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LIÇÕES DA ESCURIDÃO 06 JULHO A 31 DEZEMBRO EXPOSIÇÃO CENTRO INTERNACIONAL DAS ARTES JOSÉ DE GUIMARÃES Vasco Barata, Daniel Barroca, Pedro Valdez Cardoso, Rui Chafes, Otelo Fabião, José de Guimarães, Diango Hernández, Ricardo Jacinto*, Manuel Viegas Guerreiro, Francisco Janes, Hassan Khan*, Manuel Santos Maia, Rosalind Nashashibi e Lucy Skaer*, Luís Nobre, Pedro A. H. Paixão, Teixeira de Pascoaes, f.marquespenteado, Benjamim Pereira, António Reis, Jean Rouch, ierry Simões, Rui Toscano | Obras da coleção de Arte Tribal Africana, Arte Chinesa Antiga e Arte Pré-Colombiana de José de Guimarães | Obras das coleções do Museu de Alberto Sampaio, Irmandade de São Torcato, Sociedade Martins Sarmento | Curadoria de Nuno Faria | * a partir de outubro

Guimarães Arte e Cultura | CIAJG | Exposição "Lições da escuridão" 2013

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Page 1: Guimarães Arte e Cultura | CIAJG | Exposição "Lições da escuridão" 2013

LIÇÕES DA ESCURIDÃO

06 JULHO A 31 DEZEMBRO

EXPOSIÇÃO

CENTRO INTERNACIONAL DAS ARTES JOSÉ DE GUIMARÃES

Vasco Barata, Daniel Barroca, Pedro Valdez Cardoso, Rui Chafes, Otelo Fabião, José de Guimarães, Diango Hernández, Ricardo Jacinto*, Manuel Viegas Guerreiro, Francisco Janes, Hassan Khan*, Manuel Santos Maia, Rosalind Nashashibi e Lucy Skaer*, Luís Nobre, Pedro A. H. Paixão, Teixeira de Pascoaes, f.marquespenteado, Benjamim Pereira, António Reis, Jean Rouch, Thierry Simões, Rui Toscano | Obras da coleção de Arte Tribal Africana, Arte Chinesa Antiga e Arte Pré-Colombiana de José de Guimarães | Obras das coleções do Museu de Alberto Sampaio, Irmandade de São Torcato, Sociedade Martins Sarmento | Curadoria de Nuno Faria | * a partir de outubro

Page 2: Guimarães Arte e Cultura | CIAJG | Exposição "Lições da escuridão" 2013

#2 Feitiços | Transformismo arte tribal africana Manuel Santos Maia alheava José de Guimarães série 1º de Maio f.marquespenteado as jóias de odila Otelo Fabião | Manuel Viegas Guerreiro interface makonde

#13 Clareira | Pedro Valdez Cardoso the devil’s breath - parte I | Luís Nobre sub | José de Guimarães série cartago | arqueologia de personagem | elmo | pássaro | totem | arte tribal africana calau

#3 As Magias arte tribal africana | Pedro A. H. Paixão Draft for a film on Aristotle’s «Memory and Recollection» | Benjamim Pereira máscaras portuguesas | Jean Rouch les maîtres-fous | António Reis jaime

#6 Visões capitais arte pré-colombiana | arte tribal africana | Teixeira de Pascoaes estatuetas mutiladas com substituição de cabeça

#7 Labirinto arte pré-colombiana arte chinesa antiga

#8 Desfigurações (do duplo, do molde, do negativo) arte tribal africana | arte pré-colombiana | arte chinesa antiga | são brás | são miguel arcanjo | círio | moldes para ex-votos

#9 #10 #11 Sobre a escuridão da escuridão | Diango Hernández Lestory | Thierry Simões sem título | Rui Chafes Tranquila ferida do sim, faca do não_Daniel Barroca soldier playing with dead lizzard

#1 José de Guimarães alfabeto africano

#4 Gabinete de desenho | José de Guimarães gruta e crânio

#5 José de Guimarães gruta e crânio

Mais do que uma exposição, Lições da Escuridão é o mote para a nova e alargada montagem do CIAJG. À semelhança da exposição anteriormente patente neste espaço, projeta-se a partir das coleções de José de Guimarães, que constituem o espólio da instituição, para convocar um conjunto de intervenções de diversos artistas contemporâneos e de obras e objetos do património popular, religioso e arqueológico da região.

Se, por um lado, a presente montagem prossegue as linhas de investigação abertas com a exposição Para além da História, em alguns casos até as aprofundando, por outro lado a configuração do espaço expositivo sofreu profundas alterações ao nível da estrutura física e conceptual. Se a montagem anterior se configurava como um atlas, como uma espécie de geografia, de cartografia, estruturando-se em núcleos com uma lógica narrativa, a presente montagem funciona como um arquipélago constituído por diversas ilhas mais ou menos próximas entre elas, por vezes completamente autónomas, reunidas em torno de uma ideia lata de escuridão.

Pensar a criação artística ou a história da arte em negativo, não a partir da luz mas a partir do escuro, não a partir do dia - da história - mas a partir da noite - aquilo que ficou fora da narrativa histórica ou que nela surge como exceção. Aqui, abordamos uma das linhas de investigação abertas pela exposição Para além da História, em maior profundidade e em modo de interrogação: o que significa trazer objetos da escuridão para a luz, da invisibilidade para a visibilidade, do plano da sombra para o plano do corpo?

A escuridão, a noite, a cegueira, o negro são temas sempre presentes na

história da arte ou da literatura. Pensemos nas pinturas negras de Goya, no Quadrado Negro de Malevitch, no Verbo Escuro de Pascoaes, no Coração das Trevas de Joseph Conrad, entre muitos outros.

Com Lições da Escuridão exploramos sob vários matizes a metáfora da escuridão, tão fecunda para o exercício do fazer artístico, na reflexão que propõe sobre o mundo:

do ponto de vista arqueológico (escavar, ir em profundidade, estrato por estrato, camada por camada, fazer emergir à superfície, dar à luz objetos, vestígios, coisas de outro tempo que desapareceram do campo físico da visão ou mesmo do arquivo da memória);

do ponto de vista da religião ou da relação com o transcendente, com aquilo que está para lá dos limites materiais dos corpos (mostramos, relacionamos objetos de diferentes culturas e tempos históricos com uma forte carga simbólica cuja vocação é, de certa maneira, uma supe-ração da forma em favor da energia que fazem transportar e transmitir, para lá do campo da estética propriamente dita);

do ponto de vista do próprio espaço da arte, dos mecanismos de construção de uma visão do mundo a partir da abertura da perceção ou predisposição do espetador para aceder a esse espaço, a um tempo

concreto e abstrato (materializar o vazio, dar forma àquilo que não é figurável, mostrar a própria escuridão, revelar a sombra, o avesso da visão, expandir os limites da nossa perceção das coisas vi-síveis e invisíveis naquilo que, finalmente, é específico ao exercício artístico que é colocar objetos num dado espaço para significar, investir, ativar esse espaço).

A história da arte é muito mais do que a história da visão, é também uma história de fantasmas, de esquecimento, a narrativa da noite dos tempos, de formas e corpos que surgem, desaparecem e ressurgem, sem data e sem tempo, rea-tivados pelo poderoso canto das musas da memória, essa capacidade intemporal que une os homens aos deuses.

Much more than a simple exhibition, Lessons of Darkness is the motto for the new and enlarged venture of the José de Guimarães International Centre for the Arts (CIAJG). As with the previous exhibition displayed in the centre, this initiative has been devised on the basis of José de Guimarães’ collections - the institution’s primary resource - in order to conjure up a series of interventions by various contemporary artists and works and objects drawn from the local region’s popular, religious and archaeological heritage.

While on the one hand, the present setting-up advances the lines of inquiry opened with the previous exhibition, Beyond History, in some cases even furthering them, on the other hand the configuration of the exhibition space has undergone profound alterations, in terms of its physical and conceptual structure. If the previous exhibition was configured as an atlas, as a kind of geography, cartography, structured across various nuclei with a narrative logic, this exhibition functions as an archipelago, consisting of several neighbouring islands, sometimes completely autonomous, gathered around a broad idea of darkness.

Thinking about artistic creation or history of art from a negative viewpoint, not from the perspective of light but from that of darkness, not from daytime - history - but from nighttime – that which has been left outside the

historical narrative or which emerges therein as an exception. Here, we address one of the lines of investigation that was launched by the exhibition, Beyond History, but this time in greater depth and in a questioning manner: what does it mean to bring objects from darkness to light, from invisibility to visibility, from the world of shadows to that of the body?

Darkness, night, blindness, blackness constitutes a theme that has always been present in the history of art or literature. We only need to think about Goya’s black paintings, Malevich’s Black Square on a black background, Teixeira de Pascoaes’ Verbo Escuro, or Joseph Conrad’s Heart of Darkness, amongst many other examples.

With Lessons of Darkness we will explore the metaphor of darkness from various perspectives, that can be so fruitful for the exercise of artistic production in the reflection about the world:

From an archaeological perspective (digging, in-depth exploration, stratum by stratum, layer by layer, revealing, giving birth to objects, vestiges, items from another epoch that had disappeared from the physical field of view or even from the archives of memory);

From the point of view of religion or the relationship with the transcendent, with that which lies beyond the material limits of physical bodies (we show, we relate objects from different cultures and historical periods

that have a strong symbolical meaning, whose vocation is, to a certain extent, to supersede form, in favour of energy - whose effect is to transport and transmit, beyond the field of aesthetics in its own right);

From the perspective of the artistic space itself, the mechanisms of building a world view from the opening of the spectator’s perception or predisposition to access this space, that is simultaneously abstract and concrete (materializing the void, endowing form to that which is non-figurable, showing darkness itself, revealing shadow, the opposite of vision, expanding the limits of our perception of visible and invisible things - i.e. placing objects in a given space in order to signify, invest, activate this space).

The history of art is much more than the history of vision, it is also a history of ghosts, of oblivion, the narrative of the night of the ages, shapes and bodies that appear, disappear and reappear, without any date or time, reactivated by the powerful song of the muses of memory, this timeless capacity which unites men to gods.

Contactos / ContactsPlataforma das Artes e da CriatividadeAv. Conde Margaride, 1754810-535 GuimarãesTelf. +351 300 400 444N 41.443249, W 8.297915

ilustrações Pedro Oliveira fotografia Vasco Célio/Stills

#12 Iluminações | Rui Toscano sem título | Francisco Janes a manta vermelha | Vasco Barata tresure | os nossos ossos: ariadne (fragmento)