Idéia, Método e Linguagem - Cópia

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    Idia --- Mtodo --- Linguagem

    Projeto arquitetnico --- Experincia Pessoal

    RENATA THAS BOMM

    IDIA, MTODO E LINGUAGEMNO PROJETO ARQUITETNICO / EXPERINCIA PESSOAL

    Trabalho apresentado disciplina de Idia,Mtodo e Linguagem do curso de Ps-graduaoem Arquitetura e Urbanismo, Setor Tecnolgico,Universidade Federal de Santa Catarina.

    Profa.: Snia Afonso.

    FLORIANPOLISJunho / 2002

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    SUMRIO

    1. INTRODUO 1

    2. IDIA 2

    3. MTODO 6

    4. LINGUAGEM 9

    5. EXPERINCIA PESSOAL 13

    6. CONCLUSO 16

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 17

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    1. INTRODUO

    O projeto arquitetnico a atividade de criar propostas para algo novo ou

    propostas que transformem alguma coisa j existente em algo melhor. um

    processo formado por trs partes: um estado inicial, um mtodo ou um processo

    de transformao e um estado futuro imaginado. Essas trs componentes tambm

    definem as funes do projetista arquitetnico identificar problemas, identificar

    mtodos de conseguir solues e implementar essas solues. Em termos mais

    prticos, essas funes so programar, gerar projetos alternativos de construo e

    implementar planos.O processo de projeto, que vai desde o estado inicial at o estado futuro

    imaginado, compreende etapas nas quais os componentes idia, mtodo e

    linguagem se fazem necessrios para seu pleno desenvolvimento.

    O trabalho a seguir tem por objetivo apresentar como os conceitos de idia,

    mtodo e linguagem se desenvolvem no projeto arquitetnico, fazendo para isto,

    um resgate dos estudos desenvolvidos em sala de aula, somando-os a leituras

    complementares e experincias profissionais.

    Uma grande dificuldade surge no momento em que se tenta separar os

    conceitos para melhor compreenso, principalmente a idia e o mtodo. Esses

    conceitos aparecem no processo projetual em diversas etapas e muitas vezes

    esto to intimamente ligados que difcil discerni-los. As idias surgem a todo o

    momento e para as diversas solues que so exigidas durante todo o processo.

    Quanto ao mtodo, este faz parte de todas as etapas, desde a fase de concepo

    at a representao final do projeto e acompanhamento da obra. Portanto, h

    mtodos para se ter e organizar idias, e h idias que alteram o desenvolvimentodo mtodo.

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    2. IDIA

    Considerando a concepo arquitetnica como uma atividade muito criativa

    que implica na idealizao prvia do objeto, percebe-se que em arquitetura se

    fazem necessrias idias sobre muitas coisas. Os edifcios e o projeto de

    construo so compostos de muitas pequenas decises, e importante

    desenvolver habilidade em gerar idias e conceitos que respondam ampla

    variedade de tpicos que surgem. Frank Lloyd Wright um exemplo da aplicao

    de muitas idias, quando no livro Wrights Usonian Houses, identifica 35 idias

    que teve sobre projeto e construo de pequenas casas.Teoricamente as idias podem ser definidas como pensamentos

    especficos, concretos, que se tem como resultado de uma compreenso, uma

    viso interior ou uma observao.

    A maneira pela qual a idia surge um processo muito individual e difcil de

    compreender e descrever, mas na maioria das vezes, quando o arquiteto depara-

    se com um problema que exige como soluo uma proposta arquitetnica, ele

    recorre a todo seu conhecimento acumulado atravs de estudos, experincias

    profissionais, viagens, etc. para estimular sua concepo, enriquecer sua proposta

    e chegar a um resultado criativo. Seu repertrio, acrescido de pesquisas

    referentes ao tema, de levantamentos e anlise de dados e de uma crtica

    pessoal, resultar na formulao das idias.

    O primeiro esboo do projeto, geralmente uma sntese das idias que

    surgiram desde o contato inicial com o problema, foram avaliadas durante o

    processo de resgate do repertrio e dos estudos realizados, e agora so

    expressas atravs das linhas gerais que formam o desenho.Se pensar representar a coisa pensada e se o desenho tambm forma

    de representao do real, o que ocorre no desenvolvimento do projeto

    arquitetnico uma integrao entre essas duas representaes. A concepo

    no apenas se exterioriza sob forma de desenho, devido ao ato de conceber ser,

    desde o incio, adaptado maneira como a idia ser transmitida ou representada,

    conforme diz Lefebvre:

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    O arquiteto, tem, diante dele, sob seus olhos, sua prancha de desenho, sua folha

    branca... Essa folha de papel de desenho, quem no a toma por um simples espelho, epor um espelho fiel? Quando todo o espelho enganador e que, por outro lado, essa

    folha branca mais e outra coisa do que um espelho. O arquiteto a utiliza para seus

    planos, palavra a tomar em toda a sua fora: superfcie plana, sobre a qual um lpis mais

    ou menos desembaraado e hbil deixa os traos que o autor toma pela reproduo das

    coisas, do mundo sensvel, quando na verdade essa superfcie impe codificao-

    recodificao do real... A folha, sob a mo, diante dos olhos do desenhador, branca,

    to branca como plana. Ele a cr neutra. Ele cr que esse espao neutro, que recebe

    passivamente os traos de seu lpis, corresponde ao espao neutro exterior que recebeas coisas, ponto por ponto, lugar por lugar. Quanto ao plano, ele no fica inocente sobre

    o papel. Sobre o terreno, no canteiro de obras, o trabalho vivo dos operrios, subordinado

    a todas as formas de trabalho morto, realiza o plano.1

    J o arquiteto Manoel Coelho 2, durante uma entrevista realizada para a

    disciplina de Idia, Mtodo e Linguagem do curso de Ps-Graduao em

    Arquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina, refere-se expresso da

    idia pelo desenho da seguinte forma:

    Duvido que aparea algo que promova uma ligao mais direta entre a sua

    cabea, a sua idia e aquilo que voc quer mostrar, exprimir, materializar, do que voc ter

    um papel e um lpis na mo e riscar, ... , e nem precisa isso tudo, se voc estiver na

    praia, voc risca com a mo na areia

    Portanto, sempre uma idia que leva manifestao formal da concepo

    arquitetnica. Para tal manifestao desenvolver-se de forma clara, torna-se

    imprescindvel o uso de um mtodo que organize a forma de passar as imagens

    pensadas para o plano da realizao.

    1LEFEBVRE Henri. Espace et Politique l Droit la Ville II, p. 15.2Manoel Coelho, arquiteto formado pela Universidade Federal do Paran em 1967, atua em Curitiba-

    PR h mais de 30 anos com um dos escritrios pioneiros a integrar urbanismo, arquitetura, design de produtoe comunicao visual.

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    Como exemplo tomam-se as palavras de Le Corbusier sobre a idia no

    processo projetual:

    Fazer uma planta precisar, fixar idias. ter tido idias. ordenar essas idias

    para que elas se tornem inteligveis, executveis e transmissveis. 3

    Considerando agora que, em arquitetura, um conceito sugere um modo

    especfico de conjugar exigncias programticas, contexto e crenas, tomam-se

    conceitos como algo semelhante a idias, pois so pensamentos especficos que

    resultam de uma compreenso, apesar do conceito ter uma caracterstica

    particular: um pensamento que se refere maneira como vrios elementos ou

    caractersticas podem ser combinados numa coisa nica, so idias que integram

    vrios elementos num todo.

    Segundo Catanese e Snyder, em seu livro Introduo Arquitetura,

    Um conceito em arquitetura uma coisa ambiciosa, o resultado de um esforo

    concentrado e imaginativo para juntar coisas aparentemente dissimilares. 4

    A formulao de conceitos no uma atividade automtica. necessrio

    um esforo concentrado para desenvolver um conceito que integre

    apropriadamente coisas que antes nunca eram postas juntas. Reunir coisas um

    ato criativo, ato que projetistas, arquitetos, crticos, artistas, msicos e escritores

    identificaram como sendo 10% inspirao ou gnio e 90% trabalho duro.

    Trs problemas bloqueiam o desenvolvimento da habilidade de conceituar.

    O primeiro bloqueio tem haver com problemas de comunicao, o segundo com ainexperincia e o terceiro com problemas de gerar hierarquias.

    Loius Kahn conta uma anedota que sugere que o problema de

    comunicao entre o edifcio imaginado e seus primeiros esboos um problema

    universal dos estudantes:

    3CORBUSIER, Le. Por uma Arquitetura, p. 1254SNYDER, James C.; CATANESE, Anthony. Introduo Arquitetura. Rio de Janeiro: Editora

    Campos, 1984, p. 216.

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    Um jovem arquiteto veio fazer uma pergunta: Eu sonho com espaos cheios de

    maravilhas de espaos que sobem e evoluem fluidamente, sem princpio nem fim deum material sem emendas, branco e ouro... Por que que, quando eu ponho a primeira

    linha no papel para capturar o sonho, ela some? ... Esta uma boa pergunta... uma

    pergunta sobre o mensurvel e o incomensurvel... Para se expressar em msica ou em

    arquitetura, tem-se que empregar os meios mensurveis da composio ou do projeto. A

    primeira linha no papel j uma medida de que no pode ser plenamente expresso. 5

    Enfim, entende-se idia como sendo o ponto de partida do processo

    projetual. Esta idia necessita de subsdios cognitivos e metodolgicos para

    conceituar o projeto arquitetnico e ser expressa da forma correta, atingindo assim

    um resultado satisfatrio.

    5KAHN, Louis I. The voice of America Forum Lectures: Architecture (The U.S. InformationService, n.d.) p.39.

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    3. MTODO

    Embora um grande nmero de disciplinas, tais como projeto de sistemas,

    logstica, planejamento e engenharia, tenha influenciado a profisso de

    arquitetura, o processo de projeto em si, nunca teve grande importncia at os

    anos 50. Em 1972, o Design Methods de J.C. Jones, identificou o estudo do

    processo de projeto como uma pesquisa de mtodos que viriam melhorar a

    qualidade dos projetos. Hoje em dia, no possvel elaborar um projeto sem antes

    pensar na organizao das tarefas a serem desenvolvidas, devido necessidade

    de realiza-las e compatibiliza-las simultaneamente entre si e entre as equipesmultidisciplinares que esto envolvidas no processo.

    Se por um lado o trabalho do arquiteto obedece a uma lgica seqencial

    definida por um plano organizado de acordo com as prioridades do problema a

    resolver; por outro, a tomada de decises relativa importncia e peso das

    prioridades subjetiva. Por mais rgido que seja o procedimento metodolgico,

    cada passo permite a interpretao e ao subjetiva do arquiteto.

    Como dito anteriormente, podendo o projeto arquitetnico ser representado

    por uma progresso - que parte de um ponto inicial e evolui em direo a uma

    proposta de soluo, ou seja, uma elaborao mental , esta no obedece a um

    rgido modelo mecnico, peculiar de pessoa para pessoa. Cada arquiteto,

    segundo sua personalidade e seu modo de trabalho, desenvolve um mtodo

    particular para explicitar suas idias e transform-las em algo concreto.

    Conforme diz Gasperini,

    O nico recurso metodolgico que constante no processo de transferncia da

    idia para o plano da realizao o Projeto.6

    6GASPERINI, Gian Carlo. Contexto e Tecnologia O Projeto como Pesquisa Contempornea

    em Arquitetura. So Paulo FAUUSP, 1988.cap. III, p. 07.

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    O projeto desenhado no determina somente o espao a construir ou o

    espao a conceber. Determina tambm a maneira de conceber e de construir. O

    projeto a representao grfica do objeto/produto, mas no apenas isto. Seu

    mtodo de representao o desenho, feito para dirigir a construo, que um

    instrumento de trabalho, ou melhor, um instrumento para dirigir trabalhos

    alheios.

    No livro Introduo Arquitetura citado anteriormente, os autores Snyder e

    Catanese classificam cinco passos do processo de projeto: Iniciao, Preparao,

    Confeco da Proposta, Avaliao e Ao. A Iniciao compreende o

    reconhecimento e definio do problema, a Preparao consiste na coleta eanlise de informaes a respeito do tema, a Confeco da proposta apresenta

    uma sntese de vrios aspectos gerando idias, a Avaliao faz comparaes das

    solues propostas com a programao prvia e a Ao implementa a idia.

    Dentro do processo dos cinco passos, cada arquiteto desenvolve seu

    prprio estilo de trabalho, ou seja, sua metodologia. As mais freqentes, segundo

    o livro, so:

    - Processo Cclico, no qual o projetista passa rapidamente pela seqncia

    dos cinco passos e ento gera uma srie de propostas preliminares para

    focalizar melhor as atividades de programao ou necessidades do cliente;

    - Feedback, que tambm de natureza cclica, onde novas informaes

    fazem o projetista reconsiderar a informao existente proporo que a

    proposta progride;

    - Processo Iterativo, que percorre os ciclos determinado nmero de vezes

    onde cada ciclo incorpora um nmero maior de informaes, tornando-se a

    sntese mais sofisticada.

    Oscar Niemeyer refere-se ao seu mtodo de trabalho da seguinte forma:

    Essa necessidade de melhor esclarecer meus projetos levou-me a um sistema de

    trabalho muito particular. Ao chegar a uma soluo, passo a descreve-la num texto

    explicativo. Se, ao l-lo, ele me satisfaz, inicio os desenhos definitivos. Se, ao contrrio,

    os argumentos no me parecem satisfatrios, volto prancheta. uma espcie de prova

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    dos nove. Na realidade, na maioria dos casos lendo os textos que os meus projetos so

    aprovados. Pouca, muito pouca gente conhece os segredos da arquitetura.7

    Na verdade, para o desenvolvimento do projeto no existe frmula

    especfica, existem passos a serem dados desde a criao at a concluso da

    obra, que so definidos e determinados pela metodologia de cada arquiteto. O

    importante que o processo seja feito com seriedade e disciplina para se chegar a

    um bom resultado.

    7NIEMEYER, Oscar. Minha Arquitetura. Rio de janeiro:Revan, 2000. 2a. edio. p. 21.

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    4. LINGUAGEM

    Linguagem a forma de expresso e comunicao atravs de um meio.

    A explicitao, formalizao e expresso da idia, atravs de sinais

    apropriados que transmitem o significado de um elemento situado num

    determinado espao, o que se pode chamar de linguagem arquitetnica. Pela

    linguagem pode-se identificar as vrias caractersticas sociais e culturais dos

    indivduos ou grupos e suas relaes.

    As formas arquitetnicas so capazes de produzir ou modificar estmulos

    caracterizados como agentes da percepo espacial. Elas carregam significados,proporcionam entendimento e transmitem mensagens. So consideradas meios

    de comunicao, de onde se conclui a arquitetura como uma forma de linguagem

    no-verbal, como j dizia Boffrand:

    Os perfis das molduras e outras partes que compem o edifcio so para a

    arquitetura o que as palavras so para a linguagem.

    A linguagem arquitetnica revela o significado da obra, exterioriza seu

    conceito e teoria, anseios e objetivos. o veculo de mensagem da idia; o meio

    de comunicao entre o profissional que concebeu o edifcio e o pblico que vai

    utiliza-lo.

    Considerando a arquitetura como Mass Medium, percebem-se dois tipos de

    comunicao existentes: unilateral e bilateral. Unilateral quando as intenes do

    projetista se materializam numa mensagem que clara para ele mas no para o

    pblico que utiliza o edifcio, dificultando uma forma de resposta; Bilateral, quandoas obras arquitetnicas e urbanas no so consideradas imutveis, estando

    sujeitas a alteraes/ correes segundo a opinio dos usurios, ou seja, quando

    h uma troca entre os dois lados - profissional e pblico.

    Nesse fenmeno da comunicao, segundo Elvan Silva em Arquitetura e

    Semiologia 8, os signos e os significados so elementos fundamentais. Os signos

    8SILVA, Elvan. Arquitetura e Semiologia. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1991.

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    so instrumentos necessrios para a comunicao pois provocam estmulos que

    formam a imagem memorial, o entendimento e permitem sua associao a outro

    objeto ou significado. J os significados, podem ser de trs tipos:

    Convencional quando j existe um convnio (smbolo) determinado

    a compreenso imediata. Por exemplo, quando se v uma cruz

    vermelha num fundo branco, imediatamente se recorda da

    organizao internacional da sade; quando se v a cruz branca

    num fundo vermelho, recorda-se da bandeira da Sua.

    Por Associao conhecimento que depende do repertrio deimagens e relaes do observador, quando ele v algum signo e o

    associa a um significado.

    Espontneo conhecimento sugerido a partir de elementos

    intrnsecos, sem associao ou conveno, o observador v e sente

    o significado.

    A obra de arquitetura pode ser entendida tambm como discurso, ou como

    discursante. Muitas vezes ela no s a mensagem pr-concebida pelo arquiteto;

    dependendo do observador, o edifcio possibilita a leitura de diversas mensagens

    no geradas pelo arquiteto, mas pelo prprio edifcio enquanto realidade material

    sensvel aos fatores externos. A isto se deve a dificuldade de comunicao

    presente no projeto e na obra de arquitetura. Considera-se aqui, a comunicao

    como expresso da linguagem para transmisso da idia.

    Esta comunicao existe em vrias etapas do processo de projeto,

    configurando-se como diferentes formas de linguagem, entre diferentes atores:

    arquiteto e o projeto o arquiteto deve conseguir transmitir ao projeto sua

    idia;

    projeto e construtores - a representao grfica da idia, o projeto, deve ser

    entendido pelos executores da obra;

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    construtores e obra - com o entendimento do projeto, a obra deve ser

    executada conforme concebida;

    obra e pblico a obra finalizada deve transmitir ao usurio o conceito

    previamente concebido pelo arquiteto.

    O projeto de arquitetura implica dois planos coexistentes; o plano da

    proposta propriamente dita (essncia), que envolve a criatividade e a soluo; e o

    plano da comunicao (forma), que se refere aos aspectos de representao da

    proposta ou da informao. Deve ser interpretado para ser concretizado e deve

    permitir a posterior avaliao da proposta concebida pelo arquiteto, possibilitandoo entendimento, por parte dos executores, da imagem mental elaborada pelo

    arquiteto e da sua representao, o prprio projeto. Tal funo desempenhada

    pela linguagem grfica e pelas convenes e normas do desenho arquitetnico.

    importante recordar que, no que diz respeito ao projeto de arquitetura,

    nem sempre so suficientes os elementos grficos para tal representao,

    utilizando-se nestes casos, de elementos textuais, maquetes, exemplos de

    materiais e etc. como componentes importantes de comunicao.

    Como visto em sala de aula, com o decorrer da histria, na arquitetura, a

    linguagem tomou formas variadas, sempre de acordo com os diferentes estilos a

    que pertenceu. Por exemplo, na Idade Mdia a linguagem Romnica se utilizava

    de estruturas pesadas, robustas, escuras; j o estilo Gtico apresentava edifcios

    mais leves, altos e iluminados. O Renascimento baseava sua linguagem nos

    conceito do humanismo, concebia a beleza como uma forma de plenitude e

    buscava o equilbrio entre o movimento e a quietude transmitindo estabilidade.

    Assim aconteceu em todos os perodos da histria, cada estilo em funo de suapoca, de seus princpios e caractersticas, expressava uma forma de linguagem

    particular.

    O mesmo acontece com os profissionais da arquitetura, tanto a linguagem

    quanto a idia e o mtodo, tambm caractersticas peculiares de cada arquiteto.

    Depende da sua formao, das influncias recebidas, das experincias adquiridas.

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    Alm disso, na maioria das vezes, refere-se s condies sociais, culturais, fsicas

    e tcnicas do local em que se insere, adequando-se ao contexto que cerca a obra.

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    5. EXPERINCIA PESSOAL

    Devido a minha recente formao acadmica, so poucas as minhas

    experincias profissionais para analisar minha forma de trabalho e meu mtodo

    projetual. Resolvi ento escolher um projeto acadmico e descrever como se

    desenvolveram as etapas de trabalho at sua concluso para analisar meu

    processo de projeto. Em meio descrio das etapas ressaltarei a presena dos

    conceitos em questo: idia, mtodo e linguagem.

    Diferentemente de um trabalho profissional, o problema a ser solucionado

    no veio at mim atravs de um cliente. Como se tratava do Tema Final deGraduao, coube a mim mesma a escolha do tema: Centro de Reabilitao

    Fsica para a UFPR.

    A partir da definio do tema iniciou-se um processo intenso de coleta de

    informaes referentes ao assunto e de busca de projetos que servissem de

    referncia. Em meio a tantos estudos algumas idias foram surgindo, mas

    ainda mantiveram-se guardadas na mente, sem nenhum registro no papel. Visitas

    a outros centros de reabilitao foram feitas, entrevistas com profissionais da

    rea e com pessoas portadoras de deficincia, que possivelmente utilizariam o

    local, foram realizadas para maior entendimento das suas necessidades e do

    objetivo real da edificao. Quando finalmente compreendi o funcionamento de um

    centro de reabilitao e qual a sua demanda espacial, defini a programao

    arquitetnica. A pesquisa no pde ser considerada concluda nesta etapa pois

    durante o desenvolvimento do projeto novas dvidas foram surgindo e novas

    pesquisas para soluciona-las foram buscadas.

    Algumas idias, que j vinham borbulhando em minha cabea desde oincio do processo, foram sendo analisadas e selecionadas durante a fase da

    pesquisa. Comecei ento a analisar o terreno e, lanando mo do

    organograma para ter noo de escala e proporo do edifcio em relao ao

    stio, passei a definir quais seriam as melhores solues de implantao. Uma

    lista de exignciasa cumprir com o projeto foi a primeira insero feita no papel

    em branco. Depois vieram os primeiros rabiscos, onde os traados sintetizavam

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    minhas primeiras idias e organizavam-nas de modo a definir meu partido

    arquitetnico. Por questes de funcionalidade, plstica e gosto pessoal, as idias

    foram sendo alteradas e os croquis gradativamente apresentavam solues

    mais maduras.

    Quando cheguei numa soluo de funcionalidade vivel que me agradou

    esteticamente, passei a explicitar minha idia atravs da representao grfica

    definitiva para concluir a primeira etapa do projeto, o estudo preliminar. Este foi

    avaliado por professores e colegas que apresentaram novas sugestes. Retomei

    o projeto e durante algum tempo amadureci novas idiasna busca demelhores

    solues. Fiz as alteraes necessrias e conclui o anteprojeto para aavaliao final, que constava de representao grfica, maquete e ilustraes

    em 3D.

    Quanto linguagemdo projeto, posso afirmar a presena de linhas retas,

    volumes definidos e articulados, predominncia da cor branca e de materiais

    transparentes, combinao de estrutura de concreto com estrutura metlica,

    e integrao do espao interior/ exterior. Percebe-se claramente a influncia do

    arquiteto norte americano Richard Meier, cujas obras muito admiro e o qual

    considero um dos grandes cones da arquitetura contempornea.

    Caso se tratasse de um trabalho profissional, algumas etapas seriam

    desenvolvidas de forma diferente. Por exemplo, a apresentao do problema seria

    feita pelo cliente; haveria um processo de conhecimento do cliente, de suas

    necessidades e de expectativas; o terreno para implantao j estaria definido; a

    questo financeira limitaria algumas solues projetuais; e algumas concesses

    seriam feitas s exigncias do cliente. Apesar disso, acredito que o processo de

    concepo, a metodologia de trabalho e a linguagem arquitetnica, mesmosofrendo algumas alteraes, manteriam suas caractersticas principais.

    possvel perceber como os conceitos de idia e mtodo se confundem.

    Quando se inicia o trabalho desenvolve-se um mtodo para resgatar o repertrio

    pessoal e adquirir novos conhecimentos que inspirem a formulao das idias,

    estas, quando surgem, dependem novamente de um mtodo para organiza-las e

    registra-las. Depois, quando se est desenvolvendo a metodologia de trabalho,

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    novas idias vo surgindo e alguns caminhos vo sendo modificados em funo

    disto. Ou seja, h sempre uma troca, entre a mente e o papel que faz com que o

    trabalho amadurea. Essa troca acontece em diversos momentos, fazendo com

    que o vai-e-vem entre idia e mtodo seja quase constante.

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    Idia --- Mtodo --- Linguagem

    Projeto arquitetnico --- Experincia Pessoal

    6. CONCLUSO

    A arquitetura acontece dentro de um largo contexto social, ambiental,

    econmico e de comportamento onde o projeto e o processo de projeto

    respondem a esse contexto. uma rea do conhecimento basicamente criativa

    pois trata de objetos construdos segundo leis e condies que implicam na

    concepo prvia do objeto, isto , na sua idealizao.

    No h de fato um momento em que surge a idia: h uma maturao

    constante, feita de idas e voltas, feita de um dilogo entre a prancheta e a cabea,

    que torna cada vez mais ntida a imagem pensada, na medida em que se procedeao aprofundamento de cada aspecto.

    Da mesma forma, impossvel determinar um comeo e um fim para o

    mtodo aplicado e defini-lo para cada etapa. Ele depende das idias que surgem

    repentinamente e do processo de amadurecimento do trabalho que pode ter idas e

    voltas entre uma etapa e outra at se chegar a uma concluso.

    indiscutvel que cada criao, cada soluo apresentada, trao feito no

    papel ou atitude tomada na execuo de uma obra, tem sempre como base uma

    metodologia para a realizao da atividade; mas a forma como se desenvolve e a

    extenso que toma essa metodologia que a torna caracterstica individual de

    cada profissional.

    A linguagem, tambm dependendo do repertrio individual, do local em que

    est inserida e do problema a ser resolvido, apresenta-se de forma diferente em

    cada obra, dependendo do seu autor e do seu contexto.

    por isso que, mesmo se existirem dois projetos com o mesmo tema, com

    a mesma programao e que estejam no implantados no mesmo local, estesnunca vo apresentar solues idnticas. Podem at ser semelhantes, mas as

    pequenas decises tomadas a respeito de muitos aspectos diferentes so atitudes

    individuais que, exigindo interpretao subjetiva, vo dar a obra caractersticas

    peculiares.

  • 5/21/2018 Id ia, M todo e Linguagem - C pia

    19/19

    Idia --- Mtodo --- Linguagem

    Projeto arquitetnico --- Experincia Pessoal

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    AFONSO, Sonia. Idia, Mtodo e Linguagem: consideraes a respeito da prpria

    experincia sobre o tema. In: Sntese. Revista de Arquitetura. Universidade

    Federal de Santa Catarina, Centro Tecnolgico, Departamento de Arquitetura e

    Urbanismo. Florianpolis, maro 1990.

    ARTIGAS, J. B. Vilanova. Caminhos da Arquitetura. So Paulo: Livraria Ed.

    Cincias Humanas Ltda., 1981.

    BICCA, Paulo. Arquiteto a Mscara e a Face. So Paulo: Editora Projeto, 1984.

    GASPERINI, Gian Carlo. Contexto e Tecnologia O Projeto como Pesquisa

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    NIEMEYER, Oscar. A Forma na Arquitetura. Rio de Janeiro: Avenir Editora,

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    NIEMEYER, Oscar. Minha Arquitetura. Rio de janeiro: Revan, 2000. 2a. edio.

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    SILVA, Elvan. Uma Introduo ao Projeto Arquitetnico. Porto Alegre: Editora

    da Universidade/UFRGS, 1991.

    SILVA, Elvan. Arquitetura e Semiologia. Porto Alegre: Editora da

    Universidade/UFRGS, 1991.

    SNYDER, James C.; CATANESE, Anthony. Introduo Arquitetura. Rio de

    Janeiro: Editora Campos, 1984.