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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 1 DE MARÇO DE 2013 ANO XII Nº 2802 PUB ENTREVISTA AGNES LAM FALA DE POLÍTICA SE NÃO FOR CANDIDATA ÀS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS VOTARÁ NA NOVO MACAU PÁGINA 3 PUB PEDIDOS DE RESIDÊNCIA IPIM fala em mais especializados ÚLTIMA MINISTÉRIO PÚBLICO Crimes sexuais podem aumentar PÁGINA 2 JESUÍTAS NA CHINA IC vai traduzir obra de Michele Ruggieri PÁGINA 15 PUB PERÍODOS DE CHUVA MIN 18 MAX 23 HUM 75-98% EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2 VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS) Ter para ler Houve quem dissesse que considerar a violência doméstica um crime público iria contra a moral e os bons costumes da comunidade chinesa, que se pede harmoniosa. Ontem, num se- minário sobre o tema, o director dos Serviços de Justiça não descartou totalmente a hipótese de a violência doméstica poder ser mesmo considerada um crime público. André Cheong lembrou que tudo ainda está a ser estudado. A comunidade homossexual do território tam- bém já procurou a ajuda da ONU. PÁGINAS 5 E 6 PUB CHEN FANG h Ponderação a quanto obrigas VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Possibilidade de ser considerada como crime público ainda se encontra em cima da mesa MACAU A SEUS PÉS

Hoje Macau 1 MAR 2013 #2802

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2802 de 1 de Março de 2013

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Page 1: Hoje Macau 1 MAR 2013 #2802

AgênciA comerciAl Pico • 28721006 Mop$10 Director carlos Morais josé • sexta-feira 1 de Março de 2013 • Ano Xii • nº 2802

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EntrEvista agnEs lam fala dE política

sE não for candidataàs ElEiçõEs lEgislativas votará na novo macau

página 3

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pEdidos dE rEsidência

IPIM fala em mais especializados

última

ministério público

Crimes sexuais podem aumentar

página 2

jEsuítas na china

IC vai traduzir obra de Michele Ruggieri

página 15

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pEríodos dE chuva min 18 max 23 hum 75-98% • Euro 10.2 baht 0.2 yuan 1.2 Venham mais cinco (séculos)

Ter para ler

Houve quem dissesse que considerar a violência doméstica um crime público iria contra a moral e os bons costumes da comunidade chinesa, que se pede harmoniosa. Ontem, num se-minário sobre o tema, o director dos Serviços de Justiça não descartou totalmente a hipótese de a violência doméstica poder ser mesmo considerada um crime público. André Cheong lembrou que tudo ainda está a ser estudado. A comunidade homossexual do território tam-bém já procurou a ajuda da ONU. páginas 5 E 6

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• Chen Fangh

ponderação a quanto obrigasViolência doméstica possibilidade de ser consideradacomo crime público ainda se encontra em cima da mesa

MaCau a seus Pés

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sexta-feira 1.3.2013política2 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

“Embora a prática de crime sexual não seja tão desmedida como a verificada, por exem-

plo, na Índia, o número de processos autuados em relação aos crimes sexu-ais tem tendência de aumentar.” Esta frase pertence ao Ministério Público (MP) e foi dita aquando do balanço dos processos de 2012.

E a verdade é que aumentou mesmo: foram abertos inquéritos em 12.172 casos, um aumento de 3,73%. Dos 44 inquéritos de crimes sexuais feitos pelo MP, 27 diziam respeito a violações, o maior número de casos desde 2003. Desde essa data que foi deduzida a acusação em 60 casos.

Vong Vai Va, procurador-

Au Kam San dirigiu-se ontem ao MP O deputado Au Kam San dirigiu-se ontem às instalações do Ministério Público (MP) para analisar em que fase está a investigação do caso das campas, e suspeita que existem “abusos de poder”, não aceitando as declarações do procurador Ho Chio Meng. “Já se passaram quatro meses e até hoje o MP ainda disse que não pode revelar mais nada, nem quando os tribunais vão receber ordens para avançar com os inquéritos, ou se vão ser feitos. A situação não é normal e questiono se será pelo caso envolver figuras de altos cargos políticos. O MP e os tribunais podem estar sob pressão política e, portanto, incapazes de avançar.” - C.L.

Jason Chao considera- -se “opção melhor”para eleições à ALJason Chao ainda não decidiu se vai candidatar-se a deputado à Assembleia Legislativa (AL) através da Associação Novo Macau. Em declarações ao Hoje Macau, o presidente da associação disse mesmo que não tem, também, vontade de votar nos três deputados da Novo Macau, Ng Kuok Cheong, Au Kam San e Paul Chan Wai Chi. A opção, diz, pode mesmo ser ele próprio. “Entre aqueles que afirmaram que iam ser candidatos às eleições para a AL, não vi nenhuma opção boa para votar. Mesmo os deputados da ANM. Se calhar vou votar no Paul Chan Wai Chi, mas se a situação ficar tão complicada, porque não eu próprio ser uma opção entre os candidatos?” - C.L.

Recenseamento Cadernos disponíveis no consuladoOs cidadãos portugueses residentes do território e em Hong Kong podem já recensear-se. Segundo um comunicado do Consulado de Portugal em Macau, os cadernos de recenseamento eleitoral encontram-se disponíveis para consulta durante o mês de Março. A consulta pode ser feita também através de via electronica, através do endereço http://www.recenseamento.mai.gov.pt/.

macauConcealers presenteUm membro da revista Macau Concelears, dirigida por Jason Chao, esteve presente na conferência de imprensa, onde todos os jornalistas foram filmados e fotografados para arquivo interno, segundo explicou o próprio MP. O assunto da detenção de Chao aquando da visita de Wu Bangguo veio de novo à baila. “A PJ irá entregar um relatório. O MP tem de analisar todos os dados e ver se a polémica tem a ver com crime ou não. Entendemos que todos os procedimentos têm de ser feitos segundo a lei e interesses humanos, e tem de haver um equilíbrio. Se se entender que há necessidade de uma investigação criminal vamos fazê-la com uma justiça imparcial.”

Caso Luís Amorim não recebe comentários Depois da família Amorim ter decidido processar o Governo por mais um arquivamento no caso da morte do seu filho, o MP optou por não fazer qualquer comentário, mas “lamenta” o ocorrido. “Está em causa um processo de responsabilidade extra-contratual no Tribunal Administrativo e neste momento não é muito conveniente o MP pronunciar-se sobre o caso. Só temos de aguardar o resultado”, disse Vong Vai Va.

MP não põe de parte rever código para proteger vítimas de abusos

Processos de crimes sexuais “com tendência para aumentar”O Ministério Público recebeu o ano passado 27 processos autuados de crimes de violação, o maior número desde 2003. Sendo este o único crime público, Vong Vai Va, procurador-adjunto, admitiu que a revisão do Código Penal pode ser uma realidade para aumentar a moldura penal dos restantes crimes, por forma a proteger as vítimas

-adjunto do MP, garantiu que os órgãos judiciais “têm prestado bastante atenção quanto ao crime de violação”, mas frisou que “não é fácil encontrar testemunhas oculares, o que traz desafios para o trabalho de investigação”. Isso pode explicar o facto de, em 2012, só terem sido constituídos argui-

dos em quatro casos de violação. Foi deduzida a acusação a 11 cri-mes sexuais, cinco deles ligados a abusos de menores.

Neste momento apenas a violação é tratada como crime público pelo Código Penal (CP), sendo os restantes crimes sexuais semi-públicos. O MP não põe de parte rever o código para que os menores fiquem melhor protegi-dos. “Trata-se de uma questão que merece um estudo profundo. Se houver oportunidade para a revisão global do Direito Penal vamos trocar impressões para saber se vale a pena mudar algo para a protecção de menores, e o

mP vai revelar uma posição mais concreta”, disse o procurador--adjunto.

ArquivAmentoSSemPre em cimAos processos arquivados continu-am a aumentar de ano para ano no mP: desta vez foram um total de 8559, mais 9% face a 2011, devido “à falta de condições de dedução da acusação”. “Não há milagres”, explicou Vong Vai Va, que disse ser necessário “dar mais apoio à polícia, para que mais casos obtenham mais dados com condições para a acusação”. mas não esqueceu que o MP “confia na competência da polícia, mas os magistrados não podem investi-gar os casos sozinhos”.

De resto, houve também um aumento no número de processos autuados, de 3,73%, num total de 12172. Furto, ofensa simples à in-tegridade física ou dano são três dos seis crimes mais comuns. Quando aos processos com acusações foram mais 8%, num total de 2877.

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3sexta-feira 1.3.2013 www.hojemacau.com.mo política

Cecília Lin*[email protected]

Que tipos de dificuldades encon-tra para se candidatar às eleições deste ano?São de todo o tipo, como a falta de recursos humanos e financeiros. Na nossa associação (Energia Cí-vica de Macau) só temos cerca de vinte pessoas, e todas em regime de part-time. Queremos discutir a lista dos candidatos e a estrutura politica para as eleições, mas ainda não temos nenhum plano por causa da falta de tempo para discutir. Não temos uma sede, então é como se fossemos guerreiros numa luta. O problema é igual às eleições de 2009: os membros estão ocupados e são poucos. Pouco nos expandi-mos desde então.

Contudo, ainda insiste em parti-cipar nas eleições. Porquê?Estamos a tentar descobrir outras maneiras (de fazer uma campa-nha). As associações tradicionais ainda usam maneiras igualmente tradicionais, e penso que deve-ríamos ter outra forma. Temos só de ver se a nossa maneira é a melhor.

Pode dar mais detalhes?Primeiro não temos dinheiro para convidar pessoas para jantar, e esperamos que o processo de transparência nas eleições seja melhor. Recebemos doações, fizemos refeições para receber fundos ou vendemos produtos feitos por nós mesmos. Também criámos um grupo no Facebook. Todas essas maneiras custaram--nos pouco recursos. Fizemos ainda vídeos, porque poucos jornalistas nos entrevistaram. Queria fazer as capas do Ou Mun todos os dias, mas isso é impossível. Outras associações também usaram entretanto outros meios de promoção. Antes não era muito comum publicitar a es-trutura política, mas nós fizemos um livro com dezenas de páginas sobre isso. Para existir avanços na sociedade, temos de mostrar claramente junto das pessoas o que defendemos. Mas os recursos financeiros não são suficientes.

Ainda não tem, portanto, uma direcção definida?Não discutimos sequer essa fase. Não estava em Macau o ano passado, fui para o Reino Unido onde trabalhei como professora convidada. Voltei há pouco tempo. Já tentou encontrar alguma parceria financeira?Conseguimos 600 mil patacas em 2009, do público, mas manter a sede custa dinheiro. O ideal para a última campanha seriam oito milhões de patacas. Apostamos em mais funcionários voluntários e usamos o dinheiro para publi-cações, rendas e despesas. Caso

O nome de Agnes Lam, antiga candidata a deputada, foi falado esta semana no fórum online da CTM, com residentes a frisarem que, caso não se candidate este ano, pode vir a votar em um dos deputados da Associação Novo Macau. Ao Hoje Macau, a académica mostra-se surpreendida, e numa conversa franca, afirma que lhe falta dinheiro e tempo, o que faz com que a política seja forçosamente um part-time

Caso seja candidata, Agnes Lam espera receber votos da classe média

“Macau precisa da nossa voz”

decida mesmo candidatar-me, vou procurar mais apoio financeiro.

“Não sei porqueNos CoMparaM”

O que acha da comparação entre Agnes Lam e a Novo Macau, no fórum da CTM?Não sei porque nos comparam. Em 2009, tivemos algumas ideias diferentes. Há muito tempo que dou atenção à politica, tenho interesse nesta área desde os meus tempos de estudante. Apesar de não ter-mos conseguido vencer, estamos orgulhosos porque trouxemos novas ideias.

Já houve residentes que afirma-ram, no fórum, que iam votar em si, caso participasse.Ai sim? Então gostaria de lhe agradecer, já encontrei amigos que me dizem que se eu participar me apoiam.

Está preocupada que a exposição da lista possa ter sofrido uma quebra?Essa situação já existe. Quando as últimas eleições terminaram, já havia menos meios de comu-nicação a realizarem entrevistas connosco, ao contrário das outras associações.

Tem receios que a sua profissão de docente entre em conflito com as eleições? Tenho essa preocupação. A manei-ra mais fácil de se ser conhecido é apontar as falhas do Governo e fazer mais acções sociais. Porém, temos também temos de usar a nossa profissão para resolver os problemas sociais. Nas últimas eleições, frisei que nós, enquanto profissionais, quase nunca in-tervimos nesses assuntos, mas a sociedade precisa das nossas vozes. Por norma a politica divide-se entre a tradicional e a democrata. As

opiniões são extremas. Tem de se encontrar um equilíbrio.

Como?Toda a gente afirma que o Governo tem de criar mais habitações pu-blicas, mas o número tem que ser definido. Que tipo de residentes vão ser beneficiados? A sociedade pede que o diálogo sobre estes assuntos funcione na prática.

Ou seja, as coisas não são pensa-das de forma profunda. Sim. Temos de discutir as questões sociais com toda a gente, sem rotularmos as pessoas. Macau precisa da nossa voz, a menos que fique provado que as minhas ideias sejam erradas. Aí não serei candidata. Mas para já, acho que ainda estamos correctos.

Tem um grupo de eleitores de-finido?Não dividimos os nossos eleitores.

Coloco muitas vezes a minha opinião no Facebook, por isso ou são os es-tudantes que sabem as minhas ideias ou os utilizadores de internet que me conhecem, como empregados de escritório ou homens de negócios.

Mas agora as associações tra-dicionais podem ter uma certa estabilidade nos seus votantes. Quem vai votar em si?Talvez pessoas da classe média, profissionais ou membros do sector cultural.

Chegou a pensar participar através do sufrágio indirecto, para representar o sector da educação?Não temos poder suficiente para participar na eleição indirecta. O trabalho académico também espera por mim. Embora queira decidir os assuntos para a eleição deste ano, ainda não consegui. - *com Andreia Sofia Silva

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4 política sexta-feira 1.3.2013www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

A Lei de Contratação de Trabalhadores Não Re-

sidentes vai subir a plenário em breve, para aprovação na especialidade, depois de ontem a 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa ter terminado a análise e assinado o parecer.

O diploma foi alvo de pequenas mudanças téc-nicas, sendo uma delas a terminologia “caducidade do

O facto de a Lei do Pla-neamento Urbanístico

permitir que seja o Governo a aprovar o plano director e os planos de pormenor do território estão a preocupar os deputados da Assembleia Legislativa (AL). Ontem, a 2.ª Comissão Perma-nente reuniu para analisar o diploma e, segundo a Rádio Macau, Chan Chak Mo frisou a questão. “Os

Lei de Contratação de Trabalhadores Não Residentes prevê mais motivos para caducidade de contratos

Doença também contaLei do Planeamento Urbanístico ainda

levanta dúvidas entre deputados

Diploma deve ser aprovado antes de Agostocontrato de trabalho devido

ao decurso do prazo estipu-lado”, que passa a ser apenas “caducidade do contrato de trabalho”. Desta forma, diz Cheang Chi Keong, presiden-te da comissão, prevêem-se outros motivos para que se veja findo o contrato, como motivos de doença.

Uma das outras grandes alterações é à excepção ao regime de impedimento, que vai permitir aos traba-lhadores não residentes de ficarem em Macau, por seis

meses, depois de findo o contrato, ainda que fiquem sempre sujeitos a terem de procurar emprego na mesma área. Isto, depois de, na lei, ter sido alterada a palavra “função” por “profissão”.

A ideia dos deputados, frisa o parecer, é que a norma fique explícita, impedindo que os trabalhadores saltem de emprego em emprego ou as situações de “despedi-mento provocado”.

O principal objectivo da lei é que os trabalhadores não residentes sejam obri-gados a sair de Macau, por seis meses, em caso de ces-sação de contrato. As únicas excepções são aquando da revogação da autorização de contratação concedida ao empregador, quando o con-trato é terminado por mútuo acordo entre o empregado e o patrão, quando o traba-lhador não residente acabe o contrato por justa causa ou quando o empregador decida rescindir o contrato sem justa causa.

planos urbanísticos são aprovados por regulamento administrativo – quer o pla-no director, quer os planos de pormenor. A questão foi também levantada no plená-rio – trata-se de uma matéria tão importante, porque é que a Assembleia não in-tervém na sua aprovação?”, questionou o presidente da comissão, citando as dúvi-das dos deputados.

Contudo, Chan Chak Mo assume que pode ser difícil voltar atrás nesta questão. “De facto, é uma velha questão que tem que ver com o relacionamento entre a lei e os regulamen-tos administrativos. Mas, seja como for, a lei já foi aprovada na generalidade. Não sabemos se o Gover-no vai concordar com [a possibilidade de] estes pla-nos serem aprovados pela Assembleia”, disse ainda, citado pela Rádio Macau.

Os deputados mani-festaram-se ainda sobre a possibilidade de a Lei per-mitir expropriações, o que pode ir contra a Lei Básica, mesmo que sejam pagas indeminizações. A AL vai pedir esclarecimentos ao Governo, mas Chan Chak Mo acredita que vai ser possível concluir a análise antes do fim da legislatura, em Agosto.

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sexta-feira 1.3.2013 www.hojemacau.com.mo 5sociedade

Rita Marques [email protected]

Leong Pou Ieng, subdirectora da Direcção para os Assuntos de

Justiça (DSAJ), garantiu incompatibilidades com o Código Penal no processo de tornar a violência doméstica um crime público. e, pelo facto, afiançou esta semana ao jornal Ponto Final, não haverá lugar a considerá-la desta forma até porque a qualquer momento a pro-posta de lei será entregue à Assembleia Legislativa. André Cheong, director do organismo, indicou ontem o contrário. “Havendo ou não [a necessidade de] revisão do Código Penal [nesta matéria] quando for neces-sário vai ser feito. Tem de ser muito bem ponderado. A intervenção penal é o último caso mas se for necessário não vai ser por isto”, disse ontem na Fundação Rui Cunha, na conferência e debate sobre “Violência doméstica - Crime Públi-co ou Semi-Público”, na qual integrava o painel de convidados, em resposta à questão de Melinda Chan. Por outro lado, deixou claro o facto de ainda estarem a ser aceites opiniões dos vários sectores da socieda-de, muito embora a última auscultação pública tenha apurado uma maioria de oposição ao crime público - que permite a outras pessoas apresentarem queixa, que não só as vítimas - tendo sujeitado a proposta de lei a um retrocesso. “A inter-venção penal pode trazer vantagens e desvantagens. ouvir opiniões é muito

Violência Doméstica André Cheong garante revisão do Código Penal se for necessário

Crime público ainda em discussãoA proposta de Lei da Violência Doméstica ainda está em fase de recolha de opiniões, garante André Cheong, director dos Serviços de Justiça. Por essa razão, considerá-la crime público ainda pode ser uma possibilidade. Sobre o facto de esta natureza implicar alterações ao Código Penal, Cheong diz que “se for necessário, não vai ser por isto [que não se irá considerar como crime público]”

valioso. Acho que todos estamos de acordo que a violência doméstica deve ser apagada. Mas como conseguimos atingir isso? Alterar a natureza de semi para público vai contribuir para tal? [...] na teoria pe-nal, uma maior penalização vai diminuir os casos? Pode ser estudado mas a resposta não é tão clara”, reconhece o responsável da entidade competente pelo novo di-ploma, a par do Instituto de Acção Social.

André Cheong ouviu as opiniões das suas colegas de mesa - Melinda Chan, deputada, e Juliana Devoy, directora do Centro Bom Pastor - e avaliou o contexto jurídico dado por Paulo de Sousa Mendes, académico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, por video-conferência, para só depois de duas horas se pronunciar. Preferindo, em vários momentos do debate, reafirmar a sua intenção enquanto governante de seguir um caminho de aperfeiçoamento, abrindo a possibilidade a novo estudo. No fim, proferiu a sua opi-nião também sob a forma de muitas interrogações, que deixam no ar a ideia de que nada está definido. “Semi--público deixa à vítima a possibilidade de denunciar o agressor ou não. Por que as vítimas não querem usar este direito? Porque não? Por dependência económi-ca? Filhos? Divórcio? não querem que o escândalo seja conhecido pelos vizinhos e amigos? Se houver uma mudança legal estes facto-res têm de ser considerados. Dar uma possibilidade à vítima e dizer ao senhor juiz

para parar. Tudo isso vale a pena ser bem estudado”, revela.

CRiMe podeManteR haRMoniaA interrupção do processo penal - ou também designada por período de suspensão - foi abordada, logo de início, por Rui Cunha. “Quando a vítima disser que perdoa, suspender por um período de dois ou cinco anos para que o agressor tenha oportunidade de se redimir. esta solução meio híbrida - se caminhar-mos para semi-público ou público - tende-se para faci-litar que o agregado familiar não tenha todas as razões para se dissolver”, explicou o advogado, exaltando uma forma de destacar a protec-ção da harmonia familiar, um dos factores enume-rados tanto por governo como vozes discordantes à determinação da violência

doméstica enquanto crime público.

no entanto, à mesa do debate - e, até na audiência que se fez ouvir - as vozes eram sobretudo em favor do crime público. “Sou e conti-nuarei a ser a favor do crime público”, começou Juliana Devoy. “Vivemos com elas [vítimas]. Temos contacto com elas. Vemo-las com marcas várias pelo corpo e cabeças partidas e chegam [ao Centro Bom Pastor] com os filhos pela mão. A maioria não quer apresentar queixa. e quem quer, normalmente muda de opinião. Há trinta anos que espero uma le-gislação desta natureza. o governo quer que a vítima tenha direito a esta decisão. ela não tem é de ter o direito à vida”, reiterou a opinião tantas vezes já expressa. e, depois de ouvir André Cheong, disse não ter ficado mais esperançada. “Tive

uma sensação de ‘déjà vu’. Já não sei quantas reuniões assisti com o governo a dizer que vai ouvir mas não ouve a população. Há um muro inquebrável e Voltamos ao ponto inicial”, disse, reve-lando que as reais razões para não se avançar com o crime público prendem-se com o facto de dar “demasia-do trabalho aos tribunais”. Paulo de Sousa Mendes concordou inteiramente com a opinião da irmã e, explicou, de acordo com os 30 anos de experiência legis-lativa de Portugal sobre esta matéria, que “só a natureza processual do crime protege a vítima do agressor e da cen-sura social”. “não há crimes privados no sentido em que todo são contra a sociedade em termos de direitos funda-mentais. Se se quer discutir a harmonia, no fim do dia a violência doméstica não é um crime. Se é um crime, é

um assunto público.” Me-linda Chan, manifestamente em favor do crime público, apelou a que a população se faça ouvir, congratulando o governo por ainda manter o diploma em fase de auscul-tação. “Uma vez reforçado para público de certeza que iremos reduzir a incidência do número de casos (...) no crime público a força dissu-asora existe”, disse. Melinda Chan disse esperar que o governo também não negue esta natureza pelo facto de potencialmente os números da crise poderem disparar. André Cheong não reagiu. Aos jornalistas, no inicio da conferência, disse ainda que “o crime semi-público é já um passo”, pelo que se o governo seguir em frente - pensando ainda em alterar o Código Penal, de forma a tornar a violência domésti-ca um crime público -”já é melhor do que nada”.

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Hoje

mac

au

6 sociedade sexta-feira 1.3.2013www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

O Grupo de Defesa dos Direitos da Comuni-dade LGBT de Macau enviou ontem uma

carta à Organização das Nações Unidas (ONU), onde apresenta uma queixa contra o território. O grupo, co-fundado por Jason Chao, considera que o Governo está a violar a Convenção Internacional dos Direitos Políticos e Civis por ter retirado da Lei de Combate e Prevenção à Violência Doméstica o artigo que incluía a protecção a co-habitantes do mesmo sexo.

A carta indica que o Instituto de Acção Social (IAS) lançou a pri-meira versão do projecto de lei em consulta pública ainda contendo o artigo que referia que as relações entre vítima e abusador incluíam pessoas do mesmo sexo com quem o agente mantinha ou mantém rela-ções próximas e seus ascendentes e descendentes. O motivo que leva o grupo LGBT a elaborar a queixa chega depois do IAS decidir dar um passo atrás. “Meses depois da consulta pública, o IAS publicou em Novembro de 2012 a conclusão, onde referia que os casais do mes-mo sexo tinham sido retirados da lei”, escreve o grupo na carta para a

Rita Marques [email protected]

A Direcção dos Serviços de Educação e Juven-

tude (DSEJ) encomendou uma avaliação sobre as capacidades de leitura dos alunos do ensino primário e secundário, que estudam em língua chinesa, à Uni-versidade de Hong Kong e concluiu que a compreensão de leitura dos estudantes só se limita à parte superficial. Por outro lado, quanto mais alto o grau de ensino, mais fraca a capacidade de leitura. Os dados foram recolhidos pelo Centro para o Estudo e Desenvolvimento do En-sino da Língua Chinesa da Faculdade de Educação da Universidade de Hong Kong através da observação de au-las e sob forma de inquéritos aos pais, docentes e escolas, além de testes internacionais de avaliação, realizados de forma aleatória [ver caixa].

Tse Shek Kam, coordena-dor do relatório deste estudo, vê sobretudo uma diferença

Defensores da comunidade LGBT enviam carta à ONU sobre Lei de Violência Doméstica

“Governo está a violar direitos humanos”

Alunos do ensino primário e secundário revelam problemas de compreensão de leitura

Livros não são os maiores amigosnas capacidades dos alunos de Macau comparativamente aos da região vizinha. “Hong Kong dá muita importância ao raciocínio e à reflexão dos alunos”, explica, à margem da conferência de imprensa da DSEJ sobre a reunião plenária do Conselho de Educação do Ensino Não Superior. “O ensino em Macau dá mais importância aos conhecimentos e método de ensino.”

No entanto, o professor catedrático da Universidade de Hong Kong recusa-se a classificar a prestação dos alunos como “fraca” mas, indica, “normalmente a leitura dos alunos do secun-dário não é feita a um nível superior”.

As razões para tal, anun-cia, são de vária ordem mas professores e pais estão no centro destas. Por um lado,

os primeiros cingem-se mui-to aos materiais de estudo, nomeados de medíocres, e, por outro lado, os pais não têm tempo para acompa-nhar os filhos além de que optam, em muitos casos, por colocá-los em centros de estudo e explicação que impossibilitam a sua de-dicação à leitura, pelo que estes acabam por apresentar menor rendimento. A leitura, aconselha o grupo de estudo, também deve começar na infância. “Os professores no cumprimento do currículo têm de reforçar os esforços na promoção da leitura [...] Os professores dependem muito dos manuais - que são de nível médio ou nível mé-dio/baixo - o que quer dizer que se dependerem muito deles a capacidade também é média”, evidencia Tse Shek Kam, apontando que as capa-

cidades de cada aluno devem ser avaliadas em consonância de modo a lhes ser exigido mais ou menos. “Os pais não percebem que a leitura é um ponto muito importante para os alunos. Ajuda-os a melhorar o desempenho nas disciplinas. Notamos que de-dicam pouco tempo a ocupar os filhos na leitura. Devem ler em conjunto com os filhos ou comprar em conjunto com eles.”

PlAnos do GoveRnoPor essa razão, tem de haver um esforço conjunto, no qual se incluiu o Governo. “Ma-cau dá muita importância à leitura mas tem de fazer muitas estratégias e políti-cas para promover mais”, evidencia o coordenador do estudo de avaliação.

E que medidas pensa a DSEJ implementar? Além

da distribuição de agentes que promovem a leitura pe-las escolas, o Governo “tem participado no programa in-ternacional PISA [Programa Internacional de Avaliação de alunos], elaborado um manual da promoção da leitura para docentes, criado um plano de promoção de leitura, uma página electró-nica sobre a leitura e lançado o plano de leitura online em chinês, inglês e português além de uma avaliação es-pecífica da leitura, onde se observa o nível, os factores que influenciam na leitura”, explica Kuok Heng Kei, inspector escolar da DSEJ.

Por sua vez, o chefe do departamento de estudos e recursos educativos - que re-conhece que “os pais perdem o tempo crucial para formar a capacidade de leitura das alunos, até aos nove anos

de idade” - avança novas medidas a serem estudadas pela direcção. “Estamos a fazer um quadro geral dos currículos e a elaborar um documento sobre as exi-gências das competências académicas básicas dos alunos. Cada escola tem de elaborar o seu currículo. Estamos a desenvolver este trabalho no ensino infantil e médio e depois será feito no secundário”, explica. E porque ao nível de ensino secundário, os muitos testes e exames retiram-lhes tempo de leitura, está a ser ponde-rada a criação de um exame de acesso geral no acesso à universidade. “Abordámos este assunto no conselho e estamos a fazer contactos com as universidades para saber se é possível fazer um exame assim”, esclarece o responsável.

ONU. “A justificação dada foi que não havia consenso sobre o facto de pessoas do mesmo sexo serem consideradas como membros da mesma família.”

A carta foi enviada para a sede da ONU, que, em Março analisa a situação dos direitos humanos em Macau. Ratificada na RAEM em 1992 e com entrada em vigor em 2001, a Convenção Internacional

dos Direitos Políticos e Civis prevê que todas as pessoas são iguais perante a lei e devem ser protegidas seja qual for o sexo. Em Junho de 2011, o Conselho para os Direitos Humanos adoptou também a primeira resolução sobre orientação sexual, indicando “gra-ve preocupação” com a violência e discriminação de indivíduos baseada na sua preferência sexu-

al. O problema está na lista dos Problemas dos Direitos Humanos, compilada pela ONU.

lAcunAs nA leiAs denúncias do Grupo de Defesa dos Direitos da Comunidade LGBT contam ainda episódios da Assem-bleia Legislativa, onde o IAS terá respondido a uma interpelação de um deputado que a remoção do casal

do mesmo sexo da lei contra a vio-lência doméstica será para prevenir “mudanças no sistema legal”, uma vez que “não há qualquer lei que mencione a co-habitação entre casais do mesmo sexo”.

O grupo queixa-se ainda que, em reuniões com o IAS, foi-lhe dito que o Governo receava que a introdução deste artigo na lei poderia levantar um “debate” na sociedade que criaria “obstruções” ao processo legislativo. “Pedimos ao IAS que ajudasse a convencer o público a perceber a importância da inclusão.” Até agora, o Governo não demonstrou qualquer intenção de reintegrar o artigo na lei, que está na AL para ser aprovada.

Na carta enviada à ONU, é ainda mencionada a falta de igual-dade perante os homossexuais. São diversas as leis em Macau onde não se incluem os LGBT, como é o caso do casamento e da união de facto, recorda o Grupo.

No ano passado, uma reportagem feita pelo Hoje Macau indicava também que o Código Penal pune mais severamente crimes com causas específicas, tais como “ódio racial”, religião ou política. Contudo, não existe qualquer referência a questões de orientação sexual, ao contrário do que sucede, por exemplo, em Portugal ou no Reino Unido.

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sexta-feira 1.3.2013 www.hojemacau.com.mo 7sociedade

Joana [email protected]

Lai Tong Sang, ale-gado líder da seita Gasosa, deveria ter participado numa

audiência num tribunal do Canadá na terça-feira, mas o homem que é conhecido como um dos maiores inimi-gos de Wan Kuok Koi, antigo líder da seita 14K, obteve permissão para ser ouvido através de teleconferência feita em Macau.

De acordo com uma notícia avançada pelo jornal South China Morning Post, de Hong Kong, desconhece--se porque Lai Tong Sang está em Macau, bem como também é desconhecido o endereço de onde foi feita a teleconferência. “Ele falou apenas para confirmar a sua identidade e que poderia ouvir os procedimentos “, escreve a jornalista, presente na audiência no Canadá.

a razão de tanto cuidado da parte do alegado líder da Gasosa pode dever-se ao facto de Wan Kuok Koi, ou Dente Partido, ter sido libertado recentemente. Os dois homens são tidos como velhos inimigos. Lai Tong Sang vive no Canadá há 17 anos, depois de ter saído de Macau alegadamente por estar a ser procurado por membros da 14 Quilates, com quem Lai Tong Sang travaria uma luta.

as autoridades do país crêem que Lai Tong Sang terá escondido a sua identidade como alegado líder de uma seita e pretendem expulsá-lo do país, em conjunto com a família. O homem chegou a ser baleado na sua mansão em Vancouver, num tiroteio que não causou vítimas, mas que fez as autoridades consi-derarem que Lai Tong Sang trouxe consigo os conflitos entre seitas. O tiroteio foi atribuído à 14K.

TesTemunhos oposTosNa audiência, em Vancouver, na última terça-feira, Patrick Fogarty, superintendente, terá dito que foram encon-tradas gravações onde um “líder” de um ramo da 14K em Hong Kong “foi ouvido a pedir a um gang de Vancou-ver se o seu patrão, Simon Chow, aceitaria um contrato de um milhão de dólares de Hong Kong para assassinar Lai”, escreve o South Chi-na. Para Fogarty, o pedido, feito em 1996, é óbvio. “No meu mundo, um ‘contrato’, significa ‘matar’. Se for um contrato para partir as pernas

alegado líder da Gasosa em risco de ser deportado do Canadá estará em Macau

Ajustar contas antigas?

a alguém, eles qualificam--no como tal”, frisou na audiência.

O superintendente confir-ma que foram dadas pistas ao grupo para que encontrasse Lai. “Estava claramente estabelecido para estes indi-víduos que Lai Tong Sang era o líder da Gasosa. Ninguém conhece o submundo como o submundo”, referiu Patrick Fogarty.

Lai Tong Sang teve o telefone sob escuta e, de acordo com o superintenden-te, o alegado líder da Gasosa continuaria a receber telefo-nemas de subalternos que su-marizavam as actividades das tríades em Macau. “a polícia tentou avisar Lai do perigo que corria e ele mostrou-se pouco cooperativo. Uma pessoa normal reagiria com medo. a primeira reacção de um gangster é exactamente a que teve Lai”, frisa o jornal, citando Fogarty.

Para o advogado de defe-sa de Lai Tong Sang, contudo, o testemunho de Fogarty tem problemas. “Ele não sabe falar cantonês, nunca visi-tou Macau e nunca discutiu o caso com autoridades de Macau ou Hong Kong.” O defensor, Peter Chapman, considera ainda que as notí-cias dadas na imprensa sobre

o papel de Lai na Gasosa foram exageradas.

advogado e superin-tende desentenderam-se. “alguma coisa pode come-çar em Macau devido a um agente da polícia corrupto e espalhar-se, como um vírus de computador”, atirou Peter Chapman. “Com 35 ou 40 corpos e tiroteios nas ruas, algo se passava em Macau”, contrapôs Fogarty.

InFormAções Além-FronTeIrAsDe acordo com a imprensa de Vancouver, as autoridades chinesas terão dito ainda que Lai terá ordenado a morte de três dos seus rivais antes de chegar ao Canadá. Citando Jean-Paul Deslisle, funcionário do departamento da imigração no país, a im-prensa relata que o homem testemunhou que “diversos alertas foram dados sobre o estilo de vida de Lai face ao crime organizado, mas que mesmo assim ele foi admi-tido no país”.

Segundo consultas feitas pelo Hoje Macau, em Julho de 1997 foi publicado que Lai Tong Sang estava na Canadá e que “a comuni-dade chinesa do país ficou nervosa”. O ex-ministro da imigração canadiano, Lu-

cienne Robillard, anunciou que o homem representava perigo para a ordem pública após o incidente e cancelou o seu estatuto de residente, emitindo uma ordem de deportação.

Em Setembro de 1997, um deputado, John Rey-nolds, criticou o grupo anti--tríade do Departamento de imigração, dizendo que este não tinha desempenhado o seu papel de forma eficaz, ao ter permitido a entrada de Lai Tong Sang. Mas Lucienne Robillard usou-se da Lei de Privacidade para se recusar a discutir casos individuais, sendo que Lai Tong Sang não foi processado nem foi declarada a sua deportação.

Já em 1994 Lai Tong Sang tentou, em Hong Kong, imi-grar para o Canadá, pedido que lhe foi recusado devido às suspeitas de ligação à seita. Em Março de 1996, tentou

outra vez mas foi-lhe logo recusado. Dois meses mais tarde, terá conseguido, por ter alterado o documento que requeria a residência no país. as autoridades do Canadá não descobriram, na altura, a fraude e agora o Consulado de Canadá em Los angeles culpa o erro na sobrecarga de trabalho dos funcionários.

Delisle assegura, contu-do, que informaria os agentes de imigração de que estavam a lidar com o “maior líder de tríades da China”, se soubes-se que ele fez outro pedido para entrar no Canadá. isto, porque Deslile, que trabalha-va em Hong Kong, admite ter sido informado por um membro da polícia de Macau que Lai era líder da Gasosa. “Fontes da polícia bastante credíveis acreditam que Lai terá encomendado o assassi-nato do seu rival, líder de uma outra seita. E, enquanto este assassinato não se realizou, outros dois aconteceram, que se acredita também terem sido encomendados por Lai”, cita a imprensa de Vancouver.

a audiência de três dias terminou ontem, mas, devi-do à diferença horária, não foi possível obter eventuais desenvolvimentos.

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sexta-feira 1.3.2013nacional8 www.hojemacau.com.mo

Os embaixadores dos países de língua por-tuguesa acreditados na China reúnem-se

na segunda e na terça-feira em Pequim para prepararem a quarta conferência ministerial do Fórum Macau, agendada para o final do ano.

Em declarações à agência Lusa, Marcelo Almeida, secre-tário-geral adjunto do Fórum Macau em representação dos países de língua portuguesa, afirmou que a reunião na capital chinesa é o “início do debate entre os países de língua por-tuguesa que integram o Fórum Macau para que sejam traçados objectivos de cooperação multi-

lateral com a China a inserir no quarto plano de acção”.

“Nas conferências minis-teriais é definido um plano de acção a três anos e temos de começar agora a trocar ideias e a traçar objectivos que se-jam incluídos nesse plano de acção que será aprovado na quarta conferência ministerial a realizar no final do ano”, em Macau, adiantou o diplomata.

O mesmo responsável acrescentou que o encontro na capital chinesa “é preliminar” e vai incluir também a troca de ideias para que seja assi-nalado o décimo aniversário do Fórum Macau.

O Fórum Macau, cujo nome

oficial é Fórum para a Coope-ração Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, foi criado em 2003 pela China para incre-mentar as trocas comerciais do gigante asiático com os países de expressão portuguesa.

Procura ainda promover outras formas de cooperação bilateral ou multilateral que permitam o reforço da coopera-ção e da amizade entre Pequim e a lusofonia.

Todos os países de expres-são portuguesa integram o Fórum Macau com excepção de são Tomé e Príncipe, que tem relações diplomáticas com Taiwan em detrimento de Pe-

quim, mas o país já participou em diversos encontros como observador.

A expressão mais visível do Fórum Macau é no campo do comércio, tendo as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa multiplicado por várias vezes nos últimos anos.

Em Outubro de 2003, aquando da primeira reunião ministerial, os dados das trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa indicavam apenas trocas de cerca de 45 milhões de patacas, números que em 2012 atingi-ram cerca de 977 milhões de patacas.

O presidente do Banco Eu-ropeu para a Reconstrução

e Desenvolvimento (BERD), suma Chakrabarti, chegou on-tem a Taiwan para uma visita de três dias, para estudar as oportunidades de cooperação com a ilha Formosa, noticia a agência espanhola Efe.

suma Chakrabarti vai visi-tar indústrias informáticas, de telecomunicações, de energias renováveis e do transporte pú-blico, entre outras, assinala no Ministério de Relações Exterio-res de Taiwan, num comunicado difundido ontem.

O presidente do banco eu-ropeu tem previstos encontros

China é o 14.º lugar país com maior competitividade inovadora A Academia das Ciências Sociais da China divulgou ontem o “Livro Amarelo”, que reflecte os níveis de competitividade inovadora à escala global. Segundo este livro, na primeira década do século XXI, os Estados Unidos, o Japão e a Noruega lideraram os primeiros três lugares do ranking. A China está em 14.º lugar e é o único país em desenvolvimento que consta nos primeiros vinte lugares. O estudo tem como base uma amostra de cem países e considera dados estatísticos, divulgados entre 2001 e 2010 por cada país nas áreas de ciência e de tecnologia, economia e educação. O resultado revela que, durante este período, o nível geral da competitividade inovadora mundial mantém uma tendência de crescimento. Comparando os dados de 2001 e de 2010, a China subiu do 34.º para 14.º lugar, sendo o país que regista o maior crescimento. O Livro destaca ainda que, entre os 22 países que desceram no ranking, 15 são nações desenvolvidas.

Duas mil pessoascombatem incêndio florestalCerca de 2.000 pessoas combatiam ontem de manhã um incêndio florestal, na província de Yunnan, no sudoeste da China, indicaram as autoridades locais. O fogo teve início às primeiras horas de ontem na floresta Yangzonghai, no condado de Yiliang, na cidade de Kunming, disse uma fonte do serviço de prevenção de incêndios florestais do município. As condições topográficas são complicadas, afirmou o responsável, em declarações citadas pela agência Xinhua. Guardas florestais, bombeiros e residentes reuniam esforços para tentar controlar as chamas. A causa do incêndio permanece desconhecida, estando a ser alvo de investigação pelas autoridades.

China refuta notícias publicadas pelo Japão A porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, afirmou ontem, em Pequim, que o Japão tem divulgado informações falsas e distorcido factos sobre a China. A acção japonesa é irresponsável, disse Hua. A China pediu à parte japonesa que respeite a realidade e revele sinceridade, sublinhou a porta-voz. Numa reunião do Senado, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou que é difícil fazer uma previsão das reais intenções da China, quando os navios de guerra chineses utilizam um radar de controlo de fogo, que tem como alvo os navios japoneses. Nessa reunião, Abe disse que as duas partes devem estabelecer o mais rápido possível um mecanismo de contacto marítimo. Ontem, em resposta, o porta-voz do Ministério de Defesa da China, Geng Yansheng, afirmou que o Japão pretende criar tensões e enganar a comunidade internacional.

Embaixadores dos países de Língua Portuguesa preparam em Pequim novo plano de acção

Preliminares em discussão

Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento visita Taiwan

Oportunidades de cooperação com o presidente Ma Ying-jeou, com o ministro dos Negócios Estrangeiros David Y.L. Lin e com o vice-governador do Banco Central da ilha, Yang Jin-long.

O BERD foi fundado em 1991 e, com sede em Londres, tem como objectivo fomentar a transição para a economia de mercado e impulsionar a inicia-tiva privada nos antigos regimes comunistas da Europa Oriental.

Até ao final de 2012, 18 ban-cos taiwaneses e estrangeiros que operam em Taiwan tinham firmado contratos com o banco europeu, propiciando a captação de fundos no valor de cerca de 200,5 milhões de patacas.

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sexta-feira 1.3.2013 www.hojemacau.com.mo 9região

A faculdade de Economia da Universidade Nova

de Lisboa (Nova SBE) está a lançar este ano programas de estudos para alunos chineses interessados em desenvol-ver aptidões linguísticas e conhecimentos para os mercados lusófonos, em particular de África.

Elizabete Cardoso, di-rectora de relações externas da Nova SBE, disse à Lusa que a faculdade “tem es-tado a posicionar-se como a escola que faz a ponte entre mercados asiáticos e África”, embora os novos programas também sejam abertos a alunos de outras latitudes. “Cada vez mais há empresas interessadas no mercado africano. As pes-soas têm vontade, intenção de ter carreiras profissionais nestes mercados, e nós temos o know-how”, disse a profes-sora da Nova SBE.

Segundo Elizabete Car-doso, está “tudo preparado para avançar com os progra-mas” e já decorrem esforços de recrutamento e inscri-ções, estando a ser ultimados acordos de integração com universidades.

Estes acordos são ne-cessários para os programas duais, que obrigam a que os créditos obtidos na Nova sejam reconhecidos pelas faculdades de onde chegam os alunos, e vice-versa.

A Nova SBE fechou acordos com a Shanghai International Studies Uni-versity e a Beijing Foreign Studies University, que representam um mercado potencial de 200 alunos, segundo a responsável pelas relações externas, mas quer mais quatro acordos até final do ano. “Precisamos de continuar a desenvolver acordos, de divulgar os pro-gramas junto das autoridades chinesas e outras asiáticas”, disse Elisabete Cardoso.

A Graduação Dupla em Português e Negócios, prevê que os alunos façam dois anos na faculdade de origem e outros dois na Nova SBE, com cadeiras como “Portu-guês para Negócios”, “His-tória Económica do Mundo Lusófono”, além de outras mais especificamente do campo económico e confere aos alunos uma licenciatura em gestão com especializa-

ção em português pela Nova.Há ainda um programa

de um ano de estudos no estrangeiro, que dá aos alu-nos, de gestão ou de língua portuguesa, um certificado em português e negócios, pela Nova.

Um quarto programa é apenas de verão, na área dos negócios em língua portu-guesa. “Os alunos podem esperar ingressar numa es-cola internacional, conhecer pessoas de todo o mundo, desenvolver português téc-nico ligado à gestão e ter contacto com empresas, no mercado português e outros mercados lusófonos”, disse a Elizabete Cardoso.

“Prepararemos estas pessoas para trabalhar para Angola e Moçambique”, e, no final, os alunos poderão fazer estágios de seis meses nestes países e no Brasil, adiantou.

A Nova SBE abriu re-centemente uma escola de negócios em Moçambique, depois de ter marcado pre-sença em Angola e Brasil. Segundo Elizabete Cardoso, a prioridade agora é “conso-lidar os quatro mercados”.

O governo da Tailân-dia assinou ontem

um acordo com um grupo insurgente muçulmano, no qual ambas as partes se comprometem a trabalhar para iniciar as negocia-ções de paz para por fim à violência no sul do país, informou a imprensa.

O secretário-geral para a Segurança Na-cional da Tailândia, Pa-radorn Pattanathabutr, assinou o acordo com Hassan Taib, da Frente Nacional Revolucioná-ria, em Kuala Lumpur, ca-pital da Malásia, segundo

o Bangkok Post. “Com a ajuda de Alá faremos todo o possível para resolver o problema”, disse Hassan.

O “documento de con-senso geral para o lança-mento de um processo de diálogo para a paz” foi assinado horas antes de a primeira-ministra tailande-sa, Yingluck Shinawatra, e do seu homólogo malaio, Najib Razak, se encontra-rem na capital da Malásia.

No encontro, os dois mandatários prevêem abordar a violência no sul da Tailândia e a possibili-dade de a Malásia acolher

as negociações entre as autoridades tailandesas e os rebeldes.

A Frente Nacional Revolucionária é referida como um dos diversos grupos separatistas no sul muçulmano da Tailândia, onde o conflito armado já causou cerca de 5.500 mortos desde o seu rea-cendimento em 2004.

Os rebeldes reivin-dicam que sofrem dis-criminação da maioria budista do país e exigem a criação de um estado islâmico que integre três províncias no sul.

Haruhiko Kuroda proposto para governador do Banco do JapãoO Governo japonês propôs ontem oficialmente o presidente do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), Haruhiko Kuroda, para governador do Banco do Japão (BOJ) para os próximos cinco anos, informou a imprensa nipónica. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, elegeu Kuroda como o candidato do governo ao cargo máximo de responsável do banco central, que deverá agora ser referendado em meados de Março pelas câmaras do parlamento. Caso a sua nomeação seja aprovada, Haruhiko Kuroda, de 68 anos, substituirá Masaaki Shirakawa, que anunciou recentemente que deixava o cargo de governador do BOJ no próximo dia 19 de Março, a poucos dias de expirar o seu mandato a 8 de Abril.

Universidade Nova de Lisboa lança programas para chineses interessados nos mercados lusófonos

Desenvolver aptidões

Governo tailandês assina acordo para iniciar negociações de paz com rebeldes no sul

Alá é grande

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tiago alcântara

sexta-feira 1.3.2013www.hojemacau.com.mo10 entrevista

Arlinda Frota, artista plástica

“Macau não é a direito, tem ondulações, torneares, como as pontes, como a vida”

Pintura enlaçada na música, dar vidas orientalizadas à porcelana, enquanto o papel de arroz vai esperando pelo regresso da pintora ao acrílico, às telas. Companheira de vida de um diplomata de carreira, expôs em todos os países onde viveu. Mas a cor muito própria de Macau, “o sentido estético da região” emocionam a pintora, a médica, a cidadã intelectual, observadora e despojada de artificialidade. Arlinda Frota mostra-se de novo a grande nível, na galeria da Fundação Rui Cunha – “Pintura – A minha Música”

Helder [email protected]

Com a Galeria da Fundação Ru i Cunha mostrando trabalho de pro-

dução brilhante para receber esta exposição de pintura em cerâmica de Arlinda Frota, a primeira questão colocada à autora foi sobre o nome desta mostra: “Pintura - A minha música”, duas artes acon-chegadas no mesmo título. A pintora, já premiada também a Oriente, é afirmativa: “Só posso pintar com música!”

Filha de mãe italiana, pia-nista, ouvir música faz parte do respirar desta pintora, natural de Luanda, médica especialista em doenças tropicais: “Em certos trabalhos que faço, chego a pôr o cd no “repeat” e vou ouvindo sem parar, horas seguidas. Ópera, blues, fado, música ligeira, não pinto sem música. Há uma cantora em especial, cujo nome não reve-lo, é da minha família, cantora de primeiríssimo plano, cujas gravações me acompanham com muita frequência”.

Criatividade percorrendo as paredes da galeria, desde logo incluindo a forma como os 40 trabalhos são apresentados ao visitante. Uns em moldura acrílica, outros em moldura de madeira, sempre com pano de seda no background da peça pintada. Havendo também ce-râmicas sem ornato ou moldu-ra, mas com criativas soluções de apresentação ao p0úblico. Trabalhos criados pela autora em Macau, Coreia do Sul e Indonésia. Região e alguns dos países onde Arlinda Frota viveu em virtude da actividade diplomática de seu marido, o embaixador Carlos Frota que, lembramos, foi o primeiro cônsul-geral de Portugal em macau - Consulado por si insta-lado - estando agora, no regres-so a esta região, como professor universitário, prosseguindo como conferencista, comen-tador na comunicação social, autor de frequentes ensaios e análises, sem esquecer os livros de poesia já publicados.

Arlinda Frota, consideran-do esta sua “Pintura - A minha música”, um “apanhado que justifica a minha presença nesses países”, embora a temática de cada peça “não tenha de estar, neste caso, directamente relacionada com os diferentes locais onde foi trabalhada. Nesta exposição, os temas fundamentalmente identificam-me. Há muito figurativo. São dragões, são flores, são pássaros, são pei-xes, o meu signo (risos), tudo essencialmente orientalizado.

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11sexta-feira 1.3.2013 entrevistawww.hojemacau.com.mo

Mesmo o que pintei na minha fase portuguesa, é bastante oriental. Afinal, muito de berço, devido a minha mãe ser uma inveterada coleccio-nadora de porcelanas, a casa dos meus pais estava repleta de porcelanas de várias ori-gens, por exemplo da China, de Macau, muitos serviços de chá chineses. Desde sempre vivi e me habituei ao cenário oriental, através das porcela-nas, por exemplo”.

Paralelamente à exposição “Pintura - A minha Música”, foi apresentado o livro “Re-flections Painting Porcelain Across Asia”, também de Arlinda Frota, editado na In-donésia, Bali, por uma editora neozelandesa, a Saritaksu Editions. Um algo luxuoso trabalho editorial, disponível na Livraria Portuguesa, com fotografias de Don Jensen sob dezenas de originais em por-celana pintados pela entrevis-tada. O livro está dividido em 4 partes, como enumera a au-tora: “Primeiro, o meu trajecto pela Ásia - Indonésia, Coreia do Sul e China. A quarta parte do livro refere trabalhos que criei em Portugal”.

O prefácio referente aos trabalhos na Indonésia, é de Harry P. Aryono, “que foi o primeiro embaixador da Indo-nésia em Portugal, quando se reataram as relações diplomá-ticas com Timor-Leste, sendo o presidente da Associação Indonésia-Portuguesa em Ja-carta; um bom amigo meu e de meu marido”, diz Arlinda Fro-ta. Sobre as obras criadas na Coreia, o texto é de AhYoung Cho Chyun, “uma grande amiga minha, professora uni-versitária e responsável pelo departamento internacional da Universidade Feminina de Seul, onde também expus”. No respeitante às pinturas em porcelana, de Arlinda Frota, na China, e representadas no livro em questão, o texto pertence a António Conceição Júnior. Sobre os trabalhos criados em Portugal pela autora, o prefácio é de Ana Paula Laborinho.

Qualquer dos trabalhos desta mostra, que estará pe-rante o público até dia 13 deste Março, pode ser adquirida pelo público. Como é sabido, a Fundação Rui Cunha nunca vende as peças de arte que ciclicamente expõe na sua galeria, essa matéria é da res-ponsabilidade de cada autor, em exclusivo entendimento com os interessados.

SaudadeS do papel de arrozCom Arlinda Frota, a pintura não começou com cerâmica,

quando pinto, não penso em mais nada, por mais de uma vez fiquei dois dias sem dormir. E gosto de mostrar a pessoas mais íntimas, meu marido aprecia acompanhar o que vou criando em pintura. Por exemplo, em casa, peço a meu marido para ficarmos no meu gabinete; em muitas ocasiões estamos horas e horas seguidas, ele sentado a ler e eu a alguns metros pin-tando, pintando. Por vezes ele lê em voz alta alguns textos que deduz tenham interesse para mim, ou mesmo outros mais relacionados com os seus interesses, história,

política internacional, etc. Gosto imenso desse ambiente quando pinto”.

Macau, cidade e região toda, as cores, até a neblina, os recantos antigos e até alguns mais modernos, as ondulações, sim “as curvas, o ondular das pontes, este sentido estético. Até porque a vida não pode ser concebida a direito, a vida é o balanço, o tornear. Macau tem isso tudo”.

(...) “só sei que aqui estou Amacautão longe de tudo o que fuitão perto de tudo o que souminha barca meu berço veleiro” (...)

(Extracto do poema Amacau de Carlos Frota, em “Dos Rios e Suas Margens”, Macau, 1998).

A pergunta soltou-se, quase inevitável. A poesia de Carlos Frota também, em algum momento, inspira o acto criativo da pintora Ar-linda Frota? “Por certo que sim, ele gosta de a dizer alto e eu gosto, emociono-me ouvir dele o que ele escreve. Também faz parte das minhas fontes de inspiração”.

Em todos os países onde, por força da actividade diplomática de seu marido,

Arlinda Frota viveu, pintou e apresentou exposições das suas obras. Faceta que por vezes surpreendeu o ciclo social do casal Frota: “A mulher de um embaixador é muito mais do que por vezes se imagina. No meu caso, mostro-me como sou, naturalmente, sem esforço, tenho uma posição como ser humano, neste mundo, sem andar à procura de alguma coisa atrás das portas”.

Regressado o casal a Macau, por opção afectiva, após a actual mostra na gale-ria da Fundação Rui Cunha, a próxima exposição está já agendada para Maio, em Portugal, Faro: “será uma grande exposição individual também em cerâmica, mas muito diferente desta, agora, em Macau que irá até Agosto. Outras exposições, em locais diferenciados e talvez não apenas em Portugal, estão a ser agendadas”.

Com trabalhos já expostos em várias galerias locais e in-ternacionais, outros na posse de coleccionadores, a pintora olha para Macau com o mes-mo afecto e encantamento de quando viu esta parte do delta pela primeira vez, em 1996.

sim com acrílico em tela. A médica-pintora recorda: “Sempre desenhei muito, ainda hoje o faço. Por volta de 1982 ou 83, trabalhava eu no Hospital Cardiológico de Bordéus, com uma vida profissional agitadíssima, meu marido ofereceu-me toda uma enorme panóplia de material para pintura. Apareceu em casa com uma quantidade de pacotes e outros recipientes, cavalete e tudo. Tudo aquilo andou comigo, connosco, uma série de anos, de Bordéus para S. Tomé e Príncipe, dali para Portugal. Um dia, já em Macau, no Bela Vista, a nossa residência, já depois de 1999, lembro-me que decidi pintar. Tinha por lá uns cartões, come-cei a pintar, a pintar, até mostrar essas primeiras coisas à minha amiga Ana Paula Laborinho que imediatamente me incenti-vou a continuar. Gostei muito, claro, para além de, noutra circunstância, outra pessoa também me ter entusiasmado definitivamente. Nessa altu-ra, um grupinho de pessoas, fizemos formação com uma pessoa sabedora, que depois se tornou muito minha amiga, a Natália. Foi um desatino, um entusiasmo ainda maior a partir daí” (risos).

escrevo no livro de que já fala-mos, cito o nosso, português, Prémio Nobel da Medicina, Egas Moniz, quando ele diz que a arte e a beleza sempre se podem complementar, tam-bém penso que é necessário este tipo de equilíbrio”.

Arlinda Frota faz parte da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos (SOPEAM) que tem mais de 4 centenas de associados Por-tugal. Segundo a pintora, esta instituição “prossegue uma actividade muito importante. No Natal que passou apresen-tei duas exposições no âmbito da SOPEAM, para além de outras que já fiz e de grande número de manifestações culturais reapresentadas por outros médicos”.

O regresso a outro género de pintura tem vindo a crescer nesta autora: “sonho muitas ve-zes que estou a pintar em papel de arroz. Naturalmente, é um exercício, uma pintura muito diferente de que em cerâmica, até porque no papel de arroz a minha pintura é abstracta. Os pincéis grandes, maiores do que normalmente utilizados na cerâmica, me atraem, há uns 6 ou 7 anos que não realizo esse tipo de pintura”.

Sou médica, aguardo sempre sinal para que os meus serviços nesta área sejam solicitados, é esse o dever profissional de um médico. A pintura emociona-me, embora naturalmente de diferente maneira, mas com a mesma intensidade.

Entre a medicina e a pintura, para onde se inclina esta autora, qual dos campos mais a emociona? “Os dois campos! Sou médica, aguardo sempre sinal para que os meus serviços nesta área sejam solicitados, é esse o dever profissional de um médico. A pintura emociona-me, embora naturalmente de diferente maneira, mas com a mesma intensidade. No texto que

Fontes de inspiração quo-tidiana passam pela muita fotografia que Arlinda faz um pouco ou um muito por onde passa, muita pesquisa: “Vou fazendo crescer a minha biblioteca de pintura, tenho forte interesse em pesquisar, aprofundar informações, delicia-me descobrir, obser-var, obras e a história delas, as origens, tudo. Quando estou nestas pesquisas, ou mesmo

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sexta-feira 1.3.2013vida12 www.hojemacau.com.mo

AvisoExame de admissão conjunto dos candidatos aos cursos de licenciatura das instituições do ensino superior do Interior da China, realizado em Macau, para estudantes chineses residentes no estrangeiro, estudantes de Macau, Hong Kong e Taiwan, do ano de 2013.

Inscrição e lista de admissão dos estudantes recomendados

Estão abertas as inscrições para o exame de admissão conjunto dos candidatos aos cursos de licenciatura das instituições do ensino superior do Interior da China, do ano de 2013, realizado em Macau, destinado a estudantes chineses residentes no estrangeiro, estudantes de Macau, Hong Kong e Taiwan. O exame é organizado pelo Ministério da Educação da República Popular da China e coordenado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior. A lista dos estudantes recomendados já pode ser consultada em http://www.gaes.gov.mo, website do GAES.

InscriçãoDatas: De 1 a 15 de Março (Inscrição prévia online) De16a31deMarço (Confirmaçãooficialdainscrição)Horáriosparaaconfirmaçãooficialdainscrição:De segunda a quinta-feira, das 9H00 às 17H45;Sexta-feira, das 9H00 às 17H30, sem interrupção na hora de almoço;Sábados, domingos e feriados (29 de Março), fechadoLocal: Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues n.ºs 614A – 640, Edifício Long Cheng, 7.º andar (c/ entrada pela Rua de Goa, 105)

ExameDatas: Dias 25 e 26 de Maio (Sábado e Domingo)Local: Escola Secundária Pui Ching (Avenida de Horta e Costa, N.º 7)

Consulta As informações, relativas à admissão dos estudantes e às inscrições para o exame, podem ser consultadas nas páginas electrónicas do GAES (http://www.gaes.gov.mo) ou do “Blog para Estudantes de Ensino Superior de Macau” (http://studentblog.gaes.gov.mo) e, também, pelos telefones (853)83969345 / (853)83969390, ou pessoalmente no GAES.

Macau, 1 de Março de 2013.

O CoordenadorSou Chio Fai

Não se trata de um ali-mento envenenado, mas

de uma técnica literária que foi utilizada na escrita do primeiro livro da Bíblia. E que acaba de ser revelada por um novo software de análise de textos.

o Génesis contém um padrão narrativo em torno da vida e da morte, afirmam Gordon Rugg, informático da Universidade de Keele, Reino Unido, e David Mus-grave, teólogo da Univer-sidade de Amridge, EUA. Uma técnica literária, hoje comum, mas que naquele texto com milhares de anos permanecera oculta. os resultados deverão ser publicados em breve.

A técnica consiste em ensanduichar um tema entre duas menções de outro tema. E Rugg e Musgrave - que nunca se encontraram, mas juntaram esforços neste tra-balho - descobriram-na no Génesis, cujos versos do início e do fim contêm ocorrências da palavra “vida”, enquanto as ocorrências da palavra “morte” só surgem agrupadas a meio do texto, explica um comunicado de Keele.

Versão telegráfica do Gé-nesis: é o primeiro livro do

Antigo Testamento, escrito à mão,na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra

“Sanduíche da morte” escondida dentro do Génesis

Antigo Testamento e relata a criação do mundo e as suces-sivas alianças de Deus com os homens. Cria Adão, cria Eva. Perante a corrupção do mundo, desencadeia o Dilú-vio, poupando só a família de Noé. Mais tarde, designa Abraão como “pai” do povo eleito. Abraão instala-se em Canãa e gera Isaac, que gera Jacob, que gera José, que é vendido como escravo aos egípcios pelos seus irmãos. José prospera, torna-se o braço direito do faraó e acaba por conduzir a família até ao Egipto. “A detecção [desta técnica] à escala de todo o Génesis é inédita”, disse Rugg ao Público. “Tanto quanto sabemos, ninguém tinha reparado nela - talvez porque o texto é tão longo que é difícil ver o padrão pela simples leitura. Quan-

to à “sanduíche da morte”, também é novidade. Porém, “há muito tempo que os pe-ritos consideram que a vida e a morte são temas-chave do Génesis”, frisa Rugg. “Portanto, acreditamos que não é uma coincidência, mas um artifício narrativo deliberado.”

A detecção foi feita por um software de análise de texto, o Search Visualizer (SV), desenvolvido por Rugg - que sempre se inte-ressou pelas línguas, a histó-ria, a arqueologia e os textos antigos - juntamente com Ed de Quincey, da Universidade de Greenwich (Reino Uni-do). o SV permite visualizar um texto como uma tabela, onde cada casa representa uma palavra. Quando uma série de palavras-chave é introduzida, elas surgem

na tabela como pontos de várias cores. Parece sim-ples... mas não é. “Há uma teoria sofisticada por trás, que envolve a partição de tarefas entre o ser humano e o compu-tador e entre processamento paralelo e sequencial”, res-ponde Rugg.

Quando os cientistas visualizaram as palavras “vida” e “morte” na versão do Génesis da King James Bible (versão em inglês, traduzida do hebraico no século XVII), a técnica narrativa apareceu. Mus-grave verificou ainda, no original hebraico, que o padrão não provinha da tradução.

o facto de a técnica ter sido usada conscientemente e em todo o Génesis prende-

-se com a questão da sua autoria. “o consenso no meio académico é que o Génesis foi escrito por várias pessoas”, diz-nos Musgrave. “Mas para mim, uma das maiores implicações poten-ciais deste trabalho é que sugere uma autoria única.” A “sanduíche da morte” re-força assim a hipótese de o Génesis ter sido escrito por uma só pessoa.

o SV também analisou uma versão em inglês da Ilíada, para se tentar com-provar, como há muito se suspeitava, que a secção in-titulada Catálogo das Naves é mais antiga do que o resto do poema de Homero. E de facto, revelou que a palavra “quarenta” (“forty”) só ocor-ria nessa parte da obra. “Nos textos antigos, os números podem ser reveladores”, explica Rugg, referindo-se por exemplo a tecnologias de um período específico. “E quando vi essa palavra no Catálogo das Naves, pensei que podia tratar-se de um elemento arcaico e decidi experimentar.”

As aplicações do SV vão muito além da análise de textos históricos e não se li-mitam ao inglês. A análise de testemunhos na investigação de crimes ou a pesquisa de associações de palavras na Web são apenas duas delas (ver http://searchvisualizer.wordpress.com). “Não posso adiantar pormenores, mas já estamos em conversas com várias grandes empresas, entidades policiais e outras organizações interessadas”, diz Rugg.

Page 13: Hoje Macau 1 MAR 2013 #2802

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Poluição é recorrente na zona do ocean Gardens

COMPANHIA DE CONSTRUÇÃO E FOMENTO PREDIAL POU IEK S.A.CONVOCATÓRIA

Nos termos do artigo 14 dos Estatutos da Companhia de Construção e Fomento Predial Pou Iek, S.A., é convocada a Assembleia Geral desta Sociedade para reunir, em sessão ordinária, no dia 15 de Março (Sexta-feira) do corrente ano, pelas 11,00 horas, na sede social na Estrada da Vitória n.ºs 2-4 Macau com a seguinte ordem de trabalho:

1. Aprovação do relatório, balanço e contas do Conselho de Administração e do parecer do Conselho Fiscal, relativos ao exercício findo 2012.

2. Outros assuntos.Macau, aos 1 de Março de 2013.Companhia de Construção e Fomento Predial Pou Iek, S.A.A Presidente da Mesa de Assembleia Geral,

Yeung Yung Wah

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 77/AI/2013-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se YE, JINZHI (portadora do Passporte de China n.° E00520XXX), que na sequência do Auto de Notícia n.º 75/DI-AI/2012 de 19.07.2012, levantado pela DST, por quem angariar pessoa com vista ao seu alojamento na fracção autónoma utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho do signatário de 26.02.2013, exarado no Relatório n.º 085/DI/2013, de 19.02.2013, foi determinada a aplicação de uma multa de $20.000,00 (vinte mil patacas), nos termos do n.˚2 do artigo 10.º da Lei n.º 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° dos Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ---------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. --------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.ºs 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Fevereiro de 2013.

Os seus funcioná-rios estão a traba-lhar pouco? Possi-velmente a culpa

é das alterações climáticas. E prepare-se: a situação vai pio-rar. Um artigo publicado este domingo na Nature Climate Change deixa o aviso

Estudo avança com previsões preocupantes sobre o impacto do calor

Vai ser mais difícil trabalhar

A situação é recorrente. A pequena praia que existe em frente ao prédios do Ocean Gardens, na Taipa, costume ser um autêntico amontoado de lixo. Fotos enviadas pela nossa leitora Juliana Moreschi mostram como se encontrava a praia esta semana que agora finda. Juliana explicou que costuma ir até ali passear o seu cão e que “inúmeras vezes” encontra a praia cheia de lixo e ninguém a limpá-lo.

O aumento da humi-dade devido à subida na temperatura global pode reduzir a quase dois terços (63%) a capacidade de trabalho actual até 2100 e a apenas 39% em 2200, nos meses mais quentes do ano. Estes são os piores

cenários identificados num estudo de três cientistas da agência norte-americana para a atmosfera e os oce-anos (NOAA, na sigla em inglês), publicado este domingo na revista Nature Climate Change.

É uma primeira apro-

ximação a um efeito ainda pouco analisado do aqueci-mento global. Há já muitos estudos sobre extremos cli-máticos, como ondas de ca-lor, e as suas consequências sobre a mortalidade. Mas não há quase nada quanto ao impacto constante, no

quotidiano das pessoas, de dias de calor e humidade intensos, em que basta sair à rua para se sentir logo cansado. Em 2009, cien-tistas da Austrália, Nova Zelândia e suécia já diziam, num artigo na revista Global Health Action, que este era

“um efeito “negligenciado” das alterações climáticas”.

O trabalho agora pu-blicado na Nature Climate Change faz uma retrospec-tiva deste efeito no passado, bem como a projecção do que pode acontecer no fu-turo. A base de comparação são as normas criadas pela indústria e pelas institui-ções militares dos Estados Unidos para evitar que os trabalhadores corram o risco de uma crise de hiperter-mia durante a jornada de trabalho.

13vidasexta-feira 1.3.2013 www.hojemacau.com.mo

Page 14: Hoje Macau 1 MAR 2013 #2802

sexta-feira 1.3.2013cultura14

A família de Lydia Maria dos Anjos

Ribeiro, cumpre o doloroso dever de

informar familiares e amigos que este seu

Ente Querido faleceu no dia 27 de Feve-

reiro, aos 82 anos de idade, em Lisboa.

No dia 5 de Março, terça-feira, pelas

18:00 horas, será rezada na Sé Catedral

uma missa de 7° dia em sua Memória

Lydia Mariados a. ribeiro

Falecimento

O grupo de DJs de Ma-cau, Flip-side, actua

amanhã no bar Zillio-naire, nos NAPE. Des-ta vez, Devin Wilhelm (Dj Devlar) e Sérgio Rola, os dois fundado-res do grupo, contam com um convidado especial importado directamente de Es-panha.

“Forbidden” vai ter no palco J. Swarz ou JAUM3, DJ com mais de dez anos de experi-ência. Conhecido pelas suas performances que conjugam técnicas úni-cas de misturas entre beats e equalizadores, J. Swarz absorve e adapta-se às novidades mais recentes do mun-do da música, que tor-nam as suas actuações versáteis e diversas. “Ele é conhecido pelo

seu carisma e profis-sionalismo quando está em palco, tornando-se em algo mais do que um mero DJ”, salienta a biografia do DJ es-panhol.

J. Swarz já traba-lhou em conjunto com DJs de renome, como Agoria, Jake Fairley, Martin Eyerer, Guido Schneider, D’Julz, e Nic Fanculli, entre outros. Para Agoria, por exemplo, o DJ es-panhol é “um daqueles que, em qualquer parte do mundo, consegue tocar a música certa para o ambiente certo”. Se quer ver se o mito é real também em Ma-cau, só aparecendo no “Forbidden”. Música electrónica e deep hou-se serão os dois pratos fortes no evento de sábado, que começa às 23 horas. - J.F.

UM cemitério público encontrado na cidade

de Xi’an, capital provin-cial de Shaanxi, noroeste da China, foi usado para sepultar criadas da Dinastia Tang (618-907), disse um arqueólogo à Xinhua esta terça-feira.

Tabu de Miguel Gomes premiado em CartagenaO filme do realizador português Miguel Gomes Tabu ganhou o prémio de melhor filme no 53.º Festival Internacional de Cinema de Cartagena, Colômbia, anunciou a organização na quarta-feira. O filme já arrecadou o prémio Alfred Bauer, pela sua inovação, no Festival de Berlim (e ainda o prémio da crítica internacional) e o prémio para o melhor filme do Festival Internacional do Filme de Flandre-Gand em 2012. O Festival Internacional do Cinema de Cartagena é um dos mais antigos da América Latina. O prémio para melhor realizador foi para Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori para a longa metragem 7 boxes, a história de um livreiro e as suas deambulações em Asuncion. O filme mexicano Le Maire recebeu o prémio de melhor documentário e retrata Mauricio Fernandez, o presidente da câmara de San Pedro Garza Garcia, a comuna mais rica da América Latina que criou um grupo paramilitar para combater os cartéis de droga.

Rua das Mariazinhas em directo da Fundação Rui CunhaO programa Rua das Mariazinhas vai ser emitido em directo esta sexta-feira, da galeria de exposições da Fundação Rui Cunha. Entre as 15 e as 20 horas, Hélder Fernando e Jorge Vale vão conversar com vários convidados. Músicos locais vão tocar ao vivo, numa tarde em que se assinalam três anos de emissão deste programa da Rádio Macau, que é emitido de segunda a sexta-feira no espaço 15-20 horas.

Flipside apresenta “Forbidden”, no bar Zillionaire dos NAPE

Atreve-se a experimentar?

Arqueólogos descobrem cemitério antigo da Dinastia Tang em Xi’an

Criadas do Palácio ImperialUma dúzia de tumbas

localizada no oeste da cidade com milhares anos foi descoberta em Abril de 2012, disse um investigador do Instituto de Pesquisa de Arqueologia de Shaanxi, Liu Daiyun.

Desde então que as se-

pulturas começaram a ser examinadas. “As estruturas das tumbas da região são parecidas, e têm caracteres óbvios da Dinastia Tang. A partir do epitáfio de uma criada de 70 anos de idade, descobrimos que o local foi um cemitério público

para empregadas do palácio imperial”, disse.

Os dados arqueológicos demonstram que as criadas foram enterradas separa-damente. Os arqueólogos informaram que o epitáfio de cada uma mostra uma hierarquia específica e estrita do palácio impe-rial. “Há dois tipos de criadas, de acordo com os epitáfios. Cinco delas morreram por velhice, e o resto era “Wanggongni”, criada que se tornou freira porque o imperador a quem servia morreu antes dela”, afirmou.

Os arqueólogos tam-bém descobriram uma série de objectos funerários nas tumbas, incluindo peças de verniz, bronze, de pedra e reproduções de animais.

“A descoberta fornece materiais importantes e objectivos para os inves-tigadores estudarem o sistema político, a vida, os rituais funerários e a vida das mulheres no palácio da Dinastia Tang”, acres-centou.

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15culturasexta-feira 1.3.2013 www.hojemacau.com.mo

Ruggieri chegou a Macau em 1579 e na Ásia compilou o primeiro atlas da China, em latim, que só seria descoberto em Roma já no século XX. Agora, o Instituto Cultural propõe-se editar uma nova versão dessa obra em chinês e português, ainda sem data definida. Jin Guoping é um dos académicos convidados para participar no projecto e, ao Hoje Macau, falou da primazia de Michele Ruggieri sobre Matteo Ricci. Este “conseguiu abafar tudo e ficou com todos os louros”

Andreia Sofia [email protected]

Quando começou a trabalhar neste “Atlas da China” e porquê este trabalho? Comecei há um ano e meio, porque nessa altura o Instituto Cultural (IC) queria fazer uma exposição, que é a que existe agora (no Mu-seu de Macau) e que vai fechar. No âmbito dessa exposição, o IC queria fazer uma edição do atlas, e convidou-me a fazer a versão chinesa.

Até então só havia em latim.Sim. Desta vez vamos editar si-multaneamente em chinês e em português, portanto é uma edição bilingue. Este atlas não é uma obra de Michele Ruggieri, mas sim uma tradução de um livro chinês. Já localizámos o livro que serviu de base a Ruggieri e eu servi-me muito desse livro para fazer a tradução.

Qual a importância de traduzir esta obra e de a apresentar em Macau?É uma obra importantíssima. De certa maneira, podemos dizer que constitui um marco do conhe-cimento geográfico da Europa. Através deste atlas podemos saber

Instituto Cultural vai traduzir do latim o “Atlas da China de Michele Ruggieri”

A “rivalidade” de dois jesuítas na ChinaQuem foi o jesuíta RuggieriO simpósio organizado ontem pelo IC no Museu de Macau trouxe 13 académicos chineses e estrangeiros, onde se inclui Jin Guoping, e serve para comemorar o encerramento da exposição sobre o mesmo tema inaugurada em Novembro, cujo catálogo será lançado esta semana. Segundo o vice-presidente do IC, Yao Jingming, o simpósio serviu também para “explorar mais a fundo o importante valor do Atlas da China de Ruggieri”. Quanto ao projecto de tradução, vai fomentar “um estudo mais aprofundado destes mapas académicos por chineses”. Este trabalho permite “ficar a conhecer o país do meio em apenas um relance. Requereu persistência, uma mente cientifica rigorosa mas também alguma imaginação de poeta”, considerou o vice-presidente do IC. Chegado a Macau no ano de 1579, Michele Rugieri aprendeu mandarim e ter-se-á tornado no primeiro missionário europeu a obter a permissão para ficar na China. Fixado na zona de Cantão, escreveu “O verdadeiro significado da doutrina cristã” em chinês e compilou, com o também jesuíta Matteo Ricci, o “Dicionário Português-Chinês”. Ruggieri acabaria por regressar à Europa onde continuou os seus estudos ligados ao mundo oriental. O seu “Atlas da China” só seria descoberto nos Arquivos Nacionais de Roma, Itália, em 1987, tendo sido publicado em 1993. “Uma questão a explorar é a razão pela qual este Atlas não foi publicado na Europa na altura e permaneceu em segredo histórico”, frisou Yao Jingming no seu discurso.

até que ponto a Europa seiscentista já tinha noção da geografia chinesa.

Qual o espaço que Macau ocu-pava na altura, segundo a visão europeia?Macau, como se diz em português, é a terra mãe de todas as missões da China. Mas nessa altura os jesuítas, pelo menos Michele Ru-ggieri, não começou pela ordem chinesa, primeiro as três províncias e depois as duas capitais. Começou logo por Cantão, perto de Macau, onde se movimentava. Começou na ilha da Hainão, e há descrições da foz do rio do oeste, do delta do rio das pérolas. Começou pelas províncias com as quais Macau e os portugueses tinham comércio.

Considera que Michele Ruggieri foi um visionário?Sim. E a partir desta edição e confe-rência, devemos ter outra noção do

papel histórico que Michele Ruggieri desempenhou ao longo dos tantos anos em que esteve em Macau e na China. Muitos pensam que Matteo Ricci foi o primeiro jesuíta em mis-são na China, mas de facto Michele Ruggieri foi precursor. Matteo Ricci, embora seja muito bom, nunca teria escrito poemas em chinês. Mas Ruggieri escreveu-os.

Mas de certa forma houve uma ligação entre ambos. Essa ligação é natural porque os dois eram jesuítas. Mas através desta conferência podemos ver que havia mesmo rivalidade entre Michele Ruggieri e Matteo Ricci, e depois Matteo Ricci conseguiu abafar tudo e ficou com todos os louros. Achamos que é injusto para um missionário como Ruggieri. De certa maneira, a conferência vai reabilitar Ruggieri como primeiro sinólogo europeu.

Page 16: Hoje Macau 1 MAR 2013 #2802

Desporto De braço DaDo

sexta-feira 1.3.2013desporto16 www.hojemacau.com.mo

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O Sporting de Bra-ga está na final da Taça da Liga 2012/13. Os ar-

senalistas eliminaram esta quarta-feira o Benfica nas meias-finais da prova, no Estádio AXA, através da marcação de grandes penali-dades, e repetiram o feito de 2010/11, quando afastaram as águias nas meias-finais da Liga Europa.

Os encarnados surgiram na pedreira com muitas mexidas no 11. Jorge Jesus deixou jogadores como Salvio, Matic e Lima fora dos convocados, apostando em Urreta numa das alas, Rodrigo ao lado de Cardozo na frente de ataque, e Rode-rick a trinco.

A partida foi dividida por ambas as equipas ao longo dos vários períodos de tempo. Rodrigo ainda enviou uma bola à trave logo no início, mas seria mesmo

Sporting de Braga afasta Benfica da final da Taça da Liga

Depois de quatro seguidas, o descanso

Artur um dos melhores em campo, com quatro ou cinco defesas decisivas.

A partida acabaria no entanto por chegar ao final dos 90 empatada a zero. Nesta competição não há prolongamento, era hora de

ir para a marca dos 11 metrosArtur ainda defendeu o

primeiro, de Alan, mas seria Quim a tornar-se o grande herói da noite, ao defender o remate de Gaitán, já de-pois de Luisão e Roderick também desperdiçarem a

oportunidade. Para o Bra-ga converteram Custódio, João Pedro e Rúben Amo-rim. Rodrigo e Enzo Pérez marcaram para a formação lisboeta.

O Sporting de Braga vence e bem, já que parece

Candidatos desmentem contactos com MaradonaDiego Maradona terá sido contactado por algum dos candidatos à presidência do Sporting, garantiu a televisão italiana Sky, por entre as reportagens sobre o regresso do astro argentino a Nápoles, para responder por evasão fiscal. Contactadas pelo DN todas as candidaturas revelaram surpresa com a notícia veiculada em Itália. A de José Couceiro negou de imediato. Carlos Severino também. E ainda atirou: “Nós temos o Cruyfft que também foi um grande jogador e melhor treinador.” Já Virgílio, homem forte do futebol do candidato Bruno de Carvalho, disse: “Se houvesse contacto com alguém era eu a fazê-lo e eu não contactei Maradona.”

O Secretário de Estado para a Juventude e Desporto de portugal, Alexandre Mestre, recebe lembrança das mãos do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong u.

ter sido a única equipa a apostar forte a presença na final. A equipa de José Pe-seiro aguarda agora o outro finalista, FC Porto ou Rio Ave, um jogo que ainda não tem data marcada.

Já chegaO treinador do Benfica, Jor-ge Jesus, destacou no final do jogo no Estádio AXA, com o Sporting de Braga, que ape-sar do afastamento da prova, a sua equipa tem “outras prioridades” enquanto que para os minhotos foi uma partida “muito importante para a sua época, por lhes abrir uma final”.

Além disso, lembrou Jesus, o Benfica já conquis-tou a Taça da Liga “quatro vezes”, pelo que “talvez uma quinta [conquista] fosse demais”.

O técnico ‘encarnado’ assegurou que o Benfica saiu da competição “de cabeça

erguida” porque fez “tudo para estar na final”. “Foi um jogo bem disputado, com oportunidades para ambas as equipas. Acho que houve intensidade, alguma emoção e ganhou o Sporting de Bra-ga na marcação das grandes penalidades. Qualquer equi-pa está sujeita a isso. [Mas] pela nossa segunda parte (…) acho que podíamos não ter ido a penáltis, pois ficou um penálti [durante os 90 minutos] para marcar a nosso favor”, comentou Jorge Jesus.

autocarro apeDreJaDoJá depois do final da partida, numa das vias de Braga, o autocarro do Benfica seria apedrejado, tendo mesmo de parar durante algum tempo. Felizmente ninguém ficou ferido, mas a atitude mere-ceu mesmo um comunicado de António Salvador, que repudiou a atitude.

Page 17: Hoje Macau 1 MAR 2013 #2802

17sexta-feira 1.3.2013 www.hojemacau.com.mo futilidades

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regras |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3x3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

Solução do pRoBlemado dia anTeRioR

Aqui há gato

Pu Yi

HoriZontais: 1-Barbeiro. Filtrai. 2-pira, altar. obrigado a sair. 3-Repare, observe. Que não é real. 4-Solicito. 5-apartamento (abrev.). indispensável, exacta. 6-Recíproco. dar eco. 7-Que obteve formatura numa universidade. Rádio (s.q.). 8-Relativo a urina e ao canal da ureta. 9-Bonacheirona, calma. oposição (pref.). 10-Cogumelo que nasce em árvores velhas ou cortadas. dueto. 11-Que não é comum, insólita. Suspensas no ar.

vertiCais: 1-Suprimiam. Tatu-bola (Bras.). 2-arco. enfado, cansaço (interj.). a letra muda do nosso alfabeto. 3-Choquei, colidi. pôr touca. 4-impelira com força. 5-aférese de até. Comprometi-me. 6-Condene a exílio. Combate, assalta. 7-Comportei-me. duas vogais. 8-o m. q. Curricada, espécie de cegonha da américa. 9-Que tem óleo. em que parte?. 10-puxador, pega. Rio que banha Berna. de ti. 11-embarcação estreita, movida a remos. Telefonia (pl.).

Sala 19-9-81 [c](Falado em THai, legendado em CHinêS e inglêS)um filme de: disspong Sampattavanich, pirun anusuriya, pitak Ruangrojsin, SutCom: patthita attayatomwittaya14:30, 16.30, 19:30, 21.30

Sala 2jack the giant Slayer [3d] [b]um filme de: Bryan SingerCom: darren lemke, Christopher mcQuarrie, dan Studney, david dobkin14.30, 16.30, 19.30, 21:30

Sala 3lincoln [b]um filme de: Steven SpielbergCom: daniel day-lewis, Tommy lee Jones, Joseph gordon-levitt14:30, 18:15, 21:00

A miCroeConomiA diz AdeuS A mACAunão deixa de ser irónico. no dia em que se inaugura o começo da obra de mais um monstro do jogo lá para os lados do Cotai, uma loja tradicional anuncia o seu fecho. Talvez o novo ciclo de um negócio não tivesse de ditar o encerramento de outro, e nada à partida o denuncia assim. Por um lado, mais um pólo de jogo com atracções comerciais e de lazer, por outro, a necessidade de os locais aproveitarem para tratarem da sua roupa na lavandaria do senhor António Chang (já conhecido por muitos na sua zona).o problema reside, em meu entender, no desregulamento da economia. ou na sua inevitável evolução. não sei. mas a macro acaba sempre por prevalecer à micro, tal como os matulões na escola acabam sempre por rebaixar os franzinos. Por que razão ter uma vida simples quando se pode ter uma mais desafogada? Sim, quem pode censurar? Quem podia ter emprego no comércio tradicional prefere antes as portas que se abrem nos centros de consumo de massas, onde brilham os relógios de ouro, saltam à vista os vestidos mais requintados e as patacas ganham vida nas mesas de jogo. inevitavelmente, estes trabalhos mais apelativos (vulgo, mais bem pagos) acabam por desencadear um processo de migração de emprego. macau é uma sociedade próspera, à emprego para quase todos, à liberdade de escolha e essa não recai nos espaços familiares, infelizmente.Por isso, é com pena que as pessoas se despedem de um capítulo na história de macau: o sítio onde muitos iam entregar a sua roupa uma vez por semana para ser engomada e trocar dois dedos de conversa. e tal como esta loja do senhor António, a outra onde iam arranjar os seus relógios, o sapateiro que lhes arranjava aquele sapato pelo qual tinha um carinho especial ou a modista vão desaparecendo. Fiquem as memórias. essas são eternas. Porque macau sã assim... mas também sã assado!

AcAbem com estA crise Já! • Paul Krugman“Acabem com esta Crise Já!” é um autêntico “apelo às armas” do nobel de economia e autor bestseller Paul Krugman, perante a profunda recessão que estamos a viver e que se prolonga já há mais de quatro anos. no entanto, como o autor refere nesta obra brilhantemente fundamentada, “as nações ricas em recursos, talentos e conhecimento, que possuem todas as condições para gerar prosperidade e um padrão de vida decente para todos, permanecem num estado que acarreta um intenso sofrimento para os seus cidadãos”. Como é que chegámos a este ponto? Como é que ficámos atolados no que agora só pode ser considerado como uma das maiores depressões desde 1929? e acima de tudo, como podemos libertar-nos dela? Krugman responde a estas perguntas com a lucidez e perspicácia tão características dele. A mensagem que aqui transmite é sem dúvida poderosa para qualquer pessoa que tenha suportado estes últimos, penosos anos: uma recuperação rápida e forte está apenas a um passo, se os nossos líderes encontrarem a “clareza intelectual e vontade política” para acabar com esta depressão agora.

LukA e o Fogo dA VidA • salman rushdienuma bela noite estrelada, na cidade de Kahani, em terras de Alifbay, aconteceu uma coisa terrível: o pai de um rapaz de doze anos chamado Luka, o contador de histórias rashid, mergulhou súbita e inexplicavelmente num sono tão profundo que não havia quem con-seguisse acordá-lo. Para o salvar de se sumir por completo, Luka tem de empreender uma jornada pelo mundo mágico, deparando pelo caminho com um sem-número de fantasma-góricos obstáculos, a fim de roubar o Fogo da Vida, uma tarefa aparentemente impossível e extremamente perigosa. Com Harun e o mar de Histórias, Salman rushdie creditou-se como um dos melhores contadores de fábulas contemporâneas, e o livro revelou-se uma das suas obras mais populares junto de leitores de todas as idades. Se Harun foi escrito como presente para o seu primeiro filho, Luka e o Fogo da Vida, a história do irmão mais novo de Harun, é uma prenda para o segundo filho, por ocasião do seu décimo segundo aniversário.

JaCk THe gianT SlayeR

tdM13:00 Tdm news - Repetição13:30 Telejornal + 360º (diferido)14:45 RTpi directo19:00 Tdm Talk Show (Repetição)19:30 vingança20:30 Telejornal21:15 ler + ler melhor21:30 Cenas de um Casamento22:10 escrito nas estrelas23:00 Tdm news23:30 portugueses pelo mundo00:20 Telejornal – Repetição01:00 RTpi directo

inFoRmação Tdm

rtPi 8215:00 Telejornal madeira15:35 ler +, ler melhor15:45 percursos16:40 antiCrise17:00 Bom dia portugal 18:00 Sexta às 918:30 estado de graça19:00 Feitos ao Bife20:10 depois do adeus21:00 Jornal da Tarde 22:15 o preço Certo 23:15 portugal no Coração

30 - FoX sports13:00 Samsung Beach Soccer intercontinental Cup dubai 2012 uae vs. Russia14:00 aFC Champions league 2013 pohang Steelers vs. Beijing guoan16:00 premier league darts 201317:30 aBl Crossover 201318:00 Total Rugby18:30 great edinburgh x Country19:00 The Football Review 2012-201319:30 (live) Fox SpoRTS Central20:00 (live) asean Basketball league 2013 Saigon Heat vs. Chang Thailand Slammers22:00 Fox SpoRTS Central22:30 Football asia 2012/1323:00 Smash 201323:30 global Football 2012/13

31 - star sports13:00 Surf life Saving World Championships 2012 14:00 Rolex Fei World Cup Jumping 2012/13 15:00 F1 Classics - 1999 Canadian grand prix 16:00 F1 Classics - 2000 german grand prix 17:00 Fia World Rally Championship 2013 - event Highlights18:00 Surf life Saving World Championships 201219:00 Smash 201319:30 Fim Snowcross World Championship 201320:00 motogp World Championship 2012 - Highlights Australian Grand Prix 21:00 game 2012 21:30 (live) Score Tonight 201322:00 laureus Spirit of Sport22:30 game 201223:00 inside european Rally Championship23:30 Fim Snowcross World Championship 2013 - Highlights

40 - FoX Movies11:30 The artist13:10 The ides of march14:50 never let me go16:40 Transporter: The Series17:30 The omen19:20 The double21:00 Zombieland22:30 2012

41 - HBo12:00 Hanna13:50 Cowboys & aliens15:50 yogi Bear17:15 Hbo Central17:45 The Hunt For Red october20:00 Hellboy 22:00 enemy of The State 00:15 get Shorty

42 - Cinemax12:45 attack Force 14:30 locusts16:00 The viking Queen 17:30 paradise alley 19:15 inside out20:45 epad on max21:00 Banshee 23:00 Spartacus: vengeance 00:45 ghost Rider

Page 18: Hoje Macau 1 MAR 2013 #2802

sexta-feira 1.3.2013opinião18 www.hojemacau.com.mo

uando for aos Estados unidos não tenho dúvidas de que irei visitar o Lincoln Memorial em Washington dC. até agora ainda não oportunidade de o fazer. Em Israel gostaria de visitar o lugar onde foi assassinado o antigo

Primeiro-ministro, Rabin, para chorar a sua morte, o que fiz no ano 2000.

Vi recentemente em Macau o filme Lin-coln, que me despertou memórias várias. digo sempre aos meus alunos que os meus óculos foram um presente de Lincoln. Quan-do estava na escola primária fiquei durante alguns dias em casa de familiares, durante as férias de verão. descobri na biblioteca a “Biografia de Abraham Lincoln.” Sempre que estava sem nada para fazer, lia um pouco, num canto mal iluminado da casa. No fim das férias, quando acabei de ler o

Exmo Senhor Director do Hoje Macau,

IVolto, uma vez mais, à questão dos subsídios vindos de Portugal. Sabe-se, no entanto, que os pensionistas não estão nada satisfeitos com a questão suscitada em torno do corte dos seus subsídios de natal e de férias e que deu azo a azedumes.

Confessam mais não passar do que a exte-riorização de uma zanga de outrora! Leiam-se as declarações do sr. Jorge Fão, presidente da assembleia Geral da aPoMaC, publicadas em 30 de Janeiro findo no diário Hoje Macau, para daí tirarmos as conclusões. não apenas se limita a discordar do acto do dr. José Pereira Coutinho, que vinha em defesa dos legítimos interesses dos pensionistas, que vêem os seus subsídios de natal e de férias bloqueados, razão por que submeteu uma petição ao sr. Chefe do Executivo da RaEM, solicitando diligências devidas; como também tanto lhe bastou para concluir que este acto “não passa de um show off, uma atitude de populismo para enganar pessoas que nada percebem de legislação”. Olhe que não é bem assim, como havemos de tomar consciência de que o sr. Fão também pouco de legislação percebe! Mas, há aqui que fazer-lhe um desconto à linguagem de que é useiro e vezeiro. Porém, comodamente, refastelado na poltrona não há-de querer que outrem trabalhe em benefício dos pensionistas?!

não satisfeito, acusa essa iniciativa de ir contra os princípios da Lei Básica, pois “o Governo de Macau [que deve ser o Governo da Região administrativa Especial de Macau] tem todas as competências menos duas: a defesa do território, que está nas mãos do Go-verno Central [Governo Popular Central], e a diplomacia externa. Trata-se de um caso, que se tiver de existir uma intervenção, só poderia

[poderá] intervir a China [Governo Popular Central]”. Esta questão já a refutei no meu artigo, publicado, anteriormente, neste jornal. E no atinente à questão de competências, há aqui que fazer uma interpretação não estrita mas lata (porque segundo o autor da declaração, estão excluídas do catálogo das competências do sr. Chefe do Executivo, apenas essas duas atrás mencionadas). Mas pouco depois viria a declarar algo que contraria o que acabava de dizer: “Acredito a 100% que o Chefe [alguém conhecido por esse nome? ou seria um chefe de esquadra?] não vai entregar a petição a ninguém. Seria contra a própria Lei Básica se o Chefe tomar uma atitude dessas. Esteja bem esclarecido que o território de Macau [Região administrativa Especial de Macau (RaEM)] não tem esta competência”. Deve, porém, o sr. Fão esclarecer-se melhor a esse respeito, através da leitura do artigo 131 e seu parágrafo último, conjugado com o artigo 50-n.182 da Lei Básica, inscritos no capítulo das anotações. assim, se o sr. Chefe do Executivo da RaEM tem com-petência para atender “petições e queixas”, por maioria de razão não há-de tê-la para “entregar [o expediente ao destinatário]”? E mais abaixo, viria a declarar que “aquilo que o Governo português está hoje a cortar nada tem a ver com o Governo chinês, porque pouco tempo antes de 1999 o Governo português assumiu esta res-ponsabilidade”. Sendo assim, não teria de zelar pelo cumprimento das cláusulas decorrentes do acordo bilateral estabelecido entre as partes?

Mas para não ficar atrás, declara que “se a situação se mantiver por período indeterminado, claro que vamos tomar uma posição de maior confronto e frontalidade”. Portanto, em termos comparativos, o que fez o dr. Coutinho mais não fê-lo do que ter submetido o expediente por vias legais! Porém, se vier o sr. Fão a tomar uma iniciativa com essas características, não será tar-

dia demais? Sabe-se, entretanto, que o Tribunal Constitucional já “considerou inconstitucional a extensão dos seus direitos [dos pensionistas] a partir do ano civil de 2013”. Foi o que escreveu a C.G.A. no seu ofício no.65/20l3, de 11-01-2013. Mas para o efeito, teria sido solicitado ao sr. Chefe do Executivo da RaEM para se pronunciar sobre o assunto?! Por maioria de razão e fins devidos, não competiria ao sr. Chefe do Executivo interceder, atempadamente, pelas legítimas aspirações dos referidos pensionis-tas? Porque foram parte integrante no acordo estabelecido entre o Governo português e o Governo de Macau, ora Região administrativa Especial de Macau, que é representada pelo sr. Chefe do Executivo!

Sendo certo que o dinheiro, que foi envia-do pelo Governo de Macau à Caixa Geral de aposentações e que, em termos orçamentais, constituía despesas consignadas, por isso, des-tinadas a um único fim, qual seria o pagamento das pensões e dos subsídios de natal e de férias aos pensionistas, cuja satisfação tinha ou teria sido calculada para um largo número de anos, e tendo em atenção que muitos dos pensionistas já faleceram, e porque dos cofres do Governo de Macau saiu muito dinheiro para a cobertura das correspondentes despesas, não seria caso para que o Chefe do Executivo do Governo da RaEM, no uso de sua competência, intercedes-se pela continuidade do pagamento dos subsí-dios referidos, que se encontram suspensos, em desfavor dos ditos pensionistas? daí que as duas associações, aTFPM e aPoMaC, terão de, para os fins devidos, accionar as suas petições junto do Chefe do Executivo da RAEM.

Porém, não chego a perceber o que preten-deu o sr. Fão atingir na sua missiva publicada em 7 de Fevereiro corrente, quando declara: “Perante uma sentença [que deve ser lida por acórdão] do Tribunal Constitucional, que joga

a nosso favor...” Terá o sr. Fão uma palavra a dizer sobre essa questão que julgo pertinente colocar-lhe”.

Fiquem cientes, caros leitores e pensionistas, de que, o sr. Jorge Fão procedeu mal, mesmo, muito mal, quando a dado momento das suas declarações conclui que “eu também estou me-tido [não certamente em sarilhos] neste barco, mas nunca iria reivindicar coisa nenhuma”, referindo-se à questão de subsídios aludidos. Sem medir a intensidade das suas palavras até porque as declarou na qualidade de presidente da assembleia Geral da aPoMaC, reputo tratarem-se duma afronta às necessidades dos pensionistas.

Por essas razões, considero-me, a partir deste momento, desligado da qualidade de sócio da APOMAC. Só que irei apresentar, formalmente, o respectivo expediente.

II

aproveito esta oportunidade para felicitar o dr. José Pereira Coutinho, digníssimo Presidente da aTFPM, por tudo o que tem lutado em nosso auxílio, quer dos pensionistas quer dos trabalhadores da função pública de Macau. Desejo melhores sucessos na sua difícil missão.

Aceite Senhor Director do Hoje Macau

os meus melhores cumprimentos,

Manuel de Senna Fernandes

1 - O Governo Popular Central autoriza a Região Administrativa Especial de Macau a tratar, por si própria e nos termos desta Lei, dos assuntos externos concernentes2 - Artigo 50 – no. 18) Compete ao Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau: Atender petições e queixas.(Havendo dúvida de interpretação, prevalece a versão chinesa).

carta ao director

um gr i to no desertoPaul Chan Wai Chi*

de Lincoln a Rabinlivro, estava míope. Lincoln é um grande homem que lutou contra tudo e contra todos para combater todo o tipo de dificuldades e desafios, superando as suas próprias limita-ções. Era um homem resoluto, focado num objectivo; era capaz de abdicar da própria vida para lutar pelos seus sonhos.

Os actores do filme retratam bem a vida de Lincoln, sem exagerar. a película não tem cenas intensas de guerra, mas os combates políticos estão bem destacados. Lincoln era tão perseverante na luta pelos seus ideais que conseguiu acabar com a escravatura. Estava aberto a negociações mas nunca abdicava dos princípios que defendia. o assassinato de Lincoln fez dele um autêntico mártir, defensor de uma causa nobre, na arena política. uma bala pode matar um homem, mas Lincoln é imortal.

o antigo primeiro-ministro de Israel

teve o mesmo trágico destino. Enquanto lutador heróico, percebeu que a guerra não é o melhor caminho para alcançar a paz. Mostrou-se disponível para negociar com os seus oponentes e disposto a abdicar dos montes Golan, com o objectivo de estabelecer a paz. Mas os radicais israe-litas acabaram com as suas aspirações e mataram-no com um tiro. o lugar onde foi morto, em Tel Aviv, é hoje um local de peregrinação. antes de me vir embora de Israel decidi ir visitá-lo sozinho. Embora rodeado de estranhos e sem conhecer a lín-gua, consegui chegar ao local, iluminado com velas, para prestar homenagem que deu a própria vida para defender as dos outros. Foi uma experiência inesquecível.

Lincoln e Rabin, foram homens que viveram em diferentes períodos da história, mas ambos sacrificaram a vida em defesa

da justiça e da paz. Será que os actuais líde-res políticos, que apregoam servir o povo, partilham o mesmo espírito de Lincoln e Rabin? Em jeito de homenagem a estes dois homens, e como um sinal de encorajamento para mim próprio, gostaria de acabar este artigo com o último parágrafo, do último discurso de Lincoln.

“Sem malícia para ninguém, com carida-de para todos, com firmeza nos objectivos, assim deus nos permita discernir o que está certo, empenhemo-nos em levar até ao fim o trabalho que estamos fazer, sarar as feridas da nação e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para acalentar a esperança de construir uma paz duradoura para todos nós e para todas as nações.”

*Deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

Q

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19opiniãosexta-feira 1.3.2013 www.hojemacau.com.mo

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Porque não é possível a um funcionário público, a um advogado, a um médico e a um jardineiro passarem a vida em conferências de imprensa, inventaram-se os jornalistas. São chatos e incomodam com questões e telefonemas, e vão atrás de gatos escondidos com rabos de fora e ligam e chateiam e aborrecem, mas a vida é assim

Um Jason Chao, dois problemas

Não consigo perceber o que passou pela cabeça dos agentes das forças de segurança cá da terra que, na semana passada, estavam junto à Torre quando Lei Kin Yun, activis-ta profissional, decidiu distribuir

panfletos a pedir democracia em Pequim e outras improbabilidades do género. o mais certo é, na realidade, não ter passado nada pela cabeça dos agentes em causa – de cada vez que Pequim envia um dos seus, tolda-se o raciocínio dos que estão cá no burgo, de tão empenhados que estão em cumprir o protocolo e garantir que as visitas regressam a casa com as mais extraordinárias impres-sões acerca de Macau, como se estes turistas VVIP não soubessem mais de olhos fechados sobre o território do que todos nós juntos de olhos bem abertos. Adiante.

o que se passou é grave por duas razões, que muito deram que falar durante esta semana. Desde logo, a atitude dos agentes da Polícia Judiciária, não identificados, em relação a Jason Chao (o líder da Associação Novo Macau que filmava a distribuição dos panfletos), a Lei Kin Yun e a mais um companheiro de luta, levados à força para a esquadra. Deter cidadãos para identificação e averiguações ao longo de quase cinco horas – como no dia seguinte explicou a polícia – é difícil de entender. Restringir o direito à liberdade é a forma mais severa de se castigar quem não cumpre a lei ou então de evitar que o perigo – o perigo real – acon-teça. Não me parece que, no caso concreto, estivessem reunidos os pressupostos para esta liberdade suspensa durante parte da tarde e início da noite.

Não assisti a este momento em que Macau se transformou na versão que eu não quero para Macau. Mas sei como foi – contaram-me. Foram jornalistas que me relataram o que aconteceu, jornalistas que lá estavam, que assistiram à detenção e que foram também alvo desta estranha forma de actuar das autoridades policiais – mas já lá vamos.

os jornalistas existem para que os cida-dãos com outras profissões possam saber o que está a acontecer no mundo – neste pequenino onde vivemos e nos outros todos que nos possam interessar. os jornalistas existem para contarem o que vêem e fazerem perguntas incómodas, as perguntas que pes-soas diferentes com ideias diferentes fariam se ali estivessem. Porque não é possível a um funcionário público, a um advogado, a um médico e a um jardineiro passarem a vida em conferências de imprensa, inventaram--se os jornalistas. São chatos e incomodam com questões e telefonemas e dúvidas, e vão

contramãoIsabel [email protected]

atrás de gatos escondidos com rabos de fora e ligam e chateiam e aborrecem, mas a vida é assim – e, bem vistas as coisas, mesmo os que não gostam deles não passam sem saber o resultado da bola de ontem à noite (que só está disponível porque há jornalistas nos estádios) e sem saber quando é que chega o próximo cheque do Governo (datas que só são públicas porque há jornalistas que fazem a cobertura da interessante e harmoniosa vida política de Macau).

os jornalistas que estavam à porta da Torre contaram o que se passou com Jason Chao & Activistas, mas estiverem prestes a não poder relatar a história toda. E isto

porque a polícia se lembrou de confiscar, apreender, tirar, arrancar ou surripiar das mãos dos jornalistas o tal panfleto que Lei Kin Yun distribuía no local. Houve uns que foram mais rápidos e que conseguiram guardar o documento – e foi assim que se ficou a saber ao que iam os activistas. Os (por identificar) agentes da Judiciária, com funções que consistem sobretudo em assegurar que se cumpre a lei, não tiveram qualquer prurido em fazer o que fosse neces-sário para evitar que os panfletos andassem por aí nas mãos desses inimigos públicos chamados jornalistas. Agiram assim porque podem fazê-lo: nunca se passa nada.

Seguiram-se as desculpas, pouco convin-centes: a versão inicial consistia em fazer crer que os agentes não tinham percebido que os portadores dos panfletos confiscados eram jornalistas, sendo que por força do rigoroso protocolo estavam identificados como tal; no dia seguinte, veio um invulgar mea culpa da Polícia Judiciária, um acto de contrição que, apesar de raro, atribui o sucedido a um mal-entendido e tenta dar o caso por encerrado. Da tutela, nem palavra por iniciativa própria.

o caso de Jason Chao & Activistas à porta da Torre vem levantar um outro pro-blema que, reconheço, neste contexto de actos inqualificáveis poderá parecer menos grave – mas que deve merecer reflexão. O líder da Nova Macau alega que estava no local onde tudo aconteceu na qualidade de jornalista – é director de uma publicação registada no Gabinete de Comunicação So-cial –, justificando assim a fúria que sentiu quando o arrastaram para um carro rumo à esquadra. Mais tarde, diz ainda Jason Chao, descobriu que as imagens que registou ti-nham sido apagadas.

Como é do conhecimento público, para se ser jornalista em Macau basta uma esfe-rográfica, um bloco de notas e um órgão de comunicação social que esteja disponível a aceitar o que se escreve. Ao contrário de outras jurisdições, não se exigem competên-cias específicas, nem formação académica ou profissional para se passar a escrever o cargo nos cartões-de-visita. É jornalista quem quer.

Ao que parece, Jason Chao juntou-se à classe. Mas há peles que são difíceis de despir. Sob pena de desrespeitar tanto o exercício da profissão quanto os agentes da PJ que se esqueceram dos direitos dos jornalistas, Jason Chao tem de tomar uma decisão: ou é político que organiza confe-rências de imprensa e se candidata à Assem-bleia Legislativa, ou opta por exercer uma profissão que, longe de se desejar apolítica, exige critérios mínimos de distanciamento em relação ao objecto que se noticia. No segundo sistema que a Lei Básica se lem-brou de incluir, convém não misturar alhos com bugalhos.

Duas décadas depois da promulgação da Lei Básica e com a RAEM a entrar na espinhosa adolescência, convinha que se esclarecessem rapidamente alguns porme-nores do sistema, que parecem escapar a políticos e a autoridades. A piada de Macau está na liberdade que tem – uma liberdade que implica conhecermos os limites e nunca nos esquecermos de que os outros também são livres.

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sexta-feira 1.3.2013www.hojemacau.com.mo

car toonpor Steff

IPIM recebe mais pedidos de residência de quadros dirigentes e técnicos especializados

Residência por aquisição de imóveis ainda na lista

Ratzinger obedienteBento XVI ofereceu ao futuro Papa a sua “incondicional obediência”. A promessa foi feita esta manhã, na despedida do conselho de Cardeais ao último dia de pontificado. “A partir de hoje [ontem] prometo ao futuro Papa a minha incondicional reverência e obediência”, disse Bento XVI aos cerca de 100 cardeais presentes. A frase, tal como a situação, define a rara situação: é o primeiro Papa a renunciar ao seu pontificado em sete séculos. “Nos últimos oito anos, vivemos com fé momentos de luz radiante no caminho da Igreja, mas também momentos em que algumas nuvens se escureceram no céu”, disse. O decano do Colégio Cardinalício, Angelo Sodano, agradeceu ao Papa os seus oito anos de pontificado.

António Costa defende regionalizaçãoO presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, defendeu ontem a regionalização, num contexto de reforma do Estado. Participando na conferência “Portugal - A Soma das partes”, em videoconferência, António Costa defendeu que a regionalização “não é espalhar serviços, é aproximar o poder das pessoas, num contexto da reforma do Estado para racionalizar e diminuir um conjunto de estruturas que se multiplicam”. Por isso, o autarca considerou que é pertinente o Estado passar competências para as regiões, tal como o Estado passar competências para os municípios e os municípios passarem para as juntas de freguesia.

Emigrantes vão cantar “Grândola”Os emigrantes portugueses em Londres vão manifestar-se amanhã junto à embaixada de Portugal, ao som de “Grândola Vila Morena”. Os portugueses que se encontram na região londrina vão usar a música de José Afonso, que tem sido recorrente nos últimos protestos contra o Governo em Portugal, para mostrarem o seu descontentamento. Os manifestantes deverão ainda deixar cartas no local, nas quais explicarão os motivos que os levaram a sair de Portugal e procurar oportunidades noutros países.

Hollande agradece apoio a PutinO presidente francês, François Hollande, agradeceu, esta quinta-feira, ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, pelo apoio da Rússia às acções militares no Mali e à retirada das tropas francesas do Afeganistão. “Desde os primeiros dias apoiou as nossas acções militares no Mali. Compreendeu a componente mundial da luta contra o terrorismo, que tem lugar actualmente. Sei que a Rússia irá apoiar esta missão de manutenção da paz nas próximas semanas”, afirmou Hollande, de visita a Moscovo. O chefe do Estado francês aproveitou ainda a visita a Putin para também lhe agradecer “por ter ajudado a retirar os armamentos do Afeganistão”.

Professora torna-se modelo de lingerieChama-se Laura Butler, tem 26 anos e acumula os trabalhos de professora e modelo de lingerie. Professora de psicologia, Butler venceu um concurso de uma marca de lingerie, em Birmingham, e foi-lhe proposto fazer carreira no ramo. Surpreendeu alunos, pais e colegas ao abraçar a nova profissão. “A satisfação do trabalho de modelo é diferente da satisfação que obtenho quando estou a ensinar, é algo que faço por mim”, contou a jovem ao jornal The Mirror, garantido que contou com o apoio da família e dos amigos no novo trabalho.

Anastacia com cancro da mamaA cantora Anastacia cancelou a tournée europeia que tinha marcada, depois de lhe ter sido novamente diagnosticado cancro da mama. “Anastacia foi, infelizmente, diagnosticada com cancro da mama pela segunda vez depois de ter sobrevivido com sucesso à batalha contra a doença em 2003”, foi revelado na página do Facebook da cantora. Na mesma mensagem lê-se que a artista se viu forçada a cancelar os concertos que tinha em agenda, devido a esta situação.

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Joana [email protected]

o Instituto de Promoção do Comércio e do In-vestimento de Macau (IPIM) recebeu menos

pedidos para fixação de residência temporária em 2012, mas os reque-rimentos metidos por quadros di-rigentes e técnicos especializados aumentaram em meia centena. os dados dizem apenas respeito ao primeiro semestre do ano passado.

de acordo com os números ontem publicados pelo próprio organismo, o IPIM recebeu um total de 540 pedidos de fixação de residência temporária relativos a quadros dirigentes e técnicos especializados, mais 50 do que no ano de 2011, e 84 pedidos por “investimentos e projectos

de investimento relevantes”, uma subida de 19 pedidos em comparação com o ano anterior.

Quadros dirigentes e técni-cos especializados correspon-dem, assim, a 86,5% do total dos 624 novos pedidos para fixação de residência no terri-tório. Contudo, só 240 foram aprovados. também na área dos investimentos relevantes, apenas oito pedidos foram aceites. Números que mostram que menos requerimentos foram aprovados em relação a 2011.

ainda de acordo com os dados apresentados pelo IPIM, houve 4764 renovações e 483 pedidos de extensão ao agregado familiar. o IPIM recebeu, ao todo, 5277 pedidos de morada na RaEM, menos 1586 do que em 2011.

Em abril de 2007, foi sus-pensa a recepção de pedidos de fixação temporária por aquisição de bens imóveis. Contudo, desde antes da entrada em vigor do despacho, já se somavam mais de quatro mil casos deste tipo, que estão a ser processados sucessi-vamente. “Não foram registados nenhum caso de pedido de fixa-ção de residência por aquisição de bens imóveis em 2012, [mas há] 22 casos processados nesse ano que dizem respeito a pedi-dos registados antes do dia 4 de abril de 2007. actualmente ainda faltam oito pedidos de fixação de residência por aquisição de bens imóveis que se encontram em fase de análise devido à verificação dos documentos de identidade e das habilitações académicas dos requerentes.”