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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 5 - nº 43 - Julho/2004 Distribuição Gratuita Humberto deCampos ( Irmão X ) Nesta seção buscamos o entendi- mento em prosa de versos dos autores à Luz da Doutrina Espírita Cantinho do Verso em Prosa - Página 15 Kardec em Estudo Família Fuga da Família Página 3 Livre Arbítrio Felizes os que têm Deus Página 14 Página 13

Humberto deCampos( Irmão X - Núcleo de Estudos ... · Falar ou escrever sobre a vida de ... Ele se comprazia ao ler os livros de Olavo Bilac, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho

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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 5 - nº 43 - Julho/2004 Distribuição Gratuita

Humberto deCampos ( Irmão X )

Nesta seção buscamos o entendi-mento em prosa de versos

dos autores à Luz da Doutrina Espírita

Cantinho do Verso em Prosa - Página 15

Kardec emEstudo

FamíliaFuga da Família

Página 3

Livre Arbítrio

Felizes os quetêm Deus

Página 14 Página 13

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editorialEditorial

Publicação mensaldoutrinária-espírita

Ano V – nº 43 – Julho/2004Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737

Seareiro é uma publicação mensal, desti-nada a expandir a divulgação da doutrina espírita e manter o intercâmbio entre os interessados em âmbito mundial. Ninguém está autorizado a arrecadar materiais em nosso nome a qualquer título. Conceitos emitidos nos artigos assinados refl etem a opinião de seu respectivo autor, podendo mesmo ser contrários aos da revista. Todas as matérias podem ser reproduzidas desde que citada a fonte.

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Jornalista ResponsávelEliana Baptista do Norte

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DiagramaçãoBeiby Brindes Produções

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Arte e ImpressãoVan Moorsel, Andrade & Cia Ltda

Rua Souza Caldas, 343 – BrásSão Paulo – SP

CNPJ: 61.089.868/0001-02Tel.: (11) 6097-5700

Tiragem8.000 exemplares

Distribuição Gratuita

Nestes dois anos de desencarne do nosso Chico Xavier, este missionário do Cristo, a quem deveremos pela eternidade por todo o seu trabalho em favor de toda a nossa humanidade, estejamos encarnados ou desencarnados, e que nos trouxe por sua mediunidade 412 obras de pura luz, temos que refl etir quanto a nossa posição na tarefa que está nos sendo confi ada, após recebermos tanto do Mais Alto. Contrariamente a todos os ensinamentos de Kardec e os destas obras psicografadas pelo nosso Chico Xavier, quantos equívocos nós espíritas temos cometido, em nome do Cristo, em nossas tarefas que poderiam ser redentoras, e que passaram a ser comprometedoras. Diferentemente do que fi zeram os apóstolos e seguidores do Cristo naquela época, que levavam os seus ensinamentos a diversas partes do mundo de então, caminhando até por milhares de quilômetros, com os seus próprios recursos, atendendo às oportunidades de esclarecermos as criaturas em nome Dele, vemos alguns de nós, que nos denominamos “oradores espíritas”, sentirmo-nos no direito de cobrar para serem ouvidos ou fazendo exigências de hospedagem, transporte e até mesmo de alimentação a nos ser servida, negando os próprios ensinamentos do Mestre, que nos ensina a “dar de graça o que de graça recebemos”, não se restringindo, neste ensinamento, apenas à mediunidade. Sempre se tem alguma desculpa para tais cobranças, alegando despesas necessárias, falta de recursos, mas despesas estas que teriam que ser suportadas pelo próprio tarefeiro, que está tendo a oportunidade de espargir as luzes do Evangelho do Cristo às outras criaturas e a outros lugares, e que muitas vezes acabam por não fazerem com fi delidade aos ensinamentos cristãos, tal o equívoco a que nos arrojamos quanto às exigências feitas, satisfazendo aos nossos instintos, principalmente à nossa vaidade. Será que o Mestre em suas peregrinações e pregações se referiu em algum momento a valores materiais? Certamente que não! No trabalho com o Cristo, os recursos, inclusive os materiais, são supridos pelo Mais Alto, que também tem interesse nas tarefas de esclarecimento, bastando que tenhamos fé de que o Pai atenderá às necessidades e trabalharmos incessantemente, sem que tenhamos que ser um peso a quem quer que seja, na divulgação dos Seus ensinamentos. “Deveremos ir até onde o nosso bolso alcançar” — nos dizia o nosso companheiro Roque Jacintho. Se temos algum conhecimento cristão para transmitir a outrem, não foi que o adquirimos para podermos “vendê-lo”, e sim nos foi concedido pelo Mais Alto, por obra da Misericórdia Divina para que, além de nos auxiliar para o nosso próprio crescimento espiritual, possamos levá-lo às outras criaturas a fi m de esclarecê-las e libertá-las do jugo da ignorância que as escraviza, mas desde que seja com o nosso próprio esforço e condição, inclusive a material, e não criarmos exigências que atendam à nossa vaidade e ao nosso orgulho. Fazermos quaisquer exigências para cumprirmos uma obrigação que nos é própria, que nos ajudará a resgatarmos os nossos débitos de um passado culposo, e ainda tendo a oportunidade de auxiliar o Cristo na tarefa de esclarecimento e difusão de sua Doutrina, é no mínimo não termos entendido os seus exemplos e ensinamentos e, ainda querermos ensinar aos outros, nos comprometendo por muitos milênios com o próprio Cristo, por fazermos mau uso dos talentos que nos foram confi ados. Por isso, devemos fi car atentos “se todos os espíritos vêm de Deus”, porque aquele que quer se evidenciar na tarefa cristã que lhe compete, e acreditar ter que ser atendido nas suas satisfações inferiores, se esquece de que o Cristo veio para servir e não para ser servido, e nós devemos seguir o seu exemplo. Não deixemos nos enganar quanto a estes equívocos que qualquer um de nós está sujeito a cometer, quando não nos mantivermos em vigilância e orando em favor de nós mesmos, para que não erremos até muito mais que àqueles a quem possamos apontar o dedo de reprovação. “Vigiai e orai” – nos ensinou o Mestre Jesus.

3Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

personagem do mesPersonagem do Mês

Humberto de Campos ( Irmão X )Dona Anna, sua mãe, fica então, viúva ainda moça, com

trinta anos de idade e com dois filhos para criar e mais os filhos ilegítimos, pela infidelidade do senhor Veras ao casamento. Entretanto, dona Anna fazia questão que o marido cuidasse dessas crianças, dando-lhes o necessário. Ela continuou fazendo o mesmo após a morte do marido.

Humberto foi um menino triste, impulsivo, rebelde e muito fechado. Talvez pelas dificuldades enfrentadas por sua mãe, para criar a família e, também pelo seu próprio espírito de difícil comunicação com os outros.

Aos sete anos foi matriculado na escola primária. Foi horrível para ele freqüentar a escola. Seu coração

parecia querer pular para fora, quando o professor Agostinho Simões entrava na sala de aula.

O medo se apossava do interior daquele menino, que se sentia tão inseguro e tão sozinho. Fugia sempre que podia das aulas, embora as surras que levava de sua mãe para voltar para a sala de aula.

Mas Humberto de Campos completou o primário em Parnaíba, no estado do Piauí para onde se mudaram. As dificuldades cresciam e, em 1896, ele precisou sair da escola para trabalhar.

A vontade de escrever começou a se tornar o grande desejo desse menino. Ele não conseguia entender como isso estava sério em sua vida e, justamente agora que a vontade de aprender a escrever se manifestava tanto em si, é que ele teria que abandonar os estudos, para ajudar a colocar a comida em casa.

Dona Anna consegue para ele o emprego de ajudante de alfaiate. Em pouco tempo, ele já sabia chulear com perfeição. Pregava botões e passava a ferro os ternos, para serem entregues.

Alguns meses depois ele consegue voltar aos estudos, e troca o emprego de ajudante de alfaiate, pelo balcão da casa comercial de seu tio Emidio Veras.

A vida do jovem Humberto, agora com treze anos, estava marcada por vários acontecimentos, experiências por vezes graves, como o roubo que fizera no caixa do local de seu trabalho.

Isto porque, sendo a precariedade muito grande em face das necessidades da família, e sua vontade imensa em escrever e ter o material para seus estudos, foi o que levou a essa travessura que lhe causou muitas amarguras.

Dona Anna, ao tomar conhecimento deste fato, pelo qual

Mais uma vez estamos diante de um grande vulto do Mundo Espiritual. Falar ou escrever sobre a vida de Humberto de Campos, reencarnado ou desencarnado, é de uma responsabilidade enorme, pois é mais um exemplo de dedicação na vida espiritual, após aceitar a renovação e, portanto, a aceitação do Evangelho em seu mundo interior.

Humberto de Campos reencarnou no lar do senhor Joaquim Veras e de dona Anna de Campos. Isto se deu na cidade de Miritiba, no estado do Maranhão.

Era o dia 25 de Outubro de 1886.Miritiba era uma cidade pequena, distante

aproximadamente oitenta quilômetros de São Luis. De difícil acesso, pois não havia estradas, o que dificultava chegar até lá, pois a areia tomava conta de tudo, e a formação de dunas, tornava mais confuso o caminho, pois o vento soprava constantemente, mudando o acesso até lá.

E foi neste lugarejo, onde o centro da cidade possuía a igreja Matriz, a Prefeitura, a Delegacia e uma escola, que cresceu Humberto de Campos.

Ao completar seis anos, o senhor Joaquim Veras, despede-se da vida material. Poucas, portanto, são as lembranças dele, do pai. Apenas que era um ótimo cavaleiro, pois fazia muitas viagens à cavalo para comprar gado e cereais, que depois comercializava em São Luís.

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passou muita vergonha, não quis empregá-lo no comércio, pois achava que o fato já havia sido esparramado, mas para que não ficasse ocioso, fê-lo aprender a trabalhar na máquina de fabricar meias, confecção essa realizada por sua mãe e duas tias. Humberto se deu bem, pois muitas senhoras usavam as meias, que sem o saberem, eram feitas pelas mãos daquele que, no futuro, seria mais um a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

Após isto, ele foi aprender e trabalhar numa tipografia. Embora feliz por aprender justamente o que lhe satisfazia o imo da alma, ficava lamentando-se por limpar velhos tipos, letra a letra, para depois distribuí-las nas caixas respectivas para serem usadas no jornal da época: “O Comércio”.

Humberto achava tudo aquilo ultrapassado, antigo demais. Gostaria de ter mais conhecimento sobre o assunto, para poder utilizar melhor o seu tempo. Quem sabe até fazer reportagens?

Porém, tinha que voltar à realidade, era pobre e, como simples operário, que ganhar o pão de cada dia sem reclamar , e isto, era motivo de grande revolta em sua alma.

Os anos foram passando, dias bons e maus na vida de Humberto. Ele se comprazia ao ler os livros de Olavo Bilac, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho e Coelho Neto, que faziam parte, alguns, da estante de livros de seu primo Canuto Veras.

Assim corria o ano de 1902.Vários empregos como tipógrafo, pouco dinheiro,

várias idas e vindas de um lugar para outro e a vontade de bater de frente com a vida. Já estava cansado de tantas promessas de bons empregos. Decidiu viver sozinho e morar num igarapé, fazendo o possível para espantar os jacarés que à noite vinham atraídos pela luz do lampião, que ele acendia para poder ler e estudar. Chegou a fazer cópia de um dicionário, emprestado da biblioteca, em papel de embrulho, para aprender a língua portuguesa.

Humberto encontrava-se mais solitário do que nunca. Pensava no vazio de sua vida. Aquela luta e sofrimentos, por quê? Que teria que fazer para mudar o rumo de seu destino?

A saúde do corpo também estava tão frágil. Sentia a perna inchada e dolorida. Não podia ir ao médico; também pouco adiantaria, pois não poderia comprar remédios! Assim pensando, andava pela rua central. Repentinamente, ouve suave música; para e procura sentir de onde vem. Ele estava diante da Catedral, que nessa hora estava lotada de fiéis, que assistiam a missa do entardecer. Humberto pensou: “preciso encontrar Deus!”

Entrando na Igreja, ele viu as pessoas rezando. Uns de olhos fechados, compenetrados em suas preces. Outros comovidos, ouvindo e vendo os rituais da missa e enlevados pela música que o órgão transmitia, invadindo

os corações. Somente ele, pensava, somente ele não conseguia orar, porque não tinha exercitado a fé. Por isso não encontrava Deus. Seus pensamentos estavam em reviravoltas. Saiu correndo, alcançando a rua. Uma vertigem começou a nublar seus olhos e ele apoiou-se a uma porta fechada, e cobriu o rosto com as mãos. Chorou, chorou amargamente, chamando a atenção dos que passavam sem parar, sem preocuparem-se com o sofrimento daquela criatura que, desesperada, clamava para que Deus tomasse conta de sua vida, de seu coração. Assim permaneceu por longo tempo.

Com o passar dos meses, a vida desse homem começou a tomar novos rumos. Não sabia explicar mas, uma força interior o animava. Arrumou novo emprego. Tornou-se jornalista.

Expunha suas idéias de maneira simples e convincente. Ganhou muitos leitores que elogiavam sua coluna, que abrangia fatos reais e defendia o povo sofrido.

Chegou a ser o redator político do “Província do Pará”, um jornal que defendia a política e que era comandado pelo governador Lemos. Com todo esse envolvimento e bem aceito pelos políticos, Humberto de Campos chegou a ocupar o cargo de secretário da Prefeitura de Belém. Tudo melhorara em sua triste vida. As amarguras ficaram para trás. Estava agora com 23 anos, que para ele pareciam o dobro, por tantas experiências duras que passara.

Por esta época, Humberto, já tranqüilo, começa a pensar em ter uma família. Já prestando mais atenção às moças que passavam ao seu redor, depara com uma jovenzinha chamada Catharina Paiva Vergolino. Após o namoro um pouco tumultuado, pois os pais da jovem (como todos os pais) temiam em entregar a filha a um desconhecido, ainda mais tendo ela apenas 15 anos, mas venceu o amor e tornaram-se noivos. Os noivados dessa época não podiam ser longos, para não manchar a honra da moça caso fosse desfeito o compromisso. Mas o casamento teve de ser alterado na data, porque o movimento político do país estava tomando rumos violentos.

O senhor Lemos, Governador de Belém, fora deposto e seus protegidos foram perseguidos. Seus nomes estavam colocados em cartazes para serem banidos, caso encontrados, sabe-se lá como. E o nome de Humberto

Humberto de Campos e sua esposa D. Paquitalogo após seu casamento em 26/10/1913

5Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

de Campos era o primeiro da lista. Humberto teve que fugir, auxiliado pela família da noiva, indo para o Rio de Janeiro.

Casou-se por procuração, pois a noiva, para não levantar suspeitas, continuou em Belém, esperando baixar a poeira.

Passado o tempo, dona Paquita, esposa de Humberto, que assim era chamada pela família desde pequena, reencontra o marido e passam a fixar residência em Niterói. Tiveram três filhos: Maria de Lourdes, Henrique e Humberto.

Daí para frente, a carreira dele deslanchou rapidamente. Com o pseudônimo de Conselheiro XX, publicou uma série de onze livros. Colaborou em vários jornais. Foi crítico literário e muito respeitado.

Sob esse aspecto escreveu quatro volumes com o nome de “Críticas, Carvalhos e Roseiras” em dois volumes. Escreveu também um livro de contos infantis com o nome de “Histórias Maravilhosas”, que foi editado pela famosa revista da época “Tico-Tico”.

Humberto conseguia ler os autores franceses e gostava muito de mitologia, que diga-se de passagem, tinha profundo conhecimento.

No amanhecer do dia 20 de julho de 1917, Humberto sente febre e vômito. Seu sono havia sido agitado. Ao consultar o médico, Afonso Mac-Doruel, diz-lhe que se fazia necessário ouvir o Dr. Jorge de Gouveia, um especialista em doenças renais, que constata uma infiltração urinária que precisaria ser tratada, ou caso fosse necessário, uma cirurgia. Mesmo doente, ele continua trabalhando. As dores são terríveis e o tratamento também.

Mas isso era o início de grandes dissabores futuros, dessa doença que estava se instalando em seu organismo.

Em 8 de maio de 1920 ele é condecorado como membro da Academia Brasileira de Letras, sendo o mais jovem acadêmico. Ao ser empossado na Academia, de São Paulo o futuro presidente da República, Washington Luís, declarava por seu representante, o deputado Carlos

de Campos, ser ele, Washington, seu leitor assíduo e profundo admirador de seus feitos como político e escritor. Estava Humberto com 34 anos. Após este acontecimento ele é eleito Deputado Federal pelo Estado do Maranhão, sendo reeleito em 1926.

Sua saúde estava cada vez mais precária. O doutor Mac-Doruel, não consegue dissimular a preocupação e o avanço da doença. Pede ele, para que Humberto reduza as horas de trabalho e procure repousar, enfatizando que a qualquer momento ele poderia ficar cego ou paralítico, pois havia sido constatada a atrofia da hipófise.

Apesar de toda essa tristeza para os seus familiares e dele próprio, um bom acontecimento surge para a família: a oportunidade da casa própria. Já havia o disponível para poderem construir a tão esperada moradia, sem o pesadelo do aluguel.

No dia 18 de setembro de 1929, consegue a família mudar-se para o novo endereço no Andaraí, na rua Amaral, nº 27. A principal preocupação de Humberto eram os seus livros, que perfaziam um total de 4.000 obras, onde agora ele poderia tê-los num escritório, com estantes próprias, para que ele pudesse folheá-los quando fosse necessário, e isso era sempre, pois constituíam seus verdadeiros tesouros.

A grande preocupação dele era a morte. Sentia que ela se aproximava. Mas, quanto tempo ainda lhe restaria? Ainda bem que aprendera a respeitar a Deus. Sabia, após aquele dia, que algo novo lhe despertou no interior, mas o que realmente seria? Ele respeitava as religiões, mas quando criança, o que havia aprendido sempre lhe causava pavor, pois se fizesse coisas erradas seria castigado por Deus e iria para o inferno. Onde o inferno? Seria pior do que ele já havia passado? Não condenava o que tinha recebido de sua mãe, como forma de se dirigir a Deus. Mas com todas as dificuldades materiais, não tivera tempo para pensar nisso. Refletindo em tudo, achava-se um homem bom, pois nunca desejara o mal a ninguém. Que lembrasse, o único mal que havia feito fôra roubar seu tio, quando trabalhava para ele, mas pagara bem caro por tudo; achava que já estava quites com Deus. Por isso, continuava em sua reflexão: “Deus onde estiver, há de reservar-me um bom lugar no outro mundo”.

Realmente estas reflexões eram constantes nele. Jamais ele levou aos filhos a idéia religiosa, pois ele estava distante disso. Mas ele estava atrás da verdade. Era bastante culto, estudava muito, conhecia agora a história das religiões fundamentadas em suas crenças. Num de seus livros, que nos parece ser o “Notas de um Diarista”, ele escreveu um rápido comentário a respeito do espiritismo. Eis o trecho: “O espiritismo é, atualmente, das religiões ou alusões permitidas, a única, talvez, que ainda faz milagres. Abatido pelo sofrimento, sugestionado pela esperança, aquele que a ele recorre já leva, no coração

Esposa e filhos de H. de C (esq. / dir.) Henrique, Humberto,D. Paquita e Maria de Lourdes. 1924

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ferido, metade do milagre”.Enquanto as dúvidas sobre a religião pairavam em sua

mente, o corpo físico de Humberto padecia cada vez mais. As dores eram insuportáveis, os pés inchados, perda parcial da visão, problemas com a próstata, dores renais contínuas e o atrofiamento da hipófise, causadora de todos esses males, palavras dos médicos que o atendiam e o tratavam seguidamente.

Seu amigo íntimo, Dr. Paulo César, que já havia assistido e participado da primeira cirurgia, sugeria uma segunda, aproveitando a passagem pelo Brasil, vindo da Alemanha, do famoso médico urologista, Dr. Lichtenberg, que sabedor do caso pelo próprio Dr. Paulo César, dispôs-se a realizar a operação. Conhecendo pelos livros editados o grande escritor Humberto de Campos, dizia ser uma honra ajudá-lo no que fosse possível, embora mesmo sem vê-lo, mas sabedor do caso grave do escritor pelo Dr. Paulo César, estaria a disposição, para consultá-lo e dar seu parecer médico.

Consultada a família, dona Paquita, esposa sempre presente, corajosa e lutadora, transmitiu ao companheiro suas esperanças em se submeter à nova cirurgia. Ela sabia que a grande preocupação dele era a condição restrita vivida por sua doença, mas ela o informava que se tranqüilizasse, pois nada faltaria aos filhos, pois sempre soubera enfrentar os infortúnios.

Diante disto, Humberto, muito debilitado, foi internado na Casa de Saúde Doutor Eiras, em Botafogo. Este era o dia 5 de dezembro de 1934. Ele estava com 48 anos.

A cirurgia corria normalmente, quando o cansado coração do escritor vem a apresentar um colapso cardíaco. Embora todas as medidas urgentes fossem realizadas, Humberto de Campos, parte para uma nova etapa de sua vida, desta vez no Além.

O velório foi designado à Academia Brasileira de Letras, de onde seguiu o corpo para ser enterrado no

Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.Humberto de Campos continua mais vivo do que nunca.

Suas obras aí estão, vindas pelas mãos do grande médium Francisco Cândido Xavier. Ele, de material nada deixou. Reencarnou vivendo na pobreza, e partiu da mesma forma. Mas amealhou a maior riqueza, que foi a do saber, da cultura e da inteligência e, como autodidata, conseguiu passar seus ensinamentos grafados em livros, de grande conteúdo filosófico e literário.

Como espírito, todo seu aprendizado e a aceitação da continuidade da vida, onde pôde aperfeiçoar-se na religiosidade, entendendo mais da ciência e da filosofia, encontrando Deus, após algum tempo na espiritualidade.

Humberto, embora despojado da veste carnal, continuava com as dúvidas do além-túmulo. Gostaria muito de sentir florescer a fé em seu coração, mas a tristeza dos momentos difíceis e dolorosos que passara na Terra, não o abandonavam.

Tentava lembrar dos livros sobre o Espiritismo, quando estes chegaram em suas mãos, onde pôde constatar a “magia” do consolo. Sim, porque para ele, querendo ainda entender, só poderia ser mágico um espírito comunicar-se com um ser vivo. Como? Lembrou-se também quando foi procurado para analisar o livro “Parnaso do Além Túmulo”, com poetas já mortos, e que o espantou tremendamente, por conhecer os estilos e feitos das poesias ali contidas, que sem dúvida alguma, eram pertencentes às assinaturas e originais, como Castro Alves, Olavo Bilac, Guerra Junqueiro etc. e que vieram pelas mãos mediunicas de Francisco Cândido Xavier, um operário humilde e pouco conhecedor da língua portuguesa, aquilo era inédito aos seus olhos. Pensava ainda, que era horrível a condição de fantasma, pois uma visita de um morto, a qualquer familiar ou amigo, era assustador. Mas, pensava relutando com seus próprios pensamentos: “terei que sobreviver, mesmo como fantasma”!!

A vantagem maior, dizia Humberto em espírito, era que dali para frente escrevendo suas crônicas, ele não precisaria mais dos editores e correr atrás para que a edição fosse realizada.

O contato de Humberto de Campos com Chico foi muito interessante, pois este veio a conhecê-lo através de um sonho, onde Chico encontrava-se num local desconhecido para ele. Viu uma árvore muito bonita, que com o refletir do sol, dava a aparência em suas folhas de serem feitas de cristal. Haviam muitas pessoas ali reunidas, quando um senhor veio ao seu encontro e perguntou:

— Então é você o menino do Parnaso, que ocasionou tanto alarido no meio dos intelectuais, sobre a originalidade das poesias, recebidas por seu intermédio? Chico relata que não conseguiu lembrar-se da continuidade do sonho, mas daí para frente começa a receber suas mensagens psicografadas e os livros mediunicos, por esse escritor que

Casa em que Humberto de

Campos morou em Parnaíba - PI

7Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

amparado, sem ver quem lhe dá assistência, e só consegue entrever em seu desequilíbrio, após o desencarne, que é conduzido a um enorme casarão, muito confortável e imponente, e parecido com os antigos palácios romanos. Termina, Humberto, esta longa descrição do mundo espiritual onde se encontra, com estas palavras: “Então Senhor, como já puseste lume nos meus olhos, que ainda choram, plantarás o lírio da paz no meu coração, que ainda sofre e ainda ama”.

Neste mesmo livro, outra passagem interessante contada por ele. Diz Humberto, que muitos são os desencarnados que quando ocuparam o corpo no plano físico, trabalharam intensamente na Federação Espírita do Rio de Janeiro, na chamada “Casa de Ismael”. Pois bem, estava ele, Humberto, à porta dessa instituição, localizada na Avenida Passos, quando notou a presença do conhecido espírito de Pedro Richard, que fôra defensor ferrenho do Espiritismo e grande colaborador nessa casa. Repentinamente, vê que um espírito, trazendo ainda o desequilíbrio marcante em seu espírito perverso, tentar induzir encarnados à prática do roubo.

A rua fervia de pessoas apressadas, voltadas para seus afazeres. Pedro Richard observa e tenta através da prece, induzir o espírito para entrar na Federação. Como não obtinha resposta, vai ao encontro do rapaz e abrindo os braços, clama:

— Venha irmão, venha comigo para receber as bênçãos de Jesus. Entra comigo neste recinto de paz, para o banquete de luz.

— Eu... por quê? Não vê que sou ladrão e bandido, que já trouxe muitas vidas para cá, matando-as? Como vê, não pertenço a essa sua sociedade, e nem quero conhecer esse seu Jesus!!

— Como irmão, que não conheces? Ele salvou Dimas, o mau ladrão, que errou como você. Abençoou e o perdoou, pois Dimas após ouvir Jesus, arrependeu-se de seus pecados, tornando-se um digno trabalhador do Cristo, ajudando a resgatar almas iguais às suas. Venha, não tarde esse momento — dizia o velhinho meigamente.

— Não, eu sou muito mau, não há perdão e nem paraíso para mim, sou um deficiente da moral, deixe-me, por favor.

Mas, Richard, aproxima-se cada vez mais do espírito mau, e abraçando-o diz lhe ao ouvido:

— Venha filho, Jesus salvou e o mau ladrão ficou bom e Maria de Nazaré, salvou o outro também. Lembra que Jesus foi crucificado entre dois ladrões? Por misericórdia de Deus tiveram eles, de ter Jesus em meio aos dois.

Finaliza esta história, contando Humberto, que tudo assistia à distância, que o rosto do pecador, banhado em lágrimas de arrependimento, seguiu abraçado a Pedro Richard, ao recinto de luz.

Estas e outras mensagens de Espíritos Superiores,

Chico diz tivera a honra de conhecer, naturalmente pelo seu desprendimento espiritual.

Dali para frente, Humberto deixa de assinar seus escritos como Conselheiro XX, para assinar, pelo menos nos primeiros livros recebidos pelo médium, como Humberto de Campos.

Seu estilo se renova, deixa de ser polêmico e político, para colocar em pauta seu aprendizado com a vida espiritual, num mundo onde as fantasias e ansiedades deixam de existir. Agora, ele também sabe traduzir seus sentimentos, já renovados. Sabe amparar e compreender os sofrimentos seus e do próximo, pois com todos os ensinamentos espirituais, aprendera a encontrar Deus, sob a égide do Evangelho de Jesus, que tem em Humberto de Campos, seu maior propagador. Vide o maravilhoso livro mediúnico recebido pelo Chico, com o título de “Boa Nova”, onde ele relata as passagens com os grandes exemplos que o nosso Mestre Jesus deixou-nos, com a sua encarnação sobre a Terra. São páginas tão contundentes, que emociona pela veracidade dos fatos, tão bem descritos por Humberto.

Para ilustrarmos melhor esta aproximação do escritor com o Cristo, inserimos aqui um trecho do 1º capítulo do livro Boa Nova, onde ele diz: “Ia chegar à Terra o Sublime Emissário. Sua lição de verdade e de luz ia espalhar-se pelo mundo inteiro, como chuva de bênçãos magníficas e confortadoras. A Humanidade vivia, então, o século da Boa Nova. Era a “festa do noivado” a que Jesus se referiu no seu ensinamento imorredouro”.

Outra jóia literária, escrita em diversas mensagens, por Humberto de Campos, está no livro “Palavras do Infinito” cuja 2º edição, esgotada rapidamente, em 1936. No prefácio o amigo sempre fraterno de Humberto, o Dr. João Batista Pereira, deixa claro que as mensagens dos chamados “mortos” trazem para a Terra a certeza absoluta da continuidade da vida; a exemplo textos magníficos onde Humberto de Campos descreve o desenrolar da sua nova existência na espiritualidade, e chama a atenção do público para a mensagem recebida por Chico Xavier, com o título de “Um Casarão do Outro Mundo”, datada em 27 de março de 1935, em Pedro Leopoldo. Nesta mensagem ele relata seus desencontros e as tristezas trazidas da Terra. Vê-se

Foto panorâmica da cidade de Parnaíba - PI

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e mediadora, continuando a trocar correspondências com o médium, como se nada houvera acontecido.

Para a Federação, embora os possíveis problemas, ganhou a causa judicialmente, continuando a editar os livros de Humberto de Campos, que para sanar qualquer outro fato futuro, passou a assinar seus livros e mensagens com o pseudônimo de Irmão X, o que trouxe tranqüilidade também para o médium, que nunca ganhou um só centavo em toda a sua existência, dos direitos autorais dos livros editados, pois dizia ele, não lhe pertencer nenhuma idéia ou assunto, relacionados nos mesmos. Deixava os direitos, para que os editores, revertessem o ganho em prol do próprio livro.

Dona Anna Veras, mãe carnal do nosso Humberto, desencarnou no dia 5 de dezembro de 1954, exatamente 20 anos após o regresso do filho ao plano espiritual. Viveu 92 anos com dignidade e espírito caritativo, e resignada diante dos acontecimentos terrenos.

Recordando ainda as maravilhosas lições, passadas por

foram compiladas neste livro, como Nilo Peçanha, Antero de Quental, Carmem Cinira, Hermes Fontes, Guerra Junqueiro, Emmanuel e outros, trazendo respostas magníficas, para nossas perguntas inquietantes.

Já nesta altura dos acontecimentos, os livros psicografados pelo Chico, em nome de Humberto de Campos, começaram a trazer preocupações para os herdeiros dele, que indagavam a questão dos direitos autorais.

Dona Anna Veras, mãe do escritor, desde as primeiras mensagens do filho, tornou-se amiga íntima do médium, que por cartas enviadas a ele, falava do seu contentamento em saber notícias tão edificantes a respeito do filho. Ficou emocionadíssima ao receber o primeiro livro autografado pelo Chico, que lhe dizia do novo estilo e conhecimento de Humberto de Campos, no mundo espiritual. Dona Anna, apreciou muito o livro “Crônicas do Além-Túmulo”, sendo editado pela F.E.B. em 1937. Mas com referência a ação impetrada por seus familiares contra a Federação Espírita Brasileira, sobre os direitos autorais, ela se manteve serena

nosso Humberto, no livro “Crônicas do Além-Túmulo”, psicografia de Chico Xavier, temos uma bela página dedicada a Judas Iscariotes.

Conta Humberto, que com a aproximação da “Semana Santa”, época em que as igrejas Católicas realizam os rituais lembrando a passagem e o sofrimento do Cristo, culminando na Cruz, quis ele visitar a antiga capital da Judéia, para tentar sentir as vibrações pelos lugares chamados “santos” de Jerusalém, lugares por onde o Cristo passara.

Era noite e o silêncio só era quebrado pelo murmurar das águas claras do Cedron.

Humberto olhava aquela triste paisagem noturna. Via ao longe o Getsêmani, onde Jesus orou e chorou silenciosamente, refletindo nas dores humanas. Parecia sentir o sofrimento do Cristo, olhando para o Gólgota, entremostrando o Calvário de Jesus pregado à Cruz.

Via ele espíritos inferiores, ainda ligados a um passado recente, percorrerem as ruínas sagradas, sobre um império remoto dos judeus, que ainda na atualidade, persistem em suas idéias egoístas, sem ouvirem os gemidos dos que ali se encontram, iludidos em seus conflitos.

Continuando com seu olhar perdido sobre os acontecimentos do passado e do presente, ele divisa um homem sentado sobre uma pedra. Apesar de sua tristeza, aparentava muita simpatia.

Alguém sussurra aos ouvidos de Humberto: “Vê este homem, é Judas Iscariotes. Ele sempre vem por estes arredores, nesta época da “Semana Santa”. Permanece por horas, a meditar no passado e nos atos praticados naqueles dias, que marcaram profundamente a humanidade, dos mundos vivos e porque não dizer, até os desencarnados.”

Ouvindo os esclarecimentos desta entidade, fiquei curiosíssimo em voltar a ser repórter; quanto aquele homem poderia elucidar-me nas indagações que afloravam-me a mente naquela hora. Resolvi aproximar-me.

— Por acaso, o senhor, me perdoe se não o for, é Judas, isto é, o ex-filho de Iscariotes?

Olhando-me e enxugando as lágrimas que lhe corriam dos olhos, respondeu:

— Sim, sou eu mesmo, Judas Iscariotes. Venho até aqui nestas ocasiões, e vendo esta Jerusalém arruinada, fico imaginando onde estará a mente das criaturas, que até hoje não entenderam, que tudo que é matéria é transitório e, como eu, um dia deixam se levar pelo poder enganoso da riqueza e da soberania.

E Humberto prossegue inquirindo-o:— É verdade tudo o que consta no Novo Testamento,

sobre a sua personalidade, no que se refere sobre a condenação de Jesus?

— Digamos que há uma parte verdadeira, mas o principal foi o equívoco, não só meu, mas de todos os participantes da época. Pôncio Pilatos e o tetrarca da

Cajueiro plantado por Humberto de Campos (Parnaíba - PI)

9Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

Galiléia tinham cada um interesses pessoais no Estado Romano, em satisfazendo às questões religiosas dos judeus mais conservadores. O Sinédrio queria o reino do Céu por Jeová; Roma queria o reino da Terra, e Jesus estava entre eles, completamente em diferente posição diante da pureza do seus ensinamentos, que foram incompreendidos por mim. As idéias de igualdade ensinadas pelo Cristo, vinham de encontro ao meu profundo desejo socialista. Como vê, misturei a idéia política com a pureza doutrinária, que só hoje vim a entender, depois de já ter reencarnado por diversas vezes, a fim de libertar-me do remorso, que em vendo Jesus, com seus propósitos de pobreza e desapego aos bens materiais, nunca chegaria a Chefe de Estado. Por isso planejei entregar o Mestre a Caifás, mas nunca imaginara um final tão lastimável e tão doloroso, para Jesus. Pensava que com meu ato, Jesus aceitaria o mandato material e como era muito amado pelo povo, ele seria coroado rei e eu tomaria conta do tesouro (material), para reter e aumentar mais a capacidade de rendas, para poder administrá-lo com igualdade social.

Diante de todos os fatídicos acontecimentos e completamente desequilibrado, presumi que só o suicídio conseguiria redimir-me aos olhos de Jesus e dos apóstolos.

Mas o Mestre, de imediato, veio ao meu socorro, amparando-me. Fui levado em seus braços aprendendo a maior lição de Amor pela estrada do perdão. Pedi retorno à Terra, e sofri tremendamente as perseguições aos defensores da doutrina de Cristo, e a prova mais cruciante, onde experimentei o mesmo que fiz a Jesus. Fui traído, vendido e terminei na fogueira inquisitorial. Dessa forma pude regenerar-me, após as várias reencarnações dolorosas, para que eu mesmo pudesse sentir que, finalmente, fazia jús ao perdão e ao amor do Mestre Jesus.

Vejo, ainda hoje na Terra, infelizmente, que o meu ato de traidor continua como figura detestável e incompreendida. Mas, quem sou eu diante dos gloriosos feitos e testemunhos do Mestre, que continua sendo “vendido a grosso e a retalho”, até hoje, sem que a sua missão, esteja sendo difundida em seu verdadeiro caminho, que seria a redenção da humanidade?

E Humberto, contemplando aquela figura de homem refeito de seus erros, respondeu:

— Tudo isto é verdade Judas, e estes negociantes a que você se refere, não se enforcam depois de vendê-lo e nem se arrependem, pelo menos enquanto os resultados lhes sejam favoráveis às suas ambições.

Judas afastou-se, perdido em seus pensamentos, e conta Humberto, que o único ruído que se ouvia, era o murmurar das águas do Cedron, buscando o caminho de um mar morto.

Outra deliciosa crônica que Humberto nos relata, está no livro “Estante da Vida”, mais uma psicografia de Chico

Xavier. Nela, ele descreve seu passeio a Hollywood e um inesperado encontro com uma figura famosíssima do cinema, Marillyn Monroe.

O passeio mostrava a bela paisagem do Wilshire Boulevard, em Hollywood. Mais à frente, conta

Casa de Humberto de Campos no Rio de Janeiro (1930)

Humberto, estava diante do Memorian Park Cemetery, e os jardins de Glendon Avenue.

Ele percebia o grande movimento de espíritos, que se abeiravam do portal. Uns querendo sair e outros entrando, num completo vai e vem, relembrando os dias que antecedem o “Finados”, aqui na Terra.

Andando pelas alamedas, muito bem cuidadas do Cemitério, divisava muitos espíritos, que estavam apoiados a enfermeiros em plena convalescência.

Caminhando para a frente, via que o movimento dos espíritos era bem maior, porque havia um pátio extenso e à frente um hospital, de onde espíritos sentados em bancos, sob frondosas árvores, se recuperavam num doce lazer.

Acompanhado por amigos espirituais americanos, Humberto, diz-se admirado, por ver um cemitério tão festivo, embora alguns espíritos mostrarem-se mais doentes e em pleno desequilíbrio. Dizia achar normal, em se tratando do local, mas nunca esperava ver um hospital ali. Os amigos responderam que não seria propriamente um hospital, mas sim o local onde as cinzas dos chamados “mortos” se encontravam. Nesse local estavam cinzas de grandes nomes de personalidades eminentes do mundo político e artístico. Por isso, o grande movimento espiritual, visto por Humberto, e, continuaram esclarecendo, que entre todos eles haviam os curiosos, que como na Terra, sabiam que ali poderiam ver de perto seus grandes ídolos.

Muito admirado, Humberto, olha a um canto e lê a inscrição: “Marillyn Monroe – 1926-1962”. Olhando para o companheiro espiritual, ele indaga:

— Aqui é que se encontram os restos mortais de Marillyn Monroe? O caso desta “estrela” cinematográfica foi tão comentado, que chegou até nossos ouvidos, no mundo espiritual, pois como você bem o disse, são muitos os que partem, mas guardam seus ídolos e seus pendores por eles, até conseguirem se desapegar do que ficou na Terra, não é?

— Sim, — diz Clynton — o companheiro espiritual. Como conheço também os seus pendores como repórter jornalista, se você quiser, poderá vê-la e até tecer alguma palestra, pois ela ali está.

E sob a admiração de Humberto, e com surpresa,

10

vê o amigo a apontar para uma bela árvore, cujos galhos frondosos, ofereciam acolhedora sombra e sob a qual Marillyn repousava sua cabeça, no colo de uma enfermeira.

Aproximamo-nos cautelosos. Víamos aquela criatura, que em outros tempos representava o símbolo sexual da época, ali estava, agora, olhando-nos tristemente. Estava transfigurada, seu rosto demonstrava sofrimentos profundos.

Clynton apresentou-nos, dizendo que éramos brasileiros. Aproveitando o instante, Humberto, pegando-lhe a mão diz:

— Sim, sou do Brasil. Fui escritor, jornalista e, conseqüentemente, repórter. Poderia dar-me alguns minutos de sua atenção?

— Como? — diz admirada levantando a cabeça do colo da enfermeira — que poderei dizer de útil, após a morte?

— Claro que será útil. Temos certeza que milhões de criaturas, terão um grande prazer em saber de sua experiência, pessoal e espiritual. Você sabe que sua vida na Terra foi muito explorada e, porque não dizer, devassada, por representar tanto. Para uns ídolo, e para outros, o caminho do mau.

— Veja — diz Marillyn — que experiência fracassada na Terra, por ter tido uma vida vazia e cheia de comprometimentos, e aqui por ver que toda a sensualidade, beleza e vaidade reduziu-me nisto em que me encontro. Como vê, caro repórter, nada tenho de exemplo, só colhendo as agruras plantadas.

— E você acha, cara Marillyn, que isto a que você se reporta, já não é exemplo, para que muitos jovens, no mundo atual, pensem muito antes de qualquer ato, que produza e leve a efeito o que você passou e passa?

— Gostaria apenas que os jovens respeitassem o lar que possam ter. Que amem a família, pois grande parte da minha desventura, foi por não ter tido pais que me servissem de bons exemplos. Tive uma mãe que fechava os olhos para os acontecimentos levados a efeitos por seu namorado que, para não perdê-lo, fingia que nada sabia, quando ele molestava-me sexualmente. Trazia outros homens para me exibir, como se eu representasse um objeto dentro da casa, para servir como se fôra uma chávena de chá, passando de boca a boca.

Dessa forma, não suportando mais tudo aquilo, saí de casa e encontrando facilidades, fui parar nas mãos dos grandes cineastas que acabaram, por assim dizer, com a obra já começada. Transformei-me no mito que você já conhece, e daí para o abismo, foi questão de tempo. A vaidade foi-me cativando cada vez mais. O sucesso cegou-me. Aventurei-me em todas as camadas sociais. Só que não sabia que a loucura já fazia parte da minha vida.

O álcool e as drogas para dormir eram constantes, pois sem isto, a depressão seria muito visível e eu, mais do que

mariposas noturnas desfalecentes ao raiar do dia? Este é o meu recado. Se posso ser útil, transmita, por seus escritos, para que as mulheres continuem a ser a imagem do Bem na Terra. Hoje eu sei o que isto significa. O sexo foi o grande flagelo em minha vida.

Humberto ouviu a tudo, com profunda consternação e pensou: “será que diante de todos esses acontecimentos tão tristes, foram os que a levaram a uma desencarnação pelo suicídio?” Não se contendo, após pequena pausa, perguntou:

— Miss Monroe, sinto que apesar de seu sofrido estado de espírito, mantém-se lúcida. Creio que o suicídio não lhe ocasionou danos ao cérebro, pois descreve a tudo com detalhes.

— Como? Suicídio? Meu Deus, isto ainda é fato sobre a Terra? Jamais procurei a morte, procurava sim salvar-me. Talvez, sem saber, busquei relaxar e esquecer as crueldades

nunca, precisava continuar representando. Estar sempre bela, sorridente e mostrar-me feliz. Que mundo falso, quanta ilusão!

Por vezes pensava que tudo poderia ser diferente, se eu não tivesse deixado arrastar-me pelas tentações. Se tivesse buscado Deus, se tivesse buscado a simplicidade da vida num lar bem formado, talvez com um companheiro bom, pobre que fosse, mas que me fizesse conhecer o respeito e a paz interior.

— Então, — diz Humberto — você recomenda à mulher que seja sempre dona do lar? Que viva exclusivamente para a família?

— Meu caro, nem tanto. A mulher custou para encontrar o seu lugar ao sol. Não quero dizer com isso que ela seja sempre dependente do homem, e se torne omissa a si mesma. Não é isso! Quero referir-me ao cuidado de saber se comportar diante dos acontecimentos. Quantas que, sendo bem nascidas e tendo pais que lhes dão tudo, jogam tudo para o alto por uma ilusão efêmera, e caem como

11Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

Chico Xavier. Quis ele transmitir aos filhos, seus pareceres e o seu estado no mundo espiritual. Diz ele, numa espontaneidade, própria do seu interior:

“Meus Filhos. Reabri meus olhos, neste lado da vida. A princípio fôra como uma noite, onde conseguia ver o brilho das estrelas. Doce esperança invadiu-me o coração. Não mais dores, que ficaram com os despojos do corpo. Sinto-me jovem e disposto, por isso, a vontade imensa de comunicar-me com vocês, ajudado pelas firmes antenas espirituais, deste grande amigo, Chico Xavier.

A passagem da vida para este lado espiritual, não diminuem o afeto paternal que sempre lhes dediquei. Somos hoje irmãos, em Jesus e para o meu coração de homem racional, vocês são as criaturas melhores do mundo, por terem suportado meus momentos difíceis de dores físicas e morais.

Escrevo-lhes para confirmar a vocês a continuidade da Vida, para que vocês aprendam a doar-se constantemente, pois é a única forma de preservarmos o bem estar aqui.

Quando os infortúnios e as amarguras começaram a tomar conta da minha vida, eu não atinava que este era o começo para a minha sabedoria espiritual. Que as minhas dores, representavam a minha prosperidade. Queria acreditar numa força superior, e duvidava. Portanto, não posso agora, exigir de vocês o que não lhes passei aí no plano físico. Gostaria que acreditassem nesta mensagem, mas tenho que respeitar as dúvidas de vocês. Mas, creiam que estas mãos que faço uso, para lhes transmitir esta mensagem, são antenas de valor inestimável, credenciadas por Deus.

Aqui, meus filhos, ninguém me perguntou se fui rico ou pobre, se pertenci a Academia de Letras, ou se me destaquei na literatura. A única coisa que me perguntaram, foi se tivera feito algo de bom ao meu semelhante, se compreendi os corações humildes, a qualidade de serem pobres fisicamente, porém ricos em sabedoria da vida de sacrifícios. Se tivera tempo de ouvir a dor alheia, sem salientar meus dissabores.

Aí, meus filhos emudeci, lembrei-me do mau-humor, da impaciência, da falta de caridade no próprio lar, com relação a vocês e ao silêncio construtivo da esposa, que sabia renunciar para que a paz no lar fosse respeitada.

Minha preocupação agora é passar para vocês, não a minha experiência, pois esta depende de cada um e do livre arbítrio, mas é o desvelo de um pai, que não quer ver os filhos iludidos pelas glórias materiais, as quais são tão fáceis de arrastar as criaturas para o abismo do orgulho. Vivam, pois, com moderação, atentos para aprimorar conhecimentos superiores, diria até, Divinos.

Tenho, filhos, muita saudade da minha santa mãezinha, que ensinava-me, a seu modo, a rezar. O pouco de alegria que me restou ao passar para este lado, foi lembrá-la a ensinar-me o Pai Nosso e, logo após, pedir proteção para o

da minha existência pelos caminhos errados. Tomei sim, muitos comprimidos fortíssimos, para ver se conseguia dormir naquela noite, onde milhões de fantasmas pareciam me atormentar. Sei agora, que eles existiam realmente e que obsediaram-me a vida toda. Quando pensava adormecer pelo efeito da medicação, vi-os sobre mim. Quis gritar e correr, quando percebi que estava dividida em duas. Podia ver meu corpo sobre a cama, inerte e com os vampiros a apossar-se dele e, ao mesmo tempo, via-me flutuando sobre mim mesma, tentando fugir do assédio daquelas horríveis figuras, que molestavam-me de toda forma. Mas, por favor, permita-me parar por aqui. Este é um capítulo da minha existência física e espiritual, que quero esquecer. Aprendi aqui que de uma certa forma, sou uma suicida indireta. Mas, graças a Deus, após algum tempo, fui recolhida a este local, embora seja um cemitério, mas distante dos despojos. Agora estou em fase de tratamento, ainda sem o total refazimento do meu espírito, pelos excessos das más influenciações que eu permiti aos vampirizadores. Tenho que me ressarcir espiritualmente, através do trabalho benéfico, ajudando-os a se reequilibrarem também.

— Então, Miss Monroe, já está bem ciente ao que se refere a problemas obsessivos?

— E como. O problema da obsessão entre as criaturas humanas é tão doloroso ou até pior que um câncer. Tomara Deus que os homens que se dedicam à ciência, procurem estudar melhor os problemas obsessivos, para ajudar as criaturas a se salvarem desse grande mau, que se alastra sobre a Terra, por encontrar campo aberto para agir através da vaidade e do orgulho, do culto ao corpo e à permissividade.

E aduziu Humberto:— Que Deus ajude cada um a encontrar o caminho da

fé, sem a qual a luta para o Bem, se tornará cada vez mais difícil.

Nesse ponto, a enfermeira pediu licença para retirar Marillyn, pois ela precisava repousar. Marillyn estendendo a mão para despedir-se, acrescentou:

— Diga aos seus leitores, que espero retornar à Terra, pois sei que repetirei as lições não aprendidas. Terei pela frente muita luta e muito discernimento, mas procurarei como você bem o disse, ter algo arquivado em meu espírito: Deus.

Agradecendo aquela figura transformada de mulher-mito, despedi-me e, vendo-a seguir pelos braços da enfermeira, com muita dificuldade para andar, pensei em trazer esta reportagem para a Terra, lembrando da minha própria vida, quando deixei-me sofrer, só por tardar em conhecer os caminhos gloriosos, que levam as criaturas a procurar Deus e o quanto é necessário difundir-se o Espiritismo Evangélico, pois esta é a estrada da Redenção.

Humberto de Campos também, após sua desencarnação, escreveu uma carta para seus filhos, através do médium

12

Anjo Guardião, para afastar qualquer tentação que não me deixasse adormecer.

Hoje estou aprendendo uma nova prece, aquela que é ditada pelo meu coração de homem em “nova fase”, bem distante daquela terra natal, a velha e querida Parnaíba. Estou, portanto, convidando a vocês que ajoelhem-se comigo nesta hora, para agradecermos a Deus o nosso reencontro, sim porque com certeza já tivemos outras vidas, que fez com que firmássemos nossos sentimentos, para que se tornem mais duradouros em próximos futuros.

Vamos deixar um até breve, quando esperamos de nossa parte, um retorno mais alegre, com mais facilidades, para descrever este mundo do Além”.

Humberto de Campos, nós todos aqui na Terra é que agradecemos a Deus pela oportunidade de termos em nossas mãos, livros tão elucidativos que nos chegaram às mãos pela imensa dedicação ao trabalho mediúnico do nosso Chico Xavier.

Enviamos a você o nosso abraço, e nossas desculpas por nos faltar capacidade para descrevê-lo melhor. Suas experiências no plano físico e no mundo espiritual, são valiosíssimas para nós encarnados.

E, para encerrarmos estas breves páginas a este grande vulto espiritual, Humberto de Campos, transcreveremos uma das poesias que ele tanto admirava, do poeta e seu amigo, Antero de Quental. Dizia Humberto que nesses versos, Antero descreve o mundo atual, pois enquanto houver orgulho e ambição, este poema será sempre atual:

Bibliografia:

• Crônicas de Além Túmulo, Humberto de Campos, FEB, 11ª edição, 1988• Estante da Vida, Irmãos X, FEB, 3ª edição, 1987• Boa Nova, Humberto de Campos, FEB, 10ª edição, 1971• Irmão X, Meu Pai, Humberto de Campos Filho, Editora Lúmen, 1ª edição, 1997• Cartas e Crônicas, Irmão X, FEB, 3ª edição, 1988• Reformador, FEB, 1970• Humberto de Campos e o Espiritismo, Clóvis Ramos, CELD, 1ª edição, 1995.

O Monstro

Vi um monstro pairando sobre a TerraComo um corvo de garras infinitas,Cobrindo multidões tristes e aflitas;Visão de luto e lágrimas que aterra!

Vi-o de vale em vale, serra em serraE disse: — “Quem és tu que abres e excitasOs pavores e as cóleras malditas?”E o Monstro respondeu: — “Eu sou a guerra!”

Não há forças no mundo que me domem.Sou o retrato fiel do próprio homem.Que destrói, luta, mata e vocifera!

Venho das trevas densas, da voragem,Dos abismos de dor e da carnagem,Para mostrar ao homem que ele é fera!...

Antero de QuentalPalavras do Infinito, Humberto de Campos,LAKE, 6ª edição, 1982 Eloísa

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EmmanuelFrancisco Cândido Xavier

376 páginas

Nesta obra, Emmanuel nos relata exemplos de amor e renúncia de Quinto Varro, que em suas reencarnações nos séculos II e III d.C., busca resgatar o filho Taciano de sua cegueira espiritual, onde ainda estava envolvido em trevas criadas pelo seu apego às paixões terrenas, ao orgulho, ao egoísmo e ao materialismo. Varro é atendido pela Espiritualidade Maior em suas aspirações de resgatar o seu filho amado, e pela oportunidade bendita da reencarnação, se aproxima do filho para despertá-lo para a verdadeira vida, numa convocação ao trabalho do Cristo. São momentos retratados pelo livro, onde podemos observar a abnegação necessária na tarefa de reajustamento daqueles a quem amamos. Esta obra de riquíssimo valor moral nos traz ensinamentos que faz com que entendamos que, para amarmos as criaturas, deveremos renunciar a nós próprios.

Emmanuel no prefácio da obra nos diz: “Que o exemplo dos filhos do Evangelho, nos tempos pós-apostólicos, nos inspire hoje a simplicidade e o trabalho, a confiança e o amor, com que sabiam abdicar de si próprios, em serviço do Divino Mestre! Que saibamos, quanto eles, transformar espinhos em flores e pedras em pães, nas tarefas que o Alto depositou em nossas mãos!...”

Emmanuel termina o prefácio com uma saudação dos espíritos elevados nos primeiros séculos da Boa Nova, dirigida ao Excelso Benfeitor:“— Ave, Cristo! os que aspiram à glória de servir em teu nome te glorificam e saúdam!” Roberto Patrício

13Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

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Informações

Tel: 4044-1563 (Eloísa)E-mail: [email protected]

relacionamos melhor com os amigos do que com os familiares.

Passamos períodos, curtos ou longos, partilhando com a “nova família” todos os momentos felizes, passeios, reuniões sociais, etc. Mas passa o tempo e a “nova família” se distancia ou, com o estreitamento das

Estamos reencarnando com os mesmos familiares a séculos, tentando resgatar as dívidas de amor que temos para com eles. Por isso as cobranças deles para conosco.

Quando acharmos que a família está se tornando “insuportável”, recorramos ao melhor remédio: o Culto do Evangelho no Lar. Através dele, os Espíritos amigos vão ajudar a refazer o clima espiritual do lar e trazer energias novas para os integrantes da família, além de proporcionar alguns minutos de aprendizado sobre os ensinamentos de Jesus.

Não abandonemos o nosso fardo para que ele não se multiplique.

Abracemos a missão de nos unirmos à nossa família, nem que para isso precisemos renunciar aos momentos de felicidade passageira e ilusória.

Se conseguirmos saldar as dívidas de amor para com os nossos familiares, iremos adquirir a verdadeira felicidade, que é a espiritual.

Wilson

Fuga da FamíliaNinguém pode discordar que, em certas fases de nossa

vida, a família se torna aparentemente insuportável.São discussões constantes ou divergências de

opiniões.Acabamos nos distanciando dos familiares e, como

não conseguimos viver isolados, vamos atrás de pessoas que nos compreendam e preencham o vazio deixado.

Achamos amigos que nos acolhem.Logo imaginamos que estes amigos são a nossa

nova família. Temos até o costume de falar que nos

relações, surgem divergências que nos afastam.Outra família encontramos, novas amizades, novos

laços de união, mas repete-se o distanciamento e as divergências com a proximidade.

Isto se dá porque todos têm os seus defeitos e, enquanto estamos numa relação superficial, tudo é maravilhoso, mas quando começamos a ficar mais tempo perto um do outro, estes defeitos aparecem e nos desapontamos.

Não podemos negar que, por mais que nós consideremos bem a nossa “nova família”, eles também têm problemas para resolverem entre si e não fazemos parte desta relação problemática. Somos elementos estranhos que não podemos interferir como se fosse a nossa família, pois estamos pegando a história pelo meio.

Passa o tempo e, analisando todos os problemas que vimos nos outros, chegamos à conclusão de que a nossa própria família é cheia de problemas sim, mas nós fazemos parte deste problema. Nos aproximamos novamente e, com forças renovadas pela pausa, assumimos o nosso papel.

Os laços que nos une aos familiares são antigos.

14

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kardec em estudoKardec em Estudo

“O Livro dos Espíritos”, pergunta 847:A Aberração das faculdades tira ao homem o livre-arbítrio?

“Já não é o senhor do seu pensamento aquele cuja inteligência se ache turbada por uma causa qualquer e, desde então, já não tem liberdade. Essa aberração constitui muitas vezes uma punição para o Espírito que, porventura, tenha sido, noutra existência, fútil

e orgulhoso, ou tenha feito mau uso de suas faculdades. Pode esse Espírito, em tal caso, renascer no corpo de um idiota, como o déspota no de um escravo e o mau rico no de um mendigo. O Espírito, porém, sofre por efeito desse constrangimento, de que tem

perfeita consciência. Está aí a ação da matéria.” (vide pergunta 371 e seguintes)

Todos nós temos um espírito guardião que nos acompanha desde o nosso reencarne.

Geralmente são entes ligados a nós por afeições passadas, parentes ou amigos. Tentam com as suas intuições manter o nosso equilíbrio para que possamos manter a direção a qual nos destinamos, antes de virmos para a nova vida carnal. É claro que, por nossas fraquezas, cometemos inúmeros erros, contrariando tudo aquilo que o nosso guardião, tão zeloso e preocupado, nos oferece.

Somos tão fracos, tão pequenos diante da Sabedoria Divina, que nem com a ajuda deste enviado de Deus, conseguimos fazer as coisas certas. Nos afundamos com isso em mais e mais erros, mas temos a oportunidade de pegar a estrada certa a qualquer momento. A viagem se tornará mais cansativa, mas o nosso bom guia está lá, nos animando e torcendo pelo nosso êxito.

Às vezes perguntamos: “Pai, por que dói tanto essa dor; não quero sentir isso!”

Mas a nossa evolução, ainda tão atrasada, não nos permite estarmos acima deste tormento que, se visto

de cima, nos pareceria tão simples e até não existiria. E o que dizer então, se o nosso Paizinho não estivesse observando e ajudando aos seus infelizes filhos a trilharem o caminho bom, como ovelhas guiadas por seu pastor? Estaríamos completamente perdidos!

Por isso devemos agradecer todos os

dias da nossa existência, pela presença abençoada do nosso “Anjo da Guarda”, pela sua paciência e pelo seu incondicional amor.

Ainda que nos rebelemos, eles apenas se recolhem e aguardam a hora apropriada para que, mais receptivos, possamos receber as suas orientações.

À noite também podemos nos comunicar com eles, ouvir seus conselhos, nos orientarmos e até trabalharmos junto deles. Tudo depende do nosso campo vibratório, ou seja, do alcance que possamos obter através da maior ou menor elevação de nossos pensamentos.

Deus nos deu, para cuidar de nós aqui na Terra, além do Bom Gênio, que é um espírito superior e guia principal, outros espíritos protetores e familiares, que são os guias secundários.

Cabe sempre a nós, com a força de vontade, resignação e muita fé, nos ligarmos espiritualmente a estes enviados de Deus que querem o nosso progresso, e fugirmos da dominação dos maus espíritos, que só

se ligarão a nós por nossas próprias fraquezas e más tendências.

A tarefa de evolução é árdua, considerando nossa inferioridade, mas lembremos que não estamos sós na luta.

Rosângela

“Livre Arbítrio”

Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”

15Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

cantinho do verso em prosaCantinho do Verso em Prosa

canal abertoCanal Aberto

Entre esse mundo de apodrecimentoE a vida de alma livre, de alma pura,Ainda se encontra a imensidade escuraDas fronteiras de cinza e esquecimento.

Só o pensador que sofre e anda à procuraDa verdade e da luz no sentimento,Pode guardar esse deslumbramentoDa Fé – fonte de mística ventura.

Feliz o que tem Deus nessa batalhaDa miséria terrena, que estraçalhaTodo o anseio de amor ou de bonança!...

Venturoso o que vai por entre as doresAtravessando o oceano de amargores,No bergantim sagrado da Esperança.

Versos de Cruz e SouzaParnaso de Além Túmulo, Francisco

Cândido XavierFEB, 8ª edição, 1967.

Felizes os que têm Deus

O ser humano clama intensamente os despropósitos terrenos.

As insatisfações proliferam por toda parte. Violências e maldades realizadas pelos vândalos, que descarregam suas energias brutais sobre seus próprios semelhantes ou destruindo o que lhes pode ser útil, como bancos de jardins, orelhões, bancas de jornais, caixas eletrônicos etc., sem contar aqueles cujo o desequilíbrio é tão marcante, que ceifam vidas, roubam, enfim, se marginalizam.

Afinal, quem faz o mundo? Deus criou o homem para ser bom e caminhar para o Bem, mas se ele o desvirtua,

então é porque o homem está longe de Deus, pois o mundo terreno é obra do homem. Para que a paz volte a reinar sobre a Terra é preciso encontrar a Fé, pois ela traz a Esperança e a Caridade.A reencarnação nos traz

o esquecimento. Quem sabe se com ela o homem consiga caminhar para a Verdade. Porém, para que isso aconteça, é necessário encontrar Deus. E, quando isto vier a acontecer, a coletividade humana ansiará para o melhor, para a Bonança Eterna.

Venturosas são as criaturas que sabem aproveitar as oportunidades enviadas pelo Pai Eterno e que conseguem entender a Dor.

Muitas são as lutas redentoras pelas quais passa o homem no mundo em diversas reencarnações.

Pode pois, chegar o dia em que, atravessando seus mares de amargores, vencerá os inimigos implacáveis que moram dentro de si. Estes atendem pelos nomes de orgulho, vaidade e egoísmo.

Mas alcançando a doce compreensão no encontro com Deus, erguerá seus braços e dirá, num ímpeto de alegria:

“Senhor, eis-me aqui, vencendo as procelas para um Mundo Melhor”, nesta embarcação iluminada pela bússola do Amor.

Elielce

A tristeza só atrapalha nosso crescimento.Vamos colocar amor e alegria em nossos corações.Jesus está aqui para nos fortalecer.Tenhamos fé em nossos corações.A fé nos ilumina e nos faz enfrentar as vicissitudes

da vida com mais coragem.Sejamos fraternos com todos e assim estaremos

trabalhando no campo do bem, tão ensinado por Jesus.

A fé nos eleva até Deus, nosso Pai Misericordioso que tanto espera de nós, afinal não estamos aqui a passeio.

Sejamos fortes e amigos de todos, amando a todos indistintamente.

Que Jesus nos ajude a vencermos a nós mesmos, fazendo a nossa reforma íntima para um mundo melhor.

Que Jesus nos abençoe e nos proteja a seguir o caminho do bem e que a caridade cresça cada vez mais em nossos corações.

Assim seja!Jesus nos ama e espera o melhor de nós.Sejamos fiéis a esse amor que vem de milênios. Andrelina

IMPR

ESSO

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