2
/• >7 i-r^SÍ-S -S^^- O CEDEDDO das BALEIAM f OU do 'Teminino* e da ''Natureza* no Pensamento Ocidental ^ m ^^I^' ^ ílP^Pf ^ JPtMt.ya 1 iSMi* 4 " J * M '"* iw '' >l " I Vf IM ^ i*-^ \\- aixlflalasK^il^iífKtMtíêisfe^riíl ^UAVE APENAS k QUANDO ^ NELLY ROU^^EL ^X FE^AlN^TA l V liiüiWÍT^ 4 :..'-• !#• PAPA ) DEXARREQAK^ A ÜOITE. íi^ "KEÍIWRIA^ TOSQUE El^ 3Ã0 .NAte HÁBEIS E Wü^ FLEXÍVEIS om 05 noKE^ E ÍOEQUE ElA^ "REATEM MELVIOK XL]\MAEn0EKIO >> CIRCULKR "PATROHM- DE UMA RtPINW\A AÇUCAKElKA DO NORTE PA TRANÇA-lafoO^ wmw "v-; ^-a ^* PARA O PLANEOAK\tNTO FAMILIAR. fJtH 4>\ d rsaífc we^i mx \»\ -.^ .\ Xw-SM. &Ê* l^tlo* l\ "*'* ^W^Tâ^' TOIJE^ « J^ ,^ / /^^À BJHpPI^^^v^ ^2^," jpÇÇS SPl PI . i 4 i 3 **?: P ^1 ^.v ?Sr -mí r&*r >_<iJ: . VIRTUDE í ^E POT® E2>?ERAÍL ã m UMA E^CRATO i EMVAVf4T«^^llLV/AKÍ)»H«iMkm<ÍJ ^EOTl^MO^ BLANDlNt DENVOUUN, CIDADE PA REVOLVJÇ-ÃO ÍRANCE^A ^ rs ^ Programação Visual e Arte: Ana Bosch e Regme (Gígí) Bandler, Bllgll -*&

i-r^SÍ-S >7 O CEDEDDO das BALEIAM · do 'Teminino* e da ''Natureza* no Pensamento Ocidental ... eis o único objetivo que pelaa Natureza, a sociedade e a moral reconhecem. ... "pai"

Embed Size (px)

Citation preview

/•

>7 i-r^SÍ-S

-S^^- O CEDEDDO das BALEIAM f

OU

do 'Teminino* e da ''Natureza* no Pensamento Ocidental

^ m

^^I^' ^

ílP^Pf ^■JPtMt.ya

1iSMi*4"J*M'"*iw''>l"

I Vf IM

^ i*-^

\\-

aixlflalasK^il^iífKtMtíêisfe^riíl ^UAVE APENAS k QUANDO

^ NELLY ROU^^EL ^X FE^AlN^TAl

V

liiüiWÍT^

4 :..'-• !#• PAPA

) DEXARREQAK^ A ÜOITE.

íi^ "KEÍIWRIA^ TOSQUE El^ 3Ã0 .NAte HÁBEIS E Wü^ FLEXÍVEIS om 05 noKE^ E ÍOEQUE ElA^ "REATEM MELVIOK XL]\MAEn0EKIO>>

CIRCULKR "PATROHM- DE UMA RtPINW\A AÇUCAKElKA DO NORTE PA TRANÇA-lafoO^

wmw

"v-; ̂-a

^*

PARA O PLANEOAK\tNTO FAMILIAR.

fJtH 4>\

d

rsaífc

we^i mx \»\

-.^

.\

Xw-SM.

&Ê*

l^tlo*

l\ "*'*

^W^Tâ^'

TOIJE^

« J^

,^ /■

/^^À BJHpPI^^^v^ ̂ 2^,"

jpÇÇS SPl

PI • . i

4

i3**?:

P ^1

■^.v

?Sr

-mí r&*r

>_<iJ:

. VIRTUDEí

^E POT® E2>?ERAÍL ã m UMA E^CRATO i

EMVAVf4T«^^llLV/AKÍ)»H«iMkm<ÍJ

^EOTl^MO^ BLANDlNt DENVOUUN, CIDADE PA REVOLVJÇ-ÃO ÍRANCE^A

^ rs

^

Programação Visual e Arte: Ana Bosch e Regme (Gígí) Bandler, Bllgll

-*&

w

'U

O CEDEBDO das BALEIAS \ JS

do 'Teminino* e da ''Natureza^ no Pensamento Ocidental OS MÉDICOS E OS CIENTISTAS Os cientistas ■ particularmente os médicos - constam entre os mais arrasadores e categóricos definidores da 'natureza feminina'. Armados com seu monopólio sobre a saúde ■ recém- tomado das curandeiras tradicionais ■ e do crescente prestigio da 'Ciência', eles se empregam a repetir os velhos preconceitos veiculados pela cultura ocidental, pelo menos desde Aristóteles, cujos efeitos têm sido, muitas vezes, lamentavelmente duradouros. Os argumentos que sustentavam a tese da imbe- cilidade congênita de boa parte da população mundial ■ sobretudo a feminina -ganham nova roupagem. Enfeitados pelo jargão 'cientifico' - que sucedeu ao latim como arma linguistico- ideológica - eles aparecem doravante acompanhados de dados quantitativos, como por exemplo, o tamanho do cérebro: quanto maior este, maior o grau de inteligência. Portanto, melhor há de ser a colocação do seu portador na hierarquia social.

'O homem é mais corajoso, lutador e dinâmico que a mulher, e tem um gênio mais inventivo"; superior no que exige "pen- samento profundo, razão ou imaginação, ou tão somente o uso dos sentidos e das mãos. Se fizéssemos uma lista contendo os homens e as mulheres mais eminentes em poesia, pintura, escultura, música (incluindo composição e execução), história, ciência e filosofia, com meia dúzia de nomes para cada uma dessas atividades, as duas listas não comportariam comparação." Portanto "a faculdade mental média do homem deve ser superior à da mulher." DARWIN, Charles, cientista, "pai" da teoria da evolução, Grã- Bretanha, séc. XIX.

—x»;*;»».—

"Em geral, o cérebro é maior nos homens do que nas mulheres, nos homens eminentes que nos de talento medíocre, nas raças superiores que nas inferiores. Como em outras coisas, existe uma relação notável entre o desenvolvimento da inteligência e o volume do cérebro." BROCA, evolucionista, professor da Faculdade de Medicina de Paris, França, séc XIX.

"Nas raças mais inteligentes, como entre os parisienses, exis- tem numerosas mulheres cujos cérebros aproximam-se mais, em tamanho, do cérebro dos gorilas do que dos cérebros masculinos, mais desenvolvidos. Essa diferença é tão óbvia que ninguém pode contestá-la por um momento que seja; só o seu grau merece ser discutido. Todos os psicólogos que estudaram a inteligência das mulheres, bem como os poetas e os roman- cistas, reconhecem hoje que elas representam as formas mais inferiores da evolução humana e que estão mais perto das crianças e dos selvagens do que de um homem adulto e civilizado. Elas primam pela volubilidade, inconstância, ausência de pensamento e lógica e incapacidade de raciocínio. Existem, sem dúvida, algumas mulheres notáveis, muito supe- riores ao homem mediano, mas são tão excepcionais quanto o nascimento de qualquer monstruosidade, como por exemplo, de um gorila com duas cabeças; consequentemente, podemos ignorá-las por completo." "Os homens das raças negras têm o cérebro um pouco mais pesado do que o das mulheres brancas." LE BON, Gustave, discípulo de Broca, um dos fundadores da psicologia social na França, séc. XIX e XX.

"As observações anatômicas do Dr Gall confirmam tão bem esta diferença primeira que estabelecemos entre o morai do homem e da mulher. Com efeito, Gall observa que as mulheres têm geralmente a cabeça mais volumosa na parte posterior e a frente mais estreita: e sabemos que ele atribui às partes posteriores do cérebro as faculdades afetivas, e às partes anteriores as faculdades intelectuais." BARBOS, médico, Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, séc. XIX.

"Quando a menina descobre sua própria deficiência, por ver um órgão genital masculino, é apenas com hesitação e relutância que aceita esse desagradável conhecimento. Como já vimos, aferra-se obstinadamente à expectativa de um dia também ter um órgão genital do mesmo tipo, e seu desejo por ele sobrevive até muito tempo após sua esperança ter-se expirado. Invariavel- mente a criança encara a castração, em primeira instância, como um infortúnio peculiar a ela própria; só mais tarde com- preende que ela se estende a certas outras crianças e, por fim, a certos adultos. Quando vem a compreender a natureza geral dessa característica, disso decorre a feminilidade - e com ela, naturalmente, sua mãe • sofrer uma grande depreciação a seus olhos." FREUD, médico, parda teoriapsicanalítica, Áustria, séc. XIX eXX

A função materna que constitui, segundo estas teorias, o destino inexorável das mulheres (como o trabalho escravo nas plantações está para os negros, por exemplo), desqualifica-as definitivamente para quaisquer outras atividades, particular- mente aquelas que comportam alguma responsabilidade ou poder, algum prestigio. A fisiologia feminina é apresentada nestes escritos com características inferiorizantes, espedficidades menospreziveis; estas, articuladas a teorias cientificas, como o evoludonismo, concorrem então para jus- tificar e garantir a posição subalterna das mulheres em todas as áreas da vida social: no trabalho, na arte, na política, na educação etc...

"A existência da mulher é apenas uma fração daquela do homem; ela não vive para si mesma, mas para a multiplicação da espécie, conjuntamente com o homem; eis o único objetivo que a Natureza, a sociedade e a moral reconhecem. Segue-se que a mulher é apenas um ser naturalmente subordinado ao homem pelas suas necessidades, seus deveres e, sobretudo, pela sua constituição física. (...) Se a mulher é fraca pela sua constituição mesma, a Natureza quis então fazê-la submissa e dependente na união sexual; ela nasceu então para a doçura, a ternura, e mesmo para a paciência, a dodlidade; ela deve então suportar sem sussurros o jugo da coação para manter a concórdia na família por meio de sua submissão e seu exemplo." VIREY, Julien Joseph, médico e filósofo, um dos principais autores do Dicionário das Ciências Médicas, França, séc. XIX.

"Qual é o grande dever da mulher? Parir, parir de novo, sempre parir. Se a mulher se recusa à maternidade, se a limita, se a suprime, não merece mais seus direitos; a mulher não é mais nada... A mãe é igual ao homem; mas a mulher que renuncia à maternidade é um acessório, um dejeto. Voluntariamente estéril, ela cai ao nível da prostituta, da filha pública, cujos órgãos não são mais nada além de brinquedos obscenos, em lugar de permanecer o molde venerável de todos os séculos futuros." DOLERIS e BOUSCATEL, médicos, defensores do natalismo. França, séc. XX

"A mulher que contrai casamento deve ser convencida das leis naturais e morais que obrigam-na a exercer o círculo completo das funções de mãe. Se a isto se recusar é porque há uma falsificação dos sentimentos contrariando as manifestações naturais e sacrificando o dever que é sacrificar a si, a prole e a humanidade." ASSUNÇÃO, Vitorino, médico, "Garantia Sanitária da Prole", Brasil, 1909.

&

MATERNIDADE: EXALTAÇÃO, NEGAÇÃO, UTILIZAÇÃO "São eles um ser ou dois? Poder-se-ia ter dúvida. Ela o faz e refaz dela mesma (na transformação que nos renova sem cessar), e muitas vezes é mãe dele. Ele é totalmente constituído de sua substância. Nela, ele tem sua verdadeira natureza, seu estado mais doce de beatitude profunda, de paraíso. É bem aí que ele é Deus. Ela é sua natureza e seu sobrenatural (...) Se alguma vez nesta terra houve uma religião, ela está bem aí, e num grau tal que nada, nada semelhante voltará a ocorrer. Ela não pode defender-se disto. Não é sua culpa. Ela é Deus (...) Começamos por aí, por uma idolatria, um fetichismo profundo da mulher. E por ela, atingimos o mundo." MICHELET, Jules, historiador frencês, séc. XIX.

'Os dias de escravidão eram um verdadeiro inferno. Eu já era adulta quando chegou a guerra, e tornei-me mãe antes que ela acabasse. Os bebês eram arrancados dos braços de suas mães e vendidos a especuladores. As crianças eram separadas de seus irmãos e irmãs e nunca se reencontravam. Naturalmente eles choravam. Você acha que não choravam, quando eram vendidos como gado? Eu poderia passar o dia todo lhe contando, e mesmo assim, você não faria nem idéia do horror disso ai."

GARLIC, Delia, ex-escrava, Virgínia, EUA, séc. XIX.

"O Sr E., fabricante, informou-me que empregava ex- clusivamente mulheres em seus teares mecânicos; ele dá preferência às mulheres casadas, especialmente àquelas com família em casa, que depende delas para se sustentar; são muito mais atentas e dóceis, e são compelidas a aplicar o máximo de seus esforços para obterem os meios de subsistência de que necessitam. Assim, as virtudes peculiares do caráter feminino são pervertidas para seu próprio prejuízo - assim, tudo o que há de mais honesto e terno em sua natureza é transfor- mado num meio para escravização e sofrimento." Depoimento citado por MARK, ti, filósofo e cientista social alemão, "pardo materialismo histórico, séc. XIX.

•V ^^t^çâ»

**r OS FILÓSOFOS Considerado fonte do pensamento filosófico-político atual, o Século das Luzes começa a divulgar as noções modernas de indivíduo e de cidadão, com obrigações e direitos no quadro de uma sociedade que se pretende refonnar/transformar. No en- tanto, sejam muitos dos enciclopedistas, sejam os repre- sentantes das várias correntes de pensamento que tomaram impulso nos séculos seguintes, o fato é que pensadores entre

os mais eminentes deste período não se incomodaram em abrir uma (ampla) exceção nos seus princípios tão ardentemente defendidos: o sexo 'fraco'. Suas representantes, exaltadas na 'vocação sagrada e natural' para a maternidade, não são consideradas dignas das diversas declarações de igualdade de direitos e oportunidades, procura da felicidade etc... A 'natureza feminina'é um argumento fádle pouco discutido contra pretensões à igualdade que permeam no entanto todo o ambiente intelectual desta era. As mulheres são 'agradadas' com o argumento estático da natureza justamente nos séculos em que mais se prezam as mudanças arquitetadas pelos homens de forma consciente e deliberada no campo da relação com seus semelhantes ou com o mundo em geral, isto é, quando baseiam seu pensamento na idéia de história.

"Não existe nenhuma paridade entre os dois sexos, no que diz respeito à conseqüência do sexo. O macho apenas é macho por alguns instantes, a fêmea é fêmea por toda a sua vida ou, pelo menos, por toda a sua juventude (...) A rigidez dos deveres relativos aos dois sexos não é, nem pode ser, a mesma. Quando a mulher se queixa da injusta desigualdade introduzida pelo homem, ela está errada; essa desigualdade não é uma instituição humana, ou ao menos, não é o resultado de um preconceito, porém da razão."

ROUSSEAU, Jean-Jacques, filósofo franco-genebrense, VÉmile", séc. XVIII.

"Não se pode seriamente contestar, hoje, a evidente in- ferioridade relativa da mulher que, muito mais do que o homem, é imprópria para a indispensável continuidade, bem como para a alta intensidade do trabalho mental, seja em virtude da menor

força intrínseca da sua inteligência, seja em razão da sua mais viva susceptíbilidade moral e física."

COMTE, A., filósofo francês, "pai" do positivismo, séc XIX.

"A mulher é mais estreitamente ligada à Natureza do que o homem, e, no que tem de essencial, permanece sempre ela própria. A Cultura em relação a ela é sempre alguma coisa externa, alguma coisa que não toca a semente eternamente fiel à Natureza." "[As mulheres são] seres feitos para a domesticidade e que só atingem sua perfeição numa situação subalterna." NIETZSCHE, Frederich, filósofo alemão, séc. XIX.

"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora este produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino." (Simone de Beauvoir, "O segundo sexo", 1949)

-»* >-<i=<2<it<*<**~i tih*-

"(...)Por isso a mulher é vestal do lar familiar, gênio da família. Ela é a nossa mãe, como a outra, como a Terra que nos engendrou, não porque nos cria, mas porque nos mantém e nos alimenta(...) Representante da natureza infinita que, através da mulher, engendra todo o sis- tema vivo." GENTILE. G.. filósofo facista italiano. 1934.

OS HOMENS POLÍTICOS Nos séculos herdeiros da Revolução Francesa - era da 'Liberdade, Igualdade, Fraternidade'- os debates, as lutas em tomo da questão dos direitos políticos, da ddadanla formal aplicável a todos os adultos, independentemente de sua crença, raça ou religião, não deixam de ocupar o proscênio da história. O pensamento político dominante, outorgando-lhes o voto ou não, ar- gumenta com o intuito de manter as mulheres afastadas da gestão da 'res publica" - a coisa pública -, negando-lhes de fato a dita ddadanla: a República pertence aos homens exdusiva- mente, pois às mulheres é reservado 'naturalmente'o privado, a família, o lar.

'Cada sexo é chamado para um tipo de ocupação que lhe é próprio; sua ação é cir- cunscrita neste círculo que não se pode ultrapassar, pois a natureza, que coloca seus limites ao homem, comanda imperiosamente e não recebe lei alguma.' "O homem é forte, robusto, nascido com uma grande energia, audácia e coragem; enfrenta os perigos, as intempéries das estações graças à sua constituição; resiste a todos os elementos, a ele são próprias as artes, os trabalhos penosos; assim como é quase que exclusiva- mente destinado à agricultura, ao comércio, à navegação, às viagens, à guerra, a tudo o que exige força, inteligência, capacidade. Da mesma forma, ele parece ser o único apto às meditações profundas e sérias que exigem uma grande contenção de espírito e longos estudos, o que não é dado às mulheres seguir."

AMAR, deputado francês, Convenção Nacional na Revolução Francesa.

'(...)Elas são nossa propriedade; nós não somos suas. Elas nos pertencem da mesma forma que uma árvore, que tem frutas, pertence ao agricultor. Que idéia louca esta, de exigir a igualdade para as mulheres!"

NAPOLEÁOI, político. França, séc. XIX.

"Aconselho-te a não te meter em negócios políticos, nem a aderir ou te opor a nenhum partido. Deixai andar a opinião e as coisas, mesmo quando as achas contrárias a teu modo de pensar. Uma mulher deve ser neutra nos negócios públicos. Tua família e teus deveres domésticos são tuas primeiras obrigações. Uma irmã minha deve observar uma perfeita indiferença num pais que está em estado de crise perigosa, e onde sou visto como ponto de reunião de opiniões."

BOLÍVAR, Simão, "Libertador latino- americano, 1826.

"Uma metade do gênero humano exduída pela outra de qualquer participação no governo; pes- soas indígenas de fato e estrangeiras pela lei no solo que no entanto as viu nascer; proprietários sem influência direta e sem representação: estes são fenômenos políticos que parecem impossíveis de serem explicados por princípios abstratos; mas existe uma ordem de idéias na qual a questão se altera, sendo possível resolvê-la facilmente. O objetivo de todas as instituições deve ser a felicidade do maior número. Tudo aquilo que dele se afasta é um erro; tudo aquilo que a ele conduz, uma ver- dade. Se a exdusão dos empregos públicos pronunciada contra as mulheres for, para ambos os sexos, um meio de aumentar a soma de sua felicidade mútua, então é uma lei que todas as sociedades tiveram que reconhecer e consagrar."

TALLEYRAND, político, França, sécXVIII-XIX.

"O homem sustenta a nação, como a mulher sustenta a família. Os direitos iguais das mu- lheres consistem no fato de que, no domínio da vida determinada para ela pela natureza, ela experimenta a alta estima que lhe é decida. A mulher e o homem representam dois tipos de seres bastante diferentes. A razão predomina no homem. Ele busca análises e freqüente- mente abre reinos novos e imensuráveis. Mas tudo o que ele aborda, principalmente com a razão, é sujeito à mudança. O sentimento, ao contrário, é muito mais estável do que a razão, e a mulher é o sentimento e, por isso, o elemento estável." HITLER, A., político facista alemão, séc. XX.

"Como chefe, compete-lhe [ao homem] buscar os meios de dar subsistência e comodidade aos que constituem o seu lar. A mulher pertence, como tarefa imediata, a questão do lar, para que tudo corra bem e sem atribulações." CAVALCANTI. General Pedro, inspetor militar, Brasil, 1941.

'A mulher é Natureza.' 'A mulher está mais próxima da Natureza.' 'A mulher expressa, pelo seu próprio corpo, uma ligação estreita com o mundo natural, os ddos naturais.' 'A natureza feminina determina o destino da mulher.'

Expressões como estas, repetidas ad nauseam nas mais diversas drcunstàndas, promovem uma associação sedutora entre as noções de Mulher e Natureza. Ao longo da história do pensamento oddental, este corpo de idéias transformou-se em senso comum que ressurge hoje, na contemporânea discussão da crise ambiental identificada como uma crise de civilização. Com status de teses inovadoras, estas velhas Idéias, em nada Inspiradoras de mudanças, voltam ao debate com roupagem nova: a Natureza feminina ou o argumento da Natureza na definição do papel sodal da mulher.

À antiga lógica de conquista/dominação da natureza, parecem suceder, nesta época de preocupação ecológica, noções de preservação/conservação, manutenção dos equilíbrios, das perenidades. Nesta esteira, diversas correntes atuais (as pós-) tentam responder à ânsia por perspectivas históricas com um conjunto de valores 'definitivos', 'eternos', substitutos cronológicos das agonizantes ideologias do progresso. Frente à 'falênda' diagnosticada nos modelos servidos até hoje, pretenderse recorrer às essêndas: dai a ressurreição da idéia de 'natureza feminina', ahistórica, positivamente próxima do cerne das coisas, garantindo autenticidade inerente às suas propostas. Ademais, dotada do brilho de uma aparente inversão da hierarquia de valores: reverenda-se o que era anteriormente desprezado.

Se o contexto é, sem dúvida, inédito, e a proposta apela para anseios profundos, estes conceitos não trazem em si, fundamentalmente, nenhuma novidade: a naturalização de certas categorias de pessoas faz parte, há muitos séculos, do repertório do pensamento oddental dominante, aliás, na maioria das vezes, com o fim de oprimi-las, explorá-las ou até mesmo aniquilá-las.

O feminismo criou a perspectiva de desvendar este prisma deformante a respeito das mulheres. Portanto, enquanto feministas, achamos oportuno alertar para os perigos embutidos em noções e amálgamas talvez sedutores à primeira vista, mas que comprometem profundamente os propósitos gerais da luta pela ddadanla dos seres humanos de sexo feminino.

Singularizando falas de alguns dos mais prestigiosos pensadores do mundo oddental e dos seus seguidores, tentamos evidenciar um paradoxo singular na construção do pensamento moderno: ao mesmo tempo em que se consolidavam a Razão, o Progresso, a Cénda e a Democrada como valores-mestres do ideário atual com pretensão à universalidade, afirmava-se, com a mesma ênfase, a diferença/inferioridade das mulheres - bem como a dos negros, dos índios etc... - em virtude de verdades 'científicas', de princípios morais ou religiosos que apelavam para o argumento da Natureza.

Médicos, filósofos, juristas, políticos ou dérigos e até sindicalistas formulavam um conjunto de preceitos límitativos e depredativos contra as populações visadas, induindo as mulheres, enquanto se definia o pensamento moderno, fosse ele científico, político ou moral.

Por meio de figuras retóricas complexas ou de asserções brutais, disfarçando o preconceito com argumentos 'numéricos'e o desprezo com falsos elogios, os pensadores aqui citados, escolhidos no período compreendido entre o Século das Luzes e 1950, não hesitaram em descartar para a metade da espécie humana - muito mais, de fato, pela via do racismo - os postulados mais 'sagrados' dos direitos naturais à Liberdade, Igualdade, à procura da feliddade, ao desenvolvimento da personalidade etc...

Como contraponto a este coro ensurdecedor, ilustramos os esforços de inúmeras pessoas que lutaram para 'virar a página' de tanto sofrimento, e criar um mundo diferente: são as lutas das mulheres por direitos políticos e direitos enquanto trabalhadoras; petos direitos reprodutivos; pelo direito à educação; pela paz; pela oportunidade, enfim, de viver livremente como seres humanos por inteiro, gozando da oportunidade de fazer opções, de desenvolver potendalidades.

A história 'ofidal' costuma menosprezar ou ignorar incômodos episódios, personagens ou idéias que desafiaram a ordem sodal por ela justificada. Ao resgatar o 'avesso da história', apostamos na subversão e na invenção de novas relações sodals que dispensem a diferença ('natural') e a semelhança (obrigatória), mas valorizem a pluralidade, respeitando finalmente toda diversidade, humana ou não, como expressão de uma consciência de espécie entre as demais.

^Êé^kJ? status quo nos textos legais e najurisprudênda. "As pessoas privadas de direitos políticos são os menores, as mulheres casadas, os criminosos e os débeis mentais.'

CÓDIGO CIVIL NAPOLEÓNICO. artigo 1124, séc. XIX.

'A lei dvil, bem como a natureza, ela mesma, tem sempre reconhecido uma grande diferença nas respectivas esferas e destinos do homem e da mulher. O homem é, ou deveria ser, o protetor e defensor da mulher. A timidez e a delicadeza naturais e adequadas, que pertencem ao sexo feminino, evidentemente incapacitam-no para muitas ocupações da vida civil. A constituição da organização familiar, fundada na lei divina, bem como na natureza das coisas, indica a esfera doméstica como aquela que pertence adequadamente ao domínio e funções da condição feminina.'

CORTE SUPREMA, EUA, Caso Bradwell x Illinois, 1872.

'Somos todos concordes em considerar que o trabalho é o aviltamento e a escravidão da mulher, porque é o fim da solidariedade conjugai, da família. O verdadeiro reino da mulher é o lar. Se ela o abandona, se ela não sabe aí servir ao homem e aos filhos, acabou-se o seu poder, foi-se sua influênda.'

CÂMARA FEDERAL, Rio de Janeiro, Documentos Parlamen- tares, Legislação Social, 1919.

^ndo a Pay^

"A legislação trabalhista protege a mulher no trabalho, impedin- do que ela realize tarefas inadequadas à sua capacidade física, fixando aquelas em que ela pode concorrer com o homem, sem quebra das caraderísticas de seu sexo, somática e moralmente falando (...) É daro que não pode realizar todos os trabalhos que o homem consegue. Têm menos força muscular que eles, são mais tímidas, menos lógicas, menos objetivas, mais sub- jetivas, embora tão inteligentes.' 'Mas entre atirá-las a tarefas masculinas, como caixeiras de bar, motomeiras, trabalhadoras de alto forno e encaminhá-las a funções menos árduas, está a dênda seletiva e orientadora do Estado, garantindo a progenia, o produtor da concepção, a raça, não devendo ser esquedda que a longa permanênda em pé e que os gases e emanações tóxicas da indústria modema são elementos talvez abortivos e seguramente perturbadores das funções maternais.'

PARREIRAS, Décio, Diretor da Divisão de Higiene e Prtoteção do Trabalho. Depto. Nacional do Trabalho, Rio de Janeiro. 1943.

^

tp- '-K'^ '**< l;<3! X T 'M.

ala originalidade e coragem magníficas daquelas vozes - por raras vezes masculinas, mas prindpalmente femininas - que se opuseram ao pen-

samento dominante a respeito das mulheres. Oriundas das mais diversas c/asses sociais, mulheres deddiram, em inúmeras regiões do planeta, resistir à opressão, dominação, exploração e ao desprezo que lhes eram impingidos, utilizando para isso um extraordinário elenco de meios. Propondo reformas de cunho mais ou menos radical, lutando ora pela educação, ora pelo voto, ora pela contracepção, ora pela igualdade no trabalho, assodando ou não suas lutas àquelas ditas 'mais amplas', objetivando transformações sodals anticolonialistas, antiimperialistas e/ou socialistas, elas marcaram sua época. Falando, escrevendo, manifestando, agindo nos congressos, nas mas, nos jornais, nos locais de trabalho, nos campos de batalha, nas academias e nos laboratórios; utilizando ora o lápis, os pincéis, ora o estilete ou o microscópb, em massa ou Isoladamente, elas desafiaram e abalaram a construção opressiva do pensamento oddental que pretendia aprisioná-las dentro da tão badalada 'natureza feminina'. Herdeiras de seu empenho, as mulheres de hoje lhes devem muitos dos direitos, do espaço e do respeito sodals dos quais gozam. Para nós, feministas, somam-se a admiração pela sua ousadia e coragem, bem como a gratidão pela fonte de inspiração em que suas lutas se constituem na longa rota para a construção d? um mundo melhor.

'A natureza, ou para falar mais corretamente. Deus, fez bem todas as coisas; mas o homem inventou mil coisas para afetar a sua obra. (...) A liberdade é a mãe da virtude; se as mulheres, por sua constituição, são escravas e não são autorizadas a respirar o ar vivo e vivificador da liberdade, elas definharão para sempre como plantas exóticas, e serão consideradas apenas como um belo defeito da natureza.'

WOLLSTONECRAFT, Mary, feminista, Grã-Bretanha, séc. XVIII-XIX.

'As razões pelas quais acredita-se dever afastá-las das funções públicas, razões aliás, que seria fádl destruir, não podem ser motivo para despojá-las de um diráto cujo exercido seria tão simples, e que os homens possuem não pelo sexo, e sim pela qualidade de seres radonais e sensíveis, comum a mulheres e homens.' 'Por que razões, seres expostos à gravidezes e à indisposições passageiras, não poderiam exercer direitos dos quais nunca se imaginou privar pessoas que têm gota a cada inverno e que resfriam facilmente?" 'Pois é injusto alegar, para continuar a negar às mulheres o usufruto de seus direitos naturais, motivos que só têm um que de realidade pelo fato de que elas não usufruem destes direitos.'

CONDORCET, filósofo e político. França, séc XVIII.

"Se (...) admitimos que a mulher parece ser destinada pela natureza antes para a esfera doméstica, devemos acrescentar que os arranjos da vida dvilizada não foram feitos, até agora, para garantir-lhe isto. Seu espaço, se é o mais tedioso, não é o mais tranqüilo. Se ela está resguardada da 'exdtaçào', ela não está da exploração. Não somente a índia carrega os fardos do acampamento, mas as favoritas de Luís XIV acompanharam-no durante suas viagens e a lavadeira fica no tanque e leva trabalho para casa em todas as estações e em qualquer estado de saúde. Aqueles que ligam as drcunstàndas físicas da mulher à impossibilidade de fazer parte dos assuntos do governo nadonal, não são evidentemente aqueles que pensam ser impossível as negras suportarem o trabalho no campo, mesmo durante a gravidez, ou as costureiras continuarem seus trabalhos extenuantes."

FULLER, Margaret, feminista, USA, sécXIX.

"Aristóteles, menos temo do que Platão, colocava sem responder esta pergunta: têm as mulheres uma alma? Pergunta que o concilio de Macon dignou-se a responder favoravelrriente, por maioria dí» três votos. Assim, três votos a menos, e a mulher era reconhedda como pertencendo ao reino das feras, e desta feita, o homem, o mestre, o senhor teria sido obrigado a conviver com uma fera! Este pensamento faz estremecer de horror. De resto, tais são as coisas, que isto deve ser uma razão profunda de dor para os sábios entre os sábios, pensarem que eles descendem da raça mulher. Pois, se realmente eles estão convenddos de que a mulher é tão estúpida quanto eles afirmam, que vergonha para eles terem sido concebidos no ventre de tal criatura, terem mamado seu leite e terem ficado sob sua tutela por boa parte de suas vidas! É bem provável que, se tivesse sido possível a estes sábios colocar a mulher fora da natureza, como eles a colocaram fora da igreja, fora da lei, fora da sociedade, teriam se poupado à vergonha de descender de uma mulher.'

TRISTAN, Flora, feminista e sodalista, ouvrière". França, Peru, séc. XIX.

"Des moyens de constituer Ia classe

■íO-O-o-

'As mães, as filhas, as irmãs, representantes da nação, pedem para serem constituídas em Assembléia Nacional. Considerando que a ignorância, o esquedmento ou o desprezo pelos direitos da mulher são as únicas causas das infeliddades públicas e da corrupção dos governos, resolveram expor, numa declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados da mulher: a fim de que esta dedaração constantemente presente, lembre a todos os membros do corpo social, sem cessar, seus direitos e seus deveres; a fim de que os atos do poder das mulheres, e os do poder dos homens, susceptíveis de, a cada momento, serem comparados com o objetivo de toda instituição política, sejam mais respeitados; a fim de que as redamações das ddadãs, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, sejam voltadas sempre para a manutenção da Constituição, dos bons costumes e da feliddade de todos. Em conseqüência, o sexo superior em beleza, como em coragem nos sofrimentos matemos, reconhece e dedara, em presença e sob os auspídos do Ser Supremo, os Direitos seguintes da Mulher e da Cidadã.(...) Art. 2.0 objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis da Mulher e do Homem. Estes direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e sobretudo a resistênda à opressão. (...)

GOUGES. Olympe de, autora da "Dedaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã', durante a Revolução Francesa, 1791.

'As diferenças mentais supostamente existentes entre mulheres e homens são apenas efeitos naturais das diferenças na sua educação e nas drcunstàndas. E não indicam qualquer diferença radical e, ainda menos, uma inferioridade radical de natureza.'

MILL, John Stuart, escritor, filósofo e economista, Grã-Bretanha, séc. XIX.

'A maioria das pessoas dta a relativa fraqueza da mulher como principal argumento de oposição à igualdade de direitos entre esta e o homem. Continua a se apoiar no argumento da 'profissão natural' da mulher. Esquece-se que a relativa fraqueza, de origem sexual - onde aparece ocasionalmente - é agravada, quando não causada, pelas condições insalubres da nossa vida modema. Em boas condições ela seria bem menor ou até deixaria de existir. Esquece-se que tudo aquilo que se aproveita com tanta rapidez quando se debate a questão da liberdade da mulher, é rapidamente esqueddo quando se trata da sua escravidão. Esquece-se que essa relativa fraqueza da mulher só é levada em consideração quando pode servir de pretexto para fazer baixar o conjunto dos salários. Tampouco pode ser questão de 'profissão natural' da mulher, quanto se fala de leis 'naturais' da produção capitalis- ta.' MARX, Eleanor, sodalista e feminista, Grã-Bretanha, séc. XIX.

isk. M

..>_cxs»

'Que virtude pode-se esperar de uma escrava? (...) Por toda parte onde as mulheres serão escravas, os homens estarão curvados sob o despotismo. Sede, portanto, justos, homens que vos gabais de luzes, e não censurais as mulheres; que elas participem de vossos direitos, e imitarão vossas virtudes, pois se tomarão mais perfeitas ao se tomarem mais livres, e nossa liberdade comum será obra da instrução e do interesse que teremos pela República.' "Renunciai então, ddadão Prudhomme, a teu sistema tão déspota em relação às mulheres quanto o da anstocracia em relação aos povos. É tempo de operar uma revolução nos costumes das mulheres; é tempo de restabelecê-las na sua dig- nidade natural."

DEMOULIN, Blandine, resposta ao discurso do editor Prudhomme, adversário dos Clubes de Mulheres, durante a Revolução Francesa, séc. XVIII.

EíE zCTiTmj^%1|™;^il^JisnaBs^g

'O homem aí diz que as mulheres predsam ser ajudadas para subir nas carruagens e carregadas para atravessar regos, e para ter o melhor lugar em todos os cantos. Ninguém nunca me ajudou para subir em carruagens ou passar por dma de lamaçais, ou para me ceder o melhor lugar - e não sou eu uma mulher? Olhai meu braço! Eu lavrei e plantei e armazenei em celeiros, e nenhum homem podia me ultrapassar - e não sou eu uma mulher? Pude trabalhar e comer tanto quanto um homem - quando tive a oportunidade - e agüentar o chicote também! E não sou eu uma mulher? Tive treze filhos, e vi a maioria vendida como escravos, e quando chorei com minha dor de mãe, ninguém me ouviu, a não ser Jesus - e não sou eu uma mulher?'

TRUTH, Sojoumer, ex-escrava, líder abolidonísta, USA, séc. XIX.

'Elas exibiram seus talentos e seus diplomas. Também invocaram autoridades filosóficas. Mas tiveram de se defrontar com certos números desconhecidos por Condorcet ou por John Stuart Mill. Esses números caíram como um malho sobre as pobres mulheres, acompanhados por comentários e sarcasmos mais ferozes que as mais misóginas imprecações de certos representantes da igreja. Os teólogos haviam-se perguntado se as mulheres tinham alma. Vários séculos mais tarde, alguns dentistas estavam dispostos a negar-lhes uma inteligênda humana.'

MANOUVRIER, Léonce, ovelha negra não determinista no rebanho de Broca, França, séc. XX.

'Nós, as mulheres, não queremos ser a Vênus de Mito, mas sim queremos ser a Vênus Urânia, para que possamos percorrer brilhantemente todos os círculos concêntricos que a atividade humana tem de descrever na aurora da vida da humanidade e sodal sociedade.... Não nos perturba a negativa. Seu sofismo é tal, que nos tratando de rainhas só nos dão o cetro da cozinha, da máquina de procriação, etc. etc. Não nos consideram senão como objeto de impresdndível necessidade! Somos a flor de cactus e nada mais.'

MOTTA DINIZ, Senhorinha Frandsca, "O sexo feminino". Brasil, 1873.

'Sonhar com o domínio de um partido ou de uma ideologia para todo o orbe e 'organizar' o amor segundo os interesses desse partido ou dessa dasse, ou ideologia é sufocar a liberdade, desprezar as experiências do passado (...) Deixem o amor livre, absolutamente livre. Homens e mulheres encontrarão nas leis biológicas e nas necessidades afetivas e espirituais o seu caminho, a sua verdade e sua vida... A solução só pode ser individual. Cada qual ama como pode...'

LACERDA DE MOURA, Maria, feminista. Brasil, 1920.

'Art. 1. As mulheres, assim como os homens, nascem membros livres e inde- pendentes da espéde humana, dotados de faculdades equivalentes e igualmente chamados a exercer, sem peia, os seus direitos e deveres individuais.'

MANIFESTO FEMINISTA da Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino, 1929.

"•Alt*. /n.Oj(rancalel,C.. "Les amams de Ia Lfcerté? Sralégies de lenmes. lufles républicaines. lutles ouvnères". RévonesLogiques. N'S, 1977. p.67; e in-La Premiére Intematonale. Recuai ^ deGenève, (sepl.1866). p^M/AMAR*,//vftyetP.-M.. testemmseíü Wv^

mulher negra no Brasil. Pelrópohs. Vozes. 1988. p .54 e 53. •ARISTÓTELES*, m A Polilca 1,11,11. Ro de Janeiro, EdiouríWDquelel. s.d, p. 18, •ASSUNÇÃO*, «i-flago, M, Do Cabaré :rasit 1890-1930. Rio de Janeiro. Paz e Teira. 1985, p 79 •BARROS\ in- Chaloub,S., Trabato. Lar e Botequim. O cofdiaro dos trabalhadores do Rio de Janeiro da Bete Époque. São 'AR-, mPodugal^ M..'Formaaiin y deformaciór: educaaón para Ia culpa'.Grela. C, ei ai. Ed.. Moeres e tglesia: sexuatdadyabodoeh América Latina. Washington DC. Catolics for m£oukl. S J„ O Polegar do Panda ■ Reflexões sobre História Natural. São Paulo, Martns Fonles. 1989. p. 133. •CÂMARA FEDERAfjn-Rago.M.Oo cabaré ao lar. op.al., p.69

MK e Trabalhadoras. Presença temmna na constluição do sistema labril. Ro de Janeiro. Paz e Terra. 1987. pi 60-61. "CIRCULAR DAS REFWARIAS", in-Vilemé. "Tableau ptiysique oladoporGroJI BMins/sa/^/e.Pans. Grassei ei Fasquele. 1975, p.65.^CÓOIGOavlL,./nOroul1.B../í«i»soi/-eíte.op.cri .p. 48 •COMTE;/n-Knibienier,Y.eFoijqucl.C..Hs»)re

í.'-»3.•CONDORCET./n-AlbislurM eAmogalheD.HistoiredulémriemetrancasduMoyenAgeános/ours,Pans,Edilionsdesfemmes, 1977,p,218 •CORTESUPREMAEUA\ w YorK Vinlage Books, 1970, p.147-48 e 144. •OARWBT m-Bock. K.. Natureza Humana e História Uma répkca à sooobiologia. Rio de Janero. Zahar. 1982, p.52. •OEMOULINV

■1 (7S3.RiodeJaneiro,NovaFroffleira, 1991,pi37 ■OINir/n^ahner,J./<mu»iernoflra»(ftodeJaneiiT),CivilizaçàoBrasilera,1976.p,83.,OOU -.! Tes idéologies ei poklque lamíiale". Thalmann. R. Éd. Femmes et lasasmes. Pans. Tierce. 1986. p.85, •ESQUIROS*. n GoAn. A., les Hles de noce. Misére sexjeHe eiomsítution

5.p.23. •nSCHER\ inBauer, K., CísraZe/fcnuntfolf pro/e/ariscftefraueníewesmj, Bertin, Obertaunvenag, 1978, p,58-59, •RORESTAV Ií>MO^

Paulo, Conlexlo. 1988. p.64 •FREUD*. 'Sexualidade Feminina*, m Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de. Rio de Janeiro, Imago. 1969, vol.XXI, p.267-68; . ere Books. 1971.p 95 •FULLER". «i-Flexner.E. CeníryolSIruggle. Cambhdge. Mass. Harvard U.P 1973. p,68 tjALUSHA". mSlimpson. C. "Thy Neighbor-sVWe. Thy Neignbors

>v

i .1» Li-.^^m^mmmtm^Mmmim OS JURISTAS. Aos juristas compete codificar o estado de coisas vigente e defendê-lo com base num arcabouço ideológico cada vez mais rico e detalhado, graças às contribuições aparentemente inesgotáveis das déndas - tanto as humanas, quanto as exatas. Apoiando-se ora nos dados 'dentífícos' apresentados pelo corpo médico, ora nas considerações 'histórico-éticas' dos filósofos e moralistas^ o legislativo e o judidãrio confirmam o

servants WonenLiberaton Black Civ^ Righis". Gormck V e Moran. B K .Eós.WomanmsexisIsoaet) S/ufT^./: fotwranrffíowertessness. NewYortt.BasicBooks, 1971.p.632. "GARUC*./n-Hymowitz. C. eWeissman. M . A History of Women in America. New York. Baniam. 1978. p49 •GENTILE\ ín-Macaocdii. M -A, "As mulheres e a Iravessia do íasasmo". Macòocdii. M.-A. Ed.. Elementos para uma análise do fascismo, üsboa Ber1rand.1977,p.l57. •GOUGES*. in-Duhel.P-M . Les lemmes ei Ia Révoluton 1789-1T94.of> allp,74 *GUDGER*l/nHynx)witz. C.eWeissman. M, AHsto/yo/IVomeniri/tnwò, op, dl..p.43. •HARRIS\/nNe(f.W.. VctonanWofang Women. New York. Columõia UP. 1929. alado por Milen. K.. Sexual Potitcs. cp ai p 70-71 *HíTLER', in-Macaocchi. M.-A.. "As mulierese a Iravessia do fascismo*. op.ci1..p.33;e/n-MilleflK,.Sexí/a/ PoklesLondon.Sphere Books, 1971.p 164.1HRER,.«vBoxerM,eClijarlaertJ..Eds.Sooa»s(kVomen. £^opean*mnsmn/heX«íh»í(e^X>»)(»rtufy,NewYorV,Bsevier. 1978, p.125. •LEÃOXir,/n.Sa<liott,H.I.B, A mulher na sooedade de dasse: milo e realidade. Pelrópolis. Vozes. 1976. p.93. •LE BON; «>Gould, S.J.. O Polegar do Panda. op. cit.. p.137 e 140. •MANIFESTO". n-Saífiolii. H.I.B., A mulher na sociedade de classe, op. oi.. p.262"1WNOWRIER".OT-GouW.SJ.. 4 íaisaroeilolaob/iomem. São PaUo. Martns Fontes TheSpeecholLordAsliley. 15thMarch'London, 18*1.^.20.0CapilaL Vol. II. São Paulo. Nova Cultura. 1988. p.26: e píO. "MARX-AVELING". De Frauen Frage. Berlin, Vertag fúr das Sludium der Aibeilerhewegung. 1973. pi 5. "MICHELETr m-Knibiehler. Y. e Fouquel. C. HisUire des metes op.tí.. p. 170. •Mia1. irvMilett. K. SeM;a;Po(/(« op ai, p,94 e 98. •MOURA; irvRago, M. Do caCar^ ao ;ar. op.ol.p. 107.^NAP<^ Hisloire de Ia teime et des médecms, Pans. Haaietle, 1963. p,93. •NEW YORK HERALD TRIBUW. m-Stmpson. C, "Thy NeJghbor^s Wüe. Thy NeigNWs Servants: Womens Liberaton Black Civil Rights". op. dl., p.629. •NETZSCHE; in-Lloyd. G.. The Uan o/Reason. 'Uale'and MFemale'in Western Phtosophy. Mnneapoks. Univereíty oi Mirmesola Press. 1986. p.1-2; Graull. B, Ainsi soit-elle. op dl., p.47."PARREIRAS". n Pena, M. VJ.. «uffwres e rfaM/»*ías op. A. p.159 e 162. "PW XI", mSafíoni. H.I.B.. A mV^ "ROUSSEAU". «Xrtbiphler. Y. e Fouquel. C. Hetore des meies op. c*.. p.140-41. "ROUSSEL". m-Knibiehler, Y. e Fouquet. C. HsiBire desméres op. dL, p.297. "SALM*. in-Fraisse, G.. Uusede laraison, La démocratie exclusive et Ia áltérence des sexes. Alx-en-Provence. Alinéa. 1989, p.59. "SANTO AGOSTINHO". m-Badinter. €..L'un est Tautre. Des relations entre hommes et lemmes. Pans, Odile Jacob. 1988, p.118. "SIMONV n-Scoll. J.W. Genderantf me PcVrte oiHu/ory. New Yoi*. Crtimbo UP. 1988. p.156. TALLEYRAND; m

"Na Ingiaterra ainda é costume, ao longo dos canais, empregar mul- heres no lugar de cavalos para reboque, já que os custos dos cavalos e das máquinas são quan- tias fixadas matematicamente, en- quanto que os das mulheres, relegadas à ralé, escapam a qualquer cálculo."

MARX, K., filósofo e cientista social alemão, "pai" do materialismo histórico, séc. XIX.

'Eu tenho um dnto ao redor da dn- tura e uma corrente passando entre as pernas e ando de quatro. O caminho é muito inclinado e precisamos nos agarrar a uma corda, e quando não há corda, qualquer coisa podemos agarrar (...). A mina onde eu trabalho é muito úmida, e a água invade sempre nossos tamancos, e já subiu até as coxas; cai muita água do teto: minhas roupas ficam mo- lhadas quase o dia todo. Nunca adoed na minha vida, apenas quan- do de resguardo. Minha prima fica com meus filhos durante o dia. Eu estou muito cansada quando volto para casa à noite; às vezes caio no sono antes de me lavar. Não estou tão forte como já fui, e não consigo suportar meu trabalho tão bem

quanto antes. Eu arrastava o carri- nho até esfolar. O dnto e a corrente são piores quando a gente está grávida.'

HARRIS, Betty, 27 anos, trabalha- dora que arrasta carrinhos onde os cavalos não podem passar numa mina de carvão, Inglaterra, séc. XIX.

'Podemos dizer que essas negras não descansam, nem aos domin- gos, nem nos dias festivos; parece que essas negras são feitas de ferro. Pois não dormem mais do que cinco horas durante a moagem, levantam quando os primeiros resplendores da manhã não pen- sam em luzir, e ficam enfiadas nos canaviais cortando cana ao sol, no sol escaldante dos trópicos, sem outra trégua se não aquele momen- to do meio-dia em que vêm comer nas casas; e, além disso, quando cai um aguaceiro, agüentam água, até no inverno, com o frio que faz no campo, penetrando os africanos até os ossos; e depois, no domingo e nos dias festivos, dão o peito aos filhos, lavam, costuram roupas, fazem comida... eu não sei como elas têm resistência para tanto! E além disso amigo, você acredita? Estão sempre alegres, o rosto prazeroso, não têm aquela gravidade que normalmente têm os negros, e raramente se as vê desesperadas, tirando a própria vida, enforcando-se. Por isso os feitores dizem que as negras são mais resistentes e mais constantes no trabalho do que os homens, e atribuem isso ao fato de serem mais resistentes por sua natureza física; mas os feitores, naturalmente, não podem penetrar no fundo das coisas...' SUAREZ Y ROMERO, escritor e senhor de engenho. Cuba, séc. XIX.

'Nunca soube o que era repousar. Eu trabalhava o tempo todo, de manhã até tarde da noite. Devia fazer tudo que tinha que fazer fora: trabalho no campo, cortar madeira, bater o triijo, até que às vezes sentia minhas costas quebrarem... O velho Marse nos batia tanto quando fazíamos alguma coisa que não gostava. Às vezes ele amarrava suas mãos na frente do corpo e te chicoteava como uma mula... No verão, tínhamos que trabalhar fora; no inverno, na casa. Eu tinha que cardar e fiar até as dez horas da noite. Sem muito dormir, tinha que me acordar às quatro da manhã seguinte e recomeçar." GUDGER, Sarah, antiga escrava, EUA.séc. XIX.

"Um dono de gráfica dizia-me, um dia destes, com uma ingenuidade muito característica: 'Pagamos- Ihes a metade daquilo que pagamos aos homens, e é muito justo, já que elas vão mais rápido que os homens; elas ganhariam demais se lhes pagássemos o mesmo preço."

TRISTÁN, Flora, feminista e socialista, França/Peru, séc. XIX.

>'

OS CLÉRIGOS Tampouco inovadora a este respeito é a posição das autoridades religiosas. Salvo por algumas nuances moder- nizantes, elas alimentam a longa tradição misógina dos 'pais' históricos da igreja cristã: ao lado dos argumentos doravante 'científicos', morais, filosóficos, elas confirmam o dogma, a tradição bíblica e escolástica, que limitam as mulheres às pren- das domésticas e à vocação (desta vez por ordem divina) materna, através da promoção exemplar - para os católicos - do culto popular à Virgem Maria

"Não tenho nenhuma objeção ao fato da mulher ser o pescoço sobre o qual gira a cabeça, mas não desejo vê-la assumir o lugar da cabeça.' GALUSHA, Eben, pasttor de Nova York, contrário à participa- ção das mulheres na Convenção Abolicionista Mundial de 1840.

"Enfim, o que um homem válido e na força da idade pode fazer, não será equitativo exigi-lo de uma mulher ou de uma criança (...) Trabalhos há também que não se adaptam tanto à mulher, a qual a natureza destina, de preferência, aos arranjos domésticos, que por outro lado, salvaguardam admiravelmente a honestidade do sexo e correspondem melhor, pela sua natureza, ao que pede a boa educação dos filhos e a prosperidade da família."

LEÃO XIII, Enciclica "De Rerum Novarum". 1891.

'Toda mulher é destinada a ser mãe; mãe no sentido físico da palavra ou em um significado mais espiritual e elevado, mas não menos real. A este fim, o Criador ordenou lodo o ser próprio da mulher, seu organismo, mas também seu espírito e, sobretudo, sua espedal sensibilidade. De modo que a mulher, verdadeira- mente tal, não pode, de outro modo, ver nem compreender a fundo todos os problemas da vida humana, senão com relação à família. Por isto, o sentido agudo de sua dignidade a toma apreensiva cada vez que a ordem sodal ou política ameaça prejudicar sua missão materna, sua missão em favor da família.'

PIO XII, Discurso à Juventude Feminina da Ação Católica, 1943.

•íâ

OS SINDICALISTAS Além de possuir um cérebro 'menor-portanto-menos-capaz', as\ mulheres são supostamente mais fracas do que os homens no *§ que diz respeito à força física. Justifica-se, desta forma, uma remuneração inferior a deles, a despeito da dureza efetiva das tarefas realizadas. Ao mesmo tempo, a alta qualificação demonstrada em certos ramos de atividade não significa um aumento nos níveis salariais. No século XIX, esta crença não parece ser afetada pela presença maciça da mão-de-obra feminina em todas as áreas do trabalho agrícola ou industrial. Esta só é considerada para evidendar a necessidade de 'corrigir' tal 'desvio' histórico com medidas de contenção do emprego desta força de trabalho barata; além do mais as mulheres constituem uma temível sub-concorrênda para a mão-de-obra masculina

<mb "Se a dedicação à coisa pública, a preocupação para com os interesses coletivos são, no homem, qualidades, na mulher são uma aberração, cujas consequêndas inevitáveis para a criança a dênda constatou há muito tempo: fraqueza, raquitismo e, finalmente, impotênda.' Memorandum dos delegados franceses ao Congresso da Associação Internacional dos Trabalhadores, Genebra, 1866.

"No que se refere ao organismo, não diremos predsamente, como Michelet, que a mulher é uma doente perpétua; mas não é menos verdade que a respeito de alguns fatos devidos às particularidades do organismo feminino (a brusca edosão da puberdade, a crise periódica da menstruação e o mal-estar generalizado que normalmente acompanha a gravidez, o parto, a amamentação, o desmame e mais tarde a menopausa), é difícil fixar o limite entre o estado fisiológico e o estado patológico, e que estas funções orgânicas impedem a mulher de dedicar-se a qualquer trabalho tenaz ou contínuo, como aqueles da indústria. Mas estas funções que tomam a mulher imprópria para o trabalho industrial, são predsamente aquelas que a tomam própria para a maternidade.' Relatório da Seção Belga no Congresso Operário de Lausanne, 1867.

4Jk

O axioma pouco questionado segundo o qual 'lugar de mulher é dentrro de casa' afeta tanto o ponto de vista dos legisladores burgueses, quanto o do próprio movimento sindical e revolucionário. Frente aos tremendos sofrimentos impostos ao proletariado - inclusive às crianças e às mulheres - pela Revolução Industrial triunfante, od defensores das classes oprimidas sonham, na sua maioria, com medidas radicais de proibição ao trabalho feminino. Estas deveriam ter resultados positivos de proteção às vitimas da exploração capitalista segundo uma lógica parecida com aquela do movimento abolucionista, contemporâneo do sindicalismo principiante.

'A mulher que se torna operária não é mais uma mulher (...) É necessário que as mulheres possam se casar e que as mulheres casadas possam ficar em casa o dia todo, a fim de se tomarem a providênda e a personificação da família (...) A mulher cresce somente com amor, e o amor desenvolve-se e fortalece-se apenas dentro do santuário da família. Se existe uma coisa que a natureza nos ensina com evidênda, é que a mulher é feita para ser protegida, para viver como uma jovem menina perto de sua mãe, como uma esposa debaixo da proteção e autoridade do seu marido.' SIMON, Jules, escritor francês, autor de "A Operária", 1860.

-**>*>*>*>*>-

Resoluções do Congresso da Associação Inter- nacional dos Trabalhadores, Genebra, 1866.

"Do ponto de vista físico, moral e sodal, o trabalho das mulheres e das crianças nas manufaturas deve ser energicamente condenado, como i ""a das causas mais ativas da degenerescência da espéde humana, e como um dos mais poderosos meios de desmoralização posto em movimento pela dasse capitalista. A mulher não é feita para trabalhar, seu lugar está no lar da família, ela é a educadora natural da criança; só ela pode prepará-la para a existência crítica, viril e livre.'

Resolução majoritária

"A falta de educação, o excesso de trabalho, a remuneração excessivamente baixa e as más condições higiênicas das manufaturas são, atualmente, para as mulheres que nelas trabalham, causas de rebaixamento físico e moral; estas causas podem ser

destruídas por uma melhor organização do trabalho, pela cooperação. A mulher predsa trabalhar para viver honradamente. Portanto, temos que procurar melhorar seu trabalho e não suprimi-lo.'

Resolução minoritária

'Na realidade, o centro da questão da mulher é este: será que o caminho inelutável do desenvolvimento leva as mulheres ao emprego profissional e será que isto pode ser encarado como um progresso que devemos saudar e encorajar, já que através disto, com uma nova organização de toda a vida sodal, a mulher se torna pela primeira vez realmente livre, economicamente inde- pendente do homem, e acede à sua emancipação? Ou então, será que a atividade profissional da mulher é algo de antinatural, sodalmente não saudável, nodvo, um dos males do capitalismo, que com a abolição do capitalismo também desaparecerá e deverá desaparecer...O objetivo de vida da mulher, primeiro, maior, profundamente enraizado na sua natureza, é o de ser mãe e de viver para cuidar e criar os filhos.' "A chamada 'emancipação da mulher' vai de encontro à natureza feminina e, no final das contas, à natureza humana; ela é antinatural e por isto impossível de ser posta em prática." FISCHER, Edmund, socialista, "Zur Fraunenfrage in sozialistischen Monatshefte", Alemanha. 1905.

mêlées. Paris. UGE. 1973. p.11 e p.399. TRUTH; mFtexner. E.. Cenlury oi Slruggle. op.dl.. p.90-91. •VIREY; mKntoiehler. Y. e Fouquel. C. Hébire de Ia lemme et des médecms. op oi p.106-107.1WOLLST0NECRAfT. Vndicación de tos derechos de Ia mujer, Madnd. Edrtorial Dehale, 1977. p.67 e 60. •WOOOHULL". m-Hymowilz. C. A History oi Women oi Amenca. op. cil p 171 PESQUISA ICONOGRÁFICA" Agenda de La FemmeSusse.1989,Genei)ra.Mi£AIC4fl,C,/?/fie/flO,iM..CECCO/V.C,.Brasil Vivo. vol. 1 e Z Petrópolis (FUj. Ed. Vozes. I986.-APPICNASI fí ZARATE, O.. Freud pour débulanls. Paris. Uaspero/Ed. La Découverte. 19S0.-BOARDUAN, J., LA ROCCA. £, Eros m Greece. Verona. Ed Uondadon. igzs.'CAUPBELL, J, UOYERS. B.. O podei do Mito. Sào Paulo, Ed. Palas Alhena, 1990' Coleção Nosso Século. \900-1910/1910-1930, São Paulo. Ed. Abnl Cultural. 1980. *Oiaònáno El Ateneo de Ia Lengua Espanola. Buenos A/es /9».*Odonár» Nouveau Larousse aassique. Pars, ttora«eLara/sse./«SZ/Dl/Sy. G.. P£m^ ei Ia Révolution 1789-1794. Paris. Ed. Miard. 197r;Encydopédie lluslrée du Coslume ei de Ia Mode, Paris. Ed. Gruend 1970.' FOSTER DULLES. John kV.Anarquistas e Comunistas no Brasil fto de Janeiro, Ed. Nova Fronteira. !977.'GAILLARD. U., UAHAIU, A.. Retards de règles. Lausanne. Ed. iTEnBas, 1983: La Thbuna - Colelin Infomakvo- Centode La Tribuna International de Ia Mu/Pi Nova York.N.34. agosto 198S-CRUNSPAN, Elise. O Sujeito em perigo: identidade fotográfica e alteridade no Brasil do século XIX até 1940 ■ Reole. FUNDAJ/Ed. Uassangana. 1992.' RIVAL. Ned Hisloire anecdotique de Ia propreté et des soins corporels, Paris, Ed. Jacques Grancher. 1986.

Realizado pelo SOS CORPO - Gênero e Cidadania (Rua Major Codeceira, 37 - Santo Amaro - 50.100-070 - Recife - PE - Brasil Te!.: (081) 221.3018 - Fax: (081) 221.3947). Organizadoras: Christine Rufino Dabat e Regine (Gigi) Bandler. Revisão: Márcia Larangeira. Composição: InfolaserComputaçào Gráfica. Impressão: Gráfica Santa Marta. Apoio: Fundação MacArthur. Recife. 1993

m

yiu i-ofô