

Porém se as forças da Coalizão foram eficientes em uma guerra relâmpago convencional, se

viram em situação realmente muito difícil, diante do movimento de resistência dos iraquianos,

que usando táticas de guerrilha, emboscadas e atentados a bombas, deram prosseguimento

a luta contra as tropas que invadiram o seu país. As forças de resistência passaram a lutar

também contra o novo governo iraquiano apoiado pelos EUA. Os insurgentes têm como alvo

principalmente as forças da Coalizão, as forças de segurança iraquianas, autoridades

governamentais, diplomatas e edifícios diplomáticos, a infra-estrutura do país, profissionais

estrangeiros, e por fim civis de grupos religiosos rivais. Entre os grupos insurgentes surgiram

o Exército Mahdi de Muqtada al-Sadr e a Organização Badr de Abdul Aziz al-Hakim. Não

existe uma aliança entre os grupos insurgentes no Iraque, muitos são até rivais. Os diversos

grupos uniram-se à insurreição no Iraque, tendo em comum apenas um compromisso de

atacar as forças americanas ou quem eles acreditam ser aliados dos Estados Unidos. Os

incentivos que impulsionam cada um dos insurgentes também são diferentes. Vão de

devoção religiosa a proveito econômico, passando por fervor nacionalista e revolta pela perda

do emprego ou de um ente querido no conflito no país. Também existem combatentes "Jihad"

estrangeiros no Iraque – a maioria se uniu à insurreição muçulmana sunita.

Page 26: Guerrilha e Contra-Guerrilha

No Iraque a partir de 2003 surgiram muitos grupos insurgentes como o Exército Mahdi

de Muqtada al-Sadr e a Organização Badr de Abdul Aziz al-Hakim. Não existe uma

aliança entre os grupos insurgentes no Iraque, muitos são até rivais. Os diversos

grupos uniram-se à insurreição no Iraque, tendo em comum apenas um compromisso

de atacar as forças americanas ou quem eles acreditam ser aliados dos Estados

Unidos.

A história continua...

Diante das crescentes tensões étnicas, religiosas, políticas e até ambientais, espalhadas pelo

globo, que geram opressão e injustiça, se tem um terreno fértil par a continuação ou

surgimento de grupos insurgentes, que na luta do fraco contra o forte se utilizaram da guerra

de guerrilha para alcançar seus objetivos...

Conhecendo mais sobres a guerra de guerrilha

Importante: qual a diferença entre guerrilha e terrorismo?

Page 27: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Não há como tratar o terrorismo como sinônimo de guerra de guerrilhas, embora as guerrilhas

muitas vezes lancem mão de assassinatos, seqüestros, atentados a bombas em locais

públicos, e etc. Além do mais, embora tanto terroristas quanto guerrilheiros não usem

uniformes e nem distintivos de identificação e, também, na maior parte das vezes, não sejam

distinguíveis dos não-combatentes, não obstante, existem diferenças fundamentais entre

guerrilheiros e terroristas.

A guerrilha envolve um grupo de indivíduos armados, que operam à semelhança de uma

unidade militar, atacam preferencialmente forças militares inimigas, conquistam e mantêm

territórios – mesmo que temporariamente – e, ao mesmo tempo, exercem algum tipo de

soberania ou controle sobre uma área geograficamente definida e sobre sua população. Já os

terroristas não operam em terreno aberto como unidades armadas, não tentam conquistar ou

manter territórios, evitam deliberadamente o engajamento em combates com forças militares

inimigas e raramente exercitam qualquer tipo de controle ou soberania sobre territórios e

populações. Um ponto importante é que os movimentos puramente guerrilheiros têm uma

maior preocupação com a legitimidade de sua causa e atos, por conta da necessidade vital

do apoio popular e internacional a sua causa. A opressão e injustiça devem ser combatidas

dentro de uma determinada moralidade, com os menores custos humanos sociais possíveis.

É importante também diferenciar os terroristas dos criminosos comuns. Estes últimos, como

os terroristas, usam a violência com o objetivo de atingir um fim específico. Contudo, embora

o ato violento possa ser similar – seqüestro, assassinato, roubo, incêndio provocado, por

exemplo -, o propósito e a motivação claramente não o são. Quando o criminoso comum

utiliza a violência para conseguir dinheiro, apossar-se de bens materiais, matar ou ferir

pessoas em troca de pagamento, ele age, primordialmente, impulsionado por motivos

pessoais e interesseiros. Além disso, diferentemente do terrorismo, o ato violento criminoso

não objetiva conseqüências ou repercussão psicológica além do ato em si, e muito menos

política. Ao contrário, o propósito fundamental da violência terrorista é, no final, mudar o

“sistema político”, a respeito do qual o criminoso comum, é óbvio, não tem a mínima

preocupação. Finalmente, deve ser enfatizado que, diferentemente do criminoso vulgar ou do

assassino lunático, o terrorista não persegue objetivos puramente egocêntricos, não é

induzido pela vontade de satisfazer alguma necessidade financeira ou resolver algum

problema pessoal. Ele acredita que serve a uma causa maior, concebida para obter um bem

maior para uma comunidade mais ampla, quer real, quer imaginária, que o terrorista ou a sua

organização supõem representar.

Estratégia, tática e organização

A estratégia e as táticas de guerrilha tendem a se concentrar em torno da utilização de uma

força pequena e móvel que se lança contra um oponente mais forte e com pouca mobilidade.

Page 28: Guerrilha e Contra-Guerrilha

A guerrilha se concentra na organização de pequenas unidades, a depender do apoio da

população local.

Taticamente, o exército guerrilheiro ataca seus inimigos em pequenos ataques repetidos

contra o centro de gravidade do oponente, visando lhe abater o moral e sofre poucas baixas.

Muitos desses ataques visam provocar uma forte reação das forças inimigas contra a

população, o que em principio aumenta o apoio popular aos guerrilheiros. Os grupos

guerrilheiros podem funcionar como pequenas equipes de combate, atacando e fugindo, mas

eles também podem trabalhar lado a lado com as forças regulares, ou combinar operações

móveis de longo alcance do tamanho de um pelotão, batalhão, ou mesmo formar unidades

convencionais. Consoante o seu nível de sofisticação e organização, eles podem mudar entre

todos estes modos de acordo como a situação. O sucesso de uma ação guerrilheira é a sua

flexibilidade. A estática lhe é mortal.

Mao Tse-Tung definiu em sete regras a essência da guerrilha: íntimo acordo entre a

população e os guerrilheiros, retraimento ante um avanço inimigo em força, fustigamento e

ataque ante um retraimento inimigo, estratégia de um contra cinco, tática de cinco contra um,

particularmente graças ao que se chama o "retraimento centrípeto", isto é, a concentração de

forças durante o retraimento (ele dispunha de muito espaço na China); enfim, logística e

armamento graças ao que é tomado do inimigo.

A guerrilha é um conflito de longa duração, onde as ações devem ser constantes. Para

exemplificar isso Mao Tse-Tung disse: “O inimigo avança, retiramos. O inimigo acampa,

provocamos. O inimigo cansa, atacamos. O inimigo recua, perseguimos”. Segundo Mao Tse-

Tung a guerra de guerrilha pode ser concebida como parte de um continuum.

Na história vemos essas ações representadas na lutas das tribos bárbaras da península

ibérica contra Roma por mais de um século, nas forças irregulares portuguesas e espanholas

apoiando as tropas regulares do general britânico Wellington, durante a Guerra Peninsular

contra Napoleão, os judeus contra os britânicos na Palestina, Mao Tse-Tung contra os

chineses nacionalista e Ho Chi Min e e Vo Nguyen Giap no Vietnã contra franceses e

americanos.   Pequin

Hoje em dia as insurgências modernas e outros tipos de guerra de guerrilha podem fazer

parte de um processo integrado, completo, com sofisticados doutrina, organização,

competências especializadas e capacidade de propaganda.

Modelos estratégicos de guerrilha

Na China , Mao Tse-Tung dividiu a guerra em três fases. Na primeira fase, os guerrilheiros

ganham o apoio da população distribuindo propaganda e atacando os órgãos do governo. Na

fase dois, são lançados ataques crescentes contra as forças militares e policiais do governo e

Page 29: Guerrilha e Contra-Guerrilha

suas instituições vitais. Na terceira fase, a guerra convencional é lançada para capturar

cidades, controlar regiões e finalmente derrubar o governo e assumir o controle do país. A

doutrina de Mao antecipa que as circunstâncias podem exigir mudanças entre as fases em

ambos os sentidos e que as fases podem não ser uniformes e uniformemente aceleradas ao

longo do processo.

Este modelo de luta total prolongada de fraca intensidade militar foi geralmente empregado

com sucesso nas Guerras de Descolonização. Seu teórico principal é Mao Tse-Tung.

Observemos que esta estratégia, que exige considerável esforço moral de parte de quem

toma a iniciativa, pressupõe forte elemento passional e muito boa coesão da alma nacional.

Assim, ela corresponde o mais completamente possível às guerras de liberação. Mas ela

somente tem chances de sucesso se o que está em jogo entre as partes é bem desigual

(caso das Guerras de Descolonização), ou bem ela se beneficia de intervenções armadas

(caso das guerras de liberação, na Europa, entre 1944-45, e na Espanha, em 1813-14) às

quais elas servem de reforço.

O padrão mais fragmentado da guerrilha contemporânea

O modelo clássico maoísta requer um forte grupo guerrilheiro unificado e um com objetivo

claro. No entanto, algumas guerrilhas contemporâneas pode não seguir este modelo

completamente, agindo com pequenos grupos independentes, operando sem uma estrutura

de comando geral, em meio muitas vezes de conflitos étnicos e/ou religiosos. 

Alguns ataques guerrilheiros da jihad por exemplo, podem ser movidos por uma vontade

generalizada para restaurar uma idade de ouro de renome de outros tempos, com poucas

tentativas de estabelecer um regime alternativo político específica em um lugar específico.

Ataques étnicos igualmente podem permanecer muitas vezes apenas no nível dos atentados,

assassinatos ou ataques genocidas como uma questão de vingar algum insulto passado, ao

invés de um deslocamento final para a guerra convencional como na formulação maoísta.

As condições ambientais, tais como a crescente urbanização e o acesso fácil à informação e

a atenção da mídia também complicam a cena contemporânea. Hoje os guerrilheiros não

precisam estar em conformidade com o combatente rural clássico que lutava em uma nação

ou região limitada (como no Vietnã), hoje ele opera através de uma vasta rede de pessoas,

que muitas vezes se estende por todo o mundo.

Táticas da guerrilha

A guerra de guerrilha é distinta das táticas utilizadas por pequenas unidades em operações

de reconhecimento típica das forças convencionais. Também é diferente das atividades de

piratas ou ladrões. Esses grupos criminosos podem usar táticas de guerrilha, mas o seu

Page 30: Guerrilha e Contra-Guerrilha

objetivo principal é o ganho material imediato, e não um objetivo político. Muitos desses

criminosos até se mostram como guerrilheiros, mas é apenas fachada.

As táticas de guerrilha são baseadas em inteligência, emboscada, sabotagem, com o objetivo

de minar as autoridades através de baixas, em um conflito de baixa-intensidade de longa

duração. Estas táticas podem ser bem sucedidas tanto contra regimes nacionais, como

contra forças invasoras estrangeiras, como como demonstrado pela Revolução Cubana ,

Afeganistão e Vietnã conflitos.

Uma guerrilha prolongada e ativa pode aumentar o custo de se manter uma ocupação militar

ou uma presença colonial, acima do custo que uma nação estrangeira possa querer bancar.

Contra um regime local, os guerrilheiros podem tornar a ocupação impossível com ataques e

ações de sabotagem, e mesmo podem lançar mão de uma combinação com forças

estrangeiras para derrotar seus inimigos no campo de batalha convencional local.

Em muitos casos, as táticas de guerrilha podem permitir que uma força menor mantenha

mobilizada uma força inimiga maior e melhor equipada por muito tempo em um determinada

região, como os partisans de Tito na Iugoslávia retendo ali várias divisões do Eixo.

Insurgente xiita no Iraque. As forças da Coalizão tiveram que manter um grande

contingente no país para combater as facções inimigas.

Tipos de operações táticas

Page 31: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Ataque guerrilheiros podem muitas vezes envolverem esquadrões de assalto especializados.

Em 1964 uma equipe de mergulhadores Viet Cong afundou o navio americano, o USS Card.

Operações de guerrilha tipicamente incluem uma variedade de fortes ataques de surpresa

contra rotas de suprimento, instalações militares e policiais, como também contra

empreendimentos econômicos e civis importantes.

Atacando em pequenos grupos, utilizando-se da surpresa e muitas vezes bem camuflados,

os guerrilheiros buscam abater o moral inimigo, infligindo ao mesmo baixas e derrotas

humilhantes, e mantendo sempre uma forte pressão psicológica contra a tropa adversária. As

ações guerrilheiras devem ser planejadas para infligir as maiores perdas ao inimigo, com o

mínimo de perda material e em vidas por parte dos guerrilheiros.

A intenção desses ataques não é apenas militar, mas também política, com o objetivo de

desmoralizar as populações alvo e/ou governos, ou incitar uma reação popular para forçar um

maior apoio a favor da guerrilha. Um cuidadoso planejamento antecipado é necessário para

as operações, e detalhes como a capacidade de reação inimiga, armas a disposição e rotas

de aproximação e fuga, não podem ser desprezados.

Seja qual for a tática particular, a guerrilha vive principalmente para lutar outro dia, e para

expandir ou conservar as suas forças e apoio político, por não captura ou detém porções

específicas do território como uma força convencional, a não ser que o inimigo esteja

debilitado, e não possam reconquistar o território ocupado.

Liderança

Transformar grandes parcelas do povo insatisfeito em combatentes é tarefa para líderes.

Esses líderes guerrilheiros podem ter diversas origens. O homem certo poderá surgir no

próprio local, ou haver ocupado anteriormente posição de chefia em organização tribal ou

regional; Mulla Mustafa Barazani, do Curdistão, comandante nos anos 1960 da campanha de

guerrilha contra o Iraque, é um desses casos. Ele poderá ser um líder político, forçado a

recorrer à ação armada por falta de outras alternativas: foi o caso de Mao Tse-tung na China,

após o fracasso do levante da Colheita do Outono em 1927. Por fim, ele poderá vir de fora,

trazendo adestramento militar e a promessa de apoio externo, como o inglês T.E. Lawrence

fez na Arábia em 1916 e Che Guevara (1928-1967) tentou fazer na Bolívia.

É essencial que o líder encarne a insatisfação local, saiba exatamente de que o movimento é

capaz e tenha habilidade para atingir seus objetivos. Não é de admirar, pois, que os grandes

líderes da guerrilha sejam freqüentemente figuras carismáticas, como Fidel Castro, Ho Chi

Minh (norte-vietnamita, 1890-1969) e o próprio Mao.

Page 32: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Organização

A organização guerrilheira varia de pequenos grupos rebeldes locais, com uma dúzia de

guerrilheiros, para milhares de combatentes, ou seja a organização parte de pequenas

células, podendo chegar a grandes regimentos. Na maioria dos casos, os líderes guerrilheiros

têm um claro objetivo político para a guerra que é travada.

Normalmente, a organização é dividida entre o braço político e militar, para permitir que os

líderes políticos possam ter negações plausíveis em relação aos ataques militares e também

possam estabelecer linhas de negociação entre os opositores e mediadores do conflito, se for

o caso. Este tipo de organização pode ser visto com os comunistas chineses e vietnamitas

durante as suas guerras revolucionárias.

Surpresa e inteligência

Para que as operações sejam bem-sucedidas, a surpresa deve ser alcançada pelos

guerrilheiros. Se a operação tiver sido comprometida, deve ser cancelada imediatamente. Por

isso os guerrilheiros devem dá toda a tenção na coleta de inteligência. No planejamento de

uma operação a Inteligência é também extremamente importante, e a informações

detalhadas das disposições do alvo, armamento e moral do inimigo devem ser recolhidas

antes de qualquer ataque.

A inteligência pode ser colhida de várias maneiras. Colaboradores e simpatizantes

geralmente fornecem um fluxo constante de informações úteis. Agentes guerrilheiros podem

trabalhar disfarçados dentro de órgãos governamentais, e até dentro das forças de

segurança, como militares e policiais das forças locais ou até interpretes e guias das forças

de ocupação. É uma posição muito perigosa, mas que rende boa inteligência.

Relacionamentos românticos também podem ser usados como parte da coleta de

informações.

As fontes públicas de informação são também de valor inestimável para a coleta de

informações da guerrilha, fornecendo desde os horários de vôo das companhias alvo, até o

anúncio de deslocamento de dignitários. O uso da Internet também pode fornecer muitos

dados de inteligência que depois de colhidos devem ser analisados.

Por exemplo, um alvo fixo que for atacado deve ser estudado com detalhes, e dados sobre

forças de segurança no local ou próximas, rotas de entrada e saída, horário de

funcionamento, planta de construção, fluxo de pessoas no local e formas de acesso, entre

outras informações devem ser coletadas e analisadas.

Page 33: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Finalmente, a inteligência deve se preocupar também com fatores políticos, tais como a

ocorrência de uma eleição ou o potencial impacto da operação sobre o moral civil e do

inimigo.

Relação com a população civil

"Por que a luta guerrilheira? Temos de chegar à inevitável conclusão de que o guerrilheiro é

um reformador social, que pega em armas de responder ao protesto irado do povo contra

seus opressores, e que ele luta para mudar o sistema social que mantém todos os seus

irmãos desarmados em ignomínia e miséria. "

— Che Guevara

A relações com as populações civis são influenciadas pelo fato de a guerrilha operar entre

uma população hostil ou amigável. A população amigável é de imensa importância para os

guerrilheiros, proporcionando abrigo, suprimentos, financiamento, inteligência e recrutas. A

base "do povo" é, portanto, a chave da sobrevivência do movimento de guerrilha.

Nas fases iniciais da Guerra do Vietnã, as autoridades americanas descobriram que vários

dos milhares de povoados fortificados controlados pelo governo eram, de fato, controlados

pela guerrilha Viet Cong, que freqüentemente utilizava essa posições para o abastecimento e

repouso.

Porém o apoio popular das massas em uma área confinada local ou país, contudo, não

sempre é estritamente necessário. Guerrilheiros e grupos revolucionários ainda pode

funcionar com a proteção de um regime amigo, recebendo suprimentos, armas, inteligência e

apoio diplomático.

Contudo uma população apática ou hostil dificulta a vida dos guerrilheiros e extenuantes

tentativas são feitas geralmente para obter seu apoio. Estas tentativas podem envolver não

só a persuasão, mas uma política deliberada de intimidação. As forças guerrilheiras podem

está travando uma guerra de libertação, mas isso pode ou não resultar em um apoio

suficiente por parte dos civis afetados. Outros fatores, incluindo ódios étnicos e religiosos,

podem fazer uma simples reivindicação de libertação nacional insustentável. Seja qual for a

mistura exata de persuasão ou coerção utilizados pela guerrilha, as relações com as

populações civis são um dos fatores mais importante no seu sucesso ou fracasso.

Uso de terror

Em alguns casos, o uso do terrorismo pode ser um aspecto de guerrilha. O terrorismo é

utilizado para chamar a atenção internacional sobre a causa da guerrilha, matar os líderes da

oposição, extorquir dinheiro de alvos, intimidar a população em geral, gerar perdas

Page 34: Guerrilha e Contra-Guerrilha

econômicas, e manter seguidores e desertores em potencial na linha. O uso do terrorismo

pode provocar também uma resposta desproporcional das forças estabelecidas, levando

assim a população civil a ser simpática à causa terrorista. Porém essas táticas podem virar

contra os guerrilheiros e fazer com que a população civil retire o seu apoio, ou pior venha se

aliar com as forças contra-guerrilha. Estas situações ocorreram em Israel, onde os atentados

suicidas palestinos foram usados pelos israelenses para lançar a opinião mundial contra os

agressores palestinos, incluindo a aprovação geral de "assassinatos seletivos" para matar as

células inimigas e seus líderes. Nas Filipinas e na Malásia, ataques terroristas comunistas

ajudaram a mudar a opinião dos civis contra os insurgentes. No Peru e alguns outros países,

muitas vezes os civis apoiaram a duras contramedidas usadas pelos governos contra os

movimentos revolucionários ou insurgentes.

Logística

Os guerrilheiros costumam operar com menor pegada logística em relação às formações

convencionais, no entanto, as suas atividades logísticas devem pode ser elaboradas de forma

organizada. A principal preocupação é evitar a dependência de bases fixas e depósitos que

são comparativamente mais fáceis para as unidades convencionais localizarem e destruir.

Mobilidade e velocidade são as chaves e, sempre que possível o guerrilheiro deve viver da

terra, ou extrair apoio da população civil na qual ele está inserido. Nesse sentido, "o povo" se

torna a base de abastecimento do guerrilheiro.

O financiamento das atividades da guerrilha pode partir diretamente de contribuições

individuais (voluntárias ou não voluntárias) ou de empresas comerciais através de agentes

insurgentes, assaltos a banco, seqüestros e complexas redes de financiamento baseadas em

parentesco, etnia e religião (como as usadas pelos jihadistas modernos).

Porém as forças guerrilheiras muitas vezes possuem bases permanentes ou semi-

permanentes em sua estrutura logística. Essas bases geralmente estão localizadas em áreas

remotas ou em santuários além da fronteira, em países aliados. Estas bases podem ser

bastante sofisticadas, como as usadas pelo Viet Cong que possuía acampamentos

fortificados e um complexo sistema de túneis durante a Guerra do Vietnã. A importância

dessas bases pode ser notada pelos duros combates travados pelas forças comunistas para

proteger esses locais. No entanto, quando se tornava claro que a defesa era insustentável, as

unidades comunistas simplesmente se retiravam.

Terreno

A luta de guerrilhas é freqüentemente associada com um cenário rural, e este é certamente o

caso em relação as operações realizadas por Mao e Giap, os mujahudins no Afeganistão, o

Page 35: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Exército Guerrilheiro de los Pobres (EGP) da Guatemala, os Contras da Nicarágua e a FMLN

de El Salvador.

Guerrilheiros no entanto, podem operar com sucesso em ambientes urbanos, como

demonstrado em lugares como Argentina e Irlanda do Norte. Nesses casos, os guerrilheiros

contam com uma população amigável para fornecer suprimentos, abrigo e inteligência.

A guerrilha rural prefere operar em regiões remotas que ofereçam cobertura e proteção,

especialmente áreas de selva fechada, pântanos, montanhas e até desertos, onde existe

pouca densidade demográfica e a presença do inimigo é reduzida principalmente se houver

escassez de estradas, portos e aeroportos. o coronel grego Grivas usou as montanhas

Troodos, em Chipre, contra os ingleses, Lawrence usou as vastidões dos desertos e os

vietnamitas tinham bases nas montanhas do nordeste de Tonquim, nos primeiros anos da

década de 1950, por exemplo.

Mesmo quando lança uma intensa campanha antiguerrilha, o exército regular pode ficar em

desvantagem quando penetra em terreno pouco desconhecido, locomovendo-se em trilhas ou

pequenos rios das matas. Os guerrilheiros, conhecendo bem a área e tendo o apoio dos

habitantes locais, montam uma série de emboscadas, espreitando a tropa inimiga em

determinados pontos-chave, desfiladeiros, vales estreitos, cruzamentos.

Tropas motorizadas soviéticas sendo atacadas por rebeldes mujahedins em uma

emboscada no Afeganistão na década de 1980. Na região de montanha os blindados

Page 36: Guerrilha e Contra-Guerrilha

eram muito vulneráveis ao fogo vindo do alto e os soviéticos tinham que sair de seus

veículos para combater o inimigo, ficando assim mais expostos.

A emboscada armada, em 1952 pelo Viet Minh (Frente pela Independência do Vietnã) contra

uma coluna móvel francesa na garganta Chan Muoung, ao sul de Phu Doan, é exemplar.

Diante de tais derrotas, o inimigo provavelmente irá recuar até suas bases nas cidades e

tentará conter em vez de vencer, a ameaça da guerrilha. lsto dá à guerrilha a oportunidade de

expandir-se formando novos grupos em zonas rurais adjacentes estendendo sua tática de

desgaste do inimigo.

Por fim, com o controle guerrilheiro de toda a área em volta das cidades, estas estarão

praticamente sitiadas. Chegou então a hora de dar início ao estágio seguinte da campanha,

passando das táticas de guerrilha para os combates mais convencionais e a esperança de

uma vitória final.

Por outro lado a guerrilha urbana, ao invés de derreter nas montanhas e selvas, costuma

operar em áreas densamente povoadas onde pode se misturar com a população e podem

contar com uma base de apoio entre o povo. O IRA na Irlanda do Norte possuía muitos

lugares secretos em centros urbanos como Belfast e Londonderry. No Iraque os insurgentes

iraquianos se misturam com os civis em sua luta contra os EUA.

Ajuda externa e santuários

O apoio externo pode chegar na forma de soldados, armas, suprimentos, santuário, ou uma

declaração publica de simpatia para com os guerrilheiros. Esse apoio não é  estritamente

necessário, mas pode aumentar muito as chances de uma vitória dos insurgentes. O apoio

diplomático vindo do estrangeiro pode chamar a atenção para a causa da guerrilha no cenário

internacional , colocando pressão sobre os adversários locais para que essas façam

concessões, ou até mesmo se retirem da região conflagrada.

Os guerrilheiros podem receber das nações aliadas além de de armas e suprimentos,

assessores militares que forneçam treinamento e inteligência, bem como essas nações

estrangeiras podem prover santuários onde os guerrilheiros podem ser treinados ou

receberem atendimento médico, além de abrigo para as lideranças políticas e militares muitas

vezes. Esses abrigos podem se beneficiar do direito internacional, especialmente se o

governo estrangeiro é bem sucedido em esconder o seu apoio e, alegando a "negação

plausível" para ataques de agentes inimigos a bases guerrilheiras em seu território.

O Viet Cong e o Vietnã do Norte fizeram uso extensivo de tais santuários internacionais

durante o conflito do Vietnã, com o seu complexo de trilhas, vias e bases  serpenteando entre

o Vietnã, Laos e Camboja, através da famosa Trilha Ho Chi Minh, que foi a salvação logística

que sustentou as suas forças no sul do país. Outro exemplo são os guerrilheiros Mukti Bahini,

Page 37: Guerrilha e Contra-Guerrilha

que tinham bases na Índia e que lutaram ao lado do Exército indiano na Guerra de Libertação

de Bangladesh em 1971contra o Paquistão, e que resultou na criação do estado de

Bangladesh, como também os homens do ZANU, movimento nacionalista que combatia o

regime branco da Rodésia, que tinham bases em Moçambique após 1975.

A trilha Ho Chi Minh saia do sul do Vietnã do Norte e seguia até todo o Vietnã do

Sul pelo Laos e Camboja.

Levavam 4 meses para descer a trilha a pé e existiam vários trilhas secundarias.

Era uma guerra onde os americanos usavam um caça de US$ 10 milhões contra

uma bicicleta de 4 dólares.

Armamento

A guerrilha precisa obter armas para lutar. Algumas podem ter sobrado de combates

convencionais que precederam a ocupação por outro país; outras armas podem ser obtidas

dos habitantes locais. Os guerrilheiros do Vietnã, da Malásia e das Filipinas, imediatamente

após a Segunda Guerra Mundial. equiparam-se com as armas abandonadas pelas tropas

japonesas derrotadas; O coronel Grivas, em Chipre, recolheu grande número de espingardas

de caça pertencentes a famílias greco-cipriotas, em 1956.

Outras armas podem ser importadas de países amigos. Durante a Guerra Fria, os soviéticos

forneceram armamentos a muitos movimentos nacionalistas em luta pela independência na

África negra. Os EUA e seus aliados ocidentais também forneceram armamento de origem

Page 38: Guerrilha e Contra-Guerrilha

soviética para os mujahudins no Afeganistão em sua luta contra o invasor soviético. Os

mujahudins chegaram a receber mísseis Stinger para abater os MI-24 russos.

Entretanto, muitas vezes os guerrilheiros precisam valer-se de seus próprios recursos e

imaginação. Alguns fabricam suas próprias armas primitivas como os Mau Mau fizeram no

Quênia, nos meados da década de 1950, mas para a maioria a única fonte acessível é o

inimigo.

Na verdade a captura de armamento incentiva o início da ação militar. Esses ataques iniciais

são moderados. Postos isolados de um exército podem ser conquistados por meio da

surpresa e de eventual força numérica, resultando não só na captura das armas necessárias,

mas também em aquisição de experiência e treinamento prático. E pouco provável que o

inimigo reaja com força total - ataques isolados dessa natureza podem ser considerados

apenas um ato de banditismo,

e haverá algo mais que a substituição dos homens perdidos - e isso permite a guerrilha agir

contra outros postos avançados, com resultados semelhantes. Cada emboscada ou ataque

bem-sucedido resulta em mais armas e maior experiência.

Normalmente as armas capturadas são particularmente armas portáteis, como fuzis

automáticos, pistolas, morteiros, metralhadoras e minas. Com essas armas os guerrilheiros

são capazes de atacar de surpresa e com sucesso, desaparecendo em seguida pelas matas

ou pelos montes, antes que o inimigo se recupere. Explosivos também são alvos da captura.

Hoje em dia a arma mais comuns das forças guerrilheiras é o fuzil de assalto russo AK-47 e

suas variantes. Em muitos conflitos também estão presentes os lança-rojões russos RPG-7 e

seus variantes.

 

O fuzil de assalto russo AK-47 de Calibre 7,62 x 39 mm (e suas variantes ou versões

fabricadas por outros países) se tornou a arma padrão dos movimentos guerrilheiros a

partir dos anos 1960 até os dias de hoje. Seu nome é uma sigla para a denominação

russa Avtomat Kalashnikova odraztzia 1947 goda ("Arma Automática de Kalashnikov

Page 39: Guerrilha e Contra-Guerrilha

modelo de 1947"). É a arma individual ideal para os movimentos guerrilheiros pela sua

grande rusticidade, resistência à água, areia e lama, simplicidade de operação e

manutenção, além de reconhecida estabilidade em baixas e altas temperaturas. A AK-

47 é sem sombras de dúvida uma das armas de fogo atualmente mais utilizada no

mundo. 

Condições físicas e mentais

Os guerrilheiros devem ter boas condições físicas, especialmente se tiverem de lutar em

terreno difícil, e devem ser capazes de levar uma vida rude por longos períodos. Uma das

razões do fracasso de Che Guevara na Bolívia, em 1967, foi ter recrutado intelectuais de

classe média, que não puderam agüentar as durezas físicas de sua campanha nas

montanhas bolivianas. Da mesma forma, homens qualificados em certas atividades - guardas

florestais, caçadores, ex-soldados e ex-policiais- podem treinar os novatos.

Isto não significa que os mais velhos, os fracos ou os não-especializados sejam desprezados;

eles podem participam de grupo de retaguarda - tal como Min

Yuen (comunista) na Malásia Ocidental -, ocupando-se de alimentação. suprimentos,

trabalhos de espionagem e alojamento para os guerrilheiros ativos.

Porém sejam fisicamente apto ou não, tenha uma grande habilidade militar ou não, os

guerrilheiros precisam ter uma grande força de vontade para continuar lutando e se manter

fiel a sua causa. Pois muitas vezes tem de enfrentar sozinho situações difíceis, certo de que

seu fracasso significará a morte. Ele pode ser obrigado a ter uma vida dupla em uma cidade,

extremamente desgastante durante anos; poderá ter de sobreviver durante meses com

poucos alimentos e pouca munição, no deserto, montanha, selva ou no pântano.

Iniciativa de combate e sua intensidade

Capaz de escolher a hora e o local de seus ataques, os guerrilheiros normalmente possuem a

iniciativa tática e o elemento surpresa. O planejamento de uma operação pode demorar

semanas, meses ou mesmo anos, com uma constante série de cancelamentos e reinícios de

acordo com a mudança da situação.

Independentemente da abordagem utilizada, a guerrilha mantém a iniciativa e pode prolongar

a sua sobrevivência apesar de variar a intensidade do combate. Isto significa que os ataques

muitas vezes tem um longo intervalo de tempo entre eles, que podem ser de semanas ou

meses. Durante os períodos intercalados, a guerrilha pode se recompor, se reorganizar e

buscar ressuprimento. Na Guerra do Vietnã, a maioria das unidades comunista (incluindo as

forças regulares norte vietnamitas usando táticas de guerrilha) gastava apenas um número

limitado de dias do ano lutando.

Page 40: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Embora aconteça de forças guerrilheiras serem forçadas a travarem uma batalha indesejada

por causa de uma varredura do inimigo, a maioria do tempo é gasto em treinamento,

infiltração, propaganda cívica e doutrinação, além de construção de fortificações, ou

armazenamento de suprimentos, além da coleta de informações.

Outros aspectos

Exemplos bem sucedidos de guerrilha contra o regimes locais incluem a Revolução Cubana e

a Guerra Civil Chinesa, bem como a revolução sandinista que derrubou uma ditadura militar

na Nicarágua. Os muitos golpes e revoltas da África, muitas vezes refletem ações de

guerrilha, com vários grupos buscando objetivos políticos claros. Entre os exemplos estão a

derrubada dos regimes em Uganda e na Libéria. Na Ásia, regimes locais, muitas vezes

apoiados por forças estrangeiras já foram derrubados por uma guerra de guerrilha,

principalmente no Vietnã , China e Camboja.

Houveram muitos exemplos de guerra de guerrilha contra nações estrangeiras, como por

exemplo as lutas de independência contra Portugal em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau,

e contra os britânicos na Malásia (então Malaya) durante a Emergência Malaia.

Dimensões éticas de uma guerra de guerrilha

Durante uma guerra de os civis podem ser atacados ou mortos como castigo por alegada

colaboração, ou como uma política de intimidação e coerção. Esses ataques são geralmente

sancionada pelos líderes da guerrilha com um olho nos objetivos políticos que podem a

alcançar. Os ataques podem ser destinados a enfraquecer a moral civil quando a população

apoio as forças contra-guerrilheiras. Muitas vezes as disputas étnicas e religiosas podem

envolver massacres e genocídio generalizado com facções rivais infligindo violência massiva

sobre a populações civis específicas.

Os guerrilheiros em guerras contra potências estrangeiras podem dirigir os seus ataques

contra civis simpatizantes a nação invasora, especialmente se as forças estrangeiras são

fortes demais para serem confrontadas diretamente. No Vietnã, bombardeios e ataques de

terror contra os civis eram bastante comuns, e muitas vezes foram eficazes na

desmoralização de opinião dos locais que apoiavam o regime no poder e seus aliados

americanos. Apesar de atacar uma base norte-americana sempre envolvesse um longo

planejamento e a possibilidade de muitas baixas, os ataques contra civis simpatizantes

ofereciam menor risco, eram fáceis de executar. Esses ataques também tiveram um forte

efeito sobre a opinião internacional, desmoralizando a opinião pública americana, e apressar

a retirada dos americanos.

Page 41: Guerrilha e Contra-Guerrilha

No Iraque, a maioria das mortes desde a invasão dos EUA em 2003 é de civis e não de

soldados americanos ou seus aliados. As facções iraquianas mergulharam o país numa

guerra civil com base étnica e religiosa.

O uso de ataques contra civis cria uma atmosfera de caos (e, assim, a vantagem política,

onde a atmosfera faz com que os ocupantes estrangeiros pensem em se retirar ou oferecer

concessões), que pode favorecer os guerrilheiros.

Leis da guerra

Os guerrilheiros não são reconhecidos como combatentes lícitos pela Convenção de

Genebra, porque não usar um uniforme militar (usam roupas civis na maioria das vezes e se

misturam com a população local), ou os seus distintivos e emblemas de uniforme não podem

ser reconhecidos como tal por seus oponentes.

Contra-guerrilha

A partir de 1945 surgiram muitos movimentos guerrilheiros que travaram uma luta pela

independência de seu país ou por ideais políticos, e esses movimentos deram uma nova

dimensão à guerra. A luta contra-guerrilha, ou operações contra-insurreição, são

extremamente difíceis, longas e de alto custo, porém a história nos mostra que já ocorreram

várias contra-insurreições bem-sucedidas, tais como a vitória filipina contra os Huks (1946-

1954) e o êxito britânico na Malásia (1948-1957). Na Malásia o Exército Britânico no total teve

509 baixas e eliminou 6.710 dos 12.000 insurretos. Os britânicos também derrotaram os

insurretos Mau Mau no Quênia e a Organização Nacional de Guerreiros para a Liberdade no

Chipre. O Exército Britânico também se envolveu em duas campanhas de sucesso depois da

era imperial. De 1970 a 1975, os soldados britânicos assessoraram as Forças Armadas do

Sultão do Omã contra os nacionalistas de Dhofari. De 1969 a 1995, tropas britânicas

conduziram operações de segurança interna na Irlanda do Norte.

A contra-insurgência, não é essencialmente militar, mas uma combinação de iniciativas na

arena militar, política e social sob o forte controle de uma única autoridade. Em condições

ideais, um esforço exitoso de contra-insurreição baseia-se não apenas na ação militar eficaz,

mas também na verdadeira reforma conduzida por um governo que busca conquistar a

simpatia e a lealdade de sua população. Deve haver uma abordagem civil-militar integrada.

Esse tipo de reforma pode reduzir as injustiças que deram legitimidade à insurreição na ótica

de seus partidários. O governo deve realizar ações consistentes no campo político, trabalhar

na segurança e na melhoria de vida da população (até das localidades mais remotas), gerar

progresso econômico e em muitos casos promover a representatividade política. Uma

Page 42: Guerrilha e Contra-Guerrilha

investida diplomática também deve ser realizada para angariar apoio internacional e acabar

com o apoio externo a guerrilha, caso ele exista.

O Povo

Na verdade a chave da contra-insurgência é o povo. Segundo David Galula, oficial francês,

De origem judaica, nascido na Tunísia e tendo passado a juventude em Marrocos, lutou na

Guerra da Argélia, e escreveu o livro Guerra de contra-insurgência: teoria e prática, o objetivo

da guerra de contra-insurgência é para ganhar o apoio da população ao invés de controle do

território. Galula ainda defende que progressivamente de deve eliminar ou expulsar os

opositores armados, em seguida, obter o apoio da população e, eventualmente, reforçar as

posições através da construção de infra-estrutura e criação de relacionamentos de longo

prazo com a população. Isso deve ser feito área por área, através de um território pacificado,

que servirá de base de operação para a conquistar de uma área vizinha.

Algo muito importante que deve ser levado em consideração nas operações de contra-

insurreição é que as baixas na população civil não combatente devem ser extremamente

minimizadas. As forças guerrilheiras se aproveitam do uso excessivo da força contra civis

para angariar apoio entre a população e recrutar novos combatentes. Muitos exércitos

regulares e forças paramilitares em seu combate a movimentos guerrilheiros cometeram este

tipo de erro, na Ásia, África, América do Sul e América Central. Os americanos cometeram

este tipo de erro no Vietnã, Iraque e Afeganistão, os franceses na Indochina e Argélia e os

soviéticos no Afeganistão, apenas para citar alguns exemplos. A ação de contra-insurreição

dos franceses na Argélia colonial foi selvagem. Na Batalha de Argel em 1957, foram feitas

24.000 detenções, muitos foram torturados e cerca de 3.000 foram mortos. Os franceses

quebraram a infra-estrutura da FLN em Argel, mas também mataram a legitimidade da suas

ações, perdendo a guerra de "corações e mentes" em relação a população. O general

americano Stanley McChrystal disse que limitar a morte de civis é a ordem máxima de uma

operação contra-insurgência, ele disse que para cada civil morto no Afeganistão, cerca de 10

afegãos se juntaram à insurgência, e ainda afirmou que os soviéticos mataram 1 milhão de

afegãos e nem por isso venceram a guerra.

Novas formas de lutar

Os governos que lutam contra movimentos insurretos precisam também repensar e

reconfigurar sua estratégia militar na ótica das operações contra-insurreição. Para combater

forças guerrilheiras os exércitos convencionais viram-se obrigados a desenvolver táticas de

contra-insurreiçao e também formar unidades especializadas, treinadas e equipadas com o

objetivo de enfrentar os guerrilheiros valendo-se dos mesmos métodos destes. Os

consideráveis progressos havidos na produção de armamentos, comunicações e transporte,

aliados a novos programas de treinamento, tem possibilitado a muitas unidades de contra-

Page 43: Guerrilha e Contra-Guerrilha

guerrilha grande mobilidade e ao mesmo tempo poder de fogo devastador. Para ele a ação

contra-insurgente atinge uma posição de força quando seu poder está incorporado a uma

organização política firmemente apoiada pela população.

Áreas não-urbanas

As ações contra-insurrecionais devem ser travadas em todos os ambientes sejam eles

urbanos ou não. Em um ambiente não urbano, as operações resumidamente podem ter as

seguintes etapas:

Primeira:Coleta de informações a respeito da presença do

inimigo na região, através de:

Uma unidade especializada que se infiltra na área inimiga e

estabelece uma base de operações;

Interrogatório de prisioneiros;

Informantes;

Reconhecimento aéreo, e até por satélite se houver

condições;

Meios eletrônicos, como sensores de movimento, escutas de

rádio e telefones;

Segunda: Enfrentamento das forças rebeldes por unidades

maiores, com base na inteligência coletada;

Terceira: Ocupação efetiva do território libertado das forças

insurrecionais por forças regulares e policiais.

Para desempenhar bem a tarefa de se infiltrar na área inimiga e estabelecer uma base de

operações, os integrantes das unidades contra-insurrecionais precisam adquiri inúmeras

habilidades. Seu treinamento, por tanto, inclui diversos cursos de especialização. Todos, de

oficiais a soldados rasos devem ser cuidadosamente selecionados, de modo que obtenham

um alto nível de desempenho, depois de rigoroso treinamento. Embora todos os soldados

tenham certa experiência em operações de campo, é a estrutura do curso que lhes permitirá

chegar ao aperfeiçoamento necessário. O treinamento é dedicado sobretudo às técnicas de

coleta de informações e de sobrevivência em ambiente hostil.

Page 44: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Operador dos RECCES da África do Sul descansa durante uma missão em 1982. Os

operadores Recces usavam de uma série de artifícios para não chamarem a atenção

durante suas missões nas savanas africanas. A começar pelo disfarce da sua pele

branca com um creme de camuflagem. Ele também usa um mistura de trajes militares,

sua camiseta é de padrão de camuflagem alemão oriental e sua calça imita a

camuflagem cubana. Ele está armado com um fuzil AK-47 de fabricação soviética.

O contraguerrilheiro precisa adaptar-se rapidamente, pois estará enfrentando um inimigo que

conhece bem o terreno, além de contar com algum apoio da população local e não ter

dificuldade em encontrar alimentos. Portanto. todos os membros de uma unidade

antiguerrilha devem dominar alguns idiomas, técnicas de comunicação e de camuflagem, de

armamentos e de alguns procedimentos médicos. Além disso, precisam ser capazes de fazer

longas marchas a pé carregando pesadas mochilas, e com rapidez, e passar noites

acordado. A sobrevivência no campo ou na selva é fator crítico, pois depende do

conhecimento dos recursos naturais, quando não do roubo, em certas circunstâncias. Esses

militares devem ser capazes de identificar plantas e frutos comestíveis, bem como a preparar

pequenos animais para comer, e até encontrar raízes que armazenam água. Muitas unidades

tem homens que tem capacidade de seguir rastros seja na selva, montanhas ou deserto.

É essa capacidade de se adaptar ao ambiente que permite ao contraguerrilheiro o

desempenho de sua tarefa principal, ou seja, o levantamento de dados dos rebeldes. Entre as

Page 45: Guerrilha e Contra-Guerrilha

várias maneiras de obter informações, as mais comuns são o patrulhamento intenso, os

postos de observação e a infiltração nas tropas inimigas. O patrulhamento toma-se

particularmente importante para as forças da contra-insurreição quando estas se encontram

em áreas florestais. Por meio dele localizam-se os depósitos de suprimento e as bases de

operação dos rebeldes e detecta-se a movimentação da tropa. Essas informações são

comunicadas ao quartel-general, que decide que tática adotar (ataque aéreo ou de infantaria,

ou ainda barragem de artilharia). Em geral, não cabe às patrulhas de levantamento de

informações enfrentar diretamente as unidades rebeldes. Quando uma unidade

contraguerrilheira consegue manter sua posição sem que haja necessidade de receber

suprimentos - o que poderia alertar os insurgentes para sua presença no local -, os postos de

observação podem ser mantidos por longo período, fornecendo ao quartel-general um fluxo

constante de informações.

Quando unidades do SAS foram empregadas na região de Rafdan (Sul da Arábia), durante

as lutas pelo Aden, sua tarefa principal consistiu em levantar informações. As equipes

chegavam em helicópteros e escondiam-se nos morros, estabelecendo postos de

observação. Apesar do calor escaldante, da escassez de água e da pouca mobilidade, os

homens do SAS permaneceram nos postos alguns dias, orientando a artilharia e a infantaria

contra os rebeldes.

Além dos postos de observação e do patrulhamento detalhado, os exércitos regulares contam

com a infiltração nas unidades inimigas para obter informações. Esse método foi muito

utilizado pelos SELOUS SCOUTS, da Rodésia. Como as unidades eram compostas por

recrutas negros, muitos de seus homens passavam facilmente por guerrilheiros.

De posse da inteligência coletada os oficias comandantes podem planejar grandes operações

conta as forças guerrilheiras. Tais ações foram bem ilustradas pela Operação Nassau,

desenvolvida na Malaia. Em dezembro de 1954, as forças britânicas enviaram ao pântano de

Kuala Langat (de cerca de 260 km2) o equivalente a um batalhão. Em seguida, patrulhas

penetraram no interior da área e começaram a enviar seus relatórios ao quartel-general. Três

meses se passaram antes que se obtivesse qualquer informe concreto sobre a movimentação

dos rebeldes. Mas no dia 21 de março de 1955, uma emboscada efetuada com base nos

relatórios dos contraguerrilheiros obteve resultados: dois rebeldes morreram e vários ficaram

feridos. A medida que aumentava o fluxo de informações, as emboscadas iam sendo

substituídas por ataques aéreos precisos e por barragens de artilharia e de morteiros. Depois

de nove meses, os britânicos ocuparam efetivamente a área.

Áreas urbanas

Em áreas urbanas, as operações de contra-insurreição das forças militares devem acontecer

de acordo e em cooperação com as ações das autoridades civis. Em centros urbanos deve

Page 46: Guerrilha e Contra-Guerrilha

haver patrulhamento constante, barreiras policiais e operações sigilosas de coleta de

informação. Na Irlanda do Norte os homens do SAS operaram de perto com o pessoal da 14ª

Companhia de Inteligência no levantamento de inteligência. Com roupas civis eles entravam

em zonas perigosas, reconhecidamente habitada por uma maioria simpatizante do IRA. Eles

se misturam com os irlandeses, entravam em seus bares e cantavam as suas canções.

Essas missões eram muito perigosas, pois se descobertos os os britânicos podiam ser

presos, torturados e mortos. Porém a inteligência coletada era de grande valor. Os militares

envolvidos neste tipo de missão devem aprender a se disfarçar como a população local e

falar como ela, entrar e sair de locais sem serem descobertos, praticar “incidentes

fotográficos”, praticar direção defensiva e ofensiva e seguirem suspeitos sem se deixar notar.

Além de missões encobertas em redutos insurgentes ou simpatizantes, as forças de contra-

insurreição também devem realizar a vigilância sobre locais suspeitos montando postos de

observação, em que são usados binóculos (inclusive com visão noturna), microfones e

escutas eletrônicas potentes para monitorar o local. Esses postos podem ser montados

dentro de um carro ou de um apartamento ou sótão. As vezes esses postos de observação

podem ser usados por equipes de especiais de atiradores de elite que tanto podem relatar o

que estão vendo como também agir e eliminar possíveis ameaças, como americanos e

britânicos fizeram muitas vezes no Iraque.

Poder aéreo

O poder aéreo pode desempenhar um papel importante na contra-insurgência, capaz de

realizar uma ampla gama de operações:

*  Transporte de suprimentos para combatentes e civis, incluindo evacuações de feridos;

* Espionagem, vigilância e reconhecimento;

* Operações psicológicas , através do lançamento de panfletos, uso de alto-falantes e rádio;

* Ataques aéreos e apoio aéreo aproximado.

O primeiro uso de aeronaves em operações de contra-insurgência ocorreu entre 1920 e 1930

na guerra colonial, em lugares como Etiópia e Iraque. Os benefícios oferecidos pelo uso de

até mesmo uma única aeronave em tarefas como reconhecimento ou metralhamento foram

imensuráveis. As aeronaves também ofereciam uma maneira de infligir retaliação direta e

rentável para as comunidades que apoiavam os insurgentes.

Até o final dos anos 1950, as operações aéreas dos franceses na Guerra da Argélia era

decididamente de natureza contra-insurgente, com o uso inclusive de helicópteros , como o

Piasecki H-21 sendo usado não só para transportar as tropas, mas também para missões de

ataque com metralhadoras e lançadores de foguetes em um arranjo ad hoc para atacar as

posições da guerrilha da FLN nas cadeias de montanhas. Mais tarde os americanos na

Page 47: Guerrilha e Contra-Guerrilha

Guerra do Vietnã em suas missões aéreas de contra-insurgência utilizaram modelos de

aviões e helicópteros que já existiam, principalmente o Douglas A-1 Skyraider e o UH-1

Iroquois artilhado. Mais tarde, surgiram aeronaves mais especializada em missões de contra-

insurgência, como o helicóptero AH-1 Cobra, que definiu qual seria o design de praticamente

todos os helicópteros de ataque até os dias de hoje: fuselagem estreita, com dois tripulantes

em tandem (o piloto no assento de trás e o atirador no assento da frente) e as armas

instaladas em pequenas asas nas laterais da aeronave.

Alguns aeronaves utilizadas em missões de contra-insurgência:

* Britten-Norman Defender (Reino Unido)

* BAC Strikemaster (Reino Unido)

* Rockwell OV-10 Bronco (EUA)

* Cessna A-37 Dragonfly (EUA)

* Cessna O-2 Skymaster (EUA)

* Embraer EMB 314 Super Tucano (Brasil)

* FMA IA 58 Pucará (Argentina)

* Soko J-20 Kraguj (Iugoslávia)

* AH-64 Apache (EUA)

* Mi-24 Hind (Rússia)

Nas operações de contra-insurgência os helicópteros tem uma grande importância.Como

plataformas ofensivas, os helicópteros oferecem vantagens sem igual. À primeira vista,

aparentam ser muito vulneráveis, voando ruidosa e vagarosamente à baixa altitude. Contudo,

não são fáceis de derrubar. Com tanques de combustível auto-vedáveis e um pouco de

blindagem, os helicópteros são altamente resistentes às armas de pequeno calibre.

Os helicópteros podem rapidamente transportar tropas para atacar forças guerrilheiras

descobertas por unidade de reconhecimento, ou cercarem essas as forças inimigas. Caso o

inimigo busque neutralizar os vôos atacando os helicópteros com fogo de pequenas armas

quando este diminuem a velocidade para desembarcar as tropas na área de aterrissagem, as

forças de contra-insurgência podem manter uma escolta de helicópteros armados, que

permanece acima da Zona de Desembarque vigiando a área e prontos para intervir assim

que necessário. Aeronaves de asa fixa também podem auxiliar na supressão do fogo inimigo,

sendo assim helicópteros UH-60 Blackhawk podem ter o apoio de helicópteros AH-64 Apache

ou aviões A-10 Thunderbolt, no caso dos americanos, ou helicópteros Mi-8 ou Mi-17 podem

contar com a cobertura de helicópteros Mi-24 Hind